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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO Por: Robson Bierre Sousa da Cruz Orientador Prof. André Cunha Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E A QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO

Por: Robson Bierre Sousa da Cruz

Orientador

Prof. André Cunha

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E A QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão de Recursos Humanos. São os objetivos

da monografia perante o curso e não os objetivos do

aluno

Por: Robson Bierre Sousa da Cruz

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EPÍGRAFE

...cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos,

em que tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis.

Ítalo Calvino (Op. Cit.).

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AGRADECIMENTOS

A professora Adélia pelo apoio prestado.

Ao professor André pela grandiosa orientação desse trabalho.

Àqueles que colaboraram na minha caminhada acadêmica.

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SÚMARIO

CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO.............................................................................8 CAPÍTULO 2 - DESENHO DE CARGOS..........................................................11

2.1 Os antigos conceitos de desenhos de Cargos............................................................................................12 2.2 Modelo clássico......................................................................12 2.3 Modelo das relações humanas..............................................13 2.4 Modelo contigencial................................................................15 2.5 Análise e descrição de cargos...............................................17 2.6 Gestão da competência..........................................................18

CAPÍTULO 3- RELAÇÕES INTERPESSOAIS E QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO....................................................................................22

3.1 Conduta assertiva e qualidade de vida.................................24 3.1.1 Origens da conduta assertiva.............................................24 3.2.2 Conduta assertiva e qualidade de vida..............................25 3.3 O medo das relações de trabalho..........................................26 3.4 Qualidade de vida no terceiro milênio..................................29

CAPÍTULO 4- O SIGNIFICADO DO TRABALHO............................................32

4.1 Saúde dos trabalhadores.......................................................32 4.2 Escolha da profissão..............................................................34 4.3 O homem para além do trabalho...........................................35 4.4 Perspectiva da gestão da QVT...............................................36

CAPÍTULO 5- CONCEITOS DE QUALIDADE DE VIDA..................................38

5.1 Escolas de pensamento em qualidade de vida no trabalho..........................................................................................42 5.1.1 Escola socioeconômica .....................................................42 5.1.2 Escola organizacional.........................................................43 5.1.3 Escola da condição humana no trabalho..........................44 5.2 Práticas e valores nas empresas...........................................44 5.3 Nova competência..................................................................45

CAPÍTULO 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................47 CAPÍTULO 7- REFERÊNCIAS..........................................................................49

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LISTA DE QUADROS

01-Análise Swot do modelo clássico ou tradicional...........................................12

02-Análise Swot do modelo humanístico ou das relações humanas................13

03-Cinco dimensões essências de um cargo....................................................16

04-Competências Individuais Requeridas.........................................................20

05-Assertividade – passo a passo.....................................................................26

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RESUMO

Tanto se fala em qualidade de vida. Mais será se todo mundo tem critério bem

definidos do que venha a ser? E a qualidade de vida no trabalho será se

sabemos eficazmente contribuir para sua implementação? E as relações

interpessoais estão sendo valorizadas? Ou o egoísmo predomina essas

relações? Perguntas que ao longo do trabalho serão laboradas com foco na

qualidade de vida. As relações interpessoais saudáveis como ferramenta

importante nesse processo. As organizações tentaram através do racional e

mecanicista impor ao trabalhador a separação da realidade pessoal da vida

profissional. Pura ilusão. A pessoa é um todo precisa ser vista em seus

aspectos biológicos, psicológicos, sociais e organizacionais, convivendo com a

razão e a emoção, vida pessoal e profissional. Buscaremos questionar a

implementação de estratégias empresarias para obter melhor qualidade de

vida. Conceituares cada um dos itens abordados contextualizando e

esmiuçando cada tópico para melhor esclarecimento. O desenho de cargo

através de paradigmas clássico e o das relações humanas de cargos servirão

de base teórica de estudo. A análise Swot desses cargos permitirá uma visão

diagramática mais clara com suas diferenças bem definidas. As escolas de

pensamento em qualidade de vida no trabalho: socioeconômica, organizacional

e da condição humana no trabalho irão nos dar dimensões peculiares que nos

favorecera uma analise mais profunda e realista da QVT. Este trabalho é um

convite a uma reflexão sobre a QVT. Parte de pressuposto que viver com

qualidade de vida só é torna possível através do exercício da busca do

autoconhecimento e da audaciosa reflexão sobre conseqüências de nossa

postura na qualidade de vida do outro.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho – Relações interpessoais –

desenhos de cargos

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CAPÍTULO 1

Introdução

Este estudo pretende despertar o leitor para tamanha importância

das relações interpessoais e a qualidade de vida no trabalho.

Além do mais para melhor investigar o tema proposto foi criada

duas situações problemas: Como implementar estratégias empresariais para

obter melhor qualidade de vida? Que fatores favorecem a melhora na

qualidade de vida do trabalhador?

O objetivo geral do trabalho visa estudar a importância qualidade

de vida no ambiente de trabalho e implementar as estratégias para obter

melhor qualidade de vida.

Foram usados objetivos específicos para melhor esmiuçar as

entre linhas do estudo:

-conceituar relações interpessoais;

-conceituar qualidade de vida;

-contextualizar o trabalho na atualidade;

-verificar até que ponto a qualidade de vida influencia no trabalho;

-apontar estratégias que o trabalhador adota para favorecimento

da qualidade de vida.

Vamos trabalhar sobre o foco de duas hipóteses: Relações

interpessoais saudáveis favorecem uma boa qualidade de vida no trabalho? e a

carência de recursos materiais e estruturais numa organização prejudica a

qualidade de vida no trabalho?

A delimitação do tema vem direcionar o caminho a ser explorado.

O estudo se baseará em conceitos antigos de desenho de cargos: modelo

clássico e modelo de relações humanas. E tratará também de uma nova

abordagem em desenhos de cargos: variedades de habilidades, identidade

com tarefas, significado das tarefas, autonomia e retroação.

O trabalho proposto pretende mostrar a situação atual da

qualidade de vida no trabalho, com o foco também nas relações interpessoais.

A vida do trabalhador apresenta muitas dificuldades que por vezes causadas

por não saberem conduzir minimamente questões importantes para que venha

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a ter uma qualidade de vida em seu ambiente de trabalho. A preocupação

constante em ganhar mais e mais dinheiro leva trabalhador a não atentar para

esse detalhe tão relevante da sua vida. O estudo abordará questões de

relações interpessoais: como os conflitos podem interferir, tanto de forma

positiva como negativa.

O estudo pretende focar também os conflitos com elemento

constituinte do processo interpessoais em grupo. Suas divergências de

percepção e idéias.

A presença das múltiplas interações humanas que ocorrem na

convivência dos membros de uma Instituição consolidam valores e crenças.

O diferencial de muitas organizações está sendo a valorização de

equipes saudáveis, ou seja, que realizam o trabalho com prazer, favorecendo

bastante o desenvolvimento pessoal e profissional de forma significativa.

Os modelos de cargos servirão para entendermos melhor o

surgimento mais detalhado das funções que cada funcionário tem que observar

numa organização, e também para que os gestores de pessoal das empresas

possam proceder da melhor forma possível suas atitudes no ambiente de

trabalho.

Veremos agora os principais teóricos utilizados para nortear este

trabalho. Para WALTON (1975) oito categorias conceituais com critérios de

QVT, incluindo: compensação justa e adequada, condições de trabalho

seguras e saudáveis, oportunidades imediatas para desenvolver e usar as

capacidades humanas, oportunidades futuras para crescimento continuo e a

garantia de emprego, integração social na organização, constitucionalismo na

organização, trabalho e espaço total na vida do individuo, e relevância social do

trabalho. Para LIMONGI-FRANÇA (2004, p.148) da análise sobre as

percepções conceituais de QVT, cita três grandes conclusões.

- existe crescente consciência ou percepção da importância de

QVT para o administrador, independentemente de sua área de atuação ou

nível de formação;

- o chão de fábrica é o tradicional alvo de programas de saúde

ocupacional e de segurança no trabalho (hoje, a QVT passa a englobar outras

categorias de colaboradores, incluindo gerencia e alta direção);

- embora seja mais frequentemente associado a questões de

saúde e segurança no trabalho, o conceito de QVT passa a sinalizar a

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emergência de habilidades, atitudes e conhecimentos em outros fatores,

abrangendo competências gerencias gerenciais e integração social.

Usaremos a pesquisa bibliográfica como método de pesquisa,

com intenção de fazermos leituras críticas e interpretações dos teóricos

consultados. Foram selecionados materiais previamente para principiar e

trabalho e posteriormente foram agregadas mais informações que serviram

para consolidar ainda mais o estudo.

Espera-se que esse estudo possa contribuir de maneira efetiva na

melhora da qualidade de vida em nossa sociedade, que se possa através dele

formar uma opinião consistente, da relevância de valorizarmos e agirmos em

busca de uma vida mais digna no ambiente de trabalho.

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CAPITULO 2

Desenho de cargos

O mundo do trabalho precisa ser cada vez mais bem estudado

para que as empresas possam ter mais sucesso em seu intento. Um dos

fatores imprescindíveis na hora de contratar um trabalhador e saber

exatamente o profissional adequado para preencher uma determina vaga.

Segundo CHIAVENATO (1992, p.94) “desenho de cargos significa a

especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com os

demais cargos, no sentido de atender aos objetivos da empresa”. Uma

Instituição precisa lançar mão de estratégias que venha adequar da melhor

forma possível um profissional na busca de seus objetivos.

Apenas, a partir do século passado que os desenhos de cargos

teve seu estudo racionalizado pelos estudiosos da chamada Administração

Cientifica, por Adam Smith e Taylor, que através de seus estudos mensurando

tempo que um trabalhador levava para realizar determinada tarefa, chegou a

conclusão que se simplificasse a tarefa, diminui o grau de dificuldade e

facilitava seu aprendizado e sua supervisão, porque todos os procedimentos

eram padronizados.

CHIAVENATO (1992, p.95) sinaliza que para desenhar um cargo

significa basicamente:

a- Especificar o conteúdo de cada tarefa a ser executada. Isto é, definir o que o ocupante deve fazer ou executar; b- especificar o método para executar cada tarefa. Isto é, definir como deve fazer ou executar a tarefa; c- Combinar as tarefas individuais em cargos específicos, isto é, qual o conjunto de tarefas que deve compor o cargo.

Desenhar um cargo e estabelecer previamente todas as

qualidades físicas e mentais esperadas do ocupante, definindo critérios que

deverão ser seguidos periodicamente. E a maneira de o administrador dar

coerência as atividades entre os departamentos e divisões de uma empresa.

Para Chiavenato (1992) existem dois sistemas que compõem o

desenho de cargo: o Sistema Tecnológico que são os trabalhos a serem

executados, equipamentos, tecnologia, métodos e processos e o Sistema

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Humano e social que são os seres humanos e seus aspectos físicos e

psicológicos, relações interpessoais. Esses dois sistemas compõem o sistema

sóciotécnico de uma empresa. Essas duas vertentes são centrais, e precisa ser

bem trabalhada com a intenção de proporcionar o máximo de adequação entre

ambos, porque esses sistemas trabalham simultâneos a falha de um interfere

no processo inteiro. Na maioria das vezes o sistema humano e procurado para

atender o sistema tecnológico conforme a peculiaridade de cada Instituição. O

trabalho em equipe se faz necessário para que as pessoas possam se

relacionar e interagir, no sentido de troca de conhecimentos e experiências que

venham contribuir constantemente no andamento do processo de trabalho.

2.1 Os antigos conceitos de desenhos de cargos

O mundo do trabalho vem sendo estudado de maneira tal que

possa cada vez mais obter lucro com o menor custo possível, para isso

estudiosos com Adam Smith e Taylor se debruçaram na busca da

racionalização da atividade do trabalho para que pudessem desenvolver um

paradigma que aumentasse no maximo a eficiência e consequentemente a

produtividade através de divisão do trabalho e tarefas bem simples para facilitar

o aprendizado do trabalhador, a supervisão e a produção.

Muito aplicado, principalmente, nas fábricas e indústrias. Foi o

primeiro modelo seguido pela engenharia das indústrias.

Veremos a comparação entre alguns aspectos relevantes

mostrados através da análise Swot, de dois modelos de cargos: o clássico e o

de relações humanas e entende-las como são utilizadas nas estratégias de

QVT.

2.2 Modelo clássico ou tradicional

Quadro -1 Análise Swot do modelo clássico ou tradicional

Ambiente interno Ambiente externo

Força Fraqueza Oportunidade Ameaça

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-aumento da produtividade -prêmios por produção -máxima eficiência através da divisão do trabalho -cargos claramente definidos -redução de desperdícios -facilidade e economia no treinamento das pessoas

-trabalho racional -fragmentação do trabalho -grande desgaste físico e psicológico -as pessoas são tratadas de maneira homogêneas e padronizadas como máquinas -grande prejuízo psicológico e mental -elevado absenteísmo

-aumento do número de vaga indústria -crescimento da economia -aparecimento de varias profissões específicas

-grande número de trabalhadores com problemas físicos e mentais -grande número de trabalhadores tiveram apatia, desinteresse e fadiga mental. -alienação e frustração do trabalhador -doenças musculares e nervosas -participação muito restrita na vida da empresa.

Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando pessoas o passo decisivo para a educação participativa. São Paulo: Makron Books, 1992.

Esse modelo foi um avanço magnífico para as organizações, mais

isso a curto prazo, por que o preço pela adoção desse paradigma a longo

prazo e muito caro, como podemos observar acima as diferentes ameaças e

fraquezas que tanto menosprezam o trabalhador.

2.3 Modelo humanístico ou das relações humanas

Quadro -2 Análise Swot do modelo humanístico ou das relações humanas

Ambiente interno Ambiente externo

Força Fraqueza Oportunidade Ameaça

-se preocupa fundamentalmente com o contexto do cargo -procura dar atenção especial e promover maior interação entre as pessoas -permite a participação em algumas decisões -trabalho variado com operações diferentes, equipamentos e habilidades variadas. -diversidade e desafio onde a pessoa executa atividades criativas e inovadoras

-requer muito esforço das empresas para a introdução desse modelo.

-a ênfase do trabalho está no grupo social ao qual o ocupante pertence -compensa a frustração do trabalho por satisfações decorrentes de contatos pessoais com outras pessoas da organização.

-o incentivo não e salarial, mais sim, com incentivo as relações humanas.

Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando pessoas o passo decisivo para a educação participativa. São Paulo: Makron Books, 1992.

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Como o próprio nome já diz esse paradigma tem o foco voltado

às condições sob a quais o cargo é desempenhado, e não com a sua execução

com vimos no modelo anterior. Nesse modelo é relevado o ambiente externo

do cargo, valorizando aspectos essências como por exemplo as relações

humanas no ambiente de trabalho permitindo uma maior socialização e troca

entre os funcionários. Aumentando a auto-estima, a moral e diminuindo o

absenteísmo, as doenças nervosas e musculares. O trabalho em equipe foi o

carro chefe, através de uma atmosfera amigável e cooperativa.

Para Bom Sucesso (2002, p.129) elucida que,

É preciso salientar que reconhecer as diferenças individuais possibilita experimentar uma convivência pautada na identificação dos aspectos facilitadores e dos aspectos dificultadores na relação com o outro. Esse posicionamento abre caminho para uma nova modalidade de convivência, pautada no entendimento do que torna único cada ser humano. Permite também compreender que as aptidões e os talentos variados podem atuar de forma complementar, uma vez que é justamente a diferença que viabiliza a vida.

Atualmente, tanto se fala em qualidade de vida no trabalho então

porque não colocarmos esses ideais em prática? Para é preciso ter um prévio

conhecimento, claro e objetivo. A escola de relações humanas busca, sim, o

respeito a natureza humana. Faz-se necessário um o respeito entre o trabalho

e trabalhador num sentido ergonômico, psicodinâmica e epidemiológica.

Mendes (2002) sinaliza que,

O estudo da Ergonomia procura conhecer o trabalho concreto e

sua adequação ao homem, no que se refere à sua saúde e desempenho. Ex.:

Forças musculares, problemas posturais e exigências mentais.

Estudo da Epidemiologia estuda a distribuição e os determinantes

dos problemas de saúde na coletividade. Ex.: Comunicação de acidentes de

trabalho e óbitos. (Ocorrem erros nas informações).

Estudo da Psicodinâmica do trabalho influência o pensar e o

sentir dos trabalhadores. Ex.: Sentimentos, angústias, medos e infelicidades.

Uma nova abordagem em desenho de cargos presume uma

utilização da capacidade de autodireção e de autocontrole para que as pessoas

obtenham satisfação no trabalho. Para Chiavenato (1992) a nova abordagem

dos cargos deve atuar agindo em torno de cinco dimensões profundas: a

variedade, a identidade, o significado, a autonomia e a retroação, que logo

veremos no tópico a seguir no modelo contigencial de cargos. Muito se fala

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mais pouco se fez ao longo dos tempos para mudar esse crítico estado em que

se encontram as condições do trabalho.

Moscovici (2000, p. 54), relata que:

No processo de desenvolvimento da competência interpessoal, feedback é um processo de ajuda para mudanças de comportamento;é comunicação a uma pessoa, ou grupo, no sentido de fornecer-lhe informações sobre como sua atuação está afetando outras pessoas. Feedback eficaz ajuda o individuo (ou grupo) a melhora seu desempenho e assim alcançar seus objetivos.

O feedback é um elemento importante no modelo das relações

humanas, favorece uma troca de conhecimento e experiências entre os setores

das organizações. Todos os trabalhadores têm que estar caminhando junto

dentro do processo, com ações integradas entre seus membros. Hoje, todos os

gestores têm a obrigação de melhoria dentro das empresas. No processo de

feedback possível ver aonde que ocorreram os erros, correções e alterações –

lições aprendidas (sucessos e insucessos) e discutir buscando soluções.

O feedback também tem grande importância no planejamento de

carreiras. Para Chiavenato (1992, p.117) aponta que,

Para tornar o planejamento de carreiras mais público e participativo, muitas empresas costumam anunciar todos os cargos. Ao tomarem conhecimento, as pessoas têm a oportunidade de revelarem seus desejos por algum tipo diferente de cargo. Outras empresas permitem ao seu pessoal também obter retroação (feedback) sobre seu potencial de desenvolvimento individual.

A cada dia nos convencemos ainda mais da grande onda de

observação que ronda o mercado de trabalho. Pessoas analisam cada vez com

mais profundidade o comportamento humano, suas ações e emoções na

tentativa de obter um perfil adequado para o desempenho do cargo. As

empresas com sempre querem o melhor profissional, e lançam mão de

estratégias de divulgações abertas ao publico em geral com intenção fazer uma

triagem e selecionar o que mais lhe convém.

2.4 Modelo contigencial

Esse paradigma configura-se numa visão mais complexa e

envolvente e leva em consideração duas variáveis: as diferenças individuais

das pessoas e as tarefas envolvidas. Essas duas variáveis estão sempre

atreladas e tudo vai depender do desenho de cargo para que esse modelo

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possa adequar às expectativas da realidade da empresa e da expectativa do

trabalhador.

Para CHIAVENATO (2002, p. 279) acentua o enfoque

manipulativo das relações humanas.

No modelo contigencial, as prescrições quanto ao desenho de cargos não são baseadas na presunção de estabilidade e permanência dos objetivos e dos processos organizacionais, mas, ao contrário, é explicitamente dinâmico e baseado na continua ampliação dos cargos através do enriquecimento de tarefas, como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gerente ou de sua equipe de trabalho.

Percebemos que esse modelo é incerto e mutável,

acompanhando as transformações pessoais e tecnológicas. Tudo muda em

velocidade assustadora em nosso planeta, o mercado se abarrota de novas

tendências, por isso, devemos sair da inércia e adequar aos requisitos

impostos pela forte concorrência de outras empresas, onde predomina a

exigência de grande produtividade aliada a qualidade. Deposita uma grande

confiança nos seus membros incentivando seu crescimento pessoal e

profissional, valorizando o aprendizado contínuo e desenvolvendo nos

funcionários a capacidade de autodireção e autocontrole.

Para melhor entendermos as cinco dimensões desse modelo

citadas, anteriormente, observaremos no quadro a seguir distintamente cada

uma delas.

Quadro -3 Cinco dimensões essências de um cargo

Baixo grau Alto grau

Trabalho parcial, seqüencial, rotineiro, chato, monótono e repetitivo. As operações e equipamentos e habilidades são sempre as mesmas sem nenhuma mudança, variação ou inovação. Rotina.

VARIEDADES

Trabalho variado com operações diferente, equipamentos e habilidades, variadas. Diversidade, desafio em que a pessoa executa várias atividades diferentes, criativas e inovadores. Variação.

Trabalho rigidamente programado, com local e equipamento definitivos e métodos preestabelecidos. O chefe determina o que, quando, onde e como fazer.

AUTONOMIA

Ampla liberdade para planejar e programar o trabalho, encolher o equipamento, local e método de trabalho. O ocupante programa seu trabalho, escolhe local, método e equipamento.

Desconhecimento do impacto e das interdependências da tarefa sobre as outras tarefas da organização. Visão

SIGINIFICA DO TRABALHO

Conhecimento amplo da repercussão do trabalho sobre os demais trabalhos da organização. Visão

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estreita confinada, isolada e míope das própria atividade.

abrangente das conseqüências e das interdependências do trabalho.

Trabalho especifico, parcial e fragmentado, sem nenhum sentido psicológico para a pessoa, que se frustra e se aliena. Trabalho estranho.

INDENTIDADE CO A TAREFA

Trabalho integral, conjunto e global, com significado para a pessoa e que lhe permite identificar-se com ele. O trabalho pertence à pessoa.

Nenhuma informação sobre o desempenho ou o resultado do trabalho. Completa ignorância sobre a performance. Necessidade avaliação externa e de incentivo salarial para compensar.

RETROAÇÃO

Informação clara sobre o desempenho e resultado do trabalho. Perfeita e imediata noção da performance. Senso de auto-avaliação, autodireção e autocontrole. Auto-realização.

Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia: um guia para reinventar e harmonizar a sua empresa com a ajuda das pessoas. São Paulo. Makron, 1995. p.95.

Podemos perceber distintamente que quando as cinco dimensões

apresentam alto grau o desenho do cargo acontece de modo mais interessante

para o trabalhador. Nesse modelo o funcionário se sente cada vez mais

motivado porque a empresa respeita a dignidade da pessoa humana, valoriza

uma dinâmica participativa entre seus membros, procurando acompanhar de

perto as oscilações que o mercado faz.

2.5 Análise e descrição de cargos

Para Chiavenato (1992) reforça a necessidade de conhecer

descrevendo e analisando os conteúdos dos cargos para que possa gerir da

melhor forma possível os funcionários. Veremos agora separadamente esses

dois enfoques:

a) análise cargos consiste na identificação do conteúdo dos

cargos, passa-se a observar o cargo do ponto de vista dos aspectos

extrínsecos. Essa análise valoriza quatro requisitos: mentais, físicos,

responsabilidades e condições de trabalho.

b) descrição de cargos corresponde ao destrinchamento das

tarefas ou atribuições que moldam um cargo. Está voltado para o aspecto

intrínseco do cargo, se preocupando com fatores que defina o que o

trabalhador vai fazer, porque vai fazer, quando fazer e o intervalo de tempo que

tem que ser feito determinada tarefa.

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Percebemos então que esses dois fatores intrínsecos e

extrínsecos se atrelam para uma configuração de um desenho de cargo ideal

ou pelo menos o mais próximo possível do planejado. É um estudo

imprescindível para obtenção do sucesso de uma empresa, faz parte do

planejamento e dá mais solidez a estrutura organizacional. Uma descrição e

análise de cargos para ser bem feita são necessários métodos eficazes, para

que depois não venha a admitir um trabalhador que não corresponde às

expectativas esperadas. Os métodos tradicionais são os questionários e as

entrevistas. Tem o objetivo de fornecer informações relevantes sobre o perfil

psicológico e profissional, servirá para estimar a faixa salarial e serve para ver

o candidato terá capacidade para desenvolver as suas futuras atribuições.

2.6 Gestão da competência.

É um modelo de gestão que tem como base, é claro,

competências, que apresentem as respostas necessárias, oferecendo uma

reunião de conceitos e ferramentas mais alinhados com a modernidade. Esse

paradigma permite uma gestão simples, flexível e clara obtendo-se assim

diversas vantagens como: capacidade de conceitos que permitem que seja

facilmente entendida pelos gestores e pelas outras pessoas ligadas à

organização. A clareza é conseguida em virtude da coerência do modelo com a

realidade organizacional que permite constantemente a troca e sugestões de

conhecimentos, para que sua gestão se adapte às contingências. Por ser

flexível, permite que seu uso pelas organizações seja feito em diferentes

momentos.

Tem como grande promessa o equacionamento da gestão de

pessoas, isto é, dispor na prática problemas e questões a fim de encaminhá-la

a solução. A gestão da competência está intimamente ligada ao modelo de

cargo contigencial, facilitando e dando condições para que o trabalhador possa

exercer sua função da melhor e mais criativa maneira possível.

Competência está relacionada ao processo de aprendizagem e

inovação. É mais que um conjunto de atributos cognitivos e atitudinais. É

subjetiva e interpretativa já que demanda de comunicação e de significado.

Depende da possibilidade de um arranjo de recursos. Depende dos arranjos

tecno-organizativos.

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A abordagem de FLEURY; FLEURY (2004) tem foco nos

resultados: racionalista. Sinaliza que competência é um Saber; Saber agir;

saber mobilizar; saber transferir; saber aprender; saber se engajar; ter visão

estratégica; assumir responsabilidades, que agreguem valor social ao individuo

e econômico para a empresa. Uma abordagem racionalista que coloca no

trabalhador a responsabilidade pelos resultados da empresa.

ZARIFIAN (2001) tem uma abordagem estruturalista: com o foco

nos recursos organizacionais.

A definição de competências-chave, expressas nos referenciais

ocupacionais podem constituir um momento de apreensão das implicações

estratégicas por todos os níveis institucionais. Exige autonomia de ação que

consente o engajamento voluntário e consciente do trabalhador e pode, assim,

diferenciar a competência de um trabalho taylorizado.

A competência é do individuo, portanto é inalienável, mas seu

aparecimento e desenvolvimento dependem da instituição e da rede de atores.

O conceito de competência não é recente. Na verdade, trata-se

de uma idéia consideravelmente antiga, porém (re)conceituada e (re-

)valorizada no presente em decorrência de fatores como os processos de

reestruturação produtiva em curso, a intensificação das descontinuidades e

imprevisibilidades das situações econômicas, organizacionais e de mercado e

as sensíveis mudanças nas características do mercado de trabalho,

resultantes, em especial, dos processos de globalização (FLEURY e FLEURY,

2001).

Diversas, no entanto, têm sido as definições atribuídas à

expressão competência individual. A inexistência de um consenso quanto a seu

conceito, além de divergências de caráter filosófico e ideológico podem,

também, ser atribuídas à adoção da expressão com diferentes enfoques, em

diferentes áreas do conhecimento (MANFREDI, 1998).

Não podemos deixar de fora a gestão da competência quando

tratamos de qualidade de vida no trabalho. Competência é uma ferramenta

imprescindível para a ostentação de um cenário capaz de atender as

exigências do publico alvo das organizações.

Moscovici (2000, p.60), aponta que:

O desenvolvimento de competência interpessoal exige a aquisição e o aperfeiçoamento de certas habilidades de comunicação para facilidade de compreensão mútua. Estas habilidades precisam ser

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treinadas e praticadas constantemente para maior eficiência de resultado. Entre as principais habilidades de comunicação interpessoal podem ser indicadas a paráfrase, a descrição de comportamento, a verificação de percepção e a descrição de sentimentos, as quais constituem recursos valiosos para o processo de feedback útil.

Como podemos observar nos autores citados, anteriormente, que

a competência nos dias atuais são outras e precisam estarmos sempre em

busca de mantê-las adequadas conforme a necessidade do mercado, que cada

vez mais exige conhecimentos.

Veremos agora o resultado final das análises fatoriais procedidas,

os quinze indicadores destinados à mensuração das competências individuais

requeridas, conforme apresentado no quadro 3.

Quadro 4 - Competências Individuais Requeridas

Capacidade de aprender rapidamente novos conceitos e tecnologias Capacidade de trabalhar em equipes Criatividade Visão de mundo ampla e global Capacidade de comprometer-se com os objetivos da organização Capacidade de comunicação Capacidade de lidar com incertezas e ambigüidades Domínio de novos conhecimentos técnicos associados ao exercício do cargo ou função ocupada Capacidade de inovação Capacidade de relacionamento interpessoal Iniciativa de ação e decisão Autocontrole emocional Capacidade empreendedora Capacidade de gerar resultados efetivos

Competências Individuais Requeridas

Capacidade de lidar com situações novas e inusitadas.

Fonte: RAE-Eletrônica v. 4, n.1 jan./jun. 2005.

Podemos perceber que as competências individuais requeridas

têm haver com as diversas qualidades que as pessoas tem para um

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determinado fim; habilidade, aptidão. Esses dados foram relacionados para

servir de base para analisar determinadas competências que cada indivíduo

possui e a partir desses dados poder melhor desenvolver e avaliar o

profissional dentro da empresa.

Notamos que a gestão da competência está antenada com as

questões, atualmente, exigidas pelo mercado de trabalho. É uma gestão que

valoriza e instiga as qualidades dos trabalhadores, ou seja, suas competências

individuais procurando sempre exerce uma administração em que todos os

membros da equipe trabalhem de forma integrada.

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CAPITULO 3

Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho

A sociedade está cada vez mais individualista, sempre a procura

de benefícios particulares não se dando conta do universo humano que o

cerca, as relações entre as pessoas estão repleta de desconfiança, rivalidade,

intriga, agressividade, mentira, insegura, vaidosa, arrogante e preconceituosa.

Muitos estudos no presente abordam esse tema que é de essencial relevância

uma boa qualidade de vida. Somos pessoas diferentes, sim, mais temos que

nos respeitar reciprocamente e aceitar os defeitos e as qualidades dos outros.

Destacaremos aqui mais aspectos relacionados ao trabalho em grupo, para

que possam ser de grande valia no ambiente de trabalho.

Bom sucesso (2002, p.127) alega,

Nossa cultura enfatiza a observação dos próprios defeitos e qualidades, e também os do outro, e sobre esses dois aspectos fundamenta-se o relacionamento interpessoal. Os aspectos considerados “qualidades” são supervalorizados, provocando comentários como: -‘ele consegue se manter equilibrado durante todo o tempo em que fala com sua mulher. Se fosse eu, já teria perdido a calma’. Confrontam-se qualidades entre irmãos: - ‘veja, ela obteve total em três disciplinas, enquanto você está abaixo da média’.

Percebemos que todos nós temos nossos defeitos e qualidades,

várias pessoas podem avaliar de diferentes formas uma mesma questão, isso é

peculiar a cada ser humano. Devemos prática às boas ações para que se

tornem hábitos caso contrário se atrofia como a nossa musculatura. Devemos

exercitar sempre a boa conversa e a paciência com o próximo, chegar pela

manhã em na empresa e perguntar para um colega de trabalho se está tudo

bem, já é um gesto de relação humana importantíssima que demonstra

atenção e cuidado, procurando entender e contribuir de alguma forma,

sugerindo e tomando atitudes de favoreçam uma qualidade de vida no trabalho.

No dia-a-dia, vivemos uma eterna repetição de comportamentos,

agimos e pensamos de acordo com uma norma estabelecida no ser, muitos

preferem repetir a elaborar novas formas e modelos de comportamento, que é

muito mais fácil. O planeta é um composto de inúmeras diferenças de lugares,

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raças, credos e religiões cada uma com seu paradigma de vida. Se pensarmos

que temos a capacidade de sermos o agente capaz de nossa própria

transformação e persistir em sair da mesmice procurando alternativas que de

fato possam obter uma qualidade de vida no trabalho com também fora dele,

tornaremos nosso mundo melhor.

Tudo na vida necessita de equilíbrio esse fato não pode ser

ignorado. As relações interpessoais atingem diretamente a saúde psicológica

que como conseqüência influencia na saúde biológica e social. Essa tríade

precisa ser respeitada é central para nós percebemos isso. Sentimentos bons

ou ruins contagiam o ambiente e refletem positivamente ou negativamente no

desempenho em grupos de trabalhadores.

Migliorini e Kasper (2003, p.1), mencionam que,

Para ter saúde mental é necessário que a pessoa esteja bem consigo mesmo, com os outros, aprendendo a lidar com os sentimentos bons e desagradáveis, como: alegria e tristeza, coragem e medo, amor e ódio, serenidade e raiva, ciúmes, culpa, frustrações. É ter bom senso para adequar com coerência seus ideais às exigências da vida, buscar sua auto-realização através de projetos de vida, ter relações interpessoais saudáveis e harmoniosas aceitando as outras pessoas com suas qualidades e limitações.

Muitas pessoas estão no mundo vivendo sem metas e objetivos

definidos, entregues a força do destino. Somos seres pensantes capazes de

filosofar o próprio viver, fazer coisas incríveis e inimagináveis. Porque então

não tiramos proveitos das situações de conflitos e transformamos em lições

aprendidas, com forma de prosseguir alimentando o desejo de alcançar os

projetos pretendidos.

A partir da década de 90, no Brasil, passou a integrar o termo

qualidade de vida no discurso acadêmico, a literatura relativa ao

comportamento nas instituições, as conversas informais, os programas de

qualidade total e a mídia em geral. O termo tem sido utilizado tanto para avaliar

as condições de vida urbana, incluindo transporte, saneamento básico, lazer e

segurança, quanto para se referir à saúde física, conforto, bens materiais.

Embora fazendo parte do cotidiano, os parâmetros para a definição do que é

viver com qualidade de vida são múltiplos e resultam das características,

expectativas e interesses individuais. Bom Sucesso (2002)

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E percebido que a sociedade vive mediante de um estresse muito

intenso, correria seja pelos pedestres nas ruas, pelos motoristas sempre em

alta velocidade, uma busca acirrada atrás de dinheiro, status e mesmo

sobrevivência, nesse percurso muitos não valorizam a essência do ser humano

em se relacionar interpessoalmente. Fator que primordial para um bom

relacionamento que estão cada vez mais aumentando essa inversão de valores

banalizando os bons costumes e comportamentos de nosso povo. Temos que

mudar essas atitudes para que possamos ter uma qualidade de vida no

trabalho, mais saudável e tranqüila para que se possa ter uma vida condigna.

Segundo Bom Sucesso (2002), essas relações sinalizam a importância do

autoconhecimento como ponto de partida para o mapeamento da postura do

individuo frente à vida, discutindo o comportamento assertivo como alternativa

para a melhoria da qualidade de vida nas organizações.

3.1 Conduta assertiva e qualidade de vida

Para Bom Sucesso (2002) conduta assertiva vai além dos

conceitos encontrados nos dicionários, são aspectos centrais desta conduta a

sinceridade, honestidade e respeito a pessoa humana. A assertividade

corresponde a um comportamento que transmite clareza, objetividade dos seus

sentimentos, por meio de atitudes de valorização do outro e de si mesmo.

Pessoas assertivas são aquelas que sabem conviver em grupo, trabalhar em

equipes porque são firmes, defendem seus direitos e sabem reconhecer as

diferenças individuais e assume a responsabilidades de seus atos.

Esse comportamento adota uma posição de responsabilidade e

liberdade, favorecendo o dialogo aberto entre as pessoas, abrindo portas para

a exposição dos diversos pontos de vista, ainda que divergentes. Podemos

pensar e opinar diferentemente, mais isso não precisa ser a origem de conflitos

e desgastes.

3.1.1 Origens da conduta assertiva

Esse é um modelo de pessoas capazes de respeitar a pessoa

humana nas suas diferenças individuais. Mensagens positivas enobrecem esse

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comportamento no sentido de acentuar relações interpessoais de confiança.

Uma questão que merece reflexão são as observações, a atenção ao

comportamento de si mesmo e do outro, nessa análise podem-se descobrir

atitudes pessoais e posições que facilitam ou dificultam as relações

interpessoais. Essas são questões básicas que alicerçam essa conduta, e que

favorecerá a qualidade de vida no trabalho.

3.2 Conduta assertiva e qualidade de vida

A pessoa que age assertivamente tem a consciência de suas

atitudes e deveres, reconhecendo no outro também essas posturas.

Tal conduta tem como premissa a responsabilidade pelos seus

próprios sentimentos.

Bom sucesso (2002, p.144) frisa que,

Comporta-se de forma assertiva pode implicar problemas, uma vez que não existem atitudes perfeitas e adequadas a todas as situações. A diferença é que ao assumir responsabilidade, aprende-se a valorizar os próprios desejos e a tomar consciência do desafio que é o relacionamento interpessoal.

Como o próprio nome já diz, a conduta assumida tem a intenção

assertividade, afirmar com certeza e segurança demonstrando sinceridade nas

atitudes e no tom de seu discurso, facilitando a qualidade de vida, seja no

trabalho ou não, como experiência positiva.

Claro que todos erramos em nossos comportamentos, não

conseguimos agradar a todos, muitas das vezes nem conseguimos agradar,

mas a estratégia e buscar ferramentas interpessoais que influenciem

eficazmente na hora dos conflitos e que tenhamos suportes teóricos relevantes

para adicionar coerentemente na prática. É preciso aprender a se comportar

assertivamente encarando o medo e o preconceito, permitindo que as pessoas

enfrentem fracamente situações desagradáveis, as lições aprendidas com os

erros fortalecem o estabelecimento de relações baseadas na confiança e na

sinceridade.

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Quadro 5 Assertividade – passo a passo

Fonte: BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de janeiro: Qualitymark, 2002. p.145.

Notamos que as organizações buscam valorizar o profissional

que saiba trabalhar em equipe, analisando-o enquanto um ser profissional,

pessoal e cidadão. Ou seja, contextualizando se tal indivíduo está antenado

com as mudanças em curso na sociedade. Mesmo porque as Instituições estão

buscando, hoje, ações participativas envolvendo todos seus membros,

estimulando e ouvindo as sugestões.

3.3 O medo nas relações de trabalho

Nas organizações é muito com encontrar funcionários receosos

em falar ou discordar das atitudes dos gerentes. O medo imaginário pode levar

a pessoa a se abster de situações que possam resultar em êxito, recusando ao

que lhe pareça indicar algum perigo.

Muitas pessoas evitam atitudes participativas com receio de um

potencial dano, o medo anima a pessoa a afastar-se de situações perigosas.

1º Ouvir

2º Clarear dúvidas

3º Checar suposições

4º Atenção ao comportamento não -verbal

5º Desenvolver a auto-estima

6º reconhecer e valorizar o outro

7º Dar e receber feedback afetivo

8º Estimular no outro a conduta assertiva

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Essa conduta tem como objetivo esquivar-se do medo para evitar mal maior,

como conflito e demissões.

Algumas condutas gerenciais como punições, pressão, desgastes

e experiências traumáticas provocam medo. Contribuindo para repressão das

pessoas, assim sendo, elas evitam se expor e enfrentar situações que

envolvam riscos.

Para Bom Sucesso (2002, p.94) “... os enxugamentos de quadros,

as demissões resultantes dos programas de reestruturação constituem-se

igualmente em outros exemplos de medo”. Fato comumente temido, tendo em

vista a dificuldade em se enquadrar com no mercado de trabalho, enfrentar

novamente experiências, o medo do desconhecido.

Comportamentos imprevisíveis e condutas agressivas são

elementos que dificultam ainda mais as relações interpessoais, tornando o

ambiente de trabalho um local em trabalhar em equipe. Atitudes com elevação

da voz e ameaças para pressionar o subordinado quando não cumpridas

demonstram uma forma negativa de relações interpessoais dentro dos grupos,

enfraquecendo ou acabando com os laços de confiança entre seus membros,

gerando um mal-estar. Isso demonstra que tratar as pessoas com punições,

gritos e explosões não é uma maneira humana e inteligente de lidar com

pessoas.

O medo entre colegas de equipe está presente mais do que

imaginamos em muitas atitudes como: falsidade, agressividade, disputa por

prestigio e poder, fofoca e delação. Para BOM SUCESSO (2004), cenários

como esses são caracterizados pela traição e boatos que prejudicam o

desempenho no ambiente de trabalho. A agressividade se constitui num

mecanismo de defesa e meio para se destacar frente aos demais membros do

grupo, usando condutas hostis especialmente impondo pontos de vista,

desconsiderando opiniões diferentes da sua, tentado obter vantagem pelo

domínio das informações. Na disputa pelo poder e prestígio aumenta o

acirramento na busca de informações em primeiro lugar, busca aliar-se nos

amigos do chefe, forma panelinhas contra alguns colegas, promover festas,

estabelece aliança na maioria das vezes com segundas intenções. Para

entendermos claramente veremos as sinalizações citadas referentes a

máscaras do medo.

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a) Distanciamento - são características das pessoas reservadas

que na grande maioria das vezes busca o anonimato como zona de conforto.

b) Postura derrotista – são pessoas com atitude de baixa auto-

estima, acomodados. Essas pessoas fazem de tudo para “puxar para trás” com

os novos propósitos e sugestões apresentadas.

c) Postura idealista – são pessoas entusiastas que usam palavras

estimulantes, adiam e evitam tarefas desagradáveis. Querem sempre passar a

impressão de saber tudo e busca desempenhar varias atividades ao mesmo

tempo.

d) Postura reativa – o medo do enfrentamento das tarefas e das

tomada de iniciativa, torna essa pessoa extremamente afugentada nas

decisões dos superiores, não busca soluções para os problemas e se alguma

coisa der errada põe a culpa em quem lhe mandou fazer.

e) Pessimismo – o pessimista não luta pelo seu desejo e ainda

argumenta e tenta convencer o outro de que determinadas coisas não são

possíveis. A incoerência está sempre presente em seus argumentos

tendenciosos.

f) Timidez – dificilmente se expõe com medo de errar ou

desagradar o outro, esse é seu principal temor.

g) Mentira – são freqüentes nas organizações. O temor pelas

conseqüências negativas que pode lhe causar a verdade, leva o cultivo dessas

pratica que cada vez requer mais mentira para sustentar a primeira.

h) Insegurança – é o medo de enfrentar as novas situações.

Manisfesta-se em atitudes pessimistas e precavidas. A insegurança pode

disfarçar-se na virtude da obediência ou da lealdade decorrente do medo.

i) Conformismo – essa postura reprime o aparecimento de

grandes talentos. Age sempre com muita humildade por medo de aparecer e

procura ficar sempre no segundo plano para não chamar a atenção.

j) Vaidade - a vaidade se origina do medo. Tem a intenção de

provocar a terceira a idéia de que a avaliem de forma positiva. Gosta de

mostrar serviço e mergulha-se no trabalho para proteger-se de suas

dificuldades.

Por trás do medo se esconde muitos mecanismos de defesa com

percebemos acima, que é um mecanismo natural a defesa do ser humano que

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se desdobra em distintos aspectos, prejudicando as relações interpessoais no

ambiente de trabalho.

3.4 Qualidade de vida no terceiro milênio

Nesse contexto o afeto nas relações interpessoais apresenta uma

grande valoração, tendo com base a ética e a justiça, questões que prometem

ser marco na vida do trabalhador do século XXI.

A construção de ambientes saudáveis favorece melhores

relações interpessoais. É preciso então valorizarmos continuamente o

aprendizado, porque um depende do outro na troca de informações e

conhecimentos.

Signorelli (2003, p. 1), aponta:

Para que uma vida seja boa, tem que ser humana. E se é humana, está pautada nas relações interpessoais. Não há como ser humano sem alguém em relação com um outro. Isso nos põe diante de outro aspecto das relações humanas: o da dependência. Pensar nisso é incômodo, porque admitir a dependência é reconhecer que o outro é importante e que tem coisas a nos oferecer que completam ou satisfazem nossas faltas.

No dias atuais parece mais difícil o convívio para estabeleçamos

atitudes de trocas; as pessoas estão muito egocêntricas. Muitas das vezes não

partilham conhecimentos relativos a seu cargo ou função, com medo de perder

o emprego. Neste sentido, Signorelli (2003, p.1) indaga:

[...] se é possível que uma pessoa que não tenha percorrido as diferentes fases do seu desenvolvimento psíquico, passando pela renúncia a uma posição egocêntrica, menos evoluída, possa ser ética. Se não há reconhecimento do outro como alguém que tem existência própria, como é possível exercer uma atitude ética em relação a esse outro?

Nesse ponto as experiências de relações entre seus pares, são

necessárias, para o amadurecimento intelectual das pessoas.

Bom Sucesso (2002, p.149) salienta,

Viver com qualidade resulta tanto da busca individual, quanto do esforço coletivo. Primeiro, o trabalhador tem sido estimulado a pensar seus objetivos de vida, priorizar as ações pessoais, ouvir e outro, pautar-se em postura proativa, saindo da ótica da submissão para aquela da crítica e da interdependência. Os lideres são responsáveis pelo incentivo e pela manutenção de medidas que assegurem clima positivo, uma vez que as relações interpessoais constituem um forte componente da satisfação com o trabalho e, devido a esta importância, requerem um guardião, empenhado em esforços diários para a prevenção de conflitos.

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Muitos grupos são encorajados a praticar relações verdadeiras e

busca das soluções de conflitos no relacionamento interpessoal. A conversa

franca e respeitosa no lugar da fofoca e da mentira.

Na visão de Calvino (1990) a qualidade de vida para o terceiro

milênio está calcada em “seis propostas” leveza, rapidez, exatidão, visibilidade,

multiplicidade e consistência como rumos para a humanidade. Essas reflexões

propostas por Calvino se igualam as características dos estudiosos da

administração, da década de 90, afirmações indispensáveis aos líderes.

a) Leveza - a leveza precisa ser praticada e ensinada, mesmo

porque grande parte das pessoas não tem em seu repertório. Para adquirir

esse grau é preciso refletir seriamente, sorrir, brincar, aprender, dialogar,

persistir, ter maturidade e humor.

b) Rapidez – descreve a rapidez não como chegar em primeiro

lugar, mais sim, ter agilidade, desembaraço, desenvoltura, perspicácia e

vivacidade. A rapidez favorece a qualidade de vida se concebida nessa visão.

Gerentes ágeis constituem e mantêm equipes entrosadas e produtivas.

c) Exatidão – é a busca da competência, do desenvolvimento de

habilidades, da destreza, do compromisso. Preocupa-se em aperfeiçoar e

melhorar as pessoas, visto que as relações interpessoais não acontecem em

pessoas perfeitas. Precisa-se dividir espaço com pessoas diferentes, abrir

mãos de algum intento. Pessoas e relações podem ser transformadas, no

entanto, faz-se necessário muito capricho e esmero para chegar até a exatidão.

d) Visibilidade – é a possibilidade de mostrar resultados, talento,

contribuído com alternativas próprias ou de outros. A qualidade de vida

também precisa dar visibilidade a si e ao outro, criando um ambiente valorize o

aprendizado com quem faz bem feito.

e) Multiplicidade – enxerga as pessoas como um universo muito

complexo e ao mesmo tempo singular. E que independente de quem seja do

estilo que ostenta, todos são capazes de continuamente serem remexidos e

(re)arrumados de todas as formas possíveis.

f) Consistência – é uma proposta que tem como base a firmeza, a

estabilidade, a persistência nas metas e a insistência no rumo, mesmo com a

dificuldade dos obstáculos.

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Calvino (1990) romancista italiano, fala da virtude e habilidade

freqüentes citadas nos livros de administração de empresas. Ele mostra que

através do romance a literatura pode contribuir com a humanidade estimulando

essas seis virtudes citadas acima.

Na sociedade pós-industrial a qualidade de vida no trabalho

precisa da constância de objetivos, perseverança e da temperança. Calvino em

sua seis propostas assinala as características e os adjetivos que precisam ser

observados para que obtenhamos uma postura mais eficaz frente aos

problemas vigentes em nossas organizações.

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CAPITULO 4

Dando significado ao trabalho

Segundo Holanda, cargo é Função ou emprego público ou

particular. Para Chiavenato (1992) cargo à composição de todas as atividades

desempenhadas por uma pessoa, que podem ser englobadas em um todo

unificado e que figura em uma posição formal do organograma da empresa.

Bom Sucesso (2002, p.3) enfatiza que,

A palavra trabalho, do latim tripalium, refere-se a instrumento de tortura utilizado para punir criminosos que, ao perder a liberdade, eram submetidos a trabalho forçado. Os dicionários da língua Portuguesa registram como sinônimos de capricho, cuidado e esmero, fadiga e esforço. Diversamente, na língua Inglesa, a mesma expressão (work) significa ocupação, serviço, atividade, só tomando conotação desagradável seguida de adjetivo que lhe atribua características negativas.

Vimos que a definição de trabalho é relativa dependendo da ótica

de sua sociedade e do momento histórico com podemos perceber em Santos

(1995, p. 52)

A revolução industrial mudou radicalmente para pior a vida e o trabalho do homem, transformou o camponês e artesão, tipos relativamente descansados e sadios, nos operários citadinos, aprisionados em casinhas minúsculas, sem saneamento, amontoados em guetos, em condições anti-higiênicas, cansados, estressados, explorados, fracos e desmoralizados, criou-se o empregado assalariado.

O aumento da população nas regiões urbanas sem sombra de

dúvida incha a massa de trabalhadores assalariados nas grandes metrópoles.

Fazendo com que a maioria deles se submeta a qualquer trabalho para manter

o seu sustento e o de sua família.

4.1 Saúde dos trabalhadores

São freqüentes as grandes filas nos hospitais e nos postos de

saúde estarem cheias de trabalhadores em busca da cura das mais diversas

afecções, muitas das vezes causadas condições insalubres no trabalho.

Spink (1995, p.188) mostra que,

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Partem da medicina do trabalho e da engenharia de segurança algumas categorias já tradicionalmente utilizadas que visão compreender a relação entre condições de trabalho e saúde, guias estudos bem como instrumentalizar ações concernentes à saúde dos trabalhadores. São elas o trabalho insalubre e o trabalho perigoso. O entendimento mais genérico que se tem do trabalho insalubre e de que ele diz respeito àquelas condições de trabalho que provocam doenças e intoxicações, por sua vez o trabalho perigoso, diz respeito às condições que geram acidentes de trabalho¹.

Principalmente, nos centros urbanos a ocorrência desses tipos de

trabalho é muito comum, tendo em vista a grande gama de profissões

necessárias para atender as demandas. Profissões como: motorista de

transporte coletivo, faxineiros que limpam os vidros externo dos arranhas céus,

operadores de fornos industriais. São alguns exemplos que podem servir de

ilustração.

“O controle do trabalho é um dos aspectos já identificados em

vários outros estudos com um dos principais requisitos para que o trabalho seja

saudável” Spink (1995, p.197). A verdade é que ninguém gosta de trabalhar

sem uma relativa autonomia para decisões. Trabalhar com chefes ou gerentes

que ficam o dia todo no seu pé dizendo faça isso, agora faça aquilo, como se

fosse um cachorrinho, sem deixar você avaliar a situação e ver qual a forma e

o critério que precisam para serem executadas determinadas tarefas. Além do

mais, transmite ao trabalhador uma sensação de aprisionamento sufocante

levando ao alto nível de estresse, fazendo com que a pessoa se sinta

inferiorizada diminuindo sua auto-estima.

Para Spink (1995, p.206) “Sadias ou não sadias, estruturadas na

forma de doença ou não, o que as ações adaptativas comunicam é que o

trabalhador busca, apesar da impossibilidade de exercer legitimamente o

controle, ser sujeito no trabalho”. Vemos que o trabalhador se não tem o

controle mais tem sua consciência enquanto cidadão procura pelo menos impor

seu respeito em suas relações substantivas.

Todos nos temos nossas histórias de vida: história pessoal

(tristezas e alegrias), traços de personalidade, processo de aprendizagem,

crenças e valores que precisam ser minimamente respeitados. É preciso saber

lidar e respeitar as diferenças, trabalhando e corroborando a relevância do tra-

¹ A partir de uma concepção particular sobre essas categorias,no Brasil existem normas legais visando prevenir a ocorrência desses agravos à saúde, beneficiar aqueles trabalhadores que expõem-se ao trabalho ao risco e, ainda, indenizar os casos confirmados de doença e acidentes.

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trabalho em equipe, do equilíbrio entre a emoção e a razão.

Sendo o núcleo figurativo da representação social do trabalho penoso o controle sobre contextos de trabalho, que suscitam incômodo, sofrimento e esforços demasiados a prática preventiva deve ser norteada por este eixo. O controle remete á relação entre o trabalhador e o contexto de trabalho, entre as condições objetivas e as disposições subjetivas; remete ainda à possibilidade de a organização do trabalho respeitar a variabilidade intraindividual e a diversidade interindividual. Spink (1995, p.206)

No mundo moderno vivemos profundas contradições entre modos

de construir e a vida, gerir organizações e de nos relacionar com os outros.

Precisamos de uma visão que valorize a coletividade, os valores humanos, a

responsabilidade essencial, respeito a vulnerabilidade e a atitude cooperativa

enquanto pessoa capaz e consciente.

4.2 Escolha da profissão

Para alguns pode até ser simples, mas para muitos a escolha da

profissão é bastante difícil. Porque indicará o muita das vezes o que vamos

fazer o restante de nossas vidas. Imaginemos uma pessoa que escolha a

profissão que não lhe faça bem, que não sinta prazer algum no desempenho

de seu trabalho, vai ser uma tortura seguir tal profissão. Nesse contexto a

família como primeiro grupo social assume forte influencia sobre essa escolha,

como afirma Bom Sucesso (2002, p. 8),

A família exerce forte influencia na escolha profissional, insistindo para que os filhos sigam a carreira dos pais, ou ingressem em profissões que prometem retorno financeiro imediato. São raros os pais que ajudam o filho a identificar habilidades e interesses, associados às demandas das diversas ocupações, que respeitam as tendências de escolha dos filhos.

Muitos pais investem no futuro dos seus filhos, mas cobram que

sigam a profissão indicadas por eles, visto que muitas das vezes para continuar

projetos de empresa e a tradição da família em determinado ramo do trabalho.

A escola um espaço destinado a ajudar o aluno a conhecer e

perceber se a futura profissão é conveniente ao seu perfil e expectativas,

muitas das vezes não consegue ajudar o aluno nesse sentido.

Para Gardner (1995, p. 74) mostra que,

As pessoas têm seu potencial pouco explorado, possuindo um conjunto de talentos, habilidades e capacidades: lógico-matemática, lingüística, espacial, musical, corporal – cinestésica, interpessoal e

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intrapessoal. A interação dessas potencialidades resulta em múltiplas possibilidades, abrindo perspectivas que, às vezes, até o possuidor as desconhece. O conhecimento do potencial do emprego e sua compatibilização aos desafios e realidade da empresa constituem medidas necessárias à promoção de atividades de formação, conscientização, capacitação e desenvolvimento. A satisfação com o trabalho é o suporte básico para a qualidade de vida nas organizações.

E os que conseguem terminar a graduações se deparam com

pouca experiência, com muito contato com apenas a teoria que na prática é

outra. Feliz daqueles que logo após o termino do curso universitário

conseguem trabalho, a concorrência está acirrada em todos os setores e a

tendência e que cada vez mais as organizações cobrem mais conhecimentos

de seus futuros empregados.

Esses são alguns fatores que contribuem para o atual cenário

repleto de insatisfeitos profissionalmente, em que não consegue se identificar

com aquilo que faz, comprometendo seu desempenho e sua realização

pessoal.

4.3 O homem para além do trabalho

Trabalho e vida pessoal sempre foi uma questão difícil de

adequar. A busca incessante da busca por dinheiro ou por uma carreira

brilhante dentro de um organizações, consomem a maior parte do tempo de

muito trabalhadores, que muitas das vezes deixam a desejar a atenção

prestada a sua família.

O mais forte desafio tem sido viver com qualidade em um mundo de alto desenvolvimento tecnológico e baixo desenvolvimento humano, que evidencia a dificuldade de conciliar trabalho e vida pessoal. Não se concebe mais que o sucesso na carreira implique fracasso no casamento, na vida afetiva, argumento utilizado por aqueles que aceitam como inevitável a divergência família-trabalho. Bom Sucesso (2002, p.13)

A família é uma instituição que enfrenta diversas problemáticas

para modificar essa realidade. As relações humanas estão cada vez mais

fragilidazadas os casamentos têm assumido moldes que não favoreça

qualidade de vida. Os conflitos no relacionamento dos casais têm aflorado

ainda mais com o desacordo com os seis papeis na relação. Dificuldades com

o diálogo, ciúmes e cobranças são muitos recorrentes.

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As organizações tem mostrado, atualmente, preocupação com os

trabalhadores como relata Bom Sucesso (2002, p.13)

As organizações começam a entender que precisam participar da transformação dessa realidade, desenvolvendo programas de conscientização e apoio visando encontrar um equilíbrio entre trabalho e melhoria da qualidade de vida, uma vez que as dificuldades emocionais decorrentes da vida pessoal interferem de forma significativa no desempenho profissional.

É preciso aproveitar o lazer com atividade favorecedora de boas

relações, que sirvam de válvulas de escapes para o estresse da rotinha de

trabalho. Muitas organizações possuem espaço de lazer com atividades

esportivas e culturais, para toda família. Eventos como esses contribuem

positivamente para integração organizacional e social.

4.4 Perspectiva da gestão da qualidade de vida no trabalho.

Essa perspectiva se ampara no modelo de nova competência em

gestão, que tem como base: o conhecimento do negocio, as estratégias e as

técnicas.

Os estudos mais recentes de qualidade de vida no trabalho

apontam a diversidade cultural do ambiente empresarial como oportunidades

para práticas e os valores de QVT. Sendo os grupos socioocupacioanais das

organizações incluídos no poder das empresas, visando potencializar a

disciplina como elemento estratégico.

Limongi-França (2004, p.173) afirma,

O rico e diversificado ambiente de trabalho empresarial advindo das fusões e incorporações, intensificadas na década de 1990, traz desafios competitivos para as organizações e grande turbulência na vida das diferentes categorias profissionais, potencializando ansiedades, medo e stress. Nesse ambiente, as práticas e os valores de QVT encontram campo fértil para sua difusão.

Sem dúvida as fusões e incorporações no ambiente empresarial

favoreceram a um campo muito extenso de desafios, requerendo das

organizações muito “jogo de cintura” para gerir esse grande contingente de

pessoas cada vez mais repletas de medo e estresse. Por outro lado esse é um

momento oportuno para aprofundar o estudo desses conflitos, é um ambiente

que oferece muitas experiências de prática e valores, fornecendo uma gama

imensa de possíveis estudos de caso. Nesse momento que a qualidade de vida

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no trabalho tem seu papel essencial, que é de buscar caminhos e novos

modelos que melhor de adequarem ao novo contexto social das organizações.

Um grande aliado da QVT é o aparato jurídico que se constitui na salvaguarda de direitos e deveres, ordenando os aspectos essenciais de ações e programas, práticas e valores, particularmente na área trabalhista. Acidentes de trabalho e conflitos organizacionais e aspectos críticos de QVT são reduzidos ou mais bem regulados por referencias normativas e legais. Há muito o que aperfeiçoar em relação a esse tema, diminuindo a visão paternalista, o que pressupõe maior participação de especialistas jurídicos nas questões de QVT. Limongi-França (2004, p.173)

Os diretos e deveres dos trabalhadores têm que ser observado

em qualquer circunstância, para que possa garantir maior segurança e respeito

a dignidade da pessoa humana enquanto elemento essência da estrutura do

trabalho. A legislação de nossos trabalhadores na maioria dos casos não é

respeitada. Nesse sentido, é importante que gestores almejem maior

participação de especialistas jurídicos para fazer valer os direitos estatuídos.

Atualmente, a perspectiva na qualidade de vida no trabalho

também busca adequar os programas organizacionais modernos, como a

produção flexível, a prática de valores de QVT, diminuindo as dúvidas e

superando as contradições das fortes dinâmicas internas. Esse ato torna a

organização um ambiente de melhor integração das pessoas por meio de

informações e aprendizagem, tornado o trabalhador um sujeito empenhado nas

suas funções e desperta para a proposta de se trabalhar com o espírito

cooperativo se identificando com o trabalho que realiza.

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CAPITULO 5

Qualidade de vida no trabalho Estamos numa era em que a competitividade e a eficácia

tecnológica estão sendo amplamente cultivadas no contexto de uma sociedade

tecnicista e industrial. Onde valores como a cooperatividade e a partilha de

bens e de informações não soam estranhamente em nossos ouvidos.

Para melhor compreendermos a Qualidade de Vida no trabalho -

QVT citaremos vários conceitos que de diferentes autores, que nos favorecerá

a enxergar a qualidade de vida em vários aspectos.

Segundo Gill e Feinstein (1994), Qualidade de vida, ao invés de

ser uma descrição de ser de status do indivíduo, é uma flexão do modo como

eles percebem os seus estados de saúde e outros aspectos não médicos de

suas vidas e reagem a isso.

Esse posicionamento evidencia o comprometimento com o bem-

estar do estado bio-psico-social do indivíduo, na tentativa de entender a

dinâmica em que estão inseridos esses três aspectos da vida do ser humano.

Em seu modelo, Guest (1979, p. 76-87) define duas formas de

enfoque apresentadas:

• “Qualidade de vida é um processo organizacional capaz de

identificar o potencial criativo dos empregados, envolvendo-os em processos

decisórios que afetam suas vidas no trabalho”.

• “Qualidade de vida é uma fase genérica que abrange os

sentidos pessoais sobre cada dimensão ao trabalho”.

Nessas formas de enfoque na gestão participativa onde os

empregados são incentivados a colaborar nos processos decisórios, suas

sugestões são ouvidas e avaliadas em grupos.

No ambiente das Instituições, a busca por uma vida mais

saudável faz relação ao controle do estresse determinado pelo estilo de vidas

das pessoas nesse mundo contemporâneo.

Drucker (1999) é um dos autores que concordam que houve

época em que as empresas podiam ficar isoladas no mundo, tomando suas

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decisões quase sempre dependentes do um só individuo (as empresas

familiares) dentro de quatro paredes.

Entender a satisfação dos empregados em seu ambiente de

trabalho é muito importante para que possam contribuir eficazmente dentro da

organização. Precisamos compartilhar conhecimento, experiências e idéias

dentro do ambiente de trabalho buscando juntos uma estratégia adequada para

sua empresa. E não se fechar em pequenos grupos e ignorar a realidade que

os cerca.

“A mente e o corpo estão intrinsecamente ligados, e sua interação

exerce, a cada segundo, uma profunda influência sobre a saúde e a ‘doença’, a

vida e a morte” (Goleman, 1997, p.15). Diante desse ponto de vista

observaremos as queixas de doença recorrentes registradas em ambulatórios

ou no setor de recursos humanos, como indicadores de problemas na

qualidade de vida da pessoa dentro de uma organização.

“O objetivo da saúde no trabalho é o de promover e manter um elevado grau de bem estar físico mental e social dos trabalhadores em todas as suas atividades, impedir qualquer dano à saúde causada pelas condições de trabalho e proteger contra os riscos resultantes da presença de agentes prejudiciais à saúde: colocar e manter os trabalhadores em emprego compatível com suas aptidões fisiológicas, enfim adaptar trabalho à pessoa e cada pessoa a suas tarefas” (Bedrikow apud Búrigo, 1997, p.53).

As empresas estão cada vez mais apostando na qualidade de

vida com fator decisivo para buscar alternativas para aumentar sua

produtividade e competitividade diante do mercado, sem deixar de lado a

qualidade de vida de seus funcionários. As empresas usam também a

estratégia de qualidade de vida para reter funcionários talentosos.

Nadler; Lawler, (1983, p.11) apontam que,

A preocupação com o conceito ‘qualidade de vida’ refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Para que o nível de vida no trabalho alcance um mínimo satisfatório, é necessário que o indivíduo tenha alimentação que satisfaça suas necessidades energéticas; vestuário para o atendimento das questões higiênicas e proteção contra intempéries da natureza. Além disso, também deve dispor de habitação em condições saudáveis, segurança contra atos de violência e perda do emprego, por motivo de doenças, e serviços essenciais como água potável, saneamento, assistência médica, transporte públicos, educação, dentre outros.

Esse movimento das ciências busca com sempre estabelecer a

melhor maneira a mais adequada forma para que o trabalhador exerça sua

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atividade sem sofrer tanto danos à sua saúde, e que a qualidade de vida esteja

presente em aspectos centrais de sua vida fora do ambiente de trabalho, para

que este possa se preocupar menos com problemas particulares e realizar sua

função com mais empenho e dedicação, para que no final de cada mês ele

possa pagar todas suas contas com o fruto de seu trabalho.

Para Oliveira (1995, p. 40), “Qualidade de vida significa a

excelência da vida que se deseja e que deve ser vivida”. Sem dúvida é uma

postura mais filosófica que pretende o indivíduo a aproveitar a vida em sua

forma plena, usufruindo dos benefícios básicos, de lazer, de cultura e educação

que possibilitem cada vez mais o desenvolvimento e o usufruto da vida.

Chanlat (1992, p. 21), diz que “Os vínculos do indivíduo com a

organização onde ele trabalha, sua lealdade, participação e preocupação com

o trabalho bem feito, serão tanto mais fortes, se a empresa se interessar pelas

pessoas”. Trata-se então de uma atividade recíproca entre patrão e

empregado, onde as duas partes se beneficiadas mutuamente.

Oliveira; Limongi-França (2005, p. 15) afirmam,

No aspecto Qualidade de Vida no Trabalho, são muitas as ferramentas e metodologias que visam criar e manter um ambiente de trabalho seguro, saudável e agradável. O processo de Qualidade de Vida é alinhado com o processo da Qualidade Total, e têm o objetivo de proporcionar aos funcionários o gerenciamento de sua saúde e estilo de vida, condições de bem estar pessoal e profissional, melhoria dos relacionamentos interpessoais, visando o equilíbrio entre mente e corpo, desenvolver de forma pró ativa a melhoria da satisfação com o trabalho, melhoria das práticas de saúde e redução de riscos.

Qualidade de Vida no Trabalho e relações interpessoais andam

juntas no sentido de proporcionar ao trabalhador motivações para desenvolva

seu trabalho de forma aprazível e saudável. As condições de bem estar

pessoal e profissional e uma questão focal de muitas organizações tendo em

vista a diminuição de problemas de saúde.

Tolfo; Piccinini (2001, p. 166) assinalam,

O mundo do trabalho vem passando por profundas transformações. Temáticas com globalização, flexibilização, competitividade e novas formas de organização do trabalho têm sido destacadas nas análises daqueles que atuam nas organizações ou as estudam. Nesta fase da dita terceira revolução industrial, as pessoas que atuam nas organizações passam a ser fonte de interesse: conforme assinalam alguns autores, são os colaboradores que possibilitam a vantagem competitiva nas organizações e faz-se necessária a implementação de ações que propiciem a qualidade de vida no trabalho (QVT). Por outro lado, há articulistas, como Peter Drucker, que sinalizam que a

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valorização das pessoas no ambiente de trabalho é mais aparente do que real.

Atualmente, já existe varias empresas que trabalham com

qualidade de vida no trabalho: Dpascoal, Good Year, McDonald’s, Samarco,

ABB, Accor, Promom Hewlett Packard. Sendo os principais itens analisados:

salários, Benefícios, Oportunidade de carreira, Segurança e Confiança na

gestão e Treinamento. Sendo que o projeto de gestão de qualidade de vida no

trabalho é muito complexo precisa de muito estudo e de um acompanhamento

que possa dar suporte a seus funcionários.

Em função da diversidade de conceituação para QVT, Fernandes

(1996) chama a atenção para a necessidade de aprofundar a revisão da

literatura do tema, porque não se pode trabalhar com algo que não se sabe

com certeza o que é. No Brasil a preocupação com QVT surge mais tarde,

também em função com a preocupação com a competitividade das empresas,

em contexto de maior abertura para a importação de produtos de outros países

e na esteira de programas de qualidade total.

Bowditch e Buono (1992, p.207) enfatizam,

Um conjunto de definições equaciona a QVT com a existência de um certo conjunto de condições e praticas organizacionais tais como cargos enriquecidos, participação dos empregados nos processos de tomada de decisões, condições seguras de trabalho e assim por diante. Uma outra abordagem equacionada a QVT com os efeitos visíveis que as condições de trabalho têm no bem estar de um indivíduo (por exemplo, manifestação de satisfação no local de trabalho, crescimento e desenvolvimento dos funcionários, a capacidade de atender a toda a gama de necessidades humanas).

Percebemos que o conceito de qualidade de vida no trabalho e

amplo e flexível. Precisa a todo o momento de (re)avaliado para que se tenha

noção do que está acontecendo com o pessoal dentro da organização e que o

bem estar de seus funcionários seja efetivado.

Tolfo; Piccinini (2001, p. 189) concordam que,

O mundo do trabalho vem passando por profundas transformações; entretanto os reais impactos de tais mudanças sobre a organização do trabalho e sobre os trabalhadores, muitas vezes, não são suficientemente analisadas, tanto teórica quanto empiricamente.

Essas afirmações foram frutos de um trabalho de investigação

das melhores empresas para trabalhar no Brasil e que estão intimamente

ligadas a qualidade de vida no trabalho. Os principais resultados encontrados

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foram: descentralização da gestão, premiação pelos resultados, comunicação

aberta, ambiente de agradável para trabalhar, programas de qualidade de vida,

a pessoa como centro, possibilidade de o funcionário tornar-se sócio ou dono

da empresa. Questão que nos despertam a disposição em investir cada vez

mais em pesquisas e em praticas que melhorem de forma efetiva o cenário das

organizações.

5.1 Escolas de pensamento em qualidade de vida no trabalho.

Sabemos que, hoje, existe uma nova realidade social como

alguns fatores: maior tempo de vida trabalhando em atividades produtivas,

maior consciência do direito à saúde e também um relativo aumento na

expectativa de vida dos trabalhadores. A QVT faz parte das mudanças pelas

quais passam as relações de trabalho na sociedade moderna, em acelerada

transformação. Limongi-França (2004).

5.1.1 Escola socioeconômica

Veremos os princípios básicos dessa nova corrente política

segundo Giddens (1998, p. 37 e 76):

• desenvolvimento da cidadania;

• responsabilidade e projetos sociais;

• preservação do meio ambiente;

• igualdade com liberdade;

• desenvolvimento sustentável.

Essa escola nos ajuda a refletir questões comuns ao no cotidiano

que são essências para nossa vida. O fenômeno da globalização tem gerado

novas relações de trabalho, um crescimento magnífico na área tecnológica

oferecendo equipamento de proteção mais seguro. Para alguns o mundo do

trabalho veio para dentro de casa, não ocupa mais um espaço físico dentro da

empresa, faz seu trabalho à distância esse é um modelo novo de ocupação do

mercado de trabalho.

“A sociedade global apresenta desafios empíricos e

metodológicos, ou históricos e teóricos, que exigem novos conceitos, outras

categorias, diferentes interpretações” Limongi-França (2004, p.25). Essa escola

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de pensamento busca uma reflexão para a era moderna que indiquem um novo

modelo das ciências sociais. Tenta nos mostrar que o mundo globalizado está

nos esmagando com seus paradigmas e que pouco e feito para mudar esse

quadro, mesmo porque a sociedade que ficar de fora desse sistema global é

considerado alienado e fora dos moldes atuais.

5.1.2 Escola organizacional

A escola organizacional assume uma dimensão mais voltada à

maneira como e estruturada e como acontecem os processos da produção

dentro da organização.

A rigor, Qualidade de Vida no Trabalho envolve uma dimensão especifica do local onde as relações de produção ocorrem. Trata-se de reconhecer que grande parte das relações de trabalho, de suas práticas e seus valores nasce de experiências no chão de fábrica, dos processos de controle da produção, dos tempos e movimentos, evoluindo para a qualidade total e critérios de excelência. Embora influenciada pelas condições gerais de organização socioeconômica, é nessa dimensão, que se pode designar de organizacional, que muitos pesquisadores apoiaram sua reflexão. Limongi-França (2004, p. 27)

Desde os estudos da racionalização do trabalho feito por Taylor

no século XX, que passou a cada vez mais estudar o fenômeno trabalho de

modo fragmentado tendo em vista o aumento da produção, mais o que parecia

ser um aumento de produção em longo prazo mudou de face e ocorreram

inúmeros problemas de saúde, relacionadas ao fadigante cansaço físico e

mental provocado pelo trabalho racionalizado. Então, atualmente, o rumo dos

estudos sobre as condições humanas do trabalho guinou para qualidade de

vida no trabalho, como uma tentativa contribuir para uma sob a perspectiva

organizacional, valorizando a competência, a estratégia, a cultura e o talento.

Limongi-França (2004, p. 27) desta o conjunto de contribuições

da escola organizacional, podem-se destacar as seguintes características:

• expansão dos processos de qualidade e produtividade para a de

qualidade pessoal;

• política de gestão de pessoas - valorização e capacitação;

• marketing - imagem corporativa e comunicação interna;

•tempo livre - desenvolvimento cultural, hábitos de lazer e

esporte;

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• risco e desafio como fatores de motivação e comprometimento.

Esse esforço busca relações de trabalho na dimensão da QVT

que tornem possível uma realidade organizacional com qualidade e eficácia.

5.1.3 Escola da condição humana no trabalho.

Essa escola ver o ser humano como um complexo

biopsicossocial, ou seja, o aspecto biológico, psicológico e o social que estão

intimamente ligados às condições de vida do indivíduo.

Limongi-França (2004, p. 28) fundamenta a visão biopsicossocial:

• a dimensão biológica refere-se às características físicas

herdadas ou adquiridas ao nascer e durante toda a vida. Inclui metabolismo,

resistência e vulnerabilidades dos órgãos ou sistemas;

• a dimensão psicológica refere-se aos processos afetivos,

emocionais e de raciocínio, conscientes ou inconscientes, que formam a

personalidade de cada pessoa e seu modo de perceber e de posicionar-se

diante das demais pessoas e das circunstâncias que vivencia;

• a dimensão social revela os valores socioeconômicos, a cultura

e as crenças, o papel da família e as outras formas de organização social, no

trabalho e fora dele, os sistemas de representação e a organização da

comunidade a que cada pessoa pertence e da qual participa. O meio ambiente

e a localização geográfica também formam a dimensão social.

Como o próprio nome da escola já diz: escola da condição

humana no trabalho, está voltada para essas três dimensões supra citadas. E

nesse contexto a saúde é vista não apenas com a ausência de doença, mais

também como o completo bem-estar dessas dimensões.

Essas três escolas de pensamento de QVT visam integrar

competências da nova gestão organizacionais, preocupadas sempre com as

relações humanas substantivas, o respeito à pessoa humana e com os

resultados positivos dos pontos de vista empresarial, que juntos caracterizam a

missão da QVT nas empresas.

5.2 Prática e valores nas empresas

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A qualidade de vida no trabalho precisa ser aceita como um grupo

de atividades primarias ou fundamentais para que a partir daí os gestores

possam fazer seu trabalho com ênfase nas pessoas como elemento motor do

processo.

Limongi-França (2004, p.177) afirma,

As práticas e valores estariam contidos em grupos de pressão relacionados, por ordem de importância, a sindicatos, efeito demonstração de outras empresas, legislação, efeito cliente e outros. A QVT não é um valor associado a iniciativas isoladas de empregados. QVT é um valor a ser conquistado (importância de sindicatos e legislação) ou concebido (efeito demonstração e efeito cliente), com grande potencial para ser compartilhado, o que depende do perfil do administrador, identificado com altamente positivo em relação à QVT.

Podemos perceber que nos dias atuais a prática e valores dentro

das empresas tem seu papel fundamental, para o desenvolvimento de uma

estrutura humana capaz de coexistir adequadamente com a estrutura física

disponibilizada pela organização. Por tanto, a QVT tem que ser uma atitude

massifica em todos os membros da empresa, buscando assim, iniciativas

participativas por parte dos empregados.

5.3 Nova competência

A incorporação de novos paradigmas se faz necessário no

momento em que o antigo modelo de gestão não corresponde com as

necessidades dos trabalhadores. A nova competência da gestão da qualidade

de vida no trabalho busca atender as seguintes questões citadas abaixo por

Limongi-França (2004, p.178).

A competência em QVT está associada a questões de saúde, lazer e nutrição – nessa ordem. Também estão contidas nessa nova competência as habilidades relacionadas a responsabilidade social e relações do trabalho, as quais são interfaces das esferas psicossocial e organizacional (altamente associadas como relevantes à QVT). Essa percepção reforça a expansão do conceito saúde-doença para áreas mais abrangentes da capacitação do administrador. QVT é uma competência gerencial para o administrador e uma competência estratégica para a organização. É percebida também como atividades permanente, com forte efeito catalisador nas esferas psicossocial e organizacional.

A condição humana contemporânea do trabalhador nas grandes

organizações vem ganhando cada vez mais espaço com a política da QVT, que

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na conjuntura atual parece ser a alternativa mais sensata de reverter os

diversos problemas em nível de gestão de pessoas nas empresas. Essa é a

hora de gestores e trabalhadores discutirem questões importantíssimas do

comportamento humano: a reflexão crítica de nosso comportamento, a

condução de nossas vidas nesse momento tão difícil para patrão e empregado,

o que estamos fazendo? Para onde estamos indo como pessoa, instituição e

socialmente? Interrogações que fazem falta na análise comportamental dos

trabalhadores que muitas das vezes, realmente, nunca dão a devida

importância para esses aspectos.

Os gestores precisam perceber que as crenças, valores. Leis, etc.

são diferentes em cada comunidade e precisam ser respeitadas. O homem

como ser no mundo precisa manter a sociedade, a cultura, os valores sociais,

para o bem de todos. A raça humana não pode sobreviver sem eles. No

entanto é preciso conservar a própria raça humana e não tratar o trabalhador

como um robô, que se o trabalhador pudesse caminha desprovido dessas

heranças.

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CAPITULO 6

Considerações finais

Notamos que o desenho de cargo é um elemento imprescindível

para que a empresa possa contratar um trabalhador conforme suas

expectativas.

Os antigos conceitos de desenhos de cargos serviram para

mostrar o distanciamento que a humanidade evolui em busca de um

profissional atualizado diante dessa grandiosa tecnologia.

Citamos três tipos de cargos: o modelo clássico ou tradicional, o

modelo humanístico ou das relações humanas e o modelo contigencial. Onde

foi possível notar diferença existente, no que tange ao aspecto humano

observados por cada uma delas. A análise Swot serviu-nos como modo de

configuração didática pedagógica para que o leitor entenda.

A análise e descrição dos cargos é uma questão de peso dentro

do processo de admissão dos trabalhadores, por que visa nos mostrar se o

cargo é adequado ou não ao empregado.

Vimos que a gestão da competência está sendo destacada como

um diferencial favorecedor de processos de aprendizagem e inovação. E um

saber voltado a ação, a atitudes, mobilizações e responsabilidades. Vimos que

a gestão da competência e de muita valia porque estimula um maior

engajamento dos funcionários. Mais essa abordagem apresenta uma

problemática porque coloca no trabalhador a responsabilidades dos resultados

na empresa.

Verificamos que as relações interpessoais e a qualidade de vida

no trabalho assumem um papel de suma importância na sociedade pós-

industrial. Modelo social em que ocorrem as transformações mais frenéticas de

todos os tempos é que o ser humano não pode deixar de mão as relações

humanas substantivas o respeito com pessoa enquanto indivíduo

essencialmente sociável. Nesse novo milênio a qualidade de vida está em

pauta nas grandes empresas, em busca de melhores condições para que o

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trabalhador possa desempenhar sua função da forma mais ergonomicamente

possível.

O aprofundamento do estudo do trabalho foi explicitado através

de conceitos claros e objetivos em busca de um entendimento real de seu

significado. A saúde dos trabalhadores, a escolha da profissão e a vida pessoal

e profissional foram enfoques que nos serviram para visualizar o mundo do

trabalho pela visão teórica de autores que conhecem do assunto. O homem

para além do trabalho é uma tentava de mostra para o leitor que o lazer é

fundamental para a vida, sem ele a vida acumula uma carga de estresse que

levará certamente o trabalhador a adquirir alguma doença.

Através das escolas de pensamento em qualidade de vida no

trabalho: a socioeconômica, a organizacional e da condição humana no

trabalho. Pudemos reconhecer as diferentes abordagens que cada uma

propõe, sendo que a ultima assume uma postura mais adequada por que

respeitam aspectos imprescindíveis como o biológico, o psicológico e o social.

A realidade do mundo do trabalho e muito complexa exigindo dos

atores da cena do trabalho nas grandes empresas maior competência, para

poder gerir atendendo as reais necessidades do indivíduo do século XXI.

Esperamos que este trabalho possa ter repassado diferentes

olhares capazes fazer perceber o mundo do trabalho com uma ótica mais

crítica e menos desalienado, diante da sociedade na qual estamos inseridos.

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CAPITULO 7

Referencias bibliográficas

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: As relações interpessoais e a qualidade de vida no

trabalho.

Autor: Robson Bierre Sousa da Cruz

Data da entrega: 01 de outubro de 2005.

Avaliado por: André Cunha Conceito: