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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE JOSÉ LUIZ MOREIRA DE OLIVEIRA JUNIOR CARACTERÍSTICAS PROJETUAIS DO ESPAÇO ARQUITETÔNICO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL SALVADOR - BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

JOSÉ LUIZ MOREIRA DE OLIVEIRA JUNIOR

CARACTERÍSTICAS PROJETUAIS DO ESPAÇO ARQUITETÔNICO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

NEONATAL

SALVADOR - BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE

JOSÉ LUIZ MOREIRA DE OLIVEIRA JUNIOR

CARACTERÍSTICAS PROJETUAIS DO ESPAÇO ARQUITETÔNICO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

NEONATAL

Monografia apresentada ao Curso de Especialização da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde. Orientador (a): Prof. Dr. Antônio Pedro Alves de Carvalho

SALVADOR - BAHIA 2010

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000:000 Oliveira, José, S000 Características projetuais do espaço arquitetônico da unidade de terapia intensiva neonatal – Salvador/BA/ José Oliveira. - Salvador: José Luiz Moreira de Oliveira Junior, 2010.

99f.: il.

Monografia (Especialização) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura, 2010. 1. Arquitetura Hospitalar 2. Arquitetura e Saúde I. Título II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura. III. Monografia.

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JOSÉ LUIZ MOREIRA DE OLIVEIRA JUNIOR

CARACTERÍSTICAS PROJETUAIS DO ESPAÇO ARQUITETÔNICO DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

NEONATAL

MONOGRAFIA ESPECIALIZAÇÃO submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

ESPECIALISTA EM ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE à

Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa da

Universidade Federal da Bahia

Aprovado: Comissão Examinadora

...........................................................

...........................................................

...........................................................

Data da Aprovação: ......./......./......... Conceito:

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Dedico este trabalho a Edna Eleres e Mariana Bibas, pelo irrestrito apoio, pela atenção e por todo cuidado no desenvolvimento desta tarefa acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sabedoria e encorajamento. A minha família Edna, José, Maria e Dalton. A minha Mariana Bibas, pelo auxílio e presença, no desenvolvimento desta

pesquisa. Ao Prof. Dr. Antônio Pedro Alves de Carvalho, coordenador do curso de

Arquitetura em Sistemas de Saúde da UFBA e orientador desta monografia, pelas orientações prestadas ao desenvolvimento desta pesquisa.

Aos amigos Renata Carvalho e Joércio Barbalho Jr, pelo auxílio prestado no

desenvolvimento desta pesquisa. A Neila Regina Rabelo, pelo auxílio prestado no desenvolvimento desta

pesquisa. A Marly Santana Nery, pelo auxílio prestado na finalização deste trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho apresenta os estudos e demais considerações sobre as características projetuais do espaço arquitetônico da unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), com o objetivo de expor suas especificidades de funcionamento, dimensionamento, programação de espaços, fluxos, instalações ordinárias, especiais e principais equipamentos, a partir do levantamento de informações de caráter bibliográfico e documental, sobre os aspectos históricos que definiram o surgimento e a evolução desse tipo de UTI, associado aos conceitos contemporâneos que criam identidade ao funcionamento desta unidade, interligadas as orientações e exigências normativas que regem a ordenação física e o funcionamento da UTIN, fundamentadas nas atividades e sub-atividades que serão desenvolvidas nesta unidade. Na segunda parte deste trabalho são apresentadas informações que tratam dos conceitos e ferramentas de programação arquitetônica, fundamentais para a composição do espaço da UTIN, além de um conjunto de considerações técnicas e teóricas que auxiliarão na composição do programa arquitetônico mais aproximado as atuais necessidades dos pacientes, familiares e cuidadores. Em seguida, são apresentados os pré-dimensionamentos de alguns dos seus ambientes, complementado com o fluxograma setorizado da UTIN e ilustrado com o esquema de zoneamento da unidade. A terceira parte desta pesquisa apresenta o conjunto de características físicas, vinculadas ao grupo de instalações prediais da unidade, somadas as informações a respeito do controle de ruídos de fundo e do controle de luminosidade, fazendo um apanhado dos principais equipamentos biomédicos exigidos por norma, complementado com as recomendações que tratam dos cuidados que devem ser tomados na escolha dos acabamentos de superfícies e revestimentos, para utilização na UTIN. Ao final dessa parte é reservada atenção especial aos conceitos de flexibilidade e de humanização que deverão permear a estrutura da unidade. A quarta parte desta pesquisa expõe as observações e considerações sobre a estrutura e instalações da unidade de terapia intensiva neonatal visitada, além de apresentar as imagens de seus ambientes, para compor o acervo iconográfico deste trabalho, Por fim, uma breve conclusão encerra a discussão sobre o tema, apresentando as impressões gerais sobre a pesquisa e os resultados obtidos, indicando os cuidados necessários para a composição de uma UTIN, a partir das características arquitetônicas identificadas.

Palavras-chave: UTIN, Características Projetuais, Arquitetura Hospitalar.

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ABSTRACT

This paper presents the studies and other considerations on the characteristics of architectural space of projective neonatal intensive care unit (NICU), with the goal of exposing their specific operation, design, programming spaces, streams, common facilities, and major special equipment, from information gathering bibliographical and documentary on the historical aspects that defined the emergence and evolution of this type of ICU, combined with contemporary concepts that create identity for the operation of this unit, connected the guidelines and regulatory requirements governing the ordination and physical functioning of the NICU, based on activities and sub-activities to be developed in this unit. In the second part of this work are presented information dealing with concepts and tools of architectural programming, fundamental to the composition of the NICU space, plus a set of theoretical and technical considerations that will assist in the composition of the architectural program closer to current needs of patients, families and caregivers. Next, we present the pre-dimensioning of some of their environments, complete with the flowchart illustrated by sector and the NICU with the zoning scheme of the unit. The third part of this research presents a set of physical characteristics, linked to the group unit of building facilities, together with information about the control of background noise and the brightness control, making an overview of the major biomedical equipment required by rule, complemented recommendations dealing with the care that should be taken in the choice of surface finishes and coatings for use in the NICU. At the end of this area is reserved for special attention to the concepts of flexibility and dehumanization that should permeate the structure of the unit. The fourth part of this research reflects the comments and thoughts about the structure and facilities of the neonatal intensive care unit visited, and the images of their environments, to make up the iconographic collection of this work, Finally, a brief conclusion closes the discussion the issue by presenting the general views about the research and results, indicating the care needed for the composition of a NICU, from the architectural features identified. Keywords: NICU, Features projectuais, Hospital Design.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Definição das atividades fim que serão realizadas na UTIN 31

Quadro 02: Recursos humanos necessários para atuar na UTIN 34

Quadro 03: Listagem dos ambientes assistenciais que compõem a UTIN, conforme define a RDC n° 50/2002 ANVISA

36

Quadro 04: Listagem dos ambientes de apoio que compõem a UTIN, conforme define a RDC n° 50/2002 ANVISA

37

Quadro 05: Listagem dos ambientes para uma UTIN 37

Quadro 06: Relação de ambientes que compõem uma UTI neonatal e a respectiva setorização dentro da unidade

44

Quadro 07: Características projetuais do espaço arquitetônico da UTIN. 82

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LISTA DE FIGURAS

Figuras 01 e 02: Área de higienização das mãos e armários para guarda de pertences 40

Figuras 03 e 04: Modelos de pias de despejo, na sala de utilidades. 41

Figura 05: Leiaute da área para registro de pacientes 46

Figura 06: Leiaute do posto de enfermagem - UTIN 48

Figura 07: Leiaute da área de cuidados e higienização de RN 49

Figura 08: Leiaute da sala para coleta do leite humano 51

Figura 09: Leiaute do salão de internação de terapia intensiva neonatal (berçário)

53

Figura 10: Leiaute da sala de utilidades 54

Figura 11: Fluxograma Geral da UTIN 56

Figura 12: Esquema do zoneamento da UTIN 57

Figuras 13 e 14: Incubadora com parede dupla e berço aquecido de terapia intensiva 67

Figuras 15 e 16: Equipamento que permite monitoração contínua de freqüência respiratória (monitor multiparâmetro) e equipamento que permite monitoração contínua de oximetria de pulso (oxímetro de pulso).

68

Figuras 17 e 18: Equipamento que permite monitoração contínua de freqüência cardíaca (cardioversor) e de cardioscopia (cardioscópio).

68

Figuras 19 e 20: Equipamento que permita monitoração contínua de pressão arterial não-invasiva e equipamento tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluídos (“bomba de infusão”)

68

Figuras 21 e 22: Equipamentos para fototerapia 69

Figuras 23 e 24: Capnógrafo e ventilador pulmonar mecânico microprocessado 69

Figuras 25 e 26: Eletrocardiógrafo portátil e ventilador pulmonar específico para transporte

69

Figuras 27 e 28: Equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva e foco cirúrgico portátil

70

Figuras 29 e 30: Equipamentos desfibrilador e cardioversor com bateria e incubadora para transporte

70

Figuras 31e 32: Equipamentos para monitoração contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específicos para transporte

71

Figuras 33, 34 e 35:

Acesso a UTI Neonatal (berçário neonatal) do Hospital A e área de paramentação.

85

Figuras 36 e 37: Aspecto dos ambientes de apoio do berçário (acesso DML e copa) 86

Figuras 38 e 39: Sala de utilidades e cuba de despejo 86

Figuras 40 e 41: Aspecto geral do salão de internação do berçário (UTIN) 87

Figuras 42 e 43: Área de prescrição e do posto de enfermagem, detalhe da guarda de prontuários

88

Figuras 44, 45 e 46:

Instalações e mobiliário do posto de enfermagem. 88

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Figura 47: Instalações e mobiliário do posto de enfermagem. 88

Figuras 48 e 49: Equipamentos e instalações especiais do berçário. 89

Figura 50: Posicionamento da estativa de gases e pontos elétricos. 90

Figura 51: Equipamentos e instalações especiais do berçário 91

Figura 52: Tipologia da esquadria e condições de luminosidade natural. 91

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS 8

LISTA DE FIGURAS 9

APRESENTAÇÃO 12

1. INTRODUÇÃO 14

2. REVISÃO DA LITERATURA 20

2.1 Aspectos Históricos 20

2.2 Conceitos sobre UTI´s, localização intra-hospitalar e unidades de apoio 23

2.3 Definições Normativas 27

3. PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA DA UTIN 35

3.1 Programa de Necessidades para a UTIN 35

3.2 Pré-dimensionamento dos ambientes da UTIN 45 3.2.1 Pré-dimensionamento da área de registro de pacientes 45 3.2.2 Pré-dimensionamento do posto de enfermagem 46 3.2.3 Pré-dimensionamento da sala para higienização RN 48 3.2.4 Pré-dimensionamento da sala para coleta do leite humano 50 3.2.5 Pré-dimensionamento do salão de internação de terapia intensiva neonatal (berçário)

51

3.3 Fluxograma Geral da UTIN 55

3.4 Zoneamento da UTIN 56

4. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA FÍSICA DA UTIN 58

4.1 Instalações Prediais (iluminação artificial e rede elétrica, instalações hidrosanitárias, rede de gases e fluidos medicinais, sistema de climatização e filtragem do ar)

60

4.2 Controle sobre ruídos de fundo e condições de iluminação natural 64

4.3 Equipamentos utilizados na UTIN 65

4.4 Acabamentos de superfícies 71

4.5 Conceitos de Flexibilidade para a UTIN 75

4.6 Conceitos de Humanização para a UTIN 78 4.6.1 Humanização da atenção ao RN na UTIN através do método “mãe canguru”

80

4.7 Quadro resumo com as características arquitetônicas da UTIN 82

5. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS DA UTIN VISITADA 85

CONCLUSÃO 93

REFERÊNCIAS 95

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APRESENTAÇÃO

O desenvolvimento desta pesquisa, motivado inicialmente pela curiosidade de

conhecer a conformação dos ambientes e instalações que compõem a UTIN,

possibilitou-me o entendimento do nível de complexidade projetual que esta unidade

detém, em função das diversas exigências que deverão ser atendidas para favorecer o

desenvolvimento das atividades assistenciais.

O mais impressionante é que este nível de complexidade, sobre o planejamento

arquitetônico da UTIN, não está relacionado diretamente ao arsenal tecnológico

presente na unidade, ou a presença de uma equipe assistencial especializada em

procedimento intensivo, tampouco está relacionado ao seu dimensionamento físico, ou a

quantidade de ambientes assistenciais, destinados ao apoio da família dos neonatos, ao

apoio da equipe assistencial e dos próprios internados. Na verdade, nenhum destes itens

são determinantes do nível de complexidade desta unidade, pois, todos são

conseqüência do principal fator determinante do caráter crítico da UTIN.

Através desta pesquisa pude perceber que, apesar da quantidade de

equipamentos avançados, apesar da qualidade dos profissionais que se dedicam as

atividades e cuidados aos neonatos, apesar das rígidas exigências de controle das

condições de conforto ambiental, apesar da necessidade de disposição de tantos

ambientes de apoio aos pais e cuidadores, o fator principal, que define as características

arquitetônicas da UTIN, reside na condição frágil dos recém-nascidos e em suas

limitações fisiológicas, sensoriais e imunológicas, decorrentes da sua prematuridade, ou

em função de sua patologia.

Sendo assim, o grau de fragilidade dessas crianças os tornam dependentes de

cuidados especiais permanentes, exigindo máxima dedicação da equipe assistencial,

exigindo aparatos tecnológicos que consigam suprir suas deficiências e limitações

orgânicas, exigindo condições ambientais extremamente controladas para não afetar o

seu delicado desenvolvimento, exigindo da arquitetura da UTIN que seja o invólucro

pós-parto, que concentrará todos os recursos e cuidados, necessários ao pleno

“amadurecimento” desses bebês.

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O principal objetivo deste trabalho reside na apresentação das características

projetuais mais relevantes sobre a arquitetura da UTIN, buscando expor suas

especificidades de funcionamento, seu dimensionamento, a programação arquitetônica

de espaços e ambientes, seus fluxos internos, suas instalações ordinárias e especiais e os

principais equipamentos que darão suporte a vida dos neonatos.

Para isso, foram necessárias consultas nos seguintes locais / endereços de acervo

bibliográfico e documental, para a formação do conteúdo teórico deste estudo: sítio

eletrônico do Ministério da Saúde (MS), sítio eletrônico da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), biblioteca do GEA-Hosp, vinculado ao curso Arqsaude

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e acervo pessoal do pesquisador.

Uma vez pesquisado o conteúdo teórico e documental sobre esta unidade, houve

a necessidade de confrontar tais informações com a realidade de uma UTIN em

funcionamento, sendo assim, e, dentre as possibilidades de lugares para visitação foi

selecionada uma unidade, inserida em um EAS de nível terciário, que detém

peculiaridades de funcionamento que a distingue de diversas outras UTIN’s.

O conteúdo de informações que será apresentado neste trabalho enfatiza desde

os conceitos atuais, sobre a atuação da equipe assistencial da unidade, frente aos seus

pacientes, assim como as definições normativas que regem o projeto, a construção e o

funcionamento da unidade, os princípios de programação arquitetônica que deverão ser

considerados para a composição de uma UTIN, passando pelas características de suas

instalações, equipamentos e acabamentos de superfície, até os conceitos que tratam de

sua flexibilidade e humanização, necessários para qualificar tanto a arquitetura quanto

as atividades realizadas nesta unidade.

Para finalizar este trabalho foi reservada a apresentação das imagens obtidas

durante a visita a uma UTIN, que se encontra em pleno funcionamento, complementada

pelas considerações sobre esta unidade, a partir de suas particularidades arquitetônicas e

de sua infraestrutura.

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1. INTRODUÇÃO.

O tema do presente trabalho trata do espaço físico da Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal (UTI Neonatal ou UTIN), que será apresentada a partir de suas

particularidades arquitetônicas, considerando as principais atividades médico-

assistenciais, inerentes a esta unidade, que irão influenciar diretamente no seu

funcionamento, no seu dimensionamento físico, na programação dos ambientes e áreas

internas, estabelecendo fluxos diversos e exigindo instalações específicas, necessárias à

sua operacionalização.

A UTIN compõe um conjunto maior de unidades intensivas, que formam o

Centro de Terapia Intensiva (CTI), definido pela Unidade de Terapia Intensiva e Semi-

Intensiva adulto, pela Unidade de Terapia Intensiva e Semi-Intensiva pediátrica e pela

Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCI Neo) que pode atuar associada à

UTIN. Existem ainda as UTI’s especializadas, que surgem da necessidade de cada

estabelecimento assistencial de saúde (EAS), para dar suporte a pacientes específicos,

dentre as quais são elencadas as unidades: coronarianas, respiratórias, médicas,

cirúrgicas, geriátricas, neurológicas, para atendimento de trauma e para atendimento de

queimados, conforme declara Dalmasso (2005, p. 44).

Cabe a UTIN, dentre outras atividades, proporcionar condições de internar em

regime intensivo os recém-nascidos em estado crítico de saúde, prematuros, patológicos

ou com baixo peso (entre 1.500 a 2.000 g), conforme rege a legislação vigente.

Este cenário reforça o pressuposto de que o planejamento desta unidade deve ser

desenvolvido para abrigar, da melhor maneira possível, as diversas atividades inerentes

aos cuidados intensivos, dispensados aos pacientes pela equipe de saúde, considerando

as diferentes situações pelas quais passam os profissionais, os recém-nascidos, seus pais

e familiares.

Nesse sentido, cada procedimento ou cada contexto de funcionamento define

especificidades e exigências sobre a configuração do espaço arquitetônico da UTIN.

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Obviamente, não é possível prever todas as possibilidades de situações que serão

deflagradas durante uma intercorrência com um paciente, desse modo, é necessário

dispor de um conjunto de elementos arquitetônicos e instalações suficientes para dar

suporte aos médicos, enfermeiros e demais profissionais que assistirão ao recém-

nascido, visando atender as mais diversas situações de crise e a realização de

procedimentos complexos, em prol da vida do neonato.

Esta pesquisa apresenta os conceitos e filosofias sobre o funcionamento da

UTIN, suas atividades e sub-atividades, seus princípios projetuais, suas características

arquitetônicas, instalações de apoio e principais equipamentos de assistência ao recém-

nascido.

A arquitetura da unidade de terapia intensiva neonatal configura o tema central

desta pesquisa, cujo objeto recai sobre as características do espaço físico da UTIN,

considerando suas especificidades de funcionamento, dimensionamento, programação

de espaços, fluxos, instalações ordinárias e especiais, além dos principais equipamentos.

Nesse sentido, esta pesquisa busca responder a seguinte questão de investigação:

Quais as características projetuais e particularidades arquitetônicas que definem o

espaço da UTIN em um EAS, considerando a complexidade dos serviços desenvolvidos

nesta unidade, em função de suas atividades e sub-atividades?

Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho reside no levantamento e

exposição, das características do espaço físico da Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal (UTIN), considerando suas especificidades de funcionamento,

dimensionamento, programação de espaços, fluxos, instalações ordinárias e especiais e

os principais equipamentos, que configuram o objeto de pesquisa, descrito

anteriormente.

Para isso, será importante enfatizar os aspectos que tratam das tendências e

conceitos mais recentes sobre a sua configuração interna e o aparato tecnológico em

funcionamento na unidade; assim como, as atividades e sub-atividades realizadas em

uma UTIN; a relação de espaços que compõe esta unidade, a função de cada um dos

seus ambientes e seus pré-dimensionamentos arquitetônicos; o conjunto de instalações

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complementares, ordinárias e especiais, acrescida dos principais equipamentos médico-

hospitalares e eletro-mecânicos que são utilizados nesta unidade; as principais diretrizes

para o funcionamento da UTIN; e os principais setores intra-hospitalares que dão

suporte ao funcionamento desta unidade.

Quanto à metodologia de pesquisa adotada, esta monografia foi desenvolvida a

partir da análise de informações acerca do tema, tendo como meios a pesquisa

bibliográfica e documental, auxiliada pela pesquisa de campo, através da visita técnica a

uma unidade existente e em operação, para alicerçar a composição do texto que

apresenta o conjunto de características projetuais pesquisadas.

Quanto ao tipo, e considerando o objetivo geral exposto, trata-se de uma

pesquisa descritiva e quanto à estratégia, trata-se de uma pesquisa documental,

caracterizada a partir do levantamento de normas e legislações vigentes sobre o tema,

para o confronto com as observações advindas da visita técnica a UTIN pesquisada.

A revisão da literatura (pesquisa bibliográfica) apresenta os delineamentos

teóricos mais recentes sobre este tipo de UTI. Por outro lado, a pesquisa documental

expõe as principais normas técnicas e legislações que abordam os condicionantes legais

sobre a configuração e funcionamento deste tipo de unidade. A visita técnica a uma

UTIN em operação, por sua vez, proporcionou a composição de um acervo de imagens

que possibilita a identificação e análise dos espaços, instalações e demais componentes

arquitetônicos.

Quanto à técnica de levantamento, foi utilizada a observação sistemática,

orientada por um roteiro de observação. Quanto à participação do observador, durante o

levantamento, caracterizou-se pelo perfil “não participante”, classificada como

observação individual. A observação direta envolveu o registro fotográfico das

instalações e ambientes da unidade visitada.

Foram analisados, em linhas gerais, os condicionantes ambientais que qualificam

o espaço arquitetônico da UTIN visitada, a partir das soluções de projeto adotadas e da

disposição de suas instalações.

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Em relação ao roteiro utilizado durante a visita, destacaram-se os seguintes itens:

apresentação dos elementos construtivos dos espaços visitados, através do seu sistema

estrutural, fechamentos, vedações e esquadrias; apresentação dos espaços internos, sua

utilização atual, seus materiais de revestimento / acabamento, instalações, mobiliário

fixo (bancadas, armários, balcões, etc), móveis e equipamentos; apresentação das

condições do sistema de iluminação natural e artificial, ventilação natural e artificial,

climatização, visualização do espaço externo e possível propagação de ruídos

indesejáveis; apresentação do registro fotográfico dos ambientes, contendo imagens das

instalações, mobiliário, equipamentos fixos e rotativos (verificados na unidade),

revestimentos, esquadrias e demais elementos construtivos de relevância para a

pesquisa.

Quanto à análise e apresentação dos dados coletados em campo e obtidos a partir

do referencial teórico e da pesquisa documental, foi realizada a classificação das

informações mais relevantes para a composição do quadro de características

arquitetônicas da unidade em estudo.

Enquanto justificativa, para a abordagem deste tema, é possível declarar que as

Unidades de Terapia Intensiva, em especial a UTIN, ao lado dos Centros Cirúrgicos e

Obstétricos, definem os setores hospitalares que possuem o maior custo construtivo por

metro quadrado e de manutenção predial, computados dentro de um EAS.

A complexidade de arranjo arquitetônico e de funcionamento destas unidades,

agregada a utilização de equipamentos médico-hospitalares de alta tecnologia e a

diversidade de equipamentos de infra-estrutura, que servem de suporte a operação

destes setores, reforçam a prerrogativa do alto custo de investimento envolvido na

montagem de um empreendimento dessa natureza, tanto para a iniciativa privada quanto

para o poder público.

Madrigano (2006, p. 14) indica que os custos construtivos por metro quadrado

na área hospitalar, dentro da realidade brasileira, podem ser estimados a partir de

valores paramétricos que variam de 1,5 a 2,5 CUB (custo unitário básico da construção

civil), considerando o padrão médio do CUB da região. Seguramente este índice sofrerá

variação entre as regiões do país, em função da disponibilidade de recursos construtivos

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e tecnológicos, peculiaridades logísticas de cada estado e por fatores sócio-econômico-

ambientais envolvidos.

Para a estimativa do investimento necessário à construção de uma UTIN deverão

ser adotados os maiores índices paramétricos, indicados anteriormente, dada a

necessidade de utilização de materiais e instalações especiais nesta unidade. Desse

modo, tanto o planejamento quanto a tomada de decisão, para a implantação ou

reestruturação de uma UTIN, devem considerar sua complexidade operacional e seus

custos de implantação.

Sendo assim, há necessidade de se conhecer os elementos que compõem essa

unidade físico-funcional, definidos a partir das exigências normativas e legais que

estabelecem suas atividades e o seu programa arquitetônico.

Além disso, é fundamental identificar todas as unidades e serviços intra-

hospitalares que servem de apoio operacional à UTIN, para qualificar a importância de

explorar o assunto em questão e, com isso, contribuir para minimizar o impacto

financeiro, proveniente de uma decisão equivocada sobre a implantação ou

reestruturação de uma unidade desse porte.

Para tanto, é fundamental obter entendimento de como é composta uma UTIN,

atentando às suas particularidades funcionais, em especial o pré-dimensionamento e a

programação arquitetônica dos seus ambientes e áreas, o fluxo de pessoal interno e

externo, seus elementos construtivos e de acabamento, suas instalações ordinárias e

especiais e, por fim, a disposição dos seus principais equipamentos médico-hospitalares

e eletro-mecânicos.

Além disso, deve-se acrescentar que há a carência de textos em português sobre

a arquitetura das UTIN’s. Em função disso, entende-se que esta contribuição ao tema

detém relevante utilidade no processo de discussão sobre as particularidades

arquitetônicas que definem este tipo de UTI.

Nesse sentido, este trabalho busca incorporar um acervo de informações técnicas

ao conjunto já existente, difundido por Universidades no Brasil como a Universidade

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Federal da Bahia (UFBA), o Centro Universitário Unieuro (UNIEURO), a Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e grupos de profissionais, como a Associação

Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), dentre outros que,

através de cursos, congressos e demais eventos, em nível nacional, promovem reuniões

entre os profissionais de diversas áreas, interessados na pesquisa sobre o assunto em

questão, para formular temáticas, aprofundar discussões, apresentar resultados e agregar

novos dados ao trabalho de desenvolvimento da infra-estrutura em saúde.

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2. REVISÃO DA LITERATURA.

2.1 Aspectos Históricos.

As UTI’s, de um modo geral, surgem em decorrência da necessidade de se

agrupar em um mesmo ambiente, pacientes em estado crítico de saúde, sendo

observados ininterruptamente por um grupo de profissionais da área médica e de

enfermagem, utilizando-se equipamentos médico-hospitalares avançados.

Atribui-se a Florence Nightingale, em 1863, a verificação de agrupamento de

pacientes graves em ambiente reservado, sob constante observação, em um pequeno

cômodo localizado ao lado do centro cirúrgico, cujas características se repetiam em

muitos hospitais do interior da Inglaterra. Esta constatação evidencia a origem dos

ambientes de recuperação pós-anestésica (RPA), conforme apresentado por Dalmasso

(2005, p. 34).

Dalmasso (2005, p. 34) ainda declara que a evolução das salas de RPA, durante

as duas guerras mundiais, possibilitou o desenvolvimento das primeiras UTI’s, em

diversos hospitais do mundo, tendo como diferencial sobre as salas, a admissão de

pacientes que não haviam sofrido intervenções cirúrgicas. Porém, um dos pontos em

comum, entre estas unidades, é a presença do médico anestesista, que migra das salas de

recuperação pós-anestésica para atuar, também, nas UTI’s, passando a cuidar de

pacientes não anestesiados, que precisavam de cuidados constantes.

De acordo com Orlando (2008, p. 6), cinco quesitos passaram a definir as UTI’s,

após um fato ocorrido em 1942, em Boston (Massachussets), que mobilizou a equipe do

Massachussets General Hospital, para atender 39 sobreviventes de um incêndio, em

uma casa noturna.

Em função do acidente, houve a necessidade de se utilizar todo o 6º andar do

hospital como unidade especial e, para dispensar atendimento contínuo às vítimas, foi

providenciada a organização e rotatividade da equipe assistencial. Além disso, foram

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concentrados equipamentos nesta ala do hospital, para dar suporte terapêutico aos

internados. A unidade foi mantida em funcionamento durante, aproximadamente, duas

semanas, até que todos os pacientes pudessem ser transferidos para outras enfermarias e,

enquanto submetidos aos cuidados intensivos, foram mantidos sob total isolamento das

atividades externas a unidade.

A convergência de todos os esforços, apresentados anteriormente, possibilitou a

definição funcional das atuais UTI’s, pois agregava infraestrutura, recursos humanos,

recursos tecnológicos e critérios administrativos, conforme descrito a seguir:

Área física própria, equipe multiprofissional treinada e exclusiva, recursos tecnológicos concentrados em um mesmo espaço, critérios de admissão e alta e acesso aos pacientes restrito às equipes do hospital. (ORLANDO, 2008, p. 6)

A origem da UTIN remete ao final do século XIX, por volta de 1898

(ORLANDO, 2008, p. 24), com a implantação da primeira enfermaria destinada ao

tratamento de prematuros, em Paris, organizada pelo obstetra francês Pierre Budin, que

criou o departament for weaklings (departamento para os fracos) (DALMASSO, 2005,

p. 36).

Desde o final o século XIX, até meados da década de 1930, diversas técnicas de

cirurgia, de procedimentos de indução anestésica e de reanimação de neonatos, foram

desenvolvidas e experimentadas, algumas com sucesso e outras com pouco sucesso,

porém, o desafio não tratava apenas de reanimar o recém-nascido, havia a necessidade

de se manter as condições respiratórias dos infantes, para dar suporte à vida.

Somente em 1932 foi desenvolvido pelo pediatra James Wilson, no Boston’s

Childrens’s Hospital, um respirador mecânico acionado por pressão negativa (iron lung)

conforme indica Dalmasso (2005, p. 36) e reafirmado por Orlando (2008, p. 25), que

possibilitava a ventilação de até quatro pacientes, ao mesmo tempo. Com o advento

desse equipamento foi possível implantar quatro leitos pediátricos, no mencionado

hospital, devidamente equipados com o ventilador com pressão negativa.

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Durante esse período, foi desenvolvida por Charles Chapple, com o suporte

técnico da Air Shields Company, a Isolette, uma incubadora que permitiu um

significativo avanço no processo de manutenção da vida do neonato. A vantagem desse

equipamento estava na capacidade de promover um ambiente com temperatura

constante e controlada, alimentado por uma fonte de ar limpo e úmido, evitando a

exposição dos neonatos a um ambiente externo mais contaminado (ORLANDO, 2008,

p. 25).

Da década de 1930 até a década de 1960, outras diversas técnicas, terapias e

procedimentos da área médica foram desenvolvidos, concomitante a estruturação das

primeiras UTIN’s, porém, o processo de ventilação mecânica, recém-introduzido e

utilizado para manter a sobrevida dos pequenos pacientes, promovia conseqüências

prejudiciais.

Ao final da década de 1960, George Gregory introduz a técnica ventilatória

denominada de Continuous Positive Airway Pressure, conhecida como CPAP, que se

apresentava como alternativa menos agressiva, para realizar o processo de ventilação

mecânica dos neonatos de baixo peso (ORLANDO, 2008, p. 28).

A partir da década de 1960 passa a se desenvolver a moderna neonatologia

intensiva, apoiada nos resultados positivos de diversas pesquisas científicas, acumuladas

ao longo dos anos. Concomitante a esse avanço científico, as poucas UTIN’s existentes,

que promoviam suporte nutricional e de controle térmico dos neonatos prematuros de

baixo peso, passaram a atuar na monitoração vital [...], oxigenação e suporte

terapêutico das funções orgânicas comprometidas (ORLANDO, 2008, p. 27).

No Brasil, as primeiras UTI’s foram instaladas nos hospitais públicos do Rio de

Janeiro e de São Paulo, na década de 1970. As UTIN’s vieram anos depois, geralmente

associadas às UTI’s pediátricas, funcionando como uma extensão especializada destas.

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2.2 Conceitos sobre UTI´s, localização intra-hospitalar e unidades de apoio.

É imprescindível conhecer alguns conceitos sobre as ações da equipe

intensivista, inicialmente, dentro das UTI’s, buscando verificar de que forma esses

profissionais desempenham suas funções e identificando os principais recursos, que eles

necessitam para o atendimento dos seus pacientes.

Para se compreender o funcionamento de uma UTI, é fundamental conhecer suas

atividades assistenciais, definidas a partir do perfil assistencial do EAS ao qual está

vinculada. Entretanto, estas atividades, invariavelmente alicerçadas em procedimentos

técnicos, devem seguir princípios gerais, que exponham o objetivo central dessa equipe

assistencial, no cuidado junto ao paciente.

Associado ao conceito contemporâneo das UTI’s está a definição da missão da

UTI, que de acordo com Knibel (2008) [...] modificou radicalmente a postura dos

profissionais intensivistas, [...]. Essa missão, que influencia diretamente a atuação da

equipe assistencial, enfatiza a promoção de “qualidade de vida pós-internação” para o

paciente, pois busca, não apenas, recuperar o funcionamento de órgãos comprometidos,

mas também promover uma razoável condição de vida pós-UTI (KNIBEL, 2008, p. 49).

Sendo assim, Knibel (2008) expõe que a missão das UTI’s deve primar por estes

dois fundamentos essenciais, definidos pelo autor como a missão pragmática das UTI’s

contemporâneas, que busca:

• Recuperar a funcionalidade de órgãos em paciente gravemente comprometido.

• Permitir qualidade de vida após a internação. (KNIBEL, 2008, p. 49)

A identificação destes dois princípios, que tratam da missão da UTI, quando

confrontados com as possibilidades de soluções arquitetônicas disponíveis para atender

esta filosofia de funcionamento, abre um arsenal de composições espaciais infindável,

mas, principalmente, exige do ambiente uma condição de permanente flexibilidade e

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adaptabilidade a situações críticas, associado a capacidade de assimilar o ingresso de

novas tecnologias e equipamentos.

Esta exigência requer a adoção de soluções arquitetônicas, freqüentemente

amparadas pelas demais redes de instalações prediais e estrutura/fundações,

devidamente planejadas em conjunto, para favorecer intervenções de ampliação ou

adequações futuras, sem promover, necessariamente, a paralisação dos serviços da

unidade.

Se a missão contemporânea das UTI’s está alicerçada na recuperação de órgãos

de pacientes graves, como dito anteriormente, o processo de recuperação destes órgãos

está diretamente relacionado ao uso de [...] tecnologia que permita o tratamento

etiológico desses comprometimentos orgânicos (KNIBEL, 2008, p. 49). Este tratamento

compreende tanto a substituição, quanto a monitoração dos órgãos comprometidos,

fundamentados na utilização de equipamentos específicos e de custo elevado, que

necessariamente, dependem da estrutura física da UTI e de suas instalações, para

funcionar plenamente e assegurar a vida dos pacientes internados.

Considerando que, atualmente, é constante o movimento de inserção de

equipamentos e tecnologias de ponta nos estabelecimentos assistenciais de saúde

brasileiros, para atendimento das mais diversas necessidades dos pacientes, as UTI’s

despontam como uma das unidades intra-hospitalares que mais seguem a tendência de

agregar, permanentemente, novas tecnologias da área médica. Entretanto, a

incorporação de equipamentos deve ser feita minuciosamente, avaliando sempre a

relação custo x benefício.

Sendo assim, a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN ou UTI Neonatal)

configura-se como uma das unidades intra-hospitalares mais desafiantes a ser criada,

conforme declaram Deutsch, Dornaus e Portella (2008, p. 117).

Ao ser considerado o aspecto funcional / operacional desta unidade, pode-se

inferir que a UTIN é um lugar com “múltiplas faces”, afirmam Deutsch, Dornaus e

Portella (2008, p. 117), ora tranqüilo, quando acolhe os familiares do recém-nascido no

processo de recuperação da criança, ora agitado, quando surgem intercorrências que

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exigem procedimentos complexos e tensos, que conferem a equipe assistencial uma

grande carga de estresse.

Deutsch, Dornaus e Portella discorrem sobre o planejamento físico funcional

desta unidade e declaram que devem ser desenvolvidas análises, considerando os

objetivos do serviço, avaliando as condições sócio-econômicas da comunidade que será

atendida, os recursos humanos envolvidos, os recursos materiais e financeiros

disponíveis e o pleno conhecimento da demanda esperada.

Dessa forma, a estrutura da UTIN deverá favorecer a flexibilidade, buscando a

criação de um ambiente agradável, voltado ao conforto dos recém-nascidos (RN’s), seus

familiares e a equipe assistencial.

Nesse planejamento, do espaço físico da UTIN, devem ser considerados alguns

aspectos importantes, que garantam o funcionamento independente e autônomo desta

unidade. Deutsch, Dornaus e Portella (2008, p. 118), afirmam que a UTIN deve deter

uma área distinta dentro do EAS, cujo acesso seja controlado e sem o trânsito de pessoal

e de visitantes de outros setores internos do hospital. Sendo assim, o acesso a UTIN

deve ser limitado por portas e possuir supervisão, para manter permanente o controle

sobre as entradas e saídas da unidade.

Quanto a sua localização, dentro da estrutura do EAS, a UTIN deve ser

posicionada, de tal forma, que possibilite o acesso direto, porém supervisionado, de

equipe, pacientes e suprimentos, provenientes das demais unidades intra-hospitalares,

além disso, a unidade deve estar próxima dos eixos de circulação vertical do hospital

(elevadores). Quanto a sua inter-relação com outras unidades do EAS, a UTIN deve

estar próxima dos centros cirúrgico e obstétrico e estar próxima dos serviços de

diagnóstico, em especial a área laboratorial e de radiologia. Além disso, no caso das

unidades que recebam pacientes externos, estas deverão possui fácil acesso a área de

transporte (embarque e desembarque de pacientes) (WHITE, 2007, p. 11).

Dalmasso (2005, p. 42) enfatiza, a partir de suas referências, que a localização

da UTI, dentro do hospital, depende do seu foco de atenção (ou foco assistencial) e do

seu tamanho. Entretanto, relata que, diversos autores concordam sobre a proximidade de

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determinados setores hospitalares à UTI, a exemplo da emergência, das internações

médicas e cirúrgicas, do laboratório e do setor de imagenologia. Além disso, Hamilton

(2001, p. 173, apud DALMASSO, 2005, p. 42) indica a necessidade de proximidade da

UTI com o setor de farmácia, entretanto, a impossibilidade de se estabelecer esta

aproximação poderá ser resolvida através da implantação de uma farmácia satélite,

localizada o mais próximo da UTI.

Além das unidades e serviços, indicados anteriormente, a UTIN deverá ter

acesso aos serviços de imagenologia, métodos gráficos e de anatomia patológica. A

RDC n° 7/2010 ANVISA (BRASIL, 2010), na Seção IV, que trata do acesso a recursos

assistenciais, artigos 18, 19 e 20, respectivamente, normatiza que:

[...] Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceirizados, os seguintes serviços à beira do leito: [...] XXIII - serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e hemogasometria; XXIV - serviço de radiografia móvel; XXV - serviço de ultrassonografia portátil; XXVI - serviço de endoscopia digestiva alta e baixa; XXVII - serviço de fibrobroncoscopia; XXVIII - serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória de morte encefálica. (BRASIL, 2010)

E complementa, em seus artigos 19 e 20, que o EAS em que está inserida a UTI

deve dispor de serviço radiológico convencional e serviço de ecodopplercardiografia,

além de que, deve ser garantido o acesso aos [...] serviços diagnóstico e terapêutico de:

radiologia intervencionista; ressonância magnética; tomografia computadorizada;

anatomia patológica e exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico, dentre

outros (BRASIL, 2010).

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2.3 Definições Normativas.

Para favorecer o entendimento sobre a natureza desse tipo de unidade, intra-

hospitalar, serão utilizadas três definições que constam no Capitulo I da resolução RDC

7 / 2010 ANVISA (BRASIL, 2010), que tratam respectivamente da definição de UTI,

de paciente grave e de UTIN. Estas definições reforçarão as indicações expostas nos

capítulos anteriores, deste trabalho, quanto ao grau de especificidade que esta unidade

detém, frente às demais unidades intra-hospitalares, quanto a necessidade de instalações

e aparatos tecnológicos e quanto ao nível crítico de atenção ao paciente, nela internado.

A primeira definição discorre sobre a característica e a função da UTI, de forma

generalizada, enfatizando os recursos e suporte hospitalar, necessários aos cuidados com

o paciente, conforme descrito a seguir.

Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. (BRASIL, 2010, p. 48)

A segunda definição trata da característica do paciente grave, a partir do seu

estado de saúde, expondo a condição necessária para assegurar o processo terapêutico

de recuperação de suas funções vitais. De acordo com a referida norma, paciente grave é

todo [...] paciente com comprometimento de um ou mais dos principais sistemas

fisiológicos, com perda de sua auto-regulação, necessitando de assistência contínua

(BRASIL, 2010, p. 48).

Em última análise, tem-se a definição de UTIN, a partir da característica do tipo

de paciente que será atendido na unidade. Desse modo, entende-se como unidade de

terapia intensiva neonatal a UTI destinada a assistência de pacientes graves, admitidos

com idade entre 0 e 28 dias (BRASIL, 2010, p. 48).

Estas considerações iniciais serão fundamentais para entender as características

arquitetônicas da UTIN, em relação aos demais tipos de UTI’s. O grau de especificidade

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necessário a composição desta unidade se difere das demais por causa das

características de seus pacientes, quanto a prematuridade de vida deles, pela fragilidade

dos seus sentidos e reflexos sensoriais, pela fragilidade do seu sistema fisiológico e

imunológico e pelo estado emocional e psicológico ao qual estão submetidos seus pais.

Nesse sentido, é essencial compreender o conjunto de orientações e exigências

normativas para a configuração da estrutura da UTIN, uma vez que, estas mesmas

exigências servem para disciplinar o processo de planejamento, construção e

funcionamento desta unidade, com o objetivo de assegurar a plena execução das

atividades assistenciais que serão dispensadas aos neonatos.

As normas reguladoras do sistema de saúde passaram a exigir um contingente de

serviços assistenciais “na beira do leito”. A discriminação desta expressão, inserida

numa norma federal, amplifica o grau de exigência e restrição para o cadastramento

deste serviço no SUS, em todo território nacional (BRASIL, 2010).

Entretanto, cabe identificar os requisitos normativos que norteiam o

planejamento e a programação físico funcional de uma unidade de terapia intensiva

neonatal. Estes requisitos deverão tratar, inicialmente, do planejamento funcional desta

unidade, para auxiliar o processo de programação arquitetônica do seu espaço físico.

O pressuposto para a elaboração do projeto arquitetônico de um estabelecimento

assistencial de saúde (EAS) reside na composição de uma tipologia ou modelo

funcional, elaborado a partir do conjunto de atribuições estabelecidas, previamente, para

este EAS, que por sua vez, provém das atividades e sub-atividades, tanto assistenciais

quanto de apoio, que serão desenvolvidas neste estabelecimento de saúde (BRASIL,

2004).

A Resolução de Diretoria Colegiada n° 50 (RDC nº 50/2002) (BRASIL, 2004),

publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) indica que o

programa físico funcional de um EAS deve ser elaborado a partir da definição das

atribuições assistenciais e de apoio, que norteiam a extensa listagem de atividades e sub-

atividades, possíveis de existir em um hospital.

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Este mesmo pressuposto deverá ser utilizado na composição de qualquer

unidade intra-hospitalar, seja assistencial ou de apoio, considerando que o espaço físico

projetado deve ser o resultado de um estudo sobre as atividades que nele serão

desempenhadas, agregando, a este mesmo espaço, todos os recursos necessários para a

plena realização destas atividades, pré-estabelecidas no planejamento assistencial que se

pretende implantar ou reestruturar.

Para a composição arquitetônica de uma unidade de terapia intensiva neonatal

(UTIN), inicialmente é necessário identificar qual atribuição assistencial define o

conjunto das principais atividades que encerram esta unidade, para, a partir de então,

identificar os ambientes assistenciais e de apoio, necessários para atender tais atividades

e, com isso, estabelecer o programa arquitetônico mínimo para estruturá-la.

Conforme consta na resolução RDC nº 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004), em

sua parte II: programa físico-funcional dos sistemas de saúde, item 2: organização

físico-funcional, as unidades de terapia intensiva estão inseridas no conjunto de

atividades da atribuição 3, que trata da prestação de atendimento de assistência à saúde

em regime de internação. No caso específico da UTIN, sua configuração deverá atentar,

inicialmente, aos requisitos estabelecidos nas atividades descritas nos itens 3.2 e 3.3,

que tratam respectivamente da internação de recém-nascido até 28 dias e da internação

de pacientes em regime de terapia intensiva.

O primeiro grupo, antes citado, estabelece sete sub-atividades que tratam das

ações voltadas aos cuidados com recém-nascidos sadios, acrescidas das ações

dispensadas aos pacientes críticos em regime intensivo e das [...] condições de internar

recém-nascidos, patológicos, prematuros e externos que necessitam de observação.

(BRASIL, 2004, p. 40).

De forma complementar, o segundo grupo, estabelece oito sub-atividades,

inteiramente voltadas para a internação em regime de terapia intensiva, apresentado em

caráter geral, podendo ser aplicado para auxiliar na composição de qualquer tipo de

UTI, seja esta uma unidade intensiva destinada à internação de pacientes adultos, ou à

internação intensiva pediátrica ou à internação intensiva de neonatos.

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Esta análise deverá fazer parte do processo de planejamento, para compor a

programação funcional da UTIN. Nesse sentido, não há como prescindir do conjunto de

informações indicado anteriormente, pois, estas orientações normativas servirão para

nortear a configuração do ambiente da UTIN, auxiliando na programação arquitetônica

da unidade.

A referida norma técnica esclarece que, para a definição de uma unidade, são

necessários ajustes funcionais, provenientes do processo de agregar outras tantas

atribuições centrais e de apoio, que, devidamente organizadas, com a finalidade de

estruturar o chamado “objeto em estudo”, auxiliem a equipe de programação funcional

na composição do modelo ou tipologia desta unidade.

[...] cada listagem não vai definir por si uma unidade funcional perfeitamente auto-suficiente; esta só será possível com a agregação de atividades e sub-atividades próprias ou pertinentes a outras atribuições. (BRASIL, 2004, p. 38)

A principal característica dessa metodologia de programação assistencial e

arquitetônica reside na condição, do projeto de arquitetura, ser desenvolvido com o

auxílio de um grupo multidisciplinar de profissionais das áreas de saúde, administração

e engenharia, cuja finalidade maior é avaliar e particularizar os condicionantes

ambientais e as necessidades loco-regionais ou institucionais, durante o processo de

planejamento da infraestrutura que se pretende viabilizar, definindo, com isso, um

modelo funcional específico para cada caso e necessidade.

Sendo assim, é sugerido, neste estudo, um conjunto geral de sub-atividades

assistenciais, que, devidamente associadas, estabelecerão a base funcional para a

composição do programa arquitetônico de uma unidade de terapia intensiva neonatal.

Entretanto, é necessário esclarecer que, esta listagem é composta inicialmente pelas

atividades que tratam da finalidade da UTIN, necessitando da complementação do

conjunto de atividades de apoio que darão suporte funcional as primeiras.

Verifica-se, a seguir, as atividades fim que deverão ser atendidas em uma UTIN,

considerando o texto da resolução RDC nº 50/2002 ANVISA, excluindo, nessa

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programação funcional, as demais atividades e sub-atividades que não correspondam

com os cuidados intensivos aos neonatos:

Quadro 01: Definição das atividades fim que serão realizadas na UTIN.

ATRIBUIÇÃO 3: Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação.

Atividades e subatividades

3.2 - Internação de recém-nascidos até 28 dias (neonatologia):

3.2.3 proporcionar condições de internar pacientes críticos em regime intensivo

3.2.6 prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém-nascidos

3.2.7 executar o controle de entrada e saída de RN

3.3 - Internação de pacientes em regime de terapia intensiva:

3.3.2 executar e registrar a assistência médica intensiva

3.3.3 executar e registrar a assistência de enfermagem intensiva

3.3.4 prestar apoio diagnóstico laboratorial, de imagens, hemoterápico, cirúrgico e terapêutico durante 24 horas

3.3.5 manter condições de monitoramento e assistência respiratória 24 horas

3.3.7 manter pacientes com morte cerebral, nas condições de permitir a retirada de órgãos para transplante, quando consentida

3.3.8 prestar informações e assistência aos acompanhantes dos pacientes

Fonte: desenvolvido pelo autor, com base na resolução RDC nº 50 / 2002 ANVISA (BRASIL, 2004, p. 40)

Com isso, é definido, de forma ampla e o mais abrangente possível, o conjunto

de atividades e sub-atividades assistenciais que fundamentarão a composição de uma

UTIN. Porém, há de se considerar os demais requisitos normativos, não tratados na

resolução RDC nº 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004), que tratam do funcionamento e

outras particularidades operacionais, necessárias a estrutura desse tipo de unidade.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou no último mês

de fevereiro, do corrente ano, a Resolução RDC nº 7 / 2010 (BRASIL, 2010), que

dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia

Intensiva. Em seus artigos 18, 19 e 20, a mencionada norma estabelece os

condicionantes operacionais para viabilizar o funcionamento dos serviços das unidades

de terapia intensiva, seja adulto, infantil ou neonatal. Estes condicionantes relatam os

serviços e a infra-estrutura de apoio para dar suporte à unidade em suas diversas

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necessidades. Devem ser destacados deste grupo de serviços aqueles que terão direta

relação com o espaço físico da UTIN. Assim, os artigos 19 e 20 estarão fora dessa

análise inicial, mantendo apenas os requisitos descritos no artigo 18. É fundamental

conhecer e registrar o que cada função, descrita no artigo 18, poderá influenciar na

infra-estrutura da UTIN. Ao mesmo tempo que, é relevante verificar a necessidade de

equipamentos que cada atividade demandará “a beira do leito”, conforme o comentário

anterior (BRASIL, 2010).

Tanto a utilização de equipamentos portáteis, não permanentes na UTIN (em

regime rotativo), quanto o uso de dispositivos fixos, terá um impacto significativo na

infra-estrutura dessa unidade, caso não seja avaliado o tempo de permanência desse

aparato dentro da unidade, sua freqüência de uso e seu porte.

A programação arquitetônica destes ambientes, seja numa obra nova ou numa

obra de intervenção (reforma, ampliação, adaptação, etc), terá indiscutível valor

agregado no projeto, para minimizar o impacto causado pela entrada de novos

equipamentos e demais recursos tecnológicos.

Neste contexto, pressupõe-se que as características da UTIN serão ditadas tanto

pelas atividades funcionais de saúde, quanto pela capacidade de manter a renovação do

aparato tecnológico atualizado. Sendo assim, esses dois fatores trabalharão em conjunto

na definição do cenário arquitetônico desta unidade.

Além dos condicionantes expostos anteriormente, de forma resumida, a

implantação de uma UTIN deve levar em consideração a existência de outros serviços

intra-hospitalares ou externos ao EAS, conforme exigido pela legislação vigente, para

dar suporte de diagnóstico e apoio terapêutico ao paciente.

Quanto aos serviços que deverão estar inseridos na estrutura do hospital, para

dar suporte as atividades da UTIN, a Resolução RDC n° 7 / 2010 exige: centro

cirúrgico, serviço radiológico convencional e serviço de ecodopplercardiografia

(BRASIL, 2010, Art 19).

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Em seu artigo 20, a Resolução RDC n° 7 / 2010 indica que: Deve ser garantido

acesso aos seguintes serviços diagnósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está

inserida ou em outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado: [...], e descreve

11 serviços, dentre os quais destacam-se: serviços de radiologia intervencionista,

ressonância magnética, tomografia computadorizada, anatomia patológica e exame

comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. Em linhas gerais, são priorizados estes

serviços, preliminarmente, frente aos demais, pois representam espaços físicos inseridos

(ou não) na estrutura do hospital (BRASIL, 2010, p. 49).

Apesar destes serviços não tratarem diretamente do espaço da UTIN, pois

configuram outras unidades do EAS, tampouco há exigência de tê-los inseridos no EAS,

torna-se fundamental reconhecer sua necessidade como serviços de apoio diagnóstico e

terapêutico, essenciais para o pleno funcionamento das atividades desta unidade.

Este vínculo funcional/operacional com outras unidades internas ou externas ao

hospital definirá um conjunto de atividades referentes ao deslocamento e a remoção

segura de pacientes, resultantes das inter-relações que serão mantidas entre a UTIN e as

demais unidades, antes mencionadas.

Da mesma forma que a entrada de novos equipamentos exigirá características

arquitetônicas específicas para a UTIN, todas as inter-relações desta unidade com as

diversas outras unidades do hospital exigirão soluções particulares na definição do seu

espaço físico, para assegurar funcionalidade, segurança para as atividades dos

funcionários, conforto para familiares dos neonatos e garantia de boa assistência médica

aos pequenos pacientes.

Além das atividades, equipamentos e serviços intersetoriais, presentes na UTIN,

outro quesito deverá ser considerado, quando da programação arquitetônica desta

unidade. Trata-se do dimensionamento da equipe assistencial intensivista, cujo

quantitativo influenciará diretamente o dimensionamento dos ambientes assistenciais,

dos ambientes de apoio e de conforto da equipe. A seguir consta um quadro, extraído a

partir de informações contidas na resolução RDC nº 7/2010 ANVISA (BRASIL, 2010),

que apresenta parâmetros para a estimativa de recursos humanos que deverão atuar na

unidade.

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Quadro 02: Recursos humanos necessários para atuar na UTIN.

Equipe profissional - legalmente habilitada, com atuação exclusiva na unidade

Minimamente se deve ter, conforme normatiza a RDC n°7/2010 ANVISA:

Profissional Quantificação e especialidade

Médico diarista/rotineiro 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especialista em Pediatria, com área de atuação em Neonatologia, para atuação em UTI Neonatal.

Médicos plantonistas no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno.

Enfermeiros assistenciais no mínimo 01 (um) para cada 08 (oito) leitos ou fração, em cada turno.

Fisioterapeutas no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação.

Técnicos de enfermagem no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada turno, além de 1 (um) técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial em cada turno.

Auxiliares administrativos no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade.

Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno.

Fonte: desenvolvido pelo autor, com base na resolução RDC nº 7 / 2010 ANVISA (BRASIL, 2010. p. 49).

Em complementação ao quadro anterior, ressalta-se que os seguintes

profissionais: médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisioterapeutas e técnicos

de enfermagem, deverão permanecer disponíveis, em tempo integral para assistência aos

pacientes da UTIN, conforme rege a legislação em vigor.

A partir dessas informações e parâmetros é possível estimar o número de

profissionais que atuarão na unidade, associado ao seu tempo de permanência, em

função do turno de trabalho. Conforme verificado no quadro anterior, esta estimativa

considera o número de leitos / berços de internação intensiva, sendo assim, o

quantitativo de profissionais será proporcional a capacidade de internação da unidade.

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3. PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA DA UTIN.

3.1 Programa de Necessidades para a UTIN.

Uma vez identificados os principais requisitos normativos, para a composição de

uma UTIN, cabe explorar os requisitos gerais que definem a compartimentação interna

desta unidade, a partir dos ambientes assistenciais e de apoio que servirão a equipe

assistencial.

Normativamente, a composição arquitetônica de uma UTIN pode ser

apresentada em dois conjuntos gerais de ambientes, os chamados ambientes de

assistência aos pacientes e os chamados ambientes de apoio às atividades assistenciais

da equipe médica.

A resolução RDC nº 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004, p. 60) define cinco

ambientes assistenciais, apresentando as áreas mínimas, necessárias para cada um, os

princípios de dimensionamento destes ambientes e suas instalações. Em contra partida,

a mesma norma apresenta uma listagem com treze ambientes de apoio, sendo sete destes

obrigatórios na configuração de uma UTIN, os outros seis ambientes, apesar de

importantes, são considerados opcionais nesta configuração, pois admiti-se o

compartilhamento destes com outras unidades distintas.

Apresenta-se, a seguir, a transcrição da tabela de ambientes que configura o

setor de internação de recém-nascido (neonatologia), da mencionada norma técnica da

ANVISA. Na seqüência são expostos os ambientes de apoio que complementam,

minimamente, a unidade de terapia intensiva neonatal.

Ressalta-se que, ambas as listagens apresentam os requisitos mínimos para a

composição arquitetônica de uma UTIN, tanto na tipologia e dimensionamento de

ambientes, quanto no conjunto de instalações prediais, necessárias para assegurar a

funcionalidades destas áreas ou salas.

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Quadro 03: Listagem dos ambientes assistenciais que compõem a UTIN, conforme define a RDC nº 50/2002 ANVISA.

UNIDADE FUNCIONAL: 3 – INTERNAÇÃO (cont.)

N° ATIV. UNIDADE / AMBIENTE DIMENSIONAMENTO

INSTALAÇÕES QUANTIFICAÇÃO (mín.) DIMENSÃO (mín.)

3.2 Internação de recém-nascido

(neonatologia)

A unidade completa é obrigatória a partir da existência de 12 berços de RN de c.

intermediários/sadios ou 5 berços de RN de cuidados intensivos

3.2.4; 3.2.5 Posto de enfermagem / prescrição médica

1 a cada 15 berços de cuidados intermediários ou sadios e 1 para cada

berçário de cuidados intensivos 4,5 m² HF; EE

3.2.4 Área para prescrição médica 2,0 m²

3.2.5 Área de serviços de enfermagem 1 área de serviços por posto de

enfermagem 6,0 m² HF; EE

3.2.1; 3.2.6 Área de cuidados e higienização 1 a cada 15 berços ou fração 4,0 m² HF; HQ; FVC;

FAM; EE 3.2.1; 3.2.6 Berçário de sadios 2,2 m² por berço (RN sadio) e 4,5 m² (outros),

mantendo uma distância mínima de 0,6 m (sadios) e 1 m (outros) entre berços e entre

estes e paredes, exceto entre cabeceira do berço e parede. Para alojamento conjunto, o berço deve ficar ao lado do leito da mãe e afastado

0,6 m de outro berço.

HF; EE

Berçário de cuidados intermediários 1. Devem existir 4 berços a cada 80

RN/ano de baixo peso (-2500 g) HF; HQ; FVC; FAM; EE; FO

Berçário de cuidados intensivos – UTI neonatal

Mínimo de 5 leitos, sendo 1 berço a cada 80 RN/ano de baixo peso (-2500 g). É

obrigatório em todo o EAS que atendam gravidez/parto de alto risco.

6,5 m² por berço. Distância entre paredes e berço – 1m, exceto

cabeceira. Distância entre berços – 2m.

HF; FO; FAM; AC; EE; FVC;

ED; E

Fonte: BRASIL, 2004, p. 46.

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Quadro 04: Listagem dos ambientes de apoio que compõem a UTIN, conforme define a RDC nº 50/2002 ANVISA

Internação de recém-nascido - neonatologia (unidade de acesso restrito)

Ambientes obrigatórios Ambientes opcionais

Sala de utilidades Sala administrativa

Área para registro de pacientes (controle de entrada e saída)

Copa de distribuição

Quarto de plantão (“in loco” ou não) Área para guarda de carros de transferência de R.N.

Sanitários para funcionários Sala para coleta de leite (obrigatório quando a mãe não estiver internada no mesmo EAS)

Depósito de equipamentos / materiais Sala de estar para visitante (anexa à unidade)

Depósito de material de limpeza Sanitários para público (junto à sala de estar)

Vestiário de acesso à unidade ----------------

Fonte: desenvolvido pelo autor, com base na resolução RDC nº 50 / 2002 ANVISA (BRASIL, 2004, p. 46)

Para a definição dos ambientes que irão compor a UTIN, Deutsch, Dornaus e

Portella (2008, p. 118) apresentam dez ambientes que devem ser contemplados na

estrutura arquitetônica de uma unidade neonatal, conforme exposto no quadro a seguir.

Quadro 05: Listagem dos ambientes para uma UTIN.

Ambientes indicados para a composição de uma UTIN

Área de internação

Posto de enfermagem

Sala de espera e privacidade

Ante-sala

Sala de conforto da equipe e médico plantonista

Sala de chefia médica

Sala de enfermagem e secretaria

Sala de utensílios limpos e utensílios sujos

Armazenamento de equipamentos

Farmácia

Sala de coleta de leite

Fonte: DEUTSCH, DORNAUS E PORTELLA, 2008, p. 118.

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Quanto às características destes ambientes, as referidas autoras indicam que os

mesmos devem ser providos das instalações e mobiliário, necessários ao seu pleno

funcionamento. Indicam também a necessidade de planejamento para permitir a

utilização mais acertada sobre cada ambiente e exploram diversos aspectos funcionais

pertinentes ao espaço físico da UTIN.

A RDC nº 50 / 2002 ANVISA (BRASIL, 2004) indica que a unidade deve

possuir 05 leitos, no mínimo. Entretanto, o número de leitos da UTIN deve

corresponder a 6% do total de leitos existentes no EAS. A quantificação de leitos /

berços deve atender a proporção de 01 berço para cada 80 recém-nascidos por ano,

diagnosticados como baixo peso (-2500 g). Além disso, a unidade se faz obrigatória em

todo EAS que atenda gravidez ou parto de alto risco.

Miller e Swensson (2002, 170, apud DALMASSO, 2005, 43) afirmam que as

UTI’s não devem ter menos do que cinco ou seis leitos, em função do aspecto

econômico, pois se tornariam inviáveis, por outro lado, não devem ter mais do que 10

leitos, pois dificultaria a atividade de observação dos pacientes a partir de um núcleo

central. Os autores ainda recomendam que, se houver necessidade de um número maior

de leitos, devem-se agrupar várias unidades que contenham sete ou oito leitos, cujos

pacientes apresentem problemas semelhantes.

White (2007) indica que a área destinada para leitos / berços deve dispor de

11,20 m² de “piso livre”, excluindo as estações para lavagem de mãos, pilares e

corredores. Deverá ser incluído um “corredor” adjacente a cada área de berço com 1,20

m de largura, nos salões coletivos de internação intensiva (berçário). Nos casos de

apartamentos privativos (sendo isolamento ou não) deverá ser incluído corredor de 2,40

m de largura, adjacente ao quarto. Nos berçários coletivos de internação intensiva deve

ser reservado 2,40 m de distância entre berços.

Conforme consta na RDC nº 50 / 2002 ANVISA (BRASIL, 2004), a área

disponível para cada berço deve ter, no mínimo, 6,50 m² de espaço útil, resguardando

distância lateral de 1,00 m entre berço e parede e de 2,00 m entre os berços. Deve ser

incluída uma área de circulação, adjacente aos leitos / berços (pé de leito), de 1,20 m de

largura.

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A principal relação existente entre a área de internação e o posto de enfermagem

recai sobre a visualização constante que deve ser mantida pela equipe de enfermagem

sobre os pacientes internados, de forma que permita a monitoração do estado de cada

paciente, independente das condições rotineiras ou de emergência. Dessa forma, o

projeto deve primar por favorecer a visualização direta do posto para cada leito (berço)

de paciente.

No posto de enfermagem deve haver condições para o preparo de medicamentos,

dispor de pia para lavagem das mãos, cuba de lavagem para utensílios e demais

materiais, local para guarda de prontuários e área para estoque de impressos, material

estéril e roupas.

No acesso à unidade devem ser dispostas as salas de espera e de privacidade dos

pais e familiares, amparadas pela ante-sala. A sala privativa tem por finalidade dar

condições de descanso aos pais, assim, deve dispor de telefone, banheiro com chuveiro,

separados por sexo, mini-cozinha com frigobar e aparelho de microondas, poltronas

confortáveis, iluminação e climatização adequadas. Deve ainda ser previsto espaço para

reuniões com a família, para prestar informações sobre o estado de saúde do neonato.

A ante-sala deverá ser posicionada na entrada da unidade, terá a função de

formalizar a recepção dos familiares e dos RN’s, deve dispor de lavatório, com sistema

de lavagem que dispense o acionamento manual, kit de higienização e armários para

guarda de pertences de funcionário e visitantes.

A conformação destes ambientes, no acesso principal da unidade, reforça o

caráter restrito da UTIN e favorece o controle de entradas e saídas, repassando aos

familiares, dos bebês internados, a impressão de segurança e privacidade, necessárias

para resguardar o processo terapêutico que estão submetidos seus filhos.

As figuras 01 e 02, a seguir, servem para exemplificar a configuração das

instalações hidráulicas e o mobiliário da ante-sala, no acesso a unidade. O espaço deve

ser suficiente para receber os pais e visitantes, proporcionar higienização das mãos e a

paramentação, guardar pertences com segurança e permitir o trânsito de carrinhos de

diversas finalidades (medicamento, alimento, limpeza, etc)

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Figuras 01 e 02: Área de higienização das mãos e armários para guarda de pertences. Fonte: acervo do autor.

A localização da sala de conforto da equipe assistencial e quarto para médico de

plantão é orientada conforme a filosofia de trabalho praticada em cada EAS, pois

existem opiniões que indicam sua localização próxima do salão de internação,

facilitando o acionamento da equipe nos casos de intercorrências, por outro lado, há

quem opine sobre a localização desta sala em uma área sossegada da unidade, buscando

favorecer o relaxamento dos profissionais em seus períodos de intervalo de trabalho,

uma vez que o ambiente da UTIN caracteriza-se por sua carga de estresse. De qualquer

forma, este ambiente deverá possuir sofás, poltronas, mesa ou bancadas com cadeiras,

lavatório, armários, espaço para cafeteira, frigobar e microondas, TV, telefone e

microcomputadores com acesso a internet. O ambiente deve ser iluminado naturalmente

ou ter comunicação com algum ambiente que tenha iluminação natural para a orientação

da equipe entre dia e noite, além disso, deve ter aparência agradável, aconchegante e

condições que proporcionem o relaxamento da equipe nos momentos de intervalo de

serviço.

O quarto para médico plantonista deve ser provido de banheiro privativo, com

conjunto de lavatório, vaso e chuveiro, no quarto deve ter cama, bi-cama ou beliche,

mesa para refeição e mesa para trabalho, armário, sistema de iluminação artificial geral

e de tarefa. Deve possuir iluminação natural ou interligação com ambiente que possua

iluminação natural.

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Deutsch, Dornaus e Portella. (2008, p. 119) indicam que as salas de utensílios

limpos e de utensílios sujos devem ser ambientes distintos. A localização da sala de

utensílios sujos (utilidades ou expurgo) deve ficar externa a área de circulação da

unidade. Deve ser provida [...] de pia ou tanque com torneiras misturadoras de água

fria e quente [...] além de armário para guarda de produtos [...].

A resolução RDC 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004, p. 46 e 154) exige que a

UTIN possua uma sala de utilidades, com pia de lavagem e/ou esguicho e pia de

despejo, servida por válvula de descarga. Deve ainda possuir área para guarda

temporária de resíduos, para roupa suja e materiais utilizados na assistência ao paciente.

Figuras 03 e 04: Modelos de pias de despejo, na sala de utilidades. Fonte: acervo do autor.

Deve ser prevista sala para guarda de equipamentos que não estejam em

funcionamento constante, na assistência ao paciente. Sua localização, dentro da unidade,

deve favorecer o acesso rápido e possui espaço adequado a sua finalidade,

preferencialmente, próxima a sala de internação intensiva (berçário). Deve dispor de

tomadas aterradas, interligadas aos circuitos de alimentação nas voltagens 127V e

220V, em número suficiente para possibilitar a recarga dos equipamentos que

funcionam a bateria e caso seja procedida e limpeza e desinfecção dos equipamentos,

dentro da unidade, deverá ser previsto espaço para esta atividade, anexo a sala de

armazenagem.

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O uso de medicamentos na UTIN demanda uma atividade corriqueira, porém

complexa e muito específica, quanto a sua organização. A unidade deve dispor de uma

farmácia satélite, ou uma sala para guarda de medicamentos, ou ter facilidade de acesso

ao estoque de medicamentos da farmácia central, a fim de atender as requisições e

potencializar o atendimento das intercorrências. Deutsch, Dornaus e Portella. (2008, p.

119) declaram que algumas necessidades podem ser supridas através do fornecimento

de doses fracionadas (provenientes da farmácia central), ou utilizando-se de máquinas

de dispensação, instaladas no posto de enfermagem da UTIN.

É desejável que haja uma sala de coleta de leite humano (materno) anexa a

UTIN. Deutsch, Dornaus e Portella. (2008, p. 119) esclarecem que as mães devem

coletar o leite várias vezes ao dia, a fim de assegurar o aleitamento dos seus RN’s, tão

logo eles tenham condições de receber alimentação via enteral.

Os serviços administrativos da unidade podem ser desenvolvidos em uma sala de

chefia médica, sala de enfermagem e secretaria, cuja composição espacial deve levar em

consideração a disposição de mobiliário de escritório, como: mesa de trabalho, cadeira,

estante ou armário e espaço para microcomputadores.

White (2007) indica que, deve ser disponibilizada, para a UTIN, uma sala de

isolamento para atender aos casos de infecção respiratória. Esta sala deverá possuir área

útil de 14,00 m², amparada por uma antecâmara, provida com instalações hidráulicas

para a lavagem das mãos, espaço para troca de roupas e para armazenamento de

utensílios limpos e sujos, próximos a sua entrada. O sistema de climatização deve

proporcionar pressão negativa e seu sistema de exaustão deve promover a completa

retirada do ar, para o meio externo. Os encontros entre paredes, forros e piso devem ser

criteriosamente selados, para impedir a entrada de ar externo.

Recomendações são feitas quanto à proximidade ou disponibilidade dos

seguintes serviços à UTIN, nas vinte e quatro horas do dia, enfatizando o acesso a

laboratório de análises clínicas, disponibilidade de aparelho móvel de radiologia, acesso

a unidade de hemoterapia, centro cirúrgico, serviço de nutrição e dietética,

disponibilidade de equipamentos de diagnóstico, tais como: ultra-sonografia,

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ecocardiografia, métodos dialíticos e tomografia computadorizada (DEUTSCH,

DORNAUS e PORTELLA, 2008, p. 119).

Considerando a necessidade de adaptabilidade constante de equipamentos e

instalações, além de buscar conferir condições favoráveis à internação do neonato, a

permanência confortável de sua família e a facilidade de desenvolvimento das

atividades médico assistenciais, enfatiza-se que o espaço da UTIN deve garantir, acima

de tudo, segurança, a todos os envolvidos nas atividades de assistência, dentro desta

unidade. Sendo assim, devem ser contemplados quesitos de segurança no

desenvolvimento de soluções que evitem o risco de incêndio ou em caso de sinistro,

possibilitem a rápida retirada de pessoas da unidade.

Desse modo, buscando atentar as exigências normativas e as indicações contidas

na literatura técnica, especializada sobre o tema, apresenta-se no quadro a seguir, o

programa de necessidades para a composição de uma unidade de terapia intensiva

neonatal (UTIN).

Neste programa de necessidades estão contemplados todos os ambientes e áreas

prescritos em norma, tanto os obrigatórios, quanto os opcionais, acrescido dos

ambientes que darão apoio aos pais e cuidadores, favorecendo o processo assistencial

reservado aos neonatos.

A necessidade de viabilizar a implantação dos respectivos ambientes no projeto

de uma nova UTIN, ou adaptar algum desses ambientes em uma unidade existente, que

não o contemple, dependerá de uma análise criteriosa sobre a pertinência desta inclusão,

para garantir melhores resultados assistenciais junto aos pacientes. Obviamente, esta

análise não poderá ser feita sobre a decisão de inclusão ou não inclusão dos ambientes

exigidos por norma.

Sendo assim, os ambientes que compõem o programa de necessidade da UTIN,

estão agrupados por setor funcional, denominados em função da principal atividade que

exercem na unidade. Dessa forma, são elencados os setores de recepção e

administração, de conforto da equipe, assistencial, de internação intensiva e de apoio,

devidamente expostos no quadro a seguir.

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Quadro 06: Relação de ambientes que compõem uma UTI neonatal e a respectiva setorização dentro da unidade.

UTIN - Programa de necessidade com setorização dos ambientes

SETOR AMBIENTE / ÁREA

Recepção e Administração

(azul)

Registro de pacientes

Sala administrativa

Sala de estar para visitantes

Sanitário feminino (anexo ao estar de visitantes)

Sanitário masculino (anexo ao estar de visitantes)

Sala de conforto para pais e acompanhantes

Banheiro com chuveiro e mini-cozinha (anexo ao conforto)

Sala de entrevistas

Conforto da Equipe

(vermelho)

Vestiário masculino (para funcionários)

Vestiário feminino (para funcionários)

Quarto para plantão masculino (para funcionários)

Quarto para plantão feminino (para funcionários)

Estar de funcionários

Assistencial

(verde)

Posto de enfermagem

Sala ou área de serviços de enfermagem (anexa ao posto)

Sala ou área de prescrição médica

Sala para guarda de medicamentos e material

Área para cuidados e higienização de RN

Vestiário de acesso a unidade (paramentação)

Sala para coleta de leite materno (ordenha)

Sala ou área para aplicação do método “mãe canguru”.

Internação Intensiva

(berçário)

(laranja)

Salão de internação de terapia intensiva (berçário)

Quarto de isolamento com área para higienização de RN

Antecâmara para acesso ao quarto de isolamento

Área para higienização das mãos (na antecâmara)

Apoio

(lilás)

Sala de Utilidades

Depósito de material de limpeza (DML)

Depósito de equipamentos

Sala ou área para higienização de equipamentos

Área para guarda de carros de transferência de RN

Copa de distribuição Fonte: desenvolvido pelo autor.

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3.2 Pré-dimensionamento dos ambientes da UTIN.

O pré-dimensionamento dos ambientes da UTIN visa apresentar, graficamente,

uma referência de espaço mínimo necessário para configurar determinado ambiente, em

função da atividade que será desempenhada dentro da unidade, levando em

consideração os principais recursos que deverão estar presentes neste espaço, para

qualificá-lo no atendimento das funções da equipe assistencial.

Serão expostos, a seguir, os pré-dimensionamentos de alguns dos ambientes da

UTIN, considerando as atividades e demais características pertinentes a cada um destes,

além de apresentar, resumidamente, alguns dos seus condicionantes ambientais e o

respectivo leiaute. Sendo assim, foi selecionado um ambiente do setor de recepção e

administração, três ambientes do setor assistencial, um ambiente do setor de internação

intensiva e um ambiente do setor de apoio, não sendo contemplado nenhum um dos

ambientes do setor de conforto da equipe.

3.2.1 Pré-dimensionamento da área de registro de pacientes.

Conforme consta no SOMASUS (BRASIL, 2009) a principal atividade deste

ambiente está em registrar a movimentação dos pacientes e serviços clínicos do

estabelecimento.

Quanto às características do espaço físico pode ser destacada a área mínima de

5,00 m² e a área média de 5,80 m². O condicionante ambiental mais relevante deste

ambiente trata do nível de iluminamento, que deve conferir de 100 a 200 lux de

iluminação geral e de 300 a 750 lux de iluminação de tarefa, sobre a mesa de trabalho.

Sua classificação quanto ao risco de transmissão de infecção a define como área não-

crítica.

Este ambiente não exige infraestrutura predial especial, entretanto, é necessário

observar as exigências do código de obras e das concessionárias locais. Quanto ao

gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente, em geral, limita-se a produzir

resíduo comum.

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O leiaute, a seguir, permite visualizar o dimensionamento modular do ambiente

de registro de pacientes, que deverá estar localizado no acesso principal da UTIN.

Leiaute da área de registro de pacientes.

Figura 05: Leiaute da área para registro de pacientes Fonte: BRASIL, 2009.

3.2.2 Pré-dimensionamento do posto de enfermagem.

Conforme consta no SOMASUS (BRASIL, 2009) as atividades deste ambiente

concentram-se em: executar e registrar a assistência médica intensiva, executar e

registrar a assistência de enfermagem intensiva e manter condições de monitoramento

e assistência respiratória 24 horas.

Quanto às características do espaço físico podem ser destacados: a área mínima

de 6,00 m²; a área média de 9,90 m²; o tipo de piso liso (sem frestas), resistente ao

desgaste, impermeável, lavável, de fácil higienização e resistente aos processos de

limpeza, descontaminação e desinfecção; os revestimentos de parede devem ser lisos,

sem textura, sem saliências; o tipo de porta, devidamente revestida com material

lavável; o tipo de bancada com pia de lavagem, utilizando materiais que propiciem

condições de higiene (sendo resistentes à água), com propriedades anticorrosivas e

antiaderentes (BRASIL, 2009).

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O condicionante ambiental mais relevante deste ambiente trata do nível de

iluminamento, que deve conferir de 100 a 200 lux de iluminação geral e de 300 a 750

lux de iluminação de tarefa, sobre a mesa de trabalho. Sua classificação quanto ao risco

de transmissão de infecção a define como área semi-crítica.

Este ambiente exige em sua infraestrutura instalações sanitárias que confiram o

abastecimento de água fria, através de lavatório para as mãos ou pia. Além disso, as

instalações elétricas e de emergência devem atender a seguinte classificação: elétrica de

emergência – grupo 0, classe > 15. Complementarmente, devem ser observadas as

exigências do código de obras e das concessionárias locais.

Quanto ao gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente, em geral, limita-

se a produzir resíduo comum. Em relação aos recursos humanos há uma sugestão de

cálculo indicando o número de médicos diaristas e plantonistas e pessoal de

enfermagem, conforme consta na publicação Parâmetros para o planejamento e

dimensionamento da força de trabalho em hospitais gerais (SÃO PAULO, 2006).

● Equipe médica: Atenção horizontal: Nº diaristas = nº leitos x hora-assistencial x dias da semana (5) Jornada semanal (diaristas) Atenção vertical: Nº plantonistas = nº leitos x hora-assistencial x nº turnos plantão 12 h/semana

Jornada semanal (plantonistas)

● Equipe de enfermagem: N° de pessoal de enfermagem = nº leitos x taxa de ocupação x hora-assistencial x dias da semana x IST

Jornada Semanal

O leiaute, a seguir, proporciona condições de visualizar o pré-dimensionamento,

auxiliado por uma malha ou trama de modulação, do posto de enfermagem da UTIN.

Este ambiente deverá estar localizado em área contígua ao berçário de internação

intensiva.

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Leiaute do posto de enfermagem – UTIN.

Figura 06: Leiaute do posto de enfermagem - UTIN Fonte: BRASIL, 2009.

3.2.3 Pré-dimensionamento da sala para higienização RN.

De acordo com o SOMASUS (BRASIL, 2009) a atividade realizada neste

ambiente possibilita [...] executar e registrar a assistência de enfermagem,

administrando as diferentes intervenções sobre o paciente.

Quanto às características do espaço físico podem ser destacados: a área mínima

de 4,00 m²; a área média de 7,20 m²; o tipo de piso liso (sem frestas), resistente ao

desgaste, impermeável, lavável, de fácil higienização e resistente aos processos de

limpeza, descontaminação e desinfecção; os revestimentos de parede devem ser lisos,

sem textura, sem saliências; o tipo de porta, devidamente revestida com material lavável

e possuir vão mínimo de 0,80 m; o tipo de bancada com pia de lavagem, utilizando

materiais que propiciem condições de higiene (sendo resistentes à água), com

propriedades anticorrosivas e antiaderentes, detendo algumas características

semelhantes ao do posto de enfermagem (BRASIL, 2009).

O condicionante ambiental mais relevante deste ambiente trata do nível de

iluminamento, que deve conferir de 150 a 300 lux de iluminação geral e de 300 a 750

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lux de iluminação de tarefa, sobre a bancada. Sua classificação quanto ao risco de

transmissão de infecção a define como área semi-crítica.

Este ambiente exige em sua infraestrutura instalações sanitárias que confiram o

abastecimento de água fria e de água quente, através de lavatório para as mãos ou pia.

Além disso, as instalações elétricas e de emergência devem atender a seguinte

classificação: elétrica de emergência – grupo 0, classe > 15. Suas instalações de gases

medicinais exigem pontos de ar comprimido medicinal, vácuo medicinal.

Complementarmente, devem ser observadas as exigências do código de obras e das

concessionárias locais.

Quanto ao gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente produz resíduo

infectante, químico e perfuro cortante.

O leiaute, a seguir, apresenta o pré-dimensionamento da sala ou área de cuidados

e higienização de RN’s, auxiliado pela indicação da modulação. Este ambiente deverá

estar localizado em área contígua ou próxima ao berçário de internação intensiva.

Leiaute da área de cuidados e higienização de RN.

Figura 07: Leiaute da área de cuidados e higienização de RN Fonte: BRASIL, 2009.

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3.2.4 Pré-dimensionamento da sala para coleta do leite humano.

Segundo consta no SOMASUS (BRASIL, 2009) a atividade realizada neste

ambiente limita-se a coletar leite humano (colostro, leite de transição e leite maduro),

intra ou extra estabelecimento.

Quanto às características do espaço físico podem ser destacados: a área mínima

de 2,30 m² por cadeira de doação; a área média de 14,40 m²; o tipo de piso liso (sem

frestas), resistente ao desgaste, impermeável, lavável, de fácil higienização e resistente

aos processos de limpeza, descontaminação e desinfecção; os revestimentos de parede

devem ser lisos e uniformes, de fácil higienização e resistente aos processos de limpeza,

descontaminação e desinfecção, não sendo permitido o uso de divisórias nesta sala; o

tipo de teto deve ser de superfície contínua, sendo proibido o uso de forros removíveis,

deve possibilitar a fácil higienização e ser resistente aos processos de limpeza,

descontaminação e desinfecção; o tipo de porta, devidamente revestida com material

lavável e possuir vão mínimo de 0,80 m (BRASIL, 2009).

O condicionante ambiental mais relevante deste ambiente trata do nível de

iluminamento, que deve conferir de 150 a 300 lux de iluminação geral e de 300 a 750

lux de iluminação de tarefa. Sua classificação quanto ao risco de transmissão de

infecção a define como área crítica.

Este ambiente exige em sua infraestrutura instalações sanitárias que confiram o

abastecimento de água fria, através de lavatório para as mãos ou pia.

Complementarmente, devem ser observadas as exigências do código de obras e das

concessionárias locais. Quanto ao gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente

produz resíduo infectante e químico.

O leiaute, a seguir, indica o pré-dimensionamento da sala de coleta de leite

humano (materno), auxiliado pela malha de modulação. Este ambiente deverá estar

localizado em área próxima ao berçário de internação intensiva e ao posto de

enfermagem.

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Leiaute da sala para coleta do leite humano.

Figura 08: Leiaute da sala para coleta do leite humano. Fonte: BRASIL, 2009.

3.2.5 Pré-dimensionamento do salão de internação de terapia intensiva neonatal

(berçário).

Conforme consta no SOMASUS (BRASIL, 2009) as principais atividades deste

ambiente devem, respectivamente, proporcionar condições de internar pacientes

críticos em regime intensivo e prestar assistência nutricional e dar alimentação aos

recém-nascidos.

Quanto às características do espaço físico podem ser destacados: a área mínima

de 6,50 m² por berço; a área média de 25,20 m²; o tipo de piso liso (sem frestas),

resistente ao desgaste, impermeável, lavável, de fácil higienização e resistente aos

processos de limpeza, descontaminação e desinfecção; os revestimentos de parede

devem ser lisos e uniformes, de fácil higienização e resistente aos processos de limpeza,

descontaminação e desinfecção, não sendo permitido o uso de divisórias neste salão,

exceto entre leitos/berços e que atenderem aos requisitos apresentados; o tipo de teto

deve ser de superfície contínua, sendo proibido o uso de forros removíveis, deve

possibilitar a fácil higienização e ser resistente aos processos de limpeza,

descontaminação e desinfecção; o tipo de porta, devidamente revestida com material

lavável e possuir vão mínimo de 1,10 m; o tipo de bancada com pia de lavagem,

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utilizando materiais que propiciem condições de higiene (sendo resistentes à água), com

propriedades anticorrosivas e antiaderentes (BRASIL, 2009).

A frente da área dos leitos/berços deve ser resguardada uma faixa de circulação

de 1,20 m de largura, para possibilitar o deslocamento de berços de transporte, carrinhos

de emergência, carrinhos de medicamentos (farmácia satélite), equipamentos portáteis

de diagnóstico, carrinhos de limpeza e demais equipamentos e aparatos necessários aos

cuidados com o RN.

Os condicionantes ambientais deste ambiente tratam das condições de

temperatura ideal, oscilando entre 22 °C e 26 °C, das condições de umidade relativa do

ar ideal, oscilando entre 40 e 60 %, do nível de iluminamento, que deve conferir de 100

a 200 lux de iluminação geral e de 150 a 300 lux de iluminação de tarefa, sobre o leito /

berço. Sua classificação quanto ao risco de transmissão de infecção a define como área

crítica.

Este ambiente exige em sua infraestrutura, instalações de rede elétrica e

eletrônica com a seguinte característica: elétrica diferenciada a depender do

equipamento; além de requerer instalações de climatização, sendo ar condicionado com

sistema de filtragem mínima de insuflamento, utilizando filtros G4, associado ao

sistema de exaustão. Devem ser contempladas instalações sanitárias que confiram o

abastecimento de água fria, através de lavatório para as mãos ou pia. Além disso, as

instalações elétricas e de emergência devem atender a seguinte classificação: elétrica de

emergência – grupo 2, classe 15 a 0,5. Suas instalações de gases medicinais exigem

pontos de oxigênio, ar comprimido medicinal e vácuo clínico. Complementarmente,

devem ser observadas as exigências do código de obras e das concessionárias locais.

Quanto ao gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente produz resíduo

infectante, químico e perfuro cortante. Em relação aos recursos humanos há uma

sugestão de cálculo indicando o número de médicos diaristas e plantonistas, conforme

consta na publicação Parâmetros para o planejamento e dimensionamento da força de

trabalho em hospitais gerais (SÃO PAULO, 2006), sendo assim, recomenda-se que haja

um médico para cada cinco leitos / berços de internação intensiva.

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O leiaute, a seguir, apresenta o pré-dimensionamento do salão de internação de

terapia intensiva neonatal (berçário), auxiliado pela malha de modulação. Este ambiente

deverá estar localizado próximo ao posto de enfermagem, a área de cuidados e

higienização de RN’s e a área de coleta de leite humano (materno), quando esta for

interna a UTIN.

Leiaute do salão de internação de terapia intensiva neonatal (berçário).

Figura 09: Leiaute do salão de internação de terapia intensiva neonatal (berçário). Fonte: BRASIL, 2009.

3.2.6 Pré-dimensionamento da sala de utilidades.

De acordo com o SOMASUS (BRASIL, 2009) as principais atividades deste

ambiente devem possibilitar: receber, desinfetar e separar os materiais; lavar os

materiais; coletar e acondicionar roupa suja a ser encaminhada para a lavanderia

(externa ao EAS ou não); zelar pela limpeza e higiene, instalações e áreas externas e

materiais e instrumentais e equipamentos assistenciais, bem como pelo gerenciamento

de resíduos sólidos.

Quanto às características do espaço físico podem ser destacados: a área mínima

de 4,00 m², com dimensão mínima de 1,50 m; a área média de 6,50 m²; o tipo de piso

liso (sem frestas), resistente ao desgaste, impermeável, lavável, de fácil higienização e

resistente aos processos de limpeza, descontaminação e desinfecção; os revestimentos

de parede devem ser lisos, sem textura, sem saliências; o tipo de porta, devidamente

revestida com material lavável; o tipo de bancada com pia de lavagem, utilizando

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materiais que propiciem condições de higiene (sendo resistentes à água), com

propriedades anticorrosivas e antiaderentes.

Semelhante a sala de cuidados e higienização de RN’s, o condicionante

ambiental mais relevante deste ambiente trata do nível de iluminamento, que deve

conferir de 150 a 300 lux de iluminação geral e de 300 a 750 lux de iluminação de

tarefa, sobre a bancada. Sua classificação quanto ao risco de transmissão de infecção a

define como área semi-crítica.

Este ambiente exige em sua infraestrutura instalações de climatização, sendo ar

condicionado com sistema de filtragem mínima de insuflamento, utilizando filtros G4,

associado ao sistema de exaustão; da mesma forma, requer instalações hidrosanitárias

que confiram o abastecimento de água fria, através de pia de lavagem e pia de despejo.

Complementarmente, devem ser observadas as exigências do código de obras e das

concessionárias locais.

Quanto ao gerenciamento de resíduos da saúde, este ambiente produz resíduo

infectante e químico.

O leiaute, a seguir, apresenta o dimensionamento modular do ambiente sala de

utilidades, que deverá estar localizado próximo ao acesso principal da UTIN.

Leiaute da sala de utilidades.

Figura 10: Leiaute da sala de utilidades. Fonte: BRASIL, 2009.

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3.3 Fluxograma Geral da UTIN

A partir da relação de ambientes, exposta no programa de necessidades, pode ser

desenvolvido o fluxograma geral da UTIN, considerando os principais fluxos e inter-

relações funcionais que ocorrerão nesta unidade.

O quadro com o programa de necessidades, exposto anteriormente, separa os

ambientes em cinco setores funcionais: setor de recepção e administração, setor de

conforto da equipe, setor assistencial, setor de internação intensiva e setor de apoio.

Desse modo, cada um dos setores corresponde a um grupo de ambientes que detém

maior relação funcional entre si, frente aos demais, porém, isso não significa que

inexistam outras relações funcionais importantes entre ambientes de setores diferentes.

Sendo assim, através do fluxograma geral será possível visualizar as principais

inter-relações entre os setores, a partir dos seus ambientes, considerando a necessidade

de proximidade ou de interligação direta entre estas áreas internas da UTIN, para

favorecer o desenvolvimento das atividades assistenciais.

Na apresentação do fluxograma geral serão mantidas as cores correspondentes a

cada um dos setores funcionais, conforme exposto anteriormente no quadro do

programa de necessidades da unidade, buscando facilitar o entendimento sobre a

distribuição dos ambientes neste esquema gráfico.

Cabe ressaltar que, o fluxograma, enquanto elemento gráfico do planejamento

arquitetônico da UTIN, busca evidenciar as inter-relações existentes entre ambientes e

entre setores, conforme destacado na argumentação inicial deste item. Nesse sentido, a

partir do mesmo fluxograma, podem ser desenvolvidas diversas soluções de arquitetura

para esta unidade, sem restrições significativas de morfologia ou de tipologia

construtiva.

Porém, há necessidade de que sejam adotados métodos de planejamento, durante

a elaboração do projeto de arquitetura e dos de engenharia, que qualifiquem a edificação

em que será implantada a UTIN, para favorecer posteriormente sua expansibilidade, sua

flexibilidade, além de conferir condições de sustentabilidade, num cenário humanizado.

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FLUXOGRAMA

Figura 11: Fluxograma Geral da UTIN. Fonte: desenvolvido pelo autor.

3.4 Zoneamento da UTIN.

O zoneamento trata da organização esquemática dos setores da UTIN em uma

representação gráfica simplificada, que auxilia na visualização da forma de agregação

destes espaços. No caso do estudo da UTIN, este zoneamento apresenta as inter-relações

entre os setores, expondo suas principais interligações e suas interligações secundárias.

A apresentação gráfica destas inter-ralações setoriais será fundamental para o

desenvolvimento do projeto de arquitetura, pois possibilita identificar a relação de

proximidade que deverá ser mantida entre as áreas internas.

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ZONEAMENTO

Figura 12: Esquema do Zoneamento da UTIN. Fonte: desenvolvido pelo autor.

O principal objetivo deste esquema de zoneamento está em auxiliar o projetista

durante o processo de posicionamento dos ambientes dentro da unidade, devidamente

amparado pelo fluxograma e pela relação de ambientes apresentada no programa de

necessidades, indicados anteriormente como instrumentos de planejamento, que servirão

para a composição arquitetônica desta unidade.

Em síntese, expõe-se que, as considerações provenientes da análise sobre os pré-

dimensionamentos servirão para definir as áreas de cada ambiente da unidade, tendo

como referência inicial as dimensões mínimas estabelecidas em norma. O fluxograma

servirá para indicar as principais interligações entre os ambientes, possibilitando a

composição dos setores internos da UTIN. Por sua vez, o zoneamento servirá para

apresentar as principais inter-relações entre os setores e representar graficamente sua

conformação de proximidade físico-funcional.

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4. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA FÍSICA DA UTIN.

A abordagem sobre as características da área física da UTIN será apresentada

em seis itens, que tratam dos seguintes temas: instalações prediais, controle sobre ruídos

de fundo e condições de iluminação natural, equipamentos utilizados na UTIN,

acabamento de superfícies, conceitos sobre flexibilidade e conceitos sobre

humanização.

Para a pesquisa e composição do grupo de elementos e sistemas de infraestrutura

que caracterizam a UTIN, foi adotado como referência bibliográfica e documental, um

acervo de títulos estrangeiros e nacionais que abordam os temas, mencionados antes.

Desse modo, servirão como referência estrangeira as Normas Recomendadas para

Projetos de UTI Neonatal (Recommended Standards for Newborn ICU Design),

publicadas após o Consensus Committee on Recommended Design Standards for

Advanced Neonatal Care, em Clearwater Beach, Florida (WHITE, 2007), as outras

referências tratam dos Projetos de Pesquisa em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal

(Design Research in Neonatal Intensive Care Units) (SHEPLEY, s.d.) e dos Projetos de

UTIN Centrados no Cuidado à Família (Family-Centered Care in the Design of the

Neonatal Intensive Care Unit) (FOURNIER, s.d.).

As referências nacionais sobre os temas, anteriormente citados, servirão para

complementar, comparar ou afirmar as recomendações normativas e as indicações

conceituais, pesquisadas nos textos estrangeiros. Para isso, serão utilizadas as normas

RDC n° 50 / 2002 ANVISA (BRASIL, 2004), RDC 7/2010 ANVISA (BRASIL, 2010)

e NBR 7256/2005 ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,

2005), devidamente amparadas pelos textos de Carvalho (2003) que trata das

Dimensões da Arquitetura de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde; Dalmasso

(2005) que trata da Relação entre Espaço e Saúde: Uma Contribuição da Arquitetura

para a Humanização da Unidade de Tratamento Intensivo; Deutsch, Dornaus e Portela

(2008) que tratam da Implantação de UTI Neonatal; Madrigano (2006) que trata de

Hospitais: Modernização e Revitalização dos Recursos Físicos; e Venâncio e Almeida

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(2004) que tratam do Método Mãe Canguru: Aplicação no Brasil, Evidências

Científicas e Impacto sobre o Aleitamento Materno.

Em linhas gerais, a literatura apresentada trata das características físicas, que

particularizam o espaço da UTI Neonatal, enfatizando aspectos específicos da

arquitetura que refletem diretamente na qualidade do ambiente construído, tais como:

princípios projetuais, condições de conforto ambiental, humanização dos espaços e

sistemas de infraestrutura dessas unidades.

Os critérios adotados para a seleção dos mencionados textos e normas

consideraram desde o nível de abrangência das informações, sobre a infraestrutura da

UTIN, enfatizando o caráter oficial dos documentos normativos pesquisados, avaliando

a relevância das informações conceituais e técnicas sobre esta unidade, até o nível de

aprofundamento sobre o assunto em questão.

Nesse sentido, os trabalhos pesquisados expõem considerações sobre os aspectos

físicos desta unidade, definindo métodos e parâmetros para o planejamento, projeto,

implantação, ordenação e adaptação das unidades de terapia intensiva neonatal,

apresentando seus condicionantes, sua infraestrutura e instalações, os conceitos de

planejamento para aquisição de equipamentos e recursos tecnológicos, além de indicar

os parâmetros aceitáveis para manter níveis de conforto ambiental para os neonatos e

para a equipe assistencial.

É importante frisar que, a exposição de parâmetros e conceitos de normas e

textos estrangeiros, não objetiva estabelecer um confronto de informações técnicas,

acerca das características arquitetônicas da UTIN, uma vez que, tanto a literatura

nacional quanto a literatura estrangeira, pesquisadas, refletem a realidade de países

distintos, que possuem diferentes sistemas de saúde, diferentes estruturas sócio-

econômicas, diferentes realidades culturais e geográficas.

Este tipo de abordagem visa apresentar um contingente significativo de

informações sobre a temática estudada, com o objetivo de fornecer subsídios técnicos

que favoreçam o entendimento sobre o funcionamento e, conseqüentemente, sobre a

arquitetura das UTIN’s. Além disso, a indicação de referências internacionais reforça o

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pressuposto de que as instalações das unidades, voltadas à assistência a saúde, devem

estar adequadas aos condicionantes loco-regionais.

4.1 Instalações Prediais (Iluminação artificial e rede elétrica, instalações

hidrosanitárias, rede de gases e fluidos medicinais, sistema de climatização e

filtragem do ar).

Em função das condições de desenvolvimento dos sistemas orgânicos e

sensoriais dos neonatos, tais como visão, audição e tato, especial atenção deverá ser

dispensada aos sistemas de iluminação, climatização e sobre o controle de ruídos de

fundo na UTIN, para promover condições ambientais favoráveis ao grau de percepção

dos RN’s.

As Normas Recomendadas para Projetos de UTI Neonatal (Recommended

Standards for Newborn ICU Design) (WHITE, 2007, p. 14) indicam que os níveis de

iluminação, em áreas de cuidados infantis, deverão ser reguláveis, proporcionando

ajustes mínimos de 10 lux a, no máximo 600 lux, “medidos em cada cabeceira”. Este

controle deverá ser providenciado tanto para a fonte natural, quanto para as fontes

artificiais (elétricas), promovendo o escurecimento imediato da área da cama / berço,

sempre que for necessário. No caso das fontes artificiais, deverão ser tomadas

precauções quanto a propagação de radiações ultravioleta e infravermelho

desnecessárias; para tanto, deverão ser utilizadas lâmpadas adequadas, ou lentes, ou

filtros, que servirão para realizar o controle sobre as emissões indesejáveis.

Todas as fontes de iluminação, sejam natural ou artificial, deverão ser

posicionadas de tal forma que evite qualquer exposição direta a linha de visão do RN,

inclusive a iluminação de tarefa ou de procedimento. Dalmasso (2005, p. 143) indica

que: a exposição contínua a luz forte contribui para o desenvolvimento de retinopatia

prematura [...] principal causa de cegueira em prematuros.

Os sinais vitais dos RN’s costumam ser mais estáveis quando estes são

submetidos a condições de iluminação aproximadas do ciclo circadiano padrão, do

contrário estas crianças poderão apresentar distúrbios no sono.

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Sendo assim, é necessário atentar para a distribuição do sistema de iluminação

pela unidade, a fim de prover iluminação geral, no teto, de aproximadamente 30 pé-vela

(fc) 1, e iluminação noturna não superior a 6,5 pé-vela (fc) ou de 19 fc, quando utilizada

em períodos curtos. (DEUTSCH, DORNAUS e PORTELLA, 2008, p. 120).

A unidade deverá contar com equipamento para iluminação específica para

procedimentos e urgências, sobre os berços, preferencialmente embutidas na laje do

forro e possuir proteção contra acúmulo de poeira.

Quanto às instalações elétricas (pontos de força) há indicação na literatura de

que sejam providos, no mínimo 10 pontos de tomadas aterradas em cada área de berço,

para dar suporte aos equipamentos biomédicos, entretanto, a norma RDC 50/2002

ANVISA (BRASIL, 2004, p. 131) estabelece o mínimo de 08 tomadas aterradas por

berço, que estejam vinculadas a circuitos de 110V e 220V e acesso a tomada para

aparelho portátil de raio x, a uma distância máxima de 15 metros de cada leito/berço.

Além disso, a norma brasileira ainda expõe a possibilidade de utilização de 06 pontos

elétricos por berço, no caso de uso de monitores multiparâmetros.

Todos esses pontos de energia devem estar interligados ao sistema alternativo de

geração de energia, que compõe o circuito de emergência do EAS, alimentado pelo

grupo gerador. Além disso, os circuitos que alimentam aparelhos biomédicos que

monitoram sinais vitais e demais equipamentos assemelhados, que não disponham de

bateria interna, deverão estar interligados a um sistema de no breaks, para evitar o

desligamento desses aparelhos durante o intervalo de acionamento do grupo gerador,

quando houver interrupção no fornecimento de energia elétrica, pela concessionária.

White (2007, p. 13), indica a utilização de 20 instalações elétricas simultâneas

acessíveis. Estas instalações deverão ser organizadas para garantir segurança, facilidade

de acesso e de manutenção, sendo posicionadas de tal modo que maximizem sua

flexibilidade.

1 Footcandle – unidade de medida de iluminação. Para a conversão da unidade pé-vela para lux, multiplicar os valores apresentados no texto pelo fator de conversão 1,0764 x 10¹.

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Quanto ao abastecimento de água, associado às instalações hidrosanitárias, a

unidade deve estar provida com dispositivos que possibilitem a lavagem das mãos,

devidamente instalados nos ambientes em que são manipulados medicamentos,

alimentos, instrumental, equipamentos e demais produtos de saúde.

Devem ser posicionados lavatórios na área de acesso ao salão de internação,

alem disso, na área de internação do berçário, devem ser instalados pontos para lavagem

das mãos, em quantidade proporcional de 01 lavatório para cada 04 leitos / berços. As

pias devem ter formato largo e profundo para evitar respingos, e serem dotadas de

torneiras que dispensem a acionamento manual, com provisão de sabão líquido e

papeleira. Na área de higienização de RN, deverá haver instalações de abastecimento de

água quente e água fria, reforçando a indicação feita, no item que trata do pré-

dimensionamento deste ambiente.

Em relação às instalações de gases e fluidos medicinais, a unidade deve ser

abastecida durante as 24 horas do dia, para assegurar o atendimento dos RN’s. Cada

leito deve ser abastecido com dois pontos de O2 (oxigênio), um ponto de vácuo clínico

e dois pontos de ar comprimido medicinal, conforme indicado na resolução RDC nº 50 /

2002 ANVISA (BRASIL, 2004). Deve ser instalado sistema de controle do fluxo de

gases através de redutores, complementado com alarme que indique a baixa e a alta

pressão existente na rede, com os pontos de monitoração instalados na UTIN e no setor

de manutenção do hospital, devidamente interligados.

Deutsch, Dornaus e Portella (2008, p. 121) indicam que: [...] As válvulas

redutoras e os misturadores de gases devem permitir ajuste de concentração de 21% a

100% de pressão atmosférica, quando da utilização de capuz de acrílico e 50 a 60 psi

para os ventiladores mecânicos.

As Normas Recomendadas para Projetos de UTI Neonatal (WHITE, 2007, p.

13), indicam em seu padrão 4, que trata da estrutura elétrica, suprimento de gás e

necessidades mecânicas, que sejam providos três pontos de ar comprimido, três pontos

de O2 e três pontos de vácuo clínico por berço.

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White (2007) ainda recomenda que, todas as instalações devem ser posicionadas

de tal forma que potencialize o acesso dos dutos na estrutura da unidade e permita

flexibilidade, para promover mudanças ou atualizações das características mecânicas. O

autor destaca que o número de pontos de gases, fluidos e de sucção indicados,

constituem um padrão mínimo, pois, em função do estado do paciente, este número de

pontos pode ser maior.

Quanto às instalações de climatização, controle de umidade e filtragem do ar, é

fundamental que este sistema confira ao ambiente, aos pacientes e a equipe assistencial,

condições de conforto e de assepsia. A climatização deve permitir a renovação do ar

interior com mínimo de seis trocas de ar por hora, de forma segura e satisfatória ao

volume existente na UTIN, utilizando ar externo em pelo menos duas dessas trocas e

sistema de filtragem que garanta eficiência na retenção de partículas, utilizando filtros

apropriados, conforme a classe prescrita em norma. Além disso, esse sistema deve

possuir dispositivos de insuflamento e exaustão compatíveis com a capacidade dos

equipamentos e do ambiente.

Sendo assim, o sistema de climatização da UTIN deverá contar com filtragem

especial, adotando filtro do tipo G4, com controle de temperatura mínima e máxima

variando entre 22°C e 26°C, com vazão de 18m³/h /m² de área da unidade, para que

sejam mantidas sobre controle as condições de filtragem de agentes biológicos e confira

qualidade do ar para a realização de terapias e procedimentos especiais, conforme

estabelecido na NBR 7256/2005 ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS, 2005), indicada na resolução RDC nº 50 / 2002 ANVISA (BRASIL,

2004). Além disso, deverá ser mantido controle sobre o índice de umidade relativa do

ar, com níveis de umidade oscilando entre 40% e 60%.

A associação de todos esses fatores deverá contribuir, significativamente, para a

manutenção de condições adequadas de conforto térmico e qualidade do ar interior, para

não comprometer o processo de recuperação dos RN’s.

Algumas unidades se valem do uso de tubos pneumáticos para transportar

material coletado para análise laboratorial, assim como, para receber o retorno dos

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resultados em curto prazo de tempo, por prescindir do deslocamento de pessoal pelo

EAS.

4.2 Controle sobre ruídos de fundo e condições de iluminação natural.

O excesso de ruídos de fundo na UTIN afeta familiares, equipe assistencial e,

principalmente, os próprios RN’s, pois promove uma significativa carga de estresse. O

modo operacional dos funcionários, associado ao funcionamento dos equipamentos e as

características dos materiais de acabamento e de construção são os principais geradores

de ruídos de fundo.

É recomendado que sejam mantidos níveis de ruídos em torno de 45 dBA

durante o dia e 35 dBA durante a noite, nos EAS (DEUTSCH, DORNAUS e

PORTELLA, 2008, p. 121). Para isso, é necessário que seja potencializado o uso de

materiais emborrachados, realizar o recobrimento das incubadoras, utilizar elementos e

materiais acústicos no forro, paredes e no piso, atentando as exigências sanitárias e a

promoção de segurança para os usuários da unidade.

Quanto às condições de luminosidade na UTIN, recomenda-se que deve haver

iluminação natural, através da instalação de janelas voltadas para as áreas externas da

unidade, providas de vidros reflexivos que evitem tanto a perda, quanto ganho de calor

indesejável, na área de internação dos RN’s.

Leibrock (2000, p. 274, apud DALMASSO, 2005, p. 144) indica a utilização de

janelas, justificando que a exposição dos neonatos a iluminação natural auxilia a

estabilizar o ciclo circadiano, além de que, esta iluminação mostra-se estimulante para a

equipe assistencial.

White (2007, p. 21) esclarece que após 28 semanas de gestação, há indícios de

que a iluminação diurna periódica tenha potencial benefício para as crianças, sendo

assim, esta iluminação deve ser utilizada de forma moderada para o desenvolvimento

das atividades da equipe assistencial e para manter vigília.

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Shepley (s.d., p. 293) afirma que nenhum efeito negativo foi atribuído a

modulação de luz diurna, na área de internação intensiva, apesar do papel da iluminação

natural ainda não ter sido estudado, entretanto, este tipo de iluminação auxilia a equipe

assistencial e os pais, dentre outras funções, a avaliar a coloração da pele do neonato.

Apenas em duas situações este tipo de iluminação pode ser prejudicial à criança: quando

a luz do sol entra no ambiente, incidindo diretamente em um paciente e quando esta

iluminação contribui para o aumento de temperatura do ambiente.

Deutsch, Dornaus e Portella (2008, p. 120) declaram que o controle sobre a

intensidade luminosa e os ruídos, reduzindo seus níveis dentro do salão de internação

intensiva, promove ganhos do tempo de sono dos neonatos, que contribui diretamente

para o ganho de peso destes e a conseqüente redução no tempo de internação.

4.3 Equipamentos utilizados na UTIN.

A arquitetura da UTIN deve atuar como um suporte físico de excelência, para

abrigar uma quantidade sempre crescente de novos equipamentos e instalações, que

darão suporte a vida do paciente. Este movimento de constante renovação vai além da

mera necessidade de se atualizar, pois trata da condição de manter a UTIN em plena

operação e com capacidade resolutiva, junto à necessidade de cada paciente internado.

Esta vocação de agregar tecnologia condiciona os projetistas do espaço da UTIN

a manter disponível, não apenas área física para locar estes dispositivos eletrônicos, mas

também, a manter um grupo de pontos de instalações sempre a postos para atender a

necessidade da equipe na atenção ao paciente.

É necessário frisar que, a programação para aquisição de equipamentos, dentro

de uma UTIN, deve atentar para alguns indicadores concretos que tratam do

funcionamento da unidade, tais como: o número de leitos existentes, a taxa de ocupação

e a complexidade dos serviços realizados junto ao recém-nascido (DEUTSCH,

DORNAUS e PORTELLA, 2008, p. 123).

As autoras, anteriormente citadas, ainda indicam que na implantação de uma

UTIN pode ser feita a aquisição de equipamentos para dar suporte apenas aos leitos que

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estejam ocupados, programando a entrada de novos equipamentos na medida em que

houver o aumento do fluxo de serviço (DEUTSCH, DORNAUS e PORTELLA, 2008,

p. 123).

É importante que a previsão de equipamentos esteja proporcional ao número de

leitos existentes na unidade. Para a seleção dos equipamentos devem ser considerados

os seguintes critérios: 1 – credibilidade da empresa fornecedora; 2 – sua situação no

mercado; 3 – disponibilidade de serviços de assistência técnica; 4 – necessidades de

adequação da unidade pós aquisição do equipamento; 5 – facilidade de programação do

equipamento e 6 – facilidade de manipulação do equipamento pela equipe assistencial

(DEUTSCH, DORNAUS e PORTELLA, 2008, p. 123).

A resolução RDC 7/2010 ANVISA (BRASIL, 2010) prescreve que cada leito /

berço na UTIN deve possuir os seguintes equipamentos ou aparelhos: incubadora com

parede dupla (ver figura 13), equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-

inflável com reservatório e máscara facial; estetoscópio; conjunto para nebulização; dois

equipamentos tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluidos (bomba de

infusão) (ver figura 20); equipamentos e materiais que permitam monitorização

contínua de: freqüência respiratória (ver figura 15); oximetria de pulso (ver figura 16);

freqüência cardíaca (ver figura 17); cardioscopia (ver figura 18); temperatura e; pressão

arterial não-invasiva (ver figura 19).

Além desses equipamentos, exigidos por leito / berço, a mencionada norma

prescreve que cada UTIN deve dispor, no mínimo, de: berços aquecidos de terapia

intensiva para 10% dos leitos (ver figura 14); equipamento para fototerapia (ver figuras

21 e 22); estadiômetro; balança eletrônica portátil: oftalmoscópio; otoscópio;

negatoscópio; capacetes e tendas para oxigenoterapia; aspirador a vácuo portátil;

capnógrafo (ver figura 23); ventilador pulmonar mecânico microprocessado (ver figura

24); equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: materiais de interface facial

para ventilação pulmonar não invasiva (ver figura 27); foco cirúrgico portátil (ver figura

28); materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva;

eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital (ver figura 25); kit ("carrinho")

contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências; equipamento

desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade (ver figura 29); equipamento para

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aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: incubadora para transporte,

com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro

de oxigênio (ver figura 30); equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos

parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para transporte, com bateria

(ver figuras 31 e 32); ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria e

cilindro transportável de oxigênio (ver figura 26) (BRASIL, 2010).

A descrição desse verdadeiro arsenal de equipamentos biomédicos e materiais de

apoio aos procedimentos e terapias de caráter intensivo serve para auxiliar a

quantificação dos itens necessários as atividades da unidade. Por outro lado, esta

quantidade de recursos tecnológicos exige que a UTIN detenha área suficiente para

comportá-los, devidamente instalados, ou mantê-los abrigados no depósito de

equipamentos, com as condições adequadas para assegurar sua utilização, nos

momentos em que houver necessidade.

A listagem de equipamentos, apresentada anteriormente, inclui alguns

dispositivos e aparelhos que não configuram sistemas eletrônicos, ou seja, que não

precisam das instalações de infraestrutura da UTIN para funcionar ou serem utilizados.

Dessa forma, serão destacados os principais equipamentos que deverão compor o

arsenal tecnológico de uma UTIN, conforme exposto nas ilustrações a seguir.

Figuras 13 e 14: Incubadora com parede dupla e berço aquecido de terapia intensiva. Fonte: CARDIOBRAS, 2010a, [s.p.] e MULTIMEDRS, 2010, [s.p.]

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Figuras 15 e 16: Equipamento que permite monitoração contínua de freqüência respiratória (monitor multiparâmetro) e equipamento que permite monitoração contínua de oximetria de pulso (oxímetro de pulso). Fonte: ALLIANCEHC, 2010, [s.p.] e NONIN, 2010, [s.p.]

Figuras 17 e 18: Equipamento que permite monitoração contínua de freqüência cardíaca (cardioversor) e de cardioscopia (cardioscópio). Fonte: CATALOGO HOSPITALAR, 2010, [s.p.] e TRANSMAI, 2010a, [s.p.]

Figuras 19 e 20: Equipamento que permita monitoração contínua de pressão arterial não-invasiva e equipamento tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluídos (“bomba de infusão”). Fonte: HEALTHCARE.PHILIPS, 2010, [s.p.] e KDSCIENTIFIC, 2010, [s.p.]

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Figuras 21 e 22: Equipamentos para fototerapia. Fonte: CARDIOBRAS, 2010b, [s.p.] e CARDIOBRAS, 2010c, [s.p.]

Figuras 23 e 24: Capnógrafo e ventilador pulmonar mecânico microprocessado. Fonte: TRANSMAI, 2010b, [s.p.] e INTERMED, 2010, [s.p.]

Figuras 25 e 26: Eletrocardiógrafo portátil e ventilador pulmonar específico para transporte. Fonte: EDAN, 2010, [s.p.] e NEWPORTNMI, 2010, [s.p.]

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Figuras 27 e 28: Equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva e foco cirúrgico portátil. Fonte: VIASYSHEALTHCARE, 2010, [s.p.] e MEDICALMINAS, 2010, [s.p.]

Figuras 29 e 30: Equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria e incubadora para transporte. Fonte: CARDIOSERVICE, 2010, [s.p.] e OLIDEF, 2010, [s.p.]

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Figuras 31 e 32: Equipamentos para monitoração contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específicos para transporte. Fonte: HEARTFIX, 2010, [s.p.] e TAKAOKA, 2010, [s.p.]

Ressalta-se que, as ilustrações apresentadas servem apenas para fornecer uma

referência visual do aspecto físico de alguns dos equipamentos citados na listagem

anterior, sem qualquer conotação ou indicação de preferência sobre o modelo, a marca

ou o fabricante. Espera-se que esta exemplificação auxilie a programação arquitetônica

do espaço da UTIN, a partir do prévio dimensionamento e da quantificação de

equipamentos, que deverão compor esta unidade.

Além disso, é fundamental considerar que a evolução tecnológica tenderá a

proporcionar a renovação e o desenvolvimento de diversos equipamentos, voltados à

assistência a saúde, dessa forma, a infraestrutura da UTIN deverá ter capacidade e

flexibilidade para comportar os aparelhos advindos dos constantes avanços na área de

tecnologia biomédica.

4.4 Acabamentos de superfícies.

Para os revestimentos de piso, paredes, tetos ou forros, bancadas e armários

fixos, durante o planejamento arquitetônico da unidade, deve ser dada atenção a

especificação de produtos que contenham as seguintes características físicas:

● As superfícies devem ser projetadas para proporcionar facilidade de

higienização, contribuindo para a redução no desenvolvimento e proliferação de

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micro organismos, além de resguardar resistência mecânica para não

deformarem facilmente, quando sujeitas a impactos de rotina.

● As superfícies não deverão ter: grau de reflexão superior a 40% e valor de brilho

superior a 30 gloss (WHITE, 2007, p. 23). Esta recomendação visa minimizar o

brilho refletido de luminárias de tarefa ou procedimentos, assim como, o brilho

das áreas de trabalho da equipe assistencial, para que não incidam diretamente

nos olhos dos RN’s e de seus pais.

● Os materiais deverão ter propriedade acústica de absorção sonora. A densidade

do material é importante para a definição desta característica, entretanto, devem

ser atendidos os requisitos de assepsia e resistência a higienização, prescritos em

norma.

White (2005) declara que materiais de revestimento devem ser isentos de

substâncias ou elementos classificados como teratogênicos, mutagênicos,

carcinogênicos ou simplesmente nocivos a saúde humana. Deve ser vedado o uso de

produtos que contenham substâncias bio acumulativas químicas tóxicas, tais como:

cloreto de polivinila (PVC) ou vinil, pois a produção de PVC gera dioxina, que é um

potente cancerígeno, além de que os vapores emitidos a partir do vinil promovem a

degradação da qualidade do ar ambiente. O autor citado indica que materiais como

poliolefinas, borracha (látex) e linóleo não estão associados à dioxina.

O uso de colas e vedantes, para revestimentos de pavimentos, deverá atentar a

presença de substâncias conhecidas como composto orgânicos voláteis e compostos

clorados, como por exemplo: o formaldeído e o neoprene, respectivamente. Há

indicação de que estes materiais devem ser evitados, em função dos prejuízos a saúde

humana.

Por fim, nenhum RN deverá ser transferido ou removido para um ambiente cujos

acabamentos de superfícies tenham sido recentemente instalados. Deve ser guardado um

intervalo mínimo de duas semanas para esta transferência, até que sejam exauridos

todos os gases e vapores, provenientes dos adesivos e materiais de revestimento

(WHITE, 2007, p. 24).

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Estas recomendações irão complementar as exigência contidas na resolução

RDC nº 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004), em sua Parte III, Capítulo 6, Título 6.2,

item C, que trata do projeto executivo, mais precisamente o subitem C.1, que trata dos

acabamentos de paredes, pisos, tetos e bancadas.

Quanto aos pisos, deverão ser especificados materiais para revestimento, que

promovam a absorção do som, como forma de controle sobre a propagação de ruídos de

fundo, dentro do salão de internação e demais ambientes contíguos a área do berçário de

internação intensiva. Estes materiais deverão seguir as características descritas

anteriormente.

Ladrilhos (peças cerâmicas) de pequeno porte, inferiores a 10 x 10 cm, não são

indicados como revestimento de piso, pois possuem grande área de rejunte e estão

suscetíveis a não aderência no contra piso do ambiente. Estes “vazios” podem abrigar

sujidades e líquidos que promoverão infiltrações, potencializando o desenvolvimento de

bactérias e fungos (WHITE, 2005, p. 23).

Os revestimentos de parede deverão seguir as indicações prescritas na norma

RDC nº 50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004), quanto às características do material a ser

aplicado e atentar as recomendações apresentadas anteriormente, como complemento de

projeto, para conferir maior qualidade ao ambiente da UTIN.

Miller e Swensson (2002, p. 204 apud DALMASSO 2005, p.144) indicam que

se deve fazer uso de cores sem brilho, pois os neonatos não respondem bem a cores

brilhantes, principalmente quando estão sob estresse. Nesse sentido, tons suaves, com

acabamento fosco, devem permear as superfícies de paredes na área de internação e

demais áreas em que o neonato possa ser encaminhado.

As paredes deverão ser construídas com materiais de alta capacidade de

absorção sonora, para atuarem de forma mais eficaz no controle sobre a propagação de

ruídos de fundo.

A utilização de materiais, em especial os revestimentos de parede, piso e forro,

são ferramentas importantes nas mãos de projetistas que desejem conferir um aspecto

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aconchegante e acolhedor ao espaço da UTIN. Shepley (s.d., p. 291) indica que:

pesquisadores concordam que as famílias, dos neonatos internados, preferem ambientes

com aspecto não-institucional, dentro dos EAS’s. No caso da UTIN, a quantidade

demasiada de instalações e equipamentos pode ser encarada como uma condição

intimidadora, para se obter uma percepção acolhedora, a respeito deste ambiente.

Em síntese, a idéia é promover um ambiente mais aconchegante, buscando

assemelhá-lo ao ambiente “caseiro”. Porém, Shepley (s.d., p. 291) expõe duas questões

a respeite deste assunto. A primeira trata do desafio de identificar materiais que,

simultaneamente, tenham aparência de materiais domésticos e possuam a durabilidade

exigida [...] na manutenção do ambiente hospitalar. E a segunda trata de identificar

motivos residenciais que atendam a diversas culturas. Dessa forma, a diversidade de

cores torna-se fundamental para promover soluções que atendam ambas as questões

levantadas.

Devem ser utilizados forros contínuos, com pouca ou nenhuma fresta. A RDC n°

50/2002 ANVISA (BRASIL, 2004) indica que forros removíveis não são apropriados

para esta área, pois interferem na assepsia do ambiente.

White (2007, p. 25) reforça essa premissa ao expor que os tetos devam [...] ser

facilmente limpos e construídos de maneira que impeçam a passagem de partículas das

cavidades do forro para dentro do ambiente clínico interno.

As bancadas e os demais mobiliários fixos, como armários, deverão atender a

um número mínimo de juntas ou frestas possíveis em sua superfície. White (2007, p. 24)

indica que as bordas, expostas a impactos, deverão ser arredondadas, da mesma forma

que, cantos criados com a superfície da parede devem ser boleados.

Os materiais de constituição do mobiliário fixo devem ser resistentes a impactos.

Além disso, os móveis não devem descascar após sofrerem impacto, durante a rotina de

cuidados com o RN, ou de higienização do ambiente.

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4.5 Conceitos de Flexibilidade para a UTIN.

O projeto de arquitetura para a UTIN deve se valer de um método de

planejamento arquitetônico eficaz, de soluções espaciais racionalizadas, da indicação de

elementos construtivos intercambiáveis / modulados e do encaminhamento ordenado de

sistemas e instalações prediais que favoreçam a flexibilidade da unidade, durante a sua

construção e por toda sua vida operacional.

Madrigano (2006, p. 47) apresenta, dentro do conceito de expansibilidade do

conjunto hospitalar, cinco princípios que deverão ser considerados durante o processo

de planejamento de um EAS. Em função das características universais destes princípios,

quanto ao planejamento arquitetônico da edificação, é plenamente possível estabelecer

uma analogia entre o planejamento de um EAS e o planejamento de uma UTIN,

especialmente por que esta unidade configura um setor intra-hospitalar.

Os princípios de planejamento tratam da: horizontalidade e verticalidade do

conjunto hospitalar, do projeto modular, das partições internas removíveis, das

instalações do conjunto hospitalar e da utilização de materiais de acabamento no EAS.

O princípio da horizontalidade e da verticalidade, aplicado ao espaço

arquitetônico da UTIN, remete a condição dessa unidade poder ser implantada, ou já

estar implantada em uma edificação que siga uma dessas tipologias arquitetônicas. É

relevante, para este planejamento, reconhecer quais as possibilidades de expansão da

UTIN, dentro do complexo hospitalar, seja ele vertical ou horizontal, considerando que,

ambos vão conferir vantagens e desvantagens a este processo de ampliação da unidade.

A utilização de métodos de projeto arquitetônico que considerem a disposição de

uma modulação espacial e estrutural, para auxiliar o processo de composição dos

espaços da UTIN, possui significativa relevância para se estabelecer condições de

flexibilidade à unidade. O projeto modular é uma forma de [...] racionalizar a ocupação

territorial e a conseqüente organização setorial do complexo hospitalar, por meio de

uma malha ortogonal modular virtual, sobre a qual se desenvolverão os leiautes de

setores (MADRIGANO, 2006, p. 52).

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Na configuração da UTIN devem ser viabilizadas soluções de compartimentação

que utilizem sistemas de vedações “leves”, de fácil instalação e remoção, tais como

divisórias do tipo dry wall, ou que utilizem sistema pré fabricado de fechamento

vertical. Essas tecnologias construtivas potencializam a flexibilidade da unidade, pois

conferem agilidade no momento em que for necessário promover reformas e alterações

em planta.

Em relação ao uso de vedações “leves”, Carvalho (2003, p. 24) afirma que [...] o

ideal seria que todas as edificações desse tipo possuíssem vedações móveis e

intercambiáveis, que oferecessem a pronta adaptação às freqüentes mudanças.

Os sistemas e instalações prediais, que serão implantados na UTIN, referentes às

redes de energia elétrica, redes de gases e fluidos medicinais, instalações

hidrosanitárias, sistema de climatização, sistema de exaustão, rede de transmissão de

dados, rede de telefonia, rede de CFTV, instalações de água quente e instalações de

áudio, deverão ser devidamente encaminhados através dos armários visitáveis de

instalações (shafts), caso a área de implantação da unidade seja o pavimento tipo de

uma edificação vertical; ou deverão ser encaminhados através de forros removíveis,

com área de visitação para manutenção, posicionada nas circulações inter-setoriais do

EAS.

Recomenda-se que os equipamentos de climatização e filtragem do ar, assim

como, os reservatórios de água quente e os equipamentos de exaustão de ar interior,

com sistema de filtragem, devam ser posicionados no pavimento técnico, implantado

sobre a UTIN, em um andar superior.

As diversas instalações e sistemas devem ser planejados e executados, de tal

modo que favoreçam futuras ampliações, mudanças de sentido, aumento de demanda e

remoções. Além disso, o processo de manutenção predial periódico não deve promover

qualquer impacto as atividades assistenciais da UTIN. Nesse sentido, os cabeamentos e

dutos deverão ser posicionados em áreas que possibilitem acesso da equipe de

infraestrutura, sem causar interferências no funcionamento da unidade.

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Quanto à racionalização no uso de materiais e elementos construtivos

modulados, ou de fácil reposição, Madrigano (2006, p. 63) enfatiza a necessidade de se

estabelecer, nos EAS’s, uma política de normalização dos materiais. O mencionado

autor é bastante incisivo quando declara que: A premissa básica para a política de

flexibilidade para pisos em edifícios hospitalares é a abolição de pisos artesanais [...].

Tal postura se deve a constatação de que a execução de pisos artesanais é lenta e

que sua reposição, dificilmente, estabelece compatibilidade com o padrão original,

prejudicando a estética do elemento construtivo. Sendo assim, e considerando questões

de controle e absorção de ruídos de fundo, além das exigências sanitárias de assepsia do

ambiente, recomenda-se a utilização na UTIN, de pisos menos densos do que os pisos

cerâmicos, porém com significativa redução da área de rejunte, pois são

comercializados em forma de mantas, distribuídos em rolos, o que favorece uma

execução mais ágil, com pequena geração de resíduos.

Partindo do mesmo princípio indicado para os pisos, deverão ser adotados

sistemas de esquadrias e alguns tipos de mobiliários fixos, que possibilitem ajustes de

modulação, ou que sejam confeccionados, atentando as proporções modulares

No caso dos mobiliários fixos, tais como: bancadas com pias de lavagem e cubas

de despejo, balcões “secos”, armários, tanques e lavabos, há a possibilidade de que

sejam removidos e reutilizados, posteriormente, na unidade, caso estejam em bom

estado de conservação.

Por fim, a unidade deve ser planejada prevendo antecipadamente os vetores de

crescimento para ampliações futuras. Esses vetores, diretamente associados ao partido

arquitetônico do EAS, deverão estar descritos no plano diretor da instituição. EAS’s que

detenham tipologia arquitetônica horizontal, associada à área livre, nos espaços inter-

setoriais externos, possuem melhores condições de promover ampliações da UTIN. Por

outro lado, os hospitais que detenham tipologia arquitetônica verticalizada, encontram-

se mais limitados a promover expansões, sendo assim, os vetores de crescimento

poderão ser indicados através da remoção de um setor contíguo a UTIN, para

possibilitar sua ampliação, ou a permuta de áreas internas, entre duas unidades

funcionais.

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4.6 Conceitos de Humanização para a UTIN.

A resolução RDC nº 7/2010 ANVISA (BRASIL, 2010), estabelece, em seu

Capítulo I, que trata das disposições iniciais, um conjunto de definições que servem

para compreender o teor do texto normativo, que irá se seguir nos demais capítulos.

Dentre estas definições está a que contempla a humanização da atenção a saúde. Esta

definição considera os direitos do cidadão e o respeito ao indivíduo, independente da

sua posição social, conforme descrito a seguir:

Humanização da atenção à saúde: valorização da dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, religião, cultura, orientação sexual e às populações específicas. (BRASIL, 2010, p. 48)

Howard (1975, p. 65 apud DALMASSO, 2005, p. 56) expõe que: [...] os espaços

devem ser moldados de acordo com: as necessidades do tipo de tratamento do paciente

[...]. O lar é considerado o modelo ideal, contraposto com as estáticas e estéreis

fábricas de saúde da atualidade [...]. Onde a tecnologia for indispensável a busca pelo

contato com o mundo natural deve ser estimulado.

Sendo assim, de acordo com o conceito apresentado antes, todos os ambientes

que se desviam dos naturais, e por isso, restringem a liberdade das pessoas, são

considerados despersonalizados (HOWARD, 1975, p. 65 apud DALMASSO, 2005, p.

56).

Dessa forma, a UTIN deve potencializar a aproximação de pacientes, familiares

e funcionários a condições ambientais agradáveis; a configuração espacial que favoreça

contato com o meio externo e a atividades não assistenciais que promovam sensações de

relaxamento e tranqüilidade.

Atividades como musicoterapia têm auxiliado no processo de relaxamento e

diminuição dos níveis de estresse e ansiedade dos neonatos, favorecendo o sono dessas

crianças. Essa técnica associada à propagação de sons da natureza, tais como: ruídos de

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chuva, vento soprando, galhos balançando e o canto de pássaros, contribui para os

resultados de relaxamento junto aos RN’s. Além disso, o som da voz dos pais contribui

para a recuperação dos neonatos.

Leibrock (2000, p. 274, apud DALMASSO, 2005, p. 144) afirma que estudos

indicam resultados positivos como: redução nos níveis de estresse, aumento de apetite e

conseqüente ganho de peso e redução no tempo de internação, quando os neonatos são

submetidos a música suave. Sendo assim, o projeto de Arquitetura deve prever alto-

falantes próximos aos leitos.

Nos últimos anos houve um avanço no desenvolvimento de uma nova

abordagem sobre o processo de cuidados com os pacientes internados em hospitais,

inclusive, sobre os pequenos pacientes da UTIN. Esta abordagem, denominada de care

process, foca as necessidades físicas e psicológicas dos pacientes, da família e da equipe

assistencial. A adoção dessa abordagem nas UTIN’s (abordagem de cuidados centrados

na família) configura-se como uma das conseqüências positivas desse processo.

Fournier (s.d., p. 295) declara que: inúmeros estudos têm confirmado os

benefícios do envolvimento prematuro dos pais no processo de cuidados com seus

bebês, incentivando as UTIN a adotar esta abordagem.

Entretanto, o ambiente físico das UTIN’s têm se apresentado como um obstáculo

para auxiliar na eficácia da abordagem de cuidados familiares. Fournieu (s.d., p. 296)

expõe que: Uma abordagem centrada no cuidado familiar, para ser bem sucedida,

necessita do suporte de uma organização espacial bem planejada, para prover às

famílias e às enfermeiras o atendimento às suas necessidades, bem como estabelecer

seus papéis.

Sendo assim, o planejamento arquitetônico da UTIN, deve explorar os aspectos

ambientais da unidade e ressaltar potencialidades do ambiente físico, para se tornar um

componente essencial no desenvolvimento e aplicação desse tipo de abordagem junto

aos RN’s.

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4.6.1 Humanização da atenção ao RN na UTIN através do método “mãe

canguru”.

O método “mãe canguru”, também conhecido como “cuidado mãe canguru” ou

“contato pele a pele” vem sendo proposto como um método alternativo de cuidado

neonatal, frente o método convencional, dispensado aos RN’s nascidos com baixo peso.

Sua idealização se deve aos esforços de Edgar Rey Sanabria e Hector Martinez,

que em 1979 implantaram o método no Instituto Materno-Infantil de Bogotá, na

Colômbia, denominado como “mãe canguru” por remeter-se ao modo como os

marsupiais carregam seus filhotes (VENANCIO e ALMEIDA, 2004, p. 173).

O objetivo do método era conferir alta precoce para recém-nascidos com baixo

peso, sendo assim, o novo programa domiciliar baseava-se em quatro princípios: 1 -

conferir alta precoce, independente do peso do RN, desde que apresentasse condições

estáveis de saúde, 2 – não administrar ao RN outras fórmulas lácteas, apenas o leite

materno, 3 – incentivar o contato precoce pele a pele entre mãe e bebê, mantendo-o

entre as mamas e, 4 – manter o RN em posição vertical.

A iniciativa ganhou apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF) por promover a redução da mortalidade, conferir benefícios psicológicos e

por ser uma ação de baixo custo.

A experiência do método no Brasil foi iniciada no Hospital Guilherme Álvaro,

em Santos – SP e no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco, respectivamente nos

anos de 1992 e 1993. A divulgação e aplicação do método em todo o pais contribuiu

para o seu reconhecimento como política pública. Somente no ano 2000 o Ministério da

Saúde brasileiro aprovou a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de

Baixo Peso (VENANCIO e ALMEIDA, 2004, p. 173).

O diferencial nesta norma recai sobre a forma de aplicação do método em três

etapas distintas. A primeira etapa inicia nas unidades de terapia intensiva neonatal

(UTIN) e nas unidades de cuidados intermediários (UCI). A segunda etapa inicia nas

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unidades canguru ou alojamento conjunto canguru e a terceira etapa inicia após a alta

hospitalar, nos ambulatórios (canguru domiciliar).

Para a realização da primeira etapa, dentro da UTIN, é necessário o acesso

precoce e livre dos pais a unidade, assim como, a equipe assistencial deve estimular a

amamentação e encorajar a mãe a participar dos cuidados com o RN, favorecendo o

início do contato pele a pele, tão logo o bebê apresente condições clínicas para ser

submetido ao método.

Dentre os cinco quesitos que compõem a proposta brasileira, definida pelo

Ministério da Saúde, para aplicação do método, uma recai diretamente sobre a

infraestrutura e instalações da UTIN, quando indica que deverá ser promovido controle

ambiental de luz e som na unidade, para evitar estimulação aversiva e inadequada.

Torna-se fundamental ressaltar que o método “mãe canguru” objetiva humanizar

os cuidados ao recém-nascido de baixo peso, sem o propósito de substituir a tecnologia

existente nas unidades neonatais.

Dalmasso (2005) expõe que os projetos das UTIN’s devem possuir um programa

diferenciado, viabilizando acomodações para os pais, para que os mesmos permaneçam

próximos de seus filhos, nesse sentido, é fundamental que a unidade disponha de áreas e

ambientes capazes de comportar a presença dos pais, tais como: solário para banho de

sol dos recém-nascidos e dos pais; área de estar para a família; área de serviço com

lavanderia para lavagem das roupas [...]; área onde esses pais possam se alimentar

[...]; área de educação para os pais (DALMASSO, 2005, p. 147).

Ressalta-se que, a inclusão desses ambientes na UTIN terá maior validade,

quanto maior for a adoção dos métodos alternativos de atenção neonatal, como por

exemplo: a abordagem de cuidados centrados na família e a aplicação do método “mãe

canguru”. Unidades que permitam a participação efetiva dos pais, nos cuidados com os

recém-nascidos, devem avaliar criteriosamente a possibilidade de promover ambientes

destinados ao conforto desses pais, considerando a análise sobre a relação custo x

benefício, buscando identificar se estas inclusões servirão para potencializar seus

resultados clínicos e institucionais.

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4.7 Quadro resumo com as características arquitetônicas da UTIN.

Será apresentado, neste item, um resumo dos quesitos gerais, utilizados para

agrupar as características da UTIN. É fundamental, nesse momento, verificar todas as

particularidades arquitetônicas, que definem o espaço desta unidade a partir dos

aspectos que tratam da sua localização intra-hospitalar, dos condicionantes do

ambientes internos, das instalações e sistemas prediais, dos condicionantes e recursos

naturais, dos acabamentos, dos conceitos de flexibilidade e dos conceitos de

humanização do ambiente.

Este resumo servirá, posteriormente, para promover o enquadramento das

características observadas na unidade visitada. Desse modo, a descrição das

características da UTIN deverá contemplar os quesitos abordados neste item.

Quadro 07: Características projetuais do espaço arquitetônico da UTIN.

Características projetuais do espaço arquitetônico da UTIN

1 - Quanto à localização intra-hospitalar: Deve possuir área distinta dentro do EAS, com acesso controlado, não servindo como interligação entre setores internos. Deve estar próxima dos principais eixos de circulação horizontal ou vertical do EAS. Deve manter proximidade com o centro cirúrgico e obstétrico, com a unidade ou os serviços de diagnóstico, com a unidade de emergência, com as unidades de internação médica, cirúrgica e obstétrica e quando possível, do setor de farmácia. Dever ter fácil deslocamento a partir da área de desembarque de pacientes. 2 - Quanto aos ambientes internos: O berçário deve possuir 05 leitos no mínimo, sendo que a quantidade de leitos deve corresponder a 6% do total de leitos existente no EAS. Seguir a proporção de 01 leito para cada 80 RN/ano de baixo peso. Deve possuir área mínima de 6,50 m² por berço e atender aos afastamentos mínimos exigidos por norma. Reservar área de circulação de 1,20 m de largura, adjacente ao berço (pé de leito) Deve manter contato visual entre o posto de enfermagem e o berçário de internação intensiva. O posto de enfermagem deve ser provido com mobiliário e bancadas para preparo de medicamentos e para a manipulação de artigos de saúde. Deve possuir instalações para lavagem das mãos, de materiais e utensílios. Prover ambiente de espera, ambiente para conforto dos pais e sala de reunião, próximos ao acesso principal da unidade. Prover sala de conforto para a equipe assistencial.

continua

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continuação Prover quarto de repouso para médico plantonista. Prover salas distintas para utensílios “limpos” e “sujos” (sala de utilidade), esta segunda sala deverá possuir pia de lavagem e pia de despejo, com área para a guarda temporária de resíduos e roupas sujas. Prover sala para a guarda de equipamentos próxima ao salão de internação (berçário) com número adequado de tomadas aterradas para conectar equipamentos com bateria. Dispor de farmácia satélite, ou sala para guarda de medicamentos, ou carrinho de medicamentos, ou máquina para dispensação de medicamentos, próxima ou dentro da UTIN. Dispor de sala para coleta de leite humano (materno), próxima ou dentro da UTIN. Dispor de sala administrativa. Dispor de sala de isolamento com antecâmara, para pacientes com infecção respiratória. 3 - Quanto às instalações e sistemas prediais. Dispor de iluminação regulável, variando de 10 a 600 lux. Evitar exposição direta a linha de visão dos RN’s. Promover o controle da iluminação geral e da iluminação de tarefa em cada berço. Prover, no mínimo, 08 pontos de tomadas (energia elétrica) por leito / berço. Poderão ser dispostos 06 pontos de tomada (no mínimo) quando se utilizarem monitores multiparâmetros. Recomenda-se que haja de 10 a 20 pontos de tomada por berço, interligados aos circuitos de 110V e 220V. Todos os pontos devem estar interligados ao sistema de emergência (grupo gerador e no break, quando for o caso). Prover pontos de água fria nas áreas de manipulação de medicamentos, alimentos, instrumental, equipamentos, artigos esterilizados e demais produtos de saúde. Na área do berçário deverá ser instalado 01 lavatório para cada 04 leitos / berços. Na área de cuidados e higienização de RN deverão ter pontos de água fria e água quente. Dispor de 02 pontos de oxigênio, 01 ponto de vácuo clínico e 02 pontos de ar comprimido medicinal por berço. Válvulas redutoras de pressão e sistemas de monitoração e controle da vazão dos gases e fluidos deverão ser instalados em locais que estejam sob o controle da equipe assistencial. Deve possuir sistema de climatização que promova no mínimo 06 trocas de ar por hora, com a entrada de ar externo em pelo menos duas dessas trocas, com vazão de ar de 18m³/h/m², utilizar filtros G4, manter a temperatura entre 22°C e 26°C e a umidade relativa do ar entre 40% e 60%. Devem ser mantidos níveis sonoros inferiores a 45 dBA durante o dia e inferiores a 35 dBA durante a noite. 4 - Quanto aos condicionantes e recursos naturais. Promover iluminação natural, porém utilizar vidros reflexivos ou outros elementos arquitetônicos que impeçam a entrada de radiação solar direta, na área do berçário. Evitar a incidência direta de luz sobre os neonatos internados e controlar a perda ou o ganho de calor. Utilizar materiais que potencializem a absorção sonora, recobrir as incubadoras para evitar reflexões indesejadas, utilizar elementos e materiais acústicos no forro, paredes e no piso, atentando as exigências sanitárias. 5 - Quanto aos acabamentos. Devem facilitar o processo de higienização, reduzindo a proliferação de agentes contaminantes.

continua

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continuação Devem possuir grau de reflexão inferior a 40% e valor de brilho inferior a 30 gloss. Devem contar com propriedades de absorção sonora atentando as exigências sanitárias prescritas em norma. Ter resistência a impactos. Os materiais devem ser isentos de substâncias nocivas a saúde humana, como PCV, formaldeídos e neoprene. Utilizar revestimento com cores sem brilho, em tons suaves. Utilizar materiais e revestimentos que se remetam ao ambiente “residencial”. Os tetos devem ser em material contínuo, com pouca ou nenhuma fresta. Utilizar materiais que demandam pouca área de rejunte. 6 - Quanto à flexibilidade da unidade. Deter condições de expandir, independente da tipologia arquitetônica predominante no EAS (vertical ou horizontal). Utilizar modulação espacial e estrutural para auxiliar a composição dos ambientes. Utilizar sistemas de vedações “leves”, que confiram fácil mobilidade e sejam intercambiáveis. Racionalizar e ordenar o encaminhamento das instalações prediais utilizando dutos embutidos pelo forro, armários visitáveis (shafts), com área de manutenção posicionada em circulações inter-setoriais. Posicionar reservatórios de água fria e quente, aparelhos de climatização, filtragem do ar e exaustão em pavimento técnico superior ao pavimento da unidade. Utilizar materiais e instalações que sigam a modulação predominante no partido arquitetônico. Evitar materiais que dependam de processos artesanais para montagem ou aplicação. Adotar materiais que proporcionem pouca ou nenhuma área de rejunte. 7 - Quanto à humanização do ambiente. Favorecer contato com o meio externo. Deter elementos e recursos que promovam a aproximação com os ambientes naturais. Favorecer a entrada de luz natural. Promover a neutralização da imagem institucional na UTIN, utilizando materiais e soluções que se remetam ao ambiente “caseiro”. Dispor de ambientes voltados para atividades não assistenciais, que confiram sensações de tranqüilidade e relaxamento. Dispor de recursos de áudio que possibilite adoção de musicoterapia e sons da natureza, como método terapêutico alternativo. Dispor de ambientes que favoreçam a permanência e conforto dos pais. Dispor de ambiente ou área que possibilite a aplicação do método “mãe canguru”.

Fonte: desenvolvido pelo autor.

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5. CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS DA UTIN

VISITADA.

A visita a UTIN foi motivada pelo interesse em verificar a adoção das soluções,

recursos, instalações, equipamentos e materiais, pesquisados e indicados neste trabalho,

além de observar parte do funcionamento de uma unidade existente e em plenas

condições operacionais.

As fotos (figuras) ilustram parte de uma UTI neonatal, visitada em junho de

2010, com o objetivo de formar um referencial de soluções arquitetônicas, para a

composição desta pesquisa. Por questões metodológicas não será divulgado o nome da

instituição visitada, sendo assim, este EAS será denominado de Hospital A.

Quanto à localização intra-hospitalar, esta unidade configura-se como um setor

interno distinto, formado pelos ambientes assistenciais e de apoio, projetados de forma

proporcional a quantidade de leitos disponíveis e as atividades desenvolvidas pela

equipe. Está diretamente vinculada ao hall dos elevadores (circulação vertical).

As figuras 33 e 34 apresentam o acesso a UTI Neonatal (berçário), que se

localiza em um dos pavimentos de uma edificação, predominantemente vertical,

inserida em um complexo hospitalar de grande porte. Junto ao acesso principal está a

área de paramentação para visitantes e funcionários da unidade (figura 35).

Figuras 33, 34 e 35: Acesso a UTI Neonatal (berçário neonatal) do Hospital A e área de paramentação. Fonte: Acervo do autor.

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No acesso a unidade não há uma área específica para recepção dos pais e

visitantes, assim como, não há a supervisão do movimento de entradas e saídas. Esta

atividade é realizada pela equipe assistencial, e se concentra na sala de chefia de

enfermagem, no corredor de acesso a UTIN. Da mesma forma, não há ambiente

específico para conforto dos pais, porém, há uma sala de internação, anterior ao

berçário, que serve para privacidade dos internados com seus pais.

Os ambientes de apoio estão dispostos no corredor de acesso ao salão de

internação intensiva. Nesta área estão: a sala de paramentação, a sala de chefia de

enfermagem, o consultório médico, a sala de convívio com berços, copa, guarda de

materiais, sala de reunião, sala de utilidades e DML. As fotos, a seguir, apresentam

alguns desses ambientes: DML, copa e sala de utilidades (figuras 36, 37, 38 e 39).

Figuras 36 e 37: Aspecto dos ambientes de apoio do berçário (acesso DML e copa). Fonte: Acervo do autor.

Figuras 38 e 39: Sala de utilidades e cuba de despejo. Fonte: Acervo do autor.

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O salão de internação (berçário) tem capacidade para 10 leitos / berços, todos

dispostos com a cabeceira voltada para a parede que limita a unidade com a área

externa. A separação entre os berços é feita com divisórias em estrutura metálica, com

grandes painéis de vidro, para facilitar a visualização dos neonatos por todos da equipe

assistencial (figuras 40 e 41).

Uma larga área de circulação foi disposta a frente dos berços. Com

aproximadamente 2,00 m de largura, esta circulação circunda o posto de enfermagem, a

área de prescrição médica e a área de higienização das mãos (figuras 40 e 41).

Figuras 40 e 41: Aspecto geral do salão de internação do berçário (UTIN). Fonte: Acervo do autor.

O posto de enfermagem e a área de prescrição médica, centralizados na área do

salão de internação intensiva (berçário), dispõem de plenas condições de visualização

dos berços. Estes ambientes estão providos de instalações elétricas, hidrosanitárias, de

dados, de telefonia e demais sistemas de alarme e comunicação. Prontuários,

medicamentos, materiais, artigos esterilizados, lavatórios, computadores, carrinhos de

transporte e mobiliário, estão devidamente posicionados dentro ou em volta desta área,

conforme apresentado nas figuras 42, 43, 44, 45, 46 e 47.

O mobiliário utilizado no posto de enfermagem e na área de prescrição médica é

predominantemente revestido com laminado melamínico. As bancadas e pias em aço

inoxidável ou em granito e louça. Um ponto de água fria serve a área interna do posto

de enfermagem e dois pontos de água fria servem a área externa, para higienização das

mãos (figuras 44 e 46).

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Figuras 42 e 43: Área de prescrição e do posto de enfermagem, detalhe da guarda de prontuários. Fonte: Acervo do autor.

Figuras 44, 45 e 46: Instalações e mobiliário do posto de enfermagem. Fonte: Acervo do autor.

Figura 47: Instalações e mobiliário do posto de enfermagem.

Fonte: Acervo do autor.

A unidade possui janelas de ambos os lados e detém boas condições de

luminosidade diurna. O controle sobre a incidência de luz natural, na área do berçário, é

feito através de persianas instaladas entre os vidros duplos das esquadrias.

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A iluminação artificial também atua de forma satisfatória, em função da

quantidade de luminárias dispostas pelo salão e pelo nível de luminosidade que as

mesmas promovem no ambiente. Entretanto, o sistema de iluminação artificial não

possui dispositivos que impeçam a incidência direta de luz sobre os berços,

minimizando a interferência na linha de visão dos neonatos.

Todos os berços dispõem de luminárias articuladas de tarefa, conectadas as

réguas de gases medicinais e tomadas elétricas, posicionadas nas paredes sobre a

cabeceira de cada leito / berço.

O sistema de climatização é centralizado, com suas instalações e dutos

instalados entre o forro e a laje do pavimento superior. Durante a visita não foi

percebido a propagação de ruídos de fundo provenientes das instalações de

climatização. Da mesma forma, não foram obtidas informações sobre a utilização de

filtros de ar, neste sistema, e sobre o processo de renovação do ar interior (insuflamento

e exaustão).

Na área de cada berço (cabeceira) há uma régua de gases e fluidos medicinais

acrescida de pontos de força (tomadas elétricas). Foram contabilizadas, em cada régua,

17 tomadas e 07 pontos de gases e fluidos (figuras 48 e 49). Tanto as instalações

elétricas, quanto as instalações de gases estão embutidas nas paredes.

Figuras 48 e 49: Equipamentos e instalações especiais do berçário. Fonte: Acervo do autor.

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Nas áreas dos berços, voltadas para as janelas, não foi possível fixar réguas de

gases, em função da altura do peitoril das janelas, assim, a solução utilizada foi a

instalação de estativas de gases e pontos elétricos, fixadas ao forro. A configuração

dessas instalações é semelhante a da régua de gases fixada à parede, dispondo da mesma

quantidade de tomadas e pontos de gases e fluidos (figura 50).

Figura 50: Posicionamento da estativa de gases e pontos elétricos.

Fonte: Acervo do autor.

Os acabamentos de superfícies predominantes no salão de internação intensiva

(piso, parede e forro) são respectivamente: manta vinílica, laminado melamínico e

placas de gesso (provavelmente acartonado) com pintura acrílica. Na área da circulação,

de acesso a unidade, são verificados os mesmos revestimentos de superfícies do

berçário, exceto pelo forro, formado com placas removíveis. Nos ambientes que

possuem instalações hidrosanitárias predominam o piso com peças cerâmicas, paredes

com peças cerâmicas e forro em placas removíveis.

Em todos os ambientes da unidade foi aplicado rodapé em peças de granito. Este

acabamento promove uma faixa de transição entre os diferentes tipos de materiais,

aplicados nos pisos e paredes desta UTIN, dessa forma, não há a junção das placas de

laminado melamínico das paredes com as mantas vinílicas do piso, tampouco a junção

entre as peças cerâmicas das paredes dos ambientes de apoio com as peças cerâmicas

dos pisos, conferindo uma solução de caráter estético a ambientação da UTIN.

A área em volta dos berços é ocupada por equipamentos de monitoração de

sinais vitais e administração de medicamentos, tais como, monitores multiparâmetros e

bombas de infusão (figura 51), além de outros aparelhos biomédicos e mobiliário

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(poltronas e cadeiras) para uso da equipe assistencial e das mães que acompanham e

participam do tratamento dos filhos, através do método “mãe canguru”, adotado nesta

unidade e que, segundo a enfermeira chefe, responsável pelo serviço de enfermagem da

UTIN, vem contribuído significativamente com os resultados e a recuperação dos

recém-nascidos.

Figura 51: Equipamentos e instalações especiais do berçário.

Fonte: Acervo do autor.

Todos os ambientes dispõem de esquadrias - portas e janelas - respectivamente,

em madeira e MDF, com revestimento em laminado melamínico e perfil de alumínio

com vidros duplos e persianas instaladas entre as lâminas de vidro (figura 52).

Figura 52: Tipologia da esquadria e condições de luminosidade natural.

Fonte: Acervo do autor.

A unidade atende alguns critérios que potencializam sua capacidade de ser

flexível, como por exemplo, a utilização da área do forro para a passagem de dutos e

instalações prediais afins; a utilização de materiais não artesanais e a disposição de

esquadrias moduladas.

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Em função do tamanho da unidade e pela inexistência de alguns ambientes,

descritos no programa de necessidade apresentado anteriormente, não é perceptível

qualquer tentativa de neutralizar a imagem institucional, fortemente presente na

ambientação desta UTIN. Assim como, inexistem ambientes voltados ao

desenvolvimento de atividades não assistenciais.

O contato com o meio externo e a disponibilidade de áreas em volta dos berços,

reservadas para a prática do método “mãe canguru”, são os dois itens atendidos dentro

da análise de humanização da unidade.

O estado de conservação e manutenção da unidade é classificado como bom,

além disso, o aspecto de assepsia, organização e funcionalidade dos ambientes é

considerado aceitável, apesar de ser nítido o sub-dimensionamento de diversos

ambientes, principalmente os de apoio, para atender as atividades e a demanda desta

unidade. Mesmo assim, esta UTI Neonatal pode ser conceituada de forma positiva, em

função do conjunto de recursos tecnológicos disponíveis e das condições de conforto

ambiental mantidas nos seus espaços internos.

As limitações de espaço adjacente a UTIN e a condição de estar inserida em uma

edificação verticalizada minimizam as possibilidades de incluir ambientes novos

atualmente e de promover ampliações futuras. Apesar da visível capacidade resolutiva,

observada através da disponibilidade de recursos físicos, tecnológicos e humanos, esta

unidade encontra-se no limite de sua capacidade produtiva, dispondo de poucos recursos

externos para favorecer sua adequação (com a ampliação dos ambientes sub-

dimensionados) ou uma significativa ampliação, para aumentar a quantidade de leitos de

internação intensiva.

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CONCLUSÃO.

A definição das características projetuais da arquitetura da UTIN exige,

preliminarmente, a compreensão sobre todos os sistemas e instalações, presentes em sua

estrutura; sobre as necessidades da equipe assistencial, as necessidades dos pais e

principalmente dos recém-nascidos; sobre as prescrições normativas que orientam sua

ordenação e funcionamento, sobre os modelos organizacionais e funcionais possíveis de

serem implantados na unidade, sobre os princípios que regem sua expansão e sobre as

novas atividades e abordagens assistenciais, passíveis de se desenvolver em seus

ambientes.

Para desempenhar o seu papel, dentro do hospital, a UTIN requer um conjunto

de recursos, permanentemente concentrado em suas dependências. As diversas

interações entre esses recursos promovem uma dinâmica singular no funcionamento

desse tipo de UTI. As restrições ao acesso livre, a concentração de equipamento de

ponta, a permanência dos pais juntos aos seus bebês, a vigília constante da equipe

assistencial e a utilização de métodos, abordagens sociais e terapias não pertencentes ao

conhecimento médico científico, como por exemplo: a musicoterapia, reforçam o

caráter especial e diferenciado desta unidade na estrutura do EAS.

As características arquitetônicas serão ditadas por todas as particularidades

funcionais e de atendimento as necessidades dos neonatos e seus familiares. Em função

do tempo de permanência dos pais na unidade, é recomendável que a configuração do

ambiente da UTIN remeta-se ao espaço doméstico (caseiro), para conferir maior

sensação de aconchego e minimizar o aspecto institucional da unidade.

Discussões sobre os princípios que tratam da funcionalidade da UTIN, da

flexibilidade de uso de sua estrutura, de sua capacidade de expansibilidade e de sua

capacidade de adaptabilidade a entrada de novas tecnologias, começam a ceder lugar a

discussões que tratam de outros princípios, a exemplo do processo de humanização da

UTIN, tido como estimulador e, ao mesmo tempo, conseqüência das diversas formas de

interação social que ocorrem na unidade. Além disso, o processo de humanização é o

principal favorecedor a entrada de novos métodos, considerados eficazes no cuidado

voltado ao RN, como por exemplo: o método “mãe canguru”.

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Conforme verificado, durante o desenvolvimento e apresentação deste estudo,

foram relacionados sete quesitos ou aspectos de análise que auxiliaram a definição das

características projetuais do espaço arquitetônico da UTIN. Nesse sentido, todas as

características abordadas devem estar relacionadas ao planejamento, a configuração dos

ambientes, aos requisitos exigidos para suas instalações e sistemas prediais, ao

aproveitamento dos recursos naturais, ao tratamento de superfícies, a flexibilidade e ao

caráter humanizado de sua ambientação.

Este significativo conjunto de características atua de forma independente e

complementar entre si, ou seja, há uma interdependência entre todas as particularidades

que definem o espaço arquitetônico da UTIN. É imprescindível que cada um dos itens

descritos, anteriormente, seja explorado ao máximo para qualificar a arquitetura e,

conseqüentemente, as atividades dessa unidade assistencial.

Apesar de deter peculiaridades singulares, nível complexo de exigência projetual

e diversos requisitos normativos, a arquitetura da UTIN deve atuar de forma precisa e,

ao mesmo tempo, sutil, configurando-se como o cenário facilitador para o

desenvolvimento das principais e mais importantes atividades, destinadas aos cuidados

intensivos neonatal.

Além disso, é importante destacar que a UTIN deve permanecer apta para

agregar avanços tecnológicos, para sofrer ajustes e ampliações, para receber e acolher

confortavelmente os familiares dos internados, para garantir condições da equipe atuar,

de modo assertivo e resolutivo, sobre os neonatos.

Por fim, há de se considerar sempre que, a arquitetura, enquanto disciplina e

exercício de planejamento, para viabilizar o uso adequado do espaço, deve proporcionar

plenas condições ambientais ao funcionamento da UTIN. Em função das características

expostas nesta pesquisa, pode-se classificar esta unidade como um setor intra-hospitalar

dinâmico, suscetível a intervenções e predestinado a mudar com considerável

freqüência. Com isso, há necessidade de se manter atualizado o conhecimento sobre os

conceitos e princípios descritos antes, pois, os resultados das discussões sobre estes

princípios permanecerão definindo as características arquitetônicas da UTIN.

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REFERÊNCIAS

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