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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO FINANÇAS ANDERSON BECKER LUBE FERREIRA AS IMPLICAÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO TERCEIRO SETOR NA ASSOCIAÇÃO FLORIANOPOLITANA DE VOLUNTÁRIAS São José 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO FINANÇAS

ANDERSON BECKER LUBE FERREIRA

AS IMPLICAÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO TERCEIRO

SETOR NA ASSOCIAÇÃO FLORIANOPOLITANA DE

VOLUNTÁRIAS

São José 2005

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ANDERSON BECKER LUBE FERREIRA

AS IMPLICAÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO TERCEIRO

SETOR NA ASSOCIAÇÃO FLORIANOPOLITANA DE

VOLUNTÁRIAS

Trabalho de Conclusão de Curso – pesquisa teórico-

empírica – apresentado como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Administração da

Universidade do Vale do Itajaí.

Professor Orientador: Profº. Felipe de Faria Mônaco

São José

2005

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ANDERSON BECKER LUBE FERREIRA

AS IMPLICAÇÕES DA LEGISLAÇÃO DO TERCEIRO SETOR NA ASSOCIAÇÃO FLORIANOPOLITANA DE

VOLUNTÁRIAS

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma

final pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Finanças da

Universidade do Vale do Itajaí, em 28 de junho de 2005.

Prof ª MSc. Luciana Merlin Berviam Univali – CE São José

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

Prof MSc. Felipe de Faria Mônaco

Univali – CE São José Professor Orientador

Prof ª MSc. Evelize Mara de Souza Gomes Martins

Univali – CE São José Membro

Profª MSc. Kellen da Silva Coelho

Univali – CE São José Membro

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iii

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por

ter dado-me condições de realizá-lo, aos meus

pais que deram a base da minha educação, e

minha esposa por estar ao meu lado em todos os

momentos.

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iv

Agradeço a UNIVALI, entidade que deu oportunidade de

realização deste curso, aos professores por transmitirem

seus conhecimentos, e principalmente ao meu professor e

orientador Felipe de Faria Mônaco pela dedicação e

empenho para com o desenvolvimento deste trabalho.

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“Ensinai-me, e eu me calarei; e dai-me a

entender em que errei”.

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RESUMO

Este trabalho refere-se ao tema da legislação do Terceiro Setor - Lei 9.790/99. O objetivo é avaliar quais as implicações advindas através da nova legislação relacionando as vantagens e desvantagens relacionadas a nova qualificação jurídica. O estudo está baseado numa pesquisa teórico-empírica, de abordagem qualitativa, e como procedimento metodológico utilizou-se o estudo de caso, realizado na Associação Florianopolitana de Voluntárias – AFLOV, uma Organização Não-Governamental prestadora de serviços na área de assistência social. Na organização, o conceito da nova legislação tem grande importância, justamente porque a sua regulamentação recai sobre a qualificação jurídica adotada atualmente pela entidade. A organização encontra dificuldades em analisar e definir qual será a melhor qualificação jurídica pertinente a sua atividade, devido a falta de conhecimento dos dirigentes da organização. Concluindo, compreende-se que a falta de conhecimento e de profissionalismo nestas entidades são pontos a serem trabalhados no sentido de buscar a melhoria e adequação das entidades com relação a legislação que regulamenta este gênero de organização.

Palavras Chave: terceiro Setor, legislação e qualificação.

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ABSTRACT

The implications of Legislation of Terceiro Setor at Associação Florianopolitana de Voluntários

This work it is mentioned at subject Legislation of Terceiro Setor – law 9.790/99.The objective is to evaluate which implications happened through of the new legislation relating the advantages and disadvantages related at the new juridical qualification. The study is based in one research theoretician empiricist, of qualitative boarding, and as the methodology preceding the case study was used, carried through at Associação Florianopolitana de Voluntários AFLOV, one not-governmental organization lender of services in the area of social assistance. In the organization, the concept the new legislation has a great importance, exactly because your regulation falls again about the juridical qualification adopted currently for the entity. The organization finds difficulties in analyzing and defining which will be best juridical qualification pertinent yours activity, had the lack of knowledge and of professionalism in these entities are points to be improved in the direction to search the improvement and adequacy of the entities with relation at the legislation that it regulates this sort of organization.

Keywords: terceiro Setor, not-governmental organization and legislation.

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Lista de ilustrações

Quadro 1- Categorias de análises do estudo.........................................................................32

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Lista de siglas

AFLOV – Associação Florianopolitana de Voluntárias

ONG – Organização Não-Governamental

OSCIP – Organização Social Civil de Interesse Público

CEAS – Certificado de Entidade de Assistência Social

CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social

MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social

CNPJ/MF – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica/Ministério da Fazenda

CRC – Conselho Regional de Contabilidade

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais

GFIP – Guia do Fundo de Garantia e Informações à Previdência

INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social

IN/STN - Instruções Normativas da Secretaria do Tesouro Nacional

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SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................................................................................. vi

Abstract................................................................................................................................................................ vii

Lista de ilustrações............................................................................................................................................. viii

Lista de siglas........................................................................................................................................................ ix

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 3

1.2.1. Objetivo geral ............................................................................................. 3

1.2.2. Objetivos específicos .................................................................................. 3

1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 7

2.1 CARACTERIZANDO O TERCEIRO SETOR ................................................................. 7

2.2 A ATUAL SITUAÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR NO BRASIL............... 11

2.3 OS PRINCIPAIS AGENTES DO TERCEIRO SETOR .................................................... 13

2.4 A CONSTITUIÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL ................... 19

2.5 A LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA AS ATIVIDADES DO TERCEIRO SETOR........ 21

2.6 AS VANTAGENS E AS DESVANTAGENS DE UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL CIVIL DE

INTERESSE PÚBLICO .............................................................................................. 27

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 32

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 32

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ............................................................................... 33

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .................. 33

3.4 INDICADORES PARA ANÁLISE DOS DADOS ............................................................ 34

4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO................................................................................. 36

4.1 CARACTERIZANDO A ENTIDADE PARTICIPANTE DA PESQUISA............................ 36

4.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.............................................................. 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 50

6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 55

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xi

ANEXOS ................................................................................................................................. 59

ANEXO A ............................................................................................................................ 59

ANEXO B.......................................................................................................................... 65

APÊNDICE A ....................................................................................................................... 73

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1 Introdução

1.1 Definição do problema de pesquisa

Antigamente, destacava-se uma rígida divisão entre o público e o privado, o que

resulta atualmente em uma reforma do Estado e das suas políticas sociais. Desta forma,

visualiza-se uma transferência legal da obrigação do Estado para que em parceria com o

Terceiro Setor, permita que o privado assuma responsabilidades na área social,

descentralizando e alterando, desta forma, a obrigação exclusiva de que o Estado seja o

principal responsável pela sociedade.

A crise financeira do Estado e o direcionamento das aplicações estatais essenciais

para o acúmulo de capital reduziram de forma considerável o volume das despesas

sociais. Desta forma, surge o Terceiro Setor - que se diferencia do Estado e do mercado -

tornando-se um instrumento que assegura uma maior eficácia na movimentação de

recursos, na geração de oportunidades de trabalho e também na geração de serviços

públicos (DRUCKER, 1997).

Segundo Tenório (2000), as Organizações Não-Governamentais (ONGs) tiveram

o seu espaço ampliado devido ao fenômeno da globalização, o qual, possibilitou o

surgimento de novos parceiros na sociedade. O fortalecimento indireto veio através do

Estado, pois foi devido ao seu grande enfraquecimento no aspecto social, que estas

organizações começaram a se destacar com significativa importância no Brasil.

A atuação do Terceiro Setor tem sido fundamental para a redução dos

desequilíbrios sociais que predominam no país, e que se viram de certo modo afetados

pelo modelo de redemocratização, o qual vem sendo adotado pelo governo, tendo vistas

a priorização da estabilidade da moeda e a modernização econômica (FISCHER e

FALCONER, 1998).

A atuação das Organizações Não-Governamentais e das recém criadas

Organizações Sociais Civis de Interesse Público (OSCIP´s), tem forte destaque na

sociedade brasileira. Portanto, o Terceiro Setor vem tendo um papel de grande utilidade

e importância, suprindo lacunas no trabalho do Estado, detectando seus problemas, e

potencializando soluções aos campos que o Estado não consegue atender.

A estruturação do Terceiro Setor é fator fundamental para o desenvolvimento

destas organizações e, por conseqüência, o futuro da vida em sociedade. Buscando esta

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finalidade, a Lei 9.790, de 23 de março de 1.999 (anexo A), regulamentada pelo Decreto

n.º 3.100/99 de 30 de junho de 1.999 (anexo B) trata de regulamentar a qualificação de

pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos. Além de instituir e disciplinar o

Termo de Parceria nas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público atribui

outras providências que se fazem necessárias a regulamentação dessas organizações.

Neste sentido, a ênfase deste trabalho recai nas vantagens de uma ONG requerer

um título de OSCIP, diferenciando-se do outro enquadramento – o Certificado de

Entidade de Assistência Social. Este problema existe pelo fato que a partir do ano de

2004, por força do artigo 8º da Lei n.º 9.790/99 todas as entidades terão de optar por

uma entre as duas qualificações, visto que ambas são pertinentes as organizações não-

governamentais que atuam como entidades de assistência social. Conforme Ferrarezzi

(2002, p. 93),

vedado o anonimato, e desde que amparado por fundadas evidências de erro ou fralde, qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação instituída por esta Lei.

Este estudo tem como base a Lei n.º 9.790/99, que regulamenta as organizações

sem fins lucrativos, principalmente as organizações do terceiro setor ligadas a área de

assistência social. No caso da entidade estudada, a nova legislação tem alguns aspectos

que precisam ser melhor analisados. Principalmente pelo fato desta lei já estar em vigor

e não ser possível fazer experiências no que se refere a qualificação jurídica.

A entidade mencionada anteriormente é a Associação Florianopolitana de

Voluntárias – AFLOV, que servirá de base para a realização do presente estudo. Esta

entidade é uma organização voltada para o atendimento na área de assistência social no

município de Florianópolis. O objetivo da AFLOV é desenvolver e executar projetos

juntamente com o poder público e privado auxiliando o desenvolvimento sócio-

econômico do referido município.

Conforme relatado anteriormente, a nova lei traz vantagens e desvantagens para

as organizações participantes do Terceiro Setor. Neste sentido, torna-se importante o

entendimento da nova regulamentação, haja vista que apesar de existirem diversas

entidades que atuam no Terceiro Setor, sempre existem particularidades que

diferenciam as entidades perante a sua forma de qualificação e estratégias de atuação.

Diante do exposto, busca-se neste trabalho responder ao seguinte problema de

pesquisa:

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Quais as implicações da regulamentação da nova legislação do Terceiro Setor na Associação Florianopolitana de Voluntárias?

1.2 Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

Analisar as implicações da regulamentação da nova legislação do Terceiro Setor

na Associação Florianopolitana de Voluntárias – AFLOV.

1.2.2. Objetivos específicos

- Caracterizar as Organizações Não-Governamentais e as Organizações Sociais

Civis de Interesse Público;

- Descrever a natureza dos projetos desenvolvidos pela organização objeto de

estudo;

- Apresentar as vantagens e as desvantagens da nova legislação quanto às

qualificações jurídicas na organização objeto de estudo;

- Levantar a opinião de especialistas em Terceiro Setor sobre os impactos

administrativos da nova legislação na organização pesquisada.

1.3 Justificativa

Nos últimos anos as Organizações Não-Governamentais, no Brasil e no mundo,

estão passando por um processo acelerado de mudanças e de adequações estruturais e

processuais. Num caráter de evolução, buscando por meio de ações locais e globais,

respostas para os problemas sociais (TENÓRIO, 2000).

Devido às mudanças trazidas pelo novo Código Civil, as entidades pertencentes

ao Terceiro Setor, têm a obrigação de se adequar à nova lei que regulamenta as

atividades dessas organizações. Portanto, abriu-se um campo de estudo a ser explorado

neste aspecto, pois a Lei 9.790/99 contém diversos fatores que necessitam de atenção

para que as entidades não venham, por falta de conhecimento, optar por um título que

posteriormente possa trazer implicações negativas e prejuízos as mesmas, no que se

refere a sua qualificação jurídica. Portanto, é de suma importância aproveitar este

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momento, no qual diversos pesquisadores e estudiosos da área social estão empenhados

em discutir e debater sobre as entidades pertencentes ao Terceiro Setor.

Segundo DiMaggio e Anheier (1990), apud Carvalho (2000) a multiplicação das

Organizações Não-Governamentais, além de despertar o interesse do Estado que

percebe o papel destacado dessas entidades na execução de algumas políticas públicas,

sensibiliza a academia para a necessidade de criar um corpo teórico capaz de interpretar

e analisar as especificidades deste setor. Considera-se que as organizações do Terceiro

Setor, por terem suas características particulares, necessitam e até mesmo exigem uma

aproximação analítica e específica.

O Terceiro Setor vem crescendo a cada dia e tornando-se mais exigente na

qualificação de sua mão-de-obra. As perspectivas para o futuro apontam para o

amadurecimento da sociedade civil e o aumento da demanda por serviços sociais mais

qualificados. Por outro lado, os recursos existentes serão destinados às entidades que

tenham atingido um alto grau de organização e eficiência no cumprimento de seus

projetos sociais, os quais devem ser claros e objetivos, e somente assim, conseguirão se

manter em meio a um setor que cresce rapidamente. Com base no que ressalta Drucker

(1997), uma organização tem a função de ser sempre especializada, tendo como

resultado uma eficiência nos seus resultados organizacionais e sociais.

Drucker (1997, p. 31), relata que “organizações são instituições com fins

especiais”, portanto, elas tornam-se eficazes porque tendem a concentrar-se em uma

tarefa, resultando em especializações dos serviços prestados.

A importância do estudo sobre as organizações do Terceiro Setor faz-se mais

presente e necessária em um momento de redefinição do papel dos atores sociais, os

quais fazem parte do Terceiro Setor. Questões relacionadas à sobrevivência e

manutenção dessas entidades, bem como à profissionalização da gestão da entidade e de

seus recursos, surgem como desafios aos praticantes e estudiosos do assunto.

A falta de conhecimento sobre a nova legislação em vigor exige, por parte das

entidades um maior estudo, justificando o interesse manifestado pela organização no

presente projeto. Um outro ponto importante, é que a Lei 9.790/99, também tem o

intuito de tornar as ONGs mais independentes e, conseqüentemente, menos dependentes

do poder público. Tem-se através disso a abertura de um campo de trabalho, instigando

os novos administradores a trabalhar neste tipo de instituição. Esta atração auxiliará as

próprias entidades, pois haverá nos administradores o desejo de contribuir com

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entidades participantes do Terceiro Setor, além de fomentar ainda mais esta atividade.

Este incentivo virá no compromisso de realizar projetos sociais com responsabilidade

social, auxiliando o Estado no atendimento à sociedade.

A contribuição desta pesquisa para a sociedade trouxea ampliação do

conhecimento com relação a este tipo de organização, além de expor um assunto

relativamente novo, o qual pode ser útil a todos aqueles que estudam as organizações do

Terceiro Setor. Além disso, em virtude das modificações advindas com a alteração da

legislação, o direcionamento principal será dado ao nível de gerência e administração da

instituição. Encaminha-se portanto, uma relevante significância para a universidade e

para a comunidade acadêmica, pois a mesma tem a missão de produzir e socializar o

conhecimento através do ensino, pesquisa e extensão. Porém, nunca se esquecendo do

seu compromisso em relação a aplicação de conhecimento para solução dos problemas

organizacionais.

Para a realização desta pesquisa, constará na mesma à análise de uma entidade

que servirá de modelo. Modelo porque existem diversas entidades que atuam no mesmo

sentido da Associação Florianopolitana de Voluntárias, contudo a mesma foi utilizada

como referência para realização desse estudo por se tratar de uma entidade que

trabalha efetivamente com o poder público. Além disso a organização em questão

desenvolve projetos e programas sociais, os quais dependem de recursos repassados pelo

Estado para a sua realização. Neste sentido, a associação adequa-se perfeitamente no

objetivo da pesquisa proposta, que é fornecendo embasamento para determinar a

qualificação mais coerente para esta entidade e para outras que atuam nas mesmas

características de atendimento da AFLOV - na área de assistência social do Município

de Florianópolis. Além disso, por ser de interesse da diretoria da associação um

encaminhamento para o melhor enquadramento da instituição, a mesma prontificou-se

a contribuir e auxiliar no que for solicitado e necessário ao desenvolvimento do trabalho.

Como a Associação possui o Certificado de Entidade de Assistência Social e a

nova legislação trouxe a opção de tornar-se uma OSCIP, o estudo tende a contribuir

com a AFLOV no sentido de preparar a Associação para a escolha entre as qualificações

jurídicas possíveis, verificando é claro, quais as vantagens e desvantagens decorrentes

da nova lei no processo administrativo da instituição.

O que tornou possível à realização deste trabalho, foi o fato do pesquisador ter

acesso às informações que julgou necessário para encontrar a melhor qualificação para

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a Associação, e principalmente porque o estudo inicialmente foi de interesse da

Entidade. No que se refere à viabilidade do projeto, acredita-se que o mesmo é viável,

pois não requer custos financeiros em demasia e o tempo para sua execução está de

acordo com a disponibilidade do acadêmico.

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2 Fundamentação Teórica

Nesta etapa será apresentado um histórico das organizações não-governamentais,

especificando o objetivo do seu surgimento para a sociedade, bem como abordará a

atual situação das entidades pertencentes ao Terceiro Setor. Apresentam-se também

fundamentos teóricos, principalmente no aspecto da legislação e no que objetiva a nova

lei que regulamenta o Terceiro Setor. Outro aspecto fundamental nesta pesquisa é

analisar as vantagens e desvantagens das ONG´s requererem o título e tornarem-se

OSCIP, para isso, citará o pensamento de alguns autores sobre o tema que servirão de

base para a fundamentação e análise da pesquisa.

A pesquisa se encaminhará para análise da Associação Florianopolitana de

Voluntárias, a qual servirá de modelo de aplicação da pesquisa e, finalizará no resultado

do estudo indicando a viabilização da mesma tornar-se uma OSCIP ou manter-se na

atual situação, haja vista que neste momento irá se ter um esclarecimento adequado no

que tange o regimento da nova Lei do Terceiro Setor.

2.1 Caracterizando o Terceiro Setor

Em 1916, se dá a legitimação do papel social exercido pelas organizações sem fins

lucrativos, formadas pela sociedade civil, que é quando se cria e estabelece o Código

Civil. É nele que se diferencia as organizações sem fins lucrativos daquelas com fins

lucrativos. Essas organizações tiveram apoio para que pudessem atuar na manutenção

da ordem social até mesmo na época do regime militar. A partir da década de 90, no

país, surge toda ordem de organização do terceiro setor, desde as pequenas associações

comunitárias de caráter informal até aquelas formais burocráticas. O caminho dessas

organizações tem sido crescer em sua quantidade, em uma sociedade que visivelmente o

estado se faz cada vez mais ausente (SALM, 2002).

Segundo Castro (1999), o terceiro setor é a esfera da sociedade, a qual é composta

por organizações sem finalidade lucrativa, nascidas da iniciativa voluntária, com o

objetivo do benefício público, atuando de forma integrada com os setores público e

privado. Essas entidades privadas sem fins lucrativos geram bens, serviços públicos e

privados. Todas têm como objetivo o desenvolvimento político, econômico, social e

cultural no meio em que atuam.

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Conforme Rosa (2003) na estrutura da sociedade do novo milênio, a sociedade

civil está na condição de assumir um novo papel estratégico, o qual é fundamental para

o seu fortalecimento. Considerado o primeiro setor, o estado vem estudando maneiras de

contribuir para a melhoria e fornecendo condições para sustentabilidade do Terceiro

Setor. No segundo setor, as empresas privadas vêm se destacando com a visão da

responsabilidade social, a qual vem juntamente com outros fatores, mostrar o quanto o

trabalho conjunto destes dois setores podem contribuir para a melhoria das condições

de estruturação das entidades que integram o Terceiro Setor.

Drucker (1997) afirma que as organizações do Terceiro Setor vêm permitindo

que os indivíduos encontrem um espaço para a realização pessoal através da

responsabilidade social do ser humano, reforçando a idéia de que as pessoas não

trabalham nestas organizações para viver, mas por uma boa causa.

Por Terceiro Setor entendem-se todas as atividades realizadas pelo setor privado

que não possuem vínculo direto com o Estado e tampouco distribuem lucros auferidos.

Segundo Salamon (1995), o Terceiro Setor é composto por organizações estruturadas, as

quais estão localizadas fora do aparato formal do Estado e que não são destinadas a

distribuir lucros auferidos com suas atividades. Estas organizações são autogovernadas

e envolvem indivíduos em um esforço voluntário.

Para Paes (2003), o Terceiro Setor é um conjunto de organizações ou instituições

sem fins lucrativos, as quais são dotadas de uma autonomia e apresentam uma

administração própria, com o intuito de atuar voluntariamente no desenvolvimento da

sociedade civil. Assim estas entidades privadas, porém sem finalidade lucrativa,

objetivam atender anseios sociais ou públicos, embora não sejam integrantes do

governo.

O Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES, 2001).

Conforme Barbosa (2001), em 1916, na criação do Código Civil, veio à

legitimação da formação social, a qual seria exercida pelas organizações sem fins

lucrativos, formadas pela sociedade civil. No Código, diferenciam-se as organizações

sem fins lucrativos das organizações que possuem fins lucrativos. As organizações do

Terceiro Setor atuam desde 1920, e têm atualmente uma flexibilidade em atender as

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necessidades públicas. O seu surgimento foi na Europa e de lá se espalharam pelos

continentes.

Segundo Rosa (2003), Terceiro Setor é a terminologia mais recente e ainda pouco

utilizada para conceituar esta diversidade de organizações, a qual compreende a

economia social e a economia solidária. Assim, para identificar a existência do Terceiro

Setor, é preciso esclarecer que, quem utiliza este termo, considera o Estado o Primeiro

Setor e o Segundo Setor engloba o Mercado. O Terceiro Setor está ligado ao bem-estar

social da coletividade, o que resulta na aparição de características do Primeiro e

Segundo Setores, no Terceiro Setor.

O termo ONG – Organização Não-Governamental, de modo genérico se refere a

toda organização não pertencente ou vinculada a qualquer nível do governo (COELHO,

2000). Pode-se dizer que as ONGs são grupos sociais organizados, que possuem uma

função social e política na sua comunidade ou sociedade. Além disso tem uma estrutura

formal e legal, não perseguem lucros financeiros, ou seja, sendo uma entidade sem fins

lucrativos. Ressalta-se também que as mesmas possuem uma certa autonomia em sua

administração.

De acordo com Tenório (2000), as ONGs têm por característica serem

organizações sem fins lucrativos, se auto dirigem, ou seja, não possuem vínculo com o

governo, são voltadas para o atendimento das necessidades populares, auxiliando e

complementando a obrigação do Estado.

Conforme Rosa (2003), uma tentativa de definição para o conjunto do Terceiro

Setor é apresentada por Salamon e Anheier (1997), sendo a mais aceita e utilizada. Ela é

denominada estrutural/operacional. Através desta definição, as organizações que fazem

parte deste setor apresentam as cinco seguintes características:

1 – Estruturadas: possuem certo nível de formalização de regras e procedimentos, ou

algum grau de organização permanente. São, portanto, excluídas as organizações

sociais que não apresentem uma estrutura interna formal.

2 – Privadas: estas organizações não têm nenhuma relação institucional com governos,

embora possam dele receber recursos.

3 – Não distribuidoras de lucros: nenhum lucro gerado pode ser distribuído entre seus

proprietários ou dirigentes. Portanto, o que distingue essas organizações não é o fato

de não possuírem “fins lucrativos” e sim, o destino que é dado a estes, quando

existem. Eles devem ser dirigidos à realização da missão da instituição.

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4 – Autônoma: possuem os meios para controlar sua própria gestão, não sendo

controladas por entidades externas.

5 – Voluntárias: envolvem um grau significativo de participação voluntárias (trabalho

não-remunerado). A participação de voluntários pode variar entre organizações e de

acordo com a natureza da atividade por ela desenvolvida.

As organizações não-governamentais estão cada vez mais participantes e atuantes

em diferentes áreas. Desta forma, estão sempre em ligação com a sociedade através do

trabalho que desempenham. Principalmente por sensibilizarem a população pelo

desenvolvimento dos mais variados problemas e também por atuarem de forma

fiscalizadora no que diz respeito à atuação das autoridades governamentais. Esse

trabalho é um desafio e resulta em um desenvolvimento de novas interações,

comunicações e parcerias entre diversas experiências e tipos organizacionais distintos.

Para Paes (2003) uma das características das instituições não governamentais

está no trabalho social. Estes trabalhos já eram desenvolvidos por entidades de

filantropia, porém não possuíam um caráter mais profissional. Portanto as ONGs são

mais abrangentes e estruturadas, com uma maior consistência, tendo a pretensão de

apresentar-se como uma atividade pública, requerendo para si um mandato auto

instituído para que possam demandar junto aos poderes público. Desta forma requerem

para si um poder político-social, mesmo que a origem dos seus recursos e dos seus

projetos não seja tão objetiva.

Apesar da diversidade das organizações que compõem o Terceiro Setor, todas

têm características em comum. Segundo Hudson (1999), as organizações que o

compõem, além de serem sem fins lucrativos, devem ser representativas, contribuindo

para o desenvolvimento de políticas públicas e para os processos de integração e coesão

social. Ao mesmo tempo devem ser inovadoras, sendo desenvolvidas tanto por técnicos

quanto por voluntários que estão diretamente envolvidos com os problemas da

sociedade, e desta maneira podem auxiliar no desenvolvimento da sociedade.

A seguir, irá se tratar da atual situação das entidades do Terceiro Setor no Brasil,

demonstrando fatores que influenciaram para que as organizações deste setor

atualmente tenham esta importância significativa, já que atualmente fazem parte de

diversos projetos e iniciativas contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.

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2.2 A atual situação das entidades do Terceiro Setor no Brasil

Paula (2000) relata que o marco inicial das ações voluntárias desenvolvidas no

Brasil se confunde com a própria história que marcou a chegada dos portugueses ao

país, sendo que a assistência social, a assistência hospitalar e o ensino foram

estabelecidos em meados do século XVI, por meio de ações desenvolvidas na esfera não-

governamental.

No Brasil, as primeiras associações voluntárias que buscavam atuar na prestação

de serviços de caráter público enfrentaram algumas barreiras, principalmente diante do

papel fundamental exercido pela Igreja em atividades filantrópicas como o registro civil,

a manutenção de escolas e a assistência médica e social (REIS, 2000). Neste período, as

isenções, financiamento governamental e incentivos de ordem fiscal, eram destinados

essencialmente, para hospitais, escolas e obras sociais, as quais tinham ligações à Igreja

(LANDIM, 1993).

As mudanças institucionais e políticas ocorridas até as primeiras décadas do

século XX respondem aos interesses dos grupos de dominação representados pelas

grandes fazendas e pela Igreja, assumindo as organizações da sociedade civil um papel

paralelo ao processo de transformação institucional e política (MENDES, 1999).

Historicamente, o Brasil tem sido visto e analisado como uma sociedade onde a

forte presença do estado autoritário e centralizador foi marcante. Não sendo possível a

manifestação da sociedade sobre algumas questões que eram importantes. Atualmente,

vê-se na nova lei do terceiro setor, uma estratégia para ampliar a participação da

sociedade na esfera pública. O ponto principal nesta estratégia é o apoio do estado para

que isso realmente aconteça (FERRAREZZI e REZENDE, 2002).

O estado está redefinindo o seu papel como um importante incentivador das

políticas sociais, mas não necessariamente como executor, ou seja, está transferindo esta

tarefa para um outro parceiro. Os parceiros neste trabalho são as organizações sociais,

as quais estão se ampliando e fortalecendo em diversos aspectos (FERRAREZZI e

REZENDE, 2002).

O Terceiro Setor nacional passa por um momento de profunda transição de seu

modelo assistencialista de atuação para um modelo que contemple a auto-sustentação

como necessidade principal. Uma profissionalização de sua gestão se faz necessária para

lidar com questões antes restritas aos agentes de mercado como, por exemplo, a

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competição crescente por recursos, a busca por novos parceiros e a gestão das parcerias,

a necessidade de trabalhar a imagem da organização para um público maior que aquele

atendido, entre outras. Cada vez mais as relações e escolhas organizacionais tornam-se

de suma importância para o desempenho e sobrevivência dessas organizações

(FISCHER e FISCHER, 1994).

Segundo Franco (2002), apud Ferrarezzi e Rezende (2002) o terceiro setor tem

sido o setor que mais cresce no Brasil e no mundo, envolvendo um número cada vez

maior de profissionais remunerados e voluntários, por isso que se deve trabalhar no

sentido de acompanhar a legislação dessa área, a qual também tem sofrido várias

alterações, resultando em um desafio para seus dirigentes, funcionários e voluntários.

Especificamente para a área social, na década de 90, as propostas de reforma

enfatizaram, além da descentralização, a necessidade de estabelecer prioridades de ação,

a busca de novas formas de articulação com a sociedade civil e a introdução de novas

formas de gestão nas organizações estatais. Em relação a essas formas de gestão, a

ênfase recai na busca por maior agilidade operacional, eficiência e eficácia, a fim de

superar a rigidez da burocratização dos procedimentos e desvios decorrentes da

ausência de prestação de contas e controle social sobre as ações do Estado (FARAH,

2000).

De acordo com Rosa (2003), o terceiro setor possui aproximadamente 12 milhões

de pessoas, entre gestores, voluntários, doadores e beneficiados de entidades

beneficentes, além dos aproximadamente 45 milhões de jovens que vêem como sua

missão ajudar o Terceiro Setor. Conforme dados do Conselho da Comunidade Solidária

(2002), no ano de 2002 o número de entidades existentes no país pertencente ao Terceiro

Setor era de 250 mil organizações.

Desta feita, a nova lei das OSCIP´s, reconhecida por vários segmentos como um

dos principais avanços na legislação do Terceiro Setor, precisa ainda ser vista como um

avanço para o Estado e para sociedade civil, principalmente porque o objetivo é

fortalecer o Terceiro Setor (FERRAREZZI e REZENDE, 2002).

O fortalecimento do Terceiro Setor tem uma importância social, pois é através

deste setor que se encaminham diversos projetos, os quais visam atender a sociedade no

aspecto geral, pois atinge o público que o Estado não consegue atender, devido a uma

sobrecarga nas funções do Estado.

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Assim o fortalecimento do Terceiro Setor irá levar a uma capacidade de

mobilizar recursos, os quais muitas vezes até estão disponíveis, mais não são distribuídos

em sua totalidade por não existir uma efetiva circulação do Estado no meio, no qual o

Terceiro Setor está inserido, e pode agir como elo de ligação entre o Estado e a sociedade

(FERRAREZZIE e REZENDE, 2002). O resultado deste trabalho de fortalecimento é

com certeza uma agilidade operacional para formalização de parcerias, tendo estas

entidades como interlocutoras e agentes executoras dos mais variados projetos visando

atender o cliente do Estado.

As entidades pertencentes ao Terceiro Setor estão tendo uma visibilidade como

nunca tinham tido em anos passados. Daí a necessidade de adquirir um novo

posicionamento e uma nova institucionalidade perante a sociedade e ao Estado. Porém,

segundo Franco (2002), apud Ferrarezzi e Rezende (2002) existem resistências à

mudança do padrão de relação entre Estado e Sociedade, de parte da própria Sociedade

Civil, a qual vem lutando para sobreviver de qualquer modo. Algumas organizações da

Sociedade Civil, que já são reconhecidas pelo antigo marco legal, temem perder os

poucos benefícios a que têm direito. Nota-se que estas entidades têm um raciocínio

pragmático e uma visão instrumental. Percebem com desconfiança qualquer mudança

que não redunde, imediatamente em aumento de vantagens para suas entidades.

Querem aumentar suas facilidades de acesso aos recursos públicos, mas querem pela

maneira mais fácil, aquela à que estão acostumados, seguindo a antiga tradição estadista

das transferências indiretas, das renuncias fiscais, das imunidades e das isenções

tributárias. Não importando se este modelo já não as atendem mais.

Segundo Ferrarezzie e Rezende (2002), parte dessas organizações da sociedade

civil, as quais resistem às mudanças no marco legal, não estão realmente interessadas na

busca de um novo modelo de financiamento para o Terceiro Setor, desta forma não

estão com uma visão estratégica, perante o seu papel na sociedade.

A seguir irá se apresentar os principais integrantes do Terceiro Setor.

2.3 Os principais agentes do Terceiro Setor

Diversas denominações têm sido dadas para um certo grupo de organizações que

surgem em meio à sociedade civil. Porém, estes termos por diversas vezes tem sido

usados indiscriminadamente, podendo resultar no significado de diferentes coisas. De

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forma geral, a literatura agrupa nessas denominações todas as organizações privadas,

sem fins lucrativos, as quais visam à produção de um bem coletivo (COELHO, 2000).

Atualmente busca-se o conhecimento do significado destas terminologias, o qual vem

tornar mais claro o estudo e o entendimento destes termos. O resultado é o

conhecimento dos verdadeiros agentes participantes do Terceiro Setor.

É de fundamental importância entender o que cita a legislação das entidades que

fazem parte do Terceiro Setor. Uma das principais dúvidas de quem pretende fundar

uma Organização Não-Governamental, segundo Rosa (2003), é diferenciar o que vem a

ser ONGs, OSCIPs, fundações, institutos, empresas com responsabilidade social,

entidades beneficentes, empresas doadoras, elite filantrópica, pessoas físicas/voluntários,

fundos comunitários e entidades sem fins lucrativos ou sem fins econômicos de acordo

com o novo Código Civil.

A compreensão da relação existente entre ideologia do trabalho (intervenção

social) e a estrutura organizacional escolhida por essas organizações é uma das formas

de se iniciar a delimitação de um arcabouço teórico apropriado para análise

organizacional de entidades do Terceiro Setor. Em outras palavras, segundo Chatterjee

e Abramovitz (1993), apud Tavares (2000) a partir da compreensão entre o tipo de

trabalho realizado e a estrutura apresentada por essas entidades será possível atuar de

forma a permitir melhores resultados, com relação a efetividade de desenho

organizacional e a capacidade de atender às demandas de seus cidadãos beneficiários.

Conforme Tenório (2000), as ONGs caracterizam-se por serem organizações sem

fins lucrativos, autônomas, isto é, sem vínculo com o governo, voltadas para o

atendimento das necessidades de organizações de base popular, complementando a ação

do Estado. Contam com o trabalho voluntário, visando a promoção social através de um

processo de desenvolvimento, o qual supõe transformações estruturais da sociedade.

Para o Seitenfus (1997, p. 249), as ONGs “são associações de direito privado cujas

atividades são voltadas para questões de interesse público. Elas promovem ou defendem

valores e interesses morais, religiosos, ideológicos ou culturais.” Seitenfus (1997), ainda

complementa afirmando que estas entidades estão sempre em busca de sua autonomia e,

por mais que utilizem parcerias com o governo, não se ligam a ele para realmente

atender aos princípios pelo qual foram criadas e para que estes princípios não sejam de

maneira alguma distorcidos.

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Para Hudson (1999), o aparecimento das ONGs é um fenômeno muito recente

ligado aos movimentos sociais e aos anseios da sociedade. Em decorrência das

transformações ocorridas no mundo, seu objetivo é amenizar os problemas sociais não

resolvidos pelo Estado. Estas organizações funcionam independente do governo. Porém,

estas organizações são muito fortes politicamente.

As regras destas organizações estão explícitas em um estatuto, o qual as rege. O

estatuto necessita conter por obrigação legal, segundo Barbosa e Nazaré (2002), os

seguintes dispositivos: a denominação, o fundo social (quando houver), os fins e a sede

da associação ou fundação, bem como seu tempo de duração; o modo pelo qual se

administra e representa a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;

se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável no tocante a administração e de

que modo; se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;

as condições para a extinção da pessoa jurídica e, no caso de isso ocorrer o destino de

seu patrimônio; os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da diretoria,

provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil e profissão de cada

um, bem como o nome e a residência do apresentante dos exemplares (requisito para o

registro).

Em relação as OSCIPs, Rosa (2003) informa que elas são um subgrupo deste

grupo de ONGs, e são as que possuem o reconhecimento oficial mais próximo que se

entende modernamente como ONG, especialmente porque são marcadas por uma

grande transparência administrativa. Contudo, são uma opção institucional, não são

uma obrigação. As OSCIPs diferenciam-se neste meio do Terceiro Setor, como sendo as

organizações que efetivamente têm a finalidade pública.

Quanto aos institutos, significa um nome ou uma designação, não uma figura

jurídica. Assim, não existem na lei requisitos para se formar um instituto, podendo-se

utilizar este nome livremente. Portanto, instituto é uma associação civil com este nome

ilustrando (ROSA, 2003).

Segundo Rosa (2003), fundações são pessoas jurídicas de direito privado, mas não

são sociedades. Sociedades nascem da vontade das pessoas em se associar. Quando se

constitui uma fundação é necessário que se institua um estatuto, onde conste suas regras

de funcionamento e um grupo que irá se responsabilizar em gerir o patrimônio segundo

os seus objetivos. O Novo Código Civil trata no artigo 62, que, “a Fundação somente

poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais, ou de assistência”.

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A classificação dada por Rosa (2003), para as Instituições filantrópicas é as que

são reconhecidas por tratarem e se dedicarem pelos serviços de assistência social e pelo

direito dos excluídos socialmente. Para o Terceiro Setor, filantrópicas são aquelas que

têm o certificado de Utilidade Pública Federal ou beneficência de assistência social

emitido pelo Conselho Nacional de Assistência Social 1(CNAS). Ressalta-se que a

entidade que tiver interesse em ser vinculada ao CNAS deve possuir primeiramente o

título de utilidade pública, o qual figura entre os requisitos exigidos pela Resolução nº

31/99 do CNAS. Ainda sobre as Instituições Filantrópicas, Franco (2003), coloca que até

o ano de 2004, por conta do artigo 18 da Lei nº 9.790/99 uma entidade poderá ser OSCIP

e manter também o Certificado de Entidade de Assistência Social (CEAS). Porém, se

isso ocorre, em 23/03/2004 está entidade deverá escolher por apenas um dos dois

certificados.

As entidades que são de Utilidade Pública Federal são entidades que na verdade

possuem um título federal, o qual ao ser dado a essas entidades profere a elas algumas

vantagens, tais como: direito a receber doações da União; receber receitas das loterias

federais; realizar sorteios; ser isentas de recolher a cota patronal para o INSS; ser isenta

de depositar o FGTS; e permitir que pessoas físicas e jurídicas possam deduzir do

imposto de renda sua doação (PAES, 2000).

Rosa (2003) destaca que organizações sociais são regidas pela Lei nº 9.637/98, e

trata de permitir à instituição firmar um contrato de gestão com o poder público com

vista à formação de parceria entre as partes para o incentivo e execução de atividades

dirigidas a específicos fins.

No que se refere às entidades beneficentes a definição dada por Rosa (2003),

indica que estas são as que de fato cuidam de todos os campos de assistência social que

possam existir, ou seja, fazem de tudo.

Quanto às empresas doadoras, o próprio nome informa o que significa este tipo

de atividade. São as empresas que são parceiras do Terceiro Setor e acabam auxiliando

no financiamento de projetos dos mais diversos tipos, fazendo parte deste grupo

empresas pequenas e médias (ROSA, 2003). Entretanto, a elite filantrópica segundo

1O Conselho Nacional de Assistência Social é um órgão superior de deliberação colegiada, de composição

paritária (Sociedade Civil e Governo), vinculado ao Ministério da Assistência e Promoção Social - MAPS,

instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993).

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Rosa (2003) constitui no Brasil apenas dois bons parceiros que são Jorge Paulo Lehman

e a família Ermírio de Moraes, os quais são considerados doadores de elite e que

auxiliam a classe mais pobre e desprovida.

No que se refere aos voluntários e pessoas físicas, estes são os que mantêm o

Terceiro Setor atuante, pois sem estes seria impossível alcançar os objetivos propostos

por este setor Rosa (2003). O trabalho voluntário exprime o sentimento pelo próximo e

mostra o quanto vale a pena auxiliar o mais desprovido.

Segundo estimativas da Pesquisa Comparativa - Johns Hopkins/Iser, 1999, apud

Rosa (2003) 10 % da população brasileira, ou seja, 15 milhões de pessoas doaram

recursos para os fins do Terceiro Setor. Outro dado importante é que já superam os 12

milhões os voluntários que lutam por esta causa no Brasil. Em países da Europa e nos

EUA, este setor movimenta quase 6 % do PIB, empregam mais de 12 milhões de pessoas

diretamente e beneficiaram na década de 90 mais de 250 milhões de pessoas. Dentro

desse contexto, pode-se observar o grande crescimento destes tipos de organizações,

devido, principalmente, ao fato de que o Estado não tem tido a capacidade de atender às

demandas de serviços sociais, além da sua incapacidade na resolução de questões ligadas

à geração de empregos.

Segundo Fischer (2002), empresas que tem participação efetiva e tradição em

atividades de cunho social, acabam influenciando positivamente os seus colaboradores a

tornarem-se voluntários, sendo assim, agentes fomentadores do voluntariado no país.

Então, a possibilidade dada ao colaborador de mostrar suas especialidades e

competências profissionais em prol de atividades ligadas a comunidade em geral, a

empresa acaba tornando-se bem vista tanto pelos seus colaboradores quanto pela

comunidade em todos os sentidos.

Os fundos comunitários são mais conhecidos nos Estados Unidos e agem da

seguinte forma: ao invés de cada empresa doar para uma única entidade, estas empresas

doam para um Fundo Comunitário, sendo que as próprias empresas é que avaliam e

estabelecem as prioridades e acabam efetivamente administrando este fundo. No Brasil

existem poucos fundos como este (ROSA, 2003).

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Quanto às entidades sem fins lucrativos e as associações, elas são para efeitos

legais a partir de 2003, entidades de finalidade não econômica, segundo 2Paulo Haus

Martins.

Por fim, aparecem às empresas com responsabilidade social, estas empresas

fogem da sua real finalidade e agem como parceiros do Terceiro Setor, aplicando parte

de seus lucros no bem-estar social. Afirmando que a responsabilidade social é a

conscientização da empresa de seus direitos, deveres e obrigações, equivalendo à

cidadania para os indivíduos (TOJOEIRO, 2001).

Para Chiavenato (2000), as organizações operam dentro de um contexto do qual

dependem para sobreviver, se manter e desenvolver-se. Os recursos e as informações

necessárias para o funcionamento das organizações são obtidos do ambiente e para ele

dirigem o resultado das suas operações. Como sistemas sociais abertos, atuam num

ambiente dinâmico permeado por inter-relações entre vários agentes ou grupos sociais,

tais como: os trabalhadores diretos, os clientes, os acionistas, instituições financeiras, o

governo, a comunidade local e o meio ambiente natural.

Duarte e Dias (1986) reforçam esta questão de responsabilidade social, relatando

que a empresa não existe no vácuo, ou seja, é parte integrante de um macro-sistema

social sendo seus principais componentes representados pelo meio ambiente natural, a

sociedade, as políticas públicas e a legislação, a ciência e a tecnologia, a economia,

portanto, a empresa é submetida a um conjunto de relações. Assim, este ambiente possui

diversas variáveis, as quais influenciam no processo decisório, que por sua vez

necessitam estar em sintonia com as diferentes demandas de acionistas, dirigentes

trabalhadores, e outros grupos e indivíduos com os quais mantêm alguma relação.

As empresas privadas diferenciam-se no aspecto da atuação social das

organizações públicas, Fischer (2002) relata que 61% das multinacionais e 56% das

nacionais afirmam em pesquisa realizada em 1999 pela Universidade de São Paulo que

atuam na área social, contra 42% das públicas. Porém, a atuação das organizações

públicas merece um estudo a parte e mais aprofundado, pois, possui inúmeras

peculiaridades.

Um outro fator importante da pesquisa, é que a maioria das empresas que

consolidaram sua atuação social constituiu um instituto ou uma fundação como forma

2 Martins, Paulo Haus. Fonte Internet site rits.com.br.

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jurídica de gerir suas atividades ligadas ao aspecto social (FISCHER, 2002). Outro

aspecto interessante da formalização da responsabilidade social é que empresas

socialmente responsáveis tendem a ser mais lucrativas, principalmente porque vinculam

a imagem da organização a atividades de cunho social, mostrando ao público ou ao seu

consumidor que é uma socialmente responsável.

Na seqüência tratar-se-á dos aspectos necessários para realizar a fundação de

uma Organização Não-Governamental.

2.4 A constituição de uma Organização Não-Governamental

A criação de uma Organização Não-Governamental passa anteriormente pelo

interesse de um grupo específico, com objetivos e identidades comuns, definirem se

querem ou não se tornar uma entidade legalizada ou preferem um grupo informal. Ou

seja, apenas servindo a sociedade, porém de maneira paralela a uma organização

legalizada.

Conforme Rosa (2003) para a constituição de uma organização não-

governamental é necessário seguir alguns passos os quais estão relacionados a seguir.

Depois de definido o interesse deste grupo em fundar uma Organização Não-

Governamental sem fins lucrativos, com estatuto e registro no cartório, vinculada ao

movimento social, ambiental ou social, alguns procedimentos precisam ser seguidos.

Tais como uma convocação por diversos meios de comunicação, com o intuito de

abranger o maior número de participantes desta reunião. O objetivo desta convocação é

que a sociedade entenda o objetivo da organização, sua importância e necessidade,

definir um pequeno grupo, o qual irá preparar as próximas reuniões, com as respectivas

divisões de tarefas e responsabilidades.

O passo seguinte é formar um grupo, o qual terá a responsabilidade de elaborar o

Estatuto Social da Entidade. O objetivo principal deste grupo é formular uma proposta

de estatuto, o qual será debatido, analisado, alterado e aprovado pela Assembléia Geral

de Fundação da ONG em uma data específica.

Depois de definida a missão desta Organização Não-Governamental, redigido a

primeira proposta de Estatuto, irá se proceder uma convocação de interessados para o

Ato de Oficialização da Entidade, a qual será através de uma Assembléia Geral de

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Fundação. Esta Assembléia deve ser precedida de uma carta convite contendo dia, hora,

local, objetivos da assembléia e a pauta da reunião.

No dia deverá haver um livro de presença, para registro dos interessados em

participar da Assembléia, um livro de Atas onde serão anotadas todas as Assembléias,

devidamente assinados pelos presentes. A Assembléia deve eleger uma mesa dirigente

dos trabalhos com um Presidente e dois secretários. O presidente deve ler a pauta e

encaminhar os debates, principalmente do Estatuto, o qual será a base para as

atividades que a entidade pretende exercer.

Segundo Rosa (2003) aprovado o Estatuto Social, o qual tem as características da

organização, a Assembléia passa à eleição, tendo a mesma um caráter provisório ou

definitivo dos primeiros dirigentes, nos termos da estrutura de administração aprovada.

Cada um dos dirigentes eleitos deverá tomar posse de seu cargo mediante assinatura do

respectivo termo de posse, no qual constará sua qualificação completa e que poderá ser

parte integrante da ata.

Por fim, encerram-se os trabalhos da Assembléia Geral de Constituição com a

lavratura e assinatura da ata pelo Presidente e pelo Secretário da Assembléia, pelos

dirigentes eleitos e por todos os presentes. Além disso, é obrigatório o visto de um

advogado na ata e no estatuto, sem o qual a organização não poderá ser submetida a

registro em cartório.

De acordo com Rosa (2003) o registro da pessoa jurídica em cartório é

equiparável ao registro de uma pessoa física ao nascer, ou seja, é preciso tornar pública

sua existência. As organizações privadas não-lucrativas são registradas no Cartório de

Registros Civis de Pessoas Jurídicas. De posse do registro, a organização é pessoa

jurídica legalmente existente.

A partir da constituição formal, a qual é marcada pelo registro em cartório, a

organização deve efetuar os demais registros necessários ao seu funcionamento. Para

tanto se faz necessário um contador, que também será responsável pela contabilidade da

organização e demais obrigações contábeis tais como, entrega de documentos e

prestação de informações tributárias e trabalhistas necessárias após a sua constituição.

Do ponto de vista fiscal, a regularização da organização junto à Secretaria da

Receita Federal permite o seu registro no CNPJ/MF - Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica do Ministério da Fazenda, o que possibilita a abertura de conta bancária e a

movimentação financeira por parte da associação.

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No que se refere à regularização trabalhista, a organização, mesmo que não tenha

empregados, deve apresentar documentos e informações anuais (RAIS – Relação Anual

de Informações Sociais e GFIP – Guia do Fundo de Garantia e Informações à

Previdência). Além disso, se quiser contratar empregados, deverá também se registrar

no INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social.

Além dos registros obrigatórios, há também os registros facultativos, vinculados a

certos títulos e qualificações concedidos pelo poder público, os quais estarão no item

seguinte que trata da legislação das organizações do Terceiro Setor.

2.5 A legislação que regulamenta as atividades do Terceiro Setor

No Brasil, a existência de legislação que regula essas organizações, consta no

Código Civil Brasileiro, Lei nº 3.107, de janeiro de 1916, artigo 16, onde aparecem dois

tipos de organização: as organizações comerciais e as organizações de caráter religioso,

assistenciais, científicas, todas de interesse público constituídas sob a forma de

fundações e associações.

Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado: I – as associações civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as associações de utilidade pública e as fundações; II – as sociedades mercantis.

Entender a lógica de funcionamento e organização do Terceiro Setor passa a ser

um desafio não apenas intelectual, mas também de ordem prática, pois o objetivo é

aumentar a eficiência com que essas organizações conduzem sua parcela de política

pública, onde por vezes estão em parceria com a esfera pública governamental.

Como visto anteriormente as organizações que compõem o Terceiro Setor podem

ter várias personalidades jurídicas, dentre as quais: associações ou sociedades civis,

cooperativas ou cooperativas sociais, fundações públicas ou privadas. As organizações

não-governamentais, através de seus estatutos, podem requerer títulos ou qualificações,

as quais lhes garantem benefícios diferenciados.

Entre os títulos e certificados concedidos pelo poder público para as entidades

que priorizam o interesse social, está o Título de Utilidade Pública Federal, concedido

através da Lei 6.639/79, Decreto 50.517/61 e Decreto 60.931/67. Assim, qualquer

entidade com natureza jurídica de fundação, associação ou sociedade civil sem fins

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lucrativos, que seja constituída no país, e esteja em efetivo funcionamento nos últimos

três anos, além de servir desinteressadamente a coletividade e que não remunere os seus

dirigentes, pode ser declarada pelo Ministério da Justiça de Utilidade Pública Federal.

Portanto,

passa a ser direito destas entidades certificadas com este título: receber doações da União; receber receitas das loterias federais; realizar sorteios; ser isenta de recolher a cota patronal para o INSS; ser isenta de depositar o FGTS; permitir que pessoas jurídicas e físicas possam deduzir do Imposto de Renda sua doação (PAES, 2000, p. 415).

Um outro certificado concedido a entidades do Terceiro Setor, é o Registro no

Conselho de Assistência Social (CNAS), porém, o mesmo é concedido a entidades que

possuam o título de Utilidade Pública Federal, além de atender aos requisitos da

Resolução 31/99 do Conselho Nacional de Assistência Social.

É concedida a entidade do Terceiro Setor, o Certificado de Filantropia –

Resolução 177 do CNAS, o qual permite a isenção junto ao Instituto Nacional de

Seguridade Social (INSS), do pagamento da cota patronal das entidades assistenciais e

de benemerência. Ressalta-se que a Constituição restringiu expressamente este benefício

para as entidades de assistência social.

No que se refere às Organizações Sociais – Lei 9.637/98, este enquadramento

jurídico, permite firmar contrato de gestão com o poder público com vistas à formação

de parceria entre as partes para o incentivo e execução de atividades dirigidas ao ensino,

à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio

ambiente, à cultura e à saúde.

O enquadramento jurídico, o qual merece uma maior atenção justamente por

fazer parte do presente estudo, é o que abrange a Lei 9.790/99, também chamada de

“Marco Legal do Terceiro Setor”, estabelecida em 23 de março de 1999, e decretada a

partir de 30 de junho de 1999 através do Decreto n.º 3.100/99, o qual dispõe sobre a

qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos como

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), e institui o Termo de

Parceria. Essa Lei foi criada como resultado de um trabalho de parceria efetuado entre

organizações da sociedade civil, o Governo Federal e o Congresso Nacional articulado

pelo Conselho da Comunidade Solidária. Esta Lei surge após a elaboração de um

projeto de lei, bem como debates e negociações com todos os partidos políticos

(FERRAREZI e REZENDE, 2002).

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Verifica-se que o objetivo principal é fortalecer a Sociedade Civil e um dos

desafios é aumentar o Capital Social do país, utilizando a criação de condições para a

expansão do Terceiro Setor. Essa expansão tem uma orientação estratégica em virtude

da sua capacidade de gerar projetos, assumir responsabilidades e mobilizar recursos os

quais são necessários para o desenvolvimento do país (FERRAREZI, 2000).

A busca por uma identidade faz com que as organizações busquem a qualificação

como Organizações Civis de Interesse Público – OSCIP, o que vai diferenciar, no

universo do Terceiro Setor, as organizações que efetivamente têm finalidade pública.

Desse modo, a qualificação de OSCIP acolhe e reconhece legalmente as organizações da

sociedade civil cuja atuação se dá no espaço público não estatal.

De acordo com a Lei 9.790/99, qualquer organização não governamental sem fins

lucrativos pode obter a qualificação de OSCIP, desde que não seja:

I - as sociedades comerciais; II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX - as organizações sociais; X - as cooperativas; XI - as fundações públicas; XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal. (FERRAREZI, p. 90, 2002).

A organização deverá também ter como objetivo social a:

I - promoção da assistência social; II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; V - promoção da segurança alimentar e nutricional; VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII - promoção do voluntariado; VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

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IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo (FERRAREZI, p. 91, 2002).

As entidades que foram aprovadas nos critérios estabelecidos mediante o

processo administrativo de requerimento ao Ministério da Justiça, para a concepção da

qualificação como OSCIP estão habilitadas a celebrar Termos de Parceria com o Poder

Público e podem assim, viabilizar a consecução de seus objetivos sociais. O Termo de

Parceira é um contrato de cooperação entre a entidade e o Poder Público, para fomento

e a execução de atividades de interesse público relacionados com os objetivos da OSCIP,

objetivos esses arrolados no artigo 3º da Lei 9.790/99, os quais foram citados

anteriormente.

Franco (2002) apud Ferrarezzi e Rezende (2002), ressalta que apesar de já estar

em vigor a Lei 9.790/99, esta ainda não se consolidou. Primeiramente porque os

dirigentes e funcionários estatais, por preconceito ou por desconhecimento, não se

dispuseram a fomentar as atividades das Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público, celebrando entre elas o Termo de Parceria, termo esse, que vem inovar

juntamente com a lei 9.790/99.

Assim, o Termo de Parceria, que é o novo instrumento jurídico de fomento e

gestão das relações de parceria entre as OSCIPs e o Estado, tem o objetivo de imprimir

maior agilidade gerencial aos projetos e realizar o controle pelos resultados, com

garantias de que os recursos estatais sejam utilizados de acordo com os fins públicos

(FERRAREZZIE e REZENDE, 2002).

Este termo foi criado porque se julgou que tanto o convênio como o contrato, não

foram considerados adequados para atender as especificidades das organizações

privadas com fins públicos. Segundo Rosa (2003), o termo de parceria possibilita a

escolha do parceiro mais adequado tecnicamente e mais desejável na ótica social e

econômica, além de favorecer a publicidade e a transparência. Esse instrumento jurídico

de fomento e gestão das relações de parceria entre as OSCIPs e o Estado, também

objetiva imprimir maior agilidade gerencial aos projetos e realizar o controle pelos

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resultados, com garantias de que os recursos estatais sejam utilizados de acordo com os

fins públicos.

No que se refere a transferência de recursos públicos para as organizações da

sociedade civil, a legislação anterior à Lei 9.790/99, tinha como principal forma de

operacionalização, a formalização de convênios, os quais até hoje constam como meio de

transferência de recursos públicos para realização de programas e projetos. Porém para

que estas entidades recebam estes recursos, faz-se necessário o registro no Conselho de

Assistência Social. Outra alternativa são os contratos, que devem obedecer às

determinações da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993 (Lei das Licitações).

É importante ressaltar que para requerimento dos certificados, as entidades

devem estar rigorosamente em dia com as documentações exigidas para obtenção de tais

certificados. Pois, caso não estejam atendendo a um dos itens que se pede para a sua

qualificação, ficam impossibilitadas de alcançarem a mesma. As associações estão

analisando quais são as vantagens que resultarão de sua escolha, ou seja, a busca para

manter ou aumentar os seus benefícios.

Ser reconhecida legalmente como uma organização sem fins lucrativos tem

conseqüências importantes para uma organização, devido a uma série de isenções fiscais

federais, estaduais e municipais que ela pode obter. A isenção fiscal deve ser concedida

face ao cumprimento de certas condições, das quais fazem parte: a não remuneração dos

dirigentes, não distribuição de lucros a qualquer título, realizar a aplicação integral dos

recursos na manutenção e no desenvolvimento de objetivos sociais, além de escriturar as

despesas e receitas auferidas de forma correta. A obtenção do título de declaração de

utilidade pública é a autorização jurídica, a qual fornece a identidade filantrópica. No

campo federal, no entanto, além do título de utilidade pública as entidades devem obter

o certificado de fins filantrópicos, o qual é exigido por lei, sendo a mesma elaborada no

ano de 1959. Desta forma, este certificado é o carimbo final para atingir o fundo público

pela isenção ou pela subvenção (COELHO, 2000).

Para ser considerada sem fins lucrativos, ainda no que se refere a questão da

legalidade, pelo menos 20% dos serviços prestados pela entidade devem ser fornecidos

gratuitamente. Entre as organizações consideradas legalmente sem fins lucrativos, e que

pertencem ao Terceiro Setor, verifica-se que não se encontram somente aquelas que

oferecem um bem público ou fornecimento de serviços para a população, mas também

associações profissionais, clubes sociais, igrejas, fundações, organizações de caridade,

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escolas, universidades etc. Todas essas instituições estão sob o cuidado da mesma

legislação que regula e normatiza a atuação no campo da caridade e da filantropia. Suas

missões são diversas, como diversificada é a sua clientela (COELHO, 2000).

Assim, não se pode justificar que não existe uma legislação específica para o

Terceiro Setor, pois a referida Lei, normatiza o funcionamento das organizações sem

fins lucrativos (PAES, 2000).

As organizações pertencentes ao Terceiro Setor têm em comum a prática de não

distribuírem lucros resultantes de suas atividades entre os diretores e associados, são

autogovernadas, estruturadas, não governamentais, compreendem um número

significativo de voluntários, os quais precisam ser orientados e também acompanhados

em suas atividades (COELHO, 2000).

Outro ponto importante que se refere a legislação das entidades pertencentes ao

Terceiro Setor segundo Franco (2002), é no que tange a legislação anterior a nova lei que

regulamenta o setor, e que ainda não foi revogada. A principal característica é que se

preocupa excessivamente com documentos e registros contábeis para a obtenção da

qualificação e a realização de convênios. Nesse arcabouço jurídico antigo, para ter

acesso a determinados incentivos fiscais e realizar convênios com o governo, as

organizações da sociedade civil precisam superar várias barreiras burocráticas,

sucessivas e cumulativas, em diferentes instâncias governamentais. No entanto, ao longo

das décadas, tais barreiras vêm se mostrando ineficazes, por não garantirem a formação

de uma base de informações segura para o estabelecimento de parcerias entre entidades

sem fins lucrativos e governos, nem oferecerem condições para a avaliação dos

resultados e o controle social.

Para enfrentar esse problema, a Lei 9.790/99 simplificou os procedimentos para o

reconhecimento institucional das entidades da sociedade civil como OSCIP. Buscou-se

com a nova qualificação de OSCIP, por um lado, reduzir os custos operacionais e

agilizar os procedimentos para o reconhecimento institucional e, por outro lado,

potencializar a realização de parcerias com os governos, com base em critérios de

eficácia e eficiência, além de mecanismos mais adequados de responsabilização.

Com relação a prestação de contas anual de uma OSCIP, conforme a lei 9.790/99,

inciso VII do art. 4º e Decreto 3.100/99, art. 11, a OSCIP precisa realizar:

• relatório anual de execução de atividades;

• demonstração de resultados do exercício;

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• balanço patrimonial;

• demonstração das origens e aplicações dos recursos;

• demonstração das mutações do patrimônio social;

• notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário;

• parecer e relatório de auditoria independente, somente para casos que os recursos

recebidos pela OSCIP, por meio de Termo de Parceria, for maior ou igual a R$

600.000,00 (seiscentos mil reais) (FERRAREZZIE E REZENDE p.56 2002).

Nota-se que o único item que diferencia de uma obrigação das entidades no caso

de não ser OSCIP, é o que obriga a realizar uma auditoria para que emita um parecer e

relatório no caso da entidade ter recebido através de Termo de Parceria o equivalente

ou superior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), fora isso, os outros itens são comuns

as entidades do Terceiro Setor. Ressalta-se que a prestação de contas anual deve ser

realizada por um contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC),

seguindo os princípios fundamentais da contabilidade e Normas Brasileiras de

Contabilidade.

No próximo item apresentam-se as principais vantagens e também as

desvantagens de tornar-se uma OSCIP, na busca de realizar um esclarecimento maior

sobre o tema.

2.6 As vantagens e as desvantagens de uma Organização Social Civil de Interesse Público

A maior parte da legislação aplicada ao Terceiro Setor que precede a Lei 9.790/99

é bastante complexa e, às vezes, inadequada e obsoleta, pois na sua maior parte foi

elaborada numa época em que o perfil do setor em praticamente nada se assemelhava à

sua realidade atual. Tal legislação não abrange fenômenos novos decorrentes da própria

evolução da sociedade e do crescimento da ação pública social no País, nem favorece as

relações de parceria entre órgãos públicos e organizações da sociedade civil, já que há

enorme dificuldade para se ter, efetivamente, acesso aos recursos públicos

(FERRAREZI e REZENDE, 2002).

A lei 9.790/99 trouxe mudanças significativas em relação ao arcabouço legal

precedente, que continua em vigor. As principais diferenças se referem aos aspectos que

se relacionam quanto ao processo de qualificação, o qual tornou-se menos oneroso e

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mais ágil. O acesso aos recursos públicos, também teve alterações, pois se tornou menos

burocrático e com maior controle público social. Ressaltam-se os mecanismos de

planejamento, avaliação e controle dos projetos que envolvem recursos públicos (ROSA,

2003).

Em relação aos incentivos fiscais, segundo a legislação tributária em vigor, as

entidades sem fins lucrativos têm isenção do Imposto de Renda, independentemente de

qualquer qualificação, desde que não remunerem seus dirigentes (LEI 9.532/97). Ser

uma Organização Não-Governamental, geralmente garante à organização o direito à

isenção de Imposto de Renda, porque tem objetivos em geral humanitários e culturais e

finalidade não lucrativa. Contudo, a finalidade lucrativa para o Regulamento do

Imposto de Renda é, também, bem específica. É necessário cuidado por parte daqueles

que acham que o fato de a lei 9.790/99 ter reconhecido a remuneração dos dirigentes

significa que toda a legislação mudou.

Referente as OSCIP´s que atuam na área de assistência social, os incentivos e

benefícios fiscais vem através da Lei 9.249/95 e Medida Provisória nº. 2.158-34/01, art.

59 e 60, a qual altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas, bem como

da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências. Outro benefício

concedido para as OSCIP´s, é com relação aos bens apreendidos pela Receita Federal, os

quais só eram permitidas as doações para entidades que possuíssem a Declaração de

Utilidade Pública Federal e conforme a Portaria n.º 256/00, do Ministério da Fazenda,

esse benefício se estende as OSCIP´s (FERRAREZZIE e REZENDE 2002). Outras

vantagens e benefícios ainda poderão existir, dependerá dos avanços no processo de

mudança das leis que regem as relações entre o setor público e o Terceiro Setor (ROSA,

2003).

Segundo Franco (2002), apud Ferrarezzi e Rezende (2002) a lei 9.790/99 oferece,

pela primeira vez, às entidades sem fins lucrativos a possibilidade de remunerar seus

dirigentes e ter acesso a uma qualificação institucional. Embora a legislação tributária

em vigor impeça a remuneração de dirigentes das entidades como condição para a

obtenção de incentivos fiscais, é comum a prática da remuneração usando-se

subterfúgios. Reconhecer o direito à remuneração dos dirigentes, além de acabar com a

irregularidade, favorece a profissionalização do quadro funcional das entidades, na

direção da gestão social estratégica.

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Portanto, a remuneração para os dirigentes da entidade, que de fato trabalham

na direção da instituição ou lhe prestam serviços específicos, pode constar do estatuto da

OSCIP, desde que respeitados os valores praticados no mercado da região

correspondente de sua área de atuação.

Ressalta-se também que a entidade que possui a Declaração de Utilidade Pública

e/ou o Certificado de Fins Filantrópicos e deseja se qualificar como OSCIP não poderá

remunerar seus dirigentes, durante o período em que for permitido acumular essas

qualificações, uma vez que a legislação que rege aqueles títulos proíbe a remuneração. E,

além disso, esse período tido como experiência já expirou. Nesse caso, a entidade deve

expressar claramente em seu estatuto que não remunera seus dirigentes.

Tal impedimento é extensivo às entidades de assistência social porque para obter

a inscrição nos Conselhos Municipais e o registro no CNAS, elas não podem remunerar

seus dirigentes. A inscrição nos Conselhos Municipais de Assistência Social é obrigatória

para tais entidades, conforme art. 9º da Lei 8.742/93 que relata o seguinte “O

funcionamento das entidades e organizações de assistência social depende de prévia

inscrição no respectivo Conselho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de

Assistência Social do Distrito Federal, conforme o caso”. No âmbito do CNAS, está em

vigor a Resolução 31/99, que disciplina a concessão do registro junto a esse Conselho.

Em síntese, a Lei 9.790/99 prevê a possibilidade e não a obrigatoriedade de

remuneração para o cargo de dirigente da OSCIP. No entanto, a legislação tributária

em vigor impede que a entidade remunere seus dirigentes para usufruir certos

incentivos fiscais. Assim, se a OSCIP optar por remunerar seus dirigentes não poderá

concorrer ou manter a Declaração de Utilidade Pública e/ou o Certificado de Fins

Filantrópicos, durante o prazo permitido para acumular essas qualificações com a de

OSCIP, porém, ainda terá isenção do Imposto de Renda, conforme legislação em vigor.

Conforme Rosa (2003), no que se refere ao pagamento ao INSS – Instituto

Nacional de Seguridade Social, as entidades que se enquadrarem como OSCIP, e não

forem imunes perdem o beneficio de serem isentas do pagamento da cota patronal do

INSS. Isso resultaria em um incremento das despesas pagas com encargos sociais em

26,8% do valor da folha de pagamento. É visível que em Organizações Não-

Governamentais que possuam um quadro de pessoal com um valor relativamente alto, o

enquadramento como OSCIP não seria uma boa escolha, haja vista que a busca por essa

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isenção foi tão grande por parte destas entidades que as mesmas não iriam querer

perder.

Segundo a nova legislação, a OSCIP tem acesso a recursos públicos para a

realização de projetos por meio da celebração do Termo de Parceria, nova figura

jurídica cujos requisitos e procedimentos são simplificados, e a regulamentação para a

realização do mesmo, encontra-se na própria Lei 9790/99 e Decreto 3.100/99.

Comparando o Termo de Parceria com os convênios por exemplo, são legítimas as

despesas realizadas com o pagamento de pessoal efetivamente envolvido na execução do

programa de trabalho, inclusive os encargos trabalhistas e previdenciários. Também são

legítimas as despesas realizadas entre a data de término do Termo de Parceria e a data

de sua renovação, o que pode ser feito através de simples registro ou Termo Aditivo. São

até mesmo permitidos adiantamentos feitos pela OSCIP à sua conta bancária do Termo

de Parceria em casos de atrasos nos repasses de recursos.

Em comparação a Legislação anterior o acesso a recursos públicos para a

realização de projetos é feito por meio de celebração de convênios, requerendo para isso

uma série de documentos, além de registro no Conselho de Assistência Social. A

realização de convênios é regulamentada pelas Instruções Normativas da Secretaria do

Tesouro Nacional (IN/STN nº 1, de 1997, e nº 3, de 1993). Havendo exigências similares

nos estados e municípios. É importante que se ressalte que existe uma rigidez na forma

do gasto destes recursos, além de não existir nesta legislação a previsão de concurso de

projetos.

Vale ressaltar a comparação de Ferrarezzie e Rezende (2002), quanto à avaliação

e responsabilização pelo uso dos recursos públicos. Neste aspecto a lei 9.790/99 tem a

ênfase no controle e se concentra no alcance de resultados. Quanto a legislação anterior

o controle se concentra, prioritariamente na forma de aplicação dos recursos. Aos

administradores são imputadas punições severas para o uso indevido de recursos: além

das punições aplicáveis no caso dos convênios, prevê-se também a indisponibilidade e

seqüestro dos bens dos responsáveis. Na legislação anterior os mecanismos de

responsabilização pelo uso indevido dos recursos são basicamente devolução e multa.

Isto reforça a idéia de que a instituição deverá manter mecanismos de planejamento,

avaliação e controle dos projetos que envolvem recursos públicos (gestão estratégica),

assim, deve resultar em uma profissionalização no gerenciamento destes projetos. A lei

9.790/99 disciplina formas de prestação de contas bastante revolucionárias, instituindo a

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publicidade e, ainda, submete o título ao questionamento público. Por lei, qualquer

cidadão pode requerer judicial ou administrativamente a cassação do título de OSCIP.

O fato de não se tornar uma Organização Social Civil de Interesse Público –

OSCIP, trará por conseqüência a entidade que atualmente trabalha com recursos

públicos, o impedimento de ter acesso a esses recursos, haja vista que a Lei nº 9.790/99

impede que sejam efetuados convênios com estas entidades, por este instrumento não ter

sido considerado apropriado para as OSCIP´s.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste momento, apresentar-se-ão os caminhos que guiaram a pesquisa sobre o

tema, para responder o problema de pesquisa e cumprir com os objetivos propostos.

3.1 Caracterização da Pesquisa

Este trabalho teve como característica uma abordagem qualitativa, pois este tipo

de pesquisa trabalhou com um nível de realidade que não poderia ser quantificado,

trabalhando desta forma com significados, motivos e desejos, os quais não podem ser

reduzidos à operacionalização de variáveis numéricas. O conhecimento a ser obtido

através desta pesquisa, conforme pressupostos de pesquisa qualitativa, “não se reduz a

um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito observador é

parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-

lhes um significado” (CHIZZOTTI, 1998, p. 79). Justifica-se a escolha da abordagem

qualitativa, segundo Chizzotti (1991), pela complexidade do tema, porque o nível de

profundidade que o estudo requer e o tipo de observações, as quais são necessárias para

cumprir os objetivos propostos.

Desta forma, a pesquisa se desenvolveu em busca do entendimento da área de

atuação da entidade. Para isso adotou um enfoque exploratório e descritivo. O estudo

exploratório teve por objetivo primordial desenvolver e modificar conceitos e idéias,

para que se possam reformular abordagens posteriores. Outro fator que o caracterizou

como um trabalho de exploração e conhecimento do conteúdo abordado foi a questão da

nova regulamentação, pois existe a necessidade de aprofundar o estudo com relação à

nova lei e o pesquisador precisou ter uma familiarização com a realidade investigada.

O tipo de pesquisa foi de natureza teórica-empírica, pois buscou-se entender a

natureza de um problema para poder compreender o ambiente. E seu propósito foi de

gerar soluções aos problemas encontrados no mundo empírico. Desta forma, o tema

abordado enfocou o entendimento sobre as implicações da regulamentação da nova

legislação do Terceiro Setor na Associação Florianopolitana de Voluntárias.

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3.2 Participantes da Pesquisa

O presente estudo teve como participantes da entidade a advogada da entidade e

um colaborador que atuava até recentemente no nível de gerência. Além deles, o próprio

pesquisador contribuiu através da sistematização de sua observação visto que o mesmo

também fez parte do quadro funcional da entidade. No tocante aos participantes da

pesquisa, procurou-se buscar nos mesmos, características que os envolvessem com o

estudo, portanto o estudo teve a participação através de entrevista com um ex-

colaborador da AFLOV, além de um estudante de direito que realizou um estudo sobre

o tema – OSCIP. Outro participante da pesquisa foi um gestor de entidades não-

governamentais o qual procurou responder as questões de acordo com o seu

conhecimento e finalmente um advogado da entidade estudada. Desta forma, o plano de

amostragem delimitado caracteriza-se por uma escolha não-aleatória por julgamento e

acessibilidade. Por julgamento, entende-se que estes participantes são os principais

elementos que possuem informações relevantes para pesquisa, justamente porque o

estudo se deu ao nível gerencial e focalizou aspectos administrativos importantes. Por

acessibilidade, em virtude de querer abranger o estudo a elementos que são passíveis de

serem observados, com respeito às características que se pretende levantar.

3.3 Instrumentos de Coleta, Tratamento e Análise dos Dados

Para realização deste estudo foram coletados dados em fontes primárias e em

fontes secundárias.

A coleta de dados primários foi através de questionário com perguntas abertas.

Neste sentido, buscou-se questionar o que pensam os administradores da entidade com

relação à nova regulamentação do Terceiro Setor e suas implicações administrativas.

Os questionários foram passados de maneira diferenciada entre os participantes,

onde dois deles foram realizadas entrevistas diretamente com os participantes da

pesquisa, com uma duração de aproximadamente uma hora cada um dos entrevistados

no dia 10 de junho de 2005, no período da manhã. Um outro questionário foi

disponibilizado para posterior resposta e o outro foi através de correio eletrônico e

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também posteriormente respondido. Ressalta-se que os questionários foram repassados

todos em um período de sete dias, a contar do dia 06 de junho de 2005.

Quanto à coleta de dados secundários, foi feita através da obtenção de fontes

bibliográficas e também da legislação do Terceiro Setor. No levantamento de fontes

secundárias também foi utilizada pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, as quais

foram de extrema relevância. Na pesquisa documental foram considerados aspectos

como a escolha dos documentos a pesquisar, a análise e principalmente o acesso a estes

documentos. Ressalta-se que o exame de materiais que ainda não haviam recebido um

tratamento analítico, ou que poderiam ser reexaminados, buscando-se novas

interpretações complementares, constitui-se o que denomina-se de pesquisa documental

(GODOY, 1995).

A análise do conteúdo desta pesquisa ocorreu simultaneamente, pois em alguns

momentos foi necessário coletar e analisar os dados, coerentemente com a abordagem

qualitativa de pesquisa. O importante é que isso permitiu uma maior flexibilidade na

realização do estudo, visto que no transcorrer do mesmo, forma procuradas as respostas

às perguntas que foram formuladas previamente neste estudo.

3.4 Indicadores para Análise dos Dados

Para que se evidenciasse a aplicação da abordagem qualitativa, foi necessário ter

muito bem definido as categorias de análise, as quais buscaram obter a definição de

forma precisa dos questionamentos realizados. Conforme Babbie (1998), apud Mônaco

(1997), é através da delimitação das categorias utilizadas na pesquisa, que se verifica

uma melhor interpretação dos termos. Portanto, com a finalidade de atingir o resultado

desta pesquisa, buscou-se no referencial teórico identificar as categorias analíticas que

proporcionam uma melhor compreensão dos fatores relacionados a esta pesquisa.

No quadro 01 apresentam-se as categorias e os indicadores no que se refere às

questões levantadas para pesquisa.

! No que se refere à categoria estrutural associa-se o conceito de estrutura da

entidade no sentido de atender os requisitos básicos para implantação da nova

qualificação, verificando se a atividade executada até o momento vai de acordo

com as pretensões de que exige o novo enquadramento;

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! No que se refere aos fatores sociais busca-se verificar como a organização será

vista do ponto de vista do seu público alvo, bem como, da sua visão com relação

aos seus objetivos sociais estatutários;

! No que se refere aos aspectos econômicos, acredita-se que estes fatores são de

grande relevância, pois é necessário saber se economicamente a organização será

afetada ou prosseguirá com suas atividades sem a influência da legislação.

Verifica-se portanto se a organização precisará alterar sua forma de

administração econômica e obtenção de recursos;

! No que se refere aos fatores legais, busca-se instigar e definir qual o caminho a

ser seguido pela administração da entidade em relação as implicações jurídicas

de enquadramento e qualificação da AFLOV. Para isso, nesta categoria busca-se

levantar o grau de conhecimento de seus administradores com relação à

legislação e acompanhamento das atividades da instituição no que se refere aos

seus aspectos jurídicos.

CATEGORIAS INDICADORES

Fatores Estruturais

● Atividades e serviços prestados ● Organização Administrativa ● Recursos humanos ● Profissionalização Administrativa

Fatores Sociais

● Público alvo ● Visão ● Imagem da entidade

Fatores Econômicos

● Planejamento e Controle ● Potencial de Investimento e obtenção de recursos ● Condições de Sobrevivência

Fatores Legais ● Conhecimento da legislação ● Enquadramento jurídico

Quadro: 01 – Categorias de análise do estudo

Fonte: Dados primários, 2005.

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4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO

No capítulo anterior delineou-se o procedimento de pesquisa. Nesta parte

apresentam-se os principais resultados encontrados através da coleta, análise e

interpretação dos dados, obtidos através de pesquisa em fontes primárias e secundárias,

de maneira que se evidencia a atuação da organização no Terceiro Setor.

4.1 Caracterizando a Entidade Participante da Pesquisa

O presente estudo tem como entidade participante a Associação Florianopolitana

de Voluntárias – AFLOV. A mesma é uma organização não-governamental sem fins

lucrativos, fundada no dia 31/07/1980, pela esposa do então Prefeito do Município de

Florianópolis. A partir de então, tem-se na presidência da entidade quase que em sua

totalidade dos anos a esposa do prefeito, exceto, na gestão 1997 a 2004 que teve no

comando do executivo a prefeita, a qual no uso de suas atribuições designou então uma

outra pessoa para que exercesse a função de presidente da entidade e que daria a

continuidade ao trabalho social do município.

Assim, há quase 25 anos a entidade colabora na implantação e execução de

políticas sociais públicas, as quais são destinadas ao atendimento de crianças,

adolescentes, idosos e famílias que se encontram vulneráveis econômica e socialmente.

Esse atendimento é realizado através de ações diretas ou em parceria com outras

entidades não-governamentais e com o poder público municipal, tornando mais viáveis e

eficientes (Relatório de Atividades, 2004).

A partir de 1997, a AFLOV expande suas atividades e assume um papel

importante no apoio às ações e serviços de assistência social no Município de

Florianópolis, tendo na prefeitura deste município uma parceira sempre pronta a

contribuir com a associação e conseqüentemente com os cidadãos do município de

Florianópolis.

Conforme o Relatório de Atividades da AFLOV (2004), entre as principais

atividades que a Associação Florianopolitana de Voluntárias presta ao Município de

Florianópolis, estão:

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• Núcleo de Atendimento à Criança – NAC: é uma alternativa de atendimento a

crianças na faixa etária de 04 meses a 06 anos, em comunidades carentes, sem a

existência de Creche Formal e/ou a demanda ultrapasse a sua capacidade de

atendimento. O trabalho prioriza as famílias que têm a mãe trabalhando fora do lar

e com a renda familiar até 3 (três) salários mínimos, funcionando junto a residência

de famílias da comunidade. Tem por objetivo, atender a criança em todas as suas

necessidades, com o envolvimento efetivo das suas respectivas famílias. As crianças

são acompanhadas “in loco” por professores especializados, cedidos através de

convênio com a Secretaria Municipal de Educação. Existem um total de 07 (sete)

Núcleos de Atendimento à Criança, sendo que a capacidade de atendimento de cada

núcleo é de 10 (dez) crianças.

• Projeto Casa da Cidadania localizada na Comunidade Chico Mendes –

Florianópolis: atende crianças e adolescentes de famílias que se encontram em

situação de vulnerabilidade econômica e social, residentes naquela área. São crianças

e adolescentes na faixa etária compreendida entre 06 (seis) e 16 (dezesseis) anos. O

projeto objetiva desenvolver ações sistemáticas em tempo integral e parcial que

incluem atividades sócio-pedagógicas, de recreação e lazer, esporte e cultura,

capoeira, reforço escolar, educação artística/cultural através de oficinas específicas

para cada área, além de 03 (três) refeições diárias. Existem para este projeto

professores cedidos para execução deste projeto.

• Projeto Guias-Mirins: é desenvolvido com adolescentes em situação de risco pessoal

e social, na faixa etária de 16 a 17 anos, em parceria com a Prefeitura Municipal de

Florianópolis, através da Secretaria de Habitação, Trabalho e Desenvolvimento

Social. Os adolescentes realizam atividades laborais de auxílio aos usuários do

Terminal Rodoviário Rita Maria, no tocante à organização e transporte de

carrinhos de bagagem, orientação turística e interna do Terminal (guichês,

plataformas, serviços, etc.). Como atividades de educação complementar, são

realizadas: oficina de música e dança, palestras educativas, jogos recreativos,

passeios, ensino supletivo e reforço escolar, além de freqüência ao ensino regular. O

adolescente é remunerado pela participação no projeto, por um período de 4

(quatro) horas diárias, recebendo o correspondente a ½ (meio) salário mínimo

mensal, com garantia de todos os direitos trabalhistas e previdenciários, mediante

registro do contrato em Carteira Profissional.

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• Através de convênios firmados com empresas de vários ramos de atividade, a

AFLOV realiza a seleção e o encaminhamento de adolescentes entre 16 e 18 anos

incompletos para o mercado de trabalho. A AFLOV contrata o adolescente, garante

os seus direitos trabalhistas e previdenciários e promove o seu acompanhamento no

trabalho e na escola.

• Outra atividade desenvolvida pela AFLOV é a atuação junto ao Complexo Ilha da

Criança que foi idealizado pela Prefeitura Municipal de Florianópolis, integrando

vários projetos: Florir-Floripa, Casa de Passagem, Promenor, SOS Criança, Núcleo

de Atenção Psico-social, Creche, além de sua estrutura de apoio composta por

Associação de Moradores do Bairro Agronômica, Centro Municipal de Saúde,

Colégio Estadual Padre Anchieta, Hospital Infantil Joana de Gusmão, Núcleo de

Treinamento Ambiental, Centro de Internamento Provisório para Adolescentes,

Juizado e Promotoria da Infância e da Juventude e Polícia Militar. É gerenciado por

uma Comissão Especial, integrada por representantes da esfera governamental do

município e não governamental, tendo a AFLOV, através da sua presidente, a

responsabilidade de presidi-la.

• Projeto Florir-Floripa, caracteriza-se pelo desenvolvimento de atividades voltadas à

educação ambiental, sob a coordenação e orientação técnica da FLORAM –

Fundação Municipal do Meio Ambiente. Objetiva o atendimento de crianças e

adolescentes na faixa etária de 07 a 17 anos, em situação de risco pessoal e social

(situação de rua). Entre as atividades desenvolvidas constam: produção de mudas

ornamentais e plantio; sócio-pedagógicas: reforço escolar, iniciação ao esporte,

palestras em Escolas Básicas Municipais, estudos de unidades de preservação –

mangue, encostas, parques, dunas, restingas, etc. e refeições diárias. O Projeto conta

com uma equipe de profissionais, integrada por uma pedagoga e duas orientadoras

educacionais, pertencentes ao quadro de pessoal da AFLOV.

• O Projeto de Confecção de Fraldas Descartáveis é localizado nas dependências da

sede da AFLOV. Este projeto é desenvolvido por um grupo de voluntários com o

objetivo de atender pessoas que procuram a AFLOV, especialmente idosos e

portadores de necessidades especiais. Este trabalho voluntário mostra quanto é

importante a valorização e o incentivo do voluntariado em uma entidade, pois

fortalece a demonstração do espírito cooperativo de solidariedade e amor ao

próximo.

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• Plantão Social para as pessoas que não possuem os recursos mínimos para

sobrevivência, a AFLOV presta auxílios – sempre em caráter emergencial e

esporádico – como passagens, medicamentos e alimentos e fraldas Os auxílios só são

dados quando é comprovada a sua efetiva necessidade.

• A AFLOV, mediante Termo de Permissão de Uso da Prefeitura Municipal de

Florianópolis, explora áreas públicas no centro da cidade, destinando-as para o

estacionamento de veículos particulares. O projeto tem caráter social, uma vez que

objetiva incluir no mercado de trabalho formal, pessoas excluídas desse seguimento

e que atuavam como “flanelinhas” nas ruas da cidade.

• O estacionamento ZONAZUL, é administrado por um Conselho Deliberativo,

integrado pela Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do Instituto de

Planejamento Urbano de Florianópolis e da Secretaria de Urbanismo e Serviços

Públicos, da Polícia Militar e da Associação Florianopolitana de Voluntárias -

AFLOV.

• Grupo de Produção/Artesãos Associados: tem por objetivo possibilitar às famílias,

residentes nas diversas comunidades do município, o aumento da renda familiar,

através da confecção e comercialização de produtos artesanais. A partir de setembro

de 1998, o Grupo de Produção adquiriu personalidade jurídica própria,

organizando-se como Artesãos Associados de Florianópolis, tendo a assessoria

permanente da AFLOV. A Associação é integrada por grupos de produção, que

funcionam nas comunidades, formados de 10 (dez) a 18 (dezoito) mulheres cada um,

sob a coordenação de uma diretoria composta por representantes dos grupos.

Aproximadamente 130 mulheres estão envolvidas no projeto. As peças artesanais:

crochê, macramé, tapeçaria, renda de bilro, crivo, panos de prato, entre outros, são

comercializadas no Box da AFLOV, no Camelódromo Municipal e nas Feiras de

Artesanato no Centro da Capital, através da Associação.

• O programa Hora de Comer: em parceria com a Prefeitura Municipal de

Florianópolis/Secretaria Municipal de Saúde, tem por objetivo atender crianças em

estado de desnutrição, na faixa etária de 6 meses a 6 anos, oferecendo-lhes

acompanhamento e alimentação básica, a partir de um cardápio elaborado

cientificamente, constando de 05 (cinco) refeições diárias. A metodologia do

programa inclui visita do Agente de Saúde às famílias e, constatado o estado de

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desnutrição de crianças, as mesmas são encaminhadas para o Posto de Saúde mais

próximo e cadastradas no Programa Hora de Comer. As etapas seguintes sob a

coordenação da AFLOV, incluem a participação da família na reunião de

inclusão, obrigando-se ainda, a comparecer aos encontros mensais, oportunidade

em que são distribuídas as cestas nutricionais e tratados assuntos relacionados à

preparação dos alimentos, higiene, educação, entre outros. As etapas de execução

do programa têm o acompanhamento de enfermeiros e assistentes sociais.

• O Convênio de Cooperação Técnico Financeiro/Parceria: objetiva o repasse de

recursos financeiros à entidades sociais sem fins lucrativos que desenvolvem

atividades voltadas ao atendimento de crianças, adolescentes e idosos, no município

de Florianópolis.

A associação trabalha como facilitadora dos programas municipais, entre eles,

encontram-se os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate a dengue, os

quais fazem parte do quadro de funcionários da associação e são mantidos com

recursos oriundos da esfera pública, para esta finalidade. O trabalho efetivo destas

pessoas com visitas regulares nas residências ajudam muito em estabelecer este contato

com as necessidades da população. Estes são os principais programas e projetos que a

Associação Florianopolitana de Voluntárias participa e contribui para a execução dos

mesmos.

Como é possível notar, uma das características marcantes da associação é com

relação aos seus projetos desenvolvidos, onde dos 13 (treze) programas e projetos que

são desenvolvidos pela AFLOV, em 08 (oito) destes projetos, a entidade tem participação

em parceria com a Prefeitura Municipal de Florianópolis, que é um órgão público.

Portanto, é necessário verificar a possibilidade da AFLOV tornar-se uma OSCIP, e

consequentemente continuar a receber recursos do município e até mesmo expandir a

sua atuação nos projetos sociais. Haja vista que a Lei 9.790/99 autoriza e regulamenta o

repasse através do Termo de Parceria. Vale ressaltar que até a presente data, a AFLOV

não foi enquadrada como Organização Social Civil de Interesse Público – OSCIP,

porém, formalizou um requerimento para enquadrar-se como tal no dia 18/04/2002,

período o qual era permitido possuir os dois enquadramentos jurídicos. No entanto, a

AFLOV teve o seu pedido indeferido por não atender a todos os requisitos solicitados na

lei 9.790/99. Desde então a Associação Florianopolitana não formalizou novamente o

pedido de enquadramento como OSCIP.

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4.2 Análise e Interpretação dos Dados

Para atender aos objetivos do estudo, buscou-se junto aos entrevistados a

interpretação pessoal sobre as vantagens e desvantagens da nova legislação. Na

verificação das respostas dos questionários foram analisados os aspectos de maior

relevância, para as entidades que atuam de forma semelhante à Associação

Florianopolitana de Voluntárias. Conforme os relatos apresentados a seguir, encontrou-

se algumas interpretações que convergiram entre si, porém por parte do integrante da

organização houveram apontamentos que indicaram um desconhecimento da própria

atividade que a AFLOV desempenha.

Nota-se que o entrevistado integrante da organização entende que a AFLOV

busca tomar um caminho quanto ao seu enquadramento jurídico, pois relata que “a

AFLOV não está preparada e não está se preparando. Ela encontra-se analisando e

comparando os benefícios, vantagens e desvantagens para fazer a escolha adequada” (E 03

– Advogado da AFLOV). Embora, o período para realização de experiência e teste para

verificação de vantagens e desvantagens e aplicação do enquadramento jurídico já ter se

esgotado, entende-se que caso a AFLOV não tenha absoluta certeza perante ao

enquadramento mais adequado à instituição a respeito da nova legislação ainda é válida.

A escolha pelas certificações passa pela análise dos requisitos exigidos em lei para

sua concessão e pela análise dos benefícios que cada título ou qualificação confere. De

nada adianta uma entidade querer obter um determinado título se não cumpre as

exigências legais. Por outro lado, quando ela cumpre os requisitos de mais de uma

certificação, precisa verificar qual lhe trará mais benefícios. No entanto, algumas vezes,

apesar da entidade preencher os requisitos de mais de uma certificação, não poderá

pleitear os dois: é o caso do Título de Utilidade Pública Federal e a qualificação de

OSCIP. A lei 9.790/99 exige que a entidade faça a escolha entre um ou outro. Nesse caso,

ela deve analisar qual dos dois irá lhe conferir mais benefícios.

Como visto no decorrer desta pesquisa existem vantagens que são concedidas as

organizações que possuem certos certificados, daí a importância desta pesquisa, a qual

trouxe o entendimento das certufucações. Sobre o assunto, outro entrevistado relata que

existem algumas alterações que se fazem necessárias para que a AFLOV possa tornar-se

OSCIP. Entre estas alterações, encontram-se pequenos ajustes em seu Estatuto Social -

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documento que serve de base legal para atender as peculiaridades da legislação. “Porém

estes ajustes não impossibilitam a organização de acompanhar as mudanças” (E 01 – ex-

colaborador da AFLOV).

No que se refere as vantagens para as Organizações da Sociedade Civil de

Interesse Público, segundo um dos entrevistados “as vantagens mais importantes são

relacionadas à profissionalização e a oportunidade de se organizar administrativa, técnica

e financeiramente” (E 01 – ex-colaborador da AFLOV).

Conforme a legislação este é um dos pontos que são tomados como principais

para essas organizações, pois através desta profissionalização, as entidades podem

absorver melhor os impactos decorrentes de medidas como a própria alteração na

legislação por exemplo. É importante que se coloque a organização administrativa como

enfoque, pois neste aspecto as organizações deverão trabalhar incansavelmente para que

se desenvolvam e adquiram o conhecimento administrativo necessário para gerir estas

organizações. Ficou evidenciado que as organizações ficaram sem entender muitos

aspectos com relação as modificações trazidas por conta da nova regulamentação. Isso

reforça a necessidade de acompanhamento das alterações e a necessidade da

profissionalização.

Outro entrevistado aponta como vantagens para as organizações não-

governamentais o próprio processo de qualificação. Segundo ele é “menos burocrático”

(E 02 – estudante de Direito). É fato que a regulamentação das entidades do terceiro

setor, encaminha um processo de qualificação mais ágil, até mesmo porque busca

regulamentar entidades que não eram reconhecidas em nenhum dos enquadramentos

possíveis anteriormente. Facultando assim este procedimento a outras entidades. O

mesmo entrevistado coloca como vantagem organizacional a possibilidade de

remuneração dos dirigentes, “a possibilidade de remuneração de dirigentes, fornece a

sociedade o poder de exigir um compromisso maior dos mesmos” (E 02 – estudante de

Direito).

A possibilidade de remuneração dos dirigentes é colocada também como

vantagem pelo entrevistado integrante da organização. Porém o mesmo refere-se a está

remuneração de forma bem teórica, quando explica que anteriormente não se podiam

remunerar os dirigentes e somente com a nova legislação este benefício pode ser

atendido. O mesmo entrevistado também coloca como vantagem a qualificação

institucional colocando que “o objetivo é ampliar esse acesso a milhares de organizações

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que não tem acesso a nenhuma qualificação e não tem suas ações sociais reconhecidas

legalmente” (E 03 – advogado da AFLOV).

Quando se fala em vantagens, não se pode deixar de comentar das desvantagens

decorrentes da nova legislação. Entre as desvantagens, os quatros entrevistados

destacaram que a falta de isenção da cota patronal do INSS, e em alguns casos, a perda

da mesma, é uma das desvantagens mais importantes. É válido lembrar que por ser uma

entidade de assistência social, a AFLOV tem a isenção do recolhimento da cota patronal

devida ao INSS. No caso da entidade optar por alteração do seu enquadramento jurídico

este benefício lhe seria tirado, ocasionando em um aumento em suas despesas com folha

de pagamento. Um dos entrevistados confirma esta afirmação dizendo que “com a perda

da isenção da cota patronal do INSS, acarretará em um aumento considerável de despesas

com pessoal, e com o recolhimento dos encargos previdenciários, uma dificuldade na

operacionalização de ações diretas da associação” (E 01 – ex-colaborador da AFLOV).

Um dos entrevistados coloca que a isenção desta obrigação por parte do INSS é

importante, porém, de toda a forma é preciso se analisar o custo versus benefício, e

principalmente a atividade da entidade. Haja vista, “se a entidade tem por prática o

recebimento de recursos públicos, esse procedimento deve seguir a nova legislação a qual

regulamenta o Termo de Parceria como objeto regulamentador destes repasses” (E 04 –

Profissional Gestão de Ong).

Existe uma barreira colocada diante desta qualificação como OSCIP, pelo fato

das entidades não estarem dispostas a perder o pouco de benefícios que conquistaram.

Entre esses se encontra a isenção do INSS, “porém outros benefícios também não se

estendiam as OSCIP´s e devido à necessidade de manutenção destes benefícios, eles foram

acrescentados através de medidas provisórias posteriormente a vigência da nova lei” (E 01

– ex-colaborador da AFLOV). Entretanto, devido a importância que esta isenção

representa atualmente para estas entidades, a mesma não deve ser colocada como

empecilho para não qualificação como OSCIP, pois quem sabe num futuro próximo o

governo reconheça esta necessidade e estenda esta isenção as OSCIP´s no aspecto do

contribuição patronal do INSS.

Pode-se observar através das entrevistas que existe uma preocupação no sentido

de manutenção das entidades, ou seja, a sua auto-sustentação perante a sociedade. Para

tanto, indagou-se como as entidades optantes por serem OSCIP´s iriam buscar esta

auto-sustentação. Segundo um dos entrevistados, é necessário como ponto principal “a

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profissionalização de seu setor de desenvolvimento de projetos, pois através desta área com

objetivos e resultados claros existem recursos tanto no âmbito governamental como no

privado” (E 02 – Estudante de Direito). Realmente, é necessário e existem até projetos, os

quais são disponibilizados na bolsa social, uma iniciativa da BOVESPA para captar

recursos para desenvolvimentos e manutenção de projetos, os quais atendam as

necessidades da sociedade.

O entrevistado integrante da organização se absteve de responder a questão que

se relacionava a este aspecto de auto-sustentação da entidade, uma das questões de suma

importância. Porém um dos entrevistados colocou que “a única alternativa é a prestação

de serviços e ou a execução de projetos auto-sustentáveis” (E 01 – ex-colaborador da

AFLOV).

De certa forma, nota-se que o enquadramento de OSCIP não deve ser visto como

uma medida ruim para estas entidades, é apenas uma implicação para que as mesmas

venham a procurar se manter não somente através de subvenções sociais, mas também

de projetos próprios. É importante que se ressalte que as entidades que não são

enquadradas como OSCIP devem adquirir de igual forma uma profissionalização no

sentido de desenvolverem sua capacidade de projetos para que possam de igual forma se

auto-sustentarem.

Outro entrevistado relata que sem as subvenções “muitas organizações terão

dificuldades, entretanto tenho observado que a extrema dependência de subvenções,

benefícios fiscais e mesmo de recursos públicos coloca em risco a sustentabilidade de

organizações que atuam no Terceiro Setor. Muitas organizações têm se deparado com esse

problema e iniciado uma busca de formas alternativas e diversificadas de geração de

receita, de forma que possam atender a compromissos financeiros e tributários inerentes à

sua existência.” (E 04 – Profissional Gestão Ong).

Um dos pontos apontados pela maioria dos entrevistados (três), foi o fato dos

impactos trazidos pela nova legislação quanto ao relacionamento com os parceiros. Um

dos entrevistados entende que “as transformações devem ocorrer nas duas esferas, tanto o

poder público quanto as entidades parceiras. Pois como a legislação possui aspectos que

devem ser tratados com atenção, ambos devem se preparar para estas transformações” (E

02 – Estudante de Direito). O outro entrevistado contribui dizendo que “é necessário

uma adaptação por parte das entidades privadas e públicas no sentido de incentivo e

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desenvolvimento de projetos e parceria entre as partes” (E 01 – ex-colaborador da

AFLOV).

Este aspecto reforça a hipótese de que realmente falta por parte do poder público

e também por parte das entidades um maior entendimento e desenvolvimento entre as

partes no sentido de fomentar ainda mais este processo de parceria entre ambos.

Tornando público os programas e projetos desenvolvidos por intermédio desta parceria

entre OSCIP e poder público.

Por outro lado, na visão de um entrevistado, “somente com o incentivo, tanto por

parte do poder público como também pelas entidades é que irá se transpor esta dificuldade

em firmar de vez, este processo no que diz respeito ao Termo de Parceria, o qual realmente

precisa ser melhor entendido por ambas as partes, pois na medida em que condiciona o

acesso a recursos públicos à necessidade de qualificação como OSCIP – no caso de

recursos concedidos por meio do termo de parceria. também tem impactos na forma como

os recursos são gerenciados e na prestação de contas sobre sua utilização” (E 04 –

Profissional Gestão de Ong).

Quando os entrevistados foram perguntados se as organizações do Terceiro Setor

efetuam planejamento orçamentário e financeiro para o desenvolvimento dos projetos

sociais, todos, exceto o entrevistado da AFLOV, o qual se eximiu de responder foram

enfáticos e responderam “dificilmente existe a atividade de planejamento” (E 01 – ex-

colaborador da AFLOV). O outro entrevistado colocou que “raramente encontram-se

entidades que possuam este tipo de trabalho em suas organizações. Os projetos sociais são

desenvolvidos de acordo com as necessidades e dificilmente se antecipam aos problemas.

Estão sempre correndo atrás do prejuízo” (E 04 – Profissional Gestão de Ong).

Nota-se que há falta de profissionalização entre as entidades que integram o

Terceiro Setor. Neste sentido, entende-se que a falta de planejamento e

profissionalização da gestão é claramente um ponto fraco, ou pode-se dizer que é um

ponto a ser desenvolvido. De certa forma, a legislação do terceiro setor, através das

OSCIP´s, vem requerer destas entidades uma autocrítica com relação a sua forma de

administrar. Estes apontamentos virão mostrar a elas, se as mesmas estão ou não aptas a

atender os requisitos que a lei regulamenta. Além disso, o controle financeiro e

orçamentário é fundamental para a sobrevivência de qualquer tipo de organização.

No tocante ao controle orçamentário, um dos pontos citados pelo entrevistado

acima, Figueiredo (1997) relata que o processo de controle exige que sejam estabelecidos

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padrões de desempenho, os quais atuarão como indicadores para a realização deste

importante ponto a ser desenvolvido pelas entidades do Terceiro Setor. Portanto existe a

necessidade de manter-se bem estruturado neste aspecto, haja vista que a legislação

exige cuidados com relação ao orçamento dos projetos e programas desenvolvidos.

Outro ponto que necessita de uma atenção é o planejamento financeiro, o qual

inexiste também em muitas organizações. É necessário planejar como a instituição deve

estar financeiramente daqui a três ou cinco anos, por exemplo. Desta forma a entidade

estará demonstrando que tem uma preocupação com a sua existência e o interesse da

continuidade do trabalho desenvolvido e dos serviços prestados a sociedade.

Portanto, seguindo os questionamentos aos entrevistados, verificou-se que

segundo o integrante da entidade “a possibilidade de remuneração dos seus dirigentes

institucionais, favorece a profissionalização do quadro funcional das entidades” (E 03 –

Advogado da AFLOV).

Com certeza a profissionalização favorece as organizações, porém, segundo um

dos entrevistados “as entidades pertencentes ao Terceiro Setor não estão e também não

estavam impedidas, para concretizarem contratações de profissionais da sua respectiva

área de atuação. O que contribuiu com a nova legislação no caso de OSCIP é a

remuneração de seus dirigentes, os quais podem desempenhar uma função com maior

comprometimento” (E 01 – ex-colaborador da AFLOV).

No que se refere às questões de relacionamento no trabalho, os novos

profissionais devem possuir características que os auxiliem a ganhar a confiança de seus

subordinados, pois existem nas organizações uma cultura de negatividade com relação à

mudança, principalmente a nível gerencial. A comunicação deve ser um dos aspectos

levados em consideração para o sucesso da organização. Segundo Figueiredo (1997) a

comunicação é uma ligação de todas as funções gerenciais pela transmissão de

informações e instruções internas da organização.

Outro ponto que pode ser desenvolvido nas relações de trabalho tem relação ao

aspecto motivacional, os quais estão relacionados a necessidades sociais e são

influenciados pela organização na situação do trabalho. Esse aspecto bem desenvolvido

pode gerar grandes resultados para as entidades que buscam uma maior

profissionalização.

Outro entrevistado diz que “a própria lei veio como forma de buscar esta

profissionalização, buscando tornar estas entidades auto sustentadas. Não adianta existir

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milhares de entidades e como conseqüência disso, elas próprias não conseguirem se

manter” ( E 02 – Estudante de Direito).

O entrevistado que trabalha na gestão de ONG´s vai de encontro com estas

afirmações dizendo que “a profissionalização em todas as esferas deve ser base para

fortalecimento das atividades” (E 04 – Profissional Gestão de Ong).

O mesmo entrevistado relata que com relação a estrutura, uma entidade do

Terceiro Setor, “por ser formada por pessoas, estas pessoas devem ser preparadas para o

desenvolvimento de suas atividades. Portanto, as implicações da nova legislação vem no

aspecto de buscar uma qualificação, ou seja, uma profissionalização das pessoas atuantes

nestas entidades. É importante que se diga que infelizmente muitas entidades, não são

administradas por profissionais da área, o que dificulta uma visão até mesmo de

entendimento da legislação que as regulamenta” (E 04 – Profissional Gestão de ONG).

Segundo Figueiredo (1997) uma empresa é um conjunto de recursos econômicos,

sociais e humanos, portanto existe a necessidade de manter uma relação com ambiente,

tendo como objetivo maior da entidade o bem-estar da sociedade. Daí a importância do

profissional ter uma visão sistêmica, a qual fornecerá a ele condições de avaliar os

impactos trazidos pelo constante processo de mudança.

De acordo com Tachizawa e Scaico (1997), na abordagem sistêmica, o foco da

atenção se transfere da análise da interação das partes para o todo. E esse é um dos

grandes problemas enfrentados nas organizações pois cada uma tem a sua visão

segmentada a determinado setor ou departamento, faltando assim unir os setores como

se todos tivessem o intuito de realizar o processo por completo. Esta visão deve ser dada

às entidades pertencentes ao Terceiro Setor, pois elas deverão possuir uma maior

integração com o ambiente que as cerca e posteriormente a isso, acompanharão os

acontecimentos e desenvolverão o seu trabalho aptos as mudanças que se fazem

necessárias na sociedade.

Com relação ao aspecto estrutural e a administração, o ex-colaborador da

AFLOV relata que “deverá existir um empenho no sentido de poder acompanhar as

peculiaridades existentes na nova legislação no que diz respeito ao orçamento, prestações

de contas, controle interno entre outros” (E 01 – ex-colaborador da AFLOV).

As prestações de contas seguem normas que devem ser levadas em consideração,

justamente por se tratarem no caso específico de transferências de recursos públicos, até

porque em casos que os recursos ultrapassem o valor de R$ 600.000,00 (seiscentos mil

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reais) se faz necessário a realização de uma auditoria externa. Portanto, a legislação que

regulamenta o Terceiro Setor busca atender especificidades que compreendam uma

maior agilidade no processo operacional e principalmente uma transparência no uso dos

recursos públicos. Isso demonstra mais uma vez a necessidade real de manter na

organização departamentos profissionais, os quais desempenhem funções que são de

grande importância para o andamento das atividades e trabalhos desenvolvidos pela

entidade, tais como o controle, tanto no aspecto orçamento quanto ao controle financeiro

da entidade, se estendendo ao acompanhamento das entradas e saídas dos recursos.

No que se refere aos aspectos econômicos, as entidades que se tornarem OSCIP

deverão tomar algumas atitudes tais como “se desenvolver e se credenciar como entidades

preparadas para receberem recursos públicos, os quais tem alguns aspectos diferenciados

do anterior, embora a finalidade seja a mesma. As entidades de modo geral, neste caso não

somente as de interesse público devem tornar-se mais profissionais, no sentido de buscarem

alternativas, não somente do poder público, mais também e principalmente da iniciativa

privada, a qual nos últimos anos vem se destacando no aspecto da responsabilidade social”

(E 04 – profissional Gestão de ONG).

Segundo um dos entrevistados “a OSCIP é beneficiada em algumas situações com

acesso a recursos públicos para a execução de seus projetos e atividades. A nova legislação

inova em relação ao orçamento, prestação de contas e aplicação de recursos” (E 02 –

estudante de Direito).

Analisando a legislação no parágrafo 4º, artigo II, a adoção de práticas de gestão

administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou

coletiva, benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo

processo decisórios, fica um pouco inibida por parte de seus administradores. Outro

aspecto que auxilia as entidades transparentes, conforme o artigo III do mesmo

parágrafo, orienta que seja constituído um conselho fiscal ou um órgão equivalente,

dotado de competência para opinar sobre relatórios de desempenho financeiro e

contábil, sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os

organismos superiores da entidade.

Como comentários realizados pelos entrevistados sobre a legislação um deles

coloca que “é um avanço a própria legislação no sentido de considerar outras entidades

não-governamentais as quais estavam em paralelo a sociedade pois não possuíam um

reconhecimento legal. Em outro aspecto, o repasse de recursos públicos a entidades

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qualificadas para este fim público mostra como as entidades devem se qualificar quando do

interesse de desenvolver projetos com o poder público” (E 04 – Profissional Gestão de

ONG). Um outro entrevistado afirma que “os últimos anos estão nos comprovando a

importância do Terceiro Setor na sociedade. Portanto, através deste novo enquadramento

jurídico para estas entidades, as quais necessitam desenvolver e incentivar por parte delas

mesmas aspectos inerentes a sociedade civil, tendo para si destaque em sua atividades” (E

01 – ex-colaborador da AFLOV).

Ficou evidenciado que muitos aspectos foram levados em consideração nesta

pesquisa e mostrou-se prós e contras com relação a adequação das entidades com a nova

legislação. De toda forma com a entrevista realizada com o colaborador da entidade,

ficou evidente nas questões, uma preocupação excessiva em definir as respostas

conforme a legislação sem ter a visão de como isso funciona na prática da AFLOV. Dos

outros entrevistados pode-se absorver um pouco mais de prática com a atuação tanto do

poder público, bem como das entidades que integram este setor. O questionário foi de

fundamental importância para que se pudessem analisar as questões relacionadas aos

aspectos estruturais, legais, sociais e econômicos. Contudo, mesmo encontrando

algumas limitações e dificuldades no transcorrer do estudo pode-se chegar a conclusões

que estarão dispostas a seguir, dando a finalização a respectiva pesquisa.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal deste trabalho foi identificar as implicações da nova

legislação do terceiro setor (Lei 9.790/99 de 23 de março de 1999) na Associação

Florianopolitana de Voluntárias – AFLOV, entidade participante do Terceiro Setor,

analisando as possíveis vantagens e desvantagens da legislação em relação à qualificação

como Organização Social Civil de Interesse Público – OSCIP. Para que esse objetivo

fosse atingido, buscou-se analisar a história passada e presente da organização no que

tange seu enquadramento jurídico. Para isso foi necessário, estabelecer interfaces entre

a fundamentação teórica com a realidade da AFLOV no que se refere às possibilidades

de qualificação para a organização. De posse destas informações e da realização de

entrevistas realizadas com o diretor da entidade e com pessoas ligadas a área, foi

possível chegar a uma melhor indicação no que diz respeito à qualificação jurídica pela

qual a Associação Florianopolitana de Voluntárias se encontra.

Por meio dos critérios e da metodologia adotados para buscar respostas aos

objetivos, notou-se que a pesquisa qualitativa mostrou-se adequada para verificar estas

condicionantes, além da utilização das fontes secundárias através do referencial

bibliográfico, onde pode-se chegar ao resultado esperado.

Para a realização deste trabalho, acredita-se que não foram encontradas

dificuldades no sentido de levantamento bibliográfico sobre o tema abordado, o que

resultou em uma certa facilidade na fase inicial do trabalho no que se refere ao

entendimento teórico para a elaboração do mesmo. Porém o fato do objeto central do

estudo estar relacionado diretamente a legislação, a parte empírica tornou-se um tanto

quanto difícil em alguns aspectos, principalmente levando-se em consideração um

Trabalho de Conclusão de Curso na área de administração.

O maior desafio para realização desta pesquisa foi sem dúvida o fato do

pesquisador ter sido desligado do quadro de empregados da entidade enquanto o

trabalho estava na sua fase final de execução. Julga-se que se o mesmo estivesse na

entidade, teria uma maior facilidade no sentido de cobrar a realização das entrevistas

com os diretores, os quais julgava e ainda julga de suma importância para o

aprofundamento do estudo. O que ocorreu na data deste desligamento foi uma promessa

de auxílio no que fosse necessário para o término deste trabalho, entretanto infelizmente

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isso não ocorreu, prejudicando consideravelmente a coleta, análise e interpretação dos

dados.

Cabe ressaltar que depois de inúmeras tentativas para obter a entrevista com a

pessoa encarregada, responsável pela área jurídica e pertencente ao conselho fiscal da

entidade, o pesquisador deparou-se com a necessidade de voltar à entidade e tentar

realizar a entrevista com outras pessoas. Desta vez foi atendido prontamente, porém,

por falta de conhecimento por parte destas pessoas, foi necessário deixar o questionário

para que as mesmas tivessem conhecimento do teor das questões e pudessem enfim

respondê-las. Feito isso, ocorreu novamente a busca do pesquisador por respostas aos

seus questionamentos, os quais foram respondidos de forma incompleta por apenas uma

pessoa da organização. Além disso, as suas respostas foram elaboradas de forma

eminentemente teórica e sem a preocupação devida com a prática da organização.

Porém, mesmo com estas dificuldades, foi possível realizar uma análise da entidade por

se tratar, em alguns aspectos, da área que o pesquisador-formando trabalhava na

entidade. Neste sentido, salienta-se que apesar dessas dificuldades apontadas, a própria

experiência de trabalho do pesquisador ao longo de seis anos na entidade contribuiu

para uma análise mais próxima acerca do fenômeno estudado.

No que se refere à caracterização das Organizações Não-Governamentais e as

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, foram abordadas de forma a

identificar os pontos que diferenciam as mesmas e buscou-se evidenciar aspectos que

chegassem à ligação entre ambas com o tema de estudo, portanto nota-se que as

OSCIP´s possuem uma qualificação para que possam firmar Termos de Parceria com o

poder público, diferenciando-se das ONG´s que não possuem esta qualificação.

A Associação Florianopolitana de Voluntárias – AFLOV foi à entidade que

forneceu dados para que se verificassem a natureza dos projetos desenvolvidos pela

entidade, o que resultou em uma análise de muito proveito para o trabalho, haja vista

que a entidade firma uma rica parceria com o poder público, o que é um dos temas da

nova legislação, e pode assim auxiliar o pesquisador na formulação do resultado deste

estudo.

Para que houvesse um maior discernimento da legislação, apresentou-se a mesma

ao longo do referencial teórico e através de anexos principalmente que concerne os

aspectos considerados importantes para análise do objeto de estudo. O resultado desse

estudo foi um aprofundamento e comprovação de que a legislação é um dos pontos que

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devem ser levados a sério por todas as entidades que fazem parte do Terceiro Setor

principalmente porque a nova legislação abrange aspectos que se não forem

considerados afetarão diretamente a administração das organizações do Terceiro Setor

no que diz respeito a sua qualificação jurídica, situação econômica, formalização de

parcerias que possam garantir a sua sustentabilidade.

No que se refere às vantagens e desvantagens da nova legislação, foram levados

em conta aspectos relacionados a legislação das organizações do Terceiro Setor, haja

vista que dependendo do enquadramento jurídico da entidade, existem alguns benefícios

para algumas entidades e para outras a legislação caracteriza a entidade como

desqualificada para recebimento ou gozo do benefício. Portanto, buscou-se neste

trabalho evidenciar quais são os principais benefícios e quais entidades dependendo do

seu enquadramento jurídico ou área de atuação podem fazer jus pelos mesmos.

Procurou-se levantar a percepção dos administradores da entidade, porém, isso

infelizmente foi dificultado por alguns aspectos explicados acima. Entende-se que talvez

a entidade não julgue importante o desenvolvimento de atividades como este trabalho

que resultem em um aprofundamento no conhecimento de aspectos que poderiam

nortear a sua administração. Além disso, fica claro que a administração da entidade não

julga e apóia o desenvolvimento de parcerias entre universidade-organização como uma

oportunidade tanto para melhoria administrativa da instituição quanto ao

desenvolvimento profissional dos estudantes universitários.

A Lei 9.790/99 visa estimular o crescimento do Terceiro Setor, ou seja, fortalecer

a sociedade civil e investir no que se chama capital social. Ela é considerada nova, pois

ao contrário da legislação anterior, a qual ainda vigora, simplificaram-se os

procedimentos para reconhecer institucionalmente as entidades da sociedade como

OSCIP. Com isso, também se buscou reduzir os custos operacionais e agilizar os

procedimentos para reconhecimento institucional e para potencializar a realização de

parcerias entre o governo e as instituições do Terceiro Setor. Tudo isso foi elaborado

com base em critérios de eficácia e eficiência, além de mecanismos mais coerentes de

responsabilização no aspecto fiscal, social e principalmente no aspecto administrativo.

Nota-se que existe algumas implicações da implantação da nova legislação do Terceiro

Setor no que se refere às entidades que trabalham gerenciando recursos públicos, pois

estas sofrem um impacto considerável. O impacto maior é pelo fato de que não é mais

possível estas entidades receberem recursos do Estado sem a qualificação de

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Organização Social Civil de Interesse Público, que é concedida pelo Ministério da

Justiça.

Analisando as vantagens das duas certificações – Título Utilidade Pública Federal

e o Título de Organização Social Civil de Interesse Público, percebe-se que ambas

concedem vários benefícios, tais como a possibilidade de receber doações dedutíveis do

imposto de renda, receber bens apreendidos pela Receita Federal e bens móveis da

União considerados antieconômicos, os quais estão fora de uso e acarretam em uma

despesa de manutenção. Nota-se também que há uma tendência da legislação de igualar

os benefícios das entidades portadoras do Título de Utilidade Pública Federal e de

OSCIP. No entanto, a possibilidade de firmar Termos de Parceria com o Poder Público

e de remunerar dirigentes não são vantagens previstas no Título de Utilidade Pública

Federal, apenas na qualificação de Organização Social Civil de Interesse Público.

Observa-se que a entidade possui grande número de convênios firmados com o

poder público e que os seus objetivos estatutários são atendidos, porém atualmente a

entidade está incorrendo em uma transgressão a Lei 9.790/99, pois a entidade não se

enquadrou como OSCIP e ainda continua recebendo e firmando convênios com o poder

público, estando desta forma em situação irregular. Portanto, devido aos trabalhos

executados pela entidade sugere-se a mesma que se enquadre como Organização Social

Civil de Interesse Público – OSCIP, regulamentando a sua situação.

A Lei 9.790/99 contribuiu no sentido de exigir e até mesmo cobrar

profissionalização do setor, porém como fica demonstrado neste trabalho, ainda falta

muito para que as organizações do Terceiro Setor possam vir a ser eficientes e eficazes

segundo as necessidades que a sociedade delas demanda – principalmente no que se

refere a Associação Florianopolitana de Voluntárias.

É essencial que se continue estudando e aprofundando o debate com relação ao

avanço da legislação do terceiro setor, o que possibilitará especificar os processos para

formulação do modelo de gestão social mais adequado ao bem-estar da coletividade.

Acredita-se que é importante que se coloque as instituições de ensino como elementos ao

desenvolvimento de profissionais nesta área de trabalho, haja vista que existe

atualmente uma grande necessidade de administradores com visão sistêmica e que

valorizam princípios éticos e de responsabilidade social nas suas ações.

Ao concluir este trabalho, acredita-se ter deixado uma contribuição para a

Associação Florianopolitana de Voluntárias – AFLOV. Registra-se que a instituição

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objeto de estudo carece de um modelo de gestão que necessita de alterações devido a sua

área e forma de atuação. Pois acredita-se que ao desenvolver uma gestão profissional a

entidade servirá de exemplo para as organizações do terceiro setor e, conseqüentemente

a busca por uma melhora significativa no seu desempenho para que cumpram o seu

importante papel de impulsionador de mudanças na forma de gerenciar com vistas na

legislação vigente, a qual veio com o intuito de fortalecer este setor da sociedade

brasileira.

Este trabalho deixa clara a necessidade da continuidade na investigação para se

chegar a um modelo inovador de gestão social que utilize todas as possibilidades

oferecidas pela nova lei, para que seja realizada uma gestão organizacional em

instituições do terceiro setor que visem não somente aspectos políticos, mas

principalmente levando-se em consideração as deficiências do Estado e as reais

necessidades da sociedade brasileira.

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Anexos

Anexo A

LEI No 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999.

Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DA QUALIFICAÇÃO COMO ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

DE INTERESSE PÚBLICO

Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.

§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.

§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

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VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;

II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;

IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;

VII - promoção do voluntariado;

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;

X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;

XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

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Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:

I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência;

II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo processo decisório;

III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;

IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social da extinta;

V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;

VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;

VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo:

a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;

b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão;

c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;

d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal.

Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de conselho de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, vedada a percepção de remuneração ou subsídio, a qualquer título.(Incluído pela Lei nº 10.539, de 2002)

Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por

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esta Lei, deverá formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos seguintes documentos:

I - estatuto registrado em cartório;

II - ata de eleição de sua atual diretoria;

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;

IV - declaração de isenção do imposto de renda;

V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.

Art. 6o Recebido o requerimento previsto no artigo anterior, o Ministério da Justiça decidirá, no prazo de trinta dias, deferindo ou não o pedido.

§ 1o No caso de deferimento, o Ministério da Justiça emitirá, no prazo de quinze dias da decisão, certificado de qualificação da requerente como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o Indeferido o pedido, o Ministério da Justiça, no prazo do § 1o, dará ciência da decisão, mediante publicação no Diário Oficial.

§ 3o O pedido de qualificação somente será indeferido quando:

I - a requerente enquadrar-se nas hipóteses previstas no art. 2o desta Lei;

II - a requerente não atender aos requisitos descritos nos arts. 3o e 4o desta Lei;

III - a documentação apresentada estiver incompleta.

Art. 7o Perde-se a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, a pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual serão assegurados, ampla defesa e o devido contraditório.

Art. 8o Vedado o anonimato, e desde que amparado por fundadas evidências de erro ou fraude, qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação instituída por esta Lei.

CAPÍTULO II

DO TERMO DE PARCERIA

Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.

Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias.

§ 1o A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo.

§ 2o São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:

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I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;

II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma;

III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado;

IV - a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;

V - a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no inciso IV;

VI - a de publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União, conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, de extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento desta Lei, contendo os dados principais da documentação obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos no Termo de Parceria.

Art. 11. A execução do objeto do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à atividade fomentada, e pelos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de governo.

§ 1o Os resultados atingidos com a execução do Termo de Parceria devem ser analisados por comissão de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o A comissão encaminhará à autoridade competente relatório conclusivo sobre a avaliação procedida.

§ 3o Os Termos de Parceria destinados ao fomento de atividades nas áreas de que trata esta Lei estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na legislação.

Art. 12. Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública pela organização parceira, darão imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária.

Art. 13. Sem prejuízo da medida a que se refere o art. 12 desta Lei, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que requeiram ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente

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público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas consubstanciadas na Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990.

§ 1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.

§ 2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

§ 3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos bens e valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades sociais da organização parceira.

Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público, observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.

Art. 15. Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.

CAPÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 16. É vedada às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público a participação em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas.

Art. 17. O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados, livre acesso público a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

Art. 18. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, qualificadas com base em outros diplomas legais, poderão qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, desde que atendidos os requisitos para tanto exigidos, sendo-lhes assegurada a manutenção simultânea dessas qualificações, até dois anos contados da data de vigência desta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

§ 1o Findo o prazo de dois anos, a pessoa jurídica interessada em manter a qualificação prevista nesta Lei deverá por ela optar, fato que implicará a renúncia automática de suas qualificações anteriores. (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)

§ 2o Caso não seja feita a opção prevista no parágrafo anterior, a pessoa jurídica perderá automaticamente a qualificação obtida nos termos desta Lei.

Art. 19. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de trinta dias.

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 23 de março de 1999; 178o da Independência e 111o da República.

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FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Renan Calheiros Pedro Mallan Ailton Barcelos Fernandes Paulo Renato Souza Francisco Dornelles Waldeck Ornélas José Serra Paulo Paiva Clovis de Barros Carvalho

Fonte: www.planalto.gov.br

ANEXO B

DECRETO No 3.100, DE 30 DE JUNHO DE 1999.

Regulamenta a Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, da Constituição,

DECRETA :

Art. 1o O pedido de qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público será dirigido, pela pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que preencha os requisitos dos arts. 1o, 2o, 3o e 4o da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, ao Ministério da Justiça por meio do preenchimento de requerimento escrito e apresentação de cópia autenticada dos seguintes documentos:

I - estatuto registrado em Cartório;

II - ata de eleição de sua atual diretoria;

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;

IV - declaração de isenção do imposto de renda; e

V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ).

Art. 2o O responsável pela outorga da qualificação deverá verificar a adequação dos documentos citados no artigo anterior com o disposto nos arts. 2o, 3o e 4o da Lei no 9.790, de 1999, devendo observar:

I - se a entidade tem finalidade pertencente à lista do art. 3o daquela Lei;

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II - se a entidade está excluída da qualificação de acordo com o art. 2o daquela Lei;

III - se o estatuto obedece aos requisitos do art. 4o daquela Lei;

IV - na ata de eleição da diretoria, se é a autoridade competente que está solicitando a qualificação;

V - se foi apresentado o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício;

VI - se a entidade apresentou a declaração de isenção do imposto de renda à Secretaria da Receita Federal; e

VII - se foi apresentado o CGC/CNPJ.

Art. 3o O Ministério da Justiça, após o recebimento do requerimento, terá o prazo de trinta dias para deferir ou não o pedido de qualificação, ato que será publicado no Diário Oficial da União no prazo máximo de quinze dias da decisão.

§ 1o No caso de deferimento, o Ministério da Justiça emitirá, no prazo de quinze dias da decisão, o certificado da requerente como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o Deverão constar da publicação do indeferimento as razões pelas quais foi denegado o pedido.

§ 3o A pessoa jurídica sem fins lucrativos que tiver seu pedido de qualificação indeferido poderá reapresentá-lo a qualquer tempo.

Art. 4o Qualquer cidadão, vedado o anonimato e respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, desde que amparado por evidências de erro ou fraude, é parte legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Parágrafo único. A perda da qualificação dar-se-á mediante decisão proferida em processo administrativo, instaurado no Ministério da Justiça, de ofício ou a pedido do interessado, ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, nos quais serão assegurados a ampla defesa e o contraditório.

Art. 5o Qualquer alteração da finalidade ou do regime de funcionamento da organização, que implique mudança das condições que instruíram sua qualificação, deverá ser comunicada ao Ministério da Justiça, acompanhada de justificativa, sob pena de cancelamento da qualificação.

Art. 6o Para fins do art. 3o da Lei no 9.790, de 1999, entende-se:

I - como Assistência Social, o desenvolvimento das atividades previstas no art. 3o da Lei Orgânica da Assistência Social;

II - por promoção gratuita da saúde e educação, a prestação destes serviços realizada pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público mediante financiamento com seus próprios recursos.

§ 1o Não são considerados recursos próprios aqueles gerados pela cobrança de serviços de qualquer pessoa física ou jurídica, ou obtidos em virtude de repasse ou arrecadação compulsória.

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§ 2o O condicionamento da prestação de serviço ao recebimento de doação, contrapartida ou equivalente não pode ser considerado como promoção gratuita do serviço.

Art. 7o Entende-se como benefícios ou vantagens pessoais, nos termos do inciso II do art. 4o da Lei no 9.790, de 1999, os obtidos:

I - pelos dirigentes da entidade e seus cônjuges, companheiros e parentes colaterais ou afins até o terceiro grau;

II - pelas pessoas jurídicas das quais os mencionados acima sejam controladores ou detenham mais de dez por cento das participações societárias.

Art. 8o Será firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, Termo de Parceria destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o da Lei no 9.790, de 1999.

Parágrafo único. O Órgão estatal firmará o Termo de Parceria mediante modelo padrão próprio, do qual constarão os direitos, as responsabilidades e as obrigações das partes e as cláusulas essenciais descritas no art. 10, § 2o, da Lei no 9.790, de 1999.

Art. 9o O órgão estatal responsável pela celebração do Termo de Parceria verificará previamente o regular funcionamento da organização.

Art. 10. Para efeitos da consulta mencionada no art. 10, § 1o, da Lei no 9.790, de 1999, o modelo a que se refere o art. 10 deverá ser preenchido e remetido ao Conselho de Política Pública competente.

§ 1o A manifestação do Conselho de Política Pública será considerada para a tomada de decisão final em relação ao Termo de Parceria.

§ 2o Caso não exista Conselho de Política Pública da área de atuação correspondente, o órgão estatal parceiro fica dispensado de realizar a consulta, não podendo haver substituição por outro Conselho.

§ 3o O Conselho de Política Pública terá o prazo de trinta dias, contado a partir da data de recebimento da consulta, para se manifestar sobre o Termo de Parceria, cabendo ao órgão estatal responsável, em última instância, a decisão final sobre a celebração do respectivo Termo de Parceria.

§ 4o O extrato do Termo de Parceria, conforme modelo constante do Anexo I deste Decreto, deverá ser publicado pelo órgão estatal parceiro no Diário Oficial, no prazo máximo de quinze dias após a sua assinatura.

Art. 11. Para efeito do disposto no art. 4o, inciso VII, alíneas "c" e "d", da Lei no 9.790, de 1999, entende-se por prestação de contas a comprovação da correta aplicação dos recursos repassados à Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 1o As prestações de contas anuais serão realizadas sobre a totalidade das operações patrimoniais e resultados das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o A prestação de contas será instruída com os seguintes documentos:

I - relatório anual de execução de atividades;

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II - demonstração de resultados do exercício;

III - balanço patrimonial;

IV - demonstração das origens e aplicações de recursos;

V - demonstração das mutações do patrimônio social;

VI - notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário; e

VII - parecer e relatório de auditoria nos termos do art. 20 deste Decreto, se for o caso.

Art. 12. Para efeito do disposto no § 2o, inciso V, do art. 10 da Lei no 9.790, de 1999, entende-se por prestação de contas relativa à execução do Termo de Parceria a comprovação, perante o órgão estatal parceiro, da correta aplicação dos recursos públicos recebidos e do adimplemento do objeto do Termo de Parceria, mediante a apresentação dos seguintes documentos:

I - relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo entre as metas propostas e os resultados alcançados;

II - demonstrativo integral da receita e despesa realizadas na execução;

III - parecer e relatório de auditoria, nos casos previstos no art. 20; e

IV - entrega do extrato da execução física e financeira estabelecido no art. 19.

Art. 13. O Termo de Parceria poderá ser celebrado por período superior ao do exercício fiscal.

§ 1o Caso expire a vigência do Termo de Parceria sem o adimplemento total do seu objeto pelo órgão parceiro ou havendo excedentes financeiros disponíveis com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, o referido Termo poderá ser prorrogado.

§ 2o As despesas previstas no Termo de Parceria e realizadas no período compreendido entre a data original de encerramento e a formalização de nova data de término serão consideradas como legítimas, desde que cobertas pelo respectivo empenho.

Art. 14. A liberação de recursos financeiros necessários à execução do Termo de Parceria far-se-á em conta bancária específica, a ser aberta em banco a ser indicado pelo órgão estatal parceiro.

Art. 15. A liberação de recursos para a implementação do Termo de Parceria obedecerá ao respectivo cronograma, salvo se autorizada sua liberação em parcela única.

Art. 16. É possível a vigência simultânea de um ou mais Termos de Parceria, ainda que com o mesmo órgão estatal, de acordo com a capacidade operacional da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Art. 17. O acompanhamento e a fiscalização por parte do Conselho de Política Pública de que trata o art. 11 da Lei no 9.790, de 1999, não pode introduzir nem induzir modificação das obrigações estabelecidas pelo Termo de Parceria celebrado.

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§ 1o Eventuais recomendações ou sugestões do Conselho sobre o acompanhamento dos Termos de Parceria deverão ser encaminhadas ao órgão estatal parceiro, para adoção de providências que entender cabíveis.

§ 2o O órgão estatal parceiro informará ao Conselho sobre suas atividades de acompanhamento.

Art. 18. O extrato da execução física e financeira, referido no art. 10, § 2o, inciso VI, da Lei no 9.790, de 1999, deverá ser preenchido pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público e publicado na imprensa oficial da área de abrangência do projeto, no prazo máximo de sessenta dias após o término de cada exercício financeiro, de acordo com o modelo constante do Anexo II deste Decreto.

Art. 19. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá realizar auditoria independente da aplicação dos recursos objeto do Termo de Parceria, de acordo com a alínea "c", inciso VII, do art. 4o da Lei no 9.790, de 1999, nos casos em que o montante de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais).

§ 1o O disposto no caput aplica-se também aos casos onde a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público celebre concomitantemente vários Termos de Parceria com um ou vários órgãos estatais e cuja soma ultrapasse aquele valor.

§ 2o A auditoria independente deverá ser realizada por pessoa física ou jurídica habilitada pelos Conselhos Regionais de Contabilidade.

§ 3o Os dispêndios decorrentes dos serviços de auditoria independente deverão ser incluídas no orçamento do projeto como item de despesa.

§ 4o Na hipótese do § 1o, poderão ser celebrados aditivos para efeito do disposto no parágrafo anterior.

Art. 20. A comissão de avaliação de que trata o art. 11, § 1o, da Lei no 9.790, de 1999, deverá ser composta por dois membros do respectivo Poder Executivo, um da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público e um membro indicado pelo Conselho de Política Pública da área de atuação correspondente, quando houver.

Parágrafo único. Competirá à comissão de avaliação monitorar a execução do Termo de Parceria.

Art. 21. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público fará publicar na imprensa oficial da União, do Estado ou do Município, no prazo máximo de trinta dias, contado a partir da assinatura do Termo de Parceria, o regulamento próprio a que se refere o art. 14 da Lei no 9.790, de 1999, remetendo cópia para conhecimento do órgão estatal parceiro.

Art. 22. Para os fins dos arts. 12 e 13 da Lei no 9.790, de 1999, a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público indicará, para cada Termo de Parceria, pelo menos um dirigente, que será responsável pela boa administração dos recursos recebidos.

Parágrafo único. O nome do dirigente ou dos dirigentes indicados será publicado no extrato do Termo de Parceria.

Art. 23. A escolha da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, para a celebração do Termo de Parceria, poderá ser feita por meio de publicação de edital de concursos de projetos pelo órgão estatal parceiro para obtenção de bens e

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serviços e para a realização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e assessoria.

Parágrafo único. Instaurado o processo de seleção por concurso, é vedado ao Poder Público celebrar Termo de Parceria para o mesmo objeto, fora do concurso iniciado.

Art. 24. Para a realização de concurso, o órgão estatal parceiro deverá preparar, com clareza, objetividade e detalhamento, a especificação técnica do bem, do projeto, da obra ou do serviço a ser obtido ou realizado por meio do Termo de Parceria.

Art. 25. Do edital do concurso deverá constar, no mínimo, informações sobre:

I - prazos, condições e forma de apresentação das propostas;

II - especificações técnicas do objeto do Termo de Parceria;

III - critérios de seleção e julgamento das propostas;

IV - datas para apresentação de propostas;

V - local de apresentação de propostas;

VI - datas do julgamento e data provável de celebração do Termo de Parceria; e

VII - valor máximo a ser desembolsado.

Art. 26. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá apresentar seu projeto técnico e o detalhamento dos custos a serem realizados na sua implementação ao órgão estatal parceiro.

Art. 27. Na seleção e no julgamento dos projetos, levar-se-ão em conta:

I - o mérito intrínseco e adequação ao edital do projeto apresentado;

II - a capacidade técnica e operacional da candidata;

III - a adequação entre os meios sugeridos, seus custos, cronogramas e resultados;

IV - o ajustamento da proposta às especificações técnicas;

V - a regularidade jurídica e institucional da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; e

VI - a análise dos documentos referidos no art. 12, § 2o, deste Decreto.

Art. 28. Obedecidos aos princípios da administração pública, são inaceitáveis como critério de seleção, de desqualificação ou pontuação:

I - o local do domicílio da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou a exigência de experiência de trabalho da organização no local de domicílio do órgão parceiro estatal;

II - a obrigatoriedade de consórcio ou associação com entidades sediadas na localidade onde deverá ser celebrado o Termo de Parceria;

III - o volume de contrapartida ou qualquer outro benefício oferecido pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

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Art. 29. O julgamento será realizado sobre o conjunto das propostas das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, não sendo aceitos como critérios de julgamento os aspectos jurídicos, administrativos, técnicos ou operacionais não estipulados no edital do concurso.

Art. 30. O órgão estatal parceiro designará a comissão julgadora do concurso, que será composta, no mínimo, por um membro do Poder Executivo, um especialista no tema do concurso e um membro do Conselho de Política Pública da área de competência, quando houver.

§ 1o O trabalho dessa comissão não será remunerado.

§ 2o O órgão estatal deverá instruir a comissão julgadora sobre a pontuação pertinente a cada item da proposta ou projeto e zelará para que a identificação da organização proponente seja omitida.

§ 3o A comissão pode solicitar ao órgão estatal parceiro informações adicionais sobre os projetos.

§ 4o A comissão classificará as propostas das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público obedecidos aos critérios estabelecidos neste Decreto e no edital.

Art. 31. Após o julgamento definitivo das propostas, a comissão apresentará, na presença dos concorrentes, os resultados de seu trabalho, indicando os aprovados.

§ 1o O órgão estatal parceiro:

I - não examinará recursos administrativos contra as decisões da comissão julgadora;

II - não poderá anular ou suspender administrativamente o resultado do concurso nem celebrar outros Termos de Parceria, com o mesmo objeto, sem antes finalizar o processo iniciado pelo concurso.

§ 2o Após o anúncio público do resultado do concurso, o órgão estatal parceiro o homologará, sendo imediata a celebração dos Termos de Parceria pela ordem de classificação dos aprovados.

Art. 32. O Ministro de Estado da Justiça baixará portaria no prazo de quinze dias, a partir da publicação deste Decreto, regulamentando os procedimentos para a qualificação.

Art. 33. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 30 de junho de 1999; 178º da Independência e 111º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Affonso Martins de Oliveira Pedro Parente Clovis de Barros Carvalho

Fonte: www.planalto.gov.br

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Apêndice A

1) Como você caracterizaria uma organização do Terceiro Setor?

2) Em linhas gerais, você poderia diferenciar as Organizações Não-Governamentais e as OSCIP´s?

3) Em relação à regulamentação da nova legislação, você poderia destacar quais as principais mudanças para as Organizações do Terceiro Setor?

4) Você poderia citar duas ou três vantagens da nova legislação?

5) Você poderia citar duas ou três desvantagens da nova legislação?

6) Quais as principais mudanças quanto às qualificações jurídicas?

7) Em termos sociais, quais as implicações da nova legislação para atendimento ao público?

8) Na sua opinião, a nova legislação poderá trazer impactos na operacionalização dos projetos sociais?

9) A legislação trará modificações nas relações de trabalho?

10) No que se refere aos aspectos econômicos haverão alterações na obtenção de recursos, orçamento e prestação de contas?

11) Será possível manter-se sem as subvenções sociais? Quais as alternativas?

12) Na sua opinião, quais as dificuldades e os caminhos/possibilidades perante a perda da isenção da cota patronal do INSS?

13) Em termos estruturais/administrativos, quais as implicações da nova legislação?

14) A AFLOV, organização pertencente ao Terceiro Setor, está preparada ou está se preparando para essas mudanças?

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15) A profissionalização administrativa poderia ser uma alternativa? Por que?

16) Quais os impactos/transformações quanto aos parceiros?

17) Na sua opinião, as organizações do Terceiro Setor efetuam planejamento orçamentário e financeiro para o desenvolvimento dos projetos sociais?

18) Em termos legais, você poderia destacar os avanços e os retrocessos da nova legislação?

19) Quanto ao futuro das organizações do Terceiro Setor/OSCIP´s, o que você poderia comentar?

20) Observações gerais/comentários finais.

Obrigado pela colaboração!