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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
MELISSA VAZ DE LIMA SEIRAFE
A ANSIEDADE NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA PRIMEIRA
HABILITAÇÃO
MACEIÓ - AL
2014
MELISSA VAZ DE LIMA SEIRAFE
A ANSIEDADE NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA PRIMEIRA HABILITAÇÃO
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva
MACEIÓ - AL
2014
MELISSA VAZ DE LIMA SEIRAFE
A ANSIEDADE NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA PRIMEIRA HABILITAÇÃO
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
________________________________________________________
PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA
ORIENTADOR
_______________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA
Com muito carinho dedico esta monografia a minha família, principalmente a minha
querida avó, falecida nesse tempo, que sempre estiveram ao meu lado, me
apoiando e principalmente acreditando em mim.
Aos professores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar, Ao meu
orientador Manoel Ferreira Nascimento pela paciência demonstrada no decorrer do
trabalho.
Enfim, a todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser
percorrido.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais pela determinação e luta para eu poder concluir
essa graduação,
Ao meu marido por entender minhas ausências,
Lutas, conquistas, vencer e viver é o meu modo de agradecer sempre!!!!!
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas,
mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra
alma humana.”
(Carl Jung)
RESUMO
Este trabalho vem apontar os comportamentos apresentados no ser humano, quando este vai adquirir sua primeira carteira de habilitação, sabendo que o nervosismo (medo de serem reprovados nos testes psicotécnicos, e com isso, atrasarem em sua meta), e a ansiedade (quererem logo sua habilitação) são notáveis em algumas pessoas. O objetivo deste trabalho consiste em observarem-se os principais comportamentos apresentados e tentar ajuda-los na diminuição desse nervosismo e ansiedade. A metodologia usada nesta pesquisa foi bibliográfica (livros, sites, artigos), e também o estudo de caso, onde foi avaliado 20 pessoas que iam conquistar pela primeira vez sua habilitação, em uma clínica, chamada ‘Clínica Ciretran – Santos’, foi aplicado o Inventário de Beck, onde o mesmo contém 21 perguntas, apresentando o comportamento antes de serem aplicados os testes. Chega-se a conclusão de que se as pessoas, podessem viver com menos ansiedade, em tudo que a vida lhe impor, ela conseguirá viver melhor e com uma boa qualidade de vida. Palavras-chave: Testes Psicotécnicos, Comportamentos, Ansiedade, Nervosismo.
ABSTRACT
This paper has pointed out the behaviors in humans, when it will acquire your first driver's license, knowing that nervousness (fear of being disapproved in psychometric tests, and thus, delay in its goal), and anxiety (wanting your logo habilitation) are notable in some people. The objective of this work is to observe are the main behaviors presented and try to help them in reducing this anxiety and nervousness. The methodology used in this research was literature (books, articles, sites), and also the case study, which assessed 20 people who were going to win their first qualification in a clinic called 'Clinic Ciretran - Santos' was applied to this Beck, where it contains 21 questions, presenting the behavior before the tests are applied. Arrives at the conclusion that if people can live with less anxiety in all that life force him, she better be able to live with a good quality of life.
Keyword: Psychometric Tests, Behaviors, Anxiety, Nervousness.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 01 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas
Mulheres quanto Dormência, Sensação de Calor, Tremor nas
Pernas, Incapacidade de Relaxar e Medo. ..................................... 31
Gráfico 02 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas
Mulheres quanto Atordoamento, Palpitação, Falta de Equilíbrio,
Aterrorizada e Nervosismo. .............................................................. 31
Gráfico 03 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas
Mulheres quanto Sensação de Sufoco, tremores nas Mãos,
Medo de Perder o Controle e dificuldade de Respirar...................... 32
Gráfico 04 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas
Mulheres quanto Medo de Morrer, Indigestão, Sensação de
Desmaio, Rosto Afogueado, Suor Frio e Assustada. ....................... 33
Gráfico 05 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos
Homens quanto Dormência, Sensação de Calor, Tremor nas
Pernas, Incapacidade de Relaxar e Medo. ..................................... 33
Gráfico 06 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos
Homens quanto Sensação de Sufoco, tremores nas Mãos,
Medo de Perder o Controle e dificuldade de Respirar...................... 34
Gráfico 07 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos
Homens quanto Atordoamento, Palpitação, Falta de Equilíbrio,
Aterrorizada e Nervosismo. .............................................................. 35
Gráfico 08 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos
Homens quanto Medo de Morrer, Indigestão, Sensação de
Desmaio, Rosto Afogueado, Suor Frio e Assustada ........................ 35
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 12
2.1 O Conceito de Bom Motorista ...................................................................... 12
2.1.1 Histórico ...................................................................................................... 12
2.1.2. A Validade do Psicotécnico ...................................................................... 13
2.2 Normatizações e Aspectos sobre o uso de Testagem Formal na Avaliação Psicológica .................................................................................. 15
2.3 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH ............................... 16
2.4 A Atuação do Profissional quanto à Avaliação Psicológica para fins de CNH ........................................................................................................... 18
2.5 Ansiedade ...................................................................................................... 19
2.5.1 Definições de Ansiedade ........................................................................... 19
2.5.2 Ansiedade no Trânsito ............................................................................... 22
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 28
3.1 Ética ................................................................................................................ 28
3.2 Tipo de Pesquisa ........................................................................................... 28
3.3 Universo ......................................................................................................... 28
3.4 Sujeitos da Amostra ...................................................................................... 29
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................... 29
3.6 Plano para Coleta dos Dados ....................................................................... 29
3.7 Plano para a Análise do Dados .................................................................... 29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 37
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 38
APÊNDICE ............................................................................................................ 43
ANEXOS ............................................................................................................... 45
11
1 INTRODUÇÃO
Todo jovem sonha com sua primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH),
e há também alguns adultos que ainda não a possui e a almeja muito, mas, que por
alguma circunstância não a conquistou ainda.
Segundo a reportagem do jornal Gazeta do Povo (2011), em nosso país são
habilitados milhares de brasileiros mensalmente. Mas, conquistar a CNH requer um
processo desgastante que acarreta um nervosismo, levando o indivíduo a ficar
inseguro.
No mundo atual que vivemos, tudo está modernizado, necessitando que as
pessoas estejam ligadas e informadas sobre todas as questões exigidas que são
impostas na vida diária. Isso faz com que todos fiquem muito ansiosos, inclusive o
jovem que espera impacientemente por sua primeira habilitação, e com isso, ficar
independente no volante de um carro, ou pilotar uma moto. (GLOBO REPORTER,
2011)
De acordo com Abreu (2011), o jovem quando atinge a maioridade, seus 18
anos, a primeira coisa que ele tem como atitude, é conquistar sua CNH, isso faz com
que eles sintam certa independência. O primeiro empecilho que aparece quando se
vai tirar a CNH, é o psicotécnico, um exame exigido para tal aquisição, que avalia a
condição motora, leva aos candidatos a se perguntarem: Para que serve? O que é
avaliado? O que leva uma pessoa a ser reprovada?
Quando o candidato sabe que é necessário passar por diversos obstáculos
(provas, testes e aulas) para conquistar a tão sonhada habilitação, começa a ficar
ansioso demais, mas, destes obstáculos o mais pesaroso é o exame psicotécnico.
É bom ressaltar que, o candidato que vai realizar este exame, fica nervoso
demais, o que acaba atrapalhando em seu desempenho, mudando o resultado, com
isso, acontece o retardamento deste sonho dos jovens, segundo Rocha (2010), o
psicotécnico não é difícil, embora seja necessária muita concentração e atenção, e
alguns detalhes não cumpridos são o bastante para ser reprovado.
A imaturidade e inexperiência de alguns jovens faz com que não notem que
para ser aprovado é preciso somente ter calma, evitando que ‘chute’ nas respostas,
pois são perguntas simples que necessitam apenas de muita atenção e boa
interpretação. Este trabalho tem como foco principal entender porque ocorre esta
ansiedade toda, com relação ao exame de psicotécnico.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O Conceito de Bom Motorista
O psicólogo de trânsito se foca primordialmente em traçar o perfil de um
motorista apto a dirigir, onde a fundamentação científica ainda não foi atingida, mas,
é necessário saber o perfil traçado de um motorista bom, segundo o autor FARINA
(2004), esta importância se dá devido a probabilidade de um desenvolvimento das
ferramentas de avaliação psicológica em relação ao perfil traçado, com isso,
adequariam aos candidatos escolhidos à CNH.
2.1.1 Histórico
Seguramente a inexistência de uma consideração científica de um motorista
bom, não evitou a prática de testes de habilitação. Ao invés disso, desde a
massificação dos transportes, sempre houve preocupação com a cientificidade deste
procedimento. Hoffmann (2003) lembra que no Brasil a seleção e orientação
psicológica nos transportes começam no Estado de São Paulo nas primeiras
décadas do século passado atendendo ao setor ferroviário, fato que também
significou a possibilidade do desenvolvimento da Psicologia do Trânsito no Brasil.
Com a criação do primeiro Código Nacional de Trânsito (CNT) de 1941, são
estabelecidos exames psicotécnicos para aspirantes a condutor profissional e para
motoristas envolvidos em acidentes, mas apenas em 1953 os testes psicotécnicos
se tornam obrigatórios a todos os candidatos à Carteira Nacional de Habilitação
(CNH). Em 1966 um novo código de trânsito entra em vigor, constituindo-se em
importante marco, segundo Hoffmann (2003, p.22), porque “viria ratificar com mais
força a obrigatoriedade da introdução dos exames psicológicos para a obtenção da
carteira de habilitação em todos os Estados brasileiros. Além disso, este Código foi
extremamente importante na medida em que proporcionou os conceitos de
unificação e uniformidade em relação à avaliação de condutores”.
A partir de meados da década de 80, o Psicólogo do Trânsito passa a receber
muitas críticas, principalmente contra sua função de simples aplicador de testes cuja
utilidade prática talvez não existisse (HOFFMANN, 2003). Ações oficiais de
13
reformulação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) de 1998, que tem fomentado o
desenvolvimento de pesquisas em bases multidisciplinares visando à melhor
abordagem da complexidade do fenômeno trânsito (HOFFMANN, 2003). O momento
atual em Avaliação Psicológica é de intensa reformulação teórica e metodológica.
2.1.2. A Validade do Psicotécnico
De acordo com o DENATRAN (1998), resolução nº 80, conteúdo obrigatório
da Avaliação Psicológica aos aspirantes à CNH, classificado em três áreas da
Psicologia.
1) Percepto – Reacional, Motora e Nível Mental subdividida em: atenção; percepção; tomada de decisão, motricidade e reação, cognição e nível mental. 2) A área do Equilíbrio Psíquico e as Habilidades Especificas, subdividida em: ansiedade e excitabilidade; ausência de quadro reconhecidamente patológico; controle adequado da agressividade e impulsividade; equilíbrio emocional; ajustamento pessoal-social; demais problemas correlatos (alcoolismo, epilepsia, droga adição, entre outros), que possam detectar contraindicação a segurança do transito). 3) As Habilidades Específicas e Complementares, que dizem respeito a: tempo de reação; atenção concentrada; rapidez de raciocínio; relações espaciais outras, desde que necessárias ao aprofundamento da avaliação psicológica.
Ao ser aplicada esta avaliação, os resultados podem ser: “apto”, “inapto
temporariamente” e “inapto". O aspirante é considerado apto “quando apresentar
desempenho condizente na Avaliação Psicológica para condução de veículo
automotor na categoria pretendida.” É considerado apto com restrições “quando
apresentar distúrbios ou comprometimentos psicológicos, que estejam no momento
temporariamente sob controle, fazendo constar o prazo de validade para a
revalidação da CNH.” Para o candidato ser considerado “inapto” é atribuído ao
indivíduo “quando apresentar nas áreas avaliadas que estejam fora dos padrões de
normalidade e de natureza não recuperável.”
Embora o texto oficial pareça claro quanto à fundamentação e definição do
perfil de bom motorista, a discussão sobre a validade destas disposições legais é
uma das maiores em Psicologia do Trânsito atualmente e tem produzindo
considerável literatura a respeito Alchieri e col. (2003). A primeira crítica à legislação,
compartilhada por todos esses autores, é de que
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as avaliações psicotécnicas no país sempre se constituíram por provas de personalidade e entrevistas que desde os primeiros trabalhos publicados na área sobre aspectos psicológicos a avaliar (VIEIRA, PEREIRA E CARVALHO, 1953) observa-se que as primeiras avaliações eram conduzidas por meio de provas de personalidade, de aptidão e de entrevistas, sem que as características do que avaliar estivessem descritas quanto ao estabelecimento de critérios para o comportamento do motorista. Os resultados das avaliações simplesmente mediam os resultados do sujeito, sem que houvesse qualquer perfil ou padrão do que indicasse o que deveria ser considerado apto ou não ALCHIERI e NORONHA (2003, p.317).
Para Alchieri, (2003) as causas de tal status quo seriam a falta de consciência
do Psicólogo sobre quais instrumentos avaliativos utilizar e a finalidade específica de
cada teste. Hoffmann e Cruz (2003) destacam outras possíveis causas: a falta de
conhecimento mais preciso sobre o fenômeno trânsito por parte das entidades
oficiais e a falta de difusão dos resultados das avaliações para CNH, que impede
estudos acerca do que deveria ser avaliado, uma vez que “só e possível realizar a
intervenção quando se conhece o fenômeno que se quer avaliar” (HOFFMANN;
CRUZ, 2003, p.183). Assim, talvez os problemas dos testes psicológicos, segundo
estes autores, se resumiriam a aspectos burocráticos impedindo a produção e
aplicação de um melhor instrumento avaliativo ou então à atitude displicente de
psicólogos, que não estariam empenhados em aperfeiçoar este instrumento.
Entretanto, os problemas talvez se devam à falta de cientificidade com que o
assunto é tratado. Mea e Ilha (2003, p.273) salientam que: “não existem habilidades
especificas necessárias e ou precisas investigadas cientificamente que sirvam como
parâmetro de comparação para dizer se um motorista está apto ou não para dirigir.”
Lamounier e Rueda (2005, p. 26) sustentam idêntica opinião:
As informações científicas que se têm até o dia de hoje ainda não fornecem subsídios para compreensão das infrações associadas ‘as características de personalidade (...) não existe um estudo que defina claramente um perfil de bom motorista, seja no exterior seja no Brasil, em virtude da dificuldade de realização desse tipo de trabalho.
Portanto, de nada serviria o CTB especificar as ferramentas necessárias à
Avaliação Psicológica e os seus respectivos pareceres, como na Resolução 80/98,
se ambos ainda carecem de suficiente respaldo científico.
Em decorrência, proliferam as pesquisas em busca do perfil realmente
científico de bom motorista, e apesar do objetivo ainda não ter sido alcançado,
“muito tem se caminhado no sentido de conseguir um perfil psicológico mais próximo
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do ideal” (LAMOUNIER; RUEDA, 2005, p. 26). O otimismo, para ambos, é apoiado
em estudos que têm evidenciado certa correlação consistente entre acidentes de
trânsito e características de personalidade como irritabilidade, agressividade,
histórico de conflitos familiares, personalidade instável, descontrole emocional,
estresse, inteligência e percepção. Dentre todas essas causas, a agressividade vem
se consolidando como a principal (LAMOUNIER; RUEDA, 2005). De acordo com os
autores, um perfil psicológico favorável de motorista se constataria a medida em que
se evidenciasse a antítese destas características negativas. Naturalmente, como os
próprios autores reconhecem, o problema ainda aguarda solução melhor.
2.2 Normatizações e Aspectos sobre o uso de Testagem Formal na Avaliação
Psicológica
Pela Resolução nº 02/2003 do CFP, são considerados testes psicológicos em
condições de uso, aqueles que, após receber parecer da Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica, for aprovado pelo CFP.
Eles são métodos ou técnicas de uso privativo do psicólogo, e são
instrumentos de avaliação e de mensuração de característica psicológicas. A
Resolução determinou que além, de conterem fundamentação teórica, também
deverão apresentar evidências empíricas de validação e precisão das interpretações
propostas para os escores dos testes, justificando os procedimentos adotados na
investigação. Entre outros aspectos, testes estrangeiros, devem ser adequados a
partir de estudos realizados com amostras brasileiras. Todos os testes aplicados no
mercado nacional passam pela avaliação de qualidade do Conselho Federal de
Psicologia.
No dicionário teste significa: “exame, observação ou avaliação crítica”. Urbina
(2007), cita que o teste psicológico é um procedimento sistemático para a obtenção
de amostras de comportamentos relevantes para o funcionamento cognitivo ou
afetivo e também, para a avaliação destas amostras de acordo com certos padrões,
que na essência, são simplesmente amostras de comportamento.
Os testes podem ser padronizados, pois neste caso, apresentam objetividade
no processo da testagem, também de caráter de uniformidade de procedimentos na
administração, avaliação e interpretação dos resultados, para que este seja o mais
uniforme possível, para a redução de variáveis no resultado.
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Para a avaliação de um resultado do teste psicológico, Urbina (2007) afirma
que deve apresentar uma amostra normativa de um grupo de indivíduos. Sobre os
testes que avaliam habilidades e conhecimentos e qualquer outra função cognitiva,
serão referidos como testes de habilidade e todos os outros serão denominados
testes de personalidade.
No campo da mensuração psicológica, também conhecido como psicometria,
a padronização dos resultados são apresentadas em forma de escalas, com um
grupo de itens com uma variável, e são dispostos em ordem de dificuldade ou
intensidade, e escalonados.
Quando se trata de Bateria, é um grupo de testes e sub testes que são
aplicados de uma única vez a uma única pessoa, no qual são avaliados as diversas
funções, como exemplo o Teste WISC – Escala Wescheler de Inteligência para
crianças ou a BFM - Bateria de Funções Mentais para Motorista.
Os testes também podem servir para outros fins para os quais além dos que
foram criados. Eles são ferramentas usadas no processo de avaliação que se
prestam à investigação de:
a) questões diagnósticas, tais como diferenciar entre depressão e demência;
b) predições, como estimar a probabilidade de comportamento suicida e homicida, e
c) julgamentos avaliativos.
Nenhumas destas prerrogativas citadas, podem ser resolvidas somente por
meio de escores de testes formais, mas em geral são componentes chaves da
avaliação psicológica. A diferença reside em avaliar vários procedimentos, como
entrevista, observações juntamente com a testagem, e também outras dimensões.
Segundo URBINA (2007), os resultados levantam dados para o uso na tomada de
decisões.
2.3 Processo de Avaliação Psicológica para fins de CNH
O aumento na produção e utilização dos meios de transporte no decorrer do
século ampliou os conflitos e as dificuldades relativas à ocupação do espaço público,
crescimento populacional e da frota e principalmente, no que tange as mortes e
perdas econômicas por disfunções no funcionamento do sistema de tráfego. Cada
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vez mais se mostrou necessária a seleção de pessoas capacitadas para a
circulação, com intuito de evitar o acesso ao sistema, de pessoas “problemáticas”
que poderia apresentar um mau desempenho como condutor.
A partir desta necessidade é que se estabelece o trabalho mais antigo da
Psicologia de Trânsito: a Avaliação Psicológica de motoristas, avaliação esta que
pressupõe, teoricamente, que existem pessoas que não podem dirigir e outras que
possuem as habilidades e as condições necessárias para assumir o papel de
motorista. (MACHADO, 1996)
Observa-se uma preocupação crescente em relação a questões pertinentes
ao trânsito, principalmente quanto a acidentes, vidas perdidas e prejuízos financeiros
decorrentes de tais eventos. De acordo com Campos (1951), na história da
psicologia é antigo “o desejo de diminuir os acidentes de tráfego com emprego da
seleção por meio de testes psicológicos”. Relata que o primeiro registro data de
1910, em Nova York (EUA), quando o professor Hugo Munsterberg foi convidado
pela Associação Americana de Legislação Trânsito do Trabalho, pressionada por
empresas de ônibus e companhias de seguros, a “selecionar só motoristas
prudentes e aptos, e instruir a população de como andar nas ruas”. Assim entrou em
cena o primeiro psicólogo do trânsito que teve a difícil tarefa de criar, sem referencial
e nem pesquisa, o perfil do bom motorista, através de métodos psicotécnicos para
seleção de condutores.
Percebe-se desde do início do Século XX o interesse em avaliar as
habilidades necessárias para atuação do condutor no trânsito. Alves (1999) cita que
os exames psicológicos para condutores de veículos no Brasil foram
regulamentados em 1966, sendo que eles constavam de várias provas perceptivas,
de avaliação de nível mental, da personalidade e da coordenação bimanual, esta
última, através dos discos de Walter. Posteriormente, as provas perceptivas
deixaram de ser aplicadas tendo permanecido apenas as três últimas. A resolução
nº 353/62, do Código Nacional de Trânsito, regulamentou o Exame Psicológico para
a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, o que alterou o volume de
exigências ao profissional de psicologia. A partir, desta regulamentação, o
psicotécnico passou a ser chamado de avaliação psicológica.
18
2.4 A Atuação do Profissional quanto à Avaliação Psicológica para fins de CNH
Com o passar dos anos, ter um psicólogo na área do trânsito, foi preciso, com
o intuito de avaliar e nomear as pessoas que tinham capacidade de ser um
motorista. Atualmente a única referência do psicólogo de trânsito, é o de ‘aplicador
de testes’, a mesma foi referência em vários países, é um ponto muito forte até
mesmo entre os profissionais da área.
Existem alguns psicólogos que nomeiam aspirantes a motoristas, sem ao
menos se preocuparem em terem resultados de estudos científicos, relacionados as
etapas psicológicas implícitas ao ato de dirigir, e sem que os testes sejam contidos
aos estudos críticos sobre a validação dos mesmos.
Grande parte dos psicólogos, argumentam sobre a maneira como estes
profissionais avaliadores do trânsito atuam, crendo desta forma, que não possuem o
domínio técnico para atuar neste cargo, de acordo com Sbardelini (1990), esta
ocorrência vem confirmando o conceito geral de insuficiência na formação de
avaliadores. Verifica-se então que esta falha está relacionado ao fato de que muitas
Universidades dão preferência em seus currículos treinamento de aplicação,
esquecendo da aplicação e avaliação.
Em concordância com Alchieri (1999), o aprendizado da avaliação psicológica
não se resume ao entendimento dos instrumentos e de sua maneira de ser aplicado,
é imprescindível a técnica, mas também a postura, a análise e as condições de
conhecimento do caso.
Toda essa preocupação em volta da atuação deste profissional,
impulsionaram na invenção de resoluções, as quais, consigam ocupar estes
espaços na formação, com isso, a resolução 080/98 do CONTRAN veio de encontro
a estes objetivos, e atualmente exige e regulamenta a realização do Curso de
Psicólogo Perito Examinador do Trânsito, com carga horária mínima de 120
horas/aula e conteúdo pré-definido, sendo obrigatório para todo profissional
responsável pela avaliação psicológica, seja em instituição pública ou em clínica
privada.
Fazer o exame psicológico antes de começar as aulas para direção, é um
fator indispensável, pois, afirma Gouveia (2002), que qualquer veículo automotor
pode virar uma ‘arma’ das mais perigosas, isto pela maneira de dirigir ou mesmo
perante a qualidade de insegurança do local, por isso, é imprescindível muito
19
cuidado no momento de confiar uma arma a um indivíduo, sem saber previamente
de quem se trata.
É preciso que os psicólogos estejam muito atentos, em relação ao estudo do
comportamento no trânsito, pois pouco se sabe sobre quais fatores permitiriam
diferenciar com exatidão os bons dos maus condutores, mas para isto dispõe banco
de dados informatizado e permanente onde figuram a quantidade e tipos de infração
no trânsito e indivíduos envolvidos.
Exemplifica Gouveia (2002), seria possível relacionar os resultados dos
exames psicológicos de cada condutor com seu desempenho em situação real de
trânsito. Isto geraria um modelo explicativo o qual ajudaria a traçar o perfil do bom
condutor, e auxiliaria na seleção de instrumentos psicológicos mais adequados
neste contexto.
As ferramentas usadas nesta avaliação são válidas no que se propõe, mas
exige maiores estudos para se verificar a necessidade de melhorias e redução de
erros no conjunto da avaliação.
2.5 Ansiedade
Atualmente os tempos são considerados como a Idade da Ansiedade, isso se
dá porque a rotina habitual da vida atual é bem agitada, em virtude de se exigir das
pessoas um comportamento ligado a competição e consumista. Com isso, é notável
perceber que o singelo fato do indivíduo existir nos dias atuais possui a ansiedade, e
deste mal, ninguém está livre.
2.5.1 Definições de Ansiedade
O Dicionário Aurélio (1996), define a ansiedade como: 1 Aflição, angústia,
ânsia. 2 Psicol, atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por
alternativas de medo e esperança; medo vago adquirido especialmente por
generalização de estímulos. 3 Desejo ardente ou veemente. 4 Impaciência,
insofrimento, sofreguidão.
De acordo com Graeff (1999 apud ALEXANDRE, 2010), ansiedade é uma
palavra que vem do grego anshein e quer dizer estrangular, sufocar, oprimir.
Segundo Alen e col., (1995) e SWEDO e col., (1994) apud CASTILHO e col.,
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(2000), a ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão,
constituído por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo
desconhecido ou estranho.
Com estas definições de ansiedade apresentadas, nota-se que é um
sentimento que causa medo e aflição relacionado com o futuro.
De acordo com Albuquerque (2011), a ansiedade é vista como algo positivo,
pois a partir do medo, a pessoa ficará em estado de alerta quanto a um provável
perigo, onde o mesmo terá a chance de planejar estratégias necessárias para se
defender.
A pessoa está sempre numa tensão constante e com "medo de algo" que ela
não conhece nem sabe definir. Ela sente-se intranquila e as situações á sua volta
criam-lhe muitas vezes um mal-estar que ela não consegue definir nem controlar.
Este estado de espírito altera negativamente a vida da pessoa e leva-a a afastar-se
da realidade á sua volta, acabando muitas das vezes por prejudicar a sua vida e os
seus relacionamentos.
Contudo, segundo Alves (2011), a ansiedade por ser rápida de passar, mas
na hora com alguns sintomas é um sofrimento muito grande. Cerca de 22% da
população sofre de uma das perturbações de ansiedade em algum momento da sua
vida.
Na visão de Anjos e Oliveira (2012), a ansiedade é ter medo sem razão. Roer
o lápis, as unhas, ter um frio na barriga, suar excessivamente, são sintomas comuns
da ansiedade, que está presente em todas as pessoas. Umas mais evidentes que as
outras, mas quando o corpo está se preparando para reagir a uma surpresa, boa ou
ruim é inevitável algumas reações. O problema é quando esse nervosismo se
transforma num jeito pessimista de ver a vida, ou num medo excessivo de fazer
alguma coisa, transformando-se numa doença.
Todas as definições acima levam para a conclusão de que a ansiedade passa
a ser reconhecida como patológica quando é exagerada, desproporcional em
relação ao estímulo, ou qualitativamente diversa do que se observa como norma e
interfere com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do
indivíduo (ALLEN et al., 1995 apud CASTILHO et al., 2000).
A esse respeito, Barros Neto (2000) adverte que é difícil diferenciar a
ansiedade do medo, pois ambas tem a mesma reação fisiológica, como sudorese
excessiva, taquicardia, tremor generalizado, sensação de sufocamento e outros.
21
Castilho et al., (2000) muito bem destaca que:
A maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não. Os transtornos ansiosos são quadros clínicos em que esses sintomas são primários, ou seja, não são derivados de outras condições psiquiátricas (depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, etc.) (p. 20).
Então Alves (2011) cita alguns sintomas que ocorrem quando um indivíduo
está ansioso, como por exemplo: Fadiga (Cansaço); Insônia; Falta de ar ou
sensação de sufoco; Picadas nas mãos e nos pés; Confusão; Mal estar;
Instabilidade ou sensação de desmaio; Dores no peito e palpitações;
Afrontamentos, arrepios, suores (testa, cabeça), frio, mãos úmidas; Boca seca;
Contrações ou tremores incontroláveis; Tensão muscular, dores; Urgência de
defecar ou urinar; Dificuldade em engolir; Sensação de ter um "nó" na garganta;
Dificuldades para relaxar; Dificuldades para dormir; Leve tontura ou vertigem ;
Vômitos incontroláveis.
Zandomeneghi (2011) alerta que quando um indivíduo se encontra nesta
situação, a primeira reação é de salvamento, pois geralmente ele tenta sair desta
pressão a qualquer custo. Impulsivamente, pode abandonar algo que desejava
muito, alegando que não queria tanto assim, ou então, pode permitir que a
ansiedade se deposite na sua cabeça, exercendo uma pressão forte a ponto de
deslocar sua atenção ao que estava gerando ansiedade para a dor física da
enxaqueca ou dor de cabeça.
Conclui-se desta forma, segundo Mendes (2005) que um indivíduo ansioso
experiência diversos sintomas, cujo número e intensidade podem variar, sendo a
ansiedade principalmente caracterizada, no plano psíquico por sentimentos de
tensão emocional, inquietação, preocupação, apreensão ou medo, vivências que
trazem progressivamente dificuldades de concentração, certa apatia, baixa
resistência à frustração, mau-humor, irritabilidade e sensação de perda do controlo,
situação que é vivida penosamente, podendo ir ao ponto de dificultar o
funcionamento do sujeito na sua vida diária. Além disso, o indivíduo experiência
sintomas físicos que refletem um aumento na atividade do sistema nervoso
simpático, como, por exemplo: o ritmo cardíaco, as palpitações, os suores, as dores
musculares, os tremores, as mãos frias e úmidas, etc., etc. Ou seja, sujeitos com
22
traços de dependência, baixa autoestima, introversão, inibição e ansiedade social
muito facilmente desequilibrarão a sua egostasia, ficando ansiosos.
Deste modo, e tendo em conta o que foi exposto, pode-se imaginar que um
indivíduo com tais características, terá um funcionamento inseguro e frágil,
revelando um conflito interno muito intenso. Como consequência terá na sua vida
quotidiana dificuldades na resolução dos problemas com que é confrontado
(MENDES, 2005).
2.5.2 Ansiedade no Trânsito
De acordo com o autor Viecili (2003), a humanidade previne diversas
circunstâncias que exigem soluções ágeis e rotineiras ao convívio da humanidade,
tendo em vista que o trânsito se define como a junção dos deslocamentos, ou seja, a
movimentação dos automóveis e dos pedestres.
“O espaço público agrega uma infinidade de individualidades, com diferentes objetivos nas vias públicas. [...] para que cada um chegue ao seu objetivo há dois conflitos inerentes ao trânsito. O primeiro é o conflito físico, a disputa pelo espaço. Já o segundo é o conflito político, que é menos aparente e reflete os interesses das pessoas no trânsito, interesses ligados à posição de cada um no processo produtivo da sociedade. Dessa forma, os participantes do trânsito vão vivenciar esses conflitos na disputa de maior acessibilidade, rapidez, segurança, facilidade e fluidez no trânsito. A tarefa de assegurar que cada indivíduo garanta suas necessidades e interesses específicos e tenha sua integridade mantida é promovida por um sistema convencional de normas, cuja finalidade é assegurar e organizar a circulação, os deslocamentos humanos.” (VIECILI, 2003, p. 277-278).
Analisando a situação da ansiedade no trânsito, a mesma autora mencionada
Viecili (2003) ressalta que a Resolução nº 80 do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN), anexa ao Código de Trânsito Brasileiro, instituída pela Lei nº 9.503, de
23 de setembro de 1997, destaca algumas características psicológicas essenciais
aos motoristas, entre elas, a ansiedade que, além de ser uma das características
avaliadas influencia o desempenho das demais.
É importante frisar que a ansiedade é um dos comportamentos emocionais do
indivíduo, que mais se coloca em evidência no trânsito, pois ele afeta a parte
cognitiva e de percepção dos motoristas. Torna-se um estado psicobiológico nos
indivíduos, onde ao surgimento de situações que necessitam de atitudes ágeis e
incisivas, e esse estado emocional é sanado quando essas situações chegam ao
23
fim. Sendo que, para alguns indivíduos essas reações são mais demoradas, e são
solucionadas por situações que não são reais, causando um medo ao extremo e
uma ansiedade incontrolável.
As maiorias dos indivíduos possuem um sentido geral de perigo que muitas
vezes conduz a uma interpretação catastrófica da realidade, o que, muito
provavelmente, deva-se à jornada evolutiva do ser humano, sua evolução biológica,
pois: “Na Idade da Pedra, ou período Pleistoceno, os perigos eram reais, imediatos e
constantes, a humanidade enfrentava em seu dia a dia inundações, ataque de
animais e outras adversidades que colocavam sua vida em risco” (VIECILI, 2003, p.
281).
A mencionada autora pontua que a dualidade da relação da ansiedade no
comportamento humano permite afirmar que um determinado nível de ansiedade é
até desejável durante o ato de dirigir, porém a ansiedade exagerada deve ser
controlada.
“Enquanto ansiedade “boa” ela pode proporcionar um estado de atenção e concentração maior na circulação das pessoas, pode servir como um auxiliar mantendo as pessoas alertas e respeitando as leis do trânsito considerando o perigo constante e iminente que é circular. Bem se sabe que ao dirigir um veículo em uma estrada cheia de curvas a atenção do motorista é maior do que se ele dirigisse por uma estrada reta. A ansiedade desencadeada pelo perigo (real neste caso) da estrada desperta a atenção e concentração do motorista. A ansiedade “má” pode servir como um dificultador no momento de tomar decisões rápidas e inesperadas provocando, pelo fato de o estímulo ser sentido pelo sujeito de forma tão intensa, reações psicológicas de extrema perturbação, causando confusões e distorções perceptivas, comprometendo o aprendizado, a concentração e a memória, prejudicando a sua capacidade de associação.” (VIECILI, 2003, p. 282).
De acordo com Viecili (2003), a ansiedade no trânsito se dá como uma etapa
interna em que o ser humano, motivado por uma estimulação externa, ou seja, em
situações da direção no trânsito, quando tem que passar automóveis, parar, diminuir
ou aumentar a velocidade, etc., pois são atos que são exigidas nas ruas, e onde o
condutor tem que adaptar o automóvel para que tudo transcorra de maneira efetiva.
Tais exigências, conforme a mesma autora, remetem as pessoas à sua
história com outras situações semelhantes que tenha experienciado, nas quais
interagiu com o meio e aprendeu como fazê-lo, e por isso desencadeiam maior ou
menor grau de ansiedade quando tiver de decidir o que fazer. Assim, frente a uma
situação na qual exige uma tomada de decisão (estímulo externo) o indivíduo
24
resgatará (em sua memória) situações semelhantes já vivenciadas para saber como
se comportar, se essas ações foram eficazes em outras ocasiões, não tendo ele se
envolvido em acidentes, a ansiedade desencadeada será menor e maior controle o
motorista terá na situação. Porém, se sua ação anterior o levou a se envolver em
acidentes ou se ele não vivenciou situações semelhantes, a ansiedade
desencadeada, muito provavelmente, será maior, o que dificultará a sua tomada de
decisão.
A resolução nº 80 do CONTRAN fornece, segundo Viecili (2003), critérios
psicológicos a serem avaliados e indispensáveis ao ato de dirigir, estando entre eles:
- atenção; - percepção; - tomada de decisão; - motricidade e reação; - cognição; -
nível mental; - ansiedade; - excitabilidade; - ausência de quadro patológico; -
controle da agressividade e da ansiedade; - equilíbrio emocional; - ajustamento
pessoal; - demais problemas correlatos que podem ir contra a segurança no trânsito.
Além disto, há habilidades específicas que também devem ser consideradas
como:
- tempo de reação; - atenção concentrada; - rapidez de raciocínio; - relações
espaciais.
De fato, a condução de veículos requer conhecimentos prévios (obtidos pela
aprendizagem), tais como: legislação de trânsito, sinalizações, funções e forma de
utilização dos equipamentos do veículo e outros. Também exige a compreensão
dessas informações advindas do ambiente para poder tomar uma decisão e agir de
forma adequada. No decorrer desse processo, o indivíduo como um todo é
acionado, ou seja, todas as suas capacidades cognitivas, emotivas e motoras
entram em ação a fim de atingir o seu propósito. Um determinado grau de ansiedade
é necessário para que a pessoa permaneça atenta e alerta. Mas, se o nível de
ansiedade for alto, todo esse processo fica comprometido (VIECILI, 2003).
Corassa (2007) comenta que os indivíduos ansiosos (fóbicos) apresentam um
excesso de cautela, têm medo de dirigir. São pessoas extremamente capazes,
responsáveis, humanas, porém não apreciam lidar com a crítica. Esses indivíduos
revelam elevado grau de exigência, consigo e com os outros.
A mesma autora informa que os ansiosos se subdividem em três grupos de
pessoas, quais sejam:
1. As pessoas que nunca se aprovam
Pessoas desse grupo dirigem-se ao órgão competente, fazem a prova e são
25
aprovadas. Contudo, o alto grau de exigência pessoal impede que elas sintam-se
aprovadas. Normalmente, elas têm medo de pedir ajuda e ser malvistas na escola
de condutores, porque já possuem a C. N. H.
2. As pessoas que reprovam a si mesmas antes de serem reprovadas pelo
examinador
Essas pessoas iniciam as aulas e, mesmo tudo indo bem, acabam desistindo.
Isso ocorre não por falta de competência, mas, sim, para sair de cena antes que
alguém as reprove. Muito provavelmente elas não seriam reprovadas, visto que são
pessoas que costumam ter destaque no trabalho, na família ou na comunidade.
3. As pessoas que esperam se aposentar para cuidar do dirigir
Estas pessoas sofrem apenas em ver um carro de CFC – Centro de
Formação de Condutores – na rua, mesmo sendo por acaso, pois isso os remete a
algo que limita suas vidas. É como se elas não fossem seres humanos completos.
Pessoas desse grupo esperam a aposentadoria para cuidar do dirigir, tamanha a
dificuldade que supõem encontrar nessa tarefa. Elas não conseguem guiar um
veículo como sendo uma outra atividade normal em suas vidas.
Considera-se importante comentar aqui que a ansiedade e o medo de dirigir
envolvem diversas preocupações, tais como:
- gerenciar o ato de guiar (parte interna do veículo);
- gerenciar o trânsito (parte externa);
- evitar acidentes ou que o carro volte na rampa;
- saber se há espaço suficiente entre um carro e outro;
- fazer parte do tráfego sem atrapalhar;
- estacionar;
- opinião alheia sobre seu desempenho;
- deixar o carro morrer.
Na opinião de Corassa (2007), a manifestação da ansiedade antecipatória
surge quando os indivíduos pensam em sair dirigindo e até decidir fazê-lo, a
dificuldade pode alcançar dimensões insuportáveis.
Biaggio (2012), abordando o que pode ser feito para superar e controlar as
fontes de ansiedade, afirma que a psicologia tem desenvolvido importantes técnicas
que podem auxiliar as pessoas a lidar melhor com suas ansiedades. Essas técnicas
são a psicanálise e os diversos enfoques denominados psicodinâmicos. Outras são
mais práticas, rápidas e lidam com os problemas concretos do dia a dia.
26
Na opinião de Biaggio (2012, p. 03):
Muitas ansiedades são adquiridas por imitação ou identificação. Da mesma forma, você pode diminuir a ansiedade espelhando-se em modelos de pessoas que não apresentam ansiedade em situações semelhantes. Assim, uma criança que tem medo de nadar poderá diminuir sua ansiedade se tem a oportunidade de ver outras crianças ou adultos que não demonstram essa ansiedade na piscina. Ou, ainda, uma criança com medo de animais poderá diminuir essa ansiedade ao ver outras crianças que tocam e brincam com cachorrinhos, coelhinhos e outros animais pequenos. Um adulto também poderá diminuir sua ansiedade de falar em público vendo outros colegas de universidade apresentarem trabalhos oralmente na sala de aula.
Fica esclarecido por essa autora que existem técnicas relacionadas para
reações fisiológicas. Dessa forma:
“Respirar fundo é uma técnica que alivia muito a ansiedade. Há tipos de comportamentos que são incompatíveis uns com os outros, isto é, você não pode estar com os músculos relaxados e ao mesmo tempo sentir-se ansioso; assim, todas as técnicas de relaxamento físico são boas para diminuir a ansiedade de uma pessoa. Os exercícios físicos, como caminhadas, natação e outros também ajudam a relaxar. Procure afastar os pensamentos negativos que o preocupam, forçando-se a pensar em outras coisas, quando estiver ansioso e preocupado com alguma coisa sobre a qual você não tem controle e ainda não pode resolver ou ter uma resposta.” (BIAGGIO, 2012, p. 03).
Para Biaggio (2012), procurar dominar situações que geram ansiedade,
gradualmente, também é uma boa técnica. Não se deve, evidentemente, atirar-se
em situações que provocam grande ansiedade, apenas para se testar. Importante
mencionar que “correr riscos o tempo todo não é necessário nem saudável, porém
não devemos cair no outro extremo, de evitar ou fugir de todas as situações que nos
deixam ansiosos” (BIAGGIO, 2012, p. 03).
Na orientação de Biaggio (2012, p. 03):
“Enfrentar certas situações criadoras de ansiedade, principalmente quando são necessárias, é importante, não só porque são necessárias, como apresentar-se periodicamente para revisões médicas ginecológicas, cardiológicas ou odontológicas, mas também porque ao enfrentá-las sentimos um certo sabor de vitória, de que fomos capazes de enfrentar a situação que nos assustava e superá-la. Sair do consultório de um dentista é quase sempre reforçador ou gratificante, ou porque saímos confiantes de que está tudo bem, ou porque o tratamento elimina a dor que sentíamos. Da mesma forma, se a pessoa tem medo de uma situação social, como falar em público, ou mesmo de ir a uma festa e não conseguir se enturmar, se ela nunca tentar isso nunca perderá a ansiedade de fazer esse tipo de coisa. Mas se conseguir se esforçar um pouquinho e ir a uma festa, poderá ter a oportunidade de ver que não foi tão difícil ser aceita e divertir-se.
27
Assim, o comportamento de ir à festa ficará reforçado e da próxima vez que for convidada ela não ficará mais tão ansiosa. Isso ocorre em várias outras situações, como o medo de viajar de avião ou de falar em público, de ir ao médico ou de realizar qualquer tarefa.”
Existem muitas coisas que podem ser feitas para ajudar a diminuir a
ansiedade. Por exemplo, em um engarrafamento, procurar ouvir música no rádio e
relaxar, pois buzinar, irritar-se ou brigar com os outros motoristas não vai resolver o
problema. Pode-se afirmar que a ansiedade, de acordo com Menezes Pinto (2011 f)
provoca em qualquer indivíduo uma sofrida dificuldade mental, onde muitos relatam
não conseguirem controlar seus pensamentos, sentindo, também, um estado de
elevada tensão, acompanhado de um sentimento de expectativa apreensiva que
ameaça a personalidade do indivíduo ansioso. Mas, Goldstein apud May (1980)
assinala o uso construtivo da ansiedade, orientando que a capacidade de suportar
ansiedade é importante para a autorrealização do indivíduo e para a sua conquista
de seu ambiente. Ou seja, ao experimentar choques e ameaças à sua existência, o
indivíduo procura avançar a despeito de tais choques, o que indica o uso construtivo
da ansiedade.
28
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a
Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados com a finalidade de analisar a
interferência que a ansiedade e o medo geram no indivíduo, que vai realizar a
avaliação psicológica para a sua primeira habilitação.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de caráter quantitativo.
A princípio foi feita uma pesquisa bibliográfica, onde segundo Gil (2000), essa
maneira de pesquisa possui uma grande importância, em virtude de ter um acesso
mais fácil a inúmeras vertentes do tema deste trabalho, pois permite aos
pesquisadores tomar conhecimento de informações anteriormente abordadas por
outros pesquisadores, diminuindo consideravelmente o tempo para conhecimento
dos fatos e que por muitas vezes só são possíveis por dados secundários.
Posteriormente realizou-se uma pesquisa de campo pretendendo aprimorar
as ideias e a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o
questionário utilizado.
3.3 Universo
O presente estudo foi realizado na Clínica Cetran – Santos/SP.
29
3.4 Sujeitos da Amostra
A amostra deu-se por conveniência quando se lançou mão os peritos psicólogos ou
os mototaxistas, os motoristas de ônibus ou os candidatos a CNH, etc. que
frequentaram ou estavam presentes em tal período.
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Um questionário foi utilizado junto a vinte (20) pessoas, com idades entre 19
anos à 50 anos, candidatos a primeira habilitação (CNH).
3.6 Plano para Coleta dos Dados
Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos candidatos,
num total de 20 participantes, que concordaram em responder e participar da
pesquisa. Foram respondidos um questionário de 21 perguntas (Inventário de
Ansiedade de Beck – BAI).
3.7 Plano para a Análise do Dados
Os resultados foram analisados pelo método analítico descritivo, onde
construiu-se uma análise do perfil da amostra.
30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os entrevistados que participaram da entrevista tinham entre 19 e 50 anos,
sendo que a maioria está entre 30 e 40 anos. Quanto ao sexo, 50% eram mulheres
e 50% homens.
Todos os entrevistados estavam um pouco apreensivos, por não ter
conhecimento da avaliação psicológica a ser realizada ou por já ter ouvido
comentários diversos sobre a avaliação, sendo necessário uma explicação mais
detalhada.
O inventário de Beck foi aplicado antes da avaliação psicológica e não
influenciou no estado emocional dos entrevistados. Foi observado que os
entrevistados que já haviam feito algum tipo de avaliação anterior, seja em uma
entrevista de trabalho, ou para um concurso público, e não foram aprovados, ficaram
mais inseguros e com medo do resultado dos que não tiveram contato anterior com
alguma avaliação psicológica.
A seguir, os gráficos mostram os comportamentos apresentados em pessoas
que vão tirar pela primeira vez a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Em
primeiro, serão mostrados as pessoas do sexo feminino, todos os dados extraídos
do Inventário de Beck. Em seguida o mesmo procedimento de apresentação dos
resultados será para o sexo masculino.
No gráfico 01 verifica-se que entre as 9 mulheres entrevistadas, 8 delas não
apresentaram ‘Dormência ou Formigamento’, 5 não demonstraram ‘Sensação de
calor’, 6 não apresentaram ‘Tremores nas pernas’, 6 não apresentaram estar
‘Incapaz de Relaxar’, 7 não demonstram ‘Medo que aconteça o pior’; 1 das
entrevistadas se mostrou com uma levemente ‘Dormência ou formigamento’, 3
sentiram uma levemente ‘sensação de calor’, 1 apresentou levemente ‘Tremores nas
pernas’, 2 demontraram levemente estar ‘Incapaz de relaxar’, 2 tiveram ‘Medo que
aconteça o pior’.
31
Gráfico 01 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas Mulheres quanto Dormência, Sensação de Calor, Tremor nas Pernas, Incapacidade de Relaxar e Medo.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
No gráfico 02 verifica-se que 8 das 9 mulheres entrevistadas, não
apresentaram estar ‘Atordoada ou tonta’, 5 não sentiram ‘Palpitação ou aceleração
no coração’, 7 não se sentiram ‘Sem equilíbrio’, 7 não apresentaram estar
‘Aterrorizada’, e 4 não apresentaram estar ‘Nervosa’; 1 demonstrou levemente
‘Atordoada ou tonta’, 4 apresentaram levemente ‘Palpitação ou aceleração no
coração’, 2 demonstraram estar levemente ‘Aterrorizada’, 5 demonstrar estar
levemente ‘Nervosa’ e 1 apresentou moderadamente ‘Nervosa’.
Gráfico 02 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas Mulheres quanto Atordoamento, Palpitação, Falta de Equilíbrio, Aterrorizada e Nervosismo.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
32
No gráfico 03 verifica-se que 9 mulheres não apresentaram ‘Sensação de
sufocação’, 7 mulheres não sentiram ‘Tremores nas mãos’, 7 mulheres não se
sentiram ‘Trêmulas’, 9 não apresentaram ‘Medo de perder o controle’, 8 não tiveram
‘Dificuldade de respirarar’, 2 apresentou levemente ‘Tremores nas mãos’, 2
apresentaram levemente ‘Trêmulas’, e 1 apresentou levemente ‘Dificuldade de
respirar’.
Gráfico 03 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas Mulheres quanto Sensação de Sufoco, tremores nas Mãos, Medo de Perder o Controle e dificuldade de Respirar.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
No gráfico 04 verifica-se que 9 mulheres não apresentaram ‘Medo de morrer’,
7 não apresentaram estar ‘Assustadas’, 9 não apresentaram estar com ‘Indigestão
ou desconforto no abdomên’, 8 não apresentaram ter ‘Sensação de Desmaio’, 6 não
apresentaram um ‘Rosto afogueado’, e 7 não sentiram ‘Suor (não devido ao calor’, 2
se mostraram levemente ‘Assustadas’, 1 se mostrou ter uma ‘Sensação de desmaio’,
4 apresentaram sentir levemente o ‘Rosto afogueado’ e 2 apresentaram ter ‘Suor
(não devido ao calor)’.
33
Gráfico 04 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nas Mulheres quanto Medo de Morrer, Indigestão, Sensação de Desmaio, Rosto Afogueado, Suor Frio e Assustada.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
No gráfico 05 verifica-se que, entre os 11 homens entrevistados, 10 deles não
apresentaram ‘Dormência ou Formigamento’, 9 não demonstraram ‘Sensação de
calor’, 8 não apresentaram ‘Tremores nas pernas’, 7 não apresentaram estar
‘Incapaz de Relaxar’, 7 não demonstram ‘Medo que aconteça o pior’; 1 dos
entrevistados se mostrou com uma levemente ‘Dormência ou formigamento’, 2
sentiram uma levemente ‘sensação de calor’, 3 apresentaram levemente ‘Tremores
nas pernas’, 4 demontraram levemente estar ‘Incapaz de relaxar’, 1 apresentou
‘Medo que aconteça o pior’, e 3 apresentaram moderadamente ‘Medo que aconteça
o pior’.
Gráfico 05 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos Homens quanto Dormência, Sensação de Calor, Tremor nas Pernas, Incapacidade de Relaxar e Medo.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
34
No gráfico 06 verifica-se que 10 dos 11 homens entrevistados, não
apresentaram estar ‘Atordoado ou tonto’, 9 não sentiram ‘Palpitação ou aceleração
no coração’, 10 não se sentiram ‘Sem equilíbrio’, 11 não apresentaram estar
‘Aterrorizado’, e 5 não apresentaram estar ‘Nervoso’; 1 demonstrou levemente
‘Atordoado ou tonto’, 2 apresentaram levemente ‘Palpitação ou aceleração no
coração’, 1 levemente ‘Sem equilíbrio’, 5 demonstraram estar levemente ‘Nervoso’ e
1 apresentou moderadamente ‘Nervoso’.
Gráfico 06 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos Homens quanto Sensação de Sufoco, tremores nas Mãos, Medo de Perder o Controle e dificuldade de Respirar..
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
No gráfico 07 verifica-se que 11 homens não apresentaram ‘Sensação de
sufocação’, 9 homens não sentiram ‘Tremores nas mãos’, 9 homens não se sentiram
‘Trêmulos’, 7 não apresentaram ‘Medo de perder o controle’, 10 não tiveram
‘Dificuldade de respirarar’, 2 apresentaram levemente ‘Tremores nas mãos’, 2
apresentaram levemente ‘Trêmulos’, 4 apresentaram levemente ‘Medo de perder o
controle’, e 1 apresentou levemente ‘Dificuldade de respirar’.
35
Gráfico 07 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos Homens quanto Atordoamento, Palpitação, Falta de Equilíbrio, Aterrorizada e Nervosismo.
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
No gráfico 08 verifica-se que 8 homens não apresentaram ‘Medo de
morrer’, 8 não apresentaram estar ‘Assustados’, 10 não apresentaram estar com
‘Indigestão ou desconforto no abdomên’, 11 não apresentaram ter ‘Sensação de
Desmaio’, 9 não apresentaram um ‘Rosto afogueado’, e 7 não sentiram ‘Suor (não
devido ao calor)’, 3 se mostraram levemente ‘Medo de morrer’, 3 sentiram
levemente estarem ‘Assustados’, 1 mostrou ter levemente ‘Indigestão ou desconforto
no abdomên’, 2 apresentaram sentir levemente o ‘Rosto afogueado’ e 4
apresentaram ter ‘Suor (não devido ao calor)’.
Gráfico 08 – Valores Quantitativos dos Comportamentos Apresentados nos Homens quanto Medo de Morrer, Indigestão, Sensação de Desmaio, Rosto Afogueado, Suor Frio e Assustada
Fonte: Dados da pesquisa. Santos/SP.2013.
36
Através desta pesquisa de campo, aplicando o Inventário de Beck, pode-se
afirmar que os participantes apresentam-se predispostos a terem ansiedades em
seu comportamento relacionado a direção de veículos, podendo ser apontados
perante as reações ou situações nas quais devem tomar decisões no trânsito, o que
acontece nos dias de hoje, por conta dos fatores envolvendo a vida moderna
(horários a serem cumpridos, pressa, agitação e tensão). Cabe aqui a reflexão de
que, se as pessoas conseguirem passar pelas situações do dia a dia com menos
ansiedade, inclusive no trânsito, torna-se possível uma vivência mais adequada e
com mais qualidade de vida.
37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir esta pesquisa, é importante salientar que as alterações emocionais e
cognitivas geradas pelo estado de ansiedade podem, efetivamente, contribuir para o
ocasionamento de acidentes de trânsito, pois a resposta dada pelo organismo à
situação conflitante será resultante de uma percepção desfocada da realidade, o que
pode conduzir a ações imprecisas, devido à influência da ansiedade na tomada de
decisão.
Não se pode negar que os processos psicológicos são atingidos quando do
estado de ansiedade, fazendo com que os indivíduos na direção veicular fiquem
mais vulneráveis. E é no trânsito que as manifestações dos traços da personalidade
aparecem; é o lugar onde se encontra todos os tipos de caracteres juntos, pois é o
espaço compartilhado por pessoas de todos os níveis sociais e culturais.
A ansiedade não pode ser evitada, mas pode ser reduzida. O problema do
controle da ansiedade é o de reduzi-la a níveis normais e usá-la, depois, como
estimulação para aumentar a consciência, a vigilância e o gosto pela vida.
A pesquisa de campo realizada para este estudo identificou que a população
analisada apresenta estado de ansiedade, pois em maior número os participantes
indicaram: conhecimento de que são pessoas ansiosas; comportamento de
agitação; reconhecimento de que se sentem com vários comportamentos ansiosos,
ao irem realizar os exames psicotécnicos, são situações que provocam ansiedade;
consciência de que os próprios desempenhos em realizar estes testes sofrem
interferência da ansiedade.
Diante do apurado, confirma-se a importância do trabalho dos profissionais da
psicologia no sentido de melhorar a ação da ansiedade no ato da realização destes
testes, contribuindo, dessa forma, para minimizar os sintomas físicos e psíquicos dos
indivíduos.
38
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43
APÊNDICE
Questionário da Pesqusa
Nome:_______________________________________________ Idade:_________
Data: _____/_____/_____
Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia
cuidadosamente cada item da lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por
cada sintoma durante a última semana, incluindo hoje, colocando um “x” no espaço
correspondente, na mesma linha de cada sintoma.
Absolutamente
não
Levemente
Não me
incomodou
muito
Moderadamente
Foi muito
desagradável
mas pude
suportar
Gravemente
Dificilmente
pude
suportar
1. Dormência ou
formigamento
2. Sensação de
calor
3. Tremores nas
pernas
4. Incapaz de
relaxar
5. Medo que
aconteça o
pior
6. Atordoado ou
tonto
7. Palpitação ou
aceleração do
coração
8. Sem equilíbrio
9. Aterrorizado
10. Nervoso
11. Sensação de
sufocação
12. Tremores nas
mãos
13. Trêmulo
44
14. Medo de
perder o
controle
15. Dificuldade de
respirar
16. Medo de
morrer
17. Assustado
18. Indigestão ou
desconforto
no abdômen
19. Sensação de
desmaio
20. Rosto
afogueado
21. Suor (não
devido ao
calor)