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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
E O MERCADO DE CAPITAIS
Por: ALEXANDRE DIAS DA SILVA
Orientador
Prof. William Rocha
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
E O MERCADO DE CAPITAIS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial
Por: . Alexandre Dias da Silva
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RESUMO
Este trabalho investiga os investimentos socialmente responsáveis,
passando primeiro por conceituar e contextualizar a Sustentabilidade
Empresarial e Responsabilidade Social Corporativa.
Ao comparar as variações do ISE (Índice de Sustentabilidade
Empresarial da BMF&BOVESPA) com outros índices da Bolsa, este estudo irá
investigador se os investimentos em ações de empresas socialmente
responsáveis tem trazido rentabilidade superior a outros ativos do mercado de
capitais.
Além disso, este trabalho irá apresentar algumas práticas
socioambientais que exemplifiquem os conceitos obtidos no referencial teórico.
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METODOLOGIA
Trabalho desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em livros e
revistas especializados em responsabilidade socioambiental, tendo como base
as publicações dos autores José Antônio Puppim de Oliveira, Gilberto Barros
Lima, Iran Siqueira Lima e Eduardo Fortuna e os sítios eletrônicos
www.mma.gov.br ; www.greenpeace.org.br ; www.bmfbovespa.com.br
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................8
CAPÍTULO I...............................................................................................................9
Desenvolvimento sustentável – evolução histórica e conceitos.
CAPÍTULO II............................................................................................................21
O Mercado de Capitais e seu relacionamento com as questões de Sustentabilidade e
Responsabilidade Social Corporativa.
CAPÍTULO III............................................................................................................31
Apresentação de Práticas de Responsabilidade Social de algumas empresas que fazem
parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial do Bovespa.
CONCLUSÃO.............................................................................................................43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..............................................................................45
ÍNDICE.......................................................................................................................47
FOLHA DE AVALIAÇÃO..........................................................................................49
8
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos teve inicio uma tendência mundial na qual alguns
segmentos da sociedade (pessoa físicas, empresas, fundos de pensão, etc.)
começaram a procurar instituições socialmente responsáveis para aplicar seus
recursos.
Essas aplicações são classificadas de “investimentos socialmente
responsáveis” (“SRI”), e elas atraem investidores que buscam retorno no longo
prazo, pois em tese estariam mais preparadas para enfrentar as questões
ambientais e sociais do nosso planeta.
Em contrapartida é fato que a sustentabilidade de uma empresa está
vinculada ao lucro que a mesma gera, o que às vezes passa por práticas
pouco preocupadas com os aspectos socioambientais.
Atenta a isso, a Bovespa criou o ISE (Índice de Sustentabilidade
Empresarial), que tem o intuito de se tornar uma referência para os
investidores que se preocupam com os aspectos de responsabilidade
socioambiental das empresas para qual canalizam seus investimentos.
Sendo assim este trabalho visa conceituar os principais aspectos
envolvidos com o tema da Sustentabilidade Empresarial e também identificar
através da comparação do desempenho dos índices ISE, IBOVESPA e IBrX se
a escolha de alocação em ações consideradas “investimentos socialmente
responsáveis” vem refletindo uma melhor performance de rentabilidade.
9
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
MARCOS HISTÓRICOS E CONCEITOS
“A fruta que cai sem que a árvore seja
sacudida é doce demais para mim”
Mary Wortley Montagu (1689 - 1762)
1.1- A Revolução Industrial.
Antes de contextualizar os problemas relacionados ao
Desenvolvimento Sustentável devemos entender como se deu o início do
desequilíbrio entre desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos
naturais oferecidos pelo nosso planeta.
De acordo com Oliveira (2008), até o século XVI a humanidade tinha a
sua disposição apenas as energias manual, animal e, em alguns casos, eólica
para produção e transporte. A Revolução Industrial permitiu que o ser humano
transformasse combustíveis abundantes na natureza (tais como o carvão) em
energia através da invenção da máquina a vapor. A Revolução Industrial
ampliou a capacidade humana de produção, mas trouxe consigo uma maior
utilização de recursos naturais, tanto pela crescente necessidade de matérias-
primas quanto como de combustíveis para alimentar as máquinas.
Para Ramonet (1997), o homem vem destruindo sistematicamente o
meio ambiente desde a Revolução Industrial em nome do progresso e do
desenvolvimento. A poluição desencadeada pelos principais meios de
produção vem produzindo efeitos como o aquecimento do clima, contaminação
10
de rios e mares, destruição da camada de ozônio que, em última instância
podem colocar em perigo o futuro de várias espécies, do ser humano e do
planeta como um todo.
Leite (1980) considera que a Revolução Industrial trouxe grandes
avanços tecnológicos e sociais, apesar da grande explosão demográfica que
causaram; porém ressalta a crescente utilização de matéria-prima mineral e
recursos energéticos explorados no nosso meio ambiente.
A cartilha “Mudanças do Clima, Mudanças de Vida” elaborada pela
Organização Greenpeace, cita que desde a revolução industrial, começamos a
utilizar o carbono armazenado durante milhões de anos na forma de carvão
mineral, petróleo e gás natural, para gerar energia para as indústrias e para os
veículos. As florestas que são grandes depósitos de carbono começaram a ser
destruídas e queimadas cada vez com mais voracidade.
Diante do acima exposto podemos considerar a Revolução Industrial
como o inicio do processo de desequilíbrio entre desenvolvimento econômico e
social do ser humano e a natureza; sendo assim imensa quantidade de CO2,
CH4 e outros gases passou a ser despejada na atmosfera, tornando-a mais
espessa, retendo o calor do Sol de forma crescente, intensificando o efeito
estufa. (www.greenpeace.org.br).
Foram feitas várias abordagens sobre o modo de produção
(principalmente com a utilização de matérias-primas minerais) de energia,
porém devemos para ressaltar que os avanços tecnológicos e científicos vêm
causando um grande crescimento populacional, o que gera um consumo cada
vez maior de todo tipo de recursos naturais. Sendo assim é necessário que se
analise não só a forma como as empresas atuam na elaboração de seus
produtos, mas também do quanto e como a sociedade está consumindo os
mesmos, além da quantidade de consumidores que o Planeta pode atender.
11
1.2- O nascimento e evolução dos debates ambientalistas e de
sustentabilidade
Vários debates e pensamentos sobre o meio ambiente e
sustentabilidade podem ter ocorrido nas sociedades pré revolução industrial,
existem até passagens bíblicas que citam a preocupação com este aspecto,
tais como o evangelista João: “chegou o tempo de destruíres os que destroem
a Terra.” Apocalipse 11:18. Porém como pontuamos a Revolução Industrial
Inglesa como um marco inicial do desequilíbrio entre homem e os recursos
naturais, vamos nos ater a pensamentos pós revolução industrial. Dentre esses
entendemos que as reflexões de Thomas Robert Malthus (1776- 1834) são os
primeiros pensamentos mais relevantes sobre o tema.
Thomas Malthus foi contemporâneo dos desdobramentos diretos da
revolução industrial inglesa. Na época em que Malthus viveu, era comum que
operários, que incluíam mulheres e crianças, trabalhassem até 16 horas por
dia, e os protestos e motins estavam se alastrando. Neste contexto Malthus
direcionou suas reflexões principalmente sobre os problemas relacionados
com aspectos demográficos e a produção de alimentos.
As reflexões de Malthus baseavam-se em dois postulados que eram os
seguintes: Primeiro, o alimento é indispensável à sobrevivência do homem; e
segundo, a paixão entre os sexos é necessária e se manterá em seu presente
estado.
De acordo com as premissas acima, Malthus afirma que se a população
não for obstaculizada, ela irá crescer a uma razão geométrica; ao passo que os
meios de subsistência estariam crescendo a uma razão aritmética. Malthus
segue então propondo que para equalizar este desequilíbrio a sociedade crie
formas de controle da natalidade, entre outras medidas.
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O pensamento malthusiano é freqüentemente abordado em questões
ambientais, conforme salienta Damiani (1987) a teoria de Malthus volta a ser
levantada após a segunda guerra mundial, onde o crescimento populacional
ressurge no centro das discussões sobre os novos problemas econômicos e
sociais. Os neomalthusianos atribuem ao crescimento desordenado da
população no terceiro mundo o subdesenvolvimento nos países Ásia, África e
América Latina.
Karl Heinrich Marx (1818 – 1883) pode ser considerado outro grande
contribuidor para o desenvolvimento dos debates sobre desenvolvimento
sustentável antes o surgimento dos movimentos sociais ambientalistas. Para
Andrioli (2008), a contribuição de Marx é decisiva para o debate sobre a
interação entre economia e natureza definidas pelos modos de produção
vigentes.
Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza,
um processo em que o homem, por usa própria ação, media, regula e controla
seu metabolismo com a natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria
natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de
apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Ao atual,
por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modificá-la,
ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as
potências nela adormecidas e sujeita o jogo de suas forças a seu próprio
domínio. (MARX, 2004, 36).
Foster (2005) entende que nos pensamentos filosóficos de Marx existe a
principal premissa da história humana é a existência de seres humanos vivos,
sendo assim a relação com a natureza se torna fator básico. Em suas análises
sobre o pensamento do filosofo alemão, Foster reporta-se aos Manuscritos
econômico-filosóficos de 1844, tais como o trecho: “O homem vive da
natureza, isto é, a natureza é o seu corpo, e tem que manter com ela diálogo
13
ininterrupto se não quiser morrer. Dizer que a vida física e mental do homem
está ligada à natureza significa simplesmente que a natureza está ligada a si
mesma, porque o homem é parte dela” (MARX).
Há de se ressaltar porém alguns críticos de Karl Marx afirmavam que o
filósofo alemão não contemplava de forma aprofundada a exploração da
natureza. Para o economista Alec Nove, como exemplo, o pensamento de
Marx propunha que não se considerasse o problema da alocação de recursos
escassos ou o de um socialismo ecologicamente consciente. (Foster,
2005,p.24).
Para Oliveira (2008), a partir da Segunda Guerra Mundial, as potencias
da época reorganizaram sua economias e seus parques industriais. Notou-se
um grande crescimento econômico nestes países na década de 60, levando ao
aumento da quantidade e do tamanho das fábricas e do número de veículos,
além da produção agrícola. Como conseqüência as grandes cidades
começaram a perceber com maior intensidade o surgimento de problemas
ambientais, tais como a poluição do ar e contaminação do solo e da água.
“O movimento ambientalista mundial, que começou nos países
desenvolvidos, chegou com essas transformações na sociedade moderna,
cada vez menos dependente do setor industrial, que começava a ser
questionado pelos seus impactos. Além disso, esses movimentos ocorreram
ao mesmo tempo e em sinergia com outros movimentos da sociedade civil que
aconteciam na época, como o movimento pacifista (contra a Guerra do Vietnã),
feminista, dos direitos civis (nos Estados Unidos com Martin Luter King) e
hippie.” (OLIVEIRA, 2008, p.20)
No mês de abril de 1968, um grupo de especialistas e líderes das
indústrias, diplomacia e sociedade civil se reúnem em um vilarejo de Roma
para elaboração de um relatório baseado em estudos feitos pelo Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT). Sua preocupação era identificar os
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grandes problemas perante o Globo, foi desenvolvido um conceito chamado
World Problematique. Em breve as questões discutidas naquele vilarejo teriam
uma repercussão mundial, nascia assim o Clube de Roma, uma organização
internacional voltada para analisar os problemas chaves da humanidade.
O resultado desta reunião foi o primeiro relatório para o Clube de Roma:
“Limites para o crescimento”. Este relatório teve grande impacto global, foi
traduzido para mais de 30 idiomas, e com 30 milhões de cópias debatidas ao
redor do mundo. (www.clubofrome.at)
A primeira conferência mundial promovida pela Organização das
Nações Unidas (ONU) para discussão de problemas ambientais ocorreu em
1972, na capital da Suécia, Estocolmo. Esta conferência contou com a
presença de 113 países e mais de 400 organizações , governamentais ou não.
Nesta ocasião foi elaborada uma lista de 26 princípios que estipulavam ações
para estabelecimento de planos que mitigassem os conflitos em relação à
preservação ambiental e do desenvolvimento.(www.mma.gov.br)
A Declaração da Conferência da ONU no Ambiente Humano, anexo 1,
contida no sítio eletrônico do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
lista os 26 princípios dos quais podemos destacar alguns mais relevantes
relacionados com os conceitos de sustentabilidade:
Princípio 2- Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água,
a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos
ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações
presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
Princípio 4- O homem tem a responsabilidade especial de
preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna
silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido
15
a uma combinação de fatores adversos. Conseqüentemente, ao planificar o
desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da
natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres.
Princípio 5- Os recursos não renováveis da terra devem
empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se
assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização.
Princípio 6- Deve-se por fim à descarga de substâncias tóxicas
ou de outros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações
tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem
danos graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos
povos de todos os países contra a poluição.
Princípio 8- O desenvolvimento econômico e social é
indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho
favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria da
qualidade de vida.
Princípio 11- As políticas ambientais de todos os Estados
deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual
ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse
potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida
para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar
disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo, para se poder
enfrentar as conseqüências econômicas que poderiam resultar da aplicação de
medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 18- Como parte de sua contribuição ao
desenvolvimento econômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia
para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente,
16
para solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da
humanidade.
Princípio 19- É indispensável um esforço para a educação em
questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que
preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para
fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma
conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido
de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente
em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de
comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio
ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo
sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa
desenvolver-se em todos os aspectos.
1.3- Conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social
corporativa
Os conceitos de sustentabilidade e de responsabilidade social são
vários, procuraremos elencar aqueles cuja fonte de consulta possa ser
referenciada e traga maior contribuição ao trabalho apresentado. No que diz
respeito à responsabilidade social, vamos nos ater aos conceitos de
Responsabilidade Social Corporativa, pois estes estão mais vinculados a
proposta do estudo aqui desenvolvido.
1.3.1- Conceitos de Sustentabilidade
Para Meadows (1993) uma sociedade considerada sustentável é aquela
que vai persistir por várias gerações, é uma sociedade que consegue ver com
antecedência suficiente e de forma ampla.
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Para David W. Pearce, professor de economia na University College
London, o desenvolvimento sustentável é aquele submetido a uma série de
restrições nas quais o conjunto das taxas de utilização dos recursos naturais
não é maior que a taxa de recuperação natural ou provocada destes recursos,
considerando ainda a utilização do meio ambiente como destino final dos
rejeitos.(http://mitpress.mit.edu)
De acordo com Schultink (1992), desenvolvimento sustentável é definido
como o desenvolvimento que acontece com uma administração dos recursos
naturais que assegure ou aumente a capacidade de produção a longo prazo de
recursos básicos, além de considerar a melhora da saúde e do bem estar
derivados do uso dos recursos alternativos, com impacto sobre o meio
ambiente tolerável.
Podemos observar que as definições de sustentabilidade se baseiam no
fato de que o desenvolvimento deve acontecer com a preocupação de não se
utilizar uma quantidade de recursos naturais maior do o planeta possa
regenerar, sempre olhando para as gerações futuras.
Uma das definições mais clássicas de sustentabilidade é a expressa no
Relatório de Brundtland, publicado em 1987, elaborado pela Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, onde o conceito de
sustentabilidade foi descrito como “o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de suprir suas próprias necessidades”.
Outro aspecto importante nas definições de sustentabilidade é que as
mesmas contemplam sempre que a sociedade deve manter-se em
desenvolvimento, não foi encontrada dentro da bibliografia pesquisada,
nenhuma definição que considere a manutenção dos níveis atuais de produção
ou demográfico como solução para a não degradação do meio ambiente.
18
1.3.2- Conceito de Responsabilidade Social Corporativa
Para Oliveira (2008), muitas pessoas confundem responsabilidade social
corporativa com filantropia ou ação social de empresas. A ação social são
doações ou projetos sociais que beneficiam alguns grupos, como
comunidades, famílias de empregados, escolas ou Organizações Não-
Governamentais (ONGs). A responsabilidade social das empresas envolve
atitudes, ações e relações com um maior grupo de partes interessadas
(stakeholders) como consumidores, fornecedores, sindicatos e governo. A
filantropia é ação social com projetos não ligados diretamente aos negócios da
empresa, muitas vezes está ligada a causas cujos valores são compartilhados
pela empresa, gestores ou donos.(OLIVEIRA, 2008, p.66)
Ainda conforme Oliveira (2008), os conceitos de Responsabilidade
Social Corporativa variam conforme o local e o setor de atividades, assim como
ao longo do tempo. Em países cujos problemas sociais sejam graves, surgirá
possivelmente uma série de ações sociais como parte das ações de RSC.
O Instituto Ethos define RSC como a forma de gestão que se caracteriza
pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os
quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que
impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades
sociais.(www1.ethos.org.br)
Archie Carroll, em 1979, propõe que a responsabilidade social
empresarial inclui aspectos econômicos, legais, éticos e discricionários
(filantrópicos) que a sociedade tem da organização em um determinado
19
momento no tempo. Ela dividiu a responsabilidade social empresarial em
quatro dimensões.(www.interfacehs.sp.senac.br)
A responsabilidade econômica refere-se às obrigações da empresa em
produzir bens e serviços que a sociedade quer consumir e vendê-los a um
preço justo, mas com lucro que mantenha a perpetuação da empresa no futuro
e possibilite a ampliação dos ganhos dos investidores.
A responsabilidade legal envolve às expectativas da sociedade de que
as empresas desenvolvam suas atividades cumprindo as legislações
existentes.
A responsabilidade ética corresponde a que as empresas mantenham
um comportamento em consonância com as normas, padrões e expectativas
da sociedade.
A responsabilidade discricionária (filantrópica) está ligada a expectativa
da sociedade de que as empresas atuem voluntariamente em atividades
sociais não exigidas pela lei ou pela ética.
Em contraponto às definições acima apresentadas existe uma apontada
por Oliveira (2008) que cita uma polêmica criada pelo economista Milton
Friedman, onde ele afirma, em um artigo para a revista do New York Times de
1970, que a única responsabilidade social das empresas seria gerar lucro para
seus acionistas, dentro das regras estabelecidas pela sociedade (leis).
Oliveira segue informando que segundo Friedman a responsabilidade
social desvirtuava as em empresas por várias razões, a principal delas era que
os gestores estariam fazendo caridade com o dinheiro dos outros (acionistas).
Para Oliveira a visão de Friedman foi muito estreita em relação às
oportunidades de as empresas terem retornos financeiros com seus
20
investimentos sociais. Ele tratou investimentos como custos.(Oliveira, 2008,
p.68)
Oliveira declara ainda que apesar de todas as limitações das afirmações
de Friedman sobre responsabilidade social, sua contribuição para o debate na
teoria e na prática de RSE foi fundamental. A genialidade e percussão dos
argumentos apresentados por ele provocaram muito esforço por parte dos
acadêmicos e ativistas para mostrar que ele poderia estar errado. O campo da
RSE se desenvolveu bastante e vem combatendo vários argumentos dele
desde então (Oliveira, 2008, p.68).
As diferentes formas como as ações de RSC são definidas e percebidas
pelos autores e por vários segmentos da sociedade são à base da discussão
sobre os limites entre quais ações são efetivamente mais impactantes para a
sociedade/meio ambiente e quais apenas visam reforçar a imagem da
empresa e posicioná-la no mercado.
21
CAPÍTULO II
O Mercado de Capitais e seu relacionamento com
as questões de Sustentabilidade e Responsabilidade
Social Corporativa
“Sucesso depende de esforço”
Sófoles
2.1- A relação entre a valorização do preço da ação de uma
empresa de capital aberta e a decisão de compra do investidor.
Uma ação representa a menor parcela do capital social de uma
sociedade por ações. Normalmente, as ações traduzem as expectativas dos
agentes econômicos aos destinos das empresas de capital aberto (Lima
.2006.pag. 104).
Para Fortuna (2002), as oscilações nos preços são fruto das condições
de mercado (oferta e demanda) que refletem as condições estruturais e
comportamentais da economia do País e específicas da empresa e de seu
setor econômico. As tendências de preço das ações são estudadas por duas
escolas, que se conjugam, para uma decisão, sendo elas: a Escola Gráfica e a
Escola Fundamentalista.
A Escola Gráfica baseia-se na análise dos preços e dos volumes pelos
quais foram negociadas as ações nos pregões anteriores, sendo considerada
22
fundamental para o market timing, ou seja, a escolha do momento certo para
negociar as ações.
A Escola Fundamentalista baseia-se nos resultados setoriais e
específicos de cada empresa, dentro do contexto da economia nacional e
internacional.
A Escola Fundamentalista é considerada primordial para o stock picking,
ou seja, a escolha da empresa cuja ação deve ser negociada.
Ainda de acordo com Fortuna, os principais indicadores diretos que
influenciam os investidores na decisão de aquisição ou venda de uma ação
são:
. o beta com o índice da bolsa (movimento da ação em relação ao
movimento do índice);
. o preço da ação no mercado;
. o lucro por ação;
. o índice preço/lucro;
. o índice preço/valor patrimonial da ação;
. o índice dividendo/preço da ação
. o índice dividendo/lucro
. o índice preço/fluxo operacional
As decisões sobre a escolha de quais empresas cuja ação deve ser
adquirida (stock picking), de acordo com a Escola Fundamentalista, estão
sendo cada vez mais influenciadas pelo comportamento relacionado às
práticas de sustentabilidade.
A BMF&BOVESPA, através de seu sítio eletrônico, cita dois perfis de
investidores que se orientam por estas práticas: o investidor Pragmático e o
investidor Engajado.
23
Para a BMF&BOVESPA “os investidores Pragmáticos são aqueles que
compram ações de empresas listadas em índices se sustentabilidade porque
acreditam que essas companhias têm mais chances de permanecerem
produtivas pelas próximas décadas e que sofrerão menos passivos judiciais,
com ações ambientais, trabalhistas e sociais.”
Os investidores “Engajados são aqueles que por comprometimento
pessoal, decidem privilegiar as empresas que atuam de forma sustentável,
com respeito a valores éticos, ambientais e sociais. Eles não querem se
envolver com empresas que poluem ou que têm problemas com direitos
humanos. Estão dispostos a pagar um valor maior pela de empresas que estão
atentas aos três pilares de sustentabilidade: econômico, ambiental e
social”.(www.bovespa.com.br).
Este estudo pretende confirmar se a atratividade causada pelas atitudes
Socialmente responsáveis praticadas por algumas empresas listadas na Bolsa
de Valores de São Paulo vem se traduzindo maiores ganhos para os
investidores que dão preferência a estas empresas quando alocam os seus
investimentos.
Através da investigação das oscilações dos preços destas ações este
trabalho irá confirmar se as mesmas vêem apresentando melhor performance
quando comparadas outros índices de ativos da Bolsa de Valores de São
Paulo.
2.2- Conceito de SRI – Investimentos Socialmente
Responsáveis
Para o economista Gustavo Pimentel, o Investimento Socialmente
Responsável (ISR ou SRI) é uma forma de investir os são considerados os
aspectos ambientais, sociais, éticos e morais na alocação das suas carteiras.
(portal www.acionista.com.br)
24
Ainda em seu artigo Finanças Sustentáveis, Pimentel informa que
existem várias formas de se referir ao conceito de SRI que estão
fundamentalmente ligadas à origem do investidor. Como exemplo cita que nos
Estados Unidos os termos mais usados são Investimento Socialmente
Responsável (“Socially Responsible Investing” ou SRI), Investimento Social
(“Social Investing”) e Investimento Responsável (“Responsible Investing”). Ao
passo que, no Reino Unido e Austrália, é mais comum o termo Investimento
Ético (“Ethical Investing”). Países uma forte tradição ambientalista, com
Alemanha e Holanda , utilizam Investimento Verde (“Green Investing”), e na
Europa, em geral, o termo mais comum é Investimento Sustentável
(Sustainable Investing).
Mesmo com as diversas formas, a literatura sugere um alinhamento
razoável nas definições.
�SRI refers to funds directed to build healthy communities, promote
economic equity, and foster a clean environment while also delivering
competitive rates of return to the investor. SRIs also are directed to
corporations with “sustainable” practices and strategies that attempt to
maximize economic, social, and environment performance, while
sustaining – and preferably renewing – communities and ecosystems.
SRI has grown no significance and increasingly is viewed not just as
investing for the greater good, but as good investing. (Larson, 2003, P.
11).
Skillius e Wennberg (1998) relatam que o fenômeno do investimento
socialmente responsável pode ser percebido já nos em 1920, quando certas
instituições americanas evitaram investimentos em empresas ligadas ao álcool
e ao tabaco. Para eles os investimentos pautados também em aspectos
ambientais são mais recentes.
25
Ferreira (2004, p.237) define os investimentos socialmente responsáveis
como decisões de investimento com o objetivo duplo de atingir retorno
financeiro e social. Ainda segundo o autor o seu crescimento “reforça a relação
entre a responsabilidade social e a valorização dos papéis da empresa”.
Para Villani (2005) a política de investimentos em SRI tem o duplo
mérito de proporcionar ao investidor uma boa expectativa de retorno financeiro,
focado principalmente no médio e longo prazo e ao mesmo tempo coloca o
investidor numa posição de sinalizar às empresas em que ele investe quais
são os tipos de atitudes e atividades que elas deveriam ter para maximizar os
benefícios a todos os envolvidos em seus negócios.
2.3- O Índice de Sustentabilidade Bovespa (ISE)
Como foi citado anteriormente há alguns anos se percebe uma
tendência mundial dos investidores a alocarem seus recursos em empresas
socialmente sustentáveis.
Em atenção a esta tendência a Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA) criou o ISE em conjunto com várias outras instituições entre elas,
a ABRAPP, a ANBID, a APIMEC, o IBGC, o IFC, o Instituto ETHOS e o
Ministério do Meio Ambiente; que tem como intuito servir com referencial para
os investimentos socialmente responsáveis.
O ISE reflete o retorno de uma carteira composta por ações de
empresas selecionadas a partir do seu comprometimento com a
responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial.
2.3.1- Instituições participantes do Conselho do ISE:
• ABRAPP: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar;
26
• ANBID: Associação Nacional dos Bancos de Investimento;
• APIMEC: Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais;
• BMF&BOVESPA: Bolsa de Valores de São Paulo;
• IBGC: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa;
• IFC: International Finance Corporation;
• Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social; e
• Ministério do Meio Ambiente.
2.3.2- Critérios de Seleção
Para avaliar a performance das empresas participantes da BMF&
BOVESPA tendo como base os aspectos de sustentabilidade, o Conselho
decidiu contratar o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas (CES-FGV).
Foi desenvolvido pelo CES-FGV um questionário para verificar o
desempenho das companhias emissoras das 200 ações mais negociadas na
BOVESPA, partindo do conceito do “triple bottom line”. Este conceito foi
desenvolvido pela empresa inglesa de consultoria SustainAbility e envolve a
avaliação dos elementos (ambientais, sociais e econômico-financeiros) de
forma integrada.
O Conselho escolhe as empresas com melhor classificação,
principalmente levando em consideração o relacionamento com fornecedores e
empregados; relacionamento com a comunidade; impacto ambiental de suas
operações e governança corporativa.
As respostas aos questionários são analisadas através de uma
ferramenta estatística conhecida como “análise de clusters”, que verifica os
grupos de empresas com desempenhos similares e identifica o grupo com
27
melhor desempenho geral. Após aprovação do Conselho, as empresas deste
grupo, no número máximo de 40, irão compor o a carteira final o ISE. A revisão
da carteira é anual.
2.3.3- Principais características da carteira ISE
Os quadros abaixo apresentam as principais características
apresentadas pela carteira ISE
Quadro 1 : Carteiras do ISE desde 2005
2005/6 2006/7 2007/8 2008/9 2009/10
Empresas 28 34 32 30 34
Ações 33 43 40 38 43
Setores 12 14 13 38 43
Novas empresas - 10 7 6 8
Valor de Mercado (bilhões R$) 504,2 700,7 927 374,2 735,2
Quadro 2 : Distribuição Setorial das Empresas
Setor Anterior = 1 Atual = 34
Água e Saneamento 1 1
Alimentos Processados 2 1
Construção/Engenharia - 1
Energia Elétrica 11 11
Intermediários Financeiros 4 4
Madeira e Papel 3 3
Máquinas e Equipamentos - 1
Material de Transporte 1 1
Previdência e Seguros - 1
Produtos de Uso Pessoal/Limpeza 1 1
Químicos 1 1
Saúde 2 1
28
Serviços Financeiros - 1
Siderurgia e Metalurgia 2 3
Telefonia Fixa 1 1
Telefonia Móvel 1 2
2.3.4- Empresas que compõe o ISE
Com base nos critérios acima descritos a BMF&BOVESPA elencou as
ações das seguintes empresas para compor a Carteira Teórica do ISE, com
validade para o período de Dez. 2009/ Nov.2010:
. AES TIETE S.A
. BANCO BRADESCO S.A
. BANCO DO BRASIL S.A
. BRASKEM S.A
. BRF FOODS S.A
. CIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS S.A – CEMIG
. CIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO S.A – CESP
. CIA ENERGÉTICA DO CEARÁ – COELCE
. CIA PARANAENSE DE ENERGA – COPEL
. CPFL ENERGIA S.A
. DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA S.A
. DURATEX S.A
. CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A – ELETROBRÁS
. ELETROPAULO S.A
. EMPRESA BRASILEIRA DE AERONÁUTICA S.A – EMBRAER
. EDP – ENERGIAS DO BRASIL S.A
. EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S.A
. FIBRIA CELULOSE S.A
. GERDAU S.A
. METALURGICA GERDAU S.A
29
. INDÚSTRIAS ROMI S.A
. ITAÚ INVESTIMENTOS S.A
. ITAÚ UNIBANCO HOLDING S.A
. LIGHT S.A
. NATURA COSMÉTICOS S.A
. REDECARD S.A
. CIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO SÃO PAULO S/A
. SULAMÉRICA SEGUROS S.A
. SUZANO PAPEL E CELULOSE S.A
. TELE NORTE LESTE PARTICIPAÇÕES S.A – TELEMAR
. TIM PARTICIPAÇÕES S.A
. TRACTEBEL ENERGIA S.A
. USINAS SIDERÚRGICAS DE MINAS GERAIS S.A – USIMINAS
. VIVO PARTICIPAÇÕES S.A
2.3.5- Análise comparativa entre o desempenho da carteira ISE e outros
índices da BOVESPA
Esta investigação tem o intuito de identificar se a performance de
rentabilidade da carteira ISE apresenta um desempenho melhor se comparada
a dois outros índices da Bolsa de Valores de São Paulo mais utilizados como
benchmark pelos participantes e analistas do Mercado de Capitais brasileiro,
sendo eles o IBOVESPA e o IBrX
Conforme Lima (2006), benchmark, ou referência, é um índice ou
medida para se avaliar o desempenho de algum movimento do mercado.
O IBOVESPA é hoje a principal referência do Mercado de Capitais. Ele
é dado pelo movimento diário das ações que compõe sua carteira teórica, que
é constituída pelas ações que juntas representem 80% do volume negociado
nos 12 meses que antecedem a sua formação.(LIMA. 2006, pag. 75)
30
O IBrX, ou índice Brasil, é um índice de preços que mede o retorno de
uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais
negociadas na BOVESPA, em termos de número de negócios e volume
financeiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu
respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado.
(www.bmfbovespa.com.br).
Apresentamos abaixo o quadro comparativo entre o desempenho das
carteiras analisadas desde o ano de 2006. O ISE foi criado em no segundo
semestre de 2005, sendo assim utilizamos o ano de 2006 como inicio da
comparação para que termos equidade na comparação com os outros índices.
Esta tabela informa a variação nominal anual dos índices.
Índice Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009
ISE 37,82 40,35 -41,09 66,39
IBOVESPA 32,93 43,65 -41,22 82,66
IbrX 36,06 47,83 -41,77 72,83
O gráfico a seguir ilustra a evolução dos Índices, considerando os
fechamentos anuais dos mesmos.
32
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO DE PRÁTICAS DE
RESPONSABILIDADE SOCIAL DE ALGUMAS
EMPRESAS QUE FAZEM PARTE DO ÍNDICE DE
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL DA BOVESPA.
“O homem é o lobo do homem”
Plauto
3.1- A escolha das empresas
Este capítulo tem objetivo de apresentar as Práticas de
Responsabilidade Socioambiental que cinco empresas listadas no ISE
implementaram no dia-a-dia de suas atividades e que exemplificam para o
leitor a prática dos conceitos de Sustentabilidade e Responsabilidade Social
Corporativa descritos no Capitulo 1.
A apresentação das práticas socioambientais será limitada a investigar a
postura e atividades socioambientais de cinco empresas com maior
participação no IBRX-50 (composta por 50 ações selecionadas entre as mais
negociadas na BMF&BOVESPA em termos de liquidez) e que façam parte
também do ISE. O IBRX-50 objeto da seleção é o válido para o quadrimestre
de Janeiro a Abril de 2010. Por este critério as empresas que terão suas ações
socioambientais apresentadas são: Banco do Brasil, Bradesco, BrFoods ,
Cemig e Itaú. A investigação teve como base informações fornecidas pelas
próprias empresas citadas colhidas seus sítios eletrônicos.
33
3.2 – Banco do Brasil S.A.
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista controlada pelo
Governo Federal possuindo mais de 4 mil agências no Brasil e presença no
exterior com mais de 40 pontos de atendimento.
Por ser uma empresa utilizada pelo Governo Federal como agente do
desenvolvimento social e econômico do país, o Banco do Brasil já possui em
sua tradição desenvolver atividades não tão atrativas para outros bancos
comerciais. O financiamento da agricultura familiar, do agronegócio, do
comércio exterior e das micro e pequenas empresas são algumas das áreas
onde o banco atua há várias décadas.
Além disso, a partir de 2003, o banco acentuou essa postura com a
criação da Unidade Relações com Funcionários e Responsabilidade
Socioambiental, depois transformada em Diretoria.
Em 2004 a empresa aprovou a suspensão de novos créditos a clientes
listados na relação de empregadores e proprietários rurais que submetem seus
trabalhadores a formas degradantes de trabalho ou os mantenham em
condições análogas ao trabalho escravo divulgada pelo Ministério do Trabalho
e Emprego. A restrição também tem abrangência a financiamentos a clientes
envolvidos com exploração sexual de crianças e com a utilização de trabalho
infantil. Em junho deste mesmo ano, o Banco do Brasil assumiu publicamente
junto ao Ministério do Meio Ambiente o compromisso com ações voltadas ao
desenvolvimento sustentável de seus negócios. O banco estabeleceu a
Agenda 21 Empresarial do BB, um plano de ação em responsabilidade
socioambiental que conta com iniciativas de todas as áreas do banco em prol
do desenvolvimento sustentável do País. Nesta ocasião, a instituição assinou
Protocolo com o Ministério do Meio Ambiente para disseminar a Agenda 21
nos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável.
34
Em 2005 começaram a ser adotados de critérios socioambientais na
avaliação do estudo de projetos de investimento e limite de crédito de
empresas, tais procedimentos serão aplicados a todas as empresas com
Receita Operacional Líquida atual ou projetada superior a 100 milhões de reais
e a todos os projetos de investimento com valor financiado pelo banco igual ou
superior a cinco milhões de reais.
3.3- Banco Bradesco
O Bradesco é um banco comercial presente em todos os municípios do
país, possuindo 37.476 pontos de atendimento (Relatório Anual 2009, p. 3).
De acordo com o seu Relatório de Sustentabilidade 2009, a visão de
sustentabilidade da empresa está baseada em três pilares: finanças
sustentáveis, gestão responsável e investimentos socioambientais.
O Pilar de Finanças Sustentáveis se subdivide em três temas: a)
Inclusão Bancária, que tem com principais objetivos aumentar a rede de
atendimento e aumentar a base de clientes, principalmente entre a população
não bancarizada; b) Produtos e Serviços, que visa aprimorar a disponibilização
de produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes,levando em
consideração aspectos socioambientais; c) Riscos Socioambientais, onde se
foca as análises das operações de financiamento seguindo critérios
socioambientais.
O Pilar de Gestão Responsável é composto por dois temas: a) Gestão
de Pessoas, que tem os objetivos de disseminar e incorporar a cultural da
sustentabilidade e ser reconhecida como a melhor instituição financeira do país
para se trabalhar ; e b) Gestão Ambiental , onde são focados aspectos como a
racionalização do uso de recursos naturais e disseminação entre os
fornecedores das boas práticas socioambientais.
35
O Pilar de Investimentos socioambientais está dividido em três temas: a)
Educação, que está ligado ao desenvolvimento e desempenho das escolas da
Fundação Bradesco; b) Meio Ambiente, que visa formar parcerias para
recuperação de áreas de ecossistemas degradados e c) Cultura e Esporte,
onde são desenvolvidas as ações de inclusão social de jovens por meio do
esporte e de apoio a manifestações culturais por meio de patrocínios.
Ainda de acordo com o Relatório de Sustentabilidade de 2009 podemos
destacar abaixo algumas ações desenvolvidas pela empresa visando atender
os objetivos acima citados:
. Ampliação da base de cliente nas classes D e E em 597 mil clientes
novos em 2009;
. Criação da área de Crédito de Carbono;
.Treinamento de 13,3 mil funcionários no Curso de Sustentabilidade;
.Recursos repassados à Fundação SOS Mata Atlântica que viabilizaram
o plantio de mais de 1,9 milhão de mudas de árvores nativas no bioma Mata
Atlântica;
.Contribuição, por meio da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) para
a manutenção de 35 unidades de conservação ambiental, que cobrem 16,4
milhões de hectares de floresta;
.Investimento de cerca de R$ 95,5 milhões no apoio e patrocínio de
eventos socioculturais em diferentes regiões do país.
3.4- BrFoods S.A.
A BRF Brasil Foods, atual denominação social da Perdigão, é um das
maiores empresas globais do setor alimentício. Possuindo um faturamento de
R$ 24,4 bilhões e valor de mercado de U$11,4 bilhões, registrados em 2009; a
BRF é a quarta maior exportadora brasileira, maior exportadora mundial de
aves e maior empresa global de proteínas em valor de mercado, sendo
36
também uma das principais companhias brasileiras na captação de leite, seus
produtos chegam a mais de 110 países.
A Brasil Foods desenvolve várias ações com vistas à sustentabilidade,
mas tem preocupações essenciais com a água, por entender ser uma fonte
não renovável, e com a energia, buscando soluções inovadoras de
conservação e formas alternativas de geração, que passem obrigatoriamente
pela conscientização de seus colaboradores, parceiros e comunidades para o
não comprometimento das fontes geradoras desses recursos.
O Instituto Perdigão de Sustentabilidade integra e fortalece as iniciativas
socioambientais implementadas pela BRF - Brasil Foods.
O maior objetivo do instituto é garantir o crescimento sustentável dos negócios
da companhia a partir de práticas que contribuam para o desenvolvimento e
qualidade de vida das comunidades em que atua e levem a excelência no
campo ambiental. Dentre os programas desenvolvidos pelo instituto podem ser
destacados os seguintes listados abaixo:
.Programa de Suinocultura Sustentável, que orienta e apóia produtores
na adoção de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) para a redução do
impacto dos dejetos da suinocultura ao meio ambiente, atendendo às
exigências do Protocolo de Kyoto.
.Programa de Florestas Renováveis, que se preocupa com a utilização
das fontes de energia para as unidades industriais, evitando, com isso, a
destruição de florestas nativas e o consumo de combustíveis fósseis.
Atualmente, do total de florestas renováveis que a empresa dispõe, 6 mil
hectares são passíveis de obtenção de créditos de carbono, conforme
regulamentação da ONU.
.Programa de Reuso de Água, que apóia as pesquisas desenvolvidas de
aplicação de novas tecnologias que possibilitem o aumento da potabilidade. O
37
programa já está implantado em todas as unidades da empresa e o volume
total economizado é suficiente para abastecer uma cidade de
aproximadamente 180 mil habitantes. Para possibilitar o reuso, que hoje chega
a trinta por cento do total consumido nas fábricas da companhia, os efluentes
são separados conforme a qualidade e, após tratamento, a água resultante do
processo é destinada a alguns processos industriais, lavagem de veículos,
gaiolas e pocilgas, além de limpeza externa de pátios e na irrigação.
.Programa de Racionalização e Conservação de Energia; a proposta
deste programa é combater o desperdício de energia elétrica, vapor e água.A
economia gerada até hoje foi de aproximadamente 15%. A meta deste
programa é reduzir o consumo em até 600 MWH, o que equivale ao consumo
de 11 mil residências. Está prevista a implantação de um projeto piloto que
permite o monitoramento on-line do consumo e demanda nas principais
unidades produtivas.
.Programa de Inclusão Digital. O Instituto Perdigão , em conjunto com a
Fundação Banco do Brasil, Oi, Prefeitura de Bom Conselho, IBM e a
Universidade de Pernambuco – Campus Garanhuns, desenvolveu a iniciativa
para facilitar o acesso da população de Bom Conselho (PE) às novas
tecnologias de informação, viabilizando a formação de mão-de-obra com
maiores oportunidades de ingresso no mercado de trabalho. Desde 2008,
quando a ação foi implementada, já foram capacitados 540 alunos na região.
.Programa de Inclusão da Pessoa com Deficiência, o objetivo desta
iniciativa é oferecer ensino fundamental e médio a pessoas com deficiência
para capacitá-los a ingressar no mercado de trabalho.O Instituto disponibiliza o
espaço e a infra-estrutura para viabilizar o processo educacional e ainda efetua
o pagamento de uma mensalidade para a contratação de todos os
profissionais do Centro. Os Centros estão instalados em Videira (SC) e Marau
(RS), beneficiando mais de 90 alunos.
38
3.5- Cemig
A Cemig – Companhia Energética de Minas Gerais - é uma empresa de
economia mista controlada pelo Governo de Minas Gerais, que detém 51% de
suas ações ordinárias. Além do controlador, a Empresa possui 116 mil
acionistas de 44 países.
A empresa atua nas áreas de geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica. O Grupo Cemig é constituído por 49 empresas e 10
consórcios. É controlado por uma holding, com ativos e negócios em vários
estados do país. Possui, também, investimentos em distribuição de gás natural
e transmissão de dados. Na área de distribuição de energia elétrica, a Cemig é
responsável por aproximadamente 12% do mercado nacional.
A Cemig divide suas ações de sustentabilidade em três dimensões:
Econômica, Ambiental e Social.
Desde 2001, a Cemig desenvolve, em parceria com a Fundação
Biodiversitas, um programa de educação ambiental para as escolas
denominado Projeto Terra da Gente10, criado para fornecer suporte didático-
pedagógico em educação ambiental aos educadores da rede escolar mineira,
com ênfase na proteção, conservação e recuperação da biodiversidade dos
biomas presentes no território de Minas Gerais.
Em 2009, a Cemig destinou um valor total de R$ 88,4 milhões a projetos
e despesas relacionados ao meio ambiente, sendo R$ 27,7 milhões a cuidados
e ações ambientais relacionadas à implantação de novos empreendimentos,
com destaque para os gastos da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, de R$
11,9 milhões, e outros R$ 60,7 milhões referentes
as despesas de operação e manutenção e investimentos em projetos
ambientais. Desse total, foram investidos R$ 2,2 milhões em projetos de
pesquisa relacionados ao meio ambiente.
39
A empresa possui uma Rede de Monitoramento para controle da
qualidade da água de seus principais reservatórios que contempla oito bacias
hidrográficas de Minas Gerais – as dos rios Grande, Paranaíba, Pardo, São
Francisco, Doce, Paraíba do Sul, Itabapoana e Jequitinhonha, além de uma
em Santa Catarina – rio Uruguai e 35 sub-bacias diferentes, perfazendo o total
de 52 reservatórios e mais de 247 estações de coleta de qualidade da água,
efluentes e água industrial.
A Cemig investe recursos na produção de sementes e mudas de
espécies para arborização urbana, fornecendo gratuitamente esses produtos a
prefeituras de sua área de concessão; promove também treinamentos de
capacitação profissional para empregados próprios, de suas contratadas e de
prefeituras, voltados para aspectos principais do planejamento, implantação e
manutenção de árvores urbanas, também promoveu em 2009 o III Seminário
de Manejo de Arborização Urbana junto a Sistemas Elétricos, em parceria com
a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e a International Society of
Arboriculture.
Em 2009, a Cemig gerou 3.182 toneladas de resíduos classificados
como não perigosos pela Norma Técnica Brasileira NBR 10004, que foram
encaminhados para reciclagem e reutilização, representando 69% do total de
resíduos gerados. Com o objetivo de repovoar e manter a biodiversidade dos
reservatórios da Cemig e dos rios de Minas Gerais, foram realizados em 2009,
com a participação de alunos e representantes de diversos setores da
sociedade, 100 peixamentos nos rios Araguari, Paranaíba, Grande,
Jequitinhonha e Pardo, abrangendo 52 municípios do Estado de Minas Gerais.
A Cemig produziu e promoveu a soltura de cerca de 523 mil alevinos, o que
corresponde a 17,4 toneladas de diferentes espécies de peixes. As regiões do
Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha receberam um volume recorde de
peixes, produzidos em parceria com a Escola Agrotécnica Federal de Salinas,
totalizando mais de 2,4 toneladas de biomassa (mais de 143 mil alevinos). A
Cemig possui dois viveiros florestais localizados nas estações ambientais de
40
Itutinga e de Volta Grande e um laboratório de sementes em 2009, onde a
empresa produziu 421 mil mudas.
Seguindo uma prática iniciada em 2007, a Cemig respondeu ao
questionário do Carbon Disclosure Project 7, relatório global formulado
mundialmente por investidores institucionais com o objetivo de apurar e
divulgar informações das empresas sobre suas políticas de mudanças
climáticas e estratégias para reduzir riscos ambientais em seus processos.
A Cemig tem investido em projetos de utilização de fontes de energia
renováveis, com destaque para energia eólica, solar, biomassa e biodiesel.
Adicionalmente, também desenvolve projetos de cogeração, hidrogênio e
células a combustível e geração distribuída.
A empresa está presente no DJSI World -índice Dow Jones de
sustentabilidade -pela décima vez, ou seja, desde sua criação em 1999, sendo
que, em 2009, foi selecionada pela segunda vez como a Líder Mundial do
Super setor de Utilities. A Cemig é a única empresa do setor elétrico da
América Latina a fazer parte desse Índice, também é uma das três empresas
brasileiras que integram o seleto grupo do Índice Global Dow, lançado em
novembro de 2008 nos Estados Unidos, com o objetivo de servir de referência
para os mercados mundiais. O Índice Global Dow inclui 150 empresas de 25
países.
3.6– Banco Itaú
A política de Sustentabilidade do banco estabelece as seguintes
diretrizes, subdivididas em 7 grupos:
a) Quanto à gestão:
41
.incorporar continuamente a sustentabilidade nos processos de gestão
da organização;
.promover o diálogo estruturado com as partes interessadas;
.avaliar riscos socioambientais de acordo com políticas próprias e
observando a legislação vigente;
.incorporar aspectos relacionados às mudanças climáticas, gerenciando
riscos e focando no desenvolvimento de soluções que respondam
adequadamente à busca pela redução das emissões de gases de efeito estufa;
.identificar e acompanhar indicadores de sustentabilidade;
.comunicar de forma clara e transparente, disponibilizando as
informações pertinentes, respeitando o grau de entendimento dos diversos
públicos;
.proteger e respeitar os direitos humanos em nossa cadeia de valor,
refutando todas as formas de trabalho infantil, forçado ou compulsório;
.aprimorar os mecanismos de prestação de contas.
b) Quanto aos produtos e serviços:
. inserir aspectos de sustentabilidade na concepção de novos produtos e
serviços, priorizando a inovação e a criação de um senso de oportunidade
frente às novas exigências da sociedade;
.identificar oportunidades de negócio que possam resultar em inclusão
financeira e apoio aos que permanecem excluídos dos benefícios desses
produtos e serviços;
.estimular negócios em novos mercados alinhados com o
desenvolvimento sustentável.
c) Quanto ao público interno:
.desenvolver programas de educação e sensibilização em
Sustentabilidade para todos os gestores e colaboradores;
42
.promover um ambiente de trabalho inclusivo que valorize a diversidade
e a equidade;
.contemplar critérios de Sustentabilidade na seleção, contratação,
promoção e dispensa de colaboradores, bem como avaliação de resultados e
remuneração;
.garantir condições de trabalho adequadas e o bem-estar dos
colaboradores, por meio de padrões de saúde e de segurança ocupacional;
.estimular o uso consciente de serviços financeiros por meio de
educação financeira.
d) Quanto às relações com fornecedores:
.promover e facilitar o desenvolvimento dos fornecedores com relação à
agenda da sustentabilidade;
.aprimorar os requisitos a serem atendidos na contratação de
fornecedores, de forma que atendam aos critérios de sustentabilidade;
.construir relações permanentes por meio de parcerias de longo prazo.
e) Quanto às relações com clientes:
.adotar políticas de relacionamento com clientes que estimulem seu
comprometimento com a sustentabilidade;
.influenciar e conscientizar os clientes, ativamente e em todas as
oportunidades de relacionamento, quanto aos preceitos da sustentabilidade;
.promover a construção de relações pautadas na confiança e na
qualidade para uma parceria de longo prazo;
.disponibilizar as informações para que nossos clientes utilizem
conscientemente os produtos e serviços financeiros que oferecemos.
f) Quanto às relações com a sociedade:
43
.manter permanente e ativa sua agenda de comprometimento com os
principais desafios do desenvolvimento sustentável do país e das comunidades
em que o Itaú Unibanco se faz presente;
.apoiar mecanismos de mercado que promovam melhorias contínuas
para a sociedade e mitiguem a pobreza e desigualdade.
g) Quanto ao meio ambiente:
.apoiar mecanismos de mercado e políticas internas que promovam o
respeito ao meio ambiente, à qualidade de vida, e manutenção da
biodiversidade;
.desenvolver e aperfeiçoar mecanismos e políticas internas para gestão
dos impactos indiretos das operações financeiras;
.mitigar os impactos ambientais diretos de suas operações.
44
CONCLUSÃO
Este trabalho comparou o desempenho dos índices ISE, IBOVESPA e
IBrX e ficou comprovado que, dentre os três, o ISE apresentou uma
performance pior no que diz respeito à rentabilidade no período de 2006 até
2009. Isto significa que caso três investidores distintos tivessem cada um
decidido alocar seus recursos financeiros em ativos que replicassem
composição de cada um dos índices, o investidor que tivessem privilegiado os
investimentos socialmente responsáveis optando por “copiar” a carteira do ISE
teria tido um ganho monetário menor do que os outros dois.
De acordo com a tabela de variação nominal apresentada no Capítulo II
um investidor que tivesse optado por montar sua carteira de ações replicando o
ISE teria uma rentabilidade de 89,60 % sobre o capital investido, ao passo que
sua opção de orientação fosse as carteiras IBOVESPA e IBrX, os seus
respectivos ganhos seriam 105,02% e 102,40%. Ou seja, uma carteira réplica
do IBOVESPA traria um ganho aproximadamente 17% superior ao uma
carteira réplica do ISE no período analisado de 4 anos (2006 até 2009).
Há de se ressaltar porém que o comportamento dos três índices seguiu
o mesmo padrão de altas e baixas e que no ano de 2008, quando ocorreu uma
crise mundial no mercado financeiro, o ISE apresentou uma performance um
pouco melhor do que os outros dois índices.
Os resultados gerados por este trabalho devem ampliar a discussão
sobre a relação entre retorno financeiro e investimentos socialmente
responsáveis, tendo em vista que, como citado no Capítulo II, os investidores
chamados engajados estariam dispostos a “pagar um preço” por privilegiarem
investir em empresas que respeitam fatores éticos, ambientais e sociais.
45
Em relação aos resultados obtidos e das conclusões apresentadas,
deve ser levado em consideração as limitações da pesquisa no que diz
respeitado ao período de análise (2006/2009) que se torna curto para análise
de ativos de renda variável tradicionalmente classificados como investimento
de longo prazo. Essa limitação ocorreu devido à necessidade de se trabalhar
com uma base de dados homogênea e como ISE foi criado em novembro de
2005, apenas os anos analisados formavam períodos completos.
Por fim, espera-se que a apresentação das atividades de
responsabilidade social das 5 empresas escolhidas no Capítulo III possam ter
contribuído para o conhecimento prático dos conceitos abordados no
referencial teórico do Capítulo I, mostrando como algumas empresas inseriram
no seu dia-a-dia a preocupação com aspectos socioambientais sem prejuízo à
sua competitividade e desenvolvimento econômico.
46
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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1997 (Coleção Caminhos da Geografia)
2. FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. Rio de
Janeiro: QualityMark, 2002.
3. FOSTER, John Bellamy. A ecologia de Marx: Materialismo e Natureza.
Tradução de Maria Tereza Machado. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2005.
4. LEITE, Rogério C. Cerqueira. Colonização Consentida. São Paulo: Duas
Cidades, 1980.
5. LIMA, Gilberto Barros. A abrangência histórica da revolução industrial e
seus desdobramentos sociais, econômicos e ambientais: Uma análise
contemporânea. Rio de Janeiro: Revista Eletrônica Boletim do Tempo,
Ano 4, n.31, Rio, 2009.
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Siqueira Lima, Ney Galardi, Ingrid Neubauer. Saõ Paulo: Atlas, 2006.
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Freitas Teixeira. 3A Edição. Petrópolis: Vozes,1999.
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às verdadeiras responsabilidades. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
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47
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13. www.bmfbovespa.com.br, página oficial da Bolsa de Valores de São
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14. www.bradesco.com.br, página oficial do Banco Bradesco S.A, acessada
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11/06/2010.
21. www.senac.com.be, página oficial do Serviço de Nacional de
Apredizagem Comercial, acessada em 04/05/2010.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - MARCOS
HISTÓRICOS E CONCEITOS
1.1- A revolução industrial
1.2- O nascimento e evolução dos debates
ambientalistas e de sustentabilidade 11
1.3- Conceitos de sustentabilidade e
responsabilidade social corporativa 16
CAPÍTULO II
O MERCADO DE CAPITAIS E SEU RELACIONAMENTO
COM AS QUESTÕES DE SUSTENTABILIDADE E
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA
2.1- A relação entre a valorização do preço da ação
de uma empresa de capital aberta e a decisão de
compra do investidor. 21
2.2- Conceito de SRI – Investimentos Socialmente
Responsáveis 22
2.3- O Índice de Sustentabilidade Bovespa (ISE) 25
49
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO DE PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE
SOCIAL DE ALGUMAS EMPRESAS QUE FAZEM
PARTE DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL.
3.1-A escolha das empresas 31
3.2 -Banco do Brasil 33
3.3 -Banco Bradesco 34
3.4 -Cemig 36
3.5 -Banco Itaú 39
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
ÍNDICE 55