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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A FORMAÇÃO TRIBUTÁRIA DO IPTU
Rivaldo Santos do Nascimento
Prof.: Roberto Lellis
Rio de Janeiro
Maio, 2008
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A FORMAÇÃO TRIBUTÁRIA DO IPTU
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Especialista em Direito Público e Tributário.
Rivaldo Santos do Nascimento
Rio de Janeiro
Maio, 2008
AGRADECIMENTOS
A todos os professores do presente curso que foram tão importantes para que eu conquistasse mais um degrau em minha vida acadêmica, à minha esposa amada, à amiga Roberta, ao amigo Pierre meus sinceros agradecimentos também ao professor orientador Roberto Lellis.
DEDICATÓRIA
Ao Senhor Deus Jeová, minha eterna gratidão por mais essa vitória, à minha madrinha Auxiliadora por todo o apoio que me dispensou, a minha esposa e filhos por toda a ajuda e compreensão pelas ausências, aos meus pais pelo orgulho que sinto.
RESUMO
Este trabalho pretende demonstrar as considerações jurídicas relevantes
sobre o IPTU, seja como fato gerador; seus aspectos constitucionais; sua base de
cálculo para a sua incidência no território e para a sua correta avaliação da
obrigação e do crédito dele resultante. Assim, o IPTU por estar vinculado as
disposições contidas na Carta da República, é o ESTADO que detém o poder
soberano para impor e criar tributos, já que este poder foi dado pelo povo a
aquele poder passando direito e competência para criar tributos, e é certo que
esse poder tem limites dentro do Poder estatal. Trataremos também, da
progressividade da alíquota do imposto, nos termos da competência municipal,
onde o município goza de inteira liberdade para a fixação das alíquotas do IPTU,
entretanto observando aos princípios constitucionais tributários, vedando a
utilização do tributo com efeito de confisco e a fim de assegurar a função social da
propriedade tratada na Carta Magna. Palavras chave: Tributo. Competência.
Imposto. Alíquota. Capacidade contributiva.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO 1 1 NOÇÒES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 10 1.1 Conceito 10 CAPÍTULO 2 2 TRIBUTOS 13 2.1 Impostos, Taxas e Contribuições 13 2.2 Direito Tributário e sua Autonomia 14 CAPÍTULO 3 3 PODER DE TRIBUTAR 16 3.1 Competência Tributária 17 3.2 Limitações no Poder de Tributar 19 CAPÍTULO 4 4 FATO GERADOR 29 CAPÍTULO 5 5 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL
URBANA 32 5.1 Progressividade das Alíquotas do IPTU 35 CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo o estudo do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Urbana (IPTU) é o imposto que incide sobre a propriedade
territorial urbana - terrenos ou edificações -. Ele é calculado sobre o valor de
venda do imóvel, ou seja, é considerado no cálculo o menor preço de mercado do
bem, normalmente desatualizado em relação ao valor de mercado. O percentual
aplicado para a apuração do custo do IPTU é estabelecido pelo município onde o
imóvel está localizado, e é devido anualmente pelo proprietário à Prefeitura local.
Estudaremos as previsões legais no cotidiano dos contribuintes, tanto na Doutrina
como nas leis aplicáveis a espécie do tributo.
Para tanto, no primeiro capitulo será feito do Direito Tributário,
conceituando-o haja vista as diversas conceituações das mais variadas escolas
do ramo a fim de enriquecer e melhor entendermos o direito. Pois todas procuram
contribuir da melhor forma para o aperfeiçoamento do Direito Tributário.
O segundo capitulo, faremos a abordagem dos aspectos legais dos tributos
em espécies, analisando o que é imposto, taxa e contribuição no Direito Tributário
e sua autonomia, onde muitos autores preferem classificar o direito Tributário
como sendo um ramo autônomo do direito público, afim de diferenciá-lo e
potencializá-lo em face ao direito financeiro, porém a questão da autonomia do
direito Tributário é abordada pela doutrina de forma abrangente e tem muitas
literatura sobre o assunto.
No Terceiro capitulo desse trabalho, veremos que é o Estado quem detém
o poder para tributar e que esse poder foi outorgado pelo povo. Tais poderes
estão previsto na Constituição Federal e ainda abordaremos sobre a competência
para legislar no Direito Tributário que estão isoladamente prevista na lei para cada
ente da Federação. Importante ressaltar, que abordaremos sobre a limitação do
poder de tributar, onde os princípios tributários impõem os próprios limites na
visão dos doutrinadores.
No quarto capitulo, versamos sobre o aspecto do fator gerador. Um tema
importantíssimo que é onde nasce o tributo. Neste capitulo está distinguindo o
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fato gerador da obrigação principal em relação à obrigação acessória prevista no
Código Tributário Nacional e abarcando ainda sobre os elementos fundamentais
do fato gerador e sua classificação a fim de chegar a base de cálculo do e o
percentual a ser aplicado.
No último capítulo, chegamos ao ponto principal do presente estudo, onde
temos as controvérsias do IPTU, no que se refere a progressividade da alíquota,
frente a capacidade contributiva ou econômica do contribuinte; observadas pelos
critérios objetivos previstos em Lei Federal, Municipal e Complementar.
Indagando, no que concerne se a progressividade do IPTU, pode ser
instituído por Lei Estadual, Municipal, Federal ou Legislação Complementar? O
que acontece quando a progressividade do tributo excede a capacidade
econômica do contribuinte? Será que hodiernamente, a Legislação Municipal
deve observar para aumentar o IPTU deve se observar a função social do
contrato?
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise
crítica sobre o tema em questão, demonstrando assim a sua complexidade na
seara jurídica e a necessidade de uma reflexão e de um estudo mais profundo por
parte dos profissionais e estudiosos da área jurídica sobre o valor do imposto na
propriedade imóvel.
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CAPÍTULO 1
1 NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
1.1 Conceito
Para que possamos desenvolver um estudo bem elaborado sobre o ramo
do Direito Tributário, se faz necessário uma análise de seu conceito, pois existem
alguns conceitos diversos, não que estejam errados, mas sim pelo fato de serem
conceituados de acordo com a formação e a intenção do doutrinador. As diversas
escolas do Direito proporcionam entendimentos divergentes sobre a conceituação
de Direito Tributário o que enriquece muito o debate sobre o tema, pois ambas
procuram contribuir da melhor forma para o entendimento do direito. O prof. Paulo
de Barros de Carvalho conceitua-o da seguinte forma:
De forma expressa temos que Direito Tributário é um ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo conjunto das proposições Jurídico-Normativas que correspondam direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos. Esta em sua competência descreve este objeto, expedindo proposições declarativas que nos permitam conhecer as articulações lógicas e o conteúdo orgânico desse núcleo normativo, dentro de uma concepção unitária do sistema jurídico vigente.1
O prof. Rubens Gomes de Souza entende que:
O Direito Tributário é um ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de Tributos.2
1 CARVALHO, Paulo Barros de. Curso de Direito Tributário, 11ª ed. Rev., Ed. Saraiva, São Paulo, 1999. p. 376. 2 SOUZA, Rubens Gomes de. Compêndio de Legislação Tributária. 4ª ed., São Paulo: Resenha Tributária, 1982, p 40.
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Temos ainda Ezio Venoni, que define o Direito Tributário como: “O ramo
das Ciências Jurídicas que estuda o surgimento, as modificações e a extinção da
relação Jurídica do Tributo”.3
Moraes, já possui um conceito diverso, para ele Direito Tributário “é
definido como o conjunto sistemático de princípios e normas jurídicas que
disciplinam o poder fiscal do Estado e suas relações com as pessoas sujeitas a tal
poder”.4
Em face a esses conceitos cabe ressaltar que Direito Tributário também é
denominado Direito Fiscal.
É importante frisarmos que não se confunde o Direito Tributário com o
Direito Financeiro, pois ambos possuem atuam em campos diferentes e são
disciplinados por princípios jurídicos que não se confundem, pois o direito
tributário está ligado diretamente ao processo de receita dos Estados, onde temos
que a receita torna-se seu principal meio econômico. Temos que de forma geral
compartilhamos com o pensamento de Zelmo Denari, no que tange ao conceito
de Direito Tributário e sua diferença com direito Financeiro:
Como consideração preliminar, e de que o âmbito do direito tributário é restrito, pois se a atividade financeira do Estado compreende o estudo da Receita, despesa, orçamento e crédito público, o direito tributário somente destaca-se deste conjunto heterogêneo, o sistema das receitas. Mas não qualquer receita, somente aquelas de natureza coercitiva, vale afirmar, somente os Tributos. Ficam, portanto, excluídas, do seu campo de pesquisa, as receitas contratuais (finanças, Cauções), e também as entradas denominadas preços, sistematização ampla que pertence ao direito financeiro. Ao realizar a captação coercitiva de recursos o Poder Público desempenha aquilo que a doutrina convencionou chamar de função tributária que é a função relativa à imposição pecuniária de tributos, ou seja, da contribuição pecuniária imposta coercitivamente pelo ente publico. Sintetizando esses conhecimentos, Alessi e Stammeti
3 Apud. FANUCCHI, Fábio. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Resenha Tributária – MEC. 1975. V.1; Pg. 5. 4 MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de Direito Tributário. Rio de Janeiro. Ed. Forense, 1984, pg. 106.
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consideram com justeza, que o direito tributário é constituído pelo complexo de normas jurídicas que disciplinam a função tributária dos entes públicos. Conhecida como “Relação Jurídica Tributária”- “Obrigação tributária“.5
Podemos a partir dos conceitos expostos podemos afirmar que o direito
Tributário é ligado diretamente ao poder público regulando as normas referentes a
arrecadação dos seus tributos bem como a fiscalização e imposição dos mesmos,
sendo responsável pela relação entre o Poder Público e o Contribuinte. O Direito
Tributário possui estas características fundamentais que são a Imposição,
Fiscalização e Arrecadação. O Estado utiliza-se dessas três fases em momentos
distintos dessa forma fazendo surgir a relação jurídica tributária entre o poder
púbico e o contribuinte.
É importante salientar que em face ao seu objetivo é comum muitos
acharem que o Direito Tributário é um pequeno ramo do Direito financeiro. Mas
temos que o direito Tributário é um uma parte muito importante e desenvolvida do
Direito Financeiro como ressalta Dino Jarach:
Embora certos autores afirmem que se deva falar em direito Financeiro porque o Direito Tributário é só uma parte daquele, na pratica, quando tratam do Direito Financeiro, após um exame preliminar da matéria, o que examinam e aprofundam, em definitivo, é o Direito Tributário. Esta é a prova positiva de que o Direito Financeiro, como matéria Jurídica em geral, não é suscetível de ser estudado de forma unitária.6
Muitos doutrinadores preferem classificar o Direito Tributário como um
ramo autônomo do Direito Público, para dessa forma potencializá-lo em relação
ao direito financeiro.
5 DENARI, Zelmo. Curso de Direito Tributário. rev. e atualizada nos termos da CF/88. São Paulo, Ed. Forense, 2000. 328 p. 6 In. Curso de Direito Tributário. DENARI, Zelmo, pag. 10.
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CAPÍTULO 2
2 TRIBUTOS
2.1 Impostos, Taxas e Contribuições.
Após analisarmos o conceito de Direito Tributário se faz necessário que
saibamos o que é Tributo sendo que este é de vital importância para a existência
do outro.
O conceito de tributo está expresso no Art. 3º do CTN.
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sansão de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.7
Ao analisarmos o art. 3º do CTN, nos deparamos com cinco elementos
fundamentais do Tributo.
O primeiro deles e a “Prestação Pecuniária Compulsória”, já temos
conhecimento que a coerção é uma das características do tributo, desta forma o
contribuinte é obrigado a pagar em dinheiro os tributos expressos em lei.
O segundo é o “Em moeda cujo valor nela se possa exprimir”, neste
aspecto temos que o legislador eliminou as restrições a moeda ou forma de
pagamento do tributo, podendo-se valer de bens para cumprir a obrigação como
já ocorreu com o advento da Lei n.º 5.432/68 em face dos débitos referentes às
contribuições previdenciárias.
7 Art. 3° do Código Tributário Nacional
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O terceiro aspecto, “Que não constitua sansão de ato ilícito”, é necessário
que o tributo não tenha sido gerado por ato ilícito, pois temos que ter em
relevância o ato ilícito que gerou o tributo.
O quarto aspecto, “Instituída em Lei”, neste caso devemos levar em
consideração a legalidade do tributo e o seu tipo, ou seja, temos expresso de
forma clara o Princípio da legalidade e o da tipicidade de tributação.
O quinto aspecto, “É cobrada mediante atividade plenamente vinculada”,
temos que o tributo deve ser cobrado de forma unificada e expressa em Lei, não é
permitido a Administração Pública cobrar esporadicamente ou quando achar
conveniente determinado tributo, pois deve ser expresso na lei que o criou.
Assim, para J. Franklin Alves Felipe, o tributo é, pois, o gênero, de que são
espécies, à luz do nosso direito positivo, os impostos, as taxas e as contribuições.
E que as contribuições a que os indivíduos são submetidos para o custeio da
atividade estatal, quando coercitivamente cobradas, independentemente de sua
vontade, denominam-se tributos.
2.2 Direito Tributário e sua Autonomia
Muitos autores preferem classificar o direito Tributário como sendo um
ramo autônomo do direito público, afim de diferenciá-lo e potencializá-lo em face
ao direito financeiro.
Para o prof. Ichihara Yoshiaki, a divisão entre Direito Público e Privado, são
apenas divisões didáticas utilizadas para facilitar o ensino do Direito, pois ele
afirma que o mesmo é indivisível e não tem-se dessa forma como falar de ramos
autônomos.
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No que tange a autonomia e dissociação do direito tributário temos que
elas de certa forma não existem, pois para solucionar seus conflitos muitas vezes
utiliza-se dos outros ramos do direito, o que mostra que o mesmo é um ramo
especifico do direito, mas em momento algum é dissociado do direito.
Temos que nesse aspecto concordamos com o Prof. Ichiara Yoshiaki, pois
graças a complexidade do Direito com o passar dos tempos foi-se desenvolvendo
um método prático para o ensino do direito, dividindo-o didaticamente em partes
independentes que se completam no conjunto temos então criado um enorme
“quebra-cabeça” jurídico que muitas vezes pode confundir o estudante do direito e
fazer com que o mesmo não consiga enxergar o direito como um todo.
Ao analisarmos o Direito Tributário bem como o Direito Administrativo,
poderemos facilmente chegar a conclusão que os mesmos estão ligados a o
poder público sendo assim são provenientes do direito Administrativo, mas suas
normas, princípios e institutos específicos que muitas vezes não são encontrados
em outros campos do direito fazem com que os mesmos possuam características
autônomas.
O Direito Tributário possui métodos e objetivos próprios os quais não
encontramos em outros ramos do direito o que faz com que o mesmo seja aceito
como um ramo autônomo pelos doutrinadores.
Para Rui Barbosa Nogueira, “O direito ganhou condições de disciplina
autônoma após a primeira guerra mundial, pelo conteúdo e pela forma que hoje
possui de modo incontestável”.8
A questão da autonomia do direito Tributário é abordada pela doutrina de
forma bem ampla e existe vasta literatura sobre o assunto em obras nacionais ou
estrangeiras.
8 Nogueira, Rui Barbosa. Poder Tributário: Conceito e Autonomia, RDA, Rio de Janeiro: vol. 84, 1996, p.334.
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CAPÍTULO 3
3. PODER DE TRIBUTAR
A principio ao analisarmos o “PODER DE TRIBUTAR”, a primeira
conclusão que poderíamos chegar é que o “ESTADO É QUEM POSSUI O
PODER SOBERANO E TEM O DOMINIO A AUTORIDADE E A FORÇA PARA
CRIAR TRIBUTOS”, ou seja, ele cria os tributos porque tem força par isso, mas
preferimos analisar o termo de outro prisma onde chegamos a conclusão de que
“O Poder de Tributar”, é a autorização dada pelo povo ao poder público para que
o mesmo possa ter o direito e competência para criar tributos.
Para chegarmos esta conclusão partimos do princípio que se o Poder e a
Competência para tributar e disposta na Constituição Federal e que esta foi
escrita pelos representantes do povo para gerir um Estado Soberano onde o Povo
entrega para o mesmo sua Tutela dessa forma foi o Povo que conferiu ao Estado
o poder para este Tributar.
A Constituição Federal em seu artigo 145 dispõe:
“A União, os Estado, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I – impostos; II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III – Constituição de Melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da Lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. § 2º As Taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos”.9
9 Art. 145. da Constituição da República Federativa do Brasil.
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Temos que este dispositivo legal é o ponto fundamental do poder de
tributar, pois ela elenca as entidades públicas que possuem a competência para
tributar.
3.1 Competência Tributária
Competente é aquele indivíduo que possui capacidade ou aptidão para
praticar determinado ato.
Desta forma temos que a constituição Federal de 1988, em seu texto legal
expressamente determinou quem possui competência para legislar sobre direito
tributário bem como seus limites, mas o artigo 145 é muito amplo então a
Constituição delegou competência a cada entidade a fim de que cada uma criasse
seus impostos com exclusividade.
Desta forma chegamos a competência privativa de cada entidade pública
para criar seus impostos, taxas ou contribuições de melhorias.
Com isso temos que a Constituição Federal disciplina isoladamente a
competência de cada ente federado da seguinte forma:
Os Impostos competentes a União exclusivamente são os elencados no
Artigo 153.
Compete a União instituir impostos sobre: I – importação de produtos estrangeiros; II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III – renda e proventos de qualquer natureza; IV – Produtos industrializados; V – Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos de valores mobiliários; VI – Propriedade Territorial rural; VII – Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.10
10 Art. 153. da Constituição da República Federativa do Brasil.
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Além dos impostos elencados no artigo 153 da CF, a União ainda pode
instituir outros tributos como dispõe o Artigo 154, onde:
A União poderá instituir: I- mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. II – na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.11
Devemos ainda ressaltar a competência exclusiva da União de instituir
contribuições Sociais bem como sua competência para intervir no domínio
econômico. Os Estados, Distrito Federal e Municípios poderão instituir
contribuições dos servidores públicos para custear os sistemas de previdência
social em beneficio de seus funcionários.
O Art. 149 da CF/1988 traz que:
Compete exclusivamente a União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência a assistência social.12
11 Art. 154 da Constituição da República Federativa do Brasil. 12 Art. 149 da Constituição da República Federativa do Brasil.
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Aos Estados e o Distrito Federal temos que a Constituição Federal outorga
a ambos as mesmas competências para instituir impostos. Estas competências
estão expressas no Artigo 155 da CF/1988:
Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I – Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II – Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; III – Propriedade de Veículos automotores.13
O Poder Público Municipal também possui competência para instituir
impostos próprios que estão elencados no artigo 156 da CF/1988:
Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – Propriedade predial e territorial urbana; II – Transmissão “Inter Vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição; III – Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II, definidos em lei complementar.14
3.2 Limitações No Poder De Tributar
Da mesma forma que a constituição dá o direito ao Órgão para tributar ela
também limita-os em certos aspectos, pois o Tributo necessita de uma serie de
procedimentos legais para se concretizar. Para alguns doutrinadores os próprios
princípios da Tributação já caracterizariam algumas limitações ao Poder de
Tributar.
Veremos a seguir alguns dos princípios e os limites que os mesmos impõe
ao Poder de Tributar.
13 Art. 155 da Constituição da República Federativa do Brasil 14 Art. 156 da Constituição da República Federativa do Brasil
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O primeiro é o Princípio da Isonomia: Onde temos que todos são iguais
perante a lei, sem nenhuma distinção, (artigo 5º da CF “Todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, a
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...”), desta forma
temos que o Poder Tributante não pode criar um imposto que por algum motivo
discrimine um ou outro contribuinte que se encontre em situações parecidas de
forma desigual. Artigo 150, II CF/88: “Instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.”
CONSTITUCIONAL – TRIBUTÁRIO – TAXA DE COLETA DE LIXO: BASE DE CÁLCULO – IPTU – MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, SP – I. O fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU – a metragem da área construída do imóvel – que é o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de cálculo igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o fim de aferir, em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel, certo que a alíquota não se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto, também, forma de realização da isonomia tributária e do princípio da capacidade contributiva: CF, artigos 150, II, 145, § 1º. II. RE não conhecido.15
O Segundo é o Princípio da Legalidade: Onde a constituição garante que
o Poder tributante não pode exigir aumento de um tributo sem que exista uma lei
anterior que o estabeleça.
TRIBUTÁRIO – IPTU – BASE DE CÁLCULO – VALOR VENAL – ATUALIZAÇÃO (PLANTA DE VALORES) – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – ARTIGO 33, CTN – I - Não é possível, alterando a base de cálculo, a reavaliação por genérico Decreto Executivo, que apenas pode fixar critérios de atualização monetária do valor venal concreto do
15 STF – RE 232393 – SP – TP – Rel. Min. Carlos Velloso – DJU 05.04.2002 – p. 00055.
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exercício fiscal anterior (arts. 33 e 97, § 2º, CTN). Somente a Lei pode determinar se pode modificar a base de cálculo. II - Ilegalidade da reavaliação do valor venal, via oblíqua (com disfarçada autorização legal), por Decreto Executivo, repercutindo diretamente na base de cálculo, onerando o contribuinte, sem específica Lei. III - Precedentes do STJ. IV - Recurso provido.16
O Terceiro é o Princípio da Anualidade ou Anterioridade: desta forma
temos que mesmo que institua lei que cria um tributo ou modifique determinada lei
para aumentar um tributo já existente o mesmo só poderá começar a vigorar no
exercício fiscal seguinte a data de sua publicação.
Cabe ressaltar que esse princípio possui algumas exceções que são:
I – Impostos extraordinários de guerra de competência da União. II – Empréstimos compulsórios, apenas nos casos de atendimento a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. III – Contribuições sociais que só podem vigorar depois de 90 dias da data da publicação da lei, sendo certo que apenas comportam esta exceção, as contribuições sociais constantes do art. 195 e que são as seguintes: I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; II – dos Trabalhadores; III – sobre a receita de concurso de prognósticos. IV – Alteração de alíquotas dos impostos de Importação, Exportação, I.P.I., Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, IOF.17
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES: FINSOCIAL E PIS PASEP: PRAZO PARA RECOLHIMENTO: ANTECIPAÇÃO. ANTERIORIDADE NONAGESIMAL: C.F., art. 195, § 6º. NÃO EXIGÊNCIA. Lei nº 8.218, de 29.08.1991, artigo 2º, IV, a. I. – A alteração do prazo de recolhimento do tributo, com o seu encurtamento, – Lei nº 8.218/91, art. 2º, IV, a – com observância, entretanto, da constituição da obrigação tributária com a ocorrência do fato gerador, não implica majoração da contribuição, motivo por que não está sujeita à
16 STJ – RESP 324723 – SP – 1ª T. – Rel. Min. Milton Luiz Pereira – DJU 01.07.2002. 17 LEAL, Rodolpho, Direito Tributário Teoria e Prática. São Paulo: Ed. LED, p. 73.
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anterioridade nonagesimal do art. 195, § 6º, da C.F., II. – R.E. conhecido e provido.18
O quarto Princípio é o da Universalidade, que diz que todos os que
possuem as mesmas capacidades devem contribuir com o Imposto, ou seja, ele é
universal a todos.
O quinto é o Princípio é o da Uniformidade, ou seja, o Tributo criado pela
União deve ser Uniforme em Todo o Território Nacional, não podendo ele dar
preferência a um ou outro Estado, Distrito ou Município, com isso procura-se
evitar a existência de tratamento desigual entre ambos.
O sexto é o Princípio da Não Comutatividade. Os Impostos é tributos
nunca devem ser cumulativos, sendo assim é vedado ao Poder Tributante gerar
um Tributo que incida sobre um outro tributo.
O sétimo é o da Seletividade. Temos neste caso um princípio direcionado
ao Imposto sobre Produtos Industrializados, na qual a competência é
exclusivamente da União, neste caso a União pode estabelecer alíquotas
diferenciadas de acordo com as necessidades reais de cada produto, quanto mais
necessário mais barato a alíquota.
O oitavo é o Princípio da Irretroatividade da lei: Como no direito Penal a
lei só retroage em beneficio do contribuinte, isso é uma grande segurança para o
contribuinte, pois, caso contrário, poderia vir a ser prejudicado por lei futura.
TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL – RECURSO ESPECIAL – IMPOSTO DE RENDA – PESSOA JURÍDICA – FATO GERADOR – NÃO INCIDÊNCIA DO DECRETO-LEI N° 2.065/83 – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE – Nega-se provimento ao agravo regimental, em face das razões que sustentam a decisão recorrida, sendo certo que a jurisprudência desta Corte é no sentido da impossibilidade da União cobrar tributo concernente a fatos geradores anteriores ao início de
18 STF – AG (AgRg) 213.663-PR – 2ª T – Rel. Min. Carlos Velloso – Informativo STF nº 131 – DJ 18.11.199811.18.1998.
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vigência da lei que os houver instituído ou aumentado e no mesmo exercício financeiro.19
Ainda há de se falar do Controle Jurisdicional, o que garante ao
contribuinte que o mesmo pode recorrer dos Tributos cobrados.
Podemos citar:
A) Pela própria Administração, desde o Amanuense ao Ministro. É a fase administrativa e fiscal impropriamente dita jurisdicional; B) Pela Administração organizada em duas instâncias de julgamento, sendo a primeira singular e a segunda coletiva (Conselho de Contribuintes) das quais emanam resoluções e decisões; C) Pelo Poder Judiciário através dos mandados de segurança, ações anulatórias e de repetição de indébito, ações declaratórias e defesa nos executivos fiscais; E) A segunda Instância Judicial (Tribunais Superiores).20
Esses princípios estão expressos na Constituição Federal bem como vos
vemos implícitos nos artigos da Seção II artigos 150; 151 e 152 da Constituição
Federal.
A Constituição expressamente em seus artigos limita os poderes dos
Órgãos Tributantes para tributar determinadas pessoas ou coisas, criando dessa
forma o que chamamos de Imunidade.
A Imunidade é uma isenção ou dispensa que é outorgado a certos Órgãos
ou pessoas, dessa forma desobrigando-os a cumprir determinadas obrigações
tributárias. Temos que a mesma tem em sua criação a preservação do social. Os
bens que se enquadram na lei estão totalmente protegidos e fora do alcance da
tributação.
19 STJ – AGRESP 138346 – RS – 1ª T. – Rel. Min. Francisco Falcão – DJU 03.06.2002. 20 LEAL, Rodolpho, Direito Tributário Teoria e Prática. São Paulo: Ed. LED. p. 73.
24
Dessa Forma temos que o Legislador criou um campo onde fica inacessível
a União, Estado ou Município tributar.
Podemos citar a priori o artigo 150 Inciso VI da CF/88:
“Sem Prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV – Instituir Impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;”21
Neste artigo temos a chamada Imunidade Recíproca, pois ela veda que
cada Órgão Tributante cobre impostos uns dos outros, pois caso isso
acontecesse não teríamos um tributo e sim uma troca de recursos pois todos os
impostos arrecadados são passados aos próprios Órgãos Tributantes.
Temos que nosso sistema Federativo procura sempre manter um equilíbrio
entre os entes Federados, pois em uma análise mais profunda a cobrança de
impostos entre ambos poderia acarretar um grande desequilíbrio.
No Artigo 150, Inciso VI, alínea b temos:
“b) Templos de qualquer culto;”22
Essa Imunidade conhecida como Genérica, temos que o Estado garante a
Liberdade de culto e vemos que ele procurou de forma objetiva fazer com que
prováveis empecilhos aos mesmos fossem eliminados. Devemos levar sempre
em conta a importância que os mesmos têm para a comunidade. Para muitos
doutrinadores devemos analisar com cuidado a “alínea b”, pois para muitos como
podemos citar Aliomar Baleeiro o Templo não é somente o Edifico do culto mas
sim: 21 Art. 150, VI, da Constituição da República Federativa do Brasil 22 Art. 150, VI, “b”, da Constituição da República Federativa do Brasil
25
Templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício principal, onde se celebra a cerimônia pública, mas também a dependência acaso contígua, o convento, os anexos por força de compreensão, inclusive a casa ou residência especial do pároco ou pastor, pertencente à comunidade religiosa, desde que não empregados em fins econômicos.23
Temos ainda no artigo 150, Inciso VI, alínea C, a Imunidade Específica.
“c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei;”24
No que tange aos Partidos Políticos temos que os mesmos são de vital
importância para o Estado, pois são consideradas Pessoas Jurídicas de Direito
Constitucional, sendo que a própria Constituição possui um Capítulo exclusivo
para tratar dos mesmos.
Capítulo V “DOS PARTIDOS POLÍTICOS”, assim fica fácil compreender a
necessidade do Legislador amparar os Partido bem como suas rendas, para que
os mesmos possam desenvolver suas funções sociais.
Temos ainda na mesma alínea menção as, Fundações, instituições de
Ensino sem fins Lucrativos e Entidades Sindicais. Todos os órgãos elencados na
alínea possuem importante papel na sociedade e por isso o legislador garantiu a
elas essa Imunidade. Atendo para que devemos nos ater a legislação especifica
como nos diz a própria alínea “ Atendida os requisitos da Lei” , dessa forma temos
que para o órgão possua sua imunidade tributária de faz necessário que o mesmo
atenda a todos os requisitos implícitos na lei.
Na alínea d do art. 150, VI temos:
23 BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de Tributar, 7ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.311. 24 Art. 150, VI, “c”, da Constituição da República Federativa do Brasil
26
“Livros, Jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão”.25
O Legislador ao criar essa imunidade levou em conta que os Livros revistas
Jornais e Periódicos, são de extrema importância para o povo, pois é com eles
que circulam as informações e expressões de nossa cultura, bem como as
expressões cientificas e artísticas, fundamentais para a formação do povo bem
como são ferramentas da liberdade de expressão.
Cabe citar o pensamento do Aliomar Baleeiro:
Livros, Jornais e periódicos são os veículos universais dessa propagação de idéias no interesse social da melhoria do nível intelectual, técnico, moral, político e humano da comunidade. Livros, Jornais e periódicos são todos os impressos e gravados, por quaisquer processos tecnológicos, que transmitam aquelas idéias, informações, comentários, narrações reais ou fictícias sobre todos os interesses humanos, por meio de caracteres alfabéticos ou por imagens e, ainda, por signos Braille destinados a cegos.26
TRIBUTÁRIO – IPTU – IMUNIDADE – DECISÃO FUNDAMENTADA EM
PROVAS – APLICAÇÃO DA SÚMULA 279 – Regimental não provido. (STF –
AGRAG 198169 – 2ª T. – Rel. Min. Nelson Jobim – DJU 20.08.1999 – p. 23)
CONSTITUCIONAL – TRIBUTÁRIO – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA – AUTARQUIA ESTADUAL – IPTU – CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 150, VI, A, § 2º – 1. A imunidade tributária recíproca dos entes políticos – art. 150, VI, a – é extensiva às autarquias no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Constituição Federal, art. 150, § 2º. 2. No caso, o imposto – IPTU – incide sobre prédio ocupado pela autarquia. Está, pois, coberto pela imunidade tributária.27
25 Art. 150, VI, “d”, da Constituição da República Federativa do Brasil 26 BALEEIRO, Aliomar. Limitações Constitucionais ao poder de Tributar, 7ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, p.354. 27 (TF – RE 203.839 – SP 2ª T. – Rel. Min. Carlos Velloso – DJU 02.05.1997.
27
Para muitos doutrinadores também se enquadram nesses casos os CD-
Rom, disquetes, Livros eletrônicos e outros adventos da nova tecnologia, pois
mudou-se a mídia mas continua a essência fundamental que originou a
Imunidade. Ambos são apenas reflexos do desenvolvimento tecnológico do
homem.
Temos que em todos os casos apresentados existem o fato gerador, mas
em face da isenção temos que não temos a origem da obrigação Tributária.
Devemos ainda trabalhar de forma objetiva dois conceitos fundamentais a
tributação que é a “Não Incidência”, “Isenção” e “Incidência”.
A não Incidência ocorre, quando o fato gerador da criação do tributo não
ocorre, ou seja, não se pode cobrar um imposto caso o fato que gera o imposto
aconteça, um grande exemplo clássico: é o da cobrança do Imposto de renda
aqueles que não possuem renda, pois se o indivíduo não possui renda o fato
gerador do Imposto não existe, ou seja, não há a incidência do imposto sobre o
contribuinte.
A Incidência ocorre quando o Fato Gerador do Imposto ocorre fazendo
assim surgir a obrigação tributária: Ex.: Cobrança do Imposto de Renda do
Indivíduo que possui renda suficiente para declarar. A partir do momento que o
mesmo possui renda suficiente para declarar temos a incidência do fato gerador e
a obrigação de contribuir com o Imposto.
Isenção “é a expressa, liberdade e taxativa omissão, pelo ente público que
tem competência para instaurar (criar) determinado tributo, mas que o fazendo,
renuncia, em razão de circunstâncias de ordem social política econômica de
cobrá-lo quanto a fatos, atos ou pessoas.”28
28 LEAL, Rodolpho. Direito Tributário. Teoria Prática. 2ª ed.. São Paulo: Ed. LED, p. 77.
28
Como forma de proteção ao contribuinte o legislador proibiu em nosso
Sistema Tributário o Confisco, Artigo 150 Inciso IV: “Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
IV – Utilizar tributo com efeito de Confisco;”29
Temos que o confisco é a incorporação do bem Particular ao poder Público
mediante ato lesivo ao particular, por isso muitos doutrinadores entendem que a
cobrança de impostos de forma exagerada pode ser analisado como um confisco,
mas não é tão simples conceituar o confisco e sua inserção no Sistema Tributário
podemos citar a explanação do Prof. Ives Gandra Martins:
“Não é fácil definir o que seja confisco, entendo eu que, sempre que a
tributação agregada retire a capacidade de o contribuinte se sustentar e se
desenvolver, estar-se-á perante o confisco.”30
29 Art. 150, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil. 30 MARTINS, Ives Gandra in. LEAL, Rodolpho. Direito Tributário: Teoria Prática. 2ª ed.. São Paulo: Ed. LED p.
29
CAPÍTULO 4
4. FATO GERADOR
Um dos pontos fundamentais do tributo que é o Fato Gerador. A Legislação
faz distinção entre o Fato Gerador da Obrigação Principal e o da Obrigação
Acessória.
O Fato Gerador da Obrigação Principal é aquele que decorre
exclusivamente da Lei, e possui a finalidade de definir as situações necessárias
para a concretização da mesma.
O Fato Gerador da Obrigação Principal está disposto no artigo 114 do
Código Tributário Nacional:
“Fato Gerador da Obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência”.
A partir do Artigo do CTN, podemos analisar o Fato Gerador da Obrigação
principal de forma mais elaborada. Três são os aspectos fundamentais que
podem ser extraídos do artigo para podermos analisar melhor o fato gerador, que
são: “Situação definida em Lei”, “Necessária”, “Suficiente”.
Sabemos que tudo no mundo Jurídico positivado se norteia pela Lei, pois a
exigência da lei esta ligada diretamente a questão do Principio da Legalidade, ou
seja é necessário que exista uma lei que determine determinado fato gerador para
que ele possa existir no mundo Jurídico.
O segundo aspecto é a “Necessária”, temos que não é qualquer fato
Jurídico que interessa ao Direito Tributário, ou seja, este fato gerador não pode
30
surgir de qualquer ato Jurídico praticado ou apenas se enquadram os atos
jurídicos que interessam diretamente
ao direito tributário, levando-se em consideração a tipicidade do fato e sua
adequação a legislação tributária.
O terceiro aspecto é “Suficiente”. Temos que este aspecto esta ligada
diretamente a atingir as exigências legais impostas, que são necessários para
realizar determinado ato jurídico.
O Fato Gerador possui alguns elementos fundamentais que são: Objetivo
ou Núcleo; Subjetivo ou Pessoal; Espacial e Temporal.
Objetivo ou Núcleo: este elemento discrimina os fatos que determinaram
o surgimento da obrigação.
Subjetivo ou Pessoal: a obrigação tributária é pessoal e a determinação
dessa pessoa configura um elemento subjetivo do Fato Gerador
Espacial: O elemento espacial está ligado diretamente ao local onde se
configura o Fato Gerador.
Temporal: Temos que o fato gerador é considerado espontâneo, mas
existem casos específicos que isso não ocorre como no Imposto de Renda onde o
Fato Gerador ocorre no final do ano mas são utilizados os rendimentos do ano
inteiro.
Podemos classificar o Fato Gerador em instantâneos e complexos. Os
instantâneos são aqueles que ocorrem em um determinado momento sempre que
os fatos se repetem, ex. CPMF - toda vez que efetuávamos uma operação
financeira o tributo era cobrado automaticamente. Os complexos são aqueles que
apenas após um determinado lapso temporal expresso em lei é que passam a
configurar Fato Gerador. Um exemplo clássico desta classificação é o Imposto de
Renda.
31
É importante salientar que para sabermos legalmente qual é o valor do
tributo se faz necessário que analisemos a situação descrita no Fato Gerador e
apliquemos as alíquotas previstas em lei para que possamos saber qual o valor
do tributo a ser pago.
Segundo Rodolpho Leal:
a base de Cálculo do Tributo representa legalmente o valor, grandeza ou expressão numérica da situação ou essência do fato gerador e sobre a qual se há de aplicar a alíquota, que é, geralmente, o percentual que deve ser aplicado sobre a base de cálculo, para se obter o valor a ser recolhido31.
No que diz respeito ao Fato Gerador da Obrigação Acessória temos que
ele não configura a obrigação principal do fato gerador, ele está disposto no Artigo
115 do Código Tributário Nacional:
“Fato Gerador da Obrigação Acessória é qualquer situação que, na forma
da legislação aplicável, impões a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal.”
31 LEAL, Rodolpho. Direito Tributário – Teoria e Prática. 2ª ed. Ampliada e Atualizada. São Paulo:Ed. LED. 1998 pág. 141.
32
CAPÍTULO 5
5. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL
URBANA
A Constituição Federal de 1988, na Seção V, Dos Impostos dos Municípios,
em seu Art. 156. Diz:
“Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e
territorial urbana;” sendo, portanto, este tributo de competência dos Municípios,
tendo como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel
por natureza ou por acessão física, como define a Lei Civil, devendo estar
localizado em área urbana do município.
O IPTU poderá ser progressivo, pois no mesmo art. 156, o parágrafo
primeiro diz: “O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos termos de
lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da função social da
propriedade”.
No Código Tributário Nacional, tal imposto é tratado em seus arts. 32 a 34.
O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, IPTU, é tributo
cuja competência de criação é municipal, abrangendo além dos municípios,
também o Distrito Federal, pois Magna Carta assim o preceitua em seu art. 156, I,
que:
“Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e
territorial urbana; e o Código Civil no art. 171 traz que:
33
“É anulável o ato jurídico: I - por incapacidade relativa do agente (artigo 4º).
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude (artigos 138 a
165).”
No Código Tributário Nacional, em seu art. 32, temos que:
O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. 32
Assim, a hipótese de incidência de tal imposto, é a propriedade, domínio
útil ou posse de bem imóvel por natureza ou cessão física, situado na zona
urbana do município, tendo que ser servido por no mínimo dois melhoramentos,
consoante o disposto no inciso I supracitado.
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 1228, nos diz que a lei assegura ao
proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reavê-los do
poder de quem quer que injustamente os possua, portanto, a propriedade é o
direito real por excelência.
32 Art. 32, §§ 1° e 2°, do Código Tributário Nacional.
34
No Código Civil de 1916, nos arts. 678 e seguintes, tínhamos a
denominação de domínio útil, conferido ao conjunto de atributos do titular da
enfiteuse, aforamento ou emprazamento, direito real em favor de terceiro, não
proprietário do bem, que lhe permite agir quase como se o fosse. Atualmente o
instituto de direito privado denominado enfiteuse, na prática é praticamente
inexistente, subsistindo o aforamento como instituto de direito público quando
incide sobre imóveis (Decreto-lei nº 9.760/46), denominados como terrenos da
marinha.
Segundo o art. 2.038 do novo Código Civil (Lei 10.406/02), fica proibida a
constituição de
enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até a sua
extinção, às disposições do Código Civil anterior (Lei 3.071/1916) e leis
posteriores. Observe-se que as enfiteuses dos terrenos de marinha e acrescidos
são reguladas por lei especial e não foram proibidas pelo novo Código Civil.
Trocando em miúdos: as enfiteuses particulares registradas antes da vigência do
novo Código Civil continuam existindo. Ainda hoje existem pessoas que possuem
escrituras públicas de constituição de enfiteuse ou aforamento não registradas, e
assim irão continuar, pois tais escrituras não têm mais ingresso no Cartório de
Registro de Imóveis. A boa prática ensina que em tais casos, os títulos deverão
ser trocados por escrituras de compra e venda ou doação e, em último caso, tais
títulos devem ser trocados por escrituras de concessão de direito de superfície,
instituto incorporado pelo novo Código Civil e que veio substituir a antiga
enfiteuse.
Já a posse é aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, se
comporta como sendo proprietário bem, consoante o disposto no art. 1.196 do
Código Civil, onde temos que: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a propriedade”,
cuja inspirada pela teoria objetivista de Jering.
35
De forma que o instituto da posse no Brasil é uma relação de fato ente a
pessoa e a coisa ou bem, cujo objetivo é a sua utilização econômica, agindo e se
declarando como dono da mesma.
Nem toda posse autoriza a exigência do IPTU, pois o art. 34 do Código
Tributário Nacional, acima citado, inclui como contribuinte de tal imposto o
possuidor a qualquer título, mas não é o caso do locatário, comodatário e outros,
o que não ocorre com o possuidor que tenha comportamento de proprietário do
imóvel.
Tributa-se com IPTU apenas a posse que é exercida como se autêntica
propriedade fosse.
O IPTU é um imposto real, para tanto, sua quantificação desconsidera os
aspectos de cunho pessoal dos contribuintes, sendo um autêntico imposto sobre
a existência de direitos sobre a propriedade de um bem imóvel, sendo o núcleo de
incidência o direito real da pessoa e não a coisa.
Ainda que não possua título de domínio, o possuidor de uma propriedade
urbana deve pagar o IPTU, pois tal possui um valor em seu patrimônio, portanto,
uma riqueza.
5.1 Progressividade das Alíquotas do IPTU
Apenas por meio de lei se fixam as alíquotas do IPTU, embora alguns
municípios equivocadamente, utilizem sua fixação por meio de mero decreto.
O município goza de inteira liberdade para a fixação das alíquotas do IPTU,
no entanto deve submeter-se aos princípios constitucionais tributários explícitos
36
ou implícitos, não ferindo os princípios de isonomia tributária, vedando a utilização
do tributo com efeito de confisco, consoante o disposto na Magna Carta em seu
art. 150, II e IV, que diz:
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; IV - utilizar tributo com efeito de confisco.33
Ressalve-se que, com efeito de confisco, este princípio não se aplica
quando se tratar de tributo extrafiscal, como instrumento a ser utilizado para o
cumprimento da função social da propriedade.
O tributo é regressivo, quando sua onerosidade relativa cresce na razão
inversa da capacidade econômica ou contributiva do contribuinte, sendo que,
maior será o peso relativo do imposto, quanto mais pobre for o sujeito passivo.
O tributo é progressivo, onde sua onerosidade relativa, ou seja, o peso do
valor devido, cresce na medida em que a capacidade contributiva do contribuinte
aumenta, implicando que os mais ricos, proporcionalmente, pagam mais que os
pobres, como no caso do imposto de renda pessoa física.
O Supremo Tribunal Federal, consoante as Constituições de 1946 e
1967/69, considerou como inconstitucional a utilização de alíquotas progressivas
para o IPTU em proporção ao número de propriedades do contribuinte, já a
Constituição de 1988, prevê a utilização da progressividade do IPTU em duas
hipóteses: capacidade contributiva e função social da propriedade a saber:
33 Art. 150, II e IV, da Constituição da República Federativa do Brasil.
37
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - ... § 1º. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.34
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
... § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o artigo 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso Ipoderá: (NR) I - ser progressivo em razão do valor do imóvel; e (AC) II - ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel. (AC) (Redação dada ao parágrafo pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000, DOU 14.09.2000).35
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º. O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana; ... § 4º. É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.36
34 Art. 145, I, § 1°, da Constituição da República Federativa do Brasil. 35 Art. 156, IV, § 1°, da Constituição da República Federativa do Brasil. 36 Art. 182, § 1° e § 4°, da Constituição da República Federativa do Brasil.
38
TRIBUTÁRIO – IPTU PROGRESSIVO – MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO – ARTIGO 67 DA LEI Nº 691/84 – PRECEDENTES – 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que a progressividade do IPTU, que é imposto de natureza real em que não se pode levar em consideração a capacidade econômica do contribuinte, só é admissível, em face da Constituição Federal, para o fim extrafiscalidade assegurar o cumprimento da função social da propriedade. 2. O artigo 67 da Lei nº 691/84, do Município do Rio de Janeiro, que instituiu a progressividade do IPTU levando em conta a área e a localização dos imóveis – Fatos que revelam a capacidade contribuitiva -, não foi recepcionado pela Carta Federal de 1988. 3. Recurso extraordinário não conhecido.37
Com relação ao ITR, temos na Magna Carta que:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. § 4º. O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.38
A Constituição de 1988 consagra dois tipos de progressividade em IPTU,
uma simples e outra no tempo.
Simples, onde se utiliza alíquotas variáveis, proporcionais à base de
cálculo do imposto, como previsto no art. 153, IV, II e 156, § 1° supracitado, e, no
tempo, onde as alíquotas crescentes são utilizadas com o passar do tempo, no
caso, apenas aplicáveis ao IPTU.
A alíquota adotada na progressividade simples não cresce com o tempo,
mas em função relativa aos parâmetros do contribuinte levando-se em conta valor
da base de cálculo global do imposto, quantidade de bens imóveis de sua
propriedade, domínio útil ou posse, área total dos imóveis, e outros.
37 STF – RE 248892 – 2ª T. – Rel. Min. Maurício Corrêa – DJU 31.03.2000 – p. 63. 38 Art. 182, III, § 4°, da Constituição da República Federativa do Brasil.
39
CONSTITUCIONAL – TRIBUTÁRIO – IPTU – PROGRESSIVIDADE – I –Inconstitucionalidade de qualquer progressividade, em se tratando de IPTU, que não atenda exclusivamente ao disposto no art. 156, § 1º, aplicado com as limitações constantes dos §§ 2º e 4º do art. 182, ambos da Constituição Federal. II – Precedentes do S.T.F.: RREE 153.771-MG, 204.827-SP, 205.464-SP, 198.506-SP, 202.261-SP, 194.036-SP, 192.737-SP, 193.997-SP e 194.183-SP. III – Voto vencido do Ministro C – Velloso. IV. R.E. conhecido e provido.39
Para o Mestre Hugo de Brito Machado a progressividade nas alíquotas do
IPTU já era admitida pela Carta Constitucional anterior e o continua sendo, de
forma ainda mais explícita, pela de 1988, dizendo que:
“Em face da Constituição Federal de 1988, voltou a reinar divergência em
torno da validade do IPTU progressivo. Em síntese, tem sido sustentado que o §
1º do art. 156 da vigente Constituição, segundo o qual o IPTU ‘poderá ser
progressivo, nos termos de lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento da
função social da propriedade’, não autoriza outra forma de progressividade para
este imposto além da prevista pela própria Constituição, em seu art. 182, § 4º,
inciso II.
Não obstante defendida por tributaristas os mais eminentes, a tese não nos
parece procedente.
Em primeiro lugar, porque não é razoável admitir tenha a Constituição
utilizado a norma do art. 156, § 1º, inutilmente, e a prevalecer a interpretação
segundo a qual é inadmissível outra progressividade que não seja a do art. 182, §
4º, a regra do art. 156, § 1º, restaria absolutamente inútil, podendo ser excluída do
texto constitucional sem lhe fazer qualquer falta.
(...)
39 STF – RE 229.457 – SP – 2ª T. – Rel. Min.Carlos Velloso – DJU 16.10.1998 – p. 27.
40
Em segundo lugar, porque não se pode deixar de ter em conta a técnica
legislativa utilizada pelo constituinte de 1988. A Constituição de 1988 trata de
cada assunto em seu lugar, podendo ser a relativa autonomia no trato, ali, de
cada matéria, facilmente demonstrada.
(...)
Em terceiro lugar, pode ser invocado, ainda, o elemento teleológico ou
finalístico. Do ponto de vista da política urbana, pode-se entender que a
propriedade cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais
da urbanização, expressas no respectivo plano diretor. Isto, porém, não significa
que não existam outras formas pelas quais a propriedade também tenha de
cumprir sua função social, até porque a propriedade há que ser encarada como
‘riqueza’ que é, e não apenas como elemento a
‘ser’ tratado pelas normas de política urbana” (Ob. cit., p. 286-287).
Com a Carta Magna de 1988, o IPTU é de fundamental importância como
instrumento de concretização da política urbana do país, devendo ser utilizado
para estimular os proprietários, enfiteutas e demais possuidores de imóveis
urbanos, a cumprir o estabelecido no plano diretor do Município, fazendo com que
se atenda ao princípio da função social da propriedade.
Os créditos fiscais da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito
Federal e das autarquias são cobrados por meio de execução fiscal, onde figura a
Certidão de Dívida Ativa como um título executivo. A matéria é regulada pela Lei
n° 6.830, de 22 de setembro de 1980.
A defesa fiscal se faz por meio de embargos à execução, onde o devedor
promoverá a defesa processual ou de mérito, discutindo-se a ilegalidade do
tributo, existência de coisa julgada, o valor, prescrição, entre outros.
41
CONCLUSÃO
Embora, a maioria dos tributos tem como fonte a distribuição dos recursos
para a movimentação da máquina estatal, aprendemos que os tributos se dividem
no que tange as espécies tributárias. Quanto o IPTU, vimos que tem seu aspecto
Espacial, e por ser de competência exclusiva do Município, este deve delimitar,
zonear as áreas abrangidas pelos imóveis existentes em seu território, para que
possa formar a obrigação tributária e aplicar a alíquota prevista em Lei para
formar a base de cálculo.
Diante do que descrevemos nenhuma Lei Federal ou Estadual; seja
também Ordinária ou Complementar poderá definir zona urbana para efeitos de
tributar a cerca do IPTU. Mister goza o Município desse privilégio legalmente
atribuído, pois nem mesmo o CTN e outras legislações pode sobrepor a
Constituição, visto que aquelas detém de uma função somente residual.
Assim, a hipótese de incidência do IPTU, é a propriedade, domínio útil ou
posse de bem imóvel por natureza ou cessão física, situado na zona urbana do
município, tendo que ser servido por no mínimo dois melhoramentos, consoante o
disposto no inciso I, Art. 32, do CTN.
Destaca-se que o IPTU é um imposto real, para tanto, sua quantificação
desconsidera os aspectos de cunho pessoal dos contribuintes, sendo um
autêntico imposto sobre a existência de direitos sobre a propriedade de um bem
imóvel, sendo o núcleo de incidência o direito real da pessoa e não a coisa.
No que tange ao critério da progressividade do IPTU, temos que observar
as exigências legais impostas, que são necessárias para tais medidas. Caso não
sejam observados certas regras, onde o regime da progressividade ultrapasse a
capacidade econômica do contribuinte, restará assim, atingido o direito desse
contribuinte, onde temos vedado no principio da isonomia, a utilização de tributo
com o fim confiscatório. Nesse caso o tributo será regressivo em razão da menor
capacidade contributiva do contribuinte.
Portanto, a progressividade da carga tributaria sempre será relativa, pois
parte de uma presunção legal, haja vista o principio da progressividade prevista
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no art. 145 § 1º, da CRFB. Ainda, a Constituição tem entendimento divergente por
causa da progressividade do IPTU, no tempo. Onde alguns doutrinadores
sustentam que a progressividade se dá com fundamento na função social da
propriedade, nos termos da Lei Municipal e estabelecida na Carta Magna, no art.
156 § 1º, então vigente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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