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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE GESTÃO PÚBLICA
LUDMYLLA KELIA BASTOS MACHADO DE OLIVEIRA
MARTHA ARAÚJO DA SILVA
RESUMO DO LIVRO
INTRODUÇÃO A ECONOMIA – N. GREGORY MANKIW
JOÃO PESSOA
2019
Introdução à Economia – N. Gregory Mankiw
Resumo
Capitulo 1 – Dez princípios de economia
A palavra Economia vem do termo oikonomos e pode ser entendida como “aquele que
administra o lar”. Os lares e a economia têm muito em comum, assim como uma família, uma
sociedade deve tomar muitas decisões.
É importante a gestão dos recursos da sociedade porque estes são escassos. Escassez
significa que a sociedade tem recursos limitados e, portanto, não pode produzir todos os bens
e serviços que as pessoas desejam ter. É importante ressaltar que as necessidades humanas são
ilimitadas e os recursos são limitados, escassos.
A Economia é o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos. Os
economistas estudam como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram,
quanto poupam e como investem suas economias. E também como as pessoas interagem umas
com as outras.
Vejamos agora os Dez Princípios de Economia, que nos fornecem uma noção mais
ampla sobre economia.
COMO AS PESSOAS TOMAM DECISÕES
Quando se abordam aspectos relacionados à economia, referem-se a um grupo de
pessoas que interagem umas com as outras, e como o comportamento de uma economia
reflete o comportamento das pessoas que a compõem, com isso os quatro primeiros princípios
abordarão tomadas de decisões individuais.
Princípio 1: As pessoas enfrentam tradeoffs
Antes de tudo é necessário compreender que, em economia, tradeoff é um termo que
define uma situação de escolha conflitante, isto é, quando uma ação econômica que visa a
resolução de determinado problema acarreta inevitavelmente, outros.
O provérbio “Nada é de graça” expressa uma grande verdade. Para se conseguir algo
que queremos, é preciso abrir mão de outra coisa que gostamos, é preciso escolher um
objetivo em detrimento de outro.
Por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu tempo. Ela pode
passar seu tempo todo estudando uma matéria ou pode dividir seu tempo entre duas
disciplinas. E para cada hora que passa estudando, abre mão de uma hora que poderia gastar
cochilando, vendo TV ou trabalhando meio período para ganhar dinheiro para alguma despesa
extra.
A sociedade enfrenta um tradeoff entre eficiência e igualdade. Eficiência significa que
a sociedade está obtendo o máximo que pode de seus recursos escassos e igualdade que os
benefícios advindos desses recursos estão sendo distribuídos de maneira uniforme entre os
membros da sociedade. Ou seja, a eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e a
igualdade à maneira como o bolo é dividido em partes individuais.
Princípio 2: O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la
Como as pessoas enfrentam tradeoffs, a tomada de decisões exige comparar os custos
e os benefícios de possibilidades alternativas de ação. Pode-se considerar a decisão de ir à
faculdade. Os benefícios principais são o enriquecimento intelectual e uma vida com melhores
oportunidades de emprego. Mas há um custo para isso, o tempo. Enquanto você passa um ano
assistindo às aulas, lendo livros e fazendo trabalhos, não pode dedicar esse tempo a um
emprego. Para a maioria dos alunos, os principais custos de sua educação são os salários que
deixam de ganhar enquanto estão na faculdade.
O custo de oportunidade de um item é aquilo de que você abre mão para obtê-lo. Os
tomadores de decisões quando decidem cursar uma faculdade precisam estar cientes dos
custos de oportunidade que acompanham cada ação possível.
Princípio 3: As pessoas racionais pensam na margem
Os economistas pressupõem que as pessoas são racionais. Uma pessoa racional é
aquela que faz o melhor para alcançar seus objetivos, sistemática e objetivamente, de acordo
com as oportunidades disponíveis. A mudança marginal se refere a um pequeno ajuste
incremental em um plano de ação existente. Margem pressupõe a existência de extremidades,
com isso, mudanças marginais são ajustes ao redor das extremidades daquilo que você está
fazendo. Uma pessoa racional, geralmente, toma decisões comparando esses benefícios
marginais com custos marginais. Um tomador de decisões racional só irá executar uma ação
se o benefício marginal superar o custo marginal.
Um exemplo pode ser uma companhia aérea que tenha que decidir quanto cobrar dos
passageiros na lista de espera. Supondo que um voo de um avião de 200 lugares através do
país custe à empresa R$ 100 mil. Nesse caso o custo médio por assento será de R$ 100
mil/200, que é igual a R$ 500. Uma empresa racional consegue encontrar formas de aumentar
seus lucros pensando na margem. Imagine que tenha dez assentos vagos quando o avião
estiver prestes a decolar e um passageiro na lista de espera esteja disposto a pagar R$300 pela
passagem. A empresa deve vender por esse preço, pois se o avião está com assentos vagos o
custo de acrescentar mais um passageiro é mínimo. Mesmo que o custo médio por passageiro
seja R$ 500, o custo marginal é apenas o custo do saquinho de amendoins e do refrigerante
que o passageiro extra consumirá. Portanto, se o passageiro extra paga mais que o custo
marginal, vender a passagem para ele é lucrativo.
Princípio 4: As pessoas reagem a incentivos
Um incentivo é algo que leva uma pessoa a agir, tal como a perspectiva de uma
punição ou recompensa. Como as pessoas racionais tomam decisões comparando custo e
benefício, elas respondem a incentivos. Os incentivos são determinantes para analisar o
funcionamento do mercado. Por exemplo, se o preço da maçã aumenta, as pessoas optam por
reduzir o consumo de maçãs, por outro lado, os fazendeiros com pomares de macieiras
decidem contratar mais trabalhadores e colher mais maçãs. Ou seja, o preço mais alto do
mercado proporciona um incentivo para que os compradores reduzam o seu consumo e um
incentivo para que os vendedores passem a produzir mais. O preço tem um efeito sobre o
comportamento dos consumidores e produtores que é essencial para entender como a
economia de mercado aloca recursos escassos.
Formuladores de políticas públicas jamais devem se esquecer dos incentivos, muitas
políticas modificam os custos e benefícios para as pessoas e, portanto, alteram seu
comportamento. Quando esses formuladores deixam de considerar como suas políticas afetam
os incentivos, eles provocam consequências indesejadas.
COMO AS PESSOAS INTERAGEM
Os próximos três princípios dizem respeito a como as pessoas interagem umas com as
outras.
Princípio 5: O comércio pode ser bom para todos
Os países competem no mercado. Agora, supondo que uma empresa de um país A
produz carros e uma empresa de um país B também produz carros, haveria uma competição
entre as duas empresas pelos clientes no mercado de carros. De início pode se pensar que seria
algo negativo, porém essa competição entre os dois países pode ser boa para ambas as partes.
Para entender essa afirmação, pode-se pensar em como o comércio afeta sua família.
Quando alguém de sua família procura por emprego ele está disputando com membros de
outras famílias que também querem estar empregadas. O comércio permite com que as
pessoas se especializem naquilo que são melhores. Ao comerciarem com os outros, as pessoas
podem comprar uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor. Assim como as
famílias, os países beneficiam-se da possibilidade de comerciar uns com os outros. Isso faz
com que eles desfrutem de uma maior variedade de bens e serviços.
Princípio 6: Os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade
econômica
Alguns países tiveram economias de planejamento central (apenas o governo poderia
organizar a atividade econômica de maneira que promovesse o bem-estar econômico de todo
país), e a maioria deles abandonou esse sistema para tentar desenvolver economias de
mercado. Em uma economia de mercado as decisões estão nas mãos de milhares de empresas
e famílias. As empresas decidem quem contratar e o que produzir, por outro lado as famílias
decidem em que empresas trabalharem e o que comprar com sua renda.
Adam Smith fez uma observação em um de seus livros, em que segundo ele as
famílias e empresas atuam como se fossem guiadas por uma “mão invisível”, que leva a
resultados de mercado desejáveis. A sua visão era de que os preços se ajustam para direcionar
a oferta e a demanda, de forma que alcançariam resultados que maximizam o bem-estar da
sociedade.
Princípio 7: Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados
Precisamos do governo porque a mão invisível só poderá fazer maravilhas se o
governo garantir o cumprimento das regras e mantiver as instituições principais da economia.
Essas instituições são necessárias para garantir o direito de propriedade, que é a habilidade de
um indivíduo para possuir e exercer controle sobre os recursos escassos. Por exemplo, os
restaurantes só servirão refeições se tiverem a garantia de que os clientes pagarão antes de ir
embora. E eles confiam no governo para providenciar polícia e tribunais a fim de fazer valer o
direito sobre aquilo que produziram, e a mão invisível conta com sua habilidade para garantir
esses direitos, o mesmo vale para todos.
O governo também intervém na economia para promover a eficiência e a igualdade.
Considerando a eficiência, quando o mercado, por si só, não consegue alocar os recursos de
maneira eficiente os economistas usam a expressão falha de mercado. Uma possível causa
para essa falha é a externalidade, que é o impacto das ações de uma pessoa sobre o bem-estar
dos que estão próximos, temos como exemplo a poluição. Outra possível causa é o poder de
mercado, que é a capacidade de uma ou um grupo de pessoas de influenciar de forma indevida
os preços de mercado, isso ocorre quando há um monopólio, ou seja, quando alguém detém o
poder de mercado sobre algo sem que haja competidores. Considere agora a igualdade, que
mesmo quando a mão invisível produz resultados eficientes pode apresentar grandes
diversidades no bem-estar econômico. Uma economia de mercado recompensa as pessoas de
acordo com a capacidade delas de produzir coisas na qual outras pessoas estejam dispostas a
pagar. Por exemplo, o melhor jogador de futebol do mundo ganha mais do que o melhor
jogador de xadrez do mundo, porque as pessoas estão dispostas a pagar mais caro para assistir
uma partida de futebol do que um jogo de xadrez. Essa desigualdade pode, dependendo das
circunstâncias, exigir a intervenção do governo.
COMO A ECONOMIA FUNCIONA
Já foi discutido como as pessoas tomam decisões e como elas interagem umas com as
outras. Essas decisões e interações formam “a economia”. Os três últimos princípios são
referentes ao funcionamento da economia.
Princípio 8: O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e
serviços
O padrão de vida se altera de país para país e também ao longo do tempo. E quase
todas essas variações se dão por conta de diferenças de produtividade, que é a quantidade de
bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra. A relação entre
produtividade e padrão de vida traz implicações para a política pública. Quando se formula
uma política se pensa como afetará os padrões de vida, e como ela afetará a capacidade de
produzir bens e serviços. Para aumentar os padrões de vida, é necessário que os formuladores
de políticas tenham em mente a necessidade de elevar a produtividade, garantindo aos
trabalhadores uma boa educação, tenham a disposição as ferramenta necessárias para produzir
bens e serviços e tenham acesso à melhor tecnologia possível.
Princípio 9: Os preços sobem quando o governo emite moeda demais
Quando há uma grande emissão de moeda em um país, o valor desta cai. Com essa
elevada quantidade de moeda circulando, isso gera uma inflação, que é um aumento no nível
geral de preços da economia. Como exemplo temos a Alemanha que no início da década de
1920, quando em média os preços estavam triplicando a cada mês, a quantidade de moeda
também triplicava mensalmente.
Princípio 10: A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e
desemprego
A maioria dos economistas aceitam as ideias (o aumento da quantidade de moeda na
economia estimula o nível geral de consumo e a demanda por bens e serviços; o aumento da
demanda pode levar as empresas a elevar os preços, porém esse aumento também incentiva as
empresas a contratar mais mão de obra e aumentar a quantidade de bens e serviços
produzidos; e maior contratação significa menor desemprego) de que a sociedade enfrenta um
tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego. Isso quer dizer que em um período de um
ou dois anos, muitas políticas econômicas empurram a inflação em direções opostas. Esse
tradeoff de curto prazo é de muita importância para a análise de ciclo de negócios, que são as
flutuações irregulares e imprevisíveis na atividade econômica, medidas pela produção de bens
e serviços ou pelo número de pessoas empregadas.
Capítulo 2 – Pensando como um economista
Todos os campos de estudo possuem uma linguagem e maneira própria de pensar. Na
economia se fala de oferta, demanda, elasticidade, vantagem comparativa, excedente do
consumidor, peso morto e outros. Esses são alguns termos da linguagem dos economistas. De
primeira vista essa nova linguagem pode parecer enigmática, mas como veremos, tem valor
por proporcionar uma nova e útil maneira de pensar sobre o mundo em que vivemos.
O livro tem como objetivo ajudar você a pensar como um economista, porém isso leva
algum tempo. E antes de se aprofundar nos detalhes da teoria econômica, é importante ter
uma visão geral de como os economistas encaram o mundo. Para isso, será discutida agora a
metodologia utilizada no campo da economia.
O ECONOMISTA COMO CIENTISTA
Como os cientistas, os economistas procuram abordar seu campo estudo com
objetividade. Eles desenvolvem teorias, colhem dados e os analisam na tentativa de confirmar
ou refutar suas teorias. De início pode parecer estranho afirmar que a economia é uma ciência,
porém a essência da ciência é o método cientifico (desenvolvimento e teste imparcial de
teorias sobre como funciona o mundo).
O MÉTODO CIENTÍFICO: OBSERVAÇÃO, TEORIA E MAIS OBSERVAÇÃO
Um economista poderia viver em um país que passa por rápidos aumentos de preços e
ser levado por essa observação a desenvolver uma teoria da inflação. Esta teoria poderia
afirmar que a elevada inflação surge quando o governo emite muita moeda. Para testar essa
teoria, poderia ser feito pelo economista uma coleta e análise de dados sobre preços e moedas
em países distintos. Caso o aumento não estivesse relacionado a taxa de crescimento dos
preços, ele começaria a duvidar da validade de sua teoria da inflação. Mas se o aumento na
quantidade de moeda e a inflação estivessem fortemente correlacionados nos dados
internacionais, como ocorre de fato, o economista passaria a acreditar mais em sua teoria.
Mesmo usando os mesmos métodos de outros cientistas, eles enfrentam um obstáculo
que é a tarefa de conduzir experimentos, que é difícil e, às vezes, impossível. Pois, mantendo
o exemplo da inflação, não há como os economistas manipularem a política monetária de um
país simplesmente para gerar dados úteis. Eles têm de se satisfazerem com quaisquer dados
que o mundo possa lhes dar. E para substituir os experimentos em laboratório, os economistas
prestam muita atenção aos experimentos naturais que a história oferece.
O PAPEL DAS HIPÓTESES
Os economistas adotam hipóteses pelo motivo de que elas podem simplificar o mundo
complexo em que vivemos e o tornar mais fácil de entender. Para estudar o comércio
internacional pode-se supor, por exemplo, que o mundo se constitui de apenas dois países e
que cada um deles produz somente dois tipos de bens. De certo o mundo real é composto de
vários países e cada um produz milhares de diferentes tipos de bens. Contudo, quando se
adota a hipótese de dois países e dois bens, é possível concentrar o pensamento mais na base
do problema. Tendo entendido o comércio internacional de um mundo imaginário com dois
países e dois bens, estaremos com melhores condições de entender o comercio internacional
no mundo complexo em que vivemos.
São usadas pelos economistas diferentes hipóteses para responder a diferentes
questões. Vamos supor que queremos estudar o que acontece com a economia quando o
governo muda a quantidade de dólares em circulação. Uma parte importante dessa análise é a
maneira como os preços reagem. Isso pode nos levar a formular diferentes hipóteses ao
estudarmos os efeitos da mudança da política em diferentes horizontes de tempo. Pode ser
feita uma análise de curto e longo prazo dos efeitos de uma mudança na quantidade de moeda.
MODELOS ECONÔMICOS
Os economistas usam modelos para aprender sobre o mundo. Esses modelos
econômicos são compostos de diagramas e equações. Eles omitem muitos detalhes para
permitir que vejamos o que realmente importa, com isso os modelos dos economistas não
incluem todas as características da economia. Ao usar modelos para examinar diversas
questões econômicas, você verá que todos eles são construídos com hipóteses e simplificam a
realidade para que possamos compreendê-la melhor.
Nosso primeiro modelo: o diagrama do fluxo circular
Milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades como comprar, vender, trabalhar,
contratar, fabricar etc, nisso consiste a economia. Para entender como ela funciona é preciso
encontrar alguma maneira de simplificar nosso pensamento sobre essas atividades. Ou seja,
precisamos de um modelo que explique, de maneira geral, como a economia está organizada e
como seus participantes interagem entre si.
O diagrama do fluxo circular é um modelo visual da economia que mostra como a
moeda circula pelos mercados entre as famílias e as empresas. Esse modelo simplifica a
economia para incluir apenas dois tipos de tomadores de decisões: famílias e empresas. As
empresas produzem bens e serviços usando insumos, como trabalho terra e capital, que são
chamados de fatores de produção. As famílias são proprietárias dos fatores de produção e
consomem todos os bens e serviços que as empresas produzem.
As empresas e as famílias interagem em dois tipos de mercado. Nos mercados de bens
e serviços, as famílias são compradoras e as empresas vendedoras, ou seja, as famílias
compram os bens e serviços que as empresas produzem. Nos mercados de fatores de
produção, as famílias são vendedoras e as empresas compradoras. As famílias fornecem os
insumos que as empresas usam para produzir bens e serviços. Esse diagrama oferece uma
maneira simples de organizar todas as transações econômicas que ocorrem entre as famílias e
as empresas na economia.
Os dois conjuntos de flechas do diagrama são distintos, mas se relacionam. O conjunto
interno representa o fluxo de insumos e produtos. As famílias vendem o seu trabalho, terra e
capital para as empresas nos mercados de fatores de produção. As empresas utilizam esses
fatores para produzir bens e serviços que serão vendidos para as famílias nos mercados de
bens e serviços. O conjunto externo representa o fluxo de moedas. As famílias gastam seu
dinheiro para comprar bens e serviços das empresas e as empresas usam parte da receita
dessas vendas para pagar pelos fatores de produção, como por exemplo o salário de seus
trabalhadores. O que sobra é lucro dos proprietários.
Nosso segundo modelo: a fronteira de possibilidades de produção
A fronteira de possibilidades de produção é um gráfico que mostra as diversas
combinações de produção que a economia pode produzir dados os fatores de produção e a
tecnologia produtiva disponíveis que as empresas podem utilizar para transformar esses
fatores em produtos. Em outras palavras, são as possibilidades que uma economia tem de
produzir, utilizando de forma eficiente os recursos e fatores de produção que ela possui.
Por exemplo, se uma economia emprega todos os seus recursos na indústria
automobilística, produz 1.000 carros, mas nenhum computador. Se ela emprega todos os
recursos na indústria de computadores, ela produz 3.000 computadores, mas nenhum carro.
Os dois pontos finais da fronteira representam essas possibilidades extremas. Mas ela pode
dividir seus recursos entre as duas indústrias, produzindo carros e computadores.
Nos pontos A, B, E e F, é possível observar que os recursos desta economia estão
sendo utilizados de maneira eficiente, ou seja, a economia consegue obter o máximo dos
escassos recursos disponíveis. O ponto C representa uma situação na qual a economia não
pode produzir essa quantidade de carros e computadores, pois como os recursos são escassos
nem todo resultado esperado é viável. E o ponto D representa um resultado ineficiente, a
economia está produzindo menos do que poderia com os recursos disponíveis.
A fronteira de possibilidade de produção mostra um tradeoff que a sociedade enfrenta.
Tendo atingido os pontos de eficiência da fronteira, a única maneira de produzir mais de um
bem é produzir menos de outro. Quando a economia, por exemplo, se move do ponto A para o
B, a sociedade produz mais 100 carros, à custa de uma produção menor de 200 computadores.
Isso também pode se entender por custo de oportunidade, que é o custo de uma coisa que você
abre mão para obter outra. No ponto A o custo de oportunidade de 100 carros é de 200
computadores, deixa-se de produzir 200 computadores para produzir 100 carros adicionais.
A fronteira de possibilidade de produção mostra o tradeoff entre a saída de bens
diferentes em determinado período, mas ele pode se modificar com o tempo. Suponha que um
avanço tecnológico na indústria da informática aumente o número de computadores que um
trabalhador consegue produzir semanalmente. Esse avanço aumenta as oportunidades da
sociedade. Para um número determinado de carros, a economia pode produzir mais
computadores. Mesmo se não produzir nenhum computador, ainda é possível produzir 1.000
carros, então um ponto da fronteira permanece igual, o restante se altera.
A figura ilustra o crescimento econômico. É possível mover a produção de um ponto
da fronteira antiga para um ponto na nova. A fronteira de possibilidade de produção simplifica
uma economia complexa para destacar e esclarecer algumas ideias básicas como escassez,
eficiência, tradeoffs, custo de oportunidade e crescimento econômico.
MICROECONOMIA E MACROECONOMIA
A economia é estudada em diversos níveis. Podem ser estudadas as decisões tomadas
individualmente de famílias ou empresas. Ou a interação entre elas nos mercados dos bens e
serviços específicos. Ou ainda a operação da economia como um todo, a soma das atividades
de todos os tomadores de decisões em todos os mercados.
O campo da economia divide-se em dois amplos subcampos. A microeconomia é o
estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como elas interagem em
mercados específicos. A macroeconomia é o estudo de fenômenos que englobam toda a
economia, incluindo inflação, desemprego e crescimento econômico. A microeconomia e a
macroeconomia estão intimamente ligadas. Pelo fato de que as mudanças na economia como
um todo resultam das decisões de milhões de pessoas, com isso é impossível entender os
desdobramentos macroeconômicos sem considerar as decisões microeconômicas associadas a
eles. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar os efeitos de um corte no imposto de
renda sobre a produção geral de bens e serviços e para analisar a questão ele precisa levar e
consideração de que maneira o core de impostos afeta as decisões das famílias sobre quanto
gastar em bens e serviços. Apesar da ligação entre elas, a microeconomia e a macroeconomia
são dois campos distintos. Tratam de questões diferentes, por isso cada um tem seu próprio
campo de atuação.
O ECONOMISTA COMO CONSELHEIRO DE POLÍTICAS
Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas de acontecimentos
econômicos. Às vezes solicita-se que os economistas recomendem políticas que melhorem os
resultados da economia. Quando tentam explicar o mundo, os economistas são cientistas.
Quando tentam ajudar a melhorar a situação, são conselheiros políticos.
Análise positiva versus análise normativa
As declarações positivas são descritivas e referem-se a como o mundo é. As
declarações normativas são prescritivas e referem-se a como o mundo deveria ser. Uma
diferença fundamental entre elas está em como se julgam sua validade. Para entender melhor
vejamos duas declarações. Uma declaração A (positiva) diz que as leis do salário mínimo
causam desemprego. Outra declaração B (normativa) diz que o governo deveria aumentar o
salário mínimo. Para confirmar ou refutar as afirmações positivas é necessário passar por um
exame de evidências. Um economista poderia avaliar a declaração A analisando dados sobre
as variações no salário mínimo e no desemprego ao longo do tempo. Por outro lado, avaliar
afirmações normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declaração B não pode ser
julgada apenas com base em dados. Decidir o que é política boa ou ruim além de ser uma
questão de ciência, envolve também nossa visão sobre ética, religião e filosofia política.
Embora sejam declarações diferentes, estão interligadas no conjunto de crenças de um
indivíduo. Uma visão política do mundo afeta a visão normativa sobre quais políticas são
necessárias.
Economistas em Washington
Os conselhos dos economistas nem sempre são diretos, sempre dizem “por um lado...
e por outro...”. Eles estão cientes de que tradeoffs estão incluídos na maioria das decisões
políticas. Uma política pode aumentar a eficiência ao custo da igualdade e pode ajudar
gerações futuras em detrimento das atuais.
O presidente dos Estados Unidos é orientado pelo Conselho de Assessores
Econômicos, que consiste de três membros e uma equipe composta de dezenas de
economistas. Ele também recebe insumos de economistas de muitos departamentos
administrativos. A influência dos economistas sobre a política não se limita ao seu papel de
assessores, as pesquisas e os textos produzidos por eles afetam indiretamente a política.
Porque nem sempre os conselhos dos economistas são seguidos
Os economistas que atuam como conselheiros de presidentes ou outros líderes sabem
que nem sempre suas recomendações serão ouvidas. É fácil entender o motivo, pois o
processo em que a política econômica é feita é diferente do processo político idealizado, como
apresentado nos livros de economia.
Depois de ouvir as ideias dos conselheiros econômicos sobre as melhores políticas,
também ouve outros consultores, como conselheiros de comunicação, conselheiros de
imprensa, conselheiros sobre assuntos legislativos e conselheiros políticos. Depois de ter
analisado todas as informações ele decide como proceder. Os economistas apresentam
informações cruciais ao processo, porém suas decisões são apenas um dos ingredientes de
uma receita completa.
Por que os economistas divergem
Existem dois motivos básicos para explicar porque os economistas aparecem de modo
frequente dando conselhos conflitantes aos formuladores de políticas. Primeiro que os
economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas sobre o
funcionamento do mundo. Segundo, os economistas podem ter valores diferentes e, portanto,
visões normativas diferentes sobre que políticas devem ser realizadas.
Divergências quanto ao julgamento científico
A ciência é a busca pela compreensão do mundo que nos cerca. A medida que a busca
continua, os cientistas podem divergir quanto à direção em que a verdade se encontra. Os
economistas divergem, com frequência, pelo mesmo motivo. As vezes divergem porque tem
palpites sobre a validade de teorias alternativas ou sobre o tamanho de parâmetros
importantes, que avaliam como as variáveis econômicas estão relacionadas.
Um exemplo são os economistas que divergem, sobre se o governo deveria cobrar
impostos sobre a renda das famílias sobre o seu consume. Cada grupo defende suas opiniões e
ressalta os pontos positivos. Esses dois grupos de economistas têm diferentes opiniões
normativas sobre o sistema tributário porquê tem diferentes opiniões positivas a respeito do
grau de resposta da poupança aos incentivos tributários.
Divergências quanto a valores
Vejamos um exemplo em que duas pessoas retiram a mesma quantidade de água de
um poço. Para a manutenção do poço é cobrado imposto aos moradores da cidade. Uma
pessoa tem uma renda de R$ 100.000 e é taxado em R$ 10.000, ou 10% de sua renda. Outra
tem uma renda de R$ 20.000 e é taxado em R$ 4.000, ou 2% de sua renda. Pode se questionar
se essa política é justa. As pessoas provavelmente irão discordar sobre isso. Se fossem
contratados dois especialistas para estudar como os moradores deveriam ser taxados para
pagar pelo poço, não seria surpreendente que eles oferecessem conselhos diferentes. Isso
mostra porque os economistas as vezes divergem a respeito de políticas públicas. As políticas
não podem ser julgadas somente com base na ciência, algumas vezes eles podem dar
conselhos conflitantes porque tem valores diferentes.
Percepção e realidade
É inevitável que haja divergência entre os economistas, pois como se sabe existem
diferenças de julgamento científico e de valores. Porém não se deve exagerar o grau dessa
divergência. Os economistas concordam entre si com muito mais frequência do que se
imagina.
Capítulo 4 – As forças de mercado da oferta e da demanda
As palavras que os economistas usam mais frequentemente são oferta e demanda, elas
são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a
quantidade produzida de cada bem e o preço que o bem será vendido.
MERCADOS E COMPETIÇÃO
Os termos oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas à medida que
interagem entre si em mercados competitivos. É importante aprofundarmos a análise dos
termos mercado e competição.
O que é mercado?
Mercado é um grupo de compradores e vendedores de determinado bem ou serviço.
Os compradores determinam a demanda pelo produto e os vendedores a oferta do produto. Os
mercados constituem-se de diferentes formas. Podem ser altamente organizados, como os
mercados de muitas mercadorias agrícolas, onde compradores e vendedores encontram-se em
horários e lugares determinados, no qual um leiloeiro ajuda a estabelecer os preços e a
organizar as vendas.
Os mercados são mais frequentemente menos organizados. Considere, por exemplo, o
mercado de sorvete em uma determinada cidade. Os compradores não se reúnem em um
horário determinado. Os vendedores se localizam em diferentes pontos da cidade e oferecem
diversos produtos. O preço é estabelecido pelo vendedor e cada comprador decide quanto de
sorvete quer comprar e em qual sorveteria. Os compradores decidem qual dos vendedores
mais lhes satisfazem e os vendedores fazem o possível para atrair os compradores e fazer com
que seu negócio tenha sucesso.
O que é competição?
A expressão mercado competitivo (concorrência de mercado) foi empregada pelos
economistas para descrever um mercado onde há tantos compradores e vendedores que cada
um deles têm impacto insignificante sobre o preço do mercado. Um vendedor não seria
inteligente se vendesse abaixo do preço vigente e se cobrar mais do que isso os compradores
optarão por comprar em outro lugar. Do mesmo modo que um comprador não pode
influenciar no preço do sorvete, pois cada um deles compra uma pequena quantidade em
relação ao total de sorvete comercializado no mercado.
Os mercados podem ser perfeitamente competitivos (concorrência perfeita). Para
alcançar essa forma de competição, o mercado deve possuir os bens que são oferecidos para
venda todos iguais e os compradores e vendedores serem tão numerosos que nenhum deles é
capaz de, individualmente, influenciar o preço de mercado. Por terem de aceitar os preços que
o mercado determina, os compradores e vendedores são chamados de tomadores de preços.
Os compradores podem adquirir tudo o que desejam e os vendedores podem vender tudo o
que querem, porém devem respeitar o preço do mercado.
Existem mercados que a competição perfeita é aplicada totalmente. Um exemplo é o
mercado de trigo, em que há milhares de agricultores que vendem trigo e milhões de
consumidores que utilizam o grão e seus derivados. Por não existir um comprador ou
vendedor específico que seja capaz de influenciar o preço do trigo, cada um aceita o preço
como estabelecido.
Mas, nem todos os bens e serviços são negociados em mercados perfeitamente
competitivos. Tem mercados que possuem um só vendedor, que determina o preço. Isso é
chamado monopólio. Pode ser que a empresa de TV a cabo que presta serviços para sua casa
seja um monopólio, isso se os moradores da sua cidade só possam comprar os serviços de
uma única empresa. Existem alguns mercados, mais complexos, que se situam entre os
extremos da competição perfeita e monopólio.
DEMANDA
Demanda é o desejo de consumir um determinado bem. Iniciaremos o estudo dos
mercados examinando os compradores.
A curva de demanda: a relação entre preço e quantidade demandada
A quantidade demandada de um bem é a quantidade desse bem que os compradores
desejam e podem comprar. São muitas coisas que determinam a quantidade demandada de um
bem. Quando se analisa o funcionamento dos mercados, um determinante central é o preço do
bem. Considerando como exemplo o sorvete. Se o preço do sorvete aumentar para R$ 10,00 a
bola, você comprará menos sorvete. Você poderá comprar picolé (bem substituto) em vez de
sorvete. Se o preço do sorvete diminuir para R$ 0,20 você comprará mais sorvete. Isso se
aplica a maioria dos bens existentes na economia, e é tão universal que os economistas o
chamam de lei da demanda, na qual, quando tudo o mais é mantido constante, quando o preço
do bem aumenta, a quantidade demandada diminui e quando o preço diminui, a quantidade
demandada do bem aumenta. O preço e a quantidade demandada são inversamente
proporcionais.
A tabela da figura a seguir mostra quantos sorvetes uma menina compra por mês, com
as alterações de preços. Sendo o sorvete gratuito ela consumirá 12 casquinhas por mês. Se for
R$ 0,50 por casquinha, ela comprará 10 casquinhas por mês. Cada vez que aumentar o preço,
ela comprará menos sorvete. Quando atingir R$ 3,00 ela não comprará nenhum sorvete. Isso é
chamado de escala de demanda, a qual mostra a relação entre o preço de um bem e sua
quantidade demandada, mantidas constantes todas demais coisas que influenciam a
quantidade do bem que os consumidores desejam comprar.
O gráfico usa os números da tabela para ilustrar a lei da demanda. O preço do sorvete
está representado no eixo vertical, e a quantidade demandada no eixo horizontal, a linha
inclinada para baixo relaciona o preço e a quantidade demandada é chamada curva de
demanda.
Demanda de mercado versus demanda individual
A curva de demanda representa a demanda de uma pessoa por um produto. Para
analisar como funcionam os mercados, é preciso determinar a demanda de mercado, que
compreende a soma de todas as demandas individuais por determinado bem ou serviço.
A próxima figura mostra as escalas de demanda por sorvete de duas pessoas, Catarina
e Nicolau. As suas escalas nos dizem quanto de sorvete cada um deles compra a cada
alteração no preço. A demanda de mercado a cada preço é a soma das duas demandas
individuais.
O gráfico mostra as curvas de demanda que correspondem a essas escalas de demanda.
Soma-se as curvas de demanda individuais horizontalmente para obter a curva de demanda de
mercado. Para encontrar a quantidade demandada total para qualquer preço, são somadas as
quantidades encontradas no eixo horizontal das curvas de demanda individuais. A curva de
demanda de mercado mostra como a quantidade total demandada de um bem varia conforme
o seu preço varia, sendo que todos os demais fatores que afetam o desejo dos consumidores de
comprar se mantenham constantes.
Deslocamentos da curva de demanda
A curva de demanda de mercado não precisa ser estável ao longo do tempo. Se
acontecer algo que altere a quantidade demandada a cada preço dado, a curva de demanda se
deslocará. Como ilustra o gráfico a seguir, qualquer mudança que aumente a quantidade
demandada a cada preço desloca a curva de demanda para a direita e é chamada aumento da
demanda. E qualquer mudança que reduza a quantidade demandada a cada preço desloca a
curva para a esquerda e se chama redução da demanda.
As variáveis mais importantes que podem deslocar a curva de demanda são:
Renda – Uma renda menor fará com que você gaste menos com alguns bens, ou todos. Se a
demanda por um bem diminui quando a renda cai, este bem é chamado bem normal. Por
exemplo, a demanda por arroz. Por outro lado, se a demanda por um bem aumenta quando a
renda diminui, este bem é chamado bem inferior. Um exemplo seria o consumo de miojo, que
se há uma diminuição na renda de uma pessoa, ela optará por consumir miojo ao invés de
macarrão. Temos ainda o bem de consumo saciado, que são aqueles bens que independente de
alterações na renda não afetará a demanda, que sempre estará constante, por exemplo o papel
higiênico. E os bens de luxo, que tendo um aumento da renda mais que proporcional, a
quantidade demandada aumenta, por exemplo um diamante.
Preços de bens relacionados – Se uma diminuição no preço de um bem reduz a demanda por
outro bem, são eles bens substitutos. Um bem substitui o outro e gera o mesmo grau de
satisfação. Como tênis e sapatos, cachorros-quentes e hambúrgueres, Guaraná e Coca-Cola.
Quando a queda do preço de um bem aumenta a demanda de outro, os dois bens são
chamados complementares. Suponhamos que o preço do tênis diminua, a demanda por tênis
consequentemente irá aumentar, com isso a demanda por meia também terá um aumento,
tendo em vista que esses bens são usados juntos, ou seja, um complementa o outo. Os bens
complementares são pares de bens que são frequentemente usados em conjunto.
Gostos – Um importante determinante da demanda são seus gostos. Se você gosta de
chocolate, comprará mais chocolate. Os economistas normalmente não tentam explicar os
gostos pois eles se baseiam em forças históricas e psicológicas que estão além do campo de
estudo da economia, eles apenas examinam o que acontece quando os gostos mudam.
Expectativas – As expectativas quanto ao futuro podem afetar a demanda por um bem ou
serviço hoje. Por exemplo, se você tem a expectativa de que o preço do sorvete diminua
amanhã, pode estar menos disposto a comprar sorvete ao preço de hoje.
Número de compradores – Além dos fatores já mencionados, que influenciam o
comportamento de compradores individuais, a demanda de mercado depende do número
desses compradores. Se Pedro se juntasse a Catarina e Nicolau, como outro consumidor de
sorvete, a quantidade demandada de mercado seria maior a cada preço e a curva de demanda
aumentaria, deslocaria para a direita.
OFERTA
Voltando-se agora para o outro lado do mercado, para examinar o comportamento dos
vendedores.
A curva de oferta: a relação entre preço e quantidade ofertada
A quantidade ofertada de qualquer bem ou serviço é a quantidade que os vendedores
querem e podem vender. Existem vários determinantes da quantidade ofertada, mas o preço
representa papel central nessa análise, mais uma vez. Quando o preço do sorvete aumenta, é
lucrativo vender sorvete, por isso a quantidade ofertada é grande. Quando o preço do bem está
baixo, o negócio é menos lucrativo para os vendedores e eles produzem menos bens e
serviços. A relação entre preço e quantidade ofertada é chamada lei da oferta. Tudo o mais
constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem aumenta, e
quando o preço de um bem diminui, a quantidade ofertada desse bem também diminui.
A tabela a seguir mostra a quantidade ofertada por um vendedor de sorvete, a cada
preço. A qualquer preço abaixo de R$ 1,00 ele não oferece nenhuma quantidade de sorvete. À
medida que o preço aumenta, ele oferece uma quantidade cada vez maior. Essa é a escala de
oferta, a relação entre o preço e a quantidade ofertada de um bem, sendo mantido constantes
as demais coisas que influenciam o quanto os produtores do bem desejam vende-lo. O gráfico
usa os dados da tabela para ilustrar a lei da oferta. A curva que relaciona o preço e a
quantidade ofertada se chama curva de oferta, ela se inclina para cima pois, tudo o mais
constante, um preço maior resulta numa quantidade ofertada maior.
Oferta de mercado versus oferta individual
A oferta de mercado é a soma das ofertas de todos os vendedores. Então, vejamos uma
tabela na qual nos mostra as escalas de oferta de dois produtores de sorvete. A escala
individual diz o quanto de sorvete foi ofertada por cada um deles. A oferta de mercado é a
soma dessas suas ofertas individuais. O gráfico mostra as curvas de oferta que correspondem
às escalas de oferta. Da mesma forma das curvas de demanda, soma-se horizontalmente as
curvas de oferta individuais para obter a curva de oferta de mercado. Essa curva mostra como
a quantidade ofertada total varia de acordo com a variação do preço do bem, mantendo
constante os outros fatores que afetam a oferta.
Deslocamento da curva de oferta
A curva de oferta se desloca quando um dos fatores se modifica. Considere, por
exemplo, uma queda no preço do açúcar. O açúcar é um insumo utilizado na produção do
sorvete, com a queda no preço do açúcar se torna mais lucrativa a venda de sorvete. Isso
aumenta a oferta de sorvete, que levará os vendedores a produzir uma quantidade maior.
Assim, a curva de oferta de sorvete se desloca para a direita. Como ilustra o gráfico a seguir,
qualquer mudança que aumente a quantidade ofertada a cada preço desloca a curva de oferta
para a direita e é chamada aumento da oferta. E qualquer mudança que reduza a quantidade
ofertada a cada preço desloca a curva para a esquerda e se chama redução da oferta.
As variáveis, mais importantes, que podem deslocar a curva de oferta são:
Preço dos insumos (fatores de produção) – Quando aumenta o preço de um ou mais dos
insumos necessários a produção de um bem, esta se torna menos lucrativa e as empresas
tendem a ofertar menos desse bem. Por exemplo, para a produção de sorvete os vendedores
necessitam de vários insumos, como leite, açúcar, aromatizantes, máquinas de fabricar
sorvete, as fábricas onde o sorvete é produzido e os trabalhadores para misturar os
ingredientes. Com o aumento de um ou mais desses insumos, a oferta desse bem irá diminuir.
A oferta de um bem está negativamente relacionada com o preço dos insumos utilizados na
sua produção.
Bens substitutos – O aumento do preço de outro bem substituto na produção, causa uma
redução na oferta do bem, e vice-versa. Por exemplo, um aumento no preço do refrigerante irá
reduzir a oferta de suco, pois, como o refrigerante está mais caro o vendedor lucrará mais
vendendo refrigerante, do que vendendo suco.
Tecnologia – Um aumento na tecnologia aumenta a oferta do bem. A tecnologia que é
utilizada para transformar os insumos em sorvete é um determinante da oferta. A invenção de
máquinas de produzir sorvete reduziu a quantidade de trabalho necessária para a produção de
sorvete. Reduzindo os custos das empresas, os avanços na tecnologia aumentam a oferta de
sorvete.
Expectativas – A quantidade de um bem que a empresa oferta hoje pode depender de suas
expectativas em relação ao futuro. Por exemplo, se uma empresa tiver a expectativa de que o
preço do sorvete aumente no futuro, ela estocará uma parte de sua produção atual e ofertará
menos hoje.
Número de vendedores – A oferta de mercado, além dos fatores já mencionados, também
depende do número de vendedores. Se Ben e Jerry (vendedores de sorvete) saíssem do ramo
de sorvete, a oferta no mercado diminuiria.
Oferta e demanda reunidas
Após analisar separadamente a oferta e a demanda, vamos combina-las para ver como
determinam a quantidade de um bem vendido no mercado e seu preço.
Equilíbrio
Vejamos um gráfico que mostra a curva de oferta de mercado e a de demanda de
mercado juntas. Observe que há um ponto em que ocorre o encontro das curvas de oferta e
demanda, o que é chamado equilíbrio do mercado. O preço onde ocorre esse encontro é
chamado preço de equilíbrio (o preço que iguala a quantidade ofertada e a quantidade
demandada) e a quantidade é denominada quantidade de equilíbrio. Neste gráfico o preço de
equilíbrio é R$ 2,00 por sorvete e a quantidade de equilíbrio é de 7 sorvetes. Quando acontece
o equilíbrio o mercado está satisfeito pois, os compradores compraram tudo o que desejavam
comprar e os vendedores venderam tudo o que desejavam vender.
Quando o preço de mercado não é igual ao preço de equilíbrio podem gerar dois
efeitos, excesso de oferta e excesso de demanda. Excesso de oferta é uma situação em que a
quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada, ou seja, os fornecedores não
conseguem vender tudo que querem ao preço vigente. Com isso, os vendedores percebem que
seus estoques estão ficando cheios e eles não conseguem vender seu produto, a solução para
isso é reduzir os preços, resultando no aumento da quantidade demandada e diminuição da
quantidade ofertada, isso ocasionará movimentos ao longo das curvas e não o deslocamento
delas. Os preços continuam a cair até que o mercado atinja seu equilíbrio.
Excesso de demanda é uma situação em que a quantidade demandada é maior que a
quantidade ofertada, ou seja, os compradores não conseguem comprar tudo o que querem ao
preço vigente. Isso determina que existem muitos compradores em busca de poucos bens,
fazendo com que os vendedores possivelmente aumentem os preços. Esses aumentos fazem
com que a quantidade demandada caia e a ofertada suba. Novamente essas mudanças
representam movimentos ao longo das curvas, levando o mercado em direção ao equilíbrio.
Independentemente de o preço começar muito alto ou muito baixo, as atividades dos
compradores e vendedores conduzem automaticamente o mercado ao preço de equilíbrio. O
preço de qualquer bem se ajusta para trazer a quantidade ofertada e a quantidade demandada
do bem para o equilíbrio, isso se chama lei da oferta e da demanda.
Três passos para analisar mudanças de equilíbrio
Quando algum acontecimento desloca a curva de oferta ou de demanda, o equilíbrio de
mercado muda, resultando em um novo preço e uma nova quantidade trocada entre
compradores e vendedores. Ao analisar como algum fato afeta um mercado, se faz em três
etapas. Primeiro, analisar se o fato desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou, em
alguns casos, ambas as curvas. Segundo, decidir se a curva se desloca para a direita ou para a
esquerda. Terceiro, usar o diagrama de oferta e demanda para comparar o equilíbrio inicial
com o novo equilíbrio, para ver como o deslocamento afeta o preço e a quantidade de
equilíbrio.
Exemplo: Uma mudança no equilíbrio do mercado em virtude de um deslocamento da
demanda
Suponhamos que o tempo fique muito quente em um determinado verão. Como isso
afeta o mercado de sorvete? Três etapas:
1. O tempo quente faz com que o desejo das pessoas por sorvete aumente afetando a
curva de demanda.
2. A curva de demanda desloca‐ se para a direita, aumentando a quantidade
demandada independente do preço.
3. Preço de equilíbrio elevado; quantidade de equilíbrio elevada
Deslocamento das curvas versus movimento ao longo delas
Quando a demanda por um bem aumenta, consequentemente seu preço também irá
aumentar, com isso haverá um aumento da quantidade ofertada, mas não da oferta. Oferta
refere-se à posição da curva de oferta, já a quantidade ofertada tem a ver com a quantidade
que os fornecedores desejam vender. O aumento da quantidade ofertada é representado pelo
movimento ao longo da curva de oferta.
Um deslocamento da curva de oferta é chamado mudança de oferta e um
deslocamento da curva de demanda é chamado mudança da demanda. Um movimento ao
longo de uma curva de curva de oferta fixa é chamado mudança na quantidade ofertada e um
movimento ao longo de uma curva de demanda fixa é denominado mudança na quantidade
demandada.
Exemplo: uma mudança no equilíbrio do mercado em virtude de uma mudança na oferta
Suponhamos que, em um outro verão, um furacão destrua parte da safra de cana‐ de-
açúcar e que isso aumente o preço do açúcar. Como esse fato afeta o mercado de sorvete?
Três etapas:
1. A mudança do preço do açúcar afeta a curva de oferta.
2. A curva de oferta desloca‐ se para a esquerda.
3. Preço de equilíbrio elevado; quantidade de equilíbrio reduzida.
Exemplo: deslocamentos tanto da oferta quanto da demanda
Suponhamos agora que a onda de calor e o furacão aconteçam no mesmo verão. Três
etapas:
1. As duas curvas se deslocam. O calor afeta a curva de demanda e o furacão desloca a
curva de oferta.
2. A curva de demanda desloca‐ se para a direita e a curva de oferta, para a esquerda.
3. O preço de equilíbrio aumenta, porém, a quantidade pode aumentar ou diminuir.
Pode haver um aumento substancial na demanda, enquanto que a oferta é um pouco reduzida.
E também pode a oferta se reduzida substancialmente, enquanto a demanda aumenta um
pouco
Capítulo 6 – Oferta, demanda e políticas do governo
Os economistas desempenham duas funções. Desenvolvem e testam teorias para
explicar o mundo que nos cerca e usam suas teorias para ajudar a transformar o mundo em um
lugar melhor. Vamos analisar agora diversos tipos de política governamental usando apenas
as ferramentas de oferta e demanda.
CONTROLE DE PREÇOS
Existem políticas que controlam diretamente os preços. Por exemplo, as leis de
controle do aluguel determinam um preço máximo que os proprietários podem cobrar de seus
inquilinos. O preço máximo é um limite máximo legal para o preço a qual um bem pode ser
vendido. Outro exemplo são as leis de salário mínimo que determinam o menor salário que as
empresas podem pagar aos trabalhadores, isso se chama preço mínimo. O preço mínimo é um
limite mínimo legal para o preço a qual um bem pode ser vendido. Isso ocorre quando nem
todos estão felizes com o resultado do processo de livre mercado. Os compradores de
qualquer bem sempre querem preços menores, já os vendedores querem preços maiores, com
isso os interesses dos dois grupos entram em conflito, fazendo com que o governo
implemente uma política de controle de preços.
Como os preços máximos afetam os resultados do mercado
Vejamos como exemplo o mercado de sorvete. Quando o governo impõe um preço
máximo a esse mercado, pode obter dois resultados. Sendo o preço de equilíbrio R$ 3,00 o
governo pode impor um preço máximo de R$ 4,00 por casquina. Como, neste caso, o preço de
equilíbrio está abaixo do máximo, o preço máximo não é obrigatório. Com isso a economia se
move naturalmente em direção ao equilíbrio e o preço máximo não exerce efeito sobre o
preço ou a quantidade vendida.
Outra possibilidade é o governo impor um preço máximo de R$ 2,00 por casquinha.
Como o preço de equilíbrio de R$ 3,00 está acima do preço máximo, age como uma restrição
obrigatória sobre o mercado. A oferta e demanda tendem a mover o preço em direção ao
equilíbrio, mas quando o preço de mercado atinge o preço máximo, não pode, por lei,
aumentar mais. Isso acarreta uma escassez ou também chamada excesso de demanda, pois a
oferta não consegue superar a demanda.
Esse exemplo do sorvete mostra um resultado geral: “quando o governo impõe um
preço máximo obrigatório a um mercado competitivo surge uma escassez do produto e os
produtores são obrigados a racionar os bens escassos entre um grande número de compradores
em potencial”.
Como os preços mínimos afetam os resultados de mercado
Novamente analisando o mercado de sorvete, examinaremos agora outro tipo de
controle de preços exercidos pelo governo. O governo pode impor um preço mínimo. Os
preços mínimos, como os máximos, são uma tentativa do governo para manter os preços em
níveis diferentes do de equilíbrio. Um preço máximo estabelece um teto legal, e um preço
mínimo e um mínimo legal.
Quando o governo impõe um preço mínimo há dois resultados possíveis. Se ele impor
um preço mínimo de R$ 2,00 por casquinha, sendo o preço de equilíbrio de R$ 3,00, como o
preço de equilíbrio está acima do preço mínimo, este não é obrigatório. A economia se move
naturalmente para o equilíbrio e o preço mínimo não surte nenhum efeito.
O outro resultado possível é quando o governo institui um preço mínimo de R$ 4,00
por casquinha. Agora, como o preço de equilíbrio é inferior ao mínimo legal, o preço mínimo
torna-se obrigatório, passando a ser uma restrição no mercado. A oferta e a demanda tendem a
mover o preço em direção ao equilíbrio, mas quando o preço de mercado atinge o mínimo
legal, não pode continuar a cair. Nesse caso, um preço mínimo acarreta um excedente, pois a
quantidade ofertada supera a quantidade demandada.
Avaliação do controle de preço
Os formuladores de políticas adotam controles de preços porque consideram injustos
os resultados de mercados. Esses controles geralmente visam ajudar os pobres. Por exemplos,
as leis de controles dos alugueis procuram tornar a moradia acessível para todos, e as leis de
salário mínimo tentam ajudar os pobres a escapar da pobreza. Porém, muitas vezes os
controles de preços prejudicam as pessoas no qual estão tentando ajudar. O controle dos
alugueis podem manter os alugueis baixos, mas também desencoraja os proprietários de
manter seus prédios e torna difícil encontrar moradia. As leis de salário mínimo podem elevar
a renda de alguns trabalhadores, mas outros de certo ficarão desempregados.
As pessoas que precisam podem receber ajuda sem a utilização do controle de preços.
Por exemplo, o governo tornaria a moradia mais acessível se arcasse com uma parte do
aluguel que as famílias pagam, com isso não reduziria a quantidade ofertada de imóveis,
evitando a escassez. Porém isso custaria dinheiro para o governo e faria com que os impostos
aumentassem.
IMPOSTOS
Todos os governos usam impostos para levantar receita para projetos públicos como
estradas, escolas e defesa nacional. Por isso é importante estudar como impostos afetam a
economia. As pessoas buscam compreender que arca com os impostos cobrados pelo governo.
A expressão incidência tributária se refere a como o ônus tributário é distribuído entre as
várias pessoas que formam a economia.
Como os impostos cobrados dos vendedores afetam os resultados de mercado
Primeiro considere um imposto que passa a ser cobrado dos vendedores de
determinado bem. Suponhamos que uma lei é aprovada pelo governo local para que os
vendedores de sorvete de casquinha lhe repassem R$ 0,50 por sorvete vendido. Para saber
como essa lei afetaria os compradores e vendedores, podemos seguir as três etapas vistas
anteriormente para a análise de oferta e da demanda: Primeiro, analisar se o fato desloca a
curva de oferta, a curva de demanda ou, em alguns casos, ambas as curvas. Segundo, decidir
se a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Terceiro, usar o diagrama de oferta e
demanda para comparar o equilíbrio inicial com o novo equilíbrio, para ver como o
deslocamento afeta o preço e a quantidade de equilíbrio.
Primeira etapa – O impacto imediato do imposto é sobre os vendedores de sorvete.
Não haverá deslocamento da curva de demanda, mas provoca um deslocamento na curva de
oferta.
Segunda etapa – Como o imposto aumenta o custo de produzir e vender sorvete, isso
reduz a quantidade ofertada em todos os preços. A curva de oferta se desloca para a esquerda
e para cima.
Terceira etapa – O preço de equilíbrio aumenta e a quantidade de equilíbrio cai.
Implicações – Embora os vendedores repassem o imposto para o governo,
compradores e vendedores dividem o ônus (obrigação, dever). O imposto também prejudica
os vendedores, porém os compradores ficam em pior situação.
Como os impostos cobrados dos compradores afetam os resultados de mercado
Agora vamos considerar o imposto cobrado dos compradores de um bem.
Suponhamos que o governo local aprove uma lei que exija que os compradores de sorvete de
casquinha repassem R$ 0,50 para sorvete comprado. Para saber quais serão os efeitos dessa
lei, novamente vamos aplicar as três etapas.
Primeira etapa – O impacto inicial do imposto recai sobre a demanda por sorvete. A
curva de oferta não será afetada, o imposto desloca a curva de demanda.
Segunda etapa – Como o imposto sobre os compradores torna a compra de sorvete
menos atraente, os compradores demandam menor quantidade dele a qualquer preço. A curva
de demanda e desloca para a esquerda e para baixo.
Terceira etapa – O preço de equilíbrio cai e a quantidade de equilíbrio também cai.
Implicações – Comparando os dois casos se chegará a conclusão que impostos
cobrados de compradores e impostos cobrados de vendedores são equivalentes. Compradores
e vendedores compartilharam o ônus independentemente da forma como o imposto é cobrado.
ELASTICIDADE E INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
Quando há a tributação de um bem os seus compradores e vendedores compartilham o
ônus dos impostos. Mas essa divisão raramente é igualitária. Para ver como esse ônus é
divido, vejamos o impacto da tributação sobre dois mercados ilustrados nos gráficos a seguir.
Nos dois casos ele mostra a curva de demanda inicial, a curva de oferta inicial e um imposto
que introduz uma cunha entre o valor pago pelos compradores e o recebido pelos vendedores.
A diferença entre eles está na elasticidade relativa da oferta e da demanda.
No gráfico (a) a oferta é mais elástica do que a demanda, ou seja, os vendedores
reagem muito a mudanças o preço do bem e os compradores não respondem muito a mudança
de preços. Em um mercado como esse quando o imposto incide sore ele, o preço recebido
pelos vendedores não cai muito e eles arcam apenas com uma pequena parte do ônus. Por
outro lado, o preço pago pelos compradores sobe substancialmente, eles arcam com a maior
parte do ônus do imposto.
No gráfico (b) a demanda é mais elástica do que a oferta. Agora os vendedores não
respondem muito a mudança de preço, e os compradores respondem muito. Com isso, quando
m imposto é aprovado o preço pago pelos compradores não sobe muito, e consequentemente o
preço recebido pelos vendedores cai substancialmente. Assim, os vendedores arcam com a
maior parte do ônus do imposto.
Nesses dois mercados, pode se perceber de uma forma geral, sobre a divisão do ônus
de um imposto, que ele recai mais pesadamente sobre o lado menos elástico do mercado. A
elasticidade mede a disposição dos compradores ou vendedores para sair do mercado quando
as condições se tornam desfavoráveis. Uma elasticidade pequena da demanda significa que os
compradores não têm boas alternativas ao consumo do bem em questão. Uma elasticidade
pequena da oferta significa que os vendedores não têm boas alternativas à produção do bem
em questão. Quando o bem é tributado, o lado com menos alternativas boas têm menor
condição de deixar o mercado e precisa, portanto, arcar com uma parcela maior do ônus do
imposto.
Capítulo 7 – Consumidores, produtores e eficiência dos mercados
Os compradores sempre querem pagar menos e os vendedores sempre querem ganhar
mais. Veremos agora sobre a economia do bem-estar, o estudo de como a alocação de
recursos afeta o bem-estar econômico. Começando pelos benefícios que compradores e
vendedores recebem por participar do mercado. Posteriormente como a sociedade pode fazer
com que esses benefícios sejam os maiores possíveis. O equilíbrio de oferta e demanda em
um mercado maximiza os benefícios totais recebidos por compradores e vendedores.
EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
Disposição para pagar
A disposição para pagar se refere a quantia máxima que um comprador pagará por um
bem, e mede quanto aquele comprador valoriza o produto. Quando um comprador consegue
comprar um produto abaixo do preço que ele estava disposto a pagar ele consegue um
excedente do consumidor, que é a quantia que um comprador está disposto a pagar por um
bem menos a quantia que realmente paga por ele.
Usando a curva de demanda para medir o excedente do consumidor
O excedente do consumidor está associado a curva de demanda de um produto. A área
abaixo da curva de demanda e acima do preço mede o excedente do consumidor em um
mercado, pois a altura da curva de demanda mede o valor que os compradores atribuem ao
bem, como medida de sua disposição para pagar. A diferença entre essa disposição para pagar
e o preço de mercado é o excedente do consumidor de cada comprador. Portanto, a área total
abaixo da curva de demanda e acima do preço é a soma dos excedentes do consumidor de
todos os compradores no mercado de um bem ou serviço. Os gráficos a seguir mostram a
curva de demanda correspondente a essa escala e o cálculo do excedente do consumidor com
a curva de demanda.
Como um preço baixo eleva o excedente do consumidor
Os compradores sempre gostariam de pagar menos pelos bens que compram, com isso
um preço menor faz os compradores de um bem ficarem em uma situação melhor. No
exemplo, um aumento do excedente do consumidor tem dois componentes. Primeiro, os
compradores que já compravam do bem ao preço mais elevado estão em melhor situação
porque pagam menos. O aumento do excedente do consumidor dos compradores já existentes
é a redução da quantia paga por eles. Segundo, alguns novos compradores entram no mercado
porque agora estão dispostos a comprar o bem por um preço menor. Assim, a quantidade
demandada no mercado aumenta. A figura 3 mostra uma típica curva de demanda.
O que o excedente do consumidor mede?
O excedente do consumidor mede o benefício que os compradores obtêm de um bem
tal como percebido pelos próprios compradores. Isso representa que o excedente do
consumidor é uma boa medida do bem-estar econômico se os formuladores de políticas
desejam respeitar as preferências dos compradores. No entanto, na maioria dos mercados, o
excedente do consumidor efetivamente reflete o bem-estar econômico. Normalmente os
economistas acreditam que os compradores são racionais na tomada de decisão e que suas
preferências devem ser respeitadas.
EXCEDENTE DO PRODUTOR
Custo e disposição para vender
O custo é o valor de tudo aquilo que um vendedor precisa abrir mão para produzir um
bem. O excedente do produtor é a quantia que um vendedor recebe por um bem menos o seu
custo de produção.
Uso da curva de oferta para medir o excedente do produtor
O excedente do produto está associado a curva de oferta. A área abaixo do preço e
acima da curva de oferta representa o excedente do produtor em um mercado. A altura da
curva de oferta mede os custos dos vendedores, e a diferença entre o preço e o custo de
produção é o excedente do produtor de cada vendedor. Com isso, a área é a soma dos
excedentes do produtor de todos os vendedores. As figuras a seguir vão exemplificar uma
escala e a curva de oferta e o cálculo do excedente do produtor com a curva de oferta.
Como um preço mais alto aumenta o excedente do produtor
Pode se observar na figura a seguir uma curva de oferta típica com inclinação
ascendente que resultaria em um mercado com muitos vendedores. Mesmo a curva de oferta
sendo diferente da vista anteriormente, o excedente do produtor é medido da mesma forma. O
excedente do produtor é usado para medir o bem estar dos vendedores, da mesma forma que o
excedente do consumidor é usado para medir o bem estar dos consumidores.
EFICIÊNCIA DE MERCADO
O planejador social benevolente
O planejador social benevolente é um ditador onisciente, o inipotente e bem-
intencionado que deseja maximizar o bem-estar econômico de todos os membros da
sociedade. O planejador precisa decidir como medir o bem-estar econômico de uma
sociedade. Uma medida possível é a soma dos excedentes do consumidor e do produtor, que é
chamado excedente total. Para entender melhor essa medida precisamos ter em mente que:
Excedente do consumidor = Valor para os consumidores – Quantia paga pelos compradores
Excedente do produtor = Quantia recebida pelo vendedor – Custo para os vendedores
Somando esses excedentes se obtêm
Excedente total = (Valor para os consumidores – Quantia paga pelos compradores)
+ (Quantia recebida pelos vendedores – Custo para os vendedores)
Excedente total = Valor para os consumidores – Custo para os vendedores
O excedente total de um mercado é o valor total atribuído pelos compradores dos bens,
medido pela disposição para pagar, menos o custo total dos vendedores que fornecem esses
bens. Quando a alocação de recursos maximiza o excedente total se diz que há eficiência.
Além da eficiência, o planejador social também pode se preocupar com a igualdade, que é a
propriedade de distribuir prosperidade econômica de maneira uniforme entre os membros da
sociedade.
Avaliação do equilíbrio de mercado
A figura a seguir mostra os excedentes do consumidor e do produtor quando um
mercado atinge o equilíbrio entre oferta e demanda. Pode se concluir que os mercados livres
alocam a oferta de bens aos compradores que atribuem maior valor a eles, tal como medido
por sua disposição para pagar; que os mercados livres alocam a demanda por bens aos
vendedores que podem produzi-los ao menor custo; e que os mercados livres produzem a
quantidade de bens que maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou
seja, o resultado de equilíbrio é uma alocação eficiente de recursos.
Capítulo 13 – Os custos de produção
Examinaremos a partir de agora o comportamento da empresa, para um melhor
entendimento das decisões que estão por trás da curva de oferta em um mercado.
O QUE SÃO CUSTOS?
Receita total, custo total e lucro
Os economistas normalmente assumem que o objetivo de uma empresa é maximizar o
lucro e essa hipótese funciona na maioria dos casos. O lucro de uma empresa é a receita total
da empresa menos seu custo total. A receita total é o montante que a empresa recebe pela
venda de sua produção. O custo total é o valor de mercado dos insumos que uma empresa usa
na produção. Ou seja:
Lucro = Receita total – Custo total
O objetivo dos vendedores é fazer com que o lucro de sua empresa seja o maior
possível. Para entender melhor como uma empresa maximiza o lucro é preciso saber como se
calcula a receita total e o custo total. A receita total é fácil, é a quantidade que a empresa
produz multiplicada pelo preço pelo qual vende sua produção. Em comparação, a medição do
custo total de uma empresa é bem mais sutil.
Custos como custos de oportunidade
Quando se medem os custos de qualquer empresa é importante ter em mente um dos
Dez Princípios de Economia: o custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste de algo
para obtê-la. Quando se fala no custo de produção de uma empresa, inclui todos os custos de
oportunidade da produção dos bens e serviços. Alguns custos de oportunidade de uma
empresa são óbvios, outros não são. Os custos dos insumos que exigem desembolso de
dinheiro por parte da empresa são os custos explícitos. Já os custos dos insumos que não
exigem desembolso de dinheiro por parte da empresa são os custos implícitos. Ao calcularem
o custo das empresas, os economistas incluem os custos explícitos e implícitos, pois as
decisões das empresas se baseiam em ambos os custos, já os contadores tem a função de
acompanhar o fluxo do dinheiro que entra e sai da empresa, medindo os custos explícitos e
usualmente ignorando os custos implícitos.
O custo do capital como custo de oportunidade
Quando alguém decide abrir uma empresa ou comprar, ao invés de, por exemplo,
guardar o seu capital em uma poupança onde teria o retorno de um juro, esse é um dos custos
de oportunidade implícitos de uma empresa. Como se sabe os economistas e contadores
tratam os custos de formas diferentes. Para um economista esses juros de que o empresário
abre mão é um custo para empresa, porém um custo implícito. No entanto, o contador não
lançará esse dinheiro como custo pois não sai dinheiro da empresa para pagar por eles.
Lucro econômico versus lucro contábil
Como os economistas e contadores medem custos de maneira diferente, eles também
medem o lucro de maneira diferente. Um economista mede o lucro econômico da empresa
que é a receita total menos o custo total, incluindo tanto os custos explícitos quanto os custos
implícitos da produção dos bens e serviços vendidos. Um contador mede o lucro contábil da
empresa, a receita total menos custo explícito total. Como o contador ignora os custos
implícitos o lucro contábil costuma ser maior que o econômico.
PRODUÇÃO E CUSTOS
Examinaremos o elo entre o processo de produção de uma empresa e seu custo total.
A função de produção
A relação entre quantidade de insumos usada para produzir um bem e a quantidade
produzida desse bem é chamada função de produção. O produto marginal de qualquer insumo
no processo de produção é o aumento da produção que resulta de uma unidade adicional de
insumo. Porém, em alguns casos esse produto marginal tende a diminuir. A propriedade
segundo a qual o produto marginal de um insumo diminui à medida que a quantidade do
insumo aumenta, chama-se produto marginal decrescente. Vejamos um exemplo na figura a
seguir:
Da função de produção à curva de custo total
A curva de custo total e a função de produção são os lados opostos da mesma moeda.
A inclinação da curva de custo total aumenta com a quantidade produzida, enquanto a
inclinação da função de produção diminui. Essas mudanças de inclinação ocorrem pelas
mesmas razões.
AS DIVERSAS MEDIDAS DE CUSTO
Custos fixos e variáveis
Os custos fixos de uma empresa são aqueles que não variam com a quantidade
produzida, independentemente, se a produção aumentar ou diminuir esses custos continuarão
os mesmos. Por exemplo, o aluguel que a empresa paga. Outros custos mudam à medida que
a quantidade produzida varia, estes são denominados custos variáveis. Que são os custos com
os insumos utilizados para a produção de bens e serviços. O custo total de uma empresa é a
soma dos custos fixos e variáveis.
Custos médio e integral
O proprietário da empresa precisa decidir quanto vai produzir. Uma parte dessa
decisão se refere a saber como os custos variarão de acordo com o nível de produção. Para
isso ele precisa saber quanto custará a produção do produto em questão e quanto custa para
aumenta a produção. Para isso é necessário conhecer o custo total médio, que é o custo total
dividido pela quantidade produzida. Como o custo total é conhecido pela soma dos custos
fixos e variáveis, o custo total médio pode ser expresso como a soma do custo fixo médio e do
custo variável médio. O custo fixo médio é custo fixo dividido pela quantidade produzida e o
custo variável médio é o custo variável dividido pela quantidade produzida.
Custo total médio = Custo total/Quantidade
CTM = CT/Q
Embora o custo total médio nos diga o custo da unidade típica, não nos diz quanto o
custo total mudará se a empresa alterar seu nível de produção. Por isso temos o custo
marginal, que é o aumento no custo total decorrente da produção de uma unidade adicional.
Custo marginal = Variação do custo total/Variação da quantidade
CMg = ΔCT/ΔQ
Curvas de custos e suas formas
Os gráficos de custo médio e marginal são uteis para analisar o comportamento das
empresas. A figura a seguir representa os custos de uma empresa. O gráfico apresenta as
curvas de custo total médio (CTM), custo médio fixo (CMF), custo variável médio (CVM) e
custo marginal (CMg).
Custo marginal ascendente – O custo marginal da empresa aumenta com a quantidade
produzida, refletindo a propriedade do produto marginal descendente. Quando a empresa está
produzindo uma quantidade pequena do seu bem, ela tem poucos trabalhadores e grande parte
de seu equipamento não está sendo utilizado. Quando ela está produzindo uma grande
quantidade de bens, estará lotada de empregados e a maior parte de seu equipamento está
sendo utilizada. Quando a quantidade dos bens produzidos já é elevada, o produto marginal de
um trabalhador adicional é baixo e o custo marginal de um bem adicional é elevado.
Curva de custo total médio em forma de U – A empresa representada na figura tem
curva de custo médio em forma de U. O custo total médio reflete o formato das curvas de
custo fixo médio e de custo variável médio. A luta entre o custo fixo médio e o custo variável
médio provoca o formato em U no custo total médio. A parte mais baixa da curva em U
ocorre na quantidade que minimiza o custo total médio, e essa quantidade é chamada de
escala eficiente.
A relação entre custo marginal e custo total médio – Sempre que o custo marginal for
menor que o custo total médio, o custo total médio estará em queda. E sempre que o custo
marginal for maior que o custo total médio, ele estará aumentando. A curva de custo marginal
cruza a curva de custo total médio em seu ponto mínimo.
Curvas de custos típicas
Em muitas empresas, o produto marginal decrescente não começa a ocorrer
imediatamente após a contratação do primeiro trabalhador. Dependendo do processo de
produção, o segundo ou o terceiro trabalhadores podem ter um produto marginal maior do que
o primeiro porque uma equipe de trabalhadores pode dividir as tarefas e trabalhar com maior
produtividade que um único trabalhador. Assim, teriam um aumento no produto marginal
durante algum tempo, até que aparecesse o produto marginal decrescente.
As curvas de custo típicas de uma empresa são, custo total médio (CTM), custo fixo
médio (CFM), custo variável médio (CVM) e o custo marginal (CMg). As três propriedades
que sempre devem ser lembradas: a partir de determinado nível de produção, o custo marginal
aumenta com o aumento da quantidade produzida; a curva de custo médio total tem a forma
de U; e a curva de custo marginal cruza com a curva de custo total médio no ponto em que o
custo médio mínimo.
CUSTOS NO CURTO E NO LONGO PRAZO
A relação entre custo total médio no curto e no longo prazo
Muitas decisões são fixas no curto prazo, mas variáveis no longo prazo, as curvas de
custos de longo prazo das empresas diferem de suas curvas de custos de curto prazo. As
empresas diferem nas suas maneiras de chegar ao longo prazo. Uma grande empresa, como
uma montadora de carros, pode levar um ano ou mais para construir uma fábrica maior. Por
outro lado, uma pessoa que tenha uma cafeteria pode comprar outra máquina em poucos dias.
Economias e deseconomias de escala
O formato da curva de custo total médio de longo prazo transmite informações
importantes sobre a tecnologia da produção de um bem. Quando a curva de custo total médio
de longo prazo decresce com o aumento da produção, dizemos que há economias de escala.
Quando ela se eleva com o aumento da produção, dizemos que há deseconomias de escala. E
quando o custo total médio de longo prazo não varia com o nível de produção, dizemos que
há retornos constantes de escala. As economias de escala geralmente surgem porque os
maiores níveis de produção possibilitam especialização entre os trabalhadores, o que permite
que cada trabalhador se torne melhor em uma tarefa especifica. As deseconomias de escala
podem surgir por causa de problemas de coordenação inerentes a qualquer grande
organização.
Capítulo 14 – Empresas em mercados competitivos
Vejamos o mercado de gasolina e de água de determinado bairro. Um aumento no
preço do combustível de um posto fará com que ocorra uma queda na quantidade vendida de
gasolina. Por outro lado, se a empresa que fornece água aumentasse o preço, isso poderia
fazer com que as pessoas reduzissem seu consumo, e seria improvável encontrar outro
fornecedor. A diferença entre esses mercados é obvia, há várias empresas fornecendo
gasolina, mas apenas uma empresa de abastecimento de água.
O QUE É UM MERCADO COMPETITIVO?
Vamos examinar como as empresas tomam decisões nos mercados competitivos,
considerando incialmente o que é um mercado competitivo.
O significado de competição
Um mercado competitivo é um mercado com muitos compradores e vendedores
negociando produtos idênticos, de modo que cada comprador e vendedor é um tomador de
preço. Por vezes chamado mercado perfeitamente competitivo, ele tem duas características: há
muitos compradores e vendedores no mercado; e os bens oferecidos pelos diversos
vendedores são os mesmos. Os compradores e vendedores dos mercados competitivos
precisam aceitar o preço que o mercado determina e, com isso, são chamados tomadores de
preços. O mercado de leite por exemplo, por existir um grande número de vendedores e
compradores, eles individualmente não conseguem influenciar o preço. Como cada vendedor
pode vender quanto quiser ao preço vigente, não tem motivo para cobrar menos do que esse
preço, e se cobrar mais os compradores vão procurar outro fornecedor.
Além disso, também é característica dos mercados perfeitamente competitivos que as
empresas podem entrar e sair livremente no mercado. Porém essa não é uma condição
necessária para que as empresas sejam tomadoras de preços e grande parte da análise dos
mercados competitivos não depende da hipótese de livre entrada e saída. Entretanto, essa
liberdade de entrada e saída em um mercado competitivo é uma força poderosa que dá forma
ao equilíbrio de longo prazo.
A receita de uma empresa competitiva
Uma empresa que opera em um mercado competitivo, como a maioria das empresas
da economia, procura maximizar seu lucro. Por exemplo, uma fazenda que produz leite, e
vende uma determinada quantidade a um preço X. Como essa fazenda é pequena quando
comparada ao mercado mundial de leite, toma o preço como dado pelas condições de
mercado. Isso significa que o preço do leite não depende da quantidade de litros que essa
fazenda produz ou vende. Se eles dobrarem a quantidade de leite que produzem, o preço se
manterá constante e a receita total dobra. Como resultado, a receita total é proporcional ao
volume de produção.
A receita média é a receita total dividida pela quantidade vendida. Ela nos diz a receita
que a empresa recebe por unidade típica vendida. Assim, para todas as empresas a receita
média é sempre igual ao preço do bem. A receita marginal é a variação da receita total
decorrente da venda de uma unidade adicional. Para as empresas competitivas a receita
marginal é igual ao preço do bem.
MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E A CURVA DE OFERTA DE UMA EMPRESA
COMPETITIVA
Um exemplo simples de maximização do lucro
Se a receita marginal for maior que o custo marginal, os vendedores deverão aumentar
a produção do bem porque receberão mais (receita marginal) do que gastam (custo marginal).
Se a receita marginal for menor que o custo marginal os vendedores deverão diminuir a
produção. Se eles pensarem na margem e fizerem ajustes incrementais no nível de produção,
serão levados naturalmente a produzir a quantidade que maximiza o lucro.
A curva de custo marginal e a decisão de oferta da empresa
Uma empresa competitiva determina a quantidade do bem fornecerá ao mercado.
Como uma empresa competitiva é tomadora de preços, sua receita marginal é igual ao preço
de mercado. Para qualquer preço dado, a quantidade do produto que maximiza o lucro de uma
empresa competitiva está na intersecção do preço com a curva de custo marginal.
Como a curva de custo marginal das empresas determina a quantidade de produto que
estas estão dispostas a ofertar a qualquer preço, ela também é a curva de oferta das empresas
competitivas.
A decisão da empresa de suspender as atividades no curto prazo
Vamos distinguir entre uma paralisação temporária das atividades e uma saída
permanente da empresa do mercado. Uma paralisação refere-se a uma decisão de curto prazo
de não produzir nada durante um determinado intervalo de tempo por causa das condições
atuais do mercado. Uma saída refere-se a uma decisão de longo prazo de deixar o mercado.
As decisões de curto e de longo prazo se distinguem porque a maioria das empresas não
consegue se livrar do custo fixo no curto prazo, mas pode conseguir no longo prazo. Portanto,
uma empresa ao paralisar as atividades por um tempo ainda tem de arcar com seus custos
fixos, enquanto que outra que sai do mercado deixa de pagar tanto os custos fixos quanto os
variáveis.
Usando como exemplo a decisão que um fazendeiro precisa tomar. Um dos seus
custos fixos é o custo da terra. Caso ele decida não plantar nada durante uma estação, a terra
fica ociosa e ele não consegue recuperar esse custo. Ao tomar essa decisão de curto prazo de
paralisar as atividades por uma estação, se diz que o custo fixo da terra é um custo irreparável.
Por outro lado, se ele decide abandonar definitivamente a agricultura, ele pode vender a terra.
Ao tomar uma decisão no longo prazo de sair ou não do mercado, o custo da terra não é
irreparável.
Uma empresa que decide paralisar as atividades, perde toda a receita de venda de seu
produto, mas ao mesmo tempo economiza os custos variáveis de produção. Assim, a empresa
paralisa as atividades se a receita que obteria produzindo for menor do que seus custos
variáveis de produção. Se RT é a receita total e CV é o custo variável, a decisão da empresa
pode ser representada como
Paralisação se RT < CV
A empresa paralisa as atividades se a receita total é menos que o custo variável.
Dividindo os dois lados dessa desigualdade pela quantidade Q, pode se escrever
Paralisação se RT/Q < CV/Q
O lado esquerdo da inequação, RT/Q, é a receita total P x Q dividida pela quantidade,
Q, que é a receita média expressa simplesmente como o peço P do bem. O lado direito da
inequação, CV/Q, é o custo variável médio CVM. Assim, o critério para a paralisação de uma
empresa passa a ser
Paralisação se P < CVM
Uma empresa decide paralisar as atividades se o preço do bem é menor que o custo
variável médio de produção. Isso é algo intuitivo, que ao decidir produzir, a empresa compara
o preço que recebe pela unidade típica com o custo variável médio em que incorrerá para
produzir uma unidade típica. Se o preço não superar o custo variável médio, a empresa ficará
em uma situação melhor se suspender a produção. Ela poderá reabrir no futuro se o preço
exceder o custo variável médio. “A curva de oferta de curto prazo das empresas competitivas
é a parcela da curva de custo marginal delas que está acima do custo variável médio”.
Leite derramado e outros custos irrecuperáveis
Um custo irrecuperável é um custo que já ocorreu e que não pode ser recuperado.
Sabendo que não há nada a fazer sobre os custos irrecuperáveis, eles podem ser ignorados na
tomada de decisões a respeito de diversos aspectos da vida, inclusive na estratégia
empresarial. Tendo a hipótese de que a empresa não pode recuperar seus custos fixos ao
interromper temporariamente a produção, isso quer dizer que, independentemente da
quantidade de produtos ofertada, mesmo que seja zero, a empresa ainda precisa pagar seus
custos fixos. Portanto esses custos são irrecuperáveis no curto prazo e a empresa, ao decidir
quanto produzir, pode ignorá-los. A curva de oferta de curto prazo da empresa é a parte da
curva de custo marginal que está acima do custo variável médio, e a magnitude do custo fixo
não é importante para essa decisão de oferta.
A decisão da empresa de entrar em um mercado ou sair dele no longo prazo
Essa decisão de sair do mercado no longo prazo é semelhante à decisão de paralisar as
atividades. A empresa sai do mercado se a receita que obteria com a produção for menor que
seus custos totais. Se RT é a receita total e CT é o custo total, o critério da empresa pode ser
descrito como
Saída se RT < CT
Se a receita total é menor que o custo total a empresa sai do mercado. Dividindo os
dois lados da desigualdade pela quantidade Q, temos
Saída se RT/Q < CT/Q
Observando que RT/Q é a receita média, que é igual ao preço P, e que CT/Q é o custo
total médio CTM, podemos simplificar mais isso. Assim, o critério de saída da empresa é
Saída se P < CTM
A empresa só entrará no mercado se isso for lucrativo, o que acontece quando o preço
do bem supera o custo total médio de produção. O critério de entrada é
Entrada se P > CTM
Se a empresa está no mercado, produz a quantidade na qual o custo marginal é igual
ao preço do bem, mas se o preço é inferior ao custo total médio para essa quantidade, a
empresa opta por sair do mercado, ou ainda, nem entrar nele. A curva de oferta de longo
prazo da empresa competitiva é a parte da sua curva de custo marginal que está acima do
custo total médio.
Medindo o lucro da empresa competitiva por meio de um gráfico
Quando se estuda a saída e a entrada do mercado, é útil analisar o lucro da empresa em
maiores detalhes. O lucro é igual a receita total (RT) menos o custo total (CT):
Lucro = RT – CT
Essa definição pode ser reescrita multiplicando e dividindo o lado direito por Q:
Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q
Mas pode se perceber que RT/Q é a receita média, que é o preço P, e CT/Q é o custo
total médio CTM. Por isso,
Lucro = (P – CTM) x Q
Essa maneira de expressar o lucro da empresa permite medir o lucro em gráficos. O
painel (a) mostra a empresa com lucro positivo e o painel (b) uma empresa com prejuízo (ou
lucro negativo)
A CURVA DE OFERTA EM UM MERCADO COMPETITIVO
O curto prazo: oferta do mercado com um número fixo de empresas
Inicialmente, considere um mercado com mil empresas idênticas. A qualquer preço
dado, cada empresa fornece uma quantidade de produto para qual o custo marginal é igual ao
preço. Enquanto o preço estiver acima do custo variável médio, a curva de custo marginal de
cada empresa será sua curva de oferta. A quantidade de produto ofertada no mercado é igual a
soma das quantidades que cada uma das mil empresas oferta. Para derivar a curva de oferta do
mercado, soma-se a quantidade que cada empresa oferta no mercado. Como as empresas são
idênticas a quantidade ofertada no mercado é mil vezes maior do que a quantidade que cada
empresa oferta.
O longo prazo: oferta do mercado com entrada e saída de empresas
Agora, vejamos o que acontece se as empresas são capazes de entrar no mercado ou
sair dele. Suponha que todas tenham acesso à mesma tecnologia de produção dos bens e aos
mesmos mercados para comprar os insumos de produção. Com isso, todas as empresas
existentes e em potencial tem as mesmas curvas de custos. Nesse tipo de mercado, as decisões
de entrada e saída dependem dos incentivos que há para os proprietários das empresas
existentes e para os empreendedores que podem fundar novas empresas. Se as empresas que
já existem no mercado forem lucrativas, será um incentivo para novas empresas entrarem no
mercado. Coma essa entrada o número de empresas se expandirá, aumentará a quantidade
ofertada do bem e reduzirá os preços e os lucros. De maneira inversa, se as empresas do
mercado tiverem prejuízos, algumas das existentes sairão do mercado. Isso reduzirá o número
de empresas e a quantidade ofertada do produto e aumentará os preços e os lucros. Nesse
processo de entrada e saída, as empresas que ficaram no mercado, ao fim, deverão ter lucro
econômico igual a zero.
Uma empresa em atividade terá lucro zero somente se o preço do bem for igual ao
custo total médio da produção do bem em questão. Se o preço for superior ao custo total
médio, o lucro será positivo, fazendo com que novas empresas entrem no mercado. Se o preço
for inferior ao custo total médio, o lucro será negativo, o que encorajará a saída de algumas
empresas. O processo de entrada e saída só termina quando o preço e o custo total médio se
igualam.
Porque as empresas competitivas se mantêm em atividade quando têm lucro
zero?
É importante lembrar que o lucro é igual à receita total menos o custo total e que esse
custo inclui todos os custos de oportunidade da empresa. Inclui o custo de oportunidade do
tempo e do dinheiro que o proprietário dedica à empresa. No equilíbrio de lucro zero, a receita
da empresa precisa compensar os proprietários pelos custos de oportunidade.
Para melhor entender, usemos o exemplo de um fazendeiro que tenha precisado
investir R$ 1 milhão para iniciar sua fazenda e que esse dinheiro pudesse, alternativamente,
ter sido depositado em um banco e render R$ 50 mil por ano em juros. E também para dar
início ao seu negócio, ele teve que abrir mão de um emprego que lhe renderia R$ 30 mil por
ano. O custo de oportunidade do fazendeiro inclui tanto os juros que poderia ter ganho, quanto
o salário que renunciou, que chegaria a um total de R$ 80 mil. Ainda que o lucro seja
reduzido a zero, sua receita como fazendeiro compensará por esses custos de oportunidade.
Os contadores e economistas medem custos de maneiras diferentes, os contadores
acompanham os custos explícitos e geralmente deixam de lado os implícitos. Medem os
custos que exigem saída de dinheiro da empresa, mas deixam de incluir os custos de
oportunidade da produção que não envolvem desembolso de dinheiro. Por isso, no equilíbrio
de lucro zero, o lucro econômico é zero, mas o contábil é positivo.
A mudança na demanda no curto e no longo prazo
As empresas podem entrar e sair do mercado no longo prazo, mas não no curto prazo,
por isso a resposta do mercado a uma mudança da demanda depende do horizonte de tempo
que se considera. Para entender porque isso ocorre, deve-se acompanhar os efeitos de um
deslocamento da demanda.
Suponha que um mercado de leite comece em equilíbrio de longo prazo. As empresas
têm lucro zero, de modo que o preço é igual ao custo total médio mínimo. Agora, se os
cientistas descobrem que o leite tem efeitos miraculosos sobre a saúde. Como resultado, a
curva de demanda desloca-se para fora. O equilíbrio de curto prazo se desloca, como
resultado a quantidade aumenta e o preço sobe. Todas as empresas respondem ao preço mais
elevado aumentando a quantidade produzida. No novo equilíbrio de curto prazo, o preço do
leite é maior do que o custo total médio, fazendo com que as empresas tenham lucro positivo.
O lucro gerado nesse mercado encoraja a entrada de novas empresas. Alguns
fazendeiros podem deixar de produzir outras coisas e passar a produzir leite. Quanto mais o
número de empresas aumenta, a curva de oferta de curto prazo desloca-se para a direita, e esse
deslocamento faz com que o preço do leite caia. Por fim, o preço volta para o custo total
médio mínimo, os lucros passam a ser zero e as empresas param de entrar no mercado. Com
isso o mercado atinge um novo equilíbrio de longo prazo. O preço voltou ao inicial, mas a
quantidade produzida aumentou. Cada empresa está novamente operando na escala eficiente,
mas, como há mais empresas no setor, a quantidade de leite produzida e vendida é maior.
Por que a curva de oferta no longo prazo pode ter inclinação ascendente
Há dois motivos pelos quais a curva de oferta de longo prazo do mercado pode ter
inclinação ascendente. O primeiro é que alguns recursos usados na produção podem estar
disponíveis somente em quantidades limitadas. O segundo é que as empresas podem ter
custos diferentes.
Por esses dois motivos, pode ser necessário maior peço para introduzir um aumento na
quantidade ofertada. Nesse caso, a curva de oferta de longo prazo de um mercado pode ter
inclinação ascendente e não horizontal. Mesmo assim, a lição fundamental sobre entrada e
saída de empresas no mercado permanece verdadeira. Como as empresas são livres para
entrar e sair com mais facilidade no longo prazo que no curto prazo, a curva de oferta no
longo prazo é tipicamente mais elástica que a curva de oferta no curto prazo.
Capítulo 15 – Monopólio
Os monopólios, podem cobrar preços elevados por seus produtos, e seus clientes
parecem não ter outra escolha a não ser pagar o preço que o monopólio estiver cobrando. Os
monopólios podem controlar o preço de seus produtos, mas, como os preços elevados
reduzem a quantidade que os clientes compram, seus lucros não.
PORQUE SURGEM OS MONOPÓLIOS
Monopólio é uma empresa que é a única vendedora de um produto que não tem
substitutos próximos. As barreiras à entrada é a causa fundamental dos monopólios, porque
como as outras empresas não podem entrar no mercado e competir com ela, o monopólio se
mantém como o único vendedor de seu mercado. Existem três origens principais das barreiras
à entrada: recursos de monopólio; regulamentações do governo; e o processo de produção.
Recursos de monopólio
Um monopólio, de maneira bem simples, pode surgir quando uma empresa é
proprietária de um recurso chave. Por exemplo, se em uma pequena cidade do Velho Oeste
houver apenas um poço para fornecer água a toda cidade e não tiver nenhuma outra forma de
obter água, então o dono do poço terá um monopólio sobre a água. O monopolista tem muito
mais poder de mercado que qualquer empresa em um mercado competitivo. Mesmo que a
propriedade exclusiva de um recurso chave seja uma causa potencial de monopólios, eles
raramente surgem por esse motivo na prática. As economias atuais são grandes e os recursos
tem muitos proprietários. Como muitos bens são negociados internacionalmente, o alcance
natural de seus mercados muitas vezes é mundial. Com isso, há poucos exemplos de empresas
que são proprietárias de um recurso que não tem substitutos próximos.
Monopólios criados pelo governo
Os monopólios surgem, em muitos casos, porque o governo concede a uma só pessoa
ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. Pode decorrer, às vezes, da
influência política de quem deseja ser monopolista. Já em outros casos, o governo concede
um monopólio porque isso é visto como de interesse público.
Dois exemplos importantes são as leis de patentes e direitos autorais. Quando uma
companhia farmacêutica descobre um novo medicamento, pode requerer do governo uma
patente. Se o medicamento for considerado original, a patente é aprovada, e a empresa
consegue o direito exclusivo de fabricação e venda do produto por 20 anos. Quando um autor
termina de escrever um romance, pode requerer o direito autoral sobre ele. O direito autoral é
uma garantia do governo de que ninguém poderá imprimir e vender o livro sem a permissão
do autor. O direito autoral faz do autor um monopolista sobre a venda de seu livro.
Monopólios naturais
São monopólios que surgem porque uma só empresa consegue ofertar um bem ou
serviço a um mercado inteiro, a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais
empresas no mercado. Um exemplo está na distribuição de água. Para levar água aos
moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma rede de tubulações. Se mais
empresas competissem na prestação desse serviço, cada empresa teria de pagar o custo fixo da
construção da rede. Por isso, o custo total médio da água é menor se uma só empresa suprir o
mercado.
COMO OS MONOPÓLIOS DECIDEM PRODUZIR E COMO DETERMINAR O PREÇO
Monopólio versus competição
A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a
capacidade que esta tem de influenciar o preço de seu produto. Uma empresa competitiva não
consegue influenciar o preço de seu produto, aceita o que é apresentado pelas condições do
mercado. Por outro lado, um monopólio pode alterar o preço de seu bem ajustando a
quantidade que oferta ao mercado, pois é a única produtora em seu mercado.
Pode se enxergar essa diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista
examinando a curva de demanda de cada uma. Uma empresa competitiva enfrenta uma curva
de demanda horizontal. A curva de demanda da empresa monopolista é a curva de demanda
do mercado, pois ela é a única ofertante do seu mercado.
A RECEITA DE UM MONOPÓLIO
Vamos imaginar uma cidade que só tenha um produtor de água. Veja na tabela como a
receita do monopólio poderia depender da quantidade de água produzida. As duas primeiras
colunas mostram a escala de demanda do monopólio. A terceira representa a receita total da
empresa monopolista, que é a quantidade vendida multiplicada pelo preço. A quarta coluna
traz a receita média da empresa, que é o quanto de receita que a empresa recebe por cada
unidade vendida. E a última coluna fornece o cálculo da receita marginal da empresa, que é a
receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional do produto.
A receita marginal do monopolista é sempre menor que o preço do bem, porque ele se
depara com uma curva de demanda com inclinação descendente. Para aumentar a quantidade
vendida, uma empresa monopolista precisa reduzir o preço do bem que cobra de todos os
clientes. A receita marginal dos monopólios é muito diferente da receita marginal das
empresas competitivas. Quando um monopolista aumenta a quantidade vendida, afeta de duas
formas a receita total (P x Q):
O efeito quantidade – é vendida uma quantidade maior, de modo que Q é maior, o que
faz com que a receita total aumente.
O efeito preço – o preço cai, de modo que P é menor, o que tende a diminuir a receita
total.
As empresas competitivas podem vender tudo o que quiserem ao preço de mercado,
não existe para elas o efeito preço. Quando aumentam a produção em uma unidade, recebem o
preço de mercado por essa unidade e não recebem nada a menos pelas unidades que já
estavam vendendo.
Maximização do lucro
Suponha que a empresa esteja operando com um baixo nível de produção. Nesse caso,
o custo marginal é menor que a receita marginal. Se a empresa aumentar a produção em 1
unidade, a receita adicional excederá os custos adicionais, e o lucro aumentará. Assim,
quando o custo marginal for menor que a receita marginal, a empresa pode aumentar um
número maior de unidades. Isso também se aplica a níveis elevados de produção. Nesse caso,
o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa reduzir a produção em 1
unidade, os custos poupados serão maiores que a receita. Assim, se o custo marginal for maior
que a receita marginal, a empresa poderá aumentar o lucro reduzindo a produção.
A empresa ajusta seu nível de produção até que a quantidade atinja QMAX, na qual a
receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, a quantidade produzida que maximiza o
lucro do monopolista é determinada pela intersecção da curva da receita marginal com a curva
do custo marginal. Essa intersecção está ilustrada no ponto A da figura 4.
A receita marginal das empresas competitivas é igual ao preço, e a receita marginal de
um monopolista é menor que o preço. Para empresas competitivas: P = RMg =CMg. Para
monopolistas: P > RMg = CMg. A igualdade da receita marginal e do custo marginal na
quantidade que maximiza o lucro é a mesma para ambas as empresas. O que os diferencia é a
relação entre o preço, a receita marginal e o custo marginal.
O lucro de um monopolista
O lucro é igual à receita total (RT) menos os custos totais (CT): Lucro = RT – CT
Pode essa expressão ser reescrita como: Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q, onde RT/Q é a
receita média, que é igual ao preço P, e CT/Q é o custo total médio CTM. Portanto, Lucro =
(P – CTM) x Q. Essa equação do lucro, a mesma das empresas competitivas, permite medir o
lucro do monopolista no gráfico.
O CUSTO DO MONOPÓLIO EM RELAÇÃO AO BEM-ESTAR
O peso morto
Se a empresa monopolista fosse administrada por um planejador social benevolente,
que não se preocupa somente com o lucro obtido pelos proprietários da empresa, mas também
com os benefícios recebidos pelos consumidores dos produtos vendidos pela empresa. Ele
tenta maximizar o excedente total, que é igual ao valor do bem para os consumidores menos
os custos de produção do produtor monopolista.
A quantidade socialmente eficiente se encontra no ponto em que as curvas de demanda
e de custo marginal se cruzam. Abaixo dessa quantidade, o valor de uma unidade extra para
os consumidores excede o custo marginal de ofertá-la, de modo que aumentar a produção
aumentaria o excedente total. Acima dessa quantidade, o custo de produzir uma unidade extra
excede o valor daquela unidade para os consumidores, de modo que diminuir a produção
elevaria o excedente total. Na quantidade ideal, o valor de uma unidade extra para os
consumidores, de modo que diminuir a produção elevaria o excedente total. Na quantidade
ideal, o valor de uma unidade extra para os consumidores é exatamente igual ao custo
marginal de produção.
A ineficiência do monopólio pode ser medida com um triângulo que representa o peso
morto. A curva de demanda reflete o valor para os consumidores e a curva de custo marginal
reflete o custo para o monopolista, a área do triângulo que representa o peso morto entre a
curva de demanda e a de custo marginal se iguala à perda do excedente total, por causa do
preço de monopólio. O peso morto causado pelo monopólio é semelhante ao causado por um
imposto.
O lucro do monopólio: um custo social?
É certo que os monopólios obtêm altos lucros por seu poder de mercado, mas a análise
econômica do monopólio diz que não é necessariamente o lucro da empresa um problema
para a sociedade. O bem-estar de um mercado monopolizado, como em qualquer outro
mercado, inclui tanto o bem-estar dos consumidores quanto dos produtores. Caso um
consumidor pague um real a mais para um produtor por causa de um preço monopolista, sua
situação piora em um real e a do produtor melhora no mesmo valor. Isso não afeta o
excedente total do mercado, que é a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou
seja, o lucro monopolista não representa por si só não representa uma redução do tamanho do
bolo econômico, é apenas uma fatia maior para os produtores e uma fatia menor para os
consumidores. A menos que os consumidores sejam mais merecedores que os produtores, o
lucro do monopólio não é um problema social.
DISCRIMINAÇÃO DE PREÇO
Uma empresa monopolista cobra o mesmo de todos os clientes, porém em muitos
casos as empresas tentam vender o mesmo bem a diferentes clientes por preços diferentes,
com os mesmos custos de produção. Isso se chama discriminação de preços.
Uma parábola sobre a determinação dos preços
Vejamos um exemplo para entender porque um monopolista poderia praticar a
discriminação de preços. Caso você fosse presidente de uma editora, pagasse R$ 2 milhões
pelo direito de publicação de um livro e o custo de impressão fosse zero. O lucro seria a
receita obtida com a venda menos os R$ 2 milhões pagos à autora. Para saber quanto cobrar
pelo livro, é preciso primeiramente estimar uma possível demanda pelo livro. Sabe-se que o
livro atrairá dois tipos de leitores. Os 100 mil fãs incondicionais da autora poderão pagar até
R$30,00 pelo livro. E poderá atrair cerca de 400 mil leitores que só estarão dispostos a pagar
R$5,00 por ele.
Sendo prensado e calculado que, se a empresa vender 100 mil cópias a R$30,00
lucrará mais do que vender 500 mil a R$5,00, ela opta por maximizar o lucro e abrir mão da
oportunidade de vender aos 400 mil leitores menos interessados. Essa decisão gera um peso
morto. Esse peso morto é a habitual influência que surge sempre que um monopolista cobra
um preço superior ao custo marginal.
A editora pode modificar sua estratégia de marketing e lucrar ainda mais. Pode cobrar
R$30,00 dos leitores mais interessados pelo livro e R$5,00 dos 400 mil menos interessados.
Não seria surpreendente se a editora optasse por seguir a estratégia de discriminação de
preços.
A moral da história
A história da editora ensina algumas lições importantes e gerais. A primeira é que a
discriminação de preços é uma estratégia racional para a maximização dos lucros
monopolistas, ou seja, cobrando diferentes preços de diferentes clientes um monopolista pode
aumentar seu lucro. A segunda é que a discriminação exige separação dos compradores
segundo a sua disposição para pagar. A terceira lição é que a discriminação de preços pode
levar ao bem-estar econômico. Quando a editora cobra apenas um preço de R$30,00 surge um
peso morto, porém quando ela pratica a discriminação de preços todos os leitores compram o
livro e o resultado é eficiente.
Análise da discriminação de preços
Uma discriminação de preços perfeita descreve uma situação em que o monopolista
conhece exatamente a disposição que cada cliente tem para pagar e pode cobrar de cada
comprador um preço diferente.
A figura a seguir mostra os excedentes do produtor e do consumidor com e sem
discriminação de preços. Sem discriminação a empresa cobra um preço único, superior ao
custo marginal. Com discriminação, em alguns casos, o comprador atribui ao bem um valor
superior ao custo marginal, e o compra a um preço igual a sua disposição para pagar. Na
realidade a discriminação de preços não é perfeita. Os clientes não chegam nas lojas
anunciando sua disposição para pagar, ao invés disso, as empresas praticam a discriminação
de preços dividindo as pessoas em grupos, por faixa etária, dias da semana, região e assim por
diante.
Exemplos de discriminação de preços
Ingressos de cinema – Muitos cinemas cobram preços mais baixos pelos ingressos de
crianças e idosos que dos demais frequentadores.
Preço das passagens aéreas – Os assentos em aviões são vendidos a muitos preços
diferentes.
Cupons de desconto – Muitas empresas fornecem cupons de desconto ao público por
meio de jornais e revistas.
Ajuda financeira – Muitas faculdades concedem ajuda financeira através de bolsas de
estudo a estudantes necessitados.
POLÍTICA PÚBLICA QUANTO AOS MONOPÓLIOS
Os formuladores de politicas do governo podem reagir ao problema dos monopólios
de quatro maneiras:
Tentando tornar as industrias monopolizadas mais competitivas.
Regulamentando o comportamento dos monopólios.
Transformando alguns monopólios privados em empresas públicas.
Não fazendo nada.
Aumento da competição com as leis antitruste
Caso a Coca-Cola e a PepsiCo quisessem se fundir, essa transação seria analisada pelo
governo federal antes de ser realizada. Poderiam, os advogados e economistas do
Departamento de Justiça, concluir que a fusão dessas duas grandes empresas de bebidas
tornaria o mercado de refrigerantes menos competitivo e com isso reduziria o bem-estar
econômico do país como um todo. Nesse caso, o Departamento de Justiça contestaria a fusão
na corte e as duas empresas seriam impedidas de se fundir. A legislação antitruste proporciona
ao governo diversos meios para promover a competição.
Regulamentação
O governo pode lidar com o problema do monopólio regulamentado o comportamento
dos monopolistas. Isso é comum no caso dos monopólios naturais, como das empresas de
água e energia elétrica. Essas empresas não podem cobrar os preços que desejam, há agências
governamentais que regulamentam seus preços.
Propriedade pública
Nessa política, em vez de regulamentar um monopólio natural administrado por uma
empresa privada, o próprio governo pode administrar o monopólio. Isso é comum em muitos
países europeus, onde o governo é proprietário e operador de empresas de serviços públicos
como as de telefonia, água e energia elétrica.
Não fazer nada
As políticas anteriores destinadas a reduzir o problema do monopólio tem, cada uma,
suas desvantagens. Por esse motivo, alguns economistas defendem que, em muitos casos, o
melhor para o governo é não tentar remediar as ineficiências de determinação de preços
monopolista.
Capítulo 16 – Competição monopolística
ENTRE O MONOPÓLIO E A COMPETIÇÃO PERFEITA
Mesmo que os casos de competição perfeita ilustrem ideias importantes sobre o
funcionamento dos mercados, a maior parte deles inclui elementos dos dois casos, e por isso
não é plenamente descrita por nenhum deles. Muitas empresas podem estar entre os dois
extremos de competição perfeita e monopólio. Essa situação é chamada de concorrência
imperfeita.
O oligopólio é um tipo de mercado que não é perfeitamente competitivo. É uma
estrutura de mercado em que apenas poucos vendedores oferecem produtos similares ou
idênticos. Outro tipo de mercado que não é perfeitamente competitivo é a competição
monopolística, que descreve uma estrutura de mercado em que muitas empresas vendem
produtos similares, mas não idênticos. A competição monopolística descreve um mercado
com os seguintes atributos: muitos vendedores, onde muitas empresas estão concorrendo pelo
mesmo grupo de clientes; diferenciação do produto, em que cada empresa oferece um produto
pelo menos um pouco diferente dos produtos das demais empresas; e livre entrada e saída, as
empresas podem entrar no mercado e sair dele sem restrições. Mercados com esses atributos
são, por exemplo, de livros, DVDs, restaurantes, biscoitos, entre outros.
A competição monopolística é uma estrutura de mercado que está entre os casos
extremos de competição e monopólio, há muitos vendedores, mas cada um é pequeno se
comparado ao mercado. Um mercado monopolisticamente competitivo parte do ideal
perfeitamente competitivo, pois cada um dos vendedores oferece um produto de certa forma
diferente. A figura a seguir resume os quatro tipos de estrutura de mercado.
COMPETIÇÃO COM PRODUTOS DIFERENCIADOS
A empresa monopolisticamente competitiva no curto prazo
Uma empresa presente em um mercado monopolisticamente competitivo tem diversas
semelhanças com um monopólio. Seu produto se diferencia dos que são oferecidos por outras
empresas, a empresa monopolisticamente competitiva se defronta com uma curva de demanda
de inclinação descendente. Elas seguem as regras monopolistas de maximização de lucro,
escolhem a quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal e então usam a
curva de demanda para identificar qual preço condiz com essa quantidade. Na figura a seguir,
pode se observar as curvas de custo, demanda e receita marginal de duas empresas típicas,
cada uma em certo setor de competição monopolística diferente.
Uma empresa monopolisticamente competitiva escolhe sua quantidade e seu preço da
mesma maneira que o monopólio. No curto prazo, esses dois tipos de estrutura de mercado
são semelhantes.
O equilíbrio no longo prazo
As duas características que descrevem o equilíbrio de longo prazo em um mercado
monopolisticamente competitivo são que como no mercado monopolista o preço é superior ao
custo marginal, isso porque a maximização do lucro requer que a receita marginal seja inferior
ao preço; e que como no mercado competitivo, o preço é igual ao custo total médio, pois as
livres entrada e saída levam o lucro econômico a zero. Como há livre entrada nos mercados
monopolisticamente competitivos, o lucro econômico das empresas nele existente é reduzido
para zero. Veja na figura 3 o equilíbrio no longo prazo.
Competição monopolística versus competição perfeita
Na figura a seguir pode se observar a comparação do equilíbrio de longo prazo sob a
competição monopolística com o equilíbrio de longo prazo sob a competição perfeita.
Existem duas diferenças dignas de nota entre esses dois tipos de competição, a capacidade
ociosa e o markup.
Capacidade ociosa: As empresas perfeitamente competitivas, no longo prazo,
produzem na escala eficiente (quantidade que minimiza o custo total médio), já as
monopolisticamente competitivas produzem abaixo desse nível. Com isso se diz que na
competição monopolística as empresas têm capacidade ociosa. Ou seja, as empresas
monopolisticamente competitivas poderiam aumentar a quantidade produzida e reduzir o
custo total médio da produção.
Markup sobre o custo marginal: Para uma empresa competitiva, como representada no
painel (b) da figura a seguir, o preço é igual ao custo marginal e para uma empresa
monopolisticamente competitiva, como a representada no painel (a), o preço supera o custo
marginal porque a empresa tem algum poder de mercado.
A competição monopolística e o bem-estar social
Uma fonte de ineficiência é o mark-up do preço sobre o custo marginal, por conta
disso, alguns consumidores que atribuem ao bem valor superior ao custo marginal de
produção serão impedidos de compra-lo. Outra provável ineficiência da competição
monopolística é o fato de que o número de empresas do mercado pode não ser o ideal. Pode
ser que haja entrada excessiva ou insuficiente. É possível enxergar esse problema em termos
das externalidades associadas à entrada, que são: a externalidade da variedade do produto,
pois como os consumidores obtêm algum excedente do consumidor a partir da introdução de
um novo produto, a entrada de uma nova empresa transfere-lhes uma externalidade positiva; e
a externalidade do roubo de negócios, em que as outras empresas perdem clientes e lucros
com a entrada de um novo concorrente, isso impõe às empresas existentes uma externalidade
negativa. Com isso, pode se observar que no mercado monopolisticamente competitivo há
externalidades tanto positivas quanto negativas ligadas a entrada de novas empresas.
Pode se concluir apenas que os mercados monopolisticamente competitivos não têm
todas as propriedades desejáveis ao bem-estar que existem nos mercados perfeitamente
competitivos. Porém, como as ineficiências são sutis, difíceis de medir e difíceis de
solucionar, não existe um caminho fácil para as políticas públicas melhorarem os resultados
de mercado.
PUBLICIDADE
A quantidade de publicidade varia substancialmente de produto para produto. O gasto
em publicidade, para a economia como um todo, representa cerca de 2% da receita total das
empresas. Essa despesa tem várias formas, como por exemplo comerciais para rádio e
televisão, espaço em jornais e revistas, anúncios em sites, outdoors.
O debate sobre publicidade
A avaliação do valor social da publicidade é difícil e costuma gerar discussões entre
economistas.
A crítica à publicidade: Os críticos da publicidade defendem que a as empresas
anunciam para manipular as preferências das pessoas, a maioria dos anúncios é mais
psicológica do que informativa. Esses críticos afirmam também que a publicidade dificulta a
competição e ela muitas vezes tenta convencer os consumidores de que os produtos são mais
diferenciados do que realmente são.
A defesa da publicidade: Os defensores da publicidade afirmam que as empresas a
utilizam para disponibilizar informações aos clientes. Ela transmite os preços dos produtos
que estão à venda, a existência de novos produtos e a localização dos pontos de venda,
permitindo com que os clientes escolham melhor onde comprar. Eles também afirmam que a
publicidade promove a competição. Com o tempo, os formuladores de políticas aceitaram a
visão de que a publicidade pode tornar os mercados mais competitivos.
Publicidade como sinal de qualidade
Os defensores da publicidade argumentam que até anúncios que parecem conter
poucas informações concretas podem dizer ao consumidor algo sobre a qualidade do produto.
A disposição da empresa em gastar determinada quantia em publicidade pode ser um sinal
para os consumidores a respeito da qualidade do produto ofertado.
Marcas
A publicidade está muito ligada a existência de marcas. Vários mercados possuem
dois tis de empresa, as que vendem produtos de marcas mais fáceis de serem reconhecidas e
as que vendem substitutos genéricos. Na maior parte dos casos, a empresa dona da marca
gasta mais em publicidade e cobra mais por seu produto. Recentemente, alguns economistas
defenderam as marcas como um modo útil de os consumidores se assegurarem de que estão
comprando produtos de qualidade.
Os críticos as marcas afirmam que elas são resultado de uma reação irracional dos
consumidores à publicidade, já os defensores afirmam que os consumidores têm bons motivos
para pagar mais pelos produtos de marca pois podem confiar mais em sua qualidade.
Capítulo 17 – Oligopólio
O oligopólio é uma estrutura de mercado em que apenas poucos vendedores oferecem
produtos similares ou idênticos. A análise do oligopólio para introduzir a teoria dos jogos, que
é o estudo de como as pessoas se comportam em situações estratégicas, ou seja, o indivíduo
quando precisa escolher entre determinadas alternativas deve considerar a reação das outras
pessoas à decisão tomada. A teoria dos jogos é útil para compreender os oligopólios e também
situações em que um pequeno número de jogadores interage.
MERCADOS COM POUCOS VENDEDORES
Um exemplo de duopólio
Um duopólio é um oligopólio com apenas dois membros, que é um tipo mais simples.
Vejamos um exemplo de uma cidade em que apenas dois habitantes – A e B – tem poços que
produzem água potável. Aos sábados eles decidem quantos galões de água vão bombear, levar
para a cidade e vender ao preço que o mercado puder pagar. E suponhamos que eles não têm
custos para bombear a água, seu custo marginal será zero. A receita total da venda de água é
igual a quantidade vendida vezes o preço. E por não ter custo para bombear a água, a receita
total dos produtores é igual ao lucro total.
Competição, monopólios e cartéis
Caso o mercado de água fosse perfeitamente competitivo, as decisões de produção de
cada empresa levariam a uma igualdade entre o preço e o custo marginal. Já no mercado
monopolista, como é seu padrão, o preço seria superior ao custo marginal, o resultado seria
ineficiente, já que a quantidade vendida e consumida de água seria inferior ao nível
socialmente eficiente. Os duopolistas poderiam se reunir e fazer um conluio, que é um acordo
entre as empresas de um mercado a respeito das quantidades a serem produzidas ou dos
preços a serem cobrados. Ou poderiam também fazer um cartel, que quando um grupo de
empresas age conforme um acordo.
O equilíbrio para um oligopólio
Se os oligopolistas cooperassem uns com os outros e atingissem o resultado de
monopólio estariam em melhor situação. Porém, cada um busca seu próprio interesse e
acabam não chegando ao resultado de monopólio e não maximizando o lucro conjunto. Cada
oligopolista deseja aumentar a produção e capturar uma parte maior do mercado, de modo que
eles vão fazendo isso, a produção total aumenta e o preço cai. O interesse próprio não leva o
mercado até o resultado competitivo, pois, como os monopolistas, os oligopolistas sabem que
aumentos na quantidade produzida por eles provocam a queda do preço do produto, o que
afeta os lucros. Por esse motivo não chegam a seguir a regra das empresas competitivas de
produzir até o ponto que o preço se iguala ao custo marginal. O preço oligopolista é inferior
ao do monopolista, mas superior ao preço competitivo.
O ideal para esse mercado seria o equilíbrio de Nash, que é uma situação em que os
agentes econômicos que estão interagindo uns com os outros escolhem sua melhor estratégia,
dadas as estratégias escolhidas pelos demais agentes.
Como o tamanho de um oligopólio afeta o resultado de mercado
Pode se usar novamente o exemplo do duopólio, em que dois proprietários se unissem
aos dois já existentes no oligopólio de água. A demanda permanece a mesma, mas agora há
mais produtores disponíveis para atender a essa demanda. Os produtores poderiam tentar
formar um cartel para maximizar o lucro total, mas como o número de produtores aumentou,
isso passa a ser menos provável, fica mais difícil chegar um acordo e fazer que seja cumprido
quando o tamanho do grupo aumenta.
Se não fosse feito um acordo, cada oligopolista precisa decidir por si só quanta água
produzir. Cada proprietário tem a opção de aumentar a produção em um galão, a tomar essa
decisão o proprietário observa dois efeitos: o efeito quantidade, que como o preço é superior
ao custo marginal, vender mais um galão de água ao preço em vigor aumentará o lucro; e o
efeito preço, em que aumentar a produção aumentará a quantidade total vendida, o que
diminuirá o preço da água e o lucro dos demais galões vendidos.
Em suma, cada vez que o número de vendedores em um oligopólio aumenta, o
mercado oligopolista fica cada vez mais parecido com um mercado competitivo. Onde o
preço se aproxima do custo marginal e a quantidade produzida se aproxima do nível
socialmente eficiente.
POLÍTICA PÚBLICA QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS
Restrição ao comércio e a legislação antitruste
Para desencorajar a cooperação pode se criar leis. A liberdade contratual é uma parte
essencial de uma economia de mercado, onde as empresas e famílias usam contratos para
organizar transações vantajosas. Porém, Sherman criou em 1980 a Lei Antitruste, que tornava
ilegal toda forma de restringir o intercâmbio ou comércios entre os diversos Estados.
Posteriormente a Lei Clayton, de 1914, que veio para reforçar as leis antitruste.
Controvérsias sobre a política antitruste
A maioria dos comentaristas concorda que os acordos de fixação de preços entre
empresas concorrentes devem ser considerados ilegais. As leis antitruste foram utilizadas para
condenar algumas práticas empresariais. Alguns exemplos são:
Fixação do preço de revenda – Esse é um exemplo de pratica empresarial
controvertida. Imagine uma empresa que venda aparelhos de DVD às lojas de varejo por R$
300,00. Se ela exigir que os varejistas cobrem R$ 350,00 dos clientes, estará praticando
fixação de preço de revenda. Se algum varejista cobrar menos, terá violado o contrato com a
empresa. Isso impede que os varejistas concorram em preços, por esse motivo os tribunais
muitas vezes consideram a fixação de preço de revenda uma violação à legislação antitruste.
Alguns economistas defendem a manutenção do preço de revenda, pois negam que ela tem
objetivo de reduzir a competição e acreditam que tem um objetivo legitimo.
Determinação de preços predatória – São as empresas que tem poder de mercado e
costumam usá-lo para elevar os preços para além do nível competitivo. Até hoje os
economistas discutem se os formuladores de políticas devem se ocupar da determinação de
preços predatória.
Venda casada – Suponha que uma empresa de filmes produza dois novos filmes. Se
essa empresa oferece aos cinemas os dois filmes juntos por um só preço, e não
separadamente, diz-se que está se casando os dois produtos. Quando essa pratica foi
contestada nos tribunais, a Suprema Corte a proibiu. De acordo com o conhecimento
econômico, não está claro se a venda casada tem efeito sobre a sociedade.
Capítulo 19 – Ganhos e discriminação
O salário de um médico é superior ao de um policial comum, que é superior ao de um
trabalhador rural comum. Isso ilustra as diferenças de ganhos que são tão comuns em nossa
economia.
ALGUNS DETERMINANTES DOS SALÁRIOS DE EQUILÍBRIO
Os trabalhadores se diferenciam uns dos outros de muitas maneiras. Os empregos
também têm características distintas. Por isso, veremos como as características dos
trabalhadores e dos empregos afetam a oferta e demanda por mão de obra e os salários de
equilíbrio.
Diferenciais compensatórios
A oferta de mão de obra para empregos considerados fáceis, divertidos e seguros é
maior do que a oferta para empregos difíceis, entediantes e perigosos. Com isso, os empregos
considerados bons tendem a oferecer salários de equilíbrio menores que os empregos
considerados ruins. A expressão diferencial compensatório para se referirem às diferenças nos
salários que surgem para compensar as características não monetárias de diferentes empregos.
Os diferenciais compensatórios existem em toda a economia.
Capital humano
A palavra capital normalmente se refere ao estoque de equipamentos e estrutura da
economia. Há outro tipo de capital que é igualmente importante para a produção da economia,
o capital humano, que é o acumulo dos investimentos feitos nas pessoas, como educação e
treinamento no emprego. Pode se perceber que os trabalhadores que tem mais capital humano
ganham, em média, mais que aqueles que tem menos.
Talento, esforço e sorte
O talento natural é importante para os trabalhadores de todas as ocupações. Por alguns
fatores as pessoas diferem em seus atributos físicos e mentais. Algumas são fortes, enquanto
outras são fracas. Algumas são inteligentes, já outras nem tanto. Essas e várias outras
características pessoais determinam a produtividade dos trabalhadores, isso ajuda a
estabelecer os salários que eles ganham. Outro aspecto é o esforço, no qual algumas pessoas
trabalham duramente enquanto outras são preguiçosas. Não é de surpreender que as pessoas
que trabalham arduamente são mais produtivas e ganham salários mais elevados. A sorte
também influencia na determinação dos salários, que é um fenômeno que os economistas
reconhecem, mas sobre o qual pouco esclarecem. Essas variáveis devem desempenhar uma
função importante.
Salários acima do equilíbrio: legislação do salário mínimo, sindicatos e salários de
eficiência
A maioria das análises de diferenças salariais entre trabalhadores se baseia no modelo
de equilíbrio do mercado de trabalho. Porém, para alguns trabalhadores, os salários são
mantidos acima do nível que equilibra a oferta e demanda. Um motivo para isso é a legislação
do salário mínimo. A maioria dos trabalhadores não afetada pois seus salários estão bem
acima do mínimo legal, porém para alguns que são menos qualificados e experientes, essa
legislação traz os salários para um nível superior ao que eles ganhariam sem essa
regulamentação.
Um segundo motivo é o poder de mercado dos sindicatos. Um sindicato é uma
associação de trabalhadores que negocia salários e condições de trabalho com os
empregadores. Os sindicatos muitas vezes conseguem fazer que os salários fiquem acima do
nível que prevaleceria na ausência do sindicato. Um terceiro motivo seria a teoria dos salários
de eficiência. Para essa teoria, as empresas podem considerar lucrativo pagar salários
elevados porque isso aumenta a produtividade de seus trabalhadores.
Salários acima do equilíbrio, sejam eles causados pela legislação do salário mínimo,
sindicatos ou salários de eficiência, tem os mesmos efeitos sobre o mercado de trabalho.
A ECONOMIA DA DISCRIMINAÇÃO
A discriminação ocorre quando o mercado oferece oportunidades diferentes a
indivíduos semelhantes que diferem entre si apenas por raça, grupo étnico, sexo, idade ou
outras características pessoais.
Medindo a discriminação no mercado de trabalho
Diferentes grupos de trabalhadores recebem salários diferentes. Em alguns lugares, o
negro recebe menos que o branco, a mulher recebe menos que o homem. Mesmo em um
mercado de trabalho livre de discriminação, pessoas diferentes recebem salários diferentes. As
pessoas se diferenciam no capital humano que possuem e no tipo de trabalho que fazem. No
fim, o estudo das diferenças salariais entre grupos não estabelece nenhuma conclusão clara
sua.
Discriminação por parte dos empregadores
Alguns grupos de trabalhadores recebem salários menores do que deveriam, parece
que os responsáveis são os empregadores, porém muitos economistas não acreditam nisso,
mas que as economias competitivas e de mercado oferecem uma razão natural para a
discriminação por parte dos empregadores. Os proprietários das empresas que só se
preocupam em ganhar dinheiro estão em vantagem quando concorrem contra aqueles que
também se preocupam com a discriminação.
Discriminação por parte de clientes e governos
A motivação do lucro é uma força que age para eliminar diferenciais salariais
discriminatórios, porém existem limites para sua capacidade de correção. Dois desses limites
são as preferências dos clientes e políticas governamentais.
Se os clientes tiverem preferências discriminatórias, um mercado competitivo é
consistente com um diferencial salarial discriminatório. E pode o governo criar uma lei que
faça discriminação, ou seja, impondo prática discriminatória. Os governos discriminatórios
aprovam esse tipo de lei para suprimir a força normalmente equalizadora dos mercados livres
e competitivos.
Capítulo 20 – Desigualdade de Renda e Pobreza
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Um dos Dez princípios de Economia é que os governos às vezes podem melhorar os
resultados de mercado, portanto, essa possibilidade torna-se extremamente importante ao se
considerar a distribuição de renda. O mercado faz com que os recurso sejam alocados de
forma eficiente, porém, sem segurança alguma de ser do modo justo. A maioria dos
economistas acreditam na ideia de que o governo deveria redistribuir a renda para obter maior
igualdade. No entanto, ao tentar fazer isso o governo se depara com outro dos Dez Princípios
de Economia: os tradeoff’s que as pessoas enfrentam.
A TAXA DE POBREZA
A taxa de pobreza é uma medida comum para se verificar a distribuição de renda. Ela
representa o percentual da população cuja renda familiar está abaixo de um nível absoluto
denominado linha de pobreza, essa linha de pobreza é determinada pelo governo federal
abaixo do qual a família é considerada pobre.
PROBLEMAS NO CÁLCULO DA DESIGUALDADE
Por inúmeras razões os dados sobre distribuição de renda e taxa de pobreza oferecem
um panorama incompleto da desigualdade nos padrões de vida. Algumas dessas razões são:
Transferências em gêneros: As transferências aos pobres por meio de bens e serviços
são denominadas transferências em gêneros. As medidas padrão do grau de desigualdade não
consideram essas transferências. Como as transferências em gêneros são na maior parte das
vezes recebidas pelos membros mais pobres da sociedade, a falha de se incluir determinadas
transferências como parte da renda afeta bastante a taxa de pobreza medida. Através de um
estudo feito pelo Censo, se as transferências em gêneros fossem acrescentadas à renda por seu
valor de mercado, o número de famílias pobres seria cerca de 10% menor do que o indicado
pelos cálculos convencionais.
Ciclo de vida econômico: As rendas variam de forma previsível ao longo da vida das
pessoas. O padrão normal do ciclo da vida provoca desigualdade na distribuição de renda
anual, mas não representa uma verdadeira desigualdade nos padrões de vida. Para medir essa
desigualdade, a distribuição de renda vitalícia é mais relevante do que a distribuição de renda
anual. Portanto, ao observar quaisquer dados relativos à desigualdade, é de relevante ter em
mente o ciclo da vida. Como a renda vitalícia ameniza os altos e baixos do ciclo da vida, as
rendas vitalícias são, sem dúvida, distribuídas de forma mais equânime na população do que
as rendas anuais.
Renda transitória e renda permanente: Não só de forma previsível se varia a renda ao
longo da vida das pessoas, mas também por fatores aleatórios e transitórios. Da mesma
maneira que as pessoas podem tomar empréstimo e poupar para amenizar a variação de renda
decorrente do ciclo da vida, elas também podem tomar empréstimos e emprestar para
amenizar variações de renda transitórias. Na medida em que uma família poupa ou toma
empréstimos para compensar variações transitórias de renda, essas atitudes não afetam seu
padrão de vida. A capacidade de compra de bens e serviços de uma família depende em boa
medida de sua renda permanente, que é sua renda normal, ou média.
A renda permanente é mais relevante do que a distribuição de renda anual quando se
vai aferir a desigualdade dos padrões de vida. Por mais que seja difícil medir a renda
permanente, o conceito é importante. Como a renda permanente exclui as alterações
transitórias, ela é distribuída mais igualmente do que a renda corrente.
MOBILIDADE ECONÔMICA
Os movimentos de Ascenso podem ser devidos à boa sorte ou ao trabalho árduo, e os
movimentos descendentes podem ser devidos à má sorte ou à indolência. Parte dessa
mobilidade se reflete numa variação transitória de renda, enquanto outra parte reflete
mudanças mais permanentes na renda. Como a mobilidade econômica é tão grande, muitos
dos que estão abaixo da linha da pobreza só permanecem de forma temporária. A pobreza é
um problema de longo prazo para um número relativamente pequeno de famílias. Uma outra
forma de aferir a mobilidade econômica é observar a permanência do sucesso econômico de
geração para geração.
O que o governo deveria fazer em relação a desigualdade econômica? A análise
econômica não pode, de forma isolada, dizer se os formuladores de políticas deveriam tornar
a sociedade mais igualitária, mas sim, mostrar que em grande medida, esse problema está
relacionado a filosofia política. No entanto, como o papel do governo na redistribuição de
renda é em grande parte um ponto central dos debates relativos à política econômica, o debate
sairá da ciência econômica para a filosofia política.
UTILITARISMO
Seus fundadores foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John
Stuart Mill (1806-1873). O grande objetivo dos utilitaristas é aplicar a lógica da decisão
individual às questões relativas à moralidade e às políticas públicas, utilitarismo é uma
filosofia política segundo a qual o governo deveria escolher políticas destinadas a maximizar
a utilidade total de todos na sociedade, e essa totalidade significa uma medida de felicidade e
satisfação que uma pessoa obtém a partir de suas circunstâncias, ela é uma medida de bem-
estar.
O governo utilitário deve equilibrar os ganhos de uma maior igualdade e as perdas
decorrentes da distorção de incentivos. Portanto, para maximizar a utilidade, o governo não
pode tornar a sociedade completamente igualitária.
LIBERALISMO
Desenvolvido por John Rawls em seu livro Uma Teoria da Justiça. Ele inicia seu
argumento afirmando que as instituições, as leis e as políticas da sociedade deveriam ser
justas, de tal maneira avaliadas por um observador imparcial oculto por um “véu de
ignorância”. Portanto, ao estabelecer políticas públicas, devemos procurar aumentar o bem-
estar das pessoas que estão em pior situação social, ou seja, em vez me maximizar a soma de
todas as utilidades, como faria o utilitarista, maximizaria a utilidade mínima. A regra de
Rawls é chamada de critério maximin, que é a afirmação de que o governo deveria ter por
objetivo maximizar o bem estar da pessoa em pior posição em uma sociedade. Rawls nos
permite considerar a redistribuição de renda como uma forma de seguro social.
LIBERTARISMO
Criada por Robert Nozick, diz que a igualdade de oportunidades é mais importante do
que a igualdade de rendas. Os libertaristas acreditam que o governo deveria garantir direitos
individuais para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de usarem seus talentos
e obterem sucesso.
POLÍTICAS PARA A REDUÇÃO DA POBREZA
LEGISLAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
Leis que estabelecem o pagamento mínimo aos trabalhadores das empresas são fonte
de permanente debate. Seus defensores as encaram como forma de auxiliar o pobre
trabalhador sem qualquer custo para o governo. Seus críticos a consideram prejudiciais para
aqueles a quem pretendem ajudar. Para trabalhadores com poucas habilidades e experiências,
um salário mínimo alto coloca o salário acima do nível em que oferta e demanda se igualam.
Então, aumenta o custo do trabalho para as empresas e reduz a quantidade de trabalho que
estas demandam. A dimensão desses efeitos depende crucialmente da elasticidade da
demanda.
BEM ESTAR SOCIAL
Uma das maneiras de aumentar o padrão de vida dos pobres é através de uma
suplementação de renda paga pelo governo. Esse auxílio é resultado do sistema de bem estar,
o welfare. Uma crítica comum aos programas de bem-estar social é que eles criam incentivos
para que as pessoas se tornem “necessitadas”.
IMPOSTO DE RENDA NEGATIVO
Quando o governo escolhe um sistema de coleta de impostos, afeta diretamente a
distribuição de renda. Muitos economistas deram a ideia de suplementar a renda dos pobres
por um imposto de renda negativo. Segundo essa política, todas as famílias declarariam sua
renda. As famílias de altas rendas pagariam um imposto sobre suas rendas. As famílias de
baixa renda receberiam um subsídio, ou seja, pagariam um imposto negativo. Com um
imposto de renda negativo as famílias pobres não necessitariam declarar necessidade para
receber assistência financeira, apenas exigiria auferir que se tem uma renda baixa. Esse
aspecto pode ser positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista.
TRANSFERÊNCIA EM GÊNEROS
Outra maneira de ajudar os pobres é dando-lhes alguns dos bens e serviços necessários
para elevar seu padrão de vida. Os defensores da transferência em gêneros afirmas que estas
garantem que os pobres obtenham o que mais necessitam. Já os defensores dos pagamentos
em dinheiro argumentam que as transferências em gêneros são ineficientes e desrespeitosas. O
governo não tem noção de quais bens e serviços os pobres necessitam mais.
PROGRAMAS DE COMBATE À POBREZA E INCENTIVOS AO TRABALHO
Boa parte das políticas com objetivos de ajudar os pobres podem ter o efeito não
intencional de desestimulá-los na busca autoral para uma saída daquela situação. O problema
que esses programas podem trazer é o aumento de custo dos programas de combate à pobreza.
Afinal, se os benefícios forem eliminados de forma gradual à medida que a renda das famílias
pobres aumenta, então as famílias no limite da linha de pobreza também são candidatas a
benefícios substanciais. Quanto mais gradual for a retirada dos benefícios, mais famílias serão
candidatas e maior será o custo do programa. Portanto, os formuladores de políticas
econômicas enfrentam um tradeoff entre onerar os pobres com elevadas alíquotas marginais
efetivas e onerar os contribuintes com programas de combate à pobreza dispendiosos. Outras
formas são a exigência de que qualquer pessoa que receba benefícios seja obrigada a aceitar
um emprego oferecido pelo governo e a outra é oferecer os benefícios apenas por um período
limitado.
Cap 22
QUANTIFICANDO A RENDA NACIONAL
A estatística pode medir a renda total gerada na economia (PIB), a taxa de aumento
dos preções (inflação), o percentual da força de trabalho que não encontra emprego
(desemprego), a despesa total das lojas (vendas no varejo) ou o desiquilíbrio do comércio
entre os Estados Unidos e o resto do mundo (déficit comercial). Todas essas são estatísticas
macroeconômicas, ou seja, a economia como um todo.
RENDA E DESPESA DA ECONOMIA
Para julgar-se o sucesso da economia nacional, é natural observar a renda total gerada
na economia. Essa é a tarefa do produto interno bruto (PIB). O PIB mensura duas coisas de
forma simultânea: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços
produzidos na economia. A razão do PIB poder medir as duas variáveis ao mesmo tempo é
porque elas são semelhantes, ou seja, para a economia como um todo, a renda deve ser igual à
despesa.
Outra forma de observar essa igualdade é através do diagrama do fluxo circular da
renda (apresentado no capítulo 2). Esse diagrama descreve todas as transações entre famílias e
empresas em uma economia simples. Nessa economia as famílias compram bens e serviços
das empresas; essas despesas fluem através dos mercados de bens e serviços. As empresas
usam o dinheiro recebido das vendas para pagar os salários dos trabalhadores, a renda dos
donos de terra e os lucros dos proprietários das empresas; essa renda flui através dos
mercados de fatores de produção. Nessa economia, a moeda flui continuamente das famílias
para as empresas e das empresas para as famílias.
Pode-se de duas maneiras calcular o PIB: somando a despesa total das famílias ou
somando as rendas pagas pela empresa. As famílias não gastam toda a sua renda, elas pagam
parte de sua renda ao governo na forma de impostos e poupam e investem parte de sua renda
para uso futuro. E, também, as famílias não compram todos os bens e serviços produzidos na
economia. Qualquer que seja o comprador do serviço (família, governo ou empresa), a
transação tem um comprador e um vendedor. Portanto, para a macroeconomia, despesa e
renda são sempre iguais.
O CÁLCILO DO PRODUTO INTERNO BRUTO
O PIB soma vários tipos diferentes de bens em uma única medida de valor da
atividade econômica, ele inclui todos os itens produzidos na economia e vendidos legalmente
nos mercados, os valores de mercado de serviços de moradia proporcionados pelo estoque de
residências da economia. No entanto, há alguns produtos que são excluídos do cálculo do PIB
porque sua medição é intensamente difícil, como por exemplo, itens produzidos e vendidos
ilicitamente, como drogas ilegais. E, também, a maioria dos itens que são produzidos e
consumidos no lar, como hortas domésticas.
UM EXEMPLO NUMÉRICO
Existe uma distinção entre PIB nominal e PIB real que é, produção de bens e serviços
avaliada a preços correntes e produção de bens e serviços avaliada a preços constantes,
respectivamente. Ou seja, o PIB nominal reflete os preços e as quantidades de bens e serviços
que a economia produz, já o PIB real, ao manter os preços constantes no nível do ano base,
reflete apenas as quantidades produzidas.
O DEFLATOR DO PIB
A partir das duas medidas citadas anteriormente, pode-se citar uma terceira, chamada
de deflator do PIB, que significa os preços dos bens e serviços, mas não das suas quantidades.
O deflator do PIB do ano-base é sempre igual a 100, medindo o nível corrente de preços em
relação aos preços do ano-base.
O PIB E BEM ESTAR ECONÔMICO
O PIB é considerado o melhor indicador do bem estar econômico de uma sociedade.
Como foi visto anteriormente, o PIB mede tanto a renda total da economia quanto a despesa
total com bens e serviços. Portanto, o PIB per capita registra a renda e a despesa médias da
economia. Por mais que alguns analistas discutam a validade do PIB como indicador de bem
estar, a nossa preocupação com o PIB resume-se na seguinte frase: que um grande PIB nos
ajuda de fato a ter uma vida próspera. Não que ele seja um indicador perfeito de bem estar,
afinal, algumas coisas que contribuem para uma vida satisfatória ficam fora do PIB, como por
exemplo, o lazer, a qualidade do meio ambiente e a distribuição de renda. Porque como o PIB
usa preços de mercado para valorar bens e serviços, exclui o valor de quase todas as
atividades que se dão fora dos mercados.
O PIB per capita mostra o que acontece com a pessoa média, porém, por trás dessa
média existe uma grande variedade de situações pessoais. Conclui-se que o PIB é um bom
indicador de bem estar para a maioria dos produtos, mas não para todos.
Capítulo 25 - Produção e crescimento
CRESCIMENTO ECONÔMICO AO REDOR DO MUNDO
PRODUTIVIDADE: SEU PAPEL E SEUS DETERMINANTES
Para explicar por que as rendas são tão mais altas em alguns países do que em outros,
temos que observar os variados fatores determinantes da produtividade de uma nação.
Por que a produtividade é tão importante?
Produtividade é um termo que remete à quantidade de bens e serviços que um
trabalhador pode produzir a cada hora de trabalho. A produtividade é o fator chave do padrão
de vida e que o aumento da produtividade é o fator chave para melhoria do seu padrão de
vida. Lembrando que o produto interno bruto (PIB) da economia mede duas coisas
simultaneamente: a renda total auferida na economia e a despesa total com os bens e serviços
produzidos na economia. Simplificando, a renda de uma economia é a produção da economia.
COMO É DETERMINADA A PRODUTIVIDADE
Capital físico: Estoque de equipamentos e estruturas utilizados na produção de bens e
serviços.
Capital humano: Conhecimentos e habilidades adquiridos pelos trabalhadores através
do ensino, do treinamento e da experiência.
Recursos naturais: Insumos fornecidos pela natureza para a produção de bens e
serviços, como a terra, os rios e os jazidas naturais.
Conhecimento tecnológico: Entendimento, por parte da sociedade, das melhores
formas de produzir bens e serviços.
A IMPORTÂNCIA DA POUPANÇA E DO INVESTIMENTO
Como o capital é um fator de produção produzido, uma sociedade pode alterar a
quantidade de capital de que dispõe. Se atualmente a economia produz uma grande
quantidade de bens de capital novos, amanhã terá um estoque de capital maior e poderá
produzir maiores quantidades de todos os bens e serviços. Por isso que uma das formas de
aumentar a produtividade futura é investir mais recursos correntes na produção de capital.
Para que uma sociedade possa investir mais em capital, ela precisa consumir menos e poupar
mais de sua renda corrente. O crescimento que decorre da acumulação de capital não é de
graça: exige que a sociedade sacrifique o consumo presente de bens e serviços a fim de poder
desfrutar futuramente de mais consumo.
RENDIMENTOS DECRESCENTES E EFEITO DE ALCANCE
Quando a nação poupa mais, são necessários menos recursos para produzir bens de
consumo e há mais recursos disponíveis para a produção de bens de capital.
Consequentemente, aumenta-se o estoque de capital, provocando assim um aumento de
produtividade e um crescimento do PIB de forma mais rápida.
A visão tradicional do processo de produção é de que o capital está sujeito a
rendimentos decrescentes: à medida que o estoque de capital aumenta, a produção extra
avinda de uma unidade adicional de capital cai. Em consequências dos rendimentos
decrescentes, um aumento da taxa de poupança leva a um maior crescimento apenas durante
algum tempo. À medida que a maior taxa de poupança permite maior acumulação de capital,
os benefícios do capital adicional se tornam menores com o passar do tempo e o crescimento
se desacelera. No longo prazo, uma maior taxa de poupança leva a um maior nível de
produtividade e renda, mas não a um maior crescimento dessas variáveis. Mas, para atingir
esse longo prazo, pode levar bastante tempo.
Os rendimentos decrescentes ao capital têm outras implicações importantes: com tudo
o mais permanecendo constante, é mais fácil para um país crescer rapidamente se ele for
relativamente pobre no início do processo. Esse efeito das condições iniciais sobre o
crescimento subsequente é por vezes chamado efeito de alcance.
INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Uma das maneiras a qual um país pode investir em capital novo é investimento
estrangeiro, esse investimento assume várias formas, uma delas é o investimento estrangeiro
direto que é um investimento de capital que é possuído e operado por uma entidade
estrangeira, já o investimento estrangeiro de portfólio é quando o investimento é financiado
com dinheiro estrangeiro, mas operado por residentes.
O PIB e o PNB são afetados de forma diferenciada pelo investimento estrangeiro, ou
seja, o investimento estrangeiro é uma maneira pela qual os países podem crescer, mesmo que
parte dos benefícios desse investimento retorne ao proprietário estrangeiro, o investimento
aumenta o estoque de capital da economia, propiciando maior produtividade e maiores
salários.
EDUCAÇÃO
A educação – o investimento em capital humano – é pelo menos tão importante quanto
o investimento em capital físico para o sucesso econômico de longo prazo de um país. Assim,
uma forma pela qual a política governamental pode elevar o padrão de vida é oferecer boas
escolas e incentivar a população a utilizá-las. O investimento em capital humano, assim o
investimento em capital físico, tem custo de oportunidade.
SAÚDE E NUTRIÇÃO
Quando se lê capital humano, geralmente se faz referência a educação, porém,
trabalhadores saudáveis são mais produtivos. Fazer os investimentos certos na saúde da
população é uma forma de aumentar a produtividade e melhorar o padrão de vida. A relação
de causa entre saúde e riqueza segue nas duas direções. Os países pobres são pobres, em parte,
porque a população não é saudável, e a população não tem saúde, em parte, porque é pobre e
não têm condições para ter nutrição e cuidados com a saúde adequados. Contudo, esse fato
abre a possibilidade de um círculo virtuoso: políticas que levam a um crescimento econômico
mais rápido naturalmente melhorariam as condições de saúde, o que, por sua vez, promoveria
o crescimento econômico.
DIREITOS DE PROPRIEDADE E ESTABILIDADE POLÍTICA
Outra forma pela qual os formuladores de políticas públicas podem incentivas o
crescimento econômico é protegendo os direitos de propriedade e promovendo a estabilidade
política. A produção nas economias de mercado resulta das interações entre milhares de
indivíduos e empresas. A prosperidade econômica, depende, da prosperidade política.
LIVRE COMÉRCIO
A maioria dos economistas de hoje acreditam que os países pobres se dão melhor
quando adotam políticas voltadas para fora, que os integrem à economia mundial. O comércio
internacional de bens e serviços pode melhorar o bem-estar econômico dos cidadãos de um
país. Portanto, o país que eliminar as restrições ao comércio experimentará o mesmo tipo de
crescimento econômico que ocorreria após um grande avanço tecnológico.
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Embora a maior parte dos avanços tecnológicos venha de pesquisas realizadas por
empresas provadas e inventores individuais, há também um interesse público em promover
esses esforços. Em grande medida, o conhecimento é um bem público. Da mesma maneira
que o governo tem um papel na oferta de bens públicos como a defesa nacional, também tem
um papel a desempenhar no incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
CRESCIMENTO POPULACIONAL
Os economistas e outros cientistas sociais há muito debatem sobre os efeitos do
crescimento populacional em uma sociedade. O efeito mais direto é o tamanho da força de
trabalho: uma grande população significa que há mais trabalhadores para produzir bens e
serviços. Mas, ao mesmo tempo, o grande número de habitantes demonstra que há mais
pessoas para consumir esses bens e serviços.
Capítulo 26 – Poupança, Investimento e Sistema Financeiro
Na vida em sociedade econômica, existem pessoas que têm o costume de poupar
recursos e pessoas que não fazem isso, mas que uma hora ou outra necessitam de recursos a
fim de realizar um investimento, por exemplo. Tal investimento pode ser a montagem do
próprio negócio e os recursos seriam necessários para cobrir os custos substanciais que isso
envolve, também poderia ser a compra de um bem imóvel ou móvel, dentre outros exemplos.
Para financiar esses investimentos, aqueles que não poupam irão necessitar tomar
empréstimos (do banco ou de amigos ou parentes), ou seja, os investimentos serão
financiados pelas poupanças de outras pessoas e em troca os tomadores de empréstimos
pagam juros aos poupadores. Para fazer a mediação entre eles existe um sistema composto de
instituições da economia que promovem o encontro entre poupadores e tomadores e o
coordenam, esse é o sistema financeiro. Iremos abordar o funcionamento do sistema
financeiro e algumas políticas governamentais que afetam a taxa de juros (que é o preço dos
empréstimos).
Sabendo que a poupança e o investimento são importantes fatores do crescimento
econômico de um país no longo prazo, percebemos que quanto mais recursos disponíveis para
investir em capital, maior será a produtividade do país e consequentemente melhor será o
padrão de vida naquele país. O sistema financeiro é composto por instituições financeiras que
auxiliam a coordenação entre poupadores (aqueles que ofertam recursos no mercado) e
tomadores (aqueles que demandam recursos no mercado); essas instituições financeiras são
subdivididas em duas categorias: mercados financeiros e intermediários financeiros. Os
mercados financeiros podem ser mercados de ações ou mercados de títulos, já os
intermediários financeiros são bancos ou fundos mútuos.
As instituições financeiras que formam o sistema financeiro têm como função
coordenar a poupança e o investimento da economia. Tanto a poupança quanto o investimento
têm um papel importante no crescimento do PIB a longo prazo e na melhoria do padrão de
vida de um país, por esse motivo faz-se necessário o conhecimento da forma como os
mercados financeiros funcionam e de que forma eles são afetados por fatores externos e por
políticas governamentais. A contabilidade da renda nacional é feita somando a renda do país e
suas despesas, as regras da contabilidade nacional levam em conta várias identidades
importantes, iremos analisar algumas dessas identidades contábeis que influenciam o mercado
financeiro; como por exemplo a equação do PIB: Y=C+I+G+EL, na qual Y é o PIB, C o
consumo das famílias, I é investimento e EL quer dizer exportações líquidas (tudo o que o
país exportou, subtraindo o que o país importou). Para simplificar a análise vamos supor que a
economia é fechada, ou seja, não engajada no comércio internacional, sem interação com
outras economias; então poderemos retirar as exportações líquidas da equação, ficando então:
Y=C+I+G. Quando o governo com sua renda nacional paga todo o seu consumo e todos os
seus gastos governamentais, o valor final restante dessa renda é chamado de poupança
nacional. Que é representada na equação por S, substituindo então Y – C – G. Assim a
equação restringe-se a S = I, que diz que a poupança nacional é igual ao investimento. Ao
considerar que no significado da poupança nacional, T é o valor final em que o governo
recolhe o dinheiro das famílias através dos impostos menos o valor que as restitui em forma
de serviços prestados as mesmas. Desta forma, têm-se duas fórmulas: S = Y – C – G ou S =
(Y – T – C) + (T – G). As duas fórmulas são iguais, visto que os Ts podem ser cancelados, se
pode avaliar a poupança nacional com outro olhar, pois na segunda equação, poupança
nacional se refere à poupança privada (Y – T – C), mais a poupança pública (T – G). A
poupança privada é o valor restante da renda das famílias após a quitação de impostos e de
suas despesas com consumo, já a poupança pública é o montante da receita tributária, após o
pagamento de seus gastos governamentais. Na poupança pública quando o montante da
receita tributária for maior que o gasto do governo ocorrerá um superávit orçamentário, pois o
governo está recebendo mais dinheiro do que está gastando. O oposto, sendo os gastos
governamentais maiores que o montante arrecadado, é quando o governo gasta mais do que
recebe, obtendo um déficit orçamentário, assim a poupança nacional terá um saldo negativo.
Mercado de fundos para empréstimos é aquele no qual os indivíduos que querem
poupar ofertam fundos e os que querem tomar empréstimos para investir demandam fundos.
Portanto, fundo de empréstimos refere-se a toda renda que as pessoas decidiram poupar e
emprestar, no lugar de usarem-na no próprio consumo, e ao montante que os investidores
decidiram tomar emprestado para financiar novos projetos de investimento. O preço do
empréstimo é a taxa de juros, ou seja, o montante que os tomadores pagam pelo empréstimo e
o montante que os que emprestam recebem por sua poupança.
Se a taxa de juros fosse menor que o nível de equilíbrio, a quantidade ofertada de
fundos para empréstimos seria menor que a quantidade demandada. A escassez de fundos
para empréstimos resultante incentivaria os que fazem empréstimos a aumentarem a taxa de
juros cobrada. Uma taxa de juros maior estimularia a poupança e desestimularia a tomada de
empréstimos para investimento. Ao contrário disso, se a taxa de juros fosse mais elevada que
o nível de equilíbrio, a quantidade ofertada de fundos para empréstimos seria maior que a
quantidade demandada. Como os emprestadores competiriam pelos escassos tomadores de
empréstimos, a taxa de juros diminuiria. Dessa forma, a taxa de juros chega ao nível de
equilíbrio quando a oferta e demanda são iguais. Então, a oferta e a demanda de fundos para
empréstimos dependem da taxa de juros real, que é a taxa de juros nominal corrigida pela
inflação, porque ela reflete o retorno real da poupança e o custo real dos empréstimos.
Os mercados de fundos de empréstimos coordenam a poupança e o investimento
através do ajuste da taxa de juros real que é a taxa de juros nominal corrigida pela inflação,
assim a taxa de juros real transmite o retorno real da poupança e o custo real dos empréstimos
Desta forma, o mercado de fundos de empréstimos controla a correção dessa taxa de juros
para o equilíbrio entre oferta e demanda nesse mercado, coordenando o comportamento das
pessoas que querem poupar e das pessoas que querem investir, respectivamente, os ofertantes
de fundos de empréstimos e os demandantes de fundos de empréstimos.
As políticas governamentais afetam a poupança e o investimento na economia, em
uma relação de causa e efeito. Pois a implementação de determinadas políticas que possam
afetar poupança e investimento logo interfere indiretamente no PIB, assim como na taxa de
crescimento econômico. Dessa maneira, para examinar essas políticas governamentais, três
passos devem ser seguidos. O primeiro: analisar qual a curva a política deslocará, a de oferta
ou a de demanda. Em segundo lugar, determinar qual será a sua direção e por último, utilizar
o diagrama de oferta e demanda para examinar como o equilíbrio muda.
Uma das políticas governamentais que podem ser adotadas é a política de incentivos à
poupança, a qual faz modificações na legislação tributária a fim de fomentar a poupança,
dessa forma a poupança cresce e o PIB também, a oferta de fundos para empréstimos
aumenta, deslocando a sua curva para a direita; a taxa de juros cai o que faz com que os
investimentos aumentem, pois os empréstimos passariam a custar menos e as empresas e
famílias ficariam motivadas a realizar mais empréstimos a fim de que possa realizar maiores
investimentos. Essa política divide opiniões entre os economistas, alguns a defendem
argumentando que a mudança tributária com o objetivo de incentivar a poupança estimula o
investimento e consequentemente o crescimento econômico, mas outros não concordam com
mudanças tributárias nesse sentido, pois argumentam que na maioria dos casos os maiores
beneficiários dessas mudanças seriam os ricos que são justamente aqueles que não precisam
tanto desse alívio tributário.
Outra política que modifica o mercado financeiro é a de incentivos ao investimento,
pela qual o congresso cria um crédito tributário para investimento, querendo torná-lo mais
atraente. Crédito tributário para investimento é uma vantagem tributária a qualquer empresa
que construa uma nova fábrica ou compre um novo equipamento. Os incentivos ao
investimento afetariam a demanda por fundo para empréstimos, aumentando-a, o que
consequentemente aumenta a taxa de juros de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio de fundo
para empréstimos, portanto, a curva de oferta não seria alterada, afinal, o crédito tributário
não afeta o montante que as famílias poupam independentemente da taxa de juros.
Capítulo 28 – Desemprego e sua taxa natural
O problema do desemprego costuma ser dividido em duas categorias – o problema de
longo prazo e o de curto prazo. A taxa natural de desemprego da economia faz referências às
flutuações de ano para ano do desemprego em torno da sua taxa natural e está estreitamente
associado aos altos e baixos da atividade econômica de curto prazo. O desemprego cíclico tem
sua própria explicação.
IDENTIFICANDO O DESEMPREGO
Alguns conceitos são utilizados para medir o desemprego, tais como:
Força de trabalho: o número total de trabalhadores, incluindo tanto os empregados
quanto os desempregados.
Taxa de desemprego: o percentual da força de trabalho que está sem emprego.
Taxa de participação na força de trabalho: o percentual da população adulta que está
na força do trabalho.
Taxa natural de desemprego: que é a taxa normal de desemprego em torno da qual a
taxa de desemprego flutua.
Desemprego cíclico: é o desvio do desemprego em relação à sua taxa natural.
A taxa de desemprego mede o que queremos?
Como as pessoas entram na força de trabalho e saem dela com tanta frequência, as
estatísticas de desemprego são difíceis de interpretar. Por um lado, algumas das pessoas que
afirmam estar desempregadas podem não estar tentando encontrar um emprego com muita
insistência; por outro lado, existem alguns que informam estar fora da força de trabalho e
realmente estão querendo um emprego. Essas pessoas podem ter tentado encontrar emprego e
desistido, depois de uma busca infrutífera. Essas pessoas, chamadas de trabalhadores
desalentados, não aparecem nas estatísticas de desemprego, muito embora sejam
trabalhadores sem empregos.
Por quanto tempo os desempregados ficam sem trabalho?
Quando se avalia a gravidade do problema do desemprego, uma questão a considerar é
se o desemprego é tipicamente uma situação de curto prazo ou de longo prazo. Se o
desemprego é de curto prazo, pode-se concluir que não é um problema muito importante. Os
economistas e formuladores de políticas devem ser cuidadosos ao interpretar dados sobre o
desemprego e ao conceber políticas para ajudar os desempregados. A maioria das pessoas que
ficam desempregas logo encontrarão um emprego. Porém, a maior parte do problema do
desemprego da economia é atribuível aos relativamente poucos trabalhadores que
permanecem desempregados por longos períodos.
Por que sempre há algumas pessoas desempregadas?
Em um mercado de trabalho ideal, os salários deveriam se ajustar para equilibrar a
quantidade ofertada e demandada de mão de obra. Esse ajuste dos salários garantiria que
todos os trabalhadores estivessem sempre plenamente empregados. Sempre existirá alguns
trabalhadores sem emprego, mesmo se a economia estiver indo bem. Ou seja, a taxa de
desemprego nunca cai para zero; em vez disso, ela flutua em torno da taxa natural de
desemprego.
Há quatro maneiras de explicar o desemprego de longo prazo. A primeira é que leva
algum tempo para os trabalhadores buscarem os empregos mais adequados. O desemprego
friccional, é o desemprego que surge porque leva algum tempo para que os trabalhadores
encontrem empregos que melhor se adaptem às suas preferências e habilidades. O
desemprego friccional é inevitável porque a economia está sempre mudando.
As outras três explicações que são utilizadas para o desemprego sugerem que o
número de desempregos disponíveis em alguns mercados de trabalho pode ser insuficiente
para empregar todas as pessoas que desejam trabalhar. Isso ocorre quando a quantidade de
mão de obra ofertada supera a quantidade demandada. Esse estilo de desempregado é o
desemprego estrutural, ou seja, o desemprego que surge porque o número de empregos
disponíveis em alguns mercados de trabalho é insuficiente para proporcionar emprego a todos
que desejam.
A PROCURA DE EMPREGO
É o processo por meio do qual os trabalhadores encontram empregos apropriados,
dadas suas preferências e habilidades.
Política pública e procura de emprego
Por mais que um certo nível de desemprego friccional seja inevitável, seu nível exato
não é. Quanto mais rápida a disseminação da informação sobre abertura de vagas e
disponibilidade de trabalhadores, mais rapidamente a economia ajustará trabalhadores e
empresas. Os programas governamentais tentam facilitar a busca de emprego de diversas
maneiras.
Seguro desemprego é um programa governamental que protege parcialmente as rendas
dos trabalhadores quando eles ficam desempregados. Embora o seguro desemprego reduza as
dificuldades impostas pelo desemprego, ele também aumenta a quantidade de desempregados.
A explicação se baseia em um dos Dez princípios da Economia: as pessoas reagem a
incentivos. Como os benefícios do seguro desemprego cessam quando o trabalhador arruma
um novo emprego, os desempregados dedicam menos esforços à procura de emprego e têm
maior probabilidade de recusar ofertas de emprego pouco atraentes. Além disso, o seguro
desemprego torna o desemprego menos oneroso, é menos provável que os trabalhadores
procurem garantias de estabilidade no emprego ao negociar as condições de contratação com
os empregadores.
Muitos estudos realizados por economistas do trabalho examinaram os efeitos do
incentivo do seguro desemprego. Um dos estudos do seguro desemprego mostra que a taxa de
desemprego é uma medida imperfeita do nível de bem estar econômico geral de uma nação. A
maioria dos economistas concordam que eliminar o seguro desemprego reduziria o
desemprego na economia. Porém, não há acordo entre eles sobre se o bem estar econômico
seria aumentado ou diminuído por essa alteração na política.
LEGISLAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
Para que se entenda o desemprego estrutural, é necessário saber como o desemprego
surge em decorrência da legislação do salário mínimo. Embora o salário mínimo não seja a
razão predominante do desemprego em nossa economia, ele tem um efeito importante sobre
certos grupos em que taxas de desemprego são particularmente elevadas. Além disso a análise
do salário mínimo é um ponto de partida natural, porque, ela pode ser usada para entender
algumas das outras razões do desemprego estrutural.
A figura 4 revê a economia básica do salário mínimo. Quando a legislação do salário
mínimo força o salário a se manter acima do nível que equilibra a oferta e demanda, ela
aumenta a quantidade de mão de obra ofertada e reduz a quantidade de mão de obra
demandada em comparação com o nível de equilíbrio. Há um excesso de mão de obra. Como
há mais trabalhadores dispostos a trabalhar do que empregos, alguns trabalhadores ficam
desempregados.
Essa figura demonstra os efeitos da lei do salário mínimo e ilustra uma lição mais
geral: se o salário se mantiver acima do nível de equilíbrio por qualquer razão, o resultado
será o desemprego. A legislação do salário mínimo é apenas uma das razões pelas quais os
salários podem ficar “excessivamente alto”.
SINDICATOS E NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Um sindicato é uma associação de trabalhadores que negociam salários e condições de
trabalho com os empregadores.
A economia dos sindicatos
O processo por meio do qual os sindicatos e as empresas chegam a um acordo em
relação às condições de emprego é chamado negociação coletiva. Caso eles não cheguem a
um acordo, o sindicato pode organizar uma paralização do trabalho na empresa, a qual
denominamos greve.
Quando um sindicato eleva o salário do nível de equilíbrio, isso aumenta a quantidade
ofertada de mão de obra e diminui a quantidade demandada desta, resultando em desemprego.
Os trabalhadores que continuam empregados com salários mais altos ficam em melhor
situação, mas os que antes estavam empregados e ficaram sem emprego por causa dos salários
mais elevados acabam prejudicados.
A legislação que afeta o poder de mercado dos sindicatos é um tópico permanente no
debate político.
A TEORIA DOS SALÁRIOS DE EFICIÊNCIA
Uma quarta razão pela qual os economistas sempre apresentam algum desemprego –
além da busca de emprego, da legislação do salário mínimo e dos sindicatos – é sugerido pela
teoria dos salários de eficiência. São salários acima do nível de equilíbrio pago pelas empresas
para aumentar a produtividade dos trabalhadores.
Há diversos tipos de teoria dos salários de eficiência. Cada tipo sugere uma explicação
diferente do por que as empresas podem desejar pagar salários elevados. Vamos considerar
quatro desses tipos: Saúde do trabalhador, rotatividade do trabalhador, qualidade do
trabalhador e esforço do trabalhador.
Capítulo 29 – O Sistema Monetário
O SIGNIFICADO DA MOEDA
Moeda é o conjunto de ativos na economia que as pessoas usam regularmente para
comprar bens e serviços de outras pessoas, a moeda inclui apenas aqueles poucos tipos de
riqueza que são regularmente aceitos por vendedores em troca de bens e serviços.
As funções da moeda
Na economia, a moeda admite três funções: meio de troca, unidade de conta e reserva
de valor. Essas três funções distinguem a moeda dos demais ativos da economia, como ações,
títulos, bens imóveis, obras de arte e até figurinhas de beisebol.
Um meio de troca é algo que os compradores dão aos vendedores quando querem
comprar bens e serviços, a unidade de conta representa o padrão de medida que as pessoas
usam para estabelecer preços e registrar dúvidas e a reserva de valor é algo que as pessoas
podem usar para transferir poder de compra do presente para o futuro.
Os economistas utilizam o termo liquidez para que a facilidade com que um ativo pode
ser convertido em meio de troca na economia seja descrevida. Como a moeda é o meio de
troca da economia, ela é o mais líquido dos ativos disponíveis. A liquidez dos demais ativos
varia muito. Quando os bens e serviços se tornam mais caros, cada dólar que você tem na
carteira pode comprar menos.
Tipos de moeda
Quando a moeda tem a forma de uma mercadoria com valor intrínseco, é chamada
moeda-mercadoria. A expressão valor intrínseco significa que o item teria valor mesmo que
não fosse usado como moeda. A moeda sem valor intrínseco é chamada moeda de curso
forçado, significando que o instrumento utilizado é moeda por decreto governamental.
Por mais que o governo seja a figura central para estabelecer e regular um sistema de
moeda de curso forçado, outros fatores também são necessários para o sucesso de um sistema
monetário desse tipo. Ou seja, a aceitação da moeda de curso forçado depende tanto das
expectativas e convenções sociais quanto do decreto governamental.
Inclusões da moeda
Moeda corrente é quando as cédulas em papel e as moedas de metal estão em poder do
público. E os depósitos à vista, são aqueles saldos em conta corrente aos quais os depositantes
têm acesso mediante a emissão de um cheque.
Sempre que uma economia usa moeda de curso forçado, deve haver um órgão
responsável pela regulação do sistema. Como por exemplo o Banco Central, que é uma
instituição planejada para supervisionar o sistema bancário e regular a quantidade de moeda
na economia.
Oferta de moeda é a quantidade de moeda disponível na economia. Política monetária
é o estabelecimento da oferta de moeda pelos formuladores de políticas do banco central.
OS BANCOS E AS OFERTAS DE MOEDA
Como os depósitos à vista são guardados em bancos, o comportamento dos bancos
pode influenciar a quantidade de depósitos à vista na economia e, portanto, a oferta de moeda;
os depósitos que os bancos recebem, porém não emprestam, são chamados reservas. Cada
depósito no banco reduz a moeda corrente e aumenta os depósitos à vista exatamente na
mesma quantia, deixando inalterada a oferta de moeda. Portanto, se os bancos mantêm todos
os depósitos como reserva, não influenciam a oferta de moeda.
Criação de moeda por meio do sistema de reservas bancárias fracionárias
O sistema de reservas fracionárias é quando os bancos mantém apenas uma parte de
seus depósitos como reserva, e essa fração que o banco mantém como reserva é chamada de
razão de reserva; essa razão é determinada por uma combinação da regulamentação
governamental e da política do banco.
Quando o branco cria o ativo moeda, também cria um passivo correspondente para os
tomadores de empréstimos. Ao fim desse processo de criação de moeda, a economia fica mais
líquida, no sentido de que há mais meios de troca, mas a economia não está mais rica que
antes.
O multiplicador da moeda
É a quantidade de moeda que o sistema bancário gera com cada dólar de suas reservas.
Quanto maior a razão de reserva, menor a parcela de cada depósito que os bancos emprestam
e menor o multiplicador da moeda.
Capital bancário, alavancagem e a crise financeira de 2008-2009
A realidade do sistema bancário moderno é um pouco mais complexa em comparação
aos sistemas anteriores, e em consequência disso, desempenhou um papel importante na crise
financeira de 2008 e 2009. Antes de observar a crise, precisamos mostrar alguns conceitos
para entender como o banco funciona:
Capital bancário: os recursos que os proprietários do banco colocam na instituição.
Alavancagem: o uso do dinheiro emprestado para complementar os fundos existentes
para fins de investimento.
Grau de alavancagem: a razão dos ativos para o capital bancário.
Exigência de capital: um regulamento governamental que especifica uma quantidade
mínima de capital bancário.
Em 2008 e 2009, muitos bancos tinham pouquíssimo capital depois das perdas de
alguns de ser ativos – especificamente empréstimos hipotecários e títulos garantidos por
empréstimos hipotecários. A escassez do capital obrigou os bancos a reduzirem seus
empréstimos (crise de crédito), que ocasionou uma recessão na atividade econômica. Como
resultado, os contribuintes norte-americanos tornaram-se, temporariamente, proprietários de
uma parte de muitos bancos. O objetivo dessa política incomum foi recapitalizar o sistema
bancário de modo que os empréstimos bancários pudesse voltar a um nível mais normal, o
que de fato ocorreu no final de 2009.
OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE MONETÁRIO DO FED
Operações no mercado aberto: compra e venda de títulos do governo norte-americanos
pelo Fed.
Taxa de redesconto: taxa de juros sobre os empréstimos que o Fed concede aos
bancos.
Reservas exigidas: regulamentação que diz respeito ao montante mínimo de reservas
que os bancos devem manter sobre seus depósitos.
Pagamento de juros sobre as reservas: O Fed pagava juros sobre as reservas, isto é,
quando um banco mantém as reservas sobre os depósitos no Fed, este agora paga os juros
bancários sobre aqueles depósitos.
Capítulo 30 – Crescimento de Moeda e Inflação
A TEORIA CLÁSSICA DA INFLAÇÃO
O nível de preços e o valor da moeda
O primeiro entendimento sobre a inflação é de que ela tem mais a ver com o valor da
moda que com o valor dos bens. Quando o índice de preços ao consumidos e outras medidas
do nível de preços aumentam, os analistas muitas vezes sentem-se tentados a olhar os muitos
preços individuais que compõem esses índices de preço, ou seja, a inflação é um fenômeno
amplo da economia que diz respeito, em primeiro lugar, ao valor do meio de troca da
economia.
O nível geral de preços da economia pode ser visto de duas maneiras. Até agora,
olhamos o nível de preços como o preço de uma cesta de bens e serviços. Quando o nível de
preços aumentam, as pessoas precisam pagar mais pelos bens e serviços que compram.
Alternativamente, podemos ver o nível de preços como uma medida do valor da moeda. Um
aumento no nível de preços significa uma redução no valor da moeda.
Oferta de moeda, demanda de moeda e equilíbrio monetário
O que determina o valor da moeda? A oferta e a demanda de moeda determinam o
valor da moeda. A oferta da moeda é uma variável de política controlada pelo sistema
bancário, já a demanda reflete quanta riqueza as pessoas desejam manter na forma líquida.
Embora a demanda de moeda seja afetada por muitas variáveis, uma delas é de especial
importância: o nível médio dos preços na economia.
Gráfico da oferta e demanda da moeda
As duas curvas da figura são as curvas de oferta e demanda de moeda. A curva de
oferta é vertical porque o foi-se fixado a quantidade de moeda disponível. A curva de
demanda de moeda tem inclinação negativa, indicando que, quando o valor da moeda é baixo
(e o nível de preços é alto), as pessoas demandam uma maior quantidade de moeda para
comprar bens e serviços. No equilíbrio, mostrado na figura como ponto A, a quantidade de
moeda demandada é igual à quantidade de moeda ofertada. Esse equilíbrio da oferta e da
demanda determina o valor da moeda e o nível de preços.
Os efeitos de uma injeção de moeda
Teoria quantitativa da moeda: teoria que afirma que a quantidade de moeda disponível
determina o nível de preços e que a taxa de crescimento na quantidade de moeda disponível
determina a taxa de inflação.
Gráfico da oferta da moeda
Um breve olhar sobre o processo de ajuste
A maior demanda por bens e serviços faz com que os preços dos bens e serviços
aumentem. O aumento de um nível de preços, por sua vez, eleva a quantidade de moeda
demandada porque as pessoas necessitam de mais dinheiro para cada transação. Por fim, a
economia atinge um novo equilíbrio em que a quantidade de moeda demandada novamente é
igual à quantidade de moeda ofertada. Dessa forma, o nível geral de preço dos bens e serviços
ajusta-se para trazer a oferta e a demanda de moeda para o equilíbrio.
A dicotomia clássica e a neutralidade monetária
Existem duas variáveis, as variáveis nominais: que são as variáveis medidas em
unidades monetárias e, as variáveis reais: são as variáveis medidas em unidades fiscais. Essa
separação das variáveis em grupos é denominada hoje, dicotomia clássica, que é a separação
teórica entre variáveis nominais e variáveis reais. Quando as alterações na oferta de moeda
não afetam as variáveis reais, existe uma neutralidade monetária.
Velocidade e equação quantitativa
A velocidade da moeda, é a taxa pela qual a moeda troca de mãos. Para se calcular
existe uma equação quantitativa que é M x V = P x Y, que relaciona a quantidade de moeda, a
velocidade da moeda e o valor monetários da produção de bens e serviços da economia.
O imposto inflacionário
É a receita arrecadada pelo governo por meio da criação de moeda. Esse imposto não é
como os outros, porque ninguém recebe uma cobrança governamental para pagá-lo, em vez
disso, o imposto inflacionário é mais sutil. Quando o governo emite moeda, o nível de preços
se eleva e os dólares em sua carteira perdem valor. Portanto, o imposto inflacionário é como
um imposto sobre todas as pessoas que têm moeda.
O efeito fisher
Vamos agora considerar como o crescimento da oferta de moeda afeta as taxas de
juros. No longo prazo, quando a moeda é neutra, uma alteração no crescimento da moeda não
deveria afetar a taxa de juros real. A taxa de juros real é, afinal, uma variável real. Para que a
taxa de juros real não seja afetada, a taxa de juros nominal deve se ajustar, na proporção de
um para um, às alterações na taxa de inflação. Portanto, quando o banco aumenta a taxa de
crescimento da moeda, o resultado, no longo prazo, é um aumento na taxa de inflação e uma
elevação na taxa de juros nominal. Esse ajuste da taxa de juros nominal à taxa de inflação é
chamado de efeito Fisher, em homenagem ao economista Irving Fisher (1867-1947), que foi o
primeiro a estudar o tema. Porém, esse efeito não se mantém no curto prazo na medida em
que a inflação não seja antecipada.
Os custos da inflação
A partir de um estudo, os economistas identificaram seis custos de inflação: custo de
sola de sapato associado à redução da moeda mantida, custos de menu associados a reajustes
mais frequentes dos preços, maior variabilidade dos preços relativos, alterações não
intencionadas das responsabilidades tributárias decorrentes da não indexação do código
tributário, confusão e inconveniência resultantes de uma mudança na unidade de conta, e
redistribuições arbitrárias de riqueza entre credores e devedores. Durante uma hiperinflação,
esses custos são elevados, porém a dimensão deles em tempos de inflação moderada não é tão
clara.
Capítulo 34 – A Influência das Políticas Monetária e Fiscal sobre a
Demanda Agregada
São muitos fatores que influenciam a demanda agregada, além das políticas monetária
e fiscal. Mais especificamente, a despesa desejada pelas famílias e empresas determina a
demanda global por bens e serviços. Quando muda a despesa desejada, a demanda agregada
se desloca. Se os formuladores de políticas deixarem de reagir, esses deslocamentos na
demanda agregada causarão flutuações de curto prazo na produção e no emprego. Como
resultado, os formuladores de política monetária e fiscal às vezes usam instrumentos de que
dispõem para tentar contrabalançar esses deslocamentos na demanda agregada e, assim,
estabilizar a economia.
COMO A POLÍTICA MONETÁRIA INFLUENCIA A DEMANDA AGREGADA
A curva de demanda agregada mostra a quantidade total de bens e serviços demandada
na economia para qualquer nível de preços. A curva de demanda agregada tem inclinação
negativa por três motivos: o efeito riqueza, o efeito taxa de juros e o efeito taxa de câmbio.
Esse três efeitos ocorrem simultaneamente, aumentando a quantidade demandada de bens e
serviços quando o nível de preços cai e diminuindo a quantidade de bens e serviços quando o
nível de preços sobe. Embora os três efeitos operem juntos para explicar a inclinação negativa
da curva de demanda agregada, eles não são de igual importância.
A teoria da preferência da liquidez, determina a taxa de juros e ajuda a explicar a
inclinação negativa da curva de demanda agregada e como as políticas monetária e fiscal
deslocam essa curva. A teoria de Keynes segundo a qual a taxa de juros se ajusta para
equilibrar a oferta de moeda e a demanda por moeda.
A primeira parte da teoria da preferência pela liquidez é a oferta de moeda. Ela
independe da taxa de juros, pois qualquer que seja a taxa de juros vigente, a moeda ofertada é
a mesma.
De acordo com a teoria da preferência pela liquidez, a taxa de juros se ajusta para
equilibrar a quantidade de moeda ofertada e a quantidade de moeda demandada.
A segunda parte da teoria da preferência pela liquidez é a demanda por moeda. Um
aumento da taxa de juros eleva o custo de se reter moeda e, como consequência, reduz a
quantidade de moeda demandada. Uma queda na taxa de juros reduz o custo de se reter moeda
e aumenta a quantidade demandada.
De acordo com a teoria da preferência pela liquidez, a taxa de juros se ajusta para
equilibrar a oferta de moeda e a demanda por meda. Há uma taxa de juros, chamada taxa de
juros de equilíbrio, na qual a quantidade de moeda demandada equilibra exatamente a
quantidade de moeda ofertada.
A inclinação negativa da curva de demanda agregada
Como vimos no capítulo 30, o nível de preços é um determinante da quantidade de
moeda demandada. A preços mais elevados, mais moeda é trocada cada vez que um bem ou
serviço é vendido, Como resultado, as pessoas optam por reter maior quantidade de moeda.
Isto é, um nível de preços maior eleva a quantidade de moeda demandada para qualquer taxa
de juros dada. Dessa maneira, um aumento de nível de preços de P1 para P2 desloca a curva
de demanda de moeda para direita, de DM1 para DM2, como mostra o painel (a) da Figura 2.
Esse deslocamento na demanda por moeda afeta o equilíbrio no mercado de moeda.
Para uma oferta fixa de moeda, a taxa de juros precisa se elevar para equilibrar a oferta e a
demanda de moeda. O maior nível de preços aumentou a quantidade de moeda que as pessoas
desejam reter e deslocou a curva de demanda por moeda para a direita. Mas a quantidade de
moeda ofertada permanece a mesma, de modo que a taxa de juros precisa aumentar de r1 para
r2 a fim de desestimular a demanda adicional. Esse aumento na taxa de juros têm
consequências não só para o mercado de moeda, mas também para a quantidade demandada
de bens e serviços.
Variações na oferta de moeda
Sempre que a quantidade demandada de bens e serviços muda para qualquer nível de
preço dado, a curva de demanda agregada se desloca. Uma variável importante que desloca a
curva da demanda agregada é a política monetária.
No painel (a), um aumento da oferta de moeda de OM1 para OM2 reduz a taxa de
juros de equilíbrio de r1 para r2. Como a taxa de juros é o custo dos empréstimos, a queda na
taxa de juros aumenta a quantidade demandada de bens e serviços a um nível de preços dado,
de Y1 para Y2. Portanto, o painel (b), a curva de demanda agregada desloca-se para a direita,
de DA1 para DA2.
COMO A POLÍTICA FISCAL INFLUENCIA A DEMANDA AGREGADA
O governo pode influenciar o comportamento da economia não só por meio da política
monetária, mas também como política fiscal. A política fiscal compreende as escolhas do
governo quanto ao nível geral de compras governamentais ou aos impostos. No curto prazo,
contudo, o principal efeito da política fiscal se dá sobre a demanda agregada de bens e
serviços.
Alterações nas compras do governo
Quando os formuladores de políticas alteram a oferta de moeda ou o nível dos
impostos, deslocam indiretamente a curva de demanda agregada, influenciando as decisões de
despesas das famílias e das empresas. De outro ângulo, quando o governo altera suas próprias
compras de bens e serviços, desloca diretamente a curva da demanda agregada.
O efeito multiplicador
São os deslocamentos adicionais na demanda agregada que ocorrem quando uma
política fiscal expansionista aumenta a renda e, portanto, as despesas de consumo. A figura 4
demonstra o efeito multiplicador. O aumento de $20 bilhões nas compras do governo
inicialmente desloca a curva de demanda agregada para a direita, de DA1 para DA2, em
exatamente $20 bilhões. Mas, quando os consumidores reagem elevando suas despesas, a
curva de demanda agregada desloca-se, ainda mais, para DA3.
Outras aplicações do efeito multiplicador
A lógica do efeito multiplicador, contudo, não se restringe a variações nas compras do
governo. Mas também, aplica-se a qualquer evento que altere as despesas em qualquer
componente do PIB – consumo, investimento, compras do governo ou exportações líquidas.
O efeito deslocamento
É a queda da demanda agregada que ocorre quando uma política fiscal expansionista
eleva a taxa de juros e, portanto, reduz as despesas de investimento. Ou seja, quando o
governo eleva suas compras em $20 bilhões, a demanda agregada por bens e serviços pode
aumentar mais ou menos que $20 bilhões, dependendo do tamanho do efeito multiplicador e
do efeito deslocamento. O efeito multiplicador, sozinho, provoca um deslocamento na
demanda agregada maior que $20 bilhões. O efeito deslocamento empurra a curva da
demanda agregada para a direção oposta e, se for grande o bastante, pode resultar em um
deslocamento na demanda agregada de menos de $20 bilhões.
Alteração nos impostos
Quando o governo reduz o imposto de renda das pessoas físicas, por exemplo, ele
aumenta a renda disponível das famílias. As famílias pouparão parte dessa renda adicional,
mas também gastarão parte dela em bens de consumo. Como o corte dos impostos aumentam
as despesas de consumo, deslocam a curva de demanda agregada para a direita. Similarmente,
um aumento nos impostos deprime as despesas de consumo e desloca a curva de demanda
agregada para a esquerda.
O tamanho do deslocamento na curva de demanda agregada decorrente de uma
alteração nos impostos também é afetado pelos efeitos multiplicador e deslocamento. Quando
o governo reduz impostos e estimula as despesas de consumo, os salários e lucros aumentam,
o que estimula ainda mais as despesas de consumo. Esse é o efeito multiplicador. Ao mesmo
tempo, uma renda mais elevada leva a uma maior demanda por moeda, o que tende a elevar as
taxas de juros. Taxas de juros mais elevadas aumentam os custos dos empréstimos, o que
reduz as despesas de investimento. Esse é o efeito deslocamento. Dependendo da magnitude
de cada um dos efeitos, o deslocamento na demanda agregada pode ser maior ou menor que a
variação nos impostos que os causou.
Há outro importante determinante do deslocamento na demanda agregada resultante de
uma variação nos impostos: a percepção das famílias quanto à duração na redução nos
impostos: se permanente ou temporária.
O USO DA POLÍTICA PARA ESTABILIZAR A ECONOMIA
Estabilizadores automáticos: são alterações da política fiscal que estimulam a demanda
agregada quando a economia entra em recessão, sem que os formuladores de políticas tenham
de fazer qualquer ação deliberada.
Capítulo 35 – O Tradeoff entre Inflação e Desemprego no Curto Prazo.
A CURVA DE PHILLIPS: É a curva que mostra o tradeoff entre inflação e
desemprego no curto prazo.
Origem da curva de Phillips
O jornal britânico Economica, em 1958, publicou um artigo do economista A. W.
Phillips, que o tornaria famoso. O artigo era intitulado “A relação entre o desemprego e a taxa
de variação dos salários no Reino Unido, 1861-1957”. No artigo, Phillips mostrava a
existência de uma correlação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação. Ou
seja, Phillips mostrou que anos com baixo desemprego tendem a apresentar inflação elevada e
anos com desemprego elevado tendem a apresentar baixa inflação. Ele concluiu que duas
importantes variáveis econômicas – inflação e desemprego – estavam ligadas de uma maneira
que ainda não havia sido percebida anteriormente pelos economistas. Embora sua descoberta
se baseasse em dados do Reino Unido, os pesquisadores logo estenderam sua descoberta a
outros países.
A curva de Phillips ilustra a relação negativa entre a taxa de inflação e a taxa de
desemprego. No ponto A, a inflação é baixa, e o desemprego, alto. No ponto B, a inflação é
alta, e o desemprego, baixo.
Demanda agregada, oferta agregada e a curva de Phillips
O modelo de demanda agregada e de oferta agregada oferece uma explicação simples
para a gama de resultados possíveis descrita pela curva de Phillips. A curva de Phillips
simplesmente mostra as combinações de inflação e desemprego que surgem no curto prazo à
medida que deslocamentos na curva de demanda agregada movem a economia ao longo da
curva de oferta agregada de curto prazo. Como foi visto nos dois capítulos anteriores, um
aumento na demanda agregada por bens e serviços leva, no curto prazo, a uma maior
produção de bens e serviços e um nível de preços mais elevado. Maior produção significa
maior emprego e, portanto, uma taxa de desemprego menor. Além disso, quanto mais elevado
for o nível de preços, mais elevada será a taxa de inflação. Portanto, os deslocamentos na
demanda agregada pressionam a inflação e o desemprego em direções opostas no curto prazo
– uma relação que é ilustrada pela curva de Phillips.
Exemplo: Imagine que o nível de preço (como medido, por exemplo, pelo índice de
preços ao consumidor) seja igual a 100 no ano 2020. Os próximos gráficos mostram dois
possíveis resultados que podem ocorrer em 2021, dependendo da força da demanda agregada.
Um resultado ocorre se a demanda agregada é alta, e o outro ocorre se a demanda agregada é
baixa. O painel (a) mostra esses dois resultados usando o modelo de demanda agregada e
oferta agregada. O painel (b) ilustra os mesmos resultados usando a curva de Phillips.
DESLOCAMENTO NA CURVA DE PHILLIPS: O PAPEL DAS EXPECTATIVAS
A curva de Phillips no longo prazo
Em 1968, o economista Milton Friedman publicou, na American Economic Review,
um artigo com base em um pronunciamento que proferia recentemente como presidente da
American Economic Association. O artigo intitulado “O papel da política monetária”,
continha seções sobre “O que a política monetária pode fazer” e “O que a política monetária
não pode fazer”. Friedman argumentava que uma coisa que a política monetária não podia
fazer, a não ser por um período curto, era diminuir o desemprego por meio do aumento
da inflação. Mais ou menos ao mento tempo, outro economista, Edmund Phelps, também
publicou um artigo negando a existência, no logo prazo, de um tradeoff entre inflação e
desemprego.
De acordo com Friedman e Phelps, não há tradeoff entre inflação e desemprego no
longo prazo. O crescimento na oferta de moeda determina a taxa de inflação.
Independentemente da taxa de inflação, a taxa de desemprego gravita em torno da sua taxa
natural. Como resultado, a curva de Phillips no longo prazo é vertical.
O significado de “natural”
O que há de tão “natural” na taxa natural de desemprego? Friedman e Phelps usaram
esse adjetivo para descrever a taxa de desemprego em direção à qual a economia tende a
gravitar no longo prazo. Todavia, a taxa natural de desemprego não é necessariamente a taxa
de desemprego socialmente desejável. Nem é constante ao longo do tempo.
Como a curva de Phillips no longo prazo se relaciona com o modelo de demanda
agregada e oferta agregada
O painel (a) mostra o modelo de demanda agregada e de oferta agregada com uma
curva de oferta agregada vertical. Quando a política monetária expansionista desloca a curva
de demanda agregada para a direita, de DA1, para DA2, o equilíbrio move-se do ponto A para
o B. O nível de preço aumenta de P1 para P2 e a produção permanece a mesma. O painel (b)
mostra a curva de Phillips no longo prazo, que é vertical à taxa natural de desemprego. Uma
política monetária expansionista move a economia de uma inflação baixa (ponto A) para uma
inflação alta (ponto B) sem alterar a taxa de desemprego.
A curva de Phillips de curto prazo
A análise de Friedman e Phelps pode ser resumida na equação a seguir: Taxa de
desemprego = taxa natural de desemprego – a (inflação vigente – inflação esperada)
Como a inflação esperada desloca a curva de Phillips no curto prazo
Quanto mais elevada a taxa de inflação esperada, maior o tradeoff entre inflação e
desemprego no curto prazo. No ponto A, a inflação esperada e a inflação vigente são baixas, e
o desemprego está em sua taxa natural. Se o Fed adota uma política monetária expansionista,
a economia se move do ponto A para o B no curto prazo. No ponto B, a inflação esperada
ainda é baixa, mas a inflação vigente é alta. O desemprego está abaixo de sua taxa natural. No
longo prazo, a inflação esperada aumenta e a economia se move para o ponto C. No ponto C,
a inflação esperada e a inflação vigente são ambas elevadas, e o desemprego retorna à sua
taxa natural.
Hipótese da taxa natural: a afirmação de que o desemprego retorna à sua taxa normal,
ou natural, independentemente da taxa de inflação.
Choque de oferta: um acontecimento que afeta diretamente os custos e os preços das
empresas, deslocando a curva de oferta agregada da economia e, portanto, a curva de Phillips.
Um choque adverso na oferta agregada
O painel (a) mostra o modelo de demanda agregada e de oferta agregada. Quando a
curva de oferta agregada se desloca para esquerda, de OA1, para OA2, o equilíbrio se move
do ponto A para o B. A produção se reduz de Y1 para Y2, e o nível de preços aumenta de P1
para P2. O painel (b) mostra o tradeoff entre inflação e o desemprego no curto prazo. O
deslocamento adverso na oferta agregada move a economia de um ponto com menor
desemprego e menor inflação (ponto A) para um ponto com maior desemprego e maior
inflação (ponto B). A curva de Phillips no curto prazo desloca-se para a direita, de CP1 para
CP2. Os formuladores de políticas agora deparam-se com um trade off pior entre inflação e
desemprego.
O CUSTO DE REDUZIR A INFLAÇÃO
Desinflação é uma redução na taxa de inflação e não deve ser confundida com
deflação, uma redução no nível do preço. Para fazer uma analogia ao movimento de um carro,
a desinflação é como a desaceleração da velocidade, ao passo que a deflação é como das a
marcha ré.
A taxa de sacrifício
Para reduzir a taxa de inflação, o Fed precisava adotar uma política monetária
contracionista. Muitos estudos examinaram dados sobre inflação e desemprego a fim de
estimar o custo da redução da inflação. As conclusões desses estudos são frequentemente
sumarizadas numa estatística denominada taxa de sacrifício, que é a perda de produção anual,
em pontos percentuais, medida no processo de redução da inflação em 1 ponto percentual.
Uma estimativa típica da taxa de sacrifício é 5. Isto é, para cada ponto percentual de redução
da inflação, devem ser sacrificados 5 pontos percentuais da produção anual durante a
transição.
Política monetária desinflacionaria no curto e longo prazo
Quando o Fed adota uma política monetária contracionista para reduzir a inflação, a
economia se move ao longo da curva de Phillips no curto prazo, do ponto A para o ponto B.
Com o passar do tempo, a inflação esperada cai e a curva de Phillips no curto prazo se desloca
para baixo. Quando a economia atinge o ponto C, o desemprego volta à sua taxa natural.
A curva de Phillips durante a recessão de 2008-2009
Esta figura mostra dados anuais de 2006 a 2009 sobre a taxa de desemprego e a taxa
de inflação (medida pelo deflator do PIB). Uma crise financeira fez que a demanda agregada
despencasse, levando a um desemprego muito mais alto e empurrando a inflação para baixo a
um nível bem mais baixo.
Capítulo 36 – Seis debates sobre a política macroeconômica
OS FORMULADORES DE POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL DEVERIAM
TENTAR ESTABILIZAR A ECONOMIA?
A favor: os formuladores de políticas deveriam tentar estabilizar a economia.
As razões para que a sociedade sofra com altos e baixos do ciclo econômico são
inexistentes. A partir do desenvolvimento da teoria macroeconômica mostrou-se aos
formuladores de políticas como reduzir a severidade das flutuações econômicas. Ao
“firmarem-se contra o vento” das mudanças econômicas, as políticas monetárias e fiscais
podem estabilizar a demanda agregada e, através disso, a produção e o emprego. Quando a
diminuição da demanda agregada é inadequada para garantir o pleno emprego, os
formuladores de políticas deveriam aumentar os gastos do governo, reduzindo impostos e
expandir a oferta de moeda. Quando a demanda agregada é excessiva, com riscos de aumentar
a inflação, os formuladores de políticas deveriam reduzir as despesas do governo, elevar os
impostos e reduzir a oferta de moeda. As ações políticas citadas expressam o melhor uso da
teoria macroeconômica ao levarem a economia para uma situação mais estável que beneficia a
todos.
Contra: os formuladores de políticas não deveriam estabilizar a economia
Na teoria, as políticas monetária e fiscal podem ser utilizadas para estabilizar a
economia, contudo, na prática, há obstáculos substanciais ao uso dessas políticas. Com grande
frequência os formuladores de políticas que tentam estabilizar a economia fazem exatamente
o oposto. As condições econômicas, pode, facilmente, mudar entre o momento em que uma
ação política é concebida e o momento em que ela entra em vigor. Por essa razão, os
formuladores de políticas econômicas podem, por descuido, exacerbar, em vez de atenuar, a
magnitude das flutuações econômicas.
É desejável que os formuladores de políticas fossem capazes de eliminar todas as
flutuações econômicas, mas este não é um objeto realista, dado os limites do conhecimento
macroeconômico e a imprevisibilidade inerente aos eventos mundiais. Os formuladores de
políticas econômicas deveriam abster-se de intervir frequentemente com suas políticas
monetária e fiscal e dar-se por satisfeitos em não causar danos.
O GOVERNO DEVERIA COMBATER AS RECESSÕES MEDIANTE O
AUMENTO DOS GASTOS EM VEZ DE CORTE DOS IMPOSTOS?
A favor: o governo deveria combater as recessões mediante o aumento dos gastos
Os economistas entenderam que o problema fundamental em períodos de recessão é a
demanda agregada inadequada. Quando as empresas não conseguem vender uma quantidade
suficiente de bens e serviços, elas reduzem a produção e o emprego. A chave para acabar com
a recessão é restaurar a demanda agregada a um nível consistente com o pleno emprego da
força de trabalho da economia.
A política monetária é a primeira linha de defesa contra as crises econômicas. Ao
aumentar a oferta de moeda, o banco central reduz as taxas de juros. Taxas de juros mais
baixas, por sua vez, reduzem o custo dos empréstimos para financiar projetos de investimento,
como novas fábricas e novas moradias. O aumento dos gastos com investimento incrementa a
demanda agregada e ajusta a restaurar os níveis normais de produção e emprego.
Contra: o governo deveria combater as recessões mediante o corte dos impostos
Os cortes dos impostos têm importante influência na demanda agregada e na oferta
agregada. Eles aumentam a demanda agregada ao elevarem a renda disponível das famílias,
como enfatizado pela análise keynesiana tradicional. Mas eles também podem aumentar a
demanda agregada ao alterarem os incentivos. Por exemplo, se as reduções de impostos
assumirem a forma de uma expansão do crédito fiscal do investimento, elas podem induzir o
aumento dos gastos com bens de investimento. Como as despesas com investimento são o
componente mais volátil do PIB no ciclo econômico, estimular o investimento é a chave para
acabar com as recessões. Os formuladores de políticas podem visa-los especificamente com a
política fiscal apropriadamente projetada.
A POLÍTICA MOETÁRIA DEVERIA SER FEITA POR REGRAS, E NÃO
DISCRICIONARIAMENTE?
A favor: a política monetária deve ser feita por regras
Argumentam que o arbítrio na condução da política monetária tem dois problemas: o
primeiro é a limitação da incompetência e o abuso de poder. O segundo: a política monetária
pode levar a uma inflação maior do que o desejado.
Uma maneira de evitar esses dois problemas da política discricionária é comprometer
o banco central com uma regra política. Outras regras podem ser aplicadas na política
monetária. Uma regra mais ativa poderia permitir algum feedback do estado da economia para
mudanças na política monetária.
Os defensores da política através de regras defendem que deve-se limitar a
incompetência, os abusos de poder e a inconsistência temporal na condução da política
monetária.
Contra: a política monetária não deveria ser feita por regras
Eles afirmam que podem existirem armadilhas na política monetária discricionária,
porém ela tem a vantagem de ser flexível no processo de transformação da economia.
O BANCO CENTRAL DEVERIA BUSCAR A INFLAÇÃO ZERO?
A favor: o banco central deveria buscar a inflação zero
Os benefícios da inflação zero precisam ser comparados com o custo de se alcançar
esse resultado. A redução da inflação geralmente exige um período de desemprego elevado e
produção baixa, como ilustra a curva de Phillips no curto prazo. Mas essa recessão
desinflacionaria é apenas temporária. Uma vez que as pessoas entendam que os formuladores
de políticas estão visando à inflação zero, as expectativas de inflação cairão e o tradeoff no
curto prazo melhorará. Como as expectativas se ajustam, não há trade off entre inflação e
desemprego no longo prazo.
Reduzir a inflação é, portanto, uma política com custos temporários e benefícios
permanentes. Uma vez passada a recessão desinflacionaria, os benefícios da inflação zero
persistem no futuro. Se os formuladores de políticas forem perspicazes e tiverem uma visão
de longo prazo, estarão dispostos a incorrer nos custos temporários em troca dos benefícios
permanentes.
Contra: o banco central não deveria buscar a inflação zero
Por mais que a estabilidade de preços possa ser desejável, os benefícios da inflação
zero são pequenos, quando comparados ao da inflação moderada, ao passo que os custos de
atingir a inflação zero são grandes.
O GOVERNO DEVERIA EQUILIBRAR SEU ORÇAMENTO?
A favor: o governo deveria equilibrar seu orçamento
O efeito mais direto da dívida pública é impor um ônus às futuras gerações de
contribuintes. Quando essas dívidas e os juros se acumularem e chegarem ao vencimento, os
futuros contribuintes se verão diante de uma difícil escolha. Poderão escolher uma
combinação de impostos mais altos e menores gastos do governo para disponibilizar recursos
para pagar a dívida e o juros acumulados. Ou podem aprofundarem ainda mais as dívidas de
outras maneiras. De forma essencial, quando o governo incorre em um déficit orçamentário e
emite títulos públicos, permite que os contribuintes de hoje repassem parte dos pagamentos
das despesas correntes aos futuros contribuintes.
Além desse efeito direto, os déficits orçamentários também têm vários efeitos
macroeconômicos. Como os déficits orçamentários representam uma poupança pública
negativa, eles reduzem a poupança nacional. Existem outras situações que o déficit público é
justificável, como por exemplo, apoio a guerra e a recessão.
Contra: o governo não deveria equilibrar seu orçamento
Defende-se que o problema da dívida pública é frequentemente exagerado. Por mais
que a dívida pública represente uma carga tributária para as gerações mais jovens, não é
grande se comparada à renda média de uma pessoa no decorrer de sua vida. Além disso, é
enganoso enxergar isoladamente os efeitos dos déficits orçamentários. O déficit orçamentário
é só uma parte de um grande quadro de como o governo opta por arrecadar e gastar o
dinheiro. Ao tomarem essas decisões de política fiscal, os formuladores de políticas públicas
afetam diferentes gerações de contribuintes de muitas maneiras. O déficit ou superávit
orçamentário do governo deveria ser considerado com as demais políticas.
A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DEVERIA SER REFORMADA PARA
ESTIMULAR A POUPANÇA?
A favor: a legislação tributária deveria ser reformada para estimular a poupança
Os defensores argumentam que a taxa de poupança de um país é um dos
determinantes-chave de sua prosperidade econômica ao longo do prazo. Quando a taxa de
poupança é elevada, há mais recursos disponíveis para investimento em novas fábricas e
equipamentos. Um maior estoque de fábricas e equipamentos, por sua vez, aumenta a
produtividade do trabalho, os salários e renda. Portanto, não é de surpreender que dados
internacionais mostrem uma forte correlação entre as taxas de poupança nacional e as medidas
de bem-estar econômico.
Contra: a legislação tributária não deveria ser alterada para estimular a
poupança
Pode até ser desejável aumentar a poupança, mas não pode se tornar o único objetivo
da política tributária. Os formuladores de políticas também devem ter a certeza de distribuir a
carga tributária de maneira justa. O problema das propostas de aumentar o incentivo à
poupança é que elas aumentam a carga das pessoas que menos podem arcar com ela. As
famílias de baixa rendam poupam uma parcela menor do que as famílias de alta renda. Como
resultado, qualquer mudança tributária que favoreça as pessoas que poupam também tenderá a
favorecer as pessoas com alta renda. Ou seja, essas políticas forçam o governo a elevar a
carga tributária do pobre.