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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Cooperação e Integração: o diferencial para obtenção de Qualidade no Gerenciamento das empresas de Construção Civil (Avaliação do nível se satisfação de operários) Anna Rachel Pessanha da Silva Orientador Prof. Ms. Marco Antônio Larosa Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Cooperação e Integração:

o diferencial para obtenção de Qualidade no

Gerenciamento das empresas de Construção Civil (Avaliação do nível se satisfação de operários)

Anna Rachel Pessanha da Silva

Orientador

Prof. Ms. Marco Antônio Larosa

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Cooperação e Integração:

o diferencial para obtenção de Qualidade no

Gerenciamento das empresas de Construção Civil (Avaliação do nível se satisfação de operários)

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão Estratégica e Qualidade Total.

Por.: Anna Rachel Pessanha da Silva.

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Agradeço ao orientador Ms. Marco

Antônio Larosa. Aos professores pela

imensa troca de conhecimentos,

principalmente a professora Adélia

Maria Oliveira de Araújo e Mauri

Gerhardt. Aos colegas de estágio do

Núcleo Empresarial UCAM. A minha

grande amiga Karla Luciana e a todos

que, direta e indiretamente,

contribuíram e me incentivaram na

confecção e elaboração deste trabalho.

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Dedico este trabalho A DEUS.

Aos meus pais Jorge Luiz e Sueli que me

deram a vida e me proporcionaram a

iniciação ao maravilhoso mundo do

conhecimento. A minha irmã

Melhissandra, por me mostrar que as

coisas nem sempre acontecem como

queremos, todavia não devemos desistir e

por se mostrar uma grande companheira

nos momentos difíceis.

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RESUMO

Por: Anna Rachel Pessanha da Silva

A avaliação e análise do nível de satisfação dos trabalhadores

constituem-se em importante instrumento para orientar adequadamente os

esforços de empresas que objetivam a melhoria da qualidade e aumento da

produtividade.

Este trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa de campo,

apoiada no modelo de QVT de Walton, realizada através de entrevistas com 20

operários de uma média empresa de construção de edificações engajada em

Programas da Qualidade. Através destas entrevistas foram avaliados e

analisados os efeitos das iniciativas de melhorias desenvolvidas no programa

de qualidade junto ao conjunto de trabalhadores.

O presente trabalho demonstra, também, a viabilidade de aplicação do

modelo de Wealton e da técnica de pesquisa utilizada na indústria da

construção civil.

Palavras chave: construção civil, qualidade de vida, qualidade e programas de

qualidade.

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ABSTRACT

By Anna Rachel Pessanha da Silva

The measurement and analysis of the worker’s satisfaction constitutes an

important tool to guide adequately the efforts of the firm that intend to improve

quality.

This study presents the results of a survey, based on the Walton’s QWL

Model, carried out through interviews with 20 workers from a medium building

firm engaged in quality programs. Through these interviews the effect of quality

program improvement initiatives of on operatives were measured and analysed.

The study indicated that the feasibility of applying Walton’s Model in the

construction industry.

Key words: worker’s satisfaction, QWL Model, Civil Construction and Quality.

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METODOLOGIA

Este trabalho visa, através de pesquisas de campo com trabalhadores

da construção de edificações envolvidos com atividades repetitivas de

empresas do setor, traçar o perfil aproximado dos operários no município do

Rio de Janeiro, no tocante à qualidade de vida e nível de satisfação dos

mesmos.

Conhecer o nível de satisfação dos operários no setor da Construção

Civil é mapear os dados pertinentes e necessários para a elaboração da

melhor estratégia para o aumento da produtividade e conseqüentemente da

lucratividade das Empresas do setor.

Ao sabermos quem são, como se comportam, de onde vêm e quais são

suas habilidades e aspirações, estaremos criando uma nova cultura. Cultura

esta capaz de estimular um maior comprometimento e dedicação de cada

membro da equipe, tornando o ambiente e a realização das atividades mais

atrativa e prazerosa. É necessário que conheçamos os funcionários para que

possamos motivá-los da forma mais adequada para assim conseguirmos o

melhor desempenho de cada membro da equipe.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................... i

LISTA DE FIGURAS ................................................................................... v

LISTA DE QUADROS ................................................................................ vi

CAPÍTULO I – Gerenciamento na Construção Civil ................................... 01

CAPÍTULO II – Gestão Estratégica ............................................................ 24

CAPÍTULO III – Gestão pela Qualidade Total ............................................ 39

CAPÍTULO IV – Motivação e Satisfação do Trabalho ................................ 68

CAPÍTULO V – Qualidade de Vida no Trabalho ........................................ 81

CAPÍTULO VI – Método de Pesquisa ........................................................ 89

CAPÍTULO VII – Estudo de caso ............................................................... 95

CAPÍTULO VIII – Conclusões e Recomendações ..................................... 112

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................. 117

ANEXOS ..................................................................................................... 122

ÍNDICE ....................................................................................................... 130

FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................ 133

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INTRODUÇÃO

A construção civil, em específico o sub-setor de construção de edificações é

visto pelos meios de divulgação, pela população em geral e até mesmo por

entidades e pesquisadores como um sub-setor que se caracteriza por

indicadores desfavoráveis em termos de produtividade, qualidade,

desperdícios, prazos e custos. Sem questionar a veracidade deste estigma,

tem-se observado nos últimos anos o engajamento de empresas e entidades

dedicadas à construção no sentido da implementação de uma série de

iniciativas voltadas à melhoria do setor, buscando reverter este quadro.

A quantidade de intervenientes no processo de construção de edificações,

da idealização à conclusão de um empreendimento, torna extremamente

complexo o estabelecimento de linhas de ação ou a priorização de abordagens

quando se busca a melhoria da qualidade.

Sabemos, também, que as “Regras de Ouro” das Empresas são: ideologia,

visão de futuro e alinhamento da visão com a implementação, ou seja,

qualidade no gerenciamento aliado a uma boa campanha de vendas (interna e

externa). Este é o grande desafio das empresas que desejam permanecer no

mercado por longos anos.

Um perfeito gerenciamento ou gerenciamento de qualidade, aliado a um

bom Programa de Qualidade, tem se tornado um instrumento de grande valia

desde que utilizado em todo o ciclo de vida para um empreendimento, desde

sua concepção até o seu ciclo de operações. Tais contribuições podem ser

traduzidas em ganho de eficiência, redução de custos, potenciação de

lucros e principalmente a sedimentação de uma nova cultura no setor.

Esta cultura, voltada às pessoas, permite que as mesmas trabalhem em

ambientes mais colaborativos e promissores caracterizando assim, a aplicação

de um projeto de Endomarketing, um valioso instrumento na conquista do

comprometimento organizacional, que é hoje uma das expressões mais

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utilizadas quando se discute qualquer ação a ser implementada nas Empresas.

A análise desta cultura deverá representar sempre o ponto de partida para o

equacionamento das estratégias a serem utilizadas no processo de mudança

ou de inovação.

De acordo com Bekint (1995) Endomarketing apóia-se na idéia de que uma

boa imagem solidificada junto ao cliente interno aumenta a chance de sucesso

nas ações de Marketing com o público externo.

Para um sub-setor com características próprias como o de construção de

edificações tradicional, com pouca estruturação, dificuldade de controle e

grande heterogeneidade de produtos, materiais, processos e intervenientes, a

participação e engajamento dos trabalhadores, detentores naturais do “saber

fazer”, é crucial para o sucesso da iniciativa. Obter a adesão dos mesmos

torna-se, portanto, extremamente relevante, pois este comprometimento

organizacional, o sucesso de um programa de qualidade, principalmente nas

pequenas empresas, será muito mais difícil de concretizar-se (IRÊ LIMA,

1995).

Entre os quatro enfoques apresentados por Toledo (1997) para implementar

a qualidade – metrológico, estatístico, econômico-administrativo e motivacional

– parte-se do pré-suposto de que este último, baseado na mobilização da MO,

visando à melhoria da qualidade a partir de esquemas participativos, é o que

mais se adequa à situação das pequenas empresas de edificações.

Neste contexto, a utilização da linha de pesquisa denominada Qualidade de

Vida no Trabalho – QVT, baseada na sondagem de opiniões de trabalhadores

sobre seu grau de satisfação quanto aos vários fatores que interferem na

situação de trabalho, constitui-se em instrumento apropriado, pois favorece as

informações e subsídios que as empresas necessitam para encaminhar,

adequada e objetivamente, suas iniciativas de melhoria.

O presente trabalho visa unir os fundamentos destes conceitos para que se

crie uma nova cultura, a fim de desestruturar a forma cartesiana e lógica de

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pensar de líderes e gestores do setor da Construção Civil, proporcionando

maior satisfação aos trabalhadores do setor.

O objetivo geral deste trabalho consiste em avaliar o nível de satisfação

dos trabalhadores de empresas de construção de edificações de pequeno e/ou

médio porte, engajadas em programas de qualidade e que estejam

implementando iniciativas de melhorias, quanto aos vários fatores que

interferem na situação de trabalho, mensurando a importância dos mesmos

para o atendimento de suas necessidades e anseios.

Como objetivos específicos à pesquisa pretende:

• Desenvolver e testar um instrumento de coleta de dados apropriado para

avaliar o nível de satisfação dos trabalhadores do sub-setor de

construção de edificações sobre os vários fatores que interferem na

situação de trabalho e que forneça subsídios às empresas para a

tomada de decisões;

• Efetuar levantamento das iniciativas de melhoras implementadas pelas

empresas nas condições e organização do trabalho;

• Avaliar o nível de satisfação dos trabalhadores das empresas

construtoras de edificações, relativamente a um conjunto de fatores que

interferem na Qualidade de Vida no Trabalho, definidos a partir do

Modelo de Walton e de teste piloto;

• Verificar a convergência entre as iniciativas de melhorias adotadas pelas

empresas e o nível de satisfação dos trabalhadores sobre a QVT.

Pode-se considerar que estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho

ainda são relativamente escassos no Brasil, apesar dos trabalhadores

pioneiros já desenvolvidos sobre o tema, como QUIRINO e XAVIER (1997) em

organizações de pesquisa, o de RODRIGUES (1992) com gerentes de

indústrias de confecções, o de FERNANDEZ e GUTIERREZ (1988) com

vendedores e gerentes de lojas, o de FERNANDES e BECKER (1988) com

pessoal de Centros de Processamentos de Dados, o de FERNANDES e

REDÓN (1992) com trabalhadores em abatedouro de aves, o de MORAES et

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al. (1992) que diagnosticou a qualidade de vida e stress em chefias de

empresas do setor público e privado, o de VIEIRA (1993) com enfermeiros em

hospital de ensino e o de TANNHAUSER (1994) que investigou as

possibilidades de contribuição dos psicólogos organizacionais à gestão dos

recursos humanos. No que tange à construção de edificações as únicas

pesquisas sobre QVT que se têm notícia é a de LIMA (1995) avaliando o nível

de satisfação sos operários da construção de edificação nas cidades sulistas

de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre e a de CORDEIRO e MACHADO

(2002) que diagnosticou os requisitos para uma qualificação profissional dos

operários de Feira de Santana na Bahia, apesar do produto resultante do

trabalho do sub-setor ser fundamental para a totalidade da população tendo em

vista que 1 (um) em cada grupo de 8 (oito) trabalhadores com carteira

assinada no país, pertence ao setor de construção civil; isso totaliza

aproximadamente 1,5 milhão de pessoas (Fonte: Jornal Nacional – Rede Globo

de TV em 20/05/03).

Esta monografia foi organizada em oito capítulos, visando colocar a

questão da Qualidade na Gestão de edificações como uma necessidade, não

só da empresa, mas da sociedade como um todo e procurando posicionar, do

geral para o particular, desde a importância do sub-setor de edificações no

contexto econômico e social, até a identificação de aspectos do processo

construtivo que repercutem na QVT dos que atuam em pequenas empresas.

_____________________________

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LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 1.1 - Evolução da participação relativa da Construção Civil no

PIB brasileiro .......................................................................

3

Figura 1.2 - Evolução da pop. ocupada na Construção Civil e

participação relativa do setor na pop. ocupada brasileira ...

4

Figura 1.3 - Índice de encadeamento por setor em 1995 ...................... 5

Figura 1.4 - Fluxo de investimentos estrangeiros diretos em setores

selecionados (1996 a 1999) ................................................

6

Figura 1.5 - Participação relativa de setores selecionados na captação

de investimentos externos diretos em 1999 ........................

7

Figura 1.6 - Ciclo de vida dos empreendimentos .................................... 9

Figura 1.7 - Conflitos inerentes aos empreendimentos .......................... 12

Figura 1.8 - Tipos de interferências naturais aos empreendimentos ...... 13

Figura 1.9 - Configuração de um Sistema Planejamento ....................... 17

Figura 1.10 - Configuração de um Sistema de Gerenciamento ................ 17

Figura 1.11 - Configuração de um Sistema Produto ................................. 18

Figura 1.12 - Setor da construção e Sub-setores da construção ............. 21

Figura 1.13 - Fases da implantação de um Gerenciamento de

excelência ............................................................................

22

Figura 2.1 - Principais etapas do Processo de Adm. Estratégica ........... 29

Figura 3.1 - PDCA – Gestão da Rotina e Gestão pela Melhoria

Contínua ..............................................................................

58

Figura 3.2 - Diagrama de Causa-Efeito (DCE) ou Diagrama espinha de

Peixe (DEP) ou ainda Diagrama de Ishikawa ......................

60

Figura 4.1 - Hierarquia das necessidades de MASLOW ........................ 73

Figura 5.1 - Qualidade de Vida no Trabalho e Produtividade ................. 87

Figura 7.1 - Gráfico: Proporção de segmentação de profissionais ......... 99

Figura 7.2 - Gráfico: Idade dos operários da amostra ............................ 100

Figura 7. 3- Gráfico: Tempo de serviço na Const. Civil .......................... 100

Figura 7. 4- Gráfico: Tempo de serviço na empresa .............................. 101

Figura 7. 5- Gráfico: Origem da MO ........................................................ 102

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Figura 7.6 - Gráfico: Razões para a migração da MO ............................ 102

Figura 7. 7- Gráfico: Ocupação na origem dos operários migrados ....... 103

Figura 7. 8- Gráfico: Razões para ingresso na construção civil .............. 104

Figura 7. 9- Gráfico: Grau de escolaridade dos trabalhadores da amostra ................................................................................

105

Figura 7. 10- Gráfico: Estado civil dos trabalhadores da amostra ............ 105

Figura 7. 11- Gráfico: Prole dos trabalhadores da amostra ...................... 106

Figura 7. 12- Gráfico: Moradia dos trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro .................................................................................

107

Figura 7. 13- Gráfico: Tempo de transporte diário nos dois sentidos ....... 107

Figura 7. 14- Gráfico: Número de meios de transportes diários ............... 108

Figura 7. 15- Gráfico: Nível de satisfação dos operários quanto aos critérios (Parte 1/2) ..............................................................

110

Figura 7. 16- Gráfico: Nível de satisfação dos operários quanto aos critérios (Parte 2/2) ..............................................................

111

LISTA DE QUADROS

Pág.

Quadro 1.1 - Hierarquia das decisões ...................................................... 16

Quadro 1.2 - Modulação da Gerência de obras ........................................ 20

Quadro 2.1 - Benefícios potenciais adicionais de uma ênfase em

Administração Estratégica em uma organização ................

27

Quadro 2.2 - Exemplos de fatores ambientais a serem monitorados pela

Administração Estratégica ...................................................

31

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“Vemos as coisas como elas são e perguntamos:

Por quê?

Sonho com coisas que nunca existiram e pergunto:

Por que não? ”

( George Bernard Shaw )

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Capítulo 1

GERENCIAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

“Se realmente entendemos o problema, a resposta virá dele,

porque a resposta não está separada do problema.”

Jiddu Krishnamurti (1895 - 1986)

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Capítulo 1 GERENCIAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O gerenciamento tem se mostrado como um conhecimento

amplamente eficaz na viabilização e aperfeiçoamento de negócios e

empreendimentos nos mais diversos setores da economia. O gerenciamento se

torna um instrumento de grande valia quando este é utilizado em todo o ciclo

de vida de um empreendimento, desde a sua concepção até o seu ciclo de

operação ou utilização.

No setor de arquitetura e construção, o gerenciamento tem trazido

grandes contribuições. Tais contribuições podem ser traduzidas em ganhos de

eficiência, redução de custos, potenciação de lucros e principalmente a

sedimentação de uma nova cultura no setor, cultura esta voltada para as

pessoas permitindo assim que estas mesmas pessoas possam trabalhar em

ambientes colaborativos e promissores.

1.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL NO CENÁRIO NACIONAL

A Construção Civil constitui um importante setor para a economia

nacional, sendo responsável direto por parcela significativa e crescente de tudo

o que é produzido na economia - PIB, conforme apresentado na Figura 1.1. o

ano de 1999, a indústria da construção civil respondeu por 10,26% do PIB,

enquanto a agropecuária teve participação de 8,42%, a indústria extrativa e a

de transformação respondeu por 23,69% e todos os serviços, inclusive

financeiros, corresponderam a 62,80% do PIB.

Conforme apresentado, através da participação no PIB, a construção

civil tem um importante papel na geração de empregos e de renda, sendo

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responsável por pouco mais de seis por cento da população ocupada no país

em 1998 (Figura 1.2).

Figura 1.1 - Evolução da participação relativa da construção civil no PIB brasileiro.

O setor se destaca como atividade intensiva em mão-de-obra,

demandando muitos empregos de baixa qualificação, que atendem às

camadas menos instruídas e mais carentes da sociedade. Além disso, o setor

ocupa uma posição estratégica na geração de empregos, uma vez que a

criação de um posto de trabalho na construção demanda reduzidos

investimentos, quando comparado à criação de emprego nas indústrias mais

intensivas em capital.

Embora não estejam disponíveis dados oficiais desagregados sobre a

participação dos sub-setores da construção civil na economia nacional, a

construção de edificações tem atualmente a participação mais expressiva na

composição do PIB da construção e na geração de emprego do setor.

Além da participação direta no PIB, a construção civil demanda, a

montante, inúmeros insumos, gerando riquezas em uma longa e complexa

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cadeia de fornecedores. A jusante da indústria da construção, outras riquezas

são geradas nos serviços de comercialização, manutenção e exploração das

construções, especialmente no setor imobiliário.

Figura 1.2 - Evolução da população ocupada na construção civil e

participação relativa do setor na população ocupada brasileira

Segundo o trabalho da Trevisan Consultores (1997), a construção civil

pode ser considerado um setor tipo “locomotiva”, uma vez que demanda, para

trás na cadeia produtiva, inúmeros insumos e serviços. Utilizando dados de

1995, a Trevisan Consultores (1998) aponta a construção como o quarto setor

da economia nacional em termos de encadeamento de negócios, ou seja, de

geração de riquezas a montante e a jusante da atividade do setor (Figura 1.3).

Nesse mesmo ano, o setor gerou negócios para seus fornecedores

(encadeamento para trás) da ordem de quarenta e oito bilhões de reais; e, para

frente, o setor gerou pouco mais de cinco bilhões em negócios.

Na construção civil a maioria das empresas é nacional e conta com

recursos internos para financiar sua atividade. O caráter nacional da indústria

da construção civil e a sua pequena permeabilidade a concorrentes

estrangeiros é evidenciado nas Figura 1.4 e Figura 1.5 que comparam a

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entrada de investimentos externo direto nos cinco setores de maior capitação

desses recursos com a entrada de investimentos.

Figura 1.3 - Índice de encadeamento por setor em 1995 (Trevisan Consultores, 1998)

Outra característica importante do setor da construção é que a

grande maioria das matérias-primas e dos insumos demandados são

disponíveis e produzidos no país, o que faz com que a atividade econômica

gerada no setor tenha pouco impacto nas importações brasileiras. Algumas

exceções são representadas por insumos petroquímicos utilizados na

fabricação de tintas, PVC, etc., que não são produzidos no Brasil ou que, como

derivados de petróleo, têm seus preços atrelados à cotação internacional.

Por outro lado, o baixo valor agregado da maioria dos insumos da

construção e a alta relação massa / valor desses insumos fazem os custos do

transporte no setor serem bastante significativos na composição do preço final

e desestimulam o comércio internacional de vários dos insumos da construção

como, por exemplo, do cimento.

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Figura 1.4 - Fluxo de investimentos estrangeiros diretos em setores selecionados (1996 a 1999).

Dadas as características dos insumos da construção e o fato destes

serem predominantemente produzido no país e em determinados casos,

regionalmente, o crescimento da atividade produtiva da construção, ao mesmo

tempo em que contribui significativamente para o crescimento nacional, com a

geração de infra-estrutura e de novas habitações e locais de trabalho, além da

criação de postos de trabalho, não causa pressões significativas na balança

comercial do país, sendo um setor estratégico para as políticas públicas de

geração de empregos e de riqueza.

1.2 PROJETOS E EMPREENDIMENTOS

As organizações executam trabalho. O trabalho envolve serviços

continuados e/ou projetos, embora possa haver superposições entre os dois.

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Serviços continuados e projetos possuem muitas características comuns; por

exemplo são: executados por pessoas, restringidos por recursos limitados e

devem ser planejados, executados e controlados.

Figura 1.5 - Participação relativa de setores selecionados na captação de

investimentos externos diretos em 1999.

Serviços continuados e projetos diferem principalmente porque enquanto

os primeiros são contínuos e repetitivos, os projetos são temporários e únicos.

Assim, um projeto pode ser definido em termos de suas características distintas

– um projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um

produto ou serviço único. Temporário significa que cada projeto tem um

começo e um fim bem definidos. Único significa que o produto ou serviço

produzido é de alguma forma diferente de todos os outros produtos ou serviços

semelhantes. (PMBOOK, 2000)

Quando desejamos realizar uma obra, incorporar um edifício, fabricar ou

vender produtos, fornecer serviços, realizar exportações, importações ou outra

atividade qualquer, objetivando recompensas satisfatórias em prazos

razoáveis, estamos planejando empreendimentos.

Embora haja com freqüência vontade de realizar um empreendimento, é

necessário determinar o tipo de empreendimento e para isso se faz necessário

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que nos façamos determinadas indagações em relação a alguns itens. Estes

itens e indagações são, por exemplo:

a) Identificar o mercado, o tipo de cliente (público-alvo) e quais as

necessidades destes possíveis clientes: Qual o produto, a matéria-prima ou

serviço que falta no mercado?

b) Avaliar a possibilidade de componentes, produtos serviços inovadores no

mercado que poderiam melhorar a qualidade de vida dos usuários: Qual a

tecnologia que poderia melhorar as atuais produções, vendas e serviços?

A partir das respostas para perguntas como estas é que poderemos

conceber a proposta para o novo negócio ou empreendimento.

1.3 CICLO DE VIDA DOS EMPREENDIMENTOS

Como os projetos possuem um caráter único, a eles está associado um

certo grau de incerteza. As organizações que desenvolvem projetos

usualmente dividem-nos em várias fases visando um melhor controle gerencial

e uma ligação mais adequada de cada projeto aos seus processos

operacionais contínuos (ongoing operations – representa todas as atividades

de caráter repetitivo e contínuo ou seja, não caracterizadas como projeto).

(PMBOK, 2000)

O conjunto de fases de um projeto é conhecido como ciclo de vida do

projeto. Todos os empreendimentos possuem um ciclo de vida (Figura 1.6), isto

é, têm um início, um crescimento e um fim.

A empresa por sua vez se diferencia do empreendimento, pois

teoricamente não tem fim. A empresa, uma vez em operação, não possui data

para terminar suas operações. Neste conceito diz-se que os empreendimentos

possuem diversas fases com características bem definidas. São elas:

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Ciclo de vida dos Empreendimentos

Figura 1.6 – Ciclo de vida dos empreendimentos.

a) Viabilidade: fase que compreende todos os estudos necessários para

uma completa definição das condições em que o empreendimento é

viável, bem como, estabelecer as diretrizes de implantação.

b) Implantação: etapa que são desenvolvidos todos os trabalhos relativos à

projetos (estruturais, elétricos, mecânicos, arquitetônicos, hidráulicos e

outros), obras, fornecimento de suprimentos e montagem de

equipamentos.

c) Operacionalização: etapa que inclui o início da operação, treinamento de

operários envolvidos na execução das atividades, testes de materiais e

passagem para a fase das atividades cotidianas.

Viabilidade Implantação Operacionalização

Nascimento Desenvolvimento Término

- Estudos Preliminares - Planos

- Treinamento - Testes - Passagem p/ operação

Decisões Gerenciais sobre: - Necessidades - Parâmetros - Objetivos, etc.

Crescimento

- Projetos de engenharia - Construções - Suprimentos - Aprovação

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1.4 CONCEITO DE GERÊNCIA

Gerenciar consiste acompanhar as diversas fases de desenvolvimento

do produto (no nosso caso, edifícios), de forma a fornecer para a obra um

projeto executivo racional com custo planejado e prazo compatível, ou seja, é

um conjunto de ações destinadas a dirigir, planejar, organizar e controlar as

atividades necessárias à obtenção de um determinado objetivo.

“Gerenciar é fazer as coisas acontecerem através de outras pessoas.”

(Autor desconhecido)

Entretanto, para melhor entender-se o que é gerenciar, deve-se analisar

através da missão a que se destina o gerenciamento, ou seja, daquilo que se

espera conseguir com o gerenciamento.

1.5 LINHAS DE ATUAÇÃO DA GERÊNCIA DE EMPREENDIMENTOS

Para exercer as funções de gerência, qualquer gerente deve apoiar-se

em três naturezas. São elas natureza administrativa, natureza Técnica e

natureza Institucional e são apresentadas abaixo.

a) Natureza administrativa: é a natureza responsável pelas contratações

de funcionários, administração de contratos, Organização e Métodos

(O&M), secretaria, administração de pessoal e caixa, etc.

b) Natureza Técnica: é a natureza responsável pela concepção dos

projetos (estruturais, elétricos, hidráulicos, incêndio, arquitetônico, dentre

outros), obras, suprimentos, montagem de equipamentos, testes,

treinamentos, etc.

c) Natureza Institucional: é a natureza responsável pelas aprovações de

plantas junto aos órgãos responsáveis, documentos necessários e

congêneres, interfaces com órgãos normativos, obtenção de

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financiamentos, interfaces com associações de classe, interferências

políticas, interpretações de legislações, impactos ecológicos, etc.

1.6 CAUSAS DO DESENVOLVIMENTO DO GERENCIAMENTO

Diversas são as causas que levaram ao desenvolvimento do

gerenciamento. São exemplos destas causas: a alta complexidade dos

empreendimentos, os altos custos, a complexidade na obtenção de

financiamentos, a interferências externas (técnicas e financeiras), o

envolvimento de diversas empresas, a necessidade de retorno do capital em

menor tempo, os impactos sociais e ecológicos (Ex. RIMA – Relatório de

Impacto ao Meio Ambiente) e a interface com órgãos normativos e etc.

Estas causas, naturalmente, variam de intensidade de um

empreendimento para o outro. A construção de uma usina hidrelétrica pode

trazer grandes benefícios, porém pode gerar um enorme impacto no meio

ambiente. Por outro lado, um conjunto residencial popular pode gerar um

grande impacto ambiental, porém pode trazer enormes ganhos na área social.

1.7 GERENCIA DE EMPREENDIMENTOS

O conceito de gerenciar é o mesmo para os dois casos, porém, são

aplicados de forma totalmente diferentes. O termo inglês PROJETC, quando

traduzido para o português, tem como melhor significado a palavra

“EMPREENDIMENTO” e não deve ser confundido com o termo “PROJETO”

que de uma forma ou de outra acaba sendo um termo mais restrito para o

conceito.

Como já dito anteriormente, empreendimento é o conjunto de esforços

despendido durante um período de tempo limitado, por múltiplas empresas, na

execução de atividades não repetitivas para a obtenção de um objetivo

definido, com parâmetros de qualidade, custos e prazos pré-fixados; sendo

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assim, as atividades fim de uma empresa são consideradas aquelas que lhe

possibilitam cumprir sua missão (produção ou operação rotineiras) as

atividades meio são aquelas que servem de suporte às atividades fim

(ampliação do número de produtos, ampliação ou abertura de novas unidades,

um novo ramo de negócios e etc.) e as atividades fim são aquelas possibilitam

chagar-se ao fim sem que o mesmo seja re-definido.

1.8 GERENCIA DE CONFLITOS

Se considerarmos que normalmente os empreendimentos são

originados nas empresas, há que se levar em conta que este enfoque traz uma

série de conflitos entre gerências. Estes conflitos, de uma forma sucinta, são

Conflitos com a produção e Conflitos com as Diretrizes Empresariais (Figura

1.7).

Figura 1.7 – Conflitos inerentes aos empreendimentos.

Vê-se então que um empreendimento tem conflitos de origem interna à

própria empresa ou proprietário. Atualmente, a maior parte dos

empreendimentos está sujeita a um grande número de interferências (Figura

1.8) das mais diversas origens. Dentre elas:

a) Interferências de natureza institucional: são as interferências geradas

por órgãos normativos, órgãos financiadores, órgãos de outros

empreendimentos, órgãos de outros empreendimentos, interferências

políticas, impactos sociais, impactos ecológicos, interferências legais,

} {EMPREENDIMENTO

PrazosPrioridades

AlteraçõesStart-up

Outros

Orçamento Prazos Políticas Financiamentos Outros

Conflitos com a produção Conflitos com as Diretrizes Empresariais

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desapropriações, sindicatos, sociedades diversas (Amigos de bairro,

Entidades de classe), etc.

b) Interferências de natureza técnica: são as interferências geradas por

remoção de interferências físicas, alterações de projeto, ajustes de

projetos para atender outros órgãos, falta de materiais, falta de

equipamentos e outros.

Figura 1.8 – Tipos de interferências naturais aos empreendimentos.

c) Interferências de natureza financeira: são as interferências geradas

por atrasos de pagamentos, inflação da moeda corrente (moeda

instável), determinação de novos preços, reivindicações e outros.

d) Interferências de natureza climática: são as interferências geradas por

chuvas em excesso, furacões (casos extremos), vendavais, enchentes e

outros. Este tipo de interferência independe da vontade dos dirigentes e

devem ser cuidadosamente consideradas durante a fase de projeto.

1.9 MODALIDADES USUAIS DO GERENCIAMENTO

Para que a execução de um empreendimento seja bem sucedida são

necessárias três ações básicas. São elas: ações normativas, ações gerenciais

e ações executivas.

Empreendimentos

Interferências Financeiras

Interferências Técnicas

Interferências Climáticas

Interferências Institucionais

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a) Ações normativas: são ações exercidas pela empresa. Estabelecem

normas e planos para o empreendimento de acordo com o Planejamento

Estratégico Empresarial.

b) Ações Gerenciais: são ações capazes de fazer com que o

empreendimento aconteça dentro das diretrizes estabelecidas pelas

ações normativas.

c) Ações Executivas: são ações que proporcionam a execução do

empreendimento, propriamente dito, de maneira clara e objetiva, sempre

em consenso entre as equipes envolvidas para que no decorrer da

execução do empreendimento não gere grandes mudanças.

1.10 GERENCIAR EMPRESAS x GERENCIAR OBRAS

Um dos motivos de insucesso na execução de uma obra, ou seja, não se

conseguir ao final os resultados físicos e financeiros esperados, é a utilização

na obra dos mesmos critérios e procedimentos administrativos utilizados na

empresa do tipo indústria seriada ou de serviços.

Uma OBRA requer o uso de técnicas e procedimentos especializados

compatíveis. Estas técnicas e procedimentos são: cronograma, orçamento

rígido, relações multi-empresariais, atendimento aos parâmetros pré-

estabelecidos e atividades típicas do setor. A OBRA propriamente dita

necessita de:

1. Pessoal com perfil adequado às funções;

2. Mão-de-obra acostumada com um ritmo de trabalho bastante

inconstante e com picos de esforços consideráveis;

3. Os procedimentos a serem utilizados na obra devem atender, também,

às necessidades da empresa e

4. Utilizar um Sistema de Informação para a Tomada de decisões.

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1.11 CAUSAS DO APARECIMENTO DO GERENCIAMENTO NO SETOR

A princípio as principais causas do aparecimento do gerenciamento no

setor da construção civil foram:

1. Desenvolvimento dos conhecimentos e das técnicas relativas ao

gerenciamento.

2. Tecnologia rudimentar - Implementação da informática como

instrumento gerencial.

3. Necessidade de especialização - Mão de obra desqualificada.

4. Perda da visão do todo, pois um empreendimento envolve muitas

empresas e inúmeros projetos.

5. Métodos de gestão ultrapassados - Cultura empresarial conservadora.

1.12 ABORDAGEM SISTÊMICA DO GERENCIAMENTO PARA EMPRESAS

DE CONSTRUÇÃO CIVIL

A abordagem sistêmica do gerenciamento encontra muitas vezes como

obstáculo a confusão de gerenciamento com coordenação de projetos,

fiscalização e supervisão de obras, enfim, atividades de gerenciamento.

É freqüente na construção civil que durante a implantação de

empreendimentos ocorra o afastamento dos principais responsáveis, em

virtude de desvios em relação a metas e custos finais.

Uma das causas desses desvios é a definição de estratégias sem

harmonia e consenso geral das partes envolvidas, gerando conflitos, que em

geral só são identificáveis na fase de produção, onde uma possível reavaliação

da estratégia é insustentável.

A solução para estes desvios seria um sistema composto por partes

coordenadas entre si, é elaborado de forma a gerar um conjunto de partes

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inter-relacionadas. Este Conjunto é formado por três sistemas, são eles:

Sistema Planejamento, Sistema Gerencial e Sistema Produto.

1.12.1 Sistema Planejamento

O Sistema de Planejamento está contido em um sistema maior, que é o

sistema de gerenciamento. Os sistemas de planejamento são sistemas de

geração de informações, dirigidas a dar suporte a um sistema de decisões que

buscará o melhor desempenho.

As informações geradas por este sistema devem ser compatíveis com o

nível de decisão as quais foram direcionadas. Esta hierarquia de decisões

(Quadro 1.1) é caracterizada pela definição das ações a serem tomadas, pois

definem qual será o Sistema de Planejamento a ser utilizado. O Sistema de

Planejamento (Figura 1.9) é caracterizado pela união de dois Sub-sistemas,

são eles: Sistema de Programação e Sistema de Controle.

Nota: toda decisão envolve a avaliação de desempenhos e/ou o controle de

comportamento das pessoas envolvidas, isto caracteriza um Sistema de Controle.

HIERARQUIA DAS DECISÕES

AÇÕES SISTEMA DE PLANEJAMENTO

Objetivos e metas Planejamento Estratégico

Decisão de fazer Planejamento da Análise de Viabilidade

Operação e recursos Planejamento Operacional

Produção Planejamento de Produção

Quadro 1.1 – Hierarquia das decisões.

1.12.2 Sistema Gerencial

O Sistema Gerencial (Figura 1.10) compreende além do Sistema de

Planejamento, o Sistema Funcional e o Sistema de Administração. Um Sistema

Funcional, por sua vez, é um conjunto de funções que devem ser cumpridas

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nas organizações para executar procedimentos que possibilitem a continuidade

das atividades através do trânsito de informações no processo decisório dentro

da empresa. Este sistema deve ser dinâmico e flexível para que se adapte às

novas estruturas impostas no decorrer do processo. Um Sistema de

Administração é mais rígido que os Sistemas Funcionais, já que estão

atreladas a atividades tipicamente rotineiras. As rotinas de administração

devem compor sistemas que se identificam por provocar o trânsito de

informações com padrões e prazos definidos.

Figura 1.9 – Configuração de um Sistema de Planejamento.

Figura 1.10 – Configuração de um Sistema de Gerenciamento.

Sistema de Planejamento

Sistema de Programação

Sistema de Controle

Sistema Funcional

Sistema de administração

de rotinas

Sistema de Gerenciamento

Sistema de Planejamento

Sistema de Programação

Sistema de Controle

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1.12.3 Sistema Produto

O Sistema Produto (Figura 1.11) é constituído pela união dos seguintes

sub-sistemas: sistema financeiro, sistema suprimentos, sistema mercado,

sistema estado (Sistema Legal - Tributário) e o sistema formado pelas outras

empresas do ramo, as quais não podemos deixar de considerar, pois se trata

das concorrentes.

Figura 1.11 – Configuração de um Sistema Produto.

Há casos em que o gerenciamento não está voltado apenas para a

empresa de construção civil. Nas empresas estatais e industriais o produto de

construção civil é um meio pelo qual as mesmas visam atender suas

necessidades. Sendo assim estas empresas não possuem estruturas

capacitadas para gerenciar o processo de construção. O gerenciamento, neste

caso, deve atuar na interface produto x empresa, com o objetivo de minunciar o

sistema de decisão da empresa com informações segundo os padrões de seu

sistema gerencial.

1.13 MODULAÇÃO DA GERÊNCIA DE OBRAS

A gerência de obras pode ser modulada conforme as funções

necessárias à sua supervisão e se estabelece conforme apresentado no

Sistema Empresa Sistema

Produto

Suprimentos

Setor da Construção Civil

Outras Empresas

Mercado

Financeiro Estado (Leis)

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Quadro 2.2 apresentado abaixo, com o objetivo de organizar o processo de

execução das atividades básicas.

1.14 CONTRIBUIÇÃO DO GERÊNCIAMENTO DE OBRAS

O setor da construção civil caracteriza-se por ser: uma indústria de

caráter nômade; possuir produtos únicos e não seriados; ser uma indústria

tradicional, geralmente com grande inércia/resistência às alterações); possuir

mão-de-obra intensiva e não qualificada e ter sua cadeia produtiva complexa e

heterogênea (Figura 1.12).

O atraso no setor se dá por diversos fatores, os principais são:

desqualificação da mão-de-obra; a ausência de um Programa de Controle da

Qualidade (PCQ) no processo de produção e uso da habitação; o desperdício

de materiais (ordem de 30% em custos – Picchi:1993); o alto índice de

acidentes de trabalho a necessidade de especialização; a perda da visão do

todo (gerências de projetos não inter-relacionadas); as disputas internas;

tecnologia rudimentar; possuir métodos de gestão ultrapassados e mais

preocupante, a cultura empresarial ultrapassada, o que impede as empresas

de mudarem este cenário. Devido esta cultura empresarial ultrapassada, as

empresas costumam caracterizar-se pelos seguintes fatores: ambiente pouco

estável; estrutura informal; comunicação, predominantemente, verbal;

centralização das decisões e são empresas, geralmente, gerenciadas pelos

donos (em geral c/ formação técnica).

Embora gerenciamento seja freqüentemente confundido com “prestação

de serviços de gerenciamento”, é absolutamente provável que essa “confusão”

favoreça determinados segmentos do setor de construção civil e seja

responsável pelo ganho de eficiência, redução de custos, potenciação de

lucros e sedimentação de uma nova cultura nos setores, voltada às pessoas

que executam os processos.

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GERÊNCIA DE OBRAS

MÓDULOS ATIVIDADES BÁSICAS

Programação e Controle

Programação física

Programação orçamentária

Dimensionamento dos recursos

Controle físico

Controle orçamentário

Índices de desempenho

Produção

Controle da Qualidade

Produção de bancada

Produção de campo

Produção de equipamentos

Administração do contrato

Cláusulas contratuais

Medições

Orçamentos

Reivindicações

Administração do canteiro

Higiene e Segurança

Alojamentos

Refeitórios

Transporte

Almoxarifado

Administração da obra

Caixa

Pessoal

Sub-contratos de serviços

Quadro 1.2 – Modulação da Gerência de obras.

O setor da construção tende a sofrer mudanças, há urgente necessidade

de: adaptação a ambientes mais dinâmicos (exigência de flexibilidade), visão

da organização como um conjunto de processos, maior ênfase no controle

horizontal e redução do controle vertical, interdependência entre organizações

(terceirização / sub-contratação) e aumento da velocidade das inovações

tecnológicas.

O gerenciamento de excelência (Figura 1. 13) se dá no momento em

que as empresas percebem a necessidade de mudanças e iniciam o processo

de busca desta excelência através da formulação de estratégias (Planejamento

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Estratégico) baseados nos princípios da Gestão pela Qualidade Total, dando

ênfase a um trabalho voltado à melhoria da qualificação dos funcionários para

assim proporcioná-los uma melhor qualidade de vida e conseqüentemente

conseguir uma maior produtividade dos mesmos, pois funcionário feliz,

qualificado para a execução de suas atividades e consciente de sua presença

dentro da empresa produz mais e melhor.

Figura 1.12 - Setor da Construção e Sub-setores da construção (Principais cadeias de fornecedores e insumos para geração dos produtos da construção civil.)

A questão da qualidade na construção de edifícios no Brasil vem

recebendo uma atenção crescente, ganhando cada vez mais espaço em

eventos técnicos e publicações, e sendo objeto de iniciativas de programas de

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melhoria, em algumas empresas. Os conceitos gerais da qualidade, apesar de

terem sido desenvolvidos em setores industriais com realidades diferentes da

construção de edifícios, têm se mostrado como universais, podendo ser

adaptados às particularidades de determinados setores, para maior eficiência.

(PICCHI & AGOPYAN, 1993)

Figura 1.13 – Fases da Implantação de um Gerenciamento de excelência.

O enfoque da gestão da qualidade tem evoluído, passando de uma visão

corretiva, baseada na inspeção (identificação e segregação dos itens não

conformes), chegando até as visões mais modernas, baseadas em mediadas

preventivas e um enfoque e um enfoque sistêmico, levando em conta todas as

etapas do processo. Dentro das visões mais recentes, destacam-se os

Sistemas da Qualidade, que têm como base, no mundo todo, a série de

normas ISSO 9000 (no Brasil série NB 9000 ou NBR 19000); em particular a

norma ISO/NB 9004 aborda os Sistemas da Qualidade de uma forma mais

ampla, sem estar restrita a situações contratuais (objeto das normas ISO/NB

9001 a 9003), e sim visando a Gestão da Qualidade pela Associação Brasileira

de Normas Técnicas, ABNT. (ABNT, 1990)

Gerenciamento de excelência

Planejamento Estratégico

Gestão pela Qualidade Total

Endomarketing

Melhor Qualidade de Vida no Trabalho

Produtividade

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Embora no mundo todo este processo de melhoria tem recebido grande

atenção já alguns anos, no Brasil só recentemente se busca priorizar este

aspecto, estando apenas no início de um processo de avanço na área.

“ Elevar os padrões de qualidade do setor significa articular esses

diversos agentes de processo e comprometê-los com a qualidade de seus

produtos parciais e com a qualidade do produto final. “ (Otávio José de Oliveira)

_____________________________

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Capítulo 2

GESTÃO ESTRATÉGICA

“Planejar a longo prazo é necessário,precisamente

porque não podemos prever o futuro.”

( Peter Drucker)

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Capítulo 2 ______________________________GESTÃO ESTRATÉGICA

2.1. A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

O estudo da administração estratégica teve sua formação definida pela

primeira vez após a Fundação Ford e a Carnegie Corporation patrocinarem,

nos anos 50 a pesquisa no currículo das escolas de negócios. Um resumo

desta pesquisa, chamada de relatório Gordon-Howell, recomendou que o

ensino de negócios tivesse uma natureza mais ampla e incluísse um curso de

capacitação em uma área chamada de política de negócios.

O relatório Gordon-Howell conseguiu ampla aceitação. Por volta dos

anos 70, o curso de política de negócios fazia pare do currículo de muitas

escolas de negócios. Entretanto, com o passar do tempo, o enfoque inicial do

curso foi ampliado. Ele incluiu a consideração da organização global e seu

ambiente. Por exemplo, responsabilidade social e ética, como também o

impacto potencial de fatores políticos, legislativos e econômicos sobre o êxito

na operação de uma organização, tornaram-se assuntos de interesse.

Esta ênfase mais recente e mais ampla induziu os líderes da área a

mudarem o nome do curso de Política de Negócios para Administração

Estratégica.

2.2 UMA DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA

[ Do grego strategía , pelo latim strategia.] 1- Arte militar de escolher

onde, quando e com quem travar um combate ou uma batalha. 2- Arte de

aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos.

3- Arte de explorar condições favoráveis com a finalidade de alcançar objetivos

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específicos. Neste contexto, administração estratégica é definida conforme

apresentado abaixo:

“ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA é um processo contínuo e iterativo

que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente

integrado a seu ambiente.”

2.3 BENEFÍCIOS DA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

Uma organização pode obter diversos benefícios praticando

apropriadamente a administração estratégica. Talvez o benefício mais

importante seja a tendência de tais organizações aumentarem seus níveis de

lucro. Embora estudos anteriores tenham concluído que o aumento da

lucratividade normalmente não acompanha a aplicação da administração

estratégica, um significado número de pesquisas recentes sugere que um

eficiente e efetivo sistema de administração estratégica pode aumentar a

lucratividade.

Além de se beneficiar financeiramente, as organizações podem gozar de

outras vantagens na implementação de um sistema de administração

estratégica. Por exemplo, pode levar os membros da organização a se

comprometerem com a realização de metas organizacionais de longo prazo.

Esse aumento no compromisso normalmente surge quando os membros

participam da definição de metas organizacionais, bem como da definição das

estratégias para se atingirem essas metas. Além disso, com a ênfase da

administração estratégica em avaliar o ambiente da organização, é menos

provável que a organização seja surpreendida por movimentos de mercado ou

por ações de seus concorrentes que poderiam colocá-la em desvantagem

repentina. O Quadro 2.1 lista os diversos benefícios suplementares que a

administração estratégica freqüentemente traz para as organizações.

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QUADRO DE BENEFÍCIOS SUPLEMENTARES

• Indica os problemas que podem surgir antes que ocorram.

• Ajuda os administradores a serem genuinamente mais interessados na organização.

• Alerta a organização para as mudanças e permite ações em resposta às mudanças.

• Identifica qualquer necessidade de redefinição na natureza do negócio.

• Melhora a canalização dos esforços para a realização de objetivos pré-determinados.

• Permite que os administradores tenham uma clara visão do negócio.

• Facilita a identificação e exploração de futuras oportunidades de mercado.

• Torna mais efetiva a alocação de tempo e recursos para a identificação de

oportunidades.

• Coordena a execução de táticas que compõem o plano.

• Cria uma estrutura para a comunicação interna entre as pessoas.

• Permite ordenar as prioridades dentro do cronograma do plano.

• Minimiza os recursos e o tempo que devem ser dedicados a corrigir erros de decisão.

Quadro 2.1 – Benefícios potenciais adicionais de uma ênfase em

Administração Estratégica em uma organização.

2.4 CONCEITO DE PLANEJAMENTO ESTRETÉGICO

Para que consigamos implantar um processo de Gestão Estratégica de

forma a ser bem sucedido, é necessário que haja um Planejamento

Estratégico.

Todo planejamento estratégico é concebido através de um Plano

Estratégico fruto de uma pesquisa criteriosa e cuidadosa obre a empresa, o

mercado, as oportunidades, as ameaças e etc e deve acontecer de forma

decrescente na hierarquia da empresa, ou seja, deve acontecer do nível da alta

gerência para o nível de operação.

ANSOFF (1977), um clássico da literatura sobre administração

estratégica, define estratégia empresarial como “a área relativa ao ajustamento

da empresa ao seu ambiente.”

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“PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO é o processo através do qual a

empresa se mobiliza para atingir sucesso e construir o futuro, através de um

comportamento pró-ativo, para o mínimo de 2 anos, considerando o seu

ambiente atual e futuro.”

2.5 TIPOS DE POSTURAS ESTRETÉGICA

A administração estratégica é caracterizada pela postura ou

comportamento através do qual a empresa elabora o seu Planejamento

estratégico. Existem quatro tipos de posturas ou comportamentos, são eles:

defensivo, prospectivo, analista e reativo.

a) Postura defensiva: é característica da empresa que possui sua produção

relativamente estável e possui uma gama de produtos mais limitada que as

empresas concorrentes. Este tipo de empresa protege-se tentando oferecer

produtos de melhor qualidade e/ou menores preços. A empresa que adota esta

postura não está preocupara em liderar o mercado, apenas acredita que faz tão

bem quanto as líderes e imagina que os clientes virão, independente, de serem

líderes ou não.

b) Postura prospectiva: é característica da empresa que atua em mercados

relativamente amplos e está preocupara em introduzir inovações ao mercado,

mesmo que não sejam inicialmente altamente lucrativas. Esta postura é

adotada por empresas que ampliam continuamente sua linha de produtos e/ou

serviços sem que o mercado exija.

c) Postura analista: é característica da empresa que possui uma linha de

produção relativamente estável, mas adiciona novos produtos bem sucedidos

em outras empresas. Este tipo de empresa possui posição intermediária entre

a postura defensiva e a postura prospectiva.

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d) Postura reativa: é característica da empresa que não arrisca novos

produtos, a não ser quando ameaçada por novos competidores. Este tipo de

empresa responde somente quando forçada por pressões competitivas. É o

tipo de empresa que “espera para ver”.

2.6 O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO ESTRETÉGICA

Definimos a administração estratégica como um processo ou uma série

de etapas. As etapas básicas do processo de administração estratégica são

apresentadas na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Principais etapas do processo de Administração Estratégica.

2.6.1 ETAPAS ENVOLVIDAS NA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

Estas etapas são a execução de uma Análise do ambiente;

estabelecimento de uma Diretriz Organizacional; formulação de uma Estratégia

Organizacional; implementação da Estratégia Organizacional e exercício do

Controle Estratégico.

FEEDBACK

Etapa 1 Análise do ambiente - Interno - Externo

Etapa 2 Estabelecendo a

Diretriz Organizacional

- Missão

Etapa 5

Controle Estratégico

Etapa 4

Implementação da Estratégia

Etapa 3

Formulação da Estratégia

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a) ETAPA 1 – Análise do ambiente

O processo de administração estratégica começa com a análise do

ambiente, isto é, com o processo de monitorar o ambiente organizacional para

identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. Nesse contexto, o

ambiente organizacional encerra todos os fatores, tanto internos como externos

à organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização

de objetivos da organização. Exemplos de variáveis ambientais que devem ser

monitoradas durante a análise do ambiente são apresentadas no Quadro 2.1.

Os administradores devem compreender o propósito da análise do

ambiente, reconhecer os vários níveis existentes no ambiente organizacional e

entender as recomendações das normas para realizar uma análise do

ambiente.

b) ETAPA 2 – Estabelecimento de uma diretriz organizacional

A segunda etapa do processo de administração estratégica é

estabelecer a diretriz organizacional ou determinar a meta da organização. Há

dois indicadores principais de direção para os quais uma organização é levada:

a missão e os objetivos organizacionais. A missão organizacional é a finalidade

de uma organização ou a razão pela qual ela existe. Os objetivos são as metas

que a organização têm.

Após ter realizado uma análise do ambiente para apontar os pontos

fortes e pontos fracos, oportunidades e ameaças / riscos para a organização,

freqüentemente a administração fica melhor capacitada a estabelecer,

reafirmar ou modificar sua meta organizacional. Entretanto, a fim de

estabelecer apropriadamente a meta organizacional, a administração deve

saber no que se resume uma declaração da missão organizacional, entender a

natureza dos objetivos organizacionais adotar um processo efetivo e eficiente

para estabelecer a meta organizacional.

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Quadro 2.2 – Exemplos de fatores ambientais a serem monitorados pela administração

estratégica. (Fonte: James F. Brown Jr., “ How U. S. FirmsConduct Strategic Planning”, Management

Accounting, Fevereiro de 1986, p. 55.)

c) ETAPA 3 – Formulação da estratégia

A terceira etapa do processo de administração estratégica é a

formulação da estratégia. Estratégia é definida como um curso de ação com

vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos. Formular

estratégias é, então, projetar e selecionar estratégias que levem à realização

dos objetivos organizacionais. O enfoque central da estratégia organizacional é

como lidar satisfatoriamente com a concorrência. Assim que o ambiente tenha

sido analisado e a diretriz organizacional, estipula, a administração é capaz de

traçar cursos alternativos de ação em um esforço informado para assegurar o

sucesso da organização.

Para formular apropriadamente a estratégia organizacional, os

administradores devem compreender profundamente as diversas abordagens

para a formulação estratégica tais como Análise das Questões Críticas, Análise

dos Pontos Fortes/ Pontos Fracos/ Oportunidades e Riscos, Matriz de

Crescimento.

Características Organizacionais • Participação no Mercado; • Qualidade dos produtos; • Fluxo de caixa/investimento de

capital bruto.

Comportamento do mercado e do consumidor

• Segmentação do mercado; • Tamanho do mercado; • Desenvolvimento de novo

mercado; • Lealdade do comprador.

Fornecedor • Principais mudanças na

disponibilidade de matérias-primas.

Social Econômico e Político • Tendência do PNB; • Taxas de juros; • Disponibilidade de energia; • Governo – estabelecidos e

legalmente impostos.

Estrutura Industrial • Taxa de mudanças tecnológicas

em produtos ou processos; • Grau de diferenciação do

produto; • Estrutura de preço/custo da

indústria; • Economia em escala.

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d) ETAPA 4 – Implementação da Estratégia organizacional

A quarta etapa do processo de administração estratégica é a

implementação da estratégia organizacional. Esta etapa envolve colocar em

ação as estratégias desenvolvidas logicamente que emergiram de etapas

anteriores ao processo de administração estratégica. Sem a implementação

efetiva da estratégia, as organizações são incapazes de obter os benefícios da

realização de uma análise organizacional, do estabelecimento de uma diretriz

organizacional e da formulação da estratégia organizacional.

A fim de implementar com sucesso a estratégia organizacional, os

administradores devem ter uma clara idéia de assuntos distintos: quantas

mudanças são necessárias dentro de uma organização quando se implementa

uma nova estratégia, qual é a melhor forma de se lidar com a "cultura" da

organização para garantir que a estratégia será de fato tranqüilamente

implementada, como a implementação da estratégia e suas formas de

estruturas organizacionais estão relacionadas, que diferentes abordagens de

implementações um administrador pode seguir e que conhecimentos são

necessários aos administradores que esperam ser bem-sucedidos na

implantação da estratégia organizacional.

e) ETAPA 5 – Controle Estratégico

A quinta etapa do processo de administração estratégica é o controle

estratégico. O controle estratégico é um tipo especial de controle

organizacional que se concentra na monitoração e avaliação do processo de

administração estratégica para melhorá-lo e assegurar um funcionamento

adequado.

Para realizar com êxito essa tarefa, os administradores devem

compreender o processo de controle estratégico e os papéis das auditorias

estratégicas (determinação do ambiente organizacional). Além disso, os

administradores devem compreender os meandros dos sistemas de

informações da administração e a forma como tais sistemas podem

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complementar o processo de administração estratégica. Esse processo dentro

de qualquer organização é tão bom quanto a informação em que se baseia.

Poucas empresas praticam a Gestão Estratégica. Eventualmente

algumas empresas possuem estratégias implícitas e desconhecem o assunto,

pois não estão familiarizados com conceitos como: negócios, missão, objetivos

e metas. Geralmente as empresas neste setor não agem de forma prospectiva,

sendo assim acreditam não ser necessário um Planejamento Estratégico.

2.7 QUESTÕES ESPECIAIS EM ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA

As principais etapas esboçadas até aqui são fundamentais ao processo

de administração estratégica. Duas outras questões significativas receberam

especial atenção nos últimos anos e os administradores devem considerá-las

cuidadosamente para determinar como a administração estratégica deve ser

praticada dentro de uma organização em particular. Essas questões são as

operações internacionais e a responsabilidade social.

2.7.1 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA E OPERAÇÕES

INTERNACIONAIS

Durante os últimos anos, os negócios tenderam a se envolver com as

atividades internacionais. Como se espera que essa tendência continue, cada

vez mais as organizações terão questões internacionais a considerar no futuro

como parte de seu processo de administração estratégica.

Antes dos administradores poderem determinar qual a melhor forma de

incluir o “fator” questões internacionais no processo de administração

estratégica, devem estar plenamente cientes das variáveis internacionais que

podem afetar significativamente suas organizações.

A administração internacional é definida como a execução de funções de

administração além das fronteiras nacionais. A tendência das empresas

entrarem mais na arena internacional está em ascensão por causa de

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vantagens potenciais, como baixos custos operacionais, aumento das vendas

e lucros e crescimento continuado. Entre as desvantagens inclui-se se

envolver operacionalmente em muitos ambientes diferentes, tendo dificuldade

em controlar os concorrentes, lidar com diferentes sistemas monetários e

expor-se ao risco de interferências políticas ou revoltas.

As corporações multinacionais (companhias com operações

significativas em mais de um país) enfrentam problemas especiais durante o

processo de administração estratégica. Fatores como diferentes soberanias

nacionais (governos) e diferentes valores nacionais tornam muito complexa a

análise organizacional para tais corporações. Além disso, as tendências

ambientais em uma escala internacional (como redução nas diferenças entre

países) devem ser controladas muito cautelosamente durante o processo de

análise do ambiente. A corporação multinacional deve estabelecer uma

diretriz internacional, bem como uma diretriz loca, através da declaração da

missão organizacional e das metas organizacionais. Entre as estratégias

organizacionais especiais que têm sido formuladas para corporações

multinacionais incluem-se o investimento direto, acordos de licenciamento,

joint ventures e importações/exportações.

Mas, como as unidades domésticas e estrangeiras normalmente operam

de formas diferentes, a implementação de tais estratégias para corporações

multinacionais apresenta formidáveis desafios. Ao avaliar as estratégias, a

administração das corporações multinacionais deve especificar padrões e

garantir que a estratégia implementada atenda-os. Entretanto, aqui também

os diferentes sistemas monetários (freqüentemente instáveis) e as leis de

tributação podem tornar esse processo de avaliação muito complexo e um

tanto subjetivo.

2.7.2 ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Responsabilidades social é a obrigação administrativa de tomar atitudes

que protejam e promovam os interesses da organização juntamente com o

bem-estar da sociedade como um todo. Reconhecer que tais obrigações

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existem tem, necessariamente, um impacto sobre o processo de

administração estratégica.

Para permitir que as responsabilidades sociais influenciem o processo

de administração estratégica de forma apropriada em uma organização, os

administradores precisam de um completo entendimento de questões tais

como: Por qual clientela dentro da sociedade a organização é responsável?

Em que áreas principais a administração deve demonstrar interesse para com

a responsabilidade social? Quais as principais influências internas que afetam

a prática dos negócios na sociedade? Como as “auditorias sociais” podem ser

usadas para facilitar o processo de administração estratégica?

Os depositários ou interessados de uma organização são indivíduos ou

grupos que apostam nos resultados das decisões da administração e podem

influenciar essas decisões. Os administradores de corporações bem-

sucedidas têm obrigações com muitos interessados diferentes. Por exemplo,

eles têm responsabilidades para com: os acionistas ou proprietários da

corporação, para tentar aumentar o valor da empresa; os fornecedores de

materiais e revendedores de produtos, para lidar regularmente com eles; os

emprestadores de capital, para reembolsálos; as agências do governo e a

sociedade, para obedecer às leis; os grupos políticos, para considerar seus

argumentos; os empregados e sindicatos, para garantir ambientes seguros de

trabalho e reconhecer seus direitos; os consumidores, para fornecer e

comercializar eficientemente produtos e serviços; os concorrentes, para evitar

práticas que desvirtuem o comércio e a comunidade local e a sociedade como

um todo, para evitar práticas que prejudiquem o ambiente.

Alguns analistas argumentam que uma ou outra dessas obrigações é

mais importante, mas nós acreditamos que todas elas devam ser

consideradas. As empresas comerciais bem-sucedidas são poderosas forças

na sociedade, e em razão disso, têm certas responsabilidades. Os

consumidores, ao contrário, geralmente estão de acordo quanto a quatro

direitos básicos: direito à segurança, o direito a ser informado, o direito de

escolher e o direito de ser ouvido. Entretanto, esses direitos dependem da

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capacidade e disposição dos consumidores em estarem altamente envolvidos

nas aquisições, e muitos clientes nem são capazes nem estão dispostos a se

envolver. Por exemplo, a criança, muitos idosos e muitos clientes não

educados carecem de experiência ou capacidade cognitiva para processar

informações suficientemente bem para proteger a si mesmos.

Não tem havido consenso sobre o significado preciso da

responsabilidade social ou sobre o grau das obrigações da empresa para com

a sociedade. Definimos responsabilidade social como o grau em que os

administradores de uma organização realizam atividades que protejam e

melhorem a sociedade além do exigido para atender aos interesses

econômicos e técnicos da organização. Em outras palavras, apresentar a

responsabilidade social da corporação envolve a realização de atividades que

podem ajudar a sociedade mesmo que não contribuam diretamente para o

lucro da empresa.

Um dos maiores debates que ocorre na literatura da administração

estratégica é se as empresas devem se envolver em atividades voltadas

principalmente para responsabilidades sociais. Em resumo, o ponto de vista

clássico é que as empresas não devem se envolver, enquanto o ponto de

vista contemporâneo prega que elas devem.

2.8 BARREIRAS AO GERENCIAMENTO DA ESTRATÉGIA

O gerenciamento da estratégia de uma organização enfrenta algumas

barreiras, das quais destacam-se quatro, são elas:

a) Visão e estratégia não compreendidas pelo pessoal

Implementar a estratégia começa por capacitar e envolver todas as

pessoas responsáveis por sua execução, comprometendo-as e com elas

compartilhando esforços e responsabilidades. A maioria dos membros da alta

administração acredita saber como implementar a visão, enquanto que menos

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de 10 % dos gerentes de nível médio e dos funcionários o sabem (KAPLAN e

NORTON, 1997, p. 203).

b) Estratégia não associada às metas de departamentos, equipes e

pessoas

Se as estratégias de longo prazo não forem traduzidas em metas para

os departamentos, equipes e as próprias pessoas, os departamentos acabam

focalizando suas atenções no cumprimento dos orçamentos financeiros

estabelecidos para o exercício e a implantação de um BSC acaba

comprometida.

A implementação da estratégia começa com a capacitação e

envolvimento das pessoas que vão executá-la. O ideal é que todos na

organização, do nível hierárquico mais elevado ao mais baixo, compreendam a

estratégia e como suas ações individuais se encaixam no contexto global.

Fundamental que a equipe executiva, ao compartilhar sua visão e estratégia

com toda a organização, envolva, também, os principais atores externos.

Este alinhamento consiste em um processo demorado que envolve

algumas etapas, a principal consistindo de um verdadeiro programa de

comunicação e educação. Tanto a comunicação quanto a educação têm de ser

abrangentes e periódicas, devendo ser empregados todos os meios

disponíveis: vídeos, reuniões, folhetos, informativos, boletins e quadros de

avisos.

c) Estratégias não associadas à alocação de recursos

Como visto, planejamento, estabelecimento de metas, alinhamento entre

alocação de recursos e iniciativas estratégicas, e orçamento são fundamentais

para que os objetivos estratégicos sejam transformados em ação e realidade.

Assim, a menos que recursos concretos sejam destinados para a efetivação

desses objetivos, as metas estipuladas ficarão intangíveis, impedindo de se

atingir o comprometido.

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d) “Feedback” tático e não estratégico

Um grande benefício do BSC, como sistema de gestão estratégica,

ocorre quando as organizações realizam revisões estratégicas regulares e não

somente análises operacionais. A gestão estratégica por meio de um BSC deve

oferecer oportunidade para o aprendizado através da coleta de dados sobre a

estratégia e da reflexão sobre a continuidade da redirecionamento. Por

exemplo, muitas organizações medem o clima organizacional, muito mais por

ser politicamente correto e para indicar que valorizam seus empregados, do

que por qualquer outro motivo específico. No entanto, uma empresa de

engenharia nos Estados Unidos – a Echo Engeneering (KAPLAN e NORTON,

1997, p. 266) descobriu que seus clientes mais satisfeitos eram aqueles

servidos pelos funcionários mais motivados. Conseqüentemente, a motivação

dos empregados passou não mais a se justificar por si só, mas, sim, por ser um

elemento da estratégia bem sucedida da empresa.

A administração estratégica é um processo contínuo e iterativo voltado

para a manutenção de uma organização como um todo, integrado de forma

apropriada a seu ambiente. O próprio processo envolve a realização de uma

análise do ambiente, o estabelecimento das diretrizes organizacionais, a

formulação da estratégia organizacional, a implementação desta estratégia e

a aplicação do controle estratégico. Além disso, as operações internacionais e

a responsabilidade social podem afetar profundamente o processo de

administração estratégica organizacional, e é importante que as principais

funções de negócio dentro de uma organização estratégica.

_____________________________

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Capítulo 3

GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL

“O primeiro inimigo da Qualidade é a ignorância

e o primeiro inimigo da Garantia da Qualidade é a burocracia.”

( Álvaro Meseguer)

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Capítulo 3 ___________________GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL

Consideremos um rio ao longo do qual vários afluentes desaguam

contribuindo, por conseguinte, para o caudal que chega à foz. Para o rio ter, na

foz, a água totalmente límpida, cada afluente tem de contribuir apenas com

água límpida e, à sua volta, o meio não pode ser poluente, pois de contrário a

água do rio será, ao longo do seu leito e na foz, mais ou menos poluído.

Imaginemos agora que o rio é a empresa, os vários afluentes são as

diferentes funções da empresa, e o caudal o produto ao longo das suas

diferentes fases de realização. No final será um produto com Qualidade, e por

definição Total, se houver uma convergência de esforços de todas as funções

nesse sentido e o meio ( no sentido global da palavra ) for o adequado. Desta

analogia, conclui-se que todas as funções da empresa estão implicados,

devendo contribuir apenas positivamente para que a Qualidade seja Total, pois

de contrário não é Qualidade.

A gestão de uma organização seja de manufatura ou de serviços, com

ou sem fins lucrativos, do governo, social ou de família trata de duas coisas: as

transações e os relacionamentos.

A Gestão pela Qualidade Total (GQT) significa criar, intencionalmente,

uma cultura organizacional em que todas as transações são perfeitamente

entendidas e corretamente realizadas e onde os relacionamentos entre

funcionários, fornecedores e clientes são bem sucedidos (Crosby, 1998).

Sob um ponto de vista mais amplo, a GQT não é apenas uma coleção

de atividades, procedimentos e eventos. É baseada em uma política inabalável

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que requer o cumprimento de acordos com requisitos claros para as

transações, educação e treinamento contínuos, atenção aos relacionamentos e

envolvimento da gerência nas operações, seguindo a filosofia da melhoria

contínua.

Embora a qualidade sempre tenha sido adotada por uma questão de

sobrevivência, devido ao Japão do pós Segunda Guerra Mundial estar

ganhando o mercado ocidental, seus princípios e técnicas promovem melhorias

tais que, atualmente, as empresas de maior sucesso, são aquelas que adotam

as ferramentas de gestão da qualidade.

A Gestão pela Qualidade Total - GQT - é uma abordagem abrangente

que visa melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade de uma

organização por meio de planejamento, organização e compreensão de cada

atividade, envolvendo cada indivíduo em cada nível. É útil em todos os tipos de

organizações.

Os princípios da Qualidade total são: total satisfação dos clientes,

desenvolvimento de recursos humanos, constância de propósitos, gerência

participativa, aperfeiçoamento contínuo, garantia da qualidade, delegação, não

aceitação de erros, gerência de processos e disseminação de informações.

Na GQT temos o gerenciamento da rotina, efetuado por todos os

envolvidos na empresa, e o gerenciamento da melhoria, este último

responsabilidade da alta administração.

3.1 A REVOLUÇÃO DE DEMING

A grande revolução atribuída a Deming - William Edwards Deming

(1900/1993) - que ficou conhecido como o pai da Qualidade Total, ou do

Controle da Qualidade Total, como preferem alguns, foi comprovar que, num

sistema produtivo, a melhoria da qualidade de um produto implica,

naturalmente, em aumento da produtividade. A aceitação desta tese, por

incrível que pareça, ainda hoje encontra resistências. Na primeira metade do

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século foi notória a predominância da velha, clássica e imediatista concepção

de que, numa economia produtiva, o aumento da qualidade compromete a

produtividade e vice-versa.

Esta mentalidade prevaleceu enquanto se vendia tudo o que era

produzido, fosse ou não de boa qualidade. Porém, com o surgimento da

competitividade, começaram a brotar os primeiros investimentos em qualidade.

Deming tentou convencer os empresários americanos da validade de suas

concepções. No entanto, foi somente no Oriente, mais precisamente no Japão,

que suas idéias germinaram.

Após o término da Segunda Grande Guerra, o Japão reunia todas as

condições favoráveis para a adoção dos métodos de Deming. A profunda

humilhação pela derrota frente aos aliados estava a exigir uma compensação

honrosa em que o povo pudesse se apegar para o soerguimento do moral e do

país.

O processo produtivo passou a se decompor em operações

elementares, realizadas por operários que se envolvem, apenas, com algumas

e não mais com todas as etapas da fabricação de um artigo acabado. Quanto

maior a especialização maior à distância entre o operário e o produto final. Não

demorou muito para que peças produzidas em fábricas distintas viessem a ser

combinadas na linha-de-montagem em uma terceira fábrica, muitas vezes

localizada em outro país, até mesmo em outro continente, dando origem a novo

produto, fruto de complexa rede de decomposições/conexões.

No início do século XX, ainda prevalecia a falta de preocupação dos

produtores com a adequação ou conformidade com o que produziam. Com o

aumento da produção e o conseqüente surgimento da concorrência, as

reclamações dos consumidores assumiram considerável vulto, tornando

significativa a quantidade de recusas de produtos que não atendessem às

especificações de fabricação.

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Os primeiros desentendimentos entre produtores e consumidores foram

responsáveis pelo surgimento de inspeções 100%, isto é, inspeções em todos

os itens fabricados, aceitando-se os que atendiam as especificações - itens

conformes - e rejeitando os demais - itens não-conformes. Segundo um ponto

de vista gerencial, uma atitude reativa, visto que, com base no efeito do

produto, atuava-se no próprio produto. Esta ação, no entanto, não interessava

nem ao produtor nem ao consumidor, pois, ambos não admitiam arcar com os

custos da produção dos itens.

O surgimento do Controle Estatístico do Processo - CEP - resultou deste

inconformismo e do promissor desenvolvimento que a Estatística experimentou

na década de 20, com consideráveis aplicações em inúmeros campos do

conhecimento científico.

A grande inovação trazida pelo CEP foi a possibilidade de se empregar

técnicas de amostragem no estabelecimento de ação corretiva no processo de

fabricação. Dessa forma, deixou-se de atuar no efeito da produção de itens

não-conformes, concentrando-se nas causas das não-conformidades. Foi no

final da década de 20, início da de 30, que Walter Shewhart - tido como o pai

do Controle Estatístico do Processo – desenvolveu e publicou diversos estudos

estatísticos sobre amostragem e gráficos de controle.

Se o CEP trouxe uma certa tranqüilidade para o produtor no controle da

fabricação, o consumidor não se sentiu confiante, visto que se houvesse

controle no sistema produtivo, o mesmo era exercido não por ele, mas, pelo

produtor. Este descontentamento do consumidor desdobrou-se levando o

mercado a exigir que requisitos da qualidade fossem incluídos em cláusulas

contratuais. A atual norma ISSO 9001:2000 é uma conseqüência típica desse

procedimento.

Logo se percebeu que para garantir a qualidade em um sistema

produtivo não era suficiente, apenas, enfatizar o processo de fabricação, as

linhas de montagem, mas sim, todos os setores, incluindo as áreas de

finanças, contabilidade, pessoal, limpeza, etc.

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A integração pela qualidade pôde assegurar que a produção atingisse

excelentes níveis de qualidade, no entanto, não tinha condições de permitir que

se conhecesse o desejo do consumidor, nem mesmo o que o concorrente

estava oferecendo.

Atender aos mercados consumidores e estabelecer estratégias

competitivas são questões que afetam principalmente os executivos das

organizações, uma vez que constituem características da gestão estratégica no

atendimento e satisfação do cliente.

Qualidade, Controle da Qualidade – CQ, Controle de Qualidade Total –

CQT e Gestão pela Qualidade Total – GQT são expressões muito comuns na

literatura da qualidade, daí a necessidade de conceituá-las antes de empregá-

las.

3.2. DEFINIÇÕES DE QUALIDADE

O enfoque de qualidade na Administração nasceu da necessidade de se

resolver problemas de uniformidade nas diversas atividades da organização;

surgiu com o Controle Estatístico e após vários estágios chegou à

Administração pela Qualidade Total de nossos dias. Estão entre os principais

autores: Shewart, Feigenbaum, Deming, Juran e Ishikawa. Para se definir

qualidade deve-se atentar para as várias formas que se apresentam, abaixo

serão explicadas cada uma destas formas.

a) Qualidade por EXCELÊNCIA

É a aplicação de melhores talentos e esforços para produzir os

resultados mais elevados, neste enfoque é visado o alcance da eficiência e

eficácia de todo um processo, não se admitindo um compromisso com a

“segunda classe” ou “segunda linha”. Podemos citar como exemplo que para

cavalos de corrida a excelência é a velocidade, enquanto que para o homem é

a superioridade moral.

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b) Qualidade por VALOR

Surgiu no século XVII com a produção em massa contrastando o

barateamento de certos produtos com outros produtos mais caros, que apenas

poucos podiam adquirir. A qualidade, levando em consideração o seu valor, é

vista em função dos seus atributos; materiais constituintes (mais nobres e/ou

mais raros); materiais, processos e produtos finais mais onerosos. Por outro

lado, um fator muitíssimo importante é a relação custo-benefício, que é a que

realmente designa a qualidade para suprir as expectativas e necessidades dos

clientes.

A qualidade não pode ser vista independentemente do custo. O bom negócio

depende da qualidade, do preço e avaliação ou pesquisa dos líderes no

mercado (Análise de ambiente).

Neste raciocínio de Feigenbaun está implícito que existe uma amplitude

que parte de uma qualidade inferior até a qualidade superior. Somente quando

diferenças de qualidade são eliminadas, pela padronização, é que o produto

mais barato torna-se melhor. Genericamente, quanto maior a qualidade, maior

o custo; servem como exemplos o leite tipo “A” e o tipo “B”, “Classe econômica”

e “Classe executiva”, etc.

c) Qualidade por ESPECIFICAÇÃO

Essa definição é concebida pela perspectiva da engenharia, na qual a

qualidade significa o conjunto de características de um produto ou serviço,

sendo essa sua descrição em termos de utilidade, desempenho ou seus

atributos.

Essa qualidade estabelece qual a característica do produto ou serviço, a

qual é descrita como qualidade planejada ou qualidade de projeto. Neste

sentido, composição química, grau de pureza e nível de higiene de uma

cozinha consistem em exemplos da também chamada qualidade planejada.

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d) Qualidade por CONFORMIDADE COM AS ESPECIFICAÇÕES

É a qualidade real que o cliente recebe do produto, sendo ela o

atendimento das especificações previstas. Esta qualidade é maior quanto maior

for a proximidade da qualidade planejada com a real, e terá conseqüentemente

redução em qualquer processo de trabalho. Deve haver a ausência de

deficiência, nesta concepção podemos dizer que a qualidade de conformidade

com especificações é sinônimo de regularidade e confiabilidade.

e) Qualidade por REGULARIDADE

É caracterizada através da redução de variações, para mais ou para

menos, no tocante ao volume, espessura, largura, profundidade, cor, matérias

prima envolvida e congênere, em um processo de fabricação de produtos ou

prestação de serviços.

f) Qualidade por ADEQUAÇÃO AO USO

Fitness for use é a qualidade segundo a perspectiva do cliente. A

adequação do produto ou do serviço abrange a qualidade do projeto e a

ausência de deficiência. A qualidade de projeto compreende as características

do produto que atende às necessidades do cliente e significa: clientes

satisfeitos com os produtos e serviços, produtos e serviços mais competitivos e

melhor desempenho da empresa. A ausência de defeitos significa: maior

eficiência dos recursos produtivos, maior satisfação do cliente com o

desempenho dos produtos e serviços, custos menores de inspeção e controle e

menor tempo para colocação e consolidação de novos produtos no mercado.

3.3 A ERA DA QUALIDADE TOTAL

A evolução da qualidade ultrapassou as barreiras da guerra e diante dos

problemas surgidos, Feigenbaum publicou em 1961 proposições de qualidade

às quais nomeou Controle de Qualidade Total (TQC – Total Quality Control),

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que tinha como pedra fundamental uma definição de qualidade cujo interesse

do cliente era o ponto de partida.

“A qualidade quem estabelece é o cliente e não os engenheiros, nem o

pessoal de marketing ou a alta administração. A qualidade de um produto ou

serviço pode ser definida como o conjunto total das características de

marketing, engenharia, fabricação e manutenção do produto ou serviço que

satisfazem às expectativas do cliente”.

Qualidade deveria ser mais que conformidade com especificações e

predomínio de atividades de inspeção; deveria vir incluído no bem ou serviço

desde o começo, segundo desejos do cliente. Então seguiram outros aspectos

que participariam das características do produto ou serviço, como a

confiabilidade (ciclo de vida) e a manutenibilidade (capacidade de o produto

receber manutenção satisfatoriamente). Segundo Feigenbaum, um produto

atingiria qualidade total ao abranger todos os estágios do ciclo industrial, são

eles:

a) Marketing: avalia o nível de qualidade total desejado pelo cliente e o

custo que ele está disposto a pagar.

b) Engenharia: transforma as expectativas e os desejos do cliente em

especificações.

c) Suprimentos: escolhe, compra e retém os fornecedores de peças e

materiais para a produção.

d) Engenharia de processo: escolhe as máquinas, ferramentas e

métodos para a produção.

e) Produção: possui a importante responsabilidade pela qualidade durante

a fabricação, que é feita através de supervisores e operadores.

f) Inspeção e testes: verificam a conformidade do produto com as

especificações.

g) Expedição: responsável pelas funções de embalagem e transporte.

h) Instalação e assistência técnica (serviços): a instalação e assistência

técnica corretas ajudam a garantir o funcionamento correto do produto.

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Desse modo, a qualidade estende-se além de produtos e serviços e

passa a ser problema de todos, envolve todos os aspectos de operação da

empresa; exige visão sistêmica, para entregar ações às pessoas, máquinas,

gerar informações precisas e outros recursos envolvidos na administração da

qualidade, implicando na existência de um Sistema de Qualidade, ou seja, uma

estrutura cooperativa de trabalho, a qual toda a empresa esteja de acordo,

documentada em procedimentos técnicos e administrativos, efetivos e

interligados, que orientem as ações das pessoas, máquinas e informações de

maneira melhor e mais prática, para assegurar a satisfação do cliente com a

qualidade e o custo econômico da qualidade.

A administração de qualidade começa na administração superior, de

onde vêm a motivação e coordenação do sistema de qualidade e estende-se

aos departamentos de qualidade que devem ter poder para garantir a

qualidade dos produtos e serviços e a fabricação dos mesmos.

No TQC, o fator humano tem papel primordial, pois Feigenbaum dizia

que: “No final das contas, todo produto ou serviço é realizado por um par

de mãos humanas, e que, portanto, a obtenção da qualidade depende da

participação e do apoio das pessoas.”

Até bem pouco tempo, “Controle de Qualidade” era sinônimo de

“Controle Estatístico da Qualidade”, o qual, com o passar dos anos, ficou mais

conhecido como “Controle Estatístico de Processos - CEP”. Esta interpretação

deve-se a ênfase dada ao CEP pelos japoneses, que muito evoluíram seus

processos.

Segundo os padrões industriais japoneses “Controle da Qualidade”

chegou a ser definido como um “sistema de métodos de produção que produz

economicamente bens e serviços de boa qualidade, atendendo aos requisitos

do consumidor. O controle de qualidade moderno utiliza métodos estatísticos é,

portanto um Controle de Qualidade Estatístico.” (ISHIKAWA,1993, p.43). No

entanto, se o CEP foi importante para o Controle da Qualidade evoluir no

Japão, fundamental, mesmo, foi a cultura japonesa de envolvimento geral de

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todos os setores, de todas as pessoas, que levaram o CQ para toda a

organização. A formação de grupos de trabalho informais, constituídos pelos

próprios empregados para analisar as questões de qualidade em seus setores,

os quais ficaram conhecidos como Círculos de Controle da Qualidade

(DEMING, 1990, p. 36, 48, 64 e 102), muito contribuiu para o sucesso desse

enfoque.

Feigenbaum define CQT como um “sistema eficiente que visa integrar

esforços para o desenvolvimento, manutenção e aperfeiçoamento da qualidade

de vários grupos numa organização, de forma a permitir marketing, engenharia,

produção e assistência dentro dos níveis econômicos e que possibilitem

satisfação integral do consumidor” (FEIGENBAUM, 1994, p. 6).

Por acreditar que a qualidade, que é tarefa de todos, pudesse tornar-se

tarefa de ninguém, Feigenbaum defendeu a idéia de que o CQT fosse exercido

por especialistas (ISHIKAWA, 1995,p. 93). Entretanto, este não era - e continua

não sendo - o enfoque nipônico, uma vez que, para os japoneses o CQT tem

de contar com a participação de todos, desde o presidente e diretores,

passando pela gerências gerais e intermediárias, pelos assessores e

assistentes, supervisores, trabalhadores de linha e da administração,

vendedores e incluindo o pessoal terceirizado e sub-contratado. Como informa

Garvin (1992,p.227), o enfoque japonês inclui quatro principais elementos:

1 – o envolvimento de outras funções além da fabricação nas atividades de

qualidade;

2 – a participação de empregados em todos os níveis;

3 – as metas de contínuo melhoramento e

4 – a atenção cuidadosa com a definição da qualidade pelos clientes.

Adepto da linha japonesa, Vicente Falconi Campos, define CQT como “o

controle exercido portodas as pessoas para a satisfação das necessidades das

pessoas” (CAMPOS, 1993, p.15).

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3.4 GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL

Segundo a norma NBR ISO 8402 (ABNT, 1994, p.6), Gestão pela

Qualidade Total – GQT consiste no “modo de gestão de uma organização,

centrado na qualidade, baseado na participação de todos os seus membros,

visando o sucesso a longo prazo, através da satisfação do cliente e dos

benefícios para a sociedade”.

É de se observar que CQT e GQT diferem entre si. Trata-se da diferença

entre controle e gestão. Enquanto o CQT, executado por operadores e

especialistas, focaliza as técnicas e atividades operacionais empregadas na

produção do bem ou do serviço, a GQT, liderada pela Alta Administração, além

do gerenciamento dos processos de controle da qualidade, responde por todas

as atividades da função gerencial que determinam as intenções e diretrizes da

organização, os objetivos e responsabilidades, e os implementam por meios

como o planejamento da qualidade, a garantia da qualidade e a melhoria da

qualidade, como especifica a norma NBR ISO 8402 (ABNT, 1994, p.5). Esta

distinção, entretanto, é recente. Inúmeros autores consagrados, como Garvin,

David A., Ishikawa, Kaoru e Feigenbaum, Armand V., entre outros, deixaram de

salientála, tratando a Gestão pela Qualidade Total sob a titulação de Controle

da Qualidade Total.

3.4.1 DIMENSÕES DA QUALIDADE TOTAL

Para Garvin (1992, p. 59 a 82) as dimensões ou categorias da qualidade

são em número de oito, quais sejam: desempenho, característica suplementar,

confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, estética e, qualidade

percebida. Para Garvin as dimensões da qualidade são estanques e distintas

umas das outras, podendo um produto ser bem cotado em uma dimensão e

mal em outra. No entanto, em muitos casos, as dimensões encontram-se inter-

relacionadas, de tal forma que a melhora em uma dimensão só pode ser obtida

às custas do comprometimento de outra; outra vezes, de duas dimensões,

como confiabilidade e conformidade.

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a) Desempenho: refere-se às características operacionais do produto. No

caso de uma geladeira, por exemplo, temperatura desejada, a facilidade

de manejo, descongelamento automático sem necessidade de

intervenção, otimização do espaço útil e redução do consumo de energia

constituem as principais características desejadas pela maioria dos

clientes. No caso de um serviço, entre as características importantes

estão a rapidez do atendimento e a observância do prazo acordado.

b) Característica suplementar: é aquela que o cliente não espera e tem a

propriedade de surpreendê-lo, ao suplementar o produto. Por exemplo,

um brinde surpresa que acompanha a compra de um produto.

c) Confiabilidade: a confiabilidade reflete o grau de crença que o cliente

atribui ao mau funcionamento do produto num determinado tempo. A

importância da confiabilidade aumenta e diminui na razão direta da

variação do custo de manutenção. Reparos estão entre os principais

fatores que contribuem para a perda de confiabilidade.

d) Conformidade: representa o quanto um projeto ou as características

operacionais de um produto estão de acordo com os padrões

preestabelecidos. A abordagem tradicional da análise da conformidade,

invariavelmente, compara limites de especificações com limites de

controle, avalia índices de capacidade de processos e o CEP (Controle

Estatístico de Processo). Em princípio, contagens simples ou

percentuais de defeitos são normalmente suficientes.

e) Durabilidade: em princípio, pode ser definida como sendo uma medida

da vida útil do produto. Existem produtos que admitem reparos, outros

não, como uma lâmpada que, quando queima, não pode ser consertada.

Quando o produto admite reparos a durabilidade fica mais difícil de se

interpretar e, assim, durabilidade e confiabilidade ficam intimamente

relacionadas, pois, um produto que falha com freqüência deve ser

descartado mais cedo do que outro, mais confiável. Os custos de

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reparos assumem importância na dimensão durabilidade, visto quanto

mais elevados mais aconselhável mudar de marca.

f) Atendimento: a dimensão atendimento tem a ver com a rapidez, a

cortesia e a facilidade de reparo. Uma das preocupações do consumidor

não é com o produto falhar, mas com o tempo de espera até que o

produto venha a ser consertado. A facilidade para chamada de reparo, a

rapidez e pontualidade do atendimento, a cortesia e eficiência no

atendimento constituem os aspectos fundamentais no atendimento.

g) Estética: está relacionada a aparência do produto, sua forma, cor,

maneira de apresentação, é outra dimensão extremamente subjetiva,

uma questão de julgamento pessoal e reflete as preferências individuais.

As técnicas de marketing exercem importante papel nesta dimensão.

h) Qualidade percebida: nem sempre se possui informações sobre um

produto. A durabilidade, por exemplo, raramente pode ser observada

diretamente. O país onde um produto é produzido é considerado por

muitos consumidores uma indicação de qualidade. A imagem ou

reputação de uma organização tem peso considerável na qualidade

percebida de um produto. Esta conclusão tem origem em analogia não

declarada de que “a qualidade dos produtos fabricados por uma

empresa hoje é parecida com a qualidade dos produtos que ela

fabricava em tempos passados, ou que a qualidade de novos produtos é

parecida como a qualidade dos produtos antigos” (GARVIN, 1992, p.

72).

3.4.2 CUSTOS DA NÃO QUALIDADE

Atrasos de aviões, restaurantes sujos, ruas mal sinalizadas e maus

tratos aos clientes são falhas que devem ser cada vez menores para se atingir

a qualidade, uma vez que entre os custos da não qualidade – que consiste em

perdas de materiais e perdas monetárias efetivas – se evidenciam mais: os

produtos perdidos por não serem recuperáveis, o custo de ser refeito um

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determinado trabalho ou tarefa, os custos de eventuais processos nos

organismos de defesa do consumidor e as devoluções; entretanto, por um

outro lado, há o custo implícito nas atividades, que se refletem mais na não

obtenção do lucro ou sua minimização, do que propriamente nas perdas

materiais; podemos citar: os fatores de produção não racionalizados, as perdas

de encomendas, a perda do cliente e/ou do mercado e o comprometimento da

imagem da organização e conseqüente dificuldade na consolidação de novos

produtos no mercado; sendo assim uma maior qualidade diminui o custo.

3.4.3 COMPETINDO EM QUALIDADE

A excelência em todos os aspectos raramente é uma necessidade. Os

japoneses entraram no mercado de automóvel norte-americano enfatizando

confiabilidade e conformidade e relegando a níveis secundários índices de

segurança (desempenho) e pouca resistência à corrosão (durabilidade). Deu

certo. Um erro comum consiste na busca de dimensões da qualidade que não

têm importância para o consumidor. Este fato vem comprovar a necessidade

de se realizar uma pesquisa de mercado bem feita.

3.4.4 IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL

A implantação de um programa de Gestão pela Qualidade Total – GQT

em qualquer organização, seja ela uma unidade fabril ou prestadora de

serviços, uma instituição de ensino, de saúde ou de pesquisa, pública ou

privada, tem por característica primeira a observância de alguns princípios.

Normalmente estes princípios são estabelecidos em função da estratégia de

planejamento escolhida entre várias existentes, como, por exemplo:

a) estratégia de utilização das ferramentas e filosofias do CQT japonês, aí se

incluindo o Círculo de Controle da Qualidade, o CEP, a prevalência da filosofia

dos trabalhos por equipe sobre os individuais, etc.;

b) estratégia proposta por um dos grandes estudiosos da Qualidade, como

Deming, Juran, Feigenbaum, Ishikawa, Crosby, entre outros;

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c) estratégia adotada por uma empresa reconhecida como líder, segundo um

“Benchmarking”, isto é, um “método sistemático de procurar os melhores

processos, as idéias inovadoras e os procedimentos de operação mais eficazes

que conduzam a um desempenho superior” (SIMÕES, 1999, p.1) e

d) estratégia segundo critérios de um grande prêmio de reconhecida

importância, como o norte-americano Malcolm Baldrige National Quality Award,

o japonês Deming Prize e o brasileiro Prêmio Nacional da Qualidade.

3.5 INSTRUMENTOS FACILITADORES E INIBIDORES DA QUALIDADE

Vários são os fatores que influenciam, direta e indiretamente, os

sistemas de Gestão pela Qualidade. Alguns o fazem de forma positiva, como

os procedimentos que valorizam os trabalhos em equipe, outros de maneira

negativa, como o imobilismo diante de gritantes solicitações de mudanças

gerenciais. Dentre os que atuam de forma positiva, alguns gozam de um

caráter cultural, outros se salientam pela operacionalidade. No que se segue,

focaliza-se uma abordagem cultural e procedimentos operacionais.

3.5.1 CULTURA ORGANIZACIONAL

Antes de se tecer considerações sobre cultura organizacional é de bom

alvitre esclarecer qual o entendimento que se lhe atribui. Na presente

monografia tem-se que cultura organizacional refere-se ao conjunto de valores

e símbolos compartilhados pelas pessoas da organização.

A antropóloga Lívia Barbosa observa ser ”comum as pessoas falarem de

cultura organizacional e mudanças de valores referindo-se àqueles que a alta

hierarquia da organização decidiu serem os mais adequados para a empresa.

Um bom exemplo são aqueles quadros que vemos atualmente nos corredores

de várias empresas, ou as declarações de princípio do tipo: “Nossos valores

são ...” Em regra, tais princípios são decididos pela gerência sênior sem

nenhuma participação do restante da organização, tendo pouca legitimidade

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nos demais níveis. Baseiam-se na idéia de que cultura é, apenas, uma questão

de liderança.” (BARBOSA, 1999, p. 136 e 137).

Mais adiante, continua Lívia Barbosa, a cultura de uma organização,

atualmente, é “enunciada como o resultado do pensamento da organização

como um todo, obtido mediante seminários e dinâmicas realizados com todo o

grupo gerencial especificamente com este fim. Assim sendo, na maioria das

vezes em que se fala de cultura organizacional está-se falando dos valores que

o segmento gerencial considera ideais para “tocar” a organização, e não dos

valores que efetivamente existem subjacentes às práticas , às políticas

administrativas, às estratégias, a identidade organizacional etc. dos diferentes

segmentos num determinado momento da vida da empresa.” (ibid, p. 137).

Estas são as razões pelas quais “conhecer a cultura de uma empresa

implica um trabalho de mapeamento, e não de enunciação” (ibid, p. 142).

3.5.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Se a implantação da GQT em uma organização necessita contar com

um planejamento estratégico que inclua, necessariamente, a definição da

missão, da visão e de outros componentes estratégicos, é de fundamental

importância que uma série de procedimentos operacionais se façam rotineiros

em diversos setores da organização.

Dizemos que os processos que levam a um produto ou serviços estão

sob controle quando está assegurado que, toda vez que este produto ou

serviço for gerado, serão utilizados os mesmos materiais, os mesmos

equipamentos, os mesmos métodos, ou seja, de uma forma geral que seja

sempre feito exatamente do mesmo modo. Essa é a meta de um bom Sistema

de Garantia da Qualidade: proporcionar ao executor do processo a necessária

instrução e consistência em termos de métodos, materiais e equipamentos.

Para alcançar essa meta é necessário registrar, com algum detalhe, seus

procedimentos para gerar um produto ou serviço, assegurando-se que esses

registros sejam usados.

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Na maioria das organizações já existem métodos estabelecidos de

trabalho e, então, torna-se necessário apenas escrever o que já normalmente é

feito. Em alguns casos, a empresa pode não dispor de procedimentos que

atendam aos requisitos de uma boa norma e tem necessidade de elaborá-los.

Muitas vezes, duas pessoas que desempenham as mesmas funções

trabalham de forma diferente, sendo necessário padronizar os procedimentos

operacionais executados pelas mesmas. Quando os procedimentos

operacionais são redigidas, as seguintes perguntas podem ser feitas,

facilitando sua elaboração:

1 - O que é feito? => Nome do procedimento ou norma a ser redigida.

2 - Por que é feito? => Objetivo para o qual o documento redigido será

utilizado.

3 - Como é feito? => Materiais e equipamentos envolvidos no processo de

execução e o método que deverá ser utilizado para elaboração e execução do

produto e/ou serviço.

4 - Quem é o responsável? => Talentos humanos envolvidos que serão

responsáveis pelas ações e/ou por assegurar que sejam realizadas.

Na realidade, a implantação da GQT, em qualquer que seja o tipo de

organização, exige a adoção de vários métodos e técnicas que precisam ser

enfatizados, como o ciclo PDCA, o MASP ou MAMP, as sete ferramentas da

Qualidade e o Programa “5S”, brevemente descritos a seguir.

3.5.2.1 Ciclo PDCA

O ciclo PDCA foi criado na década de 30 nos EUA por Shewart, um

físico, funcionário da Companhia Telefônica Bells, é usado em todos os níveis

da Gestão pela Qualidade Total. É um método gerencial de tomada de

decisões para garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência de

uma organização.

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O ciclo PDCA (P de “Plan”, D de “Do”, C de “Check” e A de “Action”) é

um método de controle de processo, de forma cíclica e permanente, e consiste

em quatro etapas (CAMPOS,1992, p. 29/30):

a) Planejar (PLAN): planejar metas e métodos para atingi-las, nesta etapa de

planejamento, devemos ter claros nossos objetivos, as metas e os métodos

para alcançar essas metas.

b) Fazer ou executar (DO): executar as tarefas planejadas e treinar o pessoal

como planejado, nesta etapa, se necessário, deve haver treinamentos para

todos os envolvidos no processo.

c) Checar (CHECK): checar os dados coletados na execução e comparando

os resultados alcançados com o planejado. Muitas vezes o ciclo fica

incompleto, pois não há verificação dos resultados obtidos após a execução do

que foi planejado.

d) Corrigir ou agir corretivamente (“action”): corrigir de forma definitiva no

que não saiu como planejado. Muitas vezes o erro de não checar os dados

impede que sejam tomadas as ações corretivas, agindo sobre as causas do

“não cumprimento” das metas, partindo-se para um novo PDCA.

A partir da verificação pode ser feito um novo planejamento que

considere as deficiências do planejamento anterior. Caso na verificação as

metas tenham sido atingidas, as ações que levaram a esses resultados podem

tornar-se referência (padrão).

Detectar falhas na etapa PLAN (planejamento) do Ciclo PDCA custa

muito menos que detectá-las na etapa CHECK (verificar), portanto, um

planejamento criterioso e participativo, em todos os níveis da organização é

uma das bases da Qualidade Total. O Ciclo PDCA é usado tanto na Gestão da

Rotina, quando o P significa um padrão (Standard – SDCA), quanto na Gestão

pela Melhoria Contínua, conforme apresentado na Figura 3.1.

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3.5.2.2 MASP ou MANP – Método de Análise e Solução de Problemas

O MASP - Metodologia de Análise e Solução de Problemas e o MAMP -

Metodologia de Análise e Melhoria de Processos, são expressões que

traduzem uma técnica empregada para melhorar constantemente operações de

rotina., ou seja, consiste em uma seqüência de etapas que levam a um

planejamento participativo para a melhoria da qualidade de um produto e/ou

serviço de determinado setor em uma organização.

As várias técnicas usadas para cumprir cada etapa do MASP ajudam a

desenvolver um ambiente de trabalho mais saudável, na medida em que as

idéias e opiniões de todos os colaboradores são respeitadas e consideradas.

Figura 3.1 – PDCA - Gestão da Rotina e Gestão pela Melhoria Contínua.

Como diferença entre as técnicas de MASP e MAMP, tem-se que MASP

é reativa, enquanto MAMP é pró-ativa. Na literatura em língua inglesa ambas

são tratadas, por muitos, pela expressão “QC”. As etapas do MASP ou MAMP

são as seguintes:

Tempo

Qualidade Competitividade Sobrevivência Eficácia

A P C A Kaizem

A P C A

Gestão da Rotina

Gestão da Melhoria

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1 – Identificação ou definição do problema;

2 – Encontrar as causas do problema (observação);

3 – Seleção das principais possíveis causas;

4 – Concepção de um “Plano de ação”;

5 – Execução rigorosa do “Plano de ação”;

6 – Verificação e acompanhamento dos resultados

7 – Padronização e

8 – Conclusão (Se o resultado for positivo, adote os procedimentos daí

em diante, se não, tome as ações corretivas começando novamente pelo item

2).

Como se pode ver, não deixa de ser uma aplicação do Ciclo PDCA,

onde o planejamento é feito através das quatro primeiras etapas; a execução

pela quinta; o cheque pela sexta e a correção pelas duas últimas etapas. Muito

freqüente no emprego dessa metodologia são utilizadas as conhecidas Sete

Ferramentas da Qualidade, comentadas, a seguir.

3.5.3 As Sete Ferramentas da Qualidade

Ishikawa (1993, p. 203/204) classificou como “Sete Ferramentas da

Qualidade ” um conjunto de sete técnicas: seis técnicas estatísticas

elementares e um Diagrama de Causa-Efeito (DCE), que ficou conhecido como

Diagrama de Ishikawa, ou mesmo, como Diagrama de Espinha de Peixe

(DEP), por sua configuração gráfica, como se pode ver na Figura 3.2. As sete

técnicas estatísticas que compõem as Sete Ferramentas da Qualidade são:

a) Gráfico de Pareto: indica serem poucas (20%) as causas vitais que

respondem por muitos defeitos(80%) e muitas (80%) as causas triviais

que respondem por poucos defeitos (20%).

b) Estratificação: subdivisão de grupo em diversos sub-grupos com base

em fatores de interesse.

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c) Folha de verificação: nada mais é do que um formulário empregado

para discriminação ou classificação das causas de defeitos.

d) Histograma: é um gráfico em barras, representado uma distribuição de

freqüência, onde o eixo horizontal (eixo dos x) indica intervalos de

valores da variável e o eixo vertical as freqüências destes valores.

e) Diagrama de correlação: é um gráfico empregado para visualizar a

relação entre duas causas de defeitos.

f) Gráfico de Controle Estatístico: os gráfico de controle de Shewhart, é

empregado para monitorar a variabilidade de um processo é também

conhecido como Diagrama de Causa e Efeito (DCE), Diagrama Espinha

de Peixe (DEP) ou ainda Diagrama de Ishikawa e possui a aparência

apresentada na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Diagrama de Causa-Efeito (DCE) ou Diagrama Espinha de Peixe (DEP) ou ainda

Diagrama de Ishikawa.

Para Ishikawa, 95 % dos problemas dentro de uma empresa podiam ser

resolvidos por meio dessas sete ferramentas, as quais, por serem classificadas

EFEITO

Mão de obra Método Matéria prima

Equipamentos Mediadas Meio ambiente

CAUSAS

CAUSAS

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como indispensáveis, chegaram a ser comparadas com as sete ferramentas de

Benkei, um guerreiro samurai do século XII.

3.5.4 Programa “5S”

O “Programa 5S” ou House Keeping é um conjunto de técnicas

desenvolvidas no Japão e utilizadas inicialmente pelas donas-de-casa

japonesas para envolver todos os membros da família na administração e

organização do lar. No final dos anos 60, quando os industriais japoneses

começaram a implantar o Sistema de Qualidade Total em suas empresas,

perceberam que o “5S” seria um programa básico para o sucesso da Gestão

pela Qualidade Total.

A extrema limpeza em todas as áreas de uma fábrica é um traço

marcante da cultura japonesa. Os japoneses acreditam firmemente que um

ambiente limpo aumenta a qualidade. Limpeza no sentido japonês transcende

o conceito corriqueiro associado à palavra, tendo a ver com uma filosofia

ocidental constante de uma programação conhecida como “Programa 5S” ou

House Keeping. Esse programa pode ser conhecido por outros nomes, porém

“5S” é o mais utilizado e vem das iniciais de cinco técnicas que o compõem:

seiri, seiton, seisou, seiketsu e shitsuke que são melhor apresentadas a seguir.

a) Seiri: senso de utilização (arrumação, organização, liberação da área e

seleção) - refere-se à eliminação de tarefas desnecessárias, excesso de

burocracia e desperdícios de recursos em geral. Inclui, também, a correta

utilização dos equipamentos, visando aumentar sua vida útil. As principais

vantagens do Seiri são : conseguir liberação de espaço, eliminar ferramentas,

armários, prateleiras e materiais em excesso, eliminar itens fora de uso e

sucatas, eliminar dados de controle ultrapassados e diminuir o risco de

acidentes. Para a execução do Seiri devem ser definidas as área de descarte.

Essas áreas devem ser devidamente sinalizadas para evitar que se tornem

“áreas de bagunça”. Todo o material descartado deve ser etiquetado e

controlado (materiais para recuperação, alienação, almoxarifado, materiais

para outros órgãos, reciclagem ou para lixo/sucata). A responsabilidade da

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pessoas que está descartando o material só termina no momento do destino

final do matérias descartado.

b) Seiton: senso de ordenação (arrumação, organização e sistematização) –

refere-se à disposição sistemática dos objetos e dados, bem como uma

excelente comunicação visual que facilite o rápido acesso aos mesmos. É uma

atividade para arrumarmos as coisas que sobrarem depois de aplicado o Seiri.

Seu conceito chave é a simplificação. Os materiais devem ser colocados em

locais de fácil acesso e de maneira que seja simples verificar quando estão fora

de lugar. As principais vantagens da aplicação do Seiton são: a rapidez e

facilidade para encontrar documentos, materiais, ferramentas e outros objetos,

a economia de tempo gerada e a diminuição de acidentes.

c) Seiso: senso de limpeza – refere-se a limpeza da própria área de trabalho e,

sobretudo, a consciência de não sujar. O conceito estende-se à limpeza das

falhas humanas que são laváveis, isto é, aquelas não muito graves, bem como

a eliminação das fontes de poluição que afetam não só o produto e os

empregados, mas, também, os vizinhos da empresa. Nesta etapa devemos

limpar a área de trabalho e também investigar as rotinas que geram sujeira,

tentando modificá-las. Todos os agentes que agridem o meio-ambiente podem

ser englobados como sujeira (iluminação deficiente, mau cheiro, ruídos, pouca

ventilação, poeira, etc). Cada usuário do ambiente e máquinas é responsável

pela manutenção da limpeza. A prática do Seiso inclui: não desperdiçar

materiais, não forçar equipamentos e deixar banheiros e outros recintos em

ordem após o uso, etc. Como vantagens da aplicação desse terceiro “S”

temos: melhoria do local de trabalho, satisfação dos empregados por

trabalharem em ambiente limpo, maior segurança e controle sobre

equipamentos, máquina e ferramentas e eliminação de desperdício.

d) Seiketsu: senso de saúde (higiene, asseio e padronização) – refere-se a

preocupação com a própria saúde nos níveis físico, mental e emocional,

enfatizando o asseio e a padronização. Após ter cumprido as três primeiras

etapas do Programa 5S devemos partir para a padronização e melhoria

contínua das atividades. Essa etapa exige perseverança, pois se não houver

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mudanças no comportamento das pessoas e nas rotinas que geram sujeira

logo voltaremos a situação inicial, antes da implantação do programa. Através

do Seiketsu conseguiremos manter a organização, arrumação e limpeza

obtidas através dos três primeiros Ss (Seiri, Seiton e Seiso). Nesta etapa

devem ser elaboradas normas para detalhar as atividades do “5S” que serão

executadas no dia-a-dia e as responsabilidades de cada um. Além do ambiente

de trabalho o asseio pessoal acaba melhorando, pois os funcionários, não

querendo destoar do ambiente de trabalho limpo e agradável, acabam por

incorporar hábitos mais sadios quanto à aparência e higiene pessoais. Como

principais vantagens do estabelecimento do Seiketsu, temos: equilíbrio físico e

mental, melhoria do ambiente de trabalho, melhoria de áreas comuns

(banheiros, refeitórios, etc) e melhoria nas condições de segurança.

e) Shitsuke: senso de autodisciplina (educação e disciplina) – refere-se a

observância de padrões técnicos, morais e éticos, sem necessidade de

nenhum controle externo. A pessoa disciplinada discute até o último momento,

mas, assim que a decisão é tomada, executa o combinado. O compromisso

com o cumprimento dos padrões éticos, morais e técnicos, definidos pelo

Programa 5S, define a última etapa desse programa. Se o Shitsuke está sendo

executado significa que todas as etapas do “5S” estão se consolidando.

Quando as pessoas passam a fazer o que tem de ser feito e da maneira como

deve ser feito, mesmo que ninguém veja, significa que existe disciplina. Para

que esse estágio seja atingido todas as pessoas envolvidas devem discutir e

participar da elaboração de normas e procedimentos que forem adotados no

programa. As principais vantagens desta etapa são: trabalho diário agradável,

melhoria nas relações humanas, valorização do ser humano, cumprimento dos

procedimentos operacionais e administrativos e melhor qualidade,

produtividade e segurança no trabalho.

3.5.4.1 Implantação do Programa 5S

O Programa 5S pode ser implantado como um plano estratégico que, ao

longo do tempo passa a ser incorporado na rotina, contribuindo para a

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conquista da QT e tendo como vantagem o fato de provocar mudanças

comportamentais em todos os níveis hierárquicos.

Embora composto por técnicas simples a implantação do programa é

necessário que sigamos determinadas etapas, são elas: sensibilização,

definição do gestor ou comitê central, anúncio oficial, treinamento do gestor ou

do comitê central, elaboração do Plano-diretor, Treinamento da média gerência

e facilitadores, formação de comitês locais e treinamento de comitês locais

para o lançamento do programa na empresa. Antes do lançamento do

programa, devem ser elaborados formulários para avaliação de cada etapa do

programa, através desses formulários poderemos visualizas se todas as etapas

estão sendo cumpridas e onde há falhas. Cada área onde será implantado o

programa deve ter um diagnóstico inicial, inclusive com registros fotográficos

ou filmagem das áreas para comparação do antes e depois da implantação do

programa.

Muitos dos conceitos da QT se fundem na teoria da melhoria contínua,

(Kaizen: kai, mudança e zen, para melhor), pois a QT é um processo e não um

fato que possa ser considerado concluído. Numa primeira etapa é necessário

estabelecer a ordem para então buscar a QT. Para estabelecer a ordem

usamos o “5S”.

Alguns objetivos desse programa são: melhoria do ambiente de trabalho,

prevenção de acidentes, incentivo à criatividade, redução de custos, eliminação

de desperdício, desenvolvimento do trabalho em equipe, melhoria das relações

humanas e melhoria da qualidade dos produtos e/ou serviços.

3.6 MOTIVAÇÃO RUMO A QUALIDADE TOTAL

A efetiva implantação da Qualidade Total, na maior parte das vezes,

esbarra na dificuldade de mobilização dos colaboradores, sendo importante

haver um roteiro programado tendo a motivação como principal coluna de

sustentação, visando o envolvimento e o comprometimento de todos na

empresa.

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Isto é necessário porque de um lado há o empresário em busca de

lucros e do outro os indivíduos em busca de auto-realização através de

objetivos pessoais, que nem sempre estão vinculados às propostas

organizacionais e que não fazem as mesmas coisas pelos mesmos motivos.

Embora a retribuição salarial represente um período de satisfação, é

certo que esse período é curto se o aumento for uma medida isolada de

motivação; por outro lado, a estabilidade, outro fator motivacional, nem sempre

avalia que os empregados que desfrutam desse privilégio somente se esforçam

para continuar no emprego por não cometer falhas graves, mas não oferecem

o melhor de sua dedicação ao trabalho.

Geralmente a motivação implica três aspectos, são eles: fazer esforço

para realizar algo, manter o esforço até alcançar o objetivo e administrar o

tempo disponível para o desenvolvimento do esforço.

Portanto, como motivar e envolver gradativamente os colaboradores,

assegurando satisfação ao grupo, contribuindo para a mobilidade para a

Qualidade Total? Isto é possível através de cinco etapas, são elas:

a) Mudando o estilo dos gerentes: adequar ocupantes dos cargos de

gerência ao perfil exigido pela competitividade do mercado, fazendo-os

desempenhar os papéis de facilitador, treinador e provedor de recursos.

Isto significa que os gerentes devem agir com urgência diante de

mudanças no mercado; precisam unir esforços conjuntos; possuir uma

visão estratégica; inspirar confiança e estar interligado ao sucesso da

empresa, prevendo inclusive um eventual substituto.

b) Definindo os clientes internos: identificar clientes em determinadas

áreas da empresa, mediante análise das atividades desenvolvidas por

todos os colaboradores. De maneira esquemática pode-se identificar

fornecedores, clientes, produtos e serviços de uma seção e respectivos

responsáveis de modo a escolher o cliente interno que seja considerado

o mais adequado.

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c) Feedback (Retorno): aplicar um método que assegure periódicos

feedbacks aos colaboradores, valorizando suas ações e propiciando

orientações adequadas.

d) Equipes de soluções de problemas: propiciar um projeto de

energização dos colaboradores, voltado para Qualidade Total. Nessa

etapa, o gerente precisa aprender a praticar seu novo papel de

solucionador de problemas, não por detalhar “como fazer”, mas como

subsidiar a formação das Equipes de Solução de Problemas que tenham

em mente as expectativas da empresa. Cientes dessa situação e de seu

poder de atuar, colaboradores sentem-se estimulados a aceitar a

responsabilidade pelos resultados.

e) Garantias internas: estimular o comprometimento dos colaboradores

com a Qualidade Total de suas tarefas, criando condições para este

comprometimento seja reconhecido pelos clientes internos. Os requisitos

a serem seguidos envolvem consenso dos colaboradores quanto à

implementação; escolha de bens e serviços fornecidos de modo a

estabelecer prazos que atendam às necessidades dos clientes internos

e até mesmo estabelecimento de garantia interna.

Evidentemente que não se esgotam aqui as inúmeras possibilidades

motivacionais que podem ser desenvolvidas como apoio às implementações de

um processo de Qualidade Total.

3.7 TENDÊNCIAS NA GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL

A qualidade abandonará o mero cumprimento das especificações e será

caracterizada por inovações contínuas que deixarão o cliente encantado.

Abaixo, apresento dez tendências que os estudiosos dizem serão muito

comentadas nos próximos anos, são elas:

1 - Expansão da qualidade a todas as indústrias e funções empresariais;

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2 - Melhoria da qualidade a um ritmo acelerado;

3 - Parcerias (até com concorrentes);

4 - Formação para todos os membros da equipe;

5 - Equipes de trabalho auto-dirigidas;

6 - Sistemas de informações;

7 - Gestão e engenharia de processos;

8 - Enfoque no cliente;

9 - Benchmarking e auto-avaliação e

10 - Gestão estratégica da qualidade.

De acordo com Agopyan (1993) para que haja resultado satisfatório na

implantação e manutenção de uma política de qualidade é necessário que se

tenha equilíbrio, através de um programa de qualidade com a participação

direta da alta gerência e o envolvimento em massa dos funcionários de todos

os níveis da empresa.

Segundo Garvin (1992, p.257), Qualidade tanto pode ser um problema

como uma oportunidade. Um problema porque, no mundo atual, quem parar de

evoluir fica irremediavelmente para traz. Como declara o professor Longo

(2000, p. 22 e 23) “indivíduos, empresas e países precisam correr cada vez

mais para permanecerem no mesmo lugar”. E uma oportunidade porque os

consumidores, cada vez mais exigentes quanto à qualidade do que adquirem e

contratam, contribuem para que os fornecedores dediquem-se, cada vez mais,

ao gerenciamento da qualidade. Demonstramos aqui que a Qualidade muito

evoluiu, tendo atingido, hoje em dia, a gestão estratégica da Qualidade Total,

cujo foco é o cliente e que exige a melhoria contínua da qualidade e o

comprometimento de toda a organização, processos liderados pela Alta

Direção.

_____________________________

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Capítulo 4

MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NOTABALHO

“Para cada homem de boa vontade, qualquer homem ‘pró-vida’,

há um trabalho a se feito aqui, efetivo, probo e eficaz, satisfatório,

que pode proporcionar um significado fecundo

a nossa própria vida e à dos outros.”

( Abraham H. Maslow)

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Capítulo 4 __________MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO

“Tenha esperança, tenha um sonho e vá em frente”

(Autor desconhecido)

Acredito representa a verdadeira motivação. Compreender a motivação

humana tem sido um desafio para muitos administradores e até mesmo

psicólogos. Várias pesquisas têm sido elaboradas e diversas teorias têm

tentado explicar o funcionamento desta força que leva as pessoas a agirem em

prol do alcance de objetivos. Analisando pesquisas realizadas a respeito do

assunto percebemos que existe ainda muita confusão e desconhecimento

sobre o que é e o que não é motivação. Vemos ainda que a motivação é quase

sempre relacionada com desempenho positivo.

Os fatores que a levam as pessoas a caminhar em determinada direção

podem-lhe ser intrínsecos ou extrínsecos. Quando são intrínsecos, há

motivação; quando são extrínsecos, há apenas movimento. É fato que muitas

vezes, uma pessoa sente-se levada a fazer algo para evitar uma punição ou

para conquistar uma recompensa. Entretanto, em ambos os casos, a iniciativa

para a realização da tarefa não partiu da própria pessoa, mas de um terceiro,

que a estimulou de alguma forma para que ela se movimentasse em direção ao

objetivo pretendido. A pessoa não teria caminhado em direção ao objetivo caso

não houvesse a punição ou a recompensa. As pessoas podem, também, agir

levadas por um impulso interno, por uma necessidade interior. Neste caso,

existe vontade própria para alcançar o objetivo, existe motivação, que pode ser

transformada em movimento permanente por meio da doutrinação. Aliás, é isso

que as organizações produtivas buscam. Porém, na maioria das vezes, o que

se vê é a aplicação de técnicas de estimulo ao movimento imediatista. O

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movimento é uma situação passageira. Só dura enquanto persistirem os

estímulos que o geraram. Além disso, a eliminação dos estímulos normalmente

provoca insatisfação e um comportamento indesejável.

4.1 CONCEITUAÇÃO

O significado da palavra motivação representa a ação de motivar, o

estímulo, ou ainda, o motor que impulsiona para alguma coisa ou algum lugar.

Motivação é “1. Ação ou efeito de motivar. 2. Exposição de causas ou motivos.

3. O que motiva, explica ou justifica alguma coisa. 4. Estímulo, interesse.”

(LAROUSE, 1988)

Vários autores discorrem sobre a motivação e a satisfação dos seres

humanos, sob enfoques semelhantes, ou ainda, com interpretação distinta

sobre o que elas sejam ou como se originam ou atuam.

Segundo Parker (PARKER, 1989), “cada pessoa é motivada por um

sistema complexo de impulsos e motivos. A motivação nos induz a algo, mas

os motivos são mutáveis, complexos e oferecem grande dificuldade à análise.”

Para Parker, a motivação é muitas vezes resultado de aprendizado, o modo de

ação daria prazer, traria recompensa, evitaria punição ou beneficia o amor-

próprio, trazendo algum tipo de satisfação. Tudo o que é aprendido na vida

influencia o nosso comportamento. Esta concepção, na minha opinião,

“behaviorista” - termo utilizado para representar adeptos da escola

comportamentalista, onde o comportamento do ser humano é resultado de um

estímulo externo – não representa o todo do comportamento motivado dos

seres humanos, em vários casos esse comportamento é resultado não apenas

do que foi aprendido, mas também de um sentimento mais profundo de missão

a ser cumprida segundo determinados princípios e valores inerentes a

personalidade de cada ser humano.

Desde a sua concepção, as necessidades de subsistência dos seres

humanos dominam suas ações e também as norteiam ou as justificam. Isso

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não é privilégio apenas dos seres humanos, mas de todos os animais. Até aqui

não existem muitas diferenças. (SIGNORINI & SIMONI, 1994)

Outro conceito importante é o da palavra satisfação, que representa o

contentamento, prazer que resulta da realização do que se espera, o

sentimento de haver correspondido à expectativa e de se saciar com o objetivo

almejado. Satisfação é “1. Comportamento, prazer que resulta da realização do

que se deseja. 2. Explicação, justificativa.” (LAROUSSE, 1988) ou ainda “1. Ato

ou efeito de satisfazer (-se); contentamento. 2. Prazer, alegria. 3. Explicação,

justificativa, desculpa.” (MELHORAMENTOS, 1991)

Parker cita ainda que “a frustração – estado daquele que, pela ausência

de um objetivo ou por um obstáculo externo ou interno, é privado da satisfação

dum desejo ou duma necessidade. (AURÉLIO, 1994) – provoca tensão e essa

induz a comportamento ‘anormal’ pessoas que, em outras circunstância, são

‘normais’. Cada indivíduo pode reagir diferentemente a um estímulo, mas ele

age sobre cada um, fisicamente, de igual maneira. Estímulos são ‘recebidos’ de

qualquer parte do organismo. Embora esse sistema mecânico pareça ser mais

ou menos o mesmo para todos, as reações dependem da personalidade de

cada um. É o estudo da personalidade que é fundamental para a psicologia

moderna, a personalidade compreendida como o eu total constituído de todas

as suas características e atributos.”

Segundo a conceituação apresentada, pode-se concluir que:

a) Motivação é o motor que impulsiona o indivíduo no sentido de atingir o

objetivo desejado, está intimamente ligada ao seu contentamento ou

prazer resultante de estar realizando o esperado, ou seja, da sua

satisfação.

b) Satisfação é o contentamento pela possibilidade de atingir ou de ter

atingido o objetivo desejado, está intimamente ligada a sua motivação

para esse objetivo.

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4.2 NECESSIDADES DOS SERES HUMANOS

Para Maslow a natureza interna dos seres humanos parece não ser

necessariamente má e afirma que suas possibilidades têm sido depreciadas.

“As necessidades básicas (de vida, de segurança, de filiação e de feição, de

respeito e de dignidade pessoal, e de individualização ou autonomia)

(MASLOW, 1954), as emoções humanas básicas e as capacidades humanas

são, ao que parece, neutras, pré-morais ou positivamente ‘boas’. A

destrutivamente, o sadismo, a crueldade, a premeditação malévola, etc. Parece

não ser intrínseco, mas antes, constituiriam reações violentas contra a

frustração de nossas necessidades, emoções e capacidades intrínsecas.”

(MASLOW, 1968)

A melhoria da saúde individual é um método para fazer um mundo

melhor. (MASLOW, 1968) Devemos, portanto buscá-la, ou pelo menos não

obstaculá-la, como pessoa ou como profissionais. Quando da formulação da

sua teoria positiva da motivação, freqüentemente representada como na Figura

4.1, Maslow afirmou poder chamá-la de Teoria Holística-Dinâmica, pois

sintetizava a tradição funcionalista de James e Dewey , estando fundida com o

holismo de Wertheimer, Goldstein, a psicologia da Gestalt e com o dinamismo

de Freud e Adler (apud MASLOW, 1954). Nela apresentou as necessidades

básicas dos seres humanos como sendo:

a) Necessidades fisiológicas: inclui os impulsos ou necessidades

fisiológicas como a fome, a sede, o sexo e as necessidades

relacionadas com a fadiga, insônia e o instinto maternal, bem como o

prazer sensorial (odores, gostos, sons e tato), sendo relativamente

independentes uns dos outros, de outras motivações e do organismo

como unidade. Estas necessidades são as mais primordiais, o que

significa que o ser humano ao qual lhe falta tudo, tenderá a satisfazer

essas necessidades antes das outras.

b) Necessidades de segurança: estas necessidades aparecem quando

as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas e são

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relativas à perigos ou ambientes hostis e ameaçadores, tais como, o

ataque de animais selvagens, temperaturas extremas, ataques criminais,

assassinos, tiranias, etc.

c) Necessidades de afetivas: são as necessidades relativas a amor, afeto

e posse, que aparecem da mesma forma que a anterior e são satisfeitas

com os amigos, parceiros e filhos.

Figura 4.1 – Hierarquia das Necessidades Básicas de MASLOW

d) Necessidades de estima: esta é uma necessidade com o mesmo ciclo

das anteriores e se referem ao desejo de ser reconhecido como alguém

estável e de personalidade equilibrada. São necessidades de auto-

respeito, auto-estima e de estima dos outros. Podem ser divididas em

dois grupos sendo que o primeiro inclui o desejo de força, realização,

suficiência, domínio e competência, de confiança frente ao mundo e de

independência e liberdade. O segundo inclui o desejo de reputação e

prestígio, “status”, fama e glória, dominação, reconhecimento, atenção,

importância, dignidade e apreciação. A satisfação da necessidade de

auto-estima conduz a sentimentos de auto-confiança, valor, capacidade

e suficiência, de ser útil e necessário ao mundo. A frustração dessas

5

4

3

2

1

NECESSIDADES BÁSICAS

1- Fisiológicas 2- Segurança 3- Amor e afeto 4- Estima 5- Auto-desenvolvimento

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necessidades produz sentimentos de inferioridade, debilidade ou

impotência.

e) Necessidades de auto-desenvolvimento: damos importância a esta

necessidade quando todas as necessidades anteriores forem satisfeitas,

muitas vezes, o ser humano desenvolverá , porém não sempre, um novo

descontentamento e desassossego, a não ser que esteja realizando algo

que se adapte a ele, que o complete. São relacionadas com a realização

total, com o tornar atual toda a sua potencialidade e possibilidades.

Existem requisitos prévios de natureza social para a satisfação das

necessidades básicas, tais como, a liberdade para falar, a liberdade de

expressão, a liberdade de pesquisa e da busca de informações científicas, a

liberdade de defender-se, o direito à justiça, a eqüidade e a honestidade. Sem

eles a verdadeira satisfação é impossível ou seriamente ameaçada.

As pessoas sadias satisfazem suficientemente suas necessidades

básicas sendo, portanto motivadas pelas tendências à individualização, que é

indiossincrática, onde a satisfação gera uma crescente motivação. O progresso

como ser humano se dá “quando os prazeres do crescimento e a ansiedade da

segurança são maiores do que a ansiedade do crescimento e os prazeres da

segurança.” (MASLOW, 1968).

4.3 O MOTOR QUE IMPULSIONA AO TRABALHO

Falconi ao discorrer sobre o controle da qualidade por toda a empresa,

afirma que “uma empresa honesta só pode sobreviver dentro de uma

sociedade se for para contribuir para a satisfação das pessoas” (FALCONI,

1990) (FALCONI, 1994), e apesar de sua classificação colocar como primeira

prioridade a satisfação dos clientes, seguido da dos empregados, dos

acionistas e dos vizinhos, o que pode ser questionável, visto que a satisfação

do cliente se dá pela qualidade total do produto, o qual é produzido pelos

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empregados, coloca o moral da equipe e a valorização e o crescimento do ser

humano como fatores importantes num Sistema de Qualidade Total.

Este termo moral da equipe é talvez utilizado pela QT em substituição à

satisfação e à motivação, visto este último já haver sido desgastado por

tentativas, muitas vezes infrutíferas, de manter o trabalhador motivado apenas

para atingir elevada produtividade. Porém, moral elevada em equipes, só se

atinge com trabalhadores satisfeitos e motivados. “A motivação possibilita a

congruência entre desejos e aspirações individuais com as necessidades do

bem comum.” (MOTTA, 1993)

4.4 A IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO

Institua o treinamento. Isso parece simples, entretanto a maioria de

nossas empresas não o faz, ou fazem, mas não de forma suficiente. Entende-

se por treinamento, o conjunto de processos pelos quais se dão ou se

aperfeiçoam conhecimentos para o trabalho; conhecimentos como as

qualidades individuais adquiridas que se voltam para o trabalho por referir-se

não apenas a um cargo pré-determinado, mas a outros ou ao conjunto da

empresa. Esta referibilidade para com o trabalho é a característica fundamental

do treinamento, cujo resultado deve ser melhoria de conhecimento e, portanto,

de capacidade de exercício atual ou futuro do trabalho.

O treinamento está presente em todos os campos de aplicação da

racionalização à função social da empresa, pois dele depende de forma

considerável o sucesso da análise do trabalho. Do treinamento pode resultar o

êxito do plano de avaliação de cargos, cujo bom funcionamento é produto da

compreensão que dele tenham os chefes.

4.4.1 O treinamento considerado uma despesa

O treinamento é, muitas vezes, considerado uma despesa. Com

freqüência, o treinamento, tem de ser justificado, mas os seus benefícios são

freqüentemente invisíveis. De quem é a responsabilidade pelo treinamento? Da

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administração. Treinamento é progresso e sempre compensa, embora o

benefício nem seja evidente.

A empresa que quiser, realmente, fazer melhorias deve banir do seu

dicionário a expressão “devia ter sabido”. Para melhorar, temos de lidar com

aquilo que realmente aconteceu, não com o mundo hipotético do “devia ter”.

4.4.2 Treinamento e assistência educacional

A assistência educacional visa elevar o nível de vida do trabalhador

incutindo-lhe novos conhecimentos, dos quais se irá servir para melhorar as

condições de existência, que de forma direta produzirá atividades que lhe

acarretarão lucros.

A assistência educacional pode até abranger os filhos dos funcionários,

como por exemplo, casos em que a empresa cria um curso para os filhos dos

funcionários se prepararem para os exames de cursos profissionalizantes do

SENAI, para que futuramente possam desempenhar alguma função na

empresa. Como se vê, estes “gastos”, que não se referem ao trabalho, a

empresa não pode e não deve esperar uma compensação material direta ,

como no caso de treinamentos – que sempre se referem diretamente ao

trabalho – atendendo-se necessidades ditadas pelas atividades da empresa.

Para se frisar a distinção costuma-se por isso dizer que a assistência

educacional é uma doação que a empresa faz e que o treinamento, ao

contrário, é um investimento que deve trazer lucros a longo ou em curto prazo.

Se você tem uma única chance de treinar alguém, é melhor fazer com

que esta chance seja aproveitada, pois talvez não haja uma segunda

oportunidade para fazê-lo, todavia, é importante frisar que é necessário

designar um professor ou professora qualificada para dar as aulas, pois “o lixo

que entra é o lixo que sai”, ou seja, se você fornecer um treinamento ruim aos

seus funcionários, os mesmos serão reflexo deste treinamento e

proporcionarão resultados incompatíveis com os desejados pela empresa.

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4.4.3 Afaste o medo

Afaste o medo, a fim de que todos possam trabalhar com eficiência para

a companhia, pois quando alguém está com medo numa determinada situação

em que haja perigo de vida, seu corpo poderá reagir com um extraordinário

surto de força e energia, que é usado imediatamente para livrá-lo da ameaça;

toda e qualquer reação será feita para eliminar a ameaça.

Quando o medo é usado de forma artificial para melhorar o

desempenho, isso não ocorre. Em vez disso, grande parte dos esforços da

organização é aplicada para eliminar as ameaças à custa do desempenho. Isso

pode significar a informação de números errados ou a adoção de providências

que sejam prejudiciais à firma e/ou aos funcionários.

Para eliminar o medo, a administração deve esforçar-se para explorar a

motivação intrínseca. A administração pode não ser capaz de eliminar todo o

medo da vida dos empregados, mas pode eliminar a fonte de medo embutida

nas estruturas administrativas. A administração pode e deve eliminar todas as

formas de medo e deixar com que os funcionários possuam maior autonomia

para que exerçam suas atividades e concebam um ambiente mais propício a

não existência deste sentimento denominado medo.

Aumente o orgulho e o prazer de trabalhar, eliminando as barreiras que

tiram dos trabalhadores horistas o direito de sentirem orgulho do trabalho feito,

elimine as barreiras que tiram das pessoas da administração e da área de

engenharia o direito de sentirem orgulho pelo trabalho feito. Os principais

obstáculos que impedem o orgulho pelo trabalho são:

1- Falta de direção;

2- Metas sem as ferramentas para alcançá-las (tempo e recursos);

3- Decisões arbitrárias por parte do patrão;

4- Incerteza quanto à forma de avaliar a contribuição;

5- Falta de expectativa no estabelecimento de critérios;

6- Informação insuficiente;

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7- Metas organizacionais diferentes dentro da companhia;

8- Metas organizacionais diferentes dentro da companhia;

9- Ansiedade quanto a prazos;

10- A diretoria tenta dirigir uma tecnologia que ela mesma não

compreende;

11- Falta de comunicação;

12- Objetivos conflitantes e imprecisos;

13- Falta de informação prévia;

14- Fluxo inadequado de informações;

15- Retorno inadequado das informações;

16- Falta de autonomia, para fazer o que é preciso, sem prévia

autorização da diretoria;

17- Falta de recursos (tempo, ferramentas e equipamentos

impróprios);

18- Os objetivos de curto prazo chocam-se com os de longo prazo;

19- Falta de uniformidade na aplicação da política;

20- Treinamento impróprio e sofrível;

21- As especificações limitam a criatividade;

22- Medo. Pressão para resultados em curto prazo;

23- Relacionamento conflitante entre a companhia e o sindicato;

24- Burocracia e

25- Metas e objetivos irrealistas, dentre outros.

Treinamento significa a habilidade e o conhecimento necessários para

executar determinada atividade, sendo assim, institua um vigoroso programa

de educação e de melhoria pessoal.

4.4.4 Incentivos

Não se pode presumir que os funcionários se mostrem interessados

pelos assuntos a serem lecionados simplesmente porque fazem parte de um

curso ou porque os chefes assim o desejam. O treinamento, para ser eficaz,

deve desenvolver-se numa atmosfera de permanente aceitação de tal e que ao

concluí-lo o empregado possua mais capacidade prática, habilidades mais úteis

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e etc; sendo assim, é por isto que os treinamentos estão intimamente

relacionados a incentivos.

Algumas empresas optam em não promover, a determinados

funcionários, treinamentos de continuação ou reciclagem, devido ao não

aproveitamento esperado, sendo assim, o funcionário ‘reprovado’ pode receber

apenas uma parte do aumento em razão do mérito que apresentou no

desempenho, pode não receber um aumento ou até mesmo ser despedido,

para que outro funcionário, de mais sensibilidade ao aperfeiçoamento

intelectual, venha a ocupar o cargo – medida particularmente aplicada quando

o curso é ministrado em razão da política salarial.

São imateriais os incentivos que, não importando em entrega de valores

ao funcionário esclarecem-no, estimulando-o e demonstrando ao mesmo a

importância do treinamento e das recompensas materiais. Antes do início de

cada curso todos os funcionários indicados para fazê-lo devem ser chamados

um a um, para uma conversa com o administrador do treinamento, explicando-

lhe a necessidade do esforço mental na solução dos problemas. A entrevista

deve ser feita de forma a mostrar-lhe que a empresa se preocupa com

funcionários, abrindo-lhe o interesse pelo curso, infundindo-lhe à vontade de se

aperfeiçoarem.

Existem outras formas de incentivo que, também, são utilizadas

atualmente por algumas empresas, são: a participação nos lucros, auxílio

alimentação (oferecimento de cestas básicas), plano de assistência médica

(extensivo aos familiares), plano de previdência social, oferecimento de bolsas

de estudo (totais ou parciais) em instituições de ensino de primeira linha,

assistência odontológica, auxílio farmácia e alguns outros. O treinamento e a

remuneração por este treinamento, associado à promoção de cargo, é uma das

formas de incentivar o funcionário e fazer com que este se torne mais motivado

e satisfeito em relação às tarefas que o mesmo realiza. Desde o “Homo

Economicus” da Administração Científica do Trabalho de Taylor, onde “toda

pessoa é concebida como profundamente influenciada por recompensas

salariais, econômicas e materiais” (CHIAVENATO, 19883) Pesquisas

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realizadas por inúmeros especialistas, na área comportamental, afirmam que

um funcionário satisfeito e motivado produz muito mais e muito melhor que um

outro funcionário que não se sente feliz.

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Capítulo 5

QUALIDADE DE VIDA NOTABALHO

“Navegar é preciso, viver não é preciso.”

( Fernando Pessoa)

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Capítulo 5 _________________QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A preocupação com a Qualidade de Vida no trabalho pode ser

considerada como mais uma etapa do processo de recomposição das

atribuições que o trabalhador detinha como artesão quando recebia do cliente,

negociava o pedido, preço, forma de pagamento, prazo de entrega e padrão de

qualidade, planejava a execução, adquiria as matérias-primas, fabricava, via e

sentia o resultado de seu trabalho, entregava-o ao cliente e recebia retro-

informação imediata, na forma de críticas ou elogios pelo trabalho executado.

(IERÊ LIMA, 1995)

Berger (BERGER, 1988), nos induz a pensar sobre a personalidade ao

falar sobre a “Rede de Indra” onde a “unicidade e inter-relacionamento de todas

as coisas” são como uma grande teia, “que se estende por todos os tempos e

universos. Na interseção de cada linha cruzada vê-se uma jóia, e na superfície

de uma só gema brilha o reflexo de todas as demais”.

5.1 ENFOQUE DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A busca da qualidade, produtividade e competitividade de forma cada

vez mais acirrada colocam as empresas em geral no dilema de investir em

máquinas e equipamentos cada vez mais sofisticados, que custam caro,

dependem de continuidade da produção para amortização de seus custos e

necessitam na maioria das vezes de trabalhadores especializados para operá-

los, ou então investir na qualificação e valorização do trabalhador e na

organização do modelo de gestão dos recursos humanos. (RODRIGUES,

1991)

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Para Fernandes (FERNANDES, 1992), apesar da associação direta que

muitos fazem entre qualidade de vida no trabalho e condições físicas de

trabalho (melhoria das instalações, redução de jornada de trabalho, acréscimos

salariais e planos de benefícios), é importante considerar também outros

elementos que contribuem para a deterioração das relações entre o indivíduo,

seu posto de trabalho e a própria empresa onde atua, além do que, se os

primeiros fatores estão diretamente associados a custos para as empresas,

existem outros que podem ser trabalhados e que não significam

expressamente desembolso de recursos.

Fernandes e Becker (FERNANDES & BECKER, 1988) consideram

essencial que, depois de atendidas as necessidades básicas do trabalhador, as

empresas fiquem atentas para aspectos que, apesar de não envolverem

dispêndio de recursos financeiros, são inexplicavelmente ignorados e

economizados na organização do trabalho e estruturação do desenho dos

cargos, com efeitos negativos na qualidade e na produtividade geral das

empresas, como a concessão de autonomia, a divisão de responsabilidade e

retro-informação.

A preocupação com o atendimento a condições físicas, fundamentais na

situação de trabalho, sem as quais qualquer pretensão de melhoria pode estar

condenada ao fracasso, não deve inibir nem impedir a preocupação com as

demais necessidades dos indivíduos. (IRÊ LIMA, 1995)

Albrecht (ALBRECHT, 1994), ao abordar a forma como as empresas

podem revolucionar o tratamento aos clientes, considera indispensável verificar

o nível de satisfação de seus empregados, mediante a aplicação de técnicas

de QVT. Propõe que esta verificação seja regular, periódica realizada pelo

menos uma vez por ano, através de instrumento simples de aferição, que torne

fácil a leitura e interpretação dos resultados. Para Albrecht (ibid.) uma vez que

a empresa disponha de um índice de QVT, os escores podem ser analisados,

identificando-se as áreas que necessitam de atuação.

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5.2 CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

No início da década de 50, Eric TRIST apud GUIMARÃES (1995) iniciou

estudos de um modelo que pudesse agrupar indivíduo, trabalho e organização.

Esta técnica recebeu o nome de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

O conceito de QVT – Qualidade de Vida no Trabalho – foi apresentado

no final da década de 60 e enfatizava a deficiência da qualidade de vida no

local de trabalho. Apesar de ter surgido há mais de quarenta anos, ainda não

há uma definição consensual para a QVT, cada autor conceituando-a conforme

os elementos que julga mais importantes para que haja definitivamente

Qualidade de Vida no Trabalho.

Do final da década de 60, até a metade da década de 70, a ênfase

passou a ser com relação aos efeitos do emprego na saúde e no bem-estar

dos trabalhadores e com as possibilidades de desenvolvimento da pessoa no

trabalho. (BOWDITCH & BUONO, 1992)

Para Bergeron et al. (BERGERON, 1984) a expressão qualidade de vida

no trabalha agrupa todas as experiências de humanização do trabalho, da

reestruturação dos postos ao estabelecimento de grupos semi-autônomos,

implicando em certo grau de participação na gestão, das pessoas envolvidas

diretamente nas atividades. Segundo Guest (GUEST, 1979) existe Qualidade

de Vida no Trabalho quando a organização procura desvendar o potencial

criativo de seus empregados, oportunizando aos mesmos a participação nas

decisões que afetam sua vida no ambiente de trabalho. A definição de Lippitt

(LIPPITT, 1978), engloba os enunciados anteriores ao afirmar que o dilema das

lideranças é criar condições para que os esforços humanos se mobilizem

efetivamente na realização dos objetivos organizacionais e ao mesmo tempo

preparar trabalhos com suficiente significação e recompensa, permitindo que

as pessoas recebam satisfação pessoal para seus esforços.

Walton (1993) aponta na mesma direção, contrapondo valores humanos

e tecnologia, considerando QVT como a preocupação com valores

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humanísticos e ambientais relegados a segundo plano pela moderna sociedade

industrial em favor de avanços tecnológicos, produtividade e crescimento

econômico.

Apesar de dúvidas existentes quanto ao significado exato da QVT,

basicamente dois elementos a distinguem: a preocupação com o efeito do

trabalho nas pessoas e na eficácia da organização e a idéia da participação

dos trabalhadores na solução de problemas e no processo decisório

organizacional.

Richard Walton (apud BOWDITCH & BUONO, 1992) baseia a definição

da QVT em oito dimensões inter-relacionadas, quais sejam: compensação justa

e adequada, condições de segurança e saúde no trabalho, oportunidade

imediata de utilizar e desenvolver a capacidade humana, oportunidade para a

continuidade de crescimento e desenvolvimento, integração social na

organização do trabalho, constitucionalismo na organização de trabalho,

espaço do trabalho dentro da vida como um todo e relevância social da vida no

trabalho.

Dessa forma, poder-se-ia definir a QVT como “o grau até onde os

membros de organização são capazes de satisfazer necessidades pessoais

importantes através de sua vivência nessa organização”. (BOWDITCH &

BUONO, 1992)

Rodrigues ao tratar da QVT no nível gerencial a entende como sendo “a

resultante direta da combinação de diversas dimensões básicas da tarefa e de

outras dimensões não dependentes diretamente da tarefa, capazes de produzir

motivação e satisfação em diferentes níveis, além de resultar em diversos tipos

de atividades e condutas dos indivíduos pertencentes a uma organização.”

(RODRIGUES, 1994)

Na década de 70 a mudança no enfoque do gerenciamento, em face ao

sucesso japonês, fez surgir também os primeiros movimentos e aplicações

mais estruturadas e sistematizadas nas organizações utilizando aspectos da

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QVT. O crescente avanço tecnológico, a modernização das organizações, a

automatização dos processos produtivos e as mudanças políticas, econômicas,

sociais e tecnológicas da década de 80, tornaram altamente instável e

dinâmico esse contexto. (SIGNORINI, 1999)

Para Walton (apud RODRIGUES, 1994), a “expressão Qualidade de

Vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores

ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor

do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.” Ainda

segundo Wealton, a oportunidade para se utilizar e desenvolver capacidades

no trabalho é criada pela autonomia, multiplicidade das habilidades exigidas,

informações de trabalho e planejamento da responsabilidade existentes na

situações de trabalho e delas derivam a satisfação e a auto-estima do

trabalhador.

Para Westley (apud RODRIGUES, 1994) quatro problemas afetam

diretamente e podem vir a ser obstáculos à QVT, ou seja, o político, cuja

conseqüência é a insegurança, o econômico, cuja conseqüência é a injustiça, o

psicológico, cuja conseqüência é a alienação e o sociológico, cuja

conseqüência é a anomia. “A concentração de poder, segundo o autor, seria a

maior responsável pela insegurança, enquanto que a concentração dos lucros

e a exploração dos trabalhadores seriam as responsáveis pela injustiça.”

(RODRIGUES, 1994)

Para Huse e Cummings, pode-se definir QVT como uma forma de

pensamento que envolve pessoas, trabalho e organização, com destaque para

a preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia

organizacional, e para a participação desses trabalhadores nas decisões e

problemas do trabalho. “A operacionalização desse conceito se dá através da

participação dos trabalhadores nos problemas e soluções organizacionais; o

projeto do cargo; inovação do sistema de recompensa e a melhora no ambiente

de trabalho”. (RODRIGUES, 1994) Essas intervenções afetam positivamente a

comunicação e a coordenação, a motivação e a capacidade do trabalhador,

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melhorando o seu desempenho e sendo pré-requisitos para a produtividade,

conforme esquematizado na Figura 5.1.

Figura 5.1 – Qualidade de Vida no Trabalho e Produtividade segundo HUSE & CUMMINGS

Fonte: (RODRIGUES, 1994)

O interesse em melhorar a qualidade de vida no trabalho, segundo

Werther e Davis (1983), espelha a evolução da sociedade em geral e do nível

de instrução do pessoal. A democratização crescente nas realizações de

trabalho torna cada vez menor a probabilidade do trabalhador aceitar

autoridade sem questionar já que a evolução do conhecimento e dos meios de

divulgação fazem com que cada vez mais as pessoas sejam esclarecidas com

maior rapidez sobre o que acontece e clamem por soluções amplas para seus

problemas, exigindo capacidade de renovação e adaptação constante a esta

evolução.

Para Harman e Hormann (1990), o tipo de organização em que as

pessoas querem estar, é aquele que dá importância ao autodesenvolvimento,

ao esforço cooperativo, à qualidade dos relacionamentos, às atividades

significativas e ao esforço cooperativo, sendo estes, portanto, fatores que

devem ser priorizados pelas empresas que objetivam atrair e conservar os

melhores profissionais.

Segundo HACKMAN e SUTTLE, apud SMITH (1993), Qualidade de Vida

no Trabalho é o quanto as pessoas na organização estão aptas a satisfazer

suas necessidades pessoais importantes, através de suas experiências de

MAIOR COORDENAÇÃO

MAIOR MOTIVAÇÃO

MAIOR CAPACIDADE

MAIOR PRODUTIVIDADE

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

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trabalho e de vida na organização. Quando a satisfação é alta, o compromisso

com os objetivos do grupo e da organização também é alto". Um ambiente com

alta qualidade de vida no trabalho como "aquele onde as pessoas são

membros essenciais de uma organização que desafia o espírito humano,

inspira o desenvolvimento e o crescimento pessoal, e faz com que as coisas

sejam realizadas...". (BELCHER, apud SMITH (1993)).

O nível de vida dos homens varia muito de um país para outro e mesmo

dentro de um país, de uma região para outra. Atualmente, grande parte da

humanidade segue vivendo em condições de extrema pobreza. São muitos os

países onde o homem médio satisfaz a duras penas suas necessidades

básicas (Introdución al Estudio del Trabajo -OIT).

Para que o nível de vida alcance um mínimo satisfatório, é necessário

que o cidadão tenha a alimentação suficiente para atendimento de suas

necessidades energéticas; o vestuário mínimo para atendimento das questões

higiênicas e proteção da intempérie; habitação em condições de assegurar

abrigo saudável e de prover alguns utensílios domésticos; segurança contra

atos de violência e perda do emprego por doenças e serviços essenciais como

a água potável, saneamento, assistência médica, transportes públicos,

educação etc.

Os alimentos, o vestuário e a habitação são geralmente bens que o

homem deve obter por si mesmo, e para tal deverá ter que pagá-los com seu

próprio dinheiro ou com seu trabalho. A segurança e os serviços essenciais são

incumbência, na maioria das vezes, do Estado. Se a sociedade consegue

produzir mais com os mesmos custos, ou se consegue a mesma quantidade de

produção com custos mais baixos, esta sociedade em conjunto obtém

benefícios que podem ser utilizados por seus membros para adquirirem mais

bens e serviços de melhor qualidade e elevar assim seu nível de vida, portanto,

o nível de vida de um cidadão está diretamente associado ao que pode adquirir

com seus recursos e ao que o Estado pode lhe oferecer. (FONSECA FILHO,

1995)

__________________________

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Capítulo 6

MÉTODO DE PESQUISA

“Gerenciar é a capacidade de fazer as coisas acontecerem

através de outras pessoas.”

( Autor desconhecido)

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Capítulo 6 ___ _________________________ O MÉTODO DE PESQUISA

A preocupação com a questão da QVT de operários do setor da

construção civil é de grande importância, pois é necessário sabermos quais

são as necessidades dos operários do setor uma vez que apenas quando

soubermos onde estão as deficiências é que poderemos tratá-las e assim

proporcionar uma melhor qualidade aos envolvidos.

6.1 A TÉCNICA DE COLETA DE DADOS ESCOLHIDA

A escolha da entrevista como processo para coleta de dados justifica-se

segundo Selltiz et al. (1987) por permitir superar a falta de habilidade e

capacidade das pessoas em responder adequadamente por escrito; por

oportunizar um cuidado maior na comunicação das questões e fornecimento de

informações; pela possibilidade de corrigir enganos ou má interpretação; pela

maior elasticidade na duração, o que possibilita uma cobertura mais profunda

do assunto; por ser apropriada para revelar informações complexas ou

emocionalmente carregadas, favorecendo o aparecimento de sentimentos

subjacentes à opinião expressa. A entrevista também favorece a interação

social entre duas pessoas, onde uma procura obter informações da outra

através de um roteiro ou lista de tópicos previamente estabelecidos, de acordo

com uma problemática central que deve ser seguida, segundo Haguette (1987).

Da mesma forma, é uma técnica eficiente para se obter dados em

profundidade acerca do comportamento humano, passíveis de classificação e

quantificação, tendo como vantagem sobre o questionário, a possibilidade de

captar a expressão corporal, a tonalidade de voz e a ênfase nas respostas por

parte do entrevistado, conforme Gil (ibid.) e por permitir a obtenção de um

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maior número de respostas, na ordem de 70 a 80% contra 10 a 15% nos

questionários, pois a maioria das pessoas está disposta e é capaz de cooperar

num estudo onde tudo o que ela tem a fazer é falar. Browditch e Buono (ibid.)

consideram que a entrevista pode levar a uma visão mais profunda do

significado real de dados subjetivos, pois a situação face a face oferece maior

flexibilidade do que o questionário.

A pesquisa foi realizada através de entrevista individual não estruturada

realizada com cada um dos trabalhadores selecionados, visando captar o nível

de satisfação dos mesmos quanto aos fatores e dimensões estabelecidos para

avaliar a Qualidade de Vida no Trabalho (abordagem subjetiva de Quirino e

Xavier).

6.2 O ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

O Roteiro de Entrevista sobre QVT (Anexo A) contém em seu bloco

principal (Bloco B) somente os fatores gerais, para orientação do entrevistador,

sem alternativa de resposta fechada, o que permitiu manter a margem de

liberdade e o tipo de relacionamento tão livre quanto possível, de acordo com o

que preconizam Goode et al. (1960), que consideram o roteiro de entrevista

como uma simples lista de pontos ou tópicos que o entrevistador deve seguir,

com bastante flexibilidade quanto à maneira, ordem e linguagem utilizada para

propor as questões.

Dada a necessidade de contornar especificidades da situação que

pudessem levas os trabalhadores a um estado de nervosismo e ansiedade já

que a entrevista representa situação estranha ao entrevistado, que muitas

vezes não percebe bem seus objetivos, nem sabe como se comportar (Argyris

apud Haguette, ibid.), procurou-se esclarecer adequadamente sobre os

objetivos da mesma, destacando-se a importância que teria a participação do

trabalhador no processo, dando-se ainda certeza do anonimato. A parte inicial

do Roteiro de Entrevista, de caráter censitário (Bloco A), oportunizou ao

pesquisador encetar diálogos e comentários preliminares com o intuito de

desinibir o entrevistado, eliminar o natural desconforto ou desconfiança quanto

à situação e desta forma obter a necessária colaboração.

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6.3 A MODELAGEM DA PESQUISA

As peculiaridades do sub-setor construção de edificações e o

reconhecimento atraso do mesmo quanto às condições e organização do

trabalho, foram enfatizados pelos trabalhadores os quais ressaltaram aspectos

do modelo de Walton (1983) mais voltados às necessidades físicas do

operário. Em função das manifestações foram escolhidos os critérios mais

relevantes e redundou na supressão dos critérios Trabalho e Espaço Total de

Vida e Relevância Social da Vida do Trabalho.

6.3.1 As condições Físicas de Trabalho

Para o ambiente e características precárias do trabalho na construção

de edificações no Brasil, considerou-se importante ampliar a abrangência deste

critério, do que resultou nas dez dimensões seguintes:

a) Higiene: visa avalia o nível de satisfação do trabalhador quanto à higiene

das instalações de uso pessoal como sanitários, vestiários, refeitórios e

alojamentos, incluindo-se ainda a adequação da quantidade de equipamentos

disponíveis (p. ex. de sanitários), a distância dos mesmos em relação aos

postos de trabalho, além de itens que representam conforto para o trabalhador

(p.ex. chuveiro quente no inverno em quantidade suficiente, refrigerador ou

água potável no verão, acessíveis a todos, etc.);

b) Linpeza, ordem e arrumação: objetiva avaliar o nível de satisfação do

trabalhador quanto à limpeza, ordem e arrumação do canteiro de obras e do

local de trabalho, envolvendo também observações relativas ao arranjo físico

do canteiro, que podem contribuir fortemente para facilitar a execução do

trabalho;

c) Segurança individual: visa avaliar o nível de satisfação do trabalhador

quanto à preocupação da empresa no que se refere a segurança individual,

representada não só pelo fornecimento de equipamentos de proteção individual

(EPIs) certificadas, mas também pela orientação e ênfase no uso dos mesmos

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e por informações relativas aos cuidados que o trabalhador deve ter para

preservar sua integridade física;

d) Segurança coletiva: visa avaliar o nível de satisfação do trabalhador quanto

à segurança coletiva representada pela preocupação da empresa com a

proteção da obra e seu entorno através de andaimes seguros, bandejas

laterais, fechamento ou bloqueio do acesso aos vãos nos pavimentos,

construção de corrimãos resistentes e um arranjo físico adequado que mostre

preocupação com os riscos a que o trabalhador é sujeito segundo Thomaz e

Heineck (ibid.). Neste sentido o canteiro de obras, apesar de provisório, não

deve ser improvisado, mas dimensionado, projetado e construído observando a

eficiência técnica e economicamente durante todo o período de uso, com

atenção especial à prevenção de acidentes (Souto e melo, 1987);

e) Esforço e desgaste: visa avaliar o nível de satisfação do trabalhador quanto

ao esforço e desgaste que sente durante e após a realização de suas

atividades, seja pelo peso elevado que sustenta, pela postura imprópria e

desgastante que precisa assumir em muitas situações e pelos constantes

movimentos inadequados que realiza ao longo da jornada de trabalho,

conforme Moraes (1990), Santana (1992) e Paniágua (1995);

f) Igualdade na distribuição do trabalho: visa avaliar o nível de satisfação do

trabalhador quanto ao equilíbrio na distribuição dos trabalhos. O fato do

trabalho na construção variar dia-a-dia, de acordo com a evolução da obra,

com raros postos fixos (almoxarife, guincheiro, operador de betoneira), tendo o

mestre-de-obra que programar cada momento quem executará cada atividade,

aliado à própria variabilidade destas, proporciona situações de favorecimento

real ou aparente a alguns trabalhadores em detrimento de outros. Para Dejours

(ibid.) os chefes utiliza, com freqüência repreensões e favoritismo para dividir

os trabalhadores, de maneira que deve-se considerar a ansiedade resultante

das situações de desigualdade na divisão do trabalho;

g) Disponibilidade de materiais: objetiva avaliar o nível de satisfação do

trabalhador quanto à disponibilidade de materiais, pois em geral a programação

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de suprimentos, já precária na obra, é afetada por vezes pelo descaso quanto

ao cumprimento de prazos que vigora entre os fornecedores. Além disto, em

muitas ocasiões, apesar do material estar na obra, não está próximo ao local

de uso, o que também pode causar insatisfação ao trabalhador;

h) Qualidade dos materiais: visa avaliar o nível de satisfação do trabalhador

quanto à qualidade dos materiais, sabendo-se a priori que a falta de

normalização e conseqüentemente variabilidade dos materiais (Bonin, 1993),

aliada ao precário controle no recebimento, descaso ou falta de orientação

adequada quanto ao preparo ou transporte (Soibelman, ibid.) traz à execução

do trabalho, dificultando a obtenção da qualidade e produtividade almejada,

afetando e podendo ser causa de insatisfação do trabalhador;

i) Acesso rápido à ferramenta: objetiva avaliar o nível de satisfação do

trabalhador quanto ao grau de dificuldade para acessar as ferramentas e

equipamentos de propriedade da empresa, que em geral são guardadas no

almoxarifado e cujo processo de requisição e eventual escassez

freqüentemente contribuem para dificultar e atrasar a realização da tarefa

causando insatisfação;

j) Inovações em métodos, processos e ferramentas: visa avaliar o nível de

satisfação do trabalhador quanto às inovações introduzidas na obra,

abrangendo a organização do trabalho, métodos, materiais, equipamentos e

ferramentas, verificando se foram percebidas, como foram introduzidas ou

comunicadas e como os trabalhadores às estão assimilando.

_____________________________

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Capítulo 7

ESTUDO DE CASO

A EMPRESA CARIOCA

( Apresentação e análise dos resultados )

“Ações que melhoram o ambiente de trabalho

abrem espaço para potencializar os talentos

que toda organização possui.”

( Autor desconhecido)

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Capítulo 7 ______________________ _________ A EMPRESA CARIOCA

De acordo com Mattos (MATTOS, 1996), a qualidades dos recursos

humanos é fundamental em qualquer formulação de estratégia, mas é comum

os empresários desconhecerem o potencial humano de suas organizações.

Seria impossível concluir este trabalho sem antes apresentar o resultado

da pesquisa realizada e após colher os dados suficientes para uma análise

criteriosa e detalhada sobre o assunto resolvi apresentá-los neste capítulo. As

entrevistas com os operários foram realizadas durante a jornada de trabalho no

canteiro de obra de uma pré-determinada empresa carioca, baseada nos

critérios de Walton e já utilizados por outros estudiosos sobre a QVT.

Conforme já mencionado anteriormente, na Introdução deste trabalho,

esta pesquisa foi realizada por amostragem, ou seja, apenas alguns

funcionários foram entrevistados e o resultado obtido e apresentado neste

trabalho é uma aproximação da realidade, extrapolada e considerada como

verdade para toda a empresa, portanto não deve ser, em momento algum,

considerada como verdade absoluta, pois nem todos os operários foram

entrevistados.

Mesmo sofrendo variações, o objetivo desta pesquisa é, como já dito

anteriormente, traçar o perfil aproximado dos operários do setor para que com

estas informações seja possível diagnosticarmos pontos os quais trabalhados

estrategicamente possa proporcionar melhoria da qualidade de vida e aumento

do nível de satisfação e qualificação dos operários e conseqüentemente

melhoria do setor, no que diz respeito à qualidade de serviços e produtividade

gerando assim maior lucratividade para a empresa.

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“Sem acreditar realmente no princípio do “bem-servir”, as organizações

perdem a capacidade e o interesse de motivar suas equipes, formular objetivos

desafiantes, engajar inteligências criativas e competências, numa visão

integrada e pró-ativa.” (MATTOS, 1996)

7.1 A EMPRESA CARIOCA

A empresa carioca escolhida atua no setor da construção civil desde

Outubro de 1967. Há 36 anos dedica-se desde o início ao trabalho quase

artesanal de reformas e construção de residências e pequenos edifícios, o que

projetou a empresa e abriu mercado para grandes oportunidades. Com a

reputação de construtores de fino acabamento surgiram os clientes para os

quais atualmente constroem hotéis, motéis, agências bancárias, clínicas

médicas, prédios residenciais, etc. Seus projetos arquitetônicos são arrojados

e o acabamento de todas as construções é esmerado e de alto nível.

A empresa possui sede própria, totalmente informatizada, utiliza os mais

modernos recursos tecnológicos e administrativos, contando com uma equipe

altamente qualificada. A alta qualidade de suas construções tem sido mantida

no decorrer desses 36 anos de trabalho.

Escolhi esta empresa como meu estudo de caso, principalmente pela

preocupação da mesma com a qualidade de suas construções e de seu corpo

de profissionais altamente qualificados. Por solicitação da empresa seu nome

não será mencionado, em momento algum neste trabalho para que não haja

desagradáveis comparações futuras com outras empresas do município, assim

sendo será chamada de EMPRESA CARIOCA.

Desde já agradeço incrivelmente à diretoria desta empresa por

conceder-me a autorização para a realização das entrevistas com os operários,

tendo em vista que o tempo destinado às mesmas, embora tenha sido muito

bem planejado, possa de alguma forma ter prejudicado a produtividade dos

operários no canteiro de obras visitado; entretanto é de fundamental

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importância que empresários como o da EMPRESA CARIOCA tenham o

mesmo comportamento, possibilitando a concepção e elaboração de novas

pesquisas como esta, agindo como facilitadores para a sedimentação de uma

nova cultura no setor, cultura esta voltada para as pessoas permitindo que as

mesmas possam trabalhar em ambientes mais colaborativos e promissores e,

também, auxiliando para uma melhor qualidade dos serviços no setor.

7.2 AS VARIÁVEIS DE SEGMENTAÇÃO DA AMOSTRA

Para a realização de uma pesquisa com qualidade, a mesma foi

baseada em duas varáveis de segmentação, são elas: segmentação por

profissão e caracterização da amostra. A caracterização da amostra foi dividida

em 13 segmentos, são eles: idades, tempo de serviço na construção de

edificações, tempo de emprego, origem da mão-de-obra, razões da migração,

ocupação no local de origem, razões para o ingresso na construção civil, grau

de instrução, estado civil, prole, moradia, tempo de transporte diário e número

de meios de transportes diários no percurso da moradia até o canteiro de

obras.

7.2.1 A Segmentação por Profissão

A amostra foi constituída de 20 trabalhadores (profissionais, serventes,

mestres, contramestres, almoxarifes e apontadores), em atividade no canteiro

de obra da empresa estudada.

O empreendimento encontrava-se em fase terminal da execução das

estruturas e iniciando a fase de execução de alvenarias e instalações elétricas

e hidráulicas.

Participaram da seleção da amostra operários próprios, sub-empreiteiros

e autônomos. Dos selecionados 25% eram profissionais, 25% serventes, 25%

ajudantes, 17% encarregados e 8% almoxarifes, o que não corresponde à real

proporção das categorias, visto que procurei entrevistar todos os tipos de

funções.

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Profissional25%

Servente25%

Encarregado17%

Almoxarife8%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Pro fiss io nal Servente Encarreg ad o Almo xarife

Figura 7.1 – Gráfico - Proporção de segmentação de profissionais.

Fonte: pesquisa de campo.

7.2.2 Caracterização da amostra

Como já dito anteriormente, a caracterização da amostra foi dividida em

13 segmentos, são eles: idades, tempo de serviço na construção de

edificações, tempo de emprego, origem da mão-de-obra, razões da migração,

ocupação no local de origem, razões para o ingresso na construção civil, grau

de instrução, estado civil, prole, moradia, tempo de transporte diário e número

de meios de transportes diários no percurso da moradia até o canteiro de

obras.

a) Idade

Do total de trabalhadores entrevistados 25% tinham menos de 25 anos

de idade, 42% entre 25 e 30 anos, 8% entre 35 e 40 anos e 25% com idade

acima de 40 anos (Figura 7.2).

O desgaste do trabalhador decorrente do esforço realizado no trabalho e

a própria perda de capacidade ou de características fiscais importantes para a

atividade em função da idade, como força muscular, agilidade, elasticidade,

rapidez e mesmo a capacidade de equilíbrio em locais elevados. (Iida, 1990,

Grandjean, 1983)

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25%

42%

8%

25%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

M enos de 25 Entre 25 e 30 Entre 35 e 40 Acima de 40

Figura 7.2 – Gráfico - Idade dos operários da amostra. Fonte: pesquisa de campo.

b) Tempo de serviço na construção de edificações

A tabulação (Figura 7.3) dos dados da pesquisa indicou que 33% tinham

até 2 anos de trabalho no setor, 17% entre 2 e 5 anos, 17% entre 5 e 10 anos,

16% entre 10 e 15 anos e 17% tinham mais e 20 anos de trabalho na

construção.

33%

17% 17% 16% 17%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Até 2 ano s 2 a 5 5 a 10 10 a 15 Mais d e20 ano s

Figura 7.3 – Gráfico - Tempo de serviço na Construção Civil. Fonte: pesquisa de

campo.

c) Tempo de emprego

A tabulação (Figura 7.4) dos dados obtidos revela que 50% dos

operários tinham até 3 meses de trabalho, 9% tinham até 6 meses, 8% tinham

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entre 6 e 12 meses, 8% tinham entre 1 e 2 anos e 25% tinham entre 2 e 5 anos

de atuação na mesma empresa, sendo que destes e eram encarregados.

Verifica-se que a mediana situa-se aos 6 meses de emprego, o que confirma a

grande rotatividade do setor.

50%

9% 8% 8%

25%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Até 3 mesesAté 6 meses 6 a 12meses

1 a 2 anos 2 a 5 anos

Figura 7.4 – Gráfico - Tempo de serviço na empresa. Fonte: pesquisa de campo.

d) Origem da mão-de-obra

A origem da MO apresentada (Figura 7.5) mostra que a maior parcela,

59% dos trabalhadores é originária de outros estados, principalmente da região

nordeste do país; 33% são operários naturais da cidade e, curiosamente, 8%

dos trabalhadores são originários de outro país (Angola).

e) Razões da migração

Conforme os gráficos apresentados (Figura 7.6), as razões principais da

migração para o Rio de Janeiro foram a procura de emprego (78%) e melhoria

da qualidade de vida (22%), caracterizando as dificuldades existentes no meio

rural, decorrentes principalmente da extinção dos minifúndios e da

mecanização da agricultura, que reduziram as alternativas de trabalho.

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33%59%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Do local Outros estados Outro país

Figura 7.5 – Gráfico - Origem da MO. Fonte: pesquisa de campo.

78%

22%

0%

20%

40%

60%

80%

Procurar emprego melhor M elhorar Qualidade de Vida

Figura 7.6 – Gráfico - Razões da migração da MO. Fonte: pesquisa de campo.

f) Ocupação no local de origem

Dentre aqueles que ao migrarem já exerciam alguma atividade produtiva

(Figura 7.7), a maior parcela (38%) trabalhava no campo, embora seja muito

parecida com a parcela dos que já trabalhavam na construção civil (37%) e

25% exerciam outras ocupações em seu local de origem, o que caracteriza a

absorção, pelo setor, da MO que migra do campo em decorrência da

mecanização da agricultura, conforme Costa (1972).

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37% 38% 25%

0%

10%

20%

30%

40%

Construção Civil Campo Outros

Figura 7.7 – Gráfico - Ocupação na origem dos operários migrados.

Fonte: pesquisa de campo.

g) Razões para ingresso na construção

Se for considerado positivo para a construção civil o ingresso por gostar,

trazido por algum parente, ou pelo melhores salários, constata-se que se

somam 42% o percentual de trabalhadores que se enquadram nesta situação,

indicando que a construção de edificações de certa forma exercia alguma

atividade na época em que ingressaram no sub-setor.

Em contra partida, 58% dos operários entrevistados estão situados no

outro segmento da resposta, que pode ser considerada negativa, pois inclui

ingresso por falta de estudo ou pela facilidade de entrar e aprender sem

necessidade de estudar, ou seja, para a maioria dos trabalhadores que

ingressaram, o trabalho na construção de edificações tradicional é pouco

exigente, não só em termos de escolaridade básica como de formação

profissional do indivíduo (esta formação se dá ‘on the job’ conforme VARGAS,

1988), o que cria uma dificuldade adicional na implantação da filosofia da

qualidade, que em geral não prescinde de formação fundamental e treinamento

abundante. A Figura 7.8 caracteriza muito bem estes dados, de forma mais

detalhada.

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De certa maneira os baixos níveis salariais e as precárias condições de

trabalho são impedimentos para o ingresso no sub-setor de pessoal com mais

escolaridade, interesse, iniciativa e capacidade de produção, num círculo

vicioso difícil de ser rompido. (IRÊ LIMA, 1995)

12%

46%

18%

12% 12%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Figura 7.8 – Gráfico - Razões para ingresso na Construção civil. Fonte: pesquisa de

campo.

h) Grau de instrução

Dentre os entrevistados, é lamentável, mas ninguém estava estudando

para concluir o Segundo grau e poucos que, ainda, estudavam para concluir o

Primeiro grau, fizeram questão de ressaltar que o fazem com o firme propósito

de conseguir um trabalho melhor, fora da construção, para assim conseguir

ganhar uma remuneração maior e proporcionar uma vida melhor à família e a si

próprio.

Dentre os entrevistados (Figura 7.9), 17% eram analfabetos, 17%

cursaram até a 2a série, 17% cursaram até a 4a série e 49% cursaram até a 8a

série. Como alguns trabalhadores eventualmente podem ter sonegado

informações para não admitir suas deficiências de escolaridade, pode-se

admitir que a situação no setor seja ainda muito pior do que a retratada pelos

mesmos.

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17% 17% 17%

49%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Analfabeto Até 2a série Até 4a série Até 8a série

Figura 7.9 – Gráfico - Grau de escolaridade dos trabalhadores da amostra.

Fonte: pesquisa de campo.

i) Estado civil

Do total de trabalhadores entrevistados (Figura 7.10), a grande maioria

deles (83%) tinham família constituída e a minoria (17%) eram solteiros.

Nenhum dos entrevistados declarou ser separado, desquitado ou viúvo.

17%

83%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Solteiros Casados

Figura 7.10 – Gráfico - Estado civil dos trabalhadores da amostra.

Fonte: pesquisa de campo.

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j) Prole

A Figura 7.11 mostra que 75% dos trabalhadores entrevistados têm até

2 filhos. Considerando-se que a média da idade dos trabalhadores pesquisados

é de 34 anos, pode-se admitir a existência de algum tipo de controle quanto ao

número de filhos, pois somente 25% dos trabalhadores os tinham em número

maior que 2 filhos e destes 25%, apenas 8% possuía mais em numero

relativamente alto (mais de 5 filhos).

75%

16%

8%

0%

20%

40%

60%

80%

Até 2 f ilhos Entre 2 a 5 M ais de 5

Figura 7.11 – Gráfico - Prole dos trabalhadores da amostra.

Fonte: pesquisa de campo.

k) Moradia

Sem entrar no mérito das características, tamanho da habitação e infra-

estrutura existente, verifica-se pelos dados da Figura 7.12 a maioria dos

operários mora em casa alugada, em muitos cacos construídos pelos próprios

e com auxílio de amigos e parentes.

Acredita-se que a porcentagem de proprietários não é maior porque a

maioria dos trabalhadores está na cidade temporariamente, apenas para juntar

algum dinheiro e voltar para a cidade natal, onde construirão ou já possuem

sua casa própria.

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8%

42%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

M ora com parentes Própria Alugada

Figura 7.12 – Gráfico - Moradia dos trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro.

Fonte: pesquisa de campo.

l) Tempo de transporte diário (Ida e volta)

Os dados gerais da Figura 7.13 mostram que 25% dos entrevistados

gastam até 1 hora da moradia até o canteiro de obras, 33% gastam de 1 a 2

horas, outros 25% gastam de 2 a 3 horas e 17% gastam mais de 3 hora de

transporte diário nos dois sentidos, reduzindo ainda mais a disponibilidade

diária para descanso, família e lazer; podendo ser este um dos fatores da

insatisfação de alguns trabalhadores do setor.

25%33%

25%

17%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Até 1h De 1 a 2h De 2 a 3h M ais de 3h

Figura 7.13 – Gráfico - Tempo de transporte diário nos dois sentidos.

Fonte: pesquisa de campo.

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m) Número de meios de transportes diário

Assim como o tempo de deslocamento observa-se pela Figura 7.14 que

é expressivo o percentual de trabalhadores que utiliza quatro ou mais meios de

transporte/dia.

8%

42%

50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Nenhuma Até 2 conduções 4 ou mais

Figura 7.14 – Gráfico - Número de meios de transporte diário.

Fonte: pesquisa de campo.

7.3 NÍVEL SE SATISFAÇÃO QUANTO AOS CRITÉRIOS

Ações que melhoram o ambiente de trabalho abrem espaço para

potencializar os talentos que toda a organização possui, sendo assim, para

avaliar o nível de satisfação dos operários do setor da construção civil e

seguindo as disposições do Modelo de Walton (Anexo A - Bloco B), foram

pesquisados os seguintes fatores que interferem ou revelem o nível de

satisfação dos mesmos, são eles: condições de trabalho, Compensação justa e

adequada, uso e desenvolvimento de capacidades, chances de crescimento e

segurança permanente, integração social na empresa, constitucionalismo,

comunicações internas e programação dos serviços.

a) Condições de trabalho: foram avaliadas neste fator as seguintes

dimensões: higiene das instalações de uso pessoal; limpeza, ordem e

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arrumação do canteiro; segurança individual (EPIs); segurança coletiva;

esforços e desgaste; igualdade na distribuição de tarefas; disponibilidade de

materiais; qualidade dos materiais; acesso rápido a ferramentas e inovações

em métodos, processos e ferramentas.

b) Compensação justa e adequada: foram avaliadas as seguintes dimensões:

eqüidade entre salário e trabalho, equilíbrio salarial com o mercado, eqüidade

externa dos benefícios e equilíbrio salarial interno.

c) Uso e desenvolvimento de capacidades: foram avaliadas as seguintes

dimensões: autonomia e auto-controle, polivalência e variedade de tarefas,

programação parcial das atividades, complexidade das tarefas, apoio do

superior imediato e retro-informação/feedback.

d) Chances de crescimento e segurança permanente: foram avaliadas as

seguintes dimensões: garantia de emprego, chances de carreira e crescimento

pessoal, gestão participativa e igualdade de participação.

e) Integração social na empresa: foram avaliadas as seguintes dimensões;

forma de tratamento do superior, relacionamento com o superior/patrão,

relacionamento com os colegas de trabalho e igualdade de tratamento.

f) Constitucionalismo: foram avaliadas as seguintes dimensões: cumprimento

das obrigações, liberdade de manifestação e discordância e regras pré-

estabelecidas e divulgadas pela empresa.

g) Comunicação interna: foram avaliadas as seguintes dimensões: orientação

sobre os serviços, formas de transmissão, normas e padrões conhecidos e

inovações na forma de dirigir as comunicações.

h) Programação de serviços: foram avaliadas as seguintes dimensões:

desmanches e re-trabalhos, seqüenciamento e interrupção das atividades e

tarefas realizadas.

A seguir são apresentados os resultados (Figura 7.15 e Figura 7.16) da

pesquisa com os trabalhadores no que diz respeito a estes fatores. Para

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facilitar o registro das respostas e a posterior análise quantitativa, foram

atribuídos pontos para as respostas, numa escala variável de 0 a 5, conforme a

graduação abaixo. Na eventualidade da falta de resposta para algum quesito, o

mesmo foi desconsiderado no cômputo total de entrevistas.

( 0 )

Total Insatisfação

( 1 )

Muita Insatisfação

( 2 )

Alguma Insatisfação

( 3 )

Alguma Satisfação

( 4 )

Muita Satisfação

( 5 )

Total Satisfação

A graduação atribuída dependeu da resposta explícita à questão

formulada relativamente a cada dimensão e de sua experiência e sensibilidade

na adequada interpretação de aspectos subjetivos e de nuances não

explicitadas, o que em alguns casos determinou a formulação de perguntas

adicionais.

4

1

4 4

00,5

11,5

22,5

33,5

4

Condições detrabalho

Comp. Justa eadequada

Uso e desenv.de capacidades

Chances decresc. e

segurança

Figura 7.15 – Gráfico - Nível de satisfação dos operários quanto aos critérios (Parte

1/2). Fonte: pesquisa de campo.

Foram registradas todas as verbalizações espontâneas dos operários,

ligadas ou não diretamente à questão, envolvendo tanto as condições e

organização do trabalho, como também as dificuldades que o operário enfrenta

fora dos limites físicos e temporais do canteiro. Para qualquer critério ou

dimensão, a pesquisa procurou determinar o grau de satisfação do trabalhador,

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ou seja, se o estágio em que o aspecto abordado era ou não adequado às

necessidades e anseios de cada indivíduo em particular.

3

5

4

3

0

1

2

3

4

5

Figura 7.16 – Gráfico - Nível de satisfação dos operários quanto aos critérios (Parte

2/2). Fonte: pesquisa de campo.

De acordo com Grönroos (GRÖNROOS, 1995) é imprescindível que o

trabalho junto aos trabalhadores – Endomarketing – seja considerado parte

integrante da gestão, para que seu processo não seja impedido por

deficiências na estrutura organizacional ou por falta de apoio gerencial.

“Se os funcionários não estão convictos da qualidade dos serviços

prestados por sua empresa e da importância de seus papéis nesta prestação,

não há nada na terra que os torne dispostos a vendê-la para seus clientes.”

(ALBRECHT, 1994)

_____________________________

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Capítulo 8

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

“... you may say I’m a dreamer

but I’m not the only one.”

( John Lennon, 1971)

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Capítulo 8 ___ _______________ CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A busca de alternativas para o desenvolvimento e crescimento dos seres

humanos envolvidos nos sistemas produtivos pode ser considerada a principal

questão deste trabalho.

A motivação inicial de encontrar alternativas metodológicas ,

quantitativas e qualitativas de reduzir ou eliminar a exposição dos

trabalhadores aos riscos existentes nos locais de trabalho tem como objetivo

principal melhorar a qualidade de vida e aumentar o nível de satisfação e

motivação dos trabalhadores do setor, e considerando-se que a remuneração é

normalmente aquém das necessidades do mesmos é necessário transformar o

local de trabalho num ambiente agradável.

A QVT é decorrente de vários fatores que podem ser observados ou

percebidos, através de pesquisas qualitativas no relacionamento diário com os

trabalhadores, ou através de pesquisas quantitativas com tratamento

estatístico.

8.1 CONCLUSÕES

Os aspectos levantados mostram que muito pode ser feito para melhorar

a situação de trabalho na construção de edificações, sem representar

necessariamente aumento de despesas ou custos diretos para as empresas,

mas simples de postura na gestão humana.

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Constatou-se ser importante que, num primeiro momento, a pesquisa

seja realizada por pessoal externo, para que haja a liberdade de manifestação

e discordância dos entrevistados, pois pode haver desconfiança por parte dos

mesmos quanto aos reais propósitos da empresa. Com aceitação natural das

críticas e discordâncias manifestadas por uma primeira pesquisa, sem

resquícios de autoritarismo ou represálias e a implementação, com a

participação dos operários, das sugestões julgadas exeqüíveis, a confiança

tenderá a estabelecer-se e difundir-se, viabilizando a realização de pesquisas

posteriores por pessoal próprio da empresa.

A precariedade do ambiente de trabalho nas obras em geral, o

conformismo do próprio operário com a situação, até por sua condição pessoal

de vida, de cultura e mesmo de moradia, faz com que qualquer pequena

melhoria nos aspectos que envolvem a situação de trabalho seja considerada

digna de citação pelas empresas. Na realidade, porém, apesar de alguns

progressos constatados na empresa da amostra, em comparação coma

generalidade do sub-setor, cabe ressaltar que o refeitório foi construído num

local limpo, pois alguns se situam próximos ao local de preparo de argamassa

ou a depósitos de materiais, ou até em subsolos úmidos, facilitando a

proliferação de insetos e animais nocivos e assim pondo em risco a própria

saúde do trabalhador. Na empresa pesquisada era oferecido café da manhã e

almoço, porém em horário estipulado pela empresa.

Interessante, também, foi constatar que apesar da empresa ter um

número considerável de trabalhadores no canteiro de obras apenas 1 dos 20

entrevistados havia tido algum acidente no local de trabalho; pois a empresa

segue responsavelmente as normas de segurança. A maior parte dos

entrevistados, disseram que não trariam seus filhos para o setor da construção

e que não incentivariam os mesmos a trabalharem na mesma função que eles,

pois gostariam que seus filhos estudassem mais para assim terem melhores

oportunidades de trabalho e salários. Quanto aos momentos felizes

proporcionados pela profissão poucos se manifestaram, a grande maioria disse

não ter tido momentos bons e ruins também.

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EA, 29 anos, ajudante, casado, 2 filhos disse: “ A maior felicidade na

minha profissão é trabalhar numa obra desde o início. Chegar no terreno vazio

e em alguns meses ver um prédio construído, mesmo que não seja para eu

utilizar.” Já MBS, 26 anos, ajudante, casado, 3 filhos, disse: “ A maior felicidade

para mim foi ter a minha carteira assinada, novamente, após 3 anos

desempregado.” Verifica-se assim, que é muito fácil motivar pessoas como

estas, basta sabermos quais são suas necessidades, aspirações e desejos.

8.2 RECOMENDAÇÕES

Considerando a QVT como um dos objetivos das empresas cidadãs e

triunfadoras, como um dos fatores determinantes da produtividade e do

desempenho empresarial esperado e como um fator representativo “do moral”

da equipe de trabalhadores é possível sugerir a implementação de algumas

ações sob o enfoque da QVT. Essas ações são:

a realização de pesquisas qualitativas e quantitativas, periodicamente,

junto a todos os trabalhadores, não identificada e incluindo os níveis

gerenciais;

o estabelecimento de estudos pró-ativos, visando minimizar os efeitos

das práticas das organizações sobre a QVT;

a busca constante da redução dos efeitos indesejados já existentes na

QVT;

a potencialização dos princípios e valores da organização, de cunho de

valorização do ser humano em todos os níveis organizacionais;

a abertura de canais ou a realização de eventos de desenvolvimento

que possibilitem a interiorização individual e o crescimento e

desenvolvimento da pessoa humana;

a busca da parceria com os trabalhadores nos aspectos da QVT;

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a condenação de práticas de rotulagem das pessoas na organização;

As ações propostas podem, eventualmente, já estarem sendo

executadas, porém uma reavaliação das mesmas e dos resultados até

então obtidos torna-se necessária, para que se atinja um grau maior de

satisfação dos trabalhadores e assim uma maior qualidade dos serviços

prestados pelos mesmos.

_____________________________

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“Feliz é aquele que transfere o que sabe e

aprende o que ensina.”

( Cora Coralina)

___ ____________________ REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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Porto Alegre; UFRGS/NORIE, 1998.

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ÍNDICE

Pág.

INTRODUÇÃO ........................................................................................... i

LISTA DE FIGURAS .................................................................................. V

LISTA DE QUADROS

................................................................................

vi

CAPÍTULO I – Gerenciamento na Construção Civil .............................. 01

1.1 – A construção civil no cenário brasileiro ............................................. 02

1.2 – Projetos e empreendimentos

.............................................................

06

1.3 – Ciclo de vida do empreendimento ..................................................... 08

1.4 – Conceito de gerência

.........................................................................

10

1.5 – Linhas de atuação da gerência de empreendimentos

.......................

10

1.6 – Causas do desenvolvimento do gerenciamento

................................

11

1.7 – Gerência de empreendimentos ......................................................... 11

1.8 – Gerência de conflitos

.........................................................................

12

1.9 – Modalidades usuais do gerenciamento ............................................. 13

1.10 – Gerenciar empresas x Gerenciar obras .......................................... 14

1.11 – Causas do aparecimento do gerenciamento no setor

.....................

15

1.12 – Abordagem sistêmica do gerenciamento para empresas de

Construção Civil .............................................................................. 15

1.12.1 – Sistema Planejamento

..................................................................

16

1.12.2 – Sistema Gerencial ........................................................................ 16

1.12.3 – Sistema Produto ........................................................................... 18

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1.13 – Modulação da gerência de obras .................................................... 18

1.14 – Contribuição do gerenciamento de obras

........................................

19

CAPÍTULO II – Gestão Estratégica

..........................................................

24

2.1 – A evolução da Administração estratégica ......................................... 25

2.2 – Uma definição de estratégia

..............................................................

25

2.3 – Benefícios da Administração Estratégica .......................................... 26

2.4 – Conceito de Planejamento Estratégico ............................................. 27

2.5 – Tipos de Posturas Estratégicas

.........................................................

28

2.6 – O processo de Administração Estratégica ........................................ 29

2.6.1 – Etapas envolvidas na Administração Estratégica

...........................

29

2.7 – Questões especiais em Administração Estratégica .......................... 33

2.7.1 – Administração Estratégica e Operações Internacionais

.................

33

2.7.2 – Administração Estratégica e Responsabilidade Social .................. 34

2.8 – Barreiras ao Gerenciamento de Estratégias ..................................... 36

CAPÍTULO III – Gestão pela Qualidade Total

.........................................

39

3.1 – A revolução de Deming ..................................................................... 41

3.2 – Definições de Qualidade ................................................................... 44

3.3 – A era da Qualidade Total

...................................................................

46

3.4 – Gestão pela Qualidade Total

.............................................................

50

3.4.1 – Dimensões da Qualidade Total ...................................................... 50

3.4.2 – Custos da Não Qualidade .............................................................. 52

3.4.3 – Competindo em Qualidade

.............................................................

53

3.4.4 – Implantação da Gestão pela Qualidade Total ................................ 53

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3.5 – Instrumentos facilitadores e inibidores da qualidade

.........................

54

3.5.1 – Cultura Organizacional ................................................................... 54

3.5.2 – Procedimentos operacionais .......................................................... 55

3.5.2.1 – Ciclo PDCA

..................................................................................

56

3.5.2.2 – MASP ou MANP – Método de Análise e Solução de Problemas 58

3.5.3 – As Sete Ferramentas da Qualidade ............................................... 59

3.5.4 – Programa “5S” ................................................................................ 61

3.5.4.1 – Implantação do Programa “5S” ................................................... 63

3.6 – Motivação Rumo à Qualidade Total .................................................. 64

3.7 – Tendências na Gestão pela Qualidade Total .................................... 66

CAPÍTULO IV – Motivação e Satisfação do Trabalho

............................

68

4.1 – Conceituação

.....................................................................................

70

4.2 – Necessidades dos Seres Humanos .................................................. 72

4.3 – O motor que impulsiona o trabalho ................................................... 74

4.4 – A importância do treinamento

............................................................

75

4.4.1 – O treinamento considerado uma despesa

......................................

75

4.4.2 – Treinamento e assistência educacional ......................................... 76

4.4.3 – Afaste o medo ................................................................................ 77

4.4.4 – Incentivos ....................................................................................... 78

CAPÍTULO V – Qualidade de Vida no Trabalho ..................................... 81

5.1 – Enfoque da Qualidade de Vida no Trabalho ..................................... 82

5.2 – Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho

.....................................

84

CAPÍTULO VI – Método de Pesquisa ...................................................... 89

6.1 – A técnica de coleta de dados escolhida ............................................ 90

6.2 – O roteiro das entrevistas ................................................................... 91

6.3 – A modelagem da pesquisa ................................................................ 92

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6.3.1 – As condições físicas de trabalho .................................................... 92

CAPÍTULO VII – Estudo de caso ............................................................. 95

7.1 – A Empresa Carioca ........................................................................... 97

7.2 – As variáveis de segmentação da amostra

.........................................

98

7.2.1 – A segmentação da amostra

............................................................

98

7.2.2 – Caracterização da amostra ............................................................ 99

7.3 – Nível de satisfação quanto aos critérios

............................................

108

CAPÍTULO VIII – Conclusões e Recomendações

..................................

112

8.1 – Conclusões

........................................................................................

113

8.2 – Recomendações

................................................................................

115

BIBLIOGRAFIA

..........................................................................................

117

ANEXO

.......................................................................................................

122

ÍNDICE ....................................................................................................... 130

FOLHA DE AVALIAÇÃO

...........................................................................

133

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ANEXOS

“Seriedade e competência não são, apenas, qualidades,

são pré-requisitos indispensáveis para o

exercício de qualquer cargo ou função.”

(Gildásio Amado)

Anexo A

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___ __________________________ ROTEIRO DE

ENTREVISTA

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

PÓS-GRADUAÇÃO - PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ROTEIRO DE ENTREVISTA SOBRE QVT - ANEXO A

No:........... Data: ....../....../.....

Hora início: ......h.........min - Hora fim: ......h.........min

Informações sobre a empresa

1 - Razão social:

2 - Número de trabalhadores:

3 - Endereço da obra:

Objetiva coletar informações sobre o respondente e a empresa na qual trabalha e será preenchida pelo entrevistador com um X na alternativa que corresponder à situação.

BLOCO A - VARIÁVEIS DE SEGMENTAÇÃO DA PESQUISA

Informações sobre o respondente

1 - Nome:

2 - Endereço:

3 - Idade:

( ) Até 25 anos

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( ) Mais de 26 até 30 anos

( ) Mais de 31 até 45 anos

( ) Mais de 46 até 50 anos ( ) Mais de 51 anos

4 - Função exercida nesta empresa/obra

( ) engenheiro ( ) arquiteto ( ) administrador

( ) mestre ( ) contramestre ( ) encarregado

( ) servente ( ) ajudante

( ) profissional (pedreiro, carpinteiro, ferreiro, instalador, pintor,etc...)

5 - Função exercida anteriormente empresa/obra

( ) engenheiro ( ) arquiteto ( ) administrador

( ) mestre ( ) contramestre ( ) encarregado

( ) servente ( ) ajudante

( ) profissional (pedreiro, carpinteiro, ferreiro, instalador, pintor,etc...)

6 - Tempo de serviço na construção civil:

( ) Até 2 anos ( ) De 10 a 15 anos

( ) De 2 a 5 anos ( ) De 15 a 20 anos

( ) De 5 a 10 anos ( ) Mais de 20 anos

7 - Tempo de trabalho na empresa:

( ) Mais de 1 até 2 anos

( ) Até 3 meses ( ) Mais de 2 até 5 anos

( ) Mais de 3 até 6 meses ( ) Mais de 5 até 10 anos

( ) Mais de 6 até 12 meses ( ) Mais de 10 anos

8 - Origem:

( ) do local ( ) de pequenas cidades do interior

( ) do campo ( ) de outros estados

9 - Razões da migração:

( ) procurar emprego ( ) melhorar condições de vida

( ) venda da terra ( ) acompanhar família

( ) procurar escola ( ) outro motivo

10 - Ocupação na origem:

( ) construção civil ( ) no campo

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( ) na indústria ( ) outro Qual ?

11 - Razões para ingresso na construção civil:

( ) por gostar ( ) acompanhar parente (pai, irmão, ...)

( ) pelo salário melhor ( ) por falta de estudo

( ) mais fácil conseguir emprego ( ) mais fácil aprender profissão

12 - Grau de instrução:

( ) analfabeto ( ) primeiro grau completo

( ) até segunda série primeiro grau ( ) segundo grau incompleto

( ) até quarta série primeiro grau ( ) segundo grau completo

13 - Estado civil:

( ) solteiro ( ) casado ( ) separado/desquitado ( ) viúvo

14 - Prole - Número de filhos:

15 - Moradia:

( ) própria ( ) alugada

( ) emprestada ( ) com parentes

( ) outro

16 - Quantos cômodos?

17 - Tempo de transporte diário:

( ) até 1 hora ( ) de 1 a 2 horas

( ) de 2 a 3 horas ( ) mais de 3 horas

18 - Número de meios de transporte que utiliza por dia? (Ida e Volta)

( ) Nenhuma ( ) Duas

( ) Três ( ) Quatro

( ) Cinco ( ) Seis

19 - Remuneração

( ) até 1 salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários mínimos

( ) de 3 a 5 salários mínimos ( ) de 5 a 10 salários mínimos

( ) mais de 10 salários mínimos

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20 - Já sofreu algum acidente de trabalho?

( ) Sim ( ) Não

21- Caso já tenha sofrido algum acidente de trabalho, foi em que parte do corpo?

( ) Cabeça ( ) Tronco

( ) Membros superiores ( ) Membros inferiores

22 - Satisfeito com o cargo/função?

( ) Sim ( ) Não

23 - Participaria de cursos, seminários e afins para melhoria de qualificação?

( ) Sim ( ) Não

24 - Qual o último curso realizado?

BLOCO B - OS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO

As dimensões abaixo representam aspectos das relações de trabalho que interferem na QVT dos trabalhadores da construção de edificações e para cada um dêles serão formuladas questões visando avaliar o nível de satisfação do entrevistado. A partir da verbalização, o entrevistador assinalará com um X o ponto da escala que julgar compatível com a manifestação, de acordo com a seguinte graduação:

(0) Total Insatisfação (2) Alguma Insatisfação (4) Muita Satisfação

(1) Muita Insatisfação (3) Pouca Satisfação (5) Total Satisfação

Os espaços existentes destinam-se ao registro de manifestações e contribuições dos entrevistados consideradas importantes pelo pesquisador.

FATORES/DIMENSÕES Grau de satisfação

Condições de Trabalho 0 : 1 : 2 : 3 : 4 : 5

1. Higiene das instalações de uso pessoal

2. Limpeza, ordem e arrumação do canteiro

3. Segurança individual (EPIs)

4. Segurança coletiva

5. Esforço e desgaste

6. Igualdade na distribuição de tarefas

7. Disponibilidade de materiais

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8. Qualidade dos materiais

9. Acesso rápido a ferramentas

10. Inovações em métodos, processos e ferramentas

Obs:

Compensação justa e adequada

11. Equidade entre salário e trabalho

12. Equilíbrio salarial com o mercado

13. Equidade externa dos benefícios

14. Equilíbrio salarial interno

Obs:

Uso e desenvolvimento de Capacidades

15. Autonomia e auto-controle

16. Polivalência/variedade de tarefas

17. Programação parcial da atividade

18. Complexidade das tarefas

19. Apoio do superior imediato

20. Retroinformação/feedback

Obs:

FATORES/DIMENSÕES Grau

Chances de crescimento e segurança permanente (0) (1) (2) (3) (4) (5)

21. Garantia de emprego

22. Chances de carreira e crescimento profissional

23. Gestão participativa

24. Igualdade de participação

Obs:

Integração social na empresa

25. Forma de tratamento do superior

26. Relacionamento com o patrão

27. Relacionamento com colegas

28. Igualdade de tratamento

Obs:

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Constitucionalismo

29. Cumprimento de obrigações

30. Liberdade de manifestação e discordância

31. Regras pré-estabelecidas e divulgadas

Obs:

Comunicações internas

32. Orientação sobre serviços

33. Formas de transmissão

34. Normas e padrões conhecidos

35. Inovações na forma de dirigir

Obs:

Programação dos serviços

36. Desmanche e retrabalhos

37. Sequenciamento

38. Interrupções de tarefas

Obs:

BLOCO C - PERGUNTAS ADICIONAIS

a) Recomeçaria na construção?

( ) Sim ( ) Não

b) Traria seu filho para a construção?

( ) Sim ( ) Não c) Quais as boas lembranças de seu melhor emprego na construção civil?

d) Quais as más lembranças de seu pior emprego na construção civil?

e) O que acha que deveria ser feito para melhorar as condições de trabalho e deixar os operários mais satisfeitos?

Hora de conclusão: .........h ........min. Tempo de duração: .........min.

_____________________________________

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJEO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Cooperação e Integração:

o diferencial para obtenção de Qualidade no Gerenciamento

das empresas de Construção Civil

(Avaliação do nível se satisfação de operários)

Autor(a): ANNA RACHEL PESSANHA DA SILVA

Orientador: Prof. Ms. Marco Antônio Larosa

Coordenador: Prof. Fernando Arduini Ayres

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica e

Qualidade Total da Universidade Cândido Mendes para obtenção do título de

Especialista em Gestão Estratégica e Qualidade Total.

Data da entrega: ________________________________

Avaliação:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Avaliado por: ____________________________________ Grau: __________

Rio de Janeiro, ____ de _________________ de _____.

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