universidade federal do parÁ prÓ ... - pibic.ufpa.br · este projeto foi submetido ao comitê de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq,
CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA.
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período: 08/2014 a 07/2015
( ) PARCIAL
( x ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:
Título do Projeto de Pesquisa: Impacto da reabilitação funcional nas incapacidades físicas
relacionadas ao Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1)
Nome do Orientador: Denise da Silva Pinto
Titulação do Orientador: Doutorado
Departamento: Instituo de Ciências da Saúde
Unidade: Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Laboratório: Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA e Faculdade de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO)
Título do Plano de Trabalho: Efeitos de um programa fisioterapêutico sobre as limitações do equilíbrio
e da marcha nos portadores do Vírus Linfotrópico de Células T Humana-1 (HTLV-1)
Nome do Bolsista: Luzielma Macêdo Glória
Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC/CNPq – AF
( x ) PIBIC/FAPESPA
1-INTRODUÇÃO:
O vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus
humano com tropismo para linfócitos. É o agente responsável por diversas patologias
associada a ele, dentre elas pela Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao
HTLV-1 (PET/MAH) (ROMANELLI et al., 2010; SOBRINHO et al. 2012).
Os indivíduos infectados pelo HTLV-1 são na maioria das vezes assintomáticos.
Aqueles que apresentam algum sinal ou sintoma permanecem por um longo período expostos
à infecção antes da manifestação. Diferentes fatores estão envolvidos na interação
vírus/hospedeiro e na passagem do estado de assintomático para portador de doença associada
ao HTLV-1, bem como nos indivíduos sintomáticos onde nota-se carga pro viral elevada e
resposta imune aumentada (CHAMPS, et al 2010).
Estima-se que 15 a 20 milhões de indivíduos estejam infectados pelo vírus do tipo
1 em todo mundo, com maiores prevalências relatadas em países do Caribe, América do Sul,
oeste africano e Japão (OLIVEIRA, 2009; SIQUEIRA, 2009; ROMANELLI et al., 2010).
A PET/MAH ocorre em mais de 4% dos seus portadores. A mesma cursa com
quadro clínico caracterizado por acometimento de indivíduos predominantemente na quarta e
na quinta décadas de vida, raramente, antes dos 20 anos ou após os 70 anos, com início
insidioso e evolução lentamente progressiva. Há predominância do sexo feminino sobre o
masculino, em proporção de 2:1 a 3:1(CHAMPS, et al 2010).
As manifestações são caracterizadas por paraparesia espástica, com maior
comprometimento dos músculos proximais dos membros inferiores, é comumente assimétrica
e associada a sinais de liberação piramidal: hiperreflexia, clônus e sinal de Babinski. A
inflamação envolve medula espinhal, provocando comprometimentos motores (fraqueza e
espasticidade em membros inferiores); sensitivos (parestesias e dores neuropáticas), distúrbios
esfincterianos vesicais e intestinais, além de disfunção erétil no homem (LANNES et al 2006;
ROMANELLI et al., 2010). Alterações sensoriais e profundas tais como: parestesia e
disestesia nos membros, bem como câimbras e dor na região lombar e membros inferiores
também são descritas. Os pacientes muitas vezes apresentam dificuldade de locomoção, perda
do equilíbrio e fadiga muscular. Estes sintomas podem prejudicar o desempenho de suas
atividades de vida diária (AVDs), incluindo o auto-cuidado, a capacidade para vestir-se e a
mobilidade/locomoção (COUTINHO, 2011).
2-JUSTIFICATIVA:
Estudos envolvendo pacientes portadores de HTLV-1 são pouco frequentes na
área da reabilitação de equilíbrio e marcha. Para mudar essa realidade, propõe-se esta
pesquisa com intuito de fornecer a estes pacientes um tratamento adequado para suas
necessidades físico-funcionais levando ao fisioterapeuta um conhecimento específico bem
como aprimorado sua atuação com estes pacientes, uma vez que a fisiopatologia de infecção
pelo HTLV-1 ainda se mantém no desconhecimento de muitos profissionais da área da saúde,
com um destaque especial para os profissionais da reabilitação. Além disso, este projeto tem a
necessidade de dar seguimento ao projeto já desenvolvido com esses pacientes no âmbito da
reabilitação na Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA, bem como
ampliação e consolidação das linhas de pesquisa voltadas para o HTLV já desenvolvidas no
Núcleo de Medicina Tropical (NMT), Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e Instituto de
Ciências da Saúde (ICS), associado ao incentivo de formação de novas linhas voltadas para a
reabilitação de pacientes sintomáticos portadores de HTLV-1. Propõe-se nessa pesquisa,
ampliar e consolidar as linhas de pesquisa com o enfoque na reabilitação neurofuncional dos
pacientes matriculados no ambulatório do NMT, uma vez que nossa região é considerada
endêmica para esse vírus.
3-OBJETIVOS:
3.1-GERAL
Analisar a eficácia de um programa de assistência fisioterapêutica aplicado às limitações
funcionais do equilíbrio e da marcha dos pacientes portadores de HTLV – 1 sintomáticos
matriculados no ambulatório do Núcleo de medicina Tropical da Universidade Federal do
Pará.
3.2-ESPECÍFICOS
-Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre possíveis alterações do
equilíbrio, da marcha e mobilidade;
-Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre a força dos grupos
musculares de tronco e membros inferiores;
- Avaliar os efeitos do programa fisioterapêutico implementado sobre a funcionalidade dos
pacientes sobre as AVD’s.
4- MATERIAIS E MÉTODOS:
Trata-se de um estudo de Intervenção Terapêutica realizado com pacientes
portadores de HTLV – 1 sintomáticos para alteração de equilíbrio e marcha matriculados no
Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará, no período de
agosto de 2014 a julho 2015.
Foram inseridos intencionalmente no estudo pacientes com diagnóstico clínico e
molecular confirmado de HTLV-1, apresentando limitações no equilíbrio e na marcha,
encaminhados pela equipe médica responsável pelo ambulatório do Núcleo de Medicina
Tropical da UFPA para serem atendidos pelo Laboratório de Estudos em Reabilitação
Funcional (LAERF) no período de agosto de 2013 a julho 2014. A seleção dos casos foi feita
por conveniência respeitando a ordem de chegada ao serviço e o enquadramento nos critérios
de inclusão propostos pela pesquisa. Foram incluídos no estudo indivíduos infectados pelo
HTLV-1 acometidos por limitações no equilíbrio e na marcha, de ambos os sexos,
maioridade, que não estivessem co-infectados com outros vírus ou outras situações clínicas
que levem à imunossupressão, com concordância voluntária do indivíduo na participação do
estudo. A não observância de um dos critérios de inclusão implicou-se na exclusão do
indivíduo da pesquisa.
O protocolo de intervenção fisioterapêutica teve como lócus a Faculdade de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA e onde foi realizado pelo aluno bolsista, sob
supervisão do coordenador deste projeto, com início após o devido encaminhamento médico e
devida construção do plano terapêutico individual voltado para reabilitação de equilíbrio e
marcha de cada paciente selecionado para amostra do estudo. Cada paciente do estudo foi
submetido a um programa terapêutico de 20 sessões, que teve início após uma avaliação física
neurofuncional constituída dos seguintes itens: Grau de auxilio a marcha; força muscular (0 a
5) 0 sem contração muscular e 5 contração contra resistência manual; Índice de Tinetti
(ANEXO A) para avaliar marcha e equilíbrio, a pontuação máxima da marcha é de 12 pontos
e do equilíbrio 16 pontos, a soma das duas variáveis pode variar de 0 a 28 pontos e classifica
o paciente em alto, médio e baixo risco de sofrer quedas, quanto menor a pontuação maior o
risco de quedas; Teste de mobilidade Time Get Up and Go (ANEXO B) para avaliar a
mobilidade, o qual o paciente se levanta de uma cadeira, percorre 3 metros, retorna e senta no
mesmo lugar de origem. Esse percurso é cronometrado e o seu resultado classifica o paciente
em mobilidade normal (<10 segundos), boa (entre 10 a 20 segundos), regular (entre 20 a 30
segundos) e prejudicada (>30 segundos); Escores das Provas de Função Muscular dos
músculos do tronco, através do teste de Alcance Funcional, e realizada apenas nos cadeirantes
e Índice de Katz (ANEXO C) para avaliar a funcionalidade nas atividades de vida diária.
Para comparação dos efeitos do programa terapêutico, foram repetidos os mesmos
procedimentos de avaliação acima descritos após a 10ª sessão, e registrando todos os dados
em ficha própria, considerando ainda que os desfechos observados foram comparados no
mesmo grupo, sendo os sujeitos da amostra controles deles mesmos.
O programa terapêutico foi realizado uma vez por semana com duração de 50
(cinquenta) minutos para cada paciente, respeitando o horário combinada com os mesmo na
avaliação inicial, lembrando que o aluno bolsista foi responsável por um paciente por vez, sob
supervisão do seu orientador. Estes atendimentos foram aplicados utilizando recursos
terapêuticos manuais, mecânicos e elétricos com finalidades específicas para cada paciente de
acordo com os indicadores observados na avaliação inicial. Para tanto, abaixo estão descritos
os recursos empregados na intervenção fisioterapeutica:
-Alongamentos ativos, ativo-assistido e passivos são exercícios voltados para o aumento da
flexibilidade muscular e ganho de amplitude de movimento.
-Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) para facilitar o processo de reeducação
funcional e aquisição de habilidades motoras.
-Os exercícios rotacionais de tronco, muito utilizados pelo Conceito Neuroevolutivo Bobath,
atuam na melhora do controle postural e do equilíbrio dinâmico.
-Cinesioterapia passiva, ativa-assistida e resistida, para ganho de amplitude articular de
movimento, força e flexibilidade muscular.
-Faixa Elástica, para ganho de força e flexibilidade muscular.
-Bola Terapêutica, para incremento da flexibilidade muscular.
-Cama Elástica e Barras Paralelas, para treino de equilíbrio postural e coordenação motora.
-Tatame terapêutico e Espaldar, como plataforma de apoio para a realização dos exercícios
terapêuticos.
-Manobras aplicadas preferencialmente sobre os movimentos diagonais da cintura pélvica,
tronco e membros inferiores contribuírem de forma efetiva para a facilitação dos padrões de
marcha.
-Treino de caminhada através de circuitos para ganho das etapas da marcha.
Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética do Núcleo de Medicina Tropical
para apreciação prévia, segundo a resolução 196/96 do CNS, obtendo aprovação sob parecer
número 063/2011 (ANEXO D).
Análise estatística: Os dados contínuos foram inicialmente avaliados pelo teste
de normalidade de Shapiro-Wilk. Os dados considerados paramétricos, foram comparados
aplicando-se o teste T Stundent e nos dados não-paramétricos utilizou-se o teste de Wilcoxon,
adotando o valor de 0,05 como nível de significância. Os dados categóricos foram
representados através de frequência relativa (%). Todos os dados foram analisados utilizando
o software GraphPad Prism for Windows, versão 5.0.
5-RESULTADOS E DISCURSSÃO:
Foram avaliados 18 pacientes com PET/MAH, porém apenas 13 conseguiram
terminar as 10 sessões previstas no estudo, desses 2 eram cadeirantes e 11 não cadeirantes,
todos com sintomas característicos de PET/MAH, ou seja, fraqueza, formigamento,
espasticidade, clônus , dentre outros sintomas, 61,5% (N=8) eram do sexo feminino e 38,5%
(N=5) do sexo masculino, a faixa etária prevalente foi de 40 a 49, 50 a 59 e 60 a 60 anos,
todas com 30% (N=3) respectivamente, cerca de 69,2% (N=9) eram casados.
Através da análise descritiva pode-se observar que a metade, ou seja, 46,2%
(N=6) se locomovem sem auxilio, porém, outra parcela necessita de algum auxílio, conforme
verifica-se na FIGURA 1.
FIGURA 1: Distribuição dos pacientes com relação ao grau de auxílio na marcha.
Na avaliação inicial de Tinetti, os pacientes foram classificados como médio risco de
sofrerem quedas e após a intervenção essa classificação se manteve, com resultados
estatisticamente significantes. Analisou-se também separadamente equilíbrio e marcha,
conforme demonstrado na FIGURA 2:
FIGURA 2: Avaliação inicial do marcha e equilíbrio, através do índice de Tinetti.
A mobilidade dos pacientes antes da intervenção era prejudicado e após a
intervenção foi para uma boa, o que foi estatisticamente significante (FIGURA 3).
FIGURA 3: Avaliação inicial e final da mobilidade, através do teste de Time Get Up and Go.
Houve uma melhora na força muscular dos grupos musculares Ileopsoas e
quadríceps, após a intervenção da fisioterapia conforme demonstrado na TABELA 2:
TABELA 2: Avaliação da força muscular Inicial e Final proximal e distal de membros inferiores.
GRAU DE FORÇA INICIAL FINAL P Ileopsoas D
3,3±1,3 4±1,4 < 0,0001*
Ileopsoas E
3,2±1,6 3,8±1,6 0,0009*
Quadríceps D
3,7±1,5 4,3±1,5 0,0051*
Quadríceps E
3,7±1,8 4,2±1,7 0,0123*
D=Direiro, E=Esquerdo
O teste de alcance funcional aplicados apenas nos pacientes cadeirantes, mostrado
na TABELA 2, observa-se que os cadeirantes têm grau de acometimentos diferentes, ou seja,
o controle de tronco em C1 e maior que em C2.
TABELA 2: Avaliação inicial e final do Teste de Alcance Funcional dos 2 cadeirantes
TESTES DE ALCANCE FUNCIONAL
Avaliação inicial Avaliação final
C1* C2** C1* C2**
43 cm 10 cm 55 cm 14 cm *Primeiro cadeirante; ** Segundo cadeirante; *** Mediana de três tentativas realizadas por cada paciente.
Por último, tem-se a avaliação inicial e final da funcionalidade dos pacientes para
a realização das atividades de vida diária, no qual observou-se que inicialmente a média da
pontuação na escala classifico-os em semidependentes e após a intervenção essa classificação
foi para independente, o que não foi estatisticamente significante (FIGURA 5):
FIGURA 4: Avaliação inicial e final da funcionalidade através do Índice de Katz .
6 – DISCUSSÃO
Em nossa pesquisa cerca de 61,5% (N=8) eram do sexo feminino e 38,5% (N=5) do
sexo masculino, nossos resultados corroboram com a pesquisa realizada por Carod-Artal e
cols (2007) com todos os pacientes do Hospital Sarah de Brasília durante o ano 2006 com
diagnóstico de paraparesia espástica/mielopatía de origem não tumoral, no qual todos foram
submetidos a exames para determinar a infecção ou não por HTLV-1, dos paciente
diagnosticados com mielopatía associada ao HTLV-1, dos 42 casos, 62% eram mulheres. Em
outro estudo de Champs e cols (2010) do tipo serie de casos de pacientes com mielopatia pelo
HTLV-1, pesquisa em prontuários no Hospital Sarah Belo Horizonte, entre os 206 pacientes
do estudo, houve predomínio de mulheres (67%), com proporção de 2:1 em relação ao sexo
masculino.
Neste estudo, faixa etária prevalente foi de 40 a 49, 50 a 59 e 50 a 59 anos, todas com
30% (N=3) respectivamente, em uma pesquisa realizada por Santos e Rodriques (2011) com
69 pacientes portadores de lesão neurológica não traumática com infecção pelo HTLV-1 em
Macapá, os resultados desses estudos foram semelhantes aos encontrados em nossa pesquisa
no qual, 47,8% tinham 40 a 49 anos de idade e 33,3% de 50 a 59 anos. Em nossa pesquisa
cerca de 69,2% (N=9) eram casados, no estudo de Santos e Rodrigues, 42 (60,9%) eram
casados, corroborando com nossos estudos, em contrapartida no estudo de Coutinho e cols
(2011) dos 73 pacientes com PET/MAH, 56 (76,7%) eram solteiros e 17 (23,3%3) eram
casados.
Através da análise descritiva pode-se observar que a metade, ou seja, 46,2% (N=6) se
locomovem sem auxilio, porém, outra parcela necessita de algum auxílio, diferente do estudo
do estudo de Coutinho e cols (2011) no qual dos setenta e três pacientes portadores de
PET/MAH, desses, trinta e seis pacientes (49,3%) necessitavam de ajuda de suportes para
andar, ou seja, 12 (16,4%) bengala, 7 (9,6%) muletas, 1 (1,4%) andador e 16 (21,9%)
necessitava de cadeiras de rodas.
Na avaliação inicial de Tinetti, os pacientes foram classificados como médio risco
de sofrerem quedas com média de 20,4±4,9 e após a intervenção essa classificação se
manteve, porém com média maior 23,2±4,2, com resultados estatisticamente significantes.
Quando avaliados separadamente equilíbrio e marcha, inicialmente a média para o equilíbrio
foi de 12,0±2,6), após intervenção essa média foi para (13,5±2,2), dados estatisticamente
significantes com p-valor=0,0055, ao passo que para a marcha inicialmente a média foi de
8,2±2,7 e após a fisioterapia a média foi para 9,3±2,6, o que foi estatisticamente significante
com p-valor igual a 0,0097. Em nossas pesquisas em artigos científicos, verificou-se que até o
momento ainda não foram divulgados resultados dessa escala aplicados em pacientes com
PET/MAH, sendo estes resultados exclusivos de nossa pesquisa, porém essa escala é muito
aplicada em idosos que apresentam grandes ricos de sofrerem quedas, semelhantes aos nossos
pacientes. Conforme estudo de Figueiredo e cols (2007), a Escala de Tinetti pode ser
considerada boa preditora de queda e relatam que os quatro itens do equilíbrio em
combinação com três itens relacionados à marcha predizem a ocorrência de quedas.
Na avaliação do TUG inicial o tempo gastos para realizá-lo foi de 34,2±20,1 segundos,
classificando-os como mobilidade prejudicada. Após a intervenção terapêutica esse tempo foi
para 21,8±12,1 segundos, classificando-os como mobilidade boa, o que foi estatisticamente
significante p-valor = 0,0033. Em outro estudo realizado com 14 pacientes ambulatoriais que
foram consecutivamente selecionados e divididos aleatoriamente em dois grupos - grupo I
(FNP realizada com um terapeuta) e grupo II (FNP realizada com o auxílio de um tubo
elástico) - por sorteio, nesse estudo foram feitas análise do teste TUG, realizado no início do
tratamento e após 60 dias de tratamento, os resultados mostraram que no grupo I, houve
diferença estatisticamente significativa (p = 0,047), mas esta diferença não foi observada no
grupo II (p = 0,10). Na análise inter-grupos, não foi observado diferença significativa (p =
0,45), mostrando e sugerindo que a aplicação de PNF com supervisão direta do terapeuta ou
com o uso de faixa elástica foram igualmente eficazes, melhorando a mobilidade e equilíbrio
em ambos os grupos (BRITTO, CORREA e VINCENT, 2013). Em nosso estudo também
observamos melhoras do equilíbrio e mobilidade, apesar da intervenção ter tido 10 sessões de
fisioterapia. Em um trabalho de Torriani et al. (2006), para verificar comparativamente o
desempenho do TUG em pacientes com patologias neurológicas diversas, os portadores de
mielopatias apresentaram uma média de 22,60 (±5,37) segundos, além disso Os pacientes
portadores de mielopatias também apresentaram um grau de déficit de equilíbrio considerável
de acordo com o TUG. Doretto (2001) Apud Torriani e cols (2006), relatam que isso se deve
ao fato de haver lesões nas vias aferentes e vias eferentes alterando a entrada e processamento
das informações bem como o órgão efetor para resposta muscular.
A força muscular do ileopsoas Direito inicialmente obteve um escore de 3,3±1,3 e
após a intervenção 4±1,4, o que foi estatisticamente significante com p-valor < 0,0001, a força
muscular do ileopsoas esquerdo inicialmente obteve escore 3,2±1,6 e após a intervenção
3,8±1,6 o que foi estatisticamente significante com p-valor = 0,0009. Com relação a força
muscular do quadríceps direito o escore inicial foi de 3,7±1,5, após a intervenção o escore foi
para 4,3±1,5, o que foi estatisticamente significante com p-valor=0,0051, já a força do
quadríceps esquerdo inicialmente obteve um escore de 3,7±1,8 e após a intervenção 4,2±1,7 o
que foi significante com p-valor=0,0123. Araújo e cols (2010) descrevem que o tratamento
neurofuncional pode favorecer o aumento de força muscular e a propriocepção, e que o treino
da força muscular melhora o equilíbrio e diminui o risco de quedas. Esse tipo de treinamento,
além de se apresentar como um elemento de reabilitação, possui um impacto
musculoesquelético positivo na excitação neuromotora, que melhora a integridade do tecido
conjuntivo, proporcionando um bem-estar (HARRIS e WATKINS, 2001).
O teste de alcance funcional aplicados apenas no pacientes cadeirantes, mostrado na
tabela 1, observa-se que os cadeirantes apresenta grau de acometimento diferente, ou seja, o
controle de tronco em C1 e maior que em C2. Vários trabalhos destacam a importância da
preservação da musculatura de tronco no equilíbrio, o qual é considerado um pré-requisito
funcional para os movimentos de membros superiores realizados na posição sentada,
principalmente, através da atividade antecipatória realizada pelos músculos eretores da
espinha ou abdominais (LEITE, SOFIA E CASTRO, 2008). Além disso, os músculos
extensores da coluna vertebral, juntamente com os músculos abdominais, têm função muito
importante na manutenção do equilíbrio durante o deslocamento antero-posterior
(SEELEN,1991 apud MEDOLA e cols, 2011).
Por fim, funcionalidade dos pacientes para a realização das atividades de vida diária
inicialmente a média da pontuação classifico-os em semidependentes e após a intervenção foi
para independente, o que não foi estatisticamente significante. Na pesquisa de Coutinho e cols
(2011) onde as AVDs mais comprometidas eram relacionadas à mobilidade/ locomoção e limpeza,
seguida do auto-cuidado. Estes autores verificaram ainda que a mulher é atingida em maior proporção
que os homens, observaram ainda que tinham prejuízos relacionados à capacidade de deitar-se e
levantar-se, a se deslocar de um local para outro e de pegar objetos no chão foram apontados como os
mais difíceis para a maioria dos pacientes. Um outro estudo que avaliou o perfil de deficiência de
pacientes com HTLV-1 no Brasil demonstrou que a locomoção (caminhar e subir ou descer escadas) e
o controle da bexiga foram as áreas funcionais mais afetadas (FRANZOI, 2005).
6 - PUBLICAÇÕES:
-Artigo publicado: Using the Internacional Classification of Functioning, Desability and
Health as a tool for analysis of the effect of physical therapy on spasticity in HAM/TSP
patients. (ANEXO E)
-Artigo aceito para publicação (no prelo): Perfil clínico-epidemiológico de pacientes
infectados pelo HTLV-1 em Belém/Pará. (ANEXO F)
-Melhor trabalho apresentado na modalidade pôster no III COESA (ANEXO G)
-Resumo apresentados no VII COMLAT (ANEXO H)
-Resumos apresentados no MedTrop 2015 (ANEXO I)
-Resumos submetidos no V congresso do Barros Barretos ( ANEXO J)
8 - CONCLUSÃO: Pode-se observar que os sujeitos do estudo apresentavam défices no
equilíbrio, marcha, mobilidade sujeitando os mesmo ao risco de sofrerem quedas, assim como
apresentavam perda da força de membros inferiores e tronco o que também pode levar ao
risco de quedas, assim como a fadiga e hipotrofia, perda da amplitude articular do movimento
e que o protocolo terapêutico proposto foi capaz de melhorar esses prejuízos e assim
proporcionar uma melhor qualidade de vida. Observou-se também que os envolvidos
apresentavam uma funcionalidade semidependente, passando para independente após a
intervenção, e desta maneira favorecendo os mesmo na realização das suas AVD’s.
9-ANEXOS:
9.1- ANEXO A: ÌNDICE DE TINETTI
9.2- ANEXO B: TIME GET UP AND GO
9.3 – ANEXO C: ÍNDICE DE KATZ
9.5-ANEXO E: PUBLICAÇÃO DE ARTIGO
9.6-ANEXO E: PRELO DO ARTIGO
9.7- ANEXO G: TRABALHO PREMIADO, NA MODALIDADE POSTER, NO III
COESA
10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAUJO, M.J.L. et al. A Atuação da Fisioterapia Neurofuncional na Doença de
JoséMachado: relato de caso. Neurobiologia, v. 73, 2010.
BRAGA, A.A; LIMA, A.L; ARAÚJO, L.C.C; MORATO, C.B.A; BARBOSA, R.N.F.análise
da soroprevalência de htlv i/iiem doadores de sangue de patos-pb. Facene/Famene.v.10, n.1,
p.7-10, 2012.
BRITTO, Vera Lúcia Santos de; CORREA, Rosalie and VINCENT, Maurice
Borges.Proprioceptive neuromuscular facilitation in HTLV-I-associated myelopathy/tropical
spastic paraparesis. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2014, vol.47, n.1, pp. 24-29.
CAROD-ARTAL, F. J.; MOURÃO MESQUITA, H.; SILVEIRA RIBEIRO, L.
Manifestaciones neurológicas y discapacidad en pacientes que padecen mielopatía asociada al
HTLV-I, Neurología, v 22, 2007.
COUTINHO, I.J; CASTRO, B.G; LIMA, J; CASTELLO, C; DIEGO EITER, D; GRASSI,
M.F.R. Impacto da mielopatia associada ao HTLV/paraparesia espástica tropical (TSP/HAM)
nas atividades de vida diária (AVD) em pacientes infectados pelo HTLV-1. ACTA
FISIATR. V.18, n.1, p. 6 – 10, 2011.
CHAMPS, A. P. S. et al. Mielopatia associada ao HTLV-1: análise clínico-epidemiológica em
uma série de casos de 10 anos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
v.43, n.6, p.668-672, 2010.
FRANZOI AC, Araújo AQ. Disability profile of patients with HTLV-I-associated
myelopathy/tropical spastic paraparesis using the Functional Independence Measure (FIM).
Spinal Cord. 2005;43(4):236-40.
FIGUEIREDO KMOB, Lima KC, Guerra RO. Instrumentos de avaliação do equilibrio
corporal em idosos. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2007;9(4):408-13.
HARRIS, B.A.; WATKINS, M.P. Adaptações ao treinamento de força, in: Frontera W.R,
Dawson, D.M., SLOVICK, D.M. Exercício físico e reabilitação. Porto Alegre, Artmed,
2001.
LANNES, P.et al. Paraparesia Espástica Tropical – Mielopatia associada ao vírus HTLV- I:
possíveis estratégias cinesioterapêuticas para a melhora dos padrões de marcha em
portadores sintomáticos. Revista Neurociências, v.14, p.153-160, 2006.
LEITE JV, SOFIA R, CASTRO W, et al. Influência do Ortostatismo no Controle de Tronco e
na Espasticidade de Pacientes Paraplégicos. INTELLECTUS – Revista Acadêmica Digital
do Grupo POLIS Educacional, Jul./Dez. 2008.
MEDOLA, Fausto O., CASTELLO, Gabriela L. M., FREITAS, Luciane N. F., BUSTO
Rosângela M. Avaliação Do Alcance Funcional em Indivíduos com Lesão Medular Espinhal
Usuários De Cadeira De Rodas. Revista Movimenta; Vol 2, N 1, 2009.
OLIVEIRA, P.et al. Disfunção Erétil em Pacientes Infectados pelo HTLV-I. Gazeta Médica
da Bahia, v.79, n.1, p.36-40, 2009.
ROMANELLI, L.C.F. et al.O Víru s Linfotrópico de Células T Humanos Tipo 1 (HTLV -1):
Quando Suspeitar da Infecção? Revista da Associação Medica Brasileira, v. 56, n. 3, p.
340-7, 2010.
SANTOS, E.C.; e RODRIGUSE, Á.S.N. Perfil epidemiológico de pacientes portadores de
desordens neurológicas funcionais não traumáticas infectados pelo Vírus HTLV. Biota
Amazônia, Macapá, v. 1, n. 2, p. 79-85, 2011.
SOBRINHO, F.P. G; MACHADO, A.S; CRUZA, A; LESSA, H.A; RAMOS, E.A. Rinite
crônica em portadores do HTLV-1: estudo histopatológico. Braz. J.
Otorhinolaryngol. v.78, n.2, 2012.
SIQUEIRA, Isadora et al. Manifestações Clínicas em Pacientes Infectados pelo Vírus
Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV). Gazeta Médica da Bahia, Salvador, v. 79, n. 1,
p. 25-29, 2009.
TORRIANI C, et al. Avaliação comparativa do equilíbrio dinâmico em diferentes pacientes
neurológicos por meio do teste Get Up And Go. Revista neurociencias 2006 jul-set; 14(3):
135-9.
11 - DIFICULDADES: O principal fator negativo relacionado à execução do projeto é a
adesão irregular dos pacientes às sessões de Fisioterapia previstas no protocolo experimental,
pois os portadores de PET/MAH em sua maioria desenvolvem incapacidades físicas que
limitam sua capacidade de locomoção e os tornam dependentes de cuidadores e transporte
adequado para o comparecimento às sessões de forma ininterrupta, o que é essencial para o
alcance pleno dos objetivos do projeto.
12 - PARECER DO ORIENTADOR: Em relação ao desenvolvimento das atividades do
aluno-bolsista, considero excelente, com frequência regular, cumprimento efetivo da carga
horária prevista, bom desempenho técnico e responsabilidade na execução das tarefas práticas
e teóricas do seu plano de trabalho.