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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Gerenciamento de Resíduos Sólidos Prof. Homero Soares 05//2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

Departamento de Engenharia Sanitária e

Ambiental

Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Prof. Homero Soares

05//2013

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Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente (2008.)

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Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente (2011).

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Fonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente (2012).

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ÍNDICE

I – Saneamento Ambiental e Gerência de Resíduos Sólidos _____________________________ 8

I.1) O que é Saneamento Ambiental? _______________________________________________ 8

I.2) Atividades do Saneamento Ambiental ___________________________________________ 8

I.3) Situação do Saneamento no Brasil ______________________________________________ 8

I.4) O Saneamento e a Legislação _________________________________________________ 23

I.5) A Gestão dos Serviços de Saneamento _________________________________________ 23

I.5.1. Breve histórico da Legislação Federal sobre RS. ______________________________ 24

I.5.2 – Responsabilidades _____________________________________________________ 32

I.6 - Limpeza Pública ___________________________________________________________ 34

I.6.1) Normalização __________________________________________________________ 34

I.6.2) Participação Comunitária _________________________________________________ 34

I.6.3) Planejamento __________________________________________________________ 34

I.6.4) Execução _____________________________________________________________ 35

I.6.5) Estrutura Administrativa__________________________________________________ 36

I.6.6) Cobrança pelos Serviços _________________________________________________ 36

I.7) Medidas Restritivas Possíveis de Serem Adotadas ______________________________ 36

II – Caracterização dos Resíduos Sólidos. 44

II.1) Definições. ________________________________________________________________ 44

II.2) A Problemática dos Resíduos Sólidos. __________________________________________ 46

II.3) Origem e Formação do Lixo. _________________________________________________ 49

II.4) Classificação dos Resíduos Sólidos: ___________________________________________ 49

II.4.1 - Objetivos da Classificação dos RS:________________________________________ 49

II.4.2 - Tipos de Classificação: _________________________________________________ 49

II.4.3 - Quanto à Origem: ______________________________________________________ 49

II.5) Caracterização dos Resíduos Sólidos: _________________________________________ 59

II.5.1 - Composição Física ou Gravimétrica _______________________________________ 59

II.5.2 - Peso Específico: (Kgf/m3) _______________________________________________ 67

II.5.4 - Teor de Umidade.______________________________________________________ 68

II.5.5 - Grau de Compactação: __________________________________________________ 69

II.5.6 - Teor de Materiais Combustíveis e Incombustíveis: ____________________________ 69

II.5.7 - Poder Calorífico: ______________________________________________________ 69

II.5.8 - Composição Química: __________________________________________________ 69

II.5.9 - Teor de Matéria Orgânica: _______________________________________________ 69

II.5.10 - Caracterização Bacteriológica: __________________________________________ 70

II.6) Como Caracterizar o Lixo: __________________________________________________ 70

III - Limpeza Pública 73

III.1) Serviços de Limpeza Pública: _______________________________________________ 73

III.2) Atividades de Apoio: _______________________________________________________ 73

IV - Limpeza de Logradouros 74

IV.1) Varrição _________________________________________________________________ 74

IV.2) Capina e Roçagem_________________________________________________________ 76

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IV.3) Outros Serviços ___________________________________________________________ 77

V - Acondicionamento do Lixo 79

V.1. Acondicionamento dos resíduos domiciliares. ____________________________________ 80

V.2) Acondicionamento dos Resíduos Públicos _______________________________________ 81

V.2.1) Para Pequenos Volumes: _________________________________________________ 81

V.2.2) Para Grandes Volumes:__________________________________________________ 81

V.3) Acondicionamento de Resíduos de Fontes Especiais.______________________________ 82

VI - Coleta do Lixo 85

VI.1) Sistemas de Trabalho ______________________________________________________ 85

VI.2) Tipos de Coleta ___________________________________________________________ 85

VI.3) Freqüência de Coleta ______________________________________________________ 88

VI.4) Horários de Coleta ________________________________________________________ 88

VI.5) Levantamento Primário de informações para Coleta de Resíduos.__________________ 90

Mapa geral do município: escala 1:5000 ou 1:10000; ______________________________ 90

Veículos disponíveis e suas respectivas capacidades (se se trata de expansão de serviços);

90

Setores de Coleta ___________________________________________________________ 90

Estimativa da quantidade de lixo por setor: é realizada através da pesagem dos caminhões

carregados no sítio de destinação final (descontada a tara do veículo). ___________________ 90

VI.6) Equipamentos de Coleta ____________________________________________________ 91

VI.7) Guarnição de Coleta _______________________________________________________ 92

VI.8) Projeto de Coleta de Lixo __________________________________________________ 93

VI.9) Avaliação de Desempenho __________________________________________________ 97

VII - Transporte e Transbordo 99

VII.1) Classificação das Estações de Transbordo_____________________________________ 99

VII.2) Principais Vantagens do Emprego de Estações de Transbordo ___________________ 100

VII.3) Instalação de Estações de Transbordo _______________________________________ 101

VIII - Tratamento dos Resíduos Sólidos 102

VIII.1) Reciclagem da Matéria Orgânica - Compostagem_____________________________ 102

VIII.1.1) Etapas da Compostagem ______________________________________________ 103

VIII.1.2) Classificação da Compostagem _________________________________________ 104

VIII.1.3) Fatores a Serem Observados Durante a Compostagem _______________________ 105

VIII.1.5) Vantagens e Desvantagens da Compostagem _______________________________ 109

VIII.1.6) Características do “Composto” Orgânico: ________________________________ 109

VIII.1.7) Observações Finais __________________________________________________ 110

VIII.2) Incineração ____________________________________________________________ 111

VIII.2.1) Incineração: Conceitos Básicos _______________________________________ 116

VIII.2.2) Etapas da Incineração ________________________________________________ 117

VIII.2.3) Classificação da Incineração___________________________________________ 118

VIII.2.4) Vantagens da Incineração _____________________________________________ 118

VIII.2.4) Desvantagens da Incineração___________________________________________ 119

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VIII.2.5) Conclusões ________________________________________________________ 119

VIII.3) Pirólise________________________________________________________________ 119

VIII.3.1) Produtos da Pirólise _________________________________________________ 119

VIII.3.2) Metodologia: _______________________________________________________ 120

VIII.3.3) Vantagens e Desvantagens da Pirólise____________________________________ 121

VIII.4) Conversão Biológica do Lixo com Recuperação de Energia _____________________ 121

IX - Disposição Final 123

IX.1) Aterro Sanitário: _________________________________________________________ 126

IX.1.1) Definição: _____________________________________________________________ 126

IX.1.2) Estudos de Áreas para Instalação de Aterros Sanitários: ______________________ 127

IX.1.3) Componentes do Projeto de um Aterro Sanitário. _____________________________ 133

Observação 2: Cálculo das Dimensões das Células de Lixo (trincheiras): _______________ 139

IX.1.4) Instalações de Apoio_____________________________________________________ 147

IX.2) Aterro Controlado 148

IX.3) Lixões ou Vazadouros 148

X - Reciclagem dos Materiais do Lixo 150

X.1) Histórico ________________________________________________________________ 150

X.1) Coleta Seletiva do Lixo ____________________________________________________ 152

X.1.1. Cenário Atual da Coleta Seletiva no Brasil (ABRELPE, 2010).___________________ 153

X.2.1) Papel ______________________________________________________________ 156

X.2.2) Plástico: ___________________________________________________________ 158

X.3) Vantagens e Desvantagens da Reciclagem: ____________________________________ 161

X.4) Os números no Brasil ______________________________________________________ 161

X.5) Programa Brasileiro de Reciclagem __________________________________________ 164

XII - CONSIDERAÇÕES FINAIS 165

A N E X O 1 169

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS. UMA VISÃO GERAL. 170

A.1) Introdução _______________________________________________________________ 170

A.2) Definição e Classificação de Resíduos Perigosos. _______________________________ 170

A) Inflamabilidade __________________________________________________________ 171

B) Corrosividade ___________________________________________________________ 171

C) Reatividade _____________________________________________________________ 171

D) Toxicidade _____________________________________________________________ 171

A.3) Requisitos para Tratamento, Armazenamento e Disposição _______________________ 172

A) Tratamento _____________________________________________________________ 172

B) Armazenamento __________________________________________________________ 173

C) Disposição Final _________________________________________________________ 173

A.4) Gestão de Resíduos Perigosos _______________________________________________ 173

Código da atividade referente à ampliação ou modificação 178

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I – Saneamento Ambiental e Gerência de Resíduos Sólidos

I.1) O que é Saneamento Ambiental?

Saneamento (OMS): é o controle de todos os fatores do meio físico do homem (água, ar,

solo) que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o seu bem-estar FÍSICO, MENTAL e

SOCIAL.

Saúde (OMS): Estado de completo bem-estar físico, mental e social; não é só AUSÊNCIA

DE DOENÇA.

I.2) Atividades do Saneamento Ambiental

Tratamento e Abastecimento de Água (em quantidade e com qualidade compatível com saúde

humana);

Coleta, Tratamento e Disposição adequada e sanitariamente segura de esgotos (domésticos

industriais, etc.);

Coleta, Tratamento e Disposição segura de resíduos sólidos (domésticos, industriais, RSS,

público);

Drenagem de Águas Pluviais;

Controle de Poluição Ambiental = Água, Ar, Solo, Visual e Sonora;

Saneamento dos Alimentos (leite, carne e outros);

Saneamento das edificações, meios de transporte, aeroportos e cemitérios;

Saneamento em situações emergenciais (inundações);

Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.).

I.3) Situação do Saneamento no Brasil

Em 1991 censo do IBGE comprovava:

Crise sem precedentes implantada no Brasil com relação ao Saneamento Ambiental.

1991: 152,3 milhões de habitante, 77% dos quais, urbanos.

A seguir são apresentados alguns dados que ajudam compreender as razões da crise.

O Gráfico 1.1 apresenta a variação nos últimos 20 anos, da população brasileira.

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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1980, 1991 e 2000 e Contagem da População 1996.

Gráfico 1.1. População brasileira nos últimos 20 anos.

Os resultados do censo IBGE 2010 demonstram que o país possuía em agosto de 2010 cerca de

190,5 milhões de habitantes. O crescimento populacional entre o período de 1990 e 2010 foi de

29,92% aproximadamente, o que representa uma taxa de crescimento anual 1,32 no período. No

período 2000/2010 o país cresceu à taxa anual de 1,17%,o que representa 2095663 brasileiros a

mais por ano.

O Gráfico 1.2 apresenta a evolução da pirâmide etária no Brasil nos últimos 20 anos.

Gráfico 1.2. Composição da população residente total, por sexo e grupo de idade.

Fonte: IBGE. Censos 1991, 2000 e 2010

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A Tabela 1.1 mostra a distribuição da população brasileira ao longo 20 últimos anos do século

XX, segundo características específicas.

POPULAÇÃO TOTAL E PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO POR SEXO, GRANDES GRUPOS DE IDADE

E SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO.

1980 1990 1996 2000

População total (1) 119.002.706 146.825.475 157.070.163 169.799.170

Por sexo (%)

Homens 49,68 49,36 49,30 49,22 Mulheres 50,31 50,63 50,69 50,78

Por grandes grupos de

idade (%)

0-14 anos 38,20 34,72 31,54 29,60 15-64 anos 57,68 60,45 62,85 64,55 65 e mais 4,01 4,83 5,35 5,85

Por situação do domicílio

(%)

Urbana 67,59 75,59 78,36 81,25 Rural 32,41 24,41 21,64 18,75

FONTE: http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/default.htm

NOTA (1): Inclusive a população com idade ignorada em 1980 e 1996

Tabela 1.1. População total do Brasil e distribuição por grupos.

O Gráfico 1.3 mostra a taxa de analfabetismo no Brasil (entre 1940 e 2010) determinada a

partir do censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE.

Gráfico 1.3 - cont. Taxa de analfabetismo.

FONTE: IBGE, 2010

O Gráfico 1.3 mostra que a taxa de analfabetismo da população com mais de 15 anos é de 9,6%.

O brasileiro, segundo o IBGE, estuda em média estuda 7,7 anos (não completa nem o 1º grau.....)

Assim, deleite-se em saber que há (no ano de 2010) cerca de 18 milhões de brasileiros que não

sabem ler nem escrever. SÃO ANALFABETOS.

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O Gráfico 1.4 apresenta o total de anos de estudo dos brasileiros, considerando o gênero.

Anos de estudo das pessoas de 10 anos e mais - 2003

Gráfico 1.4. Total de anos de estudo. FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003.

O Gráfico 1.4.a, mostra os dados atualizados até 2008 para o total de anos de estudos para

brasileiros com mais de 25 anos. A observação do gráfico mencionado permite concluir que, em

média os brasileiros POSSUEM SOMENTE SETE ANOS DE ESTUDO, período inferior ÀQUELE

correspondente ao PRIMEIRO GRAU.

Gráfico 1.4a. Média de anos de estudos no Brasil para pessoas com 25 anos ou mais de idade.

Pretende-se DISCUTIR ação e preservação ambiental, ética na política, PLANOS,

PROGRAMAS E PROJETOS de governo com esse perfil acadêmico de sociedade? Com o pessoal

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egresso de nossas escolas públicas de primeiro grau? Com essas informações, certamente há algo

que não se ajusta aos objetivos da sustentabilidade ambiental do planeta.

Dos 187.637.426 de brasileiros que aqui moravam em Setembro de 2008, 28.145.614 têm

três anos de estudo (segundo o Gráfico 1.4 cerca de 15% dos brasileiros estão aí enquadrados).

Estão inseridos no grupo dos analfabetos funcionais, definidos como aqueles que têm menos de

QUATRO anos de estudos. Somando-se os analfabetos, 19.701.930, com os 28.145.614 de

analfabetos funcionais SOMOS, AO TODO, 47.847.544 de almas. Qual a sua opinião a este

respeito? Você tinha conhecimento deste número? Qual a relação desse fato com GRS? Você

pode discutir sustentabilidade ambiental/GRS com esse povo? E o pessoal entre 4 e 7 anos de

estudos?1

É preciso falar um pouco sobre pobreza. O Banco Mundial define como POBRE o

indivíduo que ganha ATÉ US$2,00/dia, e, como INDIGENTE, quem ganha ATÉ US$1,00/dia.

Linha de Pobreza, LP, rendimentos até US2,00/dia e Linha de Indigência, LI, até US$1,00/dia.

De maneira geral, essas LP e LI no Brasil são definidas respectivamente como rendimentos

inferiores a 0,5 salário mínimo mensal e 0,25 salário mínimo mensal. Existem várias maneiras de se

definir pobreza e indigência. Se você se interessa pelos fundamentos destes limites e sobre pobreza

no Brasil, veja, por exemplo, o livro: Pobreza no Brasil: Afinal do que se Trata? De Sônia Rocha.

O Gráfico 1.5 apresenta a distribuição dos brasileiros pobres em milhões, entre os anos de

1990 e 1999. São aqueles com renda inferior a 0,5 salário mínimo mensal. Note-se que neste grupo

está incluído o total de indigentes, com renda inferior a 0,25 salário mínimo por mês.

1 O Gráfico 1.4 mostra que 31% dos brasileiros estudaram entre 4 até 7 anos, ie, 58.167.602 brasileiros

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61,31 61,61 62,59

49,0550,94

51,84 51,2854,44

0

10

20

30

40

50

60

70

1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999

Total de brasileiros pobres (em milhões)

Ano

milhões

Gráfico 1.5. Total de brasileiros com renda inferior a 0,5 SM/mês.

Fonte: Pobreza no Brasil (Sônia Rocha, 2003).

Os Gráficos 1.6a e 1.6b mostram os percentuais de famílias com renda familiar percapita

(EM SALÁRIOS MÍNIMOS POR MÊS) por estrato de renda ao longo dos anos de 1992 e 2006.

0

5

10

15

20

25

30

35

1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002

Sem renda Até 0,5 SM 0,5<Renda<1 SM

1<Renda<2SM 2<Renda<3 SM 3<Renda<5SM

Renda > 5SM Sem declaração

Gráfico 1.6a. Distribuição percentual de famílias no Brasil por estrato de renda.

Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – BRASIL 2004 - IBGE.

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Gráfico 1.6b. Distribuição percentual de famílias no Brasil por estrato de renda.

Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – BRASIL 2006 - IBGE.

O que se pode observar no gráfico?

Em 2006 cerca de 10% das famílias viviam sem rendimentos (Renda = 0);

Somando-se os percentuais relativos às rendas percapita familiares até 0,5 com Mais de 0,5

a 1 salário mínimo chega-se, em 2006, a aproximadamente 31% (=10%+21%). Se a esse

percentual acrescentam-se os 11% sem rendimentos, têm-se 42% das famílias brasileiras

sobrevivendo com ATÉ 1 SALÁRIO MÍNIMO, conforme a fonte indicada. Isso chama a

sua atenção?

COMO TUDO ISSO SE RELACIONA A Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos? Quais as prioridades da

sociedade assim caracterizada em relação às questões de resíduos sólidos urbanos?

A) Dados Referentes ao Tratamento /Abastecimento de Água:

Menos de 70% da população é atendida por sistemas coletivos de abastecimento de água

(Cias. Estaduais respondem por 79% da população abastecida - 21% operado por

prefeituras ou convênio com governo federal através da Fundação Nacional de Saúde);

Há problemas de não cumprimento dos padrões de potabilidade da água distribuída e

intermitência na distribuição, comprometimento da quantidade de água fornecida e também

da qualidade;

Elevado índice de perdas (vazamentos, desperdícios, perdas de contabilização da água

distribuída): Total 50% de perdas.

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78,388,2

69,3

87,5

65,5

81,3

49,9

75

42,8

66,6 65,8

83,3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

SE Sul CO NE NO Brasil

Abastecimento de Água - 1991 (IBGE)

Urbano

Total

Gráfico 1.7. Percentuais da população atendida por abastecimento de água – ano 1991.

Fonte: Censo Demográfico 1991 - IBGE

B) Dados Referentes à Coleta/Tratamento de Esgotos:

30% da população do Brasil atendida por Rede Coletora;

8% dos municípios com rede de coleta TRATAM PARTE dos esgotos;

Eficiência de tratamento: muito reduzida com problemas operacionais freqüentes.

52,759,4

15

28,3

35,2

4

14

18,4

7 7,3

10,9

42,2

3,52

29,5

37,3

8

0

10

20

30

40

50

60

SE Sul CO NE NO Brasil

Esgotamento Sanitário - 1991 (IBGE)

Urbana

Total

C/ Tratam.

Gráfico 1.8. Percentuais da população atendida por coleta de esgotos – ano 1991.

Fonte: Censo Demográfico 1991 - IBGE

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O Gráfico 1.8a mostra algumas características dos domicílios brasileiros levantadas pelo

IBGE entre 2004 e 2006, relativamente ao saneamento básico – abastecimento de água, coleta de

esgoto e de lixo – e itens que trazem conforto aos seus moradores.

Características dos Domicílios - 2004-2006

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006.

Gráfico 1.8a – Características dos domicílios brasileiros

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O Gráfico 1.9 apresenta os percentuais de municípios, por região geográfica, SEM

SANEAMENTO, i.e., sem abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e drenagem

urbana. É importante ressaltar que são 5507 os municípios brasileiros, a população total, no ano

2000, perfazia o total de 169.799.170 habitantes, sendo 81,25% urbana.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

NO NE SE Sul CO

% de municípios SEM SANEAMENTO

Água

Esgoto

Lixo

Dren. Urbana

Gráfico 1.9. Percentuais de município sem saneamento - ano 2000.

Fonte: Censo Demográfico 2000 – IBGE

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O Gráfico 1.9a apresenta os percentuais da população brasileira atendida pelos serviços de

abastecimento de água entre os anos de 2004 e 2006, por região geográfica.

Percentual de Domicílios Atendidos por Rede de Abastecimento de Água - 2004-

2006

FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2006.

Gráfico 1.9.a. Redes de Abastecimento – Percentual de domicílios atendidos.

O Gráfico 1.10 apresenta os percentuais da população brasileira atendida pelos serviços de

abastecimento de água e esgotamento sanitário por região geográfica.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

NO NE SE Sul CO Brasil

Pop. Atendida (%)

Ab. Água

Col. Esgoto

Gráfico 1.10. Percentuais da população atendida por abastecimento de água e coleta de

esgotos - ano 2000.

Fonte: Censo Demográfico 2000 – IBGE

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

NO NE SE Sul CO Brasil

DPP por tipo de esgotamento (%)Rede

Fossa Sépt.

Fos. Rudim.

Vala/rio/lago/mar

Gráfico 1.11. Percentuais de Domicílio Particular Permanente (DPP) distribuídos por tipo de

esgotamento sanitário - ano 2000.

Fonte: Censo Demográfico 2000 - IBGE

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C) Dados Referentes à Coleta/Disposição de Resíduos Sólidos em 1991:

Céu aberto: 75%;

Área alagada: <1%;

Aterro controlado: 10%;

Aterro sanitário: 8%;

Compostagem/reciclagem: entre 1% e 2%;

Incineração: < 0,3%.

Gráfico 1.12. Percentuais de RSU por tipo de destinação e regiões geográficas. Ano 1991.

Fonte: Censo Demográfico 1991 – IBGE.

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Segundo o IBGE, (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, 2004), a situação de RS

por regiões brasileiras em termos de Destinação Final está mostrada no Gráfico 1.13.

13,4

86,6

36,6

63,4

42,5

57,5

46,6

53,4

44,4

55,6

40,5

59,5

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

NO NE SE Sul CO Brasil

Destinação dos RSU (IBGE - 2004)

Adequado

Inadequado

Gráfico 1.13. Percentuais RSU por tipo de destinação final - ano 2000.

Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IBGE - 2004

O que se entende por disposição adequada? Aterro sanitário. Lixão, vazadouro, lixo

queimado, terreno baldio e mesmo aterro controlado, não são formas adequadas de disposição.

O Gráfico 1.14 apresenta a variação anual em toneladas de Geração de Resíduos Urbanos

no Brasil entre 2009 e 2010.

Gráfico 1.14: Evolução da Geração de Resíduos Sólidos Urbanos

Fonte: ABRELPE – Panorama de Resíduos 2010

A variação percentual da coleta de RSU é apresentada no Gráfico 1.15.

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Gráfico 1.15: Evolução dos percentuais de COLETA DE LIXO no Brasil

Fonte: IBGE – 2010

É importante observar a diferença significativa que existe entre os percentuais de coleta de RSU e de

Resíduos Sólidos na Zona Rural.

A variação das quantidades de RSU com destinação adequadas entre os anos de 2009 e 2010 são

apresentadas no Gráfico 1.16.

Gráfico 1.16:Destinação Final de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil (2009 e 2010)

Fonte: ABRELPE – Panorama de Resíduos 2010

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OBSERVAÇÕES:

Carências graves são também observadas na área de drenagem urbana, submetendo diversos

municípios a enchentes e inundações periódicas, além de problemas de saúde pública resultantes do

escoamento deficiente das águas de chuva. A população não se incomoda de lançar resíduos nas

bocas de lobo e sarjetas. Apenas reclama quando há enchentes.

Na área de controle de vetores, por sua vez, a descontinuidade dos programas e a falta de

articulação entre as diversas instâncias institucionais têm provocado o ressurgimento ou o

recrudescimento de endemias como a dengue, as leptospiroses e as leishmanioses.

Qual é a principal causa de tal situação? Faltam políticas de planejamento urbano. A

ocupação improvisada e irracional do solo com aglomerados populacionais nas encostas de morros,

lixo nas ruas e nas sarjetas obstruindo os sistemas de drenagem provocando erosão e assoreamento

de rios, inundações, etc. Algo típico de país selvagem, periférico, etc., onde a consciência política e o

exercício da cidadania são demagogicamente proclamados de maneira tal que se mantenha a ignorância.

Apenas os nobres têm acesso à educação de qualidade. Bolsa-família, bolsa-escola, vale-gás, copa do

mundo, carnaval, etc., entregues graciosamente aos mais carentes de forma paternalista para manter a

alienação.

I.4) O Saneamento e a Legislação

1. Constituição Federal, art. 23 Incisos VI e VII:

“É competência COMUM da UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS”:

inc. VI - proteger o MA e combater a poluição em todas as suas formas;

inc. VII - preservar as florestas, fauna e flora.

2. Constituição Federal: Capítulo VI - DO MEIO AMBIENTE (art. 225)

“Meio Ambiente é um direito de todos, bem de uso comum ESSENCIAL À

SADIA QUALIDADE DE VIDA”.

3. Art. 225: “Todos têm direito ao MA ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Constituições Estaduais desenvolvem mais profundamente o tema Saneamento do que a Constituição

Federal.

I.5) A Gestão dos Serviços de Saneamento

Tendo em vista a gravidade do problema de saneamento em geral, e particularmente dos

resíduos sólidos no Brasil, é interessante apresentar-se o panorama histórico acerca da legislação

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brasileira que trata do tema, ou seja, apresentar de maneira breve, o cenário legal, os instrumentos

normativos e reguladores relacionados ao gerenciamento dos resíduos sólidos.

I.5.1. Breve histórico da Legislação Federal sobre RS.

a) Lei 2.312 de 3 de setembro de 1954 (Código Nacional de Saúde)

A lei estabelece normas gerais sobre defesa e proteção da saúde, disciplinando a coleta,

transporte, e destinação final dos resíduos sólidos, que deverão processar-se em

condições que não tragam inconvenientes à saúde e ao bem-estar públicos;

SAÚDE PÚBLICA X RESÍDUOS SÓLIDOS? Qual a vinculação?

O gerenciamento inadequado dos RS (coleta, transporte, tratamento e disposição final)

causa a proliferação de vetores que afetam a saúde pública.

b) Decreto 49.974 de 21 de janeiro de 1961

O decreto regulamenta a lei anterior sob a denominação de Código Nacional de Saúde;

Não introduziu grandes alterações na legislação anterior;

Estabeleceu que as indústrias instaladas ou a serem instaladas devessem submeter, nos

prazos designados, seus planos de gestão de resíduos (líquidos, sólidos e gasosos) à

autoridade sanitária competente visando a proteção das águas, solo e ar.

c) Lei 5.318 de 26 de setembro de 1967

Institui a Política Nacional de Saneamento, criando o Conselho Nacional de Saneamento;

Estava em consonância com a Política Nacional de Saúde, compreendendo um conjunto de

diretrizes que fixavam a ação governamental em relação ao saneamento básico;

Artigo 2: A Política nacional de Saneamento abrangerá o controle da poluição, inclusive a

do lixo.

d) Portaria 053 de 1o de Março de 1979 (Ministério do Interior)

Estabelece que, projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem

como a fiscalização de sua implantação, operação, manutenção passam a estar sujeitos à

aprovação de órgão ambiental estadual, devendo ser enviada à antiga SEMA (Secretaria

Especial de Meio Ambiente - órgão federal extinto e substituído pelo IBAMA através da

Lei 7.735 de 22/02/89) cópias da autorização concedida;

Determina critérios e normas para disposição de lixo in natura, resíduos tóxicos, resíduos

provenientes de portos, aeroportos e hospitalares;

Proibição de lançamento de resíduos sólidos "in natura" em corpos hídricos,

obrigatoriedade de incineração de resíduos patogênicos (hospitais e congêneres) de

portos, aeroportos;

OBSERVAÇÃO:

A resolução CONAMA 05 de 05/08/1993 revogou a obrigatoriedade de incineração de

resíduos hospitalares, de portos, aeroportos e terminais rodoviários.

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e) Lei 6938 de 31 de agosto de 1981 (Política Nacional de Meio Ambiente)

Criação do SISNAMA: Sistema Nacional de MA: Estrutura Institucional organizativa,

responsável por ações ambientais em todo o país. Fazem parte do SISNAMA: CONAMA

(órgão consultivo e deliberativo), IBAMA (órgão executor) , Órgãos Seccionais

Estaduais (COPAM), Órgãos Locais Municipais (COMDEMAS...);

Instituição de Instrumentos de gestão ambiental tais como: licenciamento ambiental,

AIA/EIA, padrões de qualidade ambiental, criação de APA´s, etc.

f) Resolução CONAMA 05 de 15 de Junho de 1988 (Licenciamento)

A resolução exige o licenciamento para obras de sistemas de abastecimento de água,

esgotamento sanitário, sistemas de drenagem e de limpeza urbana. Quanto a esses últimos, a

resolução especifica a obrigatoriedade de licenciamento ambiental para obras de unidades de

transferências, tratamento e disposição de resíduos sólidos de origem domiciliar, pública e

industrial, bem como para atividades de coleta, transporte e disposição final de RESÍDUOS

SÓLIDOS HOSPITALARES.

g) Resolução CONAMA 06 de 15 de Junho de 1988 (Resíduos Industriais)

Estabelece o controle específico de resíduos de atividades industriais no processo de

LICENCIAMENTO. Define critérios de enquadramento de determinadas indústrias dentro de parâmetros

de controle para licenciamento ambiental como informações sobre geração de resíduos, suas

características e destino final (exemplo: indústrias metalúrgicas com mais de 100 funcionários ou

químicas com mais de 50, deverão prestar as informações constantes da resolução ao órgão

ambiental estadual). A resolução é conhecida em alguns Estados como Manifesto dos Resíduos

Sólidos.

h) Resolução CONAMA 02 de 22 de Agosto de 1991

Trata do controle, tratamento e da destinação de cargas deterioradas e contaminadas,

consideradas como fontes potenciais de risco ao MA.

O art. 4 e seu parágrafo único estabelecem responsabilidades do importador, transportador,

embarcador ou agente que os represente, pelo monitoramento, controle e gerenciamento destes

resíduos.

i) Resolução CONAMA 06 de 19 de Setembro de 1991

São definidos critérios que desobrigam a incineração, ou qualquer outro tratamento de

queima de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.

Deixa a cargo dos órgãos ambientais estaduais, a responsabilidade de estabelecer normas

para tratamento especial destes tipos de resíduos gerados em Estados e Municípios que optarem pela

NÃO INCINERAÇÃO. Tais normas deverão condicionar o licenciamento das atividades de coleta,

transporte, acondicionamento e disposição final destes resíduos.

j) Resolução CONAMA 08 de 15 de Setembro de 1991

Impede a entrada no país de resíduos destinados à incineração ou à destinação final.

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l) Convenção de Basiléia

Trata do controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito

final. O texto original aprovado em Basiléia na Suíça em 22 de Março de 1988 foi promulgado no

Brasil em 19 de Julho de 1993, através do decreto presidencial número 875.

O texto reconhece a soberania dos países em relação à entrada ou depósito de resíduos em

seu território.

Apesar das restrições impostas em relação ao movimento comercial de resíduos, tal prática

é comum entre alguns países. A Suíça, signatária e anfitriã do evento, exportava 126 mil toneladas de

resíduos tóxicos para países como Alemanha, Bélgica, Eslovênia e Somália (segundo CEMPRE

citado em Revista Ecologia & Desenvolvimento, Suplemento Lixo Tóxico: Comércio da Morte, Fev.

1994).

Em 25/03/94, sessenta e quatro países membros da convenção de Basiléia decidiram

impedir importação/exportação de resíduos perigosos a serem destruídos em países membros da

OCDE (Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Os resíduos eletrônicos

foram considerados pela citada convenção como PERIGOSOS SUJEITOS AO BANIMENTO. O

acordo propõe ainda o banimento de ligas que tenham em sua constituição metais do tipo: Arsênio,

Cádmio, Chumbo e Mercúrio provenientes de resíduos eletrônicos.

Ficou estabelecido que após 31/12/97 nenhum país membro da OCDE poderia enviar

resíduos tóxicos para serem reciclados ou recuperados em outros países.

A revista VEJA (DEZ/2011), SUSTENTABILIDADE – Edição Especial 2249 – trouxe a

reportagem “O DRAMA DO ENTULHO ELETRÔNICO” e informa que o Paquistão (dentre outros

países) recebe resíduos eletrônicos dos USA, Inglaterra, Japão, Austrália, Kwait, Arábia Saudita,

Singapura, etc, que são encaminhados para “reciclagem” em lixões existentes na capital do país no

distrito de SHER SHA. Ali trabalham mais de 20000 pessoas que convivem com o maior índice de

câncer de pulmão e problemas respiratórios devidos à queima e conseqüente inalação de gases

tóxicos dela provenientes. O quilo do metal extraído, conforme a reportagem alcança a cifra de

US$1,40. A despeito da Convenção de Basiléia (Suíça, 1989), os fornecedores etiquetam os resíduos

eletrônicos como “DOAÇÃO” de equipamentos usados, diz a reportagem.

m) Portaria Normativa No 138 do IBAMA, de 22 de Dezembro de 1992

Adota os mesmos critérios da convenção de Basiléia, proibindo a importação de resíduos

em todo o Território Nacional, extinguindo a portaria 1197 de 16 de Julho de 1990, que tratava da

questão. O texto apresenta uma lista de resíduos passíveis de importação, sujeitos ao controle do

IBAMA, devendo a empresa que se habilita a processar tais resíduos comprovar tal habilitação.

A portaria deixa brechas para importação de dejetos que contenham metais pesados como

chumbo, zinco, cobre, cromo, além de baterias usadas para reciclagem e resíduos provenientes da

produção de aço.

n) Portaria Normativa No 40 do IBAMA, de 26 de Março de 1993

Abre precedente para importação de alguns resíduos desde que seja realizada PRÉVIA

AVALIAÇÃO DO IBAMA. A importação de determinados resíduos seguirá o caráter de

excepcionalidade da situação, não gerando direito adquirido. Os dispositivos da portaria 138

(anterior) permanecem inalterados.

Em 1992 o IBAMA liberou a importação de 12 mil toneladas de chumbo (matéria prima)

dos USA, Grã-Bretanha e Peru para atender fabricantes de pilhas, fusíveis e lingotes de metal.

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o) Resolução CONAMA 05 de 5 de Agosto de 1993

A resolução define normas mínimas para o gerenciamento de resíduos sólidos provenientes

de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais rodo-ferroviário, disciplinando as

responsabilidades destes em relação ao lixo que produzem.

Estabelece que ao gerador dos resíduos caiba: selecioná-los, embalá-los e definir,

juntamente com o órgão ambiental estadual, a melhor destinação final que a eles couberem.

A Resolução classifica os resíduos sólidos provenientes dos locais citados anteriormente

em quatro tipos:

Tipo A são resíduos de natureza biológica que apresentam riscos de contágio, como

sangue, órgãos, animais mortos, filtros de gás usados e resíduos de laboratórios,

inclusive materiais cortantes;

Tipo B resíduos químicos: alimentos contaminados, resíduos farmacêuticos e perigosos

como: resíduos tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos;

Tipo C resíduos radioativos;

Tipo D resíduos domiciliares comuns.

O destino final dos resíduos sólidos originados em portos, aeroportos ou serviços de saúde,

deverá estar estabelecido em um plano de gerenciamento que deverá ser submetido e aprovado por

órgão ambiental estadual. Não foram definidas de forma rígida pela resolução as tecnologias a serem

utilizadas para destinação, em função das dificuldades financeiras dos municípios brasileiros. A

RDC ANVISA 306/04 redefiniu a classificação de RSS e acrescentou a Classe E, perfurocortantes.

p) Resolução CONAMA 09 de 31 de Agosto de 1993

Refere-se ao uso de óleos lubrificantes que quando em combustão geram gases nocivos ao

meio ambiente. O óleo lubrificante é classificado pela NBR 10004, como resíduo perigoso

(Classe I).

A resolução estabelece que todo óleo lubrificante deva ser reciclado através do rerrefino.

q) Resolução CONAMA 04 de 09 de Outubro de 1995.

Dispõe sobre Área de Segurança Aeroportuária – ASA - definidas como as áreas

abrangidas por um determinado raio a partir do "centro geométrico do aeródromo", de

acordo com seu tipo de operação. São divididas em 2 (duas) categorias:

I - raio de 20 km para aeroportos que operam de acordo com as regras de vôo por

instrumento (IFR) e

II - raio de 13 km para os demais aeródromos.

A resolução discrimina em seu artigo 2 que “dentro da ASA não será permitida

implantação de atividades de natureza perigosa, entendidas como "foco de atração

de pássaros", como por exemplo, matadouros, curtumes, vazadouros de lixo,

culturas agrícolas que atraem pássaros, assim como quaisquer outras atividades

que possam proporcionar riscos semelhantes à navegação aérea”.

r) Resolução da Diretoria Colegiada (RDC nº 306), de 7 de dezembro de 2004 (ANVISA)

Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de

saúde.

s) Resolução Nº. 283 de 12 de julho de 2001 Nº 358 de 29 de abril de 2005

Dispõem sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e

sobre a necessidade de apresentação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde - PGRSS, para análise e aprovação, pelos órgãos de meio ambiente e

de saúde.

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t) Resolução CONAMA no 404 de 11 de novembro de 2008

Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de

pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

A resolução define aterro de pequeno porte aquele que dispõe até 20 toneladas de

resíduos por dia;

O licenciamento ambiental dispensa a realização de EIA/RIMA. Caso o órgão

ambiental estadual entenda que os impactos são significativos, será necessária a

realização de ambos.

u) Resolução CONAMA no 401 de 4 de novembro de 2008

Estabelece limites máximos de Pb, Cd e Hg para pilhas e baterias comercializadas no país além

de critérios e padrões para o gerenciamento ambientalmente adequado.

v) Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS – Lei12305/2010. Decretos 7404/2010 e

7405/2010 que regulamentam a PNRS

Estiveram em tramitação no Congresso Nacional alguns projetos de lei relativos à Política

Nacional de Resíduos Sólidos. O PLS 265 (Projeto de Lei do Senado) de autoria do senador Lúcio

Alcântara e o PL 3333 de autoria do deputado Fábio Feldman. A idéia surgiu com o empresário e ex-

deputado federal por São Paulo Emerson Kapaz por volta de 1996.

IBAMA (Junho 1996) grupo de estudos para estabelecimento de subsídios à formulação da

PNRS;

Maio 1998: Início das discussões com setores da sociedade do anteprojeto de lei sobre

Política Nacional de Resíduos Sólidos.

A partir de 2001: Discussão do projeto de lei no âmbito do CONAMA. A expectativa de

envio ao Congresso em 2004 foi frustrada.

O MMA propôs continuar ouvindo os setores interessados com a justificativa de ampliar o

alcance das propostas de forma a contemplar todas as sugestões dos segmentos que

participam dos debates.

Ano de 2005: Governo afirma que precisa gastar 5,6 bilhões de reais em 10 anos e que não

há verba disponível. É absolutamente necessária a participação da iniciativa privada.

Ano 2010: Agosto: sancionada pelo presidente da república a Lei 12305: POLÍTICA

NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS.

Objetivos da PNRS

1. Preservar a saúde humana;

2. Proteger e melhorar a qualidade ambiental;

3. Assegurar a utilização adequada e racional dos recursos naturais;

4. Disciplinar o gerenciamento integrado dos RS através da articulação entre poder público,

produtores e demais segmentos da sociedade civil;

5. Implantar em todas as cidades brasileiras os serviços de gestão ambiental de resíduos;

6. Gerar benefícios sociais e econômicos.

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SÍNTESE DOS OBJETIVOS PRINCIPAIS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:

Princípios da PNRS:

1. A não geração de resíduos; 4. A reciclagem (Logística Reversa)

2. A minimização dos resíduos; 5. O tratamento.

3. A reutilização;

Logística: Área da Gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para

execução de todas as atividades da empresa.

Figura 1.1. Logística Tradicional.

Fonte: Fundação Israel Pinheiro – Seminário Gestão Aterro Sanitário Dias Tavares (Maio2011)

LOGÍSITICA REVERSA: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos

resíduos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,

ou outra destinação final ambientalmente adequada (PNRS – Lei 12305/2010).

A PNRS considera resíduos reversos os seguintes itens: pilhas e baterias, óleo lubrificante,

agrotóxicos, seus resíduos e suas embalagens, pneus, lâmpadas fluorescentes e produtos eletro-

eletrônicos.

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Figura 1.2. Logística Reversa

Fonte: Fundação Israel Pinheiro – Seminário Gestão Aterro Sanitário Dias Tavares (Maio2011)

1.5.1.1) Normas Técnicas da ABNT

A ABNT fundada em 1940, membro fundador da ISO - International Organization for

Standadization, é reconhecida pelo governo Brasileiro como o Fórum Nacional de Normatização.

A norma é um tipo de regulamento que se adere voluntariamente, seu descumprimento não

provoca sanções de quaisquer tipos. Entretanto, em função de sua consagração e generalização de

uso, parece sensato adotá-las.

Os regulamentos técnicos, por outro lado, estabelecem regras de caráter obrigatório, e são

adotados por autoridades, além de serem emitidos por diversos órgãos de governo, devidamente

habilitados para tal.

É importante ressaltar que a ABNT atua na normalização de procedimentos, terminologias,

classificações e simbologia sobre resíduos sólidos. Cabe destacar:

NBR 10004: Classificação de Resíduos Sólidos;

NBR 10005: Lixiviação de resíduos;

NBR 10006: Solubilização de Resíduos;

NBR 10007: Amostragem de Resíduos;

NBR 10703: Terminologia da Degradação do Solo.

As normas acima mencionadas são de caráter genérico. Em seguida, está apresentada uma

lista de normas mais específicas da ABNT/NBR.

ATERROS SANITÁRIOS INDUSTRIAIS

NBR 8.418 Apresentação de projetos de Aterros Industriais Perigosos;

NBR 8.419 Apresentação de projetos de Aterros Sanitários e Resíduos Sólidos Urbanos;

NBR10.157 Aterros de Resíduos Perigosos - Critérios para projeto, construção e

operação;

ARMAZENAMENTO / TRANSPORTE

NBR 7.500 Transporte de carga perigosa - Simbologia;

NBR 7.501 Transporte de carga perigosa - Terminologia;

NBR 7.501 Transporte de carga perigosa - Classificação;

NBR 7.503 Ficha de emergência para transporte de cargas perigosas;

NBR 7.504 Envelope para transporte de carga perigosa - Dimensões e Utilização;

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NBR 7.505 Armazenamento de petróleo e seus derivados.

NBR 12.807 Define termos relacionados aos resíduos dos serviços de saúde;

NBR 12.808 Classifica os resíduos de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública;

NBR 12.809 Define procedimentos que garantam condições de segurança no processo

interno de manipulação de resíduos infectantes, especiais e comuns nos

serviços de saúde;

NBR 12.810 Define procedimentos adequados para coleta interna e externa dos resíduos

dos serviços de saúde, em condições seguras;

NBR 12.980 Define termos utilizados na coleta, varrição e acondicionamento de resíduos

sólidos urbanos;

É importante ressaltar as discussões que existem acerca do gerenciamento diferenciado dos

RSS. Epidemiologistas, médicos sanitaristas e outros profissionais de saúde consideram

absolutamente desnecessários e caros tal diferenciação na gestão daqueles resíduos. Argumentam que

é totalmente inadequada e desprovida de cientificidade considerações acerca do potencial infectante

dos RSS baseada exclusivamente na presença de microrganismos patogênicos. Alegam, ainda, que

existem nos resíduos sólidos domiciliares componentes igualmente infecciosos além dos perigosos

(pilhas, baterias, lâmpadas, etc.). São as seguintes as principais argumentações acerca do assunto

(Eigenheer, E., 2000):

As Resoluções CONAMA e Normatizações da ABNT referentes aos RSS são preconceituosas

e carecem de cientificidade;

No cenário epidemiológico atual, a doença infecciosa é um fenômeno

MULTIFATORIAL, resultante da interação simultânea da presença de um AGENTE

INFECCIOSO EM NÚMERO SUFICIENTE, de UMA VIA de TRANSMISSÃO

ADEQUADA, de UMA PORTA DE ENTRADA e de um HOSPEDEIRO

SUSCETÍVEL;

O risco infeccioso não pode ser definido exclusivamente pela presença do agente,

sendo necessário considerar fatores que só podem ser avaliados epidemiologicamente;

A teoria microbiana (ou doutrina Pasteuriana) não explica a presença de

microrganismos patogênicos em hospedeiros que não apresentam a doença. Por outro

lado, a mesma doutrina não explica as infecções provocadas por bactérias classificadas

como não patogênicas;

A teoria atual de origem das doenças é denominada teoria ecológica a qual considera

as complexas relações recíprocas entre os seres vivos e o ambiente;

Apenas os patógenos primários, (normalmente muito virulentos), podem provocar

doenças parasitárias e infecciosas em hospedeiros saudáveis (HIV, Plasmodium

falciparum – malária, Salmonella typhi – Febre Tifóide, Mycobacterium tuberculosis,

Neisseria meningitidis, Corynebacterium diphtheriae);

Os patógenos oportunistas não possuem por si só capacidade para iniciar processo

infeccioso em hospedeiro hígido;

Segundo Hospital Epidemiology and Infections Control (Reinhardt et al., 1996), “a falta

de evidências epidemiológicas dos riscos dos resíduos infecciosos à saúde pública se

contrapõe às medidas muito rígidas de controle de tais resíduos”;

Segundo a Environmental Protection Agency (EPA, 2002), o potencial de causar danos

dos RSS é maior no local da geração, perdendo força naturalmente após esse ponto e

representando, assim, muito mais uma PREOCUPAÇÃO OCUPACIONAL do que

ambiental. O risco para a população em geral, de doenças causadas pela exposição dos

RSS é, provavelmente, muito menor do que o risco ocupacional dos indivíduos a eles

expostos nos locais de trabalho;

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Alguns pesquisadores da área de RSS compararam sua composição gravimétrica com a

dos resíduos domiciliares e encontraram mais microrganismos patogênicos nesses

últimos do que nos primeiros.

I.5.2 – Responsabilidades

Competências:

1) Executiva ou Material:

Competência de ordem administrativa. Pode ser privativa de da União ou Comum a

Estados e Municípios. Por exemplo: zelar pela Constituição Federal e proteção ao meio

ambiente.

2) Legislativa:

a) Privativa: compete a União: legislar sobre atividades nucleares, moeda e

desapropriações;

b) Concorrente: Compete à União, Estados e DF: legislar sobre MA, controle de poluição;

c) Suplementar: Cabe TAMBÉM aos Municípios suplementar legislação federal, estadual.

Interesse Local:

Constituição Federal: art. 30 - Compete aos municípios:

Inc. I “legislar sobre assunto de interesse local” transporte, RS, esgotamento

sanitário, iluminação pública,... (IPT – CEMPRE: Lixo Municipal – MGI, pp. 319,

2000)

Inc. II “suplementar a legislação federal e estadual no que couber”;

Inc. V “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os

serviços públicos de interesse local, inclusive o de transporte coletivo que tem

caráter essencial”.

Regime de Concessão:

Delegação contratual através da qual o poder público concede a empresa ou a particular,

mediante certos encargos ou obrigações, o direito, prerrogativas e vantagens de executar e

explorar, em seu nome e por conta própria, obra ou serviço de utilidade pública ou da

coletividade;

Autorização legislativa prévia que regulará a concessão;

Regularização da concessão: forma e prorrogação de contrato, caducidade, punições,

fiscalização e rescisão, direito dos usuários, política tarifária, obrigações da

concessionária.

Exemplo: Coleta de lixo, varrição de ruas, transporte coletivo,...

Regime de Permissão:

É concedida por outorga por tempo determinado/indeterminado pelo executivo municipal;

Características de precariedade, isto é, pode ser retirada a qualquer tempo a critério do

executivo;

Direitos e obrigações dos participantes (município e permissionário) conforme previsto

em lei.

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Consórcios Intermunicipais:

Acordo entre municípios, de forma a garantir a efetiva implementação dos serviços de

Saneamento;

Executa os serviços de limpeza urbana dos municípios consorciados;

Compartilhamento de recursos humanos, técnicos, financeiros, etc.;

A participação do município será autorizada pelo legislativo condicionada à lei orgânica

municipal;

Permite a gestão ambiental mais global e integrada com objetivo de realizar interesses e

objetivos comuns.

Disposição de lixo, produção de água, controle de enchentes. Em geral, a organização dos

consórcios obedece a regionalização das bacias hidrográficas, o que torna mais eficaz a visão da

proteção ambiental.

CONCLUSÃO Compete ao município a gestão dos serviços de Saneamento. Estados e União

não estão excluídos de atuar no setor estabelecendo diretrizes, legislações ou

assistência técnica.

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I.6 - Limpeza Pública

Serviços de limpeza pública são de competência municipal. Porém pelo fato de suas

características estarem associadas à saúde pública e poluição ambiental, tais serviços são

disciplinados por legislação federal e estadual.

I.6.1) Normalização

Ao município cabe padronizar (normatizar), organizar e disciplinar - de forma a definir

responsabilidades de cada cidadão (melhor acondicionamento do lixo) e coletiva; Entidades e

Governo, objetivando níveis adequados de higiene individual e coletiva.

I.6.2) Participação Comunitária

“A tarefa de fiscalizar é mais ampla do que a simples penalização dos infratores”.

“É fundamental a participação da comunidade local população, colaborando com as

ações de limpeza de forma a facilitar os serviços”.

“Divulgação da legislação municipal sobre Resíduos Sólidos”.

I.6.3) Planejamento

Instrumentos de planejamento municipal:

1) Plano Diretor: é considerado como elemento básico da política de desenvolvimento e do

meio ambiente e de expansão urbana;

2) Código de Obras: disciplina edificações objetivando preservar as condições de higiene;

3) Código de Posturas: regula a utilização do espaço público ou de uso coletivo;

4) Código Tributário: possibilita a previsão de incentivos tributários (isenção, anistia) para

comportamentos menos prejudiciais ao MA;

5) Lei de Uso e Ocupação do solo: regula zonas residenciais, industriais e comerciais;

6) Lei de parcelamento do solo urbano: regula a dimensão dos lotes urbanos;

7) Lei orçamentária: dispõe sobre quanto, como e onde o dinheiro público deverá ser

aplicado.

Diagnóstico da situação do município: disponibilidades financeiras, administrativas,

caracterização dos resíduos sólidos, tipo de disposição final, viabil idade de áreas para

este fim.

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO:

Deve prever um programa baseado na realidade local: estrutura administrativa

municipal, seu funcionamento, recursos financeiros, legislação pertinente.

Deve contemplar aspectos técnicos: quantidades e tipologia dos resíduos municipais,

tipos de coleta e destinação final.

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PROBLEMAS COMUNS

A produção de lixo nas cidades brasileiras é um fenômeno inevitável. Ocorre diariamente

em quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do seu desenvolvimento

econômico.

Objetivos do Sistema de Limpeza Urbana: Afastar o lixo das populações (coleta e transporte),

tratamento e destino final ambiental e sanitariamente adequado.

Problemas para implementação da GRS nos municípios:

Inexistência de política nacional de limpeza pública;

Limitação financeira: orçamentos inadequados, fluxo de caixa desequilibrado,

tarifas desatualizadas, arrecadação insuficiente e inexistência de linhas de

crédito;

Falta de capacitação técnica e profissional;

Descontinuidade política e administrativa;

Base dos problemas: FALTA PLANEJAMENTO URBANO DE MÉDIO E

LONGO PRAZOS.

Conseqüências: deslizamentos, enchentes, poluição das águas superficiais e

subterrâneas e poluição do ar, vetores de doença DEGRADAÇÃO AMBIENTAL.

AÇÕES OBRIGATÓRIAS:

SERVIÇO DE LIMPEZA PÚBLICA METAS

Limpeza Acondicionamento,

Coleta e Transporte.

Coletar e transportar todo o lixo pelo qual a prefeitura

é responsável.

Destinação

Lixão ou

Aterro Controlado

Remediar lixão.

Implantar aterro sanitário.

final do lixo Aterro Sanitário Assegurar que a operação atenda padrões técnicos e

ambientais, o que inclui a reutilização da área no

futuro.

AÇÕES RECOMENDÁVEIS:

Triagem de Materiais

Buscar soluções compatíveis com a realidade Recicláveis

Tratamento do município, considerando as condicionantes Compostagem de

econômicas e ambientais atuais e futuras do Matéria Orgânica

município. Incineração

I.6.4) Execução

A prefeitura deve definir clara e formalmente pela limpeza urbana.

Pode executar diretamente os serviços ou concedê-los parcial ou totalmente a firmas

particulares, fiscalizando e controlando a implementação dos serviços.

Cada município deve buscar o seu próprio modelo de gerenciamento, sabendo que:

a quantidade e qualidade de lixo gerada por um município é função, principalmente, de sua

população, economia e grau de urbanização.

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I.6.5) Estrutura Administrativa

O diagnóstico indica a formulação do programa de limpeza urbana e a definição da estrutura

administrativa adequada à sua execução, mostrando as necessidades de recursos.

Escolha, dimensionamento, utilização programada e controle de equipamentos, observadas as

condições locais, garantem a correta execução dos serviços.

Serviços de Limpeza Urbana exigem altos investimentos com pessoal, equipamentos,

instalações, materiais.

A disposição adequada encarece os serviços, os gastos para recuperação de áreas

degradadas são superiores.

I.6.6) Cobrança pelos Serviços

Os Serviços de Limpeza Urbana podem ser remunerados através de cobrança de tributos (imposto,

contribuição de melhoria e taxa) ou tarifas.

Recomenda-se a adoção de cobrança de taxas com alíquotas diferenciadas para o caso de

resíduos especiais (volumes excessivos ou que apresentam riscos de contaminação).

Taxa só pode ser criada ou alterada através de lei aprovada pelo legislativo.

É importante a correta contabilização dos recursos despendidos na execução dos SLU

(pessoal, material, depreciação de equipamentos, manutenção de veículos, máquinas, etc.).

Tarifas são cobradas para serviços especiais. Exemplo: retirada de entulho, de material de

desaterro, etc.

Como será visto adiante, os países desenvolvidos têm implementado políticas de redução

de consumo de certos tipos de materiais com a utilização de instrumentos de comando e

controle.

I.7) Medidas Restritivas Possíveis de Serem Adotadas

Em relação às embalagens, podem-se citar como exemplo, algumas medidas restritivas:

1. Acordos voluntários: adoção de proposta comum entre setores da indústria e do Governo

(Holanda, Bélgica e Inglaterra)

2. Reciclagem obrigatória: legislação específica acerca da obrigatoriedade de reciclagem de

certas embalagens;

3. Taxas e impostos: tributo incidente sobre determinado produto, visando reduzir seu

consumo e consequentemente o descarte de sua embalagem. Na Itália, por exemplo, todos

os sacos para compras deverão ser biodegradáveis ou pagar taxa de 100 liras por saco. O

objetivo da medida é a redução do uso de sacos plásticos não biodegradáveis.

Normalmente, este tipo de medida aumenta a demanda por produtos não taxados (Finlândia,

Islândia e Noruega);

4. Caução financeira: é uma garantia pecuniária para o cumprimento de determinada

obrigação. Na Coréia, a legislação exige o depósito de certa quantia das indústrias para

garantia de que estas cumpram com obrigação de coletar e reciclar diversos materiais;

5. Depósitos: cobrança de uma quantia a ser devolvida quando da entrega de certas

embalagens vazias. Na Alemanha exige-se depósito de 50 pfenings (centavos de dólar) para

cada embalagem de bebida, detergentes e produtos de limpeza domiciliar. A devolução da

embalagem vazia garante a devolução do depósito realizado pelo consumidor. É uma forma de

estimular a participação da população no processo de recuperação e reciclagem de

embalagens.

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6. Índices de reciclagem: consiste no estabelecimento de metas de reciclagem a serem

atingidos em certo período de tempo. Algumas diretivas da CEE apontam para um índice de

reciclagem de embalagens de 70% até o ano 2000.

7. Proibição de material: refere-se à proibição de determinado tipo de material (alumínio,

plástico, lata) para determinado produto. Na Suíça a utilização de PVC em embalagens está

proibida.

OBSERVAÇÃO: A PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS

RELACIONADOS AOS RSU É FUNDAMENTAL. QUALQUER INVESTIMENTO FINANCEIRO

DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS NO SETOR DEVE SER REALIZADO CONTANDO COM

A COLABORAÇÃO DE TODA A SOCIEDADE. A PNRS SÓ PRODUZIRÁ EFETIVAS

MUDANÇAS NO QUADRO DE TODA A GRSU se cada um de nós estiver engajado na busca da

solução. A separação do lixo seco e úmido pelos cidadãos nas residências é o primeiro passo para

uma coleta seletiva eficiente e que produz resultados. A sociedade como um todo precisa priorizar

ações de redução, reuso e reciclagem de resíduos.

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QUADRO DE GERENCIAMENTO ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

COMO FAZER

O QUE FAZER

1a Fase

2a Fase

Serviços de Limpeza

Fase Independente

Diagnóstico

de

3a Fase

Disposição Final

Resíduos dos

Serviços de

Administração

4a Fase

Tratamento

Saúde e Hospitalar

O quadro de gerenciamento apresenta-se em dois grandes campos: "COMO FAZER?" e "O QUE FAZER"? As subdivisões são detalhadas a seguir.

As etapas de implantação, numeradas de 1 a 10, permitem estabelecer as escalas de tempo entre as diversas ações.

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39

QUADRO DE GERENCIAMENTO

COMO FAZER?

Planejamento

1a Fase - Diagnóstico de administração

Etapas de Implantação

1 2

Administração descentralizada envolve a contratação de entidades públicas ou empresas privadas;

Na escolha da forma de administrar os serviços de limpeza pública, deve-se considerar a alternativa de Consórcios Intermunicipais

ATENÇÃO:

O planejamento deverá ser global e

reavaliado periodicamente, prevendo-se as

ações para os serviços de limpeza,

disposição final e tratamento de forma

integrada.

Fazer o diagnóstico da situação atual e

futura do município. Planejar as ações

para os serviços de limpeza pública

Forma de

Administração

dos serviços de

Limpeza Pública

CENTRALIZADA:

Serviço executado pela

prefeitura

DESCENTRALIZADA:

Serviços terceirizados

(concedidos)

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40

QUADRO DE GERENCIAMENTO

O QUE FAZER?

2a Fase - Serviço de Limpeza.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO

3 4 5 6 7

NÃO

SIM

Estudar Frota, Itinerário,

Geração Total de lixo do

município entre outros

fatores, visando

implantação/expansão dos

serviços

Implantar/expandir

a coleta e

transporte do lixo

municipal

Implantar/Expandir os

serviços especiais de

coleta e transporte:

entulho, poda, limpeza de

logradouros, etc.

Avaliar

periodicamente o

desempenho dos

serviços.

O lixo municipal é todo

COLETADO E

TRANSPORTADO

Seu município

COLETA e

TRANSPORTA

100% dos Resíduos

Sólidos?

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41

QUADRO DE GERENCIAMENTO

O QUE FAZER?

3a Fase - Disposição Final

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO

4 5 6 7 8

NÃO

SIM

Outros materiais que deverão ser depositados no Aterro Sanitário:

Resíduos dos serviços de saúde e hospitalar (célula especial);

Cinzas de usina de incineração;

Materiais sem valor econômico e rejeitos de Usina de Triagem.

Como é feita a

disposição final dos

RS municipais?

Aterro Sanitário

Lixão ou Aterro

Controlado

Há restrição quanto à vida

útil, localização,

legislação, etc. ou pressão

política da comunidade?

Fazer remediação do

local para

transformação em

Aterro Sanitário

Desenvolver ações mitigadoras para

encerramento destas atividades no local.

Avaliar e selecionar áreas a partir de

condicionantes econômicas e

ambientais no próprio município ou em

outros para implantação de Aterro

Sanitário

Avaliar

periodicamente

operação com

monitoramento.

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QUADRO DE GERENCIAMENTO O QUE FAZER?

4a Fase - Tratamento

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO2

5 6 7 8 9 10

Rejeitos

Não Sim

Não Cinzas

Sim

Sim

2 Os materiais sem escoamento, os rejeitos da usina de triagem, e as cinzas da usina de incineração deverão ser depositadas no Aterro Sanitário.

Existe tratamento

dos resíduos

municipais

Custos e fatores ambientais apontam

ou impõem a necessidade de

redução do lixo (volume /

composição) para a disposição?

O tratamento atende aos objetivos e

necessidades municipais?

Fazer estudo mercadológico sobre a

possível venda ou doação de

materiais como: papel, vidro, metal,

plástico, composto, etc.

Avaliar

periodicamente

a situação

Avaliar

periodicamente o desempenho.

Avaliar quantidade e opção

de tratamento

(incineração?) ou destino

final (aterro) para materiais

sem escoamento.

Implantar/Adequar (ampliar

ou reduzir) segregação de

materiais que possam ser

vendidos ou doados.

Operação de

coleta seletiva

Escolher forma de

triagem

Material sem

mercado

Estudar

implantação de

usina de

incineração.

Avaliar

periodicamente o

desempenho

Operação de

usina de

triagem

Comercialização dos

materiais

Operar usina de

incineração do

lixo municipal

Avaliar periodicamente a

operação com monitoramento

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QUADRO DE GERENCIAMENTO O QUE FAZER?

Fase Independente - Lixo dos Serviços de Saúde e Hospitalar

SIM

NÃO

NÃO

SIM

O gerenciamento dos RSS é considerado como uma fase independente por não ser de responsabilidade direta do poder municipal.

Estudos em

conjunto com

geradores para

implantação.

Disposição final:

CÉLULA

ESPECIAL DE

ATERRO.

Existe

coleta

diferenciada?

PGRSS/Existe

Usina de

Incineração?

Enviar resíduos para

incineração.

Implantar PGRSS.

Estudar a viabilidade de implantação

de usina de incineração em conjunto

com geradores e outros municípios.

Implantar/operar usina de

incineração de resíduos dos

serviços de saúde e hospitalar.

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II – Caracterização dos Resíduos Sólidos.

Parece óbvio imaginar que, nas atuais conjunturas sociais, econômicas, tecnológica mundial

e nacional, vêm ocorrendo mudanças nas características dos RS urbanos em geral. Essa mudança tem

incorporado novos materiais inexistentes na composição dos resíduos urbanos no passado.

Compostos que agregam substâncias perigosas, tóxicas, e que, em função das quantidades utilizadas,

podem causar danos irreparáveis. Assim sendo, pode-se afirmar que há riscos à saúde pública e ao

meio ambiente associados à produção e manuseio daqueles resíduos.

Saber a dimensão desses riscos e seus impactos depende do conhecimento dos resíduos,

de seus componentes, de estimativas de produção, de sua trajetória desde a geração ao destino

final, das formas de manuseio e tratamento que permeiam essa trajetória. É função também do

conhecimento que se tem do processo de trabalho a que estão submetidos todos os envolvidos com os

resíduos desde sua produção/coleta até o destino final. Podem-se citar, igualmente, como variáveis

importantes do processo: a tendência de crescimento econômico, a disponibilidade de áreas para

disposição final, a possibilidade de se programarem consórcios intermunicipais, etc.

O exemplo da Tabela 2.1 mostra a evolução das características dos resíduos sólidos em São

Paulo.

Tabela 2.1. Variação da composição dos resíduos urbanos na cidade de São Paulo.

Composição Gravimétrica dos RSU – São Paulo (%)

Tipo de Ano

Material 1927 1947 1965 1969 1972 1989 1990 1993 1998

Papel e papelão 13,4 16,7 16,8 29,2 25,9 17,0 29,6 14,4 18,8

Trapo e couro 1,5 2,7 3,1 3,8 4,3 - 3,0 4,5 3,0

Plástico - - - 1,9 4,3 7,5 9,0 12,0 29,9

Vidro 0,9 1,4 1,5 2,6 2,1 1,5 4,2 1,1 1,5

Metais e latas 1,7 2,2 2,2 7,8 4,2 3,25 5,3 3,2 3,0

Matéria orgânica 82,5 76,0 76,0 52,2 47,6 55,0 47,4 64,4 69,5

A determinação das características físico-químicas e microbiológicas dos resíduos, da sua

composição qualitativa e quantitativa é o ponto de partida para o projeto de sistemas adequados de

gerenciamento dos RSU. A determinação dessas características de maneira representativa não é

tarefa trivial e depende de um bom PROGRAMA DE AMOSTRAGEM e da CORRETA

PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS.

II.1) Definições.

1 – Resíduos Sólidos: segundo ABNT - NBR 10.004/2004

“São resíduos nos estados SÓLIDO e SEMI-SÓLIDO que resultam de atividades da

comunidade. Pode ter origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição”.

Estão aí incluídos: lodos provenientes de sistemas de tratamento de água/esgoto e aqueles

gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados

líquidos (efluentes industriais) cujas características não permitem seu lançamento na rede

de esgoto ou corpos receptores (óleos lubrificantes), e exigem para isso soluções técnicas

e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível.

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45

2 – Periculosidade: é a característica apresentada por um resíduo que, em função de suas

propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar:

Risco à saúde pública provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento da

mortalidade ou incidência de doenças e/ou

Riscos ao meio ambiente , quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma

inadequada.

QUALQUER RS DEVE SER CONSIDERADO PERIGOSO?

Num pensar abrangente (lato sensu), SIM. A disposição inadequada causa riscos ao MA e à saúde

pública. Considerando-se, todavia, apenas a letra da definição existiria gradações de riscos em

função de características físicas, químicas e infecto-contagiosas. A NBR 10004 define resíduo

perigoso.

NOTA: Os resíduos sólidos, antigamente designados apenas por lixo, vêm assumindo uma outra conotação,

especialmente devido à consciência em relação ao problema. O LIXO REPRODUZ OS VALORES DE UM

GRUPO SOCIAL, SENDO O REFLEXO DE SUAS ATIVIDADES COTIDIANAS,

DEMONSTRANDO, EM SUA COMPOSIÇÃO, O GRAU DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO.

3 – Lixo: “é todo material sólido resultante das atividades domiciliares, comerciais e públicas de

ZONAS URBANAS e não mais reutilizável”.

4 – Resíduos: “concepção abrangente que designa dejetos SÓLIDOS, LÍQUIDOS E GASOSOS”.

5 – Gerência de Resíduos Sólidos: “É toda atividade relacionada com os resíduos sólidos dos

centros urbanos”.

É importante definir ainda alguns conceitos básicos relacionados ao meio ambiente, impacto

ambiental e externalidades, apresentadas a seguir:

6 – Meio Ambiente: segundo o dicionário Webster, meio ambiente é o conjunto de condições,

influências ou forças que envolvem, influem ou modificam o complexo de fatores climáticos,

edáficos e bióticos que atuam sobre o organismo vivo ou uma comunidade biológica e acaba por

determinar sua forma, e sua sobrevivência.

Ressalta-se nessa definição a questão da interação de fatores físicos e biológicos conformando

permanentemente o meio ambiente. Assim poder-se-ia afirmar que, o meio ambiente é o

conjunto de todas as interações (ações e reações) físicas, químicas e bioquímicas, biológicas,

antrópicas, sociais, econômicas, jurídicas, políticas, etc., em contínuo desenvolvimento e que

podem estabilizar ou tornar instável a sustentabilidade da vida no planeta.

7 - Impacto Ambiental: segundo a resolução CONAMA 01/86, impacto ambiental é definido como

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por

qualquer forma de matéria e energia resultante das atividades humanas que direta ou

indiretamente afetem a saúde, segurança e o bem estar das populações, as atividades sociais , a

biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos

ambientais.

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II.2) A Problemática dos Resíduos Sólidos.

Os Resíduos Sólidos constituem hoje uma das grandes preocupações ambientais do mundo

moderno. A problemática do lixo no meio urbano abrange alguns aspectos relacionados com a

atividade do homem em sociedade.

Aumento populacional e intensidade de industrialização aumento do consumo de bens em

geral;

Avanço tecnológico necessidades adquiridas maior utilização dos recursos naturais

para satisfação dessas necessidades maior complexidade dos resíduos gerados;

Vida útil curta dos bens lixo em quantidades crescentes inesgotabilidade da produção

de lixo;

Os resíduos são produtos inevitáveis dos processos sócio-econômicos da humanidade.

O Gráfico 2.1 apresenta a evolução da produção de resíduos nos Estados Unidos (Fonte

EPA - FACTBOOK - 2002)

Evolução da geração de RS nos USA entre 1960 - 2000

Ano (milhões de

(t/ano)

1960 88.1

1970 121

1980 151.6

1990 196.9

1995 208

2000 221.7

0

50

100

150

200

250

1950 1960 1970 1980 1990 2000

(Ano)

(mil

es t

/an

o)

Gráfico 2.1: Evolução da geração de RSU entre 1950 e 2000 nos EUA.

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Observe as figuras abaixo e REFLITA sobre a produção percapita em alguns países, os

períodos tempos de degradação e presença de resíduos perigosos no lixo comum.

Figura 2.1. Produção percapita e tempo de decomposição de alguns produtos na natureza.

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Semelhança entre processos de geração de resíduos num organismo vivo e na sociedade.

METABOLISMO DOS SERES VIVOS

MATÉRIA

+

ENERGIA

ORGANISMOS

SÍNTESE CELULAR

TRABALHO

ENTRADAS

Reciclagem Excreções

----------- ------- (suor, urina, fezes, gases)

PROCESSO DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS NUMA SOCIEDADE

MATÉRIA

+

ENERGIA

(INSUMOS)

SOCIEDADES

BENS

e

SERVIÇOS

ENTRADAS

Reciclagem

Resíduos

----------- ------- (sólidos, líquidos e gasosos)

Soluções inadequadas para o problema do lixo podem causar efeitos indesejáveis:

Ponto de vista Contaminação do solo, do ar e da água;

Sanitário, Proliferação de vetores e de doenças;

Ambiental e Social Catação.

Diagrama das vias de acesso de agentes patogênicos oriundos do lixo:

Via direta Homem

Lixo Ar, solo, água

Vírus, bactérias.

Vias indiretas Moscas, mosquitos.

Baratas. Fontes primárias

Roedores.

Suínos, cães, gatos e aves.

Ponto de Vista Consumo exagerado dos recursos naturais (que não são inesgotáveis);

Econômico Desperdício de matéria e de energia;

Riscos para a saúde e para o Meio Ambiente.

NOTA:

IBGE/2000 – cerca de 70% do lixo brasileiro é lançado em lixões a céu aberto.

“É imprescindível a definição de políticas públicas de aplicação continuada referentes à

GRS. A PNRS está parada no Congresso Nacional há anos. A sociedade brasileira precisa

demonstrar sua vontade e determinação para priorizar a sustentabilidade ambiental, social e

econômica ”.

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II.3) Origem e Formação do Lixo.

Fatores que influenciam a origem e produção de lixo:

Número de habitantes do local;

Área relativa de produção;

Variações sazonais;

Condições climáticas;

Hábitos/costumes da população;

Nível educacional;

Poder aquisitivo;

Freqüência de coleta;

Segregação na origem: separação entre seco e úmido;

Sistematização da origem: separação nos diversos componentes recicláveis;

Disciplina e controle de pontos produtores;

Leis e regulamentações específicas.

Cidades turísticas período de férias escolares maiores quantidades de lixo.

Variações na economia aquecimento econômico incremento da produção/consumo de bens.

II.4) Classificação dos Resíduos Sólidos:

II.4.1 - Objetivos da Classificação dos RS:

Comparar situações para possibilitar a sua gestão eficiente.

II.4.2 - Tipos de Classificação:

Quanto à natureza física: Secos;

Úmidos;

Quanto à composição química: Orgânicos;

Inorgânicos;

Quanto ao risco potencial: Classe I - perigosos;

(NBR 10.004/1987) Classe II - não inertes;

Classe III - inertes.

II.4.3 - Quanto à Origem:

A – Doméstico ou Residencial

Resíduos produzidos nos domicílios.

Lixo domiciliar sobras de alimentos, invólucros, papéis, vidros, trapos;

Alguns resíduos tóxicos tintas, solventes, vernizes (produtos de pintura em geral),

metais pesados;

Outros itens perigosos: pilhas, frascos de aerossóis, lâmpadas fluorescentes.

ATENÇÃO: onde encontrar:

Hg pilhas, lâmpadas fluorescentes, interruptores, baterias, amaciantes, tintas, termômetros;

Cd baterias/pilhas, plásticos, pigmentos, galvanoplastia;

Pb pilhas, cerâmicas, vidros, inseticidas, embalagens, tintas.

Mesmo em pequenas concentrações tais resíduos têm efeitos deletérios sobre a saúde e o

meio ambiente. Os metais pesados são cumulativos, já que, quando ingeridos não são eliminados,

sendo responsáveis, no corpo humano, por doenças como saturnismo, distúrbios do sistema nervoso.

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Nos Estados Unidos estima-se que algo entre 0,3 a 0,5% dos resíduos domiciliares é

constituído de resíduos perigosos, o que resulta em uma estimativa de 100.000 toneladas anuais

existentes no lixo domiciliar.

A tabela abaixo apresenta uma estimativa das quantidades de resíduos perigosos no

condado de King, USA.

Itens Quantidade (t/ano)

Produtos de limpeza ~ 440,0

Solventes 975,0

Tintas 3.165,8

Óleos ~ 618

Ácidos 25,2

Pesticidas 114,3

Remédios 37,6

Cosméticos 11,7

Mercúrio ~ 2

Outro aspecto relativo à caracterização dos resíduos domiciliares, refere-se à presença de

microrganismos que causam riscos à saúde humana pela transmissão de doenças infecciosas. A

origem de resíduos infecciosos no lixo domiciliar está ligada à presença de doentes em casa, lenços

de papel, curativos, fraldas descartáveis, papel higiênico, agulhas e seringas descartáveis, etc.

"A presença de agentes microbiológicos patogênicos ao homem nos resíduos domiciliares é

bem documentada. Sabe-se que organismos potencialmente infecciosos são encontrados em

substâncias do corpo humano como fezes, urina, secreções de lenços de papel e de feridas,

absorventes higiênicos, preservativos, curativos, etc.”.

B - Lixo Comercial

Oriundos de estabelecimentos comerciais: lojas, lanchonetes, escritórios, hotéis, bancos,...

Principais componentes: papéis, papelões, plásticos, restos de alimentos, embalagens de

madeira,...

C - Lixo Público

São aqueles originados dos serviços de:

Limpeza pública urbana, incluindo todos os resíduos de varrição de vias públicas,

limpeza de praias, galerias, de córregos e terrenos, restos de podas de árvores, etc.

Limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens,

etc.

D – Resíduos dos Serviços de Saúde

Os resíduos dos serviços de saúde (RSS) são aqueles gerados em hospitais, clínicas

odontológicas e veterinárias, laboratórios de análise clínicas e médicas, farmácias e demais serviços

de saúde. São divididos em classes conforme estabelecido na resolução CONAMA 358 de 29 de

abril de 2005, resumidamente listados abaixo:

Grupo ou classe A: Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio

ambiente devido à presença de agentes biológicos que, por suas características de

maior virulência, podem apresentar risco de infecção. Esses resíduos são subdivididos

nos subgrupos A1, A2, A3, A4 e A5. Inóculo, mistura de microrganismos e meios de

cultura inoculados provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, resíduos

provenientes de laboratórios de análises clínicas, vacinas vencidas ou inutilizadas; filtros

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de ar e gases aspirados da área contaminada, membrana filtrante de equipamento

médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; bolsas transfusionais vazias ou

contendo sangue ou hemocomponentes, resíduos que tenham entrado em contato com

estes; tecidos, órgãos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes,

fluidos orgânicos;...

Grupo ou Classe B: Resíduos contendo substâncias QUÍMICAS que podem apresentar

risco à saúde pública e ao meio ambiente dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade (NBR1004). Produtos hormonais

e antimicrobianos, imunossupressores, anti-retrovirais quando descartados por serviços

de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos.

Drogas quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e

genotoxicidade e os materiais por elas contaminados; medicamentos vencidos,

parcialmente interditados, não utilizados, alterados e medicamentos impróprios para o

consumo, antimicrobianos e hormônios sintéticos; demais produtos considerados

perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos,

inflamáveis e reativos).

Figura 2.2. Símbolo Internacional de Material Infectante

Grupo ou Classe C: Resíduos radioativos: enquadra-se neste grupo os resíduos

radioativos ou contaminados com radionuclídeos provenientes de laboratórios de

análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução

CNEN 6.05.

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Figura 2.3. Símbolo Internacional de Material Radioativo.

Grupo ou Classe D: resíduos que não apresentam riscos biológico, químico ou

radiológico à saúde pública ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos

resíduos domiciliares. Exemplos: Resíduos comuns oriundos de áreas administrativas,

limpezas de jardins, restos alimentares, resíduos de gesso provenientes de assistência à

saúde, etc.

Grupo ou Classe E: Material perfurocortantes ou escarificantes tais como: lâminas de

barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas

diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, micropipetas, todos os utensílios de vidro

quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri).

A média de geração de resíduos sólidos em hospitais brasileiros é de 2,63 (Pesquisa

ABRELPE, 2004). No Rio de Janeiro esse número pode chegar a 3,98 kg/leito/dia. A legislação

brasileira proíbe a disposição desses rejeitos em aterros sem antes passar por algum tipo de

tratamento, seja por microondas - sistema que elimina microrganismos, ou incineração. Segundo

normas da CETESB, os resíduos hospitalares devem ser depositados sobre mantas de polietileno de

alta densidade (HPDE) e uma camada de 50 cm de argila (disposição final), na tentativa de evitar -se

o risco de contaminação em função do rompimento da manta de polietileno. Sobre os resíduos deve

ser lançada uma camada de cal hidratada. A área receptora deve ser cercada identificada com placas

alertando sobre o risco de contaminação.

As principais tecnologias disponíveis para tratamento de resíduos hospitalares são:

Autoclave/esterilização: há a total eliminação dos microrganismos utilizando-se vapor a

submetido alta pressão e temperatura;

Desinfecção: é o processo de eliminação de microrganismos patogênicos com utilização

de substâncias químicas;

Incineração: processo de oxidação a alta temperatura, transforma materiais, reduz volume

e destrói microrganismos.

O gerador do resíduo é responsável por sua gestão, mantendo-se co-responsável ainda que

terceirize os serviços.

NOTA: LEGISLAÇÃO Até 1993 a incineração dos resíduos hospitalares era obrigatória tendo

sido eliminada pela portaria CONAMA 06 DE 19/09/1991

Acerca de 10 ou 15 anos atrás, havia um grande debate sobre a necessidade de se incinerar

todo o conteúdo do lixo hospitalar. Alguns especialistas defendiam que a eliminação do risco de

contaminação por agentes infecciosos só se efetiva através da incineração. Outros experts

argumentam que os custos da incineração são elevadíssimos para se investir em equipamentos que

efetivamente não garantem a eliminação da patogenicidade. Alegam que, caso o equipamento seja

mal operado e de manutenção pouco eficiente, os riscos de transferência de poluição para a

atmosfera são muito elevados.

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Segundo Rutala, W.A., Eigenheer, E. (org.) uma doença infecciosa é classificada como um

fenômeno multifatorial devido à interação simultânea de presença de um agente infeccioso em

número suficiente, da existência de uma via de transmissão adequada, de uma porta de entrada e

de um hospedeiro em estado de suscetibilidade . O risco infeccioso não pode ser definido apenas

pela presença do agente, i.e., pelo resultado de exames microbiológicos sem levar em conta outras

implicações que só podem efetivamente ser avaliadas através de análise epidemiológica.

Saúde não depende apenas da ausência de microrganismos (esterilidade), mas do estado de

equilíbrio entre população microbiana e os mecanismos de resistência do hospedeiro

(suscetibilidade do paciente).

Um avanço importante alcançado nas últimas três décadas, refere-se à constatação de que a

maioria das doenças infecciosas é causada por bactérias que pertencem à microbiota normal humana.

São os chamados patógenos secundários (ou patógenos oportunistas) que habitam permanentemente

a pele e mucosas do hospedeiro (indivíduo) desde o nascimento até a morte. Tais microrganismos só

causam infecção em indivíduos que apresentem uma doença predisponente ou lesão de tecido.

As doenças causadas por patógenos primários (doenças infecto contagiosas) tornaram-se

menos freqüentes, exceto nos países chamados do terceiro mundo e seus bolsões de pobreza. ESSES

AGENTES NÃO PERTENCEM À MICROBIOTA NORMAL HUMANA E SE CARACTERIZAM

PELA CAPACIDADE DE INICIAR DOENÇA EM HOSPEDEIRO SAUDÁVEL E POR SUA ALTA

VIRULÊNCIA.

Pesquisadores afirmam que, no Brasil, a freqüência de doenças em pacientes hospitalizados

provocadas por patógenos primários (doenças infecciosas) representa em média 5%. Isso significa

que a maioria dos microrganismos isolada de pacientes hospitalizados é patógeno secundário,

incapaz de por si só iniciar uma infecção. Esses microrganismos revestem o organismo humano e são

encontrados nos resíduos por ele produzidos.

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Lixo e doença microbiana:

Como visto anteriormente, lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultante da atividade

humana. O risco potencial de transmissão direta de doenças infecciosas por qualquer tipo de

resíduos sólidos dependerá:

a) Da presença de um agente infeccioso;

b) De sua capacidade de sobrevivência no lixo;

c) Da possibilidade de sua transmissão do lixo para um hospedeiro suscetível.

É normal encontrar-se no lixo patógenos secundários (Coliformes, Proteus sp,

Staphilococos sp, Cândida sp, etc.).

Patógenos primários podem ser encontrados tanto no lixo doméstico como hospitalar. Porém

não sobrevivem além de oito dias nem se disseminam para resíduos adjacentes. Pesquisadores da

área homogeneizaram resíduos do centro cirúrgico de uma UTI e berçário. Compararam a presença

de microrganismos em ambos através de exames bacteriológicos e concluíram que os resíduos

hospitalares apresentam contaminação entre 10 e 100.000 menor que os domiciliares.

Em 1984, o Journal of Hospital Control já destacava:

1. Existem muitos conceitos populares equivocados e temor desnecessário em relação ao

lixo hospitalar;

2. A maioria dos microrganismos isolados de infecções hospitalares pertence à microbiota

normal humana e são incapazes de causar infecções em pessoas sadias;

3. Esses microrganismos são também encontrados em panos de prato, de chão e em resíduos

domésticos;

4. Não há evidência de aumento da freqüência de infecções no pessoal que manipula o lixo

hospitalar ou da comunidade.

Todas as considerações dos parágrafos anteriores têm como objetivo a reflexão sobre a real

necessidade de incineração de todo o lixo hospitalar. Parece que a resolução CONAMA 06

(19/09/91) foi adequada.

O artigo “Lixo Hospitalar: Risco Epidemiológico ou Terrorismo Sanitário”, patrocinado

pelo Governo Federal, antiga SEMA (apesar de antigo: ano de 1989), dá uma visão adequada de

especialista no assunto acerca do tema. Como citado no capítulo anterior, o livro Lixo Hospitalar:

Ficção Legal ou Realidade Sanitária, organizado pelo professor da UFF Emílio Eigenheer , atualiza

as informações sobre o assunto, ratificando as noções aqui apresentadas.

E – Resíduos Industriais

Qualquer resíduo proveniente de atividades industriais inclusive aqueles provenientes de

construções. Tem composição muito variada.

Normalmente a coleta e disposição final por conta do próprio produtor Conseqüência:

lançamento ao relento e nos recursos hídricos maior contaminação do solo, água e ar.

Exemplos: cinzas, óleos, resíduos ácidos, borracha, madeira, fibras, metal, escórias, etc.

E.1 - Classificação dos Resíduos Industriais (ABNT NBR 10.004/2004 – válida a partir de 30/11/2004):

Classe I: Resíduos PERIGOSOS.

Classe II: Resíduos NÃO PERIGOSOS.

Classe II A NÃO INERTES (biodegradáveis)

Classe II B INERTES (Ex. entulhos).

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Classe I:

Resíduos perigosos em relação à saúde humana e aos seres vivos em geral;

Apresentam algumas das características específicas citadas a seguir: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade ;

Cuidados especiais quanto à coleta, acondicionamento, transporte e destinação final;

Caracterizam-se pela letalidade, não degradabilidade e efeitos cumulativos adversos

(efeitos radioativos);

Exemplos: resíduos de fundo de colunas de destilação ou fracionamento de produção de

clorobenzeno, lodos dos sistemas de tratamento de águas residuárias de diversos tipos de

indústrias, lamas de estação de tratamento de efluentes do processo de produção de cloro,

resíduos de limpeza com solvente na fabricação de tintas, etc.

Classe II A: NÃO INERTES

Resíduos potencialmente biodegradáveis e/ou combustíveis (madeiras).

Podem apresentar propriedades do tipo: combustibilidade, solubilidade em água ou

biodegradabilidade.

Classe II B: – INERTES

Resíduos “inertes” e incombustíveis (metais, rochas, tijolos, vidros, borrachas e certos

plásticos). Não são decompostos prontamente.

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa, segundo a ABNT

NBR 10007, e submetidos ao contato dinâmico e estático com água destilada ou

deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de

seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade

de água, excetuando-se os aspectos de cor, turbidez, dureza e sabor.

Estima-se que 75% das indústrias da região metropolitana de São Paulo gerem cerca de

3,25 milhões de toneladas de resíduos industriais por ano. Aproximadamente 376000 toneladas são

consideradas tóxicas. Cerca de 20% são tratados (normalmente por incineração), 21% armazenados

em diversas formas e 31% aterrados.

Observação:

Resíduo inflamável:

Resíduo líquido com ponto de fulgor inferior à 60º C;

Resíduo não líquido: a 25º C e 1 atm produz fogo por fricção, por absorção de umidade

ou por alterações químicas espontâneas e, quando inflamado queima vigorosa e

persistentemente, dificultando a extinção do fogo;

Oxidante: definido como substância que pode liberar oxigênio e, como resultado,

estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro material.

E.2 - Minimização de resíduos - Uma estratégia para o gerenciamento

Considerações Importantes:

a) Minimização de Resíduos: é a redução, quando possível, de quaisquer resíduos sólidos,

perigosos ou não, gerados e subseqüentemente tratados, armazenados ou eliminados. Inclui qualquer

redução na fonte ou atividade de reciclagem executada por um gerador que resulte em:

1. Redução de volume ou quantidade de resíduos redução da quantidade de resíduo

gerado, tratado, armazenado ou eliminado;

2. Redução / eliminação da toxicidade do resíduo seja por alteração/substituição dos

constituintes tóxicos por outros menos tóxicos, ou através da redução das concentrações

dos constituintes tóxicos sem que se use, no entanto, aumento de diluição.

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b) Redução na fonte: qualquer atividade que reduza ou elimine a geração de resíduo

DURANTE UM PROCESSO de produção. Essa redução pode advir de alterações do tipo de matéria

prima, ou do tipo de tecnologia ou mudanças nos processos de produção.

Roteiro Geral de Metodologia para redução da Geração de Resíduos

Pontos de Geração de Resíduos Medidas Recomendadas

Todas as fontes de resíduos

1. Usar materiais de maior pureza;

2. Usar matérias-prima menos tóxicas;

3. Usar materiais não corrosivos;

4. Converter processos tipo bateladas por processos contínuos;

5. Efetuar inspeção/manutenção mais rigorosa de equipamentos;

6. Melhorar treinamento de operadores;

7. Efetuar supervisão contínua;

8. Adotar práticas operacionais adequadas;

9. Eliminar/reduzir o uso de água para limpeza de equipamentos;

10. Programar técnicas adequadas de limpeza de equipamentos;

11. Usar sistemas de monitoramento aprimorados;

12. Usar bombas com selo mecânico duplo.

Resíduos de limpezas de equipamentos

1. Aumentar o tempo de drenagem do equipamento;

2. Usar materiais resistentes à corrosão;

3. Isolar tanques de estocagem;

4. Reexaminar a necessidade de produtos químicos para limpeza.

Derramamentos e Vazamentos

1. Usar válvulas de selagem com alarme;

2. Maximizar uso de juntas soldadas em relação às flangeadas;

3. Instalar bacias de contenção de derramamentos.

Manuseio de Materiais

1. Segregar embalagens vazias por tipo de material estocado;

2. Utilizar tambores laváveis e passíveis de reciclagem;

3. Comprar materiais à granel ou em embalagens maiores;

4. Comprar materiais em embalagens previamente pesadas.

Incentivos e Obstáculos Para a Minimização de Resíduos Industriais

INCENTIVOS:

Redução de custos para menores quantidades de resíduos tratados e dispostos;

A própria legislação que pode taxar o produtor de resíduos industriais em função da

quantidade produzida;

Pressão internacional para certificação pela ISO9000 e ISO14000

OBSTÁCULOS

Escassez de informações;

Falta de conscientização dos benefícios da minimização de resíduos;

Falta de apoio e conhecimento técnicos;

Falta de motivação financeira;

Medo da alteração do produto final.

O gerador dos resíduos industriais é o responsável por sua gestão (transporte, tratamento,

destinação final). Os tipos mais comuns de tratamento são apresentados a seguir.

– Reciclagem / Reutilização / Recuperação: Já definido anteriormente, esses tipos de

tratamento referem-se à valorização dos materiais que já tenham sido utilizados como

matéria prima nos processos industriais. Esses procedimentos podem significar grande

economia de insumos, marketing e preservação ambiental.

– Processos de secagem e desidratação de lodos: ao se reduzir a umidade e volume do

resíduo é possível fazer sua disposição em aterros industriais ou sanitários, com

diminuição dos custos de transporte. Os métodos mais tradicionais de secagem são:

filtragem, centrifugação, leitos de secagem.

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– Landfarming: consiste em um tratamento biológico de resíduos orgânicos no solo, por

meio de suas propriedades físicas, químicas é um e da intensa atividade microbiana. O

processo vem sendo utilizado principalmente por indústrias alimentícias, têxteis, papel,

papelão, sabões e detergentes, entre outras.

– Incineração: É o processo de combustão controlada a ser visto mais adiante.

Critérios relacionados à engenharia, economia, geologia, topografia, meio ambiente, etc,

devem ser considerados quando se pesquisam áreas candidatas à destinação final de resíduos

industriais. A tabela abaixo resume esses itens.

Critérios a considerar para Seleção do Local para Implantação de Aterro Industrial – RESUMO

Aspectos Relacionados à Engenharia

Localização Deve ser suficientemente grande para acomodar

os resíduos produzidos das instalações

Proximidade Deve estar localizado próximo das instalações que

produzem o resíduo. Longe de redes de água e de

propriedades particulares

Acesso A localização deve ser de fácil acesso (perto de

boas estradas e sem congestionamento)

Topografia Deve-se aproveitar as condições naturais do

terreno. Evitar depressões naturais e vales.

Geologia Evitar áreas sujeitas a terremotos e falhas, minas,

etc.

Solo Deve possuir um revestimento natural de argila

ou pelo menos argila de fácil disponibilização.

Aspectos relativos ao meio ambiente

Águas Superficiais Evitar regiões que sofrem enchentes, contato

direto com águas navegáveis, mangues e

banhados.

Lençol freático Não deve ter contato com lençóis freáticos.

Ar Deve ser localizado de forma a minimizar

emissões para o exterior da área de confinamento

e impactos de odor.

Ecologia Terrestre e Aquática Evitar áreas de proteção ambiental, habitat único

e manguezais.

Ruídos Barulho de movimento de caminhões e veículos

pesados deve ser evitado.

Uso da terra Evitar áreas densamente populosas e áreas de

conflito.

Fontes Culturais Evitar sítios arqueológicos, históricos e de

interesse paleontológicos.

Aspectos legais Considerar a legislação pertinente.

Aspectos públicos e políticos Procurar ganhar aceitação pública.

Aspectos Econômicos

Aquisição da propriedade Custo real do terreno mais custos relacionados.

Desenvolvimento local Escavações, aeração, revestimentos e novas

estradas e outros custos de desenvolvimento.

Custos anuais Custos de combustível, mão-de-obra,

manutenção, preparação do terreno.

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E.3 - Resíduos Radioativos.

O gerenciamento de resíduos radioativos é competência da Comissão Nacional de Energia

Nuclear - CNEN. A utilização e manuseio dessas substâncias estão estabelecidos nas normas CNEN

- NE - 6.05. Esses resíduos são gerados no ciclo de combustíveis nucleares e nas aplicações de

medicina, pesquisa, indústria, exigindo necessidade de manejo seguro e ambientalmente correto,

incluindo transporte e destinação final.

O principal problema desses rejeitos é o fato de continuarem como potenciais fontes

contaminação por radiação ionizante.

As substâncias radioativas podem ser consideradas de elevada toxicidade (Classe I), de

média toxicidade (Classe II e III) e de baixa toxicidade (Classe IV), em função da radiação emitida.

A meia-vida de uma substância radioativa refere-se ao tempo necessário para que a

atividade inicial seja reduzida à metade , determinando assim o período de tempo em que a

substância estará ativa.

Exemplos de isótopos radioativos e suas meias vidas:

I125 60,2 dias

C14 5730 anos

Br82 36 horas

É importante ressaltar que as propriedades físicas e químicas dos isótopos radioativos são

idênticas àquelas do isótopo inativo. Assim, o conhecimento daquelas propriedades é fundamental

para a gestão desses rejeitos.

Estima-se como 10 meias-vidas o período de tempo necessário para que o isótopo seja

considerado de manuseio seguro para o caso de fontes radioativas utilizadas nos procedimentos

médicos.

F - Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários.

Resíduos Assépticos: são considerados como domiciliares.

Resíduos Sépticos: material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem

veicular doenças provenientes de outras cidades, estados ou países.

G – Resíduos Agrícolas

Embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheitas, etc.

Preocupações recentes:

Enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva.

Destinação final de embalagens de agroquímicos diversos (legislação específica co-

responsabilidade do fabricante).

H - Entulho

Demolições e restos de obras, solos de escavações, etc.

Geralmente é material inerte, passível de reaproveitamento.

I – Resíduos Especiais

São resíduos produzidos esporadicamente, tais como: veículos abandonados, pneus,

mobiliário, animais mortos, etc.

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De quem é a responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de lixo?

TIPOS DE LIXO RESPONSÁVEL

Domiciliar Prefeitura

Comercial Prefeitura*

Público Prefeitura

Serviços de saúde Gerador (hospitais, etc.)

Industrial Gerador (indústrias)

Portos, aeroportos e terminais

ferroviários e rodoviários

Gerador (portos, etc.)

Agrícola Gerador (agricultor, etc.)

Entulho Gerador* * a Prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades (menores que 50 Kg) de acordo com

a legislação municipal

II.5) Caracterização dos Resíduos Sólidos:

Refere-se aos aspectos relativos à sua produção;

Seu conhecimento é importante para planejamento correto dos SLU em todas as etapas;

Variável com o tipo de sociedade, hábitos e costumes da população, clima, estação do

ano, atividades econômicas (grau de aquecimento da economia) MUDA AO LONGO

DO TEMPO;

A caracterização periódica é a primeira etapa para uma eficiente administração do

problema dos resíduos sólidos urbanos.

Características Físicas

São as seguintes as principais características físicas dos RS.

II.5.1 - Composição Física ou Gravimétrica

Apresenta as porcentagens das várias frações do lixo, tais como: papel, papelão, madeira,

trapo, couro, plástico duro, plástico mole, matéria orgânica, metal ferroso, metal não-ferroso, vidro,

borracha e outros.

IMPORTÂNCIA:

Avalia a potencialidade econômica do lixo aproveitamento das frações do lixo;

Avalia o melhor e mais adequado sistema de tratamento compostagem, etc.

Exemplos de composição gravimétrica: (ano 2000)

Componente Brasil (%) México (%) Índia (%) USA (%)

Mat. orgânica 52,5 54,4 78 35,6

Papel, papelão. 24,5 20 2 41,0

Plástico 2,9 3,8 0 6,5

Metais 2,3 3,2 0,1 8,7

Vidros 1,6 8,2 0,2 8,2

Outros 16,2 10,4 18,7 ~ 0

Total 100 100 100 100

Fonte: CEMPRE, 2000, Manual de Gerenciamento Integrado.

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Em BH: (Superintendência de Limpeza Urbana: 1991 e CEMPRE: 1999)

Componente BH 1991 (%) BH 1999 (%)

Mat. orgânica 64,4 63,0

Papel e papelão 13,5 10,1

Plásticos 6,5 11,7

metais 2,7 2,6

vidros 2,2 2,6

outros 10,0 10,0

Composição do lixo de São Paulo.

Tipos de Ano

Material 1927 1947 1965 1969 1972 1989 1990 1993 1998

Papel, papelão. 13,4 16,7 16,8 29,2 25,9 17,0 29,6 14,4 18,8

Trapo, couro. 1,5 2,7 3,1 3,8 4,3 - 3,0 4,5 3

Plástico. - - - 1,9 4,3 7,5 9,0 12,0 22,9

Vidro. 0,9 1,4 1,5 2,6 2,1 1,5 4,2 1,1 1,5

Metais, latas. 1,7 2,2 2,2 7,8 4,2 3,25 5,3 3,2 3

Mat. orgânica 82,5 76,0 76,0 52,2 47,6 55,0 47,4 64,4 69,5

Fonte: IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas.

Fonte: http://ww1.prefeitura.sp.gov.br/servicos/upload/RelatorioGeral2003_1103568201.pdf

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61

São Paulo - 2006

64,4

14,4

12,1

3,2

1,1

Mat. Orgânica

Papel/Papelão

Plásticos

Metais

Vidro

Composição Gravimétrica de RSU – Município de Campinas – SP

Fonte: CEMPRE, 2010.

Alguns números referentes à GRSU de SAÕ PAULO impressionam:

População: 11,2 milhões de habitantes (área do Município: 1523 km2)

Lixo coletado por dia: 17000 t.

Geração percapita diária: 1,52 kg

Lixo Residencial RECICLADO: < 1%.

Lixo não-Residencial RECICLADO: < 1%.

Empresas Privadas que coletam lixo: 2

Frota de caminhões coletores privados: 500

Despesa mensal com GRS: R$80 milhões.

Gasto municipal diário percapita com GRSU: R$0,238

A cidade de SP possui cerca de 20000 catadores e 150 cooperativas de resíduos (SILVA et al,

2007)

Os números de Nova York, também:

População: 8,4 milhões.

Lixo coletado por dia: 22000 t (metade deste total é coletado pela prefeitura local)

Geração percapita diária: 2,62 kg

Lixo Residencial RECICLADO: ~ 15%.

Lixo não-Residencial RECICLADO: ~ 40%.

Empresas Privadas que coletam lixo: 150.

Frota de caminhões coletores privados: 4000.

Frota de caminhões da Prefeitura: 2000.

Despesa mensal com GRS: US$ 83,4 milhões (cerca de R$150 milhões)

Gasto municipal diário percapita com GRSU: ~ R$0,596

Variação da composição gravimétrica e de alguns parâmetros físicos dos RSU do município

do Rio de Janeiro entre 1981 e 2007

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62

Composição gravimétrica e parâmetros físicos da cidade do Rio de Janeiro

Fonte: DIN - COMLURB, 1998.

Composição gravimétrica e parâmetros físicos da cidade do Rio de Janeiro (Anos 95 – 2004)

Fonte: COMLURB, 2011

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63

Evolução da Composição Gravimétrica – Município do Rio de Janeiro

Fonte: COMLURB, 2011.

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Componentes (%) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Recicláveis 45,23 44,07 43,23 45,4 47,4 43,26 43,96 41,1 40,14 32,9 33,74 33,84 36,27

Papel/Papelão(1) 24,05 22,26 21,08 22,2 21,9 19,77 18,71 18,78 16,06 12,5 13,51 14,83 14,61

Plástico (2) 15,07 15,09 16,11 16,8 19,9 17,61 19,77 17,61 19,17 15,4 15,34 14,69 17,17

Vidro(3) 2,62 3,63 3,22 3,68 3,48 3,22 3,52 2,74 2,99 3,23 3,24 2,71 2,90

Metal (4) 3,49 3,09 2,82 2,75 2,16 2,66 1,96 1,97 1,92 1,7 1,65 1,61 1,59

Matéria 45,43 48,8 49,09 48,5 50,1 51,27 51,65 55,96 53,05 59,7 60,74 61,35 58,13

Orgânica (5)

Rejeitos 9,34 7,13 7,68 6,08 2,56 5,47 4,39 2,94 6,82 7,42 5,52 4,82 5,61

Inerte total (6) 0,44 0,97 1,53 0,89 0,63 0,94 0,72 0,35 1,46 1,37 0,86 0,75 0,73

Folha / flores 4,81 2,46 3,04 1,97 0,72 1,91 1,5 0,6 2,34 2,12 1,06 1,30 1,75

Madeira 0,96 0,53 0,76 0,68 0,18 0,44 0,44 0,38 0,66 0,66 0,34 0,33 0,38

Borracha 0,17 0,18 0,24 0,33 0,11 0,3 0,29 0,18 0,25 0,22 0,24 0,32 0,21

Pano - Trapo 2,43 2,5 1,71 1,9 0,79 1,61 1,28 1,21 1,83 1,51 1,58 1,61 1,75

Couro 0,26 0,16 0,27 0,21 0,1 0,18 0,1 0,15 0,26 0,27 0,22 0,07 0,21

Osso 0,27 0,33 0,13 0,08 0,03 0,09 0,06 0,07 0,01 0 0,04 0,02 0,00

Coco ... ... ... ... ... ... ... ... ... 1,27 1,17 0,41 0,58

Vela / parafina ... ... ... ... ... ... ... ... ... 0,01 0,01 0,01 0,01

Total (% ) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

P. Específico (Kg/m3) 203,58 194,79 164 168 186 198,5 169 150,8 154,4 154 148,4 144,93 144,54

Umidade (% ) 64,54 70,2 67,02 63,7 63,1 62,91 60,89 63,74 72,49 76,6 50,45 56,86 65,22

Peso amostra t) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 16,63 17,15

Fonte: PCRJ, Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB.

(1) - papel, papelão e tetra pack

(2) plástico duro, PET, filme

(3) vidro caro e escuro

(4) - metal ferroso e não ferroso

(5) matéria orgânica putrescivel e agregado fino

(6) - pedra, areia, louça e cerâmica /

Variação da Composição Gravimétrica dos RSU – Município do Rio de Janeiro (entre 1995 e 2007)

Fonte: COMLURB (2011)

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Composição Gravimétrica de RSU – Município de São Gonçalo – RJ

Fonte: SILVEIRA, A.M.M.

Campinas

72,3

19,2

3,6

2,3

0,8

Mat. Orgânica

Papel/Papelão

Plásticos

Metais

Vidro

'

Composição Gravimétrica de RSU – Município de Campinas – SP

Fonte: CEMPRE, 2010.

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Segundo o IBGE, o município de Juiz de Fora passou de 387.523 habitantes em 1991 para

456.796 no ano de 2000. Aproximadamente 99,87% desse total é considerada população urbana. O

total de pobres declinou, no mesmo período, de 21,1% para 14,1%. É considerada pobre pelo IBGE,

a população que percebe renda mensal inferior a 0,25 salário mínimo. A renda percapita média do

município cresceu 34,58%, passando de R$ 311,64 em 1991 para R$ 419,40 em 2000.

Fonte: Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DEMLURB.

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PRODUÇÃO MÉDIA DE LIXO NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA

A quantidade média de lixo coletado diariamente em Juiz de Fora, segundo cada tipo,

determinada a partir das pesagens realizadas em setembro de 2003, está apresentada no quadro

abaixo:

Tipo de Resíduo Quantidade coletada (ton./dia)

Domiciliar 311,21

Comercial 9,51

Industrial 10,36

Hospitalar 5,15

Varrição 29,98

Capina 94,31

Seletiva 12,96

Total 473,48

Fonte: Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DEMLURB.

II.5.2 - Peso Específico: (Kgf/m3)

É o peso específico nas condições em que ele se apresenta inicialmente, pronto para ser

coletado, sem desprezar os vazios (sem compactação).

Peso Específico (Kgf / mPeso da amostra (Kgf)

do recipiente (m

3

3)

)

Volume

IMPORTÂNCIA:

Determina a capacidade volumétrica dos meios de coleta, transporte e disposição final;

OBSERVAÇÕES:

Há variação entre os bairros, cidades e países em conseqüência das mudanças de hábitos

da sociedade, de novos produtos de consumo, poder aquisitivo e da evolução dos padrões

de cultura;

Avanço tecnológico (industrialização) e escassez dos recursos naturais têm diminuído o

peso específico do lixo produtos sintéticos (plásticos).

Evolução nos países industrializados:

Início do século: entre 500 e 800 Kgf/m3.

Atualmente: entre 150 e 300 Kgf/m3.

PAÍSES

INDUSTRIALIZADOS

No Brasil: 200 Kgf/m3.

BH 180 Kgf/m3. (1991)

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II.5.3 - Contribuição “percapita”: (kg/hab.dia)

Quantidade de lixo gerada por habitante num período de tempo especificado. Refere-se aos

volumes efetivamente coletados e à população atendida.

IMPORTÂNCIA:

Planejamento de todo o sistema de gerenciamento do lixo, principalmente com referência

ao dimensionamento de instalações e de equipamentos.

OBSERVAÇÕES:

Está diretamente ligada ao padrão de consumo;

Varia de cidade para cidade, de bairro para bairro;

No Brasil: contribuição percapita média: 0,4 a 0,8 kg/hab.dia.

II.5.4 - Teor de Umidade.

Representa a quantidade relativa de água contida na massa de lixo.

Umidade (%) = 100*a

ba

Onde: a = peso da amostra úmida (kg);

b = peso da amostra após secagem (kg).

IMPORTÂNCIA:

Na escolha da tecnologia de tratamento e para aquisição dos equipamentos de coleta; tem

influência notável sobre o poder calorífico, na densidade, assim como na velocidade de

decomposição biológica dos materiais biodegradáveis presentes na massa de lixo.

OBSERVAÇÕES:

Varia de acordo com a composição do lixo, estação do ano e incidência de chuvas.

No Brasil: teor de umidade médio é de 30 a 40%.

ESTIMATIVAS DA QUANTIDADE DE LIXO GERADA

Objetivo: prognosticar a quantidade de lixo gerada no município.

Aspectos a considerar:

A – população do atual município (habitantes);

B – geração percapita de lixo (kg/hab.dia), obtida através por amostragem;

C0 – nível atual de coleta (%)

D – taxa de crescimento populacional (%);

E – taxa de incremento da geração percapita de lixo (%);

Ct – nível de coleta pretendido após n anos (%)

n – intervalo de tempo considerado (anos).

Estimativas:

Geração atual: A* B * C0 (kg/dia);

Geração futura: { [A * (1 + D)n] * [B * (1 + E)

n] * Ct } (kg/dia).

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II.5.5 - Grau de Compactação:

Indica a redução de volume que pode sofrer a massa de lixo ao ser submetida à pressão

equivalente a 4kgf/cm2.

IMPORTÂNCIA:

Determina a capacidade volumétrica dos meios de coleta e transporte e a vida útil do sítio

de disposição final.

OBSERVAÇÕES:

Normalmente o grau de compactação varia de 3 a 5 vezes o volume inicial.

CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS.

II.5.6 - Teor de Materiais Combustíveis e Incombustíveis:

Quantidade de materiais que se prestam à incineração e quantidade de materiais inertes.

IMPORTÂNCIA:

Juntamente com a umidade, informa, de maneira aproximada, sobre as propriedades de

combustibilidade dos resíduos (incineração).

II.5.7 - Poder Calorífico:

É a quantidade de calor gerada pela combustão de 1 kg de lixo misto, e não somente dos

materiais facilmente combustíveis.

IMPORTÂNCIA:

Permite a avaliação para instalações de incineração.

OBSERVAÇÕES:

Resíduo rico em componentes plásticos alto poder calorífico;

Resíduo rico em matéria orgânica baixo poder calorífico;

Resíduos domiciliares: Poder calorífico ➭ aproximadamente 1300 kcal/kg

Resíduos hospitalares: Poder calorífico ➯ aproximadamente 5200 kcal/kg

II.5.8 - Composição Química:

Normalmente são analisados: N, P, K, S, C, relação C/N, pH e sólidos voláteis.

A relação Carbono/Nitrogênio (C/N) indica a degradabilidade e o grau de decomposição da

matéria orgânica.

Quanto maior a relação C/N maior o potencial de degradabilidade do lixo.

IMPORTÂNCIA:

Definição da forma mais adequada de disposição final.

II.5.9 - Teor de Matéria Orgânica:

Quantidade de matéria orgânica contida no lixo.

Putrescível: verduras, alimentos, etc.

Não-putrescível: papel, papelão, etc.

IMPORTÂNCIA:

Permite avaliação da utilização do processo de compostagem.

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II.5.10 - Caracterização Bacteriológica:

É a indicação de microorganismos indicadores:

- coliformes - estreptococos - pesquisa de patogênicos

- coliformes fecais - colônias

IMPORTÂNCIA:

Determinação da qualidade bacteriológica dos RS, avaliando a presença de organismos

patogênicos Maiores cuidados no manuseio, coleta e disposição final do lixo.

II.6) Como Caracterizar o Lixo:

É importante ressaltar que as características dos RS variam ao longo de seu percurso, desde

a geração até o destino final.

Deve-se analisar através de levantamentos preliminares, o ponto do processo em que a

amostra deve ser tomada:

Exemplos:

Dimensionamento de frota amostragem deve ser executada como o lixo se apresenta

para a coleta, i.e., em suas condições naturais;

Obtenção de parâmetro físico poder calorífico amostragem pode ser executada após

chegada dos caminhões ao Aterro Sanitário.

Aconselha-se que a caracterização do lixo seja executada sistematicamente por vários anos

consecutivos devido aos aspectos de sazonalidade, climáticos, influências regionais, temporais,

flutuações na economia, etc.

Amostragem e Preparação da Amostra:

A CETESB recomenda dois procedimentos de amostragem, de acordo com as

análises a serem efetuadas (composição química ou física). Em tais procedimentos utiliza-se o

processo de quarteamento.

O quarteamento é um processo de mistura pelo qual uma amostra bruta é dividida em

quatro partes iguais (os quartis), sendo tomadas duas partes opostas entre si constituindo uma nova

amostra, descartando-se as duas partes restantes. As partes não descartadas são misturadas

totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume desejado, cuidando-

se para que sejam tomados quartis em posição oposta aos obtidos em etapa anterior.

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Procedimento para coleta de amostras para análise de composição química e parâmetros físico-

químicos (C/N, C, N, P, K, S, umidade)

1. Descarregar o caminhão ou caminhões no local previamente escolhido (pátio pavimentado ou

sobre lona);

2. Coletar, na pilha resultante da descarga, quatro amostras de 100 litros (~20kg) cada (utilizar

tambores), três na base e laterais, e uma no topo da pilha inicial. Antes da coleta, proceder ao

rompimento dos receptáculos (sacos plásticos, em geral) e homogeneizar o máximo possível os

resíduos nas partes a serem amostradas. Ainda, considerar os materiais rígidos (latas, vidros,

etc.). Caso a quantidade inicial de lixo seja pequena (menos que 1,5 toneladas), recomenda-se que

todo o material seja utilizado como amostra;

3. Compor uma “pilha A” com o material amostrado, misturando e homogeneizando o máximo

possível;

4. Formar onze pilhas secundárias, coletando-se porções dos locais os mais variados possíveis da

pilha A. Rapidamente, retalhar os resíduos de uma pilha aleatória (ao abrigo do sol, chuva, vento

e temperatura excessiva), descartando os materiais rígidos e, após homogeneização, coletar e

acondicionar a Amostra 1 (± 5 litros) em saco plástico, fechar hermeticamente, identificar e

enviar para análise de umidade;

5. Concomitantemente, selecionar dentre as dez pilhas restantes, quatro pilhas representativas do

resíduo coletado (aproximadamente 150 litros). Proceder separadamente para cada pilha: separar

os materiais rígidos (pedras, vidro, latas, etc.) e, em seguida, retalhar os resíduos até partículas

com diâmetro máximo de 2 cm; somente ao final do procedimento anterior formar a “pilha B”,

reunindo os resíduos retalhados. Homogeneizar;

6. Quartear a pilha B obtida no item 5 até que se obtenha 5 litros, formando a Amostra 2, a ser

embalada, identificada e enviada para análise da composição química e parâmetros físico-

químicos.

umidade

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OBSERVAÇÃO: Amostra 1 – Utilizada para quantificar o teor de umidade;

Amostra 2 - Composição química e parâmetros físico-químicos;

Amostra 3 - Composição física (gravimetria).

Procedimento para coleta de amostras para análise de composição física

1. Descarregar o caminhão ou caminhões no local previamente escolhido (pátio ou lona plástica);

2. Coletar, na pilha resultante da descarga, quatro amostras de 100 litros cada (utilizar tambores),

três na base e laterais, e uma no topo da pilha inicial. Antes da coleta, proceder ao rompimento

dos receptáculos (sacos plásticos, em geral) e homogeneizar o máximo possível os resíduos nas

partes a serem amostradas. Ainda, considerar os materiais rígidos (latas, vidros, etc.). Caso a

quantidade inicial de lixo seja pequena (menos que 1,5 toneladas), recomenda-se que todo o

material seja utilizado como amostra;

3. Pesar os resíduos;

4. Dispor os resíduos sobre uma lona. Esse material constitui a Amostra 3, a ser utilizada para as

análises da composição física dos resíduos.

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III - Limpeza Pública

Em geral os serviços de Limpeza Pública absorvem entre 7 e 15% dos recursos de um

orçamento municipal. Desses 50% são destinados à coleta e ao transporte do lixo.

O bom desempenho desses serviços representa boa aceitação da administração municipal

por parte da população. Adicionalmente, a sua otimização leva a uma economia dos recursos

públicos.

III.1) Serviços de Limpeza Pública:

A Limpeza Pública, quando não efetuada corretamente gera uma cobrança IMEDIATA E

GERAL por parte da população.

Os serviços de Limpeza Pública abrangem:

Limpeza de logradouros;

Acondicionamento do lixo;

Coleta do lixo;

Transporte e transbordo;

Tratamento;

Disposição final;

Reciclagem dos materiais do lixo;

Disposição de entulho.

III.2) Atividades de Apoio:

Para a execução dos serviços de limpeza pública são necessários

atividades/instalações de apoio:

1. Oficinas:

De manutenção, conservação, confecção de equipamentos e ferramentas;

De obras civis;

De serviços hidráulicos e elétricos.

2. Serviços de Material: especificação, armazenamento, distribuição e controle.

3. Serviços de Pessoal: seleção, admissão, classificação, assistência social e jurídica, vestiários,

ambulatórios, ...

4. Serviços de Planejamento: levantamento de dados, estatísticas, análise de serviços e

programação de atividades.

5. Setor de Segurança no Trabalho: garantir a segurança, treinamento de segurança, ...

6. Setor Econômico e Financeiro: obtenção e controle dos recursos financeiros, contabilidade.

7. Setor de Assistência Jurídica: elaboração de editais de licitação, de realização de contratos.

8. Setor de Relações Públicas: coordenação de campanhas publicitárias, divulgação dos serviços

executados, atendimento ao público, escolas, ...

9. Setor de Fiscalização: fiscalização de serviços executados e contratados, de posturas municipais,

supervisão geral.

10. Serviços Especiais: realizados em algumas cidades (poda de árvores em vias públicas, enterro

de indigentes, etc.).

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IV - Limpeza de Logradouros

Estão incluídos nestas atividades:

IV.1) Varrição

Conjunto de procedimentos que visam à coleta manual ou mecânica do lixo espalhado em

locais públicos, tendo como objetivo:

Minimizar os riscos à saúde pública;

Manter a cidade limpa;

Prevenir enchentes e assoreamento de rios.

Assim como a coleta de lixo domiciliar esta atividade determina uma parte significativa dos

custos de limpeza pública (necessidade de otimização da atividade).

Fatores a considerar no dimensionamento e Plano de Varrição:

1. Periodicidade da varrição;

2. Extensão total das ruas;

3. Disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos;

4. A concentração de lixo (volume médio de lixo por unidade de comprimento de sarjeta em

pontos críticos Exemplo: varrição de feiras, locais de show público, etc.);

5. Freqüência e velocidade de varrição: normalmente 0,3 a 1,0 km/h ou 1 a 2 km/gari/dia;

6. Média de remoção: 850 a 1250 L/km/dia ou 30 a 90 kg de lixo / km varrido

7. Média de varredor/1000 habitantes: 0,4 a 0,8 varredor;

8. topografia da área, tipo de pavimento, uso do solo,

A freqüência de varrição é função direta do tipo de ocupação do solo:

Maior em áreas de grande fluxo de pedestres;

Menor em regiões residenciais.

O Quadro 4.1 apresenta algumas características relativas à varrição normal e mecanizada.

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Quadro 4.1: Comparação entre VARRIÇÃO MANUAL e MECANIZADA.

CARACTERÍSTICAS TIPOS DE VARRIÇÃO

MANUAL MECÂNICA

Tipo de pavimento Qualquer um Asfalto ou similar

Velocidade de trabalho Baixa alta

Mão-de-obra Não qualificada qualificada

Outras possibilidades Varrição das calçadas Remoção de terra, areia e lama.

OBSERVAÇÕES

Riscos de acidentes, faltas

por doenças e rotatividade

de mão-de-obra.

Requer manutenção sofisticada,

barulho, incômodos ao tráfego, usam

água para abater a poeira.

Figura 4.1. Equipe de Varrição.

Fonte: DEMLURB

Figura 4.2. Varredeira Mecânica.

Fonte: DEMLURB

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OBSERVAÇÕES:

A varrição manual é recomendada principalmente em cidades com pouca capacidade de

investimentos e onde a geração de emprego e de renda é necessária;

Os setores de varrição devem dispor de instalações de apoio: sanitários, vestiários,

garagem, sala de administração, etc.. No entorno desses pontos de apoio são definidos

setores de varrição com raio aproximado de 800 m e os roteiros a serem desenvolvidos

pelo gari. Os roteiros devem ser circulares, se possível, e no sentido dos declives.

A varrição noturna pode apresentar produtividade surpreendente em função da ausência de

veículos e pedestres, com equipes trabalhando em regime de 12 horas de trabalho por 36

horas de descanso.

IV.2) Capina e Roçagem

A capina é executada nas ruas, passeios, margens de rios e canais;

Pode ser manual ou mecânica, em função da disponibilidade de recursos humanos,

financeiros e equipamentos a serem utilizados;

Capina química desaconselhável devido à poluição ambiental, risco para os operários,

etc.

Já existem algumas substâncias de baixa toxidez.

Deve ser realizada a cada 3 meses.

A roçagem é realizada quando se pretende manter alguma cobertura vegetal com objetivo

de evitarem-se deslizamentos, erosões, além da estética.

Produtividade média da capina:

Manual - 150 a 200 m2 / dia / servidor;

Costal: 300 m2 /servidor / dia.

Química - 10.000 m2 / dia / servidor.

Conscientização da População

Limpar uma rua é diferente de manter uma rua permanentemente limpa.

Ruas limpas, cestos de coleta implantados, campanhas permanentes de educação e uma rigorosa

fiscalização do cumprimento das posturas municipais funcionam como aspectos inibidores para as

pessoas que estão acostumadas a jogar lixo em qualquer lugar.

A limpeza das calçadas e das ruas não depende apenas da atuação da prefeitura, e sim,

principalmente, da educação e conscientização da população.

Devem-se promover campanhas de educação junto à comunidade para que o lixo seja colocado

nos cestos de rua. Papéis, embalagens, palitos, cigarros e outros objetos, comumente lançados nas

calçadas, podem ser facilmente colocados num cesto, mantendo a aparência limpa da rua e

valorizando a cidade como um todo. A limpeza das ruas é um fator importante na atração de

turistas, que reparam em detalhes dos locais que visitam.

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Figura 4.3. Equipe de Capina.

Fonte: DEMLURB

IV.3) Outros Serviços

Limpeza de praias

Freqüência deve ser maior em épocas de grande movimento como férias e finais de

semana;

Cestos e tambores devem ser dispostos ao longo das praias;

Campanhas do tipo “mantenha a praia limpa”, em parceria com a iniciativa privada, com

distribuição de sacos de lixo, são importantes para a conservação das praias.

Pode ser manual ou mecânica com equipamentos resistentes a maresia.

Limpeza de feiras livres

Imediatamente após o seu encerramento;

Lavagem de áreas onde foram comercializados peixes e carnes;

Orientar os feirantes a acondicionar seus resíduos.

Limpeza de bocas-de-lobo, galerias e córregos.

Locais de grande circulação de pedestres, onde o serviço de varrição ainda não foi

implantado;

Áreas sujeitas a inundações ou enchentes (baixadas);

Dragagem dos leitos de córregos.

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Remoção de animais mortos

Caminhões de carroceria fechada ou não;

Necessário canal de contato com a prefeitura (por exemplo, um número de telefone

específico) já que este tipo de serviço é executado por demanda pontual;

Pintura de meios-fios

É útil para orientação do tráfego de veículos;

Freqüência depende do material utilizado: cal ou látex.

Coleta de serviços volumosos e entulho

Evitar o descarte clandestino orientar a população sobre áreas autorizadas para

descarte desses resíduos;

A administração municipal pode programar esta coleta, informando previamente à

população a data e o horário de coleta.

COMO REDUZIR O LIXO PÚBLICO?

Providenciando-se:

1. Pavimentação lisa e com declividade adequada nos leitos das ruas e passeios;

2. Dimensionamento correto dos sistemas de drenagem de águas pluviais;

3. Arborização com espécies que não percam grandes quantidades de folhas durante o ano;

4. Colocação de papeleiras nas vias com maior movimento de pedestres, nas esquinas, nos

pontos de ônibus e em frente a bares, lanchonetes e supermercados;

5. Varredura regular e remoção dos pontos de acúmulo de resíduos;

6. Campanhas de motivação da “cidadania” em relação à manutenção da limpeza;

7. Sanções para cidadãos que insistem em desobedecer às posturas municipais referentes à

limpeza pública.

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V - Acondicionamento do Lixo

Acondicionamento é a preparação do lixo para que seja facilmente manuseado nas etapas de

coleta e destinação final.

Cabe a administração municipal exercer as funções de regulação, educação e fiscalização,

inclusive dos casos de estabelecimento de saúde visando assegurar condições sanitárias

operacionais adequadas.

O correto acondicionamento evita:

Acidentes lixo infectante, cortante, etc.;

Proliferação de vetores de doenças (moscas, ratos e baratas) e animais indesejáveis e

perigosos;

Impacto visual e olfativo;

Heterogeneidade no caso de haver coleta seletiva.

Embora o acondicionamento seja de responsabilidade do gerador, a administração municipal deve

exercer as funções de regulamentação, educação e fiscalização, inclusive no caso dos

estabelecimentos de saúde, visando assegurar condições sanitárias e operacionais adequadas.

Diversos tipos de recipientes são utilizados:

Vasilhames metálicos (latas) ou plásticos (baldes);

Sacos plásticos de supermercados ou específicos para acondicionamento do lixo

doméstico;

Caixas de madeira e papelão;

Latões de óleo;

Embalagens construídas a partir de pneus velhos.

Características dos recipientes para acondicionamento:

Peso máximo: 30 kg;

Dispositivos que facilitem seu deslocamento no imóvel até o local de coleta;

Serem herméticos evitando-se derramamento ou exposição dos resíduos;

Serem seguros evitando-se acidentes (lixo cortante / perfurante);

Não produzir ruídos quando manejados;

Não reter resíduos no fundo.

SACOS PLÁSTICOS: EMBALAGENS MAIS ADEQUADAS.

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Figura 5.1. Acondicionamento: sacos plásticos e latões.

V.1. Acondicionamento dos resíduos domiciliares.

Sacos plásticos;

Contêineres plásticos;

Contêineres metálicos.

A) Sacos plásticos:

VANTAGENS:

o Menor esforço dos coletores;

o Reduz tempo de coleta;

o Impede absorção de água de chuva;

o Menor poluição sonora;

o Reduz contato com lixo;

o Elimina maus odores e latas nas ruas.

DESVANTAGEM:

São frágeis e facilmente rompidos.

NOTA:

NBR 9190: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – CLASSIFICAÇÃO.

NBR 9191: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – ESPECICAÇÃO.

NBR 9195: Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determ. Resistência queda livre.

NBR 13055 - Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação da capacidade.

Comportamento do plástico quanto a incineração e biodegradabilidade:

Incineração: Parte do plástico existente no lixo brasileiro (5 a 10%) é de PVC (cloreto de

polivinil) que provoca emissão de gases tóxicos e corrosivos (ácido clorídrico -

HCl). Segundo a ABNT os sacos para acondicionamento devem ser de polietileno

(C, H, O) que só emitem CO2 e H2O quando incinerados Não poluentes.

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Biodegradabilidade: o plástico não é biodegradável e tem que ser confinado em aterros. Esse

procedimento torna impermeáveis regiões sob o aterros, o que impede a

livre emanação de inflamáveis para a atmosfera, o que potencializa

explosões sob a massa de resíduos aterrados.

Acondicionamento de resíduos em imóveis de baixa renda

É importante a colocação de caçambas plásticas padronizadas (com rodas e tampas) em

locais externos com coleta diária;

Não é conveniente a colocação de contêineres metálicos estacionários SEM TAMPA

(pois, se não coletado com freqüência adequada, vira depósito de lixo orgânico

degradado exalando maus odores);

É recomendável a implantação de sistemas de trabalhadores comunitários com auxílio

para manutenção da higiene das comunidades carentes mais problemáticas.

V.2) Acondicionamento dos Resíduos Públicos

V.2.1) Para Pequenos Volumes:

1 - Cestos coletores nas calçadas:

Receber o lixo de transeuntes;

Ruas de grande movimentação: 50 em 50m;

Podem ser metálicos ou plásticos;

Devem ter formato adequado, considerando: estética, resistência, facilidade de utilização

e limpeza;

O patrocínio deve ser explorado;

O vandalismo é o grande problema.

3 - Recipiente basculante e carrinhos:

Destinados à varrição ou à coleta mecanizada;

Usados pelos garis.

4 - Tambores: (200 litros ou menores)

Devem ser adaptados com alça e tampa;

Devem reter líquidos e ser de material resistente à corrosão (aço pintado ou plástico).

V.2.2) Para Grandes Volumes:

Acima de 120 litros (cerca de 25 kg) é considerado grande gerador.

Essa definição é responsabilidade do município.

O tipo de embalagem é função das características do lixo e de sua forma de remoção,

aumentando a eficiência do S.L.U.

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1 - Contêineres coletores basculáveis estacionários:

Capacidade: 0,7 a 2,0 m3, aproximadamente;

Possíveis de serem basculáveis, pela lateral ou por trás dos veículos;

Devem ser bem limpos depois de basculados evitando atração de vetores e mau odor;

DESVANTAGENS DOS RECIPIENTES PARA GRANDES VOLUMES:

Disposição de entulhos, animais mortos e outros resíduos incompatíveis com o sistema de

coleta;

Incêndios provocados no lixo;

Transformação do local em um pequeno lixão resíduos depositados ao seu redor.

V.3) Acondicionamento de Resíduos de Fontes Especiais.

Tipos de Fontes:

Resíduos Sólidos Industriais.

Resíduos Radioativos.

Resíduos de Portos e Aeroportos.

Resíduos dos Serviços de Saúde – RSS.

I) Resíduos Sólidos Industriais.

Formas usuais de acondicionamento:

Tambores metálicos de 200 litros para resíduos sem corrosividade;

Bombonas de 200 e 300 litros para resíduos corrosivos ou semi-sólidos;

Contêineres plásticos padronizados: Volumes existentes (em litros): 120 / 240 / 360 / 750 /

1100 litros;

Caixas de papelão de porte médio.

II) Resíduos Radioativos

O manuseio exige Equipamentos de Proteção Individual - EPI aventais de chumbo,

sapatos, luvas, máscaras, óculos adequados;

Recipientes confeccionados de chumbo e concreto, função da atividade do isótopo

radioativo.

III) Resíduos de Portos e Aeroportos.

Mesmo acondicionamento do lixo domiciliar.

EXCETO: RESÍDUOS DE REGIÕES /PAÍSES EM SITUAÇÃO EPIDÊMICA.

IV) Resíduos dos Serviços de Saúde – RSS.

Gestão dos RSS: regulamentado pela RDC 306 da ANVISA, CONAMA´s, NBR 12809,

dentre outras;

Os RSS infectantes (Classes A – biológico e B – químicos) devem ser separados dos

comuns na origem, ou todos são considerados infectantes.

Resíduos infectantes compõem aproximadamente 10 a 15% do total de resíduos produzidos.

Normas que regulamentam o acondicionamento: NBR 9190 e NBR 9191

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Cor X RSS acondicionado em Sacos Plásticos:

Transparente: Lixo comum, reciclável;

Coloridos opacos: Lixo comum não reciclável;

Branco leitoso: resíduos infectantes.

Recipientes para Resíduos Perfurantes e Cortantes: de material incinerável (polietileno

rígido, papelão ondulado, etc.) e possuir cor dominante amarela com simbologia

internacional para material infectante.

NOTA

Características para os Recipientes:

Capacidade:

Média Brasileira:

5 habitantes / residência;

Produção per capita: ~ 0,70 Kgf/hab.dia;

Peso específico: = 200 Kgf/m3.

Capacidade Mínima:

=P

V V =

P =

5*0,70

200

20 litros volume pequeno. Qualquer eventualidade (festas, reuniões entre amigos, falha na

coleta, etc.) excederia o volume.

Capacidade Máxima:

- peso máximo a ser levantado: ~ 30 kg. (incluindo o peso do próprio recipiente).

=P

V V =

P =

30

200

– descontando o peso próprio do recipiente (considerando-o com volume de 50 litros ~ 30%

do volume total) tem-se a capacidade máxima de 100 litros.

Conclusão:

– Capacidade entre 20 e 100 litros, a critério do usuário;

– Fiscalização municipal pode intimar e posteriormente multar o produtor em caso de

apresentar recipiente irregular.

Material:

Materiais que não sofram corrosão, de baixo peso e que não façam barulho durante o

manuseio nas vias públicas (plástico, borracha galvanizada, fibra de vidro, etc.).

V = 0,15m3 = 150 litros

V = 0,0175m3 ~ 20 litros/residência. dia.

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Formato:

Recipientes de lados paralelos ou abaulados são esvaziados com dificuldade, exigindo

batidas e ajuda de outros operários.

Ideal: - tronco de cone (boca maior que o fundo);

- lados inclinados.

Reforço:

Para reduzir a espessura da chapa e o peso do recipiente nervuras estampadas,

cantoneiras e anéis nas bordas.

Anéis, alças e juntas devem ser rebitados ou soldados.

Tampa:

Ajustada ao recipiente não pode ser removida por vento ou animais;

Ideal: tampa articulada com o corpo.

Nota: Qualquer administração municipal deve exigir da população o cumprimento das normas.

Todavia, para a realidade brasileira, é preciso haver tolerância na aplicação da lei,

especialmente em bairros de baixa renda.

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VI - Coleta do Lixo

Conceituação: é o ato de recolher e transportar os resíduos sólidos acondicionados por

quem o produz para encaminhá-lo para:

1) Estação de transbordo;

2) Eventual tratamento ou

3) Destino final.

Objetivo: evitar problemas de saúde pública.

Observações:

Participação dos cidadãos: devem acondicionar o lixo adequadamente e apresentá-los

em dias, locais e horários preestabelecidos.

O Poder Público deve garantir:

A universalidade do serviço prestado todo cidadão deve ser servido pela coleta de

lixo domiciliar.

A regularidade da coleta os veículos coletores devem passar regularmente nos

mesmos locais, dias e horários.

Coleta de grandes geradores (acima de 120 l ou ~ 30 kg: hotéis, restaurantes, quiosques em

cidades turísticas)

Empresas credenciadas e autorizadas pelas prefeituras

VI.1) Sistemas de Trabalho

São os seguintes os sistemas de administração da coleta de RS:

1. ADMINISTRAÇÃO DIRETA: o município (normalmente de pequeno porte) assume os

serviços de coleta com setores de compras, manutenção e todo o pessoal necessário às diversas

operações. O orçamento dos SLU está inserido dentro do orçamento global da prefeitura que é

votado pelo legislativo municipal. Os serviços são cobrados anualmente no IPTU.

2. AUTARQUIAS (DEMLURB) ou Departamentos Municipais e ESTATAIS:

São criadas empresas municipais que administram os SLU.

As autarquias têm orçamento especificado dentro do orçamento global do

município (orçamento vinculado), e uma estrutura administrativa independente.

Os SLU são cobrados anualmente no IPTU.

As estatais têm orçamento próprio e estrutura independente.

3. PRIVATIZAÇÃO: pode ser:

I. Coleta Contratada: Prefeitura cobra do munícipe, paga e fiscaliza a empresa

privada que executora. Há necessidade de realização de licitações.

II. Coleta Concedida: Empresa particular executa os serviços e cobra diretamente do

munícipe. Serviços concedidos pelo poder público.

VI.2) Tipos de Coleta

1. Coleta Regular

Manual há necessidade de operários para coletar o lixo.

Mecanizada exige um acondicionamento em recipientes adequados.

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2. Coleta de Resíduos dos Serviços de Saúde - RSS

Resíduos gerados em farmácias, pronto socorros, centros de saúde, laboratórios, portos,

aeroportos, instituições penais.

Higiene dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde: redução de infecções já que

remove poeira, fluidos corporais, resíduos diversos, etc.

Segregação dos resíduos na origem, associada ao correto armazenamento e posterior

coleta mantém reduzidos os índices de infecções hospitalares e os resíduos tipos A, B e

E: PERIGOSOS <> PGRSS

Observação:

A geração dos RSS está vinculada ao número de leitos.

A Tabela 6.1 apresenta a taxa média de geração de resíduos em alguns países e a geração de

resíduos diária por leito.

Tabela 6.1: Geração média de RSS por leito

Local Geração média (kg/leito/dia)

Chile 0,97 – 1,21

Venezuela 3,1

Argentina 1,85- 3,65

Peru 2,93

Paraguai 3,8

Brasil 2,63

Rio de Janeiro 3,98

Fonte: Manual de gerenciamento Integrado, 2001. (IBAM, SEDU).

As áreas hospitalares são classificadas em três categorias de riscos em relação aos riscos de

infecção e à geração de resíduos:

1) Áreas críticas: apresentam os maiores riscos de infecções.

Salas de cirurgia e parto, laboratórios e áreas de isolamento de doenças

transmissíveis, etc.

2) Áreas semi-críticas:

Áreas ocupadas por pacientes de doenças não infecciosas ou não transmissíveis,

enfermarias, lavanderias, cozinha, copa, etc.

3) Áreas não críticas

Áreas administrativas e almoxarifados

2.1. Segregação dos RSS

Regras para separação dos resíduos infectantes dos comuns:

Resíduos infectantes:

Devem ser dispostos em recipientes próprios no momento da geração

Acondicionamento em saco plástico branco leitoso (exemplo: membros, órgãos e

tecidos);

Resíduos perfurocortantes (agulhas e vidros):

Acondicionamento em recipientes rígidos, por exemplo, em caixas de papelão

devidamente identificadas;

Resíduos procedentes de análises clínicas (hemoterapia e pesquisa microbiológica)

Devem ser esterilizados no local da geração.

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2.2. Coleta Separada de Resíduos Comuns, Infectantes e Especiais.

Resíduos infectantes: devem ser colocados em contêineres basculáveis mecanicamente;

Caso não haja segregação na origem, todos são considerados como infectantes e

especiais.

2.3. Viaturas Para Coleta e Transporte dos RSS

Veículos sem ou com baixa compactação evita-se ruptura dos sacos plásticos e a

liberação de líquidos ou gases contaminados;

Veículos devem possuir dispositivo de captação de líquidos (chorume)

Devem ser providos de dispositivos para basculamento de contêineres.

2.4. Freqüência de Coleta: Diária

3. Coleta Seletiva

Há prévia separação dos materiais que compõem o lixo domiciliar (lixo seco: papel,

papelão, vidro, plásticos e latas; do lixo úmido: matéria orgânica);

Podem-se utilizar cinco recipientes de diferentes cores, para diferentes materiais: matéria

orgânica, plástico, papel/papelão, metais e vidros;

É feita quando existe um Programa de Reciclagem de RS no município;

Só é eficiente se contar com a colaboração ativa da comunidade servida;

Antes da implantação é fundamental que se desenvolvam Programas para Mobilização e

Conscientização da comunidade.

Figura 6.1. Segregação de material reciclável.

Fonte: DEMLURB

4. Remoções Especiais

Remoções de resíduos volumosos, entulhos, podações de árvores, animais mortos, material

de alagamento, etc. DEVEM SER PAGAS.

5. Remoções pelos Próprios Produtores:

Seja pela quantidade ou qualidade dos resíduos normalmente não são atendidos pela

legislação municipal.

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VI.3) Freqüência de Coleta

1. Coleta diária:

Em áreas de grande produção de lixo (áreas comerciais, centrais) deve ser noturna.

2. Coleta em dias alternados:

Em áreas residenciais menos adensadas.

3. Coleta especial:

Áreas de topografia acidentada, de urbanização desordenada/precária (favelas). Nestes

casos além do aspecto estético (ou antiestético) do lixo espalhado, há problemas de entupimento de

galerias, atração de vetores/doenças (ratos, baratas, insetos,...), e uma população bastante carente:

mais vulnerável a doenças.

Alternativas

de coleta

Vantagens

potenciais

Desvantagens

potenciais

Condições que

favorecem

a alternativa

Uma vez por

semana

(ou menos)

Menos cara;

Necessita menos

combustível;

Lixo inadequadamente

armazenado: odor e

vetores;

Provisões adequadas de

armazenamento;

Clima temperado/frio;

Duas vezes por

semana Reduz lixo;

Reduz necessidade

de armazenamento

Mais cara;

Necessita de mais

combustível

Qualidade do serviço:

mais importante.

Clima quente;

Mais de duas

vezes

por semana

Reduz lixo;

Reduz necessidade

de armazenamento

Mais cara;

Necessita de mais

combustível

Espaço restrito para

armazenamento;

População densa;

Fonte: Corbitt.

VI.4) Horários de Coleta

Pode ser diurna ou noturna.

A programação de coleta em períodos noturnos depende de diversos fatores, como por exemplo, o

porte e as características de cada município.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DE DIFERENTES FREQÜÊNCIAS DE COLETA DE LIXO

Coleta Noturna - Aspectos Favoráveis

Causa menor interferência em áreas de circulação mais intensa de veículos e pedestres, tais como,

avenidas, ruas comerciais, vias principais de acesso, vias com faixa exclusiva de ônibus ou

corredores exclusivos;

Permite maior produtividade dos veículos de coleta, através de maior velocidade média, em

decorrência da menor interferência do tráfego em geral;

Significa uma diminuição da frota de veículos coletores, em decorrência do melhor

aproveitamento dos veículos disponíveis, proporcionada pelos dois turnos.

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Coleta Noturna - Aspectos Desfavoráveis

O ruído produzido em período noturno, em especial pelo manuseio de recipientes metálicos e pela

compactação do lixo pelo veículo, causa incômodo à população. Essa situação é particularmente

problemática em bairros com alta densidade populacional ou predominantemente residenciais;

Trajeto por vias estreitas, não pavimentadas, ou com muitos buracos, pode aumentar o risco de

danos e acidentes com os veículos;

Percurso ao longo de vias mal iluminadas pode contribuir para aumentar o risco de acidentes com

os coletores, bem como prejudicar a visibilidade na coleta do lixo;

Aumenta a parcela de encargos sociais e trabalhistas incidentes na folha de salários do pessoal de

coleta; eventualmente, pode haver maior grau de absenteísmo e de rotatividade da mão-de-obra;

O uso em dois turnos eleva o desgaste dos veículos e diminui a disponibilidade para manutenção

preventiva, podendo acarretar redução da vida útil dos mesmos.

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VI.5) Levantamento Primário de informações para Coleta de Resíduos.

Mapa geral do município: escala 1:5000 ou 1:10000;

Veículos disponíveis e suas respectivas capacidades (se se trata de expansão de

serviços);

Localização de pontos importantes de coleta: grandes geradores, sítio de disposição

final, logradouros com grande comércio, etc.;

Determinação do peso específico do lixo solto e de seu volume;

Setores de Coleta

A cidade deve ser subdividida em setores de coleta com regiões homogêneas em termos de

geração de lixo percapita, tipologia de resíduos gerados (ocupação do solo): comercial, domiciliar,

comunidades de baixa renda, etc.

Um setor de coleta é composto de um conjunto de itinerários ou rotas. Os setores de coleta

podem ser agrupados em seções ou regionais de coleta em decorrência de fatores administrativos e

operacionais.

Para cada setor devem ser definidos a freqüência e os horários de coleta e os dias da semana

em que a coleta deve ser realizada.

Cada setor de coleta pode necessitar de um ou mais veículos que trabalham simultaneamente

em diferentes rotas de coleta.

Estimativa da quantidade de lixo por setor: é realizada através da pesagem dos

caminhões carregados no sítio de destinação final (descontada a tara do veículo).

Dimensionamento da frota necessária para cada setor de coleta:

})()(2)(2)({1

C

Q

v

D

V

D

V

L

JN

t

d

t

g

c

s

Ns Número de caminhões necessários para atender a um determinado setor;

J (horas) duração útil da jornada de trabalho da guarnição desde a saída da garagem até

o seu retorno, excluindo intervalo para refeições e outros tempos improdutivos;

L (km) extensão total das vias (ruas e avenidas) do setor de coleta;

Vc (km/h) velocidade média de coleta. Deve ser medida em roteiros de coleta existentes.

Em geral, varia entre 4,0 e 6,5 km/h;

Dg (km) distância entre a garagem e o setor de coleta (centro geométrico);

Vt (km/h) velocidade média de transporte (da garagem até o setor e do setor até a

descarga e vice-versa). Deve ser medida em campo. Em geral, varia entre 15 e

30 km/h.

Dd (km) distância entre o setor de coleta (centro geométrico) e o ponto de descarga;

Q (t ou m3) quantidade total de lixo a ser coletada no setor;

C (t ou m3) capacidade dos veículos de coleta. Considera-se um valor que corresponde a

70% da capacidade nominal (variabilidade da quantidade de lixo gerada).

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Frota total necessária:

A frota total corresponde ao maior número de veículos que precisam operar simultaneamente,

isto é, num mesmo dia e horário.

É usual adotar um adicional de:

10% da frota para reserva e manutenção;

5% da frota para emergências.

VI.6) Equipamentos de Coleta

No transporte e coleta do lixo podem ser utilizados diferentes tipos de veículos:

Com Compactação:

Caminhões Compactadores: veículos com carroceria fechada, contendo dispositivos

mecânicos ou hidráulicos que possibilitam a compressão e distribuição dos resíduos.

O sistema de compactação pode ser contínuo ou intermitente.

O sistema de carregamento pode ser traseiro ou lateral.

A descarga é feita sem nenhum contato manual com a carga.

Capacidades: 6, 10, 12, 15, 19 m3;

Sem Compactação:

Caminhão Basculante Convencional

Caminhão Baú ou “Prefeitura”: veículos com carrocerias fechadas e metálicas,

construídas em forma de caixa retangular com tampas corrediças abauladas.

A descarga se dá por basculamento.

Capacidade aproximada: 15m3 ou 3,7 t, considerando o peso específico médio do lixo

solto de 250Kgf/m3.

Carroça de Tração Animal ou Reboques puxados por pequenos tratores ou motocicleta.

Qualquer que seja o veículo, a altura da carroceria no ponto de carregamento não poderá ser

superior a 1,10m, de modo a diminuir o esforço dos coletores.

Características dos veículos compactadores:

Impedir derramamento do lixo ou chorume nas vias públicas;

Apresentar taxas de compactação de pelo menos 3:1;

Carregamento na linha de cintura dos garis;

Possibilitar o esvaziamento simultâneo de 2 recipientes;

Carregamento preferencialmente traseiro;

Dispor de local adequado para transporte dos garis;

Apresentar descarga rápida (máximo 3 minutos);

Capacidade adequada para o menor número de viagens ao destino final, segundo condições

da área.

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Tabela 6.2. Comparação Entre Caminhões de Coleta de Lixo:

Tipos Vantagens Desvantagens

Sem

Compac-

tação

(vias c/

baixa

densidade

pop.)

Caminhão

Basculante

Convencio

nal.

Possibilidade de utilização em

outros serviços do município.

Espalhamento dos resíduos;

Altura da carroceria: grande

esforço na manipulação do

lixo.

Baú ou

“Prefeitura” Lixo coletado melhor

distribuído, sem exposição pelas

ruas.

Dificulta a colocação no

interior da carroceria.

Com

Compac-

tação

Caminhões

Compacta

dores.

Maior capacidade de transporte;

Baixa altura de carregamento:

facilita o serviço dos coletores e

aumenta a produtividade;

Rápida operação de descarga

mecanismos de ejeção;

Eliminação de inconvenientes

sanitários: sem contato com lixo.

Preço elevado;

Manutenção complicada;

Relação custo/benefício:

desfavorável em áreas de

baixa densidade população.

Figura 6.2. Caminhão Compactador.

Fonte: DEMLURB

VI.7) Guarnição de Coleta

Dá-se o nome de guarnição ao conjunto de indivíduos que recolhem e armazenam o lixo no

caminhão durante a coleta.

Caminhões Compactadores:

- motorista;

- 2 a 4 servidores para coleta nos dois lados das ruas;

Caminhões Abertos ou Sem Compactação:

- motorista;

- 2 a 4 servidores para coleta nos dois lados das ruas;

- 1 a 2 servidores sobre o caminhão.

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VI.8) Projeto de Coleta de Lixo

Para se alcançar boa eficiência nos serviços de coleta de lixo, é importante a divisão da

cidade em distritos ou setores de coleta, com elaboração de roteiros detalhados para o trajeto de

cada caminhão coletor, visando garantir a cobertura regular do sistema, isto é, a coleta domiciliar

nos dias e horários preestabelecidos, dando segurança ao cidadão acerca da freqüência do

atendimento.

Alterações de trajeto, horários e dias de coleta, sem prévia comunicação causam transtornos

relacionados ao momento correto para entrega dos resíduos para a coleta, provocando todos os

inconvenientes de um sistema irregular de coleta com lixo espalhado nas ruas, passeios, lotes, etc.

Para se implantar o sistema de coleta, deve-se calcular o horário em que o caminhão trafega

em cada trecho da rua, visando comunicar à população, a fim de que o lixo seja colocado para a

coleta cerca de ½ hora antes do horário estabelecido. Esta comunicação com o munícipe é importante

evitando-se que parte do trabalho técnico fique inviabilizado/perdido.

ETAPAS:

1. Levantamento de Dados.

Mapa cadastral do município (escala: 1:5000 ou 1:10000);

Mapa plani-altimétrico;

Mapa com definição do tipo de pavimentação;

Mapa indicativo das regiões comerciais;

Mapa indicativo das principais unidades de:

Ensino; Garagens municipais;

Saúde; “shopping centers”;

Indústria; Destino final do lixo.

Mapa com sentido do tráfego nas ruas;

Mapa com localização de feiras livres e comércio ambulante;

Volume de lixo a ser coletado diariamente;

Distância ao local de destino final dos resíduos;

Velocidades de coleta praticadas;

Capacidade (volume) da frota disponível;

Análise da possibilidade de aquisição de novos veículos coletores;

2. Definição dos Setores e Regionais de Coleta.

Devem ser observados com atenção todos os dados levantados na etapa 1.

3. Definição da Freqüência e Horário de Coleta.

Com base na produção de lixo e no uso e ocupação do solo.

4. Dimensionamento da Frota e Guarnição.

5. Definição dos Itinerários:

Critérios Básicos:

Início da coleta o mais próximo possível de onde partem os caminhões e término onde

houver o mais fácil acesso ao local de destino final;

Em ruas com topografia acidentada, a coleta deve ser executada no sentido descendente de

forma a evitar-se desgastes de pessoal e acidentes;

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Em ruas com tráfego nos dois sentidos, a coleta deve ser executada duas vezes, uma em

cada sentido;

Elaborar roteiro gráfico;

Elaborar roteiro descritivo.

6. Divulgação à População:

Divulgação dos dias e horários da coleta à população;

Distribuição de impressos de porta em porta;

Divulgação pela imprensa e veículos de comunicação.

7. Implantação:

Um elemento do setor de planejamento, munido de mapa do distrito, acompanha o

motorista de cada veículo ensinando-lhe os itinerários.

8. Avaliação dos Resultados:

Avaliações feitas após algumas semanas após a implantação levantando:

Número de viagens;

Volume de lixo coletado;

Tempo gasto;

Itinerário executado.

9. Ajustes:

Constatados os problemas, os itinerários deverão sofrer os devidos ajustes.

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Exemplo Numérico:

Seja um bairro no qual se deseja implantar um sistema de coleta de lixo domiciliar. A partir

de um levantamento preliminar de dados obteve-se:

a) O bairro será composto de uma regional com 3 setores de coleta;

b) População atendida: Setor 1 - 4.375 habitantes;

Setor 2 - 4.500 habitantes;

Setor 3 - 2.970 habitantes;

c) Extensão das vias de coleta:

Setor 1 - 7,0 km; Setor 2 - 6,9 km; Setor 3 - 4,0 km;

d) Produção percapita: 0,50 kg/hab.dia;

e) Distância da garagem ao setor de coleta:

Setor 1 - 2,5 km; Setor 2 - 3,0 km; Setor 3 - 1,8 km;

f) Distância do setor à estação de transbordo:

Setor 1 - 3,5 km; Setor 2 - 3,4 km; Setor 3 - 1,0 km;

g) Velocidade média de coleta e transporte: Vc = 4,0 km/h;

Vt = 30,0 km/h.;

Usar J = 7 horas Capacidade do caminhão compactador C = 10 m3.

USE 70% DO TOTAL DE C.

Peso específico lixo comprimido = 800 kg/m3.

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SOLUÇÃO:

Produção diária de lixo:

Setor 1 Setor 2 Setor 3

QS1 = 4375*0,5 = 2187 kg/dia QS2 = 4500*0,5 = 2250 kg/dia QS3 = 2970*0,5 = 1485 kg/dia

Setor 1: Coleta a cada 2 dias (2a , 4a e 6a feiras)

Total coletado em S1 = QcoletadoemS1 = 2QS1. = 4375 kg

} ] 5600

4375 *

30

3,5 [ * 2 )

30

2,5( 2 )

4

7( {

7

1 1 Ns NS1 = 0,3 caminhão = 1 caminhão.

Setor 2: Coleta a cada 2 dias (3a , 5a e sábados)

Total coletado em S2 = QcoletadoemS2 = 2QS2. = 4500 kg

} ] 5600

4500 *

30

3,4 [ * 2 )

30

3( 2 )

4

6,9( {

7

1 2 Ns NS2 = 0,3 caminhão = 1 caminhão.

Setor 3: Coleta diária.

Total coletado em S3 = QcoletadoemS3 = 2QS2. = 4500 kg

} ] 5600

1485 *

30

1 [ * 2 )

30

1,8( 2 )

4

4( {

7

1 3 Ns NS3 = 0,16 caminhão = 1 caminhão.

DECISÃO: A frota corresponde ao total de caminhões ocupados simultaneamente.

Setores 2a feira 3a feira 4a feira 5a feira 6a feira sábado

1 1 1 1

2 1 1 1

3 1 1 1 1 1 1

TOTAL DE CAMINHÕES OCUPADOS SIMULTANEAMENTE: 2 caminhões.

Emergência (5% da frota) = 1 caminhão.

TOTAL: 2 caminhões

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VI.9) Avaliação de Desempenho

1) Indicadores de Produtividade (IP)

)(/168~1 turnoxveículotaTurnoXVeículosdeN

ColetadasToneladasIP

o

OBSERVAÇÕES:

Em média 2 viagens por turno por caminhão

Capacidade média do caminhão compactador: 10 a 15 m3.

TurnoXVeículosdeN

coletadeKmIP

o2 Indica total km percorrido por veículo por turno

OBSERVAÇÕES:

Baixos valores de IP1 e IP2 BAIXA EFICIÊNCIA DE COLETA

Alta km E baixa tonelagem REDUZIDA DENSIDADE DO LIXO

Baixa km E alta tonelagem ELEVADA DENSIDADE DO LIXO

2) Indicadores de Eficiência Operacional

UTILIZAÇÃO DE VEÍCULOS

A) Velocidade Média de Coleta

Valor médio entre 4,0 km/h e 6,5 km/h

B) km de Coleta/(km de Coleta E Transporte)

Indica a relação entre distância percorrida na coleta e a distância total percorrida (até

disposição final–ida e volta)

O valor do parâmetro varia em função da situação particular de cada município

(topografia, mão de obra disponível, eficiência de planejamento e credibilidade dos

serviços junto à população, etc.). Deve ser avaliado permanentemente.

Usa-se também a relação entre Tempo de Coleta e Tempo de Coleta E Transporte

C) km de Coleta/(km Total)

Semelhante ao anterior ACRESCIDO da distância até a garagem (ida e volta)

D) Tonelagem de Coleta/Capacidade total

Relação entre o total coletado pelos veículos e suas capacidades para um determinado

número de viagens.

Na fase de dimensionamento dos roteiros, veículos e frota, utiliza-se o valor 0,7 t/m3

para esta relação.

3) Utilização de mão-de-obra

A) Número de coletores por 1000 habitantes entre 0,2 e 0,4 na América Latina.

B) Tonelagem coletada por turno por coletor entre 2 e 4 na América Latina

C) Mão-de-obra direta Expressa a relação entre os servidores envolvidos na coleta e

Mão-de-obra indireta o número de servidores administrativos de apoio.

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4) Manutenção

A) Quilometragem média entre quebras de veículos mede a eficiência da manutenção preventiva.

B) Veículos disponíveis Mede a eficiência global da manutenção

Total de veículos da frota

5) Indicadores de Qualidade

A) População atendida O ideal é 100%

População total

B) Regularidade o total de coletas efetuadas em um período e o total planejado.

C) Freqüência:

freqüência mínima: duas vezes por semana para coleta domiciliar

uma vez por dia coleta dos serviços de saúde.

6) Nível de Segurança

A) Quilometragem média entre acidentes com veículos Avalia a segurança na condução

B) Tempo médio de acidentes com pessoal Avalia a segurança na atividade de coleta

7) Custos Unitários Envolvidos

Valores que oneram os custos dos SLU que devem ser monitorados.

A) Custo Quilométrico1 = Custo Anual ou Mensal da Coleta

Quilometragem total percorrida no ano ou mês

B) Custo Quilométrico2 = Custo total de Coleta em um período

Total em peso Coletado E transportado

C) Custo Quilométrico3 = Custo total

População Atendida

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VII - Transporte e Transbordo

O transporte do lixo coletado pelo serviço regular até o local de destinação final pode ser

efetuado pelos próprios veículos coletores ou por veículos utilizados especificamente para o

transporte. Pode-se, portanto, denominar como TRANSPORTE PRIMÁRIO aquele efetuado

diretamente pelo veículo coletor e TRANSPORTE SECUNDÁRIO aquele efetuado por veículo

adequado a este fim.

A expansão acelerada da população urbana dificulta a localização de áreas adequadas para o

tratamento e destino final dos resíduos, tanto pela oposição da população vizinha e aspectos

ambientais, quanto pelo custo dos terrenos.

Nota: Em Juiz de Fora, a Lei Orgânica do município prescreve que o aterro sanitário deve ficar

afastado 0,5 km da mancha urbana.

As grandes distâncias a serem vencidas até o ponto de destinação final dos resíduos

recomendam o uso de ESTAÇÕES DE TRANSBORDO ou de TRANSFERÊNCIA que limitem o

percurso dos veículos coletores, gerando maior economia e permitindo o transporte do lixo em

veículos de maior capacidade (entre 40 e 60m3) com custos unitários de transporte mais reduzidos.

VII.1) Classificação das Estações de Transbordo

Quanto ao meio de transporte adotado:

Rodoviárias;

Ferroviárias;

Hidroviárias;

Quanto ao modo de armazenagem do lixo:

Com fosso de acumulação:

- fosso com chão movediço;

- fosso com “Push Pit”;

- fosso simples.

Sem fosso (simples plataforma de transbordo).

Quanto ao tratamento físico prévio do lixo:

Com sistema de redução de volume;

Simples transferência.

Quanto ao sistema de redução de volume adotado:

Pré-compactação dos resíduos;

Por trituração (moagem);

Por reciclagem.

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VII.2) Principais Vantagens do Emprego de Estações de Transbordo

Redução do tempo ocioso no serviço de coleta, porque tanto o veículo quanto a mão-de-

obra são utilizados exclusivamente na coleta;

Possibilidades do término do serviço mais cedo, de forma que o lixo permaneça curto

tempo na via pública;

Possibilidade de maior flexibilidade na programação de coleta, podendo usar veículos de

menor capacidade e que possuam facilidade de manobra;

Possibilidade de solução conjunta para disposição final dos resíduos sólidos de mais de uma

comunidade, podendo-se viabilizar soluções adequadas para cidades de pequeno porte;

A eventual mudança do local de destinação final do lixo não interfere nos itinerários, procedimentos

e horários da coleta;

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Possibilidade de adaptações para inclusão de sistemas de reciclagem, incineração ou

compostagem dos resíduos;

Redução dos custos operacionais do serviço de coleta.

Nota:

Valores práticos indicam que pode haver viabilidade econômica na implantação de estações de

transbordo, a partir de uma distância limite de:

- 6 km para caminhões sem compactação;

- 12 a 25 km para caminhões compactadores;

Possibilidade de integração de um sistema especial de coleta de lixo (em vilas, favelas e locais de

topografia acidentada, por exemplo) ao sistema convencional da cidade.

VII.3) Instalação de Estações de Transbordo

A área escolhida para implantação da estação de transbordo deve ter localização estratégica,

considerando-se:

Facilidade de acesso;

Disponibilidade de espaço;

Topografia adequada;

Compatibilidade com os usos do entorno;

A estação de transbordo deve ter:

Muros de proteção;

Acessos controlados;

Se possível, ser isolada do entorno através da utilização de vegetação de porte;

Instalações sanitárias e para descanso dos funcionários;

Pátios compatíveis com a necessidade de manobra dos veículos.

Deve-se assegurar que o tempo despendido na descarga dos veículos coletores seja

minimizado, evitando-se a formação de filas, uma vez que este tempo improdutivo de espera reduz a

disponibilidade dos veículos para a tarefa de coleta.

Por razões sanitárias e ambientais, é imprescindível que as instalações da Estação de

Transbordo sejam mantidas limpas.

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VIII - Tratamento dos Resíduos Sólidos

Tratamento é o conjunto de ações que visam reduzir a quantidade e a periculosidade do

material a ser aterrado.

As vantagens do tratamento do lixo são de ordem ambiental e econômica. No caso de

benefícios econômicos, a vantagem que mais se sobressai é a redução de custos com a disposição

final.

A necessidade de tratamento do lixo surge devido aos seguintes fatores:

Escassez de área para a destinação final do lixo;

Valorização dos componentes do lixo como forma de promover a conservação dos

recursos naturais;

Inertização de resíduos sépticos.

VIII.1) Reciclagem da Matéria Orgânica - Compostagem

O processo de transformação de resíduos sólidos orgânicos em condicionador de solo, a

compostagem, foi utilizado intensivamente na Antiguidade especialmente pelos orientais na produção

de cereais. As técnicas empregadas eram, obviamente, artesanais e tinham como base a formação de

LEIRAS: montes de resíduos revolvidos ocasionalmente objetivando a aeração e acelerando o

processo de biodegradação. Cessado o processo de fermentação, o composto era então aplicado na

agricultura.

As primeiras tentativas de sistematização dos processos de compostagem foram realizadas n

Índia, 1920, por Sir Albert Howard, desenvolvendo o assim denominado processo Indore. Dois anos

depois Giovanni Beccari projetou o sistema Beccari, cujo período de fermentação foi reduzido de

180 dias para 40.

Atualmente existem inúmeros processos de compostagem derivados dos processos básicos,

fundamentado na oxidação da matéria orgânica por microrganismos.

O avanço tecnológico, e as necessidades de ajustes, racionalizações e aprimoramentos nos

processos de compostagem do tipo mais artesanais, conduziram aos sistemas de produção de

compostos, inclusive com operação totalmente automatizadas e controlados por computador.

Compostagem é a transformação de resíduos orgânicos (de origem animal e vegetal)

presentes no lixo, através de processos físicos, químicos e biológicos, em material mais estável e

resistente à ação das espécies consumidoras. O resultado final da compostagem é o “composto”,

excelente condicionador orgânico dos solos.

Este processo é tido como um processo de recuperação energética e exige uma instalação

industrial que permita a implantação de um sistema de separação e seleção dos materiais da parte

que efetivamente pode ser estabilizada biologicamente. A usina de compostagem, portanto, é um

complexo eletromecânico, no qual, durante diversas etapas, prepara-se cientificamente o composto.

As etapas do processo são vistas a seguir.

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VIII.1.1) Etapas da Compostagem

O processo de compostagem se constitui basicamente de duas etapas:

1ª) Etapa Física

Ocorre o preparo dos resíduos, fazendo-se a separação entre o material a ser estabilizado

(matéria orgânica) e outros materiais (potencialmente recicláveis e/ou rejeitos), e em seguida

uma homogeneização.

A triagem, ou separação dos materiais, pode ser feita manual ou mecanicamente em usinas de

triagem.

2ª) Etapa Biológica

a) FERMENTAÇÃO ou digestão do material: consiste na bioestabilização da matéria orgânica e

b) MATURAÇÃO: na qual a matéria é transformada em húmus.

O grau de decomposição ou degradação do material submetido ao processo de

compostagem é indicativo do estágio de maturação do composto orgânico. O aspecto físico do

material, i.e., COR, ODOR E UMIDADE, dão indicações acerca do grau de tratamento. Assim:

Cor final: preta;

Odor: inicialmente acre posteriormente de terra mofada;

Umidade final: menor que 40%

Para fins práticos, são dois os principais graus de decomposição material submetido à

compostagem:

1. TECNICAMENTE ESTABILIZADO (semicurado): o composto já pode ser utilizado sem

causar danos às plantas

2. CURADO OU HUMIFICADO: o material está completamente estabilizado, pode ser

também utilizado como condicionador de solo.

No início da decomposição do material orgânico, desenvolvem-se microrganismos que

apresentam uma fermentação ácida, tornando o pH da mistura mais baixo, importante para a retenção

da amônia.

Em seguida, os ácidos são consumidos por outros agentes biológicos elevando-se o pH da

mistura. O composto curado deve ter um pH de no mínimo 6 (geralmente entre 7 e 8).

O grau de maturação do composto pode ser avaliado em laboratório através da

determinação da relação entre as quantidades de Carbono e Nitrogênio ainda presentes à massa

(relação C/N).

Relação C/N menor ou igual a 18:1 composto SEMICURADO;

Relação C/N menor que a 12:1 composto CURADO

O tempo necessário para a compostagem dos resíduos, está associado aos vários fatores

intervenientes no processo, método empregado, e às técnicas operacionais.

A compostagem natural (onde a aeração é feita esporadicamente) pode durar de 60 a 90 dias

para a estabilização do composto e mais 45 a 60 dias para a humificação do mesmo.

No método acelerado, com aeração forçada, o período para a semicura é de 45 a 60 dias e

para a cura completa (composto curado) 15 a 30 dias.

O Quadro 8.1 mostra as etapas do processo de compostagem, desde a recepção do lixo.

Quadro 8.1. Etapas da compostagem.

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VIII.1.2) Classificação da Compostagem

Quanto à Biologia

Processo Aeróbio:

Quando a fermentação ocorre na presença de ar. Neste processo a temperatura da

massa em decomposição é sempre elevada, havendo também desprendimento de gases

(CO2) e vapor d’água;

É um processo mais rápido e isento de mau cheiro.

Processo Anaeróbio:

Quando a fermentação é processada na ausência de ar. Neste processo a temperatura

da massa em decomposição permanece baixa. Há desprendimento de gases CH4 (gás

metano) e H2S (gás sulfídrico) e outros.

Processo Misto: combinação dos dois processos anteriores.

Quanto à Temperatura:

Processo Criofílico: a matéria orgânica é digerida a uma temperatura próxima ou inferior

à do ambiente;

Processo Mesofílico: a temperatura varia de 40 a 55o.C. Quanto maior a população de

microorganismos decompositores, mais elevada é a temperatura. Neste processo observa-

se a transformação da matéria orgânica em ácidos orgânicos e uma sensível redução do pH

do meio;

PROCESSO DE COMPOSTAGEM

LIXO

RECEPÇÃO E

ESTOCAGEM

ETAPA

FÍSICA TRIAGEM

MANUAL MECÂNICA

REJEITOS TRITURAÇÃO RECICLADOS

DESTINO FINAL ETAPA

(ATERRO) BIOLÓGICA HOMOGENEIZAÇÃO

FERMENTAÇÃO

MATURAÇÃO

EMISSÃO

CONSUMIDOR

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Processo Termofílico: quando a fermentação se processa em temperaturas superiores a

55o.C. Este estágio termofílico é preferido nos processos de compostagem, pois permite a

destruição de ovos e sementes viáveis, além de reduzir as condições de sobrevivência de

formas vegetativas patogênicas, mas não reduz totalmente a possibilidade de uma

contaminação por bactérias patogênicas.

Quanto ao Ambiente:

Processo Aberto: é aquele em que a compostagem é realizada a céu aberto, em pátio de

maturação;

Processo Fechado: é aquele em que a compostagem é feita através de dispositivos

especiais tais como digestores, bioestabilizadores, torres e células de fermentação. Neste

processo a compostagem pode ter suas fases inteiramente controladas obtendo-se um

excelente produto final.

Quanto ao Processamento:

Processos Estáticos ou Naturais: a aeração necessária para o desenvolvimento do

processo de decomposição biológica é conseguida por revolvimentos periódicos, com o

auxílio de equipamento apropriado. O tempo para que o processo se complete varia de 3 a

4 meses;

Processos Dinâmicos ou Acelerados: a aeração é forçada por tubulações perfuradas

colocadas no interior da massa ou em reatores rotatórios, dentro dos quais a massa é

revolvida continuamente. O tempo para que o processo se complete varia de 2 a 3 meses.

VIII.1.3) Fatores a Serem Observados Durante a Compostagem

Aeração:

É necessária para a atividade biológica;

Em níveis adequados, possibilita rapidez na decomposição sem maus odores;

É função da granulometria e da umidade dos resíduos;

Umidade:

O teor de umidade dos resíduos é função da sua granulometria, porosidade e grau de

compactação;

Deve manter-se em torno de 50%;

Se for muito baixa a atividade biológica é reduzida;

Se for muito alta a aeração é prejudicada ocorrendo anaerobiose e formação de

CHORUME;

Umidade do “composto” (produto final da compostagem) deve ser no máximo de 40%.

A Tabela 8.1 apresenta as características de qualidade do composto durante o processo de

compostagem e do final, em função dos teores de umidade.

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Tabela 8.1. Característica do composto.

Teor de Umidade Qualidade no processo Condições do produto final

70 Excessiva -

60 Tolerável Excessiva

50 Ótima Tolerável

40 Baixa Boa

30 Péssima Ótima

20 - Excelente

Temperatura:

O processo tem início à temperatura ambiente. Á medida que se intensifica a ação de

microrganismos, e com aeração apropriada, há a elevação da temperatura até 55 a 60oC. Esta fase,

denominada termófila, é mantida durante um certo período, em função das operação da usina e das

características do composto. Nesta fase são eliminados os micróbios patogênicos e ervas daninhas,

presentes no material.

Segue-se a fase de redução de temperatura (entre 30-35oC a 45-50oC), quando ocorre a

bioestabilização do rejeito.

A Gráfico 8.1 descreve, qualitativamente, as fases do processo de compostagem.

Fase termófila

Fase mesófila

Tempo de compostagem

Gráfico 8.1. Fases do processo de compostagem - descrição qualitativa.

Observações.

Faixa de temperatura ótima para se processar a compostagem é de 40 a 70oC;

Temperatura inferior a 37oC tornam o processo lento e não eliminam sementes e ovos

de germens patogênicos que se mantêm presentes na massa;

Duração da fase termófila:

Processo natural: 15 a 30 dias

Processo acelerado: 2 a 8 dias.

A temperatura acima de 60oC pode inibir o processo ou cessá-lo rapidamente.

Microorganismos:

Os resíduos domésticos produzidos no meio urbano contêm uma população considerável

de microorganismos que garantem a continuidade do processo de compostagem desde que

mantidas às condições externas preestabelecidas;

Tentativas de reduzir o tempo de compostagem com o emprego de microorganismos

selecionados começam a ser bem sucedidas.

T

E

M

P

E

R

A

T

U

R

A

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Dimensões das Partículas:

Reduzir o resíduo a partículas menores exerce grande influência no processo de

compostagem;

Aumenta a superfície disponível para o ataque microbiológico;

Reduz tempo de fermentação;

Torna o composto mais homogêneo com partículas de 1 a 10,0 mm.

Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) – Nutrientes:

C/N desejável para o início da compostagem deve ser da ordem de 30/1 e o teor de

nitrogênio entre 1,2 e 1,5%;

Ao longo do processo parte do carbono é transformada e parte é usada para crescimento

microbiano; o nitrogênio fica retido no material como nitrogênio orgânico e inorgânico;

C/N muito elevada (60/1, por exemplo) aumenta o tempo de compostagem;

C/N muito baixa deve-se incorporar ao material resíduo rico em carbono (restos de

vegetais ou podas);

C/N do “composto” para agricultura deve ser de no máximo 18/1.

Empilhamento no Pátio de Maturação:

As pilhas ou leiras devem ter de 3 a 4m de largura, 1,5 a 2m de altura e comprimento

indeterminado;

A disposição das pilhas nos pátios deve ser planejada de forma a permitir o revolvimento

periódico e o tráfego de máquinas e equipamentos de transporte;

Leiras de lixo muito altas compactam e espremem as camadas inferiores do resíduo

aumentando a produção de chorume que escorre.

Figura 8.2. Leiras de Compostagem.

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VIII.1.4) Esquema Geral de uma Usina de Triagem e Compostagem

GALPÃO DE TRIAGEM

RECEPÇÃO Esteira de Catação: PRENSAS

Balança Rodoviária 1º operador rasga os sacos de lixo Enfardados

p/ pesagem do lixo fechados; Comercialização

Descarga do lixo Papéis, plásticos, metais, vidros, BAIAS

madeira e tecidos. recicláveis

Separador magnético (latas).

PÁTIO DE COMPOSTAGEM

Leiras c/ placas de identificação e dados;

Reviramento periódico das leiras; CHORUME Lagoa de

Monitoramento das condições Tratamento

adequadas ao processo.

BENEFICIAMENTO

Peneiras rotativas (# 20mm) p/ peneirar REJEITO Aterro

o composto;

Fardos devem ter peso máximo de 40Kg.

COMPOSTO

Comercialização

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VIII.1.5) Vantagens e Desvantagens da Compostagem

VANTAGENS:

Economia de Aterro A Usina de Triagem e Compostagem proporciona uma diminuição

de 50%, em média, da tonelagem de lixo destinada ao aterro, com a conseqüente redução

dos custos de aterramento por quantidade coletada e aumento da vida útil da área

destinada à sua disposição;

Aproveitamento agrícola da matéria orgânica;

Propicia a recuperação de solos agricultáveis;

Reciclagem de nutrientes para o solo;

Reduz a catação em lixões;

Recuperação energética a través do composto;

Custo de implantação não é muito alto, já que equipamentos necessários são simples;

Processo ambientalmente seguro.

economia de tratamento de efluentes.

DESVANTAGENS:

Resíduos hospitalares não podem ser tratados pelo processo;

Deve estar associada a uma coleta seletiva, visando um acréscimo de produtividade,

aumentando assim os custos de manutenção do projeto;

Deve ser provida de estação de tratamento de efluentes, o que onerar o custo;

Poluição de ar (maus odores) se operada inadequadamente;

Dificuldade de adaptar tecnologias de outros países;

Composto pode conter substâncias tóxicas (metais pesados) se a triagem dos materiais

for mal feita.

VIII.1.6) Características do “Composto” Orgânico:

O composto orgânico do lixo, quando preparado tecnicamente, pode melhorar as

propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, daí sua classificação como condicionador de

solo.

A aplicação do composto orgânico sem mistura produz resultados satisfatórios, como:

Retenção da umidade do solo em períodos de seca;

Prevenção contra erosão (agente cementante);

Aumento da permeabilidade à água durante os períodos de chuva;

Fornecimento de nutrientes:

- macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) influência direta no desenvolvimento

das plantas;

- Micronutrientes (ferro, zinco, cobre e cloro) papel importantíssimo nas reações

enzimáticas dos vegetais;

Prevenção da lixiviação do nitrogênio orgânico;

Quelatação de metais: mecanismo de captura de micronutrientes disponíveis no solo por

ação do composto. Os metais quelatados são solúveis em água e absorvido pelos vegetais.

Ação quelatante reduz o excesso de micronutrientes em solos comprometidos pela

toxidade dos metais, como o cobre e o manganês.

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VIII.1.7) Observações Finais

1. As usinas de triagem e compostagem NÃO FAZEM DESAPARECER O LIXO (ainda

funcionam a primeira e a segunda leis da termodinâmica);

No Brasil:

2. Há uma ignorância ou desconsideração acerca das reais necessidades e possibilidades

locais na concepção de projetos acarretando instalações incompletas ou mal

dimensionadas, equipamentos inadequados e alto custo de manutenção, falta de recursos

e dificuldades para se comercializar produto final de boa qualidade;

3. Ausência de capacitação institucional ou gerencial e operacional para condução das

atividades;

4. Há uma exploração exagerada referente à geração de empregos no processo;

5. Ausência de integração orçamentária, institucional e operacional das usinas com o

serviço de limpeza pública local;

6. Frustração de administradores públicos com a noção de lucratividade das usinas de

compostagem.

FICA UM PERGUNTA PARA REFLEXÃO:

Se supusermos o sítio de destinação final de resíduos sólidos completamente impactado,

com a presença do lixão, vetores de doenças, catadores, água superficial e subterrânea contaminadas,

perda de valor de patrimônio público e/ou privado, maus odores, etc., enfim, uma irracionalidade do

ser humano, que há aos milhares no Brasil.

Agora a pergunta:

Quanto você estaria disposto a pagar para que esta suposta área tivesse sido

preservada?

Esse tipo de pergunta tem sido formulada e respondida pelos países ricos.

A disposição a pagar é um dos métodos de valoração das externalidades ambientais.

Quando não há compensação pelo uso do bem público, há uma tendência enorme de

impactá-lo e torná-lo imprestável. Por isso os países desenvolvidos têm investido intensamente na

tentativa de valorar financeiramente os danos impostos ao meio ambiente e internalizá-los no preço

dos produtos.

Se tivéssemos que valorar...

Será se uma externalidade negativa no Brasil seria precificada ou quantificada nos mesmos

montantes que nos países de centro?

Será que a vida dos seres humanos nos países periféricos teria a mesma valoração daquela dos

países centrais?

Um sábio burocrata da valoração econômica afirmou na ONU que as externalidades nos países

periféricos não são tão negativas quanto nos países centrais.

Estas considerações são apenas para reflexão.

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VIII.2) Incineração

A QUESTÃO AMBIENTAL

Segundo Lima,(1999) existe há ainda atualmente discussão mundial entre especialistas,

grupos ambientalistas e parte da população acerca do uso da incineração. Como decorrência do mau

gerenciamento dos sistemas de disposição de resíduos (aterros, incineradores e usinas de reciclagem

e compostagem), da utilização de tecnologias superadas e os conseqüentes problemas ambientais, há

atualmente uma enorme resistência de populações e grupos ambientalistas sobre a implantação de

novas unidades de destinação de resíduos: a chamada SÍNDROME DO NIMBY: NOT IN MY

BACKYARD, conhecida de profissionais do mundo inteiro.

Do outro lado, encontram-se os que consideram a incineração necessária, entre outras

razões como alternativa para a falta de espaço. Países como Japão , Suíça e Suécia usam essa

tecnologia em função da carência de área para aterros e do aumento de demanda por geração de

energia de baixo custo. Além disto, os incineradores são tidos como equipamentos adequados para,

se bem operados, a queima total de resíduos como PCB's (bifenil-poli-clorados: agente cancerígeno

e carcinogênico utilizado em algumas indústrias).

A agência ambiental Norte Americana, o EPA - Environmental Protection Agency,

considera incineradores como equipamentos que, se bem projetados e operados de forma segura, são

opção para a problemática advinda da carência de áreas para instalação de aterros sanitários. A

mencionada agência entende que a incineração é um método adequado de tratamento para diversos

tipos de resíduos.

O Brasil ratificou a Convenção de Estocolmo em 2004. A Convenção tem como objetivo

banir a produção, uso e disposição final de uma série de produtos tóxicos integrantes/resultantes

produção de determinados materiais. Pesticidas, Bifenila Policloradas (PBB´s), Dioxinas e Furanos,

são alguns dos exemplos de substâncias cancerígenas, tóxicas altamente impactantes vetadas pelo

acordo internacional do qual o Brasil é signatário. Dioxinas e Furanos são nomes genéricos de 210

compostos aromáticos clorados constituídos por dois anéis benzênicos unidos por átomos de

Oxigênio e que podem ser emitidos pela queima de materiais como plásticos em incineradores.

Assim, o pensamento sustentável atual em todos os países desenvolvidos e em

desenvolvimento busca a redução da produção de resíduos na origem de forma a minimizar as

quantidades geradas. A tecnologia de incineração não pode prescindir de forte e eficiente

monitoramento das emissões gasosas e só deve ser pensada na ausência de locais adequados para

disposição final dos RSU.

O Quadro 8.1. apresenta algumas estatísticas sobre RS em diferentes países.

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Quadro 8.1. Produção e destinação final de RS em diversos países da Europa.

País Produção de RSU

per capita anual

(kg/habitante/ano)

Aterramento

%

Incineração

%

Compostagem

%

Reciclagem

%

Áustria 321 55 12 17 16

França 473 44 41 9 6

Alemanha 440 47 19 * 34

Grécia 296 94 1 * 5

Hungria 386 87 9 * 4

Itália 352 90 6 * 4

Luxemburgo 540 20 65 * 15

Holanda 416 50 17 * 33

Espanha 409 76 4 10 10

Suécia 350 36 49 5 10

Suíça 632 14 47 * 39

Reino Unido 562 90 8 * 2

Fonte: www.abrelpe.com.br/iswa/iswa-0004.html * - sem informação

Em todos os países apresentados no Quadro 8.1 há políticas de banimento/redução drástica

de aterramento de materiais combustíveis (matéria orgânica) e incremento de métodos com

recuperação de energia.

Alguns incineradores existentes pelo mundo afora estão tecnicamente superados, com

monitoramento inadequados para os gases da combustão. Ainda assim, a incineração apresenta

vantagens. É possível reduzir de 80% o volume inicial dos resíduos, além de queimar substâncias

tóxicas do lixo. Entretanto, o fogo não destrói certas substâncias nocivas existentes no lixo, acabando

por liberar gases altamente poluentes para atmosfera. Daí a necessidade de filtros adequados

desenvolvidos a partir de tecnologias sofisticadas objetivando a proteção do ambiente atmosférico e

redução das emissões impactantes.

É importante ressaltar, no entanto, que todos os métodos de disposição / tratamento de

resíduos apresentam restrições gerando rejeitos e subprodutos.

Recentemente foi criado um novo incinerador capaz de aumentar e eficiência da queima,

produzindo menos matéria particulada e menos cinza, agindo como um desintegrador de moléculas. O

processo é baseado no contínuo tratamento do lixo com ar enriquecido de oxigênio tecnicamente

puro, em forno pressurizado. A elevada pressurização da câmara de combustão permite alcançar

temperaturas da ordem de 2500oC. Tal equipamento é eficiente para o tratamento de resíduos

industriais e hospitalares (patogênicos e tóxicos). Produz 4% de material inerte que pode ser

utilizado em pavimentação de rodovias.

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Afinal quais são as questões levantadas e os problemas ambientais potenciais da

incineração?

A) Poluição atmosférica;

B) Água residuária contaminada;

C) Cinzas contaminadas.

A) Poluição Atmosférica principais emissões:

- Material particulado ou poeira;

- Gases ácidos: HCl, HF e SO2 e NOx

- Metais pesados: Mercúrio, Cádmio, Chumbo, etc.

- Monóxido de Carbono;

- Dioxinas, Furanos e difenilas;

- Ozônio.

Observação: Desde 1989 a Comunidade Econômica Europeia conta com duas diretivas

(89/369/CEE de 08/06/89 e 89/429/CEE) que pretendem controlar a queima de resíduos com

incineradores e estabelecem temperatura mínima, tempo de residência do resíduo no incinerador e

nível mínimo de oxigênio. O objetivo é impedir a queima incompleta e inadequada com geração de

substâncias tóxicas, a consequente poluição atmosférica e os riscos ao ambiente e saúde pública.

A1 - A origem dos poluentes nos incineradores

- Odores, poeiras, vazamentos: na descarga, acumulação e manuseio de resíduos;

- Arraste de cinzas pelas correntes de gases;

- Metais e compostos metálicos que podem evaporar no forno e eventualmente

condensar em partes mais frias da corrente gasosa e gerar aerossóis de partículas

sub-micrométricas;

- Resíduos podem conter compostos com cloro, flúor, enxofre, nitrogênio que

podem resultar na geração de gases tóxicos e corrosivos;

- Durante a decomposição do resíduo, podem surgir produtos derivados de

combustão incompleta tais como: CO, compostos orgânicos voláteis

(hidrocarbonetos aromáticos, furanos e dioxinas).

OBSERVAÇÃO:

Dioxinas e Furanos são substâncias carcinogênicas (provocam câncer) e teratogênicas

(provocam mutações genéticas) formados durante a combustão em baixas temperaturas, na presença

de substâncias formadoras como clorofenois. É a nomenclatura usual para descrever uma família de

210 compostos aromáticos clorados constituídos por dois anéis benzênicos unidos por um átomo de

Oxigênio (CEMPRE 2010). Produtos como fungicidas, desinfetantes e inseticidas podem estar

presentes nos resíduos urbanos e se incinerados podem produzir as substâncias mencionadas.

A2. Os problemas ambientais

Alguns problemas ambientais ocasionados pela poluição dos incineradores estão listados a

seguir:

1) Ambiente corrosivo, chuvas ácidas resultante da presença de SO2, NOx, HCl e HF

que podem, através de reações químicas com a umidade do ar ou outros produtos e a luz

solar, gerar substâncias ácidas (ácido sulfúrico, nítrico, etc);

2) Problemas respiratórios

NOx: são irritantes das mucosas dos pulmões;

Material particulado: agem nos alvéolos pulmonares;

Ozônio: provoca irritação e secamento das mucosas respiratórias;

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CO: tóxico (combina mais rapidamente com a hemoglobina do que o O2).

3) Efeito Estufa e Mudanças Climáticas

Até recentemente produção e consumo de CO2 estavam em equilíbrio;

Grande consumo de energia iniciado pela revolução industrial tornou instável o

equilíbrio entre produção e consumo subproduto do consumo de combustível

fóssil é o CO2;

Além disso, há uma tendência de diminuição da produção de Oxigênio pelas plantas

(mares poluídos, desflorestamento);

Aumento da taxa de CO2 produz um meio gasoso que facilita a entrada de

radiações de baixo comprimento de onda (UV) provenientes do sol, retendo

radiações de maiores comprimentos de onda (IV) de origem terrestre;

Estimativa de emissões de CO2 (1992): (106 t/ano)

Países desenvolvidos: 32% do total

Países em desenvolvimento: 68%.

4) Efeitos cancerígenos

Alguns metais pesados e produtos químicos são comprovadamente cancerígenos

5) Outros Efeitos

NOx contribuem para geração do smog fotoquímico ;

Ozônio deteriora objetos de borracha;

Material particulado formação de nuvens artificiais de poeiras;

Dioxinas e furanos substância teratogênicas;

B) Águas residuárias contaminadas

São resultantes dos processos de controle de poluição (lavadores de gases, resfriamento de

cinzas, etc.) e podem conter poluentes como metais pesados. Devem ser tratadas em estações de

tratamento de resíduos líquidos.

C) Cinzas contaminadas

OS COMPOSTOS INORGÂNICOS NÃO SÃO DESTRUÍDOS PELA INCINERAÇÃO: Surgem como cinzas e poeiras retidas nos lavadores e filtros das chaminés;

Há atualmente discussão acerca do destino a ser dado aos resíduos da incineração. A

presença de metais pesados torna as cinzas resultantes como resíduos potencialmente

perigosos, sujeitos à disposição em aterros industriais. A maior parte das cinzas de

incineradores é disposta em aterros sanitários comuns.

O Quadro 8.2 resume os principais poluentes potenciais provenientes da incineração inadequada de

resíduos.

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Quadro 8.2. Principais poluentes e seus efeitos sobre a saúde humana

Poluente Fonte de contaminação Efeitos adversos

Metais Alimentos Aumento da incidência de doenças

cancerígenas e intoxicação

Dioxinas e Furanos Alimentos Aumento da incidência de doenças

cancerígenas

Material Particulado

Ar atmosférico Aumento de incidência de

doenças respiratórias e

agravamento daquelas

preexistentes

Dióxido de Enxofre

(SO2)

Ar atmosférico Idem anterior

Monóxido de Carbono

(CO)

Ar atmosférico Diminuição de taxa de transporte de

Oxigênio no sangue, diminuição de

reflexos. Em caso extremo pode

levar ao óbito

Óxidos de Nitrogênio

(NOX)

Ar atmosférico Diminuição de resistência

imunológica, irritação de vias

respiratórias e agravamento de

doenças afins preexistentes

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VIII.2.1) Incineração: Conceitos Básicos

Incineração: é o processo de reduzir resíduos combustíveis a resíduos inertes, através da

queima em altas temperaturas. Pode também ser definida como o processo de redução de peso e de

volume do lixo através de combustão controlada em alta temperatura, de 800 a 1000o C.

Os resíduos domiciliares, por exemplo, são reduzidos à cerca de 20% do peso e 10% de

seu volume inicial.

Para assegurar uma boa combustão é necessário considerar:

1. Tempo de residência apropriado: refere-se ao tempo em que os gases permanecem

na câmara de combustão do incinerador, sendo função do tamanho do incinerador, da

quantidade de resíduos a incinerar (taxa de alimentação) e da quantidade de ar

disponível;

2. Temperatura adequada: a obtenção de uma boa combustão é função da temperatura

na câmara primária ou de incineração (entre 800 e 1000oC) e 980 e 1200oC na

câmara secundária ou de combustão;

3. Turbulência suficiente: é fundamental para a mistura de gases em combustão de

forma a obter-se uma combustão completa. A turbulência é obtida dentro do

incinerador através de anteparos (cortinas) e por mudanças de direção dos gases e

local de queima;

4. Ar de Combustão ajustado: necessário à completa reação da combustão, sendo

adicionado na câmara primária e secundária;

5. O processo de combustão: a combustão é uma reação química na qual o Oxigênio é

rapidamente consumido com um combustível gerando calor e produtos da combustão.

De forma simplificada, as equações de combustão são:

C + CO2 CO2 + calor

2H + O H2O + calor

6. Excesso de ar: é o ar remanescente após o resíduo ter sido completamente queimado.

Na prática injeta-se uma quantidade de ar maior que o valor teórico calculado. O

excesso de ar visa garantir o suprimento necessário de oxigênio (ar = 80% de N e

20% de O2). A falta de Oxigênio gera queima incompleta provocando

desprendimento de CO, voláteis e carbono em suspensão poluição do ar. O

excesso de ar reduz a temperatura de queima o que torna necessário o controle fino

da quantidade injetada (realizado através da análise da composição das emissões

pelo ORSAT, aparelho instalado na chaminé do incinerador).

7. Câmara Primária: destina-se a desprender o material volátil dos resíduos e manter a

queima de qualquer material combustível remanescente antes da cinza ser removida

do incinerador.

8. Câmara Secundária: projetada com a finalidade de destruir os voláteis orgânicos

desprendidos na câmara primária.

A incineração é realizada em fornos especiais, nos quais se pode garantir oxigênio

(comburente) para a combustão, turbulência, tempos de permanência e temperaturas adequadas.

OBSERVAÇÃO:

A combustão perfeita é o resultado da mistura e queima da proporção exata do combustível e do

Oxigênio de modo que não haverá combustível não queimado nem Oxigênio remanescente.

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VIII.2.2) Etapas da Incineração

A incineração pode ser dividida em três etapas principais:

1ª) Pré-Tratamento/Alimentação

O lixo depois de tratado (moagem e/ou secagem) pode ser manipulado a granel.

Primeiramente é colocado em valas de estocagem pelos caminhões de lixo. Posteriormente é

transferido para a incineração por multigarras que se movimentam através de pontes rolantes, ou

manualmente em incineradores de pequeno porte.

2ª) Incineração

Para atingir os padrões de controle de emissões para a atmosfera, a incineração deve ser

realizada em duas etapas:

Combustão Primária

Duração de 30 a 120 minutos, a cerca de 500 a 800ºC;

Fases: secagem, aquecimento, liberação de substâncias voláteis e transformação do

resíduo remanescente em cinzas;

Ao final a massa de cinzas não se reduz mais, restando carbono não-queimado, compostos

minerais de alto ponto de vaporização e a maioria dos metais;

Os metais são apenas redistribuídos ao passar pelo incinerador: uma parte vai para a

corrente gasosa e precisa ser coletada no sistema de remoção de material particulado;

outra parte permanece nas cinzas e pode ser recuperada para reciclagem.

Combustão Secundária

Gases, vapores e materiais particulados liberados na combustão primária são soprados ou

succionados para a câmara de combustão secundária;

Duração de 2 segundos, à cerca de 1000ºC ou mais;

Ocorre a destruição das substâncias voláteis e parte do material particulado.

Principais fatores que influenciam a destruição dos resíduos:

Temperatura: controle automático de temperatura, fornecendo energia suficiente para que

ocorra o rompimento das ligações químicas entre os átomos de resíduo e, depois,

recombinação das ligações, visando formar principalmente CO2 e H2O (estáveis);

Tempo: o tempo de 0,8 a 2,0 segundos exigidos como tempo de residência dos gases, é

necessário para que ocorram as reações químicas de destruição dos compostos tóxicos;

Turbulência: a câmara de combustão secundária é dimensionada visando permitir o

escoamento turbulento dos gases a fim de que todo o material permaneça exposto à

temperatura de incineração durante o tempo necessário de permanência.

Quantidade de ar: sabendo-se a composição do resíduo, pode-se calcular a quantidade

teórica de O2 a ser suprida. Na prática, porém, é preciso fornecer um excesso de ar, uma

vez que a mistura RESÍDUO-O2 não é perfeita. A maneira de “conferir” a quantidade

“ideal” do suprimento de ar para a completa combustão dos resíduos, é através da

avaliação da concentração de CO (monóxido de carbono) existente à saída da chaminé,

(que deve ser zero ou próximo de zero). Dessa forma garante-se a completa destruição dos

componentes orgânicos.

3ª) Controle da Poluição

O controle de emissões pode ser feito através:

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Controle de Combustão:

Dioxinas e furanos são classes de substâncias que em alguns compostos são extremamente

tóxicos, podem estar presentes no resíduo ou serem formadas durante o resfriamento dos

gases incinerados ou durante a ocorrência de irregularidades operacionais que prejudicam

a incineração;

O treinamento dos operadores e a monitoração e controle contínuos (computadorizados ou

manuais) do processo de combustão são essenciais para prevenir a poluição.

Controle de Material Particulado:

Filtros de tecido o pó e as partículas são coletados e dispostos;

Precipitadores eletrostáticos (PE’s) usam campos eletrostáticos múltiplos para coletar

o máximo de particulado;

Lavadores Venturi utilizam grandes volumes de água em forma de gotículas que

impactam a corrente gasosa de forma a capturar as partículas, que neste caso são enviadas

para uma estação de tratamento de efluentes líquidos.

Controle de Gás Ácido:

As unidades de controle de gás ácido de spray de cal seguidos por filtros-manga são

consideradas a melhor tecnologia de controle de gás ácido;

A separação de materiais antes da combustão também pode reduzir as emissões,

especialmente as emissões de metais;

Os materiais que podem contribuir para emissões prejudiciais são: peças soldadas com

chumbo, pilhas (Hg e Cádmio), baterias automotivas (Chumbo), PVC (dioxinas).

VIII.2.3) Classificação da Incineração

Os processos de incineração de lixo podem ser classificados em dois tipos:

Incineradores Estáticos ou de Batelada:

Caracterizam-se pelo seu funcionamento intermitente. Em geral, são de fácil

operação e tecnologia extremamente simples. São recomendados para pequenos

estabelecimentos onde a produção de lixo é limitada pelas etapas de produção do

sistema gerador de resíduos.

Incineradores Dinâmicos ou Contínuos:

Caracterizam-se por seu funcionamento direto. Em geral, são mais complexos

e sua operação requer maiores atenções.

VIII.2.4) Vantagens da Incineração

Redução drástica do volume a ser descartado: a incineração deixa como sobra apenas as

cinzas, que geralmente são inertes. A redução do volume chega a ser de 90% e, em peso,

de até 70%;

Redução do impacto ambiental: em comparação com o aterro sanitário, a incineração

minimiza a preocupação em longo prazo com monitoração do lençol freático, já que o

resíduo tóxico é destruído, e não “guardado”;

Destoxificação: a incineração destrói bactérias, vírus e compostos orgânicos e, até,

dioxinas. A incineração também pode ser usada para descontaminar solos contendo

resíduos tóxicos. Esse, depois de incinerado, é devolvido ao seu lugar de origem;

Recuperação de energia: parte da energia consumida pode ser recuperada para geração de

vapor ou eletricidade.

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VIII.2.4) Desvantagens da Incineração

Custo elevado: a incineração é um dos tratamentos de resíduos que apresenta custos

elevados tanto no investimento inicial, quanto no custo operacional. Normalmente, deve-se

incinerar apenas o que não pode ser reciclado. Hoje, com as crescentes exigências para

mitigação dos impactos ambientais causados pelos aterros sanitários, estes estão chegando

a custar mais de US$ 20 por tonelada, atingindo a faixa de custo operacional dos

incineradores;

Exige mão-de-obra qualificada: é difícil encontrar e manter pessoal bem qualificado para

supervisão e operação de incineradores;

Problemas operacionais: a variabilidade da composição dos resíduos pode resultar em

problemas de manuseio de resíduo e operação do incinerador e, também, exigir

manutenção mais intensa;

Limite de emissões de componentes da classe das dioxinas e furanos: não existe consenso

quanto ao limite de emissão dos incineradores.

VIII.2.5) Conclusões

Experiência brasileira com incineradores é incipiente e restrita à resíduos perigosos;

Não existe no Brasil uma política definida de resíduos em geral;

Existe atualmente uma preocupação de alinhamento com as políticas de primeiro mundo,

o que pode ser um desastre, já que países periféricos têm características diferenciadas;

VIII.3) Pirólise

A Pirólise pode ser genericamente definida como um processo de decomposição química por

calor na ausência completa de oxigênio.

É um processo em desenvolvimento e sua aplicação como sistema de tratamento e destinação

final do lixo merece estudos rigorosos, por oferecer elevado grau de incerteza. Com o avanço da

tecnologia da combustão, este método pode tornar-se um instrumento de grande utilidade na luta

contra poluição.

VIII.3.1) Produtos da Pirólise

O material pirolisado pode ser dividido em três grupos:

a) Gases compostos por Hidrogênio, metano, e monóxido e dióxido de carbono, e

diversos outros gases;

b) Combustível líquido Compostos por hidrocarbonetos, álcoois e ácidos orgânicos

(ácido acético, acetona, metanol, etc);

c) Resíduo sólido constituído de carbono quase puro (char), vidros, metais e outros

materiais inertes (escória).

A maior ou menor quantidade de formação destes produtos é função das características dos

resíduos a serem tratados, como a umidade do lixo e das características de operação do reator, como

temperatura, pressão, duração do processo, velocidade de transferência de calor para a câmara

pirolítica.

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VIII.3.2) Metodologia:

A Pirólise é um processo de reação endotérmica (oposto da combustão que é uma reação

exotérmica) e somente desta forma, reduzindo as perdas de calor, é possível obter o

fracionamento das substâncias sólidas presentes no lixo.

O fracionamento das substâncias sólidas ocorre gradualmente à medida que estas passam

pelas diversas zonas de calor que constituem o reator pirolítico:

A Figura 8.1 apresenta um esquema do reator de pirólise.

Figura 8.1. Esquema do reator de pirólise.

O reator é carregado pela parte superior, onde, por gravidade, os resíduos são

conduzidos à zona de secagem, perdendo umidade, aumentando assim o poder de queima;

Após a secagem os resíduos entram na zona de pirólise propriamente dita, onde são

submetidos a três processos: volatilização, oxidação e fusão. Durante esta fase, a temperatura no

reator varia entre 300 e 1600oC (Lima). O controle da temperatura é extremamente importante no

processo;

Com o aumento da temperatura os gases da combustão são liberados e a seguir coletados,

podendo ser utilizados para geração de energia elétrica;

Na zona pirolítica, controladas a temperatura e o oxigênio, é possível a extração de gases

combustíveis, substâncias alcóolicas, óleos combustíveis, etc.;

Na fase final do processo, os materiais sólidos fundidos juntamente com a escória

(vidros, terra, pedra, metais, etc.) são resfriados e removidos pela parte inferior do sistema.

O processo de pirólise tem sido utilizado na indústria siderúrgica para produção de gases,

líquidos combustíveis e coque a partir do carvão mineral. No entanto, o processo ainda não é

utilizado para tratamentos de RSU em larga escala, já que a composição heterogênea e variável

destes resíduos é fator limitante para o processo.

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VIII.3.3) Vantagens e Desvantagens da Pirólise

VANTAGENS:

Grande redução de peso e volume de resíduos;

Possibilidade de obtenção de combustíveis e de geração de energia elétrica;

O balanço energético do sistema de Pirólise é sempre positivo, pois produz mais energia

do que consome pesquisas mostram que a energia a partir do gás gerado é suficiente

para tornar o processo auto-sustentável do ponto de vista energético;

Aproveitamento dos gases gerados;

É possível submeter o rejeito da pirólise a um processo de segregação, obtendo-se,

principalmente, vidros e metais.

DESVANTAGENS:

Altos custos de investimento inicial e operação;

Necessidade de mão-de-obra especializada;

Utilização de tecnologias de ponta;

Dificuldade para utilização para RSU;

A variação de teor de umidade, poder calorífico e teor de sólidos voláteis presentes no

lixo, dificulta o controle do processo, com instabilidade do sistema e redução da

eficácia.

VIII.4) Conversão Biológica do Lixo com Recuperação de Energia

Os métodos de conversão biológica do lixo para produção de combustíveis baseiam-se no

rendimento da atividade microbiana, principalmente de bactérias anaeróbias que, através de seu

metabolismo, transformam a matéria orgânica em produtos combustíveis como o gás metano e o

hidrogênio.

A conversão biológica do lixo pode ser realizada por dois tipos de sistemas:

Sistemas Fechados

A digestão anaeróbia é realizada em biodigestores (ou digestores), que se caracterizam pela

geometria e pelo meio onde a decomposição da matéria orgânica ocorre. Estes podem ser

classificados em biodigestores contínuos (fluxo direto diariamente a carga orgânica é adicionada

e parte do substrato já digerido é esgotado) e biodigestores intermitentes ou de bateladas

(trabalham em regime transitório digere uma carga por vez).

Figura 8.2. Biodigestor: Sistema Fechado.

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Sistemas Abertos

A digestão anaeróbia é realizada em aterros sanitários ou aterros energéticos. Estes podem

ser classificados como processos de regime permanente ou contínuo, pois a disposição final e

aterramento dos detritos é feita de forma permanente.

O processo de decomposição é iniciado e passa a evoluir exponencialmente em função do

tempo de disposição. Em geral, torna-se viável a geração de gás em aterros a partir de 1,5 a 2 anos

de aterramento.

Figura 8.3. Aterro Sanitário: Biodigestor.

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IX - Disposição Final

Breve Histórico

O aterramento dos resíduos sólidos produzidos pelas atividades humanas não é privilégio

da civilização moderna. Vinte e cinco séculos antes de Cristo, povos da Mesopotâmia cavavam

trincheiras para enterrar seus resíduos agrícolas e domésticos. Após certo período, as valas eram

abertas e a matéria orgânica removida, já decomposta. Esse subproduto era posteriormente utilizado

como adubo orgânico.

Registros históricos comprovam que na Roma antiga, por volta do ano 150, os habitantes

resolveram enterrar seus resíduos apavorados com a grande quantidade de roedores que surgiam em

torno dos monturos de lixo dispostos a céu aberto, eliminando assim os sérios inconvenientes

proveniente da ação desses vetores de doenças. Relatos históricos mostram que o povo Romano foi

vítima da peste bubônica naquele período.

Também na Idade Média, a peste bubônica vitimou cerca de 43 milhões de pessoas na

Europa. A partir daí os administradores passaram a preocupar-se e interessar-se mais com as

questões de disposição final de resíduos sólidos, defendendo a necessidade de desenvolvimento de

técnicas mais adequadas e confiáveis para lidar com tais rejeitos.

Na atualidade, a preocupação e o desenvolvimento de métodos adequados de confinamento

de resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários têm aumentado, visando a proteção dos recursos

naturais, dos seres vivos e do meio ambiente de maneira geral.

Independentemente do tratamento escolhido para o lixo, sempre restará algum resíduo. Os

aterros constituem, então, uma etapa indispensável a qualquer sistema de gerenciamento de RS.

Independentemente do tratamento escolhido para o lixo, sempre sobrará um resíduo. Os

aterros constituem, então, uma etapa indispensável para qualquer sistema de gerenciamento de

resíduos sólidos.

Crescimento das cidades maior quantidade de lixo gerada;

Desafio da Limpeza Urbana:

Remover o lixo dos logradouros e residências (em quantidades crescentes), mas, e

principalmente, DAR DESTINAÇÃO ADEQUADA AOS RESÍDUOS.

Aspectos importantes:

COLETA Operação visível pela população;

Pressão da comunidade por maior eficiência.

DESTINAÇÃO FINAL: Operação de pouca visibilidade comunitária;

Menor pressão sobre o poder público.

ORÇAMENTO MUNICIPAL RESTRITO prioridade para a coleta Destinação Final

fica em segundo plano

Crescimento do número de lixões nos municípios brasileiros.

Média de disposição inadequada no Brasil: 50%

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É importante ressaltar que a DN74/2004 do COPAM-MG estabelece o porte e o potencial poluidor de

empreendimentos referentes ao Tratamento e/ou disposição final de Resíduos Sólidos

Urbanos (E-03-07-7)3 como segue:

4[102]

Potencial Poluidor / Degradador: Ar: Médio; Água: Grande e Solo: Médio Geral: Médio

Porte do empreendimento:

Quantidade Operada < 15 t/dia : Pequeno

Quantidade Operada > 250 t/dia : Grande

Os demais : Médio A DN74/2004 estabelece que: “Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente

sujeitas ao licenciamento ambiental no nível estadual são aqueles enquadrados nas classes 3, 4, 5 e

6 , conforme a lista constante no Anexo Único desta Deliberação Normativa, cujo potencial

poluidor/degradador geral é obtido após a conjugação dos potenciais impactos nos meios físico,

biótico e antrópico, ressalvado o disposto na Deliberação Normativa CERH n.º 07, de 04 de

novembro de 2002”.5[1]

Em seu artigo 16, a DN74 estabelece que os empreendimentos potencialmente poluidores ficam

classificados como:

I – Pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor: Classe 1;

II – Médio porte e pequeno potencial poluidor: Classe 2;

III – Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor: Classe 3;

IV – Grande porte e pequeno potencial poluidor: Classe 4; V – Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor:

Classe 5;

VI – Grande porte e grande potencial poluidor: Classe 6.

Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente são enquadradas em

seis classes que conjugam o porte e o potencial poluidor ou degradador do meio ambiente

(1,2,3,4,5 e 6), conforme a Tabela IX A-1 abaixo:

Potencial poluidor/degradador geral da atividade

P M G

Porte do P 1 1 3

Empreendimento M 2 3 5

G 4 5 6

Tabela IX.A-1: Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor

da atividade e do porte.

Fonte: COPAM-DN74/04

Todo o processo de licenciamento inicia-se com o preenchimento do FORMULARIO DE

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO (FCI)

3

O código alfa-numérico da atividade (E-03-07-7) é definido pela DN74 como: E: Letra relativa a listagem onde o empreendimento e atividade foi enquadrado: Infraestrutura

03 – Número do item da tipologia (E-03: infra-estrutura de saneamento)

07 - – Número do sub-item da tipologia

7 – Dígito verificador da codificação do empreendimento/ativ idade 4[102]

A Deliberação Normativa COPAM nº 143 de 25 de novembro de 2009 (Publicação – Diário do Executivo – “Minas Gerais” – 16/12/2009), deu

nova redação ao dispositivo.

5[1] A Deliberação Normativa COPAM nº 130, de 14 de Janeiro de 2009 (Publicação – Diário do Executivo – “Minas Gerais” – 16/01/2009) deu nova redação ao artigo 1º.

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IX.1) Aterro Sanitário:

IX.1.1) Definição:

Segundo a NBR-8419/84, Aterro Sanitário é “uma técnica de disposição de resíduos sólidos

urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos

ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à

menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de

terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se for necessário”.

Esta técnica consiste basicamente na compactação dos resíduos no solo, dispondo-o em

camadas que são periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte, formando células, de

modo a ter-se uma alternância entre os resíduos e o material de cobertura.

Figura 9.1. Aterro Sanitário de Salvaterra (Juiz de Fora - MG)

Fonte: Departamento Municipal de Limpeza Urbana – DEMLURB

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IX.1.2) Estudos de Áreas para Instalação de Aterros Sanitários:

A escolha da área para instalação do Aterro Sanitário deve ser compatível com vários fatores

que buscam o equilíbrio entre os aspectos legais, os sociais, as alterações no meio ambiente e os

custos inerentes ao empreendimento.

Os principais parâmetros que devem ser considerados são:

Caracterização técnica Quantidades geradas, tamanho da área (vida útil do AS), gravimetria

dos resíduos, tipos de resíduos, características da área...;

Legislações e Normas: Federal, Estadual e Municipal;

Plano Diretor, se existir;

Distâncias de transporte aspectos financeiros e econômicos;

Vias de acesso;

Aspectos político-sociais relacionados à aceitação do empreendimento pela mídia e

comunidades locais.

Quantidade e Tipologia dos Resíduos Sólidos a serem Dispostos:

As quantidades, volumes e tipos de RS definem a vida útil do Aterro Sanitário, que deve ser

de no mínimo 10 anos. Porém, quanto maior a vida útil, melhor para o município.

Características Fisiográficas e Ambientais da Área:

É importante conhecer:

Dados geológicos da área (estruturas geológicas, falhas, fraturas, etc.);

Dados pedológicos (tipos de solo) e topográficos (declividades...);

Dados hidrogeológicos (altura do lençol freático, mananciais, sub-bacias contribuintes,

recursos para abastecimento público, áreas de proteção de mananciais);

Dados climatológicos (regime de chuvas, ventos, temperaturas, etc.);

Legislação ambiental vigente;

Dados sócio-econômicos (uso e ocupação de solo, valor da terra, malha viária, distância

aos centros produtores de RS, etc.).

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Uso Futuro da Área:

Na escolha da área para implantação do AS deve ser prevista a utilização futura do local.

O destino final da área depende da concepção adotada para o Aterro Sanitário aterros

com degradação acelerada do lixo: uso da área pode ser mais diversificado ou com menores

restrições, uma vez que os RS tornam-se inertes mais rapidamente.

I) Seleção preliminar das áreas disponíveis no município;

II) Estabelecimento de conjunto de critérios de seleção técnicos, ambientais, legais, sociais e

econômicos;

III) Definição de prioridades para atendimento dos critérios estabelecidos;

IV) Análise crítica de cada área selecionada frente aos critérios estabelecidos e priorizados. A

área escolhida deve atender à maior parte das restrições através de seus atributos naturais,

i.e., a que corresponde à menor necessidade de intervenção visando a redução de gastos

econômicos.

1. Estimativa preliminar da área total do AS Stotal

2. Delimitação dos perímetros das regiões rurais e industriais e unidades de conservação do

município

o As áreas pré-selecionadas devem estar, preferencialmente, localizadas em regiões rurais

ou industriais. Não podem se situar em áreas de conservação, áreas de proteção

ambiental, etc;

o As áreas candidatas devem ser, preferencialmente, de propriedade dos municípios;

o Realizar o levantamento da documentação das áreas pré-selecionadas.

ESTRATÉGIA A SER ADOTADA PARA SELEÇÃO DE NOVA ÁREA PARA

IMPLANTAÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO

Estratégias:

I) Seleção preliminar das áreas disponíveis no município;

Stotal = 560 * Produção diária de lixo em t/dia.

Hipóteses:

Vida útil ~ 20 anos

Altura do aterro ~ 20 m

Taludes ~ 1:3

Ocupação ~ 80% Área operacional.

Q = produção diária em t/dia

Volume lixo em 20 anos = V20

Gamacomp = 0,65 t/m3 ; Altura = 20 m.

V20 = 20 * 365 * Q/Gamacomp

Área = V20/20m ={20*365 *Q /0,8}/20m ➱ 560 Q

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II. Critérios Técnicos

NBR 10157 Aterros de Resíduos Perigosos Critérios de projetos, construção e

operação;

NBR 8419 Apresentação de projetos de AS de RSU;

Legislação Federal, Estadual e Municipal.

III. Critérios legislativos, técnicos e ambientais.

1. Uso do Solo.

Preferencialmente rural ou industrial e fora de unidades de conservação;

2. Proximidade de cursos d´água relevantes (rios, lagos, lagoas, praias, ...

Superior a 200m.

Distância superior a 50 m de valas de drenagem que pertençam ao sistema de drenagem

local.

3. Proximidade de núcleos residenciais urbanos

Superior a 1000m de núcleos com mais de 200 habitantes.

4. Proximidade de aeroportos

Áreas devem ser distantes (2 km )

5. Altura MÍNIMA do lençol freático

Aterro com impermeabilização de base (manta sintética) 1,5 m.

Aterro com impermeabilização de argila 2,5 m.

6. Vida útil MÍNIMA

5 anos. Preferencialmente 10 anos;

Maior vida útil maior economia para o município.

7. Permeabilidade da base

Terrenos pouco permeáveis com características ARGILOSAS (jamais arenosas);

Inferior a 10-5 cm/s.

8. Extensão da bacia de drenagem:

➱Pequena evitando-se aportes de grandes volumes de água de chuva ao corpo do aterro.

9. Facilidade de acesso a veículos pesados.

Pavimentação de boa qualidade, sem rampas íngremes mínimo desgaste de veículos.

10. Disponibilidade de material de cobertura

O terreno deve possuir ou se localizar próximo a jazidas de material de cobertura.

11. Distância aos centros geradores

No máximo 30 km ida – e – volta.

Acima deste valor custos elevados de transporte.

12. Quantidade e tipologia dos resíduos

Quantidades e volumes definem a vida útil do AS.

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IV. Critérios Econômico-Financeiros

1. Distância aos centros de coleta No máximo 30 km (ida e volta).

2. Custos de aquisição do terreno,

3. Custos de investimento em infra-estrutura

Água, coleta de esgotos, eletricidade, telefonia...

V. Critérios Político Sociais

A) Distância aos núcleos urbanos de baixa renda.

Aterro próximo aos núcleos de baixa renda: catação para sobrevivência responsabilidades

sociais e políticas para as prefeituras;

Criação de mecanismos de geração de emprego e renda ↳ formação de cooperativas de catadores

(fiscalizada pela prefeitura) que trabalhem em instalações de reciclagem no AS.

Acesso ao sítio de destinação final fora dos aglomerados residenciais

VI. Inexistência de problemas com a comunidade

As Tabelas IX.1 e IX.2 apresentam aspectos importantes, prioridades e pesos que podem

ser considerados como avaliação prévia de áreas destinadas a aterros sanitários.

Tabela IX.1: Hierarquização dos critérios

Critérios Prioridade

Atendimento ao Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras 1

Atendimento às condicionantes político–sociais 2

Atendimento às principais condicionantes econômicas. 3

Atendimento às principais condicionantes técnicas. 4

Atendimento às demais condicionantes econômicas. 5

Atendimento às demais condicionantes técnicas. 6

Análise das áreas selecionadas frente aos critérios estabelecidos

Atendimento ao maior número de critérios

As justificativas devem considerar os seguintes critérios de atendimento:

“Totalmente atendido”, “parcialmente atendido” e “não atendido”

Tabela IX.2: Peso dos CRITÉRIOS e do TIPO de ATENDIMENTO

Prioridade dos critérios Peso

1 10

2 6

3 4

4 3

5 2

6 1

Tipo de atendimento Peso (%)

Total 100

Parcial com obras 50

Não atende. 0

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131

ESCOLHA DA ÁREA

A área selecionada é a que obtiver o MAIOR NÚMERO DE PONTOS após a aplicação

dos pesos às prioridades e ao atendimento de critérios (ΣPeso*pontos da prioridade).

Exemplo:

Analise as três áreas pré-selecionadas para instalação de AS segundo as prioridades e atendimento

aos critérios.

CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS

Item Critérios Tipo de

critério

Prioridade

Atendimento

Área 1 Área 2 Área 3

1 Proximidade de curso d´água Tec. 1 I I I

2 Proximidade de núcleo residencial Tec. 1 I I P

3 Proximidade de aeroportos Tec. 1 I I I

4 Altura do lençol freático Tec. 1 P P I

5 Distância de núcleo de renda baixa Pol. Soc. 2 I I P

6 Vias de acesso com baixa ocupação Pol. Soc. 2 P P P

7 Problemas com comunidades locais Pol. Soc. 2 N P I

8 Aquisição de terreno Econom. 3 P P I

9 Investimento em infra-estrutura Econom. 3 I I P

10 Vida útil mínima Tec. 4 I I P

11 Uso do solo Tec. 4 I I I

12 Permeabilidade do solo natural Tec. 4 P P P

13 Extensão da bacia de drenagem Tec. 4 P P I

14 Acesso a veículos pesados Tec. 4 I P P

15 Material de cobertura Tec. 4 N P I

16 Manutenção sistemas de drenagem Econom. 5 P P I

17 Distância ao centro de coleta Econom. 6 I P P

* I – Atende integralmente P – Atende parcialmente N – Não atende

Aplicando-se os pesos definidos Tabela IX.2, as áreas pré-selecionadas obterão os

seguintes pontos totais.

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PONTUAÇÃO DAS ÁREAS

Ite

m

Critérios

Pontos

da

Prio-

ridade

Pontos do atendimento

(%)

Pontuação das áreas

Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3

1 Proximidade de curso d´água 10 100 100 100 10 10 10

2 Proximidade de núcleo residencial 10 100 100 50 10 10 5

3 Proximidade de aeroportos 10 100 100 100 10 10 10

4 Altura do lençol freático 10 50 50 100 5 5 10

5 Distância de núcleo de renda baixa 6 100 100 50 6 6 3

6 Vias de acesso com baixa ocupação 6 50 50 50 3 3 3

7 Problemas com comunidades locais 6 0 50 100 0 3 6

8 Aquisição de terreno 4 50 50 100 2 2 4

9 Investimento em infra-estrutura 4 100 100 50 4 4 2

10 Vida útil mínima 3 50 100 100 1,5 3 3

11 Uso do solo 3 100 100 100 3 3 3

12 Permeabilidade do solo natural 3 50 50 50 1,5 1,5 1,5

13 Extensão da bacia de drenagem 3 50 50 100 1,5 1,5 3

14 Acesso a veículos pesados 3 100 50 50 3 1,5 1,5

15 Material de cobertura 3 0 50 100 0 1,5 3

16 Manutenção sistemas de drenagem 2 50 50 100 1,0 1,0 2

17 Distância ao centro de coleta 1 100 50 50 1 0,5 0,5

PONTUAÇÃO FINAL - - - - 62,5 66,5 70,5

Aplicando o somatório dos pesos multiplicados pelos pontos da prioridade chega-se ao resultado final que

indica a ÁREA 3 como a mais adequada para implantação do AS.

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SÍNTESE: Fatores a Considerar para a Tomada de Decisão Acerca de Áreas Pré-Selecionadas:

1. Menor Potencial para Geração de Impactos:

Estar fora de áreas de restrição ambiental;

Aqüíferos menos permeáveis;

Solos pouco sujeito a erosões, escorregamentos;

Declividade apropriada;

Distante de habitações, redes de alta tensão, cursos d’água, etc.

NOTA: A legislação prevê a realização de EIA/RIMA para implantação de AS em função das

quantidades geradas diariamente, isto é, em função do tamanho do município.

2. Maior Vida Útil para o Empreendimento:

Máxima capacidade para armazenamento de lixo.

3. Baixos Custos de Implantação e Operação da Obra:

Menores gastos com infra-estrutura;

Menor distância à zona geradora de resíduos;

Disponibilidade de material de empréstimo para cobertura.

IX.1.3) Componentes do Projeto de um Aterro Sanitário.

1. Sistema de Tratamento dos Resíduos a serem Dispostos:

A concepção do sistema pode ser adotada dentro das alternativas:

DIGESTÃO ANAERÓBIA:

A decomposição dos RS (mineralização/inertização) ocorre na ausência de ar;

Tempo de degradação muito longo dezenas ou centenas de anos;

DIGESTÃO AERÓBIA:

A decomposição dos RS ocorre na presença de ar insuflado na base da célula de aterro;

O processo de decomposição é acelerado;

Percolado menos tóxico (DBO do chorume é menor);

Não há formação de CH4;

Custos adicionais (sistema de bombeamento e controle da vazão de gás).

DIGESTÃO SEMI-AERÓBIA:

O processo de decomposição dos RS aterrados na presença de alguma quantidade de ar

proveniente das condições de vento locais (convecção) através dos sistemas de

drenagem de percolado e gás;

Tempo de degradação: entre os dois anteriores;

Eliminam-se os gastos com sistemas de bombeamento de ar.

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TRATAMENTO BIOLÓGICO COM MICRORGANISMOS ESPECÍFICOS:

Técnica recente e não completamente dominada;

Consiste na inoculação de microorganismos específicos previamente cultivados em

reatores biológicos.

2. Sistema de Tratamento de Base (Impermeabilização da Fundação)

Protege a base do aterro evitando contaminação do subsolo e aqüíferos;

Deve apresentar características de estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica e

às intempéries;

Materiais utilizados: argilas compactadas com controle tecnológico, betume e mantas

(geomembranas sintéticas de Polietileno de Alta Densidade - PEAD ou de PVC).

Em geral, as geomembranas são sobrepostas a uma camada de solo compactado com

espessura mínima de 60 cm e condutividade hidráulica ou permeabilidade < 10 -7 cm/s.

Figura 9.2. Manta de Impermeabilização de Fundo

3. Sistema de Operação do Aterro Sanitário

A escolha ou definição de um método de operação depende das características físicas e

geográficas da área:

MÉTODO DA TRINCHEIRA:

Abre-se uma trincheira no solo onde o lixo é posteriormente compactado com trator de

esteira - 3 a 5 passadas;

Altura da célula: entre 2 e 5 metros;

Altura da camada de lixo a compactar: entre 0,20 e 0,30 metros;

Custo elevado: só deve ser utilizado em situações especiais;

Lençol freático pouco profundo inviabiliza o método;

MÉTODO DA RAMPA: (ou Método da Escavação Progressiva)

Escava-se uma rampa no solo onde o lixo é disposto e compactado pelo trator no sentido

ascendente da leira de lixo;

Empregado em áreas planas onde o solo natural é facilmente escavado e utilizado para

cobertura do lixo compactado;

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MÉTODO DA ÁREA:

Utilizado em locais de topografia irregular e/ou plana e onde o lençol freático está no

limite máximo;

A cobertura da célula é feita com material de empréstimo (não há solo disponível no

local).

Regras básicas de operação de Aterro Sanitário:

1. Espalhamento e compactação dos RS devem ser efetuados de baixo para cima os

resultados são melhores;

2. Altura máxima de compactação dos RS: ~50 cm melhor compactação. Número de

passadas do trator sobre a massa de resíduos: entre 3 e 5 passsadas;

3. A altura da célula deve ser de 4 a 6 metros o que provê uma boa condição de decomposição

dos resíduos;

4. A camada diária de cobertura de solo deve ser de 20 a 30 cm de espessura;

5. Inclinação de taludes e valas em operação: 1:1. A inclinação das células já encerradas deve

ser de 1: 3;

6. A execução de células sobrepostas deve ocorrer somente após 60 dias do término da célula

situada no nível inferior;

7. A espessura de recobrimento final mínima é de 50 cm.

4. Sistema de Drenagem de Fundação:

Executado sob o sistema de tratamento de base;

Coletar águas naturais do subsolo;

Permite monitoramento da impermeabilização durante a vida útil do aterro e após o seu

fechamento.

5. Sistema de Cobertura:

Protege a célula de lixo, minimiza/elimina proliferação de vetores de doenças, diminui a

taxa de formação de percolados, reduz a exalação de odores, impede a catação, elimina a

saída de gases;

Deve ser resistente aos processos erosivos;

Recomenda-se o uso da cobertura vegetal na massa final.

6. Sistema de Drenagem de Águas Pluviais:

Intercepta e desvia o escoamento superficial das chuvas evitando infiltrações na massa

de resíduos;

As estruturas de drenagem são em geral constituídas por meias canas de concreto

(canaletas) associadas a escadas d’água e tubos de concreto.

O dimensionamento é função da vazão a ser drenada e segue os métodos usuais de

drenagem urbana fórmula racional usado para pequenas bacias com pequena área

de contribuição: inferior a 500 hectares = 5000000 m2= 5 km

2

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136

Q = 0,278 C i A

Onde:

Q = vazão (m3/s)

C = coeficiente de escoamento superficial adimensional ~ 0,6

i = intensidade da chuva crítica (mm/h)

A = área da bacia contribuinte (km2)

Chuva crítica (i) é aquela cujo tempo de duração é igual ao tempo de concentração da bacia

hidrográfica. Para se calcular a intensidade da chuva crítica deve-se conhecer o tempo de

concentração da bacia.

Tempo de concentração da bacia: é o período de tempo decorrido para que a chuva que cai no

ponto mais distante da seção de rio considerada na bacia demora para atingir adita seção.

OBSERVAÇÕES.

I) Valores do Coeficiente de Escoamento Superficial (C)

Fonte: SOBRINHO, 2000.

II) Valores do Coeficiente C de escoamento superficial para diversas coberturas

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137

III) Outras estimativas de C (adotados pela prefeitura de São Paulo).

Fonte: P.S. Wilken, 1978.

b) A equação intensidade-duração-frequência (IDF) para cidade de Juiz de Fora é dada abaixo:

0,960

c

0,173

r

23,965t

T3000i

Onde:

i – Intensidade da Chuva - (mm/hora)

Tr – Período de Retorno - anos

tc – Tempo de concentração, - minutos (no método racional o tempo de concentração

substitui a duração da chuva).

b1) Chuva crítica é aquela cujo tempo de duração é igual ao tempo de concentração da bacia

hidrográfica. Segundo Ven te Chow, o tempo de concentração é dado pela equação abaixo:

3333,0

I

L5,3tc

Onde: tc = tempo de concentração em minutos.

I = declividade média da bacia (m/m);.

L = comprimento do maior curso d’água (km)

A equação de Kirpich fornece o tempo de concentração da bacia (tc em minutos) em função

do talvegue máximo (L em quilômetros) e o desnível entre o ponto mais afastado na área de

interesse e a seção de monitoramento (H em metros).

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138

385,03

H

L57tc

Conhecida a vazão, DIMENSIONAM-SE OS drenos pela aplicação da Fórmula de Chézy

modificada por Manning: 21

321

IRhAn

Q

Onde:

Q = vazão na seção desejada m3/s;

n = coeficiente de rugosidade varia entre 0,011 e 0,04

A = área molhada da seção transversal (m2);

Rh = raio hidráulico da seção: razão entre a seção molhada (S) e perímetro molhado (p);

I = declividade do dreno (m/m).

Exemplo numérico.

Sejam: Desnível médio do talvegue na bacia onde se pretende instalar um AS igual a 6 m e o seu

comprimento de 1200m. A vida útil do AS é 10 anos e a área da bacia é 0,02 km2 (ou 20000m2).

Calcular a chuva crítica e a vazão correspondente.

Declividade: mmI /005,01200

6

Tempo de concentração

3333,0

I

L5,3tc

3333,0)005,0

2,1(3,5tc L = 1,2 km E tc 33 min.

Qual a intensidade - i - da chuva crítica?

Para Juiz de Fora: 0,960

c

0,173

r

23,965t

T3000i

0,960

0,173

23,96533

01* 3000i

i = 92 mm/h

Q = 0,278 C i A - 02,0*92*6,0*278,0Q ; Q = 0,31 m3/s

Escoamento com superfície livre – Fórmula de Manning

5,03/21IRhA

nQ Fazendo n = 0,014

Canaleta retangular com dimensões 0,3 m X 0,3 m, com declividade de 5%, tem-se:

P

ARh A = 0,09 m2 ; P = 0,9 m e Rh = 0,1 m

Qual a vazão para canaleta de 0,3 m X 0,3 m?

Manning: 5,03/2 05,0*1,0*09,0*

014,0

1Q Q = 310 l/s

V = 0,31/0,09 = 3,44 m/s

Recomenda-se 1 < V < 5 m/s (PROSAB 2003 – DRENO DE CONCRETO)

OBSERVAÇÃO: Recomenda-se utilizar valores preestabelecidos para a velocidade de escoamento.

Assim, o valor limite inferior é de 0,35 m/s e o limite superior é de 0,80 m/s (dreno de terra).

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Observação 2: Cálculo das Dimensões das Células de Lixo (trincheiras):

Trincheiras são escavações feitas no solo para posterior aterramento dos resíduos. O solo

retirado do local deve ser reservado para posterior cobertura dos RS. A ordem na operação do

aterro e o consumo do material de cobertura dos resíduos estão estreitamente relacionados com as

dimensões da célula de lixo (trincheiras).

As trincheiras têm formato prismático (paralelepípedo ou trapezoidal: inclinação das

laterais – entre 1:2 e 1:3) com profundidade que pode variar de 2 a 3 m (PROSAB, 2003).

No dimensionamento das trincheiras SEGUEM-SE as seguintes etapas:

1. Verificar a quantidade de resíduos encaminhada diariamente ao aterro;

2. Empregar cobertura intermediária de 10 a 20 cm de solo local com compactação média

(250 a 350 kg/m3) ou 25% do volume de resíduos a serem aterrados;

3. Estimar a vida útil da trincheira – sugere-se de 2 a 4 meses;

4. Definir a compactação a ser realizada no aterramento dos resíduos:

Tipo Intervalo típico (kg/m3) Valor típico (kg/m3)

Compactação normal 350 - 500 450

Bem compactado 600 - 750 600

Fonte: Russo, M.A.T., Tratamento de Resíduos Sólidos, 2003.

5. Adotar a profundidade da trincheira – sugere-se 2 a 3 metros dependendo do nível do

lençol freático.

6. Definir a forma da trincheira. Adotar uma das dimensões, por exemplo, sua largura.

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Calcular a outra dimensão da trincheira.

RSU

Saibro

Geomembrana

Lb

Lt

Exemplo das etapas anteriormente mencionadas:

1) Geração de resíduos:

a) População = 20690 hab

b) Produção percapita diária = 0,65 kg

c) Quantidade de resíduos reciclados = 0 kg todo resíduo disposto no AS.

d) Quantidade de resíduos a ser aterrado por dia = 20690* 0,65 = 13,45 t

2) Densidade de resíduos na trincheira = d ~ 400 kg/m3;

3) Vida útil da trincheira 1 mês

4) Volume da trincheira Vt = Peso /d (13450*30dias)/400 1000 m3;

5) Cobertura intermediária ~25% de Vt = 250 m3;

6) Profundidade média da trincheira = hmt ~ 5 m;

7) Área média ~ Vt/hmt ~ 1000m3/5 m = 200 m2;

8) Largura média da trincheira = Lm ~ 10 m Comprimento médio = Cm = 20 m

9) Talude 1:1 Ct = 25m e Cb = 15m

Lt = 15m e Lb = 7,5m

Ancoramento da geomembrana

Lt = Largura do topo Ct = Comprimento do topo Lb = Largura da base Cb = Comprimento da base

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141

Dimensões da Célula Padrão de AS:

Segundo a CETESB (1994), as dimensões da célula de lixo podem ser estimadas através

das seguintes fórmulas (Manual de GRS, 1a edição – p101):

Volume da célula hlbV

Onde

b = largura da frente de trabalho

l = profundidade da célula e

h = altura da célula

Normalmente faz-se b = l V = b2 * h

e, 32p

V h (1) e hVbl / (2)

(1) em (2) vem: 3 Vplb

A área ser recoberta é quantificada como: hbpbA 22

Onde: h = altura da célula (m), pode variar de 2 a 6 metros;

V = volume de resíduos da célula diária de lixo (m3);

p = talude da rampa de trabalho (varia entre 1V:1H a 1V:3H. Recomendado 1:3 p=3);

l = profundidade da célula (m);

b = frente de operação (m) VARIA ENTRE 4 e 6 m

A = área a ser coberta com terra/dia (m2/dia).

OBSERVAÇÃO.:

b = l “Obtém-se área mínima de cobertura numa célula de lixo quando a frente de

operação tem dimensão igual à profundidade, sendo a altura função do volume”.

O volume de terra para cobertura é cerca de 20% do volume de resíduos da célula.

1

P

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Exemplo Numérico:

Seja um projeto para aterro sanitário destinado a atender uma população de 100.000

habitantes, com taxa de produção percapita de lixo de 0,80kg/hab.dia, eficiência da coleta de 80 a

100% e peso específico do lixo compactado de 0,70 t/m3.

Calcular as dimensões da célula de lixo, o volume e espessura da camada de cobertura

diária.

Produção diária = 100000*0,8 = 80 t/dia

Volumediário = V = peso/densidade = 80t/0,7t/m3 = 114,3 m3;

Talude = 1:3 p = 3

Altura da camada diária de lixo = h mpVh 3,2/3 2

b = l = 3 pV b = l = m7~3,114*33

Dimensões da célula ~ 7m X 7m X 2,5m

Área diária a ser recoberta: b2 + 2bhp = 49+2*7*2,3*3 = 145 m2/dia

Volume de recobrimento diário: ~ 0,20 m * 114,3 ~ 23m3.

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7. Sistema de Drenagem de Líquidos Percolados (Chorume):

Objetivo: coletar e conduzir o líquido percolado que atravessa a massa de aterro, através

de drenos aterrados (tipo espinha de peixe);

Drenos de brita com tubos perfurados, direcionando percolados ao reservatório de

acumulação para tratamento adequado;

O dimensionamento da rede de drenagem de percolados é função do conhecimento da

vazão de chorume tarefa não trivial;

A declividade dos drenos é de, no mínimo, 2%.

Estimativa da Vazão de Chorume em função do tipo de solo de recobrimento

Formulação empírica: considera apenas a área do aterro sanitário e o tipo de solo.

Resultados pouco confiáveis.

A estimativa desconsidera parâmetros como a densidade do lixo, umidade, etc.

Valores estimados de Vazão de Chorume

Vazão ( m3/dia)

Solo argiloso 0,0004 x Área do aterro (m2)

Solo arenoso 0,0006 x Área do aterro (m2)

Lixo descoberto 0,0008 x Área do aterro (m2)

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MÉTODO SUÍÇO PARA DETERMINAÇÃO DE VAZÃO DE PERCOLADOS:

Qpercolado = P S K / t ➫ Onde: Q = vazão de percolado (l/s)

P = precipitação média anual (mm/ano)

S = área do aterro (m2)

K = constante de compactação

t = 31.536.000s (tempo em segundos correspondente a um ano)

Valores de K (constante de compactação)

0,25 < K < 0,50 para: 0,4 t/m3 < dcomp < 0,7 t/m3 (Aterro Fracamente compactado)

0,15 < K < 0,25 para: 0,7 t/m3 < dcomp < 0,9 t/m3

dcomp = densidade do lixo compactado.

8. Sistema de Drenagem de Gases:

O processo de digestão anaeróbia produção de CH4 e CO2;

Objetivo: controle de direcionamento/migração dos gases;

Consiste de tubos verticais perfurados de concreto separados de 30 a 70 m, associados

aos drenos horizontais;

A prática recomenda que estes drenos sejam interligados ao sistema de drenagem de

percolados, de forma a permitirem o monitoramento dos líquidos e gases ao mesmo tempo;

O diâmetro dos tubos varia entre 0,2 a 1,0 m, em função da altura do aterro;

Aterros de até 15m e grande área superficial tubo até 0,4m

Aterros com alturas maiores tubos armados com tubo até 1,0m (suportar recalques

diferenciais e dar vazão aos gases gerados).

Quando são utilizados tubos de diâmetro até 0,4m, costuma-se também preenchê-los com

pedras britadas, de forma a conferir maior resistência à estrutura;

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145

Ao redor dos tubos é colocada uma camada de pedra britada formando uma camisa de

espessura igual ao diâmetro do tubo utilizado.

Figura 9.2. Dreno de Gás.

9. Análise da Estabilidade dos Maciços de Terra e dos Resíduos Sólidos Dispostos:

Métodos de análise adequados ao local;

Consultores especializados na matéria;

Objetivo: definição da geometria estável do aterro e seu entorno, com critérios de

segurança adequados para obras civis.

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146

10. Sistema de Tratamento de Líquidos Percolados:

Recirculação ou Irrigação:

Asperge-se o chorume sobre a massa aterrada de resíduos utilizando-se caminhões pipa o

lixo aterrado funciona como filtro acelera os processos de decomposição e reduzindo a

toxicidade do chorume;

Recirculação para o interior da massa de lixo através de leitos de infiltração, uma vez por dia.

MASSA DE ATERRO

Leitos de brita 2

Tanque de Chorume

Lagoas de Estabilização:

Bactérias aeróbias e anaeróbias responsáveis pela biodegradação;

Tempo de trânsito 5 a 50 dias.

Tratamento por Ataques Químicos:

Processo envolvendo reações químicas.

Tratamento por Filtro Biológico:

O chorume é descarregado sobre um leito de pedra britada e areia grossa;

Os processos biológicos podem ser aeróbios ou anaeróbios.

Tratamento por Processos Fotossintéticos:

Plantas absorvem nutrientes, metais e traços orgânicos presentes em águas poluídas.

11.Sistema de Tratamento dos Gases:

O processo mais usual tem sido a queima dos gases provenientes do aterro nos próprios

drenos coletores de gases.

12. Sistema de Monitoramento:

Função: conhecer e avaliar o impacto causado pelo empreendimento.

Monitoramento Geotécnico:

Controle de deslocamentos verticais e horizontais (recalque de aterros);

Controle de descargas de chorume pelos drenos;

Programação de inspeções periódicas no local.

Sistema de Monitoramento Ambiental:

Controle de qualidade de águas subterrâneas e superficiais;

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Controle de poluição do ar e do solo;

Controle de vetores de propagação de doenças.

13.Fechamento do Aterro:

Prevê a recuperação da área utilizada e sua total recuperação;

O fechamento do Aterro Sanitário é função do tratamento dos RS aterrados adotados

durante a vida útil;

Devem ser mantidos os sistemas de drenagem;

O monitoramento deverá ser mantido até a total estabilização da massa de resíduos.

IX.1.4) Instalações de Apoio

São estruturas auxiliares que têm por objetivo garantir o funcionamento do aterro, dentro dos

padrões estabelecidos pelas técnicas da engenharia e do saneamento ambiental.

Isolamentos:

Cerca de arame (controlar o acesso, evitando entrada de catadores e animais);

Faixa de isolamento de 5 a 10 metros de largura, composta por arbustos e árvores que

impeçam a visualização do aterro;

Nas regiões de intensos ventos recomenda-se cercamento com tela.

Portaria:

Controlar a entrada e saída de veículos na área do aterro;

Balança:

Avaliar a quantidade de resíduos que entra no aterro;

Escritórios:

Análise de inspeções do lixo recebido;

Controle de pessoal/administrativo.

Galpões para Abrigo de Veículos:

Servir de abrigo a esses equipamentos nos períodos de inatividade;

Lubrificação, lavagem e manutenção.

Pátio para Estocagem de Material:

Pedras, tubos, terra para cobertura e meias-canas de concreto;

Estradas Internas:

Têm como função permitir a interligação entre os diversos pontos da área do aterro e

garantir a chegada dos resíduos até as frentes de descarga;

Devem suportar o trânsito mesmo nos períodos de chuva.

Iluminação:

Indispensável nos aterros operados em tempo integral (diurno e noturno);

Outros:

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Refeitório, vestiários, sanitários, etc.

IX.2) Aterro Controlado

Consiste na compactação dos resíduos no solo, dispondo-os em camadas e cobrindo com

terra ou material inerte periodicamente, com menores exigências para proteção ambiental e cujas

recomendações técnicas são mais simplificadas comparadas ao Aterro Sanitário.

Não é prevista impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das águas

subterrâneas), sistemas de coleta e tratamento de percolados e de gases.

Este método não deve ser considerado como solução definitiva para o correto

equacionamento da disposição final de resíduos sólidos.

NOTA: NBR-8849/85 - “Apresentação de projetos de Aterros Controlados de Resíduos Sólidos

Urbanos”.

IX.3) Lixões ou Vazadouros

Forma INADEQUADA de disposição de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples

descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública. O mesmo que

descarga de resíduos a céu aberto.

Problemas ocasionados:

Proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.);

Maus odores;

Poluição do solo, águas superficiais e subterrâneas;

Comprometimento dos recursos hídricos;

Descontrole dos tipos de resíduos dispostos neste local;

Criação de porcos e a existência de catadores (os quais, muitas vezes, residem no

próprio local).

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Figura 9.3. Vazadouro.

Fonte: CENTRO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM

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X - Reciclagem dos Materiais do Lixo

X.1) Histórico

No início da década de 1970, uma mudança relacionada à gestão dos RSU ocorria nos

países desenvolvidos: passou-se da prioridade por dispor-se adequadamente estes rejeitos para a

necessidade de promover a recuperação e reciclagem dos materiais ali contidos com valor

econômico. Tal mudança teve como fundamento a explosão quantitativa dos chamados descartáveis

(década de 1980). Esta mudança de procedimento e de políticas de governo estava fundamentada em

constatações:

A falta de sítios apropriados para a disposição final adequada de resíduos sólidos,

A mudança de paradigma relacionado ao comportamento ambiental das nações, que

passava de uma ÓTICA CORRETIVA para uma ÓTICA PREVENTIVA.

No Brasil, segundo Lima, a usina de reciclagem e compostagem precursora foi implantada

em 1993 - a Usina de Reciclagem e Compostagem Irajá. A partir de então se iniciou uma

conscientização acerca da necessidade de reciclagem criando-se um por assim dizer "cultura da

reciclagem" e um mercado de empresas recicladoras que foi se expandindo com novas usinas

implantadas no Rio de Janeiro e no Brasil.

Segundo Eigenheer, citado em Lima, "a reciclagem pode ser um excelente negócio para uns,

e, um péssimo para outros". Ele mostra que alguns municípios chegaram a gastar U$400,00 por

tonelada para a coleta e vender o produto a U$60,00 em média.

Para ser eficiente, a reciclagem tem que estar associada À UMA POLÍTICA DE

GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS, que vise a adoção de medidas que visem

DIMINUIR A GERAÇÃO DE LIXO. Este é um dos mais importantes princípios integrantes da

Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12305/2010): OS 3 R´s, a saber, REDUZIR a

geração de resíduos na origem, REUTILIZAR todo tipo de material passível de reutilização e em

terceiro lugar, RECICLAR, através de tecnologias disponíveis e agregação de valor ao resíduos,

que PASSA A SER PERCEBIDO COMO matéria prima da cadeia produtiva e não como lixo.

Todavia, é impossível desvincular os princípios da reciclagem do próprio gerador de resíduos.

Assim, a participação da comunidade através de ações que vão ao encontro do princípio dos 3 R´s, é

fundamental. A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E AÇÃO PROATIVA do cidadão-munícipe

são as chaves da solução para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos.

A introdução de tecnologias limpas na produção industrial, o reaproveitamento de tudo o

que for possível, educação ambiental, infraestrutura necessária e finalmente o adequado tratamento e

disposição final dos resíduos.

A Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através da qual materiais que se

tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para

serem utilizados como matéria-prima na manufatura de bens, feitos anteriormente com matéria-prima

virgem. Estes materiais entram novamente no ciclo produtivo, e quando pouco, aumentam a vida útil

de aterros sanitários.

Hoje, não é mais possível desperdiçar e acumular de forma poluente materiais recuperáveis.

A prática da reciclagem, então, demonstra uma maior preocupação ambiental, já que faz retornar ao

ciclo de produção materiais que seriam descartados, tais como, papel, papelão, vidro, metais e

plásticos.

A reciclagem tomada como medida isolada, não soluciona o problema do lixo. É necessário

que, como citado anteriormente, esteja inserida em um programa amplo de gerenciamento de RS e

que seja encarada como uma atividade econômica, pois, caso não haja demanda de produtos

reciclados por parte da sociedade, o processo é interrompido, os materiais abarrotam os depósitos, e

por fim, são aterrados ou incinerados como rejeitos.

No Brasil estima-se que 100.000 pessoas vivam da reciclagem do lixo. Infelizmente, há neste

número uma forte componente relacionada à miséria do país, expressando-se com mais força do que

a própria preocupação com qualidade ambiental efetivamente.

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O processo de reciclagem pode ser programado de duas formas:

1. Junto à fonte geradora: a seleção é feita pelo próprio produtor do resíduo (lixo seco e

úmido). Neste caso, deve-se programar/executar a coleta seletiva (custo adicional);

2. A seleção é feita em usinas de reciclagem.

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) lançou em parceria com a Fundação Israel

Pinheiro (FIP) no ano de 2009 A coletânea Minas Sem Lixões composta por 9 publicações

relacionadas à Gestão Integrada de diversos itens que compõem os resíduos urbanos, além de

orientações básicas para encerramento e reabilitação de áreas degradadas. São as seguintes as

publicações da FEAM disponíveis na Internet.

1. Plano de Gerenciamento Integrado de Coleta Seletiva - PGICS.

2. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Plásticos - PGIRP.

3. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Pilhas, Baterias e Lâmpadas - PGRPBL.

4. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Equipamentos Elétrico e Eletrônicos - PGIREE.

5. Plano de Gerenciamento Integrado de Óleo de Cozinha- PGIOC.

6. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Pneumáticos - PGIRP.

7. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Vítreos - PGIRV.

8. Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil - PGIRCC.

9. Orientações Básicas para Encerramento e Reabilitação de Áreas Degradadas por RSU.

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X.1) Coleta Seletiva do Lixo

A coleta seletiva do lixo consiste na separação de materiais recicláveis como vidro, papel,

plástico e metais do restante do lixo, nas suas próprias fontes geradoras.

Este sistema facilita a reciclagem, porque os materiais estão mais limpos e conseqüentemente

com maior potencial de reaproveitamento e maior valor agregado.

Para que a coleta seletiva tenha sucesso são necessários:

Campanhas educativas para conscientização da população, que deverá participar

ativamente;

Condições para que a população descarte seletivamente os materiais;

Coleta de materiais recicláveis em separado da coleta de lixo;

Centros de triagem para a separação, classificação e armazenamento dos materiais para

futura comercialização;

Condições de mercado para absorção dos materiais.

Figura 10.1. Esteira de Triagem de Materiais Recicláveis

Fonte: DEMLURB – Juiz de Fora

Pode-se também reciclar o lixo sem a realização da coleta seletiva. Neste caso, os materiais são

separados manual ou mecanicamente em uma usina de beneficiamento, após a coleta tradicional.

Porém, este procedimento reduz o potencial de reaproveitamento dos materiais recicláveis, e é mais

caro.

Figura 10.2. Símbolos de Reciclagem.

Fonte: Secretaria de Meio Ambiente – Estado de São Paulo

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X.1.1. Cenário Atual da Coleta Seletiva no Brasil (ABRELPE, 2010).

Segundo a ABRELPE (2010), dos 5565 municípios do Brasil 3205 (57,6%) apresentam alguma

iniciativa relacionada à coleta seletiva dos resíduos urbanos. O percentual parece significativo.

Todavia, em muitos casos a iniciativa resume-se à formalização de convênios com cooperativas de

catadores ou a disponibilização de Pontos de Entrega Voluntária – PEV. A Figura 10.2 apresenta o

total de municípios, por região geográfica, e os percentuais que promovem alguma iniciativa

relacionada à coleta seletiva.

Segundo o Ministério das Cidades (2008), o custo médio da coleta seletiva é de R$376/t e o da

coleta urbana comum é de R$73/t, o que a torna onerosa para os municípios. Todavia, segundo a

mesma fonte, este custo pode ser reduzido se se implante um modelo operacional adequado à

realidade dos municípios brasileiros.

Londrina é um dos municípios brasileiros que conseguiu reverter a questão dos elevados custos da

coleta seletiva e consegue empreende-lo a R$37/t (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008). A solução,

apoiada na Lei Federal 8666 (Lei de Licitação) em seu art 24, inc.27, que dispensa licitação “na

contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos urbanos recicláveis ou

reutilizáveis, em áreas com sistemas de Coleta Seletiva de Lixo, efetuados por associações ou

cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo

poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis

com as normas técnica ambientais e de saúde públicas”.

Desta forma, o modelo operacional de coleta seletiva de baixo custo deve incorporar os catadores

atuantes nos municípios de forma eficiente e perene NUMA POLÍTICA PÚBLICA PLANEJADA.

O município deve ser estruturado em SETORES DE COLETA SELETIVA (como os setores

censitários do IBGE), Planejamento de coleta, sob responsabilidade dos catadores cooperados,

realizado rua-a-rua, participação massiva da população, Pontos de Entrega Voluntária onde se

concentram os materiais coletados pelos catadores. Somente após o acúmulo dos recicláveis nos

PEV, o caminhão de coleta seletiva transporta os recicláveis para o Galpão de Triagem. Este tipo de

operacionalização permite o aporte financeiro à economia municipal, já que o transporte, um dos

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itens mais caros da coleta seletiva, só acontece após a concentração dos materiais nos PEV

(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2008).

O Gráfico 10.1 mostra como a coleta seletiva reflete na economia quando comparada à coleta

comum.

Gráfico 10.1. Reflexo econômico advindo da coleta seletiva municipal.

A ATUAÇÃO DO PODER PUBLICO NO QUE DIZ RESPEITO AO APOIO ÀS COOPERATIVAS

DE CATADORES E A MANUTENÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA A

RECICLAGEM SÃO FUNDAMENTAIS. IGUALMENTE FUNDAMENTAL É A PARTICIPAÇÃO

DE CADA CIDADÃO NA SEGREGAÇÃO DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS.

Segundo a FEAM (2009), a elaboração de um Plano de Gerenciamento Integrado de Coleta

Seletiva (PGICS) deve ser conduzida segundo uma metodologia bem elaborada, da qual faz parte as

etapas apresentada sucintamente a seguir.

Etapa 1. Formação de Equipe de Trabalho e/ou Grupo Gestor

É o grupo responsável pela elaboração, coordenação e acompanhamento do PGICS. A Prefeitura é a

gestora e deve estar completamente ciente da importância de sua participação na supervisão do

grupo.

Etapa 2. Diagnóstico.

Refere-se ao levantamento das informações referentes à real situação do município e tem por

objetivo conhecer:

a) Características do Município

As características do município (população, atividades econômicas, clima, relevo,

pluviosidade, hidrografia, etc);

atividades de ensino, saúde e públicas desenvolvidas no município;

informações sobre o gerenciamento dos serviços de saneamento básico;

hábitos e costumes da sociedade local;

identificação de catadores do município

b) Características dos Resíduos

Tipologia dos resíduos gerados no município (domiciliar, Comercial, Público) de efetiva

responsabilidade da administração pública e demais (RSS, Portos, Industrial, Agrícola, etc.)

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c) Mercado de recicláveis.

os compradores;

os materiais que podem ser vendidos;

os preços;

as indústrias beneficiadoras da região;

as cidades da região que possuem coleta seletiva.

d) Administração Municipal.

Aspectos relacionados à administração municipal.

Legislação ambiental do município: Lei orgânica, Plano Diretor, Decretos relacionados aos

RSU;

Organograma da Prefeitura;

Estrutura operacional dos serviços de limpeza urbana ;

Estrutura Financeira;

O diagnóstico é fundamental já que auxilia a elaboração do PLANEJAMENTO E

PROPOSIÇÕES:

DIAGNÓSTICO + PLANEJAMENTO + PROPOSIÇÕES = GERENCIAMENTO INTEGRADO.

Etapa 3. Planejamento:

Consiste de:

Análise do Diagnóstico, Definição de Metas e Prazos, Estabelecimento e Análise de

Alternativas, Seleção de Alternativas e SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS.

Etapa 4. Proposições

Sistematização/revisão de legislação;

adequação da estrutura operacional dos Serviços de Limpeza Urbana (SLU);

elaboração/estruturação/reestruturação dos SLU como roteiros de varrição, capina, coleta de

lixo e entulho, adequação da frota, equipamentos, capacitação e treinamento do pessoal

operacional; implantação de usina de triagem e compostagem;

implantação da coleta seletiva de acordo com viabilidade financeira.

OBSERVAÇÃO: A COLETA DEVE SER IMPLANTADA A PARTIR DE PEQUENAS

COMUNIDADE E BAIRROS. É IMPRESCINDÍVEL A PARTICIPAÇÃO DA

COMUNIDADE, CASO CONTRÁRIO A COLETA ESTÁ FADADA AO FRACASSO.

Aspectos Econômicos e Financeiros.

Refere-se a apresentação dos custos. É a regra do jogo no capitalismo. Sem receita e sem

prioridade administrativa e PRINCIPALMENTE DA COMUNIDADE, todo o processo se

inviabiliza.

Aspectos Sociais.

Inclusão dos de projeto social com campanhas educativas,

mobilização social no sentido de promover MUDANÇA DE HÁBITOS.

Apoio e inserção dos catadores locais com geração de trabalho e renda.

Estímulo à gestão participativa dos vários atores do processo. NÃO VALE DEIXAR QUE

OS OUTROS FAÇAM A SUA PARTE. ISSO É DEMAGOGIA BARATA.

As propostas devem ser autosustentáveis, devem prever monitoramento cosntante e ajustes

necessários dos aspectos OPERACIONAIS E SOCIAIS.

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X.2) Componentes Recicláveis

X.2.1) Papel

O papel é composto basicamente de fibras celulósicas. Estas fibras provêm da madeira, mas

outras matérias-primas fibrosas podem ser utilizadas (bagaço de cana-de-açúcar, bambu, palha de

arroz, aparas de papel, etc.).

No Brasil:

- 80 % da pasta celulósica provêm da madeira de áreas reflorestadas (pinus, eucalipto, outros);

- 20 % da pasta celulósica provêm de outras matérias-primas fibrosas.

A maioria dos papéis é reciclável, porém existem exceções:

Papel vegetal ou “glassine”;

Papel impregnado com substâncias impermeáveis à umidade (resinas sintéticas, betume,

etc.);

Papel carbono;

Papel sanitário usado (papel higiênico, papel toalha, etc.);

Papel sujo, engordurado ou contaminado com produtos químicos nocivos à saúde.

A Tabela 10.1 mostra uma representação esquemática do processo de reciclagem do papel.

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Tabela 10.1. Representação esquemática do processo de reciclagem de papel.

PROCESSO DE RECICLAGEM DO PAPEL

APARAS

Desagregação

das Aparas

Limpeza e depuração

da massa obtida

Destintamento e Alvejamento

(Apenas para Alguns Tipos de

Papel)

PASTA CELULÓSICA

DE FIBRAS SECUNDÁRIAS

Refinação de pasta

Adição ou não

de fibras virgens

Adição de

produtos químicos

POLPA

MOLDADA

PAPEL

Benefícios da Reciclagem do Papel:

Redução do lixo gerado;

Economia de recursos naturais como:

Matéria-prima (1 tonelada de aparas pode substituir de 2 a 4 m3 de madeira, o que

equivale a 10 a 20 árvores adultas);

Energia (economiza-se metade da energia, podendo-se chegar a 80% de economia,

quando se compara papéis reciclados com papéis virgens);

Água (na fabricação de 1 tonelada de papel reciclado são necessários 2.000 lts de

água, sendo que no processo tradicional, este volume pode chegar a 1.000.000

litros;

Pode haver uma sensível redução da poluição, pois não é necessário repetir a fase de

produção de celulose.

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X.2.2) Plástico:

Plásticos são artefatos fabricados a partir de resinas (polímeros) sintéticas, derivadas do

petróleo. Eles vêm a cada dia substituindo a madeira e os metais, devido à sua enorme maleabilidade

e leveza.

Sua natureza química caracteriza-se por apresentar uma grande resistência a biodegradação

grande desafio relacionado com a disposição final.

Como identificar os tipos de plásticos?

SISTEMA INTERNACIONAL DE CODIFICAÇÃO DE PLÁSTICOS

Este sistema foi desenvolvido para auxiliar os recicladores a identificar e separar os

plásticos manualmente, enquanto se aguarda o desenvolvimento de um sistema automático para

cumprir essa tarefa.

Materiais X Tipos de Plástico:

Baldes, garrafas de álcool, bombonas: PEAD;

Condutores para fios e cabos elétricos: PVC, PEBD, PP;

Copos de água mineral: PP e PS;

Copos descartáveis (café, água, cerveja, etc.): PS;

Embalagens de massas e biscoitos: PP, PEBD;

Frascos de detergentes e produtos de limpeza: PP, PEAD, PEBD e PVC;

Frascos de xampus e artigos de higiene: PEBD, PEAD, PP;

Gabinetes de aparelhos de som e TV: PS;

Garrafas de água mineral: maioria: PVC. Encontra-se em PEAD, PP e PET;

Garrafas de refrigerantes: PET (base: PEAD). Tampa: PP com retentor em EVA;

Isopor: PS;

Lonas agrícolas: PEBD, PVC;

Potes de margarinas: PP;

Sacos de adubo: PEBD;

Sacos de leite: PEBD;

Sacos de lixo: PEBD, PVC;

Tubos de água e esgoto: Maioria: PVC. Há os de base PEAD e PP.

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Benefícios da Reciclagem de Plásticos

Redução do volume de lixo coletado que é removido para os Aterros Sanitários, propiciando

aumento da vida útil e redução dos custos de transporte;

Economia de energia e petróleo, pois os plásticos são derivados de petróleo, e um quilo de plástico

equivale a um litro de petróleo em energia;

Geração de empregos (catadores, sucateiros, operários, etc.), com redução da pressão social;

Menor preço para o consumidor dos artefatos produzidos com plástico reciclado (em média os

artefatos produzidos com plástico reciclado são 30% mais baratos do que os mesmos produtos

fabricados com matéria-prima virgem);

Melhorias sensíveis no processo de decomposição da matéria orgânica nos Aterros Sanitários, uma

vez que o plástico impermeabiliza as camadas de material em decomposição, prejudicando a

circulação de gases e líquidos;

Dificuldades para Implantação da Reciclagem de Plásticos:

A escassez de empresas interessadas em comprar o material separado;

As grandes distâncias que, às vezes, separam o município do mercado comprador;

A dificuldade em separar corretamente os diversos tipos de plástico;

A difícil tarefa em garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima de boa qualidade aos

compradores.

X.2.3) Vidro:

O vidro é um material obtido pela fusão de compostos inorgânicos a altas temperaturas, e

resfriamento da massa resultante até um estado rígido, não cristalino.

Na reciclagem do vidro, o caco funciona como matéria-prima já balanceada, requerendo menor

temperatura para fundir. A economia de energia, é então a principal vantagem do processo, e os

materiais são INTEGRALMENTE reaproveitados a cada vez.

Embalagens Retornáveis e Recicláveis:

Garrafas em vidro âmbar de 600 ml e 300 ml para cervejas;

Garrafas em vidro branco de 1.000 ml e 300 ml para refrigerantes;

Garrafas em vidro verde de 1.000 ml e 300 ml para refrigerantes.

Embalagens Recicláveis:

Garrafas descartáveis one way, em vidro branco, âmbar e verde para cervejas e refrigerantes;

Garrafas para sucos e águas minerais;

Frascos e potes para produtos alimentícios;

Garrafas em vidro verde e branco para bebidas alcóolicas e vinhos;

Frascos para cosméticos e medicamentos.

Produtos de Vidro Não-Recicláveis:

- Lâmpadas incandescentes;

- Lâmpadas fluorescentes;

-Tubos de televisão;

-Vidros planos e espelhos;

IMPORTANTE

A reutilização indiscriminada de garrafas, potes e outros vasilhames de vidro que não tenham sido

adequadamente lavados e esterilizados constitui risco potencial à saúde da população.

Cabe lembrar que a etapa mais importante da limpeza de embalagens de vidro é a

esterilização, feita normalmente a altas temperaturas (entre 100 e 150 ºC).

- Vidros domésticos (tigelas, panelas em vidro

borosilicato e vidros especiais).

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X.2.4) Metais:

A maior parte dos metais (sucata de metais) presentes no lixo é aquela proveniente de embalagens,

principalmente, as alimentícias. Em menor quantidade, encontram-se no lixo urbano metais

provenientes de utensílios e equipamentos descartados (panelas, esquadrias, peças de geladeira,

fogão, etc.).

A sucata de metais tem grande importância na indústria metalúrgica brasileira. A quantidade de metal

recuperado corresponde a cerca de 50% da produção de chumbo, 25% de cobre, 14% de alumínio e

20% do aço.

Como ocorreu com as embalagens de plástico introduzidas na economia no início dos anos 1980,

atualmente os resíduos elétricos e eletrônicos têm sido alvo de constantes preocupações ambientais

em função das quantidades que vêm sendo descartadas no meio ambiente. A política econômica da

modernidade que envolve a questão denomina-se: OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA, que

consiste em entulhar a cabeça dos consumidores, através de apelo midiático insistente: a filosofia do

"seja feliz, compre coisas". Os mais incautos absorvem visceralmente a tal filosofia e compram

“coisas”, itens que os tornam felizes. Para se manter a filosofia atuante, é necessário produzir-usar-

consumir, produzir-usar-consumir recursos naturais, num moto contínuo. Com o detalhe: a vida útil

dos produtos precisa ser cada vez MENOR. São produzidos com este objetivo. Esta é a base da

obsolescência programada. Mas há consequências para tal política. EVENTUALMENTE SE É

FELIZ TENDO OBJETOS, MAS INEXORAVELMENTE GERA-SE LIXO AO COMPRÁ-

LOS e, daí, todos os gastos e custos de seu gerenciamento adequado. As consequências dessa

desenfreada busca humana pela “felicidade_ter” causam impactos locais, regionais e globais, no

solo,água e ar.

Algumas Vantagens da Reciclagem de Metais:

Cada tonelada de aço reciclado representa uma economia de 1.140 kg de minério de ferro, 154 kg de

carvão e 18 kg de cal, sem perda de qualidade.

Na reciclagem do alumínio a economia de energia é de 95% em relação ao processo primário,

substituindo a extração de 5 toneladas de bauxita por tonelada reciclada.

X.2.5) Entulho:

Entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolos, concreto, argamassa, aço, madeira, etc.

provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou da demolição de estruturas como prédios,

residências e pontes.

O entulho pode ser reciclado:

Na própria obra: parte do entulho de uma construção normalmente é reutilizada na própria obra para

fechamento de valas, contra-piso, etc.;

Produção de agregados para elementos não estruturais como:

Blocos de concreto de vedação;

Sub-base de pavimento;

Guias e sarjetas;

Outros usos: argamassas de revestimento, assentamento, etc.

X.2.6) Outros Materiais:

X.2.6.1) Pneus

Grande reutilização na Construção Civil: barreira em acostamentos de estradas, elemento de

construção em parques e play grounds, quebra-mar, obstáculo para trânsito e até em barragens.

Atualmente, há a possibilidade de utilizar-se a tecnologia de co-processamento em altos-fornos

destes materiais pela indústria de cimento. Outra utilização desse material como matéria prima é o

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ASFALTO BORRACHA. Retira-se o aço, a manta têxtil e pulveriza-se a borracha remanescente

adicionando-a ao asfalto. Esse se torna mais flexível e durável. A empresa CONCER possui, em

Três Rios, uma fábrica de asfalto borracha e afirma que apesar do maior custo de sua produção, sua

utilização é compensada pela durabilidade e segurança que proporciona.

X.2.6.2) Lâmpadas Fluorescentes

O vidro é separado do soquete (de alumínio) e descontaminado, retornando à produção de

lâmpadas ou sendo utilizado na composição de esmalte na vitrificação de cerâmicas. É importante

ressaltar que, a para a reciclagem do mercúrio, é absolutamente fundamental a integr idade da

lâmpada ao reciclador, que o metal pesado em seu interior encontra-se sob a forma de vapor.

OBSERVAÇÃO:

Enquanto intactas, as lâmpadas fluorescentes não oferecem riscos. Porém, ao serem

descartadas no lixo seu vidro é triturado e o mercúrio é liberado, passando a evaporar. Quando

chove, ele volta e contamina o solo e os cursos d’água.

X.3) Vantagens e Desvantagens da Reciclagem:

As principais vantagens da implantação de um programa de reciclagem de lixo são:

A redução dos custos de coleta;

O aumento da vida útil dos aterros, pois se reduz a quantidade de lixo a aterrar, inclusive

dos materiais não degradáveis;

Reutilização de bens que normalmente são descartados;

Redução do consumo de energia;

Diminuição dos custos de produção, em decorrência do aproveitamento de recicláveis

pelas indústrias;

Dinamização da economia local, com criação de empregos e, até mesmo, com o

surgimento de empresas recicladoras;

Economia para o país na importação de matéria-prima e exploração de recursos naturais;

Preservação ambiental e diminuição da poluição.

Desvantagens:

Custos de implantação de coleta seletiva;

O papel tem aplicações limitadas quando reciclado, em função do enfraquecimento das

fibras;

O vidro ocupa demasiado espaço para carroceiros;

O plástico é leve e ocupa espaço (preço baixo).

X.4) Os números no Brasil

Calderoni (1999), que aponta as vantagens da reciclagem para a sociedade, informa que o

país deixa de economizar anualmente cerca de R$4,6 bilhões (cerca de US$2,3 bilhões) por não

investir seriamente em Coleta Seletiva e Reciclagem. As indústrias de papel e plástico são as que

mais economizam água, energia e matérias-prima por utilizarem a reciclagem.

O país emprega menos de 20% de sua capacidade de reaproveitamento de embalagens e

outros produtos de rápido consumo, como jornais e revistas. Com isto, sofrem as prefeituras e

municipalidades que despendem algo entre 10 e 20% de seus orçamentos com serviços de limpeza

urbana e na construção, operação e manutenção de aterros (ou lixões) pelo país afora.

O quadro abaixo mostra que a liderança da reciclagem está com a indústria de alumínio,

com índice de 70%. Segundo a Associação Brasileira de Alumínio, o Brasil está a poucos passos da

liderança mundial do setor, os EUA, que possuem há trinta anos um programa de reciclagem. O

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Brasil está a frente de países como Alemanha, França e Itália. O total de latas recicladas ainda é

pequeno no país, da ordem de 46 mil toneladas em 1998. (De novo a questão da miséria e não

qualidade ambiental, embora as conseqüências sejam positivas).

O segundo lugar em eficiência está em poder das indústrias de vidro e papel, com taxas de

30% . O papel, entretanto não tem concorrentes quando se trata de volume reciclado. Em 1998 1,8

milhões de toneladas de papel e papelão retornaram ao ciclo produtivo através da reciclagem. O

setor de papel na indústria de caixas de papelão é o que mais recicla, com taxas comparadas às norte

americanas.

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O setor que menos recicla é o de plásticos, com uma taxa de apenas 12%. Por outro lado

este é o setor (embalagens plásticas) que mais cresce no país: cerca de 55% de refrigerantes no

Brasil, são embalados em PET. O volume fabricado cresce aos 15% ao ano.

Números da Reciclagem no Brasil

Material Produção

(mil

toneladas)

Reciclagem

(mil

toneladas)

Índice de

Reciclagem

(%)

Economia

(milhões R$)*

Economia

possível

Lata de

alumínio

66 46 70 2.772 3.960

Vidro 800 280 35,1 27.349 77.939

Papel 5708 1840 31,7 338.558 1.068.102

Lata de aço 600 108 18 13.176 73.200

Plástico 2250 270 12 353.700 2.947.500

TOTAL 9514 2544 - 1191,5 5835,9

Fonte: "Os bilhões perdidos no lixo" Sabetai Calderoni 1999.

* Valores de Setembro de 1996.

Vidro:

O Brasil produz em média 800 mil toneladas de embalagens de vidro anualmente, utilizando

25% de matéria prima reciclada em forma de cacos. O percentual permitido para utilização de

reciclados pode atingir 30% em peso, em relação à matéria prima virgem. Na composição

gravimétrica dos RSU no Brasil o vidro participa com algo em torno de 2%.

Papel ondulado:

As caixas fabricadas com este tipo de papel apresentam o maior índice de reciclagem.

Reaproveitam-se 60% de seu volume descartado. Porém, não podem estar contaminadas com mais de

1% em quantidade de cera, plásticos, terras, pedaços de madeira, cordas etc.

O tempo de biodegradação é de 1 a 4 meses.

O índice de reciclagem nas diversas regiões Brasileiras é função da proximidade de

especializadas no serviço. Exemplo:

Região Sul: 63% de reciclagem

Sudeste: 42%

Norte/Nordeste: 10%

Plástico:

Apenas 15% do total são reciclados no Brasil, isto representa 200 mil toneladas por ano.

Devido a sua baixíssima degradabilidade (200 a 450 anos), tem-se estudado a substituição do

plástico por material bio ou fotodegradável. Em função da alta do petróleo no mercado internacional,

a tendência é um aumento do índice de reciclagem de plásticos no Brasil.

Latas de alumínio:

Em 1993 mais de 1,3 bilhões de latas (ou U$ 7 milhões) foram recicladas no Brasil, cerca

de 50% da produção nacional.

O tempo de degradação é da ordem de 100 a 500 anos.

A reciclagem deste material promove uma economia de energia da ordem de 94%, desde a

Extração da bauxita até o produto final.

As seis maiores empresas recicladoras no Brasil, segundo reportagem da Gazeta Mercantil

de julho de 1997 (citado em Lima) são:

1. LATASA:

Lançou em 1991 o primeiro programa permanente de reciclagem no Brasil;

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Atualmente recupera mais de 1 bilhão de latas por ano, graças a uma extensa rede de

coleta que cobre 7 mil colégios, igrejas, associações e batalhões do exército,

supermercados (este fornecem mais de 100 mil toneladas por mês)

2. REPET - Reciclagens de termoplásticos

800 toneladas/mês de garrafas transportadas em flocos, convertidas em mantas de

edredons, carpets, ou couro artificial para tênis.

A empresa compra aparas da indústria de plástico. O volume comprado de sucateiros

corresponde à 70% do total.

3. VALENTE MOAGEM

Mói 1 mil tonelada /mês de polipropileno, poliamidas e nylon;

Presta serviços para petroquímicas que recuperam plásticos na moagem de aparas que

seriam destinadas ao aterro.

4. VIDROMANIA

Mais de 50% do vidro coletado é proveniente de envasadores de bebidas, 25% de

sucateiros e garrafeiros e 20% de entidades assistenciais e prefeituras.

5. SANTA MARIA

Postos de coleta de cacos de prato e copos. Recupera assim 60 mil toneladas de

vidros por mês. Trinta e cinco de 100.000 garrafas de cor âmbar são provenientes da

reciclagem

6. INDÚSTRIA DE PAPEL E PAPELÃO SÃO ROBERTO.

Produz 6 mil toneladas mensais de papelão reciclados.

X.5) Programa Brasileiro de Reciclagem

O Programa Brasileiro de reciclagem (PBR) foi criado através da portaria 92 de 6/8/98

pelo MICT. O objetivo é estabelecer diretrizes que permitam valorizar a utilização de matérias

prima, resíduos urbanos e industriais, minerais e agropecuários e o desenvolvimento do parque

industrial nacional de reciclagem.

O PBR estuda a criação de um imposto depósito - retorno para o setor de embalagens. O

imposto seria cobrado de empresas que não promovam a reciclagem de suas embalagens. A receita

seria utilizada para premiara empresas que agem de forma ambientalmente segura.

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XII - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto a problemática dos Resíduos Sólidos, apesar de bastante complexa, não tem sido

tratada com seriedade e de uma forma integrada, principalmente, no que concerne à questão

ambiental e à saúde pública. Desta forma torna-se imperativo que os países estabeleçam planos e

uma Política de Gestão de Resíduos Sólidos a fim de orientar as soluções para este problema.

Considerações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos em Países em Desenvolvimento

O modelo de desenvolvimento econômico impulsiona a concentração urbana aumentando a taxa

de produção “percapita” e alterando as características dos resíduos.

O crescimento urbano acompanhado de uma absoluta falta de planejamento quanto à expansão

urbana, o que acarretou em um processo contínuo de deterioração da qualidade ambiental das

cidades com sérias implicações na qualidade de vida de seus habitantes:

Ineficiência e baixa percentagem da população atendida por serviços de saneamento

básico;

O surgimento de favelas;

A restrição de áreas próximas aos centros urbanos para a disposição dos resíduos;

A existência de grandes contingentes populacionais marginalizados e excluídos do

processo produtivo e da sociedade de consumo.

Baixa dotação orçamentária das municipalidades que destinam, em média, cerca de 10 a 20% do

orçamento municipal para os SLU, sendo que 70 a 90% com a coleta e o transporte dos Resíduos

Sólidos.

Existência de inúmeros locais, espalhados pela cidade, nos quais os RS são simplesmente

lançados sobre o solo lixões.

Os “lixões” propiciam degradação da qualidade ambiental da região por promoverem alterações

nas características físicas, químicas e biológicas do solo e recursos hídricos, contaminação do ar

além de atraírem um número cada vez maior de pessoas que “garimpam” materiais e alimentos

como meio de sustento e sobrevivência.

Altos índices de mortalidade infantil e de enfermidades ocasionadas por doenças de veiculação

hídrica e transmitidas por vetores biológicos, os quais encontram condições ideais de

proliferação, abrigo e alimento.

Inexistência em âmbito nacional, estadual e municipal de uma legislação específica para o

saneamento e gerenciamento de Resíduos Sólidos, bem como a falta de fiscalização do seu

cumprimento.

Falta de vontade e apoio político para a implementação de ações, desenvolvimento de

tecnologias, de pesquisas, de programas de incentivo à indústria e ao comércio, que visem a

minimização, reciclagem e/ou reaproveitamento dos RS urbanos.

Os RS urbanos produzidos em países em desenvolvimento são constituídos, em média, por 20%

de materiais inertes e de 50% de resíduos orgânicos, indicando a viabilidade do reaproveitamento

econômico e ambiental. Somente 30% do total do lixo produzido são resíduos efetivamente

descartáveis.

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Situação Brasileira

Produção de lixo domiciliar urbano: 90.000 t/dia;

Lixo coletado: 44.000 t/dia (lixo não coletado 46.000 t/dia);

Do total coletado (44.000 t/dia):

29.480 t/dia dispostos a céu aberto;

10.560 t/dia enterrados;

3.080 t/dia reciclagem e compostagem;

880 t/dia incinerados.

Tendências Modernas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos

A nova ordem ambiental e as novas estratégias de gestão para os Resíduos Sólidos urbanos,

propostas por organizações internacionais como a ISWA (International Solid Waste Association) ou

a CE (Comissão Européia) e pelo Programa Ambiental das Nações Unidas, direcionam o

gerenciamento de RS para os seguintes aspectos principais, em ordem decrescente de prioridade:

Minimização da Produção:

Alteração do processo produtivo métodos alternativos de processamento e matérias-

primas;

Mudança de atitudes, hábitos e comportamentos ligados ao consumo - produção de

resíduos Educação Ambiental;

Emprego de tecnologias limpas geração de produtos/resíduos biodegradáveis,

recicláveis e/ou reutilizáveis;

Medidas políticas Legislação específica para o setor.

Reciclagem e Compostagem

Reaproveitamento dos resíduos gerados para fins análogos ou como matéria-prima/insumo

para o processo produtivo minimização da quantidade de resíduos a serem tratados e

dispostos; redução de atividades extrativas; economia de energia.

Disposição em Aterros

Etapa indispensável para qualquer sistema de Gestão de Resíduos. Contudo, em sistemas

modernos de gerenciamento de RS, os Aterros Sanitários não são mais concebidos para

receber todos os resíduos produzidos, mas apenas os rejeitos dos processos anteriores de

tratamento (reciclagem/compostagem).

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Bibliografia Consultada

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2) ABRELPE- Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Panorama de Resíduos, 2010.

3) ABRELPE- Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

Panorama de Resíduos, 2009.

4) Barros, R. T. V., et allii - "Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios".

Vol.2, Saneamento. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental - DESA/UFMG e

Fundação Estadual de Meio Ambiente - FEAM, 2007.

5) Calderoni, S., Os Bilhões Perdidos no Lixo. Humanitas, 1999.

6) FEAM. Plano de Gerenciamento Integrado de Coleta Seletiva, 2009.

7) Companhia Municipal de Limpeza Urbana do RJ – www.comlurb.rio.rj.gov.br (2011).

8) Compromisso Empresarial para a Reciclagem - CEMPRE: "Lixo Municipal: Manual de

Gerenciamento Integrado" - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1a Edição, 1995.

9) Compromisso Empresarial para a Reciclagem - CEMPRE: "Lixo Municipal: Manual de

Gerenciamento Integrado" - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 3a Edição, 2010.

10) Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB: "Treinamento à Distância -

Resíduos Sólidos Urbanos e Limpeza Pública", São Paulo, 1990.

11) Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB: "Legislação Federal. Controle

da Poluição Ambiental"

12) Curso de Atualização em Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: Uma visão Multidisciplinar.

ENSP/1997

13) Davis, M.L., Cornwell, D.A. - "Introduction to Environmental Engineering". McGraw - Hill.

Second Edition, 1991.

14) EIGENHEER, E. (Org.) – Lixo Hospitalar: Ficção Legal ou Realidade Sanitária, Ed. UFF, 2006.

15) Environmental Protection Agency - Measuring Recycling - A Guide for State and Local

Governments. 1997.

16) Environmental Protection Agency - Municipal Solid Waste Factbook. 1997.

17) Ferreira, J.A. - “Resíduos Sólidos Urbanos, Industriais, Hospitalares e Radioativos -

Perspectivas Atuais - Notas de Aula. Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP 1997”.

18) Ferreira, N.M.A. - Compromisso Empresarial para a Reciclagem - CEMPRE: "A Reciclagem do

Lixo e suas Leis", Abril 1994.

19) Fundação Israel Pinheiro/FEAM – Seminário Operação de Aterros Sanitários – AS Dias

Tavares, Maio, 2011.

20) Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.

SEDU, IBAM, 2011. (Disponível na Internet)

21) LEME, P,A,L., Direito Ambiental. Malheiros Editores, 2000.

22) Lima, L.M.Q. - "Lixo: Tratamento e Biorremediação". Hemus Editora Ltda, 1995.

23) Lima, G.S. - "Seleção de Áreas para Implantação de Aterros Sanitários: Uma proposta Baseada

na Análise de Valor e Lógica Fuzzy" - Tese M.Sc., Março 1999.

24) Pereira Neto, J.T. et al.: "Considerações Atuais sobre Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Urbanos e Limpeza urbana em Países em Desenvolvimento". In I Congresso de Engenharia Civil -

Universidade Federal de Juiz de Fora, Agosto 1994.

25) "Plano Diretor de Limpeza Urbana". IPPLAN / JF - Abril 1996

26) PROSAB, RSU. Aterros Sustentáveis para Municípios de Pequeno Porte, 2003. Coordenador:

Armando Borges de Castilhos Jr.

27) RUSSO, MAT. Tratamento de Resíduos Sólidos. Universidade de Coimbra. 2003

28) SILVA, D.S., MARTINS,. D.L., OLIVEIRA, F.C., Resíduos Eletrônicos no Brasil, 2007.

29) SILVEIRA, A.M.M, Estudo do Peso Específico dos Resíduos Sólidos Urbanos. Tese M. Sc.

COPPE, 2004.

30) SOBRINHO, N.L.C., Análise do Balanço Hídrico do Aterro Sanitário de Presidente Prudente.

Tese MsC, UFV, 2000.

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31) Tchobanoglous, G., et alli - "Integrated Solid Waste Management - Engineering Principles and

Management Issues". McGraw - Hill International Editions - Civil Engineering Editions. 1993.

32) Zanon, U. - "Riscos Infecciosos Imputados ao Lixo Hospitalar. Realidade Epidemiológica ou

Ficção Sanitária". Publicado originalmente na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical 23 (3): Jul./Set. 1990

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A N E X O 1

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS PERIGOSOS. UMA VISÃO GERAL.

A.1) Introdução

A questão dos resíduos sólidos perigosos não é de trato trivial. Isto significa que a gestão

destes rejeitos é extremamente complexa e deve ser realizada por especialistas experientes no

assunto. Por quê? Simples, cada rejeito de atividade industrial considerado perigoso, pode

comportar-se de maneira diferenciada, já que possuem propriedades físicas, químicas e biológicas

específicas, exigindo uma gestão particular. É exatamente como efluentes líquidos industriais: CADA

CASO É DIFERENTE DO OUTRO. Ao contrário dos efluentes domésticos, de características

bastante conhecidas (99,9% é água) e de relativamente fácil gerenciamento (incluindo coleta,

tratamento e disposição final). Porém, até mesmo o produto final do tratamento destes efluentes, os

lodos das estações de tratamento, considerados como resíduos sólidos contêm toda a poluição

removida e decantada no recipiente de tratamento, daí a necessidade de cuidados especiais.

O que se pretende neste capítulo é oferecer uma visão sintética sobre a forma de

gerenciamento dos assim chamados resíduos perigosos, tendo como base as considerações do

Resource Conservation and Recovery Act, conhecida como RCRA (Política de Conservação e

Recuperação dos Recursos) promulgado pelo Governo norte-americano em 1976, revisto e

emendado posteriormente, e que governa o gerenciamento dos resíduos sólidos perigosos e o

armazenamento em tanques subterrâneos (combustíveis, por exemplo), naquele país.

A Agência Ambiental Americana (EPA) lançou em 2000, uma versão para o público

denominada "RCRA Orientation Manual", disponível na Internet com extensão.pdf (downloadable),

com objetivo de educar informar à sociedade americana acerca das questões relativas aos resíduos

perigosos.

O texto apresenta também informações sobre o gerenciamento de resíduos perigosos

extraídas do livro Introduction to Environmental Engineering (Mackenzie Davis e David Cornwell -

McGraw-Hill), e alguns pontos existentes na legislação brasileira e internacional, e algumas

informações disponíveis no país.

A.2) Definição e Classificação de Resíduos Perigosos.

A ABNT NBR 10004, classifica os resíduos em Classe I, - Perigosos, Classe II - Não

Inertes, e Classe III - Inertes.

A definição abaixo é dada pela Environmental Protection Agency (EPA) em seu Code of

Federal Regulations.

Existem duas maneiras de um resíduo tornar-se perigoso:

1. Por constar da lista elaborada pela própria EPA, da qual constam materiais do tipo

lodos de estações, resíduos de banhos de eletro-deposição, solventes de diversos tipos,

ácido arsênico, cianetos, pesticidas, benzeno, tolueno, fenois, etc;

2. Pela evidência de que o resíduo exibe características de inflamabilidade, corrosividade

ou reatividade.

A EPA propõe CINCO categorias de resíduos considerados perigosos:

a) Tipos específicos de resíduos gerados por fontes genéricas (não específicas). Aí estão

incluídos solventes halogenados e não halogenados, soluções de cianeto (na listagem da

EPA são 21 itens nesta categoria);

b) Tipos específicos de resíduos gerados de fontes específicas: aí se incluem resíduos de

fornos de produção de cromo (cromagem), resíduos de processos realizados com células

de mercúrio (são aproximadamente 90 itens na lista da EPA);

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c) Compostos específicos identificados como resíduos altamente perigosos : exemplos:

Cianeto de potássio e prata, óxidos de arsênio (a lista contem por volta de 200

compostos);

d) Substâncias Específicas identificadas apenas como resíduos perigosos . Exemplos:

DDT, Tetracloreto de carbono. São aproximadamente 745 compostos aí classificados;

e) Outros resíduos que apresentam propriedades de toxicidade, corrosividade, reatividade

ou inflamabilidade.

A) Inflamabilidade

O resíduo sólido apresenta esta característica caso uma amostra representativa possua uma

das seguintes propriedades:

Se é líquido com ponto de ignição inferior a 60oC. Nesse caso, não se considera solução

aquosa com menos de 24% de álcool;

Resíduo não líquido que, sob certas condições de pressão e temperatura, é capaz de

inflamar-se em função do atrito, absorver umidade, e mudar espontaneamente sua

constituição química. Ao se inflamar, o faz tão violentamente que é capaz de criar

condições de perigo;

É um gás comprimido inflamável;

É oxidante.

B) Corrosividade

Um resíduo sólido é considerado corrosivo, se uma amostra representativa possua uma das

propriedades abaixo:

É uma solução aquosa com pH menor que 2 e maior que 12,5;

É líquido e corrói aço a uma taxa maior que 6,35 mm por ano em uma temperatura de

teste de 55oC.

C) Reatividade

O resíduo sólido é considerado reativo se uma amostra representativa apresenta uma das

propriedades:

É instável e sofre mudanças violentas sem detonação;

Reage violentamente com a água;

Forma misturas potencialmente explosivas com a água;

Reage com água gerando gases tóxicos, vapores e emanações em quantidades suficientes

que oferecem perigos à saúde humana e ao ambiente;

É capaz de explodir ou detonar se submetido ao aquecimento quando confinado;

Pode explodir, detonar ou reagir sob condições padrão de pressão e temperatura.

D) Toxicidade

O resíduo sólido é considerado tóxico, se uma amostra representativa, após submetida ao

procedimento de verificação de toxicidade, contiver concentrações de produtos em concentrações

acima daquelas apresentadas na tabela-exemplo a seguir:

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Constituinte Concentração Max.

(mg/l)

Arsênio 5

Bário 100

Benzeno 0,5

Cádmio 1,0

Chumbo 5,0

Clorobenzeno 100

Cromo 5,0

Mercúrio 0,2

Prata 5

Fonte: Introduction to Environmental Engineering.

Observação: A tabela completa contem 40 itens

A.3) Requisitos para Tratamento, Armazenamento e Disposição

O tratamento, armazenamento ou disposição deve cumprir uma ou mais das seguintes

funções:

A) Tratamento

Qualquer método, técnica ou processo (incluindo a neutralização), que:

Modifique as características físicas, químicas ou biológicas;

Modifique sua composição, de maneira a neutralizá-lo ou transformá-lo em resíduo não

perigoso ou menos perigoso;

Promova usa recuperação;

Torne seu transporte, armazenamento ou disposição final mais seguros;

Reduza seu volume, tornando-o mais ameno para recuperação e armazenamento.

OBSERVAÇÃO:

No caso de transporte de cargas perigosas, existem algumas normas brasileiras e

internacionais que regem o assunto:

NBR 7500 Transporte de cargas perigosas - Simbologia

NBR 7501 Transporte de cargas perigosas - Terminologia

NBR 7502 Transporte de cargas perigosas - Classificação

NBR 7503 Fichas de Emergência para transporte de cargas perigosas - Dimensões e

Utilizações.

Convenção de Basiléia - Transporte transfronteiriços.

Como exemplo de tratamento pode-se citar:

I) Tratamento Físico

Adsorsão em carvão ativado: é um processo de transferência de massa no qual

vapores ou substâncias químicas são reunidos/adsorvidos por um sólido. É um

fenômeno que ocorre na superfície.

Centrifugação;

Eletrodiálise: utiliza uma membrana especial para a retenção seletiva de moléculas

específicas. A construção do dispositivo é feita alternando-se membranas aniônicas e

catiônicas em série.

Evaporação;

Sedimentação: a redução do fluxo de velocidade permite a decantação de partículas

em suspensão.

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173

II) Tratamentos Químicos

Catálise;

Eletrólise;

Neutralização: as soluções são neutralizadas trazendo seu pH para a faixa entre 6

e 8.

Precipitação: ao se elevar o pH da solução a solubilidade do metal se reduz,

precipitando-se na forma de hidróxidos

Fotólise.

III) Tratamentos Biológicos

Lodo ativado;

Lagoas de aeração;

Compostagem de resíduos orgânicos.

B) Armazenamento

Armazenamento do resíduo por um período de tempo determinado em área autorizada pelo

órgão ambiental, ao final do qual, ele é reciclado/recuperado, tratado, ou feita sua disposição final

adequada ou armazenado em outro local.

As normas Brasileiras que tratam do assunto são:

Portaria Ministério do Interior no 124 (20/08/80)

NB1183 – NBR12235 - Armazenamento de RSP – Procedimento.

NB 1264 - Armazenamento de RS Classe I e II.

NB - 98 - Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis.

C) Disposição Final

A disposição, o depósito, injeção, o aterramento de quaisquer resíduos sólidos perigosos

em qualquer sítio (solo ou água), deve garantir que nenhum de seus componentes entrará em contato

com o meio ambiente, inclusive águas subterrâneas.

A.4) Gestão de Resíduos Perigosos

Os objetivos do gerenciamento de resíduos perigosos são:

1. Reduzir a quantidade gerada em primeiro lugar. Na verdade este é o ponto crucial. Aí

são necessários:

Comprometimento de alta administração e gerências da empresa;

Recursos financeiros e técnicos;

Organização apropriada, metas a serem alcançadas e estratégia.

AUDITORIA DOS RESÍDUOS é uma questão estratégica para estabelecimento de

um programa de redução das quantidades de resíduos geradas. Aí se incluem:

a - Identificação dos fluxos de resíduos

b - Identificação das fontes de resíduos;

c - Estabelecimento de prioridades para a redução de determinados tipos de resíduos;

d - Verificação de alternativas de uso;

e - Implementação de alternativas;

f - Avaliação do progresso alcançado.

Os quatro primeiros passos anteriores permitem estabelecer uma hierarquia de

gerenciamento de resíduos perigosos, que, prioritariamente deve seguir a ordem abaixo:

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174

I) Redução de resíduos sempre é possível reduzir encontre o desperdício. Este é o

aspecto mais importante e o que promove diminuição de custos do programa de gestão

de resíduos;

II) Trocas de matéria-prima;

III) Reciclagem;

IV) Tratamento.

A pergunta chave é: Porque este resíduo está presente? As causas principais da

geração de resíduos devem ser estabelecidas antes da proposição de solução. A

compreensão da verdadeira causa é crítica para o sucesso de toda a investigação,.

Uma vez compreendidas as causas, as opções de solução podem ser formuladas.

Uma sugestão utilíssima é a quantificação do balanço de massa: o conhecimento de quanto

de matéria prima entra no processo e quanto de resíduos saem, permite que se decida sobre qual

processo deve ser priorizado para implementação de melhorias.

2. Estimular trocas de resíduos (resíduos de uma indústria pode ser matéria prima de

outra: BOLSA DE RESÍDUOS).

Segundo Ribeiro, M.C. (Bolsa de Resíduos em MG e outros Estados Brasileiros -

1997), a bolsa de resíduos de MG foi criada em 1990 em contagem, envolvendo

representantes das indústrias, FEAM, universidades, centros de tecnologias. Sua

concepção abrange além de trocas de informações e negociações de resíduos, uma

gestão ambiental de resíduos e da qualidade, compatibilizada com as diretrizes de

agenda 21, normas ISO9000, ISO14000. Entrou em operação a partir de 1994.

Os objetivos da Bolsa de Resíduos de MG englobam:

Promover a comercialização de resíduos do processo produtivo, através da

divulgação dos rejeitos disponíveis desejáveis;

Orientar as empresas sobre métodos adequados de manuseio, transporte,

armazenamento, eliminação, reciclagem ou disposição de resíduos;

Fomentar pesquisas técnicas e científicas para a redução da produção e expansão

da reciclagem de refugos industriais;

Integrar usuários ao sistema SEBRAENET, para obtenção de informações sobre

resíduos;

Fornecer informações sobre laboratórios que executem a classificação.

O banco de dados existente possibilita a obtenção das seguintes informações:

Cadastro de empresas do setor produtivo;

Cadastro por problemas e tipologia industrial;

Cadastro de órgãos e entidades de pesquisas;

Cadastro de normas técnicas nacionais e internacionais;

Cadastro de consultores (empresas, autônomos, pessoas físicas e jurídicas)

3. Reciclar metais e recursos úteis contidos em resíduos perigosos;

4. Neutralizar ou reduzir a toxicidade de efluentes líquidos, através de tratamento químico

ou biológico;

5. Reduzir o volume de lodos gerados pelo tratamento de efluentes através da secagem;

6. Destruir resíduos combustíveis por incineração (com a proteção contra emissões

atmosféricas).

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175

São considerados adequados para incineração: resíduos orgânicos (C, H e/ou

Oxigênio), solventes, emulsões, resíduos hospitalares, resíduos farmacêuticos.

Resíduos inadequados: os que não contêm quantidades significativas de orgânicos,

resíduos altamente explosivos ou radioativos.

7. Solidificar e estabilizar lodos e cinzas (resíduos dos objetivos citados nos itens 5 e 6)

com objetivo de reduzir a possibilidade de remoção de metais;

Solidificação consiste na adição de materiais ao resíduo afim de torná-lo uma massa

monolítica. A estabilização consiste em tornar o resíduo QUIMICAMENTE mais

estável.

Os objetivos dos processos anteriores são:

Reduzir a mobilidade ou solubilidade do contaminante;

Melhorar a integridade estrutural;

Melhorar as características físicas e de manuseio do resíduo, produzindo um

sólido sem líquido livre;

Diminuir a área de superfície exposta onde pode ocorrer a transfer6encia ou

perda de contaminante;

Observação: o objetivo primeiro é converter os resíduos tóxicos em uma massa inerte

fisicamente estável com resistência mecânica suficiente para ser disposto em aterros.

8. Dispor o remanescente em aterro apropriado.

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ANEXO 2

RESÍDUOS SÓLIDOS

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

FCI

COPAM

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177 FFFOOORRRMMMUUULLLÁÁÁRRRIIIOOO DDDEEE CCCAAARRRAAACCCTTTEEERRRIIIZZZAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDOOO EEEMMMPPPRRREEEEEENNNDDDIIIMMMEEENNNTTTOOO --- FFFCCCEEE

1. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

Razão social ou nome: _________________________________________________________________________________

Nome Fantasia: _______________________________________________________________________________________

CNPJ/CPF: ______________________________________ Inscrição estadual: ____________________________________

Endereço (Rua, Av. Rod. etc): ___________________________________________________________________No/km: ______

Complemento: ________________________________________ Bairro/localidade: _________________________________

Município: ______________________________ UF: _____ CEP: ____________________ Telefone: ( ) ______ - ________

Fax: ( )______ - __________ Caixa Postal: ____________ E-mail:____________________________________________

2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Razão social ou nome: _________________________________________________________________________________

CNPJ/CPF: _________________________________ Inscrição Estadual: _________________________________________

Nome fantasia/apelido: _________________________________________________________________________________

Endereço (Rua, Av. Rodovia, etc.): _______________________________________________________________ No/km: _______

Complemento: __________________________________Bairro/localidade: ________________________________________ Município: ___________________________ UF: _____ CEP: __________________ Telefone: ( ) ______ - ________ Fax: ( )______ - _______ Caixa Postal: __________ E-mail: ________________________________________________ Micro Empresa: [ ] SIM [ ] NÃO

3. ENDEREÇO PARA ENVIO DE CORRESPONDÊNCIA: [ ] REPETIR CAMPO 1 [ ] REPETIR CAMPO 2

Destinatário: ________________________________________________________________ / ________________________ (nome da pessoa que vai receber a correspondência) (vínculo com a empresa)

Endereço (Rua, Av., etc): ________________________________________________________________ No/km: ______/_____

Complemento: ___________________________________ Bairro/localidade: ______________________________________ Município: _______________________________ UF: _____ CEP: ___________________ Telefone: ( ) ______ - ________ Fax: ( ) ______ - _________Caixa Postal: ________E-mail: ___________________________________________________

4. LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

4.1 – O empreendimento abrange outros municípios? [ ] NÃO [ ] SIM (Se sim, informar):_______________________

4.2 – O empreendimento abrange outros estados? [ ] NÃO [ ] SIM (Se sim, informar):_______________________

4.3 – O empreendimento está localizado dentro de Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável ou de proteção integral,

criada ou implantada, ou em outra área de interesse ambiental legalmente protegida? [ ] NÃO [ ] SIM, nome: __________________________________________________ 4.4 – O empreendimento está localizado em sua zona de amortecimento (ou entorno, no raio de 10 km ao redor da UC), de

alguma UC, exceto APA ou RPPN? [ ] NÃO [ ] SIM, nome: ___________________________________________

5. USO DE RECURSO HÍDRICO

5.1 – O empreendimento faz uso ou intervenção em recurso hídrico? [ ]NÃO (passe ao item 6) [ ]SIM

5.2 – Utilização do Recurso Hídrico é/será exclusiva de Concessionária Local? [ ]NÃO [ ]SIM (passe ao item 6)

5.3 – Existe Processo de Outorga já solicitado junto ao IGAM (Em análise)

Nº Protocolo do IGAM: Nº Protocolo/ Ano _________ / ______; _________ / ______; _________ / ______

5.4 – Uso não outorgado (ainda não possui Outorga)

Código do uso: ____ quantidade: ____; código do uso: _____ quantidade: ____; código do uso: ____ quantidade: ____. Código do uso: ____ quantidade: ____; código do uso: _____ quantidade: ____; código do uso: ____ quantidade: ____.

5.5 – Uso de Volume Insignificante? [ ]SIM [ ]NÃO (Uso de volume insignificante é definido pela UPGRH em que o

empreendimento está localizado. Informe-se no site do SIAM através DN CERH 09/2004):

Código do uso: ____ quantidade: ____; código do uso: _____ quantidade: ____; código do uso: ____ quantidade: ____.

5.6 – Utilização do Recurso Hídrico é ou será Coletiva? [ ]NÃO [ ]SIM (Informar : DAC/IGAM _____/_____)

(A Declaração de Área de Conflito DAC/IGAM, deverá ser solicitada no IGAM ou através das SUPRAM’s)

Código do uso: ____ quantidade: ____; código do uso: _____ quantidade: ____; código do uso:

____ quantidade: ____.

5.7 – Possui Outorga/Certidão de Uso Insignificante? (Portaria de Outorga publicada)

No da Portaria/ano: ________ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____. No da Certidão/ano: ________/______; No da Certidão/ano: ________/______; No da Certidão/ano: ________/______;

5.8 – Trata-se de Revalidação/Renovação de Outorga?

No da Portaria/ano: ________ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____.

5.9 – Trata-se de Retificação de portaria de Outorga?

No da Portaria/ano: _______ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____; No da Portaria/ano: ________ / _____.

6. AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO FLORESTAL (APEF) E/OU INTERVENÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE (APP) E/OU DECLARAÇÃO DE COLHEITA E COMERCIALIZAÇÀO (DCC)

6.1 – Caso já tenha processo de exploração florestal ou de intervenção em APP ou pedido de Declaração de Colheita e

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178 Comercialização - DCC (protocolados e/ou em análise no IEF) referente a esse empreendimento informar o (s) número (s): ____________/______; ____________/______; ____________/______; ____________/______; ____________/______. 6.2 – Caso já tenha Autorização para Exploração Florestal – APEF ou Declaração de Colheita e Comercialização – DCC liberada

para esse empreendimento informar o (s) número (s): ____________/______; ____________/______; ____________/______; ____________/______; ____________/______.

6.3 – O Empreendimento está localizado em área rural? [ ] SIM (preencha abaixo) [ ] NÃO (passe para o item 6.4)

6.3.1 – A propriedade possui regularização de reserva legal (Termo de Compromisso/IEF ou Averbação)? [ ] SIM [ ] NÃO

6.4 – Haverá necessidade de nova supressão/intervenção neste empreendimento, além dos itens relacionados nas perguntas

6.1 e 6.2 ? [ ] SIM, responda as perguntas 6.5 e 6.6 [ ] NÃO (passe para o item 7)

6.5 – Ocorrerá supressão de vegetação? [ ] NÃO [ ] SIM, informar:

6.5.1 [ ] nativa [ ] plantada (responda a pergunta abaixo) [ ] nativa e plantada (passe para o item 6.6)

6.5.2 É vinculada, legal ou contratualmente, a empresas consumidoras de produtos florestais? [ ] NÃO [ ] SIM

6.6 – Ocorrerá supressão/intervenção em Área de Preservação Permanente (APP)? [ ] NÃO [ ] SIM

7. SEGURANÇA AEROPORTUÁRIA:

7.1 – O empreendimento localiza-se a uma distância inferior a um raio de 20 km de aerómodromo? [ ] NÃO [ ] SIM

Em caso de resposta positiva apresentar parecer do III COMAR - Comandos Aéreos

Regionais, quanto à localização na proximidade da ASA - Área de Segurança Aeroportuária.

8. DADOS DA(S) ATIVIDADE(S) DO EMPREENDIMENTO:

Obs: Em caso de dúvida sobre o código a ser informado no campo abaixo, não preencher e entrar em contato com o Órgão Ambiental competente, para esclarecimentos.

Os códigos das atividades estão listados no anexo 1 da Deliberação Normativa - 74/04, disponível para consulta no site: www.siam.mg.gov.br

8.1

População total urbana atual: ______________ habitantes

População atendida: Início de Plano ____________ habitantes Final de Plano _______________ habitantes

CÓDIGO DN 74/04

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE DO EMPREENDIMENTO PARÂMETRO QTDE. UNIDADE DE MEDIDA

E-03-07-

7

Tratamento e/ou disposição final de resíduos sólidos urbanos

Quantidade operada em final de plano

toneladas/dia

E-03-08-

5

Tratamento, inclusive térmico, e disposição final de resíduos de serviços de saúde (grupo A – infectante ou biológicos)

Quantidade operada em final de plano

toneladas/dia

Informar o tipo de tratamento e/ou disposição final previsto:

Usina de Compostagem Aterro Sanitário Incineração Autoclave

8.2 – Fase do objeto do requerimento:

[ ] Projeto [ ] Instalação, iniciada em ____/___/____ [ ] Operação, desde ____/___/____

8.2.1 – Pretende apresentar requerimento de LP e LI concomitantemente? [ ] SIM [ ] NÃO (somente para classes 3 e 4, em fase de projeto)

8.3 – Cadastro no ICMS-Ecológico? [ ] Não [ ] Sim (somente para atendimento mínimo de 70% da população urbana)

8.4 - A atividade é objeto de financiamento pela FUNASA? Sim ( ) Não ( )

8.5 – O empreendimento já tem licença ambiental/autorização de funcionamento emitido pelo órgão estadual?

[ ] NÃO

[ ] SIM, Informe no do Processo COPAM:______/_____ /___/_____ Tipo de Licença LP [ ] - LI [ ] - LO [ ] - LOC [ ]

8.6 – Ampliação ou modificação de empreendimento já regularizado ambientalmente?

[ ] NÃO (passe para o item 9) [ ] SIM, preencha abaixo:

Certificado de LO n° _____________/_____ Autorização Ambiental de Funcionamento no ______________/______

Fase atual da ampliação: [ ] Projeto [ ] Instalação, iniciada em ___/___/____ [ ] Operação, desde ___/___/____

8.6.1 – Dados referentes à ampliação

Código da atividade referente à ampliação

ou modificação

(DN 74/04)

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE DO EMPREENDIMENTO

PARÂMETRO QTDE. UNIDADE DE

MEDIDA*

8.6.2 – Dados da atividade principal do empreendimento já regularizada ambientalmente relacionada à ampliação

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179

Código referente à

atividade principal (DN 74/04)

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE DO EMPREENDIMENTO

PARÂMETRO QTDE. UNIDADE DE

MEDIDA*

*Informar SOMENTE a unidade de medida específica para cada uma da(s) atividade(s), conforme Anexo I da DN COPAM 74/04

8.7 – Está cumprindo as obrigações inerentes à licença vigente, inclusive suas condicionantes? [ ] NÃO [ ] SIM

8.9 – Quer fazer uso da prerrogativa do § 2o, art. 8o da DN 74/2004 (redução de 30% no custo de análise)? [ ] NÃO [ ] SIM

9. Selecione uma opção de Pagamento, tendo como referência a tabela anexa na RESOLUÇÃO SEMAD Nº

870, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2008:

9.1– [ ] No ato da Formalização do processo, pagar o valor integral da tabela, e caso os custos

apurados na planilha sejam superiores, pagar a diferença antes do julgamento

9.2– [ ] No ato da Formalização do processo, pagar 30% do valor da tabela e o restante em

até 5 (cinco) parcelas mensais e consecutivas, não inferiores a R$ 1.000,00 (hum mil

Reais) cada, e caso os custos apurados na planilha sejam superiores, pagar a

diferença antes do julgamento obs: incidirá juros de mora de 1% (um por cento) ao mês

e multa de 2% (dois por cento) do valor das parcelas pagas após o vencimento

9.3– .[ ] No ato da Formalização do processo, pagar 30% do valor da tabela e o restante de

forma integral após a apresentação da planilha de custos

Nota 1: Ficam sujeitas ao pagamento integral do valor da tabela, as classes I e II referente a Autorização Ambiental de

Funcionamento- AAF, não cabendo parcelamento vez que não atingem o valor mínimo de R$ 1.000,00( hum mil reais) exigido

para parcelamento. Nota 2: Em qualquer das situações acima, ficam o julgamento e a emissão da Licença condicionados à quitação integral dos

custos, conforme art. 7º, da DN COPAM n.º 74/2004

Nota 3: Os valores eventualmente pagos a maior em relação ao custo apurado na apres entação da Planilha referente a LP, LI e

LO, classes III e IV , na hipótese das opções 9.1 e 9.2, serão ressarcidos ao empreendedor, desde que esses valores não sejam

inferiores a 30% da tabela.

Nota 4: PAGUE O PRIMEIRO DAE (DE 30 %) SOMENTE APÓS REUNIR TODA A DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA, PARA

EVITAR TER DE SOLICITAR O RESSARCIMENTO, CASO NÃO FORMALIZE O PROCESSO ATÉ DATA DE VALIDADE

DO FOBI.

10. Declaro sob as penas da lei que as informações prestadas são verdadeiras e que estou ciente de que a falsidade na prestação destas

informações constitui crime, na forma do artigo 299, do código penal (pena de reclusão de 1 a 5 anos e multa), c/c artigo 3º da lei de crimes

ambientais, c/c artigo 19, §3º, item 5, do decreto 39424/98, c/c artigo 19 da resolução CONAMA 237/97.

___/___/___ _________________________________ / ___________________________________ / __________________ data Nome legível e assinatura do responsável pelo preenchimento do FCEI vínculo com a empresa

OS FORMULÁRIOS COM INSUFICIÊNCIA OU INCORREÇÃO DE INFORMAÇÕES NÃO SERÃO DEVOLVIDOS

E SE TORNARÃO SEM EFEITO EM 30 DIAS CONTADOS A PARTIR DA DATA DA POSTAGEM OU

PROTOCOLO. FAVOR ENTRAR EM CONTATO COM O ÓRGÃO AMBIENTAL COMPETENTE, DENTRO

DESTE PRAZO, PARA MAIORES INFORMAÇÕES.