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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O Desafio do Educador Diante dos desenhos Animados no Contexto Educacional Por: Cristina dos Santos Villareal Orientador Profª Edla Trocoli Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O Desafio do Educador Diante dos desenhos

Animados no Contexto Educacional

Por: Cristina dos Santos Villareal

Orientador

Profª Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O Desafio do Educador Diante dos desenhos

Animados no Contexto Educacional

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em educação infantil e

desenvolvimento.

Por: Cristina dos Santos Villareal

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a prática do professor,

tendo como fio condutor a influência dos meios audiovisuais, como produtor de

saberes, nas crianças da educação infantil e ensino fundamental 1º segmento.

Discutindo os mecanismos de como as crianças aprendem e são educadas

pelas imagens, antes mesmo de serem inseridas no ambiente escolar.

Um educar, que os desenhos animados possibilitam, através de uma

linguagem lúdica e imaginária. Uma força que desperta o interesse do universo

infantil, que passivamente mantém-se defronte a TV por algumas horas, sem

nenhuma articulação ou mediação da escola ou da família. As crianças sem

querer desenvolvem, um tipo de inteligência e um repertório próprio de seu

tempo, pela “simples” exposição das imagens dos personagens e as histórias

narradas por eles, numa relação que é estimulada pela brincadeira.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,

jornais, revistas, questionários.... e a resposta, após coleta de dados, pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as

entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de

produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que

cederam o material ou que foram o objeto de observação e estudo.

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 7 CAPÍTULO II ................................................................................................................. 26 CAPÍTULO III ................................................................................................................ 34 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 50 ÍNDICE ........................................................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO

A criança diante da tv absorve informações que a auxilia na organização e

interpretação de experiências vividas, só que essa fonte incorporada no

cotidiano infantil indiscriminadamente não estabelece uma leitura crítica sobre

a ação dos realizadores da programação infantil, tornando-a passiva e acrítica

aos mais sofisticados signos e símbolos inseridos nas obras de

entretenimento. É aí que a escola juntamente com os professores pode e deve

orientar na interpretação das mensagens sugeridas nos desenhos, costurando

as diversas relações que transitam da fantasia ao realismo. Valorizando o

lúdico, o imaginário, considerando-o útil para o desenvolvimento infantil.

Será necessário dialogar a programação televisiva no cotidiano infantil,

com foco investigativo no fascínio que esse meio exerce nas crianças com uma

linguagem que consegue condicionar a rotina familiar. Supõe que, por meio

dessa magia, a utilização das preferências infantis em termos de desenhos

animados como aliado ao processo ensino-aprendizado das disciplinas

curriculares e temas transversais. Dessa forma possibilitará um

desenvolvimento cognitivo mesclando a realidade escolar e social a de ficção

dos desenhos, sendo estes, normalmente baseados em fatos reais.

Diante de todas essas mudanças o posicionamento do profissional de

educação deve ser claro em desvendar o que há por trás da bem-intencionada

ação televisiva, vinculando um fazer pedagógico que rompe a desencantada

cotidianidade e aflora o ludismo de ensinar e de aprender. Assumir a existência

da tv como um bem cultural, produzido e consumido pela sociedade. Fazendo

uso da força pedagógica embutida nela, que inegavelmente seduz, imobiliza e

inebria o telespectador mirim diante das cores e movimentos.

Não é exagero dizer que as crianças têm aprendido mais fora da escola

do que dentro e que os educadores em sua maioria assumiram a TV como

maléfica na construção do conhecimento delas.

Classificar a televisão com suas programações direcionadas ao público

infantil como um todo ruim, é assumir a desinformação e o despreparo dos

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profissionais da educação nas principais áreas de informática e

telecomunicações. Apesar do século XX ser considerado historicamente o

período de avanço tecnológico e da era da informação, é notório um certo

desarranjo por parte dos docentes em lidar com a abertura de uma nova

perspectiva.

É claro que não podemos negar que é um instrumento de dominação e

expansão cultural, mas faz parte do papel da escola acompanhar esse

processo de transformação e mediar o conhecimento científico produzido pela

humanidade, procurando relacionar as finalidades e as funções educativas da

televisão, como também salientar a importância desse veículo de

comunicação, que penetra por acessos inimagináveis de espaço e tempo.

Certamente será uma quebra de paradigma da visão educacional, tendo

em vista que reconhecer a influência desse meio áudio visual como

significativo no contexto da formação intelectual da criança. Independente do

conjunto de princípios que tem orientado o posicionamento escolar é

impossível negar as profundas transformações geradas pelas novas

tecnologias da informação a toda humanidade.

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CAPÍTULO I

A História do Desenho e do Lúdico

O desenho e o lúdico surgiram há muitos séculos. “A imaginação é uma

das facetas mais misteriosas da humanidade. Pode ser vista como o elo de

ligação entre o consciente e o subconsciente, onde se dá a maior parte de

nossa atividade cerebral” (JANSON, H. W. 1996, p. 15). A arte, o desenho, é

um tipo de comunicação, que se torna visível, quando relatados como uma

forma de manifestação da linguagem do homem desde os tempos pré-

históricos. “A arte nos dá a possibilidade de comunicar a concepção que temos

das coisas através de procedimentos que não podem ser expressos de outra

forma. Na verdade, uma imagem vale por mil palavras não apenas por seu

valor descritivo, mas também por sua significação simbólica” (JANSON, H. W.

1996, p. 32). Sendo uma das primordiais formas de expressão deixadas pelos

produtos culturais encontrados ao longo dos anos. No período pré-histórico,

porém, o desenho retratava um contexto místico, contendo importantes

revelações da luta do homem, no ato de fazer ser conhecida a sua evolução e

luta pela sobrevivência. Durante o passar dos anos da antiguidade, o homem

foi se distanciando lentamente do pensamento artístico religioso, assim, os

registros gráficos passaram a ganhar mais autonomia e o desenho desenvolver

características de uma disciplina, que estuda de forma sistemática e rigorosa o

desenho como conhecimento.

A partir do século XV até o século XIX acompanhando pela evolução

social e política, foram surgindo vários movimentos das artes e do

desenvolvimento do desenho, com novos valores, novos estilos e novas

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características. Assim, aparece, a arte renascentista marcando o início, do

desenvolvimento do desenho como obra de arte. Com base de inspiração, nos

modelos greco-romanos, que se orientam por ideais de perfeição, harmonia,

equilíbrio e graça - representados pela revalorização da beleza física do

homem com a representação do corpo nu, (nesse contexto, os estudos de

anatomia são bastante utilizados no período), a natureza como grande fonte de

inspiração, figuras naturais que dão idéia de movimento e o surgimento da

técnica de pintura a óleo, com a utilização de cores vivas. Grandes mestres da

pintura surgiram nesse período, Giotto, Michelangelo e Vinci.

Com o surgimento do papel e sua popularização, o desenho começou a

ser elemento fundamental da criação artística, um instrumento básico para se

chegar à obra final. Com a descoberta e sistematização da perspectiva, o

desenho muda de cara, e passa a ser encarado, de fato, como uma forma de

intensa comunicação e difusão, que entre os quais pode-se destacar, o

surgimento da caricatura que é responsável por uma relativa independência do

desenho em relação à pintura, como indica a obra de Honoré Daumier (1808 -

1879), famoso por suas charges e sátiras políticas realizadas por meio de

desenhos, gravuras e escultura.

No final do século XIX, com o desenvolvimento industrial, o crescimento

da ciência, a descoberta do telefone, da luz elétrica e da estrada de ferro,

nesse período, surgiu movimentos que contribuíram para o início da arte

moderna, que exerceu grande influência nos registros gráficos da atualidade.

Hoje os Desenhos são ainda utilizados por cineastas, designers,

coreógrafos e cenógrafos em esboços, maquetes e projetos auxiliares. Desse

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modo, é possível pensar que a presença do desenho invade os mais diferentes

campos e áreas de atuação - ciências, artes aplicadas, belas-artes, indústria,

publicidade etc. Portanto, o desenho tem sido considerado um diálogo visual,

pois expressa a imaginação de seu criador tão claramente como se ele

estivesse falando conosco. E nas mais diversas etapas da história da

humanidade o desenho, o lúdico e todos os movimentos artísticos foram e são

de grande importância para a nossa leitura de mundo.

1.1 - Sociedade Antiga: pintura rupestre e dança

A arte de desenhar nas sociedades antigas, em destaque as pré-

históricas, pode ser considerada um tipo de manifestação, sem um tempo

definitivamente determinado para o seu surgimento, período que não foi

registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior

à escrita. Tudo o que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é o

resultado da pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da

moderna ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem. E esse

minucioso estudo, realizado por eles, tem o efeito de revelar e interpretar cada

registro de quando o homem primitivo desenhava com carvão, nas paredes

das cavernas, imagens do mundo a sua volta. Dentro dessa perspectiva os

historiadores, também acreditam que esses homens pré-históricos não

pintaram esses animais nas paredes apenas para decoração, até porque as

cavernas eram muito escuras, “não se tem muita certeza, mas muitos acham

que eles atribuíam um poder mágico a esses desenhos. Acreditavam que a

pintura iria atrair os animais” (GOMBRICH: 2001, p. 21). Pois segundo a

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hipótese dos historiadores esses animais, eram uma caça preciosa para o

homem, sem a qual os homens morreriam de fome.

O homem desenhava figuras de animais para expor seus sentimentos e

as transformações que ocorrem em sua vida. As pinturas rupestres são um

exemplo desta afirmação. Feitas com tintas extraídas de frutos, sangue de

animais ou ovos de aves, utilizando-se de objetos pontiagudos ou o próprio

dedo, que geralmente retratavam cenas da vida cotidiana: animais, rituais,

figuras humanas, jogos. “Nesses desenhos, vêem-se animais que já não

existem desde tempos imemoriais” (GOMBRICH: 2001, p. 22). Nos seus

registros “há elefantes com pelagem longa e lanosa, e enormes presas

recurvadas (os mamutes)” (GOMBRICH: 2001, p. 22). Enfim, fatos que o

homem vivenciava. Depois esses homens primitivos modelaram vasilhames de

barro e decoraram com desenhos. Descoberta que foi de grande auxílio no

cozimento dos alimentos.

O homem aprimora o fazer artístico, através do tempo, depois da idade

da pedra, por volta de três mil a.C. os egípcios registrou, suas histórias com

desenhos de animais e grafismos pintados em paredes e papiros. “Ao lado

dessas pinturas coloridas, geralmente representando tanto corujas como

homens, bandeirolas, flores, tendas, escaravelhos, recipientes e também

fileiras de linhas quebradas e espirais, umas ao lado das outras” (GOMBRICH:

2001, p. 27). Essa representação, chamadas de hieróglifos descrevia como

funcionou, as sociedades egípcias, que se dividiam em algumas camadas,

cada uma com suas funções bem definidas. A mulher, ao contrário da maioria

das outras civilizações da antiguidade oriental, possuía posição excêntrica,

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podendo ocupar altos cargos políticos e religiosos, estabelecendo relativa

igualdade com o homem. A sociedade egípcia era heterogênea, dos quais se

destacam 3 ordens principais: Faraó e sua família; Nobreza (detentora real das

terras), Escribas (burocratas) e o Clero (sacerdotes); Felás (camponeses,

trabalham presos a terra e em obras públicas); Cabe ressaltar que entre a

segunda e a terceira camada, havia ainda pequenos artesãos, militares, o

baixo clero, e comerciantes incipientes que não bem representavam uma nova

camada, mas indivíduos sem ordenação política, dependente dos superiores.

Segundo GOMBRICH (2001) diferentemente do que acontecia no Egito,

a Mesopotâmia muitas vezes tinha vários soberanos ao mesmo tempo. Foram

vários os povos que através de lutas, tomaram conta dessa fértil região do

Oriente Médio (Ásia Menor). Entre eles, vivem vários povos, tais como os

sumérios, os elamitas, os acádios, os amoritas, os cassitas, os assírios, os

babilônios, caldeus, etc. Dentre eles os mais importantes da Mesopotâmia

foram os sumérios, babilônios e assírios, que contribuíram muito no

aprimoramento da escrita, que registravam seus acontecimentos em tabletes

de barro. Inventaram um tipo de escrita em forma de cunha; daí o nome escrita

cuneiforme. Esses tabletes de barro eram pesados e difíceis de lidar com as

mãos, mas tinham a vantagem de durar séculos ou milênios como escrita

legível. Foram encontradas muitas dessas tabulas. “Algumas contam lendas

maravilhosas, como a do herói Gligamesh, que lutou contra monstros e

dragões. Outras contam os feitos dos reis: os castelos que eles construíram

para a eternidade ou os povos que conquistaram (GOMBRICH: 2001, p. 29).

Existem relatos sobre a diferença entre os registro dos Babilônios e os

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Assírios, que eram pessoas muito violentas. “Assim, eles não pintavam cenas

da vida, alegres e ricas em cores, como os egípcios. Suas estátuas e

desenhos geralmente representavam reis caçando ou fazendo prisioneiros

acorrentados se ajoelharem (GOMBRICH: 2001, p. 30). Estudiosos de nossos

tempos encontravam grande quantidade deles e assim puderam descobrir

muitas coisas da mais antiga civilização do mundo.

Num território entre o Egito e a Mesopotâmia se fixaram às tribos

nômades hebraicas. Os hebreus por vezes submetidos a outros povos

conseguiram resistir com base nas regras de sua doutrina religiosa. Povo que

matem suas tradições ainda hoje e trouxe com sigo o conhecimento a fé

monoteísta.

Eles trouxeram do deserto uma fé monoteísta. “Até então, todos os

povos veneravam vários deuses."(GOMBRICH: 2001, p. 39). Ora, essa tribo

direcionava suas suplicas e orações para apenas um deus. Conhecida por ter

sido revelada a Abraão em Canaã em c. 1800 a.C., e a Moises, no Monte

Sinai, em c. 1250 a.C., depois que os hebreus fugiram da escravidão do Egito.

O povo judeu manifestavam a sua crença em um único deus, “quando à noite,

ao pé da fogueira, os pastores cantavam seus feitos e seus combates, na

verdade eles cantavam os efeitos e os combates de seu deus.” (GOMBRICH:

2001, p. 39). “Cantavam que ele era melhor, mais forte e mais majestoso que

todos os inúmeros deuses dos politeístas, que eles chamavam de

pagãos.”(GOMBRICH: 2001, p. 42). Essa sociedade desempenhou um papel

muito importante na parte da religião e da moral, deixando uma enorme

influência em todo o mundo ocidental, desde a Europa até as Américas.

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Nas cidades de Tiro e de Sídon, que se localizavam numa faixa estreita de

terra da costa oriental do mar Mediterrâneo, viviam homens que se

aperfeiçoaram na arte de construir navios e de navegar, pois era o que lhes

restaram, diante da região que ocupavam de poucas terras e de solos áridos,

os fenícios não se dedicaram à agricultura, mas ao comércio de mercadorias

próprias ou de produtos estrangeiros. A costa fenícia era um centro comercial

ativo. O alfabeto fonético foi inventado neste local antes de 1600 a. C. “Não é

fantástico poder escrever tudo a partir de vinte e seis sinais, fáceis de

desenhar?” (GOMBRICH: 2001, p. 45). De fato, no comercio eram habilidosos

nas negociações financeiras. Ao longo de todo o mar Mediterrâneo,

compravam, vendiam e trocavam mercadorias. “Os homens que descobriram

isso tinham necessidade de escrever muito, fossem cartas, contratos

comerciais. (GOMBRICH: 2001, p. 46). E essa importante descoberta, nasceu

da necessidade de facilitar a contabilidade e a elaboração de contratos. No

início os fenícios até utilizaram as formas de escrita desenvolvidas por outros

povos, mas com a acrescente demanda econômica, tornou-se inviável

organizar suas relações financeiras. “Para os egípcios, com seus hieróglifos, a

tarefa não era tão fácil. Para os mesopotâmicos também não com sua escrita

cuneiforme, composta por um número imenso de sinais, que não

correspondiam a letra, mas na maioria das vezes, a sílabas inteiras”

(GOMBRICH: 2001, p. 45). Assim, os fenícios contribuíram no campo cultural

com invenção dos símbolos que representam as letras das consoantes; depois

os gregos complementaram o alfabeto com as vogais e essa criação acabou

sendo adotada por outros povos.

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Entre 550 e 500 a.C., vivia uma tribo que ocupava um território no norte

da Mesopotâmia. Esse clã conhecido como os persas, povoava as montanhas

situadas entre o mar Cáspio e o atual golfo pérsico. “Fazia séculos que eles

viviam sob a dominação dos assírios, depois babilônios, até que um dia

começaram a recusar aquela situação de dependência” (GOMBRICH: 2001, p.

54). Os persas conquistaram sua independência sobre o comando do Rei Ciro,

assim o Ciro, O grande, inaugurou o chamado império persa. Com o aumento

da população, houve a necessidade de expansão geográfica, pela baixa

produção agrícola local, deu início ao expansionismo persa. Em poucos anos,

o exército persa apoderou-se de uma imensa área. Ciro tornou-se, então, o

imperador do Oriente Antigo. Pelo fator de ter dominado diferentes civilizações,

na cultura os persas sofreram mais influências dos dominados do que

influenciaram. Eles praticam a agricultura, a pecuária, o artesanato, a

metalurgia e a mineração de metais e pedras preciosas. Realizam intensos

intercâmbios comerciais, construíram estradas de pedra e canais para facilitar

o transporte, as trocas e o correio a cavalo. Implantam uma economia

monetária e um sistema de pesos e medidas e instituem impostos fixos. Criam

uma literatura diversificada, particularmente a religiosa. “Sua religião era muito

bonita: eles veneravam a luz e o sol e achavam que essas divindades estavam

permanentemente em luta contra as trevas, em outras palavras, contra as

forças do mal” (GOMBRICH: 2001, p. 54). Foi na religião, entretanto que os

persas demonstraram certa originalidade. Primitivamente adoravam o Sol, a

Lua e a Terra; até que “Zoroastro ( ou Zaratustra) reorganizou a religião,

sofisticando-a. O deus maior era Ormuz, deus do bem, que se opunha a Arimã,

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deus do mal. A luta entre o bem e o mal era a essência da religião de

Zoroastro” (CANTELE: 1989, p. 38).

Há milênios um povo com costumes antiquíssimos, ocupa um

extenso território de considerável proporção geográfica. Um imenso país

denominado China, situado na extremidade oriental do globo. “No entanto,

havia muito tempo a China já era um grande império” (GOMBRICH: 2001, p.

77). Seu desenvolvimento ocorreu durante o período paleolítico as margens do

rio Amarelo. “Durante mais de mil anos, a China foi governada por imperadores

que habitavam o palácio da capital: eram os célebres “imperadores da China”

que se faziam chamar de “filhos do céu”, tal como os faraós se faziam chamar

“filhos do sol” (GOMBRICH: 2001, p. 77). A sociedade chinesa teve várias

dinastias e com diversas divisões de classes sociais. No século III a.C, a

dinastia de Shu teve intensa produção cultural. Surgiram várias correntes de

pensamento e, dentre estas escolas, destacavam-se as obras de Confúcio e

Lao-Tsé. Os chineses também inventaram um tipo de escrita muito

complicado, uma escrita ideográfica, isto é, os sinais representavam

diretamente os objetos ou idéias. “Pense um pouco na quantidade de palavras

e coisas que existem no mundo. Seria preciso aprender o sinal correspondente

a cada coisa“ (GOMBRICH: 2001, p. 78). Esse povo também marcou sua

história deixando um legado cultural, dignos de atenção, no campo da

arquitetura (como palácios, templos e túmulos, casas com duplo telhado,

terraços delicadíssimos com cursos de água e pontes). A obra arquitetônica de

maior destaque com certeza é a Grande Muralha. Na escultura, usando

mármore, calcário e alabastro, os chineses fizeram estátuas representando as

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forças da natureza, as grandes batalhas e os animais. Na pintura também, foi

contemplada pela engenhosidade dos chineses que criaram delicados

ornamentos em porcelana e tecido.

A Índia, berço de uma grande civilização, está localizada ao sul da Ásia

e, devido a sua situação geográfica - delimitada ao sul pelo Oceano Índico,

pelo mar da Arábia a oeste, pela baía de Bengala a leste e pelos Himalaias ao

norte -, durante longo tempo ficou distanciada dos demais povos. “Como na

Mesopotâmia, na Índia existia uma civilização muito antiga” (GOMBRICH:

2001, p. 69). A sociedade se organizou em base de castas - classes sociais

sem possibilidades de mudança – sendo a origem mitológica, pois imagina-se

que as classes sociais saíram do corpo do deus Brahma “ Uns eram

guerreiros, e deveriam continuar sendo pelo resto da vida. Até mesmo seus

filhos não poderiam ter outra função, pois pertenciam à “casta dos guerreiros”

(GOMBRICH: 2001, p. 71).O sistema de castas indiano proibia, por exemplo,

que uma pessoa de uma classe social pudesse casar-se com outra pessoa de

diferente classe social. “ A casta mais elevada da sociedade, até mais do que a

dos guerreiros, era a dos sacerdotes, os brâmanes” (GOMBRICH: 2001, p. 71).

“Essa tradição existe ainda hoje em algumas regiões da Índia” (GOMBRICH:

2001, p. 71). Também é preciso destacar um mérito dos hindus, a invenção

dos algarismos, mais tarde divulgados pelos árabes.

Há mais ou menos 1.500 anos a.C. desenvolveu-se na Península

Balcânica a Civilização Grega a mais importante da Antigüidade que é

considerada a base da cultura ocidental. “A Grécia, em comparação com o

Império Persa, era apenas uma pequena península, com algumas cidades

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voltadas principalmente para o comercio e o restante das terras constituído por

montanhas desérticas ou campos pedregosos que só davam para alimentar

alguns poucos homens” (GOMBRICH: 2001, p. 89). A Grécia possui uma terra

pobre, naturalmente inapropriada para a agricultura, motivo pelo qual

promoveu a formação de pequenas comunidades, relativamente separadas

graças ao fato de ser uma região montanhosa. Estas pequenas comunidades

foram as origens das cidades-estado gregas. “A população grega era

composta por diferentes tribos, sendo que as mais importantes eram os dórios,

estabelecidos no sul, os jônios e os eólios, no norte” (GOMBRICH: 2001, p.

88). Apesar da Grécia ser composta por inúmeras cidades-estado, é

importante observar que seus próprios habitantes consideravam haver uma

certa unidade, já que estavam ligados tanto pelo idioma quanto pelas crenças

religiosas. “É preciso dizer que a Grécia não tinha único rei nem uma única

administração. Cada cidade era um Estado por si mesma” (GOMBRICH: 2001,

p. 89).

Atenas talvez seja uma das mais conhecidas cidades-estado, graças ao

fato de ter criado o primeiro governo democrático do mundo. A sociedade

grega atravessou diversas fases, atingindo seu apogeu entre os anos 600 e

300 a.C.

Na sua constante busca da perfeição, o artista grego cria uma arte de

elaboração intelectual em que predomina o ritmo, o equilíbrio e a harmonia

ideal. O teatro parece ter se originado na Grécia, onde as primeiras peças

foram representadas em anfiteatros abertos. A Grécia foi unificada por Felipe

da Macedônia, desmantelando a sociedade grega formada em cidade-estado e

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criando uma nova forma de governo: o império. Seu filho, Alexandre, o Grande,

estendeu ao máximo a política expansionista de seu pai, o que acabou por

disseminara cultura grega pelo Oriente Médio, pelo norte da África (inclusive o

Egito) e chegando até a Índia.

1.2 Sociedade Moderna : arte, escultura e cultura

A sociedade moderna promoveu uma “revolução social” cuja base

consiste na substituição do modo de produção feudal pelo modo de produção

capitalista. “Nossa era iniciou-se com duas espécies de revoluções: a

revolução industrial, simbolizada pela máquina a vapor, e a revolução política,

sob a signo da democracia, na América e na França”(JANSON, H. W.: 1996, p.

38). A lenta desestruturação do feudalismo e o desenvolvimento paulatino do

comércio trouxeram mudanças para o modo de pensar e viver das pessoas.

“Nas artes, nas ciências e na filosofia, destacavam-se novas idéias e valores”

(CONTRIM: 1955, p. 41). Ao invés de exaltar a fé religiosa, os intelectuais

passam a desejar explicações mais racionais, substituindo-se o pensamento

teológico pelo racional. Em vez da ênfase no “mundo de Deus”, desenvolveram

o antropocentrismo. “Em um mundo em que todos os valores podem ser

questionados, o homem está constantemente buscando sua própria identidade

e o significado da existência humana, tanto individual quanto coletiva”

(JANSON, H. W.: 1996, p. 39).

A partir do desvencilhamento do homem da estrutura autoritária

tradicional, que antes o limitava e o mantinha, surgiram vários movimentos das

artes plásticas, sobretudo da pintura, com novos valores, novos estilos e suas

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características. É importante salientar, que parte dessa nova experimentação

artística foi marcada pelo renascimento, que foi o nome dado ao período de

transição entre a idade média e os tempos modernos, precisamente entre os

séculos XV e XVI. “O Renascimento foi um movimento cultural urbano que

atingiu a elite das cidades prósperas. Caracterizou-se não apenas pela

mudança na qualidade da obra intelectual, mas também pelo aumento na

qualidade da produção cultural” (CONTRIM: 1955, p. 42). O renasciemnto

nasceu na Itália de onde se expandiu pela Europa e causando repercussão em

todo o mundo. “Eles se entusiasmaram por tudo o que provinha da época

romana, as estátuas magníficas, as construções grandiosas, coisas que na

Itália subsistiam em ruína” (GOMBRICH: 2001, p. 197). Mas não se buscavam

apenas nas coisas antigas, os pintores deixaram os estúdios e passam a pintar

ao ar livre, fazendo da natureza seu próprio tema. Tinham como preferência as

paisagens, tais como: o céu, os rios, os campos, as montanhas e a neve. “A

natureza começou a ser observada com novos olhos e sem idéias

preconcebidas, como a viam os atenienses, 2.000 anos antes” (GOMBRICH:

2001, p. 198).

O movimento estabelecia uma nova idéia de moderno, os artistas

passam a experimentar outras possibilidades através do que o cenário natural

oferecia. “As coisas eram pintadas tal como eram vistas, sem se recorrer ao

estilo solene, grandiloqüente e religioso das histórias sagradas dos livros dos

monges ou dos vitrais catedrais” (GOMBRICH: 2001, p. 198). O pintor Giotto

pode ser identificado como o precursor da pintura renascentista italiana. Mas a

Renascença foi um período artístico muito fértil, podendo-se destacar, entre os

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grandes gênios artísticos, Michelangelo na escultura, e Leonardo da Vinci na

pintura. “Esses artistas não tentaram apenas ser excelentes em sua arte

ficando sentados diante de suas obras para descrever o que viam do mundo.

Queriam também compreender o que representavam” (GOMBRICH: 2001, p.

91). Um bom exemplo dessa entrega é a história de Da Vinci. “Ele queria saber

como era um homem quando chorava, quando ria, como era o interior do corpo

humano, os músculos, os ossos, os ligamentos. Pedia para ver cadáveres nos

hospitais e dissecava-os para estudá-los melhor, o que era totalmente

incomum na época. (GOMBRICH: 2001, p. 198).

No final do século XIX, nesse período, surgiram os primeiros

movimentos que contribuíram para o início da arte moderna. Esses despontar

exerceu grande influência na pintura. Entre os principais movimentos da arte

moderna, destacam-se: o impressionismo - que foi um movimento do século

XIX, que revolucionou a pintura, pelo qual os artistas inovaram as técnicas,

como principais mestres: Monet, Degas, Renoir e Toulouse Lautrec; o

expressionismo - movimento que surgiu na Alemanha, em oposição à falta de

subjetividade e humanismo da pintura impressionista, temos: Van Gogh que foi

o precursor e também Gauguin e Matisse; o cubismo – foi o mais importante e

influente movimento da arte moderna, que surgiu em Paris no ano de 1907, os

artistas que se destacam desse movimento são: Picasso e Braque.

Em nosso estudo sobre a arte moderna já conhecemos uma sucessão

de movimentos artísticos que marcaram esse período, portanto há outras

correntes no século XX, que compreendem ao período pós-moderno ou

contemporâneo que trataremos no próximo capitulo.

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1.3 Sociedade Contemporânea : a revista em quadrinho e o desenho animado

A marca da sociedade contemporânea são as mudanças. “O poder das

antigas potencias do início do século XX definhou, em grande parte, junto com

seus antigos impérios coloniais” (CONTRIM: 1955, p. 59). Modificação e

quebra dos padrões, gerando mudanças culturais, socioeconômicas e de

valores, que exige uma re-adaptação do indivíduo ao novo modelo social.

“Surgiram novos países que, no contexto internacional, se alinharam ao bloco

capitalista ou ao socialista ou buscaram relativa autonomia em relação a

ambos” (CONTRIM: 1955, p. 61).

A contemporaneidade é definida pelo individualismo. Pela ânsia

crescente do sujeito se qualificar, estudar, se informar, cada vez mias, num

processo solitário, mesmo estando este incluso em um grupo. A exigência

social do momento relaciona-se a afirmar a individualidade pela independência

de suas ações, que de uma certa maneira, esse novo tempo gera vários

conflitos sociais. “Entretanto, outras razões ainda preocupam governos,

movimentos sociais e cidadãos: desemprego, desigualdade social, problemas

ambientais, corrupção, dificuldade de fazer da economia mundial algo mais

justo para os agentes envolvidos” (CONTRIM: 1955, p. 60). Uma das

característica dessa nova sociedade, como dito anteriormente é o isolamento,

e pode destacar a internet, e as possibilidades cada vez maiores de o indivíduo

poder resolver seus problemas via computador, fazem com que as relações

interpessoais cotidianas sejam cada vez mais desnecessárias.

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A produção cultural passou a servir principalmente os interesses da

economia globalizada. “Entre as tendências internacionais da arte do século

XX, encontramos três correntes principais, cada uma delas abrangendo muitos

“ismos”, que surgiram com os pós-impressionistas e têm se desenvolvido muito

desde então: Expressionismo, Abstração e Fantasia” (JANSON, 1996, p. 125).

Essa série de movimentos artísticos que destacam as peculiaridades do fazer

arte tem essencialmente características distintas, que contribuíram para

nossas produções atuais. “A primeira enfatiza a atitude emocional do artista

para consigo próprio e o mundo; a segunda, a estrutura formal da obra de arte;

a terceira explora o domínio da imaginação, especialmente em suas

características irracionais e espontâneas” (JANSON, 1996, p. 126).

Marcado pelo pós-guerra os anos 60 teve uma maior difusão cultural,

redefinindo e reorganizando a produção cultural para a sociedade

contemporânea. “É claro que os artistas sempre reagiram ao mundo em

mutação que os cerca, mas raramente chegaram a desafiar como agora, com

um sentido tão veemente de causa pessoal” (JANSON, H. W.: 1996, p. 127).

No alicerce dessas modificações, a de se considerar a dimensão do que

se representa à propagação da comunicação do mundo, esta estabelece um

novo pilar que amplia a esfera cultural, a partir de um movimento de conexão

crescente com diferentes partes do planeta. “Quando em qualquer lugar do

globo acontece alguma coisa importante, logo ficamos sabendo pelo jornal,

pelo rádio ou pela televisão” (GOMBRICH: 2001, p. 242).

A estabilidade da cultura no âmbito econômico se deu por envolvimento

das esferas políticas culturais, em que atuação exigiu modificação nas

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legislações, também elaboração de procedimentos de controle fiscais e,

investimento no setor. Coligado ao fenômeno do contexto cultural

contemporânea, ocorreu uma vasta produção em várias regiões do planeta,

que ampliou o olhar da indústria cultural. O crescimento das comunicações

alargou a produção da arte, que passou a exibir uma diversidade de formato,

que precipitaram uma junção e um entrelace, constituindo um espaço cultural

globalizado em que vivemos. “Houve muitas mudanças no mundo depois de

1918. Porém algumas dessas mudanças ocorreram tão imperceptivelmente

que hoje elas nos parecem óbvias” (GOMBRICH: 2001, p. 245).

Outra mudança mais radical, ainda associada à tecnologia, diz respeito

ao próprio processo de recepção, que passou a criar outras formas de fazer

arte, agora é possível interagir com o universo artístico, gravuras, desenhos,

quadrinhos, de forma que as novas tecnologias dão vida, aos personagens,

essas, grandes transformações com o uso corrente de aparelhos como: o

videocassete, dvd, as câmeras de vídeo e digital, os microcomputadores,

internet e mais recentemente ipods. ”Quando eu era criança, por exemplo, não

havia televisão, nem computador, nem viagens espaciais, nem energia

atômica” (GOMBRICH: 2001, p. 262). Com a mundialização, as imagens e os

mais diversos assuntos culturais, circundam e interagem em uma proporção

global, num processo de difusão e mudança da cultura de massa.

A produção audiovisual - o cinema e, particularmente, a televisão - é um

caso exemplar e se constitui num dos setores mais sólidos da economia da

cultura. Com relação aos desenhos animados, sua expansão começou com os

primeiros momentos do cinema mudo.

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Segundo verbete “animação” da Wikipedia, o Francês Emile Reynaud,

criou um dos primeiros desenhos animados, foi ele o precursor do sistema de

animação com 12 imagens e também da película com 500 a 600 desenhos.

Apesar de existirem outros relatos sobre existência da animação, antes

mesmo de Reynaud, foi ao francês Émile Cohl que atribuíram a paternidade da

animação. Seus desenhos possuíam personagens com traços simples, sua

maior atividade de produção foi entre 1906 e 1912, em toda a sua carreira

produziu cem filmes.

A evolução do desenho animado se deu pela importante descoberta do

uso da folha de celulóide. Com sua composição transparente a folha de

celulóide, permitia aos artistas sobrepor seus desenhos e cenários compondo

vários fotogramas. Invento que expandiu a criação de desenhos em grande

escala e abriu espaço para o surgimento de algumas animações que

marcaram época como: “dos irmãos Fleisher com sua Betty Boop (anos 20),

Walt Disney com Mickey (1928) e diversos outros personagens e Warner com

Pernalonga, Patolino e Companhia.” (SOUZA, 2007 p.4)

O grande êxito representado pelo desenho animado desde os anos 20

até hoje. Anteriormente começando pelas telas de cinema e atualmente pelos

aparelhos de televisão, demonstra o sucesso que o desenho animado ocupa

na difusão das mídias audiovisuais. Em que o seu formato de comunicação, é

sedutor, ele talvez seja o maior formador de significados, por meio das

histórias fictícias e fábulas, o desenho é um importante ilustrador dos

comportamentos e condutas aceitáveis ou não no contexto social, formulando

conceitos, impondo atitudes para que os indivíduos sejam aceitos por certos

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grupos sociais conforme os preceitos dos padrões ditados. “Os desenhos

animados, hoje, não se limitam ao micro-universo em que estão inseridos - o

texto -, nem ao espaço delimitado pelas ”polegadas“ de uma tela de TV; eles

interagem de forma bastante dinâmica com o mundo real: determinam

posturas,comandam ações, ditam regras” (SOUZA: 2003, p. 25).

Essa irradiação de significados é hábil atingindo espectadores ainda em

formação de valores, as crianças. Estas, desde bem pequenas, são instruídas

na definição de modelos. Assim sendo, o desenho acessa o indivíduo através

das narrativas que abordam normalmente temas de nascimento e morte,

heróis e vilões, etc. Histórias que acompanham e norteiam a vidas das

pessoas desde a infância até a fase adulta.

Dentro dessa perspectiva, é possível afirmar que certos

comportamentos são favorecidos ou ditados pela mídia em forma de

entretenimento. Adorno e Horkheimer: 2000: p.186 ao cogitar o papel da

indústria cultural, percebe-se a dimensão do lugar que ocupa os desenhos

animados e sua capacidade de emissão e formação de significados:

Os desenhos animados (...) apresentavam ações coerentes que só se resolviam nos últimos instantes no ritmo desenfreado das seqüências finais. O seu desenvolvimento muito se assemelhava ao velho esquema da slapstick comedy (comédia pastelão). Mas agora as relações de tempo foram deslocadas. Desde a primeira seqüência do desenho animado é anunciado o motivo da ação, com base no qual, durante seu curso, possa exercitar-se a destruição: no meio dos aplausos do público, o protagonista é atirado por todas as partes como um trapo. (...) Se os desenhos animados têm outro efeito além de habituar os sentidos a um novo ritmo, é o de martelar em todos os cérebros a antiga verdade que o mau trato contínuo, o esfacelamento de toda resistência individual, é a condição de vida nesta sociedade.

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Inicialmente o boom dessa difusão, se deu com o fenômeno, que foi a

expansão da indústria televisiva, com o preço dos aparelhos domésticos

tornando-se cada dia mais acessível, configurando-se no novo campo

audiovisual. Conseguindo um impacto cultural muito forte, vindo a redirecionar

não apenas os caminhos da produção e da linguagem da animação, mas

também o papel do desenho animado enquanto produção cultural no mundo

contemporâneo.

Ainda em relação às indústrias culturais, não se pode deixar de apontar

as HQs como uma das artes que expandiu a comunicação, desde o tempo de

suas primeiras criações até os dias de hoje. Quadrinhos ou histórias em

quadrinhos, as conhecidas HQs, são contos com desenhos em uma

continuidade, usualmente sequenciado no sentido horizontal, acompanhados

de pequenos textos de diálogos nos chamados “balões” e também,

normalmente aparecem algumas descrições da situação que o quadrinho

deseja comunicar.

“As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos são no

começo do século XX, na busca de novos meios de comunicação e expressão

gráfica e visual.”(JARCEN, 2007 P.2) A propagação desse meio de

comunicação de massa, se deu por conta do desenvolvimento da tecnologia,

imprensa e as novas formas de impressão. Jarcen, 2007 p.2 destaca os

precursores na arte das HQs:

O suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges ("Christophe") Colomb, e o brasileiro Angelo Agostini. Alguns consideram como a primeira

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história em quadrinhos a criação de Richard Fenton Outcalt, The Yellow Kid em 1896. Outcalt essencialmente sintetizou o que tinha sido feito antes dele e introduziu um novo elemento: o balão. Este é o local onde se põe a fala das personagens.

Os quadrinhos nas décadas inicias eram peculiarmente voltados para o

humor. Os temas das histórias eram basicamente travessuras de crianças e

bichinhos, como Popeye (de E.C. Segar) e nos anos 30 eles cresceram,

invadindo o gênero da aventura.(JARCEN, 2007 P.2) Das narrações voltadas

para a categoria aventura é possível citar os clássicos: Dick Tracy, de Chester

Gould, Flash Gordon, de Alex Raymond. No mesmo período também

apareceram, três estilos: a ficção científica, o policial e as aventuras na selva.

“Como exemplo Tarzan de Foster. No final da década de 30, surgiu o primeiro

super-herói que possuía identidade secreta, Superman de Siegel and Shuster.”

(JARCEN, 2007 P.2). Esses personagens marcaram o começo da Era de

Ouro.

Entre 1940 à 1945 surgiram muitos super-heróis, entorno de uns

quatrocentos, poucos foram os sobreviventes. Mas dentre todos esses, dois

devem ser destacados, segundo Jarcen, 2007 p.5:

Batman, criado em 1939 por Bob Kane, uma figura sombria (inspirada na máquina voadora de Da Vinci e no Zorro) cuja fama ultrapassaria a do Superman nos anos 80, e o Capitão Marvel, de C.C.Beck, um jovem que ganhava poderes mágicos toda vez que falava a palavra Shazam!, um acrônimo de nomes de deuses antigos. Vários personagens se alistaram e foram para a II Guerra Mundial, e os quadrinhos se tornaram armas ideológicas para elevar o moral dos soldados e do povo.

A Guerra gera mudança, altera à esfera da produção cultural das

histórias em quadrinhos que redireciona sua função no âmbito da recepção da

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comunicação. “Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a produção cultural

e artística não pode mais ser encarada apenas do ponto de vista do

entretenimento ou do prazer estético.”(Ramos e Bueno, 2001 p.11) Então,

torna-se evidente o papel cultural das HQs e da arte no final do século XIX,

dialogando nesses espaços os problemas importantes do mundo

contemporâneo, tratando de temas tanto da esfera pública quanto da privada.

O maior ícone do período da guerra é o Capitão América, de Jack Kirby e Joe

Simon. Na capa de sua primeira revista ele combatia o próprio Adolf Hitler.

(JARCEN, 2007 p.5). Nesse mesmo viés e de acordo com Jarcen, 2007 p.5,

algumas histórias foram especialmente desenvolvidas com objetivo político,

dentre elas destaca-se o herói Sentinela da Liberdade, que acabou sendo

“recrutado” para lutar na II Guerra Mundial.

O desenvolvimento das histórias em quadrinhos levou a uma expansão

da sociologia da cultura, da comunicação, das artes. As HQs também é

reconhecida hoje, depois de sofrer inúmeras repressões, como a nona arte,

apesar do seu sucesso junto a crianças e adultos, os quadrinhos foram durante

quase um século vistos como uma arte “menor”, popular demais para ser

aceita como a “nona arte” por uma sociedade com uma visão cultural elitista

(as outras oito artes são: música, dança, pintura, escultura, literatura, teatro,

cinema e fotografia). As histórias em quadrinhos na década de 60, começaria a

mudar essa visão, com o surgimento da Pop Arte, que com sua linguagem

conseguiu, mobilizar a maioria dos setores intelectuais da sociedade, como a

crítica, a imprensa, a psicologia, a política, as ciências.

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Dentro dessa perspectiva podemos relacionar a evolução da HQs para

os meios áudio visuais, pois muito antes de alguns serem super astros

cinematográficos e bem antes de outros serem super amigos reunidos em

alguma sala da Liga da Justiça, todos eles tinham algo em comum. Conforme

Anaz, 2008 p.1, os principais personagens das histórias em quadrinhos,

estrelaram nas telas do cinema e depois se popularizaram através dos

desenhos animados. Entre eles:

Batman, Super Homem, Homem Aranha, Homem de Ferro, Coringa, Lex Luthor e Os Quatro Fantásticos, entre tantos outros vilões e heróis famosos, nasceram da mesma forma. Eles surgiram para o mundo através das histórias em quadrinhos, uma arte que durante décadas foi incompreendida e vista preconceituosamente.

Nos anos 80, realça o desenvolvimento da cultura pop e o aparecimento

de novos artistas que inovaram as HQs. Entre eles, destacam-se: Neil

Gaiman, Alan Moore e Frank Miller, eles tornam os quadrinhos representativos

e com importância artística equiparada as demais artes. Segundo Anaz, 2008

p.3, os avanços nessa linguagem permitiram a difusão para os meios

audiovisuais:

Delas saíram alguns dos mais bem sucedidos e populares sucessos do cinema e da televisão nas últimas décadas. Até mesmo as artes plásticas, com a Pop Arte, e o teatro têm incorporado a linguagem e as criações dos quadrinhos.

As histórias em quadrinhos têm renovado constantemente sua

linguagem e revelando artistas geniais e personagens inesquecíveis em todos

osgêneros. .

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CAPÍTULO II

A inevitável influência dos desenhos animados aos alunos

das séries iniciais.

Antigamente, apenas o sistema escolar e a família faziam com que as

crianças descobrissem e conhecessem o mundo exterior. Hoje em dia, isso já não

acontece.

O aparecimento da mídia, mas especificamente a televisão, mudou o hábito

das pessoas que outrora se reuniam nas praças, calçadas, esquinas e bares em

que conversavam, discutiam e contavam histórias de situações do seu dia a dia.

Com as crianças, não foi diferente. Elas foram abandonando as “peladas”, as

brincadeiras de rua e cederam suas atenções aos “encantos” da televisão. Entre

esses e outros elementos, é possível afirmar que a magia exercida pela TV mantém

as crianças boa parte do tempo diante da tela. Com toda a dimensão e aceitação

que esse meio de comunicação tomou, admitiu-se uma mudança nos costumes e no

cotidiano dos lares.

Diante das mudanças geradas pelo papel de importância que à televisão e as

mídias passaram ocupar, podemos considerar que a TV tornou-se um equipamento

do qual não abrimos mão. “É um objeto técnico, eletrônico, que habita os lares, bem

como as escolas, bares, restaurantes e outros ambientes da sociedade”. (FISCHER,

2005).

As crianças são intensamente cativadas, pelos inúmeros desenhos animados

existentes hoje em dia, muitos deles, com muita luz, ação e violência, cultivando

atitudes e valores que podem ser reproduzidos pelas crianças. Mas ainda não é

possível afirmar, de uma maneira precisa, se as crianças são influenciadas a tal

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ponto de transmitirem, integralmente, o que visualizaram neste ou naquele desenho

animado.

A televisão exerce um encantamento sobre a criança que a imobiliza e a

mantém presa. As motivações que a retém defronte a TV, se distingue das dos

adultos, pois esses assistem e conseguem deslocar suas atenções para outros

afazeres, sem que a TV mude os seus desejos.

As crianças também se divertem ao ver televisão, mas de uma forma

diferente, pois vêem nas imagens transmitidas pela televisão, uma maneira de

interpretar e compreender o mundo. Dessa forma qualquer outra atividade é

descaracterizada por ela como algo secundário. Fazendo com que, ela não abra

mão dos momentos que tem em contato com a TV. “As crianças usufruem desse

aspecto de diversão da televisão, tem muita dificuldade em distinguir a realidade da

ficção, devido à compreensão limitada que possuem do mundo” (POPPER, 1999, p.

37).

Compreender que a TV desempenha grande influência em nossas vidas, quer

seja como forma de lazer, quer seja pela informação dos acontecimentos ocorridos

no mundo, é também não negar o domínio exercido especificamente na vida das

crianças e a importância que elas dão a utilização desse meio audiovisual. De

acordo com Pougy (2005), a criança relaciona-se com a TV do mesmo modo que se

relaciona com o que está a sua volta. Para ela, a TV constitui-se em um jogo

simbólico, como são as brincadeiras infantis. A criança é receptiva às mensagens

veiculadas pela TV: ela recria de acordo com suas experiências em um processo de

troca de conhecimentos.

Segundo Fischer (2002) a mídia participa da constituição de sujeitos e

subjetividades na medida em que produz imagens, significações, enfim, saberes que

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de alguma maneira se dirigem à "educação" das pessoas, ensinando-lhes modos de

ser e estar na sociedade em que vivem. É necessário, assim, ressaltar que não se

pode negar que a mídia exerce influência na formação desse sujeito ao lado da

escola, família, instituições religiosas a sociedade em geral.

2.1 A Criança e a absorção das informações da TV de forma passiva

A criança tem uma formação ainda imatura para discernir e avaliar, logo, se

torna receptora passiva dos conceitos transmitidos pelos desenhos animados.

Contudo, se existir, de alguma maneira, um tratamento das mensagens recebidas,

se dará chance à criança pensar, dialogar, analisar e aprender o melhor exemplo a

seguir. Assim, a criança desfrutará de forma mais proveitosa, sob a ótica

pedagógica, o momento de exposição à TV.

A influência de um desenho animado no comportamento da criança também

depende da vida que ela leva, pois os desenhos oferecem, em sua maioria,

conteúdos que elencam princípios éticos, morais, padrões de condutas e atitudes

que são importantes para a formação da criança e que podem ensiná-la a agir da

mesma maneira. Por isso, é necessário fazer uma ponte entre o que a criança tem

dentro e fora de casa, ou melhor, uma criança que tem uma vida tranqüila com a

família e com os amigos pode absorver de maneira totalmente distinta de outra

criança que tem uma vida conturbada, cheia de problemas em casa e/ou na escola.

Entretanto, não é preciso procurar muito na programação infantil para se deparar

com cenas que podem influenciar negativamente no comportamento infantil. Os

desenhos animados, com sua aparente inocência, geralmente podem representar

comportamentos que, não somente explicita a violência, como também traição,

deboche, humilhação, inveja, etc. A criança passiva diante desses sentimentos, sem

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uma mediação do adulto, não conseguirá, sozinha, distinguir a conduta reprovável

do personagem do desenho.

É importante ter cuidado com o que os desenhos ensinam. Assim, deve-se

entender o encantamento que a televisão gera nas crianças como um dos princípios

da nossa investigação, para, em seguida, articular esse aparelho com a realidade do

contexto social da criança: “A imobilidade diante da televisão, o inebriar-se diante

da imagem, o deslumbramento propiciado pelas cores e pelos movimentos, o

embevecimento aturdido de quem vive outra realidade” (PACHECO: 1998, p. 25).

Os desenhos retratam bem esse fascínio gerado nos pequenos e os personagens

as levam relacionar o real com o imaginário. “Chapeuzinho Vermelho precisa

atravessar a floresta para chegar à casa da vovó. Branca de Neve é abandonada na

floresta pelo caçador compassivo” (PACHECO: 1998, p. 26). Inconscientemente as

crianças tentam interpretar e fazer suas leituras de mundo.

GIRADELLO (2005), afirma que as crianças em geral são capazes decodificar

a televisão de forma ativa, ou seja, construindo e desconstruindo saberes a partir

desse referencial que é a televisão. Existem vários programas que têm um formato

que agregam valores culturais e significados. No entanto, nem mesmo estes

programas dão conta do modo particular de assistir e assimilar das crianças.

Portanto, elas necessitam da compreensão dos adultos, no sentido de percebê-las

como únicas e que a maneira de decifrar os apetrechos dos programas

televisionados dependerá de questões cognitivas, culturais, sociais, biopsicossocial,

dentre outras.

Entender, reconhecer e admitir o modo singular das crianças construírem o

conhecimento e as linguagens que utilizam para interpretar o mundo é o grande

desafio da educação, da família e da sociedade em geral.

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2.2 Os desenhos animados como instrumento de dominação e expansão cultural.

Podemos perceber claramente que a televisão faz parte de nossas vidas e o

seu ato particular de comunicar também: “vários estudos mostram que a

comunicação (no caso da TV) constrói a realidade, isto é, uma coisa passa a ser

“realidade”, sociologicamente falando, se é vinculada” (PACHECO: 1998, p. 29). E é

de suma importância salientar a questão ética que deve fazer parte do que é

vinculado nos meios de comunicação. “Não podemos deixar de lembrar que, muitas

vezes, a comunicação pode fazer das crianças não pessoas criadoras e autônomas,

mas sujeitos sujeitados, meros executores de ordens, pessoas saciadas, satisfeitas,

“preenchidas”. (PACHECO: 1998, p. 45). Diante dessa realidade a comunicação o

educador deverá assumir, propositadamente, uma visão crítica diante da

problemática da televisão com referência à criança.

Não dá para rejeitar o grau de representatividade que a TV tem no ofício de

dominação e difusão cultural. Acompanhar o que é veiculado, o processo de

transformação que está embutido nessa realização e mediar a produção do

conhecimento científico produzido pela humanidade, é necessário! É preciso ter um

olhar crítico para não se manter de forma alienada diante dos meios de

comunicação. “Evidentemente, isso não quer dizer que todas as notícias que

recebemos de todos os cantos do mundo sejam certas” (GOMBRICH: 2001, p. 244).

A ideia, principal é procurar relacionar as finalidades e as funções educativas da

televisão, como também salientar a importância desse veículo de comunicação que

penetra por acessos inimagináveis de espaço e tempo.

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2.3 - As cores, movimentos e os recursos tecnológicos seduzem a criatividade e a aprendizagem das crianças.

Vivemos em uma época em que a criança adquire o conhecimento de

maneira abrangente e não só de forma organizada e sistematizada pelas instituição

de ensino. Um manancial de conhecimentos adquiridos de modo espontâneo desde

já a mais tenra infância, e não a partir da educação formal da criança. Experiência

que é profundamente marcada pelo frequente contato com as imagens da TV que

exerce um poder capaz de moldar a conduta como a criança se relaciona com a

cultura e elabora novas formas de acessar a informação e construir seu

conhecimento.

A criança de frente à televisão, geralmente sozinha, está sujeita precisamente

a uma sobre-estimulação visual, dada, sobre tudo, pela velocidade com que se

sucedem as imagens e a sua diversidade, técnica que é própria da mídia eletrônica.

“Esta exposição que começa na televisão e se prolonga depois nos jogos de

computador, "game boy", internet, etc. - poderá condicionar o cérebro a um alto

nível de estimulação.” (PACHECO: 1998: p.31). Para PACHECO (1998),

restabelecer bem essa ponte reflexiva entre a exposição das crianças diariamente

ao meio televisivo e discussão da necessidade de uma visão mais investigativa

quanto a sua influência, deve-se se dar da seguinte forma:

“A reflexão sobre a produção cultural para a infância induz, em primeiro lugar, à compreensão do que seja uma criança: como ela pensa, como ela sente, como ela percebe, como ela representa as coisas e os eventos de seu cotidiano. Ter essa compreensão exige um suporte teórico que não se esgota na psicologia, embora esta seja indispensável. É necessário conhecer o desenvolvimento do ser humano em sua totalidade dialética, em seus aspectos biopsicossocioculturais. Como evolui o desenvolvimento do pensamento? O que é

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desenvolvimento cognitivo? O que são estruturas mentais? Existe uma cronologia no desenvolvimento dos esquemas mentais? Como atuam os condicionantes socioculturais?”

É importante perceber como as tecnologias fazem parte da práxis da

imaginação e criatividade das crianças - sejam elas a TV, o Vídeo, o DVD, os

computadores -, proporcionando uma nova maneira de desenvolvimento cognitivo

infantil. A utilização desses instrumentos, transformam as necessidades das

crianças; processo esse que induz alterações no funcionamento do cérebro,

exigindo de nós uma nova perspectiva: aceitar o fato de que as crianças de hoje são

portadoras de novas competências apropriadas a este novo século. Essa mudança

nas nossas crianças pode ser a parte visível de uma transformação na inteligência

humana, traduzida numa sucessão de formas de pensar mais imediatas, visuais e

tridimensionais. Reconhecer essas novas potencialidades, nos remete a aceitar e

articular uma nova forma de aprender e ensinar, entendendo que é assim que

ocorre o processo cognitivo dos nossos pequenos, até mesmo antes de

frequentarem a escola. Segundo PACHECO (1998) devemos nos aproximar do

entendimento desse conjunto de coisas e fatos que fazem parte da nossa realidade

infantil hoje:

“Crianças efetivamente se prendem a cenas que descrevem processos nos quais podem participar. Exemplo: dança de chacretes. Outra observação é que a TV parece ser mais um meio de incorporação das energias potenciais da criança do que um meio de informação. Em outras palavras, o vídeo é algo estranho às crianças, ele é um objeto cuja técnica elas não conseguem elucidar. Mas, ao mesmo tempo, os desejos das crianças em forma de imagem, o que está no vídeo é o que elas gostariam de estar fazendo. Uma outra abordagem é que o ritmo e a movimentação dos desenhos animados mobilizam-nas, são formas lúdico-fantásticas, e aí está o imaginário adquirido pelas personagens durante, ou por causa de, suas incríveis façanhas. Nelas, as crianças encontram elementos para fazer do desenho animado uma possibilidade ilimitada de brincar com a própria imaginação.”

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A televisão educa incessantemente nossas crianças, seja com imagens de

princípios e valores morais, seja com imagens que desconstruam estes valores. As

imagens que elas estão expostas diariamente retratam fatores comuns no cotidiano

das famílias e escolas. Filmes, novelas, músicas, desenhos e videogames têm

relação direta com a cultura da criança, fundindo história e verdade através de uma

cultura oral e áudio-visual que é consumida pela criança. As emissoras, portanto,

dentro dessa plasticidade, desenvolvem uma linguagem visual, sonora e narradora

de histórias, enquanto o olhar do espectador vislumbra toda a magia do objeto que

lhe é transmitido. Neste jogo de sedução, se constrói e se reconstrói a memória, os

sentidos e as recordações.

Diante dessa constatação - de que as crianças aprendem com os meios

comunicativos e que para elas, conhecer o mundo por esse recurso faz parte da

construção cognitiva própria de sua época -, talvez seja o momento de a TV ser

utilizada pela escola como instrumento de um novo despertar, mostrando imagens

do mundo real vivido e criando uma memória que possa, talvez, nos permitir uma

outra forma de educação, saindo do vício da oralidade e criando outras formas de

ensinar. Sendo assim, o despertar para a TV, enquanto ferramenta pedagógica,

pode permitir ampliar a visão do aluno e do próprio professor à percepção de outros

mundos e a relação com outras linguagens. “São muitos os fatores que interferem

na construção da nossa visão de mundo, e também na visão de mundo das

crianças. A TV é apenas um deles. Como educadores, precisamos fortalecer outros

caminhos – tão importantes e, às vezes, mais poderosos” (PACHECO: 1998, p. 52).

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CAPÍTULO III

O desafio dos Educadores diante dos valores dos

desenhos animados.

O pressuposto fundamental da educação escolar é a preparação das

crianças para o exercício pleno de sua cidadania, através de um processo

educacional que deve “preparar os alunos intelectual, científica e

profissionalmente para compreender a realidade social, econômica, política e

cultural em que vivem e, ao mesmo tempo, prepará-los para uma participação

efetiva no processo de mudança dessa realidade” (RODRIGUES: 2003, p. 40).

Deve-se organizar os conteúdos curriculares de forma a articulá-los e

compatibilizá-los com as mensagens inseridas nos programas infantis, bem

como desenvolver esta proposta curricular de forma que seja possível se

beneficiar do imaginário na construção do conhecimento, não

descaracterizando ou invalidado sua importância nesse processo de

descoberta da criança.

A construção de novas perspectivas educacionais que possam contribuir

para um professorado “aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos

alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa

que tenho a de ensinar e não a de transferir conhecimento” (FREIRE: 1996, p.

31). Contribuindo para a “formação de uma sociedade mais justa e humana, de

um mundo em que a criança poderá encontrar veredas por onde caminhar em

companhia de sua individualidade sem correr os riscos da massificação”

(PACHECO: 1998, p. 62). OU seja, tornar evidente a importância de uma

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educação progressista, fazendo valer a ideia que a escola não pode mais

assumir uma atitude saudosista, nostálgica, e muitas vezes conservadora ou

retrógrada, diante da linguagem audiovisual, mas que precisa ensinar a

desvendar o que ela esconde e/ou revela.

Diante da necessidade real de uma formação docente que encare as

transformações tecnológicas como parte integrante do processo educativo de

nossas crianças. Deve-se levar em conta um trabalho que envolva as

“disciplinas curriculares com base em eixos temáticos globalizados e que

fazem parte do cotidiano de uma sociedade plural” (PACHECO: 1998, p. 69).

Mais do que integrar a escola e a sociedade por meio da comunicação social é

desenvolver uma “educação, formal ou informal, que considere esses eixos

temáticos como ‘fins’ e não como ‘meios’, estará possibilitando a formação do

cidadão consciente e crítico dos seus direitos e das suas responsabilidades”

(PACHECO: 1998, p. 71).

Partindo da análise de conteúdos da produção cultural para a infância,

possibilitará ao professor que exerça uma mediação no processo educacional

e faça uma leitura crítica do que é absorvido pelo público infantil. Essa análise

desempenhará uma nova interpretação do papel da escola e a quebra de

paradigmas por parte dos educadores, sendo possível visualizar a importância

da “apropriação dos conteúdos dos diversos meios de comunicação,

notadamente a linguagem televisiva, para a utilização adequada de novas

estratégias no desenvolvimento curricular” (PACHECO: 1998, p. 81). Esse

esforço do docente permitirá um processo ensino-aprendizado mais

significativo para ambas as partes, tanto para o professor, quanto para o

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educando, permitindo o desenvolvimento de seres humanos com uma visão

crítica da realidade e preparado para co-participar das transformações sociais.

Aprofundar essa questão nos fará perceber que a TV, muito além do

que estar a serviço da massificação cultural, pode muito bem sem manejado

como um instrumento fomentador da educação, através de uma forma mais

lúdica e investigativa. É claro que, para isso, será necessário meticulosas

pesquisas e planejamento das ações educativas por parte do professor, com

objetivos bem definidos, para que, dessa maneira, seja possível romper com a

natural passividade dos nossos telespectadores-mirins diante da magnética

tela da televisão. Assim, será possível conduzir o processo educativo para uma

abordagem mais reflexiva sobre a influência da TV sobre as nossas crianças,

evitando-se que a ação dos adultos na criação desses programas não tratem a

criança como um adulto em miniatura, um objeto de cenário ou, ainda, um

multiplicador do consumo.

3.1 – Os desenhos como um bem cultural.

Hoje, a TV é o meio de comunicação predominante, e o desenho

animado, para o universo infantil, é um instrumento de socialização,

entretenimento, informação e publicidade, que está a serviço de interesses do

mercado. Por meio dela, os pequenos aprendem a conhecer a si mesmos e ao

mundo, mas também aprendem a consumir.

No século XX, as tecnologias de cinema, rádio e TV fizeram o

audiovisual superar a comunicação escrita. Estamos vivendo a cultura do

audiovisual, que é um meio de comunicação que está apoiado no despertar

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das emoções e dos sentimentos, utilizando-se da audição e da visão das

nossas crianças. Elas têm aprendido a reconhecer novas culturas, sendo que

os programas de TV têm servidor como principal fator a permitir a

“pasteurização” da cultura, o que é muitas vezes identificado como um dos

efeitos da globalização. A partir da expansão dos meios de comunicação, foi

possível vincular inúmeros tipos de desenhos animados oriundos de todas as

partes do mundo, sendo que tais representações gráficas, por manterem a

essência de suas particularidades, acabam por difundir a sua cultura de

origem.

Difusão cultural que não se pode perder de vista no exame minucioso

da amplitude desse processo educacional. “Nesse processo, está, de fato,

além da educação deliberada, intencional, a educação não formal, resultante

da “ação difusa e assistemática do meio”. (LAGO: 1986, p. 35)

A partir da visão que as crianças constroem, do que elas assistem nos

seus televisores, elas representam socialmente suas relações interpessoais no

seu cotidiano. LAGO (1986, p. 38) descreve tal representatividade.

“Para prender a atenção da criança e sossegá-la, dão-lhe programas cheios de heróis fantásticos – de heróis que matam, voam, viajam no espaço e realizam coisas fabulosas. Os primeiros programas possivelmente nada significam para a criança. Olha-os como olha, curiosa de ver tudo, uma cena da rua ou da escola. A criança, como se diz, quer estar em tudo. As histórias, porém, se repetem, seguem a mesma seqüência e a criança acaba, com o tempo, interessada pelas fantasias dos heróis apresentados, através do programa. Na praça, procura, juntamente com seus companheiros, representar o papel desses heróis (...) Vai depois para a escola e essas mesmas brincadeiras se repetem, praticamente, todos os dias.”

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O Docente deve aprimorar o estudo e compreender o significado do

lúdico no desenvolvimento infantil, considerando importante o imaginário no

processo de construção do conhecimento da criança, que utiliza as mais

diferentes linguagens para desenvolver idéias e hipóteses sobre aquilo que

busca desvendar. Contudo é inegável que a televisão faz parte desse processo

com sua multiplicidade de interações sociais, permitindo com que a criança

estabeleça relações com outras instituições sociais. Compreender como a

criança pensa, sente, percebe, representa o que lhe é transmitido e relaciona

sua leitura de mundo a partir dos eventos do seu cotidiano, é sem dúvida uma

questão nodal no debate presente entre pais, educadores e pesquisadores.

3.2 – A riqueza das informações e do imaginário.

Cada vez mais, a cultura da mídia vai se constituindo como uma esfera

de informação e desenvolvimento da imaginação da criança. A experiência das

crianças, que têm contato constante com os meios tecnológicos, demonstra

que essa diversão, ao mesmo tempo estimula o consumo e propaga a

violência, também instiga a inteligência e gera aprendizado e cultura. E tudo

por meio da brincadeira que desenvolve as particularidades da socialização e

constituem suas identidades através de produções e personagens que

ganharam o mundo na forma desenhos animados, videogames, filmes, cards,

jogos de computador e brinquedos que proliferam pela Internet, entram no

vestuário das crianças, viram acessórios, enfim, tornam-se um modo de

expressão e de linguagem próprias das crianças.

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Diante do fascínio que os meios áudios visuais provocam nas crianças,

nota-se que é preciso uma reavaliação na postura dos adultos em relação a

essa realidade. Percepção que perpassa por aceitar a nova era - uma

revolução técnico-industrial - advinda das novas tecnologias da informação.

Segundo PACHECO (1998), é uma revolução silenciosa que veio para ficar e

se caracteriza pelo desenvolvimento das telecomunicações, da informática, da

automação de serviço, dos robôs, dos satélites e até dos eletrônicos usados

para o lazer. A idéia do aceitar, não delibera a condição de submeter-se, mas

de investigar as informações oriundas dos meios midiáticos. PACHECO (1998,

p. 86) descreve que ao tomar conhecimento de que os meios de comunicação

e sua evolução fazem parte do fenômeno em que vivemos atualmente, o olhar

deve ser voltado para a pessoa da criança que, em função de sua imaturidade,

ainda não consegue sozinha analisar ou se defender das mensagens e suas

intencionalidades vinculadas nos recursos tecnológicos:

“Mas conhecer a criança é pensá-la não apenas numa perspectiva evolutiva e etária. Conhecer a criança é pensá-la como um ser social determinado historicamente. Conhecer a criança é pensá-la interagindo dinamicamente, influenciando e sendo influenciada. Conhecer a criança é pensá-la como um ser de relações que ocorrem na família, na sociedade, na comunidade. É conhecê-la em casa, na escola, na igreja, na rua, no clube, em seus grupos sociais, nas ‘peladas’, enfim, em todas as suas atividades.”

As profundas alterações provocadas na interação no cotidiano, na

cultura, nas artes, no comportamento, nas formas de conhecer e na de pensar

das pessoas em relação ao estreitamento do contato do homem com a

máquina, separa os adeptos, e os que as vêem com um bem maligno para as

crianças, gerando uma oposição que desvincula a cultura da tecnologia como

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um bem que ensina, apesar de ser possível notar que a criança aprende

movida pela brincadeira. Isto é, ao assistir a um desenho animado na TV, ao

“fuçar” outros meios tecnológicos, a criança vive experiências, decifra

mensagens, vence desafios, comete erros que a ajudam a compreender o

mundo em que ela vive e a criar um repertório próprio para o seu tempo. Uma

aprendizagem e uma experiência que desenvolvem um tipo de inteligência que

a criança consegue interagindo com esses meios e linguagens e que ocorre

dentro de casa, sem a mediação do professor. A criança adquire, sozinha, com

um amigo ou em grupo de crianças da mesma ou mais idade que a sua esta

aprendizagem: “Não obstante todas essas mudanças, nossas crianças,

efetivamente, têm incorporada a linguagem audiovisual nos seus cotidianos. E

se relacionam muito bem com ela” (PACHECO: 1998, p.103).

3.3 – O desenho, o lúdico e o desenvolvimento infantil.

É importante entender que o desenho animado desperta o aprendizado

a partir do lúdico, entendido como o envolvimento da criança no jogo e na

brincadeira. Isso nos leva a perceber que o aprender dessa forma estabelece

um fenômeno cultural antigo, pois as animações, antes de serem conhecidas e

existirem o jogar e o brincar, já eram parte do imaginário e da prática infantil. A

criança, em face desses aspectos, desenvolve uma forma básica na

comunicação infantil a partir da qual ela inventa o mundo e elabora os

impactos exercidos ao provar das experiências.

O professor deve ser, como um sujeito dinamizador e reconhecendo as

particularidades da construção do saber dos alunos, consciente de que o

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tempo e as formas de aprendizado não são mais as mesmas de alguns anos

atrás. Ele necessariamente precisa acompanhar as evoluções do seu tempo:

“O professor tem um leque de opções metodológicas, de possibilidades de

organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar

com alunos presencial e virtualmente, de avaliá-los” (MORAN: 2000, p. 32). O

professor é responsável pela organização dessa relação, para desenvolver,

simultaneamente, o intelectual co as aptidões sociais. O aluno é um ser ativo

e capaz de assimilar a realidade externa de acordo com suas estruturas

mentais. Assimilar o mundo é transformá-lo, representando-o de forma

subjetiva. O processo de aprendizagem deve despertar o interesse,

estimulando a curiosidade e a criatividade. Ou melhor, o interesse relacionado

à atividade lúdica no processo ensino-aprendizagem. Essa perspectiva de

interagir o imaginário com o lúdico, fazendo uso dos meios áudio visuais, nos

remete, essencialmente, à discussão sobre a didática e a postura do educador.

MORAN (2000) discorre muito bem sobre a força que os meios audiovisuais

exercem sobre as nossas crianças:

“Televisão e vídeo são sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem superpostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Atingem-nos por todos os sentidos e de todas as maneiras. Televisão e vídeo nos seduzem, informam, entretêm, projetam em outras realidades (no imaginário), em outros tempos e espaços”.

Através da projeção de animações, a criança aprende brincando, sem

perceber, desenvolvendo novas formas de ação. Exercita a mente, desperta a

criatividade, e possibilita imaginar situações e reproduzir momentos

importantes de sua vida. “A criança também é educada pela mídia,

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principalmente pela televisão. Aprende a informar-se, a conhecer – os outros, o

mundo, a si mesma -, a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo, ‘tocando’

as pessoas na tela, pessoas estas que lhe mostram como viver, ser feliz e

infeliz, amar e odiar” (MORAN: 2000, p. 33). Assistir a desenhos animados é,

de certa maneira, uma forma de lazer na qual estão presentes as vivências de

prazer e desprazer. Representam uma fonte de conhecimento sobre o mundo

e sobre si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de recursos cognitivos

e afetivos da criança de forma a favorecer o raciocínio, a tomada de decisões,

a solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo.

Logo, os desenhos animados, entendidos como construtores do saber

da criança, assumem um papel de suma importância, pois trabalham o lúdico e

atuam como produtores de sentimentos e significações na formação da

subjetividade da criança. Essa atividade proporciona um momento de

descontração e de informalidade que a escola pode muito bem se valer.

“Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não ‘aula’, o que modifica a

postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos aproveitar essa

expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso

planejamento pedagógico” (MORAN: 2000, p. 36).

Portanto, passa a ser função inclusiva reconhecer que as crianças

aprendem com o imaginário que partem da linguagem dos desenhos

animados. Porém, a introdução de um espaço de investigação, constitui uma

atividade que não é fácil de se propor, uma vez que requer o desenvolvimento

da habilidade de brincar do professor. Nesse sentido, a criação desse espaço

da brincadeira, que envolve a relação professor e aluno, acaba por diferenciar

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do espaço da sala de aula. Essa diferenciação necessita de um aprendizado

de ambas as partes.

3.4 – Os desenhos animados e o educador.

Inicialmente é importante registrar a mudança no perfil das nossas

crianças dos nossos dias, principalmente no que concerne à capacidade de

desenvolver uma série de atividades concomitantemente. Essa capacidade

nos faz perceber que, desde os primeiros anos de vida, se vislumbra um

cenário na qual a infância vem se construindo cada vez mais como uma esfera

marcada pela autonomia, na qual as próprias crianças assumem o papel de

protagonistas de suas próprias narrativas pessoais, respondendo aos

incontáveis estímulos em forma de narração midiáticas que a colocam como

“heróis-crianças” nas séries animadas, como por exemplo: Meninas super

poderosas, Laboratório de Dexter, Jimmy Nêutron, etc. Essa interferência da

TV na vivência infantil nos alerta à necessidade de se fazer uma dialética entre

a educação e a comunicação trazida pelos desenhos animados. “Sem crítica

na TV e até na escola, estamos criando uma geração sem a noção de no quê

confiar ou do quê desconfiar, uma geração que perde os limites, já que o que é

mostrado é que se pode tudo” (PACHECO: 1998, p. 122). O professor deve

refletir que as mídias trabalham a favor da educação e que não há dissociação

entre ambas, tanto no ato de educar quanto no de deseducar; tanto no ato de

socializar ou quanto de dessocializar. Sem criticar a TV e até mesmo a escola,

estamos criando uma geração sem a noção de no quê confiar.

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As crianças já estão nascendo em uma sociedade globalizada. São

educadas e integradas socialmente em qualquer grupo através da

comunicação de massa. Assim, já são dependentes, ou seja, sentem

necessidade da informação midiática e, da mesma forma, de qualquer tipo de

entretenimento tecnológico. E as crianças, como nós, passam a contar com

esses recursos à sua disposição na sua vida cotidiana. Considerando esses

fatos, MORAN (2000) relata como somos acometidos com ímpeto a uma

mudança de prática no fazer educação.

“O professor, como já foi dito, também assume uma nova atitude. Embora, vez por outra, ainda desempenhe o papel do especialista que possui conhecimentos e/ou experiências a comunicar, no mais das vezes desempenhará o papel de orientador das atividades do aluno, de consultor, de facilitador da aprendizagem, de alguém que pode colaborar para dinamizar a aprendizagem do aluno, desempenhará o papel de quem trabalha em equipe, junto com o aluno, buscando os mesmos objetivos; numa palavra, desenvolverá o papel de mediação pedagógica”.

No cotidiano escolar é possível, articular a utilização dos desenhos

animados como um instrumento pedagógico na educação das crianças.

Segundo PIERRE LÉVY (1993), o conhecimento poderia ser apresentado de

três formas diferentes: oral, escrito e digital. Embora as três formas coexistam,

torna-se essencial reconhecer que a era digital vem se apresentando com uma

significativa velocidade de comunicação. Neste processo de enfrentamento

oriundo do avanço da tecnologia, a escola não ficará imune.

Assim, nesta expectativa, os desenhos animados e as novas tecnologias

contemporâneas podem ser utilizados como instrumento pedagógico

transdisciplinar. “Haverá necessidade de variar estratégias tanto para motivar o

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aprendiz, como para responder aos mais diferentes ritmos e formas de

aprendizagem. Nem todos aprendem do mesmo modo e no mesmo tempo”

(MORAN: 2000, p. 144). Com base na necessidade de se manejar diversos

instrumentos pedagógicos, as animações poderão ser aproveitadas para

trabalhar com as disciplinas de história, geografia, ciências, educação artística,

bem como é possível trabalhar com a cultura, os valores e os costumes. Aqui,

pretende-se, principalmente, orientar o educador a compreender que é preciso

dar um basta à estagnação, à padronização e à racionalização dos

procedimentos formais do ensino e ao desestímulo no processo de ensino-

aprendizagem. MORAN (2000) representa a importância de uma reavaliação

das práticas docentes:

“(...) pode-se concluir que é impossível dialogarmos sobre tecnologia e educação, inclusive educação escolar, sem abordamos a questão do processo de aprendizagem. Com efeito, a tecnologia apresenta-se como meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de aprendizagem. A tecnologia reveste-se de um valor relativo e dependente desse processo. Ela tem sua importância apenas como um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem de alguém. Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes”.

Propor uma prática que evidencie o uso dos desenhos animados como

um instrumento pedagógico, nos traz um importante saber que é aprender a

fazer a leitura destes desenhos, ou seja, trazer seu argumento para análise e

exame, visando compreendê-los a partir da realidade e do assunto de cada um

deles. O desenho animado é um meio social de expansão cultural. É uma

ferramenta psicológica, que pode ser inserida em sala de aula. Como

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instrumento para permitir o desenvolvimento psíquico e cognitivo das crianças.

“O docente com visão holística propicia ações que levem à criação, à

imaginação e às atividades que promovam a aprendizagem, contemplando o

homem como um todo” (MORAN: 2000, p. 138).

O professor necessariamente precisa querer se familiarizar com este

tipo de saber. Ele deve realizar sua reflexão, apoiada no que os desenhos

animados oferecem. Tem de desenvolver um olhar curioso, surpreender-se e

atuar como uma espécie de detetive que investiga as razões que levam as

crianças a desejarem o aprender por intermédio deste recurso. Um tipo de

professor que se esforça em entender como se realiza o processo de

conhecimento de cada aluno, ajudando o estudante na mediação da

construção do saber e articulando o desenho com o saber escolar exigido.

MORAN (2000) destaca que esse ofício investigativo não é fácil para os

nossos professores, ressaltando que existe uma série de paradigmas que

imobilizam os docentes:

“Para nós, professores, essa mudança de atitude não é fácil. Estamos acostumados e sentimo-nos seguros com nosso papel tradicional de comunicar ou transmitir algo que conhecemos muito bem. Sair dessa posição, entrar em diálogo direto com os alunos, correr o risco de ouvir uma pergunta para a qual no momento talvez não tenhamos resposta, e propor aos alunos que pesquisemos juntos para buscarmos a resposta – tudo isso gera um grande desconforto e uma grande insegurança”.

Nesse contexto, inquirir uma nova prática e introduzir uma boa dose de

animação na educação, possibilitará ao docente e ao alunado redescobrir, com

a fantasia e com a imaginação, inúmeras possibilidades de aguçar a

curiosidade e a criatividade, estimulando um certo prazer no ensino. “A

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produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade e

espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a

sua aceitação” (MORAN: 2000, p. 86). Reconhecendo, assim, que a

aprendizagem não é um amontoado sucessivo de informações, mas uma teia

que envolve todas as esferas do aprender das crianças, interferindo nelas,

tanto como um ser individual, como um sujeito atuante de uma sociedade

globalizada, interpretando suas ações, da mesma forma, que uma multidão de

seres fazem ao receberem os mesmos estímulos e reagirem a eles.

O movimento da mídia é determinante no processo de globalização.

Exatamente por compreender isso como educadores, devemos ressaltar o

desenvolvimento do nosso tempo, salientar a progressão desse meio de

comunicação de massa infantil, despertando a necessidade de incorporar

esse saber no dia-a-dia escolar. “A aprendizagem colaborativa precisa ter

como referência uma prática pedagógica num paradigma emergente. Para

alicerçar uma prática pedagógica compatível com as mudanças paradigmáticas

da ciência, num paradigma emergente” (MORAN: 2000, p. 86). Designar o uso

pedagógico dos desenhos animados como uma ferramenta transdisciplinar,

para o publico de alunos da educação infantil e fundamental 1º segmento, se

faz importante na sala de aula, pois é justamente o grupo de crianças nessa

faixa etária que mais consome esse tipo de produto, sendo este palpável e de

fácil acesso. Mas é preciso saber dominar esse recurso, não utilizá-lo como

um mero utensílio. É determinante saber ler, compreender e aprender como

usar as mensagens das animações como instrumentos a favor do pedagógico,

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compreendendo a lógica do sistema de produção e da política que estão

envolvidos nesse contexto.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo analisar a postura do educador,

diante da inegável influência exercida pelos desenhos animados às nossas

crianças Um publico que, na grande maioria das vezes, consome as

informações indiscriminadamente, sem o auxílio da família e da escola na

mediação dessa ingestão.

Esta “deglutição” de informações deve ser considerada uma modalidade

de aprendizado, onde as crianças estão sendo educadas pelo o que é

veiculado pela televisão. Daí a importância de existirem profissionais, e até

mesmo pessoas leigas (em especial os pais), preocupados em entender o

comportamento infantil e sua linguagem, visando desenvolver técnicas que

aproximem cada vez mais as mensagens dos desenhos animados do universo

delas.

Assim, a escola passa a ser como um local de produção do

conhecimento e investigação, mediante a mediação do que as crianças têm

absorvido da TV. Portanto, o professor, frente ao fato do cotidiano dos sujeitos

escolares que são profundamente marcados pelos meios de comunicação,

deve se valer de um processo dialógico para permitir a leitura da realidade

pelas crianças, assim como a apropriação das linguagens tecnológicas e

culturais. Além disso, esse educador deve passar a considerar a importância,

do brincar, do jogo imaginário, do prazer e do envolvimento emocional

existentes no ensino-aprendizagem, tornando-o dinâmico e interessante aos

pequenos.

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BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

SUMÁRIO ........................................................................................................................ 7

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 7 A História do Desenho e do Lúdico .................................................................................. 7 1.1 - Sociedade Antiga : pintura rupestre e dança ......................................................... 9 1.2 Sociedade Moderna : arte, escultura e cultura ...................................................... 18 1.3 Sociedade Contemporânea : a revista em quadrinho e o desenho animado .......... 21

CAPÍTULO II ................................................................................................................. 26 A inevitável influência dos desenhos animados aos alunos das séries iniciais. .............. 26 2.1 A Criança e a absorção das informações da TV de forma passiva ....................... 28 2.2 Os desenhos animados como instrumento de dominação e expansão cultural. .... 30 2.3 - As cores, movimentos e os recursos tecnológicos seduzem a criatividade e a aprendizagem das crianças. ......................................................................................... 31

CAPÍTULO III ................................................................................................................ 34 O desafio dos Educadores diante dos valores dos desenhos animados........................... 34 3.1 – Os desenhos como um bem cultural. ................................................................. 36 3.2 – A riqueza das informações e do imaginário. ...................................................... 38 3.3 – O desenho, o lúdico e o desenvolvimento infantil. ............................................ 40 3.4 – Os desenhos animados e o educador. ................................................................. 43

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 50 ÍNDICE ........................................................................................................................... 52