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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO BIOMÉDICO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA
APLICADAS
ROBSON DOS SANTOS SOUZA MARINHO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKA VÍRUS DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS
OBTIDAS DE ALGAS MARINHAS E DA SEMENTE DE URUCUM
Niterói, RJ
2018
II
ROBSON DOS SANTOS SOUZA MARINHO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKA VÍRUS DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS
OBTIDAS DE ALGAS MARINHAS E DA SEMENTE DE URUCUM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Virologia
; Orientadora: Profª Drª Ana Maria Viana Pinto
Niterói, RJ
2018
III
ROBSON DOS SANTOS SOUZA MARINHO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKA VÍRUS DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS
OBTIDAS DE ALGAS MARINHAS E DA SEMENTE DE URUCUM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Virologia
Aprovado em: ___ de __________ de 20___.
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dr.ª Adriana de Abreu Corrêa – (UFF)
Prof.ª Dr.ª Diana Negrão Cavalcanti – (UFF)
Dr.ª Vanessa Salete de Paula – (IOC/FIOCRUZ)
Niterói, RJ
2018
IV
Dedico este trabalho, em especial, à minha família.
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e aos meus guias espirituais.
A minha família, em especial minha mãe e minha avó, por todo o apoio, toda a ajuda
e incentivo que sempre me deram.
A Profª Drª Ana Pinto, minha orientadora, amiga e mãe adotiva por toda ajuda, carinho
e ensinamentos.
Aos meus companheiros de Laboratório Bruna, Priscila, Stephanie, Kátia, Wilker, Ana
Cláudia, Ingrid, Fernanda, Laís, Letícia, Arthur, Carol e Maria Clara.
Aos meus amigos Cinthya Domingues, Juliana Dias, Joylson Pereira e Magda
Antonele pelos bons momentos.
Ao Programa de Pós Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas pela
oportunidade de estudo.
A todos os professores do MIP, em especial aos da disciplina de Virologia.
A equipe do Laboratório de Virologia Molecular e Biotecnologia Marinha, em especial
Profª Drª Izabel Paixão, pelo carinho que sempre teve comigo, e à Rafaela, Max,
Leonise, Cláudio Cirne, Caroline, Valéria, Vinícius, Kaue, Leonardo, Thiago e
Aldenise.
Ao prof. Dr. Davis Fernandes Ferreira do Departamento de Virologia do
Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, por
ter cedido gentilmente a amostra de ZIKV para realização dessa dissertação.
A todos do Laboratório de Produtos Naturais de Algas Marinhas (ALGAMAR), em
especial as alunas Carol e Marcela, orientadas da professora Drª Diana Cavalcanti e
ao aluno José Brito, orientado da professora Drª Valéria Teixeira por nos fornecerem
as substâncias que permitiram a realização deste trabalho.
A todos do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental (LVCA), Instituto Oswaldo
Cruz (IOC)/Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) pelo carinho, atenção que sempre
tiverem comigo durante esses anos. Agradeço, especialmente, ao Dr Tulio Machado
Fumian, pela ajuda na construção do gblock utilizado nessa dissertação.
A equipe do Laboratório de Flavivírus, IOC/FIOCRUZ, em especial a Dra. Ana Maria
Bispo de Filippis, pelas doações de materiais.
A equipe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo da Fiocruz, em especial Dra.
Marilda Siqueira por doações de materiais de utilizado nesse trabalho.
VI
A Profª Drª Carmen Baur que gentilmente aceitou revisar minha dissertação.
Aos funcionários do Instituto Biomédico, em especial aos do MIP, Janaína, Joana,
Ana, Beth, Serginho, Laura, Simone, Lúcia e Romulo por terem sido sempre
atenciosos comigo.
A Capes, pela concessão da bolsa.
Aos membros da banca por avaliarem e melhorarem a qualidade deste trabalho.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
Muito obrigado!
VII
RESUMO
O Zika vírus (ZIKV) é um arbovírus emergente transmitido principalmente por vetores
do gênero Aedes spp., pelas vias sexuais e congênitas. A febre do Zika ganhou
destaque em 2015, quando atingiu proporções epidêmicas na América Central e do
Sul e foi associada a um importante aumento no número de casos de doenças
congênitas e desordens neurológicas no Brasil. Ainda não existe uma vacina contra o
vírus e nem drogas eficientes no tratamento. Nessa perspectiva, o presente trabalho
teve por objetivo avaliar a citotoxicidade e a atividade anti ZIKV de substâncias
naturais obtidas de algas marinhas (caulerpina e diterpeno 10,18-diacetoxy-8-
hydroxy-2,6-dolabelladiene) e da semente de urucum (geranilgeraniol). A avaliação
da citotoxicidade (CC50) foi realizada em diferentes células (Vero, HEK 293 eC6/36)
por três metodologias diferentes: 3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium
bromide (MTT), vermelho neutro (VN) e cristal violeta (CV). A avaliação da atividade
antiviral in vitro foi realizada em célula Vero e determinada pela inibição da produção
de virion pela técnica de Reed Müechen e pela inibição da produção de genoma viral
pela técnica de One-Step RT-qPCR. A caulerpina e o diterpeno não foram citotóxicos
para as células testadas, diferente do geranilgeraniol que foi citotóxico para as três
linhagens celulares. Com base na diferença entre o título viral do controle não tratado
com o título viral da amostra tratada com concentrações diferentes das substâncias
pôde-se observar que as três moléculas reduziram o título viral, bloqueando a
produção de virions. As três substâncias não apresentaram atividade inibitória na
síntese de genoma viral. Assim, verificamos que a caulerpina, o 10,18-diacetoxy-8-
hydroxy-2,6-dolabelladiene e o geranilgeraniol não bloqueiam a produção de genoma
viral, mas bloqueiam a produção de virions possivelmente por outros mecanismos de
ação. Em função do geranilgeraniol ser mais citotóxico, especulamos as substâncias
caulerpina e diterpeno 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene como mais
promissoras para um possível tratamento anti ZIKV.
Palavras-chave: zika vírus, caulerpina, diterpeno, geranilgeraniol, atividade antiviral.
VIII
ABSTRACT
The Zika virus (ZIKV) is an emergent arbovirus transmitted mainly by vectors of the
genus Aedes spp., by the sexual and congenital routes. Zika fever became prominent
in 2015 when it reached epidemic proportions in Central and South America and was
associated with a significant increase in the number of cases of congenital diseases
and neurological disorders in Brazil. There is as yet no viral vaccine or treatment-
effective drugs. In this perspective, the present work aimed to evaluate the cytotoxicity
and anti ZIKV activity of natural substances obtained from seaweed (caulerpine and
diterpene 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene) and annatto seed
(geranilgeraniol ). Cytotoxicity evaluation (CC50) was performed in three different cells
(Vero, HEK 293 and C6/36) by three different methodologies: 3- (4,5-dimethylthiazol-
2yl) -2,5diphenyl tetrazolium bromide (MTT), neutral red ) and violet crystal (CV). The
evaluation of the antiviralin vitro activity was performed in Vero cell and determined by
the inhibition of virion production by the Reed Müechen technique and by the inhibition
of the viral genome production by the technique of One-Step RT-qPCR. Caulerpine
and diterpene were not cytotoxic to the tested cells, unlike geranilgeraniol that was
cytotoxic to the three cell lines. Based on the difference between the viral titer of the
control not treated with the viral titer of the sample treated with different concentrations
of the substances, it was observed that the three molecules significantly reduced the
viral titer, blocking the production of virions. The three substances showed no inhibitory
activity in viral genome synthesis. Thus, we find that caulerpine, diterpene 10,18-
diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene and geranylgeraniol do not block viral genome
production but block viral production possibly by other mechanisms of action. Because
geranilgeraniol is more cytotoxic, we speculate the substances caulerpine and
diterpene 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene as more promising for a
possible anti ZIKV treatment.
Key words: zika virus, caulerpine, diterpene, geranilgeraniol, antiviral activity.
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Esquema representativo da organização genômica dos flavivírus .......... - 2 -
Figura 2: Representação esquemática do ciclo de replicação dos flavivírus ......... - 5 -
Figura 3: Estrutura do Zika vírus (ZIKV) ................................................................. - 7 -
Figura 4: Esquema representativo das formas imaturas e maduras do Zika vírus . - 7 -
Figura 5: Esquema da organização genômica do ZIKV. ........................................ - 8 -
Figura 6: Formas de transmissão do ZIKV ........................................................... - 10 -
Figura 7: Sequência da curva sintética padrão utilizada no protocolo de One-Step RT-
qPCR. ................................................................................................................... - 36 -
Figura 8: Estrutura da caulerpina (CAV) e do diterpeno (DIP) ............................. - 38 -
Figura 9: Estrutura do geranilgeraniol (GE). ......................................................... - 39 -
Figura 10: Microscopia óptica. (1) Controle de células Vero. (2) Presença de Efeito
Citopático (lise total) em amplificação da amostra ZIKVMR766. .......................... - 43 -
Figura 11: Gráfico de amplificação da curva padrão sintética estabelecido pelo
programa Step One v2.3®. .................................................................................. - 44 -
Figura 12: Paramêtros de qualidade da curva padrão sintética ........................... - 45 -
Figura 13: Gráfico de amplificação da curva padrão sintética nas concentrações 107,
106, 104 e 102 cópias/µL estabelecido pelo programa Step One v2.3®. .............. - 46 -
Figura 14: Parâmetros de qualidade da curva padrão sintética para quantificação de
Zika vírus. ............................................................................................................. - 47 -
Figura 15: Curva de amplificação da amostra estoque de Zika vírus ................... - 47 -
Figura 16: Atividade antiviral da CAV e do DIP pela técnica de Reed Müench. .. - 50 -
Figura 17: Curvas de amplificação do One-Step RT-qPCR para avaliação da atividade
anti ZIKV da CAV e do DIP .................................................................................. - 52 -
Figura 18: Atividade antiviral da CAV e do DIP pela técnica One-Step RT-qPCR.- 53 -
Figura 19: Atividade antiviral do GE pela técnica de Reed Müench. .................... - 56 -
Figura 20: Curvas de amplificação do One-Step RT-qPCR para avaliação da atividade
anti ZIKV do GE ................................................................................................... - 57 -
Figura 21: Atividade antiviral do GE pela técnica One-Step RT-qPCR. ............... - 58 -
Figura 22: Esquema representativo da técnica Reed Müench. ............................ - 87 -
X
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Iniciadores e sonda utilizados na One-Step RTqPCR .........................- 35 -
Quadro 2: Composição de reagentes utilizados na One-Step RTqPCR...............- 37 -
Quadro 3: Condições de amplificação utilizadas na One-Step RT-qPCR............. - 37 -
Quadro 4: Média e Desvio Padrão (DP) do Cycle Threshold (Ct) em relação às
concentrações da curva padrão sintética testadas ............................................... - 46 -
Quadro 5: Cálculo para determinação do título por TCID50/mL. .......................... - 88 -
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Efeitos citotóxicos da CAV e do DIP. .................................................... - 48 -
Tabela 2: Atividade anti ZIKV por Reed Müechen e índices de seletividades (IS) da
CAV e do DIP. ...................................................................................................... - 49 -
Tabela 3: Quantificação de virion total da amostra controle não tratada e virion residual
total em amostra tratada com CAV e DIP. ........................................................... - 51 -
Tabela 4: Quantificação do RNA total da amostra controle não tratada e RNA residual
total em amostra tratada com CAV e o DIP.......................................................... - 54 -
Tabela 5: Efeitos citotóxicos do GE ...................................................................... - 55 -
Tabela 6: : Atividade anti ZIKV do GE por Reed Müechen e índices de seletividade
(IS) em células Vero. ............................................................................................ - 56 -
Tabela 7: Quantificação de virion total da amostra controle não tratada e virion residual
total em amostra tratada com GE ......................................................................... - 57 -
Tabela 8: Quantificação do RNA total da amostra controle não tratada e RNA residual
total em amostra tratada com GE ......................................................................... - 58 -
XII
LISTA DE ABREVIATURAS
µM - Micromolar
Algamar - Laboratório de Produtos Naturais de Algas Marinhas
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BVDV - Vírus da Diarréia Viral Bovina (do inglês Bovine Viral Diarrhea Virus)
BDV - Vírus da Doença da Fronteira (do inglês Border DiseaseVirus)
C – Capsídeo
CAV - Caulerpina
CC - Cultura Celular
CC50 - Concentração de substância capaz de matar 50% das células
CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças (do inglês Centers for Disease
Control and Prevention)
CIVD – Diagnósticos In Vitro europeu
CG - Cópias Genômicas
CHIKV – Vírus Chikungunya (do inglês Chikungunya Virus),
CPE - Efeito Citopático (do inglês Cytopathic Effect)
CSFV - Vírus da Febre Suína Clássica (do inglês Classical Swine Fever Virus)
Ct -Cycle Threshold
CV - Cristal Violeta
D-MEM - Meio Mínimo Essencial de Eagle’s modificado por Dulbecco
DC-SIGN - Dendritic Cell-Specific Intercellular adhesion molecule-3-Grabbing Non-
integrin
DENV - Vírus da Dengue (do inglês Dengue Virus)
DIP - Diterpeno 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene
DMSO - Dimetilsulfóxido
DO - Densidade ótica
DP - Distância Proporcional
ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (do inglêsEuropean
Centre for Disease Prevention and Control)
EC50 - Concentração de substância capaz de inibir 50% a produção de partículas virais
ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (do inglês European
Centre for Disease Prevention and Control)
XIII
ECP - Efeito Citopático
EDTA - Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético (do inglês Ethylenediamine tetraacetic
acid)
EUA – Estados Unidos da América
FDA – Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos(do inglês U.S. Food
& Drug Administration)
HCV – Vírus da Hepatite C (do inglês Hepatitis C Virus)
HIV – Vírus da Imunodeficiência Human (do inglês Human Immunodeficiency Virus)
HEK 293 – Célula de Rim de Embrião Humano (do inglê Human Embryonic
Kidney 293 cells)
HSV - Herpesvírus simples (do inglês Herpes simplex vírus)
IgM – Imunoglobulina M
IgG – Imunoglobulina G
ICTV - Comitê internacional de taxonomia viral (do inglês International Committee on
Taxonomy of Viruses)
IFA - Ensaio de imunofluorescência (do inglês Immunofluorescence Assay)
IS - Índice de Seletividade
JEV - Vírus da encefalite japonesa (do inglês Japanese encephalitis virus)
kb – quilo bases
kDa – quilo Dalton
L-15- Leibovitz 15
MDBK - Madin-Darby bovine kidney
MOI - Multiplicidade de Infecção (do inglês Multiplicity of Infection)
MR766 - Macaco Rhesus 766
MTT - Brometo de 3- (4,5-dimetiltiazol-2il) -2,5difenil tetrazólio (do inglês 3-(4,5-
dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium bromide)
MVEV - Vírus da encefalite de Murray Valley (do inglês Murray Valley encephalitis
virus)
NPHV - Hepacivírus não primata (do inglês Non-Primate Hepacivirus)
NS - Não Estrutural (do inglês Non Structural)
nt - Nucleotídeo
NTAV - Vírus Ntaya (do inglês Ntaya Virus)
NTC - No Template Control
XIV
OMS - Organização Mundial de Saúde (do inglês WHO – World Health Organization)
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde (do inglês Pan American Health
Organization, PAHO)
ORF - Fase aberta de Leitura (do inglês Open Reading Frame)
P.F.U - Unidade Formadora de Placa (do inglês Plaque-Forming Unit)
PM – Proteína de Matriz
PrM - Proteína pecursora da proteína de Matriz
PCR - Reação em Cadeia pela Polimerase (do inglês Polymerase Chain Reaction)
p.i.– pós infecção
PRNT - Teste de Neutralização por Redução de Placas (do inglês Plate Reduction
Neutralization Test)
qPCR - PCR em Tempo Real
qRT-PCR - PCR em Tempo Real precedido por Transcrição Reversa
RMN – Ressonância Magnética Nuclear
RNA - Ácido Ribonucléico (do inglês Ribonucleic Acid)
RNAfs - RNA de fita simples
RpRd - RNA polimerase RNA dependente
RT - Transcrição Reversa (do inglês Reverse Transcription)
RT-PCR - Reação em Cadeia pela Polimerase Precedida por Transcrição Reversa (do
inglês Reverse Transcription-PCR)
RVFV - Vírus da febre de Vale do Rift (do inglês Rift Valley fever virus)
SFB - Soro Fetal Bovino
SGB - Síndrome de Guillain-Barré
SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SLEV - Vírus da Encefalite de Saint Louis (do inglês Saint Louis Encephalitis Virus)
TE - Tris EDTA
TCID50- Dose Infecciosa de 50% da Cultura de Tecidos(do inglês 50%Tissue Culture
Infective Dose)
TR - Transcriptase Reversa
UTR- Região Não Traduzida (do inglês Untranslated Region)
UFF - Universidade Federal Fluminense
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
VN- Vermelho Neutro
XV
WNV - Vírus do Oeste do Nilo (do inglês West Nile Virus)
YFV - Vírus da Febre Amarela (do inglês Yellow Fever Virus)
ZIKV - Zika vírus
XVI
SUMÁRIO
Resumo .................................................................................................................... VII
Abstract ................................................................................................................... VIII
Lista de Figuras ......................................................................................................... IX
Lista de Quadros ........................................................................................................ X
Lista de Tabelas ........................................................................................................ XI
Lista de Abreviaturas ................................................................................................ XII
Sumário ................................................................................................................... XVI
1. Introdução .......................................................................................................... - 1 -
1.1 Revisão Bibliográfica - Família Flaviviridae ...................................................... - 1 -
1.1.1 Taxonomia e características gerais da família Flaviviridae ........................... - 1 -
1.1.2 Estrutura dos flavivírus .................................................................................. - 2 -
1.1.3 Propriedades das proteínas estruturais dos flavivírus ................................... - 2 -
1.1.3.1 Glicoproteína de Envelope (E) ................................................................... - 2 -
1.1.3.2 Proteína precursora da proteína M (PrM/M): .............................................. - 3 -
1.1.3.3 Proteína de Capsídeo (C): .......................................................................... - 3 -
1.1.4 Propriedades das proteínas não estruturais dos flavivírus ............................ - 3 -
1.1.4.1 Proteína NS1: ............................................................................................. - 3 -
1.1.4.2 Proteína NS2A: .......................................................................................... - 3 -
1.1.4.3 Proteína NS2B: .......................................................................................... - 4 -
1.1.4.4 Proteína NS3: ............................................................................................. - 4 -
1.1.4.5 Proteína NS4A ........................................................................................... - 4 -
1.1.4.6 Proteína NS4B: .......................................................................................... - 4 -
1.1.4.7 Proteína NS5: ............................................................................................. - 4 -
1.1.5 Ciclo de replicação dos flavivírus .................................................................. - 4 -
1.1.6 Características gerais do Zika vírus (ZIKV) ................................................... - 6 -
1.1.6.1 Morfologia e Estrutura ................................................................................ - 6 -
1.1.6.2 Estrutura do Genoma ................................................................................. - 7 -
1.1.6.3 Variabilidade Genética ............................................................................... - 8 -
1.1.6.4 Vetor e Transmissão .................................................................................. - 9 -
1.1.6.5 Patogenia e Manifestações Clínicas .........................................................- 11 -
1.1.6.6 Diagnóstico Laboratorial ............................................................................- 16 -
1.1.6.7 Prevenção e Controle ................................................................................- 20 -
XVII
1.1.6.8 Epidemiologia ............................................................................................- 21 -
1.1.6.9 Zika vírus no Brasil ....................................................................................- 23 -
1.2 Antivirais ..........................................................................................................- 24 -
1.2.1 Importância da terapêutica antiviral ..............................................................- 24 -
1.2.2 Antivirais para Zika vírus ..............................................................................- 25 -
1.2.3 Produtos naturais com atividade antiviral .....................................................- 26 -
1.2.3.1 Substâncias com atividades antivirais extraídas de algas marinhas .........- 26 -
1.2.3.2 Substâncias com atividades antivirais extraídas plantas ...........................- 28 -
2. Objetivos ...........................................................................................................- 32 -
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................- 32 -
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................- 32 -
3. Material e Métodos ............................................................................................- 33 -
3.1 Linhagens Celulares ........................................................................................- 33 -
3.2 Produção da massa viral da amostra ZIKV MR766 .........................................- 33 -
3.3 Determinação do título do estoque de ZIKV MR766 .......................................- 34 -
3.3.1 Titulação do estoque de ZIKV MR766 pelo método de Reed Müechen .......- 34 -
3.3.2 Titulação do estoque de ZIKV MR766 por Ensaio de Placa de Lise ...........- 34 -
3.3.3 Titulação do estoque de ZIKV MR766 pelo método One-Step RT-qPCR ....- 35 -
3.3.3.1 Extração do genoma viral ..........................................................................- 35 -
3.3.3.2 Detecção e quantificação de genoma do ZIKV MR766 pela técnica de One-
Step RT-qPCR ......................................................................................................- 35 -
3.5 Moléculas naturais isoladas de algas marinhas e da semente de urucum ......- 38 -
3.6 Avaliação da citotoxicidade das substâncias (CC50) .......................................- 39 -
3.7 Determinação da atividade antiviral por redução da produção de virion pela técnica
de Reed Müechen .................................................................................................- 41 -
3.8 Determinação da atividade antiviral por redução da produção de genoma viral pela
técnica de One-Step RT-qPCR .............................................................................- 41 -
3.8.1 Extração do genoma viral .............................................................................- 41 -
3.8.2 One-Step RT-qPCR......................................................................................- 41 -
3.9 Determinação do índice de seletividade (IS) ...................................................- 42 -
3.10 Critérios de avaliação das moléculas ............................................................- 42 -
3.11 Análises estatísticas ......................................................................................- 42 -
4. Resultados ........................................................................................................- 43 -
XVIII
4.1 Amplificação e titulação da amostra ZIKVMR766 ...........................................- 43 -
4.2 Estabelecimento do One-Step RT-qPCR ........................................................- 43 -
4.2.1 One-Step RT-qPCR e quantificação do genoma da amostra ZIKV MR766
estoque .................................................................................................................- 46 -
4.3 Determinação da atividade citotóxica, atividade antiviral e índice de seletividade
das substâncias obtidas de algas marinhas ..........................................................- 48 -
4.3.1 Detecção da atividade anti ZIKV da caulerpina e do diterpeno 10,18-diacetoxy-
8-hydroxy-2,6-dolabelladiene em célula vero pela técnica de Reed Müechen ......- 49 -
4.3.2 Detecção da atividade anti ZIKV da caulerpina e do diterpeno 10,18-diacetoxy-
8-hydroxy-2,6-dolabelladiene em célula vero pela técnica One-Step RT-qPCR ...- 51 -
4.4 Determinação da atividade citotóxica, atividade antiviral e índice de seletividade
da substância obtida da semente de urucum ........................................................- 54 -
4.4.1 Detecção da atividade anti ZIKV do geranilgeraniol em célula vero pela técnica
de Reed Müechen .................................................................................................- 55 -
4.3.2 Detecção da atividade anti ZIKV do geranilgeraniol em célula vero pela técnica
One-Step RT-qPCR ..............................................................................................- 57 -
5. Discussão ..........................................................................................................- 59 -
5.1 Atividade citotóxica ..........................................................................................- 60 -
5.2 Atividade antiviral ............................................................................................- 62 -
6. Conclusões ........................................................................................................- 64 -
7. Perspectivas ......................................................................................................- 65 -
8. Referências Bibliográfica ...................................................................................- 66 -
9.1 Titulação pelo método de Reed Müench .........................................................- 87 -
10. Anexos ............................................................................................................- 89 -
10.1 Artigo publicado na Journal of Applied Phycology .........................................- 89 -
10.2 Artigo publicado na Brazilian Journal of Microbiology ...................................- 90 -
10.3 Prêmio Banco do Brasil de Tecnologia Social de 2017 .................................- 91 -
- 1 -
1. INTRODUÇÃO
1.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE
1.1.1 TAXONOMIA E CARACTERÍSTICAS GERAIS DA FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE
A família Flaviviridae compreende um conjunto de vírus geneticamente
distintos, distribuídos por todo o mundo, e inclue agentes patogênicos para o
homem e outros animais. Essa família é composta por quatro gêneros: Flavivirus,
Pestivirus, Hepacivirus e Pegivirus (MUKHOPADHYAY et al., 2005; ICTV, 2016).
O gênero Flavivirus é constituido por 53 espécies, dentre elas: Vírus da Febre
Amarela (YFV), Vírus da Dengue 1, 2, 3 e 4 (DENV 1-4), Vírus do Oeste do Nilo
(WNV), Vírus Zika (ZIKV), Vírus da Encefalite de Saint Louis (SLEV) e vírus de
encefalites transmitidas por carrapato (LINDENBACH & RICE, 2003; STAPLES &
MONATH, 2008; KING et al., 2012; ICTV, 2016). A maioria dos flavivírus são
transmitidos para os hospedeiros vertebrados por vetores artrópodes, como
mosquitos e carrapatos, nos quais se replicam ativamente. O modo mais comum
de transmissão para os vertebrados ocorre durante o repasto sanguíneo do vetor
(fêmea) infectado com o vírus, que o libera com a saliva no hospedeiro (KUNO &
CHANG, 2005; ICTV, 2016).
No gênero Pestivirus encontram-se quatro espécies de importância
veterinária: Vírus da Diarréia Viral Bovina 1 (BVDV-1) e 2 (BVDV-2), Vírus da
Doença da Fronteira (BDV) e Vírus da Febre Suína Clássica (CSFV) (ICTV, 2016).
O gênero Hepacivirus é composto por 14 espécies, dentre elas o vírus da
hepatite C (HCV). Diversas espécies de hepacivírus foram recentemente descritas
em cães, cavalos, morcegos e roedores, sendo designadas de hepacivírus não
primata (NPHV) (LINDENBACH et al., 2007; ICTV, 2016). Neste gênero,
encontram-se hepacivírus isolados de morcego no Quênia (QUAN et al., 2013), de
roedores na Alemanha, Holanda, África do Sul e Namíbia (KAPOOR et al., 2013),
de equinos nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha (BURBELO et al., 2012;
DREXLER et al., 2013) e de caninos nos Estados Unidos (KAPOOR et al., 2011).
O gênero Pegivirus, incluído na família Flaviviridae em 2012, é constituído por
11 espécies (Pegivirus A-K) que infectam primatas não humanos e morcegos
(ICTV, 2016).
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1.1.2 ESTRUTURA DOS FLAVIVÍRUS
Os flavivírus são esféricos, pequenos, com 40 a 60 nm de diâmetro, e
possuem capsídeo (C) com simetria icosaédrica, envolvido por um envelope lipídico
contendo proteína de matriz (PrM/M) e a glicoproteína E. Como todos os vírus
envelopados, os vírus dessa família são sensíveis a solventes orgânicos,
detergentes e variação de temperatura (RIDPATH, 2005; ICTV, 2016).
O genoma dos flavivírus é constituído por um RNA de fita simples (RNAfs) de
polaridade positiva. Este genoma possui uma única fase aberta de leitura (ORF),
com aproximadamente 11 kb, flanqueada por duas regiões não codificantes (UTR),
que são importantes para regulação e expressão gênica viral. O produto da
tradução do RNA viral é uma poliproteína, cujo processamento gera três proteínas
estruturais (proteínas do capsídeo e de membrana e a glicoproteína de envelope)
e sete proteínas não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B, NS5)
(Figura 1) (VILLORDO et al., 2016).
Figura 1: Esquema representativo da organização genômica dos flavivírus
(Guzmanet al., 2010).
1.1.3 PROPRIEDADES DAS PROTEÍNAS ESTRUTURAIS DOS FLAVIVÍRUS
1.1.3.1 Glicoproteína de Envelope (E): É a maior proteína estrutural do virion, com
aproximadamente 60 kDa, sendo o principal componente antigênico viral. Esta
glicoproteína apresenta atividade hemaglutinante, é responsável pela interação do
vírus a receptores específicos (adsorção), está envolvida no processo de
endocitose, fusão no endossoma e indução da resposta imune no hospedeiro, além
de definir o tropismo ao tecido alvo (MODIS et al., 2004; DAI et al., 2016).
A glicoproteína E dos flavivírus é dimérica ecada monômero apresenta 3
domínios, sendo o domínio III importante na ligação ao receptor e indução de
- 3 -
anticorpos neutralizantes (LI et al., 2005; PIERSON et al., 2007; SIROHI et al.,
2016).
1.1.3.2 Proteína precursora da proteína M (PrM/M): É uma glicoproteína de
aproximadamente 26 kDa que faz parte da estrutura das partículas imaturas. Sua
clivagem por uma protease celular do tipo furina gera a proteína M de 8 kDa, sendo
esta a última etapa de maturação viral antes da liberação da partícula infecciosa
pela via exocítica do Golgi (CHAMBERS et al., 1990a; RICE et al., 1996; PIERSON
& DIAMOND, 2012).
1.1.3.3 Proteína de Capsídeo (C): Possui massa molecular de aproximadamente
11 kDa e se organiza em triangulações formando o capsídeo de simetria
icosaédrica. Ela é responsável pela proteção do genoma viral e dá forma ao virion
(CHAMBERS et al., 1990a; MA et al., 2004; SIROHI et al., 2016).
1.1.4 PROPRIEDADES DAS PROTEÍNAS NÃO ESTRUTURAIS DOS
FLAVIVÍRUS
As proteínas não estruturais estão envolvidas na modulação da resposta do
hospedeiro e na replicação viral, desempenhando funções na replicação do
genoma, montagem, organização e liberação do virion (LINDEBACH et al., 2007).
1.1.4.1 Proteína NS1: É uma glicoproteína com peso molecular entre 46 e 55 kDa,
sendo esta variação dependente do seu estado de glicosilação. Ela é necessária
para a replicação viral e evasão da resposta imune (AKEY et al., 2014).
Essa proteína pode ser encontrada em várias formas oligoméricas e em
diferentes localizações celulares: associada à membrana celular (mesmo não tendo
nenhuma região altamente hidrofóbica) ou dentro da célula em compartimentos
vesiculares, onde a sua forma dimérica parece interagir com outras proteínas não
estruturais e com o RNA viral (CHUNG & DIAMOND, 2008; BROWN et al., 2016).
Durante o processo de replicação viral, uma forma hexamérica da proteína
NS1 é secretada para o meio extracelular, o que pode explicar a detecção de
anticorpos contra esta proteína na fase aguda da doença (MACDONALD et al.,
2005; SCATURRO et al., 2015).
1.1.4.2 Proteína NS2A: Tem aproximadamente 24 kDa e é a primeira das quatro
menores proteínas hidrofóbicas (NS2A, NS2B, NS4A e NS4B) a ser processada. O
perfil hidrofóbico dessas proteínas sugere uma possível interação com as
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membranas celulares (CHAMBERS et al., 1990a; BRINKWORTH et al., 1999). Ela
exerce função modulatória na atividade antiviral do interferon (LEUNG et al., 2008;
XIE et al., 2013).
1.1.4.3 Proteína NS2B: Proteína de aproximadamente 14 kDa que desempenha
papel fundamental na replicação viral. Ela contém sete domínios hidrofóbicos
relacionados com a interação com membranas e com atividade de cofator da
protease (NS3) (CHAMBERS et al., 1990b; FALGOUT et al., 1991; XIE et al., 2013).
1.1.4.4 Proteína NS3: É uma enzima multifuncional com aproximadamente 68 kDa
bastante conservada entre os flavivírus. Ela atua como: protease, para o
processamento de poliproteínas, trifosfatase, na formação do cap para cobrir o RNA
viral nascente e helicase, que juntamente com o cofator NS2B, desenrola a forma
dupla e replicativa do genoma viral (LINDENBACH & RICE, 2003; BROWN et al.,
2016).
1.1.4.5 Proteína NS4A: Ancora na membrana do retículo endoplasmático e
interage com as proteínas NS1, NS3 e NS5 (WESTAWAY et al., 2003; BROWN et
al., 2016).
1.1.4.6 Proteína NS4B: Detectada no núcleo da célula hospedeira durante o
processo de replicação viral, parece estar envolvida na inibição da síntese de
interferon (LINDENBACH & RICE, 2003; BROWN et al., 2016).
1.1.4.7 Proteína NS5: É a maior das proteínas não estruturais, com cerca de 100
kDa. Ela apresenta sequências altamente conservadas entre todos os flavivírus. A
análise dessas sequências possibilitou a determinação de dois sítios da proteína,
o primeiro encontrado na região C-terminal que é responsável pela atividade de
RNA polimerase RNA dependente (RpRd, polimerase viral) e um segundo sítio
localizado na região N-terminal com atividade de metiltransferase (LINDENBACH
et al., 2007; BROWN et al., 2016).
1.1.5 CICLO DE REPLICAÇÃO DOS FLAVIVÍRUS
Na infecção natural por flavivírus, mosquitos infectados inoculam partículas
virais no hospedeiro durante o repasto sanguíneo e o vírus inicia seu processo
replicativo no citoplasma da célula (Figura 2). Próximo ao local da picada, ocorre a
interação da glicoproteína E com receptores e co-receptores localizados na
superfície das células suscetíveis. Algumas moléculas presentes na superfície da
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célula como TAM, TIM, manose, DC-SIGN e HSPG podem servir de receptor. A
partícula viral é endocitada em vesículas e o baixo pH do endossoma induz a fusão
do envelope do vírus com a membrana do lisossoma, provocando mudanças
conformacionais na proteína E, e, consequentemente, a liberação do
nucleocapsídeo no citoplasma da célula (CLYDE et al., 2006; SUTHAR et al.,2013;
NEUFELDT et al., 2018).
Após a decapsidação, o RNA viral é imediatamente traduzido pelos
ribossomos em uma única poliproteína, que é processada por protease viral NS2B-
NS3 e proteases celulares para gerar proteínas virais estruturais e não estruturais
(HEINZ & ALLISON, 2003; LINDENBACH et al., 2007).
Figura 2: Representação esquemática do ciclo de replicação dos flavivírus
(Adaptado de Heinz & Stiasny, 2012).
A síntese de RNA viral é catalisada por um complexo de replicação que inclui
a proteína não estrutural NS5 (RpRd), entre outras proteínas não estruturais. RNAs
de polaridade negativa são gerados a partir do RNA viral de polaridade positiva e
servem de molde para síntese de novas cópias de RNA de polaridade positiva, que
são então incorporados às novas partículas virais (FERNANDEZ-GARCIA et al.,
2009; KOSTYUCHENKO et al., 2016).
O RNA é envolto pela proteína C, formando o nucleocapsídeo, que brota em
direção ao lúmen do retículo endoplasmático, onde adquire uma bicamada lipídica
contendo heterodímeros prM/E (MACKENZIE, 2005). Estas partículas imaturas são
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transportadas através das vias secretoras celulares para o complexo de golgi, onde
a proteína E é glicosilada. Posteriormente, ocorre a clivagem da proteína prM,
precursora da proteína M, por protease do hospedeiro com atividade de furina,
resultando no virion, que é liberado para o meio extracelular por exocitose
(PIERSON & DIAMOND, 2012; KOSTYUCHENKO et al., 2016). Pode ocorrer
também clivagem parcial da PrM, gerando, assim, partículas virais imaturas
(PERERA & KUHN, 2008).
1.1.6 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ZIKA VÍRUS (ZIKV)
O ZIKV dissemina-se para órgãos e tecidos, inclusive sistema nervoso cental,
via corrente sanguínea. Ele também pode atravessar a barreira transplacentária e
replicar no embrião ou feto, resultando em abortamento, microcefalia e outras
malformações congênitas (MLAKAR et al., 2016). Existe também uma relação
entre a infecção pelo ZIKV e casos de síndrome de Guillain-Barré e encefalite em
pessoas adultas (OEHLER et al., 2014; KARWOWSKI et al., 2016).
O aumento de número de casos de malformações cerebrais resultantes de
uma falha na neurogênese durante a gestação e a associação a sindrome de
Guillian-Barré correlacionada a infecção pelo ZIKV levou a Organização Mundial de
Saúde (OMS) declarar o ZIKV como uma emergência em saúde pública de
importância mundial (OMS, 2016a).
1.1.6.1 Morfologia e Estrutura
A partícula do ZIKV possui uma estrutura semelhante aos demais vírus da
família Flaviviridae. Apresenta forma esférica, com aproximadamente 40 a 50 nm
de diâmetro. O envelope viral é constituído por uma bicamada lipídica, originária do
retículo endoplasmático da célula hospedeira, onde estão ancoradas as
glicoproteínas E e PrM/M (MLAKAR et al., 2016). Internamente, há um
nucleocapsídeo com formato icosaédrico composto pela proteína estrutural do
capsídeo (C) complexada a uma molécula de RNA viral (SILVA & SOUZA, 2016)
(Figura 3).
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Figura 3: Estrutura do Zika vírus (ZIKV) (Adaptado de ViralZone, 2016).
Assim como em todos os flavivírus, duas formas virais podem ser distinguidas:
a imatura, apresentando a proteína de envelope (E) e a proteína precursora da
proteína M (PrM), e a madura, apresentando a proteína de envelope (E) e a proteína
de Matriz (M) (WANG et al., 2016) (Figura 4).
Figura 4: Esquema representativo das formas imaturas e maduras do Zika vírus
(ZIKV) (Adaptado de Heinz & Stiasny, 2012).
1.1.6.2 Estrutura do Genoma
O ZIKV possui genoma de RNAfs polaridade positiva, não segmentado, de
aproximadamente 11 kb. Ele contém uma única ORF, flanqueada por duas regiões
UTR, que codifica uma poliproteína (com aproximadamente 3300 aminoácidos) que
é processada para três proteínas estruturais (capsídeo [C], pré-membrana [PrM/M]
e Envelope [E]) e sete proteínas não estruturais (NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a,
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NS4b e NS5) (KUNO & CHANG, 2007; PIORKOWSKI et al., 2016; VILLORDO et
al., 2016; ZHU et al., 2016) (Figura 5).
Figura 5: Esquema da organização genômica do ZIKV (Adaptado de Marano et al.,
2016).
1.1.6.3 Variabilidade Genética
O genoma completo do vírus (estirpe protótipo ZIKVMR766 – Macaco Rhesus
766) foi completamente sequenciado pela primeira vez em 2007 a partir de
amostras de cérebro de camundongo infectado (KUNO & CHANG, 2007).
Após o surto no estado de Yap, na Micronésia, Lanciotti e colaboradores
(2008) conduziram o primeiro estudo filogenético do ZIKV. O sequenciamento
completo do gene que codifica a NS5 revelou três linhagens ou subclados
diferentes: linhagem da África Oriental (protótipo Uganda – MR766), linhagem da
África Ocidental (cepas do Senegal) e linhagem asiática (estirpe de Yap ZIKV
2007). A linhagem asiática divergiu de um ancestral comum que se expandiu no
Sudeste da Ásia e Pacífico.
Com base em sequências genômicas completas, Haddow e colaboradores
(2012) descreveram duas linhagens principais do ZIKV: estirpe africana (Uganda,
Senegal e Nigéria) e estirpe asiática (Malásia 1966, Yap 2007 e Camboja, 2010).
Nas Américas estão sequenciados isolados do Brasil, Colômbia, Porto Rico e
Guatemala (CAMPOS et al., 2015; CAMACHO et al., 2016; LANCIOTTI et al.,
2016). Todos apresentaram mais de 99% de identidade nucleotídica com as
estirpes da Polinésia Francesa. Estas cepas podem constituir um grupo do
Hemisfério Ocidental dentro do genótipo asiático (LANCIOTTI & LAMBERT, 2016).
Baseado em dados epidemiológicos e de sequências nucleotídicas, suporta-
se a hipótese de que as cepas epidêmicas de ZIKV emergiram por meio de
mudança genética (mutações pontuais) no vírus da linhagem asiática (MUSSO et
al., 2016).
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1.1.6.4 Vetor e Transmissão
O ZIKV é um arbovírus transmitido, principalmente, por vetor artrópode do
gênero Aedes, e mantido na natureza através da transmissão biológica do vetor ao
hospedeiro vertebrado suscetível (CDC, 2016a) (Figura 6).
O primeiro isolamento do ZIKV a partir de mosquito foi na espécie Aedes
africanus em 1948 (DICK et al., 1952). Isolados subsequentes do vírus nesta
espécie incluíram duas cepas da Floresta Lunyo, Uguanda (WEINBREN et al.,
1958) e 12 cepas da floresta Zika, Uganda (HADDOW et al., 1964). Outros
arbovírus, como YFV, chikungunya (CHIKV), vírus da febre do Vale Rift (RVFV) e
vírus Ntaya (NTAV) também foram isolados a partir de Aedes africanus (HADDOW
et al., 1961). Esses mosquitos preferem fazer repasto em macacos a humanos
(HADDOW & DICK, 1948), mas também se alimentam do sangue de roedores, aves
e répteis (HADDOW et al., 1964).
Na Ásia, o primeiro isolado do ZIKV foi obtido a partir de Aedes aegypti em
1966 (MARCHETTE et al., 1969). Foi o primeiro isolamento do vírus a partir de um
mosquito não Aedes africanus. O ZIKV também foi isolado a partir de um mosquito
macho Aedes furcifer. A distribuição sazonal da taxa de infecção do vírus em
mosquitos dessa espécie no Senegal mostrou dois picos de amplificação em Junho
e entre Setembro e Dezembro (DIALLO et al., 2011).
De acordo com relatos no Pacífico, confirmou-se que o ZIKV pode ser
transmitido por diferentes vetores durante surtos. Nas ilhas Yap, é transmitido por
Aedes hensilii, em Nova Caledônia por Aedes aegypti e na Polinésia Francesa por
Aedes aegypti e/ou Aedes polynesiensise no Gabão por Aedes albopictus (GRARD
et al., 2014). A competência de espécies americanas de Aedes aegypti e Aedes
albopictus para transmitir o ZIKV é pouco conhecida, mas estudos epidemiológicos
e experimentais demonstram que ambas as espécies são bem adaptadas para
transmitir dengue e chikungunya (VEGA-RUA et al., 2014).
O isolamento do vírus em mosquito não é evidência de que ele seja um vetor
desse vírus. Para demonstrar que um mosquito é um vetor, ele deve mostrar sua
capacidade de transmissão (DICK, 1953). O primeiro estudo de competência
vetorial do Aedes Aegypti para transmissão do ZIKV foi realizado em 1956
(BOORMAN & PORTERFIELD, 1956).
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A principal forma de transmissão do ZIKV ocorre através da picada de fêmeas
hematófagas infectadas de mosquito Aedes spp. durante o repasto sanguíneo para
a maturação dos seus ovos (CDC, 2016a) (Figura 6).
Figura 6: Formas de transmissão do Zika vírus (ZIKV) (Adaptado de CDC, 2016a).
O mosquito se infecta ao ingerir sangue de um indivíduo infectado durante o
período de viremia (cerca de 5 dias) e pode transmitir o vírus, através da saliva,
para um indivíduo susceptível depois de um período de incubação de 8 a 12 dias.
Uma vez infectado, o mosquito transmite o vírus pelo resto de sua vida (em média
45 dias). É uma espécie doméstica de hábito diurno e que ovipõe,
preferencialmente, em água parada e limpa, acumulada em recipientes geralmente
fabricados pelo homem, como pneus, vasos de plantas, latas, cisternas, entre
outros (RIGAU-PEREZ et al., 1998).
As fêmeas infectadas também podem transmitir os vírus à próxima geração
de mosquitos por meio da transmissão transovariana, mas isso ocorre com pouca
frequência e, provavelmente, não contribui significativamente com a transmissão
humana (RIGAU-PEREZ et al., 1998).
A transmissão também pode ocorrer a partir de órgãos transplantados ou
transfusão de sangue de doadores infectados. O RNA de ZIKV e partículas viáveis
foram detectados em amostras de sangue de doadores assintomáticos na Polinésia
(MUSSO et al., 2014).
- 11 -
O ZIKV também pode ser transmitido sexualmente. A evidência inicial foi
confirmada a partir de dois pesquisadores norte-americanos que foram para uma
área endêmica no Senegal para coletar amostras de mosquitos. Um deles relatou
hematospermia e sua esposa, que não tinha viajado, apresentou artralgia,
exantema e úlcera oral, semelhante aos sintomas apresentados pelo marido. Pode-
se supor que, durante a fase aguda e virêmica da infecção, o dano ao endotélio
vascular resulte em células sanguíneas e partículas de ZIKV sendo liberados no
sêmen, favorecendo essa via de transmissão (FOY et al., 2011).
Relatos de casos confirmaram infecções por ZIKV em duas mães que
amamentaram seus recém nascidos. Ambas as mães apresentaram sinais clínicos
de erupção cutânea no prazo de poucos dias após o parto e os autores levantaram
a hipótese de que as crianças provavelmente foram infectadas no útero ou no
intraparto, uma vez que os soros dos lactentes eram positivos para ZIKV no prazo
de um dia após o início da amamentação. O autor deste estudo foi contactado e
confirmou que não foram relatadas complicações a longo prazo para nenhum dos
dois lactentes aos dois anos de idade (BESNARD et al., 2014).
Outro estudo sugerindo transmissão vertical do ZIKV ocorreu após a
descoberta de RNA do vírus em amostras de líquido aminiótico de duas gestantes
do estado da Paraíba, Brasil, cujos fetos foram diagnosticados com microcefalia
(CALVET et al., 2016). Este achado sugeriu que o vírus pode atravessar a barreira
placentária, ter tropismo por células neurais fetais, alterar a neurogênese e induzir
danos neurológicos (MLAKAR et al., 2016; CALVET et al., 2016).
Fluidos corporais, como saliva e urina, foram estudados como possíveis
veículos para a transmissão do ZIKV, uma vez que partículas viáveis do vírus foram
isoladas desses espécimes clínicos de dois pacientes na fase aguda no Brasil.
Entretanto, não se pode afirmar que eles possam ser infectantes a ponto de
transmitir o vírus a partir de um paciente infectado, já que a carga viral pode não
ser suficiente para a transmissão (BONALDO et al., 2016).
1.1.6.5 Patogenia e Manifestações Clínicas
O período de incubação do ZIKV varia de 3 a 12 dias (BURKE et al., 2016;
GOEIJENBIER et al., 2016). Ele replica em uma grande variedade de tipos
celulares de mamífero, incluindo neurônios, células astrogliais e células imunes da
pele, como fibroblasto dérmico, queratinócitos epidérmicos e células dendríticas.
- 12 -
Foi descrito que ZIKV adsorve na célula usando fatores de adesão, como DC-SIGN
(Dendritic Cell-Specific Intercellular adhesion molecule-3-Grabbing Non-integrin) e
diversos membros da família de receptores de fosfatidilserina (HAMEL et al., 2015;
TAPPE et al., 2016).
As infecções pelo ZIKV geralmente são assintomáticas, cerca de 80% dos
casos, mas, quando sintomática, apresenta um quadro clínico manifestando-se
principalmente por febre baixa, exantema maculopapular, hiperemia conjuntival e
artralgia. Outros sinais e sintomas como cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, edema
das extremidades e vômitos podem ocorrer (OLSON et al., 1981; DUFFY et al.,
2009; IOOS et al., 2014; BRASIL et al., 2016; CALVET et al., 2016).
Normalmente a infecção por ZIKV é autolimitada. No entanto, o aparecimento
de síndromes neurológicas e autoimunes já foram associadas à infecção (OEHLER
et al., 2014; ECDC, 2016).
1.1.6.5.1 Complicações neurológicas associadas à infecção pelo Zika virus
Síndrome de Guillain-Barré (SGB)
Infecções por arbovírus, como os flavivírus, algumas vezes podem levar a
quadros agudos autoimunes como a SGB e a polirradiculoneuropatia. A SGB
caracteriza-se por paralisia de membros superiores e inferiores, fraqueza muscular
e paralisia, que pode evoluir para doenças respiratórias, dificuldades de
deglutinação e óbito. Os déficits sensório-motores são simétricos e bilaterais
(OEHLER et al., 2014). A SGB é complexa, envolvendo os receptores do tipo Toll,
a produção de citocinas pró-inflamatórias, com atividade mielinotóxica, as
respostas imunes mediadas por células com a ativação de células T citótoxicas,
produção de auto-anticorpos e ativação do complemento (NYATI & PRASAD,
2014).
O primeiro relato da associação entre a infecção pelo ZIKV e a SGB foi na
Polinésia Francesa (OEHLER et al., 2014). Uma mulher teve febre, erupção
cutânea e conjuntivite sete dias antes de evoluir para um quadro de desordem
desmielinizante difusa que a levou à internação e confirmação da síndrome.
Antígenos virais e anticorpos neutralizantes não foram detectados, mas
imunoglobulinas M (IgM) e G (IgG) contra dengue e ZIKV foram detectados (KOGA
et al., 2015).
- 13 -
Um aumento na incidência de síndrome de Guillain-Barré foi observado à
medida que o surto de infecção pelo ZIKV na Polinésia Francesa progrediu, com
uma estimativa de 0,24 casos/1000 infecções. A maioria dos pacientes era do sexo
masculino (74%), com idade entre 36-56 anos e apresentaram sintomas
neurológicos em rápido progresso a partir do sexto dia. Foram detectados IgM e
IgG anti-ZIKV e anticorpos neutralizantes contra ZIKV em 98% e 100% dos
pacientes, respectivamente. Em nenhum dos pacientes com a síndrome houve a
detecção do RNA viral por RT-PCR, enfatizando não só o curto período de viremia
da infecção, mas também a natureza auto-imune da SGB (CAO-LORMEAU et al.,
2016).
Após a confirmação da circulação do ZIKV no Brasil, em 2015, o diagnóstico
de SGB foi confirmado em 42 (55%) de 76 pacientes do Estado da Bahia, com 26
(62%) deles declarando ter tido os sintomas da doença (OMS, 2016b). Segundo a
OMS (2016b), até o final de 2016, o aumento da incidência de SGB ocorreu em 13
países com circulação do ZIKV nas Américas. No Brasil, foram relatados 1708
casos de janeiro a novembro de 2016, com uma alta incidência registrada em
Alagoas (516,7%), Bahia (196,1%), Rio Grande do Norte (108,7%), Piauí (108,3%),
Espírito Santo (78,6%) e Rio de Janeiro (60,9%). Na América Latina, não se pôde
afirmar que as infecções por ZIKV foram responsáveis pela maioria dos casos de
SGB, pois muitos deles não foram confirmados laboratorialmente (LEDERMANN et
al., 2014; CAMPOS et al., 2015; FAUCI & MORENS, 2016).
Nas Américas, um aumento da SGB foi relatado em três países em El
Salvador, onde 54% dos casos investigados em 2015 apresentaram sintomas
compatíveis com a febre Zika anterior a SGB, na Venezuela, onde foi registrado um
aumento de 2 a 3 vezes em relação à média anual nacional, e na Martinica, onde
foi relatado pelo Ministério da Saúde frânces um primeiro caso de SGB
possivelmente associado à infecção por ZIKV (ECDC,2016). Coletivamente, essas
dados epidemiológicos reforçaram a hipótese de uma relação entre ZIKV e SGB.
Além disso, foi demonstrado um caso de mielite transversa em um
adolescente mexicano nove dias após o início dos sintomas da infecção
(MÉCHARLES et al., 2016). O vírus foi detectado na urina, soro e fluidos do cérebro
do paciente em um elevado número de cópias genômicas (CALVET et al., 2016).
Microcefalia e síndromes congênitas
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Após a confirmação dos primeiros casos de ZIKV no nordeste do Brasil em
maio de 2015, houve uma rápida disseminação do vírus para outras regiões do
país, o que foi acompanhado pelo aumento significativo de notificações de recém-
nascidos com microcefalia pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Posteriormente, um número excessivo de casos e registros de aborto
em outros estados do Nordeste (Paraíba e Rio Grande do Norte) foram observados.
Confrontando com este novo cenário e em resposta às crescentes preocupações
sobre a possível associação entre a infecção pelo ZIKV e a microcefalia em recém-
nato, o Ministério da Saúde do Brasil declarou o ZIKV como uma emergência de
saúde pública de preocupação nacional em novembro de 2015 (BRASIL, 2016;
HENNESSEY et al., 2016).
Outros três alertas foram emitidos em 2015: um pela Organização Pan
Americana de Saúde (OPAS) em 17 de Novembro (OPAS, 2015), um pelo Centro
Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) em 24 de novembro (ECDC,
2015) e um novo pela OPAS em 01 de dezembro (OPAS, 2015).
No Brasil, no final de janeiro de 2016, 3.893 casos de microcefalia já haviam
sido relatados desde outubro de 2015 (ProMED-mail, 2015). Os casos relatados
foram provenientes de 21 estados e 724 municípios do país (ECDC, 2016).
Após estudos retrospectivos na Polinésia Francesa, autoridades de saúde
relataram 17 casos de malformações do sistema nervoso central, incluindo
microcefalia em recém-nascidos coincidentes com o período de surto de ZIKV na
região (ECDC, 2015; OPAS, 2016).
A situação epidemiológica favoreceu a hipótese de causa e efeito entre ZIKV
e microcefalia. Além disso, o RNA viral foi detectado no líquido amniótico de duas
gestantes da Paraíba, Brasil, com histórico de doença exantemática e fetos com
microcefalia detectada na ultrassonografia fetal (OLIVEIRA et al., 2016).
A partir desses relatos, estudos adicionais foram conduzidos, possibilitando o
sequenciamento completo do vírus a partir do líquido aminiótico de mulheres
grávidas que revelou que o vírus compartilhava 97-100% de identidade nucleotídica
com a linhagem asiática isolada no surto da Polinésia Francesa. Além disso, a
presença do genoma viral nas pacientes gestantes por algumas semanas após a
fase aguda sugeria que a carga viral intrauterina resultava da replicação persistente
(CALVETet al., 2016). A identificação do genoma do ZIKV em células da placenta
em um aborto na oitava semana, por meio de técnicas de RT-qPCR, reforçou o
- 15 -
potencial da transmissão placentária (OPAS, 2016; DE OLIVEIRA & DA COSTA
VASCONCELOS, 2016). Um estudo realizado por Mlakar e colaboradores (2016)
demonstrou o neurotropismo do ZIKV e sua detecção no tecido cerebral. Um outro
estudo envolvendo dois abortos e dois recém-nascidos microcéfalos com
alterações histopatológicas limitadas ao cérebro no Brasil apresentou resultados
semelhantes, reforçando o neurotropismo do vírus. A presença do vírus no tecido
cerebral foi confirmado por RT-PCR e imunohistoquímica (MARTINES et al., 2016).
A microcefalia não é uma doença propriamente dita, mas sim um alerta de
destruição ou déficit do crescimento cerebral, podendo ser classificada como
primária (de origem genética, cromossômica ou ambiental, incluindo infecções) ou
secundária (quando resultante de evento danoso que atingiu o cérebro em
crescimento no fim da gestação ou no período peri e pós-natal). As sequelas da
microcefalia vão depender da sua etiologia e do tempo gestacional em que ocorreu
a infecção, sendo mais graves as anomalias quando a infecção ocorre no primeiro
trimestre da gravidez (HARRIS, 2015).
Ocorrem alterações cerebrais nos segundo e terceiro trimestres da gestação
(WOODS & PARKER, 2013; BRASIL et al., 2016). A microcefalia congênita pode
levar adiversas alterações, sendo as mais frequentes a deficiência intelectual,
paralisia cerebral, epilepsia, dificuldades de deglutinação e anomalias dos sistemas
visual e auditivo, além de distúrbios do comportamento, como TDAH (ASHWALet
al., 2009).
No exame físico dos recém-nascidos com anomalias celebrais, chama
atenção a microcefalia, geralmente grave, com importante desproporção
craniofacial. Outras dimorfias, como acentuada protuberância óssea occipital,
fontanelas fechadas ao nascer e excesso de pele e/ou dobras de pele no colapso,
além de hérnia umbilical, são frequentemente observadas (EICKMANN et al.,
2016).
- 16 -
Não se pode ignorar a possibilidade de que a microcefalia seja apenas a
primeira evidência relacionada com a infeçção pelo ZIKV e que outras
complicações, graves ou não, possam acometer outros órgãos que não apenas o
cérebro. Complicações oftalmológicas e auditivas em recém-nascidos não
microcéfalos de mães afetadas pelo vírus têm sido relatadas (STAPLES et al.,
2016; VENTURA et al., 2016).
1.1.6.6 Diagnóstico Laboratorial
O diagnóstico laboratorial é de grande importância pois permite a detecção
precoce da doença e do agente infeccioso, permitindo a condução de investigações
epidemiológicas pertinentes, minimizando, desta forma, a sua expansão. Existe
atualmente um esforço científico global para obter uma melhor compreensão do
ZIKV, seus vetores, modo de transmissão e história natural da doença. A chave
para este esforço é ter um diagnóstico preciso da infecção pelo vírus. Entretanto,
os testes disponíveis são limitados por inúmeros fatores (CHUA et al., 2017). Além
dos aspectos clínicos inespecíficos da infecção pelo ZIKV, o diagnóstico laboratorial
é um fator desafiante por conta da baixa viremia e reação cruzada de anticorpos
anti ZIKV com outros flavivírus (LANCIOTTI et al., 2007).
A infecção pelo ZIKV pode provocar sinais e sintomas semelhantes aos
observados em doentes infectados com outros arbovírus, incluindo DENV
(flavivírus relacionado) e o CHIKV (alfavírus relacionado). É importante notar que
um resultado positivo para esses vírus não se opõe a infecção do outro, podendo
ocorrer co-infecção com ZIKV, DENVe CHIKV (ROTH et al., 2014; WAGGONER et
al., 2016a; WAGGONER et al., 2016b).
As características clínicas da infecção por ZIKV, DENV e CHIKV são bastante
parecidas. Apesar disso a intensidade de cada sinal e/ou sintoma pode ajudar a
difenciá-las. Devido à amplitude do diagnóstico diferencial, os dados
epidemiológicos também favorecem o levantamento das hipóteses diagnósticas
(SUMMERS et al., 2015).
Um dos principais diagnósticos diferenciais realizado é para dengue, pela
abrangência no território brasileiro. Os quadros de febre, mialgia e cefaleia
geralmente são mais intensos nas infecções pelo vírus da dengue que nas
infecções por ZIKV, além de as infecções por dengue também estarem associadas
a quadros hemorrágicos. Ao contrário da infecção por ZIKV, a infecção por dengue
- 17 -
tipicamente não está associada à conjuntivite e edema de extremidades. Os
quadros de exantema nas infecções por ZIKV normalmente são mais exacerbados.
Além disso, as infecções por chikungunya normalmente se apresentam com dores
intensas nas articulações (podem ser até incapacitantes), afetando mãos, pés,
joelhos e costas, ao contrário do observado para ZIKV. Hepatomegalia
normalmente só é observada nas infecções por chikungunya (IOOS et al., 2014;
GINIER et al., 2016).
1.1.6.6.1 Isolamento Viral
O isolamento de ZIKV a partir de amostras de soro de macacos e Aedes
africanus foi realizado pela inoculação em cérebro de camundongos (DICK, 1952).
Os métodos de isolamento subsequentes incluíram a inoculação viral em ovos
embrionados e cultura de células (DIGOUTTE et al., 1992).
A inoculação do soro coletado na fase aguda em células de mosquito Aedes
albopictus (C6/36) e Aedes pseudoscutellaris (AP61) é comumente empregada
para isolamento do vírus da dengue (GUZMAN & KOURI, 2002). O isolamento viral
com a linhagem de C6/36 tem sido o método de escolha por sua facilidade de
manutenção e sensibilidade (ALERA et al., 2015; MELO, 2016).
O isolamento pode ser observado pela presença do efeito citopático (ECP).
No entanto, algumas amostras podem produzir discreto ou nenhum ECP, sendo
por isso indicada confirmação da presença do vírus através do teste de
imunofluorescência. No caso de dengue, o teste também é utilizado para identificar
o sorotipo utilizando-se anticorpos monoclonais sorotipo-específicos (DENV1 a 4)
(HENCHAL et al., 1982; GLUBER et al., 1984).
O ZIKV foi isolado por inoculação intratorácica nos mosquitos Toxorhynchites
splendens e posteriormente em células C6/36 com soro do doente (ALERA et al.,
2015). O vírus foi cultivado com sucesso a partir de sangue humano (CAO-
LORMEAU et al., 2014), urina (FONSECA et al., 2014) e sêmen (MUSSO et al.,
2015). Embora não tenha sido isolado do leite materno, foi detectado por RT-PCR
(BESNARD et al., 2014).
1.1.6.6.2 Detecção Molecular
A amplificação do material genético dos flavivírus requer a etapa de
transcrição reversa por possuírem o genoma de RNA (LANCIOTTI et al., 1992).
- 18 -
A Reação em Cadeia pela Polimerase em tempo real (qPCR) renovou o
conceito de amplificação, tornando a técnica muito mais rápida e eficiente que a
PCR convencional. Esta técnica combina a amplificação por PCR com uma sonda
fluorescente e detecção do produto amplificado no mesmo ensaio (ESPY et al.,
2006). O uso da fluorescência permite a detecção dos produtos, conforme eles são
produzidos, ou seja, em tempo real, sem a necessidade da eletroforese (HOLLAND
et al., 1991).
Na detecção molecular de ZIKV podem ser utilizadas duas estratégias: a
detecção de RNA de flavivírus, que requer testes adicionais para a identificação de
qual flavivírus foi amplificado, e a detecção específica de ZIKV (DA SILVA & GAO,
2016).
Os ensaios de PCR precedida por reação de transcrição reversa (RT-PCR)
permitem a detecção de novos flavivírus ou variantes de flavivírus conhecidos. Em
geral, esses protocolos amplificam a região terminal do gene que codifica a proteína
NS5 ou a porção 3` do genoma dos flavivírus por conta dessas regiões serem
altamente conservadas (LANCIOTTI, 2003). Entretanto, por vezes carecem de
sensibilidade. Por exemplo, o RT-PCR de flavivírus não amplificou o RNA de ZIKV
a partir de soro de um paciente doente. Entretanto, o material genético foi detectado
quando utilizando iniciadores específicos para ZIKV (WAEHRE et al., 2014).
O ZIKV foi detectado com sucesso em ensaios de RT-qPCR para flavivírus
utilizando amplificações parciais dos genes que codificam a proteína E (GAUNT &
GOULD, 2005), a proteína NS1 (MEIYU et al., 1997), a proteína NS3 (CHOW et al.,
1993) e a proteína NS5 (FULOP et al., 1993; SCARAMOZZINO et al., 2001).
Após a detecção de RNA de flavivírus, a identificação das espécies requer
testes adicionais. Muitos métodos podem ser utilizados, incluindo RT-PCR com
iniciadores específicos para cada espécie (GAUNT & GOULD, 2005), hibridização
(PIERRE et al., 1994) e sequenciamento (KONO & CHANG, 2007).
Protocolos de RT-PCR utilizando iniciadores e sondas específicos para ZIKV
foram desenvolvidos utilizando como alvo o gene que codifica a proteína do
envelope (FAYE et al., 2008) e o gene que codifica a proteína NS5. A detecção de
ZIKV por RT-PCR não é capaz de detectar a diversidade genética e distribuição
geográfica de todas as estirpes de ZIKV (FAYE et al., 2013).
Como os iniciadores e sondas disponíveis foram criados com base apenas
em algumas sequências do genoma, as novas sequências de ZIKV disponíveis
- 19 -
devem ser rapidamente depositadas no GenBank para assegurar que o protocolo
possa detectar a estirpe circulante. Os Kits comerciais de RT-PCR para ZIKV já
estão disponíveis, mas principalmente para uso em pesquisa (OMS, 2016b; CDC,
2016c).
1.1.6.6.3 Diagnóstico Sorológico
A sorologia para ZIKV é normalmente realizada por ELISA com confirmação
por teste de neutralização por redução de placas (PRNT), de acordo com protocolos
padrão (JOHNSON et al., 2000; MAEDA & MAEDA, 2013). Testes
imunoenzimáticos são utilizados para o diagnóstico de flavivírus devido a
praticidade e sensibilidade. Estes detectam anticorpos da classe IgM e IgG e
antígeno NS1. Atualmente existem três testes sorológicos comerciais em processo
de validação para ZIKV nas agências reguladoras de Administração de Alimentos e
Medicamentos americana (FDA) Diagnósticos In Vitro europeu (IVD) e na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (ANVISA) (OPAS, 2016).
A maior experiência no diagnóstico de infecções pelo ZIKV por sorologia foi a
partir de amostras de soro colhidas durante o surto de ZIKV no Estado de Yap,
Micronésia (LANCIOTTI et al., 2008). Análises sorológicas de pacientes infectados
foram realizadas com ELISA anti-IgG e anti-IgM para ZIKV para diferenciar infecção
primária e secundária. A confirmação foi feita pela técnica de PRNT para ZIKV,
DENV, YFV, WNV, SLEV, vírus da encefalite japonesa (JEV) evírus da encefalite
de Murray Valley (MVEV) (LANCIOTTI et al., 2008). Anticorpos IgM contra ZIKV
reagiram de forma cruzada com outros flavivírus, mas não com alfavírus, tais como
Chikungunya (DUFFY et al., 2009). Em infecções primárias por flavivírus, a
resposta de anticorpos IgM foi específica para ZIKV, mesmo sendo observado um
grau limitado de reação cruzada com outros flavivírus, mas com PRNT altamente
específico (LANCIOTTI et al., 2008).
Critérios sorológicos para confirmar a infecção por ZIKV durante o surto nas
ilhas Yap incluíram um exame positivo anti-IgM para ZIKV (ELISA), título igual ou
maior que 20 por PRNT e proporção igual ou maior que 4 entre ZIKV/DENV também
por PRNT (DUFFY et al., 2009).
Em casos de suspeita de ZIKV em uma população onde outros flavivírus são
endêmicos, o diagnóstico sorológico é difícil de interpretar porque o alto grau de
reações cruzadas nos ensaios IgM e IgG pode levar a resultados falso-positivos.
- 20 -
Durante o surto na Polinésia Francesa, o diagnóstico sorológico de ZIKV não foi
implementado por estar ocorrendo, simultaneamente, um surto de DENV-1 e
DENV-3 e mais de 80% da população adulta teranticorpos para, pelo menos, um
sorotipo deDENV (AUBRY et al., 2015; AUBRY et a., 2017). Se o risco de reações
cruzadas com outros flavivírus é alto na população adulta com provável infecção
anterior por flavivírus, o risco pode ser baixo para os novos imigrantes de áreas
onde ZIKV não é endêmico, turistas e crianças. Theiler & Casals (1958)
demonstraram que a imunização com a vacina da febre amarela não induz
produção de anticorpos contra ZIKV.
1.1.6.7 Prevenção e Controle
Ainda não existe um tratamento específico para as infecções por ZIKV. O
tratamento para sintomáticos é essencial porque as dores, como a artralgia e
cefaleia, constantemente relatadas pelos pacientes, representam um incômodo
bastante presente. É recomendado então que esses sintomas sejam tratados com
o uso de paracetamol. Diante de exantema maculopapular, é orientada a
administração de medicamento anti-histamínico (OMS, 2016a). O uso de ácido
acetilsalicílico não é recomendado devido ao risco de desenvolvimento da síndrome
de Reye (doença rara e grave que causa confusão mental, inchaço no cérebro e
danos ao fígado) em crianças e da possibilidade de ocorrência de complicações
hemorrágicas. Os pacientes devem ser aconselhados a beber bastante água,
principalmente aqueles que estiverem vomitando (BRASIL, 2015; OMS, 2016a).
Não há vacina para ZIKV, embora algumas estajam em fase de
desenvolvimento com a tecnologia da vacina contra a dengue. Portanto, são de
extrema importância ações que promovam o controle do vetor, evitando sua
proliferação. Tais ações são dificultadas por conta das características urbanas e
domiciliares do Aedes aegyptis e da grande importância epidemiológica e ampla
distribuição geográfica principalmente nas regiões tropicas, incluindo o Brasil. O
cuidado deve ser adicional nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde,
período que corresponde ao de maior atividade desse vetor (SUMMERS et al.,
2015). Esses cuidados envolvem o uso constante de repelentes, roupas longas e
claras e uso de mosquiteiros (IOOS et al., 2014).
A redução da densidade do vetor é essencial para diminuir a possibilidade de
transmissão da doença. As ações com esse fim necessitam de adesão tanto das
- 21 -
instâncias governamentais e órgãos competentes, quanto da população em geral.
Em contrapartida, a sociedade também precisa se mobilizar e eliminar os possíveis
focos de Aedes presentes nas suas residências (OMS, 2016a).
Devido a possibilidade de transmissão do vírus por outras formas que não
através dos vetores (mãe para filho, sexual, transfusão de sangue, transplante) é
recomendado também implementar medidas de controle e prevenção que
considerem estas formas de transmissão como o uso de preservativo (OSTER et
al., 2016). A infecção pelo ZIKV passou a ser de notificação compulsória em 2016
devido ao aumento do número de casos e a associação com microcefalia no feto
(OMS, 2016b; CDC, 2016c).
1.1.6.8 Epidemiologia
O ZIKV foi isolado pela primeira vez em 1947, a partir de amostras de sangue
de macaco Rhesus sentinela estudado porum grupo de pesquisadores que
estudava imunidade de febre amarela entre os macacos da Floresta Zika, Uganda
(DICK et al., 1952). O nome da floresta onde ocorreu o primeiro isolamento foi dado
ao vírus.
Os primeiros casos de infecção humana pelo ZIKV foram descritos na África,
na década de 1960 e, em seguida, no sudeste da Ásia. Por aproximadamente meio
século, menos de 20 infecções humanas foram documentadas e a maioria dos
dados resultaram de inquéritos sorológicos do vírus da febre amarela (FAYE et al.,
2014).
Já em animais, o vírus foi isolado a partir de várias espécies de mosquitos
recolhidos durante estudos de arbovírus na África e de síndrome febril na Ásia
(DICK et al., 1952; MARCHETTE et al., 1969; CORNET et al., 1979).
Em 2007, foi registrada a primeira epidemia de febre do Zika, nas ilhas Yap
na Micronésia, quando cerca detrês quartos da população local foi infectada
(DUFFY et al., 2009). Após essa epidemia, infecções por ZIKV permaneceram
limitadas a casos esporádicos ou epidemias de pequena escala. A área de
distribuição e expansão do vírus faz dele causador de doença emergente
confirmadapelas epidemias que atingiram, posteriormente, a Polinésia Francesa
em 2013 e a Nova Caledônia em 2014 (CAO-LORMEAU et al., 2014; DUPONT-
ROUZEYROL et al., 2016).
- 22 -
Essas epidemias foram seguidas por surtos menores nas Ilhas Cook, Ilha de
Páscoa, Ilha Vanuatu, Ilha Salomão, Ilha Samoa,Ilha Fiji (ECDC, 2015) e em Cabo
Verde,África Ocidental (CDC, 2015b) e casos no Brasil (CAMPOS et al., 2015;
ZANLUCA et al., 2015) em 2015.No início de 2016, a circulação autóctone de ZIKV
foi relatada em mais de 20 países nas Américas do Sul, Central e do Norte, e
também no Caribe (HENNESSEY et al., 2016). A disseminação do ZIKV nos
continentes foi associada com a manifestações neurológicas, incluindo a sindrome
de Guillian-Barré em adultos na Polinésia Francesa (OEHLER et al., 2014) e no
Brasil e microcefalia em recém-nascidos no Brasil (SCHULER-FACCINI et al.,
2016a).
A circulação concomitante de ZIKV, DENV e CHIKV foi relatada na Polinésia
Francesa (CAO-LORMEAU et al., 2014) e no Brasil (CAMPOS et al., 2015).
Provavelmente, também ocorre em todas as Américas, Ásia, algumas ilhas do
Pacífico e África, onde DENV e CHIKV são endêmicos. É evidente que ZIKV seguiu
a mesma trajetória do DENV e CHIKV, espalhando-se para todos os países
infestados com Aedes aegypti e Aedes albopictus, mosquitos vetores desses vírus
(MUSSO et al., 2015).
Países como Filipinas e Tailândia têm relatado casos de ZIKV (ALERA et al.,
2015; BUATHONG et al., 2015). Casos importados foram relatados no Japão
(KUTSUNA et al., 2014; SHINOHARA et al., 2016), Austrália (PYKE et al., 2014;
LEUNG et al., 2015), Itália (ZAMMARCHI et al., 2015), Alemanha (TAPPE et al.,
2014), Noruega (WAEHRE et al., 2014), Canadá (FONSECA et al., 2014) e Estados
Unidos (FOY et al., 2011; SUMMERS et al., 2015; MCCARTHY, 2016).
Segundo a Organização PanAmericana da Saúde (OPAS, 2017b), a
transmissão autóctone de ZIKV ocorre em 40 países das Américas, incluindo a
Colômbia (16.419 casos relatados, 798 casos confirmados laboratorialmente),
Guatemala (17 casos suspeitos), México (transmissão local confirmada), Panamá
(três casos), Paraguai (seis casos confirmados laboratorialmente), Venezuela
(quatro caos confirmados laboratorialmente, 15 caso de SGB) e El Salvador (240
casos, 46 casos de SGB e 2 óbitos). Bolívia, Guiana, Equador, Guadalupe,
Guatemala, Porto Rico, Barbados, San Martin e Haiti relataram transmissão
ocasional após a introdução do vírus nesses países (OPAS, 2017b).
- 23 -
1.1.6.9 Zika vírus no Brasil
No Brasil, os primeiros casos suspeitos foram reportados em 2015 nas
cidades de Camaçari na Bahia e em Natal no Rio Grande do Norte. Os pacientes
apresentavam sintomas como erupções pruriginosas maculopapulares, cefaleia,
artralgia associada ou não a edema de extremidade, febre baixa ou ausente, dor
retro-orbitrária, mialgia e manifestações digestivas. A infecção pelo ZIKV foi
confirmada em amostras de soro de pacientes dos dois estados, através da
detecção do RNA do vírus por RT-qPCR (CAMPOS et al., 2015; ZANLUCA et al.,
2015).
Ainda em 2015, foram confirmados laboratorialmente três óbitos por ZIKV no
país: em São Luís, no Maranhão, Benevides, no Pará e Serrinha, no Rio Grande
do Norte. Foram registrados 215.319 casos prováveis de febre pelo ZIKV (taxa de
incidência de 105,3 caso/100 mil habitantes) distribuídos em 2.306 municípios,
tendo sido confirmados 130.701 (60,7%) dos casos. A análise da taxa de incidência
de casos prováveis (por 100 mil habitantes)porregiões geográficas demostrou que
a região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência (222casos/100 mil
habitantes). Destacam-se ainda, 671casos/100 mil habitantes em Mato Grosso,
414,2 casos/100 mil hibitantes no Rio de Janeiro e 340,5 casos/100 mil hibitantes
na Bahia (OPAS, 2017).
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde (2017), o Brasil foi o primeiro
país a relatar óbitos confirmados por ZIKV. Uma das hipóteses levantadas para
explicar esses óbitos seria a mutação da variante circulante no Brasil para uma
mais virulenta. Associando os óbitos e os casos de microcefalia relatados durante
a epidemia no Brasil, alguns estudos relataram que as mutações no gene que
codifica a proteína do envelope viral de outros membros da família Flaviviridae
aumentaram a sua virulência e a sua capacidade de danificar o sistema nervoso
central (SIPS et al., 2012), sendo esssa uma possível explicação para o que
ocorreu no Brasil. Em relação às gestantes, foram registrados 17.000 casos
prováveis, sendo 11.052 confirmados por critério clínico-epidemiológico ou
laboratorial, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
em 2017 (OPAS, 2017).
Em 2018, até a Semana Epidemiológica (31/12/2017 a 20/01/2018), foram
registrados 131 casos prováveis de febre pelo vírus Zika no país, com taxa de
- 24 -
incidência de 0,1 casos/100 mil hab. Destes, 19 (14,5%) foram confirmados. A
análise da taxa de incidência de casos prováveis de Zika (número de casos/100 mil
hab.), segundo regiões geográficas, demonstra que as regiões Centro-Oeste,
Nordeste e Norte apresentam as maiores taxas de incidência: 0,2, casos/100 mil
hab. e 0,1 casos/100 mil hab., respectivamente. Entre os Estados, destacam-se
Goiás (0,4 casos/100 mil hab.), Rio Grande do Norte (0,3 casos/100 mil hab.),
Rondônia (0,2 casos/100 mil hab.) e Acre (0,2 casos/100 mil hab.). Até fevereiro
de 2018 nenhum óbito por vírus Zika foi confirmado (Secretaria de Vigilância em
Saúde, 2018).
Em relação às gestantes, foram registrados 40 casos prováveis, sendo cinco
confirmados por critério clínico-epidemiológico ou laboratorial, segundo dados da
Secretaria de Vigilância em Saúde (2018).
1.2 ANTIVIRAIS
1.2.1 IMPORTÂNCIA DA TERAPÊUTICA ANTIVIRAL
As pesquisas na área da quimioterapia antiviral efetivaram-se no início da
década de 1950, quando a investigação de agentes antineoplásicos levou ao
desenvolvimento de novos compostos capazes de inibir a síntese do DNA viral
(SAFRIN, 2008). Os testes in vitro de sensibilidade aos compostos antivirais
diferem significativamente daqueles aplicados a agentes antibacterianos. Como os
vírus necessitam de células para replicar, os sistemas de sensibilidade empregam
culturas de células.
Em geral, uma redução maior que 50% nos efeitos virais identifica um agente
como ativo contra determinado vírus (PATRICK, 2005). Muitos compostos antivirais
têm atividade in vitro contra diferentesvírus, mas não são eficazes clinicamente. A
distribuição da droga, tempo de infecção e problemas de administração pode limitar
a utilidade de muitos fármacos (WIGG, 2002).
Muitos fármacos são convertidos no organismo em compostos ativos ou
devem estar presentes continuamente para exercer um efeito antiviral. Os vários
testes in vitro de sensibilidade viral não podem reproduzir com exatidão todas as
situações in vivo (SQUIRES, 2001). De acordo com Page e colaboradores (2004),
a eficácia terapêutica de uma droga antiviral pode ser avaliada in vitro. No entanto,
a inexistência de testes padronizados dificulta interpretações rigorosas a respeito
das associações entre concentração das drogas e seus efeitos antivirais.
- 25 -
1.2.2 ANTIVIRAIS PARA ZIKA VÍRUS
Um problema das infecções por vírus emergentes é a falta de medidas
médicas disponíveis, incluindo o tratamento antiviral. Portanto, o desenvolvimento
de compostos antivirais de ação ampla e o rastreio de drogas existentes para o
potencial de reutilização são explorados como formas de acelerar o processo de
tratamento de doenças virais emergentes (MUMTAZ et al., 2016).
Atualmente não há medicamentos antivirais específicos para o tratamento de
ZIKV. A literatura relata a atividade anti ZIKV de alguns medicamentos
comercialmente aprovados como a cloroquina, daptomicina, ciclosporina,
micafungina e sofosbuvir (DELVECCHIO et al., 2016; LI et al., 2017; BARROW et
al., 2016; FERREIRA et al., 2017).
Alguns análogos de nucleósidos como o nucleósidos 2'-C-metilados, 7-deaza-
2'-C-metiladenosina (7DMA), 2'-C-metilcitidina (2CMC), ribavirina, favipiravir, T-
1105 mostraram atividade anti ZIKVin vitro (CAI et al., 2017, KAMIYAMA et al.,
2017). Além disso, o 7DMA também apresentou atividade in vivo contra o Zika
(ZMURKO et al., 2016).
A ribavirina e o favipiravir já estão aprovados para uso como medicamentos
antivirais contra o vírus da hepatite C e o vírus influenza A, respectivamente. Um
estudo recente mostrou a atividade inibitória desses dois fármacos contra as duas
linhagens de ZIKV (asiática e africana) em cultura de células (KIM et al., 2018).
Um grande desafio é como e quando esse tratamento anti ZIKV seria aplicado,
pois o medicamento deve estar ativo em células do sistema nervoso central,
atravessar a barreira hematoencefálica e transplacentária além de ser seguro para
as gestantes, seus fetos e bebês (JURADO et al., 2018).
O perfil de toxicidade de alguns desses medicamentos e inclusive a
teratogenicidade, limita o uso para tratar infecções por ZIKV em gestantes. Além
disso, a monoterapia pode provocar aparecimento de cepas resistentes enfatizando
a necessidade de desenvolvimento de fármacos com diferentes mecanismos de
ação (JURADO et al., 2018).
Diante disso, faz-se necessário a pesquisa com objetivo de sintetizar ou
procurar na natureza novas moléculas com atividade anti ZIKV.
- 26 -
1.2.3 PRODUTOS NATURAIS COM ATIVIDADE ANTIVIRAL
Os produtos naturais são a base de muitos fármacos atualmente disponíveis
no mercado para o tratamento de muitas doenças humanas. Estima-se que cerca
de 50% dos medicamentos comercializados ainda têm sua origem em fontes
naturais. O sucesso é devido, em parte, à rica diversidade química encontrada em
extratos microbianos, de algas e em fontes botânicas (NIELSEN, 2002).
A química de produtos naturais, além de desempenhar um papel fundamental
no estudo da biodiversidade, é uma poderosa ferramenta para agregar valor a um
bioma, pela descoberta de novas moléculas bioativas ou pela aplicação das
substâncias já conhecidas em outras áreas da ciência. Os avanços nas técnicas de
separação e os métodos espectroscópicos modernos de identificação permitem
que os químicos de produtos naturais, em colaboração com botânicos e biólogos,
tracem perfis químicos de extratos brutos vegetais (CASTRO-PEREZ, 2007).
A busca racional por substâncias bioativas de fontes naturais como plantas,
algas, microrganismos, insetos ou animais marinhos é de extrema importância, pois
estes metabólitos podem fornecer protótipos de estrutura molecular complexa, que
dificilmente seriam obtidos por síntese ou pela química combinatória. As plantas
contém uma diversidade de compostos bioativos de várias classes (taninos,
flavonóides, terpenóides, cumarinas, proteínas, peptídeos e catequinas), algumas
delas, como o galato e epigalocatequina, com atividade anti-HIV (FERREIRA et al.,
2010).
O Brasil, com sua costa extensa, diversidade biológica invejável e um grande
número de pesquisadores na área de química de produtos naturais, não pode
abdicar dos estudos sobre o potencial tecnológico dos organismos marinhos.
Atualmente, vários grupos estão investigando substâncias isoladas de bactérias,
algas, fungos e invertebrados marinhos, com visão no seu potencial contra câncer,
trombose, infecções virais, bacterianas, parasitárias, fúngicas, etc. (SINGH &
BODIWALA, 2010).
1.2.3.1 Substâncias com atividades antivirais extraídas de algas marinhas
As algas marinhas são fontes ricas de metabólitos secundários bioativos de
estruturas e atividades diversas (BLUNTet al., 2010). Antes da década de 1950, as
propriedades medicinais das algas marinhas eram restritas aos medicamentos
tradicionais e populares (LINCOLN et al.,1991). A partir de 1980, foi descoberta
- 27 -
uma série desses metabólitos com propriedades farmacológicas, inclusive
antivirais, em bactérias marinhas, invertebrados e algas (GOUVEIA, 2012).
As macroalgas vermelhas encontram-se no filo Rhodophyta, com mais de
6.500 espécies (BURKHOLDER & SHARMA, 1969). Extratos da alga vermelha
Gelidium cartilagenium contêm polissacarídeos que inibem herpesvírus simplex
tipo 1 (HSV-1)(RICHARDS et al.,1978). RODRIGUEZ e colaboradores (2005)
isolaram três frações da alga Callophyllis variegata com atividade antiviral contra
HSV-1, HSV-2 e DENV-2. Todos os extratos e frações mostraram baixa
citotoxicidade para células de rim macaco verde africano (Vero), sugerindo que
extratos e frações contém compostos que são promissores agentes antivirais.As
algas pardas pertencem ao filo Phaeophytae são representantes macroscópicas da
grande e diversificada divisão das Ochrophyta.
As algas pardas são representantes conspícuos, tanto dos mares
temperados, onde se encontram as macroalgas gigantes, quanto dos mares
tropicais, caracterizados pela presença de grandes bancos formados por espécies
das ordens Fucales e Dictyotales (GRAHAM & WILCOX, 2008). As fucanas ou
fucoidanas, polissacarídeos sulfatados dessas algas, são também inibidores da TR
(transcriptase reversa) do HIV (QUEIROZ et al.,2008). O polissacarídeo da
Adenocystis utricularis foi capaz de exibir atividade do HSV-1 e 2 (PONCE et al.,
2003).
As substâncias terpenoídicas estão presentes tanto em algas vermelhas
quanto em pardas, com a diferença de que, nas primeiras, estas substâncias
apresentam-se normalmente halogenadas. As espécies do gênero Dictyota
representam uma fonte importante de diterpenos (NINOMYA et al.,1995; VALLIMet
al., 2005). Da Dictyota pfaffii foram isolados e testados dois diterpenos do tipo
dolabellano (grupo IIa) que, ao lado de um derivado reduzido, exibiram forte
atividade anti HSV-1 in vitro, mas pequena inibição sobre a transcriptase reversa
do HIV-1 (BARBOSA et al., 2004). No entanto, o produto de transformação 8,10,18-
tri-hidróxi-2,6-dalabelladieno foi mais efetivo contra o HIV-1 (CIRNE-SANTOS et al.,
2008). Os diterpenos inibiram a replicação deste vírus em células mononucleares
sanguíneas periféricas primárias humanas e em macrófagos, agindo como
inibidores da síntese/integração do DNA pró-viral, além de potencializar a atividade
antirretroviral do sulfato de azatanavir (BARBOSA et al., 2004; CIRNE-SANTOS et
al., 2006; 2008).
- 28 -
As algas verdes pertencem ao filo Chlorophytae são compostas por cerca de
8.000 espécies macro e microscópicas, marinhas e dulcícolas (VAN DER HOEK et
al.,1995). A espécie Caulerpa racemosa pode colonizar rapidamente novos
ambientes, formando coberturas monoespecíficas, sendo, portanto, considerada
invasora (DUMAY et al., 2002).
Há poucos estudos brasileiros sobre o isolamento e a elucidação estrutural de
produtos naturais de algas verdes bentônicas marinhas, com exceção de alguns
estudos com a caulerpina (WANGet al., 2007). A caulerpina é um dímero do ácido
3-indol-acrílico isolado de mais de 12 espécies de Caulerpa, de Codium
decorticatum, Halimeda incrassatae, das algas vermelhas Laurencia majuscula,
Hypnea musciformis, Caloglossa leprieuri e Chondria armata (GÜVEN et al., 2010).
Pinto e colaboradores (2012) relataram a atividade antiviral da caulerpina contra o
Vírus da Diarréia Viral Bovino (BVDV).
De outros gêneros de algas verde como a Bryopsis, do Havaí, isolou-se o
composto Kahalalide que possui atividade antiviral contra HSV-2 (HAMANN
&SCHEUER, 1993), a espécie Ulva fasciata, coletada na Índia, foi isolado o eritro-
sphinga-4,8-dien-N-palmitate, que apresentou atividade antiviral contra HSV- 1 e
HIV (SHARMAet al., 1996).
O gênero Enteromorpha possui potencial para alimentação, sendo encontrado
abundantemente na costa brasileira. A constatação da atividade antioxidante
poderia elevar potencialmente seu valor como alimento humano e expandir seu
mercado consumidor (RAYMUNDO et al., 2004).
No gênero Prasiola, a espécie Prasiola crispa apresentou excelente atividade
anti herpesvirus de equino tipo 1 (MARINHO et al., 2016).
1.2.3.2 Substâncias com atividades antivirais extraídas plantas
A utilização de plantas como fonte de substâncias antivirais é uma das
alternativas para o controle e tratamento de infecções virais. A seleção de espécies
vegetais a partir de dados etnofarmacológicos para estes estudos fornece
percentual maior de descoberta de novos compostos bioativos (DI STASI, 1996;
YUNES & CALIXTO, 2001; MACIEL et al., 2002). Entretanto, a disponibilidade do
material vegetal pode dificultar as pesquisas com produtos naturais, principalmente
daquelas espécies que podem estar em risco de extinção, em consequência do
extrativismo, desmatamento e da degradação ambiental (SIMÕES et al., 2004).
- 29 -
Além disso, para a identificação do princípio ativo é necessária grande quantidade
de matéria prima, a fim de realizar o fracionamento e determinação dos compostos
químicos (YUNES & CALIXTO, 2001).
Deste modo, a utilização de plantas medicinais cultivadas pode minimizar este
problema. As principais vantagens de se estudar plantas medicinais cultivadas são
os produtos de alta qualidade, produção em alta escala fornecendo grande
quantidade de matéria prima, baixo custo e preservação do meio ambiente.
Também se obtém a homogeneidade dos compostos químicos, já que a forma de
cultivo e a adaptação da planta a determinadas condições de clima, solo, altitude e
fertilidade podem influenciar a composição das substâncias nas plantas (DI STASI,
1996; SARTÓRIO et al., 2000).
1.2.3.2.1 Atividade biológica da Bixa orellana L - Urucum
A Bixa orellana L. é uma planta pertencete a família Bixaceae, gênero Bixa.
No Brasil a Bixa orellana L. é popularmente conhecida como urucum, um arbusto
nativo do Brasil mais especificamente da região amazônica. A Bixa orellana L. pode
ser encontrada em outros países da América do Sul e em outras regiões tropicais
do mundo com denominação annatto. Do pericarpio da semente da Bixa orellana
L. extrai-se o urucum, cujo interesse está relacionado com as suas propriedades
biológicas e aplicação nas indústrias de medicamentos, cosméticos, têxteis e de
alimentos (FRANCO, 2008).
A palavra urucum tem origem do tupi-Guarani “uru-ku” e significa vermelho. É
denominado, cientificamente, como Bixa orellana L. em homenagem a Francisco
de Orellana o primeiro explorador espanhol que navegou o rio Amazonas
(CARVALHO & HEIN, 1989).
A ampla distribuição geográfica dessa planta fez com que ela se tornasse
conhecida por muitos nomes. No Brasil Bixa orellana L. é conhecida como urucum,
urucu, urucu-uva, urucu-bravo, açofroa e bixa. Na América espanhola como
achiote, onotto, roekoe, bija, uruca. Na Espanha tem o nome de bija, na França de
rocouyer, na Alemanha de orlenasbaum, na Itália, Inglaterra e Estados Unidos de
annatto e na índia como kolssewil (CORREA, 1975; MARTORELL, 1975; SANTOS,
1958).
- 30 -
A primeira referência ao urucum foi atribuída à carta de Pero Vaz de Caminha
ao Rei D. Manuel informando a descoberta do Brasil dizia um trecho da carta:
“E segundo diziam esses que lá tinham ido, brincaram com eles.
Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por
andarmos quase todos misturados: uns andavam quartejados
daquelas tinturas, outros de metades, outros de tanta feição como
em pano de ras, e todos com os beiços furados, muitos com os
ossos neles, e bastantes sem ossos. Alguns traziam uns ouriços
verdes, de árvores, que, na cor, queriam parecer de castanheiras,
embora mais pequenos. E eram cheios duns grãos vermelhos
pequenos, que, esmagando-os entre os dedos, faziam tintura muito
vermelha, de que eles andavam tintos. E quanto mais se
molhavam, tanto mais vermelhos ficavam”.
Nos escritos da História das antigas civilizações das Américas Central e do
Sul relatam que os astecas usavam os pigmentos de urucum para dar consistência
e aparência de sangue a uma bebida preparada a partir do cacau. Essa bebida era
utilizada em seus rituais simulando sangue humano. Os nativos da América do Sul
usavam óleos, ceras e gorduras extraídas de plantas ou animais para a preparação
dos corantes de urucum (ALMEIDA, 1931). Segundo Patino (1967) o urucum era
utilizado por essas civilizações como inseticida.
Para consumo o urucum passou a ser feito com a semente moída com
adenominação de colorau, em referência a uma especiaria portuguesa de
coloração similar feita com pimentão vermelho moído. Com o aumento do consumo
desse corante e a escassez das sementes de urucum a alternativa encontrada na
época foi a adição de milho às sementes de urucum (FREIRE, 1936). No século
XVIII os ingleses descobriram que o urucum é um corante muito útil na fabricação
de queijos. O urucum foi o primeiro corante vegetal a ser comercializado em larga
escala para a Europa (PATINO, 1967).
O Brasil é o maior produtor mundial de sementes e corantes de urucum, com
uma produção estimada anual de aproximadamente de 13.000 Toneladas.São
Paulo é o maior produtor brasileiro, seguido de Rondônia, Pará e Paraná. As
principais empresas processadoras de urucum estão instaladas principalmente ao
redor da Grande São Paulo e na região metropolitana de Campinas. O principal
produto derivado das sementes de urucum ainda é o colorau mas seus pigmentos
- 31 -
são encontrados em muitos produtos como massas, salsichas, queijos prata,
sorvetes, iogurtes, temperos, etc (SNA, 2015).
As bases químicas dos pigmentos do urucum são estudadas. A bixina, o
principal pigmento das sementes de urucum, foi primeiramente isolada
por Boussingault (1825). A elucidação de sua fórmula molecular foi apresentada
por Heiduschka & Panzer (1917) e Herzig & Faltis (1923) onde descreveram a
bixina como um éster monometílico de um ácido dicarboxílico insaturado.
Outros componentes de diversas partes do urucum têm sido isolados
(derivados isoprenóides, carotenóides, hidrocarbonetos aromáticos e flavonoides)
e testados para a verificação de sua atividade biológica. (DA COSTA&CHAVES,
2005; SANTOS, 2009). Muitos isoprenóides já foram identificados na semente de
urucu(geranilgeraniol, farnecilacetona, formiato de geranilgeranila, tocotrienol). O
geranilgeraniol, o constituinte predominante é encontrado na parte externa da
semente e óleo essencial do urucumem teores próximos a 2% (NARVAEZ et al.,
2001, DA COSTA & CHAVES, 2005; STRINGHETA & SILVA, 2008).
De acordo com Jondiko & Pattenden (1989) e Silva & colaboradores (2010) o
geranilgeraniol é um álcool diterpeno de cadeia linear utilizado nas biossínteses de
da vitamina K, tocoferóis, tocotrienóis, diversos hormônios e carotenóides. Na
medicina, o geranilgeraniol é utilizado na profilaxia e no tratamento de diversos
tipos de câncer, na inibição do crescimento de Staphylococcus aureus (INOUE et
al., 2005), no combate ao Tripanossoma cruzi (MENNA-BARRETO, et al., 2009) e
como inibidor da Micobacteria tuberculosis (VIK et al., 2007), entretanto até o
momento não há relatos sobre sua atividade antiviral.
Diante do cenário apresentado, torna-se essencial a pesquisa de novos
protótipos promissores que tenham efeitos tóxicos em células de Aedes (C6/36)
e/ou que interfiram na produção do Zika vírus bloqueando seu ciclo de replicação.
- 32 -
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a citotoxicidade e a atividade anti ZIKV da caulerpina e do diterpeno
10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene (obtidos de algas marinhas) e do
geranilgeraniol (obtido da semente de urucum).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Determinar o título da amostra padrão ZIKV MR766 por Reed Müench,
Ensaio de placa de lise e One-Step RT-qPCR.
2. Avaliar a citotoxicidade (CC50) das substâncias caulerpina, diterpeno 10,18-
diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene e geranilgeraniol em células Vero,
HEK 293 e C6/36.
3. Estabelecer protocolo de One-Step RT-qPCR para avaliação da atividade
antiviral dessas três substâncias.
4. Avaliar a atividade anti ZIKV (EC50), em células Vero, das três substâncias
por Reed Müench e One-Step RT-qPCR.
5. Determinar se as três substâncias tem potencial promissor para serem
utilizadas como antiviral para o ZIKV.
- 33 -
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 LINHAGENS CELULARES
Células de rim de macaco verde africano (Vero-ATCC®CCL-81™) e células de
rim de embrião humano (HEK 293 - ATCC®CRL-1573™) foram cultivadas em
garrafas de 75 cm2 (SPL Life Sciences) contendo meio mínimo essencial de Eagle’s
modificado por Dulbecco (D-MEM) suplementado com 5% de soro fetal bovino
(Gibco BRL, Life Technologies), penicilina/estreptomicina (2,5 μg/L), gentamicina
(50 µg/mL), L-Glumanina 2%, fungizona (2,5 μg/L) e bicarbonato de sódio 7,5% e
mantidas em estufa com 5% de CO2 a 37 ºC.
Células de Aedes Albopictus C6/36 (ATCC® CRL-1660™) foram cultivadas e
em garrafas de 75 cm2 (SPL Life Sciences) contendo meio Leibovitz (L-15, Gibco
BRL, Life Technologies) suplementado com 5% de soro fetal bovino (Gibco BRL,
Life Technologies), penicilina/estreptomicina (2,5 μg/L), gentamicina (50 µg/mL), L-
Glumanina 2%, fungizona (2,5 μg/L) e bicarbonato de sódio 7,5% e mantidas em
estufa com 5% de CO2 a 28 ºC.
3.2 PRODUÇÃO DA MASSA VIRAL DA AMOSTRA ZIKV MR766
O ZIKV MR766 é uma estirpe africana que foi inicialmente isolado de macaco
Rhresus na Uganda, África. Essa cepa teve seu genoma completamente
sequenciado pela primeira vez em 2007 a partir de amostras de cérebro de
camundongo infectado.
A amostra ZIKV MR766 utilizada nesse trabalho foi gentilmente cedida pelo
Dr. Davis Fernandes Ferreira do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Dra. Izabel Paixão do Laboratório
de Virologia Molecular e Biotecnologia Marinha do Instituto de Biologia da UFF.
Para produção do estoque viral, uma suspensão contendo 1 MOI do ZIKV
MR766 foi inoculada em garrafa de 75 cm2 contendo células Vero (1x10⁴
células/mL) com 24 h de crescimento e 80% de confluência. Após 3 h de adsorção
a 37 ºC, o inóculo foi descartado e as células foram lavadas duas vezes com meio
D-MEM sem soro fetal bovino. Em seguida, foram adicionados 10 mL de meio de
manutenção (D-MEM contendo 2% de soro fetal bovino) e as células foram
reincubadas por 96 h a 37 ºC em atmosfera de 5% de CO2, com observação diária
do efeito citopático. Após esse período, as células foram congeladas e
- 34 -
descongeladas três vezes. As suspensões foram clarificadas a 10.000 x g por 15
minutos para remoção dos debris celulares, aliquotadas, estocadas a -70 ºC e
posteriormente tituladas .
3.3 DETERMINAÇÃO DO TÍTULO DO ESTOQUE DE ZIKV MR766
O título do estoque da amostra viral foi determinado pelo método de Reed
Müench, Ensaio de Placa de Lise e pela quantificação do genoma viral pelo método
quantitativo One-Step RT-qPCR.
3.3.1 TITULAÇÃO DO ESTOQUE DE ZIKV MR766 PELO MÉTODO DE REED
MÜECHEN
A amostra foi titulada, segundo o método das diluições limites, com cálculo do
ponto de 50% de infecção, de acordo com a metodologia clássica de Reed Müench
(LENETTE, 1964). O título infeccioso foi determinado pelo valor recíproco da
diluição do vírus com capacidade de infectar 50% das células inoculadas (Apêndice
9.1).
3.3.2 TITULAÇÃO DO ESTOQUE DE ZIKV MR766 PELO MÉTODO DE ENSAIO
DE PLACA DE LISE
A amostra também foi titulada pelo método do ensaio de placas de lise,
seguindo protocolo previamente descrito por Pinto e colaboradores (2014) com
modificações. Células vero cultivadas em placas de 24 poços (1x104 células/mL)
foram infectadas com 200 µL de diluições seriadas (10-1-10-10) do ZIKV MR766.
Após período de adsorção (3 h a 37 ºC em atmosfera de 5% de CO2), o inóculo foi
removido para adição do meio de cobertura (metilcelulose 1,5% em D-MEM
contendo 2% de soro fetal bovino certificado da Invitrogen). Após reincubação de
96 h pós infecção (p.i.), as monocamadas foram fixadas e coradas com solução de
cristal violeta (CV) a 0,2% em formaldeído 10% e o título da amostra determinado,
como Unidade Formadora de Placa (P.F.U) de acordo com a fórmula:
P. F. U / mL = Total de placas de lise contadas x Recíproca da diluição
Volume do inóculo (µL) x 5
- 35 -
Onde,
Recíproca da diluição é o inverso da maior diluição em que se observou formação
de placas.
O volume foi multiplicado por 5 para corrigir o volume de amostra MR766 inoculado
de 200 µL para 1 mL.
3.3.3 TITULAÇÃO DO ESTOQUE DE ZIKV MR766 PELO MÉTODO ONE-STEP
RT-qPCR
Para a quantificação do estoque viral e posteriores análises, foi estabelecido
um protocolo de One-Step RT-qPCR utilizando curva padrão sintética desenhada
para esse estudo.
3.3.3.1 Extração do genoma viral
O RNA total do ZIKV foi extraído de 200 L do sobrenadante do estoque (item
3.2) utilizando-se o Kit PureLink™ Spin Column-Based Kit (Invitrogen® Life
Technologies, EUA), conforme recomendações do fabricante. Os RNAs extraídos
foram eluídos em Tris 10 mM contendo EDTA 1 mM (TE), aliquotados,
armazenados a -70 ºC e quantificados pela técnica de One-Step RT-qPCR
utilizando sistema de sonda de hidrólise TaqMan®.
3.3.3.2 Detecção e quantificação de genoma do ZIKV MR766 pela técnica de
One-Step RT-qPCR
Os iniciadores e a sonda utilizados para o estabelecimentoda técnica One-
Step RT-qPCR foram direcionados para a região do gene que codifica para a
proteína de envelope PrM do ZIKV, conforme previamente descrito por Lanciotti e
colaboradores (2008) (Quadro 1).
Quadro 1: Iniciadores e sonda utilizados no One-Step RT-qPCR para quantificação e
amplificação parcial do gene que codifica a proteína de envelope PrM do ZIKV.
Iniciadores Sequência (5´3´) Posição no
Genoma Referência
Sonda FAM-
AGCCTACCTTGACAAGCAGTCAGACACTCAA-ZENTM-lowaBlack®FQ
1107 – 1137 LANCIOTTI et
al., 2008
Primer Forward ZIKV 1086
CCGCTGCCCAACACAAG 1086 – 1102
Primer Reverse ZIKV 1162c
CCACTAACGTTCTTTTGCAGACAT 1162 – 1139
- 36 -
A curva sintética padrão utilizada nesse estudo foi desenhada pela Prof. Dra.
Ana Maria Viana Pinto (Universidade Federal Fluminense - UFF) e pelo Dr. Tulio
Machado Fumian (Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental, Instituto
Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz – LVCA/IOC/FIOCRUZ). Como modelo, foi
utilizada a sequência do gene que codifica para a proteína de envelope PrM do Zika
vírus variante ZIKASPH2015, submetida em 21 de dezembro de 2015 com acesso
disponível no Genbank (KU321639). A região escolhida para desenho da curva
padrão localiza-se entre a posição 1168 e 1294 do genoma do ZIKV (Figura 7).
5’ATATCAGACATGGCTTCGGACAGCCGCTGCCCAACACAAGGTGAAGCCTACCTT
GACAAGCAATCAGACACTCAAATGTCTGCAAAAGAACGTTAGTGGACAGAGGCTG
GGGAAATGGATGTGGA-3’
Figura 7: Sequência da curva sintética padrão utilizada no protocolo de One-Step
RT-qPCR. Ela compreende os nucleotídeos 1168 a1294 do gene que codifica para
a proteína PrM do Zika vírus. Em amarelo, rosa e verde estão sinalizadas as
sequências dos iniciadores Foward, Reverse e sonda, respectivamente.
Cinco microgramas do DNA liofilizado (curva sintética) foram diluídos em 200
µL de tampão TE pH 8,0. O número de cópias genômicas por µL (CG/µL) foi
calculado a partir da concentração de DNA medida em Nanodrop 2000®(Thermo
Scientific, EUA) e conforme cálculos no programa disponível em:
http://cels.uri.edu/gsc/cndna.html.
Número de cópias-alvo = concentração em g/μL x número de Avogadro
(moléculas/μL) Nº de pares de bases x PM médio de um par de bases
Onde,
número de Avogadro = 6.0221409e+23; N º de pares de bases = 126; PM médio
de um par de bases = 660
A partir da concentração de DNA obtido, foram realizadas diluições seriadas
da curva na base 10 (de 10-1 a 10-7). Essas diluições foram aliquotadas para uso
único em cada experimento e armazenadas a -70 oC. Os parâmetros de qualidade
da curva padrão (R2, Slope e eficiência) foram determinados. As reações de qPCR
foram realizadas como kit GoTaq® Probe 1-Step RT-qPCR System (Promega,
EUA), conforme recomendações do fabricante (Quadro 2).
- 37 -
Quadro 2: Composição da mistura de reagentes para detecção e quantificação do gene
que codifica a proteína de envelope PrM do ZIKV por One-Step RT-qPCR.
Reagentes
Volume da Reação (1x)
Amostras Curva
sintética
Controle
negativo
Água DNAse/RNAse livre 1,6 µL 1,6 µL 1,6 µL
GoTaq®Probe qPCR Master Mix (2X) 10 µL 10 µL 10 µL
GoScript ™ RT Mix para 1-Step RT-qPCR 0,4 µL 0,4 µL 0,4 µL
Primer Forward (20 µM) 1,0 µL 1,0 µL 1,0 µL
PrimerReverse (20 µM) 1,0 µL 1,0 µL 1,0 µL
Sonda (200 µM) 1,0 µL 1,0 µL 1,0 µL
Amostra 5,0 µL - -
Curva Padrão - 5,0 µL -
Controle negativo - - 5,0 µL
Volume Final 20 µL 20 µL 20 µL
O material genético foi amplificado emtermociclador ABI Prism 7500 SDS
(Applied Biosystems, EUA) com programação das condições de amplificação
sugeridas pelo fabricante do kit GoTaq® 1-Step RT-qPCR System (Quadro 3).
Quadro 3: Condições de amplificação utilizadas na detecção e quantificação do ZIKV pela
técnica de One-Step RT-qPCR.
Todos os experimentos incluíram curva padrão, controles positivos
(ZIKVMR766) e negativos (água) e No Template Controls (NTC). Todas as
amostras foram testadas em duplicata.
Etapas de reação Número de
ciclos Temperatura Tempo
Transcrição Reversa 1 45 ºC 15 minutos
Inativação da trascriptase
reversa e Ativação GoTaq®
polimerase
1 95 ºC 2 minutos
Desnaturação 1 95 ºC 15
segundos
Hibridização e Extensão 40 60 ºC 1 minuto
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3.5 MOLÉCULAS NATURAIS ISOLADAS DE ALGAS MARINHAS E DA
SEMENTE DE URUCUM
As moléculas utilizadas nesse estudo foram obtidas da alga verde Caulerpa
racemosa (caulerpina), da alga parda Dictyota pfaffii (diterpeno 10,18-diacetoxy-8-
hydroxy-2,6-dolabelladiene) e da semente de urucum (geranilgeraniol).
O isolamento, purificação e elucidação estrutural da caulerpina (CAV) e do
diterpeno 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene (DIP) (Figura 8) foram
realizados pelo grupo da Prof. Dra. Valéria L. Teixeira do Laboratório de Produtos
Naturais de Algas Marinhas (Algamar) do Instituto de Biologia da UFF de acordo
com o método estabelecido por Ferreira (2009) e Cavalcanti e colaboradores (2006,
2011).
CAV DIP
Figura 8: Estrutura da caulerpina (CAV) isolada da alga verde Caulerpa racemosa
e do diterpeno 10,18-diacetoxy-8-hydroxy-2,6-dolabelladiene (DIP) isolado da alga
parda Dictyota pfaffii.
O isolamento, purificação e elucidação estrutural do geranilgeraniol (GE) foi
realizado pelo grupo da Prof. Dra. Diana Negrão Cavalcanti do Laboratório de
Produtos Naturais de Algas Marinhas (Algamar) do Instituto de Biologia da
Universidade Federal Fluminense.
Sementes secas (87,39 g) de Bixa orellana L. foram extraídas exaustivamente
em hexano (100 mL) à temperatura ambiente. A evaporação do solvente sob
pressão reduzida produziu um resuo de cor laranja (4% em peso seco das
sementes). O extrato bruto (1,0 g) foi fracionado em sílica gel 60 para cromatografia
em coluna (70-230 mesh ASTM) e então eluído com 100% n-hexano: EtOAc a 5: 5
[vol / vol], em etapas de 10% e 200 mL, dos quais 69 frações foram obtidas. O
fracionamento foi monitorado por cromatografia em camada delgada (sílica gel de
- 39 -
TLC 60 F254) e analisado por ressonância magnética nuclear 1H e 13C (RMN). A
fração bioativa (F23-25; 165,0 mg) foi recromatografada sucessivamente em sílica.
Coluna gel 60 (230-400 mesh-ASTM) usando n-hexano: EtOAc (8: 2 [vol / vol]). As
frações da coluna foram analisadas e as frações com padrões de traçado
semelhantes no TLC (sílica gel 60 F254) foram reunidas para originar composto 1
(130,0 mg). A estrutura do geranilgeraniol (Figura 9) foi então determinada por
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H e 13C e comparado com a literatura
(JONDIKO & PATTENDEN, 1989).
GE
Figura 9: Estrutura do geranilgeraniol (GE) isolado da semente de urucum.
3.6 AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE DAS SUBSTÂNCIAS (CC50)
A citotoxicidade das três moléculas estudadas foi avaliada por três
metodologias: sal tetrazólico 3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium
bromide (MTT) (MOSMANN, 1983), vermelho neutro (VN) (FAUTZ et al., 1991) e
cristal violeta (CV) (SAOTOME et al., 1889). As substâncias foram testadas nas
concentrações 3,125, 6,25, 12,5, 25, 50 e 100 µM.
Duzentos microlitros de cada concentração foram adicionados em triplicata ao
cultivo de células Vero, HEK 293 ou C6/36 (1x104 células/mL) em placas de 96
poços com 24 h de crescimento. Seis cavidades contendo cultivo de células sem
tratamento foram utilizadas como controle de células (100% de viabilidade ou 0%
de citotoxicidade). As placas foram incubadas a temperatura de 37 ºC (Vero e HEK
293) e 28 ºC (C6/36) em ambiente de 5% CO2 por 96 h. Após este período, as
placas foram divididas em três grupos para determinar a concentração das
moléculas capaz de matar 50% das células (CC50).
- 40 -
Método 1: Avaliação da interferência das substâncias na respiração
celular por sal tetrazólico (MTT) – Para determinar o efeito tóxico das substâncias
na mitocôndria, 100 µL da solução de 1mg/mL de MTT foram adicionados em todas
as cavidades das placas contendo células tratadas e não tratadas com as
moléculas. As placas foram reincubadas por 3 h à temperatura de 37 ºC ou 28 ºC
em ambiente de 5% CO2. Após este período, o MTT foi descartado e adicionou-se
100 µL de DMSO PA. Após homogeneização e 15 min a temperatura ambiente, a
leitura da densidade ótica foi realizada pela leitora de ELISA DR-200 Bs/ Microplate
Reader (Kazuaki, Hangzhou city, China) utilizando filtro de 540 nm. O valor do CC50
foi calculado por regressão linear.
Método 2: Avaliação da integridade de membrana lisossômica pela
retenção do vermelho neutro (VN) – Para determinar o efeito tóxico das
substâncias no lisossomo, os sobrenadantes das placas contendo células tratadas
e não tratadas com as substâncias foram descartados para adição de 100 μL de
VN 0,01%, em todas as cavidades. Em seguida, as placas foram reincubadas a 37
ºC ou 28 ºC por 3 h em ambiente de 5% CO2 para penetração do corante nas células
vivas. O corante foi descartado e as células fixadas com 100 μL de solução de
formaldeído a 4% em PBS por 15 minutos, seguido da eluição do corantedas
células com 100 μL de solução de ácido acético 1% em metanol 50%. A leitura da
densidade ótica foi realizada pela leitora de ELISA DR-200 Bs / Microplate Reader
(Kazuak, Hangzhou city, China) utilizando filtro de 540 nm. O cálculo do valor da
CC50 foi determinado por regressão linear.
Método 3: Avaliação da integridade de DNA celular por cristal violeta
(CV) – Para determinar se as moléculas interferem na integridade do DNA celular,
foi utilizado o cristal violeta 0,5% em ácido acético a 30%. Para este teste, 100 μL
de CV foram adicionados em todas as cavidades das placas contendo células
tratadas e não tratadas com as substâncias. As placas foram mantidas em
temperatura ambiente por 15 minutos. Após esse período, o sobrenadante foi
descartado e as placas foram lavadas em água corrente. Após secagem em estufa,
o corante foi eluído com 100 μL de metanol PA homogeneizando suavemente com
movimentos rotatórios. A leitura da densidade ótica foi realizada em leitora de
ELISA DR-200 Bs / Microplate Reader (Kazuaki, Hangzhou city, China) utilizando
filtro de 540 nm. O cálculo do valor do CC50 foi determinado por regressão linear.
- 41 -
3.7 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL POR REDUÇÃO DA
PRODUÇÃO DE VIRION PELA TÉCNICA DE REED MÜECHEN
O ensaio de determinação de atividade antiviral seguiu o protocolo descrito
previamente por Pinto e colaboradores (2014) com modificações.
Células Vero (1x104 células/mL) crescidas em placas de 24 poços foram
inoculadas com a amostra ZIKV MR766 (1x105 P.F.U) e incubadas por 3 h para
adsorção do vírus. Após este período, o inóculo foi removido para adição de
concentrações diferentes das substâncias (3,125, 6,25, 12,5, 25, 50 e 100 μM para
CAV e DIP e 1,5625, 3,25, 6,25, 12,5, 25 e 50 μM para GE). Como controles, foram
utilizadas células não infectadas (controle negativo) e infectadas não tratadas
(controle positivo).
As placas foram reincubadas a temperatura de 37 ºC em ambiente com 5%
de CO2. Após 96 h, as células foram rompidas e passaram por três ciclos de
congelamentos e descongelamentos. Os debris celulares foram removidos e as
suspensões virais congeladas a -70 ºC para posterior avaliação da inibição da
produção de vírion por titulação pelo método de Reed Müechen (Apêndice 9.1) e
avaliação da inibição da produção de genoma viral por One-Step RT-qPCR (item
3.8).
Os ensaios de Reed Müechen foram realizados em triplicata e a concentração
das moléculas necessária para reduzir 50% a produção de virions, em relação ao
controle positivo, foi determinada por regressão linear.
3.8 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL POR REDUÇÃO DA
PRODUÇÃO DE GENOMA VIRAL PELA TÉCNICA DE ONE-STEP RT-qPCR
3.8.1 EXTRAÇÃO DO GENOMA VIRAL
O RNA total contido em 200 L dos sobrenadantes (item 3.7) foi extraído
utilizando-se o Kit PureLink™ Spin Column-Based Kit (Invitrogen® Life
Technologies, EUA), conforme recomendações do fabricante.
3.8.2 ONE-STEP RT-qPCR
O RNA viral foi amplificado pela técnica de One-Step RT-qPCR no
termociclador ABI Prism 7500 SDS (Applied Biosystems, Foster City, EUA). Foi
utilizado o kit GoTaq® 1-Step RT-qPCR (Promega, EUA) para detecção seguindo
os procedimentos desritos no item 3.3.3. Todos os ensaios incluíram controle
- 42 -
positivo, controle negativo, NTC e curva sintética padrão e as reações foram
conduzidas em duplicata.
3.9 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE SELETIVIDADE (IS)
O índice de seletividade (IS) representa o grau de segurança para a utilização
de um composto “in vitro”. Este parâmetro farmacológico foi calculado através da
razão entre o CC50 e o EC50 de cada substância.
IS = CC50/EC50
Onde,
IS = Índice de Seletividade; CC50= Concentração Citotóxica 50% e EC50=
Concentração Efetiva 50%.
3.10 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DAS MOLÉCULAS
Foi estabelecido que as moléculas para serem consideradas eficazes
apresentem um percentual de inibição igual ou superior a 50% e valores de IS
acima de 10.
3.11 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Todos os dados apresentados incluem a média ± desvio padrão da
triplicata/duplicata dos experimentos usando três determinações independentes.
Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo Excel para Windows e valores
de p iguais ou inferiores a 0,05 foram considerados estatisticamente significativos
pelo teste t de Student.
- 43 -
4. RESULTADOS
4.1 AMPLIFICAÇÃO E TITULAÇÃO DA AMOSTRA ZIKV MR766
O isolado ZIKV MR766 foi inoculado em célula Vero (1x10⁴ células/mL) até
obtenção de lise total com 96 h (Figura 10). O título da amostra determinado por
Reed Müechen foi de 1x107,4 TCID50/mL (Apêndice 9.1) e por Ensaio de Placa de
Lise foi de 1x107 PFU/mL.
Figura 10: Microscopia óptica. (1) Controle de células Vero. (2) Presença de Efeito
Citopático (lise total) em amplificação da amostra ZIKV MR766 na célula Vero em
96 h.
4.2 ESTABELECIMENTO DO ONE-STEP RT-qPCR
O protocolo de One-Step RT-qPCR foi estabelecido com a utilização de curva
padrão sintética. A partir das diluições seriadas da curva sintética, foi estabelecido
o valor do Ct para pontos da curva nas concentrações 107, 106, 105,104, 103, 102 e
101 cópias/µL (Figura 11 e Quadro 4).
- 44 -
Figura 11: Gráfico de amplificação da curva padrão sintética nas concentrações
107, 106, 105, 104, 103, 102 e 101 cópias/µL, estabelecido pelo programa Step One
v2.3®.
- 45 -
Quadro 4: Média e Desvio Padrão (DP) do Cycle Threshold (Ct) em relação às
concentrações da curva padrão sintética testadas.
Avaliando-se os parâmetros de qualidade da curva padrão, verificou-se
eficiência (Eff) de 98,114%, R² de 0,999 e Slope de -3,534, conforme observado na
Figura 12.
Figura 12: Paramêtros de qualidade da curva padrão sintética
Diluição da curva padrão sintética
Concentração da curva padrão sintética
(CG/µL) Ct Médio DP Ct
10-7 101 32,96 0,023106
10-6 102 29,43 0,005253
10-5 103 26,37 0,382057
10-4 104 22,45 0,101507
10-3 105 19,13 0,020592
10-2 106 15,46 0,118971
10-1 107 11,70 0,016984
- 46 -
4.2.1 ONE-STEP RT-qPCR E QUANTIFICAÇÃO DO GENOMA DA AMOSTRA
ZIKV MR766 ESTOQUE
Após estabelecimento do protocolo de One-Step RT-qPCR, foram testados
quatro pontos da curva sintética padrão para determinação da carga viral da
amostra ZIKV MR766 (Figura 13) (Quadro 5).
Figura 13: Gráfico de amplificação da curva padrão sintética nas concentrações
107, 106, 104 e 102 cópias/µL estabelecido pelo programa Step One v2.3®.
Quadro 5: Média e Desvio Padrão (DP) do Cycle Threshold (Ct) em relação às
concentrações da curva padrão sintética testadas.
Diluição da curva padrão sintética
Concentração da curva padrão sintética
(CG/µL) Ct Médio DP Ct
10-6 102 33,16 5,8 E-02
10-4 104 27,85 2,8 E-01
10-2 106 19,51 1,7 E-01
10-1 107 16,76 1,4 E-02
Avaliando-se os parâmetros de qualidade dessa curva padrão, verificou-se
eficiência (Eff) de 94,108%, R² de 0,996 e Slope de -3,472, conforme observado na
Figura 14.
- 47 -
Figura 14: Parâmetros de qualidade da curva padrão sintética para quantificação
de zika vírus (ZIKV).
Após estabelecimento do protocolo de One-Step RT-qPCR, o mesmo foi
utilizado para amplificação da amostra estoque e sua quantificação (Figura 15). O
título da amostra ZIKV MR766 (controle de vírus) foi determinado em 9,5x1010
CG/mL.
Figura 15: Curva de amplificação da amostra estoque de Zika vírus (ZIKV) MR766.
A imagem mostra as curvas de amplificação da amostra estoque (controle de vírus)
e das quatro concentrações da curva padrão (107, 106, 104 e 102).
- 48 -
4.3 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA, ATIVIDADE ANTIVIRAL E
ÍNDICE DE SELETIVIDADE DAS SUBSTÂNCIAS OBTIDAS DE ALGAS
MARINHAS
O resultado da citotoxicidade (CC50) das substâncias obtidas da alga verde
Caulerpa racemosa (CAV) e da alga parda Dictyota pfaffii (DIP) mostram que essas
moléculas não são citotóxicas nas células Vero, HEK 293 e C6/36 pelas três
metodologias estudadas e nas concentrações testadas. Entretanto, o DIP
apresentou maior toxicidade que a CAV pelas três metodologias nas diferentes
células. Além disso, observa-se que ambas as moléculas foram menos citotóxicas
na célula HEK 293 (Tabela 1).
Tabela 1: Efeitos citotóxicos da CAV e do DIP em células Vero, HEK 293 e C6/36
estimados por Regressão Linear.
CC50: Concentração necessária para matar 50% das células; CV: Cristal Violeta; VN:
Vermelho Neutro;MTT: Sal Tetrazólico (3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium
bromide.
Células Moléculas
Citotoxicidade
CC50 (µM) / 96 h
MTT VN CV
Vero
CAV
DIP
910 ± 3,6
466 ± 7,0
844 ± 3,6
486 ± 2,1
888 ± 8
471 ± 2,8
HEK 293
CAV
DIP
1327 ± 7,0
1211 ± 3,6
1091 ± 7,0
1028 ± 3,6
1584 ± 1,5
1518 ± 8,0
C6/36
CAV
DIP
921 ± 1,7
775 ± 1,0
1000 ± 3,8
841 ± 8,1
1006 ± 4,5
775 ± 1,6
- 49 -
4.3.1 DETECÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKV DA CAULERPINA E DO
DITERPENO 10,18-DIACETOXY-8-HYDROXY-2,6-DOLABELLADIENE EM
CÉLULA VERO PELA TÉCNICA DE REED MÜECHEN
A titulação diferencial pelo ensaio Reed Müechen determinou a atividade
antiviral da CAV e do DIP com a redução do título do ZIKV quando tratado com
concentrações diferentes dessas moléculas. Ambas as moléculas foram capazes
de inibir a produção de virion (Tabela 2). A CAV apresentou maior atividade antiviral
quando comparada ao DIP. Com relação ao valor de segurança da molécula
determinado pelo IS, a CAV é considerada a mais segura.
Tabela 2: Atividade anti ZIKV por Reed Müechen e índices de seletividades (IS) da CAV e
do DIP.
Moléculas
Atividade Antiviral
por Reed Müechen
EC50 (µM) / 96 h
Índice de Seletividade
(IS)
MTT VN CV
CAV 1,7 ± 1,4 535 496 522
DIP 2,5 ± 1,9 186 194 188
EC50: Concentração efetiva necessária para reduzir em 50% o título viral; MTT: Sal
Tetrazólico (3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium bromide; VN: Vermelho
Neutro; CV: Cristal Violeta; IS: Razão entre o CC50 das moléculas na célula Vero disponível
na tabela 1 e o EC50 desta tabela.
Observa-se que a CAV e o DIP apresentaram atividade antiviral, inibindo a
produção de virions nas seis concentrações testadas (Figura 16 e Tabela 3). As
concentrações 25, 50, 100 µM e 50, 100 µM apresentaram maiores atividades para
a CAV e DIP, respectivamente.
- 50 -
CAV
DIP
Figura 16: Atividade antiviral da CAV e do DIP em concentrações diferentes pela
técnica de Reed Müench.
89% 89% 90%100% 100% 100%
11% 11% 10%0% 0% 0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
3,125 6,25 12,5 25 50 100 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral Virion Residual
85% 86% 86%92%
100% 100%
15% 14% 14%8%
0% 0%0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
3,125 6,25 12,5 25 50 100 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral Virion Residual
- 51 -
Tabela 3: Quantificação de virion total da amostra controle não tratada e virion residual total
em amostra tratada para determinação da atividade anti ZIKV MR766 pela CAV e pelo DIP
por Reed Müechen.
Concentrações das moléculas testadas pelo Reed Müechen
(µM)
Carga viral residual / mL
Carga viral inibida / mL
CAV
3,125 1,5 x 101 8,5 x 104
6,25 1,5 x 101 8,5 x 104
12,5 1,5 x 101 8,5 x 104
25 0 1 x 105
50 0 1 x 105
100 0 1 x 105
Controle de Vírus 1,0 x 105 0
DIP
3,125 2,0 x 101 8,0 x 104
6,25 2,0 x 101 8,0 x 104
12,5 2,0 x 101 8,0 x 104
25 1,5 x 101 8,5 x 104
50 0 1 x 105
100 0 1 x 105
Controle de Vírus 1,0 x 105 0
4.3.2 DETECÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKV DA CAULERPINA E DO
DITERPENO 10,18-DIACETOXY-8-HYDROXY-2,6-DOLABELLADIENE EM
CÉLULA VERO PELA TÉCNICA ONE-STEP RT-qPCR
As curvas obtidas da quantificação do genoma viral por One-Step RT-qPCR
para avaliação da atividade anti ZIKV MR766 da CAV e do DIP em comparação
com a quantificação do genoma da amostra não tratada (controle) mostram que
essas moléculas em todas as concentrações testadas não inibiram a produção de
genoma do vírus, uma vez que todas amplificaram em Cts semelhantes ao controle
(Figura 17 e 18) (Tabela 4).
- 52 -
CAV
DIP
Figura 17: Curvas de amplificação do One-Step RT-qPCR para avaliação da
atividade anti ZIKV MR766 da CAV e do DIP pela inibição da produção de genoma
do ZIKV em relação ao controle de vírus.
- 53 -
CAV
DIP
Figura 18: Atividade antiviral da CAV e do DIP pela técnica de One-Step RT-qPCR.
1% 1% 2% 2% 4% 6%
99% 99% 98% 98% 96% 94%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
3,125 6,25 12,5 25 50 100 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral RNA Residual
0% 0% 1% 2% 2% 2%
100% 100% 99% 98% 98% 98%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
3,125 6,25 12,5 25 50 100 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral RNA Residual
- 54 -
Tabela 4: Quantificação do RNA total da amostra controle não tratada e RNA residual total
em amostra tratada com CAV e o DIP para determinação da atividade anti ZIKV MR766
por One-Step RT-qPCR.
Concentrações das moléculas pelo One-Step RT-qPCR
(µM)
Ct Médio
Carga viral em cópias genômicas
residual / mL
Carga viral em cópias genômicas
inibidas / mL
CAV
3,125 13,56 9,5 x 1010 0
6,25 13,63 9,5 x 1010 0
12,5 13,70 9,5 x 1010 0
25 14,71 9,5 x 1010 0
50 14,90 9,0 x 1010 1,0 x 101
100 15,11 9,0 x 1010 1,0 x 101
Controle de Vírus 13,56 9,5 x 1010 0
DIP
3,125 13,56 9,5 x 1010 0
6,25 14,30 9,5 x 1010 0
12,5 14,56 9,5 x 1010 0
25 14,70 9,5 x 1010 0
50 14,87 9,5 x 1010 0
100 14,96 9,5 x 1010 0
Controle de Vírus 13,56 9,5 x 1010 0
4.4 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA, ATIVIDADE ANTIVIRAL E
ÍNDICE DE SELETIVIDADE DA SUBSTÂNCIA OBTIDA DA SEMENTE DE
URUCUM
O resultado da citotoxicidade (CC50) do geranilgeraniol (GE) mostra que essa
molécula é citotóxica nas células Vero, HEK 293 e C6/36 pelas três metodologias
estudada. Entretanto, na célula C6/36 apresentou maior toxicidade (Tabela 5).
Dessa forma, a avaliação da atividade anti ZIKV em célula Vero foi realizada
nas concentrações 1,5625, 3,13, 6,25, 12,5, 25 e 50 µM.
- 55 -
Tabela 5: Efeitos citotóxicos do GE em células Vero, Hek 293 e C6/36 estimados por
Regressão Linear.
Células Molécula
Citotoxicidade
CC50 (µM) / 96 h
MTT VN CV
Vero
GE 75 ± 1,6 75 ± 1,7 100 ± 2,4
HEK 293
GE 100 ± 2,2 100 ± 2,5 75 ± 8.5
C6/36
GE 50 ± 2,2 37,5 ± 2,7 50 ± 5,5
CC50: Concentração necessária para matar 50% das células; CV: Cristal Violeta; VN:
Vermelho Neutro; MTT: Sal Tetrazólico (3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium
bromide.
4.4.1 DETECÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKV DO GERANILGERANIOL EM
CÉLULA VERO PELA TÉCNICA DE REED MÜECHEN
A titulação diferencial pelo ensaio Reed Müechen determinou a atividade
antiviral do GE com a redução do título do ZIKV quando tratado com concentrações
diferentes dessa molécula. O resultado do EC50 determinado por regressão linear
pelo ensaio de Reed Müench foi 0,75 ± 1,4 µM (Tabela 6). Apesar desta molécula
ter apresentado valor de CC50 baixo, em concentrações que não foram citotóxicas
na Vero, ela inibiu a replicação do ZIKV com baixo valor de EC50 e alto índice de
seletividade (IS).
- 56 -
Tabela 6: : Atividade anti ZIKV do GE por Reed Müechen e índices de seletividade (IS) em
células Vero.
Molécula
Atividade Antiviral
por Reed Müechen
EC50 (µM) / 96 h
Índice de Seletividade
(IS)
MTT VN CV
GE 0,75 ± 1,4 100 100 133
EC50: Concentração efetiva necessária para reduzir em 50% o título viral; MTT: Sal
Tetrazólico (3-(4,5-dimethylthiazol-2yl)-2,5diphenyl tetrazolium bromide; VN: Vermelho
Neutro; CV: Cristal Violeta; IS: Razão entre o CC50 da molécula na célula Vero disponível
na tabela 5 e o EC50 desta tabela.
Observa-se que o GE foi capaz de inibir a produção de virion em todas as
concentrações testadas (Figura 19 e Quadro 7).
Figura 19: Atividade antiviral do GE em concentrações diferentes pela técnica de
Reed Müench.
81%86% 87% 90%
99% 100%
19% 14% 13%10%
1% 0%0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
1,5625 3,125 6,25 12,5 25 50 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral Virion Residual
- 57 -
Tabela 7: Quantificação de virion total da amostra controle não tratada e virion residual total
em amostra tratada para determinação da atividade anti ZIKV MR766 pelo GE por Reed
Müechen.
Concentrações do GE testadas pelo Reed Müechen
(µM)
Carga viral residual / mL
Carga viral inibida / mL
3,125 2,5 x 101 7,5 x 104 6,25 2,0 x 101 8,0 x 104 12,5 2,0 x 101 8,0 x 104 25 1,5 x 101 8,5 x 104 50 0 1,0 x 105
100 0 1,0 x 105 Controle de Vírus 1,0 x 105 0
4.3.2 DETECÇÃO DA ATIVIDADE ANTI ZIKV DO GERANILGERANIOL EM
CÉLULA VERO PELA TÉCNICA ONE-STEP RT-qPCR
As curvas obtidas da quantificação do genoma viral por One-Step RT-qPCR
para avaliação da atividade anti ZIKV MR766 do GE em comparação com a
quantificação do genoma da amostra não tratada (controle) mostraram que essa
droga inibiu abaixo de 50% a produção de genoma do ZIKV (Figuras 20 e 21)
(Tabela 8).
Figura 20: Curvas de amplificação do One-Step RT-qPCR para avaliação da
atividade anti ZIKV MR766 do GE pela inibição da produção de genoma do ZIKV
em relação ao controle de vírus.
- 58 -
Figura 21: Atividade antiviral GE pela técnica de One-Step RT-qPCR.
Tabela 8: Quantificação do RNA total da amostra controle não tratada e RNA residual total
em amostra tratada com o GE para determinação da atividade anti ZIKV MR766 pelo GE
por One-Step RT-qPCR.
Concentrações do GE testadas pelo One-Step RT-qPCR
(µM)
Ct Médio
Carga viral em cópias genômicas
residual / mL
Carga viral em cópias genômicas
inibida / Ml
1,5625 13,59 9,4 x 1010 1,0 x 101 3,125 14,75 7,3 x 1010 2,3 x 101
6,25 14,82 7,3 x 1010 2,3 x 101
12,5 15,00 5,3 x 1010 2,4 x 101
25 15,11 4,6 x 1010 2,8 x 101
50 15,19 4,0 x 1010 3,5 x 101
Controle de Vírus 13,56 9,5 x 1010 0
3%
23% 23% 26% 31% 34%
97%
77% 77% 74% 69% 66%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
1,5625 3,125 6,25 12,5 25 50 µM
Pe
rce
nta
ge
m d
e in
ibiç
ão
Atividade Antiviral RNA Residual
- 59 -
5. DISCUSSÃO
Os vírus são responsáveis por muitas doenças infecciosas cujo impacto sócio
econômico justifica a relevância do desenvolvimento de pesquisas com objetivo de
procurar, na natureza e ou por síntese química, moléculas com atividades antivirais
que possam ser utilizadas na terapêutica (PATRICK, 2005).
A identificação do agente etiológico da síndrome da imunodeficiência
adquirida humana e o progresso da biologia molecular, determinou vários
mecanismos de interaçãodo vírus com a célula do hospedeiro o que permitiu a
descoberta de novos alvos para quimioterapia antiviral, aumentando o interesse
dos pesquisadores pelos compostos naturais e ou sintéticos com atividade antiviral
(FLINT et al., 2009).
Na ciência médica utiliza-se antivirais em humanos infectados com vírus da
influenza A, vírus da hepatite C, vírus herpes simples 1 e 2 (FLINT et al., 2009).
Entretanto medicamentos não estão disponíveis no mercado para todas as viroses.
Por isso torna-se relevante a pesquisa em virologia humana, no sentido de elucidar
os eventos que ocorrem durante o desenvolvimento de uma infecção por vírus, com
objetivo de desenvolvimento de novos agentes com atividade antiviral.
O trabalho com produtos naturais provenientes de algas marinhas ou plantas
com atividade antivirais depara com a sustentabilidade para produção desses
compostos em larga escala para estudo e aplicação no campo. Visto pelo lado da
sustentabilidade, a síntese de moléculas, baseada na estrutura dessas substâncias
naturais, tem que ser intensificada, a fim de que possamos ter produtos em
quantidade suficiente para atender a demanda da medicina humana (CASTRO-
PEREZ et al., 2007).
Embora o relato inicial do ZIKV datede 1947, a infecção em humanos era
comumente assintomática ou com sintomas leves, entretanto após epidemia de
ZIKV no Yan em 2007, na Polinésia Francesa em 2013 e no Brasil em 2015, a
infecção pelo ZIKV foi correlacionada com malformações congênitas como
microcefalia e danos neurológicos em adultos (DELVECCHIO et al., 2016).
Medidas educativas para controle de vetores e uso de inseticidas, repelentes
e uso de preservativo nas relações sexuais são os métodos de prevenção e
controle disponíveis utilizados para o controle da transmissãodo ZIKV. A falta de
vacina para prevenção, controlee antivirais para tratamento direciona os
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pesquisadores a desenvolverem pesquisa para produção de vacinas e ou procurar
na natureza ou obterem por síntese química moléculas com atividade antiviral.
Tratamentos profiláticos para as mulheres que pretendem engravidar em áreas
epidêmicas e os viajantes que migram para regiões afetadas representariam
ferramentas relevantes para reduzir a transmissão de ZIKV e evitar a propagação
da doença (SUMMER et al., 2015).
Este estudo foi elaborado com o objetivo de demonstrar a citotoxicidade da
caulerpina, do diterpeno 10,18-diacetóxi-8-hidroxi-2,6-dolabelladieno (obtidos de
algas marinhas) e do geranilgeraniol (obtido da semente de urucum) em diferentes
tipos celulares (Vero, HEK 293 e C6/36) e determinar se essas substâncias inibem
a produção de ZIKV.
5.1 ATIVIDADE CITOTÓXICA
Para determinar a atividade citotóxica das três moléculas utilizamos três
metodologias:
a) avaliação da integridade da mitocôndria, pela capacidade da metabolização
do MTT, pela succinato desidrogenase das mitocôndrias,uma enzima ativa
somente em células com cadeia respiratória intactas, resultando na produção do
precipitado azul de formazana. A quantidade de formazana é proporcional ao
número de células viáveis (MOSMANN, 1983).
b)avaliação da integridade de membrana e atividade lisossômica pela
capacidade das células vivas incorporarem o vermelho neutro dentro do lisossomo.
O vermelho neutro é um corante catiônico fraco, que penetra na membrana celular
e acumula nos lisossomos onde combina-se com a parte aniônica da matriz
lisossômica, importante para vírus que entram por endocitose, ou seja, drogas que
são tóxicas para lisossoma inibe a replicação viral, pois inibe a formação do
endossoma (FAUTZ et al., 1991).
c) avaliação da proliferação celular e integridade do DNA celular quantificado,
ou seja, o número de células pela incorporação do cristal violeta ao DNA celular
(SAOTOME et al., 1889).
Na fase de seleção das moléculas provenientes de algas marinhas (CAV e
DIP), os valores de CC50 expressivos nas células Vero, HEK 293 e C6/36
permitiram a avaliação da sua possível atividade anti ZIKV. Resultados de estudos
anteriores com essas moléculas relataram também sua baixa citotoxicidade em
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célula Vero e célula de rim de bovino MDBK (Madin Darbin Bovine Kidney),
entretanto a CAV se mostrou menos citotóxica que o DIP. (VIDAL et al., 1984;
ABRANTES et al., 2010; PINTO et al., 2012; PORTO VIEIRA MACEDO et al.,
2012).
O geranilgeraniol é utilizado como coadjuvante no combate a diversos tipos
de câncer, além de ser um intermediário na síntese da vitamina E, vitamina K e
hormônios (DOS SANTOS., 2012). Alguns relatos mostram que o GE apresenta
alta toxicidade e por esse motivo é direcionado para tratamento anticâncer
(VASCONCELOS et al., 2004; ESPINDOLA, 2005; BARBOSA, 2011).
Fernandes e colaboradores (2013) estudando a viabilidade do carcinoma de
próstata humano frente ao geranilgeraniol mostraram que o CC50 foi de 80 ± 1,8.
Nossos resultados de CC50 dessa substância nas células Vero (MTT = 75 ± 1,6; VN
= 75 ± 1,7; CV =100 ± 2,4), HEK 293 (MTT = 100 ± 2,2; VN = 100 ± 2,5; CV = 75 ±
8,5) e C6/36 (MTT = 50 ± 2,2; VN = 37,5 ± 2,7; CV = 50 ± 5,5) foram semelhantes
ao observado por Fernandes e colaboradores (2013). Além da atividade anticâncer,
o GE inibe a proteína quinase C, a liberação de citocromo C, ativação de quinases
c-Jun N-terminal ativando a apoptose (WISEMAN et al., 2007).
O ZIKV no seu processo de interiorização na célula necessita formar o
endossoma para liberação do genoma no citoplasma da célula e dessa forma iniciar
a tradução. O genoma do ZIKV é RNA de simples fita polaridade positiva, ou seja,
tem atividade de RNA mensageiro (SUTHUAR et al., 2013). Se a substância
interferir na integridade lisossômica não ocorre a formação do endossoma e o vírus
não replica. Nesse caso a inibição da replicação não está relacionado com a
inibição do ZIKV e sim de uma via de sinalização celular importante para replicação
do vírus (PINTO et al., 2012).
Os baixos valores de CC50 observado pelo método de cristal violeta indicam
que o GE interfere também na integridade do DNA celular, o que constata sua
ampla aplicação na terapia anticâncer.
Segundo Patino (1967) a população indígena utiliza urucum como inseticida
e repelente, o GE é o constituinte majoritário da semente de urucum provavelmente
é o responsável pela atividade inseticida o que pode estar relacionado com o efeito
citotóxico (CC50) observado em célula de Aedes albopictus (C6/36).
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Comparando os resultados do CC50 das três moléculas observamos que as
moléculas provenientes de algas marinhas (CAV e DIP) foram menos citotóxicas
que o GE nas diferentes linhagens celulares testadas.
5.2 ATIVIDADE ANTIVIRAL
Para que ocorra a replicação do ZIKV é necessário que após a interação do
vírus a receptores específicos interiorização com formação de endossoma,
liberação do genoma que por ser RNA de polaridade positiva funciona como RNA
mensageiro e liga-se a ribossomo onde ocorre a síntese de uma poliproteína que é
clivada em três proteínas estruturais (C, PrM/M, E) e sete proteínas não estruturais
(NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5). A replicação do ZIKV não ocorre
em cascata mais requer síntese de proteínas virais, RNA de
fitanegativa(intermediário de replicação) e RNA de fita positiva. O ZIKV também
necessita de componentes celulares para sua replicação e a maturação ocorre nas
membranas celulares internas e são liberados por exocitose (LINDENBACH &
RICE, 2003).
Uma variedade de atividades biológicas atribuída a CAV e o DIP já foram
relatadas (RAUB et al., 1987; AYYAD &BADRIA, 1994; TENÓRIO DE SOUZA et
al., 2009; WALIED et al., 2010; PORTO VIEIRA MACEDO et al., 2012; PINTO et
al., 2012; KAMAL & SETHURAMAN, 2012; SOARES et al., 2012; CRISTINA et al.,
2014). Porém, até o momento não há relatos sobre atividade anti ZIKV dessas duas
moléculas, o que torna o nosso estudo inédito.
A análise comparativados resultados da atividade antiviral obtidos pela
determinação do título de ZIKV após tratamento com a substância pela técnica de
Reed Müchen mostraram que a CAV (EC50 = 1,7 ± 1,4; IS = MTT = 535; VN = 496;
CV = 522) inibiu a produção de partículas infecciosas, com resultado de inibição de
aproximadamente 100% nas concentrações entre 25, 50 e 100 µM, com valor de
índice de seletividade (IS) elevado. Os resultados da atividade anti ZIKV do DIP
(EC50 = 2,5 ± 1,9; IS = MTT = 186; VN = 194; CV = 188) demonstram que essa
molécula inibiu a produção de ZIKV em aproximadamente 100% nas concentrações
entre 50 e 100 µM e apresentou bons valores de IS. Os resultados obtidos
corroboram com os resultados publicado por Pinto e colaboradores (2012) para
avaliação da atividade anti vírus da diarreia viral de bovino (BVDV)com essas
moléculas. O BVDV é um vírus pertencente à família Flaviviridae, gênero Pestivirus,
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é um patógeno de bovino de importância econômica para indústria pecuária e não
é um arbovírus (PINTO et al., 2012).
A análise do resultado da atividade citotóxica (CC50) do GE revelou que ela foi
a molécula mais citotóxica. Entretanto em concentrações que não foram citotóxicas
para a célula VeroGE inibiu a produção de ZIKVcom baixo valor de EC50 (EC50 =
0,75 ± 1,4; IS = MTT = 100; VN = 100; CV = 133) e expressivos valores de IS.
Apesar do valor significativo do EC50 do geranilgeraniol, as moléculas extraídas de
algas marinha (CAV e DIP) apresentaram IS mais elevados, por isso consideradas
mais seguras.
Em adição ao estudo da atividade anti ZIKV pelas moléculas CAV, DIP e GE
avaliamos a atividade antiviral pela técnica One-Step RT-qPCR. Os resultados
obtidossugeremque essas moléculas não interferem na síntese de genoma do
ZIKV, ou seja, não interfere na transcrição sugerindo que a atividade antiviral
dessas moléculas seja pós transcricional. Visto que o resultado da titulação do ZIKV
tratado com as moléculas pela técnica de Reed Müechen mostrou inibição na
produção de virion.
Com relação ao GE, Fernandes e colaboradores (2013) trabalhando com
células de câncer de próstata, relatou que o GE não inibiu a produção de RNA
nessas células sugerindo que a atividade do GE é pós transcricional.
Neste trabalho estamos relatando pela primeira vez atividade antiviral do
geranilgeraniol. Relatos anteriores abordaram atividade desta molécula anti
Leishmania amazonenses, antibacteriana, antifúngicos, antioxidante, anti
convulsivante, anti agregantes de plaquetas e anticâncer (FERNANDES et al.,
2013).
Com relação a CAV e o DIP, resultados na literatura mostra a atividade
antiviral contra BVDV, HIV, HSV 1 e 2 (CIRNE-SANTOS et al., 200; PINTO et al.,
2012; PORTO VIEIRA MACEDO et al., 2012). Entretanto é o primeiro relato dessas
moléculas com atividade anti ZIKV.
Os resultados obtidos a partir desse estudo demonstram que CAV, DIP e GE
são bons canditatos a um fármaco a ser utilizado no tratamento de infecção por
ZIKV. Entretanto, outros estudos serão realizados para a análise dos mecanismos
de ação dessas moléculas.
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6. CONCLUSÕES
A titulação da amostra padrão ZIKV MR766 mostrou que o título determinado
por Reed Müench e Ensaio de placa de lise são similares e por RT-qPCR é maior,
pois o RT-qPCR diferente do Reed Müench e Ensaio de placa de lise detecta
somente o genoma viral e não virion.
O teste de citotóxicidade da CAV e do DIP mostrou que estas moléculas não
são citotóxicas nas três células testadas. Entretanto, ambas as moléculas
apresentaram maior toxicidade nas células Vero e C6/36 do que na célula HEK 293.
O teste de citotóxicidade do GE mostrou que ele é o mais citotóxico das três
moléculas naturais testadas. Ele foi tóxico nas três células, porém apresentou maior
toxicidade na célula C6/36.
O estabelecimento do protocolo de One-Step RT-qPCR nos permitiu avaliar a
atividade anti ZIKV dessas três substâncias naturais.
A avaliação da atividade anti ZIKVMR766, em células Vero, das três
substâncias naturais por Reed Müench mostrou que elas foram eficazes na inibição
da produção de virion.
Analisando a atividade anti ZIKVMR766 por RT-qPCR, foi observado que não
houve bloqueio da síntese de genoma da amostra pelas três moléculas.
As três substâncias testadas tem potencial para serem utilizadas como
antiviral para o ZIKV. Entretanto, em função do GE ser mais citotóxico,
consideramos as substâncias CAV e DIP como mais promissoras para um possível
tratamento anti ZIKV.
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7. PERSPECTIVAS
Estamos complementando esses resultados avaliando outros possíveis
mecanismos de ação dessas moléculas como a inibição da adsorção, inibição da
penetração e inativação da partícula viral.
Já observamos que essas moléculas não inibem a síntese de RNA da
amostra de ZIKV brasileiro em célula HEK293 por One-Step RT-qPCR.
Vamos titular por Reed Muechen e fazer imunofluorescência, pois esse ZIKV
não faz um efeito citopático muito bom.
Estamos realizando a cinética de replicação do ZIKV brasileiro por
microscopia eletrônica.
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9. APÊNDICE
9.1 TITULAÇÃO PELO MÉTODO DE REED MÜENCH
A titulação por Reed Müench foi realizada seguindo protocolo previamente
descrito por Lenette (1964) (Figura 24).
1. Descongelar a amostra a ser titulada e mantê-la no gelo;
2. Preparar microtubos identificando-os: 10ˉ¹, 10ˉ², 10ˉ³, 10ˉ⁴ , 10ˉ⁵ , 10ˉ⁶ , 10ˉ⁷ ,
10ˉ⁸ , 10ˉ⁹ e 10ˉ¹⁰ .
3. Adicionar900 μL de meio sem soro em cada microtubo.
4. Transferir 100 μL da amostra tratada ou não tratada (original) para o microtubo
10-1.
5. Trocar de ponteira e homogeneizar a mistura.
6. Transferir 100 μL para o microtubo 10ˉ². Repetir até a última diluição (10-10).
7. Adicionar 100 μL de cada diluição com oito repetições na placa (cada coluna
correponde a uma diluição, 10-1 a 10-10 da esquerda para a direita).
8. Os poços da 11ª e 12ª colunas são utilizados para controle de células (CC) e
contém somente meio de cultivo sem soro.
9. Incubar a placa a 37 °C por 96 h, observando o aparecimento ou não de efeito
citopático.
10. Corar com cristal violeta.
Figura 22: Esquema representativo da técnica Reed Müench.
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11. Completar a quado abaixo e fazer os cálculos.
Quadro 5: Cálculo para determinação do título por TCID50/mL.
Diluição da
amostra
Intervalo
diluição
Unidade
diluição
Unidade
positiva
infecciosa
Frequência
acumulada
positiva (A)
Frequência
acumulada
negativa (B)
Coeficiente
Infecção
A/ (A+B)
Percentagem
de infectados
10ˉ¹ 1 8 8/8 55 + 8 = 63 0 1 100%
10ˉ² 1 8 8/8 47 + 8 = 55 0 1 100%
10ˉ³ 1 8 8/8 39 + 8 = 47 0 1 100%
10ˉ⁴ 1 8 8/8 31 + 8 = 39 0 1 100%
10ˉ⁵ 1 8 8/8 23 + 8 = 31 0 1 100%
10ˉ⁶ 1 8 8/8 15 + 8 = 23 0 1 100%
10ˉ⁷ 1 8 8/8 7 + 8 = 15 0 1 100%
10ˉ⁸ 1 8 5/8 2 + 5 = 7 8 – 5 = 3 0,7 70%
10ˉ⁹ 1 8 2/8 2 +0 = 2 8 - 2 + 3 = 9 0,18 18%
10ˉ¹⁰ 1 8 0/8 0 8 - 0 + 9 = 17 0 0%
Distância Proporcional (D.P) = (Percentagem acima de 50%) - 50%
(%acima de 50%) – (% abaixo de 50%)
D.P. = 70 - 50 = 20 / 52 = 0,384 ≈ 0,4
70 - 18
Log da diluição acima de 50% = log 10 -6 = - 6 log 10 = - 6 x 1 = - 6
Log do fator de diluição = log 10-1 = - 1 log 10 = -1 x 1 = -1
Dose infectante 50% = (log da diluição acima de 50%) + (D.P x Log do fator de diluição)
Log da DI50%= -6 + (0,4 x-1)= - 6 - 0.4 = -6,4
Dose infectante 50% (ID50) = corresponde à diluição de 10-6,4
TCID 50% = 10-6,4 x10-1 = 1x10-7,4 (multiplica por -1) donde o Título é 1x107,4
- 89 -
10. ANEXOS
10.1 ARTIGO PUBLICADO NA JOURNAL OF APPLIED PHYCOLOGY
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10.2 ARTIGO PUBLICADO NA BRAZILIAN JOURNAL OF MICROBIOLOGY
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10.3 PRÊMIO BANCO DO BRASIL DE TECNOLOGIA SOCIAL DE 2017