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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E O DESTAQUE DO BRASIL
NESSE CONTEXTO
Por: Nilton Pedro Elias Rodrigues
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E O DESTAQUE DO BRASIL NESSE
CONTEXTO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão no Setor Petróleo e
Gás.
Por: Nilton Pedro Elias Rodrigues
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AGRADECIMENTOS
Aos ilustres professores que me deram
embasamento para a realização desse
trabalho.
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DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado à minha querida
esposa pelo grande incentivo em todos os
principais momentos de minha vida.
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RESUMO
Na Matriz Energética Mundial, sem dúvida nenhuma, o petróleo com
seus derivados é a principal fonte de desenvolvimento dos países. Entretanto,
quando os principais produtores, localizados no Oriente Médio, se deram
conta da sua importância como fornecedores privilegiados ao mundo
capitalista, começaram a surgir sérios conflitos, muitas das vezes armados,
gerando problemas de difícil solução, pois dependiam de entendimentos
políticos que por sua vez envolviam também fanatismos religiosos,
notadamente nos países do Oriente Médio, que são os grandes produtores
mundial dos hidrocarbonetos. As possíveis soluções para os países que
dependem do petróleo passam pela mudança das suas matrizes energéticas
na busca de novas fontes de energia. Nesse sentido, o Brasil vem buscando
substituir o petróleo, principalmente, por ser uma fonte finita e também pelo
fato de gerar poluição na queima dos seus derivados. Assim uma das
alternativas aos combustíveis fósseis que vem sendo apresentada no mercado
brasileiro é a utilização de biocombustíveis. É fato, lembrar que o Brasil é um
dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool etílico,
oriundo da fermentação da cana, desde o início dos anos 70. Um problema,
dos mais graves na Indústria petrolífera, é o fato dela sempre envolver
danosos riscos quando em operação, haja visto o recente vazamento
(novembro de 2011), completamente inesperado, ocorrido na Bacia de
Campos.
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METODOLOGIA
Paralelamente aos conhecimentos adquiridos através das aulas
ministradas no curso, a metodologia adotada para este trabalho foi a pesquisa
em bibliografia especializada, bem como em revistas, jornais e pesquisas
diárias em conteúdos digitais localizados em portais e sites verticais. Além
destas fontes, se destacam informações obtidas em agências reguladoras,
notadamente da ‘ANP’.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I – HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA ............................11
1.1– Antiguidade ....................................................................................11
1.2– Origens da Indústria petrolífera .....................................................11
1.3– Oriente Médio ................................................................................12
1.4– O pós-segunda guerra e a criação da OPEP ................................15
1.5– Sete irmãs .....................................................................................17
CAPÍTULO II – O PETRÓLEO NO BRASIL, BREVE HISTÓRICO ..................19
2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos campos de
petróleo da camada pré-sal ...................................................................20
2.2 - Exploração dos campos petrolíferos no litoral brasileiro ..............21
2.3 - Exploração dos campos petrolíferos na camada
pré-sal ....................................................................................................23
2.3.1 - O que é o pré-sal .............................................................23
2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil ..................24
2.3.3 – Riscos da exploração do petróleo no pré-sal..................24
2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente ..............................................25
2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade, uma
tragédia anunciada .....................................................................25
2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de cuidado
necessário com o meio ambiente ...............................................28
2.3.7 – Pior acidente ambiental dos E.U.A. deu sinal de
alerta para euforia do pré-sal ......................................................30
CAPÍTULO III – MUDANÇA NA MATRIZ ENERGÉTICA DO PAÍS .................32
3.1–Histórico da Matriz Energética brasileira ........................................32
3.2 – Biodiesel .......................................................................................33
3.3 – Importância do biodiesel ...............................................................34
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3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira ..................................35 CAPÍTULO IV – DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO – E A EMINENTE “GUERRA” INSTITUCIONAL ..............................36 CONCLUSÃO ..................................................................................................38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................39
ÍNDICE .............................................................................................................40
9
INTRODUÇÃO
A Geopolítica do petróleo e o destaque do Brasil nesse contexto, é o
tema que foi desenvolvido neste trabalho. Principalmente porque a enorme
dependência do mundo em relação ao petróleo, uma história escrita no século
passado, e a fatalidade geológica pela qual o maior conjunto das reservas
mundiais do combustível está localizado numa região das mais instáveis
politicamente, transformaram esta fonte fóssil de energia em mensageira de
discórdias. Constituindo enormes problemas diplomáticos entre os países.
Essa fonte de energia, que interfere na ordem econômica dos países é
capaz também de alterar socialmente qualquer região, por ações políticas
ordenadas. Ao se buscarem outras fontes de energia, como soluções
inevitáveis, desenvolvem-se, principalmente, a tecnologia, a indústria dentre
outros segmentos da economia, aí o Brasil vem tomando destaque cada vez
maior. Alterar a matriz energética é sem dúvida a única saída daqueles que
precisam da energia para sua sobrevivência, buscando sempre formas
harmoniosas entre o desenvolvimento e o meio ambiente.
Verificou-se, recentemente, o acidente na Bacia de Campos, em um de
seus poços. Enfim, o petróleo agrega riqueza, mas também pode trazer sérias
consequências aos seres vivos, inclusive a morte. O petróleo descoberto na
região denominada pré-sal é sem dúvida um indicador de riqueza e também
uma preocupação constante quanto aos possíveis danos ambientais que
poderá vir a ocorrer.
A busca pela substituição do petróleo como principal fonte de energia é
urgente devido a sua eminente escassez e a poluição gerada pela queima de
seus derivados. Por isso, novas fontes de energia estão sendo estudadas e
testadas para minimizar a dependência dos combustíveis fósseis, sendo o
Brasil um dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool
etílico, oriundo da fermentação da cana, desde a década de 1970.
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A entrada do biodiesel derivado da biomassa e denominado biodiesel
na matriz energética brasileira é de significativa importância ambiental, social e
econômica, além de confiar um curso histórico no Brasil de investimentos em
energias.
Do capítulo I ao capítulo IV foram feitas exposições da História da
Indústria Petrolífera, com dados e datas desde a sua criação até os tempos
atuais. O petróleo no Brasil teve uma abordagem atualizada onde foram
mostradas as grandes descobertas mais recentes. Por ser o petróleo uma
fonte de energia finita, houve a preocupação de se abordar as formas de
atuação do Brasil para mudar sua Matriz Energética. Para finalizar mostrou-se
a necessidade dos cuidados com o meio ambiente no intuito de minimizar os
acidentes, bem como o grande problema da distribuição dos royalties do
petróleo e gás entre os estados produtores e não produtores, discussão que
poderá sair da esfera política para a esfera judicial.
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CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA
No primórdio da civilização, os homens sacrificavam as baleias e delas
extraíam um óleo que era utilizado para a iluminação de ambientes, entretanto
com a descoberta do petróleo, que em certos locais brotava da terra, a prática
da matança das baleias foi quase extinta. O petróleo passou a ser utilizado em
substituição ao óleo das baleias. Estava assim descoberto, o que mais tarde
veio a ser chamado de “ouro negro”.
1.1 – Antiguidades
Registros indicam que a utilização do petróleo remontam a 4000 a.c..
Os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judéia já utilizavam o
betume para pavimentação de estradas, calefação de grandes construções,
aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e até laxativo. Os
chineses já perfuravam poços, utilizando haste de bambu. No início da ERA
CRISTÃ, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação e o petróleo
de Baku, no Azerbaijão, já era produzido em escala comercial, por volta de
1270.
1.2 – Origens da indústria petrolífera
A moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX. Em
1850, James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído
do carvão e xisto betuminoso e criou processo de refinação. O primeiro poço
moderno foi perfurado em Bibi-Hey bat, no Azerbaijão, no ano de 1846. O
primeiro poço comercial nas Américas foi perfurado no Canadá, em 1858. Em
agosto de 1859, o norte americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro
poço nos Estados Unidos para a procura do petróleo, no estado da
Pensilvânia. Como esse poço revelou-se produtor, passou daí a ser
12
considerado pelos americanos como sendo o início da moderna indústria
petrolífera. (WIKIPEDIA, 2011)
1.3 – O Oriente Médio
A história da exploração petrolífera no Oriente Médio nasceu da
rivalidade entre a Grã-Bretanha e o Império Russo.
Após algumas outras tentativas frustradas o britânico Willian Knox
d’Arcy, em 28 de maio de 1801, assinou contrato com a Pérsia (atual Irã)
começando assim produção em escala comercial.
Ao mesmo tempo na Mesopotâmia (atual Iraque), a Turkish Petroleum
Company, fundada em 1912 por iniciativa da Royal Dutch Shell e do Deutsche
Bank (cada um com 50% das ações), em colaboração com o armênio Calouste
Gulbenkian manifestava interesse no negócio. Nesse cenário, alguns dias
antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, o jovem parlamentar Winston
Churchill colocou em votação na Câmara dos Comuns a proposta de
nacionalização da Anglo-Persian, através da qual o governo britânico adquiria
50% das ações da companhia pelo montante de 2,2 milhões de libras.
Em seguida, os britânicos envidaram esforços para obter a fusão da
Turkish com a Anglo-Persian. Ainda em 1914, o novo consórcio passou a ser
controlado em 50% pelos ingleses, ficando a Shell e o Deutsche Bank com
25% cada um; 5% dos lucros eram destinados a Gulbenkian, que passou a ser
conhecido desde então como o “Senhor 5%”.
Com a Primeira Guerra Mundial em progresso, a cooperação anglo-
germânica para a exploração petrolífera era anulada. Com a rendição alemã e
o desmembramento do Império Otomano, as potências vencedoras passaram
a controlar o mercado na região.
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O primeiro-ministro britânico Lloyd George e o presidente do conselho
francês Alexandre Millerand firmaram o acordo de San Remo, através do qual
o instrumento do desenvolvimento petrolífero ficou sendo a Turkish Petroleum
Company; os franceses receberam a parte alemã da companhia, que havia
sido sequestrada pelos britânicos durante a guerra. Em troca, os franceses
renunciaram a suas pretensões territoriais sobre Mossul (no norte do Iraque). A
Grã-Bretanha, por sua vez, declarou que qualquer companhia privada que
explorasse jazidas de petróleo ficaria sob o seu controle.
O acordo de San Remo representou um duro golpe para os Estados
Unidos da América, que, diante da hegemonia britânica passaram a
demonstrar preocupação com o seu abastecimento. Um acordo entre ambas
as nações só foi firmado em 1925.
Enquanto isso, Faiçal I do Iraque confirmou oficialmente a concessão
celebrada em 1912, permitindo o início da prospecção em seu país.
Finalmente, a 15 de outubro de 1927, perto de Kirkuk, ecoou um imenso
estrondo, sucedido por um jorro de petróleo de 15 metros acima da torre. Para
explorá-lo, foi assinado um contrato, em 31 de julho de 1928, no hotel das
Termas de Ostrende, nos Países Baixos. Pelos seus termos, estabelecia-se a
Iraq Petroleum Company (em substituição à Turkish Petroleum Company) cujo
capital foi repartido entre a britânica Anglo-Persian (23,75%), a Companhia
Francesa de Petróleo (23,75%), um cartel estadunidense (Gulf, Texaco, Exxon
e Mobil) ( 23,75%) e os 5% de Gulbenkian. Reunidos, os representantes
dessas companhias traçaram uma linha vermelha em torno do território do
antigo Império Otomano, onde apenas a Pérsia e o Kuwait foram excluídos. No
interior dessa zona, todas as operações petrolíferas deveriam ser
desenvolvidas em colaboração entre elas, e apenas entre elas.
De acordo com os relatórios dos geólogos à época, a Arábia parecia
“desprovida de qualquer perspectiva de petróleo” e a prospecção ali deveria
“ser classificada na categoria do puro jogo”. Entretanto, o fato do petróleo
14
ocorrer em abundância na Pérsia e no Iraque indicava que o mesmo podia
ocorrer na Arábia, levando a que o neozelandês Frank Holmes, com
experiência na África do Sul e em Aden, no Iemen, se estabelecesse na
pequena ilha de Bahrein. Holmes obteve do xeique local uma concessão para
a prospecção de petróleo, em 1925.
Em 1926, com seus recursos esgotados, Holmes propôs vender a sua
concessão aos britânicos, mas foi rechaçado, uma vez que, mesmo duvidando
da presença de óleo na região, percebiam-no como um intruso. Holmes então
dirigiu-se a Nova York e propôs a venda da sua concessão aos
estadunidenses, adquirida pela Gulf Oil em 1927. Essa companhia, entretanto
tornou-se parte da Iraq Petroleum Company em 1928. Como esta era
signatária do acordo da Linha Vermelha, tornava-se impossível para a Gulf
operar sozinha no Bahrein. Desse modo revendeu as suas ações à Standard
Oil of California (SOCAL, ex-Standard Oil Company), que havia ratificado o
acordo. Essa operação irritou os britânicos, que não admitiam que os
estadunidenses se instalassem no Oriente Médio. Sob a égide britânica, os
xeiques não podiam agir por conta própria. Uma cláusula de nacionalidade
britânica era exigida para explorar o petróleo. Para contornar o impedimento, a
SOCAL estabeleceu uma filial no Canadá, um território britânico. Um ano mais
tarde, convencidos de que não havia petróleo em Bahrein, os britânicos
acabaram concordando. As perfurações iniciaram-se, desse modo, em 1931.
Em 31 de maio de 1932, uma jazida era descoberta, vindo a inverter o
equilíbrio regional e mundial, e criando uma situação que dura até aos dias de
hoje. (WIKIPEDIA, 2011)
Na Arábia Saudita, em maio de 1933, o rei Ibn Saud, concedeu à
SOCAL o direito de exploração do petróleo de seu país por 60 anos, mediante
um pagamento de 35 mil peças de ouro. O articulador do mesmo foi Saint John
Philby, antigo funcionário britânico do Império das Índias, transformado em
conselheiro de Ibn Saud.
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Derrotados na Arábia Saudita, os britânicos associaram-se aos
estadunidenses, um ano e meio mais tarde, em partes iguais, no Kuwait, a
última zona de prospecção. As seis primeiras perfurações foram infrutíferas até
que, em 1938, vastas reservas foram descobertas no Kuwait e na Arábia.
1.4 – O pós-segunda guerra e a criação da OPEP
Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento pela descolonização foi
seguido pelo direito das nações de disporem livremente dos próprios recursos
naturais. Nesse contexto, os países do Golfo Pérsico passaram a manifestar o
desejo de libertar-se das companhias petrolíferas ocidentais. Assim, em 1948,
com o apoio dos Estados Unidos enquanto superpotência, obtiveram o fim do
“acordo da Linha Vermelha”. Empresas recém-chegadas, como a
estadunidense Getty Oil Company, ofereceram melhores condições à Arábia
Saudita, obrigando as companhias petrolíferas, determinadas a manter as suas
posições, a conceder a este país, em 1950, uma fatia dos lucros da exploração
petrolífera na base de 50/50. Essa concessão foi estendida ao Bahrein e,
posteriormente, ao Kuwait e ao Iraque.
Como as multinacionais anglo-americanas (as “sete irmãs”),
conservassem o controle dos preços e dos volumes de produção, 1950 foi
também o ano da primeira tentativa de contestação. No Irã, o primeiro-ministro
Mohammed Mossadegh nacionalizou as jazidas do país. Os britânicos,
prejudicados, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante
quatro anos os iranianos resistiram até que, em 1954, os estadunidenses
eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo iraniano e, de
passagem, afastaram os ingleses.
Em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela
criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
permitindo que, pela primeira vez na História, os países produtores de petróleo
se unissem contra as “sete irmãs”.
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Ainda demoraria uma década, entretanto, para que a correlação de
forças entre países consumidores e países produtores fosse alterada.. Isso
aconteceu quando, devido a um acidente que danificou o oleoduto entre a
Arábia Saudita e o Mar Mediterrâneo, levou a uma diminuição da oferta de 5
mil barris/dia no mercado. Como consequência, os preços do petróleo subiram,
e a OPEP deu-se conta de seu poder.
As nacionalizações voltaram à ordem do dia nos países árabes: em
1972, o Iraque recuperou o controle da sua história petrolífera, nacionalizando-
a em 1975. Sem desejar serem reduzidas a meros compradores de petróleo,
as companhias ocidentais introduziram uma nova figura jurídica para manter o
seu “status”: os “contratos de partilha da produção”. Por eles, passaram a se
associar à produção local do petróleo e a comercializar por sua própria conta
uma parte da produção da jazida.
A Guerra do Yom Kipur (1973), provocou o primeiro choque petrolífero
mundial. A OPEP elevou o preço do barril em 70% e limitou a sua produção.
No ano seguinte (1974), o Kuwait e o Qatar assumiram o controle (em até
60%) das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o
mesmo antes de nacionalizar completamente a Arabian-American Oil
Company (ARAMCO) em 1976.
Esses fatos levaram a que países produtores passassem a controlar o
mercado, tendo as companhias perdido a capacidade de ditar os preços do
crude. Elas conservam, e mantém até hoje, ainda, a primazia sobre o
refinamento, o transporte e a comercialização do óleo e derivados. Se em
1940, o Oriente Médio produzia 5% do petróleo mundial, em 1973, à época do
choque petrolífero, atingia 36,9%. (ANP, 2011)
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1.5 – Sete irmãs
Sete irmãs é o apelido dado às sete maiores companhias de petróleo
transnacionais, que dominaram o mercado petrolífero internacional até os anos
1960.
Parte das empresas que compunham o cartel das sete irmãs foi
formado pelas empresas americanas resultantes da fragmentação do
monopólio da Standard Oil Company, provocada pela lei anti-truste de
Sherman, nos Estados Unidos.
As quatro empresas americanas (Esso, Texaco, Socony e Socal)
resultantes do fim da Standard Oil, juntaram-se à anglo-britânica Shell e à
Amoco (atual BP), para controlarem o mercado petrolífero e impor baixos
preços aos países produtores enquanto garantiam altas taxas de lucro. Até os
dias de hoje estas empresas controlam setores importante do refino e
distribuição de produtos derivados de petróleo, apesar de terem perdido o
controle sobre a maior parte das reservas petrolíferas mundiais que foram
nacionalizados pelos países petrolíferos (OPEP, México, Rússia).
O grupo das Sete irmãs fazia o possível para impedir que outras
empresas entrassem no mercado petrolífero, dificultando o acesso de novas
companhias às maiores reservas mundiais, como as do Oriente Médio.
Foi somente quando os países produtores de petróleo começaram a
tomar o controle sobre a produção e determinar os preços, à partir da
formação da OPEP, em 1960, que o poder das Sete irmãs passou a declinar.
As companhias que formaram este Cartel eram:
• Royal Dutch Shell. Atualmente chamada de Shell
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• Anglo-Persian Oil Company, Mais tarde, British Petroleum
Amoco,ou BP Amoco. Atualmente é conhecida pelas iniciais BP.
• Standard Oil of New Jersey (Esso). Exxon, que se fundiu com a
Mobil, atualmente, ExxonMobil.
• Standard Oil of New York (Socony). Posteriormente Mobil, que
fundiu-se com a Exxon, formando a ExxonMobil.
• Texaco. Posteriormente fundiu-se com a Chevron, formando a
ChevronTexaco de 2001 até 2005, quando o nome da
companhia voltou a ser apenas Texaco.
• Standard Oil of California (Socal). Posteriormente formou a
Chevron, que incorporou a Gulf Oil e posteriormente se fundiu
com a Texaco.
• Gulf Oil. Absorvida pela Chevron, posteriormente ChevronTexaco.
Desta forma, as sete irmãs tornaram-se apenas quatro: ExxonMobil,
ChevronTexaco, Shell e BP. (WIKIPEDIA, 2011)
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CAPÍTULO II
O petróleo no Brasil, breve histórico
Em 1932 foi instalada a primeira refinaria de petróleo do país, a
Refinaria Rio-Grandense de Petróleo, em Uruguaiana, a qual utilizava petróleo
importado do Chile, entre outros países.
Foi somente no ano de 1939 que foi descoberto óleo em Lobato
(Salvador), no estado da Bahia.
Desde os anos 1930 o tema do petróleo foi amplamente discutido no
Brasil, polarizado entre os que defendiam o monopólio da União e os que
defendiam a participação da iniciativa privada na exploração petrolífera.
Entretanto, naquele período, o país ainda dependia das empresas privadas
multinacionais para todas as etapas da exploração petrolífera, desde a
extração, refino até a distribuição de combustíveis.
Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se no país um grande
movimento em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela época
o Brasil era um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras eram
pequenas, quase insignificantes. Mesmo assim diversos movimentos sociais e
setores organizados da sociedade civil mobilizaram a campanha “O petróleo é
nosso!”, que resultou na criação da Petrobrás em 1953, no segundo Governo
de Getúlio Vargas. A Lei 2004 de 3 de outubro de 1953 também garantia ao
Estado o monopólio da extração de petróleo do subsolo, que foi incorporado
como artigo da Constituição de 1967 (Carta Política de 1967) através da
Emenda nº 1, de 1969. O monopólio da União foi eliminado em 1995, com a
EC 9/1995 que modificou a Art. 177 da Constituição Federal.
20
Após a crise petrolífera de 1973, a Petrobrás modificou sua estratégia
de exploração petrolífera, que até então priorizava parcerias internacionais e a
exploração de campos mais rentáveis no exterior. Entretanto, naquela época o
Brasil importava 90% do petróleo que consumia e o novo patamar de preços
tornou mais interessante explorar petróleo nas áreas de maior custo do país, e
a Petrobrás passou a procurar petróleo em alto mar. Em 1974 a Petrobrás
descobre indícios de petróleo na Bacia de Campos, confirmados com a
perfuração do primeiro poço em 1976. Desde então esta região da Bacia de
Campos tornou-se a principal região petrolífera do país, chegando a responder
por mais de 2/3 do consumo nacional até o início dos anos 90, e ultrapassando
90% da produção petrolífera nacional nos anos 2000. (CARDOSO, 2010).
Em 2007 a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo na camada
denominada Pré-sal, que posteriormente verificou-se ser um grande campo
petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 Km na costa brasileira, do estado
do Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal
(rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de
Campos e de Santos. O primeiro óleo do pré-sal foi extraído em 2008 e alguns
poços como Tupi estão em fase de teste.
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2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos campos de
Petróleo da camada Pré-sal
O Rio concentra todos os campos do pré-sal em um raio de 500
quilômetros. É uma condição logística única. Além disso, ao redor da cidade
estão reunidos 56% do produto interno brasileiro, dois portos grandes (Rio de
Janeiro e Itaguaí) e o segundo maior aeroporto do país (Internacional Antônio
Carlos Jobim), o único em condições de passar por um processo de expansão
imediato. Sem falar nos impactos óbvios, como crescimento imobiliário,
geração de empregos e melhoria acentuada da infraestrutura.
O Rio de Janeiro está se transformando, a partir do avanço do setor de
óleo e gás, em uma potência mundial nos desenvolvimentos tecnológicos e
científicos voltados à atividade brasileira. O Rio já desenvolve tecnologias mais
avançadas em águas ultraprofundas do que, por exemplo, é registrado no
Golfo do México. Há avanços importantíssimos nas áreas de nanotecnologia e
biotecnologia, envolvendo materiais extremamente sofisticados.
Um dos fatores que beneficia o Rio na atração de investimentos na área
de petróleo é a existência de espaços para a implantação de grandes
conglomerados empresariais e industriais. A cidade tem um fator evidente, que
é a presença em seu território de onze zonas industriais. Estudos apontam três
grandes oportunidades: industrial, pesquisa e tecnologia e gestão de serviços.
São três vetores de crescimento na área de óleo e gás (ABRANCHES, 2011).
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2.2 – Exploração dos campos petrolíferos, no litoral Brasi
leiro
Os vários insucessos da exploração, por parte da Petrobrás, de petróleo
em terra, indicava a necessidade da saída para o mar, onde as primeiras
pesquisas haviam começado em 1957. Em fins de 1966, a Petrobrás deu um
passo importante nessa direção, com a construção da plataforma de
perfuração Petrobrás I, para operar a profundidade de até 30 metros. Mas foi o
período entre 1967 e 1968 que marcou o verdadeiro início da exploração
sistemática da plataforma continental. Nesse período, a maioria das bacias
marítimas foi coberta pelas equipes de pesquisa da Petrobrás, usando o
método de sísmica de reflexão em suas porções rasas. Em 1968, iniciou-se a
perfuração do primeiro poço, na costa capixaba. As análises dos dados
sísmicos processados mostraram uma série de locais propícios à acumulação
de óleo e gás na plataforma continental. Sem conseguir bons resultados no
poço do Espírito Santo, a plataforma de perfuração foi deslocada para o litoral
de Sergipe. Lá, já no segundo poço perfurado no mar brasileiro, ocorreu a
primeira descoberta: o campo de Guaricema, que deu início à tradição de
batizar com nomes de peixes as descobertas no mar.
Depois de Guaricema, ocorreram outras descobertas no litoral do
nordeste: em 1970 os campos de Caioba, Camorim, Robalo e Dourado, em
Sergipe; em 1973, Ubarana, no Rio Grande do Norte.(GAUTO, 2011)
O sucesso inicial nas bacias marítimas fez a exploração submarina
avançar ainda mais. A crise de 1973, com a súbita elevação dos preços do
petróleo, que quadruplicaram no mercado internacional, levou a Petrobrás a
promover mudanças em sua filosofia exploratória: foram revistas decisões de
investimentos em exploração, tanto em sísmica como em perfuração de poços
ou na pesquisa tecnológica associada. Acima de tudo, o choque internacional
foi um estímulo para que a Petrobrás intensificasse operações, na plataforma
23
continental. Na ocasião, quase 80% do petróleo consumido no País era
importado.
A descoberta do Campo de Garoupa em 1974, no litoral do Estado do
Rio de Janeiro inaugurou definitivamente uma nova fase para a produção de
petróleo no Brasil. Ao revelar a Bacia de Campos, mais importante província
petrolífera do País, essa descoberta significou o grande marco do sucesso da
Petrobrás na plataforma continental.
Em 1975, foi descoberto o campo de Namorado e, no ano seguinte o
de Enchova. A partir do crescente conhecimento geológico e geofísico da
Bacia de Campos, seguiu-se uma série de descobertas, fato esse que veio
ocorrendo até os dias atuais. A tecnologia se tornou vanguarda no mundo e
levou a Petrobrás a bater vários recordes internacionais. No início dos anos
1980, a exploração avançou para uma nova fronteira em águas profundas e,
mais tarde, em águas ultraprofundas. Logo começaram as descobertas:
Marimbá e Albacora em 1984, Marlin, em 1985, Barracuda e Caratinga, três
anos depois, e o supercampo de Roncador, em 1996, foram o prenúncio da
mais recente fase exploratória e de desenvolvimento de produção. (GAUTO,
2011).
2.3 – Exploração dos campos petrolíferos em camadas
pré-sal
No Brasil a perfuração de poços em camadas pré-sal está sendo o novo
desafio na exploração de petróleo “offshore”. Em 2004 foram perfurados
alguns poços em busca de óleo na Bacia de Santos, pois lá haviam sido
identificadas, acima da camada de sal, rochas arenosas depositadas em águas
profundas, que já eram conhecidas. Em 2006 quando a perfuração já havia
alcançado 7600 metros de profundidade a partir do nível do mar, foi
encontrada uma acumulação gigante de gás e reservatórios de condensado de
24
petróleo, um componente leve do petróleo. No mesmo ano, em outra
perfuração feita na Bacia de Santos, a pouco mais de 5 mil metros de
profundidade a partir da superfície do mar, veio a grande notícia: o poço,
posteriormente batizado de Tupi, apresentava indícios de óleo abaixo da
camada de sal. O sucesso levou à perfuração de mais sete poços e em todos
se encontrou petróleo. Foi dada a largada para a exploração na camada pré-
sal. (GAUTO, 2011)
2.3.1 – O que é o pré-sal.
Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos em rochas
calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. As últimas descobertas
no Brasil mostram uma camada de aproximadamente 800 quilômetros de
extensão por 200 quilômetros de largura, que vai do litoral de Santa Catarina
ao do Espírito Santo.
2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil
Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, será necessário
ultrapassar uma lâmina d’água de mais de 2000 metros, uma camada de 1000
metros de sedimentos e outra de aproximadamente 2000 metros de sal. É um
processo complexo que demanda tempo e dinheiro.
O petróleo encontrado nesta área engloba três bacias sedimentares
(Santos, Campos e Espírito Santo), a capacidade estimada da reserva pode
proporcionar ao Brasil a condição de exportador de petróleo. Confirmada a
hipótese, o governo brasileiro analisará a possibilidade de solicitar a adesão do
país à OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo).
25
Vários campos de poços de petróleo e gás natural já foram descobertos
na camada pré-sal, entre eles estão o Tupi, Guará, Bem te vi, Carioca, Júpiter
e Iara. Tupi é o principal campo de petróleo descoberto, tem uma reserva
estimada pela Petrobrás entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo,
sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete
anos. A produção teste foi iniciada em 2009 e o início da produção em larga
escala está previsto para 2016.
2.3.3 – Riscos da exploração de petróleo no pré-sal
Fora o risco de não haver os alardeados bilhões de barris de petróleo no
pré-sal, a Petrobrás ainda poderá enfrentar outros problemas. Existe chance
de a rocha reservatório, que armazena o petróleo e o gás em seus poros não
se prestar à produção em larga escala a longo prazo com a tecnologia
existente hoje. Como a rocha geradora de petróleo em Tupi possui uma
formação heterogênea, talvez também sejam necessárias tecnologias distintas
em cada parte do campo. Além disso, há o receio de que a alta concentração
de dióxido de carbono presente no petróleo local possa danificar as
instalações.
Outro fator complicador é a distância entre a costa e os poços de
perfuração da camada pré-sal (300 quilômetros), necessitando, portanto, de
alternativas que realizem o transporte rápido e eficiente de pessoas, materiais
e equipamentos.
Testes realizados pela Petrobrás, em 2010, mostraram que ainda não
estão totalmente superados os desafios tecnológicos no bloco der Tupi,
ficando a produção inicial de teste abaixo de 15 mil barris de petróleo,
frustrando as expectativas iniciais.
26
2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente
Um dos maiores desafios da extração de petróleo localizado na camada
do pré-sal é o ambiental. Os depósitos do pré-sal contêm uma grande
concentração de dióxido de carbono, bem superior a de reservas em águas
rasas. Portanto, sua exploração de forma inadequada pode contribuir para o
aquecimento global, visto que o dióxido de carbono é um dos grandes vilões
desse processo.
2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade
Recentemente, notadamente no mês de novembro de 2011, observou-
se o derramamento de óleo do campo de Frade, explorado pela companhia
americana Chevron, com danos ainda não dimensionados ao meio ambiente.
O acidente da Chevron está rodeado de muitas perguntas sem resposta.
Entretanto, deveria estar servindo de alerta para o governo federal repensar as
licitações para exploração de petróleo. Sendo o campo de Frade um dos
maiores em produção no Brasil desde 2009 e, se o vazamento se deu por uma
falha geológica, essa falha deveria ter sido prevista no estudo de impacto
ambiental. O governo está investindo muito dinheiro na exploração em alto mar
do petróleo, porém quase nenhum no plano de segurança.(ORDOÑEZ,2011)
27
A causa provável do acidente, segundo a Chevron, seria uma falha
geológica localizada a cerca de 150 metros de um poço injetor que estava
sendo perfurado. O Ibama ainda não confirmou ou rechaçou a versão
apresentada pela empresa americana. Esta informou que a mancha segue em
direção sudeste afastando-se da costa.
O Ibama informou que está acompanhando o plano de emergência da
petroleira e que a empresa será autuada assim que o vazamento for
estancado, pois o valor da multa deverá ser proporcional ao dano ambiental
causado.
Nunca tivemos uma política ambiental transparente em nenhuma das
esferas do governo, mas a situação piorou. Exploração de petróleo tem riscos
sérios, e eles estão sendo tratados sem transparência.
A plataforma usada pela Chevron, a Sedco706, é da empresa
Transocean, que esteve no centro do acidente da BP, no Golfo do México, em
2010.
Pelas informações até agora divulgadas, o vazamento foi consequência
indireta da perfuração de um poço submarino no local. A rocha onde o óleo
está contido acabou fraturada e a pressão exercida pelo poço fez com que
esse vazamento surgisse em outro ponto não observado na perfuração. Por
sorte, as condições do mar impediram que a mancha de óleo que aflorou à
Eno transporte de hidrocarbonetos e no apoio à ação da indústria no mar. Mas
28
negar a existência desses riscos como vem fazendo aqueles que defendem a
redivisão dos royalties do petróleo é um absurdo, contestável diante de
vazamentos como ocorreu no campo operado pela Chevron.
A produção brasileira de petróleo e gás se concentra no litoral do Rio de
Janeiro. Espírito Santo e São Paulo se tornarão grandes produtores também.
Em breve, farão parte dessa lista Paraná e Santa Catarina. A Petrobrás
descobriu reservatórios expressivos em águas profundas de Sergipe, e
continua a extrair óleo e gás no litoral da Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte
e Ceará. É preciso repetir para sensibilizar os ouvidos moucos dos
parlamentares em Brasília, que os royalties são uma compensação financeira
para, entre outros fatores, o risco de acidentes.
Além da pressão sobre a infraestrutura das áreas confrontantes, em
terra, estados e municípios precisam ser compensados para viabilizar outras
atividades que não tem relação direta com a indústria do petróleo, uma riqueza
finita.
E essa compensação deve ser proporcional à atividade petrolífera das
regiões. A tentativa de dividir a receita dos royalties e das participações
especiais tem sido no sentido de desvincular a produção da compensação
financeira, adotando-se outro critério, como, por exemplo, a renda média por
habitante de cada estado ou município em termos nacionais.
29
Ora, é justo que se ponha em prática programas federais e regionais
que busquem corrigir os desequilíbrios observados na renda média ou em
outros indicadores sociais, mas os royalties do petróleo não são o caminho
adequado e nem correto para se atingir tal objetivo, pois assim estará sendo
criada uma nova distorção. O conceito dos royalties não pode ser desfigurado,
pois perderá a razão de ser, como tributo.
2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de cuidado
necessário com o meio ambiente
A empresa americana Chevron não estava preparada para identificar o
vazamento de petróleo no campo de Frade, na Bacia de Campos, e seu plano
de emergência para acidentes não vem sendo cumprido. E mais, quem
identificou a presença de óleo em alto mar foi a Petrobrás, que, além de
parceira da Chevron no campo do Frade, opera outra plataforma numa área
contígua, o campo de Roncador. Foi a estatal quem verificou que a fonte de
vazamento de petróleo não estava na área de Roncador e, imediatamente,
avisou a operadora do campo vizinho. Só então a Chevron mobilizou sua
equipe e usou um robô para tentar identificar a origem do derrame. O
equipamento no entanto, tinha capacidade limitada de operação e não
conseguia fazer uma leitura precisa das coordenadas do local de onde vinha o
petróleo.
30
Por falta de equipamento adequado a Chevron teve que recorrer à
Petrobrás, que lhe emprestou dois robôs capazes de colher dados mais
precisos. Foi a partir desses dados que a petrolífera americana pode,
finalmente, arregaçar as mangas para tentar conter o vazamento.
A Chevron não está recolhendo o óleo que vem poluindo o litoral
fluminense. A empresa está usando outra técnica, a de dispersão mecânica, o
que significa jogar areia sobre o óleo derramado.
A estratégia de jogar areia sobre o petróleo visa a empurrá-lo para
baixo. Essa foi a solução adotada pela petroleira americana. Essa estratégia,
na verdade, empurra o custo ambiental do vazamento para a natureza, pois
dessa forma o óleo não será removido.
2.3.7 – Pior acidente ambiental dos Estados Unidos deu
sinal de alerta para a euforia do pré-sal
O Brasil vivia ainda a euforia da descoberta de generosas jazidas de
petróleo na camada do pré-sal, quando a explosão de um poço no Golfo do
México explorado pela British Petroleum (BP) no dia 20 de abril de 2010 soou
como um alerta sobre os riscos da atividade petrolífera.
A plataforma perfurava o poço de Macondo, a 68 quilômetros da costa
de Venice, na Louisiana, a uma profundidade superior a 4 quilômetros,
31
considerando a camada abaixo do mar. O acidente provocou o vazamento de
milhões de litros de óleo, configurando o pior desastre ambiental dos Estados
Unidos.
Cientistas refaziam os cálculos do volume de vazamento, estimando que
teria havido um derrame entre 20 mil e 40 mil barris até o dia 3 de junho.
Em 20 de junho, o Congresso americano divulgou um documento da BP
estimando o vazamento no pior cenário em 100 mil barris por dia.
O custo do derramamento foi estimado em 40 bilhões de dólares, mas
para cientistas e ambientalistas, o verdadeiro custo econômico e ecológico do
desastre só poderá ser avaliado daqui a alguns anos, quando seus efeitos se
tornarem evidentes, sobretudo na vida marinha da região.
O Brasil quer destinar 70% do orçamento do setor energético para
exploração de petróleo e gás. É hora de inverter essa prioridade e destinar a
maior parte desse valor às prevenções de prováveis acidentes que poderão vir
a ocorrer com a extração de petróleo no pré-sal. Tendo em vista que as
configurações geológicas aí existentes ainda são bastante imprevisíveis.
(ORDOÑEZ, 2011).
32
CAPÍTULO III
Mudança na Matriz Energética brasileira
A busca pela substituição do petróleo como principal fonte de energia é
urgente devido a sua eminente escassez e a poluição gerada pela queima de
seus derivados. Uma das alternativas aos combustíveis fósseis que vem sendo
apresentada no mercado brasileiro é a utilização de biocombustíveis. Por
terem origem vegetal, eles contribuem para o ciclo do carbono na atmosfera e
por isto são considerados renováveis já que o CO2 emitido durante a queima
é praticamente reabsorvido pelas plantas que irão produzi-lo. O Brasil é um
dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool etílico, oriundo
da fermentação da cana, desde a década de 1970. (GAUTO, 2011).
3.1 – Histórico da matriz energética brasileira
A lei 9478/97 em seus dispositivos sobre o conselho nacional de política
energética (CNPE), estabelece como uma das atribuições do CNPE (art.2º,
inciso III): rever periodicamente a matriz energética nacional. Essa atribuição
visa tornar a periodicidade da revisão uma imposição legal no país, visto que,
exceto no período 1976-1979, quando o balanço energético nacional
apresentava projeções da matriz para um horizonte de 10 anos, a revisão da
matriz energética nacional havia sido intermitente.
Já sob a égide da lei 9778/97, o CNPE, regulamentado pelo decreto nº
3520/00 e formalmente implementado em 30/10/2000, instituiu, em
consonância com seu regimento interno e atribuições legais (propor ao
presidente da República políticas nacionais e medidas específicas na área de
energia), oito comitês técnicos (CTs), com vigência de 12 meses (prorrogáveis
a critério do plenário). Os CTs tinham atribuição de desenvolver estudos e
análises sobre matérias específicas da área energética, os quais serviam como
33
subsídios ao CNPE no exercício de suas atividades. Entre os oito CTs criados
pelo CNPE para o período 2000-2001, encontrava-se o Comitê Técnico da
matriz energética – CT3 (2000-2001), cujos resultados foram divulgados ainda
que com circulação restrita em CNPE (2002). Após o prazo de vigência dos
CTs 2000-2001, os mesmos foram reestruturados para o exercício de 2002,
definindo novos CTs com mandatos e temas de trabalho renovados. Com a
reestruturação, a atribuição de empreender a revisão da matriz energética
nacional foi designada ao denominado Comitê Técnico do Planejamento do
Suprimento de Energia – CT2 (2001-2002), no qual foi criado o Grupo de
Trabalho da Matriz Energética – GT1. O GT1/CT2 (2001-2002) sob a
Coordenação de Estudos e Planejamento Energético do Ministério de Minas e
Energia (MME) empreendeu, então, a revisão das projeções da matriz
energética nacional em 2002, cujos resultados foram apresentados no MME.
Em 2004, com o intuito de amparar tecnicamente a missão do MME, o
governo sancionou a lei 10847/2004 que estabeleceu a criação da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE). A EPE é vinculada ao Ministério das Minas e
Energia e tem como objetivo a prestação de serviços na área de estudos e
pesquisas destinadas a substituir o planejamento do setor energético, tais
como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral,
fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.
3.2 – Biodiesel
O biodiesel é um combustível obtido a partir de matérias primas vegetais
ou animais. As matérias primas vegetais são derivadas de óleos vegetais tais
como soja, mamona, colza, palma, girassol e amendoim, entre outros, e as de
origem animal são obtidas do sebo bovino, suíno e de aves. Inclui-se entre
essas alternativas de matéria prima os óleos utilizados em fritura.
34
3.3 – Importância do biodiesel
As fontes renováveis de energia assumem importante presença no
mundo contemporâneo pelas seguintes razões: os cenários futuros apontam
para o possível fim das reservas de petróleo; a concentração de petróleo
explorado atualmente está em áreas geográficas de conflito, o que impacta no
preço e na regularidade de fornecimento do produto; as novas jazidas em
prospecção estão situadas geograficamente em áreas de elevado custo para
sua extração (como o pré-sal); e as mudanças climáticas com as emissões de
gases de efeito estufa liberados pelas atividades humanas e pelo uso intensivo
de combustíveis fósseis, com danosos impactos ambientais, reorientam o
mundo contemporâneo para a busca de novas fontes de energia com
possibilidade de renovação e que assegurem o desenvolvimento sustentável.
Com o propósito de minimizar os impactos ambientais, está previsto
para janeiro de 2012, o início de produção pela Petrobrás do óleo diesel S50
para caminhões com nova geração de motores (euro 5) que vão estrear no
mercado apenas em março de 2012. Mesmo assim, cerca de três mil postos
em todo o país precisam estar preparados para atender a esses veículos, que
somente poderão ser abastecidos com o S50, óleo diesel menos poluente.
Caminhões com motores antigos não terão problemas se utilizarem o
S50, mas não haverá ganho relevante na emissão de partículas poluentes que
diminuiria em menos de 10%. Já a combinação dos motores novos com o
diesel S50 reduz a emissão em mais de 80%. (GAUTO, 2011)
Em 2013, as refinarias da Petrobrás produzirão também o S10, hoje o
óleo diesel “mais limpo” do mercado. Temporariamente, tanto uma parte do
óleo, quanto da gasolina, virão do exterior. Quando as futuras refinarias
entrarem em operação (a Abreu Lima em Suape e a Comperj no Rio de
Janeiro) é que essas importações deixarão de ocorrer
35
3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira
Em 2005, a Lei nº 11097 introduziu definitivamente o biodiesel na Matriz
Energética. Um conjunto de decretos, normas e portarias, estabelecendo prazo
para cumprimento da adição de percentuais mínimos de misturas de biodiesel
ao diesel natural também foram criados para regularizar a produção do
biodiesel.
A entrada do biodiesel derivado da biomassa e denominado biodiesel na
matriz energética brasileira é de significativa importância ambiental, social e
econômica, além de confiar um curso histórico no Brasil de investimentos em
energias mais limpas tais como o álcool e as hidrelétricas.(CARDOSO, 2010)
36
CAPÍTULO IV
Distribuição dos royalties do petróleo brasileiro- e
a eminente “guerra” institucional
Explorar petróleo é uma atividade de risco – em alto mar é mais
arriscado ainda – no pré-sal será mais difícil e o perigo bem maior.
O acidente da multinacional Chevron (em novembro de 2011) na Bacia
de Campos, aconteceu em uma área do pós-sal, isto é, a exploração ainda não
é do pré-sal, as sondas da empresa petrolífera americana estavam
aproximadamente 1500 metros abaixo do chão do mar, e o pré-sal, 6 a 7 mil
metros. No pré-sal, tudo é mais complicado tecnologicamente: acontecendo
um acidente, seguramente os danos serão mais custosos.
O espírito da legislação que trata os royalties como compensação aos
estados produtores, não só pelos transtornos que tem na exploração do
petróleo, mas também pelo fato de que o petróleo não tem ICMS cobrado na
sua origem e sim onde é consumido. Prejudica também de sobremaneira os
estados produtores. ( NOGUEIRA, 2011)
O fato é que as participações governamentais na extração de petróleo e
gás natural, bem assim de recursos minerais, nunca geraram volumes
importantes de receita e nem despertaram maiores atenções sobre sua divisão
entre as três esferas de governo e entre as unidades de cada uma dessas
esferas até há poucos anos. A descoberta de enormes reservas de petróleo e
gás em mar, nas camadas do pré-sal, mudou radicalmente este cenário.
A exploração do pré-sal em mar passou a ser vista como espécie de
novo e futuro eldorado para as finanças públicas estaduais e municipais, capaz
de gerar um enorme e inesgotável volume de receitas e, para tanto se
37
disseminou a ideia de que as participações não devem caber originalmente
aos estados e as prefeituras confrontantes dos campos em mar ou afetados
pela citada produção, que será gerada fora do território em terra. Nesse
contexto, o novo marco regulatório em si passou para o segundo plano no
Congresso Nacional na apreciação final do projeto que o regulamentou. Tanto
na Câmara quanto no Senado, foram apresentadas e aprovadas propostas
com o objetivo de redistribuir para todos os estados e para todos os
municípios.
No dia 23 de novembro de 2011, foi publicado no jornal “O Globo”
matéria jornalística com o seguinte título: “Rio de Janeiro e Espírito Santo,
recorrerão ao Supremo Tribunal Federal pelos royalties – parlamentares vão
impetrar mandado de segurança para suspender a tramitação do projeto
aprovado”. Verifica-se ainda assim que não está havendo entendimento
necessário entre os parlamentares, no sentido de se elaborar textos
legislativos capazes de atenuar as demandas por soluções racionais entre as
partes envolvidas. (NOGUEIRA, 2011)
38
CONCLUSÃO
A produção de hidrocarbonetos como fonte de energia é utilizado em
grande escala pela maioria dos países desenvolvidos e, por outros em vários
estágios de desenvolvimento. Entretanto, historicamente, é também um vetor
de desarmonia, chegando em muitos casos a conflitos armados. No caso
brasileiro, verifica-se que a questão dos “royalties” em discussão no Congresso
Nacional – com evidência durante o ano de 2011 – vem apontando para uma
possível desarmonia institucional entre os estados produtores e os não
produtores de petróleo. Talvez as grandes perdas na partilha, para estados
como o Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, venham tomar novos
rumos com o recente acidente – novembro de 2011 – na Bacia de Campos
caso haja reflexão dos políticos que defendem a nova divisão dos royalties do
petróleo, sobre o seguinte tema: sem eles o Rio de Janeiro ficaria apenas com
os riscos ambientais, potencialmente, eminentes.
Lembrando, sempre, que o petróleo é uma riqueza finita, aqueles que
não fizerem alterações profundas em suas matrizes irão amargar sérias
consequências.
Especialmente no caso brasileiro, observa-se a crescente preocupação
das autoridades competentes na busca de novas tecnologias capazes de
atender uma demanda energética que só faz crescer com o tempo. Deste
modo, formas como energias oriundas do etanol, dos ventos, das marés, dos
raios solares dentre outras, em estados embrionários de pesquisa, faz com
que tenhamos confiança em um futuro que pelo menos não seja tão
dependente dos derivados do hidrocarboneto.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABRANCHES, Sergio, O Globo, Rio de Janeiro, p. 31, 19/11/2011.
ANP. Biodiesel. Disponível em: www.anp.com.br. Acesso em: 29/04/2011.
CARDOSO, Luiz Claudio. Petróleo do poço ao posto. Rio de Janeiro:
Qualitymark , 2010.
GAUTO, Marcelo Antunes. Petróleo S.A. – Exploração, produção, refino e
derivados. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2011.
História da Petrobrás em 10 fascículos. Revista Isto é, Edição especial,
2007.
MINC, Carlos, O Globo, Rio de Janeiro, Editorial, 17/11/2011, p. 6.
______. O Globo, Rio de Janeiro, p. 27, 17/11/2011.
NOGUEIRA, Danielle, Vazamento na Bacia de Campos. O Globo, Rio de
Janeiro, p. 26, 25/11/2011.
Nova cidade do Petróleo. O Globo, Rio de Janeiro, 09/08/2011, Suplemento
Especial, p. 3 e 7.
ORDOÑEZ, Ramona, Riscos do petróleo, O Globo, Rio de Janeiro, p. 33,
19/11/2011.
Petróleo Líbio cai à metade e preço dispara no mundo. O Globo, Rio de
Janeiro, 1ª página, 24/02/2011.
Pré-sal no Brasil, www.brasilescola.com/brasil/pre-sal.htm, 15/11/2011.
SCLIAR, Fábio, O Globo, Rio de Janeiro, p. 25, 18/11/2011.
WIKIPÉDIA. A história do petróleo. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>. Acesso em: 23/02/2011.
______. Sete irmãs. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete
irm%C3%A3s>. Acesso em: 22/02/2011.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
História da Indústria Petrolífera 11
1.1 – Antiguidades 11
1.2 – Origens da indústria petrolífera 11
1.3 – O Oriente Médio 12
1.4 – O pós-segunda guerra e criação da OPEP 15
1.5 – Sete Irmãs 17
CAPÍTULO II
O petróleo no Brasil, breve histórico 19
2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos
campos da camada pré-sal 20
2.2 – Exploração dos campos petrolíferos, no
litoral Brasileiro 21
2.3 – Exploração dos campos petrolíferos em
camadas pré-sal 23
2.3.1 – O que é o pré-sal 23
2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil 24
2.3.3 – Riscos da exploração do petróleo no pré-sal 24
2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente 25
2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade,
uma tragédia anunciada 25
41
2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de
cuidado necessário com o meio ambiente 28
2.3.7 – Pior acidente ambiental dos E.U.A. deu sinal
de alerta para euforia do pré-sal 30
CAPÍTULO III
Mudança na Matriz Energética brasileira 32
3.1 – Histórico da Matriz Energética brasileira 32
3.2 – Biodiesel 32
3.3 – Importância do biodiesel 33
3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira 34
CAPÍTULO IV
Distribuição dos royalties do petróleo brasileiro
e a eminente “guerra” institucional 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 40