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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO ESTRATÉGICA NAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO Por: Monick Raquel S. da S. Portes Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA NAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO

Por: Monick Raquel S. da S. Portes

Orientador

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro

2007

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA NAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Estratégica

Por: Monick Raquel S. da S. Portes

AGRADECIMENTOS

3

A Deus, à memória da minha mãe, à

meu marido e à minha filha.

DEDICATÓRIA

4

Dedico aos meus pais, à meu marido

e à minha filha, por terem me ensinado a

ter perseverança.

RESUMO

O papel da informação no mundo globalizado tornou-se muito

relevante para o desenvolvimento intelectual do indivíduo e da sociedade,

exigindo das unidades de informação e dos profissionais que nelas trabalham

um conhecimento de funções antes reservadas apenas aos gerentes de

empresas. Estas instituições têm como responsabilidade a definição correta da

missão e dos objetivos, bem como a compatibilização de produtos e serviços

oferecidos ao mercado a ser servido. Assim, este trabalho tem como objetivo

mostrar a importância da utilização de uma gestão estratégica em unidades de

informação, dando enfoque às bibliotecas. Mostra uma visão geral das

unidades de informação e analisa as bibliotecas como organizações,

envolvendo as suas principais funções gerenciais, que são planejamento,

organização, direção e controle. Aborda também a formulação de um

planejamento estratégico em bibliotecas e aponta as vantagens do marketing

para estas.

5

METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho, foram utilizadas pesquisas

bibliográficas através de livros e artigos de revistas que abordam o assunto.

Literaturas como as de Alba Costa Maciel (2006) e Adriana Beal (2004) foram

utilizadas.

SUMÁRIO

6

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Unidades de Informação 10

1.1 Bibliotecas como Organizações 12 1.2 Funções Gerenciais nas Bibliotecas 16

1.2.1 Planejamento em Bibliotecas 17 1.2.2 Organização nas Bibliotecas 19

1.2.3 Direção nas Bibliotecas 21 1.2.4 Controle em Bibliotecas 24

CAPÍTULO II - O Que é Gestão Estratégica? 26

CAPÍTULO III - A Importância da Gestão Estratégica para as Unidades de Informação 30 3.1 Planejamento Estratégico em Bibliotecas 32 3.2 Marketing para Bibliotecas 36

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ANEXOS 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

INTRODUÇÃO

A informação consiste em dados coletados, organizados e

orientados aos quais são atribuídos significados e contexto, ou seja, a

informação é produzida a partir de dados dotados de relevância e propósito. As

organizações dependem de informações de naturezas diversas para alcançar

seus objetivos, já que estas permitem a observação de variáveis presentes nos

ambientes externo e interno com a finalidade de monitorar e avaliar o

7

desempenho, o planejamento e a tomada de decisões.

Estratégia é a definição de como recursos serão alocados para se

atingir determinado objetivo. Para se ter uma estratégia é preciso atuar de

forma diferente, com inteligência e planejamento. A estratégia começa com

uma visão de futuro para a organização e implica na definição clara de seu

campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações às ações

empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de

objetivos, em si, não implica em uma estratégia. Os objetivos representam os

fins que a organização está tentando alcançar, enquanto a estratégia é o meio

para alcançar esses fins. Assim, a importância de uma gestão estratégica se dá

ao fato de esta organizar os contributos que as diversas áreas têm a dar a

organização, servindo como linha orientadora à integração dos esforços

desenvolvidos pelos vários especialistas, dispersos pela organização.

Que benefícios a gestão estratégica pode trazer para as unidades

de informação? As unidades de informação, como gestoras da informação,

são vistas como organizações que promovem o desenvolvimento intelectual do

indivíduo e da sociedade através da disseminação correta da informação. Uma

vez entendidas como organizações, considera-se que é essencial a existência

de uma gestão estratégica nas mesmas, contribuindo para se atingir o objetivo

primordial que é a promoção da informação.

Dentro do contexto da globalização, a informação se tornou um

instrumento de poder e de valor muito elevado, uma vez que o conhecimento é

fundamental para uma boa colocação no mercado de trabalho. Assim, as

bibliotecas como sendo unidades de informação devem ser consideradas como

importantes empresas sociais, e seus usuários como clientes, então a

correlação entre a gestão estratégica e as unidades de informação deve-se ao

fato de que a estratégia é o mais importante trabalho de uma organização, pois

auxilia no planejamento de metas e objetivos de longo alcance e na adoção de

um curso de ação e de recursos necessários para a realização destas metas.

Este trabalho tem como objetivo geral mostrar a importância da

influência da gestão estratégica nas unidades de informação, dando um maior

8

enfoque às bibliotecas. Os objetivos específicos são:

− enfocar os elementos chaves da organização;

− abordar o processo decisório das unidades de informação, e

− mostrar a importância do marketing para as unidades de informação.

CAPÍTULO I

UNIDADES DE INFORMAÇÃO

As unidades de informação são entendidas como as organizações

que se denominam como bibliotecas, sistemas de informação, núcleo de

informação, centro de informação, dentre outros. São instituições que têm

como objetivos a oferta de produtos e serviços que possibilitem aos seus

clientes/usuários o acesso às fontes de informação, para atender às suas

necessidades informacionais específicas, podendo ser formalmente

estruturadas ou não, centralizadas ou descentralizadas, convencionais ou

virtuais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e

Tecnologia – IBICT, as unidades de informação são instituições voltadas para a

aquisição, processamento, armazenamento e disseminação de informações.

Foram e são, tradicionalmente, organizações sociais sem fins lucrativos, cuja

característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para os

indivíduos e a sociedade, de forma tangível, através dos produtos impressos,

ou intangível, através da prestação de serviços. As bibliotecas ou serviços de

informação, portanto, têm como missão a prestação de serviços aos seus

usuários, sendo facilitadoras ou mediadoras do acesso e uso da informação em

benefício coletivo.

9

No contexto de uma globalização econômica e cultural, onde se

utilizam grandemente as Tecnologias da Informação e Comunicação, gerando

transformações em todos os campos da atividade humana, a sociedade

contemporânea é caracterizada principalmente pela mudança, diversidade,

multiculturalidade e complexidade. Assim, é importante ressaltar a existência

de um novo paradigma que está permeando as transformações sociais e que

se denominam como o acesso universal ou acesso eqüitativo, significando

essencialmente que o maior número possível de pessoas de uma sociedade

tem igual oportunidade de utilizar as redes e os ambientes virtuais de

comunicação e informação. Porém, sabe-se que a realidade é diferente,

principalmente para contextos caracterizados pela exclusão social, onde há

impossibilidade de utilizar tais recursos.

Isso influencia principalmente as unidades de informação, que

enfrentam uma questão que constitui um desafio fundamental para um

desenvolvimento mundial sustentável: como acessar a informação, saber

utilizá-la, organizá-la e compartilhá-la de forma inteligente e universal, tendo

como objetivo contribuir para a construção de conhecimento novo e sua

aplicabilidade à inovação e ao desenvolvimento social? Em decorrência, como

manter e ampliar o serviço prestado pelas unidades de informação no universo

digital aos países em desenvolvimento a às camadas da população que tem

acesso restrito à leitura?

As unidades de informação precisam estar alinhadas aos novos

modelos de gestão organizacional tais como a gestão de pessoas e de

competências, de estratégias e de planos, de recursos financeiros e materiais,

de processos de apoio, de processos-fim, da informação e do conhecimento, a

fim de que as políticas, programas e ações sejam executados para atender às

demandas e necessidades de seus clientes/usuários, o que depende de novas

transações organizacionais. Para isso, é importante que se faça uma gestão

estratégica dentro das unidades de informação, visando atingir o objetivo de

promover e disseminar informações de maneira que contribua para a

construção do conhecimento e para o desenvolvimento do indivíduo dentro da

10

sociedade.

Tanto ao que se refere à produção, como à acessibilidade, o

espaço da informação está ficando cada vez mais democrático, sendo que a

chamada sociedade em rede indica uma nova concepção de mundo, onde a

informação e o conhecimento são condições essenciais à inovação e

desenvolvimento social. Dentro dessas transformações sociais, é que se

encontram inseridas as bibliotecas ou serviços de informação. Desse modo, é

necessário que haja uma reflexão crítica para redimensionar políticas e

estratégias de ação, com a finalidade de viabilizar e implementar propostas de

trabalho que venham a demonstrar sua relevância no contexto social

contemporâneo.

1.1 Bibliotecas como organizações

O mundo é uma grande sociedade constituída de organizações

que realizam atividades para produção de bens (produtos) e atividades para

prestação de serviços. Essas atividades são planejadas, organizadas,

executadas, dirigidas e controladas.

As organizações pela sua natureza são públicas (sem fins

lucrativos), privadas, filantrópicas e não-governamentais. Para cumprirem a

missão para a qual foram criadas e seus objetivos precisam ser administradas,

ou seja, precisa haver uma condução racional das atividades organizacionais

com as funções essenciais de planejamento, organização, direção e controle.

Atualmente, muitas bibliotecas se movem no contexto virtual

possibilitando o acesso às publicações eletrônicas e à Internet, porém, outras,

permanecem estoques de documentos cujo objetivo é sua localização para

empréstimo e consulta.

Independentemente da realidade em que se enquadre, a

biblioteca deve ser vista como uma organização, como uma empresa, com fins

não lucrativos, com resultados programados e avaliados constantemente. Esta

estratégia pode facilitar o seu gerenciamento e acrescentar qualidade aos seus

11

produtos e serviços, evidenciando o seu papel social junto às comunidades

envolvidas. A estrutura organizacional é a base para o reconhecimento de

problemas, sua localização e seu possível equacionamento.

As bibliotecas são consideradas organizações porque para

existirem precisam dos cinco elementos básicos de organização: pessoas,

tarefas, estrutura, ambiente e tecnologia.

Segundo a Teoria Geral da Administração, as organizações

modernas são estruturas formais e sistemas integrados, constituídos com o fim

de alcançar um objetivo comum, em geral um bem ou um serviço. Agregam

pessoas, adotam metodologias próprias para seu funcionamento, dependem de

infra-estrutura material, tecnológica, de cultura e conhecimento para funcionar.

As bibliotecas têm a função de realizar a coleta/aquisição,

registro/controle, processamento técnico e disseminação, com o intuito de

cumprir a missão de prover a sociedade com informação útil.

Os cinco elementos básicos de organização nas bibliotecas são:

Ⴠ Pessoas nas Bibliotecas

ᇏ Profissionais com formação especializada;

ᇏ Pessoas que exercem atividades de apoio e que devem ser treinadas para

o serviço

Estas pessoas formam grupos estruturados, visando o alcance de um

objetivo comum – a difusão da informação

Ⴠ Tarefas nas Bibliotecas

ᇏ Coleta/Aquisição do acervo;

ᇏ Processamento ou tratamento técnico da documentação;

ᇏ Registro/Controle;

ᇏ Organização/Ordenamento;

ᇏ Disseminação/Difusão

Ⴠ Estrutura das Bibliotecas

12

ᇏ Setor de Formação de Desenvolvimento de Coleções;

ᇏ Setor de Processamento/Tratamento Técnico da Coleção;

ᇏ Setor de Atendimento ao Usuário;

ᇏ Gerência de todos os processos citados, inclusive os administrativos, como

pessoal, financeiro e de atividades auxiliares.

As bibliotecas têm uma estrutura singular, apropriada ao cumprimento

de suas funções/tarefas, tomando como base os procedimentos

essenciais da Biblioteconomia.

Ⴠ Ambiente nas Bibliotecas

A estrutura do serviço e seu funcionamento cria um ambiente interno

organizacional

ᇏ Este ambiente está diretamente relacionado com a missão e os objetivos da

biblioteca e com os procedimentos gerenciais e técnicos adotados na

realização das tarefas, assim como está relacionado com a forma como as

equipes são conduzidas pela gerência e como elas inter-relacionam-se

entre si e com os indivíduos;

ᇏ Este ambiente interno interage com o ambiente externo, uma vez que as

bibliotecas trocam informações com outras unidades de informação, e todas

sofrem as conseqüências de definições políticas e econômicas no âmbito

nacional e internacional.

Ⴠ Técnicas e Tecnologias nas Bibliotecas

ᇏ Técnicas: procedimentos para seleção e aquisição, catalogação,

classificação, indexação e disseminação;

ᇏ Tecnologias: sistemas informatizados de gerenciamento de

acervos/coleções; soluções de tecnologia da informação e da comunicação

em geral.

Segundo Maciel (2006, p.7), “o estudo da organização pode ser

primariamente útil como um meio para bibliotecários adquirirem a compreensão, não

13

só do entendimento da estrutura administrativa implícita à biblioteca, como também

dos mecanismos de integração formal dessa estrutura com a instituição que a

sustenta. E, na pior das hipóteses, se não existir nenhum esquema organizacional

como base, é o momento de se começar a pensar seriamente no caso”.

1.2 Funções Gerenciais nas Bibliotecas

As funções gerenciais ou administrativas são aquelas

responsáveis pela ativação de todas as funções e componentes que interagem

na busca de um objetivo comum dentro da biblioteca.

Diante do contexto economicamente instável que se atravessa, o

processo de administração de uma biblioteca exige do bibliotecário

conhecimentos e habilidades diversas, não devendo o mesmo se limitar ao

domínio de técnicas administrativas, pois a capacidade gerencial exige

capacidade analítica, de julgamento, de decisão e liderança e de enfrentar

riscos e incertezas. O contínuo aperfeiçoamento é um recurso decisivo para o

alcance da eficácia da organização.

Para Motta (1998, p.42) “a essência do trabalho gerencial é fazer as

organizações operarem com eficiência e eficácia. O bem se faz melhor se antecipado

e o mal é menos mal se previsto”.

As formas de gestão têm sido modificadas pelas características

do mundo moderno, exigindo que conhecimentos antes exigidos apenas para

dirigentes, sejam hoje também exigidos para gerentes de níveis intermediários.

Assim, não é permitido a nenhum bibliotecário ignorar as questões e os

problemas de ordem gerencial, pois a administração participativa preconiza que

decisões antes emanadas apenas das cúpulas administrativas, a qualquer

momento podem ser compartilhadas com profissionais em qualquer nível da

organização.

Na gerência participativa, a comunicação é um fator importante

em todos os níveis da organização, tanto de superior para subordinado e vice-

versa, quanto entre todos os integrantes da organização mesmo em diferentes

14

setores, pois cria um ambiente em que todos interagem e participam das

decisões. Para estabelecer a comunicação entre as funções administrativas é

necessário um intercâmbio de informações, tendo em vista que estas são o

denominador comum às funções administrativas, já que todo ato administrativo

é baseado na informação.

Na função de planejamento a informação define os elementos da

ação futura, na de organização demonstra a situação atual e os

objetivos da empresa, na direção a informação é vital para o

processo de decidir e, na avaliação é realizada através do processo

de comparação de dados. A informação reduz a incerteza no

processo de tomada de decisões. ( MACIEL, 2006, p. 41)

O administrador ou gerente é visto como aquele que planeja,

organiza, dirige e controla. São atividades interligadas e contínuas, que

pertencem à visão clássica da administração.

1.2.1 Planejamento em bibliotecas

Planejamento é a atividade que tem como responsabilidade

preparar uma determinada ação ou organizar adequadamente um conjunto de

ações interdependentes, com vistas ao alcance de um objetivo. Consiste não

apenas no preparo do plano de trabalho, mas também no acompanhamento

das ações programadas e na revisão crítica dos resultados obtidos.

Planejamento, então, é um processo, e como tal, deve ser ininterrupto.

As fases do processo dividem-se em quatro níveis: análise e reflexão; decisão

e montagem; ação; revisão ou crítica. O primeiro nível corresponde ao

reconhecimento da realidade onde se insere a ação planejada, com o intuito de

adequar os serviços e produtos programados às demandas da comunidade

envolvida. O segundo nível corresponde à colocação de objetivos e a toda

ação necessária para atingí-los. A ação corresponde ao acompanhamento da

ação programada. O último nível, que é a revisão ou crítica, tem a função de

avaliar cada ação em curso com a finalidade de apontar desvios, alterar

procedimentos ou até mesmo modificar o plano original.

15

O planejamento é um processo que leva o administrador a definir

previamente o que deve ser feito, pois estabelece, para cada parâmetro em

questão, os resultados que se pretende atingir no futuro. É um processo que

antecede a ação, exige reflexão e auxilia a tomada de decisão.

Para se planejar bibliotecas de acordo com estes preceitos, deve-

se primeiramente caracterizar a ambiência relativa à biblioteca que se pretende

implantar ou avaliar, ou seja, deve-se fazer uma análise dos seus contextos

externo e interno. Os dados obtidos através desta análise possibilitam o seu

diagnóstico, que é a base de atuação de quem planeja.

Com relação ao contexto externo, deve-se observar os perfis

institucionais da entidade que abriga a biblioteca, para se ter uma visualização

da biblioteca como um sistema, porém, um sub-sistema de um sistema maior,

pois esta biblioteca é uma organização dentro de outra organização. A partir

desta observação serão estabelecidos os peris de usuários assim como os

perfis de demanda, que definirão o tipo de informação necessária e útil aos

usuários.

O contexto interno é observado quando a biblioteca já existe, e

refere-se a tipo de organização adotado, recursos que a compõem, qualidade

dos produtos e serviços entre outros.

A partir daí surgirão os elementos que justificarão o

empreendimento para definir a sua missão organizacional. Nas bibliotecas,

como organizações, que são integradas por funções e componentes

interagindo na busca de um objetivo comum, a atividade de planejamento

consiste no estudo e na implementação de cada uma das funções analisadas.

1.2.2 Organização nas bibliotecas

A organização é uma função baseada na função de planejar, e

tem como finalidade estabelecer a estrutura organizacional adequada para o

funcionamento de uma empresa, bem como determinar os recursos

necessários ao empreendimento, definindo hierarquia e desempenho.

16

Antes, porém, de se pensar nos recursos necessários e na

estrutura organizacional necessária ao alcance dos objetivos, deve-se fazer

uma análise de prioridades para definir a missão da biblioteca e os seus

objetivos.

De acordo com Faria (1994) “só depois da identificação dos objetivos

é que os planos e os procedimentos poderão ser determinados. Qualquer profissional

pode ser um administrador de êxito, se conhecer bem o seu ofício e, em particular,

suas metas e objetivos”.

Depois de estabelecidos a missão e os objetivos, deve-se definir a

estrutura organizacional da biblioteca que se planeja, ou seja, deve-se

determinar as funções, os componentes e a melhor configuração para que a

estrutura atinja as metas estabelecidas. Nas bibliotecas, as funções

correspondem à seleção, aquisição, referência, processamento técnico, entre

outras. Já entre os componentes estão indivíduos, mobiliário, equipamentos,

coleções, recursos de capital e lay-out.

Em uma empresa ou organização, podem ser observados dois

tipos de organização: a formal e a informal.

A organização formal também é denominada Estrutura

Organizacional, e compreende o estabelecimento formal das funções

necessárias ao alcance dos objetivos e sua reunião em grupos para

estabelecer as principais divisões administrativas e, posteriormente, atribuir

essas divisões a um profissional com a devida formação para desempenhar as

atividades.

Em bibliotecas é comum se dividir as funções ligadas a dois

blocos: Formação e Organização de Coleções e, Utilização de Coleções.

Depois é feita a designação de gerentes para cada um desses blocos de

funções. Porém, a organização depende do tipo de biblioteca que se planeja,

pois existe não só a biblioteca com um único gerente responsável por todas as

funções, mas também existe biblioteca com estruturas complexas onde há

necessidade de uma única seção para cada função exercida pela organização.

Nas organizações modernas têm-se considerado formas alternativas de

17

estruturas que permitem àquelas se adaptarem às constantes provocações da

ambiência. Assim, para uma biblioteca ter como característica esta

simplicidade e flexibilidade exigidas pela modernidade, ela deve apresentar

uma descentralização administrativa e possuir um sistema de informações

gerenciais eficiente e acessível a todos da organização. Essa descentralização

acarreta em menos hierarquia na estrutura da organização e faz com que tanto

as responsabilidades como os recursos materiais e o espaço físico sejam

compartilhados pelas equipes que realizam o trabalho.

A organização informal surge naturalmente numa organização

como fruto da interação social entre seus membros, suas afinidades e valores

comuns. Muitas vezes percebe-se predominância dos interesses particulares

em detrimento dos organizacionais, provocando redução da produtividade.

Entretanto, esses grupos informais podem trazer vantagens para a

administração, desde que esta compreenda e utilize os mecanismos internos

de organização daqueles grupos.

1.2.3 Direção nas bibliotecas

Direção é função administrativa responsável pelo gerenciamento

da organização, pela implementação dos planos e pelo acompanhamento de

sua execução, com o intuito de converter esses planos em resultados

satisfatórios, através de métodos adequados para a consecução dos objetivos.

Apesar de as organizações modernas terem como característica o

fato de todos os membros atuarem como tomadores de decisões, uma

organização precisa ser gerenciada, ou seja, precisa haver pessoas

responsáveis pela missão da organização, pelo seu desempenho e resultados.

A função direção envolve as grandes decisões, definindo as

políticas e estratégias adotadas que subsidiarão diretrizes para o alcance dos

objetivos.

Um gerente deve ter três atributos: a capacidade de motivar,

comunicar e liderar. Assim, o gerente de uma biblioteca deve saber e conhecer

18

a ambiência para identificar demandas e a estrutura organizacional da mesma

para facilitar a implementação de novas ações, bem como deve saber integrar

a sua equipe na menor tomada de decisão, de maneira tal que todos se sintam

representados na decisão tomada.

Uma das atividades mais importantes ligadas à direção de uma

biblioteca é a supervisão, que trata do acompanhamento, observação do

desempenho do esforço de trabalho e correção dos eventuais desvios.

Enquanto supervisor, o gerente deve conhecer e promover:

ᇏ padrões de produtividade, aperfeiçoamento e treinamento de pessoal;

ᇏ elaboração e revisão periódica de manuais de serviço;

ᇏ seleção de pessoal;

ᇏ coleta e organização de dados e informações gerenciais que subsidiarão

o processo decisório.

Outra importante atividade da direção é a coordenação, que

consiste no desempenho de atividades que promovem a interação dentro do

sistema para otimização de seus resultados. Para isto, estabelece relações

entre as funções e os funcionários responsáveis, entre funcionários e

equipamentos, entre a cúpula administrativa e os subordinados, e, entre os

funcionários e coleções.

No papel de coordenador, o gerente e uma biblioteca deve

identificar e modificar as interações necessárias para a eficiência daquela.

Deve ter uma dinâmica de comunicação que inclui o seu relacionamento com

as estruturas sociais e comerciais externas ao sistema. Editoras, livrarias

agências e centros de processamento de dados fornecem a matéria-prima

necessária dos acervos e concorrem para o seu bom desempenho.

Enquanto coordenador, o gerente deve ainda, tomar decisões

com relação à definição de estratégias, métodos e técnicas para:

ᇏ internalizar objetivos, metas e valores junto à equipe de trabalho da

instituição;

ᇏ harmonizar os indivíduos e as equipes à tarefa a ser executada,

definindo as atividades e responsabilidades;

19

ᇏ definir o grau de centralização ou descentralização necessária para a

eficácia dos serviços;

ᇏ promover reuniões nos diferentes níveis da organização, visando a sua

integração, enfatizando a relevância do esforço participativo;

ᇏ promover rodízios de funcionários entre diferentes funções e atividades

O gerente eficaz sabe formar substitutos, documenta suas ações,

sabe treinar sua equipe e oferece oportunidades de aperfeiçoamento a todos.

Em suma, o gerente eficaz quando se ausenta não faz falta, porque ele soube

incorporar o espírito da organização.

1.2.4 Controle em bibliotecas

Nas bibliotecas deve existir uma verificação para saber se os

resultados planejados estão sendo alcançados através das operações

executadas. A função responsável por esta verificação é o controle, que

também adota ações corretivas com o intuito de corrigir os desvios detectados

durante o processo de avaliação.

O gerente de bibliotecas exercendo esta função, deve comparar

as atividades que estão sendo realizadas com o que foi planejado

anteriormente, para descobrir os possíveis erros e propor novas ações para se

fazer o reajuste e compatibilização dos planos com os diferentes resultados.

Sempre que uma ação planejada começar a apresentar problemas, deve-se

interferir na mesma e modificá-la para não correr o risco de não levar aos

objetivos pretendidos.

Dentre as decisões tomadas no exercício da função de avaliação

e controle de uma biblioteca estão:

ᇏ alterar rotinas de trabalho que não se mostrem eficazes;

ᇏ propor mudanças na estrutura organizacional, caso a mesma não esteja

compatível com os resultados que se deseja alcançar;

ᇏ alterar planos quando mudanças de políticas, estratégias ou ações

estejam se fazendo necessárias;

20

ᇏ avaliar a adequação dos recursos materiais, humanos e orçamentários

durante o andamento das ações planejadas propondo alterações caso

necessário;

ᇏ alterar ou reajustar objetivos e metas

Um requisito fundamental para o controle é que o gerente da

biblioteca esteja engajado em todas as etapas do processo administrativo,

desde a preparação dos planos de ação até à revisão crítica dos resultados

que a ação apresentou. Além disso, o profissional para avaliar o alcance de um

objetivo ou meta, deve ter documentos que mostrem dados da realidade em

que atua. Os relatórios e as estatísticas da biblioteca são documentos

administrativos que funcionam como verdadeiros bancos de dados sobre

aquela. Os dois tipos de documentos desde que bem planejados e

compatibilizados com a realidade, representam oportunidades de grande valia

para avaliação e planejamento.

CAPÍTULO II

O QUE É GESTÃO ESTRATÉGICA?

21

A palavra estratégia vem do grego antigo 'stratègós' ( de 'stratos',

“exército”, e 'ago', “liderança” ou “comando”, tendo significado inicialmente “a

arte do general” ) e designava o comandante militar, à época da democracia

ateniense. Hoje, esta palavra é bastante utilizada na área de negócios, e define

como recursos serão alocados para se atingir determinado objetivo. Estratégia

não é apenas fazer o que os outros fazem porém com maior eficácia

operacional, e sim atuar com um diferencial, com inteligência e planejamento.

A estratégia começa com uma visão de futuro para a empresa e

implica na definição clara de atuação, na habilidade de previsão de possíveis

reações às ações empreendidas e no direcionamento que a levará ao

crescimento. Os objetivos representam os fins que a empresa pretende

alcançar, enquanto a estratégia é o meio para alcançar esses fins.

O desenvolvimento de estratégias é abordado como um processo

formal de planejamento que envolve tanto a definição do negócio e a

explicitação da organização e seus princípios, como as análises dos ambientes

interno e externo à empresa, a determinação de objetivos com seus

respectivos indicadores de acompanhamento e a formulação das estratégias

correspondentes para alcançá-los.

A estratégia é o mais importante trabalho de uma organização e

pode ser vista como um conceito multidisciplinar que abraça todas as

atividades críticas de um empresa, atuando como elemento facilitador das

mudanças necessárias provocadas pelo meio ambiente externo. A essência da

estratégia é a interdependência dos competidores, isto é, as ações de um

jogador afetam os resultados dos outros participantes e cada decisão leva em

conta as possíveis reações dos outros jogadores. Assim, a competição produz

mais racionalidade à estratégia, pois, sem aquela, esta fica limitada em

importância e interesse.

São elementos críticos para o sucesso de um estratégia:

ᇏ as metas devem ser simples, consistentes e de longo alcance;

ᇏ entendimento profundo do ambiente competitivo;

ᇏ avaliação objetiva dos seus recursos, garantindo assim o conhecimento

22

preciso de sua capacidade interna;

ᇏ implementação efetiva através de uma infra-estrutura adequada e do

comprometimento tácito dos envolvidos.

Gestão estratégica se refere às técnicas de gestão, avaliação e

ao conjunto de ferramentas respectivas concebidas para ajudar empresas na

tomada de decisões estratégicas de alto nível. Os pontos fundamentais na

gestão estratégica de empresas são:

ᇏ estabelecer objetivos estratégicos específicos que possam melhorar a

posição da companhia, em oposição a objetivos genéricos, como o

aumento de lucro ou redução de custos;

ᇏ avaliação da performance em termos dos objetivos estabelecidos, e

disponibilização da informação a quem toma as decisões estratégicas;

ᇏ avaliação e gestão do capital intelectual, aptidões e experiência da força

de trabalho das companhias;

ᇏ gestão baseada em atividade, que busca para avaliar clientes e projetos

nos termos de seus custo e benefício totais à organização.

Os elementos chaves da gestão estratégica são:

ᇏ estrutura: toda estrutura deve ser definida de acordo com o mercado;

ᇏ tecnologia da informação: é o que faz a grande diferença no mercado

globalizado e muda o processo das organizações a cada dia;

ᇏ processos: quem tem know-how tem uma melhor metodologia, pois sabe

exatamente o que tem a fazer para ocupar um melhor lugar no mercado;

ᇏ finanças: tudo é transformado em dinheiro devido à sociedade ter um

sistema capitalista.

Num mercado tão complexo e em constante evolução, as

empresas não conseguem sobreviver quando apenas alguns dos gestores

estão envolvidos na formulação e implementação de estratégias.

Independentemente do nível e da área de especialidade, é importante que

tanto os gestores como os demais empregados de uma empresa conheçam e

percebam os conceitos básicos da gestão estratégica, pois a mesma organiza

23

os contributos que as diversas áreas têm a dar à organização, servindo como

linha orientadora à integração dos esforços desenvolvidos pelos vários

especialistas dispersos pela organização. Este tipo de gestão permite

desbloquear o individualismo secionista, desassociado dos objetivos globais da

empresa, permitindo ainda uma visão temporal mais favorável à sobrevivência

da organização, pensando-se constantemente a curto e longo prazo.

A perspectiva estratégica ajuda os gestores a encontrar um

compromisso entre a eficiência, ato de fazer bem as coisas, e a eficácia, ato de

fazer as coisas certas. As estratégias pretendidas são aquelas que os gestores

propõem, definem e pretendem ver realizadas, enquanto as estratégias

realizadas são as que realmente se realizaram.

As estratégias pretendidas consistem em três componentes:

finalidades, políticas e planos. Finalidade é o que a organização pretende

alcançar; políticas são as regras que formalizam as ações da organização; e

planos são um conjunto de ações que os gestores esperam que aconteçam.

Qualquer organização tem objetivos a longo prazo e outros a mais

curto prazo. Para alcançar um objetivo de longo prazo tem que se realizar

primeiro objetivos de curto prazo. Porém, deve-se ter cuidado para não investir

tempo e recursos em objetivos de curto prazo que não levam a organização a

alcançar os objetivos de longo prazo. Há uma hierarquia de objetivos que é a

base de todo o processo de gestão estratégica. As políticas são linhas mestras

que indicam limites ou restrições sobre as finalidades que a organização

pretende alcançar, e os planos têm a ver com os meios utilizados para chegar

a determinados fins.

As estratégias realizadas, diferentemente das estratégias

pretendidas, referem-se ao passado. As estratégias pretendidas podem ser

bastante diferentes das que realmente se realizam, pois, o que freqüentemente

acontece na prática é que a estratégia original é alterada muitas vezes durante

a sua implementação, devido a obstáculos inesperados ou a oportunidades não

previstas no momento da definição da estratégia.

24

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO ESTRATÉGICA PARA AS

UNIDADES DE INFORMAÇÃO

Atualmente, existe uma nova concepção de mundo, onde a

informação e o conhecimento são condições essenciais à inovação e

desenvolvimento social. Diante desse quadro de transformações sociais é que

se encontram inseridas as unidades de informação, incluindo as bibliotecas.

As bibliotecas têm como missão a prestação de serviços aos seus

usuários, sendo facilitadoras ou mediadoras do acesso e uso da informação em

benefício coletivo. Como conseqüência, os bibliotecários que nelas atuam

devem saber definir que tipos de produtos serão desenvolvidos e oferecidos,

que acervos e que serviços devem ser colocados à disposição dos usuários na

chamada “sociedade da informação”. Daí a importância de uma gestão

estratégica para as unidades de informação.

A gestão está cada vez mais constituindo fator determinante no

sucesso de uma unidade de informação, pois, saber gerenciar esta desde o

início dos seus trabalhos garante melhor uso de seus recursos, traduzidos em

melhores indicadores de qualidade e produtividade. A gestão não consiste

apenas de um conjunto de ferramentas, mas também de uma visão adequada

e compreensão do negócio em si.

Nesse contexto, a gestão estratégica se sobressai por ser uma

gestão onde é possível planejar o futuro observando-se tanto as oportunidades

e ameaças do ambiente externo, como os pontos fortes e fracos do ambiente

interno da organização, com a finalidade de estabelecer metas a serem

alcançadas a longo prazo.

O ambiente externo de uma biblioteca consiste em seus usuários,

na estrutura administrativa da instituição a que está vinculada, nos seus

25

fornecedores, no governo e em outras bibliotecas.

As oportunidades são situações externas que se bem

aproveitadas pela organização, podem favorecê-la. A explosão da Internet, os

novos meios de armazenagem de informações e o desenvolvimento da

informática e das tecnologias de recuperação de informação são oportunidades

oferecidas às bibliotecas.

Ameaças são situações externas que se não eliminadas ou

evitadas pela organização, podem afetá-la negativamente. Para as bibliotecas,

a rapidez do avanço tecnológico da informação pode ser uma ameaça, pois a

biblioteca que não se adaptar a essa nova relação biblioteca-informação, em

alguns anos pode se tornar obsoleta. Vale ressaltar que uma mesma situação

pode representar uma oportunidade ou ameaça, dependendo da visão

estratégica da direção da biblioteca.

Pontos fortes são características da biblioteca, que devem ser

potencializadas para otimizar seu desempenho e oferecem uma condição

favorável para aquela. Já os pontos fracos são características que devem ser

minimizadas para evitar influência sobre o seu desempenho.

Tanto os pontos fortes como os pontos fracos têm como

características o fato de poderem ser controlados pelos dirigentes da biblioteca,

diferentemente das oportunidades e ameaças, já que estas pertencem ao

ambiente externo á biblioteca. Porém, se a organização trabalhar com

estratégia, que é uma projeção de possíveis futuros, baseando-de em dados

sócio-econômicos e nas tendências tecnológicas, essas oportunidades e

ameaças podem ser previsíveis.

Podem ser destacadas entre as forças e fraquezas de uma

bibliotecas a qualificação dos funcionários, tecnologia, recursos financeiros,

estrutura administrativa, relacionamento com usuários, treinamento, motivação

dos funcionários, atualidade dos acervos, estado das instalações físicas, entre

outras.

3.1 Planejamento Estratégico em Bibliotecas

26

Na globalização das relações humanas, encontra-se um usuário

cada vez mais bem informado e necessitando de informação cada vez mais

recente e especializada. Assim, as bibliotecas precisam estar preparadas para

esta nova relação usuário-bibliotecário, encontrando na elaboração de um

planejamento estratégico, uma forma para se preparar para o futuro e integrar-

se a esta revolução na disseminação da informação.

O planejamento estratégico é um processo gerencial que

possibilita ao gerente estabelecer o rumo a ser seguido pela organização, com

a finalidade de obter um nível de otimização na relação da organização com o

seu ambiente. Normalmente, os níveis mais altos da organização são

responsáveis por este planejamento, que refere-se tanto à formulação dos

objetivos quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para a sua

consecução, levando em conta as condições externas e internas à organização

e sua evolução estratégica.

As bibliotecas, em geral, adotam um comportamento reativo,

alocando a maior parte dos esforços na análise de situações do passado e no

gerenciamento das situações do presente. Com a implementação do

planejamento estratégico há uma mudança de enfoque, direcionando a

alocação de esforços para os eventuais erros futuros, fazendo com que a

biblioteca torne-se proativa, ou seja, tenha o objetivo constante de negociar seu

ambiente futuro.

O planejamento estratégico contribui para a identificação de

ameaças e capacitação para maximizar os benefícios e minimizar as surpresas

no macro-ambiente turbulento e imprevisível da atualidade. Significa planejar o

futuro perante as limitações e os pontos fortes e fracos de uma organização,

considerando as alterações do comportamento do macro-ambiente. É um

planejamento que se volta para o alcance dos resultados antecipando

mudanças futuras, tirando vantagens das oportunidades que surgem,

estabelecendo e corrigindo cursos de ação a longo prazo.

A implementação deste planejamento não consiste apenas em

27

modificações técnicas nos processos e instrumentos decisórios da

organização, pois requer uma conquista organizacional que se inicia a nível de

mudanças conceituais na gerência, resultando em novas formas de

comportamento administrativo, além de novas técnicas e práticas de

planejamento.

As bibliotecas possuem algumas particularidades, pois são

organizações sem fins lucrativos. Pode-se ressaltar como particularidades:

ᇏ a sobrevivência e a ação independem dos mecanismos de mercado ou

da existência de lucro;

ᇏ a remuneração global independe, em grande parte, do preço do serviço

pago pelos clientes;

ᇏ os objetivos são baseados em interesses comunitários mais amplos,

cujo alcance ultrapassa os limites de satisfação de seus interesses

particulares.

Entre as fases do planejamento estratégico mais aplicáveis às

bibliotecas estão:

ᇏ a definição do negócio da organização;

ᇏ formulação da missão da biblioteca, levando-se em consideração que

para se definir a missão é preciso saber qual é o perfil do usuário que se

pretende atender;

ᇏ definição dos princípios da organização, que vão direcionar o processo

decisório e orientar a conduta de seus funcionários no cumprimento de

sua missão;

ᇏ análise do ambiente, identificando as oportunidades e ameaças do

ambiente externo, bem como os pontos fortes e fracos do ambiente

interno;

ᇏ formulação dos objetivos, que são resultados quantitativos e qualitativos

que a organização precisa alcançar em um prazo determinado, para

cumprir sua missão;

ᇏ formulação de estratégias, que são os caminhos que a biblioteca deve

seguir para atingir seus objetivos;

28

ᇏ transformação das estratégias em projetos, fase que consiste no

estabelecimento e na administração dos projetos necessários ao

desenvolvimento do planejamento estratégico proposto;

ᇏ controle e avaliação dos resultados,para possíveis correções de rota e

confirmação dos resultados positivos.

Apesar das várias vantagens que o planejamento estratégico

pode trazer, existem também algumas considerações que devem ser

analisadas antes de sua elaboração. É comum nas bibliotecas a existência de

sucesso sem planejamento, fator que pode atrapalhar a formulação do

planejamento estratégico, pois, erroneamente forma-se um consenso que não

são necessárias as mudanças decorrentes deste processo. Outro fator que

pode atrapalhar é a contratação de alguém ou alguma equipe para fazer o

planejamento, pois é imprescindível a presença da direção na elaboração do

plano, uma vez que são as pessoas que conhecem a realidade interna da

organização. Também não se deve esperar resultados rápidos, pois o

planejamento é um processo contínuo, cujos benefícios são alcançados a

longo prazo. Porém, o problema mais importante é a resistência dos

funcionários às mudanças, o que acontece por estes acreditarem que as

mudanças podem ameaçar suas necessidades de segurança. Entretanto, esta

resistência pode ser minimizada com um trabalho de conscientização da

importância do processo.

3.2 Marketing para bibliotecas

Marketing é o processo gerencial entendido como a combinação

de técnicas, cuja aplicação visa o perfeito processo de troca, valorizando as

trocas voluntárias de valores para garantir a sobrevivência de uma

organização, beneficiando todos os elementos que interagem na troca. Tem

por finalidade alcançar a satisfação dos públicos da organização, facilitando a

realização de trocas entre a organização e o seu mercado, que se concretiza

por meio da análise, planejamento e implementação de atividades para criar

29

produtos e serviços, distribuí-los, definir os seus preços e as formas de sua

divulgação.

São três as dimensões do marketing:

ᇏ filosófica, no sentido do foco em alcançar a satisfação do cliente com a

preocupação em identificar suas necessidades;

ᇏ funcional, que busca facilitar a realização das trocas entre a organização

e o mercado;

ᇏ administrativa, que diz respeito a análise, planejamento e

implementação das atividades de marketing.

Tendo em vista que as bibliotecas são organizações não

lucrativas, seus gestores devem incorporar a forma de raciocínio e de tomada

de decisão de um empresário, a fim de assegurar a sobrevivência do seu

negócio, desenvolvendo estratégias competitivas, programas e projetos

voltados para sua clientela. Encontra-se nesse contexto a necessidade de um

plano de marketing para as bibliotecas, pois a não existência deste tem sido

apontada como um dos fatores que podem levar uma organização a não obter

sucesso.

A implantação da filosofia do marketing pode melhorar as

atividades de uma biblioteca, pois tem a finalidade de identificar e satisfazer as

necessidades dos seus usuários, bem como de contribuir para que a unidade

atinja os seus objetivos organizacionais. O marketing em bibliotecas contribui

ainda para o aumento da utilização dos serviços e produtos e para o

reconhecimento da unidade.

Ainda é comum os gerentes de bibliotecas acreditarem que o

marketing só pode ser usado em organizações que visam lucro, não

enxergando que é uma poderosa ferramente gerencial. Contudo, as bibliotecas

devem adotar a administração orientada para o marketing como forma

inovadora e capaz de melhorar o desempenho das mesmas conduzindo-as a

uma atuação efetiva junto aos seus públicos. É recomendável que os

bibliotecários se antecipem às necessidades de informação de seus usuários,

estando atentos aos avanços tecnológicos para não tornarem suas bibliotecas

30

obsoletas. Diante de tudo isso, o papel dos gerentes de bibliotecas está na

responsabilidade pela motivação de sua equipe, por manter a biblioteca em

reconhecida atividade e garantir o enfoque mercadológico da gerência de

bibliotecas.

A utilização do marketing permite criar, desenvolver, promover e

distribuir produtos e serviços de informação a serem utilizados pelos usuários,

cuja aplicação pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de

mudança de sua imagem. A imagem é o produto da visão que o usuário tem

sobre os serviços oferecidos, é um conjunto de crenças, idéias e impressões

que uma pessoa mantém em relação a algo. Assim, pode-se distinguir

identidade e imagem considerando aquela como a medida que uma

organização toma para se posicionar no mercado, e esta, como aquilo que o

público percebe. Porém, nem sempre existe uma coerência entre o que a

organização quer projetar e o que o usuário percebe.

Um novo enfoque do marketing é o chamado marketing de

relacionamento, que tem como objetivo fidelizar clientes através de um

relacionamento duradouro. O gerente de biblioteca tem que perceber que o

usuário é a razão de sua existência e que sua principal missão é a de

disseminar informação. É preciso fazer com que o usuário tenha acesso à

informação certa no momento certo e conseguir que ele confie e se mantenha

fiel ao sistema de informação da unidade sempre que precisar. Com isso se

consegue um relacionamento duradouro e a fidelização de clientes.

Em suma, o marketing para bibliotecas é importante porque

consiste em conhecer as necessidades dos usuários reais ou potenciais e

ajustar a organização, seus produtos ou serviços em função das necessidades,

garantindo assim a satisfação dos usuários.

31

CONCLUSÃO

As unidades de informação, incluindo as bibliotecas, são

organizações sem fins lucrativos que têm como missão a prestação de serviços

aos seus usuários, sendo facilitadoras do acesso e uso da informação em

benefício coletivo. No contexto de um mundo econômica e culturalmente

globalizado, estas organizações devem incorporar os novos modelos de gestão

organizacional a fim de atender às demandas e necessidades de seus

clientes/usuários. Para que esta missão seja cumprida, é essencial que se faça

uma gestão estratégica, visando atingir o objetivo de promover e disseminar

informações de maneira que contribua para a construção do conhecimento e

para o desenvolvimento do indivíduo dentro da sociedade.

A estratégia é o mais importante trabalho de uma organização,

atuando como um elemento facilitador das mudanças necessárias provocadas

pelo meio ambiente externo. Com a gestão estratégica é possível planejar o

futuro observando-se tanto as oportunidades e ameaças do ambiente externo,

como os pontos fortes e fracos do ambiente interno da organização.

Logo, conclui-se que a implantação de uma gestão estratégica

para as unidades de informação é de grande importância, pois tendo em vista

que estas devem ser entendidas como organizações gestoras da informação,

cujo objetivo principal é promover corretamente a mesma, deve-se considerar

que aquela gestão contribui para o planejamento de metas e objetivos de longo

alcance e para a adoção de recursos necessários para a realização destas

metas. Também vale ressaltar que se estas unidades não estiverem

preparadas para o futuro, serão ultrapassadas por outras organizações

prestadoras de informação, já que neste mundo globalizado está cada vez mais

crescente a demanda por informação.

32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BEAL, Adriana. Gestão estratégica da informação. São Paulo: Ed. Atlas,

2004.

FARIA, A. Nogueira. Organização e métodos. 2. ed. atual. Rio de Janeiro:

Livros Técnicos e Científicos, 1994.

MACIEL, Alba Costa; MENDONÇA, Marília Alvarenga Rocha. Bibliotecas

como organizações. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.

MARKETING em bibliotecas e serviços de informação: textos selecionados.

33

Brasília: IBICT, 1987.

MOTTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser

dirigente. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

RAMOS, Paulo Baltazar. A gestão na organização de unidades de informação.

Ciência da Informação. [S.l.], v. 25, n. 1, 1996.

VIANA, José Antonio Rodrigues. Planejamento estratégico: um instrumento

para a gerência de bibliotecas universitárias. Niterói: UFF, [S.d.].

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Atividades Culturais

34

ANEXO 1

ATIVIDADES CULTURAIS

35

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

36

CAPÍTULO I

Unidades de Informação 10

1.1 – Bibliotecas como Organizações 12

1.2 – Funções Gerenciais nas Bibliotecas 16

1.2.1 – Planejamento em Bibliotecas 17

1.2.2 – Organização nas Bibliotecas 19

1.2.3 – Direção nas Bibliotecas 21

1.2.4 – Controle em Bibliotecas 24

CAPÍTULO II

O Que é Gestão Estratégica? 26

CAPÍTULO III

A Importância da Gestão Estratégica para as

Unidades de Informação 30

3.1 Planejamento Estratégico em Bibliotecas 32

3.2 Marketing para Bibliotecas 36

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ANEXOS 42

ÍNDICE 45

37

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

38