universidade federal do pará - pibic · colheita de modo a melhorar a quantidade dos produtos...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq,
CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período : Agosto/2014 a Agosto/2015
( ) PARCIAL
(x) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa:
Corantes de açaí: otimização dos processos de obtenção , purificação, caracterização e
avaliação da estabilidade
Nome do Orientador: LENIO JOSÉ GUERREIRO DE FARIA
Titulação do Orientador: DOUTOR
Faculdade: ENGENHARIA QUÍMICA
Instituto/Núcleo: ITEC
Laboratório: LABORATÓRIO DE SECAGEM E RECOBRIMENTO DE PARTÍCULAS-
LSRP
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Título do Plano de Trabalho :
Estudo do comportamento higroscópico de açaí (Euterpe oleracea Mart.) em pó, pelo
método de aproximação gravimétrica estático.
Nome do Bolsista: JOSÉ LOBATO DAS NEVES JUNIOR
Tipo de Bolsa : PIBIC/CNPq – AF
INTRODUÇÃO
O aumento da demanda do mercado consumidor por corantes naturais e as
restrições impostas pelos órgãos de controle internacionais à utilização dos corantes
artificiais na industria alimentícia, cosmética e farmacêutica, têm elevado a importância e
o interesse por esses aditivos estéticos naturais, como sucedâneos de muitos aditivos
sintéticos empregados atualmente nessas industria.
Assim o Brasil, em especial a região amazônica, se apresenta como produtor de
algumas plantas fornecedoras de corantes, dentre elas o açaí (Euterpe oleracea Mart.),
que pode ser economicamente vantajoso para o segmento de corantes naturais, em
especial para aplicações em alimentos de material rico em antocianinas, nos mercados
interno e externo. Entretanto, existe a necessidade de pesquisas para o desenvolvimento
de novas tecnologias de secagem, extração e de otimização das atividades de pós-
colheita de modo a melhorar a quantidade dos produtos obtidos. Assim, propõe-se obter
compostos bioativos, ricos em antocianinas, a partir do fruto de açaí, utilizando sistemas
dinamicamente ativos, como a secagem de pastas e suspensões em secadores de leito
de jorro com partículas inertes
JUSTIFICATIVA
A proposta deste projeto tem como função básica desenvolver uma pesquisa
voltada ao uso racional de produtos e subprodutos oriundos da biodiversidade amazônica,
gerar tecnologias apropriadas para obtenção e beneficiamento desses produtos.
Justifica-se o desenvolvimento deste trabalho em virtude do aumento na demanda
do mercado consumidor por corantes naturais, e nas restrições impostas pelos órgãos de
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controle internacionais à utilização dos corantes artificiais na indústria alimentícia,
cosmética e farmacêutica, ocasionando assim o interesse pelos corantes naturais, como
sucedâneos de muitos aditivos sintéticos empregados atualmente nesses segmentos
industriais.
Seca-se um material ou produto para dar a ele, principalmente, uma melhor
qualidade mantendo suas propriedades físicas e químicas, com a redução da sua
umidade a valores tais que não exerçam papel biológico, inibindo a ação de agentes de
deterioração como os microrganismos, e também, reduzir a massa do material e,
consequentemente, o custo de transporte. Segundo a literatura comum em tecnologia de
alimentos, a baixa atividade de água nos alimentos desidratados não permite que haja a
proliferação de microrganismos, inibindo, então, a maioria das reações químicas e
enzimáticas causadoras de possíveis alterações das características desejáveis desses
alimentos.
Alguns motivos para o uso da secagem em processos industriais:
1. Redução do peso do material e consequentemente dos custos de transporte;
2. Redução da umidade até valores ótimos, abaixo dos quais não seja possível haver
a proliferação de micro-organismos;
3. Propiciar condições de armazenagem por longo período de tempo ao produto;
4. Concentrar as suas substâncias de interesse para mudar ou mesmo melhorar o
sabor e agregar valor ao produto
5. Produção de um material mais apropriado para um determinado uso;
6. Obtenção de propriedades mais precisas.
OBJETIVOS
Geral:
Este Projeto de Pesquisa tem como objetivo principal desenvolver e otimizar
processos para obtenção de corantes em pó, provenientes de frutos de açaí, visando
estabelecer tecnologias apropriadas para sua aplicação em diferentes segmentos
industriais. Quantificar a higroscopicidade do corante de açaí em pó, utilizando o método
estático, e, propor condições seguras para seu armazenamento visando aplicações
tecnológicas e industriais
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Específicos:
Por meio de solventes, extrair o corante de açaí rico em antocianinas totais
presentes no produto seco, obtido na secagem convectiva em estufa a vácuo. Entretanto,
por um problema elétrico a estufa a vácuo, foi utilizado uma estufa comum (á pressão
atmosférica) e, para não alterar tecnicamente as condições da coleta de dados, alterou-se
a temperatura para 50°C.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais:
Foram utilizados no desenvolvimento do trabalhos, equipamentos e materiais
comuns de laboratório, além soluções, reagentes químicos e vidrarias, tais como: béquer,
buretas, pipetas, balões volumétricos, solução de álcool etílico, solução de ácido cítrico,
estufa (Quimis, Q314 M 222), espátula, balança analítica (Shimadzu, AUY 220), soluções
salinas (vários sais), bandejas de alumínio, evaporador rotativo (Laborota), estufa DBO
(Quimis, 315.d16).
Métodologia:
A matéria prima utilizada consistiu de frutos de açaí maduros, que foram
adquiridos no centro comercial de Belém. Inicialmente foi preparado um extrato para
concentrar o corante do açaí, utilizando álcool etílico acidificado (com 1% de ácido cítrico)
como solvente concentrado a 92,8%, levado posteriormente a um evaporador rotativo
para concentrar o extrato corante. O extrato obtido foi colocado em estufa a 50ºC para
secagem.
A condução e analise da cinética de secagem do extrato corante foi feita em
triplicata. A Figura 1 ilustra os béqueres contendo os extratos corantes, onde foi medido
em cada béquer um volume de 100 mL do extrato. Pesou-se a massa de cada um e foi
levado para a estufa. A cada intervalo de tempo regular media-se a redução de massa
das amostras, e, desse modo foi possível construir curvas de secagem (umidade versus
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tempo) e com base nela conhecemos seu comportamento e também o tempo necessário
para do extrato se obter o corante em pó.
Figura 1. Amostras do extrato corante de açaí, em triplicata
Amostras de polpa de açaí, processadas no comércio local, classificada
comumente como açaí médio, foram colocadas em duas bandejas de alumínio um total de
aproximadamente 500 mL cada uma. Foram então secadas em estufa a 50ºC onde se
anotou também a perda de umidade com relação ao tempo. Esse procedimento é o
mesmo usado no extrato, porém, com uma significativa quantidade de pó resultante no
final do processo.
Os dados de equilíbrio higroscópico do açaí em pó com base em suas isotermas de
dessorção foram obtidos pelo método de aproximação gravimétrica estático, onde se
usam soluções aquosas saturadas de vários sais em diferentes concentrações, que
proporcionam diferentes valores de umidade relativa do ar, acima da superfície das
soluções, contidas em recipientes herméticos. A temperatura do ar é controlada
colocando-se os frascos em uma estufa ou câmara refrigerada. As amostras de trabalho
ficam suspensas, acima das superfícies das soluções, e são pesadas a intervalos
regulares de tempo usando-se balança de precisão, até atingirem peso constante.
O teor de água da amostra em equilíbrio com as condições de temperatura e
umidade dentro do frasco hermético pode ser obtido pelo método da estufa (BRASIL,
2009). O tempo para que as amostras atinjam o equilíbrio é bastante variável, pois
depende do tipo de material e da quantidade usada por amostra.
As soluções saturadas de sais são preferidas por que permitem a manutenção da
umidade relativa constante com maior facilidade, pois mesmo que absorvam ou percam
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umidade, a umidade relativa do ambiente não se altera desde que as soluções ainda
estejam saturadas.
Existem na literatura dados de umidade relativa em função da temperatura para
várias soluções saturadas de sais, destacando-se os trabalhos de Greenspan (1977),
Young (1967), Wexler e Hasegawa (1954) e Kitic et al. (1986). Detalhes sobre a
preparação de soluções salinas saturadas e de soluções de ácido sulfúrico para serem
utilizadas, inclusive como padrões na calibração de instrumentos de medida de atividade
de água, são fornecidos por Jardim (1987).
Os ensaios de equilíbrio higroscópico do açaí em pó, foram feitos visando à
confecção de suas isotermas de dessorção, foram feitos expondo-se as amostras em
ambientes com umidades relativas controladas, com o uso de soluções aquosas
saturadas, em temperaturas conhecidas (GAL, 1975). Para tanto se usaram recipientes
de vidro com capacidade de 500 mL, contendo soluções saturadas que produzem
umidades relativas variando de 6 a 83%, conforme indicado na Tabela 1.
Tabela 1. Umidades de equilíbrio de soluções salinas a 35ºC
Substância Temperatura
(OC) Umidade
Relativa (%) Referência
NaOH 35 6,92 Greenspan (1977)
LiCl 35 11,25 Greenspan (1977)
CH3COOK 35 23 Rockland (1960)
MgCl2.6H2O 35 32,05 Greenspan (1977)
K2CO3 35 41,5 Rockland (1960)
NaNO2 35 61,5 Carr e Harris (1949)
NaCl 35 74,87 Greenspan (1977)
KCl 35 82,95 Greenspan (1977)
Recipientes de polietileno de 50 mL de capacidade contendo as amostras de
trabalho (1,0 ± 0,05 g) de açaí em pó, moídas e passadas em peneiras de aço com
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abertura de 0,25 mm, presos adequadamente em suportes plásticos de modo a ficarem
suspensos, foram introduzidos nos frascos de vidro de 500 mL contendo soluções salinas
saturadas. O recipiente de polietileno, o suporte plástico e o frasco de vidro, estão
apresentados na Figura 2. O arranjo experimental formado por esses componentes,
utilizado para determinar a umidade de equilíbrio de sementes em pó de açaí está
mostrado nas Figuras 3 e 4.
Figura 2. (1) Recipiente de polietileno, (2) Suporte de plástico, (3) Frasco de vidro
contendo solução salina saturada
Figura 3. Desenho esquemático do aparato usado para obtenção de ambientes com diferentes umidades de equilíbrio
Figura 4. Frasco de vidro com solução saturada contendo o recipiente de polietileno com a amostra de açaí em pó
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Realizando o experimento em duplicata, totalizando 16 amostras, considerando-
se as 8 condições diferentes de umidade. Os frascos contendo as soluções aquosas
saturadas eram acondicionados em estufa incubadora DBO, marca Quimis, modelo
315.D16, com faixa de trabalho (0 a 50oC), na temperatura de 35 ± 0,3oC (Figura 5), onde
era possível controlar tanto a temperatura quanto a umidade relativa do ambiente.
Inicialmente pesaram-se todas as amostras, uma a uma (massa inicial massa
úmida) e o acompanhamento do processo de dessorção era feito por meio de pesagens
sucessivas da massa das amostras, em balança analítica, a intervalos regulares de tempo
(24 horas), até massa constante. Considerava-se que a amostra tinha atingido massa
constante quando a diferença entre as duas últimas pesagens era desprezível. Nessas
condições, admitia-se que a mesma tinha alcançado o equilíbrio higroscópico com o meio.
Durante o acompanhamento do ensaio eram feitas inspeções visuais das amostras para
verificar se havia surgido e se desenvolvido algum tipo de microrganismo.
Figura 5. Amostras colocadas em câmara de climatização (estufa BOD)
Alcançado o equilíbrio higroscópico, as amostras eram colocadas em estufa e
pesadas a intervalos regulares de tempo, até massa constante, para a determinação da
massa de sólido seco necessária para o cálculo da umidade de equilíbrio. Para isso,
usou-se uma estufa marca FABBE, amplitude térmica de 30 a 200oC, com temperatura
regulada em 80oC (Figura 6) e uma balança analítica marca CELTAC, modelo FA2104N
(Figura 7).
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Figuras 6. Estufa de secagem e esterilização para a obtenção da massa de sólido seco
Figura 7. Balança analítica para o acompanhamento da perda de umidade das amostras e
obtenção da massa de sólido seco
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Secagem
As curvas de secagem foram construídas com os dados experimentais da perda de
massa do material ao longo do tempo. Os teores de umidade, em base seca, são calculados de
acordo com a Equação 1 na qual X é o teor de umidade em base seca, m(t) representa o
decréscimo da massa em função do tempo, em gramas, e mss é a massa de sólido seco, em
gramas.
(1)
Por meio do tratamento dos dados experimentais foi obtida a curva de secagem do
material, em estufa comum, onde foram correlacionados o teor de umidade e o tempo. A
retirada da umidade ocasionou a obtenção do material em pó.
Para se obter a massa de sólido seco pesa-se o material contido nas bandejas de teste,
após permanência em estufa com circulação de ar mecânica, a 105°C por 24 h, conforme
metodologia padronizada.
As curvas de secagem construídas dessa maneira servem como parâmetro de
referência para se prever o comportamento do material ao longo do tempo durante uma corrida
de secagem. É possível, portanto, prever um teor de umidade final para o material sob essas
condições de secagem (STRUMILLO e KUDRA, 1986).
Constata-se experimentalmente que no tempo de 670 minutos, o extrato corante de açaí
se transforma em pó, porém em quantidade muito pequena. Portanto, optou-se em trabalhar
com a polpa de açai in natura, visando se obter ao final do processo uma quantidade maior de
pó.
A Tabela 2 contém os dados experimentais da secagem da polpa de açaí in natura em
secador convectivo de bandejas a 50ºC, realizada em duplicata (bandejas 1 e 2). As massas de
sólido seco foram: 81,82 g e 82,12 g para as bandejas 1 e 2, respectivamente. Nessa tabela m
representa a massa do material, em gramas, e t o tempo de secagem, em minutos. O tempo
total de secagem foi 470 minutos.
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Na Tabela 3 estão sumarizados os cálculos necessários para a construção da curva de
secagem conforme a Figura 8. Nessa tabela X1 e X2 são os teores de umidade em base seca
(kg de água /kg de sólido seco). As umidades adimensionais em base seca Xr1 e Xr2, são
obtidas da relação entre o teor de umidade em base seca e o teor de umidade em base seca
inicial, ou seja, no tempo igual a zero. A curva de secagem ilustrada na Figura 8 representa o
comportamento da secagem convectiva do açaí em pó, pondo-se em gráfico a umidade
adimensional média (Xrm) em função do tempo (t).
Analisando-se a curva de secagem, nota-se que não há período de secagem à
velocidade constante (ausência de umidade superficial) e que consequentemente o processo
de perda de umidade interna é controlade pelo mecanismo de difusão (segunda lei de Fick).
Verifica-se também pela análise da Figura 8 que o material praticamente entra em
equilíbrio com as condições ambientais de secagem 450 minutos de operação.
Tabela 2. Decréscimo da massa de polpa de açaí com o tempo de secagem
Bandeja 1 Bandeja 2 Bandeja 1 (cont.) Bandeja 2 (cont.)
t (min) m (g) t (min) m (g) t (min) m (g) t (min) m (g)
0 527,82 0 526,00 130 329,44 130 327,57
5 523,26 5 522,65 140 313,73 140 306,80
10 517,52 10 518,59 155 295,13 155 288,76
15 511,44 15 512,15 170 277,40 170 266,96
20 505,81 20 504,64 185 253,97 185 248,82
25 499,63 25 490,47 200 235,06 200 237,98
30 493,97 30 482,71 215 213,83 215 221,13
35 486,96 35 475,49 230 191,00 230 195,64
40 481,02 40 468,41 245 176,05 245 177,40
45 475,09 45 460,97 260 166,49 260 166,80
50 468,51 50 449,08 275 156,71 275 159,11
60 456,57 60 438,26 290 148,61 290 152,74
70 443,78 70 427,71 310 140,31 310 141,98
80 432,21 80 410,15 330 127,30 330 124,89
90 411,25 90 395,30 350 115,44 350 114,60
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100 393,40 100 379,19 370 105,31 370 104,25
110 368,80 110 345,81 390 98,94 390 97,50
120 367,05 120 344,75 410 93,76 410 93,60
430 91,55 430 90,69
450 89,79 450 89,70
470 88,82 470 88,88
Tabela 3. Cálculos para a cinética de secagem
t (min) m1 (g) m2 (g) X1 X2 Xr1 Xr2 Xrm
0 527,82 526,00 5,451 5,405 1,000 1,000 1,000
5 523,26 522,65 5,395 5,364 0,990 0,993 0,991
10 517,52 518,59 5,325 5,315 0,977 0,983 0,980
15 511,44 512,15 5,251 5,237 0,963 0,969 0,966
20 505,81 504,64 5,182 5,145 0,951 0,952 0,951
25 499,63 490,47 5,106 4,973 0,937 0,920 0,928
30 493,97 482,71 5,037 4,878 0,924 0,903 0,913
35 486,96 475,49 4,952 4,790 0,908 0,886 0,897
40 481,02 468,41 4,879 4,704 0,895 0,870 0,883
45 475,09 460,97 4,807 4,613 0,882 0,854 0,868
50 468,51 449,08 4,726 4,469 0,867 0,827 0,847
60 456,57 438,26 4,580 4,337 0,840 0,802 0,821
70 443,78 427,71 4,424 4,208 0,812 0,779 0,795
80 432,21 410,15 4,282 3,995 0,786 0,739 0,762
90 411,25 395,30 4,026 3,814 0,739 0,706 0,722
100 393,40 379,19 3,808 3,618 0,699 0,669 0,684
110 368,80 345,81 3,507 3,211 0,643 0,594 0,619
120 367,05 344,75 3,486 3,198 0,640 0,592 0,616
130 329,44 327,57 3,026 2,989 0,555 0,553 0,554
140 313,73 306,80 2,834 2,736 0,520 0,506 0,513
155 295,13 288,76 2,607 2,516 0,478 0,466 0,472
170 277,40 266,96 2,390 2,251 0,439 0,416 0,427
185 253,97 248,82 2,104 2,030 0,386 0,376 0,381
200 235,06 237,98 1,873 1,898 0,344 0,351 0,347
215 213,83 221,13 1,613 1,693 0,296 0,313 0,305
230 191,00 195,64 1,334 1,382 0,245 0,256 0,250
245 176,05 177,40 1,152 1,160 0,211 0,215 0,213
260 166,49 166,80 1,035 1,031 0,190 0,191 0,190
275 156,71 159,11 0,915 0,938 0,168 0,173 0,171
290 148,61 152,74 0,816 0,860 0,150 0,159 0,154
310 140,31 141,98 0,715 0,729 0,131 0,135 0,133
330 127,30 124,89 0,556 0,521 0,102 0,096 0,099
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350 115,44 114,60 0,411 0,396 0,075 0,073 0,074
370 105,31 104,25 0,287 0,269 0,053 0,050 0,051
390 98,94 97,50 0,209 0,187 0,038 0,035 0,037
410 93,76 93,60 0,146 0,140 0,027 0,026 0,026
430 91,55 90,69 0,119 0,104 0,022 0,019 0,021
450 89,79 89,70 0,097 0,092 0,018 0,017 0,017
470 88,82 88,88 0,086 0,082 0,016 0,015 0,015
Figura 8. Curva de secagem experimental (pontos) e ajuste pelo modelo de Page (linha
cheia)
Ajuste dos pontos experimentais de secagem
A linha contínua da Figura 8 representa a curva do modelo de Page (1949)
ajustada aos pontos experimentais da secagem de açaí, pelo método dos mínimos
quadrados, com auxílio do Software Statistica, versão 7.0,.
A relação funcional entre os teores de umidade e o tempo pode ser obtida por meio
de ajuste dos pontos experimentais a modelos cinéticos de secagem existentes na
0 100 200 300 400 500
t (min)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Xr
(ad
im.)
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literatura, utilizando-se uma estimativa não linear pelo método dos mínimos quadrados,
com o auxílio do software Statistica, versão 7.0, sub-rotina Quasi-Newton. Na Tabela 4
constam alguns dos modelos matemáticos mais frequentes na literatura utilizados para
descrever a cinética de secagem de sólidos.
Para a obtenção da correlação representativa das curvas de secagem, ajustaram-
se os dados experimentais a um dos modelos da umidade adimensional (Xr) em função
do tempo (t) constantes na Tabela 4. Segundo Montgomery (1991) e Box, Hunter e Hunter
(1978) a escolha do mais adequado é feita com base nas estatísticas apropriadas:
coeficiente de determinação (R2) e nas análise de resíduos (amplitude, normalidade e
distribuição). Com base nessa análise, o modelo que melhor representa os dados da
cinética de secagem foi o Modelo de Page (1949).
Na Tabela 4 são apresentados alguns modelos matemáticos usados para
determinar a cinética de secagem, nas quais: Xr é razão de umidade, adimensional, t é o
tempo de secagem e k, k0 e k1 são as constantes de secagem, em min-1 e a, b, c e n são
os coeficientes dos modelos.
Tabela 4. Modelos matemáticos para ajuste de curvas de secagem
Nome Modelo
Lewis
Page
Henderson e Pabis
Logarítmico
Midilli
Henderson
Os parâmetros do modelo de Page(1949) após o ajuste foram: k = 0,00065 e n =
1,401548, resultando a Equação 2:
(2)
A correlação ou modelo proposto (Equação 2) é capaz de explicar 99,84% das
variabilidades experimentais, devido ao valor encontrado para o coeficiente de
15
determinação (R2 = 0,9984). Quanto aos demais pressupostos estatísticos, constatou-se
que os resíduos gerados foram baixos, apresentaram distribuição de probabilidade
normal e comportamento aleatório em função dos valores preditos pelo modelo e também
em função dos valores observados experimentalmente. Assim, considerou-se o modelo
da Equação 2 preditivo para o teor de umidade em função do tempo, dentro do domínio
experimental praticado.
Equilíbrio higroscópico do açaí em pó com base em sua isoterma de dessorção a 35ºC
Trabalhou-se nos ambientes com umidades relativas constantes, geradas pelas
soluções salinas saturadas, cobrindo aproximadamente a faixa de 7 a 83% de umidade
relativa, correspondendo à região de atividade de água entre 0,0692 e 0,8295, conforme a
Tabela 5.
Tabela 5. Dessorção de umidade de açaí em pó a 35ºC
aw (adim.) UR (%) Xe (b.s.)* Xe (%,b.s.)
0,0692 6,92 0,04080 4,080
0,1250 12,50 0,05551 5,551
0,2300 23,00 0,06411 6,411
0,3205 32,05 0,07028 7,028
0,4150 41,50 0,07323 7,323
0,6280 62,80 0,09820 9,820
0,7487 74,87 0,12408 12,408
0,8295 82,95 0,15050 15,050
*b.s.: base seca (kg de água/kg de sólido seco)
O modelo matemático de GAB
Vários modelos empíricos e semiempíricos têm sido propostos para descrever
matematicamente a relação entre o conteúdo de umidade de equilíbrio com a atividade de
água de produtos naturais. Dentre eles, o modelo triparamétrico de GAB (Guggenheim,
Anderson, de Boer) tem sido utilizado em vários alimentos com bons resultados e sua equação
16
representativa é bem recomendada na literatura (WOLF et al., 1984; MAROULIS, TSAMI,
MARINOS-KOURIS, 1988; FARIA e ROCHA, 1997).
A equação GAB, aplicável na faixa de 0 < aw < 0,90 é escrita normalmente na forma da
Equação 3,
(3)
onde Xe representa o conteúdo de umidade de equilíbrio do material em base seca; Xm, C e K
são constantes características; a primeira correspondente ao teor de umidade na monocamada
e as demais estão relacionadas a efeitos térmicos de sorção na monocamada e na
multicamada, respectivamente.
Figura 10. Isoterma de dessorção do açaí em pó a 35°C
Resultados do modelo GAB ajustado
Na Tabela 6 são mostrados os valores das constantes características (Xm, C, K) do
modelo GAB, bem como a estatística R2, além dos pressupostos estatísticos para a qualidade
do ajuste proposto, ou seja, normalidade e independência dos resíduos e aleatoriedade da
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
aw (adimensional)
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
Xe
(kg
ág
ua
/kg
s.s
.)
17
distribuição dos resíduos. As constantes do modelo são obtidas por meio de um ajuste não
linear pelo método dos mínimos quadrados. O valor de Xm encontrado para o açaí em pó a
35°C foi 0,052853 kg água/kg s.s., ou seja, cerca de 5,3% em base seca. Nesses níveis de
umidade, o produto poderia ser conservado por longos períodos (BRUNAUER, EMMETT,
TELLER, 1938).
A faixa de atividade de água correspondente ao valor de Xm é (0 - 0,12) ou de umidade
relativa do ar (0 - 12%) para 35°C, que é a zona para a qual se têm a região de umidade
fortemente adsorvida, onde a água não atua como solvente, comportando-se como parte
integrante do sólido. Nesta região, a entalpia de vaporização da água é muito maior do que a
da água pura (FENNEMA, 1993).
Tabela 6. Constantes características e pressupostos estatísticos do ajuste do modelo GAB para açaí em pó
T (oC)
Xm (kg água/kg s.s.)
C K R2
(%)
Resíduos
N I D
35 0,052853 69,45229 0,779197 99,18 S S A
N: normalidade, I: independência, D: distribuição, S: sim, A: aleatória
Os valores do coeficiente de determinação R2 (ou variância explicada), e demais
estatísticas indicam o excelente ajuste do modelo de GAB aos dados experimentais. A análise
de resíduos mostra que o modelo é preditivo e pode ser usado na estimativa dos parâmetros
higroscópicos e no controle da armazenagem do material.
Observa-se que a isoterma possui forma sigmoidal (Figura 10), o que a classifica como
sendo do tipo II, pela teoria de BET (BRUNAUER, EMMETT, TELLER, 1938). A linha cheia
corresponde à curva de ajuste dos pontos experimentais ao modelo GAB. A partir de valores de
umidade relativa 60% ou de atividade de água 0,6 nota-se um acentuado comportamento
exponencial da curva, indicando que a partir desse valor, um pequeno aumento na umidade
relativa do ambiente produz um acréscimo considerável na umidade de equilíbrio do material
em pó, pondo em risco a qualidade do produto armazenado em locais com UR além desse
limite.
Neste caso, para ambientes a 50% de umidade relativa, o teor de umidade de equilíbrio
indicado pela isoterma de dessorção, situa-se abaixo de 9% b.s., para a temperatura utilizada,
18
o que está em concordância com os níveis mínimos de umidade para a segura armazenagem
do produto. Esse valor de atividade de água encontra-se abaixo do limite mínimo de aw = 0,6
suficiente para inibir todo o crescimento microbiano e ainda manter as condições de umidade
desejáveis de produtos agrícolas e alimentícios (FENNEMA, 1993). Os resultados
experimentais confirmam que, para a manutenção da sua qualidade, o corante de açaí em pó
deve ser acondicionado em ambientes com umidade máxima de 50%, em temperaturas de
35°C ou próximas.
Um resumo das observações sobre o comportamento higroscópico do material em
estudo, com base no modelo de GAB ajustado aos dados experimentais, é fornecido na Tabela
5.
Tabela 5. Comportamento higroscópico de açaí pó em função da temperatura e umidade
Condição higroscópica Temperatura ambiente
igual a 35°C
Ambiente: UR = 50% Xe (%b.s.) < 9,0
Ambiente: UR = 80% Xe (%b.s.) 14,0
Produto: Xe = 10%b.s. UR ambiente (%) ~ 60,0
Observa-se na Tabela 5 , obtida com base na Figura 10, que para manter-se a
umidade de equilíbrio do corante de açaí em torno de 10% b.s., a umidade relativa do ambiente
deve ser o indicado na Tabela 5, sendo no máximo 60% o valor da umidade relativa admitida
para a temperatura indicada. Contudo, os níveis de umidade relativa das regiões produtoras do
Estado do Pará são elevados, em torno de 80% (aw = 0,8), condição que é prejudicial à boa
conservação do material. Verifica-se que para este valor de umidade relativa, a armazenagem
do material à temperatura ambiente média (em torno de 35°C), implicaria em corante de açaí
em pó com teor de umidade de equilíbrio de aproximadamente entre 14% b.s., com sérias
ameaças à sua estabilidade, por estar em condições propícias ao desenvolvimento de micro-
organismos (fungos).
19
CONCLUSÃO
A curva de secagem obtida durante a execução dos experimentos pode ser ajustada
pela equação não linear de Page, com as constantes características do modelo, determinadas
para a região de secagem à taxa decrescente. Não foi observado período de taxa de secagem
constante.
Os dados experimentais obtidos na dessorção de corante de açaí em pó a 35oC, se
ajustaram muito bem ao modelo triparamétrico de GAB, tornando possível analisar o
comportamento higroscópico do corante de açaí em pó e estimar as propriedades de interesse,
com base em sua isoterma de dessorção obtida experimentalmente. Dessa forma, o modelo de
GAB pode ser usado para representar adequadamente as relações entre a atividade de água e
o conteúdo de umidade de corante de açaí em pó.
As informações obtidas na execução deste plano de trabalho podem ser usadas para
avaliar a eficiência de processos similares sob as mesmas condições operacionais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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139.
20
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YOUNG, J. F. Humidity control in the laboratory using salt solutions - a review. J. Appl. Chem.
v. 17, p. 241-245, 1967.
21
PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das
atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.
O desenvolvimento do plano de trabalho não seguiu exatamente conforme o
planejamento dos experimentos, o que implicou em se obter resultados da cinética de secagem
e de higroscopicidade para o material em estudo somente para uma temperatura. Esta
dificuldade foi relativa a infraestrutura de equipamentos de pesquisa, principalmente de
secagem. O secador de bandejas a vácuo e depois o atmosférico que seriam usados na
pesquisa apresentaram problemas, que infelizmente não puderam ser reparados a tempo de se
cumprir todo o cronograma. Entretanto, tais dificuldades não afetaram os objetivos da proposta
de trabalho, e as conclusões a respeito da cinética e da estabilidade do material em função da
temperatura e umidade do ambiente, apenas se reduziu a uma temperatura, que foi escolhida
por representar a média regional.
Com os equipamentos atualmente já em funcionamento, será possível completar o
trabalho conforme planejado e dessa forma gerar dados para futuras publicações.
DATA: 17/08/2015
Lênio José Guerreiro de Faria _________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo
após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o
nome do curso e da instituição.