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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE FLUXO DE CAIXA APLICADO NA ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS Por: Rafael Goulart Cardoso Orientadora Profª. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro - RJ 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

FLUXO DE CAIXA APLICADO

NA ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS

Por: Rafael Goulart Cardoso

Orientadora

Profª. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro - RJ

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

FLUXO DE CAIXA APLICADO

NA ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS

Apresentação de Monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

Conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Finanças e Gestão Corporativa.

Por: Rafael Goulart Cardoso

Rio de Janeiro - RJ

2010

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“Ampliem seus limites, elevem seus espíritos e almejem o topo” Conferência

sobre o Futuro dos Esportes de Montanha, Innsbruck, 6 – 8 de Setembro, 2002.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela eterna luta de um futuro

melhor para mim, com muita dedicação,

paciência, carinho e amor; à minha querida irmã

que sempre esteve do meu lado e à minha linda

esposa, que amo muito.

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DEDICATÓRIA

À minha querida mãe que

sempre acreditou e apostou

em mim.

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RESUMO

O objetivo principal do trabalho monográfico aqui apresentado (Fluxo de Caixa aplicado na estratégia das empresas) é propor um estudo profundo da ferramenta Fluxo de Caixa e sua importância na gestão de uma empresa. Como os empresários e administradores de empresas podem aplicar o fluxo de caixa de forma a influenciar na estratégia das empresas?

Estudar o Fluxo de Caixa é procurar compreender o processo de formação de liquidez na empresa. É uma ferramenta essencial para, por exemplo, empresas com diversos ramos de atividades, possam Identificar quais atividades da empresa está gerando um Fluxo de Caixa positivo ou negativo e quais atividades estão eventualmente impedindo que a geração de caixa tornar-se disponível.

O Fluxo de Caixa é um instrumento útil ao processo de tomada de decisões, ou seja, através de prévias análises econômico-financeiras e patrimoniais, obtém-se as condições necessárias para definir as decisões corretas e mostrar as transações que podem afetar ou não o caixa.

A importância deste estudo é alertar profissionais da área financeira, da real necessidade de uma boa gestão do Fluxo de Caixa considerando o equilíbrio entre as entradas e saídas de recursos. Por ser um importante instrumento de decisão, o Fluxo de Caixa deve ser revisto e analisado permanentemente e quanto melhor nível de informações, mais precisa serão as tomadas de decisão.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada e aplicada na elaboração desta monografia foi baseada em pesquisa exploratória, com fundamentação teórica obtida através de dados bibliográficos e pesquisa na internet, principalmente em artigos especializados e demonstrações de resultados de empresas de capital aberto, visando identificar os dados conceituais, aperfeiçoamento de suas demonstrações, a importância, a aplicação do Fluxo de Caixa nas empresas como instrumento de gestão financeira e empresarial.

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SUMÁRIO CAPITULO 1 ......................................................................................... 09

1. FLUXO DE CAIXA APLICADO NA ESTRATÉGIA DAS EMPRESAS 1.1 Conceito e objetivo do Fluxo de Caixa 09 1.2 Elaboração do Fluxo de Caixa. Importância da informação! 10 1.3 Planejamento e controle do Fluxo de Caixa 12 1.3.1 Planejamento 12 1.3.2 Prazo de planejamento 13 1.3.3 Elaboração e implantação 13 1.4 Tipos de Fluxo de Caixa – Projetado X Realizado 15 1.4.1 Fluxo de Caixa Projetado 15 1.4.2 Fluxo de Caixa Realizado 15 1.5 Avaliação de Empresas – Quanto custa e quanto vale um ativo? 19

CAPITULO 2 ......................................................................................... 20

2. INTERPRETANDO O FLUXO DE CAIXA 2.1 Vantagens do Fluxo de Caixa para a empresa 20 2.2 Ciclos da empresa: Operacional e Caixa 21 2.3 Análise Horizontal 22 2.4 Análise Vertical 25 2.5 Fluxo de Caixa como ferramenta de Planejamento 26 2.6 Fluxo de Caixa como ferramenta de Controle de Operações 27

CAPITULO 3 ......................................................................................... 28

3.1 ESTUDO DE CASO .................................................................. 28 CONCLUSÃO ....................................................................................... 30 BIBLIOGRAFÍA .................................................................................... 31

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1 – Fluxo de Caixa aplicado na estratégia das empresas

1.1 Conceito e objetivo do Fluxo de Caixa

Fluxo de Caixa: Representa a previsão, o controle e o registro de entradas financeiras (Contas a Receber) e saídas financeiras (Contas a Pagar) durante um determinado período, contendo informações sobre a vida financeira da empresa. Denomina-se fluxo de caixa ao conjunto de ingressos e desembolsos de numerários em um período determinado. O Fluxo de Caixa consiste na representação dinâmica da situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de recursos e todas as aplicações em itens do ativo (ZDANOWICZ, 2000). Para ZDANOWICZ o Fluxo de Caixa é o instrumento que permite demonstrar as operações financeiras que serão realizadas pela empresa, facilitando a análise e a decisão, de comprometer ou não os recursos financeiros, de relacionar o uso das linhas de créditos menos onerosas, de determinar o quanto a organização dispões de capital próprio, bem como utilizar as disponibilidades da melhor forma possível.

Os objetivos básicos do Fluxo de Caixa são:

• Provisionar as entradas e saídas de recursos financeiros para um determinado período;

• Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de caixa;

• Avaliar alternativas de investimentos; • Avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que serão

tomadas, proporcionando uma visão futura dos recursos financeiros; • Certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo

devidamente aplicados.

Desta forma, conclui-se que a finalidade principal do Fluxo de Caixa é maximizar a aplicação dos recursos próprios e de terceiros dentro da empresa, direcionando estes recursos para as atividades mais rentáveis, com vistas a produzir os melhores resultados para a empresa. Para que isso ocorra de forma perfeita, é de suma importância à participação de todos os setores da empresa, fornecendo informações corretas e objetivas ao gestor financeiro.

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Figura 1 – O Fluxo de Caixa é o produto final da integração do Contas a Receber e do Contas a Pagar

Contas

aReceber

Contasa

Pagar

Fluxode

Caixa

Caixa Bancos Aplicações

Fonte: (Sá, 1998: 10) 1.2 Elaboração do Fluxo de Caixa. Importância da informação!

A administração da liquidez representa uma das atividades mais importantes de um administrador financeiro. Para que essa função seja desempenhada da melhor forma possível, esse profissional deverá utilizar um dos principais instrumentos de análise e controle financeiro, o Fluxo de Caixa, fazendo-se necessário um efetivo planejamento dos montantes captados e o acompanhamento dos resultados obtidos, com o objetivo de administrar tais recursos, possibilitando uma melhor operacionalização (Barbosa 2003).

No mundo coorporativo é preciso termos informações cada vez mais

precisas para que possamos direcionar de forma correta e coerente as estratégias das empresas, o acirramento da competitividade exige das empresas maior eficiência na gestão de seus recursos. O Fluxo de Caixa é uma ferramenta extremamente importante nas mãos dos executivos, pois reflete e prevê variações que possam ocorrer com as finanças em um determinado período, ou seja, é um instrumento tático e estratégico em sua gestão.

Esse tema é de fundamental relevância, pois através do Fluxo de Caixa,

de análises econômico-financeiras e patrimoniais, feitas de forma correta e com informações seguras, torna-se possível refletir com clareza a situação econômica das empresas, facilitando o processo de tomada de decisão.

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Apesar de sua importância, o Fluxo de Caixa tem sido usado de forma

limitada, quase sempre é utilizado apenas como instrumento de avaliação de investimentos ou para verificar se a empresa terá recursos suficientes para arcar com suas despesas. Perguntas como: Qual a capacidade da empresa gerar recursos para financiar suas operações? Quais as necessidades de capital de giro da empresa? Qual a relação ente capital de giro próprio e o de terceiros na empresa? Qual a capacidade da empresa imobilizar ou distribuir dividendos sem fragilizar a estrutura do capital de giro?

Podem e devem utilizar o Fluxo de Caixa para solucioná-las. O Fluxo de Caixa, principalmente quando utilizado em conjunto com as

demais demonstrações financeiras pode permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem a capacidade de o negócio da empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa ou não, se a empresa gera caixa suficiente para financiar suas próprias operações, ou o quanto pode ser retirado de recursos da empresa, sob a forma de dividendos ou de investimentos, sem que seu capital de giro se fragilize. Através do Fluxo de Caixa pode ser identificado qual o limite do endividamento da empresa para que sua dívida continue administrável, qual a parcela do capital de giro que está realmente girando,

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qual o caixa mínimo que deve ser mantido no Disponível para fazer face às necessidades de pagamento, se os estoques estão girando mais depressa ou mais devagar, e muitas outras informações. 1.3 Planejamento e controle do Fluxo de Caixa 1.3.1 Planejamento

O Planejamento do Fluxo de Caixa é importante, porque este indicará antecipadamente as necessidades de numerário para o cumprimento das obrigações que a empresa costuma assumir, considerando os prazos para serem saldados, colocando o gestor apto a planejar com antecedência, os problemas de caixa que poderão surgir em razão de reduções de receitas ou de aumentos no volume de despesas. Outra função importante do Fluxo de Caixa é a possibilidade de evitar a programação de desembolsos volumosos para o período em que os ingressos orçados sejam baixos por questões de mercado, por exemplo. O planejamento do Fluxo de Caixa permite ao gestor financeiro verificar se poderá realizar aplicações a curto prazo com base na liquidez, na rentabilidade e nos prazos de resgate. Nestes termos o Fluxo de Caixa é de vital importância para a eficácia econômica-financeira e gerencial das empresas, sejam elas pequena, média ou grande, a tal ponto, que muitas instituições de crédito exigem a sua apresentação antes de concederem empréstimos a seus clientes (ZDANOWICZ, 2000).

A empresa, para utilizar o Fluxo de Caixa e alcançar os objetivos e as

metas propostas, não deve medir esforços na sua implantação e implementação, em termos empresariais. Ela deve manter um nível razoável, não poderá ser arbitrário, porém determinado pelo gestor financeiro de acordo com os parâmetros operacionais da empresa. Para que a empresa obtenha resultados através do Fluxo de Caixa é necessário que observe requisitos como: buscar a maximização do lucro, possuindo certos padrões de segurança previamente fixados; assegurar ao caixa um nível desejado, a partir da constituição de reservas necessárias à empresa; obter maior liquidez nas aplicações dos excedentes de caixa no mercado financeiro; determinar o nível desejado de caixa, a partir de contas que compõe o disponível da empresa; fixar limites mínimos, mediante as experiências adquiridas pela empresa, permitindo realizar os ajustes quando for necessário; ainda que a empresa observe certos padrões de segurança pode investir parte de seus recursos disponíveis, mas nunca além do mínimo necessário para as suas atividades operacionais (ZDANOWICZ, 2000).

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1.3.2 Prazo de planejamento O período abrangido pelo planejamento do Fluxo de Caixa depende do tamanho e ramo da atividade da empresa. Em geral, quando as atividades estão sujeitas a grandes oscilações, a tendência é para estimativas com prazos curtos (diário, semanal ou mensal), enquanto as empresas que apresentam volume de venda estável, preferem projetar o Fluxo de Caixa para períodos longos (trimestrais, semestrais ou anuais). A finalidade do planejamento também influi no período pelo mesmo. É importante a empresa trabalhar com um planejamento mínimo para três meses. O Fluxo de Caixa mensal deverá, posteriormente, transformar-se em semanal e este em diário. O modelo diário fornecerá a posição dos recursos em função dos ingressos e desembolsos de caixa, constituído em poderoso instrumento de planejamento e controle financeiro para a empresa (ZDANOWICZ, 2000). 1.3.3 Elaboração e implantação A demonstração do Fluxo de Caixa pode ser elaborada de duas formas:

• De posse da ficha da “conta caixa” (ou livro caixa), ordenado as operações de acordo com a sua natureza, e condensando-as, poderíamos extrair todos os saldos necessários.

• De posse das Demonstrações Financeiras, uma vez que nem sempre teremos acesso ao “livro caixa”, lançaremos mão da técnica bastante prática, propiciando, assim, a elaboração do DFC para as empresas. Abaixo segue as principais transações feitas em uma empresa onde

afetam diretamente o caixa da empresa. Transações que aumentam o caixa:

• Integralização do Capital pelos Sócios ou Acionistas – Investimentos realizados pelos proprietários;

• Venda de Itens do Ativo Permanente - Neste caso teremos uma entrada de recursos financeiros;

• Vendas à vista e recebimentos de duplicatas a receber – Principal fonte de recurso do caixa;

• Empréstimos bancários e financiamentos – Normalmente, os empréstimos bancários são utilizados como capital de giro e os financiamentos, para aquisição de ativo permanente fixo;

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Transações que diminuem o caixa: • Pagamentos de dividendos aos acionistas – Se os investimentos dos

proprietários representam entrada no caixa, os dividendos pagos em cada exercício, significam diminuição do caixa;

• Pagamento de juros, correção monetária da dívida e amortização da divida;

• Compras à vista e pagamentos a fornecedores - desembolsos de numerários referentes à matéria prima e material secundário;

• Aquisição de item do Ativo Permanente – Aquisições à vista de imobilizado e de investimentos;

• Pagamento de custos e despesas, Contas a Pagar e outros – são desembolsos com despesas administrativas de vendas e outros.

Os principais requisitos para implantação de Fluxo de Caixa são: apoio

aos gestores das empresas, organização da estrutura funcional das empresas com definição clara dos níveis de responsabilidade de cada área, integração dos diversos setores e/ou departamentos da empresa ao sistema de Fluxo de Caixa, definição do sistema de informações, quanto à qualidade e aos formulários a serem utilizados, calendário de entrega dos dados e os responsáveis pela elaboração das diversas projeções, treinamento do pessoal envolvido para implantar o Fluxo de Caixa nas empresas, criação de um manual de operações financeiras, comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido de alcançar os objetivos e as metas propostas ao Fluxo de Caixa, controles financeiros adequados, especialmente da movimentação bancária, utilização do Fluxo de Caixa para avaliar com antecedência os efeitos da tomada de decisões que tenham impacto financeiro na empresa, fluxograma das atividades nas empresas, ou seja, definir as atividades meio e as atividades fins (ZDANOWICZ, 2000).

A implantação do Fluxo de Caixa consiste em apropriar os valores

fornecidos pelas diversas áreas das empresas segundo o regime de caixa, isto é, de acordo com os períodos que efetivamente deverão ocorrer os ingressos e desembolsos de caixa. Assim, o principal aspecto a ser levado em consideração é quanto à apropriação dos valores, conforme as épocas que irão ocorrer os efetivos recebimentos e pagamentos de caixa pelas empresas. O importante é considerar todos aqueles itens que alterarão a posição do caixa. Esta implantação consiste essencialmente em estruturar as estimativas de cada unidade monetária em dois grandes itens: o planejamento de ingressos e desembolsos que poderão ser subdivididos em fluxo operacional composto de itens decorrentes da atividade fim das empresas e o fluxo extra-operacional composto de ingressos e desembolsos não relacionados à atividade fim da empresa (ZDANOWICZ, 2000).

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1.4 Tipos de Fluxo de Caixa – Projetado X Realizado Existem duas formas para o tratamento das informações relativas ao

fluxo de caixa, a primeira forma refere-se ao Fluxo de Caixa Realizado (também conhecido como Histórico ou Passado), que apresenta o desempenho passado, e a segunda refere-se ao Fluxo de Caixa Projetado (também conhecido como Orçado) que procura antever as situações relacionadas ao caixa das organizações.

1.4.1 Fluxo de Caixa Projetado

O objetivo principal do Fluxo de Caixa Projetado é informar como se comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos financeiros em determinado período, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. A curto prazo busca-se identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos dentro do período projetado, para que através dessas informações se possa traçar uma adequada política financeira. A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras informações importantes, tais como:

• Verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários

para custear suas operações; • Determinar o capital em giro no período; • Determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa. (IEF = capital

em giro / capital de giro da empresa); • Determinar o grau de dependência de capitais de terceiros da empresa;

etc. É bom lembrar que as informações de que a empresa dispõe para

elaborar o fluxo de caixa projetado a curto prazo diferem daquelas que estão disponíveis quando se projeta a longo prazo. Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais operações que vão provocar entradas e saídas de dinheiro já foram realizadas e a empresa trabalha com relativo grau de certeza dos recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto, quando se projeta a longo prazo, o que se conhece são apenas projeção das operações de ingressos e/ou desembolsos de recursos financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado a longo prazo exposto a eventos estranhos ao conhecimento primário por parte da empresa, podendo comprometer as previsões consideradas.

1.4.2 Fluxo de Caixa Realizado

A finalidade do Fluxo de Caixa Realizado é mostrar como se comportam

as entradas e saídas de recursos financeiros das empresas em determinado período. O estudo do Fluxo de Caixa realizado, além de proporcionar análise de tendência, serve de base para o planejamento do Fluxo de Caixa Projetado.

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O Fluxo de Caixa Realizado é um instrumento onde procura estabelecer e historiar as atividades operacionais de investimentos e de financiamentos. Estabelece o rastreamento da atividade passada com vistas a elucidar pontos críticos no desempenho financeiro das empresas, fornecendo subsidio para tomada de decisões, correção de rumos e incrementos de resultados. Sua análise permite avaliar a forma como o recurso de cada fonte vem sendo aplicado e proporciona uma visão acerca do crescimento da empresa.

Diante da abertura de mercado e da internacionalização de capitais, os

investidores e financiadores de capitais buscam a cada dia mecanismos que permitam uma análise mais segura da situação financeira da empresa em que pretendam investir. As informações obtidas através das demonstrações contábeis clássicas não são suficientes para que os analistas de mercado avaliem os riscos e a capacidade de retorno do investimento que a empresa oferece. Segundo Yoshitake e Hoji (1997:149), os analistas de balanços com visão moderna dão mais importância ao fluxo de caixa:

“ ... não é muito importante saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício, pois o resultado pode ter sido maquilado por algum artifício contábil permitido pela lei e, portanto, sem conhecer o fluxo de caixa, não se pode saber que capacidade a empresa tem em gerar receita.”

Seguindo esse raciocínio, pode-se concluir que lucro não é sinônimo de

caixa. De forma que a empresa pode apresentar lucro em suas demonstrações contábeis, no entanto, estar com dificuldade de geração de caixa. Ainda segundo os autores acima: “É sempre bom lembrar que as empresas quebram não por falta de lucro e sim por falta de caixa.” Cabe, porém, ressaltar, que as empresas também não sobrevivem sem lucros, pois sem remunerar o capital investido, a tendência é que as atividades operacionais consumam todo o capital de giro disponível e as levem ao processo de falência.

Para conhecer a capacidade de geração de caixa de uma empresa, é

necessário obter, além das demonstrações contábeis clássicas, uma demonstração que evidencie os recebimentos e pagamentos de um determinado período. Buscando atender a essas necessidades dos usuários da informação contábil, países como Inglaterra, Japão, Estados Unidos e outros estão exigindo a publicação da demonstração do fluxo de caixa, por entenderem que somente as demonstrações contábeis clássicas não permitem uma análise segura da situação financeira da empresa.

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O Fluxo de Caixa Realizado pode ser apresentado de duas maneiras: pelo método direto e o método indireto, veja a representação gráfica, a seguir:

Figura 2 – Método Direto X Método Indireto

Fonte: (Sá, 1998:36)

O método direto demonstra os recebimentos e pagamentos derivados das atividades operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado. Mostra efetivamente as movimentações dos recursos financeiros ocorridos no período. Apresenta-se a seguir modelo adaptado de Yoshitake e Hoji (1997:153)

EntradasOperacionais

SaídasOperacionais

Lucro Líquido

Ajustes

Geração Interna de Caixa

Geração Operaci-onal de Caixa

Fluxo Operacional

Geração Não Ope-racional de Caixa

Variação do Disponível

MenosMais / Menos

Igual

Mais / Menos

Igual

Igual

Mais / Menos

Método Direto

Méto

do In

direto

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Figura 3 – Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Direto

INGRESSOS DE RECURSOS Recebimentos de clientes xx Pagamentos a fornecedores (xx) Despesas administrativas e comerciais (xx) Despesas financeiras (xx) Impostos (xx) Mão-de-obra direta (xx) (=) Ingressos de recursos provenientes das operações xx Recebimentos por vendas do imobilizado xx (=) Total dos ingressos dos recursos financeiros xx DESTINAÇÕES DE RECURSOS Aquisição de bens do imobilizado xx Pagamentos de Empréstimos bancários xx (=) Total das destinações de recursos financeiros xx Variação líquida de Disponibilidades xx (+) Saldo inicial xx (=) Saldo final de Disponibilidade xx

O Método Indireto é aquele no qual os recursos provenientes das

atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado que não afetam o caixa da empresa. A seguir apresenta-se um modelo adaptado de Yoshitake e Hoji (1997:151)

Figura 4 – Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto

ORIGENS Lucro líquido do exercício xx Mais: Depreciações xx Aumento em imposto de renda a pagar xx Aumento em fornecedores xx Menos: Aumento em clientes (xx) (=) Caixa gerado pelas operações xx Venda do Imobilizado xx (=) Total dos ingressos de Disponibilidade xx APLICAÇÕES Pagamento de Empréstimos bancários xx Aquisição de Imobilizado xx (=) Total das aplicações de Disponibilidades xx Variação líquida das Disponibilidades xx (+) Saldo inicial xx (=) Saldo final das Disponibilidades xx

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1.5 Avaliação de Empresas – Quanto custa e quanto vale um ativo?

A utilização da ferramenta Fluxo de Caixa por parte das empresas é hoje não só uma necessidade para um melhor gerenciamento dos resultados efetivos da empresa e de suas reais necessidades de liquidez, mas também uma relevante ferramenta primária. O conceito de Fluxo de Caixa é utilizado pelas empresas de forma intensa e abrangente em diversas óticas que envolvem os conceitos que norteiam as finanças corporativas.

Esta ferramenta permite uma análise mais apurada dentro de conceitos

mais realistas de diversas situações que se apresentam no universo de decisões da empresa, como:

• Definição de valor econômico de ativos dentro de processos de

aquisição, fusão ou venda de ativos, onde serão considerados Fluxo de Caixa projetado e não apenas registros contábeis;

• Estudo de atratividade e viabilidade econômica de projetos; • No objetivo de se atingir uma visão mais ampla e realista dos retornos e

agregação de valor que o negócio vem gerando aos acionistas e sua real capacidade de prover dividendos;

• Na definição da capacidade de pagamento da companhia através da determinação de sua liquidez presente e futura e não somente numa análise apurada nas demonstrações de resultados.

Cuidados a serem tomados quanto à projeção de Fluxo de Caixa para

avaliação de uma empresa.

• Empresas com problemas de solvência - Geralmente empresas nestas condições não apresentam perspectiva de melhora no curto prazo, dificultando o trabalho do analista que necessitaria prever a saída desta fase.

• Empresas em início de atividade - Empresas quando iniciam seus negócios levam algum tempo até conseguirem gerar um fluxo de caixa positivo, o que é bastante normal. Cabe ao analista identificar o momento da virada.

• Empresas com possíveis valores extraordinários não vinculados a sua atividade - Este tipo de situação acontece no dia a dia de muitas empresas. São valores difíceis de serem precificados, mas que podem influenciar decisivamente o fluxo de caixa futuro de uma empresa. Podemos citar como exemplo, as indústrias petrolíferas e as descobertas de novos poços de petróleo, as patentes de medicamento, um avanço tecnológico de uma empresa de software dentre outras.

• Empresas Fechadas - Além de terem naturalmente menos transparência em seus números que as empresas abertas, as fechadas precisam ter uma taxa de desconto maior em virtude da inexistência de liquidez de seus títulos.

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• Empresas de Setores Cíclicos - Estas empresas são bastante influenciadas pelos ciclos da economia internacional. De alguma forma esses ciclos se tornaram ao longo dos últimos anos muito difíceis de serem mensurados em termos de sua magnitude e prazo de duração. Podemos citar como exemplo, o preço do aço que tem seu ciclo de alta e baixa definido em função da demanda internacional que está bastante concentrada da economia chinesa que apresenta alto grau de crescimento. Será que durará para sempre?

2 – Interpretando o Fluxo de Caixa

2.1 Vantagens do Fluxo de Caixa para a empresa

Através do conhecimento do passado, se poderá fazer uma boa projeção do Fluxo de Caixa para o futuro. A comparação do fluxo projetado com o real indica as variações que, quase sempre, demonstram as deficiências nas projeções. Estas variações são excelentes subsídios para o aperfeiçoamento de novas projeções.

O Fluxo de Caixa é de vital importância para a eficácia econômica,

técnica, financeira e administrativa das empresas, sejam elas micro, pequenas, médias ou grandes.

Dentre as inúmeras vantagens decorrentes do uso do Fluxo de Caixa,

destacam-se:

• Visão integrada do caixa: Sabendo-se o saldo verdadeiro do caixa, busca-se a sua otimização, através do aumento de entradas e/ou redução de saídas.

• Alta preocupação com competitividade e desempenho: Ao se projetar um Fluxo de Caixa, definem-se os parâmetros de desempenho. Exemplo: Se uma empresa vender X, sua atuação será modesta no mercado, sem influenciar a concorrência. Se vender X+Y sua atuação será satisfatória e equiparada aos dos concorrentes, mas caso ela venda X+Y+Z, sua atuação passa a ser ótima e superar a condição dos concorrentes. Com isso, esses indicadores de desempenho norteiam a empresa quanto aos seus objetivos e metas a serem alcançados.

• Equilíbrio financeiro de caixa: Permite à empresa conhecer seu ponto de equilíbrio com relação ao caixa, ou seja, determinar qual volume de capital que precisa estar presente, ao mínimo, para que a empresa possa arcar com seu custo dia-dia. Este procedimento evita situações prejudiciais à empresa como a falta de caixa e que pode gerar dividas com empréstimos e o excesso de caixa, situação esta referente a uma reserva muito alta de capital e que poderia ser reaplicada em outros investimentos.

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Para que a empresa possa atingir resultados significativos, é necessário que todos os membros e departamentos estejam envolvidos, de maneira a alcançar a sinergia e otimizar o desempenho da empresa. 2.2 Ciclos da empresa: Operacional e Caixa

Os saldo de caixa e os “estoques de caixa” de segurança são influenciados significativamente pela produção e venda, bem como pelo sistema de cobrança e compras da empresa. A análise dos ciclos operacional e de caixa pode esclarecer como ocorrem essas influências. Por intermédio de uma gestão eficiente desses ciclos, o administrador financeiro conseguirá manter um baixo nível de investimento em caixa, o que contribuirá para o aumento da riqueza da empresa.

Ross, Westerfield, Jaffe (1995, p.538) definem ciclo operacional como sendo “o espaço de tempo entre a chegada de matéria-prima no estoque e a data em que se recebe o dinheiro dos clientes”. A tomada de decisões financeiras de curto prazo é indicada pela defasagem entre as entradas e saídas de caixa, estando relacionada com a extensão do ciclo operacional e o período de pagamento de contas.

No pensamento de Padoveze (1996) o ponto-chave é o orçamento de

vendas, sem o qual não se pode iniciar o processo orçamentário, concluindo que é a previsão de vendas que irá determinar todo o ciclo operacional e não se pode pensar em planejamento sem levar em conta os ciclos da empresa.

O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das

características de atuação de cada empresa. Empresas prestadoras de serviços possuem ciclos diferentes das empresas industriais ou comercias, e mesmo entre si, de acordo com o setor, podem sofrer períodos de sazonalidade diversos.

Ainda no entendimento dos mesmos autores, o ciclo financeiro mede

exclusivamente as movimentações de caixa. Abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa e o recebimento da venda do produto ou serviço, representa efetivamente o período em que a empresa ira necessitar de financiamento para suas atividades.

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Ciclo Operacional da Empresa

Fonte: Assaf Neto e Silva

Assaf Neto e Silva (1997), identificam ainda, o ciclo econômico que considera unicamente as ocorrências de natureza econômica, envolvendo a compra dos materiais até a respectiva venda, não levando em conta os reflexos de caixa. Os autores demonstram que a partir do ciclo operacional, podem ser identificados o ciclo financeiro (caixa) e o ciclo econômico.

O Fluxo de Caixa se apresenta como uma ferramenta utilizada pelo

administrador financeiro, com o objetivo de apurar os somatórios de ingressos e de desembolsos financeiros em determinado momento, prognosticando se haverá excedente ou escassez de caixa, em função do nível desejado pela empresa. Daí a importância dos ciclos no sistema de liquidez: a conjugação das velocidades entre os meios de pagamento e as necessidades de pagamento para que ocorra o equilíbrio no sistema.

A simples implantação de um sistema de Fluxos não irá resolver os

problemas de liquidez da empresa, porém lhe permitirá um melhor gerenciamento dos recursos e necessidades. O importante é acompanhar comparando tais situações no dia a dia ou períodos a períodos. 2.3 Análise Horizontal

O método direto dá origem a um tipo de análise denominada “análise horizontal” do fluxo de caixa. Para procedermos à análise horizontal do fluxo de caixa, a primeira coisa que fazemos é separar a empresa de seu negócio.

Na prática para se conhecer o fluxo de caixa do negócio, temos que

calcular o fluxo de caixa operacional da empresa, ou seja, o fluxo de caixa expurgado de todas as entradas e de todas as saídas não operacionais. Com raríssimas exceções, são consideradas entradas operacionais apenas os recursos recebidos de clientes e que sejam provenientes da venda de bens ou serviços produzidos pela empresa. Da mesma forma, somente são consideradas saídas operacionais aquelas saídas que representem

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pagamentos de despesas necessárias à consecução dos objetivos sociais da empresa.

No entanto, para efeito de análise, não basta termos o fluxo de caixa

operacional da empresa. Isto porque a empresa pode estar financiando junto a seus fornecedores, ou junto aos bancos, ou junto ao fisco, atrasando os pagamentos devidos a estas instituições. Em outras palavras, a empresa pode estar se alavancando junto a seus fornecedores, ou banco ou junto ao fisco.

O fluxo de caixa obtido desta forma é chamado de fluxo de caixa

desalavancado e vem a ser um fluxo de caixa virtual onde se considera que todas as contas que venceram no mesmo período foram recebidas, independente disto ter acontecido ou não.

Um aspecto da maior relevância é que o fluxo de caixa realizado nunca

pode ser negativo. Isto porque se a empresa não tiver recursos para saldar seus compromissos ou ela vai tomar um empréstimo no banco ou vai atrasar seus pagamentos, o que, para efeito do fluxo de caixa, equivale a se financiar junto a seus fornecedores. No entanto, o fluxo de caixa operacional e desalavancado, por ser uma abstração, pode ser perfeitamente negativo. É a partir do fluxo de caixa operacional e desalavancado, ou seja, do fluxo de caixa do negócio, que começamos a análise do fluxo de caixa da empresa.

Os dois grandes méritos da análise horizontal do fluxo de caixa obtida a

partir do método direto residem justamente no fato de ele ser imediato e diário.A grande fragilidade da análise horizontal está no fato de o método direto só perceber o que circula pelo disponível da empresa.

Tomando-se um fluxo de caixa de uma empresa fictícia, procederemos às análises acima citadas, onde verificaremos o comportamento da situação financeira.

Utilizaremos o critério de comparar o período analisado com o período

anterior.

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Fluxo de Caixa Operacional (Análise Horizontal)

CONTAS 2008 2009 AH 2010 AH

FATURAMENTO 1.035 1.217 1,18 1.280 1,05

INGRESSOS

RECEB. DUPLICATAS 996 1.195 1,20 1.255 1,05

OUTROS RECEBIMENTOS 2 1 0,50 2 2,00

TOTAL 998 1.196 1,20 1.257 1,05

DESEMBOLSOS

SALÁRIOS E ENCARGOS 93 100 1,08 160 1,60

FORNECEDORES 551 634 1,15 684 1,08

IMPOSTOS S/ VENDA 93 111 1,19 117 1,05

IRRJ E CSLL 18 22 1,22 23 1,05

DESPESAS 146 159 1,09 164 1,03

TOTAL 901 1.026 1,14 1.148 1,12

GERAÇÃO 97 170 1,75 109 0,64

INVESTIMENTOS 9 12 1,33 4 0,33

RECEITAS FINANCEIRAS 0,5 1 2,00 0,9 0,90

FLUXO LÍQUIDO 89 159 1,79 105 0,66

SALDO 98 257 2,62 363 1,41

• Faturamento - No período de 2009 observa uma variação de 18%, já o

período de 2010, houve variação de 5%, prováveis causas desta redução: retração do mercado, qualidade do produto, entrada de novos concorrentes no mercado, maior exigência na concessão de crédito, entre outros, sendo obrigação dos responsáveis detectar as causas dessa redução.

• Recebimentos – Verifica-se que no ano de 2009, ocorreu uma variação positiva de 20%, e em 2010 de 5%, variações estas nos mesmos níveis do faturamento. Analisando os dois itens do fluxo de caixa, aqui abordados, detectamos uma situação preocupante no ano de 2010, pois se observa o desempenho negativo nas vendas e nos recebimentos, indicando uma atuação rígida dos responsáveis.

• Desembolsos - No período de 2009 verificou-se um aumento de 14%, e no período de 2010 um aumento de 12%. Situação aparentemente normal, mas se comparando a evolução do faturamento no mesmo período, observa-se problemas, pois o faturamento conforme já comentado, teve variação negativa.

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2.4 Análise Vertical

O fluxo de caixa obtido pelo método indireto baseia-se em dados de contabilidade. Os elementos de análise com os quais trabalhamos são as variações das contas contábeis no início e no fim do período considerado.

Um número só passa a ser uma informação depois que for interpretado.

Um número não interpretado ainda não pode ser considerado uma informação; é apenas um dado. De nada, ou quase nada, adiantaria prepararmos um relatório de fluxo de caixa pelo método indireto se não soubermos interpretá-lo corretamente. A beleza do fluxo de caixa obtido pelo método indireto é que ele dá uma visão muito clara, não apenas da situação financeira e patrimonial da empresa, mas também da forma como ela esta sendo administrada.

O importante é compararmos os diversos componentes do fluxo de caixa, com o total de desembolsos obtidos.

Fluxo de Caixa Operacional (Análise Vertical)

CONTAS 2008 AV 2009 AV 2010 AV

INGRESSOS

RECEB. DUPLICATAS 996 1.195 1.255

OUTROS RECEBIMENTOS 2 1 2

TOTAL 998 1.196 1.257

DESEMBOLSOS

SALÁRIOS E ENCARGOS 93 9,32% 100 8,36% 160 12,73%

FORNECEDORES 551 55,21% 634 53,01% 684 54,42%

IMPOSTOS S/ VENDA 93 9,32% 111 9,28% 117 9,31%

IRRJ E CSLL 18 1,80% 22 1,84% 23 1,83%

DESPESAS 146 14,63% 159 13,29% 164 13,05%

TOTAL 901 90,28% 1.026 85,79% 1.148 91,33%

GERAÇÃO 97 9,72% 170 14,21% 109 8,67%

INVESTIMENTOS 9 0,90% 12 1,00% 4 0,32%

RECEITAS FINANCEIRAS 0,5 0,05% 1 0,08% 0,9 0,07%

FLUXO LÍQUIDO 89 8,92% 159 13,29% 105 8,35%

SALDO 98 257 363

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• Desembolsos - No período de 2008 verificou-se a relação de 90,28% com os recebimentos do período; em 2009 houve uma redução para 85,79%; voltando a aumentar em 2010, ficando em 91,33%. Observa-se um desempenho positivo no período de 2009, mas esta melhora deveu-se ao aumento nos recebimentos, pois os desembolsos aumentaram em valores absolutos.

• Fornecedores – Observa-se que o maior percentual do total de desembolsos analisado nos três períodos, esta relacionado com os desembolsos para fornecedores com uma variação pequena em relação aos períodos analisados.

• Salários e Encargos - Verifica-se que no ano de 2010 ocorreu um aumento significativo de desembolso de caixa, para pagamento de salários e ordenados, devido a provável admissão de novos funcionários, ou ainda, um possível aumento nos salários dos atuais empregados.

• Investimentos - No ano de 2010, ocorreu uma redução no que diz respeito a investimentos, talvez em função que neste período houve um aumento significativo nos demais desembolsos de caixa, impossibilitando a empresa de fazer novos investimentos.

2.5 Fluxo de Caixa como ferramenta de planejamento

Em todos os segmentos empresariais o planejamento é fundamental. Não importa a área de atuação ou o setor da empresa. Não é diferente quando se planeja o fluxo de caixa.

De acordo com ZDANOWICZ 2000: "Os erros e os problemas

decorrentes da utilização do planejamento são, provavelmente maiores que os resultantes das estimativas realizadas previamente pela empresa em seu plano geral de operações".

Uma das tarefas mais importantes do administrador financeiro é planejar.

Se não for realizado um planejamento prévio das atividades, o gestor financeiro corre o risco de ser pego de surpresa, colocando a empresa em sérias dificuldades e até mesmo levando-a à falência. A vida da empresa não pode ser uma aventura expondo-a aos acontecimentos futuros incertos, sem um mínimo de planejamento e de controle financeiro.

É papel do administrador financeiro verificar e analisar se o que foi

planejado está sendo realizado. Desta forma, se o que foi estimado não estiver de acordo, caberá ao mesmo rever as metas e os objetivos traçados, a fim de que a empresa acompanhe as mudanças que por ventura ocorrerem.

Relatam ROSA e SILVA: "Os planos financeiros e orçamentos fornecem

roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além disso, esses veículos oferecem uma estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa [...]".

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Gitman (1997, p.81-82) demonstra a existência de três fontes dos fluxos de capital dentro da empresa, os quais facilitam o planejamento de caixa, que são:

• Fluxo Operacional – são os fluxos ligados diretamente com a produção e venda dos produtos e serviços da empresa, refletindo a demonstração de resultado e as transações das contas circulantes, excluindo-se os títulos a pagar, ocorridas em determinado período.

• Fluxo de Investimento – são fluxos de caixa associados com a aquisição e venda de ativos imobilizados, e participações societárias.

• Fluxo de Financiamento – são fluxos resultantes de operações de empréstimo, financiamentos e capital próprio.

Um planejamento cuidadoso promove uma melhor utilização dos

recursos financeiros, prevendo não só um eventual déficit, como também um possível superávit.

2.6 Fluxo de Caixa como ferramenta de Controle de Operações

As operações financeiras que normalmente influenciam a projeção do fluxo de caixa classificam-se de várias formas, de acordo com a ótica que se pretende analisá-las. Podemos descrever as mais comuns:

• Quantos às características:

Classificam-se, segundo as suas características, as operações

financeiras:

• Operações bancárias comuns: são os descontos de duplicatas, cobranças de títulos e adiantamentos com garantias de duplicatas;

• Operações bancárias especiais: consistem em financiamentos das vendas a prazo, empréstimos com penhor mercantil.

• Operações de financiamento: captação de recursos a longo prazo, que são realizadas em instituições financeiras de fomento e no mercado de capitais.

• Quanto aos prazos de liquidação:

Estas operações resultam das entradas de capital e constituem-se em débitos da empresa. São registrados como empréstimos ou financiamentos passivos. Nas empresas em que há saídas de capital e formação de créditos, registram-se como operações ativas. Ou seja, o fluxo auxiliará o gestor financeiro a controlar todas as operações financeiras que existem em uma empresa. Com o fluxo de caixa em mãos o administrador financeiro poderá, por exemplo, observar se o volume de compras está compatível com o volume de vendas.

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Poderá ainda detectar os períodos em que existe a oscilação das vendas, analisando as causas e buscando alternativas capazes de fazer com que o reflexo disto seja o menor possível para a empresa. 3.1 – Estudo de caso

Utilizando fontes de uma empresa fictícia, segue analise do Fluxo de Caixa projetado para o mês seguinte.

DIA INGRESSOS DESEMBOLSOS SALDO

2.500

1 39.000 36.000 5.500

2 30.000 26.000 9.500

3 29.000 31.000 7.500

4 39.000 29.000 17.500

5 37.000 26.000 28.500

8 30.000 56.000 2.500

9 20.000 21.000 1.500

10 40.000 32.000 9.500

11 36.000 34.000 11.500

12 29.000 33.000 7.500

15 26.000 30.000 3.500

16 30.000 33.000 500

17 33.000 31.000 2.500

18 23.000 27.000 -1.500

19 26.000 30.000 -5.500

22 30.000 29.000 -4.500

23 25.000 26.000 -5.500

24 30.000 30.000 -5.500

25 26.000 27.000 -6.500

26 31.000 29.000 -4.500

29 25.000 27.000 -6.500

30 32.000 30.000 -4.500

TOTAL 666.000 673.000

O fluxo de caixa em estudo demonstra situação complicada a partir do

dia 18, onde faltarão recursos para cumprir com os compromissos. É função do administrador financeiro, detectar as causas que estão ocasionando esta situação, e buscar alternativas de resolver a escassez de recursos, como por exemplo: verificar junto aos diversos setores da empresa, os motivos que

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levaram a esta situação financeira, como: provável redução no faturamento, margem de lucro, aumento no custo de produção, inadimplência, etc.

A seguir, buscar alternativas para suprir a necessidade financeira no

cumprimento das obrigações.

Fluxo de Caixa realizado no mês.

DIA INGRESSOS DESEMBOLSOS SALDO

2.500

1 37.000 36.000 3.500

2 31.000 26.000 8.500

3 30.000 32.000 6.500

4 37.000 28.000 15.500

5 37.000 27.000 25.500

8 32.000 57.000 500

9 21.000 20.000 1.500

10 38.000 32.000 7.500

11 37.000 34.000 10.500

12 27.000 33.000 4.500

15 27.000 30.000 1.500

16 36.000 33.000 4.500

17 33.000 31.000 6.500

18 24.000 28.000 2.500

19 27.000 28.000 1.500

22 30.000 30.000 1.500

23 24.000 25.000 500

24 30.000 30.000 500

25 25.000 25.000 500

26 31.000 31.000 500

29 25.000 25.000 500

30 32.000 31.000 1.500

TOTAL 671.000 672.000

Analisando o fluxo de caixa realizado e comparando com o projetado,

observa-se que houve atuação do administrador financeiro, conseguindo adequar os ingressos de recursos necessários ao cumprimento das obrigações assumidas, sendo visível a captação de recursos no dia 18, onde, como pode-se observar no fluxo de caixa projetado, apresentava falta de recursos.

Salienta-se que a simples captação de recursos, não significa que o

problema financeiro da empresa foi resolvido por completo, uma vez que os

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recursos captados deverão ser pagos no vencimento, necessitando assim a solução do real problema que ocasionou a falta de recursos. É preciso não se esquecer que alguns negócios apresentam características atípicas, como por exemplo, o fato de o negócio destruir caixa em determinados períodos do ano pode ser um fato normal na vida da empresa.

Empresas que possuem forte sazonalidade podem apresentar fluxo de

caixa negativo na transição do período de vendas altas para o período de vendas baixas sem que isto signifique que o negócio é destruidor de caixa.

O importante é que ao longo do ano ou do ciclo financeiro, o que for

maior, o negócio seja gerador de caixa. A figura abaixo mostra o fluxo de caixa estrutural e desalavancado de uma cadeia de lojas de departamento ao longo de um ano. Analisando o gráfico percebe-se que o fluxo de caixa da empresa passa por três situações distintas ao longo do ano: ora gera caixa, ora destrói e ora oscila entre pequenas gerações e pequenas destruições de caixa.

No entanto, considerando o ano como um todo, o negócio é gerador de

caixa. Conclusão

Buscou-se nesse trabalho apresentar ferramentas para evidenciar um dos ativos mais importantes de uma empresa, o “Disponível” - pois é ele que supre as necessidades básicas diárias de uma organização, permitindo a continuidade de seu funcionamento.

Percebe-se ainda mais a importância do fluxo de caixa na gestão

financeira quando as empresas, principalmente aquelas com segmentos de produtos pouco diferenciados, elaboram o fluxo de caixa para cada linha de produto, procurando obter informações cada vez mais detalhadas do seu processo administrativo diário, facilitando assim o seu processo decisório.

O fluxo de caixa é apresentado como instrumento essencial para a

gestão do disponível. A empresa que mantém continuamente atualizado seu fluxo de caixa poderá dimensionar a qualquer momento o volume de entradas e saídas de recursos financeiros, através de mudanças nos prazos de recebimentos e pagamentos, bem como fixar o nível desejado de disponibilidade para o próximo período.

Foram apresentados várias formas e métodos de se elaborar um fluxo

de caixa. Não existe um modelo melhor que o outro, tudo depende da necessidade de informação do usuário. É importante ressaltar que apesar de sua validade o fluxo de caixa apresenta limitações em oferecer informações que diz respeito ao lucro e aos custos dos produtos da empresa. Isto porque sua elaboração é feita pelo regime de caixa e não pelo regime de competência. Todavia, o fluxo de caixa é mais um instrumento que o gestor e o analista de

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mercado têm a seu alcance, para que, juntando-o às demais demonstrações contábeis, possam tomar suas decisões com maior segurança. Bibliografia ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa: Uma decisão de Planejamento e Controle. São Paulo: Sagra 8° Edição. 2000 BARBOSA, Leonardo Costa. Fluxo de Caixa, Essencial na Gestão na Gestão Financeira, 2003 GITMANN, Lawrence J, Princípios de Administração Financeira 7 Editora São Paulo: Harbra, 1997 ASSAF NETO, Alexandre e Silva, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas. 1995. CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos Fluxos de Caixa: Uma ferramenta indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas. 2ª Edição. YOSHITAKE, Mariano. e HOJI, Masakazu. Gestão de Tesouraria: controle e análise de transações financeiras em moeda forte. São Paulo: Atlas, 1997. SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa. Apostila, São Paulo: Top Eventos, 1998. ROSS, Stephen A .WESTERFIELD, Randolph W. JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1995. ROSA. Paulo Moreira da. SILVA. Almir Teles. Fluxo de Caixa: Instrumento de Planejamento e Controle Financeiro e Base de Apoio ao Processo Decisório.Trabalho apresentado no XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiânia. Out. 2000. http://www.valid.com.br/ri