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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
DINA ROSA NUNES BATISTA
LITERATURA INFANTIL:
CONTO, RECONTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA
CONSCIÊNCIA CRÍTICA NA CRIANÇA.
Salvador
2016
Monografia apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Educação da Faculdade de Educação da
Universidade Federal da Bahia, para fins de conclusão
do Curso de Especialização em Docência na Educação
Infantil.
Orientadora: Prof ªMe. Regina Gramacho
DINA ROSA NUNES BATISTA
LITERATURA INFANTIL:
CONTO, RECONTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA
CONSCIÊNCIA CRÍTICA NA CRIANÇA
Salvador
2016
DINA ROSA NUNES BATISTA
LITERATURA INFANTIL: CONTO, RECONTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DA
CONSCIÊNCIA CRÍTICA NA CRIANÇA
Monografia apresentada ao programa de Pós-Graduação em Educação Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, para fins de conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil.
Salvador Ba, 18 de junho de 2016
Regina Lúcia de Araujo Gramacho – Orientadora ___________________________ Professor nível 3 da Secretaria de Educação do Estado da Bahia Especialista em Estudos Linguísticos e Literários – UFBA Mestre em Educação – UFBA Graduada em Letras – UFBA
Cláudia Santos de Jesus – Avaliadora ____________________________________ Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino – BA. Mestre em Língua e Cultura – UFBA Especialista em Revisão de Texto – AVM – Faculdade Integrada Especialista em Ensino de Educação a Distância – FTC Graduada em Letras Vernáculas - UFBA
AGRADECIMENTO
Primeiramente a Deus por me dar vida e me tornar um ser capaz de realizar meus
objetivos.
A orientadora Regina Gramacho, pelo suporte, incentivo, paciência e apoio na
elaboração deste trabalho.
Aos meus pais, pelo amor, encorajamento nos momentos de desânimo e cansaço. E
a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização dessa
Monografia, em especial a minha amiga Ana Maranhão pelo incentivo, o meu muito
obrigado!
Aos meus professores do curso de especialização por terem desenvolvido
autonomia e valores pessoais para a minha vida técnica.
A UFBA – Universidade Federal da Bahia, em especial, à coordenadora do curso de
Especialização em Educação Infantil Lícia Beltrão pelo carinho, pelas reflexões
poéticas e pela oportunidade oferecida para o meu crescimento profissional.
BATISTA, Dina Rosa Nunes. Literatura Infantil: Conto e Reconto e suas
contribuições para a construção da Consciência Crítica na criança. 35 f. il. 2016.
Projeto de pesquisa (Especialização) – Faculdade de Educação, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2016.
RESUMO
Essa monografia tem como finalidade refletir sobre as contribuições da literatura
infantil a partir das abordagens de Fanny Abramovich e Regina Ziberman. Refletir
também sobre a realidade vivida, a prática na atividade docente na escola infantil
Apito de turno integral, cidade Camaçari-Bahia. Na modalidade pesquisa em ação
através do conto e reconto na construção da consciência critica na criança, por meio
de uma ação educativa organizada nas práticas de interação com o universo da
leitura de forma prazerosa aproveitando os espaços escolares, em especial a
biblioteca, como motivador para a criança se expressar, conhecer e ressignificar o
mundo que a cerca. Levando em consideração a perspectiva da criança e os
saberes experimentados e ampliados. As análises, reflexões e observações partiram
do interesse das crianças pelo espaço da biblioteca e do incentivo à leitura para o
seu senso crítico, além da relação com a contação de histórias e dramatização. O
resultado proporcionou validar os benefícios para o desenvolvimento da autoestima,
criatividade, socialização, bem estar, identidade, apropriação e ressignificação de
conhecimento de mundo, além dos avanços essenciais na formação critica do
sujeito.
Palavras chave: Literatura infantil, leitura, conto e reconto, formação critica.
BATISTA, Dina Rosa Nunes. Children's Literature: Tale and retold and their
contributions to the construction of the Critical Consciousness in children. 35 f. il.
2016. Research project (Specialisation) – Faculdade de Educação, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2016.
ABSTRACT
This monograph aims to reflect on the contributions of children's literature from the
approaches of Fanny Abramovich and Regina Ziberman. Reflect also on the lived
reality, the practice in teaching at the kindergarten Whistle fulltime, Camaçari,
Bahia city. In the modality research in action through the tale and retelling the
construction of critical awareness in children through an educational activity
organized in interaction practices with the universe of reading pleasurable way
taking advantage of school spaces, particularly the library, as a motivator for the
child to express, understand and reframe the world around. Taking into
consideration the child's perspective and experienced and expanded knowledge.
The analyzes, reflections and observations set out in the interests of children at
the library space and encouraging reading for your critical sense and the relation
with the storytelling and drama. The result provided validate the benefits for the
development of self-esteem, creativity, socialization, welfare, identity, ownership
and world knowledge of reframing, besides the essential advances in training
criticizes the subject.
Keywords: Children's literature, reading, story and retelling, training critical.
SUMÁRIO
1 ASSIM SE CONSTRÓI UMA PROFESSORA, CONTEXTUALIZANDO
A HISTÓRIA ............................................................................................ 8
2 A LITERATURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA .............................................................................................. 13
2.1 BREVE PERCURSO HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL ....... 15
2.2 O PAPEL DO PROFESSOR ............................................................... 18
2.3 AS CRIANÇAS, A BIBLIOTECA, ESPAÇOS DE INCENTIVO
A LEITURA E DESEVOLVIMENTO DO SENSO CRITICO................. 19
3 ASSIM SE CONSTRÓI UMA PESQUISA:
ABORDAGEM METODOLÓGICA ...................................................... 20
3.1 MÉTODO E TIPO DE PESQUISA ....................................................... 20
3.2 CAMPO DE PESQUISA ....................................................................... 22
3.3 SUJEITOS INSTRUMENTOS ............................................................... 22
4 O CONTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL – EXPERIÊNCIAS DA
PRÁTICA DOCENTE ........................................................................... 23
4.1 O LUGAR DO CONTO NA ESCOLA INFANTIL APITO ....................... 24
5 CAMINHANDO NA ANÁLISE DOS DADOS .................................... 28
5.1 AS CRIANÇAS E OS CONTOS ......................................................... 29
5.2 A RELAÇÃO DAS CRIANÇAS COM A CONTAÇÃO
E DRAMATIZAÇÃO............................................................................ 29
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 31
REFERÊNCIAS .................................................................................. 32
APÊNDICES ........................................................................................ 34
8
1 ASSIM SE CONSTRÓI UMA PROFESSORA, CONTEXTUALIZANDO A
HISTÓRIA
Repensar, refletir e refazer se concretizam como práticas cotidianas na vida
de todo educador comprometido com a qualidade do que faz. A possibilidade de
retomar lembranças, reviver conflitos e superar desafios é imprescindível à práxis
docente, daí a importância deste trabalho para graduandos do Curso de
Especialização em Educação Infantil desta instituição de ensino.
A partir de uma retomada consciente de minhas memórias e aspectos da
infância e adolescência vividos, foi possível compreender as razões que
contribuíram para a minha formação docente, assim como capacitar a superar
dificuldades encontradas na prática profissional, prevenindo e auxiliando na
superação de futuros desafios. Creio que analisar a trajetória pessoal para a
formação do docente amplia a percepção de como as influências de família, amigos,
comunidade e escola definem destinos e histórias.
Nessa perspectiva, a infância tem forte influência na construção da identidade
e no direcionamento profissional de qualquer pessoa. Tudo o que foi experimentado,
sentido, a relação com os pais, irmãos, avós, os costumes da família, as conversas
entre amigos, as brincadeiras, os brinquedos, as histórias e lendas, marcam uma
vida.
Costumava estar sempre com meus avós, brincava muito no quintal de casa,
cercada de outras crianças de idades distintas, fazíamos bolo de terra, brincávamos
de esconde-esconde na rua. Se fecho os olhos lembro dos risos, sinto até os
cheiros. E como esquecer as tardes ouvindo as histórias contadas por meus tios,
tias, pais, avós? Tantas engraçadas, personagens curiosos e que colocavam medo.
Nunca ousaria desobedecer a ordem de não sair à noite, vai que o velho do saco me
pegasse?
Assim fui crescendo e compreendendo o mundo que me cercava, um mundo
cheio de valores implícitos nos olhares, nas falas, até na forma de se comportar à
mesa nos momentos de cear com a família. Quanto aprendizado em coisas tão
simples! E o que não dizer da minha adolescência cheia de interrogações? Algumas
me acompanham até hoje.
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O tempo foi passando e precisei escolher uma faculdade, acabei optando por
Pedagogia, talvez por influência da minha mãe, professora há muitos anos. Comecei
a trabalhar como professora numa escola pequena da rede privada. Alguns anos
depois comecei na Escola Infantil APITO, uma instituição não governamental
mantida por um grupo de italianos que tem como pressuposto os idéias que
norteiam as práticas pedagógicas da cidade de Reggio Emilia, na Itália, cuja
abordagem considera a criança como protagonista no processo do ensino
aprendizagem. O emprego exigiu uma especialização, me trazendo exatamente
aqui, neste Curso de Especialização em Educação Infantil oferecido pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e à escrita prazerosa à qual irei me debruçar
e convido ouvidos atenciosos a virem junto comigo.
No Curso de Especialização em Educação Infantil a cada nova disciplina
apresentada uma pergunta surgia no mais íntimo. Para quê? Sabia que precisava
me tornar o melhor dentro daquilo que me propus a ser, professora, então a
pergunta sempre era, quem sou? Bom, para meu alívio, não tarde entendi que estou
sendo, não “sou”, posto que não terminou, estou em evolução, continuo
influenciando e sofrendo influências do meio, continuo parte determinação biológica
e outra parte cultura, afeto.
Dentre as disciplinas que mais contribuíram para minha prática, destaco
Infância e Criança na cultura contemporânea e nas políticas de Educação Infantil,
Metodologia da Pesquisa; Currículo, formação e a criança em aprendizagem;
Natureza e Cultura: conhecimentos e saberes; Linguagem, oralidade e cultura
escrita. Cada uma possibilitou um novo olhar acerca de questões antes sequer
percebidas, ou já muito conhecidas minha.
Aprendi a diferença entre “ser criança” e “ter infância” onde “ser criança” é ser
um sujeito, um ser que pensa, sente, vive seus momentos através de aprendizagens
nas situações do cotidiano com uma imaginação criativa que precisa ser ouvida.
Enquanto que “ter infância” é vivenciar situações favoráveis para seu crescimento
cognitivo, afetivo, motor e social, sendo considerado como ser único e pleno,
portanto, uma construção social.
Sendo assim, na infância cabe um emaranhado cultural próprio da sociedade
e do tempo histórico no qual é vivenciada, modificando ainda de acordo ao contexto
sócio econômico no qual é constituída. Então a escola tem a função de receber e
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acolher essas diferentes infâncias respeitando-as em sua diversidade, não com o
intuito de convergir ou unificá-las, mas, tão somente, para que se somem, que
tenham o que aprender e ensinar juntas, corroborando de fato para uma educação
infantil para o protagonismo da criança, para o fortalecimento da cidadania.
A partir da noção de criança como ser ativo e participativo na construção do
conhecimento, o currículo, assim como questões do tipo o que aprender, como e por
que aprender emanam do centro de interesse mais genuíno aflorado do interior do
questionamento ou interesse da criança sobre determinado conhecimento, devendo
partir dela, para a daí, se ancorando em seus interesses ir agregando novos valores
e significados aos conhecimentos que já possui por meio de experiências novas.
Durante todo curso fui levada a refletir minha prática docente, a desenvolver
um olhar atento, a escuta sensível para a criança, enxergando um universo de
possibilidades de conhecimentos que elas trazem, valorizando-as em sua alteridade,
compreendendo que há diversas formas de aprender e ensinar, cem, mil linguagens,
habilidades incontáveis para perceber e potencializar em sala de aula. Para tanto, se
faz necessário observação, dedicação, tempo para perceber os detalhes, os gestos,
os olhares, o toque e, até mesmo, o silêncio. Nesse contexto, a pedagogia dos
projetos e apreciação da natureza, o contato e cuidado com o meio ambiente são
momentos ricos em aprendizagem e férteis para desabrochar essas múltiplas
linguagens da criança.
Refletindo acerca das informações trazidas sobre Linguagem, oralidade e
cultura escrita, reconheci que há diferenças entre alfabetização e letramento. De
forma simples, um é a decodificação dos símbolos lingüísticos e o outro o agregar
de sentidos a esses símbolos, estando entrelaçados durante a aquisição da leitura e
escrita da criança.
Outro aspecto relevante foi considerar a linguagem como uma construção
sócio histórica, ou seja, a criança já nasce inserida em sistemas simbólicos diversos,
construídos pela sociedade da qual faz parte, para o qual o desenvolvimento da
aquisição da oralidade e escrita se dá acima de tudo pela necessidade do sujeito em
se comunicar, expressar sentimentos, idéias e emoções, sendo inerente à natureza
humana. Deste modo, destaco a importância das rodas de conversa espontânea
entre as crianças, do contato com diversos portadores textuais desde os primeiros
anos de vida, como forma de construir e se apropriar da cultura.
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Investigando tudo o que determinou quem sou, agora, entendi ainda mais o
papel da escola, a infinita missão de ser educadora. Tudo que é plantado no terreno
fértil da infância gera frutos que acompanharão a criança, o ser, por toda vida. A
escola é segunda mediadora do sujeito com o mundo. Ao ingressar na escola, a
criança é apresentada às mais diversas práticas culturais, ampliando muito o seu
conhecimento acerca de si e do mundo.
Como boa ouvinte de histórias, quando menina, identifiquei na literatura um
meio de alcançar a alma, acalmar o coração, transformar a realidade, arrancar
sorrisos, transformar muros em pontes. Por este motivo meu interesse pela temática
deste estudo. Como professora, vislumbro momentos especiais nas rodas de
conversa, nos momentos da contação de histórias, olhinhos brilhando, mãos
apreensivas, há uma magia que não se explica no universo da literatura. Há tanta
riqueza nesses momentos que gerou o problema dessa pesquisa: compreender de
que forma o conto e reconto pode contribuir para a construção da criticidade da
criança na Educação Infantil.
A literatura infantil, especificamente o conto e reconto, possibilita à criança
lidar com questões do imaginário e da realidade em que vive, pois ainda em casa
ouvem os mais experientes narrarem fatos dos antepassados, contar casos,
reconhecendo essa prática como algo que lhe pertence, tornando-a prazerosa e
significativa. Ao ouvir, contar e recontar histórias, ela aprende a conhecer a si
mesma, seus medos e desejos, expressa sentimentos, supera conflitos internos, de
família, aprende a se relacionar com o outro, se apropriando de valores e saberes
que compõem a sociedade da qual faz parte. Como Fanny Abramovich já afirmava:
“Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo”. (ABRAMOVICH, 2006, P.14)
A leitura instiga novos pensamentos, idéias, permite a descoberta de novos
mundos. Quando a criança lê ou escuta histórias seu conhecimento está sendo
ampliado de forma incalculável.
O conto e reconto, portanto, aparece como essencial para a formação do
leitor competente, uma vez que visa conduzir a criança na arte da boa leitura, na
compreensão daquilo que vê e lê, favorecendo sua autonomia, criatividade,
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identidade e consciência crítica, além de proporcionar o crescimento cultural, a partir
da compreensão e do despertar de valores (éticos, morais, espirituais) na criança.
A literatura assume um papel de extrema relevância na formação da criança,
porque, em um primeiro momento, retrata o simbólico, passando gradativamente a
fazer parte da sua leitura do mundo, à medida que cresce. Assim, o educador,
envolvido nesse contexto deve ter um olhar sensível às necessidades da criança,
possibilitando os mais diversos estímulos dentro do conto e reconto de histórias,
tanto novas como já conhecidas suas, utilizando-se dos mais variados recursos e
portadores textuais, como fantoches, dramatizações, músicas, poemas, artes
visuais.
Para melhor entender todo esse processo, basta pensar, que atrás uma porta
fechada no interior de uma criança existe inteligência e a sensibilidade ainda não
explorada, e a literatura, nesse contexto figurado, é uma chave que abrirá essa porta
e dará a criança possibilidade de explorar cada vez mais o que nela estava
trancado, adormecido. Ou seja, trabalhar literatura infantil em sala de aula e no
espaço da biblioteca da escola, é dar às crianças a possibilidade de se tornarem
adultos criativo, reflexivos, capazes de serem realizados em todas as áreas de sua
vida. Abramovich relata o deleite presente nas histórias, pois geram:
(...) “inquietude provocada, emoção deflagrada, suspense a ser resolvido; torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas, caminhos novos apontados, subjetiva sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas e as mil maravilhas mais que uma boa história provoca...”. (ABRAMOVICH, 1991, P. 24)
Portanto, fonte rica e infindável de conhecimento e prazer.
Desta forma, o estudo da temática mostra-se de grande relevância para a
Educação Infantil, levando em conta que nessa fase da vida as crianças adentram
as escolas e despertam o desejo pela leitura, podendo construir, a depender do
incentivo por parte dos educadores e família, uma consciência leitora, essencial
ferramenta de conscientização e conhecimento que terá por toda a vida.
Assim, este estudo tem como objetivo compreender de que forma a literatura
infantil, por meio do conto e reconto, contribui para a formação crítica da criança
como sujeito biopsicossocial, ampliando seus valores e saberes acerca de si e do
outro. Por meio da análise minuciosa, perceber de que forma acontecem as práticas
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de leitura nos espaços da Escola Infantil APITO, especialmente na biblioteca Carlo
Collodi, gerenciada pelas próprias crianças.
Para tanto, optou-se por uma pesquisa de inspiração etnográfica, de
abordagem qualitativa, que se baseia na minha prática como docente do grupo de 5
anos de idade da Escola Infantil APITO, uma escola comunitária do município e
Camaçari, região metropolitana de Salvador. A pesquisa foi dividida em etapas
cujos instrumentos utilizados foram: observação do cotidiano da escola, relatório,
questionário, produções das crianças, fotos, vídeos e pesquisa bibliográfica da
temática em específico.
Todas as informações encontradas na pesquisa foram tratadas, analisadas e
descritas em forma de texto, agrupado em capítulos, a fim de favorecer à leitura e o
entendimento, os quais se intitulam: Assim se constrói uma professora,
contextualizando a história; A literatura Infantil para o desenvolvimento da criança; O
lugar do conto na Educação Infantil; Experiências da prática docente; Caminhos da
formação docente para a Educação Infantil.
2 A LITERATURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A Literatura é uma prática interdisciplinar que está relacionada muitos outros
modos de expressão como o movimento, imagem, música, que vão alicerçando a
habilidade comunicativa da criança desde os primeiros anos de vida. Presente
desde que o ser humano existe, mostra-se como uma prática social cultural de
registro e expressão de sentimentos, conhecimentos, através da qual vamos
compreendendo e construindo quem somos e norteando o que desejamos vir a ser.
Muito mais que nos livros, a literatura está presente em cada ação humana.
Não se restringe à escola, mas está por toda parte, se mistura a nós de tal modo
que fica impossível desvencilhar um do outro. Na infância, está nas brincadeiras,
nas cantigas de rodas, nos filmes infantis, geralmente vem articulada à ludicidade,
porque seu legado vai além de instruir e educar, nesse sentido, visa ao prazer, a
criatividade, ao despertar de ideias e sentimentos. Por isso a leitura deve ser uma
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prática diária que desenvolva a curiosidade e o desejo em conhecer. Abramovich
pontuou com precisão o que a leitura deveria provocar ao dizer:
Ler sempre significou abrir todas as comportas para entender o mundo através dos olhos dos autores e da vivência das personagens... Ler foi sempre maravilha, gostosura, insubstituível... E continua, lindamente, sendo exatamente isso! (ABRAMOVICH, 1997, P.17).
Nessa perspectiva, surge a importância de não atribuirmos à literatura a
obrigação de ensinar algo, mas de servir de deleite para uma viagem fantástica que
começa no interior daquele que lê. Em que proporciona uma interação com o seu eu
e o seu mundo imaginário em uma conjuntura de aprendizagem para desenvolver o
seu conhecimento ampliando a sua consciência crítica e a construção de suas
identidades.
A partir das minhas reflexões realizadas durante a pesquisa em ação, me
senti responsável em proporcionar esse aprendizado com as histórias para as
professoras da instituição escolar da qual faço parte, para que percebam que as
atividades sequenciadas em que utilizem a contação de histórias desenvolvem nas
crianças a sensibilidade da escuta, que garante uma evolução da sua críticidade
com confiança e perseverança para o enfrentamento dos desafios da vida.
Com base nas leituras realizadas, observei que a literatura infantil favorece o
desenvolvimento integral da criança e o contato com o simbólico instiga o
imaginário, estimula o intelecto e a formulação de hipóteses, o qual permite vivenciar
emoções, descobertas, aprimora a escuta, a habilidade de se expressar e conviver
com o outro. Nessa perspectiva Maria assinala que:
Através do contato com o mundo simbolizado na literatura, a criança viaja para dentro ou para fora de si mesma, experimentando, por empatia, as sensações vividas pelas personagens e esta é uma forma de se autoconhecer e de conhecer o universo que a rodeia. (MARIA , 2002, P.44).
Nesse processo da pesquisa, compreendi que a literatura infantil desenvolve
na criança o senso crítico, autonomia, um bom relacionamento com a família no
incentivo a leitura para com seus filhos e o reflexo que a contação de história trouxe
no repensar de suas ações, sendo perceptível na fala de alguns pais quando relata
que no seu diálogo em casa com a criança sinaliza a necessidade de conversar
baixinho e com elegância. Nessa direção, a importância da literatura infantil também
reside na aquisição de atitudes e valores, conhecimento do mundo, consciência e
criticidade.
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Assim, compreendendo que o trabalho com Literatura Infantil pode levar a
criança a desenvolver um papel fundamental no que diz respeito à construção de
sua identidade e história de vida, a construção do hábito de ler precisa começar
desde que a criança chegue ao mundo, cabendo à família junto à escola possibilitar
situações de contato e experimentos com livros e outros portadores textuais.
Conforme Zilberman:
A literatura infantil contraria o caráter pedagógico antes referido, compreensível com o exame da perspectiva da criança e o significado do gênero pode ter para ela. Sua atuação dá-se dentro de uma faixa de conhecimento morais, mas porque pode outorgar ao leitor a possibilidade de desdobramento de suas capacidades intelectuais. (ZILBERMAN, 2003, P. 46).
Percebi, ao analisar nas pesquisas que me norteou, falas das crianças e de
seus familiares que a literatura infantil oportuniza ao leitor uma reflexão que favorece
o desenvolvimento da sua personalidade e mudança de comportamento no âmbito
familiar a partir dos contos clássicos dentre outros, mais próximo a sua realidade.
2.1 BREVE PERCURSO HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL
A concepção de criança, assim como sua posição no processo de ensino
aprendizagem mudou muito nos últimos séculos, no Brasil, em especial na década
de 1980. De um mine adulto, para um sujeito capaz de pensar, sentir e construir seu
mundo. Perfazer essa trajetória é compreender o processo de transformação social
que viemos sofrendo, assim como, reconhecer que as lutas sociais, em especial dos
profissionais da educação, foram essenciais para chegarmos onde estamos
compreendendo a criança como sujeito de direitos e deveres, ativa e construtora da
realidade que a cerca.
A literatura Infantil teve um grande avanço a partir do século XVIII, quando a
criança passou a ser considerada um ser diferente do adulto, com suas
especificidades, que necessitava de uma educação especial, que a preparasse para
a futura vida adulta. Foi então que surgiram os primeiros livros de literatura infantis,
em especial os contos de fadas, com caráter ético-didático, os quais La Fontaine e
Charles Perrault aparecem como escritores precursores na Itália. Durante muito
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tempo, o livro infantil tinha a finalidade de educar, em sua maioria vinha
apresentando modelos de comportamento que visavam moldar a criança de acordo
com as expectativas dos adultos. Havia poucas histórias que tratavam da vida de
forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens em torno do cotidiano.
No cenário brasileiro, o livro de Literatura Infantil começou a fazer parte da
realidade das crianças, a partir da segunda metade do século XIX, influenciada
pelas publicações europeias dos contos de Perrault e dos irmãos Grimm. Todavia,
os contos populares já se faziam presentes na vida das crianças através da
oralidade, mas contrapondo-se à realidade europeia, eles não serviram de matéria
prima para a construção dos primeiros livros de Literatura Infantil publicados no
contexto brasileiro.
Os contos europeus ganham, então, uma versão brasileira, para os quais
ganhou destaque na época o escritor Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914),
romancista, cronista, jornalista, poeta e um dos primeiros autores a adaptar os
contos europeus para circulação no Brasil. Adaptou também, os contos de Charles
Perrault, dos Irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen, reunindo narrativas
populares portuguesas e brasileiras, incluindo em suas histórias, elementos da
cultura indígena.
Carl Jansen (1829-1889) e Olavo Bilac (1865-1918), também foram
essenciais para o avanço da Literatura no Brasil. Carl Jansen traduziu clássicos
como Robinson Crusoé, Viagens de Gulliver, As Aventuras do Celebérrimo Barão de
Münchhausen e D. Quixote de La Mancha. Olavo Bilac ganhou destaque por suas
poesias.
É absolutamente importante destacar diante das observações e reflexões
realizadas por outras professoras, o potencial que as crianças adquiriram a partir
das vivências com o conto e reconto, ampliando suas argumentações a ponto de ser
sinalizados sobre a desenvoltura em expor suas opiniões e crítica sobre o livro.
Essas situações ocorreram nas oficinas que eram desenvolvidas por outros
profissionais, nas atividades de música, culinária, dança e artes, sendo, muitas
vezes, visto como crianças ousadas em suas falas e no modo de agir, ao invés de
valorizar a curiosidade e conhecimentos que adquiriram na compreensão das
diversas atividades vivenciadas. Nesse sentido Freire, relata que:
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“O aluno deve ter seu saber valorizado, encontrar espaço para a sua cultura dentro do novo mundo que está descobrindo. Não se deve privá-lo de outras reflexões, é óbvio, mas não se pode adotar uma postura preconceituosa e autoritária, pois há docência sem discência.” (FREIRE, 1996, P. 23).
Diante da fala de Freire, observei que, atualmente, a dimensão da literatura
infantil é muito mais ampla e rica. Sendo assim, um instrumento de suma
importância na construção do conhecimento do educando, fazendo com que ele
desperte para o mundo da leitura, não só como um ato de aprendizagem
significativa, mas também como uma atividade prazerosa.
De certo modo, a crítica literária torna-se indispensável, pois é através da
leitura que a criança se apropria de culturas e saberes historicamente acumulados
pelo homem, adquirindo informações que a ajudarão na construção de seu
conhecimento. Seguindo esta forma de pensar, percebo que desde a infância vamos
assimilando através das histórias dos livros a ideia de mundo e suas evoluções.
Freire (1996, p. 32), destaca que: “Não haveria criatividade sem a curiosidade que
nos move e que nos põe, pacientemente, diante do mundo que não fizemos,
acrescentando a ele algo que fazemos”.
Compreendendo a fala de Freire, percebo que a leitura proporciona à criança
um enriquecimento cultural. Por meio de suas práticas no contexto social o ato de ler
possibilita um construir criativo. Diante disso faz-se necessário frisar a importância
que a leitura proporcionou às crianças na atuação do projeto conto reconto e sua
contribuição para construção da consciência crítica nas crianças, fez com que a
biblioteca e os cantinhos de leituras contribuíssem para o incentivo ao manuseio de
diversos portadores textuais dentro da escola, os quais permitiram às crianças o
hábito diário de leitura, de uma forma espontânea para o seu desenvolvimento
biopsicossocial. Portanto, algo que lhes foi prazeroso e que oportunizou uma visão
melhor e mais real da sociedade que o cerca. Desta forma, não somente irão
construir uma consciência crítica, mas serão críticos e construtivos.
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2.2 O PAPEL DO PROFESSOR
Contribuir para a construção de uma consciência crítica na criança não é
tarefa fácil. Ao professor, cabe, nos dias de hoje, não mais ensinar coisa alguma,
contudo, favorecer que a criança aprenda por si só, em contato com outros grupos,
através de experiências pessoais onde utilize o que já sabe, lançando mão de
diversas linguagens, para conhecer mais, mais de si mesma, do outro e do mundo
que a cerca.
Rubem Alves já dizia que o papel do professor nesse tempo é despertar na
criança a curiosidade em aprender (Nova Escola, 2002). Segundo ele, as escolas
deveriam ser asas possibilitando altos voos da criança, logo, o professor não tem
sua função diminuída, ao contrário, ainda mais importante e relevante, o professor
não vai acompanhar a criança por um ano letivo ou semestre, mas aquilo que ele irá
ensinar o fará estar com ela por toda a vida, influenciando de forma decisiva em seu
futuro.
A fim de favorecer o aprendizado por meio do contar e recontar histórias o
professor prioriza a característica maior da infância, o encanto, a magia, o
imaginário. Através das histórias a criança acessa um mundo que já existia antes
mesmo que nascesse, integrando-se à cultura local, compreendendo valores e
costumes, acessa emoções, expressa sentimentos e opiniões, revela anseios,
medos e ressignifica sua própria realidade, sendo capaz de planejar e repensar
novos destinos para personagens. Por meio das histórias lida com conflitos do seu
cotidiano, questões sociais e de família, aprende a controlar emoções e a conviver
com o outro.
Permitir que as crianças conhecessem essas histórias e se apropriassem
delas, apresentando diversas formas de contá-las, oferecendo recursos diversos,
fantasias, fantoches, livros, instrumentos musicais e outros tantos recursos
presentes da contação é o papel do professor. Apontar caminhos, proporcionar
vivências de leitura, conto e reconto nos diversos espaços da escola, devolvendo à
contação o caráter desvinculado com o pedagógico, onde a busca maior não seja
ensinar conteúdos escolares, mas sim desenvolver o prazer em contar histórias, o
deleite por imaginar e criar torna a prática pedagógica muito mais significativa.
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2.3 AS CRIANÇAS, A BIBLIOTECA, ESPAÇOS DE INCENTIVO À LEITURA E
DESEVOLVIMENTO DO SENSO CRÍTICO.
É evidente na leitura do livro de Abramovich (1997) a sua preocupação com a
maneira como a literatura está sendo direcionada nas escolas. Para ela, o momento
da leitura deveria ser uma ação de prazer para os alunos, de descobertas, entrega
de sentimento e não momento de tarefa obrigatória.
A biblioteca é um espaço de socialização e de enumeras atividades positivas
e prazerosas de leituras ou contação de histórias no qual leva as crianças a apreciar
e a projetar para o mundo da fantasia.
A relevância da biblioteca e dos cantinhos de leituras que são organizados
junto com as crianças, professoras e estagiárias, está no fato de possibilitar acesso
a um mundo imaginário, utilizado como veículo de informação e lazer, o qual
promove a formação de um individuo mais capaz de argumentar, de interagir com o
mundo ao seu redor. Consequentemente, no gerenciamento da biblioteca e no
incentivo aos espaços de leitura prazerosa e acolhedora, as crianças ampliam sua
capacidade de criar e transformar o conhecimento adquirido em novos aprendizados
para sua realidade familiar de uma forma reflexiva. Conforme Gregorin Filho:
Trabalhar com literatura infantil em sala de aula é criar condições para que se formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais. Muito mais do que uma simples atividade inserida em propostas de conteúdos curriculares, oferecer e discutir literatura em sala de aula é poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e dialogar com a sociedade. (GREGORIN FILHO, 2009, P. 78).
Ainda de acordo com o autor, desenvolver atividades pedagógicas
intencionais nos espaços de leitura, oportuniza às crianças o interesse em escolher
os livros que lhes agradam, ampliando seu conhecimento de mundo e gosto pela
leitura, visto que é absolutamente importante a criança compreender o contexto da
história a partir das ilustrações, do manuseio, do folhear, iniciar a descoberta dentro
da literatura infantil. Portanto os profissionais da área de educação devem
proporcionar em seus planejamentos leitura literária que diminua a distância entre o
livro e os leitores.
20
A perspectiva do projeto de pesquisa trouxe para o espaço escolar onde foi
realizado, um sentido favorável já que as crianças discutiam sobre as compreensões
e o seu respeito ao espaço da biblioteca e ao acervo de livros, sugerindo, opinando
e relacionando a letra inicial dos livros aos nomes dos colegas e objetos,
aumentando sua capacidade de discussão ao entendimento das leituras feitas.
O senso crítico da criança, por sua vez, é evidenciado a partir dessa conversa
quando se sente inquieto com o texto ou imagem necessitando fazer perguntas,
para que as esclareçam.
Abramovich (1997), também reflete “a necessidade de desenvolver o senso
critico e a observação da criança com o livro em sua totalidade, desde a
encadernação, leitura do texto, formato do livro, se favorece para o manuseio”.
Diante disso foi importante aliado o gerenciar a biblioteca para a resolução de
questões inerentes ao contato com diversos gêneros textuais, ao comportamento e
por meio da educação tornarem-se sujeitos conscientes.
Para Zilbermam (2003, p. 27) “Da coincidência entre o mundo representado
no texto e o contexto do qual participa seu destinatário emerge a relação entre a
obra e o leitor” é essa relação que contribui para a visão de mundo. Deixar a criança
falar, expor, trazer suas opiniões e críticas sobre o livro favorece na literatura fonte
inesgotável de prazer e conhecimento de mundo.
3 ASSIM SE CONSTRÓI UMA PESQUISA: ABORDAGEM METODOLÓGICA
3.1 MÉTODO E TIPO DE PESQUISA
Esta pesquisa respaldou-se em outros autores de publicações encontradas
em livros e bancos de dados online, entre os anos de 1990 a 2015, idioma em
português, cujo tema fosse semelhante ao do referido trabalho, utilizando como
descritores as palavras: literatura infantil, leitura, conto e reconto e formação crítica.
O presente estudo traz a ideia de buscar subsídios na literatura infantil e abrir
um espaço para a expressão livre envolvendo as crianças num mundo de reflexões
21
apresentando a contação de histórias de forma estimulante para posicionar - se de
maneira critica.
Este estudo constou de 4 etapas: a primeira, de coleta e seleção dos dados,
que ocorreu entre os meses de junho a setembro de 2015 na própria escola; a
segunda, de análise e transformação dos dados em informações compreendida
entre setembro de 2015 e janeiro de 2016; a terceira, da busca de subsídios teóricos
para corroborar os resultados encontrados, durante todo percurso da pesquisa; e a
quarta etapa, de escrita e reedição do texto final, de fevereiro a maio de 2016.
Diante disso, é sabido que a professora tem subsídios ao incentivar a leitura e
o conto de histórias as quais motivam as crianças a lerem por prazer,
desenvolvendo-lhes a capacidade de sonhar, viver a magia contida nos livros,
proporcionando, consequentemente, o gosto pela leitura, pois a leitura oportuniza o
conhecimento de si mesma, do mundo que o cerca, do ambiente de vida e lhe
permite que o real e o imaginário se encontrem para a construção de um conflito
saudável para o seu desenvolvimento crítico.
Portanto, pela importância de obter fatos coerentes e conclusivos, essa
pesquisa em questão, apresenta-se através de investigação bibliográfica e também
ancorada na etnopesquisa, sendo quanto à forma de abordagem do problema
qualitativa / descritiva, e quanto sua natureza, generalizado e coletivo que se baseia
na minha prática como docente. Nessa perspectiva Gil (1991, p.50): destaca que: “A
principal vantagem das pesquisas bibliográficas reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais amplo do que
poderia pesquisar diretamente”.
Desse modo, as fontes secundárias trazem o privilégio do pensamento real do
autor ou contribuições dentro dos argumentos textuais, com o pesquisador e a
coesão de suas ideias.
Portanto, essa perspectiva tem como objetivos, características descritivas,
permitindo uma compreensão acerca das contribuições da literatura infantil, do conto
e reconto, para a construção da consciência cidadã das crianças, a fim de revelar
como o espaço escolar, em especial a Biblioteca Carlos Collodi, através de práticas
docentes bem estruturadas e dinâmicas se torna ambiente fecundo no sentido de
favorecer essa construção.
22
3.2 CAMPO DE PESQUISA
Será utilizado o ambiente de trabalho, escola, onde a própria discente do
curso de especialização em Educação Infantil desta instituição trabalha, a Escola
Infantil APITO – Associação Paulo Tonnucci, que funciona em turno integral
possibilitando diversos momentos para a ação-reflexão do professor do grupo de
crianças de 05 anos de idade (G5).
Esta escola comunitária existe há 16 anos, sendo localizada no bairro dos 46,
cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador. Foi planejada por um grupo
de amigos Italianos, que viram, na comunidade do bairro dos 46, a necessidade de
ter uma escola que compreendesse as crianças em sua diversidade, respeitando
suas raízes e tempo de aprender, com uma pedagogia apoiada nos ideais da região
de Reggio Emilia na Itália, que concebe a criança como protagonista no processo de
ensino aprendizagem.
3.3 SUJEITOS INSTRUMENTOS
O foco desta pesquisa será 25 crianças do grupo 5, na perspectiva de
observar como se dão as práticas de leitura do conto e reconto, de que forma esses
sujeitos recebem essa interação com os livros e relacionam com suas vivências de
forma crítica, e suas contribuições para o desenvolvimento da criticidade infantil,
levando em conta, para tal, todos os agentes envoltos no processo, toda
comunidade escolar (professores e pais).
Para tanto, utilizou-se de inventários, registros das crianças e dos professores
(relatórios, fotos, vídeos) observação e vivência práticas, produzidos entre os meses
de junho a setembro do ano de 2015, os quais buscaram validar a questão trazida
pela problemática que originou essa pesquisa, a fim de obter um resultado ainda
mais fundamentado.
23
4 O CONTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL – EXPERIÊNCIAS DA PRÁTICA
DOCENTE
Durante toda existência humana o homem sentiu necessidade de contar sua
história, assim foi perpetuando-a ao longo dos anos, por isso hoje é possível
conhecermos muito dos nossos antepassados. Atualmente, continuamos precisando
contar quem somos, o que fazemos, no que acreditamos, como se o contar e
recontar as nossas histórias fosse dando sentido à nossa passagem pelo mundo,
multiplicando nossa cultura, reinventando caminhos para chegarmos mais longe.
Segundo Bettelheim (2009), as histórias representam, de forma imaginativa,
aquilo em que consiste o processo sadio do desenvolvimento humano. Para a
criança, ouvir histórias dos mais velhos é acessar um mundo que já existia antes de
dele fazer parte. Assim, se sente pertencente a este, trazendo influências pessoais e
pertinentes ao seu próprio tempo e história.
Na Educação Infantil, as histórias despertam nas crianças desde pequenas,
gostos e valores, sendo essencial para seu desenvolvimento. Para Abramovich
(1989), a importância de se contar histórias para crianças reside no fato de que
escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, é também suscitar o
imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é
encontrar outras ideias para solucionar as questões.
Muito além de um gênero literário ou um meio de reproduzir ou reinventar
cultura, o conto é uma arte. A contação de histórias aflora as emoções. Por meio
dela a criança consegue revelar sentimentos, desejos e inseguranças, Além de
desenvolver a capacidade cognitiva nas estruturações mentais das crianças, fornece
elementos para a imaginação, estimula a observação e facilita a expressão de
ideias.
O conto, em especial os de fadas, na educação infantil encanta as crianças.
Através deles, elas têm a possibilidade de se lançar em aventuras incríveis, viver
personagens, conhecer realidades distintas, e, desse modo, conhecer mais de si
mesma e do outro, buscando nas interações entre personagens e situações,
compreender o mundo que as cerca, ressignificando seus próprios relacionamentos
e emoções.
24
4.1 O LUGAR DO CONTO NA ESCOLA INFANTIL APITO
Foi bastante rica a experiência com contações de história nesse espaço
formativo. Apesar de já ter assegurado práticas de incentivo à leitura e escrita, com
exposição em diversos locais dos livros e fantasias, esses espaços não estavam
sendo explorados em sua totalidade. Percebi, nos momentos de contação, que para
as crianças havia se tornado cansativo, repetitivo, ter o dia para ir até a biblioteca,
ou até ao ateliê, escolher um livro e simplesmente folheá-lo, pois a professora
contava histórias, porém era mais comum na sala de aula dentro de uma rotina pré-
estabelecida, onde as crianças não opinavam no que gostaria que a professora
lesse para elas.
Ao observar como se comportavam com postura um tanto apática frente da
diversidade de recursos que tinham em mãos, eu entendi que seria necessário
reinventar essas práticas, trazendo de volta a graça, o encanto e a surpresa do
conto e reconto. Foi então que decidi fazer um breve levantamento com eles das
suas histórias favoritas. Como era de se esperar, os contos de fadas ganharam em
disparado. A partir daí propus que recontássemos juntos esses contos já conhecidos
de alguns. O resultado foi surpreendente.
Começamos com o conto da Chapeuzinho Vermelho. Relembramos os
personagens que compunham a história, o cenário, eles resolveram ampliar os
personagens colocando flores e outros personagens, como bichos e pessoas.
Pegaram o baú do ateliê cheio de fantasias e puseram-se a experimentar e criar,
ficaram muito animados em apresentar um para o outro. No momento do conto pude
observar que possuíam boa referência temporal narrando as histórias respeitando a
ordem dos fatos ocorridos, contudo, apresentando um enorme potencial criativo.
Na versão contada por eles, o lobo mal chegava de cavalo, Chapeuzinho
tinha uma melhor amiga e os bichinhos da floresta se reuniam ao caçador para
salvá-la. Após contação com o livro, eles decidiram contar na área verde que tem na
escola, pois segundo eles se parecia com a floresta, porém choveu e eles mesmos
decidiram fazer no quiosque cultural da escola.
Durante a contação, demonstraram também a preocupação com a paz e com
o comportamento de alguns personagens, já fruto de um trabalho anterior da escola,
25
onde trabalharam durante todo ano o tema: A paz em mim e no outro, o mundo que
quero ter, refletindo aspectos da violência e trazendo amor como principal
ferramenta de combate. No diálogo entre duas crianças, Laís e Filipe pudemos
observar essa referência. Ela pensa numa estratégia para unir todos e ele faz uma
relação entre o lobo que é mal e um colega com comportamento agressivo.
Laís: As pessoas têm que buscar a paz. No final da história todos tem que
sentar e tomar um chazinho com o lobo para ficar feliz e viver em paz.
Filipe comentou: Carlos é l igual ao lobo mal porque bate e empurra os
colegas.
Foto1- turma 5, Chapeuzinho vermelho
Arquivo pessoal
Foto 2 – Turma 5, Chapeuzinho vermelho
Arquivo pessoal
26
Um outro momento relevante foi o conto, reconto com fantoches. Após
experiência vivenciada na Oficina de Alimentação, onde aprenderam mais sobre os
alimentos que comem e que fazem bem à saúde, os levei para a garagem da escola
onde tem parte do material do Projeto Paralapracá, um Projeto de cunho nacional de
incentivo à leitura que faz uso de livros, fantoches, instrumentos musicais e
fantasias, a fim de possibilitar à criança liberdade para criar e o prazer em ouvir e
contar histórias.
Durante a contação também foi possível perceber que as crianças faziam.
interferências e relação ao cotidiano Segundo a Referencial Curricular da Educação
Infantil (1998, vol.1, p.143) “A leitura de histórias é um instrumento em que a criança
pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e
comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o
seu”. Através dessa leitura e nos diálogos com as crianças Ana, Amanda e Larah,
que falavam sobre seus gostos e conhecimentos acerca das consequências de
comer determinados alimentos, conforme abaixo descrito:
Ana comentou: Pró, Maria gosta de comer chocolate como eu, ela pode ficar
com dente estragado se não escovar ou com a barriga doendo.
Amanda respondeu: João (da história) disse que temos que comer frutas,
maçã, laranja, e verduras, cenoura, batatinha, mas ele não gostava de comer
cenoura. Eu gosto!
Larah: Pró eu posso comer um pouquinho de cada? RSRRSRS
Foto 3 – Fantoches, grupo 5. Alimentação saudável.
Arquivo pessoal
27
Aproveitando o ateliê de música, reuni com as crianças para construirmos
uma história espontânea, baseada nos sons dos instrumentos que fossem ouvindo.
Segundo o que ficou combinado, a cada novo instrumento deveria acontecer algo na
história ou entrar algum personagem. Impressionante o potencial criativo dessa
turminha! A cada nova oportunidade de contar de forma diferente eles se envolvem
e demonstram grande satisfação.
Abri o tapete e espalhei os instrumentos de som. Eles têm uma vez por
semana aula de música e já têm familiaridade com cada instrumento, reconhecem
seus sons, então comecei cantando a música da história com a frase era uma vez e
toquei o som do chocalho. Amanda continuou: a chuva caiu do céu e veio um
menino cantando.
Peguei o violão e dei um só toque nas cordas. As crianças cantaram:
“borboletinha tá na cozinha...” Toquei o instrumento com o som da casca de coco,
neste momento:
Filipe comentou: apareceu um cavalo e correu atrás da borboleta pró e
foram dançar. Imediatamente os colegas levantaram cada um pegou um instrumento
e se puseram a cantar, tocar e dançar. O trabalho com música no conto e reconto
permite sensibilidade à criação, o movimento, o tocar e ouvir os sons produz
sensações que permitem à criança associar o que ouve às memórias, aos seus
desejos e medos, transformando o momento da contação numa hora mágica, de
beleza e alegria.
Foto 4 – História com instrumentos musicais, grupo 5
Arquivo pessoal
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Foto 5 – História com instrumentos musicais, grupo 5
Arquivo pessoal
Faz-se necessário frisar que a autorização dos pais para publicação destas
fotos, encontra-se nos arquivos dos alunos retidos na escola Infantil APITO, e
disponível para apresentação quando necessário, cópia dos originais deste
documento disposto no apêndice.
5 CAMINHANDO NA ANÁLISE DOS DADOS
O que se pretende é analisar as observações com relação à consciência
critica da criança na Educação Infantil desenvolvida a partir do uso da literatura. A
pesquisa me fez percebera necessidade de atenção ao protagonista (as crianças) no
ato do conhecimento, mas também uma reflexão sobre os comentários realizados
pelas crianças e familiares. Portanto, para que chegasse a esse detalhamento da
metodologia realizada, ressalto que as crianças ao vivenciaram momentos na
biblioteca, espaço de incentivo a leitura que desenvolveu o seu senso critico, as
crianças e os contos e a relação das crianças com a contação e dramatização.
A esse respeito, percebi que o olhar da professora se constrói a partir da
motivação em entender que a literatura infantil traz suporte para criança um sujeito
que desperta para o mundo e para vida, que desvenda e compreende tudo, que
estimula a curiosidade dando motivação para seu crescimento intelectual e social.
29
Portanto, entendi que a vivência das crianças com os contos literários,
favorece a riqueza de suas ações e soluções de problemas, ampliando sua
capacidade imaginária nessa dimensão que a literatura proporciona.
5.1 AS CRIANÇAS E OS CONTOS
De certo modo, observei que a maioria das crianças mostrou interesse pelas
histórias de conto de fadas e, em sua maioria, faziam relação com a sua realidade
trazendo na contação da história de Chapeuzinho Vermelho dentre outras que lhe
foram proporcionados. Aliada à perspectiva de cunho pedagógico foi registrado falas
com relação à harmonia com a capacidade de pensar sobre o que a história traz,
principalmente, o desenvolvimento de postura investigativa e crítica ao que lhe foi
contada. Não posso deixar de falar das perguntas e respostas que as crianças
trouxeram:
Filipe diz: o lobo mal é ruim e tem pessoas ruins igual a ele.
Laís fala: devemos ser elegante e não fazer o que o lobo fez com a vovó.
Comparações também sugiram com o lobo mau da história de Chapeuzinho
com a dos Três Porquinhos, salientando no expressar da paz entre os personagens
e o seu cotidiano. Segundo Gregorin Filho ao afirmar que:
Forma-se um leitor a partir das relações que ele consegue estabelecer por
meio do diálogo de uma obra com outras, do mesmo tempo ou tempo diferentes; da
obra literária com outros gêneros discursivos. (GREGORIN FILHO, 2009, P. 68)
O propósito dessa parte é enriquecer a avaliação de uma obra literária em
que as histórias e os contos de fadas ajudam as crianças a lidar com situações
inquietantes sendo fontes de aprendizagem.
5.2 A RELAÇÃO DAS CRIANÇAS COM A CONTAÇÃO E DRAMATIZAÇÃO.
Durante as observações feitas com o olhar investigativo e sensível ao tema
abordado nessa pesquisa, as crianças me fizeram validar como a leitura inserida
30
com a arte, transforma as pessoas, auxilia a capacidade de refletir as suas
inquietações. As crianças não concordavam com determinado aspecto das histórias
contadas logo fazendo sua análise do que é correto ou não transmitido na
apresentação da dramatização. No dizer de Freire (1996, p.128): (...) “fala com ele
como sujeito da escuta de sua fala crítica e não como objeto de seu discurso”,
levando em considerações a perspectiva da criança e os saberes experimentados e
ampliados para atingir as suas competências essenciais.
Outra boa contribuição é a relação que as crianças fizeram com o conto lido e
dramatizado surgindo outro final para seu enredo em que compreende de maneira
critica as ações de cada personagem, mostrando-se capazes de modificar o final da
história ou da dramatização de acordo com o vivenciado no seu lar.
Com isso as crianças demonstraram autonomia na organização da
dramatização da história de Chapeuzinho Vermelho dentre outras que foram
desenvolvidas durante a ação desta pesquisa. Foi relevante o interesse por fazer
um cenário para a encenação da história sendo socializado entre eles mesmos
quem seria cada personagem, a seleção das roupas que ficam expostas no ateliê de
fantasia que foram separadas pelas crianças para caracterizar personagem e a
preparação do ator que compôs a paisagem da história encenada demonstrando
sempre entusiasmo, alegria, compromisso satisfação principalmente autonomia
durante toda a produção organizada para os grupos de crianças de 3 a 4 anos.
Entre esses elementos a apresentação foi validada pelos artistas mirins à
platéia o seu sentimento e a sua consciência crítica sobre a importância de que
todos busquem a paz na escola e na família
Dessa maneira e diante de tanto aprendizado e a necessidade de dar
continuidade a uma formação adequada para com o trabalho com a leitura e a
literatura na escola Infantil APITO percebo que tenho o papel de dar continuidade a
esse projeto para proporcionar a criança uma interação com o conto e reconto e que
tem a capacidade de descobrir que a literatura é veiculada aos valores morais que
ainda necessitam que sejam desenvolvidos na escola para outros grupos Essa
valorização com a relação à existência entre a história e a cultura no entendimento
desse diálogo promove uma integração no momento da leitura, sendo capaz de
estimular as emoções e o imaginário da criança.
31
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo demonstrou a relevância do conto e reconto para a Educação
Infantil, pois contribuiu de diversas maneiras na educação das crianças, aguçando a
imaginação, criatividade, e o prazer por ler e contar histórias. Através das
experiências práticas de contação de histórias, utilizando recursos como fantoches,
fantasias, instrumentos musicais e outros, foi possível apresentar às crianças as
histórias já conhecidas numa abordagem muito mais atraente, favorecendo a
interação entre as crianças e a valorização dos saberes do outro.
A escola, nesse contexto, aparece como um lugar de possibilidades, onde a
criança, desde seus primeiros anos tem liberdade para aprender e ressignificar seus
conhecimentos a partir de vivências, expressando-se com as mais diversas
linguagens, sendo o professor o agente que irá assegurar essas práticas,
transformando toda vivência em conhecimento formal, sem perder a leveza e beleza
próprias do universo infantil.
Contar histórias para crianças é abrir portas para um mundo com infinitas
possibilidades, é criar caminhos para compreender a realidade à qual pertence,
refletindo possibilidades de transformá-la. Por meio do conto e reconto a criança
aprende a lidar com sentimentos e emoções, alegria, tristeza, medo, paz, consegue
também se projetar no outro, sendo tudo aquilo que desejar ser.
Assim, este estudo serviu ao objetivo proposto, compreendendo que a
literatura infantil, por meio do conto e reconto, contribui para a formação crítica da
criança como sujeito biopsicossocial, contribuindo significativamente para seu amplo
desenvolvimento, uma vez que auxilia também para construção de valores e
saberes acerca de si e do outro, caracterizando-se como recurso indispensável de
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
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Paulo – SP, Scipione, 1979.
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MARIA, Luzia de. Leitura e colheita: livros, leitura e formação de leitores.
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ZILBERMAM, Regina. Literatura Infantil na Escola. São Paulo: Global, 2003.
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2002. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/rubem-alves-so-
aprende-quem-tem-fome-791925.shtml. Acesso em 15/05/2016.
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APÊNDICES
Foto1- turma 5, Chapeuzinho vermelho
Arquivo pessoal
Foto 2 – Turma 5, Chapeuzinho vermelho
Arquivo pessoal
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Foto 3 – Fantoches, grupo 5. Alimentação saudável.
Arquivo pessoal
Foto 4 – História com instrumentos musicais, grupo 5
Arquivo pessoal