universidade federal de mato grosso do sul -...
TRANSCRIPT
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande , MS 29/out a 02/nov 2012
DIRETRIZES DE PROJETO PARA PARQUES DE VITÓRIA – E.S. ARAÚJO, João Gabriel F. B. de (1); CASER, Karla do Carmo (2) (1) Universidade Federal do Espírito Santo / Curso de Arquitetura e Urbanismo, Brasil, [email protected] (2) Universidade Federal do Espírito Santo / Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Brasil, [email protected]
RESUMO
O presente artigo insere-se no projeto “Diretrizes de projeto para espaços livres urbanos de Vitória”, e tem por objetivo identificar diretrizes projetuais para parques urbanos da cidade de Vitória. A metodologia adotada inclui revisão bibliográfica sobre diretrizes projetuais e avaliação pós-ocupação (A.P.O.) – que contou com observação comportamental, entrevistas e pesquisa de preferência visual – de dois parques municipais: Parque Horto de Maruípe e Parque Pedra da Cebola. A A.P.O. visa confirmar, complementar ou refutar as diretrizes encontradas em publicações nacionais e internacionais. A pesquisa constatou que a grande maioria das diretrizes encontradas, pode sim, ser aplicada à realidade local; as ressalvas feitas dizem respeito à diferença de condições ambientais e climáticas, uma vez que um número relevante das publicações encontra-se no hemisfério norte. Acredita-se que a partir dessas diretrizes que melhorias no design e projeto de parques públicos da cidade de Vitória podem ser alcançadas.
ABSTRACT
This paper is part of the research project "Design Guidelines for urban open spaces of Vitória" and aims to identify design guidelines for urban parks in the city of Vitória. The methodology includes literature review of design guidelines and post-occupancy evaluation (POE) – including techniques such as observations, semi-structured interviews and visual preference survey – of two municipal parks: Parque Horto de Maruípe and Parque Pedra da Cebola. The POE seeks to confirm, complement or refute the guidelines found in national and international publications. The results shows that most of the guidelines found in the literature may well be applied to the local reality; exceptions are related to the different environmental and climatic conditions, since a significant number of publications is from the northern hemisphere .It is hoped that these guidelines can be used to achieve improvements in the design of public parks in the city of Vitória.
PALAVRAS-CHAVE
Parques; Diretrizes projetuais; Avaliação pós-ocupação.
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
2
Vitória possui hoje 15 parques urbanos somando uma área de 838.029 m² (Faria 2008). Um parque e
seu entorno podem ser vistos não apenas como um lugar para se relacionar com a natureza, mas
também para a expressão da diversidade pessoal e cultural. Reconhecendo essa importância,
diversas pesquisas já foram feitas visando o estabelecimento de diretrizes, principalmente nos
Estados Unidos. Em comum, estudos que propõem diretrizes projetuais para espaços públicos
baseiam-se em Avaliação Pós-Ocupação de espaços já construídos, uma ferramenta eficaz para gerar
diretrizes de projeto adequadas ao contexto local. Entretanto, no Brasil há ainda carência de estudos
envolvendo avaliação pós-ocupação de espaços públicos em geral (Alex 2008).
É importante fazer com que os resultados obtidos com esta pesquisa sejam acessíveis e de fácil
entendimento, como defende Forsyth (2007). É a partir dessas informações/diretrizes que mudanças
e inovações no design e projeto podem ser alcançadas, esclarecendo e resolvendo problemas,
melhorando a qualidade de projetos futuros e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida nas
cidades.
1. OBJETIVOS
Este artigo busca, a partir da revisão bibliográfica e pesquisa de campo - com entrevistas, mapas de
observação e avaliação de preferência visual - identificar diretrizes para elaboração de projetos de
parques urbanos da cidade de Vitória.
2. METODOLOGIA
Após a revisão bibliográfica, foi realizada a identificação dos parques urbanos de Vitória, de acordo
com as categorias definidas por Mascaró (2008), que levam em consideração o tamanho dos espaços
livres urbanos; seguida pela posterior escolha daqueles dois onde foram realizados os trabalhos de
campo que levou em consideração a diferenciação feita por Maruani e Amit-Cohen (2007) entre
parques de recreação ou conservação. Deste modo foram selecionados dois parques de recreação: o
Parque Pedra da Cebola (100.006 m²) e o Parque Horto de Maruípe (60.000 m²).
Paralelamente à elaboração do material para pesquisa de campo, dos quais fazem parte um roteiro
para entrevistas e a seleção de imagens para a avaliação de preferência visual, coletou-se
informações, registros cartográficos e dados de funcionamento dos parques junto à Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, no banco de dados do Instituto Quapá e através de visitas aos locais de
estudo. A pesquisa de campo consistiu na A.P.O. dos dois parques, através de mapas de observação –
seguindo a metodologia apresentada em Golicnik e Thompson (2010) - das entrevistas e da pesquisa
de preferência visual.
3
No primeiro momento os parques foram divididos em setores, de modo que toda a sua extensão
fosse mapeada. Os setores de cada parque deveriam ser observados durante cada um dos cinco
períodos de observação (8:00/10:00hs, 10:00hs/12:00hs, 12:00/14:00hs, 14:00/16:00hs e
16:00/19:00hs), pelo menos uma vez durante a semana e outra no final de semana. Todos os
usuários vistos em 10 minutos de observação eram registrados em mapas com indicações de gênero
e idades (estimadas). Os registros contavam com informações adicionais como a duração de cada
atividade; também eram especificadas, minimamente, as condições climáticas para cada período de
observação.
As entrevistas, acompanhadas da pesquisa de preferência visual, foram realizadas com pessoas
aleatórias, buscando registrar as informações de todos os grupos: homens, mulheres, crianças,
adultos, idosos, usuários, funcionários. Os entrevistados deveriam ordenar um conjunto de fotos
numa escala de preferência. O método foi de importância crucial na avaliação das diretrizes. Os
resultados obtidos na pesquisa de preferência visual foram usados na das diretrizes encontradas na
bibliografia para estabelecer àquelas que se aplicam à realidade local. Foi a partir das entrevistas que
pudemos identificar o perfil dos usuários, o grau de satisfação quanto ao espaço livre público em
estudo e possíveis sugestões e/ou desejos.
Após a coleta, os dados foram analisados e interpretados, com posterior elaboração de matrizes e
peças gráficas que facilitam a catalogação, visualização e disponibilização das informações.
3. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÕES
Com o objetivo de facilitar o processo metodológico optamos por separar as diretrizes para parques
urbanos encontradas na bibliografia de acordo com as várias etapas de realização de um projeto:
levantamento de dados, elaboração do projeto e apresentação. Após as primeiras leituras decidimos
incluir também outros dois itens: o de management ou gerenciamento e A.P.O. É para a etapa de
projeto que se encontra o maior número de diretrizes. Por limitações do formato, nos limitamos a
apresentar neste artigo somente as diretrizes para elaboração de projeto.
Os resultados são apresentados em duas etapas: a primeira de “Levantamento, Coleta e Análise de
Dados”, descreve brevemente a catalogação, sumarização do material da pesquisa de campo; e a
segunda etapa, de “Diretrizes” apresentada algumas das diretrizes projetuais para parques urbanos.
Na pesquisa estas diretrizes foram organizadas em sete categorias: Diretrizes Gerais (DG), Usos,
Atividades e Sub-Espaços (USAT), Água e Paisagem (AGPAI), Plantas e Natureza (PLNAT), Mobiliário e
Equipamentos (MOBEQ), Acessibilidade (ACESS) e Sistema Viário (SVIAR). No presente são
4
apresentadas três das sete categorias: Diretrizes Gerais (DG), Água e Paisagem (AGPAI) e Mobiliário
e Equipamentos (MOBEQ).
3.1. LEVANTAMENTO, COLETA E ANÁLISE DE DADOS
A coleta de dados da pesquisa de campo tinha como objetivo: entender como os parques eram
usados diariamente e analisar as relações entre o uso e o ambiente. Nas figuras de 01 a 05 abaixo
são exemplificados dois tipos de peças gráficas – mapas de usos e atividades e matrizes – que
sumarizam os dados obtidos com as observações.
Figura 01: Mapa de usos e atividades para o Parque Municipal Horto de Maruípe em dia de semana, pela. Fonte: Dados inseridos
em cima de base do projeto Quapá.
Figura 02: Mapa de usos e atividades para o Parque Municipal Horto de Maruípe em dia de semana, a tarde. Fonte: Dados
inseridos em cima de base do projeto Quapá.
Nas figuras 01 e 02, apresentamos os mapas de uso para o Pq. Horto de Maruípe de acordo com as
informações coletadas durante a semana. Confirmando seu caráter recreacional o parque se
mostrou também como importante espaço para a prática de atividade física (graças à presença da
Academia Popular da Pessoa Idosa - APPI - e da Academia Popular). Algumas áreas são pouco usadas,
como as limítrofes a nordeste e sudeste, seja por falta de equipamentos adequados ou por uma
manutenção deficitária. A seguir, nas figuras 03 e 04, temos os mapas de uso para o Pq. Pedra da
Cebola, de acordo com as informações coletadas nos finais de semana. O parque também confirmou
seu caráter recreacional e se destacaram como atividades principais, o playground infantil, o
encontro de casais e, principalmente à tarde, os jogos com bola.
5
Figura 03: Mapa de usos e atividades para o Parque Pedra da Cebola em finais de semana sendo a tarde. Fonte: Dados inseridos
em cima de base do projeto Quapá.
Figura 04: Mapa de usos e atividades para o Parque Pedra da Cebola em finais de semana pela manhã. Fonte: Dados inseridos
em cima de base do projeto Quapá.
O segundo tipo de peça gráfica, produzida após as observações foram as matrizes como a
apresentada na figura 05. Nas linhas temos os períodos de observação e nas colunas as atividades
mapeadas e os tipos de usuário: sexo (masculino ou feminino) e idade (criança, jovem, adulto e
idoso). Através delas ficou mais fácil identificar que tipo de usuário realizava quais atividades bem
como em quais horários os parques estavam mais cheios.
Figura 05: Matriz organizada a partir das visitas ao Horto de Maruípe no dia 26/02/2010.
3.2. DIRETRIZES
6
Ao listarmos as diretrizes encontradas, estas são identificadas com duas cores distintas (uma vez que
nenhuma diretriz foi totalmente refutada): VERDE para aquelas que foram confirmadas e LARANJA
para aquelas que temos algum comentário ou observação a fazer. Estes comentários/observações
são ratificados e ilustrados por registros fotográficos ou dados obtidos nas entrevistas. O fato das
diretrizes estarem marcadas como “confirmadas” (verde) não significa necessariamente que se tenha
notado a aplicação das mesmas na observação dos parques municipais. A existência de fraldários nos
banheiros próximos aos playgrounds, por exemplo, não foi constatada, no entanto acreditamos na
validade e importância desta diretriz.
3.2.1. DIRETRIZES GERAIS
DG(USAT).01: Adequar múltiplos programas e necessidades de forma cuidadosa para não sobrepor
atividades conflitantes ou mesmo espaços para grupos com necessidades muito diferentes como
crianças e adolescentes. Cooper Marcus e Francis (1990) e Forsyth e Musacchio (2005);
DG(PLNAT).02: Incorporar funções de valor ecológico, juntamente com um programa de educação
ambiental; é importante a utilização de placas explicativas. Forsyth e Musacchio (2005) e Johnson
(1995);
DG.03: Não retirar, ou destruir aqueles lugares tidos como preferidos e amados dos usuários quando
estiver restaurando ou reformando um parque. Forsyth e Musacchio (2005);
DG.04: Ter áreas de amortecimento entre o parque e a rua (fig. 04). Forsyth e Musacchio (2005) e
Mascaró (2008);
DG.05: Projetar 2/3 de área sombreada, seja por árvores ou estruturas. Mascaró (2008);
DG.06: Incentivar a criação de atividades e jogos (fig. 07), para diversos grupos. Caso inexistam
verbas estimular a participação de voluntários é uma alternativa. Cooper Marcus e Francis (1990);
DG.07: Evitar áreas escondidas das vistas ou isoladas, podem acabar sendo usadas por casais ou
mesmo para atos questionáveis e ilegais (figs. 08 e 09). Cooper Marcus e Francis (1990) e Kaplan,
Kaplan e Ryan (1998);
DG.08: Evitar a criação de espaços muito grandes, sem divisões ou identificações pois os usuários
não se sentirão a vontade para usá-los. Kaplan, Kaplan e Ryan (1998);
7
Figura 06: Entrada 02 no Pq. Pedra da Cebola. Figura 07: Atividades comemorativas do aniversário do Pq. Pedra da Cebola.
Figura 08: Casal no Pq. Horto de Maruípe. Figura 09: Casal no Pq. Pedra da Cebola.
Comentários:
Nas entrevistas, um número muito pequeno de pessoas demonstrou disponibilidade de ajudar em
atividades no parque como voluntários, o que torna pouco provável a alternativa apresentada em
DG.06.
3.2.2. ÁGUA E PAISAGEM
AGPAI.01: Desenvolver análises sobre os cursos de água, ou mesmo sobre os recursos hídricos
próximos e problemas relacionados, como enchentes e alagamentos. O projeto e manutenção destes
recursos de forma adequada podem ajudar a controlar estes problemas. Forsyth e Musacchio (2005);
AGPAI(PLNAT).02: Pensar em vegetação ciliar, para aumentar o potencial paisagístico e também
proteger os cursos d’água. Forsyth e Musacchio (2005) e Kaplan, Kaplan e Ryan (1998);
AGPAI.03: Destampar ou “descobrir” córregos ou fluxos de água que foram canalizados e
tamponados no processo de urbanização (fig. 12). Forsyth e Musacchio (2005);
8
AGPAI.04: Reduzir as superfícies impermeáveis, lembrando que mesmo o solo quando compactado
não absorve bem a água. Forsyth e Musacchio (2005) e Mascaró (2008);
AGPAI.05: Implantar infra-estruturas verdes, para coleta de água como jardins pluviais, biovaletas e
lagoas pluviais, juntamente com placas que expliquem seus conceitos ecológicos e benefícios.
Cormier e Pellegrino (2008), Forsyth e Musacchio (2005) e Mascaró (2008);
AGPAI(PLNAT).06: Na construção de tanques e lagos artificiais utilizar plantas aquáticas de margens
nas bordas, que contribuirão para ocultar as bordas do vinil. Mascaró (2008);
AGPAI.07: Lagos e lagoas artificiais com formas arredondadas são preferidas. Kaplan, Kaplan e Ryan
(1998);
AGPAI.08: Construir fontes ajuda a oxigenar a água e agrega umidade ao ar, refrescando-o, o que
pode ser muito agradável para climas quentes e secos. Mascaró (2008);
AGPAI.09: Locar pontes onde as pessoas gostam de ficar. Levar em consideração o sentido de
circulação da água e a estabilidade das margens, para não atrapalhá-la ou perturbá-la. Mascaró
(2008);
AGPAI.10: Construir passarelas elevadas do solo, onde os sítios são frágeis do ponto de vista
ecológico; as mais largas podem dispensar o uso de corrimão, e devem ser feitas de materiais locais
de pouco impacto. Mascaró (2008);
AGPAI.11: Permitir o contato com a água, e estimular brincadeiras (figs. 10 e 11). Cooper Marcus e
Francis (1990);
Comentários:
Como estamos numa região de clima tropical atlântico, não vemos a necessidade do uso de fontes
para agregar umidade ao ar, como dito em AGPAI.08.
As figuras 10 e 11 mostram a apropriação do lago no Pq. Horto de Maruípe, pelas crianças,
comprovando o desejo de uma maior interação com o elemento água, uma situação bem diferente
da encontrada no Pq. Pedra da Cebola como vemos na fig. 13 onde o lago é puramente
contemplativo.
9
Figura 10: Lago no Pq. Horto de Maruípe. Figura 11: Lago no Pq. Horto de Maruípe.
Figura 12: Exemplo de utilização de um curso d’água no Pq. Horto de Maruípe.
Figura 13: Lago Pq. Pedra da Cebola.
3.2.3. MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS
MOBEQ(ACESS).01: Evitar elementos que se situam em níveis elevados ou tenham pontas, e
volumetria superior à base, não sendo percebidos pelos portadores de deficiência visual. Mascaró
(2008);
MOBEQ.02: Mobiliários, equipamentos e brinquedos devem ser feitos de materiais resistentes –
suportanto eventuais usos de adultos (fig. 14) - e adequados às características climático-ambientais
de cada local. Cooper Marcus e Francis (1990) e Mascaró (2008);
MOBEQ.03: Locar bancos tanto em vias de grande fluxo de pedestres (em superfícies pavimentadas)
quanto em ambientes que possam ser apreciados, preferencialmente na sombra. Em localidades
onde ocorrem temperaturas abaixo dos 18°C podem também se localizar ao sol. Cooper Marcus e
Francis (1990), Kaplan, Kaplan e Ryan (1998) e Mascaró (2008);
MOBEQ.04: Fornecer tanto bancos isolados, para àqueles que querem ficar sozinhos quanto aqueles
em arranjos que estimulem o contato social. Cooper Marcus e Francis (1990) e Mascaró (2008);
10
MOBEQ.05: Implantar brinquedos e aparelhos de ginástica preferencialmente em terrenos planos,
sobre caixas de areia ou áreas gramadas. Cooper Marcus e Francis (1990) e Mascaró (2008);
MOBEQ.06: Valorizar qualidades como dinamicidade, segurança, criatividade e funcionalidade no
projeto e escolha dos brinquedos e mobiliário infantil. Forsyth e Musacchio (2005) e Mascaró (2008);
MOBEQ.07: Locar bancos e mesas próximos aos espaços infantis (largos o suficiente para acomodar
bolsas e acessórios) e esportivos, para espera, descanso e observação. Os bancos podem inclusive
funcionar como delimitadores do espaço. Cooper Marcus e Francis (1990) e Mascaró (2008);
MOBEQ.08: Implantar academias públicas pode ser uma boa forma de inclusão social (figuras 15 e
16). Mascaró (2008);
MOBEQ.09: Simplificar os equipamentos esportivos para que estes exijam poucos recursos com
manutenção. Mascaró (2008);
MOBEQ.10: Locar as lixeiras nos locais de maior movimento e de maior concentração de atividades
sem que elas representem um empecilho ao deslocamento dos pedestres. Mascaró (2008);
MOBEQ.11: Locar bebedouros, próximos às áreas de atividades esportivas e plays e escolher os que
atendam a crianças, cadeirantes e cachorros. Burjato (2006), Cooper Marcus e Francis (1990) e
Mascaró (2008);
MOBEQ.12: Utilizar mobiliários móveis sempre que possível (fig. 17). Cooper Marcus e Francis
(1990), Forsyth e Musacchio (2005) e Whyte (2001);
MOBEQ(ACESS).13: Placas e sinais sempre que possível devem ter as letras em cores escuras e o
fundo claro, iluminadas e com informações em braile na base. Cooper Marcus e Francis (1990);
MOBEQ.14: Locar as mesas de picnick próximas ao playground é uma boa ideia, além de fornecer
lixeiras próximas. Cooper Marcus e Francis (1990);
MOBEQ.15: Fornecer adereços “soltos” para as crianças construirem seus próprios espaços e
estimularem a fantasia. Cooper Marcus e Francis (1990) e Thompson (2002);
MOBEQ.16: Locar bancos voltados para vistas agradáveis e com barreiras na parte de trás (que
ajudam no conforto psicológico). Cooper Marcus e Francis (1990) e Kaplan, Kaplan e Ryan (1998);
MOBEQ.17: Locar quadras esportivas, sombreadas, próximas ao perímetro onde o barulho e
congestionamento provocados por elas não atrapalhem os demais. Cooper Marcus e Francis (1990);
MOBEQ.18: Fornecer espaços para armazenar equipamentos, assim como vestiários, próximos às
quadras e campos esportivos. Cooper Marcus e Francis (1990);
11
MOBEQ.19: Quando existir espaços de jardinagem (de preferência próximos a cercas e longe dos
vândalos) oferecer também espaço para armazenar ferramentas. Cooper Marcus e Francis (1990);
MOBEQ.20: Ter mesas de jogos (mínimo 60x60cm) tanto em locais com sol e sombra, tanto em
superfícies pavimentadas e não pavimentadas. Cooper Marcus e Francis (1990) e Harris e Dines
(1997);
MOBEQ.21: Ter, pelo menos, alguns bancos com encostos e apoio para os braços; estes são mais
confortáveis para pessoas mais velhas. Cooper Marcus e Francis (1990);
MOBEQ.22: Calcular a quantidade de iluminação necessária, para não interferir no ciclo das árvores
que são mais sensíveis à luz. Mascaró (2008);
MOBEQ.23: Adotar soluções de iluminação flexíveis, que possam ser mudadas de acordo com o
crescimento da vegetação. Mascaró (2008);
MOBEQ.24: Evitar postes altos, acima das copas das árvores, pois estas podem constituir um
obstáculo dificultando a iluminação. Harris e Dines (1997);
Comentários:
A figura 14 mostra o eventual uso, por adultos, de brinquedos, como menciona MOBEQ.02. As
figuras 15 e 16 são imagens da APPI e da Academia Popular no Pq. Horto de Maruípe, que são
importantes estratégias de inclusão social, como visto em MOBEQ.08. Na figura 17 vemos duas
pessoas que levaram cadeiras para o Pq. Pedra da Cebola, mostrando a deficiência de bancos e/ou o
desejo de mobiliários móveis como mencionado em MOBEQ.12.
Figura 14: Playground no Pq. Pedra da cebola. Figura 15: Academia popular no Pq. Horto de Maruípe.
12
Figura 16: Academia popular no Pq. Horto de Maruípe. Figura 17: Playground no Pq. Pedra da cebola.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo da bibliografia selecionada ampliou os conhecimentos acerca do tema da arquitetura da
paisagem e consolidou o reconhecimento da importância dos espaços livres públicos. No projeto de
parques urbanos percebeu-se a importância de estabelecer ligações sociais e ecológicas. No que
tange às diretrizes projetuais, os resultados confirmaram a aplicação de todas as diretrizes
encontradas na literatura, inclusive aquelas referentes às bibliografias internacionais, salvo as
ressalvas que foram feitas quando estas dependiam das condições climáticas/ambientais.
O desinteresse de alguns entrevistados em responder toda a entrevista (que possuía, entre
perguntas objetivas e abertas, 17 questões) talvez tenha sido uma demonstração de que esta tenha
ficado um pouco extensa e cansativa. Teria sido mais interessante trabalhar com um formato menor,
portanto mais rápido e que também priorizasse questões objetivas uma vez que a maioria das
pessoas tem dificuldades, ou demoram muito, para responder questão como “Se você pudesse
mudar alguma coisa no parque, o que seria?”. O uso do questionário de preferência visual se
mostrou de grande valia, por exemplo: no sombreamento de equipamentos a foto da quadra
sombreada foi escolha unânime entre os entrevistados, apesar de nas entrevistas não ter sido
registrado nenhum comentário a respeito do sombreamento de equipamentos esportivos. Isto
demonstra uma certa dificuldade por parte dos usuários de perceber como determinados problemas
destes espaços poderiam ser resolvidos.
Através dos estudos realizados, pretende-se chamar a atenção para a criação de espaços livres
públicos comprometidos com as necessidades humanas e naturais. A meta futura é a
disponibilização desse material, bem como daquele que não conta no presente artigo, mas que
também é fruto da pesquisa em questão: diretrizes para o levantamento de projeto, apresentação,
manutenção e gerenciamento e A.P.O. de parques urbanos para a cidade de Vitória.
13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEX, S. Projeto da Praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Editora Senac SP. 2008. BURJATO, Ana Lúcia P. de Faria. Acessibilidade ao lazer: O caso do Parque Villa-Lobos. São Paulo. In:
Nucleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Anais... (CD). São Paulo, 2006.
COOPER MARCUS, C.; FRANCIS, C. People places: design guidelines for urban open space. New York: Van Nostrand Reinhold, 1990.
CORMIER, N. e PELLEGRINO, P. Infra-estrutura verde: Uma estratégia paisagística para a água urbana. Paisagem e Ambiente 25. São Paulo: 2008. P. 125-142.
FARIA, Willis de. Capital tem nas áreas verdes seu maior cartão postal. Vitória: Secretaria Municipal de Meio Ambiente; 2008. <Areas_Verdes-atualizada_12-2007.(01.08.2008).doc>.
FORSYTH, A. Innovation in urban design: Does research help?. Journal of Urban Design Vol. 12, Nº3, 461-473, 2007.
FORSYTH, A.; MUSACCHIO, L.R. Designing small parks: a manual for addressing social and ecological concern. New York: John Wiley & Sons. 2005.
FRANCIS, Mark. A case study method for landscape architecture. Landscape Journal 20, 1- 2001.
GOLICNIK, B.; THOMPSON C.W. Emerging relationships between design and use of urban parks spaces. Landscape and Urban Planning 94, 38-53, 2010.
HARRIS, Charles W.; DINES, Nicholas T.. Time-Saver Standards: For Landscape Architecture. 2ª ed. [s.l.]: [s.n.], 1997.
JOHNSON, C. W. Planning and designing for the multiple use role of habitats in urban/suburban landscapes in the Great Basin. Landscape and Urban Planning 32, 219-225, 1995.
KAPLAN, R.; KAPLAN, S.; RYAN, R. With people in mind: Design and management of everyday nature. Island Press, 1998.
MARUANI, T.; AMIT-COHEN, I. Open space planning models: A review of approaches and methods. Landscape and Urban Planning 81, 1-13, 2007.
MASCARÓ, J.L. (Org.). Infra-estrutura da paisagem. Porto Alegre: +4 Editora. 2008.
MOZINGO, L. Women and downtown open spaces, Places 6:1, 38-47, 1989. Disponível: <http://repositories.cdlib.org/ced/places/vol6/iss1/LouiseMozingo>. Acesso: 15 de maio de 2007.
THOMPSON, C.W. Urban open space in the 21st century. Landscape and Urban Plannig 60, 59-72, 2002.
TREITLER, Sérgio Martins. A Acessibilidade nos Jardins Históricos. In:10º Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Anais… (CD). Porto Alegre, 2010.
WHYTE, William H.. The Social Life of Small Urban Spaces. New York: Project For Public Spaces Inc, 2001.