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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Escola de Música Curso de Licenciatura em Música Vanessa da Silva Gomes Musicalização com a Flauta Doce, na Comunidade quilombola de Capoeiras Rio Grande do Norte. NATAL 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Escola de Música

Curso de Licenciatura em Música

Vanessa da Silva Gomes

Musicalização com a Flauta Doce, na Comunidade quilombola de Capoeiras Rio Grande

do Norte.

NATAL

2014

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Vanessa da Silva Gomes

Musicalização com a Flauta Doce, na Comunidade quilombola de Capoeiras Rio Grande

do Norte.

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do título de Graduado em

Música - Licenciatura a Unidade Acadêmica

Especializada em Música da Universidade em Música

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Prof. Dr. Agostinho Jorge de Lima

NATAL

2014

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Dedico esse trabalho ao Senhor e salvador da minha

vida, Jesus Cristo. Por sempre estar ao meu lado, na

felicidade e nas dificuldades, pois ele é digno de toda

honra e toda glória. Também ao meu pai Gonçalo e

mãe Ilda, irmãs Valéria e Valdirene.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço ao único e suficiente salvador da minha vida Jesus Cristo,

pois sem ele não sou nada e nada faço. A ele a honra e a glória.

Agradeço ao meu pai Gonçalo por ter me ensinado a ser um ser humano melhor, com

seu exemplo de homem honesto. À minha mãe Ilda por me ajudar em tudo que precisei.

À Valéria minha irmã e David meu primo, por ter me dado força em todos os

momentos que precisei. E a Valdirene minha irmã mais velha, obrigada por tudo.

Agradeço a todos os meus tios e tias, por sempre ter me apoiado.

Aos professores e funcionários da Escola de Música da Universidade do Rio Grande

do Norte que me ajudaram no decorrer da minha vida acadêmica e especialmente ao meu

orientador Agostinho Jorge.

Agradeço a meu amigo Edbergon por me ajudar muitas vezes quando precisei.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Foto 1 - Mapa da cidade de Macaíba.........................................................................16

Foto 2 - Rua principal para a chegada da escola Santa Luzia.......................................18

Foto 3 - Escola Municipal Santa Luzia.......................................................................22

Foto 4 - Casa da Família...........................................................................................25

Foto 5 - Partitura da música Asa Branca.....................................................................28

Foto 6 - Alunos treinando o exercício com uma nota...................................................29

Foto 7 - Cartas representando palma e silêncio............................................................30

Foto 8 - Cartas de gatos e bocas .................................................................................30

Foto 9 - Cartas com seus respectivos valores rítmicos...................................................31

Foto 10 - Gráficos de Edgar Willems...........................................................................32

Foto 11 - Desenhos pintados pelos alunos....................................................................33

Foto 12 - Partitura da música Dança do fogo................................................................34

Foto 13 - Ganzás recicláveis elaborados pelos alunos....................................................35

Foto 14 - Último do ensaio..........................................................................................36

Foto 15 - Apresentação dos alunos...............................................................................37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Estados do Brasil e o número de respectivas comunidades

quilombolas...................................................................................................14

Tabela 2 - Níveis de ensino da Escola Municipal Santa Luzia.....................23

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.................................................................................7

2- QUILOMBOS NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE......9

2.1 – História dos negros no Brasil.........................................................9

2.2 – Surgimento dos quilombos...........................................................10

2.3 – História dos negros no Rio Grande do Norte ...............................12

2.4 – Quilombos no RN..................................................................... ...13

2.5 – Abolição da escravatura...............................................................14

3 - COMUNIDADE CAPOEIRAS......................................................16

3.1 – Localização..................................................................................16

3.2 - Surgimento da comunidade..........................................................16

3.3 – Economia da Comunidade de Capoeiras.....................................17

4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................19

5 – A ESCOLA E O PROJETO............................................................21

5.1 - Escola Municipal de Música em Macaíba....................................21

5.2 – Projeto Música na Escola.............................................................21

5.3 – Escola Municipal Santa Luzia.....................................................22

6 - RELATOS DE EXPERIÊNCIA.....................................................24

6.1 – Primeiro contato com a comunidade...........................................24

6.2 – Atuação em sala de aula...............................................................25

6.3 – Dia da apresentação ....................................................................36

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................38

REFERÊNCIAS...................................................................................39

ANEXOS..............................................................................................41

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1 INTRODUÇÃO

Práticas musicais são vistas em diversos contextos sejam elas formais ou não-formais,

são contextos que trazem não apenas uma forma de fazer musical, mas traz em significados.

Portanto, essa pesquisa trará experiências vivenciadas em uma comunidade Quilombola. Para

compreendermos melhor como se da o ensino musical nessa comunidade, é preciso conhecer

um pouco das particularidades dessa comunidade, sua história e costumes. Também se faz

necessário conhecer os fazeres musicais que acontecem nela.

No início de 2014, a prefeitura de Macaíba em parceria com a Universidade Federal

do Rio Grande Norte propôs um projeto denominado Música na Escola na qual teve como

objetivo musicalizar os alunos das diversas escolas localizadas no centro e interiores de

Macaíba - RN, bem como dar oportunidades de uma formação docente aos licenciandos em

música.

Sendo assim, a partir dessa experiência de ensino, surgiu a necessidade de relatar as

vivências ocorridas durante o período deste projeto. A prática de ensino ocorreu na

comunidade Quilombola de Capoeiras localizada na zona rural de Macaíba – RN. As aulas

ocorreram em uma escola da comunidade com duas turmas de nível escolar infantil e

fundamental com faixa etária de 5 à 9 anos.

Para podermos refletir sobre o papel da música para a vida das pessoas da comunidade

de Capoeiras, trago um relato de experiência, apresentando a metodologia que apliquei em

sala.

Portanto, está pesquisa pretende apresentar a relevância do ensino de música para a

comunidade Quilombola, em específico a comunidade Quilombola de Capoeiras.

Como metodologia de pesquisa este trabalho foi desenvolvida através da pesquisa

bibliográfica, observação participante, registros fotográficos e caderno de campo. A pesquisa

bibliográfica veio enriquecer as informações e dados sobre a história dos negros, acerca dos

dados específicos e da comunidade quilombola de Capoeiras. A observação participante foi

importante para poder realizar a pesquisa e falar sobre os acontecimentos em sala de aula. Os

registros fotográficos serviram para melhor ilustração e exemplos dos relatos. E o caderno de

campo foi de suma importância para poder detalhar todos os acontecimentos da pesquisa.

Para melhor compreensão deste trabalho, o mesmo foi dividido em sete capítulos. O

primeiro capítulo sendo a introdução. O segundo capítulo fala sobre quilombos no Brasil e no

Rio Grande do Norte, tratando sobre a história do negro no Brasil e no Rio Grande do Norte,

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quando chegaram, a forma que eram tratados, apresenta as características dos quilombos e seu

significado, bem como discorre sobre a abolição da escravatura.

O terceiro capítulo, traz dados da comunidade de Capoeiras, sua localização, histórico,

economia e as ocupações profissionais dos moradores.

No quarto capítulo é tratado os referenciais teóricos, autores utilizados para a

construção deste trabalho.

Dando continuidade ao trabalho no quinto capítulo será explicado o que é o projeto

Música na Escola, bem como sua implantação na Escola Santa Luzia. Será apresentado a

estrutura física, quantidade de funcionários, outros projetos que acorrem dentro da escola, e

para compreendermos melhor a influência da música na comunidade traremos um breve

histórico da escola municipal de música de Macaíba.

No sexto capítulo apresentaremos o relato de experiência ocorrida no Projeto Música

na Escola onde serão relatas dez aulas, sendo cada uma dada uma vez por semana. Neste

relato será detalhado como foi aplicado as aulas e como resultado destas, o recital de

encerramento do semestre denominado de Sarau Musical. E por fim o sétimo capítulo será as

considerações finais.

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2 QUILOMBOS NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE

2.1 História dos negros no Brasil e a abolição

Antes dos europeus escravizarem os negros, a prática já era comum na África, depois

de acontecimentos virou uma forma de negócio global, para o enriquecimento do comércio.

Ribeiro (2014) esclarece que em diversos pontos da costa africana, os europeus encontravam

indivíduos dispostos a vender escravos. O escravo era a única forma de propriedade privada

na África, pois a terra era considerada um bem coletivo. A escassez de mão de obra

possibilitou a disseminação de escravos por todo o continente, principalmente na realização

de trabalhos agrícolas.

Quando os europeus chegaram ao Brasil, reconhecendo a terra rica para agricultura,

tentaram utilizar a mão de obra indígena, porém foi uma tentativa fracassada. Segundo Silva

(2014, p. 31) inicialmente, os europeus utilizaram mão de obra indígena para produzir açúcar,

mas esbarraram na alta taxa de mortalidade entre os nativos, decorrente de doenças trazidas

pelos próprios europeus. A solução foi decorrer ao trabalho escravo africano.

Ao longo de três séculos e meio de tráfico transatlântico de escravos, o Brasil foi um

dos países que mais escravizou negros.

A escravidão de africanos nas Américas consumiu cerca de 15 milhões ou

mais de homens e mulheres arrancados de suas terras. O tráfico de escravos

através do Atlântico foi um dos grandes empreendimentos comerciais e

culturais que marcaram a formação do mundo moderno e a criação de um

sistema econômico mundial. (REIS; GOMES, 1996, p. 9).

Segundo Price (2014) entre 1492 e 1820, africanos escravizados constituíam mais de

80% das pessoas que desembarcaram nas Américas. Diversos escravos negros viveram no

Brasil sendo explorados durante anos. O único intuito dos senhores era o lucro. Escravizando

crianças, jovens e adultos.

A sociedade colonial viu que ganharia mais lucro com os negros no trabalho escravo,

pois os africanos vinham de sociedades agricultoras. Silva (2014, p. 31) confirma que, o

tráfico de escravos africanos também beneficiava os governos europeus pela renda que gerava

com os impostos alfandegários.

Estima-se que no Brasil recebeu cerca de 45% de todos africanos trazidos como

escravos para as Américas. Na revista de História da Biblioteca Nacional (PRICE, 2014, p.

23) os navios portugueses (e brasileiros) conduziram 47% de todos os africanos escravizados

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que cruzaram o atlântico (37% deles foram transportados pelo atlântico em embarcações que

saíram do Brasil).

A travessia com os escravos era bastante perigosa, tanto para proliferação de doenças,

quanto piratas, e rebeliões de escravos no oceano.

Apinhados dentro de embarcações em condições degradantes, homens e

mulheres, adultos e crianças, padeciam durante a travessia atlântica. Havia

racionamento de comida e a água de qualidade duvidosa era limitada a

pequenas doses. O ar dos porões onde eram acomodados era nauseabundo,

uma mistura de suor com dejetos humanos. Alguns comandantes permitiam

que os escravos circulassem por alguns minutos no convés para respirar. Não

é de surpreender que no século XVIII a mortalidade nesses “tumbeiros”

girasse em torno de 14%. (RIBEIRO, 2014, p.29).

Essas pessoas eram forçadas a ir para outras terras distantes, longe de seus familiares e

origens, tratados como mercadorias, sofrendo abusos diversos tal como; morais, físico e

psicológico.

Ao se tornar escravo, o indivíduo era deslocado de sua terra e perdia os

vínculos com seu grupo de origem. Vencido numa guerra tinha sua pena

comutada: em vez de morte física, a “morte social”. Seu único laço era o

senhor e somente a ele devia fidelidade, pois passara a viver como um

estranho. (RIBEIRO, 2014, p. 27).

De acordo com as afirmações de Silva (2014) a utilização de escravos africanos não

ficou somente sobre a produção do açúcar, eles foram empregados em diversas atividades,

como o cultivo do algodão, arroz, café, índigo, tabaco, a extração de diamantes, ouro, prata, a

indústria metalúrgica, além de comércio, pecuária e serviços em gerais.

Ribeiro (2014, p.30) relata que o tráfico dos negros escravos causou um grande

sofrimento a milhões de seres humanos, levados a força de suas terras, apartados de seus

parentes e amigos. E mudando o mundo, pois esse ato da escravidão veio influenciando

aspectos políticos, econômicos e sociais tanto nas áreas agrícolas como nas urbanas. Assim

moldando sociedades miscigenadas.

2.2 Surgimento dos quilombos

No tempo da escravidão também houve resistência dos negros, muitos não aceitavam a

situação e tentavam maneiras para poder fugir da situação. Reis e Gomes (1996) relatam que

sob a ameaça do chicote, o escravo negociava espaços de autonomia com os senhores ou fazia

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corpo mole no trabalho, quebravam ferramentas, incendiavam plantações, muitos deles

agrediam senhores e feitores, rebelavam-se individual e coletivamente.

Os quilombos eram aldeias que ficavam localizados em matas fechadas e de difícil

acesso. Comumente esses locais se encontravam nos altos das montanhas e até mesmo em

grutas. Os habitantes dos quilombos conseguiam viver em comunidade e de forma livre. As

pequenas aldeias eram também chamadas mocambos, assim, tanto elas como os quilombos

duraram todo o período da escravidão no Brasil.

A fuga que levava à formação de grupos de escravos fugitivos, aos quais

frequentemente se associavam outras personagens sociais, aconteceu nas

Américas onde vicejou a escravidão. [...] No Brasil esses grupos eram

chamados principalmente quilombos e macambos e seus membros,

quilombolas, calhambolas ou macambeiros. (REIS e GOMES, 1996, p.10,

grifo do autor).

Reforçando que os quilombos eram aldeias que refugiavam os escravos que fugiam

das fazendas, prisões, casas de família e senzalas na época da escravidão. Os escravos se

refugiavam nos quilombos, pois os mesmo eram maltratados e explorados. Em todo o Brasil

existia quilombos, aonde existisse escravidão surgiam os quilombos. Através dos quilombos,

com o passar dos anos e depois da abolição dos escravos, restou as comunidades quilombolas.

Um dos quilombos mais conhecido foi o Quilombo dos Palmares, que ficava na

capitania de Pernambuco, atualmente o estado brasileiro de Alagoas na União dos Palmares.

Esse quilombo recebeu esse nome, pois um escravo chamado Zumbi foi o grande líder dessa

aldeia, de acordo com algumas pesquisas esse quilombo ocupava uma área próxima ao

tamanho de Portugal, com aproximadamente trinta mil pessoas refugiadas.

Os palmaristas encontravam-se bem protegidos. Formada por uma floresta

densa, era uma região de difícil acesso. Situados nas partes mais altas das

serras, possuíam visibilidade panorâmica da região. Vários eram os vigias e

as patrulhas dos palmaristas, que, espalhados nas matas, procuravam alertar

os habitantes dos mocambos quando qualquer aproximação das diligências

repressoras. Todos os movimento das tropas era representativo. (GOMES,

2005, p. 56).

No dia 20 de novembro de 2003 foi criado o decreto nº 4887/03, que diz que as

comunidades quilombolas, sendo grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição,

com trajetória histórica própria, dotados de relação territoriais específicas e com

ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Essas

comunidades possuem o direito de propriedade de suas terras.

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Atualmente de acordo com um levantamento da Fundação Cultural Palmares (FCP),

mapeou 3.524 comunidades quilombolas no Brasil. Há outras fontes que estimam cerca de 5

mil comunidades quilombolas. Partindo dessa perspectiva foi criada a Agenda Social

Quilombola (ASQ). Com o objetivo der articular as ações no âmbito do Governo Federal por

meio do Programa Brasil Quilombola (PBQ).

2.3 História dos negros no Rio Grande do Norte

Segundo Lima (1988) os negros africanos chegaram a terras potiguares em 1711,

vivendo em um regime de força e discriminação dos seus senhores. Porém é possível que o

Rio Grande do Norte tenha recebido escravos de Paraíba, Pernambuco ou até mesmo do

Ceará. Porém os primeiros escravos que chegaram foram para zonas canavieiras, terras férteis

propicias para o cultivo da cana-de-açúcar. Pombo (apud Lima, 1988, p.15) destaca que:

[...] as companhias que ficaram célebres no tráfico do negro para o Brasil,

como a companhia de Cacheu, Rios e Comércio de Guiné, que começou a

funcionar a partir de 19 de maio 1676 e posteriormente transferiu os seus

direitos a companhia de Estanco do Maranhão do Pará. Essa companhia teve

a exclusividade de trazer os negros para o nordeste e muitos deles para o Rio

Grande do Norte.

De acordo com Lima (1988) outra empresa responsável por trazer os escravos para o

Rio Grande do Norte foi à companhia geral de Pernambuco e Paraíba, que também entregava

os escravos no Rio de Janeiro. Entre esses lugares trouxe cerca de 25 (vinte e cinco) mil 279

(duzentos e setenta e nove) escravos adultos e 84 (oitenta e quatro) escravos menores.

Lima (1988) resalta que os negros africanos escravos chegaram ao Rio Grande do

Norte na segunda metade do século XVII. A partir do século XIX no estado do RN, a

produção do açúcar foi duplicada, sendo assim necessária a entrada de mais escravos para a

colaboração de mão de obra do cultivo. Nessa época foi quando chegaram os negros do

Maranhão em alta escala.

Falando sobre a miscigenação Lima (1988) destaca que os escravos que vinham para o

Rio Grande do Norte não eram do mesmo país ou da mesma região da África como acontecia

em outras províncias brasileiras. Porque para as outras províncias os escravos vinham

selecionados e no mercado brasileiro eram comprados em blocos.

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Por isso era comum escravos de uma mesma senzala serem de regiões diferentes assim

diversificando os dialetos e ou idiomas, dificultado a comunicação entre eles nas senzalas e a

comunicação entre os seus senhores.

A miscigenação no Rio Grande do Norte se desenvolveu com mais

intensidade no interior do que em Natal. No interior o negro se adaptou

melhor e consequentemente pode casar com pessoas de cor branca e também

com os índios. Isto, porque no interior mesmo no período da escravidão, o

negro assumiu o papel de vaqueiro, em muitas vezes respeitado e com

honrarias. (LIMA, 1988, p. 26).

Lima (1988) retrata que na época da escravidão a área urbana de Natal era restrita a

Ribeira, Cidade Alta, bairro da Solidão, atual Petrópolis, Tirol e o bairro do Alecrim, servia

de abrigo aos escravos refugiados como também era um ótimo lugar para os negros africanos

quando recebiam a carta de alforria. Nos arredores da cidade era aonde existia maior número

de senzalas, porém dentro da cidade também havia muitas senzalas.

Os escravos do Rio Grande do Norte tiveram um trabalho importante na

penetração pelo litoral norte do estado, quando povoaram diversas praias

deixando o marco pela passagem da raça negra naquela região. Vários

negros alforriados se tornaram pescadores, sendo deste modo o responsáveis

pelo surgimento das primeiras colônias de pescadores do Rio Grande do

Norte, visto que eles pescavam em grupo nas áreas delimitadas. (LIMA,

1988, p. 33).

2.4 – Quilombos no RN

A fundação cultural Palmares que foi fundada no dia 22 de agosto de 1988, pelo

Governo Federal, com o intuito de preservação da arte e da cultura afro-brasileira, que

também é vinculada ao Ministério da Cultura. Tendo o comprometimento de combater o

racismo, promover a igualdade e a valorização, difusão e preservação da cultura negra e

também formaliza a existência das comunidades quilombolas no Brasil.

No ano de 2014 mapeou todas as comunidades do Brasil, vemos na tabela abaixo que

atualmente no estado do Rio Grande do Norte existem 22 comunidades quilombolas. É um

número considerável, porém em outros estados do Brasil como; Bahia, Maranhão, Minas

gerais, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul o número de comunidades quilombolas é maior.

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Tabela 1 – Estados do Brasil e o número de respectivas comunidades quilombolas

Fonte: Fundação Cultural Palmares

2.5 Abolição da escravatura

No Brasil, a princesa Isabel usava sua posição privilegiada para ajudar os necessitados.

Promovia concertos, bazares e leilões, mobilizando diversas redes de colaborados no Brasil e

no exterior. A princesa abraçou com fervor religioso ainda maior a causa da abolição.

Acolheu e alimentou escravos fugitivos em seu palácio. Fomentou

campanhas e criou livros de ouro para a subscrição de doações, com o

objetivo era angariar fundos para a compra de alforrias. Sua motivação

cresceu partir de 1887, quando o episcopado brasileiro, afinado com as

orientação papais, promoveu intensa campanha abolicionista. (JÚNIOR,

2014, p. 24).

No dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel aboliu a escravidão no Brasil através da

Lei Imperial nº 3.353 mais conhecida como a Lei Áurea1. Dias depois, ainda como princesa

1 Ver anexo 1- Carta original da Lei Áurea

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regente, ajudou a organizar uma gigantesca missa campal em agradecimento pelo fim da

escravidão.

Júnior (2014) descreve que meses depois da Lei Áurea, em setembro de 1888, a

princesa recebeu a Rosa de Ouro, uma condecoração oferecida apenas a chefes de estado em

reconhecimento a sua fidelidade a Santa Sé. A princesa era muito empenhada na igreja e

tentava de todas as maneiras possíveis fazer caridade para as pessoas necessitadas.

No estado do Rio Grande do Norte havia um homem com bom coração que ajudava a

abolição dos escravos chamado Joaquim Honório, era um jangueiro rico que morava na

cidade de Natal, mesmo com sua riqueza decidiu lutar pela a libertação dos escravos.

Colocando a sua riqueza a disposição dos negros, passou a ter como esporte,

a luta dos próprios escravos pela libertação. Para tanto passou a comprar a

alforria dos escravos ou mesmo tirar os africanos das senzalas às escondidas

e transportá-los em sua jangada para a província vizinha do Ceará, onde não

havia escravidão. (LIMA, 1988, p. 26).

Desde aquela época pessoas com intenções boas tentavam ajudar as pessoas

escravizadas, como vimos na citação acima, o senhor Joaquim transportava em sua jangada os

africanos até o Ceará um lugar relativamente longe. Com seu esforço pode fazer a diferença e

ajudar a vida de várias pessoas. Colocando para a atualidade, com nossas boas ações,

podemos mudar um pouco da realidade de quem necessita.

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3 COMUNIDADE CAPOEIRAS

3.1 Localização

A comunidade de Capoeiras se encontra no município da cidade de Macaíba no estado

do Rio Grande do Norte, e está localizada na zona rural a 38 quilômetros do seu município.

Foto 1 - Mapa da cidade de Macaíba

Fonte: Página do bmxracing.

Atualmente o caminho para chegar à comunidade de Capoeiras foi aprimorado,

facilitando a locomoção das pessoas da comunidade a se deslocar.

3.2 - Surgimento da comunidade

Segundo Lyra (2009), esclarece o surgimento das pessoas em Capoeiras, que foi por

volta de 1847. Sendo de três a quatro famílias de escravos fugidos da perversidade de D.

Maria Rosa de Moura, senhora do Engenho Ferreiro Torto. E em 1875, o coronel Estevão

José de Moura, viúvo de Maria Rosa, em um gesto de solidariedade alforriou todos os

escravos do Engenho, dando lhe aos que permanecessem no quilombo de Capoeiras salário,

oferecendo a posse das terras, que pertencia ao Engenho.

Através da ação do Clube Abolicionista Macaíba, Augusto Severo e

Prudente Alecrim trouxeram para Capoeiras escravos roubados e fugidos dos

engenhos do litoral. Nessa perspectiva, Capoeiras passou a ser o centro

aglutinador de toda a ação abolicionista do litoral, recebendo os escravos

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oriundos dos engenhos litorâneos e mesmo das cidades vizinhas. (LYRA,

2009).

Sousa e Souza (2010) ressaltam que o nome Capoeiras foi dado em homenagem a um

dos primeiros moradores da comunidade o senhor João Capoeira. Segundo Lyra (2009) fala

que por muito tempo, os moradores casavam-se entre si. Não aceitavam pessoas de outros

lugares. Com o isolamento foi mantida uma espécie de organização social arcaica e uma

economia baseada na agricultura.

Em agosto de 2007, em um reconhecimento histórico, a Ministra Matilde Ribeiro

entregou o certificado de Comunidade Remanescente de Quilombo a Capoeiras. Oficializando

assim em papel e em direitos a comunidade como quilombola.

3.3 – Economia da Comunidade de Capoeiras

Como se trata de uma zona rural, a maioria das pessoas trabalha com a agricultura,

casa de farinha, trabalhos domésticos na capital da cidade e em fábricas fora da comunidade.

Muitos pais de alunos passam a semana fora da comunidade e voltam somente nos finais de

semana. Foi observado entre as pessoas da comunidade um alto nível de parentescos, pois é

encontrado em grande parte das pessoas o sobrenome Santos ou Moura.

Os agricultores compram as sementes através de um intermediário, para

posteriormente vender sua produção a esse mesmo intermediário. Produzem

mandioca, feijão e milho. Vendem seus produtores nas feiras de Macaíba, no

sábado, e na de Bom Jesus, no domingo. (LYRA, 2010).

De acordo Sousa e Souza (2010) na comunidade atualmente existem cerca de 326

(trezentas e vinte seis) famílias, totalizando mais ou menos 1.500 (mil e quinhentas) pessoas.

Foi identificada na comunidade uma associação e uma cooperativa. A comunidade possui

uma igreja católica e três igrejas evangélicas, duas casas de farinha, uma escola que atende o

ensino infantil e fundamental I, posto de saúde e um ponto de cultura, que é um espaço onde

as pessoas prestigiam as contribuições da cultura afro em Capoeiras, como o pau furado ou

bambelô, que é uma dança de roda típica do nordeste com influência africana.

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Foto 2 - Rua principal para a chegada da escola Santa Luzia

Fonte: A autora (2014).

Lyra (2009) ressalta que Capoeiras ganhou infraestrutura rodoviária, facilitando o

contato com as comunidades vizinhas. Apesar de distante de Macaíba, a maior parte do trajeto

é asfaltada. Dentro da comunidade, as casas são quase todas de alvenaria e as ruas principais

pavimentadas. O cenário lembra uma cidade rural, com carros de boi circulando carregados

com a colheita, gente na calçada e pouco trânsito.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A importância do professor em sala de aula e do meio com pessoas ao seu redor é de

suma importância para a criança, como referência de um adulto que possa orientá-la. Para que

a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os

adultos e com outras crianças mais experientes. (DAVIS e OLIVEIRA, 2010).

Antes de fazer um plano de aula, precisa-se pensar também na importância a partir da

visão do educador para com os alunos. Analisar cada detalhe, para que se possa a partir daí,

dar importância à responsabilidade que é, estar na frente de uma sala de aula. Observando que

um professor tem em suas mãos um poder de estimular de desestimular o aluno, por isso

devemos ver cada detalhe que possa ajudar os alunos para um melhor estímulo, quanto o

conteúdo e tudo que é passado em sala. “Uma aula deve ser uma hora de mil descobertas. Para

que isso aconteça, professor e aluno devem em primeiro lugar descobrir-se um ao outro”.

(SCHAFER, 1991, p.277).

O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele precisa estruturar as condições

para a promoção de interações professor-aluno-objeto de estudo, que levem à apropriação do

conhecimento. De maneira geral, essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza

social da aquisição do conhecimento como o papel preponderante que nela tem o adulto.

Essas considerações, em conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-se, na

aprendizagem, do social para o individual, através de sucessivos estágios de internalização,

com o auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes. (DAVIS e OLIVEIRA, 2010).

O professor precisa refletir constantemente sobre as práticas que realiza, individual e

compartilhadamente. Precisa acreditar que os saberes da experiência são fundamentais na

construção de sua tarefa profissional e requerem sustentação sólida. (HENTSCHKE e DEL

BEM, 2003, p.138).

O ensino da música é de suma importância para as crianças porque ajuda a despertar o

gosto pelas artes, dar ênfase à criatividade, através de exercícios e experimentos onde o aluno

possa demonstrar seu maior potencial artístico, dar ao aluno oportunidade de expressar-se

publicamente através de apresentações onde a arte se faz presente de forma globalizada,

favorecer o desenvolvimento do gosto estético e da expressão artística, além de promover o

gosto e o senso musical, desenvolver a percepção musical, literária e imaginativa.

A música, importante meio de expressão e de comunicação humanas,

destaca-se como fator determinante para a constituição de singularidades que

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dão forma e sentido a práticas culturais dos mais variados contextos.

(BEYER, 2005, p.51).

Para se ensinar também é preciso pesquisar, buscar de todas as fontes possíveis e

confiáveis um melhor esclarecimento de seus assuntos. Freire (1996) ressalta que não há

ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Sendo a pesquisa para o ensino algo importante

para melhor compreensão e acréscimo de conhecimento.

Todo conhecimento sempre surgiu e surge no fim das contas de alguma

demanda ou necessidade prática, e se no processo de seu desenvolvimento

ele se separa das tarefas práticas que o geraram, nos pontos finais desse

desenvolvimento ele torna a voltar-se para a prática e nela encontra a sua

suprema justificativa, confirmação e verificação. (VIGOTSKI, 2010, p. 273).

Antes de colocarmos algum assunto em sala, é necessário observar todas as

características dos alunos envolvidos na aula. Analisar o comportamento psicológico de cada

aluno, não deixando de sempre está atento ao meio aonde o aluno vive, sua cultura, e

realidade econômica.

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5 A ESCOLA E O PROJETO

5.1 Escola Municipal de Música em Macaíba

A Escola de Música Municipal de Macaíba/RN foi fundada em junho de 2006 com o

papel de valorizar o desenvolvimento sócio- educativo dos jovens da cidade. Com cerca de

400 vagas para alunos, nas diversas modalidades de cursos como: violino, viola clássica,

violoncelo, violão, contrabaixo, guitarra, teclado, bateria, flauta doce, teoria musical, e canto.

Todos os professores são alunos de graduação da Escola de Música da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte. As aulas são ministradas duas vezes na semana, sendo um dia de

aula prática e outro dia de aula teórica.

5.2 Projeto Música na Escola

Este projeto foi desenvolvido com a parceria da Escola de Música da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte e a prefeitura de Macaíba. O projeto abrange doze escolas da

zona urbana e rural, com aulas de violão e flauta doce. As aulas são ministradas uma vez por

semana e como critério para a escolhas dos monitores eles precisam estar pelo menos no 4º

período do curso de graduação de música. Estes monitores foram contratados por um período

de um ano, pela Secretaria de Educação, onde recebem o valor de 500 reais mensal referente a

uma bolsa. É disponibilizado almoço e transporte para o translado dos monitores do projeto.

Uma vez por semana são feitas reuniões, com os monitores do projeto e o professor da

Universidade responsável pelo projeto. Nessas reuniões são relatadas por cada monitor as

dificuldades que ele possa estar encontrando para ministrar as aulas no projeto, como

problemas de estrutura física, alimentação dos monitores, meio de transporte e falta de

instrumentos para se ministrar as aulas. Todos os dados são passados para a Secretaria de

Educação com o intuito de se resolver. Também são discutidos os assuntos das apresentações,

a prefeitura estipula uma data para a apresentação dos alunos do projeto e os monitores devem

ensinar e ensaiar com os alunos o repertório que irão se apresentar.

Um dos maiores problemas que todos os monitores do projeto enfrentaram foi, o

atraso de pagamento e também o não recebimento de pagamento durante meses de alguns dos

monitores novatos do projeto. Depois de alguns meses foi se regularizado esse problema.

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Os alunos são matriculados nas aulas se tiverem o interesse de aprender flauta doce.

São disponibilizados treze flautas-doce para as aulas, esses instrumentos ficam na

responsabilidade da direção da escola.

O projeto foi elaborado para o incentivo das crianças e jovens, poder estar mais perto

da música como forma de musicalização através de um instrumento específico, e também

fazer com que o aluno possa ter uma opção de escolha no meio profissional se desenvolvendo

através da música. Tendo uma melhor expectativa de vida de futuramente poder participar da

Escola de Música Municipal de Macaíba, e dependendo do interesse do aluno poder ingressar

na Universidade de Música.

5.3 Escola Municipal Santa Luzia

A Escola Municipal Santa Luzia, foi fundada em 1968. O terreno onde a escola foi

construída veio de uma doação do morador da comunidade o senhor Manoel Pedro de Moura.

A escola é estruturada fisicamente com quatro salas de aula, dois banheiros, sendo um

feminino e outro masculino, cozinha, um pequeno depósito de livros, e uma sala dividida pela

direção e professores, pois a escola é pequena e não tem espaço suficiente para a construção

de novas salas.

Entre os funcionários da escola encontram-se sete professores, três merendeiras, dois

vigias e a diretora. Entres os professores seis são efetivos, um é seletivo, fazem uma prova e

ficam com um contrato referente há dois anos, e um professor de carga horária, que é quando

a prefeitura contrata sem a necessidade de prova. Os demais funcionários são todos

contratados pela prefeitura. Todos os professores são formados em pedagogia.

Foto 3 – Escola Municipal Santa Luzia

Fonte: A autora (2014).

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Os graus de ensino oferecido são do nível três do ensino infantil e ensino fundamental

que é 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5º ano. Crianças a partir de três anos de idade até 14 anos, estudam na

escola Santa Luzia. Segundo os dados da direção da escola, quase nenhuma repetência e

evasão são encontradas na escola. Ver a tabela a baixo com as respectivas turmas e idades.

Tabela 2 – Níveis de ensino da Escola Municipal Santa Luzia.

Educação Infantil

Turma Faixa etária

Nível 3 03 a 05 anos

Ensino fundamental

Turma Faixa etária

1º 06 anos

2º 07 anos

3º 08 á 09 anos

4º 09 á 10 anos

5º 10 á 14 anos Fonte: A autora (2014).

Os turnos de funcionamento da escola são matutinos e vespertinos. Embora não

ofereça o ensino integral, os alunos participam dos projetos promovidos pela escola nos

horários do contraturno. No ano de 2014 aconteceram 166 (cento e sessenta e seis) matrículas

no total, chegando na quantia de 19 e 26 alunos em cada turma. Com relação aos dias letivos,

foram 200 por ano e 50 dias por bimestre. Sobre as aulas, elas foram divididas em grupos de 5

por dia.

Existem inúmeros projetos que acontecem nesta escola pesquisada, todos promovidos

pela Prefeitura da cidade de Macaíba, entre eles estão o Projeto de literatura, Projeto justiça

pilares, Mais educação e o Projeto música na escola.

O projeto de literatura tem como objetivo incentivar a leitura dos alunos, portanto,

como foco das aulas desse projeto no ano de 2014 foi pesquisada a vida e obra da escritora

Cecília Meireles. Como parte do Projeto justiça pilares os professores da escola realizaram

um curso de capacitação, onde teve como objetivo trabalhar alguns temas com os alunos:

senso de justiça, respeito, cidadania, zelo, sinceridade e responsabilidade. Dentro do projeto

Mais educação são desenvolvidos várias oficinas: a oficinas de futebol, dança, capoeira,

leitura e escrita. Foi observado que entre os monitores do Mais Educação todos são da própria

comunidade. Os alunos participantes deste projeto são do 3º ano ao 5 º ano. E no projeto

Música na escola, participo como monitora da oficina de musicalização e flauta doce.

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6 RELATOS DE EXPERIÊNCIA

6.1 Primeiro contato com a comunidade

Quando fui trabalhar na comunidade de Capoeiras, fiquei sabendo que um professor já

tinha ministrado algumas aulas para os alunos no período de dois meses. Como muitaS das

crianças na comunidade que quiseram participar das aulas de música tem a idade entre 05

anos no máximo 09 anos, foram disponibilizados os instrumentos de flauta doce para a

inicialização da música.

No primeiro dia que fui à escola, a diretora não estava sabendo que eu iria, falou das

dificuldades da escola de ter aulas de música, pois não tinha sala disponível para as aulas, e

também que a maioria dos alunos estava participando do projeto Mais educação com as

oficinas de dança, que era no mesmo dia das aulas de flauta doce, ela comentou que se eu

quisesse realmente dar as aulas teria que ser no pátio da escola ou embaixo de uma árvore que

se encontrava na frente da escola, não hesitei em nenhum momento, e disse que estava

disposta a dar as aulas, até em baixo de uma árvore. Muito me agradou aquele lugar tão

diferente do que eu já tinha visto antes. Ela pediu para que eu voltasse na próxima semana que

iria ver o que poderia fazer para que os alunos tivessem as aulas.

Na semana seguinte fui novamente e a diretora me disse que tinha uma casa, que

acontecia às aulas de música. Uma moça que mora ao lado sendo responsável por abrir e

fechar a Casa da família se apresentou e me mostrou a sala que o antigo professor dava a aula,

aparentemente era a sala mais clara e arejada, percebi também um certo abandono, pois a sala

que eu daria as aulas tinha dois grandes buracos na parede, não tinha lâmpada, não havia água

no banheiro para utilização do mesmo, e tinha muitos morcegos em toda a parte do local.

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Foto 4 – Casa da Família

Fonte: A autora (2014).

Deram-me a lista dos alunos que se interessavam em ter aula de música, duas turmas

com o total de uns vinte e cinco alunos separei em dois horários pela parte da tarde, com a

duração de 60 minutos cada aula. Os alunos da manhã não poderiam ter aula de música, pois

participavam no Mais Educação com aulas de dança.

6.2 Atuação em sala de aula

Primeiro dia de atuação

Todos os alunos da lista compareceram a aula, na primeira turma, me apresentei

falando meu nome e dizendo o que estava fazendo lá. Em seguida fiz uma dinâmica para que

os alunos pudessem se apresentar, falando o seu nome e fazendo um gesto da preferência

deles com a mão e o corpo, e depois repetindo o gesto do colega ao lado e o nome. Essa

dinâmica deixou os alunos mais a vontade, pois antes da dinâmica eles estavam bastante

tímidos com a minha presença, pois como eu era alguém novo para eles, era compreensível

esse comportamento.

Falei que antes de tocarmos algum instrumento deveríamos alongar nosso corpo.

Solicitei para que todos ficassem de pé, para começarmos o aquecimento corporal, alongando

todo o corpo, esticando os pés para frente e para trás, rodando os pés, esticando os braços, as

mãos rodando da esquerda para a direita e direita para a esquerda, colocando a cabeça o

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máximo que puder para baixo e depois para cima, rodando lentamente o pescoço, abrindo

bem a boca, mastigando a boca.

Depois dos alongamentos corporais, perguntei se eles participavam das aulas do antigo

professor, alguns disseram que sim. Os que disseram que sim, perguntei se eles lembravam

algo que o professor tinha ensinado, eles lembravam os nomes das notas musicais. Então pedi

para que eles falassem. Falaram os nomes das notas corretamente, fiquei feliz por eles

saberem, pois para mim seria um grande começo de aprendizagem.

Apresentei a flauta doce, toquei algumas músicas e falei das três partes do

instrumento, parte de cima cabeça, parte do meio o corpo da flauta e parte de baixo pé da

flauta. Falei que como o instrumento que eles iam aprender era um instrumento profissional

eles deveriam ter bastante cuidado, não deixar cair no chão e não bater o instrumento em

qualquer lugar.

Em seguida mostrei a forma correta de pegar na flauta e como assoprar, ensinei três

posições para eles fazerem, uma de cada vez, a posição da nota si, lá e sol. Percebi certa

dificuldade de alguns alunos para colocar os dedos nos orifícios da flauta doce, pois os dedos

dos mesmos eram pequenos. Porém falei que era só uma questão de treino e de se acostumar

para obter o resultado.

Na segunda turma percebi que a maioria tinha meninos, e tentei passar o mesmo

conteúdo que tinha passado na aula anterior, porém tinha um aluno em especial, que não

prestava atenção e demonstrava total desinteresse pela aula, não fazia o que eu solicitava e

não se concentrava, consequentemente desconcentrando os demais da sala. Mesmo assim

segui a aula e a maioria fez o que foi ensinado.

Quando terminei a aula, havia várias mães que estavam esperando seus filhos acabar a

aula. Então elas me perguntaram se o aluno que estava na aula que eu relatei tinha se

comportado, fiquei um pouco constrangida em falar que ele não tinha se comportado. Porém

as mães dos outros alunos falaram em conjunto e concordância que esse aluno não se

concentra na aula e que deveria chamar sempre a atenção dele, quando a mãe do aluno chegou

para busca-lo percebi que o problema que esse menino tinha era a falta de limite imposta

pelos pais, pois o menino saiu correndo pela rua, a mãe chamava-o e o mesmo não obedecia

sua mãe, ela teve que correr atrás da criança para poder alcançá-lo.

Percebi que na comunidade a maioria das meninas, começa a atividade sexual cedo,

antes de atingir a maior idade têm filhos, deixam os estudos e com esses aspectos que

acontecem, trazem consigo um problema, que é o de educar e ensinar um filho, assim

adolescentes se tornam mães precoces sem experiência adequada e sem condições

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psicológicas, para poder educar um filho. Com esses problemas essa sequelas se refletem

dentro da sala de aula, com crianças sem limites e comportamentos indevidos.

Segundo dia de atuação

Sempre chego na escola de manhã, pois o carro me deixa de manhã, então fico

elaborando as atividades que farei a tarde com os alunos. Os alunos que participam da aula de

música à tarde estudam de manhã na escola. No horário do intervalo deles, eles me viram na

sala dos professores e foram correndo em minha direção todos de uma vez, me abraçar e

perguntar se hoje ia ter aula de flauta doce e quando falei que iria ter todos festejaram. Senti

um carinho enorme para comigo, fiquei muito feliz, pois estava ali não só como uma

professora de música mais também alguém que eles gostavam e sentiam carinho.

Elaborei uma aula de forma lúdica para que os alunos pudessem entender o assunto

aplicado. Pedi para que todos fechassem os olhos e ficassem em silêncio por alguns minutos,

observando os sons ao redor. Em seguida para que eles dissessem os sons que escutaram.

Foram diversos sons que eles ouviram, como os pássaros, vento, balançar de folhas,

respiração dos outros colegas. Então falei que os sons estão em toda a parte e que tudo que faz

algum barulho é som.

Segundo momento, propus para que todos ficassem em pé espalhados pela sala, e

expliquei a brincadeira, eu falei uma palavra casa pedi para que todos ficassem de olhos

fechados e quem eu tocasse falaria à palavra que eu disse. Os alunos deveriam dizer o nome

da pessoa que estava falando. E a maioria acertou os nomes das pessoas que estava falando. A

partir desta atividade pude explicar aos alunos o que era timbre. Falei que cada pessoa tem um

timbre diferente como também cada instrumento. O que diferencia uma voz de outra é o

timbre de cada pessoa. Os alunos gostaram muito da brincadeira e pediram para fazer várias

vezes.

Perguntei se algum aluno conhecia a música Pirulito Que Bate Bate, todos

conheciam, então propus para que todos cantassem e em seguida tocassem na flauta doce na

posição da nota si, lá e sol a música, só com o ritmo, uma nota de cada vez. Como eu já tinha

ensinado na aula anterior às posições na flauta doce as notas si, lá e sol. Como tem vários

alunos na sala, pedi para que em duplas tocassem e eu escutasse, para observar as dificuldades

que cada aluno tem. A maior dificuldade da turma era fechar os orifícios da flauta, pois

muitos dos alunos tinham a mão pequena devido à idade.

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No final da aula a maioria dos alunos me abraçam, se despedem com muito carinho,

esse retribuição vem da forma que trato todos sem exceção, além da clareza dos assuntos em

sala de aula, procuro também trata-los com carinho, para que eles possam sentir que são

espaciais e amados. Percebo que muitos que se encontram ali, são crianças carentes de

atenção, como vimos que o meio aonde vivem, os pais muitas vezes passam a semana fora e

só vem final de semana.

Terceiro dia de atuação

Comecei tocando na flauta doce a música “Asa branca”, perguntei se alguém

conhecia, e para minha surpresa ninguém conhecia a música. Então falei estrofe por estrofe,

pedindo para eles repetissem comigo a letra da música.

Foto 5 - Partitura da música Asa Branca

Fonte: A autora (2014).

Em outro momento fiz uma atividade de concentração e reconhecimento dos sons.

Pedi para que todos fechassem os olhos, pois eu iria fazer sons com alguns objetos da sala e

eles deveriam falar quais objetos eram aqueles e como se fazia o som. Os alunos ficaram

entusiasmados para participar da atividade. Peguei meu chaveiro que tem várias chaves na

bolsa e balancei, eles acertaram todos em uma única voz dizendo e descobrindo os sons, em

seguida peguei um lápis e fiquei batendo na cadeira, peguei folhas de ofícios e balancei, bati

os pés no chão e cada vez que eu fazia um som eles ficavam muito empolgados. Falei que o

nome da atividade era descobrindo os sons.

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Acrescentei dizendo que cada objeto ou ser reproduz som, como o nosso corpo todo

ele reproduz som, colocando a mão no coração e pedi para que todos colocassem e

escutassem e sentissem os batimentos do coração em seu corpo. Falei que todos nós já

nascemos musicais, pois se todo o nosso corpo produz som entendemos que a música já esta

dentro de nós expressando de alguma forma.

Falei que os batimentos do coração ou nossa respiração produz o som e também algo

chamado ritmo. Que tudo que tem pulsação podemos dizer que é algo que se designa um

ritmo.

Em seguida passei um exercício para as posições das notas na flauta doce, com as

notas que eles aprenderam que é o Sol, Lá e Si, fazendo as notas ligadas do sol ao si. Em

dupla fui observando e escutando o desempenho de cada um, e ajudando em suas

dificuldades.

Foto 6 - Alunos treinando o exercício com uma nota

Fonte: A autora (2014).

Quarto dia de atuação

Como na aula anterior introduzi o assunto de ritmo, pensei e procurei algo que eu

pudesse usar em aula para a melhor compreensão dos alunos. Com dicas em um site, vi uma

atividade interessante com cartas que representava cada tempo de figuras musicais. Então

elaborei e modifiquei algumas coisas do meu jeito. Fiz cartas com a imagem de duas mãos

representando uma palma e cartas com a imagem de uma boca representando silêncio (pausa).

E cartas com a imagem de um gato representando a figura musical semínima e cartas com

dois gatos representando a imagem musical colcheia.

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Foto 7 - Cartas representando palma e silêncio

Fonte: A autora (2014).

Apresentei as cartas das palmas e silêncio aos alunos, todos sentaram no chão em

circulo, quando tivesse uma figura de mãos deveriam bater palma, e figura da boca ficariam

em silêncio. Fizemos diversas vezes, pedi para cada aluno se quisesse trocar as sequências das

cartas trocasse, como forma de incentivo. Em seguida pedi para que todos pegassem a flauta

doce e tocassem na nota si no ritmo que as cartas estavam representando. Depois a nota lá e

sol, eles praticaram bastante então troquei as imagens das mãos pelas dos gatos, eu falei que

quando tivesse a figura de um gato seria a palavra “TÁ” e se tivesse dois gatos seria o “TI-

TI”.

Foto 8 - Cartas de gatos e bocas

Fonte: A autora (2014).

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Pedi para que todos fizessem falando e em única pulsação com a mão batendo no

chão. Depois de muito praticar as sequências, fizeram com a flauta doce. Tendo a figura da

boca como silêncio. Trabalhou bastante a atenção dos alunos, algo que é importante, pois a

maior dificuldade que tenho é de fazer com que os alunos mantenham a atenção na aula. Em

seguida tentei trabalhar a primeira parte da música “Asa Branca” no instrumento.

Foto 9- Cartas com seus respectivos valores rítmicos

Fonte: A autora (2014).

Quinto dia de atuação

Levei meu notebook e imagens de cada instrumento que tinha no filme, coloquei um

pequeno filme chamado “Pedro e o lobo” com a duração de sete minutos. Esse filme é uma

história infantil contada através da música, apresentando as sonoridades de diversos

instrumentos, cada personagem da história é representado por instrumentos diferentes. O lobo

é representado por três trompas, avô o fagote, pato o oboé, gato o clarinete, passarinho flauta

transversal, e Pedro por um quarteto de cordas.

Como o filme tinha uma duração curta passei novamente quando estava tocando

determinado instrumento eu mostrava a imagem. Fazendo com que os alunos assimilassem a

imagem ao som do instrumento.

Tinha baixado um aplicativo em meu celular que distorce a voz em grave, agudo,

rápido e lento. Expliquei a eles o que era grave e agudo, demonstrando na flauta um dó agudo

e outro dó grave. Falei que na voz poderia também ter a diferença de agudo e grave. Perguntei

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quem gostaria de participar, muitos ficaram tímidos e alguns manifestaram o interesse de

participar, pedi para que todos ficassem em silêncio e uma pessoa de cada vez falasse perto do

celular. Então a pessoa que falava, a voz era distorcida tanto para o grave, agudo, lento e

rápido. Os alunos riam muito, pois era uma forma divertida de aprender, assim foram

perdendo a timidez e um por um falou ao celular, e sua voz foi modificada com o aplicativo.

Por fim revisei as posições sol, lá e si na flauta doce, fazendo os exercícios com as

notas ligadas e staccato. Como são vários alunos de uma vez tocando a flauta doce, fui

solicitando um de cada vez, depois em duplas e em seguida dividindo a metade da turma para

fazer o exercício.

Sexto dia de atuação

Observei que a maioria dos alunos do último horário da tarde chegava mais cedo, e os

do primeiro horário chegavam sempre atrasados, resolvi juntar as duas turmas e aumentar o

horário da aula sendo duas horas de aula. Assim facilitando o aprendizado dos alunos, pois

como as aulas é uma vez na semana, aumentando o horário eles teriam mais tempo de estar

em contato com as aulas de música.

Nesta aula reforcei os sons grave e agudo e introduzi som do meio e sons longos e

curtos. Levei minha flauta de embolo e gráficos de cartolina do método Edgar willems.

Mostrei como era um som curto e longo, e com a flauta de embolo fazendo uma demonstração

dos gráficos com agudo e grave. Em seguida os alunos fizeram ao som da voz o que estava

representando no gráfico. Trabalhei a percepção dos sons com a flauta embolo.

Foto 10 – Gráficos de Edgar Willems

Fonte: A autora (2014)

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Levei um exercício em folha de ofício, com opções de círculos com os nomes em cima

agudo, grave e som do meio. Eu tocava um som na flauta doce e os alunos pintavam com

lápis de colorir o círculo que representasse o som tocado. A maioria dos alunos não sabem ler,

mas eu dizia qual era o nome que estava e perguntava a eles qual seria o som que eles

achavam que eu estava tocando. O resultado foi ótimo, pois de uma maneira lúdica os alunos

apreenderam a relacionar os sons grave, agudo e som do meio.

O problema que mais acontece em sala é a falta de concentração, as meninas da turma

conversam muito umas com as outras. Assim dispersando ou outros colegas. Nessa aula levei

desenhos impressos de animais tocando instrumentos, então falei que se todos se

comportassem iam pintar o desenho que eu tinha trazido. Com isso todos se comportaram e

no final da aula entreguei os lápis de colorir e o desenho para eles pintarem. Todos os alunos

gostaram muito de pintar os desenhos.

Foto 11 – Desenhos pintados pelos alunos

Fonte: A autora (2014).

Sétimo dia de atuação

Como toda semana tem reunião do projeto, fiquei sabendo que a prefeitura tinha

marcado apresentações dos alunos do projeto musica na escola. Fiquei bastante preocupada,

pois para as crianças apresentarem, deveriam estar bem seguras e tocando no mínimo uma

música.

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Percebi que não eram todos os alunos da turma que tinham um bom desempenho no

instrumento. Isso é muito considerável, pois a maioria dos alunos não possuía o instrumento

para treinar durante a semana. De treze alunos, apenas três tinham o instrumento próprio.

Conversei com a diretora do colégio pedindo para que ela elaborasse um termo de

compromisso aos pais, dos alunos que tivessem interesse de levar a flauta para treinar em

casa. A maioria dos alunos levaram a flauta para ensaiar em casa.

Disse para os alunos que íamos elaborar nós mesmos um instrumento de percussão

para tocarmos, com material reciclável. Todos ficaram muito animados, pedi para que todos

na próxima aula trouxessem latinhas de refrigerante, para podermos construir nosso próprio

instrumento. E disse que há um mês iríamos apresentar na Praça principal de Macaíba, todos

festejaram e ficaram bastante animados, pois era algo que nunca fizeram.

Para apresentação dos alunos, resolvi compor uma música fácil, com

acompanhamentos de melodia principal flauta 1 e acompanhamento flauta 2 e ganzá com o

nome Dança do Fogo. Coloquei o ganzá, pensando em alunos que não estavam preparados

para apresentar com a flauta doce, pensando em incluir todos na apresentação, sem nenhuma

criança ficar de fora.

Então toquei na flauta doce a melodia da música que compus, e perguntei se eles

gostaram, todos gostaram e um de cada vez dei um ganzá que tinha feito como modelo para

mostrar a eles, eu ia tocando e pedindo para cada um acompanhasse com o ganzá.

Figura 12 – Partitura da música Dança do fogo

Fonte: A autora (2014).

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Oitavo dia de atuação

Dia da elaboração dos instrumentos. Todos os alunos levaram as latinhas de

refrigerante como o combinado, eu levei papal de presente, sementes, fita colorida, fita

transparente e cartolinas. Construir o instrumento com cada um. Então escolhi os alunos que

estavam mais desenvolvidos na flauta e os que tinham mais dificuldades ficariam no ganzá.

Foto 13 - Ganzás recicláveis elaborados pelos alunos

Fonte: A autora (2014).

Entreguei a música que escrevi em papel de oficio para eles levarem para casa e treinar

com seu instrumento. Eles não sabem ler partitura, porém escrevi o nome de cada nota que

eles já sabiam e em baixo coloquei a posição de cada nota. Treinei o acompanhamento das

flautas e o acompanhamento dos ganzás.

Nono dia de atuação

Escrevi em cartolinas a partitura da música para que os alunos pudessem enxergar

melhor, pois não temos estantes para colocar a partitura em sala. Esse dia foi dedicado

especialmente para o ensaio da música para se tocar na apresentação. Como as aulas são

apenas uma vez na semana, durante duas semanas me disponibilizei para ir duas vezes na

semana, para poder ter mais tempo de ensaio com os alunos, apesar de ser uma música

simples, me preocupei com o desempenho dos alunos no dia da apresentação.

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Décimo dia de atuação

Essa semana foi à continuidade do ensaio para a apresentação, os alunos estavam

empolgados para poder se apresentar. Isso é algo que faz com que a criança tenha um

incentivo com a música. Nessa aula veio um fotógrafo da prefeitura, para tirar foto das

crianças e da aula, com o intuito de colocar no jornal da cidade, para poder convidar as

pessoas ao “Sarau musical” do Projeto Música na Escola, pois a apresentação seria em breve

na mesma semana.

Foto 14 – Último dia do ensaio

Fonte: Jornal de Macaíba (2014).

6.3 - Dia da apresentação

O nome do evento era “Sarau Musical” durou três dias, pois como eram entre doze

escolas do município de Macaíba e os alunos da Escola Municipal de Música que iam se

apresentar. Todas as escolas municipais da cidade de Macaíba Estavam no evento, e todos os

alunos que participavam do projeto também iam apresentar. Estavam no evento muitas das

autoridades da cidade, como o prefeito, secretária de educação, secretário dos esportes,

maioria dos diretores e diretoras das escolas, familiares, monitores do projeto e entre outras

pessoas.

A prefeitura enviou um micro ônibus para pegar os alunos de Capoeiras, e os alunos

de um interior vizinho chamado Lagoa do Sítio. Eu combinei com os alunos de chegar mais

cedo em Capoeiras, para podermos ensaiar um pouco antes da apresentação. Quando cheguei

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todos estavam me esperando, com suas mães, pois como são menores de idade a mãe ou um

responsável deveria estar com eles.

Estavam muito ansiosos, arrumados, talvez com a sua melhor roupa para poder tocar

na apresentação. Fiquei muito feliz, pois seria a primeira apresentação de todos,

principalmente em um grande público. Os alunos de Capoeiras foram no segundo dia se

apresentar. Todos ficaram bem nervosos para subir no placo. Eu tinha ensaiado com eles a

música de criação própria chamada “Dança do fogo” quem deu a ideia do nome da música foi

o motorista do projeto, eu estava tocando para meus colegas dentro do carro e disse que a

música não tinha nome e então o motorista falou o nome e disse que parecia com uma dança,

resolvi deixar esse nome, pois achei interessante e aceitável.

Foram onze crianças que se disponibilizaram para ir, apesar de ter mais alunos

participando das aulas e dos ensaios. Seis tocaram a flauta doce e cinco o ganzá de latinha,

solicitei para que três amigos e monitores do projeto me ajudassem tocando com a flauta

doce, pois eu ia reger. Percebi nos ensaios que a música só saia certa quando eu regia, pois se

eu não regesse eles ficavam inseguros na entrada da música.

A apresentação foi bem, no final quando terminaram de tocar, era nítido o sorriso

estampado nos rostos das crianças. O prefeito veios nos parabenizar pela apresentação e tirar

foto com todos. E em seguida os alunos assistiram a apresentação das demais escolas. A

experiência foi bastante gratificante, pois quando aprendemos música, é preciso alguma forma

de incentivo e de repasse dessa arte, podendo ser a forma de apresentar á outras pessoas o

resultado de aulas e ensaios.

Foto 15 – Apresentação dos alunos

Fonte: Página Facebook da prefeitura Macaíba

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho procurou relacionar as minhas experiências adquiridas durante a

graduação com o fazer musical dos alunos da comunidade. Como foi falado no início deste

trabalho, tive como foco relatar uma experiência de educação musical, com a flauta doce e

crianças de uma comunidade quilombola. Em relação as características da comunidade

Quilombola, foi observado a importância de se conhecer a cultura negra, bem como respeitá-

la. Para tanto, foi realizado o estudo bibliográfico acerca da história do negro no Brasil e no

Rio Grande do Norte, em seguida, procurou-se conhecer melhor a história da comunidade

Quilombola Capoeiras, bem como os costumes desta na atualidade.

A partir das vivência dentro do Projeto Música na Escola, pude observar o quanto a

música tem relevância para os alunos. Podemos comprovar pelos relatos, o quão os alunos se

realizaram com as aulas de música, isso não estritamente musical, mas também social. Foi

visto ao final das aulas uma maior interação entre aluno-aluno e alunos-professor.

Sendo assim, com por meio das aulas de música, os alunos puderam perceber um

mundo mais interativo e sonoramente mais amplo. Houve uma ampliação do seus materiais

sonoros e fazeres musicais. Contudo, as aulas de música não procuraram substituir as músicas

antes escutados pelos alunos, mas acrescentar outras opções ao repertório musical dos

mesmos.

Para refletirmos sobre futuras pesquisas acerca desta temática, se faz necessário levar

em consideração os vários elementos encontrados na comunidade, por exemplo, músicas

tradicionais, e que possamos juntá-los com os elementos trazidos pelo professor, elemento em

específico a flauta doce.

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Anexo A - Carta oficial da Lei Áurea (1888).

Fonte: WIKIPÉDIA [20--].