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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA EMANUELLE LOUISE COLLET LARISSA RUDOLF HAVERROTH ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES PORTADORES DA ATAXIA MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS Itajaí (SC), 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

EMANUELLE LOUISE COLLET

LARISSA RUDOLF HAVERROTH

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES

PORTADORES DA ATAXIA MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE

CASOS CLÍNICOS

Itajaí (SC), 2011

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EMANUELLE LOUISE COLLET

LARISSA RUDOLF HAVERROTH

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES PORTADORES DA ATAXIA MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE

CASOS CLÍNICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião-Dentista pelo Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Profº Dr. Marcio Espindola Patrianova.

Itajaí (SC), 2011

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EMANUELLE LOUISE COLLET LARISSA RUDOLF HAVERROTH

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES PORTADORES DA ATAXIA MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista, Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, aos vinte e sete dias do mês de agosto do ano de dois mil e dez, é considerado aprovado. 1. Profº. Dr. Márcio Espindola Patrianova (Presidente) __________________________ Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 2. Profº. Dr. Leo Ricardo Honnicke ________________________________ Curso de Medicina da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) 3. Cirurgiã-dentista Gláucia Crispim ________________________________ Centro de Especialidades Odontológicas da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

Primeiramente a Deus, por ser o autor da minha vida, por nunca me abandonar mesmo

quando dele eu me afasto.

Ao nosso orientador e amigo, Professor Dr. Márcio Espindola Patrianova, pela total

confiança em nossa auto-suficiência e dedicação a este trabalho.

A professora e amiga Elisabete Rabaldo Bottan, pelos ensinamentos, puxões de orelha, e pela

paciência.

Aos meus pais Moacir e Guiomar, obrigada por tudo, principalmente pelo amor

incondicional, sempre me apoiando e me entendendo de coração, sem vocês nada disso seria

possível.

Ao meu irmão Gustavo, meu espelho e meu herói, que mesmo longe, porem perto do meu

coração, sempre soube me dar carinho, e amor, me ensinando muitos valores que tenho hoje.

A minha cunhada Thaís, por ter entrado de forma delicada na minha vida, se tornando uma

irmã.

Ao Jonathan Bruno Oelke, Manuela Oelke Schindler, e Enzo Oelke Schindler, por me

ensinar outra forma de amar.

A Caroline Gomes Braga, pela amizade verdadeira e cumplicidade.

Aos meus avos José (in memoriam) e Erica Rudolf, e João e Maria Haverroth, pelo amor, e

pela referência que são para mim, minha inspiração.

Aos demais familiares, que sempre acreditaram em mim.

A todos os meus amigos pelo apoio que sempre me deram.

E finalmente a Emanuelle Louise Collet, pela paciência, entendimento que sempre teve

comigo, sem ela essa etapa jamais poderia ser concluída.

“Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio” (Salmos 16:1)

LARISSA RUDOLF HAVERROTH

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Agradeço à minha amada família, por ter sempre incentivado, por me ensinar que a perfeição

é inatingível, por confiar que faríamos um trabalho relevante, por compreender meus tantos

momentos de ausência;

Aos queridos professores Márcio e Elisabete, o mais profundo agradecimento, por permitirem

que eu mergulhasse pela primeira vez na pesquisa científica e me aguçarem este gosto, por

compreenderem das dificuldades da realização deste estudo, por confiarem na nossa

capacidade, pelas tantas horas e extra-horas dispensadas a solucionar nossas dúvidas. No

princípio mestres, para sempre amigos;

Aos amigos, pelos ouvidos, pelo carinho, por acreditarem em meu potencial, e por deixá-lo

sempre evidente aos meus olhos, mesmo quando eu pensava que não mais o possuía;

À Larissa, colega e amiga, agradeço pelos risos, pelas conversas, pelos iogurtes, por tantas

vezes que deixou a família em momentos difíceis para produzir o trabalho.

“Foi o tempo que perdi com a minha rosa que a fez tão importante.”

Antoine de Saint-Exupéry

EMANUELLE LOUISE COLLET

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ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES PORTADORES DA ATAXIA

MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS.

Acadêmicas: Emanuelle Louise COLLET; Larissa Rudolf HAVERROTH

Orientador: Profº Dr. Marcio Espindola PATRIANOVA

Data de defesa: 20 de Outubro de 2011

Resumo

A Doença de Machado-Joseph (DMJ) ou Ataxia Espinocerebelar Tipo 3 (SCA3) é uma desordem neurodegenerativa de herança autossômica dominante, de caráter progressivo, que pode ter início na infância ou na vida adulta, e caracteriza-se pela degeneração dos feixes espinocerebelares. O diagnóstico da DMJ necessita de confirmação por intermédio de exame genético, visto que a doença apresenta uma variedade grande de sintomas clínicos, que dificultam o seu diagnóstico. O objetivo do trabalho foi identificar métodos de abordagem odontológica e tratamentos utilizados em pacientes portadores da Doença de Machado-Joseph, através da descrição de quatro casos clínicos, mediante análise dos prontuários provenientes do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Itajaí (SC). Os achados mostraram pacientes com condições bucais inadequadas decorrentes da respiração bucal, hipossalivação e outros fatores já mais conhecidos da doença, como alterações na deglutição e dicção, fasciculações de língua, ataxia, disfagia e dificuldades motoras, que associados à higiene precária, interferem na condição odontológica e no atendimento dos pacientes. Palavras-chave: Ataxias espinocerebelares; Doença de Machado-Joseph; Doença dos

Açorianos; Espasticidade muscular; Odontologia.

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SUMÁRIO

1 ARTIGO ....................................................................................................... 07

2 INTRODUÇÃO ............................................................................................

08

3 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

20

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................

5 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS ....................................................... 5.1 Caso nº 1 ............................................................................................................ 5.2 Caso nº 2 ............................................................................................................ 5.3 Caso nº 3 ............................................................................................................ 5.4 Caso nº 4 ............................................................................................................

09

10 10 10 11 12

6 DISCUSSÃO ...............................................................................................

12

7 CONCLUSÃO ..............................................................................................

16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................

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1 ARTIGO

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ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO AOS PACIENTES PORTADORES

DA ATAXIA MACHADO-JOSEPH: DESCRIÇÃO DE CASOS

CLÍNICOS

Emanuelle Louise COLLET*

Larissa Rudolf HAVERROTH**

Márcio Espíndola PATRIANOVA***

Elisabete Rabaldo BOTTAN****

Resumo A Doença de Machado-Joseph (DMJ) ou Ataxia Espinocerebelar Tipo 3 (SCA3) é uma desordem neurodegenerativa de herança autossômica dominante, de caráter progressivo, que pode ter início na infância ou na vida adulta, e caracteriza-se pela degeneração dos feixes espinocerebelares. O diagnóstico da DMJ necessita de confirmação por intermédio de exame genético, visto que a doença apresenta uma variedade grande de sintomas clínicos, que dificultam o seu diagnóstico. O objetivo do trabalho foi identificar métodos de abordagem odontológica e tratamentos utilizados em pacientes portadores da Doença de Machado-Joseph, através da descrição de quatro casos clínicos, mediante análise dos prontuários provenientes do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Itajaí (SC). Os achados mostraram pacientes com condições bucais inadequadas decorrentes da respiração bucal, hipossalivação e outros fatores já mais conhecidos da doença, como alterações na deglutição e dicção, fasciculações de língua, ataxia, disfagia e dificuldades motoras, que associados à higiene precária, interferem na condição odontológica e no atendimento dos pacientes. Palavras-chave: Ataxias espinocerebelares; Doença de Machado-Joseph; Doença dos Açorianos; Espasticidade muscular; Odontologia. Introdução

A Doença de Machado-Joseph (DMJ) ou Ataxia Espinocerebelar Tipo 3

(SCA3) é uma desordem neurodegenerativa de herança autossômica dominante,

que foi inicialmente relatada em pacientes norte-americanos provenientes das ilhas

portuguesas dos Açores. Hoje em dia a doença ocorre em pacientes de diferentes

antecedentes étnicos.³

_______________________ * Acadêmica do curso de Odontologia da UNIVALI; ** Acadêmica do curso de Odontologia da UNIVALI; *** Professor do curso de Odontologia da UNIVALI; **** Professora do curso de Odontologia da UNIVALI. Integrante do Grupo de pesquisa Atenção à Saúde Individual e Coletiva em Odontologia.

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As ataxias cerebelares hereditárias são distúrbios progressivos que podem ter

início na infância ou na vida adulta e caracterizam-se pela degeneração dos feixes

espinocerebelares, dos feixes piramidais e dos feixes da coluna posterior. O

diagnóstico da DMJ necessita de confirmação por intermédio de exame genético,

visto que a doença apresenta uma variedade grande de sintomas clínicos, que

dificultam o seu diagnóstico. As manifestações cerebelares, geralmente, são

acompanhadas de vários outros sintomas, como: disartria, alterações oculomotoras,

espasticidade, tremores, marcha atáxica, ataxia e disfagia, distonia, fasciculações de

língua e face.7

Os portadores da doença de Machado-Joseph possuem diversas alterações

comuns na sintomatologia da Doença, como: dificuldade na mastigação, deglutição,

fala, movimentos e dicção, respiração bucal, hipossalivação e fasciculações, as

quais repercutem direta ou indiretamente no nível de saúde ou deterioração da

condição bucal dos portadores da Doença de Machado-Joseph. A alimentação

destinada aos pacientes geralmente é pastosa, devido a sua dificuldade de

mastigação, sendo mais um fator que interfere na quantidade e na qualidade da

saliva, tornando-a pouca e de consistência serosa, o que pode gerar

comprometimento da saúde bucal.

Considerando que poucos estudos agregam informações sobre a doença,

substancialmente na área da odontologia, e a relevância de certos cuidados no

manejo do paciente, os objetivos deste estudo foram identificar métodos de

abordagem odontológica e tratamentos utilizados em pacientes portadores da DMJ,

mediante análise dos prontuários de quatro casos clínicos atendidos em Itajaí, Santa

Catarina, Brasil.

Materiais e Métodos

A pesquisa é um estudo exploratório, mediante descrição de quatro (4) casos

clínicos de pacientes das Clínicas de Especialidades Odontológicas (CEO), do

serviço público do município de Itajaí, Santa Catarina, Brasil.

Foram retirados os dados dos prontuários dos pacientes portadores da

Doença de Machado-Joseph, sob a supervisão do cirurgião-dentista Dr. Márcio

Espindola Patrianova.

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Junto aos prontuários foram coletados dados sobre: a) condutas adotadas

para cada paciente; b) alterações da cavidade bucal relacionadas com a DMJ; c)

informações sobre outros casos na família; d) presença de outros profissionais da

área da saúde nos cuidados a estes pacientes.

A apresentação de dados se deu através da análise de casos clínicos

fundamentados em referencial teórico.

Descrição dos casos

Caso nº 1

Paciente do sexo masculino, com 51 anos de idade, tem pouca audição e

ataxia. Em consulta, sua Pressão Arterial (PA) era de 120x70 mmHg em média. Ao

final do tratamento, tinha dificuldade de caminhar, e hipotonia generalizada.

Foi encaminhado para tratamento de doença gengival e restos radiculares.

Foi realizada radiografia periapical, exodontia dos elementos 22, 23 e 33,

restauração Classe V nos elementos 21, 11, 12 e 13, confecção de prótese parcial

removível. O paciente possui dificuldade de higienização. Apresenta disartria e

andar atáxico, com base alargada.

Sua mãe com 84 anos apresentou tardiamente sinais da doença, mostrando

principalmente hipotonia.

No prontuário não havia informações sobre uso de medicação por parte do

paciente.

Caso nº 2

Paciente do gênero masculino, com 35 anos de idade, queixou-se de dor na

região do elemento 48, e relatou sentir-se mal durante exodontias. Apresentava

respiração bucal, marcha atáxica, disartria, disfagia, e hipotonia generalizada.

Foi encaminhado para exodontia do elemento 48 parcialmente submucoso.

Solicitou-se avaliação do médico para realização do tratamento e radiografia

panorâmica.

Realizou-se visita domiciliar para cumprimento da exodontia. Paciente

apresentou hipotensão e síncope ao sentir gosto de sangue, e desmaiou. Foi

realizada a incisão e drenagem gengival, houve drenagem sanguinolenta. Foi

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solicitado encaminhamento hospitalar para monitoramento da PA e respiração, para

poder dar continuidade ao tratamento em outro momento.

Pela burocracia imposta pelo atendimento hospitalar, o paciente não foi

atendido.

Numa tentativa posterior de intervenção ambulatorial pela demora de

atendimento hospitalar, o paciente foi anestesiado e, no andamento do atendimento,

apresentou novamente quadro de síncope, sendo então suspenso o procedimento

de exodontia, e foram instituídas as manobras de oxigenação, como posição de

Trendelemburg mais verificação de sinais vitais (pulso bradicárdico e pressão arterial

70x40 mmHg). Foi encaminhado à emergência do hospital e em seguida obteve

melhora. Pressupõe-se diminuição de oxigenação por dificuldade de respiração

somada precipitação por ansiedade.

No prontuário não havia informações sobre uso de medicação por parte do

paciente.

Caso nº 3

Paciente do gênero masculino, com 54 anos de idade, precisava de

intervenção odontológica na área de periodontia, e de exodontia do elemento dental

12. O tratamento objetivado neste paciente no primeiro dia foi emergencial, no

elemento 12; realizou-se exame clínico, abertura endodôntica, irrigação com

hipoclorito de sódio e selamento provisório. Após quinze dias, a exodontia do resto

radicular do elemento 12 foi feita em visita domiciliar, bem como o diagnóstico de

que o paciente necessitava de reabilitação protética. Foi prescrito o uso de

amoxicilina 500mg – 1 cápsula a cada 6 horas, após a realização da exodontia.

Um ano depois foi feita uma nova visita domiciliar, onde se pôde notar certa

progressão da doença. O paciente caminhava com dificuldade, fazia movimentos

lentos; os músculos estavam contraídos hipotônicos (espásticos) e a deglutição era

difícil.

Na ocasião da visita, foi feito um novo exame clínico que mostrou que o

paciente precisava de restauração Classe IV no elemento dental 42; também foi

executado o preparo para prótese parcial removível, tomando o cuidado de usar

silicona para a moldagem, a fim de evitar engasgo.

Este paciente tem um filho que não se interessa em saber se tem ou não a

doença do pai.

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Seu pai com 82 anos tem a doença, instalada tardiamente, recluso a cadeira

de rodas, possuía alterações sistêmicas como disfagia, disartria e hipotonia.

No prontuário não havia informações sobre uso de medicação por parte do

paciente.

Caso nº 4

Paciente do gênero masculino, 50 anos, foi encaminhado ao CEO por ter tido

diagnóstico antecedente de doença degenerativa; No resumo da história médica, foi

constatado que o paciente tinha dificuldade motora e reflexo de deglutição, que

gerava desconforto.

Foram realizados anamnese e exame clínico, e solicitação de restaurações

nos elementos dentais 14, 24 e 25 (Classe V), no elemento 47 (Classe I) e no

elemento 22 (Classe IV M), e raspagem periodontal em dentes superiores e

inferiores e profilaxia.

Paciente casado, pai de 2 filhos, apresenta músculos hipertônicos, dificuldade

para falar, respirar e deglutir. Hoje está em cadeira de rodas. A esposa não tem

muitas informações sobre a doença.

Tem uma filha de 27 anos com a doença, apresentando as características

físicas de ataxia, como postura de base alargada. No atendimento odontológico

percebeu-se aumento no tempo de coagulação, aumento do número de cáries em

faces lisas e interproximais, devido à dificuldade de escovação e passagem de fio

dental.

Externou a vontade de ter mais um filho além dos que já tem, e reclama de

dificuldades de deambular.

Notou-se hipertonia dos músculos cervicais e respiração bucal, levando à

boca seca. Clinicamente também foram constatadas alterações oculares.

No prontuário não havia informações sobre uso de medicação por parte do

paciente.

Discussão

Não foram encontradas alterações bucais que pudessem ser atribuídas

especificamente à DMJ. Pudemos perceber que, em comum, todos os quatro

pacientes que tiveram seus prontuários analisados possuíam a presença de

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higienização precária e acúmulo de placa, doença periodontal em diferentes

estágios de evolução, necessidade de exodontia ou ausência de dentes,

necessidade de uso de próteses dentárias, e cáries, mais comuns no terço cervical

dos dentes, seguido das faces proximais e em menor freqüência nas faces oclusais.

É inegável que o biofilme dental é fator etiológico das doenças periodontais, e

que a formação de placa dental se relaciona com o nível de higiene oral

absolutamente, portanto, pode-se dizer que o nível de higiene oral em uma

população está positivamente relacionado com prevalência e severidade das

doenças periodontais. A periodontite é uma desordem multifatorial. Condições como

estresse e fatores genéticos são indicadores de risco às doenças periodontais.

Assim sendo, se qualquer uma dessas condições for identificada no paciente, esse

deve receber uma maior atenção, pois pode estar relacionado a um maior risco de

destruição periodontal.¹¹

Com o desenvolvimento e evolução da DMJ, os pacientes perdem

gradativamente sua facilidade de movimento; desta forma, principalmente o controle

motor fino é afetado, sendo que este é muito importante no momento da realização

de cuidados bucais básicos, tais como escovação e passagem do fio dental. A

limitação do movimento também reduz ou anula, dependendo do grau da doença, a

capacidade de fazer uso de colutório, indispensáveis para a manutenção da saúde

bucal. Se o paciente portador da DMJ possuía, anteriormente ao acometimento, o

hábito de uma boa higienização bucal, certamente este costume agora estará

comprometido, independente da vontade do paciente, já que sua condição cerebelar

agora impõe esta limitação. Escovar os dentes e passar fio dental tornam-se atos

limitados que causam fadiga, pela dificuldade de movimentação associada ao

padrão respiratório dispnéico.

Negligenciar o uso do fio dental gera um aumento da ocorrência de cáries

interproximais, e, agregado a uma escovação ineficiente ou ausente, predispõe a

doenças gengivais e periodontais, além de fazer com que as faces oclusais e

cervicais dos dentes sejam acometidas pela doença cárie; o hábito da respiração

bucal, que também é imposto pela doença, associado ao uso costumeiro de certos

medicamentos que talvez seja feito por parte dos pacientes, pode contribuir para

este fator, já que deixa a mucosa e as superfícies dos dentes com pouca lubrificação

em relação à saliva e, por conseqüência, sem proteção, principalmente em dentes

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da área antero superior, como os incisivos e caninos superiores, que foram

elementos dentais amplamente acometidos por cárie nos casos avaliados.

A saliva protege a mucosa oral e a estrutura dentária, e facilita os processos

digestivos, gustativos e fala, e que pode ter seu fluxo comprometido pelo uso de

antiparkinsonianos ou antidepressivos, bem como em casos de situações de

estresse e doenças neurológicas. Em pacientes com hipossalivação ou boca seca, o

controle de placa deve ser rígido, e o uso de flúor tópico neutro deve ser aplicado

em moldeiras. Além de a hipossalivação interferir na digestão, também pode diminuir

a lubrificação dos alimentos, dificultando, desta forma, sua ingestão.10

Durante o atendimento, a posição na cadeira odontológica ou adaptados em

casa tinha que ser em posição Fowler ou semi Fowler. A disfagia leva os pacientes a

ingerirem alimentos pastosos ou líquidos, aliados a boca seca por respiração bucal

(uso de músculos acessórios da respiração – cervicais) além de hipertonia toraco-

abdominal.

Pelas informações fornecidas pelos familiares, os pacientes com DMJ não

sabem da gravidade da mesma, e também não sabem se há medicação que possa

ajudar a amenizar as alterações psicológicas ou físicas, das quais os pacientes

sofrem muitas vezes. Não houve registro nos prontuários de que os portadores

tomassem medicamentos em comum entre eles, nem mesmo específicos para a

sintomatologia da doença.

O estresse psicológico é um indicador de risco para doenças periodontais,

podendo desregular o sistema imunológico ou simplesmente alterar o

comportamento do paciente frente à sua condição de saúde periodontal, já que este,

sob situação estressante, pode mudar seus hábitos de higiene de forma negativa, e

não cooperar com o tratamento periodontal. Apesar de fornecer controle a doenças

ou diversas manifestações sistêmicas, alguns medicamentos, como anti-

hipertensivos, antidepressivos, analgésicos, sedativos e tranqüilizantes, podem

causar a redução do fluxo salivar. Um paciente com xerostomia pode ser mais

propenso a patologias como candidíase, cárie (em especial radicular) e doenças

periodontais, além de aumentar a dificuldade de retenção de próteses totais.8

A deficiência de higiene dos pacientes portadores da DMJ também acaba

predispondo a formação de cálculo dental na região cervical dos dentes,

necessitando de raspagem periodontal para adequação da cavidade oral.

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O fundamento da Periodontia é atuar sobre o biofilme bacteriano, o fator

etiológico principal da doença periodontal. O procedimento padrão para o sucesso

do tratamento periodontal é a raspagem e alisamento radicular, que busca alcançar

superfícies radiculares lisas, limpas e duras, livres de cálculo, bactérias e cemento

contaminado, concomitante a um primo controle do biofilme dental supragengival

realizado pelo paciente, o que dificulta a recolonização de bactérias patogênicas.6

Em muitos dos casos analisados, a condição bucal dos pacientes sob a DMJ

mostrava que alguns dentes apresentaram destruição coronária tão significativa que

não podiam mais ser mantidos em boca, necessitando de exodontia. A ausência de

dentes, tanto precedente ao tratamento odontológico em questão, quanto as

recentes, colocam os pacientes em situação de necessidade de um aparelho

reabilitador protético, para qualificação das funções de mastigação, fonação e

aparência.

As próteses ou aparelhos parciais removíveis são indicados para pacientes

parcialmente edentados, onde não se pode recomendar as próteses fixas. As

próteses fixas necessitam de preparos bastante elaborados e complexos, o que

resulta em consultas demoradas, que para pacientes fisicamente enfermos ou

emocionalmente abalados, representam grande desgaste, às vezes impossível de

ser suportado pelo paciente doente. Para esses poderá ser construído um aparelho

parcial removível, com o menor número possível de preparos. Uma prótese parcial

removível é contra-indicada para pacientes que tenham problemas motores,

debilidade mental ou ainda com pobre higiene oral, já que bons hábitos de

higienização são necessários à manutenção da saúde bucal. Sem os cuidados de

higiene bucal, as possibilidades de duração da prótese serão muito remotas ou

inexistirão.15

As moldagens devem ser feitas com materiais menos viscosos, dando

preferência às siliconas ao invés de alginato, e com tempo de geleificação menor,

evitando o risco de engasgo ou vômito por reflexos faríngeos.

No caso dos portadores da DMJ em estágio avançado, independe deles o

grau de cuidado dispensado à prótese. O dentista, deste modo, deverá manter um

programa periódico de consultas odontológicas, com vistas a uma revisão do

aparelho e das estruturas que o suportam, acompanhada de instruções sobre uso e

higiene para o paciente, se este ainda conseguir executar movimentos

suficientemente qualitativos para higienizar sua prótese, ou ao seu cuidador, se isto

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não for mais possível. Apesar da contra-indicação encontrada na literatura, devemos

considerar que a prótese pode aumentar a qualidade de vida do paciente com DMJ.

Os casos descritos não apresentam parentesco entre si.

Sugere-se como medida preventiva o esclarecimento aos filhos dos mesmos

quanto à gestação e casamento. Conforme descrição dos casos, os pacientes

portadores tinham pais ou mais parentes, quando vivos, que também apresentavam

sinais tardios da doença, com manifestações brandas, como hipotonia e marcha

atáxica, quando muito.

A odontologia, como parte da equipe multidisciplinar, deve se fazer presente

para amenizar os problemas bucais que surgirem, atendo a evolução da cárie e da

doença periodontal, decorrentes da limitação do autocuidado.

O cirurgião-dentista deve estar em contato direto com a fonoaudiologia, que

trabalhará na mioterapia facial, mastigatória e faringo-esofágica, bem como outros

profissionais que contribuam para retardar ou amenizar a evolução e as

conseqüências bucais que as características da doença trazem.

Em procedimentos odontológicos, devem-se observar as situações de fadiga

muscular mastigatória e facial, optando-se por procedimentos rápidos, para garantir

o bem estar do paciente.

Conclusão

Com base nos prontuários analisados, foi possível concluir que os sinais

clínicos comuns da doença, como hipotonia e marcha atáxica eram mais evidentes

em idades avançadas, sendo relatado um caso apenas que o paciente apresentava

35 anos de idade, e os demais com idade igual ou superior a 50 anos.

Foi demonstrada a necessidade de um controle periódico da saúde com

cirurgião-dentista e equipe multiprofissional, pois portadores da DMJ apresentam

bastantes agravos bucais que não são específicos da doença, mas sim

conseqüências destes, e estão relacionados direta ou indiretamente com os sinais e

sintomas da mesma. As características dos portadores da DMJ, como respiração

bucal, disfagia, hipotonia, delimitam à higienização precária proveniente da

dificuldade de executar a escovação de forma individual e eficaz. Com a perda do

controle motor, os pacientes têm dificuldade ou são impossibilitados de fazer sua

própria escovação, usar colutório e passar o fio dental. Apesar dos portadores da

DMJ precisarem de acompanhamento multiprofissional contínuo, o papel principal

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ainda é do cuidador, pois é seu dever monitorar a condição de higienização diária,

bem como manter em dia o agendamento com os profissionais envolvidos na

manutenção da saúde, garantindo, desta forma, um aumento da qualidade de vida

do indivíduo.

Moldagens utilizadas na confecção de próteses reabilitadoras em pacientes

com DMJ devem ser feitas com material de menor densidade, como siliconas, para

evitar engasgos e vômitos. Outros procedimentos também devem ser realizados

com bastante cautela evitando acidentes, como aspiração ou deglutição de

instrumentais, que são mais propícios a esses pacientes devido à disfagia. A

posição da cadeira odontológica ou adaptada em caso de atendimento domiciliar é

de posição Fowler ou semi Fowler, o que determina uma posição semi-sentada em

ângulo de 45º.

Observou-se que pacientes portadores da DMJ não sabem da gravidade da

doença, e também desconhecem a existência de medicação para controle das

alterações físicas e psicológicas que a doença causa. Não foram encontrados

indícios de medicações utilizadas em comum nos pacientes.

ODONTOLOGICAL APPROACHING TO CARRIERS OF MACHADO-

JOSEPH ATAXIA: DESCRIPTION OF CLINICAL CASES

Abstract

Machado-Joseph Disease (MJD) or Espinocerebellar Ataxia Type 3 (SCA3) is an autossomal dominant inheritance neurodegenerative disorder, with progressive nature, wich can start in childhood or adult life, and is characterized by degeneration of the spinocerebellar nerves. The MJD diagnosis needs confirmation by genetical examination, once the disease shows a great variety of clinical symptoms, that makes difficult the diagnosis. The objective of this study was to identify odontological approaching methods and treatments used in carriers of Machado-Joseph Disease, by the description of four clinical cases, by the aid of analysis of health records, originating from Odontological Especialities Center (OEC) in Itajaí, Santa Catarina, Brazil. The founds showed patients with inadequate oral condition resulting from oral breathing, hypossalivation and another disease’s known factors, such as swallowing and diction alterations, tongue fasciculation, ataxia, disfagy and motor difficulties, associated to bad hygienization, that also intervene at odontological condition and approaching of the patients. Keywords: Espinocerebellar Ataxia; Machado-Joseph Disease; Azorean Disease; Muscular

Espasticity; Odontology.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

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Braga-Neto et al. (2010) analisaram uma condição caracterizada por ataxia

em adulto, amenorréia primária, hipogonadismo hipergonadotrófico, retardo

psicomotor e retinopatia pigmentar. Nesta condição, o hipogonadismo e a ataxia

cerebelar formam uma combinação rara. Esta associação revela uma grande

heterogeneidade nos mecanismos patogênicos causadores das doenças, e é

razoável sugerir que o hipogonadismo e a ataxia cerebelar associam-se

clinicamente, porém têm diferentes genótipos envolvidos, os quais podem levar a

manifestações fenotípicas iguais ou similares.

Para Teive (2009), as ataxias espinocerebelares constituem um complexo

grupo de doenças autossômicas dominantes caracterizadas por degeneração

progressiva do cerebelo e suas conexões. Outras estruturas também podem ser

afetadas. As ataxias têm um alto grau de heterogeneidade genótipo e fenotípica, o

que faz ser difícil o diagnóstico neurológico. Até hoje, 30 tipos de ataxias são

conhecidas e 16 genes foram identificados. A abordagem clínica cuidadosa aos

pacientes com ataxias espinocerebelares pode ajudar a descobrir a etiologia correta.

Segundo Vel Rotnes et al. (2008), a Doença de Machado-Joseph (DMJ) é

considerada uma doença hereditária progressiva, categorizada como uma ataxia

cerebelar autossômica dominante (ACAD). As ACAD têm em comum, basicamente,

as manifestações de ataxia progressiva, deterioração no equilíbrio, na coordenação

e distúrbios oculares. Em seu trabalho, propuseram uma estratégia fisioterapêutica

específica, utilizando os movimentos oculares, para a ataxia cerebelar de indivíduos

com DMJ. A reintegração e funcionalização de determinadas áreas do tronco

cerebral e cerebelo através da utilização dos movimentos oculares parece ser uma

estratégia que pode apresentar resultados significativos de melhora funcional ou de

amenizar a progressão da doença nesses indivíduos.

Fontenelle et al. (2008) descreveram nove casos de crianças portadoras de

ataxia com hipomielinização central. Todas as nove crianças deste estudo foram

acometidas pela doença entre os 6 meses e os 3 anos de idade, porém o

acometimento pode acontecer desde o período embrionário até a idade adulta, e,

assim como na DMJ, o curso da doença foi crônico-progressivo, com episódios

adicionais de deterioração rápida. Clinicamente, a ataxia da infância ou

leucoencefalopatia com desaparecimento de matéria branca, é distinguida por ataxia

cerebelar, espasticidade geralmente menos proeminente, declínio mental

relativamente suave, e ausência de epilepsia ou epilepsia leve, e os acometidos

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podem desenvolver atrofia ótica. O dano é frequentemente acompanhado de letargia

e pode resultar em coma inexplicado. O diagnóstico de uma ataxia baseado em

aspectos clínicos não é sempre fácil. A ataxia da infância apresenta diferentes

fenótipos. Com o acesso universal à ressonância magnética, o diagnóstico

diferencial das ataxias poderia ser considerado mais freqüentemente e é confirmado

pelo teste genético, o qual permite uma melhor acepção do aspecto clínico dessas

doenças.

Busanello, Castro e Rosa (2007) afirmaram que dar assistência a pacientes

portadores de problemas neurológicos que interferem nas funções do Sistema

Estomatognático (SE) é rotineira e necessária para que estes tenham qualidade de

vida. A Doença de Machado-Joseph é um exemplo de doença heredo-degenerativa

que pode ter repercussão no SE. A sintomatologia da DMJ está relacionada ao

progresso lento, a manifestações cerebelares e sintomas, como: tremores, marcha

atáxica, ataxia, disfagia, distonia, fasciculações de língua e de face, entre outros. A

ataxia limita a articulação conforme o progresso da doença, podendo levar a disartria

grave, que pode ser observada em estágios iniciais da doença. A fala corresponde a

rápidas modificações do aparato articulatório (mandíbula, lábios, dentes, língua, véu

palatino, entre outros), sincronizadas com a produção do ar sonoro e coordenadas

pelo sistema extrapiramidal, incluindo o cerebelo. Assim faz-se a coordenação dos

movimentos orofaciais para que haja emissão correta de palavras. A disartria pode

ser descrita como um transtorno de articulação decorrente de uma lesão neurológica

que modifica um conjunto de funções estomatognáticas que deveriam atuar em

sincronia (respiração, fonação, articulação, entre outros), e assim causa defeitos na

emissão de sons e na formação das palavras. Na DMJ, a disartria é do tipo atáxica,

na qual há a falta de contração coordenada dos músculos para a articulação da fala,

os movimentos são lentos, e há um tremor característico, chamado intencional, que

aumenta até o final do movimento. Embora não exista tratamento específico para as

ataxias espinocerebelares, o tratamento é de suporte e visa maximizar e preservar a

função.

De acordo com Martinelli et al. (2005), a ataxia cerebelar autossômica é

subdividida de acordo com as características clínicas. O tipo III é determinado

quando os sinais aparecem depois da quarta década de vida. Nos Estados Unidos e

na Europa, a prevalência de ataxias é de aproximadamente 2:1000.000, com uma

freqüência de portador de 1:120; A freqüência da DMJ em 328 pacientes brasileiros

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foi de 30%, sendo a mais comum em casos de herança dominante de ataxias

espinocerebelares no Brasil.

Teive e Arruda (2004) verificaram que as enfermidades heredo-degenerativas,

entre elas as ataxias cerebelares autossômicas dominantes, agora conhecidas como

ataxias espinocerebelares (AEC), correspondem a extenso grupo de doenças com

grande heterogeneidade genética. Algumas formas de AEC, em especial a doença

de Machado-Joseph (DMJ), caracteriza-se por acentuada variabilidade de expressão

fenotípica intra e inter-familiar. Em 1895, na Grã-Bretanha, foi descrita uma família

com uma forma autossômica dominante de AEC que viria a ser conhecida como a

família Drew de Walworth. Até 1995, quando do diagnóstico genético final de DMJ,

vários membros e gerações desta família foram examinados e seus achados

descritos na literatura por famosos neurologistas, como Gowers. Neste artigo, os

autores descrevem a trajetória histórica tortuosa e as discussões sobre os

diagnósticos nosológicos propostos no decorrer de um século, com o propósito de

mostrar a impressionante e atraente complexidade que envolve este grupo de

doenças neurodegenerativas.

Bressman, Lynch e Rosenberg (2002), afirmam que os sinais mais evidentes

da doença, que estão ligados à época de início das manifestações, são: sinais

piramidais, distonia e rigidez, amiotrofia, fasciculações faciais e linguais e retração

palpebral com olhos salientes. Estas manifestações são agrupadas em quatro

subclasses clínicas. Quando a doença surge na adolescência ou na idade adulta

jovem, ocorre rapidamente e de forma progressiva, com espasticidade, rigidez,

bradicinesia, fraqueza, distonia e ataxia. Na fase adulta média, de 30 a 50 anos, há

progressão moderada de ataxia. Já na fase adulta avançada, entre 40 e 70 anos de

idade, ocorre progressão mais lenta de ataxia, proeminentes sinais dos nervos

periféricos e escassos achados extrapiramidais. No último grupo, na idade adulta,

acima de 70 anos, ocorre parkinsonismo e neuropatia periférica. Não somente em

famílias de descendência portuguesa, um distúrbio semelhante foi encontrado

também em famílias alemãs, holandesas, afro-americanas e japonesas.

Jardim et al. (2001) analisaram 62 pacientes portadores da DMJ, sendo 30

homens e 32 mulheres, selecionados entre vários outros portadores de ataxias

espinocerebelares, com diagnóstico para DMJ confirmado por análise molecular.

Estes pacientes pertenciam a 34 famílias: 31 de ascendência portuguesa, 2 de afro-

brasileira e 1 de alemã. Todos os pacientes foram examinados pelo mesmo médico,

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através de uma avaliação neurológica minuciosa e da determinação da idade de

acometimento do paciente, considerando a data do aparecimento dos primeiros

sintomas. A DMJ é uma doença frequente e altamente incapacitante, pois

tipicamente, os pacientes serão limitados ao uso de cadeira de rodas e,

posteriormente, serão acamados. A distribuição de idade de acometimento é vasta,

indo dos 5 aos 73 anos em pacientes portugueses. A sobrevivência média depois do

acometimento varia de 14 a 25 anos. O gene associado com a DMJ se localiza no

cromossomo 14q32.1. A repetição de CAG em um alelo normal varia de 12 a 41

repetições, enquanto em alelos expandidos varia de 66 a 84 repetições. Desta forma

tem-se a confirmação do diagnóstico da doença pelo teste genético. Dos 30 homens

e das 32 mulheres, todas as mulheres apresentavam nistagmo, enquanto apenas 25

homens o apresentavam, uma diferença que é estatisticamente significante. Os

sinais neurológicos e sua severidade também são associados com a repetição da

extensão da cadeia de CAG. Quanto mais longa, pior o grau de síndrome piramidal

e distonia. A severidade da marcha e de ataxia dos membros e disartria parecem ser

excepcionalmente conferidos à progressão da doença. O amplo leque de

manifestações clínicas da DMJ, além das citadas, inclui alterações de fala e

deglutição, perda de sensação, retração das pálpebras, perda de peso e desordens

do sono. Ataxia dos membros, disartria, disgafia, oftalmoplegia, marcha atáxica e

alguns outros sintomas agravaram à medida que a doença progride. Com a

evolução da DMJ, mais comum é o aparecimento de certos sinais. Basicamente, a

heterogeneidade dos laudos neurológicos pode ser em partes explicada pela

duração da doença, tipo clínico, e repetição da cadeia de CAG.

Segundo Teive (2001), a grande variedade fenotípica da DMJ, mesmo em

indivíduos da mesma família, dá margem para um diagnóstico incerto,

principalmente quando a diferenciação baseia-se em fundamentos clínicos. A DMJ

pode ainda ser confundida com Paraplegia Espástica Hereditária (PEH). Paraplegia

Espástica Hereditária é um grupo heterogêneo de desordens hereditárias no qual a

principal característica clínica é a espasticidade progressiva dos membros inferiores.

Portanto, a DMJ deve ser considerada no diagnóstico diferencial das PEH

complicadas autossômicas dominantes. A causa da variedade de diferentes

fenótipos na DMJ é desconhecida, mas várias possibilidades vêm sendo

consideradas, tais como o número de repetições dos trinucleotídeos, mosaicismo

somático, modificação de genes, polimorfismo no alelo infectado, fatores ambientais

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e homozigotismo. A sobreposição clínica entre DMJ e PEH complicada é ampla,

sendo que ambas podem apresentar paraparesia espástica, disfunção

extrapiramidal, amiotrofia, demência, ataxia e sinais cerebelares, e neuropatia

periférica.

Lopes-Cendes et al. (1997) asseguraram que o lócus da DMJ foi mapeado no

cromossomo 14q primeiramente em japoneses, e subsquentemente foi associado à

mesma região cromossômica em famílias portuguesas, brasileiras e francesas. A

repetição de um trinucleotídeo CAG localizada na região decodificada do gene DMJ

foi identificada como causadora da mutação. Esta repetição também vem sendo

associada com outras desordens neurodegenerativas, como a Doenças de

Huntington e Kennedy, além de outros tipos de ataxias espinocerebelares

autossômicas dominantes.

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