universidade federal da bahia instituto de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA
ELISA NUNES SANTOS DA SILVA
A SEDIMENTAÇÃO NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE CONDE (LITORAL NORTE DA BAHIA)
DESDE O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL: INTEGRAÇÃO DE DADOS SEDIMENTOLÓGICOS E GEOFÍSICOS
Salvador 2008
ELISA NUNES SANTOS DA SILVA
A SEDIMENTAÇÃO NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE CONDE (LITORAL NORTE DA BAHIA)
DESDE O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL: INTEGRAÇÃO DE DADOS SEDIMENTOLÓGICOS E GEOFÍSICOS
Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da Bahia. Orientador: Prof. José Maria Landim Dominguez
Salvador 2008
TERMO DE APROVAÇÃO
ELISA NUNES SANTOS DA SILVA
Salvador, 29 de agosto de 2008
A SEDIMENTAÇÃO NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE CONDE (LITORAL NORTE DA BAHIA)
DESDE O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL: INTEGRAÇÃO DE DADOS SEDIMENTOLÓGICOS E GEOFÍSICOS
Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte
banca examinadora:
_____________________________________________________________ José Maria Landim Dominguez - Orientador Livre Docente e Dr. em Geologia e Geofísica Marinha pela Universidade de Miami UFBA _____________________________________________________________ Cícero da Paixão Pereira Geólogo Pesquisador do Convênio ANP-UFBA _____________________________________________________________ Osmário Rezende Leite Livre Docente e Dr. em Tectônica de Oceanos pela Université Pierre et Marie Curie – Paris VI UFBA
i
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Julival e Graça, pelo bom exemplo que são em minha vida. Aos
meus irmãos Ana Paula, Luciano, Alice e Julio, por me auxiliar ser uma pessoa
melhor. Aos meus padrinhos, Wellington e Milu, por estarem sempre presentes. À
André, pelo companheirismo, carinho e compreensão.
Ao meu orientador, Landim, pela confiança, apoio e incentivo.
Ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica (Pibic).
Aos membros da banca examinadora: Geólogo Cícero da Paixão Pereira e Prof. Dr.
Osmário Rezende Leite.
À Profa. Angela, minha eterna gratidão.
À Mércia, pelo auxílio e torcida.
À César Uchoa (Cesinha!), pelo bendito dia que ele me disse que é geólogo e pelas
inesquecíveis viagens à Chapada Diamantina.
À Heli Sampaio, pela minha primeira aula de geologia e pelos meses que estagiei no
Museu Geológico.
Aos professores Osmário e Paulo Avanzo, por me apresentarem o maravilhoso
mundo da Geologia.
Aos professores Telésforo, Flávio, Marcos, Ruy Kikuchi, Luiz Rogério, Olívia,
Joaquim Xavier, Joil, Johildo, Simone, Haroldo Sá, Tânia Araújo, Roberto Rosa,
Arno Brichta, Félix, Reginaldo, Castro, César, Mesquita, Débora Rios, Gisele,
Antônio Fernando, Marcelo Lima, Godofredo e Maria José.
Aos meus colegas e ex-colegas do LEC: Esmeraldino, Marcus, Pedro, Alita, Júnia,
Renata, Lucas, Adeylan, Juliana, Lisandra, Geana, Carol Gaúcha, Ângela, Israel,
Soraia, Janaína, Raissa, Mauricio, Tais, Carol Vieira e Leonardo.
À Profa. Dária, pela amizade.
ii
A todos os meus colegas de graduação, em especial: Fernandinha, Rafael Santana,
Carlos Victor, Antônia, Daniel, Nívia, Cleiton, Thiene, Bruno Ribeiro, Jailma, Patrícia,
Ana Luiza, Carlito, Eraldo, Jofre, Gilcimar, Portugal, Andreza, Zilda, Edu, André
(Caribes), Lucas (Tranqüilo), Lisálvaro, Marcel, Priscila Martins, Mônica, Lusandra,
Wilson, Guilherme Barbosa, Guiga, Dudu, Judiron, Danilo, Adelino, Aninha, Amanda,
Eldes, Rodrigo e Ádila.
Aos meus amigos, parentes... Enfim, a todos que colaboraram e/ou vem
colaborando, de alguma forma, para meu crescimento como pessoa e
profissionalmente.
iv
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar a sedimentação
na plataforma continental do município de Conde (Litoral Norte da Bahia) desde o
Último Máximo Glacial (16.000-20.000 anos AP), a partir da integração de dados
sedimentológicos e geofísicos (sonar de varredura lateral e perfilador de sub-fundo).
Com esta finalidade, foram confeccionados o mapa de isópacas dos sedimentos
holocênicos e os mapas de fácies texturais e de composição dos sedimentos
superficiais de fundo. Estes dados foram integrados a batimetria, sendo também
traçada a evolução da inundação da plataforma continental do município de Conde e
calculada as taxas de sedimentação.
As áreas de maior acúmulo de sedimentos correspondem à feição
denominada vale inciso do rio Itapicuru e aos paleocanais existentes na área, onde
foi possível perceber a geometria dos seus depósitos no mapa de isópacas. Os
sedimentos superficiais da plataforma continental do município de Conde são
predominantemente arenosos e cascalhosos, sendo encontrada lama apenas em
frente à desembocadura do rio Itapicuru e em depressões presente na plataforma
em frente aos rios Itariri e Itapicuru. São predominantemente bioclásticos, com altos
teores de alga coralina. Sua inundação após o Último Máximo Glacial (16.000 –
20.000 anos AP) teve início em 11.300 anos AP, sendo completamente afogada em
7.500 anos AP. As maiores taxas de sedimentação foram atribuídas ao vale do rio
Itapicuru e aos paleocanais.
Para o melhor detalhamento do estudo da sedimentação holocênica na
plataforma continental do município de Conde, recomenda-se a coleta de
testemunhos, a fim de se estudar a evolução estratigráfica da área. Para um
aprofundamento no estudo do Vale Inciso do Rio Itapicuru, é necessário o
mapeamento de sua porção continental, com a realização de furos de sondagem.
Assim, poderá ser feita a integração da evolução quaternária da zona costeira e
plataforma continental adjacente.
Palavras-chave: Plataforma Continental; Município de Conde; Sedimentação
Holocênica; Sonar de Varredura Lateral; Perfilador de Sub-fundo; Vale Inciso do Rio
Itapicuru.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................vii LISTA DE TABELAS ..................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
1.1 A PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA ...........................................1
1.2 TRABALHOS ANTERIORES NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO ESTADO DA BAHIA...................................................................................................4
2 OBJETIVOS.........................................................................................................6
2.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................................6
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................6
3 ÁREA DE ESTUDO .............................................................................................7
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ..............................................................................7
4 METODOLOGIA ..................................................................................................8
4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS PRETÉRITOS ................................................8
4.2 LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS E SEDIMENTOLÓGICOS ........................8
4.3 DETERMINAÇÃO DO EMBASAMENTO ACÚSTICO E CONFECÇÃO DO MAPA DE ISÓPACAS ................................................................................................9
4.4 CONFECÇÃO DOS MAPAS DE FÁCIES SEDIMENTARES ........................10
4.5 INTEGRAÇÃO DE DADOS EM SIG E RECONSTITUIÇÃO DA HISTÓRIA DA INUNDAÇÃO ............................................................................................................12
4.6 CÁLCULO DAS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO ............................................12
5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................13
5.1 HIDROGRAFIA ..............................................................................................13
5.2 CLIMA ............................................................................................................14
5.3 GEOLOGIA ....................................................................................................14 5.3.1 Geologia da Porção Emersa .......................................................................15
5.3.1.1 Domínio Pré-Cambriano ......................................................................15 5.3.1.2 Domínio Terciário.................................................................................15 5.3.1.3 Domínio Quaternário............................................................................16
vi
5.3.1.3.1 Leques Aluviais Pleistocênicos ........................................................17 5.3.1.3.2 Dunas...............................................................................................18 5.3.1.3.3 Terras Úmidas..................................................................................18 5.3.1.3.4 Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos ............................19 5.3.1.3.5 Depósitos Litorâneos Atuais.............................................................19 5.3.1.3.6 Arenitos de Praia..............................................................................19
5.3.2 Geologia da Porção Submersa ...................................................................20
5.4 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS ................................................................22 5.4.1 Marés ..........................................................................................................22 5.4.2 Ondas .........................................................................................................22 5.4.3 Deriva Litorânea..........................................................................................23 5.4.4 Correntes na Plataforma .............................................................................24
6 AS VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR DURANTE O QUATERNÁRIO.............25
6.1 O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL .....................................................................25
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................27
7.1 MORFOLOGIA DA PLATAFORMA CONTINENTAL ....................................27
7.2 ESPESSURA DO DEPÓSITO HOLOCÊNICO ..............................................29
7.3 DISTRIBUIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS .....32
7.4 HISTÓRIA DA INUNDAÇÃO DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE CONDE ...........................................................................................40
7.5 TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO .......................................................................49
8 CONCLUSÕES..................................................................................................51
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................53
vii
LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Localização da área de estudo. ................................................................7 Figura 02 – Perfis levantados com o perfilador de sub-fundo. ....................................9 Figura 03 – Linhas levantadas com o sonar de varredura lateral. Mosaico dos registros do sonar de varredura lateral confeccionado utilizando-se o aplicativo SonarWiz.MAP® (Chesapeake Technology Inc.)......................................................10 Figura 04 – Diagrama triangular para a nomenclatura de sedimentos baseada na granulometria, modificado de Folk (1974). ................................................................11 Figura 05 - Mapa da Geologia-Geomorfologia simplificado do município de Conde (ESQUIVEL, 2006). ...................................................................................................16 Figura 06 - Carta estratigráfica da bacia sedimentar do Jacuípe (Fonte: Bizzi et al. 2003). ........................................................................................................................21 Figura 07 - Seção da Bacia Sedimentar do Jacuípe (Fonte: Bizzi et al. 2003). ........22 Figura 08 – Sentidos da deriva litorânea efetiva de sedimentos no Litoral Norte do Estado da Bahia (modificado de LIVRAMENTO, 2008). Notar que na área de estudo a deriva litorânea apresenta sentido SW-NE.............................................................23 Figura 09 – Curvas de variação do nível do mar para Barbados a partir do Último Máximo Glacial (20.000 a 16.000 anos AP), baseada na datação por 14C e 230Th/234U de exemplares de A. palmata (FAIRBANKS, 1990). .................................................26 Figura 10 - Mapa Batimétrico da Plataforma Continental do Município de Conde. Nota-se a quebra da plataforma na isóbata de 45 m. ...............................................27 Figura 11 – Trechos do perfil 9 do perfilador de sub-fundo. a) Ravina encontrada na reentrância das isóbatas em frente ao rio Itariri; b) Antiga desembocadura do rio Itapicuru e ravina, encontradas na reentrância das isóbatas em frente ao rio Itapicuru. ...................................................................................................................28 Figura 12 – Mapa de Isópacas dos Sedimentos Holocênicos Depositados na Plataforma Continental do Município de Conde. .......................................................29 Figura 13 – Interpretação da paleodrenagem e delimitação da porção marinha do Vale Inciso do Rio Itapicuru.......................................................................................30 Figura 14 – Detalhe do perfil 7 mostrando três paleocalhas fluviais. A linha vermelha representa o embasamento acústico; a seqüência 1 é a seqüência pleistocênica e a seqüência 2 é a seqüência holocênica......................................................................31 Figura 15 - Mapa de fácies dos sedimentos superficiais da plataforma continental do município de Conde, baseado na classificação textural de sedimentos de Folk
viii
(1974). Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa...................................................................................................................................33 Figura 16 – Registros do sonar de varredura lateral da plataforma continental do município de Conde. A) Fácies Ca - Coeficiente de reflexão alto e marcas de ondulação de granulação grossa com comprimento de onda de 1,5 m. B) Fácies Ca – Textura rugosa interpretada como afloramento rochoso. C) Fácies Ac – Coeficiente de reflexão médio, textura rugosa e marcas de ondulação. D) Fácies Alc – Coeficiente de reflexão médio a baixo, mostrando um bolsão de textura lisa e baixo coeficiente de reflexão, interpretado como lama, além de textura rugosa. E) Fácies Cla – Coeficiente de reflexão alto, textura lisa e bolsão de coeficiente de reflexão baixo. F) Fácies A(c) – Coeficiente de reflexão médio e textura lisa........................35 Figura 17 - Composição do sedimento baseada em Larsonneur (1977 apud ALBINO, 1999) integrada às fácies texturais do sedimento superficial de fundo do município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa.............................................................................................................36 Figura 18 – Teores de alga coralina nos sedimentos superficiais da plataforma continental do município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa. .........................................................................37 Figura 19 – Teor de carapaças de foraminíferos no sedimento superficial da plataforma continental do município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa. ..........................................................38 Figura 20 – Teor de moluscos bivalvos nos sedimentos superficiais da plataforma continental do município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa. .........................................................................39 Figura 21 – Paleogeografia da plataforma continental e porção superior do talude continental do município de Conde durante o Último Máximo Glacial. O paleorelevo foi determinado a partir da subtração da espessura dos sedimentos holocênicos da batimetria atual da plataforma. ..................................................................................41 Figura 22 - Paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em 11.300 anos AP. Nível do mar situado 50m abaixo do atual. ....................................42
ix
Figura 23 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 11.000 anos AP, quando o nível do mar estava situado 45m abaixo do atual. .........................................................................................................................43 Figura 24 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 10.700 anos AP, quando o nível do mar encontrava-se 40m abaixo do atual. .........................................................................................................................44 Figura 25 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 10.000 anos AP, com o nível do mar posicionado 35m abaixo do atual...................................................................................................................................45 Figura 26 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 9.500 anos AP, com o nível do mar situado 30m abaixo do atual. .....46 Figura 27 – Paleobatimetria e paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em 9.000 anos AP. Nível do mar 25m abaixo do atual. ............................47 Figura 28 – Paleobatimetria e paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em 8.400 anos AP. Nível do mar 20m abaixo do atual. ............................48 Figura 29 – Paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 7.500 anos AP. Nível do mar próximo ao atual. ........................................................49 Figura 30 – Taxas de sedimentação durante o Holoceno na plataforma continental do município de Conde. ............................................................................................50
x
LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Esquema de classificação de sedimentos superficiais, modificado de Larsonneur (1977, apud ALBINO, 1999). ..................................................................11
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 A PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA A plataforma continental é a porção submersa dos continentes, a qual
apresenta normalmente gradientes suaves (inferiores a 1:1000), sendo limitada
internamente pela linha de costa e externamente pela região de aumento substancial
do gradiente topográfico, chamada de quebra da plataforma continental (BAPTISTA
NETO E SILVA, 2004).
Pela definição de Friedman et al. (1992 apud FREIRE, 2006), a plataforma
continental representa uma feição fisiográfica que bordeja uma massa continental de
um lado e uma bacia de águas profundas do outro. As águas que a recobrem estão
sujeitas às marés astronômicas, e as propriedades da coluna d’água podem variar
em função da interação ar-água.
Ainda existem poucos estudos sobre a plataforma continental brasileira,
sendo o mais extensivo o Projeto Remac (Reconhecimento Global da Margem
Continental Brasileira), iniciado em abril 1972 e concluído em 1975. Este projeto
incluiu estudos geológicos, morfológicos e geofísicos marinhos, os quais resultaram
em uma coletânea de 11 volumes, denominada Série Projeto REMAC (Petrobrás,
DNPM, CPRM, DHN, CNPq).
No âmbito do Projeto REMAC, Francisconi et al. (1974) caracterizaram a
geologia costeira e sedimentos da plataforma continental brasileira. Neste estudo, os
autores buscaram definir as possíveis relações existentes entre os sedimentos de
fundo da plataforma e a geologia costeira contígua. Milliman e Amaral (1974)
avaliaram o potencial econômico dos sedimentos da margem continental brasileira,
2
destacando as areias e os cascalhos (siliciclásticos ou bioclásticos) como os mais
importantes depósitos econômicos. França et al. (1976) caracterizaram os
sedimentos superficiais da margem continental nordeste brasileira, onde foram
discutidas a mineralogia, a química e a composição dos sedimentos, definindo essa
área como uma das poucas áreas do mundo onde uma plataforma aberta e estável
se apresenta quase completamente coberta por carbonatos biogênicos. Damuth e
Hayes (1977) relacionaram os padrões de “echo character” da margem continental
leste brasileira com os processos sedimentares.
O Programa de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC)
teve sua fase de aquisição de dados iniciada em junho de 1987 e concluída em
novembro de 1996. Este programa foi realizado pelo governo brasileiro, sob a
coordenação da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), tendo
como propósito o estabelecimento do limite exterior da plataforma continental
brasileira no seu enfoque jurídico, conforme os critérios estabelecidos no Art. 76 da
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). Os limites da
plataforma jurídica deverão ser estendidos além das 200 milhas, na qual o Brasil
exercerá direitos de soberania para a exploração e o aproveitamento dos recursos
naturais do leito e subsolo marinho. Este programa acumulou um grande acervo de
dados geofísicos importantes para o conhecimento da estrutura da margem
continental brasileira.
Outros trabalhos sobre a plataforma continental brasileira são apresentados
como capítulos de livros, os quais a caracterizam de uma maneira geral, sem
apresentar maiores detalhes, tais como os trabalhos publicados por Petri e Fúlfaro
(1983) e Palma (1984).
Petri e Fúlfaro (1983) tratam das feições geomórficas e da sedimentação
quaternária na plataforma continental brasileira. Eles subdividiram a cobertura
sedimentar quaternária da plataforma continental brasileira em três regiões
geográficas: região norte, região nordeste-leste e região sul. Esses autores
caracterizaram a plataforma continental na região nordeste-leste, entre a foz do rio
Parnaíba e Vitória, como de predominância de fácies carbonáticas. Inferiram ainda
que parte da cobertura carbonática inconsolidada seria produto de retrabalhamento
de edifícios recifais de idades mais antigas, onde os paleocanais sobre os recifes
3
atestam fases de emersão ligadas às glaciações quaternárias. As fácies terrígenas
são mais desenvolvidas ao largo do Ceará e da foz dos rios mais importantes da
região (São Francisco, Mucuri, São Mateus e Doce).
Palma (1984) apresenta um resumo da fisiografia da área oceânica,
caracterizando as feições presentes na margem continental brasileira. Segundo este
autor, as maiores larguras da plataforma continental brasileira correspondem à parte
fronteira ao golfão Amazônico (350 km), à região de Abrolhos (246 km) e ao setor
Sudeste-Sul, onde atinge cerca de 200 km, em frente de Santos-Cananéia. Já as
menores larguras são atribuídas à plataforma nordeste e leste, com um mínimo de 8
km em frente a Salvador. O limite externo ou quebra da plataforma situa-se a
profundidades entre 75-80 m no setor Norte; 40-80 m no Nordeste-Leste; 100-160 m
no Sudeste-Sul.
Ainda de acordo com o mesmo autor, as características de largura da
plataforma e de profundidade de sua borda refletem condições de deposição,
possivelmente associadas a diferentes comportamentos tectônicos em cada um
destes setores. No caso do setor Nordeste-Leste, a pequena largura da plataforma e
de sua borda mais rasa indicam que ali a progradação de sedimentos terrígenos
teve pouca influência em sua modelagem. Na sua seqüência sedimentar rasa
predominam os depósitos bioclásticos quaternários com crescimento local de
construções biogênicas, o que sugere restrições no aporte de sedimentos terrígenos
e possivelmente ausência de subsidência pelo menos em alguns trechos.
Finalmente têm sido realizados alguns trabalhos pontuais na plataforma
continental brasileira, geralmente associados a demandas das companhias de
petróleo. Essas companhias têm interesse tanto em estudos de subsuperfície (que
caracterizam as seqüências deposicionais rasas e profundas) como de superfície,
que são importantes informações para a instalação de dutos, jaquetas e outros
equipamentos.
Abreu e Calliari (2005) estudaram os paleocanais da plataforma continental
interna do Rio Grande do Sul (RS), utilizando o sistema acústico Sparker®. De
acordo com esses autores, esses paleocanais se desenvolveram sobre um ambiente
4
de planície costeira, anterior à transgressão ocorrida no final do Pleistoceno e início
do Holoceno.
Artusi e Figueiredo Jr. (2007) estudaram o pacote sedimentar e o
embasamento acústico da plataforma continental de Cabo Frio – Araruama – RJ, a
fim de compreender a sua história evolutiva. Para a aquisição dos dados sísmicos
de reflexão foram utilizados uma fonte, um banco de capacitores e um gerador de
sinais da EG&G, um sparker com três eletrodos e uma enguia de hidrofones com
oito elementos.
Na região Nordeste do Brasil, Lima (2006) caracterizou geomorfologicamente
a plataforma continental adjacente a foz do rio Apodi, Município de Mossoró, Rio
Grande do Norte – Brasil, para melhor entendimento de sua evolução
paleogeográfica. Camargo et al. (2007) estudaram a morfologia da plataforma
continental interna adjacente ao Município de Tamandaré, sul de Pernambuco.
1.2 TRABALHOS ANTERIORES NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO ESTADO DA BAHIA
Na Bahia, existem alguns trabalhos na plataforma continental, tais como os
realizados por Freire (2006), Vieira (2007), Silva et al. (2007a), Silva et al. (2007b) e
Silva e Dominguez (2008). Freire (2006) estudou a seqüência holocênica da
plataforma continental central do Estado da Bahia – Costa do Cacau. Mapeou a
distribuição dos sedimentos superficiais e interpretou com base nos conceitos de
Estratigrafia de Seqüências as seqüências deposicionais holocênicas através de
linhas sísmicas obtidas com um perfilador de sub-fundo. Vieira (2007) caracterizou
os sedimentos de fundo da plataforma continental, entre as localidades de Serra
Grande e Olivença, porção central do Estado da Bahia. A autora também avaliou o
potencial exploratório dos granulados marinhos na área de estudo.
Silva et al. (2007a), Silva et al. (2007b) e Silva e Dominguez (2008)
estudaram a plataforma continental em frente ao rio Almada, sul da Bahia, utilizando
registros obtidos com um perfilador de sub-fundo, onde Silva et al. (2007a)
caracterizaram a geometria do preenchimento do Canhão do Almada, produzindo
um mapa de isópacas da área. Silva et al. (2007b) utilizando os valores do
coeficiente de reflexão dos sedimentos de fundo, obtidos nos registros de
5
navegação do perfilador de sub-fundo, e integrando-os a mapas de teores de lama,
areia e cascalho, confeccionou um mapa de fácies sedimentares. Silva e Dominguez
(2008) caracterizaram as ocorrências de estruturas rasas de gás em sedimentos da
plataforma continental em frente ao rio Almada a partir de registros sísmicos de alta
freqüência.
A plataforma continental do Município de Conde foi estudada anteriormente
apenas por Netto (2002). Este autor analisou a morfologia e a sedimentologia desta
plataforma, caracterizando seus depósitos sedimentares, e dando ênfase aos
sedimentos carbonáticos de origem biogênica. Sua malha de amostragem foi
distribuída em seis perfis perpendiculares à linha de costa, dispostos entre os rios
Itariri e Itapicuru, se estendendo desde a zona de arrebentação até a quebra da
plataforma continental. Foram coletadas 88 amostras de sedimento superficial, com
média de 15 amostras por perfil, utilizando um busca fundo do tipo Van Veen com
capacidade para 5 litros. A batimetria foi obtida através de uma ecossonda, marca
SPIPPER 417, totalizando 83 km de registro em ecobatímetro.
O trabalho aqui realizado expande o trabalho realizado anteriormente por
Netto (2002), incorporando uma nova amostragem de sedimentos e dados
geofísicos (perfilador de sub-fundo e sonar de varredura lateral) para melhor
compreender a evolução da sedimentação quaternária nesta área.
6
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL Caracterizar a sedimentação na plataforma continental do Município de
Conde (Litoral Norte da Bahia) desde o Último Máximo Glacial (16.000-20.000 anos
AP), a partir da integração de dados sedimentológicos e geofísicos (sonar de
varredura lateral e perfilador de sub-fundo).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Determinação da espessura de sedimentos que se depositaram neste
trecho da plataforma continental desde a sua inundação durante o
Holoceno;
b) Elaboração de um mapa de fácies sedimentares a partir da integração das
amostras de sedimento superficial de fundo e dos registros com o sonar de
varredura lateral;
c) Integração dos dados sedimentares com a batimetria;
d) Integração dos dados obtidos com a história da subida do nível do mar
durante o Holoceno e a história de inundação da plataforma continental.
7
3 ÁREA DE ESTUDO
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A área de estudo (Fig. 01) está localizada no Litoral Norte do Estado da
Bahia, em frente aos rios Itapicuru e Itariri, Município de Conde, distando
aproximadamente 180 km de Salvador pela BA-099 (Linha Verde). Está limitada
geograficamente pelas seguintes coordenadas geográficas: 11º 38’ e 12º 05’ de
latitude sul e 37º 15’ e 37º 48’ de longitude oeste, abrangendo uma área de cerca de
980 km². Situa-se na Bacia Sedimentar do Jacuípe, onde a plataforma continental
apresenta em média 20 km de largura e sua quebra situa-se a 45 m de
profundidade.
Figura 01 - Localização da área de estudo.
8
4 METODOLOGIA
4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS PRETÉRITOS A primeira etapa consistiu no levantamento de trabalhos sobre o tema, tais
como os de García-Gil et al. (2000) e García-García et al. (2005), bem como dados
geológicos, hidrográficos, oceanográficos e climáticos da região de estudo.
4.2 LEVANTAMENTOS GEOFÍSICOS E SEDIMENTOLÓGICOS
Para a realização da caracterização da sedimentação holocênica da
plataforma continental do município de Conde, foram utilizados dados coletados no
âmbito do “Projeto Vales – Origem e Evolução dos Vales Incisos da Plataforma
Continental do Estado da Bahia – Estudo de Casos: Rio Itapicuru e Lagoa
Encantada”, durante os anos de 2006 e 2007. As amostras dos sedimentos
superficiais foram coletadas em abril de 2006, com um busca-fundo do tipo Van
Veen, totalizando 78 amostras. Estas amostras foram analisadas para composição e
textura (lama, areia e cascalho) no âmbito deste projeto. Neste mesmo período foi
levantada a batimetria utilizando-se uma ecossonda modelo GP-1650 (FURUNO),
também no âmbito do Projeto Vales. Em janeiro de 2007, realizou-se o levantamento
com o sonar de varredura lateral (modelo 272-TD, EdgeTech), operando na
freqüência de 100 kHz. Foram levantadas 12 linhas, totalizando 336 km. Também
foram levantados os perfis sísmicos de alta freqüência utilizando um perfilador de
sub-fundo (SB-216S, EdgeTech) operando na freqüência de 2 a 15 kHz. Foram
levantados 6 perfis: 4 paralelos a linha de costa e 2 perpendiculares (Fig. 02).
9
Figura 02 – Perfis levantados com o perfilador de sub-fundo.
4.3 DETERMINAÇÃO DO EMBASAMENTO ACÚSTICO E CONFECÇÃO DO MAPA DE ISÓPACAS
Para a determinação da espessura de sedimentos que se depositaram na
plataforma continental em frente ao rio Itapicuru desde a sua inundação durante o
Holoceno, foram utilizados os perfis sísmicos de alta freqüência, os quais foram
tratados utilizando o aplicativo SonarWiz.MAP® (Chesapeake Technology Inc.).
Neste aplicativo foi feita a interpretação dos perfis, tendo sido digitalizadas duas
superfícies: o fundo marinho e o embasamento acústico, isto é, o refletor mais
profundo. Considerou-se a embasamento acústico como representando o contato
entre o pacote sedimentar pleistocênico e o holocênico, tendo sido utilizado este
critério para cálculo da espessura do pacote sedimentar holocênico. Os dados
obtidos foram exportados para o aplicativo ArcMap 8 (ArcGIS - ESRI), onde foram
convertidos em arquivos de ponto do tipo “shapefile”. Os valores de espessura do
pacote sedimentar holocênico foram interpolados pelo método Inverso da Distância
(IDW – Inverse Distance Weighted) sendo confeccionado o Mapa de Isópacas dos
10
Sedimentos Holocênicos Depositados na Plataforma Continental do Município de
Conde.
4.4 CONFECÇÃO DOS MAPAS DE FÁCIES SEDIMENTARES O mapa de fácies sedimentares texturais foi confeccionado a partir da
integração dos dados de textura dos sedimentos superficiais e os dados do sonar de
varredura lateral. Os registros do sonar de varredura lateral foram tratados utilizando
também o aplicativo SonarWiz.MAP® (Chesapeake Technology Inc.), onde foi
confeccionado um mosaico com as 12 linhas levantadas (Fig. 03). Esse mosaico foi
exportado no formato “Geotiff” para utilização no ArcMap 8 (ArcGIS - ESRI), onde foi
integrado aos mapas de teores de lama, areia e cascalho. Os limites entre as fácies
sedimentares foram definidos utilizando-se os valores do diagrama triangular para a
nomenclatura de sedimentos baseada na granulometria, proposto por Folk (1974)
(Fig. 04).
Figura 03 – Linhas levantadas com o sonar de varredura lateral. Mosaico dos registros do sonar de
varredura lateral confeccionado utilizando-se o aplicativo SonarWiz.MAP® (Chesapeake Technology
Inc.).
11
Figura 04 – Diagrama triangular para a nomenclatura de sedimentos baseada na granulometria,
modificado de Folk (1974).
Os teores de sedimentos bioclásticos e litoclásticos foram utilizados para a
confecção do mapa de composição dos sedimentos superficiais baseado na
classificação de Larsonneur (1977, apud ALBINO, 1999), que está apresentada na
tabela 1. Considera-se litoclástos fragmentos de rochas e bioclástos, fragmentos de
organismos carbonáticos. Este mapa foi integrado ao mapa de fácies texturais.
Também foram integrados ao mapa de fácies texturais as curvas de iso-contorno
dos teores de alga coralina, foraminíferos e moluscos bivalvos.
TABELA 1 – Esquema de classificação de sedimentos superficiais, modificado de
Larsonneur (1977, apud ALBINO, 1999).
SEDIMENTOS
LITOCLÁSTICOS
SEDIMENTOS
LITOBIOCLÁSTICOS
SEDIMENTOS
BIOLITOCLÁSTICOS
SEDIMENTOS
BIOCLÁSTICOS
Carbonatos <30% 30 a 50% 50 a 75% >75%
12
Os mapas de fácies e de composição foram integrados a batimetria, afim de
caracterizar a distribuição da textura e da composição dos sedimentos superficiais
em função da profundidade.
4.5 INTEGRAÇÃO DE DADOS EM SIG E RECONSTITUIÇÃO DA HISTÓRIA DA INUNDAÇÃO
Todos os dados obtidos ao longo desse trabalho formam integrados em um
SIG. Posteriormente, utilizando uma álgebra de mapas, foi subtraído do mapa
batimétrico o mapa de isópacas, obtendo-se o mapa da paleobatimetria da
plataforma continental durante o Último Máximo Glacial. Integrando-se este mapa
com a curva de variação do nível do mar após o Último Máximo Glacial apresentada
em Fairbanks (1990), foi elaborada a história de inundação da plataforma continental
do município de Conde.
4.6 CÁLCULO DAS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO As taxas de sedimentação dos sedimentos holocênicos foi calculada
utilizando uma álgebra de mapas, sendo dividido o mapa de isópacas pelo mapa
paleobatimétrico com os valores da idade de inundação de cada porção da
plataforma ao invés da profundidade, confeccionando-se o mapa das taxas de
sedimentação durante o Holoceno na plataforma continental do município de Conde.
13
5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
5.1 HIDROGRAFIA Os rios Itapicuru e Itariri são rios que desembocam na área de estudo, sendo
suas principais fontes de sedimentos continentais. A bacia hidrográfica do Itapicuru
possui 36.440 km², com vazão média de 30m3/s (SRH, 1995). O rio Itapicuru é
formado a jusante de Queimadas, após a confluência dos rios Itapicuru-Mirim e Açu,
os quais têm origem nas escarpas das serras do Tombador e Jacobina
respectivamente (STAMFORD et al., 1983). Essas serras são compostas por
metassedimentos, principalmente por metarenito e quartzito. Ainda de acordo com
esses autores, o médio curso dessa bacia caracteriza-se pela predominância de
litologias impermeáveis (gnaisses e migmatitos do Complexo Caraíba-Paramirim) e
de um relevo plano a suave ondulado, em cotas variando de 300 a 500 m. O baixo
curso do rio Itapicuru compreende as rochas sedimentares da Bacia Sedimentar de
Tucano e os depósitos tércio-quaternários costeiros, que são importantes
fornecedores de sedimentos para este rio. Grande parte da bacia do rio Itapicuru
encontra-se em regiões semi-áridas, de temperaturas maiores que 25º C e
pluviosidade inferior a 800 m (SRH, 1995).
A bacia hidrográfica do rio Itariri apresenta uma área de 1000 km² e baixas
vazões. Seu principal efluente é o Rio Mocambo e sua foz está situada na localidade
de Barra do Itariri, pertencente ao município de Conde. O regime hidrológico do rio
Itariri vem sendo modificado, devido à retirada das dunas móveis de sua
desembocadura pela intensificação da ocupação humana, com construções na
areia, havendo também a retirada de um trecho dos arenitos de praia para facilitar a
entrada de barcos no estuário (VASCONCELOS et al., 2003). Apresenta nascente
14
nos terrenos sedimentares da Bacia do Recôncavo, atravessando as litologias pré-
cambrianas, terciárias e as coberturas recentes quaternárias.
5.2 CLIMA O clima da zona costeira nordeste do Estado da Bahia pode ser caracterizado
como quente e úmido, de homogeneidade relativa, apresentando médias térmicas
elevadas e altos índices pluviométricos, distribuídos de forma regular ao longo do
ano (ESQUIVEL, 2006). Ainda segundo o mesmo autor, essas características
refletem a sua posição geográfica, entre as latitudes 11º e 12º, encontrando-se
dentro da zona intertropical, a qual lhe confere altos índices de radiação e por estar
na faixa litorânea oriental do Atlântico Sul, que é acompanhada por uma corrente
marítima quente que favorece a instabilidade atmosférica e altas taxas de
pluviosidade anual.
As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano e os índices pluviométricos
anuais variam espacialmente no sentido Sul-Norte de cerca de 2.000 mm, na região
de Salvador, a menos de 1.200 mm, na divisa com Sergipe. Seus maiores valores
são verificados entre os meses de março e agosto (outono – inverno) devido a uma
maior atuação dos sistemas frontais de origem subantártica neste período. Na região
litorânea de Conde as médias pluviométricas anuais variam entre 1.700 mm e 1.500
mm.
De acordo com Lyrio (1996), o município do Conde apresenta variações
mensais e anuais de temperatura de 23 a 25°C, com amplitudes térmicas entre 3 e
6°C. Os valores de insolação são normalmente superiores a 2000 horas anuais e os
índices de umidade relativa do ar são superiores a 70%.
5.3 GEOLOGIA O Estado da Bahia encontra-se quase totalmente situado sobre o Cráton do
São Francisco e, em parte sobre o bordo de algumas faixas de dobramentos do ciclo
geocronológico Brasiliano (500 – 700 Ma AP) (MARTIN et al., 1980). Durante o
Neojurássico foi instalada no Cráton do São Francisco-Congo uma grande
depressão conhecida como “Depressão Afro-Brasileira”. Essa depressão evoluiu
para um sistema rifte, no qual desenvolveu-se uma junção tríplice que gerou o
15
aulacógeno da Bacia do Recôncavo-Tucano-Jatobá e prosseguiu sua ruptura
separando a América do Sul da África, formando o Oceano Atlântico (MOHRIAK,
2003).
5.3.1 Geologia da Porção Emersa O trabalho mais recente sobre a geologia da porção emersa do município de
Conde foi realizado por Esquivel (2006), onde foi produzido um mapa simplificado da
geologia-geomorfologia (Fig. 5). Dos quatro domínios geocronológicos encontrados
no Litoral Norte do Estado da Bahia, apresentados por Martin et al. (1980), apenas
do domínio Juro-Cretácico não foi mapeado por Esquivel (2006), sendo então
apresentados os domínios Pré-Cambriano, Terciário e Quaternário.
5.3.1.1 Domínio Pré-Cambriano O domínio Pré-Cambriano é representado pelo embasamento cristalino,
constituído por rochas metamórficas do tipo granulíticas-gnáissicas de alto grau de
metamorfismo (predominantemente fácies granulito) do Cinturão Salvador-
Esplanada (BARBOSA e DOMINGUEZ, 1996). Consiste de um segmento crustal
estruturado na direção NE-SW, limitado por zonas de cisalhamento transcorrentes
sinistrais (SILVA et al. 2002).
5.3.1.2 Domínio Terciário O Domínio Terciário é representado pela Formação Barreiras, que é
conhecido também morfologicamente como Tabuleiros Costeiros. Encontra-se
dissecado por vales de fundo chato em forma de “U”, ocupados por zonas úmidas e
separados por interflúvios planos. A Formação Barreiras é constituída por
sedimentos arenoso-argilosos.
Segundo Martin et al. (1980), antes da deposição da Formação Barreiras, o
clima deveria ter sido quente e úmido durante um longo período, ocasionando a
formação de um manto de alteração. Após este período, o clima tornou-se mais
seco, diminuindo a cobertura vegetal e dando lugar à erosão do manto de alteração,
depositando essa formação aos sopés das encostas sob forma de cones aluviais
coalescentes, de grande extensão.
16
Figura 05 - Mapa da Geologia-Geomorfologia simplificado do município de Conde (ESQUIVEL, 2006).
5.3.1.3 Domínio Quaternário O Quaternário foi um período marcado por grandes variações climáticas e do
nível dos oceanos. Esses eventos resultaram na formação de depósitos
sedimentares ao longo da costa do Estado da Bahia, que podem ser englobados em
dois grandes tipos: depósitos marinhos, deixados por grandes episódios
17
transgressivos, e depósitos continentais, ligados a mudanças climáticas que tiveram
lugar durante os períodos regressivos (MARTIN et al., 1980).
Os depósitos quaternários podem ser subdivididos quanto sua origem em:
continentais e marinhos transicionais.
a) Depósitos continentais:
Estes depósitos foram acumulados em ambientes tipicamente continentais,
incluindo as seguintes unidades: Depósitos de Leques Aluviais
Pleistocênicos; Depósitos Eólicos (Dunas); Depósitos Fluviais e Depósitos de
Terras Úmidas de Água Doce.
b) Depósitos marinhos transicionais:
Estes depósitos são resultantes da ação de processos marinhos tais como a
ação das ondas, correntes marinhas e marés. Na área de estudo são
encontradas as seguintes unidades: Terraços Marinhos Pleistocênicos e
Holocênicos, Arenitos de Praia e os Manguezais.
5.3.1.3.1 Leques Aluviais Pleistocênicos Os Leques Aluviais Pleistocênicos tem origem continental, sendo formados
por fluxos de enxurradas esporádicas e violentas ocorridas em período de clima
semi-árido. São caracterizados pela ausência de estratificação e selecionamento
dos grãos e por ter uma distribuição caótica dos componentes grosseiros na matriz
mais fina do sedimento (MARTIN et al., 1980).
Segundo Esquivel (2006), no grande vale do rio Itapicuru, esta unidade ocorre
como depósitos de preenchimento de vales, formando rampas suaves a
moderadamente suaves, que apresentam uma declividade média de 3,5 %, ou então
apresentam-se sob a forma de pequenas elevações isoladas no interior da planície
de inundação deste rio, indicando serem remanescentes de depósitos mais extensos
que foram retrabalhados por este rio e pelo mar durante as duas últimas
transgressões marinhas.
18
5.3.1.3.2 Dunas O principal tipo de duna presente na área de estudo é o “blow-out”. Este
termo é geralmente utilizado para descrever uma depressão ovalada (bacia de
deflação) formada como resultado da erosão eólica (deflação) sobre um depósito de
areia pré-existente, principalmente onde a cobertura vegetal foi destruída ou
perturbada. As acumulações de areia adjacentes (lóbulos), derivadas desta
depressão, estão comumente incluídas nesta feição (DOMINGUEZ, 2006). Também
ocorrem na região dunas do tipo frontal (cordão-duna), as quais possuem forma de
crista alongada, formada pela ação do vento na margem interna do prisma de praia,
mais ou menos no limite da maré alta. A duna frontal é formada por areia retirada da
face da praia pelo vento, e depositada por influência da turbulência gerada pela
vegetação do pós-praia, crescendo verticalmente “in situ” sem experimentar
movimentação lateral.
5.3.1.3.3 Terras Úmidas As terras úmidas constituem ambientes de transição, entre as áreas terrestres
e aquáticas, as quais apresentam o nível d`água aflorante ou solo saturado de água,
com acúmulo de material orgânico de origem vegetal (ESQUIVEL, 2006). Na área de
estudo são encontradas três categorias de zonas úmidas: Brejo, Pântano e
Manguezal.
Os Brejos ocupam áreas deprimidas da zona costeira que são sazonalmente
alagadas. Separam diferentes unidades arenosas (depósitos de leques aluviais,
terraços marinhos pleistocênicos e holocênicos) e margeando os rios mais
expressivos da região: Itapicuru, Itariri e Inhambupe.
Os Pântanos são caracterizados por apresentar uma vegetação de maior
porte (arbóreo-arbustiva) e por estarem localizados em áreas um pouco mais
elevadas que as unidades de Brejo (ESQUIVEL, 2006).
Os Manguezais são unidades de transição entre os ambientes terrestres e
marinhos que apresentam um substrato constituído por sedimentos depositados em
ambiente estuarino, nas áreas deltáicas ou próximas a desembocadura dos vales
fluviais afogados, onde existe uma grande influência das marés (ESQUIVEL, 2006).
19
5.3.1.3.4 Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos Os Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos, de acordo com
Bittencourt et al. (1978), foram formados pela progradação da linha de costa que
ocorreu em períodos de regressão marinha. Segundo os mesmos autores, os
Terraços Marinhos Pleistocênicos foram formados a cerca de 120 mil anos atrás,
após o máximo da Penúltima Transgressão. Já os Terraços Marinhos Holocênicos
foram desenvolvidos após o máximo da Última Transgressão, a cerca de 5.100 anos
atrás.
Esses terraços são constituídos predominantemente de areia quartzosa fina a
média, arredondada a subarredondada, com grãos de minerais máficos e matéria
orgânica particulada. Apresentam estratificação plano-paralelas com leve mergulho
(1º a 3º) em direção ao mar.
5.3.1.3.5 Depósitos Litorâneos Atuais A face de praia é formada por areias quartzosas de granulometria média a
fina. Em alguns trechos do prima praial, eventualmente ocorrem sedimentos
biodetríticos formados, sobretudo por rodolitos e conchas de bivalvos provenientes
da zona sublitoral, os quais são lançados à face de praia pela ação das ondas e
marés (NETTO, 2002). Segundo o mesmo autor, a comunidade bentônica produtora
de carbonato de cálcio que se estabelece sobre os arenitos de praia pode contribuir
com o fornecimento de sedimentos biodetríticos para a face de praia e a zona
submersa próxima.
5.3.1.3.6 Arenitos de Praia Localizam-se desde a zona de antepraia até dezenas de metros mar adentro,
estando sempre alinhados paralelamente ou sub-paralelamente à linha de costa.
Ocorrem formando corpos rochosos tabulares estratificados constituídos
predominantemente por areias quartzosas e fragmentos de conchas, possuindo
cimento carbonático. Apresentam sistemas de fraturas paralelas e ortogonais a
linha de costa.
20
5.3.2 Geologia da Porção Submersa A plataforma continental do município de Conde está situada na Bacia
Sedimentar do Jacuípe. Segundo Mohriak (2003), essa bacia estende-se da cidade
de Salvador até o limite entre os estados da Bahia e Sergipe (210 km) e tem uma
largura média de 35 km até a isóbata de 2.000 m. Apresenta uma área total de
aproximadamente 7.500 km2, sendo que cerca de 4.500 km2 localizam-se sob lâmina
d’água de até 400 m.
De acordo com Mohriak (2003), o arcabouço estratigráfico da bacia do
Jacuípe (Fig. 06) é composto por duas megasseqüências, correspondentes às fases
sinrifte (continental) e pós-rifte (marinha). A fase sinrifte, pouco desenvolvida na
plataforma, é representada pela Formação Rio de Contas (Cretáceo Inferior),
composta de arenitos, conglomerados e folhelhos. A fase pós-rifte apresenta a
seqüência marinha transgressiva da Formação Algodões (Albiano-Turoniano),
predominantemente carbonática, e da Formação Urucutuca (Cretáceo Superior),
predominantemente argilosa. A seqüência marinha regressiva possui caráter
progradante, sendo representada pelas fácies arenosa proximal e litorânea da
Formação Rio Doce, pela fácies carbonática de plataforma da Formação Caravelas
e pelos folhelhos de talude da Formação Urucutuca (Terciário–Quaternário).
Ainda segundo o mesmo autor, o arcabouço estrutural simplificado da bacia
(Fig. 07) consiste em dois domínios distintos. Próximo à costa, na região da
plataforma continental, ocorre um patamar com embasamento raso, limitado por uma
falha de grande rejeito, a qual coincide com a quebra atual da plataforma, separando
o patamar de embasamento raso do domínio de embasamento profundo, onde o
pacote sedimentar pode atingir 7.000 m de espessura.
22
Figura 07 - Seção da Bacia Sedimentar do Jacuípe (Fonte: Bizzi et al. 2003).
5.4 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS
5.4.1 Marés As marés na área de estudo podem ser classificadas como micromarés
semidiurnas sem desigualdades, ou seja, a maré cujo período é de
aproximadamente 12 horas. Sua amplitude média de sizígia situa-se em torno de 1,8
m – 1,9 m (DOMINGUEZ et al., 2003).
5.4.2 Ondas De acordo com Dominguez et al. (2003), não existem disponíveis medidas de
longa duração do regime de ondas para a região costeira do Estado da Bahia. As
estatísticas de ondas disponíveis mostram a relação direta entre a direção e
velocidade dos ventos alísios e a direção, altura e período das ondas. Ainda
segundo os mesmo autores, na área de estudo e vizinhanças, durante o outono e o
inverno são comuns ondas do octante E-SE com altura média de 1,5 m e período
médio de 6,5 s. Durante a primavera e o verão, ondas do octante N-NE com altura
média de 1 m e período médio de 5 s dominam na costa.
23
5.4.3 Deriva Litorânea Segundo Livramento (2008), a deriva litorânea efetiva de sedimentos na área
de estudo apresenta sentido SW-NE (Fig. 08).
Figura 08 – Sentidos da deriva litorânea efetiva de sedimentos no Litoral Norte do Estado da Bahia
(modificado de LIVRAMENTO, 2008). Notar que na área de estudo a deriva litorânea apresenta
sentido SW-NE.
Área de estudo
24
5.4.4 Correntes na Plataforma Não foram encontrados dados de correntes na plataforma na área de estudo.
Em uma porção localizada mais ao sul da área de estudo, região de Arembepe,
essas correntes foram medidas, sendo percebido que estas seguem normalmente a
direção dos ventos dominantes, fluindo predominantemente para SW no verão,
enquanto, no inverno, correntes fluindo para NE também estão presentes
(DOMINGUEZ et al., 2003).
25
6 AS VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR DURANTE O
QUATERNÁRIO As variações do nível do mar durante o Quaternário têm sido registradas em
várias partes do mundo (MARTIN et al., 1980; MARTIN et al., 1998; PILLANS et al.
1998; YOKOYAMA et al. 2000; LAMBECK et al. 2002; HANEBUTH et al. 2003),
geralmente associadas a mudanças climáticas. As oscilações do nível do mar
causam mudanças no equilíbrio da zona costeira, e interferem na arquitetura e na
estratigrafia dos depósitos costeiros. Durante uma transgressão marinha, os
depósitos costeiros migram no sentido do continente. Durante uma regressão
marinha o inverso ocorre e os depósitos costeiros migram no sentido da bacia.
6.1 O ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL O Último Máximo Glacial corresponde ao período entre 16.000 a 20.000 anos
AP, quando o nível do mar esteve cerca de 120 m abaixo do nível do mar atual (Fig.
09). Durante este período, as calotas de gelo ocupavam grandes áreas no
hemisfério norte e a temperatura global era mais baixa do que a atual. Yokoyama et
al. (2000) estimou a época e a massa das calotas de gelo usando datações pelo
radiocarbono e um modelo glacio-isostático para o Golfo de Bonaparte (Austrália).
Os resultados indicaram o período entre 19.000 a 22.000 anos AP, como aquele em
que as calotas de gelo eram cerca de 52,5 x 106 km3 maiores que as atuais.
26
Figura 09 – Curvas de variação do nível do mar para Barbados a partir do Último Máximo Glacial
(20.000 a 16.000 anos AP), baseada na datação por 14C e 230Th/234U de exemplares de A. palmata
(FAIRBANKS, 1990).
Durante o Ultimo Máximo Glacial, a plataforma continental brasileira esteve
exposta total ou parcialmente, favorecendo a instalação da rede de drenagem sobre
esta feição. Com a subida do nível do mar, os canais foram preenchidos, ocorrendo
a retrogradação das fácies sedimentares.
27
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1 MORFOLOGIA DA PLATAFORMA CONTINENTAL A plataforma continental do município de Conde apresenta largura média de
20 km, com valores mínimo de 16 km e máximo 22 km, e sua quebra situa-se
geralmente na isóbata de 45 m, como pode ser visto no mapa batimétrico (Fig. 10).
Sua declividade, em quase toda a extensão, não ultrapassa 0,5°. Esta pequena
largura deve-se talvez ao fato da Bacia do Jacuípe ter sido formada a partir da
ruptura do Cráton de São Francisco-Congo (Alkimim, 2004).
Figura 10 - Mapa Batimétrico da Plataforma Continental do Município de Conde. Nota-se a quebra da
plataforma na isóbata de 45 m.
28
A topografia da plataforma continental exibe algumas irregularidades, que
pode ser notada pela geometria das isóbatas e pela variação das distâncias entre si,
ora mais próximas, ora mais afastadas. Este comportamento ressalta a presença de
elevações, afloramentos rochosos, e depressões. A maior depressão encontrada na
área de estudo, situa-se em frente ao rio Itapicuru e se estende da isóbata de 20 m
até a quebra da plataforma.
Na quebra da plataforma podem ser notadas quatro reentrâncias. Essas
reentrâncias são atribuídas a ravinas e a antigas desembocaduras fluviais
escavadas durante o Último Máximo Glacial, como pode ser observado no perfil 9 do
perfilador de sub-fundo (Fig. 11). Foram consideradas antigas desembocaduras
fluviais as depressões de até 120 m. Na reentrância mais ao sul, em frente à
desembocadura do rio Itariri, são encontradas duas ravinas, uma com 150m e outra
com mais de 200 m de profundidade no perfil 9 dos registros do perfilador de
subfundo. A segunda reentrância possui três ravinas, com 170 m, 203 m e 193 m de
profundidade. A terceira reentrância está situada em frente à desembocadura do rio
Itapicuru, onde é composta por uma ravina de 270 m de profundidade e uma antiga
desembocadura fluvial, 110 m de profundidade, que pode ser atribuída ao rio
Itapicuru. Na quarta reentrância foi observada uma antiga desembocadura fluvial,
com 105 m de profundidade, não sendo possível identificar o rio que a formou.
Figura 11 – Trechos do perfil 9 do perfilador de sub-fundo. a) Ravina encontrada na reentrância das
isóbatas em frente ao rio Itariri; b) Antiga desembocadura do rio Itapicuru e ravina, encontradas na
reentrância das isóbatas em frente ao rio Itapicuru.
29
7.2 ESPESSURA DO DEPÓSITO HOLOCÊNICO Toda a extensão da plataforma continental do município de Conde apresenta
pacote sedimentar relativo ao Holoceno, como pode ser visto no Mapa de Isópacas
dos Sedimentos Holocênicos Depositados na Plataforma Continental do Município
de Conde (Fig. 12). Nas porções mais ao norte e mais ao sul, em frente aos rios
Itapicuru e Itariri, respectivamente, são encontradas as maiores espessuras
sedimentares, com valor médio de 7 m, podendo atingir até 16,45 m. A porção mais
central encontra-se com espessura mais uniforme, tendo valor médio de 5 m. Já a
porção mais próxima à quebra da plataforma apresenta pouca espessura, com
média de 2,5 m.
Figura 12 – Mapa de Isópacas dos Sedimentos Holocênicos Depositados na Plataforma Continental
do Município de Conde.
Após o Ultimo Máximo Glacial, durante a transgressão marinha, os vales e
canais fluviais escavados na plataforma continental foram preenchidos. A partir do
mapa de isópacas (Fig. 12), pôde-se perceber a geometria do preenchimento de
alguns destes paleocanais. A interpretação deste mapa pode ser vista na figura 13.
30
Figura 13 – Interpretação da paleodrenagem e delimitação da porção marinha do Vale Inciso do Rio
Itapicuru.
Na porção da plataforma continental em frente à foz do rio Itapicuru nota-se
um paleocanal central de 7 km de largura média, com preenchimento médio de 7,8
m de espessura, atingindo 15 m nas áreas mais espessas (Fig. 13). Este paleocanal
estende-se até as proximidades da quebra da plataforma, onde está presente a
maior reentrância da quebra da plataforma. Em decorrência destas características
morfológicas, chamou-se esta feição da porção marinha do Vale Inciso do Rio
Itapicuru (DOMINGUEZ, 2007), onde seus limites podem ser observados na figura
13. Zaitlin et al. (1994) definiu vales incisos como uma erosão fluvial,
topograficamente rebaixada e alongada, tipicamente mais larga do que um canal
simples, caracterizado por uma mudança abrupta de fácies em direção a bacia,
sobrepondo um limite de seqüência na base.
Ao norte do vale inciso principal são notados paleocanais menores, que
podem ser observados no perfil 7 do perfilador de sub-fundo (Fig. 14), com
espessura média de 7 m (Fig. 13), sendo bem marcados no mapa de isópacas.
Esses paleocanais parecem se conectar ao paleovale, devendo ter constituído
31
antigos rios tributários. A sul do vale principal também são encontrados paleocanais
tributários (Fig. 13), porém menos definidos que aqueles situadas a norte.
Apresentam também cerca de 7 metros de espessura de preenchimento. Esta
configuração sugere a existência de uma paleobacia hidrográfica na área de estudo
(Fig. 13). Em frente à desembocadura do rio Itariri, percebe-se uma área com
espesso pacote sedimentar, atingindo até 16,45 m de espessura, que pode também
ser interpretado como um paleocanal (Fig. 13). Este paleocanal encontra-se, porém,
mais demarcado apenas na plataforma interna, não sendo possível segui-lo até a
quebra da plataforma. A semelhança do observado anteriormente, verifica-se
também a presença de paleocanais tributários que convergem no sentido do
paleocanal do rio Itariri (Fig. 13).
Figura 14 – Detalhe do perfil 7 mostrando três paleocalhas fluviais. A linha vermelha representa o
embasamento acústico; a seqüência 1 é a seqüência pleistocênica e a seqüência 2 é a seqüência
holocênica.
O Vale Inciso do Rio Itapicuru e os paleocanais tributários são resultado da
incisão fluvial à época que a plataforma continental esteve exposta, durante o Último
Máximo Glacial, quando estava sendo formado o Trato de Sistema de Mar Baixo. O
seu preenchimento pôde ser iniciado ainda no Trato de Sistema de Mar Baixo,
32
porém o maior acúmulo de sedimentos ocorreu muito provavelmente durante a
deposição no Trato de Sistema Transgressivo e de Mar Alto, de acordo com a teoria
da estratigrafia de seqüência apresentada por Ribeiro (2001). A base e as paredes
do sistema de vales inciso representam um limite de seqüência, isto é, uma
discordância erosiva (ZAITLIN et al., 1994). Este vale encontra-se ainda hoje
evidenciado pela geometria das isóbatas, que em frente ao rio Itapicuru se aproxima
da linha de costa, a partir da isóbata de 20 m até a quebra da plataforma.
A porção da plataforma mais próxima à quebra apresenta baixas espessuras
de sedimentos holocênicos. Segundo Kikuchi e Leão (1998), no Litoral Norte do
Estado da Bahia ocorrem bancos recifais submersos próximo à quebra da
plataforma. Estas estruturas, entretanto, não foram verificadas nos levantamentos
realizados.
7.3 DISTRIBUIÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS
A plataforma continental é um ambiente predominantemente sedimentar,
formado pela interação dos processos deposicionais continentais e marinhos. A
distribuição dos sedimentos superficiais é resultado da interação dos seguintes
fatores: evolução estratigráfica local, aporte sedimentar continental, circulação
oceânica e atividade das comunidades biológicas. Segundo França et al. (1976), os
sedimentos superficiais da plataforma média e externa da margem continental
nordeste brasileira são geralmente grossos, consistindo em misturas de areia e
cascalho. O conteúdo de lama dos sedimentos da plataforma interna normalmente
não atinge 2,5%, chegando a 5-15% na faixa externa e com valores crescentes no
talude. As lamas são também associadas a depressões topográficas da plataforma
média e a desembocaduras dos rios. Quanto à composição dos sedimentos
superficiais, França et al. (1976) monstram que estes sedimentos são
predominantemente carbonáticos biogênicos, principalmente onde a taxa de
sedimentação terrígena é ou tem sido muito baixa.
O Mapa de Fácies Texturais dos sedimentos superficiais da plataforma
continental do Município de Conde está apresentado na figura 15.
33
Figura 15 - Mapa de fácies dos sedimentos superficiais da plataforma continental do município de
Conde, baseado na classificação textural de sedimentos de Folk (1974). Fácies A(c) = areia com
cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies
Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La =
lama arenosa.
Grande parte da plataforma do município de Conde é composta pela fácies de
cascalho arenoso (Ca), estando presente em três grandes zonas. A primeira está
situada no centro-sul da área de estudo, se estendendo desde a costa até próximo à
quebra da plataforma, ocupando uma área de 279,3 km². A segunda zona encontra-
se na porção central, estando restrita à quebra da plataforma, apresentando uma
área de 63,6 km². A terceira zona situa-se a norte, com uma área de 120,5 km², se
estendendo da plataforma média até plataforma externa.
A fácies do cascalho lamoso-arenoso (Cla) é encontrada apenas em uma
pequena área, de 8,2 km², situada entre as isóbatas de 25 e 35 m, na porção sul do
mapa.
A fácies da areia cascalhosa (Ac) é encontrada em três zonas da plataforma
continental. A primeira zona é encontrada próximo à linha de costa, ao sul da
34
desembocadura do rio Itariri, apresentando uma área de 9,7 km². A segunda zona
possui 38,1 km², sendo situada no centro da área de estudo, na plataforma média a
externa. A terceira porção encontra-se na quebra da plataforma, na extremidade
norte da área de estudo, com 13,9 km².
A fácies da areia lamosa com cascalho (Alc) é encontrada em duas porções;
a primeira está relacionada à depressão associada ao Vale Inciso do Rio Itapicuru. A
segunda porção está localizada na depressão associada à antiga foz do rio Itariri.
Estas porções apresentam 129,4 km² e 67,3 km² de área, respectivamente.
Próximo à costa, ocorre à fácies da areia lamosa (Al), com 41,3 km² de área,
situada em frente à desembocadura do rio Itapicuru. A fácies da lama arenosa (La)
ocorre apenas entre as desembocaduras dos rios Itapicuru e Itariri, apresentando
uma pequena área de 16,3 km². A fácies de areia com cascalho subordinado, A(c),
possui 201,5 km², se estendendo até a plataforma média.
Nos registros do sonar de varredura lateral, a fácies Ca apresentou os
maiores coeficientes de reflexão das ondas acústicas. Nesta fácies foi observada
uma textura rugosa, que pode ser interpretada como afloramentos rochosos, além
de marcas de ondulação do tipo CGR (Coarse Grained Ripple), com cristais
orientadas NE-SW, retilíneas e paralelas, com comprimento de onda de 1,5 m. A
fácies Ac apresenta coeficiente de reflexão de intensidade média, exibindo também
uma textura rugosa relacionada a afloramentos rochosos e marcas de ondulação
com mesma orientação e comprimento de onda observados na fácies anterior. A
fácies Cla exibe coeficiente de reflexão alto, textura lisa, com alguns bolsões de
baixo coeficiente de reflexão, interpretados como acumulação de lama. A fácies Alc
apresenta coeficiente de reflexão de médio a baixo, e inclui áreas com textura lisa e
coeficiente de reflexão baixo, podendo ser interpretadas como regiões de acúmulo
de lama. Apresenta ainda localmente textura rugosa (afloramentos rochosos). A
fácies A(c) possui coeficientes de reflexão médios, apresentando textura lisa. A
fácies Al apresenta coeficientes de reflexão baixos e textura lisa. A fácies La não foi
imageada. Exemplos dos registros do sonar de varredura lateral da área de estudo
estão apresentados na figura 16.
35
Figura 16 – Registros do sonar de varredura lateral da plataforma continental do município de Conde.
A) Fácies Ca - Coeficiente de reflexão alto e marcas de ondulação de granulação grossa com
comprimento de onda de 1,5 m. B) Fácies Ca – Textura rugosa interpretada como afloramento
rochoso. C) Fácies Ac – Coeficiente de reflexão médio, textura rugosa e marcas de ondulação. D)
Fácies Alc – Coeficiente de reflexão médio a baixo, mostrando um bolsão de textura lisa e baixo
coeficiente de reflexão, interpretado como lama, além de textura rugosa. E) Fácies Cla – Coeficiente
de reflexão alto, textura lisa e bolsão de coeficiente de reflexão baixo. F) Fácies A(c) – Coeficiente de
reflexão médio e textura lisa.
36
Na figura 17 as informações sobre a composição do sedimento foram
integradas ao mapa de fácies texturais do sedimento superficial de fundo do
Município de Conde. Sedimentos litoclásticos ocorrem apenas próximo à linha de
costa, associados à fácies da areia lamosa (Al) e à fácies da areia com cascalho
subordinado, A(c). A lama litoclástica deve ser proveniente do rio Itapicuru e a areia
é do tipo quartzosa. Na fácies A(c), com o aumento de profundidade, observa-se
uma gradação de sedimentos litoclásticos para bioclásticos.
Figura 17 - Composição do sedimento baseada em Larsonneur (1977 apud ALBINO, 1999) integrada
às fácies texturais do sedimento superficial de fundo do município de Conde. Fácies A(c) = areia com
cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa; Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies
Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La =
lama arenosa.
Os sedimentos litobioclásticos ocorrem na fácies A(c), na fácies La e na fácies
Alc, na porção situada em frente à foz do rio Itapicuru. Na fácies La observa-se uma
gradação no sentido norte-sul de sedimentos litobioclásticos para biolitoclásticos. A
fácies Alc exibe uma tendência com o aumento de profundidade, de litobioclástica
para bioclástica. Os biolitoclastos ocorrem, também, na fácies Ca e na fácies Ac,
próximo à linha de costa.
37
Os sedimentos bioclásticos predominam na plataforma continental do
município de Conde. Estes sedimentos estão presentes desde a linha de costa (em
frente ao rio Itariri) até a quebra da plataforma de toda área de estudo.
A fração litoclástica é caracterizada pela presença de areia quartzosa e lamas
siliciclásticas. Já a fração bioclástica é composta por fragmentos esqueletais dos
seguintes organismos, por ordem de abundância: algas coralinas, foraminíferos,
moluscos bivalvos, alga halimeda, briozoários e equinodermas. Somente os três
primeiros serão descritos, pois os demais ocorrem em quantidades pouco
representativas.
As algas coralinas são muito abundantes na área de estudo, estando
associadas principalmente à fácies Ca (Fig. 18). Nesta fácies, próximo à linha de
costa, em frente ao rio Itariri, a alga coralina chega a representar mais de 90% do
sedimento.
Figura 18 – Teores de alga coralina nos sedimentos superficiais da plataforma continental do
município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa;
Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso
arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa.
38
Os foraminíferos estão distribuídos por toda a área de estudo (Fig. 19),
estando concentrados na fácies Alc e na extremidade sul da fácies A(c). A
concentração deste organismo nestas porções varia de 20 a um pouco mais de
35%.
Figura 19 – Teor de carapaças de foraminíferos no sedimento superficial da plataforma continental do
município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa;
Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso
arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa.
Os moluscos bivalvos são pouco abundantes na área de estudo (Fig. 20).
Estes organismos estão concentrados na fácies Alc e em uma porção da Fácies Ca
localizada próximo ao centro da área de estudo. Nestas fácies os moluscos bivalvos
chegam a apresentar concentrações de 8 a 12%.
39
Figura 20 – Teor de moluscos bivalvos nos sedimentos superficiais da plataforma continental do
município de Conde. Fácies A(c) = areia com cascalho subordinado; Fácies Ac: areia cascalhosa;
Fácies Alc = areia lamosa com cascalho; Fácies Al = areia lamosa; Fácies Cla = cascalho lamoso
arenoso; Fácies Ca = cascalho arenoso; Fácies La = lama arenosa.
A distribuição e a composição dos sedimentos superficiais da área de estudo
são coerentes com as conclusões de França et al. (1976), sendo esta plataforma
formada principalmente por areia e cascalho, onde a lama está relacionada à
desembocadura do rio Itapicuru e às depressões associadas ao vale inciso do rio
Itapicuru e à antiga desembocadura do rio Itariri. Não foi possível identificar a origem
da concentração de lama presente entre as desembocaduras dos rios Itariri e
Itapicuru. Esta mesma ocorrência foi também reportada por Netto (2002). A
composição dos sedimentos superficiais é predominantemente bioclástica, e os
litoclastos estão restritos às porções próximas a linha de costa e a foz do rio
Itapicuru. O baixo teor de sedimentos litoclásticos em frente ao rio Itariri demonstra
que este rio apresenta baixo aporte sedimentar, pouco contribuindo com a
sedimentação na área de estudo. O rio Itapicuru é o principal fornecedor de
sedimentos litoclásticos da área de estudo. Em frente a desembocadura deste rio, o
teor da fração litoclástica atinge 30% até próximo a isóbata de 50 m. O vale inciso de
rio Itapicuru encontra-se preenchido por sedimentos arenosos e lamosos,
40
litoclásticos próximo a linha de costa, gradando para bioclásticos à medida que se
aproxima da quebra da plataforma.
7.4 HISTÓRIA DA INUNDAÇÃO DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO MUNICÍPIO DE CONDE
Para traçar a evolução da inundação da plataforma continental do município de
Conde, primeiramente, subtraiu-se a espessura dos sedimentos holocênicos da
batimetria atual da plataforma para a confecção do mapa de paleorelevo. Utilizando
a curva de variação do nível do mar apresentada por Fairbanks (1980) (Fig. 9), foi
primeiro encontrada a idade em que o nível do mar alcançou a quebra da plataforma
(50 m) e em seguida foram extraídas as idades relativas a incrementos de subida do
nível do mar de 5 metros, até 7500 anos AP. Estes dados foram integrados em
ambiente SIG, onde pôde ser reconstituída a historia da inundação desta porção da
plataforma continental.
Durante o Último Máximo Glacial o nível do mar esteva 120 m abaixo do nível
do mar atual, expondo toda a plataforma do município de Conde (Fig. 21). Nesta
época foi depositada na região do talude o Trato de Sistema de Mar Baixo. A
descida do nível do mar favoreceu incisão fluvial, originando o vale inciso do rio
Itapicuru, como mostrado claramente na figura 21. A erosão subaérea favoreceu o
transporte de sedimentos continentais para regiões mais profundas da bacia
oceânica, como a região do talude e sopé continental.
41
Figura 21 – Paleogeografia da plataforma continental e porção superior do talude continental do
município de Conde durante o Último Máximo Glacial. O paleorelevo foi determinado a partir da
subtração da espessura dos sedimentos holocênicos da batimetria atual da plataforma.
Com o aumento da temperatura global, ocorreu o degelo das calotas polares,
ocasionando uma subida eustática no nível do mar e, conseqüentemente, uma
transgressão marinha. Em 11.300 anos AP o nível do mar, de acordo com Fairbanks
(1990), encontrava-se a 50 m abaixo do nível atual, portanto na região
correspondente à quebra da plataforma. Neste período iniciou-se a inundação do
vale do rio Itapicuru (Fig. 22).
42
Figura 22 - Paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em 11.300 anos AP.
Nível do mar situado 50m abaixo do atual.
Em 11.000 anos AP, o nível do mar se encontrava 45 m abaixo do nível do
mar atual. Prosseguindo o afogamento do vale do Itapicuru, conforme mostrado na
figura 23.
43
Figura 23 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em
11.000 anos AP, quando o nível do mar estava situado 45m abaixo do atual.
Por volta de 10.700 anos AP, com o nível do mar 40 m abaixo do nível
do mar atual, toda a região da plataforma externa encontrava-se inundada (Fig. 24).
44
Figura 24 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em
10.700 anos AP, quando o nível do mar encontrava-se 40m abaixo do atual.
Após 700 anos, por volta de 10.000 anos AP, com o nível do mar 5 m mais
alto, porém situado a 35 m abaixo do nível do mar atual, toda a região da plataforma
média da área de estudo já se encontrava inundada (Fig. 25). A maior reentrância
da linha de costa correspondia ao vale do rio Itapicuru, que naquela ocasião formava
uma baía.
45
Figura 25 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em
10.000 anos AP, com o nível do mar posicionado 35m abaixo do atual.
Em 9.500 anos AP, o nível do mar já estava 30 m abaixo do nível do mar
atual (Fig. 26). Mais da metade da plataforma continental já estava totalmente
inundada e a reentrância da linha de costa associada ao vale do rio Itapicuru,
suavizada.
46
Figura 26 – Paleogeografia e paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em
9.500 anos AP, com o nível do mar situado 30m abaixo do atual.
Por volta de 9.000 anos AP, com o nível do mar posicionado 25 m abaixo do
nível do mar atual, a quase totalidade da área de estudo já se encontrava inundada,
incluindo trechos da plataforma interna (Fig. 27).
47
Figura 27 – Paleobatimetria e paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em
9.000 anos AP. Nível do mar 25m abaixo do atual.
Em 8.400 anos AP, com o nível do mar 20 m abaixo do atual, apenas trechos
muito pequenos da plataforma interna ainda não haviam sido inundadas (Fig. 28).
48
Figura 28 – Paleobatimetria e paleogeografia da plataforma continental do município de Conde em
8.400 anos AP. Nível do mar 20m abaixo do atual.
Em 7.500 anos AP, com o nível do mar próximo ao atual, toda a plataforma
continental do município de Conde estava inundada (Fig. 29).
49
Figura 29 – Paleobatimetria da plataforma continental do município de Conde em 7.500 anos AP.
Nível do mar próximo ao atual.
7.5 TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO
Após o Último Máximo Glacial, período em que a plataforma continental do
município de Conde esteve em exposta à erosão subaérea, ocorreu subida do nível
do mar, gerando espaço de acomodação, favorecendo a sedimentação nesta área.
Para se obter as taxas de sedimentação durante o Holoceno, foi dividida a
espessura dos sedimentos holocênicos pela idade de inundação de cada porção da
plataforma, sendo confeccionado o mapa das taxas de sedimentação durante o
Holoceno na plataforma continental do município de Conde (Fig. 30).
50
Figura 30 – Taxas de sedimentação durante o Holoceno na plataforma continental do município de
Conde.
Como esperado as maiores taxas de sedimentação são verificadas na região
ocupada pelo vale inciso do rio Itapicuru, principalmente, nos locais onde estão
posicionados os paleocanais (até 1,7 m/ka) e nas porções da plataforma situada
mais próxima à linha de costa. As taxas de sedimentação nas plataformas média e
externa são comparativamente mais baixas e não ultrapassa 50 cm/ka.
51
8 CONCLUSÕES Este trabalho permitiu caracterizar a sedimentação na plataforma continental
do município de Conde desde o Último Máximo Glacial, utilizando uma integração de
métodos sedimentológicos e geofísicos.
Analisando os registros obtidos com o perfilador de sub-fundo, foi possível
estimar a espessura do pacote sedimentar holocênico e reconstituir a geometria dos
depósitos que preenchem o vale inciso do rio Itapicuru, o paleocanal do rio Itariri e
seus paleocanais tributários. Pôde-se perceber claramente a existência de duas
paleobacias hidrográficas, uma atribuída ao rio Itapicuru e outra ao rio Itariri.
O mapa de fácies sedimentares texturais integrado à composição dos
sedimentos mostra que os sedimentos superficiais desta plataforma são compostos
predominantemente por cascalho arenoso biogênico, com elevados teores de alga
coralina. A areia litoclástica é encontrada, apenas, próximo à linha de costa. Os
sedimentos lamosos se restringem (i) à desembocadura do rio Itapicuru; (ii) à um
pequeno trecho próximo à linha de costa, entre as desembocaduras dos rios Itariri e
Itapicuru, de origem ainda desconhecida; (iii) e às depressões presentes na
plataforma em frente aos rios Itariri e Itapicuru. A porção correspondente ao vale
inciso do rio Itapicuru encontra-se preenchida por areia lamosa com cascalho, na
porção mais distal, gradando para areia com cascalho subordinado à medida que se
aproxima da linha de costa. A principal fonte de sedimentos continentais é o rio
Itapicuru, com os maiores teores de sedimentos litoclásticos depositados em frente à
desembocadura este rio.
52
A sedimentação holocênica na plataforma continental do município de Conde
iniciou-se em 11.300 anos AP, quando começou a inundação da plataforma, com o
nível do mar situado cerca de 50 m abaixo do atual. Sua inundação total deve ter
ocorrido por volta de 7.500 anos AP, quando o nível do mar atingiu sua posição
atual.
As taxas de sedimentação holocênicas foram mais baixas na plataforma
externa. As maiores taxas de sedimentação estão relacionadas ao vale do rio
Itapicuru e aos paleocanais existentes na área, e secundariamente na plataforma
interna a média.
Para o melhor detalhamento do estudo da sedimentação holocênica na
plataforma continental do município de Conde, recomenda-se a coleta de
testemunhos, para o estudo de sua evolução estratigráfica. Estes dados devem ser
integrados aos registros do perfilador de sub-fundo para uma melhor resolução
espacial. Para um aprofundamento no estudo do Vale Inciso do Rio Itapicuru, além
da coleta de testemunhos, é necessário o mapeamento de sua porção continental,
com a realização de furos de sondagem. Assim, poderá ser feita a integração da
evolução quaternária da zona costeira e plataforma continental adjacente.
53
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, J.G.N.; CALLIARI, L.J. Paleocanais na Plataforma Continental Interna do
Rio Grande do Sul: Evidências de Uma Drenagem Fluvial Pretérita. Revista Brasileira de Geofísica, São Paulo, v. 23, n. 2, p.123-132, abr./jun 2005.
ALBINO, J. Processos de Sedimentação Atual e Morfodinâmica das Praias de Bicanga a Povoação, ES. 1999. 175p. Tese de Doutoramento. Programa de Pós-
Graduação em Geologia Sedimentar – Universidade de São Paulo, São Paulo.
ALKIMIM, F.F. O que faz de um cráton um cráton? O cráton do São Francisco e as
revelações almeidianas ao delimitá-lo. In: Mantesso-Neto, V. et al. (eds.) Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. São Paulo: Beca, 2004. p. 17-34.
ARTUSI, L.; FIGUEIREDO JR., A.G. Sismoestratigrafia Rasa da Plataforma
Continental de Cabo Frio – Araruama – RJ. Revista Brasileira de Geofísica, v. 25,
supl. 1, p.7-16, 2007.
BAPTISTA NETO, J.A.; SILVA, C.G. Morfologia do Fundo Oceânico. In: Baptista
Neto et al. (Orgs.). Introdução à Geologia Marinha. Rio de Janeiro: Editora
Interciência, 2004. p.31-51.
BARBOSA J.S.F. E DOMINGUEZ J.M.L. Texto Explicativo para o Mapa Geológico da Bahia ao Milionésimo. Edição Especial. Salvador: SICM/SGM, 1996.
400 p.
54
BITTENCOURT, A.C.S.P.; VILAS BOAS, G.S.; FLEXOR, J.M.; MARTIN, L.,
Excursão sobre as formações quaternárias do litoral da região de Salvador. In:
Simpósio Internacional sobre a Evolução do Quaternário, 2, Livro-Guia,
PPPG/UFBa, p.1- 37. 1978.
BIZZI, L.A.; SCHOBBENHAUS, C.; VIDOTTI, R.M.; GONÇALVES, J.H. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil: Texto, Mapas & SIG. Brasília: CPRM -
Serviço geológico do Brasil, 2003. 692 p.
CAMARGO, J.M.R.; ARAÚJO, T.C.M.; MAIDA, M.; USHIZIMA. T.M. Morfologia da
Plataforma Continental Interna Adjacente ao Município de Tamandaré, Sul de
Pernambuco – Brasil. Revista Brasileira de Geofísica, São Paulo, v. 25, supl. 1, p.
79-89, 2007.
DAMUTH, J. E.; HAYES, D. Echo Character of the East Brazilian Continental Margin
and its Relationship to Sedimentary Processes. Marine Geology, Amsterdam, v. 24,
p. 73-95, 1977.
DOMINGUEZ, J.M.L (coord.); NUNES, A.S.; SILVA, R.P.; ESQUIVEL, M.S.
Diagnóstico oceanográfico e proposição de disciplinamento de usos da faixa marinha do litoral norte do Estado da Bahia. Salvador: Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia/CRA, 2003. 128 p.
DOMINGUEZ, J.M.L. Sediment Transfer Mechanisms from the Coastal Zone/Shelf to
the Slope/Basin during the Last 400,000 yrs: a case study for the north-central shelf
of Bahia state. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE GEOFÍSICA, 10, 2007, Rio de Janeiro. Anais em meio magnético... Rio de
Janeiro: SBGf, 2007.
DOMINGUEZ, J.M.L. Sistema de Informações Geográficas para o Suporte à Gestão e ao Monitoramento do Litoral Norte do Estado da Bahia. Salvador:
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia/CRA, 2006.
30 p.
55
ESQUIVEL, M.S. O Quaternário Costeiro do Município de Conde: Implicações
para a Gestão Ambiental. 2006. 102p. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Geologia – Universidade Federal da Bahia, Salvador.
FAIRBANKS, R.G. The Age and Origin of the “Younger Dryas Climate Event” in
Greenland Ice Cores. Paleoceanography, v. 5, n. 6, p. 937-948, 1990.
FOLK, R.L. Petrology of Sedimentary Rocks. The University of Texas. Austin:
Hemphill Publishing Co., 1974. 182 p.
FRANÇA, A.M.C.; COUTINHO, P.N.; SUMMERHAYERS, C.P. Sedimentos da
Margem Continental Nordeste Brasileira. Revista Brasileira de Geociências, São
Paulo, v. 6, p.71-88, 1976.
FRANCISCONI, O.; COSTA, M.P.A.; COUTINHO, M.G.N.; VICALVI, M.A. Geologia
Costeira e Sedimentos da Plataforma Continental Brasileira. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28, 1974, Porto Alegre. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Geologia, v.3, p.305-321.
FREIRE, A.F.M. A Seqüência Holocênica na Plataforma Continental Central do Estado da Bahia – Costa do Cacau. 2006. 171 p. Dissertação de Mestrado. Curso
de Pós-Graduação em Geologia – Universidade Federal da Bahia. Salvador.
GARCÍA-GARCÍA, A.; GARCÍA-GIL, S.; VILAS, F. Quaternary evolution of the Ría de
Vigo, Spain. Marine Geology, v. 220, p. 153– 179, 2005.
GARCÍA-GIL, S.; DURÁN, R.; VILAS, F. Side scan sonar image and geologic
interpretation of the Ría de Pontevedra seafloor (Galicia, NW Spain). Scientia Marina, v. 64, n. 4, p. 393-402, 2000.
HANEBUTH, T.J.J.; STATTEGGER, K.; SCHIMANSKI, A.; LUUDMANN, T.;
WONG, H.K. Late Pleistocene forced-regressive deposits on the Sunda Shelf
(Southeast Asia). Marine Geology, v. 199, p. 139-157, 2003.
KIKUCHI, R.K.P.; LEÃO, Z.M.A.N. The Effects of Holoceno Sea Level
Fluctuation on Reef Development and Coral Community Structure, Northern
56
Bahia, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 70, n. 2, p. 159-
171. 1998.
LAMBECK, K. ESAT, T.M.; POTTER, E.K. Links Between Climate and Sea Levels
for the Past Three Million Years. NATURE, v. 419, p. 199-206. 2002.
LIMA, S.F. Caracterização Geomorfológica e Paleogeográfica da Plataforma Continental Adjacente a Foz do Rio Apodi - Mossoró, RN/Brasil. 2006. 109 p.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e
Geofísica – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal.
LIMA, E.A.; SANTIAGO FILHO, A.L.; BARROS, M.J.G.; RIBEIRO, A.G.; MARINHO,
D.A.; DIPP, L.A.S. Potencial dos Recursos Hídricos. In: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Levantamento de Recursos Naturais: Folha SD.24
Salvador. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. 236 p., v. 24 suplemento.
LIMA, M.I.C.; FONSÊCA, E.G.; GHIGNONE, J.I.; ROCHA, R.M.; CARMO, U.F.;
SILVA, J.M.R.; SIGA Jr., O. Geologia. In: Projeto Radambrasil. Levantamento de Recursos Naturais: Folha SD.24 Salvador. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e
Energia, 1981, p.25-192, v. 24.
LIVRAMENTO, F.C. Padrões de Dispersão de Sedimentos ao Longo do Litoral Norte do Estado da Bahia: Subsídios para o Gerenciamento Costeiro. 2008. 53 p.
Trabalho Final de Graduação. Curso de Graduação em Geologia – Universidade
Federal da Bahia, Salvador.
LYRIO, R. Modelo sistêmico integrado para a Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte do Estado da Bahia. 1996. 87 p. Dissertação de Mestrado. Curso de
Pós-Graduação em Geologia - Universidade Federal da Bahia. Salvador.
MARTIN, L.; BITTENCOURT, A.C.S.P.; VILAS-BOAS, G.S.; FLEXOR, J.-M. Mapa geológico do Quaternário costeiro do Estado da Bahia: escala 1:250.000.
Coordenação da Produção Mineral, Secretaria das Minas e Energia do Estado da
Bahia. Salvador. 1980.
57
MARTIN, L.; DOMINGUEZ, J.M.L.; BITTENCOURT, A.C.S.P. Climatic Control of
Coastal Erosion During a Sea-Level Fall Episode. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 70, n. 2, p. 249-266. 1998.
MILLIMAN, J.D.; AMARAL, C.A.B. Economic Potential of Brazilian Continental
Margin Sediments. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28, 1974, Porto
Alegre. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Geologia, v.3, p.335-344.
MOHRIAK, W.U. Bacias Sedimentares da Margem Continental Brasileira. In: Bizzi et
al. Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil: Texto, Mapas & SIG.
Brasília: CPRM - Serviço geológico do Brasil, 2003. p. 87-165.
NETTO, A.M. Morfologia e Sedimentologia da Plataforma Continental Entre os Rios Itariri e Itapicuru, Litoral Norte do Estado da Bahia. 2002. 136 p.
Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em Geologia - Universidade
Federal da Bahia.
PALMA, J.J.C. Fisiografia da Área Oceânica. In: Schobbenhaus et al. (Coords.).
Geologia do Brasil. Brasília, Ministério das Minas e Energia. Brasília:
Departamento Nacional de Produção Mineral, 1984. p.429-441.
PETRI, S.; FÚLFARO, V.J. Feições Geomórficas e Sedimentação Quaternária na
Plataforma Continental Brasileira. In: Geologia do Brasil (Fanerozóico). São Paulo:
T. A. Queiroz - Ed. Da Universidade de São Paulo, 1983. p.514-522.
PILLANS, B.; CHAPPELL, J.; NAISH, T.R. A review of the Milankovitch climatic beat:
template for Plio–Pleistocene sea-level changes and sequence stratigraphy.
Sedimentary Geology, v. 122, p.5-21, 1998.
RIBEIRO, H.J.P.S. Estratigrafia de Seqüências: Fundamentos e Aplicações.
Editora Unisinos, 2001. 428p.
SILVA, E.N.S.; DOMINGUEZ, J.M.L.; OLIVEIRA JUNIOR, E.A. Caracterização da
sedimentação holocênica na plataforma continental em frente ao Rio Almada,
utilizando levantamento com perfilador de sub-fundo. In: CONGRESSO
58
INTERNACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOFÍSICA, 10, 2007, Rio de
Janeiro. Anais em meio magnético... Rio de Janeiro: SBGf, 2007.
SILVA, E.N.S.; DOMINGUEZ, J.M.L.; OLIVEIRA JUNIOR, E.A. Uso do coeficiente de
reflexão dos sedimentos superficiais extraído com o perfilador de sub-fundo na
confecção de mapa de fácies sedimentar do fundo marinho. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOFÍSICA, 10, 2007, Rio de
Janeiro. Anais em meio magnético... Rio de Janeiro: SBGf, 2007.
SILVA, E.N.S.; DOMINGUEZ, J.M.L. 2008. Caracterização de Estruturas Rasas de
Gás nos Sedimentos da Plataforma Continental em Frente ao Rio Almada – Bahia.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OCEANOGRAFIA, 3, 2008, Fortaleza. Anais em meio magnético... Fortaleza: AOCEANO, 2007.
SILVA, L.C.; ARMSTRONG, R. DELGADO, I.M.; PIMENTEL, M.; ARCANJO, J.B.;
MELO, R.C.; TEIXEIRA, L.R.; JOST, H.; CARDOSO FILHO, J.M.; PEREIRA, L.H.M.
Reavaliação de Evolução Geológica em Terrenos Pré-Cambrianos Brasileiros com
Base em Novos Dados U-Pb SHRIMP, Parte I: Limite Centro-Oriental do Cráton do
São Francisco na Bahia. Revista Brasileira de Geociências, v. 32, n. 4, p.501-512.
2002.
STAMFORD, W.J.P.; RIBEIRO, A.G.; RIBEIRO, J.H.M. Potencial dos Recursos
Hídricos In: Projeto Radambrasil Folhas SC.24/25 Aracaju/Recife: geologia,
pedologia, vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro: Ministério das Minas e
Energia, 1983. p.252-350.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Plano Diretor de Recursos Hídricos - Baia do Itapicuru: Documento Síntese. 1995. 242
p.
VASCONCELOS, M.M.N. (coord.); BRITO, F.E.M.; AMORIM, J.; REITERMAJER, D.;
VASCONCELLOS, L.J.N.S. Diagnóstico Sócio-Econômico e Ambiental do Conde. Salvador: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da
Bahia/CRA, 2003. 221 p.
59
VIEIRA, C.A. Sedimentação Holocênica na Plataforma Continental Entre Serra Grande e Olivença – Costa Central da Bahia (Costa do Cacau). 2007. 46 p.
Trabalho Final de Graduação. Curso de Graduação em Geologia – Universidade
Federal da Bahia, Salvador.
YOKOYAMA, Y.; LAMBECK, K.; DECKKER, P.; JOHNSTON, P.; FIFIELD, L.K.
Timing of Last Glacial Maximum from Observed Sea-Level Minima. NATURE, v. 406,
p. 713-716. 2000.
ZAITLIN, B.A.; DALRYMPLE, R.W.; BOYD, R. The Stratigraphic Organization of
Incised-Valley Systems Associated with Relative Sea-Level Change. In: Dalrymple,
R.W.; Boyd, R.; Zaitlin, B.A (eds.). Incised-Valley Systems: Origin and Sedimentary Sequences. SEPM Special Publication No. 51. Tulsa, Oklahoma,
USA, 1994. p.45-60.