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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
IANA CARLA PINTO
ITAJAÍ (SC)
2008
IANA CARLA PINTO
A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Monografia apresentada como requisito parcial para
obtenção do título de Psicólogo pela Universidade do
Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal
ITAJAÍ (SC)
2008
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais
José e Onélia e ao meu companheiro
Christian, pelo amor incondicional e
pelo incentivo à minha trajetória de
busca do conhecimento e
crescimento pessoal.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeira e imensamente, ao meu orientador, Eduardo José Legal,
por sua enorme contribuição ao desenvolvimento deste trabalho;
Agradeço à professora Giovana Delvan Stühler e à Artur Diehl, por terem
aceitado fazer parte da banca avaliadora desta monografia e por suas contribuições,
que foram e serão de grande valia;
Agradeço aos amigos: André, Olga, Gabriela, Susi, Tatiana, Mônica e
Marina, pela amizade, apoio e incentivo em todas as etapas desta monografia;
Agradeço aos meus irmãos pela compreensão em quase todos os momentos
que eu precisei usar o computador e de silêncio para fazer este trabalho e eles
cederam;
Agradeço enormemente aos participantes dos treinos de EMDR e
relaxamento, pela sua colaboração essencial à esta monografia.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 6 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 8
2.1 ESTRESSE EM UNIVERSITÁRIOS ................................................................................... 8 2.2 TÉCNICAS DE REDUÇÃO DE ESTRESSE.......................................................................... 9 2.3 EMDR .................................................................................................................... 10
2.3.1 O modelo de processamento da informação de Shapiro (2004)..................... 12 2.3.2 Componentes do procedimento de EMDR ..................................................... 14 2.3.3 As fases do EMDR ......................................................................................... 16 2.3.4 Versão do EMDR para situações especiais.................................................... 17 2.3.5 Resultados da técnica .................................................................................... 18
3 METODOLOGIA........................................................................................................... 26
3.1 PARTICIPANTES........................................................................................................ 26 3.2 INSTRUMENTOS........................................................................................................ 26 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS..................................................................... 28 3.4 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................. 30 3.5 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ......................................................................................... 31
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................... 32 4.1 COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO TREINO DE EMDR X RELAXAMENTO SOBRE OS ESCORES DOS INSTRUMENTOS............................................................................................................. 32 4.2 RELATOS DOS TREINOS DA TÉCNICA BASEADA EM EMDR ............................................ 37 4.3 RELATOS DOS PARTICIPANTES DOS TREINOS DA TÉCNICA DE RELAXAMENTO.................. 56
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 59 6 REFERÊNCIAS: ........................................................................................................... 61
7 ANEXOS....................................................................................................................... 64 7.1 ANEXO 1.................................................................................................................. 64 7.2 ANEXO 2.................................................................................................................. 65
8 APÊNDICE ................................................................................................................... 66
8.1 ENTREVISTA............................................................................................................. 66
A EFICÁCIA DO EMDR NA REDUÇÃO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
Acadêmica: Iana Carla Pinto
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José legal
Este estudo teve como objetivo verificar a eficácia do EMDR (Eye Movement Desesintization Reprocessing – Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares), na redução do estresse em estudantes universitários comparando-o com um treino de relaxamento. Para tanto, foram avaliados os índices de estresse destes estudantes antes, um mês e dois meses após as aplicações dos procedimentos de redução de estresse, bem como, seus relatos sobre os efeitos das técnicas em suas vidas acadêmicas. Fizeram parte deste estudo dezesseis estudantes matriculados nos cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Itajaí, os quais foram divididos em dois grupos (1 e 2). No grupo 1, foi aplicada a técnica de relaxamento progressivo de Jacobson; no grupo 2, o protocolo de EMDR para ansiedade e comportamentos atuais. Por fim, foram comparados os escores de estresse dos estudantes de ambos os grupos e os relatos sobre as técnicas, no intuito de verificar em qual deles houve maior manutenção e eficácia da redução dos níveis de estresse. Os resultados quantitativos deste estudo, apontaram maior eficácia para o grupo de relaxamento progressivo, embora os resultados qualitativos tenham apontado a mesma eficácia e em menor tempo para o grupo de EMDR. Palavras-Chave: EMDR, Estresse, Estudantes Universitários
1 INTRODUÇÃO
O estresse em estudantes universitários vem sendo alvo de inúmeras discussões
no meio científico, desde suas causas, estímulos estressores, estratégias de
enfrentamento, até suas consequências, que muitas vezes podem ser negativas. De
acordo com Holmes, (1997), o estresse pode ser descrito como um quadro de distúrbios
físicos e emocionais, associado tanto a situações positivas como negativas e essas
situações exigem do indivíduo capacidade de adaptação.
Diversas técnicas para redução do estresse vêm sendo exploradas por
pesquisadores do mundo inteiro. Dentre estas encontram-se o relaxamento, exercícios
físicos, técnicas de respiração, coerência cardíaca e outras. Algumas destas técnicas têm
alcançado resultados eficazes, porém outras, nem tanto (ZAMPIER e ESTEFANO, 2004).
Então, torna-se necessário que mais estudos efetivos sejam realizados na busca de
técnicas que reduzam o estresse, num curto espaço de tempo e que sejam eficazes à
longo prazo. Principalmente, no caso de estudantes universitários que, geralmente, não
dispendem de muito tempo para um tratamento longo, pois as obrigações e
responsbilidades universitárias por si só, acarretam sobrecarga e pressão em período de
tempo determinado (dependendo da duração de cada período letivo – semestre ou ano).
É importante ressaltar que o estresse, à longo prazo, pode favorecer o
desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão, além de propiciar ou causar
pressão alta, dores nas costas, rugas, problemas digestivos e impotência sexual
(SAPOLSKY, 1998; SERVAN-SHREIBER, 2004).
A técnica de dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares
– EMDR – tem demonstrado alta eficácia em tratamento de curtíssimo prazo para pessoas
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que sofrem de ansiedades conseqüêntes de situações traumáticas, fobias e outras
desordens (SERVAN-SHREIBER, 2004; SHAPIRO, 2004; WILSON et al., 2004) . Por este
motivo, a técnica vem sendo amplamente aceita no meio científico devido aos efeitos
consistentes alcançados com o tratamento e à manutenção do controle dos sintomas.
Este estudo objetivou verificar a eficácia do EMDR como técnica psicológica na
redução do estresse em estudantes universitários. Para tanto, foram avaliados os índices
de estresse em estudantes universitários antes e após a aplicação de procedimentos de
redução de estresse; aplicou-se à esses estudantes, divididos em dois grupos, a técnica
de relaxamento progressivo de Jacobson (grupo 1) e o protocolo para ansiedade e
comportamentos atuais do EMDR (grupo 2); e, verificou-se a eficácia do EMDR na
redução do estresse desses estudantes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Estresse em universitários
A universidade, com todas as suas exigências, expectativas e quantidade de
informações pode ser grande fonte de estresse, tanto para os ingressantes, quanto
para os períodos que sucedem, gerando nos universitários aumento de
responsabilidades, ansiedade, competitividade, enfim, situações que facilitam o
surgimento do estresse (FISHER, 1994; GADZELLA, 1994; CAMPOS; ROCHA;
CAMPOS, 1996; SILVA; MALBERGIER; ANDRADE, 2006).
Diversos estudos vêm demonstrando que dentre os principais problemas
identificados em estudantes universitários, além da depressão, distúrbios de
alimentação e abuso de drogas, está o estresse. Em pesquisa realizada por Kerr-
Corrêa et al. (1999), constatou-se que a sobrecarga e o estresse acadêmico,
principalmente a partir do sexto período, têm acarretado um potencial abuso de
medicamentos, principalmente tranqüilizantes.
Silva, Malbergier e Andrade (2006) estudaram características socioeconômicas e
o estresse em estudantes da área da saúde, encontrando que o maior agente estressor
foi o grande número de exigências e dificuldades com algumas matérias em específico,
além de níveis de estresse ainda mais elevados em fases de avaliação.
Esse tema também foi motivo de pesquisa de Mendonça (2002) que verificou que a
maioria dos estudantes da área da saúde apresenta um elevado nível de sintomas de
estresse e que dentre as situações que mais os estressam está a vida acadêmica,
incluindo a dificuldade em administrar o tempo e as atividades rotineiras.
9
2.2 Técnicas de redução de estresse
O fenômeno do estresse é definido por McGrath (1998 apud BARA FILHO;
RIBEIRO; MIRANDA, 2002) como
um desequilíbrio substancial entre a demanda (física e/ou
psíquica) e a capacidade de resposta, sob condições nas quais o
fracasso para suprir a demanda tem importantes conseqüências.
Muitas pesquisas vêm sendo realizadas com intuito de encontrar técnicas
eficazes para redução do estresse e suas conseqüências (negativas principalmente).
Algumas delas têm alcançado bons e eficazes resultados. Zampier e Estefano (2004)
trazem algumas técnicas que têm resultados eficazes como:
Relaxamento progressivo, que objetiva a otimização do descanso, bem como a
redução e o controle da ansiedade e do estresse.
A técnica parte do princípio de que para gerar um estado de
relaxamento profundo não é preciso uso nem de imaginação nem
de força de vontade, bastando apenas contrair seqüências
específicas de músculos para depois deixá-los relaxar
automaticamente (SARDÁ; LEGAL; JABLONSKI, 2004 p. 117).
As ações a serem ensinadas com a técnica, consistem numa fase de tensão,
cujo objetivo é instruir o paciente no sentido de torná-lo apto a identificar e reconhecer
contrações involuntárias no cotidiano; e outra fase de relaxamento, a qual demonstra ao
paciente como eliciar por conta própria o relaxamento muscular sempre que necessário
(ANGELOTTI, 2007).
Exercícios físicos: tais como caminhadas, natação, bicicleta, ginástica,
alongamentos e outros, desde que não sejam competitivos.
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Técnicas de Biofeedback: nas quais as pessoas aprendem a detectar e controlar
mudanças físicas relacionadas ao estresse.
Técnicas de respiração: respirar adequada e profundamente, a fim de aliviar
tensões.
Além das técnicas listadas acima, há inúmeras outras que vem sendo
pesquisadas para redução do estresse. Um exemplo disso é a técnica de EMDR, cuja
efetividade é demonstrada para traumas psicológicos e vem sendo estudada na
redução do estresse (WILSON et al, 2004).
2.3 EMDR
Eye Movement Desensitization and Reprocessing – é uma técnica
psicoterapêutica que se originou e vem sendo desenvolvida a partir de observaçõs da
psicóloga Francine Shapiro, desde 1987. Sua pesquisa na área clínica investigou o
efeito aparentemente dessensibilizador que a repetição dos movimentos oculares
espontâneos e outras estimulações têm em relação a pensamentos desagradáveis.
Anos de exploração clínica vêm trazendo como resultado um método integral, e como
tal, é de fundamental importância considerar que: aspectos do procedimento são
sintetizados a partir das distintas e principais tendências psicológicas (enfoques
psicodinâmicos, comportamentais, cognitivos e interacionistas); que seus protocolos
são empregados de acordo com cada necessidade; e que o tratamento ajuda,
comprovadamente, o cliente a viver um presente muito mais são e produtivo, lidando
melhor com situações perturbadoras as quais tenha experienciado ou ainda experiência
(SHAPIRO, 2004).
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A princípio, a técnica era chamada de EMD que significa dessensibilização
através de movimentos oculares. Nessa primeira versão, estudos controlados já
demonstravam resultados eficazes, porém, passou a ser denominada EMDR, devido a
evidência de que o procedimento implica num mecanismo de processamento da
informação, ao invés de um simples efeito de dessensibilização. Foi com esse
entedimento de um processo mais amplo que o êxito da técnica aumentou
consideravelmente.
O EMDR vêm recebendo contribuições de estudiosos do mundo inteiro. Seu
diferencial em relação a outras técnicas de redução de estresse são os resultados
comprovadamente surpreendentes num curto espaço de tempo (SERVAN-SHREIBER,
2004).
Nesta técnica, destinada a quem passou (ou passa) por situações estressantes,
ou mesmo traumáticas, as pessoas são estimuladas a mover os olhos de um lado para
o outro, com movimentos oculares que se assemelham ao que acontece no sono
paradoxal (REM – rapid eyes movement), durante os sonhos, enquanto fala
espontâneamente e associa livremente a situação a qual foi submetida (SERVAN -
SHREIBER, 2004). Esses movimentos oculares podem ser substituidos por outras
estímulações (sons, toques) que se ajustem melhor às necessidades dos clientes. As
séries de estimulações devem ser iniciadas de maneira lenta e ir acelerando até que se
possa obter um rítmo de estímulo mais rápido e que o cliente possa sustentar, até que
a lembrança do evento estressante ou traumático, possa ser associado a pensamentos
positivos.
A partir dos materiais trazidos livremente pelo cliente, incluindo imagens,
cognição e sensações físicas, deve-se enfocar, segundo Shapiro (2004), a emoção
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estimulada, a intensidade da perturbação e o quão certa é a cognição positiva para
este.
A idéia e a meta da técnica é que as emoções e sentimentos mais positivos e
poderosos se generalizem para formas e condutas mais apropriadas. Para explicar
como isso é possível, Francine Shapiro criou um modelo teórico o qual denominou
Processamento da Informação que proporciona um marco teórico e princípios para o
tratamento.
2.3.1 O modelo de processamento da informação de Shapiro (2004)
O ser humano é provido de um equilíbrio neurológico que permite que as
informações sejam processadas naturalmente até que alcancem uma resolução
adaptativa, então, o que é útil é aprendido e armazenado com os sentimentos e
emoções apropriadas e fica disponível para uso futuro.
Em uma pessoa que experimente determinada situação de maneira
perturbadora, pode haver um desequilíbrio no sistema nervoso, provocado por
neurotransmissores, que faz com que o processamento das informações seja
incapacitado de funcionar normalmente e a informação adquirida fica mantida
neurológicamente no estado perturbado, desde suas imagens, sons, até sentimentos e
emoções.
Em outras palavras, no caso dos acontecimentos processados adaptativamente,
as aprendizagens adequadas são armazenadas com emoções apropriadas, por outro
lado, os acontecimentos armazenados disfuncionalmente guardam percepções e
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pensamentos que prevalecem durante o acontecimento desencadeador do trauma ou
estresse.
Diante disso, os elementos do procedimento do método EMDR, incluindo os
estímulos de atenção dual, têm se mostrado como detonadores deste estado fisiológico
e facilitadores do processamento da informação. Alguns dos mecanismos que
propiciam essa ativação são: o descondicionamento causado pela resposta de
relaxamento; uma mudança no estado do cérebro que aumenta a ativação e fortalece
associações; e fatores da atenção dual que atendem à estímulos presentes, enquanto
processam em nível neurológico as respostas antes intensas, de maneira adaptativa,
fazendo com que se recupere o estado natural de resposta. Portanto, quando se pede
ao cliente que faça aflorar as situações perturbadoras passadas, é provável que haja o
estabelecimento de um vínculo entre a consciência (ter ciência de) e o lugar no cérebro
onde a informação está armazenada (processada), ou “congelada”. A resolução pode
se dar no momento em que as informações associadas à situação desencadeadora da
perturbação, que permaneciam inacessíveis à consciencia, entram em contato com a
informação adaptativa do momento da sessão em que são aplicadas as estimulações.
É então, por meio de uma série de canais ou neuro-redes de recordações que
nossos pensamentos, emoções e sensações relativos às perturbações vinculam-se uns
com os outros. Este processamento é controlado pela memória de procedimento
(implícita), a qual não se tem acesso consciente (MATLIN, 2004). No método EMDR
propõe-se que o cliente enfoque numa recordação específica, a qual pode ser também
chamada de branco específico ou nódulo do acontecimento perturbador, e trabalha-se
os canais ou neuro-redes deste acontecimento (das respostas do cliente a este), no
intuito de associações positivas nos processos perturbados. É nesse processo que o
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que era disfuncional ou negativo, torna-se menos válido e passa a ser mais positivo,
vívido, alcançando o estado funcional de saúde. Pode-se dizer que a informação
perturbadora, passa a seguir um fluxo adaptativo que é fisiológicamente natural.
Essencialmente, esses princípios de processamento podem ser aplicados à
maior parte das experiências perturbadoras da vida, sem importar sua origem. Para
tanto, é necessário o conhecimento de cada um dos componentes do procedimento
(SHAPIRO, 2004).
2.3.2 Componentes do procedimento de EMDR
Um procedimento de EMDR efetivo depende, também, do apontamento das
imagens, cognições, emoções e sensações físicas relacionadas à perturbação e da
estimulação. Passa-se a detalhá-los, a seguir, segundo Shapiro (2004).
As imagens: deve-se orientar o cliente a centrar sua atenção em uma imagem
que represente a perturbação. A meta é estabelecer um vínculo entre a consciência e o
lugar no cérebro onde se armazena a informação.
A cognição negativa: o cliente dá uma declaração que expresse a avaliação de
si mesmo, quanto a inadaptação que acompanha a imagem, o que não constitui uma
mera descrição, mas uma interpretação de si mesmo.
A cognição positiva: o cliente identifica uma cognição positiva, um pensamento
bom que deseja ter e qualifica o quão verdadeiro é esse pensamento numa escala de 1
a 7 denominada VoC (Validity of cognition scale – Escala de validação das
cognições/crenças), na qual 1 significa completamente falso e 7 completamente
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verdadeiro. Depois de ter processado o material funcional, essa cognição positiva será
vinculada intencionalmente à informação perturbadora e se generalizará a experiências
relativas.
As emoções: o cliente volta a manter em mente a imagem da situação
perturbadora e sua cognição negativa e qualifica o nível emocional em que estas se
situam, numa escala de 0 a 10 denominada SUDS (The subjective unit of disturbance
scale – Escala de unidade subjetiva de perturbação), na qual 0 significa neutro, ou sem
perturbação e 10 é o mais alto grau de perturbação.
As sensações físicas: as sensações físicas que se geram quando os clientes se
concentram na recordação constituem pontos importantes para o tratamento e podem
estar associados com tensão emocional, rigidez muscular e aceleramento cardíaco. O
que se quer e o que se tem conseguido, é que ao final do procedimento, ao pensar na
situação, já não emerjam essas sensações.
Estimulações: trabalha-se no sentido de usar o tipo de estimulação que se
adeque melhor a cada cliente, podendo ser desde movimentos oculares, até
estimulações alternativas, que também têm demonstrado ampla eficácia, como
estímulos sonoros e toques. Ao final de cada série, o cliente relata se está sentindo-se
acomodado com a maneria como está sendo estimulado, sendo que também pode
interromper a série a qualquer momento se assim o desejar.
Dados os elementos, Shapiro (2004) propõe oito fases básicas para um
resultado eficaz.
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2.3.3 As fases do EMDR
Primeira Fase: consiste num registro histórico do paciente e um planejamento
do tratamento, incluindo um panorama dos comportamentos, sintomas e características
que precisam ser trabalhadas.
Segunda Fase: esta é a fase da preparação, na qual explica-se o método de
EMDR e seus efeitos e tiram-se as dúvidas do cliente.
Terceira Fase: nesta fase, que é a da avaliação, inicia-se o procedimento,
identificando imagens, cognições, emoções e sensações e qualificando-as quanto à sua
intensidade.
Quarta Fase: ocorre a dessensibilização, que inclui sentimentos e emoções
perturbadoras e novas associações com relação a estas, por meio da estimulação.
Quinta Fase: é fase da instalação, na qual se reorganizam as cognições e
acentua-se a força da cognição positiva, que o cliente identifica como substituta da
negativa original.
Sexta Fase: consiste na exploração do corpo em busca da presença de qualquer
tensão residual, depois da instalação da cognição positiva.
Sétima Fase: consiste na finalização do tratamento, com interrogatórios e
orientações para a manutenção do equilíbrio do cliente.
Oitava Fase: consiste na reavaliação do reprocessamento e seus efeitos na
conduta do cliente.
É importante ressaltar que a duração destas fases varia de cliente para cliente e
como se pode perceber, cada fase é centrada em diferentes aspectos que devem surtir
17
efeitos à medida que se processem as informações positivamente (SERBAN-
SHREIBER, 2004; SHAPIRO, 2004).
O propósito das oito fases é facilitar o processamento acelerado da informação,
de modo a reduzir os níveis de respostas quanto às suas perturbações.
2.3.4 Versão do EMDR para situações especiais
Dado que o reprocessamento de informação se dá de formas diferentes em
situações traumáticas comparadas às situações estressantes, ou ansiogênicas, Shapiro
(2007, p. 283-314) propõe protocolos e procedimentos para situações especiais como
estresse, ansiedade, entre outras.
Esta pesquisa teve como base o protocolo para ansiedade e comportamento
atuais (SHAPIRO, 2007, p. 287) visto que a maioria das pessoas sofrem com
perturbações e ansiedades que não necessáriamente relacionam-se a traumas
importantes (os traumas com “T” versus traumas com “t”1). Nesses casos deve-se
enfocar o procedimento na especificação de alguns aspectos: qual a situação
causadora de ansiedade e/ou estresse que deve ser trabalhada; o fator desencadeador
da perturbação perante tal situação (caso a pessoa recorde); e a resposta desejada na
situação.
1 Shapiro (2004) relata existir dois tipos de traumas: os importantes e geradores de grande tensão (com “T” maiúsculo) e aqueles cotidianos, não tão ansiogênicos, mas de qualquer forma, incômodos (com “t” minúsculo) como os eventos estressantes diários.
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Diante destes aspectos, se empregam os componentes do procedimento de EMDR,
tomando-se as medidas para a dessensibilização e o reprocessamento da perturbação,
seguindo a seguinte ordem:
• A recordação mais antiga;
• O exemplo mais recente ou mais representativo de uma situação atual que
provoca estresse;
• A projeção futura de uma resposta emocional e comportamental desejada.
Esta versão da técnica, com o cumprimento das etapas do protocolo tem
demonstrado resultados efetivos no enfrentamento de situações desencadeadoras de
ansiedade e estresse (SHAPIRO, 2007).
2.3.5 Resultados da técnica
O EMDR vem sendo considerado por clínicos do mundo inteiro como um método
integral, que vem atuando de forma altamente efetiva numa infinidade de problemas
psicológicos como traumas, fobias, ansiedades, estresse e outras desordens. Já são
mais de 20.000 terapeutas no mundo treinados em EMDR (FORREST; SHAPIRO,
1997). Também é considerada a técnica terapêutica mais testada, devido à extensa
lista de pesquisas exaustivas utilizando-a. Algumas dessas pesquisas são citadas a
seguir.
a) EMDR para traumas
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As inúmeras pesquisas do EMDR aplicadas a traumas têm demonstrado
efetividade, visto que seus efeitos já aparecem em poucas sessões e são mantidos a
longo prazo. É o que demonstram as pesquisas a seguir.
Os efeitos de 3 sessões de 90 minutos de EMDR foram testados em 80
participantes que haviam passado por situações traumáticas e que vinham recebendo
há um tempo tratamento psicoterápico. Dentre esses 80 participantes, um a cada 5,
foram escolhidos para receberem a aplicação de EMDR, sendo que logo após as
aplicações, já demonstravam um diminuído grau de ansiedade e um aumento das
cognições positivas. Na aplicação do pós teste 3 meses depois, percebeu-se que os
efeitos haviam sido mantidos, enquanto que o grupo que estava apenas recebendo
terapia convencional não apresentou os mesmos efeitos (WILSON et al, 1995).
Um segundo pós-teste foi realizado 1 ano e 3 meses após as aplicações, onde
se verificou, mais uma vez, a manutenção dos efeitos do EMDR em 84% nos sintomas
de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) (WILSON et al, 1997).
Pacientes que haviam passado por abuso sexual na infância foram submetidas à
aplicação do EMDR também em 3 sessões de 90 minutos. Após 18 meses avaliou-se
como estava o trauma diante da reexposição através do relato da situação da infância.
Verificou-se que a perturbação havia desaparecido, e a situação deixou de ser
traumática e passou a ser adaptativa (EDMOND; RUBEN, 2004).
Davidson e Parker (2001) realizaram uma meta-análise entre 34 estudos que
utilizaram EMDR com diferentes estimulações, numa variedade de populações que
haviam passado por situações traumáticas e comparando a diversas técnicas. O EMDR
mostrou-se mais efetivo em todas as populações estudadas, quando comparado a
outras técnicas. Um outro dado importante constatado, é que independente do estímulo
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utilizado nos estudos, seja movimento ocular, toques ou sons, os efeitos positivos da
técnica estiveram presentes. Em suma, segundo os autores da meta-análise, o EMDR
poderia ser chamado apenas de Dessensibilização e Reprocessamento, não
necessitando citar o movimento dos olhos, que é apenas uma das possibilidades de
estimulação.
Lansing et al. (2005) avaliaram a eficácia do EMDR através de sua aplicação em
6 policiais diagnosticados com TEPT. Antes do tratamento foi aplicada uma escala
diagnóstica do estresse pós traumático, que demonstrou alto nível deste e foi emitida
uma tomografia computadorizada da imagem do cérebro. Após as aplicações,
constatou-se significativa diminuição na escala diagnóstica de TEPT e diminuição nos
lobos parietal, frontal e occipital esquerdos, além de um aumento no giro frontal inferior
esquerdo, demonstrando que o EMDR foi eficaz no tratamento de TEPT para este
grupo de oficiais.
Um outro estudo comparou a eficácia de dois tratamentos para o TEPT em 22
vítimas de violação física e crime. Eram eles: EMDR e EP (Exposição prolongada).
Após 3 sessões de cada técnica, o EMDR auxiliou na redução de 70% dos sintomas de
TEPT em 7 a cada 10 pessoas, enquanto que a EP reduziu apenas 20% dos sintomas
em 2 a cada 10 pessoas. O mais interessante é que além da redução significativa dos
sintomas de TEPT o EMDR atuou na redução de sintomas de depressão (IRONSON et
al., 2002).
O EMDR também foi aplicado em pacientes hospitalizados com crises de TEPT
freqüentes, após 18 meses de terapia 1 vez por semana, os pacientes não mais
hospitalizados demonstraram recuperação e um significativo aumento na qualidade de
vida e já lidavam muito bem com suas apreenções. Este é mais um caso que suporta a
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noção de que o EMDR pode ser um tratamento alternativo eficaz para apreensões
psicológicas, especialmente quando o histórico da pessoa revela um evento traumático
(CHEMALI; MEADOWS, 2004).
Kneff e Krebs (2004) sugerem que o EMDR é a inovação terapeutica mais eficaz
durante os 20 anos passados para tratar de traumas, trazendo resoluções adaptativas
às situações perturbadoras.
Estas e outras pesquisas têm demonstrado empíricamente a efetividade do
método EMDR para traumas, aplicado nas mais diferentes populações e com as mais
diferentes estimulações.
Uma revisão da literatura foi conduzida por Rubin (2003) com intuito de examinar
se o EMDR é uma técnica exclusiva para o tratamento de traumas. Dados eletrônicos e
publicações de jornais em 2003 forneceram dados que demonstravam que o EMDR é
aplicável não só aos traumas, como também a fobias, estresse, depressão e ansiedade
e não só em adultos, como também em crianças, com os mais diferentes problemas,
apresentando efeitos significativos e prolongados.
Diante desta revisão, serão apresentadas pesquisas que demonstram a
efetividade do EMDR para outras desordens que não os traumas.
b) EMDR aplicado a outras desordens
De um modo geral “os efeitos de EMDR se baseiam na capacidade de enfocar e
localizar o material disfuncional” (SHAPIRO, 2004 p. 89). Esse material diz respeito ao
que a autora denomina nódulo ou branco, que é o que está impedindo que a
22
informação se processe adaptativamente. Daí a importância de enfocá-lo para o
alcance da eficácia do tratamento, seja para qual for a experiência perturbadora.
Têm-se alcançado resultados positivos com o emprego do EMDR em uma ampla
gama de possibilidades como: veteranos de combate em guerras, pessoas que sofrem
de fobias e transtorno do pânico, vítimas de crimes, pessoas que perderam entes
queridos, vítimas de desastres naturais e de abusos sexuais, pessoas que sofrem com
ansiedade de desempenho, pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Estresse Pós
Traumático, dentre inúmeras outras possibilidades, incluindo o estresse em situações
atuais. Serão expostos a seguir alguns dos estudos que comprovam esses resultados.
Em estudo realizado por Wilson et al. (2004) com oficiais de polícia, foram
aplicadas e comparadas técnicas tradicionais de manejo e redução do estresse, e
EMDR. Este último se mostrou mais efetivo na redução e na manutenção do controle do
estresse e por mais de seis meses.
Broad e Wheeler (2006) aplicaram o EMDR em crianças com Transtorno de
Defict de Atenção e Hiperatividade e sintomas de depressão. Verificou-se significativa
diminuição dos sintomas de depressão e hipervigilância e uma habilidade aumentada
de concentração, o que resultou num abortamento da medicação para os problemas em
questão. Os resultados foram verificados 8 meses depois e os efeitos foram mantidos.
Benor (2005) estudou o EMDR como tratamento para estresse, ansiedades e
dores físicas e emocionais, e obteve resultados muito positivos, dentre eles a
diminuição dos sintomas presentes e a instalação de cognições positivas em situações
de vida que causam estresse.
Uma mulher com 34 anos, diagnosticada com TEPT e depressão, decorrentes do
diagnóstico de epilepsia, recebeu a aplicação de 4 sessões de EMDR e demonstrou
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sucesso após as mesmas, com a diminuição dos sintomas (SCHNEIDER, 2005). Fato
que demonstra que o EMDR não atua rapidamente apenas no TEPT, mas também em
sintomas de depressão e epilepsia.
Uma experiência foi realizada por Sun, Wu e Chiu (2004), casando a aplicação
do EMDR com meditação em um paciente idoso para cirurgia com sintomas de
depressão, fobia e trauma devido a mesma. Após duas semanas recebendo a
aplicação dos dois procedimentos, o sujeito em questão demonstrou estar livre do
medo da cirurgia e da aflição emocional com redução significativa dos sintomas. Fato
que demonstrou a eficácia do EMDR em conjunto com meditação na redução de outros
sintomas.
Levando-se em consideração que a memória de emoções perturbadoras,
geralmente, tem efeitos negativos e duradouros sobre o modo como as pessoas vêem
o mundo e diante de tantos estudos, pode-se notar que uma sessão bem sucedida de
EMDR, permite que se normalize o processamento dessas informações, fazendo com
que as sensações não sejam mais revividas quando o evento é trazido à memória.
Essas sensações ainda podem ser lembradas, mas seus efeitos perturbadores
desaparecem ou diminuem sensivelmente.
O EMDR constitui um enfoque com grande variedade de componentes
necessários para alcançar efetividade plena. Então, para resultados eficazes com a
técnica, deve-se levar em conta que nenhuma sessão é igual à outra e que qualquer
recordação trazida pelo cliente é válida e deve ser trabalhada adequadamente, através
da dessensibilização das emoções negativas, obtenção de mudanças na tensão
corporal e reestruturação cognitiva.
24
c) Estudos controversos
Apesar da grande maioria dos estudos no mundo todo demonstrarem resultados
positivos com a aplicação do EMDR, alguns autores têm chamado atenção para uma
visão um pouco diferente da trazida até aqui.
A revisão das pesquisas envolvendo EMDR, realizada por Hertlein e Ricci (2004)
sugere que os investigadores empreguem critérios mais rigorosos de pesquisa para a
verificação da eficácia de EMDR.
Um estudo realizado por Conroy–Moore (2001) avaliou a eficácia do EMDR
adicionado à terapia convencional em crianças que não haviam passado por traumas
específicos e que freqüentavam um centro de orientação. 39 crianças do centro foram
escolhidas aleatóriamente para receber o EMDR. Os resultados deste estudo não
demonstraram diferenças significativas entre o comportamento das crianças que
receberam EMDR e as que não receberam. Levantou-se, então, a hipótese de que o
EMDR não demonstra significativa eficácia quando não aplicados a traumas
específicos. Os pesquisadores sugerem que se façam estudos utilizando outros
protocolos.
Os anos de estudo de Shapiro e de pesquisadores do mundo inteiro, sugeriram a
necessidade da criação de diferentes protocolos específicos a diferentes problemas
psicológicos. Visto isso, cada clínico treinado em EMDR deve aplicar o protocolo
adequando à população clínica em questão. O que pode ter acontecido na pesquisa
citada (CONROY–MOORE, 2001) é a não adequação do protocolo às crianças e seus
25
problemas, visto que os próprios pesquisadores sugerem a reaplicação de outro
protocolo.
Tarrier et al. (2006) estudaram a preferência de estudantes de psicologia quanto
14 tipos de tratamentos e técnicas psicológicas. 10 escalas de preferência com opções
de terapias mais convencionais e mais novas foram aplicadas a 330 estudantes
universitários. Os resultados indicaram que ainda há preferência macissa das terapias
convencionais, havendo uma pequena preferência do EMDR e de outras técnicas mais
atuais.
Para Laramie (2004), o uso de EMDR permanece controverso, pois necessita
mais rigor nos estudos empíricos.
Segundo Libermann et al. (2003), um cuidado básico a ser tomado no EMDR é
que deve ser aplicado em combinação com outros métodos, embora muitos estudos
demonstrem que é eficaz por si só.
Apesar dessas considerações, sobre a necessidade de mais rigor nos estudos
sobre EMDR, Devilly (2005) propôs um estudo que buscou confrontar novas terapias e
sua cientificidade ou pseudocientificidade a partir das bases de dados medline e
Psychlnfo, avaliando-os sobre sua eficácia. Dentre as novas técnicas investigadas por
Devilly, o EMDR foi o único indicado como terapia que trás melhorias comprovadas e
significativas, com características consistentes de ciência.
3 METODOLOGIA
3.1 Participantes
Os participantes desta pesquisa foram dezesseis estudantes universitários,
matriculados nos cursos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UNIVALI, que se
voluntariaram a participar do estudo que aconteceu nas dependências da própria
universidade.
3.2 Instrumentos
Os instrumentos utilizados para verificação da manutenção da redução desses índices
foram o ISSL (Inventário de Sintomas de Estresse), o Sintomas de Estresse e o QSG
(Questionário de Saúde Geral). Também foi utilizada uma entrevista semi-estruturada
(Apêndice) para avaliar as situações de estresse dos mesmos, que consistiu na adaptação
de um instrumento de registro do EMDR.
Pelo fato de serem instrumentos comerciais, o ISSL , o Sintomas de Estresse e o
QSG não foram anexados nesta monografia, a fim de evitar problemas éticos e de direitos
autorais da empresa que os comercializa. Segue uma breve descrição de cada um.
• Questionário de Saúde Geral (QSG): tem por finalidade identificar o perfil sintomático
de saúde mental de pessoas com distúrbios psiquiátricos não extremados. De tipo self-
report, consta de 60 itens aos quais o sujeito deve responder através de escala de tipo
Likert de 4 pontos, em que as alternativas podem variar em função do teor da pergunta. A
27
avaliação realizada com a ajuda de um crivo ou de computador se dá inicialmente através
da obtenção do escore bruto de cada um dos cinco fatores (1.stress psíquico; 2.desejo de
morte; 3.desconfiança no desempenho; 4.distúrbios do sono; 5.distúrbios
psicossomáticos), bem como do escore bruto geral do questionário.
• Sintomas de Estresse: trata-se de um questionário no formato auto-relatório onde são
listados 30 sintomas físicos e psicológicos que estão associados à reação de estresse.
Esta escala foi elaborada para investigar os sintomas de estresse mais freqüentes e de
maior intensidade. Ao lado de cada sintoma o respondente deve marcar a freqüência com
que cada um deles se apresenta no indivíduo. Esta freqüência varia em uma escala
ordinal de cinco intervalos: “0” (nunca), “1” (raramente), “2” (às vezes), “3” (muitas vezes),
e “4” (sempre).
• Inventário de Sintomas de Stress – ISSL: objetiva avaliar o nível de estresse de
indivíduos adultos a partir de 15 anos de idade. Consiste em três quadros que medem as
fases do estresse. O quadro 1 mede os sintomas de “alerta”, o quadro 2 mede a fase de
“resistência” e o quadro 3 mede a fase de “exaustão”. O primeiro quadro consiste de 12
sintomas físicos e 3 psicológicos que o indivíduo deve assinalar com um “X” quando
percebe que tais sintomas estão presentes em si. O segundo quadro é composto de 10
sintomas físicos e 5 psicológicos. E, por fim, no quadro 3 estão dispostos 12 sintomas
físicos e 11 psicológicos. É considerado estresse em fase de alerta quando o indivíduo
assinala pelo menos 7 itens no quadro 1, fase de resistência quando são assinalados 4
itens no quadro 2 e, por fim, 9 itens assinalados no quadro 3.
28
Este inventário avalia os sintomas de estresse apresentados nas últimas 24 horas,
na última semana e no último mês.
3.3 Procedimentos de coleta de dados
Foram afixados cartazes, distribuídos pelo Centro de Ciências da Saúde, com
intuito de divulgação dos treinos de redução de estresse (de EMDR e Relaxamento) e
estipulou-se o prazo de um mês para as inscrições.
Concluído o mês, foram totalizados 26 inscritos, os quais foram divididos em dois
grupos. Com estes dois grupos, foram marcadas duas reuniões em horários e dias
diferentes; esta divisão se deu de acordo com a disponibilidade dos participantes e
também serviu para divisão dos grupos de intervenção.
Nas reuniões foram fornecidas explicações detalhadas sobre os treinos, assinados
os termos de consentimento livre e esclarecido (Anexo1) e também foi realizada a primeira
aplicação dos instrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).
Na primeira reunião estavam presentes 10 pessoas. Este grupo foi nomeado grupo
de EMDR (grupo 1 ou experimental).
Na segunda reunião, compareceram 12 pessoas. Este grupo foi nomeado grupo de
relaxamento (grupo 2 ou experimental).
• Procedimentos do grupo de EMDR: na reunião, foi marcado um segundo
encontro individual com cada participante deste grupo. Neste segundo encontro foi
aplicada uma entrevista inicial (Apêndice) e realizada a aplicação do EMDR (1ª sessão).
29
De acordo com a necessidade apontada por cada participante, e a partir de escalas
componentes da técnica de EMDR (Escala de unidade subjetiva de perturbação – SUDS;
e Escala de validação das cognições/crenças - VoC) era marcada uma segunda aplicação.
O critério para permanência no treino para este grupo foi o comparecimento à primeira
sessão.
As sessões foram gravadas em áudio sob consentimento dos participantes.
Após um mês e 2 meses do término dos treino foi realizada a segunda e a terceira
aplicações dos intrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).
Vale ressaltar que das 10 pessoas participantes deste grupo (que compareceram à
primeira reunião), 8 concluiram o treino, que consistiu de uma a duas aplicações de
EMDR. Das 8, 6 responderam aos três momentos de aplicação (antes, um mês e dois
meses após o treino).
• Procedimentos do grupo de Relaxamento: na reunião, foram marcadas oito
sessões coletivas, conforme o protocolo, para treino da técnica de relaxamento
progressivo (Anexo 2).
As sessões eram conduzidas por uma gravação em CD da técnica de relaxamento
progressivo. No final de cada sessão, os participantes relatavam o que haviam sentido e
percebido com a técnica.
O critério para permanência no treino para este grupo era a freqüência a 75% das
sessões.
Após um mês e 2 meses do término dos treino foi realizada a segunda e a terceira
aplicações dos intrumentos (QSG, ISSL e Sintomas de Estresse).
30
Vale ressaltar que das 12 pessoas participantes deste grupo (que compareceram à
segunda reunião), 8 concluiram o treino e das 8, 5 responderam aos três momentos de
aplicação (antes, um mês e dois meses após o treino) do QSG, ISSL e Sintomas de
Estresse.
Ao final dos treinos, todos os participantes receberam um CD com a técnica de
relaxamento, inclusive os participantes do grupo de EMDR que assim solicitaram.
3.4 Análise dos dados
A análise de dados seguiu o padrão para o procedimento experimental pré e pós
teste com grupo de controle. Os escores do ISSL, do QSG e do Sintomas de Estresse dos
dois grupos (Experimental e Controle) foram comparados entre si antes, um mês e dois
meses após o término das intervenções através de análise de variância para duas
amostras independentes (SIEGEL, 1976). Comparações foram realizadas também dentro
de cada grupo a fim de se avaliar as mudanças dentro do mesmo em relação a
intervenção, através de análise dos relatos.
Das entrevistas foram computadas as freqüências das fontes de estresse, o grau
subjetivo de estresse causado pelos estressores, as estratégias de enfrentamento (e sua
eficácia) e os pensamentos automáticos que ocorreram nas situações de estresse, nas
aplicações. Os resultados foram comparados através de teste não paramétrico de análise
de variância, apropriados à natureza dos dados.
31
3.5 Procedimentos Éticos
Mesmo se tratando de uma pesquisa na qual os participantes não precisaram se
identificar, foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido. A identidade dos
participantes foi mantida em total sigilo e estes não foram submetidos a qualquer
procedimento de risco.
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os escores dos participantes foram divididos pelo tipo de técnica utilizada: EMDR
ou relaxamento, bem como, pela seqüência de aplicações,sendo da primeira (antes do
treino) até a terceira (dois meses após o treino).
Primeiro, foram apresentados os dados referentes à comparação dos resultados
entre os grupos e os resultados dentro de cada grupo, comparando as variações ocorridas
desde a primeira até a última aplicação dos instrumentos. Por fim, foram incluídos os
relatos das sessões.
4.1 Comparação dos efeitos do treino de EMDR x Relaxamento sobre os
escores dos instrumentos.
O Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG), gera seis índices de sintomas
de transtornos mentais não severos: stress psíquico, desejo de morte, desconfiança no
desempenho, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e severidade de doença
mental.
O instrumento foi aplicado em três momentos distintos (antes da intervenção, um
mês e dois meses após a intervenção) nos dois grupos (EMDR x Relaxamento).
Os escores médios em cada um dos fatores (índices) obtidos pelos dois grupos
estão apresentados na tabela 1.
33
Tabela 1. Demonstrativo das médias dos fatores do QSG medidos em dois grupos (EMDR – n=6;
Relaxamento – n=5) em três momentos distintos.
ESCORES DO QSG
1ª Aplicação
(Antes da intervenção)
2ª Aplicação
(1 mês após a intervenção)
3ª Aplicação
(2 meses após a
intervenção)
FATORES
EMDR Relaxamento EMDR Relaxamento EMDR Relaxamento
Stress psíquico 2,32 QS 2,14 2,14 1,31 2,32 1,66
Desejo de morte 1,48 1,53 1,44 1,08 1,61 QS 1,08
Desconfiança
no desempenho
2,28 2,12 2,16 1,68 2,38* 1,69
Distúrbios do
sono
1,94 1,57 2,05** 1,17 2,11* 1,57
Distúrbios
psicossomáticos
2,22 1,90 1,93 QS 1,40 2,17 1,52
Severidade
doença mental
2,08 1,87 1,95 QS 1,53 2,14 1,54
* p<0,05
** p<0,01
QS p<0,10
De modo geral, como pode ser observado na tabela 1, na primeira aplicação, no
grupo de EMDR percebe-se que os escores médios dos participantes foram superiores
aos do grupo de relaxamento, com exceção do fator desejo de morte. Contudo, sob
34
testagem estatística somente o fator stress psíquico demonstrou ser significativamente
maior no grupo EMDR.
Na segunda aplicação, percebe-se que os escores médios no grupo de EMDR
foram novamente superiores aos do grupo de relaxamento, desta vez, em todos os
fatores. Três fatores, sendo: distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e severidade
de doença mental foram estatísticamente significantes.
Por fim, na terceira aplicação, também no grupo de EMDR, os escores médios
foram superiores em todos os fatores. Três dos fatores demonstram significância em
testagem estatística, sendo, desta vez: desejo de morte, desconfiança no desempenho e
distúrbio do sono.
Serão apresentados agora, os resultados de medidas mais específicas aos
sintomas de estresse, obtidos através da aplicação do ISSL e Sintomas de Estresse, nos
dois grupos: EMDR e relaxamento, também nos três momentos: antes dos treinos, um
mês e dois meses após os treinos.
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,045,050,0
sinstr1 sinstr2 sinstr3
Aplicações
Esco
res
méd
ios
EMDRRelaxamento
Figura 1. Comparações entre as médias dos escores do Inventário de sintomas de
estresse medidos em dois grupos (EMDR – n=6; Relaxamento – n=5).
35
No Inventário de sintomas de estresse percebe-se que as médias dos escores no
grupo de EMDR apresentam uma redução da primeira para a segunda aplicação e um
pequeno aumento na terceira em relação à segunda, mas não à primeira. O mesmo pode-
se perceber no grupo de relaxamento. Contudo, este último obteve maior redução dos
escores da primeira para a segunda aplicação e maior aumento da segunda para a
terceira. Por fim, nota-se que no grupo de relaxamento a redução da média dos escores
foi maior da primeira para a última aplicação quando comparado ao grupo de EMDR, que
manteve-se constante no decorrer das aplicações.
00,5
11,5
22,5
33,5
4
24h
1 semana
24h
1 seman
a24h
1 semana
Aplicações
Med
iana
s
EMDRRelaxamento
Figura 2. Comparações entre as médias dos escores do Inventário de sintomas de
estresse medidos em dois grupos (EMDR – n=6; Relaxamento – n=5).
Nas aplicações do Inventário de sintomas de estresse nota-se que com relação às
médias dos escores dos sintomas apresentados:
• Sintomas das últimas vinte e quatro horas: Os dois grupos – EMDR e Relaxamento
– obtiveram os mesmos escores médios na primeira aplicação, havendo redução na
36
segunda aplicação nos dois casos, embora no grupo de relaxamento esta redução
mostre-se muito maior. Na terceira aplicação os escores do grupo de EMDR
aumentaram em relação à primeira e à segunda e os do grupo de relaxamento
diminuíram significativamente.
• Sintomas da última semana: O grupo de EMDR obteve redução dos escores da
primeira para a segunda e da segunda para a terceira aplicação. No grupo de
relaxamento o mesmo aconteceu, mas a redução dos escores foi maior,
principalmente da primeira para a segunda aplicação.
• Sintomas do último mês: O grupo de EMDR manteve seus escores médios
constantes da primeira para a segunda aplicação, mas percebe-se um aumento na
terceira. No grupo de relaxamento os escores também mantiveram-se da primeira
para a segunda, mas reduziram na terceira.
São inúmeros os estudos comparando a técnica de EMDR com outras técnicas
(WILSON, et. al. 2004; BROAD; WHEELER, 2006; BENOR, 2005; SCHNEIDER, 2005), na
eficácia para a redução de estresse, ansiedade, fobias, traumas e outras desordens.
De maneira geral, os estudos têm demonstrado resultados efetivos à favor de
EMDR, mas tais efeitos são apresentados geralmente, de maneira qualitativa (EDMOND;
RUBEN, 2004; CHEMALI e MEADOWS, 2004; RUBIN, 2003; BENOR, 2005), sendo
pouco encontrados estudos com medidas quantitativas.
No presente estudo, pode-se perceber uma diferença significativa da média dos
resultados quantitativos, à favor da técnica de relaxamento. É importante ressaltar, que há
37
várias pesquisas envolvendo relaxamento progressivo e relatando resultados positivos
com a técnica, principalmente no que diz respeito à redução do estresse e ansiedade,
especificamente (ZAMPIER; ESTEFANO, 2004; WILSON et al., 2004; ANGELOTTI, 2007),
confirmando os resultados positivos obtidos neste estudo. Contudo, estudos comparando
as duas técnicas são raros.
Por este motivo, aliou-se às técnicas quantitativas, a análise dos relatos obtidos
durante a execução dos procedimentos tanto de EMDR quanto de relaxamento, a fim de
poder comparar as experiências qualitativas das técnicas.
4.2 Relatos dos treinos da técnica baseada em EMDR
Serão aqui relatadas as sessões individuais dos treinos da técnica baseada em
EMDR, primeiramente no que diz respeito à entrevista inicial, sobre dados gerais como:
período em que estuda, idade, sexo, saúde física, uso de drogas ou medicamentos pelo
sujeito. Após esta primeira parte será relatada a sessão propriamente dita partindo dos
estressores presentes na vida acadêmica dos sujeitos, seguido de outros elementos da
técnica.
Sujeito 1 - S1
O sujeito 1 é do sexo masculino, tem 20 anos e estava no sexto período do curso
de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ele relatou não fazer uso
de drogas ou medicamentos e citou apenas que tem miopia (2,0). Foram realizadas duas
sessões com este sujeito.
38
As situações acadêmicas relatadas por S1 como estressantes são: falar em
discussões e debates em sala de aula. Segundo S1, quando quer falar algo fica muito
ansioso e incomodado, pouco antes de falar e, às vezes, isso toma uma dimensão tão
grande que logo se cala. Nesses momentos S1 só consegue pensar que vai errar, que não
concordarão com ele, que estará fora do assunto; também emergem emoções e
sentimentos de ansiedade, medo, insegurança e a sensação física relatada é de que suas
mãos e pernas ficam agitadas, os batimentos acelerados (taquicardia) e “nó na garganta”.
Depois disso pediu-se que S1 trouxesse novamente o pensamento relatado
(cognição negativa), na forma de afirmação. E ele disse: “eu vou errar, não conseguirei
falar” (SIC). Na escala de unidade subjetiva de perturbação (SUDS) de 0 a 10, sendo 0
nada perturbador e 10 totalmente, sugeriu-se que S1 apontasse o quanto era estressante
era a situação e ele apontou 8. Em seguida, pediu-se que S1 afirmasse como gostaria de
lidar com as situações estressoras (cognição positiva) e seguiu: “eu vou me expor mais
vezes, eu posso mudar essa situação” (SIC).
Ao ser questionado se costuma errar quando expõe suas idéias e qual o máximo
que poderia lhe acontecer, S1 respondeu que não costuma errar e que o que poderia
acontecer, na pior das hipóteses, é as pessoas rirem dele ou não concordarem com o que
disse. Perguntou-se, então, se S1 não acha natural que as pessoas exponham seus
pensamentos e por vezes, até possam discordar dele, se ele vê algo de positivo nesta
situação e S1 respondeu que sim, que a conversa iria amadurecer e ele exercitaria muito
sua assertividade, aprenderia mais.
Diante disso, pediu-se novamente que S1 trouxesse uma cognição positiva da
situação: “Eu posso ficar mais calmo, falar mais vezes e aprender com as situações”
(SIC), foi então aplicada a série de movimentos oculares e, ao final da série, perguntou-se
39
o quão verdadeira era esta cognição na escala de validação das cognições/crenças (VoC)
de 1 a 7, sendo que 1 significaria completamente falso e 7 totalmente verdadeiro. S1
elencou o número 4 na escala proposta, pois ainda perturbou um pouco pensar na
situação, deu um “friozinho na barriga” (SIC) quando se imaginou falando, mas acha que é
até normal que isso aconteça e que isso deve passar assim que ele falar.
Neste momento pontuou-se a importância da distinção entre o disfuncional e o
adaptativo (o natural), visto que quando S1 começou falando de ansiedade (nó na
garganta, quando se expunha) isso se dava de maneira exagerada e, segundo ele,
atrapalhava muito, ou seja, era disfuncional. Por outro lado, o que ele trouxe naquele
momento, era nada mais que um “friozinho na barriga”. Perguntou-se então, o que havia
mudado e S1 relatou que já era bem menos estressante imaginar-se na situação: “acho
que esse friozinho é até normal, todo mundo que fala em público deve passar por uma
situação como essa” (SIC), ou seja, para S1, já era quase natural e bem menos
disfuncional.
Solicitou-se que S1 se colocasse mais uma vez na situação, pensando como
gostaria de encará-la, ele disse: “Eu vou ficar calmo quando for falar e se vir uma pequena
ansiedade é até normal. E se eu errar, mas eu não costumo, vou tirar proveito da situação
e aprender ainda mais” (SIC). Aplicou-se novamente a série de movimentos oculares e de
1 a 7, o sujeito apontou 6 para o quão verdadeira era a cognição positiva. Quando S1
imaginou-se de novo na situação perturbadora, notando sensações, pensamentos,
emoções (cognição negativa), já pontuou 1 na escala de 0 a 10 de perturbação.
Finalmente, perguntou-se o que ainda precisaria para acreditar que pode mudar e
chegar à mínima perturbação e o sujeito relatou que a perturbação, o incômodo, já eram
40
bem menores e que acreditou que já poderia falar sem tanta ansiedade, mas que
precisaria passar pela situação e ver se consiguiria realmente lidar bem com ela.
Na segunda sessão o sujeito relatou que a técnica lhe ajudou muito, segundo ele,
conseguiu falar bem mais em sala de aula. Seguiu relatando: “às vezes até erro, mas já
não me incomodo mais com isso, tenho participado de discussões bem interessantes e
parece que estou rendendo mais” (SIC).
Pediu-se para que ele, imaginando-se na situação, pontuasse as escalas de
cognição negativa e positiva, ou seja, quando ele se imagina agora falando algo que as
pessoas não concordem, por exemplo, e S1 pontuou 1 na escala, que significa pouco
perturbador e 7 quando pensa no quanto é verdadeiro dizer que ele já pode se expor sem
problemas nas situações que havia trazido como estressora.
Diante de tal avaliação não foi necessário aplicar a técnica de movimento dos olhos,
visto que a pontuação nas escalas foi mínima para desconforto e máxima na cognição
positiva em relação à situação.
Deu-se encerrado, então, o treino de EMDR com este sujeito.
Sujeito 2 – S2
O sujeito 2 tem 22 anos, é do sexo feminino e estava no sétimo período do curso de
Psicologia quando ocorreram os treinos. Na entrevista inicial, relatou não fazer uso de
drogas ou medicamentos, mas de álcool moderadamente. Apenas uma sessão de treino
baseado em EMDR foi realizada com este sujeito. Embora tenha sido marcada a segunda,
a mesma não compareceu.
41
A situação acadêmica relatada por S2 como estressante foi estar fazendo sua
monografia de conclusão de curso. Segundo S2, está quase chegando a semana da
apresentação e ela não tem toda coleta de dados pronta, por esse motivo às vezes pensa
que não vai conseguir terminar, têm sentimentos de medo, imcompetência e sensações
físicas que se manifestam com enjôos e crises de enxaqueca.
Pediu-se que S2 afirmasse o pensamento relatado (cognição negativa). E esta
disse: “eu não vou conseguir terminar, não vai dar tempo, eu não sou competente” (SIC).
Na escala de cognição negativa (SUDS), perguntou-se o quanto, de 0 a 10, esses
pensamentos eram perturbadores e S2 respondeu 9. Perguntou-se, então, como gostaria
de lidar com a situação relatada (cognição positiva na forma de afirmação) e ela afirmou:
“eu vou conseguir concluir meu TCC, eu sou competente” (SIC). Pediu-se que ela
pontuasse o quão verdadeira era esta cognição na escala VoC de 1 a 7, sendo que 1
significaria completamente falso e 7 totalmente verdadeiro. S2 elencou o número 2 na
escala proposta.
Neste momento, após afirmar a cognição positiva e dar a pontuação 2, ou seja,
quase falsa, ela relatou, questionando-se, se não estava sendo muito dura consigo
mesma, acreditando ser incompetente. Seguiu dizendo que é dedicada nos estudos, tira
boas notas e consegue, de modo geral, cumprir os prazos. Perguntou-se se as sensações
e pensamentos relatados aparecem em outros trabalhos e S2 respondeu que sim, que
normalmente, se cobra demais, embora tenha resultados satisfatórios. Foi proposta então
a seguinte reflexão: se normalmente, ela se dedica no que faz, é estudiosa, tira boas
notas, logo...S2 completou: “logo, eu não preciso me precipitar tanto, me afobar, acho que
no fundo, não é a situação que me estressa, sou eu que me afobo em situações como
esta, mesmo sabendo que vou bem e poderia sofrer menos” (SIC).
42
Pediu-se novamente que S2 afirmasse a cognição positiva e se colocasse na
situação. Foi então aplicada a série de movimentos oculares. Ao final, perguntou-se o
quão verdadeira era, agora, a cognição positiva e S2 relatou que já era 5. Ela relatou que
não conseguia ver outra possibilidade de pensamento, fazia uma avaliação muito ruim da
situação, e estava tornando-se insuportável só pensar nela. Mas consegue perceber
agora, que não é só essa situação, que a ansiedade, o estresse está nela, e saber disso
S2 já considera um grande passo, pois segundo ela, a situação em si não pode mudar,
pois existe um prazo, um formato, um dever, mas o modo de enfrentá-la, isto sim, ela
pode.
Sugeriu-se que S2 pensasse na situação de maneira a trazer novamente a
cognição negativa e, em seguida, que atribuisse uma pontuação na escala SUDS de 0 a
10 de perturbação. S2 atribuiu 3 ao pensamento de incompetência, dizendo que já é muito
menos perturbador, pois já não é verdadeiro. Na cognição positiva, S2 atribuiu-sea
pontuação 6.
Sugeriu-se que S2 percebece suas cognições, sentimentos, sensações físicas,
durante a semana, cada vez que tivesse de encarar a situação para trazer na semana
seguinte (2a sessão), mas S2 não compareceu.
Sujeito 3 – S3
O sujeito 3 tem 19 anos, é do sexo feminino e estava no terceiro período do curso
de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, S3 relatou fazer uso de
medicamento para ansiedade, o qual não recordava o nome. Foram realizadas duas
sessões com este sujeito.
43
A situação acadêmica relatada por S3 como estressora foi a apresentação de
trabalhos em frente à sala toda. Segundo ela, as sensações físicas nestes momentos são
tensão, “frio na barriga”, “nó na garganta”, ficando incapaz de relaxar. S3 pensa que nada
pode sair de seu controle, a apresentação tem de acontecer como ela quer, do contrário,
segundo ela, se sentiria inútil e não conseguiria fazer mais nada, pois teria perdido o
controle da situação. O sentimento relatado é de nervosismo.
Pediu-se que S3 trouxesse novamente o pensamento que emerge na situação,
desta vez, na forma de afirmação (cognição negativa): “Não posso perder o controle,
senão, não conseguirei fazer nada, serei uma inútil” (SIC). Na escala SUDS de 0 a 10,
sugeriu-se que S3 apontasse o quanto estressante era a situação e ela apontou 9. Em
seguida, pediu-se que S3 afirmasse como gostaria de lidar com as situações estressoras
(cognição positiva) e seguiu: “eu vou apresentar os trabalhos tranquilamente, sem me
preocupar tanto em manter o controle” (SIC).
Diante do relatado, perguntou-se a S3 se esta prepara-se para as apresentações e
se alguma vez a situação já havia saído de seu controle. Ela respondeu que toda vez
prepara-se muito e estuda o suficiente para fazer uma boa apresentação e que nunca
havia perdido o controle. Questionou-se então, o que na situação poderia fazê-la perder o
controle e o que de pior poderia acontecer por conta disso e ela relatou que alguém
poderia fazer uma pergunta e ela não saber responder, que ficaria muito envergonhada
com isso. S3 afirmou em seguida, que nunca tinha parado para pensar no que de pior
poderia acontecer, mas que, se geralmente estuda, por quê ficava tão preocupada? “Se
eu não soubesse responder, eu ficaria um pouco chateada, mas poderia falar para a
pessoa que eu não sabia e se a professora não soubesse também eu poderia procurar e
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responder depois” (SIC). S3 seguiu dizendo que não seria tão ruim, afinal, ninguém sabe
tudo.
Foi solicitado então, que S3 trouxesse novamente a cognição positiva com relação
à situação: “eu vou apresentar os trabalhos tranquilamente, sem me preocupar tanto em
manter o controle” (SIC). Foi então aplicada a primeira série de movimentos oculares e ao
final da série perguntou-se o quão verdadeira era esta cognição na escala VoC de 1 a 7.
S3 elencou o número 5 na escala proposta, pois embora ainda perturbasse um pouco, ou
seja, causasse certa ansiedade pensar na situação, S3 relatou o seguinte: “Eu tenho que
pensar na realidade: eu estudei, me preparei, se não souber algo vou procurar saber e
posso aproveitar também isso para me acrescentar conhecimento e ficar mais tranqüila
nessa e outras situações. Sair da linha não é tão ruim assim!” (SIC).
Pediu-se que S3, pensando na situação, pontuasse o quanto ela ainda é
perturbadora, na escala SUDS de 0 à 10, ela pontuou 2, visto que ainda fica um pouco
nervosa ao se imaginar na situação. Foi discutida aqui, a questão da diferença entre o
normal na situação (adaptativo) e o disfuncional, e ela ressaltou que achava que o que
sentiu, se colocando na situação, era normal, ou seja, todos devem ficar um pouco
nervosos nas mesmas circunstâncias.
Finalmente, foi solicitado que S3, pensando na cognição positiva, pontuasse
novamente o quão verdadeira era essa cognição agora para ela, ela pontuou 6. Relatou
estar um pouco mais relaxada, acreditando que poderia lidar muito melhor com a situação
“Agora eu só preciso passar pela situação” (SIC).
Na sessão seguinte, S3 relatou ter estado extremamente tranquila na apresentação
do trabalho, “até me impressionei comigo mesma, quando vi já estava fazendo
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naturalmente” (SIC). Desta vez S3 pontuou 7 na escala VoC e 1 na SUDS, segundo ela,
as sensações na situação estão muito mais naturais.
Sujeito 4 – S4
O sujeito 4 é do sexo feminino, tem 40 anos, e estava no sétimo período do curso
de Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ela relatou que se utiliza
de medicamentos para hipertireóidismo e que tem fibromialgia. Foram realizadas duas
sessões com ela.
A situação acadêmica relatada por S4 como estressante foi: realizar provas.
Segundo S4, um pouco antes de entrar na sala para fazer uma prova, começa a pensar
que não vai conseguir, que vai esquecer do que estudou, sente-se nervosa, parece que
vai entrar em pânico, fica “travada” diante da prova. As sensações físicas relatadas são de
visão turva, tontura, tremores. Por conta desta situação, S4 relata que costuma adiar suas
provas para a segunda chamada, pois diz ficar um pouco mais calma com isso.
Diante disso, pediu-se que S4 trouxesse o pensamento relatado (cognição
negativa), na forma de afirmação e colocando-se na situação. E ela disse: “eu não vou
conseguir fazer, vou esquecer tudo” (SIC). Na SUDS, S4 pontuou 9 quanto à cognição
negativa. Em seguida perguntou-se como S4 gostaria de encarar esta situação (cognição
positiva) e ela seguiu: “eu vou encarar naturalmente o fato de ter de fazer uma prova e
ficar mais relaxada” (SIC). Pediu-se que ela pontuasse o quão verdadeira era esta
cognição na escala VoC. S4 elencou o número 1 na escala proposta.
Neste momento, S4 pontuou que antes ficava nervosa, trêmula, com sudorese e
“frio na barriga”, antes e durante a prova, mas conseguia fazer e costumava ir bem,
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diferente de agora, que “trava” diante da prova e não consegue lembrar do que estudou,
então vai muito mal. Pontuou-se com S4 se talvez, ela não estivesse criando um bloqueio
para deixar de ter as reações que podem ser consideradas naturais diante da situação,
como ela mesma relatou, a sensação de frio na barriga, sudorese, enfim, reações muito
comuns no momento de prova. S4 parou por um tempo, pensou e afirmou que fez muito
sentido o que foi pontuado e, quem sabe, se liberasse um pouco as sensações naturais,
não criaria um bloqueio e seria muito mais natural, mais ou menos como era antes.
Foi aplicada a série de movimentos oculares em S4 com a cognição positiva: “eu
vou encarar naturalmente a situação de prova, não vou travar” (SIC). Perguntou-se qual a
pontuação S4 atribuiria a essa cognição e ela respondeu 6, pois já era muito mais
verdadeiro. Pensando na cognição negativa, S4 atribuiu-se 3, pois já era muito menos
perturbador imaginar-se na situação, agora precisaria “tirar a prova real” (SIC), ou seja,
passar pela situação. Perguntou-se quando S4 teria a próxima prova e agendou-se um
horário depois desta.
Na sessão seguinte, após ter passado pela prova, S4 relatou que no início o
bloqueio esteve presente, mas um tempo depois, foi percebendo-se mais relaxada,
respirou profundamente, e conseguiu baixar consideravelmente a ansiedade diante da
situação, vendo que não era tão difícil assim. Perguntou-se então, o quanto foi natural
passar pela situação e S4 respondeu 7 na escala VoC e 1 na SUDS.
Sujeito 5 – S5
O sujeito 5 tem 56 anos, é do sexo feminino e estava cursando o sétimo período do
curso de Psicologia quando ocorreram os treinos. Na entrevista inicial ele relatou que faz
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uso de medicamento para a gastrite e tem problemas respiratórios, mas não graves.
Foram realizadas duas sessões com este sujeito.
A situação relatada como estressora por S5 é a de fazer a monografia. Cada vez
que executa as tarefas relativas a ela, pensa que não vai conseguir fazer nada, pois têm
dificuldades de entender, aprender e fazer as coisas, atribui essa dificuldade à idade.
Segundo S5 quando se depara com esta situação, pensa também em fugir dela e começa
a fazer outras coisas, como por exemplo, arrumar a casa, lavar a louça, como forma de
não enfrentá-la, e aí, tudo começa a acumular e o pensamento de que não vai conseguir
começa a aumentar. Em conseqüência disto, S5 fica ansiosa, com muito medo de errar,
vontade de chorar, insegura, irritada, com dores de cabeça e falta de ar.
Pediu-se que S5 afirmasse o pensamento atual (cognição negativa) diante da
situação, no caso, “eu não vou conseguir fazer, eu não entendo nada” (SIC). Na escala
SUDS, pediu-se que ela pontuasse o quão perturbadora era essa cognição e ela atribuiu
8. Sugeriu-se, então, que ela afirmasse como gostaria de encarar essa situação (cognição
positiva): “eu vou enfrentar essa situação, pois eu posso enfrentá-la”. Na escala VoC, S5
pontuou 2 para o quão verdadeiro era esse pensamento.
Segundo S5, esta perde muito tempo fugindo da situação, por isso, vai
acumulando. Perguntou-se então, o que acontece quando ela não foge das situações,
mas as enfrenta. E ela: “Eu me sinto muito melhor; pensando bem, eu noto que posso
mais do que penso que posso, foi assim para dirigir, para entrar numa empresa, e em
vários momentos da minha vida, até o TCC, quando enfrento, vou até a madrugada
fazendo” (SIC). Questionou-se com S5, se ela podia então, enfrentar mais vezes a
situação, já que relatou sentir-se muito melhor fazendo. S5 relatou que pode, que sabe
que não é tão ruim assim e que sofre muito mais fugindo.
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Neste momento, solicitou-se que S5 pensasse na cognição positiva e foi aplicada a
primeira série de movimentos oculares. Desta vez, ela pontuou 5 à cognição, pois já
acreditava ser muito mais verdadeiro o fato de poder encarar a situação. Tendo em mente
a cognição negativa, sugeriu-se que S5 imaginasse que tem a fundamentação teórica da
monografia para fazer e, ao invés de você trabalhar nela, vai limpar a casa. Perguntou-se
o quanto é incômodo colocar-se nessa situação. Segundo S5, é muito incômodo, mas
essa perturbação acaba quando não adia as coisas, “eu não quero mais me estressar sem
necessidade, na realidade, as coisas não são tão complicadas, eu é que complico” (SIC).
Em seguida, S5 afirmou que não é tão difícil terminar as coisas sem fugir, e sabe que
pode, pois já fez outras vezes.
Ao final, S5 pontuou 1 na escala SUDS e 6 na escala VoC e relatou que até a
sensação fisica que estava sentindo havia mudado, ou seja, relatou sentir falta de ar e
vontade de chorar no início, mas no fim, sentiu-se bem mais relaxada.
Na sessão seguinte, S5 relatou que durante a semana entre a sessão anterior e
esta, ficou impressionada, pois já não era tão doloroso enfrentar a situação. No início ela
relatou que se controlou um pouco para não fugir, mas com o próprio reforço que o
enfrentamento causava, já era muito mais prazeroso e produtivo colocar-se na situação.
Na SUDS, S5 pontuou 0 e na VoC, pontuou-se 7 e disse que o fato de pensar antes que
não conseguia aprender, estava dificultando muito as coisas. Não foi necessária a
aplicação dos movimentos oculares.
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Sujeito 6 – S6
S6 é do sexo feminino, tem 40 anos e estava no sexto período do curso de
Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, ela relatou não ter
problemas de saúde física e fazer uso apenas de medicamentos naturais (repositor
hormonal). Foram realizadas duas sessões com este sujeito.
As situações acadêmicas relatadas por S6 como estressantes são: as conversas
paralelas, que segundo ela, acontecem durante todas as aulas. Para S6, a aula deve ser
um momento de silêncio, para favorecer a aprendizagem e quando ficam conversando
durante a aula ela fica extremamente incomodada. Emergem sentimentos de raiva,
impotência, por achar que se falar algo aos colegas não adiantará de nada e, além disso,
acredita que isso seja responsabilidade do professor chamar a atenção da turma, mas
este não o faz e a raiva só aumenta. Nestes momentos S6 fica com muita dor de cabeça e
sudorese.
Pediu-se que S6 trouxesse na forma de afirmação o pensamento relatado (cognição
negativa). Ela disse: “Eu não suporto essa situação e não posso fazer nada a respeito”
(SIC). O SUDS foi 8 para o nível de perturbação causada pela situação. Em seguida,
pediu-se que S6 afirmasse como gostaria de lidar com a situação e ela relatou que não
tinha o que fazer, pois por mais que ela peça silêncio à turma, esta é muito numerosa e
até se cala na hora, mas em seguida, começa tudo de novo.
Diante disso foi perguntado à S6, como ela percebe que esta estratégia não têm
funcionado, se ela não conseguiria pensar em outro modo de lidar com a situação. Neste
momento ela parou para pensar e respondeu que poderia falar com o professor, visto que
não é tarefa dela fazer isso e quem sabe ele, na figura de autoridade, consiga com muito
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menos desgaste o que ela, como aluna, não consegue da turma. “Realmente, pensando
bem, talvez eu esteja sofrendo à toa, com raiva de uma coisa que nem é tarefa minha”
(SIC). Pediu-se que S6 afirmasse como gostaria de encarar a situação. Ela afirmou: “Eu
vou ficar mais tranquila diante da situação” (SIC). E foi aplicada a série de movimentos
oculares. Ao fim dos movimentos, pediu-se que S6 pontuasse a afirmação na VoC. Ela
pontuou 5.
Depois disso, foi questionado o que poderia estar faltando para que a afirmação
fosse totalmente verdadeira e S6 comentou que se tivesse sido perguntado no início o
quanto verdadeira era, teria dito 2, mas que já acreditava muito mais que pudesse ficar
tranquila, só precisaria passar de novo por ela e que iria conversar com o professor,
quando estivesse incomodada, “acho que eu tava usando a estratégia errada, não tinha
pensado em outras possibilidades, e agora me dou conta de que não é tão difícil quanto
eu pensava, pois eu guardava o incômodo pra mim, então, é claro que a raiva acumulava
e também ninguém poderia ver o que eu tava sentindo, só se eu falar” (SIC).
S6 trouxe uma outra questão nesta sessão, sobre o fato de antecipar o sofrimento,
a raiva e os acumular para si, o que acarreta um sofrimento que, segundo ela, é
desnecessário. Isso acontece em diversas situações de sua vida, não somente na
universidade. Pediu-se que ela pensasse nas cognições negativas e seu nível de
perturbação. S6 relatou que já era bem menor e pontuou 3, mas que deveria passar pela
situação para ver que reações teria.
Na sessão seguinte, S6 relatou que o grau de estresse na situação havia diminuido
muito, e ela percebeu que estava exagerando. Em seguida, S6 comentou ter pensado
sobre outras situações que a perturbavam e que gostaria de poder trabalhar, pois
acreditava que a técnica de EMDR poderia ser muito eficaz. Depois, relatou um acidente
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de carro que sofreu há muito tempo, mas que até hoje a incomoda, a ponto de S6 ter
muito medo de dirigir. Esclareceu-se, nesse momento, que embora essa situação também
demandasse atenção, seria importante que S6 procurasse um profissional habilitado na
técnica, visto que o intuito da pesquisa era o estresse acadêmico e a pesquisadora não
tinha formação para trabalhar uma questão como esta.
S6 mensionou, quanto à situação acadêmica relatada na primeira sessão que, a
técnica de EMDR havia sido muito eficaz. Pontuando 1 na SUDS e 6 na VoC.
Sujeito 7 – S7
O sujeito 7 é do sexo feminino, tem 24 anos e estava cursando o sétimo período do
curso de Psicologia no momento dos treinos. Em entrevista inicial o sujeito relatou não
fazer uso de medicações, além de ter a saúde física preservada. Faz uso de álcool e
cigarro, ambos moderadamente. Foi realizada uma sessão com este sujeito.
Os estressores presentes na universidade, para S7, são: tarefas, deveres e
obrigações como provas, trabalhos, monografia, etc. S7 afirmou que gosta do seu tema da
monografia, por exemplo, mas que só de pensar que é algo que tem de fazer, pensa que
não vai conseguir, fica adiando e “não faz mais nada direito” (SIC). Os sentimentos que
surgem nessas situações são de muito nervosismo e inquietação, que segundo ela, têm
como conseqüência, um “frio no estômago” (SIC), mãos e pés inquietos e náuseas.
Depois disso, pediu-se que S7 afirmasse o pensamento relatado (cognição
negativa): “não consigo fazer as coisas pensando no dever” (SIC). Na SUDS, S7 apontou
9 ou 10 para o nível de perturbação. Segundo ela, já pensou em diversas formas de lidar
com a situação, já criou até uma agenda para dividir momentos de lazer e afazeres da
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faculdade, mas embora ainda use e até seja útil, não consegue manter. Pediu-se então,
que S7 relatasse como gostaria de lidar com a situação. Ela afirmou: “eu vou equilibrar
prazer e dever” (SIC). Logo que concluiu a frase, perguntou-se o quanto verdadeiro era,
na VoC. Ela respondeu 5. Questionou-se então: se era quase totalmente verdadeiro que
ela poderia mudar a situação, equilibrando prazer e dever, o que estava impedindo que
conseguisse e ela relatou que a agenda ajudava, mas não resolvia.
Propôs-se que S7 pensasse um pouco sobre o que a perturbava, no caso, as
obrigações, como relatado por ela e que pensasse também na estratégia utilizada, mas
sem a eficácia esperada. Diante disso, perguntou-se se com esta agenda, ela não estaria
criando mais uma obrigação, o fato de ter que cumprir algo, se não acaba sendo mais um
problema e não uma estratégia. S7 responde que sim e que estava insistindo nisso, sem
pensar neste ponto.
Aplicou-se então, a série de movimentos oculares com a cognição positiva, S7
pontuou 6 na escala VoC. Em seguida, relatou que embora acreditasse que é possível
mudar a situação e que sabe tudo o que deve fazer e sempre soube, não consegue e
sente-se muito mal por isso. Perguntou-se o quanto, na escala SUDS e ela respondeu 8
ou 9. S7 afirmou ainda que estuda muito, se diz muito responsável quanto a isso, dedica-
se e sabe que é competente, mas não consegue ver isso como prazer, pois são deveres.
Propôs-se que S7 pensasse que, se gosta do que faz, não deixava de ser prazeroso fazer,
já que sabe que faz bem. Além disso, que tentasse encarar a situação, já que fugir dela,
causava tanta ansiedade. Ela relatou que iria tentar, mas que seria difícil.
Deu-se por encerrada a sessão e sugeriu-se que S7 procurasse por ajuda
psicoterápica para lidar com estas questões. S7 relatou que já havia marcado para
começar os atendimentos na semana seguinte.
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Sujeito 8 – S8
O sujeito 8 é do sexo feminino, tem 21 anos e estava no quarto período do curso de
Psicologia quando ocorreram os treinos. Em entrevista inicial, relatou não fazer uso de
drogas e ter uma saúde física normal. Foi realizada uma sessão com este sujeito.
A situação acadêmica relatada por S8 como estressante era o fato de estar fazendo
muitas disciplinas e, ao mesmo tempo, estar trabalhando, pois não tinha tempo para mais
nada. Ela relatou que pensava que não ia coseguir conciliar as duas coisas e que já havia
pensado em parar de trabalhar, mas tinha que seguir, para poder pagar a faculdade.
Sentia-se muito ansiosa por isso e as sensações físicas eram de cansaço físico e
taquicardia, pois segundo ela, “ando numa correria só” (SIC).
Antes de trabalhar os elementos seguintes da técnica, como o enfoque das
cognições e os movimentos oculares, decidiu-se diferenciar com S8 o disfuncional do
adaptativo. Primeiro perguntou-se há quanto tempo ela tinha esta rotina e ela respondeu
que desde que entrou na faculdade. Seguiu-se questionando se tinha sido de sua escolha
fazer mais disciplinas e se estava gostando do curso. Ela respondeu que escolheu fazer
mais disciplinas, pois terminaria mais rápido o curso e que adorava fazer Psicologia.
Diante disso, sugeriu-se que ela pensasse se o que estava sentindo diante da
situação, não seria uma reação natural (adaptativo, funcional) a uma escolha que ela
mesmo havia feito. S8 respondeu que sim, e que realmente, já tinha se conformado com
isso, estava ansiosa, mas o normal para quem faz tantas coisas. Seguiu-se dizendo que
disfuncional ou o não natural, seria que ela não tivesse estas reações. S8 relatou:
“realmente, esse até que é um estresse que eu acho que me impulsiona a continuar as
coisas, porque se eu tivesse acomodada, aí mesmo não ia conseguir seguir” (SIC).
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Não considerou-se necessário a aplicação da série de movimentos oculares, visto
que não haviam pensamentos disfuncionais à situação, então, deu-se por encerrado o
treino com este sujeito.
Diante dos relatos individuais, começando pela entrevista inicial, percebeu-se que:
sete participantes eram do sexo feminino e apenas um do sexo masculino, sendo que
todos estão matriculados no curso de Psicologia. Este fato é condizente com as
características deste curso, de população predominantemente feminina.
Além disso, cinco participantes tinham entre 19 e 24 anos e três deles tinham entre
40 e 56 anos. Quatro participantes estavam cursando o 7º período no momento dos
treinos, três cursavam o 6º e apenas um cursava o 3º. Percebeu-se ainda, que quatro
deles utilizavam medicamentos e tinham algum problema de saúde física sem gravidade e
os outros quatro não faziam uso de medicamentos e a saúde física estava preservada. A
maioria relatou não fazer uso de álcool ou tabaco, apenas dois relataram utilizar
moderadamente. Pode-se relacionar estas constatações à pesquisa realizada de Kerr-
Corrêa et al. (1999), sobre a sobrecarga e o estresse acadêmico, principalmente a partir
do sexto período, que têm acarretado, dentre outras consequências, a necessidade do uso
de medicamentos. Isto vem ao encontro da maior procura dos treinos da parte destas
pessoas.
A partir dos relatos dos sujeitos, sobre situações acadêmicas que desencadeiam
estresse, nota-se que em algumas delas há exposição oral, incluindo apresentação de
monografia, de trabalhos em geral e participação em discussões em sala de aula.
Segundo Carrigan e Levis (1999) o EMDR tem demonstrado eficácia na redução da
ansiedade gerada em muitas pessoas ao falar em público. Isto se confirmou com os
55
resultados destes participantes. Também foram relatadas situações como realização de
prova, monografia e obrigações acadêmicas como fontes de estresse. Segundo Malberger
e Andrade (2006), estas situações facilitam o surgimento do estresse no meio acadêmico.
Diante do enfoque nos elementos propostos por Shapiro (2004), da técnica de
EMDR, que são: emoções, sentimentos, sensações físicas e cognições diante da situação
de estresse, notou-se que:
• Quanto às emoções e sentimentos relatados, predominaram ansiedade, medo,
raiva e tensão.
• Quanto às sensações físicas, os relatos mais frequentes foram de dor de cabeça,
taquicardia, sudorese, “frio na barriga” (desconforto abdominal) e “nó na garganta”
(dificuldade de deglutição).
• Quanto às cognições foram relatadas: “eu vou errar, não vou conseguir, vou perder
o controle, sou incopetente e não suporto mais esta situação”(SIC).
A autora aponta, ainda, que os acontecimentos armazenados disfuncionalmente
guardam percepções, imagens, sensações e pensamentos que prevalecem durante o
acontecimento desencadeador do trauma ou estresse. Diante disso, percebe-se que das
situações relatadas como estressantes, prevaleceram certas percepções, sensações e
pensamentos disfuncionais acompanhados de desconforto físico, tremores, taquicardia,
dentre outros. À medida que as sessões avançavam, foram relatados pensamentos e
emoções mais apropriados, adaptativos. A mesma autora também cita, que no caso dos
acontecimentos processados adaptativamente, as aprendizagens adequadas são
armazenadas com emoções apropriadas.
Em outras palavras, Shapiro (2004) relata que uma pessoa que experimente
determinada situação de maneira perturbadora (chegando a 10 na SUDS), provoca um
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desequilíbrio no sistema nervoso, promovido pelos neurotransmissores, que faz com que o
processamento das informações seja incapacitado de funcionar normalmente e a
informação adquirida é mantida neurologicamente no estado perturbado, desde suas
imagens, sons, até sentimentos e emoções. Este modo de funcionamento da memória é
descrito em Graeff (1991) como memória dependente de estado.
A idéia e a meta do EMDR é que as emoções e sentimentos mais positivos e
poderosos se generalizem para formas e condutas mais apropriadas (chegando a 7 na
escala VoC e 0 na SUDS). Isso foi percebido nos relatos dos sujeitos sobre o fato de que
os elementos trabalhados nas sessões, partindo de situações acadêmicas, foram
generalizando-se à outras situações de estresse em suas vidas. Shapiro (2004) cita que
os princípios de processamento podem ser aplicados à maior parte das experiências
perturbadoras da vida, sem importar sua origem. Aponta também que tal efeito pode ser
devido ao fato de tais informações estarem ligadas ao mesmo nexo (ou nó) informacional.
Deste modo, a alteração de uma pode servir de base para a transformação das demais.
4.3 Relatos dos participantes dos treinos da técnica de relaxamento
Serão descritos aqui, os relatos dos participantes do grupo de relaxamentono no
decorrer dos treinos com este grupo, segundo suas sensações e percepções obtidas com
a realização da técnica. Contudo, diferentemente das sessões de EMDR, as de
relaxamento foram conduzidas grupalmente, e por este motivo, os relatos também se
deram de forma grupal.
Na primeira sessão, os participantes pontuaram sobre a diferença da sensação de
quando entraram na sala, que estavam tensos e ansiosos, visto que era dia de prova para
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muitos; e no término da sessão, relataram estar muito mais calmos, relaxados e inclusive,
mais tranquilos e seguros para realizar as provas, podendo claramente observar a
diferença entre tensão e relaxamento.
Nas sessões seguintes, os relatos sobre a sensação de relaxamento persistiram.
Foi pontuada também, a importância da respiração adequada nesse processo, que
segundo eles veio sendo praticada em outras situações. “Quando vejo que estou muito
ansioso, percebendo que estou respirando muito rápido, começo a respirar como a gente
faz aqui, e logo, me acalma. Isso me ajuda muito” (SIC).
Além destas questões, os participantes afirmaram que a técnica, de modo geral,
estava fazendo-lhes muito bem, no sentido de redução do estresse, não só nas situações
acadêmicas, mas em outras situações tidas como estressoras. Alguns relataram sensação
de sono após a realização da técnica, mesmo sentados, mas quando levantavam, diziam
estar mais dispostos para seguir o dia e fazer as coisas, “a cabeça da gente parece que
fica menos cheia de preocupações, a gente entra aqui pensando um monte de coisas e sai
mais leve e disposto, é muito bom” (SIC).
Segundo Zampier e Estefano (2004), a técnica de relaxamento visa redução e o
controle da ansiedade e do estresse. Esta redução pode ser percebida nos relatos dos
participantes.
Um ponto essencial para se ressaltar, é sobre as ações básicas a serem ensinadas
com a técnica, que consiste numa fase de contração (ou tensão), cujo objetivo é instruir o
paciente no sentido de torná-lo apto a identificar e reconhecer contrações involuntárias no
cotidiano; e outra fase de relaxamento, a qual demonstra ao paciente como eliciar por
conta própria o relaxamento muscular sempre que necessário (ANGELOTTI, 2007). Como
pode-se perceber nos relatos do grupo, estas duas ações básicas foram pontuadas.
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De acordo com o mesmo autor, através do treinamento de relaxamento muscular
progressivo, com o tempo, o indivíduo irá percebendo as contrações involuntárias e
automaticamente relaxar as áreas afetadas, sendo reforçado pela sensação de bem-estar
advinda desta prática.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pesquisas que tenham como tema o estudo, a verificação, a comparação de
técnicas de redução de estresse em diferentes populações são, cada vez mais, de grande
relevância no âmbito da Psicologia, visto que a demanda de pessoas com estresse nos
dias atuais é considerável.
A presente pesquisa teve como intuito trazer mais uma contribuição para este tema,
visando a verificação de uma técnica de redução de estresse numa população de
estudantes universitários, visto que a universidade, com todas as suas exigências pode
favorecer o surgimento do estresse crônico (FISHER, 1994; GADZELLA, 1994; CAMPOS
ROCHA; CAMPOS, 1996; SILVA; MALBERGIER; ANDRADE, 2006). Neste contexto,
técnicas como o EMDR e o Relaxamento Progressivo podem ser possibilidades de
estratégias para a redução das reações de estresse em estudantes, como demonstrado
nesta pesquisa.
Diante disso, é importante levantar alguns pontos relacionados à metodologia,
resultados e variáveis desta pesquisa.
Primeiramente, sobre a metodologia, pode-se salientar que a amostra consistiu de
um número relativamente pequeno de estudantes, sendo esta uma variável importante a
ser considerada. Também quanto aos instrumentos utilizados para a mensuração da
redução de sintomas, aplicados antes e após os treinos, tratam-se de instrumentos que
medem sintomas clínicos e a amostra em questão é de estudantes com estresse não
clínico. Contudo, estes mesmos instrumentos já foram utilizados em outros trabalhos com
estudantes universitários sem estresse clínico (BAPTISTA; CAMPOS, 2000; CAMPOS;
ROCHA; CAMPOS, 1996; LEGAL et al., 1999) e os resultados foram muito próximos aos
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de estudos utilizando escalas específicas, mas não traduzidas e adaptadas no Brasil
(FISHER, 1994; GADZELLA, 1994).
Quanto aos resultados quantitativos deste estudo, apontaram maior eficácia para o
grupo de relaxamento progressivo, embora os resultados qualitativos tenham apontado a
mesma eficácia e em menor tempo para o grupo de EMDR.
As diferenças entre resultados qualitativos e quantitativos podem ser devidas ao
fato de que, as aplicações do EMDR não seguiram o protocolo integral de oito fases e sim
um protocolo mais curto para a redução do estresse, além do fato de terem sido aplicadas
de uma a duas sessões com os participantes. Também por tratar-se de uma amostra de
estudantes universitários, o trabalho consistiu no enfoque de estressores relacionados à
situações acadêmicas e, na maioria dos casos, o “nódulo” não estava localizado nestas
situações, ou seja, não foi possível aprofundar a real situação estressora, pois
ultrapassaria a competência da pesquisa, que não visou ser uma aplicação terapeutica
formal, desviando, deste modo, dos objetivos do trabalho .
Já no grupo de relaxamento, foram realizadas oito sessões do protocolo completo,
nas quais os participantes estiveram presentes em no mínimo 75% delas, o que pode ter
favorecido os resultados quantitativos.
Finalmente, esta pesquisa abre novas possibilidades de estudos, incluindo a
verificação da eficácia do EMDR numa população com transtornos clínicos definidos ou
em outras populações; além da comparação desta técnica com outras técnicas de redução
do estresse, como coerência cardíaca, exercícios físicos, meditação, etc.
6 REFERÊNCIAS: ANGELOTTI, G. Terapia cognitivo-comportametal no tratamento da dor. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. BAPTISTA, M. A.; CAMPOS, F. L. Avaliação longitudinal de sintomas de depressão e estresse em estudantes de psicologia. Bol. Psicol., v.50, n.113, 2000, p. 37-58. BARA FILHO, M.; RIBEIRO, L. C.; MIRANDA, R. A redução dos níveis de cortisol sanguíneo através da técnica de relaxamento progressivo em nadadores. Revista Brasileira Med. Esporte, v. 8, n. 4, 2002. BENOR, D. J. Self-healing interventions for clinical practice: brief psychotherapy with WHEE-the holistic hybrid of EMDR and EFT. Complement Ther. Clin. Pract., v. 11, n. 4, 2005, p. 270-274. BROAD, R; WHEELER, K. An adult with childhood medical trauma treated with psychoanalytic psychotherapy and EMDR: a case study. Perspect Psychiatr Care, v. 42, n. 2, 2006, p.95-105. CARRIGAN, M. H; LEVIS, D. J. The contributions of eye movements to the efficacy of brief exposure treatment for reducing fear of public speaking. J. Axiety Disord, vol. 13, n. 1 e 2, 1999, p. 101 – 118. CAMPOS, L. F. de; ROCHA, R. L.; CAMPOS, P. R. Stress em estudantes universitários: um estudo longitudinal. Revista Psicologia Argumento, v.14, n.29,1996, p.83-104.
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64
7 ANEXOS
7.1 Anexo 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APRESENTAÇÃO Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa
cujo objetivo é verificar a eficácia de procedimentos de redução
de estresse.
Sua tarefa consistirá na participação de um procedimento
de relaxamento (grupo 1) e de uma técnica de movimentos
oculares: EMDR (grupo 2) e no preenchimento de um
instrumento de medida psicológica de estresse e outro de
verificação da manutenção da redução de estresse. Estes
instrumentos serão aplicados antes da aplicação dos
procedimentos e mais duas vezes (1 mês e 2 meses depois).
Cada procedimento consiste em: Relaxamento (grupo 1): 8
encontros de 30 minutos; EMDR (grupo 2): máximo 3 encontros
de 60 minutos O procedimento de EMDR será gravado em
áudio com fins de análise das sessões e melhoria da escuta
durante as mesmas.
Ao final dos procedimentos todos os participantes terão
acesso aos resultados do estudo, bem como aos seus escores
em cada instrumento e a garantia de aprendizagem da técnica
da qual não fizeram uso, caso assim o desejarem, e os
resultados apontarem ser mais efetiva. Quanto aos aspectos
éticos, gostaria de informar que:
a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo
garantido o seu anonimato;
b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com
finalidade acadêmica podendo vir a ser publicado em
revistas especializadas, porém, como explicitado no item
(a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;
c) não há respostas certas ou erradas aos instrumentos;
d) a aceitação não implica que você estará obrigado a
participar, podendo interromper sua participação a
qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,
bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;
e) você não terá direito a remuneração por sua
participação, ela é voluntária;
f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não terapêutico;
g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do
ponto de vista ético, você poderá contatar com o
responsável por esta pesquisa.
Muito obrigado!
Pesquisador responsável: Acadêmica Iana Carla Pinto. Orientador: Profº. Dr. Eduardo José Legal. E-mail: [email protected] Telefone: (47) 9654-4265 Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 401.
Eu, ____________________________________________
Fui suficientemente esclarecido (a) sobre a referida
pesquisa e concordo com os termos estipulados acima.
Portanto, por livre e espontânea vontade, participarei deste
estudo.
Assinatura do (a) acadêmico (a).
65
7.2 Anexo 2 Técnica de Relaxamento Progressivo de Jacobson (SARDÁ; LEGAL; JABLONSKI, 2004).
Em geral a seqüência de grupos musculares e os exercícios de tensionamento (que devem
durar apenas uns 5 segundos) seguem a forma apresentada a seguir:
1. Mãos e antebraço dominante: aperta-se o punho.
2. Bíceps dominante: empurra-se o cotovelo contra o braço da cadeira ou contra o solo.
3. Mãos e antebraço não dominante: aperta-se o punho.
4. Bíceps não dominante: empurra-se o cotovelo contra o braço da cadeira ou contra o
solo.
5. Testa e couro cabeludo: contrair as sobrancelhas.
6. Olhos e nariz: apertam-se os olhos fechados e enruga-se o nariz.
7. Boca e mandíbula: cerram-se os dentes com os lábios distendidos.
8. Pescoço: dobra-se para frente até tocar o peito com o queixo.
9. Ombros, peito e costas: erguem-se os ombros para cima e para trás tentando juntar as
omoplatas (escápulas).
10. Estômago: encolhe-se, contendo a respiração, e solta-se, contendo a respiração.
11. Perna e coxa direita? Tentar subir a perna esticando os dedos sem tirar o calcanhar do
sono.
12. Panturrilha e pé direito: dobra-se o pé para cima sem tirar o calcanhar do solo.
13. Perna e coxa esquerda: tenta-se subir na perna esticando os dedos sem tirar o
calcanhar do solo.
14. Panturrilha e pé esquerdo: dobra-se o pé para cima sem tirar o calcanhar do solo.
Após tensionar e relaxar todos esses grupos musculares, tenta-se aprofundar um pouco mais
o estado de relaxamento repetindo-se toda a seqüência, dessa vez sem a indução do
tensionamento, mas somente o relaxamento dos músculos, que já deverão estar, ao menos
parcialmente, relaxados.
8 APÊNDICE
8.1 Entrevista
• Nome
• Idade
• Usa medicamentos? ( ) Sim. Quais?_____________ ( ) Não.
• Saúde física (problemas cardíacos, respiratórios, oculares e etc.)
• Usa drogas? (Álcool, tabaco, outras) ( ) Sim. Quais?_____________ ( ) Não.
• Quais as fontes de estresse presentes em sua vida acadêmica (estressores
presentes)?
• Quais os pensamentos e sentimentos que ocorrem em situações estressantes?
• Grau subjetivo de estresse causado pelos estressores - CN (escala USP de 0 a 10
sendo 0 neutro e 10 muito intenso)
• Como você lida com essas fontes de estresse ou como pode vir a lidar e o quanto
acredita nisso? CP (escala EVC de 1 a 7, sendo 1 falso e 7 totalmente verdadeiro).
*****As questões no quadro serviram para a escolha da amostra para a técnica baseada em EMDR. Estes dados, no caso do voluntário fazer parte da amostra, foram acompanhados, pois estas características poderiam afetar o resultado da técnica.*****