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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO AUTOR LUANA REJANE BARROS DA SILVA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

AUTOR

LUANA REJANE BARROS DA SILVA

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO

2015

DOCUM

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O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho.

Por: Luana Rejane Barros da Silva.

3

Agradeço a minha mãe e meu noivo pelo apoio e compreensão.

4

RESUMO

O Assédio Moral no âmbito das Relações de trabalho, bem como suas

conseqüências, apresentam-se como figura constante no cenário trabalhista

Brasileiro. A evolução e proteção deste, encontram raízes no histórico mundial

desde os tempos bíblicos. O assédio moral é considerado uma violência contra o

subordinado que causa transtornos e afeta a saúde. Nas empresas vem se tornando

uma forte preocupação social, até mesmo sendo tratado como questão de saúde

pública evitar esses acontecimentos dentro do ambiente de trabalho. O assédio

revela-se através de situações vexatórias, com o intuito de expor o profissional à

humilhações, ameaças e constrangimentos. O impacto causado por esta agressão

mental na saúde do trabalhador é, sem dúvida, imensurável.

5

METODOLOGIA

O estudo aqui proposto foi levado a efeito a partir do método da pesquisa

bibliográfica, em que se buscou o conhecimento em diversos tipos de publicações,

como livros e artigos em jornais, revistas e outros periódicos especializados, além de

publicações oficiais da legislação e da jurisprudência.

Por outro a pesquisa foi empreendida também através do método dogmático

positivista, porque o pretendido foi a identificação das diversas formas em que se

apresentou o fenômeno-tema na realidade brasileira e o tratamento conferido a cada

uma delas pelo ordenamento jurídico nacional, sob o ponto de vista específico do

direito positivo brasileiro e com fundamento exclusivo na dogmática desenvolvida

pelos estudiosos que já se debruçaram sobre o tema anteriormente.

Relevou-se ainda uma pesquisa aplicada, tendo em vista a produção do

conhecimento para aplicação prática mas também qualitativa, e porque procurou

entender a realidade a partir da interpretação e qualificação dos fenômenos

estudados; e descritiva, porque visou a obtenção de um resultado puramente

descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO E SUAS

CLASSIFICAÇÕES....................................................................................................10

1.1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO..........................................................10

1.2-O ASSÉDIO MORAL E SUAS CLASSIFICAÇÕES ............................................11

1.3- AS FASES DA HUMILHAÇÃO DO TRABALHADOR.........................................15

1.4- A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O ASSÉDIO MORAL........................15

CAPÍTULO II

O ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO E NO SETOR PRIVADO................19

2.1-CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL SOBRE A SAÚDE..........................20

2.2-ÔNUS DA PROVA...............................................................................................22

2.3-NEXO CAUSAL....................................................................................................23

2.4- DA DISTINÇÃO ENTRE ASSÉDIO MORAL E DANO MORAL..........................25

2.5- REPARAÇÃO DO DANO: FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO...................................26

CAPÍTULO III

O ASSEDIO MORAL NO TRABALHO NA LEGISLAÇÃO E NA DOUTRINA

ESTRANGEIRAS...................................................................................................... 28

7

3.1- SANÇÕES CABÍVEIS AO ASSEDIADOR NO SERVIÇO PRIVADO E NO

SETOR PÚBLICO......................................................................................................30

3.2- INDENIZAÇÕES CABÍVEIS A VÍTIMA DE ASSÉDIO MORAL..........................31

3.3- CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS.........................................................................32

3.4-. RESPONSABILIDADE PENAL..........................................................................32

3.5- RESPONSABILIDADE TRABALHISTA..............................................................33

3.6- RESPONSABILIDADE CIVIL..............................................................................35

3.7- PROJETOS DE LEIS..........................................................................................36

3.8- A PREVENÇÃO E O COMBATE DO ASSÉDIO MORAL...................................37

CONCLUSÃO........................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 45

8

INTRODUÇÃO

O assédio moral é um ataque contra a saúde e o bem-estar do trabalhador. É

um fato que tem consequências graves, pois a vítima pode ter seu psicológico

gravemente afetado devido à pressão e hostilidade sofrida no ambiente de trabalho.

Infelizmente, por não ter tanto destaque, o assédio moral muitas vezes é

passado despercebido, por falta de conhecimento e interesse das pessoas. Deve

assim, o empregado assediado, denunciar as agressões, para que seja exemplo em

outras organizações e na própria sociedade.

Para entendermos melhor o assunto, mister se faz esclarecer a definição da

palavra “assediar”. O dicionário HOUAISS define como “perseguir com insistência;

perturbar”. Então, entende-se que assédio moral é a perseguição de um indivíduo

através de agressões psicológicas que se caracterizam pela frequência.

Segundo Marie-France Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2002, p. 17) o assédio moral

pode ser definido como um conjunto de condutas abusivas, que de forma continua,

afetam o indivíduo:

Toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou a integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.

Importante mencionar, que o assédio moral não está restrito ao poder

hierárquico no ambiente de trabalho. A noção é extensiva a qualquer um no local de

trabalho, do topo da hierarquia à base do quadro.

A violência no ambiente de trabalho vem crescendo em todo o mundo, o

impacto na vida dos trabalhadores é enorme afetando suas vidas pessoal, social e

familiar.

O assédio moral pode se dar de diversas formas, como por exemplo, pela

agressão psicológica frequente, ou seja, com habitualidade, fazendo assim com que

a “vítima” se sinta coagida, isolada, discriminada e humilhada.

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Lamentavelmente, as consequências de quem sofre assédio moral vêm junto

com as demissões. O indivíduo sofre tanta humilhação que se sente pressionado,

acaba pedindo o desligamento das suas atividades, e isso prejudica sua busca por

novos empregos, pois leva consigo o trauma relacionado à violência sofrida na

antiga empresa.

Comumente, o individuo que é vítima desse tipo de constrangimento no

ambiente de trabalho, sofre com a falta de motivação para buscar outro emprego,

ficando psicologicamente doente devido à diversão perversa sofrida, podendo até

cometer suicídio, pois os pensamentos são baseados em fatos tristes e

humilhações, fazendo-o sentir-se desmotivado e culpado, sendo normalmente

levado a acreditar na sua falta de competência e potencial para desempenhar as

funções para a qual se preparou.

10

CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO E SUAS

CLASSIFICAÇÕES

O assédio moral tem seus pilares na evolução da história humana, e em

como o trabalho era visto pela sociedade, a história do trabalho encontra

fundamentos até mesmo bíblicos, explicando assim, a quem eram designadas as

tarefas, e o tratamento que recebiam as classes que desempenhavam essas

atividades indignas.

Vislumbra-se, desta forma, o assédio moral como um tema atualmente

discutido, mas que ocorre desde o princípio das relações trabalhistas.

O que saltou aos olhos da sociedade, não foi apenas a frequência de

acontecimentos que se alterou, mas sim a percepção e reprovação da sociedade

para com certos atos cruéis, rotulados desumanos. A sensibilidade, essencial ao

combate da reprovável conduta invasiva, tem crescido palpavelmente nas últimas

décadas. Justamente essa percepção mais aguçada dos problemas sociais relativos

à violência é que traz a possibilidade da combatê-los.

Na constante tentativa de inibir a prática, sociedades mais avançadas têm

criado institutos normativos e mecanismos de conscientização, contudo ainda não foi

atingido o resultado pelo qual anseiam as civilizações mais desenvolvidas, o assédio

moral continua se manifestando, mais especificamente nas relações de trabalho,

causando a degradação do meio ambiente laboral.

1.1-Evolução histórica do trabalho

Desde os primórdios, o trabalho é o caminho necessário a ser

percorrido para que o homem alcance alguns direitos básicos dentro da sociedade,

obtendo assim os meios materiais necessários à sua subsistência, além de ser um

processo fundamental para dignificar o homem e auxiliá-lo a obter suas metas

pessoais.

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A palavra “trabalho” tem sua origem no latim tripaliare, que significa

submeter alguém à tortura através do tripalium, sendo este destinado assim a

causar dor, sofrimento e fadiga.

Na história da bíblia já era possível detectar fundamentação para a

afirmação do significado da palavra trabalho, assim definida acima. Na bíblia o

trabalho é a apresentado como uma maldição por Deus imposta aos homens, ligado

assim a um castigo.

Por este motivo, o trabalho era destinado aos escravos, por ser

considerado uma atividade “indigna”. O escravo, neste raciocínio, não era

considerado uma pessoa na condição de trabalhador, e sim um objeto de

propriedade de alguém. Em alguns livros encontram-se relatos, que no Império da

Babilônia havia proibição de maus tratos aos escravos, porém, como forma de

proteger a propriedade do seu dono, e não o bem estar do mesmo.

A associação do trabalho a uma forma de tortura e sofrimento, perdurou

por longos anos, tendo seus resquícios mesmo após a escravidão, quando o

escravo passou a ser nomeado como servo, sendo então considerado como um

trabalhador livre.

O trabalho livre veio após a Revolução Industrial, no final do século

XVIII e início do século XIX, que trouxe a produção industrial e a organização do

trabalho, neste cenário o trabalho assumiu um novo papel, o de dignificação do

homem, pois tornou-se uma necessidade social, com direitos e deveres, passando

assim, a atribuir ao homem uma valorização pelo desforço na luta pela sua

dignidade.

No cenário brasileiro não foi diferente, no princípio o trabalho era

destinado aos escravos, havendo mudanças significativas apenas após a abolição

da escravatura, passando assim ser reconhecido como uma atividade dignificante

para todos os homens.

Em breve explanação das constituições do Brasil, a Constituição de 1934

concedeu alguns direitos aos trabalhadores; na Constituição de 1937, ao trabalhador

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já era atribuído um caráter de dever social que se manteve com a Carta de 1967.

Contudo, apenas em 1988, a Carta Magna, o direito e o valor do trabalho foram

fundamentados, tornando a atividade um quesito fundamental do crescimento

econômico.

1.2- O assédio moral e suas classificações:

Hoje em dia nas organizações, existem pessoas que são torturadas e

coagidas psicologicamente, fazendo com que seus desempenhos sejam

prejudicados, bem como a sua saúde física e mental, colocando em risco os seus

empregos.

Aos buscar um conceito para definir o Assédio Moral, certos limites devem

ser respeitados, não se trata, pois, de um estresse ou um mero sentimento de

humilhação, por se encontrar em situação de subordinação. O Assédio é algo mais

profundo, em definição trazida por dicionário, ser assediado está ligado ao fato de

ser posto em cerco; sitiar; perseguir com insistência; importunar. Não podendo ser

entendido como um ato isolado de humilhação sendo assim pressupõe: uma

repetição sistemática, intencionalidade (forçar ao outro a abrir mão do emprego),

direcionalidade (pois uma pessoa do grupo é escolhida para a prática do ato),

temporalidade e degradação das condições de trabalho.

A violência moral no trabalho é tratada como assunto de alcance

internacional, segundo divulgado recente da Organização Internacional do Trabalho

(OIT) apontando diversos países desenvolvidos, em que há ocorrencia de distúrbios

da saúde mental relacionados com as condições de trabalho, tais como: Finlândia,

Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. Segundo a OIT, o que se pode

esperar como herança deste mal para as duas próximas décadas, é o mal-estar na

globalização, onde predominarão as depressões, angustias e outros danos

psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de

trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

O nexo causal entre o sentimento de humilhação e o assédio é, sem

dúvidas, a insistência na repetição do ato que traz dor. A classificação do gênero

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para o assédio ser definido como moral, vem da análise do certo ou do errado na

conduta humana, o que pode ser considerado como maldade.

O assédio moral tem as seguintes classificações:

Assédio vertical – é praticado pelo empregado hierarquicamente superior

(chefe) para com os seus subordinados;

Assédio horizontal – é praticado entre colegas de serviço de mesmo nível

hierárquico;

Assédio ascendente – é praticado pelo subordinado que possui os

conhecimentos práticos inerentes ao processo produtivo sobre o chefe.

Como dito anteriormente, assédio é o termo utilizado para designar toda

conduta que cause constante constrangimento psicológico à pessoa. A reflexão e o

debate sobre esse tema são recentes no Brasil, tendo ganhado destaque após a

divulgação da pesquisa brasileira realizada por Dra. Margarida Barreto, sob o título

"Uma jornada de humilhações" e com isso, despertar estudiosos e pesquisadores.

A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São Paulo

no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde então o

tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e televisão em todo

país. Em agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France

Hirigoyen "Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien".

Uma pesquisa pioneira, realizada pelo médico sueco Peter-Paul

Heinemann na década de 60 no ambiente escolar, já demonstrava a hostilidade

entre as crianças, frente às outras que adentrassem o seu espaço.

Na década de 80, 20 anos mais tarde, o psicólogo alemão Heinz

Leymann observou comportamento semelhante no ambiente de trabalho, onde já

existia certo nível de violência nas relações de trabalho. Notou ainda que raramente

a violência física era usada. A partir desses estudos no ramo da Psicologia, o

14

assédio moral no trabalho começou a chamar a atenção dos estudiosos de outros

ramos da Ciência, entre eles, a Medicina e o Direito.

Percebeu-se então, que o tema tinha enfoque multidisciplinar, não se

esgotando por apenas uma área do conhecimento humano. No final da década de

90, a psicanalista francesa Marie-France Hirigoyen escreveu um livro sobre o

assédio moral no ambiente de trabalho, relatando casos reais, em que descreve

características do assediador e do trabalhador vitimado. Também enfatiza os danos

socioeconômicos e à saúde do trabalhador.

A partir dessa obra, a discussão sobre esse tema ganhou proporções

internacionais, inclusive com repercussão muito importante na esfera jurídica,

principalmente na França, Suécia, Noruega, Austrália e Itália, que passaram a

produzir leis para coibir a prática do constrangimento moral no ambiente de trabalho.

No Brasil, a discussão sobre o tema ainda é discreta e incipiente, muito embora já

exista desde a época da colonização, tendo a escravidão como um exemplo

fortemente marcante.

Sendo assim, embora a expressão assédio moral seja recente no

universo do trabalho, não se pode dizer o mesmo a respeito da humilhação e os

maus-tratos sofridos pelos trabalhadores que são praticados desde o início das

relações trabalhistas. Conforme Margarida Maria Silveira Barreto (BARRETO, p. 45),

o assédio moral no trabalho, de fato, não é um fenômeno novo, pode-se afirmar que

é tão antigo quanto o próprio trabalho.

1.3-As Fases da Humilhação do Trabalhador.

A humilhação no trabalho envolve principalmente, dentre outros, os

fenômenos vertical e horizontal.

O assédio moral de forma vertical apresenta características de uma relação

autoritária, desumana e aética, onde o agressor pratica condutas de desmandos,

estimulando o medo, a competitividade, os programas de qualidade total associado a

produtividade.

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Com a reestruturação do mercado e reorganização do trabalho, novas

características foram incorporadas as funções: qualificação, polifuncionalidade, visão

sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas, autonomia e ’flexibilização’. Exige-se

cada vez mais dos trabalhadores/as: maior escolaridade, competência, eficiência, espírito

competitivo, criatividade, qualificação, responsabilidade pela manutenção do seu próprio

emprego visando produzir mais a baixo custo.

O assédio moral de forma horizontal está relacionado à pressão para produzir

com qualidade e baixo custo, estimulando a competição sistemática entre os trabalhadores,

incentivada pela empresa, provocando comportamentos agressivos e de indiferença ao

sofrimento do outro. A exploração de mulheres e de homens no trabalho, aflorou a

excessiva freqüência de violência vivida no mundo do trabalho. A globalização da economia

provoca, ela mesma, na sociedade, uma deriva feita de exclusão, de desigualdades e de

injustiças, que sustenta, por sua vez, um clima repleto de agressividades, não somente no

mundo do trabalho, mas socialmente.

Assim o fenômeno do assédio moral de forma horizontal é visto como o

assédio praticado entre ocupantes da mesma classe, ou seja, entre colegas de trabalho.

1.4- A Dignidade da Pessoa Humana e o Assédio Moral.

A Constituição da Republica de 1988 em seu artigo 1º, inciso III, tem

como um dos seus fundamentos a dignidade da pessoa humana.

Neste sentido, Alexandre de Moraes (MORAES, 2001, p.48) sustenta que

a dignidade da pessoa é inerente a personalidade humana e continua dizendo:

A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida, e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

Nesse ínterim, verifica-se que a prática consiste em uma conduta

inconstitucional, pois é conflitante com o princípio constitucional supramencionado.

16

Vale informar, que afronta os direitos fundamentais; dentre eles o direito à vida, à

integridade física e psíquica, à liberdade de locomoção e expressão, ao respeito e à

honra.

No Brasil, o assédio, além da nulidade da despedida e da reintegração no

emprego art.4º., I, da Lei n. 9029/95, pode dar nascimento à pretensão de resolução

do contrato do empregado por descumprimento de deveres legais e contratuais art.

483, d, da CLT, rigor excessivo ou exigência de serviços além das forças do

trabalhador art. 483,a e b, da CLT.

Diante da ocorrência de muitos casos e considerando a gravidade do

fenômeno, importante salientar as principais legislações sobre o assunto e verificar

se o nosso ordenamento jurídico dispõe de normas no sentido de obstar a prática do

assédio moral.

Primeiramente, ressalta-se que no ordenamento jurídico brasileiro, não

existe previsão específica sobre o assédio moral, porém, a falta de uma legislação

especializada para o instituto do assédio moral, não significa, de forma alguma, a

desproteção do empregado assediado.

Portanto, a conceituação para esse fenômeno social, foi estabelecida pela

doutrina. Importante destacar, que são várias as conceituações de dano moral

presentes na doutrina.

Alice Monteiro de Barros (BARROS,2005, p. 606), conceitua dano

moral como sendo:

O menoscabo sofrido por alguém ou por um grupo como consequência de ato ilícito ou atividade de risco desenvolvido por outrem capaz de atingir direitos da personalidade e princípios axiológicos do direito, independentemente de repercussão econômica.

Segundo Chaves, dano moral seria a dor resultante da violação de um

bem jurídico tutelado sem repercussão patrimonial.

17

Já a psicóloga Marie-France Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2002, p.17)

conceitua assédio moral como sendo:

Qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.

Nesse sentido, pode ser considerado como um fato social que ocorre no

meio familiar, estudantil e, com maior intensidade, no âmbito do trabalho. Isso ocorre

quando uma pessoa ultrapassa os seus direitos através de práticas desenfreadas e

abusivas, e, dessa forma, acaba atingindo direitos básicos de outra pessoa.

Tal como anteriormente dito, a ocorrência do assédio moral no ambiente

de trabalho é tão antiga quanto às relações trabalhistas. Contudo, a novidade se

deve à intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno, e à

abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do trabalho e

tratá-lo como não inerente ao trabalho, tendo em vista que ocorre em outras esferas

sociais.

Considerando a organização do trabalho, o assédio moral agrega dois

elementos, que são o abuso de poder e a manipulação perversa. Esses elementos

se instalam no ambiente de trabalho de forma gradativa, e, normalmente, são

precedidos de um conflito direcionado ao trabalhador, alvo da perseguição.

A exteriorização do assédio moral se dá através de um sentimento de ser

ofendido, menosprezado, rebaixado, inferiorizado, constrangido e ultrajado por outra

pessoa. Isto é, a pessoa assediada se sente um ninguém, sem valor, inútil.

Certamente, o principal causador é o empregador, pois é ele quem possui

o poder empregatício, que nos dizeres do mestre Mauricio Godinho Delgado

(DELGADO, 2006, p. 629):

É o conjunto de prerrogativas asseguradas pela ordem jurídica e tendencialmente concentradas na figura do empregador, para exercício no contexto da relação de emprego. [...] o conjunto de prerrogativas com respeito à direção, regulamentação, fiscalização e

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disciplinamento da economia interna à empresa e correspondente prestação de serviços.

A conduta para se configurar o assédio moral, deve ser apta a destruir o

clima de organização do trabalho e, principalmente, gerar danos à saúde do

trabalhador, este sendo considerada uma pessoa com sensibilidade normal.

Além de ser uma conduta contrária à moral, contraria o ordenamento

jurídico, pois há um desrespeito ao dever jurídico de tratamento digno ao próximo.

Maria Aparecida Alkimin (ALKIMIN, 2006, p. 49) aduz que:

A conduta consubstanciada em assédio moral traz implícitos os requisitos do ato ilícito, ou seja, uma conduta (comissão ou omissão voluntária e violadora do direito subjetivo de outrem) que, além de violar o ordenamento jurídico, gera dano a outrem, sendo certo que o tripé: conduta - violação - dever jurídico/lesão, estão ligados por um liame de causalidade.

Diante do exposto, pode-se concluir que o estudo do tema é, conforme

ensina Ferreira, o ponto principal do assédio moral que se encontra na valorização

do trabalho humano. Envolve um juízo de valor, pois somente quando os valores da

sociedade sofreram grandes transformações, é que o trabalho passou a ser visto

como um valor moral.

19

CAPITULO II

O ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO E NO SETOR PRIVADO

Como o setor público está voltado para o bem público, os abusos que

ocorrem na Administração parecem chamar mais a atenção. Estudos demonstram

que geralmente o assédio não está relacionado à produtividade, mas às disputas de

poder, então passa a se atrelar a uma dimensão psicológica fundamental, a inveja e

a cobiça, que levam os indivíduos a controlar o outro e a querer tirá-lo do caminho.

Quanto à responsabilidade, é certo que, sendo o assediador servidor

público, o Estado (União, estado ou município) pode ser responsabilizado pelos

danos morais e materiais sofridos pela vítima (responsabilidade objetiva).

Por sua vez, comprovado o fato e o dano, o Estado deverá indenizar a

vítima, podendo processar o assediador, visando à reparação de todos os prejuízos

que vier sofrer em decorrência deste mal.

Para trabalhadores celetistas, constituem justa causa, de acordo com a

Consolidação das Leis do Trabalho, para rescisão do contrato de trabalho pelo

empregador.

Art.482:Constituem justa causa para a rescisão do contrato de trabalho pelo

empregador:

b) incontinência de conduta ou mau procedimento; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no

serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa.

Nos termos do artigo 483 da CLT, o empregado poderá considerar

rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:

20

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;

c) correr perigo manifesto de mal considerável; e) praticar o empregador, ou seus prepostos, contra ele

ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama.

Quanto à responsabilidade, é fato que, no caso das relações regidas pela

CLT, a responsabilidade pode recair sobre o empregador (pessoa física ou jurídica)

baseando-se no fato de que cabe a este reprimir condutas indesejáveis. Frisa-se

que a responsabilidade do empregador é subjetiva, por dolo ou por culpa, mas com

culpa presumida, de modo que se inverte o ônus da prova, ou seja, o empregador

deve provar que não agiu culposamente.

2.1 Consequências do Assédio Moral Sobre a Saúde

Para uma empresa produzir, atingir suas metas e objetivos, os

colaboradores que nela trabalham precisam de algo essencial: Saúde. Não é à toa

que este instituto precisa ser preservado e observado, caso ocorra algum problema,

principalmente com relação a assédio moral. A organização do trabalho, rígida,

principalmente sobre pressão sistemática, é causa da fragilização somática, na

medida em que ela pode bloquear os esforços dos trabalhadores para adequar o

modo operatório às necessidades de sua estrutura mental. Exerce sobre o homem

uma ação específica, cujo impacto é sobre o aparelho psíquico. O assédio moral nas

relações de trabalho perpassa a organização do trabalho, e é caracterizado pela

degradação crônica e deliberada das condições de trabalho, normalmente

provocado por condutas e atitudes tiranas repetitivas dos chefes em relação aos

seus subordinados.

É um risco psico-organizacional, portanto, um fenômeno invisível, mas

com efeitos nocivos concretos, que vão desde a insônia até mesmo ao suicídio.

O assédio moral nas relações de trabalho é uma experiência subjetiva

que acarreta danos inclusive, à saúde mental do trabalhador. Segundo Hirigoyen,

em sua pesquisa na França, 69% dos assediados apresentavam estados

21

depressivos graves. Ao trabalhador vítima de psicoterrorismo no trabalho, sobram a

depressão, a angústia e outros males psíquicos, causando sérios danos à sua

qualidade de vida.

Psiquismo é ingrediente da natureza humana, independente do sexo. A

exteriorização de sentimentos em condição humilhante ou de constrangimento varia.

As trabalhadoras respondem com choro, tristeza, ressentimento e mágoa, rejeitando

o ambiente de trabalho que antes era seu. Já os homens manifestam indignação e

raiva, o desejo de vingança é forte. A agressão psíquica no ambiente laboral,

continuada e duradoura, leva o trabalhador de ambos os sexos à baixa da

autoestima, preponderando estados depressivos e podendo surgir consequências

somáticas da patogenia psíquica, sendo mais comuns a úlcera péptica, o infarto do

miocárdio, a impotência sexual e o acidente vascular cerebral.

Os acidentes de trabalho tornam-se amiúde e culminam com o

agravamento da questão social. A pesquisa realizada no Brasil pela Dra. Margarida

Barreto durante a elaboração de sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social

observou repercussões do assédio moral nas relações de trabalho sobre a saúde de

870 homens e mulheres vítimas de opressão no ambiente profissional, nas quais

aponta reações clínicas que vão desde crises de choro até a tentativa de suicídio. O

estudo ainda revela que as mulheres e os homens eram acometidos de estado

depressivo em 60% e 70%, respectivamente. Outro resultado interessante é que

100% dos homens tinham idéia de suicídio, já as mulheres, somente 16,2%

apresentavam esse distúrbio psíquico.

Diante do exposto, conclui-se que, o assédio moral é, sem dúvidas, um

dos principais motivos para que a saúde do colaborador seja prejudicada, pois, afeta

a produtividade, a autoestima, a concentração e a integridade física e moral.

Conforme doutrina de José Cairo Júnior (JUNIOR, 2010, p. 717):

Assédio moral é identificado como o comportamento por meio do qual o empregador ou seus prepostos escolhe um ou alguns empregados e inicia um processo deliberado de perseguição insistente, composto por atos repetitivos e prolongados, com o objetivo de humilhá-los, constrangê-los, inferiorizá-los e isolá-los dos

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demais colegas de trabalho, provocando danos à sua saúde psicofisiológica e a sua dignidade.

O objetivo é destruir a vítima por meio de uma vigilância acentuada e

constante, fazendo com que ela se isole do grupo familiar e de amigos, recorrendo,

muitas delas, ao uso e/ou abuso de álcool e drogas. Com isso, o assediador livra-se

da vítima, que é forçada a pedir demissão ou é demitida por insubordinação”.

Os reflexos em quem sofre assédio moral são extremamente signifi-

cativos, vão desde a queda da autoestima até a existência de problemas de saúde,

entre eles: Depressão, angústia, estresse, crises de competência, crises de choro,

mal-estar físico e mental; Cansaço exagerado, irritação constante; Insônia,

pesadelos, alterações no sono; Diminuição da capacidade de concentração e

memorização; Isolamento, tristeza, redução da capacidade de fazer amizades; Falta

de esperança no futuro; Mudança de personalidade, reproduzindo as condutas de

violência moral; Mudança de personalidade, passando a praticar a violência na

família; Aumento de peso ou emagrecimento exagerado.

Portanto, a saúde física e ainda, a saúde mental é um dos bens mais

preciosos para o ser humano, sendo certo, que devem ser preservados a qualquer

custo, pois não há vida sem saúde. Logo, se o assédio moral coloca em risco a

saúde do trabalhador trazendo sérias consequências ruins, e é um direito do

trabalhador consagrado na Constituição brasileira, independente de sexo, idade, cor,

credo ou classe social lutar pela sua dignidade e seu bem estar. Sendo certo que, é

um dever da sociedade, da comunidade local, e ainda, do Estado assegurar com

prioridade absoluta a saúde e a vida de todos os trabalhadores brasileiros.

2.2-Ônus da Prova

A convição do Juiz é formada pelos elementos alegações e provas, logo a

mera alegação, desacompanhada de prova, é insuficiente para formar a convicção

do juiz (alegatio et non probatio quasi non allegatio).

Ao autor é cabível a função de provar a existência do fato apontado como

suporte da pretensão. “Como afirma Mascardus, “quem não pode provar é como

23

quem nada tem; aquilo que não é provado é como se não existisse; não poder ser

provado, ou não ser é a mesma coisa”.

A necessidade de que sejam provados os fatos alegados pelo autor da

demanda é chamada de ônus da prova (onus probrandi). Trata-se de dever

processual que gera, quando não cumprido, situação desfavorável à parte a quem

incumbia o ônus de provar e favorável à parte contrária, relativamente à pretensão

posta em juízo

A CLT contém dispositivo único a respeito, no art. 818. Trata-se de regra

de manifesta insuficiência, o que determina a aplicação também do art. 333, do

CPC, que prescreve:

Art.333-O ônus da prova incumbe: I. ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II. ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”, o que é autorizado pelo art. 769, da CLT.

2.3- O Nexo Causal

Em uma breve conceituação, dano é um dos pressupostos da

responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, visto que não poderá haver

ação de indenização sem a existência de um prejuízo. Só haverá responsabilidade

civil se houver um dano a reparar.

O dano moral consiste na lesão de interesses não patrimoniais de pessoa

física ou jurídica, provocada pelo fato lesivo. O dano moral é objeto de enormes

discussões entre os doutrinadores, pois nada obsta a coexistência de dano moral e

patrimonial, visto que o critério de distinção não é meramente o subjetivo, como

exemplo pode ser citado o de uma pessoa influente no meio social que foi injuriada

num jornal de grande circulação, por conseqüência, ela poderá ter seus negócios

arruinados com uma diminuição da sua renda, daí a concretização de que poderá

existir tanto dano moral quanto dano patrimonial.

24

A discussão acerca dos elementos que caracterizam o dano moral tem

sido objeto polêmico no meio jurídico, contudo, enfatiza a Constituição Federal de

1988 no seu art. 5°, V e X, existe o direito a reparação por danos morais sofridos,

sendo este instituto garantia de direito individual.

O que caracteriza o assédio moral é a sequência e a repetitividade do ato.

Ele não é isolado, pois as humilhações são frequentes, o que não pode ser

confundido com humilhações eventuais seguidas de desculpas pelo agressor. O

assédio moral é intencional.

Segundo Heinz Lymann (apud FREITAS, HELOANI, BARRETO, 2008,

p.19), a sequência que configura um assédio moral é a seguinte: primeiramente o

alvo é escolhido e em seguida acontecem as exclusões, as agressões e as

perseguições por parte de outro indivíduo ou de um grupo no ambiente de trabalho.

A finalidade do assediador, nada mais é, que fazer o trabalhador se sentir

uma pessoa sem valor, aplacando sua auto-estima, e impedindo-lhe de organizar-

se, reivindicar seus direitos, galgar melhores postos e condições de trabalho.

(FRANZOI, 2007).

Para Márcia Novaes Guedes (Guedes 2003, p.63 apud OLIVEIRA, 2004):

A vítima do terror psicológico no trabalho não é o empregado desidioso, negligente. Ao contrário, os pesquisadores encontraram como vítimas justamente os empregados com um senso de responsabilidade quase patológico, são ingênuas no sentido de que acreditam nos outros e naquilo que fazem, são geralmente pessoas bem educadas e possuidoras de valiosas qualidades profissionais e morais. De um modo geral, a vítima é escolhida justamente por ter algo mais. E é esse algo mais que o perverso busca roubar. As manobras perversas reduzem a autoestima, confundem e levam a vítima a desacreditar de si mesma e a se culpar. Fragilizada emocionalmente, acaba por adotar comportamentos induzidos pelo agressor. Seduzido e fascinado pelo perverso o grupo não crê na inocência da vítima e acredita que ela haja consentido e, consciente ou inconscientemente, se já cúmplice da própria agressão.

25

É notável que a maioria dos indivíduos assediados, são pessoas dotadas

de grande potencial e competência, pois normalmente os assediadores se sentem

ameaçados no seu ambiente de trabalho e a maioria deles são pessoas que ocupam

cargos de “liderança”, fazendo com que os assediados não se manifestem contra o

assédio com medo de perder seus empregos.

2.4. Da Distinção Entre Assédio Moral E Dano Moral

Em nossa doutrina não há consolidação de posicionamento doutrinário

quanto ao tema, muitos operadores do direito pedem condenação de danos morais

em face de assédio moral em conseqüência os julgados são proferidos sem

nenhuma distinção.

Conforme anteriormente citado o dano moral é considerado pela doutrina

como uma compensação, e não um ressarcimento, contudo um dos principais

argumentos para o reconhecimento de que se trata de uma compensação, é o

preenchimento de duas funções básicas; quais sejam: a de caráter expiatório e

compensatório, a primeira tem por finalidade acarretar perda ao patrimônio do

culpado. No entanto, a função expiatória da compensação, não apenas pune o

culpado, mas constitui num complexo pedagógico para o desenvolvimento das

relações sociais. Por outro lado, a função satisfatória do dano moral, tem como

objetivo propiciar vantagem ao ofendido, ou seja, o pagamento em dinheiro é um

modo de dar satisfação a vítima que ao recebê-lo pode dele se utilizar como quiser.

Infere-se que a reparação em pecunia do dano moral é um misto de pena

e satisfação compensatória, não deixando de ter também uma função penal, que

constitui sanção imposta ao ofensor; e compensatória, que proporciona vantagem ao

ofendido, que procurará atender as suas satisfações matérias e amenizando em

parte seu sofrimento. Para que se constitua prova, o dano moral deve ser levado a

conhecimento de terceiros, enquanto no assédio não existe essa necessidade.

Para configurar o assédio moral é obrigatorio fazer-se prova do sofrimento

e do efetivo prejuízo, e o dano moral constitui-se numa simples conduta ilícita, sendo

assim deve-se medir que o quantum indenizatório do assédio moral deve ser fixado

num valor maior do que o de dano moral.

26

O dano moral é o gênero enquanto o assédio moral é a espécie. O

prejuízo do assédio moral precisa ser provado, exige conduta abusiva e prolongada

que atinge o direito personalíssimo da pessoa logo a vítima tem que provar que foi

afetado psicologicamente e fisicamente enquanto que para o dano moral não é

necessário fazer prova de dor e sofrimento, o fato por si só já constitui prova.

Ao analisar o dano moral sob um aspecto restritivo, somente o ofendido

tem direito ao recebimento, porque somente ele é atingido diretamente pelo assédio.

Em uma visão mais ampla, é possível de aplicação no meio jurídico podendo

também os familiares se beneficiarem da indenização no caso de morte do

assediado, ou seja, a indenização é estendida aos sucessores, o que não ocorre no

campo do assédio moral, mesmo tendo a característica subjetiva, no caso do

ofendido falecer, este não será estendido a sucessor. Contudo, verifica-se que em

ambos, os indivíduos sofrem violação em seus direitos personalíssimos.

Com o advento da emenda constitucional n° 45/04 a Justiça do Trabalho

teve sua competência ampliada, passando a ter competência para julgar todos os

conflitos que fossem decorrentes da relação de trabalho humano. Tendo

competência para processar e julgar delitos penais que sejam oriundos das relações

de trabalho e emprego, como homicídios, lesões, injúrias, assédio moral e sexual, e

outros tipos de coações, que antes eram julgados pela Justiça Comum, são julgados

atualmente pela Justiça Trabalhista, a referida emenda constitucional trouxe

modificações no artigo 114 da CF, neste sentido entende-se que qualquer questão

que envolva empregado e empregador seja da competência da Justiça do Trabalho.

Dessa forma, para que o dano moral seja julgado pela Justiça do Trabalho, é

necessário observar quais são os sujeitos envolvidos na relação que deverá ser

oriunda das relações de trabalho, ao contrário o dano moral que não originou-se

dessa relação será julgado na justiça comum.

2.5. Reparação Do Dano: Fixação Da Indenização

Há de ser considerado, que o assédio moral atinge a esfera da dignidade

humana do trabalhador e a personalidade moral, social, física, familiar e psíquica,

desta forma mensurar os impactos causados realiza-se como uma tarefa impossível,

27

não sendo admissível, estabelecer critérios matemáticos para a fixação de

indenização.

A reparação prevista para o dano material é pacifica no direito, uma vez

que o patrimônio material é suscetível de avaliação econômica, tornando-se fácil

estabelecer uma estimativa do quantum daquilo que se perdeu. Difere do dano

moral, uma vez que nada é capaz de devolver o estado anterior, ou seja, os efeitos

maléficos vão perdurar no tempo e não há formas de apagar a humilhação e a

mágoa, não havendo assim em que se falar em reparação integral, pois na verdade

verifica-se somente a compensação e satisfação do sofrimento moral, e uma forma

de punir o ofensor para não ofender os direitos da personalidade.

28

CAPITULO III

O ASSEDIO MORAL NO TRABALHO NA LEGISLACAO E NA

DOUTRINA ESTRANGEIRA

A legislação pioneira sobre o assédio ou coação moral é da Noruega que,

em sua regulamentação trabalhista, de 1977, proíbe o assédio em geral. A França,

embora já tivesse preceitos legais capazes de enquadrar o assédio moral, adotou

modelo legislativo específico em janeiro de 2002, acrescentando em seu Código do

Trabalho art. 122, 49 tipos de artimanhas reiteradas de assédio moral, cujo objeto ou

efeito é a degradação das condições de trabalho suscetível de atentar contra os

direitos e dignidade do trabalhador, alterar sua saúde psíquica, mental ou

comprometer seu futuro profissional.

Assinala a legislação francesa que nenhum assalariado poderá ser

punido, despedido ou discriminado, de forma direta ou indireta, especialmente em

matéria de salário, formação profissional, reclassificação, transferência ou remoção,

qualificação, promoção profissional, alteração de contrato, pelo fato de ter sofrido ou

se insurgido contra o assédio moral, testemunhado ou relatado estas situações.

Foram estabelecidas também sanções para todo trabalhador que praticar assédio

moral contra outro.

A nova legislação trabalhista francesa disciplinadora do assédio moral

concede à vítima a possibilidade de valer-se da mediação, antes da via judicial. Esse

comportamento levou a França a alterar também o artigo 222,33,2 do seu Código

Penal castigando o assediador com um ano de prisão e multa de quinze mil euros.

A legislação francesa é de inegável utilidade ao tratar do encargo

probatório. Considera suficiente que o empregado apresente os elementos de fato,

deixando supor a existência do assédio e, ao empregador compete provar que as

decisões incriminadas são justificadas por elementos objetivos estranhos ao

assédio.

29

Os doutrinadores franceses têm considerado louváveis essas

disposições, principalmente em face das consequências irreversíveis que o assédio

moral poderá acarretar, entre as quais o suicídio. Já a Suécia, país pioneiro na

edição de normas sobre a temática, publicou em 1993 uma Ordenação definindo o

assédio moral como repetidas ações reprováveis ou negativas de várias maneiras,

dirigidas contra determinado empregado ou empregados, de forma ofensiva,

capazes de provocar sua exclusão da comunidade laboral.

A Ordenação Sueca focaliza o assédio como risco laboral e apresenta um

caráter essencialmente técnico preventivo.

A Bélgica também possui legislação sobre o assunto. A referida legislação

é de 11 de junho de 2000 e visa a combater a violência no trabalho, incluindo nesse

contexto o assédio moral e o sexual no local de trabalho. O assédio moral é ali

definido como todo tipo de condutas abusivas e repetidas, de qualquer origem, que

se manifestam mediante palavras, comportamentos, atos, escritos ou gestos que

visem atentar contra a personalidade, a dignidade, a integridade física ou psíquica

do trabalhador ou pôr em perigo seu emprego ou ainda criar um ambiente

degradante, humilhante e ofensivo.

A mencionada lei estabelece a exigência de medidas preventivas,

formativas e informativas a serem tomadas pelo empregador, assim como

procedimentos para atuar diligentemente, quando evidenciado o assédio moral.

Exige-se que as empresas tenham um conselheiro destinado a solucionar

problemas advindos dos riscos sociais no seu conjunto, entre os quais poderão ser

incluídos o assédio moral e o assédio sexual. O trabalhador tem direito a recorrer

aos procedimentos internos ou judiciais, sendo-lhe facultado ajuizar a ação

pessoalmente ou por meio do sindicato de sua categoria profissional.

No Reino Unido tramita projeto de lei sobre a dignidade no trabalho.

Segundo pesquisa feita pelo Instituto de Ciência e Tecnologia de Manchester de 1/3

da metade das doenças provocadas por estresse são geradas por assédio no

emprego (Workplace Bullying, Andy Ellis), sendo que 1 entre 8 empregados no

Reino Unido já sofreu esse terror psicológico, o que equivale a 3 milhões de

30

empregados assediados, num total de 12 milhões de trabalhadores europeus vítimas

do assédio moral.

Já a doutrina espanhola alerta para o assédio moral no serviço público,

onde as despedidas são mais difíceis e as chefias são cargos políticos, ocupados

por pessoas de baixo nível de formação, que se negam a trabalhar com funcionários

independentes que não se prestam à subserviência.

3.1 Sanções Cabíveis Ao Assediador No Serviço Privado e No Setor Público

De forma significativa, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) atribui

a quem comete condutas de assédio moral, falta grave punível com demissão por

justa causa.

No âmbito das relações administrativas, ou seja, no serviço público, o

assediador pode receber punições disciplinares, de acordo com leis próprias.

No artigo 127, incisos seguintes, da Lei 8.112/90 (Planalto, acessado em

10 de fevereiro) são estabelecidas as penalidades disciplinares que podem ser

aplicadas aos servidores, entre elas: advertência; suspensão; demissão; cassação

de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão; destituição

de função comissionada. A lei dispõe, ainda, que na aplicação das penalidades

deverão ser consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos

que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou

atenuantes e os antecedentes funcionais art. 128, caput Lei 8.112/90.

Destaca-se que, é garantida a apuração dos fatos por meio de sindicância

e/ou processo administrativo disciplinar em que seja garantida a ampla defesa do

servidor acusado de cometer atos de assédio moral.

31

3.2 Indenizações Cabíveis A Vítima De Assédio Moral

Os danos sofridos pela vítima podem gerar direito a indenizações por

danos de caráter material e moral.

Quanto aos servidores públicos, podem requerer indenizações que

abranjam:

a) os danos emergentes – que englobam o que a vítima efetivamente

perdeu, como no caso do servidor que fica doente em função do assédio, tendo

gastos com tratamento médico e medicamentos;

b) os lucros cessantes – o que a vítima deixou de ganhar como no caso

do servidor que pediu exoneração porque foi assediado, deixando, assim, de

receber os seus vencimentos.

Já no que diz respeito aos trabalhadores celetistas, além das

indenizações pleiteadas acima, podem postular, também, a rescisão indireta do

contrato de trabalho, ou seja, requerer que o contrato seja rompido como se ele

tivesse sido demitido, pleiteando também as verbas rescisórias que seriam devidas

nessa situação (entre as quais, o aviso prévio indenizado, a multa do FGTS, etc.).

É de suma importância que o trabalhador assediado reuna provas para

comprovar o assédio, devendo assim:

- Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora,

local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da

conversa e o que mais achar necessário);

- Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente

daqueles que presenciaram o fato ou que já sofreram humilhações do agressor;

- Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas;

- Ir sempre com colega de trabalho ou representante sindical;

32

- Procurar o seu representante sindical e relatar os fatos.

3.3- Conseqüências Jurídicas

Para que seja feita uma análise das consequências jurídicas oriundas do

assédio moral, é importante que se destaque que de tais agressões decorrem de

uma série de outras implicações não jurídicas, conforme mencionado anteriormente,

porém, consideradas tão graves quanto às primeiras. Assim, pode-se destacar como

desencadeadores do assédio moral, sintomas como: a queda de produtividade da

vítima, o retrocesso econômico, as tendências ao alcoolismo, as perturbações

mentais, a insônia, a queda da libido, as lesões à saúde, a involução social, os

danos psicológicos, o isolamento, o descontrole emocional, a depressão e, em

casos mais agudos até mesmo o suicídio, entre outros.

As conseqüências que não advém do campo jurídico podem trazer danos

irreversíveis ao trabalhador, o que sensivelmente agrava as consequências jurídicas

de tais atos. Ressalta-se assim que, as consequências não jurídicas prejudicam tão

somente a vítima do assédio moral, ao passo que a consequência jurídica visa

reprimir prioritariamente o agressor das ofensas.

Assim relevante se faz decompor os encargos jurídicos trazidos pelo

assédio moral nos campos da responsabilidade penal; responsabilidade trabalhista e

responsabilidade civil.

3.4-. Responsabilidade Penal

Em nosso ordenamento juridico não há lei própria de repressão e punição

aos praticantes de assédio moral, certo é que a aplicação dos instrumentos

fornecidos pela legislação vigente têm auxiliado na coibição para tal prática

degradante.

Neste cenário, a conduta do agressor analisada no âmbito penal,

dependendo do caso concreto, poderá ser classificada como: (I) crimes contra a

honra – do qual se destacam a calúnia, a difamação e a injúria; (II) crimes contra a

liberdade individual – com destaque tanto para o constrangimento ilegal quanto para

33

a ameaça e; (III) crime contra a dignidade sexual – referente ao delito de assédio

sexual.

A calúnia, tipificada no artigo 138 do Código Penal Brasileiro, traz falsa

imputação a alguém da prática de crime. Ao passo que a difamação, tipificada no

artigo 139 do mesmo Código, consiste na imputação de fato ofensivo à reputação da

vítima. Por fim, para encerrar as condutas ofensivas à honra, temos, no artigo 140

do Código Penal, o crime de injúria, no qual a vítima tem sua dignidade ou decoro

subjetivos ofendidos.

Nos crimes contra a liberdade individual, temos o constrangimento ilegal,

delito previsto no artigo 146 do Código Penal, consistente em coagir alguém,

mediante violência ou grave ameaça a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o

que ela não manda; e temos também, a ameaça, tipificada no artigo 147 do Código

Penal.

O assédio moral, dependendo do sentido da conduta do agressor, poderá

ser configurado como assédio sexual, delito que encontra-se no rol dos crimes

contra a dignidade sexual, tipificado no artigo 216-A do Código Penal, o qual se

consuma mediante o constrangimento de alguém com o intuito de obter vantagem

ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior

hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

Cumpre mencionar que a grande maioria das condutas do assédio moral

irá se encaixar em algum desses crimes elencados, porém, isso não exclui a

possibilidade de aplicação de legislações especiais, caso se adequem com maior

especificidade ao caso concreto.

3.5- Responsabilidade Trabalhista

A Constituição Federal tracejou preceitos para a proteção de um dos bens

mais valiosos que o indivíduo carrega consigo, qual seja, a dignidade humana.

34

Não obstante a supremacia da tutela que a Carta Magna imprime à

dignidade, cumpre ressaltar que, na seara infraconstitucional, ela também tem seu

amparo, vale dizer, na Lei n.º 9.029/1995, que provê o cidadão de mecanismos para

sua proteção, bem como proíbe a discriminação nas relações de trabalho.

A Constituição estabelece no artigo 1º, da Lei n.º 9.029/1995, a proibição

da adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a

relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor,

estado civil, situação familiar ou idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de

proteção ao menor previstas no inciso XXXIII, do art. 7º, da Constituição Federal.

De acordo com o artigo 4º da Lei n.º 9.029/1995, caso haja o rompimento

da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes do artigo 1º desta Lei,

além do direito à reparação pelo dano moral, é faculta ao empregado optar entre: (I)

a readmissão com ressarcimento integral de todo o período de afastamento,

mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente,

acrescidas dos juros legais ou; (II) a percepção, em dobro, da remuneração do

período de afastamento, corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais.

A CLT também protege o empregado vítima de assédio moral. Neste

sentido, pertinentes são as palavras de Sônia Mascaro Nascimento, para quem o

assédio moral praticado pelo empregador além de caracterizar descumprimento de

obrigação contratual afeta a honra e a boa fama do empregado, ficando autorizado a

deixar o emprego e pleitear a rescisão indireta do contrato, nos termos do art. 483,d

ou e, da CLT.

Ocorrendo a hipótese do autor da agressão não ser o empregador, mas

sim outro empregado da empresa, a vítima deverá comunicar tal fato à direção da

organização, para que a conduta ilícita do assediador possa ser punida com a

rescisão do contrato de trabalho por justa causa, conforme artigos 482, alínea, "j", da

CLT.

35

3.6- Responsabilidade Civil

A Carta Magna, mais do que tutelar a dignidade da pessoa humana,

conferiu ao indivíduo, independente de raça, credo, cor, sexo, nacionalidade, ampla

proteção aos seus direitos e garantias fundamentais, possibilitando, inclusive, a

reparação pelo dano moral sofrido, conforme se extrai de seu artigo 5º, incisos V e

X, in verbis:

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

[...] X-são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hornra e

a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Sendo assim, o assédio moral é uma agressão causadora de um injusto à

vítima, violadora da dignidade da pessoa humana e ofensiva a tais preceitos

constitucionais, neste diapasão, nada mais plausível que seja civilmente indenizável.

Neste mesmo sentido, Hádassa Dolores Bonilha Ferreira aduz que a

solução do assédio moral através de indenização por danos morais encontra

respaldo legal na legislação civil, aplicável subsidiariamente na seara trabalhista. Os

mais atuais entendimentos sob a ótica cível, determinam que os contratos de modo

geral, incluindo os de trabalho, sejam regidos desde a pré-contratação até a pós-

contratação pelos princípios basilares da eticidade, boa-fé, sociabilidade e

operabilidade. Isto é depreendido do art. 422 do Código Civil Vigente que dispõe

Art.422- os contratantes estão obrigados a guardar,

assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os

princípios de probidade e boa-fé.

Em complemento ao conceito da responsabilidade civil pela prática do

assédio moral, Sônia Mascaro Nascimento(NASCIMENTO, 2011, p. 165) anota que

de acordo com os arts. 932, III, 933, 934 e 935 do Código Civil vigente, os quais

devem ser combinados com os arts. 1.521, III, 1.522 e 1.523 do mesmo diploma

36

legal, o empregador responde pelos danos que causar a terceiros em decorrência de

obrigação contraída pela emprega, firmando relações jurídicas nacionais ou

internacionais, por atos praticados por seus empregados ou prepostos, nacionais ou

estrangeiros, com fundamento nas culpas in vigilando e in eligendo.

Este entendimento é corroborado pela Súmula n.º 341 do Supremo

Tribunal Federal, o qual assinala que é presumida a culpa do patrão ou comitente

pelo ato culposo do empregado ou preposto.

Ressalta-se que, caso o empregador tenha que indenizar a vítima do

assédio moral, fica àquele assegurado o direito a ação regressiva contra o

empregado causador do prejuízo restando comprovado ter agido com dolo ou culpa.

A 1ª Jornada de Direito Civil, realizada pelo Centro de Estudos Judiciários

do Conselho da Justiça Federal, reafirmou o entendimento em seu enunciado n.º 44

que na hipótese do art. 934, o empregador e o comitente somente poderão agir

regressivamente contra o empregado ou preposto se estes tiverem causado dano

com dolo ou culpa.

Sendo assim, infere-se que a vítima do assédio moral detém o poderio de

três esferas de responsabilidades jurídicas diferentes, o que, em tese, deveria

repreender a prática desse tipo de agressão.

3.7- Projetos de Leis

Existem inúmeros projetos de leis em trâmite perante o Congresso

Nacional. Há projetos de iniciativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,

todos versando, uns de uma forma mais completa, outros nem tanto, do assédio

moral.

Existem os que são tendentes a criminalizar a conduta do assédio moral a

fim de tipificá-los no Código Penal. São eles: PL 4742/2001, PL 4960/2001, PL

5887/2001 e PL 5971/2001, todos iniciados na Câmara dos Deputados.

37

Por outro lado, existe o PL 4591/2001, também iniciado na Câmara dos

Deputados, que dispõe sobre a aplicação de penalidades à prática de assédio moral

por parte de servidores públicos da União, das autarquias e das fundações públicas

federais a seus subordinados, alterando a Lei nº 8.112/1990.

Neste cenário, há o PL 7202/2010, iniciado na Câmara dos Deputados,

que tem por finalidade alterar a alínea b do inciso II do art. 21 da Lei nº 8.213/1991,

para equiparar o assédio moral ao acidente de trabalho para o segurado do Regime

Geral de Previdência Social.

Outro projeto de lei é o PL 2369/2003, iniciado na Câmara dos

Deputados, no qual dispõe de maneira ampla sobre o assédio moral nas relações de

trabalho.

Sem prejuízo dos projetos de leis anteriores, existe o recente PLS

136/2011, iniciado no Senado Federal, tendente a criar mecanismos para prevenir,

coibir e punir a discriminação contra a mulher, abrangendo o assédio moral de forma

ampla.

Mesmo ausente uma norma vigente que regule de maneira contundente e

eficaz o assédio moral, tal assunto já foi objeto de várias leis municipais de inúmeras

cidades brasileiras, as quais encontram-se em pleno vigor.

Todavia, essas leis municipais esparsas, bem como a anomia de norma

federal sobre o assunto demonstram a necessidade imperiosa por parte dos nossos

legisladores de acelerar a discussão e, consequentemente a aprovação de uma lei

de âmbito nacional a fim de padronizar os efeitos de repressão, penalização e

responsabilização (em sentido amplo) por ela trazidos para todos os municípios

brasileiros e indistintamente, para qualquer cidadão.

3.8- A Prevenção E O Combate Do Assédio Moral

O impacto dessa agressão é a baixa autoestima, a desmotivação, a falta

de vontade de exercer suas atividades profissionais e pessoais afinal, atinge toda

38

sua rotina tendo semelhanças com situações traumáticas, ruins e fica muito difícil se

livrar do trauma das agressões e se curar.

Infelizmente, é uma realidade presente nas organizações que deve ser

observada e combatida o mais rápido possível. A pessoa que alimenta esse tipo de

violência não se manifesta, não se impõe, talvez por falta de conhecimento ou até

mesmo por covardia, está fadado a sofrer mais violências.

A prevenção e o combate do assédio moral deve começar pela própria

organização. A empresa precisa saber identificar o comportamento dos

colaboradores que estão sofrendo assédio para então tomar as providências

cabíveis e impedir esse ato que destroem a vida tanto pessoal, quanto profissional

do indivíduo.

O assédio moral dissemina-se mais, quanto mais desorganizada e

desestruturada for à empresa, ou ainda, quando o empregador finge não vê-lo,

tolera-o ou mesmo o encoraja.

Outrossim, instala-se, especialmente, como afirma Hirigoyen “, quando o

diálogo é impossível e a palavra daquele que é agredido não consegue fazer-se

ouvir” Marie-France Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2000, p. 200).

A importância da instituição de um programa de prevenção por parte da

empresa, com a primazia do diálogo e da instalação de canais de comunicação.

Para tanto, indispensável é, em primeiro lugar, uma reflexão da empresa,

sobre a forma de organização de trabalho e seus métodos de gestão de pessoal.

Investir em uma cultura estratégica de desenvolvimento humano como forma de

substituir a competitividade de negócios diminui as chances de surgirem

comportamentos negativos isolados, que tanto propiciam o assédio moral.

A implantação da cultura de aprendizado, no lugar da punição; permitir a

cada trabalhador a possibilidade de escolher a forma de realizar o seu trabalho;

reduzir a quantidade de trabalho monótono e repetitivo; aumentar a informação

39

sobre os objetivos organizacionais; desenvolver políticas de qualidade de vida para

dentro e fora do ambiente organizacional são atitudes sensatas a serem adotadas.

De acordo com a SA 8000 - Responsabilidade Social que é uma norma

internacional e que visa proteger e habilitar todos os colaboradores da empresa e

cuja essência sintetiza que todos os lugares de trabalho devem ser geridos de forma

que os direitos humanos básicos sejam assegurados, e que a gerência esteja

preparada a assumir esta responsabilidade.

Seus compromissos assumem:

a) Respeito ao colaborador e às relações trabalhistas;

b) Aprendizado contínuo;

c) Ambiente de trabalho seguro e saudável;

d) Apoio às ações sociais e cidadania;

e) Atendimento às leis vigentes.

Pela ABNT NBR 16.001/2012 que também trata de responsabilidade

social:

a) Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem estar da sociedade;

b) Leve em consideração as expectativas das partes interessadas;

c) Esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas internacionais de comportamento;

d) Esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações.

40

De mesmo modo, a adoção de um código de ética, que vise ao combate

de todas as formas de discriminação e de assédio moral e, mais, à difusão do

respeito à dignidade e à cidadania, é outra medida, inserida na política de recursos

humanos, que se exige do empregador.

Ressalte-se, entretanto, que de nada adiantam a conscientização dos

trabalhadores ou o estabelecimento de regras éticas ou disciplinares se não se

criarem, na empresa, espaços de confiança, para que possam as vítimas dar vazão

às suas queixas.

Tais espaços podem ser representados por esquemas de ouvidoria ou

comitês formados nas empresas, especialmente indicados para receberem

denúncias sobre intimidações e constrangimentos, garantindo-se sempre o sigilo das

Informações, ou, ainda, por caixas postais para as vítimas depositarem

denúncias, e forma anônima.

Conforme já enfocado anteriormente, enquanto não existir a gestão

participativa, o cenário estará mais favorável à gestão pelo medo, propiciando

atitudes típicas do assédio moral.

Marie-France Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2002, p. 325) propõe um método

que auxilia as empresas a intervir contra o assédio em quatro etapas. Segundo a

autora as etapas são:

Primeira etapa: informação e sensibilização de todos os empregados sobre a realidade do assédio moral por meio de um grande debate público. Lançar campanha de explicações para ensinar aos trabalhadores a detectar como se pode chegar a situações de assédio moral e para esclarecê-los acerca dos recursos disponíveis;

Segunda etapa: formação de especialistas internos: equipe de medicina social, representantes sindicais ou pessoas de boa vontade que queiram trabalhar como "pessoas de confiança". Criar um grupo permanente de discussão, com ou sem o mediador, para escutar os empregados, fora da hierarquia e obrigadas ao sigilo;

Terceira etapa: treinamento de funcionários dos Departamentos de Recursos Humanos quanto às providências a adotar para prevenir o assédio moral, detectá-lo ou administrar os casos já existentes;

41

Quarta etapa: redação de uma agenda social, para discutir o assédio moral e a discriminação (raça, cor, sexo, idade, status social, enfermidade, etc.).

Isto posto, uma vez que as empresas apresentem práticas de prevenção

do assédio moral, tornando o ambiente de trabalho um local sadio, respeitando seus

empregados, de forma que o trabalho se transforme em uma atividade prazerosa,

não penosa e desgastante, certamente não ocorrerão novos casos de assédio

moral.

42

CONCLUSÃO

De acordo com o problema abordado no trabalho, não se pode fechar os

olhos para a violência sofrida pelos trabalhadores em algumas organizações porque

isso afeta a saúde, a autoestima, o desempenho do indivíduo seja na vida

profissional ou pessoal.

Então, qual seria o impacto dessa agressão mental na saúde do

trabalhador?

O impacto é a baixa autoestima, a desmotivação, a falta de vontade de

exercer suas atividades profissionais e pessoais, afinal, atinge toda sua rotina tendo

semelhanças com situações traumáticas, ruins e fica muito difícil se livrar do trauma

das agressões e se curar. Alguns indivíduos se sentem tão pressionados com a

violência sofrida, que cometem suicídio. A repercussão do assédio moral na

sociedade atinge a questão familiar, com separações conjugais, viuvez precoce,

abuso de drogas, lícitas ou ilícitas e, por consequência, filhos e dependentes

desamparados.

A queda na produtividade do estabelecimento empregador reflete-se na

economia, com eventuais quebras, conferida pela debandada de trabalhadores,

atemorizados, que se previnem.

Como realidade das mais nefastas, enfermos, físicos e mentais,

sobrecarregando o sistema previdenciário e de saúde.

Do exposto, senão para a extinção do problema, mas para a prevenção

do fenômeno, cabe aos poderes legisladores municipais, estaduais e federais um

melhor entendimento e maior preocupação com a matéria, promovendo legislação

adequada.

Ao Ministério Público, cabe a fiscalização e a denúncia impiedosa. Ao

Poder Judiciário, a aplicação da exígua lei vigente, melhorada com o respaldo

oferecido pela Constituição Federal, pois a condenação à indenização por dano

moral terá efeito de caráter preventivo. Aos que comandam, gerem e administram,

43

principalmente, que persigam uma administração inteligente e equilibrada, descrita

com simplicidade, porém com profundidade e objetivo uma administração que

respeita a natureza das coisas, que evita as violências e os sofrimentos, da pessoa

humana e mesmo da natureza, que conhece e assume os dados da história e das

ciências. E também uma administração que se conforme, com pleno conhecimento

de causa, ao veredito menos contestado a propósito dos saberes do momento,

como nas contradições internas e externas.

Finalmente, que se institua um amplo programa educacional, a partir de

escolas, empresas, serviços sociais, repartições, organizações não governamentais,

associações e sindicatos, para que, se ensine e se aprenda sobre as normas de boa

convivência, nas relações de trabalho. Estes são passos iniciais para conquistarmos

um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de

cidadania.

A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho

e a auto-estima, deve passar pela organização de forma coletiva através dos

representantes dos trabalhadores do seu sindicato, das CIPAS (Comissão Interna de

Prevenção de Acidente) e das organizações por local de trabalho.

Infelizmente, o assédio moral é uma realidade presente nas organizações

que deve ser observada e combatida o mais rápido possível. A pessoa que alimenta

esse tipo de violência não se manifesta, não se impõe, talvez por falta de

conhecimento ou até mesmo por covardia, está fadado a sofrer mais violências.

Destaco que o objetivo desse artigo científico, tal como anteriormente

descrito, foi investigar as causas e consequências do assédio moral, que afeta a

saúde e a autoestima dos trabalhadores no ambiente de trabalho.

Nota-se que no decorrer do trabalho, a maioria dos agressores, são

profissionais que ocupam cargos de liderança nas organizações, usam seu “poder”

para denegrir, humilhar e desestabilizar o funcionário. É certo que os gestores,

precisam ser exemplos nas organizações, precisam adquirir uma administração

inteligente, equilibrada e de harmonia.

44

Uma administração que se preocupa com a integridade e a saúde de seu

funcionário deve investir em uma política de prevenção contra o assédio moral,

incentivando-o a denunciar e se proteger contra essa agressão.

Sendo assim, o combate é muito importante nas organizações, pois

zela pela saúde, bem estar e pelas ótimas condições de trabalho, proporcionando

assim um ambiente saudável, leve e tranquilo para as pessoas trabalharem.

Diante do exposto, conclui-se que o trabalho realizado conseguiu

atingir os objetivos propostos.

45

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46

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Trabalhistas. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.

BRASIL Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico

dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas

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BRASIL. Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995. Proíbe a exigência de atestados de

gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais

ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16001:

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Social Accountability International. SA 8000. Responsabilidade social, 2008.

47

INDICE

RESUMO................................................................................................................... .4

METODOLOGIA......................................................................................................... 5

SUMÁRIO....................................................................................................................6

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I

ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO E SUAS

CLASSIFICAÇÕES....................................................................................................10

1.1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO..........................................................10

1.2-O ASSÉDIO MORAL E SUAS CLASSIFICAÇÕES ............................................11

1.3- AS FASES DA HUMILHAÇÃO DO TRABALHADOR.........................................15

1.4- A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O ASSÉDIO MORAL

...................................................................................................................................15

CAPÍTULO II

O ASSÉDIO MORAL NO SERVIÇO PÚBLICO E NO SETOR PRIVADO................19

2.1-CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL SOBRE A SAÚDE..........................20

2.2 ÔNUS DA PROVA................................................................................................22

2.3-NEXO CAUSAL....................................................................................................23

2.4. DA DISTINÇÃO ENTRE ASSÉDIO MORAL E DANO MORAL..........................25

48

2.5-REPARAÇÃO DO DANO:FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO.....................................26

CAPÍTULO III

O ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO NA LEGISLACAO E NA DOUTRINA

ESTRANGEIRAS...................................................................................................... 28

3.1- SANÇÕES CABÍVEIS AO ASSEDIADOR NO SERVIÇO PRIVADO E NO

SETOR PÚBLICO......................................................................................................30

3.2- INDENIZAÇÕES CABÍVEIS A VÍTIMA DE ASSÉDIO MORAL..........................31

3.3-CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS.........................................................................32

3.4-. RESPONSABILIDADE PENAL..........................................................................32

3.5- RESPONSABILIDADE TRABALHISTA..............................................................33

3.6- RESPONSABILIDADE CIVIL..............................................................................35

3.7- PROJETOS DE LEIS..........................................................................................36

3.8- A PREVENÇÃO E O COMBATE DO ASSÉDIO MORAL...................................37

CONCLUSÃO........................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 45