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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO E DROGAS: UMA QUESTÃO A REFLETIR NAS ESCOLAS DA REDE PRIVADA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE NITERÓI.
MARCELO LESSA DOS ANJOS
PROFª ORIENTADORA: FABIANE MUNIZ
NITERÓI, JANEIRO DE 2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO E DROGAS: UMA QUESTÃO A REFLETIR NAS ESCOLAS DA REDE PRIVADA DE ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE NITERÓI.
MARCELO LESSA DOS ANJOS
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau
de especialista em Psicopedagogia.
NITERÓI, JANEIRO DE 2005
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS, por dar-me oportunidade de estar
subindo mais um degrau em minha vida e a minha
família, por estar sempre ao meu lado nas horas mais
difíceis, dando-me condições de crescer com esta
pesquisa.
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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu melhor amigo: meu pai, incansável na luta pelo amor ao próximo e por ter estado ao meu lado nos momentos tristes e felizes de minha vida.
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RESUMO Este trabalho tem como objetivo principal a abordagem da prevenção ao uso de
drogas por jovens nas escolas da rede pública do Município de Niterói, passando pela
família e a integração com a comunidade escolar.
Começamos a abordagem na fase de gestação, passando pela infância até o
início da adolescência, momento que entendemos ser crucial para a escolha do jovem
quanto ao uso ou não das drogas.
Pretende ser um procedimento metodológico adequado ao estudo das
proposições evidenciadas para uma pesquisa bibliográfica que permitirá a
compreensão do uso e abuso de drogas e o papel das escolas privadas de Niterói no
processo de educação, assim como a família dos alunos, incluindo questões relativas
à igualdade de direito e os domínios do saber tradicionalmente presente no trabalho
escolar.
Procura compreender as relações existentes entre as linhas de pesquisas da
biologia, psicologia e sociologia, tendo a chance de abrir alternativas que possam
inserir estudo e pesquisa, além de consultar outras concepções de formação nestas
áreas ao nível de conhecimento reforçando as hipóteses já apresentadas sobre o
assunto.
Ao analisar os dados e pressupostos gerados pela pesquisa, encontra-se em
(Tiba,1999), (Cavalcante,2000), (Silva,1998), (Cury,2000), (Freire,1970), entre
outros, um estudo para uma metodologia mais próxima à realidade educacional. É
interessante compreender o momento que a sociedade vive principalmente em função
do uso e abuso de drogas e, atendendo aos anseios da pesquisa, chegar a fase final de
escrita procurando com maior clareza evidenciar a área da educação, possibilitando
alternativas metodológicas que mostrem caminhos para uma melhor análise do tema
apresentado.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................07 CAP. I: UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS......................10
CAP. II: A FAMÍLIA ..........................................................................18
CAP. III: A ESCOLA ..........................................................................26
CAP. IV: DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS......................................31
CONCLUSÃO.......................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................37
ANEXOS................................................................................................38 ÍNDICE..................................................................................................42 FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................43
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INTRODUÇÃO Após vários anos tentando eliminar as drogas, o mundo descobriu que isso é
impossível. O difícil é saber conviver com elas. Portanto, não há resposta certa ou
fácil quando o assunto são as drogas. As pesquisas de opinião refletem esta
ambigüidade. Quando abordam o tema, em geral, mostram que estamos longe de
um consenso.
Mas as pesquisas revelam algo mais. Em meio aos números, notamos que
algumas pessoas têm opinião formada, enquanto que outras preferem não opinar
sobre o uso de drogas.
Surpreende encontrar em algumas pessoas esse grau de convicção em um
assunto tão complexo com aspectos médicos, econômicos, sociais, históricos e
morais tão sinuosos.
Quem examina esse assunto constatará que a coisa mais rara de achar são
respostas 100% seguras.
Sabemos que uma coisa se aproxima e muito da verdade: é preciso haver
informação de qualidade, desvinculada da moral, do poder econômico e das forças
políticas.
A droga tornou-se um inimigo constante no quadro da atual civilização. Ela está
na origem de um medo que, sem ser novo, está cada vez mais espalhado. Ainda mais
que esse perigo ameaça não apenas alguns indivíduos, mas gerações inteiras da
nossa juventude.
Primeiro nós a vimos invadir algumas camadas sociais marginais, para
em seguida infiltrar-se gradualmente no universo dos jovens. Da infiltração passou-
se rapidamente à agressão. Porque é de agressão que se trata agora, pois os jovens
de todas as idades são obrigados a defender-se contra ela e a enfrentá-la numa
idade na qual dificilmente serão capazes de conseguir vencê-la.
O consumo de drogas na sociedade moderna constitui um problema social que
perpassa o discurso capitalista e suas diretrizes consumistas. A droga insere-se
na sociedade como objeto de consumo, com ênfase na procura obsessiva,
assumindo assim uma dimensão sócio-cultural e ética.
O consumo abusivo é visto, por muitos, como uma possível resposta a ser
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dada às necessidades da sociedade moderna e também como objeto de transgressão.
Nessa transgressão, se inscreve o adolescente, já que autores apontam a
adolescência como a fase mais vulnerável do desenvolvimento. O adolescente,
diante das incertezas, das exigências dos pais, da escola e da sociedade,
representada pelas diversas instituições que lhe cobram uma definição, que
reclamam um rumo para sua vida, tendem a romper com o controle e com o
autoritarismo.
Jovens tendem a transgredir aquilo imposto pelos adultos e querem encontrar
o prazer de imediato.
Nas drogas, o adolescente encontra substituto para os desprazeres, ou
seja, o objeto transgressor, com o qual acredita atingir estados de equilíbrio e
tranqüilidade que vão apaziguar as ansiedades básicas da vida, dando-lhe sensação
de pertencimento ao grupo em que está inserido.
Na sociedade contemporânea, pesquisadores têm apontado para uma
adolescência que se instala cada vez mais precocemente, iniciando-se em alguns
casos, aos dez anos de idade, o que demanda uma prevenção mais precoce.
Levando-se em consideração que a sociedade preocupa-se mais com a repressão
do que a prevenção ao uso e abuso de drogas, e que só recentemente passaram-se
a se preocupar com tratamento qualificado para usuários de drogas nas escolas
privadas, principalmente porque o poder aquisitivo das famílias são mais
elevados e com isso, podendo pagar tratamento para seus filhos, norteamos este
trabalho para a reflexão sobre as possibilidades preventivas no espaço escolar.
Destacamos a escola como espaço privilegiado para desenvolver atividades
educativas preventivas, pois é nele que jovens passam a maior parte do seu
tempo, em convivência grupal, tendo que fazer escolhas para se sentirem
identificados e pertencentes.
Os pais e mestres, na escola, são tomados de surpresa. São
ultrapassados pela complexidade que eles não sabem muito bem como abordar e
perante a qual sentem-se tragicamente impotentes.
Antigamente, os educadores limitavam-se, pura e simplesmente, à proibição,
apoiados sobre o medo simultâneo da decadência física e sociológica, uma vez que
as leis eram rigorosas e implacáveis.
Neste trabalho, possibilitaremos educadores e familiares uma reflexão sobre a
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inter-relação entre família, escola e educação, este entendido como forma de
expressão criativa de sentimentos, movimentos e fala, já que educação não
significa apenas transmissão de conhecimentos.
Pretendemos destacar o quanto a educação é importante para o aluno, seja
transmitida pela família ou pela escola, se identificando, descobrindo-se, aprendendo
a obter prazer com ele de forma saudável e responsável e dele fazendo-se aliado nas
realizações pessoais.
A partir destas reflexões, são oferecidas sugestões de ordem geral que sirvam de
referências para uma proposta de integração entre professores e familiares de alunos
da rede privada de Ensino Fundamental do Município de Niterói.
Para uma melhor compreensão, no capítulo 1, voltaremos bastante no
tempo e comentaremos sobre a história das drogas, como ela surgiu.
No capítulo 2, analisaremos como a família pode contribuir para que o jovem
escolha o melhor caminho a seguir nas questões das drogas.
No capítulo 3, remeteremos ao processo de aprendizado e desenvolvimento
do jovem na escola, procurando ajudar na formação de opiniões, visando
sempre o trabalho de prevenção às drogas.
No capítulo 4, lançaremos um olhar analítico sobre as drogas, lícitas e
ilícitas, sintomas físicos e comportamentais, além de sinais de uso de drogas pelos
jovens.
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CAPÍTULO I
UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS
Relacionaremos alguns tipos de drogas mais conhecidas da população,
entretanto, sabemos que existe um número infinitamente maior das apresentadas
neste trabalho.
1.1 Aspectos históricos e culturais do álcool
A palavra álcool origina-se do árabe al-kuhul que significa líquido.
As bebidas alcoólicas representam as drogas mais antigas das quais se têm
conhecimento, por seu simples processo de produção. Obtidas pela fermentação de
diversos vegetais, segundo procedimento no início primitivo e depois cada vez mais
sofisticados, elas já estavam presentes nas grandes culturas do Oriente Médio e
utilizadas em quase todos os grupos culturais, geralmente relacionadas a momentos
festivos.
Os mais antigos documentos da civilização egípcia descrevem o uso do vinho e
da cerveja. A medicina egípcia, respeitada em toda a região mediterrânea, usava
essências alcoólicas para uma série de moléstias, enquanto meio embriagador contra
dores e como abortivo. O vinho entre os egípcios era bebido em honra à deusa Ísis.
O consumo de cerveja pelos jovens era comum; muitos contos, lendas e canções
de amor relatam os seus poderes afrodisíacos. O seu uso social e festivo era bem
tolerado, embora, já no Egito, moralistas populares se levantassem contra o seu
abuso por desviar os jovens dos estudos. A embriaguez, no entanto, era tolerada
apenas quando decorrente de celebrações religiosas, onde era considerada normal ou
mesmo estimulada.
Na Babilônia, a 500 a .C. , a cerveja era oferta aos deuses. Nas culturas da
Mesopotâmia, as bebidas alcoólicas existiram, com certeza, no final do segundo
milênio a .C. ; aos poucos, a cerveja à base de cereais foi substituída por fermentados
à base de tâmaras. A fermentação da uva também é regularmente mencionada. O uso
medicinal de produtos alcoólicos é comum.
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O consumo de álcool nas civilizações gregas e romanas é bem conhecido. Ele
era utilizado tanto pelo seu valor alimentício, quanto para festividades sociais.
Ressaltamos apenas a associação entre o uso do vinho e certas práticas e concepções
religiosas representadas pela popular figura do Bacchus. Durante longos períodos, o
consumo de vinho era proibido para mulheres, interdito do qual testemunham
também os relatos bíblicos. Lembramos ainda que o vinho é parte integrante de
cerimônias católicas e protestantes, bem como no judaísmo, no candomblé e em
outras práticas espíritas. O principal agente do álcool é o etanol. As bebidas
alcoólicas são elaboradas a partir da fermentação de produtos naturais : vinho –
fermentação da uva, cerveja – fermentação de grãos de cereais, outros – cana de
açúcar, milho,arroz.
As bebidas alcoólicas destiladas são obtidas através da destilação de bebidas
fermentadas, como cachaça, rum, uísque.
Popularmente, conhecido como: birita, mel, pinga, goró, cana.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/alcool.htm)
1.2 Aspectos históricos e culturais dos ansiolíticos
Surgiram em 1950 , com o meprobamato, que praticamente desapareceu após a
descoberta do clorodiazepóxido, em 1950. A partir daí, seguiu-se uma série de
derivados que se mostraram muito eficientes no controle da ansiedade, insônia e
certos distúrbios epilépticos.
O Diazepam foi o segundo a surgir, sendo o mais destacado membro desse
grupo de substâncias conhecido como benzodiazepínas. Assim, as principais drogas
pertencentes à classificação de ansiolíticos são os benzodiazepínicos. A
benzodiazepina, sintetizada na década de 50 tem mais de 2000 derivados. Existem 19
substâncias comercializadas no Brasil, com mais de 250 nomes comerciais.
O meprobamato foi sendo abandonado e as benzodiazepinas dominam
completamente os tratamentos farmacológicos das neuroses e das formas de
ansiedade. Além da grande eficácia terapêutica, mostraram-se drogas muito seguras.
São usadas no tratamento de dependência do álcool e hipnótico.
O crescimento do seu consumo foi vertiginoso entre 1960 e 1980. Estas drogas
têm sido prescritas indiscriminadamente. Hoje, assistimos ao desenvolvimento de um
novo padrão cultural pelo qual as pessoas encaram com permissividade o uso de
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calmantes. No Brasil, esses medicamentos são vendidos na farmácia sem a exigência
de receita médica.
Popularmente, conhecido como: Valium, Diempax, Diazepam, Relaxil, Tensil,
Lorax, Relax, Lexotan, Rohipnol, Fluzerin.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/ansiol.htm)
1.3 Aspectos históricos e culturais dos barbitúricos
Descobertos no começo do século XX e, diz a história, que o químico europeu
que fez a síntese de um deles pela primeira vez, foi fazer a comemoração em um bar.
Lá encantou-se com a garçonete, linda moça que se chamava Bárbara. Num acesso
de entusiasmo, o cientista resolveu dar ao composto recém descoberto o nome de
barbitúrico.
Em 1903, foi lançado no mercado farmacêutico o Veronal, que se mostrava um
promissor hipnótico que vinha substituir os medicamentos menos eficientes até então
existentes. O próprio nome comercial era uma alusão à cidade de Verona, sede da
tragédia Romeu e Julieta, onde a jovem toma uma droga que induz um sono
profundo confundindo com a morte para, em seguida, despertar suavemente.
Os barbitúricos foram amplamente empregados como hipnóticos até o
aparecimento das benzodiazepinas, na década de 60. A partir daí, suas indicações se
restringiram. Hoje, alguns deles são úteis como antiepilépticos.
No início, não se suspeitava que causassem dependência. Depois que milhares
de pessoas já haviam se tornado dependentes, é que surgiram normas reguladoras que
dificultaram a sua aquisição.
Até algum tempo atrás, sedativos leves que continham barbitúricos em pequenas
quantidades não estavam sujeitos ao controles de venda, podendo ser livremente
adquiridos em farmácias. Era o caso dos analgésicos. Vários remédios para dor de
cabeça, além da aspirina e os antigos Cibalena, Veramon, Optalidon, continham o
butabarbital ou secobarbital em suas fórmulas.
Popularmente, conhecido como: soníferos, bola, bolinha.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/barbitur.htm)
1.4 Aspectos históricos e culturais do ópio
É obtido através de um liquido leitoso da cápsula verde da papoula (papaver
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somniferum), planta que cresce naturalmente na Ásia. É também chamada de
dormideira, sendo originária do Mediterrâneo e Oriente Médio.
Quando seco, o suco passa a se chamar pó de ópio. O ópio é apresentado em
barras de cor marrom e gosto amargo que podem ser reduzidas a pó. Quando
aquecido, produz um vapor amarelo que é inalado. Pode ser dissolvido na boca ou
ingerido como chá.
A papoula é legalmente cultivada, servindo de fonte de matéria-prima a
laboratórios farmacêuticos. Contudo, em sua maioria, as plantações são ilegais e
destinam sua produção ao comércio clandestino de ópio e heroína.
Entre os gregos antigos, o ópio era revestido de um significado divino como
símbolo mitológico poderoso. Os seus efeitos eram considerados como uma dádiva
dos deuses, destinada a acalmar os enfermos.
As provas mais antigas do conhecimento do ópio remontam às plaquinhas de
escrever dos sumerianos que viveram na baixa Mesopotâmia (hoje Iraque) há cerca
de 7000 anos.
O ópio era conhecido também na Europa na Idade Média e o famoso Paracelso
o ministrava a seus pacientes. Quando utilizado por prazer, era ingerido como chá.
O hábito de fumar ópio conta umas poucas centenas de anos. Em muitas sociedades
tradicionais orientais, recorre-se ao ópio contra dores nas enfermidades do corpo
mas, também, como tranqüilizante. É também instrumento de relaxamento e de
sociabilidade.
No século XIX, a British East Índia Company produzia ópio na Índia e o vendia
para a China. A insistência do governo chinês em reprimir a venda e o uso da droga
que se alastrava levou o país a um conflito com a Inglaterra, conhecido como a
guerra do ópio. Os ingleses obrigaram a China a liberar a importação da droga e,
como resultado, em 1900, metade da população adulta masculina chinesa era descrita
como dependente da droga.
Amplamente aceita como droga recreativa no Oriente, e comprado livremente
na Inglaterra e Estados Unidos até fins do século XIX, o ópio provocou o surgimento
de casas de ópio na maioria das cidades européias. Foi somente no início do século
XX que o seu consumo começou a ser proibido.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/opio.htm)
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Os opiáceos substâncias derivadas do ópio, podem ser classificadas de três
formas:
a) Opiáceos naturais – derivados do ópio que não sofreram nenhuma modificação.
Ex. Morfina.
b) Opiáceos semi-sintéticos – modificações parciais das substâncias naturais. Ex.
Heroína.
c) Opiáceos sintéticos – fabricados em laboratórios. Ex. Metadona.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/opiaceos.htm)
1.5 Aspectos históricos e culturais da cocaína
Extraído da planta Erythroxylon coca ou, como é popularmente conhecida, coca
ou epadu.
Sendo uma planta tipicamente sul americana, é nativa do Andes, onde mascar
suas folhas, coquear, é um hábito tradicional que remonta vários séculos. Sua
principal função é evitar a sede, a fome e o frio. Podemos encontrar, em algumas
sociedades andinas, um valor cultural e mitológico ligado à coca.
Em certas sociedades, por exemplo, é aplicada a folha no recém nascido para
secagem do cordão umbilical – que depois é enterrado com as folhas, representando
um talismã para o resto da vida do indivíduo. Em certas cerimônias funerais, é usada,
também, mediante certos rituais, como forma de apaziguar e tranqüilizar os espíritos.
O papel sócio-cultural da coca é importante em alguns países andinos.
Exemplos são Peru e Bolívia, onde é consumida sob a forma de chá, com
propriedades medicinais que auxiliam principalmente problemas digestivos. Sua
importância é tal que neste primeiro país existe até um órgão do governo encarregado
de controlar a qualidade das folhas vendidas no comércio, o Instituto Peruano da
Coca.
No Brasil, a coca é vista como um mal, algo a ser combatido e exterminado de
qualquer maneira.
O uso mais comum nestes casos é sob a forma de sal – cloridrato de cocaína. É
consumida via nasal (cheirada). Por ser uma droga cara, seu uso é dificultado a
pessoas de baixa renda.
Todavia, com o advento do crack, a substância usada é a pasta básica da coca,
um pouco mais barato, facilitou o acesso das camadas mais pobres da sociedade.
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A cocaína pode ser injetada na corrente sangüínea, O pico, como é conhecida
esta forma de uso, produz um efeito chamado rush ou baque.
Popularmente, conhecida como: pó, brisola, bright, coca, basuko, branquinha.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/cocaina.htm) 1.6 Aspectos históricos e culturais da nicotina
Planta originária do continente americano, o tabaco já era fumado pelos índios
desde antes da chegada dos colonizadores europeus.
Foi somente em 1560 que o uso do tabaco veio a tomar grande impulso na
Europa, a partir da propaganda de Jean Nicot – diplomata francês cujo nome
originou a palavra nicotina – que ela possuía maravilhosos poderes curativos. Foi
Nicot que introduziu seu uso na França.
No século XVII, já era um vício generalizado na Europa, África e Ásia. O
tabaco perde, contudo, sua auréola de remédio para todos os males restringindo seu
uso à população de baixa renda. Mas aos poucos vai ganhando o gosto da nobreza e
da burguesia e, por fim, no início do século XVIII, é um dos maiores valores do
comércio internacional. O cachimbo, no século XVII, o rapé e o hábito de mascar no
século XVIII, assim como o charuto no século XIX, foram formas muito comuns do
uso de tabaco nas respectivas épocas. Mas a grande democratização do consumo de
tabaco veio acontecer no século XX, com a expansão do hábito de fumar
cigarro. O cigarro se popularizou de forma impressionante, sobretudo depois da
Primeira Guerra Mundial.
Apesar de existirem vozes se opondo ao uso do tabaco, este sofreu uma
expansão constante e crescente. Somente na década de 60, com a revelação dos
cientistas de que o cigarro provoca câncer no pulmão e outros males, é que se deu
início a uma campanha contra seu uso.
Consumida via oral ou nasal, a nicotina é um componente do tabaco, entre as 4
mil substâncias existentes.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/nicotina.htm)
1.7 Aspectos históricos e culturais da maconha
Cientificamente chamada de cannabis sativa, conhecida há séculos e cresce
naturalmente em várias partes do mundo, podendo ser cultivada e encontrada em
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todos os continentes. Seu plantio foi incentivado durante muitos séculos devido à
utilização de seus talos para a fabricação de cordas, fibras têxteis, palitos e até papel.
Todavia, é das folhas, bem como de seus topos floridos, que se extrai a substância
ativa THC delta-9-Tetrahidrocanabinol.
Os produtos da Cannabis podem ser consumidos por via pulmonar ou por via
oral. Originária da Ásia Central, seus primeiros registros históricos são de mais de
200 anos a .C. na China, no Egito e na Índia. Empregada com fins terapêuticos na
China e descrita pelo imperador Shen Nung como analgésico. Os indianos utilizavam
para libertar a mente de coisas mundanas. Parece ter sido introduzida nas Américas
pelos espanhóis, que fizeram as primeiras plantações no Chile, no século XVI. O
hábito de fumar ou ingerir folhas e sementes da Cannabis é antigo, vinculado a
práticas religiosas de muitos povos.
O interesse médico pela cannabis diminuiu no início do século XX em
detrimento da morfina e dos barbitúricos, que ofereciam melhores resultados. Hoje
em dia, seu emprego terapêutico é quase nenhum, mas atualmente, em função de
pesquisas recentes, é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições
clínicas: reduz ou abole as náuseas e vômitos produzidos por medicamento
anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia.
No Brasil, atribui-se a origem da maconha aos escravos africanos trazidos para
cá, sendo inicialmente utilizada por índios e negros.
Muito difundido nos estados do Nordeste, como Bahia e Maranhão, onde até
hoje existe um uso recreativo a nível popular.
Popularmente, conhecida como: baseado, erva, tora, beise, fumo, bagulho, fininho.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/maconha.htm)
1.8 Aspectos históricos e culturais do LSD-25
Abreviação de Dietilamia do Ácido Lisérgico, é uma substância sintética
fabricada em laboratório.
Descoberto em 1943 por um cientista suíço, Albert Hoffman, que estudava
alcalóides (substâncias encontradas nos vegetais) extraídos de fungos que atacam o
centeio e cereais.
Trabalhando com alcalóides da ergotina, substância que ele próprio havia
composto a partir da associação experimental da Dietilamida do Ácido Lisérgico-25
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e cuja fórmula final resultou no tratamento de destro-dietilamida do Ácido Lisérgico-
25.
Seu interesse pela ergotina baseava-se numa expectativa gerada desde a Idade
Média, a propósito de uma peste que era conhecida, devido ao excessivo ardume que
provocava na pele, causada pelo contato direto com um fungo. Esta substância foi
ingerida acidentalmente pelo cientista, ao aspirar pequeníssima quantidade de pó,
num descuido de laboratório, provocando estranhos efeitos como distorções visuais,
perceptuais e alucinações.
Esporadicamente, sabe-se do uso de LSD-25 no Brasil, principalmente por
pessoas das classes mais favorecidas. O Ministério da Saúde do Brasil não reconhece
nenhum uso terapêutico e proíbe totalmente a produção, comércio e uso no território
nacional.
Popularmente, conhecido como: ácido.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/lsd25.htm)
1.9 Aspectos históricos e culturais do cogumelo
Seu uso ritual é bastante antigo no México, onde ficou famoso, sendo utilizado
pelos nativos daquela região desde antes de Cristo. Sabe-se que o cogumelo sagrado
atualmente ainda é utilizado pro bruxos, em seus rituais, e por alguns pagés. É
chamado pelos índios astecas do México de carne dos deuses, sendo considerado
sagrado por certas tribos. Tem o nome científico de Psylocybe mexicana e dele pode
se extrair uma substância com forte poder alucinógeno: a psilocibina.
No Brasil, temos pelo menos duas outras espécies de cogumelos alucinógenos:
o Psylocibe cubensis e a espécie do gênero Paneoulus.
Um caso real conta: Um jovem arquiteto coleta vários cogumelos. Prepara-os
num liquidificador, com leite e leite condensado. Guarda esta mistura na geladeira de
sua casa. Mais tarde, com grande sentimento de culpa, depara com sua avó, que
bebera a mistura pensando tratar-se de batida de frutas ou vitamina, meio
aterrorizada na sala de visitas, com a TV ligada, e discutindo amargamente com os
personagens da novela – que haviam saído do écran e estavam pela sala.
Popularmente, conhecido como: chá, cogú.
(www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/cogumelo.htm)
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CAPÍTULO II
A FAMÍLIA
2.1 A prevenção às drogas começa na gestação A partir da concepção, tem início um período de 9 meses durante os quais
uma nova vida se desenvolve e o organismo feminino passa por várias
alterações.
Além da ausência da menstruação, há outros sinais que caracterizam o
começo da gestação, como o aumento das mamas. Um exame de sangue, o Beta
HCG, confirma a gravidez.
A futura mamãe deve tomar algumas medidas para garantir a sua saúde e a do
bebê.
O pré-natal e o acompanhamento médico (consultas e exames) são
fundamentais.
A gestante também deverá ficar atenta quanto à alimentação e à prática de
atividades físicas.
Durante a gravidez, sabe-se que o ganho de peso é normal, porém, o ideal é
que a mulher ganhe de 9 a 12 quilos.
Uma dieta balanceada composta de frutas, legumes, verduras, cereais, carne,
leite e ovos, garante todos os nutrientes necessários para mãe e filho.
Em relação aos exercícios físicos, sua prática dará mais resistência e força à
gestante, ajudando na hora do parto e ainda produzindo uma sensação de bem-estar.
O ideal é que a mulher comece a fazer exercícios após o terceiro mês de
gravidez, período em que a incidência de abortos espontâneos é maior. Caminhadas
e Hidroginástica são exercícios mais recomendados.
Por incrível que pareça, o bebê, a partir do segundo trimestre, responde através
de estímulos e contrações, a algum tipo de som, carícias ou até mesmo uma simples
pergunta dos pais.
No período de gestação, a mãe deverá se aproximar ao máximo do seu bebê. Ao
deitar ou durante o banho, quando a mulher estará bem mais relaxada, ela poderá
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acariciar o seu ventre e conversar bastante com o seu neném.
Pesquisas mostram que tudo que acontece com a gestante, automaticamente é
passado ao seu bebê. Logo, com o desenvolvimento do feto, o pai precisará também
estar envolvido, pois a mãe necessitará de ajuda, tanto física como psicológica.
Na maioria dos casos, torna-se fundamental para o Homem passar tanto para o
bebê quanto para sua esposa conforto e segurança.
Quando está perto de nascer, a criança é capaz de sentir todo o ambiente que a
espera do lado de fora (Oliveira,2001,p.224-p.235).
Todavia, conhecer o outro lado de uma gestação totalmente saudável pode
ajudar na prevenção de situações muito complicadas, que veremos a seguir.
O uso de drogas tem as seguintes implicações tanto para a mãe como para o feto :
- A saúde da gestante
As mulheres grávidas com transtorno decorrente do uso de drogas apresentam
risco elevado para doenças sexualmente transmissíveis como : HIV e Hepatite. Além
de Anemia, Tuberculose, Hipertensão e pré-eclâmpsia.
- O curso da gestação
Dependendo do tipo de droga, as gestantes podem apresentar maiores riscos para
abortos espontâneos, placenta prévia e trabalho de parto precoce ou
prolongado, além de complicações de outras condições clínicas como a hipertensão
para dependentes de cocaína.
Segundo Cavalcante, que dirige um centro de estudos sobre drogas em Fortaleza,
alerta, “O produto e o sujeito formam um duo inseparável. Sem perspectivas, a vida
passa a girar somente em torno da droga, agravando continuadas formas de
marginalização: a prostituição, o roubo e a delinqüência” (2000,p.13).
- Desenvolvimento Fetal
Algumas drogas, incluindo os opióides, cocaína e álcool, atravessam a placenta e
afetam diretamente o feto.
Isso pode ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento, mas é particularmente
provável durante o terceiro trimestre, quando o fluxo sangüíneo materno fetal
e as taxas de transporte placentário estão aumentadas. A placenta pode deslocar
antes um dos vários fatores causadores do número crescente de partos prematuros.
O feto pode apresentar risco mais elevado que a média para defeitos congênitos,
problemas cardiovasculares, comprometimento do crescimento, pré-maturidade,
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peso baixo ao nascimento e óbito. Após o parto, o neonato pode apresentar
abstinência da droga que pode ser de difícil reconhecimento, principalmente se o
pediatra não conhece o diagnóstico da mãe.
- Desenvolvimento da criança
Algumas substâncias, como o álcool, são associadas a efeitos negativos a longo
prazo sobre o desenvolvimento físico e cognitivo. Portanto, durante a gravidez, as
mães precisam buscar informações e treinamentos para exercer de forma
adequada a maternidade.
Após o parto, existe toda uma preocupação inicial com os cuidados específicos
que os pais precisarão ter. A rotina da casa muda por completo e é
nesse momento que comportamentos e percepções ajudarão na formação da
criança.
Até os 5 anos de idade, a criança está ansiosa para conhecer e memorizar
regras. Ela precisa saber a opinião dos pais sobre o que é bom e o que é ruim.
Embora entenda que fumar faz mal, ela ainda não está pronta para compreender
fatos mais complexos sobre álcool, cigarros e outros tipos de drogas. Ainda
assim, essa é uma boa época para desenvolver habilidades como tomar decisões
e resolver conflitos. Isso ajudará a dizer não mais tarde.
Algumas maneiras de ajudar a criança na pré-escola a tomar decisões sobre o
que ela deve ou não fazer com o corpo:
- Explicar por que ela precisa de alimentos saudáveis;
- Peça-lhe para dizer o nome de várias comidas saudáveis e explique como
esses alimentos contribuem para sua força e saúde;
- Reserve momentos no seu dia-a-dia para dar plena atenção ao seu filho.
Brinque com ele; descubra o que ele gosta e o que não gosta; mostre-lhe
que o ama; diga que ele é especial;
- Neste momento, estarão sendo construídos laços de afeição e confiança
que o ajudarão a ficar longe das drogas mais tarde;
- Ensine-o a brincar de forma justa, emprestar brinquedos e dizer a
verdade. Assim, seu filho saberá que tipo de comportamento você espera
dele;
- Incentive-o a seguir instruções e perguntar quando não as compreender
É um modo de saber sempre se ele tem curiosidade;
21
- Quando a criança se sente frustrada em alguma brincadeira,
incentive-a a encarar o problema e tentar resolvê-lo. Se uma torre de
blocos desmoronar, ensine-o a reconstruí-la. Transformar uma situação de
fracasso em sucesso reforça a confiança;
- Deixar escolher o que vestir sempre que possível, com isso estará sendo
reforçado a habilidade de tomar decisões;
- Mostrar as substâncias venenosas e prejudiciais encontradas em casa, tais
como produtos de limpeza, cola, cera. Ler as advertências nas embalagens.
Explicar que há muitos produtos perigosos, porém nem todos têm avisos.
Ela só poderá mexer nos produtos que você tiver dado autorização;
- Explicar que os medicamentos só fazem bem quando receitados por médicos
para as pessoas que precisam deles, por isso, crianças não devem mexer com
remédios.
As crianças de 5 a 8 anos de idade costumam mostrar um interesse crescente pelo
mundo externo à família e à casa. É o momento para falar sobre álcool, cigarros e
outras drogas. Dizer a criança que algumas pessoas utilizam essas substâncias
mesmo sabendo que são prejudiciais; falar sobre as conseqüências. Ensinar que
muita coisa prejudica o organismo, principalmente, as drogas que interferem no
funcionamento do corpo e do cérebro, levando muitas vezes até a morte. Explicar o
que é dependência, hábito ruim e difícil de deixar. Se achar oportuno, mostrar um
exemplo de alguém conhecido e como essa pessoa vive.
Elogiar a criança por cuidar do corpo e evitar tudo que possa prejudicá-la.
Entre 7 e 8 anos de idade, a criança precisa saber :
- Diferença entre alimentos, venenos, remédios e drogas ilegais;
- Um remédio pode ajudar a uma pessoa doente, mas se torna perigoso quando
usado por quem não precisa;
- Evitar sempre qualquer produto desconhecido;
- Explicar porque os adultos podem beber, mas uma criança não e
nem em pequenas quantidades. Dizer o quanto é prejudicial ao seu corpo e
ao cérebro.
A partir dos 9 anos, a posição dos pais deverá continuar firme. Isto porque
entraremos num período muito conturbado e polêmico. A pré-adolescência e o
22
início da adolescência.
9 aos 12 anos - Pré-Adolescência
13 aos 16 anos - Adolescência Inicial
Nos voltaremos somente a esses dois períodos, embora entendemos que existem
outras fases.
Cada fase é caracterizada por certas alterações do organismo e mudanças na
personalidade de um modo geral, como os desejos, as necessidades, os
interesses e os hábitos.
Puberdade é o período da adolescência em que ocorre o amadurecimento
das glândulas reprodutoras, que é acompanhado do desenvolvimento de certos
órgãos, pêlos nas axilas e em torno dos órgãos sexuais; nos meninos em média,
dos 12 aos 14 anos, enquanto que nas meninas, dos 11 aos 13 anos.
Neste momento, as crianças podem participar de conversas mais
complexas sobre as drogas.
Poderá ser aproveitada a curiosidade da criança sobre eventos traumáticos (um
acidente de carro, como exemplo) para discutir sobre o efeito das drogas nas
pessoas. Crianças adoram aprender com base em fatos, especialmente os
estranhos, e querem saber como as coisas funcionam. Explicar que qualquer coisa
em excesso poderá ser perigoso. Neste momento, ter amigos e ser aceito em um
grupo é muito importante.
Quando a criança entra no ensino fundamental, ela deixa seu ambiente
mais restrito e seguro para juntar-se a uma turma maior e desconhecida de pré-
adolescentes.
As crianças mais velhas podem oferecer álcool, cigarros ou drogas às crianças
mais novas.
É extremamente importante que a posição antidrogas dela esteja bem
fortalecida antes de ela começar a freqüentar escolas de ensino fundamental. No
geral, o adolescente é rotulado de rebelde, influenciável e atraído pelo perigo. Apesar
de os jovens às vezes parecerem hostis e de lutarem por independência, eles
precisam de apoio familiar; envolvimento e, acima de tudo, orientação.
Jovens adolescentes sofrem com as mudanças que ocorrem no corpo, no
emocional e nos relacionamentos.
A adolescência é um período estressante e confuso, caracterizado por alterações
23
de humor e uma profunda insegurança. Nesse momento, o jovem está lutando
para descobrir quem ele é e como poderá firmar a sua identidade e seu espaço no
mundo. Não é à toa que é esse o período em que muitos jovens experimentam
drogas pela primeira vez. Os pais podem não perceber que o adolescente está
rodeado de drogas. As chances de o adolescente usar drogas são maiores do que os
pais acreditam.
Muitas vezes eles se drogam em lugares em que os pais jamais imaginariam:
. Escola . Própria Casa . A Casa dos Amigos
Apesar de o jovem não admitir, são os pais que moldam profundamente a sua
posição sobre as drogas.
Podemos aproveitar a importância que eles dão à própria imagem para
apontar as conseqüências imediatas do cigarro e da maconha. Por exemplo: mau
hálito, manchas nos dentes, cheiro ruim nos cabelos e nas roupas.
2.2 A família na prevenção
As tradicionais sociedades ocidentais vem sofrendo intensas mudanças que
põem em questão o papel da família tradicional. Vivemos uma época difícil, de
transição, onde a vida familiar vem se transformando. Antigamente, encerrava a
família em três gerações; hoje, vemos a família se degradando. Tal fato é reflexo
das mudanças sociais, onde as pessoas estão cada vez mais urbanizadas,
manifestando modificações das relações interpessoais, nos hábitos de vida, no
consumismo, e até nos papéis sociais. Esta mudança e esta precariedade dos grupos
sociais induzem dificuldades de comunicação e enfraquecimento das relações de
parentalidade, um declínio do significado da família.
Assim, os pais perdem em qualidade de diálogo com seus filhos, a educação é
dada as instituições especializadas (escolas) e os pais acabam transferindo a
autoridade educativa.
Porém, os pais não devem deixar de dialogar, de saber colocar as regras
na família, impor aos filhos limites, de educar, de ensinar, de conhecer e se dar a
conhecer. O valor do não, dos limites tem a mesma importância do afeto. Quando os
pais não têm com os filhos uma relação afetiva adequada, o filho não se sente amado
sendo do jeito que é, compromete-se o desenvolvimento da auto-estima. Sem a auto-
estima, pode gerar um indivíduo inseguro, tímido, que pode precisar de uma
24
substância que lhe dê certa coragem, segurança. Sendo assim, a droga pode entrar em
certos ambientes, como compensação, como falsa saída para ocupar espaços
vivenciais não preenchidos.
Então, os pais têm um papel de formação do indivíduo, de educação sobre as
drogas como fator de prevenção, deve-se pôr em questão valores sociais, as relações
entre os sujeitos, a liberdade individual. Refiro-me a Antón, “ao lado das medidas
legais e sociais, as medidas educativas são a base do trabalho de prevenção”
(2000,p.19). É importante que haja um discurso/diálogo aberto para expor os
problemas sociais e condições de vida e não se limitar a discursos sobre a droga de
maneira simplista, permanecendo no campo restrito do faz mal ou é proibido, esses
discursos repressivos não funcionam, principalmente para pré-adolescentes.
Para saber transmitir informações sobre as drogas, é necessário também que os
pais estejam preparados e informados sobre as mesmas, sabendo que a informação
não é o núcleo central de um programa de educação preventiva, mas, sim, um dos
componentes de uma estratégia mais ampla e abrangente, é um passo no processo.
É um valioso instrumento, quando devidamente utilizado e integrado na educação
global.
Cabe à família propiciar o espaço de diálogo para com os filhos, não se tratando
somente de falar de drogas para eles, mas com eles, dando ao jovem participação
ativa no processo de aprendizagem, com liberdade de opinião e expressão de seus
anseios, com oferecimento de espaços para questionamentos e discussão.
É preciso que haja uma formação do sujeito, uma conscientização dos jovens
para seus valores sociais, sua liberdade e seus direitos e deveres. É necessário que se
faça uma educação para autonomia. A proibição pode impedi-lo de agir de maneira
errada, mas só a convicção o levará a agir de modo correto.
A família deve estar atenta às modificações próprias da fase da adolescência e
saber lidar com isso ao longo de seu processo de educação, até porque estas são
comuns à fase, apresentando, por vezes, crises que sabemos serem normais, com a
certeza de que são transitórias.
Sabemos que inúmeros pais recusam sua responsabilidade com muita facilidade
quando a educação torna-se um pouco mais difícil. Assim, não será surpresa vê-los
esquivar-se quando a ele se apresenta algum problema de difícil resolução.
Encontram-se justificativas multiplicando as causas externas ao lar e eximindo-se de
25
suas responsabilidades. Mas quanto maior a dificuldade dos pais de saber lidar com
situações de conflito, mais se tenta dele fugir; quanto mais pesa a culpa mais se tende
a recusá-la; quanto mais o núcleo familiar se sente ameaçado, mais se tende a jogar
a origem da ameaça para os outros. É assim que muitos pais, na hora em que é
preciso enfrentar a verdade nua e contundente da sedução do filho pela droga,
fecham-se para si mesmos procurando subterfúgios que lhes asseguram um refúgio
cômodo e se desculpam fornecendo explicações para uma situação do fato da qual
eles recusam participar ativamente.
É importante observarmos aqui também a importância do espelhamento do
adulto na educação de seus filhos como exemplos reforçadores de futuros
comportamentos.
Quanto maior a incoerência entre o que se diz e o que se faz, maior a disfunção
do sistema familiar. Ou seja, não adianta os pais falarem para seus filhos não usarem
drogas, mas não ou nunca implementaram normas de conduta. Muitos adultos
consideram o álcool menos perigoso do que outras drogas; proíbem os filhos o uso
de drogas ilícitas, mais apóiam o consumo de bebidas. Muitos jovens podem
começar a beber nas festas ou em casa, absorvendo, assim, hábitos familiares.
O ser humano se constrói e, portanto, constrói a sua identidade na relação com
as figuras parentais e/ou substitutos destas. No entanto, a ausência parental, que em
inúmeros casos se dá com os pais presentes na vida do filho, implica sérios danos
na construção da forma como o sujeito irá se perceber, valorizar e se gostar. E
isso pode, certamente, ter uma grande influência em certas escolhas do indivíduo,
como por exemplo usar ou não a droga. Deste modo, nas relações interfamiliares é
necessário que todos os membros da família entendam que é preciso um
investimento pessoal, sem ser autoritário ou moralista. Caso a família se depare
com a situação do filho usando a droga, podem surgir sentimentos de culpa, de
ressentimentos por se sentir traído e com medo. Os pais devem evitar o confronto
enquanto o filho estiver sobre o efeito da droga, não brigar, não condenar, não
recriminar, ficando atento para não se deixar manipular, “a droga se aproveita da
confiança cega dos pais para ir se instalando no quarto e, pior, na vida do
adolescente” (Tiba,1999,p.209). Aos pais, caberia buscar ajuda especializada para ser
avaliada a dimensão da situação para que tomem providências adequadas.
26
CAPÍTULO III
A ESCOLA 3.1 A Escola na Prevenção
Para falar de prevenção na escola, é necessário enfocar a caótica situação da
educação que vem sendo feita no Brasil, onde os alunos encontram-se desmotivados
e os educadores despreparados para lidar com eles. Existe, na verdade, grandes
contradições no sistema educacional, reflexo da dicotomia entre o discurso e a
prática, decorrentes da forma autoritária de muitos anos a que foram submetidas as
três últimas gerações e que hoje se manifesta através do medo e da insegurança. E é
através dessas contradições, e também de nossas próprias, que alguns especialistas
acreditam na busca de uma solução, que clamam por mudanças, apontando a escola
como espaço mais adequado para o desenvolvimento de ações voltadas para a
prevenção do uso e abuso de drogas.
Muitos professores desconhecem o assunto referente à droga além de não
saberem identificar o aluno usuário. Com isso, ante o desgaste físico e psicológico
que tal situação provoca, tem sido mais cômodo à escola negar a existência desses
fatos dentro dela partindo, muitas vezes, para atos de expulsão, evitando denegrir sua
imagem.
As informações oferecidas aos professores (através de palestras e cursos de
curta duração) normalmente apresentam a droga como algo totalmente desvinculado
do contexto social cujos efeitos são sentidos como se as drogas não estivessem
próximo destes.
Priorizam, equivocadamente, a droga em detrimento da pessoa, quando na
verdade, tudo deve ser levado em consideração: a droga, o ambiente e o homem (o
modelo tripé). O uso e o abuso de drogas precisa ser refletido, contextualizado, e aos
agentes de prevenção, especialmente no caso da escola, precisa ser dado o espaço
para que sua prática possa efetivamente ser exercida.
O despertar do interesse pelos tóxicos independe da idade, mas na puberdade ou
27
na fase juvenil, a auto-afirmação é muito importante, esse despertar pode se dar
através de leituras, conversas com simpatizantes ou usuários, filmes, observar outros
usando a droga. E não se pode impedir os jovens de terem esses contatos, pois,
principalmente, a maconha, está perto deles em qualquer escola e camada social.
Então, a melhor maneira de defendê-los é ter o maior número de informações
verdadeiras sobre todas as drogas.
A melhor prevenção é a educação, na qual o aluno aprende a se cuidar como um
todo, a tratar bem do seu corpo e da sua mente. Essa educação se faz de maneira
diluída, ao longo da convivência, quando se transmite uma filosofia de vida.
Ao entrar na escola, a criança passa a ter interação com um segundo grupo
social. E, na adolescência, esse grupo passa a ter um peso muito forte, enquanto
debilita-se muito a referência à família, tornando-se mais difícil a prevenção, já que o
adolescente pode sofrer grande influência do grupo.
O problema das drogas envolve o usuário, seus pais e a escola, pois, muitas
vezes, a escola pode ter mais facilidade para perceber que determinado aluno esteja
usando drogas, observam-se alterações de comportamentos e queda no rendimento
escolar, já que o adolescente passa boa parte do tempo nesse local.
Um programa de prevenção na escola deve ser parte da proposta pedagógica da
mesma, devendo estar incorporado à sua política educacional.
Para que o programa funcione, é preciso começar o mais cedo possível, na fase
pré-escolar, se desenvolvendo de forma contínua e processual, objetivando a
totalidade da vida escolar na integração do programa em todas as disciplinas,
atentando ao enfoque dado para que estes sejam assimilados pelos alunos de acordo
com as fases de seu desenvolvimento.
A escola deve estar atenta em não assumir posturas preconceituosas,
repressivas, hostis, acusatórias e discriminatórias, como também, deve evitar a
permissividade e a omissão.
Cabe, portanto, favorecer a participação de toda a comunidade escolar para
somar esforços numa ação integrada, mobilizando e capacitando os diversos
segmentos da escola: a diretoria, os professores, os funcionários, os alunos e seus
pais. Bem como criar normas de conduta e fazer valer as medidas adotadas.
No caso da escola tomar conhecimento que determinado aluno já esteja usando
drogas, deve procurar não fazer alarde, não discriminar, tentando, ao máximo,
28
dialogar com o aluno, mostrando interesse em ajudá-lo. E comunicar aos pais sobre
o que está acontecendo para que os mesmos possam tomar as providências
necessárias.
Prevenção na escola significa estar atento ao jovem, abrir um canal de
comunicação, valorizá-lo como ser humano, procurando um espaço para que ele
também aprenda a se valorizar e saiba se fortalecer para não ser presa fácil de
modismos. Refiro-me a Charbonneau “ A única prevenção eficaz é rigorosamente a
que consiste em educar para a liberdade e em fornecer nos adolescentes os elementos
de que precisam para tomar as decisões que se impõe” (1998,p.58-p.59). Cabe à
escola organizar um projeto coletivo e um espaço para o jovem falar e ouvir seus
colegas falarem de si e de suas vidas.
A prevenção de drogas passa por três níveis:
- Prevenção Primária: acontece antes que surja o problema da droga, é caminho
fértil para família e escola. Supõe um diálogo aberto; um exemplo, a
presença de modelos identificatórios positivos; atividades prazerosas;
estimulo à auto-estima; estimulo à crítica; fracassos e ansiedades.
- Prevenção Secundária: ocorre quando já começa a surgir o consumo de
drogas, é uma etapa difícil para a família que, muitas vezes, não quer
enxergar e, para a escola, que fica sozinha e se sente impotente. A única saída
é enfrentar corajosamente a situação, buscar auxílio de pessoas
especializadas, oferecer ajuda concreta, evitando emitir juízos de valor e
agindo com coerência e bom senso.
- Prevenção Terciária: ocorre quando já chegou a dependência de drogas,
implica incentivar os usuários a procurar uma terapia adequada, contar com
pessoas que são da sua confiança para convencê-lo a encontrar ajuda
especializada; colaborar na reintegração social com oferecimentos de
alternativas de lazer, arte esporte e profissão.
Entendemos que não compete à escola o tratamento das drogas, mas sim o
encaminhamento adequado do caso. Essas situações são muito complicadas e quanto
mais pessoas estiverem envolvidas, maior a confusão. O grande dilema da escola está
na sua forma de atuar. Em geral, o profissional se vê despreparado para atuar na
prevenção. Às vezes, participa de cursos, mas não viabiliza sua prática e se sente
impotente para se adaptar à sua realidade. Se sente solitário e aterrorizado, recusa-se
29
a pensar no tema, por sentir dificuldade pessoal de lidar com o assunto. Ou ainda, usa
recreativamente a droga e teme se comprometer, “Temos medo de dialogar sobre o
assuntos dos quais não temos pleno controle” (Cury,2000,p.127).
3.2 Projeto de Prevenção
Um projeto de prevenção na escola passa por três etapas, envolvendo
respectivamente, os profissionais da escola, pais e alunos:
- Na primeira etapa, chamada Escola, realizam-se estudos e debates e
treinamentos que envolvam o corpo técnico-administrativo e o corpo docente
para trabalharem o tema droga, não apenas intelectualmente, mas com todas
as implicações afetivas e sociais.
- A segunda etapa envolve Pais, tem o objetivo de fortalecer mais o contato
com as famílias, promovendo encontros, reuniões onde se possam trocar
experiências, informações e orientações, procurando evitar alarmismos ou
minimizações das questões referentes às drogas e priorizando trabalhar as
dificuldades nas relações pais e filhos.
- A terceira etapa envolve Alunos, compreende diversas formas sutis de
abordar o assunto, desde o espaço de discussão aberta oferecida pela
orientação educacional, ao espaço interdisciplinar, planejado ou não no
currículo escolar, com professores das diferentes disciplinas, atentos e
sensíveis para captarem as necessidades do seu grupo de alunos, para usarem
formas criativas para trabalhar o seu conteúdo, correlacionando-o, quando
possível, com temas da vida prática como adolescência, sexo e drogas.
Para planejar, executar e avaliar um projeto de drogas, algumas técnicas,
atitudes e atividades devem ser totalmente excluídas, como por exemplo: concentrar
numa só aula ou encontro todas as informações; pedir pesquisas aos alunos, sem
conhecer o material a ser consultado; oportunizar depoimentos de ex-drogados ou,
em última instância, desenvolver trabalho isolado, isto é, um único profissional tentar
uma ação preventiva na escola.
A capacitação e treinamento dos professores da escola permitem dar ao tema
“droga” uma perspectiva mais realista e isenta de preconceitos, a fim de que
percebam que não existem escolas sem drogas.
A auto-estima dos alunos deve ser valorizada, o professor deve adquirir
30
segurança para abordar os problemas que surgirem, responder aos questionamentos
dos pais e alunos e melhorar o relacionamento interpessoal.
A prevenção às drogas na escola não é um bicho de sete cabeças e deixa de
correr o risco de ser incentivador ao uso, desde que a equipe escolar se reúna, prepare
e construa um projeto de prevenção exeqüível, compatível com a sua proposta
pedagógica, introduzindo atividades construtivas, que valorizem o aluno, estimulem
a autonomia, encorajem-no a fazer um exame crítico de suas escolhas.
31
CAPÍTULO IV
DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS
Alguns conceitos Droga: Toda substância natural ou sintética que, ao ser introduzida no
organismo vivo, provoca nele uma ou mais modificações.
Droga Psicotrópica: Toda substância natural ou sintética que atua no cérebro,
afetando processos mentais, motores e emocionais, modificando a atividade psíquica
e o comportamento.
Tolerância: É a adaptação do organismo a determinada droga. Caracteriza-se
pela diminuição gradual dos efeitos, sendo necessário um aumento das doses para
conseguir os efeitos anteriores.
Síndrome de Abstinência: É um conjunto de sintomas desagradáveis que o
indivíduo experimenta pela ausência da droga no seu organismo e que se traduzem
por sudorese intensa, dores epigástricas, distúrbios emocionais, convulsões cerebrais,
agitação e tremores, crises de violência contra si e contra outras pessoas.
Dependência Física: Necessidade orgânica de receber doses de certas
substâncias, às quais o organismo se acostuma, cuja supressão causa distúrbios mais
ou menos graves, denominados “síndromes de abstinência”.
Overdose: uma situação em que o consumo da substância é superior ao que o
organismo suporta, produzindo conseqüências graves que requerem cuidados
médicos e não raro podem levar à morte.
Dependência Psíquica: Desejo psicológico de usar droga, pelo bem estar que
ela produz. Modificação de comportamento. Mal-estar. Vontade irreprimível de usar
drogas (www.imesc.sp.gov.br/conceito.htm).
Quanto aos aspectos, as drogas se dividem em Legais e Ilegais; no primeiro
caso, são drogas com ação psicotrópica no organismo e que são de consumo
permitido por lei. Entre elas temos: álcool, tabaco e remédios. No segundo caso, são
drogas cujo consumo é proibido por lei, como: cocaína, LSD, maconha e plantas
alucinógenas. Entretanto, podemos também, classificar as drogas quanto a ação
química:
32
- Depressoras, a pessoa fica relaxada e calma, podendo até, conforme a dose,
sentir-se sonolenta e mole. Seus movimentos ficam mais lentos e ela reage
pouco aos estímulos. Pode se referir a ele com outras palavras: sedação,
grogue, dopado. Como a atuação fica comprometida, a memória também é
alterada. Drogas que causam esses efeitos: álcool, inalantes e opióides.
- Estimulantes, a pessoa fica alerta, atenta, com tendência a falar mais e mais
rápido. Sente-se animada, bem disposta e momentaneamente mais apta a
realizar coisas tidas como difíceis ou desgastantes. Na gíria, se diz que as
pessoas ficam ligadas. Drogas que causam estes efeitos: cocaína, anfetamina,
cafeína e nicotina.
- Alucinógenas ou Perturbadoras, a pessoa passa a perceber as coisas
deformadas, muito coloridas, grandes ou pequenas, distorcidas. Seus
pensamentos podem ficar parecidos com as imagens dos sonhos, bizarros e
sem nexo aparente. Drogas que causam estes efeitos são: maconha, LSD,
cogumelos.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura), distingue quatro tipos de usuários:
- Experimentador – limita-se a experimentar uma ou várias drogas, em geral
por curiosidade, sem dar continuidade ao uso.
- Ocasional – utiliza uma ou várias substâncias, quando disponíveis ou em
ambientes favorável, sem rupturas nas relações afetivas, sociais ou
profissionais.
- Habitual ou Funcional – faz uso freqüente, ainda controlado, mas já se
observam sinais de rupturas.
- Dependente ou Disfuncional – vive pela droga e para a droga,
descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais, com
marginalização e isolamento.
Informações importantes que pais e professores precisam saber
Motivações para o uso de drogas entre os adolescentes :
Ü Busca de prazer, de diversão, de sensações.
Ü Curiosidade, desejo de novas experiências.
Ü Desafio ao perigo, gosto por riscos.
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Ü Atração pela transgressão, tentação pelo proibido.
Ü Contestação, rebeldia, irreverência.
Ü Ritual de passagem para a vida adulta.
Ü Influência do grupo, pressão dos amigos, desejo de pertencer.
Ü Superação da timidez, da inibição, auto-afirmação.
Ü Fuga da realidade, alívio de tensões e conflitos.
Ü Transtornos psíquicos, distúrbios comportamentais.
Ü Má qualidade de vida, insatisfação.
Ü Carências materiais, condições econômicas deficitárias.
Ü Carências afetivas, famílias disfuncionais.
Sintomas físicos e comportamentais do uso de drogas entre os adolescentes
Ü Aspecto abatido, cansado, palidez, perda de peso.
Ü Alterações de apetite, insônia ou sono excessivo em horas inadequadas.
Ü Aparência descuidada, desleixo, negligência na higiene pessoal.
Ü Freqüente mal estar, indisposição, enjôos e vômitos.
Ü Fala letárgica, reações vagarosas ou hiperatividade, riso em demasia.
Ü Nariz fungando, olhos avermelhados, pupilas dilatadas.
Ü Dificuldade de comunicação, pouco contato visual com os outros.
Ü Mudanças de personalidade, comportamento excêntrico.
Ü Isolamento, comportamento furtivo.
Ü Mentiras constantes, irritabilidade, inquietação, agressividade crescente.
Ü Oscilações repentinas de humor.
Ü Irresponsabilidade, problemas disciplinares.
Ü Queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos.
Ü Falta de motivação para antigos divertimentos e passatempos.
Ü Mudança de amigos e locais de encontro.
Ü Desaparecimento de suas coisas pessoais e de objeto de valor em casa.
Ü Muito dinheiro de fonte não identificada, acidentes com maior freqüência
Ü Depressão, reação defensiva quando se fala em drogas.
Sinais de drogas e equipamentos para o uso de drogas
Ü Uso de óculos escuros mesmo sem excesso de luz, Colírios.
34
Ü Balas, chicletes, frascos de xarope.
Ü Comprimidos de diversos tipos.
Ü Latas, bisnagas de cola, solventes, lenços, panos.
Ü Cachimbos, papéis de enrolar cigarros.
Ü Odor de erva queimada, cheiro de incenso.
Ü Dedos queimados, roupas com furos, feridas.
Ü Saquinhos de plástico, papel higiênico, ampolas, seringas.
Ü Camisas de manga longa mesmo no calor.
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CONCLUSÃO
Infelizmente, um futuro tão obscuro não deixa lugar para o otimismo, temos
medo de ter perdido o contato com a realidade. As autoridades estão desacreditadas
devido à corrupção e a impunidade.
Permanecem as injustiças sociais, discrepância na distribuição de renda, super
população, desemprego, falta de oportunidades, violação dos direitos básicos.
Nos meios de comunicação, somos bombardeados por mensagens de violência e
destruição.
Esse estado de coisas provoca um vácuo, um vazio que precisa ser preenchido.
Favorece o uso de drogas. A droga apresenta-se como um alívio para as tensões da
vida. Ela modifica a percepção da realidade mascarando a debilidade através do
mundo da ilusão.
A droga aliena o jovem, amortece a sua sensibilidade, mina a sua energia,
marginaliza-o dos processos políticos e decisórios do país.
No desejo de mudar a visão fatalista do problema para um enfoque objetivo,
contando com a esperança, temos lido e refletido muito, fixando nossa atenção nas
possibilidades de atuar para preveni-la.
Por sorte, encontramos diversos acontecimentos pertencentes à realidade
familiar dos jovens e, portanto, os pais têm a possibilidade de intervir neles.
Nas escolas, a parceria com os pais e entidades que possam esclarecer assuntos
pertinentes às drogas é de suma importância para ajudar no processo decisório do
jovem.
A droga está no meio e o contato dos jovens com os agentes que os induzem é
praticamente inevitável, por esta razão, a única prevenção eficaz é fortalecer a sua
personalidade e seu caráter, desenvolvendo neles valores, atitudes e habilidades que,
como anticorpos do organismo, permitem a eles se defender do perigo. O
fortalecimento da personalidade não é suficiente para proteger o jovem da
dependência, pois a imprecisão relacionada com a forma de enfrentar o perigo pode
levá-lo a consumir drogas. Por isso, é preciso preparar o jovem a partir da infância.
Mas, infelizmente, a capacidade de reduzir os perigos da dependência s drogas
não garante que possamos eliminá-los totalmente e alguns jovens chegam ao vício
36
apesar de terem recebido uma educação equilibrada e afetuosa.
Qualquer que seja a razão alegada pelos jovens para usarem drogas, todas elas
expressam direta ou indiretamente a necessidade de uma orientação por parte dos
pais e educadores. Os jovens têm muitas perguntas sobre as drogas, sobre si próprios
e a respeito do mundo onde vivem. Essas perguntas necessitam ser respondidas em
cooperação com os adultos que respeitam o ponto de vista dos jovens, têm boa
perspectiva do problema e bom conhecimento sobre as drogas em geral.
A maneira de encararmos um problema pode ajudar ou dificultar sua solução.
Quando culpamos de abuso de drogas só os jovens, ou os pais, ou traficantes e
criminosos, ou a sociedade, estamos apenas à procura de culpados e não de possíveis
soluções.
Muito pouco se pode conseguir com os jovens através de proibições drásticas,
alertas violentos e ameaças. O jovem é, por natureza, curioso e contestador. E essas
medidas só tendem a exacerbar seu comportamento em relação ao uso de drogas.
Eles necessitam de informações calmamente oferecidas, sinceras e, se possível,
científicas sobre os perigos reais e legais relacionados ao uso de drogas às quais
podem ter acesso. Mesmo as crianças são capazes de perceber nas entrelinhas das
táticas de amedrontamento as fraquezas sub-reptícias de certos argumentos. Exagerar
os malefícios de certas drogas é tão pernicioso quanto à divulgação de sua possível
inocuidade. Isso pode levar a quebra de confiança entre pais, filhos e educadores,
com o rompimento do diálogo e a comunicação entre eles.
Torna-se necessário, então, estabelecer um elo de comunicação sincero sobre as
coisas que os afetam. Em um lugar onde tal diálogo é abundante haverá sempre
oportunidade para que os jovens e adultos possam falar e pensar sinceramente, e com
respeito mútuo.
Aos jovens cabe o projeto de criar um mundo menos materialista e mais
humano. É próprio do jovem ter esperança, abrir horizontes, ter grandes sonhos,
promessas de vida, produzindo valores que movam a existência humana em direção a
uma melhor qualidade de vida.
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• ANDRÉ, Marli E. D. A. O cotidiano escolar, um campo de estudo, IN:
PLACCO, V. M. N. S. & ALMEIDA, L. R.. O coordenador pedagógico e o
cotidiano da escola. São Paulo: Loyola, 2003.
• CAVALCANTE, Antônio Mourão. Drogas: esse barato sai caro: os caminhos
da prevenção, Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2000.
• CHARBONNEAU, Paul-Eugène. Drogas: prevenção, escola. São Paulo:
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• CURY, Augusto. A pior prisão do mundo. São Paulo: Academia de Inteligência,
2000.
• FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1970.
• MACIÀ ANTÓN, Diego. Drogas: conhecer e educar para prevenir. São Paulo:
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adolescente. São Paulo: Gente, 1999.
38
ANEXOS
Drogas bem conhecidas de nossa sociedade
39
40
41
O caminho das drogas no organismo
CÉREBRO – O alvo das drogas, com prejuízo de memória de fixação e do
aprendizado, levando a de coordenação motora, com acentuado desinteresse e
desmotivação para o estudo, trabalho e até o namoro.
ASPIRAÇÃO NASAL – Atrofia a mucosa nasal com rinite crônica e perfuração do
septo nasal, infeccionando as vias aéreas.
RESPIRAÇÃO – Possibilidade de lesão pulmonar, com diminuição da capacidade
de oxigenação no sangue e probabilidade de câncer no esôfago, garganta e boca.
PULMÃO – Porta de entrada da nicotina que causa a diminuição da capacidade vital
pulmonar.
SANGUE – Conduz a droga a todo o corpo e diminui a capacidade de resistência do
organismo, aumentando a pressão sangüínea.
FIGADO – É o órgão que mais sofre. O álcool e as outras drogas dilaceram e
acabam com ele.
RINS – Degradados semidestruídos, causando retenção urinária, hipertensão e até
distensão abdominal.
CORAÇÃO – O Miocárdio é o músculo do coração, o uso excessivo de drogas leva
a morte às células cardíacas. Conseqüentemente, uma parte do coração pára de
funcionar.
O uso freqüente de drogas faz com que as células cresçam, percam a força de
contração e o coração deixa de receber sangue e oxigênio, causando inchaço ou
dilatação.
A cocaína estimula a produção exagerada de adrenalina. Com isso, o coração dispara,
os vasos se contraem e a pressão aumenta no sistema circulatório. Alguns vasos
podem estourar, causando sangramento que podem levar à morte.
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ÍNDICE INTRODUÇÃO.....................................................................................07
CAP. I: UM POUCO DA HISTÓRIA DAS DROGAS......................10
1.1 Aspectos históricos e culturais do álcool.....................................10
1.2 Aspectos históricos e culturais do ansiolíticos............................11
1.3 Aspectos históricos e culturais do barbitúricos..........................12
1.4 Aspectos históricos e culturais do ópio........................................12
1.5 Aspectos históricos e culturais do cocaína..................................14
1.6 Aspectos históricos e culturais do nicotina.................................15
1.7 Aspectos históricos e culturais do maconha................................15
1.8 Aspectos históricos e culturais do LSD-25..................................16
1.9 Aspectos históricos e culturais do cogumelo...............................17
CAP. II: A FAMÍLIA ...........................................................................18
2.1 A prevenção as drogas começa na gestação................................18
2.2 A família na prevenção..................................................................23
CAP. III: A ESCOLA ..........................................................................26
3.1 A escola na prevenção...................................................................27
3.2 Projeto de prevenção....................................................................30
CAP. IV: DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS.......................................31
CONCLUSÃO.......................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................37
ANEXOS................................................................................................38
ÍNDICE..................................................................................................42
FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................43
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “ Latu Sensu”
Educação e Drogas: Uma questão a refletir nas escolas da rede privada de ensino
fundamental do Município de Niterói.
Data da Entrega: _________________________________
Avaliado por: __________________________ Grau _________________.
____________________, ____de ______________de ________.