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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE LETRAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
LICENCIATURA EM LÍNGUA ESPANHOLA
BRUNA VIANA DA SILVA
EL VENDEDOR DE SUEÑOS: UMA REFLEXÃO SOBRE A PRESENÇA DO
DETERMINANTE POSSESSIVO VUESTRO NA VARIEDADE DE
ESPANHOL BONAERENSE
João Pessoa-PB
2018
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BRUNA VIANA DA SILVA
EL VENDEDOR DE SUEÑOS: UMA REFLEXÃO SOBRE A PRESENÇA
DO DETERMINANTE POSSESSIVO VUESTRO NA VARIEDADE DE
ESPANHOL BONAERENSE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) (Campus I), da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de licenciada em Letras Espanhol.
Orientadora: Profa. Dra. María Hortensia Blanco García Murga
João Pessoa-PB
2018
S586v Silva, Bruna Viana da. El Vendedor de Sueños: uma reflexão sobre a presença do determinante possessivo vuestro na variedade de espanhol bonaerense / Bruna Viana da Silva. - João Pessoa, 2018. 49 f. : il.
Orientação: María Hortensia Blanco García Murga. Monografia (Graduação) - UFPB/CCHLA.
1. Formação docente. Formas de tratamento. Pragmática. I. Murga, María Hortensia Blanco García. II. Título.
UFPB/CCHLA
Catalogação na publicaçãoSeção de Catalogação e Classificação
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TERMO DE APROVAÇÃO
BRUNA VIANA DA SILVA
EL VENDEDOR DE SUEÑOS: UMA REFLEXÃO SOBRE A
PRESENÇA DO DETERMINANTE POSSESSIVO VUESTRO NA
VARIEDADE DE ESPANHOL BONAERENSE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) (Campus I), da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de licenciada em Letras Espanhol, sob a avaliação da banca:
______________________________________________________
Profª. Dra. María Hortensia Blanco García Murga (UFPB)
(Orientadora)
______________________________________________________
Profª. Dra. Tatiana Maranhão de Castedo (IFPB)
(Examinadora)
______________________________________________________
Profª. Ma. Carolina Gomes da Silva (UFPB)
(Examinadora)
______________________________________________________
Prof. Dr. Juan Ignacio Jurado López-Centurión (UFPB)
(Examinador-Suplente)
João Pessoa-PB
26 de outubro de 2018
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Agradecimentos
Agradeço a Deus por ter me dado força e saúde para chegar até aqui. Por
estar sempre presente em minha vida guiando os meus passos, me fortalecendo e
me mostrando o melhor caminho a seguir.
Agradeço a minha mãe e ao meu pai, pela paciência e compreensão nesta
importante etapa da minha vida e por sempre estarem ao meu lado, me apoiando
e me incentivando, neste momento e em todos os momentos da minha vida.
Agradeço aos meus amigos, Weverton e Débora, que estiveram comigo
nesta caminhada desde o começo. Pelo companheirismo, pelos conselhos, pelo
apoio. Sempre estivemos juntos compartilhando momentos de risada,
descontração, estresse e aprendizado. Foi muito bom e importante tê-los ao meu
lado trilhando esse caminho.
Agradeço a minha professora e orientadora, María Hortensia, pela
paciência, compreensão, por todo o apoio, pelos ensinamentos, por ser um
exemplo para nós de profissionalismo, de dedicação e do ser professor.
Agradeço aos professores, Ana Berenice, Maria Luiza, Juan, Carolina,
Andrea, que com seus conhecimentos, ensinamentos e sempre atenciosos,
também estiveram presentes no meu processo de formação ao longo da
graduação.
Meus mais sinceros agradecimentos. Muito obrigada!
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar e refletir sobre o uso das formas pronominais e nominais de tratamento a partir de uma perspectiva sociopragmática. Neste sentido, esta pesquisa surgiu como uma reflexão a partir do curta-metragem argentino “El vendedor de sueños” (2008) e da nossa surpresa inicial, quando nos deparamos com a fala da personagem principal, quem utiliza o vocativo señores e señoras junto com o pronome pessoal de 3 pessoa do plural ustedes, com a forma do determinante possessivo de segunda pessoa vuestro, em contraste com o determinante su, usado anteriormente. Desta maneira, foi abordado o estudo dessas formas pronominais e nominais de tratamento e os determinantes possessivos correspondentes com o objetivo de fazer uma reflexão aprofundada sobre o uso destas formas tanto diacrônica quanto sincronicamente, levando em conta a variedade argentina do espanhol bonaerense, mas também a peninsular. No âmbito teórico e metodológico, nesta pesquisa foi adotada uma perspectiva sociolinguística, com contribuições teóricas advindas dos estudos da linguística (FONTANELLA DE WEINBERG, 1995; RAMÍREZ LUENGO, 2007, BERTOLOTTI, 2014), da sociolinguística (BROWN; GILMAN, 1960), como também da sociopragmática e da cortesia (ESCANDELL, 1993). A análise dos dados foi feita a partir de duas variáveis (REBOLLO COUTO, 2011): o contexto de interação específico e a intenção comunicativa. Com base na nossa análise, foi possível chegar à conclusão de que o uso do possessivo vuestro, usado na cena como determinante possessivo das formas nominais de tratamento señoras e señores, foi usado para expressar deferência. Desta maneira, este estudo pode contribuir para uma reflexão crítica sobre a língua em uso e, sobretudo, sobre a importância para nossa formação dos conhecimentos aportados pelos estudos da linguística histórica e pela sociolinguística e a pragmática, para podermos compreender as mudanças e a presença, nos dias de hoje, dessa ampla variação no uso das formas de tratamento e seus determinantes possessivos correspondentes. Palavras-chave: Formação docente. Linguística histórica. Formas de tratamento. Sociolinguística. Pragmática
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RESUMEN
Este trabajo tiene objetivo analizar y reflexionar sobre el uso de las formas pronominales y nominales de tratamiento desde una perspectiva sociopragmática. En este sentido, esta investigación surgió como una reflexión a partir del cortometraje argentino “El vendedor de sueños” (2008) y de nuestra sorpresa inicial ante el habla del personaje principal, que utiliza el vocativo señores y señoras junto con el pronombre personal de 3 persona del plural ustedes, con la forma del determinante posesivo vuestro, en contraste con el determinante su, usado anteriormente. De esta forma, ha sido abordado el estudio de estas formas pronominales y nominales de tratamiento con el objetivo de llevar a cabo una profunda reflexión sobre el uso de estas formas tanto diacrónica como sincrónicamente, teniendo en cuenta la variedad argentina del español bonaerense, pero también la del peninsular. En el ámbito teórico y metodológico, esta investigación ha adoptado una perspectiva sociolingüística, con contribuciones teóricas provenientes de los estudios de la lingüística (FONTANELLA DE WEINBERG, 1995; RAMÍREZ LUENGO, 2007; BERTOLOTTI, 2014), la sociolingüística (BROWN; GILMAN, 1960), así como de la sociopragmática y la cortesía (ESCANDELL, 1993). El análisis de los datos se hizo a partir de dos variables (REBOLLO COUTO, 2011): el contexto de interacción específico y la intención comunicativa. Con base en el análisis, fue posible concluir que el uso del posesivo vuestro, usado en la escena como determinante posesivo del vocativo señores y señoras y del pronombre ustedes, expresa deferencia. De esta forma, este estudio puede contribuir a una reflexión crítica sobre la lengua en uso y, sobre todo, sobre la importancia para nuestra formación de los conocimientos aportados por los estudios de la lingüística histórica, la sociolingüística y la pragmática para que podamos comprender los cambios y la presencia, hoy en día, de esta amplia variación en los usos de las formas de tratamiento y los determinantes posesivos correspondientes. . Palabras clave: Formación docente. Lingüística histórica. Formas de tratamiento. Sociolingüística. Pragmática
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Cap. tela da cena analisada do curta El vendedor de sueños..............37
Quadro 1 Representação diacronia formas tratamento........................................47
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LISTA DE ABREVIATURAS
LE Língua Estrangeira
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................11
1.1. OBJETIVOS .....................................................................................................13
1.2. METODOLOGIA ..............................................................................................14
2. A ABORDAGEM E COMPREENSÃO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO ENSINO
E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA ...............................................16
3. DA ORIGEM DAS FORMAS DE TRATAMENTO NO ESPANHOL...................19
3.1. DA ORIGEM DAS FORMAS PRONOMINAIS TÚ, VOS, USTEDES ..............19
3.2. DA ORIGEM DO PRONOME VOSOTROS .....................................................22
3.3. OS DETERMINANTES POSSESSIVOS .........................................................24
4. A SOCIOPRAGMÁTICA ....................................................................................28
4.1. A SOCIOLINGUÍSTICA E AS FORMAS DE TRATAMENTO ..........................28
4.2. O QUE DIZ A PRAGMÁTICA. OS ESTUDOS SOBRE CORTESIA ................30
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .....................................................34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................43
ANEXOS ................................................................................................................46
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1. INTRODUÇÃO
Como se sabe, a língua espanhola possui uma diversidade muito grande, e
a forma como é falada difere de um país a outro. Com as formas de tratamento
não seria diferente e, a maneira de como é usada uma forma de tratamento em
uma variedade é diferente de como é usada em outra.
No contexto dos cursos de formação de professores de espanhol no âmbito
universitário, é recorrente nas nossas primeiras aulas a abordagem das formas
pronominais de tratamento. No entanto, habitualmente, seu estudo além de ser
feito de uma maneira generalizada, é vinculado a apenas uma variação de uso,
com o qual não está sendo valorizada a mudança interna que existe em cada uma
das variedades. Além disso, está orientado desde uma perspectiva puramente
morfossintática, sendo os valores formais ou informais, por exemplo, que
determinam o uso de cada uma destas formas. As atividades ficam limitadas a
uma relação de situações muito forçadas e engessadas para o aluno usar a forma
adequada conforme o valor previamente determinado.
No entanto, dentro da categoria de formas de tratamento e nas variações
de uso, há questões ainda mais complexas e, portanto, é importante levar em
consideração também aspectos pragmáticos e sociolinguísticos. Desta forma,
neste trabalho, pretendemos nos adentrar em territórios difíceis de serem
abordados nas nossas salas de aula, já que para poder explicar o uso de
determinada forma, estamos obrigados a trabalhar simultaneamente desde
diversas disciplinas. Algumas delas, por exemplo, envolvem os estudos
relacionados com a origem e evolução dessas categorias, o qual acrescenta uma
maior complexidade na hora desse conteúdo ser trabalhado nas aulas.
Em primeiro lugar, temos que destacar que o uso das formas de tratamento
varia de região a região e, dentro de cada região também (como exemplo, temos o
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uso de usted na região de Antioquia -noroeste da Colômbia-, que é usado entre
falantes com vínculo afetivo), podendo depender da situação em que se encontra
os falantes da língua, ou seja, se os interlocutores são do mesmo sexo ou do sexo
oposto; se possuem uma relação de intimidade, confiança, familiaridade ou
distância (distância social entre os interlocutores); a condição social e econômica
e, a idade, também podem influenciar na hora de usar uma forma de tratamento
para dirigir-se a uma determinada pessoa. Portanto, a abordagem das diversas
formas de tratamento do espanhol exige transitar sincrônica e diacronicamente
pela linguística, a semântica, a pragmática e a sociolinguística.
Assim, de acordo com Rebollo Couto, as formas de tratamento não podem
estar separadas desta intrincada rede social que constitui a trama entre indivíduos
e sociedade. Elas fazem parte “do âmbito da dêixis social1 e são uma codificação
linguística das identidades dos participantes e da relação entre eles” (REBOLLO
COUTO, 2005, p. 62). Dessa feita, o uso de señor, vos ou usted dentro de uma
variedade determinada, indica como o interlocutor vê a identidade social do outro.
Esta consciência linguística e sua aprendizagem nas aulas de língua espanhola
são fundamentais na interação, uma vez que estão relacionadas ao problema de
se estabelecer contato dentro de uma comunidade.
Conforme a autora anteriormente citada, a relação entre distância e
proximidade, segundo contextos pragmáticos e a seleção de uma determinada
forma de tratamento se constitui em uma dificuldade para os aprendizes
brasileiros, quando confrontados a situações didáticas ou não de interação na
língua espanhola. Desta maneira, é fundamental que o ensino do idioma possa
mostrar essas variações, através de mostras representativas da língua em
materiais autênticos e em diferentes situações de uso.
Rebollo Couto afirma ainda que a falta de informação sobre este tema é
1 Conforme o Diccionario de términos clave de ELE a deíxis social “refleja o establece la relación
social entre los participantes en la comunicación. Las fórmulas de tratamiento, aunque forman
parte de la deíxis personal, se consideran como grupo específico ya que no solo señalan los
papeles de locutor e interlocutor, sino también su estatus social y la relación que los une”.
Disponível em: <https://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/ diccio_ele/diccionario/ deixis
.htm>
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alarmante e, por isso, não se deve ignorar, na formação de professores de
espanhol no Brasil, a sistematização de algumas diferenças de uso e suas
respectivas especificidades pragmáticas, e que o fato de mostrar didaticamente
um sistema unificado de tratamento é uma negação da diversidade cultural: “Es
tiempo de incorporar las especificidades locales de las variantes de países vecinos
a la enseñanza del Español/LE en Brasil, discutiendo las diferencias y haciendo
circular información sobre la heterogeneidad linguística” (REBOLLO COUTO,
2011, p. 527).
A importância de se saber sobre essas variações no uso das formas de
tratamento constitui uma parte importante na aprendizagem e aquisição da língua,
uma vez que contribui para ampliar o conhecimento do aluno, pois pode
proporcionar ao discente do Curso de Letras, desenvolver uma aprendizagem
mais consciente e significativa da ampla diversidade e das regras de variação de
uso de diferentes elementos, presentes nas diversas variedades que fazem parte
da língua espanhola e possibilitaria que este aluno tivesse uma visão mais ampla
da língua, uma vez que ele terá que fazer um estudo e reflexão sociolinguística e
pragmática, daqueles fatores que determinam a variação no uso dessas formas de
tratamento, ampliando assim sua área de conhecimento e contribuindo para seu
processo de formação.
Portanto, consideramos que a reflexão acerca do uso das formas de
tratamento, levando em consideração o âmbito da pragmática-sociocultural, além
da linguística, terá implicações no âmbito didático da LE, uma vez que pode
favorecer não apenas uma formação acadêmica muito mais completa e sólida,
mas também o desenvolvimento de seu pensamento crítico.
1.1. OBJETIVOS
Esta pesquisa surgiu como uma reflexão a partir do curta-metragem
argentino El vendedor de sueños (2008) e da nossa surpresa inicial, quando nos
deparamos com a fala da personagem principal, que utiliza o vocativo sob a
categoria de forma de tratamento de cortesia señores y señoras, com a forma do
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determinante possessivo de segunda pessoa vuestro, em contraste com o
determinante su, usado posteriormente.
Desta maneira, o presente trabalho tem como objetivo geral, refletir sobre a
importância das formas pronominais e nominais de tratamento no espanhol e seus
respectivos determinantes possessivos a partir de uma perspectiva linguística,
semântica, sociolinguística e pragmática, como também sincrônica e
diacronicamente.
Objetivos específicos
1. Refletir sobre a origem e uso das formas pronominais e nominais de
tratamento tú, vos, vosotros, usted e ustedes e dos determinantes possessivos su
e vuestro no espanhol, sincrônica e diacronicamente.
2. Analisar e refletir sobre o uso do determinante possessivo vuestro como
forma correspondente do vocativo señores e señoras e da forma pronominal
ustedes na variedade do espanhol bonaerense.
1. 2. METODOLOGIA
Em primeiro lugar, será feita uma pesquisa teórico-descritiva sobre a
variação de uso das formas de tratamento señores e señoras (vocativo) e dos
pronomes vos e ustedes e dos correspondentes possessivos tu, su e vuestro.
Será feita uma análise diacrônica dessas formas, na variedade do espanhol
bonaerense e do peninsular, para mostrar sua evolução, com o intuito de
demonstrar como seu uso foi se modificando ao longo dos tempos e como
adquiriram o significado que possuem nos dias atuais.
Será analisada a primeira cena do curta-metragem El vendedor de sueños
(2008), na qual o vendedor interage com os clientes através do vocativo señores e
señoras com a correspondente forma de possessivo vuestro, em contraste com o
determinante possessivo su, usado com anterioridade.
A análise dos dados será feita a partir de contribuições teóricas que provêm
dos estudos do âmbito da linguística histórica, da sociolinguística, da pragmática e
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da socio-pragmática (MIRANDA POZA, 2013; FONTANELLA DE WEINBERG,
1977, 1995; RAMÍREZ LUENGO, 2007; BROWN e GILMAN, 1960; ESCANDELL,
1993), acerca das formas de tratamento señores e señoras, vos e ustedes e dos
determinantes possessivos su e vuestro. Na nossa análise das amostras de fala,
vamos levar em conta as seguintes variáveis (socio)pragmáticas (REBOLLO
COUTO, 2005): o contexto de interação específico e a intenção comunicativa. Por
falta de tempo, não foi considerada a variável do gênero discursivo. Essas
variáveis pragmáticas se intercruzam com outras categorias sociolinguísticas
como a região na qual é falada essa variedade, classe social ou a idade do
interlocutor. O corpus analisado será o primeiro fragmento do curta-metragem
argentino El vendedor de sueños (2008).
Pensando na ampla variedade da língua espanhola e como é importante
que o futuro docente tenha conhecimento sobre os documentos oficiais, no
capítulo seguinte, destacamos a importância de se consultar alguns desses
documentos, como o Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras, os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira e os Referenciais
Curriculares de Língua Estrangeira do Estado da Paraíba, para saber o que dizem
sobre o estudo da variação linguística no ensino da LE e a necessidade por parte
dos futuros docentes de espanhol de transitarem por diversas áreas de
conhecimento (socio)linguístico e (socio)pragmático.
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2. A ABORDAGEM E COMPREENSÃO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO
ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
De acordo com o Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras, é
importante que o aluno graduado tenha consciência da diversidade da língua
estrangeira estudada, não se limitando, portanto, a trabalhar a variação a partir
apenas do plano morfológico, sintático ou fonológico, mas também levando em
conta o nível sociolinguístico e pragmático.
Este documento destaca que o aluno graduado em Letras deverá possuir "o
domínio de diferentes noções de gramática e (re)conhecimento das variedades
linguísticas existentes, bem como nos vários níveis e registros de linguagem"
(PARAIBA, 2005, p.10).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de língua estrangeira,
também contemplam essa questão sobre a variedade linguística, destacando que:
a questão da variação linguística em Língua Estrangeira pode ajudar não só à compreensão do fenômeno linguístico da variação na própria língua materna, como também do fato de que a língua estrangeira não existe só na variedade padrão, conforme a escola normalmente apresenta (BRASIL, 1998, p.47).
O documento ressalta a importância de se ter esse conhecimento ao longo
do processo de ensino-aprendizagem da LE, de maneira que o alunado tenha
acesso a uma visão de língua muito mais ampla e não apenas aquela restrita à
norma culta. Para tanto, o aluno tem que conhecer e refletir sobre as diversas
variações de uma língua, tanto no nível diatópico, quanto no diastrático, diafásico
ou diacrônico.
Neste sentido, os Referenciais Curriculares de Língua Estrangeira do
Estado da Paraíba, destacam esta dinamicidade da língua que se manifesta em
forma de diferenças geográficas e culturais ou de registro, que correspondem às
diferenças situacionais, referentes ao grau de formalidade, hierarquia, distância e
proximidade dos interlocutores. As autoras destes documentos, destacam que
devido a uma série de convenções históricas, sociais, econômicas e políticas,
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algumas dessas variações passam a ser mais valorizadas do que outras
(DOURADO, M. e ESCALANTE, M., 2007, p.04).
Deste modo, podemos observar o quão importante é que o aluno possa
manejar um conceito de língua como prática social caracterizada, portanto, pela
sua mutabilidade e dinamicidade. Assim, podemos contribuir para a desconstrução
de possíveis estereótipos e preconceitos sociolinguísticos.
É por isso que a reflexão sobre a língua estrangeira exige transitar por
diferentes domínios, tais como:
1. gêneros textuais e suas condições de produção (esfera sociais e modalidade de uso); 2. questões referentes à língua(gem), identidade, poder, ideologia, variação linguística (dialetal e de registro), relação língua-cultura; 3. o linguístico-enunciativo (materializado nos planos morfológico, sintático e semântico-enunciativo do texto). A reflexão-análise linguística deve ser intencional, planejada e sistemática (DOURADO, M. e ESCALANTE, M, 2007, p.14).
Assim, é importante conhecer o contexto de uso no qual a língua está
inserida, saber que uma forma usada em determinada região, pode ser usada de
maneira diferente em outra. Por exemplo, o uso das diversas formas de
tratamento, varia conforme a região na qual estejamos nos situando, de modo que
uma determinada comunidade de falantes faz uso de uma forma específica em
uma região e em função da relação entre os diferentes membros dessa
comunidade, que pode ser uma relação de poder ou não, e que vai determinar a
escolha de uma ou de outra forma. Enquanto que em outra região pode ser o
contrário.
Isto significa que o aluno deveria ter consciência de que o contexto
situacional ou a intenção comunicativa podem determinar o uso por parte do
falante de uma forma ou de outra muito diferente. Deste modo, é necessário
incentivar a reflexão em sala de aula sobre estes aspectos a fim de contribuir de
maneira significativa à formação desse futuro docente de espanhol como língua
estrangeira, ampliando assim seu conhecimento sobre os diferentes níveis de
contato e de reflexão sobre a língua estrangeira.
A seguir, no capítulo 3, será feita uma análise sincrônica e diacrônica das
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formas pronominais de tratamento, tanto na península quanto na região
bonaerense. Nosso objetivo foi mostrar uma visão panorâmica sobre a evolução e
variação no uso dessas principais formas, a fim de contribuir para o entendimento
do uso do possessivo vuestro, objeto de análise deste trabalho, dentro da
variedade de espanhol bonaerense.
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3. DA ORIGEM DAS FORMAS DE TRATAMENTO NO ESPANHOL
Ao longo do tempo, todas as línguas do mundo foram se transformando. O
idioma sofreu inúmeras mudanças em toda sua estrutura morfossintática, fonética
e semântica. Desta maneira, os pronomes de tratamento em espanhol também
acompanharam estas mudanças, e, portanto, temos que abordar os estudos
destes elementos tanto desde uma perspectiva sincrônica quanto diacrônica.
A seguir, vamos descrever como aconteceu essa evolução a partir do latim,
passando pelo latim tardio até chegarmos no espanhol medieval e no moderno
para, assim, podermos entender a origem na região de Buenos Aires do voseo
atual e do uso da forma ustedes, as duas formas pronominais que aparecem no
nosso corpus.
3.1. DA ORIGEM DAS FORMAS PRONOMINAIS TÚ, VOS E USTED/USTEDES
No latim clássico, os pronomes de segunda pessoa tú e vos tinham um
valor diferente do que vemos hoje em dia. O pronome tú era usado para a forma
singular, como tratamento de confiança e referido apenas a um ouvinte. Já o
pronome vos, era utilizado para dirigir-se a um ouvinte de maneira cortês; na sua
forma era plural, porém o seu conteúdo semântico era singular, como afirma
Calderón Campos (2010, p. 235), "el primigenio de plural y uno secundario,
surgido en latín tardío, en el que se empleaba el plural como mecanismo para
expresar distancia respecto del interlocutor, al que se «engrandecía»
pluralizándolo." Com o tempo, no nível semântico, vai perder o valor de plural e vai
ter valor de singular.
Na Idade Média, temos a forma de segunda pessoa de singular, tú, que era
usada entre um “superior” e alguém “inferior” na escala social ou entre iguais,
quando existia uma máxima intimidade, expressava então confiança (DI TULLIO,
2006). A forma vos, tomado do plural, usada como segunda pessoa do singular,
expressava distância com relação a uma pessoa, mas também era usada entre os
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próprios nobres como expressão de respeito entre eles. Este pronome era
utilizado como forma de tratamento de respeito, para dirigir-se a pessoas de nível
hierárquico elevado, caracterizando assim um vos reverencial, em contraste com a
forma de tratamento familiar tú.
No século XV, surge para a 2ª pessoa do singular a forma honorífica
vuestra merced, que alternava no uso com a forma pronominal vos para expressar
cortesia. Este tratamento indireto nasce na corte Trastámara (CALDERÓN
CAMPOS, 2010, p. 235), no século XV, para dirigir-se à nova aristocracia que, ao
ganhar favores do rei, ascende socialmente e, ao se reafirmarem, exigem ser
tratados de uma maneira especial. Com isso, o pronome vuestra merced, que
também era utilizado como um tratamento culto, foi ganhando espaço. A partir do
século XVII, vuestra merced (e sua forma plural vuestras mercedes) sofreram
mudanças em sua estrutura fonética, evoluíram e chegaram à forma
gramaticalizada que apresentam nos dias de hoje, usted/ustedes, mantendo o
valor de cortesia.
Aos poucos, o uso do pronome vos foi se generalizando em diferentes
âmbitos sociais e, como consequência, foi perdendo o seu valor de forma mais
culta e passou a ser usado em situações de menos formalidade, coexistindo com
o pronome tú. No entanto, o pronome vos era usado tanto para expressar cortesia
quanto para expressar confiança. A oposição semântica entre vos e tú vai ser
neutralizada a partir da Idade Média e, já no século XVI, coexistem os pronomes
tú e vos para expressar confiança (FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012). No século XVIII,
na Espanha, o pronome tú recobrou espaço de vos no contexto familiar até
eliminar essa forma, cujo uso vinha sendo estigmatizado. Com relação ao uso da
forma vos, pode-se perceber como varia de região a região, desde a sua intensa
presença em alguns países, como a sua ausência. Calderón Campos afirma que:
En este mismo periodo que va desde la segunda mitad del XVI hasta el XIX, algunas regiones, casi siempre las de más temprana e intensa estandarización (Lima, México, Santo Domingo) y de mayor contacto con la metrópoli (Venezuela, Cuba), eliminaron el uso de vos, considerado antinormativo. En las regiones de menor contacto con España o de menor o más tardía estandarización siguió usándose vos, que al haber estado siempre fuera de la norma considerada culta,
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evolucionó de manera natural y distinta según las regiones. Esta falta de prescripción normativa explica la enorme variación presente actualmente en el mundo voseante. (Calderón Campos, M., 2010, p. 236)
Isso se explica pelo fato de que, na segunda metade do século XVI até o
XIX, as regiões coloniais que tiveram um maior contato com a Espanha, a qual
eliminou por completo o uso de vos, sofreram mais influências e, portanto, usaram
mais o pronome tú, como por exemplo, o México ou a maior parte do Peru. Em
oposição àquelas regiões mais afastadas, que não tiveram tanto contato com a
metrópole, se difundiu mais o uso do pronome vos, como acontece na Argentina,
Uruguai, Paraguai, América Central (DI TULLIO, 2006). Também, as regiões cujas
variedades passaram por uma padronização mais forte, foram aquelas que
adotaram o tú, enquanto que as regiões que passaram por uma padronização
tardia tomam como base o vos.
Atualmente, o pronome vos na Argentina se destaca pelo seu uso
generalizado na maior parte de seu território. Sua evolução se deu ao longo dos
séculos XVIII e XIX, até apresentar a forma que tem nos dias atuais; passou de
ser usado no âmbito do eixo do poder para ser utilizado no eixo da solidariedade.
De acordo com Fontanella de Weinberg (1989, apud RAMÍREZ LUENGO, 2007),
na segunda metade do século XVIII, já havia textos que apresentavam uma
mistura de paradigmas entre vos e tú. Essa alternância entre vos e tú permaneceu
até a primeira metade do século XIX, tendo como resultado um uso de voseo
pronominal. A partir de 1850, este paradigma começa a mudar e é substituído por
um sistema verbal voseante monotongado que subsiste até os dias de hoje,
caracterizando-se, assim, como o sistema próprio de Buenos Aires.
Desta maneira, segundo Fontanella de Weinberg (1995, p. 160), "La
generalización de este uso pronominal del voseo en el territorio argentino y en
especial en la región bonaerense muestra un uso peculiar que lo separa de la
mayor parte de las naciones hispanoamericanas." O pronome vos está totalmente
generalizado na Argentina, usado para o tratamento de confiança, não existindo
nenhum contraste ou alternância com relação ao uso de tú. Essa generalização do
pronome vos, tanto na língua escrita como oral, se deu na segunda metade do
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século XX. Nos dias atuais, é utilizado em todos os âmbitos sociais, sem nenhuma
distinção, sendo usado até mesmo em atos oficiais da mais alta hierarquia e
formalidade.
Por outro lado, o pronome usted é usado para tratamento de distância entre
os interlocutores. Ambas formas, tú e vos, fazem uso do pronome de terceira
pessoa ustedes para o plural, o qual é usado tanto para o tratamento de confiança
quanto de distância.
3.2. DA ORIGEM DO PRONOME VOSOTROS
Quanto à origem do pronome plural vosotros, este surgiu diante da
necessidade de se diferenciar o uso do pronome vos, que era usado tanto para o
singular quanto para o plural. Para se fazer a distinção, foi acrescentado o sufixo -
otros à forma de vos plural. De acordo com Bertolotti:
Como es bien sabido, vosotros se forma a partir de vos y, por lo tanto, tiene en su paradigma la forma vuestro/a(s) como posesivo. La interpretación funcionalista del surgimiento de vosotros sostiene que vos sincretizaba singular y plural generando contextos de interpretación opaca. Esta opacidad se resuelve con la creación de vosotros (GARCÍA, DE JONGE, NIEUEWENHUIJSEN e LECHNER 1990, apud BERTOLOTTI, 2014, p. 61).
A finais do século XV, este pronome pessoal plural (tú e os outros),
segundo Eberenz (2000), já está gramaticalizado, dando lugar a vosotros. Com o
passar do tempo, esse caráter contrastivo passou a ser interpretado como
enfático. Assim, conforme Elisabeth Fernández (GARCÍA ET AL. 1990, apud
FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012, p. 101) nos gêneros da oralidade, a comunicação
depende da atenção do interlocutor e, portanto, o falante deve apelar à atenção
desse outro. Desse modo, o fato de usar vosotros faz com que o interlocutor dê
uma maior atenção ao que está sendo falado e ao usar essa forma plural, o
falante estaria fazendo referência bem clara a esse interlocutor, pois este
representa essa segunda pessoa; assim, “el efecto enfático de la forma compleja
sería particularmente relevante, y podría así fácilmente relegar a un segundo
plano el valor literalmente contrastivo de la misma”.
23
Durante o século XVI e inícios do XVII, as formas de plural, dentre elas o
vosotros, não apresentavam usos diferenciados para expressar cortesia ou
confiança. Diversas obras literárias da época mostram o uso de vosotros com
valor deferencial, expressando distância social- junto com o uso das formas
nominais de tratamento (señores)- mas também, expressavam familiaridade.
Portanto, há uma vacilação no uso entre os pronomes vosotros e ustedes
(FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, apud BERTOLOTTI, 2014), tanto na
península quanto na América.
Temos que lembrar que à América chegaram as seguintes formas de
tratamento no singular e no plural: tú, vos, vuestra merced>usted, vosotros e
vuestras mercedes>ustedes. O primeiro par, por causa da hibridação entre ambas
formas (usadas para expressar confiança) causa uma simplificação desse
sistema, fazendo com que em algumas regiões tenham adotado vos e em outras
tú.
Na América, o pronome vosotros desaparece e ustedes toma seu lugar. No
caso de Buenos Aires, o vosotros chega até o século XIX com um uso para
expressar deferência, ele não era oposto a vuestras mercedes>ustedes. Essa
mistura de paradigmas pode ser observada hoje no andaluz (ustedes acordáis).
Durante o século XVIII, na região da Prata, vosotros era para expressar
respeito entre os nobres, cavaleiros e damas (FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012, p.
137). Na Argentina, usavam ustedes como tratamento de respeito e familiaridade
e, o vosotros, para discursos de caráter elevado e retórico. Nesta região, o
pronome plural vosotros era naquele período um pronome marcado, e que
segundo os estudos de Bertolotti e Coll, era (talvez) considerado naquele período
histórico “una forma más culta o por <arcaizante> o peninsular más prestigiosa>.”
(BERTOLOTTI e COLL, 2001, apud FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012, p. 143).
Hoje, nesta região, o pronome pessoal de 2ª pessoa do plural é usado na
retórica clássica. Ly (2001, apud FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012, p. 441) fala sobre
um código socio-dramático, como também a própria Kerbrat-Orecchioni (1984,
apud FERNÁNDEZ MARTÍN, 2012, p. 88): o diálogo teatral. O uso do pronome
plural vosotros é comum nos discursos da oratória de caráter político, a qual exige
24
que os interlocutores sejam tratados na forma plural. Este é definido como um
estilo discursivo conativo, usado nas proclamas independentistas para dirigir-se
aos soldados. Temos exemplos do seu uso no próprio hino argentino.
Por outro lado, na região do Rio da Prata também coexistiram as formas
vosotros e vos durante os séculos XVI e XVII, porém, conforme Fontanella de
Weinberg (1977), como as formas verbais dos pronomes vos e vosotros eram
muito parecidas, isso criava muita confusão entre os falantes e, dessa maneira, a
forma vosotros foi ficando em segundo plano até desaparecer.
3.3. OS DETERMINANTES POSSESSIVOS
Com relação às formas dos possessivos, vos é acompanhado pelas formas
te, tu, tuyo(s),tuya(s); e su(s), suyo(s), suya(s), de él (ellos), de ella (ellas), de
ustedes, para usted/ustedes.
Na região peninsular, nos dias atuais, prevalece a distinção entre as formas
de plural, sendo utilizados os pronomes de segunda pessoa tú, para o singular e,
vosotros, para o plural, como tratamento de confiança, intimidade. E, os pronomes
de terceira pessoa usted, para singular e, ustedes, para plural, como tratamento
de respeito, distância. As formas os e vuestro são correspondentes ao pronome
vosotros e, su(s), suyo(s), suya(s), de él (ellos), de ella (s), de usted (ustedes), são
usadas com o pronome ustedes. O pronome vosotros é utilizado na maior parte da
Espanha, com exceção da Andalucia ocidental e das Canárias, não sendo
utilizado na América, onde a forma plural ustedes é generalizada e se refere tanto
ao tratamento de confiança quanto de distância.
Entre os séculos XVI e XVII, na América, as formas possessivas para o
pronome tú eram tu e tuyo, para vos era vuestro e para vuestra merced>usted era
su ou suyo. No plural, vosotros correspondia a um vuestro e su e suyo para
vuestras mercedes>ustedes.
Por causa das mudanças linguísticas que foram ocorrendo no idioma, o
possessivo vuestro foi sendo substituído pelos possessivos tu/tuyo(a/s), para
expressar confiança, na segunda pessoa do singular e na de plural, pela forma su.
25
Assim, a partir do século XVIII, temos as formas do possessivo tu, tuyo para
os pronomes tú ou vos (no caso da região da Prata, na qual diferenciavam
semântica e pragmaticamente ambas formas de tratamento) e su e suyo para
usted.
Mesmo assim, conforme Fontanella de Weinberg (1971), vuestro alternou
com as formas tu e tuyo durante um certo período de tempo; no entanto, não há
mostras dessa alternância já desde o século XVIII. Segundo Fontanella de
Weinberg:
[...] hubo dos razones para ese cambio lingüístico: semánticas y estructurales. Plantea que, dado que los valores semánticos —
semántico‐pragmáticos, quizás, diríamos hoy— eran equivalentes, los hablantes fueron crecientemente confundidores y fundieron los dos paradigmas en uno solo reduciendo, entonces, dos formas a una: entre os y te optan por te, entre vuestro y tu optan por tu y entre vuestro y tuyo optan por tuyo. (FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, apud BERTOLOTTI, 2014, p.62)
Sendo assim, a partir do século XVIII, as variedades do espanhol
que utilizavam o vos não mantiveram o possessivo vuestro em contextos
referentes ao singular, com relação de proximidade ao interlocutor e, adotaram
as formas do paradigma possessivo de tú: tu, tuyo/a(s). E, a forma usted, teria
como possessivos, as formas su e suyo.
Uma possível razão para o uso de tu/tuyo em lugar de vuestro é por
causa dos processos de simplificação, neste caso vuestro e tu/tuyo, se opta por
uma delas, porque seriam mais rentáveis as formas do paradigma do tú por
causa da sua regularidade (FONTANELLA DE WEINBERG, 1992, apud
BERTOLOTTI, 2014). Além disso, os possessivos tu/tuyo não geram uma
ambiguidade referencial, já no caso de vuestro, na época que coexistiam as
formas de tratamento vos e vosotros na região do Rio da Prata, isso gerava
confusão nos interlocutores, porque não dava para saber se estava referindo-se
a um ou mais interlocutores. Conforme Bertolotti:
frente a la frase el libro es tuyo, la única ambigüedad es cómo me estará tratando de tú o de vos, pero no quién será el poseedor del libro. En el caso de vuestro, en la etapa de la que estamos hablando en la que vos y vosotros coexistían en el Río de la Plata la frase el libro es vuestro podría
26
querer decir tanto que el libro pertenecía al alocutario como que el libro pertenecía al alocutario y a otros. (BERTOLOTTI, 2014, p. 63)
Como afirma Morales Pettorino (1999), as formas os e vuestro tornaram-se
obsoletas tanto no uso familiar quanto coloquialmente, tanto no Chile como na
região do Rio da Prata, mantendo-se somente em textos muito formais, como
preces e representações do teatro clássico ou antigo ou para o âmbito da oratória.
Lapesa (1981, pp.582-583) também sublinha neste sentido que "vosotros, os y
vuestro sólo existen allí [América] como expresión retórica y muy reverencial."
No caso do vos reverencial (no singular), considerada por alguns autores
um arcaísmo, essa forma é usada junto com a forma pronominal e possessiva os
e vuestro e pervive atualmente em contextos linguísticos de ampla solenidade
(FRAGO, 2011, apud BERTOLOTTI, V., 2016, pp. 59-60) como, por exemplo, no
âmbito jurídico ou diplomático. Os e vuestro -obsoletas tanto no uso familiar
quanto coloquialmente, -só textos muito formais- preces e representações do
teatro clássico ou antigo ou para o âmbito da oratória.
No entanto, Bertolotti destaca a existência de uma forma do possessivo
vuestro na região do Rio da Prata hoje em dia, que é utilizada junto com a forma
de tratamento ustedes. O possessivo seria, neste caso, uma forma “deferencial e
correferencial” com o pronome ustedes como forma que expressa deferência.
Para esta autora, através dessa forma de possessivo estaríamos expressando
uma extremada formalidade:
-vuestro que é utilizada junto com a forma de tratamento usted. - forma “deferencial e correferencial”: Se explica su uso como una forma deferencial y correferencial con usted(es), por asociación con vosotros —interpretado en el Río de la Plata como una forma deferencial—, aunque su origen esté en vos. (BERTOLOTTI, 2014, p. 66)
Nesse sentido, a autora também destaca que há traços comuns entre
vuestro e su. Vuestro é segunda pessoa, possessivo, e plural, assim esse
possessivo vuestro pode substituir o possessivo su.
A segunda alternativa para explicar a presença do possessivo vuestro no
espanhol da Região da Prata é a função de vuestro como desambiguador: as
27
formas su/suyo indicam cercania ou distância social e, portanto, geram confusão
no seu uso. Assim, diversas estratégias, usam “de usted”, conforme destaca
Fontanella de Weinberg (1995).
No seguinte capítulo, abordaremos a importância dos estudos
sociolinguísticos e (socio)pragmáticos e sua contribuição para uma melhor
compreensão das formas de tratamento e como diversas variáveis nesses dois
âmbitos podem influenciar na escolha de uma ou outra forma.
28
4. A SOCIOPRAGMÁTICA
Nesta segunda parte da nossa fundamentação teórica, é necessário
abordarmos e compreendermos de maneira muito mais detalhada o uso das
formas de tratamento desde um ponto de vista sociolinguístico e pragmático, de
maneira que possamos entender porque as formas de tratamento variam no seu
uso.
4.1. A SOCIOLINGUÍSTICA E AS FORMAS DE TRATAMENTO
A sociolinguística, segundo Silva-Corvalán (2001), pode ser definida como
o estudo dos fenômenos linguísticos que têm relação com fatores de tipo social. É
uma ciência que estuda como a língua é falada levando-se em consideração o
contexto social no qual estão inseridos os interlocutores, incluídos os diferentes
sistemas de organização política, econômica, social, geográfica de uma
sociedade. Também são considerados os fatores individuais que têm
repercussões sobre a organização social geral, como idade, raça, sexo e o nível
de instrução. Como também, os aspectos históricos e étnico-culturais ou a
situação imediata que envolve a interação.
Portanto, diante desta perspectiva, cabe ressaltar a natureza mutável da
língua. Não podemos pensar nela como um elemento estável, homogêneo, pelo
contrário, a língua como prática social, é heterogênea, diversificada e, vai se
modificando e evoluindo a partir da interação entre seus indivíduos, dependendo
do contexto em que estão inseridos. Deste modo, o gênero, idade, classe social e
econômica ou as relações afetivas entre os interlocutores, são variáveis que
influenciam na hora de fazermos uma escolha entre uma ou outra forma de
tratamento.
As relações sociais também influenciaram no uso da língua e, deste modo,
contribuíram nesse processo de mudanças. É o que afirma Miranda Poza (2013,
p.57) ao dizer que "[...] los cambios sociales tienen su inmediato reflejo en las
estructuras lingüísticas como consecuencia del uso que el hablante hace de su
29
lengua." Assim, por exemplo, na medida que a sociedade foi se tornando mais
igualitária, as formas de tratamento como usted, começaram a ser usadas em
âmbitos muito restritos, em favor de um amplo uso do pronome tú.
O uso de uma determinada forma de tratamento em relação a outra, por
parte de uma determinada comunidade de falantes, é estabelecida a partir das
dimensões de poder e de solidariedade. Essas dimensões regem as relações
interpessoais sobre os indivíduos e podem ser simétricas (solidariedade) ou
assimétricas (poder). Desta forma, estas duas dimensões determinam a escolha e
uso de uma forma de tratamento específica. Brown e Gilman (1960), descrevem
essa dimensão de poder como a relação entre dois interlocutores que não é
baseada na reciprocidade, porque um deles não tem poder. No âmbito da
semântica, opera o mesmo conceito de não reciprocidade.
De acordo com Miranda Poza (2013), o poder representa as relações
assimétricas, não recíprocas, de maneira que essas relações são governadas pelo
conceito de hierarquia, por exemplo, o pai superior (usa um tú ou vos-depende da
região- para falar com o filho) ao filho (usa um usted na sua resposta ao pai),
patrão ao empregado, professor ao aluno. Essas relações podem ser
estabelecidas pela idade, geração e autoridade, manifestando-se, assim, o uso de
usted no tratamento de inferior a superior.
Sendo assim, essas relações assimétricas se caracterizam pelo uso de
tú/vos por parte dos superiores ao se dirigirem a seus interlocutores, recebendo
destes o tratamento de usted. O uso de usted é condicionado a fatores como
riqueza, idade, força física, sexo, papel social ou familiar, que os interlocutores
assumem em situações de hierarquia. (BROWN e GILMAN, 1960, apud SONG e
WANG, 2014)
A solidariedade, por sua vez, é representada por relações simétricas,
recíprocas, derivadas por atributos de parentesco, sexo e filiação de grupo, igual
posição social. Esta dimensão está baseada na afinidade, semelhanças, afeto e
agrado que existe entre seus interlocutores. O uso de tú/vos é caracterizado de
maneira recíproca, isto é, entre interlocutores em posição de igualdade, o
tratamento é recíproco, eles dois fazem uso da mesma forma.
30
Assim, conforme Brown e Gilman (1960), a denominada forma pronominal
T (nosso tú ou vos) representa os pronomes familiares e teria um uso recíproco
que expressa intimidade e, outro não recíproco, que seria para não intimidade,
tratamento reverencial. Enquanto a forma pronominal V (usted), pronome formal,
no seu uso recíproco, expressa distância e, no não recíproco, deferência.
No entanto, podem-se apresentar possíveis casos de assimetria, quando os
interlocutores não sentem solidariedade com relação de um ao outro e utilizam o
pronome usted de forma mútua, isso ocorre quando há um sentimento de
hostilidade, de não afinidade (MIRANDA POZA, 2013). Ou, em determinadas
regiões (como Antioquia-noroeste da Colômbia), o uso de usted no seu uso
recíproco expressa intimidade.
A princípios do século XX, as dimensões de poder direcionavam o uso das
formas de tratamento no âmbito social; porém, com as mudanças (em termos de
igualdade social) que foram ocorrendo na sociedade com o passar dos anos, as
dimensões de solidariedade foram ganhando cada vez mais espaço,
predominando mais que as de poder.
4.2. O QUE DIZ A PRAGMÁTICA. OS ESTUDOS SOBRE CORTESÍA
Segundo Escandell (1993), a pragmática é o estudo dos princípios que
regulam o uso da linguagem na comunicação, ou seja, as condições que
determinam o emprego de enunciados concretos, emitidos por falantes concretos,
em situações comunicativas concretas e a sua interpretação por parte dos
destinatários. A autora afirma que a pragmática é uma disciplina que leva em
consideração fatores extralinguísticos que determinam o uso da linguagem,
fatores estes que não fazem referência a um estudo gramatical, como por
exemplo, as noções de emissor, destinatário, intenção comunicativa, contexto
verbal, situação ou conhecimento de mundo, a relação afetiva entre os
interlocutores, tipo de interação (maior a menor solidariedade), os quais vão ser de
extrema importância na hora de interpretarmos o valor de determinada forma de
tratamento, por exemplo.
31
Deste modo, o presente trabalho destaca a importância da pragmática para
a análise das formas de tratamento, pois vem nos mostrar que o valor das
diversas formas de tratamento não deve ser generalizado, nem pré-determinado
sem levar em conta o contexto no qual elas são usadas. Como afirma Reyes:
[…] el conocimiento de las reglas gramaticales no es suficiente para usar el lenguaje efectivamente, ni siquiera en diálogos sencillos. Nuestra capacidad pragmática nos permite construir enunciados, es decir, textos que son parte de redes de textos, y nos permite interpretar los enunciados ajenos. (REYES, 2009, p. 24)
Portanto, seu uso vai além do plano linguístico e, por isso, é importante
considerar o contexto social no qual está inserido o interlocutor ou a interação
entre os interlocutores. Para o discente do Curso de Letras, é muito importante e
relevante que obtenha este tipo de conhecimento durante a sua formação, essa
consciência lhe permitirá entender as diversas manifestações da língua em seus
diversos contextos de interação.
De acordo com Rebollo Couto (2005), nenhuma forma de tratamento tem
em si própria o valor de distância, pois este depende do contexto de interação, do
gênero discursivo, da intenção comunicativa ou situacional. Estas três dimensões
determinam esse valor ou a escolha do falante.
O contexto é o conjunto de conhecimentos e crenças que são
compartilhados entre os interlocutores de um intercâmbio verbal e que são
pertinentes na produção e interpretação de seus enunciados. Dentro desta
perspectiva, são três os tipos de contexto: contexto linguístico, formado pelo
material linguístico que precede e segue a um enunciado; contexto situacional,
corresponde ao conjunto dos dados acessíveis aos participantes da conversação,
que são parte da situação de fala; e, o contexto sociocultural, relativo aos dados
que procedem de condicionamentos sociais e culturais sobre o comportamento
verbal e à sua adequação a diferentes circunstâncias. Dentro do âmbito do
contexto sociocultural, os enunciados são interpretados desde o marco
metacomunicativo, que classifica a situação da fala e o papel dos participantes
(REYES, 2009).
Por outro lado, na comunicação, sempre há uma intenção por detrás
32
daquilo que se quer dizer, ou seja, quem fala, fala com alguma intenção. A
pragmática estuda esse significado intencional, ou seja, o que queremos dizer.
Segundo afirma Reyes (2009), interpretar aquilo que o outro diz é reconhecer sua
intenção comunicativa e isso é muito mais que reconhecer o significado das suas
palavras. A comunicação parte de um acordo prévio dos falantes, de uma lógica
da conversação que permite passar do significado das palavras ao significado dos
falantes. Comunicar-se é conseguir que o interlocutor possa reconhecer nossa
intenção e não somente o significado literal daquilo que dizemos.
Dessa maneira, como afirma Morollón (2017), a pragmática sociocultural
proporciona uma visão dos comportamentos e valores sociais que se manifestam
nos padrões comunicativos de um grupo específico, considerando suas
características sociais, culturais, contextuais e individuais. Portanto, desde esta
perspectiva da pragmática sociocultural, observamos a importância que o contexto
interacional tem na hora de influenciar no uso das formas de tratamento.
Sendo assim, se faz necessário assinalar também o uso da cortesia como
prática social usada para valorizar a imagem entre seus interlocutores na
interação comunicativa. Segundo Alberta e Briz et al. (2010, apud MOROLLÓN,
2017), o conceito de efeito social é chave na interpretação de enunciados verbais
e é essencial para entender a cortesia valorizante, dirigida a confirmar a imagem
social e estreitar as relações sociais entre os participantes.
A cortesia como estratégia comunicativa é um fenômeno sociopragmático
produzida em um determinado contexto sociocultural, cujos componentes
garantem a presença e a ausência de adequação nos atos de fala. E, também, é
definida, conforme Nikleva (2011), como um comportamento social, regida por
normas e princípios, estabelecido para manter a ordem social e a relação
harmoniosa entre os membros de uma sociedade.
Desta maneira, a cortesia também pode nos ajudar a entender a escolha do
uso de uma forma de tratamento em relação a outra. Tudo vai depender da
interação entre os interlocutores e o papel que desempenham nesta interação. De
acordo com Rebollo Couto (2005), as formas de tratamento estão sujeitas à
eleição dos falantes para manifestar diferentes atitudes consideradas na relação
33
interpessoal. Assim, mediante o uso estratégico dessas formas, pode-se obter
níveis de distância interpessoal ou de proximidade.
Por último, caberia destacar que dentro das formas de tratamento, os
vocativos constituem uma estratégia de expressão de cortesia. Durante o ato
comunicativo, o falante faz uso do vocativo para captar a atenção de seu
interlocutor. Assim, dentro da considerada cortesia formal, o falante faz uso do
vocativo para expressar deferência e distância com relação a seu interlocutor,
destacando assim seu nível social (BROWN e LEVINSON, 1978, apud NIKLEVA,
2011) e mostrando uma imagem positiva dele. Mas também é usado como uma
formalidade para iniciar o ato comunicativo ou para fechá-lo.
Dentre os diversos vocativos da língua espanhola, podemos destacar o uso
do vocativo señores e señoras, que são uma forma nominal de tratamento, muito
usados no gênero oral. Señor pode ser usado de diversas maneiras: para se
referir a qualquer pessoa, a qual não se sabe o nome ou não se quer utilizá-lo;
quando está precedido a outro substantivo, se utiliza para chamar alguém,
referindo-se a seu cargo ou a classe social ao qual pertence; sozinho ou
acompanhado é a forma que os vendedores utilizam para dirigir-se a seus
clientes; no âmbito religioso, é usado como tratamento de máximo respeito para
se referir a Deus. A forma feminina señora é usada para se dirigir a mulheres
casadas e, aparece como vocativo, quando se intercala o enunciado, podendo
estar sozinho ou acompanhado de usted; seguido de um sobrenome é utilizado
como vocativo de respeito nas relações de trabalho, entre empregados e
empregadores (ÁLVAREZ, 2005).
A seguir, no capítulo 5, será feita a análise e interpretação de uma parte
das formas pronominais e nominais de tratamento que aparecem no nosso corpus,
a fim de compreender o uso do possessivo vuestro na variedade bonaerense.
34
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
O objeto de análise deste trabalho foi o curta-metragem argentino El
vendedor de sueños (2008). Este curta-metragem argentino, intitulado Sueños,
mais conhecido como El vendedor de sueños, foi produzido em 2008 para um
comercial publicitário da empresa Tarjeta Naranja, principal emissora de cartões
de crédito da Argentina. Foi protagonizado por China Zorrilla (avó) e Favio Posca
(vendedor), criado por Rombo Velox e dirigido por Gabriela Trettel. O vídeo conta
a história de um vendedor ambulante que vende agulhas e linhas de costura nos
ônibus da cidade. Mas, além de vender esses objetos, ele “vende” sonhos, ou
seja, seu objetivo é levar um pouco de esperança, fazer com que aquelas pessoas
reflitam sobre seus sonhos, seus objetivos, que para ele, é o mais especial,
vender sonhos às pessoas, como podemos observar em uma conversa que ele
tem com sua avó, quando está em casa e, que é o tema principal do curta-
metragem, passar uma mensagem de que os sonhos são possíveis e podem se
realizar.
Os pronomes de tratamento que aparecem no vídeo são os vocativos
señoras e señores (formas nominais de tratamento), e as formas pronominais de
2ª pessoa, para o singular e o plural: vos, ustedes e os possessivos
correspondentes: su e vuestro.
Na análise das amostras de fala, levamos em conta as seguintes variáveis
(sócio)pragmáticas (REBOLLO COUTO, 2005): o contexto de interação específico,
e a intenção comunicativa.
Com relação ao contexto de interação, o ato comunicativo acontece no
espaço público, que é o ônibus, um lugar dado à proximidade, um lugar de
encontro. A interação é face a face. Esse contexto é como no Brasil: o vendedor
busca falar bem alto para que as pessoas possam escutar o que ele quer vender
e, além disso, sua fala está sendo acompanhada pelo movimento das mãos, por
diversos gestos e tratamento de cortesia. Podemos observar que ele também
pretende ser descontraído em alguns momentos, algo que, ao nosso ver, seria
35
uma estratégia de cortesia, através da qual busca gerar um ambiente amigável, de
empatia, para se aproximar dessas pessoas, vender seu produto e depois o
sonho: “[...] ahora que se viene el otoño”; “varios colores para la felicidad”; e
quando fala sobre a forma de pagamento: “Acepto billetes, cheques y euros.”
Dentro desse contexto, o vendedor trabalha para criar um vínculo afetivo
com as pessoas, construir uma relação interpessoal, já que sua intenção, na
verdade, é poder vender não apenas agulhas e linhas, mas sim sonhos e, para
isso, ele precisa estabelecer uma certa aproximação com essas pessoas, pois
vender sonhos, para ele, é o mais especial.
Assim, ele tem que cumprir com um certo ritual: no início, o vendedor vai se
apresentar e apresentar ou introduzir o seu produto, e não pode estabelecer de
cara uma relação simétrica de solidariedade, deve cumprir com as normas
adequadas para uma situação de venda como essa, no momento em que ele se
dirige ao coletivo e não a cada um desses indivíduos que estão dentro do ônibus.
Dessa forma, o vendedor faz uso das formas de tratamento nominais, os vocativos
señores e señoras, com seus correspondentes determinantes possessivos, su e,
em certo momento, usa o possessivo vuestro; “Voy a permitirme robarles dos
minutos de su amable atención”; “[...] para ofrecerles un producto [...]” “Pero
básicamente súper importante para vuestro uso diario.”
O uso do vocativo vai também acompanhado pelo uso do pronome de 3ª
pessoa do plural, ustedes, usado para marcar uma relação assimétrica, como
tratamento de cortesia.
Estamos dentro de um contexto informal, uma cena típica de ônibus, com
pessoas de diferentes classes sociais, idades, gênero e, o vendedor procura
aproximar-se delas para vender seu produto. Mas, essa primeira aproximação de
um grupo de pessoas que ainda não foram apresentadas, exige cumprir com uma
determinada norma, a de saudação: “Muy buenos días señoras y señores.”; “Voy a
permitirme robarles dos minutos de su amable atención”; “en este caso para
ofrecerles un producto de extrema calidad.”; “a ustedes se los voy a vender solo
por tres pesitos”; “por tan sólo tres pesitos ustedes podrán adquirir el famoso
‘cosetutti’ que los sacará de cualquier apuro.” O vocativo é usado com essa
36
função, a de saudar umas pessoas com as quais não tinha sido feita uma
aproximação anteriormente, são desconhecidos.
Por outro lado, o uso do vocativo por parte do vendedor indica sua intenção
de chamar a atenção das pessoas, mas também, de amenizar o seu pedido de
compra, pois podemos perceber que seus clientes estão cansados, não estão a
fim de comprar nada, e o simples fato de alguém entrar com a intenção de vender
um produto, pode incomodar estas pessoas.
O vendedor busca gerar interesse pelo que está oferecendo, porque ele
estava sendo ignorado, as pessoas não estavam prestando atenção ao que ele
estava dizendo, umas estavam conversando, outras dormindo, olhando pela
janela, lendo jornal, com fones de ouvido, mexendo no celular. E, ele faz isso
através do uso do vocativo, para apelar a seus clientes, como uma estratégia que
o vendedor utiliza para captar a atenção deles e, também, para expressar cortesia
com relação a eles. Através de um gênero da oralidade, o vendedor expressa uma
petição e procura mediante esse uso, manter uma imagem positiva de si próprio.
No entanto, na hora que ele se aproxima de cada um desses seus
potenciais clientes, e começa a repartir seus produtos a cada um deles, eles se
tornam indivíduos concretos, aos quais ele se dirige e com quem fala
pessoalmente, fazendo uso do pronome pessoal de 2ª pessoa de singular, vos,
como tratamento de confiança (estoy con vos; Servite, que lo disfrutés),
acompanhado pelo contato visual e físico entre ele e as pessoas do ônibus. Como
ele tinha feito bem na primeira cena, quando sobe no ônibus e cumprimenta o
motorista. Neste sentido, o vendedor está estabelecendo uma relação simétrica de
solidariedade com seus clientes, na tentativa de se aproximar e convencê-los a
comprarem o seu produto.
A seguir, ele continua seu discurso fazendo uso da forma pronominal
ustedes, como forma de cortesia; neste caso, talvez poderíamos cogitar a
possibilidade de que estejamos diante de um ustedes que indica tratamento de
proximidade: “Les voy a vender un sueño”; “Sí, sí, escucharon bien”. No entanto,
consideramos que nessa cena do ônibus, o uso de ustedes referido ao coletivo
anônimo, encaixaria em uma forma de tratamento de cortesia e não de
37
proximidade. Este uso da forma ustedes expressando cortesia, apenas é
interrompida quando se dirige pessoalmente a uma das pessoas que estava lá,
sentada, ouvindo o vendedor falar dentro do ônibus: nesse momento do ato
comunicativo, o vendedor faz uso da forma pronominal vos através da forma
verbal (escuchaste bien).
O vendedor finaliza sua fala voltando-se para o coletivo que está sentado
no ônibus, e volta a fazer uso da forma pronominal ustedes, dos determinantes
possessivos correspondentes, su(s) e se despede deles, como também agradece
pela atenção com o vocativo señores y señoras e o possessivo su: “Sí, señoras y
señores, diez segundos, tan sólo diez segundos [...]”; e, antes de descer do
ônibus: “Muy bien señoras y señores, muchas gracias por haberme prestado su
amable atención.”
Então, voltando ao início da nossa cena:
Imagem 1- Filme El vendedor de sueños(2008) (arquivo de vídeo)
Fonte: Youtube– Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=fZdfip6Lcb8 Acesso
em: 10.Jul.2018.
Por quê o vendedor faz uso do possessivo vuestro ao invés de su?
Hoje em dia, o possessivo vuestro é o determinante de vosotros, o qual não
é usado na linguagem falada na Argentina, somente sendo encontrado na
38
linguagem escrita, em textos muito formais. Como afirma Lapesa (1981, p.p.582-
583), “vosotros, os y vuestro sólo existen allí [América] como expresión retórica y
muy reverencial.”
Por outro lado, atualmente na América, segundo Frago (2011, apud
BERTOLOTTI, V., 2016), podemos nos encontrar com um vos reverencial (no
singular, fazendo referência a uma pessoa), o qual é considerado, conforme o
autor, um arcaísmo, e que é usado junto com a forma pronominal e possessiva os
e vuestro. É utilizada em contextos linguísticos de ampla solenidade, por exemplo,
no âmbito jurídico ou diplomático.
No entanto, o determinante possessivo não aparece no texto associado ao
pronome pessoal vos nem a ustedes, mas sim a uma forma nominal de
tratamento, os vocativos señores e señoras, os quais estão sendo usados para
expressar cortesia.
Durante a nossa pesquisa, na fundamentação teórica, foi mencionado o
estudo de Bertolotti (2014), que destaca a presença, na região da Prata, do
possessivo vuestro junto com a forma pronominal ustedes, neste caso, entendida
como forma de tratamento que expressa cortesia e não confiança. Assim, a forma
vuestro no tipo de interação, gênero discursivo (da oralidade) e contexto
situacional analisados no nosso trabalho, estaria expressando deferência. Nessa
região, esse uso vai associado ao pronome de 2ª pessoa do plural, vosotros, que
é interpretada como forma deferencial, para tratamento de respeito.
Caberia destacar que, entre os séculos XVI e XVII, esta forma pronominal
tanto poderia expressar proximidade quanto cortesia, desse modo, compartilhava
também o mesmo espaço da forma pronominal de 3ª pessoa do plural, ustedes.
Assim, na região bonaerense, esta forma de vosotros para expressar deferência,
ainda era usada no século XIX e, era utilizada como tratamento entre os nobres,
ainda mais elevado do que o pronome de 3ª pessoa do plural, ustedes.
Esse registro afetado e especialmente solene parece que é o mesmo com
que nos deparamos na nossa cena de vídeo analisada, uma solenidade que veio a
ser reforçada pelo uso do vocativo. Por trás desse possessivo, estaria um
vosotros, que convivia tempos atrás com o ustedes, como formas de tratamento
39
altamente cortês, e que na fala do vendedor são substituídos pelo vocativo como
estratégia inequívoca para expressar essa deferência e, ao mesmo tempo, para
captar a atenção de um público concreto. Seu uso na variedade bonaerense,
dentro de um registro coloquial, talvez poderia ser entendido neste fragmento
analisado, como um aceno teatral a um uso que séculos atrás teria sido
interpretado, pelos habitantes dessa região, como o “genuinamente” espanhol
(ONELL, 2016).
Por outro lado, Bertolotti (2014), na hora de justificar a presença desse
possessivo na variedade rioplatense, tinha apontado para uma segunda hipótese:
o uso de vuestro como desambiguador, pois as formas su/suyo podem indicar
proximidade ou distância social e, deste modo, acabam gerando uma opacidade.
No entanto, poderíamos questionar esta opção, porque apenas foi usado uma vez
em toda a cena e, além do mais, no momento que ele usa o vocativo señores já
deixa claro que a forma de tratamento é de cortesia.
Retomando as nossas observações da fundamentação teórica sobre o uso
deste pronome e a retórica clássica (LY, 2001, apud FERNÁNDEZ MARTÍN,
2012), o uso do possessivo vuestro poderia obedecer a uma intenção por parte do
vendedor de tratar aquelas pessoas de maneira extremamente cortês. Ele faz uso
desse vocativo señores e señoras e o possessivo vuestro, como se todos eles
estivessem dentro de um grande cenário, o ônibus, e os interlocutores desse
vendedor são tratados com grande reverência. Esses usuários anônimos do
transporte coletivo dessa cidade, por um momento, se tornam muito importantes
sob o olhar desse vendedor, buscando assim enaltecê-las. Nesse sentido, esta
hipótese poderia vir confirmada pela presença de um elemento paraverbal, que
estaria apoiando o nosso argumento anterior, que seria a entonação enfática
observada quando o vendedor pronuncia esse possessivo vuestro.
40
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise feita do curta-metragem El vendedor de sueños (2008), através
da aparição de um inusitado vuestro na fala do personagem principal, nos levou a
uma reflexão e estudo sobre o uso das formas pronominais e nominais de
tratamento, como uma maneira de entender o uso do determinante possessivo
vuestro dentro deste contexto. Desse modo, foi mostrada a variação que existe
nas formas de tratamento do espanhol e como é importante não pensarmos na
língua de maneira uniforme, mas sim, sempre considerar seu caráter heterogêneo
e diverso.
Levando-se em consideração a diversidade do idioma espanhol, foi
relevante ver o que dizem os documentos oficiais, como o Projeto Político
Pedagógico do Curso de Letras, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de
língua estrangeira e os Referenciais Curriculares de Língua Estrangeira do Estado
da Paraíba, sobre a questão da variação linguística. Todos esses documentos
ressaltam a importância do estudo da variação linguística no ensino de língua
estrangeira, e como é muito importante que o futuro docente construa esse
conhecimento ao longo de sua formação acadêmica, através do contato com
diversas áreas, como a linguística, a sociolinguística e a pragmática.
Para se alcançar o objetivo desta análise, foi feito um estudo sincrônico e
diacrônico das formas pronominais e nominais de tratamento: tú, vos, vosotros,
usted e ustedes e dos determinantes possessivos su e vuestro.
O estudo e análise dessas formas pronominais de tratamento desde uma
perspectiva sincrônica e diacrônica, os trabalhos publicados no âmbito da
pragmática, a linguística histórica, a sociolinguística e a sociopragmática, todos
eles foram de extrema importância para que pudéssemos compreender e chegar a
uma conclusão sobre o uso desses elementos. Refletir sobre o uso dessas formas
e as variações que ocorreram ao longo do tempo foi essencial para mostrar a
mutabilidade da língua e entender a variação de uso nos dias de hoje.
A partir desses dados, nossa análise e interpretação pôde concluir que o
uso de vuestro dentro deste contexto, foi usado de forma deferencial, para mostrar
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reverência, como estratégia de cortesia, uma vez que o vendedor buscava chamar
a atenção daquelas pessoas para vender o seu produto e, depois, o mais
importante para ele, vender o sonho, mostrar a elas que não se deve perder a
esperança e acreditar que os sonhos podem se cumprir. Sob o olhar dele, essas
pessoas eram dignas de honra e mereciam ser tratadas de maneira especial.
Este estudo busca contribuir para uma reflexão sobre como é necessário
que durante sua formação no Curso de Letras, o discente saiba que transitar e se
utilizar de diferentes conhecimentos gramaticais, pragmáticos e sociolinguísticos,
lhe proporcionará um conhecimento muito mais amplo da língua.
Como futuros docentes, é importante termos consciência de que o
conhecimento não está construído nem acabado quando já estamos finalizando
nosso curso de graduação. Assim, não seria honesto pela nossa parte
trabalharmos a partir de generalizações e de valores pré-determinados; muito pelo
contrário, devemos aprofundar-nos na análise crítica da língua, para proporcionar
um ensino-aprendizagem mais enriquecedor e que tenha um significado efetivo.
Esse conhecimento torna-se essencial para ambos os lados: primeiro, para
o docente em formação, que ganhará uma bagagem de conhecimento muito rica e
importante para sua formação e futura prática profissional e, segundo, para o
alunado, que poderá ter uma aprendizagem sobre a língua muito mais concreta.
Nesse sentido, é importante que o aluno tenha essa consciência da língua
mais próxima ao uso real, do cotidiano. Pois, uma vez que esteja em contato com
a língua em seu uso real, seja falando com hispano falantes, seja em uma viagem
ou até mesmo assistindo filmes ou séries, por exemplo, não lhe pareça estranho o
uso de determinada forma, usada de maneira diferente daquilo que aprendeu, por
ter em mente somente valores de formalidade ou informalidade, como no caso das
formas de tratamento, e não ter conhecimento dessa diversidade. Tudo isso
contribui para desenvolver seu pensamento crítico e ampliar sua visão de mundo.
Como futuras linhas de pesquisa, cabe destacar que os estudos da
evolução e uso das formas de tratamento ao longo da história da língua
espanhola, podem ser feitos na disciplina de Literatura; assim, através da análise
documental de textos literários, pode-se aprofundar nesses estudos em sala de
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aula. Assim como, também, nas aulas de Fonética, uma vez que podemos
analisar os diversos recursos fônicos (no plano segmental, suprassegmental ou
paralinguístico), que podem contribuir para expressar cortesia em conversas
marcadas pelo registro coloquial. Desta maneira, esses estudos aliados a
diferentes disciplinas da graduação podem ser de grande importância para
contribuir na formação do futuro docente.
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ANEXOS
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Origem e evolução das formas de tratamento tú, vos, usted(es), vosotros e seus correspondentes possessivos.
LATIM CLÁSSICO
LATIM TARDIO MEDIEVO SÉC. XV
Tu – confiança, sg Não há forma para expressar poder detentado pelo imperador.
Tu- Confiança Possessivo: Tuus, tua, tuum
Tú- Confiança Tú- Confiança
Vos- cortesia- (na forma é plural, mas semântica/ a referência é singular). Sua origem: vos plural começa ser usado como singular de respeito (s. IV). Tratamento singular. Plural retórico. Reconhecer poder dos Imperadores. Função reverencial. Associam forma plural com conceito poder.
Vos- cortesia- Nobreza. (na forma é plural, mas semântica/ a referência é singular). Uso estendido para a nobreza. Possessivo etimológico: vuestro.
Vos e a fórmula honorífica: vuestra merced compartem espaço. Expressam cortesia. Possessivo: vuestro (vos) Possessivo: su (VM)
Vos como forma não marcada: usada para tratamento assimétrico e simétrico.
Vos- pluralidade de interlocutores
No plural: Vos – Confiança. Pluralidade de interlocutores Possessivo: Vestri, vestrum
No plural: Vos – Confiança. Pluralidade de interlocutores. Possessivo: vuestro
No plural: vos otros (tú e os outros)>vosotros. Valor contrastivo, contraste com relação a outra pessoa. Mais tarde passa a ter valor enfático
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SÉCULOS XVI E XVII
Flexibilização do sistema. Coexistência e hibridação: tú e vos (sg) como confiança. Fusão paradigmas verbais e pronominais. Séc. XVII (Espanha): uso estigmatizado do vos (inferiores). Ao passar para paradigma do Tú: adota o possessivo tu. Tú: para tratamento simétrico, confiança, classe baixa. Possessivo: tu/tuyo.
Fórmula honorífica: vuestra merced>usted. Cortesia. Possessivo: su.
Vosotros (plural) Neste período: vosotros é usado para: tratamento assimétrico (entre fidalgos, cavaleiros) e simétrico. Assim, ele também era o plural do pronome de respeito vos, além de marcar pluralidade. Possessivo: vuestro. Fórmula honorífica: Vuestras mercedes. Cortesia Possessivo: su/suyo.
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AMÉRICA. PERÍODO CONQUISTA.
AMÉRICA. SÉC. XVI, XVII SÉC. XVIII. RÍO DE LA PLATA
HOJE RIO DE LA PLATA.
1. SG. tú, vos, vuestra merced>usted. 2. PL: vosotros; Vuestras mercedes>ustedes.
Tú. (diferente sem. y pragm. de vos) Possessivos: tu e tuyo Vos (cortesia, sg.) Possessivo: Vuestro
Escolha tú e vos: região 1 e 2.
Vuestra merced>usted
Possessivo: su ou suyo.
Alternam tú y vos (expressando confiança). Ambas com as formas do possessivo: tuyo Usted - possessivo: su/suyo.
Vos: Do eixo do poder para o eixo da solidariedade. Confiança. Possessivo: tu, tuyo
Usted – distância. Possessivo:
Su(s), suyo(s)
Ustedes- o tratamento de confiança quanto de distância.
PLURAL. Vosotros correspondia ao possessivo vuestro. Uso para familiaridade e deferência. Vacilação nas 2 formas do plural (vosotros e ustedes).
Vuestras mercedes>ustedes-
Possessivos: su ou suyo.
Rio de la Plata: coexistiram vosotros (pl.) e vos (sg) (XVI e XVII) e, portanto, tinham os mesmos possessivos: vuestro. Ambiguidade: vuestro referido uma pessoa ou várias.
PLURAL Vosotros expressava deferência e não se opõe a ustedes.