universidade do vale do itajai centro de ciÊncias da saÚde …siaibib01.univali.br/pdf/iana carla...

67
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS IANA CARLA PINTO ITAJAÍ (SC) 2008

Upload: others

Post on 10-Jun-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

IANA CARLA PINTO

ITAJAÍ (SC)

2008

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

IANA CARLA PINTO

A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Psicólogo pela Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde

Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal

ITAJAÍ (SC)

2008

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais

José e Onélia e ao meu companheiro

Christian, pelo amor incondicional e

pelo incentivo à minha trajetória de

busca do conhecimento e

crescimento pessoal.

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeira e imensamente, ao meu orientador, Eduardo José Legal,

por sua enorme contribuição ao desenvolvimento deste trabalho;

Agradeço à professora Giovana Delvan Stühler e à Artur Diehl, por terem

aceitado fazer parte da banca avaliadora desta monografia e por suas contribuições,

que foram e serão de grande valia;

Agradeço aos amigos: André, Olga, Gabriela, Susi, Tatiana, Mônica e

Marina, pela amizade, apoio e incentivo em todas as etapas desta monografia;

Agradeço aos meus irmãos pela compreensão em quase todos os momentos

que eu precisei usar o computador e de silêncio para fazer este trabalho e eles

cederam;

Agradeço enormemente aos participantes dos treinos de EMDR e

relaxamento, pela sua colaboração essencial à esta monografia.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 6 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 8

2.1 ESTRESSE EM UNIVERSITÁRIOS ................................................................................... 8 2.2 TÉCNICAS DE REDUÇÃO DE ESTRESSE.......................................................................... 9 2.3 EMDR .................................................................................................................... 10

2.3.1 O modelo de processamento da informação de Shapiro (2004)..................... 12 2.3.2 Componentes do procedimento de EMDR ..................................................... 14 2.3.3 As fases do EMDR ......................................................................................... 16 2.3.4 Versão do EMDR para situações especiais.................................................... 17 2.3.5 Resultados da técnica .................................................................................... 18

3 METODOLOGIA........................................................................................................... 26

3.1 PARTICIPANTES........................................................................................................ 26 3.2 INSTRUMENTOS........................................................................................................ 26 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS..................................................................... 28 3.4 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................. 30 3.5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ......................................................................................... 31

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................... 32 4.1 COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO TREINO DE EMDR X RELAXAMENTO SOBRE OS ESCORES DOS INSTRUMENTOS............................................................................................................. 32 4.2 RELATOS DOS TREINOS DA TÉCNICA BASEADA EM EMDR ............................................ 37 4.3 RELATOS DOS PARTICIPANTES DOS TREINOS DA TÉCNICA DE RELAXAMENTO.................. 56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 59 6 REFERÊNCIAS: ........................................................................................................... 61

7 ANEXOS....................................................................................................................... 64 7.1 ANEXO 1.................................................................................................................. 64 7.2 ANEXO 2.................................................................................................................. 65

8 APÊNDICE ................................................................................................................... 66

8.1 ENTREVISTA............................................................................................................. 66

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Acadêmica: Iana Carla Pinto

Orientador: Prof. Dr. Eduardo José legal

Este estudo teve como objetivo verificar a eficácia do EMDR (Eye Movement Desesintization Reprocessing – Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares), na redução do estresse em estudantes universitários comparando-o com um treino de relaxamento. Para tanto, foram avaliados os índices de estresse destes estudantes antes, um mês e dois meses após as aplicações dos procedimentos de redução de estresse, bem como, seus relatos sobre os efeitos das técnicas em suas vidas acadêmicas. Fizeram parte deste estudo dezesseis estudantes matriculados nos cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Itajaí, os quais foram divididos em dois grupos (1 e 2). No grupo 1, foi aplicada a técnica de relaxamento progressivo de Jacobson; no grupo 2, o protocolo de EMDR para ansiedade e comportamentos atuais. Por fim, foram comparados os escores de estresse dos estudantes de ambos os grupos e os relatos sobre as técnicas, no intuito de verificar em qual deles houve maior manutenção e eficácia da redução dos níveis de estresse. Os resultados quantitativos deste estudo, apontaram maior eficácia para o grupo de relaxamento progressivo, embora os resultados qualitativos tenham apontado a mesma eficácia e em menor tempo para o grupo de EMDR. Palavras-Chave: EMDR, Estresse, Estudantes Universitários

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

1 INTRODUÇÃO

O estresse em estudantes universitários vem sendo alvo de inúmeras discussões

no meio científico, desde suas causas, estímulos estressores, estratégias de

enfrentamento, até suas consequências, que muitas vezes podem ser negativas. De

acordo com Holmes, (1997), o estresse pode ser descrito como um quadro de distúrbios

físicos e emocionais, associado tanto a situações positivas como negativas e essas

situações exigem do indivíduo capacidade de adaptação.

Diversas técnicas para redução do estresse vêm sendo exploradas por

pesquisadores do mundo inteiro. Dentre estas encontram-se o relaxamento, exercícios

físicos, técnicas de respiração, coerência cardíaca e outras. Algumas destas técnicas têm

alcançado resultados eficazes, porém outras, nem tanto (ZAMPIER e ESTEFANO, 2004).

Então, torna-se necessário que mais estudos efetivos sejam realizados na busca de

técnicas que reduzam o estresse, num curto espaço de tempo e que sejam eficazes à

longo prazo. Principalmente, no caso de estudantes universitários que, geralmente, não

dispendem de muito tempo para um tratamento longo, pois as obrigações e

responsbilidades universitárias por si só, acarretam sobrecarga e pressão em período de

tempo determinado (dependendo da duração de cada período letivo – semestre ou ano).

É importante ressaltar que o estresse, à longo prazo, pode favorecer o

desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão, além de propiciar ou causar

pressão alta, dores nas costas, rugas, problemas digestivos e impotência sexual

(SAPOLSKY, 1998; SERVAN-SHREIBER, 2004).

A técnica de dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares

– EMDR – tem demonstrado alta eficácia em tratamento de curtíssimo prazo para pessoas

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

7

que sofrem de ansiedades conseqüêntes de situações traumáticas, fobias e outras

desordens (SERVAN-SHREIBER, 2004; SHAPIRO, 2004; WILSON et al., 2004) . Por este

motivo, a técnica vem sendo amplamente aceita no meio científico devido aos efeitos

consistentes alcançados com o tratamento e à manutenção do controle dos sintomas.

Este estudo objetivou verificar a eficácia do EMDR como técnica psicológica na

redução do estresse em estudantes universitários. Para tanto, foram avaliados os índices

de estresse em estudantes universitários antes e após a aplicação de procedimentos de

redução de estresse; aplicou-se à esses estudantes, divididos em dois grupos, a técnica

de relaxamento progressivo de Jacobson (grupo 1) e o protocolo para ansiedade e

comportamentos atuais do EMDR (grupo 2); e, verificou-se a eficácia do EMDR na

redução do estresse desses estudantes.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Estresse em universitários

A universidade, com todas as suas exigências, expectativas e quantidade de

informações pode ser grande fonte de estresse, tanto para os ingressantes, quanto

para os períodos que sucedem, gerando nos universitários aumento de

responsabilidades, ansiedade, competitividade, enfim, situações que facilitam o

surgimento do estresse (FISHER, 1994; GADZELLA, 1994; CAMPOS; ROCHA;

CAMPOS, 1996; SILVA; MALBERGIER; ANDRADE, 2006).

Diversos estudos vêm demonstrando que dentre os principais problemas

identificados em estudantes universitários, além da depressão, distúrbios de

alimentação e abuso de drogas, está o estresse. Em pesquisa realizada por Kerr-

Corrêa et al. (1999), constatou-se que a sobrecarga e o estresse acadêmico,

principalmente a partir do sexto período, têm acarretado um potencial abuso de

medicamentos, principalmente tranqüilizantes.

Silva, Malbergier e Andrade (2006) estudaram características socioeconômicas e

o estresse em estudantes da área da saúde, encontrando que o maior agente estressor

foi o grande número de exigências e dificuldades com algumas matérias em específico,

além de níveis de estresse ainda mais elevados em fases de avaliação.

Esse tema também foi motivo de pesquisa de Mendonça (2002) que verificou que a

maioria dos estudantes da área da saúde apresenta um elevado nível de sintomas de

estresse e que dentre as situações que mais os estressam está a vida acadêmica,

incluindo a dificuldade em administrar o tempo e as atividades rotineiras.

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

9

2.2 Técnicas de redução de estresse

O fenômeno do estresse é definido por McGrath (1998 apud BARA FILHO;

RIBEIRO; MIRANDA, 2002) como

um desequilíbrio substancial entre a demanda (física e/ou

psíquica) e a capacidade de resposta, sob condições nas quais o

fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências.

Muitas pesquisas vêm sendo realizadas com intuito de encontrar técnicas

eficazes para redução do estresse e suas conseqüências (negativas principalmente).

Algumas delas têm alcançado bons e eficazes resultados. Zampier e Estefano (2004)

trazem algumas técnicas que têm resultados eficazes como:

Relaxamento progressivo, que objetiva a otimização do descanso, bem como a

redução e o controle da ansiedade e do estresse.

A técnica parte do princípio de que para gerar um estado de

relaxamento profundo não é preciso uso nem de imaginação nem

de força de vontade, bastando apenas contrair seqüências

específicas de músculos para depois deixá-los relaxar

automaticamente (SARDÁ; LEGAL; JABLONSKI, 2004 p. 117).

As ações a serem ensinadas com a técnica, consistem numa fase de tensão,

cujo objetivo é instruir o paciente no sentido de torná-lo apto a identificar e reconhecer

contrações involuntárias no cotidiano; e outra fase de relaxamento, a qual demonstra ao

paciente como eliciar por conta própria o relaxamento muscular sempre que necessário

(ANGELOTTI, 2007).

Exercícios físicos: tais como caminhadas, natação, bicicleta, ginástica,

alongamentos e outros, desde que não sejam competitivos.

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

10

Técnicas de Biofeedback: nas quais as pessoas aprendem a detectar e controlar

mudanças físicas relacionadas ao estresse.

Técnicas de respiração: respirar adequada e profundamente, a fim de aliviar

tensões.

Além das técnicas listadas acima, há inúmeras outras que vem sendo

pesquisadas para redução do estresse. Um exemplo disso é a técnica de EMDR, cuja

efetividade é demonstrada para traumas psicológicos e vem sendo estudada na

redução do estresse (WILSON et al, 2004).

2.3 EMDR

Eye Movement Desensitization and Reprocessing – é uma técnica

psicoterapêutica que se originou e vem sendo desenvolvida a partir de observaçõs da

psicóloga Francine Shapiro, desde 1987. Sua pesquisa na área clínica investigou o

efeito aparentemente dessensibilizador que a repetição dos movimentos oculares

espontâneos e outras estimulações têm em relação a pensamentos desagradáveis.

Anos de exploração clínica vêm trazendo como resultado um método integral, e como

tal, é de fundamental importância considerar que: aspectos do procedimento são

sintetizados a partir das distintas e principais tendências psicológicas (enfoques

psicodinâmicos, comportamentais, cognitivos e interacionistas); que seus protocolos

são empregados de acordo com cada necessidade; e que o tratamento ajuda,

comprovadamente, o cliente a viver um presente muito mais são e produtivo, lidando

melhor com situações perturbadoras as quais tenha experienciado ou ainda experiência

(SHAPIRO, 2004).

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

11

A princípio, a técnica era chamada de EMD que significa dessensibilização

através de movimentos oculares. Nessa primeira versão, estudos controlados já

demonstravam resultados eficazes, porém, passou a ser denominada EMDR, devido a

evidência de que o procedimento implica num mecanismo de processamento da

informação, ao invés de um simples efeito de dessensibilização. Foi com esse

entedimento de um processo mais amplo que o êxito da técnica aumentou

consideravelmente.

O EMDR vêm recebendo contribuições de estudiosos do mundo inteiro. Seu

diferencial em relação a outras técnicas de redução de estresse são os resultados

comprovadamente surpreendentes num curto espaço de tempo (SERVAN-SHREIBER,

2004).

Nesta técnica, destinada a quem passou (ou passa) por situações estressantes,

ou mesmo traumáticas, as pessoas são estimuladas a mover os olhos de um lado para

o outro, com movimentos oculares que se assemelham ao que acontece no sono

paradoxal (REM – rapid eyes movement), durante os sonhos, enquanto fala

espontâneamente e associa livremente a situação a qual foi submetida (SERVAN -

SHREIBER, 2004). Esses movimentos oculares podem ser substituidos por outras

estímulações (sons, toques) que se ajustem melhor às necessidades dos clientes. As

séries de estimulações devem ser iniciadas de maneira lenta e ir acelerando até que se

possa obter um rítmo de estímulo mais rápido e que o cliente possa sustentar, até que

a lembrança do evento estressante ou traumático, possa ser associado a pensamentos

positivos.

A partir dos materiais trazidos livremente pelo cliente, incluindo imagens,

cognição e sensações físicas, deve-se enfocar, segundo Shapiro (2004), a emoção

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

12

estimulada, a intensidade da perturbação e o quão certa é a cognição positiva para

este.

A idéia e a meta da técnica é que as emoções e sentimentos mais positivos e

poderosos se generalizem para formas e condutas mais apropriadas. Para explicar

como isso é possível, Francine Shapiro criou um modelo teórico o qual denominou

Processamento da Informação que proporciona um marco teórico e princípios para o

tratamento.

2.3.1 O modelo de processamento da informação de Shapiro (2004)

O ser humano é provido de um equilíbrio neurológico que permite que as

informações sejam processadas naturalmente até que alcancem uma resolução

adaptativa, então, o que é útil é aprendido e armazenado com os sentimentos e

emoções apropriadas e fica disponível para uso futuro.

Em uma pessoa que experimente determinada situação de maneira

perturbadora, pode haver um desequilíbrio no sistema nervoso, provocado por

neurotransmissores, que faz com que o processamento das informações seja

incapacitado de funcionar normalmente e a informação adquirida fica mantida

neurológicamente no estado perturbado, desde suas imagens, sons, até sentimentos e

emoções.

Em outras palavras, no caso dos acontecimentos processados adaptativamente,

as aprendizagens adequadas são armazenadas com emoções apropriadas, por outro

lado, os acontecimentos armazenados disfuncionalmente guardam percepções e

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

13

pensamentos que prevalecem durante o acontecimento desencadeador do trauma ou

estresse.

Diante disso, os elementos do procedimento do método EMDR, incluindo os

estímulos de atenção dual, têm se mostrado como detonadores deste estado fisiológico

e facilitadores do processamento da informação. Alguns dos mecanismos que

propiciam essa ativação são: o descondicionamento causado pela resposta de

relaxamento; uma mudança no estado do cérebro que aumenta a ativação e fortalece

associações; e fatores da atenção dual que atendem à estímulos presentes, enquanto

processam em nível neurológico as respostas antes intensas, de maneira adaptativa,

fazendo com que se recupere o estado natural de resposta. Portanto, quando se pede

ao cliente que faça aflorar as situações perturbadoras passadas, é provável que haja o

estabelecimento de um vínculo entre a consciência (ter ciência de) e o lugar no cérebro

onde a informação está armazenada (processada), ou “congelada”. A resolução pode

se dar no momento em que as informações associadas à situação desencadeadora da

perturbação, que permaneciam inacessíveis à consciencia, entram em contato com a

informação adaptativa do momento da sessão em que são aplicadas as estimulações.

É então, por meio de uma série de canais ou neuro-redes de recordações que

nossos pensamentos, emoções e sensações relativos às perturbações vinculam-se uns

com os outros. Este processamento é controlado pela memória de procedimento

(implícita), a qual não se tem acesso consciente (MATLIN, 2004). No método EMDR

propõe-se que o cliente enfoque numa recordação específica, a qual pode ser também

chamada de branco específico ou nódulo do acontecimento perturbador, e trabalha-se

os canais ou neuro-redes deste acontecimento (das respostas do cliente a este), no

intuito de associações positivas nos processos perturbados. É nesse processo que o

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

14

que era disfuncional ou negativo, torna-se menos válido e passa a ser mais positivo,

vívido, alcançando o estado funcional de saúde. Pode-se dizer que a informação

perturbadora, passa a seguir um fluxo adaptativo que é fisiológicamente natural.

Essencialmente, esses princípios de processamento podem ser aplicados à

maior parte das experiências perturbadoras da vida, sem importar sua origem. Para

tanto, é necessário o conhecimento de cada um dos componentes do procedimento

(SHAPIRO, 2004).

2.3.2 Componentes do procedimento de EMDR

Um procedimento de EMDR efetivo depende, também, do apontamento das

imagens, cognições, emoções e sensações físicas relacionadas à perturbação e da

estimulação. Passa-se a detalhá-los, a seguir, segundo Shapiro (2004).

As imagens: deve-se orientar o cliente a centrar sua atenção em uma imagem

que represente a perturbação. A meta é estabelecer um vínculo entre a consciência e o

lugar no cérebro onde se armazena a informação.

A cognição negativa: o cliente dá uma declaração que expresse a avaliação de

si mesmo, quanto a inadaptação que acompanha a imagem, o que não constitui uma

mera descrição, mas uma interpretação de si mesmo.

A cognição positiva: o cliente identifica uma cognição positiva, um pensamento

bom que deseja ter e qualifica o quão verdadeiro é esse pensamento numa escala de 1

a 7 denominada VoC (Validity of cognition scale – Escala de validação das

cognições/crenças), na qual 1 significa completamente falso e 7 completamente

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

15

verdadeiro. Depois de ter processado o material funcional, essa cognição positiva será

vinculada intencionalmente à informação perturbadora e se generalizará a experiências

relativas.

As emoções: o cliente volta a manter em mente a imagem da situação

perturbadora e sua cognição negativa e qualifica o nível emocional em que estas se

situam, numa escala de 0 a 10 denominada SUDS (The subjective unit of disturbance

scale – Escala de unidade subjetiva de perturbação), na qual 0 significa neutro, ou sem

perturbação e 10 é o mais alto grau de perturbação.

As sensações físicas: as sensações físicas que se geram quando os clientes se

concentram na recordação constituem pontos importantes para o tratamento e podem

estar associados com tensão emocional, rigidez muscular e aceleramento cardíaco. O

que se quer e o que se tem conseguido, é que ao final do procedimento, ao pensar na

situação, já não emerjam essas sensações.

Estimulações: trabalha-se no sentido de usar o tipo de estimulação que se

adeque melhor a cada cliente, podendo ser desde movimentos oculares, até

estimulações alternativas, que também têm demonstrado ampla eficácia, como

estímulos sonoros e toques. Ao final de cada série, o cliente relata se está sentindo-se

acomodado com a maneria como está sendo estimulado, sendo que também pode

interromper a série a qualquer momento se assim o desejar.

Dados os elementos, Shapiro (2004) propõe oito fases básicas para um

resultado eficaz.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

16

2.3.3 As fases do EMDR

Primeira Fase: consiste num registro histórico do paciente e um planejamento

do tratamento, incluindo um panorama dos comportamentos, sintomas e características

que precisam ser trabalhadas.

Segunda Fase: esta é a fase da preparação, na qual explica-se o método de

EMDR e seus efeitos e tiram-se as dúvidas do cliente.

Terceira Fase: nesta fase, que é a da avaliação, inicia-se o procedimento,

identificando imagens, cognições, emoções e sensações e qualificando-as quanto à sua

intensidade.

Quarta Fase: ocorre a dessensibilização, que inclui sentimentos e emoções

perturbadoras e novas associações com relação a estas, por meio da estimulação.

Quinta Fase: é fase da instalação, na qual se reorganizam as cognições e

acentua-se a força da cognição positiva, que o cliente identifica como substituta da

negativa original.

Sexta Fase: consiste na exploração do corpo em busca da presença de qualquer

tensão residual, depois da instalação da cognição positiva.

Sétima Fase: consiste na finalização do tratamento, com interrogatórios e

orientações para a manutenção do equilíbrio do cliente.

Oitava Fase: consiste na reavaliação do reprocessamento e seus efeitos na

conduta do cliente.

É importante ressaltar que a duração destas fases varia de cliente para cliente e

como se pode perceber, cada fase é centrada em diferentes aspectos que devem surtir

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

17

efeitos à medida que se processem as informações positivamente (SERBAN-

SHREIBER, 2004; SHAPIRO, 2004).

O propósito das oito fases é facilitar o processamento acelerado da informação,

de modo a reduzir os níveis de respostas quanto às suas perturbações.

2.3.4 Versão do EMDR para situações especiais

Dado que o reprocessamento de informação se dá de formas diferentes em

situações traumáticas comparadas às situações estressantes, ou ansiogênicas, Shapiro

(2007, p. 283-314) propõe protocolos e procedimentos para situações especiais como

estresse, ansiedade, entre outras.

Esta pesquisa teve como base o protocolo para ansiedade e comportamento

atuais (SHAPIRO, 2007, p. 287) visto que a maioria das pessoas sofrem com

perturbações e ansiedades que não necessáriamente relacionam-se a traumas

importantes (os traumas com “T” versus traumas com “t”1). Nesses casos deve-se

enfocar o procedimento na especificação de alguns aspectos: qual a situação

causadora de ansiedade e/ou estresse que deve ser trabalhada; o fator desencadeador

da perturbação perante tal situação (caso a pessoa recorde); e a resposta desejada na

situação.

1 Shapiro (2004) relata existir dois tipos de traumas: os importantes e geradores de grande tensão (com “T” maiúsculo) e aqueles cotidianos, não tão ansiogênicos, mas de qualquer forma, incômodos (com “t” minúsculo) como os eventos estressantes diários.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

18

Diante destes aspectos, se empregam os componentes do procedimento de EMDR,

tomando-se as medidas para a dessensibilização e o reprocessamento da perturbação,

seguindo a seguinte ordem:

• A recordação mais antiga;

• O exemplo mais recente ou mais representativo de uma situação atual que

provoca estresse;

• A projeção futura de uma resposta emocional e comportamental desejada.

Esta versão da técnica, com o cumprimento das etapas do protocolo tem

demonstrado resultados efetivos no enfrentamento de situações desencadeadoras de

ansiedade e estresse (SHAPIRO, 2007).

2.3.5 Resultados da técnica

O EMDR vem sendo considerado por clínicos do mundo inteiro como um método

integral, que vem atuando de forma altamente efetiva numa infinidade de problemas

psicológicos como traumas, fobias, ansiedades, estresse e outras desordens. Já são

mais de 20.000 terapeutas no mundo treinados em EMDR (FORREST; SHAPIRO,

1997). Também é considerada a técnica terapêutica mais testada, devido à extensa

lista de pesquisas exaustivas utilizando-a. Algumas dessas pesquisas são citadas a

seguir.

a) EMDR para traumas

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

19

As inúmeras pesquisas do EMDR aplicadas a traumas têm demonstrado

efetividade, visto que seus efeitos já aparecem em poucas sessões e são mantidos a

longo prazo. É o que demonstram as pesquisas a seguir.

Os efeitos de 3 sessões de 90 minutos de EMDR foram testados em 80

participantes que haviam passado por situações traumáticas e que vinham recebendo

há um tempo tratamento psicoterápico. Dentre esses 80 participantes, um a cada 5,

foram escolhidos para receberem a aplicação de EMDR, sendo que logo após as

aplicações, já demonstravam um diminuído grau de ansiedade e um aumento das

cognições positivas. Na aplicação do pós teste 3 meses depois, percebeu-se que os

efeitos haviam sido mantidos, enquanto que o grupo que estava apenas recebendo

terapia convencional não apresentou os mesmos efeitos (WILSON et al, 1995).

Um segundo pós-teste foi realizado 1 ano e 3 meses após as aplicações, onde

se verificou, mais uma vez, a manutenção dos efeitos do EMDR em 84% nos sintomas

de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) (WILSON et al, 1997).

Pacientes que haviam passado por abuso sexual na infância foram submetidas à

aplicação do EMDR também em 3 sessões de 90 minutos. Após 18 meses avaliou-se

como estava o trauma diante da reexposição através do relato da situação da infância.

Verificou-se que a perturbação havia desaparecido, e a situação deixou de ser

traumática e passou a ser adaptativa (EDMOND; RUBEN, 2004).

Davidson e Parker (2001) realizaram uma meta-análise entre 34 estudos que

utilizaram EMDR com diferentes estimulações, numa variedade de populações que

haviam passado por situações traumáticas e comparando a diversas técnicas. O EMDR

mostrou-se mais efetivo em todas as populações estudadas, quando comparado a

outras técnicas. Um outro dado importante constatado, é que independente do estímulo

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

20

utilizado nos estudos, seja movimento ocular, toques ou sons, os efeitos positivos da

técnica estiveram presentes. Em suma, segundo os autores da meta-análise, o EMDR

poderia ser chamado apenas de Dessensibilização e Reprocessamento, não

necessitando citar o movimento dos olhos, que é apenas uma das possibilidades de

estimulação.

Lansing et al. (2005) avaliaram a eficácia do EMDR através de sua aplicação em

6 policiais diagnosticados com TEPT. Antes do tratamento foi aplicada uma escala

diagnóstica do estresse pós traumático, que demonstrou alto nível deste e foi emitida

uma tomografia computadorizada da imagem do cérebro. Após as aplicações,

constatou-se significativa diminuição na escala diagnóstica de TEPT e diminuição nos

lobos parietal, frontal e occipital esquerdos, além de um aumento no giro frontal inferior

esquerdo, demonstrando que o EMDR foi eficaz no tratamento de TEPT para este

grupo de oficiais.

Um outro estudo comparou a eficácia de dois tratamentos para o TEPT em 22

vítimas de violação física e crime. Eram eles: EMDR e EP (Exposição prolongada).

Após 3 sessões de cada técnica, o EMDR auxiliou na redução de 70% dos sintomas de

TEPT em 7 a cada 10 pessoas, enquanto que a EP reduziu apenas 20% dos sintomas

em 2 a cada 10 pessoas. O mais interessante é que além da redução significativa dos

sintomas de TEPT o EMDR atuou na redução de sintomas de depressão (IRONSON et

al., 2002).

O EMDR também foi aplicado em pacientes hospitalizados com crises de TEPT

freqüentes, após 18 meses de terapia 1 vez por semana, os pacientes não mais

hospitalizados demonstraram recuperação e um significativo aumento na qualidade de

vida e já lidavam muito bem com suas apreenções. Este é mais um caso que suporta a

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

21

noção de que o EMDR pode ser um tratamento alternativo eficaz para apreensões

psicológicas, especialmente quando o histórico da pessoa revela um evento traumático

(CHEMALI; MEADOWS, 2004).

Kneff e Krebs (2004) sugerem que o EMDR é a inovação terapeutica mais eficaz

durante os 20 anos passados para tratar de traumas, trazendo resoluções adaptativas

às situações perturbadoras.

Estas e outras pesquisas têm demonstrado empíricamente a efetividade do

método EMDR para traumas, aplicado nas mais diferentes populações e com as mais

diferentes estimulações.

Uma revisão da literatura foi conduzida por Rubin (2003) com intuito de examinar

se o EMDR é uma técnica exclusiva para o tratamento de traumas. Dados eletrônicos e

publicações de jornais em 2003 forneceram dados que demonstravam que o EMDR é

aplicável não só aos traumas, como também a fobias, estresse, depressão e ansiedade

e não só em adultos, como também em crianças, com os mais diferentes problemas,

apresentando efeitos significativos e prolongados.

Diante desta revisão, serão apresentadas pesquisas que demonstram a

efetividade do EMDR para outras desordens que não os traumas.

b) EMDR aplicado a outras desordens

De um modo geral “os efeitos de EMDR se baseiam na capacidade de enfocar e

localizar o material disfuncional” (SHAPIRO, 2004 p. 89). Esse material diz respeito ao

que a autora denomina nódulo ou branco, que é o que está impedindo que a

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

22

informação se processe adaptativamente. Daí a importância de enfocá-lo para o

alcance da eficácia do tratamento, seja para qual for a experiência perturbadora.

Têm-se alcançado resultados positivos com o emprego do EMDR em uma ampla

gama de possibilidades como: veteranos de combate em guerras, pessoas que sofrem

de fobias e transtorno do pânico, vítimas de crimes, pessoas que perderam entes

queridos, vítimas de desastres naturais e de abusos sexuais, pessoas que sofrem com

ansiedade de desempenho, pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Estresse Pós

Traumático, dentre inúmeras outras possibilidades, incluindo o estresse em situações

atuais. Serão expostos a seguir alguns dos estudos que comprovam esses resultados.

Em estudo realizado por Wilson et al. (2004) com oficiais de polícia, foram

aplicadas e comparadas técnicas tradicionais de manejo e redução do estresse, e

EMDR. Este último se mostrou mais efetivo na redução e na manutenção do controle do

estresse e por mais de seis meses.

Broad e Wheeler (2006) aplicaram o EMDR em crianças com Transtorno de

Defict de Atenção e Hiperatividade e sintomas de depressão. Verificou-se significativa

diminuição dos sintomas de depressão e hipervigilância e uma habilidade aumentada

de concentração, o que resultou num abortamento da medicação para os problemas em

questão. Os resultados foram verificados 8 meses depois e os efeitos foram mantidos.

Benor (2005) estudou o EMDR como tratamento para estresse, ansiedades e

dores físicas e emocionais, e obteve resultados muito positivos, dentre eles a

diminuição dos sintomas presentes e a instalação de cognições positivas em situações

de vida que causam estresse.

Uma mulher com 34 anos, diagnosticada com TEPT e depressão, decorrentes do

diagnóstico de epilepsia, recebeu a aplicação de 4 sessões de EMDR e demonstrou

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

23

sucesso após as mesmas, com a diminuição dos sintomas (SCHNEIDER, 2005). Fato

que demonstra que o EMDR não atua rapidamente apenas no TEPT, mas também em

sintomas de depressão e epilepsia.

Uma experiência foi realizada por Sun, Wu e Chiu (2004), casando a aplicação

do EMDR com meditação em um paciente idoso para cirurgia com sintomas de

depressão, fobia e trauma devido a mesma. Após duas semanas recebendo a

aplicação dos dois procedimentos, o sujeito em questão demonstrou estar livre do

medo da cirurgia e da aflição emocional com redução significativa dos sintomas. Fato

que demonstrou a eficácia do EMDR em conjunto com meditação na redução de outros

sintomas.

Levando-se em consideração que a memória de emoções perturbadoras,

geralmente, tem efeitos negativos e duradouros sobre o modo como as pessoas vêem

o mundo e diante de tantos estudos, pode-se notar que uma sessão bem sucedida de

EMDR, permite que se normalize o processamento dessas informações, fazendo com

que as sensações não sejam mais revividas quando o evento é trazido à memória.

Essas sensações ainda podem ser lembradas, mas seus efeitos perturbadores

desaparecem ou diminuem sensivelmente.

O EMDR constitui um enfoque com grande variedade de componentes

necessários para alcançar efetividade plena. Então, para resultados eficazes com a

técnica, deve-se levar em conta que nenhuma sessão é igual à outra e que qualquer

recordação trazida pelo cliente é válida e deve ser trabalhada adequadamente, através

da dessensibilização das emoções negativas, obtenção de mudanças na tensão

corporal e reestruturação cognitiva.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

24

c) Estudos controversos

Apesar da grande maioria dos estudos no mundo todo demonstrarem resultados

positivos com a aplicação do EMDR, alguns autores têm chamado atenção para uma

visão um pouco diferente da trazida até aqui.

A revisão das pesquisas envolvendo EMDR, realizada por Hertlein e Ricci (2004)

sugere que os investigadores empreguem critérios mais rigorosos de pesquisa para a

verificação da eficácia de EMDR.

Um estudo realizado por Conroy–Moore (2001) avaliou a eficácia do EMDR

adicionado à terapia convencional em crianças que não haviam passado por traumas

específicos e que freqüentavam um centro de orientação. 39 crianças do centro foram

escolhidas aleatóriamente para receber o EMDR. Os resultados deste estudo não

demonstraram diferenças significativas entre o comportamento das crianças que

receberam EMDR e as que não receberam. Levantou-se, então, a hipótese de que o

EMDR não demonstra significativa eficácia quando não aplicados a traumas

específicos. Os pesquisadores sugerem que se façam estudos utilizando outros

protocolos.

Os anos de estudo de Shapiro e de pesquisadores do mundo inteiro, sugeriram a

necessidade da criação de diferentes protocolos específicos a diferentes problemas

psicológicos. Visto isso, cada clínico treinado em EMDR deve aplicar o protocolo

adequando à população clínica em questão. O que pode ter acontecido na pesquisa

citada (CONROY–MOORE, 2001) é a não adequação do protocolo às crianças e seus

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

25

problemas, visto que os próprios pesquisadores sugerem a reaplicação de outro

protocolo.

Tarrier et al. (2006) estudaram a preferência de estudantes de psicologia quanto

14 tipos de tratamentos e técnicas psicológicas. 10 escalas de preferência com opções

de terapias mais convencionais e mais novas foram aplicadas a 330 estudantes

universitários. Os resultados indicaram que ainda há preferência macissa das terapias

convencionais, havendo uma pequena preferência do EMDR e de outras técnicas mais

atuais.

Para Laramie (2004), o uso de EMDR permanece controverso, pois necessita

mais rigor nos estudos empíricos.

Segundo Libermann et al. (2003), um cuidado básico a ser tomado no EMDR é

que deve ser aplicado em combinação com outros métodos, embora muitos estudos

demonstrem que é eficaz por si só.

Apesar dessas considerações, sobre a necessidade de mais rigor nos estudos

sobre EMDR, Devilly (2005) propôs um estudo que buscou confrontar novas terapias e

sua cientificidade ou pseudocientificidade a partir das bases de dados medline e

Psychlnfo, avaliando-os sobre sua eficácia. Dentre as novas técnicas investigadas por

Devilly, o EMDR foi o único indicado como terapia que trás melhorias comprovadas e

significativas, com características consistentes de ciência.

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

3 METODOLOGIA

3.1 Participantes

Os participantes desta pesquisa foram dezesseis estudantes universitários,

matriculados nos cursos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UNIVALI, que se

voluntariaram a participar do estudo que aconteceu nas dependências da própria

universidade.

3.2 Instrumentos

Os instrumentos utilizados para verificação da manutenção da redução desses índices

foram o ISSL (Inventário de Sintomas de Estresse), o Sintomas de Estresse e o QSG

(Questionário de Saúde Geral). Também foi utilizada uma entrevista semi-estruturada

(Apêndice) para avaliar as situações de estresse dos mesmos, que consistiu na adaptação

de um instrumento de registro do EMDR.

Pelo fato de serem instrumentos comerciais, o ISSL , o Sintomas de Estresse e o

QSG não foram anexados nesta monografia, a fim de evitar problemas éticos e de direitos

autorais da empresa que os comercializa. Segue uma breve descrição de cada um.

• Questionário de Saúde Geral (QSG): tem por finalidade identificar o perfil sintomático

de saúde mental de pessoas com distúrbios psiquiátricos não extremados. De tipo self-

report, consta de 60 itens aos quais o sujeito deve responder através de escala de tipo

Likert de 4 pontos, em que as alternativas podem variar em função do teor da pergunta. A

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

27

avaliação realizada com a ajuda de um crivo ou de computador se dá inicialmente através

da obtenção do escore bruto de cada um dos cinco fatores (1.stress psíquico; 2.desejo de

morte; 3.desconfiança no desempenho; 4.distúrbios do sono; 5.distúrbios

psicossomáticos), bem como do escore bruto geral do questionário.

• Sintomas de Estresse: trata-se de um questionário no formato auto-relatório onde são

listados 30 sintomas físicos e psicológicos que estão associados à reação de estresse.

Esta escala foi elaborada para investigar os sintomas de estresse mais freqüentes e de

maior intensidade. Ao lado de cada sintoma o respondente deve marcar a freqüência com

que cada um deles se apresenta no indivíduo. Esta freqüência varia em uma escala

ordinal de cinco intervalos: “0” (nunca), “1” (raramente), “2” (às vezes), “3” (muitas vezes),

e “4” (sempre).

• Inventário de Sintomas de Stress – ISSL: objetiva avaliar o nível de estresse de

indivíduos adultos a partir de 15 anos de idade. Consiste em três quadros que medem as

fases do estresse. O quadro 1 mede os sintomas de “alerta”, o quadro 2 mede a fase de

“resistência” e o quadro 3 mede a fase de “exaustão”. O primeiro quadro consiste de 12

sintomas físicos e 3 psicológicos que o indivíduo deve assinalar com um “X” quando

percebe que tais sintomas estão presentes em si. O segundo quadro é composto de 10

sintomas físicos e 5 psicológicos. E, por fim, no quadro 3 estão dispostos 12 sintomas

físicos e 11 psicológicos. É considerado estresse em fase de alerta quando o indivíduo

assinala pelo menos 7 itens no quadro 1, fase de resistência quando são assinalados 4

itens no quadro 2 e, por fim, 9 itens assinalados no quadro 3.

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

28

Este inventário avalia os sintomas de estresse apresentados nas últimas 24 horas,

na última semana e no último mês.

3.3 Procedimentos de coleta de dados

Foram afixados cartazes, distribuídos pelo Centro de Ciências da Saúde, com

intuito de divulgação dos treinos de redução de estresse (de EMDR e Relaxamento) e

estipulou-se o prazo de um mês para as inscrições.

Concluído o mês, foram totalizados 26 inscritos, os quais foram divididos em dois

grupos. Com estes dois grupos, foram marcadas duas reuniões em horários e dias

diferentes; esta divisão se deu de acordo com a disponibilidade dos participantes e

também serviu para divisão dos grupos de intervenção.

Nas reuniões foram fornecidas explicações detalhadas sobre os treinos, assinados

os termos de consentimento livre e esclarecido (Anexo1) e também foi realizada a primeira

aplicação dos instrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).

Na primeira reunião estavam presentes 10 pessoas. Este grupo foi nomeado grupo

de EMDR (grupo 1 ou experimental).

Na segunda reunião, compareceram 12 pessoas. Este grupo foi nomeado grupo de

relaxamento (grupo 2 ou experimental).

• Procedimentos do grupo de EMDR: na reunião, foi marcado um segundo

encontro individual com cada participante deste grupo. Neste segundo encontro foi

aplicada uma entrevista inicial (Apêndice) e realizada a aplicação do EMDR (1ª sessão).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

29

De acordo com a necessidade apontada por cada participante, e a partir de escalas

componentes da técnica de EMDR (Escala de unidade subjetiva de perturbação – SUDS;

e Escala de validação das cognições/crenças - VoC) era marcada uma segunda aplicação.

O critério para permanência no treino para este grupo foi o comparecimento à primeira

sessão.

As sessões foram gravadas em áudio sob consentimento dos participantes.

Após um mês e 2 meses do término dos treino foi realizada a segunda e a terceira

aplicações dos intrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).

Vale ressaltar que das 10 pessoas participantes deste grupo (que compareceram à

primeira reunião), 8 concluiram o treino, que consistiu de uma a duas aplicações de

EMDR. Das 8, 6 responderam aos três momentos de aplicação (antes, um mês e dois

meses após o treino).

• Procedimentos do grupo de Relaxamento: na reunião, foram marcadas oito

sessões coletivas, conforme o protocolo, para treino da técnica de relaxamento

progressivo (Anexo 2).

As sessões eram conduzidas por uma gravação em CD da técnica de relaxamento

progressivo. No final de cada sessão, os participantes relatavam o que haviam sentido e

percebido com a técnica.

O critério para permanência no treino para este grupo era a freqüência a 75% das

sessões.

Após um mês e 2 meses do término dos treino foi realizada a segunda e a terceira

aplicações dos intrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

30

Vale ressaltar que das 12 pessoas participantes deste grupo (que compareceram à

segunda reunião), 8 concluiram o treino e das 8, 5 responderam aos três momentos de

aplicação (antes, um mês e dois meses após o treino) do QSG, ISSL e Sintomas de

Estresse.

Ao final dos treinos, todos os participantes receberam um CD com a técnica de

relaxamento, inclusive os participantes do grupo de EMDR que assim solicitaram.

3.4 Análise dos dados

A análise de dados seguiu o padrão para o procedimento experimental pré e pós

teste com grupo de controle. Os escores do ISSL, do QSG e do Sintomas de Estresse dos

dois grupos (Experimental e Controle) foram comparados entre si antes, um mês e dois

meses após o término das intervenções através de análise de variância para duas

amostras independentes (SIEGEL, 1976). Comparações foram realizadas também dentro

de cada grupo a fim de se avaliar as mudanças dentro do mesmo em relação a

intervenção, através de análise dos relatos.

Das entrevistas foram computadas as freqüências das fontes de estresse, o grau

subjetivo de estresse causado pelos estressores, as estratégias de enfrentamento (e sua

eficácia) e os pensamentos automáticos que ocorreram nas situações de estresse, nas

aplicações. Os resultados foram comparados através de teste não paramétrico de análise

de variância, apropriados à natureza dos dados.

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

31

3.5 Procedimentos Éticos

Mesmo se tratando de uma pesquisa na qual os participantes não precisaram se

identificar, foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido. A identidade dos

participantes foi mantida em total sigilo e estes não foram submetidos a qualquer

procedimento de risco.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os escores dos participantes foram divididos pelo tipo de técnica utilizada: EMDR

ou relaxamento, bem como, pela seqüência de aplicações,sendo da primeira (antes do

treino) até a terceira (dois meses após o treino).

Primeiro, foram apresentados os dados referentes à comparação dos resultados

entre os grupos e os resultados dentro de cada grupo, comparando as variações ocorridas

desde a primeira até a última aplicação dos instrumentos. Por fim, foram incluídos os

relatos das sessões.

4.1 Comparação dos efeitos do treino de EMDR x Relaxamento sobre os

escores dos instrumentos.

O Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG), gera seis índices de sintomas

de transtornos mentais não severos: stress psíquico, desejo de morte, desconfiança no

desempenho, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e severidade de doença

mental.

O instrumento foi aplicado em três momentos distintos (antes da intervenção, um

mês e dois meses após a intervenção) nos dois grupos (EMDR x Relaxamento).

Os escores médios em cada um dos fatores (índices) obtidos pelos dois grupos

estão apresentados na tabela 1.

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

33

Tabela 1. Demonstrativo das médias dos fatores do QSG medidos em dois grupos (EMDR – n=6;

Relaxamento – n=5) em três momentos distintos.

ESCORES DO QSG

1ª Aplicação

(Antes da intervenção)

2ª Aplicação

(1 mês após a intervenção)

3ª Aplicação

(2 meses após a

intervenção)

FATORES

EMDR Relaxamento EMDR Relaxamento EMDR Relaxamento

Stress psíquico 2,32 QS 2,14 2,14 1,31 2,32 1,66

Desejo de morte 1,48 1,53 1,44 1,08 1,61 QS 1,08

Desconfiança

no desempenho

2,28 2,12 2,16 1,68 2,38* 1,69

Distúrbios do

sono

1,94 1,57 2,05** 1,17 2,11* 1,57

Distúrbios

psicossomáticos

2,22 1,90 1,93 QS 1,40 2,17 1,52

Severidade

doença mental

2,08 1,87 1,95 QS 1,53 2,14 1,54

* p<0,05

** p<0,01

QS p<0,10

De modo geral, como pode ser observado na tabela 1, na primeira aplicação, no

grupo de EMDR percebe-se que os escores médios dos participantes foram superiores

aos do grupo de relaxamento, com exceção do fator desejo de morte. Contudo, sob

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

34

testagem estatística somente o fator stress psíquico demonstrou ser significativamente

maior no grupo EMDR.

Na segunda aplicação, percebe-se que os escores médios no grupo de EMDR

foram novamente superiores aos do grupo de relaxamento, desta vez, em todos os

fatores. Três fatores, sendo: distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e severidade

de doença mental foram estatísticamente significantes.

Por fim, na terceira aplicação, também no grupo de EMDR, os escores médios

foram superiores em todos os fatores. Três dos fatores demonstram significância em

testagem estatística, sendo, desta vez: desejo de morte, desconfiança no desempenho e

distúrbio do sono.

Serão apresentados agora, os resultados de medidas mais específicas aos

sintomas de estresse, obtidos através da aplicação do ISSL e Sintomas de Estresse, nos

dois grupos: EMDR e relaxamento, também nos três momentos: antes dos treinos, um

mês e dois meses após os treinos.

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,050,0

sinstr1 sinstr2 sinstr3

Aplicações

Esco

res

méd

ios

EMDRRelaxamento

Figura 1. Comparações entre as médias dos escores do Inventário de sintomas de

estresse medidos em dois grupos (EMDR – n=6; Relaxamento – n=5).

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

35

No Inventário de sintomas de estresse percebe-se que as médias dos escores no

grupo de EMDR apresentam uma redução da primeira para a segunda aplicação e um

pequeno aumento na terceira em relação à segunda, mas não à primeira. O mesmo pode-

se perceber no grupo de relaxamento. Contudo, este último obteve maior redução dos

escores da primeira para a segunda aplicação e maior aumento da segunda para a

terceira. Por fim, nota-se que no grupo de relaxamento a redução da média dos escores

foi maior da primeira para a última aplicação quando comparado ao grupo de EMDR, que

manteve-se constante no decorrer das aplicações.

00,5

11,5

22,5

33,5

4

24h

1 semana

24h

1 seman

a24h

1 semana

Aplicações

Med

iana

s

EMDRRelaxamento

Figura 2. Comparações entre as médias dos escores do Inventário de sintomas de

estresse medidos em dois grupos (EMDR – n=6; Relaxamento – n=5).

Nas aplicações do Inventário de sintomas de estresse nota-se que com relação às

médias dos escores dos sintomas apresentados:

• Sintomas das últimas vinte e quatro horas: Os dois grupos – EMDR e Relaxamento

– obtiveram os mesmos escores médios na primeira aplicação, havendo redução na

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

36

segunda aplicação nos dois casos, embora no grupo de relaxamento esta redução

mostre-se muito maior. Na terceira aplicação os escores do grupo de EMDR

aumentaram em relação à primeira e à segunda e os do grupo de relaxamento

diminuíram significativamente.

• Sintomas da última semana: O grupo de EMDR obteve redução dos escores da

primeira para a segunda e da segunda para a terceira aplicação. No grupo de

relaxamento o mesmo aconteceu, mas a redução dos escores foi maior,

principalmente da primeira para a segunda aplicação.

• Sintomas do último mês: O grupo de EMDR manteve seus escores médios

constantes da primeira para a segunda aplicação, mas percebe-se um aumento na

terceira. No grupo de relaxamento os escores também mantiveram-se da primeira

para a segunda, mas reduziram na terceira.

São inúmeros os estudos comparando a técnica de EMDR com outras técnicas

(WILSON, et. al. 2004; BROAD; WHEELER, 2006; BENOR, 2005; SCHNEIDER, 2005), na

eficácia para a redução de estresse, ansiedade, fobias, traumas e outras desordens.

De maneira geral, os estudos têm demonstrado resultados efetivos à favor de

EMDR, mas tais efeitos são apresentados geralmente, de maneira qualitativa (EDMOND;

RUBEN, 2004; CHEMALI e MEADOWS, 2004; RUBIN, 2003; BENOR, 2005), sendo

pouco encontrados estudos com medidas quantitativas.

No presente estudo, pode-se perceber uma diferença significativa da média dos

resultados quantitativos, à favor da técnica de relaxamento. É importante ressaltar, que há

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

37

várias pesquisas envolvendo relaxamento progressivo e relatando resultados positivos

com a técnica, principalmente no que diz respeito à redução do estresse e ansiedade,

especificamente (ZAMPIER; ESTEFANO, 2004; WILSON et al., 2004; ANGELOTTI, 2007),

confirmando os resultados positivos obtidos neste estudo. Contudo, estudos comparando

as duas técnicas são raros.

Por este motivo, aliou-se às técnicas quantitativas, a análise dos relatos obtidos

durante a execução dos procedimentos tanto de EMDR quanto de relaxamento, a fim de

poder comparar as experiências qualitativas das técnicas.

4.2 Relatos dos treinos da técnica baseada em EMDR

Serão aqui relatadas as sessões individuais dos treinos da técnica baseada em

EMDR, primeiramente no que diz respeito à entrevista inicial, sobre dados gerais como:

período em que estuda, idade, sexo, saúde física, uso de drogas ou medicamentos pelo

sujeito. Após esta primeira parte será relatada a sessão propriamente dita partindo dos

estressores presentes na vida acadêmica dos sujeitos, seguido de outros elementos da

técnica.

Sujeito 1 - S1

O sujeito 1 é do sexo masculino, tem 20 anos e estava no sexto período do curso

de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ele relatou não fazer uso

de drogas ou medicamentos e citou apenas que tem miopia (2,0). Foram realizadas duas

sessões com este sujeito.

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

38

As situações acadêmicas relatadas por S1 como estressantes são: falar em

discussões e debates em sala de aula. Segundo S1, quando quer falar algo fica muito

ansioso e incomodado, pouco antes de falar e, às vezes, isso toma uma dimensão tão

grande que logo se cala. Nesses momentos S1 só consegue pensar que vai errar, que não

concordarão com ele, que estará fora do assunto; também emergem emoções e

sentimentos de ansiedade, medo, insegurança e a sensação física relatada é de que suas

mãos e pernas ficam agitadas, os batimentos acelerados (taquicardia) e “nó na garganta”.

Depois disso pediu-se que S1 trouxesse novamente o pensamento relatado

(cognição negativa), na forma de afirmação. E ele disse: “eu vou errar, não conseguirei

falar” (SIC). Na escala de unidade subjetiva de perturbação (SUDS) de 0 a 10, sendo 0

nada perturbador e 10 totalmente, sugeriu-se que S1 apontasse o quanto era estressante

era a situação e ele apontou 8. Em seguida, pediu-se que S1 afirmasse como gostaria de

lidar com as situações estressoras (cognição positiva) e seguiu: “eu vou me expor mais

vezes, eu posso mudar essa situação” (SIC).

Ao ser questionado se costuma errar quando expõe suas idéias e qual o máximo

que poderia lhe acontecer, S1 respondeu que não costuma errar e que o que poderia

acontecer, na pior das hipóteses, é as pessoas rirem dele ou não concordarem com o que

disse. Perguntou-se, então, se S1 não acha natural que as pessoas exponham seus

pensamentos e por vezes, até possam discordar dele, se ele vê algo de positivo nesta

situação e S1 respondeu que sim, que a conversa iria amadurecer e ele exercitaria muito

sua assertividade, aprenderia mais.

Diante disso, pediu-se novamente que S1 trouxesse uma cognição positiva da

situação: “Eu posso ficar mais calmo, falar mais vezes e aprender com as situações”

(SIC), foi então aplicada a série de movimentos oculares e, ao final da série, perguntou-se

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

39

o quão verdadeira era esta cognição na escala de validação das cognições/crenças (VoC)

de 1 a 7, sendo que 1 significaria completamente falso e 7 totalmente verdadeiro. S1

elencou o número 4 na escala proposta, pois ainda perturbou um pouco pensar na

situação, deu um “friozinho na barriga” (SIC) quando se imaginou falando, mas acha que é

até normal que isso aconteça e que isso deve passar assim que ele falar.

Neste momento pontuou-se a importância da distinção entre o disfuncional e o

adaptativo (o natural), visto que quando S1 começou falando de ansiedade (nó na

garganta, quando se expunha) isso se dava de maneira exagerada e, segundo ele,

atrapalhava muito, ou seja, era disfuncional. Por outro lado, o que ele trouxe naquele

momento, era nada mais que um “friozinho na barriga”. Perguntou-se então, o que havia

mudado e S1 relatou que já era bem menos estressante imaginar-se na situação: “acho

que esse friozinho é até normal, todo mundo que fala em público deve passar por uma

situação como essa” (SIC), ou seja, para S1, já era quase natural e bem menos

disfuncional.

Solicitou-se que S1 se colocasse mais uma vez na situação, pensando como

gostaria de encará-la, ele disse: “Eu vou ficar calmo quando for falar e se vir uma pequena

ansiedade é até normal. E se eu errar, mas eu não costumo, vou tirar proveito da situação

e aprender ainda mais” (SIC). Aplicou-se novamente a série de movimentos oculares e de

1 a 7, o sujeito apontou 6 para o quão verdadeira era a cognição positiva. Quando S1

imaginou-se de novo na situação perturbadora, notando sensações, pensamentos,

emoções (cognição negativa), já pontuou 1 na escala de 0 a 10 de perturbação.

Finalmente, perguntou-se o que ainda precisaria para acreditar que pode mudar e

chegar à mínima perturbação e o sujeito relatou que a perturbação, o incômodo, já eram

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

40

bem menores e que acreditou que já poderia falar sem tanta ansiedade, mas que

precisaria passar pela situação e ver se consiguiria realmente lidar bem com ela.

Na segunda sessão o sujeito relatou que a técnica lhe ajudou muito, segundo ele,

conseguiu falar bem mais em sala de aula. Seguiu relatando: “às vezes até erro, mas já

não me incomodo mais com isso, tenho participado de discussões bem interessantes e

parece que estou rendendo mais” (SIC).

Pediu-se para que ele, imaginando-se na situação, pontuasse as escalas de

cognição negativa e positiva, ou seja, quando ele se imagina agora falando algo que as

pessoas não concordem, por exemplo, e S1 pontuou 1 na escala, que significa pouco

perturbador e 7 quando pensa no quanto é verdadeiro dizer que ele já pode se expor sem

problemas nas situações que havia trazido como estressora.

Diante de tal avaliação não foi necessário aplicar a técnica de movimento dos olhos,

visto que a pontuação nas escalas foi mínima para desconforto e máxima na cognição

positiva em relação à situação.

Deu-se encerrado, então, o treino de EMDR com este sujeito.

Sujeito 2 – S2

O sujeito 2 tem 22 anos, é do sexo feminino e estava no sétimo período do curso de

Psicologia quando ocorreram os treinos. Na entrevista inicial, relatou não fazer uso de

drogas ou medicamentos, mas de álcool moderadamente. Apenas uma sessão de treino

baseado em EMDR foi realizada com este sujeito. Embora tenha sido marcada a segunda,

a mesma não compareceu.

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

41

A situação acadêmica relatada por S2 como estressante foi estar fazendo sua

monografia de conclusão de curso. Segundo S2, está quase chegando a semana da

apresentação e ela não tem toda coleta de dados pronta, por esse motivo às vezes pensa

que não vai conseguir terminar, têm sentimentos de medo, imcompetência e sensações

físicas que se manifestam com enjôos e crises de enxaqueca.

Pediu-se que S2 afirmasse o pensamento relatado (cognição negativa). E esta

disse: “eu não vou conseguir terminar, não vai dar tempo, eu não sou competente” (SIC).

Na escala de cognição negativa (SUDS), perguntou-se o quanto, de 0 a 10, esses

pensamentos eram perturbadores e S2 respondeu 9. Perguntou-se, então, como gostaria

de lidar com a situação relatada (cognição positiva na forma de afirmação) e ela afirmou:

“eu vou conseguir concluir meu TCC, eu sou competente” (SIC). Pediu-se que ela

pontuasse o quão verdadeira era esta cognição na escala VoC de 1 a 7, sendo que 1

significaria completamente falso e 7 totalmente verdadeiro. S2 elencou o número 2 na

escala proposta.

Neste momento, após afirmar a cognição positiva e dar a pontuação 2, ou seja,

quase falsa, ela relatou, questionando-se, se não estava sendo muito dura consigo

mesma, acreditando ser incompetente. Seguiu dizendo que é dedicada nos estudos, tira

boas notas e consegue, de modo geral, cumprir os prazos. Perguntou-se se as sensações

e pensamentos relatados aparecem em outros trabalhos e S2 respondeu que sim, que

normalmente, se cobra demais, embora tenha resultados satisfatórios. Foi proposta então

a seguinte reflexão: se normalmente, ela se dedica no que faz, é estudiosa, tira boas

notas, logo...S2 completou: “logo, eu não preciso me precipitar tanto, me afobar, acho que

no fundo, não é a situação que me estressa, sou eu que me afobo em situações como

esta, mesmo sabendo que vou bem e poderia sofrer menos” (SIC).

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

42

Pediu-se novamente que S2 afirmasse a cognição positiva e se colocasse na

situação. Foi então aplicada a série de movimentos oculares. Ao final, perguntou-se o

quão verdadeira era, agora, a cognição positiva e S2 relatou que já era 5. Ela relatou que

não conseguia ver outra possibilidade de pensamento, fazia uma avaliação muito ruim da

situação, e estava tornando-se insuportável só pensar nela. Mas consegue perceber

agora, que não é só essa situação, que a ansiedade, o estresse está nela, e saber disso

S2 já considera um grande passo, pois segundo ela, a situação em si não pode mudar,

pois existe um prazo, um formato, um dever, mas o modo de enfrentá-la, isto sim, ela

pode.

Sugeriu-se que S2 pensasse na situação de maneira a trazer novamente a

cognição negativa e, em seguida, que atribuisse uma pontuação na escala SUDS de 0 a

10 de perturbação. S2 atribuiu 3 ao pensamento de incompetência, dizendo que já é muito

menos perturbador, pois já não é verdadeiro. Na cognição positiva, S2 atribuiu-sea

pontuação 6.

Sugeriu-se que S2 percebece suas cognições, sentimentos, sensações físicas,

durante a semana, cada vez que tivesse de encarar a situação para trazer na semana

seguinte (2a sessão), mas S2 não compareceu.

Sujeito 3 – S3

O sujeito 3 tem 19 anos, é do sexo feminino e estava no terceiro período do curso

de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, S3 relatou fazer uso de

medicamento para ansiedade, o qual não recordava o nome. Foram realizadas duas

sessões com este sujeito.

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

43

A situação acadêmica relatada por S3 como estressora foi a apresentação de

trabalhos em frente à sala toda. Segundo ela, as sensações físicas nestes momentos são

tensão, “frio na barriga”, “nó na garganta”, ficando incapaz de relaxar. S3 pensa que nada

pode sair de seu controle, a apresentação tem de acontecer como ela quer, do contrário,

segundo ela, se sentiria inútil e não conseguiria fazer mais nada, pois teria perdido o

controle da situação. O sentimento relatado é de nervosismo.

Pediu-se que S3 trouxesse novamente o pensamento que emerge na situação,

desta vez, na forma de afirmação (cognição negativa): “Não posso perder o controle,

senão, não conseguirei fazer nada, serei uma inútil” (SIC). Na escala SUDS de 0 a 10,

sugeriu-se que S3 apontasse o quanto estressante era a situação e ela apontou 9. Em

seguida, pediu-se que S3 afirmasse como gostaria de lidar com as situações estressoras

(cognição positiva) e seguiu: “eu vou apresentar os trabalhos tranquilamente, sem me

preocupar tanto em manter o controle” (SIC).

Diante do relatado, perguntou-se a S3 se esta prepara-se para as apresentações e

se alguma vez a situação já havia saído de seu controle. Ela respondeu que toda vez

prepara-se muito e estuda o suficiente para fazer uma boa apresentação e que nunca

havia perdido o controle. Questionou-se então, o que na situação poderia fazê-la perder o

controle e o que de pior poderia acontecer por conta disso e ela relatou que alguém

poderia fazer uma pergunta e ela não saber responder, que ficaria muito envergonhada

com isso. S3 afirmou em seguida, que nunca tinha parado para pensar no que de pior

poderia acontecer, mas que, se geralmente estuda, por quê ficava tão preocupada? “Se

eu não soubesse responder, eu ficaria um pouco chateada, mas poderia falar para a

pessoa que eu não sabia e se a professora não soubesse também eu poderia procurar e

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

44

responder depois” (SIC). S3 seguiu dizendo que não seria tão ruim, afinal, ninguém sabe

tudo.

Foi solicitado então, que S3 trouxesse novamente a cognição positiva com relação

à situação: “eu vou apresentar os trabalhos tranquilamente, sem me preocupar tanto em

manter o controle” (SIC). Foi então aplicada a primeira série de movimentos oculares e ao

final da série perguntou-se o quão verdadeira era esta cognição na escala VoC de 1 a 7.

S3 elencou o número 5 na escala proposta, pois embora ainda perturbasse um pouco, ou

seja, causasse certa ansiedade pensar na situação, S3 relatou o seguinte: “Eu tenho que

pensar na realidade: eu estudei, me preparei, se não souber algo vou procurar saber e

posso aproveitar também isso para me acrescentar conhecimento e ficar mais tranqüila

nessa e outras situações. Sair da linha não é tão ruim assim!” (SIC).

Pediu-se que S3, pensando na situação, pontuasse o quanto ela ainda é

perturbadora, na escala SUDS de 0 à 10, ela pontuou 2, visto que ainda fica um pouco

nervosa ao se imaginar na situação. Foi discutida aqui, a questão da diferença entre o

normal na situação (adaptativo) e o disfuncional, e ela ressaltou que achava que o que

sentiu, se colocando na situação, era normal, ou seja, todos devem ficar um pouco

nervosos nas mesmas circunstâncias.

Finalmente, foi solicitado que S3, pensando na cognição positiva, pontuasse

novamente o quão verdadeira era essa cognição agora para ela, ela pontuou 6. Relatou

estar um pouco mais relaxada, acreditando que poderia lidar muito melhor com a situação

“Agora eu só preciso passar pela situação” (SIC).

Na sessão seguinte, S3 relatou ter estado extremamente tranquila na apresentação

do trabalho, “até me impressionei comigo mesma, quando vi já estava fazendo

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

45

naturalmente” (SIC). Desta vez S3 pontuou 7 na escala VoC e 1 na SUDS, segundo ela,

as sensações na situação estão muito mais naturais.

Sujeito 4 – S4

O sujeito 4 é do sexo feminino, tem 40 anos, e estava no sétimo período do curso

de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ela relatou que se utiliza

de medicamentos para hipertireóidismo e que tem fibromialgia. Foram realizadas duas

sessões com ela.

A situação acadêmica relatada por S4 como estressante foi: realizar provas.

Segundo S4, um pouco antes de entrar na sala para fazer uma prova, começa a pensar

que não vai conseguir, que vai esquecer do que estudou, sente-se nervosa, parece que

vai entrar em pânico, fica “travada” diante da prova. As sensações físicas relatadas são de

visão turva, tontura, tremores. Por conta desta situação, S4 relata que costuma adiar suas

provas para a segunda chamada, pois diz ficar um pouco mais calma com isso.

Diante disso, pediu-se que S4 trouxesse o pensamento relatado (cognição

negativa), na forma de afirmação e colocando-se na situação. E ela disse: “eu não vou

conseguir fazer, vou esquecer tudo” (SIC). Na SUDS, S4 pontuou 9 quanto à cognição

negativa. Em seguida perguntou-se como S4 gostaria de encarar esta situação (cognição

positiva) e ela seguiu: “eu vou encarar naturalmente o fato de ter de fazer uma prova e

ficar mais relaxada” (SIC). Pediu-se que ela pontuasse o quão verdadeira era esta

cognição na escala VoC. S4 elencou o número 1 na escala proposta.

Neste momento, S4 pontuou que antes ficava nervosa, trêmula, com sudorese e

“frio na barriga”, antes e durante a prova, mas conseguia fazer e costumava ir bem,

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

46

diferente de agora, que “trava” diante da prova e não consegue lembrar do que estudou,

então vai muito mal. Pontuou-se com S4 se talvez, ela não estivesse criando um bloqueio

para deixar de ter as reações que podem ser consideradas naturais diante da situação,

como ela mesma relatou, a sensação de frio na barriga, sudorese, enfim, reações muito

comuns no momento de prova. S4 parou por um tempo, pensou e afirmou que fez muito

sentido o que foi pontuado e, quem sabe, se liberasse um pouco as sensações naturais,

não criaria um bloqueio e seria muito mais natural, mais ou menos como era antes.

Foi aplicada a série de movimentos oculares em S4 com a cognição positiva: “eu

vou encarar naturalmente a situação de prova, não vou travar” (SIC). Perguntou-se qual a

pontuação S4 atribuiria a essa cognição e ela respondeu 6, pois já era muito mais

verdadeiro. Pensando na cognição negativa, S4 atribuiu-se 3, pois já era muito menos

perturbador imaginar-se na situação, agora precisaria “tirar a prova real” (SIC), ou seja,

passar pela situação. Perguntou-se quando S4 teria a próxima prova e agendou-se um

horário depois desta.

Na sessão seguinte, após ter passado pela prova, S4 relatou que no início o

bloqueio esteve presente, mas um tempo depois, foi percebendo-se mais relaxada,

respirou profundamente, e conseguiu baixar consideravelmente a ansiedade diante da

situação, vendo que não era tão difícil assim. Perguntou-se então, o quanto foi natural

passar pela situação e S4 respondeu 7 na escala VoC e 1 na SUDS.

Sujeito 5 – S5

O sujeito 5 tem 56 anos, é do sexo feminino e estava cursando o sétimo período do

curso de Psicologia quando ocorreram os treinos. Na entrevista inicial ele relatou que faz

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

47

uso de medicamento para a gastrite e tem problemas respiratórios, mas não graves.

Foram realizadas duas sessões com este sujeito.

A situação relatada como estressora por S5 é a de fazer a monografia. Cada vez

que executa as tarefas relativas a ela, pensa que não vai conseguir fazer nada, pois têm

dificuldades de entender, aprender e fazer as coisas, atribui essa dificuldade à idade.

Segundo S5 quando se depara com esta situação, pensa também em fugir dela e começa

a fazer outras coisas, como por exemplo, arrumar a casa, lavar a louça, como forma de

não enfrentá-la, e aí, tudo começa a acumular e o pensamento de que não vai conseguir

começa a aumentar. Em conseqüência disto, S5 fica ansiosa, com muito medo de errar,

vontade de chorar, insegura, irritada, com dores de cabeça e falta de ar.

Pediu-se que S5 afirmasse o pensamento atual (cognição negativa) diante da

situação, no caso, “eu não vou conseguir fazer, eu não entendo nada” (SIC). Na escala

SUDS, pediu-se que ela pontuasse o quão perturbadora era essa cognição e ela atribuiu

8. Sugeriu-se, então, que ela afirmasse como gostaria de encarar essa situação (cognição

positiva): “eu vou enfrentar essa situação, pois eu posso enfrentá-la”. Na escala VoC, S5

pontuou 2 para o quão verdadeiro era esse pensamento.

Segundo S5, esta perde muito tempo fugindo da situação, por isso, vai

acumulando. Perguntou-se então, o que acontece quando ela não foge das situações,

mas as enfrenta. E ela: “Eu me sinto muito melhor; pensando bem, eu noto que posso

mais do que penso que posso, foi assim para dirigir, para entrar numa empresa, e em

vários momentos da minha vida, até o TCC, quando enfrento, vou até a madrugada

fazendo” (SIC). Questionou-se com S5, se ela podia então, enfrentar mais vezes a

situação, já que relatou sentir-se muito melhor fazendo. S5 relatou que pode, que sabe

que não é tão ruim assim e que sofre muito mais fugindo.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

48

Neste momento, solicitou-se que S5 pensasse na cognição positiva e foi aplicada a

primeira série de movimentos oculares. Desta vez, ela pontuou 5 à cognição, pois já

acreditava ser muito mais verdadeiro o fato de poder encarar a situação. Tendo em mente

a cognição negativa, sugeriu-se que S5 imaginasse que tem a fundamentação teórica da

monografia para fazer e, ao invés de você trabalhar nela, vai limpar a casa. Perguntou-se

o quanto é incômodo colocar-se nessa situação. Segundo S5, é muito incômodo, mas

essa perturbação acaba quando não adia as coisas, “eu não quero mais me estressar sem

necessidade, na realidade, as coisas não são tão complicadas, eu é que complico” (SIC).

Em seguida, S5 afirmou que não é tão difícil terminar as coisas sem fugir, e sabe que

pode, pois já fez outras vezes.

Ao final, S5 pontuou 1 na escala SUDS e 6 na escala VoC e relatou que até a

sensação fisica que estava sentindo havia mudado, ou seja, relatou sentir falta de ar e

vontade de chorar no início, mas no fim, sentiu-se bem mais relaxada.

Na sessão seguinte, S5 relatou que durante a semana entre a sessão anterior e

esta, ficou impressionada, pois já não era tão doloroso enfrentar a situação. No início ela

relatou que se controlou um pouco para não fugir, mas com o próprio reforço que o

enfrentamento causava, já era muito mais prazeroso e produtivo colocar-se na situação.

Na SUDS, S5 pontuou 0 e na VoC, pontuou-se 7 e disse que o fato de pensar antes que

não conseguia aprender, estava dificultando muito as coisas. Não foi necessária a

aplicação dos movimentos oculares.

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

49

Sujeito 6 – S6

S6 é do sexo feminino, tem 40 anos e estava no sexto período do curso de

Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ela relatou não ter

problemas de saúde física e fazer uso apenas de medicamentos naturais (repositor

hormonal). Foram realizadas duas sessões com este sujeito.

As situações acadêmicas relatadas por S6 como estressantes são: as conversas

paralelas, que segundo ela, acontecem durante todas as aulas. Para S6, a aula deve ser

um momento de silêncio, para favorecer a aprendizagem e quando ficam conversando

durante a aula ela fica extremamente incomodada. Emergem sentimentos de raiva,

impotência, por achar que se falar algo aos colegas não adiantará de nada e, além disso,

acredita que isso seja responsabilidade do professor chamar a atenção da turma, mas

este não o faz e a raiva só aumenta. Nestes momentos S6 fica com muita dor de cabeça e

sudorese.

Pediu-se que S6 trouxesse na forma de afirmação o pensamento relatado (cognição

negativa). Ela disse: “Eu não suporto essa situação e não posso fazer nada a respeito”

(SIC). O SUDS foi 8 para o nível de perturbação causada pela situação. Em seguida,

pediu-se que S6 afirmasse como gostaria de lidar com a situação e ela relatou que não

tinha o que fazer, pois por mais que ela peça silêncio à turma, esta é muito numerosa e

até se cala na hora, mas em seguida, começa tudo de novo.

Diante disso foi perguntado à S6, como ela percebe que esta estratégia não têm

funcionado, se ela não conseguiria pensar em outro modo de lidar com a situação. Neste

momento ela parou para pensar e respondeu que poderia falar com o professor, visto que

não é tarefa dela fazer isso e quem sabe ele, na figura de autoridade, consiga com muito

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

50

menos desgaste o que ela, como aluna, não consegue da turma. “Realmente, pensando

bem, talvez eu esteja sofrendo à toa, com raiva de uma coisa que nem é tarefa minha”

(SIC). Pediu-se que S6 afirmasse como gostaria de encarar a situação. Ela afirmou: “Eu

vou ficar mais tranquila diante da situação” (SIC). E foi aplicada a série de movimentos

oculares. Ao fim dos movimentos, pediu-se que S6 pontuasse a afirmação na VoC. Ela

pontuou 5.

Depois disso, foi questionado o que poderia estar faltando para que a afirmação

fosse totalmente verdadeira e S6 comentou que se tivesse sido perguntado no início o

quanto verdadeira era, teria dito 2, mas que já acreditava muito mais que pudesse ficar

tranquila, só precisaria passar de novo por ela e que iria conversar com o professor,

quando estivesse incomodada, “acho que eu tava usando a estratégia errada, não tinha

pensado em outras possibilidades, e agora me dou conta de que não é tão difícil quanto

eu pensava, pois eu guardava o incômodo pra mim, então, é claro que a raiva acumulava

e também ninguém poderia ver o que eu tava sentindo, só se eu falar” (SIC).

S6 trouxe uma outra questão nesta sessão, sobre o fato de antecipar o sofrimento,

a raiva e os acumular para si, o que acarreta um sofrimento que, segundo ela, é

desnecessário. Isso acontece em diversas situações de sua vida, não somente na

universidade. Pediu-se que ela pensasse nas cognições negativas e seu nível de

perturbação. S6 relatou que já era bem menor e pontuou 3, mas que deveria passar pela

situação para ver que reações teria.

Na sessão seguinte, S6 relatou que o grau de estresse na situação havia diminuido

muito, e ela percebeu que estava exagerando. Em seguida, S6 comentou ter pensado

sobre outras situações que a perturbavam e que gostaria de poder trabalhar, pois

acreditava que a técnica de EMDR poderia ser muito eficaz. Depois, relatou um acidente

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

51

de carro que sofreu há muito tempo, mas que até hoje a incomoda, a ponto de S6 ter

muito medo de dirigir. Esclareceu-se, nesse momento, que embora essa situação também

demandasse atenção, seria importante que S6 procurasse um profissional habilitado na

técnica, visto que o intuito da pesquisa era o estresse acadêmico e a pesquisadora não

tinha formação para trabalhar uma questão como esta.

S6 mensionou, quanto à situação acadêmica relatada na primeira sessão que, a

técnica de EMDR havia sido muito eficaz. Pontuando 1 na SUDS e 6 na VoC.

Sujeito 7 – S7

O sujeito 7 é do sexo feminino, tem 24 anos e estava cursando o sétimo período do

curso de Psicologia no momento dos treinos. Em entrevista inicial o sujeito relatou não

fazer uso de medicações, além de ter a saúde física preservada. Faz uso de álcool e

cigarro, ambos moderadamente. Foi realizada uma sessão com este sujeito.

Os estressores presentes na universidade, para S7, são: tarefas, deveres e

obrigações como provas, trabalhos, monografia, etc. S7 afirmou que gosta do seu tema da

monografia, por exemplo, mas que só de pensar que é algo que tem de fazer, pensa que

não vai conseguir, fica adiando e “não faz mais nada direito” (SIC). Os sentimentos que

surgem nessas situações são de muito nervosismo e inquietação, que segundo ela, têm

como conseqüência, um “frio no estômago” (SIC), mãos e pés inquietos e náuseas.

Depois disso, pediu-se que S7 afirmasse o pensamento relatado (cognição

negativa): “não consigo fazer as coisas pensando no dever” (SIC). Na SUDS, S7 apontou

9 ou 10 para o nível de perturbação. Segundo ela, já pensou em diversas formas de lidar

com a situação, já criou até uma agenda para dividir momentos de lazer e afazeres da

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

52

faculdade, mas embora ainda use e até seja útil, não consegue manter. Pediu-se então,

que S7 relatasse como gostaria de lidar com a situação. Ela afirmou: “eu vou equilibrar

prazer e dever” (SIC). Logo que concluiu a frase, perguntou-se o quanto verdadeiro era,

na VoC. Ela respondeu 5. Questionou-se então: se era quase totalmente verdadeiro que

ela poderia mudar a situação, equilibrando prazer e dever, o que estava impedindo que

conseguisse e ela relatou que a agenda ajudava, mas não resolvia.

Propôs-se que S7 pensasse um pouco sobre o que a perturbava, no caso, as

obrigações, como relatado por ela e que pensasse também na estratégia utilizada, mas

sem a eficácia esperada. Diante disso, perguntou-se se com esta agenda, ela não estaria

criando mais uma obrigação, o fato de ter que cumprir algo, se não acaba sendo mais um

problema e não uma estratégia. S7 responde que sim e que estava insistindo nisso, sem

pensar neste ponto.

Aplicou-se então, a série de movimentos oculares com a cognição positiva, S7

pontuou 6 na escala VoC. Em seguida, relatou que embora acreditasse que é possível

mudar a situação e que sabe tudo o que deve fazer e sempre soube, não consegue e

sente-se muito mal por isso. Perguntou-se o quanto, na escala SUDS e ela respondeu 8

ou 9. S7 afirmou ainda que estuda muito, se diz muito responsável quanto a isso, dedica-

se e sabe que é competente, mas não consegue ver isso como prazer, pois são deveres.

Propôs-se que S7 pensasse que, se gosta do que faz, não deixava de ser prazeroso fazer,

já que sabe que faz bem. Além disso, que tentasse encarar a situação, já que fugir dela,

causava tanta ansiedade. Ela relatou que iria tentar, mas que seria difícil.

Deu-se por encerrada a sessão e sugeriu-se que S7 procurasse por ajuda

psicoterápica para lidar com estas questões. S7 relatou que já havia marcado para

começar os atendimentos na semana seguinte.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

53

Sujeito 8 – S8

O sujeito 8 é do sexo feminino, tem 21 anos e estava no quarto período do curso de

Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, relatou não fazer uso de

drogas e ter uma saúde física normal. Foi realizada uma sessão com este sujeito.

A situação acadêmica relatada por S8 como estressante era o fato de estar fazendo

muitas disciplinas e, ao mesmo tempo, estar trabalhando, pois não tinha tempo para mais

nada. Ela relatou que pensava que não ia coseguir conciliar as duas coisas e que já havia

pensado em parar de trabalhar, mas tinha que seguir, para poder pagar a faculdade.

Sentia-se muito ansiosa por isso e as sensações físicas eram de cansaço físico e

taquicardia, pois segundo ela, “ando numa correria só” (SIC).

Antes de trabalhar os elementos seguintes da técnica, como o enfoque das

cognições e os movimentos oculares, decidiu-se diferenciar com S8 o disfuncional do

adaptativo. Primeiro perguntou-se há quanto tempo ela tinha esta rotina e ela respondeu

que desde que entrou na faculdade. Seguiu-se questionando se tinha sido de sua escolha

fazer mais disciplinas e se estava gostando do curso. Ela respondeu que escolheu fazer

mais disciplinas, pois terminaria mais rápido o curso e que adorava fazer Psicologia.

Diante disso, sugeriu-se que ela pensasse se o que estava sentindo diante da

situação, não seria uma reação natural (adaptativo, funcional) a uma escolha que ela

mesmo havia feito. S8 respondeu que sim, e que realmente, já tinha se conformado com

isso, estava ansiosa, mas o normal para quem faz tantas coisas. Seguiu-se dizendo que

disfuncional ou o não natural, seria que ela não tivesse estas reações. S8 relatou:

“realmente, esse até que é um estresse que eu acho que me impulsiona a continuar as

coisas, porque se eu tivesse acomodada, aí mesmo não ia conseguir seguir” (SIC).

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

54

Não considerou-se necessário a aplicação da série de movimentos oculares, visto

que não haviam pensamentos disfuncionais à situação, então, deu-se por encerrado o

treino com este sujeito.

Diante dos relatos individuais, começando pela entrevista inicial, percebeu-se que:

sete participantes eram do sexo feminino e apenas um do sexo masculino, sendo que

todos estão matriculados no curso de Psicologia. Este fato é condizente com as

características deste curso, de população predominantemente feminina.

Além disso, cinco participantes tinham entre 19 e 24 anos e três deles tinham entre

40 e 56 anos. Quatro participantes estavam cursando o 7º período no momento dos

treinos, três cursavam o 6º e apenas um cursava o 3º. Percebeu-se ainda, que quatro

deles utilizavam medicamentos e tinham algum problema de saúde física sem gravidade e

os outros quatro não faziam uso de medicamentos e a saúde física estava preservada. A

maioria relatou não fazer uso de álcool ou tabaco, apenas dois relataram utilizar

moderadamente. Pode-se relacionar estas constatações à pesquisa realizada de Kerr-

Corrêa et al. (1999), sobre a sobrecarga e o estresse acadêmico, principalmente a partir

do sexto período, que têm acarretado, dentre outras consequências, a necessidade do uso

de medicamentos. Isto vem ao encontro da maior procura dos treinos da parte destas

pessoas.

A partir dos relatos dos sujeitos, sobre situações acadêmicas que desencadeiam

estresse, nota-se que em algumas delas há exposição oral, incluindo apresentação de

monografia, de trabalhos em geral e participação em discussões em sala de aula.

Segundo Carrigan e Levis (1999) o EMDR tem demonstrado eficácia na redução da

ansiedade gerada em muitas pessoas ao falar em público. Isto se confirmou com os

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

55

resultados destes participantes. Também foram relatadas situações como realização de

prova, monografia e obrigações acadêmicas como fontes de estresse. Segundo Malberger

e Andrade (2006), estas situações facilitam o surgimento do estresse no meio acadêmico.

Diante do enfoque nos elementos propostos por Shapiro (2004), da técnica de

EMDR, que são: emoções, sentimentos, sensações físicas e cognições diante da situação

de estresse, notou-se que:

• Quanto às emoções e sentimentos relatados, predominaram ansiedade, medo,

raiva e tensão.

• Quanto às sensações físicas, os relatos mais frequentes foram de dor de cabeça,

taquicardia, sudorese, “frio na barriga” (desconforto abdominal) e “nó na garganta”

(dificuldade de deglutição).

• Quanto às cognições foram relatadas: “eu vou errar, não vou conseguir, vou perder

o controle, sou incopetente e não suporto mais esta situação”(SIC).

A autora aponta, ainda, que os acontecimentos armazenados disfuncionalmente

guardam percepções, imagens, sensações e pensamentos que prevalecem durante o

acontecimento desencadeador do trauma ou estresse. Diante disso, percebe-se que das

situações relatadas como estressantes, prevaleceram certas percepções, sensações e

pensamentos disfuncionais acompanhados de desconforto físico, tremores, taquicardia,

dentre outros. À medida que as sessões avançavam, foram relatados pensamentos e

emoções mais apropriados, adaptativos. A mesma autora também cita, que no caso dos

acontecimentos processados adaptativamente, as aprendizagens adequadas são

armazenadas com emoções apropriadas.

Em outras palavras, Shapiro (2004) relata que uma pessoa que experimente

determinada situação de maneira perturbadora (chegando a 10 na SUDS), provoca um

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

56

desequilíbrio no sistema nervoso, promovido pelos neurotransmissores, que faz com que o

processamento das informações seja incapacitado de funcionar normalmente e a

informação adquirida é mantida neurologicamente no estado perturbado, desde suas

imagens, sons, até sentimentos e emoções. Este modo de funcionamento da memória é

descrito em Graeff (1991) como memória dependente de estado.

A idéia e a meta do EMDR é que as emoções e sentimentos mais positivos e

poderosos se generalizem para formas e condutas mais apropriadas (chegando a 7 na

escala VoC e 0 na SUDS). Isso foi percebido nos relatos dos sujeitos sobre o fato de que

os elementos trabalhados nas sessões, partindo de situações acadêmicas, foram

generalizando-se à outras situações de estresse em suas vidas. Shapiro (2004) cita que

os princípios de processamento podem ser aplicados à maior parte das experiências

perturbadoras da vida, sem importar sua origem. Aponta também que tal efeito pode ser

devido ao fato de tais informações estarem ligadas ao mesmo nexo (ou nó) informacional.

Deste modo, a alteração de uma pode servir de base para a transformação das demais.

4.3 Relatos dos participantes dos treinos da técnica de relaxamento

Serão descritos aqui, os relatos dos participantes do grupo de relaxamentono no

decorrer dos treinos com este grupo, segundo suas sensações e percepções obtidas com

a realização da técnica. Contudo, diferentemente das sessões de EMDR, as de

relaxamento foram conduzidas grupalmente, e por este motivo, os relatos também se

deram de forma grupal.

Na primeira sessão, os participantes pontuaram sobre a diferença da sensação de

quando entraram na sala, que estavam tensos e ansiosos, visto que era dia de prova para

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

57

muitos; e no término da sessão, relataram estar muito mais calmos, relaxados e inclusive,

mais tranquilos e seguros para realizar as provas, podendo claramente observar a

diferença entre tensão e relaxamento.

Nas sessões seguintes, os relatos sobre a sensação de relaxamento persistiram.

Foi pontuada também, a importância da respiração adequada nesse processo, que

segundo eles veio sendo praticada em outras situações. “Quando vejo que estou muito

ansioso, percebendo que estou respirando muito rápido, começo a respirar como a gente

faz aqui, e logo, me acalma. Isso me ajuda muito” (SIC).

Além destas questões, os participantes afirmaram que a técnica, de modo geral,

estava fazendo-lhes muito bem, no sentido de redução do estresse, não só nas situações

acadêmicas, mas em outras situações tidas como estressoras. Alguns relataram sensação

de sono após a realização da técnica, mesmo sentados, mas quando levantavam, diziam

estar mais dispostos para seguir o dia e fazer as coisas, “a cabeça da gente parece que

fica menos cheia de preocupações, a gente entra aqui pensando um monte de coisas e sai

mais leve e disposto, é muito bom” (SIC).

Segundo Zampier e Estefano (2004), a técnica de relaxamento visa redução e o

controle da ansiedade e do estresse. Esta redução pode ser percebida nos relatos dos

participantes.

Um ponto essencial para se ressaltar, é sobre as ações básicas a serem ensinadas

com a técnica, que consiste numa fase de contração (ou tensão), cujo objetivo é instruir o

paciente no sentido de torná-lo apto a identificar e reconhecer contrações involuntárias no

cotidiano; e outra fase de relaxamento, a qual demonstra ao paciente como eliciar por

conta própria o relaxamento muscular sempre que necessário (ANGELOTTI, 2007). Como

pode-se perceber nos relatos do grupo, estas duas ações básicas foram pontuadas.

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

58

De acordo com o mesmo autor, através do treinamento de relaxamento muscular

progressivo, com o tempo, o indivíduo irá percebendo as contrações involuntárias e

automaticamente relaxar as áreas afetadas, sendo reforçado pela sensação de bem-estar

advinda desta prática.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisas que tenham como tema o estudo, a verificação, a comparação de

técnicas de redução de estresse em diferentes populações são, cada vez mais, de grande

relevância no âmbito da Psicologia, visto que a demanda de pessoas com estresse nos

dias atuais é considerável.

A presente pesquisa teve como intuito trazer mais uma contribuição para este tema,

visando a verificação de uma técnica de redução de estresse numa população de

estudantes universitários, visto que a universidade, com todas as suas exigências pode

favorecer o surgimento do estresse crônico (FISHER, 1994; GADZELLA, 1994; CAMPOS

ROCHA; CAMPOS, 1996; SILVA; MALBERGIER; ANDRADE, 2006). Neste contexto,

técnicas como o EMDR e o Relaxamento Progressivo podem ser possibilidades de

estratégias para a redução das reações de estresse em estudantes, como demonstrado

nesta pesquisa.

Diante disso, é importante levantar alguns pontos relacionados à metodologia,

resultados e variáveis desta pesquisa.

Primeiramente, sobre a metodologia, pode-se salientar que a amostra consistiu de

um número relativamente pequeno de estudantes, sendo esta uma variável importante a

ser considerada. Também quanto aos instrumentos utilizados para a mensuração da

redução de sintomas, aplicados antes e após os treinos, tratam-se de instrumentos que

medem sintomas clínicos e a amostra em questão é de estudantes com estresse não

clínico. Contudo, estes mesmos instrumentos já foram utilizados em outros trabalhos com

estudantes universitários sem estresse clínico (BAPTISTA; CAMPOS, 2000; CAMPOS;

ROCHA; CAMPOS, 1996; LEGAL et al., 1999) e os resultados foram muito próximos aos

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

60

de estudos utilizando escalas específicas, mas não traduzidas e adaptadas no Brasil

(FISHER, 1994; GADZELLA, 1994).

Quanto aos resultados quantitativos deste estudo, apontaram maior eficácia para o

grupo de relaxamento progressivo, embora os resultados qualitativos tenham apontado a

mesma eficácia e em menor tempo para o grupo de EMDR.

As diferenças entre resultados qualitativos e quantitativos podem ser devidas ao

fato de que, as aplicações do EMDR não seguiram o protocolo integral de oito fases e sim

um protocolo mais curto para a redução do estresse, além do fato de terem sido aplicadas

de uma a duas sessões com os participantes. Também por tratar-se de uma amostra de

estudantes universitários, o trabalho consistiu no enfoque de estressores relacionados à

situações acadêmicas e, na maioria dos casos, o “nódulo” não estava localizado nestas

situações, ou seja, não foi possível aprofundar a real situação estressora, pois

ultrapassaria a competência da pesquisa, que não visou ser uma aplicação terapeutica

formal, desviando, deste modo, dos objetivos do trabalho .

Já no grupo de relaxamento, foram realizadas oito sessões do protocolo completo,

nas quais os participantes estiveram presentes em no mínimo 75% delas, o que pode ter

favorecido os resultados quantitativos.

Finalmente, esta pesquisa abre novas possibilidades de estudos, incluindo a

verificação da eficácia do EMDR numa população com transtornos clínicos definidos ou

em outras populações; além da comparação desta técnica com outras técnicas de redução

do estresse, como coerência cardíaca, exercícios físicos, meditação, etc.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

6 REFERÊNCIAS: ANGELOTTI, G. Terapia cognitivo-comportametal no tratamento da dor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. BAPTISTA, M. A.; CAMPOS, F. L. Avaliação longitudinal de sintomas de depressão e estresse em estudantes de psicologia. Bol. Psicol., v.50, n.113, 2000, p. 37-58. BARA FILHO, M.; RIBEIRO, L. C.; MIRANDA, R. A redução dos níveis de cortisol sanguíneo através da técnica de relaxamento progressivo em nadadores. Revista Brasileira Med. Esporte, v. 8, n. 4, 2002. BENOR, D. J. Self-healing interventions for clinical practice: brief psychotherapy with WHEE-the holistic hybrid of EMDR and EFT. Complement Ther. Clin. Pract., v. 11, n. 4, 2005, p. 270-274. BROAD, R; WHEELER, K. An adult with childhood medical trauma treated with psychoanalytic psychotherapy and EMDR: a case study. Perspect Psychiatr Care, v. 42, n. 2, 2006, p.95-105. CARRIGAN, M. H; LEVIS, D. J. The contributions of eye movements to the efficacy of brief exposure treatment for reducing fear of public speaking. J. Axiety Disord, vol. 13, n. 1 e 2, 1999, p. 101 – 118. CAMPOS, L. F. de; ROCHA, R. L.; CAMPOS, P. R. Stress em estudantes universitários: um estudo longitudinal. Revista Psicologia Argumento, v.14, n.29,1996, p.83-104.

CHEMALI, Z; MEADOWS, M. E. The use of eye movement desensitization and reprocessing in the treatment of psychogenic seizures. Epilepsy Behav, v.5, n.5, 2004, p. 784-787. CONROY–MORE, K. The Effectiveness of EMDR in a Child Guidance Center. Research on Social Work Practice, v. 11, n. 4, 2001, p. 435-457 . DAVIDSON, P.R; PARKER, K. C. Eye movement desensitization and reprocessing (EMDR): A meta-analysis. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 69, n. 2, 2001, p. 305-316. DEVILLY, G. J. Power Therapies and possible threats to the science of psychology and psychiatry. Aust N Z J Psychiatry, v. 30, n. 6, 2005, p. 437-445.

EDMOND, T; RUBIN, A. Assessing the long-term effects of EMDR: Results from an 18-month follow-up study with adult female survivors of childhood sexual abuse. J Child Sex. Abus., v.13, n.1, 2004, p. 69-86. FISHER, S. Stress in academic life. Buckingham: Open University Press, 1994.

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

62

FORREST, M. S.; SHAPIRO, F. EMDR: The breakthrough therapy for overcoming anxiety, stress, and trauma. New York: Basic Books, 1997. GADZELLA, B. M. Student-life stress inventory. Psychological Reports, n.74, 1994, p. 395-402. GRAEFF, F. G. Human experimental anxiety. Rev. Psiq., v.34, n.5, 1991, p.251-253. HERTLEIN, K. M; RICCI, R. J. A systematic research synthesis of EMDR studies: implementation of the platinum standard. Trauma Violence Abuse, v. 5, n. 3, 2004, p. 285-300. HOMES, C. S. Psicologia dos transtornos mentais. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. IRONSON, G. et al. Comparison of two treatments for traumatic stress: a community-based study of EMDR and prolonged exposure. J. Clin. Psychol, v. 58, n. 1, 2002, p. 113-128. KNEFF, J. C e KREBS, K. Eye movement desensitization and reprocessing (EMDR): another helpful mind-body technique to treat GI problems. Gastroenterol Nurs, v.27, n.6, 2004, p. 286-297. KERR-CORRÊA, F. K, et al. Uso de àlcool e drogas por estudantes de medicina da Unesp. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.21, n.2, 1999, p. 95-100.

LANSING, K. High-resolution brain SPECT imaging and eye movement desensitization and reprocessing in police officers with PTSD. J Neuropsychiatry Clin Neurosci., v.4, n.17, 2005, p. 526-532. LARAMIE, W. Y. EMDR: implications of the use of reprocessing therapy in nursing practice. Perspect Psychiatr Care, v. 40, n.3, 2004, p.104-113. LEGAL, E. J. et al. Efeitos do stress causado por deslocamentos intermunicipais sobre o desempenho acadêmico. Alcance, v.1, n.4 ,1999, p.103-109. LIEBERMANN, P; HOFMANN, A; FLATTEN, G. Psychotherapeutic treatment of traumatic stress with the EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) method. MMW Fortschr Med., v.145, n.49, 2003, p. 39-41. MATLIN, M. W. Psicologia cognitiva. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. MENDONÇA, R. M. A percepção do estresse entre estudantes universitários. 2002. 50 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Psicologia) – Universidade do Vale do Itajaí. RUBIN, A. Unanswered questions about the empirical support for EMDR in the treatment of PTSD: a review of research traumatology. Traumatology, vol. 9, n. 1, 2003, p. 4-30. SAPOLSKY, R. M. Why zebras don´t get ulcers. New York: W. H. Freeman, 1998.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

63

SARDÁ, J. J.; LEGAL, E. J.; JABLONSKI, S. J. Estresse: conceitos, métodos, medidas e possibilidades de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. SCHNEIDER, G. et al. Eye movement desensitization and reprocessing in the treatment of posttraumatic stress disorder in a patient with comorbid epilepsy. Epilepsy Behav., v. 7, n. 4, 2005, p. 715-718. SERVAN–SHREIBER, D. Curar: o stress, a ansiedade e a depressão, sem medicamento nem psicanálise. 3. ed. São Paulo: Sá, 2004. SHAPIRO, F. EMDR: desensibilización y reprocesamiento por medio de movimiento ocular. 3. ed. México: Pax México, 2004. SHAPIRO, F. EMDR: dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares. 2. ed. (revisada). Brasília: Nova Temática, 2007. SIEGEL, S. Estatística não paramétrica (para as ciências do comportamento). São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976.

SILVA, L. R.; MALBERGIER, A.; ANDRADE, V. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários. Revista Saúde Pública., v. 40, n. 2, 2006.

SUN, T. F; WU, C. K.; CHIU, N. M. Mindfulness meditation training combined with eye movement desensitization and reprocessing in psychotherapy of an elderly patient. Chang Gung Med J., v. 27, n. 6, 2004, p. 464-469. TARRIER, N. et al. The acceptability and preference for the psychological treatment of PTSD. Behav. Res. Ther., v. 2, 2006, p. 2-54. WILSON, S. A. et al. Eye movement desensitization and reprocessing (EMDR) treatment for psychologically traumatized individuals. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 63, n. 6, 1995, p. 928-937. WILSON, S. A. et al. Fifteen-month follow-up of eye movement desensitization and reprocessing (EMDR) treatment for posttraumatic stress disorder and psychological trauma. J Consult Clin Psychol., v. 65, n. 6, 1997, p.1047-1056.

WILSON, S. A et al. Stress management with law enforcement personnel: a controlled outcome study of EMDR versus a traditional stress management program. International Journal of Stress Management, v. 8, n. 3, 2004, p.179-200.

ZAMPIER, M. A.; STEFANO, S. R. Estresse nas empresas de grande porte da região de Guarapuava. Revista de Administração Nobel. n. 3, 2004, p. 11-20.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

64

7 ANEXOS

7.1 Anexo 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

APRESENTAÇÃO Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa

cujo objetivo é verificar a eficácia de procedimentos de redução

de estresse.

Sua tarefa consistirá na participação de um procedimento

de relaxamento (grupo 1) e de uma técnica de movimentos

oculares: EMDR (grupo 2) e no preenchimento de um

instrumento de medida psicológica de estresse e outro de

verificação da manutenção da redução de estresse. Estes

instrumentos serão aplicados antes da aplicação dos

procedimentos e mais duas vezes (1 mês e 2 meses depois).

Cada procedimento consiste em: Relaxamento (grupo 1): 8

encontros de 30 minutos; EMDR (grupo 2): máximo 3 encontros

de 60 minutos O procedimento de EMDR será gravado em

áudio com fins de análise das sessões e melhoria da escuta

durante as mesmas.

Ao final dos procedimentos todos os participantes terão

acesso aos resultados do estudo, bem como aos seus escores

em cada instrumento e a garantia de aprendizagem da técnica

da qual não fizeram uso, caso assim o desejarem, e os

resultados apontarem ser mais efetiva. Quanto aos aspectos

éticos, gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo

garantido o seu anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com

finalidade acadêmica podendo vir a ser publicado em

revistas especializadas, porém, como explicitado no item

(a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas aos instrumentos;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a

participar, podendo interromper sua participação a

qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;

e) você não terá direito a remuneração por sua

participação, ela é voluntária;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não terapêutico;

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do

ponto de vista ético, você poderá contatar com o

responsável por esta pesquisa.

Muito obrigado!

Pesquisador responsável: Acadêmica Iana Carla Pinto. Orientador: Profº. Dr. Eduardo José Legal. E-mail: [email protected] Telefone: (47) 9654-4265 Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 401.

Eu, ____________________________________________

Fui suficientemente esclarecido (a) sobre a referida

pesquisa e concordo com os termos estipulados acima.

Portanto, por livre e espontânea vontade, participarei deste

estudo.

Assinatura do (a) acadêmico (a).

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

65

7.2 Anexo 2 Técnica de Relaxamento Progressivo de Jacobson (SARDÁ; LEGAL; JABLONSKI, 2004).

Em geral a seqüência de grupos musculares e os exercícios de tensionamento (que devem

durar apenas uns 5 segundos) seguem a forma apresentada a seguir:

1. Mãos e antebraço dominante: aperta-se o punho.

2. Bíceps dominante: empurra-se o cotovelo contra o braço da cadeira ou contra o solo.

3. Mãos e antebraço não dominante: aperta-se o punho.

4. Bíceps não dominante: empurra-se o cotovelo contra o braço da cadeira ou contra o

solo.

5. Testa e couro cabeludo: contrair as sobrancelhas.

6. Olhos e nariz: apertam-se os olhos fechados e enruga-se o nariz.

7. Boca e mandíbula: cerram-se os dentes com os lábios distendidos.

8. Pescoço: dobra-se para frente até tocar o peito com o queixo.

9. Ombros, peito e costas: erguem-se os ombros para cima e para trás tentando juntar as

omoplatas (escápulas).

10. Estômago: encolhe-se, contendo a respiração, e solta-se, contendo a respiração.

11. Perna e coxa direita? Tentar subir a perna esticando os dedos sem tirar o calcanhar do

sono.

12. Panturrilha e pé direito: dobra-se o pé para cima sem tirar o calcanhar do solo.

13. Perna e coxa esquerda: tenta-se subir na perna esticando os dedos sem tirar o

calcanhar do solo.

14. Panturrilha e pé esquerdo: dobra-se o pé para cima sem tirar o calcanhar do solo.

Após tensionar e relaxar todos esses grupos musculares, tenta-se aprofundar um pouco mais

o estado de relaxamento repetindo-se toda a seqüência, dessa vez sem a indução do

tensionamento, mas somente o relaxamento dos músculos, que já deverão estar, ao menos

parcialmente, relaxados.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE …siaibib01.univali.br/pdf/Iana Carla Pinto.pdf · 2008-12-02 · fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências

8 APÊNDICE

8.1 Entrevista

• Nome

• Idade

• Usa medicamentos? ( ) Sim. Quais?_____________ ( ) Não.

• Saúde física (problemas cardíacos, respiratórios, oculares e etc.)

• Usa drogas? (Álcool, tabaco, outras) ( ) Sim. Quais?_____________ ( ) Não.

• Quais as fontes de estresse presentes em sua vida acadêmica (estressores

presentes)?

• Quais os pensamentos e sentimentos que ocorrem em situações estressantes?

• Grau subjetivo de estresse causado pelos estressores - CN (escala USP de 0 a 10

sendo 0 neutro e 10 muito intenso)

• Como você lida com essas fontes de estresse ou como pode vir a lidar e o quanto

acredita nisso? CP (escala EVC de 1 a 7, sendo 1 falso e 7 totalmente verdadeiro).

*****As questões no quadro serviram para a escolha da amostra para a técnica baseada em EMDR. Estes dados, no caso do voluntário fazer parte da amostra, foram acompanhados, pois estas características poderiam afetar o resultado da técnica.*****