universidade federal do vale do sÃo francisco...

86
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL Jardênia Rodrigues Feitosa INDICADORES DE QUALIDADE DE ARGISSOLO SOB CULTIVO ORGÂNICO DE VIDEIRA DE VINHO NA REGIÃO DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO Juazeiro BA 2011

Upload: votruc

Post on 11-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E

AMBIENTAL

Jardênia Rodrigues Feitosa

INDICADORES DE QUALIDADE DE ARGISSOLO SOB CULTIVO ORGÂNICO DE VIDEIRA DE VINHO NA REGIÃO DO SUBMÉDIO

SÃO FRANCISCO

Juazeiro – BA 2011

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E

AMBIENTAL

Jardênia Rodrigues Feitosa

INDICADORES DE QUALIDADE DE ARGISSOLO SOB CULTIVO ORGÂNICO DE VIDEIRA DE VINHO NA REGIÃO DO SUBMÉDIO

SÃO FRANCISCO

Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF, Campus Juazeiro, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental. Orientador: Profª. DSc. Nelci Olszevski

Juazeiro – BA 2011

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

Feitosa, Jardênia Rodrigues.

F311i Indicadores de qualidade de Argissolo sob cultivo orgânico de videira de vinho na região do submédio São Francisco / Jardênia Rodrigues Feitosa. – Juazeiro, 2011.

85 f. : il.: 29 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2011.

Orientador (a): DSc. Nelci Olszevski.

1. Uva - cultivo orgânico. 2. Vitivinicultura – Vale do São

Francisco (Brasil) . 3. Solos. Título. II. Olszevski, Nelci.

CDD 634.8

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Aos meus pais Antonia Marly A. Feitosa e

Joaquim Rodrigues N. de Alencar e irmã Isabel

Cristina Rodrigues Feitosa.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as oportunidades a mim concedidas.

Aos meus pais pelo incentivo, paciência e confiança; por me permitirem estar aqui e

estarem sempre comigo independentemente da distância;

A minha irmã por todas as vezes que me mandou manter a calma, pelas inúmeras

técnicas criadas para isso e, pelo companheirismo.

A Prof. DSc. Nelci Olzevski, pela orientação durante os anos de iniciação científica,

paciência e conselhos; pelo conhecimento compartilhado e, pelo trabalho que dei.

A DSc. Alessandra Monteiro S. Mendes pela co-orientação e inúmeras contribuições

para a realização deste trabalho e, por todos os emails respondidos em pleno

domingo.

Ao Prof. DSc. Jorge Wilson Cortez pela sua contribuição na minha formação

acadêmica e na iniciação científica.

À UNIVASF e a todos os professores do Colegiado de Engenharia Agrícola e

Ambiental.

Ao CNPQ pela concessão da bolsa de Iniciação Científica.

As minhas amigas Mayara e Juliana por serem parte essencial de tudo isto, por me

agüentarem todo esse tempo e, por todos os momentos que vivemos e ainda

viveremos juntas.

Aos meus amigos Nyegirton, Tárcio, Daniel, Naedja, Rosemary, Daniela, Josenara e

Larissa e, a todos os meus colegas, pelo companheirismo durante os anos de

faculdade.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Aos amigos, Elton, Olavo e Hideo, que foram importantes em diferentes momentos

destes cinco anos.

A Izanete Bianchetti Tedesco e Ineldo Tedesco, por permitirem a realização do

experimento na área da Adega Bianchetti.

E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste

trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Diante de mim havia duas estradas

Escolhi a estrada menos percorrida

E isso fez toda a diferença.

Robert Frost

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

FEITOSA, J. R. Indicadores de qualidade de Argissolo sob cultivo orgânico de

videira de vinho na região do submédio São Francisco. 2011. 85 f. Monografia,

Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro-BA.

RESUMO

A vitivinicultura é uma atividade em expansão no Vale do São Francisco e que requer a utilização de solos de boa qualidade, cujas propriedades físicas, químicas e biológicas garantam o bom desenvolvimento e a alta produtividade da cultura. O sistema orgânico de cultivo é apontado como uma das práticas capazes de aliar a produtividade à sustentabilidade agrícola, proporcionando a conservação e melhoria da qualidade do solo. Para tanto, requer a realização de estudos que contribuam para a definição de estratégias adequadas à região. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do cultivo orgânico nas características de um Argissolo Amarelo, ao longo de um ano de cultivo com videira de vinho na região do submédio São Francisco. Foram avaliados indicadores físicos e químicos do solo, tais como a estabilidade de agregados, a densidade do solo e o teor de matéria orgânica. O experimento foi desenvolvido em área pertencente à Adega Bianchetti Tedesco Ltda., localizada no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho, onde foram coletadas amostras de solo deformadas e inderformadas, na linha e entrelinha de cultivo e, em área de pousio, nas profundidades de 0,0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,30 e 0,30-0,60 m. As coletas foram realizadas aos seis e doze meses após a implantação da cultura e, as amostras utilizadas na avaliação dos indicadores de qualidade do solo, sendo os resultados obtidos submetidos à análise estatística. A adoção do cultivo orgânico de videira contribuiu para o processo de agregação do solo, obtendo-se após um ano de cultivo, maiores diâmetros de agregados e índice de estabilidade, que aos seis meses após a implantação da cultura. As médias de densidade e porosidade do solo não diferiram significativamente entre as avaliações, entretanto, encontraram-se entre os limites críticos para solos arenosos agricultáveis. Foram encontrados maiores teores de matéria orgânica para a área de pousio, ocorrendo redução em todas as áreas no decorrer do período avaliado, provavelmente, devido a altas taxas de oxidação encontradas na região. A floculação das argilas do solo, não exerceu grande influência na formação de agregados, sendo este processo influenciado principalmente pela matéria orgânica. O período de um ano foi considerado curto, para a obtenção de resultados conclusivos quanto a melhoria da qualidade do solo pelo cultivo orgânico, esperando-se obter resultados mais significativos em avaliações posteriores. Palavras - chave: cultivo orgânico, estabilidade de agregados, matéria orgânica do solo, vitivinicultura

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

FEITOSA, J. R. Quality indicators Ultisol under organic cultivation of wine

grapes in the region of submedium San Francisco. 2011. 85 f. Monografia,

Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Juazeiro-BA.

ABSTRACT

Viticulture is an expanding activity in the San Francisco Valley and which requires the use of good-quality soil, whose physical, chemical and biological ensure the proper development of culture and high productivity. The organic system of cultivation is considered one of the practices that can combine the productivity of agricultural sustainability, providing the conservation and improvement of soil quality. To this end, requires conduct studies that help to define appropriate strategies for the region. In this sense, the objective of this study was to evaluate the effects of organic cultivation in the characteristics of a Yellow Ultisol over a year of cultivation with wine grapes in the region of submedium San Francisco. We evaluated physical and chemical indicators of soil such as aggregate stability, soil bulk density and organic matter content. The experiment was conducted at the Cellar belonging Bianchetti Tedesco Ltda., located in the district of Senator Nilo Coelho Irrigation, where soil samples were collected deformed and undisturbed, line spacing and cultivation and fallow area at depths of 0,0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,30 and 0,30-0,60 m. Samples were collected at six and twelve months after the implementation of culture, and the samples used in the evaluation of soil quality indicators, and the results submitted to statistical analysis. The adoption of organic cultivation of grapes contributed to the process of soil aggregation, resulting in after a year of cultivation, larger diameters and aggregate stability index, which for six months after the implementation of culture. The mean density and soil porosity did not differ significantly between assessments, however, found among the critical limits for agricultural sandy soils. We found higher levels of organic matter to the fallow, leading to a reduction in all areas during the study period, probably due to high oxidation rates found in the region. The flocculation of soil clays did not exert great influence in the formation of aggregates, this process is influenced mainly by organic matter. The period of one year was considered too short to obtain conclusive results as to improve the quality of soil organic farming, is expected to get more significant results in subsequent reviews. Keywords: organic cultivation, aggregate stability, soil organic matter, viniculture

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cultivo orgânico de videira de vinho – Fazenda Adega Bianchetti ............. 35

Figura 2. Tamisamento úmido em aparelho de Yooder ............................................ 38

Figura 3. Densidade do solo pelo método da proveta. .............................................. 40

Figura 4. DMP nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 43

Figura 5. DMG nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 44

Figura 6. DMP nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 46

Figura 7. DMG nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 47

Figura 8. IEA nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 49

Figura 9. IEA nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 50

Figura 10. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de

tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos seis meses

após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 53

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Figura 11. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de

tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos doze

meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 54

Figura 12. DS nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 55

Figura 13. DS nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 56

Figura 14. PT nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 59

Figura 15. PT nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra

não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade...................... 59

Figura 16. IF nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 62

Figura 17. IF nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 63

Figura 18. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de

coleta seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas:

comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras

maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento.

Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a

1% de probabilidade. ........................................................................................ 65

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

Figura 19. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de

coleta doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas:

comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras

maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento.

Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a

1% de probabilidade. ........................................................................................ 66

Figura 20. Ca2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 70

Figura 21. Ca2+ nos diferentes locais de coleta e profundidades doze meses

após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 71

Figura 22. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 72

Figura 23. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a

implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 73

Figura 24. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após

a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 75

Figura 25. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após

a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os

tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre

as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ........................... 75

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição granulométrica em diferentes profundidades do

Argissolo Amarelo, após revolvimento. ............................................................. 36

Tabela 2. Comparação entre os dados meteorológicos referentes aos meses

que antecederam a coleta das amostras de solo. ............................................. 36

Tabela 3. Análise química do composto orgânico aplicado na área cultivada. ......... 37

Tabela 4. Comparação das médias de DMP entre as duas épocas de coleta

nos locais e profundidades avaliados. .............................................................. 47

Tabela 5. Comparação das médias de DMG entre as duas épocas de coleta

nos locais e profundidades avaliados. .............................................................. 48

Tabela 6. Comparação das médias de IEA entre as duas épocas de coleta nos

locais e profundidades avaliados. ..................................................................... 50

Tabela 7. Comparação das médias de densidade do solo ( ) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 58

Tabela 8. Comparação das médias de porosidade total ( ) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 60

Tabela 9. Comparação das médias do índice de floculação (IF) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 64

Tabela 10. Comparação das médias do teor de matéria orgânica entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 67

Tabela 11. Comparação das médias do teor de cálcio (Ca2+) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 71

Tabela 12. Comparação das médias do teor de magnésio (Mg2+) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 74

Tabela 13. Comparação das médias do teor de sódio (Na+) entre as duas

épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados. .................................. 76

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

SUMARIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 17

2.1. VITIVINICULTURA NO BRASIL ................................................................................... 17

2.1.1. VITIVINICULTURA NO VALE DO SÃO FRANCISCO .................................................... 18

2.2. AGRICULTURA ORGÂNICA ....................................................................................... 19

2.2.1. VITICULTURA ORGÂNICA ...................................................................................... 21

2.3. O SOLO COMO SUPORTE PARA A PRODUÇÃO AGRÍCOLA. ........................................... 23

2.4. QUALIDADE DO SOLO ............................................................................................. 24

2.5. INDICADORES FÍSICOS ............................................................................................ 26

2.5.1. ESTABILIDADE DE AGREGADOS ............................................................................ 27

2.5.2. DENSIDADE DO SOLO .......................................................................................... 28

2.5.3. POROSIDADE TOTAL ............................................................................................ 29

2.6 INDICADORES QUÍMICOS .......................................................................................... 31

2.6.1 MATÉRIA ORGÂNICA ............................................................................................. 31

2.6.2. ATRIBUTOS QUÍMICOS ......................................................................................... 32

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................. 35

3.1. CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO E COLETA DE AMOSTRAS .................................. 35

3.2. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DOS AGREGADOS ....................................................... 37

3.3. DENSIDADE DO SOLO, DENSIDADE DE PARTÍCULAS E POROSIDADE TOTAL. ................. 39

3.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA, ARGILA DISPERSA EM ÁGUA, ÍNDICE DE FLOCULAÇÃO E

ÍNDICE DE DISPERSÃO. .................................................................................................. 41

3.5. TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA E ATRIBUTOS QUÍMICOS. ............................................. 42

3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................ 42

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 43

4.1. AGREGAÇÃO DO SOLO............................................................................................ 43

4.2. DENSIDADE DO SOLO E POROSIDADE TOTAL ............................................................ 55

4.3. ÍNDICE DE FLOCULAÇÃO ......................................................................................... 61

4.4. TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA ................................................................................. 64

4.5. TEORES DE CÁLCIO, MAGNÉSIO E SÓDIO .................................................................. 69

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 78

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

15

1. INTRODUÇÃO

Dentre as atividades agrícolas realizadas no Brasil, a viticultura merece

destaque pela importância econômica adquirida nas últimas décadas. Essa atividade

consiste na produção de uvas destinadas ao consumo in natura, e ao

processamento visando à produção de vinhos, sucos e outros produtos, destinados

ao consumo interno e às exportações.

A produção brasileira de uvas ocorre em várias regiões, com destaque para

as regiões Sul, Sudeste e Nordeste, desenvolvendo-se em condições

edafoclimáticas diversas. Na região Nordeste, concentra-se no Vale do São

Francisco, que atualmente é considerada a principal região vitícola tropical do país,

destacando-se pela produção de uvas para consumo in natura (incluindo uvas sem

semente), e mais recentemente, pela produção de uvas destinadas a fabricação de

vinhos (vitivinicultura).

A vitivinicultura do Vale do São Francisco encontra-se em expansão e, assim

como a produção de uvas de mesa, tem se adaptado bem a região, que apresenta

vantagens como a possibilidade de se obter até duas safras por ano, a

disponibilidade de água, os altos rendimentos obtidos, a qualidade das uvas

produzidas e os investimentos em pesquisa e formação de profissionais

capacitados.

Como qualquer atividade agrícola, a vitivinicultura requer a utilização de solos

de boa qualidade, que reúnam as características físicas, químicas e biológicas

necessárias à garantia de uma alta produtividade. No entanto, a intensa utilização

dos solos no cultivo, contribui para a sua degradação, ocasionada principalmente

pelo intenso preparo e pelo manejo inadequado.

Além disso, alguns solos requerem a adoção de práticas que proporcionem a

melhoria de sua qualidade dinâmica, possibilitando o desenvolvimento satisfatório

das culturas e, ao mesmo tempo, a conservação das suas características. Uma das

alternativas que podem ser utilizadas com este propósito é a adoção do cultivo

orgânico, que tem como princípio a adição contínua de matéria orgânica ao solo e a

não utilização de agroquímicos, tais como fertilizantes industriais e agrotóxicos.

Na agricultura orgânica a adição de matéria orgânica é a prática responsável

pela manutenção da fertilidade do solo: do ponto de vista químico, por meio da

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

16

disponibilização de nutrientes às plantas; do ponto de vista físico, por atuar na

melhoria da estrutura do solo por meio da agregação das partículas e, conseqüente

melhoria da aeração, infiltração e retenção de água; e do ponto de vista biológico,

por favorecer o aumento da diversidade e atividade microbiana no solo, importante

para os processos de ciclagem dos nutrientes.

Por outro lado, o recente aumento da preocupação com as questões

ambientais e a necessidade de fornecimento de alimentos de alta qualidade,

condicionou a expansão do mercado de produtos orgânicos, surgindo a necessidade

de se aprimorar este setor produtivo de modo a atender às novas demandas.

No Vale do São Francisco, onde as condições edafoclimáticas incluem altas

temperaturas, altos níveis de radiação solar, chuvas irregulares, e solos muitas

vezes, arenosos, a incorporação de matéria orgânica ao solo por meio da adoção do

sistema de cultivo orgânico, surge como uma alternativa às práticas convencionais

de cultivo, possibilitando ao mesmo tempo a melhoria e conservação das

propriedades do solo e, a abertura de novos mercados aos produtos da fruticultura

local.

Com base nisto, objetivou-se com este trabalho, avaliar os efeitos do cultivo

orgânico em características de um Argissolo Amarelo, ao longo de um ano de cultivo

com videira de vinho na região do submédio São Francisco, buscando-se contribuir

com a caracterização da dinâmica dos processos ocorridos no solo, a partir da

adoção desse sistema.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Vitivinicultura no Brasil

A videira foi introduzida no Brasil em 1532, pelos colonizadores portugueses

no atual estado de São Paulo, expandindo-se posteriormente para outras regiões do

País (PROTAS et al.,2008). Entretanto, a viticultura tornou-se uma atividade

economicamente significativa somente a partir de 1875, com a colonização italiana

no Rio Grande do Sul (ROSA; SIMÕES, 2004).

De acordo com o IBGE, em 2009 a área ocupada pela viticultura no Brasil era

de 81.677 hectares, dos quais 59.227 ha situavam-se na região Sul, 12.129 ha na

região Sudeste e 9.939 na região Nordeste (IBGE, 2011).

O Brasil apresenta pólos vitícolas com características diferenciadas devido à

diversidade das condições ambientais existentes ao longo de seu território. Existem

pólos com viticultura característica de regiões temperadas, pólos em áreas

subtropicais e aqueles em que se desenvolve a viticultura tropical. Esta última,

começou a se desenvolver a partir da década de 1960 com a instalação de vinhedos

comerciais na região do Vale do São Francisco (PROTAS et al., 2008).

A produção de uvas brasileira é destinada ao processamento para fabricação

de vinhos, suco de uva e derivados e, para o consumo in natura. Dados da Embrapa

Uva e Vinho apontam que em 2010, 43,07 % da uva produzida no Brasil foi

destinada ao processamento, sendo o restante destinado ao consumo in natura

(MELLO, 2011).

A produção de vinhos, sucos de uva e derivados da uva e do vinho,

concentra-se principalmente no Rio Grande do Sul, responsável pela elaboração de

cerca de 330 milhões de litros de vinho e de mosto por ano, representando 95% da

produção nacional (PROTAS et al., 2008).

A maior parte dos fabricantes nacionais de vinho localiza-se na região do Vale

dos Vinhedos, Rio Grande do Sul. O restante encontra-se no Vale do São Francisco,

na região de São Roque, em São Paulo e, nas regiões de Caldas em Minas Gerais e

do Vale do Rio do Peixe em Santa Catarina (ROSA; SIMÕES, 2004).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

18

2.1.1. Vitivinicultura no Vale do São Francisco

O Vale do São Francisco, situado no trópico semiárido brasileiro, em latitude

9º S, longitude 40º W e altitude de aproximadamente 350 m, é a principal região

vitícola tropical do Brasil, apresentando cerca de 8.000 hectares de vinhedos

distribuídos entre os estados da Bahia e de Pernambuco (PROTAS et al., 2008).

A região produz cerca de 170 mil toneladas de uva por ano, provenientes de

pequenos produtores geralmente associados em cooperativas, e de médios e

grandes produtores que atuam em escala empresarial (PROTAS et al., 2008).

Entre as vantagens competitivas do Vale do São Francisco apontadas pelo

Banco do Nordeste, estão: mão-de-obra abundante, infraestrutura de irrigação

implantada e em expansão, proximidade com os mercados europeu e norte-

americano; ciclo produtivo precoce e alta produtividade (VITAL, 2009).

O cultivo da uva para produção de vinhos teve início no município de Floresta-

PE por volta de 1950, expandindo-se posteriormente para Santa Maria da Boa Vista.

No início dos anos 80 iniciou-se, em Santa Maria da Boa Vista, a fabricação de

vinhos finos com uvas produzidas na Fazenda Millano, pertencente ao Grupo

Pérsico-Pizzamigli, que lançou no mercado o Vinho Botticelli (VITAL, 2009).

De acordo com levantamento realizado por Vital (2009), a região do Vale do

São Francisco conta com oito vitivinícolas, as quais apresentam origens e situações

diferenciadas. São elas: Vinícola Vale do São Francisco Ltda.; Adega Bianchetti

Tedesco Ltda.; Vitivinícola Lagoa Grande Ltda.; Vinibrasil; Ducos Vinícola Comércio

Indústria e Exportação Ltda; Ouro Verde Ltda; Vitivinícola Vale do Sol Ltda; e

Indústria e Comércio de Bebidas Rodrigues da Silva Ltda. Tais empresas estão

distribuídas nos municípios pernambucanos Santa Maria da Boa Vista, Lagoa

Grande e Petrolina, e no município baiano Casa Nova.

O Sistema Produtivo do Vinho do Vale do São Francisco encontra-se em

processo de consolidação, encontrando barreiras como a concentração do mercado

interno de vinhos na região Sul e Sudeste, os baixos preços dos produtos

importados e a baixa divulgação, que embora tenha melhorado, ainda é tênue

(VITAL, 2009).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

19

Ainda assim, os vinhos do Vale do São Francisco vêm sendo divulgados por

meio da participação em concursos no país e no exterior, divulgação em revistas

especializadas e em feiras, além do enoturismo. Destaca-se ainda a obtenção de

selos de reconhecimento internacional que facilitam a abertura do mercado, tais

como o adquirido pela empresa Adega Bianchetti, cujos vinhos possuem o selo IBD

da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico, que certifica produtos orgânicos

e biodinâmicos no país e possui reconhecimento internacional (VITAL, 2009).

2.2. Agricultura orgânica

De acordo com a Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003 considera-se

sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotem técnicas

específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos

disponíveis (BRASIL, 2003). Tal sistema deve ter por objetivo a sustentabilidade

econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, redução da

dependência de energia não-renovável, empregando métodos culturais, biológicos e

mecânicos.

O sistema de produção orgânica apresenta as seguintes finalidades conforme

a Lei acima citada:

Oferecer produtos saudáveis isentos de contaminantes;

Preservar a diversidade biológica dos ecossistemas naturais e recompor ou

incrementar a diversidade biológica do ecossistema modificado em que o

sistema de produção está inserido;

Incrementar a atividade biológica do solo;

Promover o uso saudável desse recurso, bem como da água e do ar,

reduzindo ao mínimo a contaminação destes ocasionada pelas práticas

agrícolas;

Manter ou incrementar a fertilidade do solo no longo prazo;

Reciclar resíduos de origem orgânica, de modo a reduzir o uso de recursos

não-renováveis;

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

20

Na agricultura orgânica, a unidade de produção é tratada como um organismo

integrado com a flora e a fauna. Um de seus princípios básicos consiste em tratar o

solo como um organismo vivo, adotando-se um manejo que privilegia práticas que

garantam o fornecimento constante de matéria orgânica ao solo por meio do uso de

adubos verdes, cobertura morta e aplicação de composto orgânico. Estas práticas

estimulam os componentes vivos e favorecem os processos biológicos responsáveis

pela construção da fertilidade do solo (RICCI; NEVES, 2006).

Nesse tipo de sistema de produção os insumos tecnológicos são substituídos

por processos biológicos. A monocultura, por exemplo, que está apoiada na

utilização de fertilizantes químicos e agrotóxicos, dá lugar na produção orgânica à

rotação de culturas, diversificação, uso de bordaduras, consórcios, entre outros

(RICCI; NEVES, 2006).

Admite-se ainda, que a fertilidade do solo é função direta da matéria orgânica

nele presente e que, os elementos químicos e minerais necessários ao

desenvolvimento vegetal são disponibilizados por meio da atividade de

microrganismos presentes nos compostos biodegradáveis já existentes, ou

adicionados ao solo (ORMOND, 2002).

Mazzoleni e Nogueira (2006), analisando a cadeia de produção orgânica

concluíram que 97% dos estabelecimentos que possuem certificação quanto a esse

sistema utilizam as práticas da adubação verde e da cobertura do solo e, cerca de

73% destas propriedades utilizam equipamentos de preparo do solo, o que contribui

para elevar a eficiência da mão-de-obra.

O uso da adubação verde ou de plantas de cobertura, na entressafra, por

exemplo, contribui para o controle da erosão e oferece proteção ao solo, recicla

nutrientes, evita perdas ocasionadas pela lixiviação e melhora as propriedades

físicas do solo (ROEL, 2002).

Os fertilizantes necessários à produção agrícola orgânica podem ser obtidos

utilizando técnicas de compostagem e de produção de biofertilizantes, as quais

baseiam-se na decomposição da matéria orgânica vegetal e animal. Já, o manejo

das pragas é feito através do monitoramento periódico e aplicação de medidas

corretivas quando necessário, sendo estas, a aplicação de inseticidas naturais feitos

a base de plantas, controle biológico, entre outras alternativas (ROEL, 2002).

As técnicas usadas na agricultura orgânica buscam mobilizar de forma

harmônica os recursos disponíveis na unidade de produção, baseado na reciclagem

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

21

de nutrientes e maximização do uso de insumos gerados in loco. Procura-se obter

ainda, uma redução do impacto ambiental e da poluição, ao mesmo tempo em que

são produzidos alimentos de alta qualidade (ROEL, 2002). O cultivo orgânico é

considerado uma das formas de melhorar a qualidade do solo (LIMA, C. et al.,

2007).

A fruticultura orgânica no Brasil, ainda se encontra incipiente, o que explica a

oferta geralmente irregular dos produtos. No entanto, este mercado vem crescendo

com taxa média anual de 22,5%. Já a demanda internacional por produtos orgânicos

cresce cerca de 40% ao ano. Banana, acerola e laranja (suco) estão entre as

principais frutas orgânicas brasileiras exportadas (BORGES; SOUZA, 2005).

Martins et al. (2006) afirma que o sistema de produção orgânica é importante

para o Brasil, por visar a sustentabilidade econômica agregada aos benefícios

sociais, podendo assim contribuir para o abastecimento, além de incrementar a

pauta de exportações.

O crescimento da demanda pelos produtos orgânicos ocorre devido não

apenas a busca por produtos saudáveis, mas também por aqueles produzidos em

sistemas que busquem a conservação das condições físicas, químicas e biológicas

do solo além de outros aspectos (BORGES, et al., 2003).

Trata-se de um sistema economicamente viável que resgata práticas antigas

e o conhecimento empírico de populações rurais, empregando tecnologias

modernas, eficazes e não agressivas ao meio ambiente, melhorando a qualidade de

vida do produtor, bem como da população urbana (ROEL, 2002).

Do ponto de vista governamental, a agricultura orgânica é uma oportunidade

para a formulação de políticas públicas que poderiam, por exemplo, induzir ao

desenvolvimento do setor por meio da capacitação e incentivo à prática da

agricultura orgânica por agricultores familiares (MAZZOLENI; NOGUEIRA, 2006).

2.2.1. Viticultura orgânica

A viticultura orgânica consiste em um sistema de plantio de uvas baseado não

apenas na planta, mas no gerenciamento racional e sua interação com a fauna e a

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

22

flora do ambiente, sendo de fundamental importância o respeito aos ciclos biológicos

(BOLONHEZ, 2009).

A viticultura orgânica foi oficialmente e legalmente reconhecida na França, em

1982, devido a pressões do mercado e de produtores adeptos da prática na época.

Consiste basicamente na proibição do uso de pesticidas, fungicidas e fertilizantes

sintéticos no cultivo das uvas, e preocupa-se principalmente com o solo

(BOLONHEZ, 2009).

Procura-se fomentar as atividades microbiológicas do solo e evitar que

substâncias não derivadas diretamente da natureza sejam adicionadas a ele. Os

produtores da vitivinicultura orgânica têm como argumento importante o respeito à

saúde do consumidor, principalmente no que diz respeito a não existência de

pesticidas residuais no vinho (BOLONHEZ, 2009).

O vinho produzido a partir da matéria prima oriunda desse sistema é

rotulado como “vinho produzido a partir de uvas cultivadas organicamente”

(VITICULTURA..., 2010).

A viticultura orgânica está mostrando cada vez mais aceitação e procura na

França, conhecida pelo seu tradicionalismo. Em 2010 a área dedicada ao cultivo de

uvas orgânicas nesse país aumentou cerca de 40% em relação a 2009. O número

de vinícolas orgânicas atingiu cerca de 31%, enquanto o números daquelas que

deram início ao processo para se tornarem orgânicas chegou aos 72%

(VITICULTURA..., 2010).

De acordo com Camargo et al. (2011), a produção orgânica de uvas no Brasil

ainda é pequena, sendo em grande parte proveniente da agricultura familiar,

dispondo-se de poucas informações consistentes sobre a mesma. No Rio Grande do

Sul, dados extraoficiais apontam que a produção orgânica de uvas no estado, ocupa

em 2011, uma área de 517 ha, com uma produção de cerca de 7.000 toneladas.

No Vale do São Francisco, já existem empresas instaladas com o intuito de

produzir somente uvas orgânicas, como por exemplo, o Grupo Carrefour

(CARNEIRO; COELHO, 2007). Destaca-se ainda a Adega Bianchetti, que em 2004

transformou todo o seu cultivo de uvas convencional em orgânico, adquirindo a

certificação para produtos orgânicos do IBD – Associação de Certificação Instituto

Biodinâmico, lançando em 2008, os primeiros vinhos e espumantes produzidos a

partir de uvas orgânicas no Nordeste (OS VINHOS..., 2011).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

23

2.3. O solo como suporte para a produção agrícola.

O solo é um dos recursos naturais mais estudados, principalmente devido a

sua grande diversidade de características e dinamicidade e, pela sua importância

não apenas do ponto de vista agrícola, mas também como suporte para a

construção civil e inúmeros outros usos.

De acordo com Pedrotti e Mélo Junior (2009), do ponto de vista pragmático de

produção agrícola, solo é definido como o meio natural onde os vegetais se

desenvolvem. De fato, o solo é um dos principais suportes à produção agrícola,

sendo o seu comportamento determinado por um conjunto complexo de fatores

físicos químicos e biológicos, submetidos à ação do clima, e que estão

constantemente interagindo entre si.

Na perspectiva agrícola um solo ideal para a agricultura é composto por 45%

de material mineral, 5% de material orgânico e 50 % de espaço poroso, sendo

metade deste preenchido com água e metade preenchido com ar. No entanto, cada

local apresenta solos com propriedades únicas determinadas pelo resultado dos

processos de formação (GLIESSMAN, 2002).

Para Pedrotti e Mélo Júnior (2009) o solo ideal para a agricultura deve ser

bem drenado; possuir volume adequado de poros; não ser severamente ácido ou

alcalino; não apresentar impedimentos físicos ou químicos e ser capaz de suprir as

plantas com nutrientes livres de elementos tóxicos. Aconselha-se ainda que tenha

um teor moderado de matéria orgânica.

Nas regiões tropicais e subtropicais a intemperização por fatores climáticos é

intensa e, quando submetidos ao uso indevido, os solos podem perder sua

capacidade produtiva. Dentre os principais problemas que restringem o uso agrícola

estão a alta susceptibilidade a erosão, a mineralização acelerada da matéria

orgânica, a acidificação, a redução da fertilidade, dentre outros (PEDROTTI; MÉLLO

JÚNIOR, 2009).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

24

2.4. Qualidade do solo

A qualidade do solo está relacionada com sua capacidade em desempenhar

funções capazes de interferir na produtividade de plantas e de animais e no

ambiente (LIMA, C. et al., 2007) e, é uma combinação de propriedades físicas,

químicas e biológicas que fornece os meios para a produção animal e vegetal, para

regular o fluxo de água no ambiente e para atuar como filtro ambiental na atenuação

e degradação de componentes ambientalmente danosos ou perigosos (SOUZA et

al., 2003).

Karlen et al. (1997) apresentam duas concepções por meio das quais o

processo de avaliação da qualidade do solo pode ser organizado. A primeira

concepção trata a qualidade como uma característica inerente a cada solo

determinada pelos processos de formação. Assim, cada solo possui habilidade

natural pra desempenhar suas funções que é definida por um conjunto de fatores

que refletem seu máximo potencial.

A segunda concepção assume que o solo apresenta excelente qualidade

quando está funcionando de acordo com o seu máximo potencial para determinado

uso. Quando isto não ocorre, o potencial do solo pode ter sido alterado pelo uso ou

manejo, ou ele naturalmente apresenta baixa qualidade (KARLEN et al., 1997).

Independentemente da concepção adotada, duas questões devem ser

respondidas: qual é a função desempenhada pelo solo; e quais indicadores são

adequados para se fazer a avaliação (KARLEN et al, 1997).

Doran e Parkin (1994) apud Araújo et al. (2007) afirmam que a qualidade do

solo pode ser medida por meio da quantificação de alguns atributos, ou seja,

propriedades químicas, físicas e biológicas que possibilitem o monitoramento de

mudanças ao longo do tempo.

Tal monitoramento, que deve ser orientado de modo a identificar mudanças

mensuráveis em período longo de tempo, pode ser feito na propriedade agrícola ou

em áreas mais abrangentes como a microbacia hidrográfica. Para tanto, podem ser

estabelecidos índices de qualidade do solo, os quais procuram facilitar a

comparação entre solos nativos e aqueles já modificados pelo uso (ARAÚJO et al.,

2007).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

25

Um índice de qualidade do solo (IQS) é constituído por um conjunto de

propriedades do solo e deve ser capaz de elucidar processos do ecossistema e

relacioná-los a processos-modelos; integrar propriedades físicas, químicas e

biológicas do solo e seus respectivos processos; ser acessível e aplicável às

condições de campo; sensível a variações de manejo e clima ao longo do tempo;

entre outros aspectos (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

O estabelecimento do IQS é importante para identificar problemas de

produção nas áreas agrícolas, fazer estimativas realistas da produção de alimentos,

monitorar mudanças na sustentabilidade e qualidade ambiental em relação ao

manejo agrícola, além de orientar a formação de políticas públicas voltadas para o

uso sustentável do solo (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009)

Os indicadores de qualidade do solo usados na obtenção desses índices

podem ser divididos em três grupos: indicadores efêmeros, que podem sofrer

alterações em curto espaço de tempo ou são modificados pelo manejo (umidade do

solo, densidade, pH, disponibilidade de nutrientes); os permanentes, que são

inerentes ao solo (profundidade, textura, mineralogia e camadas restritivas); e os

indicadores intermediários, considerados os mais importantes na avaliação da

qualidade do solo por exercerem grande influência na capacidade deste para

desempenhar suas funções (agregação, biomassa microbiana, quociente

respiratório, carbono orgânico total e ativo) (ISLAM; WEIL, 2000). Podem ser

classificados ainda em indicadores físicos, químicos e biológicos.

A escolha dos indicadores a serem utilizados em determinada situação

depende da finalidade com a qual está se realizando a avaliação. Por exemplo, uma

avaliação voltada para a produção de uma cultura pode incluir indicadores físicos e

químicos diferentes daquela voltada para a análise da susceptibilidade a erosão

(PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).

O uso adequado dos indicadores de qualidade do solo permite identificar se o

manejo dado a área está contribuindo para melhor ou para pior em termos de

manejo sustentável e fazer a identificação inicial do problema. Quando a degradação

do solo for indicada, torna-se necessário implementar práticas de manejo que

melhorem a qualidade do solo, sejam benéficas ao meio ambiente e ao mesmo

tempo lucrativas. A qualidade do solo é inseparável da sustentabilidade agrícola

(PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

26

2.5. Indicadores físicos

De acordo com Reinert et al. (2006), a qualidade física do solo depende de

sua composição ou de características intrínsecas como a profundidade efetiva, a

mineralogia e a textura, assim como de características que variam com o tempo. A

profundidade efetiva, a mineralogia e a textura são aspectos importantes na

comparação entre diferentes sítios, enquanto as propriedades dinâmicas do solo são

importantes para detectar efeitos de sistemas de manejo ao longo do tempo no

mesmo sítio.

Gomes e Filizola (2006) afirmam que do ponto de vista agrícola os

indicadores físicos adquirem importância pela sua relação com processos

hidrológicos, tais como taxa de infiltração, escoamento superficial, drenagem e

erosão, além de possuir função essencial no armazenamento de água, nutrientes e

oxigênio no solo.

Um dos principais parâmetros utilizados para avaliar a qualidade do solo é a

sua estrutura (PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009). Sua avaliação pode ser feita por

meio de determinações indiretas (quantidade de agregados estáveis em água ou a

seco, ou a resistência dos agregados a chuva simulada), ou por determinações

diretas por meio de parâmetros como a densidade do solo, porosidade, índices de

floculação e infiltração de água no solo (MENDES et al., 2006).

A estrutura do solo consiste no arranjamento de suas partículas e do espaço

poroso entre elas, incluindo ainda a forma, tamanho e arranjamento dos agregados

formados. Do ponto de vista agrícola, a estrutura é considerada uma das

propriedades mais importantes por ser fundamental no estabelecimento das

relações solo-planta. De maneira geral, quanto mais bem agregado for o solo,

melhor é a distribuição de poros no perfil, e consequentemente melhor é a

percolação de água e as trocas gasosas (PEDROTTI; MELLO JÚNIOR, 2009).

A estrutura é bastante afetada pelo manejo dado ao solo, principalmente

pelas operações de preparo as quais inicialmente proporcionam um aumento da

porosidade e redução da densidade, mas que também podem levar a ocorrência de

processos de compactação. Essas alterações podem influenciar a produtividade das

culturas.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

27

A resistência do solo em manter a forma atual ou adquirida ao longo do tempo

é que define a estabilidade estrutural, a qual pode ser elevada pela manutenção da

cobertura vegetal, aumento da atividade microbiológica e do teor de matéria

orgânica (REINERT et al., 2006). Esta se relaciona de forma direta com a agregação

das partículas, e indireta com as demais propriedades físicas do solo (AGUIAR,

2008).

2.5.1. Estabilidade de agregados

Os agregados consistem em conjuntos de partículas primárias do solo com

forma e tamanho definidos (GUERRA et al., 2010), e são freqüentemente,

agrupados em macroagregados e microagregados.

De acordo com Pedrotti e Méllo Júnior (2009), a formação de agregados no

solo é afetada por diferentes fatores entre os quais estão:

Os cátions, que pela sua natureza alteram a espessura da dupla

camada difusa, causando a dispersão ou floculação das partículas;

Matéria orgânica que atua como agente cimentante;

Sistema de cultura e sistema radicular, que influenciam pelo nível de

cobertura do solo, tipo e densidade de raízes das culturas, modo e

freqüência de cultivos e tráfego de máquinas;

Condições de umidade do solo durante o preparo;

E, microrganismos, que secretam no solo substâncias que contribuem

para a agregação.

Fatores adversos à manutenção da agregação do solo são: a ausência de

cobertura do solo, o número excessivo de operações agrícolas, o aumento da

concentração de sódio em relação ao cálcio e magnésio e, a temperatura que eleva

a taxa de decomposição da matéria orgânica (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

O revolvimento intenso do solo durante operações de preparo ocasiona a

quebra dos agregados reduzindo sua estabilidade. O rompimento dos agregados

expõe a matéria orgânica existente em seu interior o que faz com seu processo de

decomposição seja acelerado, diminuindo cada vez mais a resistência dos

agregados (AGUIAR, 2008).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

28

A estabilidade dos agregados apresenta grande importância no estudo do

processo de erosão do solo. Tal parâmetro depende principalmente, da textura do

solo, de sua mineralogia, do teor e do tipo de matéria orgânica presentes e da

umidade e, pode ser determinado por vários métodos que diferem quanto ao tipo e

quantidade de energia fornecida ao sistema, e que de maneira geral utilizam um

jogo de peneiras com diferentes aberturas de malhas nas quais se distribuem os

agregados (LIER; ALBUQUERQUE, 1997).

Determinam-se então, alguns índices usados na avaliação da estabilidade,

sendo eles o diâmetro médio ponderado (DMP), o diâmetro médio geométrico

(DMG) e o índice de estabilidade de agregados (IEA).

Os agregados de maior tamanho, expressos pelo diâmetro médio ponderado

pela massa, são considerados indicativos de boa estrutura para a maioria dos

propósitos agronômicos. De acordo com Kiehl (1979), o diâmetro médio geométrico

seria a melhor aproximação do diâmetro médio dos agregados de um solo. Ambos

(DMP e DMG) são calculados considerando que o diâmetro médio de cada classe

de agregados é dado pela média aritmética entre seus limites inferior e superior

(LIER; ALBUQUERQUE, 1997).

O índice de estabilidade de agregados consiste em uma medida da

agregação total do solo e não considera a distribuição por classes de agregados.

Quanto menor for a quantidade de agregados de menor diâmetro maior será o IEA

(AGUIAR, 2008).

A estabilidade da estrutura do solo depende da estabilidade de sua unidade

estrutural, a qual é induzida pela ação de substâncias agregantes que por meio de

diferentes mecanismos constituem o processo de agregação. A estruturação do solo

relaciona-se diretamente com sua mineralogia, influenciando outras propriedades

como a porosidade, a capacidade de armazenamento de água e a resistência à

penetração das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

2.5.2. Densidade do solo

A densidade do solo representa a relação entre a massa de sólidos e o

volume total que essa massa ocupa, ou seja, o volume do solo incluindo o espaço

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

29

ocupado pelo ar e pela água e, reflete o arranjamento das partículas, o qual

determina as características do sistema poroso. Assim, os fatores que exercem

influência sobre a disposição das partículas do solo refletem diretamente nos valores

de densidade do solo, os quais geralmente estão entre 0,9 e 1,5 Mg.m-3

(PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

Além de se relacionar com a estrutura, a densidade do solo relaciona-se

ainda com sua textura, sendo os maiores valores encontrados para solos arenosos

devido ao maior peso das partículas de quartzo que compõem a fração areia e ao

menor conteúdo de matéria orgânica (AGUIAR, 2008). Conforme Reinert et al.

(2008), em ambientes não cultivados essa propriedade depende apenas dos fatores

pedogenéticos.

Menores valores de densidade favorecem a retenção de água, o crescimento

das raízes, as trocas gasosas e a atividade microbiana e, portanto, conhecer a

densidade de determinado solo pode auxiliar na tomada de decisão quanto ao

manejo adequado para uma área, de modo a provocar as menores alterações

possíveis no ambiente do solo, ou ainda, a identificar condições de compactação e

impedimento mecânico a penetração das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR,

2009).

Para atuar como um indicador adequado da qualidade física do solo, a

densidade do solo deve ser associada a outras propriedades e características, ou

ainda referenciada com os valores de densidade máxima que o solo pode atingir

(AGUIAR, 2008).

Embora não sejam as propriedades mais influenciadas pela modificação da

estrutura do solo, a densidade do solo e a porosidade têm sido bastante usadas

como indicadores de qualidade, principalmente pela sua fácil determinação e por

serem pouco influenciadas pelo teor de água no momento da coleta da amostra

(PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

2.5.3. Porosidade total

A porosidade pode ser definida como a proporção do volume do solo que não

é ocupada por partículas sólidas e sim, por água e ar (ARAÚJO et al., 2007;

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

30

PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009). Para Aguiar (2008), a porosidade reflete

diretamente a estrutura e a textura do solo, sendo os poros determinados pelo

arranjo e geometria das partículas e, diferindo quanto à forma, o comprimento, a

largura e a tortuosidade.

Partículas mais uniformes proporcionam ao solo maior porosidade total. Isso

ocorre por que nos solos formados por partículas com grande desuniformidade de

tamanho, as partículas mais finas tendem a preencher os espaços livres existentes

entre as maiores (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

Os poros do solo podem ser classificados em macroporos e microporos de

acordo com o seu diâmetro, sendo os primeiros associados à drenagem e os últimos

à retenção de água (AGUIAR, 2008). Portanto, a alteração no tamanho dos poros

tem implicação direta na velocidade de infiltração da água, nas trocas gasosas, na

atividade microbiana e no crescimento das raízes (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR,

2009). A distribuição dos poros por seu tamanho condiciona o comportamento físico-

hídrico do solo, influenciando a sua potencialidade agrícola (RIBEIRO et al., 2007).

A caracterização da porosidade total do solo possui grande importância para

a adoção de um manejo adequado. Quando a porosidade de um solo se apresenta

com 0,500 m³.m-3 do seu volume total, é referida como ideal. Nesse caso a

microporosidade variaria entre 0,250 e 0,330 m³.m-3, enquanto a macroporosidade

ficaria entre 0,170 e 0,250 m³.m-3 (LIMA, C. et al., 2007).

O tamanho dos poros e sua distribuição podem ser alterados em decorrência

da realização do número excessivo de operações agrícolas, e da realização destas

em condições inadequadas quanto ao teor de água no solo, ou seja, fora da faixa de

friabilidade (PEDROTTI; MÉLLO JÚNIOR, 2009).

A macroporosidade do solo ou porosidade de aeração aumenta com a

agregação do solo e com o tamanho dos agregados. A porosidade do solo pode ser

melhorada com a adição de matéria orgânica, que leva a redução da densidade

aparente e conseqüente aumento dos espaços vazios (KIEHL, 1979).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

31

2.6 Indicadores químicos

2.6.1 Matéria orgânica

A matéria orgânica é um dos mais importantes indicadores de qualidade do

solo por estar relacionada a diversas outras propriedades. No solo, ela pode ser

encontrada em diferentes estádios de decomposição e, seu conteúdo e composição

são condicionados por diversos fatores dentre os quais, o tipo de vegetação, a

topografia e o clima (KIEHL, 1979).

Pode-se definir a matéria orgânica do solo como sendo os materiais vegetais

e animais crus, em fase de decomposição ou humificados. O húmus, por sua vez, é

definido como todos os compostos vegetais e animais que sofreram um processo de

decomposição biológica por meio da ação de microrganismos, encontrando-se em

uma forma resistente a novos ataques microbianos e por isso acumulando-se no

solo (KIEHL, 1979). Quando na forma de húmus, a matéria orgânica traz benefícios

como o aumento da capacidade de troca de cátions e o aumento do poder tampão,

ou seja, da resistência a mudança brusca de pH (PRIMAVESI, 2002).

As práticas de manejo que favorecem o aumento do conteúdo de matéria

orgânica no solo podem contribuir para a melhoria da produtividade e para a

manutenção da qualidade ambiental (VEZZANI; MIELNICZUK, 2009). Solos com

baixo teor de matéria orgânica são naturalmente mais susceptíveis a degradação e

seu manejo deve priorizar a manutenção do teor de matéria orgânica e o aporte de

resíduos vegetais (REINERT et al., 2006). De acordo com Oliveira et al. (1992) o

teor de matéria orgânica varia amplamente entre os diferentes tipos de solo,

oscilando desde menos de 1% em solos de deserto até altos valores em solos

orgânicos.

Primavesi (2002) afirma que a matéria orgânica é um dos fatores

responsáveis pela manutenção da produtividade do solo, destacando-se por

fornecer ao mesmo, substâncias agregantes tornando-o grumoso, ou seja, por

formar a bioestrutura do solo, além de liberar ácidos orgânicos e alcoóis durante sua

decomposição, que servem como fonte de carbono aos microrganismos e,

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

32

substâncias intermediárias produzidas na decomposição que podem ser absorvidas

pelas plantas.

Reinert et al. (2006) afirma que em condições tropicais e subtropicais o

manejo da matéria orgânica torna-se mais complexo devido às altas taxas de

oxidação. Essa oxidação é favorecida pela mobilização do solo resultante do

preparo a qual possibilita um incremento nas trocas gasosas criando ambiente

oxidativo, além de reduzir a proteção física dos fragmentos de matéria orgânica

presentes no interior dos agregados. O aumento gradativo do teor de matéria

orgânica no solo depende das condições edafoclimáticas, do manejo adotado e da

qualidade dos resíduos vegetais adicionados.

Além de influenciar propriedades físicas como a densidade, a porosidade, a

superfície específica, a estrutura e a retenção de água, a matéria orgânica exerce

influência ainda sobre a cor, consistência, permeabilidade, aeração e temperatura, e

é importante para a capacidade de troca catiônica e para o conteúdo de bases

trocáveis no solo (KIEHL, 1979).

Distribui-se no solo de forma variável tanto em profundidade quanto

horizontalmente, e nos solos brasileiros pode contribuir com até 80% das cargas

negativas, o que explica o fato de a capacidade de troca de cátions (CTC) está em

grande parte associada a matéria orgânica (MADARI et al., 2009).

Vezzani e Mielniczuk (2009) destacam que manejar o solo de modo a

aumentar matéria orgânica pode melhorar a produtividade e a qualidade ambiental

e, reduzir a severidade e os custos financeiros de fenômenos naturais como secas,

alagamentos e doenças.

2.6.2. Atributos químicos

A dispersão de agentes cimentantes nos agregados do solo pode ocorrer

naturalmente ou devido à ação antrópica, causando modificações na estrutura do

mesmo. Este, responderá a ação das forças desagregantes de acordo com suas

características químicas, físicas e mineralógicas (ALMEIDA NETO, 2007).

Os íons Na+, Ca2+ e Mg2+, que podem ser encontrados na solução do solo,

estão relacionados aos fenômenos de dispersão e floculação das partículas, sendo

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

33

Ca2+ e Mg2+ considerados íons floculantes e o Na+ dispersante, afetando entre

outros aspectos a formação da estrutura do solo. Além disso, relacionam-se ainda

com a capacidade de troca de cátions do solo.

Edwards & Bremer (1967) apud Dufranc et al. (2004), afirmam que cátions

polivalentes são cruciais para unir a fração orgânica e os minerais de argila do solo.

Essa união faz com que as frações argila e orgânica não se dispersem devido às

cargas negativas permanentes presentes em ambas. Dessa forma os cátions

trocáveis do solo influenciam o processo de agregação.

De acordo com Dufranc et al. (2004), quando uma partícula seca de argila é

uamedecida ocorre interação entre as moléculas de água e a superfície das argilas,

na qual algumas moléculas ficam adsorvidas. Outras moléculas, no entanto, são

adsorvidas por íons (cátions e ânions). A capacidade de adsorção de água pelos

cátions eleva-se de acordo com o seu número de cargas e tamanho.

O cálcio é um íon floculante cujo efeito tem sido estudado especialmente nos

solos sódicos existentes no semiárido nordestino (PRADO, 2003), nos quais a

presença de sódio no complexo de troca é uma das principais causas da dispersão da

argila, fenômeno que restringe as propriedades físicas do solo (GOLDBERG;

FORSTER, 1990).

A substituição do sódio trocável pelo cálcio obtida com a aplicação de sulfato

de cálcio, e a lixiviação dos íons sódio apresentam efeito benéfico para as condições

físicas do solo. A substituição do Na+ pelo Ca+2 leva a um predomínio deste último

no complexo de troca, predomínio de cátions de maior valência e aumento da

concentração eletrolítica da solução, diminuindo a espessura da dupla camada

difusa e aumentando a floculação do solo (PRADO, 2003).

O íon Na+ apresenta grande raio iônico hidratado podendo por isso, dispersar

os colóides do solo com mais facilidade e influenciar a permeabilidade deste à água

a depender de sua concentração (ALMEIDA NETO, 2007).

Almeida Neto (2007) afirma que a formação de agregados no solo possui

relação direta com a floculação e com o comportamento da dupla camada difusa.

Solos com dupla camada difusa compacta apresentam-se em condição de

floculação da argila, possibilitando a formação de agregados estáveis em água. Já

solos com grandes quantidades de sódio na dupla camada tendem a permanecer

dispersos. Nesse caso, a formação de agregados estáveis exige a cimentação das

partículas floculadas (GAVANDE, 1976 apud ALMEIDA NETO, 2007), condição

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

34

proporcionada pelo conteúdo de matéria orgânica presente no solo, entre outros

fatores.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

35

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Caracterização do experimento e coleta de amostras

O experimento foi instalado em área pertencente à Adega Bianchetti Tedesco

Ltda. localizada no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho – DISNC, em Petrolina-

PE, (09º23' S; 40º30' W), a uma altitude de 376 m, e consistiu no cultivo de seis

variedades de videira para vinho em Argissolo Amarelo de textura arenosa

(Tabela 1), sendo que de cada variedade foram transplantadas seis linhas de 290

metros (Figura 1).

Figura 1. Cultivo orgânico de videira de vinho – Fazenda Adega Bianchetti

O clima da região de acordo com a classificação de Köppen é o tropical

semiárido, tipo Bsw, caracterizando-se pela escassez e irregularidade da

precipitação. A área cultivada é irrigada através de sistema de gotejamento.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

36

Tabela 1. Composição granulométrica em diferentes profundidades do Argissolo Amarelo, após revolvimento.

Profundidade Argila Areia Silte

m kg.kg-1

0,00 - 0,10 0,064 0,893 0,043

0,10 - 0,20 0,080 0,888 0,032

0,20 - 0,30 0,093 0,875 0,032

0,30 - 0,60 0,112 0,856 0,032

Utilizando os dados meteorológicos disponibilizados pela Embrapa Semiárido

referentes à Estação Agrometeorológica de Bebedouro, localizada em

Petrolina (09º09'S; 40º22'W), foram calculadas as médias de diversas variáveis para

os seis meses que constituíram cada um dos intervalos entre as coletas de solo

realizadas: abril de 2010 (implantação da cultura) a setembro de 2010; outubro de

2010 (primeira coleta) a março de 2011 (Tabela 2), obtendo-se uma caracterização

climática da área, para o período de realização do experimento.

Tabela 2. Comparação entre os dados meteorológicos referentes aos meses que antecederam a coleta das amostras de solo.

Dados meteorológicos - Estação Agrometeorológica de Bebedouro – Petrolina-PE (2010/2011)

Variável 04/10 – 09/10 10/10 – 03/11

Média Soma Média Soma

Temperatura média mensal (ºC) 25,2 - 27,0 -

Temperatura maxima mensal (ºC) 31,5 - 33,7 -

Precipitação mensal (mm) 31,5 189,1 48,0 288,1

Radiação solar global media (ly/dia) 304,7 - 397,8 -

Insolação média mensal (horas) 6,3 - 6,8 -

Evaporação média (mm) 6,8 40,8 7,4 44,6

Fonte: EMBRAPA SEMIÁRIDO (2011).

As covas receberam adubação de fundação composta por torta de mamona,

potássio e esterco, aplicada a aproximadamente 60 cm de profundidade, sendo o

plantio das mudas realizado em 05 de abril de 2010. Semanalmente, o cultivo

recebe a aplicação de composto orgânico (10 g/planta) cuja composição é de 50 kg

de torta de mamona (5%N, 35%C), 10 kg de K (sulfato de potássio e magnésio =

21% K2O + 10% Mg + 21% S), 10 kg de P (fosfato natural gafsa = 28% P2O5 total),

10 kg de Mg (óxido de magnésio = 52% Mg) e 20 mL vetor 1000 (Marca Lieknin). A

análise química do composto é apresentada na Tabela 3.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

37

Tabela 3. Análise química do composto orgânico aplicado na área cultivada.

N P K Mg S B Cu Fe Mn Zn Na

-------------------g.kg-1

--------------------- -------------------------------mg.kg-1

-------------------------

37.99 20.18 26,69 53,00 58,00 48,04 20,67 2210,00 112,00 98,00 2111,57

Nas entrelinhas do plantio foi semeado inicialmente, um coquetel formado por

sementes de guandu (Cajanus cajan), feijão de porco (Canavalia ensiformis),

mucuna (Mucuna spp.), girassol (Helianthus annuus), crotalária (Crotalaria spp.),

milheto (Pennisetum glaucum) e sorgo (Sorghum bicolor). Aproximadamente 50 dias

após o plantio, tais plantas foram cortadas rente ao solo e deixadas sobre a

superfície.

A área é mantida com cobertura vegetal proporcionada pela vegetação

espontânea e pelo plantio de espécies para formação de adubo verde ou ainda, pela

deposição de material orgânico produzido ex-situ.

A coleta das amostras de solo deformadas e indeformadas, foi realizada em

dois momentos: aos seis e doze meses após a implantação da cultura, nas

profundidades 0,0-0,10 m, 0,10-0,20 m, 0,20-0,30 m, 0,30-0,60 m. Para tanto,

utilizou-se o delineamento em blocos casualizados, sendo os tratamentos definidos

como manejo na linha de plantio, na entrelinha e em área de pousio, com três

repetições para cada tratamento.

As amostras deformadas foram destinadas a avaliação da textura do solo e

determinação da argila dispersa em água com posterior cálculo dos índices de

dispersão e floculação; à análise de densidade do solo e densidade de partículas e,

posterior cálculo da porosidade total; e às analises químicas. Já as amostras

indeformadas destinaram-se a avaliação da estabilidade dos agregados.

3.2. Avaliação da estabilidade dos agregados

A estabilidade dos agregados foi determinada por meio do método por via

úmida ou tamisamento úmido adaptado de Kiehl (1979), cujo objetivo é medir a

quantidade e distribuição do tamanho dos agregados que são estáveis em água

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

38

(EMBRAPA, 1997). Para isso, parte da amostra de solo foi colocada sobre um

conjunto de peneiras com aberturas de 4 e 2 mm e umedecida com um borrifador. O

solo umedecido foi peneirado levemente e da porção retida na peneira de 2 mm foram

pesadas 25 g para a análise de agregados e 5 g para a determinação da umidade.

As 25 g destinadas a análise de estabilidade foram então colocadas em

conjunto de peneiras de malhas 2,00 mm; 1,00 mm; 0,5 mm; 0,250 mm; e 0,125 mm

sendo este submetido a agitação vertical em um aparelho de Yooder durante 15

minutos (Figura 2). Passado esse tempo o material retido em cada peneira foi

cuidadosamente retirado com o auxílio de uma pisseta e transferido para capsúlas

de alumínio devidamente identificadas e levadas à estufa para secagem a 105ºC

durante 24 horas.

Posteriormente, as latinhas foram transferidas para um dessecador e depois

pesadas, corrigindo-se então a umidade inicial do solo com base nos valores de

umidade obtidos.

Figura 2. Tamisamento úmido em aparelho de Yooder

Os índices de estabilidade de agregados DMG (Diâmetro médio geométrico) e

DMP (Diâmetro médio ponderado) foram então calculados a partir dos dados

obtidos.

O cálculo do DMP foi feito por meio da Equação 1 apresentada por Kiehl

(1979) e Castro Filho et al. (1998):

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

39

Eq. (1)

Em que,

DMP: diâmetro médio ponderado (mm);

xi: diâmetro médio da classe (mm);

wi: proporção de cada classe em relação ao total

Quanto ao DMG utilizou-se as Equações 2 e 3 apresentadas por Melo et al.

(2008):

Eq. (2)

Sendo:

Eq. (3)

Em que:

DMG: diâmetro médio geométrico (mm);

n: massa dos agregados retida em determinada peneira (g);

d: diâmetro médio da classe (mm).

O índice de estabilidade de agregados (IEA) foi calculado por meio da

Equação 4 dada por Moraes et al. (2002):

Eq. (4)

3.3. Densidade do solo, densidade de partículas e porosidade total.

A densidade do solo foi determinada pelo método da proveta adaptado de

EMBRAPA (1997). Para tanto, 20 mL de terra fina seca ao ar (TFSA) foram

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

40

colocados em proveta com volume de 25 mL e peso conhecido, e em seguida

compactados batendo-se 10 vezes a proveta sobre uma placa de isopor (Figura 3).

Repetiu-se a operação mais uma vez completando o volume da proveta com solo

(acima da marca de aferição).

Figura 3. Densidade do solo pelo método da proveta.

Pesou-se a proveta com o solo obtendo-se em seguida o peso do solo. A

densidade do solo foi calculada pela Equação 5.

Eq. (5)

A densidade de partículas foi obtida conforme metodologia da EMBRAPA

(1997), cujo princípio é determinar o volume necessário de álcool para completar a

capacidade do balão volumétrico, contendo terra fina seca em estufa (TFSE).

Para isso, 10 g de solo foram levadas a estufa a 105ºC por 12 horas.

Decorrido esse tempo a amostra foi levada ao dessecador e depois pesada, sendo

então transferida para um balão de 25 mL, ao qual adicionou-se álcool etilíco e

agitou-se para eliminar as bolhas de ar. A operação foi repetida até completar o

volume do balão.

O volume de álcool gasto foi anotado e usado para calcular a densidade de

partículas dada pela Equação 6.

Eq. (6)

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

41

Obtidos os valores de densidade do solo e densidade de partículas calculou-

se a porosidade total por meio da Equação 7.

Eq. (7)

3.4. Análise granulométrica, argila dispersa em água, índice de floculação e

índice de dispersão.

A análise granulométrica foi realizada utilizando o método da dispersão

mecânica lenta conforme metodologia descrita por Ruiz (2004). Para tanto 10 g de

terra fina seca ao ar foram pesadas e colocadas em garrafa plástica, acrescentando-

se em seguida 50 ml da solução dispersante de NaOH 0,1 mol/L e 150 mL de água

destilada. A mistura foi submetida à agitação no agitador tipo Wagner por 16 horas,

a 50 rpm.

Passou-se então a suspensão obtida para proveta de 500 mL por meio da

peneira de malha 0,053 mm, forçando-se a passagem do silte e argila com jatos de

água (pisseta). Completou-se o volume da proveta até a marca de aferição

determinando-se em seguida a temperatura da suspensão. A areia retida na peneira

foi transferida para recipiente previamente pesado e levada a estufa.

Em seguida agitou-se a suspensão com bastão por cerca de 20 segundos,

após o que ela foi deixada em repouso por um período de tempo determinado por

meio de tabela baseada na Lei de Stokes (EMBRAPA, 1998) em função da

temperatura da suspensão e velocidade de decantação das partículas.

Decorrido o tempo necessário coletou-se 25 mL da suspensão a uma

profundidade de 0,05 m na proveta, os quais foram levados a estufa a 105º C por

48 horas, assim como a areia separada no início do processo. Passadas as 48 horas

o material foi levado ao dessecador e posteriormente pesado. Os dados de peso

obtidos foram utilizados para determinar as frações de areia, silte e argila da

amostra de solo, sendo a fração de silte determinada por diferença.

A determinação da argila dispersa em água foi feita da mesma forma que a

análise granulométrica diferenciando-se desta pela não utilização de dispersante

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

42

químico e pela não separação das areias. Para tanto foram utilizados 10 g de solo e

200 mL de água destilada submetidos a agitação mecânica lenta.

Obtidos os valores da argila total e da argila dispersa em água de cada

amostra realizou-se o cálculo dos índices de dispersão (ID) e de floculação (IF) por

meio das Equações 8 e 9, respectivamente.

Eq. (8)

Eq. (9)

Onde:

: proporção da argila dispersa em água

: proporção da argila total

3.5. Teor de matéria orgânica e atributos químicos.

A determinação do teor de matéria orgânica do solo e a quantificação dos

teores de cálcio, magnésio e sódio foram realizadas conforme metodologia da

EMBRAPA (1997) no Laboratório de Análises de Solo e de Plantas da Embrapa

Semiárido.

3.6. Análise estatística

Os resultados obtidos em cada avaliação (seis e doze meses após a

implantação da cultura) foram submetidos separadamente a análise de variância e

teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o software Assistat 7.6

(SILVA; AZEVEDO, 2002). A comparação entre as duas épocas de avaliação foi

feita por meio do Teste t para amostras dependentes, utilizando-se o software

Statistica 7 (CALADO; MONTGOMERY, 2003).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

43

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Agregação do solo

A estabilidade da estrutura do solo diz respeito à resistência que os

agregados oferecem às forças de desagregação da água e de operações

mecânicas. O estado de agregação do solo pode ser avaliado através de índices

como o diâmetro médio ponderado (DMP), diâmetro médio geométrico (DMG) e

índice de estabilidade dos agregados (IEA). No presente trabalho essa avaliação foi

realizada em dois momentos: aos seis e dozes meses após a implantação do cultivo

orgânico de videira.

Seis meses após a implantação os maiores valores de DMP foram

encontrados na área de pousio (Figura 4), o que pode ser justificado pela maior

quantidade de agregados grandes encontrada nessa área, em relação às demais

analisadas, tendo em vista que o DMP é tanto maior quanto maior for a percentagem

de agregados grandes.

Figura 4. DMP nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

44

Independentemente da profundidade, linha e entrelinha do cultivo não

diferiram significativamente entre si quanto ao DMP. No entanto observou-se

interação significativa entre os locais e profundidades avaliadas.

Na linha de plantio, o maior DMP foi observado entre 0,0 e 0,10 m de

profundidade, enquanto o menor foi observado entre 0,10 e 0,20 m (Figura 4). Na

área de pousio foram encontrados valores semelhantes entre as profundidades

sendo os menores diâmetros encontrados também entre 0,10 e 0,20 m. Já na

entrelinha, não foram encontradas diferenças significativas entre as profundidades.

Silva (2003) avaliando a distribuição de classes de agregados obtida por via

úmida de um Argissolo Amarelo coeso cultivado com cana de açúcar, observou uma

redução dos valores de agregados de maior diâmetro (> 2,00 mm e 2-1 mm) nas

camadas de 0,0 a 0,20 m e 0,20 a 0,40 m.

Da mesma forma que o DMP, o DMG, apontado como sendo o índice que

melhor se aproxima do diâmetro médio dos agregados do solo (LIER;

ALBUQUERQUE, 1997), apresentou os maiores valores para a área de pousio,

ainda que entre 0,10 e 0,60 m não tenha diferido significativamente entre os locais

de coleta (Figura 5). O DMG não diferiu significativamente quando consideradas

apenas as profundidades de coleta, não ocorrendo também interação significativa

entre os pontos de coleta e as profundidades.

Figura 5. DMG nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

45

Os menores valores de DMP e DMG (Figuras 4 e 5, respectivamente)

encontrados na área cultivada na época 1, podem ser justificados pelo efeito das

operações de preparo do solo a que esta área foi submetida. As operações de

preparo ocasionam a quebra dos agregados maiores em agregados de menor

tamanho, modificando a estrutura do solo. Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam

que as práticas de manejo tais como o trabalho mecânico e o teor de matéria

orgânica, podem modificar a estrutura. A aração, principalmente se feita em

condições de umidade desfavoráveis, pode causar alterações na estrutura por um

período relativamente longo.

De maneira geral, os diâmetros médios dos agregados obtidos para as áreas

estudadas foram menores que 1 mm e portanto, inferiores ao que seria desejável

para o manejo do solo. A textura do Argissolo em estudo é um dos fatores que

contribuem para a ocorrência de menores diâmetros, já que em solos arenosos a

agregação é dependente principalmente de processos biológicos devido ao baixo

teor de argila. Além disso, os agregados de menor tamanho tendem a ser mais

estáveis, sendo mais difícil a manutenção de agregados maiores.

Tisdall e Oades (1982) apud Silva et al. (2006) afirmam que o acúmulo de

agregados de menor diâmetro ocorre devido a maior resistência destes às práticas

de manejo, pois os agentes ligantes que estabilizam esses agregados são formados

por substâncias húmicas associadas a óxidos de ferro e alumínio e por isso, mais

persistentes, enquanto os macroagregados são ligados por agentes temporários

(hifas de fungos e raízes de plantas) e, portanto, mais afetados pelo manejo.

Doze meses após a implantação da cultura, o maior diâmetro na camada

superficial foi encontrado na área de pousio, enquanto os valores para linha e

entrelinha não diferiram significativamente (Figura 6). Nas camadas de 0,10-0,20 m

e de 0,30-0,60 m não ocorreram diferenças significativas entre os valores de DMP

para as diferentes áreas. Já na camada de 0,20-0,30 m ocorreu maior estabilidade

de agregados para a linha de plantio.

Os pontos de coleta apresentaram comportamento diferenciado quanto aos

valores de DMP nas diferentes profundidades, não ocorrendo diferenças

significativas entre estas para as amostras coletadas na entrelinha de plantio. Na

linha de plantio os maiores valores foram encontrados para as camadas de 0,20 a

0,30 m e de 0,30 a 0,60 m, enquanto na área de pousio o maior valor foi obtido na

camada de 0,0 a 0,10 m (Figura 6).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

46

Figura 6. DMP nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O diâmetro médio geométrico comportou-se de maneira semelhante entre

locais e profundidades nesta avaliação (Figura 7), não ocorrendo interação

significativa entre locais e profundidades, concluindo-se que o estado de agregação

do solo após um ano de cultivo era semelhante em todos os pontos de coleta.

De acordo com Kiehl (1979), não se conhecem números absolutos para

interpretar por meio dos resultados da análise de agregados quando o solo

apresenta boas ou más propriedades físicas, aceitando-se de maneira geral que

solos com diâmetro médio ponderado dos agregados menor que 0,5 mm tenham

baixa estabilidade.

Comparando este valor com as médias de DMP obtidas na segunda avaliação

foi possível constatar que o Argissolo em questão, apresentou valores maiores que

0,5 mm tanto para a área cultivada, quanto para a área de pousio, o que, de acordo

com Kiehl (1979), faz com que este possa ser considerado relativamente resistente

ao esboroamento e à dispersão.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

47

Figura 7. DMG nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tanto as médias de DMP, quanto as de DMG aos 12 meses foram superiores

as médias obtidas seis meses após a implantação da cultura. Comparando-se as

médias do DMP entre as duas épocas, para cada local e profundidade, por meio do

teste t para amostras dependentes simples, observou-se que na maioria dos pontos

não ocorreu diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. No entanto, os

diâmetros encontrados aos doze meses foram maiores que aqueles obtidos aos seis

meses, em todas as profundidades na linha e entrelinha (Tabela 4).

Tabela 4. Comparação das médias de DMP entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

DMP

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

---- m ---- -------- mm ------- --------- mm--------- -------- mm -------

0,0-0,10 0,597 0,698 ns 0,478 0,823 ns 0,881 1,110 ns

0,10-0,20 0,444 0,800 * 0,562 0,808 ns 0,724 0,714 ns

0,20-0,30 0,514 1,177 ns 0,472 0,849 * 0,876 0,805 ns

0,30-0,60 0,503 0,968 * 0,549 0,735 ns 0,854 0,727 ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Na linha de plantio o maior acréscimo no valor do DMP ocorreu na camada

de 0,20 a 0,30 m e, o menor acréscimo na camada superficial (0,0-0,10 m),

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

48

ocorrendo o mesmo na entrelinha. A elevação nos diâmetros médios dos agregados

nestas áreas sugere que a adição de matéria orgânica ao solo proporcionada pelo

cultivo orgânico vem contribuindo para o processo de agregação das partículas. Os

agregados de maior tamanho encontrados na segunda avaliação foram

provavelmente formados a partir da união de agregados de menor tamanho

presentes no solo.

De acordo com Kiehl (1979), a formação de agregados no solo depende de

duas condições fundamentais: a aproximação das partículas ocasionada por uma

força mecânica qualquer, como por exemplo, o movimento ocasionado pelo

crescimento das raízes, por animais de hábito terrestre e fenômenos de contração e

expansão do solo, provocados pela alternância entre molhamento e secagem; e da

existência de agentes cimentantes que possam consolidar a união das partículas,

gerando o agregado. Kiehl (1979) destaca ainda, que em solos arenosos a

ocorrência de agregados está correlacionada com a matéria orgânica, a qual é mais

eficiente que a argila na formação de agregados estáveis.

A área cultivada avaliada reúne vários dos fatores associados ao processo de

agregação do solo, tendo em vista que além da aplicação de composto orgânico na

linha de plantio, ocorreu a aplicação de adubação verde e manutenção da cobertura

vegetal na maior parte da superfície, de modo a proporcionar a adição contínua de

substâncias orgânicas por meio dos processos de decomposição da matéria

orgânica.

A comparação entre os valores de DMG obtidos nas duas avaliações

(Tabela 5) evidencia o aumento da agregação do solo.

Tabela 5. Comparação das médias de DMG entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

DMG

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

---- m ---- ------- mm ------- -------- mm -------- -------- mm --------

0,0-0,10 0,452 0,453 ns 0,303 0,485 ns 0,517 0,549 ns

0,10-0,20 0,347 0,580 ns 0,340 0,549 ns 0,414 0,442 ns

0,20-0,30 0,334 0,474 ns 0,357 0,546 * 0,528 0,437 ns

0,30-0,60 0,349 0,444 ns 0,380 0,472 ns 0,427 0,410 ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

49

Observa-se, porém, que os acréscimos nos diâmetros médios geométricos

foram inferiores aos obtidos para o DMP, o que pode estar associado ao fato de que

este último índice dá mais peso aos agregados de maior tamanho, o que não ocorre

no DMG (KIEHL, 1979).

Diferentemente da área cultivada, a área de pousio apresentou maior DMG

aos 12 meses apenas nas camadas de 0,0 a 0,10 m e de 0,10 e 0,20 m, e

decréscimo nas demais profundidades.

O índice de estabilidade dos agregados não diferiu significativamente entre as

áreas e profundidades amostradas na primeira avaliação, realizada aos seis meses

após a implantação da cultura (Figura 8). De maneira geral apresentou valores em

torno de 60%. Já na segunda avaliação (Figura 9), foi maior para a linha de plantio,

decrescendo para a entrelinha e pousio, não apresentando também diferenças

significativas entre as profundidades, sendo a média geral de aproximadamente

72%.

Figura 8. IEA nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

50

Figura 9. IEA nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Assim como o DMP e o DMG, o índice de estabilidade dos agregados

aumentou nos seis meses após a primeira avaliação na linha e entrelinha de plantio

(Tabela 6), embora na maioria dos pontos não tenham sido obtidas diferenças

significativas pelo teste t. Na área cultivada o maior acréscimo no IEA ocorreu para a

camada de 0,10 a 0,20 m, enquanto na área de pousio houve redução no IEA nas

camadas de 0,10 a 0,20 m e de 0,20 a 0,30 m.

Tabela 6. Comparação das médias de IEA entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

IEA

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

---- m ---- --------%-------- --------%-------- --------%--------

0,0-0,10 65,349 71,906 ns 46,653 69,299 ns 56,634 68,185 ns

0,10-0,20 53,822 77,427 ns 51,322 75,219 * 67,502 62,060 ns

0,20-0,30 61,464 71,096 ns 58,632 77,015 ns 67,940 65,461 ns

0,30-0,60 63,635 79,629 ns 67,395 71,579 ns 59,142 70,365 ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Oliveira et al. (2010) avaliando o índice de estabilidade de agregados de um

Argissolo Amarelo Distrocoeso latossólico, textura média/argilosa cultivado com

cana-de-açúcar, observou que este índice não sofreu influência do manejo

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

51

(fertirrigação com vinhaça, com irrigação e sem irrigação), nem da interação entre

manejo e profundidades avaliadas.

Avaliando a estabilidade de agregados por via úmida em solos de textura

franco-arenosa submetidos a cultivo orgânico de algodão em comparação com

áreas cultivadas convencionalmente, Lima, H. et al. (2007) observou que a

estabilidade dos agregados foi maior nas áreas cultivadas em bases orgânicas,

atribuindo esse resultado à adição de resíduos orgânicos e a diminuição no

revolvimento do solo.

Albuquerque et al. (2005), por sua vez, encontrou de maneira geral maior

estabilidade de agregados em sistemas conservacionistas com utilização de plantas

de cobertura como gandu, mucuna e feijão-de-porco, quando comparados a

sistemas convencionais, sendo ambos estabelecidos em Latossolo Vermelho

distroférrico. Observou ainda, correlação positiva entre o carbono orgânico do solo e

o diâmetro médio ponderado dos agregados.

Wohlenberg et al. (2004), afirma que espécies de cobertura aliadas as

práticas de manejo e conservação, contribuem para a recuperação ou manutenção

de características físicas do solo como a agregação. Estes autores também

encontraram correlação positiva entre o teor de carbono, DMG e IEA para Argissolo

Vermelho-Amarelo de textura superficial franco-arenosa, evidenciando a importância

da matéria orgânica como agente de agregação das partículas do solo, já que com o

incremento no teor de carbono ocorreu aumento do DMG, IEA e da percentagem de

agregados maiores.

Apesar de não ter sido encontrada correlação significativa entre o teor de

matéria orgânica e os índices de agregação do solo nas duas épocas avaliadas,

atribuiu-se o aumento observado para DMP, DMG e IEA, principalmente as

características propiciadas pelo manejo orgânico do solo em questão, tendo em vista

o baixo teor de argila encontrado.

Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam que a correção da estrutura solta de

solos arenosos pode ser feita com a incorporação de matéria orgânica, sendo que o

efeito na estabilidade dos agregados só é conseguido após ocorrer a decomposição.

Estes autores afirmam ainda, que a adubação verde em sistemas de

adubação orgânica tem a vantagem de ser estabelecida em qualquer cultura e,

produzida no próprio solo em que será incorporada, constituindo umas das formas

mais baratas de incorporar matéria orgânica ao solo. A adubação com esterco de

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

52

curral ou com composto orgânico, por sua vez, melhora as condições para o

desenvolvimento das culturas e, contribui para a redução das perdas de solo e água

por erosão (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005).

De acordo com Kiehl (1979), a vegetação é um importante fator na formação

de agregados influenciando-a diretamente pela ação mecânica das raízes e pela

excreção de substâncias com ação cimentante e, indiretamente por fornecer

alimento para macro e microrganismos. A atividade dos microrganismos é

intensificada com a adição de matéria orgânica ao solo. Estes agem como

cimentantes das partículas através dos micélios de fungos e actinomicetos e das

substâncias viscosas produzidas, entre as quais se destacam os polissacarídeos.

Já a fauna terrestre, tem como organismos mais importantes para a

agregação, as minhocas, que ao se alimentarem dos resíduos vegetais ingerem uma

porção de terra fazendo com que seus dejetos, em forma de grânulos esponjosos,

sejam relativamente ricos em nutrientes, tenham alta capacidade de troca catiônica

e resistência a desagregação pela água (KIEHL, 1979). Embora não se tenha

realizado a quantificação da fauna nas amostras de solo coletadas, foi possível

observar sua maior presença nas amostras referentes a avaliação feita aos doze

meses podendo-se supor que esse fator talvez tenha contribuído para a maior

agregação observada.

Avaliando a forma como os agregados se distribuíram por classes de

diâmetro, através do peso do solo retido em cada peneira usada, observou-se na

primeira avaliação, que para a classe de agregados com diâmetros maiores que dois

milímetros houve uma maior concentração destes agregados na área de pousio, em

todas as profundidades (Figura 10), sendo a diferença mais significativa observada

para a camada de 0,0 a 0,10 m. O mesmo comportamento foi observado na classe

de 2,00-1,00 mm, com exceção da camada de 0,0-0,10 m em que linha e pousio

apresentaram valores muito semelhantes. Esses resultados contribuem para explicar

os maiores valores de DMP obtidos para a área de pousio e, podem ser atribuídos

ao não revolvimento do solo pelo preparo, possibilitando a ocorrência de agregados

com diâmetros maiores.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

53

Figura 10. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos seis meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

De maneira geral observa-se que para a linha e entrelinha de plantio ocorreu

maior concentração de agregados nas classes 0,50-0,25 mm e 0,25-0,125 mm e,

que estatisticamente, foram poucas as diferenças encontradas na distribuição em

peso dos agregados, entre os pontos de coleta em cada profundidade.

Na segunda avaliação (Figura 11), observou-se a ocorrência de uma

distribuição mais uniforme do peso dos agregados entre os pontos de coleta para

uma mesma classe, principalmente nas camadas de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, nas

quais os maiores valores de peso foram encontrados para a classe de 0,500-0,250

mm, ocorrendo inclusive um aumento quando comparado aos dados da primeira

avaliação.

O fato de terem sido encontrados pesos semelhantes dos agregados para os

locais, pode explicar a não obtenção de diferenças significativas entre os valores de

DMP e DMG para linha, entrelinha e pousio aos dozes meses.

Moraes et al. (2009) encontrou para Argissolo Vermelho-Amarelo com textura

franco-arenosa no horizonte A, rotineiramente cultivado com oleráceas e frutíferas

adubadas organicamente, a maior massa de agregados para a classe maior que

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

54

2,00 mm, havendo portanto predominância de agregados de maior tamanho cuja

formação, foi atribuída pelos autores ao maior acúmulo de carbono.

Figura 11. Distribuição do peso dos agregados estáveis em água por classe de tamanho nos diferentes pontos de coleta e profundidades aos doze meses após a implantação da cultura. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Espera-se que com a manutenção do manejo orgânico na área por um

período superior a 1 ano de cultivo, sejam obtidos em avaliações posteriores valores

de DMP, DMG e IEA superiores aos encontrados no período avaliado, tendo em

vista que o processo de agregação do solo é dinâmico e recebe influência de

inúmeros fatores.

De acordo com Kiehl (1979) a recuperação da granulação do solo é um

processo lento necessitando-se de muitos anos para se obter resultados

significativos. No entanto, apesar de um ano ser um período curto para que sejam

obtidas grandes melhorias na qualidade do solo, no que diz respeito a agregação, os

avanços encontrados, evidenciados pelo aumento dos índices de agregação

avaliados, permitem concluir que o manejo orgânico adotado tem contribuído para a

melhoria das condições físicas do solo, não se descartando a influência de outros

fatores.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

55

A maior agregação do solo influencia beneficamente diversos fatores ligados

à produtividade das culturas tais como a penetração e distribuição das raízes, a

aeração, infiltração da água no solo e resistência a erosão.

4.2. Densidade do solo e porosidade total

A densidade do solo (DS) é definida como a massa por unidade de volume de

solo seco e é afetada por fatores como a textura do solo e a profundidade no perfil.

Avaliando-se a densidade do solo para o Argissolo em estudo seis meses

após a implantação do cultivo orgânico de videira, foram observadas diferenças

significativas entre linha, entrelinha e pousio nas camadas de 0,0 a 0,10 m e 0,30 a

0,60 m, sendo que na primeira foi menor para a linha de plantio, não ocorrendo

diferenças entre a área de pousio e a entrelinha (Figura 12). Já entre 0,30 e 0,60 m

de profundidade, linha e entrelinha igualaram-se, apresentando valores inferiores a

área de pousio.

Figura 12. DS nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O menor valor de DS encontrado para a linha de plantio na camada de 0,0-

0,10 m pode estar associado à realização do preparo do solo por ocasião da

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

56

implantação do sistema, tendo em vista, que a princípio, o preparo do solo ocasiona

a quebra das unidades estruturais levando a obtenção de menores valores de

densidade e, a influência da matéria orgânica.

Para a linha de plantio os valores de densidade não diferiram

significativamente entre as profundidades, ocorrendo o mesmo para a área de

pousio. Na entrelinha as principais diferenças ocorreram entre a camada de 0,0 a

0,10 m e a de 0,30 a 0,60 m, respectivamente maior e menor valor.

Na segunda avaliação, a densidade do solo foi significativamente menor na

área cultivada quando comparada ao pousio (Figura 13), não sofrendo influência da

profundidade no perfil. Diferentemente do encontrado aos seis meses após a

implantação do cultivo, aos doze meses não ocorreu interação significativa entre

locais e profundidades amostradas.

Na primeira avaliação a densidade do solo variou de 1,50 Mg.m-3 na linha de

plantio a 1,57 Mg.m-3 na área de pousio. Valores semelhantes foram obtidos para a

segunda avaliação: 1,50 Mg.m-3 na linha e entrelinha e 1,55 Mg.m-3 no pousio.

Figura 13. DS nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

De acordo com Moraes et al (2009), a relação entre a massa e o volume do

solo avaliada para as camadas do perfil, oferece informações, embora não muito

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

57

precisas, sobre a existência de adensamento ou de compactação que poderiam

prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular.

Cortez et al, (2011) encontraram para Argissolo Amarelo Distrófico típico de

textura arenosa/média localizado em Petrolina-PE, submetido a diferentes sistemas

de preparo, valores de densidade que oscilaram entre 1,30 e 1,43 Mg.m-3,

considerando-se todas as camadas avaliadas. Segundo os autores esses valores

não são tidos como críticos, uma vez que valores altos de densidade do solo, para

Argissolos de textura superficial arenosa, também foram encontrados em outros

trabalhos.

Silva et al. (2002) encontrou para Argissolo Amarelo eutrófico com textura

superficial franco-arenosa de Petrolina valores de densidade entre 1,46 e 1,50 Mg.

m-3, nos horizontes A, AB, E, e, de 1,66 a 2,01 Mg.m-3, nos horizontes

subsuperficiais, sendo estes últimos valores, evidência da presença de camadas

adensadas.

Em Argissolo Amarelo distrófico, Araújo et al. (2004) encontraram valores de

porosidade total variando de 0,45 a 0,80 m³. m-³ e, de densidade variando de 1,34 e

1,73 Mg.m-³, em área de mata, provavelmente, por ser ambiente pouco perturbado.

Kiehl (1979) afirma que solos com densidade entre 1,7 e 1,8 Mg.m-3 já

ocasionam dificuldades à penetração de raízes. Valores de 1,6 a 1,8 Mg.m-3 são

citados como críticos para solos francos e arenosos por Reichert et al. (2003).

Assim, pode-se admitir que os valores de densidade do solo encontrados neste

trabalho, não são limitantes ao desenvolvimento do sistema radicular da cultura

implantada, a qual apresenta raízes estruturais lenhosas (de sustentação) cujas

espessuras aumentam através dos anos, com diâmetros variando entre 6 e 100 mm;

e raízes permanentes com 2 a 6 mm de diâmetro que crescem vertical e

horizontalmente através do solo (RICHARDS, 1983 apud SOARES; NASCIMENTO,

1998). Solos com textura arenosa podem permitir distribuição mais uniforme do

sistema radicular da videira através do perfil.

Comparando-se os valores de densidade do solo obtidos nos diferentes

pontos de coleta e profundidades, entre as duas épocas, não foram encontradas

diferenças significativas na maioria dos pontos, conforme apresentado na Tabela 7.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

58

Tabela 7. Comparação das médias de densidade do solo ( ) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

DS

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

--- m --- ------- Mg.m-3

------- ------- Mg.m-3

-------- ------- Mg.m-3

-------

0,0-0,10 1,477 1,496 ns 1,607 1,516 * 1,589 1,591 Ns

0,10-0,20 1,512 1,519 ns 1,529 1,503 ns 1,567 1,552 Ns

0,20-0,30 1,547 1,501 ns 1,511 1,477 ns 1,550 1,530 Ns

0,30-0,60 1,479 1,478 ns 1,468 1,496 ns 1,575 1,545 *

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Esperava-se que a densidade do solo reduzisse com o aumento da

agregação, no entanto os processos de agregação não foram suficientes para gerar

tal resultado no período de tempo decorrido. Reinert et al. (2008) trabalhando com

Argissolo Vermelho com textura superficial média, esperavam obter após o cultivo

com plantas de cobertura, uma redução da densidade do solo, a qual foi obtida

apenas na camada mais superficial. Segundo os autores, um dos fatores que podem

ter contribuído para isso seria o curto período após o qual foi realizada a avaliação

da densidade, que correspondeu a dois ciclos das plantas de cobertura (1999 a

2001).

Reinert et al (2008) destacam, no entanto, que a inclusão de plantas de

cobertura está ligada a criação de poros biológicos de alta funcionalidade, os quais

representam normalmente menos de 3% do volume do solo e, cuja formação reduz

pouco a densidade, mas tem efeitos importantes nos fluxos de ar e água no perfil,

muitas vezes não detectados por métodos tradicionais.

A porosidade total do solo apresentou comportamento inverso ao da

densidade, tendo em vista que quanto menor a densidade do solo, maiores são os

valores de porosidade encontrados. Assim, aos seis meses após a implantação da

cultura (Figura 14), a porosidade total foi maior para a área cultivada, variando de

0,46 a 0,43 m3.m-3. Não houve variação dessa propriedade ao longo do perfil e, nem

interação significativa entre os locais de coleta e as diferentes profundidades.

A porosidade total é determinada pela forma como se arranjam as partículas

sólidas do solo e, é baixa quando as partículas se arranjam em íntimo contato,

ocorrendo predominância de sólidos na amostra de solo; quando as partículas se

encontram arranjadas em agregados, ocorre uma predominância de vazios na

amostra elevando a porosidade (RIBEIRO et al., 2007).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

59

Figura 14. PT nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Aos doze meses (Figura 15), os valores de porosidade continuaram a ser

maiores para linha e entrelinha de plantio (0,46 m3.m-3 na área cultivada e

0,43 m3.m-3 na área de pousio). Quanto às profundidades e interação, o

comportamento também foi semelhante ao encontrado na primeira avaliação.

Figura 15. PT nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

60

Comparando-se as médias de porosidade obtidas para as duas avaliações

(Tabela 8), verificou-se que as mesmas não apresentaram diferenças significativas

entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 8. Comparação das médias de porosidade total ( ) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

PT

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

-- m -- -------- m.m-3

-------- -------- m.m-3

-------- -------- m.m

-3 -------

-

0,0-0,10 0,487 0,456 Ns 0,432 0,449 ns 0,420 0,410 ns

0,10-0,20 0,460 0,452 Ns 0,449 0,468 ns 0,435 0,440 ns

0,20-0,30 0,453 0,464 Ns 0,456 0,468 * 0,441 0,423 ns

0,30-0,60 0,462 0,472 ns 0,471 0,446 ns 0,437 0,443 ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Cortez et al. (2011) encontraram para Argissolo Amarelo Distrófico típico de

textura arenosa/média localizado em Petrolina-PE, valores médios de porosidade de

0,45, 0,46 e 0,43 m3.m-3 para as camadas de 0,0-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,30 m,

respectivamente, em área submetida a preparo do solo com diferentes implementos.

Para o solo sem preparo, a porosidade variou de 0,48 m3.m-3 entre 0,0 e 0,10 m, à

0,42 m3.m-3 entre 0,20 e 0,30 m. Silva et al. (2002), encontraram para Argissolo

Amarelo eutrófico também localizado em Petrolina, valores de porosidade variando

entre 0,44 e 0,37 m3.m-3 até 0,60 m de profundidade no perfil.

Já Aguiar (2008), não encontrou diferenças significativas para a porosidade

total entre áreas de mata e áreas cultivadas de um Argissolo Vermelho Amarelo

Eutrófico abrúptico de textura arenosa, localizado no semiárido cearense, atingindo

em média valores em torno de 0,50 m3.m-3.

Lima, H. et al. (2007), ao avaliar solos com textura franco-arenosa no

município de Tauá-CE, também não encontraram diferenças significativas ao

comparar valores de densidade do solo e porosidade total entre os cultivados

organicamente e, os submetidos ao cultivo convencional.

De acordo com Kiehl (1979), os solos arenosos apresentam menor

porosidade, variando em média de 35 a 50% e apresentando maior proporção de

macroporos que de microporos. O autor salienta que a melhoria da porosidade do

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

61

solo pode ser obtida adicionando-se matéria orgânica, a qual reduz a densidade do

solo, e realizando o preparo em condições corretas de umidade, de modo a não

provocar a compactação.

Na agricultura, a porosidade é responsável pela regulação das relações entre

as fases sólida, líquida e gasosa dos solos, sendo de grande importância conhecer a

distribuição do tamanho dos poros, a qual apresenta significância maior que a

porosidade total na determinação das propriedades do solo (KIEHL, 1979).

Contrariamente ao observado no trabalho, Bertoni e Lombardi (2005) afirmam

que solos cultivados têm menor porcentagem de porosidade, quando comparados

com os mesmos solos não cultivados, sendo a perda de porosidade associada à

redução do teor de matéria orgânica, a compactação e aos impactos das gotas de

chuva. Acredita-se que a adição continua de matéria orgânica e a manutenção da

cobertura do solo, tenham contribuído para a manutenção dos valores de porosidade

encontrados na área cultivada.

4.3. Índice de floculação

O índice de floculação do solo representa a proporção de argila naturalmente

floculada em relação à argila total, permitindo obter respostas sobre o processo de

estruturação do solo.

Seis meses após a implantação da cultura não foram encontradas diferenças

significativas nas camadas de 0,0 a 0,10 e de 0,30 a 0,60 m, quanto ao índice de

floculação, não ocorrendo o mesmo para as camadas intermediárias, em que este

parâmetro foi igual para linha e área de pousio e, significativamente maior que a

entrelinha (Figura 16).

A obtenção de um menor IF para a entrelinha de plantio entre 0,10 e 0,30 m,

pode estar correlacionada com os resultados obtidos para o teor de matéria orgânica

nessa época, os quais foram significativamente menores para essa área, uma vez

que o processo de floculação das argilas também pode ser influenciado pela matéria

orgânica.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

62

Figura 16. IF nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Beutler et al. (2001) encontraram correlações significativas entre a matéria

orgânica e o índice de floculação na camada de 0,0 a 0,05 m de Latossolo Vermelho

distrófico típico, cultivado em sistema de semeadura direta, comprovando o efeito da

matéria orgânica na floculação das argilas.

O menor teor de matéria orgânica e a baixa floculação das argilas podem ser

tidos como os fatores responsáveis pelos menores diâmetros de agregados

encontrados para a entrelinha nesta época.

Prado e Centurion (2001), avaliando a floculação da argila do horizonte

superficial de um Latossolo Vermelho-Escuro, textura média, submetido ao cultivo

contínuo por 25 anos com cana-de-açúcar, observou que o grau de floculação

reduziu com o aumento da profundidade, tanto para a área cultivada quanto para a

área de mata, apesar de não ter apresentado diferença estatística, atribuindo esses

resultados a menor contribuição da matéria orgânica em profundidade, uma vez que

as camadas superficiais foram beneficiadas com a deposição de resíduos vegetais

nas duas áreas.

Entrelinha e área de pousio apresentaram índices de floculação

estatisticamente iguais para todas as profundidades, ocorrendo o mesmo para a

linha de plantio até 0,30 m de profundidade, já que a camada de 0,30 a 0,60 m

apresentou um valor significativamente menor.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

63

Grugiki et al. (2009), trabalhando com Argissolo Vermelho Amarelo cultivado

com mandioca, eucalipto e sorgo, também não encontraram diferenças significativas

para o índice de floculação para as diferentes profundidades estudadas .

Um ano após a implantação da cultura, a área cultivada apresentou índice de

floculação superior à área de pousio, não diferindo significativamente entre as

profundidades e, não apresentando interação significativa entre estas e os locais de

coleta (Figura 17). Os valores inferiores encontrados para a área de pousio podem

estar relacionados aos valores maiores de densidade do solo encontrados para a

área no mesmo período, tendo em vista que menores índices de floculação implicam

em maior dispersão das argilas, as quais podem preencher parte do espaço livre

existente.

Figura 17. IF nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Comparando-se as médias do índice de floculação obtidas para as duas

épocas de coleta não foram observadas diferenças significativas para a linha de

plantio e, entre 0,10 e 0,60 m na área de pousio (Tabela 9), ocorrendo na maioria

dos casos uma pequena redução no índice de floculação, para o solo coletado doze

meses após a implantação do cultivo, em relação ao coletado aos seis meses.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

64

Tabela 9. Comparação das médias do índice de floculação (IF) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

IF

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

--- m ---

0,0-0,10 0,972 0,970 ns 0,969 0,954 * 0,983 0,939 *

0,10-0,20 0,985 0,980 ns 0,955 0,952 ns 0,977 0,947 Ns

0,20-0,30 0,977 0,968 ns 0,948 0,954 * 0,970 0,931 Ns

0,30-0,60 0,948 0,954 ns 0,958 0,964 ns 0,963 0,947 Ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Tais resultados não são muito significativos do ponto de vista da agregação

do solo, uma vez que foram obtidos valores maiores para os índices usados para

avaliar essa propriedade (DMP, DMG e IEA), na segunda época de coleta.

Evidenciam, portanto a menor influência atribuída a fração argila no processo de

agregação dos solos arenosos, o qual depende principalmente da matéria orgânica,

como já relatado neste trabalho uma vez que a quantidade de argila presente é

muito pequena.

4.4. Teor de matéria orgânica

A matéria orgânica é um dos atributos do solo mais sensíveis às práticas de

manejo adotadas, e por isso é considerada um dos mais importantes indicadores de

qualidade do solo e sustentabilidade agrícola (REINERT et al., 2006), relacionando-

se diretamente com as funções e processos biológicos, físicos e químicos que

ocorrem no solo (VEZZANI; MIELNICZUK, 2009).

Avaliando-se o teor de matéria orgânica nas áreas cultivadas e de pousio,

seis meses após a implantação da cultura, observou-se que o maior teor de matéria

orgânica ocorreu para a área de pousio, seguida da linha e entrelinha (Figura 18).

Esse resultado pode ter recebido influência da realização do preparo do solo na área

cultivada, o qual ocasiona o revolvimento do solo e a quebra dos agregados

expondo a matéria orgânica presente e, aumenta a aeração nas camadas

superficiais elevando as taxas de oxidação, responsável pela redução da M.O. em

relação à área não cultivada.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

65

Figura 18. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de coleta seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

De acordo com Reinert et al. (2006) a mobilização do solo pelo preparo

resulta em um incremento das trocas gasosas, criando um ambiente oxidativo que,

associado à redução da proteção física de fragmentos de matéria orgânica dentro de

agregados, resulta em rápido declínio do teor matéria orgânica.

Leite et al. (2010) afirma que em estudo realizado em Argissolo Amarelo

localizado em Petrolina, objetivando-se verificar as alterações no estoque de

carbono promovidas pela antropização do bioma Caatinga, foram encontrados

estoques de carbono significativamente superiores na Caatinga preservada, quando

comparados a Caatinga alterada, pastagem com capim buffel e cultivo irrigado de

mangueira até a profundidade de 0,10 m. Na profundidade de 0,10 a 0,20 m, a

Caatinga preservada, a alterada e o capim buffel, não diferiram entre si, mas foram

significativamente superiores ao cultivo de mangueira.

Observou-se que de maneira geral o teor de matéria orgânica decresceu com

o aumento da profundidade (Figura 18), o que já era esperado, tendo em vista que o

maior acúmulo de M.O. se dá na camada superficial, na qual se depositam os restos

vegetais e onde ocorre maior influência da exsudação radicular e atividade de

microrganismos.

Souza e Alves (2003), trabalhando com Latossolo sob diferentes sistemas de

manejo, constataram uma diminuição dos teores de matéria orgânica em

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

66

profundidade, ocorrendo de maneira mais acentuada da camada superficial para as

subseqüentes, estando relacionada a uma maior deposição superficial de resíduos

orgânicos.

Aos doze meses após a implantação da cultura, também ocorreu interação

significativa entre os pontos de coleta e profundidades ao nível de 5% de

probabilidade (Figura 19). Na camada de 0,0-0,10 m a matéria orgânica decresceu

da área de pousio para linha e entrelinha, observando-se o mesmo na camada de

0,30-0,60 m. Na camada de 0,10-0,20 m, o maior teor de M.O. foi encontrado para a

linha de plantio, seguida da área de pousio e entrelinha, enquanto na de 0,20-0,30 m

não ocorreram diferenças entre as áreas avaliadas.

Figura 19. Teor de matéria orgânica nos diferentes locais e profundidades de coleta doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

Na entrelinha não foram observadas diferenças significativas entre as

profundidades amostradas, ao contrário da linha, em que houve redução com a

profundidade e, da área de pousio, em que ocorreu redução até a camada de 0,20-

0,30 m.

De maneira geral, as médias do teor de matéria orgânica obtidas para a

segunda avaliação, foram inferiores as obtidas na primeira avaliação, ao contrário do

que se esperava. Comparando-as por meio do teste t, foram obtidas diferenças

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

67

significativas ao nível de 5% de probabilidade, conforme Tabela 10. Observa-se que

as maiores reduções ocorreram nas camadas superficiais.

Tabela 10. Comparação das médias do teor de matéria orgânica entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

M.O.

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

--- m--- --------g.kg-1

-------- --------g.kg-1

-------- --------g.kg-1

------

0,0-0,10 9,05 5,33 * 4,40 1,79 * 10,62 6,41 *

0,10-0,20 7,83 4,24 * 5,17 1,85 * 7,98 2,97 *

0,20-0,30 4,60 3,59 ns 3,52 1,55 * 4,65 2,50 Ns

0,30-0,60 3,47 1,64 * 3,69 1,24 * 5,07 6,98 Ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

De acordo com Reinert et al. (2006), o manejo da matéria orgânica em

condições tropicais e subtropicais é complexo, devido as taxas de oxidação muito

elevadas. Os autores afirmam ainda, que o incremento de matéria orgânica no solo

depende das condições de clima, solo, manejo e da quantidade e qualidade dos

resíduos vegetais adicionados.

Referindo-se ao cultivo irrigado de mangueira, Leite et al. (2010), afirmam que

as elevadas temperaturas e intensidade de insolação, características do clima

semiárido, associadas a disponibilidade de água dos sistemas irrigados, aumentam

a entropia do sistema, implicando na redução do estoque de carbono.

Silva et al. (2007), afirmam que apesar de apresentar altos índices de

produtividade, o Vale do São Francisco está inserido em uma região cujas condições

edafoclimáticas promovem a rápida oxidação da matéria orgânica, devido a elevada

temperatura, insolação e aeração do solo, favorecida ainda pelas boas condições de

umidade alcançadas pelos sistemas de irrigação de alta freqüência, como o

gotejamento.

Observando-se os dados agrometeorológicos referentes a Estação

Agrometeorológica de Bebedouro (Tabela 2), nota-se que os seis meses que

antecederam a segunda coleta, intervalo no qual ocorreu a redução do teor de

matéria orgânica, tiveram temperaturas médias mensais superiores aos primeiros

seis meses de cultivo, ocorrendo o mesmo para as temperaturas máximas. A

radiação solar global média também atingiu médias superiores no segundo período

avaliado, assim como o período de insolação, que foi em média, 0,5 horas superior.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

68

Entre outubro de 2010 e abril de 2011, choveu cerca de 288 mm, enquanto

que nos seis meses anteriores, a precipitação foi aproximadamente 99 mm inferior.

A maior precipitação e maior incidência de radiação solar condicionaram a

ocorrência de maiores taxas de evaporação nos seis meses anteriores à segunda

coleta (Tabela 2).

Acredita-se então, que a reunião de tais fatores, aliados a uma maior

atividade microbiana na área cultivada, tenha contribuído para a perda de matéria

orgânica observada quando comparadas as médias da primeira e da segunda

avaliação, uma vez que as reduções se estenderam a área de pousio.

Gonçalves et al. (2011), estudando o efeito de fatores climáticos como a

temperatura, a precipitação e a evaporação ao longo de 12 anos, sobre a

decomposição de resíduos de milho e soja, em condições de campo, em sistema de

plantio direto e convencional, realizado em Latossolo Vermelho distroférrico de

textura argilosa na região norte do Paraná, clima subtropical, encontrou

correspondências entre as maiores taxas de decomposição dos resíduos e os

períodos de maior precipitação observados.

Gonçalves et al. (2011) concluiu que em regiões agricultáveis, a umidade

advinda das chuvas exerce um papel primordial na decomposição, sendo que

quanto mais alta for, maior será a porcentagem diária de decomposição dos

resíduos orgânicos.

Silva et al. (2007), avaliando a decomposição de três tipos de resíduos

orgânicos (torta de mamona, esterco caprino e bovino), aplicados em área cultivada

com videira de vinho irrigada por gotejamento, em Petrolina, obtiveram interação

significativa entre os fatores tempo e resíduo, verificando que a decomposição

aumentou ao longo do tempo para todos os resíduos orgânicos estudados, sendo

encontrada a seguinte ordem de intensidade: torta de mamona > esterco caprino >

esterco bovino.

Apesar de não se ter dados dos teores de matéria orgânica para o tempo

zero, ou seja, no momento de implantação da cultura, é possível que a associação

de altas temperaturas com a maior umidade do solo, tenha propiciado maior

decomposição da matéria orgânica da área em estudo no segundo período avaliado

(outubro de 2010 a abril de 2011). A realização de avaliações posteriores poderá

proporcionar a obtenção de conclusões mais significativas quanto ao acúmulo de

matéria orgânica no solo, proporcionado pelo cultivo orgânico de videira.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

69

De acordo com Reinert et al. (2006), a presença de matéria orgânica no solo

nos vários estágios de decomposição, a atividade e os tipos de microrganismos,

associados à ação do sistema radicular de plantas, são altamente variáveis,

considerando-se a grande variedade de fontes de matéria orgânica, a variação de

microrganismos, os tipos de sistema radiculares e as condições edafoclimáticas

locais.

As substâncias produzidas e liberadas no solo durante o processo de

decomposição, provavelmente contribuíram significativamente para o aumento do

diâmetro dos agregados do solo observado neste experimento, tendo em vista que

nos solos arenosos a matéria orgânica é responsável direta pela agregação das

partículas.

4.5. Teores de cálcio, magnésio e sódio

Entre os principais cátions trocáveis presentes no solo estão o cálcio (Ca2+), o

magnésio (Mg2+) e o sódio (Na+), cuja concentração está relacionada à capacidade

de troca de cátions, que por sua vez influencia no crescimento das plantas pela

disponibilização de nutrientes.

Além de estarem ligados a fertilidade, cálcio, magnésio e sódio, estão

relacionados aos fenômenos de dispersão e floculação de argilas, as quais formam

agregados ligando-se umas às outras através de moléculas dipolares (água), sendo

orientadas de acordo com suas cargas em direção aos cátions trocáveis (KIEHL,

1979).

Avaliando-se o teor de cálcio para o Argissolo em estudo, foram encontradas

aos seis meses após a implantação da cultura, maiores concentrações para a área

de pousio, seguida de linha e entrelinha (Figura 20).

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

70

Figura 20. Ca2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Silva et al. (2006), trabalhando com Argissolo Amarelo Coeso latossólico

textura média/argilosa localizado em Alagoas, observou que os teores de Ca2+ e

Mg2+ trocáveis foram significativamente menores em áreas cultivadas com cana-de-

açúcar, quando comparados ao solo sob mata nativa na camada de 0,0 a 0,20 m.

Analisando-se as médias obtidas para as profundidades de coleta (Figura 20),

observou-se que o teor de cálcio decresceu à medida que aumentou a profundidade,

comportando-se de modo semelhante à matéria orgânica para o mesmo período.

Na linha de plantio não ocorreram diferenças significativas entre as

profundidades, enquanto na entrelinha, à medida que a profundidade aumentou, os

teores de cálcio decresceram (Figura 20). A área de pousio se comportou de

maneira semelhante a entrelinha, sendo que o maior teor foi encontrado na camada

de 0,0 a 0,10 m, não ocorrendo diferenças significativas entre as demais.

Na segunda avaliação (Figura 21), os valores de cálcio foram maiores para a

área de pousio e linha, no entanto, sem diferir significativamente da entrelinha de

plantio, não sendo encontradas também diferenças significativas entre as

profundidades e, nem interação significativa entre estas e os pontos de coleta.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

71

Figura 21. Ca2+ nos diferentes locais de coleta e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Comparando-se as médias dos teores de cálcio obtidas para as duas

avaliações realizadas, não foram encontradas diferenças significativas pelo teste t a

5% de probabilidade, com exceção das amostras coletadas entre 0,0 e 0,30 m na

área de pousio e, de 0,10 a 0,20 m na entrelinha (Tabela 11). Observou-se, no

entanto, que ocorreu uma pequena elevação desses teores em todas as camadas

de solo na linha de plantio, o que pode estar associado à adição de Ca2+ por meio do

composto orgânico em cuja composição está o fosfato natural gafsa que apresenta

alto teor desse elemento. Já as médias para a área de pousio, decresceram em

relação a primeira avaliação até a terceira camada amostrada.

Tabela 11. Comparação das médias do teor de cálcio (Ca2+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

Ca

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

--- m--- -----cmolc.dm-3

---- -----cmolc.dm

-3---

-

-----cmolc.dm-3

----

0,0-0,10 1,833 2,300 ns 1,600 1,050 ns 5,633 2,767 *

0,10-0,20 1,700 2,233 ns 1,117 1,167 * 3,100 2,333 *

0,20-0,30 1,433 2,467 ns 0,783 1,167 ns 2,533 2,433 *

0,30-0,60 1,153 2,300 ns 0,567 1,040 ns 2,633 2,800 ns

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

72

Quanto ao teor de magnésio (Figura 22), aos seis meses após o plantio,

foram encontradas maiores concentrações para a área de pousio e linha de plantio.

Observou-se também que não ocorreram diferenças significativas entre as

profundidades em nenhum dos locais de coleta. Também não ocorreu interação

significativa entre os locais e profundidades amostradas.

Figura 22. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Lima, H. et al. (2007) trabalhando com solos de textura franco-arenosa no

Ceará, submetidos a cultivo orgânico e convencional, encontrou os maiores valores

de soma de bases na camada superficial das áreas orgânicas, sendo que os

elementos que mais contribuíram para essa elevação foram o Ca2+ e o Mg2+.

Doze meses após o plantio (Figura 23), o magnésio apresentou a mesma

distribuição observada na primeira avaliação, exceto pela não ocorrência de

diferença significativa entre as profundidades.

Este resultado contraria o obtido por Maia e Ribeiro (2004), que encontraram

maiores valores de cálcio e magnésio em Argissolo Amarelo distrófico abrupto

fragipânico, no solo em condições naturais, observando uma redução significativa

nos perfis do solo sob cultivo de cana-de-açúcar.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

73

Figura 23. Mg2+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Entretanto, Silva et al. (2011) avaliando o efeito da aplicação de adubo

orgânico no solo em Argissolo Vermelho Amarelo Eutrófico Latossólico de textura

média, cultivado com videira e, localizado em Petrolina, concluiram que a aplicação

de adubo orgânico eleva os valores de matéria orgânica, pH, condutividade elétrica,

fósforo, potássio, cálcio, magnésio, soma de bases, saturação por bases e

capacidade de troca de cátions.

Costa (2009), avaliando alterações na fertilidade dos solos de áreas

cultivadas com videira, na região do Submédio São Francisco, encontrou

correlações significativas positivas da matéria orgânica com Ca, Mg, CTC e SB, na

profundidade de 0,0-0,20 m, e com o P, Ca, Mg, Na, CTC e SB, na profundidade de

0,20-0,40 m, para a área cultivada.

Luchese et al. (2002) afirmam que a rigor, a matéria orgânica é uma forma de

incorporação de magnésio e cálcio aos solos, tendo em vista que durante o

processo de mineralização, esses elementos vão para a solução do solo.

Comparando-se as médias obtidas para as duas avaliações (Tabela 12),

foram encontradas diferenças significativas na maioria dos pontos, observando-se

que ocorreu um aumento do teor de magnésio em todos os pontos amostrados,

ainda que em diferentes proporções. Na linha e área de pousio, os maiores

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

74

acréscimos ocorreram para as camadas de 0,10-0,20 m e 0,20-0,30 m, enquanto na

entrelinha, foram observados nas de 0,20-0,30 m e 0,30-0,60 m.

Tabela 12. Comparação das médias do teor de magnésio (Mg2+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

Mg2+

Prof. Linha Teste t Entrelinha Teste t Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

---m--- --- cmolc.dm-3

--- --- cmolc.dm-3

--- --- cmolc.dm-3

---

0,0-0,10 0,933 1,500 ns 0,633 0,717 * 1,000 1,333 *

0,10-0,20 0,600 1,267 * 0,417 0,500 * 0,733 1,667 ns

0,20-0,30 0,533 1,133 ns 0,300 0,733 * 0,667 1,167 *

0,30-0,60 0,513 1,067 * 0,300 0,727 * 0,800 1,200 *

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Seis meses após a implantação da cultura, não ocorreram diferenças para os

valores de sódio entre os pontos de coleta nas camadas de 0,10 a 0,20 e de 0,20 a

0,30 m, enquanto que na camada de 0,30 a 0,60 m, os maiores valores ocorreram

para a área de pousio, que diferiu significativamente da linha, mas não da entrelinha

(Figura 24).

A camada de 0,0 a 0,10 m apresentou o maior teor de sódio nos três locais,

sendo que na entrelinha, as diferenças entre as camadas não foram consideradas

significativas. Na linha e na área de pousio, a camada de 0,0 a 0,10 m diferiu das

demais, que não apresentaram grandes diferenças entre si.

Os maiores valores de Na+ encontrados na camada superficial na linha de

plantio, podem estar relacionados a adição deste elemento ao solo por meio da água

de irrigação, uma vez que esta é realizada por gotejamento e concentra-se na linha

de plantio. Outro fator que pode ter contribuído para este resultado é presença de

altos teores de sódio no composto orgânico aplicado na linha conforme Tabela 3.

Em Argissolo Amarelo Coeso latossólico textura média/argilosa, Silva et al.

(2006), encontrou maior saturação por sódio, no solo sob sistema irrigado, quando

comparado a área de sequeiro e área cultivada com aplicação de vinhaça, atribuindo

tal resultado aos teores de sódio encontrados na água de irrigação.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

75

Figura 24. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades seis meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Aos doze meses após o plantio os maiores valores de sódio foram obtidos

para a linha de plantio, sendo que entrelinha e pousio não diferiram

significativamente (Figura 25). Não ocorreram diferenças significativas entre as

profundidades, embora o teor de sódio tenha decrescido à medida que esta

aumentou. Nesta avaliação, a interação entre locais e profundidades não foi

significativa.

Figura 25. Teor de Na+ nos diferentes locais e profundidades doze meses após a implantação da cultura. Letras minúsculas: comparação entre os tratamentos em cada profundidade; Letras maiúsculas: comparação entre as profundidades em cada tratamento. Médias seguidas de mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

76

As médias obtidas para a primeira e segunda avaliação diferiram

significativamente entre si apenas para entrelinha e área de pousio, conforme

apresentado na Tabela 13, notando-se, que para entrelinha e pousio ocorreu uma

redução do teor de sódio.

Tabela 13. Comparação das médias do teor de sódio (Na+) entre as duas épocas de coleta nos locais e profundidades avaliados.

Na+

Prof. Linha Teste t Entrelinha

Teste t

Pousio Teste t

Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2 Ep. 1 Ep. 2

--- m --- -----cmolc dm-3

---- -----cmolc dm-3

---- -----cmolc dm-3

----

0,0-0,10 0,220 0,100 ns 0,043 0,020 * 0,063 0,027 *

0,10-0,20 0,033 0,080 ns 0,030 0,020 * 0,030 0,013 *

0,20-0,30 0,020 0,037 ns 0,027 0,017 * 0,030 0,017 *

0,30-0,60 0,020 0,020 * 0,030 0,023 * 0,037 0,017 *

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t pareado; ns: não significativo. Ep. 1 e Ep. 2: 6 e 12 meses, respectivamente.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

77

5. CONCLUSÕES

A avaliação dos indicadores físicos e químicos de qualidade do solo para o

Argissolo em estudo permitiu concluir que:

A adoção do cultivo orgânico de videira contribuiu para o processo de

agregação do solo, obtendo-se após um ano de cultivo, maiores diâmetros de

agregados e índice de estabilidade, que aos seis meses após a implantação

da cultura;

As médias de densidade e porosidade do solo não diferiram

significativamente entre as avaliações, encontrando-se, no entanto, entre os

limites críticos para solos arenosos;

A área de pousio apresentou maiores teores de matéria orgânica quando

comparada a área cultivada;

As condições edafoclimáticas, nas quais o experimento foi conduzido,

favoreceram a elevação das taxas de oxidação da matéria orgânica, que

sofreu redução significativa no segundo período avaliado;

A floculação das argilas do solo, não exerceu grande influência na formação

de agregados, sendo este processo influenciado principalmente pela matéria

orgânica.

O período de um ano foi considerado curto, para a obtenção de resultados

conclusivos quanto à melhoria da qualidade do solo pelo cultivo orgânico,

esperando-se obter resultados mais significativos em avaliações posteriores.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, M. I. Qualidade física do solo em sistemas agroflorestais. 2008. 91 f. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) – Programa de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. ALBUQUERQUE, J. A.; ARGENTON, J.; BAYER, C.; WILDNER, L. P.; KUNTZE, A. G. Relação de atributos do solo com a agregação de um Latossolo Vermelho sob sistemas de preparo e plantas de verão para cobertura do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo,Viçosa, v. 29, p. 415-424, 2005. ALMEIDA NETO, O. B. Dispersão da argila e condutividade hidráulica em solos com diferentes mineralogias, lixiviados com soluções salino-sódicas. 2007. 93 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. ARAÚJO, E. A.; LANI, J. L.; AMARAL, E. F. GUERRA, A. Uso da terra e propriedades físicas e químicas de Argissolo Amarelo distrófico na Amazônia Ocidental. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 28, n.2, p. 307-315, 2004. ARAÚJO, R.; GOEDERT, W. J.; LACERDA, M. P. C. Qualidade de um solo sob diferentes usos e sob cerrado nativo. Revista Brasileira de Ciência do solo, Viçosa, v. 31, p.1099-1108, 2007. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 5 ed. São Paulo: Ícone, 2005. 355 p. BEUTLER, A. N.; SILVA, M. L. N.; CURI, N.; FERREIRA, M. M.; PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C. Agregação de Latossolo Vermelho distrófico típico relacionada com o manejo na região dos cerrados no estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 25, p. 129-136, 2001. BOLONHEZ, G. L. Vinho e ecologia: a moda verde dos vinhos. Revista Adega, n.41, p. 1-4, 2009. BORGES, A. L.; SOUZA, L. S. Produção orgânica de frutas. [Comunicado técnico]. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/comunicados/comunicado_113.pdf>. Acesso em: 18 out. 2011.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

79

BORGES, A. L.; TRINDADE, A. V.; SOUZA, L. S.; SILVA, M. N. B. Cultivo orgânico de fruteiras tropicais – Manejo do solo e da cultura [Circular técnica 64]. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e fruticultura, 2003, 12 p. BRASIL. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 24 dez. 2003. Disponível em:< https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.831.htm>. Acesso em: 15 out. 2011. CAMARGO, U. A.; TONIETTO, J.; HOFFMANN, A. Progressos na viticultura brasileira. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, volume especial, p. 144-149, 2011. CARNEIRO, W. M. A.; COELHO, M. C. S. G. A vitivinicultura no Nordeste brasileiro: características e perspectivas da atividade para a região. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 45., 2007, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2007. CASTRO FILHO, C. Atributos do solo avaliados pelos seus agregados. In: MORAES, M. H.; MULLER, M. M. L.; FOLONI, J. S. S. Qualidade física do solo: métodos de estudo – sistemas de preparo e manejo do solo. Jaboticabal: FUNEP, 2002. 225p. CASTRO FILHO, C.; MUZILLI, O.; PODANOSCHI, A. L. Estabilidade dos agregados e sua relação com o teor de carbono orgânico num Latossolo Roxo distroférrico, em função de sistemas de plantio, rotações de culturas e métodos de preparo das amostras. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 22. p. 527-538, 1998. CORTEZ, J. W.; ALVES, A. D. S.; MOURA, M. R. D.; OLSZEVSKI, N.; NAGAHAMA, H. J. Atributos físicos do Argissolo Amarelo do semiárido nordestino sob sistemas de preparo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 37, p. 1207-1216, 2011. COSTA, W. P. L. B. Alterações na fertilidade do solo e teores de metais pesados em solos cultivados com videira. 2009. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. DUFRANC, G.; DECHEN, S. C. F.; FREITAS, S. S.; CAMARGO, O. A. Atributos físicos, químicos e biológicos relacionados com a estabilidade de agregados de dois

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

80

latossolos em plantio direto no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência do Solo,Viçosa, v. 28, n.3, p. 505-517, 2004. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de métodos de análise do solo. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisas de Solos 1997. 212 p. EMBRAPA SEMIÁRIDO - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Dados Agrometeorológicos de Bebedouro – Petrolina – PE. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2011. Disponível em: < http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/servicos/dadosmet/eabeb.htm >. Acesso em: 02 dez. 2011. GLIESSMAN, S. R. Agroecología: procesos ecológicos en agricultura sostenible. Turrialba: C. R.; CATIE, 2002. 359 p. GOLDBERG, S.; FORSTER, H. S. Flocculation of reference clays and arid-zone soil clays. Soil Science Society of America Journal, v. 54, p. 714-718, 1990. GOMES, M. A. F.; FILIZOLA, H. F. Indicadores físicos e químicos de qualidade de solo de interesse agrícola. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2006. 8 p. GONÇALVES, S. L.; SARAIVA, O. F.; TORRES, E. Influência de fatores climáticos na decomposição de resíduos culturais de milho e soja. [Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento]. Londrina: Embrapa Soja, 2011. GRUGIKI, M. A.; GODINHO. T. O.; VIEIRA, M. V. M.; SANTOS, C. L.; PASSOS, R. R.; RANGEL, O. J. P. Argila dispersa em água e grau de floculação de um Argissolo Vermelho Amarelo sob diferentes coberturas vegetais. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 13., 2009. São José dos Campos. Anais eletrônicos... São José dos Campos: Universidade do Vale da Paraíba, 2009. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/RE_0984_0952_02.pdf >. Acesso: em 4 dez. 2011. GUERRA, A. J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. M. Erosão e conservação dos solos – Conceitos, temas e aplicações. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 340 p. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. SIDRA 01: Sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

81

em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1613&z=t&o=11&i=P>. Acesso em: 26 set. 2011. ISLAM, K. R.; WEIL, R. R. Soil quality indicator properties in mid-Atlantic soils as influenced by conservation management. J. Soil Water Conser. v. 55, p. 69-78, 2000. KARLEN, D. L.; MAUSBACH, M.J.; DORAN, J. W.; CLINE, R. G.; HARRIS, R. F.; SCHUMAN, G. E. Soil Quality: A concept, Definition, and Framework for Evaluation (A Guest Editorial). Soil Science Society of America Journal, v. 61, p. 4-10, 1997. KIEHL, E. J. Manual de edafologia: relações solo-planta. São Paulo: Agronômica Ceres, 1979. 262 p. LEITE, L. F. C.; PETRERE, V. G.; SAGRILO, E. Sequestro de carbono em solos da região Semiárida brasileira estimado por modelo de simulação em diferentes sistemas produtivos. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL: CLIMA, SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO EM REGIÕES SEMIÁRIDAS, 2., 2010, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 2010. LIER, Q. de J. V.; ALBUQUERQUE, J. A. Novo método para calcular o diâmetro médio de agregados de solos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 21, p.699-705, 1997. LIMA, C. G. R.; CARVALHO, M. P.; MELLO, M. M.; LIMA, R. C. Correlação linear e espacial entre a produtividade de forragem, a porosidade total e a densidade do dolo de Pereira Barreto (SP). Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 31, p.1233-1244, 2007. LIMA, H. V.; OLIVEIRA, S. T.; OLIVEIRA, M. M.; MENDONÇA, E. S.; LIMA, P. J. B. F. Indicadores de qualidade do solo em sistemas de cultivo orgânico e convencional no semi-árido cearense. Revista Brasileira de Ciência do Solo,Viçosa, v. 31, n. 5, p. 1085-1098, 2007. LUCHESE, E. B.; FAVERO, L. O. B.; LENZI, E. Fundamentos da química do solo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2002. 182 p. MADARI, B. E.; CUNHA, T. J. F.; NOVOTNY, E. H.; MILORI, D. M. B. P.; MARTIN NETO, L.; BENITES, V. M.; COELHO, M. R.; SANTOS, G. A. Matéria orgânica dos solos antrópicos da Amazônia (Terra preta de índio): Suas características e papel na sustentabilidade da fertilidade do solo. In: TEIXEIRA, W. G. et al. As terras pretas

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

82

de índio da Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas áreas. Embrapa Amazônia Ocidental, Manaus, 2009. Disponível em: <http://www.biochar.org/joomla/images/stories/Cap_13_Beata.pdf>. Acesso em: 20 out. 2011. MAIA, J. L. T.; RIBEIRO, M. R. Cultivo contínuo da cana-de-açúcar e modificações químicas de um Argissolo Amarelo fragipânico. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n. 11, p. 1127-1132, 2004. MARTINS, V. A.; CAMARGO FILHO, W. P.; BUENO, C. R. F. Preços de frutas e hortaliças da agricultura orgânica no mercado varejista da cidade de São Paulo. Informações Econômicas,São Paulo, v.36, n.9, p. 42-52, 2006. MAZZOLENI, E. M.; NOGUEIRA, J. M. Agricultura orgânica: características básicas do seu produtor. Revista Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 22, n. 2, p. 263-293, 2006. MELLO, L. M. R. Vitivinicultura brasileira: panorama 2010. Artigos técnicos. Embrapa Uva e Vinho, 2011. Disponível em: <www.cnpuv.embrapa.br/publica/artigos/prodvit2010.pdf>. Acesso em: 17 out. 2011. MENDES, F. G.; MELLONI, E. G. P.; MELLONI, R. Aplicação de atributos físicos do solo no estudo da qualidade de áreas impactadas, em Itajubá/MG. Cerne, Lavras, v. 12, n. 3, p. 211-220, 2006. MORAES, A. G. L.; LOSS, A.; PEREIRA, M. G.; ANJOS, L. H. C.; SILVA, E. M. R. Distribuição dos agregados e diâmetro médio ponderado em diferentes sistemas de produção orgânica. Resumos do VI CBA e II CLAA, Revista Brasileira de Agroecologia, Duque de Caxias, v. 4, n.2, p. 1302-1305, 2009. OLIVEIRA, J. B.; JACOMINE, P. K. T.; CAMARGO, M. N. Classes gerais de solos do Brasil. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 201 p. ORMOND, J. G. P. PAULA, S.; FAVERET FILHO, P.; ROCHA, L. T. Agricultura orgânica: quando o passado é futuro. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 15, p. 3-34, 2002. OS VINHOS Bianchetti e os enólogos pioneiros do Vale do São Francisco. Disponível em: < http://www.vinhosbianchetti.com.br/%5Caempresa.asp >. Acesso em: 05 nov. 2011.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

83

PEDROTTI, A.; MÉLLO JÚNIOR, A. V. Avanços em Ciência do Solo: A Física do solo na Produção Agrícola e Qualidade Ambiental. São Cristovão: Editora UFS, Acaraju: Fapitec, 2009. 212p. PEIXOTO, M. F. S. P. Atributos físicos, químicos e biológicos como indicadores da qualidade do solo. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2008. Disponível em: < www.ufrb.edu.br/mapeneo/index.php/downloads/...solo/.../download>. Acesso em: 25 agos. 2011. PRADO, R. M. A calagem e as propriedades físicas de solos tropicais: revisão de literatura. Revista Biociência,Taubaté, v.9, n.3, p.7-16, 2003. PRADO, R. M.; CENTURION, J. F. Alterações na cor e no grau de floculação de um Latossolo Vermelho-Escuro sob cultivo contínuo de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.36, n.1, p. 197-203, 2001. PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. São Paulo: Nobel, 2002, 549 p. PROTAS, J. F. S.; CAMARGO, U. A. MELO, L. M. R. A vitivinicultura brasileira: realidade e perspectivas. Artigos técnicos. Embrapa Uva e Vinho, 2008. Disponível em: < www.cnpuv.embrapa.br/publica/artigos/vitivinicultura/>. Acesso em: 17 out. 2011. REICHERT, J.M; REINERT, D. J; BRAIDA, J. A. Qualidade dos solos e sustentabilidade de sistemas agrícolas. Ciência e Ambiente, Santa Maria, v. 27, p. 29-48, 2003. REINERT, D. J. ALBUQUERQUE, J. A.; REICHERT, J. M.; AITA, C.; ANDRADA, M. M. C. Limites críticos de densidade do solo para o crescimento de raízes de plantas de cobertura em Argissolo Vermelho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 32, p. 1805-1816, 2008. REINERT, D. J.; REICHERT, J.M.; VEIGA, M.; SUZUKI, L.E.A.S. Qualidade física dos solos. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, 16, 2006. Anais... Aracaju: SBCS, 2006. RIBEIRO, K. D.; MENEZES, S. M.; MESQUITA, M. G. B. F.; SAMPAIO, F. M. T.; Propriedades físicas do solo, influenciadas pela distribuição de poros, de seis

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

84

classes de solos da região de Lavras-MG. Revista Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1167-1175, 2007. RICCI, M. S. F.; NEVES, M. C. P. Cultivo do café orgânico. Sistemas de produção 2, 2. Ed. Embrapa Agroecologia, 2006. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Cafe/CafeOrganico_2ed/fundamentos.htm>. Acesso em 15 out. 2011. ROEL, A. R. A agricultura orgânica ou ecológica e a sustentabilidade da agricultura. Revista Internacional de Desenvolvimento Local, Campo Grande, v. 3, n. 4, p. 57-62, 2002. ROSA, S. E. S.; SIMÕES, P. M. Desafios da vitivinicultura brasileira. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, v. 19, p. 67-90, 2004. RUIZ, H. A. Métodos de análises físicas do solo. Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Solos, 2004. 22 p. SILVA, A. J. N. Alterações físicas e químicas de um ARGISSOLO AMARELO Coeso sob diferentes sistemas de manejo com cana-de-açúcar. 2003. 135 f. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) – Programa de Pós Graduação em Ciência do Solo, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. SILVA, A. J. N.; CABEDA, M. S. V.; CARVALHO, F. G.; LIMA, J. F.W.F. Alterações físicas e químicas de um Argissolo Amarelo sob diferentes sistemas de uso e manejo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.10, n. 1, p. 76-83, 2006. SILVA, D. J.; BASSOI, L. H.; ROCHA, M. G.; SILVA, J. A.; SANTOS, R. L. Características do solo e de rendimento de videiras „Syrah‟ submetidas à adubação orgânica e fertirrigação nitrogenada. 2º ciclo de produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOLO, 33., 2011, Uberlândia. Anais...Uberlândia: SBCS, 2011. SILVA, M. S. L.; KLAMT, E.; CAVALCANTI, A. C.; KROTH, P. L. Adensamento subsuperficial em solos do semiárido: processos geológicos e/ou pedogenéticos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 6, n. 2, p. 314-320, 2002. SILVA, V. B.; ARAÚJO, C. A. S.; FRANCO, R. P. Taxa de decomposição de resíduos orgânicos em função da profundidade e do tempo de incorporação sob

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53959/1/TCC-JARDEN... · universidade federal do vale do sÃo francisco curso de graduaÇÃo

85

irrigação por gotejamento. In: CONGRESSO DE PESQUISA E INOVAÇÃO DA REDE NORTE NORDESTE DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA, 2., 2007, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2007. SOARES, J. M.; NASCIMENTO, T. Distribuição do sistema radicular da videira em Vertissolo sob irrigação localizada. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 2, n. 2. p. 142-147, 1998. SOUZA, Z. M.; ALVES, M. C. Propriedades físicas e teor de matéria orgânica em um Latossolo Vermelho de cerrado sob diferentes usos e manejos. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 25, p. 27-34, 2003. VEZZANI, F. M.; MIELNICZUK, J. Uma visão sobre qualidade do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.33, n.4, p. 743-755, 2009. VITAL, T. Vitivinicultura no Nordeste do Brasil: Situação recente e perspectivas. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 40, n. 3, p. 499-524, 2009. VITICULTURA orgânica está cada vez mais popular na França. Revista Adega. 13 set. 2010. Disponível em: < http://revistaadega.uol.com.br/Edicoes/0/Artigo184986-1.asp>. Acesso em: 17 out. 2011. WOHLENBERG, E. V.; REICHERT, J. M.; REINERT, D. J.; BLUME, E. Dinâmica da agregação de um solo franco-arenoso em cinco sistemas de culturas em rotação e sucessão. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 28, p. 891-900, 2004.