universidade federal de minas gerais instituto de ciências ... · aos meus pais, sérgio e sônia,...

108
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Parasitologia Rodolfo Silva Moreira Cezar ASPECTOS PARASITOLÓGICOS, CLÍNICOS E HEMATOLÓGICOS DE OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS POR Fasciola hepatica Belo Horizonte 2016

Upload: others

Post on 31-May-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Parasitologia

Rodolfo Silva Moreira Cezar

ASPECTOS PARASITOLÓGICOS, CLÍNICOS E HEMATOLÓGICOS DE OVINOS

DA RAÇA SANTA INÊS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS POR

Fasciola hepatica

Belo Horizonte

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Rodolfo Silva Moreira Cezar

ASPECTOS PARASITOLÓGICOS, CLÍNICOS E HEMATOLÓGICOS DE OVINOS

DA RAÇA SANTA INÊS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS POR

Fasciola hepatica

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Parasitologia. Orientador: Prof. Dr. Walter dos Santos Lima Co-orientadora: Profa. Dra. Cíntia Aparecida de Jesus Pereira Área de concentração: Helmintologia

Belo Horizonte

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Orientador

Professor Walter dos Santos Lima

Laboratório de Helmintologia Veterinária, Departamento de

Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG.

Co-Orientadora

Professora Cíntia Aparecida de Jesus Pereira

Laboratório de Helmintologia Veterinária, Departamento de

Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte - MG.

Belo Horizonte

2016

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Trabalho realizado no Laboratório de Helmintologia

Veterinária e Laboratório de Imunologia e Genômica de Parasito

do Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte

2016

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Instituições que contribuíram para a realização deste trabalho: Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado de Minas- Gerais-FAPEMIG

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Dedico a minha querida família.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Meus agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em

Parasitologia, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Minas Gerais

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Agradecimentos especiais:

Ao professor Walter dos Santos Lima, por abrir as portas e me acolher no

Laboratório de Helmintologia Veterinária, por ensinar as dificuldades e a seriedade

de se fazer pesquisa, por confiar e acreditar na minha pessoa, pelas oportunidades

de crescimento e amadurecimento profissional. Por ser um exemplo de profissional,

amante da Parasitologia e verdadeiro mestre, dedicado, dinâmico, atencioso,

conselheiro, entusiasmado pelo saber e com foco nos resultados. Professor que nos

estimula a realizar reflexões diárias sobre as nossas atitudes e aonde queremos

chegar. ―Não quero formar mão de obra, quero que aprenda a pensar‖, ―A última

impressão é a aquela que fica, enquanto muitos dizem que é a primeira‖, ― De onde

não se espera, nada vem mesmo‖, ―Amigo é aquele que conhece os nossos defeitos

e ainda assim, continua ao nosso lado‖. Pessoa que se tornou amiga e, juntamente

com sua família, me recebeu de braços abertos com muito carinho. Meu eterno

muito obrigado pela preciosa orientação recebida durante todo o curso.

À professora Cíntia Aparecida de Jesus Pereira, pela co-orientação durante a

realização desse trabalho. Pessoa metódica, observadora, paciente, cuidadosa,

disponível, interessada e atenciosa. Muito obrigado.

Ao Professor Marcos Pezzi Guimarães pelas conversas, conselhos, ensinamentos e

os incentivos constantes.

Ao Hudson Andrade dos Santos, por estar sempre pronto a ensinar com prazer,

ajudar com muita atenção e paciência, mesmo com tanto trabalho a fazer. Obrigado

pelo apoio e amizade.

Agradeço aos Professores Ricardo Fujiwara e Daniella Bartholomeu do Laboratório

de Genômica e Imunologia de Parasitos pela estrutura disponibilizada. A técnica

Michele e as alunas Denise e Luciana por auxiliarem na utilização do Coulter. Muito

obrigado pelo ajuda, carinho e atenção.

Ao Professor Ricardo Nascimento, por permitir acompanhá-lo nas aulas práticas de

Parasitologia Veterinária e pelos conhecimentos transmitidos.

Agradeço à Sumara e Sibele pela ajuda, carinho, atenção e o apoio durante esse

período de estudo. Pessoas com o coração enorme e que nos tranquilizam com

tanta gentileza.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

AGRADECIMENTOS

Tenho muito a agradecer:

A Deus, primeiramente, por ser meu companheiro, por me guiar, por iluminar os

meus passos e os meus caminhos, por me proteger e me guardar.

Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão,

paciência e apoio, serei eternamente grato aos seus esforços. ―Na vida as coisas

não acontecem por uma questão de sorte, mas uma questão de escolha e o destino

não é uma coisa que se espera, mas que se busca e conquista‖.

Aos meus irmãos Vinícius e Frederico, pela amizade, pelas conversas, por sempre

estarem ao meu lado e por compartilharem os momentos de alegrias e tristezas.

Aos meus familiares, Tio Antoninho e Tia Ruth, Tia Cristina, Tia Leninha, que

sempre torceram por mim.

Aos amigos de Ouro Branco, Eduardo, Serginho, Renato, Luís Otávio, Mariana,

Priscila e minha querida dindinha Tatiane. Obrigado a todos pela sincera amizade,

coisa rara de se ter.

Aos amigos da Veterinária Magno, Fernando, Mateus e Gabriel pela torcida, por

compreenderem a fase que estou vivendo. Todos temos objetivos e metas a serem

atingidas. Seguimos caminhos profissionais distintos, no entanto a nossa amizade

continua crescendo.

Aos colegas de laboratório Aytube, Vinícius, Wanderley, Lara, Jordana e Olívia, por

compartilharem as dificuldades e as alegrias de se fazer pesquisa.

À turma do mestrado ―Roliça‖, constituída de pessoas e experiências tão diferentes,

que, com suas histórias, tornaram as aulas de Parasitologia mais prazerosas e

interessantes, além de proporcionar boas risadas, festas, churrascos e o bem maior,

o conhecimento compartilhado. Especialmente agradeço a amizade do Bruno

Warley, Daniela Nunes, Mayra, Denise, Ana, Renata, Vanessa, Samira e Vinícius.

A Ivana Rocha, pessoa que tive oportunidade de conhecer através da professora

Hélida Andrade, e que trouxe muita alegria para minha vida, além de ser inteligente,

dedicada e determinada, é um exemplo. Obrigado Hélida, por este presente.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Ao Marcos Malacco, pessoa entusiasmada, profissional sério e dedicado.

Ao Sr. Neri e Afonso pela amizade e o bate papo descontraído.

À Dona Aparecida, por sempre ter uma palavra amiga, por fazer comidas deliciosas

e lembrar de mim sempre. Obrigado Dona Cida.

Ao Waldisio, pelas viagens seguras e tranquilas, além da boa vontade para ajudar

no que for necessário. Muito obrigado.

Aos funcionários da fazenda Josué e João, por colaborarem com boa vontade e

alegria durante o estudo realizado. Iaiá pelas comidas maravilhosas e o carinho.

Aos animais, por me proporcionarem paz, alegria e conhecimento. Principalmente

pela compreensão, mesmo quando não são compreendidos os seus sentimentos.

Obrigado por vocês existirem e serem um dos maiores motivos pelo qual sou

apaixonado pela Medicina Veterinária.

Obrigado a todos que torceram e colaboraram de forma direta e indireta.

Forte abraço!

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

“Sou perfeito, alegre e forte. Tenho amor e muita sorte, sou feliz e inteligente, vivo positivamente,

tenho paz, sou um sucesso, tenho tudo que peço. Acredito firmemente no poder da minha mente,

porque é Deus no subconsciente.” (Padre Lauro Trevisan)

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

RESUMO

Fasciola hepatica é um parasito presente nos ductos biliares de diversos mamíferos

e causa grave morbidade e mortalidade, especialmente em rebanhos de ovinos. A

fasciolose está em expansão em todas as regiões do Brasil e, em Minas Gerais, têm

ocorrido relatos de infecção natural em hospedeiros definitivos, como bovinos,

bubalinos, capivaras, e em hospedeiros intermediários, como a Lymnaea (=

Pseudosuccinea) columella. A grande importância econômica da fasciolose está

associada à perda de peso, queda na produção de leite, de carne, de lã e devido a

abortos e gastos com tratamento nos rebanhos de ruminantes. Entretanto, os sinais

clínicos presentes no desenvolvimento da doença nos animais não são

reconhecidos com facilidade pelo técnico ou criador envolvido no sistema de

produção. No Brasil, nos últimos anos, a ovinocultura ampliou-se de norte a sul do

país, sendo a raça Santa Inês predominante nestes sistemas de criação. Por este

motivo, o objetivo desse estudo foi avaliar a evolução da fasciolose em ovinos da

raça Santa Inês experimentalmente infectados, observando os parâmetros

parasitológicos, clínicos e hematológicos. Utilizou-se 14 ovelhas da raça Santa Inês

com dezoito meses de idade, peso médio de 24,5 kg e divididas aleatoriamente em

dois grupos. Grupo 1 com nove animais, inoculados individualmente por via oral com

150 metacercárias de F. hepatica; Grupo 2 com cinco animais controle. Foram

realizadas contagens de ovos por grama (OPG) de fezes e a avaliação da dinâmica

de eliminação de ovos nas fezes a partir dos 55 dias após infecção (dpi), utilizando a

técnica de quatro tamises, exames clínicos e hemograma aos 0, 15, 30, 45, 60, 90,

120, 150, 180, 210, 240, 270, 300, 330, 360, 390 (dpi). Nesse estudo ficou

comprovado que o período pré-patente variou entre 60 e 62 dpi, além disso, ovos

foram eliminados nas fezes durante todo o período estudado. No exame clínico, os

ovinos infectados revelaram prostração, edema submandibular, sensibilidade

hepática dolorosa, taquicardia, taquipnéia, mucosa ocular hipocrômica, perda de

escore corporal e peso. No hemograma foi verificada anemia normocítica,

normocrômica e regenerativa, com leucocitose por neutrofilia e eosinofilia, com

posterior linfocitose. Os achados macroscópicos dos fígados dos ovinos que

morreram revelaram aumento de volume, lóbulos com bordas abauladas, pontos

hemorrágicos distribuídos difusamente pelo parênquima, focos de deposição de

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

fibrina na superfície do parênquima, focos de necrose com coloração avermelhada

mais escura e presença de parasitos adultos nos ductos biliares.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

ABSTRACT

Fasciola hepatica is a parasite found in the bile duct of many mammal

species, causing severe morbidity and death, especially in sheep. Fasciolosis is

expanding throughout Brazil, and in Minas Gerais State it has been reported natural

infection in definitive hosts such as cattle, buffalos and capybaras, as well as in

Lymnaea (=Pseudosuccinea) columella, one of the intermediate hosts. The

economic importance of fasciolosis is associated with weight loss, dropping milk,

meat and wool production, abortion and treatment costs. However, the clinical signs

of this disease are not easily recognized by the owner or technician involved in the

animal production system. In the past few years, sheep farming has been expanding

from north to south in Brazil and ―Santa Inês‖ became the most reared breed.

Therefore, this study aimed to evaluate the evolution of fasciolosis in Santa Inês

sheep experimentally infected with F. hepatica through parasitological, hematological

and clinical parameters. 14 female lambs of Santa Inês breed aged 8 months were

randomly divided into two groups: Group 1 with 9 animals individually orally

inoculated with 150 metacercariaes of F. hepatica; and Group 2 with 5 non-infected

animals. At 0, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270, 300, 330, 360, 390

days after infection (dai) four-sieves-technique was used to count eggs per gram of

feces (EPG) in order to evaluate the dynamics of eggs eliminations in feces, and also

clinical exams and hemogram. The results showed a prepatent period ranging from

60 to 62 dai, with egg elimination during the period observed. Clinical evaluation of

the infected sheep revealed prostration, submandibular oedema, liver sensitivity,

tachycardia, tachypnea, pale conjunctiva, loss of body condition and weight. The

hemogram demonstrated normocytic normochromic and regenerative anemia,

besides leukocytosis with neutrophilia and eosinophilia, with subsequent

lymphocytosis. Macroscopic findings of the livers of two biopsied sheep revealed

increased volume, lobes with curved edges, bleeding points distributed diffusely

throughout the parenchyma, fibrin deposition in the surface of the parenchyma, dark

red-colored necrotic foci, and adult worms in the bile ducts.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Cartão de análise para o método FAMACHA©..............................48

FIGURA 2 Contador hematológico automático (Modelo Bio – 2900 Vet –Bioeasy)..........................................................................................50

FIGURA 3 Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção.................................73

FIGURA 4 Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção.................................73

FIGURA 5 Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção.................................73

FIGURA 6 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................74

FIGURA 7 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................74

FIGURA 8 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................74

FIGURA 9 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................74

FIGURA 10 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................75

FIGURA 11 Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.................................75

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Avaliação do escore da condição corporal dos ovinos...................................................................................................16

TABELA 2 Graus do método Famacha®, colorações das mucosas e hematócritos dos ovinos...........................................................................................47

TABELA 3 Número de ovos por grama de fezes (OPG) dos ovinos da raça Santa Inês infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepática............53

TABELA 4 Parâmetro clínico de ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.....................................54

TABELA 5 Parâmetro clínico de ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.....................................55

TABELA 6 Índice Famacha© de ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.....................................58

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Frequência cardíaca dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica....................56

GRÁFICO 2 Frequência respiratória dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica....................57

GRÁFICO 3 Escore da condição corporal dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................59

GRÁFICO 4 Desenvolvimento ponderal dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica....................60

GRÁFICO 5 Valores médios de hematócrito dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................61

GRÁFICO 6 Valores médios das contagens totais de hemácias dos ovinos da raça Santa Inês controle e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................62

GRÁFICO 7 Valores médios da hemoglobina dos ovinos da raça Santa Inês controle e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica...63

GRÁFICO 8 Valores do volume corpuscular médio dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................64

GRÁFICO 9 Valores de concentração média de hemoglobina dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................65

GRÁFICO 10 Valores da concentração de hemoglobina corpuscular média dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica....................................................66

GRÁFICO 11 Valores médios das plaquetas dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................67

GRÁFICO 12 Valores médios absolutos das contagens totais dos leucócitos dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica....................................................68

GRÁFICO 13 Valores médios absolutos de neutrófilos dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica................................................................................69

GRÁFICO 14 Valores médios absolutos de linfócitos dos ovinos da raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................70

GRÁFICO 15 Valores absolutos médio de eosinófilos dos ovinos da raça Santa Inês controle e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica.................................................................................71

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

Bpm Batimento por Minuto

CC Condição Corporal

CHCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

cm Centímetros

dL Decilitros

DPI Dias após a infecção

FC Frequência Cardíaca

FR Frequência Respiratória

fl Fenolitro

g Grama

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Média

Ht Hematócrito

HE Hematoxilina-Eosina

He Hemácias

ICB Instituto de Ciências Biológicas

IgG Imunoglobulina G

Kg Quilograma

Le Leucócito

MEC Matriz extracelular

Mc Metacercárias

mg Miligrama

mL Mililitro

mm Milímetro

nm Nanômetro

OV Ovino

OPG Ovos por grama de fezes

PPP Período pré-patente

pg Picograma

PL Plaquetas

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

Rpm Rotações por minuto

Rpm Respiração por minuto

L Microlitro

Μm Micrômetro

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UV Ultravioleta

VCM Volume Corpuscular Médio

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 2 2.1 Aspectos gerais da ovinocultura ....................................................................... 2 2.2 Histórico de Fasciola hepatica ........................................................................... 3 2.3 Taxonomia ........................................................................................................... 3 2.4 Ciclo biológico ..................................................................................................... 3 2.5 Epidemiologia ...................................................................................................... 5

2.5.1 No Brasil ............................................................................................................ 5 2.5.2 Minas Gerais ..................................................................................................... 7 2.6 Patogenia da fasciolose ovina ........................................................................... 8 2.7 Sinais clínicos nos ovinos ................................................................................ 10 2.8 Diagnóstico ........................................................................................................ 14 2.8.1 Diagnóstico parasitológico ........................................................................... 14 2.8.2 Diagnóstico clínico ......................................................................................... 15 2.8.2.1 Famacha ....................................................................................................... 16 2.8.2.2 Escore de condição corporal ......................................................................... 17 2.8.2.3 Ganho de peso .............................................................................................. 17 2.8.2.4 Influência da fasciolose no perfil hematológico de ovinos ............................. 18 2.8.2.5 Leucograma .................................................................................................. 20

3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 22

4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 23 4.1 Objetivos gerais................................................................................................. 23 4.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 23

5 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 24 5.1 Obtenção de ovos e miracídios........................................................................ 24 5.2 Origem e infecção experimental de Lymnaea columella por F. hepatica ..... 24 5.3 Obtenção das metacercárias de F. hepatica ................................................... 25 5.4 Infecção experimental dos ovinos da Raça Santa Inês por F. hepatica ....... 26 5.5 Cinética da eliminação de ovos por grama de fezes F. hepatica .................. 26 5.6 Avaliação clínica................................................................................................ 27 5.7 Avaliação hematológica .................................................................................... 31

5.7.1 Coleta de sangue dos ovinos ........................................................................ 31 5.7.2 Contagem diferencial dos leucócitos ........................................................... 32 5.8 Avaliação macroscópica do fígado parasitado por F. hepatica ................... 33 5.9 Análise estatística ............................................................................................. 33

6 RESULTADOS ....................................................................................................... 34 6.1 Avaliação parasitológica .................................................................................. 34 6.1.1 Dinâmica da eliminação de ovos de Fasciola hepatica .............................. 34 6.2 Parâmetros Clínicos .......................................................................................... 35 6.2.1 Frequência cardíaca ....................................................................................... 37 6.2.2 Frequência respiratória .................................................................................. 38 6.2.3 Índice FAMACHA© ......................................................................................... 39 6.2.4 Escore da condição corporal ........................................................................ 40 6.2.5 Desenvolvimento ponderal ............................................................................ 41

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

6.3 Avaliação hematológica .................................................................................... 43

6.3.1 Hematócrito .................................................................................................... 43 6.3.2 Contagem total de hemácias ......................................................................... 44 6.3.3 Hemoglobina ................................................................................................... 44 6.3.4 Volume Corpuscular Médio ........................................................................... 46 6.3.5 Concentração Média de Hemoglobina .......................................................... 47 6.3.6 Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média .................................... 48 6.3.7 Plaquetas ........................................................................................................ 49 6.4 Leucograma ....................................................................................................... 50

6.4.1 Contagens totais dos leucócitos .................................................................. 50 6.5 Contagem diferencial ........................................................................................ 51

6.5.1 Neutrófilos ...................................................................................................... 51 6.5.2 Linfócitos ........................................................................................................ 52 6.5.3 Eosinófilos ...................................................................................................... 53 6.5.4 Monócitos ....................................................................................................... 54 6.6 Necropsia ........................................................................................................... 54 6.6.1 Avaliação macroscópica ................................................................................ 54 6.7 Taxa de recuperação de F. hepatica ................................................................ 58

7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 59 7.1 Dinâmica de eliminação de ovos de F. hepatica em ovinos da raça Santa Inês ........................................................................................................................... 59 7.2 Exame clínico .................................................................................................... 60 7.3 Famacha ............................................................................................................. 62 7.4 Escore de condição corporal ........................................................................... 62 7.5 Desenvolvimento ponderal ............................................................................... 63 7.6 Perfil hematólogico ........................................................................................... 65

7.6.1 Volume corpuscular médio ........................................................................... 67 7.6.2 Concentração média de hemoglobina .......................................................... 68 7.6.3 Concentração de hemoglobina corpuscular média .................................... 68 7.6.4 Plaquetas ........................................................................................................ 69 7.6.5 Leucograma .................................................................................................... 69 7.7 Avaliação macroscópica dos fígados .............................................................. 71

8 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 73

9 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 75

ANEXO A1 – Ficha de avaliação clínica.................................................................75

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

1

1 INTRODUÇÃO

Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) é um trematódeo digenético da família

Fasciolidae que parasita os ductos biliares de diversos mamíferos, incluindo o

homem. É agente etiológico da fasciolose e apresenta distribuição cosmopolita, com

grande importância para a medicina veterinária, principalmente nas criações de

ruminantes domésticos, devido às perdas econômicas ocasionadas, pelas

condenações de fígados em frigoríficos, atraso no crescimento, perda de peso,

diminuição na produção de leite, de carne, de lã, devido à baixa fertilidade, a

abortos, e a gastos com o tratamento do rebanho e morte dos animais (Queiroz et al.

2002, Lima et al. 2009, Dracz & Lima 2014).

No Brasil, a fasciolose está em expansão e é encontrada em todas as

regiões. Em Minas Gerais, os registros do parasito são apresentados de forma

isolada, sendo que alguns municípios do sul do estado são considerados área

enzoótica para a fasciolose bovina. Ultimamente, têm sido relatados novos casos em

municípios antes considerados indenes, indicando novas áreas de transmissão e

disseminação da fasciolose (Lima et al. 2009, Dracz & Lima 2014, Dracz 2016 ).

As infecções por F. hepatica dependem da presença de hospedeiros

definitivos para dispersão dos ovos e de moluscos do gênero Lymnaea sp.,

hospedeiros intermediários que apresentam grande capacidade de colonização de

novos ambientes quando introduzidas naturalmente ou artificialmente. Na medicina

humana, a fasciolose normalmente acompanha a distribuição da doença nos

animais, ocorrendo principalmente em áreas enzoóticas. A transmissão desse

helminto está diretamente relacionada à ingestão de água, vegetação e verduras

contaminadas com a forma infectante do parasito, as metacercárias.

A fasciolose pode manifestar-se sob as formas aguda, subclínica e crônica. A

intensidade dos sinais clínicos varia de acordo com a espécie animal, raça, idade,

estado nutricional, estado imunológico, infecções concomitantes, carga parasitária e

fase de desenvolvimento do parasito. Entretanto, existem outros fatores que podem

contribuir na patogênese dos animais, como condições climáticas, tipo de pastagem

associado ao manejo e taxa de lotação (Mattos et al. 1997, Lima et al. 2009).

Devido às diversas interações que ocorre com o hospedeiro definitivo a

infecção por F. hepatica pode causar mudanças na composição do sangue como:

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

2

nas contagens dos leucócitos totais e diferenciais, hemácias, concentrações das

proteínas plasmáticas e hepáticas, imunoglobulinas, citocinas e dos minerais. O

objetivo desse estudo foi avaliar o comportamento da fasciolose em ovinos da raça

Santa Inês experimentalmente infectados e observar os parâmetros parasitológicos,

hematológicos e clínicos.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos gerais da ovinocultura

Os ovinos estão entre as primeiras espécies de animais domesticadas pelo

homem por serem fonte de alimento, de lã, de leite, de tração e de proteção (couro),

que eram de extrema importância para a sobrevivência humana (Bruna 2015). A

ovinocultura, seja para fins econômicos ou de subsistência, é praticada no mundo

inteiro e chega a, aproximadamente, um bilhão de animais, sendo a espécie com

maior número de raças catalogadas, segundo dados da FAO (2013). A capacidade

de adaptação a diferentes climas, relevos, vegetações, resultado do processo de

domesticação e posterior seleção, é um dos fatores que possibilitaram esse sucesso

de expansão a nível mundial (Bruna 2015).

Inicialmente, a ovinocultura no Brasil foi uma atividade econômica praticada

no Sul do país e posteriormente, implementada e praticada como forma de

subsistência nas regiões Norte e Nordeste do país. Porém, nos últimos anos, vários

criadores e pecuaristas em todas as regiões brasileiras começaram a utilizar essa

atividade como alternativa econômica viável e sustentável na diversificação da

produção. Os investimentos que começaram a ocorrer na ovinocultura justificam-se

pela boa receptividade que a carne de cordeiro tem tido em segmentos da alta

gastronomia, além de ser fonte proteica para populações de baixa renda,

principalmente nas regiões nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais. No Brasil

estima-se que o rebanho ovino seja da ordem de 18.410.551 milhões de animais,

distribuídos em todo o território nacional e com maior concentração nas regiões

Nordeste (11.149.336), Sul (4.877.671), Centro-oeste (1.027.552), Sudeste

(700.336) e Norte (655.656), com características distintas em termos de raça e

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

3

sistema de criação (IBGE 2015). Minas Gerais possui 225.893 mil animais, sendo

que ovinos da raça Santa Inês, oriunda do nordeste do Brasil, e seus cruzamentos

predominam na maioria das criações no estado. Uma das limitações na exploração

econômica da ovinocultura em todo o mundo são as helmintoses, gastrointestinais e

hepática (Lima et al. 2009), destacando a fasciolose, assunto deste trabalho.

2.2 Histórico de Fasciola hepatica

Segundo Resende (1979), tem-se conhecimento da F. hepatica desde o

século IX, com o relato da ―doença do fígado de ovinos, no 1º Tratado de Saúde

Animal do Mundo Árabe‖.

Segundo Andrews (1999), Jean de Brie (1379) publicou um tratado realizado

para o Rei da França, Charles V, sobre gestão e produção de lã em ovinos, quando

mencionou a presença de doença hepática nos animais denominada, na época, de

―doença do apodrecimento do fígado‖, atualmente reconhecida como ―Black

Disease‖. Ainda na mesma revisão, Andrews (1999) relatou que Francisco Redi

encontrou parasitos no fígado de um ovino em 1668, época em que demostrou a

ocorrência de oviposição e realizou a primeira descrição morfológica da forma

adulta.

Frank Nicholls (1755), por sua vez, também observou a "podridão do fígado"

em bovinos, relatando ainda que os ductos biliares estavam bloqueados por ―uma

parede de pedra‖ em volta dos helmintos, como reconhecido nos textos atuais pelo

fenômeno de calcificação. Este mesmo autor também descreve que a confirmação

de Lymnaea truncatula como hospedeiro intermediário de F. hepatica ocorreu

simultaneamente na Inglaterra por Thomas (1882) e na Alemanha por Leuckart

(1882). Segundo o mesmo autor, o desenvolvimento de F. hepatica no hospedeiro

definitivo foi descrito em 1914 por Dimitry Sinitsin em coelhos.

2.3 Taxonomia

Segundo Yamaguti (1961), a espécie Fasciola hepatica pertence ao Reino

Animalia, Filo Platyhelminthes, Classe Trematoda (Rudolphi, 1808), Sub-Classe

Digenea (Van Beneden, 1858), Família Fasciolidae (Railliet, 1895), Sub-Família

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

4

Fasciolinae (Hassal, 1898), Gênero Fasciola (Linnaeus, 1758), Espécie Fasciola

hepatica (Linnaeus, 1758).

2.4 Ciclo biológico

As formas adultas do parasito são encontradas nos ductos biliares e eliminam

ovos não embrionados nas fezes dos hospedeiros definitivos. No ambiente, o ovo

em contato com água, forma-se no seu interior a larva denominada miracídio, em um

período de oito a 14 dias, dependendo dos fatores ambientais, como a temperatura,

a luminosidade e a oxigenação (Ueta 1980). O miracídio eclode, se locomove

ativamente com o auxílio das placas ciliadas, até encontrar o hospedeiro

intermediário, os moluscos limneídeos, como os do gênero Lymnaea. O miracídio

penetra nas partes moles do molusco, transforma-se em esporocisto, contendo no

seu interior células germinativas que originam outra forma evolutiva, as rédias. As

rédias apresentam abertura bucal, tubo digestivo primitivo, poro de nascimento e

células germinativas que originam as cercárias. Dependendo das condições

ambientais, poderá ocorrer segunda geração de rédias. As cercárias, quando

formadas, saem de dentro da rédia pelo poro de nascimento, podendo alcançar o

meio externo migrando pelo colar do manto. No ambiente aquático, as cercárias

movimentam-se com ajuda de sua cauda até encontrar substrato para fixar-se. Após

a fixação, a cercária, com as secreções das glândulas cistogênicas, transforma em

metacercária, forma infectante para os hospedeiros definitivos. O período da

penetração do miracídio no molusco até a eliminação das cercárias varia entre 50 a

60 dias. Os hospedeiros definitivos se infectam ao ingerirem vegetação ou água

contendo as metacercárias. Após a ingestão, as metacercárias dessencistam-se no

trato gastrointestinal e os parasitos jovens atravessam a parede do intestino

delgado, alcançam a cavidade peritoneal e migram até atingirem o fígado. Após

atravessar a cápsula hepática, os parasitos imaturos migram pelo parênquima

hepático, onde se alimentam de tecidos, restos celulares e sangue. A partir de 45

dias atingem os ductos biliares, alcançando a maturidade. Os ovos começam a ser

eliminados juntamente com as fezes em torno de 60-70 dias (Silva et al. 1994;

Andrews 1999).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

5

2.5 Epidemiologia

2.5.1 No Brasil

Na atividade pecuária brasileira, a expansão de F. hepatica ocorre de várias

maneiras. Entretanto, alguns aspectos merecem atenção, como fatores ambientais,

clima da região, índice pluviométrico, temperatura, tipo de relevo, tipo de vegetação

e pastagens, e fatores econômicos como, a comercialização (exportação e

importação) de animais sem fiscalização sanitária adequada, assim como o

desconhecimento da fasciolose por técnicos e pecuaristas (Honer 1979, Serra-Freire

et al. 1999, Lima et al. 2009).

No Brasil, diversos estudos têm sido realizados para avaliar a prevalência de F.

hepatica em ruminantes (Silva et al. 1980, Ueno et al. 1982, Serra-Freire et al. 1995,

Luz et al. 1992, Caldas et al. 1995, Faria et al. 2005, Lima et al. 2009, Dracz et al

2014, 2016). O primeiro relato sobre F. hepatica foi feito por Lutz (1921), que

encontrou o parasito em fígados de bovinos no município de Três Rios, estado do

Rio de Janeiro. A partir de então, os estudos realizados, foram baseados

principalmente na ocorrência e/ou prevalência da fasciolose em bovinos abatidos em

frigoríficos.

Pêcego (1925) realizou um dos primeiros trabalhos no Brasil sobre a presença

da F. hepatica em fígados de bovinos inspecionados em abatedouros no Rio Grande

do Sul. Revelando uma variação nas taxas anuais de 1,9% a 21% de infecção pelo

parasito, no período de 1918 e 1925. Mais tarde, Oliveira (1932) examinou 158.467

fígados de bovinos provenientes de 16 diferentes municípios do Rio Grande do Sul

abatidos em frigorífico, revelando uma taxa de prevalência de 11,8%.

No Estado do Rio de Janeiro, Silva (1936), ao estudar a prevalência de F.

hepatica em bovinos abatidos em matadouros municipais, verificou, em 866.180

bovinos abatidos no período de 1927 a 1935, taxa de infecção de 0,23% (Coelho

2001, Oliveira 2008).

Ribeiro (1949) avaliou condenações de carcaças e vísceras de bovinos em

matadouros do Brasil Central, nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e

zona do Triângulo Mineiro, relatando incidência de 2,9% e 3,4% para os anos de

1946 e 1947 (Dacal et al. 1988, Coelho 2001, Oliveira 2008).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

6

Segundo Honer (1979) o problema da fasciolose no país, nessa época, tinha

dois aspectos importantes: um com relação à dispersão, na região centro-sul, onde a

fasciolose ocorria nas criações intensivas de gado de leite, e a outra na região sul,

onde a doença estava presente em rebanhos de criações extensivas de gado de

corte, sendo a região sul, a área que apresentava maior ocorrência no Brasil. Outra

área que começou a chamar atenção foi a região sudeste, no Vale do Paraíba,

estado de São Paulo.

Ueno et al. (1982), com o objetivo avaliar a importância econômica da

fasciolose no estado do Rio Grande do Sul, utilizaram dados obtidos pelo Serviço de

Inspeção Sanitária dos principais matadouros do estado e observaram que as taxas

anuais de fígados condenados por fasciolose variaram entre 12-13% em bovinos e

7% em ovinos.

Santos et al. (2000), no município de Itajaí, estado do Rio de Janeiro,

realizaram estudo helmintológico em animais explorados por pequenos produtores.

No estudo, observou-se a presença de ovos de F. hepatica em 100% dos animais

amostrados, como eqüinos, ovinos e caprinos, explorados em pastejo consorciado.

Os autores relataram ser este o primeiro caso da fasciolose em eqüinos, ovinos e

caprinos da Região Sudeste do Brasil.

Pile et al. (2001) estudaram, no município de Maricá, Rio de Janeiro, a

presença de ovos de F. hepatica nas fezes de búfalos jovens e adultos utilizando a

técnica de Quatro tamises, detectando índice de ocorrência de 2,5%.

Bernardo et al. (2011) avaliaram as perdas econômicas e a porcentagem de

condenação devido a fasciolose no estado do Espírito Santo. Analisando dados

oriundos de um matadouro localizado no município de Atílio Vivácqua, observaram

que a prevalência de condenação aumentou consideravelmente, sendo de 15,24%

em 2006, 23,93% em 2007, 28,57% em 2008 e de 28,24% em 2009, em um total de

110.956 bovinos abatidos nesse período.

Bennema et al. (2014) utilizaram dados georreferenciados da prevalência de F.

hepatica em bovinos abatidos em 1.032 municípios do país, onde fígados foram

condenados por causa do parasito pelo Serviço de Inspeção Federal (MAPA/SIF).

Nesse estudo, em onze estados observou-se pelo menos um animal infectado:

Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará,

Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Entretanto,

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

7

a prevalência mais elevada da fasciolose foi observada nos estados do Sul, com

presença de focos da doença ao longo do litoral do Paraná e Santa Catarina e no

Rio Grande do Sul.

2.5.2 Minas Gerais

No estado de Minas Gerais o primeiro bovino infectado por F. hepatica foi

necropsiado por Carvalho (1940) em Viçosa, região da zona da mata.

Dacal (1979) realizou um estudo no sudeste do Brasil, identificando

parasitismo por F. hepatica em rebanhos comerciais e em moluscos do gênero

Lymnaea, sugerindo que a população humana, os rebanhos bovinos, ovinos e

suínos de Minas Gerais, particularmente, aqueles próximos do Vale do Rio Paraíba,

estavam sujeitos à infeção pelo parasito.

Caldas et al. (1995) realizaram um estudo no estado de Minas Gerais de 51

municípios pertencentes a seis mesorregiões, por meio de exames

coproparasitológicos de 3086 bovinos distribuídos em 205 propriedades rurais.

Observaram prevalência de 1,49% de F. hepatica para as seis mesorregiões de

Minas Gerais, sendo as prevalências distribuídas em Belo Horizonte (1,80%), Itabira

(0,6%), Divinópolis (1,3%), Itajubá (9,05%), Poços de Caldas (0,26%) e Varginha

(0,51%).

Faria et al. (2000) realizaram um estudo no município de Itajubá, e também

observaram uma das maiores taxas de prevalência do estado, sendo que, das

propriedades estudadas, 47,9%, apresentavam, pelo menos, um animal parasitado.

Os resultados dos exames corpoparasitológicos dos rebanhos leiteiros do município

apresentaram prevalência entre 9 e 13% dos bovinos positivos para F. hepatica.

Coelho et al. (2003), estudando a dinâmica da infecção no hospedeiro

intermediário também em Itajubá, encontraram 1,92% moluscos Lymnaea columella

infectados naturalmente por diferentes estádios evolutivos de F. hepatica. Coelho et

al. (2003), estudando a variação populacional de L. columella e sua taxa de

infecção natural por F. hepatica no município de Itajubá, observou que a população

de moluscos aumentava de junho a novembro e decrescia de dezembro a fevereiro.

Faria et al. (2005), também em Itajubá, estudaram a flutuação na prevalência

da fasciolose em animais cruzados durante 12 meses e observaram que os animais

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

8

apresentavam ovos de F. hepatica durante o ano inteiro, e a maior postura de ovos

ocorreu entre os meses de março e outubro.

Lima et al. (2009) demonstraram a prevalência da fasciolose hepática em

bovinos de 16 municípios de Minas Gerais, sendo que as cidades que apresentaram

maiores índices foram de Itajubá (70%), Piranguinho, Cachoeira de Minas (40%),

Careaçu e Brasópolis (30%). Ainda no mesmo trabalho, os autores coletaram

moluscos da espécie Lymnaea columella nos municípios, mas, apenas em Itajubá,

encontrou-se infecção com taxa de infecção 2.96%. Tais achados indicam a

possibilidade do surgimento de novas áreas de transmissão e disseminação da

fasciolose.

Dracz & Lima (2014) avaliaram a ocorrência da F. hepatica em fezes de

bovinos e búfalos provenientes dos municípios de São José da Lapa e Pedro

Leopoldo, observando ocorrência de 18,75% para bovinos e 28,73% para bubalinos.

Esse foi o primeiro trabalho a relatar a infecção natural de búfalos no estado de

Minas Gerais.

2.6 Patogenia da fasciolose ovina

As lesões causadas por F. hepatica em fígados de ovinos vêm sendo

relatadas por vários autores (Sinclair 1962, Boray 1967, Dow et al. 1968, Presidente

1975, Rushton & Murray 1977, Dargie 1987, Chauvin 1995, Bostelmann et al. 2000,

Mekroud et al. 2007, Rojas et al. 2015).

Kendall & Parfitt (1962) observaram, em estudos com ovinos, que os estágios

imaturos migravam através da parede intestinal, rompendo camadas mucosa,

submucosa, muscular e serosa, chegando à cavidade peritoneal em 72 horas. Após

os estágios imaturos entrarem na cavidade abdominal, continuam migrando entre

vários órgãos, chegando ao fígado aproximadamente 90 horas após a infecção.

Após a chegada ao parênquima hepático, os estágios imaturos penetram na

cápsula hepática, dando início ao processo de migração, que ocorre de 15 a 45 dias.

As migrações dos estágios imaturos pelo fígado caracterizam a fase aguda da

doença, com destruição do parênquima hepático, dos vasos sanguíneos, dos ductos

biliares, provocando micro hemorragias e trombose. As lesões hepáticas aumentam

de acordo com o desenvolvimento dos parasitos, da abrasão causada pelos

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

9

espinhos presentes no tegumento, da ação mecânica das ventosas oral e ventral e

da liberação de proteases, bem como a suscetibilidade do hospedeiro.

Os estágios imaturos e adultos, ao longo do ciclo biológico produzem e

liberam grandes quantidades de moléculas denominadas de produtos de

excreção/secreção (ES). Esses produtos contêm enzimas, que auxiliam na

progressão do parasito pelo intestino e parênquima hepático, na destruição das

proteínas intersticiais da matriz, como a fibronectina, a laminina e o colágeno, na

aquisição de nutrientes por catabolização das proteínas do hospedeiro em peptídeos

absorvíveis, na modulação do sistema imune do hospedeiro por clivagem das

imunoglobulinas, redução da atividade dos linfócitos, ativação da via alternativa dos

macrófagos e indução de apoptose (Dixit et al. 2008, Cancela 2008; Escamilla et al.

2016).

No trajeto percorrido pelos estágios imaturos, já foram encontrados restos

celulares, eritrócitos, linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e macrófagos. Os casos de

morte do hospedeiro na fase aguda são devido às consequências das migrações

hepáticas realizadas pelos estágios imaturos, que comprometem a integridade do

fígado e causam alterações na composição do sangue dos hospedeiros,

principalmente nos eritrócitos, nos leucócitos e componentes, como as proteínas

plasmáticas, proteínas hepáticas e minerais (Sinclair 1967, Boray 1967, Rushton &

Murray 1977, Dargie 1987, Chauvin 1995, Behm & Sangster 1999, Haçariz et al.

2009 Rojas et al. 2015.).

Nos ductos biliares, os estágios imaturos começam a ingerir sangue e

transformam-se em parasitos adultos, caracterizando a fase crônica da doença.

Enquanto o parênquima hepático recupera-se do processo inflamatório, o epitélio

dos ductos biliares, hepáticos e áreas adjacentes tornam-se inflamados (Sinclair

1967). Nessa fase, a anemia torna-se acentuada devido à intensa espoliação

sanguínea, sendo um dos fatores relacionados à mortalidade do hospedeiro. Os

parasitos adultos provocam descamação e ulceração dos ductos biliares e, como

resposta à irritação mecânica, o organismo modifica a sua estrutura, tornando a

parede dos ductos espessada e hiperplásica resultando numa colangiohepatite

(Sinclair 1967, Dow et al. 1968, Rushton & Murray 1977, Bostelmann et al. 2000).

Isso ocorre devido à infiltração de fibroblastos, que são diretamente responsáveis

pelos processos de fibrose ocorridos no fígado. A hiperplasia dos ductos biliares

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

10

acentua-se com o decorrer da infecção, atingindo níveis extremos, levando à

necrose desses ductos e ao quadro de hemorragia (Sinclair 1967; Boray 1967, Dow

et al., 1968, Rushton & Murray 1977, Behm & Sangster 1999). Além disso, a

presença dos parasitos nos ductos biliares pode interferir na secreção e drenagem

da bile para o intestino, podendo provocar alteração da absorção de nutrientes. A

fibrose no fígado torna-se grave em infecções mais intensas ou prolongadas, sendo

mais marcante em bovinos quando comparado aos ovinos (Dawes & Hughes 1964,

Ross et al., 1966, Boray 1969, Rushton & Murray 1977).

Os mecanismos envolvidos nas respostas do hospedeiro e as estratégias de

sobrevivência do parasito mostram-se bastante complexos. A patogênese da

fasciolose pode ser compreendida a partir da ingestão das metacercárias, com

densencistamento no intestino delgado, onde ocorre a primeira interação entre o

parasito e os tecidos do hospedeiro definitivo, sendo diretamente associada à

espécie de hospedeiro, à carga parasitária resultante e às características

bioquímicas do parasito durante os diferentes estágios de seu desenvolvimento

(Sinclair 1967, Boray 1967, Rushton & Murray 1977, Dargie 1987, Behm & Sangster

1999).

2.7 Sinais clínicos nos ovinos

A evolução clínica da fasciolose é muito variável e depende da espécie de

Fasciola envolvida na infecção, da carga parasitária, da resposta imune do

hospedeiro, da fase e da duração da infecção, entre outros (Boray 1967, Hawkins &

Morris 1978, Haroun & Hillyer 1986, Behm & Sangster 1999, Rojo-Vázquez et al.

2012).

Sinclair (1962), com o objetivo de avaliar alguns aspectos da patologia clínica

da fasciolose, infectou oito borregos da raça Cross-Kerry com 10 meses de idade e

dois grupos foram formados. O grupo A recebeu 600 metacercárias em dose única

e o grupo B recebeu quatro doses de 150 metacercárias semanalmente. Os animais

infectados apresentaram redução do apetite aos 7 dpi; aos 30 dpi ficaram

prostrados, houve redução na ruminação e na produção de fezes, além de

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

11

polidipsia; aos 90 dpi apresentaram mucosas pálidas, fraqueza muscular, cabeça

baixa, pelagem opaca, presença de edema submandibular e ascite.

Boray (1967), para estudar os aspectos clínicos em ovinos, infectou 148

animais da raça Merino por F. hepatica. As doses de metacercárias variaram de 200

a 10.000. Observou-se que os ovinos infectados com 200 metacercárias não

apresentaram sinais clínicos e ganharam 5 kg em 175 dias de estudo. Os ovinos que

receberam 500 metacercárias apresentaram ligeira inapetência nas duas primeiras

semanas após a infecção; no entanto, ganharam 4,68 kg nos primeiros 84 dias de

estudo. Dos 15 ovinos infectados com 500 metacercárias, 10 apresentaram anemia

progressiva aos 105 dpi, morrendo ou sendo sacrificados entre os 168 a 273 dpi. As

infecções com 1.000 a 2.000 metacercárias causaram inapetência temporária, perda

de peso entre os 14 e 28 dpi, seguidos de algum ganho entre os 49 e 56 dpi; porém,

após esse intervalo, os ovinos perderam peso gradualmente. Alguns ovinos entre os

56 e 70 dpi apresentaram constipação, ascite e dor abdominal, além das mucosas

oculares apresentarem-se com coloração amarelo-avermelhada. No entanto, alguns

ovinos melhoravam a condição física entre os 70 e 91 dpi, mas, aos 98 dpi, alguns

ovinos apresentavam mucosa ocular pálida, perda de 7 kg de peso, lã opaca que se

desprendia com facilidade, ascite grave e morte, registrada entre os 112 e 182 dpi.

As infecções com 4.000 a 10.000 metacercárias causaram, em todos os ovinos, aos

14 dpi, inapetência, aos 21 dpi, perda de peso, entre os 35 e 42 dpi, anemia

progressiva. A morte de dois ovinos, um infectado com 4.000 metacercárias e o

outro com 6.000, ocorreu entre 28 e 35 dpi. Aos 56 dpi, dor abdominal e ascite,

mucosa ocular com coloração amarelo-esbranquiçada, fezes ressecadas, além de

alguns perderem em média 9 kg de peso antes de morrer, sendo que a perda

máxima chegou a 18 kg. Os ovinos infectados com 100 a 1.000 metacercárias

morreram de fasciolose crônica, os ovinos que receberam carga parasitária superior

a essa, morreram da forma aguda ou subaguda. Os sinais clínicos observados nos

ovinos infectados com 200 a 700 metacercárias foram atribuídos à anemia

progressiva e crônica observada aos 91 dpi. No entanto, nos ovinos que receberam

1.000 metacercárias ou carga superior, os sinais clínicos foram relacionados à

anemia devido à hemorragia em múltiplas áreas do parênquima hepático, provocada

pela migração dos estágios imaturos, e à intensa reparação do tecido hepático, o

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

12

que pode ter prolongando a migração no parênquima hepático e,

consequentemente, aumentando ainda mais as lesões no fígado.

Presidente et al. (1975) infectaram seis borregos mestiços (Cheviot X Lester),

de seis meses de idade, com carga parasitária variando de 100, 500 e 2.500

metacercárias de F. hepatica e relataram que apenas um ovino infectado com 2.500

metacercárias apresentou, durante o estudo, distensão abdominal, mucosas pálidas

e perda de peso, morrendo aos 105 dpi.

Sinclair (1975) infectou 16 ovinos da raça Clun com 18 meses de idade, e

observou que os ovinos que receberam 1.000 metacercárias de F. hepatica

apresentaram, aos 42 dpi, inapetência e desconforto abdominal; aos 56 dpi, ocorreu

perda da condição corporal; e, aos 91 dpi, perderam 2kg de peso médio. Sugeriu

que a inapetência poderia estar relacionada à falha na síntese de proteína ou devido

à perda de proteína plasmática, pois ocorreu hipoalbunemia.

Berry & Dargie (1976) observaram que os ovinos da raça Blackface com

fasciolose apresentavam sinais clínicos, como inapetência, perda de peso, fraqueza,

palidez das mucosas e na maioria dos casos edema submandibular.

Dargie (1987) associou a falta de apetite nos ovinos infectados à presença

dos parasitos adultos nos ductos biliares, que aparece apenas durante a primeira

fase da infecção aguda grave.

Na fasciolose, encontram-se duas formas de manifestações clínicas bem

caracterizadas. A fase aguda, onde os sinais clínicos característicos são dor

abdominal, perda de peso, anemia, hepatomegalia e febre, resultado das lesões

causadas pela migração dos helmintos imaturos através do parênquima hepático

(Sinclair 1962, Boray 1967, Rushton & Murray 1977, Rojo-Vázquez et al. 2012). Nos

casos de alta carga parasitária, os estágios imaturos podem causar a morte súbita

na fase aguda por hepatite traumática (Boray 1967). Ainda na fase aguda, Rojo-

Vázquez et al. (2012) sugerem que a observação minuciosa do rebanho de ovinos

permite a identificação de outros sinais clínicos, como mucosas pálidas, letargia e

dispnéia quando em movimento, fígado palpável e ascite. Em alguns casos durante

a fase aguda, podem ser evidenciadas perdas de até 25% de um rebanho quando

ocorre surtos (Behm & Sangster 1999). A fase aguda, associada à morte e hepatite

no rebanho de ovinos, deve-se à ingestão de grande número de metacercárias em

um curto período de tempo, segundo Rojo-Vázquez et al. (2012). Admite-se que o

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

13

maior grau de infeção dos ovinos deve-se a muitos fatores, como os seus hábitos

alimentares, uma vez que estes se alimentam das porções mais baixas da

vegetação, onde há maior concentração de metacercárias, ao contrário dos bovinos

que ingerem a porção mais alta da vegetação.

A fase crônica, por sua vez, é caracterizada pela presença dos parasitos

adultos nos ductos biliares, onde induzem colangite, hiperplasia do epitélio e

extensas áreas de fibrose (Rushton & Murray 1977, Behm Sangster 1999, Rojo-

Vázquez et al. 2012). Na Europa, a fasciolose crônica é a forma mais comum da

doença. A infecção ocorre especialmente no outono e inverno, quatro a cinco meses

após a ingestão de número baixo/moderado de metacercárias. Nestes estudos,

relataram ainda, que a infecção é mais grave em animais desnutridos ou quando as

exigências nutricionais são elevadas, como no final da gravidez ou início da

lactação, onde ocorre perda progressiva da condição corporal (Rojo-Vázquez et al.

2012). A fasciolose crônica é caracterizada por perda de peso, ascite,

desenvolvimento gradual de edema submandibular, anemia, hipoproteinemia,

hipoalbuminemia, elevada atividade enzimática no fígado, eosinofilia e, em cargas

parasitárias muito altas, a infecção pode levar o animal à morte (Behm & Sangster

1999).

Há também a infecção subclínica, com grande importância devido à

dificuldade de se diagnosticar e por causar várias perdas econômicas (Boray 1967,

Sinclair 1972, Berry & Dargie 1976, Hawkins & Morris 1978, Sykes et al. 1980,

Dargie 1987). No entanto, a caracterização das fases da doença em fasciolose

aguda, subclínica e crônica é pouco aplicável na prática, pois diferentes fatores

afetam a evolução dos sinais clínicos da infecção (Rojo-Vázquez et al. 2012). A

manifestação da fasciolose subclínica ocorre de seis a 10 semanas após a ingestão

das metacercárias; em casos fatais, quando presentes, são evidenciados sinais

clínicos uma a duas semanas antes do óbito, tais como letargia, perda de condição

corporal, mucosas pálidas e fígado palpável (Boray 1967, Sinclair 1975, Berry &

Dargie 1976, Hawkins & Morris 1978, Sykes et al. 1980, Dargie 1987). A doença

subclínica é caracterizada por anemia devido à hemorragia hepática ser mais

prolongada do que na doença aguda (Rojo-Vázquez et al. 2012). O grau de anorexia

tem sido associado com a intensidade da infecção, mas não há nenhuma relação

clara entre a carga parasitária e a redução do apetite (Symons 1985, Dargie 1987).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

14

No entanto Ferre et al. (1994) relataram que infecções com apenas 20 parasitos

adultos poderiam causar grande redução na ingestão voluntária de alimentos em

cordeiros. Contudo, Anil e Forbes (1980) e Ferre et al. (1994, 1995) atribuíram que

a redução do apetite poderia estar relacionada à função hepática comprometida,

devido ao aumento das concentrações plasmáticas de ácidos biliares e à redução no

fluxo da bile, que contribuíram para as lesões no fígado e conduziram à redução no

metabolismo de glicolipídico.

O comportamento clínico também varia com o tipo de hospedeiro,

apresentando-se a fasciolose de forma bastante distinta. Em situações a campo, os

animais estão em constante contato com o parasito, resultando em sintomas de fase

aguda e crônica associados. A infecção hepática pode ser altamente patogênica,

levando à severa morbidade e à mortalidade dos hospedeiros (Boray 1967). Os

ovinos mostram-se susceptíveis, não adquirem resistência, a mortalidade ocorre

tanto na fase aguda quanto na crônica e encontra-se associada a altas cargas

parasitárias, ocasionando anemia severa, perda das funções do tecido e, em alguns

casos hemorragia em outros tecidos (Boray 1967).

2.8 Diagnóstico

2.8.1 Diagnóstico parasitológico

Diversos autores, entre eles Dennis et al., (1954), Taylor (1964), Happich &

Boray (1969) e Bendezu & Landa (1973), preconizam o exame coprológico como a

forma mais segura para o diagnóstico da fasciolose crônica. O exame coprológico

determina a presença de ovos de Fasciola spp., o que indica a existência de

trematódeo adulto nos ductos biliares.

Várias técnicas para o diagnóstico coprológico da fasciolose encontram-se

descritas na literatura. Segundo Girão & Ueno (1985), no diagnóstico parasitológico

a detecção de ovos nas fezes pode ser feita utilizando-se a técnica de

processamento pela filtração sequencial em dois tamises, ―Flukefinder‖, ou a técnica

de Quatro Tamises Metálicos modificada. Os autores observaram que a pipeta

usada para retirar o excesso de água na placa de petri, resultante da lavagem do

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

15

tamis ao recolher o sedimento, reteve aproximadamente 3% dos ovos de F. hepatica

e o tamis de 200 malhas/polegada 4,9%.

Abidu et al. (1996), com objetivo de diagnosticar fasciolose hepática em

ruminantes através de estudo comparativo entre a técnica de Girão & Ueno ou

técnica dos quatro tamises com filtro de Visser e ―flukefinder‖, observaram

convergência nos resultados, mas concluíram que tais técnicas poderiam ser

utilizadas como rotina no diagnóstico da fasciolose.

Faria et al. (2008), com o objetivo de avaliar o grau de concordância entre as

técnicas de quatro tamises e de filtração sequencial utilizando 1076 amostras de

fezes de bovinos, observaram que ambas as técnicas possuem 92,7% sensibilidade

e 94,9% de especificidade, sendo as duas técnicas apropriadas para a detecção de

ovos de F. hepatica. No entanto, a técnica de quatro tamises é de fácil realização,

pois o material necessário para os exames são de fácil obtenção, baixo custo de

confecção e de manutenção dos tamises.

Na escolha da técnica empregada para detecção de ovos de F. hepatica, a

eficiência é fator importante, devido à necessidade de resultados confiáveis.

Entretanto, a operacionalização deve ser levada em consideração, na tentativa de

reduzir os custos, o tempo empregado na elaboração dos exames, sem que isso

afete a qualidade dos resultados (Faria et al. 2008).

2.8.2 Diagnóstico clínico

O diagnóstico clínico deve basear-se em vários fatores e não somente nos

sinais clínicos apresentados pelo animal, pois muitos animais apresentam a doença

de forma subclínica. Os sinais clínicos podem variar, dependendo da carga

parasitária, da fase de desenvolvimento dos parasitos e da espécie de hospedeiro

envolvido. Mesmo assim quando os sinais clínicos são evidenciados, não são sinais

patognomônicos, mas apesar disso, são sinais que levam o veterinário a suspeitar

da fasciolose (Urquart et al. 1996, Faria et al. 2005, Lima et al. 2009).

Segundo Rojo-Vazquez et al. (2012), na forma aguda da fasciolose, os ovinos

podem apresentar mucosas hipocrômicas, atividade de pastejo diminuída, relutantes

em movimentar-se e podem ocorrer mortes súbitas de animais que aparentemente

estavam saudáveis. Na fasciolose subclínica, apesar das lesões no fígado, os ovinos

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

16

podem não apresentar sinais clínicos evidentes, mas quando observados

geralmente são de baixa condição corporal, baixa qualidade da lã e mucosas

hipocrômicas.

A fasciolose crônica é caracterizada por perda progressiva da condição

corporal, emaciação e edemas em algumas partes do corpo, especialmente na

região do abdômen e submandibular. Segundo Rojo-Vazquez et al. (2012), na

Europa, além das mucosas hipocrômicas, algumas mortes podem ser observadas,

especialmente quando a infecção ocorre em momentos como a prenhez ou a

lactação.

Os sinais clínicos na fase crônica são mais evidentes, os animais podem

apresentar emaciação, anorexia, perda de peso, desidratação, icterícia, edema e/ou

ascite, mucosas hipocrômicas, pelo seco e quebradiço, constipação ou diarreia,

distúrbios digestivos e morte em condições de intenso parasitismo, especialmente

em animais jovens (Sinclair 1962, Boray 1969, Murray & Rushton 1977, Sykes et al.

1980, Ferre et al. (1995), Rojo-Vazquez et al. 2012).

2.8.2.1 Famacha

O nome do método é decorrente das iniciais do seu idealizador, o Dr.

François Malan. Malan & Van Wyk (1992) associaram a incidência do Haemonchus

contortus com o hematócrito e correlacionaram os valores do hematócrito com

diferentes colorações de conjuntiva. Com o auxílio da computação gráfica, a partir

da fotografia da mucosa ocular de vários animais, foram estabelecidos 5 graus de

anemia apresentando correlação de 0,8 e confiabilidade de 95% nas infecções por

H. contortus (Malan et al. 2001). As diferentes colorações de conjuntiva,

correspondentes à classificação de 1 a 5 no grau de anemia, variam entre vermelho,

rosa-vermelho, rosa, rosa-pálido e branco. Olah et. al. (2015), utilizando estes

parâmetros, avaliaram o potencial do método de Famacha© em predizer a existência

de outros parasitos hematófagos, especificamente a F. hepatica em ovinos. Os

resultados obtidos revelaram que o método Famacha© pode ser usado para

identificar os ovinos com elevada carga parasitária. Apesar da forte correlação, o

escore Famacha© e a carga parasitária são variáveis que correlacionaram

moderadamente com hematócrito.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

17

2.8.2.2 Escore de condição corporal

Machado et al. (2008) relataram que Jefferies (1961), na Escócia, foi quem

idealizou o método de avaliação da condição corporal para ovinos, baseado na

escala de 0 a 5 pontos, o escore de condição corporal variando de muito magra a

muito gorda. Avaliação da condição corporal é medida subjetiva de avaliar o estado

nutricional dos ruminantes por meio da classificação dos animais em função da

cobertura muscular e da massa de gordura. Portanto, o escore de condição corporal

(ECC) é realizado por meio de avaliação visual e/ou tátil, representando uma

ferramenta importante de manejo. O método é rápido, prático e barato, reflete as

reservas energéticas dos animais e auxilia na indicação de práticas a serem

adotadas no manejo nutricional do rebanho. Há diferentes escalas de escores, as

quais variam no conceito, nos pontos de observação e na espécie animal à qual são

aplicados. As notas são dadas aos animais de acordo com a quantidade de reservas

teciduais, especialmente de gordura e de músculos, em determinadas regiões do

corpo, frequentemente associadas a marcos anatômicos específicos, tais como

determinadas protuberâncias ósseas: costelas, processos espinhosos da coluna

vertebral, processos transversos da coluna vertebral, vazio, ponta do íleo, base da

cauda, sacro e vértebras lombares. Os escores extremos, superior ou inferior, são

indesejáveis em qualquer escala e em qualquer espécie animal avaliado

(Rosemberg 1993).

2.8.2.3 Ganho de peso

Segundo Diiwel et al., ( 1972) apenas 38 parasitos adultos são capazes de

causar perda de peso em ovinos parasitados por F. hepatica. Berry & Dargie (1976)

realizaram estudo com ovinos experimentalmente infectados com F. hepatica,

relatando que o ganho de peso pode ser reduzido significativamente em ovinos

infectados com 45 parasitos adultos. Vários estudos têm mostrado que altas cargas

parasitárias, por exemplo acima de 350 vermes, podem causar grave perda de peso

e morte em ovinos adultos (Sinclair 1962, Boray 1969, Berry & Dargie 1976, Hawkins

& Morris 1978, Hawkins 1984).

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

18

A perda de peso ocasionada por F. hepatica tem várias etiologias distintas,

por exemplo, o aumento dos níveis de ureia plasmática, indicando que a

desaminação de aminoácidos é aumentada dentro do intestino, coincidindo com o

aumento dos níveis de ureia no sangue, a hipertrofia hepática, em consequência da

migração dos estágios imaturos pelo parênquima hepático, e a ingestão de proteínas

pelos parasitos adultos (Berry & Dargie 1976, Sykes et al. 1980).

A outra hipótese seria devido ao aumento na demanda de proteína pelo

desvio fisiológico de aminoácidos para atender aos requisitos de síntese de

proteínas no fígado, na medula óssea, no tecido linfoide decorrentes das

estimulações antigênicas e na passagem de proteínas do sangue para o intestino,

reduzindo a disponibilidade de aminoácidos para crescimento, ganho de peso, lã e

leite (Darge et al. 1979).

O ganho de peso reduzido em ovinos tem duas causas aparentes: conversão

alimentar reduzida e anorexia (inapetência). Ovinos infectados com menos de 200

helmintos adultos não apresentaram anorexia significativa (Sinclair 1975, Berry &

Dargie 1976, Hawkins & Morris 1978, Dargie et al. 1979, Sykes et al. 1980, Ferre et

al. 1994), indicando que o ganho de peso, reduzido nessa fase da infecção é

comprometida devido à conversão alimentar. Em infecções experimentais com dose

única em ovinos, a anorexia coincidiu com a entrada nos ductos biliares entre 42 e

49 dpi (Berry & Dargie de 1976, Dargie et al. 1979, Sykes et al. 1980, Ferre et al.

1994).

Raadsma et al. (2007) mostraram que durante o período experimental todos

os borregos infectados e controles ganharam peso em consequência da alimentação

ser ad libitum e estarem em fase de crescimento. No entanto, quando comparou o

ganho de peso dos borregos infectados em relação aos controles, verificaram perda

de 1,5 Kg em média dos infectados aos 7 dpi e redução significativa aos 14 dpi,

sendo que o rebanho foi incapaz de recuperar peso compensatório durante o estudo

em relação aos controles.

2.8.2.4 Influência da fasciolose no perfil hematológico de ovinos

Os valores hematológicos são amplamente utilizados como valores de

referência para a espécie. No entanto, animais de diferentes raças, idades, sexo,

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

19

estado fisiológico (lactação, prenhez, reprodução) e local de criação possuem

necessidades nutricionais, energéticas e metabólicas diversas. Além desses fatores,

as helmintoses também podem influenciar nesses valores (Ferreira Neto et al. 1977).

O hemograma é um exame complementar, que fornece ao profissional várias

informações sobre o estado de saúde dos animais. Por essa técnica pode-se avaliar

a resposta do sistema hematopoiético, diagnosticar doenças hematológicas, avaliar

a evolução clínica provocadas em certas doenças, bem como as deficiências

nutricionais, sendo este o motivo pelo qual o exame de sangue é o mais solicitado

na rotina clínica, devido à sua praticidade e utilidade na prática clínica. No entanto, a

anamnese e o exame clínico são essenciais para a interpretação dos dados

hematológicos (Rosemberg 1993).

O hemograma é dividido em duas partes: o eritrograma, que compreende o

número total de hemácias, hematócrito, concentração de hemoglobina, VCM

(volume corpuscular médio), CHM (concentração de hemoglobina média), CHCM

(concentração de hemoglobina corpuscular média), e o leucograma, que avalia as

contagens de leucócitos totais e diferenciais (Ferreira Neto et al. 1977).

A anemia é definida pela redução do número de hemácia, de hemoglobina ou

do hematócrito abaixo dos valores de referência para a espécie. Constitui-se

raramente como uma doença primária, necessitando conhecer a etiologia da anemia

para que o tratamento racional seja empregado, pois ele não é direcionado somente

para anemia, exceto como medida de emergência (Ferreira Neto et al. 1977).

Jennings et al. (1955) observaram que cada F. hepatica poderia ingerir 0,2 mL

de sangue do hospedeiro durante o período de 24 horas. Um ovino pesando 20 Kg e

infectado com 200 metacercárias de F. hepatica, pode perder 4 mL de sangue por

dia e desenvolver algum tipo de anemia.

Alguns pesquisadores como Sinclair 1962, Boray 1967, Presidente et al.

1975, Berry & Dargie, 1976, estudaram a anemia em modelos experimentais e

verificaram que anemia é um sinal clínico marcante dos animais parasitados por

F. hepatica.

Dargie et al. (1979) atribuíram a anemia na fase inicial à hemorragia intra-

hepática, devido à migração dos estágios imaturos pelo parênquima hepático.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

20

Sykes et al. (1980) também encontraram significativa redução dos eritrócitos e

hemoglobina em conjunto com maior MCV durante a fasciolose crônica subclínica

em ovinos, em comparação com ovinos não infectados.

Hawkins (1984) sugeriu que a hemoglobina e o hematócrito podem ser

utilizados na previsão da carga parasitária e para indicar a probabilidade de morte

ou sobrevivência dos ovinos infectados. Ao final do estudo, concluiu que a morte

poderia ocorrer em ovinos infectados quando o hematócrito fosse inferior a 15%.

Em contrapartida, Mekroud et al. (2007), trabalhando com 10 borregas do

cruzamento entre Ouled – Djellal x New Zealand de quatro meses de idade e

infectadas experimentalmente com 150 metacercárias de F. hepatica, relataram que,

durante os 140 dias de estudo, não observaram variação no número de hemácias

dos ovinos infectados em comparação as cinco borregas não infectadas.

Martinez-Pérez et al. (2014) relataram que os ovinos infectados com 200

metacercárias de F. hepatica reduziram o número de hemácias e hematócrito aos 14

dpi e observou que, aos 84 dpi, o número voltou a aumentar.

Raadsma et al. (2007), avaliando a resposta imune de borregos infectados,

relataram que o hematócrito durante os 70 dias de estudo foi inferior ao verificado

nos borregos não infectados, e que, aos 63 dpi, observaram queda significativa no

hematócrito dos borregos infectados, 26%, enquanto os borregos não infectados

apresentavam hematócrito acima de 30%.

2.8.2.5 Leucograma

Tem sido bem documentado que a infecção de ovinos por F. hepatica induz

aumento nas contagens médias dos leucócitos totais na circulação e migração de

grande quantidade leucócitos do sangue para o fígado, especialmente de eosinófilos

(Sinclair 1962, Boray 1967, Dow et al. 1968, Rushton & Murray 1977, Sykes et al.

1980, Chauvin et al. 1995, Zhang et al. 2005, Haçariz et al. 2009, Rojas et al. 2015).

No caso da fasciolose em ovinos, o aumento do número de eosinófilos no

sangue está associado a dois momentos distintos da infecção. O primeiro quando os

estágios imaturos estão migrando no parênquima hepático e o segundo quando os

parasitos começam a entrar nos ductos biliares (Chauvin et. 1995, Raadsma et al.

2007). No entanto, a redução do número de eosinófilos no sangue periférico de

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

21

ovinos infectados pode ser devido à migração dos eosinófilos para o fígado, em

consequência das lesões causadas pelos estágios imaturos (Ruston & Murray

1977).

Presidente et al. (1975) relataram que os borregos infectados aumentaram o

número médio de eosinófilos a partir dos 14 dpi; também observaram dois picos nos

números médios de eosinófilos, o primeiro aos 28 dpi e o segundo aos 42 dpi.

Sinclair (1975) observou que o número médio de eosinófilos nos ovinos

infectados começou aumentar aos 14 dpi e relatou o primeiro pico entre 56 e 70 dpi.

Ruston & Murray (1977) em estudo com ovinos infectados com 400

metacercárias de F. hepatica mostraram que, nas lesões encontradas nos fígados

dos ovinos, a célula predominante é eosinófilo.

Chauvin et al. (1995), com objetivo de avaliar a resposta celular e humoral em

ovinos originados do cruzamento entre Vendeen x Belle Islois infectados com 150

metacercárias de F. hepatica, observaram que o número de eosinófilos no sangue

periférico começou aumentar aos 14 dpi, apresentando pico aos 21 dpi.

Widjajanti et al. (2002) observaram correlação positiva entre o número de

eosinófilos e o número de parasitos recuperados no fígado.

Zhang et al. (2005) observaram aumento bifásico com o primeiro pico nos

números médios dos eosinófilos em ovinos infectados com 250 metacercárias de

F. hepatica aos 28 dpi e o segundo pico entre 63 e 70 dpi.

Şimşek et al. (2006) demonstraram que a eosinofilia pode sugerir a presença

de infecção provocada por helminto, mas a ausência de eosinofilia não pode excluir

a presença desses parasitos.

Raadsma et al. (2007) relataram aumento bifásico de eosinófilos em borregos

infectados, sendo o primeiro pico aos 28 dpi, seguido de redução aos 42 dpi e

posterior pico aos 63 dpi em relação aos borregos não infectados.

Mekroud et al. (2007) observaram que borregas de raça mestiça (Ouled-

Djellbal x New Zealand) infectados com 150 metacercárias de F. hepatica

apresentaram aumento bifásico no número de eosinófilos, o primeiro aos 35 dpi e o

segundo aos 91dpi.

Rojas et al. (2015) relataram a infiltração leucocitária no fígado de ovinos

infectados com 180 metacercárias de F. hepatica, com predomínio de eosinófilos,

mas também observou-se macrófagos, neutrófilos e linfócitos.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

22

3 JUSTIFICATIVA

A fasciolose causada por Fasciola hepatica é uma zoonose, com distribuição

cosmopolita e representa grande importância econômica na criação de ruminantes,

especialmente em ovinos, devido perda de peso, queda na produção de leite, de

carne, de lã e devido a abortos e gastos com tratamento. Os ovinos parasitados não

apresentam sinais patognomônicos de fasciolose, podendo os sinais, serem

confundidos com os de outras doenças, incluindo as infecções subclínicas.

Essa helmintose tem sido descrita em todas as regiões brasileiras e, em

Minas Gerais, têm ocorrido, nos últimos anos, relatos de encontros de hospedeiros

definitivos como, bovinos, bubalinos, capivaras e hospedeiros intermediários, como

a Lymnaea (= Pseudosuccinea) columella infectados por F. hepatica. Em situações a

campo, em áreas enzoóticas, os animais estão constantemente expostos à infecção

e seus estágios evolutivos são encontrados no fígado, podendo levar a grave

morbidade e mortalidade dos hospedeiros.

O desconhecimento da doença pelos técnicos e criadores, além da

dificuldade de diagnóstico tanto parasitológico quanto clínico, são fatores que

contribuem para a expansão do parasito. A ovinocultura apresenta um momento

particular no Brasil, com diversificação de subprodutos, importação de animais e

produção orgânica. A raça de ovinos Santa Inês, originária no nordeste do Brasil,

apresenta características específicas, como a boa adaptação às condições tropicais

e subtropicais, o que a torna importante zootecnicamente. Deve-se salientar que um

dos fatores que interfere na exploração econômica dos ovinos são as helmintoses

gastrintestinais e a fasciolose. No entanto, existem poucos trabalhos sobre o

comportamento dos ovinos da raça Santa Inês infectados com F. hepatica, o que foi

objetivo deste trabalho.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

23

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivos gerais

Observar aspectos parasitológicos, clínicos e hematológicos em ovinos da

raça Santa Inês experimentalmente infectados por F. hepatica.

4.2 Objetivos específicos

a) Acompanhar a dinâmica da eliminação de ovos por grama de fezes (OPG)

dos ovinos da raça Santa Inês infectados experimentalmente por F. hepatica

na fase aguda e crônica da doença.

b) Avaliar os sinais clínicos, escore de condição corporal, ganho de peso dos

ovinos da raça Santa Inês infectados experimentalmente por F. hepatica na

fase aguda e crônica da doença.

c) Acompanhar os valores hematológicos (hematócrito, hemácia, hemoglobina,

volume corpuscular médio, concentração de hemoglobina média,

concentração de hemoglobina corpuscular média, plaquetas, leucócitos totais

e diferenciais) de ovinos da raça Santa Inês infectados experimentalmente por

F. hepatica na fase aguda e crônica da doença.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

24

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Obtenção de ovos e miracídios

Os ovos utilizados para obtenção de miracídios foram provenientes de fezes

coletadas de ovinos infectados por F. hepatica. As amostras de fezes foram

acondicionadas em sacos plásticos e transportadas em caixas de isopor contendo

gelo até o LABHELVET-ICB/UFMG para separação dos ovos segundo Girão & Ueno

(1985). As amostras de fezes foram homogeneizadas, 2 g foram pesadas e

adicionadas em béquer com água de torneira, posteriormente com auxílio de bastão

de vidro foram maceradas. Em seguida, a mistura foi passada em conjunto de quatro

tamises sobrepostos na sequência de ordem 100, 180, 200 e 250 malhas/polegadas,

com aberturas de 174, 96, 87 e 65 μm, respectivamente. Os ovos de F. hepatica

retidos no último tamis (250 malhas/polegada) foram recolhidos em copo plástico,

utilizando jato de água no sentido oposto ao da lavagem. Esse conteúdo foi

decantado e o sedimento transferido para placa de Petri. Os ovos foram coletados e

contados em microscópio estereoscópico no aumento de 20 X com auxílio de pipeta

de Pasteur e alocados em placa de Petri contendo água e incubados em estufa a

27ºC. Após o 8º dia, as placas foram examinadas diariamente em microscópio

estereoscópio, para acompanhar o desenvolvimento dos miracídios. Quando os

miracídios estavam completamente formados, as placas foram colocadas sob foco

de luz incandescente de 60 watts a 50 cm distância para induzir a eclosão dos

miracídios, que foram utilizados no protocolo abaixo.

5.2 Origem e infecção experimental de Lymnaea columella por F. hepatica

Foram utilizados Lymnaea columella para as infecções experimentais

provenientes do LABHELVET-ICB/UFMG. Os moluscos são mantidos em cubas

plásticas de tamanho 25x 6x 10 cm contendo 500 mL de água desclorada e cinco

placas de isopor na medida de 4x 4x 1x para postura, cobertas com tela de malha de

2 mm de abertura, alimentados com folhas de alface ―ad libitum” e ração

balanceada, segundo Pelegrino e Katz, (1968), adicionado carbonato de cálcio

(CaC03). A infecção dos moluscos foi realizada utilizando espécimes com tamanho

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

25

de 4 a 5 mm de concha, colocados individualmente em poços de placas de

poliestireno (FALCON® 3047) contendo 2 mL de água desclorada onde foram

adicionados 3 miracídios com auxílio de pipeta de Pasteur, expostas a foco de luz

incandescente de 60 W a 50 cm distância por 24 horas. Ao final desse período, cada

poço foi inspecionado em microscópio estereoscópico 40X para confirmação da

infecção. Posteriormente os moluscos foram transferidos para cubas plásticas de

criação e mantidos como descrito acima.

5.3 Obtenção das metacercárias de F. hepatica

Aos 50 dias após infecção, os moluscos foram transferidos para placa de petri

forradas com papel celofane contendo água desclorada. Diariamente, as placas

foram examinadas em microscópio estereoscópio no aumento de 40 X para observar

a emergência de cercárias e a formação de metacercárias.

Após 72 horas de formadas as metacercárias, foram retiradas do papel

celofane com auxílio de agulha de insulina e transferidas para placas de Petri.

Amostras com 150 metacercárias foram armazenadas em ágar-ágar gepulvert,

segundo Mendes e Lima (2012). Esse processo constitui resumidamente na

utilização de seringas plásticas de 10 mL, cortadas transversalmente na região do

bico e vedado com tampa plástica de tubo Falcon®. Foram pesadas 4 g de ágar-

ágar gepulvert ©Merck Chemicals, Germany, diluído em 100 mL de água aquecida a

70 °C em Becker. Em seguida a solução foi homogeneizada, aquecida em Agitador

Magnético com Aquecimento CT-103 (CIENTEC) na velocidade de 100 rpm, durante

10 minutos, na temperatura de 50°C, para diluição uniforme. No interior da seringa,

no centro foi colocado bastão de vidro com 0,5 cm de diâmetro. Este foi preso à

borda superior da seringa, por tampa plástica com orifício no centro. Posteriormente

a solução de ágar foi distribuída em cada seringa e imersa em caixa de isopor com

gelo. Após o resfriamento do ágar o bastão de vidro foi retirado, e o orifício formado

preenchido com 150 metacercárias com auxilio de pipeta de Pasteur. Em seguida, 1

mL da solução do ágar, foi colocada para vedar o orifício e o material armazenado

a 4 °C, até a utilização.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

26

5.4 Infecção experimental dos ovinos da Raça Santa Inês por F. hepatica

Foram utilizadas 14 ovelhas da raça Santa Inês, com idade de dezoito meses,

peso médio de 24,5 kg. Os animais foram identificados com brincos plásticos

numerados e tratados com 200 µg/kg de doramectina (Dectomax- Laboratório Pfizer)

via subcutânea contra helmintos gastrointestinais uma semana antes de realizar a

infecção experimental por F. hepatica.

Os ovinos foram mantidos em uma propriedade localizada no município de

Curvelo-MG (18° 52’ 25.7’’ de Latitude Sul, 44° 36’ 32.4’’ de Longitude Oeste), onde

todo o experimento foi conduzido conforme definido na Resolução Normativa

CONCEA n° 22, de 25 de junho de 2015. Os procedimentos experimentais

realizados receberam aprovação prévia da Comissão de Ética no Uso de Animais

(CEUA-UFMG) sob protocolo número 15/2016.

Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Grupo 1 (G1),

composto de 9 ovinos infectados individualmente com 150 metacercárias de F.

hepatica e o grupo 2 (G2), controle, constituído de 5 ovinos não infectados. Os

animais do G1 foram contidos por imobilização manual e receberam individualmente

por via oral as metacercárias inseridas nas seringas contendo gelatina. Após a

inoculação, os animais foram monitorados durante uma hora para observar a

ocorrência de reações adversas ou regurgitação do inóculo. Durante todo período

experimental de 400 dias, os animais permaneceram alojados em duas baias

coletivas com solário na proporção de um animal por dois metros quadrados. As

baias possuíam piso ripado, de modo que as fezes e a urina não entrassem em

contato com os animais, facilitando a limpeza. As fezes eram recolhidas diariamente,

parte armazenada para análise e o restante incinerado. Os animais de ambos os

grupos foram alimentados com silagem de milho, feno, ração comercial (Guabi, 18%

proteína), sal mineral e água ad libitum.

5.5 Cinética da eliminação de ovos por grama de fezes F. hepatica

Foram realizadas coletas de fezes diariamente a partir de 55 dpi para observar

o período pré-patente e, posteriormente, nos intervalos de 90, 120, 150, 180, 210,

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

27

240, 270, 300, 330, 360 e 390 dias, para avaliar a cinética de eliminação de ovos por

grama de fezes, como descrita no item 5.1.

5.6 Avaliação clínica

Foram realizados exames clínicos individuais dos ovinos de ambos os

grupos no dia da infecção e aos 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270,

300, 330, 360, 390 dias após a infecção (dpi).

Avaliação clínica foi realizada seguindo a sequência dos números dos

animais, com início às 7 horas da manhã e com as seguintes avaliações:

Pesagem dos ovinos individualmente em balança mecânica, para verificar o

ganho de peso. Os ovinos permaneceram em jejum de 12 horas para evitar a

variação de alimentos do sistema gastrintestinal.

Avaliação visual do comportamento, do contorno abdominal e da presença

de edema submandibular. Em seguida, os animais foram contidos manualmente,

para avaliação, das frequências cardíaca e respiratória, da coloração da mucosa

ocular, da condição corporal e da sensibilidade hepática dolorosa. Todos os dados

foram anotados em ficha técnica criada para esse objetivo (ANEXO I).

A frequência cárdica (FC) foi avaliada com auxílio de estetoscópio na região

do coração entre o 2° e o 6° espaço intercostal, à meia altura do tórax. A

auscultação cardíaca foi realizada por um minuto marcado no cronômetro e o

resultado fornecido em batimentos cardíacos por minuto (Kolb 1981).

A frequência respiratória (FR) foi avaliada também com o auxílio do

estetoscópio. Foi auscultada a frequência respiratória na região laríngeo-traqueal por

um minuto marcado no cronômetro e o resultado fornecido em frequência

respiratória por minuto (Swenson & Reece 1996).

A avaliação da mucosa ocular foi realizada por meio do método Famacha®,

descrito por Bath & Van Wyk (2001) (FIGURA 1). Segundo os autores, pela

coloração da mucosa ocular avalia-se o grau de anemia do animal, como

demonstrado na TABELA 1. As diferentes colorações das mucosas oculares,

correspondem à classificação de 1 a 5 no grau de anemia e variam entre vermelho,

rosa-vermelho, rosa, rosa-pálido e branco; sendo que os graus 1 e 2 do Famacha®

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

28

identificam o animal como saudável, apresentando mucosa ocular bem

vascularizada e com valores de hematócrito superior ou igual a 23%; já os graus 3, 4

e 5 identificam o animal como anêmico, que apresenta mucosa hipocrômica, sendo

o hematócrito menor ou igual a 18%.

Tabela 1 – Graus do método Famacha®, colorações das mucosas e hematócritos dos

ovinos (Bath & Van Wyk, 2001)

Grau de Famacha® Coloração Hematócrito (%)

1 Vermelho robusto >27

2 Vermelho rosado 23 a 27

3 Rosa 18 a 22

4 Rosa pálido 13 a 17

5 Branco <13

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

29

Figura 1 – Cartão de análise para o método FAMACHA©

A avaliação da condição corporal foi baseada na escala de 0 a 5 pontos,

segundo técnica descrita por Jefferies (1961). A avaliação foi realizada por

palpação das protuberâncias ósseas como demonstrado na TABELA 2:

Fonte: Bath & Van Wyk (2001)

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

30

Tabela 2 – Avaliação do escore da condição corporal dos ovinos

Escore Avaliação

1 Caquético

Os processos transversos, os processos espinhosos

proeminentes e visíveis. Total visibilidade das costelas, a cauda

está totalmente inclusa dentro do coxal, os íleos e os ísquios

mostram-se expostos. Há atrofia muscular pronunciada, e é

como se houvesse a visão direta do esqueleto do animal

(aparência de "pele e osso").

2 Magro

Os ossos estão bastante salientes, com certa proeminência dos

processos dorsais, dos íleos e dos ísquios. As costelas têm

pouca cobertura, os processos transversos permanecem

visíveis e a cauda está menos inclusa nos coxais (aparência

mais alta). A pele está firmemente aderida no corpo (pele

esticada).

3 Médio

Há suave cobertura muscular com grupos de músculos à vista.

Os processos dorsais estão pouco visíveis; as costelas, quase

cobertas; e os processos transversos, pouco aparentes. Ainda

não há camadas de gordura; a superfície do corpo está macia e

a pele está flexível (pode ser levantada com facilidade).

4 Gordo

Há boa cobertura muscular, com alguma deposição de gordura

na inserção da cauda. As costelas e os processos transversos

estão completamente cobertos. As regiões individuais do corpo

ainda são bem definidas, embora as partes angulares do

esqueleto pareçam menos identificáveis.

5 Obeso

Todos os ângulos do corpo estão cobertos, incluindo as partes

salientes do esqueleto, onde aparecem camadas de gordura

(base da cauda e maçã do peito). As partes individuais do corpo

ficam mais difíceis de ser distinguidas e o animal tem aparência

arredondada. Esse estado só é aceitável para animais

terminados, prontos para o abate.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

31

A sensibilidade hepática dolorosa foi avaliada por meio da palpação do 12°

espaço intercostal do lado direito, no quadrante superior da porção posterior. Essa

avaliação permite saber se o fígado está aumentado e se o animal apresenta dor

durante a palpação (Rosemberg 1993).

5.7 Avaliação hematológica

5.7.1 Coleta de sangue dos ovinos

Foram coletados 5 ml de sangue da veia jugular de cada animal no dia da

infecção e aos 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270, 300, 330, 360, 390

dias após infecção (dpi) com seringa e agulha estéril (calibre 22G. As amostras

foram acondicionadas em tubos de hemólise contendo anticoagulante EDTA (ácido

etilenodiamino tetra-acético) a 10% devidamente identificado, armazenado em caixa

de isopor contendo gelo, transportado até o LabHelVet/ICB/UFMG e analisado 24

horas após a coleta.

As amostras foram utilizadas para avaliação dos parâmetros hematológicos,

contagens totais dos leucócitos (Le), hemácias (He), hemoglobina (Hb), hematócrito

(Ht), volume corpuscular médio (VCM), concentração média de hemoglobina (CMH),

concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) e plaquetas (PL). As

amostras de sangue foram processadas utilizando o contador hematológico

automático (Modelo Bio – 2900 Vet – Bioeasy) (Figura 2). As precisões nessas

contagens apresentam uma variação de 2% a 5%. O resultado é expresso em

display digital ou por meio de impressora anexa.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

32

Figura 2 – Contador hematológico automático (Modelo Bio – 2900 Vet –

Bioeasy)

Fonte: Fotografia do autor

5.7.2 Contagem diferencial dos leucócitos

De cada amostra de sangue foram realizados esfregaços sanguíneos em

lâminas de vidro para contagens diferenciais dos leucócitos, segundo a técnica

descrita por Sinclair (1962). Os esfregaços foram corados pelo método (Panótico

Rápido LB, Laborclin). Posteriormente, foram realizadas as contagens diferenciais

dos leucócitos (neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, monócitos e basófilos) utilizando

objetiva de 100x. Foram contadas 200 células em cada lâmina e o número de cada

tipo celular calculado a partir da percentagem encontrada em relação ao número

total de leucócitos, para obter-se o valor absoluto.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

33

5.8 Avaliação macroscópica do fígado parasitado por F. hepatica

Durante o experimento, dois ovinos infectados morreram, aos 300 dpi e o

outro aos 330 dpi. Realizou-se as necropsias com os animais colocados em decúbito

dorsal. Com auxílio de uma faca foi feito incisão na linha alba para chegar a

cavidade abdominal e visualizar o fígado. Realizou-se a retirada do órgão por tração

no sentido caudal e secção entre o diafragma e o fígado, liberando-o da cavidade.

O fígado foi colocado em uma bandeja contendo solução fisiológica e realizada

avaliação macroscópica, como lesões, fibroses, presença de fibrina, formato e

tamanho do órgão. Em seguida, os ductos biliares foram abertos usando uma

tesoura, faca para a recuperação dos parasitos e análise da consistência dos

ductos. Todos os dados observados foram registrados em ficha individual.

Os parasitos recuperados foram contados, comprimidos entre duas placas de

vidro e fixados em solução de formol tamponado a 10%.

5.9 Análise estatística

Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software GraphPad Prism 5

(GraphPad Inc, EUA). Para verificar a normalidade dos dados, foi utilizado o teste de

Kolmogorov-Smirnov. Para análise entre dois grupos foram utilizados o Test T

Student para dados paramétricos. Além disso, foram utilizados, para determinar as

diferenças significativas entre as médias dos grupos analisados, os testes Two Away

ANOVA, seguido do de Bonferroni (dados paramétricos). As avaliações clínicas

foram realizadas descritivamente.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

34

6 RESULTADOS

6.1 Avaliação parasitológica

6.1.1 Dinâmica da eliminação de ovos de Fasciola hepatica

Na TABELA 3 encontram-se os valores médios e o desvio padrão das contagens de

OPG dos ovinos da raça Santa Inês infectados com metacercárias de Fasciola

hepatica. Os primeiros ovos de F. hepatica nas fezes dos ovinos foram observados

aos 60 dpi em três animais, 33,3%; os demais 66,7% tornaram-se positivos aos 62

dpi. Após o período pré-patente, as contagens de OPG aumentaram gradativamente

até os 120 dpi. Em seguida, diminuíram até os 180 dpi, voltando a aumentar aos 210

dpi. Essa oscilação na dinâmica da eliminação de ovos coincide com a chegada

gradativa dos estágios imaturos nos ductos biliares, enquanto adultos já realizam a

postura. Deve-se ressaltar que ocorreu variação individual nas contagens de OPG

dentro do grupo, o que influenciou as contagens médias de OPG. Como pôde ser

observado, aos 330 dpi, os ovinos números quatro, sete e nove (3/9) apresentaram

aumento nas contagens de OPG, enquanto o restante dos ovinos infectados (5/9)

reduziam. Nesse intervalo, o ovino quatro morreu, apresentando contagens de OPG

equivalente a 1296, aumentando significativamente a média do grupo. Aos 390 dpi

todos os ovinos apresentaram aumento no número de OPG, sendo que, a menor

contagem observada foi 74 e a maior, 726.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

35

Grupo infectado

N° dos animais

Dpi 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média ± DP

60 11 12 - - - - - 17 - 4,4 ± 7

62 23 42 39 33 22 13 06 59 10 14 ± 15

90 37 163 521 45 29 99 147 24 254 147 ± 160

120 605 343 582 27 33 231 270 425 125 293 ± 216

150 433 138 350 18 63 125 136 347 297 212 ± 147

180 185 454 268 22 79 97 368 226 373 230 ± 149

210 234 358 661 167 317 415 341 783 419 411 ± 196

240 284 470 631 218 112 527 507 519 401 408 ± 169

270 524 533 495 284 151 210 376 252 143 330 ± 157

300 377 708 262 Ob 208 20 174 94 306 255 ± 201

330 178 233 1296 Ob 46 47 110 246 291 306 ± 410

360 372 177 Ob Ob 60 98 156 372 203 205 ± 123

390 396 233 Ob Ob 74 710 216 726 481 509 ± 464

Média

±

DP

280

±

94

294

±

208

464

±

356

102

±

105

77

±

83

211

±

214

210

±

154

382

±

387

242

±

154

(Dpi) Dias após infecção, (DP) Desvio padrão

6.2 Parâmetros Clínicos

As alterações clínicas avaliadas nos ovinos experimentalmente infectados

com metacercárias de F. hepatica foram prostração, sensibilidade hepática dolorosa,

edema submandibular, taquicardia, taquipnéia, mucosa ocular hipocrômica, perda de

escore corporal e peso.

Como demonstrado na TABELA 4, observou-se prostração, caracterizada por

apatia, em alguns animais infectados ao longo do estudo. Apatia foi verificada no 15°

dpi no ovino nove, aos 30° dpi nos animais cinco e nove, aos 45° dpi nos ovinos três

e seis, ao 60° dpi nos animais quatro, cinco e 10, aos 90° dpi nos ovinos cinco e

seis, aos 150° dpi nos animais três e 10, aos 180°, 210°, 240° dpi no ovino 10, aos

Tabela 3 – Número de ovos por grama de fezes (OPG) dos ovinos da raça Santa

Inês infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

36

270° dpi nos ovinos três e cinco, no 300° dpi nos ovinos seis e oito e aos 330° dpi

nos ovinos três, sete e oito.

Observou-se sensibilidade hepática dolorosa em seis animais (66,7%) no 15°

dpi; no 30° dpi, esse sinal clínico permaneceu em cinco animais (55%). Após os

45°dpi, diminuiu o número de animais com esse sinal. Somente os animais nove e

10 (22,2%) não apresentaram sensibilidade hepática dolorosa durante o período

experimental. Os demais apresentaram sensação dolorosa em alguma fase do

experimento (TABELA 5).

Edema submandibular somente foi observado no ovino número quatro, aos

270 dpi; no 330 dpi o animal morreu.

(Dpi) Dias após infecção; (Ob) óbito; (-) ausência; (+) presença

Prostração

Grupos

Infectado

N° dos animais

Controle

N° dos animais

Dpi 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0 - - - - - - - - - - - - - -

15 - - - - - - - + - - - - - -

30 - - - + - - + - - - - - -

45 - + - - + - - - - - - - - -

60 - - + + - - - - + - - - - -

90 - - - + + - - - - - - - - -

120 - - - - - - - - - - - - - -

150 - + - - - - - - + - - - - -

180 - - - - - - - - + - - - - -

210 - - - - - - - - + - - - - -

240 - - - - - - - - + - - - - -

270 - + - + - - - - - - - - - -

300 - - - Ob + - + - - - - - - -

330 - + Ob Ob - + + - - - - - - -

360 - - Ob Ob - - - - - - - - - -

390 - - Ob Ob - - - - - - - - - -

Tabela 4 – Parâmetro clínico de ovinos da raça Santa Inês controles e

infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

37

(Dpi) Dias após infecção; (Ob) óbito; (-) ausência; (+) presença

6.2.1 Frequência cardíaca

As frequências cardíacas dos ovinos da raça Santa Inês infectados com

metacercárias de Fasciola hepatica e controle estão apresentados no GRÁFICO 1.

As frequências cardíacas médias durante o período experimental apresentaram

oscilações menores no grupo controle em relação aos ovinos infectados. Além disso,

ao final do período experimental, o grupo infectado apresentou as maiores médias

quando comparado ao início do estudo. Foram observadas diferenças estatísticas

entre o grupo infectado e grupo controle aos 15 dpi (p<0,001), 180 dpi (p<0,001),

300 dpi (p<0,001), 330 dpi (p<0,001), 360 dpi (p<0,01) e 390 dpi (p<0,001).

Sensibilidade hepática dolorosa

Grupos

Infectado

N° dos Animais

Controle

N° dos Animais

Dpi 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0 - - - - - - - - - - - - - -

15 + + + + - + + - - - - - - -

30 + + + - - + + - - - - - - -

45 - + - - + - - - - - - - - -

60 - - + + - - - - + - - - - -

90 - - - + + - - - - - - - - -

120 - - - - - - - - - - - - - -

150 - + - - - - - - + - - - - -

180 - - - - - - - - + - - - - -

210 - - - - - - - - + - - - - -

240 - - - - - - - - + - - - - -

270 - + - + - - - - - - - - - -

300 - - - Ob + - + - - - - - - -

330 - + Ob Ob - + + - - - - - - -

360 - - Ob Ob - - - - - - - - - -

390 - - Ob Ob - - - - - - - - - -

Tabela 5 – Parâmetro clínico de ovinos da raça Santa Inês controles e

infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

38

6.2.2 Frequência respiratória

No GRÁFICO 2 encontram-se os valores médios das frequências

respiratórias dos ovinos da raça Santa Inês infectados e controles durante o

desenvolvimento de Fasciola hepatica . Observa-se que as frequências respiratórias

até 210 dpi apresentaram valores similares entre os grupos. A partir dos 240 dpi, a

frequência respiratória dos ovinos infectados foi maior que dos controles, com

diferenças estatisticamente significativas até o final do período experimental, com os

seguinte valores: no 240 dpi (p<0,01), 270 dpi (p<0,001), 300 dpi (p<0,001), 330 dpi

(p<0,001), 360 dpi (p<0,001) e 390 dpi (p<0,001).

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390

20

40

60

80

100

120

Infectado Controle

***

***

***

***

***

**

Dias após infecção

Fre

qu

ên

cia

Card

íaca / m

in

Gráfico 1 – Frequência cardíaca dos ovinos da raça Santa Inês controles e

infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

39

6.2.3 Índice FAMACHA©

O método de Famacha©, medida indireta para avaliar o grau de anemia por

meio da avaliação da coloração da mucosa ocular, está representado na TABELA 6.

Os índices médios de Famacha© de ambos os grupos apresentaram oscilações

durante o período experimental. Nos ovinos infectados, os índices foram 2, 3, 4 e 5;

já o grupo controle apresentou índices 2 e 3.

No grupo infectado, aos 30 dpi, quatro ovinos apresentaram índice 3 e cinco

índice 4; aos 45 dpi, cinco animais apresentavam índice 3 e três índice 4. Dos 60

aos150 dpi o índice de Famacha© 3 prevaleceu entre os animais infectados. Dos

180 dpi aos 390 dpi ocorreu o inverso: a coloração da mucosa rosa (índice 4) voltou

a aumentar . Aos 300 e 330 dpi, ocorreu a presença do índice 5 nos animais 4 e 5,

que morreram nesse período.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390

15

30

45

60

Infectado

**

Controle

p 0.001

Dias após infecção

Fre

qu

ên

cia

Re

sp

irató

ria / m

in

Gráfico 2 – Frequência respiratória dos ovinos da raça Santa Inês controles

e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

40

(Dpi) Dias após infecção; Ob: óbito

6.2.4 Escore da condição corporal

No GRÁFICO 3 encontra-se o escore da condição corporal dos ovinos da

raça Santa Inês distribuídos nos grupos infectado e controle durante o período

experimental com Fasciola hepatica.

No grupo infectado, o índice médio variou entre 2 e 3 ao longo do estudo. No

início do experimento, o índice médio foi 3; aos 15, 30, 150 e 300 dpi (2.4); aos 45

dpi (2.5); aos 60 dpi (2.7); aos 90, 120dpi (2.6); aos 180, 210 e 240dpi (3); 270 dpi

(2.8); 330 dpi (2) e 360 dpi (2.25).

Índice FAMACHA

Grupos

Infectado

N° dos animais

Controle

N° dos animais

Dpi 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

0 3 2 3 2 3 2 2 3 3 2 3 2 3 2

15 3 3 3 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

30 4 3 4 4 4 3 3 3 4 3 3 2 2 3

45 3 2 3 4 3 4 3 4 3 2 3 2 2 3

60 3 3 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

90 3 3 3 4 4 3 3 3 3 2 2 3 2 2

120 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 3 3

150 3 4 3 3 3 4 3 3 3 2 3 2 2 3

180 3 3 4 4 3 3 4 4 4 3 2 2 2 3

210 3 4 4 4 4 3 3 4 3 3 3 3 3 3

240 3 4 3 4 3 4 3 3 3 3 2 2 3 3

270 2 3 4 4 3 3 4 4 4 3 2 3 3 3

300 4 3 5 5 3 4 4 4 4 3 3 3 3 3

330 4 4 5 Ob 3 3 4 3 4 3 3 2 3 3

360 3 3 Ob Ob 3 4 4 4 3 3 3 3 3 3

390 4 3 Ob Ob 3 4 3 4 3 3 2 2 3 3

Tabela 6 – Índice Famacha© de ovinos da raça Santa Inês controles e

infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

41

No grupo controle, oscilações no índice médio da condição corporal também

foram observadas, com aumento ao longo do estudo. No 0 e15 dpi (3); 30, 150, 210,

270 e 300 dpi (3.5); 45 e 330 dpi (3.75); 60 e 120 dpi (3.6); 90 dpi (3.2); 180 dpi

(3.4); 240 dpi (3.3); 360 dpi (3.8). Diferenças estatísticas ocorreram entre os grupos

aos 30 (p<0,05), 45 (p<0,05), 120 (p<0,05), 150 (p<0,05), 300 (p<0,05), 330

(p<0,001) e aos 360 dpi (p<0,001).

6.2.5 Desenvolvimento ponderal

No GRÁFICO 4 estão representados os resultados referentes ao peso médio

dos grupos de ovinos controles e infectados. Até os 15 dpi, o peso médio de ambos

os grupos foram semelhantes. Aos 30 dpi, o grupo controle ganhou 3,8 Kg, enquanto

os ovinos infectados perderam 0,9 kg.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3901

2

3

4

5

Infectado Controle

****

**** * * *

Dias após infecção

Esco

re d

a c

on

diç

ão

co

rpo

ral

Gráfico 3 – Escore de condição corporal dos ovinos da raça Santa Inês

controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

42

A partir dos 45 dpi, ambos os grupos continuaram com tendência a ganhar

peso na maioria do período experimental; no entanto, o grupo controle ganhava mais

peso do que o grupo infectado.

No início do estudo, o peso inicial dos ovinos infectados e controle eram 24,5

Kg, ao final do período experimental o peso médio dos ovinos infectados foi 35 Kg e

os do grupo controle 50 Kg, apresentando diferença de 15 Kg. Esse resultado

demonstra o efeito negativo da F. hepatica no desenvolvimento ponderal dos ovinos.

.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3905

15

25

35

45

55

Infectado Controle

*

p 0.001

p 0.001

Dias após infecção

Pe

so

(K

g)

Gráfico 4 – Desenvolvimento ponderal dos ovinos da raça Santa Inês

controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, ** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

43

6.3 Avaliação hematológica

6.3.1 Hematócrito

No GRÁFICO 5 encontram-se os valores médios de hematócrito dos grupos

infectado e controle durante o estudo. Os valores médios dos hematócritos

encontrados nos ovinos infectados ao longo do estudo foram inferiores ao

observados no grupo controle. Além disso, os valores médios do grupo controle

apresentaram menores oscilações ao longo do experimento. Diferenças estatísticas

foram observadas entre os ovinos infectados e os ovinos controles aos 90 (p<0,05),

120 (p<0,01), 270 (p<0,05), 300 (p<0,001), 330 (p<0,05), e 390 (p<0,01) dpi.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 39015

20

25

30

35

ControleInfectado

*** *

***

***

Dias após infecção

Po

rce

tag

em

de

he

mató

cri

to (

%)

Gráfico 5 – Valores médios de hematócrito dos ovinos da raça Santa Inês

controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, ** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

44

6.3.2 Contagem total de hemácias

No GRÁFICO 6 encontram-se os valores médios das contagens totais de

hemácias dos grupos infectado e controle.

Durante o experimento ocorreram variações nos valores médios dos

eritrócitos nos grupos estudados. A partir da segunda coleta de sangue, no 15º dpi,

foi observado que o número de hemácias dos ovinos do grupo infectado começou a

reduzir, ficando abaixo do valor encontrado para o grupo controle. Essa diferença foi

verificada em todo período experimental. Houve diferenças estatísticas significativas

aos 30 dpi (p<0,05), e dos 60 dpi até os 390 dpi (p<0,001) nas contagens médias de

hemácias entre o grupo infectado em relação ao controle.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

2

4

6

8

10

12

14

Infectado Controle

*

p 0.001

Dias após infecção

dio

de

He

mácia

s (

x10

6/

l)

Gráfico 6 – Valores médios das contagens totais de hemácias dos ovinos da raça

Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

45

6.3.3 Hemoglobina

No GRÁFICO 7 encontram-se os valores médios de hemoglobina dos grupos

infectado e controle. A partir da segunda coleta de sangue, no 15º dpi, foi observado

que os valores de hemoglobina dos ovinos do grupo infectado começaram a reduzir,

ficando abaixo dos ovinos do grupo controle. Essa diferença foi verificada em todo

período experimental. Houve diferenças estatísticas significativas entre os grupos

aos 30 (p<0,05), 90 (p<0,05), 120 até 210 dpi (p<0,01), 270 (p<0,001), 300

(p<0,001), 330 (p<0,001), 360 (p<0,001) e 390 (p<0,001) dpi nas contagens médias

de hemoglobina entre o grupo infectado em relação ao controle.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

2

4

6

8

10

12

14

Infectado Controle

* *p 0.01

p 0.001

Dias após infecção

He

mo

glo

bin

a (

g/d

L)

Gráfico 7 – Valores médios da hemoglobina dos ovinos da raça Santa Inês

controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, ** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

46

6.3.4 Volume Corpuscular Médio

No GRÁFICO 8 encontram-se os valores médios dos volumes corpusculares

dos grupos infectado e controle. Os valores dos volumes corpusculares médios

(VCM) dos dois grupos apresentaram variações. O grupo infectado apresentou

valores médios superiores ao grupo controle na maioria do período experimental,

ocorrendo diferenças estatísticas aos 60 (p<0,05), 120 (p<0,001), 150 (p<0,01), 180

(p<0,001), 240 (p<0,05), 270 (p<0,001), 300 (p<0,001), 330 (p<0,001) e 360

(p<0,01) dpi.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 39020

25

30

35

40

45

50

*

**

**

ControleInfectado

*** *

***

***

Dias após infecção

VC

M (

fl)

Gráfico 8 – Valores médios dos volumes corpusculares dos ovinos da raça

Santa Inês controle e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05, ** p≤ 0,01, *** p≤ 0,001 representam diferenças estatísticas entre os grupos controle e infectado

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

47

6.3.5 Concentração Média de Hemoglobina

No GRÁFICO 9 encontram-se os valores das concentrações médias de

hemoglobina dos grupos infectado e controle durante o período experimental. Os

valores das concentrações médias de hemoglobina dos ovinos infectados e não

infectados foram semelhantes entre o dia 0 até os 60 dpi, variando entre 11,45 a

12,5 picograma (pg). Não foram verificadas diferenças significativas nas

concentrações médias de hemoglobina entre os dois grupos durante todo o

experimento, apesar dos ovinos infectados apresentarem concentrações médias de

hemoglobina superiores a partir dos 60 dpi.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3908

10

12

14

16ControleInfectado

Dias após infecção

HC

M (

pg

)

Gráfico 9 – Valores das concentrações médias de hemoglobina dos ovinos da raça

Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

48

6.3.6 Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

No GRÁFICO 10 encontram-se os valores das concentrações de

hemoglobina corpusculares médias dos grupos infectado e controle. A concentração

de hemoglobina foi semelhante entre os animais dos grupos infectado e controle

durante o estudo. Não houve diferenças estatísticas significativas entre os grupos.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 39020

25

30

35

40

45 ControleInfectado

Dias após infecção

CH

CM

(g

/dL

)

Gráfico 10 – Valores da CHCM dos ovinos da raça Santa Inês controles e

infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

49

6.3.7 Plaquetas

No GRÁFICO 11 encontram-se os valores médios das plaquetas dos grupos

infectado e controle. Os valores médios das plaquetas apresentaram oscilações em

ambos os grupos infectado e controle. No entanto, não foram verificadas diferenças

estatísticas entre o grupo infectado em relação ao grupo controle durante todo o

experimento.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

100

200

300

400

500

600

Infectado Controle

Dias após infecção

Pla

qu

eta

s (

10

3/

l)

Gráfico 11 – Valores médios das plaquetas dos ovinos da raça Santa Inês

controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

50

6.4 Leucograma

6.4.1 Contagens totais dos leucócitos

No GRAFICO 12 encontram-se os valores médios das contagens totais dos

leucócitos dos grupos infectado e controle após infecção com metacercárias de

Fasciola hepatica. Os valores do grupo de ovinos infectados permaneceram acima

dos valores encontrados no grupo não infectado dos 15 aos 150dpi. Após esse

período, observou-se diminuição nas contagens totais dos leucócitos do grupo

infectado em relação ao grupo controle até os 390 dpi.

No entanto, não houve diferenças estatísticas significativas nos valores médios

das contagens totais dos leucócitos do grupo infectado em relação ao grupo

controle. Apenas oscilações nas contagens totais de leucócitos de ambos os grupos.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3905

10

15

20 Infectado Controle

Dias após infecção

Co

nta

ge

m t

ota

l d

e le

uco

cit

os/1

03

L

Gráfico 12 – Valores médios absolutos das contagens totais dos leucócitos dos ovinos da

raça Santa Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

51

6.5 Contagem diferencial

6.5.1 Neutrófilos

No GRÁFICO 13 encontram-se as contagens absolutas dos números médios

dos neutrófilos dos grupos infectado e controle durante a infecção com

metacercárias de Fasciola hepatica em ovinos da raça Santa Inês.

Durante todo o período experimental não houve diferenças estatísticas

significativas nas contagens de neutrófilos entre os grupos, embora tenha ocorrido

aos 15 e 90 dpi, aumento expressivo nas contagens dos neutrófilos do grupo

infectado.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

2000

4000

6000

Infectado Controle

Dias após infecção

Ne

utr

ófi

los c

élu

las/m

m3

Gráfico 13 – Valores médios absolutos de neutrófilos dos ovinos da raça Santa

Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

52

6.5.2 Linfócitos

No GRÁFICO 14 encontram-se as contagens absolutas dos números médios

dos linfócitos dos grupos infectado e controle. Durante todo o período experimental

não foram observadas diferenças estatísticas significativas nas contagens dos

linfócitos do grupo infectado em relação ao grupo controle.

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

2000

4000

6000

8000

Infectado Controle

Dias após infecção

Lin

fócit

os c

élu

las/m

m3

Gráfico 14 – Valores médios absolutos de linfócitos dos ovinos da raça Santa

Inês controles e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

53

6.5.3 Eosinófilos

No GRÁFICO 15 encontram-se os valores médios das contagens absolutas

de eosinófilos dos grupos infectado e controle observados no estudo experimental

com ovinos da raça Santa Inês infectados com metacercárias de Fasciola hepatica.

O grupo de ovinos infectados apresentou contagens superiores de eosinófilos

na maioria do período experimental. Observou-se que o grupo infectado apresentou

diferenças estatísticas nessas contagens em relação ao controle aos 30 e 45 dias

após infecção (p<0.05).

0 15 30 45 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 3900

2000

4000

6000

8000

Infectado Controle

*

*

Dias após infecção

Eo

sin

ofi

los c

élu

las/m

m3

Gráfico 15 – Valores absolutos médio de eosinófilos dos ovinos da raça Santa

Inês controle e infectados com 150 metacercárias de Fasciola hepatica

* p≤ 0,05 representa as diferenças estatísticas nas contagens médias absolutas de eosinófilos entre os grupos infectado e controle

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

54

6.5.4 Monócitos

Durante todo o período experimental não foram verificadas diferenças

estatísticas entre o grupo infectado e controle nas contagens de monócitos.

6.6 Necropsia

6.6.1 Avaliação macroscópica

Aos 300 e 330 dpi, os ovinos números 4 e 5 morreram. Ambos os animais se

apresentavam magros e desidratados. Após a realização da necropsia, observou-se,

na análise macroscópica dos fígados dos ovinos 4 e 5, características comuns,

como o aumento de volume do órgão, lóbulos com bordas abauladas (FIGURA 5),

pontos hemorrágicos distribuídos difusamente pelo parênquima (FIGURA 9), focos

de deposição de fibrina na superfície do parênquima (FIGURA 6,7,8), cicatriz

fibrótica (FIGURA 7) focos de necrose com coloração avermelhada mais escura

(FIGURA 9) e presença de parasitos adultos nos ductos biliares (FIGURA 13).

O fígado do ovino 4 apresentou lesões mais acentuadas e, além das

alterações citadas, foi verificado perda da coloração e arquitetura do parênquima

hepático, com a superfície paretal apresentando ruptura (FIGURA 8) e retração do

parênquima hepático (FIGURA 10), presença de nódulos de coloração amarelo

brancacentos ou vermelho escuro de consistência firme ou encapsulado no

parênquima (FIGURA 12), os ductos biliares com dilatação da luz e espessamento

da parede (FIGURA 11).

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

55

Figura 3 – Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção. O lobo direito (LD), o

lobo esquerdo (LE); bordas abauladas (ba); áreas de fibrina (fi) e

vesícula biliar(Vb) Fonte: Fotografia do autor

Figura 4 – Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção. Superfície visceral com focos de fibrina (fi), e seta indica

fibrose Fonte: Fotografia do autor

Figura 5 – Fígado do ovino n° 5 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 300 dias de infecção. Superfície visceral com focos de fibrina (fi) e cicatriz

fibrótica (cf) Fonte: Fotografia do autor

fi

cf

fi

LE

Vb ba ba

fi

LD

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

56

rp

fi

Figura 6 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção. Apresentando áreas com

deposição de fibrina (fi) e ruptura do parênquima hepático (rp). Fonte: Fotografia do autor

Figura 9 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção. Ducto biliar hiperêmico,

edemaciado e dilatado. Fonte: Fotografia do autor

Figura 7 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.

Apresentando pontos hemorrágicos (ph) e focos de necrose (n). Fonte: Fotografia do autor

n

ph

Figura 8 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção.

Superfície paretal com retração do parênquima hepático (rtp). Fonte: Fotografia do autor

db

e

d

rtp

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

57

Figura 10 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção. Superfície visceral com

áreas de fibrose (setas). Fonte: Fotografia do autor

Figura 11 – Fígado do ovino n° 4 infectado com 150 metacercárias de Fasciola hepatica após 330 dias de infecção. Parasitos (p) adultos no ducto biliar

dissecado. Fonte: Fotografia do autor

p

p p

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

58

6.7 Taxa de recuperação de F. hepatica

Após abertura dos ductos biliares o número de F. hepatica recuperados dos

fígados dos ovinos 5 e 4 foram, respectivamente, 47 (31,33%) e 56 (37,33%).

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

59

7 DISCUSSÃO

7.1 Dinâmica de eliminação de ovos de F. hepatica em ovinos da raça Santa

Inês

Na infecção experimental dos ovinos da raça Santa Inês, o período pré-patente

(PPP) variou entre 60 e 62 dias, resultado semelhante aos de Sinclair (1975) e

Martínez-Pérez et al. (2014) que observaram PPP variando de 63 a 64 dias, mas,

diferente dos observados por Presidente et al. (1975) e William J. Foreyt (2009), que

relataram PPP entre 70 e 77 dpi. Deve-se ressaltar que a raça e o número de

metacercárias utilizadas pelos autores citados foram diferentes dos utilizados nesse

trabalho, o que pode ter influenciado os resultados.

As contagens de ovos nas fezes aumentou gradativamente na maioria dos

animais até os 120 dpi, apresentando novo pico aos 210 dpi, mantendo-se positivos

durante todo período experimental. O número de ovos eliminados variou entre os

animais dentro do grupo. A variação inicial das contagens de OPG, provavelmente,

foi devido ao período de migração dos estágios imaturos na cavidade abdominal, no

fígado, até atingir os ductos biliares e tornarem-se maduros, pois a migração no

hospedeiro não ocorre ao mesmo tempo por todos os parasitos.

Durante o estudo, dois ovinos morreram: o número cinco aos 300 dpi,

apresentando 208 ovos nas contagens de OPG, e o número quatro aos 330 dpi,

apresentando 1296 de OPG. Observou-se que, no dia do óbito os ovinos,

apresentaram contagens de OPG distintas, não sendo possível afirmar a relação do

número de ovos presentes nas fezes com a morte. Sinclair (1962) observou que,

quando o pico nas contagens médias de OPG foi de 2.200, o ovino morreu aos 133

dpi; no entanto, relatou que as contagens médias de OPG eram semelhantes à de

outros ovinos do mesmo grupo.

Outro fato observado durante o acompanhamento das contagens de OPG nos

ovinos infectados cinco, seis, sete e oito, é que estes foram os que demonstraram

menores médias de OPG ao longo do estudo. Esse fato sugere que esses animais

podem apresentar maior resistência à infecção, mostrando que, dentro da mesma

raça, a variação genética de cada indivíduo pode influenciar na carga parasitária.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

60

Durante todo o período experimental avaliado não houve negativação dos

exames das fezes, mostrando a importância do acompanhamento da dinâmica de

eliminação de ovos nesse estudo, demonstrando que, na natureza, os animais

susceptíveis podem eliminar ovos no meio ambiente por mais de um ano,

contribuindo para o aumento do número de casos positivos em regiões onde a

manutenção do ciclo biológico seja possível, devido à presença de limneideos,

hospedeiro intermediário.

Além disso, a ovinocultura apresenta mercado crescente no Brasil, sendo que

a raça Santa Inês lidera esse mercado e, ainda, revelou-se susceptível a Fasciola

hepatica, apresentando eliminação de ovos contínua e progressiva, o que sugere a

importância de estudar essa associação parasito-hospedeiro.

7.2 Exame clínico

O quadro clínico da fasciolose é variável e depende da carga parasitária, da

resposta imune do hospedeiro, da fase e da duração da infecção, da idade, e do

estado nutricional (Boray 1969, Haroun e Hillyer 1986, Torgerson e Claxton 1998,

Piedrafita et al. 2004, Lima et al. 2004, 2009). Os sinais clínicos observados durante

o período experimental nos ovinos infectados foram edema submandibular,

sensibilidade hepática dolorosa, prostração, desidratação, anemia, perda de peso e

alteração de escore corporal. No entanto, nenhum destes sinais foram observados

em 100% dos animais do grupo infectado, não podendo ser considerado

patognomônicas para fasciolose.

A sensibilidade hepática dolorosa ocorreu em 80% dos animais, iniciando-se

aos 15 dpi e sendo mais frequente, na maioria dos animais, até os 90 dpi,

provavelmente devido à migração das formas imaturas no tecido hepático, levando à

destruição dos hepatócitos, inflamação e necrose. Esse achado foi observado por

Boray (1967) entre 56 e 70 dpi e Sinclair (1975) aos 42 dpi. Neste período, até os 90

dpi, que corresponde à fase aguda da fasciolose, houve à redução gradativa dos

sinais clínicos observados para a maioria dos animais, embora alguns tenham

permanecido com a sensibilidade hepática dolorosa durante todo o período,

coincidindo com a localização dos parasitos adultos nos ductos biliares.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

61

O edema submandibular foi observado em um ovino (11.1%) na fase aguda

da infeção. Resultado semelhante ao obtido por Sinclair (1962) em infecção

experimental e por Matanovic et al. (2007) em ovinos naturalmente infectados, que

os atribuíram às migrações no parênquima hepático pelos estágios imaturos com

destruição dos hepatócitos e, consequentemente, à redução nos níveis de albumina.

Tal fato pode ter ocorrido nesse trabalho.

Aos 270 dpi, outro animal na fase crônica da doença apresentou edema

submandibular, coincidindo com a presença dos parasitos nos ductos biliares. A

hipoalbunemia pode ocorrer devido à presença dos parasitos adultos, especialmente

em casos de infecção com alta carga parasitaria (Ibrovic & Gall-Palla 1959, Ugrin &

Skovronski 1959, Sinclair 1962, Thorpe 1965, Ross et al. 1966). O edema

submandibular verificado nesse estudo pode ser atribuído a fasciolose, uma vez

que, nenhum ovino controle apresentou tal sinal clínico. A baixa ocorrência desse

sinal clínico provavelmente foi devido à baixa carga parasitária, de150 metacercárias

de F. hepatica, utilizadas no experimento.

Prostração, caracterizada por apatia do animal, foi um sinal clínico observado

em 89% dos animais durante o período experimental, sendo mais frequente na fase

aguda, e em 66,6 % dos ovinos parasitados. Apesar de frequente, foi um achado

transitório, não ultrapassando 15 dias na maioria dos animais. Na fase crônica,

geralmente esse sinal clínico estava associado à taquicardia, taquipnéia, redução do

número médio de hemácias e hemoglobina, semelhante ao demonstrado em

resposta à infecção por nematóides gastrintestinais em ovinos mestiços da raça

Santa Inês, onde a redução de hemácias e hemoglobina leva a hipóxia, o que

contribuiu para a elevação da frequência cárdica e respiratória (Birgel 2013).

Os aumentos das frequências cardíacas e respiratórias dos ovinos infectados

e controles também podem estar relacionados ao estresse causado pela contenção

mecânica dos animais. No entanto, a frequência cardíaca verificada nos ovinos

infectados foi superior à observada nos ovinos controles, com diferença estatística

significativa. Outro fator a ser considerado segundo Meneses (2013) são pirógenos

exógenos (vírus, bactérias, fungos, protozoários e antígenos) que promovem a

liberação de citocinas, e/ou de pirógenos endógenos presentes em leucócitos,

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

62

macrófagos, monócitos e células de Kuppfer, que levam aos sinais clínicos como

taquicardia, taquipnéia, prostração, depressão e inibição do apetite.

7.3 Famacha

A coloração da mucosa ocular dos ovinos infectados ao longo do período

experimental variou de rosa ao rosa pálido, enquanto os ovinos controles

apresentaram as mucosas variando de vermelho rosado a rosa. Essa diferença

observada entre ovinos infectados em relação ao grupo controle ocorreu de forma

lenta e progressiva. A explicação para essa variação inicialmente, provavelmente foi

devido à hematofagia dos estágios imaturos durante a migração no parênquima

hepático e à micro-hemorragia no parênquima hepático, semelhante ao

demonstrado por (Dracz 2016). Posteriormente, a redução lenta e progressiva nos

números de hemácia e hemoglobina, pode ter ocorrido devido à chegada dos

estágios imaturos nos ductos biliares ocorrerem de forma gradativa, provocando

espoliação sanguínea e levando à coloração da mucosa ocular ao rosa pálido.

Segundo Olah et al. (2015), o índice de Famacha© pode ser utilizado para

predizer a carga parasitária de ovinos infectados por F. hepatica. Mas ressaltou que

o Famacha© não apresentou correlação com o OPG, apesar da forte correlação

com o número de parasitos adultos recuperados no fígado. Afirmando ainda, que

essas variáveis correlacionaram moderadamente com o hematócrito e, ainda

segundo Mugambi et al. 1997, Vanimisetti et al. 2004, e também Olah et al. 2015,

outros fatores estariam relacionados, como a idade, o sexo, a raça e o estado

fisiológico.

Os resultados do presente estudo revelam que esse método não é confiável

para o acompanhamento e controle dos ovinos infectados por F. hepatica, pois, a

redução das hemácias e hemoglobina ocorre de maneira lenta e progressiva na

fasciolose. Muitos ovinos, quando são diagnosticados por esse método, já

apresentam valores de hematócrito, contagens de hemácias e hemoglobina em

níveis inferiores aos da normalidade, interferindo diretamente no tratamento dos

animais parasitados.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

63

7.4 Escore de condição corporal

No inicio do trabalho, os animais dos grupos controle e infectados

apresentaram escore de condição corporal (ECC) semelhante, nível 3, ou seja ,

médio. ECC 3 é caracterizado por cobertura muscular suave com grupos de

músculos à vista. Os processos dorsais são pouco visíveis; as costelas, quase

cobertas; os processos transversos pouco aparentes, sem a presença de camadas

de gordura; e a superfície do corpo é macia e a pele flexível (podendo ser levantada

com facilidade).

A partir dos 15 dpi, houve diminuição gradativa do ECC até os 120 dpi,

quando os animais atingiram o ECC 2,5 (entre magro e médio), sugerindo que, na

fase aguda, existe maior gasto das reservas teciduais, especialmente de gordura e

de músculos, para a manutenção da infecção. Resultado semelhante foi obtido por

Sinclair (1975), que observou, aos 64 dpi, perda da condição corporal nos ovinos

experimentalmente infectados por F. hepatica e que, ao longo do período

experimental, a perda tornou-se evidente. A condição corporal dos ovinos

infectados durante todo o experimento foi inferior à verificada nos ovinos controles.

Segundo Dixit et al. (2008), uma das principais cisteíno proteases secretada

pelos parasitos, a catapsina L, também participa na aquisição de nutrientes pelo

processo de catabolização de proteínas do hospedeiro para peptídeos absorvíveis,

contribuindo para menor condição corporal, o que também pode ter contribuído para

condição corporal inferior dos ovinos infectados em relação aos controles.

Esses resultados diferem de Martinez-Perez et al. (2014), que não

observaram diferença estatística na condição corporal entre os grupos de ovinos

infectados e controles ao longo do período avaliado.

7.5 Desenvolvimento ponderal

Durante o período experimental, o ganho de peso dos ovinos infectados, a

partir de 30 até 180 dpi, foi discreto, apenas 3,4 kg, enquanto os controles, no

mesmo intervalo, ganharam 12,6 kg, quase quatro vezes mais do que o observado

nos ovinos infectados.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

64

Esses achados sugerem que a presença dos estágios imaturos migrando no

parênquima hepático e o processo inflamatório desenvolvido no fígado podem ter

contribuído para o ganho de peso inferior dos ovinos infectados em relação aos

controles. Esses dados estão de acordo com vários autores, como Dargie et al.

(1979), que relatam ganhos de peso significativamente menores em ovinos

infectados com 45 parasitos adultos, e com os de Diiwel et al. (1972), que

demonstraram que 38 vermes são capazes de causar perda de peso. Altas cargas

parasitárias, por exemplo, acima de 350 vermes, podem causar grave perda de peso

e morte em ovinos adultos (Boray 1969, Berry & Dargie 1976, Hawkins & Morris

1978, Hawkins 1984).

Posteriormente, dos 120 até 390 dpi, verificou-se ganho de peso moderado

dos ovinos infectados em relação aos controles. O ganho de peso verificado após a

fase aguda sugere a recuperação do parênquima hepático, do processo inflamatório

causado pelas migrações dos estágios imaturos, pois percebeu-se que, até este

momento, os ovinos infectados não apresentavam ganho de peso significativo.

Interessante ressaltar que, no dia 0, a pesagem média revelou 24,5 Kg para ambos

os grupos; ao final do experimento, a pesagem final realizada aos 390 dpi revelou

que os ovinos infectados ganharam 10,5 Kg, ficando com a média final de 35 Kg,

enquanto o grupo controle ganhou 25,5 Kg, ficando com a média final de 50 Kg. A

diferença de ganho de peso final do grupo infectado em relação ao controle são de

15 Kg, ou seja, os ovinos infectados ganharam peso ao longo do experimento, mas,

devido à presença da F. hepatica, os animais não conseguiram expressar o seu

potencial máximo de ganho de peso. Esses resultados são semelhantes aos

encontrados por Boray (1967) que, trabalhando com ovinos infectados com 200

metacercárias de F. hepatica, observou ganho médio de 5 Kg ao longo dos 175 dias;

com 500 metacercárias o ganho médio foi 4,68 Kg em 84 dias; com 1.000 a 2.000

metacercárias a perda de peso iniciou entre 14 e 28 dpi e o ganho de peso ocorreu

entre 49 e 56 dpi; e com 4.000 – 10.000 metacercárias a perda de peso começou a

partir de 21 dpi; e com 56 dpi, a perda de peso chegou a 9 Kg e a perda máxima

observada no experimento foi de 18 Kg.

Os mecanismos que podem afetar o ganho de peso dos ovinos infectados são

vários, na maioria das vezes somam-se e potencializam seus efeitos sendo difícil

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

65

separá-los. Berry & Dargie (1976) observaram correlação entre o aparecimento e a

gravidade da apatia com a ingestão de alimentos e com o desenvolvimento da

anemia; além disso, observaram aumento dos níveis de uréia plasmática, indicando

a desaminação de aminoácidos aumentada dentro do intestino, coincidente com o

aumento dos níveis de uréia no sangue, sugerindo perda de proteína muscular.

Sykes et al. (1980) relatam que, a hipertrofia hepática, em consequência da

migração dos parasitos imaturos, a ingestão de proteínas pelos adultos, o desvio

fisiológico de aminoácidos para atender aos requisitos de síntese de proteínas no

fígado, na medula óssea e tecido linfoide, decorrentes das estimulações antigênicas,

e a passagem de proteínas do sangue para o intestino, reduz a disponibilidade de

ácidos aminados para crescimento, ganho de peso, lã e leite.

Portanto, o ganho de peso reduzido em ovinos tem duas causas aparentes:

conversão alimentar reduzida e anorexia (inapetência), que pode ser influenciada

pela carga parasitária (Sinclair 1975, Berry & Dargie 1976, Hawkins & Morris 1978,

Dargie et al. 1979, Sykes et al. 1980, Ferre et al. 1994). O mecanismo que causa a

redução do apetite não é bem conhecido. Em infecções experimentais com dose

única, a anorexia coincidiu com a entrada dos parasitos nos ductos biliares entre 42

e 49 dpi (Berry & Dargie 1976, Dargie et al. 1979, Sykes et al. 1980, Ferre et al.

1994).

Nesse trabalho o ganho de peso dos ovinos infectados foi influenciado

significativamente pela infecção por F. hepatica, demonstrando que o parasitismo é

um fator limitante para o ganho de peso.

7.6 Perfil hematológico

Em relação ao perfil hematológico, foram observados valores médios menores

de hemácias, hemoglobina e hematócrito a partir dos 15dpi nos ovinos infectados

em relação aos animais controles e que persistiram durante todo período

experimental. Ao se observar esses parâmetros em conjunto, pode-se verificar

queda mais evidente dos 30 a 120 dpi, período que coincide com a migração dos

estágios imaturos no parênquima hepatico e com a fase aguda. Essas alterações

hematológicas observadas nesse trabalho estão de acordo com a literatura, sendo

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

66

considerada uma característica importante da doença (Holmes et al. 1968, Saleh

2008, Flynn et al. 2010).

A anemia descrita na fasciolose pode ser devido a uma perda anormal de

células vermelhas, como resultado da migração do parasito pelo parênquima

hepático, que lesiona as células, os vasos, e também devido aos hábitos de

alimentação dos parasitos, conforme descrito por Dargie et al. (1979), que atribuiu a

anemia na fase inicial da infecção à hemorragia intra-hepática, devido à migração

dos estágios imaturos. Martinez-Pérez et al. (2014) demonstraram que ovinos

infectados por F. hepatica apresentavam redução do hematócrito aos 14 dpi,

chegando a 17%; aos 84 dpi, a anemia ainda persistia, embora o valor médio de

hematócrito tenha sido de 24%. Boray (1967) observou que anemia estava

associada à redução de hemácias, que ocorreu entre 28 a 35 dpi. Por outro lado,

Sinclair (1962) mostrou que ovinos infectados não apresentavam redução de

eritrócitos até os 56 dpi. Mekrouk et al. (2007) não verificaram redução no número

de eritrócitos dos ovinos infectados em relação ao controle durante o período

estudado. As diferenças observadas entre os estudos podem ser devido à raça, à

idade dos animais, à infectividade, à genética, à localização dos estágios imaturos, à

capacidade eritrocítica de cada animal e ao período de migração dos estágios

imaturos na cavidade abdominal e no fígado, pois o número de metacercárias

utilizadas pelos autores foi semelhantes à utilizada nesse estudo. O aumento

observado nos valores médios dos eritrócitos dos ovinos infectados em alguns

momentos da infecção pode ser explicado devido à resposta do sistema

hematopoético à infecção, na tentativa de repor o número de eritrócitos (Sinclair

1962, Boray 1967, Martinez-Pérez et al. 2014).

As mortes de dois ovinos aos 300 dpi e 330 dpi têm em comum os valores

médios de hemoglobina, 10,5% e 11,2 %, valores bem inferiores aos ovinos

infectados e controles no mesmo intervalo. Esses resultados fortalecem a hipótese

que a espoliação sanguínea realizada pelos parasitos pode ter contribuído para as

mortes ocorridas no presente estudo. No entanto, o aumento nos valores médios de

hemoglobina verificado nos ovinos infectados aos 330 e 360 dpi sugere que o

sistema hematopoiético ainda consegue repor as células perdidas em consequência

da espoliação sanguínea.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

67

Hawkins (1984) também observou que os ovinos que apresentassem o valor

médio de hematócrito inferior a 15 % morriam, sugerindo que o hematócrito poderia

predizer a carga parasitária e o prognóstico do animal.

Durante a revisão de literatura, constatou-se que, os trabalhos realizados

sobre o perfil hematólogico com ovinos infectados experimentalmente ou

naturalmente por Fasciola hepatica, apresentam informações fragmentadas,

incompletas. Este é o primeiro estudo que realiza o acompanhamento periódico do

hemograma completo de ovinos da raça Santa Inês experimentalmente infectados

por F. hepatica.

7.6.1 Volume corpuscular médio

Os valores médios dos volumes corpusculares de ambos os grupos

permaneceram dentro da normalidade, 23 a 48 fentolitro (fl), durante todo o período

experimental. As médias verificadas nos ovinos infectados foram superiores às

médias dos ovinos não infectados. Além disso, as médias dos ovinos não infectados

não oscilaram durante todo período experimental, sendo o valor médio verificado no

dia 0, 31 fl, próximo do observado aos 390 dpi, 33,5 fl.

Nesse estudo, o volume corpuscular médio dos ovinos infectados aumentou,

a partir dos 15 dpi até os 60 dpi, e com diferença estatística (p<0,001) em relação

aos ovinos não infectados na maioria dos intervalos. O aumento discreto, porém

progressivo, no VCM dos ovinos infectados nesse estudo, indica redução no número

de hemácias na circulação e a liberação de reticulócitos pela medula óssea.

Coincidindo com o período da migração dos estágios imaturos no parênquima

hepático, com a presença dos parasitos adultos nos ductos biliares realizando

espoliação sanguínea. Esses resultados demonstram que anemia provocada por F.

hepatica foi do tipo normocítica normocrômica e regenerativa. De maneira

semelhante, outros autores, como Sykes et al. (1980), também encontraram baixos

valores de hemácias e hemoglobina, com aumento no VCM dos ovinos infectados

na fase subclínica em relação aos não infectados, mas não relatam em qual

momento ocorreu o aumento e nem os valores médios. Matanovic et al. (2007)

verificaram que, nos ovinos infectados, os valores médios do VCM, 33,94 fl, foram

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

68

superiores aos verificados no grupo controle, 30,75 fl, e com diferença estatística.

No entanto, os valores de ambos os grupos estavam dentro da normalidade e no

estudo não foi apontado em quais dias ocorreu à alteração.

7.6.2 Concentração média de hemoglobina

Os valores da concentração média de hemoglobina (CMH) nesse estudo

permaneceram dentro dos parâmetros de normalidade durante todo o experimento,

tanto para os ovinos infectados como para os ovinos não infectados. Esse achado

sugere que hemácias foram substituídas por reticulócitos, que são hemácias jovens

que, no entanto, são maiores e possuem a capacidade de sintetizar 20% a mais de

hemoglobina que a hemácia madura. De maneira semelhante Matanovic et al.

(2007) relataram que o valor médio de CMH de ambos os grupos, infectados e

controle, apresentaram valores semelhantes e dentro da normalidade em infecção

natural por F. hepatica. No entanto, Martinez-Pérez et al. (2014) observou que as

concentrações médias de hemoglobina verificadas nos ovinos infectados foram

superiores às encontradas nos ovinos não infectados e aumentaram a partir de 28

dpi.

7.6.3 Concentração de hemoglobina corpuscular média

A concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) foi semelhante

entre os animais dos grupos infectado e controle durante o estudo. Embora tenha

ocorrido variações das concentrações durante o período experimental, não houve

diferenças estatísticas significativas entre os grupos, diferindo dos resultados de

Matanovic et al. (2007), que relataram que o CHCM nos ovinos infectados foram

menores que o verificado nos ovinos não infectados. No entanto, Martinez-Pérez et

al. (2014) observaram que o CHCM nos ovinos infectados foram superiores aos dos

animais controles.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

69

7.6.4 Plaquetas

A partir dos 15 dpi, ocorreu redução na quantidade de plaquetas circulantes à

medida que o período de infecção foi evoluindo, o que sugere o deslocamento

dessas células para o local de migração do parasito para bloquear a perda de

sangue devido ao rompimento de vasos sanguíneos provocado pelo hematofagismo

dos estágios imaturos, ou pela redução na produção de plaquetas pela medula

óssea. Os mecanismos para explicar a alteração no número de plaquetas circulantes

não são bem conhecidos em ovinos infectados com F. hepatica, mas, em ratos,

Baeza et al. (1994) demonstraram a redução no número médio de plaquetas aos 7

dpi, e atribuíram essa observação, à capacidade do parasito em modular a resposta

inflamatória, visto que os ratos que foram vacinados com adjuvante completo de

Freund´s na região peritoneal antes da infecção por F. hepatica não apresentaram

redução no número médio de plaquetas.

7.6.5 Leucograma

Neste estudo, verificou-se que a infecção experimental dos ovinos induziu

aumento nas contagens médias dos leucócitos totais em relação ao grupo não

infectado a partir dos 15 dpi, com pico aos 30 dpi. Os níveis continuaram mais

elevados em relação ao grupo controle até os 150 dpi, e diminuição nas contagens

totais dos leucócitos do grupo infectado em relação ao grupo controle foram

evidenciada até os 390 dpi. Entretanto, não houve diferença estatisticamente

significativa entre os grupos.

Também foi observado um aumento nas médias dos leucocitos diferenciais

como os neutrófilos, linfócitos e eosinófilos em relação ao grupo controle, com

oscilações desses valores durante todo o período experimental. Esses achados

coincidem com o deslocamento dos estágios imaturos através das camadas do

intestino para a cavidade abdominal, com a penetração no parênquima hepático,

com a destruição de hepatócitos e a liberação de substâncias antigênicas, como o

estabelecimento da inflamação no fígado. Sendo que as reduções dessas células no

sangue periférico dos ovinos infectados nesse estudo, em relação ao grupo controle,

provavelmente devido à migração dessas células para o fígado como descrito por

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

70

vários autores (Sinclair 1962, Meeusen et al. 1995, Tliba et al. 2000, Matanovic et al.

2007).

Além dessa capacidade da F. hepatica em provocar oscilações nos leucócitos

do sangue periférico quando se estabelece no fígado, auxiliado pela secreção de

metabólitos, como complexas proteínas, que ajudam também na aquisição de

requisitos nutricionais, ela também possui a capacidade de interferir nas células do

sistema inume do hospedeiro realizando modulação e/ou evasão (Flynn et al. 2010).

Penny et al. (1996) relataram que as alterações nas contagens diferenciais de

leucócitos pode ser um meio de defesa do organismo contra a Fasciola, os efeitos

obstrutivos, e/ou devido à lesão mediada por complexo antígeno-anticorpo na

medula óssea.

Embora não tenha sido encontrado na literatura acompanhamento do perfil

hematológico de ovinos da raça Santa Inês por um longo período, como o realizado

nesse estudo, durante a infecção com Fasciola hepatica. Encontra-se na literatura

dezenas de trabalhos sobre alterações no perfil hematológico de ovinos infectados

com F. hepatica, com resultados que coicidem ou divergem dos encontrados nesse

trabalho, provavelmente, devido à influência de raça, de idade, de carga parasitária

e do período de acompanhamento da infecção.

Com relação à variação dos leucócitos diferenciais, Chauvin et al. (1995)

relataram aumento na contagem total de leucócitos em ovinos infectados com 230

metacercárias a partir da 3ª e 5ª semana após infecção, mas não observaram

alterações nem variações em neutrófilos, monócitos ou linfócitos. Entretanto, os

eosinófilos começaram a aumentar a partir da 2ª e 3ª semana, com picos de

eosinofilia nas 4ª, 5ª e 6ª semanas e novamente nas 9ª, 10ª e 11ª semanas.

Segundo os autores, esses picos correlacionam-se com a fase de migração dos

estágios imaturos pelo parênquima hepático e com a presença das formas adultas

nos ductos biliares. A eosinofilia também foi descrita por Haçariz et al. (2009) em

ovinos ―Texel x Cheviot‖ a partir da 3ª semana pós infecção.

A eosinofilia é um dos achados mais marcantes descritos na fasciolose.

Entretanto, deve-se ressaltar que ocorre na maioria das infecções helmintícas

(Marques Junior et al. 1983).

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

71

A contagem absoluta de eosinófilos dos ovinos infectados no presente estudo,

aumentou a partir dos 15 dpi, com diferença estatística significativa aos 30 e 45 dpi,

período coincidente com pico de eosinofilia. Esse aumento significativo antes do

período pré-patente, que ocorreu em torno de 60 dpi, pode estar relacionado à

migração dos parasitos no parênquima hepático, e a presença dos adultos nos

ductos biliares. Os resultados desse trabalho, estão de acordo com os de Sinclair

(1975), Presidente et al. (1975) Chauvin et al. (1995) e Zhang et al. (2005). Já as

reduções no número de eosinófilos no sangue periférico dos ovinos infectados nesse

estudo, em relação aos não infectados, pode estar relacionada com a migração

dessa célula para o sítio inflamatório por processo quimiotático. Como sugerido por

Ruston & Murray (1977), Rojas et al. (2015), que relataram predominância de

eosinófilos em relação a neutrófilos e a macrófagos em lesões nos fígados de ovinos

infectados com F. hepatica. Além disso, a eosinofilia tem sido relatada como sendo

proporcional ao grau de estimulação antigênica (Escamilla et al. 2016).

Nesse trabalho não houve alterações significativas nas contagens de

monócitos e basófilos entre os ovinos infectados e os ovinos não infectados,

resultados semelhantes aos de Matanovic et al. (2007).

7.7 Avaliação macroscópica dos fígados

Neste trabalho, os achados macroscópicos dos fígados de dois ovinos que

morreram na fase crônica da infecção indicaram a gravidade da doença, confirmada

pela hepatomegalia, pelos lóbulos com bordas abauladas, pelos pontos

hemorrágicos distribuídos difusamente pelo parênquima, por focos de deposição de

fibrina na superfície do parênquima, por focos de necrose com coloração

avermelhada mais escura e pela presença de parasitos adultos nos ductos biliares.

Observou-se maior intensidade de necrose contínua na superfície parietal em

relação à superfície visceral; isso se deve principalmente a migração pelos estágios

imaturos. Esses resultados são semelhantes aos observados por (Sinclair 1967,

Dow et al. 1968, Rushton & Murray 1977, Bostelmann et al. 2000).

A migração dos parasitos jovens pelo parênquima hepático é favorecida pelos

produtos excreto-secretados, além da ação mecânica realizada por ventosas e

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

72

espinhos presentes no tegumento, causando quadro de necrose hepatocelular. As

áreas lesionadas são substituídas por tecido conjuntivo que produzem cicatrizes

fibrosas, principalmente na cápsula hepática (manchas leitosas), apresentando

características de áreas pálidas, assim como observado por Dow et al. 1968,

Rushton & Murray 1977. Esses fatores também contribuem para a hiperplasia dos

ductos biliares verificada nesse estudo, achados similares aos estudos realizados

em ovinos por outros autores como Sinclair 1967,,Dow et al. 1968, Boray 1969,

Behm & Sangster 1999, Bostelmann et al. 2000.

Os pontos hemorrágicos distribuídos no parênquima hepáticoe a deposição

de fibrina observada nesse estudo confirmam que tais lesões são causadas pela

migração, pela alimentação do parasito e pelo surgimento de áreas de lesão,

semelhante aos estudos de (Sinclair 1967, Dow et al. 1968, Boray 1969, Behm &

Sangster 1999, Bostelmann et al. 2000).

A fibrose hepática observada nesse estudo é resultado da infecção por F.

hepatica, visto que a alteração pode ser promovida pelo acúmulo progressivo de

componentes da matriz extracelular (MEC), resultando em substituição da

arquitetura normal do órgão e comprometimento da atividade funcional do fígado,

como descrito por (Bataller & Brenner 2005, Marcos et al. 2011).

Esses achados dão suporte às manifestações clínicas apresentadas pelos

ovinos, demonstrando que a infecção experimental com 150 metacercárais de F.

hepatica foi capaz de causar lesões no fígado, e consequentemente a morte de

alguns ovinos da raça Santa Inês. A associação dos sinais clínicos com esses

achados macroscópicos confirma que os animais morreram na fase crônica da

infecção.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

73

8 CONCLUSÕES

O período pré-patente em ovinos da raça Santa Inês infectados com

150 metacercárias variou de 60 a 62 dias.

Após período pré-patente, os ovinos Santa Inês infectados por F.

hepatica eliminaram ovos nas fezes por mais de 12 meses.

Ovinos Santa Inês com fasciolose apresentam sensibilidade hepática

dolorosa durante a palpação hepática, sendo importante a realização

desse procedimento durante a avaliação física para auxílio no

diagnóstico.

Aumento da frequência cardíaca e respiratória por minuto, associadas

com a palidez da mucosa ocular, são observados nos ovinos com

fasciolose, tornando importante a avaliação cardiorrespiratória no

auxílio do prognóstico.

A utilização do método Famacha©, sem associação com outros

parâmetros clínicos não é confiável para o acompanhamento e controle

dos ovinos infectados por F. hepatica.

Os sinais clínicos são mais evidentes entre os 15 e 120 dias após

infecção, sugerindo ser essa a fase aguda da infecção.

Ovinos Santa Inês infectados com 150 metacercárias de F. hepatica

apresentam ganho de peso inferior aos não infectados.

O hemograma dos ovinos Santa Inês com fasciolose demonstra anemia

normocítica, normocrômica e regenerativa, com leucocitose por

neutrofilia e eosinofilia na fase aguda e linfocitose na fase crônica.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

74

A infecção com 150 metacercárias de F. hepatica causa morte dos

ovinos da raça Santa Inês na fase crônica.

Os fígados dos ovinos Santa Inês experimentalmente infectados por F.

hepatica apresentam borda abaulada, aumento de tamanho, fibrose,

necrose e fibrina aderida à cápsula hepática.

A taxa de recuperação de F. hepatica em ovinos Santa Inês infectados

com 150 metacercárias está em torno 34%.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

75

9 REFERÊNCIAS

ABIDU, M.; SCHERER, P. O.; CARNEIRO, V. S. Estudo comparativo entre

técnicas coproparasitológicas para diagnóstico de Fasciola hepatica em

bovinos. Rev. Bras. Cienc. 1996, v.3 p.1-3.

ANDREWS, S. J. The Life Cycle of Fasciola hepatica. In: Dalton, J. P. Fasciolosis.

Dublin: CABI Publishing 1999, p. 1-29.

ANIL, M. H.; FORBES, J. M. Feeding in sheep during intraportal infusions of

short-chain fatty acids and the effect of liver denervation. J. Physiol. 1980, 298,

p. 407–414.

BAEZA, E.; POITOU, I.; BOULARD, C. Influence of pro-inflammatory treatments

on experimental infection of rats with Fasciola hepatica: changes in serum

levels of inflammatory markers during the early stages of fasciolosis. Res Vet

Sci. 1994, Sep, 57(2): p. 180-7.

BATALLER, R.; BRENNER, D. A. Liver fibrosis. J Clin Invest. 2005 Feb, 115(2), p.

209-18.

BENDEZÚ, P.; LANDA, A. Distomatosis hepática. Epidemiologia y control. Bol.

IVITA 1973, 14:1-32.

BEHM, C. A.; SANGSTER, N. C. Pathology, pathophysiology and clinical

aspects. In: Dalton, J.P. (Ed.), Fasciolosis. CABI Publishing, Oxon, UK, 1999, p.

185–224.

BENNEMA, S. C.; SCHOLTE, R. G. C.; MOLENTO, M. B.; MEDEIROS, C.;

CARVALHO, O. S. Fasciola hepatica in bovines in Brazil: data availability and

spatial distribution. Rev Inst Med Trop Sao Paulo 2014 Jan-Feb; 56(1): 35-41.

BERNARDO, C. C.; CARNEIRO, M. B.; AVELAR, B. R.; DONATELE, D. M.;

MARTINS, I. V. F.; PEREIRA, M. J. S. Prevalence of liver condemnation due to

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

76

bovine fasciolosis in Southern Espírito Santo: temporal distribution and

economic losses. Rev Bras Parasitol Vet. 2011 Jan-Mar; 20(1): 49-53.

BERRY, C. I.; DARGIE, J. D. The role host nutrition in the pathogenesis of ovine

Fascioliasis. Veterinary Parasitology 1976, Vol.2(4), p.317-332.

BIRGEL, D. B. Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose

gastrointestinal. 2013. Tese apresentada na Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo, 2013.

BORAY, J. C. Studies on experimental infection with Fasciola hepatica with

particular reference to acute fascioliasis in sheep. Ann Trop Med Parasitol. 1967,

Dec; 61(4): 439-50.

BORAY, J. C.; HAPPICH, F. A. Standardised chemotherapeutical tests for

immature and mature Fasciola hepatica infections in sheep. Aust Vet J. 1968,

Feb; 44(2):72-8.

BOSTELMANN, S. C. W.; LUZ, E.; THOMAZ SOCCOL, V.; CIRIO, S. M.

Histopatologia comparativa em fígados de bovinos, bubalinos e ovinos

infectados por Fasciola hepatica. Archives of Veterinary Science 2000, v.5, p.95-

100.

BRUNA, L. B. Diversidade genética de populações de ovinos Santa Inês no

Meio-Norte do Brasil com marcadores de base única (SNPs). 2015. Dissertação

(Mestrado) apresentada à Universidade Federal do Piauí como parte das exigências

do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, 2015.

CALDAS, W. S.; LIMA, W. S.; CURY, M. C.; MALACCO, M. A. F.; SILVA, R. S.

Prevalência de Fasciola hepatica em bovinos de algumas mesorregiões do

Estado de Minas Gerais. In: IX SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA

VETERINÁRIA. Anais. Campo Grande, 1995.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

77

CANCELA, M.; ACOSTA, D.; RINALDI, G.; SILVA, E.; DURÁN, R.; ROCHE, L.;

ZAHA, A.; CARMONA, C.; TORT, J. F. A distinctive repertoire of cathepsins is

expressed by juvenile invasive Fasciola hepatica. Biochimie. 2008 Oct;90(10):

1461-75.

CHAUVIN, A.; BOUVET, G.; BOULARD, C. Humoral and cellular immune

response to Fasciola hepatica experimental primary and secondary infection in

sheep. Int J Parasitol. 1995 Oct; 25(10): 1227-41.

COELHO, L. H. L. Variação populacional e Dinâmica de Infecção de Lymnaea

sp. por F. hepatica no município de Itajubá, MG. Instituto de Ciências Biológicas

da UFMG, 2000. 66p. (Dissertação, mestrado em parasitologia), 2001.

COELHO, L. H. L.; LIMA, W. S. Population dynamics of Lymnaea columella and

its natural infection by Fasciola hepatica in the State of Minas Gerais, Brazil. J

Helminthol. 2003 Mar;77(1): 7-10.

COELHO, L. H. L. Lymnaea columella: Dinâmica de populações em Itajubá, MG,

e susceptibilidade à infecção por Fasciola hepatica em associações

simpátricas e alopátricas entre parasito e hospedeiro. 2008. 110 f. Tese

(Doutorado) – Instituto de Ciências Biológicas. Departamento de Parasitologia,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

DACAL, A. R. C. Susceptibilidade e mortalidade de Lymnaea (Pseudosuccinea)

columella (SAY, 1817) exposta à infecção por miracídios de Fasciola hepatica

(LINNAEUS, 1758). 1979. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1979.

DACAL, A. R.; COSTA, H. M.; LEITE, A. C. Susceptibility of Lymnaea

(Pseudosuccinea) columella (Say, 1817) exposed to infection by miracidia of

Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758). Revista do Instituto de Medicina Tropical de

São Paulo, 1988, v. 30, n. 5, p.361-369.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

78

DAWES, B; HUGHES, D. L. Fascioliasis: the invasive stages of Fasciola

hepatica in mammalian hosts. Advances in Parasitology 1964, Volume 2, p. 97–

168.

DARGIE, J. D.; BERRY, C. I.; PARKINS, J. J. The pathophysiology of ovine

fascioliasis: studies on the feed intake and digestibility, body weight and

nitrogen balance of sheep given rations of hay or hay plus a pelleted

supplement. Res Vet Sci. 1979, May;26(3): 289-95.

DARGIE, J. D. The impact on production and mechanisms of pathogenesis of

trematode infections in cattle and sheep. Int J Parasitol. 1987 Feb;17(2): 453-63.

DIXIT, A. K.; DIXIT, P.; SHARMA, R. L. Immunodiagnostic/protective role of

Cathepsin L cysteine proteinases secreted by Fasciola species. Vet

Parasitol. 2008 Jul 4; 154(3-4): 177-84.

DOW, C. J. G.; ROSS, J. G.; TODD, J. R. The histopathology of Fasciola hepatica

infections in sheep. Parasitology 1968, Feb;58(1): 129-35.

DRACZ, R. M.; LIMA, W. D. S. Autochthonous infection of buffaloes and cattle

by Fasciola hepatica in Minas Gerais, Brazil. Rev Bras Parasitol Vet. 2014 Jul-

Sep; 23(3):413-6.

DRACZ, R. M.; RIBEIRO, V. M. A.; PEREIRA, C. A. J.; LIMA, W. D. S. Ocorrência

de Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) em capivara (Hydrochoerus

hydrochaeris) (Linnaeus, 1766) em Minas Gerais, Brasil. Rev. Bras. Parasitol.

Vet. 2016, July/Sept vol.25 no. 3.

ESCAMILLA, A.; BAUTISTA, M. J.; ZAFRA, R. ; PACHECO, I. L.; RUIZ, M. T.;

MARTÍNEZ-CRUZ, S.; MÉNDEZ, A.; MARTÍNEZ-MORENO, A.; MOLINA-

HERNÁNDEZ, V.; PÉREZ, J. Fasciola hepatica induces eosinophil apoptosis in

the migratory and biliary stages of infection in sheep. Vet Parasitol. 2016 Jan

30;216:84-8.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

79

FARIA, N. R. Prevalência e dinâmica da infecção por Fasciola hepatica

(Linnaeus, 1975) em bovinos, no município de Itajubá- Minas Gerais. 2000.

73 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências Biológicas. Departamento de

Parasitologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.

FARIA, R. N.; CURY, M. C.; LIMA, W. S. Prevalence and dynamics of natural

infection with Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758) in Brazilian cattle. Revue Méd.

Vét., 2005, 156, 2, p. 85-86.

FARIA, R. N.; CURY, M.C.; LIMA, W.S. Concordância entre duas técnicas

coproparasitológicas para diagnóstico de Fasciola hepatica em bovinos. Arq.

Bras. Med. Vet. Zootec. [online]. 2008, vol.60, n.4.

FAO ANIMAL PRODUCTION AND HEALTH, FAO. 2013. In vivo conservation of

animal genetic resources. FAO Animal Production and Health Guidelines, n. 14,

Roma, 2013.

FERRE, I.; BARRIO, J. P.; GONZALEZ-GALLEGO, J.; ROJO-VAZQUEZ, F. A.

Appetite depression in sheep experimentally infected with Fasciola hepatica L.

Vet Parasitol. 1994 Oct;55(1-2):71-9.

FERRE, I.; LÓPEZ, P.; GONZALO-ORDEN, M.; JULIAN, M. D.; ROJO-VÁZQUEZ,

F. A.; GONZÁLEZ-GALLEGO, J. The effects of subclinical fasciolosis on hepatic

secretory function in sheep. Parasitol Res. 1995;81(2):127-31.

GIRÃO, E. S.; UENO, H. Técnica de Quatro tamises para o diagnóstico coprológico

quantitativo da fasciolose dos ruminantes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.

20, n. 8, p. 905-912, 1985.

HAÇARIZ, O.; SAYERS, G.; FLYNN, R. J.; LEJEUNE, A.; MULCAHY, G. IL-10 and

TGF-beta1 are associated with variations in fluke burdens following

experimental fasciolosis in sheep. Parasite Immunol. 2009 Oct;31(10):613-22.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

80

HAROUN, E. T.; HILLYER, G. V. Resistance to fascioliasis: a review. Vet

Parasitol. 1986 Mar;20(1-3):63-93.

HAWKINS, C. D.; MORRIS, R. S. Depression of productivity in sheep infected

with Fasciola hepatica. Vet. Parasitol. 1978 Dec 4, p. 341–351.

HAWKINS, C. D. Productivity in sheep treated with diamphenethide at different

times after infection with Fasciola hepatica. Vet Parasitol. 1984 Aug;15(2):117-23.

HONER, M. R. Aspectos da epidemiologia da fasciolose. In: SEMINÁRIO

NACIONAL SOBRE PARASITOSES DE BOVINOS, 1, 1979, Campo Grande. Anais.

Campo Grande: EMBRAPA/CNPGC, 1979. 386p.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2015. Disponível em: <

http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2>. Acesso em: 02 de Outubro

de 2015.

JENNINGS F.W.; MULLIGAN W.; URQUHART G.M. Radioisotope studies on the

anemia produced by infection with Fasciola hepatica. Experimental Parasitology.,

September 1956, Pages 458-468.

KLEIMAN, F.; PIETROKOVSKY, S.; GIL, S. et al. Comparison of two coprological

methods for the veterinary diagnosis of fasciolosis. Arq.Bras. Med. Vet. Zootec.,

2005, v.57, p.181-185.

KOLB, E. Regulação da temperatura corpórea fisiologia veterinária 4 ed. Editora

Guanabara Koogan, 562 p., 1981

LIMA, W. S.; BARÇANTE, J. M. P.; BARÇANTE, T. A.; GUIMARÃES, M. P.;

SOARES, L. R. M. Occurrence of Fasciola hepatica (LINNAEUS, 1758) infection

in Brazilian cattle in the State of Minas Gerais. Rev Bras Parasitol Vet. 2009 Apr-

Jun;18(2):27-30.

LUTZ, A. Sobre a ocorrência de Fasciola hepatica no estado do Rio de Janeiro.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

81

Boletim do Instituto Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 1, p. 9 - 13, 1921.

LUZ, E.; GAZDA, C. M.; YADA, R. S. Fasciolose animal no estado do Paraná –

Análise de dados. Arq. Biol. Tecnol, 1992 v.35, p. 777-780.

MACHADO, R.; FRANCINI, R.; BARBOSA, R. T.; BERGAMASCHI, M. A. C. M.

Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de

ruminantes. Circular Técnica. São Paulo, 2008.

MALAN, F. S.; VAN WYK, J. A.; WESSELS, C. D. Clinical evaluation of anemia in

sheep: early trials. Onderstepoort J Vet Res. 2001 Sep;68(3):165-74.

MALAN, F. S.; VAN WYK, J. A. The packed cell volume and color of the

conjunctivae as aids for monitoring Haemonchus contortus infestations in

sheep. In: BIENNIAL NATIONAL VETERINARY CONGRESS, 1., 1992,

Grahamstown, África do Sul. Anais... Grahamstown : South African Veterinary

Association, 1992. V.1. p.139.

MARCOS, L. A.; TERASHIMA, A.; YI, P.; ANDRADE, R.; CUBERO, F. J.; ALBANIS,

E.; GOTUZZO, E.; ESPINOZA, J. R.; FRIEDMAN, S. L. Mechanisms of Liver

Fibrosis Associated with Experimental Fasciola hepatica Infection: Roles of

Fas2 Proteinase and Hepatic Stellate Cell Activation. J Parasitol. 2011

Feb;97(1):82-7.

MARTÍNEZ-PEREZ, J. M.; ROBLES-PÉREZ, D.; BENAVIDES, J.; MORÁN, L.;

ANDRÉS, S.; GIRÁLDEZ, F. J.; ROJO-VÁZQUEZ, F. A.; MARTÍNEZ-VALLADARES,

M. Effect of dietary supplementation with flaxseed oil or vitamin E on sheep

experimentally infected with Fasciola hepatica. Res Vet Sci. 2014

Aug;97(1):71-9.

MATANOVIC, K.; SEVERIN, K.; MARTINKOVIC, F.; SIMPRAGA, M.; JANICKI, Z.;

BARISIE, J. Hematological and biochemical changes in organically farmed

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

82

sheep naturally infected with Fasciola hepatica. Parasitol Res. 2007

Nov;101(6):1657-61.

MATTOS, M. J. T.; UENO, H.; GONÇALVES, P. C.; ALMEIDA, J. E. M. Seasonal

occurrence and bioecology of L. columella Say, 1817 (Mollusca, Lymnaeidae)

in its natural habitat in Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Medicina

Veterinaria, 1997. v.19 n.6, p. 248-252.

MEKROUD, A.; CHAUVIN, A.; RONDELAUD, D. Variations of biological

indicators as highly presumptive markers for fasciolosis in experimentally-

infected sheep. Revue Méd. Vét., 2007, 158, 8-9, 437-441

MENESES, R. M. Isolamento e caracterização molecular de Anaplasma

marginale de origem congênita e avaliação da virulência em bezerros

experimentalmente infectados. 2013. Dissertação apresentada à Escola de

Veterinária da UFMG como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Ciência Animal, 2013.

MURRAY, M.; RUSHTON, B. Hepatic pathology of a primary experimental

infection of Fasciola hepatica in sheep. Journal of Comparative Pathology Volume

87, Issue 3, July 1977, Pages 459-470.

NETO FERREIRA, J.M., VIANA, E. S.; MAGALHÃES, L.M. Patologia Clínica

veterinária. 1 ed., Belo Horizonte: ed., Rabelo e Brasil Ltda, 1977.

OLAH, S.; WYK, J. A.; WALL, R.; MORGAN, E. R. FAMACHA©: A potential tool

for targeted selective treatment of chronic fasciolosis in sheep. Vet

Parasitol. 2015 Sep 15;212(3-4):188-92.

OLIVEIRA, E. L. Prevalência e fatores associados à distribuição da Fasciola

hepatica, Linnaeus, 1758 em bovinos dos Municípios de Careaçu e Itajubá,

Região da Bacia do Rio Sapucaí-Minas Gerais. 2008.100f. Dissertação (Mestrado

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

83

em Parasitologia). Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas

Gerais, Belo Horizonte, 2008.

PÊCEGO, O. Fiscalização sanitária de carnes e derivados. Estatística de verificação

e apreensões e a sua importância. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Veterinária, 1925, São Paulo, v. 2, n. 8 - 10, p. 375 - 389.

PILE, E.; SANTOS, J. A. A.; PASTORELLO, T.; VASCONCELOS, M. Fasciola

hepatica em búfalos (Bubalus bubalis) no município de Maricá, Rio de Janeiro,

Brasil. Brazil Journal Veterinary Research Animal Science., 2001, São Paulo, v. 1, p.

42 – 43.

PRESIDENTE, P. J. A.; MC CRAW, B. M.; LUMSDEN, J. H. Experimentally

induced Fasciola hepatica infection in White-tailed Deer I. Clinicopathological

and Parasitological Features. Can J Comp Med. 1975 Apr; 39(2): 155–165.

QUEIROZ, V. S.; LUZ, E.; LEITE, L. C.; CÍRIO, S. M. Fasciola hepática

(Trematoda, Fasciolidae: estudo epidemiológico nos municípios de Bocaiúva

do Sul e Tunas do Paraná (Brasil). Acta Biol. Par., 2002, Curitiba, 31 (1, 2, 3, 4):

99-111.

RAADSMA, H. W.; KINGSFORD, N. M.; SUHARYANTA; SPITHILL, T. W.;

PIEDRAFITA, D. Host responses during experimental infection with Fasciola

gigantica or Fasciola hepatica in Merino sheep I. Comparative immunological

and plasma biochemical changes during early infection. Veterinary Parasitology,

2007, Volume 143, Issues 3–4, p. 275–286.

RIBEIRO, P. A. Incidência das causas de rejeição de bovinos no Brasil Central,

prejuízos causados pelas mesmas nos anos de 1946/47. Rev. Fac. Med. Vet.,

1949, S. Paulo — Vol. 4, fase. 1.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

84

REZENDE, H. E. B. Retrospectiva da Fasciolose bovina no Brasil. NA. 1° Sem.

Nac. Parasitoses dos Bovinos. (Eds. A. A. H. Beck, et al). Campo Grande,

EMBRAPA, CNPGC. p. 133-143.

REY, L. Fasciola hepatica no Gado do Rio Grande do Sul. Investigações sobre

a possibilidade de ocorrência de casos humanos. Revista Brasileira de

Malariologia, 1957, v. 9, n. 4, p. 473 – 483.

ROJAS, C. A. A.; Ansell, B. R. E.; Hall, R. S.; Gasser, R. B.; Young, N. D.; Jex, A.

R.; Scheerlinck, Jean-Pierre Y. Transcriptional analysis identifies key genes

involved in metabolism, fibrosis/tissue repair and the immune response

against Fasciola hepatica in sheep liver. Parasit Vectors. 2015 Feb 25;8:124.

ROJO-VÁZQUEZ, F. A.; MEANA, A.; VALCÁRCEL, F.; VALLADARES, M. M.

Uptade on trematode infections in sheep. Veterinary Parasitology, 2012, Volume

189, Issue 1, p. 15–38

ROSENBERG, G. Exame clínico dos bovinos. 3. ed. Rio de Janeiro (RJ):

Guanabara Koogan, 1993.

ROSS, J. G.; TODD, J. R.; DOW, C. Single experimental infections of calves with

the liver fluke, Fasciola hepatica (Linnaeus, 1758). Journal of Comparative

Pathology 1966, Volume 76, Issue 1, p. 67-81.

RUSHTON, B.; MURRAY, M. Hepatic pathology of primary experimental

infection of Fasciola hepatica in sheep. Journal of Comparative Pathology, 1977,

Volume 87, Issue 3, p. 459-470

SANTOS, C. S.; SCHERER, P. O.; VASCONCELLOS, M. C.; PILE, E. M.; FREIRE,

L. S.; SANTOS, J. A. A.; SERRA-FREIRE, N. M. Registro de Fasciola hepatica em

eqüinos (Equus caballus), caprinos (Capra hircus) e ovinos (Ovis aries) no

município de Itaguaí, Rio de Janeiro, Brasil. R Bras. Ci. Vet., 2000, v. 7, n. 1, p.

63-64.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

85

SERRA-FREIRE, N. M.; BORDIN, E. L.; LESSA, C. S. S.; SCHERER, P. O.;

FARIAS, M. T.; MALACCO, M. A.; CORRÊA, T. C.; TSCHUMI, J. A. Reinvestigação

sobre a distribuição da Fasciola hepatica no Brasil. A Hora Veterinária, 1995,

Edição Extra, n.1, p.19-21.

SERRA-FREIRE, N. M. Fasciolose hepatica no Brasil: Análise Retrospectiva e

Prospectiva. Caderno Técnico Científico da Escola de Medicina Veterinária, ano 1,

n. 1, p. 9 - 70, jul-dez, 1999.

SILVA, I. C.; MULLER, G.; MATTOS, M. J. T.; CASTRO A. L. D.; ALMEIDA, J. E. M.

& UENO, H. Fasciolose - Incidência e importância na bovino e ovinocultura no

RS. Lavoura Arrozeira, 1980, Porto Alegre, v. 33, n. 323, p. 34-42.

SILVA, O. M. C. Parasitoses animais. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, p. 13,

12 jul. 1936.

SILVA, R. E.; LIMA, W. S.; CALDAS, W. S.; CURY, M. C.; MALACCO, A. F.

Primeiro encontro de L. columella (Say, 1817) naturalmente infectada por

estádios intermediários de F. hepatica (Lynnaeus, 1758) na cidade de Itajubá,

MG. Revista de Patologia Tropical, 1994, Supl., v. 23, n. 2.

SCHWEIZER, G.; BRAUN, U.; DEPLAZES, P.; TORGERSON, P. R. Estimating the

financial losses due to bovine fasciolosis in Switzerland. Vet. Rec., 2005, 157, p.

188–193.

SINCLAIR, K. B. Observations on the clinical pathology of ovine fascioliasis. Br.

Vet. J. 1962, v. 118, n.37, p. 37-53.

SINCLAIR, K. B. Pathogenisis of Fasciola hepatica and other liver-flukes.

Helminthol. 1967, v.36, n.2, p. 115-134.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

86

SINCLAIR, K. B. The resistance of sheep to Fasciola hepatica: studies on the

pathophysiology of challenge infections. Research in Veterinary Science 1975,

19, p. 296-303.

SYKES, A. R.; COOP, R. L.; RUSHTON, B. Chronic subclinical fascioliasis in

sheep: effects on food intake, food utilization and blood constituents. Res Vet

Sci. 1980 Jan;28(1):63-70.

SWENSON, M. J.; REECE, W. O. Dukes fisiologia dos animais domésticos. 11

ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. 855p.

UENO, H.; GUTIERRES, V. C.; MATTOS, M. J. T.; MULLER, G. Fascioliasis

problems in ruminants in Rio Grande do Sul, Brazil. Veterinary Parasitology

1982, Volume 11, Issues 2–3, p. 185-191

UETA, M. T. Infecção experimental de Lymnaea columella por Fasciola

hepatica. Ver. Saúde Públ. de São Paulo 1980, v. 11, n. 1, p. 43 – 57.

URQUHART, G. M. et al. Parasitologia veterinária, 2ª ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogam, 1996.

ZHANG, W. Y.; MOREAU E.; UOPE J. C.; HOWARD C.J.; HUANG W. Y.; CHAUVIN,

A. Fasciola hepatica and Fasciola gigantica: Comparison of cellular response

to experimental infection in sheep. Experimental Parasitology 2005, Volume 111,

Issue 3, p. 154–159.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Instituto de Ciências ... · Aos meus pais, Sérgio e Sônia, por todo o amor, carinho, amizade, compreensão, paciência e apoio, serei eternamente

87

ANEXOS

A1. Ficha de avaliação clínica

AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS

Animal:

Pelagem:

Peso:

Data:

PARÂMETROS AVALIADOS

Comportamento ( ) normal ( ) prostrado

Inspeção contorno

abdominal

( ) normal ( ) ascite ( ) prenhes ( ) assimétrico

Edema submandibular ( ) ausente ( ) presente

Frequência cardíaca ______/min

Frequência respiratória ______/min

Mucosas Oculares ( ) 1- Vermelho robusto ( ) 3- Rosa ( ) 5- Branco

( ) 2- Vermelho rosado ( ) 4- Rosa pálido

Condição corporal ( ) 1- Caquético ( ) 3- Médio ( ) 5- Obeso

( ) 2- Magro ( ) 4- Gordo

Sensibilidade hepática ( ) ausente ( ) presente