universidade candido mendes/avm pÓs-graduaÇÃo … · na busca da compreensão do tema proposto e...

63
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A PINTURA COMO FORMA DE TERAPIA: DIÁLOGOS E POSSIBILIDADES NÚBIA DE OLIVEIRA RIBEIRO Professora Orientadora: Fabiane Muniz VITÓRIA 2017

Upload: lamtuong

Post on 19-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A PINTURA COMO FORMA DE TERAPIA: DIÁLOGOS E

POSSIBILIDADES

NÚBIA DE OLIVEIRA RIBEIRO

Professora Orientadora:

Fabiane Muniz

VITÓRIA

2017

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A PINTURA COMO FORMA DE TERAPIA: DIÁLOGOS E POSSIBILIDADES

NÚBIA DE OLIVEIRA RIBEIRO

Monografia apresentada À Universidade Candido Mendes/AVM como requisito para a obtenção do título de especialista em Arte em Educação e Saúde.

Orientadora: Professora Fabiane Muniz

VITÓRIA

2017

RESUMO O presente trabalho monográfico se destina a explorar a técnica artística da

pintura como ferramenta terapêutica. A pesquisa empregada busca responder

de forma satisfatória ao questionamento: seria a Pintura uma forma de terapia?

São analisados passado e presente da história da Arte na humanidade, bem

como conceitos principais dentro de uma abordagem terapêutica como o

conceito do Eu. A história da terapia, a construção da Arte como terapia e, até

mesmo, a história da Arteterapia no território brasileiro.

Artigos e pesquisas sobre o tema foram cuidadosamente pesquisados e

referenciados para que seja possível, ao fim desta monografia, um

posicionamento coerente sobre o tema.

METODOLOGIA

Na busca da compreensão do tema proposto e subsequente elaboração de

respostas para os problemas levantados anteriormente, este trabalho utiliza

como instrumento metodológico principal a pesquisa bibliográfica exploratória,

com revisão/estudo de artigos científicos, livros específicos, revistas científicas

e sítios de internet; todas as fontes de informação estarão de acordo com o

tema proposto, de forma a embasar e encorpar esta pesquisa monográfica.

Os locais indicados para a pesquisa bibliográfica são principalmente bibliotecas

de Universidades e bibliotecas estaduais e municipais. Artigos sobre o tema

proposto serão analisados em pesquisas via internet, bem como arquivos de

jornais e revistas disponíveis nesta mesma mídia e, ainda, entrevistas em vídeo

de aspecto relevante para o tema desta pesquisa; tudo devidamente

referenciado.

O estudo monográfico Exploratório e Teórico de como a Arte da Pintura pode

ou não potencializar processos de elaboração psíquica, como também seus

possíveis efeitos terapêuticos, é a finalidade deste trabalho por intermédio da

pesquisa.

Autores como Alain de Botton, John Armstrong, Nise da Silveira, Carl Gustav

Jung, Sigmund Freud, H.W Janson e Anthony F.Janson fazem parte do leque

de pesquisas desta obra, dentre outros.

Importante ressaltar, que, para fins ilustrativos – indispensáveis ao assunto

abordado nesta pesquisa -, imagens de pinturas e afins serão retiradas de

sítios de internet; todas as referências a esses sítios constam no ítem

‘Webgrafia’ deste trabalho.

SUMÁRIO

Metodologia……………………………………………………………………… 04

Introdução………………………………………………………………………… 06

Capítulo I - A Arte e a Terapia na História………………………………………08

1.1 A Arte na História.....................…………………………………………….. 08

1.2 A Pintura na História da Arte…………………………………………………11

1.3 A História da Terapia na Psicologia....…………………………………….. 13

1.3.1 A definição do Eu………………………………………………….…….... 15 1.3.2 A projeção do Eu através da Arte……………………..………………... 16

Capítulo II - Surgimento da Arte como Terapia………………………………..17

2.1 Primeiras aparições do uso da Arte no universo terapêutico……………17

2.2 Arteterapia no Brasil.................……………………………………………..19

Capítulo III A utilização da Pintura como ferramenta terapêutica ………….20

Conclusão.................................………………………………………………... 26 Bibliografia..........................…………………………………………………….. 27 Webgrafia................................…………………………………………………. 28

Anexos.....................................……………………………………………….... 44

6

INTRODUÇÃO

O tema desta monografia é o estudo da relação da Pintura como

forma de Arte e a Terapêutica de cura emocional, levando em conta

aspectos históricos e psicológicos.

A problematização desta pesquisa é colocada, mais

especificamente, dentro do questionamento: a Arte da Pintura

funciona como uma ferramenta terapêutica psicológica eficaz?

O tema e problema levantados são relevantes como fonte de

conhecimento para todos aqueles que se beneficiam da pintura,

tanto como forma de arte pura (observando ou pintando), bem como

coadjuvante num possível processo terapêutico onde possa ser

utilizada.

A investigação do tema proposto colabora na compreensão de como

se processa o efeito da pintura na função emocional das pessoas,

quando entram em contato com os efeitos deste tipo de arte.

Desta forma destacam-se três objetivos principais, a saber:

1) Localizar historicamente a construção do processo de utilização

da Arte como ferramenta terapêutica.

2) Entender se a Arte da Pintura pode ser utilizada como ferramenta

terapêutica.

3) De que forma a Pintura pode estabelecer conexão com possíveis

processos emocionais de cura de doenças emocionais e ou

psíquicas.

7

O desenvolvimento de uma pintura, desde tempos mais remotos até

a atualidade, incluindo as etapas características desse processo - a

inspiração, execução e resultado final da obra - parece proporcionar

o surgimento/aparecimento de conteúdos psíquicos relevantes na

melhora ou cura de alguns sintomas e doenças psíquicas. A pintura

pode ser uma forma de terapia no sentido em que projeta conteúdos

subjetivos, proporcionando elaborações psíquicas e

autoconhecimento.

Dentro deste viés é possível afirmar, inicialmente, que a Pintura

como Arte foi, e é, historicamente construída e desenvolvida em

contemporaneidade com as influências políticas, religiosas, sociais,

econômicas e porquê não, psicológicas de cada época.

Neste sentido, entender se, e de que forma, a pintura funciona como

uma ferramenta terapêutica eficaz, contribui para compreender não

só a Arte da Pintura em conexão com o sujeito ( sujeito visto aqui

como um indivíduo, um ser único, construído e moldado de forma

específica), mas também para compreender o sujeito visto através

da Arte que ele projeta.

Portanto, é na relação entre a Arte e a Terapia (mais

especificamente nesta pesquisa monográfica, entre a Pintura e a

Terapia), que se localiza essa obra. Nessa interseção entre Pintura e

Terapia, na pesquisa sistemática e exploratória, este estudo busca

encontrar uma corroboração ou uma refutação quanto à hipótese

inicial: a de que a Pintura funciona como uma ferramenta terapêutica

eficaz.

O Capítulo I contextualiza historicamente o início e o

8

desenvolvimento da Arte, da Pintura e da Terapia Psicológica. Ao

abordar Psicologia, faz-se necessário discorrer sobre a definição do

“Eu” , como também a forma através do qual o “Eu psicológico” pode

ser projetado ou externalizado em produções artísticas.

Já o Capítulo II delineia as primeiras aparições da Arte no universo

terapêutico, passando pelo histórico da Arteterapia no Brasil - seu

surgimento e as influências externas na construção da nascente

arteterapia brasileira.

No capítulo III são apresentados exemplos reais, oriundos de

pesquisa bibliográfica (em artigos e revistas científicas, casos

clínicos e livros), da utilização da Pintura como forma de terapia,

tanto no Brasil como em outros países.

CAPÍTULO I

A Arte e a Terapia na História

Em nome da importância que a compreensão da História da

civilização tem para o aperfeiçoamento e desenvolvimento do ser

humano, faz-se mister aprofundar a contextualização histórica da

Arte e da Terapia no curso deste trabalho monográfico.

Desde o início do desenvolvimento do homem e, posteriormente, da

civilização, a atividade artística esteve presente, mesmo que

inicialmente em forma primitiva e destinada a determinadas funções.

A Arte se desenvolveu em contemporaneidade com as mais diversas

9

civilizações, e, em determinado momento, começou a ser utilizada

com funções terapêuticas, nas mais variadas formas, aqui

especificamente abordando-se a Pintura, como veremos no capítulo

a seguir.

1.1 A Arte na História

Inicialmente, para melhor compreensão de quaisquer fatos

relacionados ou localizados na História da humanidade, é importante

definir o que é histórico e o que é pré-histórico. Caminhando nesse

sentido de reflexão, a bibliografia de referência nesse momento da

pesquisa afirma que histórico é todo fato humano registrado após o

surgimento da escrita (JANSON e JANSON, 2009). Por conseguinte,

pré-histórico são todos os acontecimentos humanos registrados ou

não, relacionados ao período anterior ao aparecimento da escrita.

A escrita parece surgir nas civilizações históricas do Egito (escrita

com símbolos denominados hieróglifos) e Mesopotâmia (escrita com

caracteres em forma de cunha – cuneiforme - sobre placas de

argila), entre 3.000 e 2.500 anos antes de Cristo, conforme nos

asseguram JANSON e JANSON (2009). Ou seja, há cerca de 5.000

anos atrás. Anterior a ela temos então a civilização humana

primitiva, não menos rica em significado e importância.

De acordo com JANSON e JANSON (2009), desde seu surgimento

na Terra, durante a sua evolução, o homem utilizou instrumentos

rudimentares para desenvolver atividades primitivas; esses

instrumentos foram, aos poucos, aperfeiçoados e direcionados para

atividades específicas. Porém, apenas no fim do período evolutivo

10

denominado Paleolítico ( período surgido há cerca de 35 mil anos

atrás), são encontradas as primeiras formas de arte conhecidas,

realizadas com o auxílio de instrumentos rudimentares para pintura.

Essas pinturas são de homens (e mulheres), que, à época, viviam

em grandes cavernas, e elas ( as pinturas) parecem obedecer a

objetivos específicos e práticos: prestar rituais, assegurar a caça de

animais, ou mesmo a proteção desses homens primitivos quando “

prendiam os animais” em suas pinturas rupestres (realizadas nas

superfícies das pedras nas cavernas).

Ainda, segundo JANSON e JANSON (2009), tais pinturas primitivas,

feitas em rochas, foram encontradas em cavernas em diversos locais

como França, regiões da Escandinávia, Espanha e, apresentam, em

sua maior parte, as mesmas características. Retratam o universo do

homem naquele momento: as necessidades de se proteger de

animais selvagens, a caça para a alimentação e, de uma forma

geral, projetam anseios e receios dos habitantes de nosso planeta

naquela época.

Em conformidade com o que foi dito até então, pode-se afirmar que,

com relação às pinturas rupestres,

(…) quase não há dúvida de que faziam parte de um ritual mágico, cujo propósito era o de assegurar uma caça bem-sucedida (…); para os homens do Paleolítico não havia uma distinção muito nítida entre imagem e realidade(...).

(JANSON e JANSON, 2009,pag.15)

No período de transição da Era Paleolítica para a Neolítica, entre

10.000 e 5.000 anos antes de Cristo, o homem deixa de ser nômade

11

e começa a se fixar em terras para semear, colher, domesticar

animais e construir suas primeiras moradias em aldeias, conforme

descrito em JANSON e JANSON (2009); assim os instrumentos para

caça e os ferramentais úteis para o cotidiano são aperfeiçoados.

Nesta nova forma de vida muitas habilidades e invenções são

notadas, ainda antes do uso de metais. De acordo com JANSON e

JANSON (2009) podemos destacar neste período o surgimento dos (

da):

• arte da cerâmica

• tecelagem

• recipientes de argila decorados de vários tamanhos

• instrumentos de madeira e outros materiais perecíveis

Vale destacar que foi durante o período Neolítico que surgiu o

gigantesco monumento de pedra denominado Stonehenge,

localizado na região sul da Inglaterra; tal monumento teve tanto

como inspiração e objetivo motivos religiosos (JANSON e JANSON,

2009).

Portanto, é a partir do período Neolítico que a Arte “Primitiva” ( esse

é o termo específico, e não uma designação desabonadora do

período) se consolida, inclusive com expoentes na África, nas

Américas e no Pacífico Sul (JANSON e JANSON, 2009). Em

oposição às características de observação e cópia da natureza,

referentes aos desenhos do período Paleolítico, encontramos agora

uma “reestruturação imaginativa das formas da natureza” (JANSON

E JANSON , 2009). Isto é, a arte iniciada no período Neolítico é

marcada por uma preocupação com o mundo invisível e imaginário,

capturando esse mundo em suas formas de arte, recriando assim

forças espirituais e da natureza. Importante ressaltar que a pintura

12

tem um “caráter secundário” com relação à escultura no que se

refere à Arte Primitiva (JANSON e JANSON, 2009).

Então a Arte começa a expandir seus horizontes e a evoluir no

sentido de capturar também o “não-visto”, os sentimentos, os

estados do ser, sempre contemporânea àquilo que o homem vive, ao

mundo ao seu redor, desde os tempos remotos até hoje.

Primeiramente a Arte surge não como arte em si, mas como uma

necessidade do hom em em simbolizar o mundo ao seu redor,

retratando seus desejos, seus receios, suas crenças, bem como

criando instrumentos para uso cotidiano. Posteriormente, a Arte

evolui em suas mais variadas formas : escrita, escultura, pintura,

música, sempre em consonância com os sentimentos e realidades

humanos. E assim, em todos os períodos históricos ( antes e depois

do surgimento da escrita) a Arte está presente. Sempre perpassada

pela história, ganha contornos específicos de cada época.

Arte das civilizações antigas egípcia, pré e pós-mesopotâmicas, Arte

grega, Arte romana, Arte Medieval e suas características religiosas,

Arte Moderna e até mesmo Pós-moderna. O ser humano produz Arte

em todos os seus momentos históricos, numa relação de mútua

afetação: ao produzir Arte também é influenciado por ela.

1.2 A pintura na História da Arte

No período Paleolítico, a Arte da Pintura está presente nas já

mencionadas pinturas rupestres ( em pedras), realizadas dentro das

cavernas; não constituía nesse período uma forma de arte

13

específica, mas sim uma ferramenta do homem ancestral para

significar seus desafios e receios. No período Neolítico a pintura

também está representada na tintura de instrumentos de madeira e

sobre peças de argila, de forma integrada a outros tipos de arte –

cerâmica por exemplo.

Assim como a História da Arte, a História da Pintura é dividida em

períodos e fases, de forma a facilitar seu estudo e pesquisa.

Por ser uma forma de Arte, a Pintura também atravessa todos os

períodos e diferentes culturas das sociedades primitiva ( pintura

sobre cerâmicas e sobre escultura) e moderna. Porém, a Pintura

ganha individualidade como Arte num período posterior ao

surgimento de peças e monumentos artísticos na História da

humanidade.

Na Grécia antiga destaca-se a pintura em parede, conhecida apenas

por suas reproduções mais tardias em forma de mosaico, como

exposto no Museu Nacional em Nápoles, Itália (JANSON e JANSON,

2009).

A pintura de estilo transportável, como as que conhecemos em telas,

não são uma marca registrada da Arte da Pintura na Roma antiga.

Porém, pode se destacar desse período as pinturas em afrescos (

sobre superfícies de gesso endurecido, nas paredes, em palácios da

Roma antiga) e os retratos (JANSON e JANSON, 2009).

Durante a Idade Média, a arte cristã primitiva e a

arte bizantina utilizaram a pintura sobre catacumbas no século IV

D.C ( ilustrando imagens cristãs e formas geométricas), pintura em

14

manuscritos ilustrados no século V D.C e a produção de imagens

sagradas na civilização bizantina, nos séculos XI, XII e XIII D.C

(JANSON e JANSON, 2009).

Na Alta Idade Média (entre os séculos V e XI) sobressaem pinturas

de imagens de santos católicos em manuscritos e capas de livros,

bem como as pinturas em manuscritos otonianos (que fundem as

culturas bizantina e carolíngea) (JANSON e JANSON, 2009) .

Ainda na Idade Média, atenção especial deve ser dada às pinturas

de afrescos na Itália no século XIII. Dentre os artistas desta forma de

pintura podemos exemplificar: Giotto, Simone Martini e os irmãos

Lorenzetti ( JANSON E JANSON, 2009).

A pintura como arte isolada e específica só começa a aparecer no

fim da Idade Média, por volta do século XIV, numa fusão entre os

estilos de pintura italiano e do norte europeu; tal estilo internacional

se manifesta na pintura de iluminuras e painéis (JANSON E

JANSON, 2009). Os motivos religiosos passam a se mesclar com a

retratação de ambientes sociais e familiares, evoluindo assim a Arte

da Pintura num sentido cada vez mais subjetivo. A partir daí, com o

declínio do período Medieval e o início do período Mercantil,

especialmente na Europa, ricos comerciantes e membros de famílias

abastadas encomendam em grande escala pinturas de familiares,

pinturas de paisagens e tudo o que naquele momento histórico

influenciava o ser humano.

Na parte denominada Anexos desta monografia, é possível visualizar

uma série de imagens de pinturas em ordem cronológica, mostrando

o desenvolvimento dessa arte desde o fim da Idade Média até os

15

dias atuais.

1.3 A História da Terapia na Psicologia

De acordo com Houaiss (2008) entende-se como Psicologia “ a

ciência que trata dos processos mentais”.

De acordo com LOPES (1949), em meio ao século XIX, a Psicologia

estava dividida em dois setores opostos, praticamente polarizada: de

um lado a chamada “Psicologia de poltrona”, cujo objeto de estudo

era a “alma ou espírito”, de caráter imponderável, que só podia se

revelar ao homem por meio do autoconhecimento. Em outro polo, a

Psicologia dominada pela mentalidade de um corpo apenas

biológico, cujo objeto de estudo estava limitado aos aspectos do

organismo vivo; uma Psicologia empírica, fisiologista, médica e

experimental, de caráter objetivo (LOPES, 1949).

KAHHALE ( 2002) enfoca que, diante desta dicotomia, revelaram-se

à época nomes de pesquisadores e experimentadores que muito

contribuíram para o desenvolvimento da Psicologia moderna, dentre

eles : Wilhelm Wundt (nascido em 1832, alemão, fisiólogo, fundador

da Psicologia experimental), Henri Bergson (filósofo parisiense,

escreveu suas obras entre 1889 e 1932 e propunha à época uma

Psicologia Filosófica), Edward Titchener ( psicólogo estruturalista

britânico, viveu entre 1867 e 1927) e William James (filósofo, nascido

em Nova York, EUA, viveu entre 1842 e 1910, fundador do

movimento teórico denominado Funcionalismo).

KAHHALE (2002) prossegue citando que, em meio a essa

efervescência de ideias e discordâncias, no fim do século XIX e

16

início do século XX, sobressai um médico neurologista austríaco

chamado Sigmund Freud (1856-1939),que revolucionou as ideias a

respeito do funcionamento psíquico vigentes até então. Ele, seus

seguidores e aprendizes estruturaram o que hoje chamamos de

Psicologia Moderna; dentre esses seguidores/aprendizes

destacamos, nesta pesquisa, Carl Gustav Jung (1875-1961),

psiquiatra e psicoterapeuta suíço.

CLARET ( 2004) aponta que, o que hoje se popularizou como

Terapia Psicológica, iniciou-se no século XIX, quando Freud, ao

tratar de um caso de histeria em uma paciente, desenvolve uma

técnica combinada de falas, associações, escuta e insights ,

resultando no primeiro caso clínico de cura através da palavra – o

caso da paciente Ana O. A essa técnica de cura deu-se o nome de

Psicanálise – análise da psiquê, ou do psiquismo ( conjunto de

funções psicodinâmicas que configuram a mente tal como ela é).

A partir de então, em conjunto, inúmeros pesquisadores, psicólogos

e mesmo filósofos, agrupando seus conhecimentos com a já famosa

Psicanálise, puderam promover o desenvolvimento e o

estabelecimento da terapia psicológica como a conhecemos hoje.

Para HERNANDES (2001) A Terapia é uma palavra de origem grega

(therapeía) e significa " método de tratar doenças e distúrbios da

saúde, prestar cuidados, tratar ". Há diversos tipos de terapia, que

utilizam variados procedimentos, substâncias e ambientes. A maior

parte dos seus nomes são oriundos do grego e pertencem à área

médica, mas muitos são popularizados através dos meios de

comunicação, como jornais e revistas não-especializadas

(HERNANDES, 2001).

17

Nesta pesquisa estaremos focados em uma forma de terapia

específica: terapia através da Arte, mais especificamente, utilizando

do recurso da Pintura.

1.3.1 A definição do Eu

Para que analisemos com cuidado o tema e pesquisemos com

acuidade os objetivos propostos nesta pesquisa, a fim de chegar

a uma conclusão, é importante estudar o sujeito humano de forma

menos superficial, ou mais profunda, para que, assim, possamos

entender e conectar os assuntos aqui abordados.

Para SILLAMY (1998) o Eu ( Ego ) designa a parte da personalidade

do indivíduo que equilibra as forças emocionais em ação dentro do

sujeito : suas próprias tendências, a sua moral e a realidade do

mundo exterior. Esse mecanismo dinâmico de ações entre forças

internas e externas configura o Eu sujeito.

Assim, entendemos por Eu, Ego ou Self, todo o conjunto

psicodinâmico que configura a forma do sujeito de ser e se

relacionar com o universo ao seu redor. À medida em que o ser

humano se constrói individualmente (se configura como ser único,

diferente de qualquer outra pessoa), fatores internos ( do indivíduo),

familiares ( oriundos da sua criação desde a infância) e externos (

influências do ambiente ao seu redor) acabam por “ criar” uma

subjetividade única, tanto no modo de agir/reagir aos fatores

ambientais como no modo de perceber o ambiente ao seu redor.

18

Quando a forma de interação do indivíduo com o meio é prejudicada,

insuficiente, distorcida ou exagerada, é provável que o Eu, ou Ego,

sofra algum tipo de prejuízo, levando o sujeito a precisar buscar

auxílio médico e ou terapêutico, pois qualquer desequilíbrio do Eu

traz conflito, dor e, consequentemente, sofrimento.

1.3.2 A projeção do Eu através da Arte

De acordo com SILLAMY (1998) a projeção é uma forma do Eu de

manifestar no mundo externo aquilo que ele

sente/pensa/imagina/anseia, mesmo que de forma inconsciente e

não-apropriada.

JUNG (2008) afirma que:

A história do simbolismo mostra que tudo pode assumir uma significação simbólica: objetos naturais (pedras, plantas, animais, homens, vales e montanhas, lua e sol, vento, água e fogo) ou fabricados pelo homem (casas, barcos ou carros) ou mesmo formas abstratas (os números, o triângulo, o quadrado, o círculo). De fato, todo o cosmos é um símbolo em potencial. Com sua propensão para criar símbolos, o homem transforma inconscientemente objetos ou formas em símbolos (conferindo-lhes assim enorme importância psicológica) e lhes dá expressão, tanto na religião quanto nas artes visuais. A interligada história da religião e da arte, que remonta aos tempos pré-históricos, é o registro deixado por nossos antepassados dos símbolos que tiveram especial significação para eles e que, de alguma forma, os emocionaram. Mesmo hoje em dia, como mostram a pintura e a escultura modernas, continua a existir viva interação entre religião e arte.

( JUNG,2008,pag. 225)

19

E ainda LEITE (2011 in SEI,2011):

Muitas vezes o indizível permanece latente até que haja um meio adequado para que algo se plasme, se manifeste, ou seja, transforme-se em imagem que pode vir a ser contemplada. Nesse ínterim, pensamentos, sensações vagueiam como cenas de um filme que se desenvolve no tempo. Algumas vezes estes se perdem por não terem a força necessária para romper a barreira da concretude. Por vezes, repetem-se até que sejam devidamente analisados. Nesse sentido, a proposição de momentos terapêuticos, em vários contextos, apresenta-se como fundante na constituição de um espaço dedicado ao fazer criativo com vistas à saúde, objetivando a busca de integração dos laços familiares, dos processos de inclusão ou mesmo de recomposição da subjetividade cindida.

(LEITE, 2011 in SEI,2011,pag.10)

A Arte, ( musicada, escrita, desenhada, esculpida ou mesmo

pintada) de uma forma geral, é uma ferramenta ou instrumento

facilitador para que o indivíduo projete no meio externo, no ambiente

real, seus mais profundos sentimentos, muitas vezes nem por ele

mesmo conhecidos, pois tais sentimentos podem estar cobertos por

camadas profundas de dor, esquecimento e desejo ( constituindo

fragilidades psicológicas).

20

CAPÍTULO II

SURGIMENTO DA ARTE COMO TERAPIA

Sempre presente na história do homem, de forma funcional ou estética, a Arte

começa, num determinado momento recente de nossa história, a ser usada

como uma ferramenta complementar no tratamento de males emocionais do

homem moderno. Inicialmente na Europa, posteriormente nas Américas, hoje a

Arteterapia constitui sim um universo rico e amplo de perspectivas e

possibilidades. Neste capítulo evidenciadas ficam as etapas do aparecimento

da Arte como terapia no mundo e no Brasil.

2.1 Primeiras aparições do uso da Arte no universo terapêutico

Mesmo que nos dias atuais, intuitivamente ou por meio de informações mais ou

menos precisas, saibamos que a Arte já vem sendo utilizada com finalidades

terapêuticas há algum tempo, considera-se que a estruturação de estratégias

que incluam a Arte como meio de cura datem de um período recente de nossa

história.

Na vanguarda do estabelecimento de métodos arteterapêuticos está o

psiquiatra e fisiologista alemão Johann Christian Reil (1759-1813). Àquela

época Reil elaborou uma espécie de “manual” passo-a-passo com o objetivo de

cura psiquiátrica ( SEI in CATERINA,2005). Este “manual” continha, em uma de

suas etapas, a indicação de estimulação do doente psíquico através de

21

desenhos, símbolos e elementos que pudessem revelar algum sentido

cognitivo ou afetivo, facilitando assim seu processo de cura.

Ainda em SEI (2011), consta o trabalho de Pliny Earle, em 1845, com pacientes

psiquiátricos; Earle publicou um ensaio que discorria sobre a produção artística

de indivíduos denominados “insanos” naquela época.

De acordo com SEI (2011), a Arteterapia inicialmente se configurou ,como

terreno de aplicação prática em épocas próximas nos continentes europeu e

americano. A autora relata o trabalho de Margaret Naumburg nos Estados

Unidos a partir de 1914. Naumburg acreditava que a Arteterapia facilitava a

liberação dos conteúdos psíquicos que normalmente não estão conscientes no

sujeito; como se, através da Arte, a pessoa encontrasse uma espécie de atalho

que levaria os sentimentos internalizados e, por vezes conflituosos, para fora

de si “através de imagens espontaneamente projetadas em forma de

expressão plástica e gráfica” ( SEI, 2011 in NAUMBURG, 1991, pag. 388).

Na Europa, mais especificamente no Reino Unido, o artista Adrian Hill, em

1942, utilizou de recursos artísticos para tratar de soldados que apresentavam

traumas e sequelas decorrentes da Segunda Guerra Mundial (SEI, 2011).

No que compete ao campo específico da Psicanálise, SEI (2011, in FERRAZ,

1998) relata o interesse de Sigmund Freud ( psiquiatra austríaco e “pai da

Psicanálise”) por estabelecer relações entre Arte e Psicanálise. Freud chegou

mesmo a dedicar partes relevantes de seus estudos e publicações ao estudo

dessa relação.

Sigmund Freud realizou ensaios teóricos demonstrando seu entendimento da

Literatura como forma de Arte. Assim relaciona e estuda Literatura e

Psicanálise na obra GRADIVA DE JENSEN , que tem sua publicação datada

entre o final do ano de 1906 e início de 1907. Interessante ressaltar que foi por

22

sugestão de Carl Gustav Jung, seu amigo e companheiro de estudo até então,

que Freud realizou a análise daquela obra usando da abordagem Psicanalítica.

Com relação especificamente à Pintura, Freud (1970) ressalta que, em seu

entendimento, a tela de pintura funcionaria como uma cena de sonho onde um

objeto ou situação ausentes ( porque censurados no psiquismo) se permitem

perceber sob a forma simbólica da pintura. Assim, para Freud, a Pintura

constitui uma forma de expressão dos nossos afetos/desejos/medos mais

profundos, não acessíveis diretamente à nossa consciência; ao pintar o

indivíduo está fazendo da pintura uma ferramenta para a expressão dos afetos

que não conseguem ser verbalizados.

Importante mencionar que Carl Gustav Jung (psiquiatra suíço fundador da

psicologia analítica) empregava os recursos da arte como um elemento do

tratamento de seus pacientes; Jung solicitava a eles que desenhassem sonhos

ou situações conflituosas pois entendia que esses desenhos simbolizavam o

conteúdo psíquico não-consciente daqueles (SEI, 2011).

2.2 Arteterapia no Brasil

Em 1929 o psiquiatra e crítico de Arte Osório Cesar (SEI, 2011), em sua obra

“A expressão artística nos alienados( Contribuição para o estudo dos symbolos

na arte)”, realizou uma extensa revisão de textos que tratavam da conexão

entre arte e saúde mental lançados no período entre o fim do século XIX e

início do século XX. Nesta revisão Osório Cesar enfatizou que o psiquiatra

italiano Cesare Lombroso foi quem primeiro percebeu a semelhança entre a

arte desenvolvida por pacientes psiquiátricos e a arte primitiva. Osório Cesar

também investigou e citou outros exemplos de profissionais que visualizaram a

conexão entre doenças psíquicas e arte: o português Julio Dantas ( publicou

23

em 1900 em Portugal uma obra sobre as produções artísticas do hospício de

Rilhafolles) e Rogues de Fursac ( em seu estudo reuniu e publicou em 1905

várias produções artísticas de pacientes psiquiátricos (SEI, 2011 in CESAR,

1929).

O médico e psicólogo brasileiro Ulysses Pernambucano (1892-1943) foi o

primeiro no Brasil a relacionar arte e loucura por meio de estudos e

conferências a respeito do tema (SEI, 2011); seus trabalhos serviram de

inspiração a outros profissionais da área no Brasil.

Importante neste momento de reflexão sobre a história do desenvolvimento da

Arteterapia no Brasil mencionar uma das estrelas mais brilhantes da

constelação brasileira de talentos nessa área: Nise da Silveira. O trabalho

desenvolvido por Nise desde os anos 40 e 50 até o seu falecimento em 1999

(pois ela sempre foi atuante, até morrer) foi um grande expoente científico do

poder de cura através de atividades artísticas como a Pintura.

As informações a seguir são frutos de uma pesquisa filmográfica minuciosa a

respeito da vida e obra de Nise da Silveira. Basicamente dois filmes ( que

constam na webgrafia) foram usados para dar embasamento aos próximos

parágrafos; são filmagens de entrevistas com a própria Nise da Silveira, nos

anos de 1986 e 1992; chamam-se, respectivamente: 1) Nise da Silveira –

Posfácio: Imagens do Inconsciente. A barca do sol;

2) Nise da Silveira – Do mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar ( partes I, II

e III ). Nessas entrevistas Nise aborda teoria, prática, história, filosofia e

ideologias; para fins de aproveitamento para este trabalho foram circunscritas

as informações mais pertinentes.

Nise da Silveira, renomada médica psiquiatra brasileira foi aluna do famoso

psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Nasceu em 15

de fevereiro de 1905 na cidade de Maceió, estado de Alagoas. Formou-se em

24

Medicina em 1931 na Faculdade de Medicina da Bahia; especializou-se em

Psiquiatria.

Nos primeiros anos de atuação como psiquiatra no estado do Rio de Janeiro (

para onde ela e o marido mudaram após se formarem em Medicina, em busca

de melhores oportunidades de trabalho), entre os anos 40 e 50, Nise da

Silveira já se colocava contra os principais tratamentos dispensados aos

doentes mentais à época ( principalmente os doentes esquizofrênicos): o

eletrochoque e o choque de insulina. Trabalhava então no Centro Psiquiátrico

Nacional Pedro II no bairro Engenho de Dentro, Rio de janeiro. Em uma dessas

entrevistas filmadas, concedida a Gonzaga Leal e Rubem Rocha Filho, em

1992, Nise observa : “ Eu não me adaptei a prescrever a medicação e nem a

acompanhar o eletrochoque. Era uma situação muito desagradável.”

Passado algum tempo de sua experiência no Hospital Psiquiátrico de Engenho

de Dentro, conforme descrito anteriormente, Nise propõe uma conversa com a

equipe médica que atuava naquelas alas psiquiátricas, apresentando uma nova

proposta de trabalho com aqueles doentes mentais. Assim, conseguiu um

pequeno espaço no hospital para inserir os doentes em outras atividades,

complementares naquele momento ao tratamento psiquiátrico tradicional até

então; tais atividades buscavam estimular a criatividade e primavam por ser de

livre-escolha para os pacientes internos.

A partir de então, Nise da Silveira dá início ao uso de atividades terapêuticas

artísticas manuais com os pacientes esquizofrênicos. Tais atividades

consistiam em trabalhos com materiais variados: tinta ( pintura), barro (

modelagem), ateliê de costura, dentre outros. Assim se inicia um tipo de

processo terapêutico alternativo, muito diferente dos tradicionais até então,

vanguardista e eficaz: a terapia através das ocupações artesanais e artísticas.

Naquela época o nome dado ao conjunto dessas atividades foi o de terapia

ocupacional ( que não é equivalente à Terapia Ocupacional – T.O – como a

25

conhecemos hoje, mas se relacionava mais com a Arteterapia tal qual é

estudada e ensinada na atualidade).

Nise da Silveira encontrou naquela época muita resistência por parte dos

médicos atuantes na área de saúde mental; tais médicos consideravam o

trabalho terapêutico executado com as mãos ( arte e artesanato) menos digno,

pois parecia não necessitar de intelecto para ser produzido, não parecia haver,

para tais médicos, necessidade de uso do racionalismo para sua realização.

Esse tal racionalismo, tão valorizado em nossa cultura ocidental de orientação

cartesiana: “Penso, logo existo” (René Descartes). Assim, o doente mental,

suprimido pela sua doença e caos interno, conhecido como louco, teoricamente

não possuidor de razão, que não exibe um raciocínio linear padrão, esse

doente, assim como sua razão, parecia não existir.

Aos poucos, a psiquiatra Nise da Silveira, foi abrindo, no hospital de Engenho

de Dentro, sessões de atividades expressivas que dessem aos internos

pacientes a oportunidade de exprimir suas emoções, dores e afetos. Naquele

momento, ainda sem conhecer as obras de Carl Jung ( por quem foi

posteriormente muito influenciada), estava empregando nessas oficinas

expressivas conceitos da Psicanálise Freudiana. Importante mencionar que,

ainda assim, a expressão dos afetos dos doentes com tais atividades descritas,

contradizia tudo o que a Psiquiatria defendia e apresentava até então.

Nas oficinas de desenho e pintura com os doentes, aos poucos, a psiquiatra

Nise foi percebendo que tais desenhos e pinturas, especialmente alguns de

forma circular quase perfeita, apareciam com frequência nos trabalhos de

vários pacientes, com níveis mais ou menos profundos de dissociação

psíquica. Agora, já em contato com a teoria e obra de Jung e em contato direto

com ele, descobre que tais pinturas e desenhos tratavam-se de mandalas.

De acordo com Jung ( 2008 ) as mandalas demonstram não só a ação da

26

Psique (ou psiquismo),mas também um conjunto de forças psíquicas

autocurativas, que lutam no sentido de reunir, reagrupar aquela cisão do

psiquismo em formas e contornos, durante o pleno exercício de seus desenhos

e pinturas.

Dessa forma Nise da Silveira dá início a um trabalho de vanguarda com

doentes mentais no Brasil durante as décadas de 40 e 50 do século XX.

Introduz atividades terapêuticas que se utilizavam de arte e artesanato, nas

suas mais variadas formas, incluindo a Arte da Pintura. Avanços curativos

sensíveis e observáveis começaram a tomar forma desde então por intermédio

das atividades terapêuticas propostas. Seu trabalho de estímulo das

expressões emocionais dos doentes psiquiátricos recebeu reconhecimento até

mesmo fora do Brasil, já naquela época.

Portanto, dando continuidade ao que foi destacado, pode-se retirar do trabalho

de Nise da Silveira muitas conclusões de imensa riqueza e valor no campo das

descobertas terapêuticas envolvendo trabalhos com pintura, de característica

expressiva e catártica; dentre elas sobressaem:

A) A sensação, a sinestesia do contato com os materiais terapêuticos

expressivos (tinta, papel, tecido, etc..) por si só é prazeroso para o paciente

que deles dispõe;

B) Este tipo de terapia expressiva com materiais é, necessariamente, um

processo deflagrador de afetos;

C) O mistério da profundeza dos processos psíquicos se traduz,

expressivamente, de muitas formas possíveis, mas a principal delas é através

da produção de imagens;

D) Os afetos despertados pelas atividades artísticas terapêuticas são

catalizadores de processos de recuperação e cura;

E) O aspecto fundamental no processo de cura do doente psíquico é a

expressão de seu universo interior ( conteúdos mais profundos, não acessíveis

27

à linguagem verbal);

F) Qualquer atividade expressiva do paciente é importante para se estabelecer

um roteiro de cura, ainda que ele, o paciente, produza apenas um risco no

papel;

G) A atividade criadora expressiva livre, como a pintura, dá oportunidade para

que forças curativas e criadoras do psiquismo se exerçam;

H) A liberdade de expressão, bem como a liberdade de escolha dos materiais

com os quais o paciente vai interagir e trabalhar são condições sine qua non

para a obtenção de respostas positivas nas terapias expressivas.

Um dos muitos frutos do trabalho de Nise da Silveira, além de seu imenso

legado de coragem e conhecimento a respeito das doenças psíquicas, foi a

criação do Museu de Imagens do Inconsciente em 1952. Nise tinha a intenção

de melhor compreender o processo psicótico e o valor terapêutico da arte para

esses indivíduos (SEI, 2011).

Conforme relata SILVEIRA (1992):

(…) nenhum terapeuta tem em mira que seu

doente produza obras de arte, e nenhum psicótico

jamais desenha ou pinta pensando que é um

artista. O que ele busca é uma linguagem com a

qual possa exprimir suas emoções mais

profundas. O terapeuta busca nas configurações

plásticas a problemática afetiva de seu doente,

seus sofrimentos e desejos sob forma não

proposicional.

(SILVEIRA, 1992,pag.92)

Importante salientar, para bem fechar esse tópico, que a Arteterapia no Brasil

se inicia em 1960 com a oferta dos primeiros cursos de extensão, que eram

28

ministrados por arteterapeutas de outros países. De acordo com SEI (2011),

Maria Margarida de Carvalho e Ângela Philippini também merecem papel de

destaque no prosseguimento da Arteterapia no Brasil a partir de 1960.

CAPÍTULO III

A UTILIZAÇÃO DA PINTURA COMO FERRAMENTA

TERAPÊUTICA

Neste tópico pretende-se falar da pintura antes como Arte. Ainda que seja uma

técnica ou tipo específico de Arte, é compreensível que os possíveis ganhos ou

benefícios adquiridos quando se pratica a Pintura, também o são quando, no

processo de catarse criativa, se faz música, desenho, escultura ou qualquer

tipo de Arte. Partindo desse princípio é possível iniciar de forma mais

proveitosa os conhecimentos que virão a seguir.

Para CORREIA e TORRENTE (2016):

O uso da arte como recurso terapêutico se insere nesse contexto de busca por soluções que atendam às demandas dos novos modelos de reinserção social. Práticas artísticas vêm sendo empregadas em instituições de diversos países e, hoje, ocupam papel de destaque entre as atividades terapêuticas oferecidas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil. Embora alguns estudos quantitativos com amostras significativas não tenham demonstrado benefícios da arteterapia para portadores de transtornos mentais, publicações com metodologia qualitativa têm mostrado resultados diferentes, com repercussões positivas em diversas frentes da reabilitação. Apesar de a pesquisa qualitativa ser mais

29

condizente com os princípios do recovery, essa abordagem metodológica foi pouco explorada em revisões anteriores sobre o tema. Assim, os efeitos terapêuticos dessas práticas não estão completamente elucidados, o que tem sido apontado como um entrave ao financiamento e à incorporação dessas práticas aos serviços de saúde mental. (CORREIA E TORRENTE, 2016, pag.1)

De acordo com BOTTON e ARMSTRONG (2013):

Como outros instrumentos, a Arte tem o poder de ampliar as nossas capacidades para além dos limites originalmente impostos pela natureza. A arte compensa algumas de nossas fraquezas inatas, nesse caso mais mentais do que físicas, fraquezas que podemos chamar de fragilidades psicológicas (…) propomos que a Arte é um meio terapêutico que pode ajudar a guiar, incentivar e consolar, permitindo evoluir (...)Para descobrir a finalidade da Arte, é preciso perguntar o que deveríamos fazer com nossa mente e nossas emoções mas não conseguimos fazer muito bem. Em quais fragilidades psicológicas a Arte pode ajudar?”

(BOTTON e ARMOSTRONG, 2013, pag.5)

Para SEI (2011) a pintura é:

(...)atividade que, tendo em vista a fluidez do material, proporciona uma liberação das emoções, induzindo a uma expansão e relaxamento de mecanismos defensivos de controle (...) quanto mais fluida for a tinta, maior a mobilização dos afetos. (SEI, 2011, pag.47)

Neste sentido, BOTTON e ARMSTRONG (2013) identificam sete funções da

Arte, ou sete benefícios que o fazer arte proporciona; a pintura, como Arte, não

30

foge ao escopo da proposição. As sete funções a saber:

1. Rememoração

2. Esperança

3. Sofrimento

4. Reequilíbrio

5. Compreensão de si

6. Crescimento

7. Apreciação

Para melhor compreensão e aproveitamento, as sete funções da Arte indicadas

acima serão brevemente abordadas.

Em relação à função de Rememoração, BOTTON e ARMOSTRONG (2013)

afirmam que, como o cérebro humano está sempre sujeito a perder

informações importantes, a Arte é uma forma de preservar experiências,

algumas belas e passageiras. Assim podemos exemplificar o comportamento

humano de tirar fotos, bem como as pinturas que eternizam sentimentos e

imagens. Aparentemente, o ser humano parece mais querer guardar a

memória de um sentimento relacionado àquele instante eternizado, do que

propriamente a imagem.

A segunda função da Arte - Esperança: BOTTON e ARMSTRONG (2013), nos

chamam a atenção para as pinturas que retratam a graciosidade de situações e

paisagens. Paisagens alegres e agradáveis como campinas verdejantes, a

sombra de uma árvore sob a luz do sol, paisagens bucólicas. De acordo com

os autores essas são as imagens que mais agradam o gosto popular. Cabe o

questionamento do porquê. BOTTON e ARMSTRONG dialogam que, apesar

de termos grande consciência dos problemas e injustiças do mundo, existe em

cada um de nós a vontade do belo, o desejo do bom e prazeroso. Tanto pintar

esse tipo de paisagem, como apreciar esse tipo de pintura nos faz manter a

31

esperança de uma vida sem conflitos, mais feliz.

O Sofrimento, como terceira função da Arte, segundo BOTTON e

ARMSTRONG (2013), remete, em primeiro plano, àquelas pinturas onde a

melancolia, o sofrimento, a tristeza ou mesmo a imensidão do céu e do

Universo são retratados. Entrar em contato com esses sentimentos de tristeza,

vazio, solidão ou pequenez diante da imensidão do mundo, nos ensina que o

sofrimento faz parte da vida. Nos prepara para aceitar a inevitabilidade dos

fatos dolorosos inerentes à vida de todos nós. É também uma forma de

sublimar o sofrimento, ou seja, através da pintura, transformar os afetos

“negativos” em aceitação, beleza. De outro lado, apreciar uma pintura

melancólica pode funcionar como um amenizador da solidão, já que, de alguma

forma, compreendemos que não somos os únicos a passar por desafios e

maus momentos.

Na quarta função da Arte – o Reequilíbrio, BOTTON e ARMSTRONG (2013)

voltam o olhar para a natureza desequilibrada de nossos afetos e emoções.

Sempre apresentamos, subjetivamente, a falta ou o excesso de funções

emocionais primordiais para nosso equilíbrio psicológico.

Pensando nessa linha de raciocínio, entende-se a variedade de tipos de

imagens retratadas no universo da pintura, como também a variedade de

gostos e apreços que temos ou não por essa ou aquela obra de arte. Quando

produzimos uma pintura, provavelmente a imagem vai ao encontro de tentar

equilibrar, ou reequilibrar, algum desejo ou afeto que nos falta ou excede. O

mesmo vale para quando apreciamos uma pintura. Todo ser humano está em

constante busca de equilíbrio.

A Compreensão de si como quinta função da arte: aqui BOTTON e

ARMSTRONG (2013) chamam a atenção para uma verdade psicológica : o fato

de que o ser humano não se conhece por inteiro; os motivos para isso são

diversos – dificuldade em aceitar o que não se admira em si mesmo, a vida

32

cotidiana cada dia mais agitada e corrida, os traumas, os medos, a falta de

identificação na construção do Eu. Nesse sentido a produção, bem como a

apreciação de uma arte, facilita o acesso aos conteúdos psíquicos muitas

vezes ignorados ou não-sabidos. A arte então vem ao encontro dessa

expressão de si, e, posteriormente, ao conhecimento de si mesmo, de forma

mais complexa e ampla. O efeito desse autoconhecimento traduz-se em

segurança e identificação.

Ao abordar o Crescimento como sexta função da Arte, BOTTON e

ARMSTRONG (2013) iniciam sua argumentação tocando nas feridas,

fragilidades e traumas construídos em nosso ambiente emocional ao longo de

nosso desenvolvimento, iniciado na infância. Chamam a atenção para o

sentimento ou sensação de estranhamento ao depararmos com pinturas e

outras obras de arte que nos causam uma má impressão, por vezes

sentimentos ruins, até mesmo de aversão. Argumentam assim que, ao

depararmos com essas obras, imediatamente desenvolvemos um

comportamento defensivo ou de esquiva, semelhante a uma situação de

ameaça. Justificam a posição ao afirmarem que o contato com esse tipo de

obra oferece lições valiosas de crescimento emocional, pois nos fortalece e nos

obriga a enfrentar tais aversões e traumas, desenvolvendo um comportamento

mais maduro diante da vida. Nos potencializa fortaleza, nos torna menos

frágeis. Produzir esse tipo de arte, projetar numa pintura esses sentimentos

aversivos, provoca a perda do estranhamento. Nos faz crescer

emocionalmente.

Na última função da Arte descrita por BOTTON e ARMSTRONG (2013), função

denominada Apreciação, os autores grifam uma das grandes deficiências

humanas: a dificuldade de prestarmos atenção à totalidade das coisas ao

nosso redor. Alertam para a nossa tendência em focar a atenção em coisas

pontuais, deixando muito do que é importante para nós sem notar ou

apreender. Nesse sentido essa função é um instrumento de recuperação da

33

sensibilidade, nos salvando do habitual descaso pelo que está ao redor.

Podemos assim olhar o “velho” de uma forma nova, ampliando nosso interior e

nossas possibilidades como indivíduos.

Num continuum desta pesquisa monográfica encontramos em COQUEIRO,

VIEIRA E FREITAS (2010) a ideia de promoção do bem-estar e potencialização

do eu por intermédio da realização de atividades artístico-terapêuticas de

pintura e desenho, realizadas em grupos de apoio do Centro de Atenção

Psicossocial da III região em Fortaleza (que funciona numa parceria entre a

prefeitura de Fortaleza e a Universidade Federal do Ceará). De acordo com os

relatos deste acompanhamento, os pacientes com doenças psíquicas que

participaram das atividades artísticas de pintura e desenho apresentaram

diminuição dos efeitos negativos característicos de grande parte dos

transtornos mentais (ansiedade, agressividade, medo, angústia, apatia, etc)

num curto espaço de tempo, muitas vezes com melhora visível logo após o

término dos encontros.

Para CORREIA e TORRENTE (2016), o uso de atividades artísticas como

forma de terapia possibilita o surgimento dos seguintes efeitos benéficos aos

pacientes:

-expressividade: as atividades artísticas possibilitam a expressão do eu de

forma ampla, facilitando a ressignificação do eu em conflito, por meio do

autoentendimento do sujeito;

-a revisão da identidade: a possibilidade de revisar pensamentos e

comportamentos à medida em que conteúdos psíquicos internos são lançados

no meio externo através da arte;

-ampliação de competências pessoais: o sujeito sente aumento da autoestima

ao se perceber produtivo e capaz, o que leva a uma apropriação de si mesmo,

ampliando as competências pessoais;

-empoderamento: aumento do poder emocional do sujeito;

34

-reconquista da esperança;

-concretização de planos pessoais;

-aumento da sociabilidade;

-minimização dos aspectos negativos da doença mental.

AZEVEDO e DANTAS (2012) em sua pesquisa descritivo-interpretativa com 19

profissionais de um CAPS ( Centro de Atenção Psicossocial) de Campina

Grande, Paraíba, em 2010, relatam que o uso da pintura em tela com pacientes

favoreceu o aparecimento/surgimento ou melhora dos seguintes aspectos

psíquicos e sociais:

-a inclusão dos usuários no mercado de trabalho;

-autoestima;

-inserção social;

-interação social

-a comunicação.

SANTOS (1996), arteterapeuta e Mestre em Pintura e Desenho, relata

aspectos importantíssimos dos efeitos do emprego da atividade da pintura em

pacientes idosos. Entendendo a longevidade como uma realidade cada vez

mais concreta e acessível nos dias de hoje, já que os avanços médicos e

científicos permitem que vivamos cada vez mais, as vivências características

dessa fase da vida começam a ganhar cada dia mais espaço. Novos serviços

são criados com objetivo específico de atender a essa faixa etária com

características físicas e emocionais muito próprias.

Na senilidade o indivíduo enfrenta ansiedades e preocupações que,

geralmente, não estão presentes em idade mais jovem; parentes próximos

estão morrendo, amigos adoecendo, a aposentadoria deslocando o indivíduo

de uma vida mais ativa e funcional para um recolhimento repentino e muitas

vezes adoecedor, mudanças fisiológicas, limitações físicas, distância dos filhos.

35

Assim, atividades terapêuticas grupais com idosos, principalmente com o

recurso da pintura, tem mostrado resultados muito positivos. SANTOS (1996)

ressalta os maiores benefícios deste tipo de terapia em idosos:

A) Em contato com a Arte da Pintura os idosos parecem recuperar a

capacidade de olhar para o futuro de forma mais esperançosa, antever o que

ainda pode ser vivido e planejar como eles podem realizar tudo isso;

B) Aumento da valorização dessa etapa da vida;

C) Recuperação da capacidade de pedir perdão e de se reconciliar consigo

mesmo;

D) Expressão de valores subjetivos há muito tempo perdidos;

E) A retomada do processo criativo; entendendo que, neurologicamente, a

criatividade está ligada à atividade dos dois hemisférios cerebrais e essa

reativação da criatividade através de atividades estimulantes como a pintura,

facilita a reconexão e reconstrução de caminhos sensoriais;

F) O maior contato consigo mesmo e o aumento da criatividade por intermédio

da execução de atividades de pintura (atividade criativa) facilitam, ou

aumentam, a capacidade do idoso de resolver problemas;

G) Em contato com essa atividade artística os idosos parecem viver com mais

plenitude pois novas perspectivas internas se abrem, e a vida parece ganhar

um novo “fôlego”;

H) Inserção social através dos grupos terapêuticos de pintura;

I) Aumento da comunicação, com a criação de novas relações e

compartilhamentos;

J) Expressão dos medos característicos desta idade da vida: morte, doença,

solidão;

K) Aumento dos sentimentos de autoestima, segurança e orgulho pessoal. Em

resumo, aumento dos recursos psíquicos para seguir adiante com sua vida.

Mesmo que os ganhos terapêuticos com o uso da pintura em grupos

terapêuticos de apoio não sejam facilmente mensuráveis, a observação dos

36

sujeitos que se submetem a tais atividades artísticas revela sempre uma

melhora significativa nos movimentos afetivos dos sujeitos. Ganho de

autoestima, sensação de conhecimento e poder sobre si mesmo, significação

da dor (mesmo que não-verbalizada), eis os efeitos positivos e curativos

gerados das atividades artísticas como a Pintura quando utilizadas como

ferramenta terapêutica.

Conclusão

Diante do que foi pesquisado e apresentado ao longo deste trabalho

monográfico, neste momento é possível responder ao questionamento

proposto na Introdução do mesmo: A Arte da Pintura funciona como uma

ferramenta terapêutica eficaz? - Sim.

De acordo com as várias e renomadas referências do universo Artístico e

Terapêutico citados nesta pesquisa, e, diante dos muitos relatos teóricos e

experiências clínicas práticas por eles apresentados, infere-se minimamente

que o uso da Pintura como atividade terapêutica apresenta, na maior parte dos

relatos, um efeito psíquico expressivo curativo. A Pintura como atividade

terapêutica também possibilita a elaboração e o entendimento de questões

emocionais profundas do indivíduo, muitas vezes não verbalizadas,

contribuindo assim para um rearranjo psíquico e para uma reestruturação do

Eu do sujeito adoecido psicologicamente.

Diante da possibilidade de enriquecimento terapêutico que a produção da Arte,

inclusive a Pintura, pode proporcionar ao tratamento terapêutico psicológico,

entende-se que as técnicas terapêuticas precisam ser tão multidisciplinares

como é múltiplo e complexo o sujeito.

37

A pintura como ferramenta terapêutica, de uma forma geral, apresenta as

mesmas implicações, ganhos e desdobramentos de outras formas de arte

aplicadas à terapêutica psicológica.

Durante o trabalho de pesquisa bibliográfica houve dificuldade de encontrar

material especificamente direcionado ao tema proposto. Ao que se sugere a

ampliação deste campo de pesquisa e também evidencia a nítida necessidade

de divulgação e pesquisa de trabalhos de campo nesta área.

38

BIBLIOGRAFIA

BOTTON,A.;ARMSTRONG.J.Arte como terapia.1.ed.Rio de Janeiro:Intrínseca.2014. CLARET,M.FREUD por ele mesmo.1.ed.São Paulo:MARTIN

CLARET.2004.

CORREIA,P.R;TORRENTE,M.de.O.de.Efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais: uma revisão sistemática da literatura. Cad. saúde colet.Rio de Janeiro, v. 24,n. 4,p. 487-495, Dec. 2016 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2016000400487&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Apr. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/1414-462x201600040211. FREUD,S.Uma Lembrança de Infância:Leonardo da Vinci.In:ESB.Rio de Janeiro:Imago.1980.

FREUD,S. O Moises de Michelangelo.Obras Completas.Rio de Janeiro:Imago.1970, vol. XIII, ps.249-280. HOUAISS,A.(Org.).GRANDE DICIONÁRIO HOUAISS da língua portuguesa.1.ed.Rio de Janeiro:Objetiva.2008. JANSON,H.W.;JANSON,A.F.Iniciação à História da Arte.3.ed.São Paulo:Martins Fontes.2009. JUNG,C.G.O Homem e seus Símbolos.5.ed.Rio de Janeiro:Nova Fronteira.2008.

LOPEZ,E.M.OS FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE.1.ed.Rio de Janeiro:Editora Científica.1949.

KAHHALE,E.M.P.A DIVERSIDADE DA PSICOLOGIA : UMA CONSTRUÇÃO TEÓRICA.1.ed.São Paulo:CORTEZ.2002.

SEI,M.B.Arteterapia e Psicanálise.1.ed.São Paulo:Zagodoni.2011.

SYLLAMY,N.Dicionário de Psicologia Larousse.1.ed.Porto Alegre:ARTMED.1998.

39

SILVEIRA, N.da.O MUNDO DAS IMAGENS.1.ed.São

Paulo:Ática.1992.

40

WEBGRAFIA

<http://www.christusrex.org/www1/giotto/christ1.html> data de acesso: 01/04/2017. <https://br.pinterest.com/pin/457185799651102861/> data de acesso:01/04/2017. <http://www.catalogodasartes.com.br/Lista_Obras_Biografia_Artista.asp?idArtista=570> data de acesso 02/04/2017. <http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica047.html> data de acesso:02/04/2017. <http://www.catalogodasartes.com.br/Lista_Obras_Biografia_Artista.asp?idArtista=570> data de acesso 02/04/2017. <http://www.paulohernandes.pro.br/dicas/001/dica047.html> data de acesso:02/04/2017. <https://pt.slideshare.net/pedroambrosoli/erwin-panofsky-iconografia-e-iconologia > data de acesso: 31/03/2017. <maiscomunidade.com/conteudo/2011-04-09/numeroum/4755/NOMES-MEMORAVEIS-DA-ARTE-BRASILEIRA.pnhtml> data de acesso: 02/04/2017.

ALMEIDA,J.C.L.Vitae Fratrum Ordinis Praedicatorum. <http://vitaefratrumordinispraedicatorum.blogspot.com.br/2014_06_01_archive.html>data de acesso: 31/03/2017. As Maiores Guerras e Batalhas da História.<http://www.novofa.com/2016/08/as-maiores-guerras-e-batalhas-da.html> data de acesso: 30/03/2017. Arte Pré-Colombiana. <http://seligaartista.blogspot.com.br/2010/09/arte-pre-colombiana.html > data de acesso: 30/03/2017. Comenzar a Vivir “Terapia de Pintura” 2x14.<https://www.youtube.com/watch?v=Qp9FW2hTrHQ> data de acesso:24/06/2017. COQUEIRO, Neusa Freire; VIEIRA, Francisco Ronaldo Ramos; FREITAS, Marta Maria Costa. Arteterapia como dispositivo

41

terapêutico em saúde mental.Acta paul. enferm., São Paulo , v. 23,n. 6,p. 859-862, 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002010000600022&lng=en&nrm=iso> data de acesso: 10/05/2017. CORREIA, Pedro Rocha; TORRENTE, Mônica de Oliveira Nunes de. Efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais: uma revisão sistemática da literatura. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro , v. 24,n. 4,p. 487-495, Dec.2016 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2016000400487&lng=en&nrm=iso> data de acesso: 03/04/2017. EMAZE.<https://www.emaze.com/@ALCCTQCZ/ARTE-PALEOCRIST%C3%83-E-BIZANTINA > data de acesso: 31/03/2017. ENGLISH HERITAGE. History of Stonehenge. <http://www.englishheritage.org.uk/visit/places/stonehenge/history/> data de acesso: 29/03/2017. FONTINHAS,E. A Arte Germânica. <https://pt.slideshare.net/xampy_fontinhas/seminrio-arte-na-alta-idade-mdia> data de acesso: 31/03/2017. Frases de Albert Einstein. <http://www.frasespedia.com/autor/frases-de-albert-einstein/> data de acesso: 25/03/2017. Lascaux.<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lascaux> data de acesso: 29/03/2017. LEITE,A.O que é a Terapia Ocupacional? <https://www.youtube.com/watch?v=puXOSOly8c> data de acesso:24/06/2017. Mona Lisa de Leonardo da Vinci. <http://www.suapesquisa.com/leonardo/mona_lisa.htm> data de acesso: 01/04/2017. Nise da Silveira. <http://naturezafeminina.zip.net/arch2009-01-25_2009-01-31.html> data de acesso:24/03/2017. Nise da Silveira – Do mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar. Parte I.<https://www.youtube.com/watch?v=VIIsNMSOgQ> data de acesso:23/06/2017.

42

Nise da Silveira – Do mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar. Parte II. <https://www.youtube.com/wach?v=TvvYrrES10> data de acesso: 23/06/2017. Nise da Silveira – Do mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar. Parte III. <https://www.youtube.com/watch?v=6SFKXfjKXc0> data de acesso: 23/06/2017. Nise da Silveira - Posfácio: Imagens do Inconsciente. <http://www.youtube.com /watch?v=EDg0zjMe4nA> data de acesso:24/06/2017. OLIVEIRA,R.A. Corpo e Sociedade

<https://corpoesociedade.blogspot.com.br/2014/11/mascaras-papua-nova-guine-e-oceano_13.html> data de acesso: 30/03/2017. PALMEIRA,L.Entendendo a Esquizofrenia. <http://entendendoaesquizofrenia.com.br/website/?p=4163\> data de acesso:24/03/2017. Point da Arte. História das Artes Visuais. <http://pointdaarte.webnode.com.br/news/a-historia-da-pintura1/ > data de acesso: 30/03/2017. Práticas intersetoriais que favorecem a integralidade do cuidado nos centros de atenção psicossociais. <http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-643934> data de acesso: 10/05/2017. Rembrandt.<https://incubadoradeartistas.wordpress.com/tag/rembrandt/> data de acesso: 01/04/2017. SIMON,C. ESTUDOS de ARTE.<http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/05/estudos-de-arte-017.html > data de acesso: 30/03/2017. WIKIPEDIA. Historia da pintura. <

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_pintura> data de acesso: 30/03/2017. WIKIPEDIA.Les très riches heures du duc de Berry.<https://pt.wikipedia.org/wiki/Les_tr%C3%A8s_riches_heures_du_duc_de_Berry> data de acesso: 01/04/2017. WIKIPEDIA.Nise da Silveira.<

43

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nise_da_Silveira> data de acesso: 02/04/2017. WIKIPEDIA. Pintura da Roma Antiga.<https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_da_Roma_Antiga > data de acesso: 31/03/2017. WIKIPEDIA.Rapariga com Brinco de Perola.<https://pt.wikipedia.org/wiki/Rapariga_com_Brinco_de_P%C3%A9rola> data de acesso: 01/04/2017.

44

ANEXO 1

PINTURA RUPESTRE EM UMA CAVERNA DE LASCOUX,FRANÇA.

FONTE:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lascaux

46

ANEXO 3

EXEMPLO DE MÁSCARA PRIMITIVA DA REGIÃO DO PACÍFICO SUL

FONTE:

https://corpoesociedade.blogspot.com.br/2014/11/mascaras-papua-nova-

guine-e-oceano_13.html

47

ANEXO 4

JEAN-BAPTISTE REGNAULT, A ORIGEM DA PINTURA:DIBITADE

DESENHANDO O RETRATO DE UM PASTOR,1786.

FONTE:

http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/05/estudos-de-arte-017.html

48

ANEXO 5

A BATALHA DE ISSUS:CÓPIA ROMANA, ENCONTRADA EM POMPÉIA,DE

UMA PINTURA HELENÍSTICA DE 315 A.C.

FONTE:

http://www.novofa.com/2016/08/as-maiores-guerras-e-batalhas-da.html

49

ANEXO 6

AFR

ESCO ROMANO DE POMPÉIA (ANTIGA CIDADE DO IMPÉRIO

ROMANO)

FONTE:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_da_Roma_Antiga

51

MANUSCRITO ILUSTRADO, SÉCULO V D.C

FONTE:

https://www.google.com.br/search?q=MANUSCRITO+ILUSTRADO+SECULO+

5+DC&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjdyqPR0OnTAhWCH5AK

Hc5jCk0Q_AUICigB&biw=1280&bih=645#tbm=isch&q=MANUSCRITO+ILUSTR

ADO+SECULO+5+DC+BIBLIOTECA+DO+VATICANO

ANEXO 9

52

MADONA ENTRONIZADA final do sec. XIII,

Galeria Nacional de Arte, Washington D.C, EUA.

FONTE:

http://www.obrasdarte.com/idade-media-arte-bizantina-por-rosangela-

vig/?lang=en

ANEXO 10

54

CRISTO LAVANDO OS PÉS DE PEDRO, DO EVANGELIARIO

DE OTO III, 1000 D.C, BIBLIOTECA DA BAVIERA MUNIQUE, ALEMANHA.

FONTE:

http://vitaefratrumordinispraedicatorum.blogspot.com.br/2014/06/

ANEXO 12

55

GIOTTO. ENTRADA DE CRISTO EM JERUSALEM.1305-6,D.C,

CAPELA DA ARENA, PÁDUA, ITÁLIA.

FONTE:

https://www.pinterest.com/pin/491736853047744267/

ANEXO 13

56

IRMÃOS LIMBOURG. ABRIL,DAS RIQUÍS-

SIMAS OBRAS DO DUQUE DE BERRY, 1.415 D.C,

ILUMINURA.MUSEU CONDÉ, CHANTILLY, FRANÇA.

FONTE:

https://www.pinterest.com/pin/518617713313409714/

57

ANEXO 14

LEONARDO DA VINCI.LA GIOCONDA.1.503-1506 D.C.

MUSEU DO LOUVRE, PARIS, FRANÇA.

FONTE:

https://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/vinci/joconde/

58

ANEXO 15

REMBRANDT. VIRGEM E O MENINO EM

UM BANCO RELVADO.PINTURA ALEMÃ

DO SEC. XVI. MUSEU DO LOUVRE, PARIS.

FONTE:

https://incubadoradeartistas.wordpress.com/tag/rembrandt/

59

ANEXO 16

JEAN-HONORÉ FRAGONARD.A JOVEM LENDO.

1776 D.C. MUSEU DO LOUVRE, PARIS.

FONTE:

http://rumosvarios.blogspot.com.br/2010/04/jean-honore-fragonard-jovem-

lendo-1776.html

60

ANEXO 17

VINCENT VAN GOGH.A NOITE ESTRELADA.

1889.MUSEU DE ARTE MODERNA, NOVA YORK, EUA.

FONTE:

http://www.infoescola.com/pintura/a-noite-estrelada/

61

ANEXO 18

TARSILA DO AMARAL. ABAPORU.1928

MUSEU DE ARTE LATINO-AMERICANA.

FONTE:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Abaporu

62

ANEXO 19

ROMERO BRITTO. GREENSUMMER. ANO 20000

FONTE:

http://www.casaamarelaleiloes.net.br/peca.asp?

ID=614541&ctd=15&tot=49&tipo=1&dia=&pesq=

63

ANEXO 20

Uma das Mandalas do Acervo de Pinturas do MUSEU DE IMAGENS DO

INCONSCIENTE, localizado no bairro Engenho de Dentro, Rio de Janeiro,

Brasil. Pintura de um dos pacientes de Nise da Silveira - Psiquiatra Brasileira

(1905-1999).