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Quantidade de “enter” para posicionar o cabeçalho, apague em seguida <> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE <> <> <> <> <> O PERFIL DO DELINQUENTE E DO PRESO <> <> <> Por: Maria Valdelina Monteiro Alves <> <> <> Orientador Prof. Ana Paula Ribeiro Prof. Ms. xxxx Rio de Janeiro 2010.1

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Quantidade de “enter” para posicionar o cabeçalho, apague em seguida

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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O PERFIL DO DELINQUENTE E DO PRESO

<>

<>

<>

Por: Maria Valdelina Monteiro Alves

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Orientador

Prof. Ana Paula Ribeiro

Prof. Ms. xxxx

Rio de Janeiro

2010.1

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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O PERFIL DO PRESO E DO DELINQUENTE

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Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Psicologia

Jurídica.

Por: . Maria Valdelina Monteiro Alves

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AGRADECIMENTOS

....aos meus pais que sempre

compreenderam a minha ausência. Aos

amigos que em momentos difíceis

estavam ao meu lado.

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se ao presídio “Bangu” onde

muito tenho apreendido. Emilene, amiga

em momentos mais delicados, Maria

Cremilda por me acolher nas horas

difíceis. Obrigada por esta oportunidade

e amizade ímpar.

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RESUMO

As relações de poder nas prisões onde o poder não se mascara.

“Todas as violências e arbitrariedades são possíveis na prisão, mesmo que a

lei diga o contrário, porque a sociedade não só tolera, mas exige que o

delinqüente sofra”. Para ele o poder não seria propriedade de uma classe que

o teria conquistado. O poder acontece em termos de relações de poder. Nesse

bojo surge a disciplina como método de controle minucioso dos corpos

supondo um binômio de docilidade-utilidade, esquadrinhando o espaço, o

tempo e os movimentos. Essa ação sobre o corpo não opera simplesmente

pela consciência, pois, é também biológica e corporal. É, pois, justamente esse

aspecto que explica o fato de que o corpo humano seja alvo, pela prisão, não

para supliciá-lo, mutilá-lo, mas para adestrá-lo e aprimorá-lo. Convinha formular

mecanismo que a um só tempo transformava os corpos em obedientes e úteis.

As ordens não precisam ser entendidas, apenas decodificadas algo que

decorre da correlação de forças.Todos devem ser dóceis, subordinados e se

entregar aos exercícios para conseguir a gratificação de estar entre os

melhores.Os regulamentos ficam cada vez mais minuciosos e austeros ;

exames e inspeções passam a ser cotidiano ; o controle sobre tudo e todos

toma forma na escola, no hospital e na indústria.Um dos principais mecanismo

é a seriação de indivíduos, colocá-los em fila classificando-os, individualizando

os corpos.A disciplina é celular e solitária. Outra questão que se coloca é que;

corpo é alvo de poder e serve de fonte para formulação de novas formas de

saber. O saber então vira mais um mecanismo de controle fazendo do

indivíduo um objeto descritível e analisável, correlato ao surgimento das

ciências do homem. Não é mais necessário impor penas e sanções aos

vigiados para obter bom comportamento; basta o temor de ter todos seus atos

vistos e analisados. O indivíduo torna-se seu próprio "carrasco".Segundo

Foucault a anatomia política desenvolve seus efeitos segundo três direções

privilegiadas: o poder, o corpo e o saber. Essas direções não são isoladas uma

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das outras, pois, correlacionam-se. Foucault argumenta que toda uma tradição

falou do poder procurando sua origem, suas condições, suas causas,

reduzindo ou aplicando-o a outra coisa. Diz ele: "foi preciso esperar o século

XIX para saber o que era a exploração; mas talvez ainda não se saiba o que é

o poder. Para Foucault a lei é uma gestão dos ilegalismos, permitidos a uns -

tornando-os possíveis ou inventando-os como privilégio da classe dominante -

e tolerando outros - como compensação às classes dominadas - ou, mesmo,

fazendo-os servir à classe dominante. A lei proíbe, isola e toma outros

ilegalismos como objeto, mas também como meio de dominação. No século

XIX, como uma instituição de fato. Esta surge sem uma justificação teórica,

aparecendo num determinado momento como necessária na construção da

rede do poder para controlar todas as formas de ilegalismos. Desde seu

nascimento a prisão deveria ser um instrumento tão aperfeiçoado de

transformação e ação sobre os indivíduos como a escola, o exército ou o

hospital. Foucault chama-as de "instituições de seqüestro", em razão de que a

reclusão submetida, não pretende propriamente "excluir" o indivíduo recluso,

mas, sobretudo, "incluí-lo" num sistema normalizador. A forma como se

exercem os mecanismos de vigilância, controle e correção sobre o indivíduo,

pode ser percebida, por exemplo, no interior da prisão, quando o preso está

submetido a um saber clínico, de observação, através das complexas técnicas

de exame da Psicologia, Psiquiatria, Psicopatologia, Criminologia, Antropologia

e Sociologia.

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METODOLOGIA

O presente trabalho pretende analisar a realidade frente à

delinqüência. Métodos bibliográficos serão utilizados ao longo desta reflexão.

Atualmente temos uma gama de informações sejam em livros, jornais,

pesquisas, estudos, dados estatísticos até mesmo em nosso dia-a-dia vimos

diversos exemplos onde nos leva a repensar em nossa sociedade como um

todo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I - Breve Histórico 12

CAPÍTULO II - O Perfil do preso 19

CAPÍTULO III – O tratamento Penal 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

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INTRODUÇÃO

Ao olhar para fora, nos deparamos com tantas violências, transtornos

de todos os tipos, tais como de conduta, social, de personalidade dissocial /

personalidade anti-social, etc. O que será que está acontecendo?

A modernidade tem sido responsável por uma série de mudanças na

nossa forma de ver e sentir o mundo. A revolução tecnológica inundou de

conforto nossas vidas. Dispomos de uma imensa variedade de coisas que

facilitam nosso dia-a-dia, porém não encontramos tempo disponível para

cultivarmos o nosso lado afetivo. O convívio reconfortante com a família, os

amigos e o amor romântico parecem ser coisas do passado, algo lembrado

com nostalgia. Mas avaliado como utopia nos dias atuais. O desenvolvimento

econômico nos tempos modernos fundamenta-se na crença cega de que não

podemos “parar” nunca: há sempre o que aprender conquistar, possuir,

descobrir, experimentar, enfim.

Nada nem ninguém é capaz de nos satisfazer plenamente, pois sempre

há novas possibilidades para serem testadas na conquista de tal realização

pessoal.

A realização proposta por nossa sociedade só pode ser de aspecto

material, pois afetos verdadeiros não podem ser adquiridos nem substituídos

na velocidade que nossos tempos preconizam. A cultura do individualismo e o

desejo de conseguir bem estar material a qualquer custo têm provocado erosão

dos laços afetivos dentro da nossa sociedade. Com isso, virtudes como a

honestidade, a reciprocidade e a responsabilidade com os demais caem em

total descrédito. E assim, repletos de conforto e tecnologia, acabamos por nos

tornar cada vez mais sozinho e menos comprometidos com os nossos

semelhantes.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO

Durante séculos os médicos acreditaram que a aparência física

do indivíduo revelava se ele tinha ou não uma natureza criminosa. Os

empregados ao serem contratados usando a frenelogia, avaliação do formato

do crânio para estimar a personalidade.

Por que algumas pessoas se tornam criminosas, enquanto

outras não? Quando as mesmas tentações aparecem diante de todos nos, PR

que certas pessoas sucumbem enquanto o resto tenta continuar no caminho da

virtude?

Por séculos a fio, esta pergunta foi ignorada, quase que

automaticamente, já que a resposta parecia óbvia: os criminosos nasciam

assim, incapazes de controlar seus instintos anti-sociais ou um espírito maligno

os tinha possuído, deuses malignos, demônio, ou ate o próprio satanás.

Filósofos e médicos da Grécia Antiga discorriam profundamente

sobre a questão das emoções, sua causa e o local do corpo humano onde se

originavam, mas as suas teorias pouco se desenvolveram durante 2.000, até a

chegada de Sigmund Freud e seus colegas. Já no séc. VI a.C., o medico

alemão fez a primeira dissecção do corpo humano e decidiu que o centro da

razão ficava no cérebro; enquanto o filosofo Empédocles sugeriu que o amor e

o ódio eram as fontes principais das mudanças no comportamento humano.

Em 400 a.C., o famoso médico grego Hipócrates descreveu

uma serie de transtornos mentais similares àqueles reconhecidos hoje, e

defendeu energicamente os direitos legais dos cidadãos com perturbações

mentais. Nessa época, as leis de Atenas reconheciam os direitos dos

deficientes mentais em assuntos cíveis, mas deixavam de fazê-lo se fossem

culpados de crimes graves. A influência de Hipócrates provocou mudanças na

lei: caso fosse possível comprovar que um indiciado sofria disso que ele

chamava de “paranóia” (termo que vai ganhar um significado mais

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especializado mais adiante), o tribunal nomeava um “tutor” para representar

essa pessoa no julgamento.

O famoso médico romano Galeno (130-201 d.C.) teorizou que a

“alma” humana localizava-se no cérebro e se dividia em duas partes: a externa

e a interna, que era responsável pela imaginação, pelo raciocínio, pela

percepção e pelo movimento. No entanto, durante os 1.500 anos que se

seguiram, as teorias de Galeno foram praticamente ignoradas. Os médicos

optaram por manter as explicações mais primitivas para explicar as causas das

doenças mentais, como a bruxaria ou a possessão demoníaca.

1.1 – FISIONOMIA

Foi durante o século XVI que surgiu a idéia de que era possível

determinar a natureza de uma pessoa por características externas, tais como a

testa, a boca, os olhos, os dentres, o nariz ou o cabelo. Estudo foi denominado

“fisiognomia” pelo Frances Barthélemy Coclès, cujo livro Physiognomonia

(1533) trazia diversas xilografias para ilustrar suas idéias.

Aos poucos, do século XVII em diante, os filósofos ocidentais do

iluminismo começaram a exercer uma influência no pensamento medico, e

nesse momento o termo “psicologia” foi utilizado pela primeira vez. No entanto,

embora os efeitos do cérebro e não somente no comportamento, mas também

nas doenças começaram a ser reconhecidos, as características físicas

externas continuaram exercendo um papel importante no diagnostico. Uma

teoris que combinava ambas as abordagens e que cativou o imaginário popular

foi a “frenologia”.

Franz Joseph Gall (1758-1828), um sofisticado medico, chegou

à conclusão, no final do século XVIII, em Viena, de que o cérebro era

constituído por 33 “órgãos”, cujos tamanho e posição poderiam ser descobertos

tocando as “protuberâncias” externas do crânio. Havia três classes de órgãos:

aqueles que controlavam as características humanas fundamentais; aquelas

responsáveis pelos “sentimentos”, como a caridade ou a espontaneidade; e

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aqueles de natureza puramente intelectual, como apreciação do tamanho ou

reconhecimento da relação entre causa e efeito.

Entre os órgãos Gall disse ter identificado que incluíam aquele

que supo9stamente indicava o desejo humano de “procriar”, encontravam-se

também os órgãos do homicídio, do roubo e da astúcia. Ele e seu discípulo J.K.

Spurzhein (1776-1832) que mais tarde nomeou mais quatro órgãos, foram

obrigados a deixar a Áustria, pois suas idéias eram conflitantes com a opinião

médica da época, embora suas teorias fossem bem recebidas na França, na

Grã-Betanha e nos Estados Unidos. Em Edimburgo, Spurzheim dissecou

publicamente um cérebro humano e indicou a posição dos diferentes órgãos.

Nos Estados. Unidos “frenologistas praticantes” viajavam de feira em feira

afirmando que podiam curar doenças mentais e físicas.

A frenologia continuou a ser um assunto popular durante todo o

século XIX, mas contribuiu pouco ou nada para o entendimento da mente

criminosa, embora a pesquisa neurológica moderna tenha acabado por revelar

áreas do cérebro que controlam as emoções e os comportamentos. O primeiro

achado importante, com o renascer do interesse fisiognomia.

1.2 - O CRIMINOSO

O Italiano Cesare Lombroso (1836-1909) fez um dos primeiros

estudos sérios sobre a criminalidade. Depois de servir como cirurgião na guerra

austro-italiana de 1866, foi nomeado professor de doenças mentais em Pavia.

Lá começou a realizar uma serie de dissecações usando os cérebros dos

pacientes que morriam, com o intuito de descobrir alguma causa estrutural para

a loucura. Foi uma empreitada fracassada, mas em 1870 aprendeu com o

patologista alemão Rudolf Virchow que dizia ter descoberto elementos pouco

usuais nos crânios dos criminosos, características semelhantes entre

deficientes mentais e humanos pré-históricos ou até animais.

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Lombroso começou de vez a estudar a fisiognomia dos

criminosos nas cadeias italianas, e realizou uma autópsia no corpo de um

bandido que morreu executado, prestando muita atenção no crânio, onde

encontrou apenas uma pequena característica física pouco habitual,

semelhante à de um roedor: “assim que vi esse crânio, pareceu-me ver, de

repente, claro como uma vasta planície sob um céu flamejante, o problema da

natureza do criminoso, um ser disfarçado que reproduz em sua pessoa os

instintos selvagens da humanidade primitiva e dos animais inferiores”.

A revelação de Lombroso encontrou apoio em estudos

posteriores, e ele começou a dividir seus casos em “criminosos ocasionais”,

levados pelo caminho do crime pelas circunstancias, e “os criminosos de

nascença”, aquele que cometiam crimes frequentemente por conta de um

defeito hereditário que era visível em sua aparência física. Esses indivíduos

“disfarçados” eram reconhecidos pelas suas características “primitivas”: braços

longos, visão aguda (como uma ave de rapina)maxilares fortes e orelhas de

abano.

Em 1876, quando foi nomeado professor de medicina legal,

Lombroso publicou suas descobertas no livro L´uomo delinqüente (“o

criminoso”), que alcançou rapidamente renome internacional. Em um livro

posterior, Antropologia Criminal (1875), !os resultados de um estudo de 6.034

criminosos vivos”, resumiu suas conclusões: Nos assassinos encontramos

maxilares grande, mas do rosto muito separadas, cabelos escuros e grossos,

barba rente e um rosto pálido; Assaltantes têm branquicefalia (crânio

arredondados) e mãos longas; raramente têm testa estreita; Estupradores têm

mãos pequenas e testa estreita. Há um predomínio de cabelos claros, com

anormalidades nos órgãos genitais e no nariz; Nos bandoleiros, assim como

em outros ladrões, são raras as anomalias nas medidas do crânio e na

espessura do cabelo, assim como barba exígua; Incendiários têm extremidades

longas, cabeça pequena e peso abaixo do normal; Trapaceiros são

reconhecidos pelas sua grande mandíbula e as maçãs do rosto proeminentes;

são pesados e de rosto pálido e pouco expressivo; Batedouros de carteira têm

mãos longas, são altos, têm cabelo escuro e barba rente.

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O primeiro livro de Lombroso foi recebido por duras criticas

daqueles que o acusavam, justamente de exagerar na simplificação. Porém,

recebeu certo apoio em sua teoria dos padrões criminais hereditários no ano

seguinte, com a publicação de Os Jukes pelo sociólogo norte-americano

Richard Dugdale. O primeiro da linhagem dos Jukes, uma pessoa pouco

escrupulosa, nasceu em Nova York no inicio do século XVIII, e Dugdale disse

ter acompanhado 700 dos seus descendentes, que, em sua maioria, tinham se

tornado criminoso ou prostituta.

1.3 - ANTROPOLOGIA

As teorias engenhosas de Lombroso desenvolveram-se a partir

da antropometria, uma área da antropologia que surgiu após a publicação de

Origem das Espécies de Charles Darwin, em 1859. Os estusiastas da

antropometria passavam o tempo tomando medidas do corpo dos seres

humanos, em especial de esqueletos, com a esperança de apoiar ou refutar as

teorias de Darwin sobre a evolução da humanidade. Um desses entusiastas

que aplicou os princípios da antropometria para a práica da investigação

criminal foi Alphonse Bertillon.

A antropometria, a principio chamou a atenção de outros

criminalistas, mas logo caiu em desuso, quanto as impressões digitais foram

internacionalmente aceitas como um método eficaz para a identificação dos

criminosos. No entanto, as analises dactiloscópicas, como o conjunto de

medidas físicas conhecido como Bertillon, servem apenas como um meio de

identificar uma pessoa já condenada ou para relacionar um suspeito com a

cena de u crime. Como não é possível prever que uma pessoa possa estar

geneticamente predisposta a cometer crimes a partir da impressão digital,

alguns peritos continuaram a busca de um elo visível entre as características e

personalidade do criminoso. (Nesse sentido, é bom salientar que os adeptos da

quiromancia um assunto considerado um pouco mais respeitável que a

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feitiçaria pela policia e pelos criminalistas. Afirmam poder detectar tendências

psicológicas no padrão das linhas da mão).

1.4 - FÍSICO E CARÁTER

O psiquiatra Alemão Ernst Kretschmer publicou, no início do

século XX, o livro Físico e Caráter, no qual descreve suas pesquisas sobre tal

assunto, mas foi só em 1949 que o norte-americano William Sheldon, na obra

Tipos de Jovens Delinqüentes, Fez a primeira ligação sistemática dos biótipos

com a delinqüência, afirmando que todas as pessoas pertencem a um de três

tipos básicos: Endomórfos – geralmente suaves, arredondados e roliços,

considerados simpáticos e sociáveis e que oferecem amor incondicional;

Mesomórfos - fortes, musculosos e atléticos, com um esqueleto grande e

desenvolvido. A personalidade é forte e com uma tendência à agressividade e,

ocasionalmente, muito explosiva; Ectomórfos – magros, frágeis e geralmente

com um esqueleto pequeno e músculos fracos. Tendem a ser hipersensíveis,

tímidos, distantes e introvertidos.

Sheldon examinou 200 homens em uma unidade de reabilitação

em Boston, comparou-os com um estudo feito com 4.000 estudantes e chegou

à conclusão de que os delinqüentes tendem a ser mesomórfos. Essa teoria foi

analisada posteriormente no livro Revelando a Delinqüência Juvenil (1950), de

Eleanor e Sheldon Glueck, em que concluíram que a delinqüência está

relacionada com uma combinação bem mais ampla de fatores biológicos,

ambientais e fisiológicos.

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1.5 - HOMENS ALIENADOS

No inicio do século XX, os criminologistas começaram a prestar

atenção a outros assuntos que não fossem as característica físicas do “biotipo

criminal” e começaram a estudar os processos mentais, a psicologia onde

levava as pessoas à criminalidade. Eles encontraram a inspiração nas novas

idéias apresentadas, pela escola de psicólogos de Viena, liderados por

Sigmund Freud e Carl Jung.

Charles Goring, sociólogo inglês, foi um dos principais críticos

das teorias de Lombroso. Gloring dizia ter encontrado casos dos biótipos de

Lomboroso tanto entre estudantes universitários ingleses quanto entre

condenados. Desenvolvendo o seu argumento no livro O Presidiario Ingles

(1913), Goring dizia que muitos criminosos tinham uma inteligência menos e

fazia uma ligacao direta com a criminalidade.

Isto é tão valido quanto a generalização da classificação dos

biótipos de Lombroso e, obviamente, há muitos casos em que não é verdade.

Porém, Goring identificou também o que ele chamou de “lobo solitário”, ou

aquilo que o economista e filosofo Karl Marx havia chamado de “homens

alienados”. É alguém que se sente isolado da sociedfade, incompreendido e,

por conseguinte, considera que tem o direito de seguir suas próprias regras de

comportamento e conduta. O conceito de alienação se tornou uma parte vital

na avaliação psicológica da criminalidade.

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CAPÍTULO II

O PERFIL DO PRESO

Segundo Mirabete, os presos em sua maioria são pessoas

oriundas das classes sociais mais humildes e com baixa escolaridade. São

pessoas que geralmente foram criadas com falta de limites ou com atitudes

contraditórias por parte de seus genitores. Na maioria dos casos, passam a ter

algum tipo de atividade laborativa, geralmente informal, na infância ou

adolescência, com o objetivo ou de ajudar no sustento da família ou de adquirir

coisas que todos os jovem desejam: comprar roupas, ir à festas, etc. muitos

foram tratados com excessiva agressividade por parte dos pais e, ao

desobedecerem ou desrespeitarem as regras, foram por eles castigados de

forma extrema, o que veio a ocasionar muita revolta em relação aos pais,

representantes da autoridade. Segue alguns exemplos de verbalização de

presos nesse sentido:

“Meu pai me batia de relho (espécie de fivela de cintos) mais não era aquela

parte do relho que tinha três pontinhas, era a outra que doía mais”.

“eu era adotado e adorava minha mãe adotiva. Só que depois ela casou e,

como eu era arteiro, meu padrasto me castigava e me trancava na patente

(banheiro que ficava fora de casa feita de madeira. Também quando ele

adoeceu e ficava na cama, eu jogava urina e fezes nele pela janela. Me

vinguei.”

“Meu pai era um homem bom, pena que morreu. Mas a minha mãe ...como ela

batia em nós. Batia pra valer, eu nem sei por que ela batia tanto...”

Parece que toda esta agressividade, revolta, humilhação,

privação de amor e maus tratos vividos na infância são, mais tarde, projetados

na sociedade sob forma de delitos. Nos transtornos Anti-sociais de

Personalidade, observa-se de forma predominante uma conduta agressiva por

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parte destes indivíduos. Um estudo feito pela Psicóloga Eliane Sanguinetti

(1991) coloca o quanto o sentimento destes indivíduos, de serem privados de

amor e carinho, principalmente pela mãe, especialmente na infância, é

fundamental para o desenvolvimento da conduta agressiva.

Nos presídios existem todos os tipos de personalidade.

Entretanto existe uma característica comum: todos, em algum momento de

suas vidas, fugiram dos padrões sociais pré-estabelecidos, cometendo delitos

que podem ter iniciado na infância, adolescência ou idade adulta. Quanto mais

cedo se deu este início, pior o prognóstico. São pessoas com traços agressivos

e impulsivos. Em sua maioria, que foram introjetando, desde a infância,

conceitos morais distorcidos, formando um censor moral frágil, ou seja, um

superego frágil. Segundo Freud, o superego tem sua origem no que é

transmitido pelos pais e, posteriormente, representado através de substitutos,

tais como professores e outros modelos de autoridade.

Dentre os distúrbios mais severos, temos o Transtorno Anti-

social de Personalidade. Este se caracteriza por apresentar problemas de

conduta antes dos quinze anos e que persistem na idade adulta. Desrespeitam

os sentimentos e direitos alheios, sendo que frequentemente enganam ou

manipulam os outros com objetivo de obter ganhos pessoais. São impulsivos,

sendo suas decisões tomadas sem pensar nas conseqüências para si ou para

os outros. A falta de responsabilidade é outra característica evidenciada por

períodos significativos de desemprego, apesar das oportunidades. Exemplo:

“FZ, 26 anos, com trabalho externo conseguido pela instituição.

Ao ser questionado por que não fora trabalhar naquele dia, respondeu: resolvi

que hoje iria lavar umas roupas.”

Outra característica seria a ausência de culpa pelas

conseqüências de seus atos, tendendo a culpar suas vítimas de serem tolas e,

dessa forma, minimizar ou mostrar indiferença pelas conseqüências de suas

ações danosas. Em relação a este item, é possível exemplificar com o discurso

de um preso que cumpria pena pelo estupro de um a menina de seis anos. Ao

ser questionado por que tivera tal comportamento, relatou o seguinte:

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“Que a menina morava na mesma vila que ele, que ela lhe

provocava usando roupas curtas e justas e que se sentida atraído por ela. Com

o objetivo de aproximar-se, decidiu envolver-se com a mãe da vitima, passando

a morar com esta. Já vivendo na mesma casa, aproveitou a ausência da mãe

para manter relações sexuais com a menina.”

Ao ser questionado sobre o que pensava sobre a sua prisão,

respondeu:

“Não sei por que vim preso, pois era ela que me provocava. Eu

apenas fiz o que nos dois desejávamos.”

No exemplo mencionado acima, é improvável que uma menina

de seis anos possa fazer uso de técnicas de sedução, porém o objetivo, neste

caso, foi enfocar o comportamento e pensamento do preso no que respeita a

ausência de culpa e manipulação de terceiros, no caso a mãe da vitima, para

alcançar seus objetivos. Outra característica desse transtorno seria a

dificuldade em aprender com a experiência. Em relação a este transtorno, até o

momento não existe na literatura tratamento cientificamente eficaz. O que se

tem conhecimento é que, com o avançar da idade, as atuações anti-sociais

tendem a diminuir. Segundo Kernberg (1992), com base em suas

experiências, percebe-se que o numero desse transtorno é minoria na

população carcerária. Vale ressaltar que o Transtorno Anti-social de

Personalidade pode estar associado a um Transtorno Narcisista de

Personalidade. Onde se caracteriza, principalmente, por uma inibição

exagerada, uma postura de superioridade, superficialidade nas relações

interpessoais, necessidade de ser admirado, inveja, incapacidade de

estabelecer empatia, dentre outras coisas, além de possuírem estas pessoas

um sistema de valores mais infantil do que o adulto, valorizando aspectos

superficiais da vida, por exemplo, beleza, poder, em detrimento de outros ais

essenciais, tais como capacidade e responsabilidade. Segundo o autor, estes

pacientes são capazes de demonstrar algum sentimento de lealdade e culpa

em relação aos outros, o que não acontece com o transtorno anti-social de

personalidade.

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Levando em consideração que a população carcerária possui diversos

tipos de personalidade, todos com condutas delinqüênciais, que possíveis

abordagens poderiam ser adotadas para que estes indivíduos pudessem

crescer emocionalmente e levar uma vida sem transgressões, reduzindo suas

atuações criminosas?

2.1 - O ADOLESCENTE E A PUNIÇÃO

Dentre os principais problemas, situações de risco vivenciadas

pelos adolescentes têm os problemas, segundo SILVA citado por HUTZ, 2002

os problemas de externalização, ou seja, problemas de comportamento, de

atuação, sendo que estes são os mais comuns exemplos em se tratando da

delinqüência juvenil.

O fenômeno em questão não pode ser considerado, analisado,

percebido somente em seu aspecto isolado, mais sim em toda sua amplitude,

considerando a gama de fatores culturais, sociais e de valores que o constitui

que o envolve.

A delinqüência é um termo jurídico, e desta forma sua vivência e

prática pelos adolescentes é analisada e julgada também pela justiça. Como

este adolescente, hipossuficiente, inimputável ser não autônomo este não pode

ser julgado e penalizado da mesma forma e com as mesmas medidas de que o

adulto e sim pautado no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Portanto

o que se observa na maioria destes casos destes adolescentes em conflitos

com a lei é o julgamento e a aplicação de medidas chamadas: sócio-

educativas.

As medidas sócio-educativas podem ser compreendidas de

acordo com SILVA citado por HUTZ, 2002, como atividades que são impostas

aos adolescentes pelas autoridades competentes, que pratiquem qualquer ato

que configure uma infração penal. Essas medidas na prática correspondem a

advertências, reparação do dono, prestação de serviços à comunidade,

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liberdade assistida regime de semiliberdade ou a perda da liberdade, ou seja, a

internação em um estabelecimento tido como educacional.

A advertência correspondente admoestado, verbalmente

perante seus pais, ou seus responsáveis. Já a obrigação em reparar o dono

consiste no fato de reparar o dano causado ao patrimônio, ou vítima. A

prestação de serviços gratuitos à comunidade, trata-se de uma medida que

está presente na política criminal, visto que esta pode ser benéfica à

sociedade e não configura a perda da liberdade do sujeito.

A liberdade assistida prevista no ECA (Estatuto da Criança e do

Adolescente), vai apresentar-se de acordo com Silva, (2005) como uma

medida que tem como objetivo modificar o comportamento deste adolescente.

Ele é então mantido junto à família, devendo, pois ser acompanhado por um

responsável a fim de que ele alcance o objetivo desta medida.

A medida de semi-liberdade e internação em instituições com

estes fins, constituem medidas graves, sendo que estas devem ser adaptadas,

portanto somente em caráter excepcional.

De acordo com estudos realizados, SILVA, HUTZ, 2002 in

(Macagnam da Silva, 1999) a institucionalização, ou seja, as medidas

empregadas aos menores infratores onde há a internação, ou seja, a perda da

liberdade não se apresenta como uma intervenção eficaz. Não altera ou

modifica os comportamentos nem atitudes dos mesmos. Essa privação da

liberdade configura-se em uma ausência de experiências importantes e de

fundamental relevância no desenvolvimento, além de reproduzir dentro da

instituição atos de violência, abuso e maus-tratos.

Pesquisas realizadas constatam que atual sistema de

atendimento aos adolescentes em conflito com a lei em São Paulo encontram-

se muito distante do que a lei prevê. Assim também o sistema policial

inadequado ao ECA, a precariedade das investigações, dos laudos e

levantamentos sociais e familiares conduzem muitas vezes ao recolhimento em

instituições. É importante conhecer os motivos pelos quais os adolescentes

respondem pelas práticas de atos infracionais, a natureza e as circunstancias,

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pois é o primeiro passo para a criação de políticas públicas que correspondam

a real necessidade destes adolescentes. (ALMEIDA, 2002)

Segundo do Amaral e Silva, (1985) a segregação do

adolescente provavelmente diz de uma crescente violência na sociedade

brasileira. Entender a abrangência dos limites da expressão Direito do Menor

sob pena de decretar – se falência, pela impossibilidade da real prestação

judicial que ele envolve na sociedade. É elevar a uma incomensurável

extensão do conceito do Direito do menor, com a conseqüente expressão que

dele deflui, resultara em desrespeito do Poder Judiciário.

A Carta Política e a Convenção: dispõem do caput do artigo 227

visando adequar as respectivas legislações:

“É dever da família da sociedade e do Estado assegurar a

criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,

ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-

los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão.” (do Amaral e Silva, citado por Alto é, Sônia (org) cap.4,

p.45, p.49).

Os impasses se tratam de uma questão relacional na qual o

Direito e a família, se afastam das responsabilidades de considerar o delito

juvenil como uma subversão de valores das quais todos estão intimamente

implicados de forma a cumprir leis. Sujeito, família e Direito todos têm seus

direitos e deveres. A indiferença do direito a realidade social como ela se

apresenta em cada época, fazem com que as leis apenas sejam repassadas

deixando de considerar as questões do atual momento transformando se

meramente em normas jurídicas que nem sempre são cumpridas.

As famílias nem sempre participativas deixam os adolescentes

em situação de risco, as causas estão relacionadas às questões sócias

econômicos e a negação do Estado em construir bases sólidas de medidas

eficazes que atinjam uma consciência social e política.

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O menor infrator deve ser socializado, deixando de ser

meramente punido, o objetivo primeiro é de se investigar as responsabilidades

dos responsáveis e entidades, com a previsibilidade de sanções não apenas

para estas entidades e responsáveis como também para a sociedade e para o

próprio estado, seja por ação ou omissão.

A convivência familiar é de extrema necessidade, determinando

se o afastamento apenas em casos de extremo. A proteção ao jovem infrator

deve caminhar para torná-lo um cidadão digno de convivência, banindo certos

comportamentos que não agrada a sociedade e se tornam assim

responsabilidades de todos. A psicologia tem um papel fundamental na

recuperação do jovem infrator assim como os demais órgãos, busca garantir a

dignidade humana e a proteção do menor infrator contribuído para que este

possa expressar seus desejos e ajudá-lo a encontrar através do diálogo a

verdade jurídica considerando as diversas reflexões no tratamento.

2.2 - PUNIÇÃO, A HISTÓRIA

A punição nos moldes como a encontramos hoje na sociedade

está longe de se aproximar aos modelos que se apresentavam em meados do

século XVIII. Na verdade, há um grande abismo quanto ao aspecto penal que

separam essas duas épocas, que vem desde a espetaculação do processo

punitivo até a intenção do caráter essencialmente punitivo das penas. Como

toda e qualquer mudança, esta também inclui pequenos e longos processos de

transformação que fazem dessa evolução histórica das penas, um ícone

indispensável para a compreensão do sistema punitivo, o Sistema Prisional.

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2.3 - MEDIDAS APLICADAS

As medidas de proteção estão previstas no art. 101, voltadas a

atender as crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco, ou

seja, quando seus direitos previstos forem ameaçados ou violados e as

medidas sócio-educativas, como se viu, previstas no art. 112 aos adolescentes

que cometem atos infracionais.

Os Conselhos de Direitos são responsáveis pela formulação e

deliberação da política de atendimento de proteção e das medidas sócio-

educativas (art. 90).

No tocante à política de atendimento ao adolescente autor de

ato infracional, o tratamento a ser aplicado por atos infracionais deve, assim,

ser diferenciado. A criança estará submetida às medidas de proteção previstas

nos arts. 98 a 102 e o adolescente às medidas sócio-educativas previstas no

art. 112 do Estatuto. Constata-se que a natureza das medidas sócio-educativas

não é de retribuição ao lesado (seja pessoa ou patrimônio), mas de sanção ao

adolescente pela conduta infratora.

O Estado de Direito tem respostas definidas à prática do crime,

instituindo mecanismos de contenção social, as medidas sócio-educativas

privativas e restritivas de liberdade.

Para a aplicação da lei não se pode prescindir de uma avaliação

mais detalhada do fato e do adolescente, tendo em vista o princípio universal

da lei que regula o comportamento lícito e ilícito do adolescente infrator,

devendo considerar sua situação real. As adversidades presentes ou não em

sua vida devem, portanto, ser apreciadas por parte daquele que julgar a

conduta infracional. Não se deve, entretanto, estabelecer uma relação

automática entre pobreza, desorganização familiar e delinqüência, sendo

prudente, no entanto, reconhecer que, para determinados adolescentes, as

condições reais de vida são tão adversas que acabam impulsionando-os à

prática de atos anti-sociais.

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Pesquisa feita em fóruns judiciais junto a Vara da Infância e

Juventude, sobre o perfil do adolescente autor de ato infracional, levantou que

grande parte dos adolescentes leva vida regular, ou seja, exerce atividades

escolares ou laborativas ou apresenta condições de fazê-lo – o que torna mais

complexa a identificação dos fatores determinantes do ato infracional. As

famílias residem em locais com infra-estrutura básica com luz, água, coleta de

lixo; 69,5% dos pais são proprietários; apenas 20,2% moravam nas ruas

(Pereira & Mestriner, 1999).

Esse fato demonstra aos meios técnicos e jurídicos a

necessidade de um diagnóstico que contribua para o estudo da problemática

infracional juvenil e seu enfrentamento. A política dos direitos da criança e do

adolescente e a filosofia imprimida pelo ECA deixa claro que na aplicação das

medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se

aquelas que visem o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários (art.

113).

Diante do exposto, a relevância da presente investigação apóia-

se na propriedade e na atualidade do debate sobre o direito do adolescente

infrator sentenciado as medidas sócio-educativas e no trato dessa problemática

que, permiti a continuidade de práticas segregacionistas e coercitivas (as

medidas sócio-educativas) que atendem a moral e os bons costumes de uma

sociedade que se quer moderna, democrática e competente; e não ao direito

do adolescente em questão.

Esse estudo poderá contribuir para explicitar questões ainda

pouco exploradas sobre o assunto e, assim, auxiliar nos processos de

formulação de políticas públicas, criação de metodologias inovadoras na

atenção ao grupo de adolescentes com medidas judiciais.

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2.4 - ATO INFRACIONAL E RESPONSABILIDADE

Após o percurso realizado, passando pelos discursos presentes

no cotidiano de uma instituição que acolhe adolescentes infratores, pelas

peculiaridades da adolescência e o que a ela está posto pela sociedade

contemporânea, retornemos à questão inicial. Qual intervenção possível ao

adolescente que comete atos infracionais, considerando o universo simbólico

no qual estão inseridos?

Não tenho a pretensão de definir a intervenção adequada, mas

considero relevante traçar alguns aspectos para a reflexão dessa problemática.

Sabemos que a adolescência é um período turbulento na vida

dos seres humanos, marcado por transformações que envolvem fatores

culturais, sociais e biológicos. Na busca de uma identidade adulta, a

contestação e a transgressão tornam-se marcantes como forma de

experimentar e testar as regras que até então se faziam imperativas. Essa

experimentação na adolescência, somada a fatores socioculturais, corroboram

a formação de valores do sujeito adolescente e traça os rumos de sua inserção

em um mundo que ainda não é seu, o mundo adulto.

É nesse período de crise (entendida como possibilidade de

escolha, necessária para o desenvolvimento) que o adolescente experimenta

tais modificações com grande intensidade e angústia. A busca por um status

adulto traz consigo a agressividade imprescindível para a formação de uma

nova identidade.

Tal agressividade poderá ser direcionada para construções

socialmente valorizadas ou para o confronto destrutivo com a lei. Isso impõe

um desafio para as instituições que acolhem o adolescente infrator. Como

canalizar essa agressividade, esse ímpeto juvenil, em força criativa,

socialmente relevante? Certamente a resposta a tal indagação será permeada

pelo oferecimento de atividades que possibilitem ao adolescente a descoberta

de habilidades, gostos, que constituam uma faceta de sua identidade. Porém,

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cabe uma ressalva: esse oferecimento de atividades não deve tomar a

conotação de mera ocupação para "mentes vazias", sob pena do serviço se

transformar em um clube recreativo, com toda falta de pretensão que tal idéia

traz consigo.

Assim, defendemos o princípio de que as férteis interações

sociais que as atividades dirigidas aos adolescentes possibilitam sejam alvo de

uma leitura minuciosa por parte dos trabalhadores das instituições,

considerando a história de vida do adolescente, seu contexto subjetivo, para

tornar efetiva qualquer intervenção com esses sujeitos.

Os questionamentos que ora se fizeram implicam considerar o

adolescente infrator como sujeito inscrito em uma história. Considerá-lo sujeito

corresponde colocá-lo em questão com o ato que o levou à internação. Para

tanto, é necessário uma aproximação. Aproximar-se desse sujeito implica em

uma escuta isenta de prescrições e de justificativas, que considere seu mundo,

suas referências e seus valores.

Somente com a aproximação que considere as peculiaridades e

diferenças existentes poderá ser possível colocá-lo em questão. Quando esse

adolescente é colocado em questão, torna-se o sujeito de sua história,

adquirindo dimensão de responsabilidade por suas atitudes. Dessa forma, o

adolescente infrator terá que responder pelo seu ato, produzindo sentido para

suas escolhas.

Colocá-lo em questão é possibilitar, por meio de seus próprios

recursos como sujeito, a construção de um sentido. Quando uma atitude

adquire sentido, é possível ser resignificada. É por meio da resignificação de

um ato que poderá se dar a ampliação das possibilidades e a apropriação das

escolhas.

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CAPÍTULO III

O TRATAMENTO PENAL

Conforme mencionado anteriormente, o tratamento penal,

significando um programa de individualização de cumprimento da pena, deve

ser organizado pelos técnicos de cada estabelecimento penal para onde o

preso for designado. Um programa básico de tratamento deve consistir de

trabalho, escola, curso profissionalizantes, atenção à saúde etc., além de

grupos de tratamento realizados por profissionais e, se necessário,

atendimento individual. A equipe que faz o exame criminológico deve ter o

conhecimento dos programas de tratamento de cada casa, para poder indicar

aquela que possui o mais adequado à situação de um dado preso.

Segundo o autor, os presídios pequenos, onde existe

tratamento penal que abrange toda a população carcerária, há mais

probabilidade de êxito, uma vez que existe um canal de comunicação entre os

técnicos e os presidiários, sendo estes observados diariamente por todos,

quanto ao seu comportamento. Este aspecto levanta uma questão importante

na sistemática do tratamento penal, que é buscar a adoção da mesma conduta

frente ao preso, por parte de todos os funcionários. O preso, por suas

características, frequentemente faz uso da burla, da mentira, para atingir seus

objetivos. Vai tentando em todos os escalões até conseguir o que almeja o que

ocorre pelas fragilidades de comunicação entre o pessoal das instituições, se

uma pretensão do preso é negada por um técnico, por ter identificado uma

tentativa de atuação, esta pretensão deve ser negada por todos, a fim de

deixar claro que, através de expedientes torpes, eles não vão lograr êxito.

A sociedade, ao tomar conhecimento de crimes, dos mais

simples aos mais graves, quer segregar estes indivíduos, deixando a cardo do

Estado as medidas necessárias para isso. É uma forma de negar o problema,

pois se esquece de que, dentro de alguns anos, este mesmo indivíduo

retornara a esta sociedade provavelmente mais revoltado que antes. Para que

isso possa ser mudado, deve-se proporcionar um tratamento penal no qual,

além do Estado, possam participar as iniciativas da sociedade.

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A questão principal não é devolver à sociedade indivíduos não

tratados em função da tão falada superlotação carcerária e, sim, propiciar um

tratamento adequado ao seu tipo de personalidade, através de critérios

técnicos que permitam uma individualização da pena, capaz de devolvê-los em

condições e se manterem com trabalho e vida diga. Para tanto, é necessário o

empenho da sociedade, coordenada pelo Estado, para levar trabalho para

dentro dos presídios, de forma a criar condições para os presos produzirem e

auxiliares o sustento, de seus familiares, a partir de atividades laborativas e

não mais com o fruto de atividades ilegais. Trabalho, estudo e cursos

profissionalizantes são fundamentais para que estas pessoas possam almejar

uma vida diferente daquela a que estavam acostumadas, instrumentalizando-

as para, então, competir com iguais condições no mercado de trabalho. Tem–

se que oferecer alternativas de vida mais saudáveis, estimulando o preso no

sentido de uma mudança comportamental. O que se observa, nos grandes

presídios, é um tempo muito longo de ociosidade. Os presos, por falta do que

fazer, ficam nas galerias jogando, usando drogas e fazendo planos de outros

delitos a serem praticados quando em liberdade. O que se percebe é que

existe muito preconceito em relação ao ex-presidiário e este, não tendo

oportunidade de emprego, voltando à vida de delitos. Em nosso cotidiano

vimos muitos deles, já em serviço externo, com medo que o empregador

descubra sua condição e os demita, permanecendo, dessa forma,

estigmatizados pela sociedade.

Através da classificação dos presos, pode-se reconhecer os

distúrbios mais graves, como o Transtorno Anti-social de Personalidade, que

exige mais limites e controles por parte da instituição que os abriga, que os

outros transtornos de personalidade, propondo, assim, programas de execução

que oportunizem a sua reintegração social. Conforme mencionado

anteriormente que os presídios de grande porte apresentam grande dificuldade

em relação ao tratamento pela falta de técnicos para acompanhar estes presos,

inviabilizando os programas de tratamento. Nos presídios pequenos, há uma

aproximação maior entre o técnico e o preso, possibilitando um vínculo

facilitador com o técnico, percebido não como uma figura hostil e repressora, e

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sim como alguém disponível para ajudar, o que vem a propiciar a aceitação de

outras formas de pensar diferentes das suas.

Um dos recursos utilizados e com resposta significativa por

parte dos presos são as atividades de grupo em que seja estimulada a

capacidade de pensar. Nestas busca-se, através da reflexão, abrandar sua

impulsividade, além de confrontá-lo concretamente com as perdas ocasionadas

em função da conduta anti-social e os ganhos de uma vida dentro dos padrões

sociais. O estímulo ao dialogo dentro do grupo e a troca de informações com

seus pares também são importantes na medida em que propiciam um

aprendizado de comunicação e aceitação de novas idéias. Este processo tende

a se repetir nas relações familiares, levando a uma maior interação e fazendo

com que ocorra uma modificação nas relações interpessoais e uma melhora

dos vínculos afetivos. Como estes indivíduos, em sua maioria, foram criados

com pouco dialogo com suas próprias famílias. Daí, a modificação de

comportamento, advinda das atividades de grupo, pode permitir que o

indivíduo, antes de cometer um ato impensado, resolva comentar ou discutir

com os seus familiares o fato, podendo ser dissuadido de sua intenção ao

perceber outras possíveis soluções.

O contato com pessoas fora da instituição (família, amigos, etc.)

durante as visitas também é uma forma de propiciar a manutenção dos

vínculos afetivos, minimizando os efeitos do sentimento de segregação. Presos

que não têm apoio de familiares possuem mais dificuldades na sua reinserção.

Para se pretender que o preso possa ter uma vida dentro dos

padrões sociais, é necessário oferecer alternativas de crescimento através de

meios lícitos que criem perspectivas de vida digna, melhores do que aquelas

conhecidas pelo preso. Os meios lícitos, no caso, são os trabalhos, o estudo, a

busca de qualificação por meios de cursos profissionalizantes. Para isso é

necessário que a própria instituição, em primeira instância, crie os mecanismos

para oferecer estes recursos e, subsidiariamente, mobilize os recursos que

existem na comunidade para ampliar estas possibilidades.

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Simultaneamente às providencias referidas, é mister que as

instituições, especialmente as fechadas, criem programas de tratamento para

dependência químicas e alcoólicas, pois um numero expressivo dos apenados

são dependentes, sendo que alguns cometeram delitos em função desta

dependência. Nos estabelecimentos para regimes abertos e semi-abertos, os

recursos existentes na comunidade devem ser acionados, e os presos devem

ser estimulados e apoiados para buscarem o tratamento.

Igualmente importante é prover um serviço de atendimento

psicológico individualizado para atender aqueles presos que, em sua historia,

apresentam problemas emocionais que os impedem de desenvolver as suas

capacidades e aproveitar as oportunidades. Observa-se, algumas vezes, que a

conduta delinqüencial é proveniente de conflitos emocionais que fazem com

que a pessoa busque, inconscientemente, a punição de seus sentimentos de

culpa através de fontes externas.

A lei de Execução penal prevê diversas formas de assistência

ao preso que não serão abordados neste estudo. Todavia é interessante

comentar o aspecto da assistência religiosa. Percebemos que a religião que

possui mais adeptos dentro das prisões é aquela cujos princípios são mais

rígidos. Percebemos que a inserção do preso nestas religiões funciona como

uma busca inconsciente de um superego externo a fim de reprimir impulsos

agressivos e sexuais. A frase “eu me converti” significa que a pessoal decidiu

fazer parte daquela religião como forma de impedir que seus impulsos venham

a eclodir, o que para muitos tem um efeito positivo. É necessário esclarecer

que o preso busca espontaneamente este recurso. Na instituição existem

grupos religiosos que oferecem cultos semanais àqueles que o desejam.

Com freqüência vemos que alguns presos vivenciam a pena

privativa de liberdade como algo positivo, uma vez que ela atua como um freio

à manutenção das atuações delituosas. São colocações, tais como:

“se eu não tivesse vindo preso, talvez hoje estivesse morto”.

“Se eu não tivesse vindo preso, hoje estaria com uma pena

maior, pois teria continuado a delinqüir”.

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Ou

“quando caí preso, foi um choque, mas foi aí que pude parar

para pensar no que estava fazendo”.

Por outro lado, as instituições ainda não estão preparadas para

receber estes indivíduos, misturando pessoas que possuem capacidade de

responder satisfatoriamente a um tratamento com outras que possuem

transtornos mais severos de personalidade. Este ambiente promiscuo faz com

que alguns presos voltem a cometer delitos mais graves quando têm, aí,

oportunidade, de projetar na sociedade a revolta de anos de confinamento e

tratamento desumano, caracterizado pela injustiça, abuso de poder, falta de

privacidade, castigo físico, que reeditam experiências passadas com os

genitores na infância etc. para que se evitem os efeitos de prisionização para

aqueles indivíduos primários, com apoio familiar e mais estruturados

emocionalmente, existem as penas alternativas. Mesmo estes indivíduos

cumprindo tais penas, devem ter um acompanhamento com o objetivo de

prevenir novas atuações através da reflexão crítica. Os demais presos, ao

ganharem a liberdade condicional, devem ser acompanhados até o final de

suas penas e orientados a buscarem ajuda necessária para enfrentar as

frustrações do cotidiano, sem se desviarem de seus objetivos.

Tentar preparar o preso para o retorno à sociedade de forma

produtiva, levando em consideração suas origens, sua prática laborativa e suas

características de personalidade é algo que ainda hoje carece de organização

e recursos. Vemos presos de origem rural cumprindo pena em presídios

urbanos e vice-versa. Como querer que uma pessoa que sempre trabalhou na

terra se adapte à cidade grande com atividades totalmente diferentes das que

sempre desenvolveu? Como querer que o indivíduo faça curso de computação,

por exemplo, se sua necessidade é aprender novas técnicas de cultivo da

terra? Da mesma forma, como querer fazer programas de tratamento em

presídios de 2.000 presos, com capacidade física para cerca de 650, com

escassez de técnico para acompanhar sua evolução ou regressão?

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3.1 - POSSÍVEIS MELHORIAS

O Brasil é um país complexo, injusto, endividado e

burocratizado. A economia não se tem mostrado capaz de gerar riquezas e

empregos suficientes para atender a demanda dos jovens que chegam ao

mercado de trabalho em idade produtiva. As políticas governamentais têm

aumentado a concentração da rena, a despeito da relativa estabilidade

monetária trazida pelo Real. Se grandes contingentes da população, que não

delinqüiram, vivem em condições miseráveis, o que dizer daqueles que caíram

em desgraça e passaram anos atrás das grades, carregando o estigma de

criminoso? Apesar do quadro altamente negativo, que coloca dificuldades

quase intransponíveis, algumas ações práticas poderiam ser tentadas pelo

poder publico visando minimizar o problema que, no presente enfoque, diz

respeito à recuperação e reinserção social do homem que delinqüiu.

Dizer que são necessários maiores investimentos na

recuperação física dos presídios e na contratação de pessoal qualificado é

dizer o óbvio. Existem dificuldades de toda ordem, sendo a mais grave a falta

de recursos para a implementação de aços que visem a uma melhoria nas

condições gerais dos presídios. Embora exista uma política voltada para o

tratamento penal, o que ocorre é uma preocupação com a segurança dos

estabelecimentos penais, que decorre exatamente da situação de superlotação

desta casa. Todos sabem das condições de penúria que vive o erário, daí não

é possível esperar grandes mudanças neste quadro. Todavia, com os recursos

atualmente disponíveis, é possível implementar algumas políticas de recursos

humanos que trariam melhorias ao tratamento penal.

As pessoas são fundamentais para o sucesso de qualquer

iniciativa. Se não é possível melhorar o quadro dos recursos materiais,

algumas ações que visem a instrumentalizar o pessoal que lida diariamente

com os presos podem ser tomadas. Seria de grande importância criar um

Plano de Carreira para funcionários envolvidos com a área dos Serviços

Penitenciários, de forma a garantir a ascensão profissional pareada com a

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qualificação necessária, de tal sorte que esta função. A falta de uma carreira

estruturada cria um relacionamento difícil entre o pessoal, porque o diretor de

hoje poderá voltar a ser subalterno amanhã e vice-versa, fazendo com que

alguns não se comprometam com soluções que exijam postura firme e

cobrança de resultados ou levando outros a atitudes despóticas quando

investidos de autoridades, comprometendo, dessa forma todo o trabalho

técnico porventura desenvolvido. Adicionalmente, um Plano de Carreira

ajudaria a evitar as nomeações puramente políticas.

A Escola do Serviço Penitenciário poderia organizar programas

de formação de Agentes Penitenciários com menos ênfases nos aspectos de

segurança, que é importante, e mais conteúdos dirigidos ao trabalho de

monitoração da sistemática do tratamento Penal. O Agente tem uma

importância muito maior do que abrir e fechar os portões, maior mesmo do que

ele pensa ter. se bem preparado, este profissional assume importância capital

no processo de tratamento. Na medida em que terá um melhor entendimento

das ações e reações dos presos, respondera, de forma adequada, às situações

a serviço da sistemática do tratamento que envolve todas as áreas da

instituição a serviço da sistemática do tratamento que envolve todas as áreas

da instituição. Evidentemente que os recursos humanos envolvidos no

processo devem ser reciclados de tempos em tempos na própria instituição,

poderiam ser organizados grupos de discussão e integração baseados em

fatos e situações do cotidiano, visando uma conduta comum e coerente frente

aos presos.

Os funcionários, pelo grande período de tempo passado nas

instituições, em contato direto com os presos e sob constante tensão, acabam

por desenvolver doenças físicas, tais como hipertensão arterial, gastrite,

úlceras, alcoolismo, etc., seria de grande valia a criação de um serviço de

apoio ao funcionário, de atendimento psicológico, prestando através de

convênios com profissionais de fora do sistema penitenciário, a fim de garantir,

pela ausência de envolvimento a eficácia do tratamento.

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Uma maior interação entre os técnicos penitenciários e os juizes

de execução seria muito benéfica ao tratamento, uma vez que, simplesmente

através de protocolos processuais, nem todas as informações relevantes

chegam ao juiz em tempo de auxiliá-lo ao julgamento. Em contrapartida, os

técnicos poderiam trocar idéias com os juizes no sentido de encontrarem a

melhor alternativa de contorno para situações de presos, dentro das

alternativas legais. As visitas periódicas dos juizes às casas prisionais são

importante instrumento para esta integração.

Por último, mas de fundamental importância, seria o poder

público ampliar drasticamente as possibilidades de trabalho, estudo e cursos

profissionalizantes dentro dos presídios. É necessário ensinar, às vezes

alfabetizar pessoas que nunca tiveram qualificação, sempre viveram de

biscates, uma profissão para que possam superar o seu estigma de ex-preso e

retornar à sociedade mais instrumentalizadas para não reincidir.

Em conclusão, não há muito espaço para propostas de

mudanças mais profundas no sistema, exceto se alguma condição excepcional

ocorrer, o que não é crível. Enquanto não houver um aumento do quadro de

pessoal, especialmente técnicos, o tempo maior será despendido com a feitura

de laudos e pareceres em detrimento do tratamento propriamente, já que os

laudos e pareceres são exigidos pela justiça.

3.2- COMENTÁRIOS À LEP

A Lei de Execução Penal, Lei n.7.210, de 11/7/1984, através de

seu art.5º, Da Classificação, cumprindo mandamento Constitucional,

regulamentou a Individualização da Pena, tendo como escopo o principio

básico da justiça e oferecer ao indivíduo preso oportunidades concretas de

crescimento.

A individualização da pena se desenvolve em três plano: no

plano legislativo, abstratamente, através de dispositivos legais; no plano

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judiciário, pelo poder discricionário do juiz; e no plano administrativo ou

executivo. É em relação a este ultimo que pretendo abordar algumas questões,

pois esta é a fase do cumprimento da pena propriamente dita, na qual, com o

trabalho conjunto da Vara de Execuções Criminosas e do Sistema

Penitenciário, será oportunizado ao preso o tratamento penal adequado à sua

pessoa como um todo, conforme avaliação e implementação do Corpo Técnico

do Sistema Prisional.

Não existe consenso, nem entre os juristas, em ralação aos

limites da competência de cada exame previsto na LEP. Os três mais

importantes são o Exame Criminológico, o Exame de Personalidade e o

Parecer das Comissões Técnicas de Classificação (CTCs). A seguir vamos

discorrer brevemente sobre estes exames.

Exame Criminológico, com o objetivo de classificar o preso,

tendo em vista sua individualização. Seria realizado pelo Centro de

Observação Criminológica (COC) e estudaria em relação a sua vida criminal.

Tentaria explicar como aquele indivíduo, com aquela historia de vida, chegou a

cometer determinado tipo de delito. Dentre as diversas correntes de

pensamento sobre a classificação criminológica, surge, mais ou menos

consensualmente, que tipo de criminoso apresenta, sempre, fatores endógenos

e exógenos, ou seja, fatores intrínsecos ao indivíduo e sua personalidade, e

fatores externos ou sociais, conforme Mirabete (1988).

Resulta que, dentre os instrumentos de elaboração do Exame

Criminológico, o Exame de Personalidade deve ser realizado com vistas a

oferecer dados relevantes do psiquismo do indivíduo. O Exame Criminológico é

perícia e, portanto, teria diagnostico e prognóstico podendo ser inferida a

possibilidade de reincidência ou não. Deveria ser realizado no início do

cumprimento da pena, pois ele, o preso, se encontraria mais próximo,

temporalmente, da pratica do delito e, portanto, não estaria defendido em

relação à sua vida criminal, podendo ser verificadas, com maior propriedade,

as condições emocionais no momento do delito, detectando possíveis

transtorno emocionais que poderiam ter desencadeado tal conduta, tais como

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uma doença mental, um momento de tensão que estava vivenciando ou até

mesmo a verificação de um transtorno anti-social de personalidade. Este

exame, embora não esteja tipificado na lei, poderia ser feito inclusive na fase

de instrução criminal.

Outro fator para que o exame criminológico seja realizado no

inicio do cumprimento da pena seria o fato de que ele ainda não teria sofrido os

efeitos da prisionização. Segundo Augusto Thompson (1991), em seu livro a

Questão Penitenciária, invocando Donald Clemmer, este fenômeno á a

assimilação da cultura carcerária, na qual o indivíduo, ao ingressar num

presídio, passa por uma serie de transformações induzidas por esta cultura que

podem culminar na deteriorização de sua personalidade. Observam-se que

estas transformações na modificação do sujeito de andar, no vocabulário, pela

introdução de gírias próprias daquela comunidade e em outras alterações. A

pessoa vai perdendo sua individualidade, pois frequentemente lhe colocam

apelidos e ela passa a ser mais conhecida pelo apelido do que pelo seu

verdadeiro nome. Também perde a sua privacidade pois é obrigado a conviver

com outras pessoas de hábitos diferentes, passando a ter que dividir pequenos

espaços. São pessoas que advêm de famílias diferentes, com educação e

vivencias diversas, obrigadas a conviver sem terem afinidades.

Visando amenizar tais efeitos, os técnicos penitenciários

planejam conjuntos de aços buscando o crescimento e fortalecimento do

indivíduo para que ele retorne à sociedade de forma mais saudável. Este

conjunto de ações compõe o tratamento penal. Quanto mais frágil a estrutura

de personalidades do preso, mais vulnerável ele se torna aos efeitos da

prisionização. Exame Criminológico com vistas à classificação da pena é pouco

feito, em função, principalmente da falta de técnicos da casa que o receberia

para elaborar um programa individualizador. O COC deveria ter conhecimentos

dos programas existentes em cada estabelecimento para poder indicar qual o

mais adequado para o preso cumprir e sua pena. Atualmente o COC tem

conhecimento dos programas existentes, mas estes estão muito aquém da

demanda.

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O Exame de Personalidade seria fundamental para se conhecer

o indivíduo. Parte deste exame necessariamente teria sido realizado durante o

Exame Criminológico, tendo já a classificação elementos importantes sobre a

personalidade do preso. Este Exame de personalidade, agora tendo lugar no

estabelecimento, embora nada impeça que seja realizado pelo COC, visaria ao

estudo do homem como um todo, não mais com o olhar voltado para a sua vida

criminal e sim buscando levantar suas capacidades, aptidões, valores, relações

interpessoais, dificuldades, etc. de posse deste conhecimento, estratégias

poderiam ser traçadas para estimular suas capacidades, auxiliá-lo a enfrentar

suas dificuldades, etc., levando a um real programa individual de cumprimento

de pena, que resultaria numa vida mais saudável.

O Exame parecer das Comissões Técnicas de Classificação

(CTC). Segundo a LEP, as CTCs deveriam de posse da classificação, elaborar

os programas de individualização das penas. A equipe seria composta,

segundo a LEP, de dois chefes de serviço, um psiquiatra, um psicólogo e um

assistente social, sendo presidida pelo diretor do estabelecimento. O parecer

CTC visaria ao estudo da pessoa durante a execução da pena, ou seja, como

ela respondeu aos programas de tratamento indicados. Também proporia à

autoridade judiciária, levando em consideração o tempo cumprido e exigido por

lei, regressões, progressões e conversões do regime.

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CONCLUSÃO

A criminalidade e a parte de nossa sociedade moderna, e vem,

ao longo dos tempos se proliferando em nosso meio social, como algo contrário

aos costumes, crenças e prejudicial às pessoas. A crise e a delinqüência estão

freqüentemente relacionadas à desorganização social, sendo características

certas de grandes cidades.

O sistema penal, não é isolado do mundo, sendo inserido neste

contexto social, nas escolas, nas instituições sociais, na família, na igreja, nos

clubes e na mídia, que produz e reproduz a senso comum.

De um ponto de vista sociológico, a delinqüência não é aceita

como uma espécie de norma social. Portanto, poderíamos considerar como

delinqüentes todos aqueles que se permitem transgredir as regras e tabus

aceitos por uma grande proporção da população, e que correspondem aos

hábitos e costumes desta. Ora, estes costumes diferem segundo as

sociedades e variam ao longo dos anos num mesmo país. Também, se tende a

admitir que a delinqüência seja um modo de inadaptação social num país em

uma dada época. É preciso levar-se em consideração, entretanto, que nem

todos os inadaptados são delinqüentes e que algumas adaptações podem

corresponder a formas patológicas de comportamento ou corresponder, de um

ponto de vista psicológico, a uma forma passiva, não dinâmica de adaptação.

Por outro lado, o ato delinqüencial não é uma tara, mas uma falha de

educação. É Freud quem adverte isso:

O homem vem ao mundo como um ser associal, tendendo ao

crime como forma de satisfação a seus impulsos instintivos, isto é, como um

ser socialmente inadaptado. Os homens normais conseguem reprimir ou

transformar no sentido social suas pulsões delitivas ao passo que o delinqüente

vê frustar-se esta transformação.

Se o enfoque sociológico é baseado na suposição de que o

caráter é modelado pelo ambiente, não haveria delinqüentes natos, conforme

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acreditava Lombroso. Sua metodologia consistiu em estudar o ambiente dos

delinqüentes e o não delinqüente. A hipótese psicanalítica, de que a ambiente

influência o indivíduo a partir do seu nascimento.

A massividade da transformação dos parâmetros que regem os

hábitos, normas e costumes, por meio de seus códigos de ética, atropela a

capacidade preceptiva, reflexiva, o senso crítico e a repressão eficaz dos

impulsos indesejáveis para a vida social.

A corrupção, o descaso pelas minorias, as injustiças sociais e

econômicas, as legislações fraudulentas elaboradas para preservar pequenos

supostos controladores do poder, líderes onipotentes e narcísicos que visam as

gratificações pessoais e imediatas, a desfaçatez, são alguns exemplos que

caracterizam o mecanismo psicológico inconsciente ou premeditado, muitas

vezes sutil, de ações que transcendem os limites da capacidade de suportar

sofrimento dos indivíduos que compõe o grupo.

Os massacres informativos e a falta de critérios na produção de

programas de televisão são fatores adicionais geradores de distorções sociais,

quando o sistema é conduzido visando apenas ao consumo e à manutenção do

poder por alguns grupos específicos.

Existe diversidade de valores e opiniões em um nível

psicológico. Esta oposição, contradição, leva a conflitos intrapsíquicos de um

tipo que leva à indignação moral, à violência e destruição negativista, à culpa e

neurose. Enfim, visto as circunstâncias materiais do criminoso e sua

valorização subjetiva da situação são afetadas pela vara e censura do controle

social e ofuscadas pela dominação de uma ideologia altamente persuasiva. A

crise e a delinqüência estão freqüentemente relacionadas à desorganização

social, sendo características certas de grandes cidades.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal 8.069, de 13 de

julho de 1990.

CIAMPA, Antonio da Costa. A estória do Severino e a história da Severina. Um

ensaio de psicologia social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.

CONTE, Marta. Ser herói já era: seja famoso, seja toxicômano, seja marginal!

In Adolescência: entre o passado e o futuro. Associação Psicanalítica de Porto

Alegre, Porto Alegre, Editora Artes e Ofícios, 1997.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história de violência nas prisões. Petrópolis:

Editora Vozes, 1987.

FREUD, Sigmund. O aparelho Psíquico (1940), Obras Psicanalíticas

Completas (1940). Rio de Janeiro: Imago, Vol XXIII, 1987.

GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida cotidiana. Petrópolis:

Editora Vozes, 2003.

HEIDEGGER, Martin. Identidade e diferença. In Os Pensadores. São Paulo:

Editora Nova Cultural, 1999.

MARIN, Isabel da Silva Kahn. Violência e transgressão: interrogando a

adolescência. In Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São

Paulo, Editora Escuta, 2003, n.3, v.VI..

MIRABETE, Julio Fabrini. Execução Penal. São Paulo. Atlas, 1988.

ZIMERMAN, David (Org.) Aspectos Psicológicos na prática jurídica: 2 ed.

Milenniun, 2008.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 6

METODOLOGIA 9

SUMÁRIO 10

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO 12

1.1 – A FISIONOMIA 13

1.2 – O CRIMINOSO 14

1.3 – ANTROPOLOGIA 16

1.4 – FÍSICO E CARÁTER 17

1.5 – HOMENS ALIENADOS 18

CAPÍTULO II

O PERFIO DO PRESO 19

2.1 – O ADOLESCENTE E A PUNIÇÃO 22

2.2 – PUNIÇÃO, A HISTÓRIA 25

2.3 – MEDIDAS APLICADAS 26

2.4 – ATO INFRACIONAL E RESPONSABILIDADE 28

CAPÍTULO III

O TRATAMENTO PENAL 30

3.1 – POSSÍVEIS MELHORIAS 35

3.2 – COMENTÁRIOS A LEP 37

CONCLUSÃO 42

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: O PERFIL DO DELINQUENTE E DO PRESO

Autor: MARIA VALDELINA MONTEIRO ALVES

Data da entrega: 18/03/2010

Avaliado por: ANA PAULA RIBEIRO Conceito: