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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM PROFISIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NATAL/RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE

PROCESSOS INSTITUCIONAIS

ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA

CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM

PROFISIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

NATAL/RN

2018

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ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA

CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM

PROFISIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

Trabalho apresentado ao Programa de Pós Graduação em Gestão de Processos Institucionais (PPGGPI), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para a obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Denise Pereira do Rego. Linha de Pesquisa: Inovação, desenvolvimento sustentável e bem estar nas organizações.

NATAL/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Silva, Andressa Azevedo de Souto da.

Condições de trabalho e distúrbios osteomusculares em profissionais de enfermagem da UTI neonatal de um hospital

universitário / Andressa Azevedo de Souto da Silva. - 2018. 104f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2019.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rego.

1. Profissionais de Enfermagem - Dissertação. 2. Condições de Trabalho - Dissertação. 3. Distúrbios musculoesqueléticos - Dissertação. 4. Unidade de Terapia Intensiva - Dissertação. I. Rego, Denise Pereira do. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 614.253.5

Elaborado por Ana Luísa Lincka de Sousa - CRB-15/748

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ANDRESSA AZEVEDO DE SOUTO DA SILVA

CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES EM

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rego

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Presidente)

__________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Rique Carício

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (Examinador Interno)

__________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Alda Karoline Lima da Silva

Universidade Potiguar - UNP Examinadora externa

NATAL/RN

2018

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AGRADECIMENTOS

O Deus pela grande benção que me concedeu de iniciar e concluir esse

trabalho.

A minha mãe, Nelma, exemplo de mulher, que me ensinou o valor do trabalho

e que me preparou para vida.

Ao meu esposo, Sivoney que acreditou no meu potencial desde o inicio, me

incentivou, colaborou, compartilhou das minhas preocupações e alegrias para

realização desse sonho.

Ao meu filho, Natanael que esteve presente em todos os momentos,

compartilhando desse sonho e servindo de estimulo pra cada dia eu continuar a luta

por essa conquista.

Aos meus avós verdadeiros exemplos de brasileiros trabalhadores que com o

suor dos seus rostos ergueram nossa família.

À professora Maria Tereza Pires Costa que me orientou no projeto inicial e

tem uma história de vida motivadora.

À professora Denise Pereira do Rego que compartilhou comigo seu

conhecimento e me orientou na construção desse trabalho.

A Enfermeira Maria de Lourdes que colaborou e acreditou nesse trabalho.

A equipe da UTI NEO que desempenha um papel fundamental na instituição

proponente e colaborou na participação desse estudo.

A todos os amigos que me incentivaram e contribuíram de alguma forma para

realização do meu mestrado.

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Não há nada melhor

para uma pessoa do que ele

deve comer e beber e

encontrar prazer em seu

trabalho. Isso também, eu vi, é

da mão de Deus,

Eclesiastes 2:2

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RESUMO

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) agrega uma complexidade de ações assistenciais, que são desenvolvidas para a prestação de cuidados a pacientes com sérios agravos à saúde. Nesse contexto, a equipe de enfermagem tem um importante papel, mas, por outro lado, seus integrantes são submetidos a constantes riscos ocupacionais, que se originam das condições insalubres e perigosas, causando sérios danos à saúde do profissional de enfermagem. Diante desse quadro, o presente estudo teve como objetivo analisar as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos entre os profissionais de enfermagem lotados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Trata-se de um estudo descritivo, que congregou técnicas quantitativas e qualitativas, tais como observações, entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários (Questionário de Condições de Trabalho, Questionário Nórdico e um questionário contendo informações sociodemográficas e funcionais). A amostra foi composta por 42 servidoras técnicas de enfermagem e enfermeiras lotadas na UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco, hospital universitário vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os resultados indicam que as participantes deste estudo tem idade entre 25 a 55 anos, em sua maioria, são casadas ou encontra-se em união estável, metade têm filhos e trabalham cerca de 30 a 40 horas semanais. Com relação às condições de trabalho, os Aspectos Psicobiológicos foram o fator mais crítico, o qual carece de providências para eliminá-los e/ou atenuá-los. Os sintomas de distúrbios osteomusculares foram relatados por 95,2% dos participantes, sendo que 50% da população apresentaram dois ou mais sintomas com um índice de severidade moderado. Quase um terço da amostra relatou sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes ao afastamento das atividades, dado preocupante, que carece de intervenção. As queixas mais recorrentes nos discursos das entrevistadas apontam para problemas relacionados às más condições de trabalho, número insuficiente de funcionários e sobrecarga de trabalho. O estudo possibilitou sistematizar informações que servirão como subsídios para a proposição de medidas visando à melhoria do ambiente de trabalho, o que refletirá de forma positiva no bem-estar dos profissionais de enfermagem e consequentemente na redução de afastamentos, licenças ou desvio de função.

PALAVRAS-CHAVES: Profissionais de Enfermagem. Condições de Trabalho.

Distúrbios musculoesqueléticos. Unidade de Terapia Intensiva.

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ABSTRACT

The Neonatal Intensive Care Unit (ICU) adds a complex of care actions, which are developed to provide care to patients with serious health problems. In this context, the nursing team plays an important role, but on the other hand, its members are subjected to constant occupational risks, which originate from unhealthy and dangerous conditions, causing serious damage to the health of the nursing professional. In view of this situation, the present study had the objective of analyzing the working conditions and the presence of musculoskeletal disorders among nursing professionals in the Neonatal Intensive Care Unit. This was a descriptive study that included quantitative and qualitative techniques such as observations, semi-structured interviews and questionnaires (Questionnaire on Working Conditions, Nordic Questionnaire and a questionnaire containing sociodemographic and functional information). The sample consisted of 42 nursing technicians and nurses at the neonatal intensive care unit of the Januário Cicco Maternity School, a university hospital linked to the Federal University of Rio Grande do Norte. The results indicate that the participants of this study are aged between 25 and 55 years, most of them are married or are in stable union, half have children and work about 30 to 40 hours a week. With regard to working conditions, the Psychobiological Aspects were the most critical factor, which lacks measures to eliminate them and / or attenuate them. Symptoms of musculoskeletal disorders were reported by 95.2% of the participants, and 50% of the population had two or more symptoms with a moderate severity index. Almost one-third of the sample reported symptoms in the 12 months and seven days preceding the withdrawal from the activities, a worrying one, which requires intervention. The most recurring complaints in the interviewees' speeches point to problems related to poor working conditions, insufficient numbers of employees and work overload. The study made it possible to systematize information that will serve as subsidies for proposing measures aimed at improving the work environment, which will positively reflect the well-being of nursing professionals and consequently the reduction of leave, leave or deviation of function.

KEYWORDS: Nursing professionals. Work conditions. Musculoskeletal disorders. Intensive care unit.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 Classificação dos principais riscos ocupacionais................................ 30

QUADRO 2 Mapa de classificação de riscos ocupacionais na UTI NEO............... 32

QUADRO 3 – Fluxograma representativo das etapas da pesquisa........................ 47

FIGURA 1 Visão panorâmica da unidade I da UTI NEO........................................ 52

FIGURA 2 Visão panorâmica da unidade II da UTI NEO....................................... 53

FIGURA 3 Postura durante o trabalho da UTI NEO............................................... 55

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Aspectos sociodemográficos e ocupacionais................................. 56

TABELA 02 - Atividades oficialmente desenvolvidas........................................... 57

TABELA 03 - Consistência interna dos fatores e análises descritivas das

condições de trabalho..........................................................................................

58

TABELA 04 - Comparação de médias (teste t e ANOVA) entre as variáveis

sócio demográficas e as condições de trabalho..................................................

61

TABELA 05 – Frequência dos casos de Distúrbios Musculoesqueléticos........... 62

TABELA 06 – Consistência interna das distribuições de sintomas

osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área da

saúde em profissionais de enfermagem.............................................................

62

TABELA 07 – Média e desvio-padrão de severidade de sintomas...................... 63

TABELA 08 – Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre

as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos

membros superiores em profissionais de enfermagem.......................................

64

TABELA 09 – Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre

as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos

membros inferiores em profissionais de enfermagem.........................................

65

TABELA 10 – Correlações entre as condições de trabalho e a presença de

distúrbios musculoesqueléticos e os índice de severidade de sintomas.............

66

TABELA 11 – Regressão linear múltipla das condições de trabalho, sobre a

presença e índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos...................

67

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia

COFEM Conselho Federal de Enfermagem

CIPA Comissão Interna de Prevenção de acidentes nas instituições

DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

AET Análise Ergonômica do Trabalho

EBSERV Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

LER Lesões por esforços repetitivos

MEJC Maternidade Escola Januário Cicco

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

QVT Qualidade de vida no trabalho

QVP Qualidade de Vida Psicológica

QVO Qualidade de Vida Ocupacional

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

SESMT Serviços Especializados em Engenharia e em Medicina do

Trabalho

SOST Serviço Ocupacional de Saúde e Segurança do Trabalhador

SUS Sistema Único de Saúde

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTI NEO Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 14

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO E JUSTIFICATIVA............ 16

1.2 OBJETIVOS............................................................................................... 18

1.2.1 Objetivo geral.................................................................................... 18

1.2.2 Objetivos específicos......................................................................... 18

1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO....................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 20

2.1 O TRABALHO DA ENFERMAGEM............................................................ 20

2.1.1 O histórico da enfermagem.............................................................. 21

2.2 AS RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO DA ENFERMAGEM E BEM-

ESTAR NO CONTEXTO HOSPITALAR..........................................................

23

2.3 O TRABALHO EM ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL, SUAS DEMANDAS E AS RELAÇÕES COM OS RISCOS À SAÚDE DO PROFISSIONAL...............................................................................................

25

2.3.1 Interesse pela saúde e segurança do trabalhador: condições de

trabalho e riscos ocupacionais.........................................................................

26

2.3.2 Os riscos ergonômicos e psicossociais e seu impacto sobre a

saúde do profissional de enfermagem: Os disturbios musculoesqueleticos....

32

2.3.3 Os distúrbios osteomusculares e sua relação com bem-estar do

profissional da enfermagem.............................................................................

36

2.4 O TRABALHO DA ENFERMAGEM COM ENFOQUE NA ERGONOMIA.. 40

3 METODO DO ESTUDO................................................................................... 45

3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO................................................................. 45

3.2 LÓCUS DA PESQUISA E PARTICIPANTES............................................. 45

3.3 PROCEDIMENTOS.................................................................................... 46

3.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS......................................... 48

3.5 ANÁLISE DE DADOS................................................................................. 51

4 RESULTADOS................................................................................................. 52

4.1CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM

DA UTI NEO DA MEJC....................................................................................

52

4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS

OSTEOMUSCULARES....................................................................................

56

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4.2.1 Perfil Sociodemográfico e Ocupacionais......................................... 56

4.2.2 Condições de Trabalho................................................................... 57

4.2.3 Distúrbios Musculoesqueléticos...................................................... 61

4.2.4 Condições de Trabalho e Distúrbios Musculoesqueléticos............. 66

4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS........................... 68

4.3.1 O processo de trabalho na UTI NEO sob a visão do profissional

de enfermagem................................................................................................

68

4.3.2 Condições de trabalho na UTI NEO................................................ 69

4.3.3 Impacto do trabalho na UTI NEO sob a saúde das profissionais

de enfermagem................................................................................................

69

5 TRABALHO E SAÚDE NA UTI NEO :DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.... 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 81

REFERÊNCIAS................................................................................................ 84

APÊNDICES..................................................................................................... 91

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

– TCLE.............................................................................................................

91

ANEXO A - QUESTIONÁRIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO.................. 95

ANEXO B - QUESTIONARIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO-QCT.......... 97

ANEXO C - QUESTIONÁRIO NÓRDICO........................................................ 104

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho ocupa uma posição central na vida dos indivíduos, sendo operador

da própria construção do sujeito. O “ato de trabalhar” permite ao sujeito dar sentido a

sua experiência e conquistar uma identidade. Prestes (2015) assina-la que a

atividade laboral é dinâmica e pode favorecer o bem-estar, tendo um papel

estruturante, como também, contribuir para o sofrimento, frustração ou adoecimento

do trabalhador.

Na contemporaneidade, as políticas de gestão em saúde e segurança são

imprescindíveis para manter o ambiente de trabalho saudável e produtivo. Tais

questões estão diretamente ligadas à valorização do elemento humano como

primordial para o sucesso de qualquer organização. Apesar de serem peças chave

na organização hospitalar, os profissionais de saúde são constantemente

submetidos a riscos gerais e específicos, expostos a acidentes e suscetíveis às

doenças ocupacionais. O ambiente de trabalho hospitalar é insalubre e agrupa

pacientes portadores de diversas enfermidades que oferecem riscos de acidentes e

doenças para os trabalhadores (TEIXEIRA; CASANOVA, 2014; GONÇALVES,

2014).

Os hospitais, assim como outros contextos de trabalho, vivenciaram os

impactos da reestruturação produtiva e, com isso, vêm adotando modelo de gestão,

alicerçados na perspectiva taylorista-toyotista. Uma das principais consequências de

tal reestruturação no âmbito hospitalar é a precarização, que se expressa nos baixos

salários e múltiplos empregos, insegurança e ausência de reconhecimento

profissional, aspectos que impactam negativamente sobre a saúde dos

trabalhadores, constantemente expostos a inúmeros riscos ocupacionais (SILVA,

2014).

Ao direcionar o olhar para as atividades desenvolvidas no ambiente

hospitalar, nota-se que alguns setores apresentam especificidades com relação ao

trabalho. Dentre esses, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) reúne ações

assistenciais destinadas à prestação de cuidados complexos a pacientes com sérios

agravos à saúde. Os pacientes internados nesse setor apresentam um quadro

clínico crítico, necessitando de cuidados intensivos, por conta do risco de morte.

Nesse contexto, percebe-se que o trabalho dos profissionais de saúde,

particularmente dos profissionais de enfermagem, exige uma maior tenacidade e

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envolvimento, visto que essa categoria toma como ofício a prática do cuidado frente

a situações adversas que envolvem sofrimento, morte e luto (MEDEIROS-COSTA et

al., 2017).

Segundo dados da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil realizada pela

COFEN (2015), 65,9% dos enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem

consideram a profissão desgastante. Isso ocorre, pelo número insuficiente de

materiais e recursos humanos, pela baixa remuneração e jornada excessiva de

trabalho. De acordo com Ferreira (2016, p. 75), essa situação está relacionada “à

questão da valorização profissional, numa abominável demonstração de que a

enfermagem brasileira não é valorizada. Daí, destacando-se a nítida insatisfação no

cenário da força de trabalho”.

Braga, Torres e Ferreira (2016) ao analisarem as condições de trabalho na

enfermagem, pontuam que esses profissionais sentem-se presos a tarefas

administrativas, relacionadas à manutenção física e de equipamentos. Outro ponto

relatado por eles foi o exercício de atividades que não fazem parte do seu fazer

profissional.

Ao explorar as condições de trabalho na enfermagem, Medeiros et al., (2009)

apreenderam que o estresse e sofrimento gerado são causado pelo sentimento de

impotência no trabalho e acúmulo de jornadas, o que afeta a assistência prestada,

como também, leva a deterioração das relações interpessoais com colegas de

profissão e familiares.

A inadequação das condições laborais, a (des) organização do trabalho e o

excessivo acúmulo de horas na enfermagem são reconhecidos como fatores de

risco para o desencadeamento de distúrbios musculoesqueléticos. Estudos em

diversos países têm mostrado prevalências superiores a 80% de ocorrência em

trabalhadores de enfermagem. No contexto brasileiro, esses números variam entre

43% a 93% dos casos (MAGNAGO et al., 2010).

Boa parte dos casos de distúrbios osteomusculares na enfermagem está

relacionada, principalmente, a aspectos ergonômicos e posturais inadequados os

quais estão presentes no cotidiano hospitalar, demostrando assim, a severidade

desse problema nessa categoria profissional (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Os profissionais de enfermagem desempenham suas funções em diversos

setores hospitalares e realizam essas tarefas de forma contínua. O trabalho na

enfermagem exige atenção e cuidado, esforço físico, movimentos repetitivos,

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levantamento de pesos e posições inadequadas, o que pode acarretar o surgimento

de deteriorações relacionadas à presença de tendinites em braço e/ou ombro,

lombalgias, hérnias de disco, problemas no joelho e problemas álgicos em pernas,

pés, mãos, braços e ombros (LELIS et al., 2012).

Fica evidente que o trabalhador deva executar suas tarefas em condições

ambientais favoráveis, com mobiliários, instrumentos, temperatura adequada e boa

iluminação. Provido de segurança necessária para desenvolver com qualidade,

autonomia, respeito e bem-estar seu trabalho (NASCIMENTO; CAHET 2014).

Diante do exposto, a presente investigação toma como ponto de partida as

seguintes questões norteadoras: A quais condições de trabalho são submetidas os

profissionais de saúde que integram a equipe de enfermagem da UTI Neonatal da

Maternidade escola Januário Cicco - MEJC? É possível identificar a incidência de

distúrbios musculoesqueléticos em tal grupo de profissionais?

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO E JUSTIFICATIVA

Este trabalho foi desenvolvido na UTI Neonatal da Maternidade Escola

Januário Cicco, antiga Maternidade de Natal, Fundada em 19 de março de 1928. O

casarão foi ocupado para servir como Quartel General e Hospital de Campanha ao

Exército Brasileiro durante a II Guerra Mundial (1939-1945). A história da primeira

Maternidade de Natal tem o nome de idealizador: Januário Cicco – médico, escritor e

humanista. Natural de São José de Mipibu, filho de pai italiano e mãe norte-

riograndense, o médico se formou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1906 e

buscou criar condições de assistência à saúde da população.

Sob a liderança de Januário Cicco e seus ideais de melhorias na saúde e na

educação o prédio foi devolvido em péssimas condições após a Guerra, mas com a

indenização do Governo Federal, a Maternidade de Natal foi inaugurada em 12 de

fevereiro de 1950, quando a instituição recebeu o nome de Maternidade Januário

Cicco em homenagem ao seu idealizador e fundador.

De características neoclássicas, de elevado valor arquitetônico e histórico, a

Maternidade Januário Cicco – como é conhecida pelos natalenses – é uma das raras

exceções, na cidade do Natal, de uma construção que permanece até os dias atuais

desenvolvendo as atividades para as quais foi planejada. Hoje, a Maternidade

Escola é referência na cidade e funciona como campo de pesquisa, ensino e

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aplicação prática na área de saúde, além de prestar atendimento à população

carente ou usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 1961, com a criação da Cátedra de Obstetrícia da Faculdade de Medicina

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), passou a ser denominada

Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC).

Desde 29 de agosto de 2013 a MEJC passou a fazer parte do grupo de

hospitais sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh),

estatal vinculada ao Ministério da Educação, que administra atualmente 39 hospitais

universitários federais.

O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão

do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais

(REHUF), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as

não filiadas à EBSERH.

Um levantamento de dados preliminares realizado no Serviço Ocupacional de

Saúde do Trabalhador (SOST) indicou que no ano de 2017, os problemas

osteomusculares ocupavam o segundo lugar como causa de afastamento por

licença-saúde de trabalhadores no setor da UTI Neonatal da Maternidade Escola

Januário Cicco. Tais distúrbios se configuram, no âmbito da MEJC, como um dos

principais fatores que, ao comprometer a força de trabalho, influencia negativamente

na qualidade de assistência de enfermagem.

Há possibilidade de esses problemas estarem associados às condições do

trabalho, devido à inadequação dos instrumentos e mobiliário utilizados, a

organização do trabalho, as atividades executadas e a fatores do próprio ambiente.

A UTI Neonatal da MEJC passou por recente reforma (em 2015), sendo

atualmente seus 23 leitos distribuídos em duas unidades. Apesar disso, há relatos

de reclamações por parte dos profissionais que ali atuam, indicando, assim, a

possível incidência de inúmeros riscos ocupacionais. Diante de tais observações

tornou-se relevante a realização do presente estudo, uma vez que buscou investigar

as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos em

profissionais de enfermagem, a fim de verificar as relações de natureza entre esses

dois construtos.

Dessa forma, o produto desse estudo fornecido à instituição contribui para a

identificação dos riscos. Fornecido essas informações a fim de servir como subsídios

para favorecer a elaboração das medidas corretivas necessárias para melhoria do

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ambiente de trabalho. Refletindo de forma positiva para o bem-estar dos

profissionais de enfermagem e, consequentemente, na redução de afastamentos,

licenças ou desvio de função.

Espera-se que o produto final desse estudo, o diagnostico das condições de

trabalho e sua relação com a incidência de distúrbios osteomusculares forneça

informações que poderão servir como subsídios para a proposição e implementação

de medidas necessárias para melhoria do ambiente de trabalho, refletindo de forma

positiva na saúde e bem-estar dos profissionais de enfermagem e,

consequentemente, na redução de afastamentos, licenças ou desvio de função.

1.2 OBJETIVOS

O papel desenvolvido pela equipe de enfermagem na assistência a saúde no

contexto hospitalar é de suma importância, haja vista as inúmeras tarefas

desempenhadas no ato do cuidar. Considerando as condições e a natureza do

trabalho, é comum o estresse e o desgaste psicológico gerado pelas atividades

realizadas, o que impacta negativamente na saúde e bem estar desses profissionais.

A partir desta problemática, foram propostos os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as condições de trabalho e a presença de distúrbios osteomusculares

em profissionais de enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário

Cicco.

1.2.2 Objetivos específicos

Investigar as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem da UTI

Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;

Verificar a presença dos distúrbios osteomusculares em profissionais de

enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;

Averiguar as associações entre os aspectos sociodemográficos e as

condições de trabalho e os distúrbios osteomusculares em profissionais de

enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco;

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19

1.3 ESTRUTURA DO ESTUDO

O presente documento apresenta os resultados da investigação empreendida

e está estruturado em cinco partes. Inicialmente, são apresentadas as bases

teóricas que fundamentaram a pesquisa e nesta seção, discutem-se as relações

entre trabalho e bem estar no contexto hospitalar, às especificidades da atuação da

equipe de enfermagem em uma UTI neonatal, os riscos ocupacionais inerentes a tal

atividade e a prevalência dos distúrbios musculoesqueléticos nessa categoria.

Na sequência, descreve-se a metodologia da pesquisa, especificando como

se deu a investigação sobre as condições de trabalho e a analise da incidência de

distúrbios osteomusculares entre os profissionais de enfermagem. Em seguida, são

apresentados os resultados derivados da coleta de dados efetuada através da

observação, utilização de questionários e entrevistas, bem como uma breve

discussão sobre os principais achados da pesquisa.

Por fim, a título de conclusão, são tecidas algumas considerações finais,

momento em que se discutem brevemente os achados e limitações da pesquisa, as

possíveis contribuições geradas para a instituição, além das perspectivas de novos e

futuros estudos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capitulo serão apresentadas as bases teóricas que fundamentam o

presente trabalho. A princípio, discute-se o trabalho da enfermagem, que ao longo

dos anos vem sendo influenciado pelas constantes transformações que envolvem a

sociedade. Em seguida, abordam-se as relações entre o trabalho da enfermagem e

o bem-estar no contexto hospitalar. A análise do trabalho desenvolvido pelos

profissionais de enfermagem na UTI Neonatal e os riscos à saúde do trabalhador de

enfermagem envolvidos nesse contexto encerram a presente seção.

2.1 O trabalho da enfermagem

Por meio do trabalho, o homem se constrói – ele assume o papel de autor e

ator (coletivo) de sua história. Por conseguinte, o resultado do trabalho é, na

verdade, um impulso para além dele mesmo, uma vez que, neste processo, surgem

novas necessidades que demandam outros tipos de intercâmbio (que não aquele

envolvendo, em um dos polos, a natureza não humana, mas agora envolvendo

humanos em ambos os polos) para serem satisfeitas (TEXEIRA; CASANOVA,

2014).

Trata-se do surgimento de novas atividades (novas práxis particulares, como

a educação, a ciência, a arte, o cuidado etc.) que conferem, ao ser social, o caráter

de crescente complexidade.

Diante disso, evidencia-se que o homem, ao final do processo de trabalho, já

não é mais o mesmo, ele transformou a natureza, mas também se transformou: nem

sua corporalidade nem sua consciência a respeito do mundo são mais os mesmos

(SILVA, 2014).

No contexto hospitalar, a enfermagem constitui-se na maior força de trabalho,

e suas atividades são frequentemente marcadas por divisão fragmentada de tarefas,

rígida estrutura hierárquica para o cumprimento de rotinas, normas e regulamentos,

dimensionamento qualitativo e quantitativo insuficiente de pessoal, situação de

exercício profissional que tem repercutido em elevado absenteísmo e afastamentos

por doenças (DALRI, ROBAZZI, 2010).

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2.1.1 O histórico da enfermagem

No início do século XX, no Brasil os cenários de saúde eram caóticos, pois

várias epidemias estavam presentes na sociedade, o que fez a população fazer

movimentos em busca de qualidade de vida em saúde pública e saneamento básico,

buscando o surgimento de outros profissionais de saúde e não apenas o médico.

Os movimentos resultaram em grande conquista dos brasileiros e um marco

histórico para a saúde e para a inserção da enfermagem no país, desenvolvendo o

Departamento Nacional de Saúde Pública, Escola de Enfermagem Anna Nery e os

serviços de enfermagem de Saúde Pública (DANTAS; AGUILLAR, 1999).

Em 1949 o Ministério da Educação e Saúde, passou a regular escolas de

enfermagem no país e organizou em dois cursos. O Decreto n° 27426/49,

regulamentou a lei, adicionando dois cursos de enfermagem. Designou que o curso

de auxiliar em 6 enfermagens tinha como objetivo formar pessoas qualificadas para

auxiliar o enfermeiro em procedimentos assistenciais, exigia que os alunos que

faziam o curso de auxiliar realizassem estágios em hospitais gerais e fazer

revezamento entre campos (DANTAS; AGUILLAR, 1999).

Na trajetória histórica da enfermagem é importante abordar sobre a

Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que tem grande marcos ao longo de

sua história em que representou a enfermagem, com ações culturais e políticas

caracterizando a prática profissional, dentre os marcos destaca-se o “Jornal ABEn”,

criado em 1958 que ao longo do tempo tornou-se um informativo de caráter político e

educativa e atualmente intitulada REBEn, que está disponível na versão eletrônica

sendo referência na área de periódico do país (MENESES; KADOGUTI; SANNA,

2008). Em 1923 no Brasil, teve início à enfermagem moderna baseado nos

princípios científicos do modelo de Florence Nightingale, com a necessidade de mão

de obra qualificada para combater epidemias infectocontagiosas, abrindo espaço

para enfermagem atuar e se profissionalizar cada vez mais.

A enfermagem brasileira antes do modelo de Nightingale baseava-se no

modelo norte-americano no processo saúde doença, que tratava o doente de forma

individualista e curativista, no qual havia apenas técnicos que não agiam de forma

humanizada dificultando a promoção da saúde, onde a maioria era moldada apenas

para área hospitalar. No entanto os processos históricos que aconteceram no Brasil

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contribuíram para transformações que se apresentaram desde o ensino até a prática

da enfermagem em saúde pública (SILVEIRA; PAIVA, 2011).

O processo de construção da identidade dessa categoria passou por muitos

momentos históricos e também por preconceitos advindos de uma profissão com

total poder feminino no princípio, onde se deu pelo instinto natural e maternal da

mulher de cuidar dos enfermos de uma forma humanizada e não somente técnica,

pois estas primordialmente usaram plantas medicinais para promover a cura, sem

que deixasse de lado a caridade, paciência e dedicação (CAMPOS; OGUISSO,

2008).

O trabalho da enfermagem passou, historicamente, por todas as modificações

que os demais serviços e categorias deste seguimento desde o período da

Revolução Industrial. Uma dessas mudanças foi à assistência fragmentada que é

visualizada principalmente na área hospitalar, onde a assistência ao paciente é

dividida em partes e cada parte é atribuída a profissionais diferentes.

O ambiente hospitalar é rico em situações conflituosas e estressantes que

afetam a qualidade de escuta dos clientes e fragilizam os vínculos inter-profissionais,

dificultando o encontro de espaços projetores de satisfação no trabalho.

A complexidade existente nesse contexto exige refletir sobre esses

profissionais que desempenham atividades em hospitais, cuja clientela demanda

cuidados de enfermagem com distintos graus de intervenção, envolvendo excessiva

carga emocional (RODRIGUES, 2009).

Portanto diante dos fatos, os cursos de enfermagem passaram por várias

mudanças ao longo das épocas, em que suas transformações eram baseadas de

acordo com o contexto histórico e a sociedade brasileira. Desse modo o perfil

profissional do enfermeiro acompanhou essa transição em aspecto político social e

econômico, sendo necessária uma modificação do ser enfermeiro para acompanhar

sua evolução de acordo com as exigências de cada período.

Apesar disso, o trabalho de enfermagem ainda é compartimentalizado, dentro

do próprio âmbito profissional. Cada componente da equipe profissional de

enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) presta parte da assistência de

saúde separado dos demais, muitas vezes duplicando esforços e até tomando

atitudes contraditórias (SOUZA, PASSOS e TAVARES, 2015). Parte significativa dos

profissionais de enfermagem executa atividades delegadas, mantendo espaço

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limitado de decisão, criação e domínio de conhecimentos, típico do trabalho

profissional dominado.

As condições de trabalho em saúde e enfermagem no Brasil se deterioram

pela influência da política neoliberal, onde o setor de saúde é submetido à rígida

contenção de custos, que impõe salários cada vez mais aviltantes aos trabalhadores

de enfermagem.

2.2 AS RELAÇÕES ENTRE O TRABALHO DA ENFERMAGEM E BEM-ESTAR NO

CONTEXTO HOSPITALAR.

As constantes descobertas, avanços tecnológicos e desenvolvimento de

novas tecnologias no âmbito da medicina, tem ampliado o leque de assistência

oferecida na área da saúde, exigindo cada vez, mas uma atualização e necessidade

de adaptação dos profissionais da saúde a tais mudanças.

Nessa perspectiva, Silva (2015) adverte sobre a transformação do mundo do

trabalho realizado pelo capitalismo nos últimos 30 anos, resultando na redefinição

dos riscos para a saúde e processos laborais. Ademais, o mundo do trabalho

contemporâneo vem sendo marcado pela modernização tecnológica e novos

modelos de gestão, que impactam as organizações e processos laborais.

Assim, toda essa conjuntura implica mudanças no conteúdo, na natureza e no

significado do trabalho. Muitos processos e organizações do trabalho são

configurados, atualmente, por carga horária excessiva, ritmo intenso de trabalho,

controle rigoroso das atividades, pressão temporal e necessidade de profissionais

polivalentes e multifuncionais. É evidente que esse contexto tem repercutido na

saúde do trabalhador e na qualidade dos serviços prestados, na área da saúde

inclusive e, por sua vez, na enfermagem (MARQUES, 2015).

Sendo a enfermagem uma das profissões da área da saúde cuja

especificidade é o cuidado ao ser humano individualmente, na família e ou na

comunidade, desenvolvendo atividades de promoção, prevenção de doenças,

recuperação e reabilitação da saúde, atuando em equipes, tais profissionais no

exercício de sua profissão estão expostos a vários riscos ocupacionais.

O bem-estar dos profissionais de saúde é fundamental para que possam

prestar com segurança, motivação e eficácia seus serviços. A equipe de

enfermagem atuante no ambiente hospitalar merece atenção, pois as atividades

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laborais desempenhadas por esses profissionais os expõem constantemente aos

riscos biológicos, químicos, físicos entre outros que podem comprometer a saúde do

trabalhador.

O trabalho de enfermagem, sistematizado por normas e rotinas de serviços,

compreende um modelo técnico de fazer, caracterizado tanto por ser uma atividade

produtiva cujas ações de saúde são diversificadas como por ser um trabalho

organizado na lógica da administração taylorista, consistindo--se em um labor

decomposto por tarefas, hierarquizado e sistematizado em trabalhadores por

categorias profissionais.

Estudo aponta que no exercício de sua profissão os trabalhadores de

enfermagem estão vulneráveis a vários riscos ocupacionais, a sobrecarga de

trabalho, competitividade, níveis elevados de exigência, longos turnos de trabalho,

jornadas duplas quando existe mais de um vínculo empregatício, baixa

remuneração, ambientes insalubres. As somas de tais fatores contribuem no

processo saúde-doença (TEXEIRA E CASANOVA, 2014).

Além disso, no trabalho de enfermagem, verificam-se a constância de

profissionais que possuem mais de um vínculo empregatício devido aos baixos

salários recebidos e por conta do piso salarial da categoria ser muito baixo para 40

horas semanais trabalhadas.

Atualmente no Brasil verifica-se que a precarização no ambiente hospitalar,

isso provoca diversas repercussões para a organização e para o processo de

trabalho. Isso porque um dos fatores que favorece a dinâmica do trabalho de

enfermagem é a adequada distribuição, qualitativa e quantitativa, de recursos

materiais. A disponibilização dos mesmos proporciona ao trabalhador boas

condições laborais, garantindo, portanto, tranquilidade e segurança para o

desenvolvimento das atividades, evitando o sofrimento psíquico e o desgaste físico

de trabalhadores e pacientes (GONÇALVES, 2014).

Associado a esses fatores, o profissional de enfermagem ainda vive, muitas

vezes, em seu ambiente laboral em torno de um terço de sua vida, um ambiente que

se transforma constantemente, com novas tecnologias, novas posturas frente às

necessidades de mercado, interferindo nas relações de trabalho. Em muitas

situações, as causas do adoecimento originam-se das relações de trabalho que

causam desconforto, conflitos, estresse e em situações extremas, diminuição da

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capacidade vital, o que pode vir desencadear a morte do profissional (TEIXEIRA,

2007).

A preocupação com as condições de trabalho da enfermagem em hospitais

vem atraindo a atenção de muitos pesquisadores, devido aos riscos que o ambiente

oferece e aos aspectos penosos das atividades peculiares à assistência de

enfermagem entre os quais se destacam o desrespeito aos ritmos biológicos e aos

horários de alimentação, falta de programa de trabalho, longas distâncias

percorridas durante a jornada de trabalho, dimensão inadequada de mobiliários e a

inexistência, insuficiência ou inadaptação de materiais. Neste sentido, torna-se

necessário repensarmos os tradicionais modelos de organização do trabalho,

criando condições de flexibilização através da participação dos trabalhadores nas

suas decisões e transformações, favorecendo a promoção da saúde e a melhoria da

qualidade de vida do trabalhador.

2.3 O TRABALHO EM ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL, SUAS DEMANDAS

E AS RELAÇÕES COM OS RISCOS À SAÚDE DO PROFISSIONAL.

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o setor que visa prestar atendimento

aos pacientes graves e críticos, sendo considerado o ambiente com maior carga de

tensão de todos os setores dentro da rede hospitalar (RODRIGUES et al. 2013).

Conforme Paschoa, Zanei e Whitaker (2007), há desgaste físico e psicológico dos

profissionais da área da saúde, principalmente para aqueles que trabalham na UTI,

pois a aproximação e atenção com os pacientes e familiares são intensas; tudo isso

adicionado às duplicidades de vínculos empregatícios, leva o desgaste físico a esses

trabalhadores.

Partindo desse pressuposto e sabendo que a UTI é uma unidade preparada

para atender pacientes graves ou potencialmente graves, mas que, no entanto

expõe um ambiente hostil, com ação intensa de fatores estressantes,

complementaram Berttinelle e Erdmann (2009) que esses fatores agressivos não

atingem somente os pacientes e familiares, mas também, trazem repercussões na

vida cotidiana da equipe multiprofissional.

Conforme dados disponibilizados pela Organização Internacional do Trabalho

(2015), os riscos oriundos de mudanças tecnológicas, sociais e de organização

(consequências da globalização) afetam gravemente a saúde dos trabalhadores,

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ainda que alguns dos riscos tradicionais tenham diminuído devido a maior

segurança, a melhor regulamentação e a maiores recursos técnicos empregados.

Paralelamente surgem novos tipos de Doenças Profissionais oriundas de riscos

emergentes ocasionados por condições ergonômicas deficientes, exposição à

radiação eletromagnética e devido aos riscos psicossociais.

A associação entre o constante déficit de profissionais, turnos prolongados, as

condições inadequadas de trabalho, poder de decisão restrito, entre outros fatores

também contribuem para o esgotamento físico e emocional destes trabalhadores

(MACHADO et al., 2014).

Na UTI NEO da MEJC, tais riscos podem ser visualizados diariamente, pela

demanda de atividades diárias como a realização de exames radiológicos, rotina de

monitoramento intensivo das condições clinicas dos pacientes, lotação dos leitos,

risco de morte eminente, tensão em lida com graves patologias, envolvimento

psicológico e emocional com o paciente e seus familiares, conflitos interpessoais

entre os membros da equipe, em sua maioria desencadeada pelo excesso de

atividades laborais, lotação das unidades e reduzido número de funcionários.

Sabe-se que a exposição aos riscos ocupacionais traz, como consequências,

diversos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida do servidor,

comprometendo assim a qualidade da assistência prestada.

Neste sentido, dentro do ambiente de uma UTI Neonatal, os profissionais de

enfermagem vivenciam situações de risco cotidianamente, deixando de proteger-se,

de cuidar-se, como se fosse uma atitude “natural”, essencial para o exercício da

profissão cujo objeto é a prática do cuidar. Observamos que, muitas vezes, a

atenção da equipe no ambiente de trabalho se concentra no cuidar, porém, no cuidar

apenas “dos outros”.

2.3.1 Interesse pela saúde e segurança do trabalhador: condições de

trabalho e riscos ocupacionais

O trabalho da saúde, e em especial, da enfermagem, é árduo, de longas

jornadas e, especialmente, continuo e permanentemente, com atividades intensas e

rotineiras quase todo o período. A enfermagem em seu percurso histórico vem se

adaptando às mudanças geradas pela organização do trabalho (2-3).

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Quando o cotidiano do trabalhador de enfermagem encontra-se permeado por

precárias condições relacionadas ao vínculo, à extensão de jornada e à (des)

qualidade da assistência prestada, percebe-se a insatisfação e rompimento do

processo de trabalho (). Para alguns autores a saúde ou o adoecimento são

influenciados pelas particularidades e complexidades do serviço.

As condições de trabalho contribuem para a precarização do trabalho da

enfermagem, consequentemente, acabam interferindo no modo de trabalhar desses

profissionais, bem como na sua saúde, visto que estes fatores influenciam também a

qualidade de vida.

Em seu estudo Ferreira e Silva (2018), identificaram que o processo de

adoecimento ocorre principalmente pelas agressões frequentes que o ambiente de

trabalho e suas condições ocasionam à saúde desses indivíduos e a maneira como

eles as enfrentarão.

É preciso levar em consideração que cada indivíduo responderá de uma

maneira a estes estímulos, dependendo de sua capacidade intelectual, física e

psicológica; bem como devemos levar em consideração também que o docente tem

dificuldade de se considerar como trabalhador e, principalmente, de se reconhecer

como pessoa que adoece o que explica a ausência de queixas em relação a sua

saúde.

Para Darli (2010) a realidade cotidiana dos trabalhadores de Enfermagem nos

serviços hospitalares do Brasil se resume às longas jornadas de serviço, à

precarização das relações existentes, à desvalorização do salário, às péssimas

condições oferecidas pelo empregador, que contribuem para o desgaste físico e

emocional, cujas exigências são tão expressivas que afasta o enfermeiro da

assistência, obrigando a delegar as ações para a equipe, infelizmente.

O trabalho em saúde, ainda que uma necessidade ao desenvolvimento

humano visto sua característica inerente ao cuidado do próximo, tem potencial

danoso à saúde dos trabalhadores, uma vez que a exposição destes aos mais

diversos riscos oriundos do labor é um problema de domínio não apenas da

comunidade científica.

Os riscos de adoecimento vinculados ou não ao trabalho compreendem uma

reação complexa que envolve componentes físicos e psicológicos de enfrentamento

do ser humano a uma variedade de situações de temeridade dos quais excedem os

recursos disponíveis para lidar com uma ocorrência (HAYECK, 2010).

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A equipe de enfermagem é preparada para o cuidado, porém, muitas

variáveis decorrentes das condições de trabalho podem modificar o modo que o

cuidador desenvolve suas atividades. Tal panorama certamente gera conflitos que,

se não geridos adequadamente, acabam se tornando fontes de violência, que pode

ser explícita ou velada. Independentemente de a violência ser física ou moral, esta

interfere na qualidade de vida, na saúde e segurança do trabalhador.

Na maioria das vezes, o trabalhador de enfermagem está tão envolvido no

processo de cuidar que não percebe um ciclo vicioso, ou seja, ao sofrer um ato de

violência, rebate ao usuário a agressão, sem se dar conta de sua atitude. Nesse

cenário, o trabalhador pode iniciar um processo de adoecimento, manifestando os

primeiros sinais de alerta, como desânimo, frustração, insegurança e medo,

traduzidos em sofrimento, que por vezes evolui para o afastamento ou para a

desistência da profissão, explícitos no absenteísmo e no afastamentos elevados

(SECCO 2010).

No Brasil, a regulamentação da saúde dos trabalhadores começou ainda na

década de 80, com a reformulação do processo saúde-doença relacionada ao

ambiente de trabalho, período em que houve destaque para as epidemias e doenças

oriundas da profissão. Nesse mesmo período, começaram a surgir à formação

especializada de profissionais voltados para a saúde do trabalhador (PAZ; KAISER,

2011).

A saúde do trabalhador no Brasil é um direito garantido pela constituição

federal de 1988, no seu artigo 196, ao definir que:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988).

Em 1990, a lei 8.080 afirma em seu artigo 3° que a saúde tem “como

determinantes e condicionantes, entre outros a alimentação, a moradia, o

saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,

o lazer e o acesso a bens e serviços essenciais” (BRASIL, 1990). Nesse sentido,

algumas inciativas procuram consolidar avanços nas politicas de atenção integral a

saúde do trabalhador, como se verifica na PORTARIA N.1.823/12, que institui a

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Politica Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que tem como

finalidade:

Definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. (BRASIL, 2012)

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador reconhece na promoção da

saúde a busca da equidade e busca estimular as ações intersetoriais; fortalecer a

participação social; promover mudanças na cultura organizacional; incentivar a

pesquisa e divulgar as iniciativas voltadas para a promoção da saúde para

profissionais de saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde – SUS.

(BRASIL, 2012)

Os riscos ocupacionais constituem são outro fator que esta ligada a saúde do

trabalhador, sendo considerado como riscos todo acidente que coloque o

trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade e seu bem estar

físico e psíquico.

Para o Ministério do Trabalho, em sua portaria nº 3.14-1978, os Riscos

Ocupacionais Hospitalares são classificados em: risco de acidente, ergonômicos,

físicos, químicos e biológicos e 29 psicossociais.

Riscos Acidentais: são os que colocam em situação de perigo o

trabalhador, podendo afetar sua integridade física ou moral. Como exemplo:

explosões.

Riscos Ergonômicos: trata-se de riscos que podem interferir nas

características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando

sua saúde. Como exemplos têm os traumatismos de coluna dos profissionais da

enfermagem ao realizarem o translado de pacientes de determinado lugar para

outro.

Riscos Físicos: são as diferentes formas de energia que o trabalhador

pode estar exposto como calor, frio, radiações ionizantes.

Risco Químico: são as substâncias químicas manipuladas pelos

trabalhadores de forma direta ou indireta no ambiente de trabalho, como: poeiras,

névoas e neblinas.

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Riscos Biológicos: compreendem-se as exposições ocupacionais aos

mais diversos agentes biológicos como vírus, bactérias, e fungos dentre outros.

Riscos Psicossociais relacionados com o trabalho: são definidos como

todos os aspetos relativos ao desempenho do trabalho, assim como à organização e

gestão e aos seus contextos sociais e ambientais, que têm o potencial de causar

danos de tipo físico, social ou psicológico.

Com base nos conhecimentos desses riscos, a NR nº9 estabelece a

obrigatoriedade de identificar os riscos à saúde humana no ambiente de trabalho e

atribui à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) em fazer conhecer ao

trabalhador e aos demais, os locais a serem identificados com os riscos

ocupacionais presentes naquela área, através da simbologia das cores, que indicam

30 os grupos de riscos, segundo sua natureza como marrom – biológico; vermelho –

químico; verde – físico; amarelo – ergonômico; e azul – mecânico ou de acidente

conforme demonstra a figura a baixo.

QUADRO 1: CLASSIFICAÇÃO DOS PRÍNCIPAIS RISCOS OCUPACIONAIS EM GRUPOS

DE ACORDO COM A SUA NATUREZA E A PADRONIZAÇÃO DAS CORES CORRESPONDENTES

Fonte: SILVA, 2015.

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Nesse contexto a preocupação com a saúde do trabalhador expressa nas

inúmeras leis, produz ainda a criação das Normas Regulamentadoras (NRs), cujo

papel é contribuir especificamente para normatizar a segurança e saúde do

trabalhador na atividade econômica e outras provisões, constituídas de 36 NRs,

conforme a Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, aprovada pela Portaria nº

3.214, de junho de 1978 (ROSA, 2012).

As NRs de Segurança e Medicina do Trabalho estabelecem os requisitos

mínimos de segurança a serem adotados por todas as empresas que admitam

trabalhadores como empregados, sejam elas privadas ou publicas (SILVA, 2015).

Apesar das mudanças realizadas terem conseguido reduzir os riscos

ocupacionais tradicionais por promover maior segurança, melhor regulamentação e

maiores recursos técnicos empregados, as mudanças tecnológicas e sociais

resultantes da globalização, favorecem o surgimento de novos riscos, que afetam

significativamente a saúde dos trabalhadores, simultaneamente, surgem novos tipos

de Doenças Profissionais, oriundas de riscos emergentes ocasionados por

condições ergonômicas deficientes, exposição à radiação eletromagnética e riscos

psicossociais (OIT, 2015). A seguir temos a ilustração do mapa de riscos

ocupacionais no ambiente na UTI NEO DA MEJC, elaborado pelo SOST.

QUADRO 2 - MAPA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS OCUPACIOANAIS NA UTI NEO DA MEJC

FONTE: SOST MEJC, 2017.

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2.3.2 Os riscos ergonômicos e psicossociais e seu impacto sobre a saúde do

profissional de enfermagem : Os disturbios musculoesqueleticos.

Conforme Teixeira e Silva (2014), as principais doenças relacionadas ao

trabalho e que são responsáveis pelo afastamento dos trabalhadores do ambiente

de trabalho, consistem nas doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho

(DORT), Síndrome de Burnout, depressão, afecções do trato respiratório, afecções

do trato urinário, dermatoses, lombalgias, distúrbios osteomusculares relacionados

ao transporte e movimentação de pacientes e à postura inadequada.

De acordo com Silva e Zeitoune (2009), a postura inadequada dos

profissionais de saúde, ao prestar assistência ao paciente, tem sido uma das

principais causas que levam ao adoecimento dos trabalhadores dentro dos riscos

ergonômicos.

O estudo ergonômico objetiva a aplicação de princípios voltados à teoria de

que o ser humano é composto por elementos aperfeiçoáveis para sua satisfação e

autoestima. (SOUZA.,et al., 2017). O trabalho da enfermagem envolve fatores de

riscos que comprometem a saúde. E em inúmeras atividades desenvolvidas por

esses profissionais incluem um misto de posturas penosas vinculadas aos aspectos

assistenciais (MERCHAN; JURADO, 2007).

Atualmente, há adoção de medidas como as ergonomias para prevenir as

exposições frequentes de trabalho visam diminuir as sobrecargas biopsicossociais.

Em todos os tipos de esforços, é necessário detectar quais fatores e riscos o

indivíduo poderá obter. Desse modo, as estratégias para a diminuição dos riscos

ergonômicos promovem uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho.

(NERY, ET al., 2013).

Na avaliação de Simão et al.(2010), os riscos ergonômicos estão presentes

no local de trabalho inadequado, ritmo de trabalho excessivo, rodízio de trabalho,

jornadas de trabalho prolongadas, repetição de atividades, que podem vir a serem

agentes causadores das alterações psíquicas. Dessa forma, conforme Elias; Navarro

(2006), além dos riscos ergonômicos, a própria atividade desempenhada pelos

trabalhadores da saúde em ambiente hospitalar já traz uma grande carga psíquica,

devida à própria pressão e tensão das atividades.

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Portanto, Paulino, Lopes e Rolim (2008), afirmam nas suas pesquisas que os

riscos ergonômicos na UTI podem ser explicados pelo grande número de pacientes

que se encontram em quadro de inconsciência, além das grandes quantidades de

procedimentos a serem realizados, repetidas vezes, em curto espaço de tempo,

exigindo longa permanência em exercícios e posições desconfortáveis. Assim,

estima-se que 64% dos pacientes hospitalizados nessa unidade oferecem este tipo

de risco aos profissionais da enfermagem.

Segundo Leite; Silva e Merighi (2007) no ambiente ocupacional existem vários

fatores ergonômicos relacionados a problemas ambientais e organizacionais que

aumentam o risco do surgimento dos distúrbios osteomusculares (DORT), entre eles

estão à presença de recursos tecnológicos inadequados, incluindo mobiliário, a falta

de equipamentos especiais para movimentar pacientes, além da escassez de

recursos humanos e a falta de educação permanente em saúde.

Estudo realizado por Wagner (2013) aponta para a atenção dirigida às lesões

do sistema musculoesquelético, por serem importantes causas de morbidade, de

aumento do absenteísmo e da incapacidade temporária ou permanente do

trabalhador com custo expressivo, não só pela perda de dias de trabalho, mas

também pelos gastos com benefícios previdências e pelos tratamentos

medicamentoso e fisioterápico. Por entender que qualquer doença de origem

ocupacional passa pelo conhecimento de “como” e “onde” o trabalhador executa sua

tarefa, a análise da organização e do processo de trabalho em enfermagem permite

detectar os fatores que podem contribuir para o aparecimento de patologias de

origem ocupacional nesses profissionais, mais especificamente lesões

osteomusculares.

Uma pesquisa realizada num serviço de unidade ambulatorial especializada

detectou que os principais fatores ergonômicos observados que podem aumentar as

repercussões negativas na saúde dos sujeitos submetidos ao estudo foram: os

corredores longos; ausência ou pouca disponibilidade de banheiros, exigindo mais

locomoção; manipulação de cargas; e mobílias insuficientes e inadequadas para a

postura laboral, entre outros (SHOJI, SOUZA, FARIAS, 2014).

Proporcionar um ambiente ergonomicamente adequado através da aplicação

dos princípios da ergonomia no desenvolvimento das atividades laborais é essencial

a todos os trabalhadores. Garantindo desta forma uma interação adequada e

confortável do ser humano com os objetos que maneja, assim como com o ambiente

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de trabalho. O ambiente de trabalho implica na evolução da produtividade, assim

reduzir riscos e os custos laborais que se manifestam através de absenteísmo,

conflitos e pela falta de interesse pelo trabalho. Sabendo que sendo respeitados

todos estes fatores poderemos ter ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e

eficientes, atuando direta ou indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos

resultados do próprio trabalho (GODINHO, 2004).

As NRs de Segurança e Medicina do Trabalho estabelecem os requisitos

mínimos de segurança a serem adotados por todas as empresas que admitam

trabalhadores como empregados, sejam elas privadas ou publicas (SILVA, 2015).

Atualmente, existem 36 normas, cada uma delas destinada a alguma área de

trabalho, inclusive à instalação de Serviços Especializados em Engenharia e em

Medicina do Trabalho (SESMT) (NR-4); da Comissão Interna de Prevenção de

acidentes (CIPA) nas instituições (NR-5), Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional (PCMSO) (NR-7) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

(PPRA) (NR-9) (OLIVEIRA, 2014).

A NR n.º 17 destaca que o risco ergonômico refere-se às condições de

trabalho no que tange ao levantamento, transporte e descarregamento de materiais,

além dos mobiliários e equipamentos e visa também estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas

dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente. (BRASIL, 2011).

Desta forma consideramos a aplicação dos princípios ergonômicos na

Enfermagem condizentes com a fase de desenvolvimento em que esta profissão se

encontra, onde o corpo de conhecimento científico, embora ainda em formação, está

sendo construído, vislumbrando não apenas a técnica, mas o embasamento teórico

engajado nos modelos assistenciais contextualizados no atual momento sócio-

político e econômico.

Numa tentativa de compreender as interações entre as atividades laborais e

seus executores, a ergonomia é empregada como o estudo de vários aspectos da

relação da pessoa com as condições de trabalho, observando postura, movimentos

corporais, fatores ambientais, equipamentos, cargos e tarefas desempenhadas.

(GODINHO, 2004).

A aplicabilidade dos princípios da Ergonomia visa propiciar uma interação

adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com o

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ambiente onde trabalha e ainda melhorar a produtividade, reduzir os custos laborais

que se manifestam através de absenteísmo, rotatividade, conflitos e pela falta de

interesse para o trabalho (BRITO et al. 2015).

Para a ergonomia, as condições de trabalho são representadas por um

conjunto de fatores interdependentes, que atuam direta ou indiretamente na

qualidade de vida das pessoas e nos resultados do próprio trabalho e que o homem,

a atividade e o ambiente de trabalho são os elementos componentes da situação de

trabalho.

A Ergonomia apresenta como domínios de especialização: a ergonomia física,

cognitiva ou organizacional. A ergonomia física trata da relação das características

anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas do homem com a atividade

física realizada, envolvendo, por exemplo, o estudo do posto de trabalho, posturas,

alcances, distúrbios, entre outros. A ergonomia cognitiva compreende os processos

mentais (percepção, memória, raciocínio) nas interações do homem com os

elementos de um sistema, envolvendo o estudo das cargas de trabalho, estresse,

desempenho, entre outros. Por fim, a ergonomia organizacional busca a melhoria do

sistema como um todo (estrutural, política e processual), incluindo o estudo das

comunicações, cooperatividade, participação, gestão da qualidade, entre outros

(ABERGO, 2013).

Dentro da instituição o trabalhador deve executar suas tarefas em condições

ambientais favoráveis para que ele possa produzir com qualidade, segurança e que

o trabalho seja algo que te dê prazer, para que isto aconteça é necessário que a

instituição ofereça mobiliários, instrumentos, temperatura adequada, boa iluminação,

segurança para praticar as tarefas, dar autonomia ao funcionário em suas atividades

para que se sinta respeitado perante a instituição. (NASCIMENTO, CAHET 2014).

Os profissionais que não recebem uma orientação sobre os princípios

ergonômicos estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças relacionadas

ao ofício como: stress, fadiga exaustão cognitiva e também ao desenvolvimento de

agravos à saúde. Com isso, a diminuição dos riscos ergonômicos à saúde do

trabalhador está em grande parte, relacionada com a disponibilidade dos

profissionais em colocar em prática todos os cuidados e medidas de proteção,

entendendo a importância das mesmas para sua própria saúde (SILVA, 2010).

Portanto, o conhecimento e avaliação dos fatores de riscos ergonômicos

presentes no ambiente de trabalho merecem tratamentos adequados visando

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melhorar o conforto, a segurança e a saúde dos trabalhadores e consequentemente

resultando em melhor qualidade de vida no trabalho e melhor desempenho produtivo

para as organizações.

2.3.3 Os distúrbios osteomusculares e sua relação com bem-estar do

profissional da enfermagem

Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) é um

termo que abrange um variado grupo de disfunções do sistema musculoesquelético

ocasionadas por atividades realizadas durante o trabalho por um longo período de

tempo. Acometem músculos, tendões, articulações, nervos e ligamentos,

apresentando um quadro clínico diversificado, incluindo dor, formigamento,

dormência, peso e fadiga. Entre os profissionais de enfermagem, é um dos

problemas mais recorrentes e mais dispendiosos, contribuindo significativamente

para o afastamento do trabalho e a inaptidão laboral (BATTAUS et al., 2012;

FERNANDES et al., 2012;).

Os Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são doenças

que possuem etiologia ocupacional, são causados pela forma como o profissional

executa, ou que lhe é imposto, o trabalho. Quando o processo laboral é feito de

maneira extenuante, sem pausas, com movimentos repetitivos, estereotipados e

posturas incorretas surgem sintomas sem “entidade clínica específica”, mas com

aspectos relacionados à dor, à parestesia, à fadiga, à perda de força e à amplitude

de movimento (SANTOS E ALMEIDA, 2016).

Para o autor destacam-se como doenças pertencentes ao grupo dos DORT,

afecções que acometem tendões, músculos, fáscias e ligamentos, ocorrendo de

forma isolada ou combinada, e acarretando em doenças que atingem principalmente

os membros superiores e a coluna como as tendinites, as lombalgias, cervicalgias e

as dorsalgias (SANTOS E ALMEIDA, 2016).

Uma das principais características dos DORT é o caráter crônico da doença.

Os sintomas são remitentes e frequentemente causam sequelas que afastam o

trabalhador do ambiente laboral (OLIVEIRA, 2015).

Esse problema de saúde inicialmente foi diagnosticado como “doenças dos

digitadores, na década de 80, aqui no Brasil, posteriormente no ano de 1991 ocorreu

o seu reconhecimento como doença ocupacional pela Norma Técnica para Perícia

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Médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sendo considerada como um

problema de saúde pública e ao longo dos anos os DORT vêm assumindo um

caráter epidêmico pela expansão dos casos, acarretando incapacidade para a vida,

a qual não se resume apenas ao ambiente de trabalho e, por conseguinte, causando

fortes impactos no sistema de previdência pública e na distribuição do encargo para

toda a sociedade (CARRIJO; NAVARRO, 2009).

Deve-se atentar que os DORTs não são causados por um esforço repetitivo

qualquer, e que as causas vão além dos sintomas físicos, pois elas passam pela

organização do trabalho, dificuldades interpessoais bem como os fatores

ergonômicos inerentes a cada ambiente (BAPTISTA et al, 2011).

A enfermagem é caracterizada por ser uma profissão árdua, que se defronta

diretamente com o sofrimento humano, o que requer do trabalhador não somente o

esforço físico, mas principalmente, emocional (MACHADO et al., 2014).

Portanto diante desse contexto faz-se necessário entender as implicações

que o trabalho produz sobre o bem estar desses profissionais e mediante essa

compreensão buscar elaborar e executar programas de promoção, prevenção e

recuperação da sua saúde desses trabalhadores.

O trabalho de enfermagem é repetitivo, demanda esforço físico levantamento

de peso, elevado número de doentes, pacientes com sobrepeso ou obesidade,

posturas inadequadas exigidas durante a prestação de cuidados, trabalho por turno,

falta de adequação arquitetônica dos locais de trabalho, os quais associados aos

estressores mentais são fatores de risco para ocorrência destes distúrbios

(BAPTISTA et al., 2011; FERNANDES et al., 2012).

Estudos mostraram que trabalhadores da área de enfermagem possuem

exposição exagerada a movimentos manuais repetitivos, adoção de posturas em pé

e caminhando na maioria do tempo e, além disso, o levantamento de carga e a força

muscular desenvolvida com os braços e com as mãos também ocupam grande parte

da jornada de trabalho desses profissionais (MACHADO et al., 2014; RIBEIRO et al.,

2012).

Há que se considerar que o caminhar pode aumentar a chance de dor

muscular devido ao excesso de esforço e impacto, porém pode diminuir a

probabilidade de dor em membros inferiores por mecanismos do sistema vascular

(RIBEIRO; FERNANDES, 2011).

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A adequação do trabalho ao trabalhador oferece inúmeras vantagens para

empregador e empregado. Tais como a melhoria da qualidade de vida de seus

empregados; diminuição dos gastos com assistência médica; aumento da eficiência

do trabalho humano; diminuição da rotatividade no quadro de funcionários da

empresa (aproveitamento da qualificação profissional); maior proteção legal à

empresa, contra possíveis processos de empregados; aumento da produtividade;

melhor imagem e melhor ambiente de trabalho. Além das vantagens ao empregado

como: diminuição da fadiga e desconforto físico; diminuição do estresse e maior

estabilidade emocional; favorecimento da socialização do trabalhador junto ao grupo

de trabalho; maior eficiência no trabalho; diminuição da incidência de doenças

ocupacionais; melhora da qualidade de vida. (BLOEMER, 2010).

Na área da saúde o impacto dos riscos psicossociais sob o bem estar do dos

profissionais de enfermagem diariamente sujeitos a inúmeras situações

desgastantes, quer pela proximidade com os utentes e pela natureza específica das

tarefas desempenhadas quer, ainda, pelas características próprias do ambiente de

trabalho e sua organização (SILVA, 2015). Essa classe profissional, que nos últimos

anos tem sido alvo de diversos estudos, particularmente exposta a elevados níveis

de depressão e estresse.

Convém mencionar que existem inúmeras tensões às quais os indivíduos

estão expostos diariamente no seu ambiente de trabalho e que são consideradas

como geradoras de estresse, e que põem em risco a integridade social e psicológica

do homem. Uma delas é o risco psicossocial, que se manifesta de forma silenciosa,

afetando a saúde e o bem estar do indivíduo como: estresse, desgaste mental,

transtornos; distúrbios, como insônia e depressão; patologias psicossomáticas, como

hipertensão arterial, entre outros (DIAS et al., 2013). Desse modo, o interesse pelo

estudo do estresse em enfermagem é justificado pela natureza dos serviços

prestados, uma vez que a qualidade e eficácia do seu trabalho pode ter impacto

decisivo na qualidade dos cuidados prestados aos utentes (Almeida SRW, Dal

Sasso, GTM, Barra DCC, 2016).

As situações e relações sociais inerentes ao contexto de trabalho no âmbito

de um serviço hospitalar, principalmente em um setor de alta especificidade como

uma UTI Neonatal, promove um desgaste psíquico, mas intenso que o físico sofrido

com a própria natureza do trabalho, impactando no bem-estar dos profissionais.

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Segundo a OIT, (1986) que publicou na década de 1980, um documento

solicitando a mobilização dos países, no âmbito das políticas públicas uma descrição

sobre os riscos psicossociais presentes no contexto laboral como sendo: são fatores

que exercem influência sobre a qualidade da saúde do trabalhador, seu

desempenho e sua satisfação no trabalho. Tais fatores resultam das interações entre

o ambiente de trabalho, o conteúdo, natureza e condições de trabalho, bem como

das necessidades, da cultura e condições de vida do trabalhador no contexto de vida

extratrabalho.

Os riscos psicossociais associados ao trabalhador são vários, tais como,

fadiga, tensão, trabalho sob pressão, que, por exemplo, podem resultar na perda do

controle sobre o trabalho e desqualificação do trabalhador até a sua completa

exaustão. O estresse, síndrome de burnout, neuroses, distúrbio do sono, ansiedade

intensa, depressão, obsessões, conflitos interpessoais, assédio moral, conflitos

familiares e violência, são consequências que afetam a saúde e o bem-estar dos

trabalhadores (CHIODI; MARZIALE, 2006). Ou seja, riscos psicossociais estão

associados a agentes, fatores e aspectos de riscos presentes no ambiente laboral,

que podem alterar e transformar de forma negativa a situação de bem-estar,

trazendo prejuízos à saúde e rotina pessoal dos trabalhadores (CARAN, 2007). Além

destes, podem ser citados os prejuízos financeiros, de desprazer e de desagregação

social entre os mesmos (ZANELLI; KANAN, 2018).

Brito et al. (2015), em revisão integrativa de literatura sobre os riscos

psicossociais relacionados ao trabalho de enfermeiros hospitalares, destacam a

violência verbal e violência física por parte dos pacientes devido a longos tempos de

espera, assim como, exames médicos e testes, regras hospitalares, escassez de

profissionais e a sobrecarga de trabalho que resultam em cansaço e estresse. Estes

são exemplos de aspectos que podem afetar sobremaneira o bem-estar do

trabalhador. De acordo com essa pesquisa, o cansaço mental e o estresse são

atualmente uma das principais causas de adoecimento desses profissionais. Outros

problemas encontrados foram alergias, alterações cardiovasculares, distúrbios do

sono, decorrentes de situações estressoras ligadas diretamente ao campo

psicossocial. Os autores destacam ainda, que há muitos estudos acerca do tema na

área da enfermagem, o que mostra o investimento dessa categoria profissional em

conhecer os riscos ocupacionais.

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Essa condição é comum entre os profissionais de saúde e está relacionada a

diversos fatores, como lidar cotidianamente com dor, morte, sofrimento, desespero,

incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos, assim como reações

desencadeadas pelas situações de adoecimento dos pacientes sob sua

responsabilidade (BATISTA, 2011). Somam-se a essas questões do dia a dia, o

acúmulo de tarefas, o desgaste físico e outros. Ainda dentro desse contexto, são

delegadas a esses profissionais, múltiplas tarefas, com alto grau de exigência e de

responsabilidade. Dependendo do ambiente, da organização do trabalho e do

preparo para realizar as atividades, podem surgir tensão para o próprio funcionário,

para a equipe como um todo e para a comunidade assistida (CAMELO; ANGERAMI,

2007).

Velasco (2014) afirma que os profissionais de Enfermagem, por acumularem

grande número de funções, percebem o seu trabalho como desestimulante, tedioso

ou desinteressante, incluindo o fato de que a maioria desses trabalhadores

apresenta elevado risco para o desenvolvimento de distúrbios psicológicos ou

doenças físicas, baixo apoio social e possibilidade de estresse ocupacional.

2.4 O TRABALHO DA ENFERMAGEM COM ENFOQUE NA ERGONOMIA

Ao analisar o contexto atual, na era da globalização, o quadro da

modernização tecnológica, da privatização e terceirização dos postos de trabalho, da

concorrência e competitividade entre os homens e a precarização de emprego, de

condições de trabalho, salários, enfim, condições necessárias ao sustento, bem-

estar e saúde do trabalhador, verifica-se que o trabalhador se submete ao mercado

de trabalho muitas vezes, questionar os riscos a que estão expostos no ambiente

laboral.

No âmbito da saúde, os trabalhadores da área de enfermagem possuem

exposição exagerada a movimentos manuais repetitivos, bem como adoção de

posturas em pé, andando durante a maior parte do tempo, levantamento de carga e

a força muscular desenvolvida com os braços e com as mãos também ocupavam a

maior parte da jornada de trabalho, não atentando a qualidade do cuidado que

oferece ao cliente, sua própria qualidade devida e, muito menos, o seu autocuidado

– o cuidar de si.

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Por tanto, ao estudar os riscos ocupacionais, destaca-se a classificação de

Moraes, que os divide em cinco grupos, conforme sua natureza, a saber: riscos

físicos; químicos; biológicos; ergonômicos e de acidentes. De acordo com a

classificação referida, percebe-se que os trabalhadores de enfermagem estão

expostos a inúmeros riscos que podem causar agravos à sua saúde, acidentes de

trabalho e/ou doenças, principalmente durante a assistência ao cliente, e que essa

exposição pode trazer consequências para a saúde do trabalhador em vários

aspectos: físico, psíquico, emocional e social.

Sobre o risco ergonômico Loro, Zeitoune, Guido, Silveira e Silva, identificam

no seu estudo que o trabalho de enfermagem em hospitais é realizado em longas

jornadas, em pé, e com manipulação de peso excessivo sem respeitar a

biomecânica corporal. Como consequências traz danos à saúde mental do

profissional e ainda, a interferência disto na qualidade da assistência prestada.

Albuquerque, Castro, Ferreira e Oliveira fala somente que os riscos ergonômicos

podem afetar a vida do trabalhador interferindo em suas características

psicofiiológicas.

Estudos realizados por Rodrigues (2009) identificaram os danos causados à

saúde do trabalhador decorrentes de sua atividade laboral, enfatizando: os distúrbios

osteomusculares e a enfermagem hospitalar; o estresse nos trabalhadores de

enfermagem; danos consequentes da prática hospitalar e adoecimento dos

trabalhadores de enfermagem (incluindo os distúrbios do sistema osteomuscular,

seguidos dos transtornos mentais e comportamentais, dentre outros).

O termo “Ergonomia” é composto por duas palavras gregas; ergon (trabalho)

e nomos (normas, regras, leis) e denomina o estudo da adaptação do trabalho às

características dos indivíduos, de modo a lhes proporcionar um máximo de conforto,

segurança, e bom desempenho nas suas atividades no trabalho (FALZON, 2007).

A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) em 2000 adotou a seguinte

definição: A ergonomia é a disciplina científica que visa à compreensão fundamental

das interações entre os seres humanos e os outros componentes de um sistema, e a

profissão que aplica princípios teóricos, dados e métodos com o objetivo de otimizar

o bem-estar das pessoas e o desempenho global dos sistemas (FALZON, 2007).

Daniellou (2004) a definiu como Método destinado a examinar a complexidade, sem

colocar em prova um modelo escolhido a priori.

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Sendo assim, ao desenvolvermos uma ação ergonômica buscamos

elementos que nos permitam transformar o trabalho e também produzir

conhecimentos. Nesta perspectiva a ergonomia foi se desenvolvendo, adotando

como referência a noção de variabilidade, a distinção entre tarefa e atividade, e a

regulação das ações associada ao reconhecimento da competência dos

trabalhadores (ABRAHÃO et al., 2009).

Portanto a aplicabilidade dos conhecimentos da Ergonomia tem a finalidade

de apontar alternativas que reduzam os constrangimentos impostos aos

trabalhadores, como estabelecer recomendações que possam orientar a criação de

ambientes de trabalho mais cooperativos e motivadores, tem significativa relevância,

uma vez que oportuniza a conscientização dos trabalhadores quanto aos meios

necessários à prevenção do estresse ocupacional (SANTOS et al., 2005).

Estudos demostram que a causa de danos e/ou adoecimento dos

trabalhadores de enfermagem decorrentes da atividade laboral, estando os

distúrbios osteomusculares presentes em mais de um estudo, sendo esse um

agravo que tem acometido em grande escala a equipe de enfermagem, em especial,

sob a forma de lombalgias (RODRIGUES, 2009; DARLIR e ROBAZZI, 2010).

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho não são causados

por um esforço repetitivo qualquer. Suas causas vão além dos sintomas físicos, pois

elas passam pela organização do trabalho, dificuldades interpessoais, bem como os

fatores ergonômicos intrínsecos ao ambiente laboral.

De acordo com Villarouco e Mont’Alvão (2011) os elementos que compõe o

ambiente que devem ser considerados pela Ergonomia do Ambiente Construído, são

aqueles referentes ao conforto ambiental (luminoso, térmico e acústico), à percepção

ambiental (aspectos cognitivos), adequação de materiais (revestimentos e

acabamentos), cores e texturas, acessibilidade, medidas antropométricas (layout,

dimensionamento), e sustentabilidade. “Faz-se necessário uma abordagem

sistêmica quando se trata de avaliar o ambiente sob a ótica da ergonomia”. A autora

defende que: Uma metodologia pensada a fim de verificar adequação ergonômica de

espaços construídos deve contemplar duas fases, sendo uma de ordem física do

ambiente e outra da identificação da percepção do usuário em relação a este

espaço. As análises e recomendações são geradas da confrontação dos dados

obtidos nas duas fases.

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Nesse entendimento, PASQUALINI (2010), afirma que o posto de trabalho

deve estar ergonomicamente adequado ao operador para que possa realizar suas

tarefas com conforto, eficiência e eficácia, sem causar dados à saúde física, psíquica

e mental, visto que o posto de trabalho envolve o homem, seu local e toda ajuda

material que o indivíduo necessita, tais como máquinas, ferramentas, equipamentos,

mobiliário, softwares, sistemas de proteção e segurança, equipamentos de proteção

individual e o próprio sistema de produção.

Partindo em direção de outra perspectiva sobre a análise do trabalho, temos a

Ergonomia denominada de língua francesa, atualmente denominada como

“Ergonomia da Atividade”, esse novo olhar sobre a atividade do trabalho esta

centrada na atividade humana, e mais concretamente, na atividade situada na ação.

Um dos conceitos fundamentais da presente abordagem é a distinção entre o

conceito de tarefa e de atividade: “A tarefa é o que se deve fazer o que é prescrito

pela organização. A atividade é o que é feito, o que o sujeito mobiliza para efetuar a

tarefa” (FALZON, 2007). Com base em tais conceitos, a tarefa é o trabalho prescrito

pela empresa, o qual influencia e constrange as atividades, e assim o trabalho real

(GUÉRIN et al., 2001).

Portanto ao fazer uso do termo “atividade de trabalho” a ergonomia refere-se

ao individuo que trabalha com uma série de habilidades e saber prático, baseado em

suas experiências no trabalho, que o capacitam a controlar, regular e coordenar, e

construir sua ação para alcançar determinado objetivo. Tal atividade é situada em

um determinado contexto, composto por componentes materiais, sociais e históricos,

que fornecem recursos, mas também apresentam constrangimentos.

Simultaneamente, tal contexto é afetado pela experiência de vida subjetiva do

individuo, e assim, é constantemente revisada e atualizada.

Neste contexto, a Ergonomia da Atividade vai se preocupar com as estratégias

(regulação, antecipação, etc.) usadas pelo operador para administrar a distância

entre a prescrição e o trabalho real (Guérin et al., 2001). Assim, esta modalidade de

análise ergonômica focará o modo como o trabalho é sempre objeto de uma gestão

e de uma apropriação pessoal pelo trabalhador, mesmo tendo sido prévia e

heteronomamente fixado pela definição da tarefa, ferramentas utilizadas;

características próprias das pessoas e do contexto de uso.

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A vasta quantidade de pesquisas nessa área sobre os mecanismos de

regulação e sua interação com os sistemas organizacionais tem comprovado que a

ergonomia desempenha um papel importante no contexto do trabalho.

De acordo com Couto (2011), dentre as metas finais da ergonomia está à busca por

reduzir significativamente as lesões e doenças relacionadas ao trabalho, bem como

reduzir os acidentes que venham a ser ocasionados por atos e condições

inadequadas. Também faz parte dessa meta conseguir de modo gradativo a

eliminação das situações que possam causar desconforto, fadiga, dor e dificuldade

na realização do trabalho.

Atualmente muitas instituições já fazem uso da análise ergonômica do

trabalho, para intervir em situações cujas problemáticas variam desde a concepção

de salas de controle, extremamente automatizadas, passando por questões

referentes ao trabalho manual ou, ainda, por queixas relacionadas ao ambiente físico

de trabalho, sem deixar de lado os problemas de saúde, em particular, os

decorrentes das lesões por esforços repetitivos.

Sendo assim a empregabilidade na área da saúde dos estudos ergonômicos

constituem-se em um caminho para a obtenção de informações específicas e

relevantes sobre a melhoria da qualidade do cuidado e da qualidade de vida do

trabalhador no trabalho.

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3. METODO DO ESTUDO

A seguir são definidos e descritos os procedimentos utilizados a fim de

alcançar os objetivos propostos para o presente trabalho. Serão apresentados o

delineamento do estudo, a definição da amostra, os procedimentos realizados, os

instrumentos e técnicas para levantamento e analise dos dados.

3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

A presente investigação, quanto ao seu objetivo, caracterizou-se como sendo

um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. Descritivo em virtude que

o estudo estar interessado em descobrir as características de uma população e

observar fenômenos (como a incidência de riscos ocupacionais no ambiente e sua

repercussão sobre a saúde e o bem estar entre os trabalhadores da equipe de

enfermagem, foco desta pesquisa), procurando descrevê-los, classificá-los e

interpretá-los (RUDIO, 2000).

Os estudos descritivos são definidos por Gil (2002, p. 42) como aqueles que

“têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada

população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.

Complementando, Richardson (1999, p.71) acrescenta que “o estudo descritivo

representa um nível de análise que permite identificar as características dos

fenômenos, possibilitando, também, a ordenação e a classificação destes”.

Quanto à temporalidade (recorte), o estudo caracterizou-se como um estudo

transversal, que é definido por Richardson (1999, p. 148) como aquele no qual “os

dados são coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra

selecionada para descrever uma população nesse determinado momento”. O

presente estudo dessa forma, considerando que foi limitado a um período específico

de tempo (primeiro semestre de 2018) e que os resultados, obtidos através de dados

que foram coletados uma única vez, fornecerão um “retrato” do objeto da pesquisa,

possibilitando sua descrição.

3.2 LÓCUS DA PESQUISA E PARTICIPANTES

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Este estudo foi realizado na Maternidade Escola Januário Cicco- MEJC,

instituição pertencente ao Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte que é referência no estado em assistência à saúde da mulher. A

MEJEC funciona 24 horas por dia, de domingo a domingo e conta com 242

servidores RJU.

A população da pesquisa compreendeu os profissionais de enfermagem que

trabalham no setor da UTI Neonatal dessa maternidade,

A equipe de enfermagem da UTI Neonatal é composta por 76 profissionais

(enfermeiros, técnicos de enfermagem e residentes de enfermagem), que atuam na

assistência oferecida no serviço.

O tipo de amostra é não probabilístico, por conveniência, por permitir

descrever as características principais do grupo de estudo, bem como, a inclusão de

participantes ao alcance do pesquisador e dispostos a responderem os

questionários. Neste sentido, os critérios estabelecidos para delimitar a participação

dos indivíduos na pesquisa foram:

a. Critérios de inclusão: ser funcionário da UTI Neonatal, ser profissional

de enfermagem (enfermeiro, técnico ou auxiliar), concordar em participar da

pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

b. Critérios de exclusão: indivíduos que não concordarem em participar da

pesquisa e\ou não assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido.

Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa

através de cadastramento do projeto na Plataforma Brasil para a aprovação,

conforme a Resolução Nº 510, DE 07 DE ABRIL DE 2016 do Conselho Nacional de

Saúde que Regulamenta as Pesquisas nas Ciências Humanas e Sociais sob número

do parecer: 2.685.657 de 30 de maio de 2018.

3.3 PROCEDIMENTOS

Inicialmente, foi realizado o levantamento bibliográfico baseado em teses,

dissertações, artigos científicos e livros de bases indexadas, bem como, a pesquisa

documental, de modo a identificar o que já foi sistematizado sobre o tema na

literatura e no âmbito institucional (documentos, relatórios e outras formas de

comunicação).

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Em relação a analise documental, a Maternidade Escola Januário Cicco,

possui um Serviço Ocupacional de Saúde do Trabalhado (SOST), que reunir

informações referentes dados relacionados à saúde dos servidores, dentre esses

foram pesquisados os seguintes documentos: o relatório de qualidade de vida no

trabalho, o relatório de absenteísmo, o relatório de clima organizacional do hospital e

para caracterização dos afastamentos de trabalho dos servidores lotados nesse

setor. Simultaneamente, antes da entrada em campo, foi solicitada a Carta de

Anuência da instituição campo da pesquisa e efetuado o cadastramento do projeto

na Plataforma Brasil.

Em seguida, definido o setor da UTI Neonatal como local da pesquisa, foi

realizada uma explanação para o gestor da unidade e equipe de enfermagem de

cada turno de serviço sobre o estudo a ser realizado no setor. Posteriormente, foram

realizadas visitas para observação das atividades desenvolvidas pelos profissionais

da enfermagem, bem como do ambiente de trabalho.

A etapa seguinte consistiu em realizar a aplicação dos questionários no

próprio local e ao longo do turno de trabalho. Na oportunidade, foi disponibilizado

para todos os participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

(APÊNDICE), com esclarecimentos acerca do estudo. Na sequencia, foram feitas

algumas entrevistas com profissionais do setor para obter uma maior compreensão

em relação ao processo e condições de trabalho, bem como aspectos relacionados

à saúde e adoecimento.

O fluxograma abaixo apresenta as etapas para realização do estudo:

QUADRO 3 – Fluxograma representativo das etapas da pesquisa

1º • Análise documental e levantamento de dados secundários

•Contato com gestores e apresentação da proposta de estudo

•Visita ao campo de pesquisa e observação das atividades desenvolvidas.

4º • Aplicação dos questionarios de forma presencial e entrevista semi estruturada

5º •Análise e interpretação dos dados

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3.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados através de observações dentro das duas unidades

da UTI Neonatal, no decorre dos turnos de trabalho, sendo realizadas anotações

sobre a distribuição das tarefas entre os trabalhadores, as rotinas de trabalho nos

diferentes turnos de serviço, as atividades realizadas pelos enfermeiros e técnicos

em enfermagem ao prestarem assistência aos recém-nascidos ali internados e a

atribuição do número de leitos entre os profissionais presentes em cada turno de

trabalho.

Como próxima etapa foi realizada a entrevista semiestruturada, na qual foram

utilizados três questionários, aplicados no próprio ambiente de trabalho e

respondidos pelos profissionais nos intervalos entre as tarefas de enfermagem,

durante o turno de trabalho. O primeiro, questionário para identificar o perfil

sociodemográfico e funcional (contendo informações sobre faixa etária, função,

tempo de serviço na empresa e turno de trabalho), o seguinte, para investigar as

condições e os riscos ocupacionais inerentes ao trabalho das equipes de

enfermagem da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco e o terceiro,

com a finalidade de obter informações sobre queixas osteomusculares dos

profissionais (ANEXO A).

Ao longo das observações, foram registradas algumas imagens que serviram

para ilustrar o ambiente de trabalho e os participantes em ação. O quadro a seguir

sintetiza os aspectos observados no contexto investigado.

Aspectos ergonômicos

Aspectos da tarefa e da atividade

Características do ambiente quanto aos

aspectos físicos e materiais (tamanho,

iluminação, temperatura, quantidade e

disposição/distribuição e usabilidade dos

equipamentos e mobiliário).

As tarefas prescritas (o que

deve ser feito).

Funcionamento do Setor (detalhamento do

que é feito, rotinas) e divisão das tarefas

(quem faz o que).

A atividade (como os

profissionais desenvolvem seu

trabalho).

Após oito visitas ao setor (destas quatro durante o expediente diurno e quatro

no expediente noturno) e tendo sido feita uma rápida apresentação quanto aos

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objetivos da pesquisa, teve inicio a aplicação dos questionários sócio demográfico e

funcional, de condições de trabalho e sobre distúrbios osteomusculares.

O Questionário de Condições de Trabalho (QCT) foi elaborado e validado em

varias categorias de trabalhadores por Borges et al (2013). Tal instrumento contém

perguntas para identificação sociodemográfica e funcional e outras relacionadas a

situações e características das atividades laborais, buscando identificar, a partir da

percepção dos entrevistados, os aspectos inerentes ao entorno do trabalho,

notadamente no que se refere às condições contratuais e jurídicas; físicas e

materiais; processos e características da atividade; condições do ambiente

sociogerencial.

O Questionário Nórdico (Nordic Muscoloskeletal Questionnaire) foi

desenvolvido com a proposta de padronizar e classificar os sintomas

osteomusculares. Apesar dos autores deste questionário não o indicam como base

para o diagnóstico clínico, contudo, existe a indicação para identificação dos

distúrbios osteomusculares, tornando-o um importante instrumento de diagnóstico do

ambiente de trabalho. (Pinheiro, Tróccoli e Carvalho 2002).

Ferrari (2006) afirma que o NMQ é um dos principais instrumentos utilizados

para analisar sintomas musculoesqueléticos em um contexto de saúde ocupacional

ou ergonômico. Este instrumento permite a identificação de sintomas

musculoesqueléticos pelo trabalhador, assim como a necessidade de procura por

recursos de saúde e a interferência na realização das atividades laborativas.

O Questionário Nórdico (Nordic Muscoloskeletal Questionnaire) foi

desenvolvido com a proposta de padronizar e classificar os sintomas

osteomusculares. Apesar dos autores deste questionário não o indicarem como base

para o diagnóstico clínico, trata-se de um recurso eficiente para a identificação dos

distúrbios osteomusculares, tornando-o um importante instrumento de diagnóstico

inicial a ser realizado no ambiente de trabalho. (PINHEIRO, TRÓCCOLI &

CARVALHO 2002).

Ferrari (2006) afirma que o NMQ é um dos principais instrumentos utilizados

para analisar sintomas musculoesqueléticos em um contexto de saúde ocupacional

ou ergonômico. Este instrumento permite a identificação de sintomas

musculoesqueléticos pelo próprio trabalhador, sinalizando, ainda, se há necessidade

de procurar por recursos de saúde ou se ocorre interferência na realização das

atividades laborativas.

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O Questionário Nórdico foi escolhido devido a sua rápida aplicação e eficácia

como instrumento de avaliação dos sintomas osteomusculares. A versão utilizada

nesse estudo (Anexo B) foi adaptada por Barros e Alexandre (2003) e consiste na

apresentação de um esboço de uma figura humana em posição posterior, dividida

em nove regiões anatômicas. Os participantes indicam o desconforto osteomuscular

relacionado ao trabalho que consigam detectar em cada uma dessas nove regiões.

Pinheiro et al. (2002) ao proporem em seu estudo intitulado “Validação do

Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (NMQ) como medida de

Morbidade”, concluíram que a versão brasileira do NMQ apresentou bom índice de

validade e recomenda sua utilização como medida de morbidade osteomuscular.

Os participantes da pesquisa foram orientados a responderem todas as

perguntas, escolhendo entre as opções sim ou não.

Com o intuito de enriquecer o estudo e promover uma maior compreensão da

realidade vivenciada pelos participantes foram feitas sete entrevistas. No formato

proposto (entrevista semiestruturada), os profissionais foram convidados a

responder três questões não obrigatórias que versaram sobre o processo de

trabalho, as condições de trabalho e o impacto do trabalho na UTI NEO sobre o

bem-estar e a saúde. O roteiro utilizado desta fase de coleta de dados foi o seguinte:

Perguntas

Sobre o processo de trabalho Como é o seu trabalho na UTI NEO?

Descreva sucintamente como é a sua

rotina de trabalho.

Sobre as condições de trabalho Fale sobre as condições de trabalho na

UTI NEO

O que você tem a dizer sobre as

condições materiais e físicas, a

organização do trabalho, o

gerenciamento do processo, as relações

interpessoais e a forma de contratação,

remuneração e incentivos.

Sobre os riscos ocupacionais e

impactos do trabalho sobre a

saúde e o bem estar

Na sua percepção, quais os reflexos do

trabalho na UTI NEO na sua saúde e

bem estar?

Você identifica algum tipo de risco?

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Foram efetuadas sete entrevistas e, terminada a coleta, as questões foram

lidas e selecionaram-se algumas respostas que expressassem os sentimentos

vivenciados pelos profissionais em relação ao próprio trabalho. Os participantes não

foram identificados, sendo codificados pela categoria (técnicas de enfermagem ou

enfermeiras), acrescido de um número inteiro em ordem crescente, garantindo o

anonimato.

Para a compreensão das respostas, utilizou-se a análise de conteúdo de

inspiração bardaniana (BARDIN, 2011) estruturada em três fases: pré-análise

(seleção e leitura do material, criação de indicadores), exploração do material

(análise propriamente dita, codificação, enumeração) e tratamento dos resultados

(inferências e interpretações).

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Os dados coletados foram formatados em tabelas e gráficos para sistematizar

a análise utilizando-se o software Statistical Package for Social Science – SPSS,

versão 20.0, a partir do qual foram realizadas análises descritivas, aplicando

medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%), médias (M), mediana e desvio

padrão (DP), para caracterização da população em relação às variáveis estudadas.

Foram realizadas, ainda, análises inferenciais (nas quais a população

estudada é considerada como uma amostra aleatória simples), para avaliar a relação

entre as variáveis sociodemográficas, as condições de trabalho e a incidência de

distúrbios osteomusculares.

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4. RESULTADOS

Neste capítulo são descritos os principais resultados obtidos ao longo da

investigação. A seção inicia-se com a caracterização do processo de trabalho da

equipe, tomando como referência a observação sistemática realizada na UTI NEO e

a analise de imagens ilustrativas. Na segunda seção, são apresentados os

resultados quantitativos referentes às condições de trabalho e os distúrbios

osteomusculares derivados dos questionários. A última sessão detalha os achados

qualitativos derivados da entrevista semiestruturada na qual se investigou a

percepção dos profissionais quanto ao processo, condições e impactos do trabalho

sobre a saúde e o bem estar.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI

NEO DA MEJC

A UTI Neonatal da MEJC, esta dividida em duas unidades localizadas no 1º

andar da instituição hospitalar, funcionando 24 horas ininterruptas. Na unidade I se

tem 11 leitos, sendo um desse destinado a paciente que necessite ficar em

isolamento rigoroso, devido a sua patologia ser de alto grau infeccioso de contágio.

A figura 1 traz uma visão panorâmica dessa unidade, com destaque ao centro para o

posto de serviço destinado a preparação de medicações, soros, hemocomponentes

e hemoderivados, bem como armazenamento de medicamentos e de materiais na

assistência diária. Também, é nesse espaço, que são descartados todo material

perfuro-cortante, como agulhas e lâminas de bisturi e onde se encontram

distribuídas as pias para higienização das mãos dos profissionais.

Figura 1 - Visão panorâmica da unidade I da UTI NEO.

Fonte: Própria autora

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A unidade II dispoe de 12 leitos, quatro pias para higienização das mãos,

armários para armazenamento (de matérias estéreis, roupas e equipamentos) e

posto de serviço. Ao contrario da unidade I, o posto de serviço fica localizado

próximo a porta de entrada, aumentando bastante a distância percorrida pelos

profissionais de enfermagem até os leitos dos pacientes. Na figura 2, tem-se uma

visão do salão principal dessa unidade. As bancadas ao centro são destinadas ao

armazenamento de materias para procedimentos diarios e material de escritorio.

Figura 2 - Visão panorâmica da Unidade II da UTI NEO.

Fonte: Própria autora

Conforme observações realizadas nas visitas de campo, esse complexo

conta, ainda, com uma sala de prescrições médica (destinada à evolução das

prescrições diárias, armazenamento dos prontuários, reuniões e passagem de

plantão da equipe multidisciplinar), sala para armazenamento de equipamentos

como incubadoras, incubadoras de transporte, bombas de infusão, ventiladores

mecânicos. Sala de expurgo (que funciona como destino de armazenamento de todo

material que foi utilizado e está sujo e, posteriormente, será recolhido pela equipe da

central de processamento de material do hospital, bem como local onde são

desprezados as secreções e fluidos corpóreos dos pacientes pós-procedimentos),

sala da copa (destinada exclusivamente à realização das refeições dos funcionários

da UTI NEO), sala de acolhimento (destinada a atendimento dos familiares dos

pacientes por parte da equipe) e duas salas destinadas ao repouso, uma

exclusivamente destinada aos técnicos de enfermagem e outra aos demais

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membros da equipe multidisciplinar da UTI NEO, ambas contendo um banheiro no

seu interior.

Atualmente, a equipe de enfermagem é composta por enfermeiros e técnicos

em enfermagem concursados pela UFRN (Regime Jurídico único – RJU) e pela

EBSERH (Consolidação das Leis de Trabalho – CLT). Na assistência direta aos

pacientes, a equipe é composta por quatro técnicos em enfermagem da UFRN

(todas são mulheres e que dão uma carga horaria extra na UTI NEO, com média de

12h semanais, por meio do Adicional de Plantão Hospitalar- APH, mas que são

lotadas em outros setores) e 50 vinculados a EBSERH (49 mulheres e um homem).

Com relação ao número de enfermeiras, são 22 assistencialistas e uma na gestão

administrativa do setor. Essa equipe está distribuída na escala diurna, noturna e

mista, nas 24 horas do dia.

Em síntese, no que se refere aos fatores ergonômicos, foi possível observar

que os aspectos físicos e materiais não se configuram como de todo nocivos. O

espaço é relativamente amplo, as salas são bem iluminadas e a temperatura é

agradável. Entretanto, o arranjo do mobiliário e a disposição das ilhas de trabalho

dificultam o andamento das atividades.

No que concerne ao funcionamento do Setor, a rotina de trabalho segue um

protocolo geral no qual se estabelece uma sequencia de passos a serem

desenvolvidos em momentos pré-determinados (hora para o banho, a medicação, o

controle de sinais vitais) e uma divisão das tarefas que expressa, por um lado, a

delimitação de espaços (cada profissional se encarrega de um leito) e competências

(às enfermeiras, o trabalho intelectual e às técnicas, o trabalho braçal) e, por outro, a

personalização dos modos de agir (ao se dedicar mais tempo e energia com uma

atividade ou paciente, por exemplo).

Quanto a analise da tarefa (o que deve ser feito) e da atividade propriamente

dita (como os profissionais desenvolvem seu trabalho), a figura abaixo é bem

ilustrativa:

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Figura 3 - Posturante durante o trabalho da UTI NEO

Fonte: Própria autora

As informações coletadas durante as visitas de observação associadas às

anotações do diário de campo possibilitou o entendimento acerca da divisão das

atividades, que se dá pela atribuição de um determinado número leitos para cada

profissional, ficando estes responsáveis, durante todo o turno de trabalho, pelos

bebês internados, bem como por seus “cuidados de rotina”, tais como higiene,

administração de medicação, alimentação e verificação dos sinais vitais

(temperatura, pressão arterial, acompanhamento do peso, controle da quantidade de

diurese e evacuação, profilaxia de infecções, entre outros), entre diversas outras

tarefas.

Boa parte das profissionais se encarrega de atividades que vão além do que

está prescrito ou desempenham papeis diferentes do que é exigido para o seu

cargo. Há sobreposição de funções, (enfermeira executando tarefas que são da

alçada do fisioterapeuta, técnicas de enfermagem fazendo às vezes de secretaria) e

há sobrecarga de trabalho (dobrar plantão, se encarregar de mais pacientes para

cobrir uma colega que faltou ou que esteja muito ocupada cuidando de um de seus

pacientes ou atendendo um familiar, por exemplo).

Ainda durante o período de observação desse ambiente de trabalho, destaca-

se que a postura adotada pelos profissionais durante o turno, para realização de

suas tarefas era em pé, seja para preparar e/ou administrar medicações, prestar

assistência de enfermagem, auxiliar o enfermeiro nas atividades assistenciais, seja

até pra registar algumas das ocorrências durante o turno de trabalho. Tem-se ciência

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que os profissionais personalizam a forma como trabalham, dosando o ritmo, o

tempo dedicado a cada paciente, por exemplo, mas, na pratica, não lhes é permitido

muita variabilidade.

4.2 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E DISTÚRBIOS

OSTEOMUSCULARES

4.2.1 Perfil Sociodemográfico e Ocupacionais

O presente estudo contou com uma amostra de 42 profissionais de

enfermagem, mulheres, com idade de média de 36,32±6,62 anos, que variam em 26

e 57. Boa parte delas são casadas (64,3%), outras solteiras (28,6%). A metade da

amostra possui filhos (com uma média de 1,81±0,87). O nível escolar ficou bem

distribuído, já que 38,1% possuem nível médio, 23,8% nível superior e 38,1% pós-

graduação (especialização, mestrado ou doutorado), conforme é apresentado na

tabela 01.

Tabela 01 - Aspectos sociodemográficos e ocupacionais

Dados de Identificação Categoria M±DP Nº %

Idade (anos) Mínimo

26 Máximo

57 36,32±6,62 42 100

Sexo Feminino

42 100

Estado Civil

Solteira

12 28.6

Casada ou união estável

27 64,3

Separada ou divorciada

3 7,1

Filho Mínimo

1 Máximo

4 1,81±0,87 42 100

Escolaridade Nível Médio 16 38,1 Nível Superior 10 23,8 Pós-Graduação 16 38,1

Este trabalho (sobre o qual você está respondendo) é o seu único trabalho remunerado

Sim 24 57,1

Não 18 42,9

Se não, quantas horas por semana trabalha em média no(s) seu(s) outro(s) trabalho(s).

20 a 30 horas 12 28,6 31 a 40 horas 4 9,5 Mais de 40 horas 4 9,5

Seu cargo determina uma jornada de trabalho de quantas horas semanais

20 a 30 horas 6 14,3 31 a 40 horas 35 83,3 Mais de 40 horas 1 2,4

Tempo na UFRN Meses a 5 anos 32 76,2 6 a 10 anos 4 9,5 Mais de 10 anos 6 14,3

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Cargo Técnico em enfermagem

36 85,7

Enfermeiro 6 14,3 Você acha que desempenha atividades diferentes das que exigidas para o seu cargo

Sim 26 61,9 Não 16 38,1

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Boa parte das profissionais que integram a equipe de enfermagem da UTI

NEO estão desenvolvendo suas atividades acerca de cinco anos (76,2%) na UFRN.

A grande maioria desempenha o cargo de técnica de enfermagem (85,7%).

Quanto aos vínculos empregatícios, 57,1% só possui um emprego. Os demais

trabalham cerca de 20 a 30 horas (28,6%), 31 a 40 horas (9,5%) e mais de 40 horas

(9,5%) semanais no outro emprego. Boa parte dessas servidoras trabalha de 31 a 40

horas semanais (88,3%) na UFRN (Tabela 01).

Quando questionadas a respeito do desvio de funções, boa parte afirmou se

encarregar de atividades ou desempenhar papeis diferentes dos que são exigidos

para o seu cargo (61,9%). Neste caso, observa-se que há uma discrepância entre o

que é prescrito e o que é desempenhado. Assim, o que é esperado ou planejado não

condiz com a realidade vivenciada por elas na execução de suas atividades, algo

que necessita ser revisto (Tabela 02).

Tabela 02 – Atividades oficialmente desenvolvidas

Atividades desenvolvidas Nº %

Aspirar RN's 4 9,6 Enfermeira 10 23,8 Enfermeira e Fisioterapeuta 2 4,8 Enfermeira, Abastecedora, Telefonista. 1 2,4 Farmácia, Secretária e Técnica de Enfermagem. 1 2,4 Fisioterapia e Farmácia 1 2,4 Laboratório, farmácia e distribuição. 1 2,4 Limpeza 1 2,4 Secretária 2 4,8 Técnica em Enfermagem 1 2,4

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Boa parte da amostra relata desempenhar o cargo de enfermeira (23,8%),

seguida da atividade de aspiração de RNs. Outra parte da amostra relatou

desempenhar funções de Enfermeira e Fisioterapeuta (4,8%), Secretária (4,8%),

conforme mostra a tabela 02.

4.2.2 Condições de Trabalho

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As condições de trabalho foram analisadas considerando seis fatores

distintos. São eles: Aspectos Psicobiológicos, Espaço de Trabalho, Aspectos

Fisioquímicos, Exigências de Esforço Físico, Riscos de Acidentes e Organização do

Tempo. A consistência interna do instrumento utilizado mostrou-se moderado-

substancial (LANDIS; KOCH, 1977), com alfas que variam em 0,48 e 0,74. Os

fatores mais consistentes foram Aspectos Psicobiológicos, Exigências de Esforço

Físico e Riscos de acidentes, com alfas de 0,74 cada (Tabela XX).

Os Aspectos Psicobiológicos foram o fator que apresentou maiores escores

médios, com 3,89±0,61. Tal dado é crítico e carece atenção. Visto que, das variáveis

que constituem esse fator, as mais preocupantes são: Ficar de pé ou andar;

Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais; e, Manuseio ou contato

direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (lixo, dejetos, etc.),

com escores médios de 4,74±0,70, 4,57±0,74 e 4,40±1,11, respectivamente (Tabela

XX).

O fator Espaço de Trabalho (1,84±0,52) manteve escores médios baixo-

moderados, que variam em 1,10±0,30 e 2,93±1,18. Semelhante, Aspectos

Fisioquímicos também apresentou escores médios baixo-moderados, com um

escore geral de 2,45±0,48. A variável Usar vestuário ou equipamento pessoal de

proteção foi a mais acentuada dentre os profissionais de enfermagem (4,31±0,84),

mas não apresenta preocupação.

Por sua vez, as Exigências de Esforço Físico configuram-se como um aspecto

que se manteve moderado, com escores médios de 3,44±0,69. Das varáveis que

compõem tal fator as mais críticas são: Movimentos repetitivos da mão ou do braço

(4,50±0,77); Vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc

(4,33±1,12); e, Posições dolorosas ou fatigantes (3,83±1,01). Conforme visto na

tabela 03.

Tabela 03 - Consistência interna dos fatores e análises descritivas das condições de trabalho.

Condições de Trabalho M DP Intervalos %

x≤2 2<x≤3 3<x≤4 x>4

Quanto você se expõe a: Manuseio ou contato da pele com produtos ou substâncias químicas

3,17 1,38 31 26,2 21,4 21,4

Quanto você se expõe a: Contato com pessoas com doenças infectocontagiosas

4,10 0,98 4,8 21,4 31,0 42,9

Quanto você se expõe a: Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais

4,57 0,74 2,4 7,1 21,4 69,0

Quanto você se expõe a: Exigências psíquicas estressantes

4,31 1,07 9,5 9,5 19,0 61,9

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Quanto você se expõe a: Riscos de pequenos acidentes de trabalho

4,31 0,90 2,4 21,4 19,0 57,1

Quanto você se expõe a: Riscos de acidentes de trabalho incapacitantes

2,55 1,23 57,1 23,8 7,1 11,9

Quanto você se expõe a: Transportar ou levantar pessoas

2,90 1,36 40,5 26,2 16,7 16,7

Quanto você se expõe a: Ficar de pé ou andar 4,74 0,70 2,4 - 16,7 81,0

Quanto você se expõe a: Manuseio ou contato direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (lixo, dejetos, etc.).

4,40 1,11 9,5 4,8 16,7 69,0

Aspectos Psicobiológicos (α= 0,74) 3,89 0,61

Quanto você se expõe a: Exposição prolongada ao sol

1,19 0,59 95,2 2,4 2,4 -

Quanto você se expõe a: Mudança brusca de temperatura

2,10 1,03 64,3 28,6 4,8 2,4

Quanto você se expõe a: Excesso de umidade 1,76 1,03 81,0 7,1 11,9 -

Quanto você se expõe a: Trabalhar fora da empresa/organização a partir de sua casa com um computador

1,71 0,99 83,3 9,5 4,8 2,4

Quanto você se expõe a: Trabalhar em casa excluindo o trabalho fora da empresa/organização com um computador

1,64 1,01 83,3 9,5 4,8 2,4

Quanto você se expõe a: Trabalhar noutros locais que não sejam sua casa ou instalações da empresa/organização como por ex.: nas instalações de clientes, em viagens.

1,10 0,30 100 - - -

Quanto você se expõe a: Trabalhar com computadores pessoais, redes de dados, servidores.

2,26 1,38 61,9 16,7 11,9 9,5

Quanto você se expõe a: Uso da internet e e-mail para fins profissionais

2,93 1,18 35,7 35,7 16,7 11,9

Espaço de Trabalho (α= 0,63) 1,84 0,52

Quanto você se expõe a: Ruídos tão fortes que obrigam a levantar a voz para falar com as pessoas

3,69 1,26 21,4 19,0 23,8 35,7

Quanto você se expõe a: Calor desconfortável 2,43 1,06 52,4 35,7 7,1 4,8

Quanto você se expõe a: Fumaça (fumaça de soldas, etc), pó (de madeira, etc) ou poeiras (de cimento, de barro), etc.

1,57 0,94 85,7 9,5 2,4 2,4

Quanto você se expõe a: Inalação de vapores (tais como de solventes, diluentes e/ou inseticidas).

1,79 1,07 81,0 11,9 2,4 4,8

Quanto você se expõe a: Fumaça de cigarro de outras pessoas

1,26 0,73 95,2 2,4 - 2,4

Quanto você se expõe a: Iluminação insuficiente 2,71 1,09 42,9 33,3 19,0 4,8

Quanto você se expõe a: Iluminação excessiva 2,55 1,29 50,0 23,8 19,0 7,1

Quanto você se expõe a: Usar vestuário ou equipamento pessoal de proteção

4,31 0,84 2,4 16,7 28,6 52,4

Aspectos Fisioquímicos (α= 0,48) 2,45 0,48

Quanto você se expõe a: vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc..

4,33 1,12 9,5 14,3 71,0 69,0

Quanto você se expõe a: Posições dolorosas ou fatigantes

3,83 1,01 9,5 31,0 26,2 33,3

Quanto você se expõe a: Operar máquinas e ferramentas que lhes exigem acentuado esforço físico

1,60 0,83 83,3 14,3 2,4 -

Quanto você se expõe a: Usar máquinas, equipamentos e/ou ferramentas com defeitos.

3,17 1,12 19,0 45,2 23,8 11,9

Quanto você se expõe a: Movimentos repetitivos da mão ou do braço

4,50 0,77 2,4 9,5 23,8 64,3

Quanto você se expõe a: Repetir movimentos em intervalos menores que dez minutos

3,62 1,23 23,8 21,4 21,4 33,3

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60

Quanto você se expõe a: Repetir movimentos em intervalos de menos de um minuto

3,00 1,40 42,9 16,7 21,4 19,0

Exigências de Esforço Físico (α= 0,74) 3,44 0,69

Quanto você se expõe a: Acidentes físicos (desabamentos, quedas de materiais, etc.).

2,05 0,94 64,3 31,0 4,8 -

Quanto você se expõe a: Acidentes com ferramentas, instrumentos e maquinários.

1,88 0,97 78,6 11,9 9,5 -

Quanto você se expõe a: Riscos de acidentes de trabalho fatais

2,10 1,21 73,8 11,9 7,1 7,1

Quanto você se expõe a: Transportar ou deslocar cargas pesadas

2,05 1,10 66,7 26,2 2,4 4,8

Riscos de acidentes (α= 0,74) 2,02 0,77

Na execução de suas atividades de trabalho: você pode receber ajuda de colegas

4,17 0,79 - 23,8 35,7 40,5

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode receber ajuda dos seus superiores/chefes

3,83 0,99 9,5 28,6 31,0 31,0

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode receber ajuda externa à empresa/organização

2,02 1,24 73,8 11,9 7,1 7,1

Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem influência sobre a escolha dos seus colegas de trabalho

1,67 1,03 81,0 11,9 4,8 2,4

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode fazer pausa quando desejar

2,29 0,94 64,3 26,2 7,1 2,4

Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem tempo suficiente para terminar o seu trabalho

2,95 0,91 23,8 47,6 28,6 -

Na execução de suas atividades de trabalho: Você é livre para decidir quando tira férias ou dias de folga

2,40 1,06 52,4 33,3 11,9 2,4

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode negociar com chefes e colegas quando tirar férias e/ou dias de folga

3,48 0,97 14,3 35,7 35,7 14,3

Na execução de suas atividades de trabalho: Você tem oportunidade para fazer o que sabe fazer melhor

3,62 0,96 7,1 35,7 40,5 16,7

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode fazer um trabalho bem feito nas condições de trabalho atuais

3,05 0,94 23,8 42,9 31,0 2,4

Na execução de suas atividades de trabalho: Você pode pôr em prática as suas ideias

2,93 0,87 28,6 47,6 21,4 2,4

Na execução de suas atividades de trabalho: Você é intelectualmente exigido (desafiado)

3,60 1,08 16,7 21,4 42,9 19,0

Na execução de suas atividades de trabalho: Você precisa apresentar emoções específicas

2,86 1,16 35,7 38,1 16,7 9,5

Na execução de suas atividades de trabalho: Você precisa dissimular suas emoções

2,43 1,38 57,1 23,8 4,8 14,3

Organização do tempo (α= 0,66) 2,95 0,45

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Os Riscos de Acidentes se manteve baixo, com um escore de 2,02±0,77. Tal

fator é constituído por quatro variáveis que obtiveram escores médios entre

1,88±0,97 e 2,10±1,121. Já a Organização do Tempo, que congrega 14 itens,

apresentou um escore médio moderado com 2,95±0,45, mas suas variáveis

apresentaram escores médios que variaram em 1,67±1,03 e 4,17±0,79 (Tabela 03).

Ao verificar as médias entre grupos e os fatores das condições de trabalho

usando o teste t e a ANOVA, constatou-se não haver diferenças estatisticamente

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significativas entre o estado civil, nível escolar, categoria profissional e tempo de

atuação na instituição no que diz respeito às condições de trabalho (Tabela 04).

Tabela 04 - Comparação de médias (teste t e ANOVA) entre as variáveis sociodemográficas e as condições de trabalho

Variáveis nº

Aspectos

Psicobiológicos Espaço de Trabalho

Aspectos

Fisioquímicos

Exigências de

Esforço Físico Riscos de acidentes

Organização do

tempo

M DP p M DP p M DP p M DP p M DP p M DP P

Estado Civil

Solteiro 12 3,99 0,66

0,74

1,85 0,35

0,98

2,48 0,45

0,90

3,35 0,86

0,59

2,10 0,71

0,66

2,92 0,40

0,58

Casado ou

União Estável 27 3,87 0,62 1,83 0,59 2,45 0,53 3,43 0,62 1,98 0,82 2,99 0,48

Separado ou

Divorciado 3 3,70 0,26 1,79 0,64 2,33 0,11 3,81 0,59 2,00 0,66 2,71 0,25

Nível escolar

Ensino Médio 16 3,81 0,66

0,19

1,63 0,38

0,11

2,30 0,52

0,27

3,40 0,68

0,82

1,75 0,59

0,19

2,97 0,46

0,81 Superior Completo

10 4,20 0,40 1,88 0,61 2,51 0,45 3,56 0,69 2,28 0,65 3,00 0,40

Pós-Graduação

16 3,79 0,63 2,02 0,55 2,57 0,45 3,39 0,73 2,13 0,94 2,89 0,48

Categoria professional

Enfermeiro(a) 36 3,95 0,62

0,17

1,80 0,54

0,30

2,46 0,50

0,89

3,49 0,72

0,23

2,03 0,78

0,73

2,91 0,44

0,23 Técnico(a) de enfermagem

6 3,57 0,44 2,04 0,33 2,43 0,42 3,12 0,37 1,92 0,72 3,15 0,49

Há quantos anos trabalha na instituição

< 5 anos 32 3,90 0,63

0,97

1,87 0,52

0,75

2,44 0,51

0,80

3,38 0,71

0,59

1,94 0,78

0,31

2,94 0,39

0,97 6 a 10 anos 4 3,83 0,29 1,81 0,62 2,39 0,35 3,57 0,56 2,56 0,72 2,98 0,54

≥10 anos 6 3,93 0,75 1,69 0,53 2,57 0,47 3,67 0,67 2,08 0,72 2,98 0,72

Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo

Sim 26 4,05 0,51 0,03

1,95 0,58 0,07

2,49 0,48 0,51

3,71 0,52 0,00

2,14 0,81 0,18

3,00 0,41 0,35

Não 16 3,64 0,69 1,65 0,36 2,39 0,51 2,99 0,71 1,81 0,67 2,87 0,51

Trabalha em outro local

Sim 24 3,75 0,64 0,09

1,70 0,45 0,06

2,39 0,41 0,33

3,27 0,68 0,08

1,96 0,64 0,53

2,99 0,45 0,52

Não 18 4,08 0,53 2,01 0,57 2,54 0,57 3,65 0,66 2,10 0,93 2,90 0,44

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

As condições de trabalho não impactam de maneira significativa para quem

trabalho em outro local. Porém, desempenhar atividades diferentes das que são

exigidas para o seu cargo, apresentou diferenças significativas no tocante aos

Aspectos Psicobiológicos e Exigências de Esforço Físico. Vale salientar que, as

profissionais de enfermagem que desempenham atividades que não fazem parte das

suas atribuições laborais, segundo o que regulamenta o exercício da sua profissão

nos cargos de técnico em enfermagem e de enfermeiro, também obtiveram maiores

escores médias em todos os fatores das condições de trabalho.

4.2.3 Distúrbios Musculoesqueléticos

Os sintomas de distúrbios osteomusculares foram relatados por 95,2% dos

participantes, sendo que 50% da amostra apresentaram dois ou mais sintomas. Os

membros inferiores como joelhos e tornozelos e/ou pés foram os mais frequentes

citados como foco de problemas, com 9,5 cada (Tabela 05).

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62

Tabela 05 – Frequência dos casos de Distúrbios Musculoesqueléticos

Distúrbios musculoesqueléticos nº %

Ausência de sintomas 2 4,8 Pescoço 1 2,4 Parte superior das costas 3 7,1 Punhos/Mãos 2 4,8 Parte inferior das costas 2 4,8 Quadril/Coxas 3 7,1 Joelhos 4 9,5 Tornozelos/Pés 4 9,5 ≥ 2 sintomas 21 50,0

Total 42 100,0

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

A consistência interna geral do Questionário Nórdico foi considerada

excelente, com alfa de 0,92. Suas dimensões – Pescoço, Ombros, Parte Superior

das Costas, Cotovelos, Punhos e/ou mãos, Parte Inferior das Costas, Quadril e/ou

Coxas, Joelhos e Tornozelos e/ou Pés – classificaram como substanciais, com alfas

que variam em 0,61 e 0,83 (Tabela 05).

Os distúrbios osteomusculares relatados como mais recorrentes nos últimos

12 meses de foram os que se concentram nos tornozelos e/ou pés (69%). Porém,

distúrbios no Quadril e/ou Coxas e Joelhos foram às incapacidades funcionais mais

relatadas entre os profissionais de enfermagem, com 26,2% dos casos, conforme

mostra a tabela 06.

Tabela 06 – Consistência interna das dimensões, Distribuição de sintomas osteomusculares, incapacidade funcional, procura por profissional da área da saúde em profissionais de enfermagem.

Distúrbios Osteomusculares

(α= 0,92)

Nos últimos 12 meses, você teve problemas (como

dor, formigamento/ dormência em):

Nos últimos 12 meses, você foi impedido(a) de

realizar atividades normais por causa desse problema em:

Nos últimos 12 meses, você

consultou algum profissional da

área da saúde por causa dessa condição em:

Nos últimos 7 dias, você teve algum problema em?

Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim

nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%) nº(%)

Pescoço(α= 0,72) 19(45,2) 23(54,8) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4)

Ombros(α= 0,83) 21(50) 21(50) 34(81) 8(19) 31(73,8) 11

(26,2) 30(71,4) 12(28,6)

Parte Superior das Costas (α=

0,61) 16(38,1) 26(61,9) 33(78,6) 9(21,4) 32(76,2)

10 (23,8)

32(76,2) 10(23,8)

Cotovelos (α=

0,70) 36(85,7) 6(14,3) 39(92,9) 3(7,1) 40(95,2) 2(4,8) 41(97,6) 1(2,4)

Punhos e/ou mãos(α= 0,76)

19(45,2) 23(54,8) 33(78,6) 9(21,4) 34(81) 8(19) 36(85,7) 6(14,3)

Parte Inferior das Costas (α=

0,70) 20(47,6) 22(52,4) 34 (81) 8 (19)

32 (76,2)

10 (23,8)

30(71,4) 12(28,6)

Quadril e/ou Coxas(α= 0,75)

22(52,4) 20(47,6) 31(73,8) 11

(26,2) 35(83,3) 7(16,7) 35(83,3) 7(16,7)

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63

Joelhos(α= 0,83) 24(57,1) 18(42,9) 31(73,8) 11

(26,2) 32

(76,2) 10

(23,8) 32

(76,2) 10(23,8)

Tornozelos e/ou Pés(α= 0,67)

13(31) 29(69) 33(78,6) 9(21,4) 33(78,6) 9(21,4) 30(71,4) 12(28,6)

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Os casos de queixas osteomusculares relacionadas a dores e/ou

formigamento na parte dos ombros levaram os profissionais de enfermagem a

consultas com profissionais de saúde (médico, fisioterapeuta) em 26,2% dos casos.

As queixas relatadas como tendo sido sentidas nos últimos sete dias foram

problemas nos Ombros, Parte Inferior das Costas e Tornozelos e/ou Pés, presente

em 28,6% cada (Tabela XX).

Conforme Pinheiro, Tróccoli e Carvalho (2002), pesquisadores que validaram

o Questionário Nórdico para o contexto brasileiro, o índice de severidade de

sintomas variam em 0 e quatro. O valor zero (0) representa a ausência de sintomas,

já o valor um (1) foi atribuído àqueles casos em que a pessoa relatou sintomas nos

12 meses precedentes ou nos sete dias precedentes. O valor dois (2) foi atribuído

para casos de sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes. O valor três (3),

para os casos de relato de sintomas nos sete dias ou nos 12 meses precedentes e

afastamento das atividades. Por fim, o valor quatro (4), para as situações em que há

de sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes e afastamento das

atividades.

Do grupo estudado, 28,6% relataram casos de registros de sintomas nos 12

meses e nos sete dias precedentes e afastamento das atividades. Dado preocupante

que carece de intervenção. Outra parte dos profissionais de enfermagem relataram

sintomas nos 12 meses e nos sete dias precedentes, quadro que também já merece

atenção. Essas informações são detalhadas na tabela 07.

Tabela 07 - Média e desvio-padrão de severidade de sintomas

M DP

Índice de severidade de sintomas

Ausência de

sintomas

Sintomas nos 12 meses

precedentes ou nos sete

dias precedentes

Sintomas nos 12

meses e nos sete

dias precedentes

Relato de sintomas nos sete

dias ou nos 12 meses

precedentes e

afastamento das

atividades

Registros de sintomas

nos 12 meses e nos sete

dias precedentes

e afastamento

das atividades

nº casos 3,48 1,25 3 6 13 8 12

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64

(%) 7,1 14,3 31,0 19,0 28,6

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Apenas 7,1% da amostra relatou ausência de sintomas de distúrbios

osteomusculares. Outros 19% dos casos relataram sintomas nos sete dias ou nos 12

meses precedentes e afastamento das atividades, e um grupo menor, com 14,3%

dos sujeitos estudos, relatam sintomas nos 12 meses precedentes ou nos sete dias

precedentes (Tabela XX).

Ao associar os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros superiores e os

aspectos sociodemográficos e ocupacionais, verificou-se não haver diferenças

estatisticamente significantes entre os grupos das variáveis estados civis, nível

escolar categoria profissional e se desempenha atividades diferentes das que são

exigidas para o seu cargo, conforme mostra a tabela 08.

Tabela 08 - Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros superiores em profissionais de enfermagem.

Variáveis nº Pescoço Ombros

Parte

Superior

das Costas

Cotovelos

Punhos

e/ou

mãos

Parte

Inferior

das Costas

p P P p P P Estado Civil

Solteiro 12

0,57 0,32 0,31 0,76 0,83 0,41 Casado ou União Estável

27

Separado ou Divorciado

3

Nível escolar

Ensino Médio 16

0,28 0,28 0,69 0,59 0,72 0,72 Superior Completo

10

Pós-Graduação 16 Categoria professional

Enfermeiro(a) 36 0,96 0,11 0,30 0,68 0,13 0,85 Técnico(a) de

enfermagem 6

Há quantos anos trabalha na instituição

< 5 anos* 32 0,01* 0,16 0,36 0,33 0,03* 0,85 6 a 10 anos 4

≥10 anos* 6 Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo

Sim 26 0,49 0,70 0,79 0,14 0,27 0,13

Não 16 Trabalha em outro local

Sim 24 0,22 0,44 0,69 0,37 0,26 0,44

Não 18

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65

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

O variável Tempo de trabalho na instituição apresentou correlação

estatisticamente significativa no que diz respeito às queixas do pescoço (p <0,01) e

punhos e/ou mãos (p <0,03). As outras partes não evidenciaram diferenças,

conforme detectou o teste qui-quadrado. A variável Trabalha em outro local também

não obteve diferenças significativas (Tabela 08).

Ao verificar a associação dos Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros

inferiores e os aspectos sociodemográficos e ocupacionais, as variáveis estado civil,

nível escolar, desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu

cargo e trabalha em outro local, não apresentaram diferenças estatisticamente

significantes entre os grupos (Tabela 09).

Tabela 09 - Comparação de médias (teste t, ANOVA e Qui-quadrado) entre as variáveis sociodemográficas e os Distúrbios Musculoesqueléticos dos membros inferiores em profissionais de enfermagem.

Variáveis nº

Quadril e/ou

coxas Joelhos

Tornozelos e/ou

pés

P p P Estado Civil

Solteiro 12

0,20 0,48 0,96 Casado ou União Estável 27

Separado ou Divorciado 3 Nível escolar

Ensino Médio 16

0,15 0,37 0,13 Superior Completo 10

Pós-Graduação 16 Categoria professional

Enfermeiro(a) 36 0,25 0,24 0,05

Técnico(a) de enfermagem 6 Há quantos anos trabalha na instituição

< 5 anos* 32

0,71 0,45 0,04* 6 a 10 anos 4

≥10 anos* 6 Desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo

Sim 26 0,78 0,89 0,54

Não 16 Trabalha em outro local

Sim 24 0,76 0,41 0,12

Não 18

Fonte: Elaboração da autora, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Conforme dado apresentado na tabela 09, as variáveis categorias

profissionais e tempo de trabalho na instituição apresentaram correlação

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66

estatisticamente significativas no que diz respeito aos distúrbios nos tornozelos e/ou

pés, com o p-value de 0,05 e 0,04, respectivamente.

4.2.4 Condições de Trabalho e Distúrbios Musculoesqueléticos

Ao verificar as correlações entre os fatores das condições de trabalho, a

presença de distúrbios musculoesqueléticos e os índices de severidade desses

sintomas, constatou-se uma correlação ínfimo-moderada positiva dentre os fatores

que constituem as condições de trabalho, com índices que variam em 0,11 e, 624

(Tabela 10).

Tabela 10 – Correlações entre as condições de trabalho e a presença de distúrbios musculoesqueléticos e os índice de severidade de sintomas

Fatores 1 2 3 4 5 6 7 8

1 Aspectos Psicobiológicos 1

2 Espaço de Trabalho 0,26

1

3 Aspectos Fisioquímicos ,558

** 0,25

1

4 Exigências de Esforço Físico ,624

** ,421

** ,624

**

1

5 Riscos de acidentes ,401

** ,418

** ,480

** ,433

**

1

6 Organização do tempo 0,04 0,22 0,11 0,11 0,10

1

7 Índice de severidade de sintomas 0,06 0,04 -0,10 -0,19 0,14 0,09

1

8 Distúrbios musculoesqueléticos -0,14 -0,21 0,08 -0,04 -0,11 -0,29 0,16

1

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (1 extremidade). Fonte: Elaboração do autor, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Ao correlacionar as condições de trabalho com a presença de distúrbios

musculoesqueléticos, verificou-se haver uma correlação ínfima positiva com os

aspectos fisioquímicos (r = 0,08). Entretanto, os demais fatores das condições de

trabalho mantiveram correlações ínfimo-fracas negativa com os distúrbios

musculoesqueléticos, com índices que variaram em -0,11 e -0,29 (Tabela XX).

Já o índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos possuiu

correlação ínfima negativa com os Aspectos Fisioquímicos (r = -0,10) e correlação

fraca negativa com as Exigências de Esforço Físico (r = -0,19). Os demais fatores

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67

das condições de trabalho mantiveram valores que variavam em 0,04 e 0,14,

manifestando uma correlação ínfimo-fraca positiva (Tabela 10).

Os critérios de índices das correlações adotada nesta pesquisa, foram: r = 0,

nula ou sem correlação; 0 < r < 0,10, ínfima positiva 0,10 < r < 0,50, fraca positiva;

0,50 < r < 0,80, moderada positiva; 0,80 <r < 0,1 forte positiva; r = 1, correlação

perfeita; -0,1 < r < 0, ínfima negativa; -0,50 < r < -0,10, fraca negativa; -0,80 <r < -

0,5, moderada negativa; -0,1 < r < -0,8, forte negativa; e, r = 1, correlação perfeita

negativa. Tal parâmetro foi estabelecido por Santos (2007).

Em seguida, foram executas as análises de Regressão Linear Múltipla para

explicar a natureza da relação entre as variáveis. O variável critério foram os

Distúrbios Musculoesqueléticos e o Índice de Severidade de Sintomas. As

explicativas são os Aspectos Psicobiológicos, Espaço de Trabalho, Aspectos

Fisioquímicos, Exigências de Esforço Físico, Riscos de Acidentes e Organização do

Tempo, fatores que constituem as condições de trabalho (Tabela 11).

Tabela 11 - Regressão linear múltipla das condições de trabalho sobre a presença e índice de severidade de sintomas musculoesqueléticos

Variáveis Explicativas

Variáveis Dependentes

Distúrbios musculoesqueléticos

Índice de severidade de sintomas

B Β B Β Aspectos Psicobiológicos -1,37 -0,27 0,57 0,28 Espaço de Trabalho -0,87 -0,15 0,12 0,05 Aspectos Fisioquímicos 1,84 0,29 -0,33 -0,13 Exigências de Esforço Físico 0,36 0,08 -0,78 -0,43 Riscos de acidentes -0,34 -0,08 0,40 0,25 Organização do tempo -1,94 -0,28 0,31 0,11

R² = 0,03 R² ajustado = 0,18

R = 0,419

R² = 0,05 R² ajustado = 0,16

R = 0,398

Fonte: Elaboração do autor, a partir dos dados da pesquisa (2018).

Para avaliar a previsão dos efeitos das condições de trabalho sobre os

distúrbios musculoesqueléticos e índice de severidade de sintomas, empregou-se os

mesmos índices adotados na análise de correlação. Quanto mais perto de 1/-1 for o

coeficiente, mais forte será sua capacidade de influência (RAMOS et al., 2016). O R²

ajustado é o coeficiente de previsão ou poder explicativo da regressão. O R² mostra

quanto da variação de uma variável dependente, neste caso, são os distúrbios

musculoesqueléticos e o índice de severidade de sintomas, é impactada pelas

condições de trabalho (Tabela 10).

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68

Os coeficientes de determinação (R²), obtidos na análise de regressão linear

múltipla mostrou que 0,03% da variação dos distúrbios musculoesqueléticos fomos

explicadas pelas condições de trabalho. Os variáveis explicativos Aspectos

Fisioquímicos foi quem mais detém relação com os distúrbios musculoesqueléticos

(β = 0,29) (Tabela 11).

No tocante as condições de trabalho e o índice de severidade de sintomas,

semelhantemente aos distúrbios musculoesqueléticos, as condições de trabalho

apresentou uma baixa explicação da variável dependente, com 0,05% da variação

índice de severidade. Nesse caso, o fator Exigências de Esforço Físico foi que

possuiu os maiores índices de correlação inversa (β = -0,43) (Tabela 11).

4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

Considerando os elementos de discursos dos profissionais de enfermagem,

foi possível identificar após a análise do material, três classes temáticas, que

exploram: Processo de trabalho das profissionais de enfermagem da UTI NEO; As

condições de trabalho na UTI NEO; e, o impacto do trabalho na UTI NEO sob o bem-

estar dessas profissionais de enfermagem.

4.3.1 O processo de trabalho na UTI NEO sob a visão do profissional de

enfermagem

O processo de trabalho na UTI NEO requer uma complexidade de serviços e

protocolos em saúde, os quais são monitorados 24hrs por dia. Diante dessa gama

de atribuições, as profissionais de enfermagem sentem-se sobrecarregam

angustiadas e insatisfeitas, pois não conseguem prestar um bom atendimento a seus

pacientes.

Me vejo uma profissional super sobrecarregada, onde não consigo prestar boas condições de serviços aos meus pacientes (Técnica de enfermagem 1). A UTI é um setor de trabalho, onde diariamente somos confrontados. Trabalhar com recém-nascido graves que necessitam de todo um cuidado especial... Onde cuidar de pacientes que não sabem expressar verbalmente suas angustias, irritações, dor e medo. Onde é preciso a aprender a lidar com a angústia, frustação que muitas das vezes é gerado pela participação do sofrimento do paciente. A vivência cotidiana com essa realidade pode

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levar a sentimentos de diminuição da satisfação com o trabalho (Enfermeira 1). Me vejo como um objeto de trabalho sem muitos direitos só deveres (Técnica de enfermagem 4). Me vejo uma profissional muito exigida, sobrecarregada pela inúmeras funções exercidas, pelo fato de não ter na unidade todos os profissionais que uma UTI Neonatal exige nas 24hrs (Enfermeira 2).

4.3.2 Condições de trabalho na UTI NEO

As condições de trabalho na UTI NEO foi a categoria que congregou o maior

número de narrativas. As principais queixas estão relacionadas às péssimas

condições do espaço físico do prédio, dos leitos, falta de materiais e equipamentos,

como pode ser visto abaixo:

Trabalho em péssimas qualidades no que se diz respeito a dimensionamento! (Técnica de enfermagem 1). As condições de trabalho não eram satisfatórias no que se refere a recursos humanos, a sobrecarga de trabalho ao assumir a responsabilidade de cuidar de crianças graves em grande demanda. Além do redimensionamento incorreto, acredito ser um dos maiores problemas da NEO, acarretando em estresse e adoecimento dos colaboradores do setor (Técnica de enfermagem 2). As condições de trabalho ainda deixam a desejar no quesito de recursos humanos, às vezes com falta de materiais adequado para uma assistência ideal para os bebês. Também se faz muitos improvisos, falta de equipamentos, incubadora, em bom funcionamento. Alguns monitores ultrapassados e inadequados. (Técnica de enfermagem 3). Realizando o comparativo de quando fui admitida e o momento atual, a evolução em termos de estrutura, condutas, interação entre demais classes de profissionais é bastante perceptível e positiva. No entanto, as quantidades de leitos e de trabalho aumentaram e o número de profissionais não seguiu o mesmo ritmo. Tendo como consequências diversas atestadas, sejam eles problemas emocionais e/ou físicos [...] o número insuficiente de profissionais levando a mesma pessoa a executar vários procedimentos (Enfermeira 2).

No entanto, através das falas das profissionais de enfermagem percebe-se

que o grande entrave nas condições de trabalho está relacionado ao número

insuficiente de recursos humanos, essa problema é que causa sobrecarga e com

isso, os afastamentos de trabalho.

4.3.3 Impacto do trabalho na UTI NEO sob a saúde das profissionais de

enfermagem

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Indagadas a respeito do reflexo do trabalho na UTI sob o bem-estar, as

profissionais relataram a manifestação de riscos psicossociais, dentre eles o

estresse causado pela sobrecarga é o mais recorrente, como mostram as falas

abaixo:

Acabamos absorvendo todo o estresse acarretado no trabalho [...] Assim no meu ponto de vista ficamos com má qualidade de vida por causa do trabalho. O estresse do setor acaba refletindo na minha vida pessoal! Sei que todo meu estresse é devido à sobrecarga de trabalho, porque quando estou longe de lá, me sinto outra pessoa. (Técnica de enfermagem 1). Visto que a equipe era reduzida e tinha o horário do revezamento, aumentando, assim, o número de bebês pra cada profissional, resultando em angústia e medo, porque temia não dar conta de prestar os cuidados de forma eficiente as crianças sob minha responsabilidade. (Técnica de enfermagem 2). [...] Estresse, a ansiedade, o cansaço, são fatores que muitas vezes são influenciados pela sobrecarga de trabalho. (Enfermeira 1). [...] Da pior maneira possível. Só ganhei doença, estresse hipertensão” (Técnica de enfermagem 4). Em relação a problemas físicos, houve a manifestação de um problema [...] Que foi intensificado por passar tempo prolongado em pé, necessitando de acompanhamento médico, até mesmo cirurgia. (Enfermeira 2).

No contexto investigado, são frequentes as queixas relacionadas aos

sentimentos de angústia, medo, ansiedade e cansaço. Há registro de casos de

hipertensão e cirurgia no pé por conta do tempo excessivo que se passa em pé

durante o trabalho. Tais falas revelam um pouco da situação vivenciadas por essas

profissionais, as quais se encontram exauridas em função da sobrecarga de trabalho

decorrente do numero reduzido de trabalhadores, que são insuficientes para dar

conta de tantas e tão intensas demandas.

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5. TRABALHO E SAÚDE NA UTI NEO: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A fim de melhor apreender a relação entre condições de trabalho e a

presença de distúrbios osteomusculares em profissionais de enfermagem da UTI

Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco se faz necessário efetuar uma

caracterização do grupo investigado. A amostra obtida para o presente estudo foi

constituída inteiramente por profissionais do gênero feminino. Tal dado já era

esperado, pois há décadas o setor saúde é, estrutural e historicamente, feminino.

A profissionalização feminina, iniciada no final do século XIX ocorreu porque a

enfermagem toma a prática do cuidado enquanto “gênese do ofício” e, que estava

relacionada aos papéis femininos tradicionais. Em que, a mulher é vinculada ao

cuidar, ao educar e ao servir, entendidos como dom ou vocação. A enfermagem,

nesse contexto, foi à primeira profissão feminina universitária no Brasil, sustentando

programas de saúde pública e garantindo o funcionamento dos serviços de saúde

(APERIBENSE; BARREIRA, 2008).

O fato anteriormente mencionado esta explicita em dados fornecidos pelo

COFEM (2016), que demostram no Brasil, do total de profissionais de enfermagem,

aproximadamente 15% são do sexo masculino. Apesar do crescimento do número

de homens, o campo da enfermagem é predominantemente feminino, com 85,1%.

No que tange os profissionais de enfermagem, esse grupo – enfermeiros,

auxiliares e técnicos – detêm mais de um 1,8 milhões de trabalhadores. O que

equivale à metade da força de trabalho que opera na área da saúde (COFEM, 2015).

A equipe de enfermagem é constituída por 77% de técnicos e auxiliares de

enfermagem, e o restante, é formado por enfermeiros (23%). Segundo o último

estudo demográfico da categoria, foi constatado que é cada vez mais vigoroso o

aumento do número de enfermeiros (COFEM, 2015).

Os achados sobre a questão de gênero não tem sido um aspecto priorizado

nas análises acerca da relação entre trabalho, ocupação e sofrimento psíquico.

Assim, pouco se sabe sobre as especificidades e as implicações presentes,

inerentes ao processo de feminilização na área da saúde (Machado et al., 2014).

Entre a década de 70 e 80 houve um aumento do contingente masculino com

formação em nível superior (crescimento particularmente acentuado nas faixas

etárias mais jovens). Apesar desse fenômeno, a força de trabalho em enfermagem é

ainda hegemonicamente feminina “(COFEM, 2010)”.

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A população de pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é

assistida por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, na qual os profissionais

de enfermagem são numericamente superiores a outros profissionais na maioria das

instituições de saúde (PASCHOA; ZANEI; WHITAKER, 2007).

Observando a questão histórica dessa categoria que é composta em sua

maioria por mulheres e considerando o contexto socioeconômico atual pode-se

inferir que grande parte do contingente dessas trabalhadoras está sujeitas a

vivenciar conflitos em razão da dupla ou tripla jornada da instituição que utiliza

escalas de turnos pela necessidade da manutenção das atividades durante 24 horas

ininterruptas, mesmos nos finais de semana ou feriados.

A feminização na enfermagem brasileira pode ser observada tanto na

qualificação universitária como nos níveis médio e técnico e marca as preferências

do sistema em todos os níveis, sendo marcada pela seletividade com base em

qualidades de sexo.

Frente a todas essas questões as enfermeiras sentem-se importantes e

valorizadas por perceberem que a mulher tem hoje condições e capacidade para

assumir diversos papéis sociais, sendo que um número considerável exerce as

atividades no horário noturno, para cuidar das atividades da residência e dos filhos,

formando um ciclo interrupto nas 24 horas.

Outro estudo ressalta o prejuízo dessas trabalhadoras na participação de

atividades como as escolares, culturais, sociais, entre outras, além de estarem

submetendo-se a uma carga mental excessiva de trabalho (SPINDOLA; SANTOS,

2003). Um dos fatores de desgaste físico e psicológicos para os trabalhadores da

área da saúde é o acúmulo de dois ou mais vínculos empregatícios (PASCHOA;

ZANEI; WHITAKER, 2007).

É possível perceber neste estudo que o trabalho real se distancia do trabalho

prescrito, gerando frustração e sofrimento para as trabalhadoras, que não

desenvolvem sua atividade como gostariam e, ainda experimentam a desvalorização

e desmotivação. Por outro lado, é na distância entre o real e o prescrito que o

trabalhador pode encontrar espaço para a realização de seus desejos, por meio da

criação, do exercício da autonomia e do uso da inteligência prática (KANNO, 2014).

Todavia, quando somado, a divergência entre o trabalho prescrito e o real,

com outros fatores como a polivalência de atividades, fragmentação, sobrecarga e

aceleração do ritmo de trabalho e número insuficientes de profissionais o resultado

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são condições desfavoráveis de trabalho, que propiciam o adoecimento das

trabalhadoras no ambiente hospitalar.

Apesar dessas condições, descritas anteriormente, nem sempre poderem ser

mensuráveis como doença ou acidentes, todavia, elas prejudicam imensamente

essas mulheres (LEITE, SILVA, BARBOSA, 2007). Achados do estudo indicam que

associado a todas essas condições, ainda acontece à adição de outro fator

preocupante, o desvio de funções.

Quando questionadas sobre a realização de atividades que não competem ao

técnico de enfermagem, as profissionais de enfermagem, em sua maioria, revelaram

desenvolver atividades que são “extra ofício”. Neste caso, as atribuições mais

recorrentes foram a de enfermeira, fisioterapeuta e secretária. Observa-se, assim,

que as condições, por vezes, impróprias para a realização das atividades e os

impasses criados entre as necessidades dos trabalhadores e da gestão, dificultam a

realização daquilo que estava previsto (TRINDADE, 2014).

No estudo conduzido por Rocha, Nogueira e Zeitoune (2005), os técnicos de

enfermagem também desenvolviam atividades de outros profissionais. Para as

autoras é oportuno analisar situações como essas, pondo em pauta os aspectos

ético-legais institucionais e profissionais.

Além das funções assistenciais, os profissionais relatam a realização de uma

variedade de funções administrativas, muitas delas relacionadas às funções de

secretária, ou à falta de assistência multiprofissional, como o de fisioterapeuta,

principalmente no período noturno, haja vista que esses profissionais só prestam

assistência no turnos diurnos, não havendo fisioterapeutas 24h na UTI NEO.

Entende-se que a sobreposição de tarefas na assistência de enfermagem

dentro da UTI NEO decorre principalmente da demanda espontânea e da realização

de atividades que vão além do que estava programado, prejudicando a realização de

ações que compõem as atribuições dos trabalhadores. Frequentemente, o

profissional abarca uma alta demanda de atividades, o que gera sobrecarga de

trabalho. No estudo realizado por Martins e Robazzi (2009) as autoras apontam que

a sobrecarga de trabalho na UTI gera cansaço, estresse, desgaste físico e mental e

também, é responsável pelo rodízio de funcionários e o absenteísmo.

A insuficiência de material para a realização dos procedimentos de rotina

também são uma queixa frequente observada nas falas dos participantes do estudo.

No estudo realizado por Martins e Robazzi (2009) as autoras apontam que a

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sobrecarga de trabalho na UTI gera cansaço, estresse, desgaste físico e mental e

também, é responsável pelo rodízio de funcionários e o absenteísmo.

Para um gerenciamento adequado, deve-se estar atento às necessidades

desses profissionais, a fim de proporcionar um ambiente organizacional favorável e

relações interpessoais saudáveis com a promoção de uma assistência de

enfermagem com excelência, sem riscos à segurança do paciente.

No que diz respeito às condições de trabalho, os Aspectos Psicobiológicos

configuram-se como fator semelhante ao encontrado por Costa, Borges e Barros

(2015), num estudo junto a profissionais de saúde de dois hospitais universitários. As

autoras constataram que quanto mais críticas forem às condições de trabalho, mais

depreciada será a saúde psíquica e os afetos com relação ao trabalho.

É pratica comum no ambiente da UTI NEO, conforme observado, que as

profissionais prestam cuidados aos RN’s efetuando a de higienização corporal,

aferição dos sinais vitais e medidas corporais (peso), controles hemodinâmicos,

administração de medicamentos, bem como, auxiliar os neonatologistas em

procedimentos médicos, sem que haja uma padronização das atividades diárias.

Sendo assim, um mesmo procedimento é realizado de formas diferentes pelas

diversas profissionais.

A falta de sistematização das tarefas a serem executadas na rotina de

cuidados da UTI NEO, dificulta a prestação da assistência. A prescrição do trabalho

e padronização dos procedimentos visa reduzir o retrabalho e os desgastes físico e

psicológico. Entretanto, os protocolos de ação ainda estão em fase de elaboração e

implantação, por parte da gerência de enfermagem.

Ao realizar uma correlação os achados, observa-se que boa parte das

participantes deste estudo são casadas (64,3%). Sendo assim, frequentemente

exercem uma dupla e até tripla jornada, quando se leva em consideração sua

atuação no ambiente doméstico, o que implica em sobrecarga de atividades e,

consequentemente, possibilidade de agravos à saúde das trabalhadoras.

Assim, fica claro que é necessário que todas as questões acerca do ser

mulher e trabalhar na enfermagem sejam consideradas, possibilitando intervenções

reais, que possam minimizar os riscos inerentes à função, haja visto a sobrecarga

imposta não apenas pelo ambiente profissional como pelas atividades necessárias à

organização do trabalho doméstico.

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É necessário ir além da divisão do trabalho na busca de se compreender a

desigualdade na distribuição dos DORT, para situá-las no campo das relações de

gênero, redefinidas, por sua vez, pelas novas formas de organização do trabalho,

nas quais, sem dúvida, as condições têm se revelado particularmente mais

deletérias à saúde das mulheres.

Um fator de risco para a equipe de Enfermagem é a remuneração baixa, o

que implica a submissão de outros empregos em diferentes turnos de trabalho,

aumentando a jornada de trabalho de 40 horas para 80 ou mais horas, na tentativa

de melhorar seus rendimentos, o que possibilita a exposição de riscos para o

profissional e a clientela, pois ao acontecer uma situação iatrogênica, o trabalhador é

penalizado e nada muda diante deste problema.

Na amostra 42,9 % das participantes possuem outro vinculo empregatício,

sendo que 9,5% trabalham entre 31 a 40 horas semanais e 9,5% trabalham mais de

40 horas. Esse dado é sugestivo de investigação, considerando, que em pesquisa

realizada com essa categoria, verificou-se que o fator relacionado à carga horária de

trabalho foi preditor de distúrbios osteomusculares. Observou-se que os

trabalhadores com 30 horas semanais se mostraram mais propensos à redução da

capacidade para o trabalho (MAGNAGO et al., 2012).

Ainda em relação à sobrecarga de trabalho, conforme identificado nos

discursos das participantes, esta é motivada principalmente pela quantidade

insuficiente de profissionais. Conforme determina o COFEM (2015), a cada dois

leitos de UTI, é necessário um técnico em enfermagem. Todavia na pratica, as

entrevistadas lotadas no cargo de técnico em enfermagem, geralmente assumem a

assistência de três a quatro leitos, existindo situações em que assumem de cinco a

seis leitos, principalmente no turno noturno, horário em que a falta de profissionais é

mais intensa.

A deficiência dos recursos humanos interfere na resolutividade, na qualidade

do atendimento em saúde prestada à população, levando à insatisfação dos

profissionais, sendo esta uma condição imprópria para o exercício das atividades

profissionais.

Apesar das mudanças que vem ocorrendo na instituição após a implantação

da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a gestão em enfermagem têm

encontrado resistências do ponto de vista orçamentário para adequar o quantitativo

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de pessoal de enfermagem, por ser necessária a realização de concurso público

com oferta de vagas para profissionais de enfermagem.

Para atender a essa demanda em termos de qualidade e quantidade de

profissionais de enfermagem, deve-se levar em consideração a complexidade dos

cuidados em saúde, as características do paciente e o grau de dependência de

cuidados de enfermagem, sendo necessária a contratação de profissionais com

especialidade em assistência em enfermagem nessa área neonatal.

Leite, Silva e Merighi (2007) assinalam ser prováveis que as características de

trabalho de países em desenvolvimento predisponham as piores condições laborais,

provavelmente relacionadas à alta demanda de atividades, escassezes de recursos

humanos sobrecarga mecânica em determinados segmentos do corpo e

intensificação de ritmo, jornada e pressão no ambiente laboral. No caso das

profissionais de enfermagem da UTI NEO, o aspecto que mais se destaca é a

sobrecarga de trabalho.

Outro ponto a ser ressaltado, é identificado nos discursos das participantes, é

com relação sobrecarga de trabalho, desencadeada pela falta de profissionais

suficientes, conforme determina o COFEM (2015), a cada dois leitos de UTI devem

ser necessários um técnico em enfermagem, todavia na pratica, as entrevistadas

lotadas no cargo de técnico em enfermagem, geralmente assumem a assistência de

três a quatro leitos, existindo situações em que assumem de cinco a seis leitos,

principalmente no turno noturno, horário em que a falta de profissionais é mais

frequente.

Ao realizarmos a análise e correlação dos dados obtidos, identificamos que o

processo e as condições de trabalho influenciam no desenvolvimento do trabalho da

enfermagem, assim como na sua saúde e qualidade de vida, sendo que, quando

estas condições não estão adequadas, acabam interferindo negativamente na saúde

e no trabalho deste profissional.

Os problemas de saúde decorrem da exposição dos trabalhadores a agentes

nocivos no trabalho, sejam eles biológicos, físicos, químicos, mecânicos, fisiológicos

ou psíquicos. O estudo constatou um elevado número de casos de distúrbios

osteomusculares, com 95,2 % da amostra, em decorrência das atuais condições em

que as atividades vêm sendo realizadas, intensificando os riscos existentes no

ambiente a saúde das trabalhadoras.

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A soma da sobrecarga de trabalho, superlotação de pacientes no setor, o

redimensionamento da equipe de enfermagem e da tarefa prescrita, o número de

profissionais insuficientes para demanda aliado ao excesso de atividades e cuidados

assistências repetitivo.

Diante desse achado pode-se concordar com as afirmações de Feli e Araujo

(2009) de que esses trabalhadores apresentam distúrbios musculoesqueléticos pela

exposição cotidiana a uma multiplicidade de tarefas repetitivas, intenso ritmo de

trabalho e sobrecarga psíquica, implicando assim, em diversos tipos de

acometimento e desgastes físicos e mentais.

Diante disso, tem-se como consequência, as doenças do sistema

osteomuscular que foram as principais causas de afastamento dos trabalhadores da

equipe de enfermagem (FERREIRA et al., 2011; MARQUES et al., 2015), seguidas

por transtornos mentais e comportamentais (MARQUES et al., 2015).

Segundo dados obtidos com o SOST no decorrer do estudo, no período de

janeiro a dezembro de 2017, o maior número de absenteísmo na instituição se deu

no setor da UTI NEO, sendo que a, categoria profissional que mais necessitou de

uso da licença-saúde foram os profissionais de enfermagem. Dada, a natureza do

trabalho realizado pela categoria, que presta assistência diária e ininterrupta a

pacientes, em estado grave, num setor de alta complexidade e sob condições

desfavoráveis, tais trabalhadores estão expostos aos riscos ocupacionais

constantes.

Isso corrobora com os estudos anteriores, confirmando que as atividades

insalubres e perigosas desencadeiam riscos ocupacionais que provocam danos à

saúde do trabalhador exposto aos agentes causadores de doenças (TEIXEIRA E

CASANOVA, 2014; GONÇALVES, 2014).

Segundo Gropelli (2010), as repercussões de doenças osteomusculares

podem levar uma parcela de trabalhadores à desistência do exercício da profissão,

embora a autora afirme que grande parte da equipe de enfermagem aceite e

internalize as lesões como sendo próprias do ofício e não realize nenhuma ação

para prevenir lesões relacionadas à ocupação.

O estudo de Sancinetti (2009) com 647 trabalhadores de Enfermagem refere

que as doenças relacionadas aos sistemas osteomuscular e conjuntivo

representaram 30% do total. Também relatou que, nesse subgrupo de doenças, os

sintomas geraram maior quantidade de dias de ausência no trabalho – 11.948 dias

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no total. Ainda, evidenciou que os técnicos de Enfermagem apresentaram maior taxa

de licenças por doença e os auxiliares de Enfermagem, maior taxa de absenteísmo.

Por outro lado, também é comum verificar que os trabalhadores desconhecem

a relação entre os sinais e sintomas apresentados com o diagnóstico dos DORT, a

importância do tratamento precoce e adequado, e os meios de evitá-los

(BERNARDINO, FELLI, 2006).

Guedes (2000) chama atenção para o fato que somente 50% dos

trabalhadores de enfermagem percebem os riscos existentes no ambiente de

trabalho, e somando-se a isso o ritmo intenso, a repetitividade das tarefas e o tempo

reduzido para realizá-las, o trabalhador adoece sem mesmo perceber o

desenvolvimento do desgaste.

Em outro estudo, realizado por Oliveira e Murofuse (2001), verificando o

conhecimento dos trabalhadores de saúde hospitalar sobre os riscos a que estão

expostos no desenvolvimento de suas atividades, constatou-se que eles conhecem

os riscos de forma genérica, e que esse conhecimento não se transforma em ações

para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, apontando a necessidade

de intervenções que venham a modificar essa situação.

No Brasil, país em desenvolvimento, achados de Murofuse e Marziale (2005)

sugerem que a maior visibilidade das LER/DORT advém do maior número de

pesquisas sobre problemas de saúde em trabalhadores da área da Saúde.

Em estudo em rede hospitalar mineira sobre problemas de saúde em

trabalhadores de enfermagem, as autoras constataram que, dos 6.070 atendimentos

de saúde prestados aos profissionais citados, 35% deles apresentaram sintomas

musculoesqueléticos, sendo 20% de dores nas costas e 13,7% de tenossinovites e

sinovites (Murofuse, Marziale, 2005).

A observação das atividades dentro da UTI NEO, possibilitou identificar que

boa parte das profissionais não realizam suas atividades Em estudo visando analisar

as condições de trabalho e a ergonomia como fatores de risco para o adoecimento

de trabalhadores de enfermagem de um serviço médico de urgência na região

nordeste do Brasil, constatou-se que mais de 65% desses trabalhadores apresentam

fadiga muscular, e 80% deles apresentaram algum sintoma osteomuscular no último

ano, principalmente na região inferior das costas (Santos Júnior, Silveira, Araújo,

2010).

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Estudo realizado por Magnano et al. (2010), investigando a prevalência de

sintomas musculoesqueléticos em trabalhadores de enfermagem de um hospital

público e universitário do Rio Grande do Sul, verificou que, dentre os participantes,

96,3% referiram sentir dor em alguma região do corpo no último ano, 73,1% nos

últimos sete dias e 65,8% relataram dificuldade nas atividades diárias. As regiões

com maior frequência de dor referida pelos trabalhadores de enfermagem foram:

lombar (71,5%), pescoço (68%), ombros (62,3%) e pernas (54,6%).

De acordo com o Ministério da Saúde, a UTI é um local de grande

especialização e tecnologia, identificado como espaço laboral destinado a

profissionais da saúde, principalmente médicos e enfermeiros, possuidores de

grande aporte de conhecimento, habilidades e destreza para a realização de

procedimentos (Brasil, 2005).

Nesse sentido, subentende-se que, os profissionais que atuam nessas

unidades, necessitam de muito preparo, pois invariavelmente, podem se defrontar

com situações cujas decisões definem o limite entre a vida ou a morte das pessoas

(Inoue, Matsuda, 2009).

O trabalho realizado em UTI NEO é complexo, pois os pacientes são

considerados críticos e apresentam risco iminente de vida. Por essa razão, os

profissionais de enfermagem enfrentam dificuldades relacionadas à complexidade

técnica da assistência aos pacientes, estando expostos às exigentes solicitações

dos pacientes, familiares, médicos e instituições, podendo levá-los a vivenciar

sentimentos de sofrimento (Shimizu, 2000; Stumm et al., 2009).

Os achados nas entrevistas indicam ainda que as profissionais não se sentem

satisfeitas ao realizar prestar uma assistência incompleta aos seus pacientes,

desencadeando um sentimento de angustia e frustação. Outros estudos

evidenciaram que o trabalho de enfermagem em UTI gera sentimentos de sofrimento

ao trabalhador, relacionados também às condições e organização do trabalho

(Garanhani, 2008; Martins, Robazzi, 2009).

Frente aos recursos tecnológicos existentes nas UTIs e a grande quantidade

de procedimentos a que são submetidos os pacientes que ali se encontra, o

ambiente é reconhecido como um dos mais traumatizantes e agressivos, tanto pela

ótica dos usuários, como pelos prestadores de serviços. Além disso, o estresse que

envolve a equipe de saúde, devido à presença constante da morte, propicia

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sentimento de sofrimento, dor, DORT e a depressão (Martins, Robazzi, 2009, Felli,

Tronchin, 2010).

Findo o trabalho de investigação, o que parece se destaca na analise do

cotidiano de trabalho das profissionais de enfermagem, no setor da UTI NEO, é que

as atuais condições são desfavoráveis e tem produzido um ambiente desconfortável

mediante os aspetos evidenciado com esse estudo.

Assim, fica claro que investimentos por parte da instituição voltados para

diagnóstico dos riscos à saúde desses trabalhadores, considerando que se trata de

um tema relevante para organização, para o trabalhador e para sociedade. Sendo,

então, necessária uma redefinição de como o trabalho é gerenciado e executado no

âmbito da UTI NEO.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A UTI NEO é um contexto propicio para o desenvolvimento de DORT’s entre

seus trabalhadores, pela demanda de trabalho elevada, o número de trabalhadores

da unidade, que muitas vezes é insuficiente, considerando o perfil dos pacientes,

que exigem cuidados intensivos, e o ambiente físico, agitado, tenso e ruidoso, que

aumenta a tensão dos trabalhadores.

No contexto de trabalho desse ambiente os profissionais da enfermagem

estão sujeitos a uma carga de trabalho desgastante, devido à alocação de pacientes

com constantes alterações hemodinâmicas e iminentes risco de morte, os quais

exigem cuidados complexos, atenção ininterrupta e tomada de decisões imediatas.

Os trabalhadores de enfermagem no exercício de sua profissão realizam suas

atividades diárias desrespeitando seus ritmos biológicos e horários de alimentação.

Uma das dificuldades evidenciadas durante a aplicação desse estudo foi que os

protocolos de procedimentos a serem realizados com os RN’s ainda estão em fazer

de construção, os trabalhadores percorrem longas distâncias durante a jornada de

trabalho, dimensões inadequadas de mobiliários, falta de pausas durante a jornada

de trabalho para alongamentos, entre outros, resultando em desgaste e

adoecimento.

O estudo evidenciou que os sintomas musculoesqueléticos interferem na

qualidade de vida dos profissionais, afetando as atitudes pessoais e

comportamentos importantes para a produtividade individual. Os profissionais

demostram por meio de seus discursos uma desmotivação para suas atividades

laborais e tal fator reflete também no grau de satisfação encontrado na vida.

Outra confirmação importante, é que a amostra demostrou nesse local a

predominância de profissionais do sexo feminino, sendo assim indispensável serem

repensadas estratégias de intervenção no processo de adoecimento das mulheres

trabalhadoras, dentro da instituição, levando em consideração as particularidades

biológicas e sociais desse gênero, já que elas apresentaram índice significativos de

distúrbios osteomusculares. As mulheres que integram as equipes de enfermagem

da UTI NEO da MEJC são uma clara expressão da hegemonia feminina na saúde,

mas o que elas fazem e como fazem? Em que as atividades que permeiam o

cotidiano do trabalho impactam na saúde dessas profissionais?

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A valorização e o reconhecimento são elementos indispensáveis para o

trabalhador, portanto devem ser consideradas as queixas das profissionais, tendo

em vista que, ademais estudos realizados com essa categoria, apontam que as

angustias enfrentadas em razão da precariedade das condições de trabalho

interferem na saúde dos profissionais.

Faz–se necessário a implantação de um plano de intervenção eficaz

adequado às especificidades desse setor, como horário flexível, local apropriado,

estratégias de ação voltadas a atender a necessidade dos mesmos, possibilitando a

adesão dos trabalhadores aos programas de qualidade de vida, oferecidos pela

instituição.

Apesar dos esforços para pesquisa de campo, não foi possível reunir uma

amostra maior, devido à indisponibilidade das profissionais, que estavam sempre

ocupadas em diversas atividades assistenciais, isso dificultou a aplicação dos

questionários e consequentemente isso influenciou os resultados das analises dos

dados obtidos.

O presente estudo não conseguiu explorar com profundidade os inúmeros

aspectos relacionados às reais condições de trabalho vivenciadas pelas

profissionais. Sendo assim, é necessário que sejam realizadas novas investigações

que ampliem a compreensão sobre os riscos à saúde dos profissionais de

enfermagem e sobre os recursos disponíveis para a promoção da saúde e

prevenção de transtornos os mais variados.

Além disso, é importante que os resultados sejam disponibilizados a todos,

permitindo, assim, que a mulheres da equipe tenham ciência de quais são os de

riscos aos quais estão expostas, bem como, quais são as ações desenvolvidas ou

as medidas adotadas para prevenção que se coadunam com as especificidades do

grupo (treinamentos, trabalho em equipe, ginástica laboral, técnicas de relaxamento,

mudanças de equipamentos, redimensionamento do pessoal de enfermagem,

reestruturação do local de descanso).

Os trabalhadores também propõem intervenções como treinamentos, trabalho

em equipe, ginástica laboral, técnicas de relaxamento, substituição de equipamentos

defeituosos, redimensionamento do pessoal de enfermagem, sua adequação ao

setor e reestruturação do local de descanso como formas de prevenir estes

distúrbios.

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Esta investigação não finaliza a discussão sobre condições de trabalho e

saúde dos profissionais de enfermagem nos postos de trabalho da UTI NEO. Na

verdade, é apenas a primeira fase do diagnóstico. Contudo aponta a necessidade da

implementação das ações de melhoria desse quadro, na UTI Neo, que, sem duvida,

se configura como um ambiente adoecedor.

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Rubrica do Pesquisador:

APÊNDICE

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

TCLE para maiores de idade:

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: “A relação entre os riscos

ocupacionais e o bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de

enfermagem na UTI Neonatal de um hospital universitário”, que tem como

pesquisador responsável Andressa Azevedo de Souto da Silva, sob a orientação da

Prof.ª Drª. Denise Pereira do Rego.

Esta pesquisa pretende conhecer os riscos ocupacionais presentes no

ambiente de trabalho na UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco e

como eles influenciam no bem-estar dos profissionais de enfermagem

O motivo que nos leva a fazer esse estudo é a alta incidência que os

problemas osteomusculares ocupam como causa de afastamento por licença-saúde

de trabalhadores no setor da UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco.

Tais distúrbios se configuram, no âmbito da MEJC, como um dos principais fatores

que, ao comprometer a força de trabalho, influência negativamente na qualidade de

assistência de enfermagem, bem como em seu bem-estar. Os benefícios serão:

Conhecer dos riscos ocupacionais aos quais você está exposto no seu ambiente de

trabalho, isso irá favorecer a mudança de postura e a busca de condições de

trabalho adequada, bem como a melhoria do seu bem-estar.

Caso você decida participar, você deverá você responderá a três instrumentos

de pesquisa, sendo dois questionários e um protocolo, os primeiros com questões

sobre suas características sócias demográficas e funcionais (contendo informações

sobre faixa etária, função, tempo de serviço na empresa e horário de trabalho), bem

como, sob alguns distúrbios osteomusculares sentido por você, o último instrumento

para identificar os riscos inerentes ao contexto de trabalho. Sendo necessário um

tempo de 20 minutos para preenchimento dos questionários e do protocolo.

Rubrica do Participante/Responsável legal:

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92

Durante a realização da pesquisa você ficará sentado e receberá os

questionários e o protocolo impressos em papel A4 e uma caneta. A previsão de

riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num

exame físico ou psicológico de rotina não há previsão de riscos ao participar dessa

pesquisa.

Pode acontecer um desconforto por cansaço manual durante o

preenchimento dos questionários e protocolo por apresentarem vários itens, caso

você sinta esse desconforto, ele será minimizado com a orientação para você

realizar o alongamento dos músculos extensores e flexores dos dedos e punho e

você terá como benefício conhecimento dos riscos ocupacionais em seu ambiente

de trabalho e que relação eles tem exercido sob seu bem-estar, bem como a

contribuição desses para o surgimento de problemas osteomusculares.

Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a

pesquisa, você terá direito a assistência gratuita com um encontro com a

coordenadora da pesquisa Drª Denise Pereira do Rego, psicóloga social no

Departamento de letras da UFRN, que realizará uma consulta psicológica a fim de

auxiliar no entendimento do seu contexto de trabalho.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando

para Andressa Azevedo de Souto da Silva, telefone (84) 98737-2442 – e-mail:

[email protected].

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento,

em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados

apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de

nenhum dado que possa lhe identificar.

Rubrica do Participante/Responsável legal: Rubrica do Pesquisador

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93

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa

pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será

assumido pelo pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa,

você será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato

com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes,

telefone: 3342-5003 endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Espaço João

Machado – 1° Andar – Prédio Administrativo - CEP 59.012-300 - Nata/RN, e-mail:

[email protected].

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra

com o pesquisador responsável Andressa Azevedo de Souto da Silva.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os

dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e

benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos,

concordo em participar da pesquisa: “A relação entre os riscos ocupacionais e o

bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem na UTI

Neonatal de um hospital universitário”, e autorizo a divulgação das informações por

mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado

possa me identifica.

Natal, ___ de __________ de _________

Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável

Rubrica do Participante/Responsável legal:

Rubrica do Participante/Responsável legal:

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94

Como pesquisador responsável pelo estudo: “A relação entre os riscos

ocupacionais e o bem-estar no ambiente de trabalho dos profissionais de

enfermagem na UTI Neonatal de um hospital universitário” declaro que assumo a

inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente

e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim

como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido

estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o

ser humano.

Natal, ____de ____________ de ________

Andressa Azevedo de Souto da Silva

Rubrica do Participante/Responsável legal:

Rubrica do Pesquisador:

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95

ANEXOS

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS

Caro servidor,

Gostaríamos de solicitar a sua participação na pesquisa intitulada “...................” desenvolvida

pela aluna .......................... ................ .......do Mestrado Profissional em Gestão de Processos

Institucionais - MPGPI, sob a orientação da Profa. Dra. Denise Pereira Rêgo.

A referida pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UFRN e tem como objetivo -----------

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------.

O conhecimento gerado por esse estudo é de grande relevância para a implementação de ações que

visem à melhoria da qualidade de vida e saúde dos servidores da instituição.

Esse estudo destina-se apenas a fins científicos e asseguramos que todas as informações

serão processadas com o máximo sigilo. Desde já, agradecemos pela sua colaboração, que é de

fundamental importância para o êxito deste trabalho.

FICHA SÓCIO-DEMOGRÁFICA E FUNCIONAL

Idade:_____ Sexo: ( ) F ( ) M

Cargo:

( ) Auxiliar em administração

( ) Assistente em administração

( ) Outro. Qual: _____________

Setor de lotação:______________________________

Setor onde desempenha as atividades:_____________

Tempo de trabalho na UFRN:_____________________

Tempo de trabalho no setor atual: ___________________

Você acha que desempenha atividades diferentes das que são exigidas para o seu cargo?

( ) Sim ( )Não

Se sim, as atividades executadas equivale as de qual cargo?_____________________

Grau de escolaridade:

( ) Nunca estudou

( ) Ensino fundamental incompl

eto

( ) Ensino fundamental complet

( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior completo

( ) Ensino superior incompleto

( ) Pós-

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96

o

( ) Ensino médio incompleto

graduação (especialização, residência, mestrado e/oudoutorado

Estado Civil:

( ) Solteiro(a)

( ) Casado(a) ou União

Estável

( ) Separado(a) ou

Divorciado(a)

( ) Viúvo(a)

( ) Outros

Nº de filhos: ____________

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97

ANEXO B - QUESTIONARIO DE CONDIÇÕES DE TRABALHO-QCT

CONDIÇÕES DE TRABALHO: CONTRATUAIS E JURÍDICAS

010) Você trabalha ... ?

Nu

nca

Rar

amen

te

Alg

um

as

veze

s

Mu

itas

veze

s

Sem

pre

010.1) o mesmo número de horas todos os dias

010.2) o mesmo número de dias todas as semanas

010.3) com horários fixos de entrada e de saída

010.4) por turnos ou escala

001)Este trabalho (sobre o qual você está respondendo) é o seu único trabalho remunerado?

( ) Sim ( ) Não Se não, quantas horas por semana trabalha em média, no(s) seu(s) outro(s) trabalho(s)?

( ) 20 horas semanais

( ) 30 horas semanais

( ) 40 horas semanais

( ) Outras. Se outra, especifique:________horas semanais

( ) Não se aplica

002) Seu cargo determina uma jornada de trabalho de quantas horas semanais?

( ) 20 horas semanais

( ) 30 horas semanais

( ) 40 horas semanais

( ) 44 horas semanais

( ) Outras. Especifique:_______horas

( ) Não se aplica

003) Na prática, quantas horas você trabalha normalmente por semana aqui?

( ) 20 horas semanais

( ) 30 horas semanais

( ) 40 horas semanais

( ) 44 horas semanais

( ) Outras. Especifique:_______horas

004) Normalmente, quantos dias por semana você trabalha aqui?______________________ dias por semana

005) Normalmente, quantas vezes por mês trabalha durante a noite (pelo menos 2 horas entre as 10 horas da noit

e e às 5 horas da manhã)? _______noites por mês ( ) Nunca

006) Quantas vezes por mês (em média) trabalha aos domingos? _______ domingos por mês ( ) Nunca

007) Gostaria de trabalhar ... ?

( ) 44 horas semanais

( ) 40 horas semanais

( ) 30 horas semanais

( ) 20 horas semanais

( ) Outro. Especifique: ___________

__

007.1) Essa quantidade de horas de trabalho de minha pre

ferência

representa:

( ) Mais horas que no momento

( ) A mesma quantidade de horas que atualmente

( ) Menos horas que atualmente

008) No total, quantos minutos por dia demora normalmente no percurso de casa para o trabalho e do trabalho pa

ra casa (soma)? __________________ minutos

009) O que você ganha é:

( ) A única renda de sua família

( )Quase a totalidade da renda familia

( ) Aproximadamente a metade da renda familiar

( ) Uma parcela pequena da renda da família

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98 CONDIÇÕES DE TRABALHO: FÍSICAS E MATERIAIS

Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:

011)Quanto você se expõe às condições de trabalho abaixo?

Nu

nca

Rar

ame

nte

Alg

um

as v

eze

s

Mu

itas

vez

es

Tod

o o

te

mp

o

Não

se

ap

lica

011.1) Vibrações provocadas por instrumentos manuais, máquinas, etc..

011.2) Ruídos tão fortes que obrigam a levantar a voz para falar com as pessoas

011.3) Calor desconfortável

011.4) Frio desconfortável

011.5) Fumaça ( como fumaça de soldas ou de canos de escape), pó ( como pó

de madeira, de algodão) ou poeiras (como poeira de cimento, de barro), etc.

011.6) Inalação de vapores (tais como de solventes, diluentes e/ou inseticidas)

011.7) Manuseio ou contato da pele com produtos ou substâncias químicas

011.8) Radiações, raio x, radioatividade, luz de soldadura, raios laser

011.9) Fumaça de cigarro de outras pessoas

011.10) Manuseio ou contato direto com materiais que podem transmitir doenças infecciosas (tais como lixo, dejetos, sangue , fluidos corporais, materiais de laboratório, etc)

011.11) Exposição prolongada ao sol

011.12) Mudança brusca de temperatura

011.13) Excesso de umidade

011.14) Iluminação insuficiente

011.15) Iluminação excessiva

011.16) Acidentes físicos (desabamentos, quedas de materiais, etc.)

011.17) Acidentes com ferramentas, instrumentos e maquinários

011.18) Falta de higiene no local de trabalho

011.19) Contato com pessoas com doenças infecto-contagiosas

011.20) Situações que podem desenvolver doenças ocupacionais

011.21) Exigências psíquicas estressantes

011.22) Riscos de pequenos acidentes de trabalho

011.23) Riscos de acidentes de trabalho incapacitantes

011.24) Riscos de acidentes de trabalho fatais

011.25) Riscos de acidentes no trânsito

011.26) Agravo de doenças que você contraiu por razões diversas

011.27) Posições dolorosas ou fatigantes

011.28) Levantar ou deslocar pessoas

011.29) Transportar ou deslocar cargas pesadas

011.30) Operar máquinas e ferramentas que lhes exigem acentuado esforço físico

011.31) Usar máquinas, equipamentos e/ou ferramentas com defeitos

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99

011.32) Ficar de pé ou andar

011.33) Movimentos repetitivos da mão ou do braço

011.34) Repetir movimentos em intervalos menores que dez minutos

011) Quanto você se expõe às condições de trabalho abaixo?

Nu

nca

Rar

ame

nte

A

lgu

mas

veze

s M

uit

as

veze

s To

do

o

tem

po

N

ão

se

aplic

a

011.35) Repetir movimentos em intervalos de menos de um minuto

011.36) Trabalhar nas instalações da organização

011.37) Trabalhar fora da organização, a partir de sua casa com um computador

011.38) Trabalhar em casa, excluindo o trabalho fora organização com computador

011.39) Trabalhar noutros locais que não sejam a sua casa ou instalações da organização, como por ex.: nas instalações de clientes, em viagem

011.40) Estar em contato direto com pessoas que não são empregadas no seu local

de trabalho, por exemplo, clientes, passageiros, alunos, doentes, etc.

011.41) Trabalhar com computadores: Computadores pessoais, rede de dados,

servidor

011.42) Uso da Internet /e-mail para fins profissionais

011.43) Usar vestuário ou equipamento pessoal de proteção

011.44) Trabalhar em vias públicas (na rua)

CONDIÇÕES DE TRABALHO: PROCESSOS E CARACTERÍSTICAS DE TRABALHO

Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:

012) O horário de seu trabalho é ... Nu

nca

Rar

am

ente

A

lgu

m

as v

ezes

Mu

itas

veze

s To

do

o

tem

po

N

ão s

e

aplic

a

012.1) Definido pela empresa/organização sem possibilidade de alteração

012.2) Uma escolha entre vários horários de trabalho fixos, determinados pela empresa/organização

012.3) Adaptado por você dentro de certos limites (ex.: poder ocasionalmente trocar horário sob justificativa)

012.4) Inteiramente determinado por você

012.5) Combinado (acordado) entre você e clientes

012.6) Combinado (acordado) entre você, colegas e outras pessoas

012.7) Alterado com frequência pela chefia sem aviso prévio a você

012.8) Alterado com frequência pela chefia com aviso prévio a você

013) O seu trabalho implica ...

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100

013.1) Ritmo acelerado

013.2) Prazos muito rígidos e muito curtos

014) De uma maneira geral, o seu ritmo de trabalho depende ... ?

Nu

nca

Rar

ame

nte

Alg

um

as

veze

s M

uit

as

veze

s To

do

ote

mp

o

Não

se

aplic

a

014.1) Do trabalho feito pelos seus colegas

014.2) Dos pedidos diretos de pessoas como os clientes, os passageiros, os alunos, os usuários, os pacientes, etc.

014.3) De objetivos quantitativos de produção ou desempenho

014.4) Da velocidade automática de uma máquina ou do movimento de

um produto

014.5) Do controle direto do seu chefe

015) O seu trabalho lhe exige ... ?

015.1) Respeitar normas (administrativas, técnicas, de segurança, etc.)?

015.2) Avaliar por você mesmo(a) da qualidade do seu trabalho?

015.3) Resolver por você mesmo(a) problemas imprevistos?

015.4) Realizar tarefas monótonas?

015.5) Realizar tarefas repetitivas?

015.6) Realizar tarefas complexas?

015.7) Aprender coisas novas?

015.8) Interromper uma tarefa para realizar outras

015.9) Ser contatado por e-mail e/ou por telefone fora do seu horário

016) Você pode escolher ou modificar ... ?

016.1) A ordem das suas tarefas?

016.2) Os seus métodos de trabalho?

016.3) O ritmo da realização das tarefas?

017) Na execução de suas atividades de trabalho...

017.1) Você pode receber ajuda de colegas

017.2) Você pode receber ajuda dos seus superiores/chefes

017.3) você pode receber ajuda externa à organização

017.4) Você tem influência sobre a escolha dos seus colegas de trabalho

017.5) Você pode fazer pausa quando desejar

017.6) Você tem tempo suficiente para terminar o seu trabalho

017.7) Você é livre para decidir quando tira férias ou dias de folga

017.8) Você pode negociar com chefes e colegas quando tirar férias e/ou dias de folga

017.9) Você tem oportunidade para fazer o que sabe fazer melhor

017.10) Você pode fazer um trabalho bem feito nas condições de trabalho atuais.

017.11) Você pode pôr em prática as suas idéias

017.12) Você é intelectualmente exigido (desafiado)

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101

017.13) Você precisa apresentar emoções específicas

017.14) Você precisa dissimular suas emoções

018) As suas atividades são executadas ...? Nu

nca

Rar

ame

nte

A

lgu

mas

veze

s M

uit

as

veze

s To

do

o

tem

po

N

ão

se

aplic

a

018.1) por você sozinho

018.2) em equipe

019) O que você faz é definido ...

019.1) Previamente por setores aos quais você tem pouco acesso

019.2) Em manuais de serviço que você precisa seguir passo a passo

019.3) Por seu chefe/administrador sozinho

019.4) Por seu chefe/administrador após ouvir a equipe de trabalho

019.5) Pela equipe de trabalho

019.6) Por você, planejando independentemente

019.7) Por você, negociando com colegas e chefes

020) Suas atividades e funções exigem...

020.1) As qualificações e experiência que você já tem

020.2) Atualizações

020.3) Formação suplementar ao que já tenho

021) Quanto às suas responsabilidades você responde por...

021.1) Danos a equipamentos, máquinas e objetos

021.2) Por qualidade no atendimento a outras pessoas

021.3) Erros técnicos no desenvolvimento de seu trabalho

022) Nos últimos 12 meses, você participou de algum tipo de formação para melhorar as suas competências?

Considerar os cursos de capacitação, especialização, mestrado e/ou doutorado

( ) Sim( ) Não

022.1) Se sim, quem pagou por esta formação?

( ) Você.

( ) Seu empregador. ( ) Outro, com anuência do empregador.

022.2) Quanto tempo durou tal formação? __________dias

022.3) Participou de outro tipo de formação ou aprendizagem (por ex: auto-aprendizagem, seminários na

internet, etc).

( ) Sim( ) Não

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102

CONDIÇÕES DE TRABALHO: AMBIENTE SOCIOGERENCIAL

Utilizando a seguinte escala (de ‘Nunca’ a ‘Todo o tempo’), responda cada item, marcando com X:

023) No último ano, você...?

Nu

nca

Rar

am

en

te

Alg

um

as v

eze

s M

uit

as

veze

s To

do

o

tem

po

N

ão s

e

aplic

a

023.1) Teve uma discussão franca com o seu chefe acerca do desempenho da sua função?

023.2) Foi consultado sobre mudanças na organização do trabalho e/ou

nas suas condições de trabalho?

023.3) Foi sujeito a uma avaliação formal regular do desempenho das suasfu

nções?

023.4) Discutiu com o seu chefe problemas relacionados ao trabalho?

023.5) Foi informado sobre os riscos de acidentes no trabalho

023.6) Foi informado sobre os riscos de adoecimento decorrente do

trabalho

024) Em seu trabalho, você está exposto a:

024.1) Pressão por decisões rápidas

024.2) Falta de material necessário para a realização de suas tarefas

024.3) Falta de equipamentos/ferramentas adequadas

024.4) Exigências desproporcionais às condições de trabalho

024.5) Conflitos com colegas e chefias

024.6) Exigências conflitantes com seus princípios e valores

024.7) Realizar tarefas diferentes das suas

024.8) Sobrecarga de tarefas

024.9) Realizar tarefas conflitivas ou contraditórias

024.10) Realizar tarefas desagradáveis

024.11) Ficar sem fazer nada

024.12) Assumir responsabilidade por punir

025) No último ano, esteve sujeito no trabalho a...?

025.1) Agressões verbais?

025.2) Ameaças de violência física?

025.3) Violência física?

025.4) Intimidações / perseguição?

025.5) Discriminação de sexo (homem x mulher)?

025.6) Assédio sexual?

025.7) Discriminações ligadas à idade?

025.8) Discriminações ligadas à nacionalidade?

025.9) Discriminações ligadas a questões raciais?

025.10) Discriminação ligada à classe social?

025.11) Discriminação ligada à religião?

025.12) Discriminação ligada a características pessoais (altura, surdez, cegueira, gagueira, etc.)?

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103

CONDIÇÕES DE TRABALHO: ASPECTOS DE SAÚDE

Existe algo que não foi perguntado, mas que você considera muito importante que seja dito

para que possamos melhor compreender a realidade do servidor da UFRN em sua relação com o

trabalho?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Quais ações ou medidas você gostaria de sugerir para melhoria das condições do seu

trabalho?__________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

025.13) Discriminação ligada a preferências sexuais?

025.14) Discriminação ligada à história pessoal (prostituição, ex- presidários, portadores de doenças contagiosas ou crônicas, etc.)?

026) Quantas pessoas trabalham com você aqui (no setor ou unidade administrativa)

( ) Sozinho ( ) 2 a 4 pessoas ( ) 5 a 9 pessoas ( ) 10 a 49 pess

oas

( ) 50 a 99 pessoas ( ) 100 a 249 pessoas ( ) 250 a 499 pessoas ( ) 500 e mais pessoas

027) Quantas pessoas trabalham sob a sua direção e dependem de você para receber aumentos de salário,

prêmios ou promoções?______________pessoa(s) ( ) Nenhuma

Teve afastamento do trabalho por problema de saúde no período de 2010 a 2015? ( ) Não ( ) Entre 1 e 3 vezes ( ) Mais de 3 vezes Fez tratamento de saúde em decorrência de sintomas gerados pelo trabalho no período 2010 a 2015?

( ) Não ( ) Sim. Qual enfermidade?___________________________

Faz uso de algum medicamento em decorrência de sintomas gerados pelo trabalho? ( ) Não ( ) Sim. Qual? ___________________________

Participa das ações voltadas para a prevenção e/ou melhoria da saude e qualidade de vida no trabalho oferecidas pela UFRN?

( ) Não ( ) Sim. Qual(ais)?_________________________________________________________________________________

_____

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104

ANEXO C- QUESTIONÁRIO NÓRDICO