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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos
Tese de doutorado
Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos
de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai
Juliano Gonçalves Pereira
Pelotas, 2017
Juliano Gonçalves Pereira
Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos
de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Orientador: Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva Co-orientadora: Prof. Dr. Eduarda Hallal Duval
Pelotas, 2017
Juliano Gonçalves Pereira
Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos
de origem animal na fronteira oeste do sul do Brasil com Argentina e Uruguai
Tese aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.
Data da defesa: 14/07/2017
Banca examinadora:
Prof. Dr. Wladimir Padilha da Silva (Orientador) Doutor em Ciência dos Alimentos pela USP
Prof. Dr. Fabio Pereira Leivas Leite Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade do Wisconsin - Madison Profa. Dra. Ângela Maria Fiorentini Doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pela UFSC
Profa. Dra. Daniela Isabel Brayer Pereira Doutora em Ciência Veterinária pela UFRGS
Dra. Graciela Volz Lopes Doutora em Ciência Veterinária pela UFRGS
Dedico este trabalho à minha esposa Vanessa e
ao meu filho Lucas...
Agradecimentos
Agradeço a Deus por guiar meus passos e me proteger nessa longa jornada
de viagens para o cumprimento deste estudo.
Ao meu filho Lucas e minha esposa Vanessa, pelo conforto do carinho,
compreensão nas angústias e fortaleza nos momentos em que precisamos nos
distanciar. Vocês são as razões da minha vida, amo vocês.
Aos meus pais João e Joana pelo incentivo e esforço despendido desde o
início dos estudos de graduação, pelo exemplo de vida, pelas preocupações
compartilhadas e pela presença constante em nossas vidas mesmo a milhares de
quilômetros de distância. Igualmente, agradeço aos meus sogros Carlos e Vera
pelos pensamentos positivos e atenção nos poucos momentos em que passamos
juntos durantes todos esses anos.
Ao querido orientador professor Wladimir, primeiramente por ter apostado
suas fichas na minha orientação, pois não nos conhecíamos pessoalmente. Pela
confiança depositada, acolhimento de ideias, liberdade concedida durante todo o
experimento e cordialidade na relação de orientação. Sua paciência, generosidade e
solicitude são características que tentarei aplicar na minha vida pessoal e
profissional.
Agradeço a minha co-orientadora professora Eduarda Hallal Duval, por ter
aberto às portas da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) para o doutorado. Da
mesma forma, agradeço a confiança e liberdade no desenvolvimento deste estudo.
Aos acadêmicos de pós-doutorado e graduação do Laboratório de Inspeção
de Produtos de Origem Animal da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Vanessa, Manu, Leonardo Tadielo, Leonardo Marques, Rita, Fernanda, Bruna,
Phellipe, Fernando, Matheus e Éverton no auxílio durante as viagens, entrevistas,
coletas e análises microbiológicas.
Ao querido amigo professor Luciano Bersot por sua dedicação desde os
primeiros passos na área de Inspeção. Mesmo estando fisicamente distante o que
não permitiu sua participação efetiva desde projeto, suas ideias, cobranças e
entusiasmo foram a base para a construção de minha formação acadêmica, o que
me permitiu alçar voos sozinho e desenvolver projetos, orientar acadêmicos, buscar
parceiros e implantar e coordenar o Laboratório de Inspeção de Produtos de Animal
da UNIPAMPA.
Ao Jorge Vargas, Auditor Fiscal Federal Agropecuário da Vigilância
Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), por ter acolhido o projeto e o levado à
Superintendência da Agricultura do RS permitindo assim a coleta de amostras e
autorização para aquisição e ingresso de alimentos no Brasil. Aos funcionários da
VIGIAGRO, unidade de Uruguaiana-RS que se esforçaram para a coleta e envio das
amostras para análise laboratorial.
Ao Fabiano Barreto, Auditor Fiscal Agropecuário do Laboratório Nacional
Agropecuário (LANAGRO) de Porto Alegre-RS e toda a sua equipe, pela cooperação
firmada que permitiu a pesquisa de resíduos químicos no Laboratório de Resíduos
de Medicamentos Veterinários. Esta parceria engrandeceu fortemente a ideia inicial
do projeto.
Aos professores Fernando Spilki e Andreia Henzel e a mestranda Fernanda
Gil de Sousa da Universidade Feevale de Novo Hamburgo que abriram as portas do
Laboratório de Microbiologia Molecular e auxiliaram na pesquisa dos vírus.
Agradeço a todos do Laboratório de Microbiologia de Alimentos da UFPEL
pela recepção durante as análises finais do projeto, em especial à pós-doutoranda
Graciela Volz Lopes pelo auxílio e supervisão na realização das análises
moleculares.
Aos colegas e amigos da UNIPAMPA, professora Débora Pellegrini no auxílio
às dúvidas estatísticas e ao professor Mário Brum pela consultoria na área de
virologia.
Agradeço a UNIPAMPA por me conceder o afastamento para a conclusão do
doutorado e pela concessão de bolsa de iniciação científica aos acadêmicos
vinculados ao projeto bem como no auxílio financeiro ao Grupo de Pesquisa
envolvido no projeto.
Agradeço a UFPEL e todos os seus servidores, em especial ao Departamento
de Ciência e Tecnologia de Alimentos pela oportunidade de cursar o doutorado.
E a todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para o
desenvolvimento deste estudo.
Resumo
PEREIRA, Juliano Gonçalves. Perigos microbiológicos e químicos associados ao trânsito ilegal de produtos de origem animal na fronteira Oeste do Sul do Brasil com Argentina e Uruguai. 2017. 146f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. O controle do trânsito de alimentos em regiões de fronteira é fundamental para reduzir os riscos de propagação de perigos microbiológicos e químicos. Desta forma, os objetivos deste estudo foram: 1) Avaliar o perfil de brasileiros residentes em cidades da fronteira Oeste do RS com Argentina ou Uruguai, quanto à prática de importação de produtos de origem animal e determinar associações entre as características da população e a aquisição destes produtos; 2) Avaliar a qualidade higiênico-sanitária, por meio da contagem de micro-organismos indicadores e pesquisa e identificação molecular de Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal in natura e processados comercializados em região de fronteira internacional do RS, Brasil; e 3) Pesquisar resíduos de fármacos veterinários (antimicrobianos e antiparasitários) em produtos de origem animal comercializados em região de fronteira do RS. Para o estudo do perfil dos importadores, foi elaborado um questionário o qual foi aplicado em seis cidades do RS (três que fazem fronteira com Argentina e três com Uruguai). Para a avaliação higiênico-sanitária foram analisadas 270 amostras de produtos de origem animal in natura (carne bovina, suína, de frango e de caça) e processados (laticínios e carnes processadas), sendo 150 adquiridos na Argentina e 120 no Uruguai; a pesquisa de vírus foi realizada em 159 amostras (86 da Argentina e 73 do Uruguai). A pesquisa de resíduos de fármacos veterinários foi realizada em 189 amostras (90 da Argentina e 99 do Uruguai). Pelo questionário aplicado, obtiveram-se 744 respostas verificando-se que parte da população avaliada importa ilegalmente produtos de origem animal, tanto na fronteira Brasil-Argentina (65,17%) quanto Brasil-Uruguai (76,28%). Nestas fronteiras, derivados do leite foram os principais produtos importados, seguido de carnes in natura e processadas. Quanto aos patógenos, observou-se a presença de Salmonella spp. (4% dos produtos da Argentina), L. monocytogenes (3% da Argentina; 16,66% do Uruguai), HAV (23,25% da Argentina; 12,32% do Uruguai) e RV (36,04% da Argentina; 9,58% do Uruguai) em produtos in natura e processados. Não foram detectadas amostras contaminadas com E. coli O157:H7 e HEV. As altas médias das contagens de mésofilos e enterobactérias evidenciaram condições higiênico-sanitárias inadequadas durante a cadeia de produção e comercialização dos produtos. Resíduos de fármacos veterinários foram detectados em 50 amostras (26,45%), com 28 apresentando resíduos de
antimicrobianos (14,81%) e 22 de antiparasitários (11,64%). Das 50 amostras positivas, 20 (15 da Argentina e cinco do Uruguai) apresentaram Limite Máximo de Resíduo (LMR) acima dos parâmetros legais, correspondendo a 10,58% do total das amostras analisadas. Os resultados demonstraram que a prática de importação ilegal de produtos de origem animal é comum nas cidades de fronteira do RS e que os produtos podem conter perigos biológicos (bactérias e vírus) e químicos (resíduos de fármacos veterinários). Desta forma, há necessidade de uma maior ação dos órgãos de vigilância de fronteira internacional, de modo a controlar a entrada de alimentos que possam veicular perigos microbiológicos e químicos bem como de conscientização da população fronteiriça de modo a esclarecer os riscos que a introdução de alimentos no Brasil sem a devida fiscalização sanitária pode trazer para a saúde pública e animal. Palavras-chave: alimentos, patógenos, resíduos de antimicrobianos, resíduos de antiparasitários.
Abstract
PEREIRA, Juliano Gonçalves. Microbiological and chemical hazards associated with the illegal transit of animal products at the border west of the southern Brazil with Argentina and Uruguay. 2017. 146f. Thesis (Doctorate degree in Food Science and Technology) – Graduate Program in Agroindustrial Science and Technology, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. Control of food transit in border regions is important to reducing the risk of dissemination microbiological and chemical hazards. The objectives of this study were: 1) To evaluate the profile of Brazilians residing in cities on the western border of RS with Argentina or Uruguay, regarding the practice of importing products of animal origin and determining associations between the characteristics of the population and the acquisition products; 2) Evaluate hygienic-sanitary quality, by counting the micro-organisms and the detection and molecular identification of Salmonella spp., Listeria monocytogenes and Escherichia coli O157:H7, hepatitis A virus (HAV), hepatitis E (HEV), and rotavirus (RV) in in natura and processed animal products marketed in an international border region of RS, Brazil; and 3) Detection of veterinary drug residues (antimicrobials and antiparasitics) in products of animal origin marketed in RS border region. In order to study the profile of the importers, a questionnaire was developed which was applied in six cities of RS (three bordering Argentina and three with Uruguay). For the hygienic-sanitary evaluation, 270 samples of products of animal origin in natura (beef, pork, chicken and game meat) and processed products (dairy and processed meats) were analyzed, of which 150 were purchased in Argentina and 120 in Uruguay. The virus detection was performed in 159 samples (86 from Argentina and 73 from Uruguay). The survey of veterinary drug residues was performed in 189 samples (90 from Argentina and 99 from Uruguay). From the questionnaire applied, 744 responses were obtained, verifying that part of the population evaluated illegally imports products of animal origin, both at the Brazilian-Argentine border (65.17%) and Brazil-Uruguay border (76.28%). At these borders, dairy products were the main imported, followed by fresh and processed meats. As for the pathogens, the presence of Salmonella spp. (4% of Argentina's products), L. monocytogenes (3% from Argentina, 16.66% from Uruguay), HAV (23.25% of Argentina, 12.32% of Uruguay) and RV (36.04% of Argentina, 9.58% of Uruguay). No samples contaminated with E. coli O157: H7 and HEV were detected. The high mean counts of indicators showed inadequate hygienic-sanitary conditions during the chain of production and commercialization of the products. Residues of veterinary drugs were detected in 50 samples (26.45%), with 28 showing antimicrobial residues (14.81%) and 22 antiparasitic residues (11.64%). Of the 50 positive samples, 20 (15 from Argentina and five from Uruguay) had a maximum residue limit (MRL) above the legal parameters, corresponding to
10.58% of the total samples analyzed. The results showed that the practice of illegal importation of animal products is common in RS border cities and that the products may contain biological (bacteria and virus) and chemical (veterinary drug residues) hazards. In this way, there is a need for greater action by international border surveillance agencies in order to control the entry of food that may lead to microbiological and chemical hazards as well as awareness of the border population in order to clarify the risks that the introduction of food In Brazil without proper sanitary inspection can bring to public and animal health. Keywords: antibiotic residues; antiparasitic residues; foods; pathogens.
Lista de Figuras
Capítulo 1 Figura 1 Profile of the survey respondents and frequency of illegal importation of
products of animal origin. .................................................................... 53
Figure 2 Purchasing profile of products of animal origin imported illegally ......... 54 Figure 3 Profile of the interviewees related to the knowledge on illegal import of
products of animal origin. .................................................................... 55
Lista de Tabelas Capítulo 1
Tabela 1 Questionnaire applied for the determination of the profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay ........................................................................ 51
Tabela 2 Association between respondent characteristics and illegal food import .. 52
Capítulo 2 Tabela 1 Produtos de origem animal obtidos na Argentina e Uruguai ............... 77
Tabela 2 Enumeração de mesófilos aeróbios e enterobactérias (log UFC.g-1 ou UFC.mL-1) em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai ........................................................................ 78
Tabela 3 Frequência de Salmonella spp. e L. monocytogenes em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai .. 79
Tabela 4 Presença de genes de virulência de isolados Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7 ...................................................... 80
Capítulo 3
Tabela 1 Alimentos avaliados na fronteira Brasil-Argentina-Uruguai quanto a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)… ................................................................................................. 99
Tabela 2 Primers utilizados para a detecção de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) ................................................................... 100
Tabela 3 Frequência e razão de chance (OR) para a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal obtidos da Argentina e Uruguai ......................................................... 101
Capítulo 4 Table 1 Animal products evaluated at the Brazil-Argentina-Uruguay border for the
presence of antimicrobials and antiparasitics residues ...................... 116
Table 2 Veterinary drugs evaluated by LC-MS/MS in animal products on the Brazil-Argentina-Uruguay border ................................................................. 117
Table 3 Number and frequency of samples of animal products evaluated for the presence of antimicrobials and antiparasitic residues in the Brazil-Argentina-Uruguay border ................................................................. 118
Table 4 Samples (n = 20) with values higher than the Maximum Residue Limit (MRL) for the evaluated analytes....................................................... 119
Sumário
1 Introdução ........................................................................................................ 16
1.1 Objetivos ....................................................................................................... 17
2 Revisão bibliográfica ...................................................................................... 18
2.1 Contextualização do problema ....................................................................... 18
2.2 Regulamentação para o comércio internacional e o sistema de vigilância de
fronteiras no Brasil ............................................................................................... 21
2.3 Perigos microbiológicos associados à importação ilegal de alimentos .......... 24
2.3.1 Perigos à saúde pública .............................................................................. 25
2.3.1.1 Salmonella spp. ........................................................................................ 25
2.3.1.2 Listeria monocytogenes ............................................................................ 26
2.3.1.3 Escherichia coli produtoras de shiga toxina ............................................. 28
2.3.1.4 Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) ................. 30
2.3.1.5 Presença de patógenos em alimentos importados ilegalmente ............... 31
2.3.2 Perigos à saúde animal ............................................................................... 33
2.4 Perigos químicos associados à importação ilegal de alimentos ..................... 35
3 Capítulo 1 - Profile of the illegal import of products of animal origin to
Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay ............................. 37
Abstract ............................................................................................................ 39
3.1 Introduction ..................................................................................................... 40
3.2 Material and methods ..................................................................................... 41
3.2.1 Preparation of the questionnaire ................................................................. 41
3.2.2 Target cities, population sample, and questionnaire administration ............ 41
3.2.3 Data Analysis .............................................................................................. 42
3.3 Results ........................................................................................................... 43
3.4 Discussion ...................................................................................................... 45
Acknowledgements .............................................................................................. 48
References ........................................................................................................... 49
4 Capítulo 2 – Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira
com Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade
higiênico-sanitária .............................................................................................. 56
Resumo ............................................................................................................ 58
4.1 Introdução ...................................................................................................... 59
4.2 Material e métodos ......................................................................................... 60
4.2.1 Coleta das amostras ................................................................................... 60
4.2.2 Análises microbiológicas e moleculares ...................................................... 61
4.2.2.1 Enumeração de micro-organismos mesófilos aeróbios, enterobactérias e
Staphylococcus coagulase positiva ...................................................................... 61
4.2.2.2 Detecção de Salmonella spp. ................................................................... 62
4.2.2.3 Detecção de L. monocytogenes ............................................................... 63
4.2.2.4 Detecção de E. coli O157:H7 ................................................................... 63
4.2.3 Análise dos dados ....................................................................................... 64
4.3 Resultados ..................................................................................................... 64
4.4 Discussão ....................................................................................................... 67
Agradecimentos ................................................................................................... 72
Referências .......................................................................................................... 72
5 Capítulo 3 – Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em
produtos de origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil,
Argentina e Uruguai ........................................................................................... 81
Resumo ............................................................................................................ 83
3.1 Introdução ...................................................................................................... 84
3.2 Material e métodos ......................................................................................... 86
3.2.1 Coleta das amostras ................................................................................... 86
3.2.2 Detecção de HAV, HEV e RV ...................................................................... 87
3.2.2.1 Preparo das amostras, extração de RNA e síntese do cDNA .................. 87
3.2.2.2 RT-qPCR para detecção de HAV ............................................................. 88
3.2.2.3 RT-Nested PCR para detecção HEV........................................................ 88
3.2.2.4 RT-PCR para detecção de RV ................................................................. 89
3.2.3 Análise dos dados ....................................................................................... 89
3.3 Resultados ..................................................................................................... 89
3.4 Discussão ....................................................................................................... 91
Agradecimentos ................................................................................................... 95
Referências .......................................................................................................... 95
6 Capítulo 4 – Residues of veterinary drugs in animal products commercialised
in the border region between Brazil, Argentina and Uruguay ...................... 102
Abstract .......................................................................................................... 104
6.1 Introduction ................................................................................................... 105
6.2 Materials and methods ................................................................................. 106
6.2.1 Sample collection ...................................................................................... 106
6.2.2 Detection of veterinary drug residues ........................................................ 107
6.3 Results and discussion ................................................................................. 108
6.4 Conclusions .................................................................................................. 111
6.5 References ................................................................................................... 112
7 Conclusões .................................................................................................... 120
Referências ....................................................................................................... 121
Apêndices ......................................................................................................... 137
1 Introdução
A globalização do comércio de alimentos e o trânsito de passageiros entre
países constituem importantes rotas de disseminação de perigos biológicos e
químicos de importância em saúde pública. O controle de fronteiras internacionais é
vital para a mitigação de riscos associados ao intenso fluxo de comércio legal e
ilegal de produtos de origem animal.
A importação ilegal de alimentos é o ato de aquisição de alimentos em um
determinado país e sua introdução em um segundo, sem que este passe pela
fiscalização sanitária de fronteira realizada pelos serviços oficiais de vigilância
agropecuária. No Brasil, a responsabilidade da operação de vigilância é da
VIGIAGRO (Vigilância Agropecuária Internacional) que atua em portos, aeroportos e
postos de fronteira visando barrar a entrada de produtos que possam carrear
perigos. Uma falha na execução desta fiscalização pode permitir a introdução de
alimentos contendo patógenos com capacidade de afetar a saúde da população
exposta, bem como pode alterar o status sanitário do rebanho animal brasileiro.
O Rio Grande do Sul (RS), situado na região sul do Brasil, possui uma região
de fronteira internacional muito extensa. O estado faz fronteira com a Argentina e o
Uruguai. Entre o RS e a Argentina são, aproximadamente, 720 km de fronteira, toda
margeada pelo rio Uruguai, com destaque para as cidades gaúchas de Uruguaiana,
São Borja, Itaqui e Porto Xavier. Já na fronteira com o Uruguai são,
aproximadamente, 1.000 km, com destaque para as cidades de Quaraí, Barra do
Quaraí, Santana do Livramento, Aceguá, Rio Branco e Chuí.
Atualmente, o ingresso de produtos processados importados está liberado no
Brasil, desde que sejam respeitados parâmetros com relação ao alimento,
quantidade e embalagem. Tais características devem ser verificadas no momento do
ingresso no Brasil, sejam em postos de fronteira ou aeroportos. A entrada de
produtos de origem animal, sem qualquer fiscalização, é preocupante sob o ponto de
vista de saúde pública, pois não há garantia alguma de que os alimentos estejam em
condições de consumo, podendo assim veicular perigos físicos, químicos e
17
biológicos, já que não se sabe a sua procedência, o local e forma de abate dos
animais e o tipo de industrialização. Além disso, não atendem os requisitos
sanitários internacionais e não foram submetidos à fiscalização sanitária oficial, a
qual garante a segurança dos alimentos.
Uma vez que a vigilância não é realizada de maneira sistemática, seja por
dificuldades operacionais ou pela clandestinidade de ações relacionadas ao
comércio internacional, os riscos à saúde animal e pública são imensuráveis. Ao
adquirir um produto de fora do país, que se desconhece sua origem, bem como se
atendeu ou não as normas mínimas de processamento higiênico-sanitário e
tecnológico, estes tornam-se um risco à população, pela probabilidade de veicular
patógenos ou contaminantes químicos que afetam a saúde do consumidor brasileiro.
1.1 Objetivos
- Avaliar o perfil de brasileiros residentes em cidades da fronteira oeste do RS
com Argentina ou Uruguai, quanto à prática de importação de produtos de origem
animal e determinar associações entre as características da população e a
importação destes produtos.
- Avaliar a qualidade higiênico-sanitária por meio da contagem de micro-
organismos indicadores e pesquisa e identificação molecular de Salmonella spp.,
Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, vírus da hepatite A (HAV),
hepatite E (HEV) e rotavírus (RV), de produtos de origem animal in natura e
processados comercializados em região da fronteira oeste do RS com Argentina e
Uruguai.
- Pesquisar resíduos de fármacos de uso veterinário (antimicrobianos e
antiparasitários) em produtos de origem animal comercializados na região da
fronteira oeste do RS com a Argentina e Uruguai.
2 Revisão bibliográfica
2.1 Contextualização do problema
O Brasil é o maior país da América do Sul em população e território. Faz
fronteira com 10 países, numa área de 16.886 km, a qual requer vigilância constante
para garantir a soberania nacional e salvaguardar a saúde da população e do
rebanho de animais.
Pelas fronteiras brasileiras podem ingressar produtos alimentícios, desde que
sua entrada atenda à regulamentação sanitária (BRASIL, 2006a, 2016a). No
momento da entrada, devem ser submetidos à fiscalização pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém, a entrada de produtos de
origem animal de maneira ilegal é prática comum em fronteiras brasileiras. Isso afeta
diretamente os cofres públicos, pois não são efetuados os pagamentos de impostos
de importação e expõe o país aos riscos da introdução de agente patogênicos que
podem afetar seu status sanitário.
Animais e produtos de origem animal são expressamente proibidos de
trafegar entre países sem a anuência da fiscalização e o atendimento de normas
sanitárias rígidas nacionais e internacionais, pois podem carrear patógenos ou
contaminantes químicos, afetando assim a saúde dos consumidores (OIE, 2016).
O RS, estado situado na região sul do Brasil, possui uma região de fronteira
internacional muito extensa, fazendo fronteira com a Argentina e o Uruguai. Em
algumas cidades fronteiriças, devido às características geográficas e culturais, a
fiscalização sanitária internacional não ocorre, o que permite a entrada ilegal dos
mais variados produtos de origem animal.
Entre o RS e a Argentina são, aproximadamente, 724 km de fronteira, toda
margeada pelo rio Uruguai, com destaque para as cidades gaúchas de Uruguaiana,
Itaqui, São Borja e Porto Xavier, que fazem fronteira com as cidades argentinas de
Paso de Los Libres, Alvear, Santo Tomé e San Javier, respectivamente. A existência
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da divisa geográfica, delimitada pelo rio, facilita a operacionalização das ações de
vigilância, já que deixa clara a região limítrofe internacional e permite a instalação de
pontos de fiscalização sanitária agropecuária em determinados pontos da fronteira,
obrigando todos os ingressantes no Brasil a passarem por pontos onde é possível
realizar a averiguação de bagagens e mercadorias.
Já a fronteira com o Uruguai é de, aproximadamente, 1.000 km, com
destaque para as cidades brasileiras de Quaraí, Barra do Quaraí, Santana do
Livramento, Jaguarão, Chuí e Aceguá as quais fazem f com as cidades uruguaias de
Artigas, Bella Unión, Rivera, Rio Branco, Chuy e Aceguá, respectivamente.
Nestas regiões de fronteira, além da entrada de eletroeletrônicos, produtos de
perfumaria, bebidas e roupas, como ocorre em outras fronteiras, adentram também
produtos de origem animal. Isto se deve pela percepção e apreciação que a
população que reside nestas regiões tem pela qualidade dos alimentos, com
destaque para a carne in natura e produtos cárneos, como salames, e derivados
lácteos, como queijos e doce de leite. A carne argentina é reconhecida regional e
mundialmente pelas suas características sensoriais, como maciez e sabor,
atribuídas ao tipo de rebanho criado, quase que exclusivamente formado por
animais de raças europeias que, as quais produzem carne com maior gordura em
marmoreio e mais macia (ALVES et al., 2005). Os derivados lácteos uruguaios,
como queijo e o doce de leite, são produtos muito apreciados devido à excelente
qualidade sensorial quando comparados com os produtos brasileiros.
Sem dúvida, as características sensoriais são as que chamam mais atenção
na escolha desses produtos. Entretanto, se forem computados, ainda, o preço
atrativo e a facilidade de ingresso no Brasil com estes alimentos, devido às
deficiências na fiscalização, a importação ilegal é prática cada vez mais comum e
inevitável nas cidades de fronteira do estado.
Um fator que dificulta a fiscalização no momento do ingresso no Brasil é a
quantidade transportada. Na maioria das vezes, o volume trazido é pequeno e os
produtos são escondidos entre as bagagens para ocultá-los durante a averiguação
dos carros e mercadorias, passando despercebidos durante a fiscalização sanitária,
quando esta ocorre.
20
Dados1 da Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO) do MAPA no
RS referentes aos últimos três anos (2014, 2015 e 2016) demonstraram que, das 10
unidades de fiscalização de fronteira no Estado (Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana
do Livramento, Quaraí, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Porto Xavier e Porto Mauá),
ocorreram apreensões apenas em Itaqui e Uruguaiana. Em Itaqui, foram realizadas
13 apreensões de produtos de origem animal em 2015, totalizando 25 kg e, em
2016, foram 12 apreensões, somando 12 kg. Em Uruguaiana, de 2014 a 2016, foram
apreendidas 3.095 kg de carne bovina in natura, 729 kg de pescados, 493 kg de
carnes de caça (principalmente carne de capivara), 436 kg de mel, 45 kg de queijo,
15 kg de carne suína, 13 kg de salame e 10 kg carne ovina.
Deve-se considerar a possibilidade de os dados acima estarem
subestimados, uma vez que a averiguação de carros e bagagens no retorno ao
Brasil é realizada por método de amostragem. Além disso, dados apontam que 59%
das pessoas que residem em cidades de fronteira do RS, ingressam com certa
frequência com produtos de origem animal adquiridos na Argentina ou Uruguai e
que, apenas 5% já tiveram seus produtos apreendidos pela VIGIAGRO no retorno
ao Brasil (PEREIRA et al., 2015). Desta forma, é evidente que o volume de
apreensões demonstrado pelos dados da VIGIAGRO não representa o volume real
que ingressa ilegalmente no país.
No caso do RS, a principal forma de ingresso destes alimentos é via fronteira
terrestre, porém, esta problemática atinge o Brasil de uma maneira geral, uma vez
que alimentos podem ser introduzidos a partir de outras rotas, como os aeroportos.
Em 2014, a VIGIAGRO apreendeu mais de 65 toneladas de produtos de
origem animal ou vegetal, em bagagens de passageiros em três dos maiores
aeroportos brasileiros (Confins, em Belo Horizonte, Guarulhos, em São Paulo e
Salgado Filho, em Porto Alegre). Os produtos mais apreendidos são de origem
animal, como lácteos, embutidos, pescados, mel e carnes. Sementes, mudas e
frutas lideram a lista dos produtos de origem vegetal (BRASIL, 2015b).
Em estudo realizado por Melo et al. (2014a) em parceria com a VIGIAGRO,
foram apreendidos pela fiscalização sanitária, 657,4 kg de produtos de origem
animal ilegalmente importados, que ingressariam no Brasil via aeroportos de
Guarulhos-SP e Galeão-RJ. Este mesmo estudo apontou que entre 2006 e 2009,
1Dados não publicados obtidos por meio de solicitação junto ao e-SIC (Sistema Eletrônico do Serviço
de Informação ao Cidadão). Protocolo 21900.001631/2016-48.
21
foram apreendidas cerca de 40 toneladas de alimentos de origem animal no
aeroporto de Guarulhos e, entre 2008 e 2009, 19 toneladas no aeroporto do Galeão.
A entrada de produtos de origem animal, sem qualquer fiscalização, é
preocupante sob o ponto de vista de saúde pública, pois não há garantia alguma de
que os alimentos estejam em condições de consumo, podendo assim veicular
perigos físicos, químicos e biológicos, já que não se sabe a sua procedência, o local
e forma de abate dos animais e o tipo de industrialização. Além disso, não atendem
os requisitos sanitários internacionais e não foram submetidos à fiscalização
sanitária oficial, a qual garante a segurança dos alimentos.
2.2 Regulamentação para o comércio internacional e o sistema de vigilância de
fronteiras no Brasil
No Brasil, a regulamentação para a produção e industrialização de produtos
de origem animal é baseada no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de
Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e em legislações complementares (BRASIL,
2017a). Estas legislações estabelecem normas relativas às condições das
instalações, equipamentos, fluxograma operacional, processos tecnológicos,
aplicação de boas práticas de fabricação, Programas de Autocontrole e programas
de prevenção da contaminação. Do mesmo modo que as indústrias nacionais devem
obedecer estas exigências, toda e qualquer indústria de fora do país que tenha
ambição de exportar para o Brasil, deve seguir rigorosas recomendações sanitárias.
Na manifestação de interesse de um país em comercializar seus produtos
com o Brasil, este recebe o credenciamento para realizar o comércio internacional,
desde que sejam atendidos diversos requisitos legais e sanitários recomendados
pelo Brasil. Mesmo após ter recebido o credenciamento, o MAPA poderá determinar
visitas de auditorias periódicas aos países reconhecidos e em seus
estabelecimentos credenciados, visando assegurar a manutenção das condições
previamente aprovadas, podendo manter ou suspender, a qualquer tempo, o
credenciamento, caso haja comprometimento do sistema de inspeção ou por queda
de padrão higiênico-sanitário dos mesmos (BRASIL, 1998).
22
Além de parâmetros relacionados à planta de abate e processamento e aos
procedimentos de controle de qualidade, os países devem possuir programas
sanitários que garantam a saúde do rebanho bem como dos produtos que são
gerados após o abate. Carnes e derivados de bovinos devem ser originados de
animais que nasceram e permaneceram de forma ininterrupta até o abate em países
classificados pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) como de risco
insignificante para Encefalopatia Espongiforme Bovina e em país ou em zona livre
de febre aftosa. As operações de inspeção ante-mortem e post-mortem devem ser
realizadas sob supervisão de Médico Veterinário Oficial e o abate não deve ocorrer
como consequência de programas de erradicação de enfermidades
infectocontagiosas (BRASIL, 2009a).
Os produtos de origem animal procedentes de países e estabelecimentos
devidamente credenciados, após os procedimentos de controle realizados em
postos aduaneiros (portos, aeroportos, postos de fronteira) e sua liberação para o
ingresso no Brasil, são destinados para estabelecimentos com Serviço de Inspeção
Federal (SIF), dotados de instalações, equipamentos e fluxograma operacional que
permita os procedimentos de reinspeção e, quando necessário, coleta de amostras
para exames laboratoriais. Somente poderão circular livremente no Brasil após
terem sido considerados aptos pelos procedimentos de reinspeção e serem
acompanhados de certificado sanitário. Os produtos de origem animal que
apresentarem inconformidades no exame documental e/ou no exame laboratorial,
não poderão adentrar no território brasileiro, podendo retornar ao país de origem ou
ainda serem inutilizados conforme julgamento do Departamento de Inspeção de
Produtos de Origem Animal do MAPA (BRASIL, 1998, 2006a, 2017).
Estes procedimentos de fiscalização e vigilância internacional são de
responsabilidade da VIGIAGRO, órgão vinculado ao MAPA. As atividades deste
órgão têm como objetivos impedir a entrada e a disseminação de agentes
patogênicos que constituam ameaças à agropecuária nacional. Outra função desta
vigilância é a garantia da saúde pública, uma vez que as ações também têm como
objetivo o impedimento da entrada de alimentos de origem animal que possam
constituir um risco pela veiculação de patógenos alimentares (BRASIL, 2006a).
A VIGIAGRO opera em mais de 100 unidades localizadas em portos,
aeroportos e postos de fronteira e é responsável pela fiscalização sanitária e
zoofitossanitária das cargas agropecuárias que passam por esses diferentes pontos
23
de entrada de pessoas e de mercadorias no país. Compete à VIGIAGRO fiscalizar o
cumprimento das exigências estabelecidas para o trânsito internacional, realizando
exames de animais vivos, inspeção de produtos de origem animal e derivados,
averiguação de bagagens de passageiros com vistas a detectar produtos de origem
animal e derivados. Cabe à VIGIAGRO, também, expedir certificados para trânsito
interestadual ou internacional de animais e produtos de origem animal, com base
nos certificados sanitários de origem (BRASIL, 2006a).
O Manual de Procedimentos Operacionais da VIGIAGRO, aprovado pela
Instrução Normativa 26 de 2006, dispõe sobre os procedimentos a serem utilizados
na fiscalização e inspeção do trânsito internacional de produtos agropecuários nos
aeroportos internacionais, portos, postos de fronteira e aduanas. Esse documento foi
desenvolvido a partir da interpretação e compilação da legislação básica que dá
suporte à vigilância zoofitossanitária, objetivando aperfeiçoar os mecanismos
operacionais do sistema, esclarecer, orientar e disciplinar os princípios determinados
pela legislação vigente, padronizando as ações desenvolvidas (BRASIL, 2006a).
Com relação ao trânsito de produtos de origem animal, a partir da publicação
da Instrução Normativa 11 de 2016, o MAPA autorizou o ingresso no território
nacional, de produtos de origem animal destinados ao uso e consumo humano ou
animal, classificados como “não presumíveis veiculadores de doenças contagiosas”.
Nesta classificação, estão atualmente autorizados a adentrar no Brasil, produtos
cárneos industrializados (limitados a 10 kg por pessoa), produtos lácteos
industrializados (5 kg ou L por indivíduo), produtos derivados de ovos (5 kg por
indivíduo), pescado salgado, defumado ou enlatado (5 kg por indivíduo), produtos de
confeitaria e produtos de origem animal destinados ao consumo de animais (5 kg por
indivíduo). Para fins de ingresso no território nacional, os produtos devem estar
acondicionados em sua embalagem original de fabricação, com rotulagem que
possibilite a sua identificação, devidamente lacrados, sem evidência de vazamento
ou violação. Todas estas exigências devem ser verificadas quanto ao seu
atendimento no momento em que os viajantes regressam ao Brasil, porém, muitas
vezes a fiscalização não ocorre ou, quando ocorre, não consegue detectar
irregularidades, permitindo o ingresso de alimentos contendo riscos, como carnes in
natura ou produtos que não atendam as especificações da IN 11 (BRASIL, 2016a).
Na Europa, o livre trânsito de alguns alimentos entre os países que compõe o
bloco da União Europeia tem levantado dúvidas com relação à segurança pública,
24
uma vez que a disseminação de patógenos entre os países tem sido relatada em
alguns estudos (BEUTLICH et al., 2015; SCHODER et al., 2015). Autores que
defendem a restrição de trânsito citam que as deficiências na fiscalização sanitária
nos pontos de ingresso de viajantes é comum e pode comprometer o status sanitário
do país que permite o ingresso de alimentos (NOORDHUIZEN et al., 2013).
No Brasil, apesar da obrigatoriedade da averiguação dos carros no momento
do ingresso no Brasil (BRASIL, 2006a), em muitos locais as ações são prejudicadas
por diversos fatores, tais como a insuficiência de recursos humanos (Auditores
Fiscais Federais Agropecuários e técnicos), a liberação irregular e o
contingenciamento de recursos, a insuficiência de recursos para investimento, além
de problemas de ordem administrativa em algumas Superintendências Federais do
MAPA nos estados brasileiros, como apontado por auditorias na VIGIAGRO
realizada por membros do Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2006b).
Uma vez que esta vigilância sistemática não é realizada, seja por dificuldades
operacionais ou pela clandestinidade de ações relacionadas ao comércio
internacional, os riscos à saúde animal e à saúde pública são imensuráveis, pois
uma vez que se adquire um produto de fora do país, que se desconhece sua origem,
bem como se atendeu ou não as normas mínimas de processamentos higiênico-
sanitário, estes tornam-se um risco à população, pela probabilidade de veicular
patógenos ou contaminantes químicos que afetam a saúde dos consumidores que
residem em regiões de fronteira.
2.3 Perigos microbiológicos associados à importação ilegal de alimentos
A entrada de alimentos veiculando perigos biológicos no território brasileiro
pode ter duas consequências:
1) risco de contaminação da população por meio da ingestão de produtos de
origem animal contaminados com patógenos alimentares, levando à ocorrência de
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA).
2) risco de contaminação dos rebanhos, afetando diretamente o status
sanitário e trazendo sérias consequências à economia do país;
25
2.3.1 Perigos à saúde pública
Os perigos biológicos de interesse para a saúde pública são representados
pela presença de micro-organismos patogênicos nos alimentos, tais como
Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli produtra de shiga toxina,
bem como de vírus patogênicos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2007
e 2016 foram notificados, no Brasil, 6.632 surtos de DTA, com 469.482 indivíduos
expostos, 118.104 doentes, 17.186 hospitalizações e 109 óbitos. Os principais
alimentos envolvidos foram produtos de origem animal como ovos, carnes bovina,
suína e de frango, pescados e leite. Agentes bacterianos foram responsáveis por
90,5% dos surtos, sendo os principais Salmonella spp., E. coli, Staphylococcus
aureus, Bacillus cereus, Clostridium perfringens e Shigella spp. DTA de origem viral
corresponderam à 7,1% dos surtos e o os patógenos envolvidos foram HAV, RV e
norovírus (NV) (BRASIL, 2017b).
2.3.1.1 Salmonella spp.
O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e compreende
bacilos Gram-negativos não produtores de esporos, anaeróbios facultativos. O
organismo apresenta taxa de multiplicação ótima à 37 °C e produz gás a partir de
glicose (exceto S. Typhi), sendo capaz de utilizar o citrato como única fonte de
carbono. A maioria das cepas é móvel, apresentando na sua estrutura flagelos
peritríquios, exceção feita aos sorotipos S. Pullorum e S. Gallinarum que são imóveis
(FRAZIER & WESTHOFF, 1988; JAY, 2005).
A DTA mais frequente no mundo é a salmonelose (BOLLAERTS et al., 2008),
decorrente em 95% dos casos da ingestão de alimentos contaminados com células
viáveis de diversos sorotipos de Salmonella spp. (FRAZIER & WESTHOFF, 1988;
JAY, 2005). Os sintomas caracterizam-se por dor abdominal, calafrios, febre, vômito,
desidratação e dores de cabeça e o período de incubação pode variar de 5 a 72 h,
frequentemente ocorrendo entre 12 a 36 h. A recuperação normalmente ocorre entre
1 e 4 dias após o aparecimento dos sintomas, sendo que a maioria dos casos é
autolimitante (CLIVER, 1990).
26
Salmonella spp. foi o principal agente causador das DTA ocorridas no Brasil
entre 2007 e 2016 (BRASIL, 2017b). Nos Estados Unidos da América (EUA), foram
notificados 2.437 surtos de salmonelose entre 1998 e 2015, com 65.724 pessoas
envolvidas, 7.521 hospitalizações e 86 mortes (CDC, 2017). Segundo relatório
apresentado pelas autoridades de segurança alimentar da União Europeia, em 2008,
foram confirmados 131.468 casos de salmonelose; deste modo, a taxa de
notificação média na União Europeia foi de 26,4 casos/100.000 habitantes, com uma
ampla variação entre os países membros da comunidade. A menor incidência
ocorreu na Romênia com 2,9 e a maior na população da Eslováquia com
126,8/100.000 habitantes (EFSA, 2010).
A importância de Salmonella spp. como agente causador de toxinfecções
alimentares reside no fato de estar amplamente distribuída na natureza, e do trato
intestinal de humanos e animais ser o seu principal reservatório natural (CLIVER,
1990). Desta forma, o micro-organismo ingressa nas plantas de processamento e,
devido às características de abate e processamento, pode permanecer nos
ambientes industriais sendo fonte constante de contaminação (FREITAS et al.,
2010).
Em algumas regiões da Argentina, a prevalência média de Salmonella spp.
em frangos é de ± 25%, contudo, em algumas propriedades este valor se aproxima
de 70% (XAVIER et al., 2011). Em suínos, a prevalência na Argentina pode variar de
24,1% a 45% (IBAR et al., 2009). Apesar de não de ser detectada em produtos
obtidos do Uruguai, Salmonella spp. é reconhecida como um importante patógeno
naquele país (BETANCOR, 2010).
2.3.1.2 Listeria monocytogenes
Dentre as espécies que compõe o gênero Listeria, L. monocytogenes é a
única considerada patogênica aos humanos, a qual é um importante patógeno
veiculado por alimentos e responsável por causar surtos de listeriose em humanos e
animais (FORSYTHE, 2005; JAY, 2005). O gênero Listeria é, atualmente, composto
por 17 espécies: Listeria monocytogenes, Listeria seeligeri, Listeria ivanovii, Listeria
welshimeri, Listeria marthii, Listeria innocua, Listeria grayi, Listeria fleischmannii,
27
Listeria floridensis, Listeria aquatica, Listeria newyorkensis, Listeria cornellensis,
Listeria rocourtiae, Listeria weihenstephanensis, Listeria grandensis, Listeria riparia e
Listeria booriae (WELLER et al., 2015; ORSI & WIEDMANN 2016). Estas espécies
podem ser diferenciadas pela realização de testes fenotípicos como a fermentação
de açúcares e atividade hemolítica (DOYLE et al., 1997; JAY, 2005).
Os micro-organismos pertencentes ao gênero Listeria são bacilos curtos (0,4
a 0,5 µm de diâmetro e 0,5 a 2 µm de comprimento), Gram-positivos, anaeróbios
facultativos, não formadores de esporos e cápsulas. São móveis a temperatura de
25 °C devido a presença de flagelos peritríquios. Listeria monocytogenes pode
multiplicar-se em uma ampla faixa de temperatura (1 a 25°C) e pH (4,6 - 9,6), além
de tolerar concentrações salinas elevadas (≥10%), tendo assim uma capacidade de
sobreviver em condições ambientais desfavoráveis (DOYLE et al., 1997; JAY et al.,
2005).
Listeria monocytogenes é frequentemente isolada de alimentos, sendo esta
sua principal via de transmissão. Estudos relatam o seu isolamento em carne in
natura e produtos cárneos, leite in natura e subpasteurizado, queijos, sorvetes,
alimentos prontos para o consumo, saladas e alimentos de origem marinha, inclusive
alimentos refrigerados (GUDBJÖRNSDÓTTIR et al., 2004; BERSOT et al., 2008;
SANT'ANA et al., 2012; CARTWRIGHT et al., 2013).
Nos EUA, foram notificados 61 surtos de listeriose entre 1998 e 2015, com
818 pessoas envolvidas, 578 hospitalizações e 121 mortes (CDC, 2017). Contudo, o
valor real é, provavelmente, maior devido à subnotificação. Assim, estudos apontam
que L. monocytogenes causa a doença em aproximadamente 2.500 pessoas por
ano, com cerca de 500 mortes, nos EUA (MEAD et al., 1999). Na União Europeia,
em 2011, foram confirmados 1.476 casos de listeriose humana de origem alimentar
(EFSA, 2013). Apesar da baixa morbidade, L. monocytogenes apresenta a maior
taxa de letalidade dentre os patógenos de origem alimentar.
No Brasil, há uma grande deficiência no diagnóstico clínico e na notificação
de casos e surtos de listeriose alimentar, o que reflete na inexistência de relatos
oficiais por parte das autoridades sanitárias conflitando com os vários relatos de
listeriose humana no Brasil. Vale ressaltar que nenhum destes relatos relaciona a
doença com a ingestão de alimentos contaminados (HOFER et al., 1999), embora
este fato possa estar relacionado à falta de conhecimento por parte da comunidade
médica em relação à importância dos alimentos na disseminação de L.
28
monocytogenes aos seres humanos, o que dificulta a identificação da fonte da
doença (DESTRO, 2013).
Listeria monocytogenes também é um patógeno que tem sido isolado em
produtos da Argentina (PELLICER et al., 2002; CALLEJO et al., 2008). No Uruguai,
o patógeno já foi isolado em embutidos e queijos e causou a morte de quatro
pessoas em 2016, o que levou as autoridades sanitárias a lançar alertas para a
população, de modo a evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, produtos
sem tratamento térmico (sucos e leites) e produtos sem origem conhecida (EL PAÍS,
2016).
2.3.1.3 Escherichia coli produtoras de shiga toxina
De maneira geral, E. coli é considerado um dos mais versáteis patógenos
bacterianos pois, enquanto algumas estirpes pertencem a microbiota natural e
desempenham um importante papel na fisiologia intestinal de animais e humanos,
outras são capazes de causar infecção no trato intestinal, bem como trato urinário e
sistema nervoso (MENG et al., 2007). Inúmeros surtos de DTA foram relacionados à
presença de cepas patogênicas de E. coli, evidenciando que sua relevância vai além
de ser um micro-organismo indicador de contaminação de origem fecal nos
alimentos (MENG et al., 2007, CDC, 2017).
As estirpes patogênicas de E. coli podem ser classificados de acordo com seu
mecanismo de patogenicidade em: enterotoxigênica (ETEC), enteropatogênica
(EPEC), enteroinvasora (EIEC), enterohemorrágica (EHEC), enteroagregativa
(EAEC) e de agregação difusa (DAEC) (HUANG, 2004). As EHEC são um subgrupo
composto pelas E. coli produtoras de shiga toxina (STEC).
Escherichia coli produtoras de shiga toxina são responsáveis por sintomas
que variam de simples diarreia até diarreia sanguinolenta, podendo evoluir para
Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU) e púrpura trombótica trombocitopênica,
podendo levar à falência renal e óbito. O sorotipo O157:H7 é considerado o principal
produtor de shiga toxina envolvido com surtos de DTA, porém, alguns casos podem
ocorrer por outros sorotipos como O103, O104, O111 e O26 (NATARO & KAPER,
1988; CDC, 2013b).
29
Os bovinos são o reservatório mais importante de STEC e a maioria dos
surtos de infecções humanas causadas por estas bactérias deve-se ao consumo de
carne bovina mal cozida, leite de vaca não pasteurizado e águas de abastecimento e
recreação contaminados pelo conteúdo intestinal de animais, sobretudo, dos
bovinos, ou mesmo outros alimentos que, por ventura, contaminaram-se por esta
fonte (GRIFFIN & TAUXE, 1991; BEUTIN et al., 1993; PATON & PATON, 1998;
KARMALI, 2010).
No Brasil, poucos estudos têm relatado o isolamento de STEC (CERQUEIRA
et al., 1999; LEOMIL et al., 2003). O primeiro relato de isolamento de E. coli
O157:H7 em gado bovino ocorreu em 1999, por Cerqueira et al. (1999), que, ao
analisarem amostras de fezes de 197 bovinos de corte e leiteiro no Rio de Janeiro,
detectaram STEC em 71% (139/197) dos animais, sendo 82% (99/121) em gado
leiteiro e 53% (40/76) em gado de corte. No entanto, apenas 1,5% dos animais
apresentaram o sorotipo O157:H7.
Diversos estudos conduzidos na Argentina demonstraram a presença do
sorotipo O157:H7 em produtos de origem animal. Na Argentina, Jure et al. (2015)
isolaram E. coli O157:H7 em 3,1% das amostras de carne moída bovina e embutidos
coletadas em diversas cidades daquele país. Na cidade de Berisso, Argentina, Brusa
et al. (2013) detectaram o patógeno em 25,5% e 4,4% das amostras de carne moída
bovina e ambiente de processamento de carne (facas, mesas e moedores),
respectivamente. Fato relevante é que a incidência de SHU neste país chega a ser
10 vezes maior que em outros países industrializados (13,9 casos / 100.000 crianças
menores que 5 anos), diferente da dinâmica epidemiológica observada em outros
países (LEOTTA et al., 2008). Atribui-se esta elevada incidência provavelmente ao
consumo significativo de carne. Uruguai e Chile também são países da América do
Sul onde a incidência dessa síndrome é ligeiramente maior do que nos EUA e
Canadá (MOREIRA et al., 2003).
No Brasil, dados oficiais não relacionam nenhum caso de DTA com a ingestão
de produtos de origem animal contaminados com STEC, apesar de diversos estudos
demonstrarem a presença desse patógeno tanto nos animais quanto nos seus
produtos. Dois estudos realizados em São Paulo em diferentes períodos, detectaram
1,2% das carcaças bovinas contaminadas com STEC (RIGOBELO et al., 2006,
RIGOBELO & ÁVILA, 2012). Vicente et al. (2005), em um trabalho realizado em
propriedades leiteiras de Jaboticabal - SP, detectaram 3,3% de STEC em amostras
30
de leite. Contudo, Beraldo et al. (2014), não detectaram amostras positivas para
STEC em leites provenientes de três propriedades produtora de leite de búfala do
estado de São Paulo.
2.3.1.4 Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)
O HAV e o RV são, juntamente com o NV, os principais vírus causadores de
DTA no Brasil (BRASIL, 2017b). Apesar de não aparecer nas estatísticas oficiais do
Ministério da Saúde brasileiro, o HEV também tem sido relacionado à surtos de DTA
no mundo. Nos EUA, 101 surtos relacionados à presença de HAV, HEV e RV foram
notificados ao serviço de vigilância, entre de 1998 e 2015. Estes surtos envolveram
2.822 pessoas, 249 hospitalizações e 12 óbitos (CDC, 2017).
O HAV é um vírus RNA, não envelopado e pertencente à família
Picornaviridae (WHITE et al., 2016) e é o causador mais comum de hepatite
infecciosa em todo o mundo. A infecção é frequentemente assintomática em
crianças mais jovens, enquanto em crianças mais velhas e em adultos, há uma
gama de manifestações clínicas, desde infecção leve a insuficiência hepática grave.
O HAV é endêmico na América do Sul, onde inquéritos epidemiológicos indicam que
mais de 90% da população de baixa renda apresenta evidências sorológicas de
infecção. Além disso, é responsável por mais de 50% de todos os casos relatados
de hepatite aguda em humanos (GARCÍA-AGUIRRE & CRISTINA, 2008).
O HEV é um vírus RNA pertencente à família Hepeviridae (WHITE et al.,
2016). A infecção por HEV está associada a saneamento deficiente e água não
potável. Todos os anos, cerca de 20 milhões de indivíduos são infectados por esse
vírus, resultando em aproximadamente 56.000 mortes. A doença é geralmente
autolimitante, mas pode causar insuficiência hepática aguda, com baixa mortalidade,
em indivíduos saudáveis, e taxas de mortalidade significativamente maiores em
mulheres grávidas. Os sintomas podem incluir febre, náuseas, vômitos, dor
abdominal e icterícia (SA-NGUANMOO et al., 2015). O suíno, assim como sua carne
e derivados, são os principais veículos de HEV (VASCONCELOS et al., 2015;
WILHELM et al., 2014), o qual tem sido detectado em amostras de fezes e carcaças
obtidas em abatedouros e no comércio varejista (INTHARASONGKROH et al.,
31
2016), bem como em amostras de produtos cárneos. Heldt et al. (2016) detectaram
a presença do genoma do HEV em 36% de amostras de patês suínos
comercializados na cidade de Novo Hamburgo, Brasil.
O RV é um vírus RNA e pertence à família Reoviridae (WHITE et al., 2016),
sendo considerado é a causa mais importante de gastroenterite aguda em lactentes
e crianças em países desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo. É
responsável por 30 a 50% dessas doenças, gerando grande número de
hospitalizações. O RV é excretado nas fezes de pessoas infectadas durante o
período de diarreia aguda, em concentrações que podem atingir até 1011 partículas
virais/g (VICTORIA et al., 2014)
Apesar das diferenças observadas quanto à manifestação clínica das
doenças causadas por estes vírus, todos possuem a transmissão fecal-oral, quer por
contato pessoa-pessoa ou por meio do ambiente ou alimentos contaminados. Desta
forma, procedimentos higiênicos durante a obtenção e manipulação de alimentos
constituem uma importante barreira para evitar a contaminação viral dos alimentos
(WHITE et al., 2016).
2.3.1.5 Presença de patógenos em alimentos importados ilegalmente
Nos EUA, diversos surtos de DTA foram relacionados com a ingestão de
produtos de origem animal importados ilegalmente, principalmente na região de
fronteira com o México. Entre 1997 e 2007, quatro grandes surtos de salmonelose
ocorreram devido à ingestão de queijo fresco tipo mexicano, que ingressou
ilegalmente via fronteira (JOSEPH et al., 2013). Dados do Foodborne Diseases
Active Surveillance Network (FoodNet 2004-2009), apontam que surtos de listeriose
envolvendo mulheres grávidas são muito mais frequentes naquelas de origem
hispânica, devido ao fato destas relatarem o consumo frequente de queijo fresco de
origem mexicana (SILK et al., 2012). Entre 2000 e 2001 ocorreu um surto de
listeriose causado pela ingestão desse tipo de queijo, que resultou na morte de 5
pessoas na Carolina do Norte, EUA (CDC, 2001).
Surtos de tuberculose e brucelose envolvendo a ingestão de produtos
ilegalmente importados para os EUA também já foram relatados (JOSEPH et al.,
32
2013). Análises microbiológicas de alimentos apreendidos na fronteira entre Tijuana
(México) e San Diego (EUA), verificaram a presença de Salmonella spp., L.
monocytogenes e Mycobacterium bovis em queijos frescos (KINDE et al., 2007).
No Brasil e no mundo, diversos estudos avaliaram apreensões em fronteiras
secas ou aeroportos e, sem exceção, todos os autores apontam o grande risco que
a falta de controle sanitário dos alimentos que ingressam ilegalmente nas fronteiras
pode trazer, tanto para saúde pública quanto animal.
No Brasil, Melo et al. (2015) avaliaram apreensões da VIGIAGRO nos
aeroportos de Guarulhos e Galeão, dois dos maiores aeroportos brasileiros. A
maioria das apreensões analisadas apresentou contaminação por coliformes a 35 °C
e 45 °C. Listeria monocytogenes e S. aureus também foram detectados em produtos
lácteos e carnes bovina, suína e ovina. Salmonella spp. foi isolada de uma amostra
de linguiça suína.
Oniciuc et al. (2015) avaliaram produtos apreendidos em região de fronteira
terrestre entre a Romênia e a Moldávia. Os autores encontraram S. aureus em 8%
das amostras, sendo na sua maioria, produtos lácteos. Dentre os isolados, apenas
uma amostra estava contaminada com S. aureus meticilina-resistente.
Beutlich et al. (2015) avaliaram apreensões em dois grandes aeroportos da
Alemanha. Os autores relataram que o maior número de apreensões foi de produtos
lácteos, seguido de carne in natura e produtos cárneos processados. De todos os
alimentos apreendidos, 5% apresentavam micro-organismos patogênicos
(Salmonella spp., L. monocytogenes, Yersinia spp., E. coli, Brucella spp.), sendo que
os produtos com maior contaminação eram as carnes in natura, seguidas dos
produtos cárneos e laticínios.
Rodríguez-Lázaro et al. (2015a) avaliaram produtos interceptados de voos de
fora da União Europeia, no aeroporto de Bilbao na Espanha, e detectaram diversos
produtos contaminados com S. aureus e S. aureus meticilina-resistente. O produto
mais relacionado com esta contaminação foi o queijo. Em outro estudo, esses
mesmos autores avaliaram 200 amostras de alimentos, também no aeroporto de
Bilbao, e detectaram L. monocytogenes (10%) e Salmonella spp. (5,5%) em
produtos oriundos de diversos países, na sua maioria da América do Sul
(RODRÍGUEZ-LÁZARO et al., 2015b). Ainda neste mesmo aeroporto, Rodríguez-
Lázaro et al. (2015c) avaliaram a presença de vírus patogênicos em alimentos. Das
122 amostras de carne apreendidas, 67 foram positivas para, pelo menos, um vírus
33
entérico, sendo 65 positivas para o HEV (53,3%), 3 para NV I (2,5%) e uma para o
NV II (0,8%). Nenhuma das amostras analisadas apresentou o HAV. Todos os tipos
de carne apresentaram contaminação, contudo, houve uma detecção maior em
produtos de carne suína (64,2%).
Schoder et al. (2015) avaliaram 600 amostras de produtos de origem animal
apreendidos pelo serviço veterinário no Aeroporto de Viena, na Áustria. Os produtos
apresentaram contaminação por L. monocytogenes, Salmonella spp. e STEC, sendo
os derivados da carne, os que apresentaram maior número de amostras
contaminadas.
2.3.2 Perigos à saúde animal
O MAPA, por meio da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), com o
objetivo de garantir a sanidade do rebanho brasileiro, estabeleceu o Programa
Nacional de Saúde Animal, que contempla diversos Programas de Sanidade,
Controle e/ou Erradicação de diversas doenças que acometem os animais
domésticos, dentre eles: Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros e
outras Encefalopatias (PNCRH), Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da
Febre Aftosa (PNEFA), Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose
e Tuberculose (PNCEBT) e o Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos, dos
Caprinos e Ovinos, Avícola, Apícola e Suídea (BRASIL, 2009b).
Nestes programas, estão contidos os requisitos de vacinação, trânsito e
quarentena animal, com objetivo de evitar a entrada e/ou permanência no Brasil, de
perigos biológicos que possam trazer riscos à pecuária nacional. Desta forma, se
estes requisitos não forem atendidos, o ingresso ilegal de animais ou seus produtos
pode introduzir patógenos com significativo potencial de afetar o status sanitário do
rebanho brasileiro.
Além de causar prejuízos econômicos associados ao controle e erradicação,
a ocorrência de doenças infecciosas nos animais também provoca impactos nas
transações comerciais entre os países. A alteração do status sanitário de um país
devido à suspeita ou presença de uma doença de notificação obrigatória, pode
comprometer as vendas externas para outros países, causando o enfraquecimento
34
do comércio interno, aumento de desemprego e, consequentemente, escassez de
renda (HORST et al., 1998, STEINFELD, 2004).
Doenças como influenza aviária, Newcastle e micoplasmose aviária podem
ser disseminadas pelo trânsito irregular de aves e produtos avícolas, bem como
suínos e seus produtos podem disseminar febre aftosa, peste suína africana e
clássica, doença vesicular suína ou síndrome reprodutiva e respiratória suína
(PRRS). Ruminantes e seus produtos podem disseminar enfermidades como
brucelose, listeriose e febre aftosa (HARTNETT et al., 2007; VAN DEN BERG, 2009;
BROOKES et al., 2014; EIDT et al., 2015). Deste modo, o controle sanitário de
fronteira é fundamental para evitar prejuízos econômicos quando da ocorrência de
uma emergência sanitária em saúde animal (SWALLOW, 2012).
O vírus da febre aftosa, doença que afeta principalmente bovinos, suínos,
ovinos e caprinos, foi diagnosticada no Brasil, pela última vez, nos Estados do
Paraná e Mato Grosso Sul, no ano de 2006, em regiões próximas à fronteira com o
Paraguai. Os focos de febre aftosa detectados na Europa na década de 90, tiveram
como origens o contrabando de animais vivos procedentes de países infectados, a
importação de animais com atestados falsificados e a importação ilegal de animais e
carnes (EIDT et al., 2015).
Neste sentido, Hartnett et al. (2007) analisaram o risco de ingresso do vírus
da febre aftosa no Reino Unido a partir da importação ilegal de carne bovina. Os
autores identificaram que, anualmente, cerca de 7.431 t de carne ingressam através
de bagagens de viajantes, fretes marítimos, transporte aéreo de cargas e
correspondências. Desse total, estima-se que 55% tem o objetivo comercial. A
quantidade de carne contaminadas com o vírus da febre aftosa que entra
ilegalmente no Reino Unido a cada ano, é estimada como sendo, em média, 95 kg,
com 90% de certeza que a quantidade se situa entre 30 kg e 244 kg. Isto
corresponde a, em média, 0,001% do fluxo total de carne ilegalmente importada.
Brookes et al. (2014) determinaram o risco da veiculação do vírus da PRRS a
partir de importação ilegal de carne suína na Austrália. Os autores verificaram que
existe a possibilidade de ingresso do vírus a partir de carne importada ilegalmente e
destacam a importância de estratégias de mitigação, tais como eliminação de
alimentos de resíduos de tráfego internacional.
35
2.4 Perigos químicos associados à importação ilegal de alimentos
Resíduo de fármaco de uso veterinário pode ser definido como uma fração da
droga, seus metabólitos, produtos de conversão ou reação e impurezas que
permanecem no alimento originário de animais tratados (BRASIL, 1999). Sua
administração resulta na presença de resíduos químicos nos tecidos animais,
contudo, se a administração for realizada de maneira adequada (dose,
concentração, via de administração) e o período de carência for atendido, tais
resíduos ficarão em concentrações abaixo do LMR (Limite Máximo de Resíduo)
(REIG & TOLDRA, 2008).
Limite Máximo de Resíduo é o limite legalmente aceito para a presença do
resíduo em questão no alimento, sendo este parâmetro determinado de acordo com
o limite máximo aceitável de ingestão diária (FAO, 2015). A ingestão de alimentos
com concentrações acima do LMR pode resultar em reações tóxicas e/ou alérgicas
ou, até mesmo, induzir efeitos carcinogênicos, mutagênicos ou teratogênicos
(DOYLE 2006; BEYENE et al., 2016), dependendo da droga veterinária ingerida.
Neste sentido, o MAPA criou o Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes (PNCRC), um programa federal de inspeção e fiscalização das
cadeias produtivas de alimentos, que visa monitorar a efetividade dos controles
implementados pelos sistemas de produção e a respectiva qualidade e segurança
dos produtos de origem animal e vegetal disponibilizados ao comércio e ao
consumo. Este monitoramento oficial é realizado por meio da verificação da
presença e dos níveis de resíduos de substâncias químicas nocivas à saúde do
consumidor, como produtos de uso veterinário, agrotóxicos ou afins, e de
contaminantes químicos (BRASIL, 1999).
O PNCRC baseia-se em análises laboratoriais de amostras de tecidos
animais e de produtos de origem animal, seguindo normativas específicas que
estabelecem, para cada espécie animal, os tecidos e as respectivas quantidades a
serem amostradas, além das substâncias a serem monitoradas e respectivos limites
de tolerância a serem considerados. Ressalta-se que todo este monitoramento é
realizado apenas nos estabelecimentos registrados pelo MAPA (BRASIL, 1999).
Assim, o consumo de produtos de origem animal adquiridos de maneira informal
torna-se um risco à saúde pública, pois não existe a garantia de sua inocuidade,
36
ficando os consumidores expostos à presença de resíduos químicos, principalmente
pelos efeitos em longo prazo destes resíduos.
Os fármacos veterinários autorizados mais comumente utilizados são os
antibióticos (β-lactâmicos, tetraciclinas, fluoroquinolonas, sulfonamidas e
macrolídeos) (OIE, 2017) e os antiparasitários (avermectinas e benzimidazol). Para
estes, as autoridades sanitárias estabelecem os LMR permitidos para cada matriz
(rins, fígado, músculo, gordura, leite ou ovos) (CHOPRA & ROBERTS 2001;
NAVRÁTILOVÁ et al., 2009, EUROPEAN COMMISSION, 2010; PRADO et al., 2015;
BRASIL, 2017c). Algumas drogas são banidas, devido à sua insegurança na
administração e aos efeitos altamente tóxicos para os seres humanos, a exemplo do
cloranfenicol, proibido em diversos países devido à relação com a ocorrência de
anemia aplásica e câncer, ainda que presente em baixos níveis de concentração nos
alimentos (CROUBELS & DAESELEIRE, 2012; REJTHAROVÁ et al., 2017).
Cabe ressaltar que a Argentina, Uruguai e Brasil, por serem países membros
do Mercado Comum do Sul (Mercosul), compartilham valores de LMR para diversos
resíduos químicos (MERCOSUL, 1995), ficando a cargo de cada país instituir os
programas de monitoramento, bem como a amostragem, de modo a garantir a
segurança dos alimentos produzidos e comercializados no bloco.
O PNCR brasileiro analisou 25.320 amostras de produtos de origem animal
no Brasil, entre 2014 e 2015, tendo encontrado 143 amostras com LMR acima do
preconizado, o que representa 0,56% (BRASIL, 2015a, 2016b). Dados do controle
realizado pelo Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria (SENASA) da
Argentina, em 2015, apontam que das 24.024 amostras de carne bovina, suína e
aves avaliadas, 228 foram consideradas não conformes, representando 0,94% do
total avaliado (ARGENTINA, 2017). No Uruguai, o Programa Nacional de Resíduos
Biológicos da Dirección General de Servicios Ganaderos do Ministerio de
Ganadería, Agricultura y Pesca (MGAP) analisou 5.977 amostras de carne bovina,
detectando cinco (0,08%) com LMR acima do recomendado, sendo quatro com
resíduos de cádmio e uma com ivermectina (URUGUAI, 2016).
3 Capítulo 1 - Profile of the illegal import of products of animal origin to
Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay
Manuscrito aceito para publicação no periódico Journal of Protection (ISSN 1944-
9097) - doi:10.4315/0362-028X.JFP-17-123
38
Título: Profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the
border with Argentina and Uruguay
Autores: Pereira, J.G1,2,*, Soares, V.M.2, Santos, E.A.R.,2, Tadielo, L.E.2, Pellegrini,
D.C.P.2, Duval, E.H.1, Silva, W.P.1
1Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,
s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 96010900.
2Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 97501970.
*Autores para correspondência:
Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio
Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378
Email: [email protected] (J.G. Pereira),
[email protected], (W.P. Silva)
39
Abstract International food transit is a risk to public and animal health when not subject to legal importation sanitation procedures. Due to the extensive border area, illegal food import in Brazil is a common practice, especially in Rio Grande do Sul (RS), a State that borders with Argentina and Uruguay. The objective of this study was to evaluate the profile of Brazilians living in cities of RS that border with Argentina (BR-AR) or Uruguay (BR-UR) regarding the practice of illegal import of products of animal origin, and determine associations between the population characteristics and illegal import. A questionnaire with information related to the personal profile, habits of acquisition of imported food, and knowledge of health risks deriving from the consumption of the imported products was elaborated. The questionnaire was administered in six cities of RS (three bordering Argentina and three bordering Uruguay) and responses were obtained from 744 individuals. The variables city, gender, level of education, and knowledge were subjected to the chi-square test to verify the association between these variables and food import. Part of the interviewees admitted to illegally import products of animal origin at both BR-AR (65.17%) and BR-UR (76.28%) borders. Dairy products were the main imported goods, followed by raw and processed meat. The study revealed that illegal import is common at the frontier region of RS, especially that of products of animal origin, dairy, and raw and processed meat. Although illegal importation occurs at all the cities under study, it was higher at the BR-UR border. Also, knowledge of the health risks influences the decision to import food or not. Keywords: Argentina; border; Brazil; food; illegal import; Uruguay.
40
3.1 Introduction
International food trade is essential for economy. Currently, Brazil is one of the
largest producers and exporters of beef in the world (1), a position gained by rigid
health controls applied from production to industrialization. The main goods imported
by Brazil are fish and dairy products. The transit of food between different countries
should follow strict sanitary rules to prevent the transmission of pathogens that affect
public health and health status of animal herds, and introduction of new pests of the
agricultural crops of the importing country (6, 7, 13).
Brazil has continental dimensions and borders (totaling 15,735 km) with 10
countries in South America. Rio Grande do Sul (RS), a Brazilian State located in the
southern region, has an extensive international border with Argentina and Uruguay.
In particular, RS borders with Argentina and Uruguay for approximately 724 km and
1,000 km, respectively. In these border regions, in addition to the entry of consumer
electronics, perfumery products, beverages, and clothing, as it normally occurs at
other borders, products of animal origin also cross, which often do not pass through
any sanitary inspection.
The control of the entry of products of animal origin in Brazil is the
responsibility of the Ministry of Agriculture, Livestock, and Food Supply (MAPA)
through the International Agricultural Surveillance (VIGIAGRO) service, which is
located in ports, airports, and border crossings and inspects baggage and vehicles
with the aim of preventing the entry of irregular products (3). In 2014, the surveillance
of VIGIAGRO resulted in the confiscation of more than 65 tons of animal and plant
products found in personal baggage at the airports of Minas Gerais, São Paulo, and
RS (4).
One factor hindering surveillance at the time of entry into Brazil is the amount
of food transported, which is often small and hidden within the baggage to escape
sanitary inspections. Moreover, the lack of knowledge of the population on the risks
to public and animal health associated with the entry of illegal food calls for the
deployment of health education programs to prevent the introduction of pathogenic
agents in the Country.
41
Thus, the objective of this study was to evaluate the profile of Brazilians living
in cities of RS that border with Argentina (BR-AR) or Uruguay (BR-UR) regarding the
practice of importing food of animal origin with the goal of determining associations
between population characteristics and illegal food import.
3.2 Material and methods
3.2.1 Preparation of the questionnaire
The questionnaire contained questions related to the social profile, illegal food
import habits, and knowledge of the subject under study (Table 1, Apêndice 1). The
issues addressed in the questionnaire were related to (i) (i.e., city, gender, age,
occupation, level of education, and import of animal products); (ii) profile of illegal
food import (i.e., food type, frequency of import, places of acquisition, reason of
acquisition, hygiene of the selling establishment, and confiscation by VIGIAGRO),
and (iii) knowledge (i.e., knowledge of the health risks related to illegal import, of the
responsibility for surveillance, and whether respondents received information through
pamphlets, newspapers, radio, or other routes). After the preparation of the
questionnaire, 10 interviewers were selected and trained by the researchers
responsible to ensure the correct administration of the questionnaire. A script was
provided for each question to ensure standardization.
3.2.2 Target cities, population sample, and questionnaire administration
Six municipalities in RS were selected, three cities at the BR-AR border
Argentina (i.e., Uruguaiana, Itaqui, and São Borja) and three cities at the BR-UR
border (i.e., Barra do Quaraí, Quaraí, and Santana do Livramento). The size of the
sample population interviewed was based on the total population of the six cities
(342,577 inhabitants) according to the Brazilian Institute of Geography and Statistics
42
(8). Therefore, to ensure a significance level of 99% and a margin of error of 5%
(StatCalc - Epi Info™ 7.1.5), 662 interviews were conducted and divided among the
six cities based on their population. Thus, the minimum number of interviews to be
conducted in Uruguaiana was 250, in Itaqui 75, in São Borja 122, in Barra do Quaraí
9, in Quaraí 46, and in Santana do Livramento 160. In some cities, more interviews
than the minimum calculated were conducted.
The questionnaire was administered between May and September 2016. At
the time of the interviews, the interviewers were positioned at points with large
movement of people, such as parks, shopping centers, and bus terminals. A
convenience sampling (nonprobability) was used to approach people at the points of
application of the questionnaire. After the initial acceptance of the individual, the
interviewer briefly summarized the objectives of the research, and the interviewee
agreeing to participate signed a declaration of consent (Apêndice 2). Only Brazilians
residents in the cities targeted by the study, older than 18, and consuming products
of animal origin were selected.
This study was submitted to ethical assessment on the Brazil Platform of the
Brazilian Ministry of Health (http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil), and was
registered under the number CAAE 42695215.7.0000.5323 with favorable ethical
opinion nº 1216314 (Apêndices 3 e 4).
3.2.3 Data Analysis
The information obtained was tabulated and the results expressed in
frequencies. The variables border (BR-AR or BR-UR), gender, educational level,
knowledge of risks, and whether the interviewee received prior information were
subjected to the chi-square test to verify the association of these variables with illegal
import. The analysis was performed using the statistical program IBM® SPSS®
Statistics Version 20. P < 0.05 was considered statistically significant.
43
3.3 Results
The results of the study, which consisted of 744 responses spread over the six
cities evaluated. With regard to gender, at the BR-AR border the number of male
(50.31%) and female (49.69%) respondents was comparable, whereas at the BR-UR
border the number of male respondents (54.94%) was higher than that of the female
respondents (45.06%). The average age was 41.30 and 39.27 at the BR-AR and BR-
UR borders, respectively. In all cities, most individuals reported having jobs.
Accordingly, at the BR-AR border, 25.25% reported being unemployed, 9.57% were
students, and 7.94% were both students and workers. At the BR-UR border, 14.23%
of the individuals were both students and workers, 13.83% reported being
unemployed, and 3.95% were students. With regard to the education level, 71.92%
and 84.18% of the respondents in BR-AR and in BR-UR, respectively, reported
having complete or incomplete primary or secondary education. With regard to higher
education, only 27.09% and 15.81% in BR-AR and in BR-UR, respectively, claimed
to have a professional degree or to be enrolled in undergraduate courses (Figure 1).
A high rate of illegal food import was reported at both borders. In BR-AR,
65.17% of the respondents reported having bought or buying products in Argentina
and returned the goods to Brazil illegally. At the BR-UR border, this frequency was
higher (76.28%) than that at the BR-AR border.
The goods with the highest rate of acquisition were dairy products (i.e.,
cheese, milk jam, and cream). In particular, 84.69% (BR-AR border) and 87.05%
(BR-UR border) of the people who returned with illegal products brought them in their
baggage. Raw meat was the second place preference of import at both borders
(65.31% at BR-AR and 51.30% at BR-UR). Processed meats, fluid milk, honey, and
eggs were mentioned less frequently than dairy and raw meat products. At the BR-
AR border, two individuals (0.63%) reported having entered into Brazil with capybara
meat (Hydrochoerus hydrochaeris) (Figure 2).
Concerning the frequency of illegal import, at the BR-AR border, the majority
of individuals (65%) stated that this practice occurs at intervals higher than 30 days,
whereas the remaining imports occur monthly (23.13%) or weekly (10.94%), with
0.94% of the interviewee buying illegal products on a daily basis. On the BR-UR
44
border, these frequencies were different: 34.20% of the illegal import occurs monthly,
31.09% on a weekly basis, 26.42% at intervals higher than 30 days, and 8.29% daily.
When asked in what type of facilitates the illegal products were purchased, the
majority of the respondents reported purchasing items in markets or grocery stores at
both BR-AR (61.25%) and in BR-UR (60.62%) borders. Purchases at butcher shops
were 8.44% and 9.33% at the BR-AR and BR-UR borders, respectively, whereas
those who purchased products directly at the producer were 0.63% and 0.52% at the
BR-AR and BR-UR borders, respectively. The remaining 29.69% and 29.53% of
respondents at the BR-AR and BR-UR borders, respectively, declared to purchase
products at more than one location (e.g., markets and butchers, grocers and
butchers).
When questioned about the reasons for illegal import, the most frequent
answers were low price and the sensorial qualities (e.g., taste, tenderness). At the
BR-AR border, 41.56% of the interviewees reported that they acquired items for their
lower prices, 21.56% for their sensory qualities, 34.69% for both attributes (i.e., price
and quality), and 2.19% for other reasons, such as great variety of cheese, a large
number of available brands, and possibility of buying wholesale. At the BR-UR
border, the main reasons for buying illegal goods were quality (59.07%), followed by
price and quality (23.83%), price (16.58%), and other reasons (0.52%).
When the interviewees were asked to compare the sites of acquisition in Brazil
with those cited in Argentina (BR-AR), 59.06% reported that foreign facilities offer
worse sanitary conditions than Brazilian establishments, 11.56% said that the
Argentinian sites are cleaner, 23.75% that both feature the same sanitary level, and
5.63% could not tell. Different results were obtained at the BR-UR border, with
37.82% of the respondents having the perception that establishments in Uruguay
were cleaner than those in Brazil, followed by the perception that the sites are
comparable (34.20%), 22.80% reporting that Brazilian establishments are cleaner,
and 5.18% could not tell.
Regarding the confiscation of products by VIGIAGRO upon returning to Brazil,
10% of the respondents traveling from Argentina had their products confiscated,
while only 4.14% of the interviewees returning from Uruguay had this experience.
Figure 3 presents the questionnaire results on the level of knowledge of the
respondents. At the BR-AR border, 50.31% of the interviewees reported that they
know that illegal food import could pose risks to public or animal health, mentioning
45
“foodborne diseases”, “bacteria”, “diarrhea”, “foot-and-mouth disease”, “zoonosis”,
and “brucellosis”. Also, 51.88% said they knew which federal agency should inspect
the baggage, and 25.63% had already received some information on international
food transit. At the BR-UR Border, 37.31% of the respondents said they knew the
risks, 28.50% knew who should perform surveillance, and 26.42% received
information on the topic.
Table 2 shows the results on the association between the considered
variables (i.e., border, gender, education, knowledge) and illegal food import. At the
BR-UR border, illegal import was significantly higher than that at the BR-AR border
(P = 0.002), i.e., at the border with Uruguay, the entry of products of animal origin is
more intense than that at the border with Argentina. The variable gender was not
associated with importation, both in general (BR-AR + BR-UR) and evaluating each
border individually (P > 0.05).
With regard to education, there was association between the level of
education of the interviewees and illegal import. At both BR-AR and BR-UR borders,
and in general, the illegal import was more frequent among individuals who have
higher education degrees than in those who only primary or secondary education (P
< 0.05). Interestingly, the majority of people who declared to import food did not know
whether illegal food import could carry health risks, whereas most individuals who did
not import food were aware of the risks. This association was statistically significant
at the BR-AR border and in the sum of the results of the two borders (general) (P <
0.05), whereas it was not significant at the BR-UR border (P > 0.05). There was no
significant association between having received prior information on the topic and
illegal food import (P > 0.05).
3.4 Discussion
The results of this study highlight the considerable sanitary problem related to
the transit of products of animal origin at the borders of the State of RS. The absence
of appropriate health surveillance, reflected by the high rate of illegal food import and
low number of confiscations in the cities monitored, may cause risks to the population
owing to the introduction of pathogens and diseases.
46
Several studies have analyzed confiscations at border posts or airports and
pointed to the considerable risks to public and animal health related to the lack of
sanitary controls on illegally imported food due to the presence of pathogens (2, 12,
14, 15).
In the United States of America (USA), several outbreaks of foodborne
diseases have been related to the intake of illegally imported animal products, mainly
at the border with Mexico. Between 1997 and 2007, four major outbreaks of
salmonellosis were associated with the illegal intake of fresh Mexican cheese (9).
During 2000 and 2001, an outbreak of listeriosis caused by the import of Mexican
cheese resulted in the death of five people in North Carolina, USA (5). Outbreaks of
tuberculosis and brucellosis caused by the ingestion of illegally imported products
into the USA have also been reported (9). Microbiological analysis of food
sequestered at the border between Tijuana (Mexico) and San Diego (USA) revealed
the presence of Salmonella spp. spp., Listeria monocytogenes, and Mycobacterium
bovis in fresh cheese (10).
Melo et al. (12) studied confiscations carried out by health authorities in
Guarulhos and Galeão (Brazil), two of the largest airports located in the States of
São Paulo and Rio de Janeiro, respectively. Most of the confiscations analyzed
revealed contamination with coliforms at 35°C and 45°C. The authors also detected
L. monocytogenes and Staphylococcus aureus in dairy products and meat.
Salmonella spp. spp. were isolated from a sample of pork sausage.
In this study, the highest frequency of illegal food import was associated with
dairy products, at both BR-AR and BR-UR borders. Although the processing of milk
for the production of derivatives may prevent the presence of pathogenic
microorganisms, Melo et al. (11) detected the presence of Brucella spp.,
Mycobacterium bovis, and M. avium in milk jams, cheese, and powdered milk
sequestered at Brazilian airports. Despite the presence of these pathogens in
processed products, the risk for disease outbreaks is even higher with the entry of
raw products, which this study demonstrated to occur at high frequency at both BR-
AR and BR-UR borders.
Residents in cities near the border with Uruguay buy illegal food much more
frequently than those who live next to Argentina (76.28% BR-UR; 65.17% BR-AR).
This difference can be explained by analyzing the characteristics of the two borders.
Part of the BR-AR border is traced by the Uruguay River, which requires crossing
47
long bridges or even crossing the river with ferries. Interestingly, some of the
interviewees claimed that the crossing of the river was the main obstacle toward
purchasing foreign products. On the contrary, most of the border with Uruguay is
represented by land, which facilitates crossing. This observation justifies the high
frequency of food acquisition at the BR-UR border, with 34.20% of the respondents
reporting to purchase products on a monthly basis and 31.90% on a weekly basis.
Instead, at the BR-AR border, the highest frequency of illegal import was at intervals
higher than 30 days (65%).
Another aspect that may justify the high import frequency at the BR-UR border
compared to the BR-AR border is how health inspections are conducted, which is
reflected in the number of confiscations. Only 4.14% of the interviewees have had
products sequestered by the agricultural surveillance officers. At the BR-AR border
this occurred at higher frequency than at the BR-UR border (10%). The geographical
characteristics of the borders must be taken into account again because the
presence of the river at the BR-AR border imposes a single legal route of return to
Brazil, facilitating the operationalization of baggage inspections. The absence of a
river at the BR-UR border allows several points of entry and exit from Brazil, which
complicates the inspections by the authorities.
Illegal import frequency also reflects the unawareness of the population with
respect to baggage inspection responsibilities. At the BR-AR border, over 50% of the
respondents said they knew who is responsible for inspections, whereas, at the BR-
UR border, this percentage was lower (28.5%). However, it is worth noting that most
of the interviewees, who claimed to know the inspection agency, responded only
affirmatively to this question, whereas very few (3.89%) clearly affirmed that the
responsibility of baggage inspection is of VIGIAGRO/MAPA.
Interestingly, the study revealed that the level of education was associated
with the illegal import practice. Contrarily to expectations, individuals with high-level
education did not demonstrate being more aware of the health risks related to illegal
food import than less educated individuals. In fact, the highest frequency of
importation corresponds to professionals with a degree or individuals enrolled in
undergraduate studies (completed or incomplete). This may be related to the
purchasing power of these individuals being higher than that of less educated ones.
However, individuals who know the risks of illegal importation do not hesitate
to practice the illegality, but less frequently than those who are ignorant of the risks.
48
Moreover, considering that only 159 individuals at the BR-AR and BR-UR borders
had already received some information (e.g., pamphlets, lectures, advertisements on
the radio or television) on the health risks related to illegal food import, it can be
concluded that programs of awareness targeting border population could revert the
current illegal food import status.
Since the data reported in this study indicate that sensorial quality and price of
the imported food were the main reasons for illegal importation despite the
inadequate sanitary conditions of the foreign establishments where food is sold, the
need for a health education policy is urgent. In fact, it is striking that, although many
interviewees at the BR-AR border recognized the hygienic deficiencies of Argentinian
establishments, this did not discourage people from purchasing products of animal
origin.
This study revealed that illegal importation of food, especially products of
animal origin such as dairy products, and raw and processed meat, is frequent at the
frontier region of RS. Although illegal importation was verified at all cities, it was
higher at the BR-UR border than it was at the BR-AR border. Interestingly,
knowledge of the health risks related to illegal food import influenced the decision to
import food or not, thus justifying the need for improved practices of the inspection
authorities, as well as the as the need for awareness of the border population about
the risks posed to both public and animal health by the introduction of food in Brazil
without due sanitary inspections.
Acknowledgements
The authors would like to acknowledge the Universidade Federal do Pampa
for the scholarship to Emanoelli dos Santos (Programa de Desenvolvimento à
Pesquisa – PDA 2016) and financial support (Programa de Apoio aos Grupos de
Pesquisa).
49
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51
Table 1 - Questionnaire applied for the determination of the profile of the illegal import of products of animal origin to Brazilian cities at the border with Argentina and Uruguay
Profiles Questions or alternatives Possible answers
Social profile City Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Barra do Quaraí, Quaraí, Santana do Livramento
Gender Male, Female
Age (in years) Years
Occupation Student, Worker, Student and worker, Unemployed
Education Complete or incomplete primary and secondary, Complete or incomplete higher education
Imports illegally Yes, No
Profile of illegal food import
Products purchased Raw meat, Processed meat; Fluid Milk, Dairy products, Honey, Eggs, Other foods
Frequency of illegal import Daily, Weekly, Monthly, > 30 days
Places of acquisition Markets or grocery stores, Butcher shop, Producer
Reason of purchase Price, Quality, Other reasons
The sites are cleaner than those in Brazil
Yes, No, Same
Products seized by VIGIAGRO
Yes, No
Knowledge
Know the risks associated with illegal food import?
Yes, No, or reports of Foodborne diseases, Animal diseases, Clinical signs or symptoms, others
Know the Brazilian inspection agency? Name of agency ?
Yes, No, Name of agency
Received information on the topic? Type of information?
Yes, No, Type of information (TV, internet, radio, others)
52
Table 2 - Association between respondent characteristics and illegal food import
Variables Answers Imports illegally P value
Yes (n = 513) No (n = 231)
Border BR-ARa
320 (65.17%) 171 (34.83%) 0.002 BR-UR
b 193 (76.28%) 60 (23.72%)
Gender
General*
Male
269 (69.69%)
117 (30.31%)
0.567
Female 244 (68.16%) 114 (31.84%) BR-AR
Male
164 (66.40%)
83 (33.60%)
0.758
Female 156 (63.93%) 88 (36.07) BR-UR
Male
105 (75.53%)
34 (24.47%)
0.652
Female 88 (77.19%) 26 (22.81%) Education
General
Primary/secondary
379 (66.37%)
192 (33.63%)
0.006
Higher 134 (77.45%) 39 (22.55%) BR-AR
Primary/secondary
222 (62.01%)
136 (37.99%)
0.016
Higher 98 (73.69%) 35 (26.31%) BR-UR
Primary/secondary
157 (73.70%)
56 (26.30%)
0.026
Higher 36 (90.0%) 4 (10.0%) Know the risks associated with illegal food import?
General
Yes
238 (62.46%)
143 (37.54%)
<0.001
No 275 (75.75%) 88 (24.25%) BR-AR
Yes
166 (59.28%)
114 (40.72%)
0.002
No 154 (72.98%) 57 (27.02%) BR-UR
Yes
72 (71.28%)
29 (28.72%)
0.128
No 121 (79.60%) 31 (20.40%) Received information on the topic?
General
Yes
114 (71.69%)
45 (28.31%)
0.399
No 399 (68.20%) 186 (31.80%) BR-AR
Yes
83 (71.55%)
33 (28.50%)
0.099
No 237 (63.20%) 138 (36.80%) BR-UR
Yes
31 (72.10%)
12 (27.90%)
0.478
No 162 (77.14%) 48 (22.86%) a Border between Brazil and Argentina
b Border between Brazil and Uruguay
*Refers to the sum of the data collected at the BR-AR and BR-UR borders
53
Figure 1 - Profile of the survey respondents and frequency of illegal importation of products of animal origin
54
Figure 2 - Purchasing profile of products of animal origin imported illegally
55
Figure 3 - Profile of the interviewees related to the knowledge on illegal import of products of animal origin
4 Capítulo 2 – Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira
com Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade
higiênico-sanitária
Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico International Journal of Food
Microbiology (ISSN 0168-1605)
57
Título: Alimentos de origem animal introduzidos no Brasil pela fronteira com
Argentina e Uruguai: pesquisa de patógenos e avaliação da qualidade higiênico-
sanitária
Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Leonardo Ereno
Tadielob, Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santosb, Graciela Volz Lopesa, Débora
da Cruz Payão Pellegrinib, Eduarda Hallal Duvala, Wladimir Padilha da Silvaa*
aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,
s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 96010900.
bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 97501970.
*Autores para correspondência:
Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio
Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378
Email: [email protected] (J.G. Pereira),
[email protected], (W.P. Silva)
58
Resumo O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade higiênico-sanitária de produtos de origem animal comercializados em região de fronteira internacional do estado Rio Grande do Sul (RS), Brasil. As amostras (n=270) foram obtidas junto ao serviço de Vigilância Agropecuária Internacional do Brasil e em estabelecimentos comerciais das cidades de Paso de Los Libres (Argentina) e Rivera (Uruguai), municípios que fazem fronteira com o Brasil no estado do RS. Dentre essas, 150 foram obtidas da Argentina (75 amostras de carne in natura e 75 amostras de laticínios e carnes processadas) e 120 do Uruguai (60 de carnes in natura e 60 de laticínios e de carnes processadas). As amostras foram submetidas à enumeração de mesófilos aeróbios, enterobactérias e Staphylococcus coagulase positiva e à pesquisa de Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Escherichia coli O157:H7, nos quais também se investigou a presença de importantes genes de virulência de Salmonella spp. (hilA, invA, spvC, pefA e sefA), L. monocytogenes (prs, inlA, inlC e inlJ) e E. coli (uspA, eae, rfbO157, fliCH7, stx1, stx2 e hlyA). Com relação aos micro-organismos indicadores, os produtos in natura apresentaram maiores contagens quando comparados aos produtos processados, proveniente da Argentina, quanto do Uruguai (P < 0,05). Não houve diferença significativa nas contagens médias de enterobactérias e mesófilos aeróbios entre os produtos in natura e processados da Argentina quando comparados aos do Uruguai (P > 0,05). Escherichia coli O157:H7 não foi detectada nos produtos avaliados. Já Salmonella spp. foi detectada em seis (8%) produtos in natura (carne de frango n=5; e carne suína n=1) da Argentina, não sendo isolada em produtos processados. Nenhuma amostra proveniente do Uruguai apresentou contaminação por esse micro-organismo. Listeria monocytogenes foi isolada em cinco (6,66%) produtos in natura provenientes da Argentina (carne suína n=4; carne bovina n=1) e 20 (16,66%) produtos in natura do Uruguai (carne bovina n=8; carne suína n=6; carne de frango n=6), não sendo encontrada em produtos processados de amostras oriundas de ambos os países. Houve associação entre a presença dos patógenos e carnes in natura (P < 0,05) bem como entre a presença de Salmonella spp. nestes produtos procedentes da Argentina e de L. monocytogenes em produtos do Uruguai (P < 0,05). Todos os 52 isolados com características típicas de E. coli portavam o gene uspA e apenas um dos isolados carreava o gene eae. Os genes rfbO157, fliCH7, stx1, stx2 e hlyA não foram detectados. Todos os isolados de Salmonella spp. portavam os genes hilA e invA, porém, nenhum apresentou os genes spvC, pefA e sefA. Os isolados de L. monocytogenes, carreavam o gene prs, entretanto, os genes inlA, inlC e inlJ foram encontrados em 20% dos isolados provenientes da Argentina e 95% do Uruguai. Este estudo descreve os primeiros dados microbiológicos obtidos em região de fronteira seca no Brasil. Apesar de não ter sido detectada E. coli O157:H7, os produtos analisados podem veicular Salmonella spp. e L. monocytogenes, indicando um grave problema para a saúde pública na região denotando a necessidade de uma maior vigilância, de modo a reduzir os riscos da introdução de patógenos de origem alimentar no Brasil. Palavras-chave: alimentos; contaminação; fronteira, Salmonella spp., L. monocytogenes, E. coli O157:H7
59
4.1 Introdução
A globalização do comércio de produtos de origem animal e o aumento do
número de viagens internacionais, embora apresentem muitos benefícios e
oportunidades, oferecem riscos à saúde pública e animal (Käferstein et al., 1997).
Alimentos transportados por passageiros em viagens internacionais, ou
comercializados de maneira ilegal em região de fronteira, podem servir como fontes
de contaminação por patógenos, elevando os riscos de doenças transmitidas por
alimentos, ou como veículos de introdução de agentes em países considerados
livres desses micro-organismos (Huestonet al., 2011; Swallow, 2012). Desta forma,
medidas sanitárias são importantes para controlar o trânsito de alimentos entre
países, evitando prejuízos para a saúde pública e animal.
Devido à sua extensa área fronteiriça (15.735 km), o Brasil possui um grande
aparato de fiscalização sanitária internacional. O controle do trânsito de alimentos e
animais nestas regiões é realizado pela VIGIAGRO (Vigilância Agropecuária
Internacional), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
que opera em mais de 100 unidades localizadas em portos, aeroportos e postos de
fronteira, realizando exames de animais vivos, inspeção de produtos de origem
animal e averiguação de bagagens de passageiros (Brasil, 2006a).
O Rio Grande do Sul (RS), estado brasileiro situado na região sul do país,
possui uma ampla faixa territorial em região de fronteira, sendo 720 km com a
Argentina e 1.000 Km com o Uruguai. A entrada de produtos de origem animal
industrializados está liberada nas fronteiras brasileiras desde que sejam respeitadas
algumas condições, como o tipo de produto (somente processados), quantidade por
passageiro e inviolabilidade da embalagem primária (Brasil, 2016). Porém, em
alguns países, muito tem se discutido sobre o risco da veiculação de patógenos
associados ao trânsito de alimentos nas fronteiras, mesmo quando a liberação é
referente à circulação de produtos considerados “não presumíveis veiculadores de
doenças contagiosas” (Hueston et al., 2011; Noordhuizen et al., 2013).
Independente da liberação ou não, a fiscalização sanitária nas fronteiras deve
ser rigorosa, garantindo que alimentos potencialmente veiculadores de patógenos
60
não sejam introduzidos no país. Contudo, mesmo com a atuação dos órgãos de
fiscalização sanitária, a importação ilegal de produtos de origem animal é uma
prática comum em muitas regiões do Brasil, seja em fronteiras terrestres (Pereira et
al., 2017) ou aeroportos (Melo et al., 2014, 2015). Especificamente na região de
fronteira do RS, estima-se que mais de 60% dos passageiros que viajam para
Argentina ou Uruguai retornam ao Brasil portando algum produto de origem animal
(in natura ou processado) e que menos de 10% destes viajantes já passaram, em
algum momento, pela fiscalização de bagagem no retorno ao Brasil (Pereira et al.,
2017).
Esta entrada de produtos de origem animal sem qualquer fiscalização é
preocupante sob o ponto de vista de saúde pública, pois não há garantia de que os
alimentos estejam em condições de consumo. Dessa forma, podem veicular
patógenos, já que não há certeza sobre a sua procedência, local e forma de abate,
tipo de industrialização e atendimento aos requisitos sanitários internacionais, visto
que não passaram por algum tipo de fiscalização sanitária oficial, a qual garante a
segurança dos produtos.
Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade higiênico-sanitária por
meio da contagem de micro-organismos indicadores de contaminação e da presença
e identificação molecular de patógenos (Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli
O157:H7) em produtos de origem animal in natura e processados comercializados
em região de fronteira internacional do estado do RS, Brasil.
4.2 Material e métodos
4.2.1 Coleta das amostras
A obtenção das amostras foi realizada entre setembro de 2015 e novembro
de 2016, avaliando-se 270 produtos de origem animal (produtos in natura, carnes
processadas e produtos lácteos), sendo 150 oriundas da Argentina e 120 do Uruguai
(Tabela 1).
61
Em parceria com a VIGIAGRO, Unidade de Uruguaiana (RS), foram coletadas
amostras de produtos de origem animal apreendidas durante a fiscalização de
bagagens na Ponte Internacional Getúlio Vargas - Agustín Pedro Justo (29°45'18"S,
57°05'16"O), que liga as cidades de Uruguaiana (Brasil) e Paso de Los Libres
(Argentina). Destas amostras, nove foram de carne bovina e uma de carne de caça
(Hydrochoerus hydrochaeris - capivara), transportadas por viajantes que entrariam
no Brasil.
Além de amostras apreendidas, foram realizadas amostragens em
estabelecimentos situados em duas cidades que fazem fronteira com o Brasil, Paso
de Los Libres (Argentina, 29°43′00″S, 57°05′00″O) e Rivera (Uruguai, 30°54′09″S,
55°33′02″O), mediante autorização prévia da VIGIAGRO. Os produtos foram
adquiridos em 16 estabelecimentos comerciais (supermercados, mercearias e
açougues), sendo oito em cada cidade e em três momentos distintos com intervalo
médio de um mês entre cada momento.
Todas as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos identificados,
transportadas em caixas isotérmicas contendo gelo reciclável e, na chegada ao
laboratório, foram mantidas a 4 °C até o momento das análises microbiológicas.
4.2.2 Análises microbiológicas e moleculares
4.2.2.1 Enumeração de micro-organismos mesófilos aeróbios, enterobactérias
e Staphylococcus coagulase positiva
O preparo, pesagem e diluição das amostras seguiu o preconizado pela
legislação brasileira (Brasil, 2003). Após as diluições decimais seriadas em solução
salina 0,9%, alíquotas de 1 mL foram semeadas em placas de Petri contendo ágar
Padrão para Contagem (PCA) para as contagens de mesófilos aeróbios, e ágar
Vermelho Violeta Bile Glicose (VRBGA), para contagens de enterobactérias. As
contagens de Staphylococcus coagulase positiva foram realizadas após semeadura
de 0,1 mL em placas com ágar Baird Parker (BP). As leituras foram realizadas após
a incubação a 36°C/24 h (VRBGA) e 48 h (PCA e BP). A confirmação das colônias
62
de S. aureus coagulase positiva foi realizada pelo teste da coagulase. Os resultados
foram expressos em log UFC.g-1 ou mL-1.
4.2.2.2 Detecção de Salmonella spp.
A detecção de Salmonella spp. seguiu o protocolo preconizado por Andrews
et al. (2016) com modificações. Após a pesagem de 25 g ou mL de cada amostra em
saco plástico esterilizado, foram adicionados 225 mL de água peptonada tamponada
a 1% (APT) e incubou-se a 35 °C/24 h. Da mistura pré-enriquecida, foram
transferidos, 0,1 mL e 1 mL para tubos contendo 10 mL do caldo Rappaport-
Vassiliadis (RV) e 10 mL do caldo Tetrathionato (TT), respectivamente. Os caldos
RV e TT foram incubados 42 °C/24 h e, após esse período, foram semeados em
placas contendo ágar Bismuto Sulfito (BS) e Xilose-Lisina-Desoxicolato (XLD),
incubando-se a 35 °C/24 h. As colônias que apresentaram característica típica foram
submetidas a testes bioquímicos (lisina, H2S, urease, indol, vermelho de metila,
Voges-Proskauer e citrato) e sorológicos (soro polivante anti-Salmonella spp.) para a
confirmação.
Isolados confirmados fenotipicamente como Salmonella spp., foram
submetidos à PCR para a pesquisa do gene comum à espécie (hilA) e genes
relacionados à invasão (invA), infecção sistêmica (spvC), adesão (pefA) e produção
de fímbrias (sefA). A extração do DNA bacteriano foi realizada pelo método de
pérolas de vidro (Green e Sambrook, 2012) e os primers e condições da PCR, de
acordo com Fernandes et al. (2017) (Apêndice 6). Para as reações, foram utilizados
12,5 μL de 2x GoTaq® Green Master Mix, 1 μL de cada primer (reverse e forward -
10 pmol/μL), 2 μL de DNA (5 ng/μL) e 8,5 μL de água ultrapura. A reação foi
realizada em termociclador (Life Express) e os produtos da PCR submetidos à
eletroforese a 80V por 70 min em gel de agarose 1,5%. Os produtos amplificados
foram corados com GelRedTM e visualizados sob luz UV em transiluminador Loccus
L-PIX Touch (Apêndice 7).
63
4.2.2.3 Detecção de L. monocytogenes
A identificação de L. monocytogenes foi realizada segundo Pagotto et al.
(2001). Após a pesagem de 25 g ou mL da amostra, foram adicionados 225 mL de
caldo Base de Enriquecimento para Listeria (LEB), incubando-se a 30 °C/48 h.
Decorrido este período, uma alíquota de 0,1 mL do LEB foi transferida para um tubo
contendo 10 mL de caldo Fraser, o qual foi incubado a 35 °C/48 h. A seguir, foi
realizada a semeadura em placas contendo os ágares Palcam e Oxford, incubando-
se a 35 °C/24-48 horas. Entre três e cinco colônias características, de ambos os
meios de cultura, foram semeadas em ágar Soja Tripticase com 0,6% de extrato de
levedura e incubadas a 30 °C/24-48 h, para verificação de pureza. Os isolados
purificados foram submetidos às provas de catalase, fermentação de carboidratos
(dextrose, xilose, ramnose e manitol) e produção de β-hemólise.
Isolados identificados fenotipicamente como L. monocytogenes foram
submetidos à pesquisa dos genes comum ao gênero (prs) e genes que codificam
internalinas responsáveis pela invasão e internalização (inlA, inlC e inlJ). A extração
do DNA, volumes de reagentes, condições de corrida de eletroforese e visualização
do produto da PCR foram idênticas as descritas anteriormente. Os primers e
condições da PCR foram baseados nos protocolos descritos por Doumith et al.
(2004) e Liu et al. (2007) (Apêndices 6 e 8).
4.2.2.4 Detecção de E. coli O157:H7
A pesquisa de E. coli O157:H7 seguiu o preconizado por Feng et al. (2016),
com modificações. Foram adicionados 25 g ou mL da amostra em sacos plásticos
contendo 225 mL de caldo Tripticase de Soja modificado (mTSB,) contendo
novobiocina (20 mg.L-1) e incubados a 41,5 °C/24 h. Após a incubação e diluição do
caldo mTSB em Butterfield's Phosphate Buffer, alíquotas de 0,05 mL foram
semeadas em placas de Petri contendo ágar MacConkey Sorbitol contendo telurito
(2,5 mg.L-1) e cefixima mg/L (0,05 mg.L-1) (TC-SMAC) e CHROMagarTM O157,
64
também com telurito e cefixima. As placas foram incubadas a 37 °C/24 h. Colônias
típicas e atípicas de E. coli O157:H7 foram selecionadas para a confirmação
molecular.
A confirmação molecular da espécie E. coli foi realizada pela pesquisa do
gene uspA, sendo que os primers e condições de PCR foram descritos por Chen e
Griffiths (1998) (Apêndice 6). A confirmação do sorotipo O157:H7 foi realizada pela
pesquisa dos genes rfbO157 e fliCH7 (Morin et al., 2004) e dos genes de virulência
stx1, stx2, eae e hlyA, de acordo com Paton e Paton (1998). A extração do DNA,
volumes de reagentes, condições de corrida de eletroforese e visualização do
produto da PCR foram semelhantes ao descrito anteriormente (Apêndice 9).
4.2.3 Análise dos dados
As contagens bacterianas foram convertidas em log UFC.g-1 ou UFC.mL-1 e
submetidas ao teste de Mann-Whitney para verificar a existência de diferença
estatística entre os produtos analisados e suas procedências (Argentina ou Uruguai).
Os resultados da identificação de Salmonella spp. e L. monocytogenes foram
expressos em frequências e submetidos ao teste do Qui-quadrado para verificação
de associações entre a presença do patógeno com os produtos analisados. Todas
as análises foram realizadas no programa estatístico IBM® SPSS® Statistics Version
20, usando nível de significância de 0,05.
4.3 Resultados
As contagens de mesófilos aeróbios e de enterobactérias foram
significativamente superiores nos produtos in natura quando comparados com os
processados, tanto nas amostras obtidas da Argentina quanto naquelas do Uruguai
(P < 0,05) (Tabela 2). Não houve diferença estatística significativa nas contagens de
mesófilos e de enterobactérias para produtos in natura coletados na Argentina
quando comparados aos coletados no Uruguai, assim como para os processados (P
65
> 0,05). Nenhum dos produtos avaliados apresentou contagens de Staphylococcus
coagulase positiva.
Entre os produtos oriundos da Argentina, o que apresentou maior contagem
de mesófilos aeróbios foi a carne de caça (7,98 log UFC.g-1), contudo, devido a ser
uma única amostra, não foi realizada a comparação estatística. Das carnes in natura
analisadas, a suína foi a que apresentou maiores contagens médias de micro-
organismos mesófilos (7,07 log UFC.g-1) e enterobactérias (5,77 log UFC.g-1),
contudo, a média foi estatisticamente significativa apenas quando comparada com a
carne de frango (P < 0,05) que, por sua vez, apresentou a menor contagem média
de mesófilos (6,13 log UFC.g-1) e enterobactérias (4,86 log UFC.g-1). Não houve
diferença significativa nas médias das contagens entre a carne bovina e a carne
suína e de frango (P > 0,05). Todos os tipos de carne apresentaram contagem de
mesófilos e enterobactérias significativamente superiores as contagens dos laticínios
e embutidos (P < 0,05). As contagens de mesófilos e de enterobactérias nas
amostras de laticínios e carnes processadas não apresentaram diferença estatística
entre si (P > 0,05).
As contagens de mesófilos e de enterobactérias das carnes in natura oriundas
do Uruguai não apresentaram diferença estatística significativa entre si (P > 0,05),
contudo, quando comparadas com os laticínios e carnes processadas, as contagens
foram significativamente superiores (P < 0,05). Não houve diferença entre as
contagens dos laticínios e embutidos (P > 0,05). Avaliando o mesmo tipo de produto
de acordo com a procedência (Argentina vs. Uruguai), não houve diferença nas
médias de contagens, tanto de mesófilos quanto de enterobactérias (P > 0,05).
Salmonella spp. foi detectada em seis amostras de produtos coletados na
Argentina, porém, nenhuma amostra coletada no Uruguai apresentou o patógeno.
Listeria monocytogenes foi detectada em 25 produtos, sendo cinco da Argentina e
20 do Uruguai (Tabela 3). Escherichia coli O157:H7 não foi detectada em nenhuma
das amostras analisadas. Nos produtos apreendidos pela VIGIAGRO não foram
detectados os patógenos pesquisados.
Houve associação significativa entre a presença de Salmonella spp. nos
produtos in natura provenientes da Argentina, quando comparados com os
processados (P < 0,05). Além disso, a presença do patógeno apresentou associação
com produtos in natura oriundos da Argentina quando comparados com aqueles do
Uruguai (P < 0,05). A carne de frango foi a que apresentou maior frequência de
66
amostras positivas para Salmonella spp. dentre os produtos provenientes da
Argentina (26,31%)(P < 0,05), seguido por carne suína (6,66%). Houve associação
entre a presença deste patógeno na carne de frango oriunda da Argentina quando
comparada com as do Uruguai (P < 0,05). Para a carne suína, a associação não foi
significativa (P > 0,05).
Foi observada associação significativa entre produtos in natura e a presença
de L. monocytogenes, tanto nos produtos provenientes da Argentina, quanto do
Uruguai (P < 0,05). Quando comparadas as frequências obtidas nos produtos in
natura de cada país, observou-se associação significativa naqueles oriundos do
Uruguai (P < 0,05). Entre os produtos provenientes da Argentina, o que apresentou
maior frequência do patógeno foi a carne suína (26,66%)(P < 0,05). Nas amostras
do Uruguai, a maior frequência ocorreu na carne de frango (50%), seguida por carne
suína (30%) e bovina (28,57%)(P < 0,05).
Comparando-se o mesmo produto de acordo com a origem, houve
associação entre a presença de L. monocytogenes na carne de frango e bovina
oriundas do Uruguai, quando comparadas com aquelas obtidas da Argentina (P <
0,05). Não houve associação entre a presença de L. monocytogenes na carne suína
e a procedência (P > 0,05).
Seis isolados de Salmonella spp. foram obtidos de amostras provenientes da
Argentina, e todos portavam os genes hilA e invA. Os demais genes pesquisados
(spvC, pefA e sefA) não foram detectados (Tabela 4). Com relação aos isolados de
L. monocytogenes, todos apresentavam o gene prs. Nos cinco isolados identificados
em produtos provenientes da Argentina, um carreava os genes inlA, inlC e inlJ
simultaneamente, três portavam os genes inlA e inlJ e, um, carreava os genes inlA e
inlC. Já nas amostras provenientes do Uruguai, entre os 20 isolados de L.
monocytogenes identificados, 19 portavam os genes inlA, inlC e inlJ e um, os genes
inlA e inlJ.
Foram obtidos 52 isolados de E. coli, sendo 37 identificados em produtos da
Argentina e 15 em produtos do Uruguai. Todos os isolados foram confirmados
através da identificação do gene uspA. Os demais genes utilizados para a
confirmação do sorotipo O157:H7 (rfbO157 e fliCH7), bem como os genes de virulência
stx1, stx2 e hlyA, não foram detectados. Apenas um dos isolados carreava o gene
eae.
67
4.4 Discussão
As contagens elevadas de micro-organismos mesófilos aeróbios e de
enterobactérias, tanto nos produtos in natura quanto nos processados, indicam
deficiências durante os processos de obtenção, manipulação ou comercialização
dos produtos. Estas deficiências higiênicas também foram apontadas por
consumidores que adquirem produtos de origem animal nas regiões de fronteira do
Brasil com Argentina e Uruguai e os transportam de maneira ilegal para o Brasil, em
estudo realizado na região da fronteira do RS com a Argentina e com o Uruguai
(Pereira et al., 2017).
As contagens de micro-organismos indicadores foram menores nos produtos
processados do que nos produtos in natura, além disso, é de se destacar que estes
produtos não apresentaram patógenos. No ano de 2016, o MAPA autorizou a
entrada de produtos processados importados no Brasil, desde que em quantidade
que caracterize consumo próprio (Brasil, 2016).
Na Europa, o livre trânsito de alguns alimentos entre os países que compõe o
bloco da União Europeia tem levantado dúvidas com relação à segurança pública,
uma vez que a disseminação de patógenos entre os países é comumente relatada
por alguns estudos (Beutlich et al., 2015; Schoder et al., 2015). Autores que
defendem a restrição de trânsito citam que as deficiências na fiscalização sanitária
nos pontos de ingresso de viajantes são comuns e podem comprometer o status
sanitário do país que permite o ingresso de alimentos (Noordhuizen et al., 2013). No
Brasil, órgãos de auditoria governamental já apontaram deficiências no sistema de
vigilância de fronteiras (Brasil, 2006b), fato que dificulta a averiguação de 100% das
bagagens e carros de viajantes.
A não detecção de E. coli O157:H7 deve ser avaliada com muito cuidado,
uma vez que a Argentina é um país onde a incidência de Síndrome Hemolítica-
Urêmica (SUH) chega a ser 10 vezes maior que do em outros países industrializados
(13,9 casos / 100.000 crianças menores que 5 anos), diferindo da dinâmica
epidemiológica observada em outros países (Leotta et al., 2008). Jure et al. (2015)
isolaram E. coli O157:H7 em 3,1% das amostras de carne moída bovina e embutidos
coletadas em diversas cidades da Argentina. Na cidade de Berisso, Argentina, Brusa
et al. (2013) detectaram o patógeno em 25,5% e 4,4% de amostras de carne bovina
68
moída e ambiente de processamento de carne (facas, mesas e moedores),
respectivamente. Um dos isolados de E. coli obtidos neste estudo portava o gene
eae, codificador da intimina, um fator de virulência que auxilia na adesão intestinal
das E. coli enteropatogênicas (Ayaz et al., 2014).
Salmonella spp. foi mais frequente nos produtos in natura oriundos da
Argentina, enquanto L. monocytogenes foi mais relacionada aos produtos uruguaios
(P < 0,05). A presença destes patógenos nestes alimentos demonstra a necessidade
de uma maior vigilância na região, uma vez que os produtos in natura podem carrear
patógenos e afetar a saúde da população residente nas cidades brasileiras de
fronteira. O fato de não ter sido isolado patógenos em produtos industrializados
demonstra que estes apresentam segurança microbiológica quando comparado com
os produtos in natura. Contudo, alguns autores já detectaram patógenos de
importância em saúde pública (Brucella e Mycobacterium) em queijos e doce de leite
importados ilegalmente para o Brasil (Melo et al., 2014).
Os genes virulência spvC, pefA e sefA não foram detectados nos isolados de
Salmonella spp. testados. Os genes hilA e invA são responsáveis pela expressão de
componente iniciais de invasão às células do hospedeiro e, portanto, determinantes
na virulência das estirpes. Os demais genes aumentam a taxa de multiplicação do
patógeno, aumentando a severidade da doença (gene spvC) ou aumentando a taxa
de adesão (pefA e sefA), não sendo descritos como imprescindíveis para infecção.
Desta forma, mesmo com a ausência destes genes, os isolados podem causar
salmonelose em humanos (Castilla et al., 2006).
Todos os isolados de L. monocytogenes apresentaram os genes prs e inlA, os
quais são utilizados como marcadores espécie-específicos. Entre os cinco isolados
provenientes de produtos argentinos, apenas em um houve a presença simultânea
dos três genes que codificam as internalinas (inlA, inlC e inlJ). Já entre os 20
isolados provenientes de produtos uruguaios, 19 apresentaram essa característica
genética. A presença simultânea destes genes é importante para determinar a
virulência ou não das estirpes de L. monocytogenes, sendo que aquelas que não
possuem esta combinação podem não ser capazes de iniciar um processo
infeccioso (Liu et al., 2007; Sant‟ Ana et al., 2012). Desta forma, mesmo havendo a
presença do patógeno nos produtos argentinos, pode-se concluir que 80% (4/5) são
consideradas avirulentos, enquanto que entre os isolados provenientes de produtos
do Uruguai apenas um (1/20; 5%) não teria a capacidade de causar listeriose.
69
A presença de Salmonella spp. e L. monocytogenes em alimentos
provenientes de diversos estabelecimentos e em dias de amostragem diferentes
demonstram níveis de contaminação preocupantes, tanto em estabelecimentos na
Argentina quanto no Uruguai. Além disso, alguns estabelecimentos apresentaram
muitas amostras positivas num mesmo dia de coleta, demonstrando falhas no
processo de higienização do ambiente, utensílios e equipamentos de processamento
e manipulação de carnes, permitindo a persistência de patógenos nestes locais e
promovendo a contaminação cruzada entre os produtos de diferentes origens.
Salmonella spp. e L. monocytogenes são, reconhecidamente, bactérias formadoras
de biofilme, podendo permanecer viáveis por longos períodos em superfícies de
contato com alimentos, quando os procedimentos de higienização são deficitários
(Wanget al., 2013; da Silva Fernandes et al., 2015).
Os patógenos encontrados nas amostras avaliadas neste estudo são
comumente detectados em estudos realizados em ambos os países. Salmonella
spp. é reconhecida mundialmente como o principal patógeno alimentar e os
principais produtos relacionados à sua presença são os de origem avícola. Em
algumas regiões da Argentina, a prevalência média de Salmonella spp. em frangos
fica em torno dos 25%, contudo, em algumas propriedades este valor se aproxima
de 70% (Xavier et al., 2011). Em suínos, a prevalência na Argentina pode variar de
24,1% a 45% (Ibar et al., 2009). Apesar de não termos detectado a presença dessa
bactéria em produtos obtidos do Uruguai, Salmonella spp. é reconhecido como um
importante patógeno neste país (Betancor, 2010). Listeria monocytogenes também é
um patógeno que tem sido isolado em produtos na Argentina (Pelliceret al., 2002;
Callejo et al., 2008). No Uruguai, o patógeno já foi isolado em embutidos e queijos, e
causou a morte de quatro pessoas em 2016, o que levou as autoridades sanitárias a
lançarem alertas para a população de modo a evitar o consumo de alimentos in
natura ou mal cozidos, produtos sem tratamento térmico (sucos e leites) e produtos
sem origem conhecida (El País, 2016).
O trânsito de alimentos entre os países vem despertando a atenção de
pesquisadores. Contudo, devido à crescente movimentação de passageiros, estudos
para monitorar as características destes alimentos foram observados de maneira
mais significativa apenas na última década, tendo como foco principal alimentos
apreendidos em aeroportos.
70
No Brasil, Melo et al. (2015) avaliaram apreensões da VIGIAGRO em
Guarulhos e Galeão, dois dos maiores aeroportos brasileiros. A maioria das
apreensões analisadas apresentou contaminação por coliformes a 35 °C e a 45 °C.
Os autores também detectaram L. monocytogenes e S. aureus em produtos lácteos
e carnes bovina, suína e ovina e Salmonella spp. em uma amostra de linguiça suína.
Beutlich et al. (2015) avaliaram apreensões em dois grandes aeroportos na
Alemanha, relatando que o maior número de apreensões foi de produtos lácteos,
seguidos de carne in natura e produtos cárneos processados. Os autores relataram,
também, que 5% destes produtos apresentavam micro-organismos patogênicos
(Salmonella spp, L. monocytogenes, Yersinia spp., E. coli, Brucella spp.), sendo que
os produtos com maior contaminação eram as carnes in natura, seguidas dos
produtos cárneos e laticínios. Rodríguez-Lázaro et al. (2015) avaliaram 200
amostras de alimentos no aeroporto de Bilbao, na Espanha, e detectaram L.
monocytogenes (10%) e Salmonella spp. (5,5%) em produtos oriundos de diversos
países, na sua maioria provenientes da América do Sul. Schoder et al. (2015)
avaliaram 600 amostras de produtos de origem animal apreendidos pelo serviço
veterinário no Aeroporto de Viena, na Áustria, e alguns produtos apresentaram
contaminação por L. monocytogenes, Salmonella spp. spp. e E. coli produtora de
shiga toxina (STEC), sendo os produtos derivados da carne os que apresentaram
maior número de amostras contaminadas.
Em regiões de fronteira seca, estudos foram conduzidos nos EUA, onde
diversos surtos de DTA foram relacionados com a ingestão de produtos de origem
animal importados ilegalmente do México. Entre 1997 e 2007, quatro grandes surtos
de salmonelose ocorreram devido à ingestão de queijo fresco tipo mexicano, que
ingressaram ilegalmente via fronteira (Joseph et al., 2013). Dados do Foodborne
Diseases Active Surveillance Network (FoodNet 2004-2009), apontam que surtos de
listeriose em mulheres grávidas é muito mais frequente naquelas com origem
hispânica, devido ao fato destas relatarem o consumo frequente de queijo fresco
importado ilegalmente do México (Silk et al., 2012). Entre 2000 e 2001, um surto de
listeriose causado pela ingestão desse tipo de queijo resultou na morte de cinco
pessoas na Carolina do Norte, EUA (CDC, 2001). Surtos de tuberculose e brucelose
envolvendo a ingestão de produtos ilegalmente importados para os EUA também já
foram relatados (Joseph et al., 2013). Análises microbiológicas de alimentos
apreendidos na fronteira entre Tijuana (México) e San Diego (EUA), verificaram a
71
presença de Salmonella spp., L. monocytogenes e Mycobacterium bovis em queijos
frescos (Kinde et al., 2007).
Foi possível coletar junto à VIGIAGRO uma amostra de carne de caça
(capivara), na qual não havia a presença dos patógenos avaliados. O risco da
introdução de carnes de caça em um país se deve ao fato de que estas, na maioria
das vezes, são obtidas de abates clandestinos, onde toda a manipulação ocorre de
maneira incorreta, o que pode permitir a contaminação da carcaça e a veiculação de
patógenos. Listeria monocytogenes já foi detectada em carnes de caça apreendidas
no Aeroporto Charles de Gaulle, Paris, França (Chaber e Cunningham, 2016). Há
de se considerar outros patógenos de importância para saúde pública que são
exóticos no Brasil, porém, são endêmicos e causam surtos em algumas regiões da
Argentina, como Trichinella spiralis (Cohenet al., 2010; Calcagnoa et al., 2014).
Os resultados deste estudo demonstram a necessidade de um controle rígido
no trânsito de viajantes na região estudada, uma vez que os alimentos que circulam
nesta região são potencialmente veiculadores de patógenos, sobretudo os produtos
in natura. O fato da fiscalização de fronteira brasileira atuar de maneira não rígida,
como já descrito (Pereira et al., 2017), expõe o país à outra situação sanitária crítica,
que é a possibilidade da introdução de agentes patogênicos de importância para a
saúde animal. Doenças como influenza aviária, Newcastle e micoplasmose aviária
podem ser disseminadas pelo trânsito irregular de aves e produtos avícolas, bem
como suínos e seus produtos podem disseminar febre aftosa, peste suína africana e
clássica, doença vesicular suína ou síndrome reprodutiva e respiratória suína.
Ruminantes e seus produtos podem disseminar enfermidades como brucelose,
listeriose e febre aftosa (Hartnett et al., 2007; van den Berg, 2009; Brookes et al.,
2014; Eidt et al., 2015). Deste modo, o controle sanitário de fronteira entre países é
fundamental para evitar grandes prejuízos econômicos quando da ocorrência de
uma emergência sanitária em saúde animal (Swallow, 2012).
Pelo nosso conhecimento, os dados obtidos neste estudo descrevem o
primeiro estudo microbiológico realizado em alimentos procedentes de região de
fronteira seca no Brasil e a relação dos produtos de origem animal que circulam
nestas áreas com a presença de patógenos como Salmonella spp. e L.
monocytogenes. Apesar de não terem sido detectadas amostras contaminadas com
E. coli O157:H7, os produtos que circulam na região de fronteira internacional do
estado do RS podem veicular Salmonella spp. e L. monocytogenes, indicando um
72
grave problema para a saúde pública na região. Estes resultados denotam a
necessidade de uma maior vigilância, de modo a reduzir os riscos da introdução de
patógenos de origem alimentar no Brasil.
Agradecimentos
Os autores agradecem à VIGIAGRO-MAPA, unidade de Uruguaiana pelo
fornecimento das amostras apreendidas e pela autorização de introdução de
alimentos obtidos na Argentina e Uruguai. Agradecemos também à Universidade
Federal do Pampa (UNIPAMPA) pelo fornecimento de bolsa de pesquisa à
Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santos e pelo financiamento parcial deste
estudo por meio do Edital de Apoio aos Grupos de Pesquisa.
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77
Tabela 1 - Produtos de origem animal obtidos na Argentina e Uruguai
Produtos Procedência
Total Argentina Uruguai
Carnes in natura Bovina 40 28 68 Suína 15 20 35 Frango 19 12 31 Carne de caça 1 0 1 Total 75 60 135 Laticínios Iogurte 20 12 32 Queijo 17 10 27 Creme de leite 7 1 8 Doce de leite 3 8 11 Total 47 31 78 Carnes processadas Mortadela 11 8 19 Salsicha 8 4 12 Salame 7 8 15 Presunto 2 3 5 Pate 0 6 6 Total 28 29 57 Total geral 150 120 270
78
Tabela 2 - Enumeração de mesófilos aeróbios e enterobactérias (log UFC.g-1 ou UFC.mL-1) em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai
Amostras Mesófilos aeróbios Enterobactérias
Argentina Uruguai Argentina Uruguai
Característica In natura 6,69 ± 1,09 A*;a** 6,27 ± 0,82 A;a 5,36 ± 1,19 A;a 5,22 ± 0,96 A;a Processado 5,61 ± 1,71 B;a 5,20 ± 1,27 B;a 2,77 ± 0,98 B;a 2,53 ± 0,65 B;a Produtos Carne bovina 6,26 ± 0,92 AB;a 6,33 ± 0,84 A;a 5,21 ± 1,16 AB;a 5,49 ± 0,84 A;a Carne suína 7,07 ± 1,11 B;a 6,21 ± 0,88 A;a 5,77 ± 1,10 B;a 4,71 ± 0,84 A;a Carne de frango 6,13 ± 1,09 A;a 6,25 ± 0,64 A;a 4,86 ± 1,14 A;a 4,49 ± 0,41 A;a Laticínios 5,47 ± 1,87 C;a 5,00 ± 1,64 B;a 2,59 ± 0,96 C;a 2,76 ± 1,08 B;a Carnes processadas 5,78 ± 1,28 C;a 5,35 ± 1,12 B;a 2,97 ± 0,84 C;a 1,96 ± 0,28 B;a Carne de caça 7,98*** - 4,85*** - *Letras maiúsculas: comparação de diferentes produtos na mesma origem para o mesmo grupo de bactérias indicadoras. **Letra minúscula: comparação do mesmo produto em diferentes origens para o mesmo grupo de bactérias indicadoras. ***Contagem obtida a partir da análise de uma amostra. Sem análise estatística.
79
Tabela 3 - Frequência de Salmonella spp. e L. monocytogenes em produtos de origem animal in natura e processados obtidos na Argentina e Uruguai
Patógeno Parâmetro Procedência
P valor* Argentina Uruguai
Salmonella spp. Característica In natura 6/75 (8%) 0/60 (0%) 0,02 Processado 0/75 (0%) 0/60 (0%) -*** P valor** 0,01 - Produtos Carne bovina 0/40 (0%) 0/28 (0%) - Carne suína 1/15 (6,66%) 0/20 (0%) 0,24 Carne de frango 5/19 (26,31%) 0/12 (0%) 0,05 Laticínios 0/47 (0%) 0/31 (0%) - Carnes processadas 0/28 (0%) 0/29 (0%) - Carne de caça 0/1 (0%) - - P valor** 0,001 -
L. monocytogenes Característica In natura 5/75 (6,66%) 20/120 (16,66%) 0,001 Processado 0/75 (0%) 0/120 (0%) - P valor** 0,023 0,001 Produtos Carne bovina 1/40 (2,5%) 8/28 (28,57%) 0,002 Carne suína 4/15 (26,66%) 6/20 (30%) 0,829 Carne de frango 0/19 (0%) 6/12 (50%) 0,001 Laticínios 0/47 (0%) 0/31 (0%) - Carnes processadas 0/28 (0%) 0/29 (0%) - Carne de caça 0/1 (0%) - - P valor** 0,001 0,001 *P valor para comparação da mesma característica ou produto de diferentes de origem diferente. **P valor para comparação da característica e produtos da mesma origem. ***P valor não calculado.
80
Tabela 4 - Presença de genes de virulência em isolados de Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7
Patógeno Gene Origem
Argentina Uruguai
Salmonella spp . hilA 6/6 (100%) - invA 6/6 (100%) - spvC 0/6 (0%) - pefA 0/6 (0%) - sefA 0/6 (0%)
-
L. monocytogenes prs 5/5 (100%) 20/20 (100%) inlA, inlC e inlJ* 1/5 (20%) 19/20 (95%) inlA e inlJ* 3/5 (60%) 1/20 (5%) inlA e inlC* 1/5 (20%)
-
E. coli O157:H7 uspA 37/37 (100%) 15/15 (100%) eae 1/37 (2,70) 0/15 (0%) rfbO157 0/37 (0%) 0/15 (0%) fliCH7 0/37 (0%) 0/15 (0%) stx1 0/37 (0%) 0/15 (0%) stx2 0/37 (0%) 0/15 (0%) hlyA 0/37 (0%) 0/15 (0%) *Presença simultânea dos genes de virulência de L. monocytogenes.
5 Capítulo 3 – Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em
produtos de origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil,
Argentina e Uruguai
Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico Food Microbiology (ISSN
0740-0020)
82
Título: Vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de
origem animal comercializados em região de fronteira entre Brasil, Argentina e
Uruguai
Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Fernanda Gil de Sousac,
Leonardo Ereno Tadielob, Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santosb, Mário Celso
Sperotto Brumb, Andréia Henzelc, Eduarda Hallal Duvala, Fernando Rosado Spilkic,
Wladimir Padilha da Silvaa*
aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,
s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 96010900.
bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 97501970.
cUniversidade Feevale, Instituto de Ciências da Saúde. Rodovia ERS-239, 2755,
Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil, CEP 93525075.
*Autores para correspondência:
Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio
Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378
Email: [email protected] (J.G. Pereira),
[email protected], (W.P. Silva)
83
Resumo O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença do vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em carnes in natura e processadas comercializadas em região de fronteira do Brasil com Argentina e Uruguai. Foram obtidas 150 amostras de produtos de origem animal em estabelecimentos comerciais de duas cidades que fazem fronteira com o Brasil, no estado do Rio Grande do Sul: Paso de Los Libres (Argentina) e Rivera (Uruguai). Na Argentina, foram obtidas 77 amostras (n=53 carnes in natura; n=24 carnes processadas) e no Uruguai, 73 (n=55 in natura; n=18 processadas). Também foram obtidas oito amostras de carne in natura junto ao VIGIAGRO, a partir de apreensão na averiguação de bagagens de passageiros que iriam ingressar no Brasil. As 159 amostras foram submetidas à pesquisa de HAV, por RT-qPCR, e HEV e RV, por RT-PCR. Material genético do HAV foi detectado em 18,23% (29/159) das amostras e RV em 23,89% (38/159). Não foram detectadas amostras positivas para HEV. Duas amostras positivas para HAV foram oriundas dos produtos apreendidos pela VIGIAGRO. As carnes processadas apresentaram maior frequência de detecção de HAV (P < 0,05; OR=2,353; IC95%=1,012-5,473) e RV (P > 0,05; OR=1,65; IC95% 0,749-3,633). Entre as amostras obtidas na Argentina, as carnes processadas foram as que apresentaram a maior frequência de detecção de HAV (33,33%) e RV (41,66%), contudo, não houve associação significativa entre a frequência de HAV e RV (P > 0,05). A mediana da quantificação do HAV pela RT-qPCR nas amostras de origem Argentina foi de 6,9 x 104 e nas amostras do Uruguai 3,5 x 103 cópias/g. Nas amostras provenientes do Uruguai, os produtos processados também apresentaram maior frequência de detecção de HAV e RV, quando comparados com os in natura (P > 0,05). Não houve associação entre a presença de HAV nas carnes in natura da Argentina quando comparadas com as do Uruguai, assim como em relação às carnes processadas (P > 0,05). Para RV, houve associação da presença de material genético nos produtos in natura de origem argentina (P < 0,05; OR=0,153; IC95%=0,049-0,481), porém nas carnes processadas, esta associação não foi observada. A presença de material genético de HAV e RV em uma parcela significativa de produtos provenientes da Argentina e Uruguai deve ser considerada como possível fonte de infeção para humanos e indica condições precárias de obtenção, processamento e manipulação. Este fator, associado com o trânsito internacional ilegal de alimentos que existe na região, pode favorecer a disseminação desses agentes entre os países. Palavras-chave: alimentos; contaminação; fronteira; vírus patogênicos.
84
3.1 Introdução
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) são um importante problema de
saúde em todo mundo. De 2007 a 2016, no Brasil, foram notificados ao Ministério da
Saúde, 6.632 surtos envolvendo 118.104 indivíduos, o que resultou em 109 óbitos.
Dos agentes etiológicos envolvidos nestes surtos, 2,1% foram identificados como
vírus da hepatite A (HAV), rotavírus (RV) e norovírus (NV) (Brasil, 2017). Porém,
estes números podem estar muitos subestimados, devido a dificuldades
relacionadas ao diagnóstico, notificação e identificação do agente. Nos Estados
Unidos da América, de 2000 a 2015, ocorreram 5.165 surtos causados por estes
patógenos, envolvendo 131.682 indivíduos e resultando em 23 mortes (CDC, 2017).
O HAV e o HEV são os maiores causadores de hepatite aguda em humanos,
e o RV é um dos principais agentes de diarreia infantil do mundo. Porém, apesar das
diferenças observadas nas manifestações clínicas causadas por estes vírus, ambos
possuem transmissão fecal-oral, sendo transmitidos por contato pessoa-pessoa ou
por alimentos contaminados. Desta forma, procedimentos higiênicos durante a
obtenção e manipulação de alimentos são uma importante barreira para evitar a
contaminação viral dos alimentos (White et al., 2016).
A globalização da comercialização de alimentos, o trânsito internacional de
pessoas e o comércio ilegal de produtos de origem animal são fatores que
aumentam a probabilidade da ocorrência de DTA (Käferstein et al.,1997). De modo a
reduzir os riscos da disseminação de patógenos, a Organização Mundial de Saúde
Animal (OIE) preconiza que animais e seus produtos devem ser proibidos de
trafegar entre países sem a anuência da fiscalização e o atendimento de normas
sanitárias rígidas nacionais e internacionais, pois podem disseminar patógenos
rapidamente, afetando diretamente a saúde dos consumidores e a saúde animal
(OIE, 2016). A partir das recomendações da OIE, cabe aos países estabelecerem as
medidas adequadas para o controle do trânsito de animais e seus produtos.
Contudo, uma falha nos sistemas de vigilância de fronteira pode comprometer a
saúde da população, uma vez que possibilita o ingresso e disseminação de agentes
85
patogênicos de importância em saúde pública (Hueston et al., 2011; Noordhuizen et
al., 2013).
A vigilância das fronteiras internacionais no Brasil é de responsabilidade da
Vigilância Agropecuária Internacional (VIGIAGRO), órgão do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que opera em mais de 100 unidades
localizadas em portos, aeroportos e postos de fronteira, realizando a fiscalização de
animais vivos, inspeção de produtos de origem animal e averiguação de bagagens
de passageiros (Brasil, 2006a).
Atualmente, o MAPA autoriza o ingresso de produtos de origem animal
adquiridos no exterior e internalizados via aeroportos ou postos de fronteira, desde
que sejam atendidos alguns requisitos: quantidade por pessoa que caracterize
consumo próprio (10 kg de produtos cárneos processados, 5 kg de lácteos,
derivados de ovos ou pescado processado); embalagem original, lacrada e sem
vazamentos ou violações. Todas estas exigências devem ser verificadas quanto ao
seu atendimento no momento em que os viajantes ingressam no Brasil, porém,
muitas vezes a fiscalização não ocorre ou, quando ocorre, não consegue detectar
irregularidades, permitindo o ingresso ilegal de alimentos que não atendam as
especificações, como por exemplo, carnes in natura ou quantidades superiores as
recomendadas (Brasil, 2016).
A entrada no país de alimentos sem fiscalização é preocupante sob o ponto
de vista de saúde pública, pois não há garantia de que os alimentos estejam em
condições de consumo. Além disso, os alimentos podem veicular patógenos
exóticos ou introduzir novas variantes, já que muitas vezes não se conhece a
procedência, o local e forma de abate, o tipo de industrialização, o atendimento à
requisitos sanitários internacionais e se foram submetidos a algum tipo de
fiscalização sanitária oficial no país de origem, garantindo a inocuidade dos produtos
(Brasil, 2006b).
Patógenos bacterianos e virais já foram detectados em produtos de origem
animal apreendidos de viajantes em aeroportos pelo mundo (Beutlich et al., 2015;
Rodríguez-Lázaro et al., 2015). No Brasil, estudos realizados em produtos
aprendidos em aeroportos já verificaram a presença de bactérias patogênicas (Melo
et al., 2014a; 2015), contudo, nenhum estudo pesquisou a presença de vírus de
importância em saúde pública em produtos que circulam em regiões de fronteira do
país. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a presença de HAV, HEV e RV
86
em produtos de origem animal in natura e processados comercializados em região
de fronteira do Brasil com Argentina (ARG) e Uruguai (URU).
3.2 Material e métodos
3.2.1 Coleta das amostras
Este estudo foi conduzido no Rio Grande do Sul (RS), estado situado na
região sul do Brasil, e que possui fronteiras internacionais com ARG e URU. A
amostragem foi realizada entre setembro de 2015 e novembro de 2016, totalizando
159 produtos de origem animal (carnes in natura e processadas), sendo 77 oriundas
da ARG, 73 do URU e nove originárias de apreensão da VIGIAGRO-MAPA (Tabela
1).
As amostras obtidas junto à VIGIAGRO, Unidade de Uruguaiana (RS) (n=9),
foram coletadas após apreensão durante a fiscalização de bagagens na Ponte
Internacional Getúlio Vargas - Agustín Pedro Justo (29°45'18"S, 57°05'16"O). Esta
ponte liga as cidades de Uruguaiana (Brasil) e Paso de Los Libres (ARG). Destas
amostras, oito foram de carne bovina in natura e uma de carne de caça
(Hydrochoerus hydrochaeris; capivara) transportadas por viajantes que estavam
ingressando no Brasil.
As demais amostras (n=150) foram obtidas por meio de amostragens em
estabelecimentos situados na cidade de Paso de Los Libres, Província de
Corrientes, ARG (29°43′00″S, 57°05′00″O) e Rivera, Departamento de Rivera, URU
(30°54′09″S, 55°33′02″O), autorizadas e supervisionadas pela VIGIAGRO. Os
produtos foram adquiridos em 16 estabelecimentos comerciais (supermercados,
mercearias e açougues), sendo oito em cada cidade (ARG = estabelecimentos A a
H; URU = estabelecimentos I a P). Em cada estabelecimento foram realizadas
coletas em três momentos distintos. Todas as amostras foram acondicionadas em
sacos plásticos identificados e transportadas ao laboratório em caixas isotérmicas
contendo gelo reciclável. Na chegada ao laboratório, foram mantidas a 4°C até o
momento das análises.
87
3.2.2 Detecção de HAV, HEV e RV
3.2.2.1 Preparo das amostras, extração de RNA e síntese do cDNA
As amostras foram maceradas com 1 mL de Meio Essencial Mínimo (MEM) e
homogeneizadas em vórtex. Logo após, 250 µL foram suspensos em 750 µL de
Trizol, sendo incubados por 5 min e, posteriormente, centrifugados a 1.1000 g por 10
min a 4 °C. O sobrenadante foi transferido para um tubo contendo 200 µL de
clorofórmio, incubado em temperatura ambiente por 5 min e centrifugado a 1.1000 g
durante 10 min a 4 °C, com separação da fase aquosa para outro tubo. As proteínas
foram precipitadas com 500 µL de isopropanol, e incubadas em temperatura
ambiente por 5 min. Posteriormente, as amostras foram centrifugadas a 1.2000 g por
8 min e o sobrenadante descartado. Ao final do processo, adicionou-se 1 mL de
etanol 75%, com última centrifugação a 9.000 g por 5 min. O etanol foi removido por
inversão de tubos, os quais foram submetidos a secagem por 3 min. Os pellets de
RNA extraídos foram ressuspensos em 60 µL de solução tampão de TE e
armazenados a -80°C.
Para a preparação do cDNA, foram adicionados 10 µL de RNA total em 10 µL
de master mix (High Capacity cDNA synthesis - Applied Biosciences), seguindo as
instruções do fabricante. Cada solução de mix consistiu de 3,2 µL de água livre de
DNase/RNase, 2 µL de tampão, 0,8 µL de dNTP, 2 µL de random primers, 1 µL de
inibidor e 1 µL de enzima, com homogeneização por 5 s. As amostras foram
amplificados em termociclador (10 min a 20 °C, 120 min a 37 °C, 5 min a 85 °C) e,
posteriormente, refrigeradas a 4 °C.
88
3.2.2.2 RT-qPCR para detecção de HAV
Na PCR quantitativa em tempo real (RT-qPCR) foram utilizados primers para
a região não codificante (5‟- UTR) do genoma viral, de acordo com Jothikumar et al.
(2005). A qPCR foi realizada com kit TaqMan Universal PCR Master Mix (Applied
Biosystems), seguindo a metodologia descrita pelo fabricante. O tempo total da
reação foi de 60 min, com desnaturação a 95 °C por 15 min, seguida de 40 ciclos de
95 °C por 10 s, 55 °C por 20 s e 72 °C por 15 s. Para a reação de 20μL foram
utilizados 100 nM de cada primer e sonda.
A qPCR foi realizada em placa de 96 cavidades, contendo controles positivos
e negativos (água ultrapura livre de DNase/RNase). A curva padrão foi preparada
por diluição decimal seriada dos produtos purificados dos primers inseridos em
plasmídios (controle positivo). Foram adicionados 15 μL da reação e 5 μL do cDNA,
em seguida, a placa foi selada e depositada no equipamento Multicolor Real-Time
PCR Detection System (Bio-Rad). Todos os controles e amostras foram testadas em
duplicata e para determinação de eficiência e limite de sensibilidade da técnica, foi
realizada uma curva padrão com diluições decimais seriadas dos controles em
concentrações de 101 a 1010 e, a partir da curva, foram obtidas eficiência de 103% e
R2 de 0,99.
3.2.2.3 RT-Nested PCR para detecção HEV
A detecção de HEV foi realizada utilizando-se primers para região ORF1 de
HEV (Tabela 2), de acordo com Heldt et al. (2016) e, como controle positivo, utilizou-
se RNA extraído de fezes de macaco, positivas para HEV. A reação tem volume final
de 50 µL, contendo 25 µL de GoTaq Green Master Mix (Promega), 18 µL de água
livre de DNase/RNase, 1 µl de cada primer (100 nM) e 5 µL de cDNA. Para
amplificação, foram utilizadas duas corridas com temperatura inicial de 95 °C por 5
min, seguida de 45 ciclos de 95 °C por 30 s, 59 °C por 1 min, 72 °C por 1 min e 72
°C por 7 min para elongação final. Após as reações, foi realizada a eletroforese dos
produtos amplificados e os resultados visualizados com luz UV.
89
3.2.2.4 RT-PCR para detecção de RV
Para detecção de RV foram utilizados primers para região do gene da VP6
(Spilki et al., 2013) com os mesmos volumes e concentrações de reagentes
utilizados na detecção de HEV. Os controles positivos usados foram RNA extraído
de cepas de RV vacinal amplificada em cultivo celular. O programa utilizado
consistiu de desnaturação inicial a 94 °C por 5 min, seguido de 35 ciclos de 94 °C
por 1 min, 54 °C por 1 min e 72 °C por 1 min e, ao fim dos ciclos, 72,8°C por 7 min.
Após as reações, foi realizada a eletroforese dos produtos amplificados e os
resultados visualizados com luz UV.
3.2.3 Análise dos dados
Os dados foram tabulados e os resultados expressos em frequência de
positividade para cada patógeno analisado. A seguir, foram submetidos ao teste do
Qui-quadrado para a verificação da associação do tipo do produto com a detecção
do patógeno. Foi realizado o cálculo da OR (odds ratio) para estimar as chances da
presença do material genético do vírus nos produtos analisados. As análises foram
realizadas no programa estatístico IBM® SPSS® Statistics Version 20, usando nível
de significância de 0,05.
3.3 Resultados
Entre as 159 amostras avaliadas, 29 (18,23%) foram positivas para presença
de genoma do HAV e 38 (23,89%) para RV. Não foram detectadas amostras de
produtos de origem animal contendo material genético de HEV (Tabela 3). As carnes
processadas apresentaram maior frequência de presença de HAV e RV do que as
carnes in natura, contudo, a associação foi significativa apenas para HAV (P < 0,05).
90
Nestes, a OR para a presença de HAV nas amostras de carnes processadas foi de
2,353 (IC95%=1,012-5,473).
Observou-se que 23,25% dos produtos oriundos da Argentina, foram positivos
para HAV e 36,04% para RV. Dentre as amostras de carne in natura positivas para
HAV, duas foram obtidas junto à VIGIAGRO. Nas carnes processadas houve maior
frequência de detecção de HAV e RV do que nas carnes in natura, contudo, esta
associação não foi significativa (P > 0,05). Entre as carnes in natura, 19,35% das
amostras foram positivas para HAV, entretanto, nas carnes processadas a
frequência foi de 33,33%. Para RV, a frequência nas amostras de carnes in natura
foi de 33,87% e nas processadas 41,66%.
Nos produtos provenientes do Uruguai, 12,32% foram positivos para HAV e
9,58% para RV. Observou-se que 9,09% das carnes in natura e 22,22% das carnes
processadas foram positivas para HAV. Porém, não houve associação significativa
para a presença desse patógeno entre estas amostras (P > 0,05). Com relação a
RV, 7,27% das carnes in natura e 16,66% das processadas foram positivas (P >
0,05).
Observou-se associação significativa nos produtos obtidos na ARG com
relação à presença de RV, quando comparados com os produtos do URU. Esta
associação foi observada na soma das amostras (P < 0,05; OR=0,118; IC95%=
0,77-0,460) assim como nos produtos in natura (P < 0,05; OR=0,153; IC95%= 0,049-
0,481). Para HAV, não houve associação entre presença do patógeno e a
procedência das amostras.
Entre os 16 estabelecimentos amostrados, 11 apresentaram amostras
positivas para HAV ou RV em, pelo menos, uma das coletas. Na ARG, foi detectado
genoma de HAV e/ou RV em amostras provenientes de sete dos oito
estabelecimentos comerciais avaliados: estabelecimento A (n=15), B (n=8), C (n=7),
D (n=6), E (n=3), F (n=2) e G (n=1). No URU, quatro estabelecimentos apresentaram
amostras positivas (I=6; J=4; K=3 e L=2). Das 159 amostras analisadas, oito
apresentaram contaminação simultânea por HAV e RV, sendo sete da ARG (três do
estabelecimento A; três do B e um do E) e uma do URU (estabelecimento J).
A mediana da quantificação do HAV pela RT-qPCR nas amostras de origem
Argentina foi de 6,9 x 104 cópias de genoma/g, com mínima de 1,3 x 102 cópias/g e
máxima de 3,2 x 1013 cópias/g. As amostras positivas para HAV (n=2) apreendidas
pela VIGIAGRO apresentaram contagens de 3,2 x 1013 cópias/g e 3,2 x 102 cópias/g.
91
Nas amostras do Uruguai a mediana foi de foi de 3,5 x 103 cópias/g com mínimo de
1,3 x 101 cópias/g e máxima de 2,9 x 109 cópias/g.
3.4 Discussão
A presença de HAV e RV em um número significativo de produtos de origem
animal, provenientes de diversos estabelecimentos comerciais da ARG e URU,
demonstra um risco associado ao consumo dos produtos de origem animal que
circulam em região de fronteira internacional do estado do RS, Brasil. Além disso, o
fato de HAV e RV terem sido detectados em vários estabelecimentos, em momentos
diferentes de coleta dos produtos, apontam que a detecção não foi casual, indicando
que práticas inadequadas de obtenção e/ou manipulação, são rotinas nestes locais.
A presença destes vírus em alimentos e seu envolvimento em surtos de DTA
estão associados à contaminação de origem fecal. Desta forma, alimentos e água
utilizada nas diversas etapas do processamento podem se contaminar quando
procedimentos higiênico-sanitários não são atendidos (Victoria et al., 2014; Sa-
nguanmoo et al. 2015; White et al., 2016). Neste contexto, o comércio informal de
alimentos (dentre eles a importação ilegal) é importante na disseminação de
enteropatógenos, tais como HAV e RV, uma vez que muitas atividades envolvidas
nestas práticas ocorrem de maneira clandestina, sem a presença de agentes de
fiscalização sanitária que regulariam o processo higiênico de obtenção,
comercialização e trânsito destes produtos.
A importação de alguns tipos de alimentos é permitida atualmente no Brasil,
(Brasil, 2016), contudo, independente da liberação, a fiscalização sanitária nos
postos de fronteira deve ser rigorosa, de forma a garantir que alimentos
potencialmente veiculadores de patógenos não sejam introduzidos no país. Porém,
mesmo com a atuação dos órgãos de fiscalização sanitária de fronteira, a
importação ilegal de produtos de origem animal é uma prática comum em muitas
regiões do Brasil, sejam em fronteiras terrestres (Pereira et al., 2017) ou aeroportos
(Melo et al., 2014, 2015). Especificamente na região de fronteira do RS, estima-se
que mais de 60% dos passageiros que viajam para Argentina ou Uruguai retornam
ao Brasil portando algum produto de origem animal (in natura ou processado) e que
92
menos de 10% destes viajantes já passaram em algum momento pela fiscalização
de bagagem no retorno ao Brasil (Pereira et al., 2017).
Na região de abrangência deste estudo, a VIGIAGRO apreendeu, entre 2014
e 2016, 3.095 kg de carne bovina in natura, 729 kg de pescados, 493 kg de carnes
de caça, 436 kg de mel, 45 kg de queijo, 15 kg de carne suína, 13 kg de salame e 10
kg carne ovina (dados não publicados). Porém, há de se considerar a possibilidade
destes dados estarem subestimados, uma vez que a averiguação de carros e
bagagens no retorno ao Brasil é realizada por amostragem (Brasil, 2006b).
No caso do estado do RS, a principal forma de ingresso destes alimentos é
via fronteira terrestre, porém, no Brasil, alimentos ilegais também são introduzidos
via aeroportos. No ano de 2014, foram apreendidas mais de 65 t de produtos de
origem animal ou vegetal, irregulares, em bagagens de passageiros, em três dos
maiores aeroportos brasileiros (Confins, em Belo Horizonte; Guarulhos, em São
Paulo, e Salgado Filho, em Porto Alegre). Os produtos mais apreendidos foram os
de origem animal, como lácteos, embutidos, pescados, mel e carnes. As sementes,
mudas e frutas foram as mais apreendidas entre os produtos de origem vegetal
(Brasil, 2015).
Segundo Melo et al. (2014b), 657,4 kg de produtos de origem animal
ilegalmente importados foram apreendidos pela fiscalização sanitária, os quais
ingressariam no Brasil via os aeroportos de Guarulhos (São Paulo) e Galeão (Rio de
Janeiro). Este mesmo estudo apontou que, entre 2006 e 2009, foram apreendidas
cerca de 40 t de alimentos de origem animal em Guarulhos e, entre 2008 e 2009, a
VIGIAGRO apreendeu 19 toneladas desses produtos no aeroporto do Galeão.
Outros estudos demonstram que tais alimentos podem apresentar bactérias
patogênicas (Melo et al., 2014a, 2015), porém, nenhum dado na literatura descreve
a presença de vírus nestes tipos de alimentos no Brail.
O vírus da hepatite A e RV são comumente envolvidos em casos de DTA
(CDC, 2017; Brasil, 2016a). Na ARG, a hepatite A é considerada uma enfermidade
endêmica (Blanco Fernandez et al., 2012), assim como no URU (Montano et al.,
2001). Estes países indicam a vacinação como forma de prevenção da enfermidade,
e a análise regressiva dos dados epidemiológicos demonstra que as taxas de
incidência vêm reduzindo nestes países, após a utilização desta medida de saúde
pública (Romero et al., 2012). O RV corresponde à 40% das causas de internação
93
por diarreia infantil aguda na ARG e no URU (Degiuseppe et al., 2013; Tort et al.,
2015).
A detecção da presença de genoma nos alimentos avaliados é indicativo da
presença, porém não pode-se atribuir a capacidade infectante destas amostras.
Nosso estudo detectou contagens elevadas de HAV pela RT-qPCR nos alimentos
obtidos tanto na Argentina quanto no Uruguai, com amostras superando 1010 cópias
de genoma. Apesar de não estar bem estabelecida a dose infectante para este vírus,
estudos indicaram que o período de incubação diminuiu quanto maior a quantidade
de inóculo. Além disso, estima-se que 0,1 g de fezes contaminadas com HAV pode
ser considerada como a dose infectante para humanos (White et al., 2016). Deste
modo, parte dos alimentos analisados pelo presente estudo poderia servir como
fontes de infecção para os consumidores expostos. Obviamente, amostras com
maior número de cópias de genoma possuem maior probabilidade de serem
infecciosas.
Houve associação significativa entre HAV e carnes processadas, quando
comparados com as carnes in natura de origem uruguaia. Contudo, mesmo não
apresentando significância estatística, as carnes processadas apresentaram maior
frequência de detecção de HAV e RV do que aquelas in natura. Em função destes
produtos apresentarem mais etapas durantes o seu processamento, a chance de
contaminação por enteropatógenos é maior, como observado na OR significativa
observada na comparação entre a contaminação por HAV nas carnes in natura e
processadas, quando se soma todas as amostras (OR=2,353; IC95%=1,012-5,473).
A introdução destes micro-organismos na cadeia de produção ocorre pela matéria-
prima contaminada, uso de água não tratada, contaminação cruzada por fezes,
manipulação inadequada de alimentos ou qualquer fonte ambiental contendo
partículas virais (Shukla et al., 2016). Assim, é possível considerar que quanto maior
o número de etapas da cadeia de produção, maior será sua manipulação e,
consequentemente, maior será a probabilidade de contaminação.
Além disso, a presença de patógenos viáveis em alimentos prontos para o
consumo pode elevar o risco de ocorrência de DTA, uma vez que estes produtos
não passarão por nenhum processo de eliminação de micro-organismos, como por
exemplo, tratamento término. Salienta-se que o fato de ter sido detectada a
presença de HAV e RV não indica, necessariamente, que os alimentos servirão de
fonte de infecção, uma vez que em nosso estudo utilizamos técnicas que avaliaram
94
a presença de genoma viral e não a viabilidade e infectividade dos patógenos
detectados. Contudo, a presença de material genético é um indicativo da presença
do vírus e aponta para deficiências higiênicas que permitiram a contaminação por
HAV e RV durante a obtenção ou processamento dos produtos de origem animal
analisados. Deficiências higiênicas em estabelecimentos argentinos e uruguaios já
haviam sido reportadas por consumidores que importam ilegalmente alimentos, em
pesquisa anterior realizada na região da fronteira do RS, Brasil (Pereira et al., 2017),
o que foi comprovado neste estudo, pelo elevado número de estabelecimentos
comercializando produtos de origem animal com presença de HAV e RV na ARG
(7/8) e URU (4/8).
Não foi detectada a presença de HEV, indicando a ausência de circulação
deste vírus na região estudada ou circulação limitada e em baixos níveis. No
entanto, alguns estudos demonstram que produtos de origem animal são
importantes veículos desse patógeno, inclusive aqueles que circulam em região de
fronteira. Rodríguez-Lázaro et al. (2015) detectaram HEV em 53,3% das amostras
de alimentos apreendidos no aeroporto de Bilbao, na Espanha, incluindo alimentos
cárneos importados da América do Sul. A maior frequência de amostras positivas
para HEV foi em produtos originários da Colômbia, Peru, Brasil e Argentina, sendo a
carne suína, o principal produto contaminado com esse vírus.
Os suínos, assim como sua carne e derivados, são os principais veículos de
HEV (Vasconcelos et al., 2015; Wilhelm et al., 2014), o qual tem sido detectado em
amostras de fezes e carcaças obtidas em abatedouros e no comércio varejista
(Intharasongkroh et al., 2016), bem como em amostras de produtos cárneos. Heldt
et al. (2016) detectaram a presença de genoma do HEV em 36% de amostras de
patês suínos comercializados na cidade de Novo Hamburgo, Brasil.
Os resultados obtidos neste estudo enfatizam a necessidade de um maior
controle no trânsito de alimentos na região de fronteira do Brasil, uma vez que foi
detectado material genético dos vírus HAV e RV, tanto em carnes in natura, quanto
em processadas, obtidas da ARG e URU. Levando-se em consideração que na
região do estudo, a prática de importação ilegal é comum e que produtos atualmente
liberados de ingressar no Brasil (processados) podem conter patógenos de
importância para a saúde pública, é necessária a implantação de programas de
fiscalização de fronteira mais efetivos, tornando a vigilância agropecuária de
fronteira mais ativa e operante, de modo a impedir a entrada de alimentos contendo
95
agentes patogênicos potencialmente causadores de DTA, protegendo a saúde da
população brasileira que reside nesta região.
Agradecimentos
Os autores agradecem à VIGIAGRO-MAPA, unidade de Uruguaiana pelo
fornecimento de amostras apreendidas e pela supervisão durante a coleta de
amostras e introdução de alimentos obtidos na ARG e URU e à Profa. Dra. Célia
Barardi da Universidade Federal de Santa Catarina, pela cedência dos plasmídeos.
Agradecemos também à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) pelo
fornecimento de bolsa de pesquisa à Emanoelli Aparecida Rodrigues dos Santos e
pelo financiamento parcial deste estudo por meio do Edital de Apoio aos Grupos de
Pesquisa.
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99
Tabela 1 – Alimentos avaliados na fronteira Brasil-Argentina-Uruguai quanto a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)
Produtos Procedência
Total Argentina Uruguai
Carnes in natura Bovina* 30 27 57 Suína 13 17 30 Frango 18 11 29 Carne de caça** 1 0 1 Total 62 55 117 Carnes processadas Mortadela 5 3 8 Salsicha 8 4 12 Salame 9 5 14 Presunto 2 2 4 Patê 0 4 4 Total 24 18 42 Total geral 86 73 159 *Oito amostras foram apreendidas junto à VIGIAGRO **Amostra apreendida junto à VIGIAGRO
100
Tabela 2 – Primers utilizados para a detecção de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV)
Vírus Nome Sequência Tamanho (pb) Fonte
HAV 5'-UTR F 5‟ GGTAGGCTACGGGTGAAAC 3‟ 100 Jothikumar et al. (2005)
5'-UTR R 5‟ GCGGATATTGGTGAGTTGTT 5‟
Probe (posição 413-441) 5‟ CTTAGGCTAATACTTCTATGAAGAGATGC 5‟
HEV HEVORF1con-s1 5‟ CTGGCATYACYCTACTGCYATTGAGC 3‟ 800 Heldt et al. (2016)
HEVORF1con-a1 5‟ CCATCRARRCAGTAAGTGCGGTC 3‟
HEVORF1con-s2 5‟ CTGCCYTKGCGAATGCTGTGG 3‟ 287 Heldt et al. (2016)
HEVORF1con-a2 5‟ GGCAGWRTACCARCGCTGAACATC 3‟
RV ROTAFEEVALE F 5„ GATGTCCTGTACTCCTTGT 3‟ 160 Spilki et al. (2013)
ROTAFEEVALE R 5„ GGTAGATTACCAATTCCTCC 3‟
101
Tabela 2 - Frequência e razão de chance (OR) para a presença de vírus da hepatite A (HAV), hepatite E (HEV) e rotavírus (RV) em produtos de origem animal obtidos da Argentina e Uruguai
Vírus/alimentos Procedência
Total P Valor1 OR (IC 95%)1 Argentina Uruguai
HEV 0/86 (0%) 0/73 (0%) 0/159 (0%) HAV Carnes in natura 12/62 (19,35%) 5/55 (9,09%) 17/117 (14,52%) 0,116 0,417 (0,137-1,127) Carnes processadas 8/24 (33,33%) 4/18 (22,22%) 12/42 (28,57%) 0,506 0,571 (0,141-2,131) Total 20/86 (23,25%) 9/73 (12,32%) 29/159 (18,23%) 0,075 0,464 (0,197-1,095) P Valor2 0,169 0,141 0,043 OR (IC 95%)2 2,083 (0,724-5,995) 2,857 (0,675-12,085) 2,353 (1,012-5,473) Rotavírus Carnes in natura 21/62 (33,87%) 4/55 (7,27%) 25/117 (21,36%) 0,001 0,153 (0,049-0,481) Carnes processadas 10/24 (41,66%) 3/18 (16,66%) 13/42 (30,23%) 0,083 0,280 (0,064-1,132) Total 31/86 (36,04%) 7/73 (9,58%) 38/159 (23,89%) 0,001 0,118 (0,77-0,460) P Valor2 0,499 0,240 0,212 OR (IC 95%)2 1,395 (0,530-3,668) 2,55 (0,513-12,679) 1,65 (0,749-3,633) 1Valor de P e OR para comparação do mesmo tipo de produto de origem diferente P < 0,05 indica associação da presença do patógeno.
2Valor de P e OR para comparação de produtos diferentes da mesma origem onde P < 0,05 indica associação da presença do patógeno.
6 Capítulo 4 – Residues of veterinary drugs in animal products commercialised
in the border region between Brazil, Argentina and Uruguay
Manuscrito a ser enviado para publicação no periódico Food Additives &
Contaminants: Part A (ISSN 1944-0057)
103
Título: Residues of veterinary drugs in animal products commercialised in the border
region between Brazil, Argentina and Uruguay
Juliano Gonçalves Pereiraa,b*, Vanessa Mendonça Soaresb, Fabiano Barretoc, Louise
Jank, Renata Batista Rauc, Cristina Belíssimo Dias Ribeiroc, Tamara dos Santos
Castilhosc, Caroline Andrade Tomaszewskic, Daniel Rodrigo Hillesheimc, Eduarda
Hallal Duvala, Wladimir Padilha da Silvaa*
aUniversidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão. Avenida Eliseu Maciel,
s/n, Capão do Leão, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 96010900.
bUniversidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana. BR 472, Km 585,
Uruguaiana, Rio Grande do Sul, Brazil, CEP 97501970.
cMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Laboratório de Análise de
Resíduos de Pesticidas e Medicamentos Veterinários - Laboratório Nacional
Agropecuário. Estrada da Ponta Grossa, 3036, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brazil, CEP 91780580.
* Corresponding authors:
Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão, Capão do Leão, Rio
Grande do Sul – RS, Brazil, CEP 96010-900, Phone: +55 53 32757378
Email: [email protected] (J.G. Pereira),
[email protected], (W.P. Silva)
104
Abstract International animal products traffic is a public health hazard when legal import
sanitary procedures are not followed. In Brazil, due to its extensive border area,
illegal animal products import is a common practice in many areas of the country;
especially in Rio Grande do Sul (RS), a state that borders on Argentina and Uruguay.
The objective of this study was to evaluate the presence of veterinary drug residues
(antimicrobials and antiparasitics) in animal products consumed in the state of Rio
Grande do Sul, Brazil, border region with Argentina and Uruguay. In this study, the
presence of residues of veterinary drugs (antimicrobials and antiparasitics) was
assessed in 189 meat (beef, pork and chicken) and dairy and meat processed
products samples, bought in Argentina (n=90) and Uruguay (n=99). Residues of
veterinary drugs were detected in 50 (26.45%) samples, 28 presenting antimicrobials
(14.81%) and 22 antiparasitic (11.64%) residues. From the 50 positive samples, 40%
(15 from Argentina and 5 from Uruguay) had a maximum residue limit (MRL) above
the legal parameters. From these, 12 presented MRL values above the legal limit for
antiparasitics (11 beef samples with ivermectin and one pork sample with ivermectin
and doramectin) and 8 for antimicrobials (two pork and two sausage samples with
doxycycline; two cheese samples with doxycycline and chlortetracycline; one poultry
meat sample with chloramphenicol; and one cheese sample with monensin). Due to
its undesirable toxic effects on humans and the antimicrobial resistance, the
presence of these residues above the legal parameters indicates a risk to the public
health. The negative impact on public health of the consumption of illegally imported
animal products can be reduced with an effective surveillance system and
educational campaigns for the general populations.
Keywords: chloramphenicol; border; ivermectin; animal products; chemical residues.
105
6.1 Introduction
Illegal international transit of animal products may pose a risk to public and
animal health (OIE 2016a). Meat and milk, including their products, may present
chemical and biological hazards, particularly where commercialization does not
comply with sanitary rules to assure their safety. In this context, international border
regions have been identified as places where illegal animal products traffic between
different countries can endanger the public health (Joseph et al. 2013; Nguyen et al.
2014; Oniuc et al. 2015).
Rio Grande do Sul (RS), a Brazilian southern region state, has an extensive
border with Argentina and Uruguay, in which, despite the efforts of border health
surveillance agencies, the transit of animal products and animals between countries
occurs clandestinely. Many of the products that are commercialized across these
borders are produced without proper sanitary control of the raw material,
compromising their innocuousness and exposing consumers to numerous hazards.
The risks for public health include veterinary drug residues, widely used in animal
production to prevent and cure diseases. As observed in other countries, currently in
Brazil, the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (Brasil 2016) authorizes the
entry of processed animal products from international borders. These authorization
and has been questioned for requiring a border health surveillance apparatus to
prevent the entry of products that could lead to biological and chemical hazards
(Noordhuizen et al. 2013).
Veterinary drug residues can be defined as a fraction of the drug, its
metabolites, conversion or reaction products and impurities that remain in the animal
products originated from treated animals (Brasil 1999). Drug use results in the
presence of chemical residues in animal tissues and products, however, if
administration is properly performed (dose, concentration, route of administration)
and the withdrawal period is respected, such residues will be in concentrations below
the maximum residue limit (MRL) (Reig & Toldra 2008). MRL is defined as the legally
accepted limit for the presence of specific residue in the animal producst, this
parameter is determined according to the acceptable maximum daily intake limit
106
(FAO 2015). Consumption of animal products with drug residue concentrations
above the MRL may result in toxic and/or allergic reactions or even induce
carcinogenic, mutagenic or teratogenic effects (Doyle 2006; Beyene et al. 2016).
The most commonly used veterinary drugs are antimicrobials (β-lactams,
tetracyclines, fluoroquinolones, sulfonamides and macrolides) (OIE 2016b) and
antiparasitics (avermectins and benzimidazole). For these, health authorities
establish the permitted MRLs for each matrix (kidneys, liver, muscle, fat, milk or
eggs) (Chopra & Roberts 2001; Navrátilová et al. 2009; European Commission 2010;
Prado et al. 2015; Brasil 2017). Some drugs are banned due to their insecurity in
administration and highly toxic effects for humans. Chloramphenicol is banned in
several countries due to its relation to the occurrence of aplastic anaemia and
cancer, even if present in low levels (Croubels & Daeseleire 2012; Rejtharová et al.
2017).
In Brazil, the monitoring of chemical residues in animal products is conducted
by the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply (MAPA), which, through the
National Plan for the Control of Residues and Contaminants (PNCRC), aims the
control and surveillance to identify and avoid violation of MRLs in the animal products
produced in the country (Brasil 1999). As health authorities do not inspect products
illegally commercialised across borders, public health is compromised.
Thus, the objective of this study was to evaluate the presence of veterinary
drug residues (antimicrobials and antiparasitics) in animal products consumed in the
state of Rio Grande do Sul, Brazil, border region with Argentina and Uruguay.
6.2 Materials and methods
6.2.1 Sample collection
Samples were collected from two different sources:
(1) Animal products confiscated after baggage inspection carried out by the
MAPA International Agricultural Surveillance Unit (VIGIAGRO), at Getúlio Vargas -
Agustín Pedro Justo International Bridge (29°45'18"S, 57°05'16"O) between
107
Uruguaiana (RS, Brazil) and Paso de Los Libres (Province of Corrientes, Argentina).
From July to November 2015, six beef samples were confiscated and sent for
laboratory analysis. It should be noted that these samples do not represent the total
of seized products by the VIGIAGRO unit, i.e., not all seized samples were sent for
analysis.
(2) Animal products bought in commercial establishments from Paso de Los
Libres, Province of Corrientes, Argentina (29°43′00″S, 57°05′00″O) and Rivera,
Department of Rivera, Uruguay (30°54′09″S, 55°33′02″O) and internalized in Brazil
with authorization and supervision of VIGIAGRO. One hundred and eight three
samples (84 in Paso de Los Libres and 99 in Rivera) of raw and processed animal
products were obtained (Table 1). The samples were collected between September
2015 and November 2016 and kept frozen at -18°C, in plastic bags, until analysis.
6.2.2 Detection of veterinary drug residues
Detection of veterinary drugs residues was carried out by the Laboratory for
Analysis of Pesticides and Veterinary Drugs of the National Agricultural and
Livestock Laboratory (LANAGRO/MAPA), official organ of the Brazilian PNCRC.
The detection of the drugs listed in Table 2 was performed by liquid
chromatography coupled to tandem mass spectrometry (LC-MS/MS). Chemical
reagents used were obtained from Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, USA), Merck
(Darmstadt, Germany), JT Baker (Phillipsburg, USA), Mallinckrodt-Baker
(Phillipsburg, USA), Vetec (Rio de Janeiro, Brazil), Honeywell Riedel-de Haen or
Macherey-Nagel (Düren, Germany).
For chloramphenicol, thiamphenicol and florfenicol residues detection,
extraction from samples were performed with ethyl acetate and 2% of ammonium
hydroxide followed by evaporation and lipid removal with hexane. Water and
acetronil were used for liquid-liquid extraction. The analysis was conducted on an
Agilent 1260 LC liquid chromatograph (Agilent Technologies, Germany) coupled to
the Mass Spectrometer Sciex 5500 QTRAP (Toronto, Canada). Details of the
technique, analytical and instrumental parameters are described in Barreto et al.
(2016).
108
For analysis of the other antimicrobials and antiparasitics, the samples were
extracted with acetronil and formic acid followed by purification at low temperature.
Analysis was conducted on an Agilent 1100 LC liquid chromatograph (Agilent
Technologies, Germany) coupled to the Applied Biosystems API 500 mass
spectrometer (AB Sciex, Foster City, USA). Analytical and instrumental parameters
are described in Rübensam et al. (2013) and Jank et al. (2017).
The standard MRLs used were those published by MAPA (Brasil 2014) and
European Commission (European Commission 2010). The results were expressed
as <LOD (less than limit of detection or negative sample for analyte), >LOD (greater
than limit of detection or positive sample for analyte) and >MRL (positive sample and
MRL greater than legal standard parameter).
6.3 Results and discussion
On our knowledge, this is the first study to describe chemical residues on
illegally imported animal products. Residues of veterinary drugs were detected in 50
(26.45%) of the 189 animal products evaluated, 28 with antibiotic (14.81%) and 22
(11.64%) with antiparasitic residues (Table 3). The antimicrobials detected were
monensin, doxycycline, oxytetracycline, chlortetracycline, chloramphenicol, florfenicol
and thiamphenicol. Ivermectin and doramectin were the antiparasitic residues
detected.
Argentinian products showed higher frequency of residue detection than those
from Uruguay. From the 90 Argentinian products, 33 (36.16%) had some residue (15
samples (16.66%) with antimicrobials residues and 18 samples (20%) with
antiparasitics residues). Residues were detected in 17 samples (17.17%) of
Uruguayan products (n=99). Antimicrobials were detected in 13 samples (13.13%)
and antiparasitics in four samples (4.04%).
Of the 50 animal products‟ samples with residues, 31 (59.61%) were raw
products (23 of beef, four of poultry meat and four of pork), from this, 24 were
obtained in Argentina. The 19 positive samples (10 Uruguayan and nine Argentinian)
of processed products, were distributes as follow: 9 samples of cheese, four of
109
sausage, two of dulce de leche, one of mortadella, one of cream, one of yogurt, and
one of salami.
From the 50 positive samples, 20 (10.58% - 15 raw and five processed
products) had MRL values above the legal parameters (European Commission 2010;
Brasil 2014). Fifteen of these products were purchased in Argentina (14 raw and 1
processed) and five in Uruguay (one raw and four processed). Regarding residue
type, 12 had antiparasitics residues and eight antimicrobials residues. All samples
from products confiscated in baggage inspection (n=6) had ivermectin residues, four
of them with MRL above the legislation. Values are described in Table 4.
Our study showed a high percentage (10.58% - 20/189) of samples with MRL
values above the legal parameters. This frequency was far above the normally
observed in the official residue monitoring programs regularly carried out in the
countries (Argentina 2017; Brasil 2015, 2016; Uruguay 2016), denoting a threat for
public health. Argentina, Brazil and Uruguay, as MERCOSUR member countries,
share MRL values for several chemical residues (Mercosul 1995). Each country
should establish monitoring programs to ensure food safety.
In 2014 and 2015, Brazilian PNCRC analysed 25,320 samples of animal
products, finding 143 (0.56%) samples with MRLs higher than the maximum
established (Brasil 2015, 2016). Data from Argentina's National Service of Sanitation
and Agrifood Quality (SENASA) indicate that in 2015, from the 24,024 samples of
beef, pork and poultry meat evaluated, 228 (0.94%) were considered non-conforming
(Argentina 2017). In Uruguay, the National Program of Biological Residues (PNR)
analysed 5,977 beef samples, detecting five (0.08%) with MRLs higher than
recommended, four of which had residues of cadmium and one had ivermectin
residue (Uruguay 2016).
Higher MRLs values for ivermectin were found in 11 beef samples (from 11.12
to 126.99 μg kg-1) and ivermectin-doramectin (13.89 μg kg-1 and 41.01 μg kg-1,
respectively ) together were found in one pork sample, all from Argentina. Ivermectin
is a widely used antiparasitic drug, especially in cattle (Lopes et al. 2014). Brazilian
PNCRC detected that antiparasitic residues corresponded to 70% and 100% of the
beef samples with MRLs above limits the in the years 2014 and 2015, respectively
(Brasil 2015, 2016). Despite the percentage of samples with high MRLs for
antiparasitics found in our study, Argentina's official control did not detect these
analytes in beef (Argentina 2017). The presence of avermectin residues (abamectin,
110
doramectin, ivermectin) demonstrates inadequate veterinary drug management
and/or administration practices (FAO/WHO 2009) and ineffective or non-existent
health education programs for rural producers.
In humans, signals of avermectins intoxication by ingestion of foods vary in
severity, depending on the dose and route of administration. Acute intoxication
normally causes allergic symptoms, vomiting, tachycardia and myalgia (Reeves
2007; Yang 2012). Besides the public health concerns, residues above the tolerated
MRL can influence meat trade, since they may constitute a non-tariff barrier (Costa
2011).
Considering the eight samples that presented high MRL for antibiotic, four
samples (two from Argentinean pork and two from Uruguayan sausages) had high
doxycycline levels (from 118.80 to 162.30 μg kg-1), two (Uruguayan cheese) had high
doxycycline and chlortetracycline levels (sum of the antimicrobials concentration
varied from 106.30 to 281.80 μg kg-1) and one had high monensin level (Uruguayan
cheese - 2.09 μg kg-1). In addition, chloramphenicol (0.31 μg kg-1) was also found in
a sample of poultry meat from Uruguay. Antimicrobials have an important role in
animal industry controlling pathogens, however, a veterinarian should supervise the
use of these drugs to avoid the presence of residues in animal products. In addition,
antimicrobial resistance is currently one of the most important public health concerns,
with clinical and economic consequences (OIE 2016a; FAO/WHO 2009).
Tetracyclines are antibiotic drugs widely used in animal industry due to the
action against Gram-negative and Gram-positive bacteria (Chopra & Roberts 2001).
The Brazilian PNCRC monitoring system detected tetracycline residues above the
MRL in pork and poultry meat samples during 2014 and 2015 (Brazil 2015, 2016).
Navrátilová et al. (2009) detected tetracycline residues in milk samples from the
Czech Republic and Prado et al. (2014) detected oxytetracycline, tetracycline,
chlortetracycline and doxycycline in Brazilian milk samples. Toxic effects of these
drugs to humans implicate hypersensitivity reactions and increased susceptibility to
new infections, due to the possibility of Gram-negative bacteria antibiotic resistance.
Less frequently, hepatotoxic and nephrotoxic effects, as well as negative effects on
bone and dental mineralization can also be observed (FAO/WHO 1996). On the other
hand, mutagenic, teratogenic and carcinogenic effects from intoxication by this group
of antimicrobials are not described (Doyle 2006).
111
Monensin, detected above MRLs in a cheese sample, is largely used in animal
industry as growth promoter and coccidiostat (Duffield & Bagg 2000; Chapman et al.,
2010). Non-observance of withdrawal period caused the presence of residues of this
drug in animal products (Olejnik et al. 2011; Pereira et al. 2015). The undesirable
effects polyester ionophores (lasalocid, maduramicin, monensin, narasin,
salinomycin and senduramycin) in humans involves their influence on muscle
contractility causing effects such as increased blood flow and coronary dilatation,
affecting mainly people with coronary heart disease (Croubels & Daeseleire 2012).
Due to its highly toxic effects, detection of chloramphenicol in poultry meat is a
very relevant result of our study. From the end of the 1980s, several countries,
including Brazil, Argentina and Uruguay, banned the chloramphenicol use in animal
industry (Uruguay 1986; Argentina 1995; Brazil 2003). Beyond its carcinogenic
effects, this drug can cause aplastic anaemia in humans (Hanekamp & Bast 2015).
Due the efficacy against bacteria as Salmonella spp. and Escherichia coli (Cerkvenik
2002) chloramphenicol is still illegally used in animal industry. In 2014 and 2015,
Brazilian monitoring system detected one poultry meat sample with chloramphenicol,
over 25,000 analysed samples (Brazil 2015, 2016). Slovenia's monitoring program
detected the presence of this antimicrobial in only one sample between 1991 and
2000 (Cerkvenik 2002). In contrast, Argentina and Uruguay did not detect
chloramphenicol in animal products (Uruguay 2016; Argentina 2017).
Chloramphenicol in animal products also caused economic losses in beef (Argentina
2016) and shrimp (Hanekamp & Bast 2015) international market.
6.4 Conclusions
Antibiotic and antiparasitic residues were detected in 50 samples (26.45%) of
raw and processed animal products, 20 samples (10.58%) had MRL above legal
parameters, 12 for antimicrobials and eight for antiparasitics. Besides the alert for the
general population, our results indicate necessity of more intensive actions of the
international border surveillance agencies, to control the entry of animal products,
reducing sanitary and public health risks.
112
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Table 1 – Animal products evaluated at the Brazil-Argentina-Uruguay border for the presence of antimicrobials and antiparasitics residues
Animal product Origin
Total Argentina Uruguay
Beef 28* 27 55 Pork 11 11 22 Poultry meat 17 11 28 Meat products Mortadella 5 4 9 Ham 5 6 11 Pate 0 4 4 Salami 3 1 4 Sausage 7 4 11 Dairy products Cheese 9 10 19 Dulce de leche 1 8 9 Cream 1 1 2 Yogurt 3 12 15
Total 90 99 189 *Six samples were confiscated by VIGIAGRO / MAPA
117
Table 2 – Veterinary drugs evaluated by LC-MS/MS in animal products on the Brazil-Argentina-Uruguay border
Animal product
Group Analyte
Meat and meat products
ATB1 Nalidixic acid, Oxolinic acid, Azithromycin, Ciprofloxacin, Clindamycin, Chloramphenicol, Chlortetracycline, Danofloxacin, Difloxacin, Doxycycline, Enrofloxacin, Erythromycin, Spiramycin, Florfenicol, Flumequine, Lincomycin, Monensin, Norfloxacin, Oxytetracycline, Sarafloxacin, Sulfaclorpiridazine, Sulfadiazine, Sulfadimethoxine, Sulfadoxine, Sulfamerazine, Sulfamethozine, Sulfamethoxazole, Sulfaquinoxaline, Sulfathiazole, Tetracycline, Tianfenicol, Tilmicosin and Tylosin.
ATP2 Abamectin, Doramectin, Eprinomectin, Ivermectin and Moxidectin
Dairy products
ATB Nalidixic acid, Oxolinic acid, Amoxicillin, Ampicillin, Azithromycin, Bromexin, Cephalexin, Cephalone, Cefapirine, Cefoperazone, Cefquinoma, Ceftiofur, Ciprofloxacin, Clindamycin, Chloramphenicol, Chlortetracycline, Cloxacillin, Danofloxacin, Dicloxacillin, Difloxacin, Doxycycline, Enrofloxacin, Erythromycin, Spiramycin, Florfenicol, Flumequine, Lincomycin, Monensin, Nafcillin, Norfloxacin, Oxacillin, Oxytetracycline, Penicillin G, Penicillin V, Sarafloxacin, Sulphlorpyridazine, Sulphadiazine, Sulfadimethoxine, Sulfadoxine, Sulfadoxine, Sulfamerazine, Sulfamethazine, Sulfamethoxazole, Sulfaquinoxaline, Sulfatiazole, Sulfizoxazole, Tetracycline, Tianfenicol, Tilmicosin, Tylosin and Trimethoprim
ATP Abamectin, Doramectin, Eprinomectin, Ivermectin and Moxidectin
1ATB = Antimicrobials
2ATP = Antiparasitics
118
Table 3 – Number and frequency of samples of animal products evaluated for the presence of antimicrobials and antiparasitic residues in the Brazil-Argentina-Uruguay border.
Country Animal Product Antimicrobial (n and %) Antiparasitics (n and %)
n<LOD1 n>LOD2 n>MRL3 n<LOD n>LOD n>MRL
Argentina Beef (n=28) 25 (89.28) 3 (10.71) 0 (0) 13 (46.43) 15 (53.57) 11 (39.29) Pork (n=11) 9 (81.81) 2 (18.18) 2 (18.18) 10 (90.91) 1 (9.09) 1 (9.09) Poultry meat (n=17) 14 (82.35) 3 (17.65) 0 (0) 17 (100.00) 0 (0) 0 (0) Mortadella (n=5) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (80.00) 1 (20.00) 0 (0) Ham (n=5) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) 5 (100.00) 0 (0) 0 (0) Salami (n=3) 2 (66.66) 1 (33.33) 0 (0) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) Sausage (n=7) 6 (85.71) 1 (14.29) 0 (0) 6 (85.71) 1 (14.29) 0 (0) Cheese (n=9) 5 (55.55) 4 (44.44) 1 (11.11) 9 (100.00) 0 (0) 0 (0) Dulce de leche (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cream (n=1) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Yogurt (n=3) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) 3 (100.00) 0 (0) 0 (0) Total (n=90) 75 (83.33) 15 (16.66) 3 (3.33) 72 (80.00) 18 (20.00) 12 (13.33)
Uruguay Beef (n=27) 26 (96.30) 1 (3.7) 0 (0) 23 (85.18) 4 (14.82) 0 (0)
Pork (n=11) 10 (90.91) 1 (9.09) 0 (0) 11 (100.00) 0 (0) 0 (0) Poultry meat (n=11) 10 (90.91) 1 (9.09) 1 (9.09) 11 (100.00) 0 (0) 0 (0) Mortadella (n=4) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Ham (n=6) 6 (100.00) 0 (0) 0 (0) 6 (100.00) 0 (0) 0 (0) Pate (n=4) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Salami (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Sausage (n=4) 2 (50.00) 2 (50.00) 2 (50.00) 4 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cheese (n=10) 5 (50.00) 5 (50.00) 2 (20.00) 10 (100.00) 0 (0) 0 (0) Dulce de Leche (n=8) 6 (75.00) 2 (25.00) 0 (0) 8 (100.00) 0 (0) 0 (0) Cream (n=1) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) 1 (100.00) 0 (0) 0 (0) Yogurt (n=12) 11 (91.67) 1 (8.33) 0 (0) 12 (100.00) 0 (0) 0 (0) Total (n=99) 86 (86.86) 13 (13.13) 5 (5.05) 95 (95.95) 4 (4.04) 0 (0)
1n <LOD = Number of samples with values below the limit of detection. 2n> LOD = Number of samples with values higher than the limit of detection. 3n> MRL = Number of samples with values higher than the MRL for at least one of the analytes.
119
Table 4 – Samples (n = 20) with values higher than the Maximum Residue Limit (MRL) for the evaluated analytes
Analyte Animal product Country# MRL (µg kg-1 or µg mL-1) Reference* (µg kg-1 or µg mL-1)
Doxiciclin Pork ARG 162.30 100.00(A); 100.00(B) Pork ARG 102.10 Sausage URU 122.50 Sausage URU 118.80
Doxiciclin and Chlortetracycline Cheese URU 130.40/151.40 Sum=100.00(A); 100.00 e 100.00(B) Cheese URU 63.70/42.60
Chloranphenicol Poultry meat URU 0.31 0.30(A)** Monensinn Cheese ARG 2.09 2.00(A) Ivermectin Beef ARG 126.99 10.00(A); 100.00(B)
Beef ARG 57.03 Beef ARG 20.17 Beef ARG 19.08*** Beef ARG 17.43*** Beef ARG 17.16*** Beef ARG 16.67 Beef ARG 12.53 Beef ARG 11.94*** Beef ARG 11.68 Beef ARG 11.12
Ivermectin and Doramectin Pork ARG 13.89/41.01 10.00 e 10.00(A); 100.00 e 40.00(B) * MRL Reference:
APNCRC (Brasil 2014);
BEuropean Union (European Commission 2010).
** Substance of prohibited use. The value corresponds to the Minimum Required Performance Limit (MRPL) for the analysis. The MRPL is the baseline for action. *** Samples confiscated by VIGIAGRO / MAPA. #ARG – Argentina; URU – Uruguay.
7 Conclusões
A importação ilegal de alimentos é prática comum nas cidades de fronteira
com a Argentina e Uruguai e os principais produtos introduzidos no Brasil são os
derivados do leite, seguido de carnes in natura e processadas. O conhecimento de
riscos associados à introdução de alimentos no Brasil sem fiscalização influenciou
na decisão de importação ilegal de produtos de origem animal.
Salmonella spp. foi isolada de produtos in natura oriundos da Argentina.
Listeria monocytogenes foi isolada em produtos in natura da Argentina e Uruguai.
Em nenhum dos produtos processados foi detectada a presença de Salmonella spp.
e L. monocytogenes, sugerindo que estes podem ser seguros quanto à presença
destes patógenos. No entanto, na pesquisa viral, produtos cárneos in natura e
processados apresentaram-se contaminados com HAV e RV. Não foram detectadas
amostras com E. coli O157:H7 e HEV.
Resíduos de antibióticos (doxiciclina, clortetraciclina, cloranfenicol e
monensina) em valores que extrapolam os LMR foram detectados em produtos in
natura e processados obtidos tanto na Argentina quanto no Uruguai. Resíduos de
antiparasitários (ivermectina e doramectina) foram detectados em amostras da
Argentina.
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Apêndices
138
Apêndice 1 – Questionário de perfil de importação ilegal
139
Apêndice 2 – Termo de consentimento livre e esclarecido
140
Apêndice 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
141
Apêndice 4 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (continuação)
142
Apêndice 5 – Autorização para importação de produtos de origem animal
143
Apêndice 6 – Primers ulilizados para confirmação molecular e pesquisa de genes de virulência de Salmonella spp., L. monocytogenes e E. coli O157:H7 Patógeno Gene Sequência Produto (pb)
Salmonella spp. hilA F 5‟ GCGAGATTGTGAGTAAAAACACC 3‟ 413 hilA R 5‟ CTGCCCGGAGATATAATAATCG 3‟ invA F 5‟ TTGTTACGGCTATTTTGACCA 3‟ 521 invA R 5‟ CTGACTGCTACCTTGCTGATG 3‟ spvC F 5‟ CGGAAATACCATCTACAAATA 3‟ 669 spvC R 5‟ CCCAAACCCATACTTACTCTG 3‟ sefA F 5‟ GCAGCGGTTACTATTGCAGC 3‟ 330 sefA R 5‟ TGTGACAGGGACATTTAGCG 3‟ pefA F 5‟ TTCCATTATTGCACTGGGTG 3‟ 497
pefA R 5‟ AAGCCACTGCGAAAGATGCC 3‟
L. monocytogenes prs F 5‟ GCTGAAGAGATTGCGAAAGAAG 3‟ 370 prs R 5‟ CAAAGAAACCTTGGATTTGCGG 3‟ inlA F 5‟ ACGAGTAACGGGACAAATGC 3‟ 800 inlA R 5‟ CCCGACAGTGGTGCTAGATT 3‟ inlC F 5‟ AATTCCCACAGGACACAACC 3‟ 517 inlC R 5‟ CGGGAATGCAATT 3‟ inlJ F 5‟ TGTAACCCCGCTTACACAGTT 3‟ 238 inlJ R 5‟ AGCGGCTTGGCAGTCTAATA 3‟
E. coli O157:H7 uspA F 5‟ CCGATACGCTGCCAATCAGT 3‟ 884
uspA R 5‟ ACGCAGACCGTAGGCCAGAT 3‟ eae F 5‟ GACCCGGCACAAGCATAAGC 3‟ 384 eae R 5‟ CCACCTGCAGCAACAAGAGG 3‟ rfbO157 F 5‟ GCGCGAATTCTTTTGAAATTGCTGAT 3‟ 239 rfbO157 R 5‟ GCGCGAATTCGTGCCGAGTACATTGG 3‟ fliCH7 F 5‟ GCTGCAACGGTAAGTGAT 3‟ 984 fliCH7 R 5‟ GGAGCAAGCGGGTTGGTT 3‟ hlyA F 5‟ GCATCATCAAGCGTACGTTCC 3‟ 534 hlyA R 5‟ AATGAGCCAAGCTGGTTAAGCT 3‟ stx1 F 5‟ ATAAATCGCCATTCGTTGACTAC 3‟ 180 stx1 R 5‟ AGAACGCCCACTGAGATCATC 3‟ stx2 F 5‟ GGCACTGTCTGAAACTGCTCC 3' 255 stx2 R 5‟ TCGCCAGTTATCTGACATTCT 3‟
144
Apêndice 7 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene hilA (413 pb). Coluna 1: Controle da reação (água); Coluna 2: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 3 a 8: Isolados testados; Coluna 9: Controle positivo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 10: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933). Figura B - Imagem do gel de agarose para o gene invA (521 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 4: Isolados testados; Coluna 5: Controle positivo (Salmonella Typhimurium ATCC 14028); Coluna 6: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933); Coluna 7: Controle da reação (água)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7
A B 100 pb
200 pb
300 pb
400 pb
100 pb
200 pb 300 pb 400 pb 500 pb
413 pb
521 pb
145
Apêndice 8 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene prs (370 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 12: Isolados testados; Coluna 13: Controle positivo (L. monocytogenes ATCC 7644); Coluna 14: Controle negativo positivo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 15: Controle da reação (água). Figura B - Imagem do gel de agarose para os gene inlA (800 pb) , inlC (517 pb) e inlJ (238 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100 pb); Colunas 2 a 6: Isolados testados; Coluna 7: Controle positivo (L. monocytogenes ATCC 7644); Coluna 8: Controle negativo (Salmonella Enteritidis ATCC 13076); Coluna 9: Controle da reação (água)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9
A B
100 pb
200 pb 300 pb 400 pb
800 pb
517 pb
238 pb
370 pb
146
Apêndice 9 – Figura A - Imagem do gel de agarose para o gene uspA (884 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Coluna 2: Isolado testado; Coluna 3: Controle positivo (E. coli O157:H7 EDL 933); Coluna 4: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933). Coluna 5: Controle da reação (água). Figura B - Imagem do gel de agarose para o gene eae (384 pb). Coluna 1: Marcador de peso molecular (100pb); Colunas 2 a 9: Isolados testados; Coluna 10: Controle positivo (E. coli O157:H7 EDL 933); Coluna 11: Controle negativo (S. aureus ATCC 25933); Coluna 12: Controle da reação (água)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A B
884 pb
384 pb