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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ÉRIKA CRISTINA LIMA DA SILVA
BARREIRAS/IMPEDIMENTOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO AMBIENTE ESCOLAR:
As influências da formação do professor
Vitória de Santo Antão - PE
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ÉRIKA CRISTINA LIMA DA SILVA
BARREIRAS/IMPEDIMENTOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO AMBIENTE ESCOLAR:
As influências da formação do professor
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Licenciatura
em Educação Física da Universidade
Federal de Pernambuco, Centro
Acadêmico de Vitória, como requisito
para obtenção do título de Professor de
Educação Física, sob a orientação do
Prof. Dr. Saulo Fernandes Melo de
Oliveira.
Vitória de Santo Antão - PE
2018
Catalogação na fonte
Sistema de Bibliotecas da UFPE – Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Ana Ligia F. dos Santos, CRB4-2005
S586b Silva, Érika Cristina Lima da.
Barreiras/impedimentos no processo de inclusão de pessoas com deficiência intelectual no ambiente escolar: as influências da formação do professor./ Érika Cristina Lima da Silva. - Vitória de Santo Antão, 2018.
36 folhas.
Orientador: Saulo Fernandes Melo de Oliveira. TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Licenciatura
em Educação Física, 2018.
1. Educação Física e Treinamento. 2. Docentes. 3. Educação de Pessoa com Deficiência Intelectual. I. Oliveira, Saulo Fernandes Melo de (Orientador). II. Título.
796.0196 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-126/2018
ÉRIKA CRISTINA LIMA DA SILVA
BARREIRAS/IMPEDIMENTOS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO AMBIENTE ESCOLAR:
As influências da formação do professor
TCC apresentado ao Curso de Licenciatura em
Educação Física da Universidade Federal de
Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória,
como requisito para a obtenção do título de
Professora em Educação Física.
Aprovado em: 20 / 07 / 2018.
BANCA EXAMINADORA
SAULO FERNANDES MELO DE OLIVEIRA
________________________________________
Profº. Dr. Saulo Fernandes Melo de Oliveira (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
ERNANI NUNES RIBEIRO
_________________________________________
Profº. Dr. Ernani Nunes Ribeiro (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
PRISCILLA MARIA DA SILVA CARMO
_________________________________________
Profº. Mª. Priscilla Maria da Silva Carmo (Examinador Externo)
Universidade Federal de Pernambuco
RESUMO
A educação especial no Brasil, trava um grande embate em relação aos conceitos que a ela
estão atrelados, como o de inclusão e o de integração. A proposta de um sistema educacional
inclusivo passa, então, a ser percebida na sua dimensão histórica, enquanto processo de
reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças conceituais, político e pedagógicas,
coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de todos à educação, preconizado pela
Constituição Federal de 1988. Daí surge nosso questionamento: Quais as
barreiras/impedimentos no processo de inclusão de pessoas com deficiência intelectual e quais
as influências da formação do professor? Analisar sob a perspectiva de professoras de
estudantes com Deficiência Intelectual, sobre a realidade da atuação profissional no processo
inclusivo e sobre a formação inicial, voltada para esse público, permitindo-nos refletir, ter
considerações a respeito e, lançar propostas acerca da formação de graduandos em educação
física, nessa modalidade. Justifica-se principalmente pela carência de estudos na área de
formação inicial e formação continuada em Pernambuco, para professores de estudantes com
deficiência intelectual e para analisar a importância da intervenção de professor de educação
física para esse público no ensino regular. Acredita-se que a formação de professores não os
habilita de forma satisfatória a atuar com alunos com deficiência intelectual e que há uma
pequena parcela de professores de educação física lecionando para esse público, o que pode
influenciar na visibilidade e legitimidade da disciplina enquanto conteúdo curricular e deficit
no desenvolvimento físico e cognitivo dos estudantes pela possível ausência de práticas
corporais. Trata-se de uma pesquisa de campo, qualitativa, descritiva e de natureza aplicada;
os sujeitos são 9 professoras que lecionam na área de educação especial. Utilizou-se o método
de Grupo Focal para coletar os dados, dividido em duas seções; E para análise dos dados, será
feita análise de conteúdo. Identificamos que as barreiras e desafio se baseiam em basicamente
2 categorias que são as Barreiras pedagógicas e as Barreiras Estruturais, que ainda se dividem
7 e 4 em subcategorias respectivamente. Analisamos que muitas das barreiras identificadas,
passam desapercebidas no dia a dia, devido a adaptação, mas quando problematizadas
coletivamente, é possível encontrar saídas. Esta pesquisa, nos permitiu fazer algumas
reflexões acerca da formação docente e suas contribuições na atuação profissional em escolas
que recebem alunos com Necessidades Educacionais Especializadas, no sentido de que
formação docente não supre as necessidades pedagógicas que a escola demanda,
principalmente pela disparidade que há entre teoria e prática, que fragmenta o conhecimento e
não dá aos graduandos, subsídios e condições de assimilação entre a aplicabilidade das teorias
e dos planejamentos. É preciso reavaliar a ideia motriz dos cursos e não simplesmente,
modificar a grade curricular, principalmente porque assimilar, e torna mais complicado se
separarmos.
TERMOS-CHAVE: Formação de professores. Deficiência Intelectual. Educação Física.
ABSTRACT
Special education in Brazil, is a major clash in relation to the concepts that are linked to it,
such as inclusion and integration. The proposal of an inclusive educational system is then
perceived in its historical dimension as a process of reflection and practice that enables
conceptual, political and pedagogical changes to be made consistent with the purpose of
making effective the right of all to education, as advocated by the Federal Constitution of
1988. Thence our question: What are the barriers / impediments in the process of inclusion of
people with intellectual disabilities and what are the influences of teacher education? To
analyze from the perspective of teachers of students with Intellectual Disabilities, the reality
of professional activity in the inclusive process and about the initial formation, directed to this
public, allowing us to reflect, to have considerations about it and to launch proposals about
the training of undergraduates in physical education, in this modality. It is justified mainly by
the lack of studies in the area of initial and continuing education in Pernambuco, for teachers
of students with intellectual disabilities and to analyze the importance of the intervention of a
physical education teacher for this public in regular education. It is believed that teacher
training does not satisfactorily enable them to work with students with intellectual disabilities
and that there is a small number of physical education teachers teaching to this public, which
may influence the visibility and legitimacy of the subject as a curricular content and deficits in
students' physical and cognitive development due to the possible absence of corporal
practices. This is a field research, qualitative, descriptive and applied nature; the subjects are 9
teachers who teach in the area of special education. The Focal Group method was used to
collect the data, divided into two sections; And for analysis of the data, will be done content
analysis. We identified that the barriers and challenge are based on basically 2 categories that
are the pedagogical Barriers and the Structural Barriers, that still divide 7 and 4 into
subcategories respectively. We analyze that many of the identified barriers are not noticed day
by day due to adaptation, but when they are collectively problematic, it is possible to find
exits. This research allowed us to make some reflections about teacher education and its
contributions in the professional performance in schools that receive students with Specialized
Educational Needs, in the sense that teacher training does not meet the pedagogical needs that
the school demands, mainly due to the disparity that there is between theory and practice, that
fragments the knowledge and does not give to the students, subsidies and conditions of
assimilation between the applicability of theories and of the planning. It is necessary to re-
evaluate the driving idea of the courses and not simply modify the curriculum, mainly because
assimilate, and makes it more complicated if we separate.
KEY WORDS: Teacher training. Intellectual Disability. Physical Education.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, entre todos os pontos a serem destacados, digo que
principalmente pela oportunidade de poder realizar uma pesquisa que desde o ensino médio
era idealizada e na graduação está sendo possível. Agradeço à minha família e ao meu
companheiro, que mesmo à distância, conseguem me transmitir toda a força e boas energias
para continuar a jornada, apesar dos problemas de saúde e financeiros; Às minhas
companheiras, companheiros de luta e movimentos sociais com os quais dialogo, que no
exercício da função social do cidadão vem me fortalecendo para abrir a visão acerca das
possibilidades de criar um mundo melhor, numa convivência com equidade e sorosidade
mútuas; Às professoras e professores que, de fato, de uma forma ou de outra, também
contribuíram para que hoje eu consiga me enxergar apta para a prática docente propriamente
dita; Às amigas e amigos que fiz durante a graduação, que são mais que colegas de trabalho e
me incendeiam de sorrisos a cada passo que dão e eu digo isso radiante de orgulho; Por fim e
não menos importante, agradeço ao professor-orientador, na pessoa do Ms. Saulo Fernandes
Melo de Oliveira e às professoras das disciplinas de Metodologia da Investigação Científica e
TCC, que me auxiliaram na construção desse projeto e contribuem para que ele tenha sentido,
não só de produção científica, mas de intervenção direta na transformação dessa sociedade.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................................... 3
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 5
4 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 6
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................. 7
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................. 11
6.1 Pré-análise ................................................................................................................................... 11
6.2 Exploração do material ............................................................................................................. 12
6.3 Tratamento dos resultados – a inferência e interpretação ..................................................... 16
6.3.1 Barreiras pedagógicas ............................................................................................................ 16
6.3.2 Barreiras estruturais .............................................................................................................. 21
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 25
APÊNDICES .................................................................................................................................... 28
7
1 INTRODUÇÃO
De meados do século XX em diante, precisamente no ano de 1993 (MANTOAN,
2011), houve muitos debates de movimentos sociais, em relação às formas de discriminação,
o que impediam e impedem, o exercício da cidadania das pessoas, inclusive das pessoas com
Necessidades Educacionais Especializadas (NEE), conceito que surge a partir do Relatório
Warnock apud Coelho (2007), organizado pelo primeiro Comitê do Reino Unido, onde a
justificativa foi a constatação de que uma em cada cinco crianças observadas pelo comitê,
apresentava necessidades educacionais especiais em algum período do seu percurso escolar.
No Brasil, o conceito de NEE, chega por meio da Declaração de Salamanca
(UNESCO, 1994), mas foi redefinido e atualizado, passando a abranger as crianças e jovens,
que tem necessidades relacionadas não só às deficiências mas também os indivíduos com altas
habilidades/superdotados, em situação de rua, advindas de populações remotas ou nômades,
pertencentes às minorias étnicas ou culturais e de áreas ou grupos desfavorecidos com
dificuldades educacionais especiais.
Com o passar desse período histórico, vai se fortalecendo a crítica às práticas de
segregação e exclusão de estudantes encaminhados para ambientes especiais, que conduzem,
a questionamentos dos modelos homogeneizadores de ensino e de aprendizagem. Já no
contexto do movimento político visando a meta de educação para todos, a Conferência
Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada pela UNESCO
no mesmo ano do lançamento da Declaração de Salamanca, aprofundou as discussões e
trouxe a problemática dos aspectos gerais com relação à escola não acessível a todos
estudantes.
Os projetos de mudanças nas políticas públicas passam então a serem impulsionados
quando os diversos movimentos existentes, passam a buscar novas reflexões acerca do
modelo de espaço escolar e assim buscar identificar todas as possíveis formas de exclusão e,
assim, a proposta de inclusão escolar começa a ser pensada com maior ênfase. Tal
perspectiva, leva ao debate sobre a situação futura da educação especial, o que necessitaria de
mudanças estruturais: construção de políticas de formação, financiamento e gestão -
necessárias para a transformação da estrutura educacional, já que o objetivo é assegurar as
condições de acesso; participação e aprendizagem de todos estudantes, concebendo o espaço
escolar enquanto ambiente que reconhece e valoriza as diferenças.
De forma inversa ao crescente movimento em todo o mundo pela inclusão, no Brasil,
surge no mesmo ano, o documento chamado Política Nacional de Educação Especial
8
(UNESCO, 1994), que com um discurso de integração e fundamentados com caráter
normalizador, atribui às características físicas, intelectuais ou sensoriais dos estudantes, a
característica de incapacitante, passando o indivíduo a “ter” impedimentos para sua inclusão
educacional e social.
Assim, no Brasil, a educação especial trava um grande embate em relação aos
conceitos que a ela estão atrelados, como o de inclusão e o de integração, que de acordo com
Sánchez (2005, p.5), é vista como “[…] uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços, realiza o atendimento
educacional especializado e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e
aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular”.
A proposta de um sistema educacional inclusivo passa, então, a ser percebida na sua
dimensão histórica, enquanto processo de reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças
conceituais, político e pedagógicas, coerentes com o propósito de tornar efetivo o direito de
todos à educação, preconizado pela Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2016).
Acreditamos que a formação inicial de professores não seja tão satisfatória a fim de
que ensinem estudantes com deficiência em turma regular (CRUZ; FERREIRA 2005),
inclusive, aqueles com deficiência intelectual por ter barreiras para além das físicas e, que a
presença de professores de educação física em turmas de educação especial seja escassa, o
que é lamentável pois a atuação e ocupação desse local permitiria, inclusive um reforço à
legitimação da área, segundo Bracht (2001).
9
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O conceito de inclusão é muito questionado em vários debates acerca da educação
escolar (BRASIL, 2005, p.11), uma educação eficiente, que colocam a escola enquanto
comunidades educativas, independente de quais fossem as “características pessoais,
psicológicas ou sociais” dos alunos, mesmo que tenha ou não deficiência, devem responder às
necessidades destes.
A legislação brasileira, de acordo com o Decreto Nº 7.611 (BRASIL, 2011, baseia-se
em garantir, pelo menos aos estudantes com transtornos globais do desenvolvimento,
deficiência e altas habilidades/superdotação, serviços de apoio especializados que têm direito,
visando eliminar as barreiras que comumente atrapalham ou impedem o processo de
escolarização.
Sendo que em paralelo a todo o esforço feito para que haja legitimação da Educação
Especial como sendo inclusiva não só para os indivíduos com Deficiência Intelectual (DI), o
que de acordo com Freitas (2010, p.1) é:
[...] é o estado de redução notável do funcionamento intelectual,
significativamente abaixo da média, oriundo no período de desenvolvimento
(antes dos 18 anos), e associado às limitações de, pelo menos, dois aspectos do
funcionamento adaptativo ou da capacidade do indivíduo em responder
adequadamente as demandas da sociedade em comunicação, cuidado pessoais,
competências domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos
comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e
trabalho.
Já que para Ballard (1997) apud Sanchez (2005), incluir é não discriminar as
deficiências, as culturas nem os gêneros, para assim dirigir-se a todos os estudantes de uma
comunidade escolar sem que haja nenhuma exceção.
Assim, com todo esse avanço, vemos que nas comunidades escolares, tais estudantes
estão ocupando a cada dia, seus espaços nas escolas regulares, por meio de amparo legal; com
a responsabilidade social de impedir ações prejudiciais como negligenciar a educação para
estes ou limitar suas ações e contribuições, mesmo quando esta educação se dá de maneira
adaptada, garantindo os direitos como cidadão. Sabendo disso e dialogando com Bracht
(1999), percebe-se que a prática esportiva na escola, principalmente no componente curricular
Educação Física lecionado por um professor da área, vem tentando tornar formal, ao longo
dos anos, a identidade de seus conteúdos, como também o reconhecimento dos objetivos
gerais almejados neste contexto. É preciso reforçar que planejar o programa ou proposta
10
metodológica de educação física nas escolas, deve ser uma ação feita a partir: Do projeto
político-pedagógico; das vias de respeito aos princípios do desenvolvimento humano
(SHAFFER, 2005); e das “características próprias das pessoas com deficiência” (GIMENEZ,
2005), promovendo sempre o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas,
socioafetivas e sociopolíticas.
Então, podemos comparar essas reflexões com a discussão acerca das barreiras/
impedimentos, como citamos acima, nos debruçando sob a visão de que o conhecimento
veiculado pela educação física, historicamente, estruturou-se para atender demandas de
construção do corpo sadio, belo e enérgico, atendendo padrões de estética, de perfeição e de
rendimento, como afirmam Castro (1997, p.22) e Foucault (1987). Assim, surgem várias
formas de atuação – manuais, cartilhas, artigos e técnicas - onde o professor perceberá como
quebrar esses paradigmas de padrão estético e ensinar pessoas com deficiência; um exemplo
disso, imagine na aula de balé, um estudante que não consegue manter seu tronco na posição,
como o professor lidaria com isso. Agora imagine como seria lidar com as deficiências
intelectuais? É significativamente diferente? As possibilidades e perspectivas de ações, são
menores? Partindo desse pressuposto, será que o professor se inquieta e questiona-se sobre a
sua formação? É isso que tentaremos observar ao tentar perceber se a formação inicial do
professor, atende às expectativas quanto às necessidades de conhecimentos e vivências,
permitindo lidar com alunos com deficiência intelectual.
Sassaki (2009, p.5) explica que algumas barreiras “[...] se apresentam implicitamente,
mas que na prática impedem ou dificultam para certas pessoas a utilização dos serviços [...]”.
E este mesmo autor, desde o início de suas pesquisas, principalmente a partir dos anos 50,
vem denunciar diversos tipos de barreiras que impedem o desenvolvimento das pessoas com
deficiência, e nós, com esse trabalho nos debruçamos sobre os impedimentos possíveis de
serem encontrados no ambiente escolar e nos perguntamos: “Quais as barreiras/impedimentos
no processo de inclusão de pessoas com deficiência intelectual e quais as influências da
formação do professor?”
11
3 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho justifica-se pela carência de estudos na área de formação e
formação continuada em Pernambuco, para professores de estudantes com deficiência
intelectual e por saber que há poucos professores de educação física, graduados atuando
diretamente com esses alunos, o que torna essa pesquisa ainda mais socialmente necessária e
instigante. Sendo essa uma forma de contribuir para reforçar a legitimidade da área, a fim de
beneficiar a população estudantil com deficiência intelectual, mesmo que dentro das formas
mais viáveis de pesquisa e intervenção, haja outro grande desafio: o de buscar apresentar
formas de melhoramento em alguns quadros, tanto na quantidade de estudos e investigações
na área, quanto na realidade das estratégias de aprimoramento e qualidade de formação,
colaborando no processo inclusivo.
12
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Analisar sob a perspectiva de professores (as) de estudantes na modalidade de ensino
que é a educação especial, sobre a atuação no processo inclusivo e sobre a formação voltada
para esse público, refletindo assim sobre a importância da atuação do professor de educação
física com esse público no ensino regular.
4.2 Objetivos específicos
-Identificar a existência de barreiras para atender estudantes com deficiência intelectual no
ensino especial considerando a formação inicial e suas possíveis contribuições;
-Discutir imputações/ potencialidades na formação, sob a prática docente e aprendizado de
estudantes com deficiência intelectual;
-Apontar as possibilidades de diminuir as possíveis barreiras ou mesmo minimizar suas
influências no processo ensino-aprendizagem no contexto escolar.
13
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A palavra método vem do grego “methodos”, o que significa basicamente “caminho
para chegar a um fim”, Tartuce (2006, p.11) descreve método como sendo um caminho que
vai em direção a um objetivo e afirmando que metodologia é o estudo desses métodos, onde
estase apresenta como o “corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar uma
pesquisa”.
Esta pesquisa teve como sujeitos, professoras que lecionam para estudantes com
Necessidades Educacionais Especiais, formadas em Pedagogia, em instituições privadas da
região, a escola é pública, da rede municipal de Vitória de Santo Antão-PE, a instituição é
referência em educação especial no município e por isso foi escolhida como campo de
pesquisa. Tais profissionais, tem mais de 1 ano e meio de experiência com estudantes com
deficiência intelectual, esse o foi o único critério de inclusão/exclusão, por isso a quantidade
de sujeitos foi 9 (nove) professoras. E trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, a
qual não se atenta para a representatividade quantitativa, pois busca explicar o porque dos
argumentos, exprimindo o que convém ser feito, sem representar em números os valores e as
trocas simbólicas. Além de não se submeter à prova de fatos, uma vez que os dados analisados
não podem ser mensurados, assim como descrevem Gerhardt; Souza (2009). O objetivo da
amostra a partir da pesquisa qualitativa é destrinchar informações aprofundadas adquiridas em
forma de diálogo e/ou observação, mesmo que seja pequena ou grande, o que importa é que
“seja capaz de produzir novas informações (POUPART, 2008)”.
A natureza da pesquisa é de caráter aplicada, que ainda de acordo com Gerhardt;
Souza (2009), ela objetiva “gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de
problemas específicos (p.35)”, envolvendo “verdades e interesses locais”.
Nessa pesquisa, quanto ao objetivo, descreveram-se fatos e fenômenos de determinada
realidade e, assim como afirma Trivinos (1987, p.112), os estudos descritivos podem ser
analisados e criticados principalmente porque pode existir uma descrição exata dos
fenômenos e dos fatos, pois não se trata de verificação através da observação. Mas se não
ocorrer um exame crítico das informações ou se este não for imparcial, os resultados podem
ser equivocados, o que torna as técnicas de coleta de dados, apenas quantificáveis, gerando
imprecisão.
Esse tipo de pesquisa caracteriza-se por se tratar de investigações nas quais além da
pesquisa bibliográfica e/ou documental, há a realização de coleta de dados em campo junto a
pessoas, podendo ter o recurso de diferentes tipos de pesquisa, como descreve Fonseca
14
(2002). Para desenvolver procedimentos que tenham embasamento em referenciais teóricos,
realizamos discussões entre a pesquisa de campo e a literatura. Para tanto, dialogamos
principalmente com Bracht (1999), Cruz; Ferreira (2005), Gimenez (2005) e Ressel et al.
(2008), além de leis, portarias e diretrizes nacionais.
Para a coleta de dados foi realizada a técnica de Grupo Focal (GF), dividida em 2
(duas) sessões, de 45 minutos, pelo fato de que as professoras selecionadas compartilham do
mesmo local de trabalho e isso tende a favorecer os relatos e trocas de experiências,
necessidades, dificuldades e inclusive a forma com que cada uma atua diante de situações
diversas e adversas, como discorre Ressel et al. (2008). Antes de iniciar os GF‟s, realizamos
entrevistas individuais, visando obter informações referentes à identificação pessoal e
perspectiva de cada colaboradora em participar do trabalho.
As reuniões com os grupos, foram bem preparadas, contendo: planejamento de acordo
com o objetivo de cada sessão; agendamento prévio de local, hora e data; preparação, limpeza
e arejamento do local; manutenção e seleção antecipada do gravador e outros materiais de
coleta; organização em círculo permitindo interação direta entre os sujeitos. Pois, segundo
Ressel et al.(2008, p.781): “O ambiente das sessões grupais deve ser agradável, confortável e
acolhedor”.
Fizemos a análise do material coletado através de transcrições feitas manualmente e
anotadas em diário de campo, organizado por ordem de fala nas sessões. Após transcrever,
fizemos uma categorização utilizando como critério de inclusão, a relevância dos conteúdos
para a pesquisa, onde as categorias foram definidas a Posteriori, que de acordo com Câmara
(2013), trata-se de categorias que foram adquiridas após a coleta dos dados. A categorização e
sub-categorização, de acordo com Câmara (2013), permite reunir um maior número de
informações, a partir de uma esquematização, possibilitando correlacionar classes de
acontecimentos para organizá-los.
Para Bardin (2011, p.182-188), o processo de Análise do conteúdo se dá em um
processo de três etapas: 1) a pré-análise é identificada enquanto fase de organização, onde se
estabelecem procedimentos bem definidos, embora flexíveis; 2) a exploração do material
onde se identifica os termos e classifica-os de acordo com a ordem semântica, fase que se
baseia em codificar os termos, classificar por ordem semântica e categorização; 3) Tratamento
dos resultados – a inferência e interpretação que é baseado em análise dos resultados brutos,
onde é necessário torná-los significativos e válidos, fazendo uma interpretação que deve ir
além do conteúdo presente nos documentos, interessando apenas o conteúdo latente..
15
Este estudo faz parte de uma ação de extensão vinculada a um projeto vigente na Rede
Municipal de Ensino de Vitória de Santo Antão, que tem como objetivo qualificar a atuação
dos professores no sentido de orientar e acompanhar aulas de educação física para estudantes
na modalidade de Educação Especial.
16
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Pré-Análise
Para Bardin (2011), o processo de Análise do conteúdo se dá em um processo de três
etapas: a pré-análise que é identificada enquanto fase de organização, onde se estabelecem
procedimentos bem definidos, embora flexíveis. Tendo como base as obervações das falas dos
sujeitos desta pesquisa, conseguimos encontrar categorias. como consta na figura 1, tais quais: a)
Barreiras Pedagógicas; b) Barreiras Estruturais; que ainda se subdividira sub-categorias: a1)
Material didático; a2) Diálogo com pais e responsáveis; a3) Plano de Ensino do Professor e
projetos do professor; a4) Projeto Político Pedagógico da escola, atitudes e projetos da escola; a5)
Auxílio pedagógico de outros profissionais; a6) Formação Inicial; a7) Formação Continuada; b1)
Estrutura física da escola e recursos financeiros; b2) Mobilidade estudantil; b3) Perfil das turmas;
b4) Distribuição das turmas na escola.
Figura 1 - As Categorias e suas Sub-categorias
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
A) BARREIRAS PEDAGÓGICAS
B) BARREIRAS ESTRUTURAIS
a1) Material didático
a2) Diálogo com pais e responsáveis
a3) A3) Plano de Ensino do Professor e
projetos do professor
a4) Projeto Político Pedagógico da
escola, atitudes e projetos da escola
a7) Formação Continuada
a6) Formação Inicial
a5) Auxílio pedagógico de outros
profissionais
b1) Estrutura física da escola e recursos
financeiros
b2) Mobilidade estudantil
b3) Perfil das turmas
b4) Distribuição das turmas na escola
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6.2 Exploração do material
A partir da divisão em categorias e sub-categorias, percebemos a importância em classificar
de forma cuidadosa, os registros feitos pelas professoras, como consta nos Quadros de 1 a 11.
Quadro 1 - Barreiras Pedagógica: Material Didático
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas
A1) Material didático
“não temos recursos para comprar os materiais”; “Fica tudo
concentrado na sala de recursos, isso não é bom, porque os
alunos teriam mais desenvolvimento se tivesse materiais
disponíveis pra eles toda hora”; “principalmente recursos para
questão lúdica só com papel folha caderno não garantimos o
aprendizado completo do aluno, pois recurso para material
lúdico não tem nenhum só na sala de AEE, mas fica lá na sala
só para aquele momento, não temos disponível na sala de aula
para todos”; “Nós professoras e a diretora tentamos fazer coisas
diferentes mas não temos muitos recursos, mas não é falta de
vontade não, é as condições mesmo”; “Se tivesse livro, pra eles,
por exemplo o livro da Educação Infantil se chegasse para eles,
eles trabalhariam tranquilo, mas não tem”; “eu acho que seria
mais propício na inclusão esse material didático, nós das salas
especiais teríamos alguma dificuldade”; “Se temos turmas com
muitos alunos, não tem material didático disponível para todas
as professoras”; “como recurso também poderíamos ter um
alfabeto móvel, para facilitar na questão tátil, isso é muito
importante e aqui não tem”.
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
18
Quadro 2 - Barreiras Pedagógicas: Diálogo com pais e responsáveis
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas A2) Diálogo com pais e
responsáveis “eu tenho alunos que conseguiria ir para a inclusão
mas os pais não aceitam e não querem, quando a gente
diz que já dá para ir para a inclusão eles dizem que
não”; “eu tenho criança que lê escreve se comunica
normalmente mas o pai não aceita”; “já veio a mãe de
um aluno, que eu chamei e de maneira nenhuma ela
aceitou que o filho fosse para a inclusão”; “eu também
tenho caso de que as mães de maneira nenhuma de
jeito nenhum aceita”; “Não se tem um trabalho com a
comunidade escolar no geral”; “tem um aluno meu
que relata que no lugar onde ele mora quando ele
passa as pessoas já dizem „Olha aquele menino que é
débil mental‟, „Olha o filho de fulana que é
deficiente‟, vivem assim são tratados assim agora a
gente acredita que por mais que a gente tente mudar o
que eles pensam sobre si mesmo preciso de um
trabalho em conjunto porque muitas vezes a gente
trabalha as questões na escola e em casa não é
trabalhado”; “já vem de casa, aquele pensamento de
que ele não consegue”; “porque o dia a dia delas com
eles também não é fácil, porque tem muitos que são
rejeitados pela própria mãe”; “E eles são muito
carentes viu? Também precisa de atenção com os pais,
alguns pais também precisam de tratamento, eles
também precisam ser trabalhados”; “Precisa chamar
os pais pra que deem suas opiniões e contribuam
também”; “Deveria ter projetos que visasse o
engajamento dos Pais”; “Falta estratégias para acolher
os pais”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
Quadro 3 - Barreiras Pedagógicas: Plano de Ensino e projetos do professor
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas A3) Plano de Ensino do
Professor e projetos do
professor
“Projetos nós ainda não temos pois não temos
recursos para isso os projetos nós temos apenas nos
sonhos mas para realizar as condições são
precárias”; “Assim eu penso que nós professoras,
podíamos nos reunir e ver isso porque sozinha é
muito complicado, eu já falei isso em reuniões, mas
as pessoas não dão importância ficam dizendo que
é muito difícil”; “Não. Os projetos estão na cabeça
da gente (risos), Eu mesma digo que sozinha é
difícil, porque tenho dois empregos e à noite tenho
que planejar as coisas para o dia seguinte. Tem que
ser trabalho em conjunto”; “Sabe que nem tem
projetos? Nem sobra tempo. Mas eu acho que não
precisa”; “Só sei que a troca de gestão municipal, é
sempre ruim pra os estudantes, não há continuação
de atividades, não há comunicação entre os antigos
professores e os novos. É bem complicado”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
19
Quadro 4 - Barreiras Pedagógicas: Projeto Político Pedagógico, atitudes e projetos da escola
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas A4) Projeto Político
Pedagógico da escola,
atitudes e projetos da
escola
“até agora não temos em mãos o PPP”; “é preciso que
a escola vá em busca de recursos, principalmente
recursos para questão lúdica só com papel folha
caderno não se garante aprendizado completo do aluno,
pois recurso para material lúdico não tem nenhum só
na sala de AEE, mas fica lá na sala só para aquele
momento, não temos disponível na sala de aula para
todos”; “Deveria ter projetos que visasse o
engajamento dos Pais”; “Falta estratégias para acolher
os pais”; “quando chegamos aqui, sabe como é
mudança de gestão pública, então encontramos
projetos de outras pessoas que não tinha nem
formação. projetos em andamento que acabaram
porque não nos deram nada escrito para
continuarmos.”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
Quadro 5 - Barreiras Pedagógicas: Auxílio pedagógico de outros profissionais
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas A5) Auxílio pedagógico
de outros profissionais “É Difícil não ter auxiliar, principalmente pela questão
de não ter com quem dividir as funções, os trabalhos,
faz aquilo ok?! ok, vamos lá, fulano assim tá ótimo,
fulano assim vai prejudicar a coluna dele, do mesmo
jeito que eu combinava com a outra menina tu faz isso
eu faço aquilo, e hoje em dia não hoje em dia eu sou
responsável por tudo, Apesar de que os alunos me
ajudam muito, algumas me ajudam sim. isso mostra
que eles são capazes de compreender a situação e
interagir conosco dando um bom feedback, mas isso
em alguns casos não em todos. enfim meus alunos
estão interagindo, por exemplo tem horas que dois
chamam para ajudá-los na mesma hora, e o outro já
grita tia tá sozinha Calma que ela já vai, E aí tem uns
que seguram a fralda segura o xixi mais um
pouquinho”; “Já eu estou sem auxiliar a algum tempo,
mas no tempo que tive auxiliar, no início ela ficou um
pouco assustada, mas aos poucos foi chegando à
percepção da realidade, do como é difícil lidar com
várias deficiências numa mesma turma. Depois chegou
outra pessoa também para me auxiliar, mas por
motivos maiores ela também não ficou, mas assim eu
estou com 10 alunos, sozinha, é difícil, então assim, é
muito difícil”; “é a sala mais agitada e não tem
auxiliar” “precisamos de uma pessoa formada e
preparada para dar esse tipo de aula um profissional
habilitado na área para dar um suporte”; “um
profissional de educação física eu acho que a gente
deveria ter maior suporte”; “por exemplo um
fisioterapeuta”; “o aluno Lucas que ele é autista Severo
e ele é bem dependente também e ele não faz nada na
questão pedagógica e com a educação física acredito
que eu conseguisse conciliar a questão pedagógica e o
desenvolvimento físico”; “a maior necessidade é
realmente essa, a de sentar todas as professoras, ou
melhor, todos os profissionais da escola e pensar em
decisões que sejam realmente feitas, tudo em conjunto”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
20
Quadro 6 - Barreiras Pedagógicas: Formação Inicial
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
A) Barreiras Pedagógicas A6) Formação Inicial “É só o marketing, de que é isso é aquilo, mas quando
você cursa, tem muita teoria e leituras, primeiro que os
professores muitos não tem nem mestrado, alguns só
com pós já conseguem dar aula na faculdade, então
não chega a ser tão diferentes de nós que estamos
tendo aquela aula. Eu falo assim, mas é da minha
realidade, de faculdade privada, eu sei que não são
todas assim. Mas deixou muito a desejar a graduação.
Tem que buscar fora, porque não dá conta. Muita teoria
e pouca prática”; “Eu acho que a graduação não
prepara diretamente”; “no começo eu não sabia o que
fazer, porque não tinha nada de experiência, nem no
estágio eu tive alunos com deficiência”; “Eu tô
praticamente tendo aula com os meninos da federal
(risos)”; “E aí chegou Mateus sem ter nada a ver caiu
de paraquedas na minha sala e eu sem nenhuma
formação para lidar com ele talvez por ser mais
desafiador esteja marcando minha carreira”; “ para
mim tá sendo tudo novo Pois nunca tinha trabalhado
com educação especial e na faculdade”; “é como se
chegasse num lugar e ficasse perdida”; “uma
experiência que houve foi uma autista uma aluna que
hoje não se encontra mais na escola, ela era assim
muito agressiva, agrediu a professora auxiliar na hora
eu não soube como tratar aquilo, eu não estudei isso”;
“se formos esperar apenas pela graduação, não
conseguimos”; “a graduação só nos prepara para saber
as leis, as normas, os PCN's, essas coisas, direciona
você para prestar concurso você só precisa aprender
sobre os pensadores, agora para ensinar como lidar em
sala de aula ou você vai buscar na internet ou por
experiências de amigas professoras que já
vivenciaram”; “muito diferente a teoria da prática”; “só
o que temos é teoria ”; “De disciplinas que nos desse
uma base, só libras e Educação Especial na graduação,
mesmo assim conteúdo escasso, muita teoria”;
“também psicomotricidade até fomos para a AACD,
para observarmos, mas muito superficialmente”; “Na
minha opinião as graduações deixa muito a desejar”;
“Pra mim quase nada é tão novo, porque meus alunos
não tem muita resposta aos estímulos que eu dou, mas
acho que é devido as deficiências deles mesmo”; “olha
o menino não interagia com ninguém, o menino não
gostava de brincar, o menino não gostava de mim. Eu
só sei que quando eu chegava perto dele, eu ficava sem
saber o que fazer, menina eu fiquei com aquilo na
cabeça e quase desisti de dar aula pra ele”; “É o mais
agitado que eu tenho, ele que anima a turma. É o amor
de tia. Já os outros, meu Deus, são muito paradinhos,
mas é por conta da limitação de cada um”; “Eu tenho
muita dificuldade de envolver eles em aulas com
movimentos assim, apesar de que não tento muito. Eu
reconheço, eu tenho pouca base com essa questão”;
“são muito paradinhos, no canto deles, então em
alguns casos eu prefiro deixá-los no mundinho deles,
estimulando aos poucos”.
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
21
Quadro 7 - Barreiras Pedagógicas: Formação Continuada
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A) Barreiras Pedagógicas A7) Formação
Continuada “na especialização a gente faz propostas de aula,
mas não é a mesma coisa pois vemos que não tem
nada a ver a Teoria com a prática, na hora que vai
para a prática é outra coisa”; “por exemplo teve uma
capacitação aqui há duas semanas atrás quem
ensinou que ao ensinar para o autista que se
pegarmos a mão dele por trás ajuda muito no
desenvolvimento isso nunca foi dito nem Na
graduação nem na pós em AEE”.
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
Quadro 8 - Barreiras Estruturais: Estrutura física da escola e recursos financeiros
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B) Barreiras Estruturais B1) Estrutura física da
escola e recursos financeiros “A quadra aqui, é descoberta e é precária mas dá pra
fazer alguma coisa de tardezinha”; “sabemos que a
escola ainda não está totalmente pronta para receber
esses alunos, não está totalmente adaptada para as
crianças.”; “maior problema é a estrutura física que
não temos adequada”; “o que está deixando a desejar
no momento é a estrutura física”; “Falta um espaço
adequado”; “Temos um espaço mas é no sol temos
medo dos meninos caírem”; “já eu acho que não é
espaço, ou seja, mais espaço e, sim, aproveitar o
espaço que temos e torná-lo acessível nem que Para
isso precisamos passar por reformas adequadas,
exemplo: não conseguimos trabalhar em círculo”;
“as salas são cheias de bancas pelo menos a minha é,
E olha que só tenho cinco alunos mas a sala cheia de
banca”; “a estrutura da escola é muito precária”;
“Como Temos vários alunos que não andam
deveríamos ter um chão apropriado para eles ficarem
à vontade, um piso melhor”; “a escola tenta fazer
esforços, mas sem os devidos recursos não adianta”;
“Acho que não tem muito o que fazer, porque não
tem dinheiro, como vai fazer? Um bingo, uma rifa,
não adianta em nada”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
Quadro 9 - Barreiras Estruturais: Mobilidade estudantil
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
B) Barreiras Estruturais B2) Mobilidade estudantil “Tem um projeto para eles de manhã, mas não
participam por que as atividades são no contra turno
então eles não podem se deslocar pela manhã e passar
o dia todo na escola, pois não temos essa estrutura,
temos o problema de acesso a transporte público
adaptado”.
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
22
Quadro 10 - Barreiras Estruturais: Perfil das turmas
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
B) Barreiras Estruturais B3) Perfil das turmas “Eu tenho alunos com autismo severo, tenho alunos com
dislexia, tenho aluno com pc, tenho aluno com pc e autismo,
ou seja, tem um bocado de deficiência numa mesma turma”;
“E aí chegou Mateus sem ter nada a ver com os outros alunos,
caiu de paraquedas na minha sala e eu sem nenhuma formação
para lidar com ele”; “Eu tenho um aluno que escreve, lê, já
outros não sabe nem o que significa cada letra, tudo que a
gente ensina hoje, amanhã ele não sabe de nada”; “de repente
chega um aluno que não tem nada a ver e não consegue se
enquadrar no perfil da turma, é um desafio grande para nós”;
“Precisa de uma sala aqui na escola como o EJA, já com perfil
de turma específico, onde colocaria os alunos, não que sejam
os melhores mas aqueles que, pelo menos, já desenvolveram a
leitura e a escrita e, colocaria na mesma sala, E assim a gente
modificaria os professores para fazer estilo EJA mesmo uma
que sabe mais português daí se encaixa em tal turma, outra na
matemática mais específico, para fazer um período de transição
entre o especial e o regular”; “porque se esses alunos
permanecerem a vida toda numa sala de ensino especial eles
não vão ter nenhum avanço significativo”; “Eu tenho um aluno
com 56 anos”; “Eu tenho um aluno com 50, mas se eles
tivessem antes Talvez alcançasse um nível maior
desenvolvimento, mas aí depende do grau da deficiência”;
“eles precisam muito da minha ajuda, principalmente o Mateus
que eu falei, que tem PC, às vezes eu tenho que parar atividade
que todos acompanhe, tem uns que não tiram do quadro, pela
questão de problemas na coordenação motora, e alunos como
Mateus a gente só trabalha a questão da socialização, porque
quando eu dou um lápis a ele, ele quebra, quando eu dou um
caderno ele joga, sem querer, Na verdade ele gosta de barulho,
ele quer que eu grite com ele que eu cante alto, que eu bata
palmas perto dele, ele quer tocar quer segurar na mão da gente,
e os outros? por exemplo tem um que não suporta barulho, ele
PC mas também é autista.”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
Quadro 11- Barreiras Estruturais: Distribuição das turmas na escola
CATEGORIA SUBCATEGORIA REGISTROS
B) Barreiras Estruturais B4) Distribuição das
turmas na escola “alunos da regular não respeitam os nossos alunos, é uma
luta quando tem algum problema”; “aqui é uma escola
voltada também para ensino regular então Os alunos não
têm informação suficiente de lidar com os outros alunos
com deficiência na escola”; „meus alunos não conseguem ir
para a inclusão porque os outros colegas não aceitam e não
entendem a deficiência deles”; “nas salas de regular, existe
muito preconceito, não respeitam, e também os professores
da regular muitas vezes não estão preparados para receber
esses alunos”; “eu levei meu aluno no dia de um evento
para inclusão, ele disse que não gostou, se sentiu excluído”
Fonte: SILVA, E. C. L., 2018.
23
6.3 Tratamento dos resultados – a inferência e interpretação
No contexto da pesquisa percebe-se que a Educação Especial se traduz em Educação
no seu significado mais amplo na medida em que conta como um instrumento que não lhe
permite apenas receber e compreender as peculiaridades, mas também atender eficientemente
as necessidades e interesses daqueles que dela precisa.
É possível encontrar algumas contradições nos resultados da pesquisa, já que o
Decreto 6.571/2008, determina que o Atendimento Educacional Especializado-AEE precisa
ser entendido enquanto “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos
organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação
dos alunos no ensino regula (Art.1º, § 1)”.
E o que ouvimos dos relatos das professoras é que o trabalho delas são feitos
exclusivamente voltados para alunos na modalidade de ensino especial, que é uma ação
contrária ao que determina as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
Especializado na Educação Básica, que por meio da Resolução Nº. 4 CNE/CEB, define, que
cabe aos sistemas de ensino, efetuarem as matrículas de alunos com deficiência, altas
habilidades/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento em turmas de ensino
regular e, quando for o caso, no Atendimento Educacional Especializado – AEE (BRASIL,
2009). Sendo assim, o AEE deveria servir de integração com o projeto político pedagógico -
PPP da escola; aproximar a família da escola e permitir que participem dos processos
pedagógicos; e, ser realizado de forma articulada com as demais políticas públicas. Na prática
docente, existem alguns desafios diários que ao logo do tempo tendem a receber certas
adaptações. Na presente pesquisa, identificamos que essa ideia realmente se aplica, mas que
não necessariamente funciona.
6.3.1 Barreiras pedagógicas
A1) Materiais didáticos
Quando questionadas acerca das condições de ensino e de recursos, a principal queixa das
professoras é a necessidade de obter material didático que seja adequado ao público com o
qual elas lidam diariamente. Fato que segundo elas é motivado pelo não cumprimentos das
exigências presentes nas Orientações para Implementação da Política de Educação Especial
na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2015), que prevê investimentos específicos
24
para administração e financiamento de escolas como a escola campo deste estudo. A
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) indica que os sistemas de ensino, que vai desde
escolas comuns até centros de referência, devem ser organizados, assim como os programas
precisam ser aplicados levando em consideração, as diferenças entre características e
necessidades dos alunos; mas além dos apontamentos sobre a falta de recursos didáticos, as
profissionais ainda destacam a importância de se ter inovações na produção de material
didático para o público com deficiência, enquanto isso, uma delas ressalva que “seria mais
propício na inclusão esse material didático, nós das salas especiais teríamos alguma
dificuldade”1, onde ela se refere à utilização de livros apenas nas salas de ensino regular, onde
os alunos com deficiência intelectual estejam inseridos.
A2) Diálogo com os pais
Núñez (2003), ao pesquisar sobre famílias nas quais há pelo meno um filho com algum tipo
de deficiência, observou os conflitos existentes nos vínculos e os fatores que trariam riscos
para a convivência de tais famílias e, chegou à conclusão de que certos conflitos familiares,
surgem devido às possibilidades de adaptação com o desafio e não necessariamente por ter
um filho com deficiência. A principal barreira apontada pelas professoras com relação ao
diálogo entre os pais dos alunos é a dificuldade destes entenderem as reais capacidades e
habilidades dos próprios filhos. Essa fala foi unânime, todas elas conseguiram identificar essa
questão, pois é algo que segundo elas, interfere muito no desenvolvimento dos alunos. Nesse
sentido, Fiumi (2003), vem chamar atenção para um outro ponto a ser analisado nos pais, que
é a falta de informações ou informações incompletas, sobre as particularidades das
deficiências de seus filhos. As próprias professoras entrevistadas apontam a necessidade de se
procurar estratégias de aproximação desses pais na realidade escolar dos alunos, mas
Fiamenghi Jr (2007, p.244) reforça a importância de uma abordagem cuidadosa com os pais
por parte dos profissionais; principalmente porque alguns deles demonstram precisar de uma
atenção maior, inclusive sobre o estado de saúde mental, vemos essa questão quando uma das
entrevistadas destaca que os alunos “são muito carentes […] Também precisa de atenção com
os pais, alguns pais também precisam de tratamento”2. Nesse sentido, a partir do diálogo
conscientizador e humanizado entre os pais e escola, a estratégia de Educação Especial, se
aproximaria da inclusão. Para isso, as Orientações para implementação da Política de
1 Consultar Quadro 1, página 10.
2 Consultar Quadro 2, página 11.
25
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2016) recomenda que
cabe “à família, compartilhar do processo de escolarização da estudante, tendo em vista o
acesso, participação e sucesso em todas as atividades escolares para seu pleno
desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional, com autonomia e independência
(p.114)”.
A3) Plano de Ensino do Professor e projetos do professor
No ato da coleta dos dados, percebemos que nenhuma das professoras tem seu próprio plano
de ensino, utilizam apenas o plano disponibilizado pelo município, o que para Moretto (2007),
pode ser um risco à eficiência do processo ensino-aprendizagem, pois planejar se refere à
organização das ações, ideias e informações. Talvez as professoras reclamem tanto da
sobrecarga de atividades e dificuldades de se organizar pedagogicamente porque falta o que o
autor chama de “meios que facilitam o trabalho” do professor para com os alunos, e as
relações deles entre si. Foi possível identificar nos relatos que não há articulação entre as
professoras, algo parecido como uma estratégia de ação para facilitar o cotidiano na sala de
aula e é aí que Libâneo (1994, p.222) vem trazer o alerta para a urgência que é tê-lo, ele
destaca que um plano de ensino“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente
para um ano ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos
específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico”3. Além disso, identificamos
também nas falas das entrevistadas que se sentem presas ao plano que lhes é proposto pelo
município e acabam realizando ações sem um norte específico e, assim, é preciso deixar claro
que o plano não deve ser usado como um instrumento regulador das ações e sim um
instrumento norteador, que proporciona flexibilidade e autonomia: nos processos que dele se
sobressairão, nas resoluções de problemas e tomada de decisões (CASTRO, 2008).
A4) Projeto Político Pedagógico da escola, atitudes e projetos da escola.
Uma das estratégias do novo Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014, meta 19,
estratégia 19.6), prevê que haja estímulo à participação e consulta de todos os profissionais da
área da educação, de alunos e alunas e, de seus familiares, no processo de construção dos
PPP‟s (Projetos político-pedagógicos), da grade curricular, dos planos que organizam a gestão
escolar e os possíveis regimentos escolares “assegurando a participação dos pais na avaliação
3 Consultar Quadro 3, página 11.
26
de docentes e gestores escolares”. Nesse contexto, o fato da escola não ter definido ou mesmo
se tiver, não ter disponibilizado para as professoras, acaba piorando o processo de ensino-
aprendizagem pois permite que haja certa desordem sobre o norteamento das ações que
incluem e afetam diretamente os alunos, uma vez que são eles os principais personagens da
ação docente (CASTRO, 2008). Ao serem questionadas com relação às atitudes que a escola
toma enquanto comunidade acadêmica que acolhe os alunos com deficiência intelectual, as
professoras apontam que é preciso ir em busca de recursos, mas elas citam que “é preciso que
a escola vá em busca de recursos”, dando brecha a uma interpretação de que elas não se veem
como sendo parte da escola. A isso, Max Weber, um famoso filósofo vem dizer que “a ação
de certos membros de um grupo é atribuída ao resto; ou se supõe, e de fato ocorre, que o resto
considera a ação como „legítima‟ para eles próprios e assumindo para eles um caráter de
compromisso (KINZO, 1980, p. 24)”. Em seguida é apontado um outro problema, que é a
questão de influência da questão político partidária estudada por Sartori apud Kinzo (1980),
onde as professoras dizem não haver controle da continuidade da proposta de ensino-
aprendizagem, pois todas as vezes em que ocorre mudança de gestores municipais, ou seja,
quando novos governantes são eleitos, muitos projetos são descontinuados, como na seguinte
fala de uma delas: “quando chegamos aqui, sabe como é mudança de gestão pública, então
encontramos projetos de outras pessoas que não tinha nem formação. projetos em andamento
que acabaram porque não nos deram nada escrito para continuarmos.”4
A5) Auxílio pedagógico de outros profissionais
A intervenção multiprofissional é de extrema importância em atividades desempenhadas com
um objetivo em comum no espaço escolar (SILVA, 2016) e o que vimos ao ouvir o relato das
professoras é que há certa carência da intervenção de outros profissionais no processo de
desenvolvimento dos alunos; os profissionais que segundo elas desempenhariam papel
fundamental, seriam um professor ou professora de educação física e um ou uma profissional
fisioterapeuta. Na escola há uma psicopedagoga, mas segundo as professoras, não é o
suficiente, principalmente para aulas que requerem movimento físico. A questão do apoio de
um profissional auxiliar também foi discutida e curiosamente a professora que tem mais
alunos e os alunos mais severos, não tinha, em sua sala, uma professora auxiliar. Chama a
atenção, sobre a organização em conjunto das ações entre os profissionais, quando uma das
professoras relata que “a maior necessidade é realmente essa, a de sentar todas as
4 Consultar Quadro 4, página 12.
27
professoras, ou melhor, todos os profissionais da escola e pensar em decisões que sejam
realmente feitas, tudo em conjunto”5. Silva (2016), em seus estudos sobre a ação
multiprofissional na educação inclusiva conclui que não basta inserir os profissionais no
ambiente e pedi-los que desempenhem seus papéis, é preciso que haja diálogo e troca de
ideias entre cada um dos profissionais, de forma que toda a comunidade escolar participe.
A6) Formação Inicial
Tardif (1991), explica sobre a lógica conteudista e de forma complexa afirma que a relação
dos docentes em sala de aula, não se baseia apenas na transmissão de conhecimentos pré-
definidos, há trocas, mas a prática, deveria se apresentar enquanto manifestações reais de
vários saberes, o que cria divisão entre teoria e prática, o que não poderia ocorrer num espaço
de formação, há saberes diferentes, mas um não anula o outro. É isso que identificamos nos
desabafos das professoras ao descreverem como foi constituída a grade curricular delas e
como foram as abordagens, segundo elas há muito embasamento teórico, porém não tiveram a
oportunidade de entenderem aqueles mesmos conteúdos, na prática, no cotidiano escolar, pois
tiveram poucas experiências no campo de atuação, durante a graduação. Segundo elas ainda, o
fato de terem escolhido a educação especial, acabou piorando ainda mais, pois se já não
haviam tido sucesso com relação às vivências práticas, na escola, com alunos de turmas
regulares, muito menos tiveram com turmas especiais. O que nos faz refletir que o principal
problema não é a grade curricular e sim a compreensão de currículo como algo mais amplo e
segundo Torres (1995, p.16), refletir sobre currículo requer reflexões acerca de determinadas
concepções, “não só do educativo, mas do social, do político, do cultural etc”.
A7) Formação Continuada
O Decreto nº 7.611 (BRASIL, 2011), que fala sobre a educação especial e o Atendimento
Educacional Especializado (AEE), determina que haja formação de educadores, gestores e dos
outros profissionais da escola, no sentido da educação na perspectiva da educação inclusiva,
no que diz respeito à aprendizagem e relações interpessoais. Mas nem as próprias professoras,
segundo elas, mesmo tendo cursado a pós-graduação, não se veem preparadas pela formação
continuada específica, para atuarem no AEE, mais uma vez, porque há tamanha disparidade
entre teoria e prática. De acordo com Cruz et al. (2005), a formação continuada para ser eficaz
5 Consultar Quadro 5, página 12.
28
precisa ser um processo que conduza ao aprimoramento do conjunto de informações advindas
da formação inicial, em nível de graduação e não um processo que conduza a uma mera
revisão dessa formação, como um resumo ou algo parecido.
6.3.2 Barreiras estruturais
B1) Estrutura física da escola e recursos financeiros
Sobre a questão de estrutura física escolar, é unânime entre as professoras, que esse é um
problema nacional das escolas públicas, mas sentem que escolas que tem turmas de ensino
especial precisam de um olhar diferenciado, inclusive por questões de saúde e segurança da
integridade física. Esse apontamento das professoras, chega a concordar com o Decreto nº
7.611 (BRASIL, 2011), que no seu parágrafo 2º assegura que haja “adequação arquitetônica
de prédios escolares para acessibilidade”. Como uma estratégia interessante de se pensar, uma
das professoras lançam a seguinte proposta: “já eu acho que não é espaço, ou seja, mais
espaço e, sim, aproveitar o espaço que temos e torná-lo acessível nem que para isso
precisamos passar por reformas adequadas, exemplo: não conseguimos trabalhar em
círculo”. Assim elas vão sugerindo: “Como temos vários alunos que não andam deveríamos
ter um chão apropriado para eles ficarem à vontade, um piso melhor” e, outra complementa a
ideia, reforçando que não é necessário algo tão grande e fantástico mas que apenas é preciso
questionar por quê “as salas são cheias de bancas pelo menos a minha é e olha que só tenho
cinco alunos mas a sala cheia de banca”6. Vemos que elas mesmas conseguem identificar
estratégias que diminuiriam os problemas, mas as professoras conseguem identificar que falta
diálogo em conjunto, o que podemos chamar de descentralização das decisões (LUCK,
2008a). Há certo pessimismo por parte de algumas, principalmente pela falta de recursos, mas
baseando-se no conceito de gestão democrática (LUCK, 2007b), é possível encontrar saídas.
B2) Mobilidade estudantil
Weishaln (1990, apud Medeiros, 2015, p.6) define mobilidade em seus estudos, como a
habilidade de locomoção dada ou desempenhada pelo indivíduo com segurança, eficiência e
conforto no meio ambiente, no caso da escola campo da pesquisa vimos que a estrutura física
acaba limitando a circulação de alguns estudantes. Mas o maior problema que inclui
6 Consultar Quadro 8, página 14.
29
mobilidade e acesso dos estudantes ao local da escola, é que eles dependem de transporte
municipal, o qual está disponível apenas para os horários de chegada e saída da escola, em um
único turno que é o vespertino. Na escola é realizado um projeto em parceria com a UFPE-
CAV (Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória), onde graduandos
dos cursos de educação física realizam intervenções nas turmas de ensino especial, mas ele
ocorre no período da manhã; as professoras falaram desse projeto durante vários momentos
das sessões e levantaram a questão da necessidade do auxílio de um professor de educação
física nas aulas, na tentativa de realizar atividades que diminuam o impacto dos problemas da
mobilidade reduzida de alguns alunos, dentro da escola. Quando uma das professoras diz:
“Tem um projeto para eles de manhã, mas não participam por que as atividades são no
contra turno então eles não podem se deslocar pela manhã e passar o dia todo na escola,
pois não temos essa estrutura, temos o problema de acesso a transporte público adaptado”7,
iniciou-se um diálogo entre elas- o que segundo as profissionais, não é nem um pouco comum
esses momentos- para buscar estratégias de dialogar com os professores responsáveis pelo
projeto, para tentar ampliar os horários de intervenção, ou seja, mais uma vez, durante as
sessões, elas identificaram que é preciso pensar juntas para ir em busca de soluções. Sobre a
disponibilidade do transporte público, como foi relatado nas sessões, é precária a questão da
acessibilidade que é prevista no Artº 8º, Inciso I do Decreto nº 5.296 (BRASIL, 2004), como
sendo a condição básica para o uso seguro e de autonomia total ou assistida, também dos
serviços de transporte, por parte de usuários que tem, entre outras, a limitação de mobilidade
reduzida.
B3) Perfil das turmas
A disposição 35ª da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), indica que cada
escola deveria funcionar enquanto uma comunidade coletiva e responsável por qualquer
indício de sucesso ou fracasso educacional dos estudantes, individualmente. Desse modo, as
professoras entendem que é um problema estar com alunos com deficiências tão diferentes
numa mesma sala de aula, inclusive tem uma delas que chega a citar: “Eu tenho alunos com
autismo severo, tenho alunos com dislexia, tenho aluno com pc, tenho aluno com pc e
autismo, ou seja, tem um bocado de deficiência numa mesma turma” - e a outra complementa:
“de repente chega um aluno que não tem nada a ver e não consegue se enquadrar no perfil
7 Consultar Quadro 9, página 14.
30
da turma, é um desafio grande para nós”8.“Pc”, significa paralisia cerebral, assim
percebemos que elas utilizam esse termo tão naturalmente no diálogo e demonstram que
conseguem certa adaptação devido à necessidade. Didaticamente, cada turma teria suas
características e cada aluno teria suas particularidades (LIBÂNEO, 1994), mas essa
disparidade, acaba inviabilizando algumas possibilidades de ações que integrem os alunos, na
tentativa de promover certa inclusão, mesmo numa sala de ensino especializado, é o que
relatam as professoras, as quais sugerem uma proposta de turma parecida com o EJA (Ensino
de Jovens e Adultos) (BRASIL, 2009), onde uma turma com perfil jovem/ adulto, tem
adaptações baseadas nas faixas etárias e nos perfis dos estudantes, tendo o próprio modelo
pedagógico.
B4) Distribuição das turmas na escola
A estratégia de disposição das turmas na escola campo da pesquisa é um problema, na
visão das professoras, pois alunos de turmas regulares e alunos de turmas especiais precisam
dividir os mesmos corredores e áreas comuns da escola, sem nenhum trabalho pedagógico que
dê base para esse convívio; o que acaba dando espaço para piadas preconceituosas, aumento
do estresse de alunos autistas, dispersão entre outras consequências. As próprias entrevistadas
sugerem que haja um trabalho de conscientização por parte dos professores, para com os
alunos das turmas regulares, assim como Cortesão (1999) ao lembrar que uma das
justificativas do insucesso no processo de ensino-aprendizagem tem relação com o ambiente
sociocultural “desfavorecido”, onde os alunos estão inseridos, aponta que é preciso pensar em
quais responsabilidades a própria escola tem perante esses processos. Mas, como dialoga
Luck (2008a; 2008b; 2007a; 2007b), isso só ocorrerá se o conceito de gestão democrática for
entendido na totalidade como realmente é, para além do que determina o MEC (BRASIL,
2017), inclusive porque a partir do processo de “democratização da escola”, surge um
paradoxo no momento em que aparece a ideia de universalização do acesso e os ambientes
educacionais formais “continuam excluindo indivíduos e grupos considerados fora dos
padrões homogeneizadores da escola (BRASIL, 2015, p.17)”: o paradoxo inclusão/exclusão.
8 Consultar Quadro 10, página 15.
31
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, nos permitiu fazer algumas reflexões acerca da formação docente e suas
contribuições na atuação profissional em escolas que recebem alunos com Necessidades
Educacionais Especializadas, no sentido de que as barreiras encontradas no cotidiano escolar,
que dificultam o processo de ensino-aprendizagem, por serem corriqueiras, precisam ser
problematizadas coletivamente entre toda comunidade escolar, que deve incluir a figura do
gestor, corpo docente, corpo discente, pais e responsáveis, comunidade na qual a escola está
inserida e os demais profissionais engajados com as ações da escola.
Assim, podemos considerar que a estratégia de gestão participativa, se praticada na sua
totalidade, permitiria maior resolutividade da maioria das situações-problemas encontrados
nas ações às quais a comunidade escolar se debruça em realizar. A formação inicial não supre
as necessidades pedagógicas que o campo de atuação, a escola, requer, principalmente pela
disparidade que há entre teoria e prática, que fragmenta o conhecimento e não dá aos
graduandos, subsídios e condições de assimilação entre a aplicabilidade das teorias e dos
planejamentos. Não seria suficiente rever apenas a estrutura dos modelos de cursos e grades
curriculares dos cursos de graduação, mas sim é preciso reavaliar as propostas iniciais dos
cursos, a ideia motriz, baseando-se nos pressupostos de quem se quer formar, para quê e para
quem.
A formação continuada exerceria papel fundamental se, seguisse no sentido de
aprimorar os conhecimentos supostamente construídos antes e depois da graduação, ou seja,
para isso, precisa-se modificar desde o início, pois se o início não foi bom, a probabilidade de
êxito no que vem a seguir é bem menor, ou não, mas de fato, será menos rica em capital
cultural diversificado, de acordo com área escolhida. É necessário voltar no início e reavaliar,
porque há o dualismo e a dicotomia “teoria x prática” e porque separá-los não seria uma
forma viável para garantir o aprendizado, principalmente porque assimilar, e torna mais
complicado se separarmos.
É preciso destacar que qualquer profissional que esteja atuando e/ou seja inserido no
AEE, esteja realmente engajado com os o processo desta proposta e. de forma conjunta com
um melhor diálogo com os pais, consigam que alunos possam ir para as turmas inclusivas.
Consideramos também que esse se trata de um trabalho que precisa retornar à escola e
contribuir de alguma forma para diminuir os efeitos das barreiras apontadas pelas professoras
entrevistadas, onde a principal foi a dificuldade de trabalhar em conjunto, no que diz respeito
à tomadas de decisões e resoluções de situações-problemas.
32
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1990.
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APÊNDICE A - ROTEIROS
ROTEIRA I
1ª SESSÃO
- Apresentação dos componentes da mesa que será composta pelo mediador/pesquisador e
sujeitos (Professores);
- Apresentação de protocolos (documentos) e procedimentos (Grupo Focal: duração de 30 a
50 minutos, exposição oral, registro em forma de gravação de áudio);
- Apresentação da temática e do objetivo da sessão: Proposta da 1ª sessão- Apontar e
desenvolver argumentos sobre pontos negativos da formação e da atuação docente ao lecionar
para estudantes com deficiência intelectual, priorizando barreiras e desafios no ensino na
educação física.
PERGUNTAS NORTEADORAS: 1ª sessão
Qual a formação acadêmica?
Quantos anos faz que trabalha na área da deficiência?
Quais as experiências acerca da área da deficiência intelectual?
Quantos estudantes com deficiência intelectual você leciona? Quais as deficiências?
Avalie a escola enquanto comunidade educativa para receber esses estudantes com
deficiência intelectual (gestão, estrutura, corpo docente, corpo discente...) (pontos
positivos e negativos nessa ordem);
Relate, se houver, as barreiras (pontos negativos) encontradas para dar aulas de
Educação Física para estudantes com deficiência intelectual;
Relate, se houver, as barreiras (pontos negativos) encontradas pelos estudantes com
deficiência intelectual nas aulas de Educação Física;
Enquanto projetos da escola que incluam diretamente os estudantes com deficiência
intelectual na prática da educação física, existe algum? Se sim, diga o nome e os
objetivos. Se não, existe em outra área que não seja a educação física? Se sim, diga o
nome e os objetivos;
Enquanto projetos de professores que incluam diretamente os estudantes com
deficiência intelectual na prática da educação física, existe algum? Se sim, diga o
nome e os objetivos. Se não, existe em outra área que não seja a educação física? Se
sim, diga o nome e os objetivos.
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ROTEIRO II
2ª SESSÃO
- Relembrar os procedimentos (Grupo Focal: duração de 30 a 50 minutos, exposição oral,
registro em forma de gravação de áudio);
- Relembrar a temática e dizer o objetivo da sessão: Proposta da 2ª sessão- Apontar e
desenvolver argumentos sobre pontos positivos acerca da formação e da atuação docente ao
lecionar para estudantes com deficiência intelectual, priorizando possibilidades de ação
docente no ensino na educação física.
PERGUNTAS NORTEADORAS: 2ª sessão
Das experiências na área da deficiência intelectual, cite as que mais marcaram
positivamente sua carreira?
Descreva como atuar diante das barreiras (se elas existem) encontrados ao dar aulas de
Educação Física para estudantes com deficiência intelectual;
Descreva como os estudantes com deficiência intelectual se posicionam diante das
barreiras da deficiência e diga se existem estratégias deles mesmos, para realizarem as
aulas de Educação Física;
Pontue as possíveis estratégias que podem ser tomadas pela escola para receber
melhor esses estudantes com deficiência intelectual (gestão, estrutura, corpo docente,
corpo discente...);
Enquanto projetos da escola que incluam diretamente os estudantes com deficiência
intelectual na prática da educação física: O que você lançaria como proposta? Esta
proposta considera os diferentes tipos de deficiência intelectual? OBS.: Considere
objetivo e a metodologia.