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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA VINICIUS MENDES COSTA GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES EMOCIONAIS E FÍSICAS COMO FATOR DE SEGURANÇA OPERACIONAL Palhoça 2019

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

VINICIUS MENDES COSTA

GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES EMOCIONAIS E FÍSICAS COMO

FATOR DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Palhoça

2019

VINICIUS MENDES COSTA

GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES EMOCIONAIS E FÍSICAS COMO

FATOR DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Cleo Marcus Garcia, MSc.

Palhoça

2019

VINICIUS MENDES COSTA

GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES EMOCIONAIS E FÍSICAS COMO

FATOR DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de Junho de 2019

__________________________________________

Orientador: Prof. Cleo Marcus Garcia, MSc.

__________________________________________

Prof. Patrícia da Silva Meneghel, Drª.

Dedico este trabalho primeiramente à Deus por ter me ajudado em todos os momentos em que precisei, aos meus

familiares e minha namorada, pessoas estas que não mediram esforços em me

apoiar para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.

“Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista”.

Aldo Novak.

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo investigar, com foco na inteligência emocional e

questões psicológicas, as possibilidades e alternativas visando a redução de riscos

operacionais em acidentes e incidentes aéreos. Caracteriza-se como explicativa,

visando abordar os temas definidos nos objetivos específicos, com procedimento

bibliográfico e documental, para que se obtenha dados fidedignos e compatíveis com

a realidade aeronáutica atual e com abordagem tanto qualitativa, por se basear na

realidade para fins de compreender uma situação única e quantitativa, por buscar

conhecimento por meio de raciocínio de causa e efeito, redução de variáveis

específicas, hipóteses e questões, mensuração de variáveis, observação e teste de

teorias. Ao finalizar a pesquisa, conclui-se que o desconhecimento e a não

observância dos limites de segurança fazem dos fatores humanos uma grande fonte

de contribuição para a ocorrência de acidentes e incidentes aeronáuticos.

Palavras-chave: Fatores Humanos. Acidentes Aeronáuticos. Inteligência Emocional.

Riscos Operacionais.

ABSTRACT

This research aimed to investigate, with focus on emotional intelligence and

psychological issues, possibilities and alternatives aimed at reducing operational risks

in accidents and aerial incidents. It is characterized as explanatory aiming to approach

the themes defined in the specific objectives, with bibliographic procedure and case

study, in order to obtain reliable data compatible with the current aeronautical reality

and with a qualitative approach, based on reality for the purpose of understanding a

unique and quantitative situation, for seeking knowledge through cause and effect

reasoning, reduction of specific variables, hypotheses and questions, measurement of

variables, observation and test of theories. At the end of the research, it is concluded

that ignorance and non-observance of safety limits make human factors a great source

of contribution to the occurrence of aeronautical accidents and incidents.

Key words: Human Factors. Aeronautical Accidents. Emotional Intelligence.

Operational Risks.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Infográfico 1 – Incidência dos fatores contribuintes em acidentes nos últimos 10

anos............................................................................................................................20

Infográfico 2 - Incidência dos fatores contribuintes em incidentes graves nos últimos

10 anos ......................................................................................................................21

Manchete 1 – Controle Emocional..............................................................................24

Manchete 2 – Colapso Emocional...............................................................................30

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................13

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA .............................................................................14

1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................14

1.2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................14

1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................14

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................15

1.4 METODOLOGIA ...............................................................................................16

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa ...................................................16

1.4.2 População amostra ou sujeitos da pesquisa ou materiais e métodos ....17

1.4.3 Procedimento de coleta de dados ...............................................................17

1.4.4 Procedimento de análise de dados .............................................................17

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .....................................................................17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................19

2.1 FATORES HUMANOS CONTRIBUINTES NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES E INCIDENTES NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA ....................................................19

2.2 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO MEIO AERONÁUTICO ............................22

2.2.1 Técnicas de Gestão Emocional (TGE) ........................................................24

2.3 GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES FÍSICAS ...................................25

2.3.1 Estresse x Fadiga .........................................................................................26

2.4 A JORNADA DE TRABALHO NA ÓTICA DA LEGISLAÇÃO E A CONSTANTE PREOCUPAÇÃO COM A FADIGA .........................................................................27

2.5 IMPLEMENTAÇAO DE GERENCIAMENTO DE CONTROLE EMOCIONAL E FÍSICO ATRAVÉS DO SISTEM DE GESTÃO DE SEGURANÇA OPERACIONAL 29

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................32

REFERÊNCIAS .......................................................................................................34

13

1 INTRODUÇÃO

Desde a convenção de Chicago, ocorrida em 1944, diversos países somam

forças para garantir a segurança e a compatibilidade das operações entre os Estados

através da chamada ICAO (International Civil Aviation Organization) ou OACI

(Organização de Aviação Civil Internacional), tendo sua sede fundada em Montreal –

Canadá.

A segurança de voo, conforme definido pela OACI (2013) “é o estado no

qual o risco de ferir pessoas ou causar danos em coisas se limita a, ou está mantido

em ou abaixo de, um nível aceitável, através de um processo contínuo de identificação

de perigos e gerenciamento de riscos" (Doc 9859/OACI). Para que esta segurança

permaneça dentro de um padrão aceitável para a aviação, instituiu-se, através do

decreto nº 69.565, o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos), Organização Militar (OM) do Comando da Aeronáutica (COMAER),

sediado em Brasília.

Desde os primórdios da aviação, pode-se observar grande preocupação

em desenvolver métodos que assegurem a segurança do voo, seja perante a

engenharia da estrutura em geral, ou mesmo em um dos principais componentes de

todo o sistema, o homem.

Segundo dados contidos na ferramenta do CENIPA (2018) “Painel Sipaer”,

somente no ano de 2017 foram registrados 142 acidentes e 56 incidentes graves,

dentre estes, 63% causadas por fatores operacionais e 37% por fatores humanos. O

CENIPA (2019) afirma que:

Fatores operacionais são as áreas de abordagem da segurança de voo que se referem ao desempenho do ser humano na atividade relacionada com o voo. Inclui as seguintes áreas: meteorologia, infraestrutura, instrução, manutenção, aplicação dos comandos da aeronave, tráfego aéreo, coordenação de cabine, julgamento da tripulação, deficiência de pessoal, deficiência de planejamento, deficiência de supervisão, indisciplina de voo, influência do meio-ambiente e experiência de voo na aeronave, entre outros aspectos.

Já o fator humano “é a área de abordagem da segurança de voo que se

refere ao complexo biológico do ser humano, nos aspectos fisiológicos e psicológicos

que possam ter refletido nas ações da tripulação e demais pessoas envolvidas no

14

acidente, servindo para clarificar a sequência dos acontecimentos na ocorrência”.

CENIPA (2019).

Conforme pode-se observar, tanto os fatores operacionais quanto fatores

humanos dominam a maioria dos casos de acidentes ou incidentes, portanto, torna-

se necessário que o profissional da aviação saiba gerir suas dificuldades emocionais

e suas limitações físicas antes, durante e após sua jornada de trabalho, garantindo

desta forma a segurança de todos os usuários do transporte aéreo. Neste sentido,

entra a inteligência emocional do profissional. Como seres humanos desenvolvidos,

porém frágeis, é necessário que o profissional da aviação esteja constantemente

realizando uma auto-analise, visando desenvolver e ampliar o conhecimento sobre si,

dos fatores que possam vir a abalar a sua tomada de decisão, ou elementos físicos

que possam dificultar ou impossibilitar o exercício de sua função.

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

Como gerenciar e desenvolver métodos de controle emocional e físico para

que a segurança operacional em acidentes e incidentes aéreos não seja afetada por

fatores externos?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar como gerenciar e desenvolver métodos de controle emocional e

físico para que a segurança operacional em acidentes e incidentes aéreos não seja

afetada por fatores externos.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar, do ponto de vista técnico e na ótica da legislação aeronáutica, os

Fatores Humanos contribuintes na ocorrência de acidentes e incidentes na

aviação civil brasileira.

b) Analisar dados sobre os Fatores Humanos contribuintes na ocorrência de

acidentes e incidentes na aviação civil brasileira.

15

c) Relacionar os conceitos de Inteligência Emocional no meio aeronáutico.

d) Analisar formas de gestão de dificuldades emocionais e físicas no meio

aeronáutico.

e) Pontuar fatores emocionais e físicos que possam vir a prejudicar a operação

aérea.

1.3 JUSTIFICATIVA

Tratar de fatores humanos em meio aos profissionais da aviação ainda nos

dias atuais demanda muito cuidado. De acordo com DOC 9683, da OACI

(Organização Internacional da Aviação Civil), intitulado “Manual de Instrução sobre

Fatores Humanos” (apud TISSOT, 2011, p.1):

Fator Humano é uma expressão que ainda há de definir-se claramente, dado que quando tais palavras são utilizadas na linguagem cotidiana normalmente se referem a qualquer fator relacionado aos seres humanos. O elemento humano é a parte mais flexível, adaptável e valiosa do sistema aeronáutico, mas também é a mais vulnerável a influências que podem afetar negativamente seu comportamento.

Conforme verificado, a pouca importância dada pelos profissionais da

aviação tem feito com que muitos procurassem observar os fatores técnicos ou

materiais como principal causa dos acidentes aéreos. Seria um erro, porém, atribuir

tal responsabilidade somente a pilotos, haja vista que a segurança aérea no geral

exige o esforço dos profissionais como um todo, incluindo a gestão dos operadores

aéreos, controles estabelecidos em solo, agentes aeroportuários, etc. A origem desse

quadro é facilmente encontrada no quadro histórico da aviação civil do país. Não

restam dúvidas de que durante décadas grande parte das preocupações se voltaram

a desenvolver equipamentos com novas tecnologias, mais econômicos e até mesmo

mais sustentáveis. Cabe apontar que, apesar desses estudos serem de enorme

contribuição para o panorama econômico atual da aviação, a realidade explicita um

quadro ainda precário no que tange os fatores humanos, pois, tão importante quanto

tais avanços, é o estudo da vulnerabilidade humana, que é quem opera e toma

decisões durante as mais diversas situações de urgência e emergência.

16

É notável que, em termos materiais, a aviação ainda é o meio de transporte

mais seguro, principalmente devido a redundância de sistemas e aparelhos, que são

pensados e repensados constantemente pelos engenheiros desenvolvedores, porém,

se faz necessário que o profissional que exerça qualquer tipo de função no meio

aeronáutico tenha a capacidade de lidar com as mais diversas situações.

Diferente de outros meios de transporte, o ato corretivo no meio

aeronáutico é muito mais complexo, visto que grande parte das ocorrências resultam

em fatalidades. Portanto, a prevenção deve ser valorizada neste ambiente, não só de

forma coletiva, mas também individual. O profissional da aviação deve estar em

constante aprendizado e desenvolvimento, não somente em sua técnica, mas também

em seu emocional e físico, visto que estes fatores podem contribuir diretamente para

uma ocorrência desastrosa.

Ao realizar estudos sobre a inteligência emocional, pode-se perceber que esta,

pode e deve ser aplicada no meio aeronáutico como potencial redutora de índices de

acidentes ou incidentes na aviação, exercitando diretamente os profissionais

envolvidos para que estes tenham total preparo em situações que se fizerem

necessárias.

1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo da pesquisa

A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva visando abordar os

temas definidos nos objetivos específicos, descrevendo fatos e fenômenos de

determinada realidade (TRIVINOS, 1987), com procedimento bibliográfico e

documental, pois será realizado a partir do levantamento de referências teóricas já

analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos

científicos, páginas da internet, etc (FONSECA, 2002), para que se obtenha dados

fidedignos e compatíveis com a realidade aeronáutica atual e com abordagem tanto

qualitativa, por se basear na realidade para fins de compreender uma situação única

(RAUEN, 2002) e quantitativa, por buscar conhecimento por meio de raciocínio de

causa e efeito, redução de variáveis específicas, hipóteses e questões, mensuração

de variáveis, observação e teste de teorias. (CRESSWELL, 2007).

17

1.4.2 População amostra ou sujeitos da pesquisa ou materiais e métodos

Os materiais a serem analisados serão:

Bibliográficos: Livros, periódicos e websites que descrevem os fatores humanos

relativos a acidentes e incidentes aéreos, medicina aeroespacial, segurança de voo e

psicologia na aviação.

Documentais: Documentos e artigos diversos sobre a legislações regendo a Aviação

Civil brasileira oferecem requisitos e padrões de procedimentos em relação ao tema

proposto.

São eles:

o Regulamentos Brasileiros de Homologação Aeronáutica;

o Código Brasileiro de Aeronáutica;

o Lei 7.183 – Lei do Aeronauta;

o Lei 13.475 – Nova Lei do Aeronauta

o Documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC);

o Documentos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes

Aeronáuticos (CENIPA);

1.4.3 Procedimento de coleta de dados

A coleta de dados dar-se-á através de revisão documental e bibliográfica.

1.4.4 Procedimento de análise de dados

O procedimento que será empregado na análise dos dados será a análise

de conteúdo.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado para atingir os objetivos propostos, tendo sido

composto da seguinte estrutura; o primeiro segmento apresenta a introdução, nela é

possível encontrar todo o problema do estudo, os objetivos, a justificativa e a

metodologia empregada.

18

o segundo capítulo abrange todo o referencial teórico referente a legislação

aeronáutica no que tange a investigação de incidentes e acidentes aéreos no Brasil,

bem como os fatores contribuintes para que estes ocorram em território brasileiro.

Pode-se observar nas subseções posteriores as problemáticas acerca da inteligência

emocional no meio aeronáutico, bem como as formas de desenvolvê-la.

Em seguida tem-se a apresentação da problemática acerca da gestão das

dificuldades físicas, onde são apresentadas as principais correlações entre a fadiga,

o estresse e os acidentes aeronáuticos, bem como a influência direta da legislação

para que o ambiente permaneça seguro. O trabalho prossegue com a conclusão,

seguida das referências.

19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FATORES HUMANOS CONTRIBUINTES NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES E

INCIDENTES NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA

Os fatores humanos sempre estiveram ligados às atividades laborais dos

indivíduos. No que tange a aviação civil, a primeira edição do “Manual de Instrução

sobre Fatores Humanos” (DOC 9683), surgiu somente em 1998, mesmo a importância

do assunto tendo sido oficializada em 1986, pela Resolução A26-9 (TISSOT, 2011).

O estudo desses fatores humanos possui o objetivo de compreender e criar um padrão

comportamental para entender as diversas atitudes humanas, abrangendo aspectos

de fisiologia, medicina e psicologia. Vale ressaltar que a cultura organizacional

também exerce influência sobre os colaboradores, portanto, sendo extremamente

necessária a sua observação nos estudos dos fatores humanos.

No Brasil, os estudos sobre os fatores humanos na aviação civil são de

extrema importância, haja vista que grande parte dos acidentes advém de falha

humana, gerando um grande alerta não somente para as autoridades competentes,

como também para os profissionais que atuam no setor, que mesmo de forma dolosa

podem estar falhando ao tomar decisões.

Periodicamente, o CENIPA publica em seu site relatórios estatísticos

abertos ao público acerca das investigações realizadas no decorrer dos anos. Esses

relatórios possuem diversos filtros como: modelo de aeronave, peso, segmento da

aviação, tipo de operação, etc. Através desse filtro, pode-se estudar quais os

principais fatores responsáveis pelos acidentes ou incidentes na aviação civil

brasileira.

Os dados do Gráfico I, abaixo, apresentam o número de fatores

contribuintes identificados em investigações de acidentes aeronáuticos, ocorridos

entre 2006 e 2015. Dentre 66 possíveis fatores contribuintes, os mais frequentes neste

período foram: Julgamento de Pilotagem, Supervisão Gerencial e Planejamento de

Voo. Estes três fatores contribuintes representam 31,7% do total de fatores

contribuintes identificados em investigações de acidentes aeronáuticos.

20

Infográfico I – Incidência dos fatores contribuintes em acidentes nos últimos 10 anos

Fonte: CENIPA (2016, p. 31).

Os dados no gráfico 2 mostram a quantidade de fatores contribuintes

identificados em investigações de incidentes graves, ocorridos entre 2006 e 2015.

Dentre 66 possíveis fatores contribuintes, os mais frequentes neste período foram:

Julgamento de Pilotagem, Supervisão Gerencial, Manutenção de Aeronave. Estes três

fatores contribuintes representam 36,9% do total de fatores contribuintes identificados

em investigações de incidentes graves aeronáuticos.

21

Infográfico II – Incidência dos fatores contribuintes em incidentes graves nos últimos 10 anos

Fonte: CENIPA (2016, p. 32).

Analisando os gráficos acima, pode-se observar que grande parte dos

acidentes aeronáuticos são provenientes de falhas humanas, sejam elas de forma

direta ou indireta. Levando em consideração as quatro principais causas (julgamento

de pilotagem, supervisão gerencial, planejamento de voo e manutenção de aeronave),

tem-se um vasto panorama de possíveis influências psicológicas ou físicas que

resultam no erro.

2.1 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES E INCIDENTES AERONÁUTICOS NA

AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA

O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), instituido pela Lei nº 7.565, de

19 de Dezembro de 1986 regulamenta as mais diversas atividades relacionadas a

aviação civil no Brasil. Em seu primeiro artigo, o CBA define que “o Direito Aeronáutico

é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja

parte, por este código e pela legislação complementar”.

Após a assinatura da Convenção de Chicago, em 1944, diversas regras e

padrões foram criados visando manter a segurança na aviação. O próprio artigo 37 da

22

convenção assegurou a obrigação do cumprimento dessas regras e padrões pelos

estados participantes. Com essa finalidade, a OACI (Organização da Aviação Civil

Internacional) emitiu anexos padronizando práticas dos mais variados assuntos da

aviação civil visando estabelecer niveis minimos de segurança, dentre estes,

encontra-se o Anexo 13, que trata exclusivamente sobre a investigação de acidentes

aeronáuticos, trazendo conceitos, objetivos da investigação, notificações e etc.

(ANAC, 2019).

Em princípio, imagina-se que a investigação de acidentes e incidentes

aéreos trata de definir causa e culpa do fato, mas ao adentrar mais no assunto,

percebe-se que estes são apenas coadjuvantes da verdadeira razão de uma

investigação, sendo o pilar principal a prevenção para que novos acidentes com

mesma causa não ocorram. O CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de

Acidentes Aeronáuticos), órgão responsável pelas atividades de investigação desses

acidentes e incidentes define:

A investigação de um acidente é o processo realizado com o propósito de prevenir novos acidentes e que compreende a reunião e a análise de informações e a obtenção de conclusões, incluindo a identificação dos fatores contribuintes para a ocorrência, visando a formulação de recomendações sobre a segurança. (CENIPA, 2019)

Conforme pode-se observar na clara definição do CENIPA, o serviço de

investigação tem foco principal na prevenção de novos acidentes e incidentes. É

importante frisar que o CENIPA estabelece um processo paralelo e independente de

outros órgãos para que não hajam interferências nas investigações ou até mesmo

algum receio por parte dos investigados ao relatar os verdadeiros fatos que

ocasionaram o acidente.

2.2 A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO MEIO AERONÁUTICO

Ao contemplar o panorama aéreo atual, pode-se observar que para atender

as necessidades da área, muitos profissionais precisam obter um controle acima do

convencional de suas emoções para que o equilíbrio e a segurança sejam

preservados. É comum encontrar profissionais no meio aeronáutico que,

psicologicamente, tenham sofrido com fatos que ocorreram em suas carreiras ao

longo do tempo.

23

Embora a tripulação estivesse mais do que satisfeita com a forma como foi tratada a situação de emergência, eu tive diversos pesadelos depois que o B737 caiu no centro de Bruxelas. Eu sabia que todas as precauções necessárias foram tomadas e que toda a assistência possível foi prestada em emergência, mas, mesmo assim, não me aliviou do sentimento de culpa e do pensamento de que eu poderia ter feito algo mais. (EUROCONTROL, 1997, apud GERALDIS et al, 2010).

Acidentes ou incidentes aéreos, em sua maioria costumam deixar sequelas

emocionais não somente nos passageiros, mas também em toda a tripulação, o

correto gerenciamento de emoções é muito importante após determinados ocorridos,

porém, a abordagem do assunto também deve ser utilizada como fator de prevenção.

Por natureza humana, é normal que em situações de caráter decisivo, haja

uma ascensão das emoções sobre a razão. Uma visão da natureza humana que

ignore o poder das emoções é lamentavelmente míope (GOLEMAN, 1995).

Segundo Salovey e Mayer (1990, apud Woyciekoski e Hutz, 2009), a

inteligência emocional “é a habilidade de monitorar as emoções e sentimentos

próprios e dos outros, discriminá-los e utilizar essas informações para orientar

pensamentos e ações”. De forma mais clara, a inteligência emocional consiste em

utilizar sentimentos ou emoções para um determinado propósito.

Para aplicar este conceito na prática, toma-se como exemplo um piloto em

comando, que no dia em que está escalado para um voo, recebe a notícia de que um

parente muito próximo faleceu e esta noticia o abala psicologicamente. Lembre-se que

neste mesmo dia em questão ele está escalado para um voo, portanto, não poderá

participar de solenidades habituais. Para que esta situação não gere impacto no seu

desempenho profissional, é necessário que ele se utilize de inteligência emocional

para controlar este sentimento. Repare que a inteligência emocional não consiste em

ignorar os sentimentos, mas sim direcioná-los de forma correta. Os passageiros, por

exemplo, não podem ser penalizados pelo ocorrido e tratá-los de forma inadequada

não resolveria o problema. O profissional emocionalmente inteligente aprende a lidar

com seus próprios sentimentos, tornando-se mais flexíveis e estáveis em situações

adversas.

24

Manchete 1 – Controle Emocional

Fonte: Globo (2014)

Leonhardt e Vogt (2006) desmistificam o “super-homem” da aviação, e

mostram que os profissionais do setor aéreo também são pessoas, dotadas de

famílias, conflitos emocionais, problemas financeiros e também sujeitos aos mais

diversos problemas pessoais que podem afetar significativamente o seu desempenho,

portanto, faz-se necessário que o profissional esteja em constante desenvolvimento

intelectual para a correta gerência de suas emoções.

2.2.1 Técnicas de Gestão Emocional (TGE)

Para tratar de Técnicas de Gestão Emocional, é imprescindível que se

aborde o conceito de emoção. Definindo, emoção “é a resposta do nosso organismo

diante de um estímulo interno”. (CONCEITOS, 2019). Pode-se afirmar então que

“gestão emocional” é o ato de gerir a forma com a qual nosso organismo vai responder

a determinados estímulos.

Desenvolver aptidão emocional é algo nem sempre estudado durante a

formação aeronáutica, mas que deve ser amplamente estudado para que os

profissionais estejam prontos tecnicamente, intelectualmente e também

emocionalmente para o desempenho de suas atividades.

A escola MENTHES (2014), que se baseia no método de Augusto Cury,

pontua algumas técnicas que podem ajudar na gestão emocional, dentre todas,

algumas se destacam por serem totalmente utilizáveis no ambiente aeronáutico, são

elas:

25

Corrigir os próprios erros;

Treinar pensar em outras possibilidades;

Buscar autoconhecimento;

Estabelecer disciplina;

Desenvolver autoconfiança;

Desenvolver resiliência;

Aprender a relacionar-se;

O desenvolvimento e aperfeiçoamento dessas técnicas permite que o

profissional esteja apto a lidar com as diversas emoções, inclusive aquelas que

possam afetar seu desempenho profissional, resultando em um aumento direto da

segurança operacional na aviação civil.

2.3 GESTÃO INTELIGENTE DE DIFICULDADES FÍSICAS

Desde o início de sua formação, comandantes e comissários são instruídos

a terem um boa noite de sono no dia em que antecede o treinamento prático. Esta

instrução deveria ser seguida durante toda a carreira dos profissionais da aviação, no

entanto, a realidade que está a se presenciar no meio aeronáutico é bem diferente

desta, fator extremamente prejudicial em uma atividade que está fundamentada em

atenção e na tomada de decisões.

Amplamente se debate sobre as longas jornadas de trabalho exercidas

pelos profissionais da aviação civil, visto a efetiva importância desta cautela para a

preservação da segurança.

Segundo Jensen RS. (1997, apud Feijó D., et al, 2014,):

Com a evolução tecnológica, os estudos sobre acidentes de aviação passaram a focalizar na falha humana e sabe-se que o desempenho dos pilotos pode sofrer efeitos adversos sob estresse e fadiga, potencialmente interferindo em diversas áreas como o gerenciamento de equipe, comunicação, julgamento, tomada de decisão, liderança e autocrítica.

26

Segundo Reason (1995, apud. NASCIMENTO et al., 2016), “o

gerenciamento dos riscos associados aos erros humanos nunca será completamente

efetivo, sendo possível somente reduzir a probabilidade dos mesmos ocorrerem”.

A análise das dificuldades físicas deve ser feita não só através das

inspeções normalmente realizadas com o certificado médico aeronáutico (CMA), mas

também de forma individual e até mesmo introspectiva. Existem fatores que podem

alterar a plena consciência/concentração do indivíduo de forma temporária, como

dores de cabeça, ingestão de medicamentos que afetem a plena capacidade do

indivíduo, problemas gastrointestinais graves, micoses em estágios avançados, etc.

Tendo vista essas irregularidades físicas, cabe ao profissional realizar uma

autoanalise se está ou não em condições de realizar o voo, visto que estes problemas

temporários não passam por fiscalizações programadas.

Dentro deste cenário, o gerenciamento inteligente dos riscos de fatores

humanos deve ser algo que obtêm excessiva atenção dos profissionais da aviação

civil. Este gerenciamento baseia-se no autoconhecimento do profissional, que antes

de dar início a sua jornada deve se autoanalisar para detectar possíveis condições

físicas que impossibilitem o exercício da função.

2.3.1 Estresse x Fadiga

Durante muito tempo confundiu-se a fadiga com o estresse. No meio

aeronáutico é importante definir de forma detalhada cada um desses casos para que

suas causas e efeitos sejam estudados, pois na aviação, o comando não envolve

somente as condições técnicas do voo, mas também a habilidade de agir e pensar

com destreza, velocidade e sem riscos de interferências.

Grande parte dos estudos realizados a respeito dos acidentes e incidentes

aeronáuticos envolvem fatores emocionais e psicológicos, o que tem chamado a

atenção para o controle dessas dificuldades.

Um dos principais causadores de dificuldade emocional no meio aeronáutico

é o estresse, definido como:

Exaustão física ou emocional provocada por várias e distintas razões, por sofrimento, doença, cansaço, pressão, trauma, sendo definida pela perturbação da homeostasia, do equilíbrio, que leva o organismo a se adaptar através do aumento da secreção de adrenalina. (DICIO, 2018)

27

A fadiga, por sua vez, pode ser entendida como:

Resultado das mudanças temporárias em um organismo decorrentes de sua exaustão por esforço ou por repetição, tendendo esse estado a inibir a atividade desse organismo e a interferir na presteza de suas performances ou na redução de sua eficiência. (Cason, 1935; Berrios, 1990, apud ZORZANELLI, 2010).

No ambiente aeronáutico a fadiga pode ser gerada por vários fatores como

alimentação deficiente, interrupção de sono, falta de oportunidades de exercício, falta

de descanso, mudanças de escalas imprevisíveis, etc. A identificação da fadiga pode

ser facilmente feita através da observação de alguns sintomas como: diminuição da

consciência situacional, redução da capacidade de concentração em tarefas, aumento

no tempo de resposta, perda de memória de curto prazo, distração e até mesmo

alterações de personalidade.

O constante monitoramento do profissional, seja pela autoavaliação, ou até

mesmo por meios legislativos e normativos é de extrema importância para a atividade

aeronáutica, haja vista que esse estado físico afetará significativamente a atuação do

profissional.

Para evitar o acometimento da fadiga é importante que alguns pontos sejam

observados. Gruffat (2018), pontua alguns desses métodos:

Não consumir muitos produtos ricos em cafeína;

Dormir em horários específicos;

Realizar atividades físicas regulares;

Cultivar uma alimentação saudável;

Por mais que as recomendações para que a fadiga seja evitada pareçam

pessoais, sejam simples ou até mesmo óbvias, grande parte dos profissionais deixam

de observar essas orientações de uma forma holística, compreendendo inclusive seu

desempenho profissional, gerando uma ligação direta com a segurança aérea.

2.4 A JORNADA DE TRABALHO NA ÓTICA DA LEGISLAÇÃO E A CONSTANTE

PREOCUPAÇÃO COM A FADIGA

Ao falar sobre a fadiga na aviação, é imprescindível que antes se faça uma

explanação sobre a atual legislação sobre a qual esses profissionais estão sujeitos.

28

Vale ainda ressaltar que recentemente as normas foram alteradas, sendo assim,

revogou-se a lei 7.183 de 5 de abril de 1984 e entrou em vigor a lei 13.475 de 28 de

Agosto de 2017.

É importante salientar que a influência e os estudos da fadiga sobre os

aeronautas serviram de base para a construção de uma legislação mais atual e em

acordo com a realidade dos profissionais no meio aeronáutico.

Em geral, a nova lei trouxe mudanças significativas para a qualidade de

vida dos aeronautas, bem como serve de fator de mitigação de acidentes ou incidentes

aeronáuticos antes ocasionados pela fadiga.

As principais mudanças tratam de jornadas e folgas dos aeronautas. O site

MONOLITO NIMBUS (2017) listou as principais alterações trazidas pela nova Lei

13.475, dentre elas, muitas estabelecem uma relação direta com a fadiga e o estresse,

demonstrando que este assunto detém muitas preocupações por parte do sindicato e

dos profissionais da aviação civil, dentre elas podemos citar:

10 folgas por mês, com possibilidade de redução para 9 em convenção

coletiva de trabalho;

2 das folgas devem compreender um sábado e um domingo

consecutivos;

Jornada com limite de 8 horas de voo e quatro pousos, em caso de

tripulação mínima ou simples;

Jornada com limite de 11 horas de voo e 5 pousos, na hipótese de

tripulação composta;

Jornada com limite de 7 horas e sem limite de pousos, na hipótese de

tripulação de helicópteros;

Limite máximo de trabalho por 2 madrugadas consecutivas e, no

máximo, 4 madrugadas por semana;

Tripulante poderá ser escalado pela Terceira madrugada consecutiva,

desde que como tripulante extra, em voo de retorno à base contratual;

Redução em 5 horas da escala mensal de trabalho para aviões a jato

ou turboélice;

29

Os resultados dessa mudança, apesar de contribuírem diretamente para

um maior custo operacional da aviação em geral, são extremamente necessários para

que se assegure a integridade física e em alguns casos até mesmo emocional de

todos os trabalhadores envolvidos na atividade aérea.

2.5 IMPLEMENTAÇAO DE GERENCIAMENTO DE CONTROLE EMOCIONAL E FÍSICO ATRAVÉS DO SISTEM DE GESTÃO DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Quando se fala em uma cultura prevenção, é indispensável citar o SGSO

(Sistema de Gestão de Segurança Operacional). Idealizado nos anos 90 e

concretizado em 2006, o sistema SGSO foi criado pela ICAO para diminuir a

quantidade de acidentes ou incidentes aeronáuticos, de forma que este seja

implementado dentro das organizações da aviação civil para garantir a segurança

operacional, identificando perigos e avaliando riscos através do Manual do SMS

(Safety Management System) ou Sistema de Gerenciamento da Segurança (SINDAG,

2019).

Baseado no principal foco do SGSO, que consiste em levar a organização

do pensamento reativo, caminhando pelo preventivo e finalmente levando ao preditivo,

nota-se que a autodisciplina no qual consiste na base do gerenciamento das emoções

ou dificuldades físicas pode facilmente ser aplicada dentro do sistema. A mitigação de

riscos operacionais se baseia e aprende com fatos já consumados, e já se tem

diversos casos em que a ausência de inteligência emocional foi decisiva para uma

fatalidade.

30

Manchete 2 – Colapso Emocional

Fonte: Diário de Notícias (2018).

A manchete acima trata acerca do acidente da companhia aérea Bangla

Airlines, que realizava ligação entre Daca e a capital nepalesa, e nela pode-se

encontrar trechos como "...estava sob muito stress devido a esse problema em

particular...", "...Essa desconfiança e stress levaram-no a fumar continuamente no

cockpit e também a sofrer um colapso emocional várias vezes durante o voo". (Diário

de Notícias, 2018).

A notícia data de 2018, e mostra a gravidade gerada por um descontrole

emocional em uma situação de voo. Com isso, nota-se que que o SGSO deve se

manter atento ao emocional da tripulação, levando em consideração que esta situação

pode oferecer riscos à operação. Não se duvida da eficiência do atual controle de

estabilidade física e emocional utilizado no Brasil, o CMA (Certificado Medico

Aeronáutico), regulamentado pelo RBAC n°67, o qual exige exames anuais (para

certificados de 1° classe) com laudos psicológicos e psiquiátricos, no entanto, o prazo

de validade torna-se extenso, visto que um quadro de descontrole emocional pode se

agravar em um curto espaço de tempo.

De certa forma, é compreensível que reduzir o prazo para revalidação do

exame pode se tornar inviável devido aos custos que essa posição traria para o

profissional ou para a empresa, portanto, uma solução sólida e aplicável seria

implementar uma forma de monitoramento constante do profissional, realizado por

profissionais capacitados que visem identificar sinais de qualquer instabilidade

31

emocional ou física. Considerando que grande parte das dificuldades apresentam

perceptibilidade externa, os riscos durante as operações poderiam ser reduzidos

consideravelmente, evitando que fatalidades aconteçam.

32

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo geral identificar como gerenciar e

desenvolver métodos de controle emocional e físico para que a segurança operacional

em acidentes e incidentes aéreos não seja afetada por fatores externos, para isso

foram realizadas diversas pesquisas em livros e sites que explanam o assunto para

que houvesse melhor compreensão e maior correlação de ideias, possibilitando a

análise e identificação de algumas formas de gestão de controle emocional e físico

nas quais o profissional envolvido no meio aeronáutico pode se apoiar, contribuindo

consideravelmente na eliminação de riscos na segurança aérea ocasionados por

fatores externos.

Dada a importância do assunto, observou-se também como a legislação

aeronáutica atua em meio a problemática dos fatores humanos nos acidentes e

incidentes aeronáuticos, exercendo papel fundamental no desenvolvimento e na

mitigação destes através da investigação preventiva.

Pode-se observar como algumas técnicas e pontos de observação podem

construir um ambiente mais seguro no meio aeronáutico.

Neste artigo pode-se observar as principais causas de acidentes que

envolvem os fatores físicos e emocionais dos profissionais, bem como algumas

formas de desenvolvimento de qualidades extras que podem alterar significativamente

a segurança operacional da aviação.

Ao estudar a inteligência emocional e seus conceitos, pode-se notar a vasta

aplicação desta no meio aeronáutico, facilitando a compreensão dos próprios

sentimentos e emoções, ajudando no autodesenvolvimento intelectual do profissional.

Somando-se os estudos de gerenciamento das dificuldades físicas, é

notável que a fadiga e o estresse representam os principais perigos no que tange a

integridade física e a capacidade operacional do indivíduo, interferindo diretamente na

plena capacidade de operação e atenção, se fazendo necessário que sejam tomadas

medidas efetivas por parte dos profissionais e das companhias aéreas.

Nota-se que o equilíbrio emocional e físico do profissional da aviação civil

influencia diretamente no desempenho deste durante sua jornada de trabalho,

podendo atuar de forma positiva ou negativa para o indivíduo em atividade.

33

Os conhecimentos científicos acerca de inteligência emocional ainda são

escassos tanto no Brasil como no exterior, nota-se, portanto, grande parte do

conhecimento sendo transmitido de forma empírica.

Considerando a relevância da pesquisa, torna-se necessário que o tema

seja amplamente divulgado e mais estudado no meio dos profissionais da aviação

civil, saindo do escopo somente técnico, facilitando o autoconhecimento e

possibilitando o desenvolvimento intelectual e também físico do profissional.

34

REFERÊNCIAS

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