universidade de coimbra - a influência da nutrição na resposta … · 2020-05-25 · a...
TRANSCRIPT
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
1
A INFLUEcircNCIA DA NUTRICcedilAtildeO NA RESPOSTA INFLAMATOacuteRIA
E NO ENVELHECIMENTO
Autor
Elsa Carina da Silva Matos Faria
Orientaccedilatildeo
Professora Doutora Anabela Mota Pinto Professora Associada com Agregaccedilatildeo de
Fisiopatologia
Doutor Carlos Rabaccedila Assistente de Fisiopatologia
Instituto de Patologia Geral
Faculdade de Medicina Universidade de Coimbra
hgdsdr
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
2
RESUMO
O envelhecimento eacute um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da funccedilatildeo e aumento da vulnerabilidade a doenccedilas
Com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida particularmente a niacutevel dos paiacuteses
desenvolvidos o envelhecimento tem-se tornado um problema actual a encarar Eacute
influenciado por factores endoacutegenos e exoacutegenos que em conjunto vatildeo determinando vaacuterias
modificaccedilotildees em oacutergatildeos e sistemas tais como por exemplo o sistema imunoinflamatoacuterio a
composiccedilatildeo e peso corporal
Relativamente agrave resposta inflamatoacuteria verifica-se no idoso o aumento dos mediadores
inflamatoacuterios As variaccedilotildees do peso corporal sofrem grande influecircncia hormonal sobretudo as
que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a leptina grelina e adiponectina
O envelhecimento tambeacutem altera a composiccedilatildeo corporal verificando-se em oposiccedilatildeo ao
aumento da massa gorda uma progressiva diminuiccedilatildeo da massa magra agrave custa da massa
muscular
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares pretende-se avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
Palavras-chave Envelhecimento Inflamaccedilatildeo Nutriccedilatildeo Dieta Stresse oxidativo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
3
ABSTRACT
Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological
function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease
With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a
current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which
together will determine changes in various organs and systems such as for example the
immunoinflammatory system composition and body weight
Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response
Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the
regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin
Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense
of muscle mass opposed to increased fat mass
Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is
influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie
intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently
understand their relationship with aging
Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
4
O processo de envelhecimento
O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva
modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da
vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema
da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma
diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a
homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que
conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras
como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo
mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)
Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees
fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor
qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)
O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture
(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel
(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)
A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento
Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da
inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto
incapacidade funcional
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
5
Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta
inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras
inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por
uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)
No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com
modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e
mortalidade (Meydani e Wu 2007)
O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase
aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica
cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al
2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)
Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria
modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade
no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo
persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas
nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose
diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de
mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)
Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta
a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in
vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um
prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se
modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)
Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria
alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
2
RESUMO
O envelhecimento eacute um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da funccedilatildeo e aumento da vulnerabilidade a doenccedilas
Com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida particularmente a niacutevel dos paiacuteses
desenvolvidos o envelhecimento tem-se tornado um problema actual a encarar Eacute
influenciado por factores endoacutegenos e exoacutegenos que em conjunto vatildeo determinando vaacuterias
modificaccedilotildees em oacutergatildeos e sistemas tais como por exemplo o sistema imunoinflamatoacuterio a
composiccedilatildeo e peso corporal
Relativamente agrave resposta inflamatoacuteria verifica-se no idoso o aumento dos mediadores
inflamatoacuterios As variaccedilotildees do peso corporal sofrem grande influecircncia hormonal sobretudo as
que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a leptina grelina e adiponectina
O envelhecimento tambeacutem altera a composiccedilatildeo corporal verificando-se em oposiccedilatildeo ao
aumento da massa gorda uma progressiva diminuiccedilatildeo da massa magra agrave custa da massa
muscular
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares pretende-se avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
Palavras-chave Envelhecimento Inflamaccedilatildeo Nutriccedilatildeo Dieta Stresse oxidativo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
3
ABSTRACT
Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological
function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease
With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a
current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which
together will determine changes in various organs and systems such as for example the
immunoinflammatory system composition and body weight
Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response
Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the
regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin
Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense
of muscle mass opposed to increased fat mass
Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is
influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie
intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently
understand their relationship with aging
Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
4
O processo de envelhecimento
O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva
modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da
vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema
da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma
diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a
homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que
conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras
como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo
mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)
Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees
fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor
qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)
O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture
(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel
(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)
A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento
Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da
inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto
incapacidade funcional
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
5
Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta
inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras
inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por
uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)
No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com
modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e
mortalidade (Meydani e Wu 2007)
O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase
aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica
cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al
2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)
Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria
modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade
no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo
persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas
nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose
diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de
mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)
Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta
a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in
vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um
prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se
modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)
Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria
alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
3
ABSTRACT
Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological
function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease
With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a
current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which
together will determine changes in various organs and systems such as for example the
immunoinflammatory system composition and body weight
Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response
Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the
regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin
Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense
of muscle mass opposed to increased fat mass
Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is
influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie
intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently
understand their relationship with aging
Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
4
O processo de envelhecimento
O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva
modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da
vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema
da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma
diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a
homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que
conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras
como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo
mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)
Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees
fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor
qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)
O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture
(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel
(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)
A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento
Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da
inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto
incapacidade funcional
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
5
Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta
inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras
inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por
uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)
No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com
modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e
mortalidade (Meydani e Wu 2007)
O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase
aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica
cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al
2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)
Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria
modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade
no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo
persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas
nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose
diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de
mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)
Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta
a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in
vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um
prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se
modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)
Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria
alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
4
O processo de envelhecimento
O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva
modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da
vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema
da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma
diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a
homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que
conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras
como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo
mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)
Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees
fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor
qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)
O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture
(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel
(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)
A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento
Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da
inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto
incapacidade funcional
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
5
Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta
inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras
inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por
uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)
No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com
modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e
mortalidade (Meydani e Wu 2007)
O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase
aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica
cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al
2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)
Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria
modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade
no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo
persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas
nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose
diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de
mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)
Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta
a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in
vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um
prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se
modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)
Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria
alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
5
Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta
inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras
inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por
uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)
No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com
modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e
mortalidade (Meydani e Wu 2007)
O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase
aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica
cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al
2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)
Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria
modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade
no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo
persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas
nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose
diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de
mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)
Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta
a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in
vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um
prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se
modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)
Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria
alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
6
Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute
adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso
imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de
adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo
provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou
stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)
Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria
durante o envelhecimento Destes salientam-se
a) Stresse oxidativo
b) Leptina
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
d) Cortisol
e) Estrogeacutenios
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
a) Stresse oxidativo
Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua
uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica
que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir
com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute
que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes
redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da
captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
7
Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees
eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a
manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou
mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)
Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono
enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical
superoacutexido (O2-
) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia
bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais
prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e
potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees
desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem
verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o
aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas
repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo
Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a
designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas
potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de
Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees
na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as
espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas
com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)
As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena
ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase
xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de
tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
8
Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente
reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-
) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico
(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)
O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um
electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas
acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser
produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e
natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento
onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido
dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e
superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo
ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)
SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2
SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2
Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase
O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada
capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)
Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo
catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)
H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-
Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
9
As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais
adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees
A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos
aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode
provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou
inactivaccedilatildeo
O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo
lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados
presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave
produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio
molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que
constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto
susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)
Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular
LH + OH L + H2O
Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido
polinsaturado gerando um segundo L
L+ O2 LOO
LH + LOO L + LOOH
Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo
LOO + L LOOL
LOO + LOO LOOL + O2
Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
10
O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2
-)
iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta
reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e
Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)
a) NO2- + OH NO2 + OH-
b) Cl - + OH Cl + OH-
c) CO32-+ OH CO3
- + OH-
Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato
Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se
citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH
(Figura 2) O H2O2 tem
uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de
inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais
activos (Halliwell e Gutteridge 1999)
As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre
com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo
a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e
isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como
o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)
Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas
antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A
catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
11
H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a
aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)
Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px
O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra
Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir
moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)
Assim quando reage com o O2- o NO
pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS
extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em
nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)
NO + O2- ONOO- NO3
-
Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato
Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2
- haacute formaccedilatildeo de duas
moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)
2NO + O2- 2NO2
Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio
a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2
b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG
c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
12
Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se
directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)
Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto
quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma
incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de
membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias
(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)
Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula
(Adaptada de Ferreira et al 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
13
O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do
muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem
responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta
dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais
tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento
intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres
se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas
tumorais (Zhang e Gutterman 2006)
A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com
alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees
libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e
formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas
membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo
(Ferreira e Matsubara 1997)
Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a
resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que
colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)
Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por
activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da
cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
14
escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado
o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes
Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais
livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)
Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob
condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta
num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo
superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)
lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al
2008)
Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)
Dano
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
15
Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela
enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela
reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela
toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a
moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que
acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves
outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)
Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular
O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de
nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
16
protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de
antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e
oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e
desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina
eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de
oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o
balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da
GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)
possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do
nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)
Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de
produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de
doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e
diabetes mellitus
Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema
de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes
que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase
glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter
ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um
antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio
intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)
1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
17
Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua
neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-
oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS
atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes
(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que
tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de
neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al
2008)
No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza
pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez
tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria
As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo
de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e
podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et
al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS
e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada
posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)
Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo
croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente
porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa
duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS
nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar
diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes
pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
18
ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade
de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)
A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada
a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e
esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)
A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de
demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a
qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)
Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
19
A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus
colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se
deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)
Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da
activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a
este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)
b) Leptina
A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que
justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da
fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos
(Yukawa et al 2008)
Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte
efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes
de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico
normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de
leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)
Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada
pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-
se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et
al 2008)
Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e
envelhecimento (Agrawal et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
20
Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute
frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al
2008)
c) Prostaglandina E2 (PGE2)
A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a
prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o
envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus
tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios
devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante
fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do
aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a
compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o
processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da
PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica
(Meydani e Wu 2007)
Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da
funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com
consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)
referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de
PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de
COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo
da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu
2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
21
Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos
como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de
PGE2 (Meydani e Wu 2008)
d) Cortisol
Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade
aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de
agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo
longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para
inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da
imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)
Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode
tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o
aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no
metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo
cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas
determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo
ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S
2008)
e) Estrogeacutenios
A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com
a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo
podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
22
de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios
e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)
De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e
vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num
efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles
que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios
pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual
aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser
notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)
Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)
f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias
Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de
distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento
saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
23
(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em
humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se
por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem
estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)
A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por
microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e
determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a
sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e
proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi
enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido
atingido (Bruunsgaard et al 2001)
Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio
da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees
ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e
hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe
sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e
ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)
Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase
aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata
tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de
forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da
resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e
quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria
sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
24
inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da
inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)
A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como
antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por
citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-
inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)
Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado
dehttpwwwnutritionaloncologyorg)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
25
O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios
circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR
proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e
elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios
circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na
infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria
croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)
Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos
niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de
envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os
niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do
que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do
estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam
que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada
de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns
factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6
(Yudkin et al 2000)
Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como
fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as
citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas
associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus
tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)
Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al
(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
26
desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer
ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)
Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)
Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No
estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram
significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de
aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo
excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do
mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais
elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)
Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α
permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso
et al 1998)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
27
As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia
estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo
relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a
secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-
inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos
dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)
Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria
persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para
patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)
Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos
idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite
justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento
Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)
Actividade inflamatoacuteria persistente
Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo
Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica
Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer
osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson
Aumento do risco de mortalidade
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
28
A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso
A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade
(Chin et al 2000)
O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do
complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica
do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell
2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de
ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente
que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui
com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta
pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos
aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas
(Wardwell 2008)
Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel
da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo
um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as
carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos
sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao
envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)
No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo
satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)
Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes
bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
29
carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem
que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)
Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no
envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por
alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta
satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco
e cobre
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides (Watzl 2008)
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de
vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de
pessoas idosas (Wardwell 2008)
A nutriccedilatildeo no idoso
Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e
recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que
associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as
faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
30
do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar
bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a
necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem
valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)
A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no
envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em
consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de
menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker
2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de
alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois
paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007
Van Kan et al 2008)
Desnutriccedilatildeo
A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o
desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados
por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia
demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-
se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo
uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)
Caquexia
Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que
significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma
inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
31
saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo
adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)
Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio
perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da
expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que
apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se
simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e
TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares
principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente
agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)
O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por
inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o
envelhecimento (Hubbard et al 2008)
Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal
Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por
perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo
corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute
importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir
o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente
(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)
No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et
al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se
3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
32
observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se
preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia
institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)
Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo
acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta
sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada
combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes
que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias
retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas
neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)
Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory
Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem
evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a
esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave
idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se
em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores
do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com
comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas
aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento
dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com
Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica
contribui indirectamente para retardar o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
33
Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de
muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15
entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell
1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas
alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila
muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao
envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa
de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade
e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos
(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens
com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa
muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem
para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua
vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a
reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional
que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de
institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)
A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico
anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais
(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study
(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de
sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)
Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e
do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
34
factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da
sarcopenia
Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)
Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de
nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente
muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se
verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita
e Volpi 2004)
No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de
carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco
independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da
vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)
onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
35
melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou
superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-
Ferrari et al 2004)
Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe
a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson
et al 2008)
Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes
assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia
(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo
da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com
intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e
determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos
esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)
Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia
e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia
mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na
caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda
em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia
Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)
(Jensen 2008)
Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na
composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda
Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
36
estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o
aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)
Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)
Sarcopenia Caquexia
Apetite Natildeo afectado Suprimido
Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo
Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo
Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida
Citocinas (poucos estudos) Aumentado
Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes
O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal
(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo
da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)
com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa
etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com
mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2
em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)
A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute
um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua
associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
37
Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal
Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-
se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros
em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo
Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem
despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o
apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral
Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente
atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o
estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite
particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a
adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)
A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da
ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos
animais como humanos (Crespo et al 2009)
O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores
verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de
fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de
proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual
(Hotta et al 2009)
Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos
nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina
modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo
cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido
reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
38
Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)
Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina
possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato
gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem
bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees
(Cordido et al 2009)
A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na
supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese
provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard
et al 2008 Yukawa et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
39
A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees
desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo
se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)
Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina
plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram
maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura
menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura
corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em
pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas
patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)
A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e
TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de
perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)
A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua
diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos
processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute
considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do
factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da
formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a
obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como
altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e
decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
40
Papel da dieta
A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo
racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa
qualidade de vida (Ordovas 2007)
Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que
posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos
positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas
2007)
Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do
envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose
neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)
Doenccedila cardiovascular
O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em
gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema
cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as
gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito
favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito
protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser
prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas
2007)
Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas
cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo
leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras
monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
41
Neoplasias
Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento
dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados
Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que
significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas
podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade
fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)
A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees
geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido
processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou
indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes
(Patrick 2006)
Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e
vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne
vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma
(Van Kan et al 2008)
Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no
carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al
2008)
O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas
fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)
A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo
Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
42
O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas
da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)
Osteoporose
A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo
da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente
aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer
a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica
menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de
caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias
alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona
(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a
diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs
Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado
pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan
et al 2008)
Demecircncia
A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse
nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos
factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia
nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de
vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)
A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave
produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
43
podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No
metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12
daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de
homocisteiacutena (Donini et al 2007)
De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo
associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo
verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo
encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)
Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade
Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo
sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o
risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco
(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de
Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente
uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na
degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)
Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos
gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de
doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)
Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes
distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos
deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et
al 2007)
Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-
inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
44
neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al
2007)
A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi
estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe
alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)
Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e
vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas
nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)
Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes
isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo
mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al
2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e
vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)
Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de
estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a
dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
45
CONCLUSAtildeO
O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser
influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta
inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal
Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e
dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se
em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte
celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma
inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas
proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo
2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade
Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas
proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2
O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem
um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes
Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das
ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando
produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de
mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca
envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela
elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e
patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem
esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de
antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
46
Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de
relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora
da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave
insulina
Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de
doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo
de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute
quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga
a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave
idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e
na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens
Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo
caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou
aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas
associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos
Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva
da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra
ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade
em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes
em idosos
Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta
eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo
nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta
inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
47
Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que
consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute
associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam
vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e
cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos
nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de
nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e
antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo
o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um
isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da
ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos
em anti-oxidantes
Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute
inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a
resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que
parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e
flavonoides
Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou
atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de
linfoacutecitos T in vitro
Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um
importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade
Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave
escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
48
REFEREcircNCIAS
1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in
Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of
Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309
2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of
treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004
3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and
disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212
4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a
reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437
5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31
6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J
325 932 ndash 933
7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek
Listy95 243 ndash 263
8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good
the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437
9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on
falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006
10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D
concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive
persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758
11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function
in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461
12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with
dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364
13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121
255 ndash 260
14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines
Curr Opin Hematol8 131 ndash 136
15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance
for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A
BiolSci Med Sci 56373 ndash 380
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
49
16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial
appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash
40
17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med
Bull 49481-493
18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in
frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports
Exerc322005 ndash 2011
18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in
community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208
19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related
pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem
16 350 ndash 361
20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues
physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42
21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control
EndocrinolNutr 56 317 ndash 330
22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition
in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153
23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet
Assoc 97 632 ndash 638
24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing
cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167
25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas
sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16
26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular
esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7
257 ndash 275
27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox
na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24
28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be
prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136
29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews
17 69 ndash 76
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
50
30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of
Neuroinflammation 5 51
31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging
(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to
frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563
32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford
University Press Oxford UK
33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients
with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753
34 httpwwwnutritionaloncologyorg
35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition
inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284
36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral
Nutr32 656 ndash 659
37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and
Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384
38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in
Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495
39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free
Radie Biol Med25385 ndash 391
40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory
mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63
41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the
SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55
42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros
patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547
43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol
Sci Med Sci 58 911ndash 916
44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages
persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40
45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic
experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33
46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional
Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
51
47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for
disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629
48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of
Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491
49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology
and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142
50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident
Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946
51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade
nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33
52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers
Nutr Rev 65 S203 ndash S207
53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among
vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915
54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of
Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299
55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a
conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259
56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia
in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of
the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243
57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate
hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36
58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of
Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92
59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584
ndash 590
60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J
Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680
61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip
strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am
Geriatr Soc 56 84 ndash 90
62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for
dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
52
63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash
921
64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations
predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci
61594 ndash 599
65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of
acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314
66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and
RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252
67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of
Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364
68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function
of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012
69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents
Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298
70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress
contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161
71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year
longitudinal population based study B M J 330 1360
72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection
Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295
73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos
amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species
production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131
74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is
interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214
75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older
adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652
ndash 656
76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl
peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978
77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated
signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031
ging 12 652 ndash 656
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
53
ACROacuteNIMOS
Cl- ndash Iatildeo cloreto
cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva
COX-2 ndash Ciclooxigenase 2
CO32- ndash Iatildeo carbonato
CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato
CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica
DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid
EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular
GR ndash Glutationa redutase
GSH ndash Glutationa
GSH px ndash Glutationa peroxidase
H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio
HOCl ndash Aacutecido hipocloroso
IFN- ndash Interferatildeo
IFN- ndash Interferatildeo
IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1
IKK ndash Inibidor kappaquinase
IkB ndash Inibidor kappa-B
IL ndash Interleucina
IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1
IMC ndash Iacutendice de massa corporal
iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel
LPS ndash Lipopolissacaridos
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina
A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento
54
Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial
NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase
NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B
NO ndash Oacutexido niacutetrico
NO2- ndash Iatildeo nitrito
NO2 ndash Nitrogeacutenio
NO3- ndash Iatildeo nitrato
O2- ndash Iatildeo superoacutexido
OH ndash Radical hidroxilo
ONOO- ndash Peroxinitrito
ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase
PCR ndash Proteiacutena C reactiva
PGE2 ndash Prostaglandina E2
PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone
ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species
RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species
SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein
ndashSH ndash Grupo sulfidrilo
SOD ndash Superoacutexido dismutase
sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral
TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor
Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase
Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina