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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NITERÓI JULHO/2017 CONTRIBUIÇÕES DA ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE NO LEVANTAMENTO E NA ANÁLISE DE PARÂMETROS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE ENGENHARIA BRUNA BARROSO MOREIRA ORIENTADOR: GILSON BRITO ALVES LIMA

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

NITERÓI

JULHO/2017

CONTRIBUIÇÕES DA ENGENHARIA DA

SUSTENTABILIDADE NO LEVANTAMENTO E NA ANÁLISE

DE PARÂMETROS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO

RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE

ENGENHARIA

BRUNA BARROSO MOREIRA

ORIENTADOR: GILSON BRITO ALVES LIMA

BRUNA BARROSO MOREIRA

CONTRIBUIÇÕES DA ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE NO LEVANTAMENTO

E NA ANÁLISE DE PARÂMETROS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO RESTAURANTE

UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE ENGENHARIA

Projeto final apresentado ao curso de Graduação

em Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

aquisição do Grau de Engenheira de Produção.

Orientador:

Gilson Brito Alves Lima

Niterói, RJ

2017

BRUNA BARROSO MOREIRA

CONTRIBUIÇÕES DA ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE NO LEVANTAMENTO

E NA ANÁLISE DE PARÂMETROS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO RESTAURANTE

UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE ENGENHARIA

Projeto final apresentado ao curso de Graduação

em Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

aquisição do Grau de Engenheira de Produção.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. GILSON BRITO ALVES LIMA – Orientador

UFF

___________________________________________________________________________

Profa. Dra. NÍSSIA CARVALHO ROSA BERGIANTE

UFF

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. RUBEN HUAMANCHUMO GUTIERREZ

UFF

___________________________________________________________________________

MSc HÉCTOR NAPOLEÃO COZENDEY DA SILVA

UFF

Niterói, RJ

2017

AGRADECIMENTOS

Incondicionalmente à toda minha família, especialmente à minha mãe e ao meu pai, pelo

apoio e sugestões de melhoria durante toda essa jornada; à minha madrasta pelas correções

ortográficas e semânticas e pela contribuição ao Apêndice 1; aos meus avós maternos pelo apoio

e compreensão quando precisei de foco e concentração.

Ao meu orientador Prof. Dr. Gilson Brito Alves Lima, pelos conhecimentos transmitidos

e pela confiança em meu trabalho. Ao MSc Héctor Napoleão Cozendey da Silva, pelo apoio e por

suas contribuições. À Profa. Dra. Maristela Soares Lourenço, pelo suporte e contribuições junto

ao Projeto de Extensão.

À banca examinadora pelo convite aceito e pela presença tão especial.

Aos meus amigos, pelo companheirismo e carinho, em especial a Mayara Silva de Melo,

pela sua amizade desde o primeiro dia do curso de Graduação em Engenharia de Produção e pelo

grande auxílio com a formatação de texto, e a Fernanda Reis Cordeiro, por suas inspirações e

bons conselhos para o trabalho e na vida.

A todas as pessoas que, de forma direta ou indireta, contribuíram com o enriquecimento

deste trabalho.

RESUMO

A Engenharia da Sustentabilidade é um ramo da Engenharia de Produção, que busca o uso

eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos, bem como implantação da gestão

ambiental e da responsabilidade social. Pensando nisso, identificou-se a alta produção de

alimentos e o descarte não adequado dos resíduos gerados pelo Restaurante Universitário da

Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense. Portanto, o trabalho objetivou

identificar e avaliar a contribuição dos resíduos orgânicos para uma possível eficiência energética

por meio da inovação tecnológica de biodigestores. A pesquisa de campo levantou dados para

apurar o potencial energético proveniente do tratamento de tais resíduos gerados pelo restaurante.

Foram analisados, também, os benefícios trazidos pela implementação desta inovação

tecnológica. Os resultados alcançados foram: a quantidade média diária de resíduos orgânicos

gerados pelo Restaurante Universitário da Escola de Engenharia de 40,7 kg e a produção

correspondente de energia mensal real de 185,3 kWh. Por fim, pode-se concluir que a

implantação de um biodigestor no Restaurante Universitário geraria impactos positivos nos três

pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social.

Palavras-chave: Engenharia da Sustentabilidade, Eficiência Energética, Resíduos Orgânicos,

Inovação Tecnológica, Biodigestor

ABSTRACT

Sustainability Engineering is a branch of Production Engineering, which seeks the efficient use of

natural resources in production systems, as well the environmental management and social

responsibility implementation. Thinking about it, were identified the high food production and

the inappropriate disposal of the waste generated by the University Restaurant of the Engineering

School of the Universidade Federal Fluminense. Therefore, the purpose of this work was to

identify and evaluate the contribution of organic waste for possible energy efficiency through the

technological innovation of biodigesters. The field research has collected data to ascertain the

energy potential arising from the treatment of such waste generated by the restaurant. The

benefits brought by the implementation of this technological innovation were also analyzed. The

results achieved were: the daily average amount of organic waste generated by the University

Restaurant of the School of Engineering of 40.7 kg and the corresponding monthly energy output

of 185.3 kWh. Finally, the implantation of a biodigester in the University Restaurant would

generate positive impacts in the three pillars of sustainability: economic, environmental and

social.

Keywords: Sustainability Engineering, Energy Efficiency, Organic Waste, Technological

Innovation, Biodigester

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Composição do biogás ................................................................................................ 24

Tabela 2 – Equivalente entre 1 m3 de biogás e outros combustíveis comumente utilizados........ 25

Tabela 3 – Refeições consumidas pelo RU Praia Vermelha e RU Gragoatá no mês de abril, maio

e junho de 2017 ............................................................................................................................. 31

Tabela 4 – Resíduos orgânicos gerados pelo RU Praia Vermelha e RU Gragoatá no mês de maio

de 2017 .......................................................................................................................................... 33

Tabela 5 – Composição de SV característica dos resíduos alimentares ....................................... 33

Tabela 6 – Potencial e produção energética dos resíduos do RU Praia Vermelha e RU Gragoatá

....................................................................................................................................................... 34

Tabela 7– Características de biodigestores comerciais ................................................................ 35

Tabela 8 – Dados dos biodigestores comerciais segundo fornecedores ....................................... 36

Tabela 9– Modelos escolhidos após primeira restrição ................................................................ 37

Tabela 10– Modelos escolhidos após segunda restrição .............................................................. 38

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos no Brasil em

2008 ............................................................................................................................................... 20

Figura 2 – Esquema de entradas e saídas de um processo de biodigestão ................................... 22

Figura 3 – Biodigestor da planta pMethar, campus Pampulha, UFMG ....................................... 23

Figura 4 – Biodigestor do fabricante BGS ................................................................................... 23

Figura 5 – Fluxograma de delineamento da pesquisa .................................................................. 27

SUMÁRIO

1 O PROBLEMA ......................................................................................................................... 10

1.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10

1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA ........................................................... 11

1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................. 13

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 13

1.5. QUESTÕES DA PESQUISA........................................................................................... 13

1.6. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 14

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 15

2.1. SUSTENTABILIDADE ..................................................................................................... 15

2.2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ............................................................................................ 16

2.3. GESTÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS .......................................................................... 18

2.4. BIODIGESTOR .................................................................................................................. 21

3 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 27

4 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE PARAMETROS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE ENGENHARIA ..................... 30

4.1 O RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO ............................................................................. 30

4.2 A PESQUISA DE CAMPO PARA LEVANTAMENTO E ANÁLISE .............................. 31

4.3 ANÁLISE E SELEÇÃO DO BIODIGESTOR PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ... 35

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 40

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS: .............................................................................................. 40

5.2 RESPOSTA ÀS QUESTÕES DA PESQUISA ................................................................... 40

5.3 SUGESTÕES DE DESDOBRAMENTO DA PESQUISA ................................................. 41

10

1 O PROBLEMA

1.1. INTRODUÇÃO

A recente necessidade de recursos energéticos e naturais para suprir a crescente produção

tecnológica mundial tem se mostrado insustentável. A falta de apreço com as consequências

ambientais da industrialização e do consumismo, bem como o esgotamento de recursos naturais

estão sendo repensados em diversas esferas. Mudanças de condutas são necessárias e vêm sendo

discutidas nos últimos anos. Por intermédio de acordos internacionais, vários governos passaram

a implementar políticas públicas para mitigar tais consequências ambientais (MENKES, 2004).

Na Alemanha, por exemplo, uma política para substituir suas fontes de energia nucleares

por fontes mais sustentáveis foi adotada, o que inclui a desativação das suas usinas atômicas até

2022. A revolução energética da Alemanha surge em 1980, após o acidente de Chernobyl

(Ucrânia), ganha força em 2011, após o caso de Fukushima (Japão), e tem como meta alcançar

80% de toda a energia do país a partir de fontes limpas e renováveis, até 2050. O termo

energiewende, que em português significa “virada energética”, simboliza o movimento adotado

pelo Governo e sua população e já traz resultados consideráveis, como o aumento de 23% destas

fontes de energia em apenas 2 anos (GLOBO, 2016).

No Brasil, os programas de eficiência energética são fortemente incentivados por questões

econômicas e energéticas, para que haja diminuição de custos e se garanta com segurança o

suprimento de energia elétrica no país. Tais programas são um dos meios efetivos de minimizar

danos ambientais, apesar de ainda não haver uma ampla conscientização do mesmo (MENKES,

2004).

No que tange à legislação referente ao meio ambiente, há no Brasil um conjunto de

normas jurídicas destinadas a disciplinar a atividade humana, de modo a conciliá-la com a

preservação do meio ambiente. É valido ressaltar a importância da aprovação da Lei de Crimes

Ambientais, também denominada como Lei da Natureza (BRASIL, 1998), que atua como

dispositivo para punição dos infratores do meio ambiente. Em 2010, a Política Nacional de

Resíduos Sólidos foi instituída, alterando a lei e dando outras providências.

11

No âmbito da Engenharia de Produção, a questão da sustentabilidade vem ganhando

espaço nos últimos anos. A matriz de conhecimentos e as áreas apresentadas pela Associação

Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) propõem a criação de uma nova área de

especialização denominada Engenharia da Sustentabilidade, a qual é definida pela ABEPRO

como aquela que objetiva o “planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos

sistemas produtivos diversos, da destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas,

bem como da implantação de sistema de gestão ambiental e responsabilidade social.” (ABEPRO,

2016).

Com o crescente número de leis e de regulamentações ambientais, a sustentabilidade

ganha novas abordagens e se torna praticamente obrigatória nas organizações. Segundo Trevisan

et al. (2008, p. 2), a “[...] responsabilidade socioambiental deixou de ser uma opção para as

organizações, ela é uma questão de visão, estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência”. Assim, o

planejamento socioambiental passa a se relacionar diretamente com o planejamento estratégico.

Um dos caminhos adotados pelas indústrias para a preservação dos recursos naturais é a

gestão de resíduos, a fim de garantir a sustentabilidade socioambiental. Afinal, os resíduos

apresentam alto valor, econômico e energético, e enorme possibilidade de se constituírem

insumos de novos produtos comerciais ou de processos secundários, inclusive gerando energia

(LAUFENBERG et al., 2003). Para Prado e Campos (2008), quando não aproveitada a matéria

orgânica, deve-se considerar o desperdício de energia e a poluição recorrente da disposição não

controlada destes no ambiente.

É válido também lembrar que todo resíduo é matéria-prima jogada fora, cujo valor desta é

superior à venda do reciclado. Isto é, primeiramente, deve-se haver uma preocupação em reduzir

a quantidade de resíduos produzidos e, daqueles que inevitavelmente são gerados, deve-se tratar

adequadamente. Ressalta-se a sua importância em tempos de baixo crescimento econômico e de

crise financeira nas Universidades.

1.2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA

Em face da crescente relevância de temas relacionados com a sustentabilidade e com o

intuito de diversificar a matriz energética do Brasil, novas fontes de energia vem sendo

pesquisadas, como eólica, solar, energia das ondas e bioenergia. Há um destaque para esta última

12

por apresentar vantagens significativas. De acordo com Salomon e Lora (2005), a fonte de

energia alternativa do biogás, proveniente da digestão anaeróbia de resíduos sólidos ou líquidos,

“contribui em muito na questão ambiental, pois reduz potencialmente os impactos ambientais da

fonte poluidora”. Um dos fatores é a diminuição nas emissões do gás metano de grande impacto

no efeito estufa e corresponde em até 70% do biogás (PECORA, 2006; FAZOLO, 2011).

Além disso, são produzidos diariamente no Brasil cerca de 100.000 toneladas de resíduos

sólidos urbanos, sendo que mais de 50% da massa dos mesmos corresponde a fração orgânica

(ALBERTONI, 2013). É notável o potencial energético e os benefícios socioambientais

decorrentes do reaproveitamento destes resíduos. Como eles passam a agregar valor econômico,

devem seguir a Política dos 3R’s, sendo reduzidos, reciclados e reutilizados em outras cadeias

produtivas, e reduzindo os impactos ambientais, os custos de destinação, demanda por matérias-

primas e energia (BONELLI, 2010).

Como definido pelo Decreto 5.940/2006, a separação na fonte geradora de resíduos

recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta

é obrigatória. Sendo assim, as Universidades Públicas Federais são responsáveis pela gestão

adequada dos resíduos gerados por elas próprias (BRASIL, 2006).

Nesse contexto, o aproveitamento de resíduos orgânicos no Restaurante Universitário

(RU) para geração de energia limpa é de extrema importância para a promoção da

sustentabilidade no ambiente universitário, em especial na Universidade Federal Fluminense

(UFF), incentivando o aprendizado acadêmico e servindo de modelo para as empresas que

interagem com a universidade. Tem-se como proposta de solução tecnológica, energética e de

gestão de resíduos a implementação de um biodigestor. A importância deste modelo é crescente

pelo seu sucesso no aproveitamento de energia limpa e renovável (SEGURA, 2014).

De acordo com Sewell (1978), as crescentes objeções ao volume de resíduos sólidos

dividem-se em cinco categorias: saúde pública, custos de recolhimento e processamento, estética,

ocupação de espaço em depósitos de lixo e esgotamento dos recursos naturais. Com o uso de um

biodigestor, não apenas haveria redução de custos com transporte, como a promoção da

sustentabilidade, a disposição final da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos (provenientes

do RU) e a geração de energia para autossuficiência do Restaurante Universitário.

13

1.3. OBJETIVOS DO ESTUDO

Identificar as possíveis contribuições da Engenharia da Sustentabilidade para a eficiência

energética de um restaurante e apontar os benefícios e vantagens da implementação do

biodigestor no Restaurante Universitário da Escola de Engenharia, campus Praia Vermelha.

• Levantar e definir os parâmetros de sustentabilidade

• Averiguar o volume de resíduos orgânicos produzidos pelo RU da Escola de

Engenharia

• Apurar o valor energético característico desse resíduo

• Verificar a instalação de um biodigestor para solução de tratamento adequado dos

resíduos orgânicos do Restaurante Universitário

• Identificar o modelo mais adequado para o biodigestor

A partir desse objetivo, pondera-se alcançar, por meio de um processo de biodigestão, o

crescimento da Universidade em âmbitos de sustentabilidade e de inovação tecnológica.

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Dado a complexidade e a abrangência do desenvolvimento de um sistema de biodigestão e

pelo fato do Restaurante Universitário da Escola de Engenharia não possuir grande escala de

resíduos orgânicos gerados, este projeto estará delimitado ao foco socioambiental da

implementação de um biodigestor, que atenda às necessidades de suprimento de energia para as

atividades básicas do RU da Escola de Engenharia.

Neste sentido, outros temas como a economicidade do projeto, o dimensionamento do

biodigestor propriamente dito, a logística de armazenamento do resíduo, etc, não serão objeto de

estudo no presente projeto.

Este projeto está também delimitado ao contexto dos parâmetros físicos, não sendo

aprofundadas as pesquisas na direção dos parâmetros químicos e biológicos, que também fazem

parte do contexto da promoção da eficiência energética por biomassa com aplicação de

biodigestores.

1.5. QUESTÕES DA PESQUISA

14

As questões abaixo nortearão a pesquisa e serão respondidas ao final do projeto:

Questão 01: Quais as contribuições da Engenharia da Sustentabilidade para a eficiência

energética de um restaurante universitário?

Questão 02: Quais os benefícios e vantagens da implementação do biodigestor no

Restaurante Universitário da Escola de Engenharia?

1.6. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O estudo está estruturado em cinco capítulos.

O primeiro capítulo é introdutório e apresenta a motivação do projeto, o problema da

pesquisa, objetivos e delimitação do estudo, as questões direcionadoras e a organização do

mesmo.

No segundo capítulo, a revisão da literatura apresenta aspectos da sustentabilidade,

ressaltando o cenário de destaque do tema, a importância da energia para o desenvolvimento

econômico e tecnológico, eficiência energética, gestão de resíduos e biodigestor.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia propriamente dita.

O quarto capítulo apresenta o estudo desenvolvido no RU da Escola de Engenharia, o

levantamento e o tratamento dos dados. E ao final da análise, a escolha de um melhor biodigestor

para o campus através da aplicação de filtros eliminatórios.

O quinto e último capítulo 5 apresenta a conclusão, com as considerações finais, as

respostas às questões da pesquisa e as sugestões de desdobramento da pesquisa.

15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1. SUSTENTABILIDADE

Houve um grande desenvolvimento econômico e de tecnologias em pouco tempo e de

forma descontrolada, levando à diversos impactos na vida da população e do planeta, tais como: a

concentração de riquezas, desigualdade social, desemprego, prejuízos ambientais, desmatamento,

poluição, etc. Apesar da tecnologia ter proporcionado maior produtividade e redução de custos,

além de maior conforto para a sociedade; para sustentar tal crescimento o uso intensivo de

matérias-primas e energia faz-se necessário (LUSTOSA, 2003). A exploração de recursos

naturais vem sendo feita de forma indevida e se agravando com o tempo e, por isso, se torna

imprescindível a utilização de ferramentas, que gerenciem o uso sustentável dos recursos,

diminuindo os impactos socioambientais.

Nas últimas décadas, a preocupação com as questões ambientais e de sustentabilidade

vem ganhando força, sendo tema recorrente de conferências internacionais. Por exemplo, a

Conferência de Estocolmo foi um marco da década de 70. Diante da preocupação com as

gerações futuras e com a insustentabilidade do crescimento, assim como o consumismo

exacerbado, surgiu, em 1987, o termo “sustentabilidade”, apresentado oficialmente na Comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), da Organização das Nações

Unidas (ONU), tendo sido definido como “[...] a capacidade de satisfazer as necessidades do

presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias

necessidades” (CMMAD, 1988).

Na medida em que a conscientização sobre a importância de se manter a sustentabilidade

do sistema evolui, medidas corretivas e preventivas são adotadas pelos governantes de diversos

países. Dentre algumas dessas medidas estão leis e normas regulamentadoras, elevando a

importância dessa discussão também no mundo empresarial. O comprometimento das empresas

com a sustentabilidade passou a ser parte da estratégia das mesmas com o intuito de trazer mais

benefícios a si próprios, para o meio em que se insere e para a sociedade, surgindo o conceito de

Triple Bottom Line (TBL).

16

O Triple Bottom Line propõe que o sucesso organizacional é medido não apenas pelo

lucro gerado pelo negócio, mas pela interação do desempenho nas dimensões econômica, social e

ambiental (DE LIMA et.al., 2009). Assim, muitas organizações passaram a comunicar seus

desempenhos e suas inter-relações baseados nestes três pilares da sustentabilidade (ISENMANN

et al., 2007).

Este conceito realça que a sustentabilidade vai além de apenas uma preocupação com o

meio ambiente. Segundo Campos (2010), para ser sustentável deve-se ser ambientalmente

correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Ao englobar tais

vertentes, as empresas compõem novos objetivos, visando evitar prejuízos ao cumprir as leis e

normas, aumentando a qualidade dos processos e produtos ou serviços, diminuindo custos

(SCHMIDHEINY, 1992), com a redução do consumo de energia e insumos, diminuição de

resíduos e com o reaproveitamento destes. Passa a ser fundamental que a gestão ambiental seja

parte integrante da gestão global da organização (PAIVA, 2013).

Uma das formas para reduzir o desperdício seria a revalorização dos subprodutos, pois o

que é resíduo para uma empresa pode ser matéria-prima para outra. O reaproveitamento de

subprodutos é excelente para reduzir custos e diminuir emissão de resíduos, podendo inclusive

resultar em alguma receita. Deve-se ter em mente a busca do desperdício zero, porém metas

absolutas são utópicas. Como não é possível ter resíduo zero, deve-se dar um fim no mesmo.

Como foi visto, não é legal, tanto no sentido estrito da lei como da razoabilidade, jogar lixo em

lugares que polua a natureza, desse modo, uma forma de reaproveitar o lixo do restaurante seria

transformá-lo em insumo para um biodigestor, que também levaria à redução com gastos de

energia, uma vez que o biogás alimentaria o próprio bandejão, podendo inclusive ser

autossuficiente.

2.2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Segundo US NATIONAL POLICY DEVELOPMENT GROUP (2001), eficiência

energética é a capacidade de utilizar menos energia para produzir a mesma quantidade de

iluminação, aquecimento, transporte e outros serviços baseados na energia. Ela ajuda a preservar

o meio ambiente e proporciona às gerações futuras a capacidade de satisfazer as suas próprias

necessidades, haja vista que a mesma integra grande parte dos indicadores de sustentabilidade.

17

Destacam-se oito indicadores estabelecidos pela Organização Latino-Americana de Energia

(OLADE, 1996), agrupados em três grandes dimensões:

• Indicadores de dimensão econômica

• Autossuficiência energética

• Robustez diante das mudanças externas (exportações energéticas)

• Produtividade energética (PIB/energia consumida)

• Indicadores de dimensão social

• Cobertura elétrica (percentual de municípios eletrificados)

• Cobertura das necessidades energéticas básicas (consumo de energia útil

residencial)

• Indicadores de dimensão ambiental

• Pureza relativa do uso da energia relacionada com emissão de CO2

• Uso de energias renováveis

• Estoques de recursos fósseis e lenha

Esses indicadores evidenciam a importância do tripé econômico, social e ambiental da

sustentabilidade. A empresa Enel Brasil divulgou em seu Relatório Anual de Sustentabilidade de

2015 (ENEL, 2015), e reforça em seu documento de Compromisso com a Sustentabilidade

(ENEL, 2017), passos estratégicos para o desenvolvimento e emprego de fontes alternativas para

atender às necessidades energéticas. Uma dessas iniciativas pontuais é a construção no Brasil da

maior usina de energia solar da América Latina (ENEL, 2017).

A matriz energética de um país tem um papel significativo no desenvolvimento

econômico e tecnológico, por ser a base de todo o setor produtivo. Além disso, está bastante

relacionada à qualidade de vida da sociedade, principalmente após a Revolução Industrial. É

valido também afirmar que o crescimento populacional e econômico implicam em maior

consumo de energia. Este, por sua vez, implica em maior necessidade de geração de energia e

investimento científico-tecnológico na matriz, podendo ser um limitador para o crescimento do

país.

É consenso que os padrões atuais de produção e consumo de energia precisam ser

trocados por outros que estimulem o uso mais eficiente de energia, fontes renováveis, recursos

18

energéticos de baixo custo e de baixo impacto ambiental (MENKES, 2004; TOLMASQUIM et.

al., 2007; LUCON & GOLDEMBERG, 2007, 2009).

No cenário brasileiro, há abundante disponibilidade de recursos energéticos renováveis e

de tecnologia suficiente para transformá-los em energia, agregando, assim, valor à produção de

riquezas. Essa condição favorável em relação ao resto do mundo faz com que o país possua uma

vantagem comparativa. Ademais, segundo Andrade et al. (2002), “a grande extensão territorial

do Brasil dificulta a implantação de redes de transmissão elétrica e de transporte, o que favorece a

adoção de soluções locais para o suprimento de energia e fertilizantes”.

Perdura-se, para as próximas décadas, o desafio brasileiro de atender a uma elevada

procura energética, devido ao desenvolvimento socioeconômico de sua população, e, com isso,

arcar com a maior demanda por alto grau de segurança e sustentabilidade energética. Atualmente,

a geração de energia elétrica-térmica no Brasil se dá a partir de combustíveis fósseis e

renováveis. Dentre as fontes renováveis estão a biomassa da cana-de-açúcar, lenha ou carvão

vegetal e outras fontes que, apesar de renováveis, demandam grande custo ecológico de produção

e posterior disposição. Assim, iniciativas que promovam o uso mais eficiente das fontes devem

ser consideradas como peça fundamental de estratégia.

Em face dessa relação energia-desenvolvimento sustentável e das crescentes preocupações

com o meio ambiente, como um exemplo de energia renovável promissora tem-se a digestão

anaeróbica, meio pelo qual é produzido o biogás. Este é um processo eficiente de aproveitamento

energético, que tem por característica a geração de energia limpa, de baixo custo, e alto valor

econômico e socioambiental. Distingue-se por ser energeticamente eficiente, não poluir e

eliminar os resíduos, que hoje são desordeiramente dispostos em grandes lixões ou em perigosos

aterros sanitários.

2.3. GESTÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

A importância da gestão dos resíduos sólidos faz com que exista um Plano Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS) no Brasil, a exemplo de outros países no mundo. O principal objetivo

do plano é contextualizar a situação no país, estabelecer cenários, programas, ações e metas para

orientar a política brasileira de resíduos sólidos.

19

É válido destacar algumas definições segundo a Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010), que

disciplina a Política Brasileira de Resíduos Sólidos:

“Rejeitos são resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas

possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos

disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade

que não a disposição final ambientalmente adequada. ”

“Resíduos sólidos são material, substância, objeto ou bem descartados

resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se

procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados

sólidos ou semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e

líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções

técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia

disponível.”

“Resíduos sólidos urbanos correspondem aos resíduos domiciliares e de

limpeza urbana (varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, outros

serviços de limpeza urbana). ”

De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2012), é preciso adotar

uma cultura de produção e de consumo mais sustentável e uma gestão dos resíduos mais eficaz,

“por meio de uma ampla e profunda ação pedagógica que incentive a não-geração, a redução, a

reutilização, o tratamento e a destinação final ambientalmente adequada”. Por isso este trabalho

também visa induzir futuros estudos com esta temática incentivando atitudes acadêmicas e

pedagógicas que possam culminar em políticas públicas no tema.

A Figura 1 apresenta a composição gravimétrica média dos resíduos sólidos urbanos

(RSU) no Brasil, a qual demostra o quanto a matéria orgânica está presente no mesmo ao

evidenciar que se trata da maior parcela de RSU, totalizando 51,4%. Estes se constituem

basicamente de restos de animais ou vegetais e são provenientes de diversas fontes, como

doméstica ou urbana (restos de alimentos e podas), agrícola ou industrial (resíduos de

20

agroindústria alimentícia, indústria madeireira, frigoríficos, etc), de saneamento básico (lodos de

estação de tratamento de esgotos), entre outras (BRASIL, 2017).

Figura 1 - Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2008

Fonte: Adaptado de PNRS, 2012

A partir de dados do IBGE (2010), apenas 1,6% (1.519 t/d) dos resíduos orgânicos

coletados no ano de 2008 foi encaminhado para tratamento via compostagem. Isso ocorre uma

vez que não há separação adequada na pré-coleta, ou seja, na fonte, gerando despesas que

poderiam ser evitadas.

Para mais, tal resíduo pode representar risco ao meio ambiente quando em grande volume

e se disposto de maneira inadequada, conforme visto anteriormente, pois em seu processo de

decomposição gera lixiviado, emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, além do

favorecimento da proliferação de vetores de doenças.

Por outro lado, a gestão de resíduos orgânicos tem muitos benefícios, como a geração de

renda, por meio da venda do subproduto biofertilizante, a redução do consumo de energia

elétrica, com o uso energético do biogás, bem como da emissão do gás metano na atmosfera, o

qual tem um “potencial de aquecimento global (efeito estufa) 21 vezes maior que o do gás

carbônico”, conforme Andrade et al. (2002).

Outras externalidades desde tipo de resíduo são o odor causado pelos “gases liberados

pelo metabolismo dos microrganismos anaeróbios, a contaminação de águas superficiais e

subterrâneas causada pelo lixiviado, líquido resultante da decomposição anaeróbia, com alta

32%

51%

17%

Material reciclável

Matéria orgânica

Outros

21

carga poluidora, a elevada demanda por áreas para disposição dos resíduos, problemas sociais e

de saúde pública”, citadas por Ferreira (2015).

Segundo um estudo realizado pela Food And Agriculture Organization (FAO), estima-se

um desperdício anual de um terço da produção mundial de alimentos para consumo humano. Este

valor equivale a 1,6 bilhão de toneladas de alimento, sendo praticamente a totalidade desses ainda

propícia para comer. Além disso, esse resíduo é responsável por aproximadamente 8% das

emissões globais de gases de efeito estufa na atmosfera (FAO, 2013).

No contexto brasileiro da agroindústria associadas à agricultura, estima-se que a geração

de resíduos orgânicos no ano de 2009 atingiu cerca de 290.838.411 toneladas, correspondente ao

potencial energético instalado de até 23 GW/ano, equivalente a 201.471 GWh/ano (PNRS, 2012).

Com o crescimento do setor agroindustrial nos últimos anos, é esperado que a geração de

resíduos orgânicos continue aumentando. E, por depender prioritariamente dor recursos naturais

para existir, deve-se buscar reduzir o impacto provocado através do manejo, tratamento e

disposição adequados dos resíduos.

No Restaurante Universitário objeto do presente projeto, são fornecidas 7.000 refeições

por dia, oferecidas em 6 campus (PAIVA, 2013a). De acordo com dados de estudos anteriores da

equipe de nutrição do restaurante (2011), cerca de 11% dos alimentos preparados são jogados no

lixo, equivalente a 150kg por dia, quantia suficiente para 270 pessoas fazerem uma refeição

(PAIVA, 2013b).

2.4. BIODIGESTOR

Historicamente, os estudos de biodigestores tiveram seu avanço no Brasil na década de 80

e, inicialmente, foram realizados, principalmente, na região sul para o aproveitamento de resíduos

animais, mas o interesse de aproveitar a biomassa surgiu na região nordeste, com suas vastas

produções de cana-de-açúcar (SOUZA & LAGE FILHO, 2014a). Segundo estudo de Azevedo

(2016), há um “elevado número de artigos científicos e documentos patentários”, no Brasil,

obtidos nas bases de dados utilizadas pela autora, ressaltando o crescimento de pesquisa na área

nos últimos 10 anos.

Como grande produtor agropecuário, tendo a biomassa amplamente disponível no

território brasileiro, e por possuir um significativo déficit na gestão de resíduos sólidos, o uso de

22

biodigestor mostra grande potencial no país, que permitira se apresentar em lugar de destaque no

processo de geração de biogás e na sua conversão em energia. Há justaposição desta tecnologia

às metas do Governo Federal presentes no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2012), que são:

redução, reutilização, reciclagem, aproveitamento energético dos gases, a eliminação e

recuperação de lixões, medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada.

A integração da diversificação e da inovação, tanto no setor energético quanto na gestão

de resíduos e saneamento, é uma das diversas vantagens do desenvolvimento de tecnologias para

exploração e uso do biogás. É do consenso de vários autores os benefícios da utilização de tal

tecnologia, como também a produção de biofertilizante, itens com alto valor agregado, resultado

da digestão anaeróbica (SEIXAS et al., 1980; LI et al., 2011; BROWNE & MURPHY, 2013;

ZHANG et al., 2006, 2011, 2013). Outro fator positivo ao Brasil, de acordo com Moura e Selvam

(2006), são as condições climáticas favoráveis.

Um biodigestor pode ser definido como uma câmara fechada, onde a biomassa sofre a

digestão pelas bactérias anaeróbicas, produzindo o biogás e o biofertilizante, na ausência total de

oxigênio (GASPAR, 2003; PEDERIVA et al., 2012; SILVA, 2012). O processo geralmente é

composto por um sistema de entrada de matéria orgânica, um tanque onde ocorre a ação

microbiológica e um mecanismo para retirada de subprodutos (REIS, 2012). A Figura 2 ilustra o

processo da biodigestão, suas entradas e saídas, e a Figura 3 e 4 são fotos de modelos de

biodigestores.

Figura 2 – Esquema de entradas e saídas de um processo de biodigestão

Fonte: Adaptado do Manual de Treinamento em Biodigestão (2008a)

23

Figura 3 – Biodigestor da planta pMethar, campus Pampulha, UFMG

Fonte: UFMG, 2013

Figura 4 – Biodigestor do fabricante BGS

Fonte: BGS, 2017

Segundo Pecora (2006), algumas vantagens da utilização de biodigestores são o baixo

custo operacional e de implantação; simplicidade operacional, de manutenção e controle;

adequada eficiência na remoção de diversas categorias de poluentes (matéria orgânica

biodegradável, sólidos suspensos, nutrientes e patogênicos); baixos requisitos de área;

24

possibilidade de aplicação em pequena escala (dimensionamento para cada sistema em

particular). Ademais, agrega-se valor à produção por meio da geração de subprodutos

recuperáveis e úteis, como o biofertilizante, visando sua aplicação na fertilização de culturas

agrícolas, e o biogás, um gás combustível de razoável teor calorífico. Isso pode promover a

autossuficiência econômica.

A Tabela 1 apresenta a composição do biogás, sendo que esta varia de acordo com a

natureza do composto orgânico utilizado como insumo. Como observado, as maiores proporções

são de metano e de gás carbônico. Todavia, como o gás carbônico é incombustível, pode-se

eliminá-lo através da dissolução em água; por outro lado, é possível obter um biogás com cerca

de 95% de metano de poder calorífico de cerca de 8.500 kcal/m3 (ARRUDA et al., 2002a).

Conforme Arruda et al. (2002b), um exemplo prático da eficiência do gás é que 1m3 do mesmo

corresponde ao consumo de energia para o preparo de três refeições diárias para uma família de

cinco pessoas. A Tabela 2 compara o poder calorífico do biogás em relação a outras fontes de

energia, em condições ambientes.

Tabela 1 – Composição do biogás

Gases

Metano (CH4)

Dióxido de carbono (CO2)

Hidrogênio (H2)

Nitrogênio (N2)

Oxigênio (O2)

Gases diversos (H2S, CO, NH3)

%

50 a 80

20 a 40

1 a 3

0,5 - 3

0,5 a 1

1 a 5

Fonte: Adaptado de ARRUDA et al. (2002), e de COLDEBELLA (2006)

25

Tabela 2 – Equivalente entre 1 m3 de biogás e outros combustíveis comumente utilizados

Gasolina 0,31 L

Querosene 0,34 L

Óleo diesel 0,36 L

GLP 0,40 L

Lenha (10% de umidade) 1,45 kg

Fonte: Adaptado de PROSAB (2003)

Uma das vantagens da geração do biogás é a possibilidade do seu aproveitamento como

fonte de energia térmica ou elétrica, substituindo os combustíveis fósseis (GLP) ou a lenha, sendo

a bioenergia uma fonte renovável e de queima limpa. E, ao contrário do álcool da cana-de-açúcar

e de óleos extraídos de outras culturas, o biogás, oriundo da fermentação da matéria orgânica no

biodigestor, não necessita de terras disponíveis para plantio, não competindo assim pela posse de

terra com as culturas alimentares (MANUAL DE TREINAMENTO EM BIODIGESTÃO, 2008).

Pelo contrário, o reaproveitamento de tais resíduos torna-o auxiliar do saneamento ambiental.

De acordo com Souza e Lage Filho (2014b), “o biofertilizante é um adubo orgânico

líquido que funciona como complementação da adubação orgânica natural do solo”, sendo rico

em nutrientes fundamentais para a vegetação. Comparativamente com os fertilizantes químicos

mais usuais, o uso de biofertilizante contribui para a economia de petróleo (SILVA, 1984), para a

mitigação da contaminação dos recursos hídricos, ao reduzir o escoamento superficial de

defensivos químicos, e para maior resistência às pragas.

O projeto de dimensionamento de um biodigestor é dinâmico e adaptativo a cada situação

e local (SOUZA et al., 2012). Diretamente ligado a ele está o sucesso de projetos de geração de

biogás, uma vez que fatores mal dimensionados podem acarretar na interrupção do fluxo de

geração de biogás, devido à sensibilidade microbiológica de tal processo, como a quantidade de

água, o tamanho dos biorreatores, a recirculação do substrato, a temperatura e a mistura do

substrato (LEITE et al., 2009; SOUZA, 2015).

26

Um exemplo de aplicação atual pode ser observado na Universidade Federal de Minas

Gerais (UFMG), no campus Pampulha. Lá está implantada a plataforma de metanização

(pMethar) de resíduos orgânicos provenientes do Restaurante Universitário. Seus subprodutos

gerados são aproveitados para utilização energética e calórica na própria planta e áreas

adjacentes, como também para a fertirrigação das áreas verdes no entorno. A quantidade de

metano produzido pelo reator da pMethar, em condições normais de temperatura e pressão

(CNTP), foi na ordem de 400 m3 de CH4 por tonelada de sólidos voláteis (SV), a partir do

tratamento de cerca de 500 kg de resíduos alimentares por dia, sendo possível a geração de 2055

kWh por mês (FERREIRA, 2015).

27

3 METODOLOGIA

O desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso em questão pode ser observado na

Figura 5, na qual são expostos os passos realizados no estudo.

Figura 5 – Fluxograma de delineamento da pesquisa

Fonte: Autora

A primeira etapa é o início do planejamento do trabalho e consiste na definição do

problema. Nela são expostos pontos chave da pesquisa, como sua motivação, a situação

problema, seu objetivo, a delimitação do estudo, a organização do mesmo e também algumas

questões a serem respondidas como forma de conclusão (VERGARA, 2011). É fundamental para

atender tais pontos que o autor possua embasamento teórico suficiente para entender o contexto

no qual o tema está inserido e a relevância do mesmo no meio acadêmico e no mercado.

Para cumprir este papel, é iniciado o segundo passo. Primeiramente, no capítulo um,

foram definidos o tema sustentabilidade, eficiência energética e gestão de resíduos. Ademais, foi

estabelecido um foco mais específico em biodigestor como tecnologia que envolve os dois

últimos mencionados. No segundo capítulo, reforçou-se o embasamento por meio de pesquisas

em diferentes referências (artigos científicos, teses, dissertações, revistas, sites, livros, etc),

28

trazendo um aprofundamento nos temas e maior credibilidade, além de validar conceitos e

premissas utilizadas ao longo do trabalho.

A seguir, foi definida a metodologia e, assim, determinados a classificação da abordagem

do problema, o tipo e o método da pesquisa.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, o presente estudo caracteriza-se

como qualitativo e a pesquisa em questão é descritiva, envolvendo uma análise dedutiva de dados

(GIL, 2002).

Segundo Vergara (2011), existem dois critérios básicos para definição do tipo de

pesquisa: quanto aos fins e quanto aos meios. Quantos aos fins, o presente estudo é descritivo,

tendo como principal finalidade identificar, registrar e analisar características, fatores ou

variáveis que se relacionam com um processo.

No que se refere à característica da pesquisa segundo os procedimentos de coleta de

dados, isto é, quanto aos meios, serão desenvolvidos uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa

de campo. A primeira é exposta no segundo capítulo e caracteriza-se no embasamento teórico e

no aprofundamento de estudo a partir de materiais já elaborados, constituídos principalmente por

livros e artigos científicos. De acordo com Gonsalves (2001), o estudo de campo é o “tipo de

pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada”, tornando

necessário o contato do pesquisador com o espaço onde o fenômeno ocorre. O estudo de campo é

circunscrito dentro de um órgão público e será pautado na contribuição da Engenharia da

Sustentabilidade para promover a eficiência energética de um Restaurante Universitário (RU).

O passo quatro foi a realização da pesquisa de campo, compreendida pela coleta de

informações sobre os Restaurantes Universitários da UFF e a quantidade de resíduos orgânicos

gerados pelo RU do campus Praia Vermelha. A coleta dos dados foi feita pelo projeto de

extensão “Sustentabilidade na Produção de Refeições: resíduos sólidos no Restaurante

Universitário da Universidade Federal Fluminense”.

Após a pesquisa de campo, é necessário analisar seus resultados para que seja possível

chegar a uma conclusão. Para a análise, foi realizado um levantamento de dados para definir o

29

potencial energético proveniente da biodigestão de tais resíduos. Assim, o passo seguinte foi a

análise propriamente dita dos dados das duas etapas anteriores.

Posteriormente, foi realizada uma pesquisa na internet, no período de janeiro de 2017 a

maio de 2017, na qual foram coletados dados primários obtidos no portal dos fornecedores de

biodigestor e dados secundários obtidos em trabalhos acadêmicos. Assim, foi montada uma

matriz com os parâmetros das tecnológicas comerciais de biodigestão existentes e o seu

preenchimento segundo respectivos fornecedores. Os parâmetros encontrados foram: capacidade,

input de matéria orgânica, input de água, produção média esperada de biogás, produção média

esperada de biofertilizante e preço.

O passo seguinte foi aplicar filtros para auxiliar a seleção de um biodigestor para atender

as demandas do Restaurante Universitário da Escola de Engenharia da UFF. Os filtros foram os

seguintes: quantidade média de resíduo gerado, potencial diário de produção de metano e preço.

Nesta última etapa, foi selecionado um biodigestor comercial com tal finalidade.

Por fim, tem-se a conclusão, com as considerações finais, as respostas às questões da

pesquisa e as sugestões de desdobramento da pesquisa.

30

4 LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE PARAMETROS DE EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA ESCOLA DE

ENGENHARIA

4.1 O RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO

O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal Fluminense (UFF), mais

conhecido como “bandejão”, foi criado há 50 anos com o intuito de assistir a comunidade

universitária. Seu principal objetivo é prestar atendimento em alimentação através do

fornecimento de refeições a baixo custo a fim de garantir a permanência e a diplomação dos

estudantes na universidade.

A UFF de Niterói dispõe de seis refeitórios distribuídos em cinco campi: Gragoatá, Praia

Vermelha, Reitoria, Veterinária e Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). Os horários de

funcionamento no almoço variam de campus para campus na faixa de 11h30 até 14h30, de

segunda-feira à sexta-feira. Nos campi Gragoatá e Praia Vermelha são ofertadas refeições

também no jantar das 17h00 às 19h00, de segunda-feira à sexta-feira, sendo que nas sextas-feiras,

no Praia Vermelha, funciona apenas das 17h00 às 18h00 (UFF, 2017).

As refeições seguem um cardápio elaborado por nutricionistas do próprio restaurante, que

é atualizado mensalmente de acordo com a disponibilidade de ingredientes e aceitação dos

usuários. São compostas por duas saladas, uma guarnição, arroz, feijão, uma proteína, uma

sobremesa (fruta ou doce) e refresco.

Há uma produção média de 8.000 refeições por dia na cozinha central do Gragoatá, que

são distribuídas para todas as unidades. Sendo servidas neste campus, em média, 3.887 refeições

por dia. Já no campus Praia Vermelha, em média, 833 refeições diariamente.

31

Tabela 3 – Refeições consumidas pelo RU Praia Vermelha e RU Gragoatá no mês de abril, maio e junho

de 2017

Mês Praia

Vermelha Gragoatá

Abril (número de refeições) 10.665 57.032

Maio (número de refeições) 21.448 91.921

Junho (número de refeições) 13.464 61.909

Média mensal (número de refeições/mês) 15.192 70.287

Média diária (número de refeições/dia) 833 3.887

Fonte: Projeto de Extensão (2017)

Podem utilizar o restaurante alunos matriculados na UFF, professores e servidores da

UFF, funcionários de empresas terceirizadas e visitantes, desde que estes comprovem algum tipo

de trabalho/estudo na universidade. E, para ter acesso, as pessoas devem portar o seu documento

de identificação do RU e o tíquete, cujo preço varia de R$0,70, para estudantes, à R$8,00, para

visitantes.

Várias modificações ocorreram em busca de melhorias e algumas iniciativas para

minimizar o impacto ambiental estão sendo implementadas no RU, tais como: coleta de óleo de

cozinha, distribuição de canecas para redução da utilização de copos plásticos e campanha contra

o desperdício de alimentos. Segundo a Campanha “Não ao desperdício” iniciada em 2011, há

uma grande quantidade de comida desperdiçada pelos usuários. São jogados, no lixo, 11% dos

alimentos preparados (sobras no processo produtivo, restos em pratos e panelas), equivalente a

150 kg por dia. Com esta quantidade de alimento, 270 pessoas poderiam fazer uma refeição

(PAIVA, 2013; UFF, 2017).

4.2 A PESQUISA DE CAMPO PARA LEVANTAMENTO E ANÁLISE

A pesquisa de campo foi realizada no Restaurante Universitário da Escola de Engenharia

da Universidade Federal Fluminense, campus Praia Vermelha, e consistiu no levantamento

quantitativo de resíduo orgânico proveniente do mesmo. Como apoio, foram usados coleta de

dados primários pelo grupo de pesquisa do Projeto de Extensão “Sustentabilidade na Produção de

Refeições: resíduos sólidos no Restaurante Universitário da Universidade Federal Fluminense”,

sob coordenação da Professora Maristela Soares Lourenço e envolvendo a Faculdade de Nutrição

32

e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES) da UFF, que contou com a participação da

graduanda.

Para fins comparativos e por já fazer parte da coleta de dados do Projeto de Extensão,

estão também estarão presentes os valores referentes ao campus Gragoatá, cujos resultados

comparativos estarão expressos nas tabelas 4 e 6.

Os resíduos orgânicos gerados pelo RU Praia Vermelha consistem das sobras sujas e

limpas do processo de servir a comida (rejeito) e dos restos alimentares dos pratos dos usuários

(restos). Isto é, resíduos que ficam no fundo dos recipientes de armazenamento da comida,

alimentos que caem no chão e resíduos que são descartados pelos usuários. Não são considerados

os resíduos do processo de produção das refeições.

De acordo com os dados obtidos pelo Projeto de Extensão referentes ao mês de maio de

2017 (Tabela 4), a média de resíduos orgânicos gerados diariamente é 40,7 kg. Em comparação, a

média do campus Gragoatá é 198,3 kg. No período em questão, os números de refeições servidas

nos campus Praia Vermelha e Gragoatá foram, respectivamente, 21.448 e 91.921, produzindo um

total de 976 e 4.758 kg de resíduos orgânicos.

33

Tabela 4 – Resíduos orgânicos gerados pelo RU Praia Vermelha e RU Gragoatá no mês de maio de 2017

Praia Vermelha 2-5

maio

8-12

maio

15-19

maio

22-26

maio

29 maio

-2 junho Parcial Total

Rejeito (kg) 115 157 133 126 150 679

976

Resto (kg) 44 118 31 63 41 297

Média diária (kg/dia) 40,7

Gragoatá 2-5

maio

8-12

maio

15-19

maio

22-26

maio

29 maio

-2 junho Parcial Total

Rejeito (kg) 751 810 716 484 662 3422

4758

Resto (kg) 311 317 228 195 287 1336

Média diária (kg/dia) 198,3

Fonte: Projeto de Extensão, 2017

A partir desse valor médio é preciso saber qual quantidade útil desse material será efetivo

para produção de energia. Para isso, necessita-se calcular o teor de degradabilidade do substrato

afluente a partir do percentual de sólidos voláteis totais (SV).

Foi utilizado como base os dados do estudo de Rocha (2016), que em seu levantamento

bibliométrico compilou os dados expostos na Tabela 5, que representam a taxa útil de resíduo

alimentar para a produção energética.

Tabela 5 – Composição de SV característica dos resíduos alimentares

Autor Zhang et al

(2007)

Li et al

(2011)

Zhang et al

(2011)

Browne et al

(2012)

Zhang et al

(2013)

SV (%) 26,4 22,6 17,1 27,6 21,0

Fonte: ROCHA (2016)

34

Utilizando o valor médio da Tabela 5, tem-se que apenas 23% dos resíduos totais são úteis

no processo de transformação em energia. Dessa maneira, temos um valor liquido de 9,4 kg SV

por dia (Tabela 6).

Baseado no trabalho de Ferreira (2015), uma tonelada de sólidos voláteis produz em

média um volume de 400 m3 de metano por quilo de sólidos voláteis. Assim, a quantidade

estimada de gás metano proveniente da digestão dos resíduos orgânicos gerados pelo RU Praia

Vermelha é de 3,7 m3 por dia (Tabela 6).

O metano tem um poder calorífico inferior de 9,9 kWh/m3 (CNTP), conforme Coldebella

et al. (2006). É valido ressaltar que o biogás terá um poder calorífico inferior abaixo do

mencionado, devido ao teor de metano presente no mesmo (50 a 80%). Deve-se atentar, também,

para a taxa de eficiência da conversão do biogás em energia elétrica, que, para motores ciclo

Otto, é de aproximadamente 25% (CCE, 2000). Com isso, tem-se que o potencial energético

diário do RU Praia Vermelha é de 37,1 kWh e a produção diária real de 9,3 kWh (Tabela 6).

Considerando apenas dias úteis, que geralmente correspondem aos dias de funcionamento

do RU, a produção mensal real deste campus é de 185,3 kWh e a produção para o campus

Gragoatá é 903 kWh (Tabela 6).

Tabela 6 – Potencial e produção energética dos resíduos do RU Praia Vermelha e RU Gragoatá

Campus Praia Vermelha Gragoatá

Resíduos totais (kg/dia) 40,7 198,3

SV (23%) (kg SV/dia) 9,4 46

Produção média de metano por quilo de SV (m3) 0,4 0,4

Potencial de produção de metano (m3/dia) 3,7 18

Potencial energético (kWh/dia) 37,1 181

Produção energética real (kWh/dia) 9,3 45

Produção energética real (kWh/mensal) 185,3 903

Casas atendidas/mês 1,1 5,6

Fonte: Projeto de Extensão, 2017

35

Conforme a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2016), a média de consumo em uma

residência era de 161,8 kWh por mês. Deste modo, a produção de energia real do bandejão da

Praia Vermelha alimentaria 1,1 casa por mês.

Com os dados da quantidade média de resíduo gerado (40,7 kg) e do potencial diário de

produção de metano (3,7 m3 CH4/dia), será possível realizar a seleção do melhor biodigestor que

se adeque a essas restrições.

4.3 ANÁLISE E SELEÇÃO DO BIODIGESTOR PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Para fins de análise do desenvolvimento da proposta, foi desenvolvida a matriz de apoio à

decisão, que considerou para fins de seleção de critérios adotados as opções tecnológicas

comerciais, obtidas através de pesquisa realizada com os principais fornecedores, apresentada

anteriormente no sétimo passo da metodologia. Nela pode-se observar algumas características de

biodigestores (Tabela 7).

Tabela 7– Características de biodigestores comerciais

Capacidade (L) Input matéria

orgânica (kg)

Input água

(L)

Produção média

de biogás

(m3/dia)

Produção média de

biofertilizante

(L/mês)

Preço

(R$)

Fonte: Autora

• Capacidade (L): é o volume total que o biodigestor comporta

• Input de matéria orgânica (kg): é a quantidade total de matéria orgânica que o

biodigestor consegue processar por batelada

• Input de água (L): é a quantidade total de água necessária que o biodigestor comporta

para o processamento da matéria orgânica

• Produção média esperada de biogás (m3/dia): é a quantidade média diária de biogás

gerado pelo biodigestor a partir da decomposição da quantidade de matéria orgânica

comportada pela sua capacidade

• Produção média de biofertilizante (L/mês): é a quantidade média mensal de

biofertilizante gerado pelo biodigestor a partir da decomposição da quantidade de

matéria orgânica comportada pela sua capacidade

36

• Preço (R$): é o custo de aquisição do biodigestor

Através da pesquisa, também foi possível o preenchimento da Tabela 8, na qual cada

fornecedor apresentou um valor correspondente para cada um dos critérios da matriz.

Tabela 8 – Dados dos biodigestores comerciais segundo fornecedores

No Capacidade (L)

Input

matéria

orgânica

(kg)

Input

água

(L)

Produção média

esperada de

biogás (m3/dia)

Produção

média de

biofertilizante

(L/mês)

Preço (R$)

1 10000 150 150 5 113 R$8.950,00

2 10000 150 150 5 113 R$5.900,00

3 5000 75 75 2,5 4500 R$6.850,00

4 5000 75 75 2,5 4500 R$3.800,00

5 1000 12,1 10 1,4 10 R$1.600,00

6 2000 24,3 20 2,8 20 R$2.500,00

7 5000 75 75 1,5 3500 R$2.779,00

8 7500 113 113 2,25 5250 R$3.223,00

9 10000 150 150 3 7000 R$3.644,00

10 600 7,3 6 0,8 6 R$1.597,91

11 600 7,3 6 0,8 6 R$1.499,00

12 1300 15,8 13 1,8 13 R$2.485,90

13 3000 36,4 30 4 30 R$6.949,00

Fonte: Autora

Para efeito de tomada de decisão, foram adotados três filtros para avaliar a melhor opção

de biodigestor:

• Filtro 1: quantidade média de resíduo gerado

• Filtro 2: potencial diário de produção de metano

• Filtro 3: preço

A seguir serão apresentadas as etapas de aplicação dos filtros e os resultados obtidos.

• Primeiro filtro: quantidade média de resíduo gerado

Este filtro restringe os es pela capacidade do mesmo de processar por batelada a demanda

do RU Praia Vermelha, que, conforme visto anteriormente, são 40,7 kg de resíduo orgânico

37

gerados, em média, diariamente. Assim, todos aqueles que possuírem um input de matéria

orgânica inferior a tal valor não passará pelo critério.

Tabela 9– Modelos escolhidos após primeira restrição

No Capacidade (L)

Input

matéria

orgânica

(kg)

Input

água

(L)

Produção média

esperada de

biogás (m3/dia)

Produção

média de

biofertilizante

(L/mês)

Preço (R$)

1 10000 150 150 5 113 R$8.950,00

2 10000 150 150 5 113 R$5.900,00

3 5000 75 75 2,5 4500 R$6.850,00

4 5000 75 75 2,5 4500 R$3.800,00

7 5000 75 75 1,5 3500 R$2.779,00

8 7500 113 113 2,25 5250 R$3.223,00

9 10000 150 150 3 7000 R$3.644,00

Fonte: Autora

Pode-se eliminar os modelos: 5, 6, 10, 11, 12 e 13, vide Tabela 9. Em seguida, foi

utilizado o segundo filtro.

• Segundo filtro: potencial diário de produção de metano

É verificada a produção média esperada de biogás, segundo fornecedores, e comparada ao

valor do potencial diário de produção de metano (3,7 m3 CH4/dia), proveniente dos resíduos

orgânicos do RU Praia Vermelha. No caso deste ser superior à produção esperada, elimina-se o

biodigestor em questão.

Após esta abordagem, foram eliminados os seguintes modelos: 3, 4, 7, 8 e 9; sobrando as

opções da Tabela 10, nas quais será aplicado o terceiro filtro.

38

Tabela 10– Modelos escolhidos após segunda restrição

No Capacidade (L)

Input

matéria

orgânica

(kg)

Input

água (L)

Produção média

esperada de

biogás (m3/dia)

Produção

média de

biofertilizante

(L/mês)

Preço (R$)

1 10000 150 150 5 113 R$8.950,00

2 10000 150 150 5 113 R$5.900,00

Fonte: Autora

• Terceiro filtro: preço

Este critério é o preço propriamente dito, pelo qual é selecionado o de menor valor.

Tabela 11– Modelos escolhidos após segunda restrição

No Capacidade (L)

Input

matéria

orgânica

(kg)

Input

água (L)

Produção média

esperada de

biogás (m3/dia)

Produção

média de

biofertilizante

(L/mês)

Preço (R$)

2 10000 150 150 5 113 R$5.900,00

Fonte: Autora

Sendo assim, o modelo 2 foi o selecionado, à priori, para a compra do biodigestor.

Este resultado traz impactos positivos para a Universidade como um todo, em particular,

com a conscientização sobre o tema e a importância dos cuidados necessários com os resíduos de

processos produtivos, especialmente aqueles associados a problemas socioambientais.

Os benefícios da aplicação do biodigestor no Restaurante Universitário da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense são diversos e podem ser categorizados nos três

aspectos da sustentabilidade: econômico, ambiental e social, conforme lista:

• Econômico:

o Eficiência energética

o Uso de fontes renováveis de matéria-prima

o Uso de rejeitos com valor econômico

o Redução de gastos logísticos para destinação dos resíduos

o Abatimento nas contas de luz e de gás

o Venda de crédito de carbono

39

o Adequação à Lei de Gestão de Resíduos

o Uso de recursos de fundos de financiamento

• Ambiental:

o Redução da emissão de gases de efeito estufa

o Redução da contaminação da água e do solo

o Desenvolvimento e utilização de energia limpa e renovável

o Reuso e proteção de recursos hídricos

o Proteção de áreas de despejo

o Proteção de recursos naturais

• Social:

o Produção de conhecimento nacional, patentes, teses e dissertações

o Viabilidade de projetos educacionais e de extensão

o Contribuição para a sociedade, através da redução da proliferação de vetores

de doenças e do odor

o Capacitação de pessoal para atuar nas áreas envolvidas, como gerenciamento

de resíduos orgânicos e desenvolvimento da biotecnologia

É válido ressaltar que a questão cultural pode ser um fator limitador para a implementação

do biodigestor em diversos segmentos. Como se pode observar no Brasil, onde a tecnologia já

existe a algumas décadas e há grande potencial de utilização, ainda não é muito difundida nem

muito estudada.

40

5 CONCLUSÃO

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A Engenharia da Sustentabilidade tem um papel muito importante para contribuir com a

preservação do meio ambiente, bem como para o desenvolvimento de novas tecnologias. Essas

trazem muitos benefícios para a sociedade como um todo. Destaca-se neste trabalho a relevância

de novas tecnologias também para o meio acadêmico. Assim como em outros segmentos, para

uma universidade é importante a difusão de conhecimento e a tomada de iniciativas inovadoras.

Neste estudo, buscou-se contribuir para a melhoria de pilares estratégicos de

sustentabilidade, dando destaque para uma possível solução de tratamento dos resíduos orgânicos

com redução de passivos ambientais. Com ele, foram alcançados os seguintes resultados: a

quantidade média diária de resíduos orgânicos gerados pelo Restaurante Universitário do campus

Praia Vermelha de 40,7 kg e a produção correspondente de energia mensal real de 185,3 kWh.

Assim, através do referencial teórico e da análise dos dados apurados na pesquisa de

campo, foi constatado o potencial energética do Restaurante Universitário da Escola de

Engenharia da Universidade Federal Fluminense, mediante o uso de um biodigestor para o

tratamento dos resíduos orgânicos gerados pelo mesmo.

Este resultado ressalta a relevância de pesquisas, do âmbito da Engenharia da

Sustentabilidade, para análise de eficiência energética, gestão e tratamento de resíduos gerados

por um restaurante universitário. Haja vista que o processo analisado e sugerido pelo estudo

apresenta potencial econômico na utilização de resíduos orgânicos, que geram um custo à

Universidade para serem dispostos em aterros, bem como a possibilidade de redução de gastos

nas contas de luz, gás e ganho por meio de vendas dos créditos de carbono e uso do

biofertilizante nas hortas.

5.2 RESPOSTA ÀS QUESTÕES DA PESQUISA

A partir do objetivo e das questões propostas, empreendeu-se uma pesquisa com

referencial teórico que permitiu identificar as contribuições da Engenharia da Sustentabilidade

para a eficiência energética de um restaurante, listadas abaixo:

• Apuração da quantidade de resíduos orgânicos gerados a partir da pesquisa de campo

41

• Constatação do valor energético característico do resíduo

• Confirmação dos benefícios econômicos, sociais e ambientais do planejamento e

utilização de tal recurso e da biotecnologia de digestão

Sendo assim, possível a averiguação dos benefícios da implementação de um biodigestor

no RU da Escola de Engenharia, conforme lista a seguir por cada pilar do Triple Bottom Line:

• Econômico:

o Eficiência energética

o Uso de fontes renováveis de matéria-prima

o Uso de rejeitos com valor econômico

o Redução de gastos logísticos para destinação dos resíduos

o Abatimento nas contas de luz e de gás

o Venda de crédito de carbono

o Adequação à Lei de Gestão de Resíduos

o Uso de recursos de fundos de financiamento

• Ambiental:

o Redução da emissão de gases de efeito estufa

o Redução da contaminação da água e do solo

o Desenvolvimento e utilização de energia limpa e renovável

o Reuso e proteção de recursos hídricos

o Proteção de áreas de despejo

o Proteção de recursos naturais

• Social:

o Produção de conhecimento nacional, patentes, teses e dissertações

o Viabilidade de projetos educacionais e de extensão

o Contribuição para a sociedade, através da redução da proliferação de vetores

de doenças e do odor

o Capacitação de pessoal para atuar nas áreas envolvidas, como gerenciamento

de resíduos orgânicos e desenvolvimento da biotecnologia

5.3 SUGESTÕES DE DESDOBRAMENTO DA PESQUISA

Considerando os demais parâmetros, imprescindíveis para o entendimento sistêmico do

contexto da eficiência energética por biomassa, sugere-se, como potencial desdobramento da

pesquisa, o levantamento e análise dos parâmetros químicos e biológicos.

Outro aspecto de aprofundamento, em respeito ao método decisório adotado, seria o

emprego de técnicas com abordagem multicritério.

42

Uma alternativa ao estudo ora desenvolvido, especificamente focado em identificar o mais

adequado biodigestor a ser utilizado em um restaurante universitário com as características do

analisado, seria sua aplicação em um restaurante comum, bem como o estudo da implementação

de um biodigestor em uma residência e tecnologias para viabilização desta, visto o potencial

energético da quantidade de resíduos orgânicos gerados por uma família.

No Apêndice 1, para fins de avaliar do potencial de extrapolação do estudo, é apresentado

um piloto elaborado para aplicação em edificações residenciais. Durante o período de 14 de maio

de 2017 a 16 de junho de 2017, foi registrado a quantidade diária de resíduos orgânicos

produzidos por uma única residência familiar, composta por três adultos. O resultado obtido foi: a

produção média diária de 0,8 kg. Tomando uma edificação de 12 andares com 4 apartamentos por

andar, esta geraria 38,4 kg por dia, valor que se assemelha ao RU Praia Vermelha.

43

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49

APÊNDICE 1

Quantidade de resíduos orgânicos gerados por uma residência com três adultos

Dia Kg

1 0,3

2 1,2

3 1,1

4 1,1

5 1,1

6 0,9

7 0,3

8 0,2

9 2,0

10 1,3

11 1,2

12 1,0

13 0,9

14 0,3

15 0,2

16 1,0

17 0,5

18 1,0

19 1,2

20 1,0

21 0,3

22 0,1

23 1,4

24 1,0

25 0,9

26 1,1

27 0,8

28 0,2

29 0,2

30 1,9

31 0,8

32 0,7

33 0,2

34 0,5

Média diária 0,8 kg

Média mensal 24,6 kg

Média anual 295,4 kg