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UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O Conhecimento Afetivo no Processo de Graduação Por: Elia na Villarinho P ires Barbosa Orientador Prof. Ms. Carlos Alberto Cereja de Barros Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Conhecimento Afetivo no Processo de Graduação

Por: Eliana Villarinho Pires Barbosa

Orientador

Prof. Ms. Carlos Alberto Cereja de Barros

Rio de Janeiro

2005

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Conhecimento Afetivo no Processo de Graduação

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Docência do Ensino Superior.

Por: Eliana Villarinho Pires Barbosa

3

AGRADECIMENTOS

Ao Doutor Leandro da Silva Ribeiro,

merecedor de imenso respeito e

admiração pela sua atuação como

Magistrado e educador, meu

agradecimento pelo estímulo à prática

Docente.

A todo o corpo Docente do “Projeto A Vez

do Mestre”, exemplo vivo dos objetivos

propostos nesse trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu marido Ronaldo e aos filhos

Vinicius, João Paulo e Bruno, elenco

maravilhoso de minha jornada terrena.

5

EPÍGRAFE

“É neste sentido que ensinar não é

transferir conhecimentos, conteúdos nem

formar é ação pela qual um sujeito criador

dá forma, estilo ou alma a um corpo

indeciso e acomodado. Não há docência

sem discência, as duas se explicam e

seus sujeitos apesar das diferenças que

os conotam, não se reduzem à condição

de objeto, um do outro. Quem ensina

aprende ao ensinar e quem aprende

ensina ao aprender”.

(FREIRE, 1.996, p.23)1

6

RESUMO

A nova pedagogia universitária acena para uma ação docente

diferenciada, onde o autoritarismo, a falta de diálogo e o distanciamento não

têm mais lugar no processo ensino-aprendizagem.

O ato de aprender pressupõe para o educando uma relação com outra

pessoa: o docente. Esta relação, além de valores cognitivos, pressupõe

também valores afetivos, que constituem o elo de ligação entre o ser

aprendente e o objeto do conhecimento, estabelecendo sobremaneira as

condições para a construção da personalidade e determinantes afetivas e

intelectuais.

O que ocorre na prática é a falta de sentido pedagógico, humanista e

afetivo na prática docente, que desestimula o aluno a pesquisar os

conhecimentos científicos passados através das disciplinas que lhe são

impostas.

O objetivo desse estudo é provocar o repensar do docente do ensino

superior sobre a necessidade de agregar ao seu universo de conhecimento a

sensibilidade e habilidade de análise biopsicológica do educando, de forma a

estabelecer uma relação professor/aluno mais participativa, cooperativa, de

mediação, e, por que não humanista, com a aceitação e compreensão do

outro, o respeito à sua identidade, propiciando, desta forma, a estimulação da

aprendizagem e a formação profissional.

7

METODOLOGIA

Na pesquisa do problema proposto foram adotados os métodos

empírico e teórico, onde se pretendeu estabelecer e comprovar a estrita e

necessária relação do afeto no processo de aprendizagem aplicada aos cursos

de graduação em Ciência Jurídicas.

Assim, com base em observação do objeto real vivenciada no

passado, ou seja, a ausência de interatividade do docente no processo de

transmissão do conhecimento, falta de uma ação participativa e cooperativa e o

distanciamento em face dos alunos, iniciou-se uma pesquisa de campo.

Uma vez que se constatou que nos referidos cursos de graduação a

transmissão do conhecimento, invariavelmente, continua sendo exercida por

docentes desprovidos de conhecimentos psicopedagógicos, bem como

ausentes de sensibilização em relação ao ser aprendente, à diversidade de

suas identidades e ao contexto social, deu-se continuidade à pesquisa através

de bibliografias de estudiosos sobre o assunto, ou seja, neurocientistas,

biólogos, psicólogos, pedagogos e outros, bem assim em periódicos e sites da

internet, objetivando aprofundamento do assunto.

Considerando que as bibliografias estudadas acenavam

favoravelmente à continuidade da comprovação do problema, foram

estabelecidos como parâmetros as bases biológicas do ser humano, as

estruturas cognitivas e a ação do meio como fator preponderante de sua

interação e modificação.

O objeto da pesquisa foi então se delineando até chegarmos ao

resultado esperado, com a comunhão de conceitos científicos que comprovam

a afirmativa do problema apresentado.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 9

CAPÍTULO I- A Biologia Humana ......................................................... 14

CAPÍTULO II – A Afetividade ................................................................ 27

CAPÍTULO III – Uma Docência Afetiva ................................................ 40

CONCLUSÃO ......................................................................................... 51

ANEXOS ................................................................................................. 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................ 59

BIBLIOGRAFIA CITADA ....................................................................... 62

ÍNDICE ................................................................................................... 65

FOLHA DE AVALIAÇÃO ....................................................................... 66

9

INTRODUÇÃO

Os cursos de graduação em Ciências Jurídicas têm em seu corpo

docente pessoas de notório saber jurídico, profissionais bem sucedidos,

atuantes ou integrantes das atividades forenses, mestres e doutores.

Em relação aos discentes, pressupõe-se que ao chegarem às

instituições de ensino detêm um conhecimento mínimo essencial, inteligência e

discernimento suficientes para absorverem todo o conteúdo programático

necessário à formação profissional.

Leva-se em conta tão-somente o aspecto cultural e cognitivo do sujeito

aprendiz, desconsiderando-se que a inteligência, como parte dessa cognição,

prescinde de estímulo, bem assim que existem instrumentais indispensáveis à

ação docente.

No entanto, a mera explanação da letra fria da lei, fazendo do

conhecimento mera retórica, a afirmação de um “saber” autoritário de quem se

põe ao pedestal inatingível e inabalável, ocultando vivências e experimentos,

não são suficientes ao processo de ensino-aprendizagem. Faltam, pois, ao

docente a afetividade e a capacidade de se emocionar com o objeto da

transmissão do conhecimento.

E, somente se adquire essa capacidade quando o docente interage e se

deixa interagir no universo social em que se encontra, agrega à prática docente

uma ação recíproca, com o que o educando construirá sua personalidade e

suas determinantes afetivas e intelectuais.

Vale lembrar que, assim como a evolução da espécie é inevitável, o

processo de ensino-aprendizagem como componente desta evolução não pode

se manter estagnado, pois este acompanha a própria fisiologia do homem.

10

Cada vez mais o homem recebe novas informações, novos

conhecimentos, e através destes amplia a sua capacidade de observar, de

buscar, de comparar, de escolher; de se expressar sob qualquer forma, de ser

aprendiz e mestre.

Então se questiona: e a educação? Referimo-nos à educação na sua

mais ampla concepção, desde a sua formação no processo interativo familiar

até a educação adquirida através das salas de aula, onde se confrontam

personalidades e culturas distintas.

E, mais: será que o conteúdo programático poderá ser apresentado

sob outros meios, sob formas interativa e participativa, despertando nos

discentes a faculdade de “observar”, “duvidar”, “aceitar”, “entender” e, por fim

“apreender” o desconhecido e com ele “interagir e expandir” ?

Há que se atentar na atualidade para um diferencial fundamental do

processo “educar”, pois este está intrinsecamente ligado à modificação e

transformação dos integrantes deste processo, na capacidade de observação,

na bondade, na generosidade, na compreensão, no amor, na paciência e na

cumplicidade das pessoas capazes de promover o diferencial neste novo

processo do aprendizado, pois havendo a possibilidade de mudanças, por mais

remota que seja, resta ao ser humano tão-somente o animus de interagir e agir.

Mister que se importe com a compreensão do “ser” enquanto

componente do universo em manifestação, do processo evolutivo e histórico,

de sua capacidade de interagir com os seus pares, de superar as mais

adversas situações, de se melhorar, de ousar, de ir mais além, de buscar

soluções e criar.

Compreendemos, então, a dicção de MATURANA (1.997, p. 18)2

quando afirmou:

11

“O ser humano não é um animal político; ele é um animal

cooperador. Mas a cooperação só acontece com a

aceitação do outro. Em relações de dominação e

submissão não há cooperação; há obediência, há

submissão. A cooperação existe como fenômeno somente

no espaço em que a relação é aquela em que os

participantes surgem como legítimos na convivência”.

Conclui-se, então, que não bastam a simples constatação das

deficiências do processo educativo e o cruzar dos braços para a realidade. Há,

pois, uma transformação em andamento que urge da própria necessidade do

indivíduo em não mais ficar à margem do conhecimento.

A partir da observação sobre a existência de outros fatores

determinantes no processo de ensino-aprendizagem, a estreita relação entre

cognição e afetividade desse processo, aborda-se no primeiro capítulo a

biologia humana, as conexões e interações entre o sujeito e o meio na

construção de uma consciência.

Da mesma forma, aborda-se também as estruturas cerebrais

cognitivas, a plasticidade cerebral, a inteligência humana, o seu

desenvolvimento em parceria com o outro e como se processa a organização

dos conhecimentos.

No segundo capítulo analisa-se a importância do afeto para o

desenvolvimento do ser e de seu processo de aprendizagem.

Para tanto, partindo-se de estudos das inteligências múltiplas, deu-se

especial atenção às inteligências pessoais, isto é, inteligência intrapessoal e

interpessoal, bem assim os seus motivadores psicológicos.

12

Foi considerado, também, a epistemologia da complexidade e a

docência e educação, bem assim o conhecimento e seus fatores

condicionantes, chegando-se, a final, no terceiro capítulo, ao estudo de uma

docência afetiva, onde se aborda a necessidade de mudança da ação docente

na construção do conhecimento.

Seguindo este entendimento, foi dada especial importância do ensino

como mediação da formação docente e o enfrentamento da modernidade nos

meios acadêmicos.

Assim é que, através da apresentação desse estudo dirigido aos

docentes do ensino superior, especialmente das Ciências Jurídicas, propõe-se

uma reflexão sobre a importância da afetividade na formação do ser discente e

como esta intervém nos conteúdos apreendidos, propiciando, de forma

positiva, a aquisição de novos conhecimentos.

13

CAPÍTULO I

A BIOLOGIA HUMANA

“Está escrito:

No começo era o verbo.

Aqui, começo a hesitar.

Quem me ajudará a ir mais longe?

Impossível dar um valor tão elevado a esta palavra.

Assim devo compreendê-la de outro modo.

Se me coloco perfeitamente esclarecido pelas luzes do

espírito. Escrevo:

No começo era o Pensamento”. (...)

Goethe (1.808 e 1.932, “Fausto”).

14

CAPÍTULO I

A BIOLOGIA HUMANA

O homem nasce com uma estrutura biofisiológica bem desenvolvida,

tendo como núcleo o sistema nervoso central apto a estabelecer conexões e

interações entre o sujeito e o meio, gerando, desta forma, a construção de uma

consciência. As estruturas de cognição formam-se a partir das ações sobre o

meio, porém é o distanciamento desse mesmo meio que ativa a operação

mental, quando, a partir daí, recriamos o que nos falta.

Sobre biologia humana cita-se afirmativa de RELVAS, bióloga-

anatomista humana (2005, epígrafe):3

“Entender a Biologia Humana e suas interfaces é

saborear novas construções epistemológicas, que só o

humano possui, pois as estruturas cerebrais cognitivas,

emocionais, afetivas motoras são sistêmicas e integradas

por circuitos neurais que, quando estimulados, despertam

inteligências e aprendizagens, favorecendo o

desenvolvimento nos aspectos biológicos, psicológicos,

sociais, emocionais, afetivos e motores”.

Assim, quando analisamos os fatores determinantes da aprendizagem

não devemos levar em conta tão-somente a cognição como processamento de

informações; devemos associar cognição com afetividade.

Os estudos apresentados a seguir nos mostram que os esquemas

afetivos são uma presença constante, isto é, o afeto se organiza formando

esquemas, da mesma forma que os processos cognitivos.

15

1.1 – O ser cérebro

O cérebro sempre foi o órgão essencial à aprendizagem. A massa

cefálica abriga cem bilhões de células nervosas e cada uma delas se liga a

milhares de outras, em mais de cem trilhões de conexões, a que chamamos de

sinapses, e é graças a essa trama que o indivíduo pensa, raciocina, recorda e

se emociona (ver anexo 1).

As fibras nervosas capazes de ativar o cérebro precisam ser

construídas e o são pelos desafios e estímulos a que o ser humano é

submetido. Sem estes estímulos o cérebro é uma massa cinzenta quase inerte,

sem as experiências que o levam à aprendizagem (ver anexo 2).

Como vimos, o cérebro necessita de uma rede de circuitos neurais

conectando suas principais áreas sensoriais e motoras, que são capazes de

armazenar, interpretar e emitir respostas eficientes a qualquer estímulo. E, em

decorrência de novas informações, provocar modificações e rearranjos em

suas conexões sinápticas, possibilitando novas aprendizagens.

1.1.1 – Equilíbrio cerebral e a plasticidade neural

A plasticidade neural ou neuroplasticidade é a capacidade de

organização do Sistema Nervoso frente ao aprendizado e a lesão, onde esta

organização se relaciona com a modificação de algumas conexões sinápticas.

Esta plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas

assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal

do indivíduo.

16

Os processos de modificação pós-natais em conseqüência da

interação com o meio ambiente e as conexões que se formam durante o

aprendizado motor consciente (memória) e inconsciente (automatismo) são

exemplos de como funciona a neuroplasticidade em indivíduos sem alteração

do Sistema Nervoso Central.

O cérebro “escreve” constantemente uma espécie de codificação

eletrônica gerada para cada tipo de atividade, sentimento ou emoção com que

nos envolvemos. Assim, nos afirma RELVAS (2005, p. 38) 4 que “entrar em

equilibro cerebral significa obter sinais elétricos coerentes e proporcionais entre

as diversas áreas do cérebro para que esse possa coordenar perfeitamente as

atividades físicas correspondentes” (ver Anexo 3).

Com efeito, esse equilíbrio se dá graças a Plasticidade Cerebral,

também chamada de Capacidades Adaptativas do Sistema Nervoso Central –

SNC - visto que, recebendo o cérebro as estimulações corretas, uma grande

parte dos neurônios recobra seu funcionamento normal e a outra parte é

despertada para novas tarefas.

Assim, a cada nova experiência do ser, redes de neurônios são re-

arranjadas, outras sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de

respostas ao ambiente tornam-se possíveis, fazendo com que o indivíduo

reconecte neurônios para processar o aprendido.

1.1.2 – A Inteligência humana

Verificamos que a mente humana tem por objetivo básico a tarefa de

relacionar e transformar, ou seja, um mecanismo tal como a vida que se

constitui numa constante transformação. Para entendermos esse processo é

importante visualizarmos passo a passo todo o encadeamento simbólico,

figurativo e operativo.

17

A evolução biológica através de organizações e adaptações constantes

chegou ao homem com uma tal complexidade fisiológica e orgânica que o

tornou capaz de se auto-enxergar. O homem consegue refletir graças à sua

complexidade neurônica e estrutural evoluída. As raízes biológicas da

inteligência se constituem no produto de uma operação cerebral e permite ao

sujeito resolver problemas e até mesmo criar produtos que tenham valor

específico dentro de uma cultura.

Nesse sentido, reproduz-se escrito de ANTUNES (2003, p. 25) 5 sobre

as inteligências, onde afirma “todas as nossas inteligências nada mais são do

que segmentos componentes de uma ecologia cognitiva que nos engloba”.

Essa afirmativa nos leva ao entendimento de que transformamos o que

está fora e dentro através de uma interação, com um instrumento (estrutura)

que trabalhará para que a essência se realize em ação coordenada,

assimilando de um lado e modificando do outro (acomodação).

Assim, a inteligência humana, que tem sua origem na junção de duas

palavras latinas inter (entre) e eligere (escolher), significa, em seu sentido mais

amplo, a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão

das coisas, escolhendo o melhor caminho.

1.1.3 – A Zona de Desenvolvimento Proximal

Na visão de Vygotsky a compreensão do desenvolvimento psicológico

não pode ser buscada em propriedades naturais do sistema nervoso, rejeitando

sobremaneira a idéia de funções mentais fixas e imutáveis do cérebro.

18

A partir desse entendimento, concebeu o cérebro como um sistema

flexível, plástico, apto a servir a novas e diferentes funções, sem haver

necessidade de transformações no órgão físico, e que as relações dos homens

entre si e com o mundo são mediadas por instrumentos técnicos e por sistemas

de signos; o homem ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura

reconstrói individualmente os modos de ação realizados externamente e

aprende a organizar os próprios processos mentais.

Dadas as imensas possibilidades de realização humana, essa

plasticidade é essencial, pois o cérebro pode servir a novas funções, criadas na

história do homem, sem que sejam necessárias transformações morfológicas

no órgão físico – cérebro.

Em seus estudos, Vygotksky atribuiu à distância entre o nível de

desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial a denominação

de Zona de Desenvolvimento Proximal, onde o desenvolvimento real ou afetivo

é determinado através da solução independente de problemas, e o

desenvolvimento potencial determinado pela solução de problemas através da

colaboração ou orientação de outras pessoas mais capazes e esclarecidas.

Cita-se escrito de VYGOTSKY (1989, p. 93) 6:

“Ela possui o conceito (isto é, conhece o objeto ao qual o

conceito se refere), mas não está consciente do seu

próprio ato de pensamento. O desenvolvimento de um

conceito científico, por outro lado, geralmente começa

com sua definição verbal e com sua aplicação em

operações não-espontâneas – ao se operar com o próprio

conceito, cuja existência na mente tem início a um nível

que só posteriormente será atingido pelos conceitos

espontâneos”.

19

À luz do escrito acima podemos afirmar que existe uma zona de

capacidade que corresponde à diferença entre o que o indivíduo é capaz de

realizar, sem assistência, e aquilo que é capaz de realizar em parceria. À esta

diferença de realizar sozinho e em parceria, ou seja, na coletividade, que

Vygotsky denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal, definindo como

uma zona de desenvolvimento potencial da capacidade intelectual do indivíduo.

E, comenta ainda VYGOTSKY (1989, p. 93) 7 que:

“as práticas pedagógicas deveriam por ênfase nesta zona,

de modo a favorecer a apropriação por parte do indivíduo

de práticas sociais que o conduzissem a um

desenvolvimento cognitivo”.

Deduz-se, então, a necessidade de se estabelecer uma nova prática

docente, compreendendo e aceitando o educando como um ser interativo no

processo de aquisição de conhecimento.

Ele, docente, deve ser o agente mediador do processo de constituição

de conhecimentos, respeitar os diferentes ritmos, comportamentos e trajetórias

individuais, propondo desafios e problemas aos seus alunos e ajudando-os a

resolvê-los, realizando com eles ou proporcionando atividades em grupo, em

que aqueles que tiverem mais cultura adquirida poderão cooperar com os

demais, conduzindo-se com atenção e respeito às interações ocorridas em sala

de aula

Com suas intervenções estará o docente contribuindo para o

fortalecimento de funções ainda não consolidadas ou para a abertura de zonas

de desenvolvimento proximal.

20

No entanto, para que o desenvolvimento do educando aconteça na

área cognitiva, precisa também acontecer na área afetiva, pois, como vimos, as

fibras nervosas capazes de ativar o cérebro precisam ser construídas, e o são

através dos desafios e estímulos a que o ser humano é submetido.

1.2 – A Autopoiese

Define-se autopoiese como autocriação, autoreprodução. Para

entendermos como se processa a autopoiese reporta-se às investigações do

neurocientista Maturana.

Pesquisando Maturana o fenômeno da percepção voltado às áreas de

neuroanatomia e fisiologia da visão a partir da investigação da auto-

organização dos organismos vivos, sua reprodução e evolução, lança em 1.956

a Biologia do Conhecimento.

Mais tarde, percebendo através de suas investigações que os sistemas

vivos trabalhavam em rede, fechada em si mesma, e que seus componentes

são operados pelo sistema nervoso, que se desdobra em atividades internas e

contínuas, geradoras de mudanças de relações entre as atividades e os

componentes daquele sistema, juntamente com Varela publica a Teoria da

Autopoiese.

Essa teoria (MATURANA e VARELLA, 1.995) nos diz que a condição

sine qua non da existência de um sistema vivo é a própria conservação desta

existência, estruturalmente acoplado ao meio onde existe, onde

“educar e aprender são fenômenos biológicos

fundamentais que envolvem todas as dimensões do ser,

em total integração do corpo e do espírito, e do ser com o

fazer” (Apud MORAES, 2003, p. 5) 8

21

Compreende-se, então, à luz dessa fenomenologia biológica, que

“educar é enriquecer a capacidade de ação e de reflexão do ser aprendente; é

desenvolver-se em parceria com outros seres; é desenvolver-se na biologia do

amor e da solidariedade que implica na integração entre o sentir, o pensar e o

agir, integrando razão e emoção” (Apud MORAES, 2003, p. 5)9.

1.2.1 – O Sujeito e a Sociedade

Se o aparecimento da vida corresponde à transformação de

organismos vivos numa auto-organização, auto-reprodução, criação de

ramificações e espécies, podemos definir o indivíduo como o produto de um

ciclo de produção, bem assim afirmar que conhecer e pensar não é chegar a

uma verdade absoluta; é dialogar com a incerteza.

Chega-se, então, a outros argumentos sustentados por Maturana onde

os sistemas vivos (autopoiéticos) continuam vivos desde que conservem a sua

organização e adaptação em relação ao meio em que vivem, e que a

organização desses é que revela a sua identidade, independente das

mudanças estruturais internas que ocorrem, conferindo ao ser vivo a sua

identidade de classe.

Se, biologicamente, somos seres sociais porque vivemos uns com os

outros, “existe, portanto, uma recursividade indissolúvel na relação

indivíduo/sociedade” (MORIN, 1.998, apud MORAES, 2.003, p. 234)10, o de os

indivíduos produzem a sociedade que produz os indivíduos.

Assim, a conduta individual dos indivíduos é o que define um sistema

social como uma sociedade particular, onde o sistema social é definido “como

sendo constituído por um conjunto de seres vivos que possui uma conduta

articulada como rede de interações, através da qual eles se concretizam como

seres vivos” (MATURANA, 1.999, apud MORAES, 2.003, p. 237).

22

De fato, essa rede de interações cooperativas nas relações de

convivência dos indivíduos, a solidariedade, o reconhecimento do outro, as

conversações é que estabelecem no viver/conviver de cada um que se

concretiza o sistema social.

1.2.2 – A Organização Social

Como vimos no item acima, em uma sociedade é imprescindível a

preservação dos valores da vida em nossa sociedade, bem assim o

reconhecimento da complexidade nela existente, vez que implica na

manutenção da própria existência.

Segundo MORIN (1.998, p. 97)11, na noção de vida e de sociedade

“ambas têm um fundamento organizador comum”. Com efeito, existem

princípios que regem a organização biológica (seres vivos) que guardam

similitude com a organização dos sistemas sociais.

As mudanças exteriores abalam e catalisam processos sem determinar

a direção ou as seqüências das mudanças estruturais internas; isto porque um

sistema aberto e auto-organizador tende a criar o seu próprio determinismo

interno, vez que existe uma relação de reciprocidade entre ambos.

Por esta razão, não devemos afastar a aplicação desses princípios aos

sistemas de gestão educacional, in casu, instituições de ensino superior, visto

que é através da compreensão da complexidade que envolve o ser humano e

os ambientes educacionais que poderemos criar ambientes de aprendizagem

mais favoráveis aos processos de construção do conhecimento.

Há necessidade de uma visão holística da sociedade e do mundo, de

respeito à identidade do ser/sociedade, da realidade que nos cercam, da

cultura e do meio onde essas organizações estão inseridas.

23

O que se pretende chamar atenção é que o padrão da organização, a

maneira de operar, a conduta do sujeito é que possibilitam a realização de

processos autopoiéticos nos sistemas sociais, visto que é esta rede que

garante a dinâmica dos processos que envolvem as diversas relações.

1.3 – A Organização dos conhecimentos

O desenvolvimento do mental concreto do ser humano decorreu da

polaridade, isto é, só entendemos por comparação, separando os objetos entre

si, isolando de seu contexto natural e do conjunto de que fazem parte. No

entanto, sob o aspecto cognitivo, faz-se necessário colocar um conhecimento

particular no seu contexto, bem como situá-lo num determinado conjunto.

Para que possamos desenvolver o que seja a organização de

conhecimentos torna-se necessário entendermos o que seja aptidão geral e os

princípios organizadores que permitem religar os saberes e dar-lhes sentido.

Assim é que propomos inicialmente transcrever escrito de

MARCOVITCH (1.998, p. 177)12, sobre a formação das novas gerações de

educandos:

“Aprender a ser é uma resultante da harmonia entre as

exigências do indivíduo, do seu grupo social e da

sociedade que ele integra. Uma harmonia influenciada

pelas etapas da vida e pelas mudanças do entorno. Uma

harmonia que exige aprimoramento constante de cada ser

humano, e não significa nem passividade, nem

contemplação, nem egocentrismo”.

24

Esse escrito ratifica sobremaneira os estudos já apresentados onde se

vislumbra que o principal fim da educação é o crescimento pessoal e social do

ser aprendente, cabendo ao docente uma práxis harmoniosa com esse, bem

assim encontrar os meios para uma atualização contínua; é conscientizar-se de

“ser docente” e não “estar docente”.

1.3.1 – Inteligência Geral

Sabe-se que a faculdade de tratar os problemas especiais está na

relação direta com a inteligência geral, cujo desenvolvimento requer o uso da

lógica, da dedução, da indução, habilidade de argumentação e discussão.

Da mesma forma, o desenvolvimento da inteligência geral prescinde,

ainda, de um conjunto de atitudes mentais, tais como o desembaraço,

vigilância dos sentidos, o sentido da oportunidade, a sagacidade, a que os

gregos denominavam métis 1

Assim, relativamente à educação, o processo de ensino deverá

favorecer a aptidão natural do indivíduo de colocar e resolver os problemas

deverá ser estimulada a inteligência geral, sendo esta essencial à cultura

científica, evidenciando-se o “bem pensar”. Neste sentido, cita-se

MARCOVITCH (1.998, p. 177) 13:

“Aprender a pensar é buscar a independência mental,

com base em valores que dignifiquem o ser humano. É

buscar atitudes críticas e originais, que contribuem para

solucionar os impasses. A conjugação da sabedoria e da

capacidade inovadora permitirá corretos diagnósticos da

realidade e a proposição de alternativas para o

enfrentamento de problemas crônicos ou emergentes”.

1 Métis – híbrido, mestiço – Dicionário Francês-Português: Editora Tecnoprint S.A., Rio de Janeiro.

25

Como vimos do escrito acima, cada indivíduo depende do outro para

sua própria referência e a vivência com o outro, por mais diferente que ele seja,

constitui uma habilidade a ser desenvolvida.

1.3.2 – Religar os saberes

Como vimos, todo conhecimento constitui, ao mesmo tempo, uma

tradução e uma reconstrução a partir de sinais, signos, símbolos, sob a forma

de representações, idéias, teorias, discussões.

Segundo MORIN (1.999, p. 26) 14 “o conhecimento possui ao mesmo

tempo separação e ligação, análise e síntese”. Com este entendimento,

anunciou que o progresso maior do conhecimento estava na aptidão em

integrar os conhecimentos particulares no seu contexto e no seu conjunto

global do que a sofisticação, formalização e abstração desses.

Da análise desse enunciado deduziu ainda MORIN (1.999, p. 26) 15.

que “o desenvolvimento da aptidão em contextualizar e globalizar os saberes

torna-se um imperativo da educação”.

Urge, assim, a necessidade de um pensamento de religação; da

procura das relações e interações entre qualquer fenômeno e o seu contexto;

das relações recíprocas envolvendo o todo e as partes; de se reconhecer a

unidade humana através das diversidades individuais e culturais.

Sobre esse tema, cita-se ainda MARCOVITCH (1998, p.177) 16:

“Aprender a fazer é o caminho para transformar

proposições em resultados, alternativas em soluções,

utopia em realidade. Assim, o fazer torna-se uma fonte de

aprendizagem, alimentando o conhecimento”.

26

Com efeito, o fazer docente há que ser permeado pelo meio ambiente

e pela ação, uma vez que o homem existe em função do meio interior e do

meio exterior, e através de uma ação recíproca com o meio é que o indivíduo

constrói sua personalidade, interação de ação e trabalho, e suas determinantes

físicas, afetivas e intelectuais.

27

CAPÍTULO II

A AFETIVIDADE

(...) “No começo era o Pensamento

Reflito e considero a primeira linha.

Que tua pluma não se precipite.

Pergunto-me:

Será o pensamento quem cria e produz tudo?

Reflito novamente e acredito que deveria escrever:

No começo era a Força!” (...)

Goethe (1.808 e 1.932, “Fausto”).

28

CAPÍTULO II

O AFETO

Há forte tendência na atualidade de reunião das dimensões cognitiva e

afetiva no funcionamento psicológico, numa tentativa de recomposição do ser

psicológico completo.

No entanto, como vimos anteriormente, as células nervosas se ligam a

outras, através do processo a que chamamos sinapses, e é justamente graças

a essa trama que o aluno pensa, recorda, raciocina e se emociona. No entanto

essas fibras nervosas capazes de ativar o cérebro precisam ser construídas e o

são através dos desafios e estímulos a que o ser humano é submetido.

Spinoza através de seus estudos já afirmava que o conhecimento só

produz mudança na medida em que também é conhecimento afetivo, o que foi

posteriormente confirmado nas pesquisas de Freud e de vários outros analistas

da mente humana.

Qual seria então a influência da parte afetiva no processo do

desenvolvimento do ser humano e no processo de aprendizagem ? Seria talvez

uma das tarefas da educação promover essa interação e integração ?

Essa indagação nos leva a estudos das relações e interligações entre

inteligência e afetividade, pois sabemos da existência de um mundo externo,

estruturado a partir da cultura, da natureza, de regras e dos sujeitos que nele

coabitam.

Da mesma forma, temos consciência da existência de um mundo

interno, grandioso nas áreas cognitivas e afetivas, cheio de desejos e pulsões.

Assim, Piaget estudou o sujeito epistêmico e como se desenvolve a inteligência

do homem ao longo de seu crescimento.

29

No entanto, a psicanálise buscou as origens das emoções e dos

sentimentos, entendendo que os afetos são as expressões qualitativas da

energia pulsional, dentre as quais têm origem as fantasias, os sonhos, os

interesses. Seria um tratar adequado que iria promover a conexão, as relações

e as coordenações.

A partir desta observação, os neurobiólogos começaram a estudar “as

janelas de oportunidades”, em que outras inteligências se apresentam, sendo

objeto de estudo de Gardner, psicólogo especialista em neuropsicologia, o qual

concebeu a Teoria das Inteligências Múltiplas.

Propunha Gardner que a inteligência é um potencial biológico e

psicológico, que se realiza mais ou menos como conseqüência de

experiências, fatores culturais e motivacionais que afetam a pessoa, afirmando,

ainda, que todos dispõem de pelo menos oito inteligências, relativamente

autônomas, que se desenvolvem e combinam entre si, em múltiplas

possibilidades.

Mais tarde, Goleman, citando as pesquisas acima, anuncia o que seja

a Inteligência Emocional, afirmando que a emoção é que estabelece o vínculo

entre o eu e o mundo, isto é, o elo que une a vida orgânica e a vida psíquica.

Assim, ao se conscientizar que podemos soltar os limites de nossa

criatividade e, através dessa libertação, alcançar planos mais amplos de uma

visão de mundo por meio de nossa inteligência espacial, que muito pouco

caminhamos no controle de nossas relações inter e intrapessoais, estaremos,

de certo, dando uma resposta coerente ao porquê estimular nossas

inteligências.

30

2.1 – As Múltiplas Inteligências

Por muito tempo acreditou-se que o processo ensino-aprendizagem se

fixava tão-somente na figura do docente. No entanto, esse entendimento não

vem sendo recepcionado pelos estudiosos da educação da atualidade, vez que

o ensino não se opera sem a aprendizagem, o que torna imperiosa a

associação da eficiência do ensino com a compreensão de como se processa a

aprendizagem.

Como escrito acima, os neurobiólogos Gardner e Goleman

descobriram e exaltaram uma nova definição de um ser humano que merece

uma educação centrada na individualidade de suas inteligências, e propuseram

uma escola que desenvolvesse programas de educação para a compreensão,

bem assim que torne clara a diferença entre inteligência - potencial

biopsicológico - e conhecimento, isto é, material com o qual se operam

habilidades e se estimulam inteligências.

Segundo ANTUNES (1.998, p. 76)17 “as inteligências pessoais retratam

uma simbiose entre a carga hereditária milenar desenhada no mapa genético

de cada um e as interações do sujeito com o ambiente social”.

A afirmativa de Antunes faz redefinir o papel do docente, passando de

mero transmissor de conhecimento a um efetivo colaborador do aluno, levando-

o a tomar consciência das necessidades sociais na construção de seus

conhecimentos, com base no conhecimento primário.

Quando o docente tem conhecimento das múltiplas inteligências e

acredita em sua habilidade de motivá-las, se redescobre enquanto educador,

tornando-se grande estimulador das habilidades naturais dos alunos.

31

Considerando a proposição do trabalho, comenta-se a seguir cada uma

das “Inteligências Pessoais”, ou seja, Inteligência Intrapessoal e Inteligência

Interpessoal, vez que estas dão extrema relevância à afetividade no processo

de evolução epistêmica e cultural do homem.

2.1.1 – Inteligência Intrapessoal

Essa inteligência, dita intrapessoal, representa, segundo ANTUNES

(2.003, p. 127) 18 “o acesso à própria vida sentimental, à sua gama de paixões;

auto-estima é a capacidade de efetuar instantaneamente discriminações entre

diferentes sentimentos, emoldurá-los em códigos simbólicos e usá-los para

entender e orientar o comportamento”.

Em outras palavras, essa inteligência intrapessoal é que nos permite

simbolizar conjuntos de sentimentos complexos e diferenciados, de forma ao

aprimoramento do autoconhecimento, automotivação e auto-estima.

Certo afirmar que os indivíduos buscam amigos que os valorizem e

sentem que regras sociais são ferramentas indispensáveis ao mundo

comunitário. Assim, baseia-se essa inteligência intrapessoal na capacidade de

perceber distinções nos outros, contrastes em seus estados de ânimo, suas

motivações, suas intenções e seu temperamento.

Os indivíduos se preocupam com a aparência, com o desempenho

social, com a intensidade de serem lembrados pelos outros, opõem-se a outras

que jamais se interessam por si mesmas e pela impressão que causam aos

outros.

A estimulação dessa inteligência deverá ocorrer através da abertura de

atividades que propiciem aos indivíduos externar suas impressões e,

coletivamente, construir uma hierarquia de valores pessoais, elevando o

potencial de compreensão que iremos ter do outro.

32

Embora estudos desenvolvidos por Ebbinghaus e Thorndike

enfatizavam acentuadas diferenças entre “memorizar” e “aprender”, onde para

o primeiro a aprendizagem dependia da ligação de algo que se conhecesse e,

para o segundo, dependia da memorização mecânica, certo se afirmar na

atualidade que o conhecimento se dá na relação sujeito-objeto-realidade.

Acrescenta-se à essa relação a mediação do professor e a ação do

educando sobre o objeto do estudo, de forma que o indivíduo apenas

transforme conceitos em instrumento de ação para elaborar conexões mais

elevadas, e dessa forma resolver problemas.

Nesse contexto que deve ser elevada a aprendizagem também no

ensino universitário, não se limitando tão-somente ao ensino de graus

inferiores. O docente deve assumir o papel de ligação dos significados

socioculturais refletidos no cotidiano das disciplinas e as atividades mentais

construtivas existentes na história pessoal dos discentes.

Deve também o docente atribuir projetos individuais, autodirigidos,

ajudar os discentes a estabelecer os objetivos e envolvê-los a escrever outras

formas de reflexão.

Enfim, ele, docente, se dissocia do papel de mero ensinador de

conteúdos e se transforma em intermediador e mediador da aprendizagem,

estimulando as inteligências nos alunos, as múltiplas habilidades de conhecer,

compreender, analisar, deduzir, criticar, sintetizar, classificar, comparar, criar.

2.1.2 – Inteligência Interpessoal

Centra-se em observar e fazer distinções entre as pessoas, permitindo

que o indivíduo perceba as intenções e os desejos do outro, ainda que ocultos,

permitindo seu relacionamento com este, segundo uma leitura própria.

33

A inteligência interpessoal compreende, em sua essência, a aceitação

total do outro. Sem a adesão interna das pessoas estaremos desenvolvendo

um processo reativo contrário, gerador de conflitos interpessoais e

conseqüências negativas em nosso relacionamento. No entanto, para melhor

compreensão de “aceitação do outro”, faz-se necessário o entendimento da

distinção entre “envolvimento” e “comprometimento”.

Num relacionamento interpessoal adequado o comprometimento das

pessoas compreende o envolvimento. Somente se opera a adesão total do

outro quando conseguimos o seu comprometimento.

No entanto, a aceitação do outro ou de outras pessoas depende de

sentimentos interiores,que deverão ser externados de forma sincera. Esses

meios de se obter o comprometimento se denominam Motivadores

Psicológicos, dentre os quais cita-se:

- Auto-estima – é a força viva que nos leva a um estado de maior ou

menor motivação; só conseguimos elevar a auto-estima de outra

pessoa se a nossa estiver bem, isto é, estiver elevada, se ferirmos a

auto-estima do outro teremos uma reação psicológica contrária, a falta

de adesão interna e, de conseqüência, conflito no relacionamento

interpessoal;

- Empatia – significa colocar-se psicologicamente e em sentimento no

lugar do outro, pois sempre que conseguimos compreender melhor o

outro, sentir seu problema ou alegria, teremos grande probabilidade de

obter sua aceitação interna, seu comprometimento. Ser empático não

significa resolver problemas do outro, mas, sim, ouvir, compartilhar,

sugerir; ser justo, sem distinção ou privilégio, tratar a todos com

dignidade é empatia de um docente para com seus alunos;

34

- Afetividade – objeto desse trabalho, é o terceiro motivador psicológico

que requer um sentimento que surge quando espontaneamente nos

preocupamos com o outro, quando conversamos sabendo ouvir,

quando nos aproximamos gerando mútuo conhecimento. Sobre esse

motivador psicológico comenta-se no item a seguir.

Assim, deve o docente usar aprendizagem cooperativa, atribuir

projetos, dar aos discentes oportunidades de ensinar, usar proposições para

soluções de problemas e criar situações em que eles recebam “feed-back” 2

dos outros.

2.2 – A Afetividade

Como escrito acima, a afetividade requer um sentimento espontâneo.

Quando se busca a aceitação interna do outro – o comprometimento - não se

deve prescindir da afetividade, pois esta se manifesta de forma pessoal, e se

constitui de uma ferramenta imprescindível aos relacionamentos, pois ela vive

em cada um de nós como poderoso desejo de proteger, de estimular, de

ensinar.

Falar de inteligência e da aprendizagem requer, sempre, referência à

emoção, às ligações e inter-relações afetivas. Seria impossível entender o

desenvolvimento da inteligência sem um desenvolvimento integrado e

convergente cada vez maior de nossos interesses por aquilo que olhamos e

tocamos.

A educação é uma arte e não mera profissão de ser educador. O fazer

pedagógico há de se revestir de uma ação amorosa, de alguém que nos

entenda, nos ouça e nos veja. Não necessita de grandes carinhos, mas apenas

de alguém que nos veja, observe, perceba que existimos e que estamos

presentes ou seja. Necessita, pois, de uma relação afetiva. 2 feedback -retorno, realimentação – Dicionário Webster´s Inglês/Português.

35

E, ao relembrarmos todo o processo de criação do ser, quando as

células unidas formam um determinado órgão e a união destes órgãos resulta

em um organismo, que por sua vez constitui um animal e o desenvolvimento

cada vez mais complexo desse animal resulta no homem, pensamos em todos

os elementos atômicos unidos, com as suas afinidades e novas substâncias se

formando, que se combinam entre si como que buscando criar vida.

Na verdade, o aluno ingressa em uma instituição de ensino não só para

aprender, mas também vivenciar o aprendizado como um todo. Assim, é

preciso que o docente – educador – conheça o seu aluno, não sm na sua

estrutura biofisiológica e psicossocial, mas também na sua interioridade afetiva,

na sua necessidade de criatura que busca constantemente compreender o

mundo que o acerca.

2.1.1 – As necessidades humanas no relacionamento interpessoal

Segundo Maslow (Apud CRIVELARO e TAKAMORI, 2.005, p. 54) 19,

no relacionamento interpessoal há uma hierarquia em que as necessidades

humanas se organizam: necessidades fisiológica ou biológica, de segurança,

de reconhecimento, de estima e de auto-realização.

A necessidade de segurança é suprida com a empatia, pois todo

homem sente necessidade de se sentir seguro; a necessidade de

reconhecimento é suprida pela auto-estima, pois sempre que elogiar alguém,

elevar sua auto-estima, concomitantemente, suprirá sua real necessidade de

segurança; e, por fim, a afetividade supre indistintamente as necessidades de

segurança e reconhecimento dos indivíduos/grupos.

Nesse sentido, entende Maturana (Apud SCRIPITORI, 2.004, p. 40)20

que “há um nível de animalidade do conhecimento, que se processa de modo

evolutivo desde o mais simples ser computacional”.

36

No entanto, esse nível de animalidade do conhecimento precisa ocorrer

com o outro, em uma parceria harmonioso, que assim é descrita por

MARCOVITCH (1998, p.177) 21 :

“Aprender a viver com os outros é cultivar a tolerância

e o respeito ao próximo, favorecendo o enriquecimento

coletivo. O reconhecimento do talento individual

pressupõe a existência do outro para a aferição das

capacidades e a troca de experiências. Cada indivíduo

depende de outro para sua própria referência. (...) Viver

com o outro, por mais diferente que ele seja, constitui

uma habilidade a ser desenvolvida”.

2.3 – O Conhecimento

A educação, que tem como meta a produção do conhecimento e

formação da consciência dos homens, necessita considerar todas as formas

em sua estreita relação com a vida real e as estruturas sociais onde ela se

produz. No entanto, não se admite mais analisar o conhecimento de modo

isolado, pois há muito fatores envolvidos para o seu entendimento.

Segundo MOSER (2.004, p. 39)22 “o conhecimento se dá numa

confluência, numa composição articulada de condições bioantropológicas,

condições socioculturais e da noosfera que constituem um anel

epistemológico”.

Nesse sentido, descreveu Moser que a aprendizagem, segundo a

condição bioantropológicas, se dá sobre a base de um cérebro tri-único,

embora não pode, por si só, estabelecer a distinção entre a alucinação e a

percepção.

37

Em relação a condição sociocultural, afirmou que a inteligência humana

sempre transcende os condicionamentos pela sua criatividade, se constituindo

a neosfera no domínio das produções do intelecto com autonomia objetiva.

Não obstante essas condições apontadas por Moser, há que se atentar

para alguns requisitos determinantes para a perfeita significação de docência e

educação no processo de organização do conhecimento, os quais serão

abordados nos itens a seguir.

2.3.1- Epistemologia da complexidade e a docência

Diante dos desafios da globalização cultural, evolução sociológica e

cívica, e dos saberes estanques, há o desafio de reformar o pensamento para

que o homem se torne capaz de organizar o conhecimento.

Daí o primeiro requisito dessa epistemologia: que os docentes ensinem

os alunos a organizar seus conhecimentos e proporcionem métodos para uma

aprendizagem adequada. A comunicação entre docente e discente não deve

ser processada ao nível das informações e, sim, das estruturas do

pensamento.

Afinal, a missão do educador não se reduz à instrução. A educação é

bem mais ampla e abrangente, devendo ser exercida com o comprometimento

do docente.

2.3.2- Epistemologia da complexidade e educação

O grande objetivo da educação é conseguir do aluno a transformação

da informação impessoal, ou seja, fala, papel, vídeo, etc., em conhecimento

concreto, aqui entendido como apropriação e assimilação, em sabedoria ou

sapiência e empregá-lo na orientação de sua vida.

38

Os educadores dispõem na atualidade de um grande manancial de

teorias escritas e defendidas por estudiosos da educação, tais como Piaget

através de seu construtivismo, que defendia que o conhecimento não se

transmitia, mas se construía; a exploração da zona de desenvolvimento

proximal defendida por Vygotsky; a argumentação de Maturana ao sustentar

que a propriedade do ser vivo de proceder de dentro para fora, numa dança

autopoiética, ou seja de modo reconstrutivo.

No entanto, é necessário que o jovem aluno se descubra, que encontre

sua identidade, que tenha consciência do espaço-tempo em que se situa.

Quanto ao docente, apenas deve assistir essa descoberta, mostrando

ao aluno situações que despertem a sensibilidade, isto porque a obra

educacional deve ser essencialmente não-diretiva.

A educação avança a passos curtos porque ainda estamos

profundamente inseridos em organizações autoritárias, em processos de

ensino-aprendizagem controladores, com educadores pouco livres, que

repetem mais do que pesquisam, que impõem mais do que se comunicam.

A ação pedagógica é uma escolha, que deverá ser exercida com

equilíbrio, consciência e aceitação do outro, aspiração de uma educação

transformada, renovada.

2.3.3- O exercício da docência e a universidade integrada

Todos os aspectos abordados nos itens anteriores são fundamentais

para se determinar uma nova postura do docente, onde ele e alunos devem

valorizar a habilidade de aprender, sem haver padrões burocráticos e

autoritários.

39

Deverá, segundo PERRENOUD (2.002, p. 144) 23 desenvolver as

competências fundamentais de expressão em diferentes linguagens; de

compreensão de fenômenos físicos, naturais e sociais; de referir os conceitos

disciplinares a contextos específicos, enfrentando situações-problema; de

argumentar, de negociar significados, buscando acordos por meio do discurso

e, por fim de projetar ações, de pensar propostas de intervenção solidária na

realidade.

Por outro lado, acenam também os estudos para uma instituição de

ensino com uma visão holística, sensível aos problemas sociais, integrando

conhecimentos para consolidar competências, definindo políticas que se

oponham à qualquer tipo de exclusão ou discriminação e antecipar-se ao futuro

cultivando senso de responsabilidade e de inovação.

40

CAPÍTULO III

UMA DOCÊNCIA AFETIVA

“(...) No começo era a Força !

Mas do mesmo modo, enquanto escrevo isso, algo me

previne que não ficarei por ai.

O espírito vem em minha ajuda!

De repente aprendo a verdade.

E, escrevo, com toda confiança:

“No começo era a ação”.

Goethe (1.808 e 1.932, “Fausto”).

41

CAPÍTULO III

UMA DOCÊNCIA AFETIVA

Vimos nos capítulos anteriores os avanços nos estudos da psicologia

cognitiva aos quais foram associados um construtivismo sócio-interacionista.

São também incontestáveis na atualidade os avanços no campo da didática

aliados à própria profissionalização dos professores. Daí o entendimento da

natureza do ensinar, que tem como compromisso assegurar que todos

aprendam enquanto atividade social.

Dentro desse entendimento tem-se que, à medida que a escolaridade

contribui para a humanização, também contribui para a redução das

desigualdades sociais, atribuindo-se também ao docente/educador os

compromissos éticos, políticos e sociais para com o alunado.

No entanto, cabe aqui indagar: O que significa ser educador na

sociedade brasileira, cheia de contrastes e desigualdades? O que é necessário

para desempenhar o papel de educador? O que compete ao educador na

construção de nossa sociedade?

Nos itens a seguir iremos abordar, no contexto da análise da prática

social “docência”, reflexões de vários autores que possibilitam o

desenvolvimento do método dialético de ensinar.

3.1 – O ato de ensinar

Em nossas universidades o processo de ensino não passa de meras

reproduções de exposições orais, reuniões de indivíduos onde uma só expõe

determinado assunto.

42

No entanto, segundo nos ensina PIMENTA (2.002, p. 207)24.

“O ato de ensinar resume-se ao momento da aula,

expositiva, encerrando-se nele e desconsiderando que da

ação de ensinar, se conduzida de acordo com os fins

educacionais, decorreria a ação de aprender. Portanto, a

prática social complexa efetivada entre os sujeitos

professor e aluno em sala de aula engloba tanto a ação

de ensinar quanto a de aprender”.

De fato, à luz do escrito acima, atingir a meta define o êxito da tentativa

do ato de ensinar desde que ocorra também a aprendizagem. Isto porque a

ação de ensinar é definida na relação com a ação de aprender, pois o ensino

desencadeia necessariamente a aprendizagem.

Danilov (1.985, Apud PIMENTA, 2.002, p. 207) afirma que é função do

ensino o desenvolvimento da capacidade de pensar e a aquisição de

instrumentos necessários à ação, mediante a

“interinfluência entre o objetivo e o subjetivo, cuja

essência é a experiência social em toda a sua

multilateralidade e complexidade que se transforma em

conhecimentos, habilidades e hábitos do educando, em

idéias e qualidade do homem em formação, em seu

desenvolvimento intelectual, ideológico e cultural geral”.

Benedito (1.995, Apud PIMENTA, 2.002, p. 207), aponta como

responsabilidade do docente a efetivação das ações correspondentes aos três

momentos do ciclo didático, a saber: “1) preparatório ou pré-ativo; 2) de ação

docente ou interativo; 3) de avaliação ou pós-ativo”.

43

À luz dos ensinamentos vistos acima, chegamos à compreensão de

que a aula, como momento e espaço privilegiado de encontro e de ações deve

ser construída, feita pela ação conjunta de professores e alunos, ficando

superada, assim, a visão de que a ação o aluno é copista do conteúdo do

professor palestrante.

Nos cursos de graduação as aulas ministradas são tradicionais, com

conteúdos das disciplinas com definições ou sínteses, deixando de levar em

conta que foram historicamente construídas num dado contexto, interligadas a

uma pesquisa científica e propósitos teóricos específicos. Dessa forma, o

docente se põe como único repositório do saber, portador da verdade absoluta.

Não se discute nesse trabalho a qualificação documental dos docentes,

vez que a legislação vigente impõe-lhes títulos e especificações necessárias e

indispensáveis a tal prática.

O que se pretende é levar à reflexão os aspectos que determinam e

condicionam o ensino como atividade do professor e do aluno, acentuada na

atividade do primeiro, e a aprendizagem como atividade do professor e do

aluno, acentuada na atividade do segundo.

3.1.1 – A mobilização para o conhecimento

Sabe-se que os alunos chegam às universidades com deficiências

culturas anteriores, na maioria das vezes resultado de fracassadas políticas

educacionais de suas respectivas escolas, ou ainda de sua condição social.

Em razão dessas deficiências, o grupo alunado apresenta

multiplicidade de aptidões, de capacidades e de comportamento, fato este que

vem desafiando cada vez mais os docentes.

44

Assim, compete ao docente possibilitar ao aluno um direcionamento

para o processo pessoal de aprendizagem, vez que muitas das vezes ainda

não se encontra presente, bem assim provocar, sensibilizar e vincular o aluno

em relação ao objeto de conhecimento, propiciando a sua atenção no curso do

processo.

Por outro lado, o papel do professor será também de desafiar,

estimular, ajudar os alunos na construção de uma relação com o objeto de

aprendizagem, auxiliando-os na tomada de consciência das necessidades

apresentadas socialmente a uma formação universitária.

No entanto, para que ocorra o processo de pensamentos críticos e

construtivos, é indispensável uma ambientação favorável à interação, aos

questionamentos, às divergências surgidas em sala de aula, atribuição afeta ao

docente.

Afinal, não há método único, isto é, o conhecimento não se dá apenas

pela razão, mas pelo diálogo dela com o sensível e o emocional.

3.1.2 – A construção do conhecimento

Este “é o momento do desenvolvimento operacional, da atividade do

aluno por meio da pesquisa, do estudo individual, dos seminários, dos

exercícios, no qual se explicitam as relações que permitem identificar como o

objeto de conhecimento se constitui” (LIBÂNEO, 1.985, Apud PIMENTA, 2.002,

p. 215).

Nesse momento da construção do conhecimento a essência das

atividades propostas ao aluno se constitui na análise, onde esse poderá

construir uma visão qualitativamente superior, uma síntese nova e reelaborada,

superando sua visão inicial e sincrética sobre o objeto do conhecimento.

45

Cita-se abaixo algumas categorias que poderão orientar a definição

das atividades dos alunos:

- significação – estabelecer os vínculos, os nexos do conteúdo a ser

desenvolvido;

- problematização – na origem do conhecimento está presente um

problema;

- práxis – ação motora, perceptiva, reflexiva do sujeito sobre o objeto a

ser conhecido;

- criticidade – o conhecimento deve estar ligado a uma visão crítica da

realidade;

- continuidade – ruptura – partir de onde se encontra o aluno, isto é,

senso comum e visão sincrética;

- historicidade – trabalhar os conhecimentos em seu quadro relacional;

- totalidade – combinar a síntese com a análise, articulando o

conhecimento com a realidade, seus determinantes e nexos internos.

3.1.3 – Elaboração da síntese do conhecimento

Refere-se ao momento da sistematização, da expressão empírica do

aluno acerca do objeto apreendido, da consolidação de conceitos.

Nesse sentido, cita-se VASCONCELLOS (1.995, Apud PIMENTA,

2.002, p. 217):

46

“a interação intencional, planejada, responsável entre

aluno, professor e objeto de conhecimento configura a

essência da relação pedagógica. Mediada pelo

conhecimento, essa relação permite o alcance da lógica

própria das diversas áreas, numa construção inovadora,

mobilizando o envolvimento e o comprometimento de

alunos e professores no processo de compreensão da

realidade e do seu campo profissional” .

Refletimos, então, que constituem objetivos essenciais do processo de

ensino-aprendizagem o desenvolvimento do raciocínio, a precisão de conceitos

básicos, o crescimento em atitudes de cooperação, de participação e crítica

perante os conhecimentos.

O processo da construção do conhecimento somente se fará através

do trabalho conjunto, numa parceria de professores entre si e com alunos,

numa nova visão do ensinar e aprender no ambiente da universidade.

Afinal, o compromisso da conquista do conhecimento requer sedução e

parceria, cumplicidade, aceitação do outro, um fazer solidário, que, segundo

MATURANA (1.995, Apud MORAES, 2003, p. 6), “é educar e desenvolver-se

na biologia do amor”.

3.2 – O ensino como mediação da formação do docente

Os sociólogos do conflito dizem que é no sistema educacional onde

ocorrem os exemplos mais gritantes da manifestação da desigualdade social.

Com efeito, é um tipo de relação especial de poder, que é a relação na escola

entre professor e aluno.

47

Essa relação na escola é possível porque tem como pano de fundo

uma instituição formal – universidade – constituída pela sociedade que, no

geral, aceita e aprova as relações de poder nela existentes, que se constituem

em autoridade.

Dentro desses conceitos, pode-se afirmar que a relação

professor/aluno é a concretização de uma instituição de nossa cultura, onde

para garantia do exercício da autoridade, é necessário que o professor

demonstre competência no campo teórico e prático dos princípios e

conhecimentos que regem a instituição escolar.

Esses conceitos filosóficos e políticos de Marx e Engels – séc. XIX -,

trabalham as potencialidades da dialética com conceitos como poder,

contradição, totalidade, mudança e contradição, trabalham também o papel do

poder e da contradição, usando o método dialético que prioriza as causas do

conflito em lugar das conseqüências da ação social-pedagógica. Também se

traduz em caráter ideológico e sua função reprodutora na sociedade.

No entanto, a mediação democrática através de um trabalho escolar e

docente que leve a convergência da liberdade e igualdade, valorizando a

qualidade de vida humana da coletividade somente é estabelecida através da

autoridade baseada na competência e empenho profissional.

A nova visão da construção do conhecimento exige normas que

garantam liberdade de expressão, de idéias, de sentimentos, e a participação

responsável da universidade e dos grupos alunados. Por outro lado, a

distribuição do conhecimento exige igualdade de oportunidade para todo o

alunado, confiança e respeito.

48

3.2.1 – O corpo docente

A docência nas universidades tem sido exercida por profissionais das

mais variadas áreas do conhecimento. Há na atualidade quatro grupos distintos

de profissionais exercendo função docente na educação superior, a saber: a)

os profissionais de várias áreas do conhecimento que se dedicam à docência

em tempo integral; b) os profissionais que atuam no mercado de trabalho

específico e se dedicam ao magistério algumas horas por semana; c) os

profissionais docentes da área pedagógica e das licenciaturas que atuam na

universidade e, paralelamente, no ensino básico; d) os profissionais da área da

educação e das licenciaturas que atuam em tempo integral na universidade.

Ao primeiro grupo de profissionais cabe indagar: Como você ensina o

que não vivencia em sua prática diária? Se este profissional carece de prática

diária impossível admitir-se de suprir as necessidades que os alunos vão

encontrar quando profissionais dessa área. Seria, então, uma questão de

proposta a ser desenvolvida com os alunos.

No segundo grupo encontramos profissionais que desempenham papel

de destaque na comunidade ou integram uma classe de notório saber que

optaram pela docência paralelamente ao desempenho de suas funções. Como

a sua jornada de trabalho restringe a dedicação ao magistério, não se

permitem envolver com os alunos, os companheiros docentes, o departamento

e a instituição de ensino.

No entanto, no exercício de suas respectivas profissões contagiam os

alunos com os desafios e as exigências do mercado de trabalho, trazendo a

realidade para a sala de aula e contribuem significativamente na formação

acadêmica.

49

No terceiro grupo, os profissionais docentes da área de educação,

envolvidos com os cursos de pedagogia e licenciaturas, que paralelamente

atuam nas universidades e nos diferentes níveis de ensino básico, oportuniza

uma vivência efetiva na ação docente e possibilita compartilhar com os alunos

a realidade cotidiana nos diferentes níveis de ensino.

No entanto, em face do volume de trabalho, o docente torna-se

desafiador e questionador da qualidade a ser oferecida aos seus alunos.

Finalmente, o quarto grupo de profissionais da área da educação e das

licenciaturas que se dedicam em tempo integral ao ensino universitário.

Dedicam-se a orientar licenciandos e especialistas para atuar nas escolas.

Cabe, então, indagar: Como trocar experiências e refletir sobre uma ação

docente no nível de ensino que o professor ou o especialista nunca atuou ?

Esses são os impasses porque passam as universidades para compor

o seu corpo docente. Indaga-se, então: Para a atuação do docente deve-se

optar pelo professor profissional ou pelo profissional professor?

Parece-nos que a melhor das soluções seria compor o quadro docente

com profissionais de todos os grupos, resguardadas a diversidade e a

bagagem de todos os envolvidos, vez que nesse caso haveria a troca de

informações, experiências, vivências, culturas, práticas, um universo de

conhecimentos.

3.2.2 – O enfrentamento da modernidade nos meios acadêmicos

Há uma expressiva complexidade na composição dos quadros

docentes do ensino superior uma vez que a grande parte desses profissionais

não possuem formação pedagógica.

50

Em contra-partida, os gestores das unidades de ensino superior

precisam buscar professores titulados que possam contribuir para a qualidade

dos respectivos cursos, devendo oferecer aos docentes a preparação

pedagógica necessária para atuar em sala de aula e com esta se envolver.

Certo é que, independentemente da opção do profissional que irá atuar

em sala de aula, o grande desafio do docente é aceitar que a prioridade dentro

de uma universidade é sua atuação como professor: é “ser educador” e, não,

“estar educador”. É se envolver com o outro, o aluno, é compartilhar, cooperar,

mediar, trabalhar as inteligências, aceitar desafios, buscar soluções com

cumplicidade.

Os pressupostos elencados acima estão muito longe dos paradigmas

que propõem práticas pedagógicas autoritárias e conservadoras. Vários

educadores brasileiros têm anunciado a necessidade de uma

profissionalização dos professores, para um reencontro da busca da

competência, objetivando uma reflexão sobre sua atuação enquanto docente.

Há necessidade de uma docência competente na carreira universitária

e a uma urgente proposição de projetos pedagógicos que envolvam os

docentes em grupos de estudos, num trabalho individual e coletivo na busca da

reflexão sobre a ação docente.

51

CONCLUSÃO

Em síntese, vimos que, em relação aos cursos de graduação das

Ciências Jurídicas, as competências dos docentes da atualidade baseiam-se,

em sua grande maioria, no notório saber jurídico e nas experiências do

profissional “docente” e responsável pelo processo da transmissão de

conhecimento. Nesse sentido, operam as escolas, onde se organizam com o

objetivo de educar, caracterizado pelo desenvolvimento das ciências, através

dos conteúdos contidos em suas diversas disciplinas.

Estudam-se matérias e conteúdos disciplinares para se chegar ao

conhecimento científico que garanta a boa educação formal, onde a educação

formal decorre como conseqüência. Nesse sentido, os currículos fixam as

matérias e os alunos devem aprendê-las para o fim único da graduação,

quando, a partir daí, passam a desenvolver suas aptidões no mercado de

trabalho.

No entanto, este “aprender” deverá ser visto como “saber”, onde as

disciplinas devem servir ao desenvolvimento das competências do aluno;

precisam ser vistas como perspectiva de meios; de instrumento para a

realização dos projetos pessoais e sociais.

Essa referência se baseia no passado, na tradição, diferentemente da

visão da atualidade, onde o célere avanço da tecnologia, das ciências

humanas, da modernidade que nos acena para uma grande oferta de recursos

nos permitem entender o passado e o futuro como organizador de nosso

presente.

52

Esta nos parece uma nova concepção de competência, onde se deve

preservar o passado como organizador do presente naquilo que esse tem de

melhor e organizar um presente em nome do futuro, com toda a sua

descoberta, incerteza e situação-problema.

Assim, relativamente à competência, esta sempre traz consigo uma

dimensão relacional, isto porque expressa o desafio de diferenciar e integrar as

partes e o todo, a dimensão interdependente das interações entre sujeito

(aluno) e objeto (conhecimento).

Devemos considerar as relações entre pessoas – relação interpessoal

– onde regras sociais como a autonomia, o respeito, a tolerância, a

responsabilidade, a amizade, o comprometimento, a participação, a

cooperação e a mediação são fatores determinantes ao desenvolvimento de

competências.

A eficácia do fazer pedagógico depende cada vez mais da capacidade

dos docentes em desenvolver respostas diferenciadas frente à

heterogeneidade dos alunos e à complexidade de seu contexto de trabalho.

As experiências mostram que os docentes comprometidos com o fazer

pedagógico, que desenvolvem um tipo de conduta de exploração colaborativa,

isto é, se conscientizam de seus gestos profissionais e dos processos de

aprendizagem de seus alunos, os fatores condicionantes e determinantes,

estabelecem uma cooperação eficaz, sincera e duradoura, desenvolvem não

só as suas próprias competências como a dos sujeitos da aprendizagem.

Assim, quando o docente se redescobre enquanto mediador desse

processo, se prepara para o enfrentamento das incertezas e os conflitos

inerentes à mudança da práxis pedagógica, isto é desenvolve uma “ação

afetiva”, efetivamente contribui para o desenvolvimento progressivo das

competências individuais de seus alunos.

53

ANEXO 1

Figura 1 - Sinapses

54

ANEXO 2

Figura 2 - Organização Funcional

55

ANEXO 3

Figura 3 – Áreas Cerebrais

Na ilustração acima temos as áreas cerebrais com suas funções

específicas que regulam muitas atividades inconscientes – sonhar - e

atividades conscientes – pensar, criar, aprender, memorizar .

56

ANEXO 4

INTERNET

Home

Sistema NERVOSONeurologia CentralEncéfaloCérebroCerebeloBulbo Tronco cerebra l Medula EspinhalPeriféricoCentros nervososNervosVegetativo

. SISTEMA NERVOSO Neurônios

SinapsesO impulso chega a seu destino final depois de passar por uma série de neurônios. O potencial de ação tem que se transmitir de um neurônio a outro por um lugar de contato com características especiais. Estes pontos de contato ocorrem onde o ramo terminal de um cilindro eixo se põe em contato com os dendritos ou com o corpo do segundo neurônio. Este ponto de contato constitui a sinapse.Nas sinapses não há continuidade de estrutura, e permitem que os impulsos cruzem em uma só direção. Em conseqüência diz-se que têm polaridade. Numa sinapse distinguem-se partes funcionais morfologicamente distintas:Porção pré-sináptica do neurônio transmissor do impulso, na forma de botão terminal que contém numerosas vesículas com substâncias neurotransmissoras (acetilcolina, noradrenalina etc.). Porção pós-sináptica do neurônio receptor. Tende a estar rebaixada na forma negativa ao botão. Fenda sináptica situada entre as 2 porções.

Referências Bibliográficas:Fisiologia Humana. Philippe Meyer. - Anatomia. Basmajian.7ª Edição. - Tratados de Fisiologia Médica. Guyton - Hall. 9ªEdição. - Lippert Anatomia Texto e Atlas. 4ª Edição.Espanha. Imagens modificadas de:Mosby Dicionário de Medicina, Enfermeria e Ciências da Saúde.5ª Edição 2000. Espanha. - Lippert Anatomia Texto e Atlas.4ª Edição. Espanha.

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57

ANEXO 5

INTERNET

As células nervosas são diferentes das demais, sob vários aspectos. Uma diferença significativa é o fato de o sistema nervoso formar-se durante a fase embrionária. Mais tarde, o sistema - células, tecidos, órgãos - apenas se desenvolve. Por isso é que um neurônio, diferentemente do que ocorre com os outros tipos de tecidos do nosso corpo, não é substituído quando morre.As lesões neurológicas são irreversíveis, o que pode acontecer é o organismo utilizar-se de neurônios que antes não eram utilizados integralmente.Podemos classificar os neurônios em três tipos básicos: sensoriais, de associação e motores.Como são muitos os neurônios que participam desse sistema de circulação de impulsos, formam-se "feixes" de axônios, que constituem o que denominamos nervo.

Referências Bibliográficas:Fisiologia Humana. Philippe Meyer. - Anatomia. Basmajian.7ª Edição. - Tratados de Fisiologia Médica. Guyton - Hall. 9ªEdição. - Lippert Anatomia Texto e Atlas. 4ª Edição.Espanha. Imagens modificadas de:Mosby Dicionário de Medicina, Enfermeria e Ciências da Saúde.5ª Edição 2000. Espanha. - Lippert Anatomia Texto e Atlas.4ª Edição. Espanha.

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58

ANEXO 6

INTERNET

Por exemplo, se você acaba de jogar uma partida de futebol, ou, depois de um longo dia de trabalho, se sente cansado, é seu cérebro o encarregado de dar-lhe os sinais para que você faça tudo o que seu corpo necessita para recuperar as energias. Você pode dormir, comer sua comida favorita ou sentar-se para ver um bom filme. Depende de cada um.Seu cérebro está constantemente enviando-lhe "sinais" de mal-estar ou bem-estar quando se trata de suas emoções, seus pensamentos, sua capacidade criativa ou de crescimento em geral. Já pode ter acontecido de você ficar de mau humor porque não gosta do seu trabalho.Ou você se sente relaxado e feliz simplesmente porque está lendo um bom livro. Isso também depende de cada pessoa, porque o aspecto mais maravilhoso do cérebro humano é que ele foi projetado de tal forma que cada indivíduo tem certos talentos e habilidades que, de forma "natural", predominam sobre os outros. À medida que você vai desenvolvendo esses talentos e habilidades você adquire mais chances de êxito.Portanto, seu êxito pessoal depende da capacidade que você desenvolve para "escutar" e aprender a identificar os sinais que seu cérebro lhe envia. Na medida em que suas decisões e suas ações estejam em sintonia com seus neurônios, mais cheia será sua vida.

Os avanços da neurociência nos últimos vinte anos permitem saber um pouco mais sobre o funcionamento do cérebro humano, que é como uma máquina extremamente complexa dotada de um circuito de conexões entre distintos grupos de neurônios.A doutora em psicologia Katherine Benziger é uma pesquisadora norte-americana de renome. Ela sustenta que o cérebro tem quatro famílias de habilidades ou de aptidões distintas.Cada cérebro possui todas as quatro, mas somente uma funciona como líder em cada indivíduo.

A PONTE OU PROTUBERÂNCIALocaliza-se abaixo do cérebro, diante do cerebelo e acima do bulbo. como o próprio nome indica, a ponte serve de passagem de impulsos nervosos que vão ao cérebro. A ponte está também relacionada com reflexos associados às emoções, como o riso e as lágrimas.

Na ilustração, você tem as áreas cerebrais com suas funções específicas. O cérebro situa-se no interior da caixa craniana. Possui mais de dez bilhões de neurônios e pesa menos do que 1,5kg. Regula muitas atividades inconscientes, como sonhar, por exemplo. Ao mesmo tempo, destaca-se por regular atividades que requerem o máximo da consciência: aprender, pensar, criar, memorizar etc.

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59

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62

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 FREIRE, Paulo (1.996). Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à

prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 30a. ed. 2004, pág. 23.

2 MATURANA, Humberto - As Bases Biológicas do Aprendizado. Matéria

publicada na Revista “Dois Pontos” , jul/ago, 1.993, pág. 18.

3 RELVAS, Marta Pires – Fundamentos Biológicos da Educação: despertando

inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak,

2005, epígrafe.

4 RELVAS, Marta Pires – Fundamentos Biológicos da Educação: despertando

inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak,

2005, p. 38.

5 ANTUNES, Celso (1.998) - As Inteligências Múltiplas e seus Estímulos.

Campinas, SP: Papirus, 11a. ed., 2003, p. 25.

6 VYGOTSKY, L.S. – Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1.984, p 93.

7 VYGOTSKY, L.S. – Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1.984, p 94.

8 MATURANA, H. & VARELA, F. - A Árvore do conhecimento. Campinas: Psy,

1.995 – In: MORAES, Maria Cândida – Educar na Biologia do amor e da

solidariedade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003, p. 5.

9 MATURANA, H. & VARELA, F. - A Árvore do conhecimento. Campinas: Psy,

1.995 – In: MORAES, Maria Cândida – Educar na Biologia do amor e da

solidariedade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003, p. 5.

63

10 MORAES, Maria Cândida – Educar na Biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis, RJ., Vozes, 2.003, p. 234.

11 MORIN, Edgar – Sociologia – A sociologia do microssocial ao macroplanetário. Sintra: Europa-América, 1.998, p. 97.

12 MARCOVITCH, Jacques (1.998) - A Universidade impossível. São Paulo: Futura, 2a. ed., p. 177.

13 MARCOVITCH, Jacques (1.998) - A Universidade impossível. São Paulo:

Futura, 2a. ed., p. 177.

14 MORIN, Edgard (1.999) – Repensar a Reforma: Reformar o pensamento: a

cabeça bem feita.Trad. Ana Paula de Viveiros. (original: La tête bien faite.

Éditions du Seuil) Coleção: Epistemologia e Sociedade. p. 26.

15. MORIN, Edgard (1.999) – Repensar a Reforma: Reformar o pensamento: a

cabeça bem feita.Trad. Ana Paula de Viveiros. (original: La tête bien faite.

Éditions du Seuil) Coleção: Epistemologia e Sociedade. p. 26.

16 MARCOVITCH, Jacques (1.998) - A Universidade impossível. São Paulo:

Futura, 2a. ed., p. 177.

17 ANTUNES, Celso (1.998) – As inteligências múltiplas e seus estímulos.Campinas, SP: Papirus, ed. 2.003, p. 76.

18 ANTUNES, Celso (2.003) – A Construção do Afeto. São Paulo: Augusto, p. 127.

19 MASLOW, Abraham – Apud CRIVELARO, Rafael e TAKAMORI, Jorge Yukio – Dinâmicas das Relações Interpessoais. Campinas, SP: Editora Alénea, 2.005, p. 54.

20 MATURANA, H. & VARELA, F. (1.995) - A Árvore do conhecimento. Campinas: Psy - In CRIPTORI, Carmem Campoy (org.). Universidade e conhecimento:desafios e perspectivas no âmbito da docência, pesquisa e gestão. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2.004, p. 40.

21 MARCOVITCH, Jacques (1.998) - A Universidade impossível. São Paulo:

Futura, 2a. ed., p. 177.

64

22 MOSER, Aldino – In CRIPTORI, Carmem Campoy (org.). Universidade e conhecimento:desafios e perspectivas no âmbito da docência, pesquisa e gestão. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2.004, p. 39.

23 PERRENOUD, Philippe - As competencies para ensinar no século XXI. Trad. Cláudia Schilling e Fátima Murad. Porto Alegre:Artmed Editora, 2002, p. 144.

24 PIMENTA, Selma Garrido. Docência em formação: ensino superior. São Paulo: Cortez, 2.002, p. 207.

65

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO................................................................................. 2

AGRADECIMENTO................................................................................. 3

DEDICATÓRIA ....................................................................................... 4

EPÍGRAFE .............................................................................................. 5

RESUMO ................................................................................................ 6

METODOLOGIA ..................................................................................... 7

SUMÁRIO ............................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 9

CAPÍTULO I

A BIOLOGIA HUMANA ......................................................................... 14

1.1 – O Ser Cérebro .............................................................................. 15

1.1.1 – Equilíbrio cerebral e a plasticidade neural ......................... 15

1.1.2 - A Inteligência humana .......................................................... 16

1.1.3 - A Zona de Desenvolvimento Proximal ................................ 17

1.2 - A Autopoiese ................................................................................ 20

1.2.1 – O sujeito e a Sociedade ....................................................... 21

1.2.2 - A Organização Social ........................................................... 22

66

1.3 - A Organização dos conhecimentos ........................................... 23

1.3.1 – Inteligência Geral ................................................................. 24

1.3.2 – Religar os Saberesl ............................................................. 25

CAPÍTULO II

O AFETO ................................................................................................ 28

2.1 – As Múltiplas Inteligências ........................................................... 30

2.1.1 – Inteligência Intrapessoal ...................................................... 31

2.1.2 – Inteligência Interpessoal ...................................................... 32

2.2 – A Afetividade ................................................................................ 34

2.2.1- As Necessidades humanas no

relacionamento interpessoal.................................................. 35

2.3 – O Conhecimento .......................................................................... 36

2.3.1 – Epistemologia da complexidade e a docência................... 37

2.3.2 – Epistemologia da complexidade e educação .................... 37

2.3.3 – O exercício da docência e a universidade integrada ........ 38

CAPÍTULO III

UMA DOCÊNCIA AFETIVA ................................................................... 40

3.1 – O ato de ensinar .......................................................................... 41

3.1.1 – A mobilização para o conhecimento .................................. 43

3.1.2 – A construção do conhecimento .......................................... 44

3.1.3 – Elaboração da síntese do conhecimento ........................... 45

67

3.2 – O ensino como mediação da formação do docente ................ 46

3.2.1 – O corpo docente ................................................................... 48

3.2.2 – O enfrentamento da modernidade nos

meios acadêmicos ............................................................... 49

CONCLUSÃO ......................................................................................... 51

ANEXO 1 – Sinapses ............................................................................ 53

ANEXO 2 – Organização Funcional .................................................... 54

ANEXO 3 – Áreas Cerebrais ................................................................ 55

ANEXO 4 – Internet ............................................................................... 56

ANEXO 5 – Internet ............................................................................... 57

ANEXO 6 – Internet ...........…................................................................ 58

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................ 59

BIBLIOGRAFIA CITADA ....................................................................... 62

ÍNDICE ................................................................................................... 65

FOLHA DE AVALIAÇÃO ....................................................................... 68

68

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia: O Conhecimento Afetivo no Processo de Graduação

Autor: Eliana Villarinho Pires Barbosa

Data da entrega: 23 de julho de 2.005

Avaliado por: Conceito:

Rio de Janeiro, ............. de ........................de 2.005