universidade candido mendes documento protegido …escrever sobre o autismo tem sido um desafio para...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AUTISMO E INCLUSÃO
Por: Jenine Marcele Evaristo Raimundo
Orientador
Profa: Mary Sue de Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AUTISMO E INCLUSÃO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por Jenine Marcele Evaristo Raimundo
Rio de Janeiro
2016
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Jeová Deus por me permitir a galgar mais um degrau na vida e aos meus pais que são os meu maiores incentivadores e acreditam na minha capacidade. Ao curso por me mostrar a importância da inclusão dos autistas.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Lelso e Léia, meu irmão
Rafael e minhas amigas Michele e Jamile
que sempre me apoiaram durante o curso.
5
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o conceito do autismo e suas características, visto que é uma disfunção complexa do cérebro, que interfere na capacidade do indivíduo em se relacionar de forma oral ou mesmo de maneira interpessoal. Os comportamentos variam, alguns apresentam distúrbios leves, que são imperceptíveis, enquanto outros apresentam incapacidade total de interação social. Muitos autistas apresentam problemas relacionados com os aspectos neurológicos ou psiquiátricos, mas um tratamento poderá obter maior êxito quando diagnosticado precocemente. Essa pesquisa tem como objetivo ampliar os debates desse tema tão importante na educação especial, a fim de conhecer mais sobre o Autismo, incentivando os educadores e profissionais da educação e principalmente erradicando o preconceito.
É importante lembrar que não há medicações específicas para tratar o autismo. O tratamento é, na realidade, um treinamento para o desenvolvimento de uma vida tão independente quanto possível. Para realização desta pesquisa foram feitas leituras e pesquisas que me auxiliaram no desenvolvimento da monografia.
6
METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica foi a opção metodológica adotada, com ênfase descritiva, através de livros que possibilitam o diálogo com autores sobre o autismo e inclusão.
Portanto, esta monografia visa contribuir com as reflexões sobre uma nova e já existente perspectiva da inclusão para os autistas, com o comprometimento dos profissionais com o objetivo de desempenhar um papel fundamental na inclusão de conviver e a viver com a diversidade.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O conceito de autismo 11
CAPÍTULO II
Inclusão: o desafio de uma educação para todos 20
CAPÍTULO III
AEE: Atendimento Educacional Especializado 28
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 46
8
INTRODUÇÃO
A proposta desta monografia é de conhecer a utilização dos recursos
como auxílio para a aprendizagem e inclusão dos alunos autistas na escola
regular de ensino e nas salas multifuncionais.
O Autismo é considerado um distúrbio global do desenvolvimento que
atinge a linguagem, a cognição e a interação social. É compreendido como
protótipo de um espectro de distúrbios relacionados a desordens de
desenvolvimento neurológico. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), na classificação internacional das doenças, o Autismo é uma síndrome
presente desde o nascimento, que se manifesta antes dos 30 meses,
apresentando como características respostas anormais a estímulos auditivos
ou visuais, como também dificuldades na compreensão da linguagem.
Escrever sobre o autismo tem sido um desafio para todos os
profissionais envolvidos com essa questão. Acredita-se que poucas patologias
do desenvolvimento suscitaram tanto interesses e controvérsias, situações que
tem se tornado aparente pelo volume crescente de artigos, livros e trabalhos
apresentados em congressos sobre o tema.
Tal acúmulo de estudos reflete não apenas interesse, mas sobretudo
nossa falta de conhecimento sobre vários aspectos que ainda permanecem
obscuras, dentre os quais destaca-se a questão da definição, etiologia, o
diagnóstico, a avaliação e a intervenção.
O tema “Autismo” tem sido polêmico desde que foi descrito pela
primeira vez por Léo Kanner em 1943. Muitos conceitos tem resultado em
vastos modelos de autismo, entendendo-se desde teorias que postulam sobre
transtorno emocional, até os modelos neuropsicológicos e assim por diante.
No que se refere às questões educacionais demonstram, nas últimas
décadas, preocupações quanto à função do professor na promoção do
desenvolvimento de habilidades nas crianças com autismo. Entretanto, esse
processo parece partir de um ponto crucial que seria a percepção do professor
sobre o Autismo.
As atuais metodologias pedagógicas que predominam nas escolas
especiais envolvendo alunos autistas, propõem alternativas para compor a
9
prática pedagógica voltando-se para ações que sem evidenciar a necessidade
de modificações comportamentais, aplica-se atividade mediadora com o uso de
signos externos (sociais) como meio para o desenvolvimento da conduta sobre
a base estrutural das formas culturais do comportamento, que será debatido a
seguir.
Ressalta-se que serão abordados, como enfoque do estudo sobre o
universo autista, os avanços na ciência e nas pesquisas que influenciaram em
muitos aspectos do universo autista e com isso novas descobertas foram
analisadas, tornando possível diferenciar o autismo.
Deve se argumentar, que apesar dessas conquistas e do direito de
inclusão no ensino regular, a falta de informação sobre o autismo ainda faz
com que este permaneça segregado nas escolas normais que não sabem
como ensinar.
A vida de uma família é um longo ciclo de eventos de desenvolvimento
que abrange diferentes gerações e vários contextos histórico-sócio-culturais.
Assim, em nosso caso, ela constitui instituição social significativa, da qual
buscamos entender a interação e a dinâmica frente ao autismo, uma vez que a
síndrome traz consequências para o portador, interferindo na sua posição
social e no seu estilo de vida, em seus relacionamentos internos e nos vínculos
com o mundo externo.
Certo é que se o grupo familiar e a escola entenderem a real
necessidade e a disfunção na comunicação desses indivíduos, certamente, os
ajudarão a se adaptarem as atividades diárias.
A realidade da educação está em metamorfose, com muito mais
inclusão, mas sabemos que esse percurso é longo e necessita a cada dia de
mais entendimento e profissionais transformadores que queiram vivenciar esse
processo de evolução do autista, só assim, alcançaremos resultados melhores,
concretos e substanciais.
É importante enfatizar que há uma forte necessidade de descobertas
nesta área e de aprimoramento por parte dos profissionais que lidam com
portadores de necessidades especiais como o Autismo, no que tange a
possível inclusão das crianças na escola e na sociedade, pois muitos
profissionais competentes se deparam com esses alunos, que parecem não
10
compreender a vida, por vezes sentem-se insegurança e até mesmo
competência abaladas, e acabam desistindo.
O desenvolvimento desta pesquisa aborda formas de intervenções
psicopedagógicas que podem criar alternativas para a ação educativa de
alunos com autismo através de uma adaptação curricular que seja funcional e
permita que seja estimulado a sua autonomia e aprendizado.
Para melhor compreensão da temática do estudo, serão abordados
assuntos sobre o conceito histórico do Autismo e a inclusão com os desafios
diários dos profissionais da educação que estão envolvidos diretamente com os
autistas, o desafio de uma educação para todos e como o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) é importante para o desenvolvimento da
criança.
11
CAPÍTULO I
O conceito de autismo.
O autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que tem
influência genética e é causado por defeitos em partes do cérebro.
O autismo é uma forma particular de se situar no mundo, ou seja, de
se construir uma realidade para si mesmo. O autismo é caracterizado
por desvios de comunicação, atenção e imaginação, e, consequentemente,
problemas comportamentais. Atingi aproximadamente 2 a 4 crianças em cada
10.000 crianças no mundo. Os primeiros indícios ocorrem, geralmente, antes
dos três anos de idade, e persistem por toda a vida. O autismo é mais
frequente no sexo masculino do que no sexo feminino, e o fator principal para
está diferenciação está nos hormônios, especificamente, na testosterona.
Os primeiros estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
ocorreram na Áustria em 1911. O nome Autismo foi adotado pelo psiquiatra
Eugen Bleuler para descrever um dos sintomas da esquizofrenia infantil.
O Autismo Infantil foi definido por Kanner, em 1943, como um “Distúrbio
Autístico do Contato Afetivo”, que é uma condição com características
comportamentais bastante específicas, tais como: perturbações das relações
afetivas com o meio, solidão extrema e inabilidade no uso da linguagem para
comunicação.
Cronologicamente, na evolução histórica da educação especial com o
enfoque no autismo Riviére (2004) a partir da definição feita Kanner, em 1943,
definia que “é autista aquela pessoa para qual as outras pessoas são opacas e
imprevisíveis, aquela pessoa que como ausente - mentalmente ausentes- as
pessoas presentes, se sente incompetente para regular e controlar sua conduta
por meio de comunicação.”
A questão do conceito do autismo é baseada na história de uma
controvérsia em distinguir o autismo da psicose e da esquizofrenia. As
primeiras edições da CID não fazem qualquer menção do autismo, somente a
partir da década de 80 houve uma revolução no paradigma sobre o autismo,
12
pois saiu da esfera da psicose, passando a integrar aos transtornos globais do
desenvolvimento.
Nessa perspectiva o autismo é conceituado como um transtorno global
do desenvolvimento “caracterizado por um desenvolvimento anormal ou
alterado, manifestado antes dos três anos, e apresenta uma perturbação
característica do funcionamento em cada um dos três domínios: interações
sociais, comunicação e comportamento focalizado e repetitivo” (BRASILIA,
2010, p.29).
Entende-se ainda como Autismo, o termo geral utilizado para descrever
o complexo grupo de desordens neuro-desenvolvimentais conhecido como
Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD).
Muitos pais e profissionais referem-se a este grupo como Transtorno
do Espectro do Autismo (ASD). Nesta definição, neuro significa que é
neurológico, ou que envolve o cérebro e o sistema nervoso.
O termo desenvolvimental significa que o início da doença é na infância
e que este transtorno altera o curso do desenvolvimento da criança.
A palavra invasiva é usada para significar que os efeitos do autismo
cruzam várias áreas inclusive a linguagem, a social e a relacional como
apresentado nos critérios de diagnóstico.
Além disso, muitas crianças com autismo apresentam percepções
sensoriais alteradas, de aprendizagem, problemas médicos e psiquiátricos e
uma variedade considerável de sintomas, pontos fortes e desafios dentro desta
população. É importante entender as semelhanças e características únicas de
autismo, mas também essencial para pensar de cada criança, incluindo
aqueles com autismo, como um indivíduo.
O autismo encontra muitos problemas para ser diagnosticado e é
qualificado por gerar características diversificadas, no entanto deixa na maioria
das vezes ausente a oralidade, preferindo o uso de procedimentos visuais
diretos, demonstrações faciais, atitudes corporais.
Os sintomas do autismo, assim como a sua severidade, podem variar
consideravelmente em cada indivíduo do espectro do autismo. Embora tenham
as bases para um diagnóstico de autismo, as áreas funcionais de
comunicação, de interação social e comportamento repetitivo são vistos como
sintomas "fundamentais" do autismo.
13
O Autismo afeta o modo como a criança percebe o mundo, dificultando
a comunicação e a interação social. Isso também resulta em comportamentos
repetitivos ou interesses peculiares ou intensos. É importante lembrar que os
sintomas do autismo são enraizados em causas neurológicas e estes
comportamentos não dependem da criança.
As características do autismo geralmente duram vida toda de uma
pessoa, embora possam mudar consideravelmente ao longo do tempo e
segundo as intervenções.
Um indivíduo levemente afetado poder parecer apenas peculiar e levar
uma vida normal. Uma pessoa severamente afetada pode ser incapaz de falar
ou de cuidar de si mesma. Uma intervenção precoce e intensiva pode fazer
diferenças extraordinárias no desenvolvimento e no resultado de uma criança.
Esta descrição dos sintomas sociais, dificuldades de comunicação.
Normalmente, deste o início, crianças são seres em desenvolvimento
social. Já no início da vida, olham para as pessoas, voltam-se para vozes,
seguram um dedo e até mesmo sorriem.
Em contraste, a maioria das crianças com autismo parece ter uma
dificuldade enorme em aprender a participar da interação humana diária.
Mesmo nos primeiros meses de vida, muitos não interagem e evitam o contato
visual. Eles parecem indiferentes a outras pessoas como se preferissem estar
sozinhos. Eles podem resistir à atenção ou aceitar passivamente abraços e
carinhos. Mais tarde, eles raramente procuram conforto ou respondem aos
momentos de raiva ou afeto dos pais de uma maneira típica.
A investigação tem sugerido que, embora as crianças com autismo
estejam ligadas a seus pais, sua expressão deste apego é, muitas vezes,
incomum e difícil de "ler". Para os pais, pode parecer como se a sua criança
não estivesse conectada. Pais que anseiam a alegria de abraçar, de ensinar, e
de brincar com seu filho podem sentir-se esmagados por essa falta do
comportamento esperado e típico.
Crianças com autismo também são mais lentos em aprender a
interpretar o que os outros estão pensando e sentindo. Sinais sociais sutis
como um sorriso, um piscar de olhos, ou uma careta, podem ter pouco
significado.
14
Para uma criança que perde esses sinais, um "Venha aqui" sempre
significa a mesma coisa que quando alguém está sorrindo e estendendo os
braços para um abraço ou franzindo a testa e colocando os punhos nos
quadris. Sem a habilidade de interpretar gestos e expressões faciais, o mundo
social pode parecer desconcertante. Para agravar o problema, as pessoas com
autismo têm dificuldade de enxergar as coisas da perspectiva de outra pessoa.
Crianças com mais de cinco anos entendem que outras pessoas têm
informações, sentimentos e objetivos diferentes dos que elas têm. Para uma
pessoa com autismo falta tal entendimento. Esta dificuldade deixa-os
incapazes de prever ou compreender as ações de outras pessoas.
Para Mesibov & Shea o autismo pode ser comparado a uma cultura, já
que afeta a alimentação, as preferências no vestiário, as opções de lazer, como
as pessoas entendem o seu mundo e a forma como se comunicam. Esta
cultura seria limitada no que concerne a abstração pois, "cada palavra significa
apenas uma coisa”; elas não têm conotações adicionais ou associações
subjacentes. Um exemplo deste fato é um jovem de 15 anos com um QI
mediano que quando lhe foi perguntado sobre o significado da frase “o pássaro
que chega mais cedo pega a minhoca”, respondeu que “se o pássaro levanta
pela manhã bem cedo, ele pode pegar uma minhoca se a ver e se ele a pegar,
ele pode comê-la logo, e então ele continua e pode procurar outra minhoca”.
De forma similar, quando foi feita a pergunta sobre o significado da frase “não
chore sobre o leite derramado”, ele respondeu, “se você derramar o seu leite
você não deveria chorar sobre ele, mas você deveria pegar um pano, deveria
passar sobre o leite e depois limpar o pano e depois ir pegar mais leite” (2007).
Segundo estes autores o professor de um aluno com autismo deve se
aproximar funcionalmente de um intérprete transcultural: alguém que entende
ambas as culturas e é capaz de traduzir as expectativas e procedimentos de
um ambiente não-autístico para o aluno com autismo (Mesibov & Shea, 2007).
A trilha indicada por estes pesquisadores nos leva a entender que
aquilo que uma criança normal aprende sozinha, à criança com Transtorno
Autista deve ser ensinado, e o que ela já sabe deve ser desenvolvido.
No contexto atual, muitas questões são levantadas, tais como:
15
1) Se existem tão poucas escolas especializadas em atender e educar
esta parcela da população, como se dá este atendimento nas escolas
disponíveis ao atendimento da criança com Transtorno Autista?
2) Considerando o processo de inclusão educacional da criança com
Transtorno Autista, quais as influências das Instituições Educacionais no
desenvolvimento cognitivo destas crianças?
3) Poderíamos desenvolver métodos brasileiros que se mostrem
capazes de educar a criança com Transtorno Autista na escola de ensino
regular, e deste modo facilitar a educação das demais crianças com ou sem
necessidades educativas especiais?
Entendemos que, cada vez mais pesquisas devam ser realizadas com
o intuito de melhor conhecer este transtorno, para que, num futuro próximo,
possamos tratar e educar de forma efetiva estas crianças, aperfeiçoando
nossas estratégias didáticas, nossos conhecimentos sobre os processos de
aprendizagem e de aquisição de conhecimento, para então nos aproximarmos
de algumas daquelas respostas.
Enfim, o autismo é uma síndrome que desafia nosso conhecimento
sobre a natureza humana. Se compreendermos o autismo abriremos caminhos
para o entendimento do nosso próprio desenvolvimento.
Conviver com o autismo é deixar de ter uma só forma de ver o mundo,
é pensar em formas múltiplas sem perder o compromisso com a ciência e com
a ética, é percorrer caminhos nem sempre portando o mapa, é falar e ouvir
outra linguagem, é oportunizar troca e espaço para novos conhecimentos.
Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com
outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não ser
diagnosticado através de exames laboratoriais ou de imagem, por não haver
marcador biológico que o caracterize, nem necessariamente aspectos
sindrômicos morfológicos específicos; seu processo de reconhecimento é
dificultado, o que posterga a sua identificação.
Um diagnóstico preciso deve ser realizado, por um profissional
qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação clínica do
indivíduo.
O autismo pode ocorrer isoladamente, ser secundário ou apresentar
condições associadas, razão pela qual é extremamente importante a
16
identificação de co-morbidades bioquímicas, genéticas, neurológicas,
psiquiátricas, entre outras.
Na maioria dos casos, o autismo é idiopático, o que significa que a
causa é desconhecida. A resposta mais complexa é que, assim como há
diferentes níveis de gravidade e combinações de sintomas no autismo, há
provavelmente múltiplas causas.
A maior evidência científica disponível hoje aponta para a possibilidade
de várias combinações de fatores que causam o autismo, talvez o efeito
cumulativo de múltiplos componentes genéticos ou uma predisposição para
danos causados por exposições ambientais ainda não determinadas. O
momento destas exposições durante o desenvolvimento de uma criança (antes,
durante ou após o nascimento) também podem desempenhar um papel no
desenvolvimento ou na apresentação final da doença.
Pode se ainda afirmar que o autismo acomete cerca de 20 entre cada
10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no
feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer
configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar
qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa
causar a doença.
Segundo a ASA (Autism Society of American = Associação Americana
de Autismo), os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro,
verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o
indivíduo, há também distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades
físicas, sociais e lingüísticas; reações anormais às sensações.
As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor,
equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; fala e linguagem
ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não.
Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem
associação com o significado; relacionamento anormal com os objetivos,
eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos e crianças. Objetos e
brinquedos não usados de maneira devida.
Há de se argumentar, que alguns indivíduos com autismo possuem
habilidades incomuns e habilidades. Talvez por diferenças nas conexões do
cérebro, ou das prioridades que foram estabelecidas pelo cérebro no
17
processamento de informações e aspectos mais importantes, habilidades
excepcionais podem surgir. Enquanto verdadeiros sábios (síndrome de Savant
descreve uma pessoa com déficit mental, mas uma ou mais habilidades em
nível de gênio) são raros, muitos indivíduos com autismo têm pontos fortes que
podem torná-los únicos ou interessantes.
Alguns dos pontos fortes que podem estar presentes em um indivíduo
com autismo, mas é importante nunca assumir que qualquer aluno tem alguma
ou todas estas forças.
No entanto, a consciência de uma habilidade pode permitir uma
oportunidade para formar uma conexão, para motivar ou recompensar a
atenção para desafios mais difíceis, ou para empregar uma força para superar
outras áreas de déficit.
Muitas vezes os talentos únicos dos indivíduos com autismo são um
reflexo do foco que colocam em uma área particular, e quanto esta lhes
interessa. Se retirássemos os dias em um calendário que ajuda a proporcionar
estrutura e previsibilidade a um mundo confuso, então poderia fazer sentido um
indivíduo ser capaz de memorizar quantidades incríveis de informação e de
dizer o dia da semana em que uma pessoa nasceu, quando forneceu a data.
Inerente ao desenvolvimento destas habilidades excepcionais é a
compreensão do indivíduo sobre os processos e padrões envolvidos e a
motivação para se concentrar neles- características absolutamente críticas
para se manter em mente quando empresa a tarefa de ensinar algo novo.
Quebrar tarefas em componentes compreensíveis e dar apoio motivacional
(lembrando que o que motiva uma criança com autismo pode ser
decididamente diferente do que motiva uma criança normal) é fundamental
para expansão do repertório individual de habilidades e pontos fortes.
O trabalho com autistas tem sido pouco explorado na sociedade e
carece de informações para o auxílio dos professores em âmbito escolar. Os
autistas fazem parte do grupo de pessoas portadoras de deficiências, exigindo
assim uma educação especial e inclusiva para a promoção de seu
desenvolvimento. Sabe-se que atualmente, os autistas não têm recebido a
atenção necessária e devida e por isso, o seu desenvolvimento e inserção na
sociedade se mostram tão longe do ideal e esperado.
18
Não se conhecem as causas concretas do autismo, mas os fatos
conhecidos apontam para uma base orgânica. Um quarto das crianças autistas
apresenta sinais de distúrbios neurológicos; na adolescência, um terço destes
pacientes apresenta ataques epilépticos, o que faz pensar que haja qualquer
lesão subtil do cérebro.
Os diferentes níveis de autismo variam de moderado a severo. As
pessoas com autismo severo podem ser incapazes de falar e parecem
indiferentes às outras pessoas. As que têm autismo moderado podem parecer
incrivelmente inteligentes, mas podem ser estranhas nas interações sociais. A
maioria das pessoas com autismo encontra-se em algum lugar entre esses dois
extremos.
Dessa maneira, o diagnóstico da criança com autismo deve ocorrer de
forma clinica, deve se levar em conta, portanto, todo histórico clinico da
criança.
Diante disto, não existe um padrão, ou seja, uma forma única de
tratamento para o autismo. Deve-se, portanto, tratar a individualidade de cada
pessoa e as suas necessidades individualmente.
Para o autista, o relacionamento com outras pessoas não desperta
interesse. O contato visual com o outro é muito ausente ou pouco frequente e
usa a fala com bastante dificuldade. Ou seja, algumas frases podem ser
constantemente repetidas e a comunicação acaba se dando, principalmente,
por gestos. Evita-se, portanto contato físico no relacionamento com o autista -
já que para ele o mundo parece ameaçador. Insistir neste tipo de contato ou
promover mudanças bruscas na rotina dessas crianças pode desencadear
crises de agressividade. Dessa maneira podendo também atrapalhar o
desenvolvimento e um melhor rendimento dessas crianças.
Algumas das características dadas ao autismo são:
- Dificuldades nas interações sociais, inclusive em comportamentos não
verbais;
- Comportamentos estereotipados;
- Obsessão por partes de objetos;
- Inflexibilidade em quebrar rotinas;
- Problemas na dicção;
- Risos em situações inapropriadas ou inesperadas;
19
- Ausência ou pouca expressão facial, exceto quando estão bravos ou
agitados;
- Podem ser agressivos consigo ou com outras pessoas, em situações
adversas.
20
CAPÍTULO II
Inclusão: o desafio de uma educação para todos.
Segundo o dicionário Aurélio a palavra inclusão é definida como “ação
ou efeito de incluir / estado de uma coisa que está incluída”. Para a área da
educação pode-se definir a inclusão como o acolhimento de todas as pessoas,
sem exceção, no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social,
condições bio-psico-sociais e credo.
A educação inclusiva é um tema que, nas últimas décadas, tem ganhado
um espaço significativo nos debates em torno da construção de uma educação
de qualidade para todos.
No entanto, discutir a educação inclusiva implica refletir sobre as
políticas públicas educacionais, sobre metodologias educativas e sobre as
dificuldades de acessibilidade que as instituições escolares devem transpor
para que, de fato, venham a ser uma escola para todos.
Na inclusão, a escola se coloca em uma atitude dinâmica, que busca diferentes
metodologias e aproveita as potencialidades de cada indivíduo. É, antes de
tudo, uma escola que aceita e valoriza a diferença.
Entender a inclusão não significa apenas cumprir a lei, mas também
levar à escola crianças que vivem isoladas de um mundo que só tem a ganhar
com sua presença. Além disso, é fazer com que alunos de salas regulares
convivam com a diversidade, sendo esse um dos papéis da escola: praticar a
responsabilidade pelo outro.
Dessa forma, pode-se dizer que existem duas maneiras de inclusão, a
inclusão social e a inclusão escolar.
A inclusão escolar é a inserção total e incondicional de crianças com
necessidades especiais na rede regular de ensino, ou seja, um novo modelo de
escola onde é possível o acesso e permanência de todos os alunos, sem
discriminação. Na escola deve haver mudanças que beneficiem a todos, haja,
portanto mudanças profundas no sistema escolar.
21
A sociedade, por sua vez, deve se adaptar para atender as necessidades
de todos, defendendo dessa forma o direito de todos com necessidades
especiais.
A inclusão deve valorizar a individualidade das pessoas com
necessidades especiais, e traz para dentro do sistema os grupos que são
“excluídos” pela sociedade, dando desta maneira melhores qualidades de vida.
Educação Inclusiva significa pensar em uma escola em que é possível o acesso e a permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a aprendizagem. Para tornar-se inclusiva, a escola precisa formar docentes críticos,
conscientes e participativos, e uma equipe de gestão para rever as formas de
interação entre todos os segmentos que a compõem e que nela interferem. Isto
implica em avaliar e reavaliar a sua estrutura, organização, projeto político-
pedagógico, recursos didáticos, práticas avaliativas, metodologias e estratégias
de ensino.
É de suma importância ter consciência que a educação inclusiva não se
faz apenas por decretos ou diretrizes. Ela é construída, na escola, por todos,
na confluência de várias lógicas e interesses, sendo preciso saber articulá-los.
Por ser uma construção coletiva, requer mobilização, discussão e ação de toda
a comunidade escolar.
Concretizar a inclusão é um grande desafio já que envolve mudanças na
concepção de sociedade, de homem, de educação e de escola. Mudar
concepções já solidificadas e enraizadas em nome de um outro modelo de
educação não é uma tarefa fácil, principalmente quando as mudanças vão
favorecer pessoas que foram injustiçadas, excluídas e marginalizadas na
sociedade e consequentemente na escola.
Em cinco anos dobrou o número de alunos com deficiência matriculados
nas escolas regulares do país. A inclusão deve continuar a crescer e as redes
precisam estar prontas para receber bem esses estudantes com ações que vão
da melhoria dos espaços físicos à mobilização da comunidade escolar.
A escola inclusiva é aquela que pretende fazer ligações entre os alunos e o
currículo escolar, para que, dessa forma. possa desenvolver estratégias que
22
permitam que os alunos possam trabalhar os problemas que ocorrem na vida
cotidiana. Todos devem participar dessa construção, ativamente.
Dessa maneira, encontra-se uma cultura de diversidade que implica numa
melhor educação para todos, permitindo assim, a construção de uma escola de
qualidade com profissionais qualificados, motivados e principalmente
comprometidos com a educação de pessoas com necessidades especiais.
Uma escola onde haja uma troca de conhecimentos, que permita o “ensinar e
aprender”, desenvolvendo, dessa maneira, um processo de aprendizagem em
que todos devem aprender a compartilhar novos significados. Portanto, a
educação parte do respeito à diversidade com valor, valorizar a todos no
ambiente escolar.
É importante que na escola inclusiva professores e alunos aprendam a
respeitar as diferenças uns dos outros, e que possibilite a todos ocuparem o
seu espaço na sociedade.
O princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da
diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é
totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as crianças devem se
tornar normais para contribuir para o mundo”.
A inclusão, portanto, visa acolher todos os alunos e, sobretudo,
transformar suas intenções e escolhas curriculares, oferecendo um ensino
diferenciado que favoreça o desenvolvimento de todos e a inclusão social.
A inclusão se dá quando pessoas com necessidades especiais são
inseridas no ensino regular, e através dessa interação com outras pessoas que
não são seus familiares, o indivíduo passa a ter uma vida em sociedade
podendo desenvolver seu potencial cognitivo e social que muitas vezes fica
restringida por falta de informação dos próprios familiares.
Trabalhar com a inclusão, trata-se de um compromisso ético e tal
assistência precisa congregar saberes do serviço social, da medicina, da
psicologia e de outras especialidades que podem fazer necessárias no trabalho
de inclusão do aluno autista.
Ao longo de sua trajetória, a inclusão trás contestações e embates
onde se formulou vários conceitos e interpretações segundo os documentos de
seus articuladores e defensores, com avanços e conquistas singulares a cada
trecho histórico.
23
A escola deve se mobilizar para oferecer condições educacionais que
beneficiem o desenvolvimento de todos os educandos, fazendo com que "a
inclusão seja compreendida com um complexo e continuado processo em que
novas necessidades e mudanças são exigidas." (COELHO, 2010. p.56) dessa
forma é imperativo conceber significados as práticas inclusivas e entre outros
fatores é preciso conhecer suas nuances e seus aspectos legais.
Os autistas possuem todas as variações possíveis de inteligência.
Alguns são muito inteligentes e se dão bem pedagogicamente em escolas
regulares, apesar de não conseguirem se socializar, pois não entendem o
mundo humano e social. Outros necessitam de outras escolas, e aqueles cuja
inteligência é mais comprometida têm mais possibilidades em escolas
especiais.
O professor de classe regular certamente será o principal ator deste
cenário, precisando de tempo para o seu entendimento sobre o significado de
uma escola inclusiva. O mais importante é a necessidade da formação da
consciência crítica do professor quanto à sua responsabilidade pela
aprendizagem de seus alunos, autistas ou não.
Esta afirmação deve-se ao fato de que a inclusão não se caracteriza
pela ação de depositar todos os alunos com as necessidades educacionais
especiais na classe regular, satisfazer a essas necessidades implica levar cada
aluno a desenvolver suas potencialidades.
A proposta da educação inclusiva será alicerçada numa pedagogia
centrada na aprendizagem dos alunos e que se ajuste às necessidades de
cada um. Os professores deixam de ser o centro do processo, cedendo lugar
aos alunos. O sucesso do trabalho do professor estará intimamente vinculado
ao sucesso dos seus alunos.
A imaginação é importante nos estágios da aprendizagem, pois envolve
brincadeiras que projetam futuros papéis sociais. Na educação é relevante que
os comandos sejam diretos, as palavras e as frases possuam objetivos claros.
É importante, para o funcionamento social da linguagem, que o significado da
palavra seja percebido antes do uso, por meio da codificação simbólica das
experiências. Toda a postura do professor é de extrema importância para
canalizar a concentração do educando nas tarefas que construirão habilidades.
24
Os períodos de trabalho com os autistas não devem ser extensos, mas
em pequenas etapas, com tarefas curtas, pois as longas dificultam a
concentração, tornando a distração recorrente. Mesmo que seja necessária a
repetição, o professor deve ter cuidado de não enfadar seu aluno. O professor
será de vital importância para o seu desenvolvimento psicomotor no espaço
escolar.
A escola inclusiva é aquela que esta aberta às diferenças, ou seja,
acolhe todas as crianças e adolescentes sem restrições.
Os alunos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças.
Esta escola tem como meta superar todas as barreiras, sendo elas,
arquitetônicas ou atitudinais, para que possa alavancar em seu interior uma
educação de qualidade. Outro desafio que ela enfrenta é a busca de soluções
especificas para o modo de aprender de seus alunos e os conhecimentos
ensinados.
O aluno não poderá ser visto como receptor passivo das informações
transmitidas pelo professor. Ele não pode ser visto como uma “tábula rasa”
pronto para receber informações. Esse aluno deve ser entendido como um
construtor e inventor do seu conhecimento, a partir das relações que
estabelece com seu meio.
O desejo da escola é encontrar estratégia para que seus alunos
possam participar de todas as atividades, tanto do ponto de vista acadêmico
quanto do social. Para isso precisamos reconhecer que o espaço da sala de
aula representa o movimento da vida que esta no todo social, onde
encontramos experiências individuais que precisam ser compartilhadas, que
podem gerar conflitos ou surpresas, mas trazendo novas ideias.
Os professores receptivos devem criar em sala de aula um clima
afetivo favorável, apoiando seus alunos, valorizando-os e devem ter a
preocupação da autoestima positiva dos mesmos.
Cabe, o exemplo de como se pode garantir autoestima positiva, que é
a recorrência a seguinte frase, constituída de três palavras “ainda não saber”
em determinada situação escolar.
Quando o aluno desenvolve uma atividade e sua resposta não é aquela
esperada pelo professor, este logo diz ao aluno: “você não sabe”, destruindo
qualquer possibilidade de entender o erro como parte do processo de
25
aprendizagem. Entretanto, se este professor disse-se para este aluno “voe
ainda não sabe”, estaria revelando a ele a possibilidade de superação
possibilitando que ele avaliasse seu próprio movimento de aprendizagem.
Os professores receptivos tem a clareza de que todas as crianças e
adolescentes podem e devem aprender. Devem, então, utilizar um gama de
estratégias metodológicas e de adaptação das tarefas de aprendizagem às
possibilidades dos alunos.
Portanto, a ação pedagógica deve esta alicerçada em quatro pilares:
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser.
A manifestação dos comportamentos estereotipados por parte das
pessoas portadoras de autismo é um dos aspectos que assume maior relevo
no âmbito social, representando um entrave significativo para o
estabelecimento de relações entre as mesmas e seu ambiente. Torna-se
provável, portanto, que a exibição dos mesmos traga implicações qualitativas
nas trocas interpessoais que ocorrerão na escola.
Ressalta-se que o autismo não pode ser gerado por uma inabilidade
dos pais, nem por despreparo de professores. O autismo é uma condição
neurológica complexa com peculiaridades individuais que requerem o
envolvimento ativo de pais e professores na elaboração de um plano de ação
que promova uma melhor aprendizagem, adaptabilidade e inclusão social do
indivíduo com autismo no ambiente escolar.
Não existe uma receita de “O” indivíduo com autismo. Não existe uma
fórmula ou receita pronta para fazer com que uma criança com autismo
aprenda melhor, entretanto, a construção da confiança entre pais e
professores, bem como o reconhecimento da importância de cada uma das
partes, é o início de todo o processo.
Ambientes humanos de convivência e de aprendizado são plurais pela
própria natureza e, assim sendo, a educação escolar não pode ser pensada e
realizada senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno, segundo
as suas capacidades, talento e de um ensino participativo, solidário e
acolhedor.
A perspectiva de se formar uma nova geração dentro de um projeto
educacional inclusivo é fruto do exercício diário da cooperação e da
26
fraternidade, do reconhecimento e do valor das diferenças, o que não exclui a
interação com o universo do conhecimento em suas diferentes áreas.
Atualmente, existem alunos portadores de autismo frequentando, em
sua maioria, escolas especiais ou classes especiais de condutas típicas, dentro
das escolas regulares. Há poucas iniciativas de inclusão desses alunos em
classes regulares.
Neste último caso, a inclusão tem sido efetivada sob algumas
condições, quais sejam, o aluno frequenta a classe regular todos os dias
durante o tempo total da aula; o aluno frequenta a classe regular todos os dias
em horário parcial; o aluno frequenta a classe regular algumas vezes na
semana, durante o tempo total da aula; o aluno frequenta a classe regular
algumas vezes na semana em horário parcial. Praticamente na maioria dos
casos, tais alunos fazem uso de recursos especializados de apoio como escola
de educação especial, fonoaudiologia, dietas especiais, terapia ocupacional,
entre outros.
Algumas das modalidades acima citadas foram úteis em alguns e
inúteis em outros casos. As crianças autistas apresentam enormes variações
de capacidade intelectual, uso e compreensão da fala, nível global do
desenvolvimento, idade da criança ao receber o tratamento, gravidade dos
distúrbios e contexto familiar. A eficácia do tratamento é determinada
primeiramente pelo nível de intensidade do distúrbio. Na melhor das hipóteses
as intervenções melhoram, mas não eliminam os sintomas.
Uma escola inclusiva, ou escolas de boa qualidade para todos
implicam a igualdade de oportunidades de aprender e participar. Portanto, o
currículo deve ser apropriado, segundo as necessidades de cada aluno. Para o
autista é importante primeiramente, fazer uma avaliação para conhecer quais
as capacidades que o aluno precisa alcançar, pois ele deve desenvolver
competências fundamentais, motoras e acadêmicas.
Após o recebimento do diagnóstico de autismo, a criança deverá
passar por uma avaliação cuidadosa de suas habilidades ou ausência delas.
Repertórios acadêmicos, sociais e de comunicação devem ser minuciosamente
detalhados. Para a escola, esse levantamento indicará a necessidade da
elaboração de um currículo acadêmico, atividades e avaliações particularizadas
para as dificuldades/habilidades da criança. Estratégias simples de troca entre
27
pais e professores sempre usados de forma positiva podem servir também para
comunicar os ganhos comportamentais do aluno em cada ambiente.
Certo é que havendo boa comunicação entre família e professores
amplia o conhecimento das partes sobre o funcionamento da criança em
diferentes ambientes.
Uma vez que o diagnóstico foi realizado, a informação vinda de pais e
professores em conjunto formará um quadro mais preciso das necessidades de
aprendizagem de cada criança. Essas informações aumentam as chances de
que todos os envolvidos no processo educacional planejem melhor as suas
ações e estratégias e ajudem a solucionar muitos conflitos.
É importante que a inclusão seja realizada, de maneira que garanta a
aprendizagem de todos os alunos e, assim, seja fortalecida a formação de
professores e capacitando os mesmos para desenvolverem, dessa forma, um
melhor aprendizado para com alunos. Dessa maneira haverá um melhor
aprendizado e desenvolvimento de alunos e professores, sempre em conjunto
com a equipe pedagógica da escola.
A Educação Inclusiva compreende a modalidade de Educação Especial
dentro da escola, favorecendo a diversidade escolar.
A educação inclusiva se apoia na premissa de que é preciso olhar para o
aluno de forma individualizada e colaborativa, contemplando suas habilidades e
dificuldades no aprendizado em grupo. Isso não significa reduzir as
expectativas da turma ou deixar de avaliar os estudantes: as metas de
conquista do conhecimento são estabelecidas em consonância com o potencial
de cada criança. "A escola deve ser um lugar de encontro, de igualdade, de
desenvolvimento. Para isso precisamos construir um espaço-tempo de gestão
que acolha as diferenças existentes no mundo".
É importante ressaltar que a educação é um direito de todos,
independentemente das dificuldades deve ser fortalecida para o
desenvolvimento pleno e aprimoramento da personalidade, respeitando sempre
os direitos e deveres de todos, incentivando sempre a construção da cidadania
dos educandos.
A Educação Inclusiva significa, então, que se deve educar a todas as
crianças em um mesmo contexto escolar, ou seja, uma escola que atenda as
necessidades de todos, valorizando sempre a diversidade de cada aluno.
28
CAPÍTULO III
AEE: Atendimento Educacional Especializado.
O atendimento educacional especializado (AEE) é um serviço da
educação especial que identifica, elabora, e organiza recursos pedagógicos e
de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando suas necessidades específicas.
O ensino oferecido no atendimento educacional especializado é
necessariamente diferente do ensino escolar e não pode caracterizar-se como
um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolares.
São exemplos práticos de atendimento educacional especializado: o ensino da
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e do código BRAILLE, a introdução e
formação do aluno na utilização de recursos de tecnologia assistiva, como a
comunicação alternativa e os recursos de acessibilidade ao computador, a
orientação e mobilidade, a preparação e disponibilização ao aluno de material
pedagógico acessível, entre outros.
O AEE é organizado para suprir as necessidades de acesso ao
conhecimento e à participação dos alunos com deficiência e dos demais que
são público alvo da Educação Especial, nas escolas comuns Constitui oferta
obrigatória dos sistemas de ensino, embora participar do AEE seja uma
decisão do aluno e/ou de seus pais/responsáveis
Um serviço da educação especial desenvolvido na rede regular de
ensino que organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem
barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas
necessidades específicas.
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à
autonomia e independência na escola e fora dela.
Os alunos com deficiência têm muito a ganhar com a parceria entre
professor da sala regular e o docente responsável pelo atendimento
educacional especializado (AEE). Este profissional trabalha nas salas de
recurso, ambientes adaptados para receber estudantes com uma ou mais
deficiências durante o contraturno.
29
O AEE não pode ser confundido com aulas de reforço ou recuperação
paralela. Ele serve para ajudar o aluno a adquirir habilidades que são
essenciais para garantir o bom desempenho nas aulas regulares.
Para firmar uma boa parceria com o profissional do AEE é preciso fazer
um planejamento conjunto para cada aluno, discriminando quais as atividades
serão desenvolvidas e o tempo estimado. A partir deste momento, e ao longo
de todo o ano letivo, o contato entre os educadores é permanente. Se você
trabalha na sala regular e percebe que há pouca ou nenhuma evolução, deve
informar quem está na sala de recursos, para que o plano seja modificado.
Outra atitude fundamental é transmitir o conteúdo das aulas regulares com
antecedência.
A educação do autista tem como principal dificuldade a socialização, que
é uns dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado.
Os profissionais da educação estão cientes das dificuldades que as
crianças com autismo têm em muitos ambientes educacionais. Atualmente está
sendo desenvolvidos programas alternativos e estratégias de intervenção. As
dificuldades envolvidas incluem desorganizações, distração, problemas em
sequenciar, falta de habilidade em generalizar, e padrões irregulares de pontos
fortes e pontos fracos. Embora nenhum destes se aplique à população inteira
dos alunos com autismo, estes problemas de aprendizagem são vistos em um
grau significativo em uma porcentagem grande destes alunos.
Os principais métodos utilizados para desenvolver a aprendizagem dos
alunos autistas são: ABA, Teacch, Percs, Padovan, SCERTS, Floortime e
Programa Son-Rise.
O TEA tem como principal dificuldade o contato visual e a comunicação.
Portanto, para ajudar pessoas com autismo a se adaptarem na sociedade em
que estão inseridas, é necessário conceber programas tendo como base os
pontos fortes e déficits fundamentais do autismo que afetam o aprendizado e
as interações no dia a dia.
O trabalho como educador de pessoas com autismo é
fundamentalmente o de ver o mundo através de seus olhos, e usar esta
perspectiva para ensiná-los a funcionar inseridos em nossa cultura de forma o
mais independente possível. Enquanto apenas são estimuladas as áreas
cognitivas subjacentes ao autismo, é pelo seu entendimento que é possível
30
planejar programas educacionais efetivos na função de vencer o desafio deste
transtorno do desenvolvimento tão singular que é o autismo.
Muitas instituições que trabalham com pessoas diagnosticadas com o
Transtorno do Espectro Autistas utilizam algum tipo de método para
desenvolver sua aprendizagem e socialização. É importante conhecer e
pesquisar os métodos para uma maior compreensão sobre os mesmos, mas a
sua aplicação deve ser feita por profissionais experientes. É importante verificar
quais métodos são mais adequados a cada aluno, não descartando assim,
outras abordagens terapêuticas.
Os métodos mais usados para pessoas com autismo são: Método
Teacch, Método ABA, Modelo SCERTS, Método Floortime, Método PECS,
Método Padovan (Instituto Autismo no Amazonas, 2012).
TEACCH – TREATMENT AND EDUCATION OF AUTISTIC AND RELATED
COMMUNICATION HANDICAPPED CHILDREN – (TRATAMENTO E
EDUCAÇÃO
PARA AUTISTAS E CRIANÇAS COM DÉFICITS RELACIONADOS À
COMUNICAÇÃO).
O Teacch é um programa educacional e clínico, com uma prática
predominantemente psicopedagógica, criado a partir de um projeto de pesquisa
que buscou observar profundamente os comportamentos das crianças autistas
em diferentes situações e frente a diferentes estímulos, também de concepção
comportamental.
Teacch foi criada em 1972 na Universidade da Carolina do Norte, EUA,
pelo Dr. Eric Schopler do departamento de psiquiatria dessa Universidade.
O objetivo principal do programa TEACCH é apoiar o aluno com autismo
em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à idade adulta com
o máximo de autonomia possível. Isto inclui ajudá-lo a compreender o mundo
que o cerca através da aquisição de habilidades de comunicação que lhe
permitam relacionar-se com outras pessoas, oferecendo-lhe, até onde for
possível, condições de escolher de acordo com suas próprias necessidades.
A meta fundamental é o desenvolvimento da comunicação e da
independência e o meio principal são as fichas objetivas. A avaliação é a
31
ferramenta mais importante para elaboração de novas estratégias, que deverão
ser estabelecidas individualmente.
Um dos mais importantes aspectos do TEACCH é quanto à organização
da sala de aula. Uma sala de aula TEACCH deve ser estruturada, isto é,
visualmente clara, com poucos estímulos e sem informações desnecessárias.
A rotina com previsão de tempo e de espaço para as atividades são
necessárias.
ABA - APLIED BEHAVIOR ANALYSIS (ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA)
Segundo Gadia (2006) a ABA se pauta na teoria comportamental, desta
forma a observação é a principal tarefa da pesquisa e nos permite
compreender como o individuo aprende.
O objetivo da ABA é ajudar cada aluno a desenvolver competências que
lhe permitam ser o mais independente e bem sucedido possível na sua vida. O
trabalho com o programa de ABA, frequentemente começa em casa, quando a
criança é muito pequena. A intervenção precoce é importante, mas esse tipo de
técnica também pode beneficiar crianças maiores e adultas. A metodologia,
técnicas e currículo do programa também podem ser aplicados na escola.
A sessão de ABA, normalmente é individual, em situação de um-para-
um, e a maioria das intervenções precoces seguem uma agenda de ensino em
período integral, algo entre 30 e 40 horas semanais. O intenso envolvimento da
família no programa é uma grande contribuição para o seu sucesso. O uso dos
princípios e técnicas da ABA para ajudar pessoas com autismo a terem uma
vida mais feliz e produtiva se expandiu rapidamente nos últimos anos. Hoje,
ABA é amplamente reconhecido como seguro e efetivo no tratamento do
autismo.
A ABA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para
que o indivíduo diagnosticado com autismo ou transtornos invasivos do
desenvolvimento se torne independente. O tratamento baseia-se em anos de
pesquisa na área da aprendizagem e é hoje considerado como o mais eficaz.
32
MODELO SCERTS - SOCIAL COMMUNICATION, EMOTIONAL REGULATION
AND TRANSACTIONAL SUPPORT – (COMUNICAÇÃO SOCIAL,
REGULAÇÃO EMOCIONAL E APOIO TRANSACIONAL).
O modelo SCERTS são metodologias inovadoras voltadas para crianças
com autismo por estabelecer como prioridades o enfrentamento dos
problemas básicos do autismo e por ser aplicável às suas mais diferentes
manifestações. O SCERTS tem como objetivo prioritário o desenvolvimento da
comunicação e da regulação da emoção e propõe o uso de várias estratégias
de suporte ao aprendizado.
De acordo com o manual SCERTS (PRIZANT; WETHERBY; RUBIN;
LAURENT; RYDELL, 2006) o foco do modelo são crianças do pré-escolar e
ensino fundamental. No entanto, muitos dos seus princípios podem ser
adotados para jovens e adultos. O currículo é centrado no desenvolvimento de
habilidades que, normalmente, ocorrem dos oito meses a 10 anos de idade,
mas muitas pessoas com autismo continuam a apresentar déficits
desenvolvimentais até a idade adulta.
O Modelo SCERTS fornece uma estrutura para o desenvolvimento de
atividades sociais nos mais diversos ambientes, desde os semiestruturados
aos mais naturais. As prioridades de qualquer programa de educação para
crianças com autismo deve ser o desenvolvimento de habilidades funcionais
na comunicação social e regulação emocional. A família e suas prioridades
devem ser contempladas na fixação dos objetivos e das metas educacionais e
estas devem, sempre, estar adequadas ao nível de desenvolvimento da criança
atendida.
Segundo Silva (2007), “Se não incluirmos a família no processo, não
vamos obter êxito no nosso empreendimento educacional, pois é na condição
de família que a criança com autismo vai participar da maioria das situações de
aprendizagem natural ao longo da vida” (p. 44).
As interações das crianças com autismo com outras sem necessidades
especiais são vistas como uma parte essencial do apoio à comunicação e do
controle emocional no modelo SCERTS. Em contextos naturais de
aprendizagem, existem inúmeras oportunidades para desenvolver habilidades
de comunicação funcional e social, assim como de resolução de problemas.
33
Essas oportunidades são fundamentais, ainda, para ajudar crianças típicas e
outros parceiros a se tornarem pessoas mais sensíveis e habilidosas para
desenvolver relações com crianças com diferenças de desenvolvimento.
O Modelo SCERTS é reconhecido como parte maior do aprendizado na
infância ocorre no contexto social de atividades e experiências diárias. Assim
sendo, esforços para apoiar o desenvolvimento de uma criança, dentro do
modelo ocorrem com cuidadores e familiares nas rotinas do dia a dia em uma
variedade de situações sociais, não primariamente através do trabalho com
uma criança em isolamento. O esquema SCERTS foi desenvolvido visando
objetivos prioritários na comunicação social e na regulação emocional através
da implementação de apoios transacionais (por exemplo, apoio interpessoal,
apoios de aprendizado), ao longo das atividades diárias da criança e entre
parceiros, para facilitar a competência dentro destas áreas identificadas como
objetivos. Quando o desenvolvimento de uma criança em comunicação social e
em regulação emocional é apoiado, com a implementação estratégica de
suportes transacionais, há grande potencial de efeitos positivos abrangentes e
de longo prazo ao desenvolvimento da criança em ambientes educacionais e
nas atividades diárias.
Portanto, o Modelo SCERTS é melhor implementado como abordagem
multidisciplinar e de equipe que respeita, se utiliza de, e infunde conhecimento
especializado de uma variedade de disciplinas, incluindo educação geral e
especial, patologias da fala e da linguagem, terapia ocupacional, psicologia
infantil e psiquiatria, e assistência social.
MÉTODO FLOORTIME
O Método Floortime foi desenvolvido pelo psiquiatra infantil Stanley
Greenspan (1998), Floortime que significa (ao pé da letra tempo no chão) é um
método de tratamento que leva em conta a filosofia de interagir com uma
criança autista. É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e
construir um grande círculo de interesses e de interação com um adulto que vá
de encontro com a criança independente do seu estágio atual de
desenvolvimento e que o ajuda a descobrir e levantar a sua força.
34
Floortime tem como meta ajudar a criança autista a se tornar mais alerta,
ter mais iniciativa, se tornar mais flexível, tolerar frustração, planejar e executar
sequencia, se comunicar usando o seu corpo, gestos, linguagem de sinais e
verbalização.
É um método dirigido só para crianças. Terapeutas e pais encorajam a
atenção, a intimidade e a comunicação com a criança através de uma
brincadeira escolhida pelo próprio autista.
Portanto, o Floortime é uma técnica em que o terapeuta ou professor
segue os interesses emocionais da criança, ao mesmo tempo em que a desafia
a ir em direção ao maior domínio das capacidades sociais, emocionais e
intelectuais. Ou seja, utiliza o que a criança apresenta para construir e
expandir, ajudando-a, assim, a interagir e envolver-se com os outros mais
efetivamente. Interações por meio da música, movimento, arte, jogos ou até
mesmo através de conversas geralmente são mais espontâneas e
improvisadas dentro deste elemento.
MÉTODO PECS (PICTURE EXCHANGE COMMUNICATION SYSTEM) -
SISTEMA DE COMUNICAÇÃO POR TROCA DE FIGURAS.
O Método PECS foi desenvolvido em 1985 como um pacote de
treinamento para o CAA (Comunicação Alternativa Ampliada) que ensina
crianças e adultos com autismo e problemas correlatos de comunicação a
começarem a se comunicar. O CAA é a área da tecnologia assistiva que se
destina, especificamente, à ampliação de habilidades de comunicação. A
comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita
funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua
habilidade de falar e/ou escrever. O PECS é reconhecido, mundialmente, por
se dedicar aos componentes iniciativos da comunicação. Ele não requer
materiais complexos ou caros e foi desenvolvido tendo em vista educadores,
cuidadores e familiares, o que permite sua utilização em uma multiplicidade de
ambientes.
PECS começa ensinando uma pessoa a dar uma figura de um item
desejado para um "parceiro de comunicação", que imediatamente aceita a
35
troca como um pedido. O sistema passa a ensinar a discriminação de figuras e
como juntá-las formando sentenças.
Nas fases mais avançadas, os indivíduos aprendem a responder
perguntas e fazer comentários.
O sistema tem sido bem sucedido com adolescentes e adultos que têm
um amplo comprometimento comunicativo, cognitivo e físico.
As principais fases com o trabalho do programa PEC estão divulgadas através
do Manual de Treinamento do Pecs que informa:
Fase I - Ensina os alunos a iniciarem a comunicação desde o início por meio da
troca de uma figura por um item muito desejado.
Fase II - Ensina os alunos a serem comunicadores persistentes - ativamente
irem à busca de suas figuras e irem até alguém e fazerem uma solicitação.
Fase III - Ensina os alunos a discriminar figuras e selecionar uma figura que
represente um objeto que eles querem.
Fase IV - Ensina os alunos a usarem uma estrutura na frase para fazer uma
solicitação na forma de “Eu quero”.
Fase V - Ensina os alunos a responderem a pergunta “O que você quer?”.
Fase VI - Ensina os alunos a comentarem sobre coisas no ambiente deles,
tanto espontaneamente como em resposta a uma pergunta.
MÉTODO PADOVAN
O Método Padovan, foi criado por Beatriz Padovan no início da década
de 70. Começou como um estudo simples da pedagogia Waldorf, mas aos
poucos foi se desenvolvendo e aperfeiçoando cada vez mais. O Método
Padovan se tornou referência internacional por ter importantes resultados e
uma grande eficiência do trabalho.
O Método Padovan está baseado na Reorganização Neurofuncional,
desenvolvido por Beatriz Padovan, é uma abordagem terapêutica que
36
recapitula as fases do neuro-desenvolvimento, usadas como estratégia para
habilitar ou reabilitar o Sistema Nervoso.
O Método Padovan recapitula o processo de aquisição do Andar, Falar e
Pensar de maneira dinâmica, estimulando a maturação do Sistema Nervoso
Central, com intuito de tornar o indivíduo apto a cumprir seu potencial genético
e a adquirir todas as suas capacidades, tais como locomoção, linguagem e
pensamento. É usado como estratégia para reabilitar o Sistema Nervoso
depois que perdeu suas funções, como no caso de um acidente; para
impulsionar o desenvolvimento, como nos casos de atraso e distúrbios do
desenvolvimento; para melhorar a qualidade de funcionamento e integração do
Sistema Nervoso, e nos casos de disfunções tais como: transtorno de
aprendizagem, hiperatividade, distúrbios e dificuldade de atenção e
concentração, (TDAH) etc.
Para ser aplicado, o Método Padovan não necessita sequer da
colaboração do paciente, pois não é preciso que seu nível de consciência
esteja normal para que as estimulações tenham efeito, e pode ser aplicado em
consultórios, em leitos, UTIs de hospitais e também a domicílio.
O método funciona através de terapias em que são realizados exercícios
corporais que recapitulam as fases de aquisição da marcha humana, passando
pelas etapas, passo a passo, do processo de deslocamento e verticalização do
corpo. Em seguida, são feitos exercícios de reeducação das Funções Reflexo-
Vegetativas Orais (respiração, sucção, mastigação e deglutição). As funções
Utiliza-se esta abordagem terapêutica para recuperar funções perdidas,
funções nunca adquiridas ou ainda preparar o organismo para que possa
adquirir funções e capacidades para as quais tenha potencial.
Segundo Padovan (2007), o método é composto por duas partes que
são:
Exercícios Corporais – em grande parte derivados da reorganização
neurológica, na sequencia preconizada por Rudolf Steiner e complementada
pela própria Beatriz Padovan.
Exercícios Oro-buco-faciais do método Padovan de reeducação mioterápica
das funções orais. ( Site – Centro Nordestino do Método Padovan).
37
Ou seja, com o conjunto dos exercícios corporais mais os exercícios das
funções orais, é desenvolvido o Método Padovan de Reorganização
Neurofuncional, nome pelo qual é hoje conhecido, não só no Brasil, como em
vários países (Alemanha, Áustria, Canadá, Espanha, França, Grécia, Marrocos,
Suíça), onde a Beatriz Padovan ministra cursos de formação, regularmente,
desde 1979.
O que é Tecnologia Assistiva?
A Tecnologia Assistiva (TA) deve ser entendida como um auxílio de
recursos e serviços “que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional
deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra
impedida por circunstância de deficiência ou pelo envelhecimento” (Site
Assistiva Tecnologia e Educação, 2014).
Seu objetivo é proporcionar à pessoa, com deficiência, maior
independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de
sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu
aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade. Pode
variar de um par de óculos ou uma simples bengala a um complexo sistema
computadorizado.
Os serviços de TA, comumente, envolvem profissionais de áreas como
a: terapia ocupacional, fisioterapia, fonoaudiologia, educação, psicologia,
enfermagem, medicina, engenharia, arquitetura, design e técnicos.
Não há uma classificação única e definitiva para as TAs, podendo-se incluir
auxílios para a vida diária e/ou prática - tais como talheres modificados,
suportes para utensílios domésticos (alimentação), roupas de manuseio
facilitado, recursos para transferência, barras de adaptações de hardware e
softwares; em áreas de necessidade pessoal como comunicação, mobilidade,
transporte, educação, trabalho, lazer e outras. As Tecnologias Assistivas, podem ser entendidas como um instrumento
de promoção de inclusão: a falta de tais recursos pode comprometer, por
exemplo, o desempenho de alunos com deficiência, pois auxiliam na superação
de dificuldades funcionais para a realização de atividades dentro da rotina
escolar. É um grande desafio para a missão da escola, que é a de assegurar
38
oportunidades iguais para cada um, atendendo sua diferença, desenvolvendo
ao máximo seu potencial próprio e sua inclusão no grupo.
Aliada às Tecnologias Assistivas, faz-se necessária uma flexibilização
curricular, uma formação continuada em recursos humanos, comprometimento
do Estado, entre outros. De acordo com o censo brasileiro de 2000, o Brasil
tem cerca de 24,3 milhões de pessoas com deficiências e um
desconhecimento, por parte da maioria, quanto a leis que os amparam.
As T.A’s tentam minimizar as dificuldades de acesso de pessoas com
deficiências, com o uso dos recursos da tecnologia. Segundo Bersch (2014),
“existem tecnologias assistivas para auxiliar na locomoção, no acesso à
informação e na comunicação, no controle do ambiente, e em diversas
atividades do cotidiano, como o estudo, o trabalho e o lazer. Cadeiras de rodas,
bengalas, órteses e próteses, lupas, aparelhos auditivos e o controles remotos
são alguns exemplos de tecnologias assistivas” (Site Bengala Legal).
Em informática, programas que provêm acessibilidade são ferramentas
ou conjuntos de ferramentas que permitem que pessoas com necessidade
especiais (das mais variadas) se utilizem dos recursos que o computador
oferece.
Tecnologias Assistivas utilizadas na interação com o computador já
existem várias como, por exemplo, alternativas ao mouse, que viabilizam o
acionamento de elementos de uma interface gráfica e/ou seleção de seu
conteúdo. Exemplos deste tipo de dispositivos são os acionadores para serem
utilizados com os olhos (eyegaze systems), com os pés e/ou com as mãos.
Essas ferramentas podem também se constituir de leitores de tela para
deficientes visuais, teclados virtuais para pessoas com necessidades especiais,
motora, mental, ou com dificuldades de coordenação motora, e sintetizadores
de voz para pessoas com problemas de fala.
Atualmente são vários os dispositivos computacionais existentes para
apoio a pessoas com deficiências. Mas, ainda existe muito a fazer, como, por
exemplo, aprimorá-las e customizá-las, e implantá-las em centros de acesso
público, de modo a beneficiar a comunidade com as possibilidades oferecidas
pela informática. É preciso lembrar que grande parcela das pessoas que
apresentam algum tipo de deficiência vivem realidades de graves carências
sociais, como baixa renda e baixo nível de escolarização, o que só potencializa
39
as dificuldades dessas pessoas, em função das barreiras, preconceitos,
desigualdades e desinformação.
Em se tratando de recursos de acessibilidade ao computador, no sentido
de que possa ser utilizado por pessoas com privações sensoriais e motoras,
pode-se destacar teclados virtuais com varredura, mouses especiais, software
de reconhecimento de voz, ponteiras de cabeça com luz, monitores especiais,
softwares leitores de texto, impressoras de braile, entre tantos outros.
Para a construção do Catálogo Nacional de Produtos de Tecnologia
Assistiva, foram realizados diversos estudos, mediante parceria com o ITS
BRASIL. Uma colaboração especial com o CEAPAT – Centro de Referência
Estatal de Autonomia Pessoal e Ajudas Técnicas, da Espanha, por meio de
cooperação estabelecida entre o MCT e o Ministério de Saúde, Política Social e
Igualdade da Espanha, possibilitou a metodologia de desenvolvimento do
Catálogo.
A equipe que desenvolveu o Catálogo participou também de diversos
eventos e feiras, com o objetivo de conhecer o amplo mercado de produtos de
TA, conhecer pesquisadores e empresas da área. A partir dessas ações foi
possível desenvolver o Catálogo brasileiro.
Desde outubro de 2008, o Catálogo Nacional de Produtos de Tecnologia
Assistiva passou a integrar a Aliança Internacional de Provedores de
Informação em Tecnologia Assistiva, que, atualmente, conta com a
participação de onze países: Estados Unidos, Itália, Alemanha, Bélgica,
Inglaterra, Dinamarca, Austrália, Irlanda, Brasil, Espanha e França.
O Catálogo consiste numa ferramenta web que possibilita a realização
de buscas sobre os produtos de Tecnologia Assistiva fabricados ou distribuídos
no Brasil. Ele tem como missão oferecer informações sobre os produtos de TA
(ajudas técnicas ou produtos de apoio) que podem contribuir para maior
autonomia e qualidade de vida das pessoas com deficiência e idosas.
Dessa forma, o Catálogo Nacional de Produtos de Tecnologia Assistiva
responde a uma necessidade social. As pessoas com deficiência e idosas,
assim como suas famílias, os profissionais da reabilitação, as organizações da
sociedade civil e os órgãos públicos que prestam serviços para as pessoas
com deficiência e idosas precisam de informações sobre os produtos de T.A
existentes no Brasil.
40
Observa-se que Tecnologia Assistiva é diferente da tecnologia
reabilitadora, usada, por exemplo, para auxiliar na recuperação de movimentos
diminuídos. O conceito de Tecnologia Assistiva diferencia-se de toda a
tecnologia médica ou de reabilitação, por referir-se a recursos ou
procedimentos pessoais, que atendem a necessidades diretas do usuário final,
visando sua independência e autonomia. Os objetivos da Tecnologia Assistiva,
portanto, apontam normalmente para recursos que geram autonomia pessoal e
vida independente do usuário.
A importância das classificações no âmbito da tecnologia assistiva se dá
pela promoção da organização desta área de conhecimento e servirá ao
estudo, pesquisa, desenvolvimento, promoção de políticas públicas,
organização de serviços, catalogação e formação de banco de dados para
identificação dos recursos mais apropriados ao atendimento de uma
necessidade funcional do usuário final.
Segundo Galvão Filho (2014), as tecnologias assistivas são dividas em:
1) CAA (CSA) Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa;
2) Recursos de acessibilidade ao computador;
3) Sistemas de controle de ambiente;
4) Projetos arquitetônicos para acessibilidade;
5) Órteses e próteses;
6) Adequação Postural;
7) Auxílios de mobilidade;
8) Auxílios para cegos ou com visão subnormal;
9) Auxílios para surdos ou com déficit auditivo;
10) Adaptações em veículos.
11) Auxílios para a vida diária;
O trabalho do professor de atendimento educacional especializado
voltado para o aluno com deficiência intelectual se caracteriza essencialmente
pela realização de ações específicas sobre os mecanismos de aprendizagem e
desenvolvimento desses alunos. O AEE se realiza essencialmente na sala de
recursos multifuncionais. No trabalho do AEE, o professor exerce um papel
41
importante na construção do conhecimento do aluno. O aluno com deficiência
intelectual constrói conhecimentos exercitando sua atividade cognitiva que é
estimulada pela intervenção intencional desse professor. O trabalho do
professor de AEE consiste na gestão dos processos de aprendizagem, na
avaliação desse processo e em seu acompanhamento.
42
CONCLUSÃO
A pesquisa abordou o tema Autismo e Inclusão, enfatizando conceitos
históricos, inclusão e os desafios, atendimento educacional especializado e a
importância do conhecimento, do estudo e da parceria entre saúde e educação
a fim de auxiliar o indivíduo autista a fazer, efetivamente, parte, não só da
comunidade escolar, como também da sociedade como um todo, mostrando
suas potencialidades e limitações e, principalmente, desmistificando algumas
questões que impediam seu acesso real na sociedade por conta da falta de
conhecimento sobre essa síndrome tão complexa. Porém sabemos pouco e
fazemos pouco por esses indivíduos que a todo o momento nos mostram o
quanto são capazes.
Restou confirmado a importância da Inclusão e da capacitação dos
profissionais envolvidos. Mostrando que, a educação em conjunto com a saúde
e a sociedade, realmente tem uma extrema importância para o
desenvolvimento social e intelectual dos indivíduos autistas. Não deixando de
destacar a questão do preconceito social, que apesar do desenvolvimento da
humanidade, ainda é um problema e precisa ser extinto.
Pode-se assim identificar alguns meios para que a educação seja de
fato integradora e que exista realmente um processo de troca e de
fortalecimento de recursos, tais como a flexibilidade da estrutura metodológica,
que permita uma pluralidade de percursos, implementações de projetos que
favoreçam a multiplicação dos recursos e a colaboração entre diferentes
instituições, focando, principalmente a melhoria de qualidade de ensino e
consequentemente de vida do autista, respeitando-os como pessoas,
considerando suas diferenças individuais e suas potencialidades que podem e
devem ser adequadas e exploradas.
Profissionais da educação devem estar engajados em conhecer as
necessidades e aprimorar-se em fazer com que o autista supere suas próprias
limitações e obstáculos.
Faz-se necessário a formação continuada no tocante a
estabelecimento de diálogo, sensibilização. Orientação e articulação social-
educativa de forma a enriquecer a pratica da cidadania e principalmente o
43
atendimento a casos mais específico. Favorecendo uma relação equilibrada
dividindo os deveres e responsabilidades entre família e escola em um
momento em que a sociedade atravessa mudança aceleradas, onde valores e
princípios tendem a perder-se.
A capacitação torna-se mais exigente nas especificidades do autismo
que exige profissionais interessados em se comprometer com ele e buscar
conhecer seu mundo e uma forma de se inserir nesse mundo para alcançar a
possibilidade de fazer com que o autista desenvolva interações sociais e
participe do grupo ou pelo menos aceito pelo grupo.
Pensar numa pratica desprovida de desejo e prazer, é no mínimo
pensar numa pratica já abordada, sem condições, frustrada e infrutífera.
Dessa forma, talvez seja possível mostrar que as diferenças nos
comportamentos sociais sejam qualitativas e que mesmo a sua baixa
frequência não é equivalente a sua ausência.
Estudos que investiguem esses aspectos poderão contribuir para
dissolução de diversos mitos em torno da educabilidade de crianças com
autismo, fornecendo evidencias de que é possível o investimento em espaço
que, acima de tudo é um direito.
Para o aluno com autismo, o que mais importa é a aquisição de
habilidades sociais e a autonomia. Para que a criança não se torne um adulto
incapaz de realizar tarefas simples do dia a dia, ela precisa aprender atividades
que a tornarão mais independente durante seu crescimento. Essas atividades
são escolhidas em razão da sua utilidade. Escovar os dentes ou vestir-se é
necessário aprender. Entretanto, podem existir atividades ou habilidades
específicas que poderiam ser treinadas, fazendo parte de um currículo
funcional e prático.
O universo autista é complexo, mas atender e planejar uma ação
adaptativa para o autista requer do psicopedagogo não apenas preencher uma
lacuna na tentativa de compreender este universo, mas criar pontes para que
pessoas com transtorno do espectro autista sejam reconhecidas não como
indivíduos especiais, mas como cidadão que, assim como todos nós, têm suas
singularidades e complexidades e que merecem ser respeitadas.
É notório que a capacitação profissional não se resume só a oferecer
cursos aos profissionais, mas também orientar a respeito da legislação,
44
documentos, direitos e deveres, hábitos e atitudes frente à situação de
trabalho. Capacitar é um termo muito simples, mas a verdadeira capacitação
não deve ser focada no treino, mas, sim, na real condição do saber.
O profissional deve ter consciência do que está aprendendo e não fazer
algo mecânico. Essa, sim, será a verdadeira capacitação. Aprender e executá-
lo com prazer, esta, sim, é a melhor aprendizagem para um trabalho
verdadeiramente de qualidade e de respeito para com as pessoas com
necessidades especiais.
Para que a aprendizagem e a inclusão aconteçam de fato é essencial
refletir, debater e reformular, de modo consciente, a prática educativa, criando
experiências a fim de colaborar significativamente para o desenvolvimento e a
aprendizagem dos portadores de necessidades especiais, permitindo
amplamente a sua comunicação e sua inserção ativa na sociedade.
45
BIBLIOGRAFIA
- COELHO, Cristiane M. Madeira. Inclusão escolar. In: Maciel, Diva Albuquerque; BARBATO, Silviane. (Orgs.) Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar. Brasília, 2010
- CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: psicopedagogia práticas na escola e na família. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009.
- ELDER CARVALHO, Rosita. Escola Inclusiva: a reorganização do trabalho pedagógico. Porto Alegre: Mediação, 2010
- Fonseca, Bianca. Mediação Escolar e Autismo. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2014.
- RIVIERE, Angel. O autismo e os transtornos globais do desenvolvimento. In: COLL, Cesar, ALVARO, Marchesi; PALACIOS, Jesus. Desenvolvimento Psicológico e educação – Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas; 3. Porto Alegre, 2004
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I O conceito de autismo 11 CAPÍTULO II Inclusão: o desafio de uma educação para todos 20
CAPÍTULO III
AEE: Atendimento Educacional Especializado 28
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 46