universidade estadual do norte do paranÁ programa de ... · aprimorar a formação e a prática...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁCAMPUS DE JACAREZINHO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
ANA MARIA DO PRADO VALDIVIESO
FORMANDO PROFESSORES COMPETENTES NA ARTE DE CONTAR
HISTORIAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL
JACAREZINHO2012
FORMANDO PROFESSORES COMPETENTES NA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Maria do Prado Valdivieso1
Suédina Brizola Rafael Rogato2
RESUMO
O presente trabalho foi direcionado aos alunos do Curso de Formação de Docentes, buscando proporcionar aos mesmos, estratégias adequadas para a contação de histórias na Educação Infantil. A contação de histórias, para quem não tem o dom natural, exige técnicas apropriadas como adequação de voz às modificações do texto;expressões faciais, improvisos e dramaticidade. O projeto visou também aprimorar a formação e a prática pedagógica dos mesmos, resgatando o gosto pela contação de histórias e a didática para a seleção dos livros infantis (considerando a faixa etária e peculiaridades das crianças). A ideia não foi a de simplesmente contar histórias, mas transmitir para os futuros educadores que essa arte exige habilidades mesmo para quem não as tem, mas que poderão desenvolvê-las. A palavra tem para a criança um poder mágico e a narrativa oral produz ótimos resultados quando o professor cria situações que lhe permitam interagir, possibilitando-lhe constatar significados com maior clareza e sentido da narrativa, despertando assim o interesse e o entusiasmo, retirando do conto os melhores efeitos. Conclui-se assim, que o contato com as histórias infantis é um dos fatores que leva a criança a desenvolver o cognitivo, a imaginação e a produção escrita.
Palavras-chave. Educação Infantil. Literatura Infantil. Formação de Docentes. Técnicas Pedagógicas. Contos de Fadas.
ABSTRACT
This work was targeted at students of Teacher Training, seeking to provide them, strategies for storytelling in the kindergarten, for telling stories to those who do not have the natural gift requires appropriate techniques such as adequacy of voice alteration of text, facial expressions, improvisation and drama. The project also aimed to enhance the training and teaching practice of them, rescuing the love for 1 Graduada em Pedagogia. Especialização em Didática. Docente e Pedagoga do Colégio Estadual Edith Souza Prado de Oliveira-EFEJA.2 Mestra em Educação. Docente na Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP. Campus de Jacarezinho.
2
storytelling and teaching for the selection of children's books (considering the age and peculiarities of children). The idea was not just telling stories, but to convey to future educators that art requires skills even if you do not have them. But that may develop them. The word for the child has a magical power of oral narrative and produces excellent results when the teacher creates situations that allow you to interact, allowing meanings see with greater clarity and sense of narrative, thus arousing the interest and enthusiasm, taking the story the best effects, thus concluding that the contact with the children's stories is one of the factors that lead children to develop cognitive, imagination and written production.
Key-words. Early Childhood Education. Children's Literature. Training of Teachers. Pedagogical Techniques. Fairy Tales
1. INTRODUÇÃO
O tema aqui proposto tem o objetivo de proporcionar estratégias adequadas
para a contação de histórias na Educação Infantil para quem se diz não ter
habilidades para essa tarefa. Entretanto, o ler histórias exige técnicas apropriadas
como a adequação de voz às modificações do texto, as expressões faciais, os
improvisos, a dramaticidade, bem como a participação das crianças exclamando a
cada passagem dos acontecimentos. Os docentes podem produzir fantoches,
improvisar fantasias, usar maquiagem criar brincadeiras tudo a partir das histórias.
Partindo desse ponto, o presente trabalho almeja contribuir com a formação
do futuro professor de Educação Infantil, à luz das teorias educacionais necessárias
para a prática docente na formação do aluno leitor, determinando uma postura
pedagógica capaz de aproximar o desejo de ouvir histórias ao prazer lúdico e,
posteriormente formar possíveis leitores.
Após uma sondagem minuciosa, ficou constatada uma grande deficiência
dentro do colégio no que se refere à Contagem de Histórias. Os alunos chegam ao
curso já com uma grande carência de leitura, pois a maioria são alunos
trabalhadores que não tiveram oportunidades para desenvolverem o hábito de
leitura, quanto mais o de contar histórias.
Considerando a necessidade de estimular os futuros docentes que se
preparam para atuar na Educação Infantil, entende-se que esse trabalho vem de
encontro para sanar essa deficiência. A ênfase é direcionada às crianças de quatro
a seis anos uma vez que ouvir histórias é uma parte essencial no desenvolvimento e
3
na aprendizagem social e intelectual dessa clientela. As crianças percebem que as
mensagens e seus comentários oferecem pistas sobre os conflitos existenciais
desde que os professores estejam aptos para avaliarem a repercussão da história e
aprimorar a sua prática, escolhendo histórias adequadas à faixa etária dos ouvintes.
O Projeto está em consonância com as propostas das Diretrizes Curriculares
para a Educação Básica, que afirma ser, “a literatura, como produção humana, está
intrinsecamente ligada à vida social. [...] Para Candido (1972), a literatura é vista
como arte que transforma/humaniza o homem e a sociedade. O autor atribui à
literatura três funções: a psicológica, a formadora e a social” (PARANÁ, DCE, 2009,
p.57). Portanto, a abordagem da literatura infantil – Contos de fadas – procura
resgatar esse segmento literário junto aos alunos da Formação de docentes.
Como a escola de formação de docente pode formar professores
competentes para a atividade de contar histórias? Como estimular os futuros
docentes para um compromisso em relação à contagem de histórias, mesmo para
aqueles que não tem o dom natural?
Através da problematização acima exposta tem-se com objetivo geral
proporcionar aos docentes a formação integral na contação de histórias. Entre os
específicos estão: demonstrar que ler não significa apenas decodificar as palavras,
mas perceber que cada história transmite uma visão de mundo; destacar que,
através da audição das histórias infantis, as crianças poderão se identificar com
cada uma das personagens; enfatizar que a mediação que o professor faz entre o
livro e a criança exigirá, além de competência, que ele também seja leitor;
desenvolver a expressão global do contador de histórias, refletida no corpo, na fala e
nos gestos; e apresentar os projetos de trabalho, como sugestão, de metodologia
para a elaboração de materiais, execução e avaliação de projetos de leitura.
Desta forma, tem-se como metodologia a pesquisa ação que se justifica pela
necessidade do aluno do PDE retornar a sua escola e implementar uma proposta
pedagógica para melhorar a educação, seja ela de que nível for. Para tanto, buscou-
se o apoio teórico na seleção bibliográfica para dar subsídios para as discussões
finais. Espera-se que ao final desse artigo possa alcançar os objetivos aqui traçados
e que a escola participante da pesquisa seja beneficiada com as práticas de leitura.
4
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL
A literatura infantil nasce primeiramente com os relatos entre as famílias sobre
acontecimentos da vida diária. Esses relatos eram envolventes e às vezes
dramáticos e tinham como característica a narrativa oral. Craidy; Kaercher (2001)
destacam como sendo uma necessidade do ser humano o desejo de ouvir e contar
histórias. E com essa prática, tanto em verso quanto em prosa, passadas e ouvidas
de geração a geração é que surgiu a literatura em forma de contos.
Os povos orientais consideravam o conto oral mais do que um estilo literário a
serviço do divertimento. Sabiam que neles estavam contidos os conhecimentos e as
ideias de um povo, e que através deles era possível indicar condutas, resgatar
valores e até curar algumas doenças. Eles acreditavam no poder curativo do conto,
e em muitas situações o remédio indicado era ouvir um conto e meditar sobre ele.
Segundo Busatto (2003), o conto de literatura oral se perpetuou na História da
humanidade através da voz dos contadores de histórias até o dia em que
antropólogos, folcloristas, historiadores, literatos, linguistas e outros entusiastas do
imaginário popular saíram a campo para coletar e registrar estes contos, fosse
através da escrita ou outras tecnologias. Existem várias antologias que abordam a
literatura oral. Porém uma pergunta sempre fica no ar, quando se especula sobre as
origens destes contos:
Os contadores estavam por toda a parte. Eram simples camponeses, lavadeiras, amas, pescadores. Conta Ítalo Calvino, que uma velha e analfabeta, costureira de edredões e empregada da casa de Giuseppe Pitré (1841-1916), era uma campeã de memória. Foi através das suas narrativas que Pitré publicou a sua antologia de contos populares: Fiabe, novelle, raacconti popolari siciliani, em 1875. (BUSATTO, 2003, p.24)
Como não poderia deixar de ser, as civilizações grega e romana também
contribuíram com obras relevantes. Apuleio, poeta latino que viveu no século II,
escreveu o livro “O asno de ouro”, em que está contido um significativo mito sobre o
feminino, e que não deixa de ser um belo conto de fada: “Eros e Psiquê”.
5
Da Grécia sobreviveu no tempo as “Fábulas de Esopo”, coletâneas de contos
traduzidos por La Fontaine. Esopo foi um fabulista grego que deve ter vivido por
volta do século VI a C.. Sua existência é envolta por lendas, mas acredita-se que ele
seja um dos precursores da fábula.
Muitos contos de tradição oral tiveram a sua origem em ensinamentos religiosos. Jesus Cristo foi um exímio contador de história e suas parábolas podem ser encontradas no grande livro do cristianismo, a Bíblia. Estes temas religiosos estão presentes em vários contos de fadas, como “O pobre e o rico”, dos Irmãos Grimm, e as tantas narrativas das andanças de Jesus pela terra, acompanhado pelo trapalhão e astuto Pedro, tão ao gosto da tradição oral italiana. [...].Dos povos primitivos africanos surgem contos poucos familiares para nós. Ali tudo nasceu e teve sua origem na terra. O sol, a lua e as estrelas viviam na terra antes de subir ao céu. Nesses contos se sente os cheiros dos pântanos, os estrondos do vulcão e pudesse sentir a escuridão das selvas. Animais geram filhos humanos, e humanos são devorados por feras mitológicas. Entretanto este material ainda é escasso para nós ocidentais. (BUSATTO, 2003, p.26)
No século VIII sugere-se, de acordo com Busatto (2003), que uma obra
estaria tomando corpo e suas histórias encantariam o mundo, trata-se de “As mil e
uma noites”. Supõe-se que essa obra foi reinventada através de várias épocas, sem
perder contudo a característica que faria o seu charme: os mil contos (aqui mil,
significando inumeráveis) narrados por Xerazade ao Rei Xeriar. Para Busattto
(2003), Blaise Cendrars foi uma dessas pessoas curiosas pelas histórias populares,
e que registrou na “Anthologie négre” os mitos africanos que chegaram até o
Ocidente.
Quanto aos contos de fadas eles tomaram conta da Europa em meados do
século XII. Sua popularidade foi aumentando a partir dos seus enredos.
[...] os contos de fadas estão envolvidos no maravilhoso, um universo que detona a fantasia, partindo sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu... porque se passam num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço, mas ondequalquer um pode caminhar...porque as personagens são simples e colocadas em inúmeras situações diferentes, onde têm que buscar e encontrar uma resposta de importância fundamental, chamando a criança a percorrer e a achar junto esse processo é vivido através da fantasia, do imaginário, com intervenção de entidades fantásticas (bruxas, fadas, duendes, animais falantes, plantas sábias...) (ABRAMOVICH, 1995,p.120)
6
Os autores que mais se destacaram nesse gênero são, segundo Abramovich
(1995): o francês Charles Perraut (1628–1703), em sua obra “Contos da Mãe
Gansa”, reunindo contos da tradição oral. Trata-se de um único volume de contos
para crianças. “São histórias recolhidas junto ao povo, respeitando o que tivessem
de cruel, de moral própria e de poético. Muitos de seus contos foram também
recontadas pelos irmãos Grimm, mais de um século depois, mas com menos
qualidade literária”. (ABROMOVICH, 1995, p.123)
Também estão nessa lista os irmãos Grimm, Jacob (1785-1863) e Wilhelm
(1786-1859), alemães; sua famosa coletânea de histórias folclóricas “Contos de
Fadas” (1812-1815, revisada em 1819),constitui uma tentativa de identificar e
preservar o espírito original de um povo num mundo em transformação:
[...] foram estudiosos, pesquisadores, quem em 1800 viajaram por toda Alemanha conversando com o povo, levantando suas lendas e sua linguagem e recolhendo um farto material oral que transcreviam à noite [...] não pretendiam escrever para crianças, tanto que seu primeiro livro não se destinava a elas [...]. Só em 1815 Wilhelm mostrou alguma preocupação de estilo, usando seu material fantástico de forma sensível e conservando a ingenuidade popular, a fantasia e o poético ao escrevê-lo. (ABRAMOVICH, 1995, p.123).
Entre os contos alemães mais famosos da coletânea estão: “Hansel e Gretel
(João e Maria)”, “Chapeuzinho Vermelho”, “Rapunzel”, “A Bela Adormecida”, “A Gata
Borralheira”, “Os Músicos de Bremen”, “Cinderela”, e o “Gato de Botas”, merecendo
destaque “Branca de Neve e os Sete Anões”.
Christian Hans Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês de histórias para
crianças. Viajou e trabalhou muito, mas ficou famoso depois de 168 contos escritos
entre 1835 e 1872. Entre as histórias mais conhecidas estão: “O Patinho Feio”, “As
Novas Roupas do Imperador”, “A Pequena Sereia”, e “Os sapatos vermelhos”
(BUSATTO, 2003).
Os contos de fadas vêm ao longo do último século e início deste, sendo
traduzidos em nos mais diversos idiomas e ganhando as telas do cinema,
solidificando a sua popularidade e não deixando cair no esquecimento histórias que
um dia pertenceram às tradições orais de um povo.
7
2.2 BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL
Zilberman (1985) afirma que inúmeros estudiosos têm partido do pressuposto
de que só se pode realmente falar em literatura infantil a partir do século XVII e
XVIII, época da reorganização do ensino e da fundação do sistema educacional
burguês. A literatura infantil se firmou como um padrão literário devido às mudanças
estruturais que ocorreram neste período e que provocaram uma alteração na forma
de se visualizar a infância e todas as instituições a ela relacionada.
Albino (1994) observa que, apesar de haver publicações de livros para
crianças ainda em 1808, a partir da implantação da Imprensa Régia, pode-se falar
em literatura infantil brasileira apenas no final do século XIX, ainda que de forma
precária e irregular,
[...] representada principalmente por edições portuguesas que só aos poucos passam a coexistir com as tentativas pioneiras e esporádicas de traduções nacionais. Enquanto sistema (de textos e autores postos em circulação junto ao público), a literatura destinada ao jovem público brasileiro se consolida somente nos arredores da Proclamação da República. (ALBINO, 1994, p.4).
Aos poucos, as obras, consideradas para adultos, foram sendo adaptadas
para o público infantil. Antes disso, pode-se dizer que a infância não tinha um olhar
voltado para suas características e necessidades, a literatura infantil surgiu com esta
conscientização sobre a infância. Em consequência do novo status concedido à
infância na sociedade e da reorganização da escola, surgiu então a literatura infantil
com características próprias. Entretanto, Albino (1994, p.5), considera que,
Nesse processo, os livros infantis e escolares são dois gêneros que saem fortalecidos das várias campanhas de alfabetização deflagradas e lideradas, nessa época, por intelectuais, políticos e educadores, abrindo espaço, nas letras brasileiras, para um tipo de produção didática e literária dirigida especificamente ao público infantil.
Entretanto, pode-se considerar que, num primeiro momento os livros infantis
foram adotados nas escolas, mesmo porque, considerando a falta de bibliotecas
públicas e livrarias tornou-se impossível sua difusão em termos de popularidade
junto ao grande público.
8
Por outro lado, não se pode esquecer que “essas primeiras incursões no
gênero vieram através de traduções de obras estrangeiras e/ou adaptações dessas
obras ou temas para o contexto brasileiro”. (BUSATTO, 2003, p.26).
Esse contexto só vai mudar a partir da década de 20, já no séc. XX, com
Monteiro Lobato, presença tanto na área literária quanto editorial, dando sua
contribuição para uma literatura genuinamente infantil brasileira, quanto pelos
esforços de modernizar a produção editorial no Brasil.
Vale lembrar que, na literatura brasileira se encontra ainda os registros de
contos populares realizados por viajantes, antropólogos e folcloristas. Entre eles, um
dos mais conceituados é Câmara Cascudo, que soube captar e registrar todas as
vozes que estavam ao seu redor. Dentro de casa ele teve uma grande contadora de
histórias, uma valiosa fonte desta literatura, Luiza Freire, ou simplesmente Bibi, sua
ama, com quem conviveu por 38 anos, até a morte daquela que seria a “Xerazade”
de Cascudo.
Busatto (2003), afirma que Câmara Cascudo é o precursor dos contos
tradicionalmente, por exemplo, os personagens caipora e curupira, autênticas
criações dos povos indígenas que habitavam estas terras quando os portugueses
chegaram trazendo seus mitos e lendas.
Segundo Câmara Cascudo (apud BUSATTO, 2003, p.27), “o curupira foi
citado pelo Pe. José de Anchieta numa carta que ele endereçou à Coroa Portuguesa
em 1560, dizendo que o talzinho era um duende selvagem temido e respeitado pelos
índios”. Por outro lado, muitos dos contos registrados por Câmara Cascudo são
versões dos contos de fadas europeus, porém adaptados à realidade brasileira.
As obras de Câmara Cascudo são: “Lendas brasileiras”, “Contos tradicionais
do Brasil”, “Histórias que o Tempo Leva”, “Antologia do Folclore Brasileiro”,
“Vaqueiros e Cantadores”, “Trinta Histórias Brasileiras”, “Literatura Oral no Brasil”, e
outros. Entretanto, coube a Monteiro Lobato o precursor da literatura infantil
brasileira.
Publicando em 1921 Narizinho arrebitado, Lobato inaugura uma nova estética da literatura infantil no país, concebendo-a como arte capaz de modificar a percepção de mundo e emancipar seus leitores. A renovação por ele proposta pode ser observada tanto no plano retórico como no ideológico. No que se refere à retórica, observa-se na prosa lobatiana soluções comunicativas no plano linguístico que despem a língua de qualquer rebuscamento, dando primazia à espontaneidade do estilo infantil por meio da valorização do discurso oral, expressões de linguagem
9
popular, neologismos e onomatopéias. Quanto ao aspecto ideológico, ou seja, ao conjunto de ideias que dão conformação ao texto, o que se observa em sua produção infantil é a captação do leitor pelo mundo ficcional. Estimulando esse leitor a ver a realidade por conceitos próprios, o autor incita-lhe o senso crítico, apresentando problemas sociais, políticos, econômicos e culturais que, por meio de especulações e discussões das personagens, são vistos criticamente. Destaca-se ainda em sua obra: a apresentação de situações ignoradas pelo receptor, provocando uma postura crítica diante delas; a valorização da verdade e da liberdade, estabelecendo uma nova moral; a relativização do maniqueísmo da moral absoluta; e a presença do elemento maravilhoso utilizado não como antítese do real, mas como uma forma de interpretá-lo. (ALBINO, 1994, p.7-8).
Mesmo antes da publicação de “A menina de Narizinho Arrebitado”, Monteiro
Lobato sempre mostrava sua preocupação com as leituras destinadas às crianças.
Para Dinorah (1995) as obras de Monteiro Lobato mostram a valorização da voz e
da visão infantil, procurando despertar mais o interesse em divertir e não em
transmitir conceitos pedagógicos, mostrando a linguagem afetiva, expressões da
linguagem popular, e as incorporações onomatopéias como um recurso revelador da
desconstrução linguística.
Quanto ao plano ideológico, Monteiro Lobato leva o leitor a despertar o
senso crítico, propiciando discussões entre personagens adultos e crianças,
permitindo o levantamento de problemas políticos, econômicos e culturais,
enfatizando valores como a verdade e a liberdade. Dessa forma, Lobato rompe com
a postura tradicional da literatura infantil, até então vista com fins pedagógicos,
moralizantes e conservadora. (DINORAH, 1995).
2.3 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL PARA AS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL NOS DIAS ATUAIS
Desde a antiguidade tanto a leitura quanto a escrita, exercem grande
importância na evolução da humanidade. Mas, saber decodificar letras em sons e
codificar sons em letras, não é sinônimo de capacidade em utilizar a língua materna,
pois essa capacidade de uso é equivalente à possibilidade de falar, escutar,
escrever e ler em diferentes contextos de comunicação. Cabe a escola e
principalmente ao educador, relacionar as práticas de uso da linguagem às praticas
sociais.
10
No inicio da vida escolar, já na Educação Infantil, é necessário trabalhar com
textos que circulam socialmente, dando maior ênfase aos “Contos de Fadas”,
iniciando um trabalho com a Literatura Infantil. O contato com os livros deve ser
constante para que desperte o gosto por esse ato, tornando-se um hábito e não um
momento esporádico. Dessa forma “a literatura infantil torna-se imprescindível. Os
professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente
com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a
criatividade infantil”. (ROSA, 2009, p.19).
Para o autor citado anteriormente, se observa que, através das histórias a
criança tem a oportunidade de enriquecer e alimentar a sua imaginação e ampliar
seu vocabulário. Além disto, permite sua autoidentificação, bem como, aprender a
aceitar e refletir sobre situações relativas às dimensões de diversas categorias da
problemática humana. Deve-se apontar também que no quesito cognição também
há um ganho, pois desenvolve o pensamento lógico, a memória e estimula o
pensamento crítico. Sendo assim, a criança pode vivenciar momentos de humor,
diversão, satisfazer sua curiosidade, harmonizar-se com suas ansiedades, surgindo-
lhes meios para solucionar conflitos, adquirindo valores para sua vida.
Na opinião de Rosa (2009), se for considerado o uso e a função da narrativa
no universo mítico entre os povos primitivos, é necessário reconhecer que o homem
se relaciona com o mundo que o cerca antes pela emoção do que pela razão. No
mito há uma tentativa de familiarizar-se com o desconhecido como forma de explicá-
lo, ou melhor, acomodá-lo. Não há uma separação entre o natural e o sobrenatural,
entre o real e o fictício, entre o “eu” e o “outro”.Tudo se relaciona ao todo numa
esfera de representação simbólica que reflete os anseios, os métodos e desejos
comuns à humanidade.
Nesse sentido, Jardim (1994), considera que os contos maravilhosos, as
fábulas, as lendas estavam longe de ser literatura para as crianças. Somente com o
passar dos anos e com o amadurecimento, de pesquisas literárias concluiu-se que a
função simbólica destas formas de narrativas permitiu que os povos diversos as
reconhecessem como um valioso instrumento moral ou legitimação de valores e
regras.
A descoberta da racionalidade científica afastou o homem adulto do
elemento fantástico. A essa fase mágica, já permeada pela preocupação crítica com
a realidade, correspondem às fábulas. Nestas, os animais representam os vícios e
11
virtudes que caracterizam os homens. Compreende-se então, porque essa literatura
acabou se transformando em literatura infantil, embora seja preciso admitir que as
forças da fantasia, do sonho, da imaginação ainda fascinam e a indústria da cultura
sabe bem disso.
Quando se considera as crianças como agentes ativos e transformadores da
sociedade, há de se pensar em formas de favorecer a reflexão sobre esses valores;
daí a importância de se diferenciar os diversos gêneros da literatura infantil e de
preparar os futuros educadores para que em suas práticas pedagógicas possam
usar de estratégia e utilizar a literatura infantil sabendo selecionar os títulos,
organizar o ambiente para as rodas de leitura, as diferentes abordagens no incentivo
e inserção da criança na construção do gosto pela leitura, considerando sua faixa
etária e peculiaridade, sendo que essa prática já está consolidada nos documentos
oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais, (1997) e o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998).
2.4 PORQUE SE DEVE CONTAR HISTÓRIAS
Contar história é a mais antiga das artes; sentar ao redor do fogo para
esquentar, alegar conversar, contar casos; pessoas que viviam longe de suas
pátrias contavam e repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. Com
o advento da imprensa, os jornais e livros se tornaram os grandes agentes culturais
dos povos, e a tradição da “contação” perdeu espaço para a leitura, mas as histórias
se incorporaram definitivamente à cultura dos povos. A memória, o “quem conta um
conto aumenta um conto” ganhou as páginas impressas e a voz das mães, avós,
babás...
Ler e contar histórias duas coisas muito diferentes, porém ambas muito importantes. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da língua, além de aumentar seu vocabulário e seu campo semântico. Porém, aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica da voz e do gesto. Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro. (SILVA, 2010, p.1)
12
Coelho (2001), lembra que, alguns autores defendem que contar histórias à
criança dá maior liberdade a quem o faz, porque pode modificar o enredo das
mesmas consoante com a faixa etária de quem as ouve, sem no entanto fazer
alterações. Para quem não está acostumado à contagem oral é mais fácil lê-las, pois
assim agindo irá passar à criança um modelo de leitor, como se deve manusear um
livro, desenvolvendo o prazer de ler e o sentido do valor do livro. Ambas as
situações são muito importantes e válidas para estimular e convidar a criança para a
leitura.
Para Kaercher (2001) o ouvir história está sempre presente na trajetória
humana, desde o nascimento até a morte pode-se aprender pelas histórias
escutadas. Para autora foi dessa necessidade que surgiu a literatura ou seja, “..do
desejo de ouvir e contar para, através desta prática, compartilhar. (KAERCHER,
2001, p. 81)
Segue a autora pontuando que numa perspectiva sociointeracionista, que
considera que a criança aprende através da interação com o meio, a literatura
infantil é um grande recurso que deve ser explorado pela escola. Segue a autora
afirmando que:
[...] acredito que somente iremos formar crianças que gostem de ler e tenham uma relação prazerosa com a literatura se propiciarmos a elas, desde muito cedo, um contato frequente e agradável com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias, em primeiro lugar e, após com o conteúdo desse objeto, a história propriamente dita – com seus textos e ilustrações. (KAERCHER, 2001, p. 81)
A autora confirma que se o livro estiver presente no dia-a-dia do aluno é o
primeiro passo a ser dado pela equipe pedagógica no sentido de formar leitores. O
ser leitor é alguém que lê, interpreta e se sente prazer em conhecer os conteúdos ali
inseridos.
Cientes da importância das histórias, os pedagogos sempre à procura de
técnicas e processos adequados à educação das crianças, descobriram esta “mina
de ouro”: estava consolidada a literatura infantil. Dessa forma, Pinto (2010, p.1)
afirma que “Historicamente, a prática de contar histórias é uma arte por excelência,
formando a criança em todos os aspectos, inclusive preparando-a para o exercício
da cidadania”.
13
Considerando a parte metodológica no ensino da língua, particularmente, as
histórias enriquecem a experiência; desenvolvem a capacidade de dar sequência
lógica aos fatos, dão o sentido da ordem, esclarecem o pensamento, educam a
atenção, desenvolvem o gosto literário, fixam e ampliam o vocabulário, estimulam o
interesse pela leitura, desenvolvem a linguagem oral e escrita.
Por outro lado, não se pode deixar de considerar que, por que contar
histórias, entre os motivos satisfaz a curiosidade infantil, para lhe desenvolver a
imaginação e o poder de observação. Além disto, para lhe ampliar a experiência,
desenvolvendo o gosto artístico, estabelecendo uma ligação íntima entre o mundo
da fantasia e o da realidade.
Os contos são utilizados geralmente pelos adultos interlocutores como forma de entretenimento ou distração; já que, pelo senso comum, frequentemente a criança sempre demonstra um interesse especial por elas, seja qual for a classe social à qual pertença. Em se tratando da aquisição da leitura e da escrita, os contos podem oferecer muito mais do que o universo ficcional que demonstram e a importância cultural que carregam como transmissoras de valores sociais. (AZEVEDO, 2009, p.8).
Há histórias que devem ser contadas e outras que, se contadas, perdem um
pouco de sua arte. Às vezes o enredo de uma história precisa ser resumido, se isto
não prejudicar o ambiente próprio que fixou o “colorido” da paisagem. Normalmente,
as crianças mais novas recebem melhor as histórias contadas.
Por isso, existe uma acentuada diferença entre as histórias contadas e as histórias lidas para uma criança, já que, a linguagem se reveste de qualidade estética quando escrita, e essa diferença já pode ser percebida por ela. Pois ao ouvir histórias, a criança vai construindo seu conhecimento de linguagem escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a produzir ou a interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos linguísticos. Logo, ouvindo os contos, a criança aprende pela experiência a satisfação que uma história provoca; aprende a estrutura da história, passando a ter consideração pela unidade e sequência do texto. (AZEVEDO, 2009, p.8-9).
Contar histórias requer um arsenal de recursos, elas devem ser contadas
emocionalmente, e não simplesmente apresentada em seu enredo. Contar histórias
é fazer a criança sentir-se identificada com os personagens. É trazer todo o enredo à
presença do ouvinte e fazer com que ele se incorpore à trama da historia, como
parte dela. É preciso saber despertar emoção e para saber contar bem é preciso
14
possuir habilidade, treino e conhecimento técnico do trabalho, pois os valores
artísticos, linguísticos e educativos dependem da arte do narrador.
Há opiniões divergentes neste campo: alguns autores consideram que o contador sem o livro tem mais liberdade de acentuar emoções, modificar o enredo segundo as reações da criança e, portanto, melhor comunicação com o publico infantil. Teria ainda mais disponibilidade para trabalhar sua voz e seu gesto. [...] neste aspecto de que o importante é como ler e como contar, porque é preciso que se tenha técnica e preparo para despertar o desejo e o prazer das crianças. (SILVA, 2010, p.1).
A literatura infantil possui uma série de valores nos seus enredos que, se
bem trabalhadas pelos contadores contribuem para a evolução dos vários aspectos
de crescimento. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são
completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Para Silva (2010) quando
uma criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da língua,
além de aumentar seu vocabulário e seu campo semântico. Porém, aquele que lê a
história deve dominar a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-
lo com o apoio do texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica
da voz e do gesto.
Um dos principais objetivos de se contar histórias é o da recreação. Mas a importância de contar histórias vai muito além. Por meio delas podemos enriquecer as experiências infantis, desenvolvendo diversas formas de linguagem, ampliando o vocabulário, formando o caráter, desenvolvendo a confiança na força do bem, proporcionando a ela viver o imaginário. Além disso, as histórias estimulam o desenvolvimento de funções cognitivas importantes para o pensamento, tais como a comparação (entre as figuras e o texto lido ou narrado) o pensamento hipotético, o raciocínio lógico, pensamento divergente ou convergente, as relações espaciais e temporais (toda história tem princípio, meio e fim). Os enredos geralmente são organizados de forma que um conteúdo moral possa ser inferido das ações dos personagens e isso colabora para a construção da ética e da cidadania em nossas crianças. (SILVA, 2010, p.)
A literatura desenvolve ainda o senso de humor, tão essencial à infância: rir
alivia tensões. Logo, os bons professores reconhecem o valor da literatura na
formação da criança e recorrem às atividades atraentes e variadas como leitura de
histórias, leituras dramatizadas, utilização de fantoches dentre outros recursos. Se o
professor demonstra interesse por determinada obra é bem provável que os alunos
sigam.
15
Há critérios que poderão ser úteis na seleção de livros infantis. Ao escolher
os livros para crianças é preciso, antes de mais nada, considerar a idade, a série ou
graus de escolaridade e o nível geral de desenvolvimento. Além disso, o professor
deve sempre ter em mente que um texto, ou uma história, poderá ser o trampolim
para outras atividades como a dramatização por exemplo, que é uma das melhores
atividades enriquecedores, pois além de serem muito prazeirosas às crianças,
oferecem valores imprescindíveis ao desenvolvimento de um bom programa literário.
Isto não quer dizer, todavia, que a literatura tenha que ‘ servir para alguma coisa’: leio para saber como é que vive o dinossauro. Não! Devemos ler pelo prazer que esta atividade proporciona, pela importância que a literatura pode ter, enquanto arte, nas nossas vidas. [...]. (KAERCHER, 2001, p.86).
Entretanto, Garcia (2010), recomenda que é necessário escolher
criteriosamente os meios para que se possa alcançar os fins que desejamos. O
maniqueísmo presente nos contos de fada e a estrutura coesa dos contos infantis
podem inserir as crianças no universo dos valores e da cultura, podem favorecer o
senso estético pela riqueza ou unidade da obra, mas nem sempre são boas
ferramentas de problematização e investigação.
Nesse sentido entende-se que o pedagogo poderia trabalhar com os
docentes da escola esse projeto de contação de histórias. Sabe-se que o número de
crianças que chegam à idade adulta como analfabetos funcionais é grande. E isso
poderia ser evitado se a escola estimulasse os alunos a serem leitores ávidos pelo
conhecimento. O período de alfabetização deveria ser o momento em que mais
deveriam ocorrer essas práticas.
O pedagogo pode ser aquele que elabora os projetos e orienta a equipe
pedagógica para as ações. É claro que tudo dentro dos conteúdos que são previstos
nas séries escolares. Seguindo a Pedagogia Histórico-Critica proposta por Saviani
(1991) o pedagogo pode elaborar projetos, aqui em discussão o de contação de
histórias, para capacitar o aluno a criticidade e a exercer os seus direitos como
cidadão. Nessa perspectiva pedagógica o projeto pode seguir os passos elaborados
por Gasparin (2010) por contemplar o conhecimento da realidade escolar e a
elaboração do ensino, atendendo as demandas dos alunos. Para o autor essas
ações são de responsabilidades do educador, aproximar o conhecimento a realidade
do aluno.
16
Cabe ao educador conhecer a sua realidade, buscar os instrumentos
necessários para a implantação de ações pedagógicas que sejam pertinentes ao ser
humano (articulados com o conteúdo programático), como parte de uma sociedade,
diferente da vanguarda capitalista que prega o individualismo, a esfera particular em
detrimento do todo, do social.
Toda ação pedagógica é determinada pelo sucesso do trabalho pedagógico
apresentado por Gasparin (2010) em cinco passos, que são: 1º. conhecer a
realidade do alunado; 2º. detectar o problema daquele contexto escolar; 3º.
selecionar os instrumentos pedagógicos para a prática; 4o. realizar a catarse que
consiste em promover as discussões e reflexões sobre o tema tratado; 5o. prática
social final.
Sendo assim, para Gasparin (2010) uma vez que, ao se detectar um
problema, no caso aqui estudado em que as crianças têm pouco acesso à leitura,
busca-se no aprimoramento dos professores a possibilidade de utilizar os contos de
fadas, que são uma dimensão fundamental de toda a vida humana, como
instrumento pedagógico para propiciar as mesmas outras formas de perceber,
entender e interpretar o mundo. Além disto, capacita-as com uma excelente
ferramenta social: o hábito da leitura.
Uma proposta nesta perspectiva e um fazer pedagógico dessa natureza
certamente contribuirá na formação de melhores leitores e apreciadores das artes,
em vista disso, considera-se relevante que o percurso pedagógico ora proposto,
comece cedo, isto é, na infância A partir daí, pode-se vislumbrar avanços
significativos ao preparar o futuro docente do Curso de Formação de Professores
por meio dos Contos de Fadas.
3. A PESQUISA AÇÃO
3.1. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo teve como base uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa-
ação. “A pesquisa ação tem características situacionais, já que procura diagnosticar
um problema específico numa situação específica, com vistas a alcançar algum
resultado prático.” (GIL, 2010, p.42)
17
O embasamento teórico é o materialismo histórico e dialético apoiado em
Saviani (1991) por afirmar que o maior desafio do professor é fazer com que a
criança aprenda por meio de experiências e fatos que vivencia nas relações sociais.
Para o autor, não importa que as experiências estejam nos contextos do imaginário
ou do real do seu cotidiano, o que é relevante é que aja a possibilidade de torná-los
cidadãos mais críticos e participativos do cotidiano.
Conforme descrito anteriormente, a sequencia didática proposta por Gasparin
(2010) permitiu problematizar, buscar instrumentos pedagógicos, aplicar a proposta,
discuti-la e avaliar a função social para quem está aprendendo. Ao trabalhar com o
curso de magistério se encontra alunos que não foram despertados para o gosto
pela leitura. Então, percebe-se que proporcionar a contação de história para o
trabalho na Educação Infantil, também os afeta e os modifica uma vez que se
encantaram com a riqueza de funções desse ato. Sendo assim, a fundamentação
teórica aqui analisada, os contos de fadas transportam as crianças para o imaginário
a partir da sua própria realidade, ou seja, possibilitam resolver conflitos diários tendo
como referências os personagens preferidos.
Assim, a implementação deste trabalho foi realizada no Colégio Estadual Rio
Branco -EFMNP, com 33 alunos do 3º ano do Curso Formação de Docentes do
período noturno. O projeto ocorreu durante o segundo semestre de 2011 com 3
aulas semanais. Decidiu-se pelo curso de formação docente por compreender que
esse é o momento de se construir o gosto pela contação de histórias, sendo esses
os futuros professores, entende-se que é a partir da formação que se pode ter um
profissional qualificado e preparado para implantar esse projeto.
O projeto de implementação partiu primeiro das discussões em sala sobre a
importância da leitura, como a apresentação dos vídeos como A importância de
contar histórias na Educação Infantil; A importância do futuro professor de Educação
Infantil saber contar histórias para crianças; e Os contos de fadas na educação
infantil.
Depois de discutido os conteúdos dos vídeos sobre a importância da literatura
na Educação Infantil passou-se para a elaboração de apostilas para trabalhar com
os alunos. Em seguida foi realizada a confecção de modelos de fantoches,
dedoches, avental para contação de histórias, teatro de varas, máscaras e outros.
As alunas foram incentivadas a pesquisaram e selecionaram contos para serem
trabalhados e apresentados em forma de painel.
18
Após a pesquisa, o conto selecionado para a finalização foi Os Músicos de
Bremen, dos Irmãos Grimm, por ser um conto que retrata o valor da amizade, união
e respeito aos idosos. Um vez escolhido o conto a ser trabalhado por toda a sala de
3º. Ano do Curso de Formação Docente as alunas foram dividas em grupos para
melhor evidenciarem as variadas formas de se contar uma mesma história.
As atividades em sala de aula realizadas pelas alunas participantes da
pesquisa foram:
a literatura infantil no mundo: leitura, reflexão e atividades oral e escrita;
a literatura infantil no Brasil: leitura, reflexão e atividades oral e escrita;
a importância das histórias infantis para o professor de Educação Infantil;
a leitura comentários e painel aberto;
a importância das histórias infantis para formação da personalidade a
criança:
leitura, comentários e painel aberto;
técnicas de contação de histórias para crianças da Educação Infantil;
leitura e dinâmicas;
confecções de materiais variados, que serão utilizados para a contação
de histórias;
exposição dos trabalhos confeccionados pelos alunos;
avaliação das atividades realizadas durante o Projeto.
apresentação dos trabalhos à Comunidade Escolar: Diretores,
professores, pais, alunos do Curso de Formação de Docentes e
Representantes do PDE do NRE de Jacarezinho.
No final foi realizada a apresentação para a comunidade escolar sendo
registrada através de filmagem e fotografia para fazer parte do acervo da escola,
evidenciando a produção das alunas e sua compreensão sobre a importância da
contação de história, bem como a possibilidade de se construir estratégias para
enriquecer essa prática pedagógica.
19
3.2. ANÁLISES DAS ATIVIDADES COM AS ACADÊMICAS
As alunas foram receptivas em relação aos vídeos que enfatizavam a
importância de construir na criança pequena o hábito de leitura. Elas reconheceram
durante as discussões que muitas delas não têm o hábito de leitura porque não
foram estimuladas na infância a ler, nem pela escola e muito menos pelos pais.
Ao terem contato com a história da literatura, tanto estrangeira quanto a
brasileira, as acadêmicas puderam perceber a grande quantidade e o longo tempo
de produções de histórias, as quais muitas vezes não são aproveitadas nas escolas.
Outro ponto importante foi discutir a Educação Infantil como um lugar onde se
deve privilegiar a recreação para a criança. É um espaço privilegiado para o
aprendizado, mas pode ser feito de uma forma que se utilizem todas as técnicas e
recursos pedagógicos que se apoiem no brincar. Para a criança quando o conteúdo
é apresentado através do brincar, da diversão, se torna mais prazeroso e a
assimilação do aprendizado é instantânea.
Nesse sentido, as discussões também abarcaram a alfabetização, pois a
leitura de contos permite a criança ter interesse pelo aprender a ler. Sendo assim,
ficou evidente para as alunas que a leitura é parceira da alfabetização e o quanto
saber interpretar melhora as condições de vida e relacionamentos entre os pares de
um contexto social. A leitura é um instrumento de ação social.
Muito se discutiu sobre o papel da Educação Infantil como base do
desenvolvimento cognitivo. Isto porque através dos textos e vídeos assistidos pode-
se perceber a importância dada pelos autores sobre essa questão. Infelizmente,
alguns professores, que estão na rede municipal ou estadual, não gostam de ler e
não sabem contar histórias, pois, para saber contar história tem que ser antes de
tudo um leitor.
Sobre as discussões da importância do professor da Educação Infantil saber
contar histórias todas foram unânimes em concordar com essa afirmação, porém
muitas delas reconheceram não ter as habilidades necessárias para essa função.
Nesse sentido, foi colocado que as técnicas servem justamente para sanear essa
“inabilidade”, daí o porquê de que se deve investir em formação pedagógica.
Isso também propiciou discutir que o docente da Educação Infantil não pode
deixar de trabalhar esse aspecto com seus alunos. Isto porque estariam “roubando
deles” (sic) a possibilidade de se ter na leitura o acesso ao conhecimento e usá-lo
20
como instrumento social. As crianças de nível social e econômico mais baixo, muitas
vezes, não têm acesso a leituras em casa. Portanto cabe a escola proporcionar a
leitura a elas para que tenham a mesma possibilidade que crianças de outras
condições sociais. A escola é o único lugar que pode trazer a essas crianças os
conhecimentos que também foram negligenciados aos seus pais.
Um outro aspecto abordado foi a importância dos contos de fadas. Foi
decisivo ter discutido esse conteúdo com as acadêmicas porque muitas delas
puderam voltar no tempo e a lembrar de alguns, os mais conhecidos, e que as
levaram a fantasiar e metaforizar. Essa volta ao tempo permitiu que elas
experimentassem o prazer de recordar os contos que mais marcaram a infância
delas. Desta forma, ficou claro que qualquer criança, de qualquer classe social, se
encanta e nunca se esquece de boas histórias que articulam com a fantasia e
realidade.
Também foi relevante discutir o papel psicológico e social dos contos de fadas
porque é através deles que algumas crianças conseguem elaborar algumas
questões familiares ou conflitos emocionais. Reativar na lembrança quais foram
esses contos confirmaram mais ainda as acadêmicas sobre a importância de ser um
contador de histórias. Sendo assim, alas compreenderam que a contação de
histórias permite a elaboração emocional e é uma excelente forma para criança
aliviar e buscar soluções nas histórias infantis sobre os problemas sociais e
familiares.
Após as discussões e certas da importância do conteúdo trabalhado as
acadêmicas foram para outro passo: o da confecção de técnicas que auxiliem o
professor na hora de contar histórias. As alunas passaram então a confeccionar as
fantasias, dedoches, fantoches e as máscaras dos quatro principais personagens:
Burro, Cachorro, Gato e o Galo, personagens que estão presentes no conto Os
Músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm. Esse foi um momento, pode-se afirmar
prazeroso para elas porque puderam exercitar a criatividade para a confecção e o
companheirismo com aquelas que tinham mais dificuldades com as habilidades
manuais.
Depois de tudo pronto foi marcada uma apresentação para a comunidade
escolar. As acadêmicas enfeitaram o ambiente com um painel de uma fazenda,
colocaram árvores, flores, animais e muitas bexigas. Fizeram um painel com a
biografia dos Irmãos Grimm, espalharam fotos dos mesmos por todo o ambiente.
21
Embora tenham expressado certa ansiedade pela apresentação, todas
demonstravam empolgação e expectativa pelo resultado final da escolha da
atividade.
O título para o projeto escolhido por elas foi: “O mesmo Conto Narrado em Cinco Modos Diferentes.” Na hora da apresentação a sequencia ficou da seguinte
maneira:
a) Contação de História: uma aluna, integrante do primeiro grupo leu na
íntegra o Conto: “Os Músicos de Bremen”;
b) Teatro de Varas: o segundo grupo confeccionou em E.V.A figuras dos
animais e as colou em varetas de vários tamanhos. À medida que iam narrando à
história, os personagens interagiam com o público.
c) Avental de histórias: nesta técnica, o cenário era o próprio avental. O
grupo apresentou o conto em forma de poesia, enquanto um dos integrantes
declamava a história, outro integrante do grupo remanejava os dedoches
(confeccionados em feltro) por todo o avental.
d) Cortina de Fantoches: o quarto grupo confeccionou luvas de feltro com as
caretas dos quatro amigos, colocando-as em suas mãos e se posicionaram atrás da
cortina, enquanto o narrador contava a história, os animais com suas respectivas
vozes iam dialogando entre si.
e) Dramatização : o quinto e último grupo fez a história dramatizada ,
usando as fantasias confeccionadas em TNT de cores variadas e máscaras em
EVA, imitando a fala, o andar e os gestos dos animais
As pessoas que estavam na apresentação demonstraram satisfação ao
término não só aplaudindo, mas elogiando as acadêmicas. Foram tiradas fotos que
ficaram registradas na escola em que foi realizada a pesquisa-ação.
Com base nas atividades realizadas, ao final, as acadêmicas chegaram à
conclusão de que a história contada, como recurso pedagógico, abriu espaço para a
alegria, o prazer de ler e ouvir, compreender a si próprio e a realidade. E, que
22
quando o professor lê ou conta uma história para crianças, elas têm oportunidades
para a construção de sua identidade social e cultural.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao buscar apoio em Gasparin (2010) sobre a sequência didática para esse
projeto de implementação, nota-se que foi de grande valia. Ao detectar o problema,
no caso sobre contar histórias, a sequência permitiu trabalhar as estratégias, fazer
as discussões sobre a importância da leitura para a Educação Infantil, bem como
pode se observar às mudanças que a leitura pode trazer para as acadêmicas.
Para Saviani (1991) todo ato docente é uma ação política no sentido de dar
condições ao aluno de ser um sujeito critico e com possibilidades de escolha em seu
contexto sócio-histórico, e essas ações devem começar na Educação Infantil. O
docente que trabalha com esse público precisa considerar que é a melhor idade
para se formar leitores, que tem nesse ato o prazer de conhecer, fantasiar e até
resolver alguns conflitos por meio das histórias.
Encontra-se em Jardim (1994) a afirmação de que os contos permitem que
os alunos conheçam as histórias de outros povos, com seus costumes e valores
morais. No caso do conto escolhido pelas acadêmicas, participantes da pesquisa,
escolheram uma história que fala de amizade e respeito aos idosos contadas pelos
irmãos Grimn. A história narrada, ainda que esteja num contexto diferente ao
brasileiro, permitiu refletir sobre as relações humanas independente das influências
culturais.
Semelhante ideia tem Pinto (2010) ao considerar que a prática de contar
histórias é formadora de sujeitos e os prepara para a cidadania. Nesse sentido as
acadêmicas puderam perceber pelo conto escolhido que os temas trabalhados na
história podem promover na criança a construção e reflexão de alguns valores que
às vezes não são ensinados na família. Por exemplo, o respeito aos idosos. Na
atualidade os pais não têm valorizado o respeito da criança pelas pessoas mais
velhas. Esse conto permite resgatar o respeito a essas pessoas, bem como
aprender a admirá-las pela sabedoria da experiência.
É importante frisar que os contos de fadas despertam na criança a vontade
de aprender a ler. Isso automaticamente a transporta para a aquisição da língua
23
escrita. Nesse sentido se encontra apoio nas afirmações de Azevedo (2009) porque
além da riqueza cultural embutida nos contos, a possibilidade se fazer um leitor e
escritor estão implícitos quando se apresenta as histórias para as crianças.
Por isso, Garcia (2010) atesta que é importante que se saiba escolher não
só o conto, mas a forma e a maneira para contá-los. A forma de contar é relevante
pelo despertar do desejo na criança de escutar a narrativa e ter interesse em saber
mais sobre aquele conteúdo. Desta forma, a criança tem acesso à cultura e a novas
formas de pensar sobre alguns aspectos de sua vida.
Para Kaercher (2001) contar histórias significa aprender a ler e reler sempre.
Nesse sentido, as acadêmicas compreenderam a importância de que contar
histórias é algo mágico: a colocação da voz, com entonações mais ajudas ou
graves, a variação do seu volume e da velocidade, pode levar a criança a reinos
mágicos construídos pela sua própria imaginação. Além do mais, a mesma história
poderá ter várias formas de contação como: leitura, narração, fantoches, teatro de
várias, avental para contação de históricas, dramatização e outros.
Entre os aspectos mais evidentes nas discussões na pesquisa ação é a
importância da leitura na Educação Infantil como o momento de despertar nela a
atitude ser leitor. Nesse sentido Kaercher (2001) enfatiza que se quiser construir um
leitor tem-se que começar com os pequeninos: lendo, mostrando o objeto livro,
ouvindo as histórias deles, e recontando através da figura do professor como um
escriba. Então o professor é o agente direto para construir essa atitude na criança.
Ao buscar apoio na perspectiva da Pedagogia Histórico-Critica também foi
importante para elas entender que é através da interação mediada pelo professor
que a criança aprende. E a literatura é um instrumento pedagógico importante para a
construção de futuros cidadãos leitores. Logo, as acadêmicas aprenderam a criar
alternativas, como as utilizações de fantoches, dramatização, fantasias improvisadas
dentre outros; confeccionaram os dedoches, fantoches, teatro de varas, fantasias e
aventais de contação de história para serem usados nos momentos com as
crianças.
Assim, esse estudo mostrou que há uma lacuna a ser preenchida nos cursos
de Formação de Docentes, que é a estratégia sobre a contação de histórias, pois
não basta reconhecer a sua importância teórica, é preciso preparar os futuros
professores da Educação Infantil para essa atividade.
Fica claro nessa pesquisa-ação que o pedagogo é peça fundamental na
24
busca por estratégias de aprendizagem; não importa em que lugar esteja esse
pedagogo: na sala de aula, na coordenação ou na direção. Se está ocupando um
desses lugares na escola é seu dever buscar as alternativas que permitam a criança
ter acesso ao conhecimento. Não só porque é um cidadão de direito, mas porque
seus aprendizados lhe permitem utilizá-los como ferramentas sociais e psicológicas.
O conhecimento para Saviani (1991) e Gasparin (2010) é imprescindível ao
viver humano, tudo passa pelo conhecer, seja ele formal ou informal. Toda criança
tem direito a ter acesso ao conhecimento para se constituir como um sujeito que
aprende e que os coloca em pratica nas suas relações culturais. Os caminhos são
desafiadores e gratificantes para o futuro educador, pois ao apresentar aos alunos
as histórias infantis é dar a elas o passaporte para o crescimento afetivo, cognitivo,
moral e social.
25
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil. Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1995. ALBINO, Lia Cupertino Duarte. A literatura infantil no Brasil: origens tendências e ensino. ([1994?]). Disponível em: < www.litteratu.com >. Acesso em 26 mar. 2011.
AZEVEDO, Ricardo. Literatura infantil: origens, visões da infância e certos traços populares (2009). Disponível em: < www.ricardoazevedo.com.br >. Acesso em: 25 set. 2010.
BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília, DF, 1998.
BUSATTO, Cléo. Contar & encantar. Pequenos segredos da narrativa. Petrópolis (RJ): Vozes, 2003.
CRAYDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. (Org.). Educação infantil. Pra que te quero: Porto Alegre: Artmed, 2001.
DINORAH, Maria. O livro infantil e a formação do leitor. Petrópolis (RJ): Vozes, 1995.
GARCIA, Dalva Aparecida. O universo infantil, a literatura e as novelas filosóficas. Disponível em < www.planeetaeducacao.com >. Acesso em 26 set. 2010.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-critica. Campinas, SP: Autores Associados, 2010.KAERCHER, Gládis E. E por falar em literatura. In: CRAYDY, Carmem; KAERCHER, Gládis E. (Org.). Educação infantil. Pra que te quero: Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 81-88.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para os anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 2009.
PINTO, Ana Paula Macedo, et al. A Arte de contar histórias na Educação Infantil. Disponível em: < www.inicepg.univapb >. Acesso em 26 set. 2010.
ROSA, Patrícia Batista da. Muito mais que ler é viver os contos de fadas: uma abordagem teórica sobre a importância dos contos de fadas na infância. 2009, 43 p.. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em pedagogia). Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP – Centro de Ciências Humanas e da Educação. Campus de Jacarezinho.
26
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica- primeiras aproximações. São Paulo: Cortez Ed./ Ed. Associados, 1991.
SILVA, Claúdia Marques Cunha. A importância de contar histórias para as crianças. (2010) Disponível em: < www.profala.com >. Acesso 26 set. 2010.
ZILBERMAN, Regina. A liberdade brasileira. Rio de Janeiro; Objetivo, 2005.
27