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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
GESTÃO DE DOCUMENTOS: ASPECTOS JURÍDICOS DOS
DOCUMENTOS EM MEIO ELETRÔNICO
Por: Jonnhy de Oliveira Carvalho
Orientador
Prof.ª Aleksandra Sliwowska Bartsch
Niterói
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
GESTÃO DE DOCUMENTOS: ASPECTOS JURÍDICOS DOS
DOCUMENTOS EM MEIO ELETRÔNICO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial
Por: Jonnhy de Oliveira Carvalho
4
DEDICATÓRIA
A minha esposa Janine, companheira especial, pelo apoio nos
difíceis e nos bons momentos.
Aos meus filhos Gabriel e Giovanna, símbolos de amor e
felicidade, que trouxeram serenidade a minha vida.
5
RESUMO
Analisam-se os aspectos diplomáticos e jurídicos vigentes que ampara
o registro e a emissão de documentos em meio eletrônico mostrando suas
deficiências e indicando sugestões para sua melhora; quando da ausência
desses aspectos propuser as características que deverão estar contidas no
diploma legal. Esses documentos, atualmente, passam a ser necessários para
o desenvolvimento e progresso da gestão de uma organização, pois facilita a
comunicação entre os vários atores de ambientes internos e externos a ela,
além de agilizar nos procedimentos para o alcance de sua missão. O
documento eletrônico é definido a partir de características próprias e nas
semelhanças que o mesmo mantém com o documento tradicional. Para que o
documento eletrônico contenha validade jurídica ou de prova é necessário que
mantenha a sua autenticidade e integridade. Por meio da assinatura digital
podemos certificar essa validade, pois essa assinatura é produzida por técnica
de criptografia assimétrica – formada por duas chaves, uma pública e outra
privada. Para conferir a legitimidade dessas chaves criptográficas é
necessário que uma autoridade certificadora as regule. Portanto, a legislação
é bastante tímida perante a atual avalanche de informações eletrônicas, é
indispensável que ela seja elaborada de acordo com as necessidades atuais,
seja qual for a sua natureza.
6
METODOLOGIA
O método utilizado para dar apoio na realização desta monografia foi o
bibliográfico, com base em livros, sites da Internet, revistas especializadas,
anais de seminários e congressos, onde pôde ser extraído vários pontos
importantes para a análise.
Procurou-se explorar o tema sob vários aspectos, tais como, jurídico,
social e tecnológico.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Da revisão da literatura 11
CAPÍTULO II – Do documento tradicional ao documento
eletrônico
23
CAPÍTULO III – A questão do valor probatório dos
documentos eletrônicos
28
CAPÍTULO IV – Os aspectos jurídicos dos documentos
eletrônicos
40
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
BIBLIOGRAFIA CITADA 53
ÍNDICE 55
8
INTRODUÇÃO
Para as organizações, sejam elas públicas ou privadas, o não controle
e a falta de registro do que fazem e como fazem, inviabiliza saber o que ocorre
nos processos administrativos internos, trazendo como conseqüência,
resultados desastrosos e às vezes irreversíveis.
Os registros de todas as atividades de uma organização são feitos nos
documentos. As informações representadas nesses documentos são
consideradas orgânicas, ou arquivísticas, pois estabelece uma relação natural
entre si em decorrência das atividades da entidade produto da (a organização).
Atualmente, a sociedade vive em um mundo globalizado, onde a
informação e a tecnologia são os principais agentes de sua mudança. A
informação para as organizações é um dos principais ativos para uma boa
gestão. A informação produzida e contida nos documentos sendo organizada é
fundamental para o crescimento delas. O estabelecimento de diretrizes e
estratégias, tomada de decisões importantes, atendimento ao cliente, entre
outros, também dependem da organização dos documentos/informações.
A explosão informacional e a Era Digital, a popularização do uso da
informática, seguida ainda mais rápida pela expansão da Internet, colocou em
evidência a expressão “documento eletrônico”, termo que passou a integrar o
vocabulário comum de todos nós, enquanto usuários de computador. Para o
Direito, entretanto, o “documento eletrônico” ainda é fonte de alguma
perplexidade: essencialmente alterável, por natureza, poderia ser comparado
ao documento tradicional?
A partir desta questão, no primeiro capítulo, iremos conceituar o
documento eletrônico e o documento tradicional, caracterizando-os pelas suas
9
particularidades, comuns e distintas. Verificando, assim, os itens que validam
juridicamente o documento eletrônico, mantendo a sua autenticidade,
integridade e confidencialidade.
No segundo capítulo, demonstra-se que para que um documento
eletrônico seja autêntico é necessário o uso de uma assinatura eletrônica
(certificação digital), que possibilita identificá-lo como sendo unicamente de
seu produtor, garantindo a fidedignidade de seu conteúdo. Essa assinatura é
um código digital feito através da técnica de criptografia e é o componente
chave de um sistema de autenticação digital. Assim, para conferir a
legitimidade desta é necessário que uma autoridade certificadora forneça
meios para a criação de chaves criptográficas (assimétricas), bem como, emita
certificados de assinatura.
Como ponto crucial, abordaremos sobre a regulamentação para
emissão e certificação de documentos eletrônicos. É preciso que se pense em
algo para que o registro do fato ocorrido no meio eletrônico possa ser
equiparado ao documento tradicional e a lei vem em nosso socorro fazer a
devida equiparação e assim permitir que o fato social possa ser aceito como
uma norma pacificadora dos conflitos por acaso existentes neste ambiente
novo, que é o virtual.
No terceiro capítulo, em meio a todas as características que envolvem
o assunto, analisa-se a legislação vigente que ampara o registro e a emissão
dos documentos em meios eletrônicos, com a finalidade de mostrar e
compreender suas deficiências e apontar sugestões para sua melhora. E na
ausência dessa regulamentação propor as características que deverão estar
contidas no diploma legal.
A pesquisa foi utilizada para verificar as características da legislação
acerca do processamento eletrônico de documentos. Foi feita uma revisão
bibliográfica e análise de ocorrências sobre o assunto, restringindo-se à
11
CAPÍTULO I
DA REVISÃO DA LITERATURA
Revisão de literatura da monografia
Desde a década passada o mundo continuamente tem mudado com o
advento da globalização, por transformações de ordem política e econômica.
As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e
à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet.
Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites
da economia e comecem a provocar certa homogeneização cultural entre os
países.
A partir deste cenário, as organizações – públicas ou privadas –
dependem cada vez mais da informação em seus processos decisórios. A
informação passou a ser um capital essencial para a sobrevivência da
organização. Para ser utilizada estrategicamente é fundamental que ela seja
gerida em favor da sobrevivência e competitividade organizacional. Destaca-se
que a informação orgânica tem nos documentos a base de sua representação.
Com a expansão do uso da Internet e das Intranets nas organizações,
a efetivação de atividades e registros em documentos eletrônicos se tornou
usual. Tornou a gestão da empresa mais dinâmica, pois através da rede
podemos lidar com negociações internas e externas ao ambiente
organizacional. Porém temos problemas com a garantia da verdade das
informações eletrônicas que circulam nas comunicações, nas transações
comerciais e nos sistemas de informações. Como podemos creditar valor em
algo que pode ser passível de adulteração? O que tem sido feito,
juridicamente, para garantir a integridade e fidedignidade (segurança) dessas
informações que circulam em nano segundos? Quais as semelhanças e
diferenças entre um documento assinado fisicamente no papel e um
documento assinado digitalmente? Para um documento ser assinado
12
digitalmente qual a infra-estrutura que iremos precisar para garantir que isso
seja efetivado, isto é, com a segurança e tecnologia apropriadas? Há previsão
legal que garanta a validade de documentos eletrônicos?
Pretendeu-se com o trabalho responder a todas essas perguntas.
Porém as dúvidas ainda irão se perpetuar, pois o mundo tecnológico se
desenvolve de forma constante. Muitas das respostas são respondidas no
mundo jurídico, pois é onde as normas legais são produzidas, modificadas e
seguidas. E para endossar o trabalho buscou-se definir e caracterizar a
transformação de documento físico para o digital. A diplomática caracterizou
com o mínimo de funcionalidades necessárias para garantir que o documento
eletrônico seja autêntico e íntegro e que tenha valor de prova em qualquer
momento na sociedade. A legislação aspira necessidades de atualizações
constantes devido à contínua metamorfose que essa sociedade passa
tecnologicamente.
Abaixo apresentamos os diversos autores e obras que constituíram o
trabalho:
1) Felipe Luiz Machado Barros – Juiz de Direito, Especialista em Direito
Tributário e Mestre em Direito Constitucional.
O autor tem artigos publicados em algumas especialidades do Direito
(civil, tributário, internacional), dentre suas várias publicações pode-se
citar: Uma visão sobre a adoção após a Constituição de 1988; Denúncia
espontânea: pressupostos de admissibilidade, requisitos de forma e
impossibilidade de alteração do instituto pelas entidades tributantes;
ICMS e importação de bem pra composição do ativo permanente.
Em seu artigo “Dos contratos eletrônicos no Direito brasileiro”, ele trata
sobre a previsão legal para as negociações realizadas nos diversos
ambientes da Internet. Para isso ele analisa e discute sobre as
referências legais que possam embasar o assunto, tais como, o Código
Civil Brasileiro e projetos de leis sobre documentos eletrônicos.
Evidencia a necessidade da segurança das informações eletrônicas
13
como essencial para validar os documentos eletrônicos como fidedignos
e íntegros. Por ser um profissional do ramo do Direito, o autor contribui
para a monografia em relação ao aspecto jurídico necessário para
validar o documento eletrônico, este atualmente é uma ferramenta usual
para a estratégia de gestão para várias organizações.
2) Angela Bittencourt Brasil é membro do Ministério Público do Rio de
Janeiro, e a sua especialidade é Direito de Informática.
Ela mantém uma larga produção de conhecimento, com diversos artigos
na área de Direito de Informática, que tratam sobre crimes, direitos
autorais, direito do consumidor, comércio e contratos virtuais, tudo isso
envolve não só a Internet como também as redes corporativas, e a base
de todas essas relações geram naturalmente documentos eletrônicos.
Podem-se citar os seguintes artigos: O sonho utópico de uma rede sem
fronteiras; Os direitos autorais e a WWW; Difamação e injúria na web; O
consumidor e os contratos internacionais; Congresso sobre spam: a
verdade; etc.
Em sua comunicação sob o tema “Aspectos jurídicos dos documentos
eletrônicos”, realizada no evento “Fórum sobre arquivos e documentos
eletrônicos”, realizado em 2001 no Rio de Janeiro, o qual participei, e
que foi publicada em Anais, ela explicita a necessidade de haver
doutrinas e normas legais que possam regular e autenticar os diversos
documentos que são produzidos diariamente em meio digital, seja
através de uma simples comunicação por email, um contrato digital, ou
documentos digitais provenientes de negociações no ambiente
informático das organizações. Ela ainda expõe que os documentos
eletrônicos para terem credibilidade precisam ser autênticos e íntegros,
para isso, é necessário recursos tecnológicos em segurança da
informação. A autora, também, é uma profissional do ramo do Direito,
especializada em Direito de Informática, e seu trabalho contribuiu para a
monografia por embasar a necessidade de se existir legislação para
regular a emissão e a negociação em meio eletrônico, esclarece e
14
define o documento como suporte de informação qualquer que seja o
ambiente, e atenta que para um documento ser fiel e tem que ser criado
em ambiente seguro e com mecanismo que possa manter isso.
3) Legislação Federal
O Decreto 3.587/2000 foi publicado pelo Governo Federal e estabelecia
normas para a Infra-Estrutura de Chaves Públicas do Poder Executivo
Federal – ICP-Gov. Foi o primeiro diploma legal a indicar regras mínimas
para emissão de certificação digital, que é necessário para e produção
de assinaturas digitais, mas somente para uso nas relações no circuito
do próprio Governo Federal. Ele criou a Infra-estrutura de chaves
criptográficas assimétricas e que se mantém até hoje, mas no ano
seguinte foi revogado pelo Decreto 3996/2001, que dispõe sobre a
prestação de serviços de certificação digital na Administração Pública
Federal. Esse Decreto contribuiu para maior conhecimento e
embasamento da legislação acerca do tema monográfico.
Os Decretos 3.714/2001 e 3.779/2001, em conjunto, dispõem sobre a
remessa por meio eletrônico de documentos oficiais entre os Ministérios
e a Casa Civil da Presidência da República. Esses regulamentos
também contribuíram para melhor esclarecer os dispositivos legais
existentes e permitiram o inicio do uso da certificação digital e,
consequentemente, das assinaturas digitais de forma oficial, diminuindo,
assim, a emissão de documentos decisórios em suporte papel que
deram lugar aos documentos emitidos digitalmente. Isso permitiu uma
maior economia de tempo e de serviços para remessa e controle por
parte da administração pública.
A Medida Provisória 2.200-2/2001, instituiu a Infra-Estrutura de Chaves
Públicas Brasileiras – ICP-Brasil e transformou o Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação (INT) em autarquia. Esse regulamento legal
foi criado para garantir a autenticidade, a integridade e a validade
15
jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte
e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como
a realização de transações eletrônicas seguras. Ela serve de base para
a criação de diversas normas específicas sobre a construção de
sistemas criptográficos assimétricos para fornecimentos de certificados.
Identifica as autoridades regulamentadoras, políticas, fiscalizadoras e de
fornecimento de registros de certificações digitais.
4) José Henrique Barbosa Moreira Lima Neto é advogado, membro efetivo
do Instituto dos Advogados Brasileiros, conferencista, e também,
membro da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Arquivo
Nacional e da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual.
O autor é um pesquisador sobre relações jurídicas na Internet, tem
várias obras e artigos publicados sobre: Redes sociais, direitos autorais,
inviolabilidade de dados, contratos eletrônicos, aspectos jurídicos
documentos eletrônicos e a violação de leis em ambiente virtual.
Podem-se citar alguns de seus artigos, tais como: Violação de direitos
autorais na internet; Sociedade Internet: uma volta ao passado; Da
inviolabilidade de dados: inconstitucionalidade da lei 9296/96; O seguro
e o contrato eletrônico; etc.
Em seu artigo “Aspectos jurídicos do documento eletrônico” destaca o
revolucionário progresso do registro da informação desde o início da
escrita até hoje com a expansão da informação digital. A Internet e as
redes locais são ambientes de informação e comunicação virtuais, e
neles os documentos são criados eletronicamente para inúmeras
finalidades, desde apenas divulgação do conhecimento, registro de
notícias até negociações organizacionais, contratos, relacionamento
com clientes, E-commerce, dentre outras funções. E para garantir a
credibilidade das informações registradas nesses ambientes e
legitimando-as ele realiza uma comparação dos conceitos entre
documentos tradicionais, ou seja, físicos, e os documentos eletrônicos,
buscando demonstrar o que há de paralelos e contrastes de estruturas e
16
signos neles contidos. Os documentos eletrônicos são defendidos na
exposição de diferentes juristas citados pelo autor, onde a maioria deles
se baseia no Código de Processo Civil que identifica os preceitos
mínimos para utilização de documentos para prova jurídica.
5) Augusto Tavares Rosa Marcacini, Advogado, Doutor em Direito pela
USP, Presidente da Comissão da Sociedade Digital da OAB-SP,
Membro da Comissão de Estudos sobre a Reforma do Código de
Processo Civil da OAB-SP.
O autor é especialista em Direito de Informática, em seus artigos ele
dentre suas publicações pode-se citar: Urgência e relevância em
violentar a Internet brasileira; Primeiras linhas sobre o software livre; O
apagão no comércio eletrônico no Brasil; Intimações judiciais por via
eletrônica: riscos e alternativas; Duas óticas acerca da informatização
dos processos judiciais; etc.
Em seu artigo “Notas sobre o Projeto de Lei de Comércio Eletrônico,
Documento Eletrônico e Assinatura Digital”, ele evidencia o crescimento
vertiginoso do acesso a Internet e à luz do Direito analisa a proposta de
um Projeto de Lei sobre validade de documentos eletrônicos, as
questões jurídicas envolvidas nas novas relações entre pessoas físicas
e jurídicas decorrente da explosão informacional e comunicacional
virtual. No Projeto o comércio eletrônico é tratado de modo especial,
devido a importância de se garantir que sejam cumpridos os direitos e
obrigações das negociações virtuais em expansão. Afirma-se que os
documentos eletrônicos assinados por criptografia teriam o mesmo valor
probatório que os documentos físicos (assinados em papel) desde que
as chaves criptográficas fossem reguladas e fornecidas por uma
entidade idônea e fiscalizada.
Outro artigo de Marcacini que ajudou na pesquisa foi “O documento
eletrônico como meio de prova”, nele o autor indica que a evolução
tecnológica faz com que o Direito acompanhe essa mudança, pois onde
ocorrem relações entre pessoas, físicas e/ou jurídicas, os preceitos
17
jurídicos têm que acompanhar para a garantia de direitos multilaterais.
Analisa as definições de documento e indica que, atualmente, diferente
do século passado, a representação de conteúdo documental não se
baseia em apenas no registro físico sob a escrita, mas também se tem
que aceitar os registros digitais. Apresenta o mecanismo tecnológico da
criptografia que pode garantir a validade das relações virtuais, bem
como, a comparação da validação probatória dos documentos
tradicionais e os documentos eletrônicos. Ele também comprova que
para os documentos eletrônicos terem validade têm que ser
autênticos/fidedignos, origem fiel, e íntegros, ou seja, têm que manter a
mesma estrutura e conteúdo, sem alterações, conforme foram
produzidos. Ele indica que nas relações pactuadas em contratos
eletrônicos ainda tem que ser temerário por parte das empresas, pois as
fraudes também aumentaram nesse tipo de negociação comercial. Não
apenas as empresas, mas o consumidor também pode sofrer com as
fraudes na Internet.
6) Aires José Rover é Professor-doutor da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), nos cursos de Direito e Engenharia e Gestão do
Conhecimento. É um pesquisador dos seguintes assuntos: gestão do
conhecimento, governo eletrônico, informática jurídica, sistemas
especialistas, Internet, tecnologia e Direito.
Em seu artigo “Aspectos jurídicos do documento e processo digital”
7) Dos próximos autores citei trechos de suas obras, pois utilizei as
passagens para definir documento. A maioria deles definiu o documento
como objeto de prova processual no ramo do Direito Civil. Achei
plausível utilizar definições do ramo do Direito, pois nada melhor que
uma área que se embasa em normas e preceitos jurídicos, baseado em
leis, para melhor representar um tema. E é na lei que a organização tem
que seguir em sua relação com a sociedade. Foram citados dois autores
que viveram no início do século passado, Chiovenda, Americano e
18
Rezende Filho, para representar uma ideologia em uma época um
pouco mais conservadora, mas mesmo sendo publicações antigas,
ainda se mantém atual na epistemologia do Direito.
a. Arruda Alvim é professor titular de Direito Processual Civil da
PUC/SP e já foi desembargador do Tribunal de Justiça de São
Paulo, atualmente exerce, também, advocacia.
O autor é, também, um pesquisador e escritor do ramo do Direito,
especificamente, em Processo Civil. Com centenas de artigos
publicados, as quais a maioria dedicada ao Direito Processual
Civil.
Em uma passagem na sua obra “Manual de Direito Processual
Civil”, foi utilizado um trecho em que o autor conceitua o
documento como uma prova real e trata o mesmo como uma
coisa. Ou seja, como prova real ele define o documento como
algo “acima de qualquer suspeita, inatingível”. Já ao tratá-lo como
uma coisa, ele mantém a idéia de algo palpável, físico.
b. Jorge Americano foi professor, advogado, promotor público,
deputado estadual por São Paulo, jurista internacional e
memorialista da cidade de São Paulo. Foi autor de diversas
obras: Processo Civil e Comercial; Estudo teórico e prático da
ação rescisória; Aplicações do Direito; O novo fundamento do
Direito Internacional, dentre Outros.
O trecho utilizado de sua obra “Comentários ao Código do
Processo Civil do Brasil”, que mesmo tendo sido publicado em
1958, ainda se mantém atual no momento em que ele define
documento como “qualquer escrito utilizável como prova do ato
ou fato jurídico”. Nessa passagem de sua publicação ele limita o
documento como prova judicial, mas como percebemos
atualmente, não necessariamente o documento somente servirá
19
de prova em ambiente forense, mas em quase todas as relações
entre organizações e/ou consumidores.
c. Giuseppe Chiovenda, foi um jurista italiano, lecionou nas
Universidades de Parma, Bolonha, Nápoles e Roma.
Ele foi autor de diversos livros e sua principal contribuição deu-se
na área do Direito Processual, sendo conhecido como um dos
maiores expoentes da doutrina jurídica italiana. Defensor da
oralidade processual, seus pensamentos foram referências
importantes na elaboração do Código de Processo Civil italiano
de 1940. Para Chiovenda o sistema jurídico é o modo pelo qual
se deve interpretar a lei, preencher as lacunas e afastar as
antinomias.
Foi utilizada uma passagem da publicação de Chiovenda
“Instituições de Direito Processual Civil”, na qual ele define
documento como uma representação material e que reproduz a
vontade do pensamento por definitivo. Pode-se afirmar que tanto
os doutrinadores do início do século XX como os do final do
mesmo se referiam ao documento como uma representação por
meio de sinais de uma vontade, em um suporte físico.
d. Gabriel José Rodrigues de Rezende Filho, de uma família de
advogados, foi professor catedrático de Direito Judiciário Civil na
Faculdade de Direito de São Paulo. Foi membro da OAB, do
Instituto da Ordem dos Advogados e da União Brasil - Estados
Unidos. Publicou vários artigos na Revista da Faculdade de
Direito e na Revista dos Tribunais.
Em uma passagem de sua publicação ”Curso de Direito
Processual Civil” foi apresentada a sua versão para definir o
documento. Para ele o documento pode ser um instrumento
público ou um instrumento particular. O primeiro é escrito por
20
oficial público; já o segundo é o escrito originado de uma ou
várias pessoas sem a intervenção de um oficial público.
e. Moacyr Amaral Santos foi Ministro do Supremo Tribunal Federal,
Professor Catedrático e Professor Emérito da Faculdade de
Direito da USP, Professor Catedrático da Faculdade de Direito da
Universidade Mackenzie, membro titular da Academia Paulista de
Direito.
Em sua publicação, “Primeiras linhas de Direito Processual Civil”,
atualizada e ampliada por Aricê Moacyr Amaral Santos, se
destaca as informações precisas e de elevado rigor técnico. Em
uma linguagem clara, são analisados os inúmeros institutos do
processo de conhecimento e do processo de execução,
destacando detalhes de temas e seu respectivo tratamento
legislativo. Foi utilizado de sua obra, um trecho que Santos diz
que documento é uma coisa que reflete um fato ou acontecimento
e que seria íntegro e fiel, visando a prova forense. Mas quando se
volta ao documento como prova ele o caracteriza sob diversas
formas físicas, seja escrita, gráfica, plástica, bidimensional ou
tridimensional. A partir de sua idéia estaria longe da atual
característica dos documentos virtuais.
f. Rogério Lauria Tucci, Professor-doutor da Universidade de São
Paulo em Direito.
Ele também através de seu “Curso de Direito Processual Civil”
definiu o documento, mas diferentemente dos demais ele não
direciona para o documento físico, algo palpável, mas sim, para
algo que ensina, mostra e indica uma ação.
8) Heloísa Liberalli Bellotto é professora da USP, licenciada e doutora em
história e bacharel em biblioteconomia, tendo feito cursos de
21
especialização em arquivística na Espanha, na França e nos Estados
Unidos. Atua na área de arquivos no Brasil, em Portugal e em alguns
países da América do Sul, ministrando cursos e palestras, dentre outras
atividades.
No seu livro “Arquivos permanentes: tratamento documental”, o
tratamento dos arquivos permanentes é o seu principal objeto, a autora
focaliza o tema sem perder de vista os princípios fundamentais da
arquivologia. Destaca-se o ciclo vital dos documentos, a função
arquivística, a tipologia documental, a identificação diplomática dos
documentos e uma análise sobre os valores dos documentos da terceira
idade, ou seja, os históricos.
A definição que Bellotto dá para documento se difere dos outros autores
do ramo do Direito, pois ela define o documento como fruto das
atividades arquivísticas. Ela diz que documento de arquivo é o produzido
por uma pessoa jurídica ou física no decorrer de suas atividades,
estabelecidas as relações orgânicas. Então, podemos afirmar que a
linha de pensamento dela é mais generalista, ela não afirma que o
documento é apenas uma prova forense, mas que o documento serve
de prova e de base para a gestão das atividades de uma organização,
desde o momento em que é a base do registro de toda informação
produzida e/ou recebida por ela.
9) Marilena Leite Paes, e Coordenadora do Conselho Nacional de Arquivos
(CONARQ) ligado ao Arquivo Nacional.
O livro da autora “Arquivo: teoria e prática” se trata de um manual
técnico da área de arquivologia. Ele apresenta as técnicas arquivística
do ponto de vista de um prático, a linguagem é clara, indica desde
conceitos de documento de arquivo, sua finalidade e funções, a gestão
de documentos como subsídio para a gestão das organizações, o
aspecto dos arquivos históricos e os arquivos de suportes especiais.
22
10) Jean-yves Rousseau é diretor do Service des archives de I’Université
de Montréal e Carol Couture é professor titular da École de
bibliothéconomie et des sciences de I’information de I’Université de
Montreal.
Na publicação “Os fundamentos da disciplina arquivística” eles
defendem uma arquivística não baseada somente na gestão de
documentos para a gestão empresarial, e nem tão somente para
organização e divulgação de documentos histórico-informativos, mas
sim uma arquivística integrada. Os autores demonstram a função da
informação arquivística, ou seja, a informação gerada por uma
organização no decorrer de suas atividades, na gestão da informação. A
gestão da informação orgânica em uma organização é necessária para
suprir a administração de subsídios a fim de decidir, de agir e de
controlar as decisões e as ações empreendidas. Além de efetuar
pesquisas retrospectivas que põem em evidência decisões ou ações
passadas.
O livro contribuiu para indicar que o cruzamento entre a gestão de uma
organização pública ou privada junto à gestão dos documentos ou informações
arquivísticas, sejam tradicionais ou virtuais, contribuem para o seu progresso e
competitividade. Também, disserta sobre as características e funcionalidades
da disciplina arquivística.
23
CAPÍTULO II
DO DOCUMENTO TRADICIONAL AO DOCUMENTO
ELETRÔNICO
A expressão documento eletrônico vem se tornando popular entre
usuários de computador, bibliotecários, arquivistas, etc. As organizações
também são os maiores usuários desse recurso tecnológico, tanto nos
procedimentos administrativos como em sua relação com o ambiente externo a
elas. Entretanto, o que exatamente queremos dizer com isso e quais definições
lhe podemos dar? Em especial, é possível considerar o documento eletrônico
como documento, na acepção jurídica da palavra?
2.1 – Conceituando o documento tradicional
Será tratado aqui o documento como representação de registro de
informações orgânicas, ou seja, arquivísticas, consequente das atividades
organizacionais.
O termo “documento” na doutrina jurídica possui diversas acepções,
podemos verificar certa dificuldade inicial em nelas abranger o documento
eletrônico. Para Chiovenda (1969) “documento, em sentido amplo, é toda
representação material destinada a reproduzir determinada manifestação do
pensamento, como uma voz fixada duradouramente”.
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística conceitua que
documento é “unidade de registro de informações, qualquer que seja o
suporte ou formato”.
24
Já para Heloísa Bellotto,
“documento de arquivo é o produzido por uma entidade
pública ou privada ou por uma família ou pessoa no
transcurso das funções que justificam sua existência
como tal, guardando esses documentos relações
orgânicas entre si” (BELLOTTO, 2004).
Bellotto direciona e define documento como fruto das atividades
arquivísticas, o que exclui os documentos bibliográficos, referenciais, e os
museológicos, “monumentos”.
Santos (1997) ensina que documento “é a coisa representativa de um
fato e destinada de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo”.
Alvim (1997) afirma ser o documento uma “prova real (do latim res, rei),
dado que todo documento é uma coisa”.
Todos estes ensinamentos, lançados desde o século passado, e que
ainda correspondem a uma definição corrente em nossos dias, conceituam o
documento como sendo uma coisa, algo material e fisicamente tangível.
Alimentadas pela realidade de então, não se separa, nestas conceituações, o
pensamento que se quis documentar da matéria onde está gravado, estando
um e outra inseparavelmente interligados.
Entretanto, é interessante mencionar que para alguns estudiosos a
expressão “documento” sempre veio atrelada a idéia de um escrito oficial que
identifica uma pessoa. No meio jurídico, representa um escrito que faz fé
daquilo que atesta, de forma que se apresentado em juízo, prova o que o
pleiteante alega. Assim, Americano (1958), após reproduzir a definição de
Chiovenda, atribuindo-a para documento em sentido lato, afirmava que “em
sentido restrito, é qualquer escrito utilizável como prova do ato ou fato jurídico”.
25
Rezende Filho (1957) ensinava que “instrumento público é o escrito lavrado por
oficial público, segundo suas atribuições e com as formalidades legais“,
enquanto “instrumento particular é o escrito emanado do interessado ou
interessados, sem a intervenção do oficial público”.
É evidente que não se quer, aqui, atribuir qualquer visão futurista a
estes dois autores. Augusto Marcacini diz que:
“O escrito, para eles, em meados do século passado, era
necessariamente lançado em algum meio físico.
Entretanto, ao definir o documento a partir do
pensamento lançado em algum meio (que à época só
poderia ser algo tangível), ao invés de privilegiar a coisa
onde o pensamento está lançado; estes últimos conceitos
permanecem atuais. Merecem, porém, alguns reparos, ao
restringir a representação do pensamento à forma
escrita.” (MARCACINI, 2001)
Neste sentido, Santos (1997) distingue os documentos em escritos,
gráficos, plásticos e estampados: “escritos são os em que os fatos são
representados literalmente (escritura); gráficos, os em que são por outros
meios gráficos, diversos da escrita (desenho, pintura, carta topográfica);
plásticos os em que a coisa é representada por meios plásticos (modelos de
gesso ou madeira, miniaturas); estampados são os documentos diretos
(fotografia, fonografia, cinematografia)”. Assim, nem apenas de palavras
escritas consiste o documento, vez que também um desenho, sons ou
imagens gravados, podem ser considerados documentos.
Dessa forma, documento é a escrituração de uma ação feita. Segundo
Tucci (1989), a palavra “documento” provém de “documentum, do verbo
docere, que significa ensinar, mostrar, indicar”. A característica de um
documento é a possibilidade de ser futuramente observado; o documento
26
narra, para o futuro, um fato ou pensamento presente. Daí ser também
definido como prova histórica. Diversamente, representações cênicas ou
narrativas orais, feitas ao vivo, representam um fato no momento em que são
realizadas, mas não se perpetuam, não registram o fato para o futuro. Se esta
é a característica marcante do documento, é lícito dizer que, na medida em
que a técnica evolui permitindo registro permanente dos fatos sem fixá-lo de
modo inseparável em alguma coisa corpórea, tal registro também pode ser
considerado documento. A tradicional definição de documento enquanto coisa
é justificada pela impossibilidade, até então, de registrar fatos de outro modo,
que não apegado de modo inseparável a algo tangível.
2.2 – Conceituando o documento eletrônico
Atualmente, o conceito de documento para abranger também o
documento eletrônico, deve privilegiar o pensamento ou fato que se quer
perpetuar e não a coisa em que estes se materializam. Isto porque o
documento eletrônico é totalmente dissociado do meio em que foi
originalmente armazenado. Um texto gravado inicialmente no disco rígido do
computador do seu produtor; não está preso a ele. Assumindo a forma de uma
seqüência de bits, o documento eletrônico não é outra coisa que não a
seqüência mesma, independentemente do meio onde foi gravado. Assim, o
arquivo eletrônico em que está o texto poderá ser transferido para outros
meios, sejam disquetes, CDs, discos rígidos de outros computadores, ou ainda
percorrer o mundo pela Internet, mas o documento eletrônico continuará sendo
o mesmo.
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define documento
eletrônico como “gênero documental integrado por documentos em meio
eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, como cartões
perfurados, disquetes e documentos digitais.” Já os documentos digitais são
27
definidos como “documentos codificados em dígitos binários, acessível por
meio de sistema computacional”.
Dentro dessa nova conjuntura, surgiu então a conceituação do
Documento Eletrônico, que guarda as principais características do Documento
Tradicional, excetuando-se o meio no qual é celebrado e a questão atinente a
identificação de quem o produziu. Portanto, se a técnica atual, mediante a
assinatura digital, com o uso de criptografia assimétrica, permite registro
inalterável de um fato em meio eletrônico, a isto também podemos chamar de
documento.
Incluído o documento eletrônico no conceito jurídico de documento,
dadas as suas características peculiares mostra-se possível propor mais uma
classificação - além das que já são estabelecidas pela doutrina - para distinguir
o documento entre documento físico e documento eletrônico. Santos (1997) diz
que “documento físico bem pode continuar a ser definido como uma coisa
representativa de um fato”. Se documento, em sentido lato, é o registro de um
fato, o documento físico é o registro de um fato inscrito em meio físico e a ele
inseparavelmente ligado.
Com isso, o documento eletrônico, como dito acima, não se prende ao
meio físico em que está gravado, possuindo autonomia em relação a ele. O
documento eletrônico é, então, uma seqüência de bits que, traduzida por meio
de um determinado programa de computador, seja representativa de um fato.
Da mesma forma que os documentos físicos, o documento eletrônico não se
resume em escritos: pode ser um texto escrito, como também pode ser um
desenho, uma fotografia digitalizada, sons, vídeos, enfim, tudo que puder
representar um fato e que esteja armazenado em um arquivo digital.
28
CAPÍTULO III
A QUESTÃO DO VALOR PROBATÓRIO DOS
DOCUMENTOS ELETRÔNICOS
Repensando e falando sobre o conceito de documento, mostra-se útil
relembrar alguns aspectos do valor probatório documental, antes de
prosseguirmos com o estudo sobre a regulamentação dos documentos
eletrônicos. Portanto, o fato de o documento ter sido gerado eletronicamente
tem levantado muitas indagações com relação à validade deste.
Para que um documento eletrônico possa ter força probante, é
necessário que algumas características comuns ao documento tradicional
estejam presentes. Passaremos, então, a analisar quais as características
necessárias para que um documento eletrônico possa ter valor de prova.
3.1 – Noções de diplomática
Conforme demonstra Leal (2008) “a palavra diplomática deriva do
Latim diploma, originalmente um escrito dobrado em dois, diplous (duplo);
portanto, é, etimologicamente, a ciência dos diplomas”.
Segundo Duranti (DURANTI, 1996 apud RONDINELLI, 2004),
“Diplomática é um corpo de conceitos e métodos,
originalmente desenvolvidos nos séculos XVII e XVIII,
com o objetivo de provar a fidedignidade e a
autenticidade dos documentos. Ao longo do tempo ela
evoluiu para um sistema sofisticado de idéias sobre a
29
natureza dos documentos, sua origem e composição,
suas relações com as ações e pessoas a eles conectados
e com o seu contexto organizacional, social e legal”
(DURANTI, 1996 apud RONDINELLI, 2004).
Os documentos, também, podem ser classificados como diretos ou
indiretos. Os documentos diretos representam o fato diretamente, sem
intervenção da subjetividade de alguém. É o caso, por exemplo, de uma
fotografia; ela representa o fato tal como ocorreu e não como visto por um
sujeito. Já nos indiretos o fato é representado no documento através de idéias
e pensamentos de um sujeito. Um texto escrito ou uma planta de um imóvel
retratam uma realidade tal qual foi vista e declarada pelo autor destes
documentos; para estes a identificação da autoria é fundamental para que
tenham valor probante.
Em se tratando de documento indireto - que é o tipo mais comum -
necessário se faz, para emprestar-lhe força probante, que: a) tenha autoria
identificável (autenticidade); b) que não possa ser alterado de modo
imperceptível (integridade). Autenticidade e integridade são, portanto, os
requisitos básicos que deve conter um documento, seja ele físico ou eletrônico,
para servir como prova.
Por autenticidade se entende a certeza de que o documento provém
do autor nele indicado; “autor do documento é a pessoa a quem se atribui a
sua formação, isto é, a quem se atribui a sua paternidade”. Quanto aos
documentos públicos, considera-se seu autor o notário público que os lavrou,
embora todos os que os subscrevam também possam ser assim considerados.
A autenticidade não se confunde com a veracidade do documento.
Já a integridade, que segundo o Dicionário Aurélio significa
perfectibilidade, fidedignidade, algo verdadeiro. Caracteriza-se pela
preservação do documento contra alterações que lhe modifiquem o conteúdo.
30
Não podemos esquecer de outros aspectos que contribuem na
validação dos documentos, tais como: a tempestividade, que é a identificação
e preservação da data em que foram manifestadas as declarações de vontade;
e a confidencialidade, que é a preservação contra o acesso por pessoas não
autorizadas.
Entretanto, como um escrito que pode ser reproduzido, se o
documento eletrônico for copiado na mesma seqüência de bits, ele será
sempre o mesmo, tal qual o documento físico que se reproduz por meio de
vários sistemas, tais como, cópia xerox ou a fotografia. Na verdade não há
cordão umbilical entre o trabalho feito eletronicamente e o meio onde foi
criado. A única diferença existente nesse aspecto é que não podemos falar
em original e cópia entre os dois se o autor não for identificado, sem poder
identificar o original, e sem a necessária autenticação. Portanto, é difícil
falarmos na fidedignidade do original de um documento eletrônico, sem que o
mesmo seja assinado eletronicamente, onde a assinatura do autor seria
reconhecida por uma Autoridade Certificadora ou por um “cibernotário” ou,
simplesmente, notário público; como veremos nos próximos capítulos.
3.2 – A assinatura digital
Atualmente, a segurança é a maior preocupação de todos aqueles que
negociam pelos meios eletrônicos. A credibilidade dos documentos eletrônicos
está ligada essencialmente à sua originalidade e à certeza de que ele não foi
alterado de alguma maneira pelos caminhos que percorreram até chegar ao
destinatário. Para tanto, existe a necessidade de uma assinatura
eletrônica/digital que mantivesse a autenticidade e a integridade do documento
eletrônico de natureza original.
A autoria de um documento é normalmente identificável por meio da
assinatura, salvo nos casos em que o documento não costume ser assinado.
31
Porém, em alguns casos, é evidente que algum elemento de prova deve nos
levar a identificar o seu autor, fato que não se presume. A questão que se
coloca, aqui, é a seguinte: quando a lei exige “assinatura” como prova de
autoria, estaria restringindo a possibilidade de uma “assinatura eletrônica”?
Como interpretar o significado de “assinatura”? Seria apenas o ato de escrever
à mão o nome ou alguns traços personalizados, ou pode o vocábulo ser
interpretado de forma abrangente para designar qualquer meio distintivo que
possa ser atribuído exclusivamente a uma dada pessoa?
Ao que se parece, a finalidade de uma “assinatura” em um documento
reside tão-somente em permitir identificar a sua autoria. Por isso,
independentemente de indagar o significado do vocábulo, para fins
estritamente jurídicos, não há porque distinguir a assinatura manuscrita de
qualquer outro distintivo que permita, com significativo grau de certeza, a
identificação do sujeito que o realizou.
Assim, por que não repensar o significado de “assinatura”? A palavra
assinatura, ademais, não se prende apenas ao sinal manuscrito. Se o clássico
Dicionário Jurídico, de Silva (1982), afirma que “a assinatura se entende do
próprio punho do assinante”, o quinto volume desta obra, elaborado a título de
atualização por Vitral (1982), já acrescenta entre os termos jurídicos as
expressões “assinatura impressa” e “assinatura mecanizada", para designar
“toda aquela que é colocada em documento através de máquinas apropriadas”.
O Dicionário Aurélio aponta que assinatura também pode ser a “marca,
desenho ou modelo próprio de alguém”.
Por estas razões, não afronta as tradições jurídicas, nem desonra a
língua portuguesa, atribuir à assinatura significado mais amplo do que apenas
o ato de escrever de próprio punho. Pode ser considerado como assinatura,
tanto na acepção vulgar como jurídica, qualquer meio que possua as mesmas
características da assinatura manuscrita, isto é, que seja um sinal identificável,
único e exclusivo de uma dada pessoa. Se, até recentemente, a escrita manual
32
era o único meio conhecido de gerar um sinal distintivo único e exclusivo, é
evidente que para o meio jurídico não se deixava margem para questionar o
que se entendia por “assinatura”. Na medida em que a evolução da técnica
permitiu uma “assinatura eletrônica” que possui características semelhantes,
possível se mostra dar-lhe o mesmo significado e eficácia jurídica da
assinatura manual.
Por outro lado, para servir como meio probante, um documento não
pode ser passível de alteração. Analisemos o documento eletrônico sob este
prisma.
Não estando presos aos meios em que foram gravados, os
documentos eletrônicos são prontamente alteráveis, sem deixar qualquer
vestígio físico. Textos, imagens ou sons, são facilmente modificados pelos
próprios programas de computador que os produziram, ou, senão, por outros
programas que permitam editá-los, “byte por byte”. A data e hora de
salvamento do arquivo é também editável, mediante o uso de programas
próprios. Isto é fato notório e relativamente fácil de realizar, mesmo pelo
usuário de computador menos experiente. E nenhum vestígio físico é deixado,
para permitir apurar que o documento eletrônico tenha sido adulterado.
Ao analisar sobre “a eficácia probatória dos instrumentos resultantes
dos contratos por computador”, Santolim, em sua obra pioneira, afirma que:
“Para que a manifestação de vontade seja levada a efeito
por um meio eletrônico (isto é, não dotado de suporte
cartáceo, que se constitui no meio tradicional de
elaboração de documentos), é fundamental que estejam
atendidos dois requisitos de validade, sem os quais tal
procedimento será inadmissível: a) o meio utilizado não
deve ser adulterável sem deixar vestígios, e; b) deve ser
33
possível a identificação do(s) emitente(s) da(s) vontade(s)
registrada(s)” (SANTOLIM, 1995).
Faremos, entretanto, algumas ressalvas ao primeiro destes requisitos.
O meio em que estão gravados os documentos eletrônicos é essencialmente
alterável sem deixar vestígios. E, principalmente, esta característica que têm os
documentos eletrônicos, de não estarem presos ao meio em que são
gravados, é justamente o que lhes dá a necessária flexibilidade, a permitir sua
transmissão por meio da Rede mundial. Esta é uma das grandes vantagens
do documento eletrônico, e que foi maximizada com a expansão da Internet: a
possibilidade de envio instantâneo, seja para outra cidade, para outro Estado,
ou para o outro lado do mundo, se preciso for.
Assim, ainda que alguma técnica venha a permitir gravá-lo em um
meio não adulterável, atrelar o documento eletrônico a um meio físico, seria
desnaturá-lo ou despi-lo de sua maior utilidade. A sua flexibilidade seria
anulada, pois o envio do documento demandaria a remessa da coisa em que
está gravado, sendo de se duvidar, no caso, da vantagem de se utilizar o
documento eletrônico ao invés dos meios físicos tradicionais. Tal técnica
serviria, apenas, para reduzir custos com armazenamento de papéis. Nenhuma
utilidade teria para solucionar o problema de dar autenticidade a documentos
remotamente transmitidos.
É evidente que um documento eletrônico, para ter força probante, não
pode ser passível de adulteração. Porém, o que se deve buscar preservar é a
manutenção da seqüência de bits, ou seja, manter a segurança da informação,
tal qual originalmente criada, não importando em que meio o documento está
gravado, ou se o meio é ou não alterável. Para isso, fala-se em assinatura
digital, que é um código digital feito através de técnica de criptografia, é o
componente chave de um sistema de autenticação digital capaz de garantir
eficácia jurídica e a integridade desse documento.
34
Entende-se por criptografia a mistura de dados ininteligíveis, seguros e
secretos para a realização das comunicações virtuais. Tratar-se-á aqui, sobre
a criptografia assimétrica, também conhecida por criptografia de chave pública.
A criptografia assimétrica permite assinar documentos eletrônicos e
assegurar sua integridade posterior. Ela é formada por uma série de letras,
números e símbolos e é feita em duas etapas. Neste processo é utilizado duas
chaves, uma chave pública e outra privada. Assinado um documento eletrônico
- o que é feito com o uso da chave privada - é possível conferir a assinatura
mediante o uso da chave pública. E, além disso, ao efetuar a assinatura, o
programa, utilizando fórmulas matemáticas sofisticadas, vincula a assinatura
digital ao documento assinado, de tal sorte que a assinatura digital só seja
válida para aquele documento. Qualquer alteração, por menor que seja, na
seqüência de bits que forma o documento eletrônico, invalida a assinatura. A
simples inserção de mais um espaço entre duas palavras, não obstante o
sentido do texto não ter sido modificado, já é bastante para que seja perdido o
vínculo com a assinatura digital.
Com o uso da criptografia assimétrica para gerar assinaturas
eletrônicas, vê-se que é possível criar um vínculo entre a assinatura e o corpo
do documento, impedindo a sua alteração posterior. Entretanto, o
direcionamento da proteção é outro: o documento, em si, continua podendo
ser alterado, sem deixar vestígios no meio físico; mas se isto for feito, ele
perderá o vínculo que mantém com a assinatura, tornando-se sem valor e, com
isso, perdendo todo o seu valor probante.
Outro ponto que se passa a considerar diz respeito à data do
documento. Além da data que pode estar mencionada no corpo do documento,
constam também da assinatura eletrônica a data e hora em que foi gerada.
Aqui não tem qualquer diferença em relação ao documento físico: tanto um
como outro podem ser falsamente datados pelos seus signatários. No caso da
data constante da assinatura eletrônica, basta modificar a data do sistema (i.e.,
35
a data assumida pelo computador que está sendo utilizado para gerar a
assinatura) e, em seguida, assinar o documento eletrônico.
Até que algum sistema seja juridicamente reconhecido como apto a
provar - também por vias eletrônicas - a data dos documentos eletrônicos,
pode-se pensar em publicar em jornal as suas assinaturas digitais. Ou, quem
sabe, imprimi-las em uma folha de papel a ser apresentada ao Registro de
Títulos e Documentos. Sendo as assinaturas únicas para aquele documento, a
certeza quanto à data daquelas prova a deste.
Se somente podemos assegurar a integridade do documento
eletrônico mediante sua conferência com a correspondente assinatura, disto
resulta que documentos não assinados são irremediavelmente suscetíveis de
alteração.
Os pontos fracos do sistema de chaves públicas residem basicamente
na eventual apropriação indevida da chave privada e na autenticidade da
chave pública. E isto traz repercussões no estudo da falsidade dos
documentos eletrônicos.
Quanto a este primeiro problema, ele pode ser evitado na medida em
que o titular da chave tome cautelas para sua proteção. Entretanto, nenhuma
cautela é suficiente para evitar situações em que, mediante alguma forma de
coação física, o sujeito seja obrigado a fornecer a sua chave privada e a “frase-
senha”. Mas o problema, aqui, é o mesmo do mundo físico: alguém poderia
coagi-lo a subscrever um documento ou um cheque. De qualquer modo, é
importante lembrar que se terceiros tiverem acesso à chave privada, poderão
subscrever documentos como se fossem o seu verdadeiro titular, sem que isto
deixe qualquer vestígio.
O agente encarregado de fornecer e autenticar os pares de chaves,
seguramente, é a Autoridade Certificadora e é uma entidade independente e
36
legalmente habilitada para exercer as funções de distribuidor das chaves e
pode ser consultado a qualquer tempo certificando que determinada pessoa é
a titular da assinatura digital, da chave pública e da respectiva chave privada.
3.3 - A autoridade certificadora
Analisando, agora, a questão da autoridade certificadora, é a que tem
a função de garantir a autenticidade da chave pública.
Por autenticidade da chave pública queremos dizer a certeza de que
ela provém do seu titular. Qualquer um poderia gerar um par de chaves e
atribuir-lhe o nome de qualquer pessoa, existente ou imaginária. A
autenticidade do documento eletrônico é conferida sem dificuldade por
qualquer usuário de computador, com o uso do programa de criptografia e de
posse da chave pública do seu subscritor.
Hoje já é possível vislumbrar o uso eficaz de assinaturas digitais, as
perspectivas que se abrem são ainda mais promissoras. O estabelecimento de
normas próprias que regulamentaram o uso de assinaturas digitais tornou seu
uso mais difundido.
Atualmente, um notário oficial certificado para isso, ou “cibernotário”,
pode certificar com a sua assinatura as chaves públicas de outras pessoas ou
certificar outros atos praticados em meio eletrônico.
Como a chave pública do notário é notória, ou facilmente aferível, fica
mais fácil certificar a autenticidade de chaves públicas. A expedição, pelo
notário, de um “certificado de autenticidade” confere a presunção de
autenticidade às chaves públicas que certificar, tornando mais seguras as
relações jurídicas travadas por meio eletrônico, principalmente, pela Internet.
Este “certificado de autenticidade” pode assumir diversas formas, na medida
37
em que a técnica utilizada o permitir. Neste caso, para conferir estas
certificações temos que possuir a chave pública dos signatários.
Para tecer algumas considerações mais sobre a certificação da chave
pública feita por “cibernotário”, faça-se, aqui, uma comparação com o
reconhecimento de firmas, feito pelo tabelião tradicional.
O reconhecimento de firma, feito apenas por semelhança, como é o
modo mais usual, não confere sequer presunção de autenticidade; alegada
como falsa a assinatura, mesmo reconhecida, compete a quem produziu o
documento fazer a prova de que é verdadeira. Só se confere presunção de
autenticidade do documento, “quando o tabelião reconhecer a firma do
signatário, declarando que foi aposta em sua presença”. Evidentemente, tal
presunção é relativa, e teria a virtude de, apenas, inverter o ônus da prova. É o
que diz Miranda:
“A despeito do que se lê no art. 369 do Código de
Processo Civil, que reputa autêntico o documento cuja
firma do signatário foi reconhecida pelo tabelião, de modo
nenhum se pode afastar a ação declaratória de falsidade
do documento se a ação que se propõe é para se
declarar a falsidade da assinatura do tabelião, ou mesmo
a falsidade da firma do signatário, a despeito de o
tabelião ter reconhecido a firma, que foi lançada em sua
presença. Dir-se-á que não seria fácil provar-se a
falsidade da firma do signatário, se o tabelião a
reconheceu, ou a falsidade da firma do tabelião. Se alega
a falsidade da firma reconhecida, pede-se a declaração
da falsidade, bem como a apuração da ilegitimidade do
ato do tabelião, ou mesmo da falsidade da assinatura do
tabelião. Não seria de admitir-se que o ato de fé pública
38
fosse inatacável. Nenhum órgão do Estado pode ficar
incólume às ações contra ele.” (MIRANDA, 1996)
Pode-se admitir que mesmo a firma sendo reconhecida seja possível
argüir a falsidade, mas, no caso, a prova competirá a quem a alegar.
Importa, aqui, distinguir que a função do cibernotário seria apenas de
certificar a autenticidade da chave pública, e não do documento eletrônico. De
posse de uma chave pública sabidamente autêntica, qualquer um, com o uso
do software correspondente, poderá conferir a autenticidade do documento
eletrônico.
Um certificado de autenticidade poderia, ainda, conter informações
juridicamente relevantes, fazendo com que a assinatura digital contenha um
valor a mais em relação à assinatura manuscrita. Pode-se pensar, por
exemplo, em fazer incluir no certificado que o titular da chave é representante
legal de tal ou qual pessoa jurídica, conforme consta dos estatutos sociais
exibidos ao cibernotário. Isto conferiria maior segurança a respeito da
capacidade daquele que age em nome de pessoas jurídicas. Como estes
certificados deverão especificar o seu prazo de validade - seria arriscado
produzirem-se certificados perpétuos -, espera-se que ao menos dentro deste
prazo a pessoa continue a exercer estes poderes de representação; em caso
contrário, o certificado ainda poderá ser revogado antecipadamente.
Paralelamente à certificação das chaves públicas, o cibernotário tem
poderes também de dar publicidade à revogação da chave. Neste caso,
eventual revogação da chave pelo seu titular pode ser considerada eficaz
apenas a partir de sua apresentação a um cibernotário, conferindo-se
presunção de certeza acerca da data em que tal ato ocorreu. É importante que
o rol de chaves revogadas esteja disponível online, para permitir que a outra
parte possa prontamente conferir se a chave pública utilizada ainda é válida e
eficaz.
39
Outro campo de atuação para o cibernotário é o de autenticar
documentos. A cópia física de um original eletrônico pode ser por ele
autenticada, após conferência com o original eletrônico. Mas talvez mais
interessante do que isso é a autenticação de cópias eletrônicas do original
físico - seja a imagem digitalizada, seja a transcrição do texto em meio
eletrônico. Isto permite que um documento físico seja transmitido
eletronicamente, e, autenticado, fornece ao destinatário maior grau de
confiança acerca da sua fidelidade.
Trataremos, a seguir, da regulamentação existente e a caminho, no
exterior e no Brasil, sobre os documentos eletrônicos.
40
CAPÍTULO IV
OS ASPECTOS JURÍDICOS DOS DOCUMENTOS
ELETRÔNICOS
Estamos passando por uma revolução informacional, onde uma
informação pode percorrer o mundo em frações de segundos. O comércio
eletrônico e o número de atos jurídicos feitos em meio eletrônico expandiram e
representam um grande desafio para os legisladores. Um número crescente
de documentos eletrônicos orgânicos são criados, porém existem falhas na
regulamentação ou ausência desta no Brasil. Em muitos outros países, de
primeiro mundo é claro, já existem normas para tais atos.
A necessidade de regras, normas legais que regulamentem as
matérias relativas às relações eletrônicas nos seus diversos âmbitos e que
sanariam a lacuna hoje existente, padronizariam e regulariam aspectos
essenciais para a adoção do novo modelo. Sem isto, mesmo que os
interessados venham a definir certas regras para sua adoção, é gerada
insegurança jurídica a partir de interpretações diversas para situações
semelhantes.
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), através de
seu organismo UNCITRAL, “United Nations Commission on International Trade
Law”, foi feita a minuta de uma lei sobre as relações comerciais por meio da
Internet como suporte de aconselhamento para que os diversos países
possam seguir uma única diretriz. No projeto, a UNCITRAL sugere que as leis
nacionais sejam aproveitadas ao máximo, com o uso das leis civis que dão
validade e reconhecem a existência dos atos jurídicos, bem como a questão da
sua prova. Ela estabelece que para que o documento eletrônico tenha o
mesmo valor probatório dos documentos escritos é preciso que eles tragam o
41
mesmo grau de segurança contido nestes, sendo que para que isto aconteça é
necessário o uso de recursos técnicos, que logo vemos que se trata do método
cifrado.
Para o reconhecimento da assinatura no documento eletrônico a
UNCITRAL prescreve que ela deve estar de modo a identificar a pessoa por
algum método, e é obvio que esse método a que se refere é a Criptografia,
pois é a única forma segura, no estágio técnico em que nos encontramos, de
garantir a autenticidade desse documento.
Apresentaremos, então, a seguir os aspectos da regulamentação dos
documentos eletrônicos no exterior e no Brasil
4.1 – A regulamentação em outros países
A primeira Lei, no mundo, a regulamentar o uso de assinaturas
eletrônicas provém do Estado de Utah, nos Estados Unidos da América, tendo
entrado em vigor em 1995. Trata-se de uma lei extensa e extremamente
detalhista. Com estrutura e técnica diversas daquelas empregadas na nossa
legislação, esta Lei contém toda uma seção destinada a estabelecer definições
várias - são, ao todo, trinta e sete definições -, que vão desde conceitos
técnicos publicamente conhecidos, como bit ou criptografia assimétrica, até o
significado de assinatura digital. Em linhas gerais, a lei estabelece qual deve
ser o conteúdo dos “certificados de autenticidade” das chaves públicas, quem
pode exercer as funções de “certification authority”, como estes entes deverão
operar, seus deveres e responsabilidades, que critérios devem ser observados
para expedição do “certificado de autenticidade”, como se dá a suspensão,
revogação e expiração destes certificados, bem como quais são os efeitos de
uma assinatura digital, para destacar os temas mais relevantes.
Em seguida, também em 1995, entrou em vigor na Califórnia, no
mesmo país, lei regulamentando o uso de assinaturas eletrônicas. Menos
42
abrangente do que a do Estado de Utah, que se aplica a qualquer pessoa que
queira se utilizar de assinaturas digitais, a legislação da Califórnia é voltada
apenas ao uso de assinaturas eletrônicas em documentos apresentados a
órgãos públicos. Muito mais enxuta, esta lei define apenas o que se entende
por “assinatura digital”, atribuindo-lhe a mesma força e efeitos de uma
assinatura manual, e declarando que seu uso é opcional.
Hoje, em quase todos os cinqüenta estados norte-americanos existem
leis que oferecem uma sólida fundamentação para aceitação de documentos
em suporte eletrônico. Embora a base legal específica possa diferir de um
estado para o outro, na sua maioria existem menções nos regulamentos que
tratam de evidências. Essas leis estaduais têm somente validade dentro dos
territórios dos Estados, o que vale dizer que, se um sistema legal estadual vier
a dificultar o comércio eletrônico ou a segurança ágil e barata das
certificações, esse Estado estaria prejudicando o comércio eletrônico dentro de
suas fronteiras.
Portanto, não há nos EUA, ainda, nenhuma estipulação quanto à forma
oficial, seja pública, seja privada, pela qual se dará o reconhecimento jurídico
nacional das assinaturas eletrônicas, conferindo assim validade jurídica às
certificações eletrônicas em todo seu território.
Outro país que já está bem a frente na regulamentação desse assunto
é Portugal, com o Decreto-Lei n.º 290-D, de 2 de agosto de 1999, que trata
dentre outras disposições de relevo, dos documentos e atos jurídicos
eletrônicos, objetivando apenas e tão somente, regular a validade, eficácia e
valor probatório dos documentos eletrônicos e da assinatura digital, legislação
esta, que nasceu da Resolução do Conselho de Ministros de Portugal n.º 115,
de 1º de setembro de 1998.
Nos termos do artigo 2º desse Decreto-Lei, vieram as definições
necessárias a regulamentar as operações na rede mundial, quanto a validade
43
dos documentos eletrônicos, que são considerados como aqueles documentos
elaborados mediante processamento eletrônico de dados. Porém, só isto não
basta, de acordo com o artigo 3º, que cuida da forma e da força probatória, o
documento eletrônico satisfaz o requisito legal de forma escrita, nas seguintes
hipóteses: a) quando seu conteúdo for suscetível de representação como
declaração escrita; b) quando lhe seja aposta uma assinatura digital certificada
por uma entidade credenciada, de acordo com os requisitos e exigências
contidos na própria lei, assegurando-lhe a força probatória de documento
particular assinado (conforme o disposto no artigo 376º do Código Civil
Português); c) quando lhe seja aposta uma assinatura digital certificada por
entidade credenciada, ainda que o conteúdo não seja suscetível de
representação como declaração escrita, a força probante será preservada com
amparo na legislação portuguesa (artigo 368º do Código Civil e artigo 167º do
Código de Processo Penal).
O legislador andou bem, pois dentro do permissivo legal, admite
inclusive que mesmo o documento de natureza eletrônica, no qual não tenha
sido aposta assinatura digital, o valor probatório poderá ser objeto de
apreciação com lastro interpretatório nos princípios gerais de direito.
Ainda podemos mencionar a existência de recente legislação já
aprovada a este respeito, em 1997, na Alemanha, Itália e Malásia e, aqui na
América Latina, a Argentina. Esta já adotou norma a permitir o uso de
assinatura digital perante os órgãos públicos, a semelhança da legislação
californiana, que é o Decreto 427/98.
4.2 – A regulamentação no Brasil
Embora já existam normas a respeito de assinaturas digitais em
documentos eletrônicos nos ordenamentos jurídicos estrangeiros, no Brasil
pouco se trata da matéria. Vários projetos tramitam ou tramitaram no
44
Congresso Nacional, e já temos também regulamentos sobre alguns aspectos
do assunto.
Uma norma nacional que menciona este tipo de assinatura é a
Instrução Normativa n.º 17, de 11 de dezembro de 1996, editada pelo antigo
Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), atual
Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG). Ainda assim, tal ato
apenas se resume a determinar que “no prazo de 360 (trezentos e sessenta)
dias serão feitas aplicações que tratem da utilização de documentos
eletrônicos e do uso de assinatura digital” (artigo 4º, § 6º), no âmbito das
atividades governamentais.
O Projeto de Lei n.º 2.644/96, apresentado pelo deputado Jovair
Arantes, faz menção ao uso de documentos e assinaturas eletrônicos. O
projeto, porém, é bastante tímido, e, em apenas oito artigos praticamente se
resume a reconhecer a existência de documentos e assinaturas eletrônicos.
Em seu artigo 1º, o projeto diz que: “Considera-se documento
eletrônico, para os efeitos desta Lei, todo documento, público ou particular,
originado por processamento eletrônico de dados e armazenado em meio
magnético, optomagnético, eletrônico ou similar”. A disposição peca pelo
equívoco lógico de definir uma coisa a partir dela própria (“documento
eletrônico... é todo documento”). No artigo 2º, temos que “Considera-se
original o documento eletrônico autenticado por assinatura eletrônica,
processado segundo procedimentos que assegurem sua autenticidade e
armazenado de modo a preservar sua integridade”. Ao dizer que o documento
eletronicamente assinado é considerado “original”, pouco significado jurídico
contém o artigo. Seria mais preciso dizer que tal documento eletrônico, assim
assinado, terá a mesma eficácia do documento físico. Mesmo porque,
conforme exposto anteriormente, não há significado em buscar distinguir, entre
documentos eletrônicos, qual é o original. Os demais artigos nada
acrescentam ao tema, limitando-se a prescrever deveres do administrador do
45
sistema de computadores e a tipificar penalmente algumas condutas.
Já, no Projeto de Lei n.º 1.589/99, de autoria do Deputado Luciano
PFL/PR e outros, da Câmara dos Deputados, é mais uma iniciativa legislativa
tendente a diminuir o vazio normativo, que “dispõe sobre o comércio eletrônico,
a validade jurídica do documento eletrônico e a assinatura digital, e dá outras
providências.”. O referido projeto foi originalmente elaborado pela Comissão
Especial de Informática Jurídica da OAB-SP, contando com a colaboração de
diversos advogados; entregue na Câmara dos Deputados em meados de
agosto de 1999, iniciou sua tramitação ao final daquele mesmo mês.
Em poucas palavras, o projeto, em seus 53 artigos, prevê regras para
a oferta de produtos e serviços por meio eletrônico, de modo a conferir maior
segurança jurídica às transações realizadas, e, por outro lado, equipara o
documento eletrônico assinado por criptografia aos documentos físicos.
Encontramos aspectos de relevância, tais como: a) o caráter da originalidade
do documento eletrônico, que será levada a efeito, sempre que o documento
for assinado pelo seu autor, mediante sistema criptográfico de chave de
natureza pública (caput do artigo 14º); b) a emissão de cópia do documento
eletrônico, que assim será considerada, como resultante da digitalização de
documento físico, com a sua consequente materialização de documento
eletrônico original (§ 1º do artigo 14º).
Outro ponto que merece destaque neste projeto, no concerne a
questão da força probatória do documento eletrônico, se encontra previsto no
artigo 15º, qual seja as declarações constantes do documento eletrônico
(conteúdo), digitalmente assinado (autoria), presumir-se-ão verdadeiras em
relação ao signatário (autor), desde que sejam observados os seguintes
requisitos no tocante a própria assinatura digital: seja única e exclusiva para o
documento assinado; seja passível de verificação (identificação da validade);
seja gerada sob o exclusivo controle do signatário (acesso eletrônico
individual); esteja de tal modo vinculado ao documento, de sorte que na
46
possibilidade de posterior alteração, seja invalidada; e, não tenha sido gerada
em momento posterior à expiração, revogação ou suspensão das chaves
(cujos atos são decorrentes das entidades certificadoras, independentemente
do seu caráter Público ou Privado).
Convém mencionar que o Projeto de Lei n.º 1.589/99, recepcionou a
presunção de veracidade entre os signatários, quanto a data constante no
documento eletrônico, circunstância na qual será defeso a qualquer um deles,
apresentar prova inversa, admitindo-se para tanto, todos os meios probatórios
em direito permissíveis (artigo 19º). De outra parte, nos termos expressos no §
1º, do artigo 19º, depois de expirada ou revogada a chave de algum dos
signatários, cumpre à parte a quem a assinatura beneficiar, o ônus “probandi”
de que a assinatura foi gerada eletronicamente, em período anterior à
expiração ou revogação.
Além disto, outro aspecto que merece destaque se encontra no
Capítulo II, que trata da “Da falsidade dos documentos eletrônicos” (artigos 21º
a 23º do Projeto de Lei). Assim, o mesmo define bem sobre a validade dos
documentos eletrônicos, da assinatura digital e dos critérios probatórios de tais
documentos; porém, ele só reconhece o documento eletrônico como sendo
autêntico, desde que seja devidamente certificado por um tabelião na Internet,
é o que podemos chamar de “cartório virtual”.
Outro projeto surge, é o Projeto de Lei com a assinatura do então
Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Parente, que
foi publicado na edição de 11 de dezembro de 2000 do Diário Oficial da União.
O projeto “dispõe sobre a autenticidade e o valor jurídico e probatório de
documentos produzidos, emitidos ou recebidos por órgãos públicos federais,
estaduais e municipais, por meio eletrônico, e dá outras providências.”
O projeto de lei em questão apresenta um defeito grave. Com efeito,
trata dos documentos eletrônicos produzidos, emitidos ou recebidos por órgãos
47
públicos e pelas empresas públicas. Assim, os documentos utilizados nas
relações que envolvem tão somente particulares não se beneficiam do
regramento ora discutido. Este esquecimento das relações entre particulares,
afronta a necessidade de segurança jurídica nas relações comerciais por
meios eletrônicos, já significativas na Internet brasileira. No momento histórico
em que vivemos podemos afirmar, sem medo de errar, que um dos mais
relevantes instrumentos para o progresso ou desenvolvimento das atividades
econômicas consiste justamente na regulamentação dos documentos
eletrônicos.
Curiosamente, o artigo 5º desse último projeto de lei autoriza o
arquivamento de documentos particulares por meio magnético ou similar.
Impõe-se a indagação: se tratou do arquivamento por que não contemplou a
produção ou circulação dos mesmos? Por outro lado, para garantir valor
jurídico (e probatório) aos documentos eletrônicos, consagram os princípios
anunciados pelos mais abalizados estudos da problemática em foco:
autenticidade (identificação do autor) e integridade (não alteração do
documento). Assumindo, como pensamos, o não-repúdio como decorrência
da autenticidade.
O mesmo ainda adota uma das mais importantes e corretas diretrizes
firmadas: a não edição de norma com força de lei consagrando uma
determinada tecnologia, mesmo que dominante ou única naquele momento.
Considerando a constante, porque não dizer frenética, evolução tecnológica
não convém que o diploma legal sobre a matéria faça uma opção por esta ou
aquela técnica, que pode restar ultrapassada em curto lapso de tempo.
A publicação do Decreto n.º 3.587, de 5 de setembro de 2000, veio
iniciar a normatização dos documentos eletrônicos por intermédio de diplomas
legais restritos à Administração Pública, que “Estabelece normas para a Infra-
Estrutura de Chaves Públicas do Poder Executivo Federal – ICP-GOV, e dá
outras providências.” Esse Decreto define a organização do ICP-GOV, o
48
modelo operacional e a política de certificação das chaves criptográficas que
constituem as assinaturas eletrônicas para os órgãos da administração pública
federal. Ele também permitiu a criação da Autoridade Certificadora Raiz (AC
Raiz) e, ainda, a instituição da Autoridade de Registro (AR).
Em 2001, entrou em vigor o Decreto nº 3.996/01, que revogou o
Decreto 3.587/00. Ele apresenta novas disposições sobre a certificação digital
e a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil.
Finalmente, em 28 de junho de 2001 o Governo Federal sancionou a
Medida Provisória n.º 2.200, que institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil), para garantir a autenticidade, a integridade e a validade
jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das
aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização
de transações eletrônicas seguras. Essa MP foi reeditada pela Medida
Provisória nº 2.200-1, de 27 de julho de 2001. E, em seguida, novamente,
reeditada pela Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
A partir da MP 2.200, a criação da ICP-Brasil deve fornecer condições
essenciais para conceder validade jurídica aos documentos eletrônicos e
garanti-los autenticidade e integridade.
49
CONCLUSÃO
As dificuldades que encontramos na plena equiparação do documento
eletrônico ao documento tradicional residem na complexidade de
regulamentação, seja legislativa, seja meramente administrativa, de seu uso e
aceitação por parte de entes públicos. Assim, atos notariais como a elaboração
de instrumentos públicos em forma eletrônica, a autenticação de cópias físicas
de documentos eletrônicos - ou vice-versa -, o “reconhecimento” das chaves
públicas, a certificação da data dos documentos eletrônicos, ou outras
participações possíveis que o tabelião possa ter na formação ou comprovação
de documentos digitais deverão estar em contínuo desenvolvimento na
regulamentação, senão legislativa, ao menos administrativa.
Nenhum óbice, porém, existe a impedir o uso de documentos
particulares eletrônicos que permitam demonstrar a autenticidade da chave
pública e a intenção das partes em atribuir eficácia à assinatura digital. Neste
campo, a existência de prévia lei não se mostra um imperativo, mas,
certamente, um futuro tratamento legislativo será bem-vindo, para o fim de
definir com clareza qual a eficácia e a validade de assinaturas e documentos
eletrônicos, que requisitos eles deverão conter, ou quais os direitos e deveres
daqueles que criam, certificam, ou se utilizam de chaves eletrônicas.
Além de permitir um regime uniforme e de normatizar uma série de
novas situações que advirão do progresso de uso dos documentos eletrônicos,
uma futura lei ainda servirá para pôr abaixo eventuais resistências e
desconfianças que ainda possam subsistir quanto ao seu uso e valor probante.
Para isso, nos dias de hoje, existe técnica hábil a tornar esses documentos
algo no mínimo tão seguro quanto os documentos tradicionais; e,
principalmente, o uso de documentos eletrônicos e assinaturas criptográficas
pode ser plenamente recepcionado pela nossa ordem jurídica.
50
Finalmente, foram feitas algumas breves considerações que tínhamos
para fazer, dentre as muitas que poderiam ser feitas, restando aqui apenas a
ressalva de que o assunto está longe de se mostrar esgotado ou pacificado,
sendo necessária ainda a realização de muitos debates e discussões sobre o
tema, de forma a poder-se, assim, clarear um pouco mais esta área um tanto
quanto cinzenta para muitos profissionais que em suas organizações têm na
informação um dos principais ativos para desenvolvimento, eficácia e eficiência
das suas atividades.
51
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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11. RONDINELLI, Rosely Curi. Gerenciamento arquivístico de documentos
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13. SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil.
18ª ed. (revista atualizada e ampliada por Aricê Moacyr Amaral Santos).
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15. TUCCI, Rogério Lauria. Curso de Direito Processual Civil. São Paulo:
Saraiva, 1989.
16. VITRAL, Waldir. Vocabulário Jurídico. 28ª edição. Rio de Janeiro:
Forense, 1982.
55
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
DA REVISÃO DA LITERATURA
11
CAPÍTULO II
DO DOCUMENTO TRADICIONAL AO DOCUMENTO ELETRÔNICO 23
2.1 – Conceituando o documento tradicional 23
2.2 – Conceituando o documento eletrônico 26
CAPÍTULO III
A QUESTÃO DO VALOR PROBATÓRIO DOS DOCUMENTOS
ELETRÔNICOS
28
3.1 – Noções de diplomática 28
3.2 – A assinatura digital 30
3.3 – A autoridade certificadora 36
CAPÍTULO IV
OS ASPECTOS JURÍDICOS DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS 40
4.1 – A regulamentação em outros países 41
4.2 – A regulamentação no Brasil 43
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51
BIBLIOGRAFIA CITADA 53
ÍNDICE 55