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Universidade do Vale do Paraíba Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo ANÁLISE TEÓRICO-ANALITICA DA AERODINÂMICA DO DEMONSTRADOR TECNOLÓGICO SCRAMJET VHA 14-X B À 30KM DE ALTITUDE EM NÚMERO DE MACH 7 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Vale do Paraíba, de São José dos Campos, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Engenheiro Aeronáutico do Curso de Engenharia Aeronáutica e Espaço. Victor Alves Barros Galvão Lizia Oliveira Acosta Dias, Profa. Msc.,UNIVAP de São José dos Campos (Orientadora Acadêmico) Paulo Gilberto de Paula Toro, Ph.D., Instituto de Estudos Avançados/DCTA (Orientador Externo) São José dos Campos, SP 2013

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Universidade do Vale do Paraíba

Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo

ANÁLISE TEÓRICO-ANALITICA DA AERODINÂMICA DO

DEMONSTRADOR TECNOLÓGICO SCRAMJET VHA 14-X B

À 30KM DE ALTITUDE EM NÚMERO DE MACH 7

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à Faculdade de Engenharias, Arquitetura e

Urbanismo, da Universidade do Vale do

Paraíba, de São José dos Campos, como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do

título de Engenheiro Aeronáutico do Curso

de Engenharia Aeronáutica e Espaço.

Victor Alves Barros Galvão

Lizia Oliveira Acosta Dias, Profa. Msc.,UNIVAP de São José dos Campos

(Orientadora Acadêmico)

Paulo Gilberto de Paula Toro, Ph.D., Instituto de Estudos Avançados/DCTA

(Orientador Externo)

São José dos Campos, SP

2013

2

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Divisão de Informação e Documentação

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Galvão, Victor Alves Barros. Análise Teórico-Analítica da Aerodinâmica do

Demonstrador Tecnológico scramjet VHA 14-X B a 30km de Altitude em número de

Mach 7. 2013. 52f. Trabalho de Conclusão de Curso – UNIVAP de São José dos Campos.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Victor Alves Barros Galvão

TÍTULO DO TRABALHO: Análise Teórico-Analítica da Aerodinâmica do Demonstrador

Tecnológico scramjet VHA 14-X B a 30km de Altitude em número de Mach 7

TIPO DO TRABALHO/ANO: Trabalho de Conclusão de Curso / 2013.

É concedida à UNIVAP de São José dos Campos permissão para reproduzir cópias deste

Trabalho e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos.

O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste Trabalho pode ser

reproduzida sem a autorização do autor.

____________________________________

Victor Alves Barros Galvão

Instituto de Estudos Avançados

Trevo Coronel Aviador José Alberto Albano do Amarante, no1, Putim.

CEP 12228-001 – São José dos Campos - SP

Galvão, Victor Alves Barros

Análise Teórico-Analítica da Aerodinâmica do Demonstrador Tecnológico scramjet

VHA 14-X B a 30km de Altitude em número de Mach 7.

São José dos Campos, 2013.

52f.

Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Engenharia Aeronáutica e Espaço,

UNIVAP de São José dos Campos, 2013.

Orientadores: Msc.Lizia Oliveira Acosta Dias

Paulo Gilberto de Paula Toro – Ph.D.

1. Engenharia Aeroespacial. I. Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo.

UNIVAP de São José dos Campos. Divisão de Informação e Documentação. II. Análise

Teórico-Analítica da Aerodinâmica do Demonstrador Tecnológico scramjet VHA 14-X

B a 30km de Altitude em número de Mach 7.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que está sempre comigo fazendo o melhor para mim.

Agradeço aos meus pais, Marilene Alves Barros e Sergio Melchiori Galvão, que sempre estão

presentes em minha vida me apoiando, ensinando e construindo. Agradeço também aos meus

avós, tios, primos, familiares, amigos, e pessoas que foram especiais para mim e se tornaram

muito mais do que amigos, pessoas que se tornaram parte da família. Agradeço ao Dr. Paulo

Gilberto de Paula Toro, pela orientação da execução deste trabalho, pelo seu empenho no

projeto e por sua amizade. Agradeço também a orientação da Msc.Lizia Oliveira Acosta Dias.

4

“Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo”

Thomas Edison

5

RESUMO

O Veículo Hipersônico Aeroespacial Brasileiro 14-X B, VHA 14-X B, é um veiculo

integrado com o sistema de propulsão hipersônico aspirado com base em combustão

supersônica (scramjet), em desenvolvimento no Laboratório de Aerotermodinâmica e

Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu, para realizar demonstração em voo atmosférico em

velocidade correspondente a número de Mach 7 na altitude de 30km. A tecnologia scramjet

oferece vantagens substanciais para melhorar o desempenho do veículo aeroespacial que voa

a uma velocidade hipersônica através da atmosfera da Terra reduzindo o consumo de

combustível a bordo. Basicamente o scramjet é um motor aeronáutico aspirado totalmente

integrado que utiliza as ondas de choque oblíquas/cônicas geradas durante o voo hipersônico,

para promover a compressão e desaceleração do ar atmosférico na entrada do scramjet. O

combustível, em velocidade mínima sônica pode ser injetado na entrada da corrente de ar

supersônica. Logo depois, tanto o ar ambiente quanto o combustível hidrogênio estarão

misturados. A combinação da elevada energia de reação do combustível com o fluxo de ar

supersônico (na câmara de combustão) gera a combustão supersônica. Análise teórica

analítica, simulação da dinâmica de fluidos computacional e investigação experimental são as

metodologias utilizadas para projetar um demonstrador tecnológico antes de realizar voo na

atmosfera terrestre. Propriedades termodinâmicas (pressão, temperatura, densidade,

velocidade do som) no intradorso do VHA 14-X B, considerando ar como gás ideal (perfeito)

e em equilíbrio químico, sem e com camada limite e sem e com a combustão entre o

combustível H2 e o ar atmosférico (O2) são obtidas com base na teoria de onda de choque

obliqua bidimensional na seção de compressão, teoria unidimensional de escoamento com

adição de calor (Teoria de Rayleigh) e teoria de ondas de expansão bidimensional na seção de

expansão (Teoria de Prandtl-Meyer).

Palavras-Chave: VHA 14-X B, propulsão hipersônica aspirada, scramjet, onda de choque

oblíqua, Teoria de Rayleigh, Teoria de Prandtl-Meyer.

6

ABSTRACT

The Brazilian 14-X B Hypersonic Aerospace Vehicle, VHA 14-X B, is a vehicle

integrated with the hypersonic airbreathing propulsion system based on supersonic

combustion (scramjet), designed at the Prof. Henry T. Nagamatsu Laboratory of

Aerothermodynamics and Hypersonics, to demonstrate at Earth’s atmospheric free-flight at

30km altitude at Mach number 7. Scramjet technology offers substantial advantages to

improve performance of aerospace vehicle that flies at hypersonic speeds through the Earth’s

atmosphere, by reducing onboard fuel. Basically, scramjet is a fully integrated airbreathing

aeronautical engine that uses the oblique/conical shock waves generated during the

hypersonic flight, to promote compression and deceleration of freestream atmospheric air at

the inlet of the scramjet. Fuel, at least sonic speed, may be injected into the supersonic airflow

just downstream of the inlet. Right after, both atmosphere air and on-board hydrogen fuel are

mixing. The combination of the high energies of the fuel and the oncoming hypersonic

airflow the combustion at supersonic speed starts. Analytic theoretical analysis, computational

fluid dynamics simulation and experimental investigation are the methodologies used to

design a technological demonstrator, before flight through Earth’s atmosphere.

Thermodynamics properties (pressure, temperature, density, sound velocity) at external inlet

lower surfaces, scramjet power off and power on internal surfaces, and external outlet lower

surfaces will be obtain based on theoretical analysis using two-dimensional oblique shock

wave compressible flow, one-dimensional flow with heat addition (Rayleigh Theory) and

Prandtl-Meyer Theory, respectively.

Keywords: VHA 14-X B, hypersonic air breathing propulsion, scramjet, oblique shock wave,

Rayleigh Theory, Prandtl-Meyer Theory.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Veículo Hipersônico Aeroespacial 14-X 9

Figura 2 VHA 14-X B 9

Figura 3 VHA 14-X S 10

Figura 4 Eficiência relativa de sistemas de propulsão em função do número de Mach 14

Figura 5 Terminologia de um veículo aeroespacial integrado a scramjet. 15

Figura 6 Seção transversal da configuração VHA 14-X e do VHA 14-X B 16

Figura 7 Razão de calores específicos para ar em equilíbrio termodinâmico 22

Figura 8 Espessura da camada limite * considerando os efeitos da viscosidade. 22

Figura 9 Geometria de onda de choque oblíqua incidente no bordo de ataque. 31

Figura 10 Escoamento através da onda de choque incidente 32

Figura 11 Geometria de onda de choque oblíqua incidente sobre uma superfície plana 34

Figura 12 Geometria de onda de choque oblíqua refletida 34

Figura 13 Geometria de escoamento com adição de calor 35

Figura 14 Geometria de onda de expansão 37

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Propriedades da atmosfera para a altitude de 30km. 19

Tabela 2 Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando

sem queima de H2, escoamento não viscoso (sem camada limite) ar como

gás perfeito 1.4 .

20

Tabela 3 Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando

escoamento não viscoso (sem camada limite), ar em equilíbrio químico

variable , sem queima de H2

21

Tabela 4 Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando

escoamento viscoso (camada limite), ar em equilíbrio químico variavel ,

sem queima de H2

23

Tabela 5 Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando

escoamento viscoso (camada limite), ar em equilíbrio químico variavel ,

queima de H2

27

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

Motivação 9

Objetivo do Trabalho 10

Objetivo Geral 10

Objetivos Específicos 10

Proposta Metodológica 11

Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso 11

CONCEITUAÇÃO TEÓRICA DE “SCRAMJET” 13

Sistema de Propulsão o “scramjet” 13

Características de um Veiculo Aeroespacial integrado a scramjet 14

Terminologia 14

VHA 14-X B 16

EQUACIONAMENTO TEÓRICO 17

Conceituação Teórico-Analítica aplicada ao VHA 14-X B 17

RESULTADOS E DISCUSSÕES 19

CONCLUSÕES 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

ANEXO 31

Equacionamento Teórico-Analítica aplicada ao VHA 14-X B 31

Teoria de Onda de Choque Incidente Oblíqua Plana 31

Teoria de Onda de Choque Refletida Oblíqua Plana 34

Teoria de Escoamento com Adição de Calor 35

Teoria de Onda de Expansão 37

9

INTRODUÇÃO

Motivação

Em 2007, foi iniciado, no Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof. Henry

T. Nagamatsu, do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), a Pesquisa e Desenvolvimento do

Demonstrador Tecnológico denominado de Veículo Hipersônico Aeroespacial 14-X (Fig. 1),

VHA 14-X [3; 4; 9; 10; 11; 12], utilizando sistema de propulsão “scramjet” para realização de

vôo atmosférico a 30km de altitude em velocidade correspondente a número de Mach 10.

Figura 1: Veículo Hipersônico Aeroespacial 14-X, VHA 14-X.

Em Março de 2012, a Coordenadoria do projeto 14-X propôs duas versões baseadas no

VHA 14-X (Fig. 1), o VHA 14-X B (Fig. 2) e VHA 14-X S (Fig. 3) [2]. As diferenças das três

versões baseiam em:

Figura 2: VHA 14-X B.

10

Figura 3: VHA 14-X S.

O extradorso do VHA 14-X (Fig. 1) tem configuração “waverider”, oriunda de

escoamento hipersônico sobre um cone, estabelecendo onda de choque oblíqua cônica no

bordo de ataque; O extradorso do VHA 14-X B (Fig. 2) tem configuração cunha plana

estabelecendo onda de choque oblíqua plana no bordo de ataque; O VHA 14-X S (Fig. 3) é a

duplicação do VHA 14-X B conectado pelo extradorso.

Objetivo do Trabalho

Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver Análise Teórico-Analítica da

Aerodinâmica do Demonstrador Tecnológico scramjet VHA 14-X B visando Voo

Atmosférico à 30 km de Altitude em velocidade correspondente a número de Mach 7.

Objetivos Específicos

• Realizar pesquisa bibliográfica sobre projeto aerodinâmico de Veículos Hipersônicos

Aeroespaciais que utilizam tecnologia “scramjet”;

• Realizar Análise Teórico-Analítica da Aerodinâmica do VHA 14-X B visando Voo

Atmosférico à 30 km de Altitude em velocidade correspondente a número de Mach 7;

• Prover dados geométricos e aerodinâmicos para implementação em códigos

computacionais para Simulação Teórico-Numérica da Aerodinâmica do VHA 14-X B

em Vôo Atmosférico à 30km de Altitude em velocidade correspondente a Mach 7;

• Prover dados geométricos e aerodinâmicos para projeto de modelo (em escala) para

realização de Investigação Experimental no Túnel de Choque Hipersônico T3, em

11

condições próximas das condições de Vôo Atmosférico à 30km de Altitude em

velocidade correspondente a Mach 7;

• Prover dados geométricos e aerodinâmicos para realização de Análise Estrutural e

Térmica do VHA 14-X B nas condições de Vôo Atmosférico à 30km de Altitude em

velocidade correspondente a Mach 7.

Proposta Metodológica

O presente Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Análise Teórico-Analítica da

Aerodinâmica do Demonstrador Tecnológico scramjet VHA 14-X B à 30km de Altitude em

número de Mach 7”, integra o projeto 14-X, o qual está incluso no Plano de Desenvolvimento

Institucional do IEAv (2011), classificado como pesquisa de natureza aplicada, em propulsão

hipersônica aspirada utilizando combustão supersônica (“scramjet”), que tem como objetivo o

voo atmosférico do demonstrador tecnológico a 30 km de altitude e velocidade

correspondente entre números de Mach 7 a 10. Consequentemente, revisão bibliográfica foi

realizada utilizando abordagem de pesquisa qualitativa e descritiva dos procedimentos

técnicos de demonstradores tecnológicos desenvolvidos utilizando análise analítica, simulação

numérica, investigação experimental (em solo).

Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso

O capítulo 1 apresenta a pesquisa desenvolvida no Laboratório de Aerotermodinâmica e

Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu relativo ao desenvolvimento de avançado sistema de

propulsão hipersônica aspirada utilizando o conceito de combustão supersônica com o intuito

de substituir os atuais, e convencionais, sistema de propulsão baseada em combustão química

(propulsão sólida e/ou líquida). Os Ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia (2003)

possibilitam que o IEAv/DCTA desenvolva o projeto de um demonstrador tecnológico,

denominado VHA 14-X e de outras duas versões o VHA 14-X B e o VHA 14-X S, que

utilizam a tecnologia da combustão supersônica “scramjet” para produzir propulsão

hipersônica aspirada. Com esta visão de futuro este Trabalho de Conclusão de Curso tem o

objetivo de desenvolver a análise teórico-analítica da aerodinâmica do demonstrador

tecnológico scramjet VHA 14-X B visando vôo atmosférico à 30km de altitude em velocidade

correspondente a número de Mach 7.

O capitulo “conceituação teórica de “scramjet”” apresenta a fundamentação teórica

(inclusive equacionamento) do conceito do veiculo aeroespacial integrado ao “scramjet”

utilizado no veículo hipersônico que está em desenvolvimento no IEAv/DCTA.

12

O capitulo “equacionamento teórico” apresenta os resultados sobre a quantificação das

propriedades termodinâmicas ao longo do veiculo VHA 14-X B em diferentes casos,

possibilitando assim a analise teórico-analítica que será aplicada a veículos aeroespaciais

integrado a scramjet em voo atmosférico em velocidade hipersônicas (acima de número de

Mach 7) em altitude abaixo de 100km.

O capítulo que apresenta as conclusões do presente Trabalho de Conclusão de Curso, e

recomenda trabalhos a serem desenvolvidos baseados na “Analise Teórico-Analítica da

Aerodinâmica do Demonstrados Tecnológico Scramjet VHA 14-X B à 30km de Altitude em

Numero de Mach 7”.

Resultados do presente Trabalho de Conclusão de Curso foram apresentados em Artigo

Científico, intitulado “Brazilian 14-X B Hypersonic Scramjet Aerospace Vehicle Analytic

Theoretical Analysis at Mach Number 7” no 22nd

International Congress of Mechanical

Engineering (COBEM 2013) realizado de 3 a 7 de Novembro de 2013, em Ribeirão Preto, SP.

13

CONCEITUAÇÃO TEÓRICA DE “SCRAMJET”

Sistema de Propulsão “scramjet”

Veículos aeroespaciais utilizando estato-reator a combustão supersônica “scramjet”

transportam apenas o combustível, normalmente Hidrogênio (Fig. 4), utilizando o próprio ar

atmosférico (Oxigênio) como oxidante, adquirindo a maior parte da energia cinética

necessária para atingir a órbita terrestre durante vôo atmosférico [17].

Em conseqüência da própria natureza dos estato-reatores (de não possuir partes móveis),

eles são incapazes de produzir empuxo enquanto estão parados. O empuxo estático é nulo.

Deste modo, devem ser acelerados até uma velocidade tal que as ondas de choque produzidas

durante o voo, comprimam ar atmosférico, para serem admitidas na câmara de combustão. Tal

velocidade é designada velocidade inicial de operação e é da ordem de quatro vezes a

velocidade do som, número de Mach 4, considerando “scramjet”.

Na atual fase de demonstração de tecnologia “scramjet” a propulsão sólida e/ou líquida,

em trajetória balística, é a possibilidade de menor custo para ser utilizada como estágio inicial

de lançamento para que a, mínima, velocidade de operação (correspondente a número de

Mach 4) seja atingida, após o que é descartada. Outro método é a combinação de um veículo

aeroespacial propulsionado por “scramjet” acoplado a um motor foguete, onde ambos estão

acoplados a uma aeronave com turbo reator.

Diversos centros de pesquisas [17] estão envolvidos no desenvolvimento de novas

tecnologias de propulsão, objetivando uma nova geração de veículos de exploração espacial,

científica e comercial com decolagem em aero-espaço-portos (a serem utilizados por

aeronaves e por veículos espaciais), tão seguro quanto e 100 vezes mais barato do que os

atuais veículos espaciais, que utilizam sistemas propulsivos convencionais (foguetes).

Entre as diversas tecnologias propulsivas avançadas em estudo, sistemas de propulsão

aspirada hipersônica utilizando estato-reator a combustão supersônica “scramjet” são as que

apresentam maior potencial (Fig. 4), atendendo os requisitos básicos de altíssima velocidade

(número de Mach acima de 5), confiabilidade, segurança e custo [18]. Consequentemente, são

as que têm recebido maior atenção de pesquisa da comunidade cientifica e investimento

financeiro dos órgãos de fomentos de diversos países, interessados no domínio de novas

técnicas de propulsão aplicadas em veículos aeroespaciais [16].

14

Figura 4: Eficiência relativa de sistemas de propulsão em função do número de Mach

(Adaptação de Heiser e Pratt, 1994).

A principal vantagem da tecnologia “scramjet” em relação a atual tecnologia de motores

foguetes, pode ser ilustrado em termos de empuxo por unidade de taxa de consumo de

combustível, impulso específico (Fig.4). O sistema de propulsão a ar aspirado com maior

impulso específico em velocidades hipersônicas (número de Mach acima de 5) é o “scramjet”.

O impulso específico de um motor foguete utilizando H2-O2 é cerca de 400s enquanto um

“scramjet” utilizando H2 seria em torno de 2000s a 3000s.

Características de um Veículo Aeroespacial integrado a scramjet

Terminologia

A terminologia utilizada neste trabalho (Fig. 5) segue a mesma nomenclatura

apresentada por Heiser e Pratt (1994) e está relacionada às seções de compressão (externa e

interna), seção de combustão e seção de expansão (interna e externa) de um “scramjet”,

possibilitando a aplicação de ferramentas metodológicas (análise teórico-analítica, simulação

teórico-numérica e investigação experimental em dispositivos laboratoriais hipersônicos) para

estimativas das propriedades aerotermodinâmicas (pressão, temperatura, massa especifica,

velocidade do som, velocidade do escoamento) e para a estimativa da eficiência do sistema de

propulsão hipersônica aspirada “scramjet” através das metodologias (análise ciclo

termodinâmico fechado, análise considerando a 1ª lei e análise através do empuxo) descritas

por Heiser e Pratt (1994).

15

Figura 5: Terminologia de um veículo aeroespacial integrado a scramjet.

Salienta-se que a 1ª rampa de compressão (entre os pontos 0 e 1), oriunda no bordo de

ataque (Fig. 5) estabelece onda de choque oblíqua cônica (VHA 14-X, Fig. 1) ou onda de

choque oblíqua plana (VHA 14-X B, Fig. 2 e VHA 14-X S, Fig. 3) gerando região de alta

pressão, no intradorso, contribuindo para a sustentação do veículo hipersônico (VHA 14-X e

VHA 14-X B). A 2ª rampa de compressão (iniciando entre os pontos 0 e 1 e terminando no

ponto 3) estabelece onda de choque oblíqua plana (em todas as versões do VHA 14-X),

gerando as condições, do escoamento de ar, adequadas (de pressão e temperatura) para a

entrada de ar da câmara de combustão. No caso do VHA 14-X B (Fig. 2) e do VHA 14-X S

(Fig. 3) as ondas de choque incidentes da 1ª e da 2ª rampas de compressão incidem no bordo

de ataque da superfície inferior da câmara de combustão (carenagem) e ambas geram onda de

choque oblíqua plana refletida na superfície superior da entrada da câmara de combustão. No

caso do VHA 14-X a qual tem configuração “waverider” oriunda de um cone, estabelecendo

onda de choque oblíqua cônica no bordo de ataque de 5.5º, a qual não possibilita que incida

na superfície inferior do motor “scramjet” (carenagem), não havendo a reflexão da onda de

choque cônica. Ainda, a onda de choque oblíqua plana da rampa de compressão de 14.5º

incide na região interna da câmara de combustão (Fig. 5). O combustível é injetado (entre os

pontos 3 e 4) na seção da câmara de combustão, o qual é misturado com o ar atmosférico em

velocidade supersônica e com pressão e temperatura adequadas para ocorrer a ignição da

mistura. A 1ª rampa de expansão (entre os pontos 4 e 9) é necessária para a pré-expansão do

escoamento dos produtos da combustão (adequada para manter pressão constante e compensar

camada limite). A 2ª rampa de expansão (entre os pontos 9 e 10) gera a velocidade adequada

para gerar o empuxo e também, contribui para a sustentação do veículo hipersônico [18].

16

VHA 14-X B

As duas versões VHA 14-X (Fig. 1) e VHA 14-X B (Fig. 2) têm seção transversal

semelhante (Fig. 6), onde foram mantidos os ângulos: do bordo de ataque (5.5º), da rampa de

compressão (14.5º em relação ao ângulo do bordo de ataque), da expansão (necessária para

acomodar a camada limite e o aumento da temperatura devido à queima de Hidrogênio e ar

em velocidade supersônica) na câmara de combustão (4.27º) e da expansão (interna e externa)

(10.73º em relação ao ângulo da expansão na câmara de combustão).

Figura 6: Seção transversal da configuração do VHA 14-X e do VHA 14-X B.

A câmara de combustão (motor “scramjet”), mais simples, consiste de um duto, dotado

de uma tomada de ar com uma seção, acoplada no final do difusor (2ª rampa de compressão).

Salienta-se que a câmara de combustão (Fig. 6) das duas versões tem o mesmo

dimensionamento (258.632mm + 134mm), definidas pelos trabalhos numérico de Hyslop

(1998) e experimental de Kasal et al. (2002), respectivamente, suficiente para que ocorra a

combustão, ou seja: isolador (que separa a seção do difusor e da injeção de combustível),

injeção do Hidrogênio na corrente de ar atmosférico em velocidade supersônica, seção para

mistura turbulenta do Hidrogênio com ar atmosférico, seção da ignição da mistura Hidrogênio

e Oxigênio, seção da queima e geração dos produtos da combustão na região interna do motor

“scramjet”. Ainda, é definida a seção com onda de expansão, a qual possibilita a acomodação

da camada limite. Por fim, os produtos da combustão são expandidos na seção de exaustão.

17

EQUACIONAMENTO TEÓRICO

Conceituação Teórico-Analítica aplicada ao VHA 14-X B

A análise teórico-analítica é a metodologia utilizada, em geral, no anteprojeto

aerotermodinâmico de veículos aeroespaciais que trafegam na atmosfera terrestre nos diversos

regimes de vôo: subsônico, transônico, supersônico e hipersônico.

Em particular, a análise teórico-analítica aplicada a veículos integrados a scramjet

proporciona a determinação das propriedades termodinâmicas (temperatura, pressão, massa

especifica) e velocidade do escoamento, considerando escoamento unidirecional

(unidimensional) ao longo do intradorso do veículo em vôo atmosférico em diversas altitudes

a velocidades.

Considerando o projeto preliminar de um veículo aeroespacial integrado a scramjet em

vôo atmosférico a velocidades hipersônicas, o qual consiste das seções de compressão,

combustão e expansão (Fig. 5) é conveniente definir o equacionamento para estimativa das

propriedades termodinâmicas no intradorso do mesmo.

O escoamento de fluido em meio contínuo (até cerca de 100km de altitude) podem ser

descritas utilizando os princípios físicos da natureza (conservação da massa, conservação da

quantidade de movimento linear, conservação da energia, considerando o aumento da

entropia) através das equações diferenciais parciais não lineares, conhecidas como Equações

de Navier-Stokes [14].

Basicamente, a análise teórico-analítica com aplicação a veículos integrados a scramjet,

com configuração semelhante ao VHA 14-X B (Fig. 2) é unidimensional e pode ser

quantificada através das equações de Navier-Stokes [14] válidas para meio contínuo, fluido

Newtoniano (ar atmosférico), escoamento permanente, bi-dimensional, compressível, sem

viscosidade (sem formação de camada limite), sem fluxo de calor por condução e ignorando

forças de campo, aquecimento volumétrico e difusão de massa.

Aplicando equacionamento bidimensional (sem adição de calor) à onda de choque

incidente atada estabelecida no bordo de ataque de um veículo aeroespacial integrado a

scramjet (Fig. 5) e considerando ar com comportamento de gás perfeito, obtêm-se equações

fechadas que possibilitam a estimativa das razões das propriedades termodinâmicas (pressão,

temperatura e densidade em função do número de Mach e do calor específico do gás

considerado, ar) conhecida como teoria de choque oblíqua plana [14], a ser aplicada à onda de

choque oblíqua incidente devido ao bordo de ataque com deflexão positiva e à onda de

18

choque oblíqua refletida devido à deflexão positiva necessária para que o escoamento interno

na câmara de combustão esteja alinhado com o escoamento não perturbado.

Ainda, aplicando o mesmo equacionamento bidimensional (com adição de calor) é

possível desenvolver a teoria de escoamento unidirecional compressível não viscoso com

adição de calor, teoria conhecida como escoamento de Rayleigh, possibilitando analisar a

combustão de ar atmosférico em velocidade hipersônica com combustível, que ocorre na

seção de combustão (Fig. 5).

Finalmente, aplicando o equacionamento bidimensional (sem adição de calor) pode-se

desenvolver a teoria de escoamento bidimensional compressível não viscoso, conhecida como

teoria de Prandtl-Meyer, a ser aplicada para leque da onda de expansão (Fig. 5) responsável

em estimar as condições de escoamento do produto da combustão ocorrida na câmara de

combustão.

Portanto, a análise teórico-analítica aplicada a veículos integrados a scramjet

proporciona a determinação das propriedades termodinâmicas (temperatura, pressão e massa

especifica) e velocidade do escoamento, considerando escoamento unidirecional

(unidimensional) ao longo do intradorso do veículo em vôo atmosférico em diversas altitudes

e velocidades.

Salienta-se que o equacionamento da presente metodologia é apresentada no anexo 1.

Em geral, em regime de velocidades hipersônicas, número de Mach maior que 5, o ar

não se comporta como gás perfeito. Devem-se considerar os fenômenos físicos associados,

tais como: dissociação e ionização; equilíbrio químico não equilíbrio; variação das

propriedades térmicas com a temperatura, pressão e composição química; efeitos catalíticos

na parede.

À pressão atmosférica [15], O2 começa a dissociar-se a uma temperatura de 2.000 K e a

4.000 K as moléculas de O2 estão totalmente dissociadas em átomos de O2. O N2 inicia o

processo de dissociação em torno de 4.000 K estando totalmente dissociado a 9.000 K. Em

9.000 K inicia-se o processo de ionização tanto do oxigênio como do nitrogênio. Portanto,

acima de 9.000 K tem-se um plasma parcialmente ionizado consistindo principalmente de O,

O+, N, N

+ e elétrons. Esse plasma ionizado é responsável pelo “blackout” que ocorre em

vários veículos espaciais quando da reentrada atmosférica.

19

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo da quantificação das propriedades termodinâmicas (pressão, temperatura e

densidade, assim como o número de Mach correspondente à velocidade) ao longo do

intradorso do VHA 14-X B, em vôo atmosférico a 30km de altitude e número de Mach 7,

considerando ar como gás (caloricamente) perfeito é realizado aplicando a Teoria de ondas de

choque oblíquas planas na seção de compressão (Eqs. 13-17), Teoria de Rayleigh (adição de

calor) na câmara de combustão com a simulação da queima de Hidrogênio com o ar

atmosférico (Eqs. 21-27) e Teoria de Prandt-Meyer na seção expansão (Eqs. 28-34).

Observe que as razões das propriedades termodinâmicas aplicadas à jusante da seção de

compressão externa (Fig. 5), considerando o bordo de ataque de 5.5º, é função direta das

propriedades da atmosfera terrestre (do escoamento não perturbado), as quais podem ser

obtidas, em geral, da atmosfera padrão norte-americana (U.S. Standard Atmosphere, 1976),

que para o presente caso, considera-se que o VHA 14-X B está em vôo atmosférico a 30km de

altitude geométrica (Tab. 1).

Tabela 1: Propriedades da atmosfera para a altitude de 30km.

Altitude Temperatura Pressão Massa

Especifica

Caminho Livre

Médio

Velocidade

do Som

Viscosidade

Dinâmica

(Km) (K) (Pa) (kg/m3)

(m) (m/s) (N s/ m2)

30 226.5 1197 1.841 10-2

4.413 10-6

301.7 1.4753 10-5

Foi realizado o estudo em quatro casos no presente Trabalho de Conclusão de Curso:

Caso 1) Análise Teórico-Analítica aplicada para o intradorso do VHA 14-X B,

considerando caso mais simples, i. e., escoamento sem viscosidade, ar com comportamento de

gás caloricamente perfeito ( 1.4 ) e sem queima de combustível Hidrogênio.

Para o caso 1, determinam-se as condições aerotermodinâmicas (Tab. 2) ao longo do

intradorso do VHA 14-X B, considerando o equacionamento relativo à seção de compressão

(Eqs. 10-13) e seção de expansão (Eqs. 28-34) e assumindo que o ar tem comportamento de

gás perfeito ( 1.4 ). Salienta-se que não havendo a queima de combustível, as condições ao

longo da câmara de combustão permanecem constantes.

20

Tabela 2: Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando sem

queima de H2, escoamento não viscoso (sem camada limite) ar como gás perfeito 1.4 .

Estação

0

Estação 1

(deflexão

5.5º)

Estação 2

(deflexão

14.5º)

Estação 3

(deflexão

0º)

Estação 4

(sem

queima H2)

(deflexão

4.27º)

Estação 4

(deflexão

10.73º)

inM

7 7 6.0188 4.0645 2.6012 2.7981

in

º 5.5 14.5 20 4.27 10.73

out

º 12.2429 22.1143 32.2384

outM

6.0188 4.0645 2.6012 2.7981 3.3715

outT K 226.5 296.6924 568.3735 1039.555 953.2721 747.1747

outp Pa 1197 2877.588 16755.91 89104.56 65803.72 28052.13

out kg/m3

0.01841 0.033788 0.102702 0.298605 0.240467 0.13079

outa m/s 301.7 345.9846 478.8732 647.6307 620.1719 549.0535

outu m/s 2111.9 2082.412 1946.38 1684.617 1735.303 1851.134

head º 22.6107 20.9405

tail º 20.9394 17.2536

Caso 2) Análise Teórico-Analítica aplicada para o intradorso do VHA 14-X B,

considerando escoamento sem viscosidade, ar com comportamento de gás em equilíbrio

termodinâmico ( 1.4 ) e sem queima de combustível Hidrogênio.

Observe que para a estimativa das propriedades termodinâmicas do ar em equilíbrio

químico (Tab. 3) foi utilizada as relações fechadas considerando ar com gás perfeito (seção de

compressão, Eqs. 10-13; e seção de expansão, Eqs. 28-34), porém houve estimativa

considerando [18] a razão de calor específico em função do aumento da temperatura

variable na seção em estudo (Fig. 8).

21

Tabela 3: Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando

escoamento não viscoso, ar em equilíbrio químico variavel e sem queima de H2,

estação

0

estação 1

(deflexão

5.5º)

estação 2

(deflexão

14.5º)

estação 3

(deflexão

20º)

estação4

(sem queima

H2)

(deflexão

4.27º)

estação 4

(deflexão

10.73º)

1.4 1.3985 1.3798 1.3396 1.3457 1.3643

inM

7 7 6.0217 4.1272 2.7552 2.9464

in

º 5.5 14.5 20 4.27 10.73

out

º 12.2399 21.9738 31.389

outM

6.0217 4.1272 2.7552 2.9464 3.516

outT K 226.5 296.3979 551.9522 937.8219 867.0164 688.1509

outp Pa 1197 2875.314 16468.65 84755.89 62456.62 26281.74

out kg/m3

0.01841 0.033795 0.103944 0.314846 0.250964 0.133036

outa m/s 301.7 345.6276 468.4879 601.7102 579.8656 520.1593

outu m/s 2111.9 2081.266 1933.543 1657.832 1708.516 1828.88

head º 21.2831 19.843

tail º 19.8399 16.5238

Comparando-se as propriedades ao longo do intradorso do VHA 14-X B, considerando

ar como gás perfeito 1.4 (Tab. 2) e ar em equilíbrio químico 1.4 (Tab. 3), resulta que

para razão de calor específico (mais realística) 1.4 produz, na seção de compressão com

ângulo do bordo de ataque 5.5º, decréscimo do ângulo da onda de choque oblíqua, da

temperatura estática, da pressão estática, da velocidade do som. Análise semelhante pode ser

feita para a seção de compressão da rampa com 14.5º em relação ao bordo de ataque de 5.5º e

para a seção de reflexão das ondas de choques incidente do bordo de ataque de 5.5º e da

rampa de 14.5º.

22

Figura 7: Razão de calores específicos para ar em equilíbrio termodinâmico (Heiser e Pratt,

1994).

Caso 3) Análise Teórico-Analítica aplicada para o intradorso do VHA 14-X B,

considerando escoamento com viscosidade (camada limite), ar com comportamento de gás em

equilíbrio termodinâmico ( variavel ) e sem queima de combustível Hidrogênio.

A teoria de Chapman-Rubesin (Chapman et al., 1958) possibilita a estimativa da

espessura da camada limite * e foi aplicada para a seção de compressão (Fig. 6). Ainda, as

relações fechadas considerando ar com gás perfeito foram utilizadas, porém foi adicionada a

espessura da camada limite (Fig. 8) aos ângulos do bordo de ataque (5.5º) e da rampa de

compressão (14.5º).

Figura 8: Espessura da camada limite * considerando os efeitos da viscosidade.

23

Tabela 4: Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando sem

queima de H2, escoamento viscoso (camada limite), ar em equilíbrio químico variavel .

estação

0

estação 1

(deflexão

5.5º)

estação 2

(deflexão

14.5º)

estação 3

(deflexão

20º)

Estação 4

(sem queima

H2)

(deflexão

4.27º)

estação 4

(deflexão

10.73º)

1.4 1.3984 1.3783 1.3385 1.3457 1.3643

inM

7 7 5.9419 4.0642 2.7552 2.9464

in

º 5.9594 14.7349 20 4.27 10.73

out

º 12.6315 22.3161 31.588

outM

5.9419 4.0642 2.7252 2.9464 3.516

outT K 226.5 303.4194 564.8456 949.9573 878.2355 697.0555

outp Pa 1197 3071.861 17636.48 88946.04 65544.34 27581.06

out kg/m3

0.01841 0.03527 0.108772 0.326186 0.260003 0.137828

outa m/s 301.7 349.685 473.6705 605.342 583.6053 523.5139

outu m/s 2111.9 2077.793 1925.092 1649.678 1719.535 1840.675

head º 21.2831 19.843

tail º 19.8399 16.5238

O escoamento viscoso considera a formação da camada limite, que no presente caso é

simulada como um aumento do ângulo do bordo de ataque de 5.5º para 5.96º, produzindo um

acréscimo do ângulo da onda de choque incidente, da temperatura, da pressão e da velocidade

do som, com um decréscimo do número de Mach e consequentemente aumento da velocidade

do escoamento após a onda de choque incidente.

Caso 4) Análise Teórico-Analítica aplicada para o intradorso do VHA 14-X B,

considerando escoamento com viscosidade (camada limite), ar com comportamento de gás em

equilíbrio termodinâmico ( variavel ) e com queima de combustível Hidrogênio;

24

A combustão do Hidrogênio H2 com o ar atmosférico (Oxigênio O2) pode ser calculada

pela razão estequiométrica stf considerando os princípios básicos de reações químicas

utilizando a seguinte expressão

yx

yxf st

4103

336 (1)

Onde x = 0 e y = 2 do H2 [18]. Portanto, 22

O e H queima 0291.0stf .

Ainda, a razão estequiométrica stf pode ser calculada com base na razão da taxa do

fluxo de massa [18], determinada por

air

fuel

m

mf st

(2)

Portanto, o fluxo de massa de combustível pode ser calculado como airstfuel

mfm ,

onde massa de ar pode ser calculada pelas condições pelo fluxo de massa admitida na seção

frontal do veículo ou pelo fluxo de massa na entrada da câmara de combustão.

333000 AuAumair (3)

A taxa na qual as reações químicas tornam a energia disponível para a combustão é

determinado pela taxa de energia química dada pelo produto do fluxo de massa e do calor de

reação do combustível hidrogênio H2 [18].

prhmfuel

Química Energia de Taxa (4)

No entanto, a quantia de calor adicionada por quilograma de ar é proporcional ao

produto da razão do fluxo de massa do combustível e do fluxo de massa do ar e do calor da

reação hpr do combustível, o qual pode ser avaliado por

prprst hm

mhfq

air

fuel

(5)

25

onde, o calor da reação hpr do H2 é 119.954 MJ/kg.

Curran et al. (1996) recomenda o máximo de calor adicionado para queimar H2 pode ser

estimado por

2

22

max12

1

in

in

p M

M

Tc

q

(6)

onde, q é o calor adicionado por unidade de massa [J/kg], é a razão de calor especifico, pc

é o calor especifico a pressão constante [J/kg-K], T é a temperatura [K] e inM é o numero de

Mach, sendo que todas as propriedades são avaliadas nas condições da entrada do combustor

(antes da injeção de combustível), então

TcM

Mq p

in

in

2

22

combustão de câmara da entrada na condiçõesmax

12

1

(7)

onde para o caso 4, pc é 1139.2 [J/kg-K] a 88.946 [Pa] e 949.96 [K], o que indica 35% da

taxa de energia química disponível estequiometricamente para o combustão. Portanto, é

necessário ajustar a injeção de H2, a fim de evitar que na seção final da seção de combustão

ocorra o entupimento devido ao escoamento, podendo incluir o parâmetro ajuste

2

Hf ,

prst

ajuste

H hf

qf

combustão de câmara da entrada na condiçõesmax

2

(8)

Finalmente, a quantidade de calor adicionada por quilograma de ar é proporcional ao

produto da razão do fluxo de massa do combustível e do fluxo de massa do ar, do calor da

reação hpr do combustível e do parâmetro ajuste

Hf

2

, o qual pode ser avaliada por

prH

prstH

hm

mfhffq

air

fuel

adjust 2

adjust 2

(9)

26

Observe não ter alteração das condições após a reflexão das ondas de choque incidentes

relativa ao bordo de ataque de 5.5º e da rampa de compressão de 14.6º em relação ao bordo de

ataque.

Entretanto, ao adicionar calor na câmara de combustão (combustão H2 de e O2) altera a

energia total (temperatura) inooutop TTcq , , , com acréscimo da temperatura total da saída da

câmara de combustão em relação à temperatura total da entrada. Conseqüentemente, com

aumento da pressão estática (Eq. 23), da temperatura estática (Eq. 24) e da densidade estática

(Eq. 25), com redução do número de Mach na saída da câmara de combustão, porém

permanecendo supersônico inout MM 1 seção da câmara de combustão.

Note, a adição de calor impulsiona o número de Mach para 1. Quando o escoamento se

tornar sônico o escoamento é chamado de entupido porque a quantidade de calor adicionada é

maior do que o necessário para queimar o combustível. Portanto, a taxa de fluxo de massa do

combustível deve ser ajustada para evitar que o ocorra o entupimento.

Observe que em todos os casos as propriedades da atmosfera terrestre foi obtida a 30km

de altitude geométrica utilizando o atmosfera padrão (U.S. standard Atmosphere, 1976), as

quais são dadas por Pap 1197 , KT 5.226 , 301841.0 mkg , sma /301,7 , onde a é a

velocidade do som.

Observe que em todos os casos foi considerado que as ondas de choques incidentes

(bordo de ataque do veículo de 5.5º e da rampa de compressão de 14.5º) incidem no bordo de

ataque da carenagem e ambas são refletidas para a entrada da câmara de combustão.

Ainda, nos três primeiros casos, o escoamento da seção de compressão é defletido para

a seção da câmara de combustão em velocidade supersônica, com pressão, temperatura,

densidade e número de Mach (velocidade) constantes e permanecem constantes até o final da

seção constante da seção de combustão. Evidentemente, no quarto caso houve a adição de

calor, conseqüentemente, haverá aumento da pressão, temperatura e massa específica com

decréscimo da velocidade correspondente a número de Mach próximo, porém superior a 1.

27

Tabela 5: Propriedades termodinâmicas no intradorso do VHA 14-X B considerando queima

de H2, escoamento viscoso (camada limite), ar em equilíbrio químico variable .

estação

0

estação 1

(deflexão

5.5º)

estação 2

(deflexão

14.5º)

estação 3

(deflexão

20º)

combustão

(Teoria

Raleigh)

estação 4

(com

queima

H2)

(deflexão

4.27º)

estação 4

(deflexão

10.73º)

1.4 1.3984 1.3783 1.3385 1.3385 1.4 1.4

inM

7 7 5.9419 4.0642 2.7252 1.173 1.3364

in

º 5.9594 14.7349 20 4.27 10.73

out

º 12.6315 22.3161 31.588

outM

5.9419 4.0642 2.7252 1.173 1.3364 1.7030

outT K 226.5 303.419 564.845 949.957 2608.918 2451.34 2105.210

outp Pa 1197 3071.86 17636.4 88946.0 342448.0 275328.2 161645.1

out kg/m3

0.0184 0.03527 0.10877 0.32618 0.45729 0.391303 0.26749

outa m/s 301.7 349.685 473.670 605.342 1002.67 994.10 921.31

outu m/s 2111.9 2077.79 1925.09 1649.67 1176.13 1328.52 1568.99

head º 58.4863 48.4609

tail º 48.4409 35.9591

28

CONCLUSÕES

O Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu

desenvolve pesquisa em avançado sistema de propulsão hipersônica aspirada utilizando o

conceito de combustão supersônica com o intuito de substituir os atuais, e convencionais,

sistemas de propulsão baseada em combustão química (propulsão sólida e/ou líquida). Os

Ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia possibilitam que o IEAv/DCTA desenvolva

o projeto de um demonstrador tecnológico, denominado VHA 14-X e de outras duas versões,

o VHA 14-X B e o VHA 14-X S, que utilizam a tecnologia da combustão supersônica

“scramjet” para produzir propulsão hipersônica aspirada.

O VHA 14-X B que envolve a tecnologia scramjet, visa vôo atmosférico à 30km de

altitude em velocidade correspondente a número de Mach 7, utiliza, preliminarmente, a

analise teorico-analitica foi realizada para a quantificação das propriedades termodinâmicas

(pressão, temperatura e densidade, assim como o número de Mach correspondente à

velocidade) ao longo do intradorso do VHA 14-X B, considerando as equações de ar como

gás perfeito aplicadas ao equacionamento de ondas de choque oblíquas planas, adição de calor

na câmara de combustão com a simulação da queima de Hidrogênio com o ar atmosférico e

ondas de expansão.

Modelo dimensional do VHA 14-X B com a tecnologia de “scramjet” foi desenvolvida

para realizar investigação experimental no Túnel de Choque Hipersônico T3, do Laboratório

de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof Henry T. Nagamatsu, para fornecer dados

necessários ao projeto do VHA 14-X B, visando voo atmosférico do demostrador tecnológico

a 30 km de altitude e velocidade correspondente a número de Mach 7.

Com os resultados obtidos na análise teórico-analítica é possível projetar um modelo

para simulação da dinâmica dos fluidos Computacional e investigação experimental em túneis

de choque hipersônicos.

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Chapman D.R., Kuehn D.M. and Larson H.K., Investigation of Separated Flows in

Supersonic and Subsonic Streams with Emphasis on the Effect of Transition, NACA report

No. 1356, 1958.

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Hipersônico Aeroespacial 14-X BS”, (in Portuguese). Undergraduate Work, FATEC de São

José dos Campos: Professor Jessen Vidal, Brazil, 2012.

[3] Costa, F.J. “Projeto Dimensional para Manufatura do Veículo Hipersônico Aeroespacial

14-X” (in Portuguese). UndergraduateWork, FATEC de São José dos Campos: Professor

Jessen Vidal, Brazil, 2011.

[4] Costa, F.J., Toro, P.G.P., Rolim. T.C., Camilo, G.C., Follador, R.C. and Minucci, M.A.S.,

“Design of the Brazilian Hypersonic waverider Aerospace Vehicle”, 14th Brazilian Congress

of Thermal Sciences and Engineering, October 18-22, 2012, Rio de Janeiro, RJ, Brazil

[5] Hyslop, P. “CFD Modeling of Supersonic Combustion in a scramjet Engine”. Doctoral

Thesis.The Australian National University, 1998.

[6] IEAv. Plano de Desenvolvimento Institucional do IEAv. 2011.

[7] Kasal, P, Gerlinger, P., Walther, R., Wolfersdorf, J. V. and Weigand, B. “Supersonic

Combustion: Fundamental Investigations of Aerothermodynamic Key Problems”. AIAA-

2002-5119, 2002.

[8] Ministério da Defesa/Ministério da Ciência e Tecnologia. Concepção Estratégica-

Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional. Brasília: 2003.

[9] Rolim, T. C., “Experimental Analysisof a HypersonicWaverider”, M.Sc. Thesis (in

English), Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, Brazil, 2009.

[10] Rolim, T. C., Minucci, M. A. S., Toro, P. G. P. and Soviero, P. A. O., “Experimental

Results of a Mach 10 Conical-Flow Derived Waverider”. 16th AIAA/DLR/DGLR

International Space Planes and Hypersonic Systems and Technologies Conference.AIAA

2009-7433, 2009.

[11] Rolim, T.C., Toro, P.G.P., Minucci, M.A.S, Oliveira, A.C. and Follador, R.C., 2011,

“Experimental results of a Mach 10 conical-flow derived waverider to 14-X hypersonic

aerospace vehicle”. Journal of Aerospace Technology and Management, São José dos

Campos, Vol.3, No.2, pp. 127-136, May-Aug., 2011.

[12] Toro, P. G. P., Minucci, M. A. S., Rolim, T. C., Follador, R. C., Santos, A. M., Camillo,

G. P., Barreta, L. G.. “Brazilian 14-X Hypersonic Aerospace Vehicle Project”. 18th

AIAA

30

International Space Planes and Hypersonic Systems and Technologies Conference, 22-28

Set,Tours, France 2012.

[13] U.S. Standard Atmosphere, 1976.NASA TM-X 74335.National Oceanic and

Atmospheric Administration, National Aeronautics and Space Administration and United

States Air Force.

[14] Anderson Jr., J. A. “Modern Compressible Flow, The Historical Perspective” McGraw-

Hill, Inc, 2003.

[15] Anderson JR., J. D. Hypersonic and High Temperature Gas Dynamics. 2ª ed. McGraw-

Hill, 2006.

[16] Curran, E.T. e Murthy, S.N.B. Scramjet Propulsion. Progress in Astronautics and

Aeronautics, Vol. 189.EUA: AIAA, 2000.

[17] FRY, R.S. A Century of Ramjet Propulsion Technology Evolution.Journal of Propulsion

and Power.Vol. 20, n. 1, p. 27-58. Jan.-Feb. 2004.

[18] Heiser, H. W. and Pratt, D. T (with Daley, D. H. and Mehta, U. B.). Hypersonic

Airbreathing Propulsion.Education Series.EUA.AIAA. 1994.

31

ANEXO

Equacionamento Teórico-Analítica aplicada ao VHA 14-X B

Teoria de Onda de Choque Incidente Oblíqua Plana

Onda de choque oblíqua incidente atada β oriunda do bordo de ataque θ (de um veículo

aeroespacial em velocidade supersônica/hipersônica) no formato de cunha (Figs. 8 e 9) é

estabelecida, comprimindo a atmosfera entre a superfície de deflexão e a onda de choque.

Esta compressão da atmosfera provoca o aumento da pressão, da temperatura, da massa

específica e da velocidade do som, e provoca o decréscimo da velocidade do escoamento (e

número de Mach). Ainda, assume-se que o escoamento é paralelo à superfície da cunha em

velocidade supersônica/hipersônica (propriedades aerotermodinâmicas).

Figura 9: Geometria de onda de choque oblíqua incidente no bordo de ataque.

A velocidade (número de Mach) do escoamento não perturbado (que se aproxima do

bordo de ataque θ e estabelece a onda de choque incidente oblíqua β) pode ser decomposta

nas velocidades perpendicular e tangencial à onda de choque. Considerando um volume de

controle sem aplicação de forças externas (pressão nula) através da onda de choque oblíqua de

área frontal constante, observa-se que as componentes (perpendicular e tangencial) da

velocidade através da onda de choque oblíqua produzem e não produzem momentum,

respectivamente. Considerando que o escoamento através de onda de choque oblíqua é

governado pela componente perpendicular da velocidade do escoamento não perturbado (Fig.

10), obtêm-se as equações de choque oblíqua, dadas por

32

touttin uu , , (10)

noutoutninin uu , , (11)

2

,

2

, noutoutoutnininin upup (12)

22

2

,

2

, nout

out

nin

in

uh

uh (13)

Figura 10: Escoamento através da onda de choque incidente.

Manipulando matematicamente as equações (10-13), obtêm-se as razões das

propriedades e o número de Mach (correspondente à velocidade) após a onda de choque

incidente oblíqua, considerando ar com comportamento de gás (caloricamente e

termicamente) perfeito e escoamento não viscoso [14].

1

1

21

2

senM

p

pin

in

out (14)

2

2

2

1

2 1

1 1

21

senM

senM

senMT

T

in

in

in

in

out

(15)

33

2 1

1

2

2

senM

senM

in

in

in

out (16)

Ainda, da geometria obtém a relação M - - dada por

22cos

1 cotg2

2

2

in

in

sM

senMtg (17)

Finalmente, obtém a relação para número de Mach após a onda de choque incidente

oblíqua dada por

s

in

in

outsen

senM

senM

M

1 1

2

1

2

2

2

(18)

Observe que o escoamento através de onda de choque incidente oblíqua provoca o

aumento da pressão, da temperatura e da massa específica, porém com decréscimo do número

de Mach, entretanto o escoamento permanece supersônico/hipersônico e paralelo sobre a

superfície plana (Figs. 8, 9 e 10).

Escoamento supersônico/hipersônico sobre uma superfície plana (Fig. 11) quando

encontra uma deflexão positiva com ângulo θ em relação à placa plana estabelece uma onda

de choque (atada na deflexão) com ângulo β, semelhantemente à onda de choque oblíqua

incidente (atada no bordo de ataque), portanto o mesmo equacionamento pode ser utilizado

para a determinação das condições após a onda de choque oblíqua devido ao escoamento

sobre uma superfície plana.

34

Figura 11: Geometria de onda de choque oblíqua incidente sobre uma superfície plana.

Teoria de Onda de Choque Refletida Oblíqua Plana

Escoamento supersônico/hipersônico ao encontrar uma deflexão positiva é estabelecida

onda de choque incidente. A onda de choque incidente ao encontrar uma superfície sólida

provoca reflexão da onda de choque incidente, denominada onda de choque oblíqua refletida

(Fig. 12), onde o escoamento após a onda de choque oblíqua refletida precisa se ajustar com

as condições de contorno, que no caso são duas placas planas paralelas e alinhadas com o

escoamento que provocou a onda de choque incidente, portanto o escoamento será paralelo

em relação às placas planas e em relação ao escoamento de origem. As relações de onda de

choque oblíqua podem ser utilizadas com ângulo de deflexão igual ao ângulo de deflexão da

onda de choque oblíqua incidente que provocou a onda de choque oblíqua refletida [14].

Figura 12: Geometria de onda de choque oblíqua refletida.

35

Teoria de Escoamento com Adição de Calor

A operação de um veículo aeroespacial utilizando scramjet envolve a injeção de

combustível na câmara de combustão, em geral um duto, onde é misturado com ar

atmosférico em velocidade supersônica, provocando combustão se a condição de temperatura

for adequada. Este evento pode ser simulado pelas equações de Navier-Stokes, com a adição

de calor na equação da energia.

A teoria de Rayleigh é aplicada em um volume de controle unidimensional de área

constante, onde o escoamento no interior do volume de controle tem alteração das

propriedades termodinâmicas entre as duas seções, de entrada e de saída, provenientes por

ação que não seja onda de choque normal.

Figura 13: Geometria de escoamento com adição de calor.

Considerando escoamento unidimensional com adição de calor entre as seções de

entrada e saída, obtém-se as equações de governo dadas por

outoutinin uu (19)

2

2

outoutoutininin upup (20)

22

22

outout

inin

uhq

uh (21)

A equação da energia (Eq. 20) indica que a adição de calor afeta diretamente a mudança

de energia (temperatura) total. Considerando gás (ar) caloricamente perfeito e a definição de

temperatura total, obtém-se

36

inooutop TTcq , , (22)

onde a temperatura total é dada por

2

2

11 M

T

To

(23)

Manipulando a equação de momentum (na direção x) e considerando gás caloricamente

perfeito e a definição de número de Mach, obtém-se

1

12

2

out

in

in

out

M

M

p

p

(24)

2

2

22

2

2

1

1

in

out

out

in

in

out

M

M

M

M

T

T

(25)

2

2

2

2

2

1

1

out

in

in

out

in

out

M

M

M

M

(26)

Considerando processo isentrópico 1

T

T

p

p ooo obtêm-se

1

2

2

2

2

in ,0

,0

2

11

2

11

1

1

in

out

out

inout

M

M

M

M

p

p (27)

2

222

2

2

,0

,0

2

11

2

11

1

1

in

out

in

out

out

in

in

out

M

M

M

M

M

M

T

T

(28)

Observe que ar é defletido (devido à seção de compressão, Fig. 5) para a entrada da

câmara de combustão em velocidade supersônica, onde combustível (em velocidade mínima)

sônica é injetado, resultando em mistura em velocidade supersônica. Considerando

37

escoamento Rayleigh (escoamento com adição de calor) para simulação da combustão

combustível e ar, resulta na seção após a queima aumento da pressão, da temperatura e da

massa específica (Eqs. 24-26) com redução da velocidade (número de Mach) do escoamento.

Teoria de Onda de Expansão

Onda de expansão ocorre quando escoamento supersônico/hipersônico sobre placa

plana (Fig. 14) encontra deflexão negativa em relação à placa plana, onde o escoamento após

a deflexão obrigatoriamente necessita se ajustar com a nova direção dada pela deflexão. O

ajuste somente ocorrerá de modo que a direção do escoamento será alterada por um leque (de

onda) de expansão continua, com acréscimo da velocidade e decréscimo da pressão,

temperatura e massa específica.

Figura 14: Geometria de onda de expansão.

A onda de expansão contínua é definida por onda de Mach, limitada pelos ângulos antes

e após expansão, de forma que o escoamento é isentrópico [14], onde a onda de Mach relativa

à frente da onda de expansão e a onda de Mach relativa à cauda da onda de expansão

são dadas, respectivamente por

in

inM

1arcsen (29)

38

out

outM

1arcsen (30)

O ângulo de deflexão 2 da onda de expansão é dado pela função de Prandtl-Meyer

por

inoute MM (31)

onde, a função de Prandtl-Meyer é dada por

1 11

1

1-

1 2121

MtgMtgM

(32)

Uma vez determinada o número de Mach após a onda de expansão pode se calcular as

propriedades após a onda de expansão através das relações isentrópicas dadas por

yx

yxf st

4103

336 (33)

1

2

2

2

11

2

11

out

in

in

out

M

M

p

p (34)

2

2

2

11

2

11

out

in

in

out

M

M

T

T

(35)

out

in

in

out

in

out

T

T

p

p

(36)