universidade paranaense unipar...universidade paranaense – unipar reconhecida pela portaria –...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR
Reconhecida pela Portaria – MEC. n.º 1580, de 09/11/1993. Curso de
Direito – Campus Sede – Umuarama
MATHEUS SALOMÃO MARTINS
RECUPERAÇÃO JUDICIAL RURAL: EQUIPARAÇÃO DO PRODUTOR RURAL
COMO EMPRESÁRIO
UMUARAMA
2016
MATHEUS SALOMÃO MARTINS
RECUPERAÇÃO JUDICIAL RURAL: EQUIPARAÇÃO DO PRODUTOR RURAL
COMO EMPRESÁRIO
Artigo apresentado ao Curso de Direito da
Universidade Paranaense – UNIPAR, como
exigência parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Orientador: Luiz Roberto Prandi
Coorientador: Claudio Cezar Orsi
UMUARAMA
2016
Autor:
Nome: Matheus Salomão Martins
Curso: Direito RA: 134051
CPF: 092.414.459-98 RG: 13.038.170-7
End. Res.: Avenida Flórida, nº 3967, apartamento 02, Centro, CEP: 87.501-220
Fone: (44) 3056-2620 / (44) 9855-6114 E-mail: [email protected]
Professor Orientador:
Nome: Luiz Roberto Prandi
Titulação: Doutor em Ciências da Educação UFPE
End. Res.: Avenida Flórida, 4105
Fone: (44) 99915-9309 E-mail: [email protected]
Professor Coorientador:
Nome: Claudio Cezar Orsi
Titulação: Mestre em Direito
End. Res.: Rua Paraíba nº. 5114, zona II, CEP 87502-390
Fone: (44) 99106-0003 / (44) 3623-1425 E-mail: [email protected]
FICHA DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO DE CURSO
Critérios:
Considerando que a supressão da apresentação oral do Trabalho de Curso (TC)
não significa critérios aleatórios para atribuição da nota pelo Professor Orientador, relaciona-
se as questões de avaliação de acordo com o Art. 18 do Regulamento Geral das Atividades de
Elaboração do Trabalho de Curso do Curso de Graduação em Direito, as quais deverão servir
de parâmetros orientadores para atribuição da nota.
I Etapa - análise do levantamento bibliográfico (mínimo de cinco obras) realizado pelo aluno
em consonância com o tema proposto e discutido com o Professor Orientador, com peso de
até 1,0 (um vírgula zero) na composição da nota final;
II Etapa - linhas gerais do desenvolvimento do trabalho com base no levantamento
bibliográfico, elaboração do Resumo Expandido e apresentação na Mostra de Trabalhos
Científicos do Curso de Direito, com peso de até 3,0 (três vírgula zero) na composição da nota
final;
III Etapa - término do desenvolvimento do trabalho conforme item anterior, com peso de até
2,0 (dois vírgula zero) na composição da nota final;
IV Etapa - introdução e conclusão do trabalho, com peso de até 2,0 (dois vírgula zero) na
composição da nota final;
V Etapa - análise geral do trabalho: conteúdo e apresentação escrita (organização seqüencial,
relevância do tema e correção gramatical) do trabalho, de acordo com as normas para
publicação, com peso de até 2,0 (dois vírgula zero) na composição da nota final;
UNIVERSIDADE PARANAENSE
Curso de Direito – Umuarama – Unidade - Sede
NOTA FINAL DO TC
APROVADO
REPROVADO
TÍTULO DO
ARTIGO
RECUPERAÇÃO JUDICIAL RURAL: EQUIPARAÇÃO DO
PRODUTOR RURAL COMO EMPRESÁRIO
O trabalho será encaminhado para publicação pelo
professor orientador?
SIM
NÃO
ACADÊMICO: Matheus Salomão Martins
R.A. 00134051 SÉRIE 4º ano - Matutino
PERÍODO A
ORIENTADOR:
COORIENTADOR:
Luiz Roberto Prandi
Claudio Cezar Orsi
Observações:
Umuarama-PR, 10/11/2016.
Assinatura do Prof. Orientador Assinatura do Prof. Coorientador
Embora pareça fácil, com certeza não o é para
muitos. Por isso, dedico este trabalho ao meu
avô Adil Salomão por tudo aquilo que me
ensinou, fazendo-me crer que, o esforço, o
aprendizado e a dedicação deverão estar
presentes em todas as minhas conquistas.
Conquista como esta de agora.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus por ter dado toda força e garra para conseguir
superar todas os obstáculos.
Ao Professor. Dr. Luiz Roberto Prandi, pela competentíssima
orientação e, pela confiança depositada em mim na feitura deste trabalho.
Ao Professor Claudio Cezar Orsi, que também, aceitou ser meu
orientador dando-me os caminhos para que este trabalho chegasse a bom termo
Aos meus pais, Aldecir e Rosana, pelo apoio de sempre. Pelo
incentivo e crença no meu potencial.
Aos meus irmãos, Adil e Laila, que apesar da distância, sempre
incentivaram-me demonstrando confiança na minha capacidade.
A todos meus amigos pelo apoio sempre presente em meio às tantas
tribulações.
A todos quantos de forma direta ou indireta, fizeram parte dessa
caminhada, fica aqui meus agradecimentos!
RECUPERAÇÃO JUDICIAL RURAL: EQUIPARAÇÃO DO PRODUTOR RURAL
COMO EMPRESÁRIO
RESUMO: Uma das principais fontes produtoras de renda do Brasil é a agricultura, com a
figura do produtor rural que, gera empregos, direta e indiretamente e, também, recolhe os
devidos impostos. Porém, é de repercussão geral a crise vivida atualmente pelo nosso país, o
que repercute diretamente na agricultura que, não podendo contratar novos funcionários e,
diminuindo sua produção faz com que aumente ainda mais a crise. Outrossim, a atividade
rural está suscetível às variações climáticas, o que afeta de forma maléfica a produção rural.
Assim, a forma encontrada para o produtor rural se reestabelecer e continuar contribuindo
com nosso país, neste momento de crise econômico-financeira, é a Recuperação Judicial
Rural, uma novidade em nosso ordenamento jurídico. Um trabalho árduo e, de grande
complexidade que consiste na equiparação do produtor rural empresário, aquele que com seu
trabalho visa os lucros, como empresário de fato. Após a sua devida inserção na junta
comercial, por analogia, para que, comprovado o lapso temporal exigido em lei, possa fazer
jus ao referido benefício exposto pela Lei de Recuperação Judicial e Falência, volte a
contribuir com o país. Assim, o principal objetivo deste trabalho foi analisar aspectos da lei
que permite a recuperação judicial. Para a realização desta análise, utilizou-se como
metodologia a pesquisa bibliográfica com a utilização de material pertinente ao assunto, bem
como livros de renomados autores, sendo este último a principal fonte referencial.
PALAVRAS-CHAVE: Recuperação Judicial. Recuperação Rural. Produtor Rural.
Agronegócio.
RURAL BANKRUPTCY FROM CHAPTER 11: EQUIVALENCE OF RURAL
PRODUCER AS BUSINESSPERSON
ABSTRACT: One of the main income sources in Brazil é the agriculture, with the presence
of the person who creates work vacancies, direct and indirect and pay the taxes correctly and
indirectly. However, it is from general repercussion that nowadays the crisis ha repercussion
on the agriculture that may not contract new employees and decreasing the production
cooperates to increase it. The rural activity is susceptible to climatic variations, which affects
in a bad way the rural production. Therefore, the solution to reestablish and continue
contributing with the country, in this economic-financial moment of crisis, the Rural
Bankruptcy from chapter 11 is an innovation in the legal order. A hard work and from huge
complexity consists in the equivalence of the rural producer, the one whose work aims the
profit, as a businessperson in fact. After the adequate inclusion at the commercial registry, for
analogy, to have the right to the benefit insert in the Law of Bankruptcy from chapter 11, and
back contributing with the country. The main objective of this study has been analyzing the
law aspects that allow the bankruptcy. For the realization of this analysis, it has used the
literature review based on relevant material about the subject, as well as books by renowned
authors, being these last ones the main source.
KEYWORDS: Bankruptcy from Chapter 11. Rural Bankruptcy. Rural Producer.
Agrobusiness.
9
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo visa analisar os mecanismos, no ordenamento jurídico brasileiro que
possibilite ao produtor rural ser equiparado como empresário e, portanto, fazer jus ao
benefício da recuperação judicial rural.
Desse modo, trabalhou-se inicialmente com o conceito de produtor rural e, a sua
faculdade de se inscrever na junta comercial, bem como alguns conceitos básicos do direito,
como por exemplo a analogia, para após adentrar-se no foco principal, qual seja, a
recuperação judicial, onde tratar-se-á da legitimidade ativa e passiva, assim como, o seu
procedimento.
Tendo em vista que, uma das principais fontes produtores do Brasil é o produtor rural,
ou seja, uma das principais figuras que contribui com nosso pais, é de suma importância que o
mesmo possa ter oportunidade de se reestabelecer financeiramente, para que, não venha a
desaparecer.
Assim, a maneira judicial do produtor rural se reestabelecer econômico-financeira
mente é pelo benefício da recuperação judicial rural, que vem esculpida pela Lei 11.101/2005
(Lei de Recuperação Judicial e Falência).
Ademais, o Código Civil Brasileiro também trata sobre este assunto. A equiparação do
produtor rural como empresário de direito somente poderá ser feita quando se tratar de
empresário de direito, quer dizer, apenas aquele produtor rural que está devidamente inscrito
no órgão competente.
Ainda, para que o produtor rural possa fazer jus ao benefício que traz a Lei
11.101/2005, ele tem que cumprir todos os requisitos extrínsecos do artigo 48, § 2º, da
referida lei.
Assim sendo, o exposto adiante será sobre a busca da equiparação do produtor rural
como empresário de direito, para que, quando este estiver em crise, consiga se reestabelecer
fazendo jus ao benefício da recuperação judicial rural.
10
2 NOÇÕES GERAIS DE EMPRESÁRIO
Preliminarmente, é de suma importância ressaltar que o conceito de empresário está
descrito e regulamentado pelo artigo 966, do Código Civil: “Art. 966. Considera-se
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços”.
O doutrinador Fiuza (2006, p. 786) ensina “O empresário é considerado como a pessoa
que desempenha, em caráter profissional, qualquer atividade econômica produtiva no campo
do direito privado, substituindo e tomando o lugar da antiga figura do comerciante”.
Ainda, é empresário a pessoa que faz de maneira organizada, com habitualidade, a
circulação de bens ou serviços, ou seja, compra e venda de produtos ou faz a prestação de
determinado serviço rotineiramente, em determinado local.
Coelho tem a seguinte opinião sobre empresário:
Empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade
econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode
ser tanto a física, que empresa seu dinheiro e organiza a empresa
individualmente, com a jurídica, nascida da união de esforços de seus
integrantes. (COELHO, 2010, p. 64).
Entretanto, apesar de existir atividades desenvolvidas por pessoa jurídica e pessoa
física, a maioria das atividades econômicas desenvolvidas no país, mesmo as de pequeno e
médio porte, se dá pela sociedade empresarial, ou seja, pela vontade de um grupo de pessoas
investir e movimentar a economia com a circulação de bens e serviços visando o seu lucro.
O empresário, seja ele pessoa física ou jurídica, é quem movimenta a economia do país
de uma forma geral, dando lucratividade para o Estado quando gera novos empregos e,
consequentemente, com o pagamento dos devidos impostos. Portanto, para que a pessoa seja
caracterizada como empresário, conforme o artigo 4º, do Código Comercial que foi revogado
pelo artigo 967, do Código Civil de 2002, deve estar devidamente inscrita no Registro Público
de Empresas Mercantis, com o intuito de dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança
aos atos praticados pelas empresas mercantis.
O exposto acima não corresponde com a atualidade, visto que, antigamente existia
divergência da obrigatoriedade do comerciante se matricular no devido órgão, o que foi
superado, vindo até mesmo o Código Civil de 2002 dispor sobre isso no caso da equiparação
do produtor rural como empresário.
Destarte, para que a pessoa seja rotulada como empresário e goze dos direitos e deveres
do Código Comercial, como por exemplo a recuperação judicial, com intuito de conseguir
11
administrar o passivo e ativo da empresa, quando em crise econômico-financeira, sem que
esta venha a falência, o empresário devia estar devidamente inscrito na Junta Comercial,
porém, com o advento do Projeto de Lei 6.279/2013, que introduziu o parágrafo segundo ao
artigo 48, da Lei de Recuperação Judicial e Falência (Lei 11.101/2005), o produtor rural que
exerce atividade comercial organizada, pode, desde que cumprido os requisitos descritos em
lei, se valer dos benefícios que traz a referida.
Bertoldi e Ribeiro (2013, p. 82), explana sobre a necessidade do empresário estar
inscrito no órgão competente:
Com o Código Civil de 2002, que em seu art. 967 determina ser obrigatória a
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, esta conclusão certamente não se altera, ou seja, a matrícula
muito embora seja reputada como obrigatória, não é essencial para a
caracterização do empresário, que, independentemente dela, será reputado
como tal se, nos termos do art. 966 daquele mesmo diploma legal, exercer
profissionalmente atividade econômica organiza para a produção ou
circulação de bens ou de serviços. (BERTOLDI, RIBEIRO, 2013, p. 82).
Desse modo, as empresas podem ser instituídas por mais de um empresário, ou seja, por
um grupo de pessoas que querem investir ou pode surgir mediante o exercício do empresário
individual que, devido à complexidade e dificuldade de gerir sozinho o negócio, faz-se
necessário mais empresários para estar à frente da empresa, quando, então, é chamada de
sociedade empresária. Aduz Coelho (2010, p. 5): “A realização de investimentos comuns para
a exploração de atividade econômica pode revestir várias formas jurídicas, entre as quais
‘sociedade empresária’”.
Assim sendo, o empresário e a sociedade empresária são as pessoas que estimulam a
economia do país, fazendo rotineiramente a movimentação financeira, sendo comprando ou
vendendo bens e serviços, pagando, assim, respectivamente, seus impostos e gerando
empregos.
À vista disso, indiscutivelmente, há de se falar das classes de produtor rural, quais
sejam, o produtor rural familiar, que é aquela pessoa que tira seu sustento e de sua família da
terra e, por outro lado, a figura do produtor rural empresarial, que também visa seu sustento,
porém, sua principal função é a venda de sua produção com o intuito de obter lucros.
Ensina Diniz (2009, p. 45) acerca do conceito de produtor rural:
O empresário produtor rural é o que exerce atividade agrária, seja ela
agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativista (vegetal ou mineral),
procurando conjugar, de forma racional, organizada e econômica, segundo os
padrões estabelecidos pelo governo e fixados legalmente, os fatores terra,
trabalho e capital. (DINIZ, 2009, p. 45).
12
Gozando, desse modo, dos direitos e deveres, mesmo que ele não tenha seu respectivo
cadastro no órgão competente, pois a ele é dado um tratamento diferenciado dos demais, com
fulcro no descrito nos artigos 971 e 984, do Código Civil, facultando o registro como
empresário.
Esclarece Coelho (2010, p. 77) sobre o tratamento diferenciado para o empresário rural:
“Em vista destas características da agricultura brasileira, o Código Civil reservou para quem
exerce a atividade rural um tratamento específico (arts. 917 e 984). Ele está dispensado de
requere sua inscrição no registro das empresas, mas pode fazê-lo.”.
No entanto, uma vez que é gerador de empregos, produz alimentos, paga impostos e
trabalha de forma habitual com a finalidade de obter lucro e organizada, está contribuindo
diretamente com a economia do país, poderá ser equiparado ao empresário sem que tenha seu
registro, visto que, comprovadamente, o maior índice de movimentação financeira advém da
sua atividade.
Por consequência, considera-se empresário toda pessoa que, repetidamente, num certo
período de tempo, contribui no aspecto econômico com o país, estando ou não regularmente
inscrita na Junta Comercial.
3 FACULDADE DO PRODUTOR RURAL EM SE INSCREVER COMO
EMPRESÁRIO
Ao produtor rural é facultado, como visto no artigo 971, do vigente Código Civil, a
inscrição dele no órgão competente para que se torne empresário e goze dos direitos inerentes
a empresa, ou seja, não está obrigado a se registrar, visto que, ao produtor rural é dado um
tratamento diferente pelo papel que ele desempenha na economia do país, porém, faz jus,
quando querendo, esteja corretamente inscrito, logo, ficando equiparado ao empresário.
Nesse sentido é o ensinamento de Coelho (2010, p.77):
Estão dispensados da exigência de prévio registro na Junta Comercial,
imposta aos empresários em geral, os pequenos empresários (isto é, os
microempresários e empresários de pequeno porte) e os empresários rurais.
Estes últimos, se quiserem, podem requerer o registro na Junta Comercial,
mas ficarão sujeitos ao mesmo regime dos demais empresários: dever de
escrituração e levantamento de balanços anuais, decretação de falência e
requerimento de recuperação judicial. (COELHO, 2010, p. 77).
Ainda nessa vertente, o enunciado 202, da III Jornada de Direito Civil, segundo Alves e
Menezes (2005), estampa:
13
ENUNCIADO 202 – Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade
rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o
ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou
sociedade rural que não exercer tal opção. (ALVES, MENEZES, 2005, p. 62)
Embora tenha autores que explanem sobre a faculdade do produtor rural se inscrever no
órgão competente para que se torne empresário dizerem ter natureza declaratória, pois o
conceito de empresário está explícito no artigo 966, do Código Civil Brasileiro e a única
exigência, para que, querendo, se torce empresário de fato, é a sua inserção na Junta
Comercial correspondente.
Aqui, para o presente estudo, levar-se-á em conta o Enunciado 202, da III Jornada de
Direito Civil, onde está estampado que a faculdade do produtor rural tem natureza
constitutiva, pois, uma vez que o produtor rural opte por se inscrever no órgão competente
(Junta Comercial) para se tornar um empresário de fato, mudará seu status completamente,
vindo a atrair novos direitos e obrigações para si, isto é, será considerado juridicamente
empresário.
Para corroborar com o acima exposto, o doutrinador Gonçalves Neto (2007, p. 82)
disserta:
O empresário em geral é empresário porque exerce atividade econômica
organizada, e não porque está inscrito na Junta Comercial. Trata-se de uma
situação de fato. [...] Já no que se refere ao empresário rural, a situação é
diferente. Para que seja equiparado ao empresário é preciso que opte por
fazer a sua inscrição. Ao optar, ele passa, a partir dai, a ser empresário e a se
subsumir ao regime próprio do empresário. Por isso, a natureza constitutiva
da inscrição [...] (GONÇALVES NETO, 2007, p. 82).
Sendo ele um empresário de direito, aquele que não faz a devida inscrição no órgão
competente, responderá como pessoa física pelos efeitos de sua atividade, quer dizer,
responderá de forma ilimitada com todo seu patrimônio, por outro lado, sendo ele um
empresário de fato, quando está inscrito na Junta Comercial correspondente, ficará
responsável por todos efeitos que sua atividade oferecer, porém, seu patrimônio responde de
forma limitada.
Fiuza (2006, p. 792), em consonância ao lecionado, explica:
O produtor rural que, mesmo desempenhando atividade econômica agrícola
ou pecuária, preferir não adotar a forma de empresa rural permanecerá
vinculado a regime jurídico próprio, como pessoa física, inclusive para os
efeitos da legislação tributária, trabalhista e previdenciária, com
responsabilidade ilimitada e com comprometimento direto de seu patrimônio
pessoal nas obrigações contraídas em razão do exercício de sua atividade.
(FIUZA, 2006, p. 792).
14
O Código Comercial, revogado, nessa parte, pelo Código Civil de 2002, traz a premissa
que para o produtor rural se tornar empresário de fato, ele tem que estar inscrito corretamente
no órgão competente, para que os oportunistas, ou seja, quem ignora o registro, não venha se
utilizar dos institutos da pessoa jurídica, como a Recuperação Judicial.
Deveria ser dado tratamento diferenciado ao produtor rural, posto que, é em torno dele
que a economia, atualmente, como evidenciado pelos índices, vem se voltando e, visando o
não desaparecimento dessa figura, o Estado, teria que dar oportunidade para ele possa se
reestabelecer e continuar contribuindo com o país, mesmo que não estiver inscrito na Junta
Comercial e, precisando, requeira a Recuperação Judicial, deveria ser concedida, o que não
vem sendo feito, como é visível nesse julgado:
Recuperação Judicial. Produtor rural. Equiparação a empresário que se dá
apenas quando promova seu registro na Junta Comercial. Evolução
legislativa que não dispensou tal requisito. Ausência que implica na negativa
do benefício. Indeferimento da inicial mantido. Recurso desprovido. (TJ-SP -
APL: 90000693720118260439 SP 9000069-37.2011.8.26.0439, Relator:
Araldo Telles, Data de Julgamento: 25/02/2013, 2ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial, Data de Publicação: 25/02/2013). (SÃO PAULO, 2013)
Isto posto, para que o produtor rural seja rotulado como empresário de fato, é necessário
que este se inscreva na Junta Comercial correspondente, sendo uma opção dele se tornar
empresário de fato tendo, como a título de exemplo, a vantagem a limitação de seu patrimônio
no caso de dividas ou continuar atuando como empresário de direito e respondendo
ilimitadamente com todo seu patrimônio.
Por outro lado, há um projeto de lei, visto posteriormente, que visa a simplificação para
o empresário para a Recuperação Judicial, pois como está descrito na Lei 11.101 (Lei de
Falência) e facultada no artigo 971, do Código Civil, é desconhecida pelos produtores rurais,
criando, dessa forma, uma lacuna para quem exerce atividade tem o solo como base de seu
sustento e precisa de oportunidade para se reestabelecer e conseguir administrar seu passivo e
ativo sem que tenha que parar de produzir, posto que, a atividade rural depende do clima
favorável a cultura, ou seja, é uma atividade a céu aberto e, também, da economia do país para
vender o grão.
15
4 APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
4.1 Conceito de analogia
A analogia é uma espécie de lógica, ou seja, é usada para aplicar normas jurídicas à
casos semelhantes a casos que já foram julgados, mas que não estão previstos em lei.
O artigo 4º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, prevê o uso da
analogia para solução de casos não previstos em lei: “Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito”.
Assim, é licito aplicar uma norma jurídica a casos que não estão previstos em lei, mas já
tiveram outros conflitos semelhantes julgados, tendo em vista o princípio da igualdade
jurídica, aonde dita que havendo razão da lei, deve se ter a mesma solução.
De acordo com o doutrinador Nader (2013, p. 194) explica o conceito de analogia: “A
analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo
legislador, a solução por ele apresentada para um outro caso fundamentalmente semelhante e
não prevista”.
Assim, quando houver julgamento de casos que não tenha na lei, porém, já estiver
outros casos semelhantes solucionados, é de suma importância a analogia de normas.
4.2 Requisitos para analogia
Para que seja aplicada a analogia aos casos que não estão previstos em lei, mas já
existem casos semelhantes solucionados, há de se observar alguns requisitos, quais sejam:
inexistência de previsão legal para tal caso; semelhante entre o caso julgado e o que não existe
previsão legal; identidade jurídica.
Desse modo, quando for aplicar a analogia ao caso concreto, observar-se-á a nossa lei,
ou seja, existindo prévia disposição legal para solucionar tal caso, não poderá se valer do
acima exposto, porém, no caso de omissão ou lacuna em nossa lei, poderá ser aplicado tal
instituto.
Também, é indispensável verificar a semelhança entre o caso que já foi julgado e há
previsão legal e o caso que não foi regulado por nossas leis, uma vez que eles devem ser
semelhantes, ou seja, não idênticos, mas em sua essência terão que ser parecidos.
Por fim, é primordial que aja identidade jurídica entre os fatos no ponto comum as duas
situações. A norma aplicada a um, terá que ser a mesma norma aplicada ao outro.
16
4.3 O empresário e a lei de recuperação judicial
Uma vez que o produtor rural estiver inscrito no órgão competente, ou seja, tenha sua
atividade registrada na junta comercial, ele é reconhecido como empresário de fato, assim, faz
jus a todos os benefícios descritos na Lei 11.101/2005 (Lei da Falência e da Recuperação
Judicial) como qualquer outro empresário.
Gonçalves Neto (2007, p. 72) assim se posicionou em sua obra:
Mas, pode ter interesse na obtenção de registro para gozar das prerrogativas
do empresário, possuir um nome para identificação do seu negócio, obter
proteção em relação a ele, sujeitar-se-á a falência e à recuperação de
empresas que lhe conferem tratamento especial etc. (GONÇALVES NETO,
2007, p. 72).
Após inscrito na junta comercial competente, o produtor rural será equiparado ao
empresário e, consequentemente, fará jus aos benefícios da Recuperação Judicial por
analogia.
5 A RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E A FALÊNCIA
5.1 Conceitos
Antes de mais nada, é plausível relembrar que a Recuperação Judicial e a Falências,
ambos são regidos pela Lei 11.101/2005 e, subsidiariamente, pelo Código Civil Brasileiro.
Outrossim, a Recuperação Judicial e Extrajudicial vem sendo utilizada em vasta escala,
uma vez que o nosso país está passando com dificuldades econômico-financeiras gritantes e,
uma das saídas, é a utilização desse instituto para que não venha ser decretada a Falência da
empresa.
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da
situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua
função social e o estimulo à atividade econômica. (BRASIL, 2005)
A Recuperação Judicial e Extrajudicial é, basicamente, um benefício que o empresário
de fato, ou seja, aquele inscrito no órgão competente, tem, para conseguir gerencias seus
ativos e passivos sem que tenha que fechar a sua empresa, porém, exige-se alguns requisitos
para que faça uso desse instituto, tais como: demonstrar a viabilidade da empresa e apresentar
um plano de Recuperação Judicial plausível, como é descrito pelos artigos 47 e seguintes, da
Lei de Recuperação Judicial e de Falência.
Bertoldi e Ribeiro dizem em sua obra:
17
Portanto, o empresário (ai incluída a sociedade empresária) em crise e outros
interessados poderão optar pelo estabelecimento de um regime de
recuperação judicial ou extrajudicial para desencadear uma tentativa de
retomada do equilíbrio econômico e financeiro da empresa [...].
(BERTOLDI, RIBEIRO, 2013, p. 490)
Ademais, uma vez pleiteado o benefício da Recuperação Judicial, será analisado pelo
juiz toda a empresa, quer dizer, o caso concreto, para só após ser concedido tal benefício. Não
é um processo fácil, exige trabalho árduo do profissional jurídico e, também, esforço do
empresário em demonstrar que a empresa é viável e pode continuar no mercado.
O doutrinador Coelho (2010, p. 382) aduz em sua obra: “Nem toda empresa merece ou
deve ser recuperada. A recuperação de atividades econômicas é custosa”.
Quando por ventura for concedido o benefício acima descrito a empresa, terá que
cumprir fielmente o plano de Recuperação Judicial, pois, uma vez descumprido, é decretada a
Falência da empresa.
Também, é cabível a Recuperação Extrajudicial, que, em síntese, é um acordo formal
entre credor e devedor, quando há inadimplemento apenas com algumas empresas, desse
modo, relativamente é mais fácil e ágil. Bertoldi e Ribeiro (2013, p. 560) explica: “É
basicamente um acordo formal entre o devedor e alguns credores, sujeitando, em princípio,
apenas aqueles credores signatários. É bastante útil para os casos em que haja problemas
pontuais na empresa [...]”.
Em suma, a Recuperação Judicial e Extrajudicial nada mais é do que um benefício ao
empresário de fato para que ele se reestabeleça quando estiver em um momento difícil em sua
empresa para não vir a Falência. É visível a ligação entre a Recuperação Judicial e
Extrajudicial e a Falência, todavia, são institutos completamente diferentes.
A Recuperação Judicial trata-se de um processo judicial com o fim de reestabelecer a
empresa quando estiver passando por um mal momento, como já dito, por outro lado, a
Falência é um instituto que visa a arrecadação de todos os bens da empresa, ou seja,
transformar todos os bens da empresa em dinheiro para a liquidação de seus credores.
5.2 Requisitos
Embora a Recuperação Judicial seja um benefício ao empresário de fato para que ele se
restabeleça econômico financeiramente em seus momentos de crise, não são todos
empresários podem fazer uso, é necessário que se cumpra alguns requisitos para fazer jus a tal
instituto.
18
Os requisitos para a concessão do benefício da Recuperação Judicial estão elencados no
artigo 48, da Lei 11.101/2005, tais como: o empresário tem que exercer atividade empresário
no mínimo por 2 anos; não ser falido; não ter obtido em menos de 5 anos a concessão do
mesmo benefício; não ser condenado por crimes falimentares.
Não basta somente preencher os requisitos legais, como explica Bertoldi e Ribeiro
(2013, p. 541): “Além de se enquadrar nas hipóteses prevista em lei como legitimadores do
pedido de recuperação judicial, o devedor empresário deverá fundamentar a petição
explicando minuciosamente o seu estado econômico e as razões que estão a justificar o
pedido”.
Contudo, mesmo que provado todos os requisitos acima citados, é necessário que faça
um plano de Recuperação Judicial, descrito pelo artigo 53, da mesma lei, aonde será
demonstrado à viabilidade da empresa e uma planilha de pagamento dos credores, respeitando
o prazo descrito em lei para quitação dos débitos.
Semelhante são os requisitos para a homologação para a Recuperação Extrajudicial,
como exposto pelo artigo 163, § 6º, da Lei 11.101/2005, deverá o empresário demonstrar sua
situação patrimonial, relação dos credores, documentos que comprovem os poderes dos
subscritores para novar ou transigir, entre outros.
5.3 Procedimento
A recuperação de empresas é um trabalho árduo, que deve ser desempenhado por um
profissional com extrema capacidade, tendo em vista, a sua complexidade.
Previamente, deverá ser demonstrado ao juízo, na Comarca aonde a empresa que requer
a recuperação tenha a sua matriz, toda a situação da empresa, seus ativos e passivos, bens etc,
ou seja, a sua viabilidade de continuar operando.
Vale ressaltar que, por se tratar a recuperação de uma ação de reconhecimento, ela deve
ter preenchida todos os requisitos do artigo 51, da Lei 11.101/2005, quais sejam, os já citados
acima.
Ainda, após protocolada a ação de recuperação judicial de empresas, o autor não poderá
mais decidir, então, é uma escolha que deve ser feita por um olhar clinico.
Pois bem, após protocolizada a ação e preenchidos todos os requisitos, o juiz irá deferir
o processamento dessa ação, suspenderá todas as execuções e, abrirá o prazo de 60 dias para a
apresentação do plano de recuperação com todos os créditos e dividas e com uma proposta de
19
pagamento, aonde, posteriormente, será levado a edital, podendo qualquer credor se insurgir
sobre este plano.
O referido plano de recuperação judicial deve ter o prazo máximo de 2 anos para o seu
cumprimento, exceto para as dívidas trabalhistas, que terá o prazo de 1 ano para o pagamento,
tendo em vista que elas são de caráter alimentício.
Após todos os credores concordarem com o plano de recuperação judicial e o devedor
tenha cumprido todos os requisitos da Lei de Recuperação Judicial, o juiz autorizará a
recuperação.
É de suma importante dizer que, uma vez descumprido qualquer obrigação do plano de
recuperação nos 2 anos, decretar-se-á falência da empresa.
Por outro lado, quando existindo créditos trabalhista ou tributários, o empresário pode
se valer da recuperação extrajudicial, que terá a mesma finalidade da recuperação judicial,
porém, com processo mais maleável, pois não há necessidade de justificativa.
O doutrinador Coelho (2008, p. 378) faz, em sua obra, uma síntese do processo de
recuperação judicial:
O processo de recuperação judicial divide-se em três fases bem distintas. Na
primeira, que se pode chamar de fase postulatória, a sociedade empresária
em crise apresente seu requerimento judicial e se encerra com o despacho
inicial mandando processar o pedido. Na segunda fase, a que se pode referir
como deliberativa, após a verificação de credito, discute-se e aprova-se um
plano de reorganização. Tem início com o despacho que manda processar a
recuperação judicial e se conclui com a decisão concessiva do benefício. A
derradeira etapa do processo, chamada de fase de execução, compreende a
fiscalização do cumprimento do plano aprovado. Começa com a decisão
concessiva da recuperação judicial e termina com a sentença de encerramento
do processo. (COELHO, 2008, p. 378)
Na recuperação extrajudicial, no curso do processo, há possibilidade de novos acordos
entre credor e devedor, o que não é possível na judicial, portanto, é uma forma de se
reestabelecer com procedimento menos árduo.
Coelho (2010, p. 433), em sua obra, descreve a funcionalidade da recuperação
extrajudicial: “Para simplesmente procurar seus credores (ou parte deles) e tentar encontrar,
em conjunto com eles, uma saída negociada para a crise, o empresário ou sociedade
empresária não precisa atender a nenhum dos requisitos da lei para a recuperação
extrajudicial”.
Uma vez homologada a recuperação extrajudicial pelo juiz, fará título executivo a
sentença.
20
Bertoldi e Ribeiro (2013, p. 562), explana a respeito da formação de título executivo na
recuperação extrajudicial:
Apresentado, o plano para homologação torna-se vinculante para os credores
que a ele aderiram, ou até mesmo para todos demais credores, na hipótese do
Art 163 da LRE. A sentença de homologação tem natureza de título
executivo judicial. (BERTOLDI, RIBEIRO, 2013. p. 562)
Consequentemente, a recuperação judicial exige mais do profissional, pois ele terá que
reunir todos o passivo e ativo da empresa, demonstrar a sua viabilidade de continuar
trabalhando e, ainda, estabelecer um plano de pagamento que deverá ser cumprido, já, a
recuperação extrajudicial, não existindo créditos trabalhista e tributários, sem justificativa,
poderá ser proposta e terá possibilidade de novas conciliações entre devedor e credor dentro
do processo.
6 DO PROJETO DE LEI Nº 6.279/2013
Com o aumento da participação do produtor rural na econômica de nosso pais e, ainda,
levando em consideração que o agronegócio está suscetível as alterações climáticas, o
legislador, com o Projeto de Lei nº 6.279/2013, trouxe a possibilidade daquele em fazer jus ao
benefício da recuperação judicial.
Trouxe como justificativa a este projeto de lei a importante parcela que o agronegócio
toma conta do Brasil, gerando empregos, direito e indiretos, e recolhendo impostos, como traz
em seu bojo:
A atividade agrosilvopastorial responde por importante parcela da produção
econômica nacional e se encontra cada vez mais voltada para atuação desde
referenciais de mercado, os quais lhe impõem padrões de gestão e eficiência,
estando totalmente suscetível às mudanças econômicas. (BRASIL, 2013)
Portanto, com o advento desse projeto, introduziu o § 2º, ao artigo 48, da Lei
11.101/2005, a possibilidade do produtor rural obter o benefício da recuperação judicial, para
continuar contribuindo com a econômica brasileira e não vir a falência.
7 DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL DO PRODUTOR RURAL
Com o advento do Projeto de Lei supracitado, trouxe a possibilidade do produtor rural
fazer uso do benefício da recuperação judicial.
Não obstante, para que o produtor rural possa fazer jus ao benefício que Lei
11.101/2005 traz para que este se reestabeleça e não venha a falência, alguns doutrinadores
21
fazem menção que ele deve estar inscrito no órgão competente, ou seja, deve ser considerado
um empresário de direito, no entanto, alguns defendem a possibilidade do produtor rural fazer
jus ao benefício da recuperação judicial mesmo que não esteja inscrito na junta comercial,
quer dizer, seja apenas um empresário de fato.
Embora o artigo 971, do Código Civil, traga a faculdade do produtor rural em se
inscrever no órgão competente, somente ele estando inscrito, ou seja, somente ele sendo um
empresário de direito, ele poderá ser equiparado ao produtor rural e, assim, fará jus ao
benefício da recuperação judicial.
Ainda, a hipótese do benefício da recuperação judicial ao produtor rural, não é para
aquele produtor rural familiar, que tira seu sustento e de sua família do campo, é voltado ao
produtor rural empresário, que além de tirar seus subsidio do campo, o seu foco principal é a
obtenção de lucros.
Assim sendo, conforme dispõe o artigo 48, da Lei de Recuperação Judicial e Falência,
desde que o produtor rural exerça atividade rural por no mínimo 2 anos, demonstrados pelo
imposto de renda e, ainda, inscrito na junta comercial, como exposto pelo artigo 971, do
Código Civil, ele poderá fazer jus ao benefício da recuperação judicial rural para que possa se
reestabelecer.
Portanto, desde que o produtor rural seja um empresário de direito, exerça atividade
rural organizado por um certo tempo e tenha a finalidade de obtenção de lucros, ele faz jus a
todos os benefícios existentes na Lei 11.101/2005.
22
8 CONCLUSÃO
Pelo que foi exposto, o presente estudo tratou de uma revisão bibliográfica de um tema
atual e rotineiro em nosso pais. Trazendo a ideia do produtor rural e as suas dificuldades.
Tanto se fala de recuperação de empresas nos dias de hoje, levando em consideração a
nossa economia.
O legislador preocupado com nossa economia, teve a ideia de estender o benefício que
traz a Lei 11.101/2005 (Lei da Recuperação Judicial e Falência) aos produtores rurais,
considerando a sua alta influencia na economia do nosso país.
O produtor rural que além de tirar seu sustento e de sua família do campo, tem como
principal objetivo obter lucros, quer dizer, o produtor rural empresário, quando estiver em
crise econômico-financeira, haja vista a sua exposição às alterações climáticas e, também, a
economia, faz jus ao benefício da recuperação judicial, chamada, aqui, de recuperação judicial
rural, uma vez que aquele é uma das principais fontes produtoras do nosso país.
Porém, não basta somente o produtor rural objetivar o lucro para poder fazer jus ao
benefício da Lei 11.101/2005, ele, ainda, tem que estar inscrito no órgão competente para que
possa ser equiparação, ou seja, igualado, ao empresário.
Ademais, todo o trabalho para a obtenção do benefício ostentado na Lei 11.101/2005 é
custoso, não é um processo breve, tendo em vista a sua complexidade e demandar uma
atenção especial do profissional.
Portanto, desde que cumpridos todos os requisitos expostos no artigo 48, § 2º, da Lei de
Recuperação Judicial e Falência e do artigo 971, do Código Civil Brasileiro, o produtor rural
poderá fazer uso do benefício mencionado na lei referida e, terá a oportunidade de se
reestabelecer quando estiver em crise econômico-financeira, para continuar contribuindo com
nosso país.
23
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Brasília, 9 fev. 2005.
______. Projeto de Lei nº 6.279, de 3 de agosto de 2013. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, 3 ago. 2013.
BERTOLDI, M. M; RIBEIRO, M. C. P. Curso Avançado de Direito Comercial. 7. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 859 p.
COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 497 p.
______. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. v. 3. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. 466 p.
______. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. v. 1. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2010. 518 p.
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Empresa. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. 952 p.
FIUZA, R. Novo Código Civil Comentado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 1795 p.
GONÇALVES NETO, A. D. A. G. Direito de Empresa: Comentários aos artigos 966 a
1.195 do Código Civil. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2007. 720 p.
JORNADA DE DIREITO CIVIL,3, 2005, Brasília. III JORNADA DE DIREITO CIVIL.
Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2005. 508 p.
NADER, P. Introdução ao Estudo de Direito. 35. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. 422 p.
SÃO PAULO. Jurisprudência TJ-SP. Disponível em: <http://tj-
sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113836164/apelacao-apl-90000693720118260439-sp-
9000069-3720118260439>. Acesso em: 24 out. 2016.
SCAVONE JUNIOR, L. A. et al. Comentários ao Código Civil: artigo por artigo. 2. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. 2399 p.