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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA MARIA DO SOCORRO MOREIRA DE ARRUDA O ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO: OCUPAÇÃO E USOS DAS ÁREAS NO ENTORNO DO AÇUDE GRANDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB. CAJAZEIRAS 2014

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO … DO SOCORRO MOREIRA DE... · RESUMO Este trabalho ... CAPÍTULO II - A URBANIZAÇÃO EM CAJAZEIRAS ... A urbanização brasileira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

MARIA DO SOCORRO MOREIRA DE ARRUDA

O ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO: OCUPAÇÃO E USOS DAS ÁREAS NO ENTORNO

DO AÇUDE GRANDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB.

CAJAZEIRAS

2014

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MARIA DO SOCORRO MOREIRA DE ARRUDA

O ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO: OCUPAÇÃO E USOS DAS ÁREAS NO

ENTORNO DO AÇUDE GRANDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB.

Monografia apresentada ao Curso de

Licenciatura Plena em Geografia da

Universidade Federal de Campina

Grande, Campus Cajazeiras- PB, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Licenciada em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Josias de Castro

Galvão

Linha de Pesquisa: Geografia Urbana

CAJAZEIRAS

2014

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação - (CIP)

André Domingos da Silva - Bibliotecário CRB/15-730

Cajazeiras - Paraíba

A779e Arruda, Maria do Socorro Moreira de

O espaço em construção: ocupação e usos das áreas no entorno do

Açude Grande na cidade de Cajazeiras, PB. / Maria do Socorro

Moreira de Arruda. Cajazeiras, 2014.

98f. : il.

Bibliografia.

Orientador (a): Josias de Castro Galvão.

Monografia (Graduação) - UFCG/CFP

1. Problemas associados à urbanização – Cajazeiras - PB. 2.

Ocupação territorial.. 3. Representações sociais. 4. Urbanização. 5.

Meio ambiente. I. Galvão, Josias de Castro. II. Título.

UFCG/CFP/BS CDU –364.652.4:911.375.1(813.3)

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MARIA DO SOCORRO MOREIRA DE ARRUDA

O ESPAÇO EM CONSTRUÇÃO: OCUPAÇÃO E USOS DAS ÁREAS NO

ENTORNO DO AÇUDE GRANDE NA CIDADE DE CAJAZEIRAS, PB.

Monografia apresentada ao Curso de

Licenciatura Plena em Geografia da

Universidade Federal de Campina

Grande, Campus Cajazeiras- PB, como

requisito parcial para a obtenção do

título de Licenciada em Geografia.

Aprovada em 20/05/2014

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Dr. Josias de Castro Galvão – (Orientador)

Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Ciências Sociais

______________________________________________________________________

Marcos Assis Pereira de Souza – (Examinador 1)

Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Ciências Sociais

______________________________________________________________________

Josenilton Patrício Rocha– (Examinador 2)

Universidade Federal de Campina Grande

Unidade Acadêmica de Ciências Sociais

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, apesar de todos os obstáculos enfrentados nesta

longa caminhada, ao qualme manteve perseverante, com muita fé, força, me mostrando

o verdadeiro caminho a seguir.

Agradeço a minha família pela força e compreensão, pelas inúmeras palavras de

carinho e estímulo, ajudando-me a permanecer firme e forte para a realização de mais

um sonho.

Agradeço a todos os meus amigos pessoais, como também os da Universidade,

que, de forma direta ou indireta, contribuíram para que essa realização acadêmica

acontecesse.

Agradeço ao empresário José Antônio de Albuquerque, pelo excelente

atendimento na solicitação de algumas matérias referente a este trabalho monográfico,

em arquivo do Jornal Gazeta.

Agradeço ao Subgerente da CAGEPA Clóvis Júnior, pela disponibilidade e

atenção nos materiais fornecidos por esta empresa.

Agradeço, a todos os meus professores desta Instituição de Ensino Superior pelo

grande carinho durante todos esses anos, em que, a cada dia foi uma experiência única,

levando comigo muito conhecimento.

Agradeço aos professores da banca examinadora Marcos Assis e Josenilton

Patrício, por terem aceitado o convite para participar desta apresentação acadêmica.

Agradeço por fim ao meu professor e orientador Josias de Castro, pela

dedicação, paciência, em dividir os seus conhecimentos, e que, no momento em que

mais precisei de apoio, não hesitou em me ajudar, favorecendo o incentivo para a

realização deste trabalho acadêmico.

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RESUMO

Este trabalho monográfico abordao histórico das ocupações e usos diversos das áreas do

entorno do açude Grande, localizado na cidade de Cajazeiras – PB. O modelo de

desenvolvimento urbano ocorrido na cidade, marcado principalmente pelo crescimento

populacional e seu adensamento em áreas específicas na malha urbana dessa cidade foi

acompanhada de um desordenamento da ocupação e usos do Açude Grande e das áreas

de seu entorno, causando principalmente,os impactos ao meio ambiente urbano.

Destacamos então, nesse estudo, o processo de urbanização ocorrido no entorno deste

reservatório, analisando os diferentes tempos e cenários da ocupação e usos na área

recortada. Após o recorte, analisamos as representações sociais dos usuários e

instituições sobre os principais símbolos e imagens que têm da área e do açude Grande.

Destacamos o debate sobre degradação ambiental, saneamento básico, revitalização e

nova urbanização da área estudada. Destacamos ainda a análise da recente ocupação

territorial, considerando o disciplinamento do uso deste espaço público, visando melhor

aproveitamento do espaço urbano.

Palavras-Chave:Ocupação. Representações Sociais.Urbanização.Ambiente.

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ABSTRACT

This monograph discusses the history of occupations and various uses of the areas

around the reservoir Grande, located in Cajazeiras - PB.The model of urban

development occurred in the city, apes mainly by population growth and its density in

specific areas in the urban fabric of this city has been accompanied by a disordering of

the occupation and use of the Great Dam and its surrounding areas, mainly causing

impacts to urban environment.Then highlight, in this study, the process of urbanization

occurred in the vicinity of this reservoir, analyzing different scenarios and times of

occupation and uses the cropped area.After cutting, we analyze the social

representations of users and institutions on the main symbols and images that are in the

area and the reservoir Grande.Highlight the debate about environmental degradation,

sanitation, revitalization and new development of the area around this spring.We also

highlight our recent analysis of territorial occupation, considering disciplining the use of

this public space, aimed at better use of urban space.

Keywords:Occupation. Social Representations. Urbanization. Environment.

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LISTA DE FIGURAS E IMAGENS

IMAGEM 01 – Localização da cidade de Cajazeiras – PB.............................................13

IMAGEM 02 – Recorte Espacial da Pesquisa.................................................................22

FIGURA 01 – Fase inicial da urbanização do entorno do açude....................................23

FIGURA 02 – Urbanização ao entorno do açude............................................................24

FIGURA 03 – Edifício OK ano de 1938.........................................................................39

FIGURA 04 – A Casa da Grande Fazenda......................................................................42

FIGURA 05 – Açude Grande..........................................................................................43

FIGURA 06 – Tênis Clube 2014.....................................................................................44

FIGURA 07 –Açude Grande 2014.................................................................................45

FIGURA 08 – Colégio Diocesano Padre Rolim..............................................................45

FIGURA 09 – Faculdade de Filosofia (FAFIC)..............................................................46

FIGURA 10 – Usina de algodão Santa Cecilia...............................................................46

FIGURA 11 – Estação ferroviaria...................................................................................47

FIGURA 12 – Antiga Igreja Nossa Senhora de Fátima..................................................47

FIGURA 13 – Atual Igreja Nossa Senhora de Fátima....................................................48

FIGURA 14 – Edifício OK ano 2010..............................................................................48

FIGURA 15 – Antiga ponte do açude.............................................................................49

FIGURA 16 – Atual ponte do açude...............................................................................49

FIGURA 17 – Atual Avenida Praça João Pessoa............................................................50

FIGURA 18 – Pôr-do-Sol do açude................................................................................55

FIGURA 19 – Praça do Leblon.......................................................................................56

FIGURA 20 – Ponte da sangria do açude........................................................................56

FIGURA 21 – Residências localizadas nas margens do açude.......................................59

FIGURA 22– Lixos lançados no açude..........................................................................60

FIGURA 23–. Casas residenciais construídas nas margens do açude............................74

FIGURA 24 – Cabanas nas margens do açude................................................................75

FIGURA 25 – Nova ponte do açude...............................................................................76

FIGURA 26 – Pôr-do-Sol – Leblon................................................................................78

FIGURA 27 – Quadra para atividades escolares.............................................................79

FIGURA 28– Incentivo a prática de esporte..................................................................79

FIGURA 29 – Atividades recreativas e entrevista da população TV Paraíba.................80

FIGURA 30 – Lavagem de motos nas margens do açude...............................................81

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Ruas do entorno do açude com saneamento básico................................64

TABELA 02 – Ruas do entorno sem êxito de dados cadastrais......................................65

TABELA 03 – Ruas adjacentes do açude que não possuem rede de esgoto...................65

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 – Quantidade de Moradores por residência..............................................52

GRÁFICO 02 – Quantidade de anos que moram na residência......................................53

GRÁFICO 03 – Residências construídas ao entorno do açude.......................................58

GRÁFICO 04 – Saneamento básico................................................................................61

GRÁFICO 05 – Coleta de lixo........................................................................................63

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LISTA DE SIGLAS

Companhia de Água e Esgoto da Paraíba - (CAGEPA)

Faculdade de Filosofia de Cajazeiras – (FAFIC)

Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas - (IFOCS)

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE)

Prefeitura Municipal de Cajazeiras - (PMC)

Serviço Federal da Habitação e Urbanismo – (SERFHAU)

Sociedade Algodoeira do Nordeste do Brasil – (SANBRA)

Superintendência de Administração ao Meio Ambiente - (SUDEMA)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11

CAPÍTULO I - DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 15

CAPÍTULO II - A URBANIZAÇÃO EM CAJAZEIRAS .................................................... 20

2.1. Os Recortes da Pesquisa ............................................................................................. 20

2.2. Conceito de Urbanização em Vários Autores ............................................................. 23

2.2.1. Urbanização, Natureza e Meio Ambiente ................................................................. 31

2.3. Histórico da Urbanização de Cajazeiras ........................................................................... 33

2.4. Cenários da Ocupação do Espaço entorno do Açude Grande .......................................... 40

CAPITULO III - AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS USUÁRIOS DO ENTORNO

DO AÇUDE GRANDE ............................................................................................................. 50

3.1 Símbolos e Imagens para os diferente usúarios ................................................................. 50

3.2 A Degradação do Meio Ambiente no Entorno do Açude.................................................. 56

3.3 A Estrutura de Sanemaento Residencial e Comercial nas proximidades do Açude. ......... 62

3.4 Revitalização e Nova Urbanização (os debates e os projetos executados – públicos e/ou

privados) .................................................................................................................................. 66

CAPÍTULO IV - OCUPAÇÃO, USO E DISCIPLINAMENTO DA ÁREA DO ENTORNO

..................................................................................................................................................... 72

4.1 A Recente Ocupação Territorial ........................................................................................ 72

4.2 Os Usos Diversificados do Açude Grande e o Aproveitamento do Potencial Ativo ........ 76

4.3 Disciplinamento no uso desse espaço público .................................................................. 82

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 86

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 88

APÊNDICE ................................................................................................................................ 91

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INTRODUÇÃO

A urbanização é um fenômeno de extrema complexidade, representando

geograficamente o desenvolvimento de um determinado espaço territorial, modificando

o meio, tornando-o cidade. Esse desenvolvimento envolve as modificações que ocorrem

na malha urbana, sejam pelas construções de casas, prédios, avenidas, escolas, hospitais,

entre outros.

O processo da urbanização ocorre em diferentes formas e processos históricos,

desenvolvendo-se ao longo dos anos, provocando mudanças desiguais no espaço

territorial para as diversas classes sociais. Percebemos que a urbanização é caracterizada

por processos sociais e não espaciais, em que se refere às mudanças nas relações

comportamentais e sociais, que ocorrem na sociedade, como resultado de pessoas

morando em cidade.

Por volta de 1950, a população brasileira possuía um maior índice de

concentração populacional na área rural. No decorrer dos anos, este índice se inverte,

havendo uma maior concentração populacional na cidade, fruto de uma urbanização

acelerada. Este processo favorece ao indivíduo a buscar melhores condições de vida,

influenciando assim, a saída do seu local de origem e destinando-se às cidades com

maiores oportunidades.

A urbanização brasileira da década de setenta caracterizava-se pelo acelerado

crescimento populacional nos grandes centros, acompanhadado agravamento dos

problemas sócio-espaciais e que influenciou negativamente a qualidade de vida da

população. Este crescimento foi marcado pelo êxodo da população do campo para as

grandes cidades. A massa de populações migrantes buscam empregos nas cidades,

oferecendo mão-de-obra barata, morando na maioria das vezes, em locais sem nenhuma

infraestrutura adequada.

O crescimento urbano é um processo espacial e demográfico, e refere-se à

importância crescente das cidades, como locais de concentrações da população. Isso

ocorre, quando a distribuição da população deixa de estar largamente assentada em

lugarejos e aldeias, para estar predominantemente em cidade, causando um crescimento,

na maioria das vezes, sem nenhum disciplinamento.Esse modelo de urbanização traz

conseqüências diretas na qualidade de vida dos citadinos e de seu meio ambiente

natural, social e cultural.

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Na maioria das vezes, o processo de urbanização vem acompanhado do

crescimento desordenado do espaço, pois sem o devido planejamento e disciplinamento

da ocupação e uso do solo urbano pela população ocasiona a degradação do meio

ambiente. Para que este crescimento desordenado não venha acontecer, cabe ao poder

público manter fiscalização rigorosa para o cumprimento de leis em vigor.

Essa é uma das características da urbanização brasileira com o modelo do

capitalismo moderno. A partir de então, podemosconsiderar as especificidades também

da urbanização das cidades interioranas do sertão nordestino, mais especificamente, do

alto sertão paraibano. Referimo-nos à cidade de Cajazeiras.

O município de Cajazeiras está localizado na Mesorregião do Sertão Paraibano,

ocupando uma área de 565.899 km² e sua população estava estimada em 58.437

habitantes, no Censo Demográfico do IBGE.1A sede do município, cidade de

Cajazeiras, possuía em 2010 o total de 47.489 habitantes. Vemos na Imagem 01 –

Localização da cidade de Cajazeiras – PB, uma imagem de satélite que representa esta

cidade vista do céu.

Na sede desse município há um açude, denominado de Senador Epitácio Pessoa,

conhecido popularmente porAçude Grande, ao qual iremos referenciá-lo por esta

denominação no decorrer deste trabalho. Este, está inserido na microbacia hidrográfica

do Rio Piranhas, sub-bacia do Rio do Peixe.O reservatório foi construído nos arredores

da Casa Grande da fazenda que deu origem a cidade de Cajazeiras que servia de

utilização para o abastecimento e dessedentação de animais.

Com o avanço demográfico, em decorrência do processo de urbanização, e

também acompanhada do aumento das demandas por abastecimento, por volta dos anos

de 1915, foi executada a ampliação do referido reservatório.

Assim, partimos para a análise do processo de urbanização ocorrido no entorno

deste reservatório.Destacamos também a necessidade de compreender e explicar os

processos que decorreram do modelo de urbanização das cidades sertanejas do nordeste

brasileiro ao longo dos anos, que foram e são impactantes do ponto de vista ambiental,

social e cultural.

1 IBGE – Censo Demográfico 2010.

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/total_populacao_paraiba.pdf.

Acesso em: 10/05/2014.

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Imagem 01 – Localização da Cidade de Cajazeiras – PB

Fonte: google.com.br/maps - 2014

Nesta pesquisa queremos analisar o espaço em construção, abordando a

ocupação e o uso da área ao entorno do Açude Grande. Esse processo envolve várias

etapas como a coleta dos dados e a análises das informações obtidas.

Na primeira etapa da pesquisa, buscamos o conhecimento dos fatos através de

entrevista com os moradores locais e a observação de campo, tendo o contato direto

com a população facilitando assim, o entendimento para a obtenção de dados para esta

pesquisa.

Ainda nessa primeira etapa, fizemos coleta de dados na empresa Companhia de

Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA), buscando nos inteirar sobre as formas de

estrutura de saneamento básico. Como também no Jornal GAZETA DO ALTO

PIRANHAS,levantando matérias jornalísticas em busca de debates sobre os destaques

para os problemas relacionados ao recorte desse estudo. Analisamos também as Leis

Municipais,destacando como o poder público trata o disciplinamento do uso e da

ocupação em sua construção, no espaço urbano de Cajazeiras.

Na segunda etapa da pesquisa, buscamos identificar as informações obtidas nas

pesquisas de campo, analisando os processos ocorridos em virtude da construção do

espaço, influenciando a ocupação e a diversidade do uso da área ao entorno do açude.

Nesta pesquisa apresentamos o estudo dividido em quatro capítulos, ao qual se

dividem da seguinte maneira:

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No primeiro capítulo, enfocamos a importância da fundamentação teórica do

estudo no entorno do Açude Grande, destacando as mudanças que ocorreram no

decorrer dos anos, em virtude do processo da urbanização.

No segundo capítulo, enfocamos o desenvolvimento da urbanização em

Cajazeiras, com destaque no entorno ao Açude Grande, localidade de estudo desta

pesquisa. Abordamos também, os recortes da pesquisa, conceito de urbanização em

vários autores, como se origina o processo de urbanização, natureza e meio ambiente.

Destacamos ainda o histórico da urbanização de Cajazeiras, como também, os cenários

de ocupação do espaço na área de estudo.

No terceiro capítulo, enfocamos as representações sociais dos usuários da área

em estudo sobre os símbolos e imagens ao qual os representa, destacamos a degradação

do meio ambiente, a estrutura de saneamento residencial e comercial, e a revitalização e

nova urbanização na área do estudo.

No quarto capítulo, enfocamos a ocupação, uso e disciplinamento na área ao

entorno, destacando a recente ocupação territorial, os usos diversificados e

aproveitamento do potencial ativo, como também o disciplinamento no uso deste espaço

público.

Nesta pesquisa destacamos também a forma de como será feito o estudo deste

espaço em construção, abordando o processo de urbanização em Cajazeiras, analisando

as representações sociais dos usuários ao entorno do Açude Grande, e o estudo da forma

da ocupação territorial, o uso e o disciplinamento da área.

Analisamos que, este trabalho propõe uma perspectiva buscando soluções

viáveis, respeitando os princípios dos recursos naturais para um equilíbrio adequado.

Em virtude da constante construção do espaço, influenciando assim, na ocupação e nas

diversidades formas dos usos da área, é importante a aplicação de um processo

educativo, consciente, crítico e transformador para a população, e para que o Poder

Público fiscalize rigorosamente o cumprimento de leis em vigor, preservando assim, o

território em seu uso.

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15

CAPÍTULO I - DA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Queremos evidenciar neste estudo os processos que influenciaram nas mudanças

ocorridas na área ao entorno do Açude Grande, localizado na cidade de

Cajazeiras/PB.Este reservatório foi construído nas margens do rio que atravessava a

fazenda, hoje denominada a cidade de Cajazeiras, tendo como em sua origem, atividade

para o abastecimento d’agua da população ribeirinha.

No decorrer dos anos, mas precisamente por volta dos anos de 1915, ocorreu

uma grande seca, fazendo-se necessário a ampliação deste reservatório. Entretanto, com

o passar dos anos, houve um aumentosignificativo da população, em que, este

reservatório não conseguiu acompanhar o desenvolvimento populacional, deixando de

abastecer a população.

Ocrescimento populacional originou-se em decorrência de um processo

específico de urbanização nas cidades interioranas do sertão nordestino que se

intensificou ao longo do século XX.

O modelo de urbanização brasileira ocorre, na maioria das vezes, de forma

desordenada e que estrutura as feições das cidades. O espaço urbano em forma e

conteúdo é resultando do processo de urbanização, guardando suas especificidades para

cada cidade brasileira. No entanto, o espaço é transformado/construídoparaoferecer

condições de reprodução social e do capital. Citamos aqui, exemplos de estruturas dessa

reprodução: residências, hospitais, escolas, bancos, shoppings, etc. No entanto, esta

oferta ocorre de forma desigual, uma vez que, a população não se encontra distribuída

de forma homogênea. Segundo Carlos, (2007, p.36):

A paisagem urbana tende a revelar uma dimensão necessária da

produção espacial, o que implica ir além da aparência; essa

perspectiva da análise já introduzida os elementos da discussão do

urbano entendido enquanto processo e não apenas enquanto forma. A

paisagem de hoje guarda momentos diversos do processo de produção

espacial, os quais fornecem elementos para uma discussão de sua

evolução espacial, e de modo pelo qual foi produzida.

Com a forte influência do processo de urbanização -vamos chamar de força

centrípeta das grandes cidades brasileiras distribuídas em todas as regiões brasileiras -,

a população deixa de localizar-se em lugarejos e aldeias para habitaras cidades maiores,

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16

ocasionando maiores aglomerações. Isso provocou no Brasil, a distribuiçãode moradias

precárias e sem uma infraestrutura adequada, verdadeiras condições insalubres para a

população citadina.Em virtude de um crescimento desordenado em um determinado

espaço territorial, favorece assim para a população o uso de ocupações em áreas

inadequadas, sem dispor dos serviços indispensáveis a vida, causando degradação ao

meio ambiente, e expondo a população de forma irregular.

A origem deste problema não se resulta apenas do crescimento populacional,

mas ao próprio modelo de construção desigual e seletiva do espaço urbano das cidades

brasileiras.São diferentes agentes de construção do espaço, mas geralmente os excluídos

do direito a morar condignamente na cidadesão expostos, geralmente, ao espaço urbano

de uso e ocupação desigual.

Como já foi dito, o crescimento urbano como processo espacial e demográfico,

faz com que haja uma crescente concentração da população em uma determinada

localidade, deixando o seu local de origem para viver em vilas e cidades.

De acordo com Santos (1993, p. 28),

O homem do campo brasileiro, em sua grande maioria, está

desarmado diante de uma economia cada vez mais modernizada,

concentrada e desalmada, incapaz de se premunir contra as vacilações

da natureza de se armar para acompanhar os progressos técnicos e de

se defender contra as oscilações dos preços externos e internos e a

ganância dos intermediários. Esse homem do campo é menos titular

de direitos que a maioria dos homens da cidade, já que os serviços

públicos essenciais lhe são negados sob a desculpa da carência de

recursos para lhe fazer chegar saúde e educação, água e eletricidade,

para não faltar de tantos outros serviços essenciais.

Grande parte da população procuraos melhores empregos, sustentabilidade,

estudos, saúde, moradia etc. Isso explica, em parte, a migração para as cidades.O estado

que incentivou bastante os fluxos migratórios, foi responsável também pela distribuição

desigual da população no espaço territorial brasileiro, contribuindo para o adensamento

nas grandes cidades e provocando vários problemas, sendo um dos mais sérios o direito

à cidade em sua plenitude para a maioria, principalmente o acesso a bens e serviços

adequados a toda a população.

Guardando suas especificidades e dimensionalidades, a urbanização ocorrida na

cidade de Cajazeiras foi marcada ao longo do século XX pelo crescimento populacional

que se expandiu a partir do entorno do Açude Grande, ocasionando diversas

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alteraçõesneste espaço urbano. Carlos (2007, p. 46) demonstra na sua argumentação a

ocupação do solo urbano e seus reflexos:

O uso do solo urbano será disputado pelos vários segmentos da

sociedade de forma diferenciada, gerando conflitos entre indivíduos e

usos. Esses conflitos serão orientados pelo mercado, mediador

fundamental das relações que se estabelecem na sociedade capitalista,

produzindo um conjunto limitado de escolhas e condições de vida.

Portanto, a localização de uma atividade só poderá ser entendida no

contexto do espaço urbano como um todo, na articulação da situação

relativa dos lugares. Tal articulação expressar-se-á na desigualdade e

heterogeneidade da paisagem urbana.

Para acompanhar o desenvolvimento de um dado espaço, o solo urbano esta

sujeito a inúmeras modificações, provocadas pela ação humana para suprir as

necessidades da população. Estas modificações favorecem o crescimento de uma

determinada cidade, ocorrendo assim de forma desigual, provocando degradação ao

meio ambiente, causando inúmeros impactos para a sociedade.

A forma de como a população se insere num determinado espaço é de suma

importância, tendo o homem, como principal responsável pela preservação de um

determinado local, cabendo a este ser, o uso correto do espaço em que vive.

O citadino representa o seu meio social no espaço.Destacamos o estudo dos

símbolos e das imagens que os fazem representar.Consideramos que a expressão da

representação social do citadino no espaço pode ser remetida à reflexão que faz Santos

(1993, p. 61) em que afirma:

A cultura, forma de comunicação do indivíduo e do grupo com o

universo, é uma herança, mas também um reaprendizado das relações

profundas entre o homem e o seu meio, um resultado obtido através

do próprio processo de viver. Incluindo o processo produtivo e as

práticas sociais, a cultura é o que nos dá a consciência de pertencer a

um grupo, do qual é o cimento. É por isso que as migrações agridem o

indivíduo, roubando-lhe parte do ser, obrigando-o a uma nova e dura

adaptação em seu novo lugar.

A forma de ocupação e uso do solo urbano pelos citadinos, usuários do espaço,

podem nos revelar simbologias e imaginários a partir de suas representações. Pensamos

que isso é possível se pensarmos o caso do entorno do açude Grande.

Em referência ao entorno do açude citado, destacamos que o avanço da

urbanização na cidade de Cajazeiras foi acompanhado de grandes transformações da

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malha urbana da cidade e também de redefinição/reconfiguração das áreas de ocupação

mais antigas.A área do açude passou por mudanças significativas, com construções

desordenadas, provocando poluição das águas do reservatório em virtude da ausência de

uma infraestrutura adequada.Rebouças (2006, p. 409) afirma que “na medida em que o

desenvolvimento urbano aumenta, envolve duas atividades conflitantes: crescimento da

demanda de água com qualidade e a degradação dos mananciais por contaminação de

resíduos urbanos e industriais”.

Este trabalho tem como fundamental importância abordar os fatores que

ocorreram no entorno do Açude Grande, provocados pelo processo da urbanização,

influenciando o crescimento populacional na cidade, alterando a forma estrutural desta

área do reservatório.O processo de urbanização em sua representação geográfica

influência na alteração do espaço urbano, causando impactos ao meio ambiente, com

construções desordenadas, degradando o meio ambiente favorecendo assim, a poluição

das águas deste reservatório.

O processo de urbanização ocorrido na cidade influenciou no crescimento

urbano ao entorno deste reservatório, por possuir um amplo território descampado,

localizando-se na parte central da cidade, favorecendo assim as inúmeras construções

influenciando na enorme ocupação territorial.

Este reservatório possui no seu entorno uma crescente ocupação populacional,

influenciando na degradação do meio ambiente devido aos aterros causados para

atender as necessidades das construções em sua margem. Com o uso inadequado deste

espaço, e com a ausência de uma infraestrutura adequada, ocorrem impactos ao meio

ambiente de forma acelerada, poluindo o curso d’água deste reservatório, em virtude

dos resíduos finais lançados em suas águas.

Entendemos que, para evitarmos que um crescimento populacional ocorra de

forma desordenada, cabe ao poder público, a aplicação de fiscalização rigorosa para o

cumprimento de leis em vigor.

Por fim, o Açude Grande possui em seu entorno uma forte concentração

populacional, ocorrida no decorrer dos anos, influenciada pelo processo da urbanização.

Este crescimento urbano gerou diversas modificações no entorno deste reservatório,

com inúmeras construções residenciais nas margens do açude, pontos de comércios,

área de lazer, cultura, entre outros. Em virtude de um crescimento desordenado, e

construções feitas em locais de apropriação ambiental, sem uma infraestrutura

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adequada, ocasionaram impactos ao reservatório, com o lançamento de lixo e resíduos

comerciais e/ou residenciais, causando a poluição deste curso d’água.

É de suma importância à conscientização humana para a preservação do meio

ambiente, favorecendo assim a população uma área com melhores condições do

aproveitamento desta área, apreciando um lindo pôr-do-sol, e oferecendo serviços para

pontos turísticos.

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CAPÍTULO II - A URBANIZAÇÃO EM CAJAZEIRAS

A urbanização representa o desenvolvimento das cidades, gerando construção de

casas, prédios, rede de esgoto, ruas, avenidas, escolas, hospitais, entre outros. Este

desenvolvimento urbano favorece o crescimento populacional, em que o indivíduo vai à

procura de uma melhor infraestrutura, como a saúde, educação, emprego etc.

Entendemos que, quando a urbanização ocorre sem nenhum planejamento

urbano, diversos problemas são perceptíveis, como a poluição, degradação do meio

ambiente, aglomeração de indivíduos, causando assim moradias precárias.

Neste capítulo identificamos o processo de urbanização com o conceito de

diversos autores, como também o processo do crescimento populacional ocorrido na

cidade de Cajazeiras, tendo como principal foco, as mudanças ocasionadas na área ao

entorno do Açude Grande.

2.1 Os recortes da pesquisa

É nosso intuito neste trabalho considerar os recortes da pesquisa na área ao

entorno do açude Grande, localizado na cidade de Cajazeiras - PB. Analisamos neste

trabalho dois tipos de recortes da pesquisa: o recorte temporal e o recorte espacial. Em

virtude do processo de urbanização ocorrido no século XX nesta referida cidade, o

crescimento urbano favoreceu diversas modificações no espaço urbano.

O recorte temporal aborda o estudo da análise em seu processo de tempo, ou

seja, as mudanças que ocorreram neste espaço territorial ao longo dos anos. Em virtude

da urbanização, favorecendo assim o crescimento urbano, este espaço territorial passou

por modificações, alterando a sua forma de origem, diferenciando-se da condição atual.

O recorte espacial aborda o estudo da análise em seu processo de espaço, ou

seja, a área desejada para o desenvolvimento desta pesquisa. Este recorte refere-se ao

processo ocorrido favorecido pelo crescimento populacional,originando-se diversas

construções de ruas, em áreas adjacentes ao entorno do açude Grande. É de suma

importância o estudo deste recorte, pois analisamos até onde o entorno será estudando,

abordando os benefícios e consequências em relação a este desenvolvimento nesta

referida área.

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Em virtude do processo de urbanização, este espaço urbano foi se

desenvolvendo no entorno deste reservatório, favorecendo assim um significativo

crescimento populacional. Devido a este processo, a casa sede e o açude, e com a ajuda

das primeiras intervenções humanas, passaram a ser o sítio histórico da formação do que

vinha a ser a Cidade de Cajazeiras. No decorrer dos anos a área deste entorno foi

ganhando modificações em sua malha urbana, com diversas construções de imóveis,

praças, prédios comerciais, entre outros.

Com este crescimento urbano é de fundamental importância o estudo sobre estes

recortes espaciais, analisando as alterações ocorridas na malha urbana localizadas no

entorno do açude, durante todo o processo desenvolvido nesta área.

Para o recorte espacial apresentado neste trabalho, reflete na delimitação das

ruas adjacentes ao entorno, ao qual, com o passar dos anos modificaram o espaço

urbano, favorecendo impactos ao meio ambiente, como podemos observar na Imagem02

– Recorte Espacial da Pesquisa, a seguir.

Imagem 02: Recorte Espacial da Pesquisa

Fonte:google.com.br/maps - 2014

A imagem exposta acima apresenta o recorte espacial do objeto de estudo desta

pesquisa, destacando através da linha em amareloa área ao entorno do reservatório,

fonte ao qual será o estudo desta pesquisa.

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Este recorte apresenta o entorno do açude, as ruas que foram sendo construídas e

desenvolvidas ao longo dos anos, em decorrência do processo de urbanização. Este

desenvolvimento acarretou em construções residenciais e comerciais nas proximidades

das margens deste reservatório, causando construções desordenadas, na maioria das

vezes em área de proteção ambiental, e sem nenhum saneamento básico, causando

sérios danos ao meio ambiente.

Em sua origem este reservatório possuía poucas ocupações, e com o passar dos

anos, esta malha urbana foi tomando formas e usos diversos.

É possível perceber através de figuras históricas, como era a cidade na sua

origem, havendo poucas casas. Aos poucos foram sendo executadas algumas

construções no entorno do açude.Na figura 01- Fase inicial da urbanização no entorno

do Açude Grande–exposta abaixo, podemos perceber que as residências desde a sua

origem, já estavam sendo construídas as margens do açude, facilitando assim, o

abastecimento da população local.

Figura 01: Fase inicial da urbanização no entorno do açude Grande- data e autor desconhecido

Fonte: google.com.br/search - 2014

Em virtude do aumento populacional, o reservatório passou por uma ampliação2,

porém, não atendendo a necessidade populacional, o mesmo deixou de abastecer a

cidade, facilitando assim a sua contaminação. Na Figura 02 - Urbanização no entorno

2 Esta ampliação será abordada mais adiante

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do Açude Grande2014- abaixo, podemos visualizar a proporção deste crescimento nas

margens deste reservatório. Observamos o adensamento de construções e as melhorias

infraestruturais do açude Grande.

Figura 02: Urbanização no entorno do Açude Grande - 2014

Fonte: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda – 2014.

O crescimento populacional da cidade aumentou de forma bastante significativa.

Não foi apenas a vinda dos diversos personagens a procura de uma instituição de ensino

que favoreceuoadensamento, mas também, setor comercial, que desde a sua origem,

através do comércio do algodão e também da vinda dos norte-americanos para a

construção do reservatório Engenheiro Ávidos, implicaramno aumento da renda da

cidade. Com o passar dos anos, o crescimento do entorno foi se expandindo, se

modificando e tornando uma cidade totalmente urbanizada.

Destacados os recortes espaciais e temporais, necessitamos evidenciar o debate

conceitual e uma de nossas principais categorias de análise que é a urbanização.

2.2Conceito de urbanização

Inicialmente se faz necessário compreendermos os seus diferentes processos,

analisando de que forma a urbanização se insere no mundo de hoje, e quais as

transformações que ela causa. Contudo, para um melhor entendimento sobre a

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urbanização, serão utilizados seguintes autores para esta temática, mostrando uma boa

compreensão dos processos de transformações nas diferentes formas de organização do

espaço urbano.

Podemos entender, através do estudo das obras de Santos (2008), que a

urbanização é um conceito na ciência geográfica representando o desenvolvimento de

uma determinada cidade, a partir das modificações na malha urbana, com a construção

de casas, ruas, hospitais, escola, entre outros fatores modificadores do espaço urbano.

O processo da urbanização agrupa fenômenos associados ao desenvolvimento da

civilização e da tecnologia, ocasionando-se em diferentes processos históricos. De

acordo com o avanço desta urbanização, ocorre um aumento significativo do êxodo

rural, provocando aglomerações nas cidades, gerando modificações na malha urbana.

Em meados dos anos de 1950, o espaço urbano possuía dados populacionais de

33 milhões de habitantes morando em cidades. Em virtude do acelerado processo de

urbanização e das mudanças tecnológicas, esta população estava em constante evolução,

aumentando a sua concentração urbana para 120 milhões de habitantes.

Na década de 1960 e o início de 1970, os planos urbanísticos e a atividade de

planejamento do Brasil chegava ao seu auge. Nesta época, o país recebia um duplo

estímulo: o primeiro era o plano das ideias, advindas através da produção da

reconstrução pós-guerra, principalmente localizados na Europa. O segundo era o plano

material, advindas do reconhecimento do governo pela rápida urbanização brasileira,

denominando o planejamento urbano, em virtude das transformações fundamentais da

sociedade, em que requeria a intervenção do Estado.

Segundo Deák e Schiffer(2010, p. 13),

Entendia-se por planejamento urbano, o conjunto das ações de

ordenação espacial das atividades urbanas que, não podendo ser

realizadas ou sequer orientadas pelo mercado, tinham de ser

assumidas pelo Estado, tanto na sua concepção como na sua

implementação.

O governo manifestava-se por diferentes formas, e em virtude do planejamento

urbano, como por exemplo, antes da Constituição de 1988, as cidades não eram

obrigadas a cumprir nenhuma lei, e o seu plano de desenvolvimento não poderia obter

financiamento para as obras de infraestrutura. No ano de 1964, foram criados vários

órgãos, como o Serviço Federal da Habitação e Urbanismo (SERFHAU), tendo como

finalidade administrar e fiscalizar as obras que ocorriam na cidade.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, (2013):

A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei Fundamental

(1988) do nosso país e foi elaborada com base na soberania popular.

Seus preceitos visam projetar o Brasil como Estado Democrático,

destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a

liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e

a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista

e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na

ordem interna e internacional, com a solução pacífica das

controvérsias.

A partir do ano de 1985 até os dias atuais, o planejamento urbano foi promovido

como atividade obrigatória pela Constituição de 1988. Entretanto, permaneceram

restritas as iniciativas isoladas e anêmicas que, na maioria das hipóteses, levantam

problemas, mas nem sempre declaram e muito menos propõem soluções para as críticas

do processo urbano, gerando problemas na conservação da natureza, qualidade de vida,

e impacto ambiental.

Segundo Deák e Schiffer (2010, p. 14):

Se os dias do auge do planejamento urbano atestavam que o fato da

urbanização era evidente, a natureza da urbanização era tudo, menos

óbvia. Falava-se em “atração” das cidades (sobre a população) pela

variedade de oportunidades de vida, que ofereciam o que deixava

inexplicada a massa de subproletariado, que se avolumava nas

aglomerações urbanas. E quando a “atração da cidade” foi substituída

pela “propulsão do campo”, chegava-se mais próximo da essência do

processo, sem ainda expressá-la, contudo, com clareza conceitual.

No Brasil em meados dos anos de 1849, o processo de urbanização teve início

logo após a consolidação da nova Nação-Estado, originando-se dos movimentos

separatistas e/ou republicanos que explodiam do sul ao norte, com um maior foco em

Minas Gerais e no Rio de Janeiro, abrangendo-se também para o Rio Grande do Sul até

o Pará.

No início dos anos de 1850 foi necessário adotar duas medidas de fundamental

importância: a primeira foià preparaçãoda condição institucional para a existência do

trabalho livre, ou seja, em trabalho assalariado, transformando a terra em propriedade

privada, em que o trabalhador teria que vender a sua força de trabalho para a aquisição

dos seus meios de subsistência no mercado. Já a segunda foi a de livrar a nova relação

de trabalho (o assalariado) da competição com a escravidão, e com isso acelerava

sobremaneira, a transição para aquela.

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De acordo com a afirmativa acima, segundo Deák; Schiffer(2010, p. 15):

De fato, desprovida de sua fonte principal de reprodução, e sendo

negativa sua taxa de reprodução vegetativa, nos 27 anos que seguiram

á abolição do tráfico de negros, a população de escravos caiu de 2,5

milhões em 1850 para 723 mil em 1887, enquanto a população do país

crescia de 8 milhões para 14 milhões de habitantes, de modo que a

proporção dos escravos caia de um em cada três habitantes (31%) para

o nível quase desprezível de um em vinte (5%). Assim vingavam as

bases lançadas em 1850 na acelerada implantações do trabalho

assalariado como relação de produção predominante no país.

Em virtude de todas as transformações ocorridas, o trabalhador estava sendo

forçado a migrar para as cidades, a procura de meios para sua subsistência, tonando-se

assalariados na produção e circulação de mercadorias. Com todas estas mudanças, as

cidades começavam a crescer, tornando-se maioria das vezes em aglomerações urbanas,

e perdendo a relação campo-cidade de forma significativa.

No decorrer dos tempos, por volta do século XVIII, deu-se origem ao advento da

Revolução Industrial, com a mecanização do território substituindo o meio natural, em

que o meio ambiente passou a sofrer mais ainda devido à ocupação humana,

transformando a natureza, e modificando a sua origem a cada dia que passa, com um

conteúdo maior em ciência, em tecnologia e informação.

Segundo Camargo(2009, s/p):

No século XX, com a ampliação do processo de industrialização no

Brasil, aos poucos o território nacional foi eliminado os

distanciamentos, justificando o surgimento de mercado para o

aparecimento das cidades, e consequentemente de toda a sua

infraestrutura, tais como estradas, portos e outros sistemas de

engenharia que percorriam o País, redimensionando a ordenação

territorial e assim uma organização do espaço geográfico.

Após a segunda metade do século XX e com o acontecimento da Revolução

Industrial, ocorre aceleração do processo de urbanização da sociedade. Esse processo

possibilitou a geração de novos empregos, atraindo populações que moravam no campo

e que viviam da agricultura, passando a viver em cidades, em busca de melhores

condições de vida. Entretanto, nem sempre as cidades ofereciam condições favoráveis

para as pessoas que migravam do campo, ou até mesmo de outras cidades pequenas.

Este crescimento ocorre de forma irreversível, fazendo com que tal fenômeno cresça de

forma significativa.

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Para Santos (2008, p. 125) a urbanização brasileira esteve acompanhada da

necessidade de trabalho intelectual. Afirma que:

O Brasil aumentou exponencialmente, a quantidade de trabalho

intelectual. Não se dirá com isso que a população brasileira tenha se

tornado culta, mas ela se tornou mais letrada. O fato de que tenha se

tornado mais letrada está em relação direta com a realidade em que

vivemos neste período científico-técnico, onde a ciência e a técnica

estão presentes em todas as atividades humanas. Nessas condições, a

quantidade de trabalho intelectual solicitada é enorme, sobretudo

porque a produção material diminui em beneficio da produção não

material. Tudo isso conduz à amplificação da terceirização que, nas

condições brasileiras, quer dizer também a urbanização.

Após a Segunda Guerra Mundial, com a rápida ampliação tecnológica, a

urbanização se fez originar uma crescente demanda sem precedentes. Em virtude deste

processo, percebemos que o meio ambiente submete-se a uma agressão provocando um

declínio cada vez mais acelerado, para poder atender as necessidades de vida humana.

Santos (2008, p. 127) afirma que,

O sistema urbano é modificado pela presença de indústrias agrícolas

não urbanas, frequentemente firmes hegemônicas, dotadas não só de

capacidade de adaptação á conjuntura extremamente grande como da

força de transformação de estrutura, porque têm o poder da mudança

tecnológica, da transformação institucional.

A partir do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, segundo estudos dos

dados do IBGE, por volta do marco final da década de 70, o Brasil ainda era um país

mais rural, em que 70% dos habitantes moravam no campo e o restante na cidade.

Entretanto, com o passar dos anos, por volta da década de 90, essa situação se inverte,

pois a maioria da população passou a viver nas cidades. Com essas migrações e devido

a sua rápida aceleração, provocaram grandes índices de pobreza nas cidades brasileiras.

A formação da cidade se deu a partir do momento em que, o homem trabalhador

do campo deixou de se dedicar apenas ao trabalho rural, para buscar meios de

subsistência na cidade, com um trabalho menos rudimentar, ou seja, com o uso de novas

tecnologias, gerando assim aglomerações nas cidades.

O desenvolvimento urbano gera inúmeros serviços, fazendo com que as pessoas

que viveram toda uma vida na área rural, migrem para morar na cidade, a procura de

uma vida mais confortável, com serviços favoráveis a sua subsistência, porém, nem

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sempre isso acontece, devido à grande quantidade do crescimento urbano, essa

população é obrigada na maioriadas vezes a terem moradias precárias. Sobre isso,

Santos (2008, p. 11) diz que:

Ao longo do século, mas, sobretudo, nos períodos mais recentes, o

processo brasileiro de urbanização revela uma crescente associação

com o da pobreza, cujo local passa a ser, cada vez mais, a cidade,

sobretudo a grande cidade. A indústria se desenvolve com a criação de

pequenos números de empregos, e o terciário associa formas

modernas a formas primitivas que remuneram mal e não garantem a

ocupação.

Associada ao desenvolvimento do capitalismo, a urbanização que vem

ocorrendo em todo o mundo, caracteriza-se pelo acelerado crescimento populacional

dos grandes centros e pelo surgimento de problemas sócio espaciais, favorecendo com

isto o comprometimento da qualidade de vida da população, uma vez que, a urbanização

acontece de forma desordenada, em que na maioria das vezes a população de menor

poder aquisitivo, é obrigada a residir em moradias precárias, localizados em favelas ou

bairros sem infraestrutura3.

Com a falta de ajustes e aderência da produção do espaço urbano nos sistemas

naturais, o crescimento urbano ocorre em seu próprio processo constitutivo, riscos e

perigos para o espaço, em virtude do conflito entre a urbanização, desenvolvimento e

ambiente, tornando-se cada vez mais presentes nas cidades, que, na maioria das vezes, é

produzida sem uma infraestrutura básica para atender as necessidades da população.

Em decorrência de um crescimento desordenado, o indivíduo para suprir as suas

necessidades humanas, passa a ocupar áreas na maioria das vezes sem nenhuma

infraestrutura, ocasionando degradação do meio ambiente, e expondo a população a

moradias precárias.A origem deste problema não se resulta apenas pelo fato de haver o

crescimento populacional. O próprio indivíduo se expõe de certa forma a condições de

riscos, em virtude das moradias precárias, sem nenhuma infraestrutura, em que a

população se desloca do seu local de origem, a procura de centros urbanos mais

desenvolvidos.

Com os benefícios proporcionados pela urbanização, ocorrem várias explorações

dos recursos naturais, expondo grande parte da população a perigos ambientais, em que,

3 Sobre a relação entre Meio Ambiente e Urbanização, consultar obras da professora Doutora Odette

Seabra – SEABRA, Odette C.L. - Urbanização e Fragmentação: a natureza natural do mundo. Revista do

Departamento de Geografia UFES, Vitória - ES, v. 1, n.1, p. 73-78, 2000.

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na maioria das vezes, a população menos favorecida é a que mais sofre com essas

transformações ambientais. A imposição urbana e a marcha da industrialização impõem

novas exigências e criam novas formas de usos do espaço, configurando novos

problemas.

Percebemos que o poder público, como agente primordial para a fiscalização

desde desenvolvimento, responsabilizando-se pelos problemas ocasionados, na maioria

das vezes, não presta o devido atendimento à população no sentido de dotar ao espaço

uma melhoria na infraestrutura, equipamentos e serviços que sejam adequados,

proporcionando uma melhor condição de vida à população.Segundo Santos (2008, p.

127):

Com forte influência junto ao Estado, terminam por mudar as

regras do jogo da economia e da sociedade à sua imagem.

Dotadas de uma capacidade de inovação que as outras não têm,

fazem com que o território passe a ser submetido a tensões

muito mais numerosas e profundas, pulsões que, vindas de

grandes firmas, impõem-se sobre o território levando à

tendência a mudanças rápidas e brutais dos sistemas territoriais

em que se inserem.

No caso do Brasil, acontecem mudanças significativas no processo de

urbanização devido à intervenção do Estado, caracterizando-se por conjuntos de

programas e ações. A ação do Estado de certa forma tem gerado discussões com relação

ao gerenciamento de recursos que são destinados a habitação, percebendo a necessidade

de uma reforma urbana. Mesmo a cidade sendo uma construção coletiva, apenas uma

pequena parte da população tem acesso a esses serviços, oferecido a toda a sociedade.

Os problemas de ordem físico-estrutural e ambiental aumentaram de forma

bastante significativa, com o passar dos anos. O fator principal que favorece para que

ocorra este desastre, esta vinculada ao modelo econômico do País. A forma em que a

cidade esta distribuída é de forma desigual. Estabelecendo a segregação sócio-espacial,

em que a população de melhor poder aquisitivo fica localizada, em áreas privilegiadas

com melhores condições de vida, diferenciando-se das populações com menos

condições econômicas.

As cidades foram sendo desenvolvidas na maioria das vezes, sem nenhum

planejamento estrutural. Com o aumento populacional, diversos problemas ambientais

são ocasionados sobre os recursos naturais, que ocorre através da necessidade

provocada pelo aumento da demanda, afetando diretamente a qualidade ambiental

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como, por exemplo: inundações, erosão, aumento dos resíduos sólidos, assoreamento de

reservatórios e poluição das águas, como também, outros problemas sociais para a

cidade como o uso inadequado da terra, influenciando assim, na qualidade de vida da

população que reside no local.Para Afonso (2006, p. 37):

A urbanização é o processo intrinsecamente ligado à dinâmica das

relações sociais. Nas situações não urbanizadas, o caminhar define o

raio de ação da vida cotidiana e a apreensão do mundo. A

sobrevivência esta intimamente ligada aos recursos locais, definindo-

se modelos específicos de organização espacial para cada conjunto de

recursos. No processo de urbanização, meios variados e eficientes de

deslocamento de pessoas, produtos, informações e ideias transformam

essas relações, e a cidade se constitui no lugar onde vários grupos,

embora permanecendo distinto um dos outros, encontram entre si

possibilidades múltiplas de coexistência e de trocas mediante a

partilha legítima de um mesmo território.

Com o aumento da população vivendo em cidades, estas necessitam de um

acompanhamento e do desenvolvimento de infraestrutura, pois à medida que a

urbanização vem ocorrendo de forma acelerada e desordenada, passa a sentir a demanda

por serviços básicos, como o transporte, água, energia, moradias digna e rede hospitalar

de boas condições. O poder público é responsável por este acompanhamento, mas nem

sempre essa infraestrutura acompanha o ritmo do crescimento populacional de forma

correta para a subsistência da população.

Havendo um crescimento urbano de forma planejada, podem ocorrer benefícios

para a população, mas uma vez que o crescimento desordenado ocorra, compromete a

capacidade da gestão municipal em oferecer a implantar a infraestrutura básica, o

planejamento de ações ordenadas através de estudos de zoneamento urbano e ambiental,

pode determinar a melhor forma de uso de ocupação da terra, garantindo a qualidade de

vida da população local.

O crescimento urbano ocorre em virtude do desenvolvimento demográfico e de

diversas relações estabelecidas, favorecendo assim a migração e a grande locação nas

cidades. O resultado disso é uma aglomeração em direção às redes privilegiadas com a

comunicação, transporte e distribuição desigual economicamente e socialmente da

população no espaço urbano.

A partir destas migrações populacionais, os terrenos vazios ou descampados,

criam-se vias de comunicações, tornando-as áreas ocupadas, podendo haver construções

de formas verticais e/ou horizontais. Estes vazios urbanos vêm sendo ocupados e

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31

agregados à composição urbana já existente, justapostos à composição tradicional,

comprovando em movimentos constantes de crescimento e expansão urbana sobre tais

espaços, assim, como sobre o tecido rural, ocorrendo de múltiplas formas.

É de suma importância um planejamento integrado, equilibrado a dinâmica

social, cultural, política e ambiental no âmbito espacial, pela efetiva participação das

populações que vivenciam os problemas dos impactos ambientais no seu dia-a-dia.

A cidade não possui uma formação definitiva, devido às modificações

ocasionadas pela ação humana, sendo decorrentes das necessidades de organizar e

integrar o espaço ao produto humano, social e histórico, sendo fruto de uma organização

de um determinado espaço transformado, construído eplanejado ou não, de acordo com

as peculiaridades de cada local.

Analisamos também que em meados do século XX, a sociedade humana, através

de suas atividades econômicas, e um crescimento populacional desenfreado, atua de

forma prejudicial a meio ambiente, causando a extinção de espécies de fauna e flora,

poluição de leitos de rios e oceanos, aquecimento global, e outros fatores negativos

ocasionados no espaço.

Os impactos ambientais que ocorrem em todo o mundo não refletem apenas em

virtude do crescimento populacional, mas principalmente de como esta população age

neste meio em que vive. Percebemos a necessidade da conscientização populacional

para a preservação e conservação do meio ambiente, uma vez que, este meio sendo

alterado a sua forma, afetará não apenas a uma classe social, mas em si, a sociedade

como toda.

2.2.1. Urbanização, Natureza e Meio Ambiente

A água é um elemento fundamental para a vida, encontra-se aproximadamente

70% da superfície terrestre coberta por água.No entanto, apenas 2,5% da água é doce. A

água doce esta dividida em lagos subterrâneo, geleiras e rios, enquanto a disponibilidade

da água salgada esta nos oceanos com 97,5%. Com o crescimento da população,

aumenta o consumo de água, desperdícios e degradação do meio ambiente, em virtude

da falta de saneamento e cuidados com a água.4

4 Sobre percentual de água existente, consultar obra do professor Aldo da Cunha Rebouças –

REBOUÇAS, Aldo da Cunha. – Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3ª ed. São

Paulo: Escrituras Editora, 2006.

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Segundo Schumacher; Hopper (1998, p. 28):

A principal poluição do ambiente é causada pela falta de consciência

humana, quando joga para o rio toda a espécie de lixo, latas, vidros,

garrafas plásticas, baldes e fluentes, agrotóxicos e todos os demais

utensílios que se consideram impropriáveis. Isso sendo resultando do

nosso modelo de urbanização não sustentável.

Percebemos de fato que o ser humano é considerado o maior responsável pela

poluição da água doce, pois a partir da falta de infraestrutura e o uso irracional dos

recursos hídricos, promove a degradação das nascentes e dos ecossistemas. Além disso,

existem problemas relacionados ao tratamento de esgoto, baixa qualidade na

distribuição de água potável e condições de drenagem urbana, que se intensificam, ainda

mais, mediante o crescimento das cidades e o avanço populacional.

Com o avanço da urbanização, a cidade vai ganhando novas formas alterando

assim o seu espaço. Essas modificações são frutos de realizações humanas, que são

constituídas ao longo dos anos, no processo de desenvolvimento urbano, em que a

ocupação de um determinado lugar se dá a partir da necessidade de realização para

produzir, consumir, habitar e viver.

Analisamos que, com esta crescente da urbanização, a agressão ao meio

ambiente ocorre de forma constante, em que com a ocupação desordenada do homem no

espaço, aumentou de forma significativa, a degradação do meio ambiente, poluição de

rios, e impactos na fauna e flora.

A degradação ambiental em si pode ocorrer por uma série de causas, tanto em

seu processo natural como, a erosão do solo, lixiviação, deslizamentos, sem ocorrer à

interferência humana. Porém, podemos abordar a degradação do meio ambiente causada

pela ação humana, ocasionada principalmente pelo crescimento populacional, este

quando ocorre provoca danos alarmantes ao meio ambiente, causando sérios problemas

ao espaço territorial e a população existente.

A forma de como a urbanização se desenvolve em um determinado local, é de

suma importância para a humanidade, evitando assim sérios problemas ambientais, e

favorecer melhores condições de vida para a população. Sabemos que esta não é uma

tarefa fácil, mas cabe aos órgãos públicos, o acompanhamento de uma cidade, evitando

que ocorra uma urbanização desordenada, impactando ao meio em que vivemos.

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33

Inserida nesse contexto teórico e conceitual que envolve o debate sobre o

modelo de urbanização capitalista e as conseqüências sociais, econômicas, culturais,

políticas e territoriais no espaço urbano, entendemos que a cidade de Cajazeiras não

escapa a este olhar. Inclui-se de modo particular as formas históricas de ocupação e de

definição de seus usos. Assim, é relevante nesse momento, destacar as raízes

históricasdesse processo nessa cidade sertaneja.

2.3.Histórico da urbanização de Cajazeiras

De acordo com os dados pesquisados no IBGE 2010, Cajazeiras é o sétimo

município mais populoso do Estado. Sua população residente na área urbana é de

(81,27%) e a área rural (18,73%).

A urbanização da cidade de Cajazeiras relaciona-se a um ciclo de

transformações ocorridas nesta localidade. Uma das principais transformações foi à

implantação de uma unidade de ensino, fundada pelo Padre Inácio de Sousa Rolim no

ano de 1829, que na época, localizava-se no Sítio Serraria, extremo oeste da cidade.

Esta unidade era conhecida, popularmente, na época, como “uma pequena escola”, mas

com o passar dos anos, foi sendo reconhecida pela boa qualidade de ensino que ali era

ministrado, havendo um aumento significativo pelos serviços educativos, que o padre

desenvolvia na unidade. No ano de 1843, foi transferida para uma área maior, para que

pudesse melhor desenvolver a qualidade de ensino. No decorrer dos anos, este religioso

conseguiu a autorização do Presidente da Província, transformando-a em colégio de

instrução secundária.

Por volta da década de 1860, o colégio do Padre Rolim atingiu o seu auge,

desenvolvendo atividades de ensino em diversas línguas. Com isto, o lugarejo foi

crescendo e se desenvolvendo no entorno da escola.Cajazeiras tornou-se cidade em 10

de Julho de 1876.

No ano de 1903, a referida escola passou a ser conhecida como Colégio Padre

Rolim. Neste colégio, foram educados vários personagens, que se destacaram na história

do Nordeste, como por exemplo: Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante; Padre

Cícero Romão Batista; Des. Peregrino de Araújo; Dr. Irineu Joffily e Tomas Duarte

Rolim. Em virtude destes acontecimentos, a cidade de Cajazeiras ficou conhecida em

toda a sociedade paraibana, como a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”.

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Na década de 1920, a cidade passou por mudanças no seu meio natural e

cultural, passando por modificações no seu espaço, em virtude da necessidade de

adaptação para a modernidade que ocorria devido à vinda dos norte-americanos. Com

esta mudança, a população da cidade sentia a necessidade de oferecer serviços

costumeiros que os estrangeiros já possuíam, influenciando assim, alteração na cultura

da população existente.

O comércio da cidade de Cajazeiras se sustentou por muito tempo,pela

abundânciana produção de algodão em pluma, contribuindo para uma maior articulação

comercial com as capitais do Ceará e da Pernambuco. No entanto, o acesso a essas

capitais era precário, vindo a melhorar apenas com a chegada do trem no ano de 1923, e

com a melhoria das estradas de rodagem no ano de 1930. O comércio desta cidade, era

muito importante porque além de manter as necessidades da população local, mantinha

relação de venda para os moradores das cidades circunvizinhas.

Nas primeiras décadas do século XX, a seca era marcante na região. Nos

períodos de estiagema produção do algodão caía e a safra não era o suficiente para

atender as demandas crescentes do mercado. Com isso, esse fenômeno natural trouxe

dificuldades nos lucros das empresas e conseqüente na arrecadação do município e

implicou também na redução das transações comerciais internas e regionais.

As consequências ocasionadas pelas secas influenciaram o Governo Federal na

implantação de medidas emergenciais, disponibilizando os serviços de obras pela

Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), uma vez que, a seca provoca

vários impactos na vida do sertanejo, gerando redução na atividade produtiva na Região

Nordeste.

Por volta da década de 1920, a cidade de Cajazeiras foi beneficiada pelos

serviços das obras do IFOCS, sendo construídos reservatórios e melhorias/construções

nas estradas de rodagem, beneficiando assim a cidade.

Um fator predominante na crescente urbanização de Cajazeiras foi à construção

do Açude de Engenheiros Ávidos, atraindo trabalhadores de várias localidades, a

procura de emprego, aumentando de certa forma, a renda da cidade. Outra ação

relevante do IFOCS5 foi à construção de vários outros reservatórios, como por exemplo:

Açude de Pilões em São João do Rio do Peixe e o de São Gonçalo em Sousa, gerando

não somente renda para Cajazeiras, mas também para as cidades vizinhas.

5Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas

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Costa (1986, p. 62) afirma que,

Mesmo que as obras do IFOCS tenham tido a sua importância, o

progresso chega a Cajazeiras, pela produção de algodão. Era o “ouro

branco”, o grande responsável pela geração de riqueza, que

possibilitou a renovação do perfil material do município, com as

primeiras transformações urbanas. O algodão era até visto como, a flor

da cidade.

No período em que havia uma boa safra de algodão, favorecendo uma

significativa movimentação econômica na cidade, beneficiava a população elite e

políticos da região, ficando aos pobres e trabalhadores dificuldades para subsistência.

Para esta classe beneficiada, era possível perceber a compra de carros da época e a

exposição com montarias em melhores cavalos.

Com a chegada dos norte-americanos, algumas mudanças ocorriam na cidade

influenciando no seu desenvolvimento. Um dos fatores que podemos identificar foi o

aumento significativo de cabarés, visto pela maioria da sociedade local como uma

atividade de influência desvantajosa, poispoderia desviar a juventude Cajazeirense. Para

Costa (1986, p. 53-57), a “chegada dos engenheiros e nos hábitos por eles introduzidos,

foram fatores de grande impacto comercial e cultural para Cajazeiras, inclusive sendo

vistos como a chegada da civilização na cidade”.

Os comerciantes da cidade tiveram que se adaptar a uma nova cultura, em se

tratando da cultura dos estrangeiros. Os norte-americanos estavam acostumados com

um ritmo de vida diferenciado, e os comerciantes, para atender a sua clientela,

comprava produtos em outras localidades, como em Fortaleza e Recife. Os produtos

mais procurados pelos estrangeiros seriam os conhaques, os vinhos finos e alguns

tecidos de grife. Os comerciantes faziam a divulgação dos produtos em jornais da

época.

O crescimento populacional que ocorria na cidade de Cajazeiras ocasionava-se

não apenas pela a instituição de ensino, mas também havia uma grande procura de

empregos nas obras do IFOCS, uma vez que, na década de 1920-1928, a localidade já

disponibilizava de uma rede rodoviária ligando a diversas cidades, facilitando o acesso,

favorecendo o setor comercial.

O futebol foi outro marco bastante importante, influenciando na urbanização da

cidade. Esporte que também recebeu apoio dos norte-americanos. Ocorreram diversos

campeonatos neste município paraibano. Devido aos diversos campeonatos, foram

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sendo organizados os times cajazeirenses, a exemplo do Pitaguaras Football Club e o

Guarany Sport Club. Ambos tinham certa rivalidade.

Segundo Silva Filho (1999, p. 298):

A aquisição de ícones como automóveis, cinema, futebol, jornais,

clubes recreativos e o crescimento urbano com a construção de

imóveis, calçamento de ruas e construções de praças, entre outros,

eram mudanças que davam as pessoas da cidade a sensação de

novidade, que preparava o imaginário coletivo como uma renovação

civilizadora.

Em consequência destas transformações que ocorriam na cidade, Cajazeiras foi

ganhando formas de desenvolvimento urbano, oferecendo a população serviços como

exemplo, a educação, o comércio local, os empregos nas obras das empresas norte-

americanas, entre outras. Em virtude do rápido desenvolvimento da cidade, a população

de Cajazeiras ao qual possuía um maior nível de estudo, moviam manifestações com os

moradores no tocante para a conscientização do uso correto para a higiene e o

saneamento básico, uma vez que as águas do Açude Grande estando poluídas causavam

risco de doenças para a população.

Mesmo com a água deste reservatório estando poluída, a população utilizava

para diversos fins, como por exemplo: lavagem de roupas, lavagem de carros/motos,

bebedouros de animais, banho pessoal para a população mais carente, etc.,

comprometendo mais ainda a qualidade da água.

Em virtude dessa contaminação, estudos da época afirmam que a difusão de

doenças epidêmicas entre a população era ocasionada, de certa forma, por esta

contaminação. Outro fator bastante importante era a falta de comprometimento com a

coleta do lixo, Costa (1986, p. 61-62) diz que, “o lixo era depositado não muito distante

da área do centro, e sim, em terrenos próximos ao sangradouro do próprio Açude

Grande”.

Diversos acontecimentos marcaram a cidade de Cajazeiras, influenciando a sua

urbanização, causando um significativo crescimento populacional, como por exemplo, a

instalação da associação de trabalhadores, grêmio artístico e circulo operário, estudado

por Gomes. Este nos diz que:

[...] na década de 1920, foi a fundação de associação de trabalhadores,

como o Grêmio Artístico Cajazeirense, em 5 de Junho de 1925 e o

Circulo Operário São José, em 31 de Maio do mesmo ano, tendo

influência das ideias trabalhistas, já presentes no imaginário sertanejo

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e visava organizar, trabalhadores de diversas categorias tais como

alfaiates, carpinteiros, mestre de obra e guarda livros, entre outros,

para reivindicar melhorias, como o fechamento do comércio aos

domingos. (GOMES, 2006, p. 64).

O Bispo Diocesano Dom Moises Coelho criou no ano de 1925, a fundação do

Círculo Operário. Este local tinha como principal atividade, o acolhimento aos

trabalhadores da localidade para a orientação católica, a conscientização ao não uso de

vícios (bebidas, cigarros, cabarés, etc.) e o auxilio para o não analfabetismo. A Igreja

católica tinha forte influência no cotidiano da população local, e que influenciou na

construção de toda uma história cultural, tendo como fato bastante importante para esta

contribuição, a implantação da Diocese de Cajazeiras.

Outro fator predominante para o aumento da urbanização se referia à

organização da festa da padroeira, havendo a presença de pessoas de cidades vizinhas,

gerando lucro para a cidade. É o que podemos observar nas leituras feitas das obras de

Costa (1986). Mas, todavia, como nem sempre havia um bom inverno, causava

prejuízos nestas festividades, em virtude da má safra.

Por volta do ano de 1924, a região de Cajazeiras passou por um inverno bastante

intenso, causando inundações e prejuízos para as plantações, e se fazendo necessário o

cancelamento da obra do açude de Engenheiro Ávidos pela empresa IFOCS. Em

meados dos anos 1936, esta obra foi finalizada através dos serviços prestados por órgão

federal, uma vez que, o Brasil já possuía tecnologia o suficiente para a conclusão desta

obra.

Com a vinda destes serviços para a cidade, por volta da década de 1930,

Cajazeiras recebeu uma grande quantidade de verbas federais, sendo unificados aos

bons anos da safra de algodão, possibilitando uma melhoria nas ruas, havendo

construções de palacetes, muitas delas mantidas até hoje. Um dos prédios que mais

marcou a localidade foi o Edifício OK, construído no centro, mas precisamente na

Avenida Presidente João Pessoa no ano de 1936, ao qual podemos observar na Figura

03.

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Figura 03: Edifício OK – Ano de 1938

FONTE: google.com.br/search - 2014

Esta construção foi aceita por todos na cidade e o empreendimento foi definido

pelo Bispo Diocesano João da Mata, servindo como espaço de diversões, com o intuito

de chamar a atenção principalmente da juventude masculina, evitando assim, o desvio

para outras atividades que causassem negatividade a sua vida.O Edifício OK atraia

diversos frequentadores, uma vez que, na parte do andar térreo era composto pelo Cine

Teatro Éden, e na parte superior funcionava um clube dançante chamado Excelsior

Clube, vindo a ter um funcionamento até o ano de 1990, atraindo inúmeros

consumidores, gerando renda para toda a cidade.

Em termos de economia, na década de 1920, a cidade de Cajazeiras já possuía a

Usina Santa Cecília, ao qual pertencia ao Coronel Joaquim Matos. Esta usina já

exportava seus produtos utilizando-se do Porto de Fortaleza. Por volta dos anos 1930, a

cidade possuía um desenvolvimento econômico próprio, com em virtude da instalação

de usinas de algodão, como a Sociedade Algodoeira do Nordeste do Brasil (SANBRA),

e multinacional Anderson Clayton, trazendo renda e empregos para o município.

Com isto, este desenvolvimento proporcionou um forte elo para a urbanização

da cidade, abrindo leques de serviços, modificando o espaço urbano. Segundo Costa

(1986, p. 121):

A cidade de Cajazeiras durante a década de 1930, em sua gestão o

coronel Matos, promoveu a construção de um novo Açougue Público,

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localizado no centro da cidade, a compra de um terreno para a

construção do futuro Hospital Regional, remodelação dos cemitérios,

calçamento de ruas com paralelepípedos e melhoria da iluminação

pública, com a substituição do motor a gás para um movido a óleo

diesel, algo que possibilitou a extensão no tempo de iluminação das

ruas até às 23 horas.

Na proporção em que a cidade crescia, e para acompanhar a velocidade deste

desenvolvimento, oferecendo bens a sociedade, principalmente, à elite, novas

implantações foram instaladas na cidade, como por exemplo, as concessionárias de

carros Chevrolet e FORD, e uma agência do Banco do Brasil, favorecendo assim, a

movimentação de capital e empregos para a população do município.

Por meio de nossos estudos das informações históricas da cidade de Cajazeiras,

observamos que havia constantes ações da Igreja Católica. Na década de 1930, ocorreu

um evento considerado como o marco em sua história. Este evento ganhou nome como

“Congresso Eucarístico”, celebrado no mês de Junho de 1939, sob a presidência do

bispo Dom João da Mata, contanto com a presença de clérigos de várias cidades. Este

congresso eucarístico recebeu em acolhimento de fieis de várias regiões, gerando renda

para a cidade.Após este Congresso, um médico da região, para homenagear a fé

católica, doou uma réplica da estátua do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. O

monumento está localizado no denominado morro do Cristo Redentor, bairro de mesmo

nome.

As construções que eram desenvolvidas na cidade, geravam renda e empregos

para a população, favorecendo o seu desenvolvimento. No ano de 1937 se deu a origem

da construção da Igreja Catedral, vindo a ser finalizada apenas e suas atividades

iniciadas no ano de 1957. Nos dias atuais, esta igreja, faz parte do acervo tombado da

cidade.

Na década de 1920 e 1930, em virtude da contribuição da atividade algodoeira,

foram construídos vários imóveis denominados como patrimônio arquitetônico e

histórico da cidade. Neste mesmo período, mas precisamente no ano de 1922, a cidade

teve a instalação da linha férrea, gerando um grande impulso para o escoamento de

diversos produtos da região, sobretudo o algodão, geralmente, destinados à Europa.

De acordo com Cabral Filho (2004, p. 41),

A riqueza que se conseguia por meio do algodão possibilitava a

configuração arquitetônica que caracterizava a constituição das casas

residências, sobretudo das ruas do centro da cidade. Os casarões

assobradados eram/são construções sóbrias de alvenaria, cuja

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abundância e qualidade do material demonstravam o tipo de relações

econômicas e sociais que seus moradores mantinham com a população

de uma maneira mais ampla e com a própria família: eram casas

subdivididas em muitos cômodos, com muitas portas e janelas,

abrigando os setores emergentes da sociedade local.

Mesmo com todos estes desenvolvimentos que ocorria na cidade, a divisão não

era por igual. A área periférica, que ficava longe do centro, possuía casebres de taipas,

com material precário e condições precárias, diferente das casas construídas no centro

da cidade.

Diante do que foi exposto, percebemos que a cidade de Cajazeiras passou por

diversas transformações no decorrer dos anos, ocasionando modificações na sua malha

urbana, ou seja, o espaço urbano foi sendo modificado para suprir as necessidades da

sociedade, como por exemplo, instituição de ensino, construções, expansão no setor

comercial favorecendo empregos para a população, entre outros.

Por fim, podemos perceber que Cajazeiras possui um marco muito forte no seu

processo de urbanização, ocasionadas pelas diversas transformações, sejam elas sociais,

políticas e econômicas, gerando para a cidade formas diferenciadas de subsistência

humana.

2.4. Cenários da ocupação do espaço em torno do açude grande

Com base nos dados obtidos no texto acima, é de suma importância abordar os

cenários da ocupação do espaço, principalmente, no entorno do Açude Grande, que está

localizado na área central da cidade. Devemos abordar a ocupação como um processo

histórico e dialético, desde sua origem até os dias atuais. Os cenários da área do entorno

do açude, como também os processos históricos que influenciaram no crescimento

urbano no decorrer dos anos, foram sendo modificados pela sociedade, resultando assim

nas transformações históricas da cidade.

Para a exposição destes cenários históricos, temos como fonte de dados, a busca

em rede de internet6 para os arquivos de processos antigos, buscando o conhecimento

da área estudada. Como também a apresentação por fonte de própria autoria, feito a

partir de estudo de campo.

6 Fonte para cenários históricos: www.google.com.br/search?q=foto+historica - 2014

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Com base nos estudos das obras de Costa 1986, o processo histórico do açude

grande, teve em sua origem por meio de terras localizadas a margem da Lagoa de São

Francisco. Terras essas, cedidas pelo governador Luiz Antônio Lemos Brito, para os

proprietários Francisco Gomes de Brito e Jose Rodrigues da Fonseca. Em decorrer dos

anos, mas precisamente em 07 de Fevereiro de 1767, José Jerônimo de Melo (outro

governador), doou parte desta terra ao pernambucano Luiz Gomes de Albuquerque

aonde veio a construir a Fazenda Cajazeiras. O Luiz Gomes de Albuquerque doou esta

fazenda a uma de suas filhas, Ana Francisca de Albuquerque, vindo a casar-se com

Vital de Souza Rolim, e construíram uma casa que ficou conhecida popularmente como

“A Casa da Grande Fazenda”, (ver figura 04).

Figura 04: A Casa Grande da Fazenda – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

Próximo a Casa Grande da Fazenda foi construído um reservatório d’agua,

denominado e conhecido popularmente como açude Grande que se destinava ao

abastecimento para a população ribeirinha e criação de animais, como podemos ver na

Figura 05.

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Figura 05: Açude Grande – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

O açude Senador Epitácio Pessoa, conhecido popularmente como açude Grande,

localiza-se na região central de Cajazeiras – PB, inserido na microbacia hidrográfica do

Rio Piranhas, sub-bacia do Rio do Peixe. Este reservatório foi construído nos arredores

da Casa Grande da fazenda que deu origem a cidade de Cajazeiras. Servia para o

abastecimento da população ribeirinha como também para o dessedentação de animais e

para o cultivo de vazantes, propiciando uma agricultura de subsistência em terras de

irrigáveis próximas a este reservatório.

Em virtude do grande crescimento populacional ocorrido com o passar dos anos,

a carga hídrica já não mais atendia a demanda da população. O primeiro Bispo de

Cajazeiras Dom Moises Coelho e o Prefeito Coronel Sabino Rolim com o intuito de

amenizar os efeitos da seca de 1915, buscaram recursos financeiros junto ao Presidente

do Estado, de onde foi determinada a ampliação e reconstrução deste reservatório,

havendo a desapropriação de terras ao seu entorno, tendo apenas como finalidade, a

atividade da bacia hidrográfica.

Em virtude da crescente demanda por água e contaminação de suas águas

superficiais, deixou de ser reservatório para o abastecimento da cidade. Em decorrer do

descumprimento de leis para a preservação ambiental, vários imóveis foram construídos

nas margens do açude de forma desordenada, degradando o meio ambiente.

Com o acontecimento da urbanização na cidade, diversos cenários foram

ganhando formas diferenciadas. Essas mudanças ocorrem em virtude da relação

indivíduo-sociedade, ou seja, o homem modifica o meio para atender nas necessidades

da população ou para a valorização dos empreendimentos dos capitalistas locais.

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Portanto, nas figuras a seguir, podemos visualizar formas antigas e formas atuais, que

foram modificadas para dispor de melhores serviços, como vemos a seguir.

A Casa da Grande Fazenda foi construída ao entorno do Açude Grande por volta

dos anos de 1800. Tempos depois, deixou de ter como finalidade residencial, sendo

construído o Tênis Clube que dispõe de diversos serviços (recreativos, comerciais,

festividades, etc.),

Figura 06: Tênis Clube - 2014

FONTE:Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Em sua origem, o açude Grande foi construído para o abastecimento da

população ribeirinha. Deixou, ao longo do tempo, de ser um manancial de

abastecimentopara diversas utilizações como: turística, residencial, comercial, entre

outras.

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Figura 07: Açude Grande -2014

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

O Colégio Diocesano Padre Rolim, fundado para uma instituição de ensino,

adquiriu em sua trajetória, a formação de diversos personagens, ganhando fama, ficando

conhecida como “a cidade que ensinou a Paraíba a ler”. Nos dias atuais, muitos

moradores ainda conhecem como Colégio Diocesano, mas na sua função voltou-se ao

ensino de formação superior que passou a ser denominada de Faculdade de Filosofia de

Cajazeiras (FAFIC).

Figura 08: Colégio Diocesano Padre Rolim – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

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Figura 09: Faculdade de Filosofia – FAFIC – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

Como já vimos anteriormente, uma das principais rendas da cidade era o

comércio do algodão, e com as construções de linha férrea e em seguida, a rede

rodoviária, favorecendo de forma significativa, o crescimento de renda em Cajazeiras.

Atualmente neste local da antiga usina de algodão, funciona um prédio do Atacadão Rio

do Peixe.

Figura 10: Usina de Algodão Santa Cecilia – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

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Figura 11: Estação Ferroviária

FONTE: google.com.br/search - 2014

A Igreja Católica possuía um forte elo na cidade, principalmente pelas atividades

desenvolvidas pelo Padre Inácio Rolim, tendo como marco inicial a construção da Igreja

Nossa Senhora de Fátima, conhecida popularmente por Igreja Matriz.

Figura 12: Igreja Nossa Senhora de Fátima – ano desconhecido

FONTE: google.com.br/search - 2014

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Figura13: Igreja Nossa Senhora de Fátima - 2013

FONTE: google.com.br/search - 2014

O Edifício OK tinha a atividades diversas, mas o cinema e a pista dançante eram

as maiores atrações, gerando recursos para a cidade, abaixo temos uma figura recente de

seu patrimônio histórico.

Figura14: Edifício OK – 2010

FONTE: google.com.br/search - 2014

Em virtude da urbanização nesta cidade, as ruas de Cajazeiras foram sendo

modificadas, suprindo a necessidade da população local, com a ajuda da interferência

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humana, ocasionando alterações ao meio. Abaixo, temos alguns exemplos destas

transformações, proporcionando ao cidadão, melhores condições de vida, mas em

alguns momentos, provocando interferência ao meio ambiente.

Figura 15: Antiga Ponte do Açude Grande

FONTE: google.com.br/search - 2014

Figura 16: Atual Ponte do Açude Grande - 2014

FONTE: google.com.br/search - 2014

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Figura 17: Atual Avenida Presidente João Pessoa - 2014

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014.

Por fim, estes cenários como muitos outros, são de suma importância para a

cidade de Cajazeiras, pois, relatam sobre os processos que ocorreram no decorrer dos

anos, modificando o espaço habitado pelos cajazeirenses e cajazeirados. Em alguns

momentos, as formas de usos e ocupações ocasionaram e ocasionam impactos

ambientais.

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CAPITULO III - AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS USUÁRIOS DO

ENTORNO DO AÇUDE GRANDE

As representações sociais sãorelevantes e tornam-se necessárias como fontes de

estudos e pesquisas, pois tratam das imagens, das ideologias, das simbologias, ou

melhor, das representações dos sujeitos sobre sua vida, seu lugar e seu cotidiano.Assim,

é necessário sabermos a relação que temos com o mundo que vivemos.

As representações abordam as maneiras, de como o cidadão se comporta nos

seus diferentes aspectos na sua vida cotidiana, ou seja, sabendo respeitar, interpretar,

interagir-se, compartilhar, divergir, da realidade vivenciada com os outros, nas

diferentes situações vivenciadas no dia-a-dia, mantendo uma relação individuo-

sociedade.

Desse modo, pretendemos nesse capítulo explorar os símbolos e imagens

representados pelos diversos sujeitos sobre seu lugar de vida e seu tempo vivido.

3.1 Símbolos e imagens para os diferentes usuários

Antes de adentrarmos nos símbolos e nas imagens dos moradores do entorno do

açude Grande de Cajazeiras, convém apresentarmos algumas características gerais

quantitativas relevantes que são a quantidade de moradores por residência e o tempo de

vivência no local, recortado para este estudo.Para um entendimento mais aprofundado

sobre as representações sociais dos usuários do entorno do açude Grande, relacionando

os seus símbolos e imagens, foi necessário um estudo de campo, mantendo conversas

com alguns moradores que ali residem.

A entrevista de campo foi de grande importância para a conclusão deste

trabalho, buscando, através das ferramentas adequadas de coleta de dados,junto aos

moradores, listar a diversidade de opiniões sobre os problemas enfrentados no nosso

objeto de pesquisa.

A análise para este estudo de campo deu-se a partir da entrevista com 15

(quinze) moradores da área ao entorno do açude. Em campo, fomos bem recebidos por

todos os entrevistados. As informações foram sendo repassadas com clareza.

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51

O questionário da pesquisa compõe-se de 14 (quatorze) 7 perguntas

diversificadas, abordando sempre sobre o referido reservatório, identificando os seus

benefícios, como também os problemas existentespelas diversas formas de uso e

ocupação desse pedaço de espaço urbano cajazeirense.

Iniciando a análise dos questionários da pesquisa de campo, abordamos a

proporção de moradores residentes por imóvel. A partir dos dados coletados,

percebemos no Gráfico 01 que a maior concentração de moradores por imóvel equivale

a 47%, referindo-se de 05 a 08 pessoas por residência. No entanto, 46% dos

entrevistados, possuem de 01 a 05 pessoas morando na residência, restando apenas 7%

destes entrevistados, possuindo mais de 08 pessoas morando no imóvel.

Gráfico 01 – Quantidade de moradores por residência

FONTE: Questionário de campo - 2014

NoGráfico 02 – Quantidade de anos que residem no imóvel–abordamos a

quantidade de anos em que o indivíduo reside no imóvel. Com base nos dados

adquiridos, percebemos que, o maior percentual equivale a 53% dos moradores

residindo no imóvel no período de 05 a 10 anos, com uma redução de 27%

equivalendoà população residindo no período de mais de 10 anos, e com percentual 20

% equivalendoà população residindo a menos de 05 anos.

7 O questionário pode ser consultado no apêndice desta monografia.

46%

47%

7%

1 a 5 pessoas

5 a 8 pessoas

mais de 8 pessoas

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Gráfico 02 – Quantidade de anos que residem no imóvel

FONTE: Questionário de campo – 2014

Os dados citados acima são de grande importância, para obtermos uma análise de

como esta área vem se desenvolvendo, a partir da movimentação humana. A frequente

participação do individuo em um dado território,poderá influenciar na degradação do

meio ambiente, em virtude da falta de conscientização humana, e pela ausência da

fiscalização por parte do Poder Público.

No momento da pesquisa de campo, é possível perceber uma diversidade de

opiniões por parte dos moradores, dos símbolos e das imagens que denotam as

representações sociaissobre este reservatório. Para os moradores mais antigos, existe

toda uma representação histórica por trás deste reservatório, em que, a cada dia esta

sendo modificada, retirando toda a sua beleza original.

Com base nos questionários de campo, a maioria dos moradores entrevistados

relata que, o açude em sua origem servia para o abastecimento da população ribeirinha.

Em decorrer dos anos, ocorreram mudanças e o mesmo não mais abasteceu a população,

em virtude do crescimento urbano.

Analisando o estudo do questionário de campo, podemos apresentar através de

informações adquiridas por meio de relatos orais, a opinião dos moradores em

referência as representações que os símbolos desta área representam para cada cidadão.

A seguir podemos observar alguns destes relatos, abordados pelos próprios

entrevistados, adquirido por meio de relatos orais dos entrevistados:

20%

53%

27%

Menos de 5 anos

5 a 10 anos

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“Hoje este reservatório representa apenas “um açude”, com suas águas poluídas, mas

de grande valor para a cidade, apesar de todos os impactos que nele encontramos”.

“Este reservatório é muito importante para o clima, é importante para ó respirar da

população”.

“Hoje representa apenas como um lugar poluído e ninguém faz nada, podendo haver

uma melhoria e aproveitar o uso desta água, já que moramos em uma região tão seca”.

“Mesmo com a contaminação das águas, o açude grande representa um ótimo lugar

para apreciar, principalmente o pôr-do-sol”.

Com base no estudo de campo, analisando os questionários de pesquisa,

observamos também os relatos destacados pelos moradores, para a representação da

imagem a qual este reservatório representa para a população que ali residem. A análise

destes dados é de suma importância, pois a partir destes, podemos entender a opinião

dos moradores, para que representação o Açude Grande, seja apenas em sua forma de

reservatório, área de lazer, cultura, comércio, turismo, etc.Como podemos observar nos

relatos a seguir, obtidos por meio de entrevistas orais.

“O Açude Grande trás desde a sua origem uma beleza que é só sua, atraindo olhares

de todos, e tornando-se um dos cartões postais da cidade, atraindo vários visitantes a

esta área que vem até a cidade para passear ou a trabalho”. M.T.O.

“No local é possível perceber uma área bastante ampla, com local para apreciar um

belíssimo pôr-do-sol, quadras poliesportivas, calçada para caminhada, comércio no

período da noite, sendo possível apreciar uma bela paisagem, além de ter como um

ponto turístico para as pessoas que visitam a cidade de Cajazeiras”. M.Z.B.C.

“O clima nesta região é bastante agradável, principalmente á noite, em que a

temperatura fica mais baixa, provocando sensação de bem-estar. Mas se houvesse uma

revitalização neste açude e em toda a sua área, a cidade iria crescer a cada dia mais,

gerando renda, e diminuindo os impactos ambientais”. G.M.S.S.

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Os símbolos e imagens são segmentos primordiais da pesquisa, como também

para bom entendimento de como os moradores se sentem com todos os problemas

encontrados na área deste reservatório.Podemos apresentar os relatos destacados pelos

moradores para a representação dos símbolos e imagensdo entorno do açude Grande,

por meio de figuras.Nas figuras abaixo, é possível identificarmos alguns benefícios que

este reservatório oferece a população na sua simples forma de existência.

Na Figura 18 – Pôr-do-Sol do açude Grande - apresenta um magnifico pôr-do-

sol, atraindo a população da cidade, como também chama a atenção dos turistas.

Figura 18: Pôr-do-Sol do Açude Grande

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda – 2014

Na Figura 19 – Praça do Leblon – é possível dispor de uma área comercial no

período noturno, com atividades recreativas, atraindo a população para este espaço.

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Figura 19 : Praça do Leblon

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda – 2014.

Figura 20 – Ponte da Sangria do Açude Grande – Esta ponte beneficia a

população, favorecendo o acesso para bairros adjacentes. Além de poder visualizar a

sangria do açude em época de inverno.

Figura 20: Ponte da sangria do Açude Grande

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

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O açude grande, apesar de todos os problemas identificados no percurso de sua

existência, possui uma belíssima paisagem, arrancando olhares de várias pessoas. Em

conversa com alguns dos observadores que estavam na ponte da sangria, os mesmos

estavam com uma satisfação imensa, já que há alguns anos, não era possível observar

esta paisagem em virtude da seca na região.

Por fim, o açude grande por localizar-se no centro da cidade, e possuindo uma

paisagem agradável, favorece um fluxo de movimentação constante na área. O entorno

necessita de um projeto de revitalização, para que a sua área seja valorizada cada vez

mais, eque essa sensação de bem estar não desapareça, juntamente com o meio

ambiente.

3.2 A degradação do meio ambiente no entorno do açude

A partir desse momento abordaremos a degradação do meio ambiente do entorno

do Açude Grande, uma vez que, com base nos questionários de campo, é de suma

importância o estudo sobre a degradação, destacando os impactos relatados pelos

moradores no entorno deste reservatório.

Na análise dos questionários, é possível perceber a conscientização da população

para as construções feitas de forma desordenada, avançando a área de proteção

ambiental. Com base nesta informação, podemos observar o relato destacado pelo

próprio morador.

“Pelo fato do Açude Grande possuir uma área ampla e descampada, favoreceu os

aterros deste, ocasionando a construção de diversas casas. Com estas construções, foi

diminuindo o espaço para o reservatório d’água, além de causar sérios problemas

ambientais”. G.M.S.S.

Existe uma variedade de opiniões sobre essas novas construções. Alguns

moradores acreditam que, algumas casas foram construídas em locais inadequados,

correndo risco de enchentes e/ou doenças causadas pela enorme quantidade de

mosquitos ali existentes, causando sensação de mal estar, principalmente, para as

crianças e idosos. Já outros moradores acreditam que não existe nenhum risco, em

virtude do aterro.A água não sobe até as residências, percorrendo apenas para o

sangradouro, mas relata a existência da grande quantidade de planta aquática dentro do

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reservatório, influenciando assim, alguns alagamentos, devido às águas não correrem

diretamente para o seu percurso.Problema que, segundo os entrevistados, a prefeitura

deveria resolver antes do aumento das águas.

No Gráfico 03 - Residências construídas ao entorno do açude – analisamos através

desta pesquisa, em que o percentual de 56% os moradores afirmam que as residências

estão construídas em locais inadequados, causando algum risco para a população que ali

reside. No entanto para 44 % dos entrevistados, relatam que estes imóveis encontram-se

construídas de formas legalizadas, não causando nenhum risco para os moradores.

Gráfico 03: Residências construídas ao entorno do açude.

FONTE: Questionário de campo – 2014

Neste estudo de campo, foi possível perceber a divergência de opiniões pelos

moradores em relação às construções existentes.É possível observar na localidade, a

relação de proximidade de algumas residências com as águas do reservatório, até

mesmo em período de estiagem, como podemos analisar nas figurasadiante.

56%

44%

Casas construídas em área de risco Casas construídas legalmente

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Figura 21: Residências localizadas nas margens do Açude Grande

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

As figuras acima ilustram as construções realizadasnas margens do reservatório,

bem próximas ao seu leito d’água, podendo ocorrer alagamentos nas residências no

período chuvoso, em virtude da imensa quantidade de lixo e plantas aquáticas

existentes.

Ainda com base nas informações dos moradores, todos os entrevistados

consideram que as águas deste reservatório são totalmente poluídas, devido à imensa

quantidade de lixo jogado em seu curso, seja pelos esgotos domésticos e comerciais,

como também por diversos moradores e /ou visitantes que ali estejam presentes,

querendo apenas “se livrar” do lixo, não havendo nenhuma conscientização, para a

preservação do meio ambiente.

A falta de conscientização populacional favorece para que essa poluição venha a

aumentar com o passar dos dias. Esta poluição não acontece apenas pela falta de

saneamento básico, mas também, pela grande quantidade de lixo jogado ao curso deste

reservatório pela própria população, degradando cada vez mais o meio ambiente.

Kuhnen (2002, p. 82) afirma que:

O meio ambiente degradado é na verdade a manifestação concreta da

degradação das relações que os homens estabelecem entre si. Faz-se

necessária a criação de novos valores que tenham a capacidade de

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orientar as pessoas a refletir sobre o modo de vida, a quantidade e a

qualidade do lixo que produzem e o que fazem para se livrar dele.

Com esta falta de conscientização da população e a ausência de fiscalização da

Prefeitura, é possível perceber de forma totalmente exposta nas águas do reservatório,

uma enorme quantidade de lixo, provocada pelos próprios moradores e/ou

frequentadores, impactando na paisagem do açude, poluindo cada vez mais o seu leito.

Sãorelevantes as campanhas, os debates eas manifestações para que a sociedade em si,

possa criar novos valores e novas culturas, em termo de conscientização do meio

ambiente em que vivemos.Na Figura 22 – Lixos lançados no Açude Grande -, podemos

perceber lixos jogados pela própria população.

Figura 22: Lixos lançados no Açude Grande

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Durante vários anos, em boa parte desta localidade servia como depósito de lixo,

mas com a revitalização de uma área em seu entorno, local em que foi construído a

Praça do Leblon e as quadras poliesportivas, este problema não mais veio a acontecer,

mas, todavia, os resíduos continuam a serem lançados dentro do próprio reservatório,

ocasionando de toda forma, ou até mais agravante, para o meio ambiente.

O problema do impacto ambiental na área do açude grande e o seu entorno, não

se refere apenas o mau uso contínuo da população, mas principalmente pela ausência de

saneamento básico nas residências construídas próximas e nas margens do reservatório.

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De acordo com a pesquisa de campo, em conversa com os moradores, a situação

de algumas ruas próximas ao entorno são bastantes críticas. O Gráfico 04 – Saneamento

Básico - aborda o percentual dos imóveis entrevistados que possuem saneamento

básico. Em análise, percebemos que 73% dos entrevistados não disponibilizam de

saneamento básico em suas residências, 20% dos entrevistados dispõe deste serviço, e

7% dos entrevistados, não sabem o destino final dos resíduos do imóvel.

Os imóveis que não possuem rede de tratamento e coleta de esgoto.Segundo os

moradores, os resíduos finais das residências, tomam destino para uma vala, seguindo

direto para o afluente e o açude. Para estes moradores que não dispõem deste serviço é

cobrado à mesma taxa de esgoto,como qualquer outro imóvel que dispõe deste

serviço.Ou seja, o cidadão paga uma taxa abusiva para a Companhia de Água e Esgoto

da Paraíba (CAGEPA), que não dispõe do serviço, ficando sob a responsabilidade de

fiscalização da Prefeitura Municipal de Cajazeiras (PMC).

Gráfico 04 – Saneamento Básico

FONTE: Questionário de pesquisa - 2014

Os entrevistados demonstram insatisfação por não terem disponível o

saneamento básico em boa parte da área ao entorno do Açude Grande, impactando ao

meio ambiente, ocasionando poluição nas águas do reservatório e risco de contaminação

para a população.

20%

73%

7%

SIM

NÃO

NÃO SABE

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“Eu faço a minha reciclagem. O meu lixo é todo separado corretamente. Utilizo as

sacolas educativas há mais de 05 anos, mas me dói na alma, ver os resíduos de minha

residência ser lançados dentro do açude, e nenhum órgão toma providência, a única

coisa que posso fazer, é tentar economizar a água do meu imóvel”.8

Os moradores entrevistados, afirmam pagar taxas mensais abusivas para um

serviço que não dispõe na localidade, e acaba ocasionando danos ao meio ambiente,

poluindo rios e reservatórios.

“Na minha residência não possui saneamento básico, e o resíduo vai para uma vala,

que cai em um pequeno rio, e em seguida é lançado dentro do açude. Não podemos

evitar, pagamos a taxa mensal de saneamento, mas não temos este serviço disponível”.9

A coleta de lixo na localidade existe na maior parte das ruas. Segundo os

moradores, nas ruas com ausência da coleta, deve-se a ausência de infraestrutura delas.

Possui muitas pedras que danificam os caminhões na maior parte das coletas. Nas ruas

que não dão acesso, os funcionários vão recolher o material, ou na maioria das vezes, é

instalado um coletor para este armazenamento, e recolhidos em seguida. Podemos

perceber através do Gráfico 05 – Coleta de Lixo na Localidade -em que 80% dos

imóveis possuem coleta de lixo regularmente, e apenas 20% dos imóveis não dispõe

deste serviço.

8 Informação verbal do (a) entrevistado (a) MZBC

9 Informação verbal do (a) entrevistado (a) FEAS

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Gráfico 05: Coleta de lixo na localidade

FONTE: Questionário de pesquisa - 2014

A degradação deste meio aumenta diariamente de forma significativa, gerando

cada vez mais impactos ambientais. Cabe a cada cidadão a preservação pelo espaço em

que vive, preservando e trabalhando por um mundo melhor.

Por fim, os moradores que foram entrevistados abordam uma conscientização

para a preservação do meio ambiente, jogando o lixo apenas no lixo. Cabendo ao órgão

público a fiscalização e aplicação de multa a quem descumprir a lei, e o cumprimento

para as formas corretas do uso do solo.

3.3 A estrutura de saneamento residencial e comercial nas proximidades do açude.

Com base na análise estrutural de saneamento residencial e comercial nas

proximidades do Açude Grande, analisamos os dados fornecidos pela Companhia de

Água e Esgoto da Paraíba (CAGEPA). Estas informações são de suma importância,

para aprimorar os conhecidos adquiridos através do estudo de campo.

80%

20%

SIM

NÃO

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Para entendermos o contexto desta pesquisa, necessita-seda compreensão em

referencia ao tema saneamento. Segundo pesquisadores 10

saneamento é definido como

o conjunto de serviços e ações, com o objetivo de alcançar níveis crescentes de

salubridade ambiental, nas condições que maximizem a promoção e amelhoria das

condições de vida nos meios urbano e rural. Estabelecendo conjuntos de serviços

públicos constituindo, o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, o manejo de

resíduos sólidos e manejo de aguas pluviais, atendendo o projeto de Lei Federal

5.2896/2005.

Em decorrência da urbanização ocorrida na cidade durante todo o seu processo

histórico já salientado, houve um crescimento urbano de forma bastante significativa,

que acarretou várias construções para atender a demanda da população. Algumas destas

construções foram feitas em áreas ao entorno deste reservatório, em que na maioria das

vezes, não oferecia condições favoráveis para a subsistência da população, como por

exemplo, a ausência do saneamento básico.

Para com base nesta pesquisa, foi encaminhado o Ofício 01/2014 (apêndice 01)

destinado à empresa CAGEPA, solicitando a forma estrutural de saneamento das

construções adjacentes no entorno do reservatório. O estudo feito nesta área aborda o

recorte das ruas, as quais ficam geograficamente localizadas ao entorno do açude. Este

recorte foi possível através de análise de imagens de satélite, e em resposta aos dados

solicitados pela empresa citada, podemos perceber os expostos abaixo:

10

Sobre conceitos e compreensões de saneamento consultar obra – Recursos hídricos e saneamento /

Masato Kobiyama, Aline de Almeida Mota, Cláudia Weber Corseuil – Curitiba: Ed. Organic Trading,

2008.

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TABELA 01: Ruas ao entorno do reservatório com saneamento

Locais Número de Ligações

Rua Engenheiro Crispim Coelho 118

Rua Felismino Coelho 108

Travessa Bino 22

Travessa Felismino Coelho 08

Rua Epifânio Sobreira 79

Rua Higino Rolim 35

Rua Sousa Assis 36

Rua Dr. Aprígio de Sá 62

Avenida Barão do Rio Branco 55

Rua Antônio Pereira Filho 97

Fonte: Dados da CAGEPA - 2014

Com base nas informações expostas na Tabela 01 - Ruas ao entorno do reservatório

com saneamento-podemos analisar as ruas e a quantidade de imóveis localizados na área

adjacente ao entorno do reservatório. Estes imóveis possuem rede coletora de esgoto e

manutenção de saneamento básico. Para estes imóveis que possuem rede de esgoto, o

sistema de tratamento é feito através de tubos de PVC e cerâmica, tendo os seus

resíduos finais coletados e transportados para uma estação de tratamento da companhia.

Estes dados são de fundamental importância, para obtermos uma ideia de quantas

unidades estão construídas nas áreas mais próximas ao entorno, causando algum

provável dano ao meio ambiente. Kuhnen (2002, p. 80) afirma que“o problema da

poluição causada pelos resíduos aumenta na medida em que as cidades crescem e se

congestionam”.

Em decorrer do processo da urbanização, este lugar passou por modificações em

sua malha urbana, desde a sua origem até os dias atuais. A forma de como este espaço

foi se desenvolvendo aconteceu de forma desordenada, causando construções em área

de preservação ambiental, gerando degradação e impactos ao meio ambiente.

Na Tabela 02 – Ruas no entorno do reservatório sem êxito de dados cadastrais –

podemos analisar ruas construídas no entorno do reservatório, no entanto a empresa

CAGEPA, não disponibilizou dados suficientes para esta pesquisa, em virtude das

divergências cadastrais. Estas ruas encontram-se mapeadas através de imagem de

satélite, no entanto no banco de dados da referida empresa, não foram localizados.

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TABELA 02:Ruas no entorno do reservatório sem êxito de dados cadastrais

Locais Número de Ligações

Rua 78 00

Rua Vicente J. dos Santos 00

Rua Eng. Flávio Marques Soares

Medeiros

00

Rua 104 00

Rua Hercílio Reno de Sousa 00

Rua 90 00

Rua 92 00

Rua 95 00

Fonte: Dados da CAGEPA - 2014

Na Tabela 03 – Ruas Adjacentes que não dispõe rede de esgoto -com base nos

dados fornecidos pela CAGEPA, é possível destacar as duas principais ruas que não

dispõem de rede coletora de esgoto, e encontram-se construídas nas margens do

reservatório.

TABELA 03: Ruas adjacentes que não dispõe de rede de esgoto

Locais Número de Ligações

Rua Felismino Souza Rolim 29

Rua Coronel Vital Rolim 08

Fonte: Dados da CAGEPA - 2014

A tabela 03 exposta acima demonstra duas ruas cadastradas no entorno do

reservatório, não possuindo nenhuma rede coletora de esgoto. Analisando os dados

fornecidos pela empresa CAGEPA, nas ruas e avenidas em que os imóveis não são

atendidos por rede coletora de esgoto, ou seja, esgoto lançados ao ar livre ou fossa, o

mau cheiro e a sujeira proliferam bactérias nocivas à saúde, causando doenças como

verminose, hepatite, disenteria, leptospirose, dengue e cólera. Na cidade em questão, o

esgoto não coletado pela CAGEPA é destinado para galerias de águas pluviais que sem

nenhum tratamento são lançadas em canais, e misturam-se em lagos, rios e açudes.

Em virtude da falta de tratamento destes resíduos, ao serem lançadas diretamente

nas águas, poluem açudes, lagos e rios, afetando os recursos hídricos e a vida vegetal e

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66

animal, causando até grandes danos a saúde pública por meio de transmissão de

doenças.

A referida empresa informou que, essas galerias construídas são de

responsabilidade da PMC (Prefeitura Municipal de Cajazeiras), tendo como finalidade o

escoamento das águas das chuvas diretamente para dentro dos rios, e a sua construção é

feita por tubulações de concretos, geralmente com mais de meio metro de diâmetro. E

cabe a este órgão a sua fiscalização e penalidades através de multas.É totalmente ilegal

o lançamento de esgoto em área que recebem águas de chuvas.

“Para toda construção permanente em área urbana com condições de

habitabilidadeem via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água

e/ou de esgoto sanitário, deverá, obrigatoriamente, interliga-se à rede pública”, de

acordo com o disposto na Lei Federal nº 11.445/07, regulamentada pelo Decreto de Lei

7.217/2010.Ou seja, mesmo que o imóvel não possua rede de tratamento e coleta de

esgoto, é paga a taxa mensal pelo serviço que não é disponibilizada, ficando a cargo da

prefeitura local, a fiscalização e monitoração do mau uso das construções.

3.4 Revitalização e nova urbanização (os debates e os projetos executados –

públicos e/ou privados)

A cidade de Cajazeiras possui desde a sua origem, o Açude Grande, ao qual hoje

é denominado como um dos grandes pontos turísticos da cidade. Em virtude do

processo de urbanização, este reservatório passou por diversas modificações,

ocasionando assim alterações em sua formação e funcionalidade.

Em virtude deste processo de urbanização na área do entorno, influenciado por

um crescimento populacional desordenado e acelerado, provocando degradação do

espaço urbano e causando impactos ao meio ambiente. Devido ao acontecimento deste

processo, o reservatório sofre com essas agressões, impactando na poluição do seu

curso d’água, diminuindo a espécie aquática.

No decorrer dos anos, vários debates e projetos mantem-se ativos nas colunas

jornalísticas dos principais jornais locais, destacando anecessidade de uma nova

revitalização na área, com o intuito de promover aos moradores que ali residem, como

também ao restante da população, um local com maior atrativo turístico e ambiental

para a região.

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Para a análise destes debates e projetos executados, em referência ao processo de

revitalização e nova urbanização no entorno do açude Grande, obtém-se como fonte

histórica, os arquivos disponibilizados pelo Jornal Gazeta e Superintendência de

Administração do Meio Ambiente (SUDEMA). Nestes arquivos, é possível identificar

várias reportagens feitas ao longo dos anos, destacando-se temas para a revitalização e

preservação do local.

Na reportagem abaixo, aborda construções irregulares feitas nas margens do

açude, em que, mesmo com a notificação da Prefeitura local para a paralisação da obra,

o serviço continua de forma normal, como em qualquer outra área da cidade:

Uma construção feita nas margens do Açude Grande de Cajazeiras

chamou a atenção de ambientalistas e da sociedade cajazeirense, já

que a lei ambiental não permite que isto ocorra, como forma de

proteger os mananciais. Uma grande área está recebendo serviços de

terraplanagem, ao lado do açude. Segundo o Secretário de

Planejamento da Prefeitura Municipal de Cajazeiras, Gonzaga

Delfino, os responsáveis informaram que não estavam infringindo a

lei, tendo em vista que, não se tratava de edificações, mas sim, de

minicampos gramados, para prática de atividades esportivas, de um

projeto social. O secretário informou que mesmo assim, os

responsáveis foram notificados para paralisarem os trabalhos e

apresentarem o projeto à Secretaria de Planejamento, para um estudo,

bem como, uma consulta ao DNOCS, para saber se essas ações feriam

ou não a lei. O problema é que nossa reportagem esteve no local

ontem e constatou que os serviços não foram interrompidos e

máquinas continuam trabalhando no local. Segundo o engenheiro

agrônomo Adalberto Nogueira, não pode haver ocupação do solo,

numa área que vai até 100 metros da margem dos açudes. O problema

é que continuam construindo nos riachos, que levam as águas para o

açude grande, podendo causar problemas sérios de escoamento no

futuro. No seu entendimento, essas obras têm que ser embargadas

imediatamente, e caso, os proprietários persistam, o poder de polícia

deve ser usado. O engenheiro disse que a negligência por parte da

Prefeitura de Cajazeiras fez com que as pessoas construíssem casas e

outros imóveis, ao longo do tempo, praticamente dentro do açude,

principalmente no setor sul. Adalberto disse que o Ministério Público

Federal vem entrando com ações na Justiça solicitando a desocupação

dessas áreas e a demolição dos imóveis. Por sua vez, o professor da

UFCG, José Maria, que também é preocupado com a questão

ambiental, disse que o Ministério Público já solicitou um

levantamento das residências construídas nessa área de proteção do

açude, para em seguida, entrar com ação na justiça pedindo a

demolição dos imóveis. (ALBUQUERQUE 2011, p. A6).

Numa referida reportagem, que citamos abaixo,são considerados os debates

voltados à revitalização da área do entorno, como também, a unificação de novas

avenidas ao reservatório, tornando uma área mais ampla e arborizada:

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A prefeita de Cajazeiras, Denise Albuquerque foi convidada para

participar da solenidade, tendo em vista já que o ministro anunciou

para o município recursos inicial de R$ 7 milhões, para urbanização

do entorno do Açude Grande. Segundo o engenheiro Márcio Braga, o

projeto completo custará R$ 42 milhões. O ministro surpreendeu e

também anunciou a garantia de recursos no valor de R$ 15 milhões

para abertura de uma avenida na cidade. Segundo informações a ideia

do ex-prefeito Carlos Antônio e atual secretário de Planejamento da

Prefeitura de Cajazeiras é abrir uma avenida ligando a Avenida

Francisco Matias Rolim, passando pela Rua Bom Jesus, no Bairro dos

Municípios, cruzando a Avenida Donato Braga (Estrada do Amor),

passando ao lado do La Fiesta Recepções, até a PB 393. Seria uma

avenida toda arborizada, acompanhando a sangria do Açude Grande.

(ALBUQUERQUE 2013, p. A2).

Na reportagem abaixo, aborda o seu processo histórico, lazer e turístico, como

também a reconstrução da ponte sobre o sangradouro que antes era de madeira, e havia

sido destruída por grandes chuvas. Relata também, a apresentação de projetos para a

aquisição de recursos para dar continuidade a revitalização do local:

Hoje, a função do açude tem sito histórico e turístico. Carlos Antônio

quando prefeito conseguiu recursos no Ministério do Turismo e

reformou sua parede; reconstruiu a ponte sobre o sangradouro, que era

de madeira e foi arrancada durante uma grande enchente. A ponte faz

a ligação do centro e da zona sul com a zona norte. Carlos Antônio

também construiu um espaço de lazer no local, com quiosques e

quadras de esporte. Hoje a área é um espaço comunitário importante.

A prefeita Denise Albuquerque apresentou projeto no Ministério das

Cidades e tenta liberar os recursos para dar continuidade a este

trabalho de urbanização do entorno do Açude Grande, que começa no

sangradouro e vai até o Bairro dos Remédios, com uma avenida

pavimentada para prática de caminhada, ciclovias e arborização. O

projeto completo se estende pelo canal do sangradouro, até a Avenida

Donato Braga (Estrada do Amor) e custa mais de R$ 30 milhões. O

Ministério das Cidades chegou a disponibilizar R$ 7 milhões para o

início das obras, mas o município com pendências junto ao Governo

Federal, não conseguiu a liberação (ALBUQUERQUE, 2014, p. A5).

Na reportagem abaixo, aborda uma audiência pública para a discursão do projeto

de urbanização no entorno do açude Grande, envolvendo uma iniciativa da Associação

de Cajazeirenses e Cajazeirados (AC3):

Foi realizada na última terça-feira, às 17 horas, a Audiência Pública

para discutir o projeto de urbanização do entorno do Açude Grande,

uma iniciativa da AC3 - Associação de Cajazeirenses e Cajazeirenses

que resolveu fazer um concurso para escolher a melhor ideia e buscar

recursos para colocar em prática a iniciativa. A Audiência Pública foi

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aberta oficialmente pelo presidente Marcos Barros e após a

composição da mesa e da apresentação do Hino de Cajazeiras,

composição do poeta Cristiano Cartaxo foi feita a apresentação de um

Vídeo Documentário sobre a História do Açude Grande. A Audiência

Pública foi prestigiada por representantes da UFCG, MAC, Rotary,

Loja União Maçônica, Lions Clube, SINFUMC, secretários

municipais e cidadãos cajazeirenses preocupados com o destino do

manancial. Josias Ferreira Neto, diretor de Políticas Públicas da AC3

apresentou dez pontos que justificam o projeto de revitalização do

Açude Grande, destacando que o primeiro passo foi dado com a

conclusão do edital para a realização do Concurso, que definirá o

melhor projeto ou proposta de revitalização do entorno do velho

Açude de Cajazeiras. A presidente do Conselho de Arquitetura e

Urbanismo da Paraíba, Cristina Evelise disse que o Açude Grande é

uma das paisagens mais belas do Brasil com importância paisagística,

histórica e natural, de modo que Cajazeiras merece sonhar grande.

Segundo ela, no momento, a necessidade é conseguir recursos para a

realização do referido concurso. No seu discurso, o deputado estadual

Vituriano de Abreu (PSC), declarou total apoio ao projeto afirmando

que não medirá esforços e permanecendo a frente da Comissão de

Orçamento destinará o que puder de recursos para a aplicação no

projeto de Revitalização do Açude Grande. O prefeito Carlos Rafael

(PTB), também disse que estava à disposição e que iria se empenhar

na busca de recursos junto aos parlamentares em Brasília, buscando a

urbanização do importante espaço que tanto embeleza e eleva o nome

da cidade. Durante a audiência pública foi aberto o debate aos

presentes, que puderam apresentar propostas e ideias para a realização

do concurso e maneiras para os próximos passos do projeto. O evento

foi concluído com a leitura da Carta de Cajazeiras pelo radialista

Geraldo Nascimento. Em seguida, foi servido um coquetel para os

participantes. O senador Vital do Rêgo disponibilizou no PPA – Plano

Plurianual do Governo Federal, R$ 30 milhões, para despoluição e

revitalização do Açude Grande. Como o município está com

pendências junto ao governo federal, Josias entende que esses recursos

e outros que vierem a ser liberados, após a elaboração do projeto

poderão ser liberados via governo do Estado ou por meio de uma

entidade, inclusive, como exemplo, a Fundação Zerinho. O deputado

estadual José Aldemir falou no programa Rádio Vivo e destacou a

importância da iniciativa, também se colocando a disposição da AC3

(ALBUQUERQUE, 2012, p. A5).

Numa outra reportagem são abordadosos debates dos representantes da

Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA), com finalidade de

fiscalizar e discutir a questão das construções no entorno do açude Grande:

Representantes da SUDEMA - Superintendência de Administração do

Meio Ambiente estiveram em Cajazeiras na última quarta-feira, com a

finalidade de fiscalizar e discutir a questão de construções às margens

do açude do grande. Estiveram na cidade, Aderval Monteiro, assessor

técnico; Lica Neves, assessora técnica e Elaine Pedrosa, geógrafa,

com a finalidade de se reunirem com autoridades municipais,

principalmente ligadas às questões sobre a ocupação do solo, como

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Secretaria de Planejamento e Superintendência de Meio Ambiente e

representantes dos diversos segmentos do município interessados no

assunto. Eles estiveram acompanhados do ex-superintendente do Meio

Ambiente de Cajazeiras, ambientalista, Gilvan Meireles, que têm

muitos conhecimentos a respeito da problemática do Açude Grande,

pois já trabalhou o assunto. De acordo com a Área de Proteção

Ambiental do Açude Grande é proibida a construção de imóveis

comerciais ou residenciais até 30 metros de suas margens, espaço que

deve ser ocupado por vegetação nativa ou árvores frutíferas. Outro

problema do açude são os esgotos de parte da cidade que são

canalizados para o mesmo, provocando sua poluição, apesar da

CAGEPA, por determinação do Governo do Estado já está fazendo o

esgotamento de algumas ruas da parte sul. Uma grande parte dessa

área de proteção ambiental, prevista em lei já está ocupada, pois

ocorreram várias construções de imóveis e os representantes da

SUDEMA informaram que não têm mais o que ser feito

(ALBUQUERQUE, 2008, pág. B4)

Na reportagem abaixo, aborda um debate no Palácio da Redenção, visando à

preservação do açude Grande e de seu entorno, adotando possíveis medidas para um

projeto de revitalização.

Nesta sexta-feira (16), o secretário de Governo Lindolfo Pires recebeu, no

Palácio da Redenção, uma comissão da Associação dos Cajazeirenses e

Cajazeirados do Ceará (AC3). Na pauta, proposta de parceria para a

construção do Projeto Integrado do Açude Grande, de Cajazeiras, visando

sua preservação e a do seu entorno, além da revitalização turística do

manancial.A AC3 planeja realizar um concurso público nacional para a

escolha do melhor projeto em benefício do Açude Grande. Também estão

envolvidos na proposta de parceria a Universidade Federal de Campina

Grande (UFCG), campus de Cajazeiras, e o Instituto dos Arquitetos do

Brasil (IAB). Lindolfo Pires afirmou que o Governo do Estado é

receptivo à proposta da AC3, a ser analisada pelo governador e sua

equipe. Ele destacou a importância do Açude Grande para os

cajazeirenses, tanto do ponto de vista paisagístico quanto turístico. Josias

Farias, cajazeirense radicado no Ceará, participou da reunião e avaliou

que o Projeto Integrado do Açude Grande seria um atrativo turístico e

ambiental para toda a região. A AC3 quer apoio do Estado para promover

o concurso público, visando a escolha de um projeto que revitalize o

açude histórico. (GOVERNO DA PARAÍBA, 2011, s/d);11

Todos estes projetos e debates são de suma importância para o processo de uma

revitalização e nova urbanização adequada ao entorno do açude Grande. Mas, todavia,

esses debates devem sair do papel e serem postos em prática, uma vez que, esta é uma

11

Disponível em: http://www.paraiba.pb.gov.br/33958/revitalizacao-do-acude-grande-de-cajazeiras-e-

discutida-no-palacio.html> . Acesso em: 16 de dez. 2011.

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tarefa árdua e longa, e cabe ao Poder Público, a aquisição de recursos para a

implantação e execução destes projetos.

Havendo este processo de revitalização e favorecendo condições adequadas de

urbanização, a cidade é beneficiada como um todo, gerando assim um maior fluxo

turístico na área, como também a satisfação da população em geral.

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CAPÍTULO IV - OCUPAÇÃO, USO E DISCIPLINAMENTO DA ÁREA DO

ENTORNO

Podemos analisar que para a ocupação de um determinado espaço, reflete em um

processo de urbanização ocorrido na área, favorecido por um o êxodo rural e/ou a

migração de vilas e lugarejos, aumentando assim o crescimento populacional, gerando

aglomerações nos centros urbanos.

Este capítulo abordará as formas de ocupação que ocorrem na área do entorno do

Açude Grande, como também os seus usos diversificados com o seu aproveitamento do

potencial ativo. Apresenta também o disciplinamento no uso deste espaço público.

Dados estes, bastante importante, para analisar os problemas existentes.

4.1 A recente ocupação territorial

Para que haja o surgimento de uma determinada cidade, é necessária toda uma

origem histórica, a cidade não nasce apenas de uma “vila”, mas sim de diferentes

formas, constituindo-se ao longo do seu processo histórico.

Estas diferenciações quanto à origem da cidade, baseia-se numa concepção

teórico-metodológico, permitindo assim a relação entre a sociedade e a natureza. Com

isto, a natureza passa por diversas modificações humanas, ocasionando assim,

alterações em seu meio.

A ocupação territorial do entorno do Açude Grande, desde a sua origem até os

dias atuais, vem ocorrendo transformações de forma bastante significativa, gerando

inúmeras opiniões, sobre os problemas enfrentados nesta região por toda a população.

Em consequência da urbanização, este espaço territorial foi sendo modificado

pela ação humana, seja ela pela influência de moradores, comerciantes, ou

determinações políticas, influenciando assim na degradação do espaço e gerando

impactos ambientais. O lugar que era visto como uma região “pacata” foi ganhando

formas, movimentos, rendas e inúmeros impactos ambientais.

SegundoCarlos (2007, p. 57):

A cidade, em cada uma das diferentes etapas do processo histórico,

assume forma, características e funções distintas. Ela seria assim, em

cada época, o produto da divisão, do tipo e dos objetos de trabalho,

bem como do poder nela centralizado. Por outro lado, é necessário

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considerar que a cidade só pode ser pensada na sua articulação com a

sociedade global, levando-se em conta a organização política, e a

estrutura do poder da sociedade, a natureza e repartição das atividades

econômicas, as classes sociais.

É de suma importância entender que a cidade para a sua formação, necessita em

se organizar no espaço, integrando e aumentando a sua independência visando à

sobrevivência da população no lugar a qual se desenvolve.

Mesmo com as formas, características, funções distintas, etc., analisando ainda

alguns relatos de moradores através das entrevistas de campo, pessoas que residem ali

há muitos anos, questionaram que, após a desativação deste reservatório sobre o

abastecimento d’agua para a população, o lugar foi tornando-se esquecido pelo poder

público, se tornando assim, em boa parte do entorno, como fonte de lixões, jogados

pelos próprios moradores que ali residiam, impactando cada vez mais no meio

ambiente, e favorecendo a marginalidade, em virtude da ausência de policiamento

ostensivo no local.

No decorrer dos anos, alguns processos de revitalizações saíram das gavetas de

arquivos da Prefeitura Municipal de Cajazeiras (PMC), dando um marco inicial e indo

para a prática, favorecendo de certa forma o entorno deste reservatório. No entanto, os

recursos financeiros não foram suficientes para uma revitalização total, tendo apenas

algumas construções, favorecendo para a população uma área lazer, comércio, e cultura.

Algumas destas revitalizações que foram feitas, deram outra imagem ao reservatório,

voltando a ser frequentando com mais fervor, já que ali dispõe de alguns serviços

beneficentes para a população.

Com o avanço de urbanização em um determinado espaço, favorece a migração

de indivíduo do seu local de origem para os centros urbanos, em busca de melhores

condições de vida, como por exemplo: saúde, emprego, educação, etc. Devido a este

crescimento populacional, exigindo uma maior demanda de bens e serviços para suprir

as necessidades da população, ocasionando assim impactos ambientais em virtude do

uso incorreto do solo urbano.Carlos (2007, p. 45), enfoca que:

A cidade enquanto construção humana, produto social, trabalho

materializado, apresenta-se enquanto formas de ocupações. O modo

de ocupação de determinado lugar da cidade se dá a partir da

necessidade de realização de determinada ação, seja de produzir,

consumir, habitar ou viver.

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A recente ocupação territorial no entorno deste reservatório ocorre

constantemente e de forma acelerada, e em alguns casos, possuem formas desordenadas.

A população vinda para a cidade a procura de melhores condições de vida, e que não

tendo fins financeiros para residirem em casas com maior comodidade, vão procurar

localidades de menor custo, independente ou não das precariedades encontradas no

local, iniciando-se construções de formas desordenadas e irregulares, influenciado pelo

valor inferior a ser pago que a terra oferece. O reservatório apesar de estar localizado

em área do centro da cidade possui em suas extremidades áreas que estão sendo

habitadas a todo o momento, em virtude da desvalorização territorial, por não possuir

todas as condições de infraestruturas.

Carlos (2007, p. 48) afirma que:

A parcela de menor poder aquisitivo da sociedade restam às áreas

centrais, deterioradas e abandonadas pelas primeiras, ou ainda a

periferia, logicamente não arborizada, mas aquela em que os terrenos

são mais baratos, devido á ausência de infraestrutura, á distancia das

zonas privilegiadas da cidade, onde há possibilidade da

autoconstrução – da casa realizada em mutirão.

É possível perceber algumas construções mais recentes, feitas de formas

desordenadas causando impactos ao meio ambiente, como também, na maioria das

vezes, não favorece condições de vida saudável para a população que ali residem, como

podemos observar na Figura 23 - Casas residenciais construídas as margens do açude.

Figura 23: Casas residenciais construídas as margens do açude

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

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Existem algumas residências que foram construídas muito próximas às margens

do açude, influenciando assim, possíveis danos à população principalmente em época

do inverno, período que o fluxo da água aumenta, e o curso do leito estando menor em

virtude dos aterramentos, dificultando a passagem da água, principalmente pela enorme

quantidade de lixo existente, e plantas aquáticas.

Na Figura 24 - Cabanas nas margens do açude grande, habitada por moradores

de rua – podemos observar que no momento do estudo de campo, foi visualizado,

“moradores de rua”, com uma cabana montada bem próxima às margens do açude,

criando um risco a estes andarilhos, já que eles utilizam das águas do açude para banho,

alimentação, etc., favorecendo doenças e risco de vida.

Figura 24: Cabanas nas margens do açude grande, habitada por moradores de rua

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Hoje apesar de todos os problemas que o açude Grande enfrenta este

reservatório ainda dispõe de benefícios favorecendo assim a ocupação territorial em seu

entorno, como também a movimentação constante da população. Um destes benefícios

foi à construção de uma ponte que liga as extremidades do açude, facilitando assim, o

acesso para os moradores dos bairros vizinhos, como podemos visualizar na Figura 25 -

Nova ponte do açude Grande:

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Figura 25: Nova ponte do Açude Grande

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Estas alterações são ocasionadas para atender a recente ocupação territorial do

entorno do açude, que se dá com o uso do solo principalmente para setores comerciais e

residenciais, e a partir deste uso, cabe a cada indivíduo o papel que ocupará na região

(direta ou indiretamente), fazendo este uso de forma correta.

Com todas as mudanças que este reservatório passou, passa e que ainda

surgiram, é de sua importância o uso correto desta ocupação territorial. Apesar deste

açude se localizar na parte central da cidade, favorecendo o acesso de todos, possui um

marco histórico que deve ser mantido e revitalizado a cada momento, preservando o

meio ambiente, e tornando a cidade mais visitada.

4.2 Os usos diversificados do açude grande e aproveitamento do potencial ativo

O açude Grande possui em seu processo histórico, marcas de uma origem

simples, disponibilizando benefícios necessários e comuns para com a população,

atendendo a necessidade da sociedade existente na época. Com o passar dos anos, este

reservatório começa a sofrer mudanças no seu entorno, impactando assim para a

sobrevivência humana.

Em decorrer dos anos, inúmeros projetos, debates, campanhas, etc., foram sendo

analisados pelo poder publico, para que este reservatório pudesse obter novamente o

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brilho de sua origem, mas na prática o processo funciona de forma lenta, dificultando

cada vez mais uma nova forma de revitalização.

Após muitos anos, ocorreu um projeto de revitalização do entorno do açude

Grande. Trata-se da construção do denominado Leblon, gerando assim um projeto de

uma nova urbanização no local, abrindo um enorme leque de serviços que ali poderiam

ser fornecidos para a sociedade, favorecendo de certa forma, uma “melhor condição de

vida”.

Com esta construção o lugar passou a ser mais valorizado, gerando usos diversos

e aproveitando melhor este potencial diverso, ou seja, após esta revitalização, a área do

entorno passou a ser visitada diariamente por inúmeras pessoas, na busca de diversos

serviços, como também benefícios à saúde, existindo ali, uma relação forte entre o

homem e a natureza.

SegundoCarlos (2007, p. 50),

O espaço é entendido em função do processo de trabalho que o produz

e reproduz a partir da relação homem com a natureza. Assim, o espaço

se cria a partir da relação que é totalmente transformada no curso de

gerações. Da natureza brindada ao homem, a terra se transforma em

produto na medida em que o trabalho a transforma substancialmente

em algo diferente.

Com esta revitalização, o uso deste entorno passou a se adequar a necessidade da

população, modificando a sua forma de origem, e gerando várias formas que ali não

existiam. Partindo apenas de um simples açude, para a comercialização, moradias e

diversos benefícios a sociedade.

O ambiente ficou bastante conhecido não apenas na cidade de Cajazeiras, mas

em diversas regiões, atraindo olhares aos turistas que vem na cidade a passeio ou a

trabalho, servindo até de cartão postal, com uma bela paisagem.

Hoje, apesar de todos os impactos que são relatados sobre o Açude Grande, esta

área oferece para a população, usos diversificados para o aproveitamento do potencial

ativo. Este local predomina um fluxo de maior concentração populacional em busca de

uma área ampla, ao qual dispõe serviços como comércio, caminhadas, cultura, lazer,

esportes, etc.,

A população usufrui de uma magnifica paisagem, em que já comprovado por

diversos moradores, possuindo o pôr-do-sol mais lindo da região, tendo uma área

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ampla, arejada, mas que precisa de cuidados, em virtude de que, a cada dia, o entorno

fica menor a partir dos aterros, construções e despejos de lixos.

Nas figuras abaixo, listamos uma diversidade de formas ao qual o entorno do

reservatório oferece para a população, usufruindo para um uso diversificado e o

aproveitamento deste potencial ativo. Nesta área, podemos identificar que a população

dispõe de uma área ampla favorecendo para caminhadas, lazer, cultura, comércio, entre

outros.

Figura 26: Pôr-do-Sol do Leblon – Cajazeiras-PB

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

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Figura 27:Quadras para atividades escolares - Leblon

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Figura 28: Incentivo a prática de esporte - Leblon

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

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Figura 29: Atividades recreativas particularese entrevista com a população – TV Paraíba

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Na Figura 30 - Atividades recreativas particulares e entrevista com a população

– TV Paraíba - podemos perceber também, além de atividades recreativas particulares,

foi presenciar no ato do estudo de campo, a equipe da TV Paraíba, entrevistando alguns

moradores sobre qual a importância deste reservatório, como também, o que significa

este lugar para a população, para que serve esta área, e o que podemos fazer para

melhorar este ambiente, conscientizando a sociedade de um mundo melhor, preservando

assim o meio ambiente ao qual vivencia.

Com todos esses usos diversificados, o entorno do açude Grande vem

conquistando formas a cada dia que passa, aumentando o fluxo de pessoas à procura de

bem estar. No local dispõe de uma passarela destinada principalmente para caminhadas,

ginástica semanal com acompanhamento de professores, quadras recreativas, pontos

comerciais no período da noite com o uso de quiosques, disponibilizando brinquedos

particulares, como por exemplo: pula-pula, balões, mini motocicletas, etc.

Mesmo com todos esses usos diversificados, nem sempre o seu uso é de forma

satisfatória. É de fácil percepção a falta de conscientização humana para com o meio

ambiente, em que, a população dispõe de inúmeras formas para aproveitar toda a área,

mas acaba agredindo o meio ambiente e poluindo cada vez mais as águas deste

reservatório, seja jogando lixo no açude, ou até mesmo através da imagem que podemos

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observar na Figura 30 - Lavagem de motos pela população nas margens do

açude,abaixo:

Figura 30: Lavagem de motos pela população nas margens do açude

FONTE: Acervo particular, autoria de Maria do Socorro M. de Arruda - 2014

Isto é um fato constante, não apenas para a lavagem de motos, mas como

também, é utilizado para lavagem de roupas, água para animais, e até mesmo,

moradores pescando neste reservatório para a venda normal dos peixes, sem levar em

consideração a água poluída, causando sérios riscos à saúde.

Nesta perspectiva Carlos (2007, p. 41), afirma que:

O uso do solo não se dará sem conflitos, na medida em que são

contraditórios os interesses do capital e da sociedade como um todo.

Enquanto o primeiro tem por objetivo sua reprodução através do

processo de valorização, a sociedade anseia por condições melhores

de reprodução da vida em sua dimensão plena.

A ocupação deste solo predomina uma relação de conflitos independentemente

de suas diversidades, ao qual a população almeja por melhores condições de vida,

enquanto o Estado tem como objetivo os processos de valorizações para com o capital.

Apesar de todas estas diversidades, os moradores relatam que necessitam de

outros tipos de melhorias, como por exemplo, a questão da segurança no local. Durante

a movimentação da população não existe praticamente policiamento, exceto, em

períodos com festividades e/ou finais de semanas. Necessitando não apenas neste

período, mas sim em todos os dias, já que, o fluxo da população é diário.

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Os usos diversificados que o entorno do reservatório oferece a população, é de

suma importância, porém, mas é fundamental o uso correto deste potencial, uma vez

que, a sociedade não percebe os danos que são causados ao meio ambiente, quando são

jogados lixos no açude, ou até mesmo, a não preservação da praça, com pichações,

danificações nas gramas e árvores. Para que haja a preservação desta área é necessário

também, a fiscalização rigorosa por parte do Poder Público, para o cumprimento de leis

em vigor.

Por fim, esta área dispõe de diversos serviços oferecidos a população, mas com a

aplicação de uma melhor revitalização e fiscalização na área, este entorno desenvolveria

novas formas de usos, favorecendo a sociedade como um todo.

4.3 Disciplinamento no uso desse espaço público

O espaço público em sua formação física é composto seja por um lugar, praça,

rua, praia, shopping, ou seja, qualquer tipo de espaço que não haja obstáculos, e as

pessoas possam ter o acesso livremente. Entretanto, todo espaço possui a sua regra, seja

ele público ou privado. Apesar de ser um espaço público, não quer dizer que não

existam leis e diretrizes, sejam eles municipais, estaduais, ou federais.

O açude Grande é uma destas áreas denominada como espaço público, e este

espaço requer o disciplinamento correto de seu uso. Para haver este uso do espaço de

forma correta, é necessário o cumprimento de normas e leis, por parte da sociedade, e a

fiscalização rigorosa do Poder Público. Neste sentido Gomes (2006, p. 166), afirma que

“O que constrói o espaço público é a obediência á lei e a seus limites”.

O espaço público vai além da sua formação física, formando-se também através

das práticas e dinâmicas sociais que se desenvolvem no espaço, unificando-se assim,

formando um forte elo entre a sua configuração física, seus usos e sua vivência efetiva.

Com isto, o açude Grande é possuidor de um amplo espaço público, e com a

presença diária da população neste local, necessita assim rigorosamente do

cumprimento das leis aplicadas pelo município.

A PMC é responsável pela fiscalização das Leis implantadas ao município,

cabendo a este órgão a punição aos moradores que infringirem a lei. As principais Leis

que podemos abordar para o disciplinamento no uso deste espaço público localizado ao

entorno do Açude Grande são:

O Plano diretor do município, de Lei de nº. 1.666/2006:

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Art. 1 - O Plano Diretor é o instrumento básico, global e estratégico

da politica de desenvolvimento do município. Sua finalidade é o orientar a

atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços,

urbano e rural, na oferta dos serviços essenciais, visando assegurar melhores

condições de vida para a população.

[...]

Art. 2 – São objetivos gerais do Plano Diretor do Município:

I – Assegurar que a ação pública ocorra de forma planejada;

II – Assegurar a função social da propriedade urbana e dos espaços urbanos;

VI – Preservar e desenvolver os bens culturais em geral e o meio ambiente;

IX – A adequada distribuição e suprimento de infraestruturas.

[...]

Art. 4 São objetivos básicos referentes ás Leis especificas e

complementares a este Plano:

I – Proteger, preservar e restaurar o meio ambiente;

III – Proteger, preservar e restaurar o Patrimônio Histórico, Artístico;

Cultural, Arqueológico e Paisagístico;

VIII – Evitar a dispersão de ocupação do território;

IX – Garantir a adequada ocupação do lote urbano;

XI – Garantir áreas adequadas para o uso residencial;

XII – Garantir áreas adequadas de lazer.

[...]

Art. 15 Para fins desta Lei e das Leis especificas e complementares,

são adotadas as seguintes definições:

VIII – Infraestrutura e Serviços Básicos – Os sistemas de

abastecimento de água, coleta e destinação final de esgotos, drenagem de

águas pluviais, energia elétrica, iluminação pública, vias pavimentadas e

coleta de lixo com sua destinação final.

[...]

Art. 17 Os objetivos referentes à Politica Habitacional são:

f) Coibir aglomerados populacionais a se instalarem em áreas de

preservação ambiental, insalubres e perigosas ou destinadas á expansão

econômica, industrial, turísticas e afins.

Art. 18 A Politica Habitacional contemplará, no mínimo, diretrizes,

projetos e programas sobre:

II – Definir uma política de saneamento básico;

V – Reassentar as populações residentes em áreas de risco, insalubridade e

preservação ambiental;

[...]

Art. 29 Os objetivos básicos referentes á Política Ambiental são:

I – Preservar, melhorar e recuperar o Meio Ambiente;

IV – Impor ao poluidor e ao agressor do meio ambiente a obrigação de

recuperar e indenizar os danos causados ao meio ambiente;

VI – Desenvolver atividades educativas junto á comunidade, no sentido, de

resgatar a qualidade de vida e do meio ambiente;

IX – Dar destino tecnicamente adequado ao lixo urbano e rural.

Art. 30 A Política Ambiental contemplará, no mínimo, Diretrizes,

Projetos e Programas sobre:

II – Controle da poluição de água e do solo, incluindo a poluição

sonora;

VII – Implantação de politicas relacionadas à educação ambiental,

envolvendo a população por meio de campanhas educativas;

IX – Melhorar o sistema municipal de coleta de lixo;

XVIII – Impedir a ocupação das margens dos rios, barragens e açudes por

habitações irregulares com monitoramento e vigilância, com as

comunicações, com as associações de moradores de bairros e áreas

ribeirinhas;

XX – Fazer cumprir a legislação no que se refere à prática de crimes

ambientais. (PLANO DIRETOR, LEI nº 1.666/2006)

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Lei nº 667/79 – CÓDIGO DE POSTURAS:

Art. 1 Este código contém as medidas de policia administrativa a

cargo do Município em matéria de higiene, ordem pública e funcionamento

dos estabelecimentos comerciais e industriais, mercados, feiras, matadouros e

cemitérios, estatuindo as necessárias relações entre o Poder Público local e os

municípios.

[...]

Art. 4 será considerado infrator todo aquele que cometer, mandar,

constranger ou auxiliar alguém a praticar a infração e, ainda, os encarregados

de execução das leis que, tendo conhecimento da infração, deixarem de atuar

o infrator.

[...]

Art. 25 O serviço de limpeza de ruas, praças e logradouros públicos

será executado diretamente pela prefeitura, por concessão ou através de

contrato.

[...]

Art. 29 Para preservar de maneira geral a higiene pública, fica

terminantemente proibido:

II – consentir o escoamento de águas servidas das residências para as ruas;

[...]

Art. 84 É proibida a permanência de animais nas vias públicas.

Art. 85 Os animais encontrados nas ruas, praças, estradas ou

caminhos públicos serão recolhidos ao depósito da municipalidade.

Lei nº. 644/76 – Código do urbanismo e obras:

Art. 1 O presente CÓDIGO DE URBANISMO E OBRAS aplica-se

a todo este município, disciplinando a organização do espaço, fixando

diretrizes para todas as construções, objetivando dotar a cidade de condições

favoráveis de habitação, meio de circulação, locais de trabalho e lazer, de

forma harmônica e consonância com a preservação de locais paisagísticos e

edificações de valor histórico e/ou cultural.

Art. 2 Visando preservar o equilíbrio ecológico do Município,

caberá ao órgão de Urbanismo e Obras analisar todos os projetos e/ou obras

que possam desfigurar a paisagem natural e prejudicar a amenidade do clima

da região, compatibilizando-os com essas prerrogativas.

[...]

Art. 47 Qualquer construção, reforma, reconstrução, demolição,

instalação pública ou particular, só poderá ter inicio depois da licenciada pela

Prefeitura, que expedirá o respectivo alvará, observada as disposições deste

Código.

[...]

Art. 82 A fiscalização de obra, licenciada ou não, será exercida pelo

Órgão de Urbanismo durante toda a sua execução até expedição do “habite-

se” regular.

[...]

Art. 100 Sempre que verificada a existência de obra não licenciada

ou licenciada cuja execução divirja de projeto aprovado, poderá a Prefeitura

determinar sua demolição ás custas do infrator.

[...]

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85

Art. 105 Toda edificação deverá observar, especificamente, as

seguintes condições:

II – Ter seu sistema de esgoto ligado á respectiva rede pública, onde houver,

ou fossa séptica adequada.

Portanto,com o estudo destas leis, constatamos a necessidade da fiscalização

árdua para o disciplinamento do uso deste espaço público, localizado no entorno do

açude Grande, pois, trata-se de uma área em constante evolução, em que a fiscalização é

lenta, ocasionando assim, descumprimento em boa parte das leis.

No tocante ao problema ambiental percebido na área, a população não usa da

consciência aos danos provocados ao meio ambiente, seja ela pelas construções

desordenadas, lançamento de lixo nas águas do reservatório, saneamento básico, entre

outros, sem severas punições.

Para que haja um bom disciplinamento no uso do espaço público, não basta

apenas à aplicação de leis, e sim o seu cumprimento. A sociedade é o foco primordial

para o avanço de um determinado local, cabe a cada cidadão, o seu uso de maneira

correta, e ao poder público a fiscalização e a aplicação de multas as pessoas que

infringirem as leis.

O disciplinamento e o uso correto de um espaço seja ele privado ou público, só

gera benefícios para todos que os necessitam, favorecendo assim, uma melhor qualidade

de vida, e preservação do meio ambiente.

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86

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo da urbanização ocorre em diferentes formas e processos históricos,

desenvolvendo-se ao longo dos anos, provocando mudanças desiguais no espaço

territorial para as diversas classes sociais. Percebemos que a urbanização é caracterizada

por processos sociais que rebatem na produção dos espaços e que se refere às mudanças

nas relações comportamentais e sociais, que ocorrem na sociedade, como resultado de

pessoas morando em cidade.

A urbanização é um fenômeno de extrema complexidade, representando

geograficamente o desenvolvimento de um determinado espaço territorial, modificando

o meio, tornando-o cidade, com toda a sua complexidade de significações. Esse

desenvolvimento envolve as modificações que ocorrem na malha urbana, sejam pelas

construções de casas, prédios, avenidas, escolas, hospitais, entre outros.

Este trabalho monográfico obteve como entendimento os processos ocorridos na

área do entorno do açude Grande, localizado na cidade de Cajazeiras – PB. Esta

mudança originou-se a partir do processo de urbanização ocorrido na cidade,

ocasionando assim, um crescimento populacional acelerado, gerando alterações no

espaço urbano.

O açude Grande em sua origem possuía um amplo espaço descampado, e por

localizar-se na parte central da cidade, favorecia a urbanização do seu entorno. Este

crescimento urbano foi se desenvolvendo de forma acelerada e desordenada, causando o

aproveitamento do espaço de maneira desorganizada.

Com o avanço da urbanização no local, influenciava a migração de populações

que moravam em vilas e lugarejosvizinhos, em buscar melhores condições de vida,

como escola, hospitais, comércio, entre outros, causando assim, aglomerações gerando

condições de vidas precárias, em que, na maioria das vezes, esta população não tinha

condições de vida, estando obrigadas a morarem em vilas, bairros carentes, sem uma

infraestrutura adequada para a sobrevivência humana.

Analisamos esta pesquisa no tocante para o processo da urbanização ocorrida, e

os seus fatores que influenciaram na modificação do espaço urbano. Este processo ao se

desenvolver, provoca transformações na malha urbana, gerando serviços para suprir a

necessidade da população, afetando assim o meio ambiente.

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O açude Grande em sua origem servia para o abastecimento da população

ribeirinha, e com todo o processo do crescimento populacional, deixou de abastecer a

cidade. Em virtude deste crescimento, a área do entorno do reservatório foi explorada de

uma forma a agredir o meio ambiente, causando aterros para suprir as necessidades das

construções residenciais e /ou comerciais, nas margens do reservatório, causando

impactos nas águas do açude devido à ausência de uma infraestrutura adequada.

A maioria das construções feitas ao entorno deste reservatório, ficaram bem

próximas à margem do açude, provocando poluição as aguas deste reservatório, devido

à falta de saneamento básico, e os resíduos finais serem dejetados nas águas deste

açude.

Em decorrência do processo de urbanização, este reservatório passou por

diversas transformações, tanto em seu curso d’água como também ao seu entorno. Com

o desenvolvimento deste processo, favoreceu um aumento significativo para o

crescimento populacional, gerando assim o êxodo rural, e aumentando a ocupação

urbana.

A partir do momento em que ocorre o crescimento populacional, facilita a

degradação do meio ambiente, em virtude da falta de conscientização humana, para a

preservação do meio em que vive.

O modo ao qual o individuo esteja inserido ao meio, é de suma importância,

devido à existência de uma infinidade representações sociais, seja ela por interagir-se,

compartilhar, respeitar, etc., mantendo a relação do individuo-sociedade.

É de suma importância abordar os usos diversificados que este reservatório

representa para a população, uma vez que, é feita o aproveitamento deste uso para

diversificadas finalidades.

Com a variedade das formas de uso desta área, cabe ao Poder Público aplicar

fiscalização rigorosa, para o cumprimento de leis em vigor, para a preservação do meio

ambiente, e o uso disciplinado deste espaço público.

Por fim, este trabalho é de suma importância para o entendimento de todo o

processo ocorrido na área, no tocante para urbanização desenvolvida, favorecendo o

crescimento populacional ao entorno deste reservatório, impactando a sua forma de

origem e causando danos para a população. Esta é uma área de um forte ponto turístico,

mas que precisa de uma revitalização, para oferecer melhores serviços à população

presente.

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REFERÊNCIAS

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transformação e conservação. 1ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São

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Açude Grande. Jornal Gazeta, Cajazeiras, n. 695, p. A5, 30 de mar. a 05 de abr. 2012.

ALBUQUERQUE, José Antônio de. Canal do sangradouro esta obstruído pelas plantas

que descem nas águas do Açude Grande. Jornal Gazeta, Cajazeiras, n. 486, p. B4, 04 a

10 de abr. 2008.

ALBUQUERQUE, José Antônio de. Paraíba é campeã. Jornal Gazeta, Cajazeiras, n.

659, p. A6, 22 a 28 de jul. 2011.

ALBUQUERQUE, José Antônio de. População celebra Paixão de Cristo. Jornal

Gazeta, Cajazeiras, n. 802, p. A5, 17 a 24 de abr. 2014.

ALBUQUERQUE, José Antônio de. Prefeita Denise encontra dívida de quase 20

milhões. Jornal Gazeta, Cajazeiras, n. 736, p. A2, 11 a 17 de jan. 2013.

CABRAL FILHO, Severino. O pão da memória: velhos padeiros, lembranças,

trabalho e história. João Pessoa: Editora Universitária / UFPB, 2004.

CAMARGO, Luis Henrique Ramos de. Ordenamento territorial e complexidade:

por uma reestruturação do espaço social. In:_Ordenamento territorial: coletânea de

textos com diferentes abordagens no contexto brasileiro. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand

Brasil, 2009.

CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. 8ª ed. São Paulo: Contexto, 2007.

CÉSAR, Cláudio. SUDEMA proíbe construções ás margens do Açude Grande.

Governo da Paraíba, ano 2011, sexta-feira, 16 dez. 2011. Disponível

em:<http://www.paraiba.pb.gov.br/33958/revitalizacao-do-acude-grande-de-cajazeiras-

e-discutida-no-palacio.html>>. Acesso em: 16 de dez. 2013.

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89

COSTA, Márcia Regina Romeiro. Os arquitetos da memória: a sociogênese das

práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de

Janeiro: Editora UFRJ, 2009.

COSTA, Antônio Assis de. As Cajazeiras que eu vi e onde vivi. João Pessoa: Gráfica

Progresso, 1986.

DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli R;O processo de urbanização no Brasil. 2ª ed. São

Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.

GOMES, Paulo Cesar da Costa. A condição urbana: ensaios de geopolítica da

cidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

GOVERNO DA PARAÍBA. Revitalização do açude Grande. Disponível

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e-discutida-no-palacio.html>. Acesso em: 16 de dez. 2013.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br,

- Acesso em 11/11/2013.

KUHNEN, Ariane. Lagoa da Conceição: meio ambiente e modos de vida em

transformação. 1ª ed. Florianópolis: Cidade Futura, 2002.

KOBIYAMA, Masato. MOTA, Aline de Almeida. CORSEUIL, Cláudia Weber.

Recursos hídricos e saneamento. Curitiba: Ed. Organic Trading, 2008.

Lei nº 667/79 – CÓDIGO DE POSTURAS Disponível em:

www.portaltransparencia.com.br> Acesso em 16 de dez 2013

Lei nº. 644/76 – CÓDIGO DO URBANISMO E OBRAS. Disponível em:

www.portaltransparencia.com.br> Acesso em 16 de dez 2013

Lei de nº. 1.666/2006 – Plano Diretor Disponível em: www.portaltransparencia.com.br>

Acesso em 16 de dez 2013

REBOUÇAS, Aldo da Cunha. Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e

conservação. 3ª ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.

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90

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4ª ed.

2 reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

SANTOS, Milton. Da totalidade ao lugar. 1ª ed. São Paulo: Editora da Universidade

de São Paulo, 2008.

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 2ª ed. São Paulo: Nobel, 1993.

SCHUMACHER, M. V.; HOOPE, J. M. A floresta e a água. 1ª. Ed. Porto Alegre:

Pallotti, 1998.

SEABRA, Odette. C. L. Urbanização e Fragmentação: a natureza natural do

mundo. Revista do Departamento de Geografia UFES, Vitória - ES, v. 1, n.1, p. 73-78,

2000.

SILVA FILHO, Osmar Luiz da. Na Cidade da Parahyba: o percurso e as tramas do

moderno. Tese (Doutorado em História). Universidade Federal de Pernambuco. Recife,

1999.

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APÊNDICE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

ALUNA: MARIA DO SOCORRO MOREIRA DE ARRUDA

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

DADOS DO ENTREVISTADO:

INICIAIS DO NOME: ______________________________________________

LOCALIDADE DA ENTREVISTA: ____________________________________

BAIRRO: __________________ DATA: ________ CIDADE: ______________

PERGUNTAS PARA ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO:

1. Quantas pessoas moram na residência?

( ) 1 a 5 ( ) 5 a 8 ( ) de 8 ou mais.

2. Há quantos anos moram nesta residência?

( ) menos de 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos.

3. Você considera que a sua residência fica muito próxima a área do entorno do

açude, estando sujeita a riscos? Como por exemplo: enchentes ou doenças

causadas pelas águas ou materiais depositados no açude.

( ) Sim ( ) Não Porque? __________________________________

4. Em sua opinião, as casas que foram feitas ao entorno do Açude Grande, estão

construídas de forma regular?

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93

( ) Sim ( ) Não Por quê? __________________________________

5. Em sua opinião, quais foram às alterações que ocorreram ao entorno do açude,

prejudicando o meio ambiente?

__________________________________________________________

6. Você acha que a água do açude é poluída?

( ) Sim ( ) Não Por quê? __________________________________

7. Caso a resposta acima seja positiva, responda:

Em sua opinião, o que causou essa contaminação?

__________________________________________________________

8. Em sua rua, existe coleta de lixo?

( ) Sim ( ) Não Quantas vezes por semana? _________________

9. Caso a resposta acima seja negativa, responda:

Se não existe coleta de lixo, qual o seu destino final?

__________________________________________________________

10. De forma geral, o que representa o açude grande?

__________________________________________________________

11. Como você visualiza hoje esta localidade?

__________________________________________________________

12. Qual é o destino final dos resíduos líquidos na residência?

__________________________________________________________

13. Qual é o uso desta área?

__________________________________________________________

14. Como você contribui para melhorar a qualidade da área do açude?

__________________________________________________________

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94

Oficio 01/2014

AO ILMO. GERENTE CAGEPA

CAJAZEIRAS – PB

Ao tempo em cumprimento Vossa Senhoria, venho através deste solicitar os bons

préstimos desta empresa CAGEPA.

Eu, Maria do Socorro Moreira de Arruda, aluna concluinte do Curso de Licenciatura

Plena em Geografia da Instituição Federal (UFCG), portadora da matricula 206130469,

necessito de alguns dados desta empresa, para a conclusão de um trabalho monográfico.

Em virtude do final do período e após alguns ajustes no calendário da instituição, estou

necessitando das informações abaixo, se possível em caráter de urgência.

Assunto referente: Como é feita a estrutura de saneamento residencial/comercial, das

ruas mais próximas ao entorno do Açude Grande. Se existe saneamento ou não, como é

feito esta coleta, a quantidades das casas que possuem este serviço e as que não

possuem.

Feito um mapeamento, e as ruas mais próximas ao entorno são: Rua 78; Rua Felismino

Souza Rolim; Rua Vicente J. dos Santos; Rua Eng. Flavio Marques Soares Medeiros;

Rua 104; Rua Crispim Coelho; Rua Felismino Coelho; Rua Hercílio Reno Souza;

Travessa Binoti; Travessa Felismino Coelho; Rua Epifanio sobreira; Rua Higino Rolim;

Rua Souza Assis; Rua Dr. Aprígio de Sá; Avenida Barão do Rio Branco; Rua Antonio

Pereira Filho; Rua Coronel Vital Rolim; Rua 95; Rua 92 e Rua 90.

Aguardo informações em referencia se possível, pelo contato:

Telefone: 91416380/96205221/35312068

E-mail: [email protected]

Sem mais, agradeço a atenção, e sei do compromisso desta empresa para com o cidadão.

Atenciosamente,

Maria do Socorro Moreira de Arruda

Cajazeiras 11/04/2014

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95

Oficio 02/2014

AO ILMO. RESPONSÁVEL PELO JORNAL GAZETA

CAJAZEIRAS – PB

Ao tempo em cumprimento Vossa Senhoria, venho através deste solicitar os bons

préstimos desta empresa.

Eu, Maria do Socorro Moreira de Arruda, aluna concluinte do Curso de Licenciatura

Plena em Geografia da Instituição Federal (UFCG), portadora da matricula 206130469,

necessito de alguns dados desta empresa, para a conclusão de um trabalho monográfico.

Em virtude do final do período e após alguns ajustes no calendário da instituição, estou

necessitando das informações abaixo, se possível em caráter de urgência.

Assunto referente: DEBATES E PROJETOS EXECUTADOS (PÚBLICOS E/OU

PRIVADOS) PARA UMA NOVA URBANIZAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DO

AÇUDE GRANDE

Aguardo informações em referencia se possível, pelo contato:

Telefone: 91416380/96205221/35312068

E-mail: [email protected]

Sem mais, agradeço a atenção, e sei do compromisso desta empresa para com o cidadão.

Atenciosamente,

Maria do Socorro Moreira de Arruda

Cajazeiras, 14/04/2014

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COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTOS DA PARAÍBA

GERÊNCIA REGIONAL DO ALTOPIRANHAS

SUBGERÊNCIA DE CONTROLE OPERACIONAL

Ofício: 14/2014. Cajazeiras, 28 de abril de

2014.

Maria do Socorro

Cajazeiras – Paraíba.

Assunto: Informações sobre coleta do esgotamento sanitário.

Em presença do ofício de nº 001/2014 encaminhado, informo que a rede de esgoto

é um sistema fechado por tubos de PVC e cerâmica, que coletam o esgoto nas casas e o

transportam para uma estação de tratamento.

Nas ruas e avenidas em que os imóveis não são atendidospor redes coletoras de

esgoto, ou seja, onde existem esgotos ao ar livre ou fossa, o mau cheiro e a sujeira proliferam

bactérias nocivas à saúde. Na cidade de Cajazeiras, o esgoto não coletado pela CAGEPA é

destinado para galerias de águas pluviais que sem qualquer tratamento são lançadas em

canais. Essas galerias são de responsabilidade da PREFEITURA.

A estrutura e função das redes coletoras de esgoto são diferentes das galerias de

águas pluviais, caracterizadas por tubulações de concreto, geralmente com mais de meio

metro de diâmetro, instaladas pelas prefeituras, que servem para escoar as águas das chuvas

diretamente nos rios.

Assim sendo, nos casos em que o imóvel dispõe do serviço de coleta e tratamento de

esgoto, e mesmo assim continua a lançar os seus resíduos nas galerias, a prefeitura tem poder

de polícia para fiscalizar e multar. Vale salientar também que é ilegal o lançamento de águas

de chuva na rede coletora de esgoto.

Importante ainda afirmar que, toda construção permanente urbana com condições de

habitabilidade em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou

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de esgotamento sanitário deverá, obrigatoriamente, interliga-se à rede pública, de acordo com

o disposto na Lei Federal nº 11.445/07, regulamentada pelo Decreto de Lei 7.217/2010.

Seguem na relação abaixo, os dados sobre a estrutura de saneamento residencial e

comercial nas proximidades do açude grande:

Algumas ruas adjacentes ao Açude Grande possuem rede de abastecimento de água e rede

coletora de esgoto. Dentre estas podemos citar:

Locais Número de Ligações

Rua Engenheiro Crispim Coelho 118

Rua Felismino Coelho 108

Travessa Binô 22

Travessa Felismino Coelho 08

Rua Epifâneo Sobreira 79

Rua Higino Rolim 35

Rua Sousa Assis 36

Rua Dr. Aprígio de Sá 62

Avenida Barão do Rio Branco 55

Rua Antônio Pereira Filho 97

As ruas abaixo mencionadas não são cadastradas na CAGEPA, creio que os nomes devem ser

outros:

Rua 78

Rua Vicente J. dos Santos

Rua Eng. Flávio Marques Soares Medeiros

Rua 104

Rua Hercílio Reno de Sousa

Rua 90

Rua 92

Rua 95

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Já as ruas abaixo, NÃO DISPÓE de rede coletora de esgoto:

Locais

Rua Felismino Souza Rolim (BAIRRO REMÉDIOS)

Rua Coronel Vital Rolim

Sem mais para o momento, desde já estou sempre à disposição para o que se fizer

necessário.

Clóvis Alberto Pereira de Abrantes Júnior

Subgerente de Controle Operacional - SPAP