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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
LUCIENE MIRANDA DE ANDRADE
CONSTRUO E VALIDAO DE UM MANUAL DE ORIENTAES
A FAMILIARES DE PESSOAS COM MOBILIDADE FSICA
PREJUDICADA
FORTALEZA
2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
LUCIENE MIRANDA DE ANDRADE
CONSTRUO E VALIDAO DE UM MANUAL DE ORIENTAES
A FAMILIARES DE PESSOAS COM MOBILIDADE FSICA
PREJUDICADA
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Faculdade de Farmcia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para concluso do Curso de Doutorado em Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Enfermagem no processo de cuidar na Promoo da Sade
rea temtica: Cuidado de enfermagem pessoa com problemas neurolgicos.
Orientadora: Prof. Dra. Zuila Maria de Figueiredo Carvalho.
FORTALEZA
2011
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A568c Andrade, Luciene Miranda Construo e validao de um manual de orientaes a familiares de pessoas com mobilidade fsica prejudicada / Luciene Miranda de Andrade. Fortaleza, 2011. 122 f.; il.
Orientador: Prof. Dr. Zuila Maria de Figueiredo Carvalho
Tese (Doutorado) Universidade Federal do Cear. Programa de Ps-Graduao em Enfermagem.
1. Limitao da Mobilidade. 2. Cuidados de Enfermagem. 3.
Cuidadores. I. Carvalho, Zuila Maria de Figueiredo (Orient.) II. Ttulo.
CDD 610.73
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LUCIENE MIRANDA DE ANDRADE
CONSTRUO E VALIDAO DE UM MANUAL DE ORIENTAES A
FAMILIARES DE PESSOAS COM MOBILIDADE FSICA PREJUDICADA
Tese submetida Coordenao do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem
(Doutorado em Enfermagem) da Universidade Federal do Cear, como requisito
parcial para obteno do ttulo de Doutora em Enfermagem.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________ Profa Dra Zuila Maria de Figueiredo Carvalho (Orientadora)
Universidade Federal do Cear UFC
_________________________________________________ Prof.a Dr.a Leila Conceio Rosa Santos
Centro Universitrio Padre Anchieta - UniAnchieta
_______________________________________________ Prof.a Dr.a Enedina Soares
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UFRJ
_________________________________________________ Prof.a Dr.a Joselany Afio Caetano
Universidade Federal do Cear UFC
_________________________________________________ Prof. Dr. Lorena Barbosa Ximenes Universidade Federal do Cear UFC
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Dedico este trabalho minha me Valdeliz Miranda de Andrade, que durante este percurso soube compreender as minhas ausncias, estresses e inquietaes. Muito obrigada por estar sempre ao meu lado me apoiando em todas as etapas de minha vida pessoal e profissional. Voc para mim tudo.
AMO VOC
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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus, pela grandiosa Lei do Amor e da Caridade.
minha famlia, por saber compreender e ter pacincia com meus momentos de estresse. Vocs so meus alicerces.
minha orientadora, Prof.a Dra. Zuila Maria de Figueiredo Carvalho, pelos conhecimentos a mim repassados nesta trajetria, pela pacincia e compreenso
com as minhas limitaes e, principalmente, pela amizade que foi se construindo no decorrer deste percurso de aprendizado.
s amigas de longa caminhada: Ana Cludia, Angela, Goretti, Joselany, Liliane e Vldia, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando com amizade, carinho e
conhecimentos.
Aos cuidadores participantes deste estudo, pela confiana em mim aceitando participar desta pesquisa.
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AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Farmcia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Cear, pela oportunidade de aprofundar meus conhecimentos e obter a titulao de
doutora.
Ao Hospital Instituto Dr. Jos Frota IJF, aqui representado pela equipe de Enfermagem das Unidades de Internao 16,20 e 22, pela cooperao no
percurso deste meu estudo.
equipe de trabalho do Ncleo Hospitalar de Epidemiologia do IJF e da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital So Jos, pelo apoio, incentivo e amizade.
Ao Ncleo de Pesquisa e Extenso em Enfermagem Neurolgica NUPEN, por oportunizar o compartilhamento de conhecimentos e saberes ao longo
da realizao do curso de Doutorado.
s Dras. Leila Conceio Rosa dos Santos, Lorena Barbosa Ximenes, Joselany Afio Caetano, Ana Kelve de Castro Damasceno, Ana Karina Bezerra
Pinheiro, Maria Fatima Maciel Arajo, e Monica Oliveira Batista Ori, pelas valiosas contribuies como juzas na validao do Manual de Orientao.
A Henrique Castro, pela valiosa participao como desenhista do Manual de Orientao.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, foram importantes na realizao desta pesquisa.
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De tudo ficaram trs coisas... A certeza de que estamos comeando...
A certeza de que preciso continuar... A certeza de que podemos ser
interrompidos antes de terminar...
Faamos da interrupo um caminho novo...
Da queda, um passo de dana... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!
Fernando Sabino
http://pensador.uol.com.br/autor/Fernando_Sabino/
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RESUMO ANDRADE, L. M. Construo e validao de um manual de orientaes a familiares de pessoas com mobilidade fsica prejudicada. 2011. 156 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) Faculdade de Farmcia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 2011.
O estudo teve como objetivo construir e validar uma tecnologia educativa para a
promoo da sade em pessoas com mobilidade fsica prejudicada. Trata-se de uma
pesquisa metodolgica do tipo desenvolvimento, realizada em um hospital de
emergncia na cidade de Fortaleza-CE. O estudo compreendeu trs momentos:
construo do Manual, validao de contedo e testagem clnica. No primeiro
momento foram realizados estudos que subsidiaram a construo do Manual; no
segundo, para validao de contedo foi utilizado um questionrio tipo Escala de
Likert com os indicadores para avaliao da qualidade, de forma a determinar o nvel
de concordncia entre os juzes; e no terceiro, para testagem clnica aplicou-se o
Manual a cuidadores de pacientes com dficits na mobilidade fsica e dependncia
total ou parcial de cuidados. A amostra para validao de contedo foi constituda
por sete juzas, experts nas reas de educao e neurologia, e a amostra para
testagem clnica foi de 30 cuidadores selecionados mediante critrios de incluso e
excluso. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa do Hospital
Instituto Dr. Jos Frota, sob o protocolo N 110.316/09. No processo de construo
do Manual primeiramente foram realizados estudos que subsidiaram a seleo do
tema e do contedo, em seguida o editor de arte confeccionou o Manual, que teve
um formato de histria com desenhos representando os personagens e descrevendo
os procedimentos de forma detalhada e simples. Os pareceres das juzas quanto ao
Manual teve como base os itens abordados e apresentaram uma variao do
percentual de concordncia (concordo plenamente/concordo) de 42,9% a 100%.
Entre as que se mantiveram neutras a variao foi de 14,3% a 57,1%, e entre as
discordantes (discordo plenamente/discordo) a variao foi de 14,3% a 42,9%. Os
itens 3, 6, 10, 13 e 14 apresentaram concordncia entre as juzas inferior a 70% e
necessitaram de reviso e reestruturao para o alcance dos objetivos propostos
neste estudo. Na testagem clnica os pareceres dos cuidadores quanto aos itens
abordados apresentaram uma variao do percentual de concordncia (concordo
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plenamente/concordo) de 90,0% a 100%. Entre os que se mantiveram neutros ou
discordantes no foram identificadas variaes, mantendo-se ambas as categorias,
respectivamente, entre 6,7% e 3,3%. O valor estabelecido para tornar um indicador
vlido foi igual ou superior a 70%, e nesta etapa todos foram considerados vlidos.
Dentre as sugestes das juzas destacam-se: diminuio de alguns textos,
reformulao de termos tcnicos no acessveis a leigos, melhor clareza em
algumas ilustraes e alteraes na sequncia das orientaes. Os cuidadores
sugeriram o uso contnuo do Manual no hospital, iniciando sua utilizao logo aps a
admisso, para, assim, contribuir no processo de recuperao do seu familiar. Eles
afirmaram que aps as orientaes conseguiram se sentir mais seguros e que as
informaes seriam importantes para quando estivessem no domiclio. As anlises
realizadas reforam a relevncia de serem elaboradas novas tecnologias voltadas
prtica educativa dentro do ambiente hospitalar, alm da necessidade de preparo
dos profissionais por meio da capacitao contnua em servio para que o cuidado
se desenvolva de forma adequada e com segurana.
Palavras-Chave: Limitao da Mobilidade. Cuidadores. Prtica Educativa.
Enfermagem.
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ABSTRACT ANDRADE, L. M. Construction and validation of an orientation manual for relatives of people with impaired physical mobility. 2011. 156 p. Doctoral Dissertation in Nursing School of Pharmacy, Dentistry and Nursing, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 2011.
This study aimed to construct and validate educative technology for health promotion
in people with impaired physical mobility. This methodological development study
was carried out at an emergency hospital in Fortaleza-CE, Brazil. The study involved
three phases: construction of the manual, content validation and clinical testing. First,
studies were accomplished to support the construction of the manual. Second, for
content validation purposes, a Likert-style questionnaire was used, including the
quality assessment indicators, so as to determine the inter-rater agreement level.
Third, for clinical testing, the manual was applied to caregivers of patients with
impaired physical mobility and full or partial dependence for care. The content
validation sample consisted of seven judges who were experts in education and
neurology, while the clinical test sample comprised 30 caregivers, selected through
inclusion and exclusion criteria. Approval for this research was obtained from the
Institutional Review Board at Hospital Instituto Dr. Jos Frota, under protocol No
110.316/09. In the construction process of the manual, first, studies were
accomplished to support the selection of the theme and contents. Next, the art editor
was contacted to elaborate the manual, in the form of a history with drawings,
representing the characters and describing the procedures in a detailed and simple
way. The experts opinions on the manual were based on the addressed items and
the variation in agreement percentages (fully agree/agree) ranged from 42.9% to
100%. The variation in neutral answers went from 14.3% to 57.1% and, among
disagreements (fully disagree/disagree), from 14.3% to 42.9%. Inter-rater agreement
levels for items 3, 6, 10, 13 and 14 were lower than 70%, demanding review and
restructuring to achieve the goals proposed in this study. In clinical testing,
agreement levels (fully agree/agree) among the caregivers opinions on the
addressed items ranged from 90.0% to 100%. No variations were identified among
caregivers who stayed neutral or disagreed, with both categories corresponding to
6.7% and 3.3%, respectively. The level set to validate an indicator was 70% or more
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and, in this phase, all indicators were considered valid. Among the experts
suggestions, the following stand out: reduce some texts, reformulate technical terms
not accessible to lay people, clarify some illustrations and alter the sequence of
orientations. The caregivers suggested the continuous use of the Manual at the
hospital, starting its use soon after admission, so as to contribute to the recovery
process of their relative. They affirmed that, after the orientations, they managed to
feel safer and that the information would be important when they would be at home.
The analyses reinforce the relevance of elaborating new technologies for educative
practice in the hospital environment, besides the need to prepare the professionals
through continuous in-service training, so that care is developed adequately and
safely.
Key words: Mobility Limitation. Caregivers. Educative practice. Nursing.
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RESUMEN
ANDRADE, L. M. Construccin y validacin de un manual de orientacin a las familias de las personas con movilidad fsica reducida. 2011. 156 f. Tese (Doctorado en Enfermera) - Facultad de Farmacia, Odontologa y Enfermera, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 2011.
El estudio tuvo como objetivo construir y validar una tecnologa de la educacin para
promover la salud en las personas con movilidad fsica reducida. Se trata de un tipo
de desarrollo de la investigacin metodolgica realizada en un hospital de
emergencia en Fortaleza-CE. El estudio consta de tres fases: construccin del
manual, la validacin del contenido y los ensayos clnicos. En el primer momento se
realizaron estudios que apoyaron la construccin del manual, en el segundo se
utiliz para la validacin un cuestionario tipo escala de Likert con indicadores para la
evaluacin de la calidad, con el fin de determinar el nivel de acuerdo entre los jueces
y el tercero para los ensayos clnicos se ha aplicado el manual con los cuidadores de
pacientes con dficit en la movilidad fsica y con dependencia total o parcial. La
muestra en la validacin de contenido consisti de los siete jueces, expertos en la
educacin y la neurologa, y la muestra de los ensayos clnicos ha sido de treinta
cuidadores que fueron seleccionados por los criterios de inclusin y exclusin. Este
estudio fue aprobado por el Conmit de tica del Hospital Instituto Dr. Jos Frota,
con el Protocolo N 110.316/09. En el proceso de construccin del manual fueron
hechos estudios que apoyaron la eleccin del tema y contenido, en seguida se puso
en contacto con el editor de arte para hacer el manual, que tena un formato de
historia con dibujos que representan los personajes y describir el procedimiento en
detalle y simple. Las opiniones de los jueces en el manual se basa en los asuntos
tratados y present una variacin del porcentaje de acuerdo (muy de acuerdo / de
acuerdo) de 42,9% a 100%. Entre los que permanecieron neutrales la variacin fue
de 14,3% a 57,1%, y entre los discordantes (muy en desacuerdo / en desacuerdo),
la variacin fue del 14,3% al 42,9%. Los indicadores 3, 6, 10, 13 y 14 mostraron
acuerdos entre los jueces inferiores al 70% y ha requerido una revisin y
reestructuracin para lograr los objetivos propuestos en este estudio. En pruebas
clnicas con los cuidadores en relacin a las cuestiones planteadas tuvo una
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variacin en el porcentaje de acuerdo (muy de acuerdo / de acuerdo) de 90,0% a
100%. Entre los que permanecieron neutrales las variaciones discordantes no fueron
identificadas, manteniendo ambas categoras, respectivamente, entre 6,7% y 3,3%.
El valor establecido para que un indicador sea vlido ha sido igual o superior al 70%,
y en esta etapa se consideraron todos vlidos. Entre las sugerencias de los jueces
tuvimos: la reduccin de algunos textos, la reformulacin de los trminos tcnicos
que no son accesibles a los laicos, la claridad e ilustraciones de algunos cambios en
las directrices. Los cuidadores han sugerido el uso continuado de este manual en el
hospital, inmediatamente despus del ingreso, para contribuir as al proceso de
recuperacin de su pariente. Dijeron que despus de las directrices eran capaces de
sentirse ms seguros y que las informaciones serian importantes en su domicilio.
Los anlisis realizados confirman la importancia de las tecnologas de desarrollo
centrado en la prctica educativa en el entorno del hospital, ms all de la necesidad
de capacitacin del personal mediante la formacin continua en el servicio de
asistencia para el desarrollo correcto y seguro.
Palabras clave: Limitacin de la Movilidad. Cuidadores. La prctica educativa.
Enfermera.
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LISTA DE TABELAS
1 Caracterizao das juzas que avaliaram o Manual de Orientao de cuidados domiciliares para pacientes com mobilidade fsica prejudicada. Fortaleza-CE, 2010 (n=7).......................................................................................................................... 63 2 Avaliao do Manual quanto concordncia das juzas em relao ao assunto abordado na tecnologia e seus vrios aspectos relacionados. Fortaleza-CE, 2010........................................................................................................................... 67 3 Avaliao do Manual quanto concordncia das juzas em relao organizao geral, estrutura, estratgia de apresentao, coerncia e suficincia. Fortaleza-CE, 2010. ........................................................................................................................ 70 4 Avaliao do Manual quanto concordncia das juzas em relao relevncia do material. Fortaleza-CE, 2010. .................................................................................. 72 5 Caracterizao dos pacientes com mobilidade fsica prejudicada. Fortaleza-CE, 2010 (n=30). ............................................................................................................. 74 6 Caracterizao dos cuidadores de pacientes com mobilidade fsica prejudicada. Fortaleza-CE, 2010 (n=30). ...................................................................................... 76 7 Avaliao do Manual quanto concordncia dos cuidadores em relao ao Contedo. Fortaleza-CE, 2010. ................................................................................ 78 8 Avaliao do Manual quanto concordncia dos cuidadores em relao Educao em Sade. Fortaleza-CE, 2010. .............................................................. 80
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LISTA DE ILUSTRAES
1 Critrios para seleo dos juzes para validao de contedo do Manual de Orientaes para o Cuidado no Domiclio................................................................. 50 2. Fluxo do processo de construo do Manual de Orientaes para o Cuidado no Domiclio. .................................................................................................................. 52 3. Fluxo do processo de validao de contedo do Manual de Orientaes para o Cuidado no Domiclio por juzes. .............................................................................. 54
4. Fluxo do processo de avaliao do Manual de Orientaes para o Cuidado no Domiclio pelos cuidadores. ..................................................................................... 56
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SUMRIO
1 INTRODUO..................................................................................... 19 1.1 Contextualizao da vida profissional e foco de interesse........... 19 1.2 O problema, justificativa e relevncia............................................. 21 2 OBJETIVOS........................................................................................ 28 2.1 Objetivo geral..................................................................................... 28 2.2 Objetivos especficos........................................................................ 28 3 REFERENCIAL TERICO.................................................................. 30 3.1 Tecnologias e suas aplicaes na enfermagem............................. 30 3.2 O uso das tecnologias na educao em sade e na prtica
assistencial .......................................................................................
34 3.3 O enfermeiro no processo de educao em sade aos
cuidadores domiciliares....................................................................
37 3.4 O papel do cuidador domiciliar no contexto da promoo da
sade...................................................................................................
39 3.5 Validao de tecnologias.................................................................. 42
4 METODOLOGIA.................................................................................. 46 4.1 Tipo e natureza do estudo ............................................................... 46 4.2 Cenrio ............................................................................................... 47 4.3 Populao e amostra ........................................................................ 49 4.4 Percurso metodolgico .................................................................... 51 4.5 Anlise dos dados ............................................................................ 56 4.6 Aspectos ticos ................................................................................ 57 5 RESULTADOS.................................................................................... 59 5.1 Construo do Manual de Orientao sobre os cuidados a
pacientes com mobilidade fsica prejudicada .............................................................................................................
59 5.2 Processo de validao de contedo ............................................... 62 5.2.1 Caracterizao do grupo de juzas que avaliaram o Manual
Mobilidade Fsica: orientaes para o cuidado no domiclio ..............
62 5.2.2 Julgamento do Manual Mobilidade Fsica: orientaes para o
cuidado no domicilio, segundo cada aspecto abordado no processo de avaliao pelas juzas ....................................................................
65 5.3 Processo de caracterizao dos pacientes e cuidadores e
testatagem do Manual ......................................................................
72 5.3.1 5.3.2 5.3.3 5.3.4
Caracterizao dos pacientes com mobilidade fsica prejudicada...... Caracterizao dos cuidadores que avaliaram o Manual Mobilidade Fsica: orientaes para o cuidado no domiclio ................................. Avaliao do Manual Mobilidade Fsica: orientaes para o cuidado no domiclio, segundo cada aspecto abordado no processo de avaliao pelos cuidadores ................................................................. Avaliaes realizadas pelos cuidadores acerca do manual que enfocaram: contedo, estrutura, aprendizado adquirido, segurana apresentada aps as orientaes e sugestes ..................................
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6 DISCUSSO........................................................................................ 88
7 CONSIDERAES FINAIS ............................................................... 98
REFERNCIAS...................................................................................................... 103
APNDICES Apndice A - Carta-convite para os juzes especialistas.................................. 113
Apndice B - Esclarecimentos aos juizes acerca do manual de orientao. 114
Apndice C - Termo de Consentimento Livre Esclarecido ............................. 115 Apndice D - Instrumento de avaliao dos juizes especialistas ................... 117
Apndice E - Instrumento de avaliao dos cuidadores ................................. 119
Apndice F - Manual de orientao ...................................................................
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ANEXO Anexo A Carta de Aprovao do Comit de tica em Pesquisa ................. 154
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Introduo
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1. INTRODUO
1.1 Contextualizao da vida profissional e foco de interesse
O despertar pela temtica mobilidade fsica prejudicada teve incio a partir
de atividades profissionais, atuando em unidade de emergncia, quando deparava
constantemente com o retorno de pacientes portadores dessa condio, ou seja,
limitao no movimento fsico independente e voluntrio do corpo ou de uma ou
mais extremidades por complicaes decorrentes destas. A frequncia com que
esses casos ocorriam chamava ateno, e, ao mesmo tempo, trazia
questionamentos: quais as estratgias usadas pelo familiar cuidador e pacientes
para realizar locomoo ou movimentao no domiclio? O que fazer para minimizar
as complicaes decorrentes da mobilidade fsica prejudicada?
No desenvolvimento das atividades no Ncleo Hospitalar de
Epidemiologia realizam-se visitas dirias s enfermarias, e por ocasio dessas
visitas havia uma abordagem pelo cuidador solicitando orientaes sobre o problema
do seu familiar, como por exemplo: como realizar mudana de decbito; como
colocar fralda; como evitar ressecamento ou leses de pele; qual a posio
adequada para alimentao, dentre outros questionamentos. E, medida que a alta
hospitalar se aproxima, outras dvidas surgem em relao ao cuidado no domiclio.
Muitas vezes h interrupo das atividades para conversar com os
familiares, de forma a orient-los sobre o cuidado no domiclio de acordo com o
problema apresentado. Contudo, se mantm a inquietao, pois no se sabe da
sequncia do cuidado, e se as orientaes sero repassadas para os outros
cuidadores quando o paciente no mais estiver no hospital.
Assim sendo, foi aumentando cada vez mais o interesse em trabalhar com
essa temtica. Vislumbrando essa perspectiva me inseri no Ncleo de Pesquisa e
Extenso em Enfermagem Neurolgica (NUPEN) do Departamento de Enfermagem
da Faculdade de Farmcia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), da Universidade
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Federal do Cear (UFC), por acreditar que esse engajamento benfico ao intento,
visto que o NUPEN tem como objetivo realizar estudos de pesquisa e extenso com
pessoas portadoras de problemas neurolgicos, tais como alteraes na mobilidade
fsica. Surgiu, ento, a oportunidade de desenvolver estudos sobre o tema como
membro pesquisador do NUPEN, por meio de publicaes de artigos em peridicos
da rea1, de apresentao de trabalhos em eventos nacionais e internacionais2,
participao em projetos de pesquisa PIBIC/UFC como co-orientadora3 e, ainda,
como co-orientadora de um estudo de concluso de curso4, aprofundando, desta
forma, os conhecimentos na rea de Neurologia.
Por conhecer a ansiedade do familiar cuidador e suas dvidas, sabe-se
que por mais que se esclarea acerca da patologia, sobre os cuidados prestados
pela equipe de enfermagem e os cuidados que podero ser desenvolvidos pelos
cuidadores desde a hospitalizao, preciso dar continuidade a essa assistncia.
Portanto, desenvolver uma proposta de educao em sade direcionada
orientao do familiar cuidador na mobilidade fsica do paciente5 acamado significa
um desafio, pois muitos fatores podero interferir nesse processo de orientao,
tanto relacionados ao paciente e ao familiar cuidador quanto a problemas financeiros
e ambientais. A enfermeira deve obter a compreenso de todos esses aspectos para
iniciar o processo de educao em sade.
A oportunidade de realizar a seleo para um programa de doutorado
motivou o desenvolvimento de um projeto voltado orientao junto aos cuidadores
domiciliares sobre o manuseio e a preveno de leses nos pacientes com
1CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo; DARDER, Juan Jos Tirado; FALCO, Francisco Vicente Mulet; HERNANDEZ, Antonio
Jos Nues; ANDRADE, Luciene Miranda de; MIRANDA, Maira Di Ciero; MONTEIRO, M. G. S. . lceras por presin en la lesin medular - conocimiento de los familiares y cuidadores. Avances en Enfermera, v. 28, p. 29-38, 2010. LIMA,Rozangela Gonalves de; SOUZA, Ellen Lucy Vale de; ANDRADE, Luciene Miranda de; CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo; CAETANO, J. . . Proceso de gerencia de enfermera en unidades de emergencias: los conflitos vividos por los gerentes. Enfermera Integral, v. 85, p. 36-39, 2009. 2ANDRADE, Luciene Miranda de; MONTEIRO, M. G. S. ; CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo . lcera venosa crnica: um
percurso de cuidar. In: CONGRESSO DE FERIDAS CRNICAS, 2010, Lisboa. Anais... Coimbra: FORMASAU, 2010. v. 1 CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo; BARBOSA, Islene Victor; ANDRADE, Luciene Miranda de; BRITO, Anisia Maria Carvalho e; MORAES, Paula de Oliveira Fontenele ; MULET, Carlos Segura; MENDES, Priscila Alencar . Conocimiento y actuacin de los enfermeros sobre el uso del collarn cervical. In: ENCUENTRO INTERNACIONAL DE INVESTIGACIN EN ENFERMERA, 13.; INTERNATIONAL NURSING RESEARCH CONFERENCE, 13th, 2009, Alicante. Conocimiento y actuacin de los enfermeros sobre el uso del collarn cervical. Alicante, 2009. 3Acolhimento com classificao de risco em urgncia e emergncia. Conhecimento dos enfermeiros, perfil dos riscos de
acidente vascular cerebral em motoristas de nibus de Fortaleza. Avaliao das atividades da vida diria de pessoas com leso medular. 4Monografia de Graduao em Enfermagem, de SILVA, Roberta Arajo e. Perfil epidemiolgico das vtimas de
traumatismo crnio-enceflico admitidas em um hospital de emergncia. Monografia (Graduao) Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 2008. 5 Optamos pelo termo paciente por estarmos nos referindo pessoa em processo de internamento hospitalar.
http://lattes.cnpq.br/4229835188334897http://lattes.cnpq.br/2976728508608006http://lattes.cnpq.br/4229835188334897http://lattes.cnpq.br/4229835188334897http://lattes.cnpq.br/6528874820278559http://lattes.cnpq.br/4229835188334897http://lattes.cnpq.br/5341244026854240http://lattes.cnpq.br/5341244026854240http://lattes.cnpq.br/2519020575325459
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mobilidade fsica prejudicada, de forma a propor uma tecnologia que os tornassem
mais independentes.
1.2 O problema, justificativa e relevncia
Desde o primeiro momento do atendimento na unidade de emergncia,
percebe-se a angstia do familiar cuidador em relao aos comprometimentos
fsicos decorrentes do processo da doena, principalmente pelo desconhecimento
ou falta de informao sobre a real situao de sade do seu parente. Ainda no
perodo de hospitalizao, quando se tem o diagnstico definitivo de mobilidade
fsica prejudicada, observa-se como grande o despreparo do familiar cuidador para
lidar com essa situao, sem contar que outros problemas viro: feridas, infeces,
atrofias musculares e desnutrio, dentre outros.
Mobilidade fsica a capacidade de movimentar uma articulao, ou seja,
a ao de pr em movimento uma parte do aparelho locomotor, promovendo a
movimentao do corpo (CALATAYUD; MARTINEZ; TEJEDOR; GARCIA; GARCIA,
2003).
Mobilidade Fsica Prejudicada (MFP) qualquer limitao ao movimento
fsico independente e voluntrio do corpo ou de uma ou mais extremidades (NANDA,
2008). Na opinio de Carpenito (2001), o estado em que o indivduo apresenta, ou
est em risco de apresentar, limitaes do movimento fsico, mas no est imvel;
descreve um indivduo com uso limitado dos membros superiores e inferiores ou
com limitao da fora muscular. J Carvalho, Gulart, Silva e Oliveira (2007) referem
que a MFP um diagnstico de enfermagem que corresponde ao padro de
resposta humana mover, definindo-a como um estado no qual o indivduo
experimenta uma limitao para movimentos fsicos independentes.
Uma srie de condies pode estar relacionada ao comprometimento da
mobilidade, tais como: prejuzos sensrio-perceptivos, msculo-esquelticos e
neuromusculares; intolerncia atividade/fora e resistncia diminudas; estado
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depressivo; prejuzo cognitivo; diminuio da fora, controle e/ou massa muscular;
perda de integridade de estruturas sseas e outros (NANDA, 2008).
Na literatura, seja nacional ou estrangeira, muito se tem pesquisado sobre
esse tema (BACHION, ARAJO, ALMEIDA, SANTANA, 2001; CAFER, BARROS,
LUCENA, MAHL, MICHEL, 2005; PINHEIRO, 2004; PINHEIRO, FERREIRA,
AMARAL, NUNES, GOMES, 2004; DURN, et al. 1996). Contudo, o olhar para a
questo ensino-aprendizagem para pessoas com mobilidade fsica prejudicada
ainda sumrio. Os problemas relacionados mobilidade fsica prejudicada
constituem atualmente um dos maiores desafios que a cincia da sade enfrenta,
sendo estes estudados no apenas do ponto de vista fsico, mas com maior ateno
aos aspectos psicossociais que esto envolvidos.
Em decorrncia do exposto houve interesse para a construo, validao
de contedo e testagem de um manual para orientao do familiar cuidador sobre o
manejo adequado do seu paciente com mobilidade fsica prejudicada. Sua finalidade
esclarecer as dvidas do familiar cuidador diante da dificuldade de locomoo e
cuidado com a pele. Vale ressaltar que se considera este manual de orientao
como um recurso adicional a ser usado e implementado na assistncia aos
pacientes acamados.
O objetivo de validar as tecnologias de Enfermagem o de fundamentar o
cuidado cientificamente e promover a qualidade da assistncia. As abordagens
metodolgicas de validao de procedimentos, basicamente, consistem na reviso
de literatura, fornecendo um suporte terico que sustente a tcnica estudada, na
opinio de peritos no assunto e na verificao no ambiente clnico (HONRIO,
2009).
O termo validar, dentre outras significaes, quer dizer tornar legtimo ou
legal. (FERREIRA, 1999). Partindo deste princpio, ao se validar uma tecnologia esta
se torna legtima para a situao a que se prope. Assim sendo, ao se validar um
manual de orientao de cuidados, este se torna aplicvel e seguro prtica. No
entanto, no se pode esquecer de periodicamente revisar as tecnologias para
adequ-las nova realidade que surge em decorrncia dos avanos tecnolgicos.
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No contexto da sade muitas inovaes surgem a cada dia, e estas tm
influenciado as aes nas quais o uso desses recursos torna-se fundamental. As
prticas, muitas vezes, so conduzidas por essas novas tendncias, estando
rapidamente inseridas e utilizadas como suporte durante o processo de atendimento
sade, bem como no processo educacional.
A Poltica Nacional de Promoo da Sade (PNPS) afirma que as aes
pblicas em sade devem ir alm da ideia de cura e reabilitao. preciso privilegiar
medidas preventivas e de promoo, transformando os fatores da vida cotidiana que
colocam as coletividades em situao de vulnerabilidade (BRASIL, 2009).
Para a promoo da sade em nosso meio, temos como aliada a
educao, a qual pode ser definida a partir de sua origem latina: educare. Como
termo latino, designa educao e provm de e ou ex, que significa dentro de, para
fora de. Educare significa tirar, levar. Etimologicamente, portanto, educao
entendida como o processo de tirar de dentro de uma pessoa algo que j est dentro
dela, ou levar para fora da pessoa aquilo que j est presente nela mesma (ROCHA,
2007).
A educao em sade permite que a populao adquira novos
conhecimentos sobre sade e doena e possa participar de forma efetiva na
preveno de diversos processos patolgicos. Ela compreende um processo
contnuo e de grande significado dentro do ambiente hospitalar, pois integra uma
das vertentes da humanizao no atendimento aos pacientes.
A atuao da enfermeira na execuo de prticas de educao em sade
hospitalar fundamental, pois nesse ambiente que se inicia o processo de
educao em sade junto aos familiares cuidadores dos pacientes com mobilidade
fsica prejudicada e que precisaro de uma assistncia contnua aps a alta
hospitalar. Entretanto, preciso que ele tenha o entendimento integral a respeito da
sade e da qualidade de vida, valorizando a histria de vida da populao, visto que
a enfermagem uma rea do conhecimento que abrange atividades como o cuidar,
o gerenciar e o educar, entre outras (MARTINS, ALBUQUERQUE, NASCIMENTO,
BARRA, SOUZA, PACHECO, 2007; SOUZA, WEGNER, GORINI, 2007).
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A educao em sade uma ao necessria, pois se trata de atividade
estruturante atravs da qual se articulam populao e sistemas de sade, permitindo
a capacitao do indivduo e a conquista da cidadania. A educao em sade
acontece independentemente do consentimento do indivduo, atravs de palavras,
gestos, troca de afeto e informaes (ROCHA, 2007).
importante integrar o familiar cuidador na execuo das atividades de
reabilitao dos pacientes com mobilidade fsica prejudicada, para que ao
retornarem ao domiclio consiga executar os cuidados necessrios na locomoo de
seu paciente sem menor risco de leso da pele. Ensinar os familiares para o cuidado
domiciliar uma tarefa que busca minimizar as inseguranas, melhorar a qualidade
de vida social e familiar, prevenir complicaes e/ou comorbidades e evitar
reinternaes (KUMMER; ECHER, 2005).
Concorda-se com Mesquita, Ferreira e Neves (2006) quando referem que
no processo de internao domiciliar o cuidador desempenha papel fundamental,
pois a pessoa que auxilia o paciente em suas dependncias, nas suas
necessidades de cuidado, intermediando a relao entre os profissionais de sade,
o paciente e a famlia.
Deste modo, a famlia deve ser vista como uma aliada da equipe de
sade, promovendo conforto para que o paciente possa restaurar sua confiana e,
assim, investir na sua recuperao. Como resposta ao conforto, o paciente
experimenta nimo, bem-estar e crescimento e poder recuperar sua fora e poder
pessoal, o que o tornar capaz de mobilizar mecanismos para enfrentar problemas e
desempenhar mais eficazmente seus papis, melhorando sua qualidade de vida
(NEMAN; SOUZA, 2003).
Como ferramentas de apoio ao do enfermeiro h diversas tecnologias
que podero dar subsdios para o incremento dessa prtica. A tecnologia est
presente na vida humana, de maneira concreta, e no somente os equipamentos
modernos que utilizamos. Sua importncia advm do fato de facilitar o cotidiano ao
permitir que tarefas consideradas impossveis possam ser realizadas sem grandes
esforos (CAETANO; PAGLIUCA, 2006). Entre suas aplicaes encontra-se a
construo de um manual para orientao do familiar cuidador para executar o
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manejo adequado do paciente acamado, bem como toda a metodologia utilizada
para orientao do material educativo.
Com vista sua utilizao, a produo tecnolgica requer
argumentao precisa acerca das concepes de tecnologia, a quem ela serve e
para que cri-la. Caso contrrio, o risco de estar criando algo gerador de mais
malefcios que benefcios para a humanidade evidente. importante que os
profissionais saibam utilizar de forma adequada as tecnologias, para que estas
sejam disponibilizadas como uma ferramenta para proporcionar qualidade de vida
aos pacientes, e no apenas como um meio de diminuir o trabalho de um
determinado grupo de profissionais.
Por definio, tecnologia uma teoria geral ou estudo sistemtico
sobre tcnicas, processos, mtodos, meios e instrumentos de um ou mais ofcios, ou
domnio da atividade humana (HOUAISS; VILLAR, 2001). Deste modo, no envolve
simplesmente a criao de um produto e a avaliao de seus impactos sobre a
clientela. A produo de tecnologia em sade est presente na prtica de
enfermagem, at mesmo quando o cuidado planejado de forma cientfica e
sistematizado. A tecnologia pode ser definida como emancipatria quando se
constitui na apreenso e na aplicao de um conjunto de conhecimentos e
pressupostos que possiblitam aos indivduos pensar, refletir e agir, tornando-os
sujeitos do seu prprio processo existencial, numa perspectiva de exerccio de
conscincia crtica e cidadania, tendo a possibilidade de experienciar a liberdade, a
autonomia, a integridade e a esttica na tentativa de buscar qualidade de vida
(NIETSCHE, 2000, p.21-22).
Para melhor defini-las, na enfermagem as tecnologias receberam
determinadas classificaes, quais sejam: tecnologia do cuidado representada por
tcnicas, procedimentos e conhecimentos utilizados pelo enfermeiro no cuidado;
tecnologia de concepes constituda por desenhos/projetos para a assistncia de
enfermagem, bem como por uma forma de delimitar a atuao do enfermeiro em
relao a outros profissionais; tecnologia interpretativa de situaes de pacientes
por meio das quais a enfermagem consegue interpretar suas aes; tecnologia de
administrao forma de proceder organizao no trabalho de enfermagem;
tecnologia de educao meio de auxiliar na formao da conscincia crtica para
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uma vida saudvel; tecnologia de processos de comunicao centrada na relao
teraputica enfermeiro-cliente, e tecnologia de modos de conduta referente a
protocolos assistenciais (NIETSCHE, 2000).
A tecnologia possibilita a recriao do espao teraputico, onde h lugar
para a criao, a liberdade, a autonomia, a conscincia crtica e a cidadania.
Quando numa tecnologia so evidenciados alguns componentes, como o exerccio
da liberdade e o exerccio da autonomia do tempo, tanto para o profissional como
para a clientela, temos uma tecnologia emancipatria totalmente plena (NIETSCHE,
2000).
Nesse processo de aplicao de tecnologias que busquem a
emancipao dos envolvidos a enfermeira6 precisa usar o seu potencial de
criatividade para desenvolver estratgias educativas adequadas para cada tipo de
populao, a fim de que haja um cuidado holstico e humanitrio. Fonseca, Scochi,
Rocha e Leite (2004) acreditam que os materiais didticos dinamizam as atividades
de educao em sade, o que estimula sua construo.
Apesar das limitaes de autonomia das pessoas que necessitam de
cuidados domiciliares, a adequao desses cuidados torna-se imprescindvel para
que essas pessoas sejam reconduzidas aos seus lares e, consequentemente,
sociedade. Para tanto, devem ser criados mecanismos que permitam determinar
quais atividades de cuidados so melhores para que o cliente e sua famlia se
sintam orientados, confortados e auxiliados no cuidado (MINCHILLO, 2000).
preciso haver um maior investimento no preparo dos familiares
(cuidadores), capacitando-os de uma forma simples, porm efetiva. Nesse processo
educativo a enfermeira uma profissional de suma importncia, e sua ao deve ser
iniciada desde o internamento hospitalar, para que no domiclio os cuidadores se
sintam seguros ao cuidar de seu paciente, proporcionando melhor qualidade de vida
para todo o conjunto familiar (paciente e famlia).
6 Optou-se por utilizar neste estudo a expresso enfermeira para designar o profissional,
independentemente de gnero.
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A tese defendida de que os portadores de mobilidade fsica afetada
necessitam de uma maneira de cuidar que os torne independentes. Assim, ensinar
cuidados aos familiares uma forma de tecnologia que busca a emancipao dos
sujeitos envolvidos no cuidar. Como mencionado por Nietsche (2000), as tecnologias
vinculadas educao identificam-se como mtodos de cuidado simplificados com o
objetivo de se tornar uma prtica comum, facilitando o autocuidado.
O presente estudo justificou-se pela necessidade de proporcionar uma
melhor qualidade de vida aos pacientes que apresentam mobilidade fsica
prejudicada, e maior capacitao e segurana aos familiares que iro ser
responsveis pelos cuidados no domiclio. Ao iniciar, desde a hospitalizao, o
processo de orientao aos cuidadores sobre a assistncia a ser prestada, contribui-
se na reduo das complicaes que podem surgir aps a alta, dentre elas
destacando-se as pneumonias, as atrofias musculares e as lceras de presso.
Essas complicaes muitas vezes desencadeiam novos internamentos hospitalares
e at mesmo o bito dos pacientes.
A instituio onde se desenvolveu o estudo foi beneficiada, pois ao se
instalar o processo de educao em sade desde a internao junto ao cuidador
domiciliar, consegue-se um aliado na vigilncia contnua dos pacientes e,
consequentemente, haver reduo de possveis intercorrncias. Como resultado
haver a diminuio do tempo de internamento hospitalar, menos gastos e,
principalmente, a certeza de estar trabalhando na qualidade de vida dos pacientes.
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Objetivos
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Construir e validar um manual de orientao para a promoo da sade
em pessoas com mobilidade fsica prejudicada.
2.2 Objetivos especficos
Conhecer os principais problemas apresentados pelo paciente com
mobilidade fsica prejudicada.
Buscar na literatura subsdios para embasar a construo do manual de
orientao.
Fazer a validao de contedo por meio da avaliao do nvel de
concordncia dos juzes quanto adequao do contedo do manual de orientaes
de cuidados no domiclio em pessoas com mobilidade fsica prejudicada.
Avaliar a tecnologia educativa implementada aos cuidadores quanto
motivao para uso do material no suporte dos cuidados ao seu familiar.
Caracterizar os pacientes com mobilidade fsica prejudicada e seus
cuidadores.
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Referencial Terico
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3. REFERENCIAL TERICO
3.1 Tecnologias e suas aplicaes na enfermagem
Observam-se, atualmente, intensas transformaes em nosso cotidiano.
Acompanhando essas alteraes surgem os avanos na rea relacionada
tecnologia. Com o advento tecnolgico que vem ocorrendo ao longo dos anos, a
sociedade insere em seu cotidiano o uso de tais facilidades para agilizar a realizao
de suas prticas dirias. Desde as mais antigas civilizaes, o homem tem criado
mtodos tecnolgicos importantes para uso em seu dia a dia (SCHALL; MODENA,
2005).
Faz-se necessrio entender o conceito de tecnologia, que definida
como:
A maneira como as pessoas lidam com a natureza e cria as condies de intercurso com as quais nos relacionamos uns com os outros [...]. A tecnologia tem trs camadas de significado: a de objetos fsicos tais como instrumentos, maquinrio, matria; a de uma forma de conhecimento, na qual significa que concebido para um objeto atravs de nosso conhecimento de como us-lo, repar-lo, projet-lo e produzi-lo e, ainda, formando parte de um conjunto complexo de atividades humanas (MARTINS; DAL SASSO, 2008).
As tecnologias so classificadas, ainda, conforme a sua natureza:
tecnologia dura, que representada por equipamentos e mquinas; leve-dura, que
consiste em saberes estruturados; e leve, que envolve um processo de relaes e
encontros de subjetividades (ZERBETTO; PEREIRA, 2005).
Segundo Merhy (2007), as tecnologias envolvidas no trabalho em sade
podem ser classificadas como leves (como no caso das tecnologias de relaes do
tipo produo de vnculo, autonomizao, acolhimento e gesto como uma forma de
governar processos de trabalho), leve-duras (como no caso de saberes bem
estruturados que operam no processo de trabalho em sade, como a clnica mdica,
a clnica psicanaltica, a epidemiologia, o taylorismo, o fayolismo); e duras (como no
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32
caso de equipamentos tecnolgicos do tipo mquinas, normas e estruturas
organizacionais).
O trabalho em sade no pode ser globalmente capturado pela lgica do
trabalho morto, expresso nos equipamentos e nos saberes tecnolgicos
estruturados, pois o seu objeto no plenamente estruturado e suas tecnologias de
ao mais estratgicas configuram-se em processos de interveno em ato,
operando como tecnologias de relaes, de encontros de subjetividades, para alm
dos saberes tecnolgicos estruturados, comportando um grau de liberdade
significativo na escolha do modo de fazer essa produo (MERHY, 2007).
As escolas de sade pblica tm como funes centrais a capacitao de
recursos humanos, a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias. A transformao
do conhecimento cientfico, sua difuso e incorporao pelos sistemas de sade
consistem em uma dificuldade por parte das instituies cientficas, em particular nos
pases em desenvolvimento, que no detm recursos para investir em tecnologia
(BUSS, 1999).
O uso de metodologias tecnolgicas pelos enfermeiros pode ser voltado
para a docncia, bem como para a assistncia. Assim, necessrio ao profissional o
acompanhamento de novas produes tecnolgicas que so utilizadas como
metodologia ao ensino e prtica da profisso.
Essas inovaes vm ocorrendo paralelamente a mudanas que esto
sendo exigidas no mercado de trabalho, principalmente no modelo de educao que
passa a ser entendido como um processo construtivo e requer a colaborao mtua,
ou seja, de alunos ou pacientes juntamente com enfermeiros (assistenciais ou
docentes).
Atualmente, enfermeiros tm se dedicado construo de novas
metodologias tecnolgicas, que so utilizadas para facilitar a prtica da profisso e
as aes de assistncia e educao junto aos pacientes. Mostra-se, assim, a
importncia da criao e utilizao de mtodos tecnolgicos por enfermeiros que
estejam voltados para a prtica da profisso, por envolverem facilidades ao cuidado.
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A enfermagem influenciada pelos dois modelos tecnolgicos da
Medicina, a clnica e a epidemiologia. Cabe destacar que esses modelos surgiram
do confronto entre a subjetividade e a coletividade. A subjetividade e a coletividade
aparecem nos conceitos iniciais, quando h uma separao entre o modelo
assistencial chamado clnico e o modo operacional chamado epidemiolgico. No
decorrer dos anos a enfermagem foi considerada uma profisso meramente tcnica
e subordinada ao conhecimento mdico. Essa imagem tecnificada tornou a
enfermagem frgil, pois o enfermeiro no valoriza as funes que lhe so
especficas: o cuidado ao ser humano, a administrao do espao assistencial e a
educao em sade (NIETSCHE, 2000).
No Brasil, a Dra. Elvira De Felice Souza, entre outras personalidades,
introduziu as tcnicas de enfermagem de forma sistematizada e contribuiu para o
crescimento desse saber pela sua transformao em tecnologias (NIETSCHE,
2000).
Como exemplo do uso de tecnologias, evidencia-se o desenvolvimento de
vrios softwares e outros programas em diversas reas da profisso, o que consiste
em uma vantagem, pois possibilita o aprofundamento do assunto, contribuindo para
a prtica profissional e melhorando a qualidade da assistncia. Porm so
necessrios a divulgao e o aproveitamento dos recursos produzidos por
enfermeiros, para que tais produes no se limitem ao local de desenvolvimento e
o uso no fique restrito aos autores (MELO; DAMASCENO, 2006).
Com o uso da tecnologia h o risco de comprometimento da humanizao
no hospital, com atitudes mais especializadas, complexas e menos criativas
(SCHNEIDER; MANSCHEIN; AUSEN; MARTINS; ALBUQUERQUE, 2008). No se
deve permitir que o olhar da enfermagem seja substitudo por mquinas (VARGAS;
MEYER, 2005).
Alm da utilizao das tecnologias nas diversas reas da sade,
destacam-se seu uso e sua importncia na enfermagem como forma de facilitar as
prticas assistenciais e de educao em sade nessa profisso. A partir do exposto,
evidente a importncia da associao de tecnologias ao cuidado ou ao processo
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de educao em sade, de forma a se obterem avanos na qualidade da assistncia
prestada por esses profissionais.
3.2 O uso das tecnologias na educao em sade e na prtica assistencial
A utilizao de tecnologias voltadas para a realizao das prticas de
educao contribui para o cuidado ao paciente ao se considerar que as tecnologias
devem ser facilitadoras no processo de construo do conhecimento e devem fazer
parte de um processo pedaggico inclusivo baseado na relao entre pessoas
(SCHALL; MODENA, 2005). As inovaes possibilitam a mediao do ensino e
facilitam o processo ensino-aprendizagem, sem, contudo, distanciar ou minimizar a
relao entre professor e aluno.
No processo de educao em sade h o desenvolvimento de novas
tecnologias como um meio efetivo de alcance do profissional sua clientela. A
tecnologia est presente na vida humana, de maneira concreta, e no somente os
equipamentos modernos que utilizamos. Sua importncia advm do fato de facilitar o
cotidiano, ao permitir que tarefas consideradas impossveis possam ser realizadas
sem grandes esforos (CAETANO; PAGLIUCA, 2006).
A educao em sade necessria, pois se trata de atividade
estruturante atravs da qual se articulam populao e sistemas de sade, permitindo
a capacitao do indivduo e a conquista da cidadania (ROCHA, 2007).
Percebe-se a importncia do enfermeiro na educao em sade,
independentemente de sua rea de atuao, contribuindo de forma significativa na
promoo da sade, mediante alternativas relacionadas ao esclarecimento e
orientao, dentre outras atividades, com os usurios dos servios de sade.
fundamental que o enfermeiro desenvolva estratgias de educao em
sade, pois preciso que ele tenha o entendimento integral a respeito de sade e
qualidade de vida, valorizando a histria de vida da populao, estimulando a
autoconfiana, praticando a solidariedade e desenvolvendo atitudes e prticas de
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cidadania, expandindo o conhecimento cientfico para cooperar na construo do
pensamento crtico (MARTINS; ALBUQUERQUE; NASCIMENTO; BARRA; SOUZA;
PACHECO, 2007).
Com base na mudana de paradigma do modelo de ateno sade, e
seguindo os avanos tecnolgicos e educacionais, h a necessidade de os
enfermeiros buscarem a atualizao no que se refere ao entendimento, ao manuseio
e criao de mtodos relacionados s vrias tecnologias que so utilizadas nas
prticas de enfermagem e de sade, bem como nas prticas de educao.
Sob este olhar, Campos e Cardoso (2008) destacam o fato de que a
educao, auxiliada pelo uso de tecnologias educativas, no se limita transmisso
de conhecimentos do enfermeiro para o cliente. A contribuio de tecnologias
educativas relevante, pois promove sade, previne complicaes, desenvolve
habilidades e favorece a autonomia e a confiana do paciente (OLIVEIRA;
FERNADES; SAWADA, 2008).
Na prtica assistencial o uso da tecnologia exemplificado pela aplicao
de tecnologias leves, sendo estas aplicaes bem-sucedidas e com resultados
promissores da tecnologia educacional para as prticas de enfermagem em
educao em sade.
Bergold, Alvim e Cabral (2006), realizando estratgias atravs da msica,
consideram esta como um recurso a ser utilizado pelo enfermeiro no processo
ensino-aprendizagem em aes educativas no cuidado ao paciente, proporcionando
um ambiente de relaxamento, estudo e criatividade. A enfermagem um conjunto de
tecnologias a ser desenvolvida e especializada para a melhoria do cuidado
(NIETSCHE; BACKES; COLOM; CERATTI; FERRAZ, 2005).
Rocha, Prado, Wal e Carraro (2008) referem que o cuidado em
enfermagem e a tecnologia so interligados, pois a prtica da profisso envolve
princpios, leis e teorias, sendo a tecnologia uma expresso desse conhecimento em
suas prprias mudanas.
Marin e Cunha (2006) afirmam que a utilizao da tecnologia para
muitos profissionais um desafio e, para outros, uma mudana que pode ser utilizada
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36
na prtica e no cuidado. Ainda segundo os autores, os enfermeiros precisam se
adaptar aos novos modelos de trabalho e de atendimento, de acordo com as
tendncias do modelo de sade, considerando as caractersticas do paciente.
Percebe-se a necessidade de profissionais comprometidos com o cuidado
de construir uma relao com o ser humano, usando opes tecnolgicas para
enfrentar os problemas de sade (KOERICH; BACKES; SCORTEGAGNA; WALL;
VERONESE; ZEFERINO; RADUNZ; SANTOS, 2006). o cuidado que direciona a
tecnologia, e a inovao desta favorece o aprimoramento do cuidado: o cuidado
utiliza a tecnologia (ROCHA; PRADO; WAL; CARRARO, 2008).
Alguns autores se empenharam em afirmar a contribuio do uso de
tecnologias para a atuao da enfermagem. Essa prtica na profisso pode estar
voltada para o ensino e para a atuao hospitalar ou na comunidade. Podem, ainda,
ser utilizadas vrias vertentes e abordagens para efetuar prticas de tecnologia na
enfermagem.
A utilizao da informtica ou tecnologia semelhante, recente na prtica
da enfermagem, consiste em um processo que vem se desenvolvendo de maneira
rpida, exigindo dos profissionais o acompanhamento dessa questo (LOPES;
ARAJO, 2002). Ainda segundo os autores, a informtica em sade seguiu uma
evoluo que partiu de reflexes tericas at a busca de aplicaes cada vez mais
especficas, tornando-se um instrumento de trabalho utilizado para fins diversos.
Diante do exposto, cabe enfermagem direcionar sua prtica na busca
contnua de novos saberes, assim como no desenvolvimento de meios facilitadores
para sua atuao tanto na assistncia como na educao em sade, vislumbrando
amplitude de sua ao e maior alcance no que se refere aos benefcios direcionados
sua clientela.
Mesmo sendo o avano tecnolgico algo que vem sendo incorporado s
prticas de sade e de enfermagem de maneira cada vez mais rpida, ainda podem
ser apontados alguns percalos na utilizao da tecnologia. Muitas dificuldades so
apontadas tanto pelos profissionais que ainda buscam se adaptar a essa nova
vertente de trabalho quanto por aqueles que se constituem como pblico-alvo dessa
prtica. A tecnologia pode ser benfica ao tratamento ou dificultar a relao entre
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37
profissional e cliente. Seu uso no significa necessariamente uma assistncia de
qualidade, podendo ser usada de forma indiscriminada e causar iatrogenia ao
paciente (BASTOS, 2002).
Dentre as dificuldades encontradas, pode ser citada a resistncia de
profissionais em integrar ao seu cotidiano essa nova maneira de executar o trabalho
(FONSECA; SANTOS, 2007). Outro problema encontrado na utilizao das
tecnologias relaciona-se pouca divulgao dos trabalhos e de seus resultados.
Oliveira, Fernandes e Sawada (2008) apontam o acesso limitado das
tecnologias descobertas e disponveis na rea da sade que ainda no alcanam
todas as comunidades. O nmero de publicaes brasileiras inferior ao nmero de
trabalhos que so produzidos, ainda que se leve em conta o aumento ocorrido nos
ltimos anos.
Constata-se que os recursos destinados a tais prticas ainda so
limitados, sendo necessrios investimentos em nmero de profissionais, incentivo
salarial e suporte estrutural que d importncia ao profissional e ao usurio, e no
somente questes relacionadas a inovaes tecnolgicas no setor sade (LIMA,
2003).
H necessidade de os enfermeiros incorporarem s suas prticas a
utilizao de recursos tecnolgicos, pois estes se configuram como ferramentas de
apoio ao seu exerccio profissional.
3.3 O enfermeiro no processo de educao em sade aos cuidadores
domiciliares
Uma das alternativas para assegurar a autonomia e independncia dos
pacientes a ao educativa, porm infelizmente o modelo assistencial privilegia as
aes curativas, centradas na ao mdica. Portanto, cuidar e promover a educao
em sade no domiclio uma das tarefas mais desafiantes para o profissional
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enfermeiro, bem como para a equipe multidisciplinar atuante na sade (MARTINS;
ALBUQUERQUE; NASCIMENTO; BARRA; SOUZA; PACHECO, 2007).
Segundo Brasil (2009), a educao em sade ganha uma dimenso
desvinculada da doena e da prescrio de normas quando considerada uma das
estratgias bsicas para a promoo da sade. Ela definida como um conjunto de
prticas pedaggicas de carter participativo e emancipatrio que perpassa vrios
campos de atuao e tem como objetivo sensibilizar, conscientizar e mobilizar para o
enfrentamento de situaes individuais e coletivas que interferem na qualidade de
vida. Esses processos so voltados para o empoderamento das pessoas e das
comunidades, no sentido de ativar o potencial criativo e o desenvolvimento de suas
capacidades.
A literatura sobre a temtica educao em sade mostra a importncia de
os enfermeiros trabalharem esse contedo, visto que mostra a educao em sade
como necessria, pois se trata de atividade estruturante atravs da qual se articulam
populao e sistemas de sade, permitindo a capacitao do indivduo e a conquista
da cidadania.
O cuidado domiciliar requer a reorganizao dos servios de sade com
nfase na promoo e educao, identificando as reais necessidades dos
envolvidos, permitindo tambm a autonomia e a corresponsabilidade, a valorizao
da subjetividade e a criao de vnculo. A ao educativa em sade um processo
dinmico que tem como objetivo a capacitao dos indivduos e/ou grupos em busca
da melhoria das condies de sade da populao ((MARTINS; ALBUQUERQUE;
NASCIMENTO; BARRA; SOUZA; PACHECO, 2007).
Diante desses questionamentos enfocamos a importncia do papel dos
enfermeiros no preparo dos cuidadores domiciliares, tendo como meta esse
processo desde o incio da hospitalizao, com o acompanhamento ambulatorial de
seu paciente, pois consequentemente o cuidador ter mais subsdios para a
promoo de um cuidado adequado e completo ao paciente.
Nos hospitais, a poltica de incentivo alta dos pacientes o mais cedo
possvel impe um desafio constante s enfermeiras: preparar pacientes e famlias
para reorganizarem a vida de seus lares de modo que possam assumir os cuidados
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prprios ou de familiares em poucos dias, detectando, prevenindo e controlando
situaes que possam ocorrer (PERLINI; FARO, 2005).
Para dar continuidade ao cuidado em casa os cuidadores necessitam
aprender, ainda durante a hospitalizao, a desenvolver a capacidade de cuidar.
Isso significa a realizao de um efetivo preparo para a alta hospitalar, quando o
enfermeiro que esteja verdadeiramente comprometido com esse propsito esclarece
as possveis dependncias do paciente e os cuidados iniciais que a famlia ter que
tomar, assumindo com ela uma relao de cooperao e apoio (PERLINI; FARO,
2005).
Antes de iniciar a orientao especfica preciso conhecer os padres
individuais de respostas do paciente e de seu principal cuidador em relao aos
seus sentimentos, angstias, ansiedades, conflitos e necessidades, estabelecendo
um vnculo afetivo para, posteriormente, em conjunto, traar estratgias a curto,
mdio e longo prazos.
Torna-se urgente a ateno aos cuidadores, pois se no se tratar a famlia
de forma conjunta teremos dois pacientes (FREITAS; PAULA; SOARES; PARENTE,
2008).
3.4 O papel do cuidador domiciliar no contexto da promoo da sade
Marques (2007) alerta que as unidades hospitalares esto cada vez mais
vocacionadas para o tratamento de doenas agudas, no havendo lugar para
internamentos prolongados. Assim, cada vez maior a tendncia de transferir os
doentes dependentes, ou vtimas de doenas incapacitantes, para o seio de suas
famlias, que se veem confrontadas com a necessidade de cuidar dos seus
membros, muitas vezes sem condies econmicas e habitacionais, ou sem
conhecimentos.
Neste contexto, encontramos uma nova figura inserida no processo de
recuperao e reintegrao dos pacientes ao domiclio: os cuidadores domiciliares.
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Essas pessoas absorvem atividades relacionadas ao cuidado do paciente aps a
alta hospitalar, porm muitas vezes se encontram despreparadas para assumir essa
tarefa, antes executada por profissionais da rea de sade, dentre estes o
enfermeiro.
Os cuidadores domiciliares so membros da famlia ou amigos, no
remunerados, que se assumem como principais responsveis pela organizao,
assistncia ou prestao de cuidados pessoa dependente (FERNANDES;
PEREIRA; FERREIRA; MACHADO; MARTINS, 2002). Entretanto, a maioria dos
cuidadores informais no tem as informaes necessrias assistncia a seus
familiares (INOUYE; PEDRAZZANI; PAVARINI, 2008).
As famlias constituem o primeiro recurso do qual se vale a sociedade
para dar atendimento e acolher os seus membros, principalmente nos casos que
demandam cuidados prolongados decorrentes de processos mrbidos
incapacitantes (PAVARINI; MENDIONDO; BARBAM; VAROTO; FILIZOLA, 2005).
Na realidade brasileira, a existncia de um familiar que se responsabilize pelos
cuidados ainda muito frequente.
Ser cuidador demanda tempo, espao, energia, dinheiro, trabalho,
pacincia, carinho, esforo e boa vontade. O cuidador a principal fonte de apoio
para o enfrentamento das adversidades. Sendo assim, o estmulo e o fortalecimento
de parcerias entre cuidadores familiares e profissionais podem minimizar as
dificuldades vivenciadas (INOUYE; PEDRAZZANI; PAVARINI, 2008).
A presena do cuidador como importante representante do cuidado leigo
revela a necessidade de uma melhor articulao dos profissionais de sade,
contribuindo com o bem-estar da pessoa por ele cuidada. Pode-se entender por
cuidador leigo aquela pessoa dentro do sistema de cuidado popular que rene um
conjunto de conhecimentos populares e habilidades culturalmente aprendidas e
transmitidas para proporcionar aes de assistncia, suporte, capacitao ou
facilitao para ou por outro indivduo, grupo ou instituio que manifesta ou prev
uma necessidade, com a finalidade de melhorar as incapacidades e situaes de
morte (SANTANA; FIGUEIREDO; FERREIRA; ALVIM, 2008).
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A capacitao do cuidador amplamente abordada na atualidade e no
se pode desconsiderar seu mrito, porm o simples suporte para o desempenho
prtico dessa funo no garante o bem-estar. Todos os esforos sero incompletos
se no forem criadas oportunidades de resoluo das dificuldades, considerando
todo o contexto que est por trs da tarefa de cuidar (INOUYE; PEDRAZZANI;
PAVARINI, 2008).
O cotidiano da enfermagem, apesar de contar com a estrutura hospitalar,
constata que os familiares dos pacientes j iniciam sua participao no processo de
cuidar no hospital, ao que se estender ao domiclio, a partir da alta do paciente,
quando a famlia passa a assumir a totalidade desses cuidados (SCHOSSLER;
CROSSETTI, 2008).
Existe um despreparo do cuidador domiciliar, e este precisa ser
sensibilizado para o cuidado de si para melhor cuidar do outro. Cuidar de um idoso
no domiclio uma tarefa rdua, pois o cuidado delegado, geralmente, a uma
pessoa que no possui apenas essa atividade e acaba conciliando-a com outras
tarefas, como o cuidado dos filhos, da casa, da atividade profissional, dentre outras
(SCHOSSLER; CROSSETTI, 2008).
O cuidador domiciliar deve ser visto como algum que tambm tem
necessidades que precisam ser satisfeitas e, portanto, deve estar inserido no
contexto de cuidado quando est comprometido com o outro (SCHOSSLER;
CROSSETTI, 2008). Destacamos a necessidade de uma viso junto ao cuidador
como uma pessoa que tambm ir necessitar de assistncia, para que possa
vivenciar o processo de doena com seu ente sem maiores danos sua sade.
As condies do paciente podem interferir de modo sombrio no viver do
cuidador, resultando em sobrecarga e consequente estresse (GONALVES;
ALVAREZ; SENA; SANTANA; VICENTE, 2006). No processo do cuidar no se deve
focar a ateno na patologia, mas priorizar a promoo, a manuteno e a
recuperao da sade (MARTINS; ALBUQUERQUE; NASCIMENTO; BARRA;
SOUZA; PACHECO, 2007).
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3.7 Validao de tecnologias
Diante do avano tecnolgico, imprescindvel a construo de novas
tecnologias que possam contribuir para o avano na rea de enfermagem e a
promoo da sade. No entanto, no adianta construir tecnologias sem a efetivao
das mesmas mediante um processo de validao de forma a respald-las como
confiveis e aplicveis no incremento de nossa prtica. Segundo Honrio (2009), as
mudanas no mundo, em todas as esferas sociais e profissionais, mediante a
evoluo da tecnologia, despertaram a conscientizao humana na busca da
qualidade de vida. No setor sade o movimento pela qualidade um fenmeno
mundial cujo interesse no apenas de sobrevivncia, mas uma questo tica.
A validade diz se o instrumento mede exatamente o que deve medir.
Quando vlido, o instrumento reflete verdadeiramente o conceito a ser medido
(LOBIONDO-WOOD; HABER, 2001). A validade o grau que o instrumento mede o
que supostamente deve medir. A confiabilidade e a validade de um instrumento no
so totalmente independentes. Um dispositivo de mensurao que no confivel
possivelmente no ser vlido. Um instrumento no mede validamente o atributo de
interesse se for errtico ou inexato (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).
Os instrumentos que se utilizam do processo de investigao so
ferramentas fundamentais que proporcionam a informao; por conseguinte, todo
instrumento deve ser vlido e confivel (PORRAS; MOLINA, 2010).
Segundo Pasquali (2007), a validade do instrumento diz respeito
exclusivamente pertinncia do instrumento em relao ao objeto que se quer
medir, ou seja, a validade diz se algo verdadeiro ou falso.
Como a confiabilidade, a validade tem inmeros aspectos e abordagens
investigativas. Um dos aspectos conhecido como validade aparente, que se refere
ao fato de o instrumento parecer medir o constructo apropriado. No entanto, trs
outros aspectos so de maior importncia na investigao de um instrumento:
validade de contedo (preocupa-se com a adequao da cobertura da rea de
contedo que medida), validade relacionada ao critrio (o pesquisador procura
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estabelecer uma relao entre os escores em um instrumento e algum critrio
externo), e validade do constructo (so explicados em termos de outros conceitos; o
pesquisador faz previses sobre o funcionamento de um constructo em relao aos
outros constructos) (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).
Parra e Bayer (2010) recomendam que o processo de validao de um
instrumento seja contnuo, principalmente quando se pretende utiliz-lo em outras
populaes com a finalidade de detectar aspectos lingusticos que possam afetar a
aceitao do material construdo.
A determinao da validade facilitada quando mltiplas medidas so
empregadas para responder a uma dada questo da pesquisa. A convergncia dos
resultados obtidos, quando so usadas variadas tcnicas, possibilita o aumento da
confiabilidade e validade dos achados do estudo e sua utilizao na prtica
(OLIVEIRA; FERNANDES; SAWADA, 2008).
O processo de avaliao de uma tecnologia deve cumprir os princpios
da validade, preciso, equivalncia, consistncia interna e confiabilidade, sendo
capaz de revelar de forma demonstrvel e controlvel se as valoraes e juzos
so verdadeiros (HONRIO, 2009).
Para determinar a validade das medidas necessria a realizao de
pesquisa emprica que, segundo Wynd, Schimidt e Schaefer (2003), baseada em
um exame sistemtico de abstraes conceituais, por meio de um processo de
observao e mensurao de respostas, com o objetivo de identificar e explicar o
fenmeno de interesse.
Na validao os critrios fundamentais so a confiabilidade e a validade do
instrumento de medida. A primeira verifica a consistncia do instrumento que mede o
atributo do objeto estudado. A segunda se divide em trs aspectos: validade de
contedo, validade de critrios e validade de constructo. (PERROCA; GAIDZINSKI,
2003).
A partir do exposto, pode-se concluir que o processo de validao de um
instrumento uma etapa fundamental antes de sua utilizao, em razo de possibilitar a
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verificao da qualidade dos dados, bem como a sua aplicao a uma populao
especfica.
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Metodologia
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4. METODOLOGIA
4.1 Tipo e natureza do estudo
Este estudo trata da validao de uma tecnologia, constituindo-se em
uma pesquisa do tipo desenvolvimento. Essa estratgia de pesquisa utiliza
sistematicamente os conhecimentos existentes, objetivando elaborar uma nova
interveno ou melhorar uma interveno existente ou, ainda, elaborar ou aprimorar
um instrumento, um dispositivo ou um mtodo de medio (POLIT; BECK e
HUNGLER, 2004). Para Polit, Beck e Hungler (2004), um mtodo de obteno,
organizao e anlise dos dados, tratando da elaborao, validao e avaliao dos
instrumentos e tcnicas de pesquisa.
A proposta deste estudo compreende a construo, a validao e a
implementao de uma tecnologia para cuidadores de pessoas com mobilidade
fsica prejudicada, tendo como base uma abordagem voltada para os cuidados
preventivos, includas a promoo e a manuteno da sade. Durante o
desenvolvimento deste estudo optou-se por seguir trs fases: na primeira foi
construdo o Manual de Orientaes aos cuidadores domiciliares de clientes com
dficits na mobilidade fsica; na segunda fase realizou-se a validao de contedo e,
por fim, a testagem mediante aplicao do manual a cuidadores.
Behar, Passerino e Bernardi (2007) recomendam que a fase de
construo de objeto educacional deve ser implementada de forma cclica, ou seja,
perfazendo o caminho de construo, teste e validao.
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4.2 Cenrio
O campo de coleta dos dados foi um hospital de emergncias, situado na
Regio Metropolitana de Fortaleza-CE-Brasil. Essa instituio possui estrutura fsica
moderna, do tipo vertical, com oito andares. ponto de referncia para o
atendimento de clientela em situao de emergncia e trauma, da Capital e de todos
os municpios do Estado do Cear, mas tambm recebe clientes de outros estados
do Nordeste. Comporta 407 leitos, no entanto excede sempre a sua capacidade.
Esses leitos destinam-se s mais diversificadas especialidades, com exceo de
obstetrcia. uma instituio com equipe de Enfermagem composta por enfermeiros,
tcnicos de Enfermagem e auxiliares de Enfermagem.
Por que a escolha recaiu nessa instituio?
Primeiramente por atuar nessa instituio h dezessete anos, e estar
sensvel s dificuldades apresentadas pelos familiares dos pacientes internos no que
se refere aos cuidados de seus pacientes aps a alta hospitalar, e por essa
instituio dispor de recursos humanos e fsicos necessrios a um atendimento
adequado aos clientes com distrbios neurolgicos. A clnica neurolgica,
panorama para o desenvolvimento desta pesquisa, pode ser contextualizada em trs
aspectos: a estrutura fsica, os recursos humanos e o fluxo operacional.
Estrutura Fsica:
As clnicas neurolgicas denominadas, tambm, de Unidades 16, 20 e 22,
esto localizadas no 2 e 6 andares do hospital, comportando, cada qual, em
mdia, trinta leitos para internao de pacientes neurolgicos portadores de traumas
cranioenceflico, raquimedular e aqueles acometidos por outras ocorrncias do tipo
ataque vascular enceflico, hidrocefalia, tumores cerebrais e hrnias de disco,
dentre outros problemas que podem desenvolver alteraes neurolgicas.
Essas unidades de internao compreendem: posto de Enfermagem, sala
para preparo de materiais e medicamentos, rouparia, copa para distribuio dos
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alimentos e um local de repouso para a equipe de Enfermagem, com espao exguo,
mobilirios prprios, como uma beliche, geladeira e televisor.
So unidades que durante o perodo letivo quase diariamente recebem
alunos do curso de graduao em Enfermagem de quatro universidades, alm de
alunos dos cursos de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Medicina. Concentram,
sobretudo no perodo da manh, intenso movimento de diversificado contingente de
profissionais e alunos nas reas de trabalho comum, bem como nos seus espaos
fronteirios.
Quanto ao ambiente das enfermarias, cada leito possui sistema de
oxignio e vcuo centralizado, mesa-armrio com duas gavetas destinadas guarda
dos objetos de uso pessoal do paciente e do seu acompanhante e uma cadeira para
repouso do acompanhante. As enfermarias dispem, ainda, de banheiro anexo.
Recursos Humanos:
Nas clnicas neurolgicas so lotados, por turnos nas 24 horas, os
seguintes profissionais: enfermeiras, auxiliares de Enfermagem, mdicos
neurocirurgies, mdicos clnicos, fisioterapeuta; nutricionista; assistente social e
pessoal de apoio, como secretria, maqueiro e copeiro.
Fluxo Operacional:
permitida a permanncia de um acompanhante por paciente, que pode
ser um familiar ou pessoa importante das relaes deste, obedecendo um sistema
de revezamento de 12 em 12 horas, tendo o direito a trs refeies principais,
realizadas no refeitrio do hospital, em horrio pr-estabelecido. A ele dado, pelo
Servio Social, uma autorizao de permanncia que renovada de acordo com a
necessidade do paciente em termos de situao de dependncia.
Impe lembrar que tambm da responsabilidade das enfermeiras a
funo de efetuar os diversos pedidos de marcao de exames, encaminhamentos
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de pacientes aos outros profissionais, ao centro cirrgico e para a realizao de
exames, alm das transferncias de doentes. Afora essas tarefas, so tambm
atribudas as atividades de passagem de planto, leito a leito, acompanhamento
visita mdica, solicitao de material de consumo e aprazamento das prescries
mdicas. Cada auxiliar de Enfermagem formalmente responsvel por uma
enfermaria. Compete, portanto, enfermeira a respectiva vigilncia da assistncia
por eles prestada.
Considera-se importante tecer comentrio acerca da unidade de
internao, por se entender que o ambiente e as condies de trabalho tm relao
com o cuidado do paciente, assunto que ser tratado mais adiante.
4.3 Populao e amostra
No segundo momento deste estudo a populao-alvo foram os
profissionais na rea de enfermagem, especialistas, mestres e doutores que se
adequassem aos critrios de Fehring (1994) para avaliao do Manual de
Orientao. No terceiro, foram os cuidadores de clientes internados na instituio
que apresentavam mobilidade fsica prejudicada com dependncia total ou parcial
de cuidados de enfermagem. A seleo dos juzes e dos cuidadores se constituiu
com base em critrios de incluso e excluso.
A incluso dos juzes versou sobre os aspectos: 1) titulao de Doutor ou
Mestre; 2) ser graduado ou especialista em enfermagem; 3) estar atuando ou j ter
atuado na rea de ensino; 4) ter trabalhos publicados relacionados a Neurologia,
educao em sade ou construo de tecnologias; 5) estar atuando ou j ter atuado
na rea de reabilitao. Foram excludos os juzes que solicitassem ajuda de custo;
que permanecessem por mais de um ms sem devolver a anlise do estudo ou sem
comunicao com a pesquisadora.
Quanto ao nmero ideal de juzes para o processo de validao de
contedo, a literatura diversificada. Dentre esta destacamos: Bertoncello (2004) e
Pasquali (1998), que apontam que o nmero de juzes deve ser seis. Entretanto,
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outros como Rubio, Berg-Weger, Tebb, Lee e Rauch (2003) recomendam de seis a
vinte juzes; Lynn (1986) e Westmoreland, Wesorick, Hanson e Wyngarden (2000)
afirmam que o nmero ir depender da acessibilidade e disponibilidade por parte
dos experts. Lynn (1986) recomenda um nmero mnimo de cinco e mximo de dez,
enquanto Lynn (1986) e Bojo, Hall-Lord, Axelsson, Udn e Wilde (2004) ressaltam
que quanto maior o nmero de experts, maior a chance de discordncia e que, caso
o painel de experts seja inferior a trs, h a necessidade da concordncia total
(100%) dos juzes sobre os itens.
No estudo em questo optamos pela recomendao de Bertoncello
(2004) e Pasquali (1998), e assim foi determinado o nmero de sete juzes para
avaliar o Manual de Orientao. Desta forma, ainda que houvesse alguma
desistncia seria mantido um nmero adequado para avaliao do contedo.
Foram considerados experts no material a ser validado aqueles que
obtiveram o mnimo de cinco pontos, tendo como parmetro critrios adaptados da
proposta de Fehring (1994).
Quadro 1 Critrios para seleo dos experts para validao de contedo do Manual Mobilidade Fsica: orientaes para o cuidado no domiclio. Fortaleza, 2010.
Critrios Pontos
Ser graduado ou especialista em enfermagem 1
Ser mestre em enfermagem 1
Ser doutor em enfermagem 2
Ter atuado na rea de reabilitao 1
Ter experincia na rea de ensino 1
Ter produo cientfica relacionada a educao em sade 1
Ter produo cientfica relacionada ao desenvolvimento de tecnologias
1
Fehring (1994) recomenda que um enfermeiro, para ser considerado
perito, deve ter no mnimo o ttulo de Mestre em Enfermagem com uma rea definida
de experincia clnica, porm ressalta que a titulao de Mestre deve ser necessria,
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mas no suficiente, recomendando que o perito tambm tenha um conhecimento
especializado sobre o assunto em estudo, demonstrado em pesquisas apresentadas
e publicadas, artigos cientficos, prtica clnica e especializao no assunto em
estudo.
No terceiro momento a populao-alvo foram os cuidadores de pacientes
internos na instituio, e como amostra foram selecionados os cuidadores de
pacientes com dficits na mobilidade fsica que estivessem internos no perodo da
coleta de dados. Foram includos como participantes no estudo os cuidadores de
clientes que atendessem aos seguintes critrios: 1) ser familiar ou pessoa importante
nas relaes com o paciente com mobilidade fsica prejudicada; 2) ser o cuidador
domiciliar aps a alta hospitalar; 3) acompanhar regularmente o cliente durante o
perodo de internao hospitalar; 4) ter mais de 18 anos. Foram excludos os
cuidadores de clientes internos em Unidade de Terapia Intensiva, pela instabilidade
clnica dos mesmos e, consequentemente, pela instabilidade emocional do cuidador
perante a incerteza do prognstico.
Diante dos critrios estabelecidos participaram deste estudo sete juzas e
30 cuidadores.
4.4 Percurso metodolgico
- Construo do Manual de Orientaes
A elaborao do Manual de Orientao foi executada na primeira etapa
do estudo, sendo este momento o que mais dispensou tempo, visto que sua
construo foi norteada por etapas distintas desde a realizao de estudos
preliminares, seleo do tema, reviso de literatura, criao da histria at o contato
com o editor de arte e a confeco do Manual.
Buscou-se nessa etapa no apenas a construo de mais um material
educativo a ser entregue na alta hospitalar aos pacientes e seus acompanhantes,
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mas um manual que pudesse ser aplicado desde o incio da hospitalizao e que
contribusse no processo de recuperao e reintegrao do indivduo ao seu meio.
Neste sentido a elaborao teve como foco um material que permitisse
uma fcil compreenso dos leitores, mesmo que estes tivessem pouca ou nenhuma
escolaridade. Partindo desse pensamento o manual foi confeccionado em forma de
histria com dilogos e ilustraes que facilitassem a compreenso dos
ensinamentos at mesmo de quem tivesse dificuldade na leitura.
Figura 1- Fluxo do processo de construo do Manual de Orientaes para o Cuidado no Domiclio. - Anlise de contedo do Manual Validao por juzas
De posse do Manual de Orientao, o mesmo foi encaminhado aos juzes
especialistas na rea de interesse do estudo. Alguns estudos tm demonstrado a
importncia de se utilizar nmeros mpares para evitar questionamentos duvidosos
(SAWADA, 1990; LOPES, 2004).
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Para participar dessa anlise os juzes devem ser peritos na rea da
tecnologia construda, pois sua tarefa consiste em ajuizar se os itens avaliados esto
se referindo ou no ao propsito do instrumento em questo. Perroca e Gaidzinski
(1998), ao estabelecerem ndice de concordncia para as respostas obtidas no
proceso de validao, consideram como validados os indicadores que obtiverem
ndice de concordncia nas respostas dos juzes maior ou igual a 70%.
fundamental entender o significado da palavra perito ou expert. Quanto
mais ttulos, quanto mais pesquisas realizadas e/ou quanto maior for a experincia
clnica do profissional em uma determinada rea, mais qualificado ele ser para
atuar como perito (HONRIO; CAETANO, 2009).
A inexistncia de uniformidade nos critrios para se considerar um sujeito
como juiz tem sido foco de preocupao de vrios autores, ensejando
questionamentos e sugestes sobre o perfil de um perito, tais como: nmero de anos
de experincia clnica; tempo de graduao; titulao; experincia com pesquisa e
em publicaes sobre o tema estudado; e local de atuao (FEHRING, 1994;
OCONNELL, 1995).
Aps seleo de sete juzes, mediante anlise do curriculum lattes para
confirmao do preenchimento dos critrios de incluso, eles foram contatados para
indagao sobre a participao no presente estudo. Aps aceitarem, foram
encaminhados o Manual de Orientao (Apndice F), juntamente com a carta-
convite para os juzes especialistas (Apndice A); os esclarecimentos aos juzes
acerca do Manual de Orientao (Apndice B); e os instrumentos de avaliao dos
juzes especialistas (Apndice D).
Foi estabelecido o prazo de trinta dias para a devoluo do material
encaminhado, que foi respeitado por todos os juzes participantes. De posse das
avaliaes, foram