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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS DE JATAÍ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO FLUXOGRAMA DO ABATE DE AVES E ÍNDICE DE ABSORÇÃO DE ÁGUA EM CARCAÇAS DE FRANGO Vanessa de Freitas Ferreira Orientadora: Prof a . Drª. Cleusely Matias de Souza JATAÍ 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS DE JATAÍ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

FLUXOGRAMA DO ABATE DE AVES E ÍNDICE DE ABSORÇÃO

DE ÁGUA EM CARCAÇAS DE FRANGO

Vanessa de Freitas Ferreira

Orientadora: Profa. Drª. Cleusely Matias de Souza

JATAÍ

2010

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VANESSA DE FREITAS FERREIRA

FLUXOGRAMA DO ABATE DE AVES E AVALIAÇÃO DA

ABSORÇÃO DE ÁGUA EM CARCAÇAS DE FRANGO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação para obtenção do título de Médico Veterinário junto ao curso de Medicina Veterinária do Campus Jataí da Universidade Federal de Goiás.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO:

Inspeção de Alimentos de Origem Animal.

Orientadora:

Profa. Drª. Cleusely Matias de Souza

Supervisora:

Med.Vet. Patrícia Pinto de Lima

JATAÍ

2010

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VANESSA DE FREITAS FERREIRA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 07 de

dezembro de 2010, pela seguinte banca examinadora:

_______________________________________________

Profª. Dra. Cleusely Matias de Souza – CAJ/UFG

(Presidente da Banca)

______________________________________________

Profa. Thays Furtado de Freitas – CAJ/UFG

(Membro da Banca)

______________________________________________

Med. Vet. Patrícia Pinto de Lima – FFA/MAPA

(Membro da Banca)

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Dedico esta obra aos meus pais Roberto

Ferreira do Nascimento e Idelina de

Freitas Ferreira.

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v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao Salvador e Senhor da minha vida, Jesus Cristo, que

me capacitou, me deu forças e me mostrou a verdadeira essência da vida,

mostrou seu imenso amor por mim e entregou sua própria vida para que eu

pudesse viver. A Ele minha eterna gratidão e toda a adoração.

Minha eterna gratidão a todos da minha família, principalmente os

meus pais Roberto Ferreira do Nascimento e Idelina de Freitas Ferreira, que me

proporcionaram educação e desde o início me incentivaram, acreditaram na

minha vitória, me ensinaram a importância de continuar estudando, se renegaram

por várias vezes para que eu pudesse ter o melhor e não mediram esforços para

que esse dia tão esperado chegasse a minha vida. Meu eterno agradecimento,

vocês são parte essencial dessa vitória.

Meus sinceros agradecimentos ao meu esposo Roniel Paniago Lima,

que esteve ao meu lado em todos os momentos, me apoiando e encorajando a

seguir em frente. Essa vitória também é sua, meu amado, eu te amo.

Aos meus irmãos Romário e Renato, pelo incentivo e pelas cobranças

de boas notas, pela compreensão e pelo companheirismo. Sinto-me orgulhosa de

possuir dois irmãos tão preciosos, amo vocês.

Ao meu sobrinho, Romário Filho, que chegou de repente para trazer

alegria as nossas vidas e unir mais ainda nossa família. Titia te ama muito.

A minha sogra, que compreendeu minha ausência nessa reta final da

graduação e me auxiliou principalmente a cuidar dos afazeres domésticos. Meu

muito obrigado.

Aos meus queridos “pais das férias” Leonardo Damasceno Ferreira e

Maria Luiza Volotão Damião, que me acolheram em sua casa como uma filha,

sem os quais eu não teria tido a chance de fazer um importante estágio. Vocês

sempre estarão no meu coração.

A minha amigona e irmã do coração, Ludmilla Damião Damasceno

Ferreira, pelas noites e noites estudando juntas, pelo auxílio, pela amizade

sincera que construímos, pelos momentos únicos que vivemos de alegrias,

tristezas, angústia e felicidade.

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A todos os colegas da X turma de Medicina Veterinária da UFG

Unidade Jataí, pelos cinco anos de convivência e pelos momentos inesquecíveis

que tivemos.

Agradeço a dedicação da minha orientadora, Profa. Dra. Cleusely

Matias de Souza, que me auxiliou no desenvolvimento desta obra e em todo o

período da graduação. Meus sinceros agradecimentos.

Aos funcionários do Campus Jatobá e a todos os mestres que nos transmitiram

seus conhecimentos, em especial a Profa. Drª Vera Lúcia Dias da Silva Fontana e

Prof. Dr. Cássio Aparecido Pereira Fontana, que foram mais que professores,

foram verdadeiros amigos. Meu sincero sentimento de gratidão e carinho a vocês.

Aos funcionários da BRF-BRASIL FOODS Unidade Jataí e do SIF

4011, que me acolheram no estágio curricular obrigatório de braços abertos, e

com dedicação me ensinaram a colocar em prática os conhecimentos adquiridos

na Universidade, em especial a Fiscal Federal Drª. Patrícia Pinto de Lima, ao

Médico Veterinário Dr. Délbio de Oliveira Naves, aos assistentes administrativos

Zenilda Moreira dos Santos Souza e Adelson de Castro Silva e a funcionária Nilza

Oliveira Neves.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que eu

pudesse realizar meu grande sonho de me tornar médica veterinária.

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“Bom mesmo é ir a luta com

determinação abraçar a vida e viver

com paixão, perder com classe e

vencer com ousadia, pois o triunfo

pertence a quem se atreve. E a vida é

muito para ser insignificante”.

Charles Chaplin

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

2 LOCAL DE ESTÁGIO ............................................................................................ 3

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO ................................... 5

3.1 Período que Antecede o Abate das Aves ........................................................... 5

3.1.1 Jejum pré-abate ............................................................................................... 5

3.1.2 Manejo de apanha e transporte ....................................................................... 5

3.1.3 Inspeção ante-mortem ..................................................................................... 6

3.1.4 Recepção de aves .............................................................................................. 7

3.2 Fluxograma do abate de aves .......................................................................... 10

3.2.1 Insensibilização ou atordoamento ................................................................. 10

3.2.2 Sangria .......................................................................................................... 12

3.2.3 Escaldagem e Depenagem ............................................................................ 15

3.2.4 Pré-inspeção post-mortem ............................................................................. 16

3.2.5 Evisceração ................................................................................................... 18

3.2.6 Inspeção post-mortem ................................................................................... 20

3.2.7 Departamento de Inspeção Final (DIF) .......................................................... 24

3.2.8 Pré-resfriamento por Imersão em Água Gelada ............................................ 28

3.2.9 Gotejamento .................................................................................................. 29

3.3 Espostejamento, Embalagem, Frigorificação, Estocagem e Expedição ........... 30

3.3.1 Espostejamento ............................................................................................. 30

3.3.2 Embalagem .................................................................................................... 31

3.3.3 Frigorificação e estocagem .............................................................................. 31

3.3.3 Expedição ...................................................................................................... 33

4 FRAUDE POR ADIÇÃO DE ÁGUA NO FRANGO ............................................... 34

4.1 Parâmetros do Pré-Resfriamento de Carcaças ................................................ 36

4.2 Avaliações Obrigatórias de Produtos e Processos ........................................... 38

4.2.1 Teste de absorção (método de controle interno) ........................................... 38

4.2.2 Método de Gotejamento ou “DRIP TEST” ..................................................... 39

4.3 Destino das não conformidades ....................................................................... 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 45

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 46

ANEXOS ................................................................................................................... 49

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Caminhão de transporte de aves na área de descanso da

empresa BRF BRASIL FOODS S/A, Unidade Jataí-

GO...............................................................................................

08

FIGURA 2 - Ventiladores com umidificadores acoplados para minimizar

estresse térmico das aves, localizado na área de descanso

de aves da BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-

GO............................................................................................ 08

FIGURA 3 Descarregamento manual dos engradados com aves vivas na

área de recepção de aves.......................................................... 09

FIGURA 4 Pendura de aves vivas nos ganchos da nórea........................... 10

FIGURA 5 Aves sendo insensibilizadas na calha de atordoamento.............

11

FIGURA 6 Sangria de aves realizada manualmente na BRF BRASIL

FOODS S/A Unidade de Jataí-GO..............................................

13

FIGURA 7 Ave detectada com má-sangria e retirada da nórea pela

agente de inspeção na linha de pré-inspeção............................. 17

FIGURA 8 Sala de evisceração do matadouro-frigorífico BRF BRASIL

FOODS S/A Unidade de Jataí - GO............................................ 19

FIGURA 9 Separação manual de miúdos na sala de evisceração da

empresa BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí – GO............. 20

FIGURA 10 Agente de inspeção realizando exame post-mortem de aves.... 21

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FIGURA 11 Carcaça de ave com contaminação biliar................................... 22

FIGURA 12 Carcaça de ave acometida com celulite...................................... 23

FIGURA 13 Ábaco de registro das condenações parciais e totais do DIF da

BRF BRASIL FOODS S/A Unidade de Jataí-GO........................ 25

FIGURA 14 Obtenção manual de cortes de frango na sala de cortes ou

desossa da BRF BRASIL FOODS S/A Unidade de Jataí-

GO............................................................................................... 30

FIGURA 15 Carrinho carregado com produtos embalados entrando no

túnel de congelamento................................................................ 32

FIGURA 16 Carcaça congelada, identificada, colocada em saco plástico

resistente e em saco tipo “rede de laranja” lacrado com

barbante, contendo peso no interior............................................ 40

FIGURA 17 Carcaças imersas no banho a temperatura de 40 a 44ºC,

distribuídas de forma que não encoste uma nas outras e que

não permita a entrada de água no seu interior........................... 42

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Porcentagem de água presente na estrutura normal dos

principais cortes da carne de frango........................................... 35

TABELA 2 - Peso da carcaça de ave X tempo de imersão no banho............. 41

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1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, os consumidores procuram alimentos de qualidade,

que sejam saudáveis e a preços acessíveis. Com o crescimento da preocupação

com uma alimentação nutritiva e saudável, o consumo de frutas, legumes e

carnes brancas vem se destacando. Isso incentivou o consumo de carne de

frango, por possuir índices de gordura inferiores à carne bovina, fácil

digestibilidade e por constituir-se da fonte de proteína animal mais barata

disponível no mercado (SILVA & MENDONÇA, 2005).

As grandes mudanças no estilo de vida atual fizeram com que a

indústria desenvolvesse produtos que agregassem facilidade e comodidade

através de alimentos prontos ou semi-prontos, e que conservasse por mais tempo

a qualidade sensorial, microbiológica e nutricional do alimento, permitindo o

consumo desses alimentos dentro de níveis de segurança (PRATA & FUKUDA,

2001).

De acordo com o mesmo autor, a avicultura possui ciclo de produção

rápido e com grandes riscos, o que ajudou a impulsionar o desenvolvimento e a

tecnologia na produção e do processamento avícola no Brasil, com planejamento

detalhado de todas as etapas da produção, desde as incubadoras até o abate.

O desenvolvimento da avicultura brasileira iniciou-se com a importação

de linhagens comerciais de frangos de corte para o Brasil a partir da década de

70. As características de clima e a alta produção de grãos que compõem a dieta

desses animais possibilitaram a expansão e a produção em grande escala, o que

colocou o Brasil em posição de destaque mundial (ALBINO & TAVERNARI,

2008).

Atualmente, apenas os Estados Unidos e a China superam o Brasil em

produção de aves, sendo que em exportação o Brasil é líder mundial. (ALBINO &

TAVERNARI, 2008).

De acordo com a União Brasileira de Avicultura (UBABEF), as

exportações brasileiras de carne de frango em 2008 foram de 3,64 milhões de

toneladas. Em 2009, houve uma ligeira redução nos embarques, totalizando 3,63

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milhões de toneladas e no período entre janeiro e abril de 2010 as exportações

corresponderam a 1,158 milhão de toneladas (UBABEF, 2010).

Apesar de o Brasil ocupar posição de maior exportador de carne de

aves do mundo apenas 33% do total produzido é exportado, ficando no mercado

interno 67% da produção (UBABEF, 2010).

Os frigoríficos que abatem aves são fiscalizados pela Inspeção Federal

(IF), que verificam a execução das exigências dos regulamentos que regem a

produção avícola, principalmente o Regulamento de Inspeção Industrial e

Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e a Portaria nº 210 de 10 de

novembro de 1998, a higiene das operações e da matéria prima e a tecnologia da

produção, garantindo que o produto que chega ao consumidor seja de ótima

qualidade e inócuo a saúde humana (PRATA e FUKUDA, 2001).

Esse trabalho tem como objetivo descrever o processo tecnológico do

abate de aves e a importância dos testes realizados pelos profissionais do Serviço

de Inspeção Federal (SIF) na qualidade final do alimento produzido,

principalmente no que diz respeito a quantidade de água nas carcaças de frango.

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2 LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular obrigatório foi realizado no período de nove de

agosto a 30 de novembro de 2010 no SIF número 4011 do Departamento de

Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), que fiscaliza o matadouro - frigorífico de aves

da empresa BRF- BRASIL FOODS S/A, Unidade de Jataí, localizada na BR-060,

KM 504, margem esquerda, no município de Jataí, Estado de Goiás. A BRF-

BRASIL FOODS S/A é a atual denominação social da PERDIGÃO S/A, cuja

alteração ocorreu no dia primeiro de setembro de 2009.

Atualmente a Unidade da BRF – BRASIL FOODS de Jataí trabalha em

turno único e em apenas uma linha de abate, com capacidade de abater cerca de

75000 aves/dia, com idade entre 30 e 40 dias e peso variando entre 700g e

1500g. Eventualmente a empresa abate matrizes poedeiras oriundas de descarte,

cuja operação é totalmente manual e a carne destinada à fabricação de

subprodutos da carne aviária. O processo de abate de matrizes não será descrito,

pois não faz parte das prioridades de produção.

Com 391 funcionários, a BRF- BRASIL FOODS Unidade Jataí possui

certificação para exportar carne e miúdos de frango in natura congelados para

várias localidades do mundo: Arábia Saudita, Belarus, Cuba, Emirados Árabes

Unidos, Hong Kong, Iêmen, República Islâmica do Irã, Japão, Ilhas Maurício,

Peru, Uruguai e outros.

De acordo com a UBABEF, a participação da empresa BRF BRASIL

FOODS nas exportações brasileiras de 2009 totalizou 23,26%, sendo uma das

empresas de maior destaque no mercado mundial de produção de alimentos

(UBABEF, 2010).

No ano de 2009, somente na Unidade de Jataí, foram abatidas

17.639.799 aves, totalizando pouco mais de 20.259 toneladas de carne

produzida.

Com uma área que totaliza 8.444,28m2, a indústria conta com área de

descanso para aves, plataforma de recepção de aves, sala de pendura, sala de

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sangria manual, sala de escaldagem e depenagem, sala de evisceração,

Departamento de Inspeção Final (DIF), pré-chiller, chiller, sala de processamento

de miúdos, sala de embalagem, sala de cortes, sala de carne mecanicamente

separada (CMS), três túneis de congelamento com capacidade de duas

toneladas/hora cada, duas câmaras de estocagem com capacidade de armazenar

360 toneladas cada, área de expedição, área de geração de frio e calor, setor de

manutenção, fábrica de subprodutos não comestíveis (FSP), fábrica de ração,

almoxarifado, vestiários e banheiros, escritório do SIF e escritório da gerência

geral da empresa.

O enfoque do estágio foi principalmente quanto ao recebimento das

aves, aplicabilidade da legislação, Departamento de Inspeção Final (DIF),

fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas nos programas de

autocontrole da empresa e testes de absorção e de Drip Test.

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

3.1 Período que Antecede o Abate das Aves

3.1.1 Jejum pré-abate

Para que a obtenção da carne de aves seja feita de forma satisfatória e

garanta produtos de qualidade nutritiva e sanitária é necessário que a preparação

para o abate se inicie ainda no aviário. O jejum e a dieta hídrica devem ser

iniciados ainda no aviário para diminuir o conteúdo gastrintestinal e,

conseqüentemente, a incidência de contaminação durante o processamento na

indústria pelo rompimento do inglúvio ou intestino (ALBINO & TAVERNARI, 2008).

O jejum pré-abate favorece também uma economia ao produtor, já que

a dieta oferecida às aves não teria tempo suficiente para ser transformada em

proteína animal.

O período ideal para iniciar o jejum, de acordo com Albino & Tavernari

(2008) seria de 6 a 8 horas antes do manejo de apanha, perfazendo um total de

oito a 12 horas de jejum antes do abate. A legislação vigente preconiza que a

suspensão alimentar seja no mínimo de seis a oito horas antes do abate (BRASIL,

1998). Albino & Tavernari (2008) salientaram que o jejum pré-abate superior a 12

horas afeta o pH intestinal e favorece o desenvolvimento de microorganismos

nocivos como a Salmonella sp, além da depleção imediata do glicogênio hepático,

reduzindo os níveis de glicemia.

3.1.2 Manejo de apanha e transporte

O manejo de apanha e transporte é um dos pontos cruciais da

avicultura, pois influencia na qualidade final da carcaça pela exposição das aves

ao estresse físico e mental e gera perdas expressivas devido a fraturas e

hematomas. Por esse motivo, os apanhadores devem ser treinados e capacitados

para realizarem a atividade de forma adequada e mais tranqüila possível.

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Esse manejo é realizado com freqüência durante a noite, momento em

que as aves estão mais tranqüilas, possibilitando menor índice de estresse.

As aves devem ser contidas pelo dorso ou pelas pernas, de forma a

não provocar contusões ou hematomas, são colocadas em caixas ou engradados

plásticos resistentes e exclusivos para a operação de transporte. Em cada caixa

são acondicionadas de oito a 10 aves, dependendo do tamanho e peso de cada

uma. No caso de aves jovens com peso variando de 700g a 1500g, é possível

colocar até 14 aves por caixa. Abreu & Ávila (2003) citaram que alguns fatores

devem ser analisados para se definir o número de aves por caixa, tais como:

sexo, peso das aves, clima e distância entre o aviário e o abatedouro. Mendes

(2004) verificou que o ideal seria 22 kg de frango/caixa.

Amorim Neto & Miranda (2009), afirmaram que em caixas mais vazias

é reduzido o número de fraturas, as aves possuem mais espaço para

movimentação e melhora a circulação de oxigênio.

3.1.3 Inspeção ante-mortem

A inspeção ante-mortem é realizada exclusivamente pelo Médico

Veterinário do Serviço de Inspeção Oficial na plataforma de recepção momentos

antes do abate. Este exame consiste em uma avaliação visual e documental das

aves (BRASIL, 1998).

Na BRF BRASIL FOODS toda documentação referente aos lotes a

serem abatidos eram entregues ao Médico Veterinário oficial do SIF no dia

anterior ao abate, conforme está descrito na Portaria nº 210 de novembro de 1998

(BRASIL, 1998). Estes documentos consistiam em Guia de Trânsito Animal (GTA)

(Anexo 1) e Boletim Sanitário (Anexo 2).

O boletim sanitário animal contém as seguintes informações: número

de aves alojadas e desalojadas; doenças detectadas no lote; descrição do

tratamento a que o lote foi submetido, considerando o agente terapêutico e tempo

de tratamento; quando os coccidiostáticos e/ou antibióticos foram suspensos da

ração; data e horário do início do jejum hídrico; outras informações relevantes e

assinatura do Médico Veterinário responsável pelo aviário. É importante ressaltar

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que é baseado neste documento que o Médico Veterinário definirá o destino do

lote, com o objetivo de proteger a saúde do consumidor. Caso o lote apresente

histórico de doença, o mesmo será abatido no final do turno de trabalho, caso

contrário, segue-se o fluxograma normal de abate.

A Instrução Normativa (IN) n°17 de abril de 2006 do MAPA

regulamenta que o DIPOA deverá informar o Departamento de Saúde Animal

(DSA) caso ocorra mortalidade maior que 10% nos lotes de aves de corte em

tempo inferior a 72 horas e também comunicará a notificação de sinais clínicos

característicos de Influenza Aviária ou Doença de Newcastle. (BRASIL, 2006a).

3.1.4 Recepção de aves

Ao chegarem ao estabelecimento de abate, as aves seguiam para uma

área de descanso, onde aguardavam até o momento do abate (Figura 1). Essa

área de descanso era composta por um galpão que permitia a proteção das aves

contra ventos predominantes e possuía umidade, temperatura e ventilação

controladas, caracterizando um ambiente compatível para o conforto dos animais

de forma a evitar ao máximo o estresse no pré-abate, já que o mercado

importador exige a obtenção de carne de animais que foram criados e abatidos

dentro das normas do Bem Estar Animal. Observa-se na Figura 2 os ventiladores

e umidificadores utilizados na área de descanso de aves.

O tamanho da área de descanso deve ser adequado a velocidade e a

logística do abate (BRASIL, 1998).

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FIGURA 1 - Caminhão de transporte de aves na área de descanso

da empresa BRF BRASIL FOODS S/A, Unidade Jataí-

GO.

FIGURA 2 - Ventiladores com umidificadores acoplados para minimizar

estresse térmico das aves, localizado na área de descanso

de aves da BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO.

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No momento do abate, o caminhão seguia da área de descanso para a

plataforma de recepção, onde os engradados com as aves eram descarregados

manualmente (Figura 3). Essa atividade era realizada por funcionário

devidamente uniformizado e utilizando equipamento de proteção individual (EPI).

Em seqüência, os engradados eram colocados em uma esteira rolante que os

conduziam para a sala de pendura de aves. As aves mortas encontradas dentro

das caixas eram retiradas e descartadas, sendo penduradas na nórea apenas as

aves vivas, trabalho este realizado por funcionários treinados, que o executam

com grande agilidade, de forma a não comprometer a carcaça com contusões e

fraturas (Figura 4). O local de pendura possuía iluminação reduzida com a

finalidade de diminuir a excitação das aves.

FIGURA 3 – Descarregamento manual dos

engradados com aves vivas na

área de recepção de aves

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FIGURA 4 – Pendura de aves vivas nos ganchos da nórea.

O tempo em que as aves permaneciam penduradas antes de serem

insensibilizadas era de extrema importância, pois influenciava no escoamento do

sangue para a cabeça facilitando a sangria, além de mantê-las calmas no

momento do atordoamento. Esse tempo deve ser de no mínimo 40 a 60 segundos

(BERAQUET, 1994).

Após a retirada das aves, as caixas de transporte de aves vivas,

seguiam por meio de esteira rolante para uma máquina que realizava a lavagem e

sanitização, sendo posteriormente empilhadas e colocadas em caminhões

devidamente higienizados, prontos para transportar nova carga.

3.2 Fluxograma do abate de aves

3.2.1 Insensibilização ou atordoamento

A insensibilização das aves tem como principal função evitar o

sofrimento e a dor desnecessária no momento do abate, promovendo uma rápida

perda de consciência. O animal deverá estar inconsciente até o momento da

morte (ALBINO & TAVERNARI, 2008). O MAPA por meio da IN nº 03 de 17 de

janeiro de 2000, regulamentou o chamado “Abate Humanitário” que tem por

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finalidade assegurar o bem-estar animal desde a recepção até a sangria (BRASIL,

2000).

Para aves o método consagrado e mais indicado é eletronarcose por

imersão em líquido, geralmente salmoura, cuja amperagem, voltagem e

freqüência devem ser monitoradas e registradas por equipamento específico e

regulados de acordo com a espécie, tamanho, peso das aves e pela extensão da

cuba de imersão.

Após a pendura na nórea, as aves eram mergulhadas em cuba com

água até a altura do peito e recebiam a corrente elétrica, sendo dessa forma

insensibilizadas. As aves corretamente atordoadas possuem características que

comprovam a eficiência da técnica, tais como pescoço frouxo, asas junto ao

corpo, olhos abertos e ausência de reflexo corneal.

Observa-se na Figura 5, as aves sendo insensibilizadas pelo método

denominado eletronarcose.

FIGURA 5 – Aves sendo insensibilizadas na calha de

atordoamento

A eletronarcose é reversível, provoca epilepsia pela despolarização

imediata dos neurônios, interrompendo a propagação do estímulo da dor

provocado pela sangria. É um método eficiente e de baixo custo, porém, se

realizada de forma inadequada provoca defeitos na carcaça como fraturas,

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12

contusões e coloração anormal, que reduzem a qualidade da carcaça (ALBINO &

TAVERNARI, 2008).

3.2.2 Sangria

A sangria consiste na incisão dos grandes vasos sanguíneos do

pescoço com conseqüente escoamento do sangue do animal, o que provoca

isquemia e a morte do animal. A insensibilização não deve promover a morte em

nenhuma hipótese, sendo a sangria o único procedimento que deverá causar a

morte efetiva do animal (ALBINO & TAVERNARI, 2008).

O tempo entre a insensibilização e a sangria das aves não deverá ser

superior a 12 segundos, a fim de evitar que as aves retomem a consciência e a

sensibilidade (BRASIL, 1998).

A sangria era realizada em sala própria denominada “área de sangria”,

localizada ao lado da plataforma de recepção de aves. O acesso a essa área era

em separado e possuía barreira sanitária composta de lava-botas, lavatórios

acionados a pedal, detergente, sanitizante e papel toalha. A estrutura da área de

sangria conta com piso e paredes de material impermeável e calha em alvenaria

com declividade suficiente para recolhimento e drenagem do sangue para pontos

coletores, destinando o sangue para a fábrica de subprodutos não comestíveis

(FSP).

Na Figura 6 encontra-se ilustrada a sangria manual realizada na BRF

BRASIL FOODS.

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FIGURA 6 – Sangria de aves realizada manualmente na

BRF BRASIL FOODS S/A Unidade de Jataí-

GO

Após a sangria, as aves seguiam para o túnel de sangria, onde

permaneciam pelo tempo mínimo de três minutos para completo escoamento do

sangue. Nenhuma outra operação é permitida antes do cumprimento do tempo

estabelecido (BRASIL, 1998).

De acordo com o mesmo autor, após a operação de sangria nenhum

retardamento ou acúmulo de aves poderia ocorrer nas fases posteriores.

A legislação vigente no Brasil permite que os animais sejam abatidos

sem prévia insensibilização, somente para atender mercados importadores, cujos

preceitos religiosos assim exigirem (BRASIL, 1998). Para atender seu mercado

consumidor, cuja população é, basicamente, seguidora do Islamismo,

principalmente no Oriente médio, a Unidade BRF BRASIL FOODS de Jataí

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realizava a sangria manualmente, com facas bem afiadas, através do corte

profundo das artérias carótidas e veias jugulares, evitando o contato com os

ossos do pescoço. Essa atividade era executada por funcionários terceirizados da

empresa Cibal, treinados para efetuar o ritual islâmico de abate, conhecido como

abate halal.

O Islamismo, religião seguida por milhões de pessoas pelo mundo,

impõe aos seus seguidores restrições quanto à alimentação. Apenas alimentos

obtidos de acordo com as leis do alcorão podem ser consumidos. Esses

alimentos permitidos chamam-se halal, palavra árabe que em português significa

legal, permitido (SAVAGLIA, 2010).

De acordo com o mesmo autor, para que o abate produza frangos

considerados halal os animais não poderão ter sido alimentados com proteínas de

origem animal, não estarem com sede e nem terem feito o uso de hormônios de

crescimento durante a produção. Além disso, outras exigências deverão ser

cumpridas, como rótulos escritos em árabe contendo o nome do produto, nome

do embalador, país de origem, lista de ingredientes, instruções ao consumidor e

data de validade.

Outra exigência do mercado islâmico é que as embalagens não

poderão ser fabricadas com material impuro de acordo com as leis islâmicas e os

produtos deverão sempre ficar separados de produtos não-halal (ZEIDAN et. al,

2008).

É importante ressaltar que no abate halal a insensibilização é proibida,

porque reduz a quantidade de sangue escoado da carcaça e o sangue é

considerado Haran que significa produto de consumo proibido pelo Islamismo.

Contudo, atualmente, muitos mercados têm permitido a insensibilização, por

facilitar o manejo e manter as aves quietas durante a sangria. O sangrador deverá

ser um mulçumano que já tenha atingido a puberdade. Durante a sangria, ele

deverá pronunciar o nome de Alá ou fazer oração que contenha o nome de Alá

(ASSAKAWA et. al., 2009).

Aproximadamente 25% do total da produção brasileira de frango

exportada é obtida de acordo com os rituais Islâmicos, o que representa cerca de

55 mil toneladas de frango/ano (ASSAKAWA et. al. 2009).

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3.2.3 Escaldagem e Depenagem

Os processos de escaldagem e depenagem da Unidade BRF BRASIL

FOODS unidade de Jataí-GO ocorriam em sala comum as duas atividades, sendo

esta sala separada das demais áreas por paredes impermeáveis. No teto existiam

exaustores em número suficiente para expulsar os vapores produzidos pela

escaldagem. O tanque de escaldagem era constituído de material de aço

inoxidável com renovação de água contínua, como recomendado por BRASIL

(1998).

A escaldagem tem função de facilitar a retirada das penas que ainda

estão presas na pele da ave, ocorrendo por meio da imersão da ave em tanque

com água quente por tempo e temperatura controlados, de acordo com as

características das aves. Para que a água penetre adequadamente entre as

penas das aves é necessário que haja um borbulhamento, obtido por meio da

injeção de ar no tanque, que também favorecerá a manutenção da temperatura

de forma constante (BERAQUET, 1994).

Geralmente a temperatura utilizada no escaldamento das aves está

entre 52ºC a 54ºC, com tempo variando de 90 a 150 segundos (BERAQUET,

1994). Na unidade BRF BRASIL FOODS de Jataí, a temperatura média utilizada

era de 60ºC durante 90 segundos.

Após a operação de escaldagem em tanque com borbulhamento, as

aves seguiam para a máquina depenadeira, onde ocorria a retirada das penas. O

retardamento entre escaldagem e depenagem é terminantemente proibido pela

legislação em vigor (BRASIL, 1998). As depenadeiras eram compostas de dedos

de borracha giratórios e flexíveis, que batiam e arrancavam as penas de toda a

carcaça das aves. A força dos dedos giratórios deve ser regulada para evitar

contusões e fraturas nas carcaças (AMORIM NETO, 2009).

Um fator importante que interfere na qualidade da depenagem é o

tempo de sangria. Se o período destinado a sangria for superior ao preconizado, a

depenagem terá sua eficiência prejudicada, pois iniciará o processo de instalação

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do rigor mortis e isso aprisionará as penas nos folículos (SARCINELLI et. al.,

2007).

Um funcionário ficava estrategicamente posicionado na saída da

depenagem retirando manualmente as penas remanescentes.

3.2.4 Pré-inspeção post-mortem

Em indústrias que utilizam na sua tecnologia de abate a retirada de pés

e/ou cabeça na seção de escaldagem e depenagem é obrigatório a implantação

de um ponto de pré-inspeção, para que seja possível a avaliação do conjunto pés

e cabeça (BRASIL, 1998).

Essa característica da retirada da cabeça e dos pés ocorre na BRF

BRASIL FOODS Unidade Jataí-GO, e por esse motivo, um auxiliar de linha de

inspeção avalia macroscopicamente as aves penduradas na nórea logo na saída

da depenadeira. As anormalidades observadas nessa linha consistem

basicamente em caquexia, aspecto repugnante, má sangria, evisceração

retardada, ascite, escaldagem excessiva, entre outras anormalidades. As aves

detectadas com qualquer uma dessas lesões eram retiradas da linha e

condenadas totalmente, sendo encaminhadas a FSP.

Observa-se na Figura 7 uma ave mal sangrada detectada e retirada da

linha de abate pela auxiliar de linha de inspeção.

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FIGURA 7 – Ave detectada com má-sangria e retirada

da nórea pela auxiliar de linha de

inspeção na linha de pré-inspeção.

Após a pré-inspeção ocorria a secção da articulação dos pés, que

seguiam através da nórea para a sala de limpeza própria para essa finalidade,

onde era localizado um tanque de escaldagem com um funcionário realizando a

retirada manual das cutículas. Em seqüência, eram enviados os pés devidamente

limpos para um mini-chiller de pés localizado na sala de miúdos, através de um

chute com bomba a vácuo.

Já depenada e sem os pés, a ave caía numa esteira de nylon, e

seguiam dependuradas em ganchos até a sala de evisceração. Os ganchos da

nórea que se originavam na sala de pendura que trouxeram as aves até esse

ponto retornavam a sua origem.

Um novo ponto de pré-inspeção localizava-se logo antes da entrada

das aves na sala de evisceração, onde um auxiliar de linha de inspeção avaliava

a presença de papo cheio, retirando-os e marcando no ábaco o número de

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ocorrências. Essa atividade tinha função de evitar possíveis e futuras

contaminações na carcaça.

Até esse ponto do processamento, consideramos como “área suja” do

abatedouro. Deste ponto para frente consideramos como “área limpa”. Antes de

adentrarem a área limpa, as carcaças sofriam um banho de aspersão (WILSON,

2009).

3.2.5 Evisceração

Na BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí, o processo de evisceração

ocorria em instalações próprias, com ambiente separado por paredes da área de

escaldagem e depenagem, compreendendo desde a oclusão da cloaca até a

“toalete final”. A nórea era disposta sobre uma calha de aço inoxidável com

largura mínima de 0,60m e 0,30m afastadas das carcaças, impedindo que as

mesmas toquem a calha. De acordo com BRASIL (1998), as calhas devem

possuir declividade acentuada para o ralo coletor e água corrente sob pressão

adequada, com finalidade de retirar constantemente os resíduos produzidos e

evitar acúmulos na seção, além de pontos de água na proporção de um para cada

dois funcionários para lavagem das mãos.

A evisceração é uma operação de alto risco de contaminação da

carcaça, e por isso, deverá ser conduzida com cuidado de forma a evitar o

rompimento de vísceras e impedir o comprometimento da qualidade final do

produto (BRASIL, 1998; ALBINO & TAVERNARI, 2008).

Observa-se na Figura 8 a sala de evisceração da BRF BRASIL FOODS

unidade de Jataí-GO.

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FIGURA 8 – Sala de evisceração do Matadouro BRF BRASIL

FOODS unidade de Jataí.

Como já descrito anteriormente, os animais chegam á sala de

evisceração sem as penas, cabeça e pés. As operações seguintes, que

consistiam na oclusão da cloaca, corte abdominal, eventração e a retirada do

pescoço e traquéia eram feitas mecanicamente em equipamentos específicos

para cada finalidade. Essas operações eram de responsabilidade da empresa, de

forma a permitir que a inspeção post-mortem fosse realizada adequadamente.

Após a inspeção post-mortem e a liberação para o consumo, os miúdos

eram retirados manualmente da carcaça. Do fígado removia-se a vesícula biliar

com muito cuidado, impedindo seu rompimento. O coração era retirado e tinha o

saco pericárdico removido. A moela era aberta mecanicamente e seu conteúdo

removido, retirando-se a cutícula interna. Utilizava-se manualmente uma pistola à

vácuo para retirada dos pulmões, e em seguida, ocorria a toalete final, com

retirada da traquéia, esôfago e papo.

Observa-se na Figura 9 a retirada manual das vísceras na sala de

evisceração da BRF BRASIL FOODS unidade de Jataí-GO.

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FIGURA 9 – Separação manual de miúdos na sala de evisceração

da empresa BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-

GO.

Antes de seguirem para o pré-chiller de resfriamento, as carcaças

passavam por um último banho de aspersão, para remoção de materiais

estranhos, como sangue, fragmentos de vísceras, membranas, entre outros

(BERAQUET, 1994; BRASIL, 1998).

Cada miúdo obtido era enviado para seu mini-chiller específico,

localizado na sala de miúdos e miudezas, através de bombas a vácuo. Nos mini-

chillers os miúdos eram resfriados em água com temperatura não superior a 4ºC e

embalados, seguindo para a embalagem secundária através de bacias de plástico

resistente.

As vísceras não comestíveis e as carcaças condenadas pela Inspeção

Federal eram destinadas a FSP através de tubulações específicas.

3.2.6 Inspeção post-mortem

A inspeção post-mortem é feita em todas as aves, e tem como principal

função avaliar a presença de alterações nas carcaças e determinar se a ave é

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adequada ao consumo humano ou se deverá ser condenada, podendo ainda ser

aproveitada parcialmente, dependendo da lesão e da patologia em questão. Em

aves, a inspeção é relativamente simples e deverá ocorrer no tempo mínimo de

2s por ave (BERAQUET, 1994; BRASIL, 1998; PRATA & FUKUDA, 2001;

GONÇALVES, 2008).

De acordo com Prata & Fukuda (2001), a avaliação sanitária das aves

se dá por minucioso exame macroscópico e de palpação das carcaças, incluindo

massa muscular, estruturas ósseas, vísceras, cavidade abdominal e torácica. A

palpação contribui com a inspeção por diferenciar consistências ou texturas

anormais.

Os auxiliares de linha inspeção (Figura 10) ficavam dispostos ao longo

da calha de evisceração, obedecendo ao espaçamento mínimo de um metro por

agente. O ambiente nesse ponto possuía iluminação adequada, dispositivos para

lavagem de mãos e instrumentos e esterilizador, estando em acordo com BRASIL

(1998).

FIGURA 10 – Auxiliar de linha de inspeção

realizando exame post-

mortem de aves.

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A inspeção post- mortem em aves se divide em:

a) Linha A: Exame interno da carcaça

Destina-se a avaliação interna da carcaça, através da visualização das

cavidades torácica e abdominal. Nessa linha deve ser avaliada a presença de

contaminação gastrintestinal ou biliar (Figura 11), além de órgãos como pulmões,

sacos aéreos, rins e órgãos sexuais, por um período mínimo designado pela

Portaria nº210 de dois segundos (BRASIL, 1998).

As carcaças com lesões ou suspeitas identificadas pelos agentes eram

imediatamente retiradas da linha e desviadas para o DIF, onde o Médico

Veterinário realizava exame minucioso e em seguida dava seu critério de

julgamento e destino final da carcaça.

FIGURA 11 – Carcaça de ave com contaminação biliar.

As lesões mais comumente identificadas nessa linha incluem

contaminação gastrointestinal, contaminação biliar, ascite, aspecto repugnante e

aerossaculite.

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b) Linha B: exame das vísceras

Destina-se ao exame do coração, fígado, intestino, baço e moela, e nas

poedeiras ovários e ovidutos.

Essas vísceras são examinadas por meio da palpação, verificação de

odores anormais, coloração, consistência, forma, tamanho e incisão caso

necessário. Deve ser respeitado o tempo mínimo de dois segundos por carcaça

(BRASIL, 1998).

Nessa linha, lesões como pericardite, hepatite, coligranulomatose e

contaminação gastrointestinal e biliar eram encontradas com freqüência.

c) Linha C: exame externo da carcaça

A linha C destina-se ao exame das superfícies externas da carcaça,

avaliando principalmente pele e articulações. Nessa linha procuram-se

anormalidades como contusões, membros fraturados, abscessos superficiais e

localizados, calosidades, celulite (Figura 12), entre outros. O tempo também é

regulamentado pela Portaria nº 210 de 1998, em no mínimo dois segundos por

carcaça (BRASIL, 1998).

FIGURA 12 – Carcaça de ave acometida com celulite.

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3.2.7 Departamento de Inspeção Final (DIF)

O DIF destina-se ao recebimento de carcaças desviadas da linha

normal de abate para uma avaliação mais criteriosa do médico veterinário, a fim

de destiná-las adequadamente. Este departamento de inspeção localizava-se na

sala de evisceração e possuía equipamentos necessários para o desenvolvimento

da atividade, tais como facas, luvas de metal, esterilizadores, caixas brancas,

caixas vermelhas, ganchos fixos, ábaco e lavatório para as mãos dotado de

sabonete líquido.

Em casos que o veterinário destinava a carcaça ao aproveitamento

parcial, esta seguia para a sala de cortes onde era processada adequadamente.

Em caso de condenação total da carcaça, o destino final era a FSP, onde era

procedida a fabricação de farinha de carne.

Carcaças desviadas para o DIF e que já tiveram condenação parcial,

com retirada das partes afetadas, eram depositadas em caixas plásticas brancas

e rependuradas na nórea da linha de abate, enquanto que as partes condenadas

total e parcialmente eram armazenadas em caixas plásticas vermelhas e

posteriormente lançadas em valetas com escoamento constante de água que dá

acesso à FSP.

Todas as causas que provocaram o desvio das carcaças ao DIF e suas

freqüências eram marcadas no ábaco (Figura 13). O ábaco era dividido em

condenações parciais e condenações totais. Cada parte era subdividida em

contas azuis, amarelas e vermelhas. Cada conta azul correspondia a uma

anormalidade encontrada; cada conta amarela representava 10 anormalidades

encontradas e cada conta vermelha correspondia a 100 anormalidades

encontradas. No final do abate de cada lote, os dados gerados no ábaco eram

anotados em planilhas específicas pelos auxiliares de linha de inspeção.

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FIGURA 13 – Ábaco de registro das condenações parciais e totais do DIF da BRF

BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO.

De acordo com a Portaria nº 210 de novembro de 1998, segue abaixo o

critério de julgamento das anormalidades mais encontradas:

Contaminação

As carcaças ou partes das carcaças e ainda os miúdos que se

contaminavam com conteúdo biliar ou gastrointestinal eram condenados. Eram

condenadas também as carcaças ou vísceras que entravam em contato com o

piso ou outro material contaminado, desde que não fosse possível a realização de

limpeza completa.

Aspecto Repugnante

Todas as carcaças que apresentavam aspecto ruim, coloração

anormal, alterações putrefativas, creptação gasosa à palpação ou que exalassem

odores não característicos como medicamentosos, excrementais e sexuais eram

consideradas carcaças com aspecto repugnante. Assim sendo, as carcaças

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desviadas para o DIF que possuíam essas características sofriam condenação

total.

Aerossaculite

As carcaças com lesões características de aerossaculite, com

presença de pus e coleção de líquidos, que refletiam em comprometimento

sistêmico e caquexia eram condenadas totalmente.

Processos Inflamatórios

Os processos inflamatórios mais comumente encontrados foram:

artrite, salpingite, celulite, dermatite, hepatite e colibacilose. Geralmente a

condenação de carcaças com processos inflamatórios instalados eram parciais,

desde que não houvesse comprometimento de caráter sistêmico e lesões

extensas. Neste último caso, a carcaça era condenada totalmente.

Abcessos e Lesões Supuradas

A condenação era total caso o abcesso fosse de caráter sistêmico, e

parcial se a lesão fosse apenas localizada e não comprometesse o estado geral

da carcaça.

Tumores

Todas as partes da carcaça ou órgãos afetados com tumores eram

condenadas. Caso houvesse envolvimento sistêmico, evidência de metástase ou

o estado geral da ave fosse comprometido pelo tamanho, posicionamento ou

natureza do tumor, a condenação era total.

Caquexia

Todas as aves que apresentavam estado caquético eram condenadas

totalmente, independentemente da causa ligada a instalação do processo

patológico.

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Contusão e Fraturas

Apenas as partes afetadas com contusões e/ou fraturas eram

condenadas. Caso houvesse lesões extensas ou generalizadas, a condenação

era total.

Escaldagem Excessiva

Carcaças excessivamente escaldadas e com lesões mecânicas

extensas eram condenadas juntamente com suas vísceras.

Evisceração Retardada

A evisceração retardada ocorre se a carcaça não for eviscerada em até

30 minutos após a sangria. Caso a demora fosse de 30 a 45 minutos após a

sangria, agilizava-se a evisceração, mesmo de forma improvisada, na tentativa de

evitar a condenação das carcaças, sempre observando as vísceras e as

características sensoriais da carcaça. Entre 45 e 60 minutos era feita a

condenação total dos órgãos e a avaliação da carcaça para que o seu destino

adequado fosse definido. Caso o tempo fosse superior a 60 minutos as vísceras

eram totalmente condenadas e a carcaça criteriosamente avaliada e, dependendo

do grau de acometimento, a carcaça poderia ser condenada ou aproveitada

condicionalmente.

Sangria Inadequada

Na Unidade de Jataí-GO da BRF BRASIL FOODS a maioria dos casos

de má sangria era identificada logo na pré-inspeção. Caso a má sangria fosse

generalizada, com toda a carcaça apresentando coloração avermelhada, a

mesma era totalmente condenada, incluindo suas vísceras. Se as lesões fossem

localizadas, principalmente nas pontas das asas, apenas as regiões atingidas

eram condenadas.

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Síndrome Ascítica

A condenação era total quando a quantidade de líquido ascítico fosse

exacerbada com comprometimento hepático. Caso não houvesse lesões nas

vísceras e pequena quantidade de líquido fosse observada, apenas as vísceras

eram condenadas.

3.2.8 Pré-resfriamento por Imersão em Água Gelada

O resfriamento deve ocorrer imediatamente após os processos de

escaldagem, depenagem e evisceração, pois a carcaça de frango até esse ponto

encontra-se com temperatura igual ou superior a 32°C, faixa de temperatura ideal

para ativar os processos de deteriorização e multiplicação de microorganismos

que devem ser evitados (NEVES FILHO, 1994).

Na BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO as carcaças eram

resfriadas em tanques contínuos tipo rosca sem fim com água gelada,

denominados de pré-chiller e chiller. Essa etapa ocorria logo após a toilette final e

o banho de aspersão. Ambos os tanques eram de material inoxidável e

localizavam-se na sala de evisceração. A localização dos tanques de pré-

resfriamento na sala de evisceração é permitida pela Portaria nº 210 desde que

não haja prejuízo higiênico (BRASIL, 1998).

O pré-chiller é proporcionalmente menor que o chiller, e tem a função

de pré-resfriar a carcaça, enquanto o chiller de resfriar. A legislação preconiza

que a temperatura da água no pré-chiller e chiller não deve ser superior a 16ºC e

4°C, respectivamente. A temperatura da carcaça na saída do chiller deve ser de

no máximo 7ºC, com tolerância de até 10ºC para carcaças destinadas

imediatamente ao congelamento (BRASIL, 1998).

No fluxograma normal, as carcaças entram primeiramente no pré-chiller

e seguem para o chiller, deslocando-se entre e através dos tanques pela

movimentação contínua de hélices dotadas de pás auxiliares. A água de

renovação entra nos tanques em sentido contrário a movimentação das carcaças

e deve ser no volume de um litro por carcaça, para carcaças com peso de até 2,5

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quilos; 1,5 litros por carcaça, para carcaças com peso entre 2,5 quilos e 5,0

quilos; e dois litros por carcaça, para carcaças com peso superior a 5,0 quilos.

Além disso, para manter a baixa temperatura da água, era adicionado gelo aos

tanques (BRASIL, 1998).

O tempo necessário para que a carcaça passe pelos tanques de pré-

resfriamento é de aproximadamente 60 minutos.

A água utilizada no chiller e pré-chiller corresponde de 15 a 27% do

total da água utilizada durante um dia de trabalho por um frigorífico, o que

representa um grande volume (RIELLA & GERLOFF, 2009).

Diante do risco de escassez de recursos naturais, a legislação permite

o reaproveitamento da água dos pré-resfriadores, desde que apresente

novamente todas as características de potabilidade exigidos. Riella & Gerloff

(2009), estudaram a viabilidade da reutilização da água dos resfriadores,

utilizando tratamento físico-químico, degerminação por raios ultravioletas e adição

de cloro, que se mostrou viável tecnicamente.

3.2.9 Gotejamento

Após a saída dos pré-resfriadores, as carcaças eram classificadas de

acordo com sua integridade física e penduradas manualmente na nórea da sala

de cortes ou na nórea de carcaças embaladas inteiras. Para eliminar o excesso

de água das carcaças era necessário que as carcaças ficassem suspensas pelas

asas, coxas ou pescoço sobre uma calha coletora de água do gotejamento. Na

BRF BRASIL FOODS as carcaças eram penduradas nos ganhos da nórea pela

coxa. Após esse processo, a porcentagem de água absorvida pela carcaça

durante o pré-resfriamento não pode ultrapassar 8% de seu peso (BRASIL, 1998).

O comprimento da calha de drenagem de água das carcaças está

diretamente relacionado ao tempo necessário para o escoamento da água em

excesso, em torno de dois e meio e quatro minutos (BERAQUET, 1994).

Essa técnica é importante para que a água não absorvida não interfira

no peso final da carcaça e não comprometa o teste de absorção (AMORIM NETO

& MIRANDA, 2009).

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3.3 Espostejamento, Embalagem, Frigorificação, Estocagem e Expedição

3.3.1 Espostejamento

Essa etapa consiste na obtenção de cortes a partir da carcaça inteira.

Na BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí, os cortes eram obtidos manualmente

com a utilização de facas em sala apropriada, separada por paredes de alvenaria

das demais áreas, denominada sala de cortes ou desossa. (Figura 14).

FIGURA 14 – Obtenção manual de cortes de frango na sala de

cortes ou desossa da BRF BRASIL FOODS

Unidade de Jataí-GO.

Para garantir a qualidade do produto manipulado, a sala de desossa

era climatizada, não podendo ultrapassar o limite de 12ºC para o ambiente e 7ºC

para a carne (BRASIL, 1998).

Como o principal objetivo da empresa BRF BRASIL FOODS é a

maximização da produção de frango leve, inteiro e sem vísceras (griller), apenas

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aves que tiveram algum problema nos processos anteriores seguiam para o

aproveitamento em forma de cortes.

Os principais cortes obtidos eram: asa, coxa e sobrecoxa com porção

dorsal e parte da sambiquira e meio peito desossado sem pele. Após sua

obtenção, os cortes eram colocados em esteiras apropriadas. A carne que ficava

retida no dorso era aproveitada como Carne Mecanicamente Separada (CMS).

3.3.2 Embalagem

Na Unidade de Jataí da BRF BRASIL FOODS existiam balanças

automáticas que classificavam e separavam as carcaças de acordo com seu

peso, destinando cada carcaça para a cuba com seu peso correspondente, onde

eram recolhidos pelos funcionários e embalados manualmente e individualmente.

Os miúdos eram embalados após o pré-resfriamento e pesados na

própria sala de miúdos e miudezas. Os cortes também eram pesados e recebiam

a embalagem primária ainda na sala de cortes ou desossa.

As embalagens mais utilizadas na empresa BRF BRASIL FOODS

Unidade de Jataí – GO são da marca Halal® (Anexo 3) e Borella® (Anexo 4), com

inscrições em árabe, referentes ao frango inteiro, denominado griller,

comercializado principalmente na Arábia Saudita.

3.3.3 Frigorificação e estocagem

As instalações frigoríficas da BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí -

GO compreendem antecâmaras, túnel contínuo de congelamento, câmaras de

resfriamento e câmaras de estocagem adequadas a capacidade de abate da

empresa. Estas câmaras são construídas com material de fácil higienização e

resistente a impactos. Todos os ambientes componentes da frigorificação deverão

dispor de termômetros (BRASIL, 1998; PRATA & FUKUDA, 2001).

A aplicação do frio é a técnica mais utilizada para conservação de

carnes, possibilitando o transporte desses alimentos por longas distâncias sem a

perda da qualidade. O frio inibe o desenvolvimento de microorganismos

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deteriorantes que se multiplicam rapidamente a temperatura ambiente e retarda a

atividade enzimática, além de impedir o crescimento de microorganismos

responsáveis por infecções e toxinfecções alimentares (PARDI et. al., 2001).

Os produtos já devidamente embalados chegavam à área fria através

de um óculo, onde funcionários acondicionavam cada produto separadamente de

acordo com o peso e natureza em carrinhos metálicos apropriados. Após

preencher todos os espaços do carrinho, o mesmo era conduzido para o túnel de

congelamento (Figura 15).

FIGURA 15 - Carrinho carregado com produtos embalados

entrando no túnel de congelamento.

Os túneis de congelamento possuíam temperatura inferior a -30ºC. Os

produtos eram colocados no túnel de congelamento até atingir temperatura igual a

-18°C no interior da musculatura peitoral. Esse tempo girava em torno de quatro

horas para griller, sendo que os cortes permaneciam por tempo superior, devido a

perda de temperatura que sofriam durante a manipulação.

Após o congelamento os cortes seguiam para as câmaras de

estocagem, cuja temperatura ambiente era de a -18ºC, onde permaneciam até o

momento do carregamento.

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BRASIL (1998) estabeleceu que as carcaças de aves congeladas não

devem possuir temperatura superior a -12ºC, com tolerância máxima de 2ºC.

Neves Filho (1994), afirmou que o frio não é um agente esterilizante e

que os microorganismos já presentes no alimento voltam a se multiplicarem

quando expostos a temperaturas superiores às recomendadas.

Era realizado diariamente pelos agentes de inspeção a verificação das

temperaturas das câmaras, dos produtos armazenados, dos equipamentos e

também a avaliação do aspecto higiênico do ambiente (BRASIL, 1998).

3.3.3 Expedição

A área de expedição era destinada exclusivamente a circulação dos

produtos das câmaras frigoríficas até o veículo de transporte, sendo que o

acúmulo desses produtos em tal área era proibido (BRASIL, 1998).

Um agente de inspeção cuidava exclusivamente do embarque dos

produtos, avaliando as condições dos produtos, limpeza do veículo de transporte

e preenchendo a documentação referente à expedição. Após o veículo ser

totalmente carregado e aprovado pelo Serviço de Inspeção Federal, o agente

fechava o container com lacre específico para esse fim que continha o número do

SIF.

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4 FRAUDE POR ADIÇÃO DE ÁGUA NO FRANGO

Certa quantidade de água é normalmente absorvida pela carcaça

durante as etapas do processo tecnológico, porém a maior parte da absorção

ocorre durante o resfriamento da carcaça (BRASIL, 1998). Utilizando-se dessa

característica tecnológica, algumas empresas adicionam água em excesso na

carcaça, produzindo frangos congelados com excesso de gelo. Essa ação

prejudicou os consumidores, que tiveram grande prejuízo econômico por pagarem

água a preço de carne.

Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC, 2005a) as

primeiras denúncias de empresas que fraudavam com aguagem a carne de

frango foram recebidas no órgão no ano de 2003.

Das análises laboratoriais realizadas em 2002, cerca de 16.4%

apresentaram alto índice de água na carcaça (FERNANDES, 2008). Em pesquisa

realizada pelo IDEC em dezembro de 2004, constatou-se que de oito marcas de

frangos congelados avaliadas, sete estavam com excesso de água na carcaça

(IDEC, 2005b). No ano de 2008, 19% dos frangos avaliados pelo MAPA tinham

água em quantidade superior a estabelecida por lei (IDEC, 2009).

A lei nº 8078 de 11 de setembro de 1990, que defende os interesses

dos consumidores, estabelece que a Política Nacional das Relações de Consumo

objetiva o atendimento das necessidades dos consumidores, priorizando o

respeito, a dignidade, a saúde, a segurança, a proteção de seus interesses

econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, além de proteger seus

interesses por meio de ações governamentais. A partir desse princípio, ficou clara

a necessidade de estabelecer normas e providenciar fiscalizações mais rigorosas

(BRASIL, 1990).

Diante dessas fraudes, o MAPA desenvolveu legislações que definem

a quantidade de água aceitável na carcaça de frango e implantou em 1999 o

Programa de Controle de Absorção de Água em Carcaça de Aves. A principal

delas, a IN nº210 de 1998, estabeleceu que a porcentagem de água absorvida

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pela carcaça na etapa de resfriamento não deve ser superior a 8% de seu peso.

Valores superiores a este configuram fraude (BRASIL, 1998).

De acordo com o art. 879 do RIISPOA, adulteração consiste na

elaboração dos produtos em condições que contrariem as especificações fixadas

e as fraudes, quando o produto sofre modificação ou alteração de um ou mais

elementos normais do produto, total ou parcialmente, de acordo com os padrões

estabelecidos e aprovados pelo DIPOA.

A maior parte das fraudes se dá em carcaças e cortes temperados, já

que o tempero em forma de salmoura era injetado na carne. Por isso, a Circular nº

06 de 12 de fevereiro de 2010 estabeleceu que a partir do dia 15 de março de

2010 estava proibido a produção de carcaças e cortes temperados de frango

(BRASIL, 2010a).

No entanto, o excesso de água no frango não representa

necessariamente uma injeção fraudulenta e criminosa de água, já que a

regulagem dos equipamentos envolvidos no processamento e outros fatores

como temperatura da água do resfriamento, tipo do corte abdominal, tempo de

permanência nos tanques, injeção de ar no sistema (borbulhamento) e outros

fatores de menor importância interferem diretamente na porcentagem de água

absorvida pela carcaça (BRASIL, 1998; PAGNUSSATTO, 2005; SANT’ANNA,

2008).

Além disso, a carne de aves possui na sua estrutura normal certa

quantidade de água, como visualizado na Tabela 1.

TABELA 1 – Porcentagem de água presente na estrutura normal dos

principais cortes da carne de frango

Cortes Apresentação Teor de água (%)

Coxa

Crua

Assada

73,5

64,7

Peito Cru

Assado

74,3

65,4

Fonte: Adaptado de COTTA, 2003.

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O DIPOA verifica e controla o percentual de água no frango através do

Programa de Prevenção e Controle da Adição de Água aos Produtos (PPCAAP),

que constitui um dos elementos de inspeção. De acordo com a Circular nº 294 de

2006, esse elemento de inspeção não visa a inocuidade dos produtos, e sim o

combate as fraudes por adição de água as carcaças de frango (BRASIL, 2006b).

De acordo com a Circular nº 38 de 2010, cabe a garantia da qualidade

da empresa implantar e monitorar o processo de controle de forma que a

quantidade de água absorvida não ultrapasse os limites estabelecidos pela

legislação (BRASIL, 2010b).

A verificação do processo tecnológico visando coibir esse tipo de

fraude é realizada pelo SIF local, de acordo com o Ofício Circular nº 38/10,

através da análise do processo de pré-resfriamento, Teste de Absorção e Teste

de Gotejamento (Drip Test) e verificação dos documentos gerados pela empresa

uma vez por mês (BRASIL, 2010b).

4.1 Parâmetros do Pré-Resfriamento de Carcaças

a) Temperatura

Na entrada do pré-chiller a temperatura da água não deve ser superior

a 16ºC e na saída do chiller, inferior ou igual a 4ºC, sendo obrigatória a presença

de um termorregistrador. É importante citar que esse equipamento não poderá

estar próximo à entrada de água gelada ou gelo. Todos os equipamentos

envolvidos no monitoramento devem ser aferidos e calibrados de acordo com o

programa de auto-controle da empresa.

b) Renovação de água

A água dos pré-resfriadores deverá ser renovada continuamente, com

fluxo de contra-corrente em relação às carcaças, conforme legislação em vigor

(BRASIL, 1998).

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c) Permanência das carcaças no pré-chiller

O tempo de permanência das carcaças no pré-chiller não deve

ultrapassar 30 minutos, ficando proibida a manutenção das carcaças nos pré-

resfriadores durante os intervalos de trabalho. O teste de absorção deve ser

realizado concomitante ao monitoramento do tempo de permanência das aves no

pré-chiller, através de cronometragem. Isso permite o controle de absorção de

água nos produtos em intervalo de tempo conhecido.

d) Borbulhamento

O ar empregado no borbulhamento dos tanques pré-resfriadores deve

ser filtrado antes do uso, sendo os filtros higienizados e trocados periodicamente,

conforme previsto no programa de auto-controle da empresa.

e) Gotejamento

O gotejamento deve ser previamente definido e monitorado pela

indústria, devendo durar tempo suficiente para garantir a manutenção do índice

de absorção abaixo do limite máximo permitido.

f) Freqüência mínima de monitoramento

O monitoramento dos parâmetros de controle obrigatórios do pré-

resfriamento ocorre no máximo a cada duas horas, sendo que o intervalo mínimo

de verificação é de quatro horas.

g) Freqüência mínima de verificação oficial

Os parâmetros envolvidos no pré-resfriamento das carcaças devem ser

verificados pelo SIF diariamente e no mínimo duas vezes por turno.

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4.2 Avaliações Obrigatórias de Produtos e Processos

4.2.1 Teste de absorção (método de controle interno)

O teste de absorção objetiva estabelecer a porcentagem de água

absorvida pela carcaça durante a etapa de pré-resfriamento, através da

comparação dos pesos das carcaças antes e após o pré-resfriamento (BRASIL,

1998). Este teste era realizado pelo controle de qualidade da BRF BRASIL

FOODS a cada duas horas e pelo SIF duas vezes por turno.

Toda a técnica da realização desse teste está descrito por BRASIL

(1998) e deve ser registrada em planilha (Anexo 5).

Para a realização do teste, 10 carcaças eram separadas após a saída

do último chuveiro da calha de evisceração e deveria ocorrer um breve

escorrimento da água presente nas cavidades. Após essa etapa, pesaram-se as

carcaças, individual ou coletivamente, para determinar o peso inicial (Pi). Na BRF

BRASIL FOODS Unidade de Jataí, as carcaças eram pesadas individualmente. A

identificação correta das carcaças antes de entrarem no processo de pré-

resfriamento é de extrema importância para a eficiência do teste. Após a

passagem das carcaças pelo chiller e pré-chiller, ocorria o gotejamento e só

depois dessa etapa, as carcaças eram novamente pesadas, individual ou

coletivamente, obtendo-se o valor do peso final (Pf).

Após a obtenção desses dados, procedia-se o cálculo da diferença (D)

entre o peso inicial (Pi) e o peso final (Pf), de acordo com a fórmula abaixo:

D = Pf-Pi

Após o cálculo do D, multiplica-se o valor obtido por 100 e divide-se

pelo valor de Pi, obteremos assim, o percentual de água (A) que foi absorvida

durante o processo de resfriamento, como mostra a fórmula abaixo.

A = D x 100/ Pi

O monitoramento do teste de absorção deve ser realizado pelos

estabelecimentos em intervalos não superiores a duas horas. O SIF realiza o

teste de absorção como verificação concomitante aos testes da empresa, pelo

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menos duas vezes por turno de trabalho. A análise dos resultados deverá levar

em consideração a aplicação da técnica de forma adequada e a verificação

documental das demais análises realizadas no dia.

4.2.2 Método de Gotejamento ou “DRIP TEST”

A técnica do método de gotejamento consiste na verificação do teor de

água perdida pelas carcaças congeladas após descongelamento em condições

padronizadas (BRASIL 1998; BRASIL, 1999).

Na BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO, o teste era realizado

na empresa pelo agente do SIF duas vezes por semana e pelo controle da

qualidade duas vezes ao dia, em caráter indicativo para o SIF e em caráter

determinante para a empresa. O teste oficial ocorre em laboratórios oficiais ou

credenciados, uma vez por mês ou quando se fizer necessário, mediante coleta e

envio do material pelo SIF.

A amostra para verificação no laboratório da empresa consiste em seis

carcaças congeladas, embaladas, estocadas e coletadas de forma aleatória. O

SIF deve acompanhar a realização da técnica pela empresa em pelo menos 20%

dos testes (BRASIL, 2006).

As informações referentes à amostra como marca, data de fabricação,

prazo de validade e rastreabilidade, deverão constar no formulário próprio (Anexo

6).

Os equipamentos e utensílios necessários para a realização desta

técnica são: balança com capacidade de até cinco quilos e precisão de mais ou

menos 1g; equipamento com banho de água controlado termostaticamente, com

volume de água maior que oito vezes o volume da carcaça testada, com

temperatura de 42ºC mais ou menos 2ºC; termômetro; papel toalha; sacos

plásticos; caneta para identificação das carcaças; pesos para manter a carcaça

na posição vertical dentro do banho; barbante; sacos tipo “rede para laranja” e

ganchos de metal.

O formulário de controle de “drip test” em carcaças de aves se encontra

no Anexo 7.

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É necessário para a realização do teste que as carcaças estejam à

temperatura de -12ºC. Caso a temperatura estivesse abaixo de -12ºC mantinha-

se em temperatura ambiente até que a preconizada fosse atingida. A carcaça era

enxugada com papel toalha na face externa da embalagem, eliminando todo gelo

e líquido. Através da pesagem da carcaça ainda dentro da embalagem, obtêm-se

o valor de Mo. Em seguida, retirava-se a carcaça da embalagem e realizava-se a

pesagem da embalagem devidamente seca, correspondendo ao M1.

Posteriormente, colocava-se a carcaça congelada sem a embalagem e com a

cavidade abdominal voltada para o fundo do saco plástico, sendo fechado

posteriormente com barbante resistente e de tamanho suficiente, retirando o

excesso de ar presente e não permitindo a entrada de água. O saco plástico com

a carcaça congelada é colocado em outro saco tipo “rede de laranja” com os

pesos no interior voltados para o fundo e novamente fechado com barbante

(Figura 16). A carcaça, então, estava preparada para mergulhar no banho, de tal

forma que a água não penetre no seu interior e nem que toque em carcaças

adjacentes.

FIGURA 16 – Carcaça congelada, identificada, colocada em saco

plástico resistente e em saco tipo “rede de laranja”

lacrado com barbante, contendo peso no interior

Fonte: LIMA, 2010.

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A água do banho de imersão deve permanecer com temperatura entre

40 e 44ºC em constante agitação até que o interior da carcaça atinja pelo menos

4ºC, não permanecendo em banho após atingir essa temperatura (Figura 17). As

temperaturas do banho no início, meio e final devem ser anotadas em formulário

próprio (Anexo 8). De acordo com BRASIL (1998), o tempo de imersão varia

conforme o peso da carcaça, como observado na Tabela 2.

TABELA 2 – Peso da carcaça da ave versus tempo de imersão no banho

Peso da ave

(gramas)

Tempo de imersão

(minutos)

Tempo de imersão

(horas)

Até 800 65 1h05

801-900 72 1h12

901-1000 78 1h18

1001-1100 85 1h25

1101-1200 91 1h31

1201-1300 98 1h38

Fonte: BRASIL, 1998.

Para carcaças com pesos superiores aos descritos na Tabela 2,

adiciona-se sete minutos a cada 100g adicionais (BRASIL, 1998).

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Figura 17 – Carcaças imersas no banho a temperatura de 40 a 44ºC,

distribuídas de forma que não encoste uma nas outras e que

não permita a entrada de água no seu interior.

Fonte: Lima, 2010.

Passado o período de imersão, retira-se o saco plástico com o frango.

Abre-se um orifício na parte inferior do saco plástico de forma que a água possa

ser drenada e introduz-se um gancho de metal em cada carcaça, mantendo-as

em suportes, à temperatura ambiente entre 18ºC e 25°C por uma hora. Esse

tempo é suficiente para retirar todo o líquido proveniente de descongelamento.

Em seqüência, retira-se a carcaça descongelada da embalagem. Com papel

toalha, secar a carcaça interna e externamente. Obtêm-se M2 com a pesagem da

carcaça descongelada e seca. Mediante a obtenção dos dados, é possível

calcular a porcentagem de líquido perdido pela carcaça no descongelamento, de

acordo com a fórmula abaixo:

% de líquido perdido = Mo – M2 x 100

Mo – M1

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Neste trabalho, não foi considerado a presença de vísceras na carcaça,

já que a BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO produz apenas frangos

inteiros sem vísceras, uma característica do mercado externo importador. Caso

existam vísceras, as mesmas devem ser contabilizadas juntamente com sua

embalagem.

Faz-se a média da porcentagem de líquido perdido das seis amostras

avaliadas, ou seja, somam-se todos os resultados obtidos e divide-se por seis.

O valor da porcentagem não deve exceder a 6%. Caso o resultado seja

superior ao estipulado, as amostras e a contraprova serão enviadas para o

Laboratório Oficial para nova análise e a contraprova da indústria para a empresa.

O lote analisado é apreendido e seu destino somente é traçado após verificação

do resultado obtido no laboratório oficial.

O monitoramento era realizado pela empresa uma vez por turno e pelo

SIF semanalmente. O SIF realizava ainda a coleta de outras 18 unidades, para

compor a prova, contraprova da empresa e contraprova do SIF, caso haja

necessidade de confirmar em laboratório oficial a violação do limite permitido de

absorção na avaliação indicativa realizada na própria empresa. Nesse caso,

deverá ser lavrado Relatório de Não Conformidade (RNC), permanecendo o lote a

que se refere à análise apreendido até a obtenção do laudo do laboratório Oficial.

O SIF deverá também acompanhar o monitoramento de 20% das

análises realizadas semanalmente pela empresa.

4.3 Destino das não conformidades

Se as carcaças avaliadas possuíssem porcentagem de água superior a

permitida por lei, a empresa infratora sofreria penalidades aplicadas pelo DIPOA,

que consiste em: advertência, multa, interdição da produção e recolhimento dos

produtos do mercado varejista (FERNANDES, 2008).

É necessário que a empresa comprove, mediante análises laboratoriais

oficiais, que os lotes produzidos após o lote com porcentagem de água superior a

8% estão aptos a serem comercializados ou poderão sofrer novas apreensões do

seu produto no comércio varejista ou no local de produção (FERNANDES, 2008).

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Porém, visando o aproveitamento do alimento, já que porcentagem de

água superior ao permitido não compromete a viabilidade do produto, o Ministério

de Estado Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome

regulamentou através da IN nº26 de 23 de abril de 2003 que, todas as carcaças

de frango que estiverem em condições adequadas para consumo humano,

deverão ser enviadas, preferencialmente, para este Ministério (BRASIL, 2003).

Entretanto, devido à grande dificuldade de transporte dessas carcaças,

na maioria das vezes o destino de carcaças com excesso de água é a produção

de CMS.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o crescimento contínuo da população mundial faz-se necessário o

desenvolvimento de tecnologias que permitam aumentar a produção de alimentos

e o aproveitamento ao máximo possível, porém, sem deixar de se preocupar com

qualidade.

O MAPA se preocupa com a qualidade alimentar humana e executa

programas que fiscalizam as empresas produtoras de alimentos, garantindo que o

alimento disponível no mercado esteja em condições ótimas de consumo. Além

disso, garante que o consumidor não seja enganado ao comprar os produtos de

origem animal, através de monitoramento contínuo de todo o processo produtivo.

Dentre os métodos de monitoramento mais importantes dentro da

indústria processadora de aves consta o teste de absorção e o teste de

gotejamento ou Drip Test, que veio para garantir que o consumidor não pague

água pelo preço de carne de frango.

Diante de tudo que foi observado durante o estágio curricular

obrigatório desenvolvido nas dependências do SIF 4011, conclui-se que foi de

grande valia para a aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula,

principalmente porque permitiu o acompanhamento de todo o processo de

produção de carne de aves, desde a recepção até a expedição e transporte, e a

confecção de documentos e relatórios pelos funcionários do SIF e pela Fiscal

Agropecuária Federal, além do desenvolvimento da técnica dos testes

comumente realizados na rotina da indústria.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABREU, V.M.N., AVILA, V.S. de. Manejo da produção – jejum pré-abate. Disponível em: http://sistemadeproducao.cnptia.embrapa.br. Versão Eletrônica Jan/2003. Acesso em 10-11-10.

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3. AMORIM NETO, A. A.; MIRANDA, C. C. M. Inspeção de aves. Curso de pós-graduação “lato sensu” em higiene e inspeção de produtos de origem animal. Universidade Castelo Branco. Goiânia, julho de 2009.

4. ASSAKAWA, E.; SILVA, R. A. M.; CONSTANTINO, C.; TARSITANO, M. A.; ZANCANELA, V.; CARDOSO, T. A. B. C.; FONSECA, N. A. N.; BRIDI, A. M. Avaliação da carne de frangos abatidos pelo método halal. Anais do XVIII EAIC 30 de setembro a dois de outubro de 2009.

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7. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ofício circular nº 06 de 12 de fevereiro de 2010a. Suspensão da elaboração e comercialização de produtos temperados (carcaças, cortes e produtos marinados de aves). Diário Oficial da União. Brasília, 2010.

8. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. DCI/DIPOA. Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle. Diário Oficial da União, Brasília, 07 de abril de 2006a.

9. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. DCI/DIPOA. Circular nº 294, de 05 de maio de 2006. Diretrizes para aplicação das circulares nºs 175/2005CGPE/DIPOA e 176/2005/CGPE/DIPOA nos estabelecimentos de abate de aves. Diário Oficial da União, Brasília, 05 de maio de 2006b.

10. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 03, de 17 de janeiro de 2000. Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização Para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. Diário Oficial da União, Brasília, 2000.

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11. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº. 20, de 21 de julho de 1999. Métodos Analíticos Físico-Químicos para Controle de Produtos Cárneos e seus Ingredientes – Sal e Salmoura. Diário Oficial da União, Brasília, 1999.

12. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. DCI/DIPOA. Portaria nº. 210, de 10 de novembro de 1998. Aprova o Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico Sanitária da Carne de Aves. Diário Oficial da União, Brasília 26 de novembro de 1998, Seção 1, p. 226.

13. BRASIL. Casa Civil. Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm. Acesso em 16 de novembro de 2010.

14. COTTA, T. Frangos de corte: criação, abate e comercialização. Viçosa: aprenda fácil, 2003.

15. FERNANDES, C. M.; PAZ, G. F.; LINS, J. C. Avaliação das condições de frigorificação de carcaças de frangos de corte em diferentes pontos do processo produtivo, distribuição e comercialização. Universidade Castelo Branco, 2008.

16. GOLÇALVES, C. R. Fluxograma de abate de aves. Instituto Qualittas. Curso de pós-graduação em higiene e inspeção de produtos de origem animal, 2008

17. IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor. Em 2008, 19% dos frangos congelados tinham mais água do que o permitido. Publicado em 12 de janeiro de 2009. Disponível em: http://www.idec.org.br. Acesso em 11 de novembro de 2010.

18. IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor. Ministério divulga nota técnica sobre a fraude de absorção de água em carcaças de aves. Publicado em 28 de julho de 2005a. Disponível em: http://www.idec.org.br. Acesso em 11 de novembro de 2010.

19. IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor. Água no frango: Idec divulga lista de empresas infratoras. Revista do IDEC nº85 de fevereiro de 2005. Disponível em: http://www.idec.org.br. Acesso em 11 de novembro de 2010.

20. MENDES, A. A. Controle de perdas e condenações no abatedouro. Rev. Aveworld. Ano 1, nº6 Dezembro/janeiro de 2004. p. 16-25.

21. NEVES FILHO, L. C. Refrigeração In: Abate e Processamento de Frangos. Campinas: Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas, p.31-62, 1994.

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22. PAGNUSSATO, C. J. Rastreabilidade na indústria avícola em sistema integrado: o caso do teor de água total em cortes de frangos. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Maria - RS, 2005.

23. PARDI, M. C.; SANTOS, I. F. dos; SOUZA, E. R. de; PARDI, H. S.; Ciência, higiene e tecnologia da carne; 2. ed. Goiânia: Editora da UFG, 2005. Volume I.

24. PRATA, L. F.; FUKUDA, T. Fundamentos de higiene e inspeção de carnes. Jaboticabal: Funep, 2001.

25. RIELLA, H. G.; GERLOFF, J. Descarga zero nos tanques de pré-resfriamento de carcaça de aves. I Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos de Animais e Tratamento de Dejetos de Animais. Florianópolis-SC, 11 a 13 de Março de 2009.

26. SANT’ANNA, V. Análise dos fatores que afetam a temperatura e absorção de água de carcaças de frango em chiller industrial. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.

27. SARCINELLI, M. F.; VENTURINI, K. S.; SILVA, L.C. Abate de Aves. Boletim técnico – PIE-UFES:00607. Universidade Federal do Espírito Santo, 2007.

28. SAVAGLIA, F. Comida sagrada. In: Revista Nacional da carne n°395, ano XXXIV. Janeiro de 2010.

29. SILVA, L. M.; MENDONÇA, P. S. M. Fatores que Influenciam o Consumo de Carne de Frango: Saúde e Preço. Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural. Ribeirão Preto, 24 a 27 de Julho de 2005.

30. UBABEF – Relatório Anual 2010. Disponível em http://www.abef.com.br Acesso em 11 de novembro de 2010.

31. WILSON, W. G. Wilson’s inspeção prática da carne. [Tradução Camila Barbieri Prata, revisão científica Luiz Franscisco Prata]. São Paulo: Roca, 2009.

32. ZEIDAN, R. M.; COSTA, D.; ABRANCHES, L.; MEIRELLES, F. G.; VINÍCIUS, M.; SEIXAS, P. Certificação na cadeia produtiva de alimento e as barreiras técnicas à exportação. UNIGRANRIO – Universidade do Grande Rio, Escola de Gestão e Negócios, 2008.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – Guia de Trânsito Animal (GTA) recebida pelo SIF na BRF BRASIL

FOODS Unidade de Jataí-GO.

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ANEXO 2 – Boletim Sanitário Animal avaliado pelo SIF na chegada das aves na BRF

BRASIL FOODS Unidade de Jataí-GO.

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ANEXO 3 - Embalagem de frango inteiro griller da marca HALAL®, aprovada pelo SIF,

utilizada pela BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí.

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ANEXO 4 - Embalagem de frango inteiro griller da marca BORELLA®, aprovada pelo SIF,

utilizada pela BRF BRASIL FOODS Unidade de Jataí.

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ANEXO 5 - Planilha de verificação oficial de absorção de água em carcaças

de aves (“no local”).

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ANEXO 06 - Ficha de colheita de amostra para realização de Drip Test no laboratório

da empresa.

Identificação da amostra:

Data da colheita: ____/____/____

Marca:

Hora da colheita: Data de fabricação:

Lote (rastreabilidade): Data de vencimento:____/____/____

Tamanho do lote: Data da análise:

Aplicação da técnica:

Carcaça nº 01 Carcaça nº 02 Carcaça nº 03

M0 M0 M0

M1 M1 M1

M2 M2 M2

M3 M3 M3

Carcaça nº 04 Carcaça nº 05 Carcaça nº 06

Tempo Amostra Entrada Saída

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ANEXO 7 – Planilha de verificação Oficial do controle de Drip Test em carcaça de aves.

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ANEXO 8 – Controle de temperatura do banho de imersão de carcaças para Drip Test.

Data Hora Temperatura da água (Padrão +42ºC ±2ºC)

____/____/____

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____/____/____

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