universidade federal do parana rodrigo alexandre siqueira
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA
Rodrigo Alexandre Siqueira
Analise Matematica do Problema de Navier-Stokes
para Fluidos Quanticos Compressıveis Barotropicos
Curitiba
2013
Rodrigo Alexandre Siqueira
Analise Matematica do Problema de Navier-Stokes
para Fluidos Quanticos Compressıveis Barotropicos
Dissertacao apresentada ao Curso de Pos-
Graduacao em Matematica Aplicada, Area
de Concentracao em Equacoes Diferenciais
Parciais, Departamento de Matematica, Setor
de Ciencias Exatas, Universidade Federal do
Parana, como requisito parcial a obtencao do
grau de Mestre em Matematica Aplicada.
Orientador: Prof. Dr. Pedro Danizete Damazio
Curitiba
2013
“Ao nao saber que era impossıvel, ele foi
la e fez!”
i
Dedico
A minha mae Judite e a minha esposa
Elaine que sempre me incentivam e me
dao forcas para que eu nunca desista
dos meus objetivos.
ii
Agradecimentos
Agradeco primeiramente a Deus, por varios motivos, mas principalmente por ele ter
me amado primeiro e sempre ter cuidado de mim nos momentos que eu menos merecia.
Ao Professor Pedro que, sem medir esforcos, esclareceu muitas duvidas e possibilitou
a realizacao deste trabalho, pela orientacao, apoio, incentivo, confianca e, principalmente,
pela amizade demonstrada ao longo desta trajetoria.
Ao professor Jose Renato pelas conversas, incentivo, conselhos, apoio e amizade que
tornou essa trajetoria mais suave.
A todos os professores da UFPR que, de maneira direta ou indireta, colaboraram para
a realizacao deste trabalho.
Aos colegas da pos-graduacao pela amizade, companheirismo e contribuicao no desen-
volvimento desta dissertacao.
A Capes pelo auxilio financeiro.
iii
Resumo
No presente trabalho estudaremos a existencia de solucao fraca global
do Problema de Navier-Stokes para fluidos quanticos baratropicos
compressıveis e viscosos. Analisaremos o problema de Navier-Stokes,
sempre considerando o toro Td = Ω com d ≤ 3 onde a medida de Ω e
finita. Para garantirmos a existencia de solucao fraca global, usamos o
metodo de Faedo-Galerkin.
Palavras-chave: Equacao de Navier-Stokes quantica, fluidos com-
pressıveis, Solucao fraca, Global no tempo.
iv
Abstract
In this work we study the existence of global weak solution of the
Navier-Stokes problem for viscous compressible barotropic quantum
fluids. We will analyze the problem of Navier-Stokes, always considering
the torus Td = Ω with d ≤ 3 where the measurement of Ω is finite. To
ensure the existence of global weak solution, we use the Faedo-Galerkin
method.
Key-words: Navier-Stokes quantum compressible fluids, weak solution,
Global in time.
v
Sumario
Notacao 1
1 Resultados Preliminares 3
1.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Mecanica Bohmiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.1 Topicos de Analise Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.2 Os Espacos Lp(Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3.3 O Espaco Vetorial das Distribuicoes Escalares . . . . . . . . . . . . 18
1.3.4 Os Espacos de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.5 A Integral de Bochner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3.6 Os Espacos Lp(0, T ;X) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.7 Distribuicoes Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.3.8 O Teorema de Caratheodory . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3.9 Resultados Relevantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3.10 Identidades Elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2 Novo Problema Quantico 37
2.1 Problema de Euler Quantico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.2 Problema de Euler Quantico Penalizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3 Existencia de Solucao Fraca Global do Problema de Euler Quantico
Penalizado 40
3.1 Formulacao Variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2 O Problema Aproximado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.3 Estimativas a Priori . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.4 Passagem ao Limite (k → +∞) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4 Existencia Global de Solucao Fraca do Problema de Euler Quantico 76
4.1 Existencia Global de Solucao Fraca do Problema de Navier-Stokes Quantico 78
vi
Referencias Bibliograficas 79
vii
Notacao
O produto escalar de vetores a = [a1 a2 ... an]T , b = [b1 b2 ... bn]T e denotado por;
a · b =n∑i=1
ai.bi;
o produto escalar de matrizes A = Ai,jni,j=1, B = Bi,jni,j=1 e denotado por;
A : B =n∑
i,j=1
Ai,j.Bi,j;
o produto da matriz A = Ai,jni,j=1 com o vetor b = [b1 b2 ... bn]T e denotado por;
[Ab]i =n∑j=1
Ai,jbj para i = 1, ..., n.
A transposta de uma matriz A = Ai,jni,j=1 e AT = Aj,ini,j=1 .
O traco da matriz A = Ai,jni,j=1 e tr(A) =n∑i=1
Ai,i.
O sımbolo a⊗ b denota o produto tensorial dos vetores a e b,
a⊗ b = ai · bjni,j=1 = abT .
O gradiente de uma funcao escalar g : Ω −→ IR e um vetor
∇g(x) =
[∂g(x)
∂x1
∂g(x)
∂x2
...∂g(x)
∂xn
]Tonde x = (x1, x2, ..., xn)T ∈ Ω. O gradiente de uma funcao vetorial
g(x) = [g1(x) g2(x) ... gn(x)]T onde gi : Ω −→ IR, e uma funcao matricial,
∇g(x) =
∂gi(x)
∂xj
ni,j=1
.
O divergente de uma funcao vetorial g(x) = [g1(x) g2(x) ... gn(x)]T onde gi : Ω −→ IR,
e uma funcao escalar,
div g(x) =n∑i=1
∂gi(x)
∂xi.
1
2
O divergente de uma funcao matricial B = Bijni,j=1 onde Bij : Ω −→ IR, e uma
funcao vetorial
[divB(x)]i =n∑j
∂Bij(x)
∂xj, i = 1, ..., n.
O sımbolo ∆ denota o Operador Laplaciano
∆ = div∇
e por fim denotaremos D(u) = 12
(∇u + (∇u)T
).
No decorrer desta dissertacao serao introduzidas outras notacoes.
Capıtulo 1
Resultados Preliminares
1.1 Introducao
No artigo [19], Louis de Broglie propos que a dualidade de onda-partıcula seria uma pro-
priedade geral dos objetos microscopicos. Broglie sugeriu que partıculas microscopicas,
alem de se comportarem como partıculas materiais (com posicao e momento definidos a
cada instante), tambem apresentavam caracterısticas proprias de fenomenos ondulatorios.
Haveria assim um novo tipo de onda em coexistencia com o ponto material, a onda atuaria
como um tipo de onda-piloto guiando a partıcula.
David Bohm [8], [9] redescobriu a hipotese de Broglie e desenvolveu sobre ela uma nova
teoria fısica. A formulacao da mecanica quantica de Bohm representa a distribuicao de
probabilidade de uma unica partıcula como um fluido classico (no sentido de um conjunto
de partıculas) que se move tanto sobre efeito de um campo classico externo como de um
campo quantico, conhecido como potencial de Bohm, e dado por
Vqu = − ~2
4m
[∆ρ
ρ− 1
2
(∇ρρ
)2]
= − ~2
2m
∆√ρ
√ρ,
onde, ρ e a densidade de probabilidade quantica, ~ e m e a constante de Planck e a massa
da partıcula, com as equacoes de movimento, e dado por
ρt + div (ρ∇S/m) = 0,
St +(∇S)2
2m+ Vqu + V = 0,
sendo V o campo classico e ∇S/m a velocidade quantica.
Baseando-se nos trabalhos de Bohm, Harvey [27] introduz a teoria de fluidos quanticos
ρt + div(ρv) = 0,
mvt +m(v · ∇)v = −∇(Vqu + V ),
onde v = ∇S/m.
3
4
A teoria de fluidos quanticos foi inicialmente idealizada para descrever trajetorias de
partıculas na Mecanica Quantica Bohmiana [26], [24]; atualmente tambem esta sendo
usada para descrever superfluidos [22] e semicondutores quanticos [11].
Neste trabalho, pretendemos fazer um estudo detalhado sobre solucoes fracas para o
modelo de Navier-Stokes Quantico, baseado no artigo “Global weak solutions to com-
pressible Navier-Stokes equations for quantum fluids” do autor Ansgar Jungel (ver [1]),
o qual fornece um resultado de existencia global de solucao fraca para o problema de
Navier-Stokes para fluidos quanticos baratropicos compressıveis e viscosos, no caso parti-
cular em que a constante de viscosidade ν e menor do que a constante de Planck ε. Mais
especificamente, nosso objeto de estudo sera o seguinte:
Problema de Navier-Stokes Quantico:
Determinar u : Ω× [0, T ] −→ IRd; p : Ω× [0, T ] −→ IR tais que :
nt + div(nu) = 0 (1.1)
(nu)t + div(nu⊗ u) +∇p(n)− 2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf = 2νdiv(nD(u)) (1.2)
n(., 0) = n0, (nu)(., 0) = n0u0, 0 < α ≤ n0 ≤ β. (1.3)
Considera-se a regiao de escoamento Ω = Td, o toro d-dimensional (d ≤ 3) onde a
medida de Ω e finita, onde u(x, t) ∈ IRd e a velocidade do fluido no ponto x ∈ Ω e no
instante t ∈ [0, T ] , ν > 0 e o coeficiente de viscosidade (o qual estamos considerando
constante) e ε > 0 e a constante de Plank; a funcao n : Ω× [0, T ] −→ IR e a densidade do
fluido, a funcao p(n) = nγ, com γ ≥ 1, e a pressao e f : Ω×[0, T ] −→ IRd descreve as forcas
externas resultantes, por exemplo, de um campo eletrico, onde f ∈ L∞(0, T ;L∞(Ω)).
Nossa ideia principal para resolver o problema quantico de Navier-Stokes, e utilizar a
velocidade eficaz assim definida
w = u + ν∇(log n), (1.4)
com o intuito de se obter um novo problema quantico, o qual e denominado:
Problema de Euler Quantico:
Determinar w : Ω× [0, T ] −→ IRd, p : Ω× [0, T ] −→ IR tais que :
nt + div(nw) = ν∆n (1.5)
(nw)t + div(nw⊗w) +∇p(n)− 2ε20n∇
(∆√n√n
)− nf = ν∆(nw) (1.6)
n(., 0) = n0, (nw)(., 0) = n0w0, 0 < α ≤ n0 ≤ β. (1.7)
onde w0 = u0 + ν∇(log n0) e ε20 = ε2 − ν2 . Esta nova formulacao permite a obtencao de
melhores estimativas uniformes para a densidade.
5
Para resolver o Problema de Euler Quantico sera definido o Problema de Euler Quantico
Penalizado, ou seja, sera adicionado o termo δ(∆w−w) do lado direito da equacao (1.6)
com 0 < δ ≤ 1, obtendo-se assim, o seguinte problema:
Problema de Euler Quantico Penalizado:
Determinar wδ : Ω× [0, T ] −→ IRd, pδ : Ω× [0, T ] −→ IR tais que :
(nδ)t + div(nδwδ) = ν∆nδ (1.8)
(nδwδ)t + div(nδwδ ⊗wδ) +∇p(nδ)− 2ε20nδ∇
(∆√nδ√nδ
)− nδf = ν∆(nδwδ)
−δ(∆wδ −wδ) (1.9)
nδ(., 0) = n0, (nδwδ)(., 0) = n0w0, 0 < α ≤ n0 ≤ β. (1.10)
Mostraremos existencia de uma famılia nao enumeravel de solucoes fracas globais
no tempo, para este novo problema, logo em seguida passaremos o limite em δ → 0 e
mostraremos que a solucao de (1.8)-(1.10) converge para a solucao do Problema de Euler
Quantico.
Portanto, se (n,u) e uma solucao do sistema (1.1)-(1.3), entao (n,w) = (n,u +
ν∇log n) e uma solucao do sistema (1.5)-(1.7) com ε20 = ε2 − ν2 ; por outro lado, se
(n,w) e uma solucao do sistema (1.5)-(1.7), entao (n,u) = (n,w − ν∇log n) e uma
solucao do sistema (1.1)-(1.3) com ε2 = ε20 + ν2 , de modo que os dois problemas sao
equivalentes.
6
1.2 Mecanica Bohmiana
Uma pequena introducao a Mecanica Quantica
A publicacao das leis de Newton em 1687 provocou uma revolucao no metodo cientıfico
e se constitui numa proposta para explicar de maneira unificada diversos fenomenos na-
turais ate entao conhecidos, principalmente atraves dos trabalhos de Galileu e Kepler.
Newton enunciou tres leis com base em alguns conceitos cuja definicao aprimorou os con-
ceitos de momento, massa, forca e aceleracao, entre outros, conseguindo unificar, dentro
de uma so estrutura teorica, inumeros fenomenos aparentemente distintos. De maneira ge-
ral, a reacao da comunidade cientıfica foi de aceitacao dentro de um clima de admiracao
e de pasmo. A genialidade humana havia conseguido o que era altamente desejado: a
unificacao dos conhecimentos.
Seguiu-se um longo perıodo de tranquilidade no mundo cientıfico; a essencia da fısica
newtoniana era irresistıvel. Foi desdobrada em diversas formulacoes, como a de Lan-
grange, Hamilton, Hamilton-Jacobi e outras, culminando no alicercamento da Mecanica
e do Eletromagnetismo. Era consenso que a metodologia newtoniana acrescida de alguns
conceitos suplementares, inerentes ao objeto de estudo, era suficiente para a compreensao
e predicao de fenomenos naturais.
Entretanto, entre o final do seculo XIX e o inıcio do seculo XX, alguns resultados
experimentais comecaram a minar o universo sereno da fısica classica. O desenvolvimento
tecnologico dos processos experimentais permitiu medidas cada vez mais sofisticadas e,
ja em 1890, foram detectados fenomenos que estavam em conflito direto com os conceitos
fısicos da epoca. Eram fenomenos que, alem da impossibilidade de serem compreendidos
e explicados, eram inconsistentes com as tentativas de entender os conceitos classicos.
Foi necessario estabelecer hipoteses “ad hoc”, aparentemente absurdas, para ao menos,
estabelecer relacoes empıricas que reproduzissem de maneira satisfatoria alguns resultados
experimentais.
Foi assim que teve inıcio a teoria quantica. Em 1900, Max Planck, ao elaborar as leis
empıricas da radiacao do corpo negro, viu-se forcado a introduzir o “quantum universal
de acao”. Esta revolucionaria discretizacao da energia foi reforcada pelas consideracoes de
Einstein em 1905, sobre o efeito foto-eletrico e sobre o calor especıfico em solidos. Estes
trabalhos estabeleceram de maneira indiscutıvel que a radiacao eletromagnetica, alem das
caracterısticas de onda, tambem apresentava caracterısticas proprias de partıculas.
Em 1913, dois anos apos a descoberta do nucleo atomico por Rutherford, Niels Bohr
elaborou sua famosa teoria sobre o espectro de atomo de hidrogenio estabelecendo as
bases para a explicacao das propriedades especıficas do atomo quımico. Seu modelo
planetario postulava a existencia de orbitas eletronicas estaveis em torno de um nucleo
7
eletricamente positivo, em franca contradicao com as predicoes das equacoes classicas
de Maxwell. O sucesso do modelo de Bohr fez com que os desenvolvimentos teoricos
que se seguiram estivessem imbuıdos de uma forte componente pragmatica. “A Teoria
Quantica Antiga”adotava uma metodologia para o estudo de sistemas dinamicos que se
dividia em tres etapas: primeiro aplicava-se a Mecanica Classica para a determinacao
dos movimentos possıveis do sistema; segundo, impunham-se certas condicoes quanticas
para a selecao dos movimentos permitidos, e finalmente, a terceira etapa, efetuava-se o
tratamento dos processos radiativos, como transicoes entre os movimentos permitidos,
sujeitos a formula desenvolvida por Bohr. Este esquema, pelo qual se introduz na Fısica
Classica conceitos, postulados e hipoteses em franca contradicao com a mesma, permitiu
prever diversos fenomenos ate entao totalmente inexplicaveis, principalmente na area da
espectroscopia otica.
Em 1925, Heisenberg apresenta uma nova teoria totalmente quantica, comumente de-
signada por Mecanica Quantica Matricial. Nesta sua formulacao, a nocao de orbitas
eletronicas e abandonada e a cada grandeza fısica e associada uma matriz que obedece
a uma algebra nao comutativa. Alguns meses apos, Schrodinger elabora a Mecanica
Quantica Ondulatoria. Com base nas ideias de Broglie e mediante consideracoes qualita-
tivas e quantitativas, descobre uma equacao para a propagacao de uma funcao de onda
que representa o estado quantico. Pouco tempo depois, ele demonstra que sua teoria e
identica a de Heisenberg, apesar de cada uma delas se basear em pressupostos distintos.
Outras formulacoes se seguiram, como a de Dirac, de Schwinger e de Feynmann. Todas
elas confirmavam, de maneira espetacular, os resultados experimentais que se multipli-
cavam. Posteriormente, o desenvolvimento da Eletrodinamica Quantica permitiu prever,
com precisao ate entao inimaginavel, praticamente todos os fenomenos naturais, com
excecao daqueles que envolvem forcas gravitacionais. Este sucesso de natureza eminente-
mente epistemologica imbuiu a comunidade cientıfica de uma postura positivista em que
o sucesso da fısica se espelhava na sua capacidade de prever e manipular experimentos
cada vez mais espetaculares.
Neste ponto, e importante ressaltar que a Teoria Quantica (em todas as formulacoes)
abandona a nocao classica de trajetoria e de sistema e nao se preocupa em estabelecer,
de forma objetiva, um paradigma para a constituicao da materia em correspondencia
com a concepcao de particulas e/ou campo da fısica classica; a Mecanica Quantica (MQ)
se assemelha a um conjunto de regras para o calculo de resultados provaveis de certos
processos denominados “medidas”.
Esta atitude prevaleceu no perıodo que segue os anos 40 ate os anos 80. Era uma
postura pragmatica. Os experimentos se efetuavam sobre aplicacoes intrinsecamente
quanticas como, por exemplo, nas interacoes de fotons, nucleos atomicos e partıculas
elementares, na teoria de lasers, nas propriedades da materia (superfuidez, supercondu-
8
tividade, semicondutores), etc. Para estas aplicacoes, a tecnica experimental empregada
estava longe do domınio quantico, pois a unica caracterıstica da teoria quantica da medida
que se manifestava nos experimentos era a interpretacao probabilıstica do quadrado das
amplitudes da funcao de onda.
A partir dos anos 80, os desenvolvimentos tecnologicos foram enormes e tornou-se
possıvel efetuar experimentos que entre os anos 20 e 30 apenas podiam ser imaginados
pelos pais fundadores da MQ. Nesta epoca, Bohr, Von Neumann e outros, tentavam esta-
belecer as bases ontologicas da Teoria Quantica, sem a possibilidade tecnologica de efetuar
certos experimentos tiveram que se contentar com “Gedankenexperiment”(experimento
mental) e analisando o processo de medida de uma propriedade fısica de um sistema, con-
cluıram pela necessidade de introduzir o conceito, um tanto quanto dubio, do “colapso de
onda”. Segundo este conceito, o processo de observacao interfere no estado do sistema.
Antes da medicao, a propriedade a ser medida tem um carater intrinsicamente estatıstico,
conforme a interpretacao de Bohr. Ao efetuar a medida, a funcao de onda do sistema
de alguma forma “colapsa”e passa a ser um dos possıveis auto-estados que o sistema,
anteriormente a medicao, apenas tinha como potencialmente possıvel. Desta forma, o
observador deixa de ser alheio ao processo fısico e passa a ser um integrante necessario
do mesmo. Esta maneira de interpretar o processo de medida deu margem a inumeras
discussoes e gerou vasta literatura sobre o assunto. Um desdobramento interessante e o
Paradoxo do gato apresentado por Schrodinger que resulta da extensao do conceito de
medida quantica ao mundo macroscopico.
Em 1935, Einsten, Podolski e Rosen (EPR), utilizando de forma engenhosa os conceitos
da MQ juntamente com proposicoes sobre localidade, realidade e de completeza teorica,
demonstraram que, em certas ocasioes, os estados quanticos ou demonstram a propriedade
de nao-localidade, ou nao sao descricoes completas da realidade fısica. Uma vez que a
nao localidade implica na possibilidade da transmissao de sinais com velocidade maior do
que a da luz, preferiram manter a conclusao da incompleteza.
9
Teoria de De Broglie-Bohm
Em 1923, Louis de Broglie propos que a dualidade de onda-partıcula seria uma pro-
priedade geral dos objetos microscopicos, em analogia a radiacao eletromagnetica que
apos os trabalhos de Planck, Einstein e outros, apresentavam alem das caracterısticas
ondulatorias, tambem propriedades inerentes a partıculas. Broglie sugeriu que partıculas
microscopicas como eletrons e protons, alem de se comportarem como partıculas materiais,
com posicao e momento definido a cada instante, tambem apresentavam caracterısticas
proprias de fenomenos ondulatorios. Haveria assim um novo tipo de onda em coexistencia
com o ponto material; no caso nao relativıstico de Broglie, o mesmo sugere que a funcao
de onda ψ que satisfaz a equacao de Schrodinger, estaria associada a um conjunto de
partıculas identicas com posicoes que se distribuem no espaco de acordo com |ψ|2. A
funcao ψ, alem de determinar as probabilidades das posicoes possıveis, tambem influen-
ciaria as trajetorias exercendo uma forca. A funcao de onda atuaria desta forma, como
um tipo de onda-piloto, guiando as partıculas para regioes do espaco em que ψ e mais
intenso.
Esta proposta foi apresentada por Broglie no famoso Congresso de Solvay, em 1927,
aplicando sua onda-piloto para computar as orbitas estacionarias dos eletrons no atomo
de hidrogenio. Esta proposta encontrou forte oposicao pela maioria dos fısicos presentes,
por acharem que seu metodo teria poucas vantagens e tambem pelo fato do conceito de
trajetoria ter perdido seu significado na Teoria Quantica. Uma excecao as crıticas foi
Einstein que manifestou apoio a de Broglie em pesquisar na direcao de incluir de maneira
objetiva o conceito de partıcula na MQ, embora nao endossasse o modelo especıfico por
ele apresentado. Outro fator que ofuscou o trabalho de de Broglie neste congresso foi a
comunicacao feita por Heisenberg da sua descoberta do Princıpio da Incerteza.
De Broglie abandonou estes trabalhos e apenas voltou a pesquisar nesta area 25 anos
depois, quando, em 1952, Bohm redescobriu esta hipotese e desenvolveu sobre ela uma
nova teoria fısica.
A respeito da interpretacao da funcao de onda pela Mecanica Quantica convencional,
que lhe atribuiu uma natureza exclusivamente estatıstica, evidencia que ela contem al-
gumas informacoes sobre as diversas probabilidades. Nenhum fato experimental exclui a
possibilidade de que a funcao de onda tenha outras propriedades.
Na Teoria de De Broglie-Bohm (TdBB), a funcao de onda passa a ter um significado
fısico de importancia primaria. A probabilidade e o significado estatıstico apenas entram
como uma propriedade secundaria. Outro elemento que passa a ter importancia primaria
e o conceito de partıcula, concebido no sentido classico como percorrendo uma trajetoria
contınua no espaco e no tempo. Com estes conceitos, os postulados basicos da teoria
10
casual, ou melhor, da TdBB sao as seguintes:
(i) Um sistema fısico individual e formado por uma onda que se propaga no espaco e
no tempo juntamente com uma partıcula pontual que se move continuamente sob a
influencia desta onda;
(ii) A onda e descrita matematicamente pela funcao ψ(x, t), a qual e uma solucao da
equacao de onda de Schrodinger;
(iii) A velocidade da partıcula e obtida pela solucao v(x, t) da equacao
v(x, t) =1
m∇S(x, t) (1.11)
onde S e a fase de ψ. A velocidade inicial v(·, 0) = v0 e a unica informacao adicional
introduzida na teoria e que nao esta contida em ψ(x, t) (S determina a velocidade
inicial). A variacao de v0 e que gera um conjunto de movimentos possıveis para a
mesma onda;
(iv) A probabilidade de que uma partıcula do conjunto esteja localizada entre os pontos
x e x+ dx no instante t e dada por
R2(x, t)dx, (1.12)
onde R2 = |ψ|2. Este postulado seleciona entre todos os movimentos possıveis,
implıcitos pela equacao (1.11), todos aqueles compatıveis com a distribuicao inicial
R2(x, 0) = R20(x). Este postulado e introduzido para assegurar que haja compatibi-
lidade com os resultados da MQ.
Para melhor visualizar como o conceito de partıcula entra na MQ, escrevemos a funcao
de onda explicitando a fase e a amplitude:
ψ = R exp
(i
~S
), (1.13)
onde R = R(x, t) e S = S(x, t) sao as funcoes da amplitude e da fase, respectivamente.
Sao funcoes reais do espaco e do tempo e ~ = h/2π. A funcao de onda e uma solucao da
equacao de Schrodinger
i~∂ψ
∂t= − ~2
2m∆ψ + V (x)ψ, (1.14)
onde m e a massa inercial e V = V (x, t) e a energia potencial devido a um campo potencial
classico.
A introducao da equacao de onda (1.14) sob a forma de postulado e equivalente a
introducao das leis de Newton na Mecanica Classica.
11
Substituindo (1.13) em (1.14) e separando a parte imaginaria e real obtemos as se-
guintes equacoes para os campos R e S. A parte real fornece
∂S
∂t= −(∇S)2
2m+ V (x)− ~2
2m
∆R
R, (1.15)
e a parte imaginaria pode ser colocada na forma
∂R2
∂t+ div
(R2∇Sm
)= 0. (1.16)
As equacoes (1.15) e (1.16) sao um par de equacoes diferencias parciais nas quais os
campos R e S determinam um ao outro. A funcao de onda ψ e determinada a menos
de uma constante. No caso de ψ normalizada, R e determinado de maneira unica mas
S e definida a menos de uma constante aditiva. A fim de que a teoria baseada nas
equacoes (1.15) e (1.16) seja matematicamente equivalente a teoria baseada na equacao
de Schrodinger (1.14), e necessario traduzir as condicoes impostas sobre ψ, que conferem
significado fısico a (1.14) em condicoes para R e S.
Para que (1.14) tenha uma solucao unica para todo t e necessario especificar a funcao
de onda inicial ψ0(x) = ψ(x, 0) para todo x. De maneira equivalente e, portanto, necessario
especificar as funcoes reais independentes
R0(x) = R(x, 0), S0(x) = S(x, 0). (1.17)
Estas funcoes sao unicas (a menos de uma constante multiplicativa e outra aditiva
respectivamente), visto que todas as ψ0, que apenas diferem por estas constantes, sao
fisicamente equivalentes. Nos pontos em que ψ0 = 0, S0 e indefinido, e as exigencias da
continuidade e de que ψ e ∇ψ sejam finitos, tambem sao estendidos as funcoes R e S e
suas derivadas. Na pratica, o procedimento e mais simples: ao inves de se estabelecer as
condicoes para R e S, resolve-se o problema diretamente para ψ e assume-se que R → 0
no infinito.
E oportuno destacar neste ponto algumas analogias com a Mecanica Classica; por
exemplo, definindo
Q(x) = − ~2
2m
∆R
R, (1.18)
como sendo um potencial quantico, podemos reescrever a equacao (1.15) como
∂S
∂t= −(∇S)2
2m+ V (x) +Q(x), (1.19)
que e a equacao de Hamilton-Jacobi modificada. O potencial quantico apresenta carac-
terısticas nao locais.
Uma explicacao espetacular da teoria que acabamos de apresentar e o estudo da in-
terferencia de partıculas quando impingem sobre um painel com duas fendas.
12
A TdBB, contrariamente a MQ convencional, permite a visualizacao de eventos indi-
viduais como partes de sequencias de processos conectados causalmente e que se realizam
no espaco e no tempo.
O paradoxo EPR que conclui pela nao localidade na MQ foi comprovado pela veri-
ficacao experimental do Teorema de Bell. A MQ convencional nao apresenta nenhuma
contribuicao para elucidar este aspecto que, aparentemente, esta em contradicao com a
Teoria da Relatividade. A TdBB, atraves do potencial quantico Q, tem a nao localidade
embutida em seu formalismo e a analise do Paradoxo EPR, mostra de maneira clara a
sequencia causal do processo: o spin dos eletrons 1 e 2 apenas se manifesta a proporcao
que o eletron interage com o campo magnetico do aparelho de Stern-Gerlach. O eletron
2 nao interage com nenhum campo magnetico e o seu spin e consequencia do potencial
quantico que correlaciona os dois eletrons.
Em resumo, a TdBB admite a nao localidade. Talvez seja este o fato que mais tem
provocado a resistencia da comunidade cientıfica em aceitar a mesma. Entretanto, cons-
tatamos que a visao positivista proposta por Bohr, isto e, a MQ convencional, apesar
de se aferrar ao principio da localidade, incorre em conclusoes bem mais perturbadoras
do que a nao-localidade. Alem do mais, a TdBB, sendo uma teoria causal baseada em
paradigmas classicos, e a unica teoria disponıvel para o estudo de fenomenos que a MQ
convencional simplesmente ignora, como por exemplo, experimentos que envolvem tempo
de tunelamento de partıculas.
Tambem e importante ressaltar que a TdBB evidencia sem nenhuma dubiedade o
limite para a transicao classica. A MQ convencional adota de maneira generica como
sendo quando h → 0 o que nao e satisfatorio em muitos casos. Na TDBB, o limite que
fica bem determinado quando Q→ 0.
Para mais detalhes ver: [5] , [24], [10].
1.3 Preliminares
Esta secao foi pensada com o intuito de apresentar o maior numero de conceitos e
resultados, para que se possa ter uma melhor compreensao dos conteudos abordados no
restante da dissertacao.
Com o intuito de nao sobrecarregar a notacao, usaremos aqui e no decorrer da dis-
sertacao a letra C para representar diversas constantes.
1.3.1 Topicos de Analise Funcional
Nesta secao faremos um resumo de conceitos e resultados de Analise funcional, uteis
para os capıtulos seguintes.
13
Definicao 1.3.1 Seja N um espaco vetorial normado. Denotaremos por N ∗ o dual to-
pologico de N , isto e, N ∗ e o conjunto dos funcionais lineares e contınuos (com respeito
a topologia da norma)
f : N −→ IR.
Se a dimensao de N for finita, tem-se que N ≈ N ∗, ou seja, existe um isomorfismo
isometrico entre os dois espacos. Ver [6].
Seja N um espaco normado, com norma ‖ · ‖. Em N ∗ define-se a norma
‖f‖N ∗def= sup | 〈f, ξ〉 |; ξ ∈ N , ‖ξ‖ = 1 ,
com a qual N ∗ e um espaco de Banach (ainda que N nao o seja).
Definicao 1.3.2 (Convergencia Forte) Dizemos que ξn converge fortemente para ξ em
N , ou, simplesmente, ξn converge para ξ em N , e denotamos
ξn → ξ em N
se
‖ξn − ξ‖N → 0, quando n −→ +∞.
Definicao 1.3.3 (Convergencia Fraca) Dizemos que ξn converge fracamente para ξ
em N , e denotamos
ξn ξ em N
se, para todo f ∈ N ∗
〈f, ξn〉 → 〈f, ξ〉 , quando n −→ +∞.
Definicao 1.3.4 (Convergencia Fraca*) Dizemos que fn converge fraco estrela para f
em N ∗, e denotamos por
fn∗ f em N ∗
se, para todo ξ ∈ N tem-se que
〈fn, ξ〉 −→ 〈f, ξ〉 , quando n −→ +∞.
E possıvel definir uma topologia em N chamada de Topologia Fraca que induz a con-
vergencia fraca enunciada acima. Tambem pode-se definir uma topologia em N ∗ chamada
Topologia Fraca* que induz a convergencia fraca*. Para mais detalhes a respeito desta to-
pologia consulte [23]. As principais relacoes entre estas convergencias ficam determinadas
pela seguinte proposicao.
Proposicao 1.3.1 Sejam (ξn)n∈N uma sequencia de elementos de N , (fn)n∈N uma sequencia
de elementos de N ∗, ξ ∈ N , e f ∈ N ∗. Tem-se:
14
(i) Se ξn → ξ em N entao ξn ξ em N ;
(ii) Se ξn ξ em N , entao ‖ξn‖ e limitada e ‖ξ‖ ≤ lim infn→∞
‖ξn‖;
(iii) Se ξn ξ em N e fn → f em N ∗ entao 〈fn, ξn〉 → 〈f, ξ〉 ;
(iv) Se fn∗ f em N ∗ e ξn → ξ em N , entao 〈fn, ξn〉 → 〈f, ξ〉 ;
(v) Se N e um espaco de Hilbert entao ξn → ξ em N se, e somente se, ξn ξ em N e
‖ξn‖ → ‖ξ‖.
Demonstracao: Ver [6].
Definicao 1.3.5 Um espaco metrico e separavel quando possui um subconjunto enumeravel
denso nesse espaco.
Proposicao 1.3.2 H e Hilbert separavel se, e somente se, ele possui uma base ortonormal
enumeravel.
Demonstracao: Ver [23].
Pode-se mostrar que se H e um espaco vetorial de Hilbert separavel e F um subespaco
fechado de H, entao F e um espaco de Hilbert separavel.
Proposicao 1.3.3 Seja N um espaco normado separavel e fn uma sequencia limitada
em N ∗. Entao existe uma subsequencia fnk que converge na topologia fraca*, ou seja,
fnk∗ f em N ∗.
Demonstracao: Ver [6].
Definicao 1.3.6 Dizemos que N e reflexivo se ele e isomorfo a N ∗∗ e o isomorfismo
sendo dado pela aplicacao canonica ˆ: N → N ∗∗,que a cada ξ ∈ N associa ξ ∈ N ∗∗ por
ξ(f)def= f(ξ), f ∈ N ∗∗.
Proposicao 1.3.4 Se um espaco de Banach B e reflexivo, entao toda sequencia limitada
em B possui subsequencia fracamente convergente em B, e a reciproca e verdadeira.
Demonstracao: Ver [23].
Proposicao 1.3.5 Todo espaco de Hilbert e reflexivo.
15
Demonstracao: Ver [23].
Tambem pode-se mostrar que se A e um espaco vetorial reflexivo e se F ⊂ A e um
subespaco vetorial fechado, entao F e reflexivo.
Proposicao 1.3.6 (Representacao de Riesz) Sejam H um espaco de Hilbert e H∗ seu
dual. A aplicacao γ : H → H∗, γ(ξ) = fξ, para todo ξ ∈ H, dada por
γ(ξ)(η) = fξ(η) = 〈ξ, η〉 , ∀η ∈ H
e uma isometria linear e sobrejetora em H∗.
Demonstracao: Ver [23].
Da Proposicao 1.3.6 segue que cada elemento de H∗ e identificado com um unico
ξ ∈ H, via fξ, e de tal modo que ‖fξ‖ = ‖ξ‖.
Definicao 1.3.7 Sejam N1 e N2 espacos vetoriais normados, e T : N1 → N2 um opera-
dor linear. Dizemos que T e contınuo, e limitado, se
∃C > 0 de modo que ‖Tξ‖N2 ≤ C‖ξ‖N1 , ∀ξ ∈ N1.
Definicao 1.3.8 Um operador linear T : N1 → N2 e compacto, se a imagem T(A) de
todo subconjunto limitado A ⊂ N1 e pre-compacto ( se seu fecho e um conjunto compacto)
em N2.
Seja A um subespaco vetorial de F considerando que (A, ‖ · ‖A) e (F , ‖ · ‖F). Dizemos
que a inclusao A ⊂ F e uma imersao contınua se a aplicacao inclusao I : A → F definida
por Ix = x for contınua, ou seja, ‖Ix‖F ≤ C‖x‖A, ∀x ∈ A. Denotamos este fato por
A → F ;
se, alem disso, a aplicacao de inclusao for compacta, dizemos que a imersao A → F e
compacta. Denotaremos a imersao compacta de um espaco vetorial normado A em um
espaco vetorial normado F por
A c→ F .
Em particular, se (xn)n∈N e uma sequencia de Cauchy em A, entao (xn)n∈N tambem
e uma sequencia de Cauchy em F ; logo, se xn → x em A, entao xn → x em F . Tendo
a imersao A → F compacta isto equivale a dizer que sequencias limitadas de (A, ‖ · ‖A)
possuem subsequencias convergentes em (F , ‖ · ‖F).
16
1.3.2 Os Espacos Lp(Ω)
Definicao 1.3.9 Seja Ω ⊆ IRn um conjunto aberto. Representa-se por Lp(Ω), 1 ≤ p <
+∞, o espaco vetorial constituıdo pelas funcoes f : Ω −→ IR mensuraveis, cuja potencia
p, |f |p, e integravel a Lebesque, isto e:
Lp(Ω) = f : Ω −→ IR; f e mensuravel e
∫Ω
|f(x)|p dx < +∞, 1 ≤ p < +∞
A fim de lidar com estes espacos usando as ferramentas da analise funcional, gos-
tarıamos que eles fossem espacos vetoriais normados. Todavia, o que ocorre e que a
“candidata natural” a definir uma norma em Lp(Ω), 1 ≤ p < +∞, que e a funcao
‖ · ‖Lp(Ω) : Lp(Ω) −→ IR dado por:
‖f‖Lp(Ω) =
[∫Ω
|f(x)|pdx] 1p
e apenas uma semi-norma, uma vez que ‖f‖Lp(Ω) = 0 se, e somente se, f = 0 quase sempre
em Ω.
Para contornar essa “deficiencia”, define-se em Lp(Ω), 1 ≤ p < +∞, uma relacao ∼dada por:
f ∼ g ⇐⇒ f = g quase sempre em Ω.
Pode-se provar que a relacao ∼ e uma relacao de equivalencia. Assim, faz sentindo
considerar o quociente de Lp(Ω), 1 ≤ p < +∞, por ∼.
A colecao das classes de equivalencia obtida por Lp(Ω)/∼ forma um espaco vetorial,
com norma definida por
‖f‖Lp(Ω) =
[∫Ω
|h(x)|pdx] 1p
onde h e um representante qualquer da classe de equivalencia f.Os espacos vetoriais normados assim definidos sao denotados por Lp(Ω). Eles exercem
um papel fundamental no estudo moderno das Equacoes Diferenciais. Por conveniencia,
escreve-se f ∈ Lp(Ω) e ‖f‖p para denotar os elementos e a norma em Lp(Ω), onde f e um
representante qualquer da classe de equivalencia em questao.
Pode-se provar que os espacos Lp(Ω), 1 ≤ p < +∞, sao todos espacos de Banach.
Alem disso, o unico dos Lp(Ω) que e um espaco de Hilbert ocorre quando p = 2, cujo
produto interno e definido por:
(f, g)L2(Ω) =
∫Ω
f(x)g(x)dx.
Deseja-se definir o espaco L∞(Ω); para isto e preciso generalizar a ideia de supremo.
Definicao 1.3.10 Uma funcao mensuravel f : Ω→ IR e dita essencialmente limitada se
existe C > 0 tal que |f(x)| ≤ C quase sempre (q.s.) em x ∈ Ω. A colecao das classes de
equivalencia de funcoes definidas em Ω e essencialmente limitadas e denotada por L∞(Ω).
17
Define-se uma norma em L∞(Ω) por
‖f‖∞def= sup ess
x∈Ω|f(x)| = infC > 0; |f(x)| ≤ C q.s. em Ω.
E possıvel mostrar que, com a norma acima, L∞(Ω) e um espaco de Banach.
Uma desigualdade bastante utilizada quando se estuda os espacos Lp(Ω) e a desigual-
dade de Holder
Lema 1.3.1 (Desigualdade de Holder) Sejam f ∈ Lp(Ω) e g ∈ Lq(Ω), com 1 ≤ p <
+∞, e q o expoente conjugado de p, isto e, 1p
+ 1q
= 1. Entao
fg ∈ L1(Ω) e ‖fg‖L1(Ω) =
∫Ω
|f(x)g(x)|dx ≤ ‖f‖p‖g‖q
Demonstracao: Ver [6].
Lema 1.3.2 (Desigualdade de Holder Generalizada) Sejam p1, p2, ..., pk numeros
reais maiores que ou iguais a 1 e tais que 1p1
+ 1p2
+ ... + 1pk
= 1. Se ui ∈ Lpi(Ω), para
i = 1, 2, ..., k, entao u1.u2.....uk ∈ L1(Ω) e
‖u1 · u2 · · · · · uk‖L1(Ω) =
∫Ω
|u1 · u2 · · · ·k|dx ≤k∏i=1
‖ui‖Lpi (Ω).
Demonstracao: Ver [6].
Lema 1.3.3 (Desigualdade de Minkowsky) Se f, g ∈ Lp(Ω), com 1 ≤ p ≤ +∞,
entao
‖f + g‖Lp(Ω) ≤ ‖f‖Lp(Ω) + ‖g‖Lp(Ω).
Demonstracao: Ver [6].
Lema 1.3.4 (Lema de Fatou) Seja a sequencia (fn) de funcoes mensuraveis tal que
fn : Ω −→ [0,∞]. Entao∫Ω
lim infn→∞
fn(x) dx ≤ lim infn→∞
∫Ω
fn(x) dx.
Em particular se fn → f q.t.p em Ω,∫Ω
f(x) dx ≤ lim infn→∞
∫Ω
fn(x) dx.
Demonstracao: Ver [20].
Na tabela abaixo, apresenta-se um resumo das principais propriedades dos espacos
Lp(Ω). Aqui esta sendo considerado p 6= 1, p 6= 2, e q e tal que 1p
+ 1q
= 1.
18
Banach Hilbert Reflexivo Separavel Espaco Dual
Lp(Ω) sim nao sim sim Lq(Ω)
L1(Ω) sim nao nao sim L∞(Ω)
L2(Ω) sim sim sim sim L2(Ω)
L∞(Ω) sim nao nao nao contem L1(Ω)
Ver [6].
1.3.3 O Espaco Vetorial das Distribuicoes Escalares
Para um tratamento moderno das equacoes diferenciais parciais e essencial o conceito
de distribuicao. Estabelecer os principais fatos relativos a este conceito e o objetivo desta
secao.
Para uma melhor compreensao dessa dissertacao e aconselhavel que o leitor tenha um
conhecimento previo sobre a Integral de Lebesgue. Para maior infomacao, ver [20].
Definicao 1.3.11 Dado uma funcao contınua ϕ : Ω → IR, onde Ω e um aberto do IRn,
denomina-se suporte de ϕ, e denota-se por supp(ϕ), ao fecho em Ω do conjunto dos pontos
x ∈ Ω tais que ϕ(x) 6= 0 ou seja,
supp(ϕ) = x ∈ Ω;ϕ(x) 6= 0.
Denotaremos por x = (x1, ..., xn)T os pontos do IRn. Por um multi-ındice entendemos
uma n-upla de numeros inteiros nao-negativos α = (α1, ..., αn) e escreveremos |α| =
α1 + · · ·+ αn; representamos por
Dα =∂|α|
∂xα11 · · · ∂xαnn
,
o operador derivacao parcial de ordem α. No caso em que α = (0, 0, ..., 0), Dα denota o
operador identidade.
Como estamos interessados em trabalhar com funcoes cujo suporte seja um compacto
contido em Ω e, alem disto, possuindo derivadas contınuas de todas as ordens, conside-
raremos o espaco C∞0 (Ω) das funcoes infinitamente diferenciaveis com suporte compacto
em Ω.
Definicao 1.3.12 Dizemos que uma funcao u : Ω → IR e localmente integravel em Ω, e
denotamos por u ∈ L1loc(Ω), quando u e integravel a Lebesgue sobre todo compacto K do
IRn contido em Ω.
Definicao 1.3.13 Seja (ϕν)ν∈N uma sequencia de funcoes de C∞0 (Ω) e ϕ em C∞0 (Ω).
Dizemos que (ϕν)ν∈N converge para ϕ em C∞0 (Ω), e denotamos
ϕν → ϕ em C∞0 (Ω)
19
quando:
(i) Existe um conjunto compacto K ⊂ Ω do IRn tal que
supp(ϕ) ⊂ K e supp(ϕν) ⊂ K, ∀ν ∈ N;
(ii) Dαϕν −→ Dαϕ uniformemente em K, para todo multi-ındice α.
Representamos por D(Ω), o espaco C∞0 (Ω) munido da convergencia definida acima e
o denominamos espaco das funcoes testes sobre Ω.
Por distribuicao escalar sobre Ω entendemos uma aplicacao linear contınua sobre D(Ω),
isto e, toda aplicacao T : D(Ω)→ IR satisfazendo:
(i) T (αϕ+ βψ) = αT (ϕ) + βT (ψ), para todo α, β ∈ IR e ϕ, ψ ∈ D(Ω);
(ii) T e contınua, ou seja, se ϕν → ϕ em D(Ω), entao Tϕν → Tϕ em IR.
Um resultado importante e o que assegura que a imersao D(Ω) → Lp(Ω) e densa, para
1 ≤ p <∞. (Ver [7]).
Definicao 1.3.14 Definimos D′(Ω) como sendo o espaco vetorial das distribuicoes esca-
lares sobre Ω, com a seguinte nocao de convergencia: Dizemos que a sequencia (Tν)ν∈N em
D′(Ω) converge para T em D′(Ω) quando, para todo ϕ ∈ D(Ω), a sequencia (〈Tν , ϕ〉)ν∈Nconvergir para 〈T, ϕ〉 em IR. Com esta nocao de convergencia, D′(Ω) passa a ser um
espaco vetorial topologico.
Simbolicamente temos D′(Ω) = T : D(Ω)→ IR linear e continua .
Exemplo 1.1 Seja u ∈ L1loc(Ω). Entao, o funcional linear Tu : D(Ω)→ IR definido por
〈Tu, ϕ〉 =
∫Ω
u(x)ϕ(x)dx, ∀ϕ ∈ D(Ω)
e uma distribuicao escalar sobre Ω.
De fato, seja dada uma sequencia (ϕν)ν∈N de funcoes teste sobre Ω convergindo em
D(Ω) para uma funcao teste ϕ. Isto significa que existe K ⊂ Ω compacto do IRn tal que:
supp(ϕν), supp(ϕ) ⊂ K e Dαϕν −→ Dαϕ uniformemente em K, ∀α ∈ Nn.
Entao:
| 〈Tu, ϕν〉 − 〈Tu, ϕ〉 | = | 〈Tu, ϕν − ϕ〉 | =∣∣∣∣∫
Ω
u(x)(ϕν − ϕ)(x)dx
∣∣∣∣≤∫K
|u(x)(ϕν − ϕ)(x)|dx ≤ supx∈K|ϕν(x)− ϕ(x)|
∫K
|u(x)|dx −→ 0.
A distribuicao Tu, definida no exemplo anterior, e dita gerada pela funcao localmente
integravel u.
20
Proposicao 1.3.7 (Lema de Du Bois Reymond) Seja u ∈ L1loc(Ω). Entao Tu = 0 se,
e somente se, u = 0 quase sempre em Ω.
Demonstracao: Ver [28].
Do Lema de Du Bois Reymond segue que para cada u ∈ L1loc(Ω) tem-se Tu univoca-
mente determinada por u sobre Ω, no seguinte sentido: se u, v ∈ L1loc(Ω) entao Tu = Tv
se, e somente se, u = v quase sempre em Ω. De fato,
Tu = Tv ⇐⇒ 〈Tu, ϕ〉 = 〈Tv, ϕ〉 , ∀ϕ ∈ D(Ω)
⇐⇒∫
Ω
u(x)ϕ(x)dx =
∫Ω
v(x)ϕ(x)dx
⇐⇒∫
Ω
(u− v)(x)ϕ(x)dx = 0, ∀ϕ ∈ D(Ω)
⇐⇒ u− v = 0 quase sempre em Ω.
Por essa razao, identificamos u a distribuicao por ela definida, nos referindo a u
como uma distribuicao de L1loc(Ω). Desta forma, podemos ver o espaco das funcoes lo-
calmente integraveis em Ω como uma parte do espaco das distribuicoes D′(Ω), ou seja,
L1loc(Ω) ⊂ D′(Ω).
Cabe ressaltar que existem distribuicoes nao definidas por funcoes de L1loc(Ω). O exem-
plo classico e a distribuicao Delta de Dirac (ver [28]).
Pode ser mostrado que toda funcao localmente integravel identifica-se a distribuicao
por ela definida; entretanto, nem toda distribuicao e definida por uma funcao localmente
integravel (ver [28]).
Com a convergencia definida em D′(Ω), este passa a ser um espaco vetorial topologico.
E tem-se a seguinte cadeia de imersoes
D(Ω) → Lp(Ω) → D′(Ω), 1 ≤ p <∞.
Definicao 1.3.15 Seja u ∈ L1loc(Ω), dizemos (segundo Sobolev) que u possui derivada
fraca, quando existe uma funcao g ∈ L1loc(Ω) tal que∫
Ω
u(x)ϕ′(x)dx = −∫
Ω
g(x)ϕ(x)dx, ∀ϕ ∈ D(Ω).
A funcao g e denominada derivada fraca de u.
Notemos que a nocao de derivada fraca, segundo Sobolev, serve apenas para as funcoes
que sao localmente integraveis. Todavia, vimos anteriormente que existem distribuicoes
que nao sao geradas por funcoes localmente integraveis e, portanto, para essas distri-
buicoes, tal nocao de derivada nao pode ser utilizada. Baseando-se nessa dificuldade
Schwartz formulou o seguinte conceito de derivada distribucional.
21
Definicao 1.3.16 Seja T uma distribuicao sobre Ω e α um multi-ındice. A derivada
distribucional de ordem α de T e o funcional definido sobre D(Ω), dado por
〈DαT, ϕ〉 = (−1)|α| 〈T,Dαϕ〉 , ∀ϕ ∈ D(Ω).
Proposicao 1.3.8 Sejam T ∈ D′(Ω) e DαT a derivada distribucional de ordem α de T.
Entao DαT ∈ D′(Ω) onde α e um multi-ındice.
Demonstracao: Ver [28].
Segue da proposicao acima que cada distribuicao T sobre Ω possui derivada distribu-
cional de todas as ordens. Devido a esse fato, as distribuicoes, as vezes, sao chamadas de
Funcoes Generalizadas.
Proposicao 1.3.9 O operador derivacao Dα : D′(Ω) → D′(Ω) e linear e contınuo no
sentido da convergencia definida em D′(Ω).
Demonstracao: Ver [28].
Um resultado que vale a pena mencionar e que a derivada de uma funcao de L1loc(Ω)
nao e, em geral, uma funcao de L1loc(Ω).
1.3.4 Os Espacos de Sobolev
Como vimos na secao anterior, toda u ∈ Lp(Ω) possui derivadas distribucionais de
todas as ordens. Entretanto, as derivadas de u nem sempre sao tambem funcoes em Lp(Ω).
Este fato levou Sobolev, em 1936, a idealizar uma nova classe de espacos funcionais, os
quais sao de fundamental importancia no estudo das equacoes diferenciais parciais. Estes
espacos sao, em sua homenagem, chamados de Espacos de Sobolev.
Definicao 1.3.17 Sejam Ω um aberto do IRn, 1 ≤ p ≤ ∞ e m ∈ N. O espaco de Sobolev
de ordem m sobre Ω, denotado por Wm,p(Ω), e o espaco funcional das (classes de) funcoes
em Lp(Ω) cujas derivadas distribucionais de ordem α pertencem a Lp(Ω), para todo multi-
ındice α, com |α| ≤ m. Simbolicamente escrevemos:
Wm,p(Ω) = u ∈ Lp(Ω); Dαu ∈ Lp(Ω), ∀α tal que |α| ≤ m.
Pode-se mostrar quando 1 ≤ p <∞, que
‖u‖Wm,p(Ω) =
∑|α|≤m
‖Dαu‖pLp(Ω)
1p
,
22
define uma norma em Wm,p(Ω); para p =∞, tem-se que
‖u‖Wm,∞(Ω) =∑|α|≤m
‖Dαu‖L∞(Ω)
e uma norma em Wm,∞(Ω).
Pode-se provar que os espacos Wm,p(Ω), 1 ≤ p ≤ ∞, equipados com as respectivas
normas sao espacos de Banach. Alem disso, Wm,p(Ω) e reflexivo quando 1 < p < ∞, e
separavel quando 1 ≤ p <∞. Ver [7].
Apenas no caso particular em que p = 2, o espaco Wm,2(Ω) e um espaco de Hilbert, o
qual denotaremos por Hm(Ω). Simbolicamente escrevemos
Hm(Ω) = u ∈ L2(Ω); Dαu ∈ L2(Ω), ∀α tal que |α| ≤ m.
Um produto interno de Hm(Ω) e a respectiva norma induzida sao dados respectivamente,
por:
((u, v))Hm(Ω) =∑|α|≤m
(Dαu,Dαv)L2(Ω) e ‖u‖Hm(Ω) =
∑|α|≤m
‖Dαu‖2L2(Ω)
12.
Para que tenhamos uma ideia melhor desses espacos, descrevemos alguns casos parti-
culares. Em dimensao n = 1 e m = 1, temos
H1(a, b) = u ∈ L2(a, b); u′ ∈ L2(a, b);
neste caso
‖u‖2H1(a,b) =
∫ b
a
|u(t)|2dt+
∫ b
a
|u′(t)|2dt,
((u, v))H1(a,b) =
∫ b
a
u(t)v(t)dt+
∫ b
a
u′(t)v′(t)dt.
Em dimensao n ≥ 2, temos
H1(Ω) =
u ∈ L2(Ω);
∂u
∂xi∈ L2(Ω), i = 1, ..., n
com norma e produto escalar
‖u‖2H1(Ω) =
∫Ω
|u(x)|2dx+n∑i=1
∫Ω
∣∣∣∣ ∂u∂xi (x)
∣∣∣∣2 dx.((u, v))H1(Ω) =
∫Ω
u(x)v(x)dx+n∑i=1
∫Ω
∂u
∂xi(x)
∂v
∂xi(x)dx.
Quando m = 0, temos que W 0,p = Lp(Ω).
23
Apresentaremos a seguir, os espacos Wm,p0 (Ω) e W−m,p(Ω), os quais sao de grande
valia no tratamento moderno de Equacoes Diferenciais Parciais.
Um fato importante e que o espaco das funcoes testes D(Ω) e denso em Lp(Ω) (1 ≤p <∞,) mas nao e verdade que D(Ω) seja sempre denso em Wm,p para 1 ≤ m <∞ (Ver
[7]). Motivado por este fato, definimos:
Definicao 1.3.18
Wm,p0 (Ω)
def= D(Ω)
Wm,p
.
No caso p = 2 denotaremos esta aderencia por Hm0 (Ω)
def= D(Ω)
Hm
= Wm,20 (Ω).
Sejam p e q expoentes conjugados, e 1 ≤ m < ∞ um numero inteiro. Representa-se
por W−m,q(Ω) o dual topologico de Wm,p0 (Ω). O dual topologico de Hm
0 (Ω) representa-se
por H−m(Ω).
Tambem, pode-se caracterizar os espacos W−m,q(Ω), da seguinte forma:
Teorema 1.3.1 Seja T uma distribuicao sobre Ω. Entao T ∈ W−m,q(Ω) se, e somente
se, existem funcoes gα ∈ Lq(Ω), |α| ≤ m, tais que
T =∑|α|≤m
Dαgα.
Demonstracao: Ver [7] .
Quando estudamos os espacos de Sobolev uma desigualdade faz-se de grande im-
portancia, a desigualdade de Poincare, pois dela obtem-se propriedades significantes para
os espacos Hm0 (Ω).
Proposicao 1.3.10 (Desigualdade de Poincare) Seja Ω um aberto do IRn, limitado
em alguma direcao. Se u ∈ H10 (Ω), entao
‖u‖L2(Ω) ≤ C‖∇u‖L2(Ω),
onde a constante C depende apenas de Ω.
Demonstracao: Ver [7].
Observacao 1.3.1 Seja Ω um aberto do IRn, limitado em alguma direcao. No espaco
funcional H10 (Ω) podemos definir a seguinte norma
‖u‖H10 (Ω) =
(∫Ω
|∇u(x)|2dx) 1
2
.
24
Pode-se provar que as normas ‖u‖H10 (Ω) e ‖u‖H1(Ω) sao equivalentes em H1
0 (Ω), e podemos
definir o seguinte produto interno,
((u, v))H10 (Ω) =
∫Ω
∇u · ∇vdx
o qual induz a norma definida em H10 (Ω).
Observacao 1.3.2 Neste trabalho estamos considerando Ω = Td, o toro d-dimencional
(d ≤ 3) onde a medida de Ω e finita, e ∂Ω e o conjunto vazio. Neste caso, e possıvel
demostrar que Hm(Ω) ≈ Hm0 (Ω) e assim temos que a norma ‖ · ‖H1(Ω) e equivalente a
‖∇(·)‖L2(Ω) e a norma ‖ · ‖H2(Ω) e equivalente a norma ‖∆(·)‖L2(Ω).
Proposicao 1.3.11 (Lema de Imersao) Sejam Ω ⊂ IRn, com Ω limitado, p e q tais
que 1 ≤ p < q ≤ +∞. Entao:
Lq(Ω) → Lp(Ω).
Demonstracao: Ver [20].
Proposicao 1.3.12 Seja Ω um aberto limitado em IRN com fronteira lipschitziana. Entao
W 1,p(Ω) → Lp∗(Ω) com
1/p∗ = 1/p− 1/N se p < N,
p∗ ∈ [1,∞) se p = N,
p∗ = +∞ se p > N,
W 1,p(Ω)c→ Lq(Ω) com
1 ≤ q < Np
N−p se p < N,
q ∈ [1,∞) se p = N ;
W 1,p(Ω)c→ C0(Ω) se p > N.
Generalizando o resultado acima, temos
Wm,p(Ω) → W n,q(Ω) com
1/q = 1/p− (m− n)/N se (m− n)p < N,
q ∈ [1,∞) se (m− n)p = N,
q = +∞ se (m− n)p > N ;
e se N ≥ 2, entao
Wm+1,p(Ω)c→ Wm,q(Ω) com
1 ≤ q < Np
N−p se p < N,
q ∈ [1,∞) se p = N,
e se p > N temos
Wm+1,p(Ω)c→ Cm(Ω).
Sejam mp > N e K o maior inteiro tal que 0 ≤ K < m−N/p, entao
Wm,p c→ Ck(Ω).
25
Demonstracao: Ver [7].
Proposicao 1.3.13 Seja Ω um aberto limitado em IRN . Sejam k > 0 e q <∞ tal que
q >p∗
p∗ − 1, onde p∗ =
Np
N − kpse kp < N,
q > 1 para kp = N, ou q ≥ 1 se kp > N.
Entao Lq(Ω)c→ W−k,p′(Ω), 1/p+ 1/p = 1.
Demonstracao: Ver [14].
1.3.5 A Integral de Bochner
Fixamos um espaco de Banach B, cuja norma representaremos por ‖ · ‖ e T um numero
real positivo.
Definicao 1.3.19 (Funcao simples). Uma funcao vetorial ϕ : (0, T )→ B e dita simples
quando existem E1, ..., Ek ⊂ (0, T ), dois a dois disjuntos (com k finito) e mensuraveis tais
que existem constantes ϕj ∈ B, com j = 1, 2, ..., k, satisfazendo
(0, T ) =k⋃i=1
Ei e ϕ |Ei = ϕi
Toda funcao simples possui uma representacao canonica
ϕ(t) =k∑j=1
χEj(t)ϕj,
onde χEj : (0, T )→ IR e a funcao caracterıstica associada ao conjunto Ej.
Dada uma funcao simples ϕ na sua representacao canonica, definimos a integral de ϕ,
que denotamos por
∫ T
0
ϕ(t)dt, como sendo o vetor de B dado por
∫ T
0
ϕ(t)dt =k∑i=1
m(Ei)ϕi.
Definicao 1.3.20 Dizemos que uma funcao vetorial u : (0, T ) → B e integravel a Bo-
chner, e abreviamos B − integravel, quando existir uma sequencia (ϕν)ν∈IN de funcoes
simples tal que:
(i) ϕν → u em B, quase sempre em (0, T );
(ii) limk,m→∞
∫ T
0
‖ϕk(t)− ϕm(t)‖dt = 0.
26
Neste caso, chamamos de integral de Bochner de u, e denotamos por
∫ T
0
u(t)dt, ao
vetor de B dado por ∫ T
0
u(t)dt = limν→∞
∫ T
0
ϕν(t)dt,
onde o limite e considerado na norma de B.
Identificando duas funcoes que coincidem quase sempre, denotamos por B1(0, T ;B)
a colecao de todas as (classes de) funcoes vetoriais u : (0, T ) → B para as quais a
integral de Bochner esta bem definida. Note que, quando B = IR entao B1(0, T ; IR) e o
espaco L1(0, T ). Assim, a integral de Bochner generaliza, num certo sentido, a integral de
Lebesgue.
Proposicao 1.3.14 Se u ∈ B1(0, T ;B) entao∥∥∥∥∫ T
0
u(t)dt
∥∥∥∥ ≤ ∫ T
0
‖u(t)‖dt.
Demonstracao : Ver [21].
Proposicao 1.3.15 Se u : (0, T )→ B e B − integravel entao para cada f ∈ B∗ temos⟨f,
∫ T
0
u(t)dt
⟩B∗,B
=
∫ T
0
〈f, u(t)〉B∗,B dt.
Demonstracao: Ver [21].
Definicao 1.3.21 Uma funcao vetorial u : (0, T ) → X e dita fracamente mensuravel
(abrevia-se w-mensuravel) quando a funcao numerica t 7→ 〈f, u(t)〉 e mensuravel a Lebes-
gue em (0, T ), para todo f ∈ X∗.
Definicao 1.3.22 Dizemos que u e fortemente mensuravel (abrevia-se s-mensuravel)
quando u for limite quase sempre de uma seguencia (ϕν)ν∈IN de funcoes simples.
Em particular, temos que toda funcao s-mensuravel e w-mensuravel. Alem disso,
quando u for fortemente mensuravel entao a aplicacao t 7→ ‖u(t)‖X e mensuravel a Le-
besgue.
Proposicao 1.3.16 (S. Bochner) Uma funcao u : (0, T ) → B e B − integravel se, e
somente se, e s-mensuravel e a funcao numerica t 7→ ‖u(t)‖B e integravel a Lebesgue.
Demonstracao: Ver [21].
27
1.3.6 Os Espacos Lp(0, T ;X)
Conside X um espaco de Banach, cuja norma e dada por ‖ · ‖. Os espacos Lp(0, T ), com
1 ≤ p ≤ ∞, sao definidos como sendo o conjunto das (classes de) funcoes ϕ : (0, T )→ IR
mensuraveis no sentido de Lebesgue e tais que sao Banach com as normas
‖f‖Lp(0,T ) =
[∫ T
0
|f(t)|p dt]1/p
, se 1 ≤ p <∞;
‖f‖L∞(0,T ) = sup esst∈(0,T )
|ϕ(t)|, se p =∞.
Poderıamos tambem representa-lo como Lp(0, T ; IR), onde a presenca do corpo IR dos
numeros reais indicaria se tratar de um espaco vetorial de funcoes reais de variavel real.
Isto motiva a seguinte definicao para os espacos Lp(0, T ;X).
Definicao 1.3.23 Denotaremos por Lp(0, T ;X), com 1 ≤ p < ∞, o espaco vetorial das
(classes de) funcoes vetoriais ϕ : (0, T ) → X, definidas em quase todo ponto em (0, T )
com valores em X, fortemente mensuraveis, e tais que a funcao t 7−→ ‖ϕ(t)‖X esta em
Lp(0, T ).
E em Lp(0, T ;X) definimos as normas
‖ϕ‖Lp(0,T ;X) =
[∫ T
0
‖ϕ(t)‖pX dt
]1/p
, se 1 ≤ p <∞;
‖ϕ‖L∞(0,T ;X) = sup esst∈(0,T )
‖ϕ(t)‖X , se p =∞.
Pode-se provar que Lp(0, T ;X), e um espaco de Banach para 1 ≤ p ≤ ∞. Apenas no caso
em que p = 2 e H e um espaco de Hilbert, o espaco L2(0, T ;H) e um espaco de Hilbert,
cujo produto interno e dado por
(u, v)L2(0,T ;H) =
∫ T
0
(u(s), v(s))H ds.
Sendo p e q conjugados, ou seja, 1/p+1/q = 1, uma aplicacao simples da Desigualdade
de Holder implica que se u ∈ Lp(0, T ;X), e v ∈ Lq(0, T ;X∗) entao a funcao numerica t 7−→〈v(t), u(t)〉X∗,X esta em L1(0, T ). Um dos resultados fundamentais da teoria dos espacos
Lp(0, T ;X), de demonstracao bastante sofisticada, e aquele que estabelece a identificacao
do espaco dual,
[Lp(0, T ;X)]∗ = Lq(0, T ;X∗).
No caso em que p = 1, essa identificacao fica[L1(0, T ;X)
]∗= L∞(0, T ;X∗).
28
A dualidade entre esse espacos e dada na forma integral por
〈v, u〉Lq(0,T ;X∗),Lp(0,T ;X) =
∫ T
0
〈v(t), u(t)〉X∗,X dt.
Com esta identificacao, os espacos Lp(0, T ;X) herdam as propriedades basicas do
espaco de Banach X. Por exemplo, se X e reflexivo entao Lp(0, T ;X) sera reflexivo, para
1 < p <∞. Se X for separavel entao Lp(0, T ;X) tambem sera separavel, para 1 ≤ p <∞.
Proposicao 1.3.17 Se θ ∈ Lp(0, T ) e ψ ∈ X, onde X e um espaco funcional sobre Ω,
entao ξ(t, x) = θ(t)ψ(x) ∈ Lp(0, T ;X).
Demonstracao: Ver [21].
Lema 1.3.5 Sejam Ω um aberto limitado de IRn, fn, n = 1, 2, ... e f, funcoes Lp(Ω),
1 ≤ p ≤ ∞. Se
fn −→ f em Lp(Ω),
entao existe uma subsequencia (fnm), tal que
fnm −→ f q.t.p. em Ω.
Demonstracao: Ver [20].
Lema 1.3.6 (Lema de Lions) Sejam Ω um aberto limitado de IRn×IR, (gν) uma sequencia
de funcoes de Lq(Ω) e g ∈ Lq(Ω), tais que
‖gν‖Lq(Ω) ≤ C, gν −→ g q.t.p. em Ω.
Entao
gν g em Lq(Ω).
Demonstracao: Ver [17].
Proposicao 1.3.18 (Lema de Imersao) Sejam X e Y espacos de Banach, e suponha-
mos que X → Y. Se 1 ≤ s ≤ r ≤ ∞ entao:
Lr(0, T ;X) → Ls(0, T ;Y ).
Demonstracao: Ver [21].
Lema 1.3.7 Se f ∈ Lq(0, T ;B) e ∂f/∂t ∈ Lq(0, T ;B), para 1 ≤ q ≤ ∞, entao existe
f ∗ ∈ C([0, T ];B) tal que f = f ∗ q.t.p. em [0, T ].
29
Demonstracao: Ver [17].
Lema 1.3.8 (Lema de Aubin-Lions) Sejam B0c→ B → B1 espacos de Banach. Entao,
temos as seguintes imersoes compactas:
(i) Lq(0, T ;B0) ∩φ : ∂φ
∂t∈ L1(0, T ;B1)
c→ Lq(0, T ;B) se 1 ≤ q ≤ ∞,
(ii) L∞(0, T ;B0) ∩φ : ∂φ
∂t∈ Lr(0, T ;B1)
c→ C(0, T ;B) se 1 < r ≤ ∞.
Demonstracao: Ver [16].
1.3.7 Distribuicoes Vetoriais
Seja B um espaco de Banach. Por C0([0, T ];B), com 0 < T <∞, o espaco de Banach das
funcoes contınuas u : [0, T ]→ B, munido da norma da convergencia uniforme:
‖u‖C0([0,T ];B) = maxt∈[0,T ]
‖u(t)‖B.
Por C0w([0, T ];B), denotaremos o espaco das funcoes u : [0, T ]→ B fracamente contınuas,
isto e, a aplicacao t 7→ 〈f, u(t)〉B∗,B e contınua em [0, T ], para todo f em B∗. Note
que, quando B = H e um espaco de Hilbert, segue da Proposicao da Representacao
de Riesz 1.3.6 que a continuidade fraca de u e equivalente a continuidade da aplicacao
t 7→ (u(t), v)H, onde v ∈ H.Seja H um espaco de Hilbert. Denotaremos por D(0, T ;H) o espaco vetorial das
funcoes u : (0, T )→ H que sao infinitamente diferenciaveis, e cujo suporte e um compacto
da reta IR contido em (0, T ).
Definicao 1.3.24 Uma distribuicao vetorial sobre (0, T ) com valores em X, e uma funcao
u : D(0, T ) → X linear e contınua no sentido de distribuicao. O conjunto de tais trans-
formacoes lineares e chamado Espaco das Distribuicoes Vetoriais sobre (0, T ) com valores
em X, e e denotado por D′(0, T ;X). Dados S ∈ D′(0, T ;X) e ϕ ∈ D(0, T ), representare-
mos o valor de S em ϕ por S(ϕ) = 〈S, ϕ〉 .
E possıvel mostrar, como no caso das distribuicoes escalares que se u ∈ Lp(0, T ;X)
entao, a distribuicao Tu ∈ D′(0, T ;X) e univocamente determinada (por u ∈ Lp(0, T ;X)).
Desta forma, podemos identificar u com a distribuicao Tu por ela definida. Neste sentido,
tem-se Lp(0, T ;X) ⊂ D′(0, T ;X).
30
1.3.8 O Teorema de Caratheodory
Denotaremos por D um subconjunto aberto de IRn+1 cujos elementos sao denotados por
(x, t), x ∈ IRn e t ∈ IR. Sejam f : D → IRn uma funcao, e y : I ⊆ IR → IRn uma funcao
absolutamente contınua, tal que (y(t), t) ∈ D, ∀t ∈ I. Dizemos que y, e uma solucao para
o problema
y′ = f(y, t), (1.20)
se y(t) satisfaz (1.20) q.t.p. em D. Se (y0, t0) ∈ D, associado a (1.20) temos o problema
de valor inicial y′ = f(y, t)
y(t0) = y0.(1.21)
Definicao 1.3.25 Dizemos que f : D → IRn esta nas condicoes de Caratheodory sobre
D quando:
(i) f(y, t) e mensuravel em t para cada y fixo;
(ii) f(y, t) e contınua em y para cada t fixo;
(iii) Para cada compacto K em D, existe uma funcao real mK(t) integravel tal que
|f(y, t)| ≤ mK(t), ∀(y, t) ∈ K.
Sejam a, b > 0, e consideremos o retangulo
R =
(x, t) ∈ IRn+1; |x− x0| ≤ b, |t− t0| ≤ a.
Proposicao 1.3.19 (Caratheodory) Seja f : R → IRn satisfazendo as Condicoes de
Caratheodory sobre R. Entao sobre algum intervalo |t− t0| ≤ β, (β > 0), existe uma
solucao y(t) do problema de valor inicial (1.21).
Demonstracao: Ver [12].
1.3.9 Resultados Relevantes
Nesta secao e feita uma lista de resultados avulsos que usam-se nos capıtulos posteriores.
Definicao 1.3.26 Sejam H um espaco de Hilbert real e (·, ·) : H×H −→ IR seu produto
interno. Uma sequencia (un)n∈N de vetores de H, e denominada Base de Hilbert de H, se
sao verificadas as seguintes condicoes:
31
(i)‖un‖ = 1, ∀n ∈ N, (um, un) = 0, ∀m,n ∈ N, m 6= n;
(ii) Se F e o subespaco de H gerado por (ui)i∈N, entao F = H, ou seja, as combinacoes
lineares finitas dos (un) sao densas em H.
Proposicao 1.3.20 Tem-se que existem uma base de Hilbert (an)n∈N de L2(Ω) e uma
sequencia (λn)n∈N de numeros reais tal que λn > 0 ∀n tais que
an ∈ H10 (Ω) ∩ C∞(Ω),
−∆an = λnan em Ω,
ou seja, para todo n ∈ N, λn e an sao autovalor e autovetor, respectivamente, do operador
−∆ (com as condicoes de contorno de Dirichlet).
Demonstracao: Ver [6].
Observacao 1.3.3 Considerando o Teorema acima, tem-se que a sequencia(an/√λn)
e uma base de Hilbert de H10 (Ω), considerando-se o produto escalar ((·, ·))H1
0 (Ω), e a
sequencia (an/√λn + 1) e uma base de Hilbert de H1
0 (Ω), considerando-se o produto es-
calar ((·, ·))H1(Ω).
Lema 1.3.9 (Desigualdade de Young) Sejam 1 < p, q <∞ tais que 1p+ 1q
= 1. Entao,
para todos a, b ∈ IR, com a, b > 0 tem-se que
a · b ≤ ap
p+bq
q.
Demonstracao: Ver [6].
Lema 1.3.10 (Desigualdade de Young (com ε)) Sejam 1 < p, q < ∞ tais que 1p
+1q
= 1 e ε > 0, entao, para todos a, b ∈ IR, com a, b > 0 tem-se que
a · b ≤ εap + C(ε)bq,
onde C(ε) = (εp)−q/p/q.
Demonstracao: Ver [6].
32
Lema 1.3.11 (Gagliardo-Nirenberg) Sejam Ω ⊂ IRd com d ≥ 1 um conjunto aberto
e limitado e ∂Ω ∈ C0,1, m ∈ N, 1 ≤ p, q, r ≤ ∞, tal que Wm,p(Ω) → Lr(Ω) → Lq(Ω).
Entao existe uma constante C > 0 tal que ∀u ∈ Wm,p(Ω) ∩ Lq(Ω),
‖Dαu‖Lr(Ω) ≤ C‖u‖θWm,p(Ω).‖u‖1−θLq(Ω),
onde 0 ≤ |α| ≤ m−1, θ = |α|/m, e |α|−d/r = θ(m−d/p)−(1−θ)d/p. Se m−|α|−d/p /∈N0, entao temos que θ ∈ [|α|/m, 1].
Demonstracao: Ver [15].
Lema 1.3.12 (Desigualdade de Gronwall) Sejam ϕ ∈ L∞(0, T ), com ϕ(t) ≥ 0 q.t.p.
em [0, T ] e F ∈ L1(0, T ), F (t) ≥ 0 q.t.p. em [0, T ] tais que
ϕ(t) ≤ C +
∫ t
0
F (s)ϕ(s) ds,
para quase todo t ∈ [0, T ]. Entao
ϕ(t) ≤ C exp
(∫ t
0
F (s)
)ds,
para quase todo t ∈ [0, T ].
Demonstracao: Ver [17].
Lema 1.3.13 (Desigualdade de Gronwall Generalizada) Sejam ϕ e ψ funcoes
contınuas nao-negativas em [0, T ], a(t) uma funcao absolutamente contınua com a(t) ≥0 e F (t) ≥ 0 integravel em [0, T ], tais que
ϕ(t) +
∫ t
0
ψ(s) ds ≤ a(t) +
∫ t
0
F (s)ϕ(s) ds, ∀ 0 ≤ t ≤ T.
Entao
ϕ(t) +
∫ t
0
ψ(s) ds ≤ a(t).
(1 +
∫ t
0
F (s) ds
)exp
(∫ t
0
F (s) ds
),
para todo t ∈ [0, T ].
Demonstracao: Ver [25].
33
1.3.10 Identidades Elementares
A seguir, serao enunciadas e demonstradas algumas identidades que serao de grande
utilidade no proximo capıtulo.
Lema 1.3.14 Sejam as funcoes a : Ω→ IRd e n : Ω→ IR, onde Ω e um aberto do IRd e
a, n suficientemente regulares. Entao
(i) n∇(log n) = ∇n
(ii) ∆∇n = ∇∆n
(iii) ∇div(a) = div([∇a]T )
(iv) n∇(
1
n
)= − 1
n∇n
Demonstracao:
(i)
n∇(log n) = n
[1
n
∂n
∂x1
, ...,1
n
∂n
∂xd
]T=
[∂n
∂x1
, ...,∂n
∂xd
]T= ∇n.
(ii)
∆∇n = ∆
([∂n
∂x1
, ...,∂n
∂xd
]T)
=
[∆
(∂n
∂x1
), ...,∆
(∂n
∂xd
)]T=
[∂(∆n)
∂x1
, ...,∂(∆n)
∂xd
]T= ∇∆n.
(iii)
∇div(a) =
[∂
∂x1
div(a), ...,∂
∂xddiv(a)
]T=
[div
(∂a
∂x1
), ..., div
(∂a
∂xd
)]T= div
([∇a]T
).
34
(iv)
n∇(
1
n
)= n
[− 1
n2
∂n
∂x1
, ...,− 1
n2
∂n
∂xd
]T= − 1
n∇n.
Lema 1.3.15 Sejam as funcoes n : Ω→ IR, a,b : Ω→ IRd e B : Ω→Md×d(IR), onde Ω
e um aberto contido em IRd e n, a,b,B suficientemente regulares. Entao
(i) div(a⊗ b) = div(b)a +∇a · b.
(ii) div(na) = ndiv(a) + a · ∇n.
(iii) div(nB) = ndiv(B) + B · ∇n.
Demonstracao:
(i)
div(a⊗ b) = div(aibjdi,j
)=
[d∑j=1
∂(a1bj)
∂xj, ...,
d∑j=1
∂(adbj)
∂xj
]T
=
[d∑j=1
a1∂bj∂xj
+d∑j=1
bj∂a1
∂xj, ...,
d∑j=1
ad∂bj∂xj
+d∑j=1
bj∂ad∂xj
]T
=
[d∑j=1
a1∂bj∂xj
, ...,d∑j=1
ad∂bj∂xj
]T+
[d∑j=1
bj∂a1
∂xj, ...,
d∑j=1
bj∂ad∂xj
]T= div(b)a +∇a · b.
As demonstracoes dos casos (ii) e (iii) sao analogas.
Teorema 1.3.2 Sejam as funcoes n : Ω→ IR e a : Ω→ IRd, onde Ω e um aberto do IRd
e n, a suficientemente regulares. Entao
(i)
div(n∇log n⊗∇log n) = ∆(n∇log n)− div(n∇2log n)
= ∆(n∇log n)− 2n∇(
∆√n√n
)
(ii)
div(n∇log n+ na⊗∇log n) = ∆(na)− 2div(nD(a)) +∇div(na).
35
Demonstracao:
(i) Como ∇(n∇log n) = ∇n⊗∇log n+ n∇2log n, tem-se que
div(n∇log n⊗∇long n) = div(∇n⊗∇log n)
= div(∇(n∇log n)− n∇2log n)
= div(∇(n∇log n))− div(n∇2log n)
= ∆(n∇log n)− div(n∇2log n).
Para provar a segunda igualdade basta mostrar que
div(n∇2log n) = 2n∇(
∆√n√n
).
De fato,
div(n∇2log n) = div(n∇(∇log n))
= div
(n∇
(1
n∇n))
= div
[n
(∇(
1
n
)⊗∇n+
1
n∇2n
)]= div
(n∇
(1
n
)⊗∇n
)+ div(∇2n)
= div
(− 1
n∇n⊗∇n
)+ div(∇(∇n))
= div
(− 1
n∇(√n√n)⊗∇(
√n√n)
)+ div(∇(∇(
√n√n)))
= div
[− 1
n
(4n∇√n⊗∇
√n)]
+ 2div(∇√n⊗∇
√n+√n∇2√n)
= −4ν2div(∇√n⊗∇
√n) + 2div(∇
√n⊗∇
√n) + 2div(
√n∇2√n)
= −2div(∇√n⊗∇
√n) + 2div(
√n∇2√n)
= −2∆√n∇√n− 2∇2
√n.∇√n+ 2
√n∆∇
√n+ 2∇2
√n.∇√n
= 2√n∆∇
√n− 2∆
√n∇√n
= 2√n∆∇
√n− 2∆
√n∇√n
= 2n
(∇(∆
√n)√n−∆
√n∇√n
n
)= 2n∇
(∆√n√n
).
(ii)
ν∆(na)− 2νdiv(nD(a)) + ν∇div(na)
= νdiv(∇(na))− 2νdiv(n
2∇a +
n
2∇aT
)+ ν∇div(na)
36
= νdiv(∇n⊗ a + n∇a)− νdiv(n∇a)− νdiv(n∇aT ) + ν∇div(na)
= νdiv(∇n⊗ a)− νdiv(n∇aT ) + ν∇div(na)
= νdiv(∇n⊗ a)− νdiv(n∇aT ) + νdiv([∇(na)]T )
= νdiv(∇n⊗ a)− νdiv(n∇aT ) + νdiv((∇n⊗ a)T ) + νdiv(n∇aT )
= νdiv(∇n⊗ a)− νdiv(n∇aT ) + νdiv(a⊗∇n) + νdiv(n∇aT )
= νdiv(∇n⊗ a) + νdiv(a⊗∇n)
= νdiv(∇n⊗ a + a⊗∇n)
= νdiv(n∇log n⊗ a + na⊗∇log n).
Capıtulo 2
Novo Problema Quantico
Neste capıtulo sera mostrada a equivalencia do Problema Navier-Stokes Quantico (1.1)-
(1.3) com o Problema de Euler Quantico (1.5)-(1.7). Nossa ideia principal e utilizar
a equacao da velocidade eficaz (1.4) pois, por meio dessa equacao, obtemos a seguinte
relacao,
u = w − ν∇log n,
a qual, sera empregada em (1.1)-(1.3). Tambem sera definido o Problema de Euler
Quantico Penalizado, para o qual mostraremos nos proximos capıtulos a existencia de
uma famılia nao enumeravel de solucoes fracas globais no tempo.
2.1 Problema de Euler Quantico
Inicialmente considere a equacao (1.1)
nt + div(nu) = 0.
Fazendo u = w − ν∇log n, obtemos que;
nt + div(nu) = nt + div(n(w − ν∇log n))
= nt + div(nw − νn∇log n)
= nt + div(nw)− νdiv(n∇log n)
= nt + div(nw)− νdiv(∇n)
e a equacao (1.1) fica reescrita na forma
nt + div(nw) = νn.
Considere a equacao (1.2)
(nu)t + div(nu⊗ u) +∇p(n)− 2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf = 2νdiv(nD(u)).
37
38
Substituindo u = w − ν∇log n, em (1.2), obtem-se
(nw − νn∇log n)t + div(n(w − ν∇log n)⊗ (w − ν∇log n)) +∇p(n)
−2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf = 2νdiv(nD(w − ν∇log n))
(nw)t − ν(n∇log n)t + div(nw ⊗w)− νdiv(nw ⊗∇log n+ n∇log n⊗w)
+ν2div(n∇log n⊗∇log n) +∇p(n)− 2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf
= 2νdiv(nD(w))− 2ν2div(nD(∇log n)).
Pela equacao (1.5), tem-se que −ν(∇n)t = ν∇(div(nw))− ν2∇(∆n), logo:
(nw)t − ν2∇(∆n) + ν∇div(nw) + div(nw ⊗w)− ν∆(nw) + 2νdiv(nD(w))
−ν∇div(nw) + ν2∆(n∇log n)− 2ν2n∇(
∆√n
n
)+∇p(n)
−2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf = 2νdiv(nD(w))− 2ν2div(nD(∇log n))
(nw)t + div(nw ⊗w) +∇p(n)− 2ε2n∇(
∆√n√n
)− nf = ν2∇(∆n)
−ν∇div(nw) + ν∆(nw)− 2νdiv(nD(w)) + ν∇div(nw)− ν2∆(∇n)+
2ν2n∇(
∆√n√n
)+ 2νdiv(nD(w))− ν2div(n∇2log n)−∇2div(n(∇2log n)T )
(nw)t + div(nw ⊗w) +∇p(n)− 2ε2n∇(
∆√n√n
)+ ν2div(n∇2log n)− nf
= ν∆(nw) + ν2∇(∆n)− ν2∆(∇n) + 2ν2n∇(
∆√n√n
)− ν2div(n(∇2log n)T ).
Pelo Teorema 1.3.2, tem-se que
ν2div(n∇2log n) = 2ν2n∇(
∆√n√n
)logo,
(nw)t + div(nw ⊗w) +∇p(n)− 2(ε2 − ν2)n∇(
∆√n√n
)− nf = ν∆(nw)
+ν2∇(∆n)− ν2∆(∇n) + 2ν2n∇(
∆√n√n
)− ν2div(n(∇2log n)T ) .
Usando o Lema 1.3.14 juntamente com a identidade a baixo
39
(∇2log n)T = ∇2log n =⇒ div((∇2log n)T ) = div(∇2log n)
obtemos a equacao desejada
(nw)t + div(nw ⊗w) +∇p(n)− 2ε20n∇
(∆√n√n
)− nf = ν∆(nw)
onde ε20 = ε2 − ν2 > 0, ja que ε > ν.
Assim encontramos o Problema de Euler Quantico:
Determinar w : Ω× [0, T ] −→ IRd, p : Ω× [0, T ] −→ IR tais que :
nt + div(nw) = ν∆n
(nw)t + div(nw⊗w) +∇p(n)− 2ε20n∇
(∆√n√n
)− nf = ν∆(nw)
n(., 0) = n0, (nw)(., 0) = n0w0, 0 < α ≤ n0 ≤ β.
2.2 Problema de Euler Quantico Penalizado
Uma das prıncipais dificuldades de lidar com o Problema de Euler Quantico e, ate o
momento, a impossibilidade de se obter estimativas uniformes para a velocidade w e,
portanto, nao e possıvel mostrar a existencia de solucao fraca global por meio do metodo
Faedo-Galerkin. Para contornar esta dificuldade e utilizado o metodo de Penalizacao no
problema, ou seja, sera definido um novo problema, que consiste em agregar o termo
−δ(∆w−w), com 0 < δ ≤ 1, ao lado direito da equacao (1.6). Com esse novo termo na
equacao e possıvel obter uma estimativa uniforme H1 na velocidade w para todo 0 < δ ≤ 1
com δ fixo. Obtemos, entao, o seguinte problema
Problema de Euler Quantico Penalizado:
Determinar wδ : Ω× [0, T ] −→ IRd, pδ : Ω× [0, T ] −→ IR tais que :
(nδ)t + div(nδwδ) = ν∆nδ
(nδwδ)t + div(nδwδ ⊗wδ) +∇p(nδ)− 2ε20nδ∇
(∆√nδ√nδ
)− nδf = ν∆(nδwδ)
−δ(∆wδ −wδ)
nδ(., 0) = n0, (nδwδ)(., 0) = n0w0, com 0 < α ≤ n0 ≤ β e 0 < δ ≤ 1.
Para este novo problema utilizaremos o metodo Faedo-Galerkin para mostrar a existencia
de solucao fraca global para cada δ fixo, e assim, teremos a existencia de uma famılia nao
enumeravel de solucoes.
Capıtulo 3
Existencia de Solucao Fraca Global
do Problema de Euler Quantico
Penalizado
Teorema 3.0.1 (Existencia de Solucao Fraca Global) . Sejam w0 ∈ H2(Ω), n0 ∈H3(Ω), com Ω = Td, o toro d-dimencional (d ≤ 3) onde a medida de Ω e finita, 0 < α ≤n0 ≤ β, f ∈ L∞(0, T ;L∞(Ω)), p(n) = nγ, onde γ > 3 se d = 3 e γ > 1 se d < 3, ε > ν.
Entao, para todo T > 0 e para cada δ ∈ (0, 1] fixo, existe um par de funcoes (wδ, nδ) tal
que
√nδ ∈ L∞(0, T ;H1(Ω)) ∩ L2(0, T ;H2(Ω)) e 4
√nδ ∈ L4(0, T ;W 1,4(Ω)),
(√nδ)t ∈ L2(0, T ;H−1(Ω)) e (nδ)t ∈ L2(0, T ;L3/2(Ω)),
nδ ∈ L2(0, T ;W 2,2γ/(γ+1)(Ω)) ∩ L∞(0, T ;Lγ(Ω)) ∩ L4γ/3+1(0, T ;L3γ/3+1(Ω)),
wδ ∈ L2(0, T ;H1(Ω)) e nδwδ ∈ L2(0, T ;W 1,3/2(Ω)),√nδwδ ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)) e
√nδ∇wδ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)),
(nδwδ)t ∈ L4/3(0, T ;H−s(Ω)) onde s >d
2+ 1,
e (nδ,wδ), e Solucao Fraca do Problema de Euler Quantico Penalizado, ou seja, para todo
v ∈ H1(Ω), o par de funcoes (nδ,wδ) e solucao de
(nδ)t + div(nδwδ) = ν∆nδ q.t.p. em Ω× [0, T ],
−∫ T
0
(nδwδ,v)θt(t)dt−∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ , div v)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ∆√nδ, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδwδ),∇v)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,∇v)θ(t)dt
40
41
+δ
∫ T
0
(wδ,v)θ(t)dt ∀θ ∈ H10 (0, T ),
nδ(., 0) = n0, (nδwδ)(., 0) = n0w0 q.t.p. em Ω.
A demonstracao deste teorema sera dividida nas proximas cinco secoes deste capıtulo
e sempre considerando δ ∈ (0, 1] fixo.
3.1 Formulacao Variacional
Procedendo formalmente, multiplicamos a equacao (1.9) por v ∈ H1(Ω) e integrando
sobre Ω, obtemos∫Ω
(nδwδ)t.v(x)dx+
∫Ω
div(nδwδ ⊗wδ).v(x)dx+
∫Ω
∇p(nδ).v(x)dx
−2ε20
∫Ω
nδ∇(
∆√nδ√nδ
).v(x)dx−
∫Ω
nδf .v(x)dx =
∫Ω
ν∆(nδwδ).v(x)dx
−δ∫
Ω
∆wδ.v(x)dx+ δ
∫Ω
wδ.v(x)dx .
Vamos analisar termo a termo
(i) ∫Ω
div(nδwδ ⊗wδ).v(x) dx =
∫Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(nδwδj.wδi).vi(x)
)dx
(Fazendo integracao por partes)
=
∫Γ
(d∑i=1
d∑j=1
nδwδj.wδivi(x)
)dΓ
−∫
Ω
(d∑i=1
d∑j=1
nδwδj.wδi∂vi(x)
∂xj
)dx.
Observe que:∫Γ
(d∑i=1
d∑j=1
nδwδj.wivi(x)
)dΓ = 0, ja que Γ = ∂Ω e vazio.
Logo ∫Ω
div(nδwδ ⊗wδ).v(x) dx = −∫
Ω
(d∑i=1
d∑j=1
nδwδj.wδi∂vi(x)
∂xj
)dx
= −∫
Ω
nδwδ ⊗wδ : ∇v(x)dx
= −(nδwδ ⊗wδ,∇v) .
42
(ii) Usando a Formula de Green, obtemos∫Ω
∇p(nδ).v(x) dx =
∫Γ
p(nδ).v(x) dΓ−∫
Ω
p(nδ)div(v(x)) dx
= −∫
Ω
p(nδ)div(v(x)) dx
= −(p(nδ), div v) .
(iii) Usando a Formula de Green, obtemos:
−2ε20
∫Ω
nδ∇(
∆√nδ√nδ
).v(x) dx = −2ε2
0
∫Ω
∇(
∆√nδ√nδ
).(nδv(x)) dx
= −2ε20
∫Γ
(∆√nδ√nδ
).nδv(x) dΓ
+2ε20
∫Ω
(∆√nδ√nδ
)div(nδv(x)) dx
= 2ε20
∫Ω
(∆√nδ√nδ
)div(nδv(x)) dx
(usando o Lema 1.3.15)
= 2ε20
∫Ω
∆√nδ (2∇
√nδ.v(x) +
√nδdiv(v(x))) dx
= 4ε20
∫Ω
∆√nδ∇√nδ.v(x)dx
+2ε20
∫Ω
√nδ∆√nδdiv(v(x))dx
= 4ε20(∆√nδ∇√nδ,v) + 2ε2
0(√nδ∆√nδ, div v).
(iv) Fazendo integracao por partes, obtemos∫Ω
ν∆(nδwδ).v(x) dx = ν
∫Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂2
∂x2j
(nδwδi)vi(x)
)dx
= −ν∫
Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(nδwδi)
∂vi(x)
∂xj
)dx
+ν
∫Γ
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(nδwδi)vi(x)
)dΓ
= −ν∫
Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(nδwδi)
∂vi(x)
∂xj
)dx
= −ν∫
Ω
∇(nδwδ) : ∇v(x) dx
= −ν(∇(nδwδ),∇v).
(v) Fazendo integracao por partes, obtemos
−∫
Ω
δ∆(wδ).v(x) dx = −δ∫
Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂2
∂x2j
(wδi)vi(x)
)dx
43
= δ
∫Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(wδi)
∂vi(x)
∂xj
)dx
−δ∫
Γ
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(wδi)vi(x)
)dΓ
= δ
∫Ω
(d∑i=1
d∑j=1
∂
∂xj(wδi)
∂vi(x)
∂xj
)dx
= δ
∫Ω
∇(wδ) : ∇vi(x) dx
= δ(∇(wδ),∇v).
Assim, obtemos a seguinte equacao
((nδwδ)t,v)− (nδwδ ⊗wδ,∇v)− (nγδ , div v) + 4ε20(∆√nδ∇√nδ,v)
+2ε20(√nδ∆√nδ, div v)− (nδf ,v) = −ν(∇(nδwδ),∇v)
+δ(∇wδ,∇v) + δ(wδ,v) ∀t ∈ [0, T ]. (3.1)
Multiplicando (3.1) por θ(t) ∈ H10 (0, T ), e integrando em [0, T ], obtemos∫ T
0
((nδwδ)t,v)θ(t)dt−∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ , div v)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ∆√nδ, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδwδ),∇v)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,∇v)θ(t)dt
+δ
∫ T
0
(wδ,v)θ(t)dt.
Considere o primeiro termo da equacao acima. Fazendo integracao por partes na
variavel t,∫ T
0
((nδwδ)t,v)θ(t)dt = [(nδwδ,v)θ(t)]T0 −∫ T
0
(nδwδ,v)θt(t)dt = −∫ T
0
(nδwδ,v)θt(t)dt.
Finalmente, obtemos a formulacao variacional de (1.9):
−∫ T
0
(nδwδ,v)θt(t)dt−∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ , div v)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ∆√nδ, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδwδ),∇v)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,∇v)θ(t)dt
+δ
∫ T
0
(wδ,v)θ(t)dt. (3.2)
44
3.2 O Problema Aproximado
Seja vj∞j=1 uma base hilbertiana de L2(Ω) e H1(Ω) em relacao aos produtos internos
(·, ·) e (∇(·),∇(·)) onde vj ∈ H1(Ω) ∩ C∞(Ω) para todo j ∈ N. Seja Vk = [v1, ...,vk] ,
o subespaco de L2(Ω) e H1(Ω) (munidos de seus respectivos produtos internos) gerado
pelos k primeiros vetores de vj∞j=1 .
Definimos, para cada k ∈ N, as aproximacoes semi-Faedo-Galerkin de (wδ, nδ) como
sendo a solucao (wδ,k, nδ,k) ∈ C1([0, T k];H1(Ω))× C1([0, T k];H2(Ω)) do problema:
(nδ,k)t + div(nδ,kwδ,k) = ν∆nδ,k ∀ (x, t) ∈ Ω× [0, T k] (3.3)
((nδ,kwδ,k)t,v)− (nδ,kwδ,k ⊗wδ,k,∇v)− (nγδ,k, div v) + 4ε20(∆√nδ,k∇
√nδ,k,v)
+2ε20(√nδ,k∆
√nδ,k, div v)− (nδ,kf ,v) = −ν(∇(nδ,kwδ,k),∇v) + δ(∇wδ,k,∇v)
+δ(wδ,k,v), ∀ v ∈ Vk (3.4)
nδ,k(., 0) = n0, (nδ,kwδ,k)(., 0) = n0w0, ∀x ∈ Ω. (3.5)
Observamos que a expressao “aproximacoes semi-Faedo-Galerkin”se deve ao fato de
que estarmos fazendo aproximacoes finito-dimensionais para a velocidade wδ e infinito-
dimensionais para a densidade nδ. Alem disso, referir-nos-emos a (3.3) - (3.5) como sendo
o problema aproximado associado ao Problema de Euler Quantico Penalizado.
Agora, sera demonstrado que o sistema (de EDO’s) acima admite uma unica solucao
(wδ,k, nδ,k) definida em [0, T k], com 0 < T k ≤ T para todo δ fixo.
Para tal, definimos
wδ,k : [0, T ] −→ Vk
t 7−→ wδ,k(t)
ou seja,
(wδ,k(t))(x) =k∑j=1
αj(t)vj(x), onde αj ∈ C1[0, T ],
portanto, tem-se que
(wδ,k(t))t(x) =k∑j=1
α′j(t)vj(x).
Para cada wδ,k(t) com k fixo, temos que existe nδ,k ∈ C1([0, T ];C3(Ω)) solucao classica
de
(nδ)t + div(nδwδ,k) = ν∆nδ (3.6)
nδ(·, 0) = n0 em Ω× [0, T ], (3.7)
( para mais detalhes ver [3]).
Tambem pode ser mostrado atraves do Princıpio do Maximo e do Lema de Gronwall
a seguite desigualdade
αk = α exp
(−∫ t
0
‖div wδ,k(x, s)‖L∞(Ω)ds
)≤ nδ,k(x, t)
45
≤ β exp
(−∫ t
0
‖div wδ,k(x, s)‖L∞(Ω)ds
)= βk (x, t) ∈ Ω× [0, T ], (3.8)
(para mais detalhes ver [4]).
Portanto, temos uma sequencia nδ,k para k ∈ N de solucoes classicas de (3.6)-(3.7).
Assim para cada nδ,k (com k fixo) temos o seguinte sistema de EDO’s:
(wδ,k(t))(x) =k∑j=1
αj(t)vj(x) (3.9)
((nδ,kwδ,k)t,vj)− (nδ,kwδ,k ⊗wδ,k,∇vj)− (nγδ,k, div vj) + 4ε20(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vj)
+2ε20(√nδ,k∆
√nδ,k, div vj)− (nδ,kf ,vj) = −ν(∇(nδ,kwδ,k),∇vj) + δ(∇wδ,k,∇vj)
+δ(wδ,k,vj), para todo j = 1, ..., k (3.10)
nδ,k(., 0) = n0, (nδ,kwδ,k)(., 0) = n0w0, ∀x ∈ Ω. (3.11)
Para provarmos a existencia de solucao local, mostraremos que o sistema acima esta
nas condicoes do Teorema de Caratheodory 1.3.19.
Substituindo (3.9) em (3.10), temos:
k∑i=1
α′i(t)(nδ,kvi,vj) =k∑l=1
αl(t)
((k∑i=1
αi(t)div(nδ,kvi)
)vl,vj
)
−k∑i=1
αi(t)
(vi ⊗
[k∑l=1
αl(t)vl
],∇vj
)+ (nγδ,k, div vj)− 4ε2
0(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vj)
− 2ε20(√nδ,k∆
√nδ,k, div vj) + (nδ,kf ,vj)− ν
k∑i=1
αi(t)(∇(nδ,kvi),∇vj)
−k∑i=1
αi(t)((nδ,k)tvi,vj) + δk∑i=1
αi(t)(∇vi,∇vj)
−k∑i=1
αi(t)(∆nδ,kvi,vj) + δ
k∑i=1
αi(t)(vi,vj), para todo j = 1, ..., k.
Portanto, temos:nδ,k · · · 0
.... . .
...
0 · · · nδ,k
α′1(t)
...
α′k(t)
=
∑k
i=1 αi(t)div(nδ,kvi) · · · 0...
. . ....
0 · · ·∑k
i=1 αi(t)div(nδ,kvi)
α1(t)
...
αk(t)
−
∆nδ,k · · · 0
.... . .
...
0 · · · ∆nδ,k
α1(t)
...
αk(t)
−
(nδ,k)t · · · 0...
. . ....
0 · · · (nδ,k)t
α1(t)
...
αk(t)
46
+
(v1 ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇v1
)· · ·
(vk ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇v1
)...
. . ....(
v1 ⊗[∑k
i=1 αi(t)vi
],∇vk
)· · ·
(vk ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇vk
)α1(t)
...
αk(t)
+
(nγδ,k, div v1)
...
(nγδ,k, div
vvk)
− 4ε20
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,v1)
...
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vk)
− 2ε20
(√nδ,k∆
√nδ,k,v1)
...
(√nδ,k∆
√nδ,k,vk)
+
(nδ,kf ,v1)
...
(nδ,kf ,vk)
− ν
(∇(nδ,kv1),∇v1) · · · (∇(nδ,kvk),∇v1)...
. . ....
(∇(nδ,kv1),∇vk) · · · (∇(nδ,kvk),∇vk)
α1(t)
...
αk(t)
+2
δ · · · 0...
. . ....
0 · · · δ
α1(t)
...
αk(t)
.Agora, definimos as seguintes funcoes:
A(t) =
∑k
i=1 αi(t)div(nδ,kvi) · · · 0...
. . ....
0 · · ·∑k
i=1 αi(t)div(nδ,kvi)
−
∆nδ,k · · · 0...
. . ....
0 · · · ∆nδ,k
+
(v1 ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇v1
)· · ·
(vk ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇v1
)...
. . ....(
v1 ⊗[∑k
i=1 αi(t)vi
],∇vk
)· · ·
(vk ⊗
[∑ki=1 αi(t)vi
],∇vk
)
− ν
(∇(nδ,kv1),∇v1) · · · (∇(nδ,kvk),∇v1)
.... . .
...
(∇(nδ,kv1),∇vk) · · · (∇(nδ,kvk),∇vk)
−
(nδ,k)t · · · 0...
. . ....
0 · · · (nδ,k)t
+2
δ · · · 0...
. . ....
0 · · · δ
B(t) =
(nγδ,k, div v1)
...
(nγδ,k, div vk)
− 4ε20
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,v1)
...
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vk)
− 2ε20
(√nδ,k∆
√nδ,k,v1)
...
(√nδ,k∆
√nδ,k,vk)
+
(nδ,kf ,v1)
...
(nδ,kf ,vk)
,
47
Inδ,k =
nδ,k · · · 0
.... . .
...
0 · · · nδ,k
, Yk(t) =
α1(t)
...
αk(t)
e Y′k(t) =
α′1(t)
...
α′k(t)
.Entao, temos
Inδ,kY′k(t) = A(t)Yk(t) +B(t),
para cada k fixo.Tem-se, pela desigualdade (3.8), que 0 < αk ≤ nδ,k(x, t) ≤ βk, logo Inδ,ke invertıvel, assim temos
Y′k(t) = A(t)Yk(t) + B(t) = F(Yk, t) (3.12)
Yk(0) =
α1(0)
...
αk(0)
, (3.13)
onde A(t) = I−1nδ,k· A(t) e B(t) = I−1
nδ,k·B(t).
Seja D = Cb × [0, T ], onde Cb =Yk ∈ IRk; |Yk| ≤ b
. Entao
(i) Para Yk fixo, cada entrada de B pode ser escrita como uma funcao gr(nδ,k,v, f , t) onde
r = 1, ..., k; tem-se que gr e constituıda de somas e protutos de funcoes mensuraveis,
portanto gr e mensuravel para todo r = 1, ..., k, ou seja, B e mensuravel. De
forma analoga, tem-se que, todas as entradas de A podem ser escritas como uma
funcao hr,s(nδ,k, α,v, t) onde r, s = 1, ..., k; tem-se que hr,s e constituıda de somas e
produtos de funcoes mensuraveis, portanto A e mensuravel. Assim concluımos que
F e mensuravel em t, para Yk fixo.
(ii) Para t fixado, e possıvel demonstrar que existe C tal que ‖A(t)‖ ≤ C. Dado κ > 0,
exite λ = κC
tal que, para cada Y1k,Y2
k temos que∣∣F(Y1k(t), t)− F(Y2
k(t), t)∣∣ =
∣∣A(t)Y1k(t) + B(t)− A(t)Y2
k(t)− B(t)∣∣
=∣∣A(t)
(Y1k(t)− Y2
k(t))∣∣
≤ ‖A(t)‖∣∣Y1
k(t)− Y2k(t)∣∣
≤ C∣∣Y1
k(t)− Y2k(t)∣∣ .
Entao fazendo ∣∣Y1k(t)− Y2
k(t)∣∣ < λ =
κ
C
segue que ∣∣Y1k(t)− Y2
k(t)∣∣ < λ =⇒
∣∣F(Y1k(t), t)− F(Y2
k(t), t)∣∣ < κ.
Portanto, para t fixo F e contınuo em Yk.
48
(iii) Como Yk varia em Cb, temos que
|F(Yk(t), t)| = |A(t)Yk(t) + B(t)|
≤ ‖A‖b+ ‖B‖
≤ C,
logo, F e absolutamente integravel para todo compacto K ⊂ [0, T ]× Cb.
Desta forma, F(Yk, t) satisfaz as condicoes de Caratheodory sobre D e, portanto,
pelo Teorema de Caratheodory 1.3.19 o sistema (3.12)-(3.13) possui solucao local e, con-
sequentemente, (3.9)-(3.11) tem solucao wδ,k(t) definida em um intervalo [0, T k] onde
0 < T k ≤ T.
3.3 Estimativas a Priori
Lema 3.3.1 Sejam 0 < T k ≤ T e (nδ,k,wδ,k) ∈ C1([0, T k];C3(Ω)) × C1([0, T k];Vk) uma
solucao fraca local no tempo para (3.3)-(3.5). Considere a aplicacao
H : C1([0, T k];C3(Ω)) −→ C1([0, T k];C3(Ω))
nδ,k 7−→ H(nδ,k) =nγδ,kγ − 1
,
onde γ > 3 se d = 3 e γ > 1 se d < 3. Entao,(∫Ω
(nδ,k2|wδ,k|2 +H(nδ,k) + 2ε2
0|∇√nδ,k|2
)dx
)t
+ν
∫Ω
(nδ,k|∇wδ,k|2 +H ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 + ε20nδ,k|∇2log nδ,k|2) dx
+δ
∫Ω
(|∇wδ,k|2 + |wδ,k|2) dx ≤ ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞(Ω))‖n0‖L1(Ω).
Demonstracao:
Inicialmente multiplicamos (3.3) por H ′(nδ,k)− |wδ,k|2/2− 220∆√nδ,k/√nδ,k. Pela de-
sigualdade (3.8), notamos que nδ,k(x, t) > 0 ∀x, ∀t. Integrando sobre Ω obtemos:∫Ω
H ′(nδ,k)(nδ,k)t dx−∫
Ω
(nδ,k)t|wδ,k|2
2dx− 2ε2
0
∫Ω
(nδ,k)t∆√nδ,k
√nδ,k
dx
+
∫Ω
div(nδ,kwδ,k)H′(nδ,k) dx−
∫Ω
div(nδ,kwδ,k)|wδ,k|2
2dx
− 2ε20
∫Ω
div(nδ,kwδ,k)∆√nδ,k
√nδ,k
dx− ν∫
Ω
∆nδ,kH′(nδ,k) dx+ ν
∫Ω
∆nδ,k|wδ,k|2
2dx
+2ε20ν
∫Ω
∆nδ,k∆√nδ,k
√nδ,k
dx = 0.
49
Observamos que
H(nδ,k) =nγδ,kγ − 1
=⇒ H ′(nδ,k) = γnγ−1δ,k
γ − 1
∂H(nδ,k)
∂t= γ
nγ−1δ,k
γ − 1(nδ,k)t = H ′(nδ,k).(nδ,k)t,
logo, ∫Ω
H ′(nδ,k)(nδ,k)t dx =
∫Ω
(H(nδ,k))t dx. (3.14)
Considere a identidade
(nδ,k)t√nδ,k
=2√nδ,k
√nδ,k(√nδ,k)t = 2(
√nδ,k)t,
da qual se obtem
−2ε20
∫Ω
(nδ,k)t∆√nδ,k
√nδ,k
dx = −4ε20
∫Ω
(√nδ,k)t∆
√nδ,k dx
e, usando as formulas de Green, segue que
−4ε20
∫Ω
(√nδ,k)t∆
√nδ,k dx = 4ε2
0
∫Ω
∇(√nδ,k)t.∇
√nδ,k dx. (3.15)
Note que
(|∇√nδ,k|2)t = (∇√nδ,k)t.∇√nδ,k +∇√nδ,k.(∇
√nδ,k)t
= 2(∇√nδ,k)t.∇√nδ,k,
e portanto,
−2ε20
∫Ω
(nδ,k)t∆√nδ,k
√nδ,k
dx = 2ε20
∫Ω
∂t|∇√nδ,k|2 dx. (3.16)
Ainda, usando as formulas de Green, obtemos∫Ω
div(nδ,kwδ,k)H′(nδ,k) dx = −
∫Ω
nδ,kwδ,k.∇(H ′(nδ,k)) dx
= −∫
Ω
nδ,kwδ,k.∇
(γnγ−1δ,k
γ − 1
)dx
= −∫
Ω
nδ,kwδ,k.γ(γ − 1)nγ−2δ,k
∇nδ,kγ − 1
dx
= −∫
Ω
nδ,kwδ,k.γnγ−2δ,k ∇nδ,k dx
= −∫
Ω
nδ,kH′′(nδ,k)∇nδ,k.wδ,k dx, (3.17)
50
e tambem
−∫
Ω
div(nδ,kwδ,k)|wδ,k|2
2dx =
∫Ω
nδ,kwδ,k∇|wδ,k|2
2dx.
Notemos que
∇|wδ,k|2 = ∇(wδ,k.wδ,k)
= ∇wδ,k.wδ,k + wδ,k.∇wδ,k
= 2wδ,k.∇wδ,k
logo,
−∫
Ω
div(nδ,kwδ,k)|wδ,k|2
2dx =
∫Ω
nδ,kwδ,k.∇wδ,k.wδ,k dx (3.18)
−ν∫
Ω
∆nδ,kH′(nδ,k) dx = ν
∫Ω
∇nδ,k.∇H ′(nδ,k) dx
= ν
∫Ω
∇nδ,k.∇
(γnγ−1δ,k
γ − 1
)dx
= ν
∫Ω
∇nδ,kγ(γ − 1)nγ−2δ,k
γ − 1.∇nδ,k dx
= ν
∫Ω
∇nδ,kγnγ−2δ,k .∇nδ,k dx
= ν
∫Ω
H ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 dx; (3.19)
ν
∫Ω
∆nδ,k|wδ,k|2
2dx = −ν
∫Ω
∇nδ,k.∇|wδ,k|2
2dx.
Note que ∇|wδ,k|2 = 2∇wδ,k.wδ,k, logo,
ν
∫Ω
∆nδ,k|wδ,k|2
2dx = −ν
∫Ω
∇nδ,k.∇wδ,k.wδ,k dx. (3.20)
Usando as identidades (3.14) a (3.20), obtemos:
0 =
∫Ω
((H(nδ,k))t −1
2|wδ,k|2(nδ,k)t + 2ε2
0∂t|∇√nδ,k|2 − nδ,kH ′′(nδ,k)∇nδ,k.wδ,k
+nδ,kwδ,k.∇wδ,k.wδ,k − 2ε20
∆√nδ,k
√nδ,k
div(nδ,kwδ,k) + νH ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2
−ν∇nδ,k.∇wδ,k.wδ,k + 2νε20
∆√nδ,k
√nδ,k
∆nδ,k) dx. (3.21)
Considere a equacao de momento aproximada (1.9). Seja a solucao fraca aproximada
local no tempo (nδ,k,wδ,k) ∈ C1([0, T k];C3(Ω)) × C1([0, T k];Vk) e a funcao teste wδ,k ∈
51
C1([0, T ];Vk). Substituindo a solucao aproximada em (1.9), multiplicando pela funcao
teste e integrando sobre Ω obtemos:∫Ω
(nδ,kwδ,k)t.wδ,k dx+
∫Ω
div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k).wδ,k dx+
∫Ω
∇p(nδ,k).wδ,k dx
− 2ε20
∫Ω
nδ,k∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
).wδ,k dx−
∫Ω
nδ,kf .wδ,k dx = ν
∫Ω
∆(nδ,kwδ,k).wδ,k dx
− δ
∫Ω
(∆wδ,k −wδ,k).wδ,k dx.
Fazendo integracao por partes e usando as formulas de Green (quando necessarias),
obtemos:
∫Ω
(nδ,kwδ,k)t.wδ,k dx =
∫Ω
(nδ,k)t|wδ,k|2 dx+
∫Ω
nδ,k(wδ,k)t.wδ,k dx
=
∫Ω
(nδ,k)t|wδ,k|2 dx+1
2
∫Ω
nδ,k(|wδ,k|2)t dx
∫Ω
div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k).wδ,k dx = −∫
Ω
nδ,kwδ,k ⊗wδ,k : ∇wδ,k dx
∫Ω
∇p(nδ,k).wδ,k dx =
∫Ω
γnγ−1δ,k ∇nδ,k.wδ,k dx
−2ε20
∫Ω
nδ,k∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
).wδ,k dx = 2ε2
0
∫Ω
∆√nδ,k
√nδ,k
.div(nδ,kwδ,k) dx
ν
∫Ω
∆(nδ,kwδ,k).wδ,k dx = −ν∫
Ω
∇(nδ,kwδ,k).∇wδ,k dx
= −ν∫
Ω
∇nδ,k.∇wδ,k.wδ,k dx− ν∫
Ω
nδ,k|∇wδ,k|2 dx
δ
∫Ω
∆wδ,k.wδ,k dx = −δ∫
Ω
|∇wδ,k|2 dx
e, usando tais igualdades, obtemos
0 =
∫Ω
(|wδ,k|2(nδ,k)t +1
2nδ,k(|wδ,k|)t − nδ,kwδ,k ⊗wδ,k : ∇wδ,k + nγ−1
δ,k ∇nδ,k.wδ,k
+ 2ε20
∆√nδ,k
√nδ,k
div(nδ,kwδ,k)− nδ,kf .wδ,k + ν∇nδ,k.∇wδ,k.wδ,k + νnδ,k|∇wδ,k|2
+ δ|∇wδ,k|2 + δ|wδ,k|2) dx. (3.22)
Observamos que H ′′(nδ,k) = γnγ−2δ,k , e daı, segue que nδ,kH
′′(nδ,k) = γnγ−1δ,k .
52
Alem disso, o termo trilinear pode ser assim reescrito
wδ,k ⊗wδ,k : ∇wδ,k =d∑i=1
d∑j=1
wiδ,k.w
jδ,k.
∂wiδ,k
∂xj
=d∑i=1
d∑j=1
wiδ,k.
∂wiδ,k
∂xj.wj
δ,k
= wδ,k. (∇wδ,k.wδ,k.)
Sendo assim, a equacao (3.22) assume a forma
0 =
∫Ω
(|wδ,k|2(nδ,k)t +1
2nδ,k(|wδ,k|)t − nδ,kwδ,k∇wδ,k.wδ,k + nδ,kH
′′(nδ,k)∇nδ,k.wδ,k
+2ε20
∆√nδ,k
√nδ,k
div(nδ,kwδ,k)− nδ,kf .wδ,k + ν∇nδ,k.∇wδ,k.wδ,k + νnδ,k|∇wδ,k|2
+δ|∇wδ,k|2 + δ|wδ,k|2) dx. (3.23)
Agora, somando (3.21) e (3.23), obtemos
0 =
∫Ω
((nδ,k2|wδ,k|2 +H(nδ,k) + 2ε2
0|∇√nδ,k|2)t − nδ,kf .wδ,k + 2νε2
0
∆√nδ,k
√nδ,k
∆nδ,k
+νH ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 + νnδ,k|∇wδ,k|2 + δ|∇wδ,k|2 + δ|wδ,k|2) dx. (3.24)
Notemos ainda que, usando as formulas de Green, temos∫Ω
∆√nδ,k
√nδ,k
∆nδ,k dx = −∫
Ω
∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
).∇nδ,k dx
= −∫
Ω
∇nδ,k.∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
)dx
= −∫
Ω
nδ,k∇(log nδ,k).∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
)dx.
Pelo Lema 1.3.2, tem-se que
2nδ,k∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
)= div(nδ,k∇2log nδ,k)
e, portanto,∫Ω
∆√nδ,k
√nδ,k
∆nδ,k dx = −1
2
∫Ω
∇(log nδ,k).div(nδ,k∇2log nδ,k) dx
=1
2
∫Ω
∇(∇(log nδ,k)) : nδ,k∇2log nδ,k dx
=1
2
∫Ω
nδ,k|∇2log nδ,k|2 dx.
Desta forma, a equacao (3.24) pode ser reescrita como
53
(∫Ω
(nδ,k2|wδ,k|2 +H(nδ,k) + 2ε2
0|∇√nδ,k|2
)dx
)t
+ν
∫Ω
(nδ,k|∇wδ,k|2 +H ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 + ε20nδ,k|∇2log nδ,k|2) dx
+δ
∫Ω
(|∇wδ,k|2 + |wδ,k|2) dx =
∫Ω
nδ,kf .wδ,k dx.
Finalmente,∫Ω
nδ,kf .wδ,k dx =
∫Ω
√nδ,kf .
√nδ,kwδ,k dx
≤√ν‖√nδ,kwδ,k‖L2(Ω).
1√ν‖√nδ,kf‖L2(Ω)
≤ ν
2‖√nδ,kwδ,k‖2
L2(Ω) +1
2ν‖√nδ,kf‖2
L2(Ω)
=ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν
∫Ω
nδ,k|f |2 dx
≤ ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν‖f‖2
L∞(Ω).‖nδ,k‖L1(Ω)
≤ ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞).‖nδ,k‖L∞(0,Tk;L1(Ω)).
Admitindo a conservacao de massa, obtem-se que, ‖nδ,k‖L∞(0,Tk;L1(Ω)) = ‖n0‖L1(Ω), para
0 ≤ t ≤ T k, e daı,∫Ω
nδ,kf .wδ,k dx ≤ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞(Ω))‖n0‖L1(Ω).
Lema 3.3.2 Sejam (nδ,k,wδ,k) ∈ C1(0, T k;C3(Ω))×C1(0, T k;Vk) uma solucao fraca local
no tempo para o problema aproximado (3.3)-(3.5), com dado inicial (n0,w0) ∈ H3(Ω) ×H2(Ω), com γ > 3 se d = 3 e γ > 1 se d < 3. Entao existe uma constante C > 0,
independente de k, δ e t, tal que
(i) ‖√nδ,k‖L∞(0,Tk;H1(Ω)) ≤ C (3.25)
(ii) ‖nδ,k‖L∞(0,Tk;Lγ(Ω)) ≤ C (3.26)
(iii) ‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω)) + ‖√nδ,k∇wδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)) ≤ C (3.27)
(iv)√δ‖wδ,k‖L2(0,Tk;H1(Ω)) ≤ C (3.28)
(v) ‖√nδ,k∇2(log nδ,k)‖L2(0,Tk;L2(Ω)) ≤ C. (3.29)
Demonstracao:
Pelo Lema 3.3.1 temos a desigualdade(∫Ω
(nδ,k2|wδ,k|2 +H(nδ,k) + 2ε2
0|∇√nδ,k|2
)dx
)t
54
+ν
∫Ω
(nδ,k|∇wδ,k|2 +H ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 + ε20nδ,k|∇2log nδ,k|2) dx
+δ
∫Ω
(|∇wδ,k|2 + |wδ,k|2) dx ≤ ν
2
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dx+1
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞(Ω))‖n0‖L1(Ω).
Integrando no tempo [0, t] para todo t < T k, obtemos∫Ω
(nδ,k(t)
2|wδ,k|2 +H(nδ,k(t)) + 2ε2
0|∇√nδ,k(t)|2
)dx
+ν
∫ t
0
∫Ω
(nδ,k|∇wδ,k|2 +H ′′(nδ,k)|∇nδ,k|2 + ε20nδ,k|∇2log nδ,k|2) dxdt
+δ
∫ t
0
∫Ω
(|∇wδ,k|2 + |wδ,k|2) dxdt ≤ ν
2
∫ t
0
∫Ω
nδ,k|wδ,k|2 dxdt
+t
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞(Ω))‖n0‖L1(Ω) +
∫Ω
(n0
2|w0|2 +H(n0) + 2ε2
0|∇√n0|2
)dx.(3.30)
Temos, por hipotese, que
t
2ν‖f‖2
L∞(0,Tk;L∞(Ω))‖n0‖L1(Ω) +
∫Ω
(n0
2|w0|2 +H(n0) + 2ε2
0|∇√n0|2
)dx ≤ tC + C ≤ C .
Os termos do lado esquerdo da desigualdade (3.30) sao positivos, dessa forma temos
1
2
∫Ω
|√nδ,k(t)wδ,k(t)|2 dx+ν
∫ t
0
∫Ω
|√nδ,k∇wδ,k|2 dxdt ≤ν
2
∫ t
0
∫Ω
|√nδ,kwδ,k|2 dxdt+C .
Aplicando o Lema de Gronwall 1.3.12 com
ϕ(t) =1
2‖√nδ,k(t)wδ,k(t)‖L2(Ω), ψ(t) = ν
∫ t
0
‖√nδ,k(s)∇wδ,k(s)‖L2(Ω) ds e F (t) = ν ,
obtemos
1
2‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω)) +
∫ t
0
ν‖√nδ,k(s)∇wδ,k(s)‖L2(Ω) ds ≤ C.exp
(∫ t
0
ν dt
)≤ C · exp(νT ) .
Assim, obtemos a estimativa (3.27)
‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω)) + ‖√nδ,k∇wδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)) ≤ C.
Utilizando o resultado (3.27) em (3.30), obtemos de imediato as estimativas (3.25),
(3.26), (3.28) e (3.29) .
Lema 3.3.3 Nas condicoes do Lema 3.3.2, existe uma constante C > 0, independente de
k, δ, e t, tal que
‖√nδ,k‖L2(0,Tk;H2(Ω)) + ‖ 4√nδ,k‖L4(0,Tk;W 1,4(Ω)) ≤ C. (3.31)
55
Demonstracao:
A demonstracao segue do Lema 3.3.1, da desigualdade∫Ω
nδ,k|∇2log nδ,k|2dx ≥ kd
∫Ω
|∇2√nδ,k|2dx,
com k2 = 7/8 e k3 = 11/15, ( provada em [2]) e a desigualdade∫Ω
nδ,k|∇2log nδ,k|2dx ≥M
∫Ω
|∇ 4√nδ,k|4dx, M > 0,
(provada em [1]).
Lema 3.3.4 Nas condicoes do Lema 3.3.2, existe uma constante C > 0, independente de
k, δ, e t, tal que
(i) ‖nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;W 1,3/2(Ω)) ≤ C (3.32)
(ii) ‖nδ,k‖L2(0,Tk;W 2,r(Ω)) ≤ C (3.33)
(iii) ‖nδ,k‖L4γ/3+1(0,Tk;L4γ/3+1(Ω)) ≤ C (3.34)
onde
r =2γ
γ + 1se d = 3 e r < 2 se d = 2.
Demonstracao:
(i) Pela Proposicao 1.3.12, temos que, H2(Ω) → L∞(Ω). Pelo Lema (3.3.3) tem-se que
‖√nδ,k‖L2(0,Tk;H2(Ω)) ≤ C,
e, portanto,
‖√nδ,k‖L2(0,Tk;L∞(Ω)) ≤ C.
Assim por (3.27), temos que
‖nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)) = ‖√nδ,k√nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω))
≤ ‖√nδ,k‖L2(0,Tk;L∞(Ω)).‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω))
≤ C,
logo
‖nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ C.
Por (3.31) e (3.25), juntamente com a imersao H1(Ω) → L6(Ω), temos que
‖∇√nδ,k‖L2(0,Tk;L6(Ω)) ≤ C e ‖√nδ,k‖L∞(0,Tk;L6(Ω)) ≤ C e tambem com (3.27), temos
que
56
‖∇(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) = ‖∇nδ,k ⊗wδ,k + nδ,k∇wδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
= ‖∇(√nδ,k√nδ,k)⊗wδ,k +
√nδ,k∇wδ,k
√nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
= ‖2∇√nδ,k ⊗ (√nδ,kwδ,k) +
√nδ,k∇wδ,k
√nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
≤ ‖2∇√nδ,k ⊗ (√nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
+‖√nδ,k∇wδ,k√nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
≤ 2‖∇√nδ,k‖L∞(0,Tk;L6(Ω)).‖√nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω))
+‖√nδ,k∇wδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)).‖√nδ,k‖L∞(0,Tk;L6(Ω))
≤ C.
Logo,
‖∇(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ C.
(ii) Pela Proposicao Gagliardo-Nirenberg 1.3.11, com
r =2γ
γ + 1e θ =
1
2
temos,
∫ Tk
0
‖∇√nδ,k‖4L2r(Ω) dt ≤ C
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖4(1/2)
W 2,2(Ω).‖√nδ,k‖4(1/2)
L2γ(Ω) dt
= C
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖2H2(Ω).‖
√nδ,k‖2
L2γ(Ω) dt
≤ sup esst∈[0,Tk]
(∫Ω
|√nδ,k|2γdx)1/γ ∫ Tk
0
‖√nδ,k‖2H2(Ω) dt
= C‖nδ,k‖L∞(0,Tk;Lγ(Ω)).‖√nδ,k‖2
L2(0,Tk;H2(Ω))
≤ C.
Portanto,
‖∇√nδ,k‖L4(0,Tk;L2r(Ω)) ≤ C.
Seja
∇2nδ,k = ∇(∇(√nδ,k√nδ,k))
= ∇(2√nδ,k∇
√nδ,k)
= 2(√nδ,k∇2√nδ,k +∇√nδ,k ⊗∇
√nδ,k).
57
Portanto, usando o fato de1
r=γ + 1
2γ=
1
2+
1
2γ
1
r=γ + 1
2γ=γ + 1
4γ+γ + 1
4γ=
1
2r+
1
2r,
obtemos
‖∇2nk‖L2(0,Tk;Lr(Ω)) = 2‖√nδ,k∇2√nδ,k +∇√nδ,k ⊗∇√nδ,k‖L2(0,Tk;Lr(Ω))
≤ 2‖√nδ,k∇2√nδ,k‖L2(0,Tk;Lr(Ω)) + ‖∇√nδ,k ⊗∇√nδ,k‖L2(0,Tk;Lr(Ω))
≤ 2‖√nδ,k‖L∞(0,Tk;L2γ(Ω)).‖∇2√nδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω))
+2‖∇√nδ,k‖L4(0,Tk;L2r(Ω)).‖∇√nδ,k‖L4(0,Tk;L2r(Ω))
≤ C‖√nδ,k‖L∞(0,Tk;L2γ(Ω)) + C
= C sup esst∈[0,Tk]
‖nδ,k‖1/2Lγ(Ω) + C ≤ C,
pois
‖nδ,k‖Lγ(Ω) ≤ C q.t.p. [0, T k].
Tambem, temos que
‖nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ ‖√nδ,k‖L2(0,Tk;L6(Ω)) · ‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,T ;L2(Ω))
≤ C.
Logo,
‖nδ,k‖L2(0,Tk;W 2,r(Ω)) ≤ C.
(iii) Pelo Lema Gagliardo-Nirenberg 1.3.11, temos que: Se m − |α| − d/p /∈ N0 entao θ ∈[|α|/m, 1]. Entao, sejam m = 2, |α| = 0, d = 3 e p = 2. Isso implica que 1/2 /∈ N0 e,
portanto, θ ∈ [0, 1], escolhemos
θ =3
4γ + 3< 1 onde γ > 3 e r =
2(4γ + 3)
3,
e daı, segue que
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖rLr(Ω) dt ≤ C
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖rθH2(Ω)‖√nδ,k‖r(1−θ)L2γ(Ω) dt,
onde
rθ =2(4γ + 3)
3
3
4γ + 3= 2.
Tem-se que,
58
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖rLr(Ω) dt ≤ C sup esst∈[0,Tk]
(∫Ω
|(nδ,k)1/2|2γ dx)(1/2γ)r(1−θ)
.‖√nδ,k‖2L2(0,Tk;H2(Ω)),
e como ‖nδ,k‖Lγ(Ω) ≤ C q.t.p. [0, T k] entao ‖nδ,k‖r(1−θ)/2Lγ(Ω) ≤ C q.t.p. [0, T k], e assim
∫ Tk
0
‖√nδ,k‖rLr(Ω) dt ≤ C‖√nδ,k‖2L2(0,Tk;H2(Ω)) ≤ C,
de onde se conclui que
‖√nδ,k‖Lr(0,Tk;Lr(Ω)) ≤ C.
Observe que
‖√nδ,k‖Lr(0,Tk;Lr(Ω)) =
∫ Tk
0
[(∫Ω
|√nδ,k|r dx)1/r
]rdt
1/r
=
∫ Tk
0
[(∫Ω
|nδ,k|r/2 dx)1/2r
]2r
dt
(1/2r).2
= ‖nδ,k‖2Lr/2(0,Tk;Lr/2(Ω))
≤ C,
e isto implica que
‖nδ,k‖Lr/2(0,Tk;Lr/2(Ω)) ≤ C,
ou seja,
‖nδ,k‖L4γ/3+1(0,Tk;L4γ/3+1(Ω)) ≤ C.
Lema 3.3.5 Nas condicoes do Lema 3.3.2, existe uma constante C > 0, independente de
k, δ, t, tal que
(i) ‖(nδ,k)t‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ C (3.35)
(ii) ‖(nδ,kwδ,k)t‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C (3.36)
onde s > d/2 + 1.
Demonstracao:
59
(i) Pela equacao (3.3), temos que
(nδ,k)t = −div(nδ,kwδ,k) + ν∆nδ,k,
e, portanto,
‖(nδ,k)t‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) = ‖ − div(nδ,kwδ,k) + ν∆nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
≤ ‖div(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) + ν‖∆nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)).
Note que,
div(nδ,kwδ,k) = tr(∇(nδ,kwδ,k)),
∆nδ,k = tr(∇2nδ,k)
e isto implica que
‖div(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) = ‖tr(∇(nδ,kwδ,k))‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
≤ ‖∇(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)),
ν‖∆nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) = ν‖tr(∇2nδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ ν‖∇2nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)).
Logo,
‖(nδ,k)t‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ ‖∇(nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) + ν‖∇2nδ,k‖L2(0,Tk;L3/2(Ω))
e, pelas estimativas (3.32) e (3.33) temos
‖(nδ,k)t‖L2(0,Tk;L3/2(Ω)) ≤ C.
(ii) Para cada k fixo, tem-se a equacao abaixo, com igualdade em q.t.p.
(nδ,kwδ,k)t = −div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k)−∇p(nδ,k) + 2ε20nδ,k∇
(∆√nδ,k
√nδ,k
)+ nδ,kf
+ν∆(nδ,kwδ,k)− δ∆wδ,k + δwδ,k.
Agora, iremos mostrar que o lado direito da equacao acima e limitada uniformemente
em L4/3(0, T k; (Hs(Ω))).
Observacao: Tem-se que o espaco D(Ω) e denso no espaco Wm,q(Ω), para 0 ≤ m <
∞ e 1 ≤ q <∞, onde m, q ∈ N. Entao, todo elemento de Wm,q(Ω), pode ser escrito
como limite de uma sequencia em D(Ω). Usando este fato, as integracoes por partes
abaixo estao bem definidas.
60
1. Temos por (3.27) que,
‖nδ,kwδ,k ⊗wδ,k‖L∞(0,Tk;L1(Ω)) = ‖√nδ,kwδ,k ⊗√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L1(Ω))
≤ ‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω)).‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω)) ≤ C,
portanto,
‖div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k)‖L∞(0,Tk;(H2(Ω))∗)
= sup esst∈[0,Tk]
supϕ∈H2(Ω)‖ϕ‖
H2(Ω)=1
|〈div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k), ϕ〉|
= sup
t∈[0,Tk]
ess
supϕ∈H2(Ω)‖ϕ‖
H2(Ω)=1
|〈nδ,kwδ,k ⊗wδ,k,∇ϕ〉|
≤ sup esst∈[0,Tk]
supϕ∈H2(Ω)‖ϕ‖
H2(Ω)=1
‖nδ,kwδ,k ⊗wδ,k‖L1(Ω).‖∇ϕ‖L∞(Ω)
≤ C sup esst∈[0,Tk]
supϕ∈H2(Ω)‖ϕ‖
H2(Ω)=1
‖nδ,kwδ,k ⊗wδ,k‖L1(Ω).‖∆ϕ‖L2(Ω)
= C sup ess
t∈[0,Tk]
(‖nδ,kwδ,k ⊗wδ,k‖L1(Ω)
)= C‖nδ,kwδ,k ⊗wδ,k‖L∞(0,Tk;L1(Ω))
≤ C.
Logo,
‖div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k)‖L∞(0,Tk;(H2(Ω))∗) ≤ C
e usando a imersao contınua de Hs(Ω) → H2(Ω) para s > d/2 + 1, temos que
L∞(0, T k; (H2(Ω))∗) → L∞(0, T k; (Hs(Ω))∗)
e, portanto, obtemos
‖div(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k)‖L∞(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
2. Inicialmente observe que,
∫Ω
nδ,k∇(
∆√nδ,k
√nδ,k
)· φ dx = −
∫Ω
(∆√nδ,k
√nδ,k
)div(nδ,kφ) dx
61
= −∫
Ω
(∆√nδ,k
√nδ,k
)(nδ,kdiv(φ) +∇nδ,k · φ) dx
= −∫
Ω
∆√nδ,k(√nδ,kdiv(φ) + 2∇√nδ,k · φ) dx.
Agora,
∥∥∥∥nδ,k∇(∆√nδ,k
√nδ,k
)∥∥∥∥4/3
L4/3(0,Tk;(W 1,3(Ω))∗)
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
∣∣∣∣⟨nδ,k∇(∆√nδ,k
√nδ,k
), ϕ
⟩∣∣∣∣
4/3
dt
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
∣∣∣∣⟨∆√nδ,k,
div(nδ,kϕ)√nδ,k
⟩∣∣∣∣
4/3
dt
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
∣∣⟨∆√nδ,k,√nδ,kdiv(ϕ) + 2∇√nδ,k.ϕ⟩∣∣
4/3
dt
≤∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
‖∆√nδ,k‖L2(Ω)(2‖∇√nδ,k.ϕ‖L2(Ω)
+‖√nδ,kdiv(ϕ)‖L2(Ω))
)4/3
dt
≤∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
(‖∆√nδ,k‖L2(Ω)(2‖∇
√nδ,k‖L3(Ω)‖ϕ‖L6(Ω)
+‖√nδ,k‖L6(Ω).‖div(ϕ)‖L3(Ω)))
)4/3
dt.
Como W 1,3(Ω) → L6(Ω), temos ‖ϕ‖L6(Ω) ≤ C‖ϕ‖W 1,3(Ω) e ‖div ϕ‖L3(Ω) ≤C‖ϕ‖W 1,3(Ω) portanto:
∥∥∥∥nδ,k∇(∆√nδ,k
√nδ,k
)∥∥∥∥4/3
L4/3(0,Tk;(W 1,3(Ω))∗)
≤∫ Tk
0
(‖∆√nδ,k‖L2(Ω)(C‖∇
√nδ,k‖L3(Ω) + ‖√nδ,k‖L6(Ω))
)4/3dt.
Como |a+ b|q ≤ 2q(|a|q + |b|q) para todo a, b ∈ IR e q > 0 inteiro,
62
∥∥∥∥nδ,k∇(∆√nδ,k
√nδ,k
)∥∥∥∥4/3
L4/3(0,Tk;(W 1,3(Ω))∗)
≤ C‖∆√nδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)).‖∇√nδ,k‖L4(0,Tk;L3(Ω))
+C‖∆√nδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)).‖√nδ,k‖L4(0,Tk;L6(Ω))
≤ C.
Como Hs(Ω) → W 1,3(Ω) tem-se que L4/3(0, T k; (W 1,3(Ω))∗) →L4/3(0, T k; (Hs(Ω))∗), logo
∥∥∥∥nδ,k∇(∆√nδ,k
√nδ,k
)∥∥∥∥L4/3(0,Tk;((Hs(Ω))∗)
≤ C.
3. Agora,
‖∇(nγδ,k)‖L4/3(0,Tk;(W 1,4(Ω))∗)
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,4(Ω)‖ϕ‖
W1,4(Ω)=1
∣∣⟨∇(nγδ,k), ϕ⟩∣∣
4/3
dt
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,4(Ω)‖ϕ‖
W1,4(Ω)=1
∣∣⟨nγδ,k, div(ϕ)⟩∣∣
4/3
dt
≤∫ Tk
0
supϕ∈W1,4(Ω)‖ϕ‖
W1,4(Ω)=1
(‖nγδ,k‖L4/3(Ω).‖divϕ‖L4(Ω))
4/3
dt
≤ C
∫ Tk
0
supϕ∈W1,4(Ω)‖ϕ‖
W1,4(Ω)=1
(‖nγδ,k‖L4/3(Ω).‖ϕ‖W 1,4(Ω))
4/3
dt
= C
∫ Tk
0
‖nγδ,k‖4/3
L4/3(Ω)dt
= C
∫ Tk
0
[(∫Ω
|nγδ,k|4/3 dx
)3/4]4/3
dt
= C
∫ Tk
0
[(∫Ω
|nδ,k|4γ/3 dx)3/(4γ)
]4γ/3
dt
= C
∫ Tk
0
(‖nδ,k‖L4γ/3(Ω)
)4γ/3dt
= C‖nδ,k‖4γ/3
L4γ/3(0,Tk;L4γ/3(Ω)).
63
Temos por (3.34) e pelo Proposicao 1.3.18, que:
nδ,k ∈ L4γ/3+1(0, T k;L4γ/3+1(Ω)) → L4γ/3(0, T k;L4γ/3(Ω)),
e, entao,
‖∇(nγδ,k)‖L4/3(0,Tk;(W 1,4(Ω))∗) ≤ C‖nδ,k‖L4γ/3(0,Tk;L4γ/3(Ω))
≤ C‖nδ,k‖L4γ/3(0,Tk;L4γ/3(Ω))
≤ C.
Como
L4/3(0, T k; (W 1,4(Ω))∗) → L4/3(0, T ; (Hs(Ω))∗)
isto implica que,
‖∇(nγδ,k)‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
4. Temos que,
‖∆(nδ,kwδ,k)‖L4/3(0,Tk;(W 1,3(Ω))∗)
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
|〈∆(nδ,kwδ,k), ϕ〉|
4/3
dt
3/4
=
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
|〈∇(nδ,kwδ,k),∇ϕ〉|
4/3
dt
3/4
≤
∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
(‖∇(nδ,kwδ,k)‖L3/2(Ω).‖∇ϕ‖L3(Ω))
4/3
dt
3/4
≤
C∫ Tk
0
supϕ∈W1,3(Ω)‖ϕ‖
W1,3(Ω)=1
(‖∇(nδ,kwδ,k)‖L3/2(Ω).‖ϕ‖W 1,3(Ω))
4/3
dt
3/4
= ‖∇(nδ,kwδ,k)‖L4/3(0,Tk;L3/2(Ω))
≤ C (por (3.32) .)
Como
L4/3(0, T k; (W 1,3(Ω))∗) → L4/3(0, T k; (Hs(Ω))∗)
temos que
‖∆(nδ,kwδ,k)‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
64
5. Temos que,
δ‖∆wδ,k‖L2(0,Tk;(H1(Ω))∗)
= δ
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
|〈∆wδ,k, ϕ〉|
2
dt
1/2
= δ
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
|〈∇wδ,k,∇ϕ〉|
2
dt
1/2
≤ δ
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
(‖∇wδ,k‖L2(Ω).‖∇ϕ‖L2(Ω))
2
dt
1/2
=√δ(√
δ‖∇wδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω))
)≤√δC ≤ C (por (3.28).)
Como
L2(0, T k; (H1(Ω))∗) → L4/3(0, T k; (Hs(Ω))∗),
temos que
‖δ∆wδ,k‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
6. Temos que,
‖nkf‖L2(0,Tk;L2(Ω)) ≤ ‖nδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)).‖f‖L∞(0,Tk;L∞(Ω))
≤ C,
e como Hs(Ω) → L2(Ω) segue que,
L2(0, T k;L2(Ω)) → L4/3(0, T k; (Hs(Ω))∗),
e portanto,
‖nkf‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
Pelos resultados obtidos em (1)-(6), concluımos que
‖(nδ,kwδ,k)t‖L4/3(0,Tk;(Hs(Ω))∗) ≤ C.
Lema 3.3.6 Nas condicoes do Lema 3.3.2, existe uma constante C > 0, independente de
k, δ, e t, tal que: ∥∥(√nδ,k)t
∥∥L2(0,Tk;(H1(Ω))∗)
≤ C. (3.38)
65
Demonstracao: Considere a equacao (3.3),
(nδ,k)t + div(nδ,kwδ,k) = ν∆nδ,k.
Dividindo a equacao acima por√nδ,k temos
(nδ,k)t√(nδ,k)
= −div(nδ,kwδ,k)√nδ,k
+ν∆nδ,k√nδ,k
e tambem,(nδ,k)t√
(nδ,k)=
(√nδ,k.√nδ,k)t
√nδ,k
=2√nδ,k(√nδ,k)t
√nδ,k
= 2(√nδ,k)t.
Alem disso, temos que
div(nδ,kwδ,k)√nδ,k
=nδ,kdiv(wδ,k) +∇nδ,k.wδ,k√
nδ,k
=√nδ,kdiv(wδ,k) +
∇nδ,k√nδ,k
.wδ,k
=√nδ,kdiv(wδ,k) +
∇(√nδ,k√nδ,k)
√nδ,k
.wδ,k
=√nδ,kdiv(wδ,k) +
2√nδ,k∇
√nδ,k
√nδ,k
.wδ,k
=√nδ,kdiv(wδ,k) + 2∇√nδ,k.wδ,k.
Tambem,
∆nδ,k√nδ,k
=div(∇nδ,k)√
nδ,k
=2√nδ,k
div(√nδ,k∇
√nδ,k)
=2√nδ,k
(√nδ,kdiv(∇√nδ,k) +∇√nδ,k.∇
√nδ,k)
= 2∆√nδ,k + 2
∇√nδ,k.∇√nδ,k
√nδ,k
= 2∆√nδ,k + 2
∇( 4√nδ,k 4√nδ,k).∇( 4
√nδ,k 4√nδ,k)
4√nδ,k 4√nδ,k
= 2∆√nδ,k + 2
(2 4√nδ,k∇ 4
√nδ,k.2 4
√nδ,k∇ 4
√nδ,k
4√nδ,k 4√nδ,k
)= 2∆
√nδ,k + 8∇ 4
√nδ,k.∇ 4
√nδ,k
= 2∆√nδ,k + 8|∇ 4
√nδ,k|2.
Assim, encontramos a seguinte identidade
(√nδ,k)t = −∇√nδ,k.wδ,k −
1
2
√nδ,kdiv(wδ,k) + ν(∆
√nδ,k + 4|∇ 4
√nδ,k|2).
66
Somando e subtraindo√nδ,kdiv(wδ,k), temos:
(√nδ,k)t = −div(
√nδ,kwδ,k) +
1
2
√nδ,kdiv(wδ,k) + ν(∆
√nδ,k + 4|∇ 4
√nδ,k|2). (3.39)
Entao,
‖div(√nδ,kwδ,k)‖L2(0,Tk;(H1(Ω))∗)
=
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
∣∣⟨div(√nδ,kwδ,k), ϕ
⟩∣∣
2
dt
1/2
=
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
∣∣⟨√nδ,kwδ,k,∇ϕ⟩∣∣
2
dt
1/2
≤
∫ Tk
0
supϕ∈H1(Ω)‖ϕ‖
H1(Ω)=1
(‖√nδ,kwδ,k‖L2(Ω).‖∇ϕ‖L2(Ω))
2
dt
1/2
= ‖√nδ,kwδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω))
≤ C‖√nδ,kwδ,k‖L∞(0,Tk;L2(Ω))
≤ C por (3.27).
Tem-se, por (3.31), que
‖∆√nδ,k‖L2(0,Tk;L2(Ω)) ≤ C e ‖∇ 4√nδ,k‖L4(0,Tk;L4(Ω)) ≤ C.
Usando a Proposicao 1.3.12 tem-se que
L2(0, T k;H2(Ω)) → L2(0, T k; (H1(Ω))∗)
L4(0, T k;L4(Ω)) → L2(0, T k; (H1(Ω))∗)
L2(0, T k;L2(Ω)) → L2(0, T k; (H1(Ω))∗).
Aplicando as limitacoes uniformes acima em (3.39) concluımos que,
∥∥(√nδ,k)t
∥∥L2(0,Tk;(H1(Ω))∗)
≤ C.
Como as estimativas independe de k, δ e de t, segue da Proposicao 1.3.19 que para
todo k ∈ N, wδ,k(t) existe um intervalo [0, T ], com T > 0, onde wδ,k(t) esta definido.
3.4 Passagem ao Limite (k → +∞)
Lema 3.4.1 Todas as limitacoes uniformes obtidas na secao anterior implicam as se-
guintes convergencias (passando a subsequencia, se necessario):
nδ,k −→ nδ em L2(0, T ;L∞(Ω)), (3.40)
67
√nδ,k
√nδ em L2(0, T ;H2(Ω)), (3.41)
√nδ,k −→
√nδ em L2(0, T ;H1(Ω)), (3.42)
wδ,k wδ em L2(0, T ;H1(Ω)), (3.43)
nδ,kwδ,k −→ nδwδ em L2(0, T ;L2(Ω)), (3.44)
nγδ,k nγδ em L4/3(0, T ;L4/3). (3.45)
Demonstracao:
(i) Usando os resultados de regularidade (3.33) e (3.35), vemos que nδ,k ∈ L2(0, T ;W 2,r(Ω))∩φ : ∂φ
∂t∈ L2(0, T ;L3/2(Ω))
com r > 3/2, tem-se que
W 2,p(Ω)c→ L∞(Ω) → L3/2(Ω).
Alem disso, pelo Lema de Aubin-Lions 1.3.8, temos que
L2(0, T ;W 2,r(Ω)) ∩φ :
∂φ
∂t∈ L2(0, T ;L3/2(Ω))
c→ L2(0, T ;L∞(Ω))
e assim, concluımos que existe uma subsequencia de (nδ,k), ainda denotada por (nδ,k)
tal que;
nδ,k −→ nδ em L2(0, T ;L∞(Ω)).
(ii) Considere o resultado de regularidade (3.31). Temos, pela Proposicao 1.3.4, que
existe uma subsequencia de (√nδ,k), ainda denotada por (
√nδ,k) tal que
√nδ,k
√nδ em L2(0, T ;H2(Ω)).
(iii) Considere as seguintes resultados de regularidades (3.31) e (3.38), portanto√nδ,k ∈ L2(0, T ;H2(Ω)) ∩
φ : ∂φ
∂t∈ L2(0, T ;H−1(Ω))
. Uma vez que,
H2(Ω)c→ H1(Ω) → H−1(Ω),
pelo Lema de Aubin-Lions 1.3.8, temos que
L2(0, T ;H2(Ω)) ∩φ :
∂φ
∂t∈ L2(0, T ;H−1(Ω))
c→ L2(0, T ;H1(Ω));
e portanto, existe uma subsequencia de (√nδ,k), ainda denotada por (
√nδ,k), tal que
√nδ,k −→
√nδ em L2(0, T ;H1(Ω)).
(iv) Considere o resultado de regularidade (3.28). Temos pela Proposicao 1.3.4 que existe
uma subsequencia de (wδ,k), ainda denotada por (wδ,k) tal que
wδ,k wδ em L2(0, T ;H1(Ω)).
68
(v) Os resultados de regularidades (3.32) e (3.36), mostram que
nδ,kwδ,k ∈ L2(0, T ;W 1,3/2(Ω)) ∩φ : ∂φ
∂t∈ L2(0, T ; (Hs(Ω))∗)
com s > d/2 + 1.
Temos tambem que
W 1,3/2 c→ L2(Ω) → (Hs(Ω))∗,
e, pelo Lema de Aubin-Lions 1.3.8, tem-se que
L2(0, T ;W 1,3/2(Ω)) ∩φ :
∂φ
∂t∈ L2(0, T ; (Hs(Ω))∗)
c→ L2(0, T ;L2(Ω));
Logo, existe uma subsequencia de (nδ,kwδ,k), ainda denotada por (nδ,kwδ,k) tal que
nδ,k −→ g em L2(0, T ;L2(Ω)).
Atraves das convergencias (3.40) e (3.43), tem-se que
nδ,kwδ,k nδwδ em L1(0, T ;L6(Ω)).
Como nδ,kwδ,k −→ g em L2(0, T ;L2(Ω)), passando a uma subsequencia (se ne-
cessario) e usando a unicidade do limite fraco, concluımos que g = nw, logo,
nδ,kwδ,k −→ nδwδ em L2(0, T ;L2(Ω)).
(vi) Observamos que
‖nγδ,k‖L4/3(0,T ;L4/3(Ω)) =
∫ T
0
[(∫Ω
|nγδ,k|4/3dx
)3/4]4/3
dt
3/4
=
∫ T
0
[(∫Ω
|nδ,k|4γ/3 dx)3/(4γ)
]4γ/3
dt
(3/(4γ)).γ
= ‖nδ,k‖γL4γ/3(0,T ;L4γ/3(Ω))
e como
L4γ/3+1(0, T ;L4γ/3+1(Ω)) → L4γ/3(0, T ;L4γ/3(Ω)),
obtemos
‖nγδ,k‖L4/3(0,T ;L4/3(Ω)) = ‖nδ,k‖γL4γ/3(0,T ;L4γ/3(Ω))
≤ C‖nδ,k‖γL4γ/3+1(0,T ;L4γ/3+1(Ω))
≤ C por (3.34).
Observe que L4/3(0, T ;L4/3(Ω)) e um espaco de Banach reflexivo, portanto existe
uma subsequencia de (nγδ,k), ainda denotada por (nγδ,k) tal que;
nγδ,k h em L4/3(0, T ;L4/3(Ω)).
69
Como,
nδ,k −→ nδ em L2(0, T ;Lq(Ω)) (1 ≤ q ≤ ∞),
portanto, pelo Lema 1.3.5, existe uma subsequencia de (nδ,k), ainda denotada por
(nδ,k) tal que
nδ,k −→ nδ q.t.p em Ω× [0, T ]
isso implica que,
nγδ,k −→ nγδ q.t.p em Ω× [0, T ].
Passando a uma subsequencia, se necessario, e pela unicidade da convergencia fraca,
concluimos que h = nγδ , logo
nγδ,k nγδ em L4/3(0, T ;L4/3(Ω)).
Sejam j ∈ N tal que k > j e considere θ ∈ D(0, T ). Multiplicando (3.4) por θ(t),
integrando em [0, T ], e fazendo integracao por partes em t de forma conveniente, obtemos
−∫ T
0
(nδ,kwδ,k,vj)θt(t)dt−∫ T
0
(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k,∇vj)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ,k, div vj)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vj)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ,k∆
√nδ,k, div vj)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδ,kf ,vj)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδ,kwδ,k),∇vj)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,k,∇vj)θ(t)dt
+δ
∫ T
0
(wδ,k,vj)θ(t)dt ∀ vj ∈ Vk (com j fixo). (3.46)
Passando o limite em (3.46) quando k →∞, segue que
(i)
∫ T
0
((nδ,kwδ,k)t,vj)θ(t)dt −→∫ T
0
((nδwδ)t,vj)θ(t)dt.
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
nδ,kwδ,k · vj(x)θt(t)dxdt−∫ T
0
∫Ω
nδwδ · vj(x)θt(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,kwδ,k − nδwδ)vj(x)θt(t)dxdt
∣∣∣∣≤ ‖nδ,kwδ,k − nδwδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖vjθt‖L2(0,T ;L2(Ω))
≤ C‖nδ,kwδ,k − nδwδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por (3.44)).
(ii)
∫ T
0
(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k,∇vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇vj)θ(t)dt.
70
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k : ∇vj(x)θ(t))− (nδwδ ⊗wδ : ∇vj(x)θ(t))dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,kwδ,k ⊗wδ,k − nδwδ ⊗wδ) : ∇vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,kwδ,k − nδwδ)⊗wδ,k : ∇vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣+
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
nδθ(t)∇vj(x) : wδ ⊗ (wδ,k −wδ)dxdt
∣∣∣∣Por (3.32), temos que nδwδ.∇vjθ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)), portanto, o segundo termo da
desigualdade acima converge a zero quando k →∞.
Para o primeiro termo temos:∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,kwδ,k − nδwδ)⊗wδ,k : ∇vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤ ‖nδ,kwδ,k − nδwδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖wδ,k‖L2(0,T ;L6(Ω)).‖∇vjθ‖L∞(0,T ;L(Ω))
≤ C‖nδ,kwδ,k − nδwδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por 3.44).
(iii)
∫ T
0
(nγδ,k, div vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(nγδ , div vj)θ(t)dt.
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
nγδ,kdiv(vj(x))θ(t)dxdt−∫ T
0
∫Ω
nγδdiv(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nγδ,k − nγδ )div(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣Temos que div(vj)θ ∈ L4(0, T ;L4(Ω)). Como [L4(0, T ;L4(Ω))]
∗= L4/3(0, T ;L4/3(Ω)),
com a convergencia fraca (3.45) o termo a direita da igualdade acima converge a
zero quando k →∞.
(iv)
∫ T
0
(∆√nδ,k∇
√nδ,k,vj)θ(t)dt −→
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,vj)θ(t)dt.
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
∆√nδ,k∇
√nδ,kvj(x)θ(t)dxdt−
∫ T
0
∫Ω
∆√nδ∇√nδvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∆√nδ,k∇
√nδ,k −∆
√nδ∇√nδ)vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∆
√nδ,kvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣
71
+
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∆√nδ,k −∆
√nδ)∇
√nδvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣ ;Por (3.25) temos que ∇√nδvjθ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)), portanto o segundo termo da
desigualdade acima converge a zero, devido a convergencia (3.41).
Para o primeiro termo, temos∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∆
√nδ,kvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤ ‖∇√nδ,k −∇
√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖∆
√nδ,k‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖vjθ‖L∞(0,T ;L∞(Ω))
≤ C‖∇√nδ,k −∇√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por (3.42)).
(v)
∫ T
0
(√nδ,k∆
√nδ,k, div vj)θ(t)dt −→
∫ T
0
(√nδ,k∆
√nδ,k, div vj)θ(t)dt.
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
√nδ,k∆
√nδ,kdiv(vj(x))θ(t)dxdt−
∫ T
0
∫Ω
√nδ∆√nδdiv(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k∆
√nδ,k −
√nδ∆√nδ)div(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k −
√nδ)∆
√nδ,kdiv(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣+
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∆√nδ,k −∆
√nδ)√nδdiv(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣Por (3.25), temos que
√nδdiv(vj)θ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)). Portanto, o segundo termo
da desigualdade acima converge a zero, devido a convergencia (3.41).
Para o primeiro termo, temos∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k −
√nδ)∆
√nδ,kdiv(vj(x))θ(t)dxdt
∣∣∣∣≤ ‖√nδ,k −
√nδ‖L2(0,T ;L∞(Ω)).‖∆
√nδ,k‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖div(vj)θ‖L∞(0,T ;L2(Ω))
≤ C‖√nδ,k −√nδ‖L2(0,T ;L∞(Ω)) −→ 0 (por (3.40)).
(vi)
∫ T
0
(nδ,kf ,vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(nδf ,vj)θ(t)dt.
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
nδ,kfvj(x)θ(t)dxdt−∫ T
0
∫Ω
nδfvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(nδ,k − nδ)fvj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣
72
≤ ‖nδ,k − nδ‖L2(0,T ;L∞(Ω)).‖f‖L∞(0,T ;L∞(Ω))‖vjθ‖L2(0,T ;L1(Ω))
≤ C‖nδ,k − nδ‖L2(0,T :L∞(Ω)) −→ 0 (por (3.40)).
(vii)
∫ T
0
(∇(nδ,kwδ,k),∇vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(∇(nδwδ),∇vj)θ(t)dt.
Pela regularidade (3.32), temos que existe uma subsequencia de (nδ,kwδ,k), ainda
denotada por (nδ,kwδ,k), tal que
nδ,kwδ,k nδwδ em L2(0, T ;W 1,3/2(Ω))
e, em particular,
∇(nδ,kwδ,k) ∇(nδwδ) em L2(0, T ;L3/2(Ω)).
Observe que ∇vjθ ∈ L2(0, T ;L3(Ω)). Assim, obtemos que∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
∇(nδ,kwδ,k) : vj(x)θ(t)dxdt−∫ T
0
∫Ω
∇(nδwδ) : vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣=
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇(nδ,kwδ,k)−∇(nδwδ)) : vj(x)θ(t)dxdt
∣∣∣∣ −→ 0.
(viii)
∫ T
0
(∇wδ,k,∇vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(∇wδ,∇vj)θ(t)dt.
A demonstracao segue de imediato da convergencia (3.43).
(ix)
∫ T
0
(wδ,k,vj)θ(t)dt −→∫ T
0
(wδ,k,vj)θ(t)dt.
A demonstracao segue de imediato da convergencia (3.43).
Asim, obtemos
−∫ T
0
(nδwδ,vj)θt(t)dt−∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇vj)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ , div vj)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,vj)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ∆√nδ, div vj)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδf ,vj)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδwδ),∇vj)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,∇vj)θ(t)dt
+δ
∫ T
0
(wδ,vj)θ(t)dt ∀ vj ∈ Vk ∀ θ ∈ D(0, T ). (3.47)
Sabe-se que o conjunto das combinacoes lineares (finitas) dos vj ∈ Vk e denso em
H1(Ω), e da arbitraridade de θ, e da densidade de D(0, T ) em H10 (0, T ), decorre que
−∫ T
0
(nδwδ,v)θt(t)dt−∫ T
0
(nδwδ ⊗wδ,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγδ , div v)θ(t)dt
73
+4ε20
∫ T
0
(∆√nδ∇√nδ,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√nδ∆√nδ, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nδf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nδwδ),∇v)θ(t)dt+ δ
∫ T
0
(∇wδ,∇v)θ(t)dt
+δ
∫ T
0
(wδ,v)θ(t)dt ∀ v ∈ H1(Ω) e ∀ θ ∈ H10 (0, T ). (3.48)
Em seguida, considere a equacao (3.3). Multiplicando tal equacao por φ ∈ D(0, T ;D(Ω)),
integrando sobre Ω× [0, T ], obtemos∫ T
0
∫Ω
(nδ,k)tφ dxdt+
∫ T
0
∫Ω
div(nδ,kwδ,k)φ dxdt = ν
∫ T
0
∫Ω
∆nδ,kφ dxdt.
Vamos mostrar em seguida que, passando o limite termo a termo ( k →∞), na igualdade
acima, obtemos∫ T
0
∫Ω
(nδ)tφ dxdt+
∫ T
0
∫Ω
div(nδwδ)φ dxdt = ν
∫ T
0
∫Ω
∆nδφ dxdt.
De fato,
(i) Por (3.35), temos que existe uma subsequencia de ((nδ,k)t), ainda denotada por
((nδ,k)t), tal que
(nδ,k)t (nδ)t em L2(0, T ;L3/2(Ω)),
e, portanto,∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
((nδ,k)t − (nδ)t)φdxdt
∣∣∣∣ −→ 0 ∀φ ∈ D(0, T ;D(Ω)) → L2(0, T ;L3/2(Ω)).
(ii) Por (3.32), temos que existe uma subsequencia de (nδ,kwδ,k), ainda denotada por
(nδ,kwδ,k), tal que
∇(nδ,kwδ,k) ∇(nδwδ) em L2(0, T ;L3/2(Ω)),
o qual, em particular, implica que
div(nδ,kwδ,k) div(nδwδ) em L2(0, T ;L3/2(Ω))
e, portanto, ∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(div(nδ,kwδ,k)− div(nδwδ))φdxdt
∣∣∣∣ −→ 0
∀φ ∈ D(0, T ;D(Ω)) → L2(0, T ;L3/2(Ω)).
(iii) Como
∆nδ,k = 2√nδ,k∆
√nδ,k + 2∇√nδ,k.∇
√nδ,k,
74
entao, ∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
∆nδ,kφ dxdt−∫ T
0
∫Ω
∆nδφ dxdt
∣∣∣∣≤ 2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
√nδ,k∆
√nδ,kφ dxdt−
∫ T
0
∫Ω
√nδ∆√nδφ dxdt
∣∣∣∣+2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
∇√nδ,k.∇√nδ,kφ dxdt−
∫ T
0
∫Ω
∇√nδ.∇
√nδφ dxdt
∣∣∣∣= 2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k∆
√nδ,k −
√nδ∆√nδ,k +
√nδ∆√nδ,k −
√nδ∆√nδ)φ dxdt
∣∣∣∣+2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k.∇√nδ,k −∇
√nδ,k.∇
√nδ
+∇√nδ,k.∇√nδ −∇
√nδ.∇
√nδ)φ dxdt
∣∣∣∣∣≤ 2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k −
√nδ)∆
√nδ,kφ dxdt
∣∣∣∣+2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∆√nδ,k −∆
√nδ)√nδφ dxdt
∣∣∣∣+2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∇
√nδ,kφ dxdt
∣∣∣∣+
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∇
√nδφ dxdt
∣∣∣∣ .Efetuando a passagem ao limite em cada termo a direita da desigualdade acima,
obtemos
2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(√nδ,k −
√nδ)∆
√nδ,kφ dxdt
∣∣∣∣≤ 2C‖√nδ,k −
√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖∆
√nδ,k‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖φ‖L∞(0,T ;L∞(Ω))
≤ C‖√nδ,k −√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por (3.42)).
Alem disso, como√nδφ ∈ L2(0, T ;L2(Ω)), pela convergencia (3.41) tem-se que
∆√nδ,k ∆
√nδ em L2(0, T ;L2(Ω))
e, portanto,
2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∆√nδ,k −∆
√n)√nδφ dxdt
∣∣∣∣ −→ 0.
Em seguida, fazemos
2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∇
√nδ,kφ dxdt
∣∣∣∣≤ 2C‖∇√nδ,k −∇
√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖∇
√nδ,k‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖φ‖L∞(0,T ;L∞(Ω))
75
≤ C‖∇√nδ,k −∇√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por (3.42)).
E, finalmente,
2
∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
(∇√nδ,k −∇√nδ)∇
√nδφ dxdt
∣∣∣∣≤ 2C‖∇√nδ,k −∇
√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖∇
√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)).‖φ‖L∞(0,T ;L∞(Ω))
≤ C‖∇√nδ,k −∇√nδ‖L2(0,T ;L2(Ω)) −→ 0 (por (3.42)).
Concluımos entao, que∣∣∣∣∫ T
0
∫Ω
∆nδ,kφ dxdt−∫ T
0
∫Ω
∆nδφ dxdt
∣∣∣∣ −→ 0, ∀φ ∈ D(0, T ;D(Ω)).
Usando a Proposicao de Du Bois Raymond 1.3.7, concluımos que:
(nδ)t + div(nδwδ) = ν∆nδ q.t.p. em [0, T ]× Ω. (3.49)
Como nδ,k(·, 0) = n0 e (nδ,kwδ)(·, 0) = n0w0, para todo k, conclui-se que nδ(·, 0) = n0
e (nδwδ)(·, 0) = n0w0 q.t.p. em Ω (para cada δ fixo).
Capıtulo 4
Existencia Global de Solucao Fraca
do Problema de Euler Quantico
Teorema 4.0.1 (Existencia Global de Solucao Fraca) . Sejam w0 ∈ H2(Ω), n0 ∈H3(Ω), com Ω = Td, o toro d-dimencional (d ≤ 3) onde a medida de Ω e finita, 0 < α ≤n0 ≤ β, f ∈ L∞(0, T ;L∞(Ω)), p(n) = nγ onde γ > 3 se d = 3 e γ > 1 se d < 3, ε > ν.
Entao, para todo T > 0, existe um par de funcoes (n,w) tal que
√n ∈ L∞(0, T ;H1(Ω)) ∩ L2(0, T ;H2(Ω)) e 4
√n ∈ L4(0, T ;W 1,4(Ω)),
(√n)t ∈ L2(0, T ;H−1(Ω)) e (n)t ∈ L2(0, T ;L3/2(Ω)),
n ∈ L2(0, T ;W 2,2γ/(γ+1)(Ω)) ∩ L∞(0, T ;Lγ(Ω)) ∩ L4γ/3+1(0, T ;L3γ/3+1(Ω)),
nw ∈ L2(0, T ;W 1,3/2(Ω)) e√n∇w ∈ L2(0, T ;L2(Ω))
√nw ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)) e (nw)t ∈ L4/3(0, T ;H−s(Ω)) onde s >
d
2+ 1,
o qual, e Solucao Fraca do Problema de Euler Quantico, ou seja, para todo v ∈ H1(Ω), o
par de funcoes (n,w) e solucao de
(n)t + div(nw) = ν∆n q.t.p. em Ω× [0, T ]
−∫ T
0
(nw,v)θt(t)dt−∫ T
0
(nw ⊗w,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγ, div v)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√n∇√n,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√n∆√n, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nw),∇v)θ(t)dt ∀ θ ∈ H10 (0, T ).
n(., 0) = n0, (nw)(., 0) = n0w0, q.t.p. em Ω.
Demonstracao:
A principal ideia para a demonstracao e passar o limite em δ −→ 0 na formulacao
fraca (3.47). Tal procedimento nos permitira concluir que a solucao do Problema de Euler
Quantico Penalizado converge, quando δ → 0, para uma solucao do problema original.
76
77
Como todas as estimativas a Priori encontradas no Capıtulo anterior sao idependentes
de δ, tem-se que o Lema 3.4.1 e valido para δ → 0.
Estamos considerando δ arbitrario tal que 0 < δ ≤ 1, desta forma tome δ = 1/l.
Com isto quando fizermos δ → 0 significa que estamos passando o limite l → ∞ na
sequencia(
1l
)l∈IN . Desta forma, precisamos passar o limite apenas nos ultimos dois termos
na equacao (3.47).
(i) δ
∫ T
0
(∇wδ,∇vj)θ(t)dt −→ 0.
∣∣∣∣δ ∫ T
0
(∇wδ,∇vj)θ(t)dt
∣∣∣∣≤√δ(√
δ‖∇wδ‖L2(0,T ;L2(Ω))
).‖∇vjθ‖L2(0,T ;L2(Ω))
≤√δC −→ 0, quando δ −→ 0.
(ii) δ
∫ T
0
(wδ,vj)θ(t)dt −→ 0.
∣∣∣∣δ ∫ T
0
(wδ,vj)θ(t)dt
∣∣∣∣≤√δ(√
δ‖wδ‖L2(0,T ;L2(Ω))
).‖vjθ‖L2(0,T ;L2(Ω))
≤√δC −→ 0, quando δ −→ 0.
Portanto, quando δ → 0, obtemos∫ T
0
((nw)t,v)θ(t)dt−∫ T
0
(nw ⊗w,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγ, div v)θ(t)dt
+4ε20
∫ T
0
(∆√n∇√n,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√n∆√n, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nf ,v)θ(t)dt = −ν∫ T
0
(∇(nw),∇v)θ(t)dt, ∀ v ∈ H1(Ω) e ∀ θ ∈ H10 (0, T ).
Para a equacao (3.49), a demonstracao e totalmente analoga aquela feita no Capıtulo
anterior, portanto, quando δ → 0 na equacao (3.49), obtemos:
nt + div(nw) = ν∆n q.t.p. em [0, T ]× Ω.
n(·, 0) = n0, (nw)(·, 0) = n0w0 q.t.p. em Ω.
78
4.1 Existencia Global de Solucao Fraca do Problema
de Navier-Stokes Quantico
Corolario 4.1.1 (Existencia Global de Solucao Fraca) . Sejam u0 ∈ H2(Ω), n0 ∈H3(Ω), com Ω = Td, o toro d-dimencional (d ≤ 3) onde a medida de Ω e finita, 0 < α ≤n0 ≤ β, f ∈ L∞(0, T ;L∞(Ω)), p(n) = nγ, onde γ > 3 se d = 3 e γ > 1 se d < 3, ε > ν.
Entao, para todo T > 0, existe um par de funcoes (n,u) tal que
√n ∈ L∞(0, T ;H1(Ω)) ∩ L2(0, T ;H2(Ω)) e 4
√n ∈ L4(0, T ;W 1,4(Ω)),
(√n)t ∈ L2(0, T ;H−1(Ω)) e (n)t ∈ L2(0, T ;L3/2(Ω)),
n ∈ L2(0, T ;W 2,2γ/(γ+1)(Ω)) ∩ L∞(0, T ;Lγ(Ω)) ∩ L4γ/3+1(0, T ;L3γ/3+1(Ω)),√nu ∈ L∞(0, T ;L2(Ω)), nu ∈ L2(0, T ;W 1,3/2(Ω)) e
√n∇u ∈ L2(0, T ;L2(Ω)),
e (n,u) e Solucao Fraca do Problema de Navier-Stokes Quantico, ou seja, para todo
v ∈ H1(Ω), o par de funcoes (n,u) e solucao de;
(n)t + div(nu) = 0 q.t.p. em Ω× [0, T ]
−∫ T
0
(nu,v)θt(t)dt−∫ T
0
(nu⊗ u,∇v)θ(t)dt−∫ T
0
(nγ, div v)θ(t)dt
+4ε2
∫ T
0
(∆√n∇√n,v)θ(t)dt+ 2ε2
0
∫ T
0
(√n∆√n, div v)θ(t)dt
−∫ T
0
(nf ,v)θ(t)dt = −ν((nD(u),∇ v)θ(t)dt, ∀θ ∈ H10 (0, T ).
n(., 0) = n0, (nu)(., 0) = n0u0 q.t.p. em Ω.
Demonstracao:
Considerando a equacao da Velocidade Efetiva aproximada
uk = wk − ν∇ log nk,
podemos obter as seguintes identidades:
nkuk = nkwk − ν∇nk√nkuk =
√nkwk − 2ν∇
√nk
√nk∇uk =
√nk∇wk − ν
√nk∇ (∇ log nk)
assim temos todas as regularidades. Pelo Capıtulo 2 basta substituir w = u + ν∇log nno Teorema 4.0.1.
Bibliografia
[1] A. Jungel, Global weak solutions to compressible Navier-Stokes equations for quantum
fluids, SIAM J. Math. Anal. 42, 2010, 1025-1045.
[2] A. Jungel, D. Mathes, The Derrida-Lebowitz-Speer-Spohn equation: Existence, no-
nuniqueness, and decay rates of the solutions, SIAM J. Math. Anal., 39, 2008, pp.
1996-2015.
[3] A. Lunardi, Analytic Semigroups and Optimal Regularity in Parabolic Problems,
Birkhauser, Basel, 1995.
[4] A. Novotny, I. StrasKraba, Introduction to the Mathematical Theory of Compressible
Flow, Oxford University Press 2004.
[5] B.J. Mokross, Nao-Localidade na Mecanica Quantica, Rev. Brasileira de Ens. de
Fısica, vol. 19, no 1, marco, 1997.
[6] Brezis, H., Functional Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations,
Springer, 2010.
[7] Cavalcante, M. M., Cavalcante, V. N. D., Introducao a Teoria das Distribuicoes e aos
Espacos de Sobolev, Maringa: Universidade Estadual de Maringa. Notas. Maringa,
2009.
[8] D. Bohm, A Suggested Interpretation of the Quantun Theory in Terms of “Hid-
den”Variables. I, Phys. Rev. 85, 166, 1952.
[9] D. Bohm, A Suggested Interpretation of the Quantun Theory in Terms of “Hid-
den”Variables. II, Phys. Rev. 85, 180, 1952.
[10] D. Bohm, Totalidade e a Ordem Implicada, Madras, 2008.
[11] D. Ferry and J.-R. Zhou, Form of the quantum potential for use in hydrodynamic
equations of semiconductor device modeling, Phys. Rev. B, 48, 1993, pp. 7944-7950.
[12] E. Coddington, N. Levinson, Theory of Ordinary Differential Equations, McGraw-
Hill, New York, 1955.
79
80
[13] E. Feireisl, Dynamics of Viscous Compressible Fluids, Oxford University Press, Ox-
ford, 2004.
[14] E. Feireisl, A. Novotny, Singular Limits in Thermodynamics of Viscous Fluids,
Birkhauser Verlag, Basel, Switzerland, 2009.
[15] E. Zeidler, Nonlinear Functional Analysis and Its Applications, Vol. II B, springer,
New York, 1990.
[16] J. Simon, Compacts sets in the space Lp(0, T ;B), Annali di Matematica Pura ed
Applicata, CXLVI, 1987, 65-96.
[17] J.L. Lions, Quelques methodes de resolution des problemes aux limites non-lineaires,
Dunod, Paris, 1969.
[18] Junior, R. R. S., Existencia e Unicidade de Solucao Fraca para uma Equacao Hi-
perbolica-Parabolica nao Linear, Dissertacao, UFBA, 2009.
[19] L. De Broglie, Waves and quanta, Nature 112, 540, 1923.
[20] Marques, M. Teoria da Medida, Campinas, Editora Unicamp, 2009.
[21] Matos, M. P., Integral de Bochner e Espacos Lp(0, T ;X), Notas de Aulas do Curso
de Verao, UFPB, Joao Pessoa, 1998.
[22] M. Loffredo and L. Morato, On the creation of quantum vortex lines in rotating, He
II. I1 Nouvo cimento, 108B, 1993, pp. 205-215.
[23] Oliveira, Cesar R., Introducao a Analise Funcional, 2 ed. Rio de Janeiro, IMPA,
2008.
[24] P.R. Holland, The Quantum Theory of Motion - An Account of the de Broglie-Bohm
Causal Interpretation of Quantum Mechanics. Cambridge University Press, 1993.
[25] R. Rautmann, On the convergence rate of nonstationary Navier-Stokes approximati-
ons, Proc. IUTAM Symp. 1979.
[26] R. Wyatt, Quantum Dynamics with Trajectores, Springer, New York, 2005.
[27] R.J. Harvey, Navier-Stokes analog of quantum mechanics, Phys. Rev. 152, 1966, 1115.
[28] Schwartz, L., Mathematics for the Physica Sciences, Dover Publications, New York,
2008.