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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
AIANY MARIA QUEIROZ FELIX
BIOÉTICA: PERCEPÇÃO E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DA UFPE//CAV
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
NÚCLEO DE BIOLOGIA
AIANY MARIA QUEIROZ FELIX
BIOÉTICA: PERCEPÇAO E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DA UFPE/CAV
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO / PE
2017
Monografia apresentada à disciplina TCC II do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas. Orientador: Alice Valença Araújo Co orientador: Luiz Augustinho Menezes da Silva
Catalogação na Fonte
Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Fernanda Bernardo Ferreira, CRB15/797
A316b Felix, Aiany Maria Queiroz.
Bioética: percepção e conhecimento dos estudantes de graduação da UFPE/CAV / Aiany Maria Queiroz Felix. Vitória de Santo Antão, 2017.
68 folhas: fig., tab. Orientadora: Alice Valença Araújo.
Coorientador: Luiz Augustinho Menezes da Silva TCC (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Núcleo de Ciências Biológicas, 2017.
Inclui referências e apêndice.
1.Bioética. 2. Ensino. 3. Graduação. I. Araújo, Alice Valença (Orientadora). II. Silva, Luiz Augustinho Menezes da (Coorientador). III. Título.
174.957 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-119/2017
AIANY MARIA QUEIROZ FELIX
BIOÉTICA: PERCEPÇAO E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DA UFPE/CAV
Monografia apresentada à disciplina TCC II do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como requisito para a obtenção do título de graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas.
Aprovada em: 06/07/2017.
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Prof. Dra. Alice Valença Araújo (Orientadora)
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________________________
Prof. Ms. Ana Paula Lopes de Melo
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________________________
Prof. Lic. Thaís Soares da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
VITÓRIA DE SANTO ANTÃO / PE
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por me conceder o dom da vida, força e coragem durante
toda a minha caminhada, especialmente nos momentos mais difíceis, mas também pelas
vitórias alcançadas.
Agradeço aos meus pais, pelo amor, carinho e atenção dedicados a mim, tudo o que sou hoje
foi em decorrência dos esforços, tempo e paciência investidos na minha educação.
Agradeço a minha orientadora Alice Valença por todo apoio, pela total disponibilidade nos
momentos mais conturbados, pelas palavras de incentivo, compreensão e atenção oferecidas.
Agradeço ao meu co-orientador Luiz Augustinho, pela sua infinita paciência com as minhas
dúvidas, algumas vezes até impaciência, mas por todo seu apoio e ajuda.
Ao meu irmão que mesmo com suas brincadeiras sempre procurou entender meus momentos
de estresse.
À minha família por sempre acreditarem no meu potencial e compreenderem a minha rotina
cansativa e estressante.
À minha amiga Andréa pelos 13 anos de amizade, por acompanhar minha evolução, me ouvir,
compreender e até brigar comigo quando necessário.
A todos os meus amigos da graduação por tudo que vivenciamos juntos, os sonhos
compartilhados e as realizações conquistadas, sempre lembrarei de cada um com carinho.
Aos meus professores (mestres) da graduação, pela relação de amizade e os ensinamentos que
levarei para a vida pessoal e profissional.
Agradeço a todos que contribuíram para o meu êxito nesta jornada e fizeram com que minha
caminhada até aqui fosse proveitosa, construtiva, mais alegre e menos cansativa, meu muito
obrigado.
RESUMO
A bioética enquanto disciplina dos cursos de graduação deve fornecer conhecimentos e
habilidades, para uma reflexão crítica sobre os valores e princípios que nortearão as atitudes
dos futuros profissionais. O presente estudo realizou um levantamento dos conhecimentos
relativos a bioética entre os estudantes dos primeiros e últimos períodos dos cursos de
graduação em Ciências Biológicas, Educação Física e Saúde Coletiva da UFPE/CAV, com o
objetivo de comparar a percepção desses alunos e assim demonstrar a importância de se
trabalhar a bioética como disciplina nos cursos de graduação. A pesquisa teve abordagem
qualitativa e quantitativa, participaram 103 discentes e as informações foram obtidas a partir
da aplicação de um questionário. As respostas foram analisadas estatisticamente e os dados
foram tabulados. Também foram analisadas e categorizadas as respostas das perguntas que
possibilitavam escolha de mais de uma alternativa. Durante a análise foi percebido que os
discentes do último período do curso de Saúde Coletiva, em relação aos demais, conseguiram
responder as perguntas demonstrando maior conhecimento sobre o que lhes era perguntado, o
mesmo foi observado entre os discentes dos últimos períodos em relação aos dos primeiros
períodos, mas entre àqueles pertencentes ao último período de Educação Física, isso foi
observado em menor grau. Foi percebida a necessidade de uma formação superior embasada
nas orientações e princípios bioéticos, com uma disciplina que permita o aprofundamento nas
questões da Bioética.
Palavras-chave: Bioética. Graduação. Ensino.
ABSTRACT
Bioethics as a discipline of undergraduate courses should provide knowledge and skills for a
critical reflection on the values and principles that will guide the attitudes of future
professionals. The present study carried out a survey of bioethics knowledge among students
of the first and last periods of undergraduate courses in Biological Sciences, Physical
Education and Public Health of UFPE / CAV, in order to compare the students' perception
and thus demonstrate the Bioethics as a discipline in undergraduate courses. The research had
a qualitative and quantitative approach, 103 students participated and the information was
obtained from the application of a questionnaire. Responses were statistically analyzed and
data were tabulated. We also analyzed and categorized the answers to the questions that made
it possible to choose more than one alternative. During the analysis it was noticed that the
students of the last period of the Collective Health course, in relation to the others, were able
to answer the questions by demonstrating a greater knowledge about what was asked of them,
the same was observed among the students of the last periods in relation to the Periods, but
among those belonging to the last period of Physical Education, this was observed to a lesser
extent. The need for a higher education based on bioethical principles and principles was
perceived, with a discipline that allows the deepening of Bioethics issues.
Keywords: Bioethics. University graduate Teaching.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Meios de informação utilizados para obtenção de
informações sobre Bioética, de acordo com as turmas do
primeiro e nono períodos do curso de ciências biológicas.
23
Figura 2 - Justificativas quanto a insatisfação apresentada com o nível
de conhecimento sobre Bioética.
24
Figura 3 - Definição da Bioética de acordo com as concepções dos
entrevistados de cada período.
24
Figura 4 - Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com
os entrevistados.
25
Figura 5 - Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os
discentes pesquisados.
26
Figura 6 - Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina,
segundo as respostas dos discentes no curso de Ciências
Biológicas.
27
Figura 7 - Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser
ministrada, segundo a concepção dos discentes.
28
Figura 8 - Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética,
de acordo com os entrevistados do curso de Ciências
Biológicas.
29
Figura 9 - Princípios apontados pelos discentes do curso de Ciências
Biológicas como pertencentes a Bioética.
30
Figura 10 - Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a
aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos
pesquisados.
30
Figura 11 - Meios de informação utilizados para obtenção de
informações sobre Bioética, de acordo com as turmas do
primeiro e oitavo períodos do curso de Educação Física.
32
Figura 12 - Justificativas quanto a insatisfação com o nível de
conhecimento que possuem sobre Bioética.
32
Figura 13 - Definição da Bioética de acordo com as concepções dos
entrevistados de cada período.
33
Figura 14 - . Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com
os entrevistados.
34
Figura 15 - Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os
discentes pesquisados.
34
Figura 16 - Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina,
segundo as respostas dos discentes pesquisados no curso de
Educação Física.
36
Figura 17 - Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser
ministrada, segundo a concepção dos discentes.
37
Figura 18 - Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética,
de acordo com os entrevistados do curso de Educação
Física.
38
Figura 19 - Princípios apontados pelos discentes do curso de Educação
Física que participaram da pesquisa, como pertencentes a
Bioética.
39
Figura 20 - Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a
aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos
pesquisados.
40
Figura 21 - Meios de informação utilizados para obtenção de
informações sobre Bioética, de acordo com as turmas
pesquisadas do curso de Saúde Coletiva.
41
Figura 22 - Justificativas quanto a insatisfação com o nível de
conhecimento que possuem sobre Bioética.
42
Figura 23 - Definição da Bioética de acordo com as concepções dos
entrevistados de cada período.
42
Figura 24 - Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com
os entrevistados.
43
Figura 25 - Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os
discentes pesquisados.
44
Figura 26 - Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina,
segundo as respostas dos discentes pesquisados no curso de
Saúde Coletiva.
45
Figura 27 - Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser
ministrada, segundo a concepção dos discentes.
46
Figura 28 - Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética,
de acordo com os entrevistados do curso de Saúde
47
Coletiva.
Figura 29 - Princípios apontados pelos discentes do curso de Saúde
Coletiva que participaram da pesquisa, como pertencentes
a Bioética.
48
Figura 30 - Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a
aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos
pesquisados.
49
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Quantitativo de participantes da pesquisa, segundo curso
e período.
21
Tabela 2 - Identificação dos participantes da pesquisa, segundo
idade, sexo, profissão e grau de instrução.
21
Tabela 3 - Caracterização dos conhecimentos gerais acerca da
Bioética, no primeiro e último períodos do curso de
Ciências Biológicas.
22
Tabela 4 - Bioética enquanto disciplina e conhecimento subsidiado
pela graduação.
26
Tabela 5 - Bioética sob o aspecto da atuação profissional, tendo em
vista o final da graduação e entrada no mercado de
trabalho.
29
Tabela 6 - Caracterização dos conhecimentos gerais acerca da
Bioética, no primeiro e último períodos do curso de
Educação Física.
31
Tabela 7 - Bioética enquanto disciplina e conhecimento subsidiado
pela graduação.
35
Tabela 8 - Bioética sob o aspecto da atuação profissional, tendo em
vista o final da graduação e entrada no mercado de
trabalho.
38
Tabela 9 - Caracterização dos conhecimentos gerais acerca da
Bioética, no primeiro e último períodos do curso de
Saúde Coletiva.
40
Tabela 10 - Caracterização dos conhecimentos gerais acerca da
Bioética, no primeiro e último períodos do curso de
Saúde Coletiva.
44
Tabela 11 - A Bioética enquanto disciplina e conhecimento
subsidiado pela graduação.
47
LISTA DE ABREVIAÇÕES
CONEP – Conselho Nacional de Ética em Pesquisas
CNS – Conselho Nacional de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 16
2.1 O QUE É BIOÉTICA AFINAL............................................................................ 16 2.2 A BIOÉTICA NO BRASIL .................................................................................. 17 2.3 O ENSINO DE BIOÉTICA .................................................................................. 18
3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 19
4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 20
5 RESULTADOS ........................................................................................................... 21
6 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 50
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 60
APÊNDICES .................................................................................................................. 64
13
1 INTRODUÇÃO
O termo bioética foi utilizado pela primeira vez em 1927 por Fritz Jahr ao publicar um
artigo em um período alemão chamado Kosmos, neste artigo a Bioética foi caracterizada
como sendo o reconhecimento de obrigações éticas, não apenas com relação ao ser humano,
mas para com todos os seres vivos, sendo este pensamento nomeado de imperativo bioético
(JARH, 1927).
Entretanto considera-se que a bioética passou a ter concretude a partir do livro
“Bioethics: A bridge to the future” publicado em 1971 pelo oncologista e biólogo americano
Van Renssealer Potter, que a qualificou como uma interface entre as ciências e a humanidade.
Inicialmente, era considerada como uma ligação entre valores éticos e fatos biológicos, mas
posteriormente foi ampliada para uma ética global, mantendo relação com outras disciplinas,
no ano de 1980 essa característica interdisciplinar foi enfatizada pelo próprio Potter ao referir-
se a Bioética como global (CAMARGO, 2001; PESSINI, 2013).
É importante lembrar que o pensamento de Potter teve por base a obra de Aldo
Leopold, que na década de 1930, criou a chamada ética da terra (land ethics) (LEOPOLD,
1989), nesta foi ampliada a discussão anteriormente feita por Fritz Jahr ao incluir, todos os
recursos naturais como objeto de reflexão ética.
É possível perceber que a bioética perpassa o seu campo de origem, não se limitando a
servir exclusivamente aos interesses da área médica, mas ampliando a reflexão sobre as
questões éticas nos mais diversos campos de conhecimento, desde os campos de
conhecimento científico até aqueles de conhecimentos do cotidiano.
Ao considerarmos os campos de atuação em que a bioética se faz presente, é possível
observar claramente que ela se constitui como indispensável para o diálogo entre os mais
diversos saberes, tendo caráter interdisciplinar, constituindo-se como um meio de integração
recíproca entre vários campos de conhecimento, buscando sempre favorecer a reflexão sobre
as tomadas de decisão nas relações existentes. É relevante considerar que as tomadas de
decisão se caracterizam como um processo de análise e escolha entre as mais variadas
alternativas de ação (CHIAVENATO, 2003).
Dessa forma, a atuação e intervenção da bioética junto aos mais diversos campos de
conhecimento se estabelece por meio de regulamentos e princípios que procuram indicar
padrões de conduta adequados, de modo a evitar danos que possam ser causados a qualquer
ser vivo.
14
Ao referir-se aos princípios que regem a bioética, nos remetemos ao principalismo de
Beauchamp e Chrildress, o qual tem por base as teorias éticas de William David Ross
divulgadas em seu livro “The Right and the Good” e de William Frankena em seu livro
“Ethics”. O principalismo destaca quatro princípios como base para a bioética, ou também
chamados de deveres prima facie. São consideradas as obrigações de primeira instância, a
menos que haja um conflito com outra obrigação de igual ou maior importância. Estes
princípios são, portanto: beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça. Não há um nível
de prioridade entre eles, sendo todos muito importantes (LOCH, 2002).
Cada um dos princípios norteia para uma reflexão e uma prática positivas, seguindo os
aspectos bioéticos. A autonomia, enquanto princípio, sugere que cada pessoa possui a
capacidade e o direito de decidir sobre aquilo que lhe diz respeito, além de ter liberdade para
agir da melhor forma, segundo seu ponto de vista. A não-maleficência trata da sensibilização,
a qual se faz necessária para que não se realizem ações que causem danos a nenhum ser vivo.
A beneficência também propõe evitar os danos e vai mais além, propondo que as ações devem
ser todas em prol do bem estar do outro, buscando sempre maximizar os benefícios e
minimizar os riscos que possam existir. Por fim, e não menos importante, o princípio da
justiça busca a imparcialidade, de forma a garantir a igualdade entre todos os envolvidos em
qualquer processo que envolva tomadas de decisão (CAMARGO, 2001; GARRAFA, 2005;
HOSSNE, 2006; LOCH, 2002).
Há críticas ao principalismo. Dentre elas, destacam-se aquelas que se referem ao
relativismo entre os princípios defendidos e ao fato de que, se apenas estes princípios forem
considerados, eles não são suficientes, sendo necessário levar em consideração, dependendo
da ocasião, outros princípios éticos, além destes.
Entretanto, deve-se observar que estes princípios devem ser considerados como as
premissas básicas para nortear a bioética e não como os únicos princípios, suficientes para
uma boa reflexão e prática, pois outros princípios éticos podem (e devem) ser levados em
consideração.
Independentemente de ser considerada como uma disciplina, ciência ou movimento social, a bioética tem como objetivo primordial garantir um maior compromisso com a dignidade e a qualidade de vida, além de garantir maior sensibilidade nas ações e relações humanas, pois a única razão válida para não se tolerar um comportamento é que este cause danos a outras pessoas, além de quem o ado ta (WARNOCK in: MENDUS E EDWARDS, 1950 p. 365).
A bioética é, portanto, um instrumento de reflexão sobre a ação, para assegurar a
beneficência, autonomia e justiça, garantindo a alteridade nas relações humanas
(CAMARGO, 2001).
15
Enquanto disciplina dos cursos de graduação, a bioética tem como função fornecer
conhecimentos e habilidades para incutir na mente dos futuros profissionais a importância da
reflexão crítica sobre os valores e princípios que nortearão as atitudes dos futuros
profissionais, visto que o ideal a se buscar é a ciência com consciência, e as transformações da
sociedade tecnocientífica devem sempre estar acompanhas de um movimento ético claro e
exato para proteger o essencial, a vida (ROSPIGLIOSE, 2002).
Assim, o objetivo é realizar um levantamento dos conhecimentos relativos a bioética
entre os alunos dos primeiros e últimos períodos dos cursos de graduação em Ciências
Biológicas, Educação Física e Saúde Coletiva da UFPE/CAV, para avaliar a importância de se
trabalhar a bioética como disciplina nos cursos de graduação.
Este estudo poderá ainda trazer subsídios para projetos de intervenção, por meio de
discussões com o corpo discente e docente sobre a importância de se ter uma disciplina
voltada exclusivamente para as discussões da bioética nos cursos da UFPE/CAV.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O QUE É BIOÉTICA AFINAL?
O desenvolvimento e estabelecimento da bioética pode ser contado a partir de vários
eventos, porém de um modo geral o grande fator responsável foram as tensões ocorridas em
pesquisas científicas realizadas com seres humanos, levando assim a reflexões sobre a
regulamentação dessas investigações (DURAN, 2003; GOLDIM, 1997; MOTTA, 2012).
Um dos pontos chave dessas tensões se refere as atrocidades cometidas durante a
Segunda Guerra Mundial, quando após o seu fim a instituição do Tribunal de Nuremberg
realizou diversos julgamentos de nazistas, e a partir disso elaborou um conjunto de princípios
norteadores para pesquisas envolvendo seres humanos, este foi então denominado Código de
Nuremberg (OLIVEIRA, 2007).
Em relação ao estabelecimento do neologismo Bioética, os fatos decisivos foram a
publicação, de um artigo de Fritz Jahr (1927) utilizando pela primeira vez a palavra bioética, a
proposição de Potter (1970) do neologismo ser considerado em sentido mais amplo, como
„ética da sobrevivência‟ e a fundação do Kennedy Institute for Study of Human Reprodution
and Bioethics, vinculado à Georgetown University, na cidade de Washington (1971) que
promoveu a Encyclopedia of Bioethics (1978), demarcando uma série de problemas morais
então existentes no âmbito médico-biológico (GOLDIM, 2006; POTTER; 1971; REGO,
2009; SCHRAMM, 2008).
Atualmente existem muitas concepções diferentes de bioética, desde uma ética referida
estritamente às ações humanas (stricto senso), até uma ética preocupada com a
responsabilidade dos atos humanos sobre a ecosfera como um todo (lato sensu), entre essas
duas concepções existe uma série de concepções intermediárias, que também são coerentes e
legítimas (SCHRAMM, 2002).
Mesmo com várias concepções, que são resultado da “ética global”, algumas são
implausíveis, como a definição de "ética da vida" que não especifica quais características
relativas a vida a bioética considera, assim é preferível afirmar que é a "ética da qualidade da
vida" (SCHRAMM, 2002; VIEIRA, 2003).
Além disso, a Bioética distingue-se da ética pela sua característica multi, inter e
transdisciplinar (NICOLESCU, 2000), portanto possui um conceito mais amplo, mas ainda
assim não rejeita a reflexão ética porque nasce desta, devido aos desafios e dilemas éticos
presentes no complexo universo das Biociências (SANCHES, 2008).
17
Por ser uma ética aplicada, a bioética pode ser considerada um serviço de análise e
resolução dos conflitos e dilemas morais que surgem durante aplicações das Ciências da Vida
e da Saúde, impedindo que ocorra uma ciência sem consciência (FIGUEIREDO, 2008).
Não existem fórmulas éticas infalíveis a serem aplicadas, mas são realizadas
investigações, buscando uma integração entre a ética e as biociências, de modo geral a
bioética deve priorizar a proteção do ser humano, visto que "toda ética é, antes uma
bioética"(SCHRAMM, 2002; VIEIRA, 2003).
2.2 A BIOÉTICA NO BRASIL
No Brasil a Bioética teve um desenvolvimento tardio, os primeiros movimentos para
criação de grupos de pesquisa e centros de estudos sobre Bioética, surgiram ao final dos anos
1980, mas forma orgânica surgiu apenas nos anos de 1990 (GARRAFA, 2005).
No início de 1990, o seu surgimento orgânico foi marcado por alguns fatos, como a
criação da revista Bioética em 1993, a criação da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), em
1995, e a criação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) em 1996, segundo a
Resolução CNS n° 196/96 (GARRAFA, 2000).
Após seu surgimento e até 1998 a bioética brasileira adotou a corrente principalista
como sua norteadora, baseou-se no modelo estadunidense, pois devido a sua praticidade e
utilidade para a análise de situações práticas clínicas e em pesquisa era coerente, mas apesar
disso era insuficiente para a análise de conflitos que exigiam certa flexibilidade (GARRAFA,
2000; PESSINI, 2007).
Após a sua consolidação enquanto área de pesquisa e debates no país, essa perspectiva
começou a modificar-se, a partir de 1998 surgiram propostas alternativas à corrente
tradicional principalista, como a “bioética na perspectiva da teologia da libertação”, a
“bioética dura” ou “bioética forte” (hard bioethics), a “bioética crítica de inspiração
feminista”, a “bioética feminista e anti-racista” e a “bioética da reflexão autônoma”, todas
pregando o respeito e a defesa dos interesses dos mais frágeis e/ou vulneráveis, surgiu então a
“nova bioética brasileira” (GARRAFA, 2002)
Assim a bioética brasileira busca negar a importação acrítica e descontextualizada da
bioética vivenciada por outros países, isso é muito importante, pois leva a uma bioética
compromissada com a realidade do país (GARRAFA, 2000).
18
2.3 O ENSINO DE BIOÉTICA A criação dos Comitês de Ética em Pesquisa Institucional, a partir dos anos 90,
contribuíram, significativamente, para a difusão da Bioética como uma disciplina científica e
acadêmica, pois os Comitês institucionalizam a Bioética no âmbito universitário
(FIGUEIREDO, 2008), mas pode-se dizer que o ensino de bioética é ainda um desafio para a
educação brasileira (PESSALÁCIA, 2010).
O ensino de bioética esbarra no desafio pedagógico de fornecer ao estudante o
entendimento das bases conceituais e fundamentos da bioética e ao mesmo tempo promover a
reflexão crítica acerca dos conflitos morais com os quais poderá se deparar durante sua
atuação profissional (SILVA, 2009).
Nos últimos anos, observa-se que essa disciplina está sendo incluída em currículos de
diversos cursos e desponta também como linha de pesquisa em diversas áreas do
conhecimento (OLIVEIRA, 2006).
Em relação à graduação, recentemente houve a inclusão da Bioética nas Diretrizes
Curriculares Nacionais dos cursos universitários da área de saúde, sugerindo que os
profissionais devem desempenhar suas atividades de acordo com os princípios não apenas da
ética. Nesse sentido, a Bioética torna-se requisito indispensável para uma formação
humanista, crítica e reflexiva, pois para isso não basta apenas o ensino dos Códigos de Ética.
(FIGUEIREDO, 2008).
Atualmente, o modelo de ensino de bioética que vem ocupando espaço, tem caráter
dialógico, abandona o modelo tradicional, em que o conhecimento está centralizado no
docente, e estimula a reflexão (PESSALÁCIA, 2010), é apresentado um dilema ético e todos
os envolvidos participam reflexivamente para buscar soluções prudentes (SIQUEIRA, 2009).
Portanto, no ambiente acadêmico, “ética não se ensina, se discute” (MUNÕZ, 2006),
visto que apenas aulas expositivas, com transmissão do conteúdo teórico seriam insuficientes
para sensibilizar sobre as futuras práticas profissionais, e como afirma Garrafa (2002) não se
ensina bioética, mas se sensibiliza para que as práticas realizadas estejam em concordância
com ela.
.
19
3 OBJETIVOS
Geral: Analisar os conhecimentos sobre bioética dos alunos dos cursos de graduação
em Ciências Biológicas, Educação Física e Saúde Coletiva da UFPE/CAV.
Específicos:
1 - Identificar os conhecimentos relativos a bioética dos alunos de graduação;
2 - Comparar a percepção dos alunos que tiveram a bioética como disciplina e que não
tiveram a bioética como disciplina durante o curso;
3 - Avaliar a importância da bioética, enquanto disciplina, para a construção de um
pensamento voltado aos princípios bioéticos, nos cursos de graduação da UFPE/CAV.
20
4 METODOLOGIA
A pesquisa teve uma abordagem quantitativa e qualitativa e foi desenvolvida no
Centro Acadêmico de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco. Foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de
Pernambuco, sob o parecer de número 1.782.903, obedecendo as determinações propostas
pelo Conselho Nacional de Saúde e definidos na Resolução nº 466/2012.
Participaram do estudo 103 discentes dos cursos de Ciências Biológicas, Educação
Física e Saúde coletiva, do 1º e 8º períodos, no caso específico de Ciências Biológicas
participaram do 1º e 9º períodos, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Para garantia do anonimato, foram caracterizados pela inicial do seu curso
acrescida da numeração correspondente ao período.
Os critérios de inclusão foram estar matriculado nos primeiros e últimos períodos dos
cursos de graduação em Ciências Biológicas/Licenciatura, Educação Física/Licenciatura e
Saúde Coletiva/Bacharelado da UFPE/CAV, possuir mais de 18 anos, e concordar em
participar do estudo. Os critérios de exclusão foram não estar matriculado nos primeiros e
últimos períodos dos cursos de graduação em Ciências Biológicas, Educação Física,
Enfermagem e Saúde Coletiva da UFPE/CAV, possuir menos de 18 anos, ou não concordar
em participar do estudo.
Foram explicados aos discentes os objetivos da pesquisa, a importância do trabalho e
suas implicações éticas, contidas no TCLE de maneira clara e objetiva. Os questionários
possuíam 16 questões objetivas e subjetivas que abordavam conceitos referentes a bioética, e
foram aplicados com o máximo de discentes possíveis, de forma aleatória.
Nas questões subjetivas as respostas foi realizado o tratamento dos dados segundo a
técnica de análise de conteúdo, segundo a proposta de Laurence Bardin (2011). Assim as
respostas foram ordenadas e codificadas segundo seu sentido e/ou palavras chave, originando
categorias que possibilitaram a sua análise e discussão.
Para análise dos resultados obtidos, foi realizada análise estatística com os dados sendo
tabulados e transformados em valores exibidos na forma de tabelas e gráficos. Foi utilizado o
software Microsoft Excel.
21
5 RESULTADOS
Identificação dos participantes
Foram entrevistados com utilização de um questionário um total de 103 pessoas, e a
frequência de discentes entrevistados por curso está demonstrada na Tabela 1 e a visão geral
sobre o perfil dos participantes está na Tabela 2.
Tabela 1. Quantitativo de participantes da pesquisa, segundo curso e período.
Fonte: FELIX, 2017. Tabela 2. Identificação dos participantes da pesquisa, segundo idade, sexo, profissão e grau de instrução .
N (primeiros períodos)
%
N (últimos períodos)
%
Idade Entre 18 e 23 anos 47 79,6 34 77,3 Entre 24 e 36 anos 12 20,3 10 22,7
Sexo Feminino 30 50,8 29 65,9 Masculino 29 49,2 15 34,1
Profissão Apenas discente 28 47,5 23 52,3 Docente - - 5 11,4 Outras profissões 16 27,1 5 11,4 Não declarou 15 25,4 11 25
Possui outra graduação
Sim 13 22,0 1 2,27
Não 49 83,0 43 97,7 Não declarou 1 1,69 - -
Fonte: FELIX, 2017.
Foi possível observar que a faixa etária predominante é entre 18 e 23 anos, nos
primeiros períodos a relação da quantidade de participantes do sexo masculino e feminino não
apresenta grandes diferenças, mas nos últimos períodos a maioria dos participantes
corresponde ao sexo feminino.
A maioria dos participantes em todos os períodos declararam ser apenas discentes, os
demais afirmaram ter outras profissões ou não declararam ter profissão, apenas uma pequena
Curso Período N Ciências Biológicas
Licenciatura Primeiro 22
Nono (último)
18
Educação Física Licenciatura
Primeiro 20
Oitavo (último)
18
Saúde Coletiva Bacharelado
Primeiro 17
Oitavo (último)
8
22
quantidade afirmou exercer a docência. Grande maioria dos participantes não possui outra
graduação.
Caracterização do curso de Ciências Biológicas
A Tabela 3 apresenta um panorama sobre os conhecimentos gerais acerca da Bioética
entre os alunos do primeiro e nono períodos, respectivamente, do curso de Ciências
Biológicas.
Tabela 3. Conhecimentos gerais acerca da Bioética, no primeiro e último períodos do curso de Ciências Biológicas.
Perguntas
Respostas
N (primeiros períodos)
%
N (últimos períodos)
%
Já ouviu falar sobre Bioética Sim 17 77,3 18 100 Não 5 22,7 - -
Grau de conhecimento sobre Bioética
Muito 1 4,5 - -
Pouco 14 63,6 18 100 Nenhum 7 31,8 - -
Apresentam satisfação com o nível de conhecimento sobre
Bioética
Sim
- - 2 11,1
Não 21 95,5 16 88,9 Não opinaram 1 4,5 - -
Sabe o que é Bioética Sim 10 45,5 8 44,4
Não 11 50 10 55,5 Não opinaram 1 4,5 - -
Fonte: FELIX, 2017.
No primeiro período do curso de Ciências Biológicas um total de 22 discentes
responderam ao questionário, e no nono período um total de 18 discentes.
De acordo com as respostas, no primeiro período 77,3% (n=17) dos entrevistados
declararam possuir alguma informação sobre Bioética, e no nono período 100% (n=18).
Ao indagar quais meios de informação seriam formas de obtenção de conhecimentos
sobre a Bioética, os meios mais mencionados no primeiro e último períodos foram internet e
universidade, com respectivamente 34,28% e 14,28% no primeiro, e com 22,80% e 28,07%
respectivamente no último. Estes dados podem ser visualizados na Figura 1.
23
Figura 1. Meios de informação utilizados para obtenção de informações sobre Bioética, de acordo com as turmas do primeiro e nono períodos do curso de ciências biológicas .
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação ao conhecimento sobre Bioética, no primeiro período, a maioria, 63,6%
(n=14), afirmou possuir pouco, e no último período, todos afirmaram ter pouco conhecimento,
95,5% (n=21) do primeiro e 88,9% (n=16) do último afirmaram ainda insatisfação com o seu
nível de conhecimento.
Quanto a justificativa sobre a insatisfação com o nível de conhecimento, está
representada na Figura 2. No primeiro período, 59,1% (n=13) afirmaram não conhecer
suficientemente, 13,6% (n=3) que o tema é importante e por isso merece maiores estudos,
4,5% (n=1) que por tratar sobre assuntos polêmicos merece maior enfoque e 22,7% (n=5) não
opinaram. No último período, 55,5% (n=10) afirmaram a necessidade de conhecer mais sobre
o tema, 16,6% (n=10) que deveria haver maiores discussões sobre, 5,5% (n=1) por possuir
dúvidas, 5,5% (n=1) afirma saber o básico para orientar seus alunos e 22,2% (n=4) não
opinaram.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Nono Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Meios de informação sobre Bioética
Internet
Universidade
Livros
Jornal
Revista Científica
Revistas
TV
Eventos Científicos
24
Figura 2. Justificativas quanto a insatisfação apresentada com o nível de conhecimento sobre Bioética.
Fonte: FELIX, 2017.
Ao serem questionados sobre o que seria Bioética, no primeiro período 50% (n=11)
afirmaram não saber sobre o que se trata, quando indagados sobre a definição de fato, a
maioria, 59,09% (n=13) decidiu não opinar, outros 22,72% (n=10) se referiram a problemas
éticos e morais e 9,09% (n=2) se referiram a responsabilidade com a vida e a natureza. No
último período, 55,5% (n=10) afirmaram não saber a definição, 61,1% (n=11) não opinaram,
27,7% (n=5) se referiram à responsabilidade com a vida, 11,1% (n=2) se referiram à
segurança no laboratório. Estas respostas estão representadas na Figura 3.
Figura 3. Definição da Bioética de acordo com as concepções dos entrevistados de cada período.
Fonte: FELIX, 2017.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro Período Nono Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESPO
STA
S
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Insatisfação com o conhecimento sobre Bioética
Falta conhecimento
Poucas discussões
Pouco enfoque
Possuem dúvidas
Sabem o básico
Não opinaram
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro Período Nono Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Definição de Bioética
Relativo a problemas éticos emorais
Responsabilidade com a vida e anatureza
Segurança no laboratório
Não sabem
Não opinaram
25
A questão que se referia aos itens que são relacionados com a Bioética, também
possibilitava escolha de mais de uma alternativa como resposta, os itens mais relacionados a
Bioética no primeiro período, foram, com pesquisas científicas (14,16%), engenharia genética
(10%) e saúde pública (10%), no último período os mais relacionados foram, pesquisas
científicas (12,5%) e animais (12,5%), todos os itens, incluindo os menos mencionados, estão
representados na Figura 4.
Figura 4. Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com os entrevistados.
Fonte: FELIX, 2017.
Sobre a importância da Bioética no cotidiano, os itens mais citados no primeiro e
último períodos foram, orientar o exercício profissional de profissionais de saúde e uso
correto dos recursos naturais, com respectivamente 27,5% e 22,5% no primeiro período, e no
último respectivamente 40,54% e 27,02%, estes e os demais itens que foram menos citados
são mostrados na Figura 5.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Nono Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Itens relacionados com Bioética
Pesquisas científicas
Eutanásia
Engenharia Genética
Alteração de Sexo
Transplante de orgãos
Avanços tecnológicos
Saúde pública
Animais
Lixo
Meio ambiente
Constituição
Fábricas de reciclagem
Outros
Não opinaram
26
Figura 5. Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os discentes pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
A tabela 4 expõe a Bioética sob uma perspectiva de disciplina durante a graduação. Tabela 4. Bioética enquanto disciplina e conhecimento subsidiado pela graduação.
Perguntas
Respostas
N (Primeiro período)
%
N (Nono
período)
%
É importante para a área de graduação
Sim 21 95,45 18 100
Não - - - -
Não opinaram 1 4,54 - -
É importante ter como disciplina na graduação
Sim 19 86,36 17 94,4
Não 1 4,54 1 5,5
Não opinaram 1 4,54 - -
Enquanto disciplina deve ser Obrigatória 13 59,09 8 44,44
Optativa 8 36,36 10 55,55
Fonte: FELIX, 2017.
Sobre a importância da Bioética na área de graduação, 95,45% (n=21) e 100% (n=18)
no primeiro e último períodos, respectivamente, afirmaram ser importante, quando indagados
o porquê, no primeiro período 45,45% afirmaram que seria para ampliar conhecimentos,
18,2% para auxiliar na preservação ambiental, 9,08% para quebra de paradigmas respeitando
a autonomia das pessoas e 27,3% não opinaram, no último período 38,88% devido ao fato de
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Importância da Bioética no cotidiano
Uso correto dos recursosnaturais
Respeito a autonomia das
pessoas
Desenvolvimento sustentável
Sensibilização sobretransgênicos
Melhoria da qualidade de vida
das pessoas
27
manipular animais em práticas, 22,2% ampliação dos conhecimentos sobre a vida e 38,88%
não opinaram.
Com relação a ter a Bioética como disciplina na graduação, 86,36% (n=19) no
primeiro e 94,4% (n=17) no último período, afirmaram ser relevante, sobre a finalidade de se
trabalhar a Bioética como disciplina, as respostas estão expostas na Figura 6.
Figura 6. Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina, segundo as respostas dos discentes no curso de Ciências Biológicas.
Fonte: FELIX, 2017. Enquanto disciplina, no primeiro período 59,1% (n=13) defenderam a obrigatoriedade,
enquanto no último 55,5% (n=10) afirmaram que deveria ser optativa.
Ao justificar, 22,72% do primeiro período afirmaram ser um conhecimento essencial
na formação profissional, 18,2% que todos devem conhecer sobre o assunto, 4,5% que o
assunto divide opiniões e 54,54% não opinaram, no último período 33,33% afirmaram que é
um conhecimento essencial na formação, 27,8% que deveria cursar a disciplina apenas quem
realmente se interessa por ela e 38,9% não opinaram.
Dessa forma foram citados os períodos em que a disciplina deveria ser ministrada, e
estão explicitados na Figura 7.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Propósito da Bioética como disciplina
Ampliação do conhecimento
Melhor atuação profissional
Minimizar erros
Desnecessário na licenciatura
Não opinaram
28
Figura 7. Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser ministrada, segundo a concepção dos discentes.
Fonte: FELIX, 2017.
Sobre a finalidade de se trabalhar a Bioética no seu curso, para 27,26% dos discentes
do primeiro período seria para aprimorar os conceitos do meio biológico de acordo com
princípios éticos, para 18,18% um melhor exercício profissional e 54,54% não opinaram, no
último período, 41,17% se referiam a um melhor exercício profissional, 23,52% a boas
práticas no laboratório, 11,76% a questões éticas e respeito com os seres vivos, 23,52% não
opinaram.
Sendo assim, indagou-se quem teria a responsabilidade pelo ensino da Bioética e as
respostas estão demonstradas na Figura 8.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Períodos em que deveria haver a disciplina de Bioética
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Sexto
Sétimo
Oitavo
Nono
29
Figura 8. Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética, de acordo com os entrevistados do curso de Ciências Biológicas.
Fonte: FELIX, 2017.
A Tabela 5 expõe a perspectiva sobre a importância que conhecimentos da Bioética
terão ao fim da graduação.
Tabela 5. Bioética sob o aspecto da atuação profissional, tendo em vista o final da graduação e entrada no mercado de trabalho.
Perguntas
Respostas
N (Primeiro período)
%
N (Nono
período)
%
Ao fim da graduação, é relevante ter conhecimentos
sobre a Bioética
Sim 21 95,45 18 100
Não 1 4,55 - - Você se considera preparado para atuar profissionalmente de acordo com os princípios
Sim 4 18,18 2 11,11
Não 14 63,63 16 88,88 Fonte: FELIX, 2017.
Para 95,45% (n=21) do primeiro e 100% (n=18) do último período, será relevante ter
conhecimentos sobre a Bioética ao fim da graduação.
Sobre o porquê dessa relevância, no primeiro período 17,39% para minimizar erros,
17,39% para uma boa formação profissional na sua área, 13,03% como conhecimento
necessário para o campo das pesquisas científicas e 52,17% não opinaram, no último período
11,76% para uma boa formação profissional na sua área, 17,64% para possuir mais
conhecimento, 35,29% para melhorar a prática docente e 35,29% não opinaram.
Os princípios da Bioética que foram citados de acordo com as concepções dos
discentes, estão na Figura 9.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Responsabilidade pelo ensino de Bioética
Ministério da Educação
IES (Instituições de Ensino
Superior)
Especialistas da Área
Profissionais com formação em
Bioética
Ministério da Saúde
Outros
30
Figura 9. Princípios apontados pelos discentes do curso de Ciências Biológicas como pertencentes a Bioética.
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação a estar preparado para atuar profissionalmente de acordo com estes
princípios, a maioria de ambos os períodos concluíram não estar, 63,63% (n=14) no primeiro
e 88,8% (n=16) no último período, o motivo apontado por todos foi possuir pouco
conhecimento.
Mediante isto foi indagado sobre quem teria responsabilidade de fiscalizar a aplicação
da Bioética e as respostas estão na Figura 10.
Figura 10. Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Responsabilidade pela fiscalização da Bioética
Pesquisadores
Professores
Pessoas
Curandeiros
Governo
População em geral
Outros
Não opinaram
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Nono período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Princípios da Bioética Paciência
Autonomia
Prudência
Coragem
Justiça
Humildade
Não-maleficência
Generosidade
Beneficência
Dignidade
Não opinaram
31
Caracterização do curso de Educação Física
A Tabela 6 apresenta os conhecimentos gerais acerca da Bioética entre os alunos do
primeiro e oitavo períodos, respectivamente, do curso de Educação Física.
Tabela 6. Conhecimentos gerais acerca da Bioética, no primeiro e último períodos do curso de Educa ção Física.
Perguntas
Respostas
N (primeiro período)
%
N (oitavo
período)
%
Já ouviu falar sobre bioética Sim 10 50 16 88,8 Não 10 50 2 11,1
Qual o grau de conhecimento sobre bioética
Muito - - - -
Pouco 11 55 13 72,2 Nenhum 9 45 5 27,8
Apresentam-se satisfeitos com o nível de conhecimento sobre
bioética
Sim 1 5 1 5,6
Não 14 70 17 94,4 Não
opinaram 5 25 - -
Sabe o que é bioética Sim 4 20 4 22,2 Não 16 80 14 77,8 Não
opinaram - - - -
Fonte: FELIX, 2017.
No primeiro período do curso de Educação Física 20 discentes responderam ao
questionário, e no último período 18 discentes.
Do primeiro período, 50% (n=10) dos entrevistados declararam ter alguma informação
sobre Bioética e no último período, 88,8% (n=16) dos entrevistados.
Quando perguntou-se quais meios de informação seriam formas para obtenção de
informações sobre a Bioética, os meios mais mencionados no primeiro período foi internet
com 16,66%, e no último período internet com 24,13% e universidade com 34,48%. Estes
dados podem ser visualizados na Figura 11.
32
Figura 11. Meios de informação utilizados para obtenção de informações sobre Bioética, de acordo com o primeiro e oitavo períodos do curso de Educação Física.
Fonte: FELIX, 2017.
Acerca do conhecimento sobre Bioética, no primeiro período 55% (n=11) afirmaram
ter pouco conhecimento, e no último período 72,2% (n=13), consequentemente, no primeiro,
70% (n=14) dos entrevistados não se sentiam satisfeitos com o nível de conhecimento sobre
Bioética, e no último 94,4% (n=17).
As razões para essa insatisfação com o nível de conhecimento estão representadas na
Figura 12, segundo 50% (n=15) dos entrevistados do primeiro e 38,8% (n=7) do último
período, seria por possuírem pouco conhecimento, no primeiro 25% afirmaram não conhecer
o suficiente, 5% (n=1) compreendem o tema e 20% (n=4) não opinaram, no último período
5,5% (n=1) conseguem compreender, 5,55% não conhecem o assunto e 50% (n=9) não
opinaram.
Figura 12. Justificativas quanto a insatisfação com o nível de conhecimento que possuem sobre Bioética.
Fonte: FELIX, 2017.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESPO
STA
S
EDUCAÇÃO FÍSICA
Insatisfação com o conhecimento sobre Bioética
Falta conhecimento
Não conhecem o suficiente
Compreendem o tema
Não conhecem o assunto
Não opinaram
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Meios de informação sobre Bioética
Internet
Universidade
Livros
Jornal
Revista Científica
Revista
TV
Eventos Científicos
Outros
Não Opinaram
33
Sobre o que seria Bioética de fato, no primeiro período 80% (n=16) afirmaram não
saber, e no último período 77,8% (n=14).
Quando indagados sobre a definição de Bioética, no primeiro 20% (n=4) se referiram a
ética em pesquisas, 5% a educação voltada para a vida e 80% (n=16) não opinaram, do último
11,1% (n=4) se referiram a ética em pesquisas, 11,1% a estudos sobre comportamento e
77,8% (n=14) não opinaram. Estas respostas estão representadas por meio da Figura 13.
Figura 13. Definição da Bioética de acordo com as concepções dos entrevistados de cada período.
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação ao itens que possuem relação com a Bioética, esta pergunta possibilitava
escolher mais de uma resposta, os itens mais mencionados como relacionados com a bioética,
no primeiro período foram pesquisas científicas (19,40%) e saúde pública (14,92%), no
último os mais mencionados foram, meio ambiente (22,03%) e pesquisas científicas
(20,33%), todos os itens mencionados estão expressos na Figura 14.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Definição de Bioética
Ética em pesquisas
Educação voltada para a vida
Estudos sobre comportamento
Não opinaram
34
Figura 14. Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com os entrevistados.
Fonte: FELIX, 2017.
Na questão sobre a importância da Bioética no cotidiano, era possível escolher
também mais de uma alternativa como resposta, e em ambos os períodos o mais citado foi
orientar o exercício profissional de profissionais de saúde, com 21,21% no primeiro 23,52%
no último período, estes e os demais itens mencionados estão na Figura 15.
Figura 15. Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os discentes pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Itens relacionados com Bioética
Pesquisas científicas
Eutanásia
Engenharia Genética
Alteração de Sexo
Transplante de orgãos
Avanços tecnológicos
Saúde pública
Animais
Lixo
Meio ambiente
Constituição
Fábricas de reciclagem
Não opinaram
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Importância da Bioética no cotidiano
Uso correto dos recursosnaturais
Respeito a autonomia daspessoas
Desenvolvimento sustentável
Sensibilização sobre transgênicos
Melhoria da qualidade de vidadas pessoas
Orientar o exercício profissionaisdos profissionais de Saúde
Não opinaram
35
A tabela 7 expõe a Bioética na perspectiva de disciplina durante a graduação. Tabela 7. Bioética enquanto disciplina e conhecimento subsidiado pela graduação.
Perguntas
Respostas
N (Primeiro período)
%
N (Nono
período)
%
É importante para sua área de graduação
Sim 9 45 3 16,7
Não 4 20 13 72,2
Não opinaram 7 35 2 11,1 É importante ter como
disciplina na graduação Sim 8 40 15 83,3
Não 5 25 1 5,6 Não opinaram 7 35 2 11,1
Enquanto disciplina deve ser
Obrigatória 4 20 9 50
Optativa 9 45 7 38,9 Não opinaram 7 35 2 11,1
Fonte: FELIX, 2017.
Sobre a importância da Bioética na sua área de graduação, no primeiro período 45%
(n=9) afirmaram ser importante e no último, apenas 15% (n=3) afirmaram ser importante,
com 65% (n=13) afirmando não ser importante.
Quando indagados o porquê da importância, no primeiro período, 30% (n=6)
afirmaram ser para melhor atuação profissional, 10% (n=2) por estar relacionada ao campo da
saúde não detinham noção sobre, 10% (n=2) que a bioética não possui relação com sua área e
50% (n=10) não opinaram. No último período, 16,7% (n=3) afirmaram que seria mais
relacionada a saúde, 11,1% (n=2) que não possui ligação com sua área, outros 11,1% (n=2)
não conheciam e não sabiam emitir opiniões, 61,1% (n=11) não opinaram.
Sobre ter a Bioética como disciplina na graduação, no primeiro 40% (n=8) afirmaram
ser importante e no último 83,3% (n=15), sobre o porquê da sua importância como disciplina,
as respostas dadas estão na Figura 16.
36
Figura 16. Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina, segundo as respostas dos discentes pesquisados no curso de Educação Física.
Fonte: FELIX, 2017.
Enquanto disciplina, 45% (n=9) do primeiro defenderam o fato de ser optativa e 50%
(n=9), do último defenderam a obrigatoriedade.
Ao justificar, no primeiro período 15% (n=3) afirmaram ser importante na formação
profissional, outros 15% (n=3) que deveria cursar apenas quem desejasse, para 10% (n=2) não
apresenta relação com seu curso, 5% (n=1) não sabiam sobre o que trata a bioética e 55% não
opinaram, no último período 15,78% (n=3) afirmaram que seria válido conhecer melhor a
área, 15,78% (n=3) que já possuem a disciplina de ética, apenas 5,26% (n=1) afirmaram ser
importante para a formação profissional, outros 5,26% (n=1) que só deveria cursar quem
desejasse e 57,89% (n=11) não opinaram.
Assim foram citados os períodos em que a disciplina deveria ser ministrada, e estão
mostrados na Figura 17.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Propósito da Bioética como disciplina
Obtenção de conhecimento
Melhor atuação profissional
Acreditam não ter relação
Não opinaram
37
Figura 17. Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser ministrada, segundo a concepção dos discentes.
Fonte: FELIX, 2017.
A finalidade de se trabalhar a Bioética no curso, para 20% (n=4) do primeiro período
seria para desenvolver pesquisas e refletir sobre as atitudes, 10% (n=2) para um melhor
desenvolvimento profissional, 15% (n=3) não sabiam a finalidade e 50% (n=10) não
opinaram, no último período 11,1% (n=2) afirmaram que seria para um melhor exercício
profissional, outros 11,1% (n=2) para respeitar valores éticos e conscientização e 72,2%
(n=13) não opinaram.
Com relação a isso, foi indagado de quem seria a responsabilidade pelo ensino da
Bioética e as respostas estão na Figura 18.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Períodos em que deveria haver a disciplina de Bioética
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Sexto
Sétimo
Oitavo
Nono
Nenhum
Todos
Não opinaram
38
Figura 18. Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética, de acordo com os entrevistados do curso de Educação Física.
Fonte: FELIX, 2017.
A Tabela 8 expõe a perspectiva sobre a importância dos conhecimentos da Bioética ao
final da graduação.
Tabela 8. Bioética sob o aspecto da atuação profissional, tendo em vista o final da graduação e entrada no mercado de trabalho.
Perguntas
Respostas
N (Primeiro período)
%
N (Nono
período)
%
Ao fim da graduação, é relevante ter conhecimentos sobre a
Bioética
Sim 8 40 8 44,4
Não 6 30 10 55,6 Não opinaram 6 30 - -
Você se considera preparado para atuar profissionalmente de
acordo com os princípios
Sim 2 10 6 33,3
Não 14 70 10 55,6 Não opinaram 4 20 2 11,1
Fonte: FELIX, 2017.
Para 40% do primeiro período e 44,4% do último será relevante ter conhecimentos
sobre Bioética ao fim da graduação.
Sobre a justificativa, no primeiro período 20% (n=4) afirmaram ser importante a nível de
conhecimento, 20% (n=4) que não tem muita ligação com sua área, 10% (n=2) afirmaram ser
importante para a vida profissional, e 50% (n=11) não opinaram, no último período, para
5,5% (n=1) seria importante a nível de conhecimento, 5,5% (n=1) para desenvolver uma visão
mais crítica e 5,5% (n=1) para a vida profissional, 83,4% (n=15) não opinaram.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Responsabilidade pelo ensino de Bioética
Ministério da Educação
IES (Instituições de EnsinoSuperior)
Especialistas da Área
Profissionais com formação emBioética
Ministério da Saúde
Não opinaram
39
Sobre os princípios que regem a Bioética, eles foram citados de acordo com as
concepções dos participantes e estão na Figura 19.
Figura 19. Princípios apontados pelos discentes do curso de Educação Física que participaram da pesquisa, como pertencentes a Bioética.
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação a sentir-se preparado para atuar profissionalmente de acordo com os
princípios, no primeiro período 70% (n=14) concluíram não estar, e no último, 55,5% (n=10),
o motivo apontado por 100% deles foi possuir pouco conhecimento.
Em vista disso, foi perguntado quem seria responsável pela fiscalização da aplicação
da Bioética e as respostas estão na Figura 20.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Princípios da Bioética
Paciência
Autonomia
Prudência
Coragem
Justiça
Humildade
Não-maleficência
Generosidade
Beneficência
Dignidade
40
Figura 20. Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
Caracterização do curso de Saúde Coletiva
A Tabela 9 apresenta um panorama geral sobre os conhecimentos acerca da Bioética
entre os alunos do primeiro e oitavo períodos do curso de Saúde Coletiva.
Tabela 9. Caracterização dos conhecimentos gerais acerca da Bioética, no primeiro e último períodos do curso de Saúde Coletiva.
Perguntas
Respostas
N (primeiro período)
%
N (oitavo período)
%
Já ouviu falar sobre bioética Sim 17 100 8 100
Não - - - -
Qual o grau de conhecimento sobre bioética
Pouco 14 82,3 8 100
Muito 1 5,9 - -
Nenhum 2 11,8 - -
Apresentam-se satisfeitos com o nível de conhecimento sobre
bioética
Sim 1 5,9 4 50
Não 16 94,1 4 50
Não opinaram - - - -
Sabe o que é bioética Sim 8 47,05 7 87,5
Não 9 52,95 1 12,5
Fonte: FELIX, 2017.
Um total de 17 discentes responderam ao questionário no primeiro período do curso de
saúde coletiva, e no oitavo período um total de 8 discentes.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
EDUCAÇÃO FÍSICA
Responsabilidade pela fiscalização da Bioética
Pesquisadores
Professores
Pessoas
Curandeiros
Governo
População em geral
Não opinaram
41
Em ambos os períodos 100% dos entrevistados declararam ter alguma informação
sobre Bioética.
Com relação a quais meios de informação seriam formas para obtenção de
informações sobre a Bioética, os meios mais mencionados foram universidade e internet com
33,33% e 20,51% respectivamente no primeiro período, e no último 33,33% e 25%
respectivamente. O percentual de todos os meios citados pelos entrevistados, estão expressos
na Figura 21.
Figura 21. Meios de informação utilizados para obtenção de informações sobre Bioética, de acordo com as turmas pesquisadas do curso de Saúde Coletiva.
Fonte: FELIX, 2017.
No que se refere ao conhecimento sobre Bioética, no primeiro período 82,4% (n=14)
afirmaram ter pouco conhecimento e no último 100% (n=8), consequentemente do primeiro
94,1% (n=16) se sentiam insatisfeitos com o nível de conhecimento sobre Bioética, e no
último período 50% (n=4).
As razões para essa insatisfação com o nível de conhecimento estão representadas na
Figura 22. No primeiro período 70,5% (n=12) afirmaram possuir pouco conhecimento, 17,6%
(n=3) que deveria haver maiores discussões no curso e 11,8% (n=2) não opinaram, no último
período 37,5% (n=3) citaram a necessidade de maiores discussões, 37,5% (n=3) afirmaram
conseguir compreender sobre o assunto e 25% (n=2) se referiram ao fato de ser um campo
complexo.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Meios de informação sobre Bioética
Internet
Universidade
Livros
Jornal
Revista Científica
Revista
TV
Eventos Científicos
42
Figura 22. Justificativas quanto a insatisfação com o nível de conhecimento que possuem sobre Bioét ica.
Fonte: FELIX, 2017.
Sobre o que seria Bioética, no primeiro período 47,1% (n=8) afirmaram saber, e no
último 100% (n=8).
Quando indagados sobre o que seria Bioética de fato, no primeiro 35,3% (n=6) se
referiram a ética em pesquisa, 5,9% (n=1) a ética no trabalho e 58,8% (n=10) não opinaram,
no último 50% (n=4) se referiram ao estudo da ética relacionado a vida, 25% (n=2) a ética no
campo da saúde, 12,5% (n=1) ao respeito com a diversidade e 12,5% (n=1) não opinaram.
Estas respostas estão representadas por meio da Figura 23.
Figura 23. Definição da Bioética de acordo com as concepções dos entrevistados de cada período.
Fonte: FELIX, 2017.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESPO
STA
S
SAÚDE COLETIVA
Insatisfação com o conhecimento sobre Bioética
Pouco conhecimento
Poucas discussões no curso
Compreendem o tema
Campo complexo
Não opinaram
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Definição de Bioética
Ética em pesquisas
Ética no trabalho
Ética relacionada a vida
Ética no campo da Saúde
Respeito a diversidade
Não opinaram
43
Sobre os itens que possuem relação com a Bioética, era possível escolher mais de uma
alternativa como resposta, no primeiro período os mais citados foram saúde pública (13,51%)
e meio ambiente (10,81%), no último os mais citados foram transplante de órgãos (15,09%),
eutanásia (15,09%) e pesquisas científicas (15,09%), todos os itens mencionados estão
apresentados na Figura 24.
Figura 24. Itens que possuem relação com a Bioética, de acordo com os entrevistados.
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação a importância da Bioética no cotidiano, também era possível escolher
mais de uma alternativa como resposta, no primeiro período o mais citado foi orientar o
exercício profissional de profissionais de saúde (24,39%) e no último período respeitar a
autonomia das pessoas (33,33%), portanto estes e os demais itens mencionados são mostrados
pela Figura 25.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro Período Oitavo Período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Itens relacionados com Bioética
Pesquisas científicas
Eutanásia
Engenharia Genética
Alteração de Sexo
Transplante de orgãos
Avanços tecnológicos
Saúde pública
Animais
Lixo
Meio ambiente
Constituição
Fábricas de reciclagem
44
Figura 25. Importância da Bioética no cotidiano de acordo com os discentes pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
A tabela 10 expõe a Bioética na perspectiva de disciplina durante a graduação.
Tabela 10. A Bioética enquanto conhecimento subsidiado pela graduação.
Perguntas
Respostas N
(primeiro período)
%
N (oitavo período)
%
É importante para sua área de graduação
Sim 17 100 8 100
Não - - - -
Não opinaram - - - -
É importante ter como disciplina na graduação
Sim 16 94,1 8 100
Não 1 5,9 - - Não opinaram - - - -
Enquanto disciplina deve ser Obrigatória 14 82,3 7 87,5
Optativa 2 11,8 1 12,5
Não opinaram 1 5,9 - -
Fonte: FELIX, 2017.
No aspecto da importância da Bioética na área de graduação, 100% (N=17) do
primeiro e 100% (n=8) do último período afirmaram ser importante.
Quando indagados o porquê, no primeiro período 35,3% (n=6) afirmaram ser para melhor
atuação profissional, 11,7% (n=2) para possuir ética profissional e 5,9% (n=1) melhoria da
qualidade de vida das pessoas, 47,1% (n=8) não opinaram, no oitavo período, 75% (n=6)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Importância da Bioética no cotidiano
Uso correto dos recursos
naturais
Respeito a autonomia das
pessoas
Desenvolvimento sustentável
Sensibilização sobre transgênicos
Melhoria da qualidade de vidadas pessoas
Orientar o exercício profissionaisdos profissionais de Saúde
Não opinaram
45
afirmaram que seria para melhor atuação profissional e 25% (n=2) para melhores tomadas de
decisão.
Com relação a Bioética ser uma disciplina no curso, no primeiro 94,1% (n=16)
afirmaram ser importante e no último todos, 100% (n=8), as respostas dadas sobre o porquê
da sua importância estão demonstradas na Figura 26.
Figura 26. Finalidade da Bioética ser trabalhada como disciplina, segundo as respostas dos discentes pesquisados no curso de Saúde Coletiva.
Fonte: FELIX, 2017.
Enquanto disciplina, no primeiro período 82,35% (n=14) defenderam a
obrigatoriedade e no último 87,5% (n=7).
Sobre a justificativa, do primeiro, 29,4% (n=5) afirmaram ser importante na formação
do profissional de saúde, 11,76% (n=2) para obter conhecimentos, 11,76% (n=2) justificaram
não saber o interesse dos demais pela disciplina e 47,05% (n=8) não opinaram, no oitavo
período, 62,5% (n=5) afirmaram ser um conhecimento essencial na formação profissional,
25% (n=2) para obter mais conhecimentos e 12,5% (n=1) não justificaram.
Assim foram citados os períodos em que a disciplina deveria ser ministrada, e estão
explicitados na Figura 27.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Propósito da Bioética como disciplina
Ampliação do conhecimento
Melhor atuação profissional
Respeito aos indivíduos
Não opinaram
46
Figura 27. Períodos em que a disciplina de Bioética deveria ser minist rada, segundo a concepção dos discentes.
Fonte: FELIX, 2017.
A finalidade de se trabalhar Bioética no curso, para o primeiro período, de acordo com
26,66% (n=4) seria para um melhor exercício profissional, 13,33% (n=2) ampliar o
conhecimento sobre questões éticas e 60% não opinaram, no último período 37,5% (n=3) se
referiram a um melhor exercício profissional, 25% compreender questões éticas e 37,5%
(n=3) não opinaram.
Portanto, foi indagado de quem seria a responsabilidade pelo ensino da Bioética e as
respostas são mostradas na Figura 28.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Períodos em que deveria haver a disciplina de Bioética
Primeiro
Segundo
Terceiro
Quarto
Quinto
Sexto
Sétimo
Oitavo
Nono
Nenhum
Todos
47
Figura 28. Instâncias pertinentes responsáveis pelo ensino da Bioética, de acordo com os entrevistados do curso de Saúde Coletiva.
Fonte: FELIX, 2017.
A Tabela 11 expõe a perspectiva da importância dos conhecimentos da Bioética ao fim
da graduação.
Tabela 11. Bioética sob o aspecto da atuação profissional, tendo em vista o final da graduação e entrada no mercado de trabalho.
Perguntas
Respostas
N (primeiro período)
%
N (oitavo período)
%
Ao fim da graduação, é relevante ter conhecimentos
sobre a Bioética
Sim 17 100 8 100
Não - - - -
Não opinaram - - - -
Você se considera preparado para atuar profissionalmente de
acordo com os princípios
Sim 3 17,6 8 100
Não 13 76,5 - -
Não opinaram 1 5,9 - -
Fonte: FELIX, 2017.
Para 100% dos discentes do primeiro (n=17) e último (n=8) períodos será relevante ter
conhecimentos sobre Bioética no fim da graduação.
A justificativa sobre essa relevância, no primeiro período 38,9% (n=7) afirmaram se
relacionar com a melhoria da prática profissional, 5,55% (n=1) aumentar o nível
conhecimento e 50% (n=9) não opinaram, no oitavo período 50% (n=4) afirmaram ser
importante para a vida pessoal e profissional, 25% (n=2) para desenvolver uma consciência
ética e outros 25% (n=2) não opinaram.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Responsabilidade pelo ensino de Bioética
Ministério da Educação
IES (Instituições de EnsinoSuperior)
Especialistas da Área
Profissionais com formação emBioética
Ministério da Saúde
Outros
48
Sobre os princípios da Bioética, eles foram citados de acordo com as concepções dos
participantes e estão expostos na Figura 29.
Figura 29. Princípios apontados pelos discentes do curso de Saúde Coletiva que participaram da pesquisa, como pertencentes a Bioética.
Fonte: FELIX, 2017.
Com relação a estar preparado para atuar profissionalmente de acordo com os
princípios, no primeiro período 76,4% (n=13) concluíram não estar, e no último período
100% (n=8) concluíram estar.
O motivo apontado por 100% dos discentes do primeiro período foi possuir pouco
conhecimento, enquanto 100% do último período afirmaram ter o conhecimento necessário.
Mediante isso, foi perguntado quem seria responsável pela fiscalização da aplicação da
Bioética e as respostas estão na Figura 30.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Princípios da Bioética
Paciência
Autonomia
Prudência
Coragem
Justiça
Humildade
Não-maleficência
Generosidade
Beneficência
Dignidade
49
Figura 30. Instâncias pertinentes que são responsáveis por fiscalizar a aplicação correta da Bioética, de acordo com os indivíduos pesquisados.
Fonte: FELIX, 2017.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Primeiro período Oitavo período
PER
CEN
TUA
L D
E R
ESP
OST
AS
SAÚDE COLETIVA
Responsabilidade pela fiscalização da Bioética
Pesquisadores
Professores
Pessoas
Curandeiros
Governo
População em geral
50
6 DISCUSSÃO
A Bioética é uma área de conhecimento que engloba saberes de várias disciplinas e
traz desafios acadêmicos. Não está restrita às Ciências da Saúde e devido ao aspecto
interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar, seu ensino não tem um modelo didático definitivo.
Assim as reflexões e análises sobre o que é certo e errado, à luz dos valores morais, se
tornaram parte integrante da formação profissional nas mais diversas áreas (AZEVEDO,
1998).
De acordo com as respostas durante a aplicação do questionário, a maioria dos
entrevistados de todos os períodos declararam possuir alguma informação sobre Bioética, nos
primeiros períodos esse número variou de 50% a 100%, enquanto nos últimos períodos 100%
afirmaram possuir alguma informação, tanto do curso de Saúde Coletiva (que possui a
Bioética na sua matriz curricular), como o curso de Ciências Biológicas (que não a possui na
sua matriz curricular), exceto no curso de Educação Física (que não possui bioética na matriz
curricular) onde no último período apenas 88,8% afirmaram possuir alguma informação.
No início da graduação a maioria dos discentes poderiam afirmar não possuir
informações sobre a Bioética, visto que na educação básica brasileira, historicamente
excludente, prevalece um cenário de 'inequidade', onde o ensino de temas transversais, dentro
de uma disciplina, é realizado de forma despretensiosa. No entanto foi observado que uma
quantidade considerável de discentes do primeiro período declarou possuir informações sobre
a Bioética, e isso remete ao que Garrafa e Porto (2003) ressaltam, que a Bioética não se
relaciona apenas com o meio científico ou educacional, mas está intrínseca em todos os
setores da sociedade, dessa forma esses discentes podem ter obtido informações ao ter contato
com aspectos relativos a Bioética no seu cotidiano, mesmo que fora do contexto educacional.
Nos últimos períodos esperava-se que os discentes do curso com a disciplina na sua
matriz curricular (Saúde Coletiva) afirmariam possuir muita informação, enquanto aqueles
discentes de cursos sem a disciplina na matriz (Ciências Biológicas e Educação Física)
afirmariam não possuir tais conhecimentos, observou-se, no entanto, que os discentes de
todos os cursos afirmaram possuir informações.
Segundo Lenoir (1996), a educação superior, por se tratar de um ensino voltado para a
formação profissional, ganha um caráter interdisciplinar, e em outras disciplinas existentes
nos cursos seria possível abordar alguns aspectos relevantes do escopo da bioética, assim os
alunos dos últimos períodos, mesmo em cursos que não possuem a Bioética como disciplina,
51
podem ter participado de debates, discussões ou eventos, nos quais o tema foi tratado de
forma indireta ou até mesmo direta.
No entanto é necessário possuir formação adequada para mediar as discussões e
reflexões desse campo, pois é necessária uma fundamentação teórica mínima, à luz de
princípios e valores morais defensáveis (KIPPER, 2003), por isso sugere-se a constituição de
uma disciplina por inteiro, onde haja um ensino específico e as questões relevantes sejam
tratadas de forma mais aprofundada.
No que tange ao currículo, defende-se que é preciso fornecer aos alunos mais do que
apenas contato de modo impreciso em disciplinas pontuais, mas ter uma disciplina na qual
seja possível conhecer os princípios e suas aplicações de modo aprofundado, sensibilizando os
alunos, visto que ao trabalhar de forma compartimentada em várias abordagens disciplinares,
os conteúdos acabam não sendo trabalhados em todas as suas dimensões: conceitual,
procedimental e atitudinal (BISHOP, 1999; PESSALACIA, 2011).
Em vista disso é preciso garantir que a condução do debate e a elaboração de
valores/princípios pelos alunos sejam facilitados por um professor com fundamentação teórica
em Bioética.
Foi possível observar que nas turmas de primeiro período os meios de informação
mais mencionados foram internet e universidade, apenas no curso de educação física foi
citado também TV, já os meios menos mencionados foram livros, revistas e eventos
científicos. Assim um dos meios mais utilizados pelos discentes dos primeiros períodos é a
internet, é importante destacar que neste meio, alguns sites podem apresentar informações
inverídicas ou desconexas. Ao citar universidade acredita-se que há uma expectativa criada
em torno da graduação, como meio para obtenção de conhecimentos, pois principalmente na
educação básica, como bem relata Freire (1996) o professor é visto como o detentor do
conhecimento e o estudante não possui autonomia no processo de ensino-aprendizagem,
talvez por isso, é seja criada a expectativa de que a Universidade fará a diferença por ser um
local de produção de conhecimento e consequente desenvolvimento da criticidade. Sobre a
TV nos remetemos ao que Lenoir (1996) explana sobre a mídia, pois segundo ele a mídia
demonstra crescente interesse pela bioética, mas não fornece metodologia para desenvolver
uma reflexão pessoal autônoma. Meios menos mencionados se referem a meios de informação
impressos, e se relacionam com uma preferência crescente por meios eletrônicos, ao citar
eventos científicos subentende-se que os alunos do primeiro período ainda não tiveram
oportunidade de participar, ou participaram de poucos.
52
Nas turmas dos últimos períodos os meios mais citados como fontes de informação
foram também universidade e internet, enquanto os menos citados foram TV, jornal, livros,
revistas e eventos científicos. Foi possível perceber que o meio mais citado foi a universidade,
acredita-se que seja por considerarem que este conhecimento deveria ser fornecido e
subsidiado pela graduação, além destes já possuírem maior contato com a universidade,
citando depois a internet. Os menos mencionados na maioria são referentes também a meios
de informação impressos, ao citar TV espera-se que tenham desenvolvido uma certa
criticidade durante o curso e portanto sejam menos propensos a acatar as informações
fornecidas de forma errônea ou manipulada pela mídia.
Com relação aos conhecimentos sobre Bioética, em todos os períodos a maioria dos
pesquisados afirmou possuir pouco, alguns afirmaram possuir muito, nesta perspectiva a
maioria mostrou insatisfação com o nível de conhecimento que detinham sobre Bioética, até
mesmo aqueles que afirmaram possuir muito.
Em todos os períodos as justificativas sobre o pouco conhecimento se relacionavam
diretamente com o fato de não conhecerem suficientemente sobre o assunto, e afirmaram
ainda que deveria existir mais debates sobre o tema, o pouco conhecimento que a maioria
possui se relaciona diretamente ao pouco contato com o tema. Acredita-se que alguns se
basearam na etiologia da palavra e se referiram a uma ética presente em pesquisas nas áreas
correlatas a biologia, um grande número preferiu não opinar, talvez por não conseguir
expressar qual dificuldade ou fato que os leva a ter pouco conhecimento. Um dos discentes
afirmou saber o básico para orientar seus futuros alunos, logo resta saber se apenas o “básico”
é suficiente neste aspecto ou se isto seria um empecilho para um desempenho de forma plena
do exercício docente. Nesse aspecto, pontua-se que a escola é um espaço privilegiado de
convívio humano, e este ambiente é um dos principais para a formação de um cidadão ético,
que exerça a cidadania de forma crítica (MESSIAS, 2007).
Quando questionados sobre o que seria Bioética de fato, em todos os períodos a
maioria dos discentes afirmaram não saber do que se trata, exceto pelos discentes do último
período do curso de Saúde Coletiva com todos afirmando saber, destaca-se neste caso o fato
de que o curso de Saúde Coletiva é o único dentre os pesquisados que possui a bioética como
disciplina na sua matriz curricular, este provavelmente é o motivo de todos os discentes
afirmarem saber o que é Bioética.
Ao serem indagados sobre a definição da Bioética, a maioria dos participantes dos
primeiros períodos decidiram não opinar, aqueles que opinaram se referiram a problemas
éticos e morais ou a ética em pesquisa, dos últimos períodos a maioria também não opinou,
53
exceto do curso de saúde coletiva, onde apenas um entrevistado não opinou e os demais se
referiram ao respeito com a vida, ética no campo da saúde e das pesquisas.
É possível observar que mais alunos do último período, em comparação com os do
primeiro, afirmaram saber o que é Bioética, entretanto quando questionados sobre a definição
há muitas abstenções da resposta, logo não há como ter certeza se o entrevistado sabe o que é
Bioética. Sobre os entrevistados que tentaram definir o que é Bioética, deve-se considerar que
a maioria não conseguiu defini-la de forma clara, enquanto aqueles que tentaram não a
definiram, mas expressaram apenas uma parte de atuação da mesma.
A Bioética devido ao seu caráter interdisciplinar, multidisciplinar e transdisciplinar
acaba sendo na maioria das vezes, ou quase todas as vezes, associada apenas a alguns pontos
do seu amplo campo de atuação, pois devido a sua complexidade encontrar uma definição
geral não é simples e se torna mais fácil fazer referência a um dos seus aspectos, visto que
nem mesmo os bioeticistas conseguem estabelecer uma definição geral com clareza.
Na questão que se referia aos itens que mantinham relação com a Bioética, os alunos
dos primeiros períodos se referiram muito ao viés da Bioética referente a pesquisas científicas
e saúde, considerando assim que os demais itens tinham pouca relação com o tema, dos
últimos períodos consideraram que a Bioética se relaciona com temáticas que perpassam o
âmbito da saúde, pois citaram dentre os mais relevantes os animais.
Sobre a importância da Bioética no cotidiano, os discentes independentemente do
curso consideraram que a Bioética se relaciona diretamente com a atuação dos profissionais
do campo da saúde, mas por ser um campo de reflexão, discussão e articulação com diferentes
campos do saber, a Bioética não rejeita a reflexão ética existente nas demais áreas.
Esperava-se que no curso de Ciências Biológicas o item mais citado fosse relacionado
ao meio da biologia, visto que a Bioética surgiu a partir do desenvolvimento das Ciências
Biológicas e os avanços realizados no campo da saúde (SANCHES, 2008), e de acordo com
Almeida Júnior (2010), hoje a Bioética já não se ocupa apenas de dilemas morais no campo
da saúde, especialmente ao ganhar conotação mais profunda, sendo ampliada para um
“Bioética Global”, essa ampliação remete à necessidade de desenvolver uma consciência ética
não circunscrita apenas aos conflitos particulares da dimensão humana, pois o exercício
profissional dos biólogos não se restringe à área da saúde.
Sobre a importância da Bioética na área de graduação, em ambos os períodos do curso
de Saúde Coletiva todos afirmaram ser importante, no curso de Ciências Biológicas a maioria
de ambos também afirmaram ser importante, enquanto em ambos os períodos do curso de
Educação Física a maioria afirmou não ser importante.
54
Neste aspecto cabe destacar que a maioria dos discentes entrevistados no curso
Educação Física ao afirmarem não ser importante para sua área, estão considerando que a
Bioética não possui relação com o seu campo de atuação, como foi justificado por um dos
discentes na justificativa sobre essa questão, assim é preciso refletir que as práticas inerentes
ao profissional de Educação Física são exercidas com seres humanos, especialmente na área
da licenciatura, de acordo com Dias (2002) a Educação Física em todas as suas nuances de
expressão lida diretamente com seres humanos, desde a prática em pesquisas, na formação
escolar ou em habilidades desportivas, tem como imperativo a reflexão Bioética.
Quando indagados sobre o porquê da importância, em todos os cursos a maioria das
afirmações se referiram a melhor atuação profissional, alguns dos primeiros períodos se
referiram a área estar mais relacionada a saúde e assim influenciar na qualidade de vida das
pessoas, um grande número não opinou, ressalta-se que no primeiro período de Educação
Física um dos entrevistados afirmou que sua área não apresenta relação com o objeto de
estudo da Bioética. No último período do curso de Ciências Biológicas muitas das afirmações
se centraram na manipulação de animais em atividades práticas, no de Educação Física a sua
maior relação com o campo da saúde e uma grande quantidade não opinou, exceto no último
período do curso de Saúde Coletiva onde todos opinaram.
Sobre ter a Bioética como disciplina durante graduação, a maioria dos discentes das
turmas pesquisadas confirmaram ser importante, com exceção do primeiro período de
Educação Física, em que apenas 40% afirmaram ser relevante ter uma disciplina de Bioética,
como já foi explicitado anteriormente observamos novamente a incompreensão da Bioética
como área essencial para a reflexão sobre os valores defendidos pelas ciências da vida, mas
vale destacar que essa área é onde a Educação Física situa seu exercício profissional.
Enquanto disciplina, sua obrigatoriedade foi enfatizada pelos primeiros períodos dos
cursos de Ciências Biológicas e Saúde Coletiva, ser uma disciplina optativa foi enfatizada
pelo último período de Ciências Biológicas e o primeiro de Educação Física, no último
período do curso de Saúde Coletiva 50% defenderam a sua obrigatoriedade e 50% o fato de
ser optativa. Assim nos períodos que defenderam o fato de ser optativa os discentes
consideraram que só deveria cursar a disciplina quem realmente demonstrasse interesse, no
curso de Educação Física foi afirmado já possuir a disciplina de ética no curso e portanto uma
disciplina de Bioética seria dispensável, entretanto destaca-se que na ementa da disciplina
citada chamada “ética profissional” é dado enfoque apenas a questão do código de ética
profissional e não a fatos relativos a Bioética, de acordo com isso a maioria dos discentes de
55
todos os cursos afirmaram que a disciplina deveria ser ministrada no primeiro, segundo e
terceiro períodos dos seus cursos.
Considerando o ensino na graduação, segundo Rego, Palácios e Schramm (2004),
existem basicamente três modelos de ensino da ética: o ensino da ética profissional; o ensino
da bioética baseado em problemas; e as disciplinas de bioética isoladas. Sem dúvidas, o
enfoque da Ética Profissional, como citado pelos discentes do curso de educação física, é
indispensável à formação acadêmica, uma vez que ela está relacionada com as dimensões
regulamentadoras da prática profissional. Porém, a Bioética insere-se num contexto mais
amplo, estando relacionada com os questionamentos dos limites legais e morais, vinculando-
se ao exercício efetivo da própria cidadania.
Para a maioria dos discentes de todos os cursos a finalidade de se trabalhar Bioética,
seria para melhorar o exercício profissional, para os discentes do primeiro período de Ciências
Biológicas seria ainda para aprimorar os conceitos da biologia segundo princípios éticos, para
os do primeiro período de Educação Física seria para desenvolver melhor pesquisas, e em
ambos os períodos de Saúde Coletiva seria para conhecer melhor questões éticas, apesar
destas afirmativas uma grande quantidade em todos os períodos não opinou.
Sendo assim, em todos os períodos de todos os cursos manteve-se um padrão, pois
consideraram os especialistas da área e os profissionais com formação na área como
responsáveis pelo ensino da Bioética, e de fato uma das formas de garantir uma formação
adequada de acordo com as bases da Bioética é a presença de docentes qualificados
(FERREIRA; RAMOS, 2006). Pois destaca-se em um professor de Bioética possuir uma
reflexão embasada e com fundamentação teórica (KIPPER, 2005).
Para praticamente todos será relevante ter conhecimentos sobre Bioética ao fim da
graduação, com exceção dos discentes de ambos os períodos do curso de educação física,
sobre o porquê dessa importância ao fim da graduação, em todos os períodos a maioria não
opinou, aqueles que opinaram do primeiro período do curso de Ciências Biológicas afirmaram
ser importante para minimizar erros na prática do profissional de biologia, e no último a
maioria das afirmações se referiram a melhoria da prática docente, no curso de Educação
Física em ambos os períodos a maioria afirmou ser importante a nível de conhecimento, no
primeiro afirmaram ainda não ter muita ligação com a sua área, no curso de Saúde Coletiva,
do primeiro período a maioria se referiu a melhoria da prática profissional e do último
destacaram ser importante para a vida profissional e pessoal.
A maioria dos participantes não justificou sua resposta sobre a relevância da Bioética
56
ao fim da sua graduação, provavelmente porque apesar de compreender a relevância, não
conseguem explica-la.
A Bioética ao ser considerada pelo curso de Educação Física, foi tida como uma forma
de conhecimento, entretanto como foi citado anteriormente a maioria dos discentes
declararam que não teria muita importância com a sua área, logo eles consideram a Bioética
apenas como uma informação a mais, mas nada muito relevante e assim não consideram que a
Bioética de fato interessa a todos e no caso deles é referência para um maior rigor científico
(DIAS, 2002).
No curso de Saúde Coletiva as afirmações se voltaram para a prática profissional, de
fato no âmbito deste curso as ideias voltadas a promoção à saúde e pertencentes ao Sistema
Único de Saúde (SUS), são pressupostos teóricos e metodológicos que se voltam as práticas
coletivas e mantém estreita relação com a Bioética (PORTO, 2011; GARRAFA, 2008).
Nas perguntas anteriores foi demonstrado que os discentes de todos os períodos,
exceto do último período de Saúde Coletiva, tinham pouco conhecimento, sendo até mesmo
afirmado anteriormente pelos mesmos, assim ao escolher os princípios da Bioética eles se
referiram aqueles de acordo seus conhecimentos.
Entretanto observou-se que a maioria citou princípios do cotidiano, estes também
mantém uma relação complementando os deveres prima facie, mas neste ponto cabe a
reflexão que não foi-lhes perguntado sobre princípios que tinham relação com a Bioética, mas
apenas os princípios da Bioética.
Com relação a estarem preparados para atuar profissionalmente de acordo com os
princípios, a maioria de todos os cursos citados concluíram não estar, com exceção do último
período do curso de Saúde Coletiva, onde todos afirmaram estar preparados.
Os motivos apontados pelos que afirmaram não estar preparados se referiam ao fato de
possuir pouco conhecimento, enquanto no último período do curso de Saúde Coletiva os
discentes afirmaram estar preparados justamente pelo fato de possuírem o conhecimento
necessário.
Esperava-se que os alunos do último período se considerassem mais preparados
profissionalmente para atuar do que os do primeiro, mas isso só ocorreu no último período do
curso de Saúde Coletiva. Sabemos que isso se relaciona com o fato do curso de Saúde
Coletiva, dentre os citados ser o único que possui a disciplina de bioética na sua matriz
curricular, pois para o ensino da Bioética basear-se apenas em uma concepção
interdisciplinar, multidisciplinar ou transdisciplinar não é suficiente e se torna insatisfatório,
por não conseguir discutir e sensibilizar os discentes adequadamente.
57
Existe interdependência conceitual com outras disciplinas, mas nestas disciplinas não
se consegue trabalhar todo o seu universo conceitual e a especificidade dos seus conteúdos,
resultando em um ensino ineficaz onde uma dimensão do conteúdo acaba sendo mais
trabalhada que outras, ou o conteúdo é trabalhado apenas pontualmente.
Mediante isto a maioria dos discentes consideraram por meio de suas afirmativas que
os professores ou pesquisadores da área são peças chaves na aplicação da Bioética, mas
também consideram o governo e a população em geral, isso indica que há compreensão sobre
a importância do posicionamento da sociedade em relação aos aspectos éticos, mas também
que há uma falta de reconhecimento da própria responsabilidade ao considerar
primordialmente os professores e pesquisadores.
Segundo Gomes (1996), se o ensino da Bioética para a educação superior é, sobretudo,
praticado nas faculdades de Medicina, parece ser também indispensável desenvolvê-lo nas
instituições formadoras de profissionais de saúde, como é o caso das instituições formadoras
dos profissionais de Saúde Coletiva, e nas faculdades formadoras de profissionais que lidarão
com vidas também, como no caso das licenciaturas em Ciências Biológicas e Educação
Física.
Diante do exposto, se torna claro que a abordagem transversal da Bioética ou apenas
da ética são insuficientes para uma melhor atuação profissional, pois as reflexões éticas e os
paradigmas tradicionais se tornaram progressivamente incapazes de compreender e estudar os
conflitos éticos presentes na nossa sociedade.
Assim é crucial que os princípios e diretrizes da Bioética sejam trabalhados,
especialmente durante a graduação, de forma ampla para que ao longo da formação haja um
norteamento das ações dos futuros profissionais perante os conflitos que existem ou venham a
existir e que deverão ser enfrentados de forma adequada.
O ideal é que a Bioética e disciplinas similares sejam obrigatórias e acessíveis a todos
que almejam se tornar profissionais comprometidos com o exercício pleno da sua profissão,
independentemente de serem licenciados ou bacharéis (DORIA, 2012).
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7 CONCLUSÃO
A Bioética se constitui como uma área dinâmica mantendo relação com outros campos
do conhecimento e suas reflexões encontram-se sempre em processo de revisão, com
constantes discussões.
A interseção entre Educação e Bioética, especialmente durante a formação profissional
possibilita discussões e reflexões necessárias, ajudando no preparo do estudante para uma
atuação profissional mais responsável e humanizada, com desenvolvimento pleno do
pensamento crítico (JUNQUEIRA, 2011).
O ensino de Bioética bem direcionado forma profissionais com uma visão voltada às
necessidades dos seres vivos, vale lembrar que quando nos referimos ao ensino não estamos
nos limitando a transmitir conteúdos ou conhecimentos, mas sobre discutir para causar
sensibilização.
Era esperado que os discentes do último período do curso que possui a Bioética como
disciplina da matriz curricular (Saúde Coletiva) possuíssem mais conhecimento a respeito da
Bioética do que os discentes dos últimos períodos de cursos que não a possuem como
disciplina (Ciências Biológicas e Educação Física), isso foi comprovado a medida que todos
os discentes do último período do curso de Saúde Coletiva afirmaram saber o que seria
Bioética e a definiram, assim como se consideraram mais preparados para atuar
profissionalmente de acordo com a Bioética por possuírem o conhecimento necessário.
Era esperado também que os alunos dos primeiros períodos detivessem menor
conhecimento do que os alunos dos últimos períodos de seus respectivos cursos e de acordo
com as respostas obtidas isso pode ser demonstrado, pois quando questionados se sabiam o
que seria bioética mais alunos do último período afirmaram saber e a definiram, a única
exceção observada foram os alunos do último período do curso de Educação Física.
Um aspecto relevante a ser considerado é o fato dos alunos do curso de Educação
Física afirmarem que a Bioética não é relevante para sua área de graduação porque ela não
possui relação com seu campo de atuação profissional, neste aspecto é importante enfatizar
que as práticas inerentes ao profissional de Educação Física são exercidas com seres
humanos, portanto elas necessariamente implicam em uma maior humanização e este é um
dos aspectos contemplados por uma formação norteada pela Bioética (DIAS, 2002).
De acordo com tudo que foi observado defendemos que a formação superior de
licenciandos e bacharéis em todos os cursos, seja embasada nas orientações e princípios
59
bioéticos, especialmente na forma de uma disciplina voltada exclusivamente para discussões e
que permita o aprofundamento em questões relevantes, pois muitos dos nossos futuros
profissionais ainda negam a importância da bioética, devemos então refletir sobre como os
novos profissionais estão sendo formandos e se durante a formação estão sendo estimulados a
desenvolver um pensamento crítico.
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APÊNDICES
Questionário Não é necessário se identificar.
1-Você já ouviu falar sobre Bioética? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, em qual destes meios você obteve informações sobre a Bioética? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Internet ( ) Revista ( ) Revista Científica ( ) Jornal ( ) Livros ( ) TV ( ) Eventos Científicos ( ) Universidade ( ) Outros: ___________________________________________________________ 2-Qual o seu grau de conhecimento sobre Bioética? ( ) Nenhum ( ) Pouco ( ) Muito 3-Você se sente satisfeito com seu nível de conhecimento sobre os conteúdos relacionados a Bioética? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4-Você sabe o que é Bioética? ( ) Sim ( ) Não Se você respondeu sim, explique o que seria Bioética: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5- Segundo suas concepções, indique os itens que tem relação com a Bioética. Obs: Pode marcar mais de um item.
Qual o seu Curso? __________ Qual semestre você cursa? ____ Já fez algum curso superior? ______________ Qual sua profissão? _____________ Idade: ______ Sexo: ______
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( ) Pesquisas científicas ( ) Lixo ( ) Meio ambiente ( ) Animais ( ) Engenharia genética ( )Transplante de órgãos ( ) Técnicas para alteração de sexo ( ) Eutanásia ( ) Constituição ( ) Avanços tecnológicos ( ) Saúde Pública ( ) Fábricas de reciclagem ( ) Outros ____________________________________________________________ 6-Qual a importância da Bioética no seu cotidiano? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Para o uso correto dos recursos naturais ( ) Para respeitar a autonomia das pessoas ( ) Para um desenvolvimento de forma sustentável ( ) Para sensibilizar sobre a utilização de produtos transgênicos ( ) Para melhorar a qualidade de vida das pessoas ( ) Para orientar o exercício profissional de profissionais de saúde ( ) Outros ____________________________________________________________ 7-A Bioética é importante para sua área de graduação? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8-É importante ter a Bioética como uma disciplina durante a sua graduação? ( ) Sim ( ) Não Por quê? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9-Na sua opinião, a bioética enquanto disciplina deve ser: ( ) Obrigatória ( ) Optativa Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10-Segundo suas concepções, a disciplina de bioética deveria ser ministrada em qual(is) semestre(s) do seu curso? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Primeiro ( ) Segundo
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( ) Terceiro ( ) Quarto ( ) Quinto ( ) Sexto ( ) Sétimo ( ) Oitavo ( ) Nono (se houver) ( ) Décimo (se houver) ( ) Nenhum ( ) Todos 11-Qual você acha que seja a finalidade de se trabalhar a Bioética no seu curso? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12-De quem você considera que seja a responsabilidade pelo ensino de Bioética? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Ministério da Educação ( ) IES (Instituições de Ensino Superior) ( ) Especialistas da área ( ) Profissionais com formação em Bioética ( ) Ministério da Saúde ( ) Outros: _____________________________________________________________ 13-Após o final da sua graduação, será relevante ter conhecimentos sobre a Bioética? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 14-De acordo com suas concepções, quais são os princípios da Bioética? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Paciência ( ) Autonomia ( ) Prudência ( ) Coragem ( ) Justiça ( ) Humildade ( ) Não – maleficência ( ) Generosidade ( ) Beneficência ( ) Dignidade ( ) Outros: ____________________________________________________________ 15-Você se considera preparado para atuar profissionalmente de acordo com os princípios bioéticos? ( ) Sim ( ) Não
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Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16-De quem você acha que é a responsabilidade de fiscalizar a aplicação da Bioética corretamente? Obs: Pode marcar mais de um item. ( ) Pesquisadores ( ) Professores ( ) Pessoas ( ) Curandeiros ( ) Governo ( ) População em geral ( ) Outros: ___________________________________________________________