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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASFaculdade de Veterinária
Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Tese
A terapia assistida por animais com crianças que apresentamtranstorno do espectro autista
Maria Teresa Duarte Nogueira
Pelotas, 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASFaculdade de Veterinária
Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Tese
A terapia assistida por animais com crianças que apresentamtranstorno do espectro autista
Maria Teresa Duarte Nogueira
Pelotas, 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASFaculdade de Veterinária
Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Tese
A terapia assistida por animais com crianças que apresentamtranstorno do espectro autista
Maria Teresa Duarte Nogueira
Pelotas, 2018
Maria Teresa Duarte Nogueira
A terapia assistida por animais com crianças que apresentamtranstorno do espectro autista
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária da Faculdade deVeterinária da Universidade Federal dePelotas, como requisito parcial à obtenção dotítulo de Doutor em Ciências (área deconcentração: Sanidade Animal).
Orientadora: Márcia de Oliveira Nobre
Coorientadora: Rita de Cássia Morem Cóssio Rodriguez
Pelotas, 2018
Maria Teresa Duarte Nogueira
A terapia assistida por animais com crianças que apresentam
transtorno do espectro autista
Tese aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor emCiências,Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária,Universidade Federal de Pelotas.
Data da Defesa:23/02/2018
Banca examinadora:
Profª. Drª. Márcia de Oliveira Nobre (Orientadora)Doutora em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Profª.Drª. Rita de Cássia M. Cóssio RodriguezDoutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Profª. Drª. Ana Paula da Silva PereiraDoutora em Estudos da Criança pela Universidade do Minho
Profª. Drª. Mariana Teixeira TillmannDoutora em Sanidade Animal pela Universidade Federal de Pelotas
Dedico este estudo às crianças com transtorno do espectro autista com quemtrabalhei, bem como a seus pais, que lutam por uma melhor qualidade de vida
de seus filhos.
Agradecimentos
Aos meus queridos familiares, que sempre acreditaram no meu trabalho, em
especial ao meu filho Júlio César,meu sobrinho e afilhado Roberto Lenine, minha
sobrinha Juliane pela colaboração e apoio incondicional.
Muito obrigada a minha orientadora professora Drª. Márcia de Oliveira Nobre
pela oportunidade, confiança, compreensão, paciência e amizade e a minha co-
orientadora professora Drª Rita de Cássia M. Cóssio Rodriguez pela amizade,
carinho, escuta, paciência e ensinamentos.
Agradeço à Direção do Centro de Autismo Dr. Danilo Rolim de Moura Profª.
Débora Jacks e vice-direção Profª Beatriz Felitti, por sempre me atenderem e
auxiliado e principalmente pela abertura do espaço para realização deste estudo e
toda a sua equipe pela colaboração.
A Todos(as) acadêmicos(as) participantes do projeto Pet Terapia da UFPel,
que me auxiliaram na condução da parte experimental da tese, me acompanhando a
todos os atendimentos realizados, principalmente as colegas Fernanda Krug e
Sabrina Capella, os meus sinceros agradecimentos.
Em especial aos queridos cães que sem eles não teria realizado este estudo.
As minhas queridas acadêmicas do Curso de Psicologia,que não mediram
esforços para atuarem como psicoterapeutas neste estudo.
Aos professores e colegas Drª Ana Laura Cruzeiro Szortyka, Drª Iná Santos e
ao professor Dr. Ewerton Cavalheiro pelas orientações e incentivo.
À Universidade Federal de Pelotas, pela oportunidade concedida. Ao
Programa de Pós-Graduação em Veterinária, pela acolhida, em especial a secretaria
Daiane do Amaral.
E a Deus, por ter me concedido o privilégio de realizar este grande desafio.
Muito obrigada!
Entre o olhar suspeitoso da tiaE o olhar confiante do cão
O menino inventava a poesia…(Mario Quintana)
Resumo
NOGUEIRA, Maria Teresa Duarte. A terapia assistida por animais com criançasque apresentam transtorno do espectro autista. 2018. 63f. Tese (Doutorado emCiências) - Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária,Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da terapia assistida por animais (TAA)com crianças que apresentam o transtorno do espectro autista (TEA) com relação aotempo de reação e adesão às sessões e analisar o efeito da terapia nos domínios dainteração social, na manipulação do ambiente, mímica, atenção, iniciativa e reaçõesante a frustração. Trata-se de um estudo clínico randomizado com 38 crianças queapresentam o (TEA), na faixa etária de três a seis anos, divididas em dois grupos dediagnóstico comparável, grupo experimental e controle.No grupo experimental foirealizada a intervenção da terapia assistida por animais de forma individual, sendorealizada uma sessão por semana, com duração de trinta minutos, totalizando 10sessões, com cada criança e no grupo controle foi utilizada a mesma metodologia,sem a presença do cão. Em ambos os grupos as atividades eram desenvolvidas deacordo com a necessidade de cada criança. Os resultados obtidos neste estudoforam analisados de forma quantitativa. Para o registro dos resultados, foi utilizado oprograma estatístico SPSS (Statistical Package of Social Science), versão 24.0 paraWindows. Na análise dos tempos de reação e adesão e a proporção de criançasque apresentaram os sintomas propostos para análise e o efeito dos dois modelosde intervenção, foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney e o modelolinear generalizado para medidas repetidas a fim de verificar o efeito dos doismodelos de intervenção experimental e controle (p<0.001). Identificou-se diferençasignificativa em sete das dez sessões realizadas para o grupo experimentalcomparado ao controle, pois as crianças deste inserem-se com menor tempo epermanecem por maior tempo na psicoterapia. Da mesma forma identificou-sediferença significativa para o grupo experimental com relação aos avanços decomportamentos considerados positivos desenvolvidos pelas crianças queapresentam TEA de nível 1 que necessita de apoio e 2 um apoio substancial.Concluiu-se que a presença do cão na sessão de terapia com crianças queapresentam TEA é um fator motivacional para a inserção e permanência na sessãopsicoterapêutica e um método terapêutico eficaz
Palavras-chave: cão; psicoterapia; tempo de reação; tempo de adesão; sintomasautísticos
Abstract
NOGUEIRA, Maria Teresa Duarte. Assisted therapy by animals with childrenwho present autism spectrum disorder. 2018. 63f. Thesis (Doctor in Sciences) -Programa de Pós-Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária,Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
The purpose of this study was to verify the effects of animal assisted therapy (TAA)with children who were exposed to autistic spectrum disorder (ASD) in relation toreaction time and adherence to the sessions and to analyze the effect of therapy inthe domains of social interaction, in the manipulation of the environment, mime,attention, initiative and reactions to a frustration. This is a randomized clinical studywith 38 children (TEA), aged between three and six years, divided into two groups ofcomparable diagnosis, experimental group and control. In the experimental group,the intervention of the animal assisted therapy was carried out individually, with onesession per week, lasting thirty minutes, totaling 10 sessions, with each child. In thecontrol group, the same methodology was used, without the presence of the dog. Inboth groups activities were developed according to the needs of each child. Theresults obtained in this study were quantitatively analyzed. The statistical softwareSPSS (Statistical Package of Social Science), version 24.0 for Windows, was used torecord the results. To analyze the reaction and adherence times and the proportionof children who presented the proposed symptoms for analysis and the effect of thetwo intervention models, the non-parametric Mann-Whitney test and the generalizedlinear model for repeated measurements were used to verify the effect of bothmodels of experimental intervention and control (p <0.001). Significant differencewas identified in seven of the ten sessions performed for the experimental groupcompared to the control, since the children of this group entered with less time andremained for a longer time in psychotherapy. Likewise, a significant difference wasidentified for the experimental group in relation to the advances of positive behaviorsdeveloped by children with level 1 ASD who need support and 2 substantial support.It was concluded that the presence of the dog in the therapy session with childrenpresenting with ASD is a motivational factor for the insertion and permanence in thepsychotherapeutic session and an effective therapeutic method
Keywords: dog; psychotherapy; reaction time; adhesion time; autistic symptoms
Lista de Figuras
Artigo 2
Figura 1 Tempo de reação e adesão entre os níveis de autismo.................. 31
Lista de Tabelas
Artigo 2
Tabela 1 A mediana e o intervalo interquartil do tempo de reação e adesão
entre o grupo controle e grupo experimental................................... 30
Artigo 3
Tabela 1 Proporção de crianças que apresentam cada característica da
ATA de acordo com cada sessão de intervenção........................... 47
Lista de Abreviaturas e Siglas
IAA Intervenções Assistidas por Animais
AAA Atividade Assistida por Animais
TAA Terapia Assistida por Animais
TEA Transtorno do Espectro Autista
ATA Escala de Traços Autísticos
DSM-5 Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
SPSS Statistical Package of Social Science
ABRAZZO Associação Brasileira de Zooterapia
AAHABV American Association of Human Animal Bond Veterinarian
UFPel Universidade Federal de Pelotas
SisBi/UFPel Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Pelotas
Sumário
1 Introdução.................................................................................................... 12
2 Artigos.......................................................................................................... 15
2.1 Artigo 1...................................................................................................... 15
2.2 Artigo 2...................................................................................................... 23
2.3 Artigo 3...................................................................................................... 35
3 Considerações Finais................................................................................. 48
Referências..................................................................................................... 49
Anexos............................................................................................................ . 54
12
1 Introdução
Por volta da década de 1970 muito antes das intervenções assistidas por
animais terem sido documentadas para melhorar a saúde, alguns profissionais da
saúde observaram que os animais de estimação estavam tendo um impacto positivo
na saúde e felicidade de seus clientes humanos. Concluíram que a pesquisa
científica era necessária para explorar ainda mais os efeitos que os animais têm na
vida das pessoas. Com este objetivo em mente, a Fundação Delta foi formada em
1977 em Portland-Oregon, mas com a rápida expansão de um grupo de
pesquisadores interessados e médicos em campos humanos e de animais, em 1981
o nome da organização foi alterado para Delta Socity, e o co-fundador, Bill
McCulloch, ajudou a iniciar a Força-Tarefa de Ligação Animal-Animal da AVMA para
avaliar o papel da profissão no reconhecimento e promoção do vínculo humano-
animal.Este Comitê continua até hoje (PET PARTNERS, s/d).
Neste período surgiram muitas conclusões de pesquisas, como: evidências de
que o tempo gasto com um animal reduz a pressão arterial, menor estresse e níveis
de ansiedade. E através de resultados de pesquisas demonstraram que o cérebro
humano liberta substâncias químicas conhecidas como endorfinas (que
desencadeiam sentimentos positivos) ao interagir com animais.No final da década
de 1980 e início dos anos 90, a Delta Society continuou a fortalecer sua presença
neste campo em expansão fornecendo serviços diretos no nível da comunidade
local. Entre essas iniciativas, foi o programa Pet Partners. que desenvolveu o
primeiro treinamento abrangente e padronizado em atividades e terapia assistida por
animais para voluntários e profissionais de saúde, entretanto em 2012, a Delta
Society mudou formalmente o nome para Pet Partners. Este programa de terapia
animal já cresceu para mais de 15.000 equipes em todo os EUA, fazendo
aproximadamente três milhões de visitas por ano (PET PARTNERS, s/d).
A organização Pet Partners classifica as Intervenções Assistidas por Animais
em três grandes categorias: Terapia Assistida por Animais (TAA) são organizadas e
supervisionadas por um profissional da área da saúde, é uma intervenção
direcionada, com critérios específicos, objetivos precisos e registra e avalia os
13
resultados das intervenções. É focada no desenvolvimento e melhora de aspectos
sociais, físicos, emocionais e cognitivos do indivíduo envolvido no processo
terapêutico e o animal é parte integrante do tratamento. Atividade Assistida por
Animais (AAA) é o desenvolvimento de atividades de entretenimento, recreação,
motivação que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida dos assistidos. A
Educação Assistida por Animais (EAA) são intervenções assistidas de cunho
pedagógico (CAPOTE e COSTA, 2011; PET PARTNERS, s/d).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um tema que tem atraído atenção
de inúmeros pesquisadores, entretanto, muitas são as abordagens terapêuticas para
a criança com autismo. Algumas delas envolvem estratégias comportamentais de
desenvolvimento; outras baseiam-se em integração sensorial ou treinamento de
habilidades sociais entre outras (ROGERS e VISMARA, 2008; REICHOW, 2012).O
autismo infantil é visto hoje como um transtorno de desenvolvimento de causas
neurobiológicas, caracterizado por dificuldades qualitativas e quantitativas, embora
muito abrangentes, afetam nas áreas da integração social, comunicação verbal e
não verbal e no comportamento, com início no nascimento ou antes dos 3 anos de
idade (SCHWARTZMAN, 2011). É reconhecido como uma condição envolvendo
disfunções neurobiológicas do sistema nervoso central com uma forte base genética,
envolvendo múltiplos genes. A precisão da etiologia do TEA ainda permanece
desconhecida por causa dos fenótipos comportamentais complexos e fatores
multigênicos caracterizando este transtorno. Além disso, a exposição ao meio
ambiente pode contribuir para a expressão variável de traços relacionados com o
autismo (MUHLE, TRENTACOSTE e RAPIN, 2004). Estudos recentes sugerem que
os efeitos da prole em desenvolvimento, resultantes de experiências estressantes,
dieta materna e infecções, idade avançada dos pais, prematuridade e baixo peso no
nascimento, podem agir através de mecanismos epigenéticos que resultam em
determinante predisposição às doenças, incluindo o autismo (BALE et al., 2010;
MUHLE, TRENTACOSTE e RAPIN, 2004; SHELTON, TANCREDI e HERTZ-
PICCIOTTO,2010).
No que se refere a estudos da TAA com crianças com TEA, (O'HAIRE, 2010)
foi observado que existe uma literatura em expansão que indica os benefícios da
saúde mental e física humana derivados da interação com animais de companhia.
Um estudo realizado por (ROMA, 2016) sobre a influência do cão na expressividade
emocional de crianças com TEA, onde verificou quais características dos cães na
14
terapia assistida as quais possibilitam alcançar êxito de pessoas com TEA e os
resultados sugeriram que os cães exibiram menor latência que humanos para todas
expressões emocionais analisadas. A hipótese de que as estratégias de intervenção
com base na exploração dos aspectos emocionais do relacionamento com um cão
podem representar uma ferramenta eficaz para amenizar a retirada de crianças com
TEA, visando alguns dos principais sintomas são levantadas por (BERRY et al.,
2013).
Diante do exposto acima, observa-se que existem diversos relatos de casos
de sucesso em terapia para crianças com autismo, mas poucas pesquisas apóiam a
eficiência da TAA de crianças com autismo, portanto,propomos este estudo com
objetivo de analisar o tempo de reação e adesão às sessões e os efeitos
comportamentais gerados em crianças que apresentam o TEA, através da
intervenção da TAA.
Para elucidar esse objetivo a tese consta de uma artigo publicado que relato o
histórico da terapia assistida por animais, bem como seus benefícios (“Terapia
assistida por animais e seus benefícios” v.9 nº9, de setembro de 2015-PubVet). Já
os resultados finais deste estudo resultaram em dois artigos intitulados “O cão como
mediador na terapia com crianças autistas” e “A terapia assistida por animais com
crianças que apresentam transtorno do espectro autista”.
15
2 Artigos
2.1 Artigo 1
Terapia assistida por animais e seus benefícios
Maria Teresa Duarte Nogueira e Márcia de Oliveira Nobre
Aceito para publicação na revista PubVet
16
Terapia assistida por animais e seus benefícios
Maria Teresa Duarte Nogueira1*; Márcia Oliveira Nobre2
1Psicóloga, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Veterinária da UniversidadeFederal de Pelotas-RS.2Médica Veterinária, Pós-Doutorado na UFPel, Coordenadora e orientadora do Programade Pós-Graduação da Universidade Federal de Pelotas-RS.*Autor para correspondência, E-mail: [email protected]
RESUMO
O presente ensaio baseou-se em um estudo teórico e teve por objetivo elucidar na literatura
especializada um breve histórico da Terapia Assistida por Animais, bem como seus
benefícios. Constatou-se que vários países reconhecem como método terapêutico científico,
inclusive o órgão que regulamenta os programas com animais nos Estados Unidos oficializou
a terminologia, pois muitos termos eram utilizados gerando certa confusão. No Brasil, trata-se
de um tema com estudos muito restritos. A Terapia Assistida por animais pode ser empregada
em programas destinados a diversos tipos de situações desde pessoas com dificuldades físicas,
mentais e emocionais. Vários autores descrevem sobre os efeitos positivos para os diferentes
tipos de pacientes submetidos ao tratamento como: melhora da capacidade motora, sensorial,
cognitiva, comunicação, melhora do sistema imunológico, da interação social, da
aprendizagem, das relações interpessoais, entre outros. Com base nos resultados deste estudo,
conclui-se que o contato com os animais com fins terapêuticos é uma ferramenta valiosa e que
pode ser aplicada em várias faixas etárias e em diferentes tipos de pacientes com necessidades
especiais, promovendo inúmeros benefícios, mas faz-se necessário desenvolver mais estudos
no Brasil para contribuição e avanço na área
Palavras chave: Método terapêutico, saúde humana, relação homem-animal
Animal assisted therapy and its benefits
ABSTRACT
The present thesis was based on a theoretical study and aimed to elucidate in the specialized
literature; a brief historical of Animal Assisted Therapy, as well as its benefits. It was found
that many countries recognize as a scientific therapeutic method, including the agency that
regulates programs with animals in the United States that has made official the terminology,
as many terms were used generating confusion. In Brazil, it is a theme with very restricted
studies. The animal-assisted therapy can be used in programs intended for various types of
17
situations from persons with physical, mental and emotional difficulties. Several authors
describe the positive effects for different types of patients undergoing treatment as improved
motor, sensory, cognitive ability, communication, improves the immune system, social
interaction, learning, interpersonal relationships, among others. Based on the results of this
study, it is concluded that contact with animals for therapeutic purposes is a valuable tool and
can be applied in various age groups and in different types of patients with special needs,
providing numerous benefits, but it makes necessary more studies in Brazil for contribution
and advancement in the area
Key words: Therapeutic method, human healthy, relation between man and animal
Introdução
A Terapia Assistida por Animais é reconhecida cientificamente em vários países,
como estados Unidos, Canadá e França. A terminologia correta e oficial é Animal Assisted
Therapy, de acordo com a Delta Society que é o órgão que regulamenta os programas com
animais nos Estados Unidos. Muitos termos foram utilizados anteriormente como pet terapia,
zooterapia, terapia facilitada por animais, entretanto para desfazer estas confusões de termos a
Delta Society dividiu o trabalho com animais em dois programas: a Atividade Assistida por
Animais (AAA) que se trata do desenvolvimento de atividades de entretenimento, recreação,
motivação e melhora da qualidade de vida, e a Terapia Assistida pro Animais (TAA) que se
trata de uma intervenção direcionada com critérios específicos, objetivos claros e dirigidos,
realizada por profissional da área da saúde com objetivo de desenvolver e melhorar aspectos
sociais, físicos, emocionais e cognitivos das pessoas envolvidas neste processo terapêutico,
onde o animal é parte integrante do processo de tratamento.
“(....) é uma prática que emprega o animal como integrante e principal do
tratamento, objetivando promover o bem-estar e a melhora psíquica, social,
cognitiva e até física de pacientes humanos. Ela parte do principio de que o
amor e amizade entre animais e seres humanos promovem a saúde e trazem
benefícios para a qualidade de vida do assistido” (Capote & Costa, 2011,
p.15).
Neste ensaio, o objetivo é realizar um breve histórico da evolução deste tipo de
método terapêutico, e de ampliar o conhecimento dos benefícios deste método de tratamento,
assim como situações de aplicação da Terapia Assistida por Animais.
18
Terapia assistida por animais e seus benefícios
A TAA originou-se intuitivamente, em 1792, na Inglaterra por William Tuke, em uma
instituição especializada para tratamento de pessoas com transtornos mentais. Em 1867, na
Alemanha, as terapias com pacientes psiquiátricos utilizaram-se dos animais, em 1942 foram
conhecidos os benefícios da Terapia Facilitada por Animais em pessoas com deficiências
físicas e mentais (Santos, 2006).
Segundo Dotti (2005), no Brasil a partir de 1955, os trabalhos da Dra. Nise da Silveira
no hospital psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, constituem
parte das primeiras tentativas nacionais do uso dos animais com fins terapêuticos. Entretanto,
décadas antes de se pensar em reforma psiquiátrica. De acordo com (Capote & Costa, 2011) a
doutora Nise já acreditava na possibilidade de o sofrimento psíquico ser passível de expressão
simbólica. Ela criou ateliês de pintura e modelagem, onde permitia que gatos e cachorros
circulavam entre os pacientes. A partir de uma vivência experimentada pela doutora, quando
encontrou uma cadela abandonada no hospital e entregou-a aos cuidados de um doente, este
assumiu o cuidado ao animalzinho e esta atitude fez com que este doente reatasse os vínculos
com a realidade. “Isto fez com que ela percebesse que os animais possuíam qualidades que os
tornavam um ponto de referência estável na vida do paciente, e em seu projeto atribui-lhes a
função de coterapeutas” (p.15).
Em 1926 entrevista realizada e publicada em 1957 no Journal of Psychology com o
médico psicanalista Sigmund Freud, disse: "Eu prefiro a companhia dos animais à companhia
humana, porque são tão mais simples. Não sofrem de uma personalidade dividida, da
desintegração do ego, que resulta da tentativa do homem de adaptar-se a padrões de
civilização demasiado elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem,
como o animal, é cruel, mas não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a
vingança do homem contra a sociedade, pelas restrições que ela impõe. As mais
desagradáveis características do homem são geradas por esse ajustamento precário a uma
civilização complicada. É o resultado do conflito entre nossos instintos e nossa cultura. Muito
mais desagradáveis são as emoções simples e diretas de um cão, ao balançar a cauda, ou ao
latir expressando seu desprazer. As emoções do cão (acrescentou Freud pensativamente)
lembram-nos os heróis da Antigüidade. Talvez seja essa a razão por que inconscientemente
damos aos nossos cães nomes de heróis antigos como Aquiles e Heitor."
Somente a partir dos anos 90, quando são implantados alguns centros de atendimento
de terapia assistida por animais é que o interesse volta a surgir (Dotti, 2005).
19
Em São Paulo, a médica veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs coordena o projeto
“Pet Smile” é a fundadora da Associação Brasileira de Zooterapia (ABRAZZO). Há dezessete
anos, começou a trabalhar com animais com o objetivo de interagir com crianças,
adolescentes e adultos em hospitais e instituições, onde constata a diminuição de
medicamentos, menor incidência de depressão e aumento da sobrevivência a infartos (Leal e
Natalie 2007).
Percebe-se que desde muito tempo os animais fazem parte do cotidiano e da história
das pessoas. Segundo Caetano (2010, p.16) os animais:
“estão situados no folclore, nos contos infantis, nas artes, nos desenhos, nas
estampas de roupas, em simbologias religiosas, nos mais diversos motivos,
inclusive da indústria. Além disso, são companheiros de milhões de pessoas
nas casas, nos apartamentos, no trabalho, como cães de guarda ou ainda,
como artistas de diversão nos circos, no cinema, no teatro. No sistema policial,
auxiliam no combate ao tráfico de drogas e na ciência como cobaias ou
primatas”.
Para Capote & Costa (2011), a TAA pode ser empregada em programas destinados ao
tratamento de distúrbios físicos, transtornos mentais e emocionais, mas necessário ser
acompanhada por profissionais qualificados da área da saúde, e os animais necessitam ser
acompanhados pelo médico veterinário, de modo a minimizar o potencial zoonótico e garantir
a qualidade de vida e o bem-estar dos animais terapeutas.
Dentre vários estudos realizados, contatou-se que ela vem sendo utilizada por muitos
profissionais, como psicólogos, médicos, enfermeiros, pedagogos, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas, veterinários, terapeutas ocupacionais e outros, e deve preferencialmente ser
aplicada por uma equipe multidisciplinar, pois cada profissional possui conhecimentos
específicos de sua área (Machado, 2008).
Vários autores descrevem sobre os efeitos positivos para os diferentes tipos de
pacientes submetidos à TAA. Frieson (2010) realizou um estudo com crianças em um
ambiente de sala de aula e constatou que os animais proporcionam um sistema de apoio social
e emocional para a criança, elevam a auto-estima da criança e faz com que seja mais fácil para
a criança se expressar.
Vaccari & Almeida (2007), consideram que a TAA aplicada em instituição hospitalar
traz consigo um aspecto importante de humanização, pois pode descontrair o clima tenso do
20
ambiente hospitalar, melhorar as relações interpessoais e facilitar a comunicação entre
pacientes e equipe de saúde.
A TAA também traz benefícios fisiológicos aos pacientes hospitalizados, tais como
diminuição da frequência cardíaca, pressão arterial e cortisol (hormônio do estresse) (Leal &
Natalie, 2007).
“Um estudo desenvolvido pelos pesquisadores Johannes Odendaal e Susan
Lehmann publicado em 2001 pelo Journal of the American Association of
Human Animal Bond Veterinarian (AAHABV) mostra que a interação entre
cães e humanos deflagra – em ambos – alterações hormonais que afetam o
nível de endorfinas beta, febilatalamina, prolactina e oxitocina por períodos
médios de 15 minutos. A liberação desta substância diminui no organismo a
ação do cortisol, o hormônio do estresse, provocando sensação de bem-estar.”
(Leal & Natalie, 2007, p. 42).
Capote & Costa (2011) realizaram um estudo de levantamento de pesquisas realizadas,
no período de 2003 a 2007 em outros países onde identificaram 42 estudos relacionados à
área, mas com diferentes abordagens, entre elas: ensaios teóricos sobre o vínculo homem-
animal, vínculo idosos-animais, vínculo paciente cardíaco-animal, benefícios do vínculo
homem-animal, vínculo pessoas com necessidades especiais-animais, internação hospitalar
vínculo homem-animal, paciente com câncer, paciente terminal, sistema prisional e animais,
entre outros. Já no Brasil foi encontrado 16 estudos, entre eles, artigos, livros, teses e
dissertações.
Conclusões
A Terapia Assistida por Animais pode ser aplicada em várias faixas etárias e em
diferentes tipos de pacientes com necessidades especiais, visto que a relação ser humanos
versus animal trás inúmeros benefícios, tanto para o homem como para o animal. Podem ser
utilizados em processos envolvendo todo tipo de pacientes, independente de opção sexual,
gênero, idade, etnia, raça, credo, classe social. Podem ser usados em qualquer ambiente, seja
residencial, hospitalar, em casas de repouso, asilos, assim como nos mais diversos distúrbios
físicos ou mentais, o que demonstra a universalidade de seu uso como recurso terapêutico. Os
benefícios são inúmeros desde a melhora nos aspectos físicos, sociais, cognitivos, emocionais
e no sistema imunológico.
21
Faz-se necessário, o desenvolvimento de mais estudos no Brasil, no qual tem grandes
chances de ser ampliado em vista de outros países como Inglaterra, Estados Unidos, entre
outros.
Finalizando, fica evidente com este estudo, o crescimento de pesquisas nas últimas
décadas, ou seja, o interesse pelo tema, o que nos remete a idéia de que está se consolidando o
reconhecimento do elo entre humanos e animais.
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22
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integral foi publicado no volume Psychoanalysis and the Fut, número especial do "Journal
of Psychology" de Nova York, em 1957.
23
2.2 Artigo 2
O cão como mediador para inserção na terapia com crianças autistas
Maria Teresa Duarte Nogueira; Sabrina de Oliveira Capella; Everton Anger
Cavalheiro; Thaíse Campos Mondin; Iná Santos; Rita de Cássia M. Cóssio
Rodriguez; Márcia de Oliveira Nobre
Será submetido ao periódico Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia/Brazilian Journal of Veterinary and Animal Science
24
O cão como mediador para inserção na terapia com crianças autistas1
2
The dog as a mediator for insertion of autistic children in therapy3
4
5
M.T.D. Nogueira1; S. de O. Capella 2; E.G. Cavalheiro3;; T.C. Mondin4; I. Santos5; R.de6
C.M.C. Rodriguez6, M. de O. Nobre77
81Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Pelotas- RS9
2 Programa de Pós-Graduação em Veterinária - Universidade Federal de Pelotas - RS103Centro de Engenharias - Universidade Federal de Pelotas- RS114Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Pelotas- RS125Faculdade de Medicina - Universidade Federal de Pelotas- RS13
6Instituto de Biologia - Universidade Federal de Pelotas - RS147 Faculdade de Veterinária - Universidade Federal de Pelotas - RS15
16
17
Resumo18
19
O objetivo deste estudo foi avaliar o tempo de reação e adesão às sessões de terapia assistida20
por animais com crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Trata-se de um estudo21
clínico randomizado com 38 crianças que apresentam o transtorno do espectro autista, na22
faixa etária de três a seis anos, divididas em dois grupos de diagnóstico comparável (grupo23
experimental e controle). Em ambos os grupos foram realizadas intervenções psicoterápicas24
de forma individual, no grupo experimental foi inserido o cão nas sessões, o tempo adesão e25
reação foram registrados em minutos em todas as sessões. Foi possível verificar que as26
crianças que apresentam TEA em nível de apoio 1 e 2, que tiveram a presença do cão nas27
sessões de psicoterapia - apresentaram um melhor tempo de reação e adesão à sessão em28
relação às do grupo controle. Conclui-se que a presença do cão na sessão de terapia com29
crianças que apresentam transtorno do espectro autista é um fator motivacional para a30
inserção e permanência na sessão psicoterapêutica31
32
Palavras-chave: transtorno do espectro autista;,psicoterapia mediada por cães, tempo reação,33
tempo de adesão, vínculo34
25
Abstract35
The objective of this study was to evaluate the reaction time and adherence to the assisted36
therapy sessions of animals of children with autistic spectrum disorder (ASD). It is a37
randomized clinical study with 38 children with autism spectrum disorder, aged three to six38
years, divided into two groups of comparable diagnosis, experimental and control groups. In39
both groups, individual psychotherapeutic interventions were performed, the experimental40
group was used to insert the dog in the sessions, adhesion time and reaction time were41
recorded every minute in all sessions. It was possible to verify that children with ASD at42
support level 1 and 2, who had the presence of the dog in the sessions of psychotherapy43
presented a better reaction time and adhesion time to the session in relation to the control44
group. It is concluded that the presence of the dog in the session of therapy with children who45
present autism spectrum disorder, is a motivational factor for an insertion and permanence in46
the psychotherapeutic session47
48
Keywords: autism spectrum disorder, dog-mediated psychotherapy, reaction time, adhesion49
time, bond50
51
Introdução52
Os animais fazem parte da sociedade humana há muitos séculos, mas o uso intencional e53
sistemático destes como suporte terapêutico iniciou a partir dos séculos XVIII e XIX. O54
Psicólogo infantil Boris Levinson foi o primeiro a integrar a terapia assistida por animais55
(TAA) nos atendimentos em psicologia clínica. O referido psicólogo descobriu que, quando56
seu cão Jingles estava presente durante a terapia, ocorria um progresso significativo quando57
comparado com as sessões durante as quais Jingles não estava presente (Macauley, 2006),58
todavia,o estabelecimento de vínculo com o cão, ou seja, a promoção da socialização e59
afetividade através do contato direto entre criança-animal, facilitaria o desenvolvimento de60
vínculos. Atualmente dentre as intervenções assistida por animais (IAA) está a TAA, que trata61
de uma abordagem integrativa para melhorar o tratamento de várias preocupações com a62
saúde (Morrison, 2007).63
Dentre os transtornos do desenvolvimento, o autismo atualmente representa um grande64
desafio em decorrência do aumento da frequência de diagnósticos, dificuldades do65
diagnóstico precoce, resposta ao tratamento e o envolvimento familiar. Os dados66
epidemiológicos mais recentes sobre a incidência do autismo, segundo estimativa da67
26
Organização Mundial de Saúde (OMS), é de que 70 milhões de pessoas no mundo tem68
autismo e a estimativa no Brasil, é de aproximadamente dois milhões de pessoas.69
As pessoas que apresentam TEA tem como características essenciais prejuízo persistente na70
comunicação social recíproca e na interação social, padrões restritos e repetitivos de71
comportamento, interesses ou atividades. Esses sintomas devem apresentar-se antes dos três72
anos de idade, e isso é fundamental para o diagnóstico. Assim, o transtorno pode manifestar73
déficits na reciprocidade socioemocional, nos comportamentos comunicativos não verbais74
utilizados para a interação social e no desenvolvimento, manutenção e adequação das relações75
em variados contextos sociais (DSM-5). Sua etiologia ainda é desconhecida e continua76
apresentando muita controvérsia, apesar de vir sendo estudado há seis décadas. O diagnóstico77
é realizado principalmente por meio de avaliação clínica abrangente, o qual inclui vida útil e78
história familiar, revisão de informações médicas e educacionais, registros, observação79
comportamental, exame físico, administração de instrumentos padronizados, avaliação80
adaptativa e revisão do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders e International81
Classification of Diseases estabelecido critério de diagnóstico, não há exames laboratoriais82
que identifique o TEA, logo, quanto mais precoce o diagnóstico for realizado, maior a83
probabilidade de avanços desta criança (Blenner, Reddy e Augustyn, 2011).84
Um dos tratamentos terapêuticos que vem apresentando maior eficácia para o TEA é o que85
utiliza os pressupostos comportamentais que visam promover condutas mais86
adaptativas. Estudos têm demonstrado uma grande variedade de situações e patologias que a87
terapia assistida por animais no campo da psicologia mostra-se benéfica com a diminuição88
dos níveis de estresse e da ansiedade no desenvolvimento de habilidades sociais, além de89
melhora do comportamento social e no desenvolvimento cognitivo, entre outras (Martin e90
Farnum, 2002; Prothmann et al., 2005; Viau et al., 2010; O'Haire, 2010). O cão, devido à sua91
sociabilidade, tem se mostrado facilitador de uma relação terapêutica, podendo oportunizar92
inúmeras contribuições comportamentais, afetivas e sociais, (Hare e Tomasello, 2005).93
Para que a terapia seja eficaz, inicialmente faz-se necessário a construção de vínculo entre a94
criança e o psicoterapeuta, sendo essa uma das maiores dificuldades, pois um dos déficits nas95
interações sociais dessas crianças é a dificuldade em se relacionar com os outros em razão da96
ausência de reciprocidade e de respostas emocionais, dificultam a criação de vínculos para97
uma efetiva reação, ou seja, o tempo que a criança manifesta para reagir diante de uma sessão98
psicoterapêutica e a adesão é o tempo que ela permanece na sessão. Os estudos da TAA com99
crianças autistas ainda são exíguos, sendo compostos principalmente por relatos de casos e100
27
por estudos com amostras pequenas, assim, propomos este estudo com objetivo de avaliar o101
tempo de reação e adesão às sessões de TAA com crianças que apresentam o TEA.102
103
Materiais e Métodos104
A pesquisa foi desenvolvida na forma de ensaio clínico randomizado com 38 crianças com105
diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), no Centro de Atendimento ao Autista Dr.106
Danilo Rolim de Moura- Pelotas/RS-Brasil. No que se refere aos aspectos éticos, o estudo foi107
aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina-UFPel (n° 1258870) e108
pela comissão de ética em experimentação animal-UFPel (nº 5612), bem como solicitada109
concordância dos pais para participação no estudo.110
Como critérios de inclusão elegeu-se crianças com idade entre 3 a 6 anos, com diagnóstico do111
TEA, conforme o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). As112
crianças de forma randomizada foram separadas em dois grupos (experimental e controle) em113
ambos com 16 meninos e 3 meninas. De acordo com os especificadores de gravidade114
apresentados no DSM-5, foram classificadas por nível de gravidade do TEA, sendo nível 1115
“exigindo apoio”, sendo na ausência de apoio apresenta déficits na comunicação social que116
causam prejuízos notáveis, dificuldade para iniciar interações sociais, inflexibilidade de117
comportamento causando interferência significativa no funcionamento em um ou mais118
contextos e dificuldade em trocar de atividade; o nível 2 “ exigindo apoio substancial”119
apresenta déficits nas habilidades de comunicação verbal e não-verbal, prejuízos sociais120
aparentes, limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal,121
inflexibilidade de comportamento, dificuldade em lidar com a mudança ou outros122
comportamentos restritivos-repetitivos aparecem com frequência e interferem no123
funcionamento em uma variedade de contextos; o nível 3 “exigindo apoio muito substancial”124
apresenta déficits graves nas habilidades de comunicação verbal e não-verbal, grande125
limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima, inflexibilidade de126
comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos127
restritivos-repetitivos interferem acentuadamente no funcionamento em todas as esferas.128
Os grupos foram divididos em experimental e controle, em ambos os grupos era realizada129
uma sessão por semana, de forma individual, com duração de trinta minutos, totalizando 10130
sessões com cada criança, considerando a semana 1 como baseline e a sessão 10 pós-131
intervenção (com atendimento e avaliação final). A diferença entre os grupos era que no132
experimental havia a presença do cão e do seu mediador e no controle havia presença somente133
do psicólogo. De acordo com os níveis de autismo no grupo controle haviam sete crianças134
28
(36,8%) do nível 1, nove (47,4) nível 2 e três (15,8) nível 3 e no grupo experimental nove135
crianças (47,4) nível 1, sete(36,8) nível 2 e três(15,8) nível 3.136
Os coterapeutas, que fizeram parte das intervenções são oriundos do Projeto Pet terapia137
(Faculdade de Veterinária/UFPel). Os cães desse projeto, possuem um rigoroso controle de138
saúde e do comportamento, realizado por veterinário. Além de serem treinados e capacitados139
diariamente para o desenvolvimento de cada uma das atividades exigidas pela terapia assistida140
por animais.141
As sessões eram realizadas sempre na mesma sala preparada para o atendimento que142
disponibilizava colchonete e brinquedos de acordo com a proposta a ser trabalhada na sessão.143
Para o desenvolvimento da terapia, a criança era conduzida a essa sala juntamente com a144
psicóloga (grupo controle) e no experimental além da psicóloga havia a presença da145
veterinária e o cão mediador. Em todas as sessões o cão foi inserido imediatamente na sala de146
atendimento, entretanto a inserção destes como mediadores nas sessões ocorriam147
gradualmente de acordo com o nível de aceitação de cada criança, mas sempre priorizou-se148
desenvolver atividades que possibilitasse a interação deste com a criança e terapeutas. O149
desenvolvimento de atividades de cada sessão variava de acordo com o nível de autismo e as150
necessidades de cada criança. Trabalhou-se desde os déficits na comunicação social, interação151
social e alguns comportamentos através de atividades lúdicas, jogos, histórias e desenhos. A152
terapeuta incentivava a criança de forma acolhedora a saudação, e motivava está a interagir153
com o material lúdico apresentado na sessão. No grupo experimental além dos recursos154
lúdicos a criança também era incentivada com o cão através de saudações, contato, interação e155
atitudes de afeição. Desta forma o cão atuava como mediador facilitando o trabalho156
terapêutico junto com a criança. Dez minutos antes de encerrar a sessão a criança era157
convidada para preparar o cão para o processo de despedida e isto incluía a escovação de158
pelos e colocação de colete de identificação.159
O tempo de reação e adesão foi registrado em minutos durante as 10 sessões. Foi considerado160
o tempo de reação o momento em que a criança iniciava a interagir na ação terapêutica, ou161
seja, demonstrava uma primeira reação diante ao que lhe era apresentado como proposta de162
atividade para cada sessão. Para o tempo de adesão foi considerado o tempo que esta163
permanecia na sessão, a partir do tempo de reação, sendo no máximo 30 minutos.164
Os resultados obtidos neste estudo foram analisados de forma quantitativa. Na análise dos165
tempos de reação e adesão foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Foi166
utilizado o modelo linear generalizado para medidas repetidas a fim de verificar o efeito dos167
dois modelos de intervenção experimental e o grupo controle (p<0.001). Foram considerados168
29
resultados significativos os valores de p inferiores a 0,05. Os dados foram analisados através169
do programa estatístico SPSS (Statistical Package of Social Science), versão 24.0 para170
Windows.171
172
Resultados e Discussões173
Com relação ao tempo de reação se obteve um resultado notável do grupo experimental174
quando comparado ao controle, demonstrando diferenças significativas em sete sessões das175
dez analisadas (tabela 1). Na sessão 1 (baseline), o tempo foi significativamente (p=0,001)176
menor de reação 0 minutos (IQR 0 -5.0) quando comparado ao grupo controle 10 min (5.0-177
15.0), semelhante resultando foi encontrado nas sessões 2, 3, 6, 8, 9 e 10. Somente nas178
sessões 4, 5 e 7 não houveram diferenças significativas, mas numericamente o grupo179
experimental apresentou melhores resultados que o grupo controle. O cão foi motivador para180
uma reação imediata em todas as sessões, com tempo 0 em todas. No grupo controle pode se181
observar que no decorrer das sessões o tempo de adesão foi diminuindo, 10 (5.0-15.0)min182
baseline e 5 (0-10.0)min no pós-intervenção. Considerando os dois grupos, observou-se que183
as sessões terapêuticas desenvolvidas periodicamente foram diminuindo o tempo de reação da184
criança a sessão, mas o uso do cão como mediador motivou a criança a participar da sessão de185
forma mais rápida, sendo fundamental para estabelecimento do vínculo na relação terapêutica186
resultando que as crianças do grupo experimental apresentaram uma média de tempo melhor187
de reação à sessão em relação às do grupo controle.188
Quanto ao tempo de adesão o grupo experimental também apresentou resultados satisfatórios189
apresentando uma mediana de tempo máximo em todas as sessões, demonstrando diferenças190
significativas nas semanas 1(baseline), 2, 3, 6, 8, 9 e 10(pós-intervenção), demonstrando em191
todas as sessões maiores medianas em minutos quando comparado ao grupo controle, do192
baseline: experimental 30 min (25.0 – 30.0) e controle 20.0 min (15.0 – 25.0), (p = 0.001), ao193
pós intervenção experimental 30 min (25.0 – 30.0) e controle 25.0 (20.0 – 25.0) (p=0.015). As194
sessões que não apresentaram diferenças significativas entre os grupos foram a sessão 4; 5; e195
7:(Tabela 1). Podemos verificar que a presença do animal contribuiu para uma imediata196
interação à TAA, e que o cão serviu como ponte para que o terapeuta conseguisse esta adesão197
mais rápido comparada às crianças do grupo controle. A presença de um cão permite que os198
pacientes respondam de forma melhor e mostram-se mais dispostos na sessão (Schneider e199
Harley, 2006). As crianças autistas interagiam com o cão, durante a sessão terapêutica, com200
maior frequência e por períodos mais longos em comparação com objetos ou uma pessoa201
(Prothmann et al., 2005). O cão ao ser capaz de responder carinhosamente a atenção humana,202
30
provoca um comportamento pró-social, comportamentos e sentimentos positivos serviram203
como catalisador social de capacidade única para atuar como uma ponte emocional em204
contextos terapêuticos específicos (McNicholas e Collis, 2000).205
a= IQR= intervalo interquartil206b= Test-t pareado do baseline ao pós intervenção no grupo experimental p<0.001 no grupo207experimental. Grupo controle do baseline ao pós intervenção no grupo experimental p=0.009208
209
210
Tabela 1: A mediana e o intervalo interquartil do tempo de reação e adesão entre ogrupo controle e grupo experimental
Experimental Controle F, x2 p-valor
mediana (minutos)(IQRa)
mediana (minutos)(IQR)
Tempo reação b
1 Baseline 0 (0 - 5.0) 10 (5.0 -15.0) 204.0 0.001
2 0 (0 - 10.0) 12.5 (5.0 - 15.0) 201.0 0.001
3 0 (0 - 5.0) 10.0 (5.0 - 13.7) 184.5 0.009
4 0 (0 - 5.0) 5.0 (3.75 - 10.0) 126.0 0.094
5 0 (0 - 3.75) 5.0 (0.9 - 5.0) 133.0 0.090
6 0 (0 - 0) 5.0 (5.0 - 10.0) 159,0 0.004
7 0 (0 - 5.0) 5.0 (0 - 10.0) 174,0 0.179
8 0 (0 - 2.5) 5.0 (3.7 - 10.0) 230,0 0.010
9 0 (0 - 5.0) 5.0 (0 - 10.0) 261.5 0.017
10 Pós-intervençãoc 0 (0 - 5.0) 5.0 (0 - 10.0) 254.00 0.015
Tempo Adesão1 Baseline 30.0 (25.0 - 30.0) 20.0 (15.0 - 25.0) 36.00 0.001
2 30.0 (25.0 - 30.0) 20.0 (15.0 - 25.0) 37.00 0.001
3 30.0 (25.0 - 30.0) 20.0 (16.2 - 25.0) 55.5 0.009
4 30.0 (25.0 - 30.0) 25.0 (20.0 - 26.2) 56.0 0.094
5 30.0 (27.5 - 30.0) 25.0 (20.5 - 30.0) 61.0 0.073
6 30.0 (30.0 - 30.0) 25.0 (20.0 - 30.0) 36.0 0.004
7 30.0 (25.0 - 30.0) 25.0 (20.0 - 30.0) 98.0 0.179
8 30.0 (27.5 - 30.0) 25.0 (20.0 - 26.2) 76.0 0.0109 30.0 (25.0 - 30.0) 25.0 (20.0 - 25.0) 99.5 0.017
10 Pós-intervenção 30.0 (25.0 - 30.0) 25.0 (20.0 - 25.0) 98.0 0.015
31
Já em relação aos níveis de autismo frente ao tempo de reação e adesão (figura1), foi211
observado que há uma diferença entre os níveis 1 e 2 em relação ao nível 3. No tempo de212
reação, observou-se que o maior tempo corresponde ao nível 3 experimental e controle.213
Observou-se também que o tempo menor foi do nível 1 experimental, enquanto o nível 1 do214
controle se igualou ao do nível 2 do experimento. O nível 3 do controle teve um tempo menor215
do que o nível 3 experimental, contudo, a partir da 6ª sessão, permaneceu próximo ao216
experimental. Observa-se que as crianças de nível 1 com a inserção do cão vinculam-se quase217
que imediatamente à sessão psicoterapêutica, enquanto que as crianças de nível 2 necessitam218
de mais tempo, mas que se ainda comparadas ao grupo controle, essas apresentam uma reação219
à TAA bem maior. Já as crianças do nível 3, independente do tratamento, necessitam de um220
número maior de sessões para inserir-se na psicoterapia, esse resultado se justifica pelo fato221
de que são crianças que necessitam de muito apoio pelos prejuízos que apresentam. Os222
pacientes respondem de forma melhor e mostram-se mais dispostos na sessão com a presença223
do cão. A inserção de um cão pode servir de mediador da sociabilidade humana e com isso224
facilitar a relação (Schneider e Harley, 2006; Solomon, 2010). Esse resultado é inédito,225
evidenciando que independentemente do nível de autismo 1 ou 2, a presença do cão como226
mediador facilita a vinculação com estas crianças. Constatou-se que estas crianças com a227
inserção do cão permanecem por mais tempo na sessão de psicoterapia comparadas as do228
grupo controle.229
230231
232233234235236
32
Conclusão237
As conclusões deste estudo da terapia assistida por animais, evidencia a redução do tempo de238
reação e o aumento do tempo de adesão na intervenção psicoterapêutica com crianças que239
apresentam o transtorno do espectro autista, principalmente para aquelas classificadas nos240
níveis de apoio 1 e 2, em que a presença do cão na sessão de psicoterapia é um fator241
motivacional para esta entrar na ação psicoterapêutica. A terapia assistida por animais em242
crianças com transtorno do espectro autista nível 3 tem uma resposta menor do que o243
tratamento convencional e isto se dá pelo fato de que são crianças que apresentam um nível de244
gravidade bem elevado, pelos déficits graves na comunicação verbal e não-verbal, interação245
social e comportamentos repetitivos e restritos, portanto são crianças que necessitam de um246
apoio muito substancial, o que difere das crianças de nível 1 e 2.247
248
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35
2.3 Artigo 3
A terapia assistida por animais com crianças que apresentam transtorno doespectro autista
Maria Teresa Duarte Nogueira; Fernanda Dagmar Martins Krug; Ana Laura CruzeiroSzortyka; Iná Santos; Rita de Cássia M. Cóssio Rodriguez; Márcia de Oliveira Nobre
Será submetido à revista Ciência & Saúde Coletiva
36
Terapia assistida por animais com crianças que apresentam
transtorno do espectro autista
Assisted therapy by animals with children who present
autism spectrum disorder
Maria Teresa Duarte Nogueira; Fernanda Dagmar Martins Krug; Ana Laura Sica Cruzeiro
Szortyka; Iná Santos; Rita de Cássia Morem Cóssio Rodriguez; Márcia de Oliveira Nobre
Resumo
O objetivo do estudo apresentado foi investigar os efeitos da terapia assistida por animais
(TAA) com crianças que apresentam transtorno do espectro autista (TEA) em relação a
alterações de condutas normalmente apresentadas como: a dificuldade na interação social,
manipulação do ambiente, mímica inexpressiva, falta de atenção, falta de iniciativa e reações
inapropriadas ante a frustração. Trata-se de um estudo clínico randomizado com 38 crianças
que apresentam TEA, na faixa etária de três a seis anos, divididas em dois grupos de
diagnóstico comparável, grupo experimental e controle. Em ambos os grupos, foram
realizadas intervenções psicoterápicas de forma individual, no grupo experimental foi inserido
o cão nas sessões, essas foram filmadas e realizado diário de campo em todas as sessões. Os
resultados desse estudo, identificaram que as crianças do grupo experimental demonstraram
comportamentos mais positivos em relação ao contato com o ambiente, melhora na
comunicação verbal e não-verbal, na atenção, na concentração, na iniciativa e diminuiu
reações inapropriadas ante a frustração quando comparadas ao grupo controle. A TAA é um
método eficaz para o desenvolvimento de algumas características como a interação social,
atenção, mímica, tolerância à frustração para crianças que apresentam TEA
Palavras-chave: autismo, cão, terapia, comportamento, sintomas autísticos
Abstract
The aim of the present study was to investigate the effects of animal assisted therapy (TAA)
with children with autistic spectrum disorder (ASD) with regard to changes in behaviors
usually presented as: difficulty in social interaction, manipulation of the environment, lack of
37
attention, lack of initiative, and inappropriate reactions to frustration. It is a randomized
clinical study with 38 children with ASD, aged three to six years, divided into two groups of
comparable diagnosis, experimental group and control group. In both groups, individual
psychotherapeutic interventions were performed, in the experimental group the dog was
inserted in the sessions, these were filmed and the field diary was performed in all sessions.
The results of this study showed that the children in the experimental group showed more
positive behaviors in relation to the environment, improved verbal and nonverbal
communication, attention, concentration, initiative and decreased inappropriate reactions to
frustration when compared to the control group. TAA is an effective method for the
development of some characteristics such as social interaction, attention, mimicry, frustration
tolerance for children with ASD
Keywords: autism, dog, therapy, behavior, autistic symptoms
Introdução
O transtorno do espectro autista (TEA) é visto hoje como um distúrbio do desenvolvimento
neurológico, caracterizado por uma tríade de déficits de reciprocidade social, comunicação
prejudicada e padrões restritos repetitivos de comportamento ou interesses, com início na
primeira infância, sempre antes dos 3 anos de idade1. É reconhecido como uma condição
envolvendo disfunções neurobiológicas do sistema nervoso central com uma forte base
genética, envolvendo múltiplos genes. A precisão da etiologia do TEA ainda permanece
desconhecida por causa dos fenótipos comportamentais complexos e fatores multigênicos
caracterizando este transtorno. Além disso, a exposição ao meio ambiente pode contribuir
para a expressão variável de traços relacionados com o autismo2. Estudos recentes sugerem
que os efeitos da prole em desenvolvimento, resultantes de experiências estressantes, dieta
materna e infecções, idade avançada dos pais, prematuridade e baixo peso no nascimento,
pode agir através de mecanismos epigenéticos que resultam em determinante predisposição às
doenças, incluindo o autismo2,3,4.
Muitas são as abordagens terapêuticas para o autismo infantil. Algumas delas envolvem busca
de estratégias comportamentais de desenvolvimento; outras baseiam-se em melhora na
integração sensorial ou treinamento de habilidades sociais, entre outras5,6. Uma das hipóteses
é de que as estratégias de intervenção com um cão podem representar uma ferramenta eficaz
para atuar como catalisador inicial para suportar interações sociais com pessoas que
apresentam o TEA7.
38
Conhecida como intervenção assistida por animais (IAA), a terapia assistida por animais
(TAA) é um programa terapêutico que utiliza o animal como mediador na terapia. É notório
que a convivência com os animais tem demosntrado muitos efeitos fisiológicos e pscológicos
para a saúde do ser humano. A TAA vem obtendo resultados mais eficientes com animais que
podem ser tocados, neste caso o cão, o animal mais utilizado, por apresentar natural afeição
pelas pessoas, tem se mostrado facilitador de uma relação terapêutica, podendo oportunizar
inúmeras contribuições como mudanças comportamentais, sentimentais, afetivas e sociais8. É
um tema que tem atraído atenção de inúmeros pesquisadores interessados no estudo do TEA.
No que se refere a estudos da TAA com crianças com TEA9 observou que existe uma
literatura em expansão que indica os benefícios da saúde mental e física humana derivados da
interação com animais de companhia.
Entendendo que o autismo infantil é visto hoje como um transtorno de desenvolvimento
caracterizado por incapacidade qualitativa na integração social, na comunicação verbal e não
verbal, com repertório de atividades e interesses acentuadamente restritos10 e que existem
diversos relatos de casos de sucesso em terapia para crianças com autismo, mas poucas
pesquisas apóiam a eficiência da TAA de pessoas com autismo por falta de uma metodologia
padrão e estudos com amostras maiores para avaliar sua eficácia usando estudos
randomizados controlado12. Este estudo tornou-se inédito na medida em que objetivou
analisar os efeitos da TAA com crianças que apresentam TEA com relação a alterações de
condutas normalmente apresentadas como: a dificuldade na interação social, manipulação do
ambiente, mímica inexpressiva, falta de atenção, falta de iniciativa e reações inapropriadas
ante a frustração, características essas consideradas importantes para o desenvolvimento da
criança autista.
Materiais e Métodos
A pesquisa foi desenvolvida na forma clinica randomizada com 38 crianças com diagnóstico
de transtorno do espectro autista (TEA), no Centro de Atendimento ao Autista Dr. Danilo
Rolim de Moura- Pelotas/RS-Brasil. No que se refere aos aspectos éticos o estudo foi
aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Faculdade de Medicina-UFPel (n° 1258870) e
pela comissão de ética em experimentação animal-UFPel (nº5612), assim como solicitada
concordância dos pais para participação no estudo.
Como critérios de inclusão elegeu-se crianças com idade entre 3 a 6 anos, com diagnóstico do
TEA, independentemente do nível de autismo, conforme o Diagnostic and Statistical Manual
39
of Mental Disorders (DSM-V). As crianças de forma randomizada foram separadas em dois
grupos (experimental e controle) em ambos com 16 meninos e 3 meninas.
Inicialmente, foram analisados os prontuários existentes na instituição, as entrevistas de
anamnese e os inventários de interesse. Para identificação dos sintomas que apresentavam
cada criança, foi realizada entrevista com os pais para aplicação da escala de traços autísticos
(ATA)11, onde em cada subescala foi registrado os sintomas que a criança apresentou,
porém,das 23 subescalas desta prova que nos forneceu o perfil conductual de cada criança,
optou-se, neste estudo avaliar 6 subescalas, nas quais foram as que mais pontuaram como
características das crianças, referentes aos domínios da dificuldade na interação social (não
sorri, ausência de aproximações espontâneas, não busca companhia, busca constantemente
seu cantinho, evita pessoas, é incapaz de manter um intercâmbio social e isolamento intenso);
manipulação do ambiente (não responde às solicitações, mudança repentina de humor,
mantém-se indiferente sem expressão, risos compulsivos, birra e raiva passageira e excitação
motora ou verbal); mímica inexpressiva (se fala, não utiliza a expressão facial-gestual ou
vocal com a frequência esperada, não mostra uma reação antecipatória, não expressa através
da mímica ou olhar aquilo que quer ou o que sente e imobilidade facial); falta de atenção
(dificuldades na atenção e concentração, às vezes fixa a atenção em suas próprias produções
sonoras ou motoras dando a sensação de que se encontra ausente, quando realiza uma
atividade fixa a atenção por curto espaço de tempo ou é incapaz de fixá-la, age como se fosse
surdo, tempo de latência de resposta aumentado-entende as instruções com dificuldade,
resposta retardada e muitas vezes dá a sensação de ausência); falta de iniciativa (é incapaz de
ter iniciativa própria, busca a comodidade, passividade-falta de interesse, lentidão e prefere
que outro faça o trabalho para ele); reações inapropriadas ante a frustração (reações de
desagrado caso seja esquecida alguma coisa, reações de desagrado caso seja interrompida
alguma atividade que goste, desgostoso quando os desejos e as expectativas não se cumprem
e reações de birra).
Para o grupo experimental, foram realizadas duas sessões visitas com caráter de apresentação
e interação. Nessas, foram desenvolvidas atividades lúdicas onde os terapeutas agiram como
facilitadores mostrando que não há riscos, aproximando a criança do cão de forma
progressiva. Para as sessões seguintes, foi realizado um plano de trabalho de acordo com as
necessidades de cada criança identificadas a partir dos resultados obtidos na ATA, análise dos
prontuários da instituição e das observações dos psicoterapeutas.
No grupo experimental foi realizada a intervenção da terapia assistida por animais de forma
individual, sendo realizada, uma sessão por semana, com duração de trinta minutos,
40
totalizando 10 sessões, com cada criança. No grupo controle foi utilizada a mesma
metodologia, sem a presença do cão.
Os cães mediadores da relação terapêutica, que fizeram parte das intervenções são oriundos
do Projeto Pet terapia (Faculdade de Veterinária/UFPel). Os cães desse projeto possuem um
rigoroso controle de saúde, higiene e comportamento, que inclui a vacinação, controle de ecto
e endoparasitas, exames clínicos e hematológicos rotineiros e tratamento dentário periódico.
Em relação a higiene os cães são higienizados com produtos neutros antes das atividades
terapêuticas, dentes escovados, orelhas limpas e pelagem escovada. Quanto aos
comportamentos são treinados e capacitados diariamente para o desenvolvimento das
atividades de intervenções.
Para as atividades os cães foram treinados semanalmente, de acordo com as atividades que
eram desenvolvidas, utilizaram coletes educativos com objetivo de motivar o contato da
criança com o cão, pois nestes coletes estão fixados bolsos, zíperes e botões coloridos que
facilitaram como técnica de trabalho.
As sessões eram realizadas sempre na mesma sala preparada para o atendimento, dispondo de
colchonetes e brinquedos de acordo com a proposta a ser trabalhada na sessão. Para o
desenvolvimento da terapia a criança era conduzida a esta sala juntamente com a psicóloga
(grupo controle) e no grupo experimental, além da psicóloga havia a presença da veterinária e
o cão mediador. A partir deste momento a criança era motivada a entrar na ação terapêutica
através dos recursos lúdicos presentes para aquela sessão. O desenvolvimento de atividades
de cada sessão ocorria de acordo com as necessidades de cada criança. Trabalhou-se desde os
déficits na interação social, comportamentos apresentados em resposta ao ambiente,
comunicação não-verbal, atenção concentrada, iniciativa até reações inapropriadas ante a
frustração, através de atividades lúdicas, jogos, histórias e desenhos.
Nos dois grupos as atividades eram desenvolvidas de acordo com a necessidade da criança, e
a terapeuta incentivava esta, de forma acolhedora a interagir com o material lúdico, ou seja, o
mesmo utilizado em ambos os grupos, apresentado na sessão. No grupo experimental além
desses recursos lúdicos havia a presença do cão, inicialmente a criança era incentivava à
saudar o cão, acariciá-lo, tirar o colete para penteá-lo, e a partir desse momento, dava-se inicio
ao desenvolvimento da proposta para aquela sessão através dos jogos pet, passagem pelo
túnel, bolinhas de sabão, leitura de histórias, carinhas com as emoções, jogo de quebra-cabeça
com personagem do cão, mola maluca, música, conversar com o uso do microfone entre
outros. Desta forma o cão atuava como mediador facilitando o trabalho terapêutico junto com
a criança. Dez minutos antes de encerrar a sessão a criança era convidada para preparar o cão
41
para o processo de despedida e isto incluía a escovação de pelos e colocação de colete de
identificação.
Todas as sessões foram registradas em diário de campo e filmadas com câmera GoPro
HERO+ e após foi realizada análise estatística da evolução dos sintomas na primeira, quinta e
décima sessão, apresentados por cada criança eleitos para serem trabalhados nas sessões de
terapia. Para o registro dos resultados foi utilizado o programa estatístico SPSS (Statistical
Package of Social Science), versão 24.0 para Windows. Na análise descritiva foi utilizado o
teste não paramétrico de Mann-Whitney para verificar a proporção de crianças que
apresentaram os sintomas propostos para análise e o efeito dos dois modelos de intervenção
(controle vs. experimento).
Resultados e Discussões
Este estudo demonstrou que os avanços dos sintomas considerados positivos foram
identificados nas crianças do grupo experimental comparadas ao controle, apresentados na
tabela 1.
Analisando o domínio da interação social- considerada uma das características muito
presentes no TEA e que pode apresentar-se desde formas mais leves até mais graves como um
intenso isolamento - verificou-se que, dos sete sintomas referentes a este domínio, dois
apresentaram diferenças significativas entre os grupos, ou seja, no sintoma aproximação
espontânea. Verificou-se na primeira sessão de psicoterapia uma tendência (p=0.053) de
ganho deste sintoma no grupo experimental quando comparado ao controle, entretanto, já na
primeira sessão o cão facilitou a aproximação da criança à sessão. A presença do animal na
terapia com autistas atua como um catalisador para a interação social e favorece um ambiente
terapêutico mais confortável7. Na quinta sessão, o grupo experimental também apresentou
diferença significativa (p=0,040) comparada ao controle, demonstrando novamente que a
presença do cão é um fator motivacional. Já, na décima sessão não se identificou diferença
significativa entre os grupos, mas observou-se que as crianças do grupo experimental se
mantiveram, realizando aproximações espontâneas. Todavia, é importante salientar que as
crianças do grupo controle, embora não apresentaram resultados significativos no avanço
deste sintoma, estas no decorrer das sessões foram gradativamente melhorando para o
desenvolvimento deste, o que demonstrou um resultado positivo da psicoterapia.
Concomitante a este, para o sintoma manutenção de intercâmbio, constatou-se na quinta
sessão um ganho significativo (p=0,040) para o grupo experimental, e na décima sessão,
apesar de não ter apresentado diferença significativa, observou-se para ambos os grupos um
42
percentual alto de melhora deste sintoma, o que nos leva a interpretar que diante destes
resultados as crianças do grupo experimental foram mais beneficiadas no domínio da
interação social.
A manipulação do ambiente também é uma outra característica bem presente no TEA, a
criança poderá não responder às solicitações e manter-se indiferente. Neste domínio, dos seis
sintomas analisados, verificou-se que três apresentaram diferenças significativas. Na primeira
sessão obteve-se diferença (p=0.043) para o grupo controle no sintoma resposta às
solicitações comparadas ao experimental, demonstrando um resultado positivo da
psicoterapia. Quanto ao sintoma de mudança repentina de humor foi observado na quinta
sessão diferença significativa (p=0.005) para o grupo controle comparado ao experimental.
Outro sintoma bem comum são as manifestações de crises de birra e raiva passageira,
verificou-se na primeira sessão diferença significativa (p=0.043) para o grupo controle
comparada ao experimental, o que nos sugere ser uma forma de conseguir ser o centro da
atenção por parte destas crianças, enquanto que na terapia na qual o cão foi inserido este
sintoma não se apresentou de forma significativa, o que nos leva a interpretar que a simples
presença do cão faz com que a criança tenha outro foco de atenção. A presença do cão na
terapia com crianças autistas oportuniza que estas fiquem menos distraídas, exibam um humor
mais brincalhão e isso as tornam mais conscientes de seu ambiente social, além de suas
interações verbais serem estimuladas pela presença do cão13.
No domínio da inexpressividade mímica, que revela a carência da comunicação não-verbal,
verificou-se que dos três sintomas deste domínio, um apresentou diferença significativa, ou
seja, o sintoma de demonstração de uma reação antecipatória, em que foi constatado maior
habilidade das crianças do grupo experimental na primeira sessão com resultado significativo
(p=0,043), assim como na décima sessão a diferença foi significativa (p=0,010) quando
comparado ao controle. Esse resultado nos sugere que o desenvolvimento desta habilidade
está mais uma vez relacionado a presença do cão na sessão, pois estimula a criança a chamar
o cão pelo nome, imitar o cão através de sons do latido fazendo com que as crianças com
dificuldade de fala e aquelas que não falam desenvolvam a comunicação não verbal com certa
expressividade, entretanto, a comunicação com o animal contribuiu para a melhora desta
habilidade. Os cães como se comunicam de maneira não-verbal e se expressam por meio da
linguagem corporal, apresentam esta vantagem para a comunicação com autistas13.
Outro domínio observado foi a atenção, pois a criança que apresenta TEA pode ter
dificuldades na atenção e na concentração, por vezes pode fixar-se em suas próprias
produções sonoras ou motoras nos dando a sensação de que está ausente. Neste domínio dos
43
cinco sintomas analisados, dois apresentaram diferenças significativas. O grupo controle
comparado ao experimental apresentou diferença significativa (p=0.002) na primeira sessão
referente ao sintoma tempo de latência aumentado, o qual se refere a atrasos na resposta,
assim como na décima sessão, também apresentou diferença significativa (p=0,001). Este
sintoma não surgiu como deficitário no grupo experimental, pois estas mostraram-se atentas e
focadas no cão e terapeutas. Também com relação ao sintoma de dar uma resposta retardada
houve diferença significativa (p=0.007) na primeira sessão para o grupo controle comparado
ao experimental. Crianças com TEA ficam menos distraídas na presença do cão na terapia13.
No domínio da iniciativa, dos quatro sintomas possíveis da criança com autismo apresentar,
constatou-se um sintoma com diferença significativa que é a passividade e falta de interesse
na décima sessão (p-0,010) para o grupo controle comparado ao experimental. Geralmente
este comportamento é apresentado pela criança com TEA que busca constantemente a
comodidade e espera que lhe dêem tudo pronto e, muitas vezes, acaba não realizando
nenhuma atividade funcional por iniciativa própria. Assim, aqui novamente se justifica que a
presença do cão na terapia focalizou e atraiu as crianças com TEA para o desenvolvimento da
prática psicoterapêutica.
Os sintomas relacionados ao domínio da frustração também apresentaram diferença
significativa, sendo maior proporção de crianças do grupo controle comparadas ao
experimental, entretanto dos quatro sintomas deste domínio, verificou-se que três
apresentaram diferenças significativas. É de conhecimento que reações de aborrecimento e
cólera são bem presentes nas crianças que apresentam TEA e, nesse caso, o sintoma
desagrado caso esquecido algo, verificou-se diferença significativa (p=0,019) na décima
sessão para o grupo controle comparado ao experimental. O sintoma interrompido atividade
verificou-se na décima sessão diferença significativa (p=0,011) para o grupo controle
comparado ao experimental. Igualmente para o sintoma de reações de birra foi verificado
diferença significativa (p=0,020) na primeira sessão do grupo controle comparado ao
experimental. Alguns comportamentos apresentados por crianças com TEA como as crises de
birra, hiperatividade e agressividade resultam em experiências extremamente estressantes para
a criança e família. Nesse contexto é importante citar um estudo realizado12 onde a diminuição
da ansiedade, redução do número de explosões emocionais, no caso aqui as birras, e maior
manejo das rotinas foram identificados como benéficos a partir da introdução de um cão de
assistência.
Esses resultados apresentados demonstraram que a inserção do cão na psicoterapia resultou
em muitos ganhos para as crianças que apresentam o TEA. Esse tipo de intervenção
44
promoveu o desenvolvimento dos sintomas como a melhora nas aproximações espontâneas, a
manutenção de intercâmbio, no humor, nas crises de birra, na atenção, iniciativa e na
tolerância à frustração, que poderão posteriormente se ampliar com as pessoas que fazem
parte do contexto destas crianças, principalmente a família, na qual muitos comportamentos
indesejáveis influenciam nas atividades diárias, gerando muito stress, insegurança e
ansiedade.
Conclusão
Em conclusão, este estudo fornece fortes evidências de que TAA pode ser um eficaz método
para crianças que apresentam TEA, uma vez que este tipo de intervenção propicia a interação,
promove comportamentos mais positivos em relação ao contato com o ambiente, melhora a
atenção e concentração, iniciativa e diminui reações inapropriadas ante a frustração,
características essas consideradas importantes para o desenvolvimento da criança autista.
É importante inserir este método em um programa de intervenção precoce conceber um
programa de TAA com uma metodologia padrão, tendo como base as necessidades de cada
criança, pois é notória a melhora da qualidade de vida da criança que apresenta o TEA e sua
família, que luta diariamente em busca de técnicas terapêuticas eficazes para seu filho.
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46
13MARTIN, F.; FARNUM, J. Animal-assisted therapy for children with pervasive
developmental disorders. West J Nurs Res v.2, p.657–670, 2002.
47Tabela 1: Proporção de crianças que apresentaram cada característica da ATA de acordo com as sessões 1, 5 e 10 da intervenção
Sessão 1(n=31) Sessão 5 (n=28) Sessão 10 (n=38)Experimento
n(%)Controle
n(%)p-valor Experimento
n(%)Controle
n(%)p-valor Experimento
n(%)Controle
n(%)p-valor
Interação SocialSorri 13 (81.3) 13(86.7) 0.532 15 (93.8) 10 (83.3) 0.389 18 (94.7) 16 (84.2) 0.302Aproximações espontâneas 11 (68.8) 5 (33.3) 0.053 14 (87.5) 6 (50.0) 0.040 16 (84.2) 14 (73.7) 0.346Busca de companhia 12 (75.0) 8 (53.3) 0.189 12 (75.0) 7 (53.8) 0.212 16(84.2) 13 (68.4) 0.224Busca cantinho 1 (6.3) 4 (26.7) 0.146 0 (0.0) 2 (15.4) 0.192 0 (0.0) 4 (21.1) 0.053Evita Pessoas 0 (0.0) 2 (13.3) 0.226 0 (0.0) 0 (0.0) - 0 (0.0) 2 (0.0) 0.243Manutenção de intercâmbio 7 (43.8) 6 (40.0) 0.561 14 (87.5) 6 (50.0) 0.040 16 (84.2) 13 (68.4) 0.224Isolamento Intenso 0 (0.0) 2 (13.3) 0.226 1 (6.3) 1 (8.3) 0.683 1 (5.3) 0 (0.0) 0.500Manipulação do AmbienteResposta às solicitações 7 (43.8) 12 (80.0) 0.043 1 (6.3) 3 (25.0) 0.196 12 (63.2) 8 (42.1) 0.165Mudança repentina de humor 8 (50) 11 (72.3) 0.168 6 (37.5) 11(91.7) 0.005 7 (36.8) 11 (57.9) 0.165Indiferente, sem expressão 1 (6.3) 2 (13.3) 0.475 1 (6.3) 3 (25.0) 0.196 2 (10.5) 1 (5.3) 0.500Risos compulsivos 6 (37.5) 6 (40).0) 0.589 6 (37.5) 5 (41.7) 0.565 6 (31.6) 7 (36.8) 0.500Birra e raiva passageira 7 (43.8) 12 (80.0) 0.043 7 (43.8) 9 (75.0) 0.102 1 (5.3) 2 (10.5) 0.500Excitação motora ou verbal 6 (37.5) 5 (33.3) 0.553 7 (43.8) 6 (50.0) 0.521 8 (42.1) 6 (31.6) 0.369MímicaExpressão facial, gestual, vocal 7 (43.8) 8 (53.3) 0.431 14 (87.5) 11 (91.7) 0.611 18 (94.7) 16 (84.2) 0.302Mostra reação antecipatória 9 (56.3) 3 (20.0) 0.043 9 (56.3) 4 (33.3) 0.207 12 (63.2) 4 (21.1) 0.010Expressão olha, quer, sente 15 (93.8) 15 (100.0) 0.516 16 (100.0) 11 (91.7) 0.429 19 (100.0) 19 (100.0) -AtençãoFixa a atenção 16 (100.0) 15 (100.0) - 13 (81.3) 12 (100.0) 0.171 1 (5.3) 4 (21.1) 0.170Age como se fosse surdo 2 (12.5) 5 (33.3) 0.170 1 (6.3) 2 (16.7) 0.389 2 (10.5) 5 (26.3) 0.202Tempo latência aumentado 0 (0.0) 7 (46.7) 0.002 1 (6.3) 4 (33.3) 0.089 1 (5.3) 11 (57.9) 0.001Resposta retardada 0 (0.0) 6 (40.0) 0.007 1 (6.3) 4 (33.3) 0.089 3 (15.8) 8 (42.1) 0.076Sensação de ausência 15 (93.8) 15 (100.0) 0.516 1 (6.3) 4 (33.3) 0.089 3 (15.8) 6 (31.6) 0.224IniciativaIncapaz de ter iniciativa própria 1 (6.3) 3(20.0) 0.275 2 (12.5) 1 (8.3) 0.611 2 (10.5) 3 (15.8) 0.500Busca Comodidade 10 (62.5) 12 (80.0) 0.250 7 (43.8) 10 (76.9) 0.076 7 (36.8) 11 (57.9) 0.165Passividade/falta de interesse 3 (18.8) 5 (33.3) 0.303 13 (18.8) 4 (33.3) 0.328 0(0.0) 6 (31.6) 0.010Lentidão 8 (50.0) 7 (46.7) 0.569 8 (50.0) 9 (75.0) 0.172 7 (36.8) 9 (47.4) 0.372Prefere que outro faça 16 (100.0) 15 (100.0) - 2 (12.5) 4 (33.3) 0.194 1 (5.3) 5 (26.3) 0.090FrustraçãoDesagrado caso esquecido algo 16 (100.0) 14 (93.3) 0.485 15 (93.8) 12 (100.0) 0.571 9 (47.4) 16 (84.2) 0.019Interrompida a atividade 16 (100.0) 15 (100.0) - 16 (100.0) 12 (100.0) - 6 (31.6) 14 (73.7) 0.011Desejos expectativas não cumpridas 16 (100.0) 15 (100.0) - 16 (100.0) 12 (100.0) - 18 (94.7) 17 (89.5) 0.500Reações de birra 6 (37.5) 12 (80.0) 0.020 7 (43.8) 9(75.0) 0.102 7 (36.8) 12 (63.2) 0.097
3 Considerações Finais
Concluindo este estudo, a terapia assistida por animais como abordagem
psicoterapêutica para crianças que apresentam o transtorno do espectro autista,
principalmente para aquelas que não necessitam de apoio muito substancial é uma
intervenção com resultados muito positivos, pois a presença do cão propicia a
redução do tempo de reação e o aumento do tempo de adesão da criança na sessão
psicoterapêutica, proporciona uma melhora na interação social, atenção e
concentração, iniciativa e minimiza reações inapropriadas ante a frustração.
Ressalta-se a importância do desenvolvimento de mais pesquisas no Brasil e
a inserção deste método em um programa de intervenção precoce com uma
abordagem voltada para crianças que apresentam o TEA.
49
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54
Anexos
55
Anexo 1: Comprovante de aprovação do projeto na Comissão de ética humana
56
Anexo 2: Comprovante de aprovação do projeto na Comissão de ética eExperimentação Animal (CEEA)
57
Anexo 3: Modelo do termo de consentimento livre e esclarecido – menor –para o grupo experimental
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VETERINÁRIA
ORIENTADORA Profª. Drª. MÁRCIA DE OLIVEIRA NOBRECO-ORIENTADORA Profª. Drª. RITA CÓSSIO RODRIGUEZ
DOUTORANDA MARIA TERESA D. NOGUEIRA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO MENOR
Estamos realizando uma pesquisa sobre Terapia Assistida por Animais que éuma prática que emprega o animal, neste caso o cão, como parte integrante eprincipal do tratamento, objetivando promover o bem-estar e a melhora psíquica,social, cognitiva e até física das crianças. Entretanto o objetivo desta pesquisa éanalisar os benefícios desta terapia. Portanto solicitamos a participação do seu filho(a)das 10 sessões de TAA ( uma por semana, com duração de trinta minutos) onde assessões de terapia serão filmadas e gravadas.
Para tanto, é importante saber quais traços autísticos a criança apresenta e osníveis de stress das crianças. Para isto, gostaríamos de contar com a sua colaboraçãodurante alguns minutos para responder a uma entrevista, onde serão feitas algumasperguntas sobre diferentes aspectos: bem-estar físico, bem-estar psicológico,autonomia e relação com os pais, suporte social e grupo de pares e ambiente escolarde seu(a) filho(a).
Não haverá nenhum desconforto para as crianças durante o procedimento deavaliação e da TAA, entretanto pode-se considerar que ocorram riscos mínimos.
A qualquer momento você pode desistir da participação na pesquisa. Os dadosobtidos com as respostas do questionário (ou dos resultados obtidos mediante osprocedimentos realizados na pesquisa) poderão ser publicados, mas seus dadospessoais serão mantidos em sigilo.
Eu, __________________________________________, responsável peloparticipante da pesquisa cujo nome é ________________________________ e datade nascimento _________________, após ter recebido informações sobre o estudo deTerapia Assistida por Animais, por meio da carta informativa lida por mim ou porterceiro, declaro que ficaram claros os objetivos do estudo, os procedimentos a seremrealizadas, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Nãotendo nenhuma dúvida a respeito da pesquisa, concordo voluntariamente em participardeste estudo, o qual poderei deixar de participar a qualquer momento, sempenalidades ou prejuízos, ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
___________________________________ Pelotas, ____/____/2015.
Assinatura do indivíduo/ representante legal
Parentesco com a criança___________________
RG: ____________________________________
58
Anexo 4: Modelo do termo de consentimento livre e esclarecido – menor –para o grupo controle
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VETERINÁRIA
ORIENTADORA Profª. Drª. MÁRCIA DE OLIVEIRA NOBRECO-ORIENTADORA Profª. Drª. RITA CÓSSIO RODRIGUEZ
DOUTORANDA MARIA TERESA D. NOGUEIRA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO MENOR
Estamos realizando uma pesquisa sobre Terapia Assistida por Animais que éuma prática que emprega o animal, neste caso será trabalhado um grupo empsicoterapia para comparar com o grupo que receberá a intervenção do cão.Entretanto o objetivo desta pesquisa é analisar os benefícios desta terapia. Portantosolicitamos a participação do seu filho(a) das 10 sessões de Psicoterapia (uma porsemana, com duração de trinta minutos) onde as sessões de terapia serão filmadas egravadas.
Para tanto, é importante saber quais traços artísticos a criança apresenta. Paraisto, gostaríamos de contar com a sua colaboração durante alguns minutos pararesponder a uma entrevista, onde serão feitas algumas perguntas sobre diferentesaspectos: sobre comportamentos, comunicação e interação social de seu(a) filho(a).
Não haverá nenhum desconforto para as crianças durante a Psicoterapia eavaliação, entretanto pode-se considerar que ocorram riscos mínimos.
A qualquer momento você pode desistir da participação na pesquisa. Os dadosobtidos com as respostas do questionário (ou dos resultados obtidos mediante osprocedimentos realizados na pesquisa) poderão ser publicados, mas seus dadospessoais serão mantidos em sigilo.
Eu, __________________________________________, responsável peloparticipante da pesquisa cujo nome é ________________________________ e datade nascimento _________________, após ter recebido informações sobre o estudo deTerapia Assistida por Animais, por meio da carta informativa lida por mim ou porterceiro, declaro que ficaram claros os objetivos do estudo, os procedimentos a seremrealizadas, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Nãotendo nenhuma dúvida a respeito da pesquisa, concordo voluntariamente em participardeste estudo, o qual poderei deixar de participar a qualquer momento, sempenalidades ou prejuízos, ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
___________________________________ Pelotas, ____/____/2015.
Assinatura do indivíduo/ representante legal
Parentesco com a criança _____________________________
RG: ____________________________________
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Anexo 5: Escala de traços autísticos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VETERINÁRIA
ORIENTADORA Profª. Drª. MÁRCIA DE OLIVEIRA NOBRECO-ORIENTADORA Profª. Drª. RITA CÓSSIO RODRIGUEZ
DOUTORANDA MARIA TERESA D. NOGUEIRA
Nome da criança: _______________________________________________________
data de nascimento:________________ data da entrevista: ____________________
ESCALA DE TRAÇOS AUTÍSTICOSBallabriga et al., 1994; adapt. Assumpção et al., 1999.
Esta escala, embora não tenha o escopo de avaliar especificamente uma funçãopsíquica, é utilizada para avaliação de uma das patologias mais importantes daPsiquiatria Infantil - o Autismo. Seu ponto de corte é de 15. Pontua-se zero se nãohouver a presença de nenhum sintoma, 1 se houver apenas um sintoma e 2 se houvermais de um sintoma em cada um dos 36 itens, realizando-se uma soma simples dospontos obtidos.
I. DIFICULDADE NA INTERAÇÃO SOCIALO desvio da sociabilidade pode oscilar entre formas leves como, por exemplo, um certonegativismo e a evitação do contato ocular, até formas mais graves, como um intensoisolamento.1. Não sorri2. Ausência de aproximações espontâneas3. Não busca companhia4. Busca constantemente seu cantinho (esconderijo)5. Evita pessoas6. É incapaz de manter um intercâmbio social7. Isolamento intenso
II. MANIPULAÇÃO DO AMBIENTEO problema da manipulação do ambiente pode apresentar-se em nível mais ou menosgrave, como, por exemplo, não responder às solicitações e manter-se indiferente aoambiente. O fato mais comum é a manifestação brusca de crises de birra passageira,risos incontroláveis e sem motivo, tudo isto com o fim de conseguir ser o centro daatenção.1. Não responde às solicitações2. Mudança repentina de humor3. Mantém-se indiferente, sem expressão4. Risos compulsivos5. Birra e raiva passageira6. Excitação motora ou verbal (ir de um lugar a outro, falar sem parar)
III. UTILIZAÇÃO DAS PESSOAS A SEU REDOR
60
A relação que mantém com o adulto quase nunca é interativa, dado que normalmente seutiliza do adulto como o meio para conseguir o que deseja.1. Utiliza-se do adulto como um objeto, levando-o até aquilo que deseja.2. O adulto lhe serve como apoio para conseguir o que deseja (p.ex.: utiliza o adultocomo apoio para pegar bolacha)3. O adulto é o meio para suprir uma necessidade que não é capaz de realizar só (p.ex.:amarrar sapatos)4. Se o adulto não responde às suas demandas, atua interferindo na conduta desseadulto.
IV. RESISTÊNCIA A MUDANÇASA resistência a mudanças pode variar da irritabilidade até franca recusa.1. Insistente em manter a rotina2. Grande dificuldade em aceitar fatos que alteram sua rotina, tais como mudanças delugar, de vestuário e na alimentação3. Apresenta resistência a mudanças, persistindo na mesma resposta ou atividade
V. BUSCA DE UMA ORDEM RÍGIDAManifesta tendência a ordenar tudo, podendo chegar a uma conduta de ordem obsessiva,sem a qual não consegue desenvolver nenhuma atividade.1. Ordenação dos objetos de acordo com critérios próprios e pré-estabelecidos2. Prende-se a uma ordenação espacial (Cada coisa sempre em seu lugar)3. Prende-se a uma seqüência temporal (Cada coisa em seu tempo)4. Prende-se a uma correspondência pessoa-lugar (Cada pessoa sempre no lugardeterminado)
VI. FALTA DE CONTATO VISUAL. OLHAR INDEFINIDOA falta de contato pode variar desde um olhar estranho até constante evitação dosestímulos visuais1. Desvia os olhares diretos, não olhando nos olhos2. Volta a cabeça ou o olhar quando é chamado (olhar para fora)3. Expressão do olhar vazio e sem vida4. Quando segue os estímulos com os olhos, somente o faz de maneira intermitente5. Fixa os objetos com um olhar periférico, não central6. Dá a sensação de que não olha
VII. MÍMICA INEXPRESSIVAA inexpressividade mímica revela a carência da comunicação não verbal. Podeapresentar, desde uma certa expressividade, até uma ausência total de resposta.1. Se fala, não utiliza a expressão facial, gestual ou vocal com a freqüência esperada2. Não mostra uma reação antecipatória3. Não expressa através da mímica ou olhar aquilo que quer ou o que sente.4. Imobilidade facial
VIII. DISTÚRBIOS DE SONOQuando pequeno dorme muitas horas e, quando maior, dorme poucas horas, secomparado ao padrão esperado para a idade. Esta conduta pode ser constante, ou não.1. Não quer ir dormir2. Levanta-se muito cedo3. Sono irregular (em intervalos)
61
4. Troca ou dia pela noite5. Dorme poucas horas.
IX. ALTERAÇÃO NA ALIMENTAÇÃOPode ser quantitativa e/ou qualitativa. Pode incluir situações, desde aquela em que acriança deixa de se alimentar, até aquela em que se opõe ativamente.1. Seletividade alimentar rígida (ex.: come o mesmo tipo de alimento sempre)2. Come outras coisas além de alimentos (papel, insetos)3. Quando pequeno não mastigava4. Apresenta uma atividade ruminante5. Vômitos6. Come grosseiramente, esparrama a comida ou a atira7. Rituais (esfarela alimentos antes da ingestão)8. Ausência de paladar (falta de sensibilidade gustativa)
X. DIFICULDADE NO CONTROLE DOS ESFÍNCTERESO controle dos esfíncteres pode existir, porém a sua utilização pode ser uma forma demanipular ou chamar a atenção do adulto.1. Medo de sentar-se no vaso sanitário2. Utiliza os esfíncteres para manipular o adulto3. Utiliza os esfíncteres como estimulação corporal, para obtenção de prazer4. Tem controle diurno, porém o noturno é tardio ou ausente
XI. EXPLORAÇÃO DOS OBJETOS (APALPAR, CHUPAR)Analisa os objetos sensorialmente, requisitando mais os outros órgãos dos sentidos emdetrimento da visão, porém sem uma finalidade específica1. Morde e engole objetos não alimentares2. Chupa e coloca as coisas na boca3. Cheira tudo4. Apalpa tudo. Examina as superfícies com os dedos de uma maneira minuciosa
XII. USO INAPROPRIADO DOS OBJETOSNão utiliza os objetos de modo funcional, mas sim de uma forma bizarra.1. Ignora os objetos ou mostra um interesse momentâneo2. Pega, golpeia ou simplesmente os atira no chão3. Conduta atípica com os objetos (segura indiferentemente nas mãos ou gira)4. Carrega insistentemente consigo determinado objeto5. Se interessa somente por uma parte do objeto ou do brinquedo6. Coleciona objetos estranhos7. Utiliza os objetos de forma particular e inadequada
XIII. FALTA DE ATENÇÃODificuldades na atenção e concentração. Às vezes, fixa a atenção em suas própriasproduções sonoras ou motoras, dando a sensação de que se encontra ausente.1. Quando realiza uma atividade, fixa a atenção por curto espaço de tempo ou é incapazde fixá-la2. Age como se fosse surdo3. Tempo de latência de resposta aumentado. Entende as instruções com dificuldade(quando não lhe interessa, não as entende)4. Resposta retardada
62
5. Muitas vezes dá a sensação de ausência
XIV. AUSÊNCIA DE INTERESSE PELA APRENDIZAGEMNão tem nenhum interesse por aprender, buscando solução nos demais. Aprenderrepresenta um esforço de atenção e de intercâmbio pessoal, é uma ruptura em sua rotina.1. Não quer aprender2. Cansa-se muito depressa, ainda que de atividade que goste3. Esquece rapidamente4. Insiste em ser ajudado, ainda que saiba fazer5. Insiste constantemente em mudar de atividade
XV. FALTA DE INICIATIVABusca constantemente a comodidade e espera que lhe dêem tudo pronto. Não realizanenhuma atividade funcional por iniciativa própria.1. É incapaz de ter iniciativa própria2. Busca a comodidade3. Passividade, falta de interesse4. Lentidão5. Prefere que outro faça o trabalho para ele
XVI. ALTERAÇÃO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃOÉ uma característica fundamental do autismo, que pode variar desde um atraso delinguagem até formas mais graves, com uso exclusivo de fala particular e estranha.1. Mutismo2. Estereotipias vocais3. Entonação incorreta4. Ecolalia imediata e/ou retardada5. Repetição de palavras ou frases que podem (ou não) ter valor comunicativo6. Emite sons estereotipados quando está agitado e em outras ocasiões, sem nenhumarazão aparente7. Não se comunica por gestos8. As interações com adulto não são nunca um diálogo
XVII. NÃO MANIFESTA HABILIDADES E CONHECIMENTOSNunca manifesta tudo aquilo que é capaz de fazer ou agir, no que diz respeito a seusconhecimentos e habilidades, dificultando a avaliação dos profissionais.1. Ainda que saiba fazer uma coisa, não a realiza, se não quiser2. Não demonstra o que sabe, até ter uma necessidade primária ou um interesseeminentemente específico3. Aprende coisas, porém somente a demonstra em determinados lugares e comdeterminadas pessoas4. Às vezes, surpreende por suas habilidades inesperadas
XVIII. REAÇÕES INAPROPRIADAS ANTE A FRUSTRAÇÃOManifesta desde o aborrecimento à reação de cólera, ante a frustração.1. Reações de desagrado caso seja esquecida alguma coisa2. Reações de desagrado caso seja interrompida alguma atividade que goste3. Desgostoso quando os desejos e as expectativas não se cumprem4. Reações de birra
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XIX NÃO ASSUME RESPONSABILIDADESPor princípio, é incapaz de fazer-se responsável, necessitando de ordens sucessivas pararealizar algo.1. Não assume nenhuma responsabilidade, por menor que seja2. Para chegar a fazer alguma coisa, há que se repetir muitas vezes ou elevar o tom devoz
XX. HIPERATIVIDADE/ HIPOATIVIDADEA criança pode apresentar desde agitação, excitação desordenada e incontrolada, atégrande passividade, com ausência total de resposta. Estes comportamentos não temnenhuma finalidade.1. A criança está constantemente em movimento2. Mesmo estimulada, não se move3. Barulhento. Dá a sensação de que é obrigado a fazer ruído/barulho4. Vai de um lugar a outro, sem parar5. Fica pulando (saltando) no mesmo lugar6. Não se move nunca do lugar onde está sentado
XXI. MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS E REPETITIVOSOcorrem em situações de repouso ou atividade, com início repentino.1. Balanceia-se2. Olha e brinca com as mãos e os dedos3. Tapa os olhos e as orelhas4. Dá pontapés5. Faz caretas e movimentos estranhos com a face6. Roda objetos ou sobre si mesmo7. Caminha na ponta dos pés ou saltando, arrasta os pés, anda fazendo movimentosestranhos8. Torce o corpo, mantém uma postura desequilibrada, pernas dobradas, cabeçarecolhida aos pés, extensões violentas do corpo
XXII. IGNORA O PERIGOExpõe-se a riscos sem ter consciência do perigo1. Não se dá conta do perigo2. Sobe em todos os lugares3. Parece insensível à dor