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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS DIDÁTICOS NA MEDIAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM Autor: Teresa Cristina da Silva de Oliveira Orientador: Profª. Maria da Conceição Maggioni Poppe Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS DIDÁTICOS NA MEDIAÇÃO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Autor:

Teresa Cristina da Silva de Oliveira

Orientador:

Profª. Maria da Conceição Maggioni Poppe

Rio de Janeiro

2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS DIDÁTICOS NA MEDIAÇÃO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Monografia apresentada em cumprimento às

exigências do Instituto A Vez do Mestre da

Universidade Cândido Mendes, como

requisito parcial para a conclusão do curso de

Psicopedagogia Institucional

Por:

Teresa Cristina da Silva de Oliveira

Rio de Janeiro

2010

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha querida amiga e

companheira de trabalho Dulcinéa Xavier que

muito me apoiou na caminhada para a

realização deste curso. E a todas as pessoas

envolvidas e preocupadas em melhorar a

qualidade de ensino.

AGRADECIMENTOS

A Deus, a minha família, aos meus

pequenos alunos que me motivam

sempre na constante busca do

aprender, aos meus professores que

compartilham seus saberes, idéias,

pensamentos e informações

fundamentais à concretização deste

trabalho.

RESUMO O presente estudo tem como objetivo discutir a importância dos jogos didáticos na mediação ensino-aprendizagem. O jogo é visto na literatura como um recurso que pode estimular o desenvolvimento infantil e proporcionar meios facilitadores para a aprendizagem escolar, sendo de grande importância na atuação do Psicopedagogo. Utilizar o jogo como um recurso escolar é aproveitar uma motivação própria das crianças para tornar a aprendizagem mais atraente. Entretanto, o meio escolar e alguns professores ainda encontram dificuldades que os impedem a utilização do recurso dos jogos como um facilitador para o ensino-aprendizagem na educação infantil. É no cotidiano da criança que se forma sua imagem e a do seu brincar. O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com os personagens do seu mundo é que nos permite conhecer melhor o cotidiano infantil. Torna-se necessário este estudo afim de despertar o interesse dos educadores e ampliar o olhar desses profissionais da educação para a utilização de jogos como instrumento pedagógico. PALAVRAS CHAVES: Jogos, aprendizagem, educação infantil

METODOLOGIA

Para a produção desde trabalho os instrumentos metodológicos

usados foram através de pesquisas bibliográficas de vários autores

relacionados ao assunto em questão, como também pesquisas realizadas

através de sites e revistas na área de educação buscando assim, identificar

analisar e descrever a importância dos jogos didáticos no desenvolvimento da

aprendizagem na educação infantil.

Foram utilizados como referências teóricas entre outras, as obras de

Liev S. Vygotsky (1975) em Psicologia Pedagógica; Nadia A. Bossa (1994) em

A Psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir da prática; e Celso Antunes

(2004) em O jogo na educação infantil. Falar e dizer / olhar e ver / escutar e

ouvir.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------- 8

1 - CONHECENDO A APRENDIZAGEM -------------------------------------- 12

1.1 - A aprendizagem na Educação Infantil -------------------------- 15

1.2 - As metodologias de ensino e a aprendizagem --------------- 17

1.2.1 - Métodos verbais ------------------------------------------ 18

1.2.2 - Métodos Intuitivo ----------------------------------------- 18

1.2.3 - Metodos Ativos ------------------------------------------ 19

2 - OS JOGOS E SUA IMPORTANCIA NA EDUCAÇÃO ----------------- 21

2.1 - Dimensão histórica dos jogos ------------------------------------- 21

2.2. - Classificação dos jogos -------------------------------------------- 27

2.2.2 - Jogo simbólico --------------------------------------------- 27

2.2.3 - Jogo de regras --------------------------------------------- 30

2.3 - Aspectos educacionais dos jogos -------------------------------- 31

2.3.1 - O jogo e o desenvolvimento social ------------------- 34

2.3.2 - O jogo e o desenvolvimento afetivo ------------------ 35

2.4 - Função do jogo ------------------------------------------------------- 37

3 - APRIMORANDO O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO ------------------ 40

3.1 - Repensando o comportamento de professores e alunos

em sala de aula -------------------------------------------------------- 41

3.2 - Os jogos como estratégia do trabalho do professor ---------- 44

3.2.1 - Importância do jogo na aprendizagem e na

Socialização ------------------------------------------------- 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------- 51

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------- 53

8

INTRODUÇÃO

A escolha deste tema foi em razão de acreditar que o jogo faz parte

de nós, por isso é um procedimento facilitador de ensino, o qual o professor

poderá fazer uso em sua prática pedagógica.

Os jogos infantis interferem nas dimensões afetivas, dando assim

condições favoráveis para o domínio do cognitivo e do social que é muito

trabalhado em classes de educação infantil. Os conceitos e a importância do

jogo tem oscilado ao longo do tempo, principalmente nos momentos de critica e

reformulação da educação, mas sempre lembrados e incluídos como

alternativas interessantes para a solução dos problemas da prática

Os jogos, sem dúvida são um dos meios facilitadores na descoberta

da leitura e escrita: profissionais da área educacional, comprometidos com a

qualidade da sua prática pedagógica e/ou psicopedagógica, reconhecem a sua

importância como veículo para o desenvolvimento social, emocional e

intelectual dos alunos.

Diante deste contexto conclui-se que brincar é mais do que uma

atividade sem consequência para a criança. Brincando, ela não apenas se

diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, se relaciona com este

mundo. Brincando, a criança aprende. Por isso, é cada vez mais importante a

utilização de jogos como instrumento pedagógico como também a sua

ocupação de um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação

Infantil.

Estes podem oferecer vários benefícios à ação pedagógica, como

por exemplo, o desenvolvimento da socialização, da leitura e escrita, do

raciocínio lógico, da coordenação motora, da afetividade entre outros. De um

modo geral, os jogos apresentam sempre um desafio a ser superado, onde a

criança aprende fazendo, experimentando. A aplicação de jogos pode ter duas

finalidades ser uma simples brincadeira de criança sem uma finalidade

educativa especificamente, ou uma brincadeira rica de experiências e ganho de

9

saberes. Em um jogo com uma finalidade pedagógica, o estudante é o

protagonista da ação, mas o professor é quem orienta para a aprendizagem.

Percebe-se que o uso de jogos para o ensino representa uma

mudança de postura do professor em relação ao ensinar, ou seja, a função do

professor muda de comunicador de conhecimentos para o de organizador,

observador, incentivador e mediador da aprendizagem.

O jogo pode proporcionar um espaço para diversas experiências.

Como por exemplo, um excelente instrumento terapêutico, este se configura

como uma ferramenta capaz de facilitar a aprendizagem e consequentemente

promover o desenvolvimento cognitivo das crianças. Importante também

assinalar sobre a importância dos jogos nas intervenções de caráter

psicopedagógico para a modificação do modelo de aprendizagem dos alunos, e

sua viabilidade em situação escolar para a melhoria da aprendizagem. Pois a

intervenção do psicopedagogo contribui muito para a melhoria da qualidade de

ensino, atuando no processo da aprendizagem, e na prevenção da instalação

de problemas nos educandos.

A psicopedagogia com ênfase nas atividades lúdicas pode vir a

ajudar sobremaneira para que o quadro que a sociedade pós-moderna

apresenta, de crianças com idades não compatíveis com o nível escolar venha

a ser minimizado. Ajudar os professores a saber ensinar mais e melhor é um

fator preponderante para que esta parceria (psicopedagogia e atividades

lúdicas) possa obter os resultados favoráveis dentro de um novo contexto de

educação.

A partir do que foi apresentado neste trabalho podemos perceber a

significância do jogo na educação infantil, destacando a sua importância nas

etapas do desenvolvimento infantil, sendo estas imprescindíveis para o

conhecimento e prática do professor.

A cada etapa do desenvolvimento infantil vão surgindo novas

descobertas e consequentemente, novos aprendizados que mediados por

professores que obtém tal conhecimento os facilitam, abrindo novos caminhos

e concepções. Contudo, este trabalho vem a refletir sobre a importância dos

10

jogos didáticos na mediação do ensino-aprendizagem para a educação, pois é

através deste que acreditamos no aprender de forma lúdica, prazerosa e

satisfatória.

O sentido da formação profissional docente implica em entender a

aprendizagem como um processo contínuo que requer uma análise cautelosa

desse aprender em suas etapas, evoluções, avanços e concretizações. Os

professores deveriam se dar conta de que o jogo faz bem também para a

saúde de seus alunos, enquanto jogam as crianças expressam os seus

sentimentos. Esses momentos servem para o docente entender como o seu

aluno está se relacionando no mundo. Portanto, o professor é apenas o

mediador neste momento, e auxiliado pelas crianças partilham experiências,

caminhos e propostas com os jogos na construção do conhecimento.

A pesquisa está organizada da seguinte forma: no primeiro capítulo

abordaremos sobre a aprendizagem, conhecendo um pouco sobre a mesma na

educação infantil e suas metodológicas. O segundo capítulo trata da

importância dos jogos na educação, o que nos faz conhecer um pouco sobre a

história dos jogos, e a sua contribuição na educação, contribuindo para o

desenvolvimento social e afetivo da criança. O terceiro e último capítulo,

estaremos abordando sobre a intervenção do psicopedagogo no processo

ensino aprendizagem, como também o comportamento dos professores e

alunos em sala de aula, e a utilização dos jogos como estratégia usada pelo

professor, a fim de despertar o interesse do aluno pelo ensino dado em sala de

aula.

Esperamos que com este trabalho o assunto abordado não se

esgote, mas se coloque em discussão um campo que necessita ainda a ser

melhor estudado. Devido a isto a relevância deste trabalho dar-se-á em função

de que estudos dessa natureza contribuem para uma melhor compreensão das

relações interpessoais na escola, de forma a favorecer positivamente os

resultados do processo de aprendizagem.

11

1 – CONHECENDO A APRENDIZAGEM

Potencialmente o ser humano nasce inclinado a aprender,

necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para o

aprendizado. Existem aprendizados que podem ser considerados natos, como

o ato de aprender a falar, a andar.

Apesar de ser universal e ocorrer durante toda a vida, a

aprendizagem não é tão simples quanto possa parecer à primeira vista.

Mayer (2001:46) relata que:

Os psicólogos ainda não chegaram a um acordo sobre os aspectos considerados mais importantes no processo de aprendizagem. Na medida em que se detiveram na observação e no estudo dos três elementos fundamentais: a situação estimuladora, a pessoa que aprende e a resposta; chegando a conclusões diferentes sobre o que é fundamental para compreender o processo de aprendizagem.

Podemos encontrar na literatura diversos autores e teorias sobre a

aprendizagem, mas gostaríamos de destacar Mouly (1973:66), que dentre as

etapas do processo de aprendizagem, citadas pelo autor, podemos relatar:

1. Motivação - sem motivação não há aprendizagem; 2. Objetivo - qualquer pessoa motivada orienta seu comportamento para os objetivos que possam satisfazer suas necessidades, o comportamento é sempre orientado para um objetivo que satisfaça alguma necessidade do indivíduo;

Entre os processos de interação do ser humano, a aprendizagem

ocupa um lugar especial, principalmente no que diz respeito a criança, pois é

por meio dela que as crianças, têm contato com o mundo que os cerca, criando

relacionamentos, levantando questões e descobrindo soluções. A

aprendizagem e o ensino são processos complementares, que necessitam um

do outro para existirem de forma plena. Podemos confirmar esta explicação

através da afirmação de Barbosa (2006:13).

O foco do ensino deve ser a aprendizagem. Nesse sentido, é impossível alguém dizer que ensinou, mas o outro não aprendeu. Ninguém ensina se não houver aprendizagem como consequência.

12

Para Vygotsky (2003: 90) o aprendizado precede o desenvolvimento

das crianças e pode ser considerado como o motor propulsor de vários

processos de desenvolvimento que, de outra maneira, seriam impossíveis de

acontecer. Para o autor, há dois tipos de aprendizado: o pré-escolar e o

escolar, estes que diferem significativamente. Segundo Vygotsky, o

aprendizado escolar além de apresentar um caráter sistematizado, “produz

algo fundamentalmente novo no desenvolvimento da criança” (Vygotsky; 2003:

95). Vygotsky acreditava nisto por considerar que um processo de ensino bem

organizado, com a mediação de todos os membros envolvidos, volta-se

especificamente para as capacidades dos sujeitos para a aprendizagem, que

segundo ele, são “funções não amadurecidas, que ainda estão em processo de

maturação, presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam

ser chamadas de ‘brotos’ ou de ‘flores’ do desenvolvimento, ao invés de frutos

do desenvolvimento.” (Vygotsky; 2003:97).

A aprendizagem é individual, mas não independente. Como por

exemplo, em uma sala de aula com muitos alunos, é preciso propor atividades

nas quais as trocas entre os colegas sejam necessárias: jogos, desáfios,

projetos de trabalho, principalmente em se tratando de crianças. Brincando, a

criança elabora teorias sobre o mundo, sobre suas relações e sobre a vida,

desenvolve-se, aprende e, assim constrói conhecimentos.

Vygotsky (1991:65) afirma que: “corretamente organizada, a

aprendizagem escolar oferece algo completamente novo para o

desenvolvimento da criança, pois ativa e desencadeia processos internos”.

Nesse sentido, o professor tem papel vital, pois cabe a ele fazer a mediação

entre os conteúdos curriculares e a criança.

Mediante a essa afirmação Santos, (1961:33), relata que:

Ensinar não é transmitir dogmaticamente conhecimentos, mas dirigir e incentivar com habilidade e método, a atividade espontânea e criadora do educando. Nessas condições, o ensino compreende todas as operações e processos que favorecem e estimulam o curso vivo e dinâmico da aprendizagem.

Na realidade das escolas, quando procuramos decodificar o

significado de ensinar, as idéias definem o professor como agente principal e

13

responsável pelo ensino, sendo as atividades centralizadas em suas

qualidades e habilidades. Aprender também relaciona um único agente

principal e responsável, o aprendiz (aluno), estando às atividades centradas em

suas capacidades, possibilidades e condições para que aprenda.

Do ponto de vista psicopedagógico, o processo de aprendizagem

envolve não somente a fala do sujeito que aprende, mas também a fala de

quem ensina. Ao “pensar em voz alta” suas estratégias de ação, o educador

atua como modelo de reflexão para o sujeito (BOSSA, 1994:63).

Os estudos na área da Psicologia e Psicopedagogia geraram novos

conceitos sobre as dimensões da aprendizagem humana e fornecem dados

importantes para qualificarmos as interações nos ambientes educacionais

como: “Dimensão cognitiva; Dimensão afetiva; Dimensão psicomotora e

Dimensão de fé e crenças” (HAETINGER, 2006:20). Mas vamos nos ater

somente na dimensão afetiva da aprendizagem, por ser a mais importante para

a Educação Infantil.

O processo ensino-aprendizagem é o recurso fundamental do

professor: sua compreensão, e o papel da afetividade nesse processo, é um

elemento importante para aumentar a sua eficácia.

Segundo Haetinger (2006:21) “ela é fundamental porque as

emoções perpassam todo o tipo de interação humana, e as nossas emoções

estão sempre presentes em nossas vidas”. Para tanto, é necessário valorizar a

dimensão afetiva em todas as ações pedagógicas, a fim de facilitar os

aprendizados dos alunos.

O desenvolvimento pleno do ser humano, segundo Rego (2002:71)

depende do aprendizado que ele realiza num determinado grupo cultural, a

partir da interação com os outros indivíduos da sua espécie. Nessa perspectiva

é o aprendizado que possibilita e movimenta o processo do desenvolvimento.

O que o autor enfatiza é que muito antes da criança entrar na escola, ela já

construiu uma série de conhecimentos do mundo que a cerca.

14

1.1 – A Aprendizagem na Educação Infantil

A Educação Infantil é um espaço propício para a construção do

conhecimento de uma criança. Pois quando ela ingressa nesse ambiente,

amplia seu universo de desenvolvimento, tanto pelas relações sociais como

pela exploração das brincadeiras realizadas na escola.

Os primeiros anos de vida de uma criança são primordiais, é um

tempo em que ela absorve muitas informações que estão ao seu redor, seu

aprendizado é constante. É uma fase essencial da aprendizagem. Já nessa

fase a criança deve entrar em contato com o conhecimento, e a escola será o

lugar onde acontecerá a transmissão desse conhecimento e as escolas de

Educação Infantil não devem fugir desse papel. Para tanto o professor de

Educação Infantil deve conhecer as fases de desenvolvimento da faixa etária

com a qual trabalha e estimular ao máximo seus alunos para que construam

seus conhecimentos.

A Educação Infantil marca o início do processo de aprendizagem

social das crianças quando estão pela primeira vez convivendo num grupo

social mais amplo, com características diferentes das do meio familiar.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB

chama o equipamento educacional que atende crianças de 0 a 3 anos de

“creche”. O equipamento educacional que atende crianças de 4 a 6 anos se

chama “pré-escola”. (LDB, 1996)

Dante (1996:8) relata que “a pré-escola é uma necessidade, e que a

mesma é um estágio de fundamental importância”. Nos dias atuais todas as

crianças menores de sete anos, devem passar pela pré-escola. O autor ainda

afirma que “a finalidade da pré-escola é, exatamente, dar condições para que

as crianças através de atividades orientadas atinjam o máximo de suas

potencialidades neste estágio”.

Toda criança tem sua própria facilidade, pois, depende também de

cada educador perceber isso. Para tanto é preciso conhecer melhor a criança,

15

dando condições favoráveis para que ela se desenvolva de maneira natural

equilibrada, sendo essa a nossa grande missão como educadores.

Todas as crianças devem ter o máximo contato com o mundo, estar

comunicado com um pouco de cada coisa do que o mundo nos traz de

sabedoria. Dante (1996:10) relata que:

Ao contrario do que muitos pensam a criança não é um adulto em miniatura. É um ser em formação. Como tal, devemos cuidar para que essa formação seja natural, e a mais rica possível em termos de possibilidades e o seu desenvolvimento equilibrado dependerá muito da qualidade dessa socialização.

É na Educação Infantil em que devemos incentivar a criança a

estudar e conhecer, pois é um momento novo e diferente, e se a criança não

tem interesse ao novo, futuramente poderá até parar de estudar. Quando a

criança é ensinada antes de ir à escola, terá alta-estima e confiança em si

mesma para aprender o novo, e estará motivada a estudar. Na educação

infantil tudo é influenciado pelos aspectos emocionais desde o

desenvolvimento psicomotor, até o intelectual, o social e o cultural.

A linguagem é uma peça de grande importância da educação

infantil. Portanto é preciso exercitar a linguagem, ou seja, criar oportunidades

para que as crianças sejam estimuladas a fazer perguntas, mostrando

interesse pelo que está a sua volta. Portanto a interação com os educadores é

fundamental.

Segundo Dante (1996:11), “Uma característica marcante de toda a

criança é a curiosidade, o fascínio pelo novo”. O educador respondendo

adequadamente a cada pergunta e no nível de entendimento de cada idade,

estará contribuindo ao crescimento participativo e independente da criança.

É durante este período da vida que a capacidade de falar progride

de forma espantosa na maioria das crianças. As conquistas realizadas nesse

período são de grande importância e determinarão o grau de competência que

o indivíduo ordinariamente terá.

Segundo Enderle (1987:55), os acontecimentos mais marcantes no

período pré-escolar são:

16

A aquisição da marcha, da fala, da autonomia nos hábitos de higiene e alimentos. O fato de caminhar, por si só, representa um fator de desligamento da mãe, pois ao deixar o colo materno a criança começa a explorar o ambiente, elegendo entre o fazer e o não fazer.

A brincadeira nesta faixa etária é o mais importante, inclusive

durante as atividades corporais. Por meio dessas tarefas, as crianças

experimentam diferentes maneiras de andar, correr, pular e se esticar,

aprendendo inclusive a interagir com os colegas.

Uma educação infantil comprometida e planejada para ser um tempo

e um espaço de aprendizagem, socialização e diversão, oportuniza a criança a

viver como criança em instituições educacionais. Através de atividades que não

têm a conotação escolar ou iguais às de sua casa, à criança é reservado o

lugar de viver sua infância, sem encurtá-la com tarefas rotineiras e

desmotivantes ao ser “aluno” ou ser “trabalhador”, em seus contextos familiar e

social.

Portanto, a educação infantil vista atualmente numa concepção

ampla, que envolve o cuidar e o educar, nas diversas dimensões humanas,

sociais, cognitivas, afetivas e físicas, é fator de desenvolvimento humano e de

formação para o exercício pleno da cidadania.

1.2 – As metodologias de ensino e a aprendizagem

Para melhor entendermos acerca das metodologias utilizadas para o

ensino educacional, faz-se necessário conceituá-la primeiramente.

De acordo com Piletti (1997:102),

A metodologia é aquela que estuda os métodos de ensino, classificando-os e descrevendo-os, sem julgar ou dar algum valor. Tendo o seu significado etimológico da palavra método é caminho a seguir para alcançar algum fim.

Ou seja, é o caminho para atingir um objetivo com os meios

adequados. Sendo esse objetivo, a aprendizagem. São ações, passos e

procedimentos vinculados a reflexão, compreensão e transformação da

realidade. São ações do professor pelas quais organizam as atividades de

17

ensino e dos alunos para atingir os objetivos. Sendo assim ações planejadas.

São as metodologias que indicam as grandes linhas de ações utilizadas pelos

professores em suas aulas, pois é através desse meio que se trabalha os

conteúdos curriculares.

De acordo com Fontes (2010:23), adotando-se uma visão direta e

prática, os métodos empregados pelos professores podem ser classificados da

seguinte forma:

Classificação dos Métodos Pedagógicos

Verbais (Dizer)

Intuitivos (Mostrar) Ativos ( Fazer)

Exposição Explicação Diálogo Debates

Conferência Painel

Interrogação

Demonstração Audiovisuais

Textos Escritos

Trabalhos em Grupo, em Equipa e de

Projeto Estudo de Casos Psicodramas Role-Play

Simulação e Jogos

1.2.1 - Métodos Verbais

Este tipo de transmissão em sala de aula continua a ser a mais

clássica, mas também a mais moderna forma de comunicação pedagógica. A

sua enorme diversidade decorre obviamente das próprias multiplicidades de

formas a que podemos recorrer para expor ou interrogar os alunos sobre um

dado tema.

1.2.2 - Métodos Intuitivos

Nestes tipos de métodos, existe a preocupação do professor em

transmitir a teoria, obrigando o aluno a “pensar”. Os recursos audiovisuais

utilizados pelo professor são os mais variados e destinam-se a facilitar o

entendimento e compreensão do assunto. Com o objetivo de consolidar os

18

conhecimentos e sua utilização em aplicações concretas a serem defrontadas

pelos alunos, o professor se utiliza, em sala de aula, de exercícios

teórico/práticos. As maiorias das instituições de ensino se utilizam de forma

absoluta deste método.

1.2.3 - Métodos Ativos

Nestes métodos, o aluno é o sujeito da formação. Baseiam-se na

atividade, na liberdade e na auto-educação. O aluno aprende por descoberta

pessoal, vivenciando a situação, construindo a resposta adaptada à situação. A

situação de aprendizagem é pouco estruturada e interativa. O formador

responsabiliza-se pela orientação e animação das situações e pela elaboração

dos materiais pedagógicos necessários.

A metodologia de ensino-aprendizagem é vital para o sucesso na

educação. O desenvolvimento de uma metodologia pedagógica que tenha

como objetivo repensar o papel do professor e do aluno no processo de ensinar

e aprender deve ser constantemente revisado e atualizado. Para que esse

processo de ensino-aprendizagem seja eficaz deve-se levar em consideração o

processo de reflexão sobre as experiências individuais de cada participante

juntamente com a abordagem teórica das metodologias pedagógicas, as quais

conduzirão a aprendizagem e as aulas com maior interação entre professor e

alunos.

As relações de ensino e aprendizagem são tão antigas quanto a

própria humanidade e ao longo da história foram adquirindo cada vez mais

importância em dada situação. Porém, o ensino não é restrito à sala de aula e

nem a escola o único lugar onde a educação acontece, ou a única fonte de

aprendizagem. Para ser uma situação de ensino e aprendizagem, de acordo

com Piletti (1997:96), “basta que se tenha uma atitude científica diante da

realidade e esta postura é a geradora do progresso tecnológico e educacional”.

As teorias educacionais continuam a evoluir e, na atualidade há uma

maior ênfase em processos educacionais envolvidos na construção do

conhecimento em sala de aula. Este processo, na opinião de Vasconcellos

19

(1995: 141) , compreende qualquer espaço físico onde haja interação direta

entre professor e aluno, passando pela prática seleção de conteúdos, posições

políticas e ideológicas, transmitindo e recebendo “afetos e valores”. Ensinar é

orientar, estimular, relacionar, mais que informar. Mas só orienta aquele que

conhece que tem uma boa base teórica e que sabe comunicar-se.

Diante do exposto podemos concluir que estamos

permanentemente aprendendo em todas as situações em nossas vidas. Mas, o

que é imperativo nos dias de hoje em que predomina a educação permanente

e a renovação incessante do conhecimento não é somente aprender, mas sim

aprender a aprender.

Segundo Piaget (1975:46) , para que estes objetivos sejam

alcançados, é necessário que “A relação pedagógica seja elaborada com

base metodológica e planejamento adequado, cabendo ao professor o esforço

reconstrutivo agrupando todas as teorias modernas de aprendizagem’’. Demo

(1997:66) complementa afirmando que: “Um professor realmente competente

jamais aceitaria ser enquadrado numa teoria qualquer, porque imagina ser

capaz de fazer a própria”.

20

2 – OS JOGOS E SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO

O universo infantil está presente em cada um de nós. As

experiências na infância deixam marcas para o resto de nossas vidas. As

brincadeiras, os brinquedos e os jogos fazem parte destas experiências, e com

certeza são as mais prazerosas de serem lembradas. Cada vez que

recordamos estes momentos é como se estivéssemos revivendo-os, sendo

capazes de sentir a alegria e o encantamento que eles despertavam.

Nos dias de hoje, a imagem da infância é enriquecida com o auxílio

de concepções psicológicas e pedagógicas que reconhecem o papel de

brinquedos, jogos e brincadeiras no desenvolvimento e na construção do

conhecimento infantil, envolvendo diversas formas de ensinar e de aprender.

Para melhor entendermos sobre o jogo na educação, se faz

necessário voltarmos ao passado e mostrar que o jogo sempre fez parte da

vida do ser humano.

2.1 – Dimensão Histórica dos Jogos

Existem muitas teorias sobre o jogo. Acreditamos que ele seja tão

antigo quanto às criaturas do planeta, pois os animais já brincavam entre si,

fomentando o lúdico como fator de vínculos e de afeto.

Os jogos constituíram sempre uma forma de atividade inerente ao

ser humano. Entre os primitivos, a atividade de dança, caça, pesca, lutas eram

tidas como de sobrevivência e, muitas vezes, ultrapassavam o caráter restrito

de divertimento e prazer natural. As crianças, nos jogos, participavam de

empreendimentos técnicos e mágicos. O corpo e o meio, a infância e a cultura

adulta, faziam parte de um só mundo. Esse mundo podia ser pequeno, mas era

eminentemente coerente, uma vez que os jogos caracterizavam a própria

cultura.

21

Desde muitos séculos, as atividades lúdicas integram o cotidiano

das pessoas de várias formas, sejam individuais, sejam coletivas, sempre

obedecendo ao espírito e à necessidade cultural de cada época. E assim

podemos evidenciar que dentro das atividades de lazer, vivenciadas

especialmente na idade infantil, o jogo toma um aspecto muito significativo no

momento em que se desvincula de ser um meio para atingir a um fim qualquer.

Revendo a história do jogo, certificamo-nos de que sua importância

foi percebida em todos os tempos, principalmente quando se apresentava

como fator essencial na construção da personalidade da criança. Desde a

época anterior à Cristo já havia uma preocupação em discutir o valor

proeminente do jogo na vida do ser humano.

Entre os romanos, jogos destinados ao preparo físico voltam-se para

a formação de soldados e cidadãos, obedientes e devotos, e a influência grega

acrescenta-lhes a cultura física, a formação estética e a espiritual. O interesse

pelo jogo aparece nos escritos de Horácio (65-8 a.c) e Quintiliano (30-100), que

se referem à presença de pequenas guloseimas em forma de letras,

produzidas pelas doceiras de Roma, destinadas ao aprendizado das letras.

A pratica de aliar o jogo aos primeiros estudos parece justificar o nome de ludus atribuído à Escola responsável pela instrução elementar, que era semelhante aos locais destinados a espetáculos e à prática de exercícios de fortalecimento do corpo e do espírito. (KISHIMOTO, 1990:39-40).

Kishimoto (1997:76) relata que “é na Grécia e na antiga Roma é que

estão situados os primórdios do jogo na educação, e é lá o nascimento das

primeiras reflexões em torno da importância do brinquedo na educação”.

A autora comenta que Platão salientava a importância de se

aprender brincando, em oposição da violência e da opressão. Como da mesma

forma, Aristóteles, sugeria para a educação de crianças pequenas, o uso de

jogos que emitissem atividades sérias, de ocupações adultas, como forma de

preparo para a vida futura. Mas nessa época, ainda não se discutia o emprego

do jogo como recurso para o ensino da leitura e do cálculo.

22

O interesse pelo jogo decresce com o advento do Cristianismo, a

sociedade cristã institui a educação disciplinadora. Os mestres das Escolas

episcopais e anexas a mosteiros recitam lições e lêem cadernos. Aos pupilos

resta a memorização e a obediência. E tal clima não há condições para a

expansão dos jogos, considerados delituosos, à semelhança da prostituição e

da embriaguez. (KISHIMOTO, ibidem: 42).

O aparecer de novos ideais traz outras concepções pedagógicas

que reabilitam o jogo. Durante o Renascimento, a felicidade terrestre,

considerada legítima, não exige a mortificação do corpo, mas seu

desenvolvimento. Desta forma, a partir do momento em que o jogo deixa de ser

objeto de reprovação oficial, incorporando no cotidiano dos jovens, não como

diversão, mas como tendência natural do ser humano.

O grande acontecimento do século XVI que coloca em destaque o

jogo educativo é a fundação da Companhia de Jesus, por Santo Ignácio de

Loyola, militar e nobre, que compreende a importância dos jogos de exercícios

para formação do ser humano e preconiza sua utilização como recurso auxiliar

do ensino.

A imagem da criança como ser dotado de natureza distinta do adulto

chega com o século XVII, permitindo a criação e expansão de

estabelecimentos para educar a infância, que culmina no século seguinte, cujo

início presencia o termino da Revolução Francesa e o surgimento de inovações

pedagógicas.

E assim os jogos didáticos ou educativos foram se expandindo,

destacando vários estudiosos sobre o assunto que entre eles, podemos

mostrar Rosseau que demonstrou que a criança tem maneiras de ver, de

pensar e de sentir que lhes são próprias; demonstrou que não se aprende nada

senão por meio de uma conquista ativa: “Não deis a vosso aluno nenhuma

espécie de lição verbal: só da experiência ele deve receber” (ROSSEAU, 1968:

78).

O autor citado percebeu ainda que “só aprendemos a pensar se

exercitarmos os sentidos, instrumentos da inteligência para tirar todo proveito

23

possível de nosso corpo que os fornece”. E destacou também o interesse que a

criança sente ao participar de um processo que corresponde a sua alegria

natural. “Em todos os jogos em que estão persuadidas de que se trata apenas

de jogos, as crianças sofrem sem se queixar, rindo mesmo, o que nunca

sofreriam de outro modo sem derramar torrentes de lágrimas” (Ibidem).

Foi a partir do século XIX, que as pesquisas sobre os jogos

começaram, através de estudos evolucionistas e desenvolvimentistas. Os

estudos mostravam que as diversas formas de ocupação ativa têm a

oportunidade de filiar-se à vida, de fazer o ambiente natural da criança, onde

ela aprende a viver retamente, em vez de aprender simplesmente lições que

tenham uma abstrata e remota referência a alguma vida possível que haja de

localizar-se no possuir. Dewey (1952:54) afirma que “O jogo faz o ambiente

natural da criança, ao passo que as referências abstratas e remotas não

correspondem ao interesse da criança”.

Partindo de que a verdadeira educação é aquela que cria na criança

o melhor comportamento para satisfazer suas múltiplas necessidades

orgânicas e intelectuais – necessidade de saber, de explorar, de observar, de

trabalhar, de jogar, de viver, Claparéde (S.D:28) relata que:

A educação não tem outro caminho se não organizar seus conhecimentos, a partir das necessidades e interesses da criança e demonstra que o jogo implica esforço e estabelece a relação com o trabalho.

Para o autor a criança à qual se propõe um trabalho em

continuidade com o jogo é naturalmente levada a mobilizar as suas energias.

Não é, pois, nada absurdo pensar que o jogo possa ser uma etapa

indispensável para a aquisição do trabalho.

As proposições de Claparéde foram fatores decisivos para o

estabelecimento de uma relação intrínseca e epistemológica entre o jogo e o

trabalho escolar. Proposta essas desenvolvidas por educadores que o

sucederam.

Piaget (1973:155) relata que Maria Montessori constituiu referência

obrigatória de toda a reflexão pedagógica sobre o ensino pré-elementar.

24

“Tendo encontrado em Froebel a idéia dos jogos educativos, ela remota á

necessidade desses jogos para a educação de cada um dos sentidos”. Os

jogos “sensoriais” estão ligados a seu nome.

Para os discípulos de Claperéde e Piaget os jogos não são apenas

uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar a energia das crianças,

mas também meios que enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Em sua tentativa para assinalar uma realidade, e não possuindo

ainda estruturas mentais plenamente desenvolvidas, a criança aplica os

esquemas de que dispõe, reconstruindo esse universo próximo, com o qual

convive. Em muitos casos, essa tentativa de reconstruir a realidade acaba

deformando-a de modo “egocêntrico”, pois, “sob essas formas iniciais, constitui

uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento

necessário e transformando a realidade de acordo com as múltiplas

necessidades do ‘eu’” (PIAGET, idem:156).

Para Piaget, os jogos tornam-se mais significativos á medida que a

criança se desenvolve, pois, a partir da livre manipulação de materiais

variados, ela passa a reconstruir objetos, reinventar as coisas, o que já exige

uma “adaptação” mais completa.

Segundo Piaget (idem: 158),

Os métodos de educação das crianças exigem que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que sem isso permanecem exteriores à inteligência infantil.

Uma das influências nas pesquisas psicológicas sobre o jogo

provém da psicologia russa, com Vygotski. Sua teoria é menos clara do que a

piagetiana. Isso por causa da natureza de seus escritos e do tipo de influência

que estes exerceram, já que nem todos foram traduzidos como os de Piaget. E,

ainda mais, por ter morrido muito cedo e deixado vários estudos incompletos.

Vygotski valoriza o fator social, mostrando que;

No jogo de papéis, a criança cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto cultural adquirido por meio da interação e comunicação. A noção central é que essa atitude desenvolve uma “zona proximal de desenvolvimento” na qual se

25

diferenciam tanto o nível atual que a criança alcança com a solução de problemas independentes, quanto o nível de desenvolvimento potencial marcado pela colaboração do adulto e pares mais capazes. (VYGOTSKI, 1988:130)

Para o autor existem dois elementos importantes na brincadeira

infantil: a situação imaginária e as regras. Em uma ponta encontra-se o jogo de

papéis, a representação, com regras implícitas e, em outra, o jogo com regras

explícitas. O mesmo deixa claro que, “nos primeiros anos de vida, a brincadeira

é a atividade predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas

de desenvolvimento proximal”.

Após expormos alguns autores que contribuíram para o assunto em

questão, não poderíamos de relatar Paulo Freire um dos maiores pensadores

da educação como prática da liberdade, o qual aborda em seus estudos o

conceito de trabalho-jogo, afirmando que: “o ato de buscar, de apropriar-se dos

conhecimentos, de problematizar, de estudar é realmente, um trabalho penoso,

difícil, que exige disciplina intelectual e que se ganha somente praticando”

(FREIRE, 1977:9).

Para Freire, sendo o homem o sujeito de sua própria história, toda

ação educativa deverá promover o indivíduo, sua relação com o mundo por

meio da consciência crítica, da libertação e de sua ação concreta com o

objetivo de transformá-lo. Assim ninguém se atirará a uma atividade

eminentemente séria, se não tiver, no presente, a alegria real, ou seja, o

mínimo de prazer, satisfação e predisposição para isso.

Conforme percebemos, os jogos na educação esteve presente em

todas épocas, e no contexto de inúmeros pesquisadores, formando, hoje, uma

vasta rede de conhecimentos não só no campo da educação, da psicologia,

fisiologia, mas também nas demais áreas do conhecimento.

Os objetivos da educação lúdica além de explicar as relações

múltiplas do ser humano em seus contextos histórico, social, cultural,

psicológico, enfatizam a libertação das relações pessoais passivas e das

técnicas para as relações reflexivas, criadores, inteligentes, socializadoras,

26

fazendo do ato de educar um compromisso consciente e intencional, de

esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual.

É importante ressaltarmos que a ludicidade hoje é estudada como

algo fundamental do processo de desenvolvimento humano. Makarenko (1985:

47) afirma que: “o jogo é tão importante na vida da criança como é o trabalho

para o adulto”. Com isso percebemos que é fato que a educação do futuro

cidadão se desenvolver antes de tudo no jogo.

2.2 – Classificação dos jogos

Conforme o comportamento da criança diante das pessoas e objetos

que a cercam, o jogo se caracteriza e se classifica em três categorias:

exercício, símbolo e regra.

2.2.1 – Jogo de exercício

Estes jogos colocam em ação vários comportamentos sem modificar

suas estruturas, exercitando-as unicamente pelo próprio prazer que se

encontra em seu funcionamento. Conforme exemplo citado por Piaget:

Quando o sujeito pula um riacho pelo prazer de saltar e volta ao ponto de partida para recomeçar etc., executa os mesmos movimentos que se saltasse por necessidade de passar a outra margem: mas fá-lo por mero divertimento e não por necessidade, ou para aprender uma nova conduta. (PIAGET, 1978:144).

Os jogos de exercício, os primeiros a aparecerem na vida da

criança, não incluem intervenção de símbolos, ou ficções, nem de regras; a

criança os executa simplesmente pelo prazer que encontra na própria atividade

não com o objetivo de adaptação.

Ao descrever a classificação e a evolução dos jogos de exercício,

Piaget divide-os em duas ordens: jogos de exercícios sensório-motores e jogos

de pensamento.

Dentro dos jogos de exercícios sensório-motores Piaget (ibidem, p.

146) distingue as três classes relacionadas abaixo:

27

1ª – Jogos de exercícios simples: estes jogos se limitam a reproduzir

fielmente um comportamento adaptado pelo simples prazer que encontra em

repetir tal comportamento. Quase todos os jogos sensório-motores referentes

ao período de um a dezoito meses pertencem a essa classe. Assim podemos

exemplificar: quando uma criança sobe e desce inúmeras vezes uma escada,

ela repete esta ação pelo único prazer que encontra em repetir.

2ª – Combinações sem finalidade: a única diferença entre a primeira

classe e a segunda está no fato de que a criança não se limita a exercer

simplesmente atividades anteriormente adquiridas, mas passa a construir com

elas novas combinações que são lúdicas desde o início. A exemplo disso

verificamos o comportamento da criança quando esta, empilha vários pneus e

depois os modifica sem nada representar em momento algum.

3ª – Combinações com finalidade: nesses jogos as combinações

possuem uma finalidade predominantemente lúdica. Por exemplo: ao pular

sobre pneus, a criança sempre procura descobrir novas formas de saltar.

Como podemos ver o jogo de exercício sensório-motor não constitui

um sistema lúdico independente e construtivo como observaremos a seguir nos

jogos simbólicos e de regra. A função desses jogos é fazer com que o indivíduo

exercite uma atividade pelo simples prazer funcional. Esta questão torna-se

mais clara quando Piaget relata que o jogo de exercício sensório-motor, por se

fazer acompanhar da imaginação representativa, transforma-se em jogo

simbólico e, ao socializar-se, torna-se jogo de regras; quando então, caso seja

revertido de experimentações e atitudes de inteligência prática objetivando

adaptações reais, sai do domínio do jogo.

A segunda categoria destes jogos é a dos jogos de pensamento.

Para estes podemos apontar as mesmas classes discutidas anteriormente,

dentro das quais encontramos todas as passagens do desenvolvimento da

criança, do exercício sensório-motor, passando pela inteligência prática, até

chegar á inteligência verbal.

Piaget exemplifica dizendo que uma criança tendo aprendido a

formular perguntas, poderá se divertir pelo simples prazer de perguntar –

28

exercício simples. Por outro lado, poderá relatar algo que não existe pelo

prazer de combinar as palavras sem finalidade – combinações sem finalidade.

Ou ainda pode inventar palavras ou descrições pelo simples prazer que

encontra ao inventar – combinações lúdicas de pensamento com finalidade.

2.2.2 – Jogo simbólico

No período compreendido entre os dois e os seis anos,

aproximadamente, a tendência lúdica se manifesta, predominantemente, sob a

forma de jogo simbólico, isto é, jogo de ficção, ou imaginação, e de imitação.

Nesta categoria estão incluídas as metamorfoses de objetos, por exemplo, um

cabo de vassoura se transforma num cavalo, uma caixa de fósforos num carro

e um caixote passam a ser um trem –, e o desempenho de papéis – brincar de

mãe e filho, de professor e aluno, de médico etc.,

O jogo simbólico se desenvolve a partir dos esquemas sensório-

motores que, à medida que são interiorizados, dão origem à imitação e,

posteriormente, a representação. A função desse tipo de atividade lúdica, de

acordo com Piaget consiste em:

Satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos: a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida, corrigindo-a a sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os, compensando-os, ou seja, completando a realidade através da ficção (PIAGET, 1969: 29).

Portanto, o jogo simbólico, de imaginação ou imitação, tem como

função assimilar a realidade seja mediante a liquidação de conflitos, a

compensação de necessidades ou a simples inversão de papéis – em especial

no que se refere aos papéis de obediência e autoridade. É o transporte ao “faz-

de-conta” que possibilita à criança a realização de sonhos e fantasias,

revelando conflitos, medos e angústias, e assim aliviando a tensão e as

frustrações.

O jogo simbólico é, simultaneamente, uma forma de assimilação do

real e um meio de auto-expressão, pois à medida que a criança brinca de

médico, de casinha, representando os papéis de mãe, pai, filho e de doutor, ou

29

brinca de escola, reproduzindo os papéis de professor e aluno, ela está, ao

mesmo tempo, criando novas cenas e também imitando situações reais por ela

vivenciadas. (IDEM:183).

Baseado em Piaget percebemos que criança tende a reproduzir

nesses jogos as atitudes e as relações predominantes em seu meio: ela será

autoritária ou liberal, carinhosa ou agressiva, conforme o tratamento que

recebe dos adultos. Por exemplo, a criança que vive numa atmosfera de

repressão, onde predominam as ordens e os castigos físicos, tende a

reproduzir, em suas brincadeiras, o comportamento dos adultos que a cercam,

manifestando o tipo de tratamento que recebe. Assim, é por tal conduta lúdica

que a criança expressa e integra as experiências vividas.

2.2.3 – Jogo de regras

A terceira forma de atividade lúdica é o jogo de regras, que começa

a se manifestar por volta dos cinco anos, mas se desenvolve principalmente na

fase dos sete aos doze anos, predominando durante toda a vida do indivíduo –

nos esportes, no xadrez, nos jogos de cartas, etc.

Os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras (corridas, jogos de bola de gude ou com bolas, etc.) ou intelectuais (cartas, xadrez, etc.), em que há competição dos indivíduos (sem o que a regra seria inútil,) e regulamentados quer por um código transmitido de geração em geração, quer por acordos momentâneos (PIAGET, 1969:185).

O que caracteriza o jogo de regras, como o próprio nome diz, é sua

regulamentação por meio de um conjunto sistemático de leis as regras – que

asseguram a reciprocidade dos meios empregados. E uma conduta lúdica que

supõe relações sociais ou interindividuais, pois a regra é uma ordenação, uma

regularidade imposta pelo grupo, sendo sua violação considerada uma falta.

Piaget diz que o jogo de regras é a atividade lúdica do ser

socializado e que começa a ser praticado por volta dos sete anos, quando a

criança “abandona o jogo egocêntrico das crianças menores, em proveito de

30

uma aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os

jogadores” (IDEM: 180).

Piaget (1975:65), ressalta ainda que por meio do jogo a criança

assimila o mundo para atender seus desejos e fantasias. O jogo segue uma

evolução que se inicia com os exercícios funcionais, continua no

desenvolvimento dos jogos simbólicos, evolui no sentido dos jogos de

construção para se aproximar, gradativamente, dos jogos de regras, que dão

origem à lógica operatória. Segundo o autor, nos jogos de regras existe algo

mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica

diferente da racional. Este tipo de jogo revela uma lógica própria da

subjetividade tão necessária para a estruturação da personalidade humana

quanto a lógica formal, advinda das estruturas cognitivas.

Como percebemos, as descrições realizadas por Piaget sobre o jogo

e sua classificação demonstram a importância e a influência deste no processo

de desenvolvimento da criança, bem como seu papel como incentivador e

estimulador das várias atividades exercidas, sejam elas mentais, físicas,

sociais, afetivas, etc. Embasando-se nessas considerações, entendemos que o

jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma

atividade.

2.3 – Aspectos educacionais dos jogos

O jogo é, sem dúvida, a atividade mais importante na educação,

mas, muitas dúvidas persistem entre educadores que procuram associar o jogo

à educação: se há diferença entre o jogo e o material pedagógico, se o jogo

educativo empregado em sala de aula é realmente jogo e se o jogo tem um fim

em si mesmo ou é um meio para alcançar objetivo.

Através da citação de Antunes (2004:9), podemos verificar que: “a

palavra jogo se afasta do significado de competição e se aproxima de sua

origem etimológica latina, com o sentido de gracejo ou mais especificamente

divertimento, brincadeira, passatempo”.

31

Portanto, os jogos infantis na educação podem até

excepcionalmente incluir uma ou outra competição, mas essencialmente visam

estimular o crescimento e aprendizagens.

Campagne (1989) apud Kishimoto (1994:112) relata que as

divergências em torno do jogo educativo estão relacionadas à presença de

duas funções que relataremos abaixo:

1ª - Função lúdica: o jogo propicia a diversão, o prazer e até o

desprazer quando escolhido voluntariamente.

2ª – Função educativa: o jogo ensina qualquer coisa que complete o

indivíduo em seu saber, em seus conhecimentos e em sua apreensão do

mundo.

Segundo o autor o equilíbrio entre estas duas funções é o objetivo

do jogo educativo. Entretanto, o desequilíbrio provoca duas situações: “não há

mais ensino – há apenas jogo, quando a função lúdica predomina ou, o

contrario, quando a função educativa elimina todo hedonismo, restando apenas

o ensino” (IDEM).

Se um professor escolhe um jogo de memória com estampas de

frutas, destinado a auxiliar na memorização infantil pela conjunção de pares de

imagens, e as crianças utilizam as cartas do jogo para fazer pequenas

construções, a função didática cede lugar à lúdica que predomina e absorve o

aspecto educativo, primeiro do professor. Da mesma forma, certos jogos

perdem rápida sua dimensão lúdica quando empregados inadequadamente. O

uso de quebra- cabeças e jogos de encaixes, como modalidades de avaliação,

constrange e elimina a ação lúdica. Se o brinquedo perde sua função de

propiciar prazer em proveito da aprendizagem, ele se torna instrumento de

trabalho, ferramenta do educador. O brinquedo já não é brinquedo, é material

pedagógico ou didático. A contradição vista no jogo educativo, como vimos até

aqui, resume-se à junção de dois elementos considerados distinto: o jogo e a

educação.

Cresce o número de autores que adotam o jogo na escola

assumindo significado usual: incorporando a função lúdica e a educativa.

32

Dentre eles destaca-se Campagne, apud Kishimoto (Idem:116) que sugere os

critérios, a seguir, para uma adequada escolha de brinquedos, de uso escolar,

de modo a garantir a essência do jogo.

1º - O valor experimental: permitir a exploração e a manipulação.

2º - O valor da estruturação: dar suporte à construção da

personalidade infantil

3º - O valor de relação: colocar a criança em contato com seus pares

e adultos, com objetos e com o ambiente em geral para propiciar o

estabelecimento de relações.

4º - O valor lúdico: avaliar se os objetos possuem as qualidades que

estimulam o aparecimento da ação lúdica.

Esses critérios são acrescidos questionamentos relativos à idade, a

preferências, a capacidades, aos projetos de cada criança e tudo isso sob

constante atenção tanto à presença do prazer, quanto aos efeitos do jogo.

A organização de espaços adequados para estimular brincadeiras

constitui hoje uma das preocupações da maioria de educadores e profissionais

de instituições infantis. Nessa organização do espaço, Campagne alerta para a

necessidade de analisarmos certos componentes como a disponibilidade de

materiais, o nível de verbalização entre adultos e crianças e os aspectos

educativos e corporais usados para estimular brincadeiras.

Araújo (1992: 54) ressalta que:

Grande parte do tempo na educação infantil é dedicada aos jogos, e esta dedicação se dá à medida que são oferecidas a criança objetos e situações como forma de entretenimento, ocasionando a oportunidade de se trazer a luz um leque de hábitos, atitudes e emoções que antes poderiam não ser identificadas, como: medo, coragem, organização, desânimo, independência, liderança, respeito, entusiasmo, explosão, controle, compartilhamento, etc.

O jogo deve ser constantemente uma fonte de descoberta e prazer

para a criança, assim seu uso como procedimento de ensino tem muito a

contribuir nas atividades relacionadas nas classes de educação infantil e em

várias etapas da vida do educando.

33

O jogo pode proporcionar momentos de satisfação e de prazer para

a criança, mas, para que sua aprendizagem se concretize é preciso que este

jogo faça parte de um projeto da escola, realizado em equipe e com objetivos

claros, que possa dar-lhe continuidade e significação.

Aqui cabe também nos reportar a mais uma contribuição de

Kishimoto (1994:14) nesta explicação:

Entende-se que, se a escola têm objetivos a atingir e o aluno a tarefa de adquirir conhecimentos e habilidades, qualquer atividade por ele realizada na escola visa sempre a um resultado, é uma ação dirigida e orientada para a busca de finalidades pedagógicas.

Percebemos então que os jogos, quando são utilizados de maneira a

mobilizar a categoria motivadora, são fatores fundamentais até para no

combate a evasão escolar, porque os alunos em geral se sentem motivados a

ir às aulas e não querem faltar, porque por mais que não entendamos

precisamos nos atentar para isto: o aluno sabe quando uma aula foi bem

planejada, quando oferece para ele oportunidade de participar, opinar,

contribuir.

2.3.1 – O jogo e o desenvolvimento social

Essa categoria desperta fenômenos que segundo Miranda (2001, p.

45) são: “Cooperação, auto-expressão, interação, integração”.

É através da interação com o meio e com os outros alunos que a

criança encontra subsídios para ajudá-la na construção da sua personalidade.

A ausência de uma relação interativa no seio familiar provoca, naturalmente, graves rupturas ou barreiras neste importante processo, levando prejuízos ao processo educativo pela carência de relações facilitadoras com os seus iguais na sala de aula e na escola como um todo (MIRANDA, 2001:59).

Neste sentido percebemos a importância de um bom relacionamento

em família, pois a criança que conversa com os pais, que tem comunicação em

seus lares se desenvolve melhor em sala de aula em todos os aspectos, mas

principalmente no que diz respeito à socialização. Já aquela criança que tem

uma família onde a interação é apenas utopia, torna-se difícil à interação em

34

sala de aula, pois essa criança encontra barreiras que a impede de se

relacionar com os demais, e esta é a hora em que o professor faz uso dos

jogos infantis com o enfoque na socialização, visando o desenvolvimento desse

aluno nessa área específica.

A criança que faz uso dos jogos em sala tem vantagem de aprender,

apreender, se divertir brincando e se socializando, porque através da

brincadeira o aluno tem oportunidade de compreender o pensamento do outro.

Existem casos em que o aluno nunca vai ter iniciativa nos jogos, pois todo o

seu dia é repleto de ordens, inclusive em algumas escolas o qual o professor é

quem manda então para a criança o melhor é sentar e obedecer.

Seria muito bom se todos os professores ao olhar para esse fato

acima relatado compreendessem que para se conduzir um jogo de forma sábia

e consequentemente um aprendizado sadio é necessário entender que a

contribuição do aluno em cada jogo é fundamental para o seu crescimento. E

se cada criança interagir com o jogo e com as outras crianças teremos uma

sala de aula mais unida, democrática e comprometida em participar de todas

as atividades propostas.

2.3.2 – O jogo e o desenvolvimento afetivo

De acordo com o Aurélio (1994:16), a afetividade está definido da

seguinte forma:

Psicol. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

Portanto, a afetividade influencia decisivamente a percepção, a

memória, o pensamento, à vontade e as ações, e ser, assim, um componente

essencial da harmonia e do equilíbrio da personalidade humana.

Devido a isso a dimensão afetiva é uma das dimensões mais

importantes presente na realização dos jogos, por isso é preciso utilizá-los

como procedimento de ensino, não para preencher a aula, mas para aflorar os

35

fenômenos afetivos, visando a mobilização dos esquemas mentais, onde

ocorrerá a parceria entre afeição, cognição e socialização. Essa categoria

desperta fenômenos que segundo Miranda (2001:45) são: “Afetividade,

sensibilidade, estima, amizades”.

Para Ferreira apud Miranda (2001:60) “o termo afeição tem relação

com o sentido de apego sincero por alguém ou por algo, carinho, amizade. E

esses são os aspectos que o jogo proporciona a criança”.

O ato de jogar proporciona uma alegria contagiante, que quando se

está em grupo provoca relações de afetividade positivas, de forma a trazer

compreensão e respeito mútuo. De valorizar o ato de saber ouvir quando o

outro está falando, de ajudar um colega quando este em determinada

brincadeira cai, etc.

É importante o trabalho com o afeto, pois através deste se trabalha o

caráter, a personalidade, os valores, os conceitos de certo e errado e tudo mais

que envolve a formação de uma criança para o exercício de cidadania.

As consequências do jogo na esfera da afeição, podem ser tanto

positivas quanto negativas depende de como o professor intervém na execução

do jogo. Se o jogo é bem conduzido de maneira tal que os alunos consigam se

desenvolver afetivamente e explorar sua sensibilidade, essa consequência é

positiva, mas se o jogo se torna momento de desinteresse para o aluno é

preciso rever de que maneira esse jogo está sendo executado, pois está

produzindo consequências negativas para a criança, como baixa auto-estima.

Em cada minuto do jogo a criança pode absorver um estado

emocional: De raiva quando se depara a um jogo que precisa lutar contra o

obstáculo; de medo quando se vê ante ao insucesso e de alegria pelo simples

fato de estar jogando.

Para a criança é fundamental esse trabalho com a afetividade, pois

ela precisa exercitar a disciplina emocional, que não é enfatizada, mas

essencial para encontrar em diversas situações de jogo e fora da realidade

lúdica também, o equilíbrio para as emoções.

36

Sendo assim se observa a grande função do jogo, onde a criança vai

precisar saber educar e controlar suas emoções que são afloradas pelo

exercício do jogo, pois só assim ela conseguirá ter bons relacionamentos na

vida social.

A utilização do jogo de regras como um recurso escolar, seja por

parte do psicopedagogo ou do educador, exige conhecimento de sua estrutura

e clareza dos objetivos a serem atingidos. Macedo (1997:28) lembra que ao se

propor um jogo é preciso ter em mente o porquê de jogar, o que jogar, para

quem, com que recursos, de que modo jogar, quando e durante quanto tempo

jogar, e qual a continuidade desta atividade ao final de seu desenvolvimento.

Assim concluímos, acreditando que para se obter um trabalho

voltado para o comprometimento pedagógico, um trabalho que vise a formação

para a cidadania é preciso não apenas fazer uso dos jogos como prática de

ensino, mas usá-los de forma consciente de que estes mobilizam dimensões e

fenômenos que precisam ser trabalhados no dia-a-dia em sala de aula de

forma integradas, pois compreendemos que as categorias só alcançam o seu

sucesso individual se forem trabalhadas juntas.

2.4 – Função do jogo

“O homem só é completo quando brinca” (CHATEAU, 1987:13).

Piaget (1994:24) coloca que “o jogo não é oposto ao trabalho, pois

este deveria ser feito com prazer”. A idéia que nos dá é que o jogo é ligado ao

prazer e o trabalho à obrigação. Mas a criança quando está jogando não está

trabalhando: É claro que sim, pois está criando, produzindo conhecimento.

Conforme cita Chateau (1987:13-4).

Para ela, quase toda a atividade é jogo e é pelo jogo que ela adivinha e antecipa as condutas superiores. Para a criança, o jogo é o trabalho, o bem, o dever, o ideal da vida. É a sua única atmosfera na qual seu ser psicológico pode respirar e consequentemente, pode agir.

37

Esta dicotomia jogo/trabalho já deveria ter sido superada, para as

educadoras, ou se educa ou se diverte, mesmo que os dois estejam juntos

como “educar divertindo”, esta posição já deveria estar mais avançado. Pois o

jogo é vida e ele traz a alegria.

A pré-escola deve ser baseada na brincadeira, pois é jogando,

perdendo, ganhando, criando e resolvendo conflitos que a criança cresce como

ser humano, pois: “o jogo de criança depende antes de mais nada de uma

personalidade flexível que se afirma de múltiplas maneiras através de novas

atividades” (CHATEAU, 1987:17).

Sendo assim, é através do jogo que a criança possui oportunidades

diferentes, ela é desafiada a agir de outra maneira, a vencer os seus medos, a

transformar as suas idéias e a construir novos “caminhos” através da

construção coletiva, da opinião dos outros, por isso ela terá que repensar a sua

visão de mundo.

O jogo atende uma das maneiras de a criança brincar, oferece

possibilidade de entrar em relação real ou imaginária com o outro, sob diversas

formas. O jogo significa confronto e colaboração, disputa e cooperação. Jogar

um contra o outro é também jogar juntos, pois um adversário no jogo é também

um parceiro (RODRIGUES, 2007:29). É preciso que uma criança saiba

competir, vencer e perder para criar sua própria maneira de trabalhar sua

relação em diferentes situações perante seu meio social.

A fase pré-escolar é muito rica em características, em oportunidades

para o professor atuar perante seus alunos, e uma das características mais

marcantes deste período é a imitação. A criança brinca de imitar, “é o jogo

simbólico ou jogo de imaginação e imitação. Os exemplos são abundantes:

jogo de boneca, criança de comidinha” (PIAGET, 1994:28).

Para esta criança o importante é jogar, ela não se preocupa com a

competição, com o resultado e sim com o processo do jogo, assim como o

educador que deve se preocupar em como a criança está avançada no

processo de aprendizagem.

38

A idéia que vem de Piaget é que o que promove o desenvolvimento

é a ação cognitiva de escolher, ordenar. O jogo oportuna, estimula esta ação.

Mas não é o jogo que ensina, o que promove o desenvolvimento é quando o

sujeito joga.

Durante o jogo se envolve o indivíduo como um todo, se trabalha as

diferenças sociais, religiosas, étnicas, e é através do jogo simbólico na fase

pré-escolar que a criança vivência, interpreta, e questiona a sua realidade.

Portanto a importância atribuída ao brincar se justifica pelo fato de ser através

dela que a criança se experimenta e se constrói.

Vygotsky (1989:67) afirma que “as maiores aquisições de uma

criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro se tornarão

seu nível básico de ação real e moralidade”. O jogo, o brincar e a brincadeira

que acontece dentro e fora da escola é muito importante porque promove a

aprendizagem.

É através da brincadeira que as crianças vão aprender a resolver

problemas, a pensar, e a sentir sobre seu mundo e o mundo mais amplo ao

qual não teriam acesso no cotidiano infantil. Pois brincando a criança aprende

e assim se desenvolve.

39

3 – APRIMORANDO O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

Hoje o número de crianças com problemas psicológicos nas escolas

é muito amplo, devido a isso é necessário que haja um trabalho envolvendo a

psicopedagogia, sendo esta uma ciência que associa a pedagogia junto à

psicologia, o profissional dessa área, o psicopedagogo, tem por intuito ajudar

crianças e adolescentes a superarem suas dificuldades na aprendizagem com

o uso de técnicas prazerosas como brincadeiras, jogos, estórias, mímicas e

desenhos que resultam numa melhora admirável da aprendizagem.

Portanto o campo de atuação do psicopedagogo é a aprendizagem,

como nos mostra Campos (1996:103). “Os problemas de aprendizagem

constituem-se no campo da Psicopedagogia”. Sua intervenção é preventiva e

curativa, pois se dispõe a detectar problemas de aprendizagem e "resolvê-los",

como também, preveni-los evitando que surjam outros.

No enfoque preventivo, Bossa (1994:46) enfatiza que:

A função do psicopedagogo é detectar possíveis problemas no processo ensino-aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, objetivando favorecer processos de integração e trocas; promover; realizar orientações metodológicas para o processo ensino-aprendizagem, considerando as características do indivíduo ou grupo; colocar em prática processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional em grupo ou individual.

O autor ainda relata que “o psicopedagogo serve como mediador

entre o sujeito e sua história traumática, ou seja, a história que lhe causou a

dificuldade de aprender”. Assim, com o auxílio do psicopedagogo, o sujeito

pode reelaborar sua história de vida reconstruindo fatos que estavam

fragmentados e retomar o percurso normal de sua aprendizagem.

Diante do exposto podemos concluir que o objetivo da intervenção

psicopedagógica, é a melhoria das atividades escolares, por isso todas as suas

ações devem servir de apoio para a escola nos diferentes níveis nos quais se

encontram comprometida.

40

3.1 – Repensando o comportamento de professores e alunos

em sala de aula

É comum nos defrontarmos com a queixa de pais e professores que

relatam que os alunos não conseguem aprender. Culpam uns aos outros e

acabam não resolvendo o problema de aprendizagem da criança. Mas de

quem é a culpa do fracasso escolar? Dos pais, da escola ou do próprio aluno?

Sabemos que uma das fases mais importantes na vida de todos os

seres humanos é a que chamamos de fase escolar. Por isso, é importante a

valorização da afetividade nas escolas entre seus alunos e mestres, a fim de

melhorar o nível de aproveitamento de seus alunos. Afetividade é a boa relação

entre alunos e professores que ao se conhecerem acabam se tornando amigos

para toda a vida.

A partir do momento em que cada um passa a respeitar o espaço do

outro e a entender o papel do outro naquele ambiente, então a relação entre

todos por si só já muda e há uma incrível melhora. Para isso é importante que

o professor seja afetivo com seus alunos, e para isso é preciso que o mesmo

seja receptivo com o aluno, converse com ele, se interesse pelo que faz e

divida com ele os pensamentos, frustrações, conquistas e derrotas. Se esta

afetividade de fato partir dos professores, com certeza atingirá toda a classe.

Trabalhar com crianças pequenas principalmente exige que o

professor se interesse pelas suas falas e outros modos de expressão. Cardoso

(2006:35) nos fala que “A fala da criança traz seu modo de pensar, a forma

como está se apropriando das informações e do mudo que a cerca”. Portanto

devemos sempre dar atenção ao que o aluno diz, reconhecendo que, mesmo

que às vezes suas idéias pareçam contraditórias, querem expressar algo. O

professor de Educação Infantil deve estar atento ao que as crianças querem

transmitir, mesmo quando ficam em silêncio. Segundo Laplane (2000) apud

Cardoso (2006:36) “olhares, movimentos e posturas são uma forma de

41

respostas, podem ser consideradas como um conjunto de atos lingüísticos que

nos dizem muitas coisas sobre o sujeito”.

O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a

construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar credibilidade as

suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu

desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas

conversas. Nesse sentido, os profissionais da educação estarão dando maior importância ao fator

afetividade nas relações entre professor e aluno.

De acordo com Cury (2003:139) “a educação moderna está em

crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o

professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto”.

Saltini (1999: 44) complementa essa afirmação quando relata que:

As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Por isso, a educação deve ser pensada não através de suas diversas disciplinas, mas, principalmente, como meio de promover a própria vida.

Infelizmente, o currículo atual da maioria das escolas prioriza o

desenvolvimento cognitivo, excluindo a emoção humana e o afeto do processo

de aprendizagem.

Antunes (1996:56) afirma que:

Os professores precisam estar comprometidos com mudanças em suas idéias e posturas tradicionais, as quais trazem ranços de práticas escolares que apenas depositam informações nos alunos desconsiderando a afetividade no processo ensino-aprendizagem.

Entendemos que o professor deva ter plena consciência de suas

atitudes, se quiserem liderar adequadamente uma classe. Piletti (2004:83) diz

que “o comportamento do professor em relação aos alunos é de fundamental

importância para que ocorra a aprendizagem”. De fato, se um aluno sente

medo do professor, sua atenção estará voltada para a autodefesa, enquanto

deveria estar focada no conteúdo a ser aprendido.

42

O mesmo autor diz, também, que o professor “não é neutro, sem

sentimentos, frio e distante. É uma pessoa e, como tal, tem sentimentos,

simpatias, antipatias, amor, ódio, medo, timidez, etc”. É verdade que o

professor não está livre de ter sentimentos. Ele não é um robô programado

para ensinar, indiferente ao que acontece ao seu redor. Mas será que ele deve

mesmo expressar todos os seus sentimentos aos alunos?

Piletti (:93) responde que “uma das qualidades essenciais do

professor é a autenticidade. Professores e alunos são autênticos quando se

apresentam como realmente são, sem disfarces, sem máscaras”. O professor

contribuirá muito para a aprendizagem se for sincero, se assumir seus

sentimentos, e se envolver pessoalmente com os alunos. Isto é, o professor

pode mostrar-se irritado, se realmente estiver irritado; pode mostrar-se

interessado ou não nos alunos numa certa aula; satisfeito ou insatisfeito com o

trabalho dos alunos.

Weisinger (1997:25) explica que “as emoções alteram nossa

percepção dos fatos e bloqueiam nosso raciocínio, fazendo-nos agir de forma

ineficaz e, muitas vezes, prejudicial”. O autor continua se expressando

afirmando que “Por outro lado, quando utilizamos a inteligência emocional,

colocamos a razão para trabalhar e agimos de forma calculada; refletimos nas

consequências de nossas atitudes e ampliamos nosso horizonte de percepção.

Assim, um professor que queira mais sucesso em sua profissão

precisa necessariamente se posicionar diante da classe com inteligência para

controlar suas próprias emoções e as colocar a favor de sua prática

educacional, e não ficar à mercê delas.

Se os alunos não estão motivados, se não conseguem se concentrar

durante as aulas, se faltam demais ou sempre chegam atrasados é porque

estão envolvidos com coisas mais interessantes do que a própria aula. Para

isso é preciso que o professor se conscientize e veja o que está acontecendo

com suas aulas. É preciso, portanto, tornar suas aulas mais interessante e

mais atraente e assim mais motivadoras para todos. A responsabilidade de

cada profissional na área da educação é muito grande em relação ao

43

aprendizado, pois a educação é a base para que se alcance todos os objetivos

planejados.

Neste sentido Weck (2007:18) afirma que é importante que “o

educador dentro de suas potencialidades desenvolva uma Educação integral,

rompendo ‘gavetas’, ou seja, rompendo as especialidades, e siga em busca de

novos saberes”. É preciso que o professor se valorize como profissional que é,

mostrando que é capaz de fazer.

É de fundamental importância que o educador esteja ciente de sua

profissão, pois esta pode fazer com que as pessoas construam seus sonhos,

suas perspectivas de vida, pode formar cidadãos honestos, tudo para o

progresso de uma sociedade melhor.

Para ser professor nos dias de hoje é preciso viver intensamente o

seu tempo, é saber conviver com todas as culturas sem excluir ninguém, é

dialogar, é trocar idéias, ter consciência dos fatos que acontecem no mundo, é

ter sensibilidade diante dos momentos frágeis da vida. É impossível imaginar

um futuro para a humanidade sem educadores, pois estes não só transformam

a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também seres

humanos.

A educação exige um caminho e um percurso. Não basta saber,

olhar, observar o caminho se não passar por ele, viver em seu sentido e

direção. Como educadores é preciso direcionar nossas atitudes com a razão e

emoção, dizendo o não com amor, demonstrando “bondade com firmeza”.

Talvez, assim, eduquemos sem culpas crianças autônomas, independentes,

que sabem o que querem.

44

3.2 – Os jogos como estratégia do trabalho do professor

Durante muito tempo ensinar e transmitir foram conceitos que se

confundiam entre si. Nesse contexto o aluno era o agente passivo da

aprendizagem e o professor, o transmissor nem sempre intelectualmente

presente nas necessidades do educando. Assim, a escola acreditava que toda

aprendizagem ocorria pela repetição e que os alunos que não aprendiam eram

os únicos responsáveis por essa deficiência e, portanto, merecedores do

castigo da reprovação. Atualmente sabemos que não existe ensino sem que

ocorra aprendizagem e esta não acontece senão pela transformação do

educando, pela ação facilitadora do professor no processo de busca e de

construção do conhecimento, que deve sempre partir do aluno.

A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou

transformando o sentido do que entendemos por material pedagógico. Cada

aluno, independente de sua idade, passou a ser um desafio à competência do

professor. E é nesse contexto que o jogo ganha espaço, como a ferramenta

ideal da aprendizagem. Na medida em que traz estímulo ao interesse do aluno,

desenvolvendo níveis diferentes de sua experiência pessoal, social e ajudando-

o a construir suas novas descobertas, enquanto enriquece sua personalidade.

O jogo simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição

de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.

É muito comum ouvirmos dizer por aí que “os jogos não servem para

nada e não têm significação alguma dentro das escolas, a não ser na cadeira

de educação física” (SYNDERS, 1974:43). Tal opinião está muito ligada a

pressupostos da pedagogia tradicional, que excluía o lúdico de qualquer

atividade séria ou formal. Percebemos claramente que há uma restrição do

lúdico, isto é, existe uma falta de conhecimento e compreensão de seu

verdadeiro sentido.

Apesar da crença que a brincadeira é uma atividade natural da

criança, existe uma diferença entre a situação de jogo que é da iniciativa dela,

e surge de sua intenção e curiosidade, e o jogo com finalidade pedagógica. O

45

jogo em situação didática implica num planejamento e previsão de etapas pelo

professor, para alcançar objetivos pré-determinados.

Jamais devemos pensar em usar os jogos pedagógicos sem

rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por etapas muito nítidas e que,

efetivamente, acompanhem o progresso dos alunos, sem jamais avaliarmos a

qualidade do professor pela quantidade de jogos que emprega, mas sim pela

qualidade dos jogos que pesquisou e selecionou.

È possível utilizar jogos, especialmente aqueles que possuem

regras, como atividade didáticas, porém é preciso que o professor tenha

consciência que as crianças não estarão brincando livremente nesta situação,

pois há objetivos didáticos em questão. Nesta situação, o professor torna-se

um mediador entre as crianças e os objetos a conhecer, organizando e

propiciando espaços e situações de aprendizagem que articulem os

conhecimentos prévio, trazidos pela criança, àqueles que a escola deseja

transmitir.

A respeito dos métodos de alfabetização, no ensino e aprendizagem

da leitura e da escrita, as cartilhas ainda são o instrumento básico utilizado pela

maioria dos professores. Alguns autores como Smolka (1989:64), pesquisando

os métodos de ensino de alfabetização, verificaram que “as cartilhas

tradicionais continuam presentes nas escolas do ensino fundamental, tanto no

apoio do trabalho dos professores como nos exercícios realizados pelos

alunos”.

Da mesma forma, jogos e brincadeiras podem ser utilizados para

ajudar os alunos a superar os bloqueios que geralmente existem na

aprendizagem, principalmente nos conceitos matemáticos. Segundo Parolin

(2002:86), “resistência à aprendizagem dessa matéria continua sendo grande

apesar dos conhecimentos matemáticos fazerem parte da vida do dia-a-dia de

todas as pessoas, como por exemplo, quantificar, ordenar objetos, diferenciar

etc”. Uma criança não apresenta dificuldades para quantificar enquanto está

jogando; muito entusiasmada, ela consegue constatar quem ganhou e quem

perdeu a partir da soma dos pontos.

46

Silva & Brandão (1998:51) analisaram a recomendação do Ministério

da Educação para o ensino da matemática para a educação infantil, segundo a

qual os professores devem aproveitar situações do cotidiano escolar bem como

“jogos e brincadeiras que envolvam contar, comparação de quantidades,

medidas, relações espaciais, etc., para explorar as idéias intuitivas da criança e

sua linguagem própria”. No entanto os autores alertam que não basta abrir um

espaço para o uso de diferentes recursos na educação infantil: é fundamental

saber como usá-los para propiciar uma maior reflexão por parte das crianças.

Outro aspecto importante a ser considerado, de acordo com os

autores, é que o professor incentive as crianças a escrever ou desenhar os

dados representativos do problema proposto, como por exemplo, desenhar

tantos objetos quantos corresponderem ao número citado pelo professor, e

bem como as estratégias utilizadas para a resolução da tarefa. Essa forma de

notação favorece a explicação dada pela criança a respeito dessas estratégias,

além de facilitar a alfabetização. O uso desse recurso deve ser estimulado

desde a pré-escola.

Cardim (2001:111) afirma que, “com a utilização dos jogos como

estratégia de ensino, o professor auxilia o aluno a ter uma atuação mais

consciente e intencional possível a fim de que ele possa ter um resultado

favorável”. É importante, também, “criar oportunidades para que o aluno avalie

e repense o raciocínio que levou ao erro”. Assim, a utilização dos jogos requer

uma organização prévia e avaliações constantes.

Ao propor um jogo, o professor, segundo a autora, deve ter claro:

1 – a finalidade da utilização do jogo;

2 – o público ao qual o jogo se destina e o número possível de

participantes;

3 – a organização prévia dos materiais;

4 – a organização prévia de adaptações, caso o jogo precise ser

simplificado ou enriquecido para alcançar o objetivo;

5 – o tempo necessário para o desenvolvimento do jogo;

47

6 – a organização espacial, a fim de evitar confusões, planejando o

local ideal para a prática do jogo;

7 – o planejamento prévio, mas com flexibilidade, das estratégias

que o professor irá utilizar no decorrer do jogo;

8 – a seleção prévia das noções e dos conceitos a serem

desenvolvido no decorrer do jogo;

9 - a avaliação dos resultado0s obtidos, visando um melhor

desenvolvimento do jogo em aplicações futuras;

10 – a continuidade, garantindo, dentro da rotina diária da escola, a

permanência do projeto com jogos.

Conhecendo os diferentes jogos voltados para a construção do

conhecimento, sabendo das estratégias mobilizadoras de sua atenção e

envolvendo o jogo nos conteúdos curriculares como ferramenta estimuladora,

este torna a aula bem mais atraente, devolve ao professor seu papel como

agente construtor do crescimento do aluno, elimina o desinteresse e, portanto,

a indisciplina, devolvendo á escola sua função de agência responsável por

pessoas mais completa e, naturalmente, por um amanhã melhor.

Apesar de tudo isso e das várias recomendações para que se

utilizem brincadeiras, jogos e situações lúdicas para favorecer as

aprendizagens na pré-escola, o uso didático dessas estratégias ainda não se

disseminou entre alguns professores, e as brincadeiras e os jogos continuam

sendo limitados a situações de recreio, por iniciativas das próprias crianças.

3.2.1 – Importância do jogo na aprendizagem e na socialização

Como já mencionado no decorrer do trabalho, o jogo facilita o

processo de aprendizagem e suas variáveis, portanto se faz necessário,

principalmente em classes de educação infantil que prioriza as relações

interpessoais, a afetividade, a criatividade, contribuindo também para a

socialização.

48

Relacionado a importância do jogo na aprendizagem Piaget

(1975:63) afirma que “o jogo é um meio poderoso para a aprendizagem tanto

da leitura como do cálculo ou da ortografia”.

O jogo estimula as relações interpessoais, a questão de enxergar os

seus semelhantes, e à medida que perceber as diferenças respeitá-las,

compreendê-las e não se afastar. Essas relações precisam ser incentivadas

para que se tenha em sala de aula um clima de cooperação e respeito, assim a

criança se sentirá mais segura emocionalmente.

Haetinger (2006:31) relata que Vygotsky, apesar de não ter se

dedicado ao estudo específico do desenvolvimento infantil, tem muitas

contribuições que podem ser usadas na educação das crianças. Ele afirma, por

exemplo, que “os fatores biológicos são predominantes sobre os sociais no

início do desenvolvimento humano. E pouco a pouco, a integração social torna-

se fundamental para o desenvolvimento do pensamento”.

Considerando essa teoria podemos dizer que o jogo é um elemento

essencialmente socializador e, consequentemente, algo muito importante para

o desenvolvimento humano. Pois a criança é introduzida no mundo adulto pelo

jogo, e sua imaginação que também é estimulada através dos jogos pode

contribuir para expansão de suas habilidades conceituais.

Portanto o jogo é muito importante, pois promove a aprendizagem,

seja ela informal ou formal, além de contribuir para a socialização, interagindo a

criança a sociedade.

Haetinger (idem) destaca que quando propomos um jogo, além dos

objetivos cognitivos a serem alcançados, esperamos que nossas crianças

sejam capazes de:

1 – Respeitar limites – desenvolver hábitos e atitudes, respeitar o

outro, melhorar o comportamento social, trabalhar a competição como parte e

não como essência do jogo (saber perder e ganhar.

2 – Socializar – aprender a viver e conviver em sociedade, criando

vínculos verdadeiros com os colegas, amplificando o sentido de grupo, gerando

49

um ambiente de colaboração e cooperação, promovendo relações de

confiança entre todos os aprendentes.

3 – Criar e explorar a criatividade – jogo proporciona o

desenvolvimento do pensamento criativo e divergente, gerados pela

criatividade. Desse modo, nossos alunos podem inovar e descobrir formas para

se relacionar com a aprendizagem.

4 – Interagir – Criar uma real interação entre o sujeito e o objeto de

aprendizagem, de forma alegre e lúdica, gerando vetores em todos os sentidos.

5 – Aprender a pesquisar (aprender a aprender) – desenvolver nos

aprendentes o gosto pela busca, pela iniciativa e tomada de decisões.

Portanto concluí-se que brincando a criança constrói significados e

apropria-se de diferentes papéis sociais, para o entendimento das relações

afetivas e a construção do conhecimento.

50

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao elaborarmos o presente estudo, que privilegiou o jogo infantil,

apresentando sua natureza, suas manifestações e funções no desenvolvimento

da criança e dentro do contexto educacional, sabemos que apenas brevemente

pudemos desenvolver o tema.

Conclui-se que os jogos exercem grande influência no

desenvolvimento social da criança, sendo uma ferramenta muito útil,

principalmente no trabalho do Psicopedagogo. O desenvolvimento da criança

acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo

como forma de equilíbrio com o mundo. Sua maneira de assimilar (transformar

o meio para que este se adapte às suas necessidades) e de acomodar (mudar

a si mesma para adaptar-se ao meio) ocorre através do jogo.

A criança é uma especialista em brincar, pois o mundo infantil é

repleto de movimentos, de jogos, de fantasia. Esta criança ao entrar na escola

ela já vem com este enorme conteúdo e muitas das vezes a escola de

educação básica (pré-escola) ignora este conteúdo, com suas propostas

curriculares ultrapassadas.

O jogo é uma característica do comportamento infantil, é uma

atividade espontânea da criança, não há como ignorar esta condição, porque o

professor querendo ou não, o jogo estará presente na escola, por isso é

preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeite seu

processo de construção do pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas

linguagens expressivas do jogo.

Valorizando os jogos na educação, como formas privilegiadas de

desenvolvimento e apropriação do conhecimento pela criança, estaremos nos

utilizando de instrumentos indispensáveis para a prática pedagógica e

inserindo-o como relevante componente de propostas curriculares.

O jogo, como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento,

passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o

51

ensino. Colocar o aluno diante de situações de jogo pode ser uma boa

estratégia para aproximá-lo das diferentes áreas de ensino, além de poder

estar promovendo o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas.

É importante destacar que o jogo por si só não permitira o

desenvolvimento e a aprendizagem, mas sim a ação de jogar é que desenvolve

a compreensão. Mas também no lúdico é importante que o aluno seja

percebido como ele é, mesmo apresentando dificuldades, e que o programa de

atividades esteja voltado para atender as suas necessidades.

Colocar o jogo dentro de uma perspectiva educacional é abrir um

imenso leque a sua utilização enquanto “instrumento pedagógico para o

desenvolvimento infantil”. O jogo ultrapassa estes limites de mero instrumento

pedagógico quando entramos em contato com as diferentes abordagens

teóricas que o valorizam.

O professor deve respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir

de sua atividade espontânea ouvindo suas dúvidas, formulando desafios, e

acompanhando seu processo de construção do conhecimento. A partir desta

perspectiva não há como o professor deixar de utilizar um programa que ensine

os jogos e brincadeiras, pois este rico recurso vai favorecer o desenvolvimento

físico, cognitivo, afetivo, social e moral da criança. Mas apesar de várias

recomendações dos jogos a fim de favorecer as aprendizagens na educação

infantil, esse uso didático ainda não se disseminou entre alguns professores.

O profissional que atua com educação depara-se com situações em

que é preciso estabelecer a intervenção psicopedagógica em função das

necessidades especiais da criança. Os jogos são considerados instrumentos

pedagógicos eficazes, desempenhando neste momento um papel importante.

Cabe ao psicopedagogo aceitar que o processo de ensino-

aprendizagem é linear e contínuo, que se encaminha em várias direções,

apresentando paradas, saltos, transformações bruscas, incluindo também a

não aprendizagem. Estes aspectos são fundamentais na estruturação do

processo psicopedagógico tendo em vista a construção do conhecimento e do

saber por parte da criança através do uso de brinquedos e jogos.

52

O psicopedagogo deve apostar sempre que o desejo de aprender é

uma característica que prevalece sobre as condições mais desfavoráveis que

possa vir a influenciar o ser humano na aprendizagem.

A prática dos jogos na psicopedagogia vem introduzir uma

contribuição mais rica no enfoque pedagógico possibilitando ao psicopedagogo

ampliar o seu olhar e alargar seus horizontes, contribuindo para uma educação

trarnsformadora.

Não pretendemos esgotar o problema, pois percebemos que esta é

uma questão que merece ser mais bem aprofundada para encontrar-se

soluções mais viáveis para resolvermos a questão da aprendizagem nas

escolas. Embora o presente trabalho tenha sido breve em seu

desenvolvimento, esperamos que ele venha contribuir para o prosseguimento

de estudos futuros sobre o tema pesquisado.

53

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