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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁCAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL  PDE

SUELI APARECIDA GOBBO CATHARINO

 

O JOGO E SUA IMPORTÂNCIA SIGNIFICATIVA NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

CORNÉLIO PROCÓPIO2010

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                         SUELI APARECIDA GOBBO CATHARINO

 

O JOGO E SUA IMPORTÂNCIA SIGNIFICATIVA NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Produção   Didática   (Unidade   Didática) apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional  –  PDE.  Secretaria  do  Estado da Educação.Orientador:   Profª   Ms.   Marlize   Spagolla Bernardelli.

CORNÉLIO PROCÓPIO2010

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Produção Didática Pedagógica

Unidade   Didática:  O   JOGO   E   SUA   IMPORTÂNCIA   SIGNIFICATIVA   NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Autor: Suelí Aparecida Gobbo Catharino

Escola de Atuação: Escola Estadual João XXIII – Ensino Fundamental.

Município da Escola: São Jerônimo da Serra.

Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio.

Orientador: Profª  Ms. Marlize Spagolla Bernardelli.

Instituição do Ensino Superior: Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus de Cornélio Procópio.

Disciplina Área: Matemática.

Produção Didático­Pedagógica: Unidade Didática.

Público Alvo: Alunos de 5ª série do Ensino Fundamental.

Localização: Rua Luíz Perusso Sobrinho, nº 500.

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1. INTRODUÇÃO

Esta produção didática tenciona­se com o intuito de apresentar uma proposta 

de jogo como um dos recursos a ser utilizado como forma de desenvolver um melhor 

processo de ensino e de aprendizagem sobre temas que fazem parte do currículo de 

matemática no ensino fundamental.

A busca que leva a evidenciar o ensino das operações por meio de jogo se 

caracteriza em identificar as formas de inserir o jogo nas operações básicas como 

recurso  pedagógico  para  a  unidade  matemática,   evidenciando  a   importância  de 

como um  jogo pode contribuir  nos processos de raciocínio e na  formulação das 

relações entre a teoria e a prática dos conteúdos nas fases de desenvolvimento 

intelectual e cognitivo, no entanto classificando­o como auxílio que vem contribuir 

como um modelo  prático  que dimensione o  ensino  e  a  aprendizagem,  portanto, 

compreendendo a relação entre as operações.

O uso desse recurso proporciona­se ao educando aulas mais interessantes e 

significativas, dinamizando a atividade, colocando­o em movimento e ação.

Para o educador é desafiante vincular a teoria e a prática, e por meio do jogo 

há possibilidade de ser proposto com um prolongamento da prática habitual da aula 

como  forma  interessante e eficiente,  não como um  instrumento de recurso mas, 

como um meio facilitador, colaborando para trabalhar os bloqueios que se apresenta 

na sua compreensão e memorização.

Para escolher e organizar um jogo, deve­se valorizar o processo e analisar 

todos os resultados, possibilitando ao educando um comportamento crítico e criativo, 

visando sua participação em todas as etapas da atividade proposta, pois buscando o 

prazer   em   aprender   devemos   tê­lo   como   um   elemento   indispensável   para   que 

ocorra a aprendizagem significativa,  portanto no ensino da matemática visa­se o 

desenvolvimento   do   raciocínio   lógico,   estimular   o   pensamento   independente,   a 

criatividade e a capacidade de resolver problemas.

Com esse trabalho há a preocupação em exercer o desafio de como os jogos 

podem auxiliar o processo e ensino e aprendizagem da matemática das operações 

básicas no ensino fundamental ?

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Norteando dentro das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado 

do Paraná, acompanhando os passos da evolução da matemática, observa­se um 

contexto onde ocorreram mudanças e influências, transformações culturais e sociais 

surgindo   também   estudiosos   que   apresentaram   grande   influência   no   ensino   da 

matemática.

O   ensino   da   matemática   sofreu   mudanças   teóricas,   adequações,   enfim 

passou por períodos demarcados por sistematização diferentes devido aos avanços 

nos estudos, revoluções e críticas consideráveis dos sistemas.

Nos últimos séculos com as exigência sucedidas das transformações sociais 

e econômicas, buscou­se novas propostas pedagógicas, visando fundamentações 

teóricas   matemáticas,   psicológicas,   filosóficas   e   sociológicas   causando 

manifestações onde ocorreu uma nova organização sistemática, ocorrendo novas 

propostas educacionais e reações contrárias a uma estrutura de educação artificial e 

verbalizada.

Hoje a tendência é um ensino direcionado pela concepção empírico­ativista 

onde valorizam­se processos de aprendizagem e o envolvimento do educando nas 

atividades   envolvendo   pesquisa,   lúdico,   resolução   de   problemas,  jogo  e 

experimentos.  

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2. O JOGO NAS AULAS DE MATEMÁTICA 

A Escola Estadual João XXIII – Ensino Fundamental, onde será desenvolvido 

o projeto, atende alunos da 5º série do ensino fundamental, em que o público­alvo 

são alunos oriundos de baixo nível social e cultural, apresentando pouca perceptiva 

no interesse e valorização do ensino­aprendizagem.

Moura et. al  (2008) apresenta perspectivas hoje colocadas para o ensino de 

matemática: a psicológica é  a que tem várias formas de encontrar soluções para 

resolver   problemas   como   nas   operações;   a   cultura   é   a   que   propicia   aprender 

conteúdos significativos, próprios para o dia a dia da vida; a histórica é que leva a 

pensar de acordo com a o contexto matemático.

Para Oliveira (2007), hoje há um conflito entre professores, pais, diretores e a 

escola   sente­se   como  perdida  em   relação  ao  processo  aprendizagem/disciplina. 

Referência esta, que há dificuldade muito grande em coordenar o aprendizado e o 

comportamento.

Tal desconforto é real, pois a impossibilidade frente ao saber desencadeia na   criança   outros   processos   que   dificultam   o   andamento   escolar.   As crianças, desde então são rotuladas a partir de comportamentos que podem se   associar   aos   distúrbios   da   aprendizagem:   agressivas,   apáticas, desinteressadas,   desatentas,   desorganizadas,   etc.   Desse   modo, intervenções que possibilitem a integração da criança ao mundo do saber tornam­se necessárias (OLIVEIRA 2007).

Na   atualidade,   é   bastante   comum   nos   encontros   dos   ambientes 

escolares contemplarmos a frustração docente na tentativa de vencer o desinteresse 

de grande parte dos alunos. Nesse sentido, Smole; Diniz e Milani (2007) enfocam a 

utilização de jogos na escola não como algo novo, mas mostrando o valor de seu 

potencial para o ensino e a aprendizagem em muitas áreas do conhecimento.

[...]  o uso de  jogos  implica uma mudança significativa nos processos de ensino e aprendizagem que permite alterar o modelo tradicional de ensino, que muitas vezes tem no livro e em exercícios padronizados seu principal recurso didático. O trabalho com jogos nas aulas de matemática, quando bem planejado e orientado, auxilia o desenvolvimento de habilidades como observação,   análise,   levantamento   de   hipóteses,   busca   de   suposições, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização, as quais estão 

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estreitamente relacionadas ao assim chamado  raciocínio   lógico  (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007, p. 09).

O  jogo  possibilita   uma  situação  de   prazer   e   aprendizagem  nas  aulas   de 

matemática, descobrindo assim as habilidades porque,

“[...]   ao   jogar   os   alunos   têm   a   oportunidade   de   resolver   problemas, investigar   e   descobrir   a   melhor   jogada;   refletir   e   analisar   as   regras, estabelecendo   relações   entre   os   elementos   do   jogo   e   os   conceitos matemáticos” (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007, p. 09).

Observar­se que trabalhar com jogos é  utilizar de um recurso favorável ao 

desenvolvimento da  linguagem, diferentes processos de raciocínio e de  interação 

entre os educandos, uma vez que durante um jogo cada jogador tem a possibilidade 

de   acompanhar   o   trabalho   de   todos   os   outros   defendendo   ponto   de   vista   e 

aprendendo a ser crítico e confiante em si mesmo.

Para Smole; Diniz e Milani (2007) mostram que o jogo tem sua função de 

socialização   acreditando   que   na   discussão   entre   os   pares,   a   criança   pode 

desenvolver seu potencial de participação, cooperação, respeito mútuo e crítica, pois 

em   seu   desenvolvimento   as   ideias   dos   outros   são   importantes   pois   promovem 

situações que o levam a pensar criticamente sobre as próprias ideias em relação 

aos outros. É na troca de pontos de vista com outras pessoas que o educando em 

qualquer fase de sua vida gradativamente descentraliza­se passando a pensar por 

uma outra perspectiva, coordenando seu próprio modo de ver com outras opiniões.

Pode   se   afirmar   que   a   lógica   de   uma   pessoa   não   se   desenvolveria 

plenamente, sem a interação social, porque é nas situações interpessoais que ela se 

sente obrigada a ser coerente. Quando se está em grupo, sentirá a necessidade de 

pensar naquilo que diria, que fará, para que possa ser compreendida. A cooperação 

é   essencial   para   chegar   a   algum   acordo   onde   pareça   adequado   a   todos   os 

envolvidos,   obrigando­se   a   considerar   todos   os   pontos   de   vista,   ser   coerente, 

racional, justificar as próprias conclusões e ouvir o outro.

É   nesse   processo   que   se   dá   a   negociação   de   significados   e   que   se 

estabelece a possibilidade de novas aprendizagens.

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Com relação ao trabalho com a matemática, temos defendido a ideia de que há   um   ambiente   a   ser   criado   na   sala   de   aula   que  se   caracterize   pela proposição,  pela   investigação  e  pela  exploração  de  diferentes  situações problema por parte dos alunos. Também temos afirmado que a interação entre   os   alunos,   a   socialização   de   procedimentos   encontrados indispensáveis   em uma   proposta  que  visa  a  uma  melhor  aprendizagem significativa da matemática (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007, p. 09).

De   acordo   com   a   Secretaria   Estadual   da   Educação,   vem   destacar 

considerações  importantes como pontos relacionados a perspectiva metodológica 

necessários à reflexão na opção pelo uso desse material em sala de aula.

• qualquer recurso deve servir para que os alunos aprofundem 

e ampliem os significados e noções matemáticas; 

• os jogos só  são úteis se provocarem, em quem os utiliza, 

processos de reflexão sobre as noções matemáticas que se quer  desenvolver  a 

partir de seu uso; 

• é   importante   que   o   jogo   selecionado   seja   adequado   aos 

objetivos que você traçou para seu trabalho com a Matemática; 

• é fundamental que os educandos possam discutir as ideias 

que vão tendo e as descobertas que vão fazendo, enquanto jogam; 

• ao planejar ações envolvendo jogos para a sua turma, pense 

com antecedência em questões a serem propostas enquanto os educandos jogam;

• é  preciso prever um tempo para que, ao  final  do  trabalho 

proposto, os alunos discutam e registrem suas conclusões, suas descobertas; 

• um mesmo jogo deverá ser usado em momentos diferentes 

para desenvolver novas ideias, aprofundar aquelas já percebidas pelos alunos, ou 

mesmo para rever noções que não ficaram muito claras numa primeira exploração.

               Ainda para SMOLE, DINIZ e MILANI (2007), o sentido que a palavra jogo 

assume na escola, são tantos e variados que caracteriza­lo não é fácil. No entanto 

por   meio   de   todo   trabalho,   estudo   e   reflexão   a   respeito   dos   significados   que 

atendem às necessidades de aprendizagem pelo jogo em aulas de matemática,   é 

necessário basicamente perceber e compreender os seguintes pontos:

• o   jogo   deve   ser   para   dois   ou   mais   jogadores,   sendo, 

portanto, uma atividade que  os educandos realizam juntos;

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• o jogo deverá ter objetivo a ser alcançado pelo jogadores, ou 

seja, ao final, haverá um vencedor;

• o jogo deverá permitir que os educandos assumam papéis 

interdependentes, opostos e cooperativos, isto é, os jogadores devem perceber a 

importância  de  cada  um na   realização  dos  objetivos  do   jogo,  na  execução  das 

jogadas, e observar que um jogo não se realiza a menos que cada jogador concorde 

com   as   regras   estabelecidas   e   coopere   seguindo­as   e   aceitando   suas 

consequências;

• o jogo precisa ter regras preestabelecidas que não podem 

ser modificadas no decorrer de uma jogada, isto é, cada jogador deve perceber que 

as regras são um contrato aceito pelo grupo e que sua violação representa uma 

falta;  havendo o desejo de  fazer  alterações,   isso deve ser  discutido com todo o 

grupo e, no caso de concordância geral, podem ser impostas ao jogo daí por diante;

• no   jogo,   deve   haver   a   possibilidade   de   usar   estratégias, 

estabelecer  planos,  executar   jogadas  e  avaliar  a  eficácia  desses elementos  nos 

resultados obtidos, isto é, o jogo não deve ser mecânico e sem significado para os 

jogadores.

Os jogos devem trazer situações interessantes e desafiadoras, permitindo aos 

jogadores   se   auto­avaliarem   e   participarem   do   jogo   ativamente   percebendo   os 

efeitos de suas decisões, dos riscos que podem correr ao optar por um caminho ou 

por outro, analisando suas jogadas avaliando sua resistência.

Acredita­se   na   forma   de   introduzir   jogos   lúdicos   como   metodologia   para 

eficácia do processo de aprendizagem, onde o educando possa produzir e recriar o 

meio   a   sua   volta,   proporcionando   oportunidades   de   buscar   a   soluções   mais 

adequadas para situações de dificuldades no aprendizado e os mesmos possam 

ampliar   a   capacidade   de   compreensão   dos   conceitos,   códigos   sociais   e   das 

diferentes   linguagens,  por  meio  de  expressão  e  comunicação  de   sentimentos  e 

ideias,   da   reflexão,   da  elaboração  de  perguntas  e   respostas,   da   construção  de 

objetos  e  brinquedos,   facilitando  a  abertura  para  o   campo  cognitivo   (OLIVEIRA 

2007).

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[...] pode­se dizer ainda que o brincar é a forma mais fácil e real para se estabelecer relações afetivas com a criança, transmitindo­lhe segurança e confiança para que a  sua  introdução no processo de escolarização seja saudável e prazerosa, sem sofrimentos e culpas. Através do brincar e das gratificações  afetivas  que   lhe  acompanham esta  atividade,  a   criança da vazão à sua ânsia de conhecer e descobrir (OLIVEIRA, 2007).

Nessa perspectiva, o  jogo na matemática,  faz­se necessária à   intervenção 

conveniente   do   professor,   onde   poderá   propiciar   espaços   e   situações   de 

aprendizagem que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais 

e perceptíveis de cada educando aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos 

referentes aos diferentes campos de conhecimento da matemática, torna­se mais 

fácil   o   seu   entendimento   e   compreensão   de   regras.   As   regras   são   de   suma 

importância  para  a   vida  em sociedade,   despertando   também o   companheirismo 

(SOUZA, 2009).

No jogo, as regras são parâmetros de decisão, uma vez que ao iniciar uma partida, ao aceitar jogar, cada um dos jogadores concorda com as regras que passam a valer para todos, como um acordo, um propósito que é de responsabilidade de  todos.  Assim, ainda que haja um vencedor e que a situação   de   jogo   envolva   competição,   suas   características   estimulam simultaneamente o desenvolvimento da cooperação e do respeito entre os jogadores porque não há sentido em ganhar a qualquer preço. Em casos de conflitos,   as   regras   exigem   que   os   jogadores   cooperem   para   chegar   a algum acordo e resolver seus conflitos (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007, p. 09).

No método tradicional, o saber e o controle da situação é autoria do educador 

no  processo de  ensino  e  aprendizagem. Ele  é  o  definidor  de   toda  situação por 

colocar e conduzir o educando ao conhecimento.

Com   o   jogo   na   matemática   encontra­se   dificuldade   na   prática   dessa 

metodologia,   pois   implica   mudança   de   postura   em   relação   ao   educador   e   ao 

educando o que caracteriza um desafio considerável.

Na conquista de uma educação matemática de qualidade, busca­se trabalhar 

com ludicidade. O lúdico, isto é, o jogo passa a desencadear novos conceitos de 

aprendizagem, sugerindo novas perspectivas, acontecendo um encontro pedagógico 

onde   educador   e   educando   interagem   de   modo   a   desenvolver   pensamentos, 

linguagens e afetividade, buscando superar tensão, criação individual ou coletivas 

de estratégias que apontem solução para o problema.

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Na   concepção,   a   lógica   matemática   poderá   ser   treinada   com   jogos 

direcionados   para   uma   orientação   construtiva   de   experiências   vividas   entre   o 

educador e o educando.

O educando traz consigo saberes e influência do meio ao qual ele vive e isso 

deve ser agregado no seu cotidiano escolar para o ensino e  aprendizagem.

É   essencial   que   a   educação   infantil   seja   plena   de   brincadeiras   que gratificam   os   sentidos,   levam   ao   domínio   de   habilidades,   despertam   a imaginação,   estimulam   a   cooperação   e   a   compreensão   sobre   regras   e limites, e respeite, explore e amplie os inúmeros saberes que toda criança possui quando chega à escola (ANTUNES, 2003, p. 30).

Deve­se   propiciar   meios   para   que   o   educando   desenvolva   de   forma 

equilibrada e segura suas ações, permitindo a evolução de seu processo cognitivo.

[...]   até   mesmo   durante   a   adolescência,   o   jovens   avançam   muito   em pensamentos sobre a moralidade e é impossível desassociar essa evolução do progresso cognitivo. É sem dúvida a fase de vida em que com maior intrepidez e maior cuidado a criança necessita de alfabetização emocional, seja a que é praticada diariamente pelos pais, seja a institucionalizada pela escola. Nenhum trabalho com as inteligências múltiplas requer tanta certeza de tempo de maturação, quanto o momento preciso para se usar os jogos estimuladores da inteligência inter e intrapessoal. É nesse período que se estrutura o autoconceito e é quando se organiza mentalmente auto­imagem negativa   e   positiva.   [...],   pois   é   na   construção   da   auto­imagem,   que permanece muito tempo depois da infância, que começam a se definir os jovens que apresentam um olhar de encantamento ou de tédio para com a orquestra da vida (ANTUNES, 2003, p. 32 e 33).

Para Moisés (1994) em se tratando de termos metodológicos há a opção pelo 

enfoque qualitativo que busca­se um enlace constante e permanente entre a teoria e 

a prática, onde o fazer vai se construindo nas idas e vindas entre esses dois pólos e 

ao   mesmo   tempo   construindo   o   conhecimento   sobre   o   objeto   de   estudo   e 

enfrentando­o com coerência e desafio de saber ensinar.

Saber ensinar é uma temática que nos assalta, pois não é assim tão simples 

estabelecer o significado do que seja esse saber, portanto é necessário ao educador 

deparar­se com questões que o  leva a refletir   tal  como: a quem ensinar? o que 

ensinar? e como ensinar?

Porém, quando falamos em saber ensinar, estamos pensando em algo que é   mais   do   que   uma   simples   habilidade   expressa   pela   competência   do 

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professor diante do processo de ensino/aprendizagem. É muito mais. Tarefa complexa, requer preparo e compromisso; envolvimento e responsabilidade. E   algo   que   se   define   pelo   engajamento   do   educador   com   a   causa democrática e se expressa pelo seu desejo de instrumentalizar política e tecnicamente   o   se   aluno,   ajudando­o   a   construir­se   como   sujeito   social (MOYSÉS, 1994, p. 13 e 14).

É importante termos bem claro que a clientela da escola pública da educação 

básica são oriundos de camadas populares; possibilitar a essa clientela saberes que 

lhes permitirão atuar no mundo em que vivem de forma crítica e consciente, partindo 

das  habilidades básicas, como: ler, escrever, fazer as operações matemáticas, até 

as mais elaboradas, os conhecimentos sistematizados, as artes (MOYSÉS, 1994).

3. O JOGO ENTRE O LÚDICO E O EDUCATIVO

    O   jogo   matemático   deve   ser   utilizado   dentro   de   uma   proposta   para 

desencadear e resolver os problemas matemáticos como aprendizagem significativa 

(SOUZA, 2009).

 Segundo Smole, Diniz e Milani (2007), reconhecer a importância do jogo com 

o   intuito   da   significância   na   aprendizagem   do   educando,   é   um   desafio   para   o 

educador,   pois   envolve   comprometimento   com   a   qualidade   de   sua   prática 

pedagógica e a importância do mesmo como um veículo para o desenvolvimento 

social, emocional e intelectual por parte dos educandos.

O jogo por muitas vezes foi visto simplesmente como um “passatempo”, um 

descanso para distrair os alunos e diminuir a seriedade das aulas, mas ao contrário, 

corresponde   a   uma   profunda   exigência   do   organismo   e   é   extraordinária   a   sua 

importância na educação escolar, pois evidência o aspecto da possibilidade de um 

rico trabalho, para que venha a estimular à aprendizagem e o desenvolvimento de 

habilidades   matemáticas,   tais   como,   faculdades   intelectuais,   desenvolvendo   o 

espírito construtivo, a imaginação, a iniciativa individual, capacidade de sistematizar 

e  abstrair   favorecendo o  esperado e  o  progresso do vocabulário,  estimulando a 

observar e conhecer as pessoas e   coisas a sua volta, acontecendo ai a interação 

social.

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Todo jogo por natureza desafia, encanta, traz movimento, barulho e uma certa alegria para o espaço  no qual normalmente entram apenas o livro, o caderno e o lápis. Essa dimensão não pode ser perdida apenas porque os jogos envolvem conceitos de matemática. Ao contrário, ela é determinante para que os alunos sintam­se chamados a participar das atividades com interesse (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007, p.10).

Pois para a dimensão lúdica envolve desafio, surpresa, possibilidade de fazer 

novamente,  superação de obstáculos e ver  que não se  pode controlar   todos os 

resultados.

A dimensão lúdica está associada a dimensão educativa, hoje reconhecidas, 

pois o jogo diminui a consequência dos erros e dos fracassos do jogador, permitindo 

que   ele   desenvolva   iniciativa,   autoconfiança   e   autonomia.   O   jogo   não   trás 

consequências frustrantes, sendo então uma atividade séria mostrando ao educando 

ver que o erro não é algo definitivo e insuperável, pois devem serem vistos de forma 

natural,  na  ação de  suas   jogadas não deixar  marcas negativas,  propiciar  novas 

tentativas, estimular previsões e checagem. Os conhecimentos adquiridos servem 

para um melhor planejamento das jogadas propiciando a aquisição de novas ideias 

e  novos conhecimentos.  Para  o   jogador,  permite  controlar  e  corrigir   seus  erros, 

avanços, assim como para rever suas respostas, possibilitando a ele descobrir suas 

falhas,   sucessos   e   o   motivo   pela   ocorrência,   evidenciando   a   compreensão   do 

próprio avanço no processo de aprendizagem, bem como o desenvolvimento e a 

autonomia para continuar à aprendizagem (SMOLE; DINIZ; MILANI, 2007). 

A utilização dos jogos deve ser somente quando a programação possibilitar e 

somente quando se constituírem em um auxílio eficiente, ao alcance de um objeto 

dentro dessa programação (ANTUNES, 2003).

Souza (2009) relata que o jogo deve ter sempre um caráter desafiador para o 

educando acompanhado de um planejamento educacional com objetivos propostos 

pelo   educador.   Neste   contexto   observa­se   a   importância   do   planejamento   do 

educador,   pois   o   jogo   deve   estar   inserido   em   suas   atividades   como   suportes 

pedagógicos e não como mero passa tempo.

Ressalta­se  ainda a  observação do educador  na   introdução do  jogo,  este 

deve ter a preocupação com a maturidade da criança quanto aos desafios as serem 

superados  e  ao  mesmo  tempo perceber  quando  o  educando  não  está   sentindo 

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interesse ou sente­se cansado.

Nota­se   que   quando   se   estuda   a   possibilidade   da   utilização   de   jogos 

matemáticos no processo ensino aprendizagem não apenas o seu conteúdo deve 

ser considerado, mas também a maneira como o jogo se apresenta tem grande valia 

no contexto, verificando a faixa etária em questão.

Para Antunes (1998) existem quatro elementos que justificam e, condicionam 

a aplicação dos jogos. Esses elementos se graduam segundo a sua importância, tais 

como:

1. Capacidade de se construir em um fator de auto­estima do aluno;

2. Condições psicológicas favoráveis;

3. Condições ambientais;

4. Fundamentos técnicos.

É importante que o educador possa organizá­los para simbolizarem desafios 

intrigantes   e   estimulantes,   porém,   possíveis   de   serem   concretizados   pelos 

educandos,   individualmente   ou   em   grupo,   e   é   essencial   sua   utilização   como 

ferramenta de combate à apatia e como instrumento de inserção e desafios grupais, 

devendo ser seguido de entusiasmo convite para outros jogos.

 A posição clara dos educandos e bem definidos. O jogo deve ser introduzido 

em um ambiente com espaço e condições favoráveis e a sequência a ser obedecida 

tendo começo, meio e fim.

Além das situações didáticas e cotidianas as situações problemas e os jogos 

constituem­se   em   propostas   privilegiadas   de   ensino   e   de   aprendizagem   com   a 

matemática. Trabalhando matemática com jogos possibilita:

• Registros numéricos;

• Operações aritméticas;

• Argumentação entre jogadores;

• Concentração.

Entende­se por habilidade operatória uma aptidão ou capacidade cognitiva e 

apreciativa específica, que possibilita a compreensão e a intervenção de indivíduo 

nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões (ANTUNES, 

1998).

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No campo cultural verifica­se que as discussões sobre cultura sempre foram 

lugar de opiniões muito divergentes, destaca­se interesses econômicos, políticos e 

sociais.   Em   alguns   grupos   destaca­se   o   etnocentrismo   aflorado.   É   importante 

perceber que somos todos indivíduos sociais e a formação cultural é um direito que 

cabe a todos (SOUZA, 2009).

Kishimoto   (2002)  defende que com a aquisição do conhecimento   físico,  o 

educando terá elementos para estabelecer relações e resolver seu raciocínio lógico 

matemático, o que é   importante para o desenvolvimento da capacidade de  ler  e 

escrever.

É   viável   observar   que   para   o   sujeito   apropriar­se   de   conceitos   como   de 

números é  necessário que este exercite a ação mental  sobre o objeto social  de 

conhecimento (SOUZA, 2009).

Ainda   para   Kishimoto   (2002)   o   desenvolvimento   do   raciocínio   lógico 

matemático, o mediador deve organizar jogos voltados para classificação, seriação, 

sequência, espaço, tempo e medidas.

A introdução de jogos como recursos didáticos nas aulas de matemática é 

considerada como possibilidade para diminuir os bloqueios apresentados por alguns 

alunos, a respeito da matemática (SOUZA, 2009).

Em Moura et.al (2008) mostram que o jogo é um dos recursos metodológicos 

que apresenta um caráter lúdico e desafiador   visando a construção e formalização 

dos conceitos relacionados à disciplina de matemática. 

Quando o jogo é utilizado pelo educador, este dever explorado mediante a 

uma   intervenção   adequada   propondo   um   “aprender   brincando”,   desenvolvendo 

linguagem   matemática,   trabalhando   estratégias   de   resolução   de   problemas   e 

também desenvolver   raciocínio   lógico.  Levar  o  educando  a  elaborar  estratégias, 

testar,   confirmar   e   reformular   se   necessário,   percorrendo   o   caminho   da 

problematização, ou seja, resolvendo problemas para vencer o jogo. 

 Ocorrendo a intervenção pedagógica por parte do educador em um situação 

ocorrida durante a partida de um jogo, o educando vai planejar as próximas jogadas 

tendo um aproveitamento melhor.

 É necessário criar estratégias para jogar onde o educador é convidado a se 

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envolver na problematização, experimentando­o  e desenvolvendo­o em sua sala de 

aula, proporcionando assim   a reflexão sobre o desencadear do trabalho com os 

conteúdos propostos tendo como subsídio: 

• Repensar sobre esse recurso no ensino da matemática;

• Refletir   sobre   habilidades   matemáticas   com   raciocínio   lógico, 

construção de estratégias de  jogo e de resolução de problemas, antecipação de 

jogadas e análises de possibilidades;

• Desenvolver com os educandos atividades de ensino que envolva a 

utilização do pensamento de resolução de problemas por meio de jogos;

• Compreender   a   necessidade  do  desenvolvimento  de  um  linguagem 

própria na resolução de problemas matemáticos.

A vantagem do jogo consiste em provocar a necessidade de pensar para agir, 

de analisar as situações para uma melhor possibilidade de ação.

Na   consideração   dessas   situações,   fica   evidente   a   dificuldade   que   se 

encontra   para   coordenar   as   diferentes   variáveis   de   um   jogo,   onde   se   destaca 

também na ocasião da resolução de problemas, como uma situação desafiadora que 

não apresenta uma solução imediata e única, envolvendo assim a necessidade de 

diversos   conhecimentos,   podendo   ser   matemáticos   ou   não,   estabelecendo   pelo 

educando uma relação entre eles, reflexões e investigações, onde se forma uma 

criação   de   processos   próprios   de   resolução,   ampliando   seus   conhecimento   e 

criando novos conceitos.

Na resolução de problemas pode ocorrer dificuldades por parte do educando 

em   conseguir   identificar,   interpretar,   analisar,   relacionar   variáveis,   coordenar 

diversas  informações,  tomar decisões para solucionar uma situação, mais com o 

tempo passa a perceber e sentir a necessidade de observar os indícios de um jogo e 

suas regras tal  como jogadores,   isto é,  seus pares e adversários e assim poder 

melhor planejar suas próprias jogadas/ações. 

[...]   o   levantamento  e  a  análise  das  possibilidades  de  uma determinada situação e o planejamento de sequências de ações. Esse planejamento é constantemente   ampliado,   de   acordo   com   o   desenvolvimento   das possibilidades dos participantes tomarem consciência das jogadas feitas e de seus resultados. [...] o planejamento de ações também é importante na resolução   de   problemas,   pois   se   a   situação   não   for   convenientemente 

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analisada,  o  problema  pode  não  ser   solucionado   (MOURA  et.  al,   2008, p.32).

Para se calcular dados Moura et. al (2008) mostra que,  tratando de jogo onde 

há  utilização de  jogos para calcular por meio de operações básicas verifica­se a 

necessidade de sua utilização tendo como subsídios:

• Verificar a aprendizagem das quatro operações básicas;

• Elaborar atividades de ensino com jogos;

• Desenvolver com os educandos atividades de ensino que envolvam a 

utilização do pensamento de resolução de problemas por meio de jogos;

• Compreender   a   necessidade  do  desenvolvimento  de  um  linguagem 

própria na resolução de problemas matemáticos.

O educador deve se atentar às jogadas, verificando se todas as regras estão 

sendo aplicadas, obedecidas, lembradas e   praticar o jogo várias vezes antes de 

leva­lo para sala de aula, assim poderá fazer intervenções adequadas e necessárias 

garantindo   melhor   o   aproveitamento   na   utilização   do   material.   Há   também   a 

oportunidade de  propor situações problemas a serem desenvolvidos pelo educando. 

Para   D’   Ambrosio   (1996)   a   disciplina   de   matemática   é   vista   como   uma 

estratégia desenvolvida pela espécie humana ao longo de sua história para explicar, 

para entender, para manejar e conviver a realidade sensível, perceptível, e com seu 

imaginário,  naturalmente  dentro  de  um contexto  natural  e  cultural.  Segundo  sua 

percepção, por meio de um programa de educação matemática onde vise à busca 

de sua relevância e importância a ser considerado.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Jogos para Estimulação das Múltiplas Inteligências. Petrópolis: Vozes, 1998.

D’ AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. Campinas, SP: Papirus, 1996.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos, brinquedos, brincadeiras e educação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

MOURA, A.R.L.M et.al . Resolver Problemas: o Lado Lúdico do ensino da Matemática. In: Pró­Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: matemática – ed. rev. e ampl. incluindo SEAB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. Fascículo 7.

MOYSÉS, Lúcia. O desafio de saber ensinar. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 1994.

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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Matemática. p. 15. 2008. Disponível: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/diretrizes_2009/matematica.pdf>. Acesso dia: 26 set. 2010.

SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; MILANI, Estela. Jogos de matemática de 6º a 9º ano. Porto Alegre: Artmed, 2007.

SOUZA, Valdirene Araújo da Silva. O lúdico: a sua importância para aquisição da aprendizagem significativa. Garanhuns, 2009. Disponível: http://www.webartigos.com/articles/13894/1/O­LUDICO­A­SUA­IMPORTANCIA­PARA­AQUISICAO­DA­APRENDIZAGEM­SIGNIFICATIVA/pagina1.html>. Acesso dia: 24 ago. 2010.

VIGOSTKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.