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Universidade Eduardo Mondlane
Faculdade de Ciências Departamento de Ciências Biológicas
Trabalho de Culminação de Curso
Estudo da Dieta e “Home Range” do Búfalo (Syncerus caffer)
no Santuário do Parque Nacional da Gorongosa
Autor: Luís Júnior Comissário Mandlate Supervisor: dr. Carlos Manuel Bento
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
Luís Júnior Comissário Mandlate ii
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradecer a Deus pela força, vontade e persistência durante todo o
percurso da minha formação.
Meus profundos agradecimentos, em especial vão para o meu supervisor o dr. Carlos M.
Bento, que criou condições para que este trabalho se realizasse, para além de criar condições
para a deslocação e a estadia no parque, ajudou durante o trabalho no campo e agradeço pelo
apoio cientifico, moral e pela paciência ao longo de todas etapas da realização deste trabalho.
Agradeço ao dr. Valério Govo pela ajuda durante a realização do trabalho.
Endereço os meus sinceros agradecimentos ao Parque Nacional da Gorongosa e ao pessoal
do Santuário, em especial ao Sr. Zembe, Sr. Henriques, Costa, Xadreque e ao Alberto pela
amizade e companhia durante a estadia no Parque.
Agradecimentos especiais vão para os meus pais Luís Comissário Mandlate e Celeste da
Gloria Xerindza e aos meus irmãos Celso, Terúdio, Eva, Célia e Edite que sempre me
apoiaram e me encorajaram na carreira estudantil.
Aos docentes do DCB pelos ensinamentos contribuíram para que me formasse como um
Biólogo, a Todos os funcionários do DCB
Aos meus colegas da Faculdade, a toda a turma de Biólogia de 2006, em especial ao João
Júnior, Sérgio Massora, Albino Maveto, David Samson, Mirian Gorett, Edson Cumbane,
Vando Márcio, Mauro Machipane, Raul Salato, Jaime Mantsinhe, Cintia Cassimo, Sorashe
Tajú, Alima Tájú, Nuria Monjane, Faiza Salé, Ricardo Jorge, Isaltina Tafula, André
Nikutume.
A todos que directa ou indirectamente contribuíram e me ajudaram durante os estudos e
tornaram possível a realização do meu sonho em formar-me como um Biólogo, Muitíssimo
Kanimambo.
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Luís Júnior Comissário Mandlate iii
Declaração de Honra Declaro, por minha honra, que este trabalho de Licenciatura nunca foi apresentado na sua
essência ou parte dela para obtenção de qualquer grau académico e que constitui resultados
da minha investigação pessoal, estando indicadas na bibliografia as fontes utilizadas para a
sua elaboração.
Maputo, Janeiro de 2010
..........................................................
(Luís Júnior Comissário Mandlate)
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Dedicatória
Aos meus pais Luís Comissário Mandlate e Celeste da Gloria Xerindza, pelo apoio
moral, confiança que depositam em mim durante toda a vida e desde os primeiros
passos na escola.
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Luís Júnior Comissário Mandlate v
Lista de abreviaturas e símbolos ANOVA- Analise de variância
DPM- Disco medidor de pasto
ha-Hactare
Kg-Kilogramas
Kg/ ha- Kilograma por hectare
Km-Kilómetros
MINAG- Ministério Da Agricultura
MITUR- Ministério Do Turismo
mm- Milímetros
PNG- Parque Nacional da Gorongosa
DCB-Departamento de Ciências Biológicas.
Lista de Tabelas
Tabela 1: Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos. no Santuário do PNG.
Tabela 2: Biomassa herbácea disponivel para os herbivoros no Santuário do PNG.
Tabela 3: Preferência das diferentes espécies de plantas pelos Búfalos.
Tabela 4: Preferência das plantas pelos Búfalos em relação a sua coloração.
Tabela 5:Tamanho do “Home range” dos Búfalos em cada período do estudo no Santuário do
PNG.
Lista de Figuras
Figura 1: Localização geográfica da área de estudo e mapa de vegetação da área de estudo.
Figura 2: Abundância relativa das espécies de plantas em cada período de estudo.
Figura 3: Disponibilidade de cada espécie de planta para os Búfalos em cada período de
estudo no Santuário do PNG.
Figura 4: Consumo de gramíneas pelos Búfalos no Santuário do PNG.
Figura 5: Contribuição das diferentes espécies de plantas na dieta dos Búfalos.
Figura 6: Relação entre abundância e consumo das gramíneas encontradas no santuário do
PNG
Figura 7: Coloração das gramíneas encontradas durante o período de estudo no Santuário do
PNG, abundância e consumo relativo em relação a cor das plantas.
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Figura 8: Relação entre a densidade de pasto e a presença dos Búfalos.
Figura 9: Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos
Figura 10: Mapa do “Home range” dos Búfalos no Santuário de PNG durante o período do
estudo.
Figura 11: Mapa da distribuição dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do
estudo.
Figura 12. Mapa de densidade dos Búfalos no Santuário do PNG.
Lista de Anexos
Anexo1: Tabela dos resultados de testes de Kolmogorov-Smirnov para análise de
Normalidade nas diferentes espécies de gramíneas.
Anexo 2: Tabela do Teste de Levene para a análise de Homogeneidade de variâncias nas
diferentes espécies de gramíneas
Anexo 3: Tabela da analise de Variancia
Anexo 4: Tabela do Teste de Tukey HSD Anexo 5: Tabela de correlação entre abundância e consumo de gramíneas pelos Búfalos.
Anexo 6: Tabela de frequência, abundância relativa e disponibilidade de plantas em cada periodo de estudo no Santúario do PNG. Anexo 7: Tabela de frequência das plantas consumidas, consumo relativo; e contribuição de plantas durante o periodo de estudo no Santúario do PNG. Anexo 8: Tabela do número de plantas e os respectivos valores absolutos e relativos (%) em cada período de estudo em relação a sua coloração. Anexo 9: Número de plantas encontradas e consumidos em relação a coloração e os seus
respectivos valores relativos.
Anexo 10: Abundância e consumos médios das plantas e os respectivos desvios padrão.
Anexo 11: Frequência das alturas do disco do pasto.registadas.~
Anexo 12: Frequência das arvores encontradas.
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Resumo Em Moçambique a população dos Búfalos no Parque Nacional de Gorongosa (PNG) chegou
aos 14.000 (em 1972), mas seguiram-se quase 30 anos de guerra e nos anos 80, o parque
transformou-se num campo de batalha, tendo de ser deixado ao abandono. Durante esse
período soldados e a população civil caçaram a maioria dos animais de grande porte e tendo
causado a sua diminuição em mais de 95%. A Fundação Carr em co-operação com o
Ministério de Turismo de Moçambique embarcou em um projecto de restauração ambicioso a
longo prazo para o PNG. Um dos mecanismos como parte desta estratégia foi o uso de um
santuário em que os Búfalos e outros animais estão a ser reintroduzidos para se reproduzirem
e aumentar a sua população e poderem ser libertos no parque com objectivos de aumentar a
pequena população existente.
O Presente trabalho foi realizado no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa durante as
ultima quinzena dos meses de Maio, Junho e Julho. com objectivos de saber qual é a dieta e
“Home Range” dos Búfalos introduzidos no Santuário para se estabelecer estratégias na
gestão destes animais.
O estudo da dieta foi feito através do método directo. Os dados foram tratados usando-se o
pacote estatístico SPSS versão 13. A ANOVA mostrou haver diferenças significavas na
abundância e consumo de diferentes gramíneas em locais frequentados pelos Búfalos, em que
as espécies mais abundantes e consumidas foram a Panicum maximum seguida pela Setaria
sphacelata. O Índice de Electividade de Ivlev mostrou que as espécies de gramíneas mais
preferidas pelos Búfalos para a sua dieta foram o Panicum coloratum e o Panicum maximum
e que os Búfalos preferem as plantas verdes e as plantas verdes-amareladas, amarelas-
acastanhadas e castanhas são rejeitadas pelos Búfalos.
Para o estudo do “Home Range” foram usados as coordenadas geográficas recolhidas com o
auxilio do GPS durante a amostragem da dieta e foram tratados usando o programa Arcview
3.2. Do estudo do “Home range” verificou-se que os Búfalos preferem habitats abertos
(Savanas), evitando locais com menor e maior densidade de pasto, e verificou-se a
dependência destes pela água. Portanto o tamanho do “Home range” dos Búfalos variou ao
longo do período de estudo, tendo se registado o aumento do “Home range”.
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Índice
Agradecimentos .............................................................................................................................. ii
Agradeço ao dr. Valério Govo pela ajuda durante a realização do trabalho................................... ii
Declaração de Honra...................................................................................................................... iii
Dedicatória..................................................................................................................................... iv
Lista de abreviaturas e símbolos ..................................................................................................... v
ANOVA- Analise de variância ....................................................................................................... v
DPM- Disco medidor de pasto........................................................................................................ v
Km-Kilómetros ............................................................................................................................... v
Lista de Tabelas .............................................................................................................................. v
Lista de Figuras............................................................................................................................... v
Lista de Anexos.............................................................................................................................. vi
Resumo ......................................................................................................................................... vii
1.Introdução .................................................................................................................................... 1
1.1. Problema e Justificação do Estudo .......................................................................................... 3
2. Objectivos ................................................................................................................................... 5
2.1. Objectivo geral......................................................................................................................... 5
2.2. Objectivos especificos ............................................................................................................. 5
3. Hipóteses..................................................................................................................................... 5
4. Área de estudo............................................................................................................................. 6
5.Material e Métodos ...................................................................................................................... 9
5.1. Material do campo. .................................................................................................................. 9
5.2. Metodologia ............................................................................................................................. 9
5.2.1. Dieta...................................................................................................................................... 9
5.2.2. “Home Range “ ................................................................................................................... 10
6. Análise dos dados ..................................................................................................................... 12
7. Resultados ................................................................................................................................. 14
7.1. Dieta....................................................................................................................................... 14
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7.1.1. Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos. ..................................................... 14
7.1.2. Abundância das gramíneas. ................................................................................................ 14
7.1.3. Disponibilidade de gramíneas para os Búfalos. .................................................................. 15
7.1.4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos. ............................................................................... 16
7.1.5. Contribuição das gramíneas da dieta dos Búfalos .............................................................. 18
7.1.6.Relação entre a abundância e o consumo e de gramíneas pelos Búfalos............................. 18
7.1.7. Biomassa herbácea disponível para os herbívoros no Santuário. ....................................... 19
7.1.8. Coloração ............................................................................................................................ 19
7.1.9. Preferência das gramíneas pelos Búfalos............................................................................ 21
7.2. “Home range” ........................................................................................................................ 22
7.2.1. Tamanho do "Home Range" dos Búfalos ........................................................................... 22
7.2.2. Relação entre a presença dos Búfalos e a densidade do pasto ............................................ 22
7.2.3. Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos. ........................................... 23
8. Discussão dos Resultados ......................................................................................................... 27
8.1. Dieta....................................................................................................................................... 27
8.2. "Home range"......................................................................................................................... 32
9. Conclusões ................................................................................................................................ 36
10. Recomendações....................................................................................................................... 37
11. Bibliografia ............................................................................................................................. 38
Anexos .......................................................................................................................................... 42
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1.Introdução
Os Búfalos africanos são animais gregários que ocorrem em manadas, podendo atingir
até 1000 animais. O tamanho de um rebanho é determinado pela abundância dos
alimentos e da água, maiores rebanhos são mais propensos a residir em geral em áreas
abertas. Estes animais são grandes, com uma altura que pode atingir 1,4 m. O
comprimento do corpo é entre 2 a 3,5 metros apresentam uma cauda de mais ou menos
70cm, a fêmea “ vaca” pode ter 550kg enquanto que o macho “ touro” pode ter 700 kg
(Stuart, 1993).
Os touros adultos apresentam coloração castanho-carregado ou pretos, mas as fêmeas são
geralmente pretas ou castanho-avermelhadas. Em estado selvagem o Búfalo pode viver
cerca de 26 anos e até 30 anos em cativeiro (Stuart, 1993).
Estes animais pertencem a família Bovidae e estão largamente distribuídos na África
Austral, mas também no sul do Sahara. Actualmente a sua distribuição tem sido
fragmentada pelas actividades humanas (expansão humana) e a espécie agora tem uma
distribuição descontínua (Stuart, 1993).
Em Moçambique, a distribuição actual dos Búfalos é bastante limitada, encontrando-se
aparentemente desaparecidos no sul de Moçambique excepto as populações
reintroduzidas no Parque Nacional de Limpopo. No centro do país durante o ano de 2008
os Búfalos foram vistos nas vizinhanças da reserva de Marromeu e na parte ocidental da
província de Tete e na zona norte do país os Búfalos encontram se um pouco distribuídos
por toda área, mas parecem estar mais confinados no ocidente de Magoe, Niassa e área de
Chimpanzé (MINAG, 2008).
Os herbívoros tem uma dieta que é considerada de baixa qualidade quando comparados
com omnívoros e carnívoros (Hairston et al., 1960; Westoby, 1978; Owen-Smith e
Novellie 1982 citados por Henley e Ward, 2006). As plantas não só possuem baixa
quantidade de energia e proteínas mas também contém grandes quantidades de estruturas
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químicas que reduzem a seu valor nutricional para os herbívoros (Freeland e Janzen,
1974; Lundberg e Astrom, 1990 citados por Henley e Ward, 2006).
A qualidade nutricional dos alimentos consumidos é determinada pela sua composição
em termos da proporção da fibra da parede celular em relação ao conteúdo celular e pela
concentração de proteína, carbohidratos solúveis, elementos minerais e outros nutrientes
do conteúdo celular (Owen-Smith, 2002). Essa qualidade e disponibilidade do alimento
nas savanas para herbívoros de tamanho grande varia espacialmente e sazonalmente
(Bell, 1982; Walker,1993 citados por Macandza et al., 2004).
As mudanças sazonais causam mudanças na selecção de certas espécies de plantas ou
tipos e consequentemente mudanças na composição da dieta (Owen-Smith & Cooper,
1987, 1989 citados por Macandza et al., 2004).
Durante a estação seca quando há um menor crescimento do pasto, os herbívoros causam
uma continua diminuição da biomassa das espécies preferidas para a forragem (Owen-
Smith & Cooper 1987, 1989 citados por Macandza et al., 2004).
Entender a variação dos recursos alimentares suportados pelos herbívoros, em especial a
selecção da dieta, é essencial para explicar o movimento de um animal, o habitat
seleccionado, dinâmica das populações e por fim o desenvolvimento de sistemas de
gestão apropriados para cada situação especifica conducentes a uma utilização mais
eficiente e sustentável dos recursos naturais (Owen-Smith, 2002 citado por Macandza et
al., 2004; Ferreira et al., 2004).
Segundo o estudo realizado por Macandza et al.(2004), sobre a proporção de uma
determinada espécie de forragem disponível no habitat dos Búfalos africanos na
contribuição para a sua dieta através das observações directas e análises fecais,
mostraram que a sua dieta na maior parte do ano é dependente das espécies Panicum ssp.,
particularmente Panicum maximum, embora a contribuição das espécies de Panicum para
a dieta dos Búfalos decresce progressivamente na estação seca.
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“Home Range” é definido como a área usada pelos animais para a realização de
actividades diárias como o forragimento, procura de parceiros sexuais e outras
actividades e é também definida como a construção teórica e extensão da região onde o
animal frequenta (Burt, 1943 citado por Gates et al., 2005).
Segundo Stuart (1993), a manada de Búfalos tem um “Home range” claramente definido
e na área da manada raramente há sobreposição. E o tamanho do seu “Home range” está
relacionado com a qualidade do habitat (Sinclair,1977 citado por Gates et al., 2005). As
áreas de permanência menores acontecem em habitats arborizados, e a densidade dos
Búfalos está correlacionada com a elevada disponibilidade do pasto ao longo das margens
dos rios e em matas abertas de florestas (Larter &Gates, 1990 citados por Gates et
al.,2005).
As mudanças sazonais da disponibilidade de alimentos, distribuição do alimento; lugares
cobertos para o descanso durante o dia e lugares que garantem baixas temperaturas
nocturnas e geada são factores determinantes na selecção do habitat pelos Búfalos
africanos (Winterbach, 1999 citado por Cronhout, 2007).
Para o estudo do "Home Range" desenvolveu-se recentemente o metódo que usa a
tecnologia do Global position Systems (GPS), que pode ser usado para registar as
coordenadas geográficas dos locais frequentados pelos animais, e a identificação e
quantificação desses habitats, quando combinados com dados ecológicos pode contribuir
para o entendimento dos habitats requeridos por herbívoros e os factores que governam o
espaço ocupado por estes (David et al., 2009).
1.1. Problema e Justificação do Estudo
Em Moçambique a população dos Búfalos no Parque Nacional de Gorongosa (PNG)
chegou aos 14.000 (em 1972), mas seguiram-se quase 30 anos de guerra e nos anos 80 o
parque transformou-se num campo de batalha, tendo de ser deixado ao abandono (PNG,
2007).
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Durante a guerra, soldados e civis caçaram grande maioria dos mamíferos existentes no
parque tendo causado uma diminuição dos mamíferos de maior porte em mais de 95% e o
ecossistema muito ameaçado durante estes trinta anos de conflito civil em Moçambique
( PNG, 2007).
Actualmente em Moçambique estima-se que existe 5717 (±53 %) Búfalos, contudo em
2008 foram vistos somente 744, com a maior população na reserva de Niassa e ao redor
da reserva de Marromeu e na área comunal de Magoe na parte ocidental da província de
Tete (MINAG, 2008).
A Fundação Carr em co-operação com o Ministério de Turismo de Moçambique
embarcou um projecto de restauração ambicioso a longo prazo para o PNG. O Programa
de restauração inclui a introdução activa da vida selvagem no PNG. E um dos
mecanismos como parte desta estratégia foi o uso de um santuário em que os Búfalos e
outros animais estão a ser reintroduzidos para se reproduzirem e aumentar a sua
população e poderem ser libertos no Parque com objectivos de aumentar a pequena
população existente (Stalmans, 2006).
O sucesso das estratégias de gestão de diferentes comunidades de herbívoros com
objectivos de produção e ambientais requer o conhecimento dos processos envolvidos na
interacção entre estes e as plantas. Estas relações específicas para cada espécie de
herbívoro e tipo de vegetação, não estão ainda totalmente compreendidas, conduzindo
muitas vezes à adopção de estratégias de maneio inapropriadas (Ferreira et al., 2004). E o
conhecimento da área de permanência de um animal é um pré-requisito para um maneio
efectivo desse animal como um recurso (O'BRIEN', 1984).
Com este trabalho pretende-se saber sobre a dieta e “Home range” seleccionada pelos
Búfalos do santuário do Parque Nacional de Gorongosa de forma a contribuir no maneio
e gestão sustentável destes animais neste parque.
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2. Objectivos
2.1. Objectivo geral
• Estudar a dieta e o “Home range” dos Búfalos no santuário do Parque Nacional de
Gorongosa.
2.2. Objectivos especificos
1. Identificar as espécies vegetais que compõem a dieta dos Búfalos no santuário do
Parque Nacional de Gorongosa.
2. Determinar a abundância, disponibilidade, consumo, contribuição e a biomassa
herbácea no Santuário do PNG.
3. Identificar as espécies das plantas mais preferidas pelos Búfalos no Santuário do
PNG.
4. Relacionar a abundância das espécies com o consumo.
5. Identificar e estimar a dimensão da área de perrmanência dos Búfalos do Santuário
do Parque Nacional de Gorongosa, durante o periodo do estudo.
3. Hipóteses
1. Os Búfalos são animais que preferem Panicum maximum como seu alimento
principal (Macandza et al, 2004).
2. Os Búfalos são animais que preferem locais com uma densidade elevada do pasto e
lugares com fonte de água (Stuart, 1993).
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4. Área de estudo
O estudo foi realizado no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa encontra-se em
Moçambique, na costa africana, entre os rios Zambeze e Púnguè na província de Sofala
(figura 1a.), com cerca de 5.300 km2 e encontra-se a uma latitude de 18o 49’’ 49’ e
longitude 34o 30’’ 26’, está localizado a 150 Km da cidade da Beira (MITUR & FUTUR,
2004).
Abrange os distritos da Gorongosa e Muanza e uma pequena parte da zona sudoeste do
distrito de Cheringoma. Este parque situa-se na parte terminal Sul do Vale do Rift cuja a
largura é cerca de 30 a 40 km e a uma altura entre 12 a 80 m acima do nível do mar
(MITUR & FUTUR, 2004).
A oeste do vale do Urema há o planalto de Gorongosa com uma altitude entre 100 a 500
m, formado um terreno ondulado que se estende a oeste para a escarpa da montanha que
estabelece a fronteira com Zimbabwe. A 21 Km a oeste do vale do Urema esta a
montanha de Gorongosa (MITUR & FUTUR, 2004).
Neste parque encontra-se a montanha de Gorongosa que é um sólido oval de granito com
cerca de 30 km de comprimento e 20 km de largura atingido uma altura de 1863 m no
pico de GoGoGo, com um regime de chuva alto, as montanhas formam a centro um
modelo radial de correntes perenes. O P NG recebe drenagem de ambos lados do vale do
Rift e de quatro principais correntes provenientes da montanha. Esta drenagem centripta
culmina na bacia do lago Urema no centro do parque (MITUR & FUTUR, 2004).
Este parque é famoso pela sua exclusiva biodiversidade e possibilidade de observação
ornitológica. É possível apreciar espécies raras e endémicas num ambiente bonito não
povoado pelo homem, existindo também uma recuperação muito rápida do repovoamento
de leões, elefantes, antílopes, hipopótamos, crocodilos, javalis e macacos ( MITUR &
FUTUR, 2004).
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O Santuário está situado na parte sudoeste do PNG, com a sua fronteira oriental 6 km a
oeste de Chitengo (figura 1b) Abrange uma área de aproximadamente 6.200 ha. O
comprimento da fronteira de vedação é de 30 Km (Stalmans, 2006).
A altitude é inferior a 200 m acima do nível do mar, deixando cair gradualmente em
direcção a sudeste. O Santuário escarrancha a transição da parte central das unidades
fisiogeográficas do Vale do Rift. A parte central ocorre no lado ocidental e consiste no
Santuário de baixas colinas suaves com uma densidade de drenagem relativamente alta.
O Vale do Rift tem uma topografia plana que é propenso a causar inundações. A geologia
no sector ocidental consiste principalmente em gneisses e pegmatite (Stalmans, 2006).
Os solos subjacentes reflectem a geologia e topografia. São solos castanhos derivados de
gneisses e vermelho, solos derivados de diques que ocorrem na secção da parte central.
(Fernandes, 1968 citado por Stalmans, 2006).
A média para a capacidade de carga do Santuário é estimada em 6783 kg/ km-2 ou 6,7
hectares por unidade animal (Stalmans, 2006) e a média da precipitação anual é de
1038mm. (Tinley, 1977 citado por Stalmans, 2006).
O Santuário possui os seguintes habitats (figura 1c.):
� O miombo (1821ha, ou 29,4% do Santuário);
� Savana de Combretum no miombo ( 362 ha ou 5,8% do Santuário);
� Graminal ao longo das linhas de drenagem no miombo (317 ha ou 5,1% do
Santuário);
� Graminal do vale do Rift (401 ou 6,5% do Santuário);
� Combretum do Vale Rift (1,221 ha ou 19,7% do Santuário);
� Savana de Combretum – Acácia do Vale do Rift (1,795 ha ou 29,0% do
Santuário);
� Florestas secas e Ribeirinhas / Brenhas centrais do interior do Vale Rift (275 ha
ou 4,4% do Santuário)( Stalmans, 2006).
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b.
Figura 1. Localização geográfica da área de estudo. a. Mapa de Moçambique, mostrando a
localização do Parque Nacional de Gorongosa; b. Parque Nacional de Gorongosa destacando o
Santuário e c. Santuário e os principais habitats (Stalmans, 2006).
c.
a.
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5.Material e Métodos 5.1. Material do campo.
� Aparelho GPS;
� Binóculos;
� Livro de identificação de gramíneas – Guia de campo;
� Quadrícula de 1m x 1m;
� Disco de pasto (“Disc Pasture Meter” ou DPM).
� Etiquetas,
� Material de herborização,
� Sacos plásticos.
� Régua.
5.2. Metodologia
O estudo foi realizado em três períodos, nas ultimas quinzenas dos meses de Maio, Junho
e Julho de 2009, as amostragens dos meses de Maio e junho foram feitas pelo dr. Carlos
Bento, tendo o estudante participado na amostragem do mês do Julho. Os locais de
amostragem foram escolhidos segundo a presença de Búfalos ou sinais destes.
5.2.1. Dieta
O estudo da dieta foi realizado através da observação directa (visualização dos animais) e
indirecto através de vestígios de sinais de Búfalos nos locais de amostragem (Uchoa &
Moura-Britto, 2004; Macandza et al., 2004).
Para a realização do estudo da dieta teve-se como base o método usado por Macandza at
al. (2004), que consistiu no seguinte:
1. Com ajuda de binóculos observou -se o local onde os Búfalos estivessem a pastar. As
observações foram feitas à uma distância para não interferir no comportamento destes
durante a sua actividade e permitir que os erros fossem minimizados (Macandza at al.,
2004).
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2. Depois dos animais se retirarem do local onde estiveram a comer, ia-se até ao mesmo
local para a realização da amostragem. Mas nem sempre se conseguia a localização dos
Búfalos. Neste caso para a amostragem recoria-se a sinais dos Búfalos como a presença
de fezes frescas, pegadas recentes e pelas Mordidas frescas do pasto e amostrava se
também nesse lugar (Uchoa & Moura-Britto, 2004; Macandza at al., 2004).
3. Nesses locais de amostragem tirava-se as coordenadas geográficas do local usado um
GPS 60 da Marca Garmin (Macandza at al.,2004).
4. Com ajuda de uma quadricula fixa de 1*1 m fazia-se alitoriamente 10 quadriculas.
Onde em cada quadricula, media-se a densidade do pasto usando o disco do pasto, depois
fazia-se a identificação de todas as espécies de gramíneas usando-se o guia de
identificação de gramíneas de Oudtshoorn (2004), contava-se o número de indivíduos
consumidos e não consumidos de cada espécie e registava -se também a sua coloração (as
espécies eram classificadas em: verdes, verdes-amareladas, amarelo-castanhados e
castanhos), media-se também a altura máxima da parte consumida e da parte não
consumida de cada planta (Macandza et al., 2004).
5. As espécies que não foram possíveis a sua identificação no terreno forão colectados e
metidos dentro de sacos plásticos devidamente etiquetados e depois foram herborizados e
posteriormente identificados usando-se as colecções do herbário do Departamento de
Ciências Biológicas da Universidade Eduardo Mondlane e com ajuda dos técnicos
especializados do Herbário do mesmo departamento.
6. Em cada mês foi feita a mostragem em quatrocentas quadriculas.
5.2.2. “Home Range “
Para o estudo do “Home range” primeiro houve uma familiarização das pegadas e o
formato das fezes dos Búfalos usando-se o Guia de campo de Stuat (1993), de modo a
permitir uma fácil identificação.
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Usando-se o método indirecto, registava –se as coordenadas geográficas usando-se o GPS
em locais onde eram encontrados as fezes frescas e pegadas recentes dos Búfalos, bem
como em locais onde-se fazia a amostragem para o estudo da dieta (Uchoa & Moura-
Britto, 2004).
Do mesmo modo quando os Búfalos eram localizados directamente registava-se também
as coordenadas. (Getz et al., 2007).
Para permitir a realização de uma boa relação entre o “Home range” e algumas
características do habitat durante o processo da amostragem para o estudo da dieta
contava-se o número de arvores presentes num raio de 10 m. Registava-se também as
coordenadas geográficas das fontes de água (lagoas) quer com água ou sem água
encontradas durante o período de amostragem.
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6. Análise dos dados
Usou-se pacote estatístico “SPSS” Versão 13. para fazer a análise de frequências das
espécies encontradas, consumidas, coloração das plantas e os testes estatísticos
nomeadamente: teste de normalidade, homogeneidade de variâncias, Tukey HSD e
correlações.
O teste de normalidade foi feito através do teste de Kolmogrov-Smirnov
O teste de homogeneidade de variâncias foi feito usando-se o teste Levene.
Para análise de variância da abundância e consumo, foi usado a ANOVA.
Foi feito o teste de médias de Tukey HSD .
Determinou-se as frequências de cada espécie em cada período de amostragem. E com as
frequências determinou-se a abundância relativa de cada espécie, segundo Macandza et
Al., (2004), dividindo o número de plantas por cada espécie pelo número total de plantas
encontradas e multiplicado o valor obtido por 100.
Calculou-se a disponibilidade de cada espécie de planta em cada período de estudo,
usando a frequência de ocorrência, que foi calculada pela divisão do número de
quadrículas onde essa espécie está presente por quatrocentas quadrículas onde foram
feitas as amostragens (Macandza at al., 2004).
Foi feita a correlação de Pearson para se analisar a correlação entre a abundância e o
consumo de gramíneas pelos Búfalos, o número de árvores a presença dos Búfalos e a
densidade do pasto e presença dos Búfalos.
Calculou-se o consumo relativo de cada espécie dividindo-se o número de plantas
consumidas pelo número total de plantas encontradas por cada espécie e multiplicando-se
por 100% (Zar, 1996).
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Calculcou-se a contribuição de cada espécie na dieta dos Búfalos, baseando-se na
frequência do número de indivíduos de uma determinada espécie consumidos e dividindo
este pelo número total das espécies consumidas (Macandza at al.,2004).
Os dados das alturas das plantas encontradas a partir do disco medidor de pasto foram
usados para calcular a biomassa do pasto em cada período de estudo. Descrita pela
seguinte equação de calibração:
Equação de calibração da vegetação herbácea
XY 22603019 +−= . (Trapolle, 2004).
Onde : y- biomassa em kg/ha
x- altura média do disco de 100 leituras
Foi calculada preferência alimentar dos Búfalos através do Índice de Electividade de
Ivlev (Krebs, 1989), segundo a fórmula:
niri
niriEi
+
−=
Onde:
Ei – Índice de Electividade de Ivlev para a espécie i;
ri – Percentagem da espécie i na dieta; e
ni – Percentagem da espécie i no ambiente
Para o estudo do “Home range”, as coordenadas geográficas tiradas por cada ponto de
observação de fezes, pegadas, bem como pela observação directa foram transformadas
em UTM e depois num “shapefile” e depois importados para o programa ArcView GIS
3.2, cujo o fundo foi o mapa de vegetação do Santuário do Parque Nacional de
Gorongosa. E usando o mesmo programa calculou-se o tamanho do “Home range” em
cada mês usando se o método de polígono mínimo convexo.
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7. Resultados
7.1. Dieta
7.1.1. Espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos.
Do estudo feito, foram encontradas 8 espécies de plantas que fazem parte da dieta dos
Búfalos no Santuário do PNG. Das 8 plantas encontradas, quatro destas espécies
(Panicum coloratum, Panicum deustum,Sp1 e Sp2) foram encontradas somente no mês
do Maio e as restantes foram comuns em todos os meses ( Tabela 1).
Tabela 1. Apresentação das espécies de plantas que compõem a dieta dos Búfalos no
Santuário do PNG durante o período do estudo.
Período
Espécie Maio Junho Julho
Hyparrhenia hirta * * * Panicum coloratum * - - Panicum deustum * - - Panicum maximum * * * Setaria sphacelata * * * Sp1 * - - Sp2 * - - Urochloa mosambicensis * * *
(*)- Espécies de plantas encontradas durante o período de estudo, (-) – espécies de plantas não encontradas
durante a amostragem num determinado mês. Sp1, Sp2 – representa as espécies não identificadas.
7.1.2. Abundância das gramíneas.
Do estudo feito verificou-se que existe diferenças significativas entre a abundância das
diferentes espécies de gramíneas, analise de variância (ANOVA) ( F=64.194; df=7; P<
0.05) (Anexo 3). A espécie mais abundante foi o Panicum maximum respectivamente
com cerca de 56.1 %, 86.35% e 82.41% em cada período de estudo, seguida pela Setaria
sphacelata com 39.13 %, 12,03% e 12.52% respectivamente.
A espécie menos abundante dentre as espécies que foram encontradas em todos os
períodos foi a Urochloa mosambisensis com cerca de 0.44 %, 1.30 % e 1.93%.
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E dentre as espécies que foram encontradas somente no mês de Junho as menos
abundantes foram a Panicum deustum e Sp1 com 0.22 e 0.44% respectivamente (Anexo
6; figura 2).
2,23
56,1
86,3582,41
0,89
12,03 12,52
39,13
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Maio Junho Julho
Periodo
Abumdância Relativa (%)
H h Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um
7.1.3. Disponibilidade de gramíneas para os Búfalos.
Das espécies de gramíneas encontradas no Santuário do PNG, durante os três períodos de
estudo verificou-se que a espécie mais disponível para a dieta dos Búfalos é o Panicum
maximum com cerca de 0.52, 0.94 e 0.87 nos meses de Maio, Junho e Julho
respectivamente; seguida pela Setaria sphacelata com 0.49, 0,09 e 0.17 de
disponibilidade e a espécie menos disponível foi a Sp1 com 0.01 e não está disponível
nos meses de Junho e Julho porque não foi encontrado nos locais frequentados pelos
Búfalos durante esses meses (Anexo 6; figura 3).
Figura 2. Abundância relativa das espécies de plantas em cada período de estudo.
Hh-Hyparrhenia hirta, Pc= Panicum coloratum, Pd= Panicum deustum, Pm=Panicum maximum,
Um=Urochloa mosambicensis, Ss= Setaria sphacelata e Sp1, Sp2=representa as espécies encontradas na
dieta dos Búfalos e não foi possível a sua identificação.
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7.1.4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos.
A ANOVA do consumo das diferentes espécies de gramíneas mostrou que existem
diferenças significativas entre o consumo das diferentes espécies (F=64.194; df=7; P<
0.05) (Anexo 3). Durante o mês de Junho a Panicum coloratum apresentou maior
consumo relativo com cerca de 50.7%, Seguinda Panicum maximum e a Setaria
sphacelata com cerca de 54 % e 50.6 respectivamente, durante o mês de Junho a espécie
que apresentou maior consumo relativo foi a Hyparrhenia hirta e Urochloa
mosambisensis com cerca de 66.7 % e durante o mês de Julho as espécies com maior
consumo relativo foram a Panicum maximum e a Setaria sphacelata com 54.4% e
50.7% respectivamente (Anexo 7; figura 4).
Figura 3. Disponibilidade de cada espécie de planta para os Búfalos em cada período de estudo no
Santuário do Parque Nacional de Gorongosa.
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Figura 4. Consumo de gramíneas pelos Búfalos no Santuário do PNG durante o período de estudo. a)
Consumo relativo de cada planta em cada mês ; b) Número Médio de plantas consumidas durante o período
estudo.
0
66,7
11,7
57,1
0 0
50
0 0
54 51,654,4
50,655,9
50,7
25
0 0
12,5
0 0
50
66,7
38,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Maio Junho Julho
Periodo
Consumo Relativo (%)
H h Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
H h Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um
Plantas
Número Médio de plantas
Consumidas
a.
b.
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7.1.5. Contribuição das gramíneas da dieta dos Búfalos
A Panicum maximum apresentou -se com maior número de indivíduos e maior consumo,
e é a espécie que mais contribuiu na dieta dos Búfalos durante o período do estudo com
0.59, 0.85 e 0.86 respectivamente nos meses de Maio, Junho e Julho, seguida pela Setaria
sephacelata com 0,38, 0.13 e 0.12. As espécies Sp1, sp2 e a Panicum deustum foram as
que contribuíram menos com o mesmo valor de 0.002 (figura 5; Anexo 7).
0 0,0070,025 0,004 0,017 0,0140,004
0,860,85
0,59
0,13
0,38
0,12
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Maio Junho Julho
Periodo
Contribuição
H h Pc Pd Pm Ss Sp1 Sp2 Um
7.1.6.Relação entre a abundância e o consumo e de gramíneas pelos Búfalos
A correlação de Pearson mostrou que existe uma correlação positiva fraca entre
abundância e consumo de gramíneas pelos Búfalos (figura 6; Anexo 5. r=0.28; p=0.01),
as espécies mais abundantes tendem a ser as mais consumidas.
86420
Consumo de Gramíneas
8
7
6
5
4
3
2
1
Abundância de Gramíneas
R Sq Linear = 0,077
Figura 5. Contribuição das diferentes espécies de gramíneas na dieta dos Búfalos durante o período de estudo.
.Figura 6. Relação entre abundância e consumo das gramíneas pelos Búfalos encontrados no santuário do PNG .
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7.1.7. Biomassa herbácea disponível para os herbívoros no Santuário.
A biomassa herbácia dispónivel para os herbivoros no santuário aumentou ao logo do
periodo do estudo, em que registou-se maior biomassa de herbácea no mês de Julho com
cerca de 10005, 37 kg/ ha.
Tabela 2. Biomassa herbácea disponivel para os herbivoros.
Período Biomassa Herbácea (Kg/ha)
Maio 8733,95463
Junho 8924,273581
Julho 10005,37
7.1.8. Coloração Quanto a coloração das plantas, a Panicum maximum apresentou maior número de
plantas verdes com 75. 6 %, seguida pela Setaria sphacelata com 20.4 % (figura 6a;
Anexo 8) e verficou-se que o número de plantas verdes declinou ao longo do período de
amostragem, registando se o aumento de plantas castanhas ( Figura 6b; Anexo 9).
Quanto ao consumo verificou-se maior consumo de plantas verdes em todos os períodos
de estudo com cerca de 58.13 %, 66.16 e 92.86 % respectivamente, enquanto as plantas
verde-amareladas não foram consumidas (Figura 6c; Anexo 9).
a.
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c.
58,1366,16
92,87
7,410
12,9913,4974,94 5,54
0
20
40
60
80
100
Maio Junho Julho
Período (Mês)
Consumo Relativo (%)
V
AC
C
0
500
1000
1500
2000
2500
V VA AC C
Coloração
Número de Plantas
NC
C
Figura 7.Coloração das gramíneas encontradas durante o período de estudo no Santuário do PNG. a)
Coloração predominante por cada espécie de gramínea encontrada durante o estudo. b) Abundância relativa das
cores de plantas durante período de estudo. c) Consumo relativo das gramíneas em relação a sua coloração. d)
Comparação entre número de plantas consumidas e não Consumidas em relação a sua coloração.
V=Verde, VA=Verde-amarelada, AC=Amarelo-acastanhado; C= Castanho. Figura 6.d. C= Consumido e NC-não
Consumido.
86,7
77,79
52,95
0,66 0,33 0,232,96 4,3 7,099,73
17,56
39,87
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Maio Junho Julho
Periodo (Mês)
Abundância Relativa (%)
V
VA
AC
C
b.
d.
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7.1.9. Preferência das gramíneas pelos Búfalos.
A tabela 3 mostra a preferência em ordem decrescente das diferentes espécies de
gramíneas pelos Búfalos para a sua dieta, em que a espécie mais preferida foi a Panicum
coloratum seguida pela Panicum maximum e as restantes espécies são rejeitadas pelos
Búfalos.
Tabela 3. Apresentação da preferência das diferentes espécies de plantas pelos Búfalos.
Espécie Preferência (Ei) Panicum coloratum 0.05 Panicum maximum 0.01 Setaria sphacelata -0.006 Panicum deustum -0.02 Urochloa mosambicensis -0.03 Sp1 -0.03 Hyparrhenia hirta -0.59 Sp2 -0.61
A tabela 4 mostra a preferência das gramíneas pelos Búfalos para o seu consumo em
relação a sua cor, mostrando que as plantas verdes são as mais preferidas com índice
Electividade de Ivlev de 0, 15 e as plantas de cor verde-amareladas, amarelas-castanhadas
e castanhas são rejeitadas pelos Búfalos, apresentam um índice Electividade de Ivlev
negativo.
Tabela 4. Apresentação da Preferência das plantas pelos Búfalos em relação a sua
coloração.
Coloração Preferência
V 0.15 AC -0.72 C -0.78 VA -1
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7.2. “Home range”
7.2.1. Tamanho do "Home Range" dos Búfalos
A tabela 5 mostra o tamanho do “Home Range” usado pelos Búfalos durante os
diferentes períodos em que o estudo foi realizado em que o tamanaho do “Home Range”
foi maior em Julho.
Tabela 5. Tamanho do “ Home Range” em cada período do estudo.
Período Área ( m2 )
Maio 560392. 146
Junho 555463.022
Julho 731696.173
7.2.2. Relação entre a presença dos Búfalos e a densidade do pasto
Do estudo feito verificou-se que os Búfalos não preferem áreas com menor altura do
pasto (pouca densidade) e nem áreas com uma altura elevada do pasto (maior densidade),
mas sim áreas com densidades moderadas do pasto.
Segundo a figura 7 observa -se que os Búfalos encontram se mais em locais com
densidades moderadas de gramíneas, visto que o número de quadriculas amostradas foi
maior em locais com altura de DPM que varia no intervalo entre 16 a 44 cm de altura (
densidades moderadas de pasto), evitado locais com menor densidade (altura de DPM no
intervalo de 4 a16 cm) e maior densidade (altura de DPM no intervalo entre 44 a 60 cm
de altura).
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y = -2,4203x2 + 33,668x + 8,6813
R2 = 0,5646
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
[4-8[ [8-12[ [12-16[ [16-20[ [20-24[ [20-28[ [28-32[ [32-36[ [36-40[ [40-44[ [40-48[ [48-52[ [52-56[ [56-60]
D.P.M. (cm)
Freqência
Figura 8. Relação entre a altura do disco de medida de pasto e a presença dos Búfalos. A frequência indica
o número de quadrículas em que o DPM atingiu as diferentes alturas.
7.2.3. Relação entre o número de arvores e a presença dos Búfalos.
Os Búfalos frequentam locais com menor número de árvores, havendo mais sinais de
Búfalos onde o número de árvores varia de 24 a 31. Ao aumentar o número de árvores, o
número de sinais do animal diminui (Figura 9).
y = -8,1449Ln(x) + 23,302R2 = 0,577
0
5
10
15
20
25
1-8.5 8.5-16 16-23.5 23.5-31 31-38.5 38.5-46 46-53.5 53.5-61 61-68.5 68.5-76
Número arvores
Frequência
Figura 9. Relação entre o número de árvores e a frequência com que os Búfalos eram encontrados.
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Figura 10. Mapa do “Home-Range” dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo.
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Figura 11. Mapa de distribuição dos Búfalos no Santuário do PNG durante o período do estudo.
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Figura 12: Mapa de densidade dos Búfalos em cada período de estudo no Santuario do PNG.
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8. Discussão dos Resultados
8.1. Dieta
O Santuário consiste em diversos habitats com diferentes capacidades de carga e
sustentabilidade de habitats. O miombo é o maior habitat ocupado quase metade do
Santuário com cerca de 29.4% da área total e a savana ocupa cerca de 11.6 % (Stalmans,
2006). As amostragens para o estudo da dieta foram feitas na savana onde foram
encontradas os Búfalos e sinais destes animais; neste habitat durante o período de estudo
foram encontradas 8 espécies de gramíneas que fazem parte da dieta dos Búfalos (Tabela
1), entretanto no santuário existem outros tipos de gramíneas que servem de alimento
para os herbívoros, segundo o estudo feito por Govo (2008), Sobre a Dieta, distribuição e
“Home-Range” de Boi-cavalo no Santuário encontrou 14 espécies de gramíneas.
O facto dos Búfalos terem consumido apenas 8 espécies de gramíneas apesar da
existência de mais espécies no santuário provavelvemente pode ser justificado pela não
preferência ou a não disponibilidade destas espécies nos locais frequentados pelos
Búfalos durante o período em que o estudo foi realizado. Segundo Dittrich et al., (2007),
a decisão do animal em escolher uma comunidade de plantas ou outra é determinada pela
presença de planta preferidas, sofrendo mudanças ao longo das estações do ano.
Os resultados do presente estudo podem ser támbém sustentados pelo estudo feito por
Martin (2002), em que as espécies encontradas no santuário nos locais frequentados pelos
Búfalos fazem parte da lista das espécies de gramíneas da África Austral que são
utilizadas pelos Búfalos na sua dieta.
Quanto a abundância das plantas, verificou-se que houve diferenças significativas na
abundância das espécies de plantas durante o período de estudo em que as espécies mais
abundantes dos locais frequentados pelos Búfalos no Santuário do PNG durante o período
do estudo foram a Panicum maximum com cerca 56.1%, 86.35% e 82.41%
respectivamente em cada périodo de estudo, seguida pela Setaria sphacelata com 39.13
%, 12,03% e 12.52%, os resultados obtidos neste estudo são sustentados pelo estudo feito
pelo Stalmans (2006), que encontrou as espécies Panicum maximum e uma espécie do
género Setaria, a Setaria incrassata no grupo das gramíneas mais abundantes nas savanas
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
Luís Júnior Comissário Mandlate 28
do Santuário do PNG. Esta maior abundância registada da espécie Panicum maximum
também pode ser justificada pelas condições dos solos de Santuário, em que apresenta
solos férteis e pela elevada precipitação media anual (1038 mm), pois segundo
Oudtshoorn (2004), esta espécie cresce em regiões com solos férteis e com uma
precipitação que varia entre 550-660mm / ano e segundo o mesmo autor esta especie é
perene e que cresce em todas as estações do ano e podendo ser pioneira e atingir a fase
subclimax e climax na sucessão vegetal.
No que concerne ao consumo relativo de gramíneas, a ANOVA mostrou haver diferenças
significativas no consumo entre as diferentes plantas. No mês de Maio as espécies mais
consumidas pelos Búfalos foram a Panicum coloratum seguida pela Panicum maximum,
esta que foi também a espécie mais consumida no mês de Julho, este maior consumo das
espécies do género Panicum pode ser justificado pelo facto de as espécies do género
Panicum possuem maior concentração de nutrientes como o Nitrogénio e Sódio e por isso
são mais preferidas pelos herbívoros (Murray, 1996 citado Fedema e Tukey, 2001), e
segundo os mesmos autores os herbívoros parecem seleccionar pasto com maior
concentração de Sódio para resolver o seu problema de escassez do potencial de Nacl. O
facto da espécie Panicum maximum ser uma das espécies com maior consumo relativo é
justificado também pelo facto desta espécie ser a mais palatável (maior digestibilidade e
maior valor nutritivo) (Oudtshoorn, 2004).
A Hyparrhenia hirta e a Urochloa mosambicensis registaram maior consumo relativo em
Junho este maior consumo é também justificado pelo seu maior valor nutritivo e a espécie
Urochloa mosambicensis é palatável mesmo na época seca (Oudtshoorn, 2004).
As espécies Panicum maximum e a Setaria sphacelata foram as espécies que mais
contribuíram na dieta dos Búfalos durante o périodo de estudo provavelmente devido ao
seu elevado valor nutritivo; e verificou existir uma relação entre a abundância e o
consumo das gramíneas (Figura 6). Os mesmos resultados foram obtidos no estudo
realizado no Kruger National Park, Africa do sul pelo Macandza et al., (2004), sobre a
proporção de uma determinada espécie de forragem disponível no habitat dos Búfalos
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Luís Júnior Comissário Mandlate 29
africanos na contribuição para a sua dieta em que verificou que a sua dieta na maior parte
do ano é dependente das espécies Panicum ssp., particularmente Panicum maximum.
Durante a alimentação, os animais comem com mais frequência alguns itens alimentares
e rejeitam outros; nos itens aceites, a frequência com que estes são consumidos é
diferente nas diversas espécies (Krebs, 1989). E diz se que um animal exibe uma
preferência por um particular tipo de alimento quando a proporção desse alimento na
dieta é maior em relação a proporção no ambiente (Begon et al., 1996).
No presente estudo verificou-se que as espécies mais preferidas pelos Búfalos foram a
Panicum coloratum e Panicum maximum esta preferência provavelmente é devido ao seu
alto valor nutritivo e segundo Oudtshoorn (2004), O Panicum coloratum e o Panicum
maximum são espécies com alta palatabilidade. E segundo Abeare (2004), O Panicum
maximum tende a crescer em baixo das arvores e arbustros, concervando assim a cor
verde durante muito tempo e permanece como sendo a espécie com alta palatibilidade
durante do perido seco. Esta pouca varição da coloração da espécie Panicum maximum ao
longo do tempo seco provavelmente explica o seu maior consumo pelos Búfalos.
Segundo Begon et al., (1996), para medir a preferência de um alimento na natureza, não é
necessário somente analisar a dieta do animal, mas também tem que analisar a
disponibilidade dos diferentes tipos de alimento, e isto não tem que ser visto do ponto
vista do observador (abundância do alimento no ambiente), mas sim do ponto de vista do
animal (disponibilidade do alimento para o animal). Em parte esta afirmação não diverge
com os resultados obtidos no presente estudo, em que a espécie Panicum maximum foi a
espécie mais disponível (Figura 3) para os Búfalos durante o período de estudo e que foi
uma das espécies mais preferida, em contrapartida a Setaria sphacelata é a segunda
espécie mais disponível mas foi rejeitada pelos Búfalos, a rejeição desta espécie
provavelmente pode estar relacionado com a redução da sua disponibilidade para os
Búfalos ao longo do período de estudo, pois segundo Bagon (1996), os consumidores
ignoram os seus alimentos preferidos quando estes são poucos disponíveis o que
obrigaria estes a despender energia para procurar. E segundo Ditrich et al.,(2007), a
maior disponibilidade de uma deterrminada espécie, comparitivamente a outra, influencia
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
Luís Júnior Comissário Mandlate 30
na sua preferência. Com a diminuição da disponibilidade da espécie preferida, devido ao
aumento da intensidade e duração do período de seco também a preferência por esta
espécie também diminui.
Macandza et al.,(2004), encontrou também a Setaria sphacelata no grupo das espécies
menos preferidas pelos Búfalos e para este autor a não preferência desta espécie constitui
um paradoxo pois a mesma apresenta um alto valor nutritivo.
.
A espécie Panicum coloratum apesar de ter sido encontrado somente no mês de Maio, e
ter registado menor valor de disponibilidade (Tabela 1, Figura 3, Anexo 6) aparece como
sendo a espécie mais preferida pelos Búfalos, esta maior preferência pode ser justificada
pelo seu maior valor nutricional e digestibilidade.
Estudo feito por Macandza et al.,(2004), encontrou a Panicum maximum e Panicum
coloratum como sendo as espécies mais preferidas pelos Búfalos africanos. E segundo
Martin (2002), todas as especies do género Panicum registadas na Africa Austral são
preferidas pelos Búfalos.
O facto de outras espécies terem sido rejeitadas pelos Búfalos provalvelmente não pode
ser explicado pelo seu valor nutritivo, pois segundo Oudtshoorn ( 2004), estas espécies
também apresentam um valor nutritivo moderado e são também palatáveis apesar de que
o seu valor nutritivo é baixo quando comparado com as espécies do género Panicum.
Quanto a biomassa estimada registou-se uma biomassa elevada para os herbivoros
pastarem durante os meses de Maio, Junho e Julho. Esta alta biomassa observada no
presente estudo deve se ao facto do período em que o estudo foi realizado em que as
gramíneas apresentavam uma altura média superior a 1 metro. Esta biomassa sugere que
há necessidade do maneio (queimadas) neste período, pois, segundo Trollope (2004),
áreas com biomassa acima de 4000kg ou com pastagem intensa requerem queimadas e
segundo o mesmo autor as queimadas favorecem a abundância e o crescimento de
gramíneas palatáveis para os herbívoros na medida em que removem o pasto seco e alto
que não é consumido pelos herbivoros e tornam as condições favoráveis para o
brotamento de novas espécies tornando assim a vegetação herbácea palatável para os
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
Luís Júnior Comissário Mandlate 31
herbívoros. Assim sendo, provavelmente para aumentar e melhorar a palatibilidade do
pasto para os herbívoros do Santuário há uma necessidade de maneio de queimadas
durante este período e segundo o estudo feito por Ryan (2006), no Klaserie Private
Nature Reserve, Africa de Sul observou que locais queimados nas savanas daquela
reserva foram atractivos para os Búfalos depois ter ocorrido um re-crescimento
suficiente do pasto.
Durante o período de estudo verificou-se maior abundância de plantas verdes, está
abundância das plantas verdes reduziu ao longo do período de estudo enquanto a
abundância de plantas castanhas aumentou ao longo do período de estudo devido ao
prologamento do tempo seco.
A qualidade das gramineas explica porque algumas especies são preferidas e outras não
(Heurman, 2007). As analises da preferência das plantas em relação a sua coloração
usado o índice de Electividade de Ivlev, mostram que as plantas verdes são as mais
preferidas pelos Búfalos e as plantas verde-amareladas, amarela-acastanhadas e castanhas
foram rejeitadas. Esta rejeição é explicada pela alta concentração de celulose, lignina e
fibras nas plantas em crescimento tornado estas dificilmente digeríveis para os herbívoros
(Van Soent, 1994; Ombadi et al., 2001 citados por Heurman, 2007). E o maior consumo e
preferência pelas plantas verdes é justificado pelo facto de quando as plantas são verdes
apresentam maior quantidade de proteínas (Van Soeu, 1994; Ombadi et al., 2001 citados
por Heurman, 2007). E O’Regian & Owen –smith (1996) citados por Relling et al.,
(2001), notaram que gramíneas com a coloração verde estão positivamente
correlacionados com a alta qualidade da dieta.
E o aumento do consumo das plantas amarelo- acastanhadas ao longo do período de
estudo pode ser justificado pela teoria de forragimento segundo a qual muitas espécies de
plantas que são ignoradas pelos herbívoros podem ser posteriormente preferidas quando a
disponibilidade das plantas preferidas escasseia durante o prolongamento do tempo seco
(Begon et al., 1996). O consumo dessas plantas (amarelo- acastanhadas) pelos Búfalos
também pode ser explicado pelas necessidades desses animais em balacear a sua dieta,
não consumido apenas plantas verdes que causaria-lhes diarreias. Prins (1996) citado por
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
Luís Júnior Comissário Mandlate 32
Abareare (2004), no seu estudo observou que os Búfalos não seleccionam
necessariamente somente as epécies nutritivas dispóniveis que podem maximizar suas
necessidades proteicas, devido a sua fisionomia digestiva que pode causar acidoce; deste
modo para balecear a sua dieta os Búfalos provavelmente consomem plantas verdes (que
contém grande quantidade de proteinas) e plantas verdes-amareladas, amarelo-
acastanhadas e castanhas que contém grandes quantidades de fibras balanceando assim a
sua dieta. E segundo Abareare (2004), a Setaria ssp. joga um papel importante no
balaciamento da dieta.
8.2. "Home range"
No presente estudo verificou-se um aumento do tamanho do "Home range "dos Búfalos
ao longo do período (Tabela 5). Estes resultados são suportados pelo estudo feito Sinclair
(1977) citado por Cromhout (2007), ao afirmar que o tamanho do “Home range” dos
herbívoros é menor em áreas com boa drenagem e nas florestas e maior em áreas secas e
abertas. Os mesmos resultados foram também obtidos por Cromhout (2007), ao verificar
o aumento do tamanho do “Home range” dos Búfalos durante o tempo seco.
Segundo Benson et al.,(2006), afirma que o tamanho do “Home range” é normalmente
influienciado pela disponibilidade do alimento. Ja MacNad (1963), Harestad & Bunell
(1979) citados por Benson et al.,(2006), sugerem que o tamanho do “Home range” é
menor em áreas com maior disponibilidade de alimento onde o animal é capaz de adquirir
nutrientes suficientes para sobrevivir e reproduzir-se numa área pequena. E no caso dos
Búfalos o tamanho do seu “Home range” durante o tempo seco está relacionado com a
disponibilidade de água (Funsten et al., 1994 citado por Ryan, 2006). Os resultados do
presente estudo estão de acordo com o predito por estes autores em que verificou-se o
aumento do tamanho do “Home range” dos Búfalos durante o periodo do estudo. Este
aumento é justificado pela redução das fontes de água (figura11), da disponibilidade e
qualidade do pasto (Figuras 3 e 7b.) durante o periodo do estudo. Estas condições
obrigam com que os Búfalos passem muito mais tempo a caminhar a procura de campim
verde e palatável para satisfazer as suas necessidades metabólicas e assim o aumento do
seu “Home range” com prolongamento do tempo seco. E segundo a figura 11 mostra que
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Luís Júnior Comissário Mandlate 33
os Búfalos encontram se mais distribuídos no mês do Julho em relação aos meses de
Maio e Junho, esta maior distribuição durante o mês de Julho provavelmente é explicado
pela fragmentação da manada com a redução da disponibiliade do alimento e da água.
Taold (2003) citados por Ryan (2006), encontrou a manada dos Búfalos fragmentada
durante o tempo seco e o maior tamanho da manada no tempo chuvoso.
Com base das medições das alturas do DPM verificou-se que os Búfalos preferem áreas
com densidades moderadas do pasto, envitando áreas com elevada densidade e com
menor densidade (Figura 8). Provavelmente evitam áreas com menor densidade porque
não conseguem satisfazer suas necessidades energéticas devido a pouca abundância do
alimento, ao contrário de locais com elevada densidade em que há muito alimento mas
não está ao alcance dos Búfalos devido a grande altura das gramíneas. E segundo Stobbs
(1973b) e Penning et al.,(1991) citados por Cândido (2002), existe uma correlação
positiva entre a densidade e altura do pasto em que a maior altura do pasto afecta
negativamente o consumo pela menor participação das folhas nas camadas superiores do
pasto e apresenta alta correlação negativa com o tamanho da bocada em função da
dificuldade da apreensão da forragem pelos herbívoros com a presença de colmos mais
longos. E Heurman (2007), afirma que as gramíneas contêm principalmente estruturas
como celulose, lignina, fibras e outras que não são facilmente digeridos pelos herbívoros,
estas estruturas estão em grandes quantidades nos colmos das plantas altas do que nas
folhas.
A distribuição que se pode ver no mapa da figura 11, mostra a preferência de Búfalos por
locais abertos, visto eles se concentraram apenas na savana. Na floresta de miombo não
foi encontrado nenhum vestígio do animal. Estes resultados são também suportados por
Stuart (1993) sobre o habitat dos Búfalos ao afirmar que estes animais preferem habitats
abertos e utilizam graminais, esta preferência em locais abertos é também justificado pelo
número de arvores que eram contados durante a amostragem num raio de 10m em que
verificou-se uma diminuição da frequência dos vestígios dos Búfalos encontrados em
locais com maior número de arvores (Figura 9). Estes animais evitam locais com muitas
árvores provavelmente porque áreas com muitas árvores dificultariam a mobilidade
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
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destes, pois são animais grandes ou pode estar relacionado com pouca disponibilidade de
gramíneas para os Búfalos nestes locais; pois os resultados do presente estudo estão de
acordo com o predito por Scholes (2003), Ludwig et al., (2004) citados por Treydte et al.,
(2007), ao afirmarem que locais com muita densidade de árvores tedem a reduzir a
cobertura herbácea diminuindo assim a sua produtividade devido a redução da penetração
da radiação solar e tornando assim estes habitats poucos atractivos para os herbívoros.
Durante o período de estudo verficou-se também que a maior parte do consumo das
gramíneas pelos Búfalos registou-se em locais com a sobra das arvores, este facto pode
ser justificado pelo período em que o estudo foi realizado (Período seco), em que locais
com ausência de sobra (sem árvores), as gramíneas estavam totalmente secas. E segundo
Treydte (2007), as árvores nas savanas são consideradas como “ilhas de fertilidade”
porque reduzem a radiação solar, reduzem a evapotraspiração e reduzem a temperatura
do solo, estas condições favorecem com que as gramíneas se mantenham verde durante
muito tempo aumentando assim a sua qualidade, tornando assim estas gramíneas que
crescem nesses locais um recurso alimentar para os “grazers” durante o tempo seco.
Na figura 11 pode se ver também que a distribuição dos Búfalos na savana não é
uniforme, havendo regiões com maiores concentrações do que outras, essas regiões em
que os Búfalos encontram-se mais concentrados possuem fontes de alimento ou fontes de
água o que mostra a dependência destes animais pela água. Durante os meses de Maio e
Junho os Búfalos ocuparam quase o mesmo habitat, encontravam-se mais concentrados
na região da savana que sofre inundações pelo do rio Púnguè (Figura 4 do Stalmans,
2006). O elevado número de lagoas com água que foram registadas nesta região durante
estes meses explica a presença dos Búfalos nesta área e o sentido de movimentação dos
Búfalos foi de sudoeste a noroeste, deixando a região da savana que sofre inundações
pelo rio Púnguè quando os lagos estavam secos para a região de savana com Combretum-
Acácia do Vale do Rift onde os lagos continham água e a presença de arvores nesta
região provavelmente explica a presença dos Búfalos nesta região durante o mês de
Julho. Este facto esta de acordo com o que foi predito por Winterbach, (1999) citando por
Cronhout (2007), ao afirmar que as mudanças sazonais da disponibilidade de alimentos,
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distribuição do alimento; lugares cobertos para o descanso durante o dia e lugares que
garantem baixas temperaturas são factores determinantes na selecção do habitat pelos
Búfalos africanos. E Ryan (2006), verificou que os Búfalos preferem áreas das savanas
com arbustros de Acacia e áreas com matas dominadas por Combretum e segundo
Treydte et al.,(2007) a presença das arvores nas savanas melhora a qualidade das
gramineas, especialmente nas savanas secas.
Este facto mostra a dependência dos Búfalos pela água. E Segundo Sinclair (1974ª)
citado por Cronhout (2007); afirma que o melhor habitat disponível para os Búfalos
africanos deverá ser especificado de acordo com o habitat seleccionado durante o tempo
seco, pois estes animais são dependentes da água superficial e tem que beber água de 38 a
38 horas e também utilizam a água para a termorregulação durante o dia. Os mesmos
resultados são também suportados pelo estudo feito por Larter & Gates (1990) citados
por Gates et al.,(2005), em que encontrou áreas de permanência menores para os Búfalos
em habitats arborizados e a maior densidade dos Búfalos foi encontrada em habitats com
a elevada disponibilidade do pasto ao longo das margens dos rios e em matas abertas de
florestas. Ja Ryan (2006), no seu estudo encontrou os Búfalos a selecionarem áreas com
distancias menores que 1 km das fontes de água e segundo este autor isto sugere que os
Búfalos preferem áreas perto da água onde tem acesso a propria água e a boa qualidade
de alimento porque nestas áreas ao logo dos rios a vegetação permanece durante muito
tempo verde.
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9. Conclusões
Do estudo feito Conclui-se que:
• As especies de gramineas mais abundantes no Santuario do Parque Nacional de
Gorongosa são a Panicum maximum e a Setaria sphacelata.
• A Panicum maximum e a Setaria sphacelata são as espécies de gramíneas mais
disponíveis para a dieta do Búfalos no Santuário do Parque Nacional da
Gorongosa.
• Os Búfalos alimentam-se basicamente de gramíneas e as espécies do género
Panicum, respectivamente o Panicum coloratum e o Panicum maximum são as
mais preferidas pelos Búfalos.
• As plantas verdes são as mais preferidas pelos Búfalos enquanto as plantas verdes
–amareladas, amarelo- acastanhas e castanhas são reijatadas.
• A abundância, disponibilidade e a qualidade de certas gramíneas em relação as
outras determina o maior consumo dessas plantas em relação as outras.
• Os Búfalos evitam áreas com menores e maiores densidades de pasto, preferindo
áreas com densidades moderadas do pasto e evitam locais fechados preferindo
savanas abertas não com muitas árvores.
• A presença da água e alimento e variação destes ao longo do tempo são factores
determinantes na selecção do “Home range” pelos Búfalos. E o tamanho do
“Home range” dos Búfalos tende a aumentar com o prolongamento do tempo
seco.
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10. Recomendações
Recomenda -se o estudo da Dieta e ‘Home range’ dos Búfalos no Santuario do Parque
Nacional de Gorongosa ao logo de todos os meses de ano para melhor entender os
habitos alimentares e os habitats selecionados pelo este animal para um melhor
monitoramento deste como um reurso.
Por fim recomenda-se a realização do estudo da dieta e outros aspectos ecologicos dos
diferentes tipos de herbivoros que estão a ser introduzidos no santuário para o melhor
monitoramento destes e para permitir a realização de estudos comparativos do
comportamento, dieta, escolha do habitat e outros parâmetros dos animais quando
libertos para o parque.
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Anexos
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Anexo 1. Tabela de resultados de testes de Kolmogorov-Smirnov para análise de Normalidade nas diferentes espécies de gramíneas Abundância Consumo N 8 8 Normal Parameters(a,b)
Mean 365,50 190,75
Std. Deviation 771,176 411,858 Most Extreme Differences
Absolute 0.413 0,413
Positive 0.413 0,413 Negative -0,319 -0,323 Kolmogorov-Smirnov Z 1,167 1,167 Asymp. Sig. (2-tailed) 0,131 0,131
Anexo 2. Teste de Levene para a análise de Homogeneidade de Variâncias nas diferentes espécies de gramíneas
Anexo 3. Tabela de ANOVA
Sum of Squares df Mean Square F Sig.
Between Groups 486.950 7 69.564 64.194 .000 Within Groups 3158.884 2915 1.084 Total 3645.834 2922
Anexo 4. Teste de Tukey HSD para analisar as diferenças nas médias de abundância de gramineas Especies N Subset for alpha = .05 1 2 3 4 Setaria sphacelata 604 .52 Hyparrhenia hirta 42 .86 .86 SP2 8 .88 .88 SP1 4 1.00 1.00 1.00 Panicum maximum 2205 1.07 1.07 1.07 Urochloa mosambicensis 37 2.30 2.30 Panicum deustum 2 2.50 Panicum coloratum 21 4.57 Sig. .962 .095 .069 1.000
Levene Statistic df1 df2 Sig.
1153.781 7 2915 .000
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Anexo 5. Tabela de correlação entre abundância e consumo de gramíneas pelo Búfalo.
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
Anexo 6. Apresentacão da frequencia, abundancia relativa e disponibilidade de plantas em cada periodo de estudo no Santúario do PNG
Periodo Maio Junho Julho
Espécies Freq. Abund.(%) Disp. Freq. Abund.(%) Disp. Freq. Abund.(%) Disp. Hyparrhenia hirta 5 0,55 0,0175 3 0,33 0,0025 34 3,13 0,085 Panicum coloratum 21 2,23 0,03 0 0 0 0 0 0 Panicum deustum 2 0,22 0,005 0 0 0 0 0 0 Panicum maximum 513 56,1 0,515 797 86,35 0,94 895 82,41 0,87 Setaria sphacelata 358 39,13 0,49 111 12,03 0,0925 136 12,52 0,1725 Sp1 4 0,44 0,01 0 0 0 0 0 0 Sp2 8 0,89 0,015 0 0 0 0 0 0 Urochloa
mosambicensis 4 0,44 0,005 12 1,30 0,0175 21 1,93 0,04 Total 915 100 923 100 1086 100
Onde: Freq.-Frequência das plantas encontradas; Abund..- Abundância relativa; Disp.-Disponibilidade das plantas para os Búfalos.
Espécies consumidos Abundância Espécies consumidos Pearson Correlation 1 280**
Sig. (2-tailed) .000
N 2923 2923
Abundância Pearson Correlation .280(**) 1
Sig. (2-tailed) .000 N 2923 2927
Estudo da dieta e “Home range” do Búfalo (Syncerus caffer), no Santuário do Parque Nacional de Gorongosa
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Anexo 7. Apresentacão da frequencia das plantas consumidas, consumo relativo; e contribuição de plantas durante o periodo de estudo no Santúario do PNG.
Onde : Freq.-Frequencia das plantas consumidas; cons.- consumo relativo; contri.-contribuicao das plantas para a dieta dos Búfalos.
Periodo Maio Junho Julho
Espécies Freq. Cons.(%) Contri. Freq. Cons.(%) Contri. Freq. Cons.(%) Contri. Hyparrhenia hirta 0 0 0 2 66,66666667 0,004141 4 11,76470588 0,007042 Panicum coloratum 12 57,14286 0,025263 0 0 0 0 0 0 Panicum deustum 1 50 0,002105 0 0 0 0 0 0 Panicum maximum 277 53,9961 0,583158 411 51,56838143 0,850932 487 54,41340782 0,857394 Setaria sphacelata 181 50,55866 0,381053 62 55,85585586 0,128364 69 50,73529412 0,121479 Sp1 1 25 0,002105 0 0 0 0 0 0 Sp2 1 12,5 0,002105 0 0 0 0 0 0 Urochloa
mosambicensis 2 50 0,004211 8 66,66666667 0,016563 8 38,0952381 0,014085
Total 475 1 483 568 1
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Anexo 8. Coloração das plantas e os respectivos valores absolutos e relativos (%) em cada período de estudo.
Coloração Espécies V Ab. (%) VA Ab. (%) AC Ab. (%) C Ab. (%)
Hyparrhenia hirta 28 1,228609 0 0 2 1,162791 2,575107
Panicum coloratum 20 0,877578 0 0 0 0 1 0,214592
Panicum deustum 2 0,087758 0 0 0 0 0 0
Panicum maximum 1723 75,60333 0 0 124 72,09302 358 76,82403
Setaria sphacelata 465 20,40369 7 100 43 25 90 19,3133
Sp1 3 0,131637 0 0 0 0 1 0,214592
Sp2 8 0,351031 0 0 0 0 0 0
Urochloa mosambicensis 30 1,316367 0 0 3 1,744186 4 0,858369
Total 2279 100 7 100 172 100 466 100
Onde : V – Verde; VA – Verde-amarelo; AC – Amarelo-castanho; C – Castanho
Anexo 9. Representação dos dados sobre a coloração indicado o número de plantas
encontradas e consumidas em relação a sua coloração e os seus respectivos valores
relativos (%). Número de plantas consumidas e os respectivo consumo relativo.
Onde: Freq.-Frequencia; Ab.-Abundância relativa; Cons.- Consumo relativo;
Ocorrência Plantas Consumidas
Maio Junho Julho Maio Junho Julho
Coloração
Freq. Ab.(%) Freq. Ab. Freq. Ab. Freq. Cons. Freq. Cons. Freq. Cons.
Plantas não consumidas
V 793 86,67 718 77,79 575 52,95 461 58,13 475 66,16 534 92,86 616
VA 6 0,66 3 0,33 1 0,23 0 0 0 0 0 0 10
AC 27 2,95 40 4,33 77 7,09 2 7,41 0 0 10 12,99 132
C 89 9,73 162 17,55 433 39,87 12 13,48 8 4,93 24 5,54 640 Total 915 100 923 100 1086 100 475 483 568 1398
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Anexo 10. Numero médio de plantas encontradas e consumidas e os respectivos desvios padrao.
Anexo 11. Frequencia das alturas do disco do pasto LOW HIGH FREQ PERCENT
4 8 11 0.9
8 12 50 4.1
12 16 86 7.1
16 20 130 10.8
20 24 174 14.4
24 28 152 12.6
28 32 122 10.1
32 36 116 9.4
36 40 104 8.6
40 44 93 7.7
44 48 25 2.1
48 52 43 4.4
52 56 26 2.2
56 60 68 5.6
TOTAL 1200 100.0
~
Abundância Consumo
Espécies
Média Desvio
padrao
Media Desvio
padrao
Hyparrhenia hirta 14 17,34935157 2 2
Panicum coloratum 7 12,12435565 4 6,928203
Panicum deustum 0,666667 1,154700538 0,333333 0,57735
Panicum maximum 735 752,6404631 391,6667 106,3265
Setaria sphacelata 201,6667 135,9644561 104 66,77574
Sp1 1,333333 2,309401077 0,333333 0,57735
Sp2 2,666667 4,618802154 0,333333 0,57735
Urochloa mosambicensis 12,33333 8,504900548 6 3,464102
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Anexo 12. Frequencia das arvores encontradas.
Numero de arvores Frequncia percetagem Percetagem valida
percetagem comulativa
1 2 1.9 1.9 1.9
2 4 3.7 3.7 5.6
4 3 2.8 2.8 8.4
5 1 .9 .9 9.3
6 2 1.9 1.9 11.2
7 2 1.9 1.9 13.1
8 2 1.9 1.9 15.0
10 1 .9 .9 15.9
11 3 2.8 2.8 18.7
12 2 1.9 1.9 20.6
13 4 3.7 3.7 24.3
14 6 5.6 5.6 29.9
15 2 1.9 1.9 31.8
16 1 .9 .9 32.7
17 4 3.7 3.7 36.4
18 2 1.9 1.9 38.3
19 2 1.9 1.9 40.2
20 4 3.7 3.7 43.9
21 2 1.9 1.9 45.8
22 3 2.8 2.8 48.6
23 1 .9 .9 49.5
24 5 4.7 4.7 54.2
25 5 4.7 4.7 58.9
27 1 .9 .9 59.8
28 2 1.9 1.9 61.7
29 2 1.9 1.9 63.6
30 7 6.5 6.5 70.1
32 3 2.8 2.8 72.9
33 3 2.8 2.8 75.7
34 3 2.8 2.8 78.5
36 2 1.9 1.9 80.4
37 4 3.7 3.7 84.1
40 8 7.5 7.5 91.6
43 1 .9 .9 92.5
50 1 .9 .9 93.5
53 2 1.9 1.9 95.3
54 1 .9 .9 96.3
60 3 2.8 2.8 99.1
76 1 .9 .9 100.0
Total 107 100.0 100.0